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O século perdido: raízes históricas das políticas públicas para a infância no

Brasil.

Rizzini, I. (1997). O século perdido: raízes históricas das políticas públicas para a infância no Brasil.

Rio de Janeiro: Petrobrás: Ministério da Cultura: USU Editora Universitária: Amais.

Quando recolhemos um pequeno ser atirado sozinho nas tumultuosas

maretas dos refolhos sociais, victimas de paes indignos ou de taras profundas,

não é elle que nós protegemos, são as pessoas honestas que defendemos;

quando tentamos voltar a saúde physica ou moral seres decadentes e fracos,

ameaçados pela contaminação do crime, é a própria sociedade que defendemos

contra agressões das quais, para ella mesma, o abandono das crianças constittue

uma ameaça ou um presságio. (Dr. Alfredo Ferreira Magalhães, apud Rizzini,

1922, p.133)

Ao lermos atentamente o trecho acima, podemos perceber nas entrelinhas

em que contexto político e imaginário social se enquadrava o processo de criação

das políticas públicas voltadas para a proteção à infância. Em seu livro, Rizzini

procura fazer uma retrospectiva histórica dessas raízes, a fim de melhor

compreender as posturas oficiais em relação aos menores.

Na realidade, elas se articulam ao próprio ideário/ pensamento das

primeiras décadas da República (final do século XIX e início do XX), fortemente

permeado pelo positivismo , cientificismo e pela medicina higienista. O Brasil

republicano recém-nascido precisava de um "projeto civilizatório" e a nação, assim

como o povo, eram vistos como objetos em formação, ainda por ser "construída",

ou no segundo caso, moldado. Corrigir a infância, afastá-la de um meio social


permissivo e degradante, fazia parte desse projeto progressista ou civilizatório. A

medicina e a justiça são perpassados por uma mentalidade com inúmeros pontos

comuns: é a prevenção moral do crime, a idéia de que é melhor prevenir, através

da correção e da vigilância, do que remediar, lotando as penitenciárias. Por um

lado, a autoridade da família sobre a criança vai gradualmente decrescendo e se

tornando subordinada ao Estado, por outro, a caridade religiosa vai se

transformando lentamente em filantropia de caráter social e estatal: "proteger o

abandono moral, além do físico, se torna um dever patriótico" (p. 111), segundo

políticos como Lopes Trovão.

É interessante também observar que até os fins do século XIX, o termo

infância era utilizado de forma muito mais abrangente, se diluindo na própria

noção de juventude. A partir do século XX, as conotações vão gradualmente se

modificando: menor ganha um caráter de criança pobre e/ou abandonada,

potencialmente perigosa. Ser um menor significa pertencer a uma categoria a

parte do mundo infantil e diferente da idéia de ser criança.

Por esses e outros motivos, podemos concluir que o processo de

elaboração do Código do Menor (1926-27) é antes de tudo um projeto político: se

o discurso dizia que a educação infantil garantiria o futuro da nação, como era

possível que a realidade mostrasse uma educação para formar indivíduos

docilizados, subservientes à ordem instaurada?

A arena política, dominada por uma elite letrada, de formação

predominantemente jurídica, tinha diante de si uma opção paradoxal: educar o

povo, porém garantindo seus privilégios de elite. Instruir sob vigilância. (p.239).
Talvez por isso mesmo a ação governamental tenha tido um cunho muito mais

jurídico-assistencialista do que de reformas estruturais na educação básica

nacional.

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