www.bassalo.com.br
FAMÍLIA
Minha mãe Rosa nasceu no dia 08 de março de 1900, numa aldeia ita-
liana de nome Castelluccio Inferiore, na Província de Potenza, a cerca
de 500 km de Roma, no centro sul da Itália. A família de minha mãe,
os Filardi (o), é originária da Grécia. Em 1400, instalou-se na ilha de
Rodes. Devido à invasão dos turcos em Altamura (Bari), um de seus
ramos transferiu-se para Bolonha, inscreveu-se na Nobreza, e tornou-
se proprietário de vários feudos em Castelluccio. Desses Filardi,
alguns foram religiosos, todos Monsenhores. Por exemplo, Ennio foi
Bispo de Ascoli, em 1536, sob o Papado de Paulo III; Mário foi Arce-
bispo de Avignon, na França, em 1624, sob o Papado de Urbano VIII
(amigo de Galileu Galilei); Massenzio foi Bispo de Martirano (Catan-
zaro), em 1650, sob o Papado de Innocêncio X. Por outro lado, um dos
Filardi, Antonio, foi Oficial de Fronteira, e foi preso na Guerra de
1810-1814, entre a França de Napoleão I e a Itália. Apesar dessas raí-
zes, meus avós maternos, Paulo e Madalena, eram camponeses. Minha
mãe morreu no dia 28 de agosto de 1999.
Mais tarde, por volta de 1951, para abrigar meu irmão Antônio, sua
mulher Judite, e mais os filhos Antônio, Rosângela, Paulo, Fernando,
Roberto, Guilherme, Rosineide e Rosana, o papai construiu, entre o
banheiro-sanitário e sua sapataria, uma pequena casa, composta de
uma sala e dois quartos, ainda de madeira. Quando não morava mais
em casa, o Antônio adotou um filho de nome André.
O contato que tive com a morte, narrado anteriormente, não foi o pri-
meiro que aconteceu na minha vida. Antes, quando eu tinha dois ou
três anos de idade, lembro-me de haver acordado e ver minha mãe
preocupada comigo, pois passara a noite toda anterior passando
azeite (de andiroba, provavelmente!) no meu ventre que havia
inchado bastante. A preocupação da mamãe com a minha saúde certa-
mente decorria de comentários que a vizinhança fazia ao me ver fran-
zino, como recém-nascido, em seu colo: – Dona Rosa, será que o Zé
Maria vingará? Essa pergunta certamente penetrou em meu subcons-
ciente, já que a idéia de morte sempre me acompanhou durante a
minha vida, depois de um incidente que aconteceu comigo quando
tinha onze anos de idade, do qual falarei mais adiante.
Por ser italiana, minha mãe Rosa manteve no Brasil alguns hábitos de
sua terra natal. Por exemplo, aos domingos comíamos uma macarro-
nada, feita por ela, com farinha de trigo e ovos, com porpetas (bolos
de farinha de pão misturada com ovos, que chamávamos de “boli-
nhas’’), mais saborosas na segunda-feira, que serviam, inclusive,
como merenda na Escola Primária, a braciola, um enrolado de massa
de farinha de pão, misturada com ovo, e revestida de carne, que cha-
mávamos de “brajola’’ (aliás, somente em 1965, quando estudava na
Universidade de Brasília, meu colega Mário Novello, filho de italianos,
ensinou-me o nome certo desse “quitute” feito pela minha mãe), e
mais o molho de massa de tomate. Os ingredientes dessa macarro-
nada eram comprados na Mercearia Bela, na esquina da Arcipreste
com a Padre Eutíquio, de propriedade de Francisco e Luiza Pinto, pais
dos saudosos Orlando Pinto (mais tarde, um conceituado médico de
Belém) e de Orlandina, que viria a ser, posteriormente, esposa do
engenheiro civil Alírio César de Oliveira, meu professor no Colégio
Estadual “Paes de Carvalho” (CEPC), na Escola de Engenharia do Pará
(EEP) e meu chefe no hoje extinto Departamento Municipal de Estra-
das de Rodagem (DMER). O Dr. Alírio e sua mulher Orlandina falece-
ram, respectivamente, em 14 de fevereiro de 2005 e 23 de janeiro de
2000.
Os vizinhos: 1
Por falar na Rádio Clube, a famosa PRC-5 – A Voz que Fala e Canta
para a Planície, “slogan” inventado por Edgar Proença, quero anotar
um fato interessante. Todas as quintas-feiras, 11 horas da manhã,
essa Rádio tinha um programa denominado Coquetel de Ritmos, do
qual eu participava como platéia. Era um programa de variedades,
com cantores regionais (como o conjunto Os Namorados Tropicais,
composto por Zé Maria, Tácito Cantuária, Verbeno Costa, Mário Guer-
reiro e Jorge), apresentação de seus famosos rádio-atores e perguntas
que valiam brindes a quem respondesse certo. Um determinado dia, a
pergunta foi a seguinte: – Quem de oito tira quatro e ainda fica oito?
Como sempre gostei de números, levantei-me e respondi: “Biscoito”.
Ganhei uma bela camisa! Na apresentação dos rádio-atores, tive opor-
tunidade de ver, ao vivo, vários deles. Por exemplo, a Amerina Tei-
xeira, o Acácio Humberto, o Mário Herculano, o Otávio Cascaes e o
Mário Amoedo. Muitos anos depois, tive oportunidade de conviver
com dois deles, Otávio Cascaes e o Acácio Humberto. Devo registrar
que foi o Dr. Otávio Bandeira Cascaes que, quando Prefeito de Belém,
me colocou à disposição da UFPA, quando eu era engenheiro do
DMER. O Dr. Acácio Humberto tornou-se meu grande amigo quando
fazíamos parte do Conselho Superior de Ensino e Pesquisa da UFPA
(CONSEP/UFPA).
Os vizinhos: 2
A próxima ocupante dessa casa foi a família Caldeira, Seu Pedro Maria
e sua mulher (cujo nome não recordo), que tiveram quatro filhos:
Oneide, Ione, Orlando e Hélio. A Ione foi uma de minhas alunas parti-
culares de Matemática.
Conforme falei acima, a casa ocupada pelas famílias Avelino e Dias
Ferreira tinha um grande quintal, no qual foi construída uma vila de
três casas, a Vila Maria. A primeira delas, que ficava na esquina da
Arcipreste, foi ocupada pela família Mesquita, Seu Artur e Dona Ester,
e seus filhos Ivanise e Roberto (geólogo do Departamento Nacional de
Pesquisas Minerais) A Ivanise foi também uma de minhas alunas par-
ticulares de Matemática. Na casa do meio (de número 429), morou
uma família, cuja filha Terezinha de Jesus Aquino (falecida em 1998),
que morava com sua mãe, a Sra. Saturnina Aquino, casou-se, em 1954,
com o Arthêmio Scardino Guimarães, que foi durante muito tempo
Diretor Administrativo do hoje extinto jornal A Província do Pará.
Aliás, o Arthêmio (já falecido) era irmão do hoje engenheiro mecânico
Ademir, que foi meu aluno no CEPC, a quem agradeço as informações
sobre seu irmão e alguns vizinhos dele. Depois do nascimento de sua
primeira filha Heliana, a família mudou-se para a Avenida Coman-
dante Braz de Aguiar e a casa passou a ser ocupada pelo famoso maes-
tro paraense Guiães de Barros. Por fim, na terceira casa, segundo o
Ademir Scardino Guimarães (informada prestada a mim, por e-mail,
no começo de 2007), morava o Sr. José Lusquinhos, que era dono de
uma joalheria, com a sua esposa, a Sra. Carmen Lusquinhos e os
filhos: José Maria, que se formou em Direito e Maria José (de apelido
“Zezete”), que se formou em Medicina. Hoje, nesta casa, mora a Dona
Catarina, viúva do senhor Álvaro Cardoso Bastos.
Por fim, com o Hélio, aconteceu uma coisa que me dói até hoje. Ele
havia se formado na Marinha Mercante. Mais tarde, contudo, fez ves-
tibular para a EEP, que funcionava ainda na Travessa Campos Sales.
Na prova de Física, eu era um dos fiscais. Como ele estava com difi-
culdade em uma das questões, consultou-me para tirar uma dúvida.
Eu, usando uma moral rígida, disse que não poderia ajudá-lo, pois, se
assim o fizesse, estaria prejudicando os demais concorrentes. Feliz-
mente, ele passou no Vestibular, e formou-se em Engenharia Civil
como eu. Hoje, ele é aposentado do ex-Departamento Nacional de
Estradas de Rodagem (DNER) e cursa o terceiro período na Faculdade
de Jornalismo “Pinheiro Guimarães”, no Rio de Janeiro. Aliás, a von-
tade de ser engenheiro já havia se manifestado em nós desde muito
cedo pois, conforme registrei antes, eu fazia as minhas “construções”
no quintal de casa, e ajudava o Hélio a fazer as dele, em seu quintal.
Os vizinhos: 3
Antes de falar nos amigos que fiz no jogo de Celotex, farei uma
pequena descrição dele. Ele era constituído de 10 botões de madeira
(pau amarelo, macacaúba, goiabeira, etc.), com diâmetro aproximado
de 5 cm, cerca de 1 cm de altura e cavado, confeccionado no “tor-
neiro” da rua 28 de Setembro, no Bairro do Reduto. Completava o
“time de celotex”, um goleiro de madeira pesada (normalmente de
acapu), na forma de um prisma de cm. O jogo oficial de “celotex” era
jogado em uma mesa de madeira de m, revestida de compensado, com
redes nas laterais para impedir que o botão caísse no chão e se que-
brasse, e apoiada em cavaletes de 0,7 cm de altura. As traves eram de
ferro cm, completadas com uma rede. A bola era de lã, com 2 cm de
diâmetro. Para confeccioná-la, enrolávamos fio de lã (de uma única
cor ou de cores misturadas) em um garfo e depois o enrolado era
amarrado no meio dos dentes, resultando um pacote na forma de um
oito. Esse pacote era então desbastado com uma tesoura de ponta
fina, e, com auxílio das mãos, a forma esférica era finalmente conse-
guida. Recordo que o Ruy Barros era um exímio fabricante dessas
bolas. O deslocamento dos “botões” nessa mesa era conseguido por
intermédio de uma palheta de mica, cuja forma dependia do jogador.
De um modo geral, tinha a forma de um trapézio, com o lado menor
na forma de “bico de flauta”, para impulsionar o “botão”. Havia casos
de a forma ser semicircular. Para evitar o atrito dos botões na mesa,
ela era parafinada, assim como os botões. Hoje, esse jogo ainda é rea-
lizado no mesmo tipo de mesa, porém com pequenas alterações na
regra, com os botões de plástico PVC, com diâmetro de até cm, a
palheta de acrílico e a bola de borracha, segundo me informou meu
amigo Ruy Barros.
Vejamos, agora, os amigos que fiz no “celotex”. Conforme registrei
acima, este futebol de “botões” foi formalmente oficializado em 1950,
sendo, ainda neste ano, Campeão e Vice-Campeão, respectivamente, o
Grajaú Esporte Clube e o Colo Colo Celotex Clube. No Grajaú, joga-
vam: Almir Nobre (radialista), Francisco (“Chico”) Otávio, José Maria
Hosana, e os falecidos Mário Azevedo (depois, meu colega no DMER) e
Otávio Ledo Nery (cunhado do Hosana, Sargento da Aeronáutica, a
quem, depois, dei aulas de Física e Matemática). O Grajaú possuía um
time interno, o Olímpicos, com os seguintes jogadores: Antonico
Hosana, César Botelho de Lima (falecido), Elias Barbosa (“Rubens” e
“Santo Antonio”), Hubert de Oliveira Mendes (“Nena”), Osmar Sabóia
de Barros, Ruy de Oliveira Barros e Secundino Portela (falecido). No
Colo Colo, jogavam: Carlos Lemos (jornalista), Cássio, Edgar Oliveira
(funcionário do antigo SNAPP), e os falecidos Guilherme O´ de
Almeida, Mário Failache e Renato Coral (que era engenheiro agrô-
nomo). No ano seguinte, em 1951, o Grajaú foi Bicampeão, tendo o
Pará Celotex Clube. Este foi fundado por “Manduca” e no qual joga-
vam: Dagoberto Souza, Fernando Souza (motorista), Geraldo França,
os então acadêmicos de engenharia Hélio Cardoso e Joaquim Albu-
querque, além de Theodorico Rodrigues. Em 1952, o Colo Colo foi o
Campeão com o Grajaú como Vice-Campeão.
Os vizinhos: 4
Os vizinhos: 5
Pará Electric
Irmão: 2. Antônio
Quando estudava na ETC, fez uma boa amizade com o Sr. Camargo,
então Inspetor de Alunos dessa Escola, que o convidou para ser seu
ajudante na Carteira de Despacho da Companhia Americana THE
TEXAS COMPANY (hoje, Texaco do Brasil S. A.), onde trabalhou por
nove anos e cinco meses. A sua saída dessa Companhia deveu-se à
regra interna de ela não deixar nenhum funcionário completar dez
anos para não obter estabilidade. Devido ao seu grande conhecimento
sobre o despacho marítimo de mercadorias (nessa época não existia a
Estrada Belém-Brasília, e, portanto, o comércio paraense era apenas
marítimo), foi convidado para trabalhar com o Sr. José Dias da Costa
Paes, que acabara de criar a Dias Paes Representações Ltda. Nessa
firma, trabalhou por cerca de 19 anos. É oportuno registrar que, nesse
local, foi colega de um amigo de infância, o Augusto Barata que, mais
tarde, seria cantor da Rádio Marajoara.
A relação entre o Roberto e o papai foi tão intensa que, até hoje, ele
lembra dele com muita ternura. Assim, em recente conversa comigo, o
Roberto me disse que tem gravado em sua memória a imagem do
papai vestido de camisa de lona verde, em forma de V, completada
com uma bermuda feita de saco de açúcar, cujo lado esquerdo era
todo amassado, de tanto o papai limpar as mãos da cola de sapateiro
que utilizava nos consertos dos sapatos. Também faz parte dessa
memória a visão de seu avô, em seu banquinho de trabalho, manipu-
lando as ferramentas de sapateiro: o martelo “cabeção”, o pé de ferro,
as facas de sapateiro bem amoladas (das quais tinha muito ciúme) e a
sovela. Ele também lembra de o papai chegar, por volta da sete e meia
da noite, do “bordejo” (na linguagem do papai) que fazia até a Praça
Batista Campos, no final da tarde e começo da noite. En passant,
registro que, enquanto criança, cansei de levar aquelas facas para
amolar na Cutelaria Tancredi, que ficava na Rua Senador Manoel
Barata, próximo à então Avenida 15 de Agosto (depois, Presidente
Vargas).
Irmã: 3. Madalena
Creio ser oportuno dizer que a Madá sempre foi receosa com relação a
tentar novas situações. Por exemplo, depois de três anos de trabalho
no “Placídia Cardoso”, houve um concurso para o então SNAPP. A
amiga Lucymar fez tudo para que elas fizessem esse concurso.
Segundo recentemente contou-me a professora Lucymar, com medo
de ser reprovada e ficar em situação difícil perante seus pais e ami-
gas, a Madá não fez o concurso. A Lucymar fez e passou. De outra
feita, sua outra grande amiga Maria de Jesus também fez tudo para
levá-la para a Escola Tenente “Rego Barros” para ensinar a 4a. Série
do 1o. Grau. Como a Madá foi sempre professora do Curso Primário e
de Admissão, ficou com medo de fazer uma reciclagem para adaptar-
se ao ensino ginasial e recusou o convite. Por fim, registro que a Madá
não teve filhos de seu casamento com o Acrísio.
Irmão: 4. Mário
Desse modo, entre 1960 e 1962, ele realizou sua Residência Médica
(RM) no Hospital “Pedro Ernesto” (HPE) [hoje, Hospital Universitário
“Pedro Ernesto” da Universidade Estadual do Rio de Janeiro
(HUPE/UERJ)], que à época pertencia à Prefeitura do Distrito Federal,
sob a supervisão do professor Dr. Júlio Martins Barbosa, que mais
tarde seria seu padrinho de casamento, junto com Hilda Nunes Ave-
lino, que também era sua madrinha de batismo. Durante esse período
como Médico Residente, aproveitou para melhorar a sua formação
médica. Assim, em 1960, entre março e junho, realizou, no Centro de
Estudos da Secretaria de Saúde do Estado da Guanabara, os seguintes
Cursos: Equilíbrio Eletrolítico e seus Distúrbios no Adulto
(21/03-01/04); Radiologia (7/04-9/06); Cirurgia Infantil (maio).
Nessa mesma Secretaria, em 1962, fez parte de um grupo de médicos
que ministrou o Curso de Treinamento Funcional Descentralizado em
Enfermagem Médica e Cirúrgica. No final de 1962, com a passagem
(em agosto desse mesmo ano) do HPE para a Universidade do Estado
da Guanabara, como Hospital Escola, foi admitido como médico, con-
tinuando a trabalhar no mesmo serviço (2a. Clínica Médica) do Dr.
Júlio Barbosa, até o falecimento deste médico, em 1966, quando essa
Clínica foi extinta. A partir daí, foi transferido para o Serviço de
Assistência Médica ao Servidor (SAMS); posteriormente, com as
várias transformações na estrutura do Serviço Médico da UERJ, foi
lotado na atual Divisão de Saúde do HUPE (DISHUPE), onde se apo-
sentou.
Enquanto meu cunhado Pedro fez uma brilhante carreira como advo-
gado [ele é hoje o Procurador Chefe do Ministério Público do Tribunal
de Contas do Estado do Pará (TCE)], a Maria dedicou-se a tomar conta
da família que acabara de constituir. Pedro, filho de imigrantes italia-
nos (Egídia e Nicola), da mesma região onde nasceu minha mãe, Cas-
telluccio Inferiore, na Província de Potenza, no sul da Itália, sempre
foi e é um grande batalhador. Desde criança, ele e seu saudoso irmão
Egídio ajudavam o pai na entrega de jornais e revistas. Como nós
(Antonio, Madá, Mário e eu) já não morávamos com nossos pais, na
Travessa São Pedro 421 (hoje, 851), Pedro e Maria, quando casaram,
passaram a tomar conta deles, com todo o carinho emocional e mate-
rial possível [Pedro, inclusive, derrubou a nossa antiga casa (descrita
anteriormente), e construiu uma boa casa de dois pavimentos]. Além
disso, Pedro também ajudou a criar seus meio-irmãos que nasceram
do segundo casamento de seu pai, com Rosina Sovano. Sempre que foi
solicitado, ajudou também meus irmãos Antônio e a saudosa Madá.
Nesta oportunidade, quero agradecer ao meu estimado cunhado Pedro
tudo o que fez pelos meus pais e, também, pela tia Luzia, que morou
com ele até morrer em 17 de setembro de 1983. Meu pai Eládio mor-
reu em 20 de abril de 1980, e minha mãe Rosa, em 28 de agosto de
1999. Por outro lado, Pedro e Maria sempre lutaram pelo bem de seus
filhos e, também, pelo dos empregados que com eles trabalharam e
ainda trabalham. Um exemplo típico é a presença da Dona Antônia
Vinagre Alcântara, que cozinha para eles há mais de trinta anos.
Eu tive duas tias paternas: Luzia e Maria Lúcia. A tia Luzia nasceu em
30 de setembro de 1909, em Puebles de Tribes, San Miguel de Vidu-
eira, no noroeste da Espanha, perto de Santiago de Compostela. Ela
veio para Belém do Pará, por volta de 1915. Como o papai era sapa-
teiro, ela começou a aprender o ofício de costureira de calçados e,
nesse ofício, trabalhou na Sapataria Sem Rival, do espanhol Isaac Gar-
cia, localizada na hoje Avenida Padre Eutíquio, perto da Rua Senador
Manoel Barata. Quando criança, recordo de ir várias vezes a essa
Sapataria para ela comprar brinquedos para mim. Um deles, um
revólver de brinquedo, foi comprado na Casa dos Presentes, que
ficava na Manoel Barata, próximo da Travessa Campos Sales, onde
hoje fica uma das Lojas Yamada. Lembro ainda de roupas que ela
comprava para mim, bem como livros e material escolar. Às vezes, dia
de domingo, ela gostava de tomar vinho, o que lhe provocava muito
sorriso e vermelhidão nas faces. Sempre que eu fazia alguma traqui-
nagem no CEPC, era ela quem ia resolver com o Diretor, conforme já
registrei em outro artigo destas recordações. Quando a Sem Rival
fechou, ela recebeu como indenização a máquina de costura na qual
trabalhava e, com ela, passou a trabalhar com o Sr. Cláudio. Embora
tenha namorado com Sr. Raimundo, que era barbeiro, ela morreu sol-
teira, no dia 17 de setembro de 1983.
A tia Maria Lúcia nasceu no dia 15 (ou 17) de abril de 1906 em Puebles
de Tribes, San Miguel de Vidueira, no noroeste da Espanha, perto de
Santiago de Compostela, e morreu no dia 02 de abril de 1969. Creio
que ela veio para Belém com a tia Luzia. Quando eu comecei a ter dis-
cernimento familiar, a tia Maria Lúcia já não morava mais em casa.
Ela teve cinco filhos, todos nascidos em Belém:
Depois do Carlos, a tia Lúcia teve mais três filhos: Maria de Lourdes,
nascida em 02 de agosto de 1942, exerceu a profissão de contabilista
durante toda a vida profissional em empresas privadas e, ao se apo-
sentar, era responsável pelo Setor de Contabilidade da Pina Intercâm-
bio de Pesca; Maria da Graça, de 08 de outubro de 1947, professora
normalista e contabilista, hoje funcionária pública federal aposen-
tada. Em 12 de dezembro de 1970, casou-se com Antonio Augusto de
Oliveira Vilhena, nascido em 28 de janeiro de 1938, também contabi-
lista, e tiveram a filha Andréia, nascida em 03 de março de 1972,
advogada que atua na área trabalhista. Recordo que, quando criança,
brinquei muito com o Orlando, irmão do Antonio, na casa deles na
Rua dos Tamoios. Eles eram filhos do dono do Café Manduca. Por fim,
o último filho de tia Lúcia, o Ildefonso, era comerciário, nasceu em 23
de janeiro de 1940 e faleceu em 20 de dezembro de 1982.
Dos filhos de tia Lúcia, Eleonor e Carlos Alberto eram os que mais nos
visitavam. Por sua vez, a Eleonor, quase da minha idade, era com
quem eu mais brincava quando criança. Recentemente, quando telefo-
nei para ela, que mora no Rio de Janeiro, para completar algumas
informações que me foram repassadas por sua sobrinha e minha
prima Lucélia, ela lembrou-me de que nós dois brincávamos muito
com nossa avó Tereza. Eu, no entanto, gostava de malinar um pouco
com ela. Por exemplo, ela já cega devido a uma catarata bem avan-
çada, sentava em uma cadeira perto de uma mesa na varanda de
nossa casa. Quando ela se levantava, eu retirava a cadeira. No
entanto, quando ela ia se sentar, eu a repunha para ela não se machu-
car. Quem tem acompanhado essa minha saga deve se lembrar de que,
anteriormente, descrevi meu relacionamento com ela quando ainda
não estava cega.
Quando entrei pela primeira vez na sala da turma da Célia (ver a rela-
ção de seus colegas em outro artigo dessas lembranças), no começo de
março de 1957, simpatizei logo com ela. Essa simpatia eu a manifes-
tava da seguinte maneira. A disciplina rígida imposta pela então dire-
ção do CEPC não permitia que o aluno entrasse em sala depois da
entrada do professor. Assim, quando me aproximava de sua sala, a
que ficava logo na saída do lado direito da escada, localizada no pátio
interno do recreio dos homens (naquela época, os recreios dos alunos
e das alunas eram separados), e percebia que ela ainda não havia
entrado, eu embromava um pedaço, conversando com outros alunos,
até vê-la chegar, para então entrarmos juntos.
Vanguard
Contigo viverei
E ternamente feliz
Longe de ti serei
I ncapaz de viver
Amor
Noivado em andamento, comecei a comprar coisas para o nosso
futuro lar, que seria no apartamento 101 do Edifício Santarém, locali-
zado na Avenida Conselheiro Furtado, bem defronte da Travessa Juru-
nas (hoje, Avenida Roberto Camelier). Esse Edifício estava sendo
construído pelos meus estimados amigos Durval Pinheiro e seu
cunhado, José Maria Borges de Carvalho. Lembro-me de que dei como
entrada da compra desse imóvel, o cálculo do prédio, e pagava uma
prestação mensal de 1.540 cruzeiros. Quando a inflação começou a
afetar o brasileiro, por volta de 1960, essa prestação foi reajustada
para 2.000 cruzeiros. Nesse prédio, meus estimados amigos Manoel
Leite Carneiro e Lourival Franco, colegas de magistério no CEPC, tam-
bém compraram apartamentos. (Aliás, é oportuno registrar, que foi o
Manoel, que também era meu colega de magistério no Colégio
“Abraham Levy”, quem me indicou para o CEPC.) Esse prédio tinha
seis apartamentos: três de frente e três de trás. O Lourival era dono
do 103 e o Manoel, do 201. Quando casei, em 1962, estavam quase
prontos apenas os apartamentos da frente, com os três restantes
ainda em construção, cujo vigia do barracão de construção era o Seu
Humberto. Alguns meses mais tarde passamos a morar em nosso
apartamento. Até mudar de lá, em 1967, Célia, eu e nossos filhos Jô e
Ádria (esta com meses de nascida), Lourival, Laurinda (filha do casal
Antônio e Antonina Coelho, que moravam na Rua Arcipreste Manoel
Teodoro, próximo de onde eu morava, na Travessa São Pedro) e a
filha Milene, compartilhamos uma grande amizade, mantida até hoje.
Recentemente, a Célia deu aulas para as filhas Gabriela e Juliana, da
Milene, a quem eu chamava de “Milene Demongeot” pois, quando ela
era criança, se parecia bastante com essa bela atriz francesa. É opor-
tuno registrar que na ocasião em que a Milene ia matricular as filhas
no curso de português da Célia, o Minerva, ela sempre lembrava a
interferência da Célia toda a vez que a Laurinda, sua mãe, a castigava
por alguma traquinagem que ela fazia. Quando ela começava a chorar
por causa desse castigo, a Célia subia, batia na porta do apartamento
da Laurinda e pedia que ela não brigasse mais com a filha.
Nosso primeiro filho, José Maria Coelho Bassalo (“Jô”), nasceu no dia
16 de agosto de 1963, no Hospital da Ordem Terceira de São Francisco
(no mesmo Hospital onde nasci) e sob os cuidados do Dr. Albino
Figueiredo. Aliás, esse parto iria ser feito pelo Dr. Adriano Guimarães,
mas este se encontrava de férias na Europa. Interessa ainda registrar
que foi o Dr. Adriano quem, também, fez o parto do Joaquim e da
Maria do Socorro, tendo os demais cunhados vindo à luz pelas mãos
da parteira Mãe Laura, muito querida na família. Voltando ao Dr.
Adriano, ele era padrinho da Rosa Maria. A Ana Maria, sua irmã
gêmea, era afilhada do escritor Manuel Lobato, um dos “varandeiros”.
A grande amizade do Dr. Adriano com meu sogro fazia com que ele
freqüentasse, a casa da Praça da República (e, posteriormente, a casa
da Avenida Governador José Malcher, 629), não raro, mais de uma vez
por dia. Além disso, sempre dava um presente de Natal para todos os
meus cunhados e dois para a Rosa Maria, sob o argumento de que ela
era sua afilhada. Vale recordar que a Célia, já casada, também rece-
bia, mas o presente era dinheiro vivo, pois não queria me deixar
envergonhado. Dr. Adriano, além de ser padrinho de nossa filha
Ádria, foi quem escolheu esse nome. Segundo Célia me contou, na
hora em que a menina nasceu, ele disse: nasceu a minha Ádria (esse
teria sido o nome que ele daria a uma filha, se a tivesse). Por tudo
isso, todos os filhos de Dona Celina o chamavam, carinhosamente,
Amigo Lano. Essa grande amizade com o Dr. Adriano foi estendida aos
seus sobrinhos, os também médicos Guilherme e Fernando Guima-
rães. Até a morte do Dr. Adriano, em 1990, fui um grande amigo dele,
inclusive visitando-o, todos os sábados e por muitos anos, em sua
casa na Rua Arcipreste Manoel Teodoro. Eu cheguei até a construir a
casa de uma de suas “pequenas”, a enfermeira Dalva, na Travessa
Djalma Dutra. Registro que, “pequena”, era o nome que o Dr. Adriano
dava as suas inúmeras namoradas, dentre as quais, a famosa atriz
global Mara Rúbia.
Apeú
A visita dominical a Dona Marcinha foi rareando na medida em que
passamos a freqüentar um sítio que foi construído pelo Seu Machado
e os irmãos Wilson, Waldir e William, com pequena ajuda minha. Ele
situava-se na Vila do Apeú, no município de Castanhal (cerca de 60
km de Belém), em um terreno que fora comprado de um cunhado da
tia Lourdes que, conforme dissemos acima, casou com o tio Waldir
depois de enviuvar de Hernani Ladeira. Nesse terreno, margeado por
um igarapé, nos reuníamos aos domingos de manhã. Para lá iam, tam-
bém, os “varandeiros” e respectivas famílias, além dos colegas de
meus cunhados. Para passear no igarapé, Seu Machado mandou fazer
uma pequena canoa, que deu o nome de Jô-Anita, para homenagear
seus dois primeiros netos. Nesse igarapé, quase aconteceu uma tragé-
dia. Um certo domingo, estávamos tomando banho em uma parte
funda do igarapé. Apesar de toda a precaução que tínhamos com o Jô,
ele nos “cinzou” e pulou nessa parte do igarapé, começando a se afo-
gar. O nosso caseiro, Antonio Silva (“Pindoba”), percebendo que não
havíamos visto que o Jô estava se afogando, pulou e o salvou.
Hipocondria neurótica
O primeiro deles foi o saudoso Dr. Pedro Valinoto. Como era muito
amigo de minha tia Luzia, ela me levou para uma consulta em seu
consultório, que ficava na Avenida Padre Eutíquio, próximo da Rua
Conselheiro João Alfredo. Depois de me examinar, viu que eu estava
apenas nervoso; me receitou um complexo vitamínico B e Memoriol,
para me ajudar na falta de memória, que eu estava sentindo naquela
ocasião. Um outro sintoma físico marcante em minha vida aconteceu
em 1967. Eu havia voltado frustrado de Brasília, em 1965, passara o
ano de 1966 de “castigo” na Escola de Arquitetura, e a Célia engravi-
dara em agosto deste ano. Em conseqüência disso, comecei a ter uma
outra crise nervosa. Meu estimado e saudoso amigo (veja artigo que
escrevi sobre ele nestas recordações), o médico Maurício Queima Coe-
lho de Souza, indicou-me seu amigo, o também saudoso médico psi-
quiatra Messildo Morato Luterbach para tratar de minha neurose. Por
ocasião em que estava me tratando com o Dr. Messildo, recordo de
outro de meus pavores: o de ficar doido. Quando falava a ele sobre
esse medo, ele dizia: Não tenha medo disso, pois quem é doido nunca
pensa que é.
A 629
Voltemos à fisioterapia da Célia. Certo dia, quando ela fazia esse exer-
cício na raia, a Dona Celina atendeu ao telefone, que ficava no corre-
dor, próximo da sala de jantar. Era alguém do Centro de Letras e
Artes da UFPA, que perguntava pela Célia, então Diretora desse Cen-
tro, para resolver algum problema administrativo. Dona Celina, res-
pondeu: Ah! meu bem, ela está tomando um belo banho. A Célia, que
ouvira essa resposta, falou da piscina: Banho não mamãe, estou
fazendo fisioterapia por causa de meu problema de coluna.
Era também nessa sala de jantar que, aos sábados à noite, eu reunia
meus cunhados e concunhados para uma noitada de bebedeira. Tam-
bém participava dessa noitada, o saudoso Anfrísio Nunes, cunhado do
Claúdio. Geralmente, eu comprava um garrafão de vinho de cinco
litros (“Urussanga” ou “Dom Bosco”), e tomávamos. Eu tinha o hábito
de misturar o vinho com açúcar o que, no dia seguinte, provocava
uma tremenda dor de cabeça. Também tomávamos batida de cachaça,
misturada com limão ou pasta de amendoim. Tanto o vinho, quanto a
batida, eram sorvidos com muito gelo, que eu preparava em latas de
leite Ninho, colocadas em um pequeno “freezer” que ficava em um
canto dessa sala. A noitada começava quando meus sogros se reco-
lhiam para o apartamento que ficava fora da casa. Pois bem, para dar
início a essa farra, eu pegava as latas de leite Ninho, com a água com-
pletamente petrificada e, para obter pedaços de gelo, começava a
bater nelas, com um martelo de alumínio da Dona Celina, que era
usado para amaciar carne. Minha estimada e saudosa sogra, ouvindo
as marteladas que dava, comentava com meu sogro: Ih! Coelhinho, o
Bassalo já vai começar a bebedeira.
Cunhado(a)s e Concunhado(a)s
Dos onze filhos de meus sogros, nove moravam na 629, pois o Joa-
quim e Caboco já haviam saído de Belém, conforme já anotei. O
Ronaldo ficou lá até 1973, quando foi trabalhar em Macapá. Na volta,
em 1975, passou a morar sozinho. Os demais foram saindo, na medida
em que iam casando. Nesta oportunidade, farei um pequeno relato de
meus cunhado(a)s e respectivas famílias, na ordem que deixaram a
629. O Geraldo, nascido em 24 de setembro de 1948, foi o primeiro a
sair, um pouco depois de seu casamento com Carmen Helena Watrin,
nascida em 08 de abril de 1946, com quem casou em 27 de novembro
de 1968. Hoje estão divorciados. Desse casamento, nasceram dois
filhos: Alex, no dia 20 de junho de 1969, e Alan, no dia 02 de outubro
de 1974. Alex, especialista em informática, casou-se em 10 de abril de
1999, com a advogada Magáli Moraes Rosa, nascida em 07 de dezem-
bro de 1971, e têm uma filha de nome Vitória, nascida no dia 27 de
novembro de 1999. Alan, Bacharel e Licenciado em História, aluno do
Curso de Mestrado em História da UFPA tem um filho de nome Felipe
nascido em 01 de dezembro de 2000, de sua união com Ana Paula
Macedo Cunha, de 08 de junho de 1986, também Bacharela e Licenci-
ada em História. Vale assinalar que meu cunhado Geraldo, Mestre e
Doutor em História, respectivamente, pela Universidade Federal Flu-
minense e Universidade Nova de Lisboa e professor Adjunto da UFPA,
é o atual Diretor Geral do Arquivo Público do Pará. Destaco ainda que
ele, além de professor, é pesquisador atuante com livros e artigos
publicados sobre temas de sua especialidade.
Em 1972, duas cunhadas saíram da 629. A primeira delas foi a Rosa
Maria, nascida em 03 de março de 1945, ao casar-se, em 22 de janeiro
de 1972, com Pedro Pinho de Assis, de 29 de junho de 1943. Ambos
obtiveram os títulos de Mestre e Doutor em Letras, pela UFRJ, são
professores aposentados da UFPA, assim como são pesquisadores atu-
antes. No momento, a Rosa é professora da Universidade da Amazônia
(UNAMA), com livros e artigos publicados em assuntos relacionados
com Língua e Literatura. O Pedro, por sua vez, além de Literatura,
gosta também de Filosofia, de pintura, de música, e de antiguidades.
O casal Assis tem dois filhos, Pedro Paulo e Gaega. Eles nasceram,
respectivamente, em 17 de julho de 1974 e 11 de setembro de 1977. O
Pedro Paulo casou-se, em 26 de julho de 2000, com Gabriela Maria
Fernández Coimbra, nascida em 10 de março de 1977, e têm um filho
de nome Bernardo, nascido em 14 de junho de 2004. Ambos são médi-
cos, com Residência Médica em Nefrologia, realizada em São Paulo,
no Hospital Brigadeiro-SUS, no período de 01 de fevereiro de 2002 até
31 de janeiro de 2004. Hoje, eles atuam em vários hospitais de Belém,
dentro dessa especialidade. Gaega, dirige uma fazenda de propriedade
sua e de seu pai, além de ser um “expert” em mercado financeiro
(“trader”), com treinamento realizado nos Estados Unidos da Amé-
rica, com um dos “papas” mundiais desse assunto: Joe Ross. En pas-
sant, creio ser oportuno registrar que, quando o Pedro Paulo tinha 22
dias de idade, e como Pedro e Rosa estavam realizando o Mestrado na
UFRJ, em 1974, Célia e eu tomamos conta dele por um período de oito
meses. Desse modo, tivemos o privilégio de ser seus “pais afetivos”
por esse tempo.
A segunda cunhada que saiu da 629, ainda em 1972, foi a Teté, nas-
cida em 13 de dezembro de 1949, para casar com o Claúdio Cativo
Rosa (“Claudão”), de 02 de fevereiro de 1945, que é arquiteto e pro-
fessor aposentado da UFPA. Desse casamento, ocorrido no dia 05 de
fevereiro de 1972, nasceram Cláudio (“Claudinho”) e Celina, respecti-
vamente, em 31 de julho de 1973 e 15 de outubro de 1975. Claudinho
(meu afilhado) é engenheiro civil e casou-se em 28 de setembro de
2003 com Patrícia Veríssimo Portela, nascida em 21 de agosto de
1974, e administradora de empresas. Por sua vez, Celina, arquiteta e,
atualmente, realizando o Curso de Direito na UNAMA, casou-se com
Márcio Raposa Silva, em 20 de setembro de 1997. Desse casamento,
nasceu Maria Luiza em 21 de novembro de 1998. Hoje, estão divorcia-
dos. Registro que minha cunhada Teté, Mestre em Economia pela
UFPA e professora aposentada dessa Universidade, já exerceu vários
importantes cargos públicos no Pará, dentre os quais destaco a Secre-
taria Executiva da Fazenda do Estado do Pará e a primeira Diretoria
Geral da Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA), criada em
2003. No momento, é a atual Secretaria Especial de Gestão do
Governo do Estado do Pará. Lembro-me de que, no começo da vida do
Claudão e da Teté, tive o prazer de convier com eles, quer brincando
de bola no terreno da casa que moraram na Travessa Quintino Bocai-
úva, quer como “hóspedes” em nossa casa de Mosqueiro. Como eu
brincava muito com o Claudinho, certo dia de julho de 1980, quando
estávamos passando férias nessa casa da ilha balneária, ele, Claudi-
nho, desesperado com as brincadeiras, me disse: Tio Bassalo, saía já
da minha casa, pois não agüento mais o senhor!
Minha família
Como a Célia estava com muita dor de cabeça, depois dessa visita,
voltamos ao Hotel. Para socorrê-la, chamei a camareira. Tentando
recordar as aulas de espanhol no CEPC, com a professora Valdez, dis-
se-lhe: Mi señora, yo quiero algo “quente” para mi mujer. Usei a pala-
vra quente, em vez de caliente, por não me lembrar dessa palavra..
Ela trouxe um prato de “purê de batata”. Foi o Joaquim quem nos
socorreu para amenizar a dor de cabeça da Célia. Uma outra situação
de não entendimento entre o que eu falava e o que meu interlocutor
espanhol entendia, ocorreu quando, ao fechar a conta do Hotel e reali-
zar o pagamento, disse: Hasta luego. Ouvi como resposta: Adios. Vi,
em Madrid, o que sempre diziam dos espanhóis, isto é, que eles não
entendem o que o brasileiro fala, embora, nós os entendamos em
quase tudo. Dizem os expertos que a razão disso é que a língua espa-
nhola tem menos fonemas do que a portuguesa.
Partimos para Paris no dia 16 de agosto, por volta das sete e meia da
noite. Chegamos no dia seguinte, por volta das oito e meia da manhã,
e nos hospedamos no Hotel Terminus Nord, defronte da Gare du
Nord. Nesse mesmo Hotel, acertamos uma excursão para visitar o
famoso Palais de Versailles, residência dos reis franceses, a cerca de
20 quilômetros de Paris. Lá, vi que o turismo europeu é tratado como
uma indústria. Por exemplo, até para fazer xixi tivemos de pagar o
uso dos sanitários. Como íamos ficar uma semana em Paris, progra-
mamos outras visitas. Assim, fomos ao Musée du Louvre. Quando
estávamos visitando a ala dos bustos dos Césares romanos, o Joaquim
ia enunciando o nome de cada um deles. Aí, ele me disse: Zeca, olha o
Caracalla. Eu me espantei, pois, na minha ignorância histórica, pensei
que Caracalla era apenas um local romano, pois me lembrei de uma
célebre apresentação dos Três Tenores (Luciano Pavarotti, Plácido
Domingo e José Carreras), nas Termas de Caracalla, por ocasião da
Copa do Mundo de 1990 na Itália.
Estados Unidos/México
Como sua filha Dorothea reside em Beverly Hills, uma cidade dentro
de Los Angeles, fomos visitá-la. Primeiro almoçamos em um restau-
rante em que ela era atendente. Depois, enquanto fazíamos hora para
jantar na casa dela, fomos conhecer o distrito de Hollywood, com seus
estúdios de cinema e os “Boulevards” característicos. Senti uma certa
emoção quando vi o painel com esse nome, símbolo da cinematografia
mundial, engastado nos contrafortes (“foothills”) de montanhas que
limitam essa região. Tivemos também a oportunidade de passar pela
frente das famosas mansões dos artistas de cinema, localizadas nes-
sas colinas. Durante o jantar na casa da Dorothea, pudemos assistir os
filmes e peças de teatro em que ela trabalhou. É oportuno registrar
que, anos mais tarde, ela participou do filme sobre a vida do notável
cantor e ator Frank Sinatra.