Manual Caseiro
1
MC
MANUAL CASEIRO
DIREITO TRIBUTÁRIO II
O tributo deverá ser pago se houver o encontro de uma hipótese com uma determinada conduta (nexo causal2
que irá gerar consequências), se comparamos com o direito penal, seria a adequação da conduta delitiva com o tipo
penal.
No âmbito do direito tributário, quando determinada conduta se amolda a referida hipótese deverá ser pago
o tributo. A esse encontro, denominamos que houve o fato gerador. Assim, por exemplo, na hipótese de Fernanda
auferir renda, nasce para esta o dever de pagar o imposto de renda - IR.
Assim:
▪ Auferir renda
▪ Nasce a obrigação tributária
▪ Dever de pagamento do IR.
*HI: é uma situação abstrata, hábil a deflagrar a relação jurídico-tributária.
Ex – auferir renda, circular mercadoria, etc.
Dotados de HIPOTETICIDADE
A hipótese de incidência tributária é dotada de hipoteticidade, que significa que o modelo legal é imaginado pelo
legislador e transcrito para a norma, ou seja, trabalha-se com situações hipotéticas que podem deflagrar tributos.
Com efeito, a HI localiza-se no plano da abstração (o mundo dos valores jurídicos), sendo dotada de
hipoteticidade e tributabilidade (aptidão para deflagrar o tributo).
Observe que a hipótese vem prevista em um verbo no infinitivo, além de demonstrar abstratamente
situações que se abrem à incidência tributária, uma vez indicadoras de signos presuntivos de riqueza do contribuinte.
Assim, a tributabilidade é a aptidão ao constante no enunciado descritivo para a tributação, ou seja, signo
presuntivo de riqueza alcançável pela tributação.
Vamos conceituar?
MANUAL CASEIRO
Segundo Eduado Sabbag (Manual de Direito Tributário, 2016) a hipótese de incidência tributária representa o
momento abstrato, previsto em lei, hábil a deflagrar a relação jurídico-tributária. Caracteriza -se pela abstração, que
se opõe à concretude fática, definindo -se pela escolha feita pelo legislador de fatos quaisquer do mundo fenomênico,
propensos a ensejar o nascimento do episódio jurídico-tributário.
É importante destacar que a hipótese de incidência é demarcada normativamente pelo legislador, constando
da lei tributária ao lado de outros elementos configuradores da reserva legal ou tipicidade fechada, a saber: a alíquota,
a base de cálculo, o sujeito e a multa (ver art. 97, CTN).
Alíquota
Base de cálculo
Sujeito Passivo
Elementos estruturantes da lei tributária Multa
FG* (Melhor seria HI)
Legislação
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39,
57 e 65;
*Fato gerador
MANUAL CASEIRO
Enquanto a HI se mantiver no campo hipotético da abstração, sem a materialização do fenômeno que se
espera, não se cogitará de obrigação tributária. Todavia, ocorrendo a concretização da HI no plano dos fatos (plano
fenomênico ou da realidade), transbordará a incidência tributária.
Esquematizando
HI FG OT
Desse modo, só se cogita a possibilidade da obrigação tributária se houver o fenômeno da incidência, que
significa o encontro do fato com a hipótese.
É importante enaltecer que da perfeita adaptação do fato ao modelo ou paradigma legal despontará o
fenômeno da subsunção. A partir dela, nascerá o liame jurídico obrigacional, que dará lastro à relação intersubjetiva
tributária.
JÁ CAIU:
ESAF: A obrigação tributária nasce com o lançamento. Errado, a obrigação tributária nasce com a hipótese da
incidência tributária.
HI FG OT
Vale dizer que a obrigação tributária depende do encontro do plano fático com o plano abstrato (e vice-
versa), fazendo unir, de um lado, o fato à norma, e, de outro, a norma ao fato. Trata-se da chamada “subsunção
tributária”, geradora da obrigação tributária.
Esquematizando
HI FG OT (dever de $)
MANUAL CASEIRO
É o perfeito acoplamento do fato à hipótese (e vice-versa). É um pressuposto para que ocorra o fenômeno
da incidência tributária.
Fato Gerador
Assim, aquele fato que materializa a hipótese, sem o qual não se fala em obrigação tributária, recebe o
nome de “fato gerador” (fato imponível, fato jurígeno ou fato jurídico-tributário). Insere-se no “mundo da
realidade”.
Vamos conceituar? 5
Segundo Eduado Sabbag (Manual de Direito Tributário, 2016) o fato gerador ou fato imponível, é a materialização
da hipótese de incidência, representando o momento concreto de sua realização, que se opõe à abstração do
paradigma legal que o antecede.
Curiosamente, esse recorte do fenômeno da incidência em duas perspectivas autônomas, mas relativamente
dependentes (há HI sem FG, mas não há FG sem HI) sempre despertou aplausos e críticas no plano doutrinário.
Nesse sentido, Geraldo Ataliba, seguido por muitos outros (Hugo de Brito Machado, por exemplo),
idealizou a dupla perspectiva.
Por outro lado, Rubens Gomes de Sousa e tantos outros conceberam o fenômeno pela perspectiva uma do
fato gerador, quer no plano abstrato, quer no plano concreto.
Destaca-se, independentemente da linha doutrinária que se venha a seguir, um dado é certo: a obrigação
tributária depende do perfeito acoplamento do fato à norma e vice-versa; de que a norma se subsuma ao fato (e vice-
versa).
Frise-se que as Bancas examinadoras têm preferido a análise do fenômeno pela dupla perspectiva “HI
versus FG”.
JÁ CAIU:
CESPE/2006: A hipótese de incidência tributária não se confunde com o fato gerador da obrigação tributária. A
primeira corresponde à previsão legal e abstrata da situação que implica a incidência da norma tributária, já o
segundo é a concretização da hipótese de incidência no mundo dos fatos e dá origem à obrigação tributária. (Correto).
MANUAL CASEIRO
Esquematizando
6
Trata-se da previsão legal e abstrata da É concretização da hipótese de
situação que implica a incidência da incidência no mundo dos fatos e dá
norma tributária origem à obrigação tributária.
ESAF: A hipótese de incidência é o fato da vida que gera, diante do que dispõe a lei tributária, o dever de pagar o
tributo (Errado).
A afirmativa é FALSA, pois a hipótese de incidência, conforme estudado acima, ela goza de abstratividade,
e corresponde a previsão legal da situação. Quando adentramos ao plano concreto, ou seja, ao fato da vida humana,
estamos diante do fato gerador.
Observação:
No CTN e legislação ordinária, a utilização da expressão “fato gerador” não é precisa, pois o termo,
considerado “equívoco” por muitos, pode indicar o fato gerador propriamente dito ou, até mesmo, a hipótese de
incidência. Cabe ao intérprete a sensibilidade para a identificação adequada diante do dispositivo cotejado, tendo
em vista que o nome “fato gerador” é plurívoco/polissêmico.
Obs.1: A definição do fato gerador, sendo legal e abstrata, quer, em verdade, indicar a própria hipótese de incidência
tributária. Nesse mesmo sentido, o art. 118 do CTN.
O mais adequado seria a definição da hipótese de incidência, isto porque a HI sim é abstrata, trata-se da previsão
legal, enquanto que o fato gerador é a concretude da circunstância no plano prático.
A definição legal do fato gerador (com maior rigor, da hipótese de incidência) será interpretada abstraindo-
se da validade jurídica dos atos e dos efeitos dos fatos (...).
I – A interpretação objetiva do FG 7
Pelo princípio da interpretação objetiva do fato gerador, não se levam em conta as características subjetivas
do contribuinte, mas apenas os aspectos intrínsecos ao fato gerador (aspecto objetivo).
A propósito do art. 118 do CTN, há pouco citado, prevê normativamente a máxima latina pecúnia non olet*
(tributo não tem cheiro), segundo a qual prevalecerá, no fenômeno da incidência, a interpretação economicamente
objetiva do fato gerador, independentemente da condição do sujeito.
Vale dizer que a capacidade tributária passiva é plena (art. 126, caput, CTN), desconsiderando-se quaisquer
aspectos externos à hipótese de incidência e, verdadeiramente, típicos do mundo dos fatos: ilicitude do ato,
incapacidade civil, irregularidade na constituição formal da PJ, etc.
*Diálogo célebre entre o Imperador Vespasiano e seu filho, Tito (Roma Antiga).
O Imperador questionou ao filho se a moeda recebida por esse tributo tinha cheiro. A reposta foi NÃO, portanto, a
máxima é que de não importa de onde o dinheiro vem, contanto que seja pago/recebido, posto que esse não tem
cheiro, logo, poderia ser pago o tributo para fins de utilização dos mictórios. Não se importa com os fatos externos
do fato gerador.
Por meio dessa premissa é que se permite a tributação em cima de atividades/produtos ilegais, pois o que vale é a
existência do fato gerador acoplando-se à hipótese de incidência, e não a licitude em si.
A hipótese de incidência tributária é lícita (auferir renda), o que pode acontecer, é do fato gerador (modo como se
auferiu a renda) vim a ser ilícita.
Corroborando ao exposto, ensina Eduardo Sabbag, segundo o princípio tributário do ‘non olet’, a hipótese tributária
deve ser entendida de forma que o intérprete se abstraia da licitude ou ilicitude da atividade exercida.
MANUAL CASEIRO
Diante do exposto, contemplamos que pouco importa a validade do ato praticado pelo contribuinte, pelos efeitos dos
fatos ocorridos, bastando que se amolde a situação concreta à hipótese de incidência. Por exemplo, a renda obtida
com o tráfico de entorpecentes será tributada pelo imposto de renda, pois o fato gerador ocorreu com a obtenção da
renda, independentemente da validade jurídica do ato praticado para auferir tal rendimento.
JÁ CAIU:
Vespasiano pediu que ele cheirasse uma moeda e lhe disse: Pecunia non olet. O dinheiro não tem cheiro.
A partir do texto acima, julgue os itens a seguir, que versam acerca do fato gerador. (...)
10.1. O texto acima traduz a regra contida no Código Tributário Nacional (CTN) de que a definição legal do fato
gerador é interpretada abstraindo-se a validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes,
responsáveis, ou terceiros, bem como a natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Correto.
Obs.1: A capacidade tributária ela independe da capacidade civil da pessoa. Em virtude disso, o professor Sabbag
explica que é possível sim que um recém-nascido (menininho) seja sujeito passivo de uma obrigação tributária.
Legislação
OBS: Art. 118, II, CTN – Desimportância dos efeitos que podem decorrer do FG
História da venda de mercadoria a prazo (com calote), esse efeito inesperado não “contamina” a HI (e o
9
correspondente dever de pegar o imposto).
Esquematizando
Desse modo, temos que a capacidade tributária passiva é plena (art. 126, caput, CTN), desconsiderando-se quaisquer
aspectos externos à hipótese de incidência e, verdadeiramente, típicos do mundo dos fatos, por exemplo, ilicitude
do fato, incapacidade civil, irregularidade na constituição formal da pessoa jurídica, etc.
Vamos lembrar! A capacidade tributária passiva trata-se da aptidão para ser sujeito passivo da obrigação
tributária. No que concerne às obrigações tributárias, é irrelevante a incapacidade civil das pessoas naturais, a regular
constituição de uma pessoa jurídica etc. Assim, por exemplo, uma criança de três anos pode figurar como
contribuinte do IPTU, caso seja proprietária de um bem imóvel (história do menor).
JÁ CAIU:
Questão 75. Tendo como referência o disposto no CTN, assinale a opção correta.
B) Não haverá incidência tributária sobre atividades ilícitas. Errado, em virtude da aplicação do princípio do pecunia
non olet.
E) A denominação do tributo e a destinação legal do produto de sua arrecadação são essenciais para qualificá-lo.
ESAF: Segundo o Código Tributário Nacional, a renda obtida com a prática de contrabando não pode ser tributada.
Errado, incidência do princípio da pecunia non olet.
Vamos lembrar?
Para o direito tributário não existe relevância se a situação que teve como consequência a ocorrência do fato gerador10
configure ilícito, mesmo que criminal.
Como a obrigação tributária constitui o núcleo de uma peculiar relação jurídica, é necessário, para que essa relação
seja juridicamente válida, que o sujeito passivo possua capacidade jurídica, consoante a lei civil. Errado, conforme
visto ao teor do art. 126,I, a capacidade passiva tributária independe da capacidade civil. Assim, está equivocada a
alternativa que dispõe ser necessária a capacidade jurídica conforme a lei civil.
“Uma criança recém-nascida já tem capacidade tributária para ser devedora de IPTU”. Correto, em consonância com
a explicação acima. *O menininho.
Quanto aos aspectos do fato gerador, a doutrina assim os distribui: material, temporal, espacial, pessoal e
quantitativo.
a) Aspecto material: trata-se da própria hipótese de incidência, como a situação abstratamente legal que pode
deflagrar o fenômeno da incidência tributária;
b) Aspecto temporal: é o momento em que o fato gerador considera-se realizado. Tal aspecto é extremamente
relevante para a devida aplicação do princípio da irretroatividade tributária (art. 150, III, “a”, CF), segundo
o qual a lei tributária, detendo vigência prospectiva, deverá ser anterior aos fatos geradores aos quais ela se
refere. Em outras palavras, conhecendo o momento do fato gerador, será conhecida a lei a ser utilizada;
MANUAL CASEIRO
c) Aspecto espacial: refere-se ao local em que se considera ocorrido o fato gerador. Tal aspecto é extremamente
relevante para se determinar qual será a entidade política detentora do poder de exigir o tributo, à luz das
normas de competência tributária.
Ex: paga-se IPTU para um Município, e não para outro, quando ambos se encontram limítrofes, pela força
demarcadora do aspecto espacial do FG.
Se ocorrer, por exemplo, de dois munícipios cobrarem a incidência do tributo por ocasião do fato gerados,
falamos que houve bitributação.
Mas o que significa bitributação? A bitributação representa “mais de um ente tributante que cobra um ou11
mais tributos sobre o mesmo fato gerador”.
d) Aspecto pessoal: se liga aos entes credor e devedor da obrigação tributária, respectivamente, ao sujeito ativo
e ao sujeito passivo;
Sujeito Ativo: é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento,
nos termos do art. 119 do CTN.
Sujeito Passivo: é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária, nos termos do art.
121 do CTN.
e) Aspecto quantitativo: trata-se do aspecto dimensional (ou dimensível) do fato gerador, capaz de fornecer o
“quantum debeatur”, ou seja, o montante daquilo que se deve pagar. É fácil perceber que esse aspecto
depende de dois elementos que, confrontados no plano aritmético, indicarão o montante do tributo devido: a
alíquota e a base de cálculo. Lembre-se que ambas dependem de lei, embora se possa lidar com a mitigação
da legalidade nos casos de tributos extrafiscais, no âmbito das alíquotas (art. 153, §1º, CF), e com a
possibilidade de alteração da base de cálculo quando se tratar de atualização (art. 97, §§1º e 2º, do CTN c/c
Súmula nº 160, STJ).
Súmula nº 160, STJ: É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice
oficial de correção monetária.
No plano da classificação dos fatos geradores, a doutrina tem recomendado a seguinte divisão:
• Fatos geradores instantâneos (ou simples): a sua realização ocorre em um determinado momento de tempo,
iniciando-se e completando-se em um só instante.
• Fatos geradores continuados (ou contínuo): é aquele cuja realização leva um período para se completar,
ou seja, não se dá em uma unidade determinada de tempo, mas se protrai em certo interregno. Daí haver a
necessidade de se fazer um corte temporal (dia 1º de janeiro, por exemplo, geralmente), com o propósito de
estabilizar o aspecto temporal do fato gerador.
A sua realização se dá de forma duradoura e estável no tempo; a matéria tributável tende a permanecer, existindo
12
hoje e amanhã. O fato gerador continuado – também conhecido por fato gerador de período ou por período certo de
tempo – leva um período para se completar.
• Fatos geradores complexivos ou periódicos: também ocorre ao longo de um espaço de tempo, entretanto,
ele irá aperfeiçoar-se com a consideração globalmente agregada de “n” fatos isolados durante aquele período.
Segundo Eduardo Sabbag (Manual de Direito Tributário, 2016), a “sua realização se põe ao longo de um espaço
de tempo”, portanto não ocorrem hoje ou amanhã, mas sim durante um longo período, ao término do qual se valoriza
uma determinada quantia de fatos isolados que, somados, aperfeiçoam o fato gerador do tributo. Trata -se de “fatos,
circunstâncias ou acontecimentos globalmente considerados”, “com o transcurso de unidades sucessivas de tempo”,
para compor um só fato gerador. São fatos isolados em um período ou ciclo de formação que serão agregados “num
todo idealmente orgânico”.
IV – Dicas finais:
Resposta: como o negócio jurídico traz ínsita a ideia de vontade do agente, o fato gerador não poderá não considerado
um negócio jurídico, uma vez que o elemento “vontade” é tributariamente irrelevante, conforme se estudou nos
retrocitados artigos 118 e 126 do CTN. Por essa razão, diz-se que o fato gerador é avolitivo, detendo avolitividade.
Resposta: a condição é uma cláusula que subordina os efeitos jurídicos do ato a um evento futuro e incerto. Diante
das duas condições doutrinariamente conhecidas, e abaixo indicadas, teremos:
• Condição suspensiva: o fato gerador ocorrerá com o implemento da condição (art. 117, I, CTN).
MANUAL CASEIRO
Exemplo: promessa de doação sob condição de casamento de noivos.
• Condição resolutiva ou resolutória: o fato gerador ocorrerá desde o momento da prática do ato ou da
celebração do negócio.
Exemplo: revogação de doação se houver o divórcio do casal. (art. 117, II, CTN)
OBS: o ato de “resolver” implica o desfazimento dos efeitos jurídicos que eram plenamente válidos. Portanto,
memorize os questionamentos e suas respostas a seguir:
Conteúdo 02:
- Como o Estado credor cobra o tributo? Conforme foi estudado, a partir do encontro da hipótese tributária com o
fato gerador, resultando na obrigação tributária, que por sua vez é cobrada a partir do lançamento que originou o
crédito tributário.
Esquematizando
LINHA DO TEMPO
Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da
competência para exigir o seu cumprimento.
O art. 119, do CTN, dispõe sobre o sujeito ativo da obrigação tributária, ou seja, o credor da obrigação,
aquele que tem direito ao recebimento do tributo devido.
Desse modo, o sujeito ativo é o Estado. Temos dois tipos de sujeitos ativos:
São eles: União, Estados, Municípios e DF. Tais entidades têm o poder de instituir o tributo além de serem
credoras dele. Esse poder de criar é chamado “Competência Tributária”*.
*Competência Tributária é a outorga constitucional dada às pessoas políticas para o ato de instituição de tributo.
Vamos conceituar? A competência tributária refere-se ao poder dos entes políticos na instituição de tributos, tendo
como fundamento maior o Federalismo. Consiste na atribuição constitucional do poder de instituir tributos.
É sabido que a competência tributária é indelegável, isso significa se a entidade com competência delineada na
Constituição não criar o respectivo tributo, é vedado que outra entidade de forma substituía o faça.
Se uma pessoa jurídica de direito público não exercer sua competência tributária, esta NÃO PODE ser deferida
à outra pessoa jurídica de direito público, diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído.
MANUAL CASEIRO
Além de indelegável, a competência tributária é privativa e irrenunciável.
Cuidado! Não se pode confundir a atribuição constitucional de competência para instituir o tributo
(COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA) com a possibilidade de figurar no polo ativo da relação jurídico tributária
(CAPACIDADE ATIVA). A primeira é indelegável, a segunda é passível de delegação de uma pessoa jurídica de
direito público a outra.
São os chamados “entes parafiscais” (CREA, CRC, CRM, CRO, etc.). Os profissionais respectivos pagam
as contribuições profissionais para esses Conselhos Autárquicos.
15
*Os entes parafiscais
PARAFISCALIDADE possuem capacidade tributária ativa
(Sujeição ativa indireta)
Faz-se importante enaltecer que os entes parafiscais detêm legitimidade para figurar como sujeitos ativos
da obrigação tributária, arrecadando e fiscalizando o tributo no âmbito da chamada “capacidade tributária ativa”.
Fugindo à regra imposta pelo art. 119 do CTN – de que a cobrança do tributo deve estar restrita à pessoa jurídica de
direito público –, o STJ vem entendendo que as entidades privadas de serviço social e de formação profissional
vinculadas ao sistema sindical (os Serviços Sociais Autônomos) têm capacidade tributária ativa.
Assim, esses entes credores NÃO criam tais tributos federais, mas apenas os arrecadam/fiscalizam. Assim,
eles não têm “competência tributária”, mas apenas “capacidade tributária ativa” – Poder administrativo delegável
de arrecadação e fiscalização do tributo.
A sujeição ativa, portanto, liga-se a pessoas jurídicas de direito público, quer sejam as entidades federadas,
quer sejam as autárquicas. Entretanto, há posicionamentos do STJ admitindo a sujeição ativa, ainda que
excepcionalmente, a certas entidades privadas.
Exemplos:
- As entidades do Sistema S (para as contribuições – ver REsp 735.278 – 2007)
- A Confederação Nacional de Agricultura (CNA), para a contribuição sindical rural (REsp 825.436 – 2006).
Importante: em 2009, editou-se a Súmula nº 396, STJ.
Súmula nº 396, STJ: A Confederação Nacional da Agricultura tem legitimidade ativa para a cobrança da contribuição
sindical rural.
Jurisprudência
MANUAL CASEIRO
Sujeito Passivo:
Os entes devedores, quer de tributo, quer de multa, são denominados: contribuinte e responsável. Vale
dizer: sujeito passivo DIRETO e sujeito passivo INDIRETO.
a) Contribuinte – aquele que tem uma relação pessoal e direta com o fato gerador.
b) Responsável – é a terceira pessoa escolhida por lei para pagar o tributo, sem ter realizado o fato
gerador. Naturalmente, há um nexo mínimo que liga esse terceiro ao fato gerador, tornando-
o devedor do tributo. O detalhamento da matéria chamada Responsabilidade Tributária ocorre
entre os artigos 128 e 138 do CTN.
Exemplos:
1) Art. 130, caput, CTN
Contexto: compra e venda de bem imóvel
Responsável: adquirente
Esquematizando
Contribuinte Responsável
Relação pessoal e direta com o fato Obrigação decorrente da Lei. Nos moldes
gerador. do art. 121,II.
Assim:
MANUAL CASEIRO
Vamos lembrar! O sujeito passivo da obrigação tributária pode ser um contribuinte ou um responsável. Será
contribuinte quando tiver relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; caso
contrário, será denominado responsável. Em ambos os casos, a sujeição passiva depende de expressa previsão legal.
17
▪ Dicas complementares:
- O sujeito passivo depende de lei – lei ordinária (art. 97, III, parte final, CTN)
Solidariedade Tributária
“A solidariedade passiva, situação na qual o credor tem a prerrogativa de exigir de qualquer dos coobrigados (ou
de todos) o cumprimento da obrigação (...) não comporta benefício de ordem”.
- A solidariedade tributária (presença concomitante de mais de uma pessoa no mesmo polo da relação jurídica)
somente se torna possível na sujeição passiva (devedores).
Cuidado! No Direito Tributário admite -se tão somente a solidariedade passiva, e não a solidariedade ativa, pois só
se paga tributo a um único ente credor, sob pena de deparar o estudioso com o fenômeno da bitributação, não tolerada
pela nossa disciplina.
• As pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal;
OBS: Na solidariedade tributária não se admite “benefício de ordem”, podendo ser cobrada a dívida toda de
qualquer um dos coobrigados, e aquele que tiver que pagar, se pretender, pode pedir os valores regressivamente
aos demais. (ver arts. 124 e 125 do CTN).
MANUAL CASEIRO
A solidariedade NÃO comporta benefício de ordem.
CUIDADO!!!
❖ Bitributação: a solidariedade ativa é vedada, como regra, sob pena de dar ensejo à bitributação – uma
sistemática anômala que permite a mais de um ente tributante cobrar um ou mais tributos sobre o mesmo18
fato gerador. A anomalia deverá ser sanada pela AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO (art. 164,
II, CTN). No NCPC – arts. 539 a 549
Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade:
I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais;
II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada
pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo
saldo; (apenas as isenções objetivas são utilizadas para todos)
III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou
prejudica aos demais.
Esquematizando
Conforme ensina Eduardo Sabbag (Manual de Direito Tributário), o objeto da obrigação tributária
equivale à prestação a que se submete o sujeito passivo diante do fato imponível deflagrador da obrigação
tributária.
Assim, o objeto é a prestação de cunho pecuniário ou não pecuniário a cargo do sujeito passivo da
obrigação tributária diante do fato gerador.
Vamos lembrar! A obrigação tributária poderá ser principal (de dar/prestação) ou acessória (de fazer/não fazer ou19
tolerar que se faça), lembrando que as palavras principal e acessória não guardam relação com o direito civil, não
sendo possível afirmar que, em direito tributário, o acessório segue o principal.
Esquematizando
Já caiu:
ESAF/ARFB – 2009. Segundo o Código Tributário Nacional, a obrigação de pagar multas e juros tributários
constitui-se como obrigação acessória. ERRADO, a obrigação de pagar é obrigação principal.
A causa é o vínculo jurídico justificador do dever que surge com o fato gerador. Assim, teremos a causa da
obrigação tributária principal e a causa da obrigação tributária acessória.
Causa da OT principal: é a Lei Tributária, uma vez que o dever de pagar só pode estar previsto em lei (Princípio
da Legalidade Tributária – art. 114, CTN). 20
Causa da OT acessória: é a Legislação Tributária, expressão que inclui portarias, instruções normativas,
regulamentos, etc. isso significa, por exemplo, que uma portaria pode tratar de uma OT acessória, mas não pode
tratar de uma OT principal.
Exemplo de vício: uma portaria prevê o dever de pagar o tributo (portaria Lei).
OBS: Nada impede que uma Lei trate de uma OT acessória, mas nunca uma Legislação Tributária poderá tratar de
uma OT principal.
Art. 114, CTN. Fato gerador da obrigação Art. 113, §1º, CTN. A obrigação principal surge
principal é a situação definida em lei como com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto
necessária e suficiente à sua ocorrência. o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária
e extingue-se juntamente com o crédito dela
decorrente.
Fato gerador daquela obrigação que surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela
decorrente é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência
Art. 115, CTN. Fato gerador da obrigação Art. 113, §2º, CTN. A obrigação acessória
acessória é qualquer situação que, na decorre da legislação tributária e tem por objeto
forma da legislação aplicável, impõe a as prestações, positivas ou negativas, nela
prática ou a abstenção de ato que não previstas no interesse da arrecadação ou da
configurem obrigação principal. fiscalização dos tributos.
Fato gerador daquela obrigação que decorre da legislação tributária e tem por objeto as
prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da
fiscalização dos tributos é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a
prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.
Responsabilidade Tributária:
MANUAL CASEIRO
A matéria está inserida na temática da sujeição passiva tributária.
O responsável é o sujeito passivo da obrigação tributária que, sem realizar o fato gerador, é escolhido por
lei para pagar o tributo/multa.
Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo
ou penalidade pecuniária.
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o
respectivo fato gerador;
II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de
disposição expressa de lei.
21
Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a
responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da
respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em
caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.
❖ Terminologia importante:
a) RESPONSÁVEL = TERCEIRO (depende de previsão em lei – art. 97, CTN; art. 128, CTN)
Conforme fora estudado acima, o responsável depende de previsão em lei. Nesse sentido, o art. 97 do CTN.
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39,
57 e 65;
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no
inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo;
Esquematizando
JÁ CAIU: 22
✓ CESPE/2014: Se um indivíduo tiver a obrigação tributária de pagar uma multa, então essa obrigação será
considerada principal. CERTO, pois a obrigação principal constitui-se em obrigação de dar, pagar tributo
ou penalidade (exemplo: multa).
✓ CESPE/2014: Se duas pessoas tiverem interesse comum em situação que constitua o fato gerador de uma
obrigação tributária principal, essas pessoas serão solidariamente responsáveis, na exata ordem da dimensão
do interesse econômico de cada uma delas. Errado, na denominada obrigação solidária, não há benefício de
ordem, logo, não responde apenas pela parte individual que lhe caiba.
✓ CESPE/2013: A obrigação tributária principal tem como objeto o pagamento do tributo devido ou a
penalidade pecuniária, que se extinguirá juntamente com o crédito dela decorrente. CERTO, a obrigação
principal é de dar dinheiro (pagamento de tributo ou penalidade).
MANUAL CASEIRO
Conteúdo: 03
Esquematizando
Contribuinte Responsável 23
Realizou o fato gerador Foi eleito pela lei como terceiro que tem o
dever de pagar, sem ter realizado o fato
gerador.
Sujeito passivo direto Sujeito passivo indireto
Devedor principal Terceiro
Você sabia? O critério adotado pelo CTN para distinguir contribuinte e responsável é denominado, pela doutrina,
critério da proximidade: o contribuinte é quem tem a relação imediata, mais próxima, direta com o fato gerador; o
responsável tem uma relação indireta, sua ligação com o fato é mais distante, mais remota.
Corroborando ao exposto, ensina Eduardo Sabbag, “também intitulada responsabilidade derivada ou de 2º Grau,
dá -se quando a terceira pessoa vem e ocupa o lugar do contribuinte após a ocorrência do fato gerador, em razão
de um evento a partir do qual se desloca (se transfere) o ônus tributário para um terceiro escolhido por lei”.
Exemplo: Após a ocorrência de um evento determinado, por exemplo, aquisição de bens, transfere -se o ônus
tributacional. A adquire um bem imóvel de B, porém, sem ter conhecimento que tem débitos de IPTU relativamente
a época em que ele não era o proprietário. Perceba-se, o tributo era de obrigação do alienante no momento do fato
gerador, porém, após a ocorrência deste há modificação, passando a ser o responsável “por transferência” o
adquirente.
Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade,
o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação
de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa
dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.
MANUAL CASEIRO
Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o
respectivo preço.
Corroborando ao exposto, ensina Eduardo Sabbag, também intitulada responsabilidade originária ou de 1º grau, dá
-se quando a terceira pessoa (substituto) vem e ocupa o lugar do contribuinte (substituído), antes da ocorrência do24
fato gerador. A essa pessoa, que a lei ordena que substitua o contribuinte, dá -se o nome de “responsável por
substituição” ou “contribuinte substituto”, ou, ainda, “substituto tributário”. Aqui a obrigação de pagar, desde o
início, é do responsável, ficando o contribuinte desonerado de quaisquer deveres.
Esquematizando
Ricardo Alexandre (Direito Tributário Esquematizado) define a substituição tributária regressiva nos seguintes
termos “a substituição tributária para trás, regressiva ou antecedente ocorre nos casos em que as pessoas
ocupantes das posições anteriores nas cadeias de produção e circulação são substituídas, no dever de pagar tributo,
por aquelas que ocupam as posições posteriores nessas mesmas cadeias” 25
Esquematizando
Ex.1: Cervejaria que vende para o distribuidor e este vende para o ambulante, para a mercearia, para o bar. Será que
todos vão recolher o ICMS? Vão emitir a nota fiscal? É muito difícil de fiscalizar. Eles concentram então, por lei,
o recolhimento de todo ICMS (que é devido em todas as operações) na cervejaria. Lembrar! As cervejarias não
aceitam vender fiado [placa: não aceitamos fiado], posto que já pagou os tributos daquela mercadoria.
O ambulante, a mercearia, embora na venda da cerveja sejam contribuintes, são excluídos por lei. A substituição
tributária progressiva tem previsão na CF - Art. 150, §7º CF.
Esquematizando
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PARA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PARA
TRÁS (OU REGRESSIVA) FRENTE (OU PROGRESSIVA)
Legislação Específica (ICMS) Legislação Específica (ICMS) e CF:
Art. 150, §7º, CF: A lei poderá atribuir a
sujeito passivo de obrigação tributária a
condição de responsável pelo pagamento
de imposto ou contribuição, cujo fato
gerador deva ocorrer posteriormente,
assegurada a imediata e preferencial
restituição da quantia paga, caso não se
MANUAL CASEIRO
realize o fato gerador presumido. (incluído
pela EC nº 3/93)
Casos concretos: venda de leite cru Casos concretos: venda de veículos
(substituto: laticínio), cana em caule novos (substituto: indústria
(substituto: usina), carne animal automobilística), cigarros (substituto:
(substituto: frigorífico) indústria de cigarros), bebidas alcoólicas e
refrigerantes (substituto: indústria de
bebidas)
Por dispositivo legal expresso, a obrigação de recolhimento de determinado imposto foi atribuída a pessoa diversa
da do contribuinte, devendo esse pagamento ser feito antecipadamente, em momento prévio à ocorrência do fato27
gerador, previsto para ocorrer no futuro. Com relação a essa situação, julgue o item seguinte.
Na situação considerada, trata-se do instituto denominado substituição tributária progressiva, que tem previsão
expressa relativa ao ICMS. Correto.
A lei pode atribuir a terceiro responsabilidade tributária originária pelo cumprimento da obrigação tributária como
sujeito passivo direto, a fim de facilitar a fiscalização e o recolhimento do tributo devido. A respeito desse assunto,
é correto afirmar que
a) o enunciado corresponde a responsabilidade por sucessão.
b) o enunciado cuida de responsabilidade por solidariedade.
c) a lei não pode impor a terceiro a referida responsabilidade.
d) o enunciado trata de responsabilidade por substituição, cujas modalidades são de substituição para frente e
substituição para trás.
e) a atribuição de responsabilidade a terceiro, pelo pagamento de obrigação tributária, pode ser instituída por ato
administrativo, desde que haja previsão de todos os fatos que a geraram.
➢ Principais dispositivos do CTN (arts. 130 ao 135):
Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade,
o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação
de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa
dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.
Da leitura do dispositivo, depreende-se que podem ser responsáveis por sucesso “mortis causa”:
1- Espólio (inciso III);
2- Sucessor a qualquer título ou Cônjuge meeiro (inciso III)
Só que também pode ser responsável o INVENTARIANTE, por força do art. 134, IV, do CTN.
OBS: Por questão didática é aconselhável ler os incisos na ordem I, III e II.
Como entender essa situação, aliás, não prevista aqui no art. 131?
Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou
incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato
pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas.
Fusão
3 Transformação CTN 1 cisão Lei das S.As
Incorporação
MANUAL CASEIRO
Art. 132. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas
jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada
por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob
firma individual.
Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer
título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e
continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome
individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos
até à data do ato:
Obs.: o estudo da súmula comentada permitirá um estudo sobre o tema responsabilidade por sucessão, não deixe de
ler o material em anexo!
Exceção:
§1º O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de alienação judicial: 30
I – em processo de falência;
II – de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação judicial.
Responsabilidade de Terceiros
Classificação: Responsabilidade por Transferência
Responsabilidade de Terceiros
Responsabilidade Solidária (prevalece em questões objetivas de concursos)
Contexto: Escola de pessoas que têm dever de zelo para com o patrimônio do devedor principal
- Ver art. 137, III, “b”, CTN (a responsabilidade é pessoal do agente quanto às infrações que decorrem direta e
exclusivamente de dolo específico dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, preponentes
31
ou empregadores);
E, ainda, de modo conjugado:
- Ver art. 1.117, parágrafo único, CC (os prepostos, no exercício de suas funções, são pessoalmente responsáveis,
perante os preponentes, pelos atos culposos, e, perante terceiros, solidariamente com o preponente, pelos atos
dolosos). Portanto: não existindo conflito entre as regras citadas, o preposto responde pessoalmente pelos tributos
cujos fatos geradores decorreram exclusivamente do excesso de poderes ou infração de lei, contrato ou estatuto.
OBS: o tema foi cobrado em teste FCC/AFTE/SP – 2009.
CUIDADO – Prevê a responsabilidade pessoal de “sócios”, embora o termo não tenha sido usado no dispositivo. A
doutrina e a jurisprudência entendem que será alcançado apenas o sócio que administra a sociedade com poderes
diretivos de gestão.
E outro detalhe: o dolo é fundamental.
- Mas a simples falta de pagamento, por si só, indica o dolo tradutor da expressão “ infração à lei”, constante do
caput do art. 135 do CTN?
Resposta: Para o STJ, não. O ato de não pagar é mora, podendo ou não representar o dolo.
Súmula nº 430, STJ: o inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade
solidária do sócio-gerente.
Súmula nº 435, STJ: presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio
fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-
gerente.
MANUAL CASEIRO
Conteúdo 04:
Esquematizando 1
32
Esquematizando 2
Conforme se pode observar da figura, em virtude da exclusão, o crédito tributário sequer surgirá, havendo sua
exclusão antecipadamente.
Nessa esteira, são hipóteses que excluem o crédito tributário a isenção e a anistia.
OBS: extinção não se confunde com exclusão! Exclusão e suspensão será visto na próxima aula.
Portanto, o Crédito Tributário pode ser suspenso, extinto ou excluído. Por exemplo: se o tributo é parcelado,
haverá a suspensão do CT; se o tributo é pago, haverá a extinção do CT; por fim, se o tributo é isento, haverá a
exclusão do CT.
Esquematizando
MANUAL CASEIRO
SUSPENSÃO EXTINÇÃO EXCLUSÃO
Art. 151, CTN Art. 156, CTN Art. 175, CTN
6 incisos 11 incisos 2 incisos
Causas Suspensivas Causas Extintivas Causas Excludentes
Lei (art. 97, VI, CTN) Lei (art. 97, VI, CTN) Lei (art. 97, VI, CTN)
As OT acessórias As OT acessórias
permanecem (art. 151, xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx permanecem (art. 175,
parágrafo único, CTN) parágrafo único, CTN)
Interpretação Literal (art. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Interpretação Literal (art.
111, I, CTN) 111, I, CTN)
Parcelamento, etc. Pagamento, etc. Isenção e Anistia
33
Inicialmente, cumpre destacarmos que as causas suspensivas, causas extintivas e as causas excludentes do
crédito tributário dependente de lei, é o que se pode extrair da redação do art. 97,VI do CTN. É matéria que se
submete a reserva legal.
Nos moldes do art. 175 do CTN, temos duas causas que excluem o crédito tributário:
Segundo ensina Ricardo Alexandre (Manual de Direito Tributário Esquematizado) isenção é a dispensa legal do
pagamento do tributo devido. Segundo a tese que prevaleceu no Judiciário, a isenção não é causa de não incidência
tributária, pois, mesmo com a isenção, os fatos geradores continuam a ocorrer, gerando as respectivas obrigações
tributárias, sendo apenas excluída a etapa do lançamento e, por conseguinte, a constituição do crédito.
Anistia é o perdão legal de infrações, tendo como consequência a proibição de que sejam lançadas as respectivas
penalidades pecuniárias (Ricardo Alexandre).
Obs.1: A isenção é para tributo, enquanto que a anistia é para multa (proibição de que seja lançada penalidade
pecuniária). Em ambas, atingem a obrigação principal, permanecendo-se inalteradas as obrigações acessórias.
Obs.2: a causa de exclusão do crédito tributário deve ser interpretada de maneira literal.
Conforme se pode observar, o CTN previu algumas situações em que a legislação tributária deve ser interpretada
literalmente, ou seja, não há que se falar em interpretação extensiva. E o que é a interpretação literal? é a
interpretação que se baseia nas palavras. O interprete se limita ao teor do texto.
MANUAL CASEIRO
Pontos em comum entre ISENÇÃO e ANISTIA:
Dessa forma, contemplamos que não se admite lei isentante geral, devendo a norma ou tratar apenas de isenção, ou
versar sobre um imposto de maneira específica.
Observação: as isenções de ICMS são veiculadas por CONVÊNIOS interestaduais, celebrados no âmbito do
CONFAZ (Conselho de Política Fazendária). Os representantes dos Estados-membros para a deliberação acerca
desse benefício, no tocante ao ICMS. Em tese, tais convênios precisariam ser ratificados por decreto legislativo, mas
não é o que ocorre.
Corroborando ao exposto, propõe Eduardo Sabbag (Manual de Direito Tributário), não se perca de vista que as
isenções de ICMS fogem, em princípio, à regra da legalidade anteriormente celebrada, conforme dicção do art.
155, § 2º, XII, “g” c/c o art. 150, § 6º, parte final, ambos da Carta Magna, na medida em que os Estados e o Distrito
Federal, pretendendo conceder isenções afetas a esse imposto, deverão, previamente, firmar convênios entre si,
celebrados no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ –, órgão com representantes de
cada Estado e do Distrito Federal, indicados pelo respectivo Chefe do Executivo. Portanto, “a isenção, quanto ao
ICMS, deve ser precedida de Convênio entre os Estados, e não pelo legislador ordinário estadual”.
IV) Se atingem o ato de pagar, significa dizer que a isenção e a anistia afetam a obrigação tributária
principal, permanecendo inalteradas as obrigações tributárias acessórias (art. 175, parágrafo único,
CTN)
Exemplo: transporte de mercadoria isenta de ICMS – sem pagamento do ICMS, mas devendo estar
acompanhada de Nota Fiscal (OT acessória). Veja que a máxima “o acessório segue o principal” não se
aplica aqui.
MANUAL CASEIRO
V) Ambas, para o STF, inibem o lançamento:
HI FG OT lançamento CT (..)
Isenção e Anistia
Note que, na isenção/anistia, acaba se realizando o FG, fazendo-se surgir a OT, despontando-se o sujeito passivo,
entretanto, não se vê constituído o crédito tributário pelo lançamento. Na visão do STF, a isenção e a anistia são
causas obstativas ou inibitórias do lançamento (visão do STF).
VI) Interpretação literal
Art. 111, I, CTN: a necessidade de chamada “interpretação literal” para as causas de suspensão e exclusão35
do CT. Desse modo, onde se aplica a interpretação literal, não haverá espaço para os métodos de
integração da legislação tributária (art. 108, I a IV, CTN), por exemplo, a analogia ou equidade. Daí o
nosso macete: “Onde cabe o 111, não entra o 108”.
Esquematizando
MACETE: onde cabe o 111, não entra o 108. Onde há intepretação literal nunca poderá ser usado um recurso
integrativo.
E o que disciplina o art. 108 do CTN? Contempla os métodos de integração da legislação tributária. Vejamos.
Esquematizando
MANUAL CASEIRO
O art. 108, do CTN, disciplina quatro modalidades de integração da legislação tributária, utilizadas pelo aplicador
para suprir determinada lacuna que não foi prevista pelo legislador.
Cumpre destacar, que há uma hierarquização dos métodos, devendo observar a sequencia acima apresentada.
Obs.1: A analogia nunca poderá ser utilizada para criar tributo. 36
Obs.2: A equidade nunca poderá ser utilizada para dispensar tributo.
Art. 108. § 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não
previsto em lei.
§ 2º O emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo
devido.
Obs.3: Onde cabe interpretação literal não haverá espaço para método integrativo.
1) ISENÇÃO
É um instituto desonerativo de tributo por questões sociopolíticas. Exemplo: isenção de ICMS para aqueles
que detêm enfermidades graves, etc.
Do ponto de vista do conceito de isenção, a doutrina mais moderna costuma associar o instituto a uma
norma de exceção à regra da incidência tributária (a norma isentiva incide para que a norma da tributação não incida).
Por outro lado, o STF, a par da corrente clássica, vê a isenção como uma dispensa legal do tributo. As propostas
conceituais, na divergência, provocam conclusões relevantes.
STF: A ISENÇÃO consiste na dispensa legal do pagamento do tributo. Assim o ente político tem competência
para instituir o tributo e, ao fazê-lo, opta por dispensar o pagamento em determinadas situações.
Em outras palavras, na concepção mais moderna, a isenção seria uma norma de não incidência tributária,
localizando-se em um momento “anterior” à cronologia da nossa “linha do tempo”.
Já na retrocitada concepção adotada pelo STF – ou seja, a isenção aparecendo como dispensa legal do
tributo e inibindo o lançamento -, haveria o FG, a OT, a sujeição passiva, só não ocorrendo o plano da exigibilidade
própria do lançamento.
✓ Já caiu:
MANUAL CASEIRO
CESPE/2016: Situação hipotética: Mesmo ocorrendo o fato gerador de obrigação tributária, o Estado, por meio de
lei, exclui a possibilidade de se exigir o pagamento do crédito tributário relativo a tal obrigação. Assertiva: Essa
situação configura hipótese de isenção de tributo. Correto. A isenção é hipótese de exclusão do crédito tributário e
deve ser feito por meio de lei.
Não confunda isenção com imunidade! A norma de imunidade está prevista na CF, enquanto a norma de
isenção está prevista na lei. A imunidade é justificada por elevados valores (liberdade religiosa, liberdade política,
liberdade de expressão), enquanto a isenção prende-se a valores de menor densidade axiológica. 37
Vamos recordar! Conceito de imunidade:
Esquematizando
Imunidade Isenção
A imunidade é instituto de sede constitucional. Enquanto a norma imunizante revela uma dispensa constitucional de
tributo, a regra isentiva indica uma dispensa legal, no campo da tributação. A imunidade é uma forma de não
incidência constitucionalmente qualificada, enquanto a isenção é uma possibilidade normativa de dispensa
legalmente qualificada.
✓ Já caiu:
CESPE/2014: Isenção e imunidade, são benefícios tributários previstos em lei ordinária, considerados como formas
de não incidência tributária. Errado, a isenção encontra-se previsto na lei, porém as imunidades estão previstas na
Constituição Federal, conforme se pode observar do quadro esquematizado acima.
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária,
o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa
indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real,
resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja
utilização será definida em lei.
§ 5º São isentas (leia-se imunidade) de impostos federais, estaduais e municipais as
operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.
38
➢ Princípio da Vedação das Isenções Heterônomas: art. 151, III, CF:
Análise: a regra é
Conforme estudado acima e exposto por Ricardo Alexandre, a isenção é forma de exclusão do crédito tributário
consistente na dispensa legal do pagamento do tributo. É benefício fiscal concedido exclusivamente por lei, em
regra elaborada pelo ente que tem competência para a criação do tributo.
Dessa forma, é lícito afirmar que o poder de isentar é natural decorrência do poder de tributar. Em outras palavras,
a regra é que as isenções sejam autônomas (ou autonômicas), porque concedidas pelo ente federado a quem a
Constituição atribuiu a competência para a criação do tributo.
O poder de isentar decorre do poder de criar. Assim, quem pode criar é quem, igualmente, pode isentar o
referido tributo.
Destaca Ricardo Alexandre, a vedação é importante garantia protetora do pacto federativo, pois impede que os
entes maiores, por ato próprio, interfiram na arrecadação dos entes menores, pondo-lhes em risco a autonomia.
O princípio da vedação da isenção heteronoma busca proibir que a União venha atuar em seara competencial
alheia, o que lhe é defeso em virtude da privatividade que demarca a competência tributária, quer na vertente de
instituição do tributo, quer na de sua exoneração (Eduardo Sabbag).
Exceção – ressalva a vedação da heteronomia. Art. 156, § 3º, II, CF: trata da possibilidade de concessão pela União,
por lei complementar (art. 2º, I, da LC n. 116/03), de isenção heterônoma do ISS nas exportações de serviços. O
entendimento majoritário é o de que se trata de exceção à regra da vedação de prática de isenção heterônoma. A
nosso sentir, é um bom exemplo, se não for o único, de heteronomia expressa no texto constitucional.
Resposta: A União, ao celebrar o tratado, não se mostra como pessoa política de Direito Público Interno, mas como
pessoa política internacional, ou sujeito de direito na ordem internacional, passando ao largo da restrição
constitucional.
Em tempo, o Presidente firma tais acordos à frente dos interesses soberanos na nação, e não na defesa de
seus restritos propósitos como entidade federada. Daí se assegurar que a concessão da isenção na via do tratado não
se sujeita à proibição da concessão de isenção heterônoma, prevista na CF.
Aliás, em 2007, o STF ratificou que “o Presidente da República não subscreve tratados como Chefe de
Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a existência de uma isenção heterônoma, vedada pelo
art. 151, II, da Constituição”. (RE 229.096/RS, Pleno, rel. Min. Ilmar Galvão, rel. p/ o acórdão Min. Cármen Lúcia.
J. 16-08-2007).
Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que
especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se
aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração.
Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade
tributante, em função de condições a ela peculiares.
A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela
peculiares.
Análise: a isenção depende de lei, ainda que haja prévia estipulação contratual. O parágrafo único, por sua vez,
menciona, ademais, o caso da isenção restrita a uma determinada região (isenção circunscrita).
Desse modo, contemplamos que o art. 176, do CTN, em conformidade com o art. 150, § 6º, da CF/88, determina
que a isenção seja concedida por meio de lei específica. Portanto, ainda quando prevista
MANUAL CASEIRO
A isenção depende de lei, ainda que haja prévia estipulação contratual. O parágrafo único, por sua vez, menciona,
ademais, o caso da isenção restrita a uma determinada região (isenção circunscrita).
✓ Já caiu:
(FCC/ADVOGADO/METRÔ-SP - 2010) A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade
tributante, em função de condições a ela peculiares. Correto, é a previsão do art. 176 do CTN.
Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas
condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o
disposto no inciso III do art. 104.
O dispositivo, bastante cobrado em provas, versa sobre a revogação das isenções. ***Todavia, há um tipo
de isenção IRREVOGÁVEL (isenção temporal – isenção por prazo certo + isenção condicional), uma vez geradora
de direito adquirido (ler, acerca do tema, súmula 544 do STF).
✓ Já caiu:
Súmula nº 544, STF: Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente suprimidas.
Resposta: o STF vem entendendo que a revogação de isenção, genuinamente tratada, não se confunde com a criação
de tributo. Daí não se confunde cogitar do princípio da anterioridade tributária. Vale dizer que a Corte Suprema
MANUAL CASEIRO
defende a pronta incidência da norma. Em questão objetiva, se solicitar a posição do STF, afirmar a possibilidade
da incidência da norma de imediato.
“Revogada a isenção, o tributo torna-se imediatamente exigível. Em caso assim, não há que se observar o
princípio da anterioridade, dado que o tributo já é existente”.
A doutrina moderna, por sua vez, entende que deve haver observar o princípio da anterioridade.
2) ANISTIA
É o instituto desonerativo de multa, portanto, visa retirar o rótulo de “impontual” do infrator. Lembre-se de
que anistia não é para tributo. Será impropriedade afirmar que “o IPTU foi anistiado”. Não existe anistia para tributo,41
mas para multa!
Anistia é o perdão de multas decorrentes de infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede.
Quanto à anistia, há um aspecto importante no plano da vigência da lei anistiadora. É que a lei de anistia,
devendo afastar uma penalidade, só poderá conter vigência retrospectiva, alcançando situações que lhe são pretéritas.
Assim, não pode haver uma lei de anistia para alcançar o futuro.
✓ Já caiu:
O dispositivo, em total consonância com as ciências penais, demonstra que o Direito Tributário não pode
“afagar”, se aquelas se propõem a “perseguir”. Com efeito, a infração qualificada como crime, como contravenção
ou cometida com dolo, fraude ou simulação não poderá ser abrangida pelos efeitos benéficos da lei anistiadora. O
mesmo raciocínio se estende ao conluio ou à infração resultante de conluio, exceto se houver lei dispondo de modo
contrário.
Art. 181. A anistia pode ser concedida:
I - em caráter geral;
II - limitadamente:
a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo;
MANUAL CASEIRO
b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante, conjugadas
ou não com penalidades de outra natureza;
c) a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela
peculiares;
d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja
fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa.
A anistia pode ser geral ou limitada. Esta última ganha esse formato por se restringir a:
- Certas infrações pertinentes a alguns tributos;
- Certas infrações punidas com certas penalidades;
- Determinada região (anistia circunscrita);
42
- Condicionada a pagamento de tributo.
Art. 182. A anistia, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por
despacho da autoridade administrativa, em requerimento com a qual o interessado faça
prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei
para sua concessão.
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-
se, quando cabível, o disposto no artigo 155.
ISENÇÃO ANISTIA
Dispensa: TRIBUTO Dispensa: MULTA
Abrange fatos posteriores à lei, sendo Abrange fatos geradores anteriores à lei,
“para frente” (princípio da ou seja, a lei de anistia alcança as
irretroatividade) situações pretéritas (é “para trás”)
Motivo: Motivo:
Socioeconômico ou sociopolítico Retirar a situação de impontualidade do
inadimplente da obrigação
➢ Isenção
Nos ensinamentos do Prof. Eduardo Sabbag, a isenção é uma mera dispensa legal de pagamento de tributo devido,
verificando -se em uma situação na qual há legítima incidência, porquanto se deu um fato gerador, e o legislador,
por expressa disposição legal, optou por dispensar o pagamento do imposto.
➢ Anistia
Anistia é o perdão legal de infrações, tendo como consequência a proibição de que sejam lançadas as respectivas
penalidades pecuniárias.
➢ Remissão
Segundo ensina Ricardo Alexandre, a remissão é a dispensa gratuita da dívida, feita pelo credor em benefício do
devedor. Tratando-se de crédito tributário, devido ao princípio da indisponibilidade do patrimônio público, a
MANUAL CASEIRO
remissão somente pode ser concedida com fundamento em lei específica (CF, art. 150, § 6.°). As regras gerais sobre
a remissão, como forma de extinção do crédito tributário, encontram-se no art. 172 do CTN.
Esquematizando
Conteúdo 05:
Explica Ricardo Alexandre (Direito Tributário Esquematizado), segundo a teoria adotada no Código
Tributário Nacional, quando verificada no mundo dos fatos a situação definida em lei como fato gerador do tributo,
nasce a obrigação tributária. Tal obrigação consiste num vínculo jurídico transitório entre o sujeito ativo (credor) e
o sujeito passivo (devedor) e tem por objeto uma prestação em dinheiro. Para muitos, se já há credor e devedor, já
há crédito, de forma que o nascimento do crédito tributário seria concomitante ao surgimento da obrigação tributária.
Nessa esteira, uma vez ocorrido o fato gerador, é necessário definir, com precisão, o montante do tributo
ou penalidade, o devedor e o prazo para pagamento, de forma a conferir exigibilidade à obrigação. Daí a exigência
de um procedimento oficial consistente em declarar formalmente a ocorrência do fato gerador, definir os elementos
materiais da obrigação surgida (alíquota e base de cálculo), calcular o montante devido, identificar o respectivo
sujeito passivo, com o fito de possibilitar que contra este seja feita a cobrança do tributo ou da penalidade pecuniária.
Todo esse procedimento é legalmente denominado de lançamento, conforme se pode extrair do art. 142 do CTN.
OBS: Fato gerador em abstrato/Hipótese de incidência – é a descrição na lei daquilo que, se acontecer no campo
concreto, dará nascimento à obrigação tributária. Em sequência, buscando exigir essa obrigação e a quantificando-
a, é feito o que denominamos de lançamento.
Segundo a doutrina tem natureza jurídica mista: a) declaratória; b) constitutiva, a depender de para onde
estamos olhando.
MANUAL CASEIRO
O lançamento declara a obrigação tributária (obrigação tributária que já nasceu/aconteceu), quantificando
o crédito tributário (nat. constitutiva).
STJ. Natureza Constitutiva: o entendimento também é seguido no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, o qual já
afirmou textualmente que “o crédito tributário não surge com o fato gerador. Ele é constituído com o lançamento”
(1.ª T., REsp 250.306/DF, rel. Min. Garcia Vieira, j. 06.06.2000, DJU 01.08.2000, p. 208). Assim:
Cumpre destacarmos ainda que o lançamento tem repercussão inclusive no âmbito penal, pois, de acordo44
com a Súmula Vinculante nº 24, não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos
I a IV, da Lei 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.
Súmula Vinculante 24. Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV,
da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.
*Vinculado: a ocorrência do fato gerador dá à autoridade fiscal não apenas o poder, mas também o dever de lançar,
não havendo qualquer possibilidade de análise de conveniência e oportunidade para que se deflagre o procedimento.
Há duas possibilidades de consumação do lançamento, que aparecem de maneira expressa na Lei do PAF (Lei
de Processo Administrativo Fiscal Federal). É o Decreto nº 70.235/72, mas tem status de Lei Ordinária em face das
normas processuais da CF/88. (arts. 9º e 23).
a) Auto de Infração
b) Notificação de Lançamento
OBS: Súmula 153, TFR (extinto) - Tributário. Prazo prescricional. Prescrição. Crédito constituído através de auto
de infração ou notificação.
Constituído, no quinquênio, através de auto de infração ou notificação de lançamento, o crédito tributário, não há
falar em decadência, fluindo, a partir daí, em princípio, o prazo prescricional, que, todavia, fica em suspenso, até
que sejam decididos os recursos administrativos.
Antes do lançamento, trabalha-se com a decadência. Decai o direito de lançar. Por outro lado, uma vez aperfeiçoado
o lançamento, haverá o prazo de 5 anos sob pena de prescrição para que ocorra a cobrança.
Lançamento
Decadência Prescrição
5 anos 5 anos (p/ realizar a cobrança)
O que se prescreve é o direito de cobrança!
OBS: O STJ, no que tange à intimação pela via postal, o AR tem que ser sempre RECEBIDO pelo sujeito passivo?
Não! Provado que chegou ao domicílio do devedor tributário, ainda que não assinado o AR, a notificação é tida
como regular.
Cumpre destacar ainda que, a notificação para que seja plenamente válida é preciso a observância dos seguintes
requisitos:
Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação
da falta, e conterá obrigatoriamente:
I - a qualificação do autuado;
MANUAL CASEIRO
II - o local, a data e a hora da lavratura;
III - a descrição do fato;
IV - a disposição legal infringida e a penalidade aplicável;
V - a determinação da exigência e a intimação para cumpri-la ou impugná-la no prazo de
trinta dias;
VI - a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula.
Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e
conterá obrigatoriamente:
I - a qualificação do notificado;
II - o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação;
III - a disposição legal infringida, se for o caso;
IV - a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação
46
de seu cargo ou função e o número de matrícula.
Um dos pressupostos, é de que a notificação do lançamento deve constar o PRAZO DE IMPUGNAÇÃO (prazo de
defesa do contribuinte).
Nesse sentido, a o entendimento do STJ:
No mais, é importante a sabermos diferenciar o fato gerador (fato gerador em concreto – fato imponível:
fato que espelha no mundo concreto aquilo que está em abstrato na lei). Quando o fato gerador se realiza, temos o
nascimento da obrigação tributária. O fato gerador declara a existência da obrigação tributária. O lançamento, por
sua vez, que é posterior ao fato gerador, dá exigibilidade a obrigação tributária que nasceu com o FG (fato gerador).
O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente,
ainda que posteriormente modificada ou revogada. Nesse sentido, vejamos o teor do CTN.
“O lançamento reporta -se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege -se pela lei então vigente,47
mesmo que tenha sido posteriormente revogada”.
Obs.: O caput do artigo trata da legislação tributária material e estipula a regra da aplicação da legislação vigente
à data do fato gerador. Já o § 1.º refere-se, fundamentalmente, à legislação formal, como se percebe pela referência
às normas que tenham instituído “novos critérios de apuração ou processos de fiscalização”.
Assim, com relação aos atos de caráter procedimental, as quais denominados de legislação formal, aplicar-se-á lei
vigente aquele momento.
➢ Espécies/Modalidades de Lançamento:
A referida classificação leva em consideração a participação do sujeito passivo da obrigação tributária (devedor do
tributo ou da multa).
O fisco realiza sozinho. O devedor tributário não participa da constituição do crédiz. É privativo da autoridade
administrativa. “No lançamento de ofício ou direto, a participação do sujeito passivo é praticamente inexistente”.
Quem realiza é apenas o fisco/fazenda.
Súmula 397, STJ: o contribuinte do IPTU é notificado do lançamento pelo envio do carnê ao seu endereço.
REPETITIVO. TAXA. LICENÇA. FUNCIONAMENTO. A Seção, ao julgar recurso repetitivo (art. 543-C do
CPC), reafirmou que o envio ao endereço do contribuinte da guia de cobrança (carnê) da taxa de licença para
48
funcionamento configura notificação presumida do lançamento do tributo, que pode ser ilidida pelo contribuinte,
a quem cabe a prova de que não recebeu a guia. Aplica-se, por analogia, o entendimento da Primeira Seção
firmado em recurso repetitivo referente ao ônus da prova do recebimento do carnê de IPTU (Súm. n. 397-STJ). (STJ,
REsp 1.114.780-SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 12/5/2010).
Não há necessidade de se instaurar prévio processo administrativo para efetuar o lançamento direto. (STJ –
AgRg no AREsp 370.295 – SC)
OBS: Erro de direito – art. 146, CTN; Súmula 227, TFR (extinto).
A mudança do critério jurídico adotado pelo fisco não autoriza a revisão do lançamento, em observância ao
princípio da segurança jurídica.
O dispositivo em análise tem por objetivo proteger a alteração do lançamento efetuado, com base em erro de direito,
prestigiando a boa-fé do contribuinte que, no momento da ocorrência do fato gerador, tinha por base a interpretação
anterior da lei tributária.
Portanto, as alterações nos critérios jurídicos, também denominada erro de direito, ou melhor, na interpretação da
lei só pode ser feita, em relação ao mesmo sujeito passivo, quanto aos fatos geradores que vierem a ocorrer após a
mudança na interpretação.
É a constituição do crédito tributário pelo lançamento em razão de cálculos realizados por meras presunções
legais ou meros elementos indiciários.
Excepcional e subsidiária, pressupondo prévio contraditório, sob pena de nulidade dessa espécie de
lançamento. 49
Súmula 431, STJ: é ilegal a cobrança de ICMS com base no valor de mercadoria submetida ao regime de pauta
fiscal.
O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na
forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informação sobre matéria de fato, indispensáveis a
sua efetivação (art. 147, CTN). Há informações fáticas praticadas pelo contribuinte.
As duas participações dará ensejo ao chamado lançamento misto/por declaração. No lançamento por declaração, o
contribuinte irá fornecer a matéria de fato necessária para a constituição do crédito.
Atenção! Apresentação da matéria de fato É neste ponto que reside um dos aspectos mais relevantes da distinção
entre os casos de lançamento por declaração e aqueles por homologação em que também se exige a prestação de
declaração. No lançamento por declaração, declara-se apenas a matéria de fato, enquanto que no lançamento por
homologação a declaração é de matéria de fato e matéria de direito.
Há total participação do sujeito passivo ao fornecer as informações fáticas e seu enquadramento jurídico, ele
mesmo antecipa o pagamento do tributo devido, posteriormente homologado pelo fisco.
Súmula 436, STJ: A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito
tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.
Súmula 446, STJ: Declarado e não pago o débito tributário pelo contribuinte, é legítima a recusa de expedição de
certidão negativa ou positiva com efeito de negativa.
OBS: O prazo para a homologação do crédito tributário é de 5 anos, contados da ocorrência fato gerador (e não do
pagamento do tributo). Passado o prazo, haverá homologação tática e extinção do crédito tributário.
Esquematizando
d) Por ato judicial/No processo trabalhista: art. 114, VIII, CF; art. 879, §1º-A, CLT.
Referida modalidade de lançamento encontra previsão na Constituição Federal e na Consolidação das Leis
Trabalhistas.
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: VIII - a execução, de ofício,
das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais,
decorrentes das sentenças que proferir;
MANUAL CASEIRO
Trata-se de competência menos conhecida, mas também muito importante é a atribuição que a Justiça do Trabalho
possui para executar contribuições previdenciárias relacionadas com as sentenças que proferir. Nesta modalidade é
o próprio juiz do trabalho quem promove o lançamento do crédito tributário, de ofício, na sentença.
Ao condenar o empregador a pagar determinadas verbas de natureza salarial que não foram quitadas, a Justiça do
Trabalho já deverá reconhecer também, por via de consequência, que o empregador deveria ter recolhido, sobre51
essas verbas, as contribuições previdenciárias respectivas. Logo, é permitido que condene o reclamado a pagar tais
contribuições, podendo executá-las, ou seja, cobrá-las, de ofício, do empregador. Para o TST e o STF, essa situação
se enquadra na competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da CF/88.
JÁ CAIU:
✓ CESPE/2016: Com base nas normas gerais e constitucionais de direito tributário, julgue o item que se segue.
A constituição de um crédito tributário pode ser ato unilateral da administração pública, bem como pode
depender de declaração do contribuinte. Correto, é o chamado lançamento de ofício e lançamento por
declaração, respectivamente. Referida classificação tem por base a maior ou menor participação do sujeito
passivo.
✓ CESPE/2016: Caso um contribuinte apresente a declaração exigida por lei e efetive o pagamento antecipado
de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, desde que inexistente lei estadual que fixe prazo
distinto, o prazo para a homologação será de cinco anos, contados da efetiva ocorrência do fato gerador de
cada tributo. Correto, é do momento do fato gerador que se conta o prazo.
✓ CESPE/2011: De acordo com o que dispõe o CTN a respeito do crédito tributário, assinale a opção correta.
a) O lançamento tributário rege-se pela lei vigente na data da ocorrência do fato gerador, ainda que ao tempo
da constituição do crédito tal lei haja sido revogada. Alternativa Correta, posto que aplica-se a ultratividade
do lançamento.
MANUAL CASEIRO
Conteúdo 06:
Conforme já estudado, é cediço que a constituição do crédito tributário tem como principal efeito tornar
líquida, certa e exigível a obrigação já existente. A exigibilidade impõe ao sujeito passivo o dever de adimplir a
obrigação e, em caso de descumprimento, permite que a Administração Tributária promova os atos executivos
necessários para o recebimento coativo do que lhe é devido. Todavia, existem hipóteses em que a possibilidade de
promoção de atos de cobrança por parte do Fisco fica suspensa, situações as quais denominados de “suspensão do
crédito tributário”.
52
Nessa esteira, as hipóteses que suspendem o crédito tributário estão escalonadas ao teor do art. 151 do CTN,
conforme se pode observar abaixo.
Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:
I. Moratória
II. O depósito do seu montante integral
III. As reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário
administrativo
IV. A concessão de medida liminar em mandado de segurança
V. A concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação
judicial
VI. O parcelamento
Obs.: O rol das hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário é cobrado com frequência. Desse modo,
importante “decorar” as referidas hipóteses.
Esquematizando
Conforme ensina Ricardo Alexandre (Direito Tributário Esquematizado) a moratória é a primeira das hipóteses de
suspensão da exigibilidade do crédito tributário diretamente disciplinadas pelo CTN.
O benefício implica a dilação de prazo para pagamento do tributo, podendo ser concedido direta e genericamente
por lei (caráter geral – CTN, art. 152, I) ou por ato administrativo declaratório do cumprimento dos requisitos
previstos em lei (caráter individual – CTN art. 152, II).
Em síntese, é a dilação legal do prazo para regular pagamento do tributo. Um novo tempo é conferido ao contribuinte
para que ele pague o tributo.
- É a dilação legal do prazo para o regular pagamento do tributo. Trata-se de um novo tempo dado ao contribuinte
para o pagamento do débito que ele possui.
MANUAL CASEIRO
Há duas espécies no CTN de moratórias: geral ou objetiva e individual/subjetiva. Vejamos:
Moratória:
o Em caráter geral:
- Uma vez concedida, gera direito adquirido ao sujeito passivo da obrigação tributária.
o Individual/Subjetiva:
- Não há direito adquirido.
- Geralmente, há necessidade de despacho da autoridade administrativa para a sua concessão. Os requisitos devem
ser apresentados pelo sujeito passivo e após a sua apresentação será despachado pela autoridade administrativa. 54
- A lei que a concede pode também estabelecer que a sua homologação é imprescindível à oferta de garantia.
Moratória Individual*
MANUAL CASEIRO
Conforme estudado acima, a concessão da moratória individual depende de que o interessado demonstre, em
requerimento formulado à autoridade administrativa competente, o cumprimento de certas condições e requisitos
indispensáveis ao gozo do benefício. Com base nas informações e comprovação documental fornecidas à autoridade
fiscal, esta profere “despacho” reconhecendo ou não o direito à moratória.
Nesse contexto, indaga-se: Qual a consequência jurídica da moratória individual que fora obtida com dolo ou
simulação, ou seja, sem que houvesse o preenchimento dos requisitos exigidos, tendo o contribuinte agido com dolo
ou simulação?
Aplicação do art. 155 do CTN.
Poderá ser revogada de ofício sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as
56
condições ou não cumpria ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrando-se o crédito
acrescido de juros de mora.
Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será
revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de
satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a
concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora:
I. Com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em
benefício daquele; (paga a integralidade + multa)
II. Sem imposição de penalidade, nos demais casos.
No caso do inciso I, o tempo decorrido entre a concessão da moratória e sua revogação não se computa para efeito
da prescrição do direito à cobrança do crédito; no caso do inciso II, a revogação só pode ocorrer se prescrito o
referido direito.
A mesma regra do inciso I se aplica ao parcelamento individual (art. 155-A, §2º, CTN), remissão individual (art.
172, par. único, CTN), isenção individual (art. 179, §2º, CTN) e anistia individual (art. 182, par. único, CTN).
Não se confunde com caução, pois o montante deve ser integralizado e em dinheiro. Não é pressuposto para
57
o ajuizamento de ação judicial.
OBS: O art. 38 da Lei 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal) não foi recepcionado pela CF/88 por ser interpretado como
restrição ao amplo acesso à Justiça, violação à inafastabilidade da jurisdição, e ao princípio da igualdade (já que as
ações anulatórias só seriam propostas por quem tivesse dinheiro para garantir o depósito prévio).
O depósito preparatório não pode ser requisito para o ajuizamento de ações no Judiciário. Referido dispositivo
não fora recepcionado.
Súmula Vinculante nº 28, STF: É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade
de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.
A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as
hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida,
esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa
de mora e demais encargos.
OBS: Sobre os juros remuneratórios devidos na devolução dos depósitos judiciais efetuados para suspender a
exigibilidade do crédito tributário incide o IRPJ e CSLL (Contribuição sobre os lucros líquidos), pois a natureza
jurídica da remuneração do capital é de juros remuneratórios, o que resulta em acréscimo patrimonial que compõe
a esfera de disponibilidade do contribuinte (STJ - REsp 1.138.695 – SC).
c) Reclamações e Recursos Administrativos: PAF – processo administrativo fiscal federal.
Enquanto estiver em andamento a discussão do crédito tributário na esfera administrativa – com reclamação ou
recursos para serem analisados – o crédito tributário estará com a exigibilidade suspensa.
A lei do PAF nasceu como Decreto nº 70.235/72, mas tem status de lei ordinária.
• Prazo para defesa administrativa – 15 dias
MANUAL CASEIRO
• Prazo para defesa na esfera Federal – 30 dias
Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se
fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da
data em que for feita a intimação da exigência.
Por força do princípio do diálogo das fontes (art. 15 do CPC – aplicação supletiva e subsidiária do CPC), o
prazo de 30 dias deve ser contado em dias úteis, utilizando-se o NCPC.
Tal impugnação suspende a exigibilidade do crédito tributário até o final do processo (STJ – AgRg no REsp
1.498.850; Proc. 2014/0279628-6 – RS).
58
Assim, contemplamos que enquanto perdurar o contencioso administrativo, suspende-se a exigibilidade do
crédito tributário.
Súmula 411, STJ: É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento
decorrente de resistência ilegítima do Fisco.
Súmula Vinculante nº 21, STF: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou
bens para admissibilidade de recurso administrativo.
Súmula nº 373, STJ: É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo.
Não pode ser exigido caução ou depósito para o exercício da defesa administrativa.
O art. 7º da Lei 12.016/2009 que regulamenta o mandado de segurança prevê a possibilidade do impetrante
requerer a concessão de liminar sempre que houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a
ineficácia da medida.
É sob esse cenário que a concessão da liminar em sede de mandado de segurança impetrado pelo
contribuinte poderá suspender a exigibilidade do crédito tributário. Cumpre destacar que o mero pedido não
suspende, apenas quando ocorrer a CONCESSÃO da medida pelo Poder Judiciário é que será hábil a suspender.
Corroborando ao exposto, propõe Ricardo Alexandre, “a Lei 12.016/2009 disciplina a ação constitucional
do mandado de segurança. Em seu art. 7.º, III, determina que, ao despachar a inicial, o juiz ordenará que se suspenda
MANUAL CASEIRO
o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia
da medida”.
Se concedida tutela provisória em qualquer ação judicial haverá suspensão da exigibilidade do crédito
tributário.
O Fisco fica impedido de promover execução fiscal quando a tutela provisória é concedida.
Na eventual hipótese de ao final do processo, a tutela provisória anteriormente concedida for revogada e
ficar demonstrado que o tributo deverá ser pago pelo contribuinte, questiona-se, haverá incidência de correção
monetária, juros e multa?
Se a tutela provisória foi revogada ao final do processo e os valores não foram pagos, será inserido correção
59
monetária e juros, salvo disposição em contrário constante de lei.
▪ Correção monetária: é a atualização da moeda frente ao fenômeno inflacionário.
▪ Juros de mora: é o preço pelo capital indevidamente retido.
▪ Multa tributária: penalidade.
Segundo Josiane Minardi, caso a concessão da medida seja reconsiderada, anulada ou reformada, o crédito voltará
a ser exigido, acrescido de juros apenas, pois a multa moratória pune o descumprimento da norma tributária que
determina o pagamento do tributo no vencimento, enquanto os juros compensam a falta de disponibilidade dos
recursos pelo sujeito ativo pelo período correspondente ao atraso.
Nessa linha, o art. 63, caput e §2º da Lei nº 9.430/96, afasta apenas a multa de ofício.
OBS: No período compreendido entre a concessão de medida liminar e a denegação da ordem incide correção
monetária e juros de mora ou a Taxa SELIC, se for o caso. Afastada a imposição de multa de ofício (STJ – EREsp
839.962/MG).
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DA EXIGI-BILIDADE NO PERÍODO DE VIGÊNCIA DE LIMI-NAR
EM MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. EMBARGOS ACOLHIDOS. 1.
Divergência jurisprudencial configurada entre acórdãos da Primeira e Segunda Turmas no tocante à possibilidade
de incidência de juros de mora sobre o tributo devido no período compreendido entre a decisão que concede liminar
em mandado de segurança e a denegação da ordem. [...] 4. O art. 63, caput e § 2º, da Lei 9.430/96 afasta tão somente
a incidência de multa de ofício no lançamento tributário destinado a prevenir a decadência na hipótese em que o
crédito tributário estiver com sua exigibilidade suspensa por força de medida liminar concedida em mandado de
segurança ou em outra ação ou de tutela antecipada. 5. No período compreendido entre a concessão de medida
liminar e a denegação da ordem incide correção monetária e juros de mora ou a Taxa SELIC, se for o caso. Afastada
a imposição de multa de ofício. 6. Embargos de divergência acolhidos.” (STJ, Primeira Seção, EREsp 839.962/MG,
Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, fev/2013).
MANUAL CASEIRO
e) Parcelamento
O parcelamento: também tem sua regulamentação no art. 155-A, CTN.
Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei
específica.
§ 1º Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a
incidência de juros e multas.
§ 2º Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta Lei, relativas à
moratória.
§ 3º Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do
devedor em recuperação judicial.
§ 4º A inexistência da lei específica a que se refere o § 3º deste artigo importa na aplicação
das leis gerais de parcelamento do ente da Federação ao devedor em recuperação judicial,
60
não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal
específica. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)
Conforme ensinamentos de Ricardo Alexandre, o parcelamento consiste numa medida de política fiscal com a qual
o Estado procura recuperar créditos e criar condições práticas para que os contribuintes que se colocaram numa
situação de inadimplência tenham a possibilidade de voltar para a regularidade, usufruindo os benefícios daí
decorrentes.
Conforme previsão do CTN, é necessária a existência de lei específica, ou seja, se estamos trabalhando com
tributo Federal, a lei que a regulamenta também é Federal. A lei específica reclamada pelo dispositivo é lei do
membro da Federação com competência para a instituição do tributo. Assim, cada ente político possui autonomia
para editar suas leis autorizatórias de parcelamento de crédito tributário, devendo respeitar as normas gerais
constantes do Código Tributário Nacional (Ricardo Alexandre).
O parcelamento só pode ser concedido mediante lei específica, não excluindo, salvo disposição de lei em
contrário, a incidência de juros e multas.
Súmula 437, STJ: A suspensão da exigibilidade do crédito tributário superior a quinhentos mil reais para opção
pelo Refis pressupões a homologação expressa do comitê gestor e a constituição de garantia por meio do arrolamento
de bens.
Súmula 355, STJ: É válida a notificação do ato de exclusão do programa de recuperação fiscal do Refis pelo Diário
Oficial ou pela internet.
Obs.: A prova de DPC/PE elaborado pelo CESPE, exigia do candidato conhecimento sobre as causas de suspensão
e causas de extinção do crédito tributário. Fazer estudo pontual das referidas hipóteses!
JÁ CAIU:
CESPE/2016. A concessão de parcelamento tributário não dá ensejo à extinção dos créditos tributários
parcelados, pois não ocorre o fenômeno da novação. Certo, o parcelamento é hipótese de SUSPENSÃO do
crédito tributário e não de extinção.
O parcelamento do débito é causa suspensiva da exigibilidade do crédito tributário (art. 151, VI, do CTN) que
acarreta a suspensão do curso da execução fiscal, até o adimplemento pelo executado de todas as parcelas integrantes
do parcelamento concedido. (...).
Art. 154. Parágrafo único. A moratória não aproveita aos casos de dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo ou
do terceiro em benefício daquele.
No parcelamento há aplicação subsidiária das regras da moratória e estas normas afirmam que a moratória(e em
consequência o parcelamento) não alcançam aqueles que agem com dolo ou fraude.
MANUAL CASEIRO
Art. 155-A. § 2º Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta Lei, relativas à moratória.
Conteúdo 07:
62
7. Causas de Extinção do Crédito Tributário: arts. 156 a 174, CTN.
São onze causas de extinção do crédito tributário, conforme dispõe o art. 156 do CTN.
I. O pagamento;
II. A compensação;
III. A transação;
IV. A remissão;
V. A prescrição e a decadência;
VI. A conversão de depósito em renda;
VII. O pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no
artigo 150, §§1º e 4º; (lançamento por homologação)
VIII. A consignação em pagamento, nos termos do disposto no §2º do artigo 164;
IX. A decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita
administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;
X. A decisão judicial passada em julgado;
XI. A dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.
Dica de Estudo! As questões objetivas de concursos sempre exigem do candidato um conhecimento sobre as causas
de exclusão, suspensão e extinção do crédito tributário. Para um estudo otimizado, sugere-se “decorar” as duas
hipóteses de exclusão (anistia e isenção) e as outras seis de suspensão, de modo que, as restantes, referem-se as
causas de extinção do crédito tributário. Remanescente é causa de extinção do crédito tributário.
OBS: Controvérsia doutrinária - Na indicação do artigo 141 do CTN o rol acima seria taxativo.
Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou
tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais
não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua
efetivação ou as respectivas garantias.
Por outro lado, se a contextualização for feita pelo artigo 111, I, CTN, a resposta pode ser negativa, pois a
interpretação literal só é exigida no CTN para as causas de exclusão/suspensão do crédito tributário, portanto, não
exigiria interpretação literal para as causas de extinção do crédito tributário.
Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:
I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;
MANUAL CASEIRO
Da análise do art. 111 do CTN, verifica-se que não houve alusão as hipóteses de extinção do crédito tributário
serem analisados de forma restritiva, o que levaria a conclusão de que o referido rol é meramente exemplificativo,
posto que não há necessidade de interpretação restritiva sobre esse.
*Tribunais
Controvérsia nos Tribunais Superiores – ADI nº 2.405/2006 (Alteração do entendimento firmado na
ADInMC 1917-DF, 18.12.98, Marco Aurélio, DJ 19.09.2003: consequente ausência de plausibilidade da alegação
de ofensa ao art. 146, III, b, da Constituição Federal, que reserva à lei complementar o estabelecimento de normas
gerais reguladoras dos modos de extinção e suspensão da exigibilidade de crédito tributário). 63
Ação direta de inconstitucionalidade: medida cautelar: L. estadual 11.475, de 28 de abril de 2000, que introduz
alterações em leis estaduais (6.537/73 e 9.298/91) que regulam o procedimento fiscal administrativo do Estado e a
cobrança judicial de créditos inscritos em dívida ativa da fazenda pública estadual, bem como prevê a dação em
pagamento como modalidade de extinção de crédito tributário. Extinção de crédito tributário criação de nova
modalidade (dação em pagamento) por lei estadual: possibilidade do Estado-membro estabelecer regras específicas
de quitação de seus próprios créditos tributários. No ano de 2000 ainda não tinha previsão da modalidade de
Dação em Pagamento no CTN como hipótese de extinção de crédito tributário. Por ocasião, podia haver a ampliação
da hipótese de extinção do crédito tributário.
Desse modo, conforme afirma o art. 157 do CTN, a imposição de penalidade não ilide o pagamento integral da
multa, ou seja, a multa é sempre cumulativa, jamais substituindo o pagamento do respectivo tributo.
Pelo exposto, o contribuinte tem o dever de manutenção dos comprovantes de pagamento de todas as prestações ou
quotas relativas a todos os tributos até que se verifique a prescrição dos créditos respectivos (art. 195, parágrafo
único do CTN).
Art. 159: O artigo 159 estabelece o domicílio de pagamento. A regra é a de que o domicílio do sujeito passivo
(devedor) é o local do pagamento.
Art. 159. Quando a legislação tributária não dispuser a respeito, o pagamento é efetuado
na repartição competente do domicílio do sujeito passivo.
Art. 160: o prazo paga pagamento do tributo pode ser estipulado por meio de norma infralegal, uma vez que o art.
160 do CTN refere-se a expressão “legislação”. Se a legislação não fixar o prazo para pagamento, o vencimento do
crédito ocorrerá em 30 dias após a notificação do lançamento do tributo.
Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento do
crédito ocorre trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado
do lançamento.
O artigo 160 dita a regra para a data do vencimento do tributo, se não há data, não há omissão, a regra é de
que no silêncio aplica-se o prazo de 30 dias, contados do lançamento do tributo.
Atenção! Não se submete ao princípio da legalidade tributária, não há necessidade de que lei institua o
prazo do vencimento do tributo, basta a legislação tributária (tratados/convenções internacionais, decreto, normas
complementares de direito tributário).
O desconto do pagamento do tributo pressupõe legislação tributária, vide o anotado no parágrafo anterior.
MANUAL CASEIRO
Art. 161: trata da inadimplência tributária. O inadimplente pagará o tributo devido com correção monetária, juros
de mora e multa tributária.
Tributo devido + correção monetária + juros de mora e multa tributária.
Art. 161: O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora,
seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades
cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei
tributária.
§ 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um
por cento ao mês.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor
dentro do prazo legal para pagamento do crédito. 66
Vamos aprofundar?
❖ Diferença entre Sonegação e Inadimplência: Por Gabriel Medeiros Régnier; Advogado - OAB/PR 41.934.
Agosto/2008.
A figura da sonegação fiscal está conceituada no artigo 71 da Lei nº 4.502/1967 que a apresenta como sendo
toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da
autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias
materiais; e/ou das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o
crédito tributário correspondente.
A Lei nº 8.137/1990, que regula os crimes contra a ordem tributária, em harmonia com a Lei nº 4.502/1967,
tipifica o crime de sonegação fiscal em seu artigo 1º através dos modelos de condutas descritos nos incisos I a V. O
artigo 2º do mesmo diploma também descreve condutas que representam sonegação fiscal, além de outras que não
a configuram senão em sentido impróprio, como no caso do inciso II.
O bem jurídico aqui tutelado é a arrecadação tributária, entendida como elemento de constituição da receita
pública por meio da cobrança dos tributos constitucionalmente estabelecidos.
É público e, portanto, notório, que há no país altos índices de contribuintes em situação de inadimplemento fiscal
perante os órgãos arrecadadores, o que ocorre devido a vários fatores: o chamado “estado de necessidade econômico”
e a inexigibilidade de conduta diversa são dois exemplos bem elucidativos.
A inadimplência fiscal, todavia, deve ser encarada como a falta de pagamento de determinado tributo (a tempo
e modo) por circunstâncias alheias à vontade do contribuinte. Muitas vezes, apesar dos esforços entabulados para
viabilizar o prosseguimento de uma atividade empresarial, por exemplo, o empresário/contribuinte se vê compelido
a satisfazer créditos de natureza trabalhista ou contratual em detrimento dos tributários, por falta de recursos para
tanto. Acaba por se tornar inadimplente perante o Fisco por falta de sustentáculo financeiro.
Em ambas as situações, vale dizer, tanto nos casos de sonegação fiscal quanto nos de inadimplência de
tributos, o contribuinte acaba sendo, precipitada e erroneamente, estigmatizado como “sonegador fiscal”.
MANUAL CASEIRO
E, assim porque, muitas vezes, não se faz a essencial distinção entre um e outro. Porém, há uma visível
disparidade conceitual entre sonegação fiscal e inadimplência de tributos.
Se na sonegação fiscal tem que haver o dolo do agente, direto ou eventual, de praticar as condutas descritas
nos artigos 1º e 2º da Lei 8.137/1990 (bem como nos demais delitos fiscais a exemplo do descaminho) com a
finalidade específica de suprimir ou reduzir tributo; na inadimplência, por outro lado, o contribuinte não paga, porém
não emprega qualquer meio fraudulento com o intuito de se apartar ao cumprimento da imposição fiscal.
✓ Retomando...
OBS: Direito Penal Tributário – se refere às sanções penais, de direito penal, com especificidades ligadas ao direito
67
tributário.
Direito Tributário Penal – se refere às sanções administrativas. Aqui se enquadram as multas tributárias:
moratória; punitiva ou de ofício; isolada.
Direito Penal Tributário Direito Tributário Penal
Sanções Penais/Criminais Sanções Administrativas
a) Multa Moratória (art. 61, Lei 9.430/96): trata-se da multa aplicada em decorrência do mero inadimplemento
(correção monetária, juros de mora e multa moratória).
b) Multa Punitiva ou De ofício (art. 44, I, Lei 9.430/96): trata-se de multa que deriva do não pagamento do
tributo ou da falta de declaração no que toca a um determinado tributo.
c) Multa Isolada (art. 44, II, Lei 9.430/96): é a multa aplicada em razão do descumprimento das obrigações
tributárias acessórias (obrigação acessória: art. 113, II do CTN – são os demais verbos distintos do pagar).
O art. 161 do CTN, no caso de inadimplência permite a acumulação dos encargos moratórios (correção
monetária/juros de mora e multa).
Precedentes: São cumuláveis os encargos da dívida relativos aos juros de mora, multa e correção monetária. (STJ,
2ª Turma – AgRg no Resp 113.634/RS - 2013).
OBS: No âmbito Federal e em alguns Estados (porque assim optaram), utilizam a Taxa SELIC (taxa referencial de
liquidação e custódia) como referencial – é um índice que abrange ao mesmo tempo a correção monetária e juros
moratórios.
Em face da autonomia dos entes federados, nos Estados, eles podem ter um índice próprio de correção
monetária, além do índice Federal que é a SELIC.
Precedentes: É legítima a utilização da taxa SELIC como índice de correção monetária e juros de mora dos débitos
do contribuinte para com a Fazenda Pública (STJ – Resp 879.844/MG – nov/2009; julgado sob o rito dos recursos
repetitivos).
MANUAL CASEIRO
É cediço nesta Corte o entendimento de que é cabível a aplicação da Taxa SELIC, na hipótese de haver Lei Estadual
nesse sentido, vedada a cumulatividade com outro índice (STJ, 2ª Turma – AgRg no AREsp 362.763/PR – set/2013).
É vedada a acumulação porque na TAXA SELIC com outro índice, isso porque já temos a junção da correção
monetária + juros moratórios. Observância do não bis in idem.
No âmbito tributário, o contribuinte que pagar tributo indevido (exs: pagou duas vezes, pagou imposto que era
inconstitucional, houve erro na alíquota etc.) terá direito à repetição de indébito, ou seja, poderá ajuizar ação
cobrando a devolução daquilo que foi pago.
Na repetição de indébito, o contribuinte deverá receber de volta o valor principal que foi pago, acrescido de juros
68
moratórios e correção monetária pelo tempo que ficou sem o dinheiro.
A correção monetária incide desde o dia em que houve o pagamento indevido. Nesse sentido, a Súmula 162-STJ:
Na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento indevido.
No tocante aos juros esses serão devidos não do dia em que houve o pagamento, mas sim a partir da data em que
houve o trânsito em julgado da decisão que determinou a devolução. Nesse sentido, a Súmula 188-STJ: Os juros
moratórios, na repetição do indébito tributário, são devidos a partir do transito em julgado da sentença.
Súmula nº 523, STJ: a taxa de juros de mora incidente na repetição de indébito de tributos estaduais deve
corresponder à utilizada para cobrança do tributo pago em atraso, sendo legítima a incidência da taxa SELIC, em
ambas as hipóteses quando prevista na legislação local, vedada sua cumulação com quaisquer outros índices.
Por que a súmula diz que a SELIC não pode ser cumulada com quaisquer outros índices?
Porque a SELIC é um tipo de índice de juros moratórios que já abrange juros e correção monetária. Como assim?
No cálculo da SELIC (em sua “fórmula matemática”), além de um percentual a título de juros moratórios, já é
embutida a taxa de inflação estimada para o período (correção monetária). Em outras palavras, a SELIC é uma
espécie de índice que engloba juros e correção monetária. Logo, se o credor exigir a SELIC e mais a correção
monetária, ele estará cobrando duas vezes a correção monetária, o que configura bis in idem.
Por isso, o STJ afirma que, se a lei estadual prevê a aplicação da SELIC, é proibida a sua cobrança cumulada com
quaisquer outros índices, seja de atualização monetária (correção monetária), seja de juros. Basta a SELIC.
No caso, a exigência isolada da multa (inciso II) é absorvida pela multa de ofício (inciso I). A infração mais grave
absorve aquelas de menor gravidade. Princípio da consunção.
MANUAL CASEIRO
(...) MULTA ISOLADA E DE OFÍCIO. ART. 44 DA LEI N. 9.430/96 (REDAÇÃO DADA PELA LEI N.
11.488/07). EXIGÊNCIA CONCOMITANTE. IM-POSSIBILIDADE NO CASO. 1. Recurso especial em que se
discute a possibilidade de cumulação das multas dos incisos I e II do art. 44 da Lei n. 9.430/96 no caso de ausência
do recolhimento do tributo. (...) 3. A multa de ofício do inciso I do art. 44 da Lei n. 9.430/96 aplica-se aos casos de
"totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de
declaração e nos de declaração inexata". 4. A multa na forma do inciso II é cobrada isoladamente sobre o valor do
pagamento mensal: "a) na forma do art. 8°da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado,
ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela
Lei nº 11.488, de 2007) e b) na forma do art. 2°desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado
prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano-calendário
correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei n. 11.488, de 2007)". 5. As multas isoladas limitam-
se aos casos em que não possam ser exigidas concomitantemente com o valor total do tributo devido. 6. No caso, a
exigência isolada da multa (inciso II) é absorvida pela multa de ofício (inciso I). A infração mais grave absorve69
aquelas de menor gravidade. Princípio da consunção. Recurso especial improvido. (STJ, REsp 1496354/PR, Rel.
Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/03/2015, DJe 24/03/2015).
É possível fazer uma consulta ao Fisco para revisão do débito, e a partir do momento em que ela é feita não
incide moratória, desde que se faça antes do vencimento do crédito tributário.
Na definição de tributário retiramos a ideia de que trata-se de uma obrgacao pecuniária, que deve ser paga
em moeda (art. 3º CTN).
Contudo, excepcionalmente, conforme previsão do próprio CTN (art. 162), a possibilidade de pagamento
de multa tributária por outras formas que não necessariamente em dinheiro. Pode ser feito por meio de chegue,
vale postal, papel selado e estampilha.
Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito passivo para com a mesma
pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de penalidade
MANUAL CASEIRO
pecuniária ou juros de mora, a autoridade administrativa competente para receber o pagamento determinará a
respectiva imputação, obedecidas as seguintes regras, na ordem em que enumeradas:
I - em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos decorrentes de
responsabilidade tributária;
Art. 163. Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito passivo70
para com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes
tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora, a autoridade
administrativa competente para receber o pagamento determinará a respectiva imputação,
obedecidas as seguintes regras, na ordem em que enumeradas:
I - em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos
decorrentes de responsabilidade tributária;
II - primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas e por fim aos impostos;
III - na ordem crescente dos prazos de prescrição;
IV - na ordem decrescente dos montantes.
Súmula nº 464, STJ: a regra de imputação de pagamentos estabelecida no art. 354 do Código Civil não se aplica às
hipóteses de compensação tributária.
No Direito tributário não há presunção de pagamento. A quitação de uma parcela ou de um crédito tributário
não importa presunção de pagamentos de outras, nem o pagamento de um crédito faz presumir-se o pagamento de
outro referente ao mesmo ou a outros tributos.
Cada quitação só vale em relação ao que na mesma está indicado. Assim, o fato de um contribuinte, por
exemplo, provar que pagou a última parcela de seu imposto de renda de determinado exercício não faz presumir-se
tenha pagado as demais parcelas.
Nem o fato de haver pago o seu imposto de renda de um exercício importa presunção de haver pago o de
outros, nem o IPI, ou outro tributo qualquer. Nem, ainda, o pagamento de determinada quantia a título de imposto
de renda devido seja somente aquele.
Direito e ação que tem a pessoa prejudicada de exigir de outra a restituição da quantia que por erro ou boa-
fé lhe pagou, sem que a devesse, ou o fez além da prestação devida.
Trata-se do pagamento indevido, repetido, feito pelo sujeito passivo do crédito tributário. Há possibilidade
de devolução dessa repetição.
MANUAL CASEIRO
Não é pressuposto para a devolução dos valores a prova do erro, independentemente de prévio protesto de
quem pagou o tributo. Para que se tenha a repetição do indébito no âmbito tributário é suficiente que tenha ocorrido
o pagamento indevido, não é pressuposto para a repetição (devolução do tributo pago indevidamente) a prova do
erro – irrelevante.
Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição
total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o
disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos:
I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face
da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato
gerador efetivamente ocorrido;
II - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo71
do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao
pagamento;
III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória
.
Ademais, cumpre destacar que não se pode voltar a ação contra o mero arrecadador do tributo, ele não é
parte legítima para devolver o que se pagou incorretamente.
Precedente:
(STJ – AREsp 199.089/PE; julgado em 05/02/2013).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. LEGITIMIDADE PASSIVA EM DEMANDA QUE
OBJETIVA A RESTITUILÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INDEVIDAMENTE
ARRECADADA.
Não é cabível o ajuizamento de demanda judicial na qual se pleiteie a restituição de contribuição previdenciária
indevidamente arrecadada em face do sujeito que apenas arrecada o tributo em nome do sujeito ativo da relação
jurídico-tributária. Pertence ao sujeito ativo da relação jurídico-tributária, e não ao sujeito que apenas arrecada a
contribuição previdenciária em nome do sujeito ativo, a legitimidade para figurar no polo passivo da demanda em
que se pleiteie a restituição do tributo indevidamente arrecadado.
O artigo 166 do CTN trata da repetição de indébito dos tributos indiretos, ou tributos que repercutem, cuja
carga fiscal é repassada ao consumidor final (contribuinte de fato).
*Tributo indireto: é aquele que é suportado pelo consumidor final (contribuinte de fato)
Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do
respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido
encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado
a recebê-la.
Ex: É o caso, por exemplo, do IPI apurado e cobrado nas vendas e destacado em notas fiscais. Este valor acrescido
ao valor da mercadoria, é faturado e cobrado do comprador. Portanto, compete a este, e não ao vendedor, a eventual
restituição.
Outros tributos indiretos são o ICMS (estadual) e ISS (municipal).
Súmula nº 546, STF: cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido por decisão que o
contribuinte ‘de jure’ não recuperou do contribuinte ‘de facto’ o ‘quantum’ respectivo.
MANUAL CASEIRO
Precedentes:
(STJ, 2ª Turma – Resp 928.875/MT; maio/2010).
Contribuinte de direito é o sujeito passivo que tem relação pessoal e direta com o fato gerador, nos termos no art.
121, parágrafo único, I, do CTN. Indicado na lei para ocupar o polo passivo da obrigação tributária, é também quem
deve, em última análise, recolher o tributo ao Fisco. Assim, contribuinte de direito é, por definição, aquele e somente
aquele determinado pela lei. Contribuinte de fato é quem suporta o ônus econômico do tributo, ou seja, a quem a
carga do tributo indireto é repassada, normalmente o consumidor final.
O mero pagador do tributo tem legitimidade para a referida ação de repetição de indébito, exemplo, IPTU. Resposta
do STJ – não reconhece a legitimidade. Vejamos:
O artigo 123 do CTN traz o Princípio da Inoponibilidade das Convenções Particulares ao Fisco: o legislador
impediu, salvo disposição de lei em contrário, que uma convenção particular (contrato, por exemplo) seja oponível
à Fazenda Pública para modificar a definição legal do sujeito passivo da obrigação tributária.
MANUAL CASEIRO
O art. 127 II do CTN, institui o Princípio da Autonomia dos Estabelecimentos Comerciais.
A filial não em legitimidade ativa para demandar em juízo em nome da matriz. Assim como, não tem a
legitimidade a matriz em nome da filial. Nesse sentido, já se manifestou o STJ. Vejamos:
É facultado ao contribuinte optar pela compensação ou pela restituição via precatório, conforme, inclusive,
entendimento sumulado pelo STJ.
Súmula nº 461, STJ: o contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou por compensação, o indébito
tributário certificado por sentença declaratória transitada em julgado.
• Correção monetária incide a partir do pagamento indevido. Assim, Termo Inicial para a Correção
Monetária é da data do pagamento indevido.
• Juros moratórios são devidos do transito em julgado da sentença/decisão que reconhece o débito.
Súmula nº 162, STJ: na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento indevido.
Súmula nº 188, STJ: os juros, na repetição do indébito tributário, são devidos do trânsito em julgado da sentença.
O art. 168 do CTN prevê o prazo para pleitear restituição - O direito de pleitear a restituição extingue-se com o
decurso do prazo de 5 (cinco) anos.
- Nas hipóteses dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário;
- Na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em
julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória.
Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos,
contados:
MANUAL CASEIRO
I - nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário;
II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão
administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou
rescindido a decisão condenatória.
Esse prazo é decadencial de acordo com a doutrina majoritária. Na jurisprudência mais atual esse prazo é
prescricional.
Prescreve em 2 anos (bienal) a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição, segundo o
que diz o artigo 169 do CTN. Diz o parágrafo único que o prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação
judicial, recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao representante
74
judicial da Fazenda Pública interessada.
• Previsão Legal do Prazo Prescricional no Caso de Prévio Processo Administrativo Indeferido - art. 169
do CTN - Prescreve em dois (2) anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição.
• Interrupção da Prescrição - art. 169, parágrafo único do CTN - O prazo de prescrição é interrompido pelo
início da ação judicial, recomeçando o seu curso, por metade (1/2), a partir da data da intimação
validamente feita ao representante judicial da Fazenda Pública interessada (prescrição intercorrente).
No tocante ao prazo prescricional para o ajuizamento da ação de restituição, não se leva em conta a data de
declaração de inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo, mas sim a data do pagamento do tributo. Nesse
sentido, o STJ já se manifestou:
Precedente:
(STJ - Resp 1.110.578/SP, DJe 21/05/2010, submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da resolução STJ8/2008)
A declaração de inconstitucionalidade da Lei instituidora do tributo em controle concentrado, pelo STF, ou a
resolução do Senado (declaração de inconstitucionalidade em controle difuso) é despicienda
(desnecessária/irrelevante) para fins de contagem do prazo prescricional tanto em relação aos tributos sujeitos ao
lançamento por homologação, quanto em relação aos tributos sujeitos ao lançamento de ofício.
OBS: A Lei Complementar 118/2005 se auto rotulou como interpretativa em seu artigo 4º. De acordo com o artigo
106, I do CTN, quando a lei tributária é interpretativa, pode retroagir. Só passou a vigorar em junho de 2005.
a) autorização legal;
Nesse sentido, Ricardo Alexandre expõe “em se tratando de crédito tributário, a compensação sempre depende da
existência de lei que estipule as respectivas condições e garantias, ou que delegue à autoridade administrativa o
encargo de fazê-lo. Não é suficiente a simples existência de reciprocidade de dívidas para que a compensação se
imponha”.
Conforme ensina Josiane Minardi, a reciprocidade entre credor e devedor do Direito Tributário é verificada quando
se pretende realizar a compensação entre tributos do mesmo Ente Federativo.
Denota-se que o art. 170 trouxe apenas as regras gerais acerca do instituto da compensação. Os detalhes
devem ser estabelecidos na lei do ente federativo com o qual o contribuinte deseja realizar a compensação. Nesse
ponto, vale frisar: a compensação somente se faz possível se houver lei autorizativa, estipulando quais os créditos
que podem ser compensados.
Assim:
1º) a compensação tributária é limitada às estritas condições e garantias fixadas em lei, mesmo quando é autorizada
pela autoridade administrativa;
2º) somente extinguirá o crédito tributário, até aonde se compensar com a obrigação exigível, nas hipóteses em que
o contribuinte comprovar a liquidez e certeza de seu crédito, o que poderá ser feito através do reconhecimento
expresso da autoridade administrativa ou por decisão judicial transitada em julgado;
3º) a compensação da Lei 8.383/91, em que pese autorizar a compensação de tributos da mesma espécie, não importa
em extinção do crédito tributário, a não ser após o ato de homologação efetuado pelo agente público;
MANUAL CASEIRO
4º) o instituto da compensação, na esfera tributária, deve ser acolhido e aplicado levando-se em consideração os
princípios públicos que regem a disciplina.
Conforme entendimento firmado pelo STJ, a legislação aplicável ao procedimento da compensação será aquela
vigente e eficaz ao momento da formalização do pedido, não podendo o contribuinte se aproveitar de benesse
posteriores ou sofrer com novas imposições.
a. Compensação por iniciativa do contribuinte: art. 74, Lei 9.430/96 – Declaração de compensação;
b. Compensação tributária realizada por iniciativa do fisco: art. 73, Lei 9.430/96.
Súmula nº 212, STJ: a compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por medida
liminar cautelar ou antecipatória.
Súmula nº 213, STJ: o mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação
tributária.
Súmula nº 460, STJ: é incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada pelo
contribuinte.
Súmula nº 461, STJ: o contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou por compensação, o indébito
tributário certificado por sentença declaratória transitada em julgado.
Traz a ideia de composição, acordo, entre as partes da relação jurídica da obrigação tributária. A transação
é admitida, mas é indispensável autorização por lei para que ela exista.
Ademais, é necessário que tenhamos processo, litígio, sem especificação do tipo, seja administrativo ou
judicial.
MANUAL CASEIRO
d) Remissão: art. 172, CTN c/c art. 150, §6º, CF.
Remissão é a dispensa gratuita da dívida, feita pelo credor em benefício do devedor.
Tratando-se de crédito tributário, devido ao princípio da indisponibilidade do patrimônio público, a remissão
somente pode ser concedida com fundamento em lei específica (CF, art. 150, § 6.°).
As regras gerais sobre a remissão, como forma de extinção do crédito tributário, encontram-se no art. 172 do CTN:
Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho
fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo:
I - à situação econômica do sujeito passivo;
II - ao erro ou ignorância excusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato;
III - à diminuta importância do crédito tributário;
IV - a considerações de eqüidade, em relação com as características pessoais ou materiais77
do caso;
V - a condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante.
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-
se, quando cabível, o disposto no artigo 155.
Segundo Renato de Pretto, a remissão é o perdão da dívida tributária. Também pressupõe lei específica para esse
benefício fiscal. Se a União quer conceder remissão de IR, só se pode fazê-lo mediante lei específica para tal
pretexto.
A remissão como perdão abrange tanto o tributo como a multa tributária, é sob esse aspecto que a remissão se
distingue tanto da anistia como da isenção, pois as duas últimas são espécies de exclusão do crédito tributário,
enquanto a primeira é de extinção. A remissão abrange o tributo e a multa tributária, a isenção somente o tributo e a
anistia somente a multa.
Esquematizando
Remissão Isenção e Anistia
Forma de EXTINÇÃO DO CRÉDITO Forma de EXCLUSÃO DO CRÉDITO
Abrange: Tributo + multa Abrange APENAS o tributo
A decadência consiste na perda do Direito do Fisco de constituir o crédito tributário. Nessa esteira, a Fazenda tem o
prazo de 5 anos para constituir o crédito tributário contados de acordo com as regras do art. 150, §4º, e 173, I do
CTN.
MANUAL CASEIRO
Dessa forma, se a Fazenda não constituir o crédito tributário no período designado pelo CTN, não poderá mais
constituir esse crédito, vez que esse se extinguiu, or meio da decadência, antes mesmo da sua constituição (Josiane
Minardi).
Conforme de Pretto, a decadência impede o nascimento do crédito tributário, muito embora apareça no CTN
como uma das causas de extinção.
No mais, é preciso destacar que a decadência é anterior ao lançamento, e tem de ser realizado num prazo de 5
anos. Esse prazo é contado de acordo com o artigo 173 do CTN.
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5
(cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido78
efetuado;
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o
lançamento anteriormente efetuado.
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o
decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição
do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória
indispensável ao lançamento.
Vamos esquematizar?!
o Regra geral – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
o Da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento
anteriormente efetuado.
o O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto,
contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito
passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.
OBS: Art. 146, III, b, CF – cabe à lei complementar: (...) III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação
tributária, especialmente sobre: b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; A Súmula
Vinculante nº 8, vem consolidar a ideia de que somente por meio de lei complementar é que pode ser alterado o
prazo decadencial.
Súmula Vinculante nº 8, STF: são inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº1.569/77 e os
artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.
MANUAL CASEIRO
Conteúdo 08:
Conforme já estudado, o crédito tributário é constituído com um ato do Fisco chamado de “lançamento”. Só depois
que a obrigação tributária se transforme em crédito tributário é que ela se torna líquida e exigível e poderá ser
executada. O Fisco possui, no entanto, um prazo para efetuar o lançamento. Se não fizer no prazo, haverá decadência
(forma de extinção do crédito tributário).
É o prazo de 5 anos para o lançamento do tributo, contado do primeiro dia do exercício seguinte àquele em79
que o lançamento poderia ter sido efetuado. Esse prazo pode ser antecipado por qualquer medida preparatória
condizente ao lançamento.
O inciso II estipula uma interrupção do prazo decadencial. Se o lançamento for anulado por vício formal,
zera-se o prazo de decadência de 5 anos (entendimento CESPE).
A contagem do prazo decadencial não se interrompe nem se suspende. A decadência extingue o direito; a
prescrição tem por objeto a ação.
Esquematizando
• Lançamento por homologação – para os tributos sujeito ao lançamento por homologação as regras são
específicas.
No lançamento por homologação, o qual já foi objeto de nosso estudo, a lei determina que é o próprio contribuinte
quem, sem prévio exame da autoridade administrativa, deverá calcular e declarar o quanto deve, antecipando o
pagamento do imposto. Depois que ele fizer isso, o Fisco irá conferir se o valor pago foi correto e, caso tenha sido,
fará a homologação deste pagamento. Esta espécie de homologação encontra-se prevista no art. 150 do CTN.
Na hipótese de lançamento por homologação, em regra, o marco para início da contagem do prazo decadencial será
do dia do fato gerador. Todavia, na hipótese de dolo, fraude ou simulação, é o 1º dia do exercício seguinte (art. 173,I,
CTN), e por fim, quando não houver o pagamento será também do 1º dia do exercício seguinte (art. 173, I, CTN).
MANUAL CASEIRO
Esquematizando
80
a) Dolo
b) Fraude
c) Simulação
No lançamento por homologação, o dispositivo aplicável à decadência é o Art. 150 em seu § 4.º do CTN:
o qual dispõe que "Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato
gerador; expirado este prazo sem que a fazenda tenha se pronunciado, considera-se homologado o lançamento e
definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação."
Súmula nº 555, STJ: quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir
o crédito tributário conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui
ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa.
Não se fala em decadência para os tributos declarados, mas não pagos, incide a prescrição. Nesse sentido,
a Súmula 436 do STJ.
Súmula nº 436, STJ: a entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito
tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do Fisco.
Precedente:
Conforme orientação jurisprudencial do STJ, “o prazo decadencial nos tributos sujeitos a lançamento por
homologação, caso tenha havido dolo, fraude ou simulação por parte do sujeito passivo, tem início no primeiro dia
do ano seguinte ao qual poderia o tributo ter sido lançado” (Resp 1.086.798/PR, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda
Turma, DJe 24/04/2013). Logo, incide, no caso, a regra geral de decadência tributária prevista no art. 173, I, do
CTN, pouco importando a data em que a Fazenda toma ciência da irregularidade praticada.
• IRPJ e CSLL:
MANUAL CASEIRO
Desde a edição da Lei 8.383/1991, em função dos seus artigos 38 a 44 e alterações subsequentes, o IRPJ e
a CSLL são tributos cujo lançamento, por homologação, está disciplinado no art. 150 do Código Tributário Nacional,
cujo prazo decadencial de 5 (cinco) anos conta-se da data de ocorrência do fato gerador.
Através da Súmula Vinculante nº 08, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que os prazos de
decadência e prescrição das contribuições previdenciárias (do tipo INSS, SESI, SAT, etc.) são de 5 anos e não de
10 como preconizado na lei ordinária 8.212/1991.
Súmula Vinculante nº 08, STF: são inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e
81
os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam da prescrição e decadência do crédito tributário.
Desse modo, contemplamos que “opera-se a prescrição quando a Fazenda Pública não propõe, no prazo legalmente
estipulado, a ação de execução fiscal para obter a satisfação coativa do crédito tributário”. Segundo o art. 174 do
CTN, o prazo de prescrição é de cinco anos, iniciando sua contagem da data da constituição definitiva do crédito
tributário.
➢ Prazo durante o qual o Fisco nada faz, portanto, o crédito tributário se extingue.
A prescrição extingue o direito, pertencente ao credor, da ação de cobrança do crédito tributário, também pelo
decurso do prazo de 5 anos, contado da data da sua constituição definitiva. Só pode ser tratada através de Lei
Complementar.
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados
da data da sua constituição definitiva.
OBS: Súmula nº 153, TFR (extinto Tribunal Federal de Recursos) – o prazo prescricional previsto no art.174 do
CTN só tem início com a decisão definitiva do recurso administrativo.
STJ/Jurisprudência: defende que a contagem deve ser feito conforme uma combinação do art. 174 do CTN c/ art.
170 do CTN, de modo que não é suficiente o encerramento do procedimento administrativo, mas deve-se aguardar
o prazo de pagamento do tributo (na ausência é de 30 dias). Após esse prazo é que se iniciaria o prazo quinquenal
para a prescrição. Nesse sentido, STJ REsp nº 1.120.295-SP:
MANUAL CASEIRO
***STJ, REsp nº 1.120.295 - SP (2009/0113964-5) - Repetitivo:
1. O prazo prescricional quinquenal para o Fisco exercer a pretensão de cobrança judicial do crédito tributário conta-
se da data estipulada como vencimento para o pagamento da obrigação tributária declarada (mediante DCTF, GIA,
entre outros), nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, em que, não obstante cumprido o dever
instrumental de declaração da exação devida, não restou adimplida a obrigação principal (pagamento antecipado),
nem sobreveio quaisquer das causas suspensivas da exigibilidade do crédito ou interruptivas do prazo prescricional.
(...)
Esquematizando
— pela citação pessoal feita ao devedor (até a LC 118/2005 – DOU 09.02.2005) – a partir de 09.06.2005 a
prescrição se interrompe a partir de pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;
— pelo protesto judicial;
— por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
— por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor.
Nas hipótese em que o prazo prescricional é interrompido, o prazo é integralmente devolvido a Fazenda
Pública, sendo contado do “zero” novamente.
Atenção! Info. 570, do STJ. Prescrição da cobrança de créditos tributários devidos por contribuinte excluído do
REFIS:
Não interrompe o prazo prescricional o fato de o contribuinte, após ser formalmente excluído do REFIS, continuar
efetuando, por mera liberalidade, o pagamento mensal das parcelas do débito tributário. O fato de o devedor ter
continuado a realizar de forma voluntária e extemporânea o pagamento mensal das parcelas não tem o condão de
configurar ato de reconhecimento do débito (confissão de dívida) – já que o crédito, na data da exclusão formal, já
era exigível -, de modo que não há como falar na extensão da interrupção do prazo prescricional. STJ. 2ª Turma.
REsp 1.493.115-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 15/9/2015 (Info 570). Dessa forma, se a União
não ajuizar execução fiscal no prazo de 5 anos contados da exclusão da empresa do REFIS, haverá a prescrição.
MANUAL CASEIRO
83
Causas de suspensão do crédito tributário: embora não tenhamos no CTN um dispositivo de forma sistematizada
com as referidas, existem sim causas de suspensão. São elas:
o As causas que suspendem a exigibilidade do crédito tributário (art. 151, CTN) também se aplicam como
causas de suspensão. As causas de suspensão de exigibilidade do crédito tributário, também tem o condão
de suspender o prazo da prescrição.
o Moratória individual.
- Lei nº 6.830/80, art. 2º, §3º (Lei de Execução Fiscal): A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo
da legalidade, será feita pelo órgão competente para apurar a liquidez e certeza do crédito e suspenderá a prescrição,
para todos os efeitos de direito, por 180 dias ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo
aquele prazo. Não é aplicável para dívida fiscal tributária!
O STJ entende que essa suspensão não abrange a dívida fiscal tributária, porque a LEF é lei ordinária e a
matéria de dívida tributária tem que ser vinculada por meio de lei complementar. Nesse sentido, já se manifestou o
STJ:
o Prescrição Intercorrente: inércia do credor dentro do processo que enseja à prescrição, pois ficou parado
pelo tempo maior que o previsto (Lei nº 6.830/80, art. 40, §4º). Prazo de 5 anos (quinquenal).
Súmula nº 314, STJ: em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano,
findo o qual se inicia o prazo da prescrição quinquenal intercorrente.
Súmula nº 409, STJ: em execução fiscal, a prescrição ocorrida antes da propositura da ação pode ser decretada de
ofício (arts. 332, §1º e 487, II, NCPC).
Novo CPC, Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do
qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva
decidir de ofício. 84
Conforme já foi objeto de nosso estudo, o sujeito passivo que discorda de lançamento efetuado pode decidir
por contestá-lo judicial ou administrativamente.
Optando pela via judicial, é conveniente que adote alguma medida que suspenda a exigibilidade do crédito
tributário contestado, pois, caso contrário, não haverá impedimento para que a Fazenda Pública proponha a ação de
execução fiscal, constrangendo-lhe o patrimônio. A alternativa mais viável no caso é o depósito do montante
integral. Por outro lado, se optar pela via administrativa, já conseguirá a suspensão da exigibilidade mediante o
manejo das reclamações e recursos previstos na lei respectiva. Entretanto, pode ser conveniente a realização do
depósito para evitar a fluência dos juros de mora.
Em qualquer das hipóteses, não obtendo sucesso no litígio instaurado, a importância depositada será
convertida em renda da Fazenda Pública interessada, de forma que o crédito tributário respectivo será extinto.
Assim, contemplamos que a conversão do depósito em renda é modalidade de extinção do crédito tributário
necessariamente ligada à existência de um depósito anteriormente realizado.
➢ A conversão de depósito em renda ocorre quando há deposito do montante integral em determinada demanda
e, ao ser proferida decisão definitiva desfavorável ao Contribuinte, se converte o depósito em renda a favor
do Ente Federativo litigante. A conversão em renda para a Fazenda Pública extingue o credito tributário.
h) Pagamento antecipado e homologado pelo Fisco (ainda que tacitamente): art. 156, VII, CTN.
Trata-se de causa de extinção do credito tributário que ocorre nos tributos sujeitos a lançamentos por homologação,
pois nesses casos, apesar de o contribuinte pagar antecipadamente o tributo com base em apuração realizada por ele
mesmo, terá de aguardar a homologação da Fazenda, que tem o prazo decadencial de 5 cinco anos para fazê-lo, nos
termos do art. 150, §4º do CTN. No mais, cumpre destacar que a homologação poderá ser tácita ou expressa.
MANUAL CASEIRO
Art150. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da
ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha
pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito,
salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
A ação de consignação em pagamento é movida no âmbito do Poder Judiciário, com o objetivo de que o sujeito
passivo exerça o seu direito de pagar e quitar a obrigação tributária, quando se encontra impedido pelo próprio
credor. Observe que a extinção do crédito tributário somente ocorre quando a ação judicial consignatória é julgada
procedente. Nesse sentido, vejamos o que dispõe o CTN.
85
Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito
passivo, nos casos:
I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de
penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;
II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem
fundamento legal;
III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico
sobre um mesmo fato gerador.
§ 1º A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar.
§ 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância
consignada é convertida em renda; julgada improcedente a consignação no todo ou em
parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis.
Decisão pró-contribuinte, contra o Fisco, pois se existir uma decisão contra o devedor, ele pode questionar
essa decisão no plano judicial, tendo decisão favorável que extinguiria o crédito tributário.
Trata-se da decisão proferida no âmbito dos processos administrativos fiscais (ex.: Dec. 70.235/72) a qual
faz coisa julgada contra o fisco na esfera administrativa. É aquela decisão que nega a existência do vínculo que se
supunha instalado ou decreta a anulação do lançamento, e da qual não cabe recurso aos órgãos da Administração.
A dação em pagamento tem lugar quando o devedor entrega ao credor coisa que não seja dinheiro, em
substituição à prestação devida, visando a extinção da obrigação, e haja concordância do credor.
A dação em pagamento pode acontecer no direito tributário primeiro porque expressamente previsto no
inciso XI, do art. 156, a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei e, também
porque segundo o art. 3º do CTN, o tributo, em regra, deve ser pago em moeda ou cujo nela se possa exprimir,
admite-se que o sujeito passivo da obrigação tributária possa dar bens em pagamento de tributos, desde que haja
autorização legislativa ou seja, um lei específica da entidade tributante credora concedendo a autorização,
especificando o tributo que será objeto da dação e fixando critério para aferição do valor do bem.
Até 2016 não existia uma regulamentação específica sobre esta possibilidade, foi regulamentada pela Lei
Federal nº 13.359/2016. Já sofreu alterações por meio da Medida Provisória nº 719/2016:
Art. 4º - o crédito tributário inscrito em dívida ativa da União poderá ser extinto, nos termos
do inciso XI do caput do art. 156 da Lei nº 5.172/66, mediante dação em pagamento de bens
imóveis, a critério do credor, na forma desta Lei, desde que atendidas as seguintes condições:
I- a dação seja precedida de avaliação do bem ou dos bens ofertados, que devem estar livres e
desembaraçados de quaisquer ônus, nos termos de ato do Ministério da Fazenda; e
II- a dação abranja a totalidade do crédito ou créditos que se pretende liquidar com atualização, juros, multa
e encargos legais, sem desconto de qualquer natureza, assegurando-se ao devedor a possibilidade de
complementação em dinheiro de eventual diferença entre os valores da totalidade da dívida e o valor do
bem ou dos bens ofertados em dação.
Observação:
➢ Tem-se entendido que o rol é taxativo, de forma que somente é possível a extinção de crédito tributário
mediante dação em pagamento de bens imóveis, jamais de móveis.
JÁ CAIU:
COMENTÁRIOS: Todas as demais alternativas, com exceção da assertiva “a” contemplam hipóteses de suspensão
do crédito tributário (exigibilidade do crédito), sendo a única hipótese de extinção a estampada na alternativa A:
consignação em pagamento.
CESPE/2016 – DPC/PE: No que diz respeito aos institutos da prescrição e da decadência, assinale a opção
correta.
a) A prescrição e a decadência estão previstas no CTN como formas de exclusão do crédito tributário.
b) O direito de ação para a cobrança do crédito tributário decai em cinco anos, contados da data da sua
87
constituição definitiva.
c) O protesto judicial é uma forma de interrupção da prescrição.
d) O direito de a fazenda pública constituir o crédito tributário prescreve após cinco anos, contados do primeiro
dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
e) As normas gerais sobre prescrição e decadência na matéria tributária devem ser estabelecidas por meio de
lei ordinária.
COMENTÁRIOS: A: Errado, pois a prescrição e decadência são hipóteses em que EXTINÇÃO e não de exclusão.
As hipóteses de exclusão são apenas duas, vamos recordar? Anistia e Isenção. B: Errado, o prazo de cinco anos para
a cobrança refere-se a prazo prescricional (prazo para se exigir o débito) e não decadencial. O prazo decadencial é
para lançamento do tributo após a ocorrência do FT. C: Alternativa correta, conforme a literalidade do art. 174,II do
CTN. D: a referida hipótese é de decadencia e não prescrição. Nesse sentido, o Art. 173. O direito de a Fazenda
Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício
seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; (...) Trata-se de regra geral da DECADÊNCIA.E:
Errado, as referidas normas sobre prescrição e decadência devem ser regulamentadas por meio de Lei Complementar
(Art. 146, III, a da CF/88).
CESPE/2015: A respeito da compensação tributária, julgue o seguinte item. De acordo com a jurisprudência
consolidada do STJ, é possível efetivar a compensação tributária a contribuinte devedor que tenha créditos,
por meio de medida liminar obtida na esfera judiciária. Errado, por aplicação da Súmula 212 do STJ.
COMENTÁRIOS: Conforme dispõe a Súmula 212 do STJ, “a compensação de créditos tributários não pode ser
deferida em ação cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipatória”.
Conteúdo 09:
O art. 183 do CTN inaugura um capítulo denominado “Garantias e Privilégios do Crédito Tributário” sem
diferenciar garantias de privilégios expressamente. Apesar disso, da análise dos respectivos dispositivos, é possível
extrair a necessária distinção (Ricardo Alexandre).
Assim, não obstante o CTN não proceder com a referida distinção, o professor Renato de Pretto expõe que
são conceitos distintos. Assim:
MANUAL CASEIRO
• Garantias direitos que o CT tem na hora de influenciar o patrimônio do devedor.
• Privilégios preferência do CT em detrimento dos demais créditos que possam eventualmente entrar em
conflito.
Corroborando ao exposto, vejamos o quadro esquematizado abaixo:
Garantias Privilégios
São garantias as regras que asseguram São privilégios as regras que põem o
direitos. Em matéria tributária, as crédito tributário numa posição de
garantias facilitam a entrada do Estado no vantagem quanto aos demais. (Ricardo
patrimônio particular para receber a Alexandre).
prestação relativa ao tributo. (Ricardo
Alexandre).
88
9.2 Natureza do Rol: garantias como rol não taxativo
O rol do CTN não é taxativo, pois podem ser criadas outras garantias e privilégios em razão da natureza e
das particularidades de cada tributo, desde que seja por lei (Princípio da Legalidade). O fato de ser atribuída ao
crédito uma garantia ou um privilégio não altera a sua natureza (crédito não deixará de ser tributário).
A enumeração das garantias que o CTN atribui ao crédito tributário não exclui outras que
sejam expressamente previstas em lei, em função da natureza ou das características do
tributo a que se refiram (CTN, art. 183). A lista, portanto, não é taxativa.
De acordo com o artigo 184 do CTN, em tese, qualquer patrimônio/renda do devedor se submete à execução
fiscal. Não se transpõe a pessoa do devedor, a dívida é de responsabilidade pessoal.
Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam
previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das
rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida,
inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade,
seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens
e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis.
Nesse sentido, conforme dispõe o art. 184 do CTN, respondem pelo pagamento do crédito tributário todos os bens
e rendas do sujeito passivo, espólio ou massa falida, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare
absolutamente impenhoráveis.
OBS: Certos patrimônios e rendas são imunes à execução fiscal – remuneração, imóvel familiar (exceção – art. 3º
da Lei nº 8.009/90 e art. 833, NCPC)
MANUAL CASEIRO
Ademais, cumpre destacar que a responsabilidade é pessoal: a responsabilidade objeto de discussão é de natureza
pessoal, de forma que, nos termos do dispositivo transcrito, todo o patrimônio do devedor responde pelo débito.
Nos moldes do art. 185 do CTN, ocorre presunção de fraude à execução fiscal, quando o devedor de dívida tributária
já inscrita em dívida ativa aliena ou onera seus bens ou rendas, não reservando recursos suficientes ao total
pagamento da dívida inscrita.
Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo,89
por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário
regularmente inscrito como dívida ativa.(Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados,
pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita.
Esquematizando
Súmula nº 375, STJ: o reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da
prova da má-fé do terceiro adquirente (para o âmbito processual civil tem aplicabilidade, mas não para o direito
tributário, em virtude do regramento específico pelo art. 185 do CTN. Nesse sentido, precedente do STJ:
O referido entendimento encontra-se previsto atualmente ao teor da Súmula 560 do STJ. Vejamos:
Súmula nº 560, STJ: a decretação da indisponibilidade de bens e direitos, na forma do art. 185-A do CTN, pressupõe
o exaurimento das diligências na busca por bens penhoráveis, o qual fica caracterizado quando infrutíferos o pedido
de constrição sobre ativos financeiros e a expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado, ao
Denatran ou Detran. (Primeira Seção, julgado em 09/12/2015)
Dessa forma, por se tratar de uma medida muito grave, a indisponibilidade de que trata o art. 185-A do CTN só pode
ser decretada pelo juiz se forem preenchidos três requisitos que podem ser extraídos da própria redação do
dispositivo. São eles:
✓ 1) Citação do devedor: A indisponibilidade só pode ser decretada se o executado já foi citado (“devidamente
citado”).
MANUAL CASEIRO
✓ 2) Inexistência de pagamento ou apresentação de bens à penhora no prazo legal: O art. 185-A afirma que
somente poderá ser determinada a indisponibilidade se o devedor, após ser citado, “não pagar nem apresentar
bens à penhora no prazo legal”.
✓ 3) Exaurimento das diligências na busca por bens penhoráveis: indisponibilidade só pode ser decretada se a
Fazenda Pública.
O CT possui uma garantia indireta estabelecida entre os arts. 191/192/193, posto que tem que comprovar em
determinados casos o pagamento do Tributo.
Art. 191. A extinção das obrigações do falido requer prova de quitação de todos os tributos.
(Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) 91
Art. 191-A. A concessão de recuperação judicial depende da apresentação da prova de
quitação de todos os tributos, observado o disposto nos arts. 151, 205 e 206 desta Lei.
(Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)
Art. 192. Nenhuma sentença de julgamento de partilha ou adjudicação será proferida sem
prova da quitação de todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas
Art. 193. Salvo quando expressamente autorizado por lei, nenhum departamento da
administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, ou dos Municípios, ou
sua autarquia, celebrará contrato ou aceitará proposta em concorrência pública sem que o
contratante ou proponente faça prova da quitação de todos os tributos devidos à Fazenda
Pública interessada, relativos à atividade em cujo exercício contrata ou concorre.
Para a extinção das obrigações do falido, a necessidade de quitação dos tributos. Porém, em sede de 2ª fase, a
Jurisprudência do STJ – entendeu que pode haver extinção das obrigações do falido sem quitar os tributos.
Precedente: STJ – Quarta Turma. Resp 834.932; Proc. 2006/0053594-4/MG. DJe 29/10/2015.
A declaração de extinção das obrigações do falido poderá referir-se somente às obrigações que foram habilitadas ou
consideradas no processo falimentar, não tendo, nessa hipótese, o falido a necessidade de apresentar a quitação dos
créditos fiscais para conseguir o reconhecimento da extinção daquelas suas obrigações, em menor extensão, sem
repercussão no campo tributário.
Sendo o art. 187 do CTN taxativo ao dispor que a cobrança judicial do crédito tributário não está sujeita a concurso
de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento, e não prevendo
o CTN ser a falência uma das causas de suspensão da prescrição do crédito tributário (art. 151), não há como se
deixar de inferir que o crédito fiscal não se sujeita aos efeitos da falência.
Desse modo, o pedido de extinção das obrigações do falido poderá ser deferido: i) em maior abrangência, quando
satisfeitos os requisitos da Lei falimentar e também os do art. 191 do CTN, mediante a “prova de quitação de todos
os tributos”; ou ii) em menor extensão, quando atendidos apenas os requisitos da Lei falimentar, mas sem a prova
de quitação de todos os tributos, caso em que as obrigações tributárias não serão alcançadas pelo deferimento do
pedido de extinção.
Recurso Especial parcialmente provido para julgar em menor extensão, sem repercussão no campo tributário.
Aplica-se na hipótese do art. 190 do CTN , relativamente aos privilégios do crédito tributário, as mesmas regras
descritas e explicadas do art. 189.
Art. 190. São pagos preferencialmente a quaisquer outros os créditos tributários vencidos
ou vincendos, a cargo de pessoas jurídicas de direito privado em liquidação judicial ou
voluntária, exigíveis no decurso da liquidação.
O art. 187 do CTN expõe a autonomia do crédito tributário (autonomia do executivo fiscal). Tanto é que não precisa
92
ser objeto de arrolamento em inventário ou partilha. O p. único, por sua vez, consagra uma ressalva.
Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou
habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento.
(Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)
Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de
direito público, na seguinte ordem:
I - União;
II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata;
III - Municípios, conjuntamente e pró rata.
Casos os entes federativos concorrentemente sejam credores do mesmo sujeito passivo deverá ser aplicada
a regra de preferência entre eles, prevista no artigo 187 do CTN e no artigo 29 da Lei de Execuções Fiscais, que
estabelece que a primeira a ter preferência é a União, seguida dos Estados e Municípios.
O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem:
a) união e suas autarquias; b) Estados, DF e Territórios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata; c) Municípios
e suas autarquias, conjuntamente e pro rata.
Súmula nº 563, STF: O concurso de preferência a que se refere o parágrafo único do art. 187 do Código Tributário
Nacional, é compatível com o disposto no art. 9º, inciso I, da Constituição Federal.
Precedente: STJ – REsp repetitivo nº 957836. “o crédito tributário de autarquia federal goza do direito de preferência
em relação àquele de que seja titular a Fazenda Estadual, desde que coexistente execuções e penhoras (...) consoante
a dicção do art. 187, §único, do CTN c/c art. 29, da Lei nº 6.830/80.
STF – AI 608769 AgR. “a vedação estabelecida pelo artigo 19, III, da Constituição (correspondente àquele do artigo
9º, I, da EC nº 1/69) não atinge as preferências estabelecidas por lei em favor da União.
Conteúdo 10:
O Código Tributário Nacional inaugura, a partir do seu art. 194, um Título denominado “Administração
Tributária”, em que constam principalmente regras formais acerca dos órgãos e agentes públicos responsáveis pela
transformação em atos concretos das regras abstratamente previstas nos demais títulos do diploma.
O referido título é dividido em três capítulos:
MANUAL CASEIRO
a) Fiscalização
b) Dívida Ativa
c) Certidão Negativa
Esquematizando
93
Fiscalização Tributária compreende os poderes das autoridades fiscais e também os deveres das autoridades
fiscais.
Os poderes das autoridades ficais são outorgados por legislação tributária.
As autoridades fiscais ostentam os seus poderes fiscais, não necessariamente existir uma lei para tanto, é
suficiente LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. A legislação tributária é gênero (lei/decreto/normas complementares e
tratados e convenção internacional, art. 96 do CTN).
Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições
legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos,
documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou
produtores, ou da obrigação destes de exibi-los.
Súmula nº 439, STF: estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado
o exame aos pontos objeto da investigação.
O artigo 197 contempla a possibilidade, dentro dos poderes das autoridades fiscais, de requisição de
informações de terceiros. O rol do inciso VII é meramente exemplificativo. O inciso II diz que as informações podem
ser requisitas de casas bancárias, entrando em choque com o sigilo bancário.
Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa
todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de
terceiros:
I - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício;
MANUAL CASEIRO
II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras;
III - as empresas de administração de bens;
IV - os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais;
V - os inventariantes;
VI - os síndicos, comissários e liquidatários;
VII - quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em razão de seu cargo, ofício,
função, ministério, atividade ou profissão.
Parágrafo único. A obrigação prevista neste artigo não abrange a prestação de informações
quanto a fatos sobre os quais o informante esteja legalmente obrigado a observar segredo
em razão de cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão.
OBS: Art. 6º, LC 105/01 – as autoridades e os agentes fiscais tributários da União, Estados, do DF e dos Municípios
94
somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas
de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em
curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.
O Fisco pode requisitar dos bancos o extrato bancário sem autorização judicial, de forma direta. O STF
reconheceu a constitucionalidade deste artigo 6º, pois não há quebra de sigilo bancário, existindo tão somente a troca
de dados bancários. Tem que existir procedimento administrativo em curso.
Sugestão de Estudo Complementar (Anexo)
http://www.dizerodireito.com.br/2016/02/a-receita-pode-requisitar-das.html
O STF entendeu ser constitucional o teor do art. 6º da Lei Complementar 105/2001, sob o argumento de que o
“repasse” das informações dos bancos para o Fisco não pode ser chamado de "quebra de sigilo bancário". Isso porque
as informações são passadas para o Fisco (ex: Receita Federal) em caráter sigiloso e permanecem de forma sigilosa
na Administração Tributária. Logo, é uma tramitação sigilosa entre os bancos e o Fisco e, por não ser acessível a
terceiros, não pode ser considerado violação (quebra) do sigilo.
Nesse sentido, o Informativo 815 do STF.
MANUAL CASEIRO
95
Logo após a constituição definitiva do crédito tributário, não havendo pagamento por parte do sujeito
passivo ou qualquer medida judicial ou administrativa que suspenda a exigibilidade do crédito tributário, cabe à
Fazenda Pública proceder à inscrição do crédito tributário em dívida ativa.
96
Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza,
regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo
fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular.
Parágrafo único. A fluência de juros de mora não exclui, para os efeitos deste artigo, a
liquidez do crédito.
A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de prova pré-
constituída. A presunção citada é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou do
terceiro a que aproveite.
A presunção, todavia, admite prova em contrário, sendo, portanto, relativa (CTN, art. 204, parágrafo único).
O CTN estabeleceu algumas informações de presença obrigatória no termo de inscrição da dívida ativa. São
informações essenciais para identificar o sujeito passivo, a fundamentação legal e a natureza da dívida, data de
inscrição. Nesse sentido, vejamos.
Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente,
indicará obrigatoriamente:
I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que possível,
o domicílio ou a residência de um e de outros;
II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;
III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que
seja fundado;
IV - a data em que foi inscrita;
V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito.
A ausência dos referidos requisitos ensejam nulidade, porém, as referidas nulidades podem ser sanadas até a decisão
de 1ª instância.
“Havendo erros ou omissão dos requisitos estabelecidos, será nula a inscrição e o processo
de cobrança dela decorrente. No entanto, a nulidade pode ser sanada até a decisão de
primeira instância, substituindo-se a certidão nula, e devolvendo ao sujeito passivo o prazo
para defesa, que somente versará sobre a parte modificada”.
OBS: art. 2º, §8º, Lei nº 6.830/80 c/c Súmula nº 392, STJ.
MANUAL CASEIRO
Até a decisão de primeira instância, a CDA poderá ser emendada ou substituída, assegurada ao executado a
devolução do prazo para embargos.
Conforme disposto na Súmula 392 do STJ não é possível que se altere o sujeito passivo da execução.
Súmula nº 392, STJ: a Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença
de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da
execução.
Súmula nº 558, STJ: em ações de execução fiscal, a petição inicial não pode ser indeferida sob o argumento da falta
de indicação do CPF e/ou RG ou CNPJ da parte executada.
Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a
existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido
efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa.
MANUAL CASEIRO
Art. 207. Independentemente de disposição legal permissiva, será dispensada a prova de
quitação de tributos, ou o seu suprimento, quando se tratar de prática de ato indispensável
para evitar a caducidade de direito, respondendo, porém, todos os participantes no ato pelo
tributo porventura devido, juros de mora e penalidades cabíveis, exceto as relativas a
infrações cuja responsabilidade seja pessoal ao infrator.
Art. 208. A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a
Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito
tributário e juros de mora acrescidos.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não exclui a responsabilidade criminal e funcional
que no caso couber.
Conteúdo 11:
98
11. PAF: Processo Administrativo Fiscal
No plano federal o Processo Administrativo Fiscal é regulado pelo Decreto nº 70.235/72. Esse Decreto foi
recepcionado pela CF de 88 como Lei Ordinária, é tanto que as alterações posteriores se deram através de lei
ordinária. A sua natureza jurídica é de Lei Ordinária.
Aqui se encontram normas processuais, portanto não é necessária lei complementar para regular o tema (Lei
Complementar é necessário para regulamentar as normas gerais sobre D. Tributário). No mais, cumpre destacar que
há incidência subsidiária no estudo do processo administrativo fiscal tributário da lei do processo administrativo
(Lei nº 9.784/99).
É possível que um sujeito passivo que está em dívida com o Fisco em decorrência de uma multa fiscal, decorrente
da fiscalização tributária, conforme estudado, a referida fiscalização deve ser igualmente deve ser documentada (art.
196, CTN – é dever das autoridades fiscais documentar o referido).
Prazo: em regra 120 dias, admitindo sucessivas prorrogações, sempre de forma documental. Trata-se do prazo,
em regra, da fiscalização tributária.
II - por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento
no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de
1997) (Produção de efeito)
MANUAL CASEIRO
III - por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada pela Lei nº
11.196, de 2005)
a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005)
b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. (Incluída pela
Lei nº 11.196, de 2005)
§ 1o Quando resultar improfícuo um dos meios previstos no caput deste artigo ou quando
o sujeito passivo tiver sua inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação
poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
III - uma única vez, em órgão da imprensa oficial local. (Incluído pela Lei nº 11.196, de
2005)
II - no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze
dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)
(Produção de efeito)
III - se por meio eletrônico: (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013)
b) na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no endereço eletrônico a ele atribuído
pela administração tributária, se ocorrida antes do prazo previsto na alínea a; ou (Redação
dada pela Lei nº 12.844, de 2013)
IV - 15 (quinze) dias após a publicação do edital, se este for o meio utilizado. (Incluído pela
Lei nº 11.196, de 2005)
§ 3o Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a
ordem de preferência. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)
I - o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e
(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
MANUAL CASEIRO
II - o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que
autorizado pelo sujeito passivo. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
§ 5o O endereço eletrônico de que trata este artigo somente será implementado com
expresso consentimento do sujeito passivo, e a administração tributária informar-lhe-á as
normas e condições de sua utilização e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
Etapas:
Com a ciência da autuação do contribuinte, este terá a opção de se defender, exercendo a ampla defesa e o
contraditório, nos moldes do art. 15 do Decreto.
Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se
fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da
data em que for feita a intimação da exigência.
O prazo para impugnação é de 30 dias de acordo com o art. 15 do decreto, conjugado com o art. 15 do NCPC –
determina a sua incidência de forma subsidiária e supletiva.
Em primeira instância, o julgamento é feito em primeira instância pelas Turmas da Delegacia da Receita
de Julgamentos. É cabível a interposição de recursos, e referidos são interpostos perante o CARF, Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais, no prazo de 30 dias.
-Art. 26-A, Decreto nº 70.235/72: no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento
afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de
inconstitucionalidade.
O prazo para julgamento do PAF está contido no art. 24 da Lei nº 11.457/07, indicando 360 dias como
limite. Caso não seja cumprido esse prazo, incidirá, por exemplo, correção monetária sob o crédito postulado.
a) Mandado de Segurança;
b) Ação de repetição do indébito
c) Ação anulatória de lançamento (pressupõe lançamento)
d) Ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária
e) Ação de consignação em pagamento
102
OBS: A lei de execução fiscal é aplicada para débitos tributários e também para débitos não tributários (por exemplo,
multa aplicada pelo PROCON).
OBS: A OAB é, atualmente, considerada um serviço público independente (STF), portanto, a cobrança da anuidade
da OAB não poderá ser feita por meio de execução fiscal, pois não é tributo. As regras devem ser observadas no que
dispõe o código de processo civil (pagamento de quantia certa). A contribuição da OAB não tem natureza tributária.
OBS: Art. 15, Lei nº 5.010/66 – nas Comarcas do interior onde não funcionar Vara da Justiça Federal (art. 12), os
Juízes Estaduais são competentes para processar e julgar: I – os executivos fiscais da União e de suas autarquias,
ajuizados contra devedores domiciliados nas respectivas Comarcas.
Esse artigo foi revogado pela Lei nº 13.043/14 (art. 75), portanto, não alcança as execuções fiscais da União
e de suas autarquias e fundações públicas ajuizadas na Justiça Estadual antes da vigência desta Lei.
Art. 75, Lei nº 13.042. A revogação do inciso I do art. 15 da Lei nº 5.010 de 30 de Maio de 1996, constante do inciso
IX do art. 114 desta Lei, não alcança as execuções fiscais da União e de suas autarquias e fundações públicas
ajuizadas na Justiça Estadual antes da vigência desta Lei.
- a novidade, porém, não tem efeito retroativo e, assim, não abrange os processos antes já ajuizados na Justiça
Comum.
Obs.: Os embargos na Execução fiscal devem ser opostos no prazo de 30 dias uteis.
OBS: os Embargos à Execução Fiscal pressupõem penhora (garantia). O STJ em recurso repetitivo, à luz do CPC
de 73, disse que a norma especial é a que deve ser aplicada. Hoje, cabe a penhora sobre seguro garantia (art. 9º, II,
Lei nº 13.043/14), ainda que em ações já propostas antes da entrada em vigor.
Para alguns processualistas, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica deve ser aplicado no
redirecionamento, já que previsto no NCPC.
MANUAL CASEIRO
A segunda doutrina diz que não há necessidade, pois no âmbito tributário os sócios têm responsabilidade tributária
sobre dívidas da empresa quando atuarem de maneira fraudulenta (art. 135, III, CTN).
(Foram aprovados 62 Enunciados por cerca de 500 magistrados durante o seminário O Poder Judiciário e o novo
Código de Processo Civil, realizado no período de 26 a 28 de agosto de 2015).
Enunciado nº 6 do FOREXEC 2015. A responsabilidade tributária regulada no art. 135 do CTN não constitui
103
hipótese de desconsideração da personalidade jurídica, não se submetendo ao incidente previsto no art. 133 do
CPC/2015.
Também são de competência do DF (art. 147, parte final, CF), pois tem competência tanto de Estado como
de Município.
➢ IPTU
➢ ITBI;
➢ ISS.
IPTU – Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana – art. 156, I, e §1º, CF e arts. 32 a 34 do CTN.
Cumpre recordamos que o lançamento do IPTU ocorre de maneira direta (sem qualquer participação do
contribuinte). Nesse sentido, a súmula do STJ. Vejamos:
Súmula nº 397, STJ: o contribuinte do IPTU é notificado do lançamento pelo envio do carnê ao seu endereço.
Em atenção ao art. 156, I da CF, o critério material do IPUT se constitui pelo fato de ser o proprietário de
imóvel urbano.
Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial
urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por
natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do
Município.
§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei
municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo
menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:
I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
II - abastecimento de água;
III - sistema de esgotos sanitários;
IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do
imóvel considerado.
MANUAL CASEIRO
§ 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana,
constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à
indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do
parágrafo anterior.
Dessa forma, temos que para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei
municipal, observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos dois dos itens
seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:
I – meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
II – abastecimento de água;
III – sistema de esgotos sanitários;
104
IV – rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
V – escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel
considerado.
Assim, a incidência deste imposto depende da localização do imóvel em zona urbana, se o imóvel encontrar-
se na zona rural teremos a incidência do ITR, de competência federal.
Cumpre destacar, que excepcionalmente, poderá ser utilizado como critério da a destinação do imóvel.
Nesse sentido, o IRT pode incidir em imóvel localizado em área urbana caso se destine à exploração de atividade
agrícola, vegetal, pecuária, agroindustrial (art. 15, do Decreto-Lei nº 57/66).
Segundo o art. 32 do CTN, o IPTU tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel
por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.
o Fato gerador: O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana
tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão
física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.
A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de
loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo
que localizados fora das zonas definidas nos termos especificados acima.
O devedor (sujeito passivo) do IPTU, pode ser, proprietário do imóvel, titular do seu domínio útil ou o possuidor a
qualquer título.
o Contribuinte (art. 34, CTN): Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio
útil, ou o seu possuidor a qualquer título.
Súmula nº 399, STJ: cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU.
MANUAL CASEIRO
o Base de Cálculo: A base de cálculo é o valor venal (valor de venda) dos imóveis.
Na determinação da base de cálculo, não se considera o valor dos bens móveis mantidos, em caráter
permanente ou temporário, no imóvel, para efeito de sua utilização, exploração, aformoseamento ou
comodidade.
Sua alíquota varia de um Município para outro, sendo admissível sua progressividade após a edição da Emenda
Constitucional 29/2000. O §1º do artigo 7º do Estatuto das Cidades (Lei 10.257/2001) estipula que a alíquota máxima
a ser aplicada para cobrança do IPTU progressivo no tempo é de 15%.
ITBI – Imposto sobre a transmissão de bens imóveis – art. 156, II, CF e arts. 35 a 42, CTN.
A Constituição Federal de 1988 estipulou que o ITCMD (imposto sobre a transmissão causa mortis ou
doação) competiria aos Estados e ao DF (art. 155, I), enquanto os municípios ficariam com o ITBI (art. 156).
105
O ITBI não incide sobre a transmissão dos bens ou direitos:
I – quando efetuada para sua incorporação ao patrimônio de pessoa jurídica em pagamento
de capital nela subscrito;
II – quando decorrente da incorporação ou da fusão de uma pessoa jurídica por outra ou
com outra.
A não-incidência não se aplica quando a pessoa jurídica adquirente tenha como atividade preponderante a
venda ou locação de propriedade imobiliária ou a cessão de direitos relativos à sua aquisição.
Para que tenhamos a incidência do ITBI há necessidade da efetiva transferência do bem imóvel, que se dará
pelo respectivo registro no cartório de registro de imóveis.
o Fato gerador: transmissão, por ato oneroso, de bens imóveis, excluindo-se a sucessão (causa mortis). Em
termos de legislação ordinária, o ITBI, sendo da competência dos Municípios, tem legislação própria para
cada um deles.
o Base de Cálculo: A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos.
ISS – Imposto sobre serviços de qualquer natureza – art. 156, III, CF e LC nº 116/2003 (expõe normas gerais do
ISS).
O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal,
tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa à Lei Complementar Federal 116/2003,
ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador.
MANUAL CASEIRO
A LC expõe normas gerais do ISS, isso significa que quando o município por meio de Lei institui o ISS,
deve obediência as normas da Constituição e as disposições da Lei Complementar.
Função do ISS Fiscal. É arrecadatória.
Lançamento do ISS É feito por homologação (quase tudo fica nas mãos do contribuinte/ classificação
feita com base a maior ou menor participação do contribuinte).
o Fato gerador: Listados da LC nº 116/2003 (leitura obrigatória).
Súmula nº 156, STJ: a prestação de serviço de composição gráfica, personalizada e sob encomenda, ainda que
envolva fornecimento de mercadorias, está sujeita, apenas, ao ISS.
106
Súmula nº 274, STJ: o ISS incide sobre o valor dos serviços de assistência médica, incluindo-se neles as refeições,
os medicamentos e as diárias hospitalares.
Súmula nº 163, STJ: o fornecimento de mercadorias com a simultânea prestação de serviços em bares, restaurantes
e estabelecimentos similares constitui fato gerador do ICMS a incidir sobre o valor total da operação.
Súmula Vinculante nº 31, STF: é inconstitucional a incidência do ISS sobre operações de locação de bens móveis.
o Local do serviço: O serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do estabelecimento prestador
ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas nos itens
I a XXII do artigo 3º da Lei Complementar 116/2003.
OBS: Anteriormente à edição da LC 116/2003, o STJ havia manifestado entendimento jurisprudencial que o local
de recolhimento do ISS seria onde são prestados os serviços. Leia a jurisprudência do Acórdão STJ 252.114-PR.
o Base de cálculo e alíquota: A Emenda Constitucional 37/2002, em seu artigo 3º, incluiu o artigo 88 ao Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias, fixando a alíquota mínima do ISS em 2% (dois por cento), a
partir da data da publicação da Emenda (13.06.2002).
A alíquota mínima pode ser reduzida para os serviços a que se referem os itens 32, 33 e 34 da Lista de
Serviços anexa ao Decreto-Lei nº 406, de 31 de dezembro de 1968.
A alíquota máxima de incidência do ISS foi fixada em 5% pelo artigo 8º, II, da Lei Complementar 116/2003.
OBS: O ISS não incide sobre as exportações de serviços para o exterior do País. São tributáveis os serviços
desenvolvidos no Brasil, cujo resultado aqui se verifique, ainda que o pagamento seja feito por residente no exterior.
Obs.: a lista da Lei Complementar 116/2003 é de natureza taxativa. Desse modo, só incide ISS sobre os serviços
estampados na referida.
ITCMD – Imposto sobre transmissões causa mortis e doações – art. 155, I e §1º, CF e arts. 35 a 42 do CTN.
MANUAL CASEIRO
O ITCMD tem feição não onerosa (gratuidade), sem qualquer contraprestação por parte daquele que recebe
o bem (doação ou sucessão causa mortis).
É feito por meio de lançamento por declaração (misto): conjugação de esforços do contribuinte e do fisco.
Nesse sentido e corroborando, a Súmula 114 do STF.
OBS: Não recepção da Súmula nº 435* do STF pela CF/88 – literal aplicação do teor do art. 155, §1º, da CF, é
dizer, relativamente a bens imóveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se processar o inventário ou
arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao DF.
*O imposto de transmissão causa mortis pela transferência de ações é devido ao Estado em que tem sede a
companhia/Estado em que se localiza o imóvel.
Súmula nº 331, STF: é legítima a incidência do imposto de transmissão causa mortis no inventário por morte
presumida.
o Fato gerador: é a transmissão causa mortis de imóveis e a doação de quaisquer bens ou direitos.
O imposto incide sobre o valor venal (de venda) da transmissão de qualquer bem ou direito havido:
I - por sucessão legítima ou testamentária, inclusive a sucessão provisória;
II - por doação.
Estão compreendidos na incidência do imposto os bens que, na divisão de patrimônio comum, na partilha ou
adjudicação, forem atribuídos a um dos cônjuges, a um dos conviventes, ou a qualquer herdeiro, acima da
respectiva meação ou quinhão.
o Contribuintes:
I - na transmissão "causa mortis": o herdeiro ou o legatário;
II - no fideicomisso: o fiduciário;
III - na doação: o donatário;
IV- na cessão de herança ou de bem ou direito a título não oneroso: o cessionário.
Súmula nº 113, STF: o ITCMD é calculado sobre o valor dos bens na data da avaliação.
IPVA – Imposto sobre a propriedade de veículos automotores – art. 155, III e §6º, CF.
É um imposto estadual pago anualmente pelo proprietário de todo e qualquer veículo automotor ao qual
seja exigido emplacamento. Do total arrecadado, 50% cabe ao Estado e 50% ao Município onde ocorreu o
emplacamento.
O único objetivo do IPVA é arrecadar dinheiro, e esse imposto é cobrado apenas de veículos que circulam
em terra, ou seja, não compreende nenhum outro tipo, como barcos, lanchas, e etc. O IPVA é cobrado anualmente,
e não tem relação nenhuma com a situação das estradas, ou das ruas, ele é apenas de uso fiscal.
O IPVA é cobrado mediante lançamento direto.
Não existe nenhuma especificidade acerca desse imposto no CTN pois ele nasceu com a CF de 88.
o Fato gerador: ser proprietário de veículo automotor terrestre, sendo necessário que na propriedade esteja
incluído o direito de uso regular do veículo, ou seja, o direito ao uso do veículo na finalidade para a qual foi
produzido. Cabe ainda ressaltar que o fato gerador do IPVA é anual.
OBS: Por jurisprudência do STF fica proibida a incidência do IPVA sobre quaisquer outros veículos que não os
automotores terrestres. RE 134.509/AM, o RE 255.111/SP e o RE 379.572/RJ.
o Contribuinte: é o proprietário do veículo, presumindo-se como tal a pessoa em cujo nome o veículo esteja
licenciado pela repartição competente.
o Base de cálculo e Alíquota: Terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal.
A alíquota do imposto sobre a propriedade de veículos automotores é fixa, sendo indicada por um valor
determinado, em referência ao ano de fabricação, à marca e ao modelo do veículo. A base de cálculo, é o
valor venal do veículo. O IPVA tem seu valor estabelecido em tabela divulgada pelos Estados, assim, tendo
em mãos a marca, o modelo e o ano de fabricação do veículo, é possível localizar o valor do imposto a ser
pago. Sendo assim, é inadequado falarmos em base de cálculo e alíquota, tendo em vista que não há cálculo.
Cada Estado, na lei instituidora do imposto, deve estabelecer suas alíquotas. Nos termos do artigo 155, § 6º,
da CF, IPVA terá suas alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal, podendo, ainda, possuir alíquotas
diferenciadas em razão do tipo e da utilização do veículo.
OBS: Com a Emenda Constitucional nº 42/2003, a mudança na base de cálculo do IPVA não necessita obedecer o
princípio da anterioridade nonagesimal, prevista no artigo 150, III, c, da CF. Segundo o artigo 150, § 1º, da CF, a
majoração da base de cálculo deste imposto somente observa a anterioridade do exercício seguinte.
ICMS – Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação – Lei complementar nº 87/96 (Lei Kandir), alterada
posteriormente pelas Leis Complementares 92/97, 99/99 e 102/2000. Art. 155, II, CF.
Tem função fiscal e tem como objetivo a arrecadação de receitas, mas não impede a aplicação do princípio
da seletividade. (art. 155, §2º, III, CF)
o Fato Gerador:
✓ Circulação de Mercadoras;
✓ Prestação de serviços de transporte intermunicipal;
✓ Prestação de serviço de transporte interestadual;
✓ Prestação de serviços de comunicação;
Súmula nº 573, STF: Não constitui fato gerador do imposto de circulação de mercadorias a saída física de máquinas,
utensílios e implementos a título de comodato.
Súmula nº 166, STJ: não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para
outro estabelecimento do mesmo contribuinte.
Súmula Vinculante nº 48: na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança do ICMS por
ocasião do desembaraço aduaneiro.
A conclusão exposta nesta SV 48 já era prevista em uma súmula “comum” do STF, a súmula 661 do STF (de
24/09/2003) e que tem a mesma redação. Tratando-se de lei editada recentemente, ainda que apenas ocorrendo a sua
conversão, sugere-se o estudo complementar da referida súmula.
Súmula nº 135, STJ: o ICMS não incide na gravação e distribuição de filmes e videoteipes.
Súmula nº 152, STJ: na venda pelo segurador, de bens salvados de sinistros, incide o ICMS.
Súmula nº 155, STJ: o ICMS incide na importação de aeronave, por pessoa física, para uso próprio.
Súmula nº 198, STJ: na importação de veículo por pessoa física, destinado a uso próprio, incide o ICMS.
Súmula nº 20, STJ: a mercadoria importada de país signatário do GATT é isenta do ICM, quando contemplado com
esse favor o similar nacional
Súmula nº 68, STJ: a parcela relativa ao ICM inclui-se na base de cálculo do PIS.
Súmula nº 80, STJ: a taxa de melhoramento dos portos não se inclui na base de cálculo do ICMS
Súmula nº 87, STJ: a isenção do ICMS relativa a rações balanceadas para animais abrange o concentrado e o
suplemento.
MANUAL CASEIRO
Súmula nº 95, STJ: a redução da alíquota do imposto sobre produtos industrializados ou do imposto de importação
não implica redução do ICMS.
Súmula nº 163, STJ: o fornecimento de mercadorias com a simultânea prestação de serviços em bares, restaurantes
e estabelecimentos similares constitui fato gerador do ICMS a incidir sobre o valor total da operação.
Súmula nº 334, STJ: o ICMS não incide no serviço dos provedores de acesso à Internet.
Súmula nº 391, STJ: o ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia elétrica correspondente à demanda de potência
efetivamente utilizada.
Súmula nº 395, STJ: o ICMS incide sobre o valor da venda a prazo constante da nota fiscal.
111
Súmula nº 431, STJ: é ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria submetido ao regime de pauta
fiscal.
Súmula nº 432, STJ: as empresas de construção civil não estão obrigadas a pagar ICMS sobre mercadorias adquiridas
como insumos em operações interestaduais.
Súmula nº 457, STJ: os descontos incondicionais nas operações mercantis não se incluem na base de cálculo do
ICMS.
Precedentes:
ICMS e “leasing”
Não incide o ICMS importação na operação de arrendamento mercantil internacional, salvo na hipótese de
antecipação da opção de compra na medida em que o arrendamento mercantil não implica, necessariamente,
transferência de titularidade sobre o bem. Com base nessa orientação, o Plenário, por maioria e em conclusão de
julgamento, desproveu recurso extraordinário em que se discutia a constitucionalidade da incidência de ICMS sobre
operações de importação de mercadorias, sob o regime de arrendamento mercantil internacional – Informativos 629
e 729. O Tribunal assinalou que a incidência do ICMS pressuporia operação de circulação de mercadoria.
STF - RE 540.829, rel. p/ o ac. min. Luiz Fux, j. 11-9-2014, P, DJE de 18-11-2014, com repercussão geral.
(...) Não incide o ICMS na operação de arrendamento mercantil internacional, salvo na hipótese de antecipação da
opção de compra, quando configurada a transferência da titularidade do bem. Consectariamente, se não houver
aquisição de mercadoria, mas mera posse decorrente do arrendamento, não se pode cogitar de circulação econômica.
STF - RE 572.020, rel. p/ o ac. min. Luiz Fux, j. 6-2-2014, P, DJE de 13-10-2014
TRIBUTÁRIO. ICMS. HABILITAÇÃO DE APARELHOS CELULARES
A lei geral de telecomunicações (art. 60, § 1º, da Lei 9.472/1997) não prevê o serviço de habilitação de telefonia
móvel como atividade-fim, mas atividade-meio para o serviço de comunicação. A atividade em questão não se inclui
na descrição de serviços de telecomunicação constante do art. 2º, III, da LC 87/1996, por corresponder a
procedimento tipicamente protocolar, cuja finalidade refere-se a aspecto preparatório. Os serviços preparatórios, tais
como habilitação, instalação, disponibilidade, assinatura, cadastro de usuário e equipamento, entre outros, que
configuram atividade-meio ou serviços suplementares, não sofrem a incidência de ICMS, posto serviços
disponibilizados de sorte a assegurar ao usuário a possibilidade do uso do serviço de comunicação, configurando
aqueles tão somente atividades preparatórias destes, não incidem ICMS. Inocorrência de violação aos arts. 2º; 150,
I; e 155, II, da CF/1988.
STF - RE 607.056, rel. min. Dias Toffoli, j. 10-4-2013, P, DJE de 16-5-2013, com repercussão geral. Vide AI
682.565 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 23-6-2009, 2ª T, DJE de 7-8-2009.
O fornecimento de água potável por empresas concessionárias desse serviço público não é tributável por meio do
ICMS. As águas em estado natural são bens públicos e só podem ser exploradas por particulares mediante concessão,
MANUAL CASEIRO
permissão ou autorização. O fornecimento de água tratada à população por empresas concessionárias,
permissionárias ou autorizadas não caracteriza uma operação de circulação de mercadoria.
STF - AI 682.565 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 23-6-2009, 2ª T, DJE de 7-8-2009.
RE 552.948 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 1º-6-2010, 1ª T, DJE de 6-8-2010.
Vide RE 607.056, rel. min. Dias Toffoli, j. 10-4-2013, P, DJE de 16-5-2013, com repercussão geral. Vide AI 297.277
AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 6-4-2010, 2ª T, DJE de 7-5-2010.
O STF fixou entendimento no sentido da ilegitimidade da cobrança de ICMS sobre água encanada, uma vez que se
trata de serviço público essencial e não mercadoria.
OBS: O imposto é não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de
mercadorias ou prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação com o montante
cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro Estado.
É assegurado ao sujeito passivo o direito de creditar-se do imposto anteriormente cobrado em operações de que
tenha resultado a entrada de mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento.
Tem função extrafiscal, com objetivo de estimular ou desestimular comportamentos, por razões de política
econômica, consistindo em importante instrumento para esta regulação.
O lançamento é feito por homologação/Autolançamento, ou seja, a lei determina o pagamento do tributo
antes de qualquer procedimento de fiscalização.
Não há incidência do princípio da anterioridade.
É imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos estrangeiros que tem como fato
gerador a entrada destes no território nacional. Tem como contribuinte o importador ou quem a lei a ele equiparar,
o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados.
Tem legalidade flexível, ou seja, dentro das alíquotas mínimas e máximas previstas na lei, decreto ou
qualquer outro ato do Poder Executivo, poderá estabelecer, aumentar ou diminuir a alíquota para ajustá-las aos
objetivos da política cambial e do comércio exterior.
Um dos principais motivos da extrafiscalidade do imposto de importação é proteger os produtos nacionais
da concorrência dos produtos estrangeiros. É plenamente justificável, pois, com os altos custos de produção
nacionais, é certo que o preço final seja maior do que os produtos oriundos de países estrangeiros.
o Fato gerador: entrada de produtos estrangeiros no território nacional. É mister ressaltar que, ao produto que
não se destina ao mercado nacional, mas tão somente de passagem pelo território, não se aplica o imposto
de importação.
MANUAL CASEIRO
É considerado o câmbio do dia do registro da declaração realizada, para a conversão do valor do produto, na
repartição fiscal aduaneira.
• Aspecto material: é caracterizado pela entrada física do produto estrangeiro no território nacional.
• Aspecto espacial: delimita o local onde a lei considera consumado o fato gerador. No tocante ao
imposto de importação, é o local onde a mercadoria encontra-se armazenada, sob o controle da
alfândega (o chamado território aduaneiro).
• Aspecto temporal: diz respeito à data de ocorrência do fato gerador, e é verificado na data do registro
do documento conhecido como “declaração de importação”.
o Contribuinte: é o importador, ou o equiparado por lei (Código Tributário Nacional, art. 22, “I”). No caso
de mercadorias apreendidas ou abandonadas, o contribuinte é o arrematante (Código Tributário Nacional,
art. 22, “II”).
113
o Base de cálculo e Alíquota: O Poder Executivo é o ente competente para a alteração das alíquotas do
imposto em comento, conforme Constituição, em seu artigo 153, §1º, dispositivo este que ainda estabelece
que serão respeitadas as condições e limites de lei.
A lei editada para a regulação destas condições e limites é a de nº 3.244/57, conforme Lei nº 8.085/90.
As normas para definir a base de cálculo do imposto de importação são de caráter geral, não podendo ser
calculadas a cada vez de forma diferente. Geralmente é considerado o valor constante na fatura comercial,
mas também é admitido o preço de referência, estipulado pelo Conselho de Política Aduaneira, e a pauta do
valor mínimo, estipulado pela Comissão Executiva do referido conselho.
No caso da alíquota específica, a base de cálculo corresponde àquela que prevê importâncias fixas, aplicável
aos modos de quantificação do produto importado, a base de cálculo é expressada pela quantidade de
mercadoria expressa em unidades de medida utilizadas pelo ordenamento, conforme ditame do Código
Tributário Nacional, art. 20, inciso I e art. 2o. do Decreto-Lei nº 37/66.
Já na alíquota ad valorem, a base de cálculo é o valor monetário da mercadoria, incidindo sobre este valor
um percentual.
O valor considerado é o que consta na fatura de comércio, expedida pelo país originário (artigo 20, inciso II
do Código Tributário Nacional).
Destaque-se que o Fisco tem a discricionariedade de aceitar ou não o preço indicado na fatura original,
podendo atribuir um preço com base no mercado interno, o chamado “preço normal”.
A alíquota mista combina os parâmetros utilizados em ambas as modalidades, quando por exemplo, atribui uma
porcentagem de R$50,00 (cinquenta reais) por kg.
No caso de produtos apreendidos ou abandonados, quando levados à leilão, a base de cálculo é o preço da
arrematação.
Imposto sobre exportação: de competência exclusiva da União. Art. 153, II, CF.
Uma de suas características é a cobrança com função fiscal e regulatória, não só na medida em que se presta
a arrecadação, mas também de acordo com a variação de suas alíquotas, à disciplina do fluxo de exportação.
O imposto de exportação não se sujeita ao princípio da anterioridade, podendo ser alterado no mesmo
exercício financeiro.
É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as
alíquotas do IE.
No CTN - No Código Tributário Nacional, encontramos as regras e as disciplinas para o imposto em seus
artigos 23 a 28.
MANUAL CASEIRO
Na legislação ordinária, temos o Decreto-lei nº. 1.578/77, que dispõe sobre o imposto de exportação.
o Fato gerador: O fato gerador se caracteriza com o fato material da saída de produto nacional, ou
nacionalizado, para outro país, qualquer que seja a finalidade de quem remete, e não com o negócio jurídico
da compra e venda do exportador para o estrangeiro.
Com exceção dos casos pessoais, como bagagens, estabelecidos no art. 23 do CTN e art. 1º do Decreto-Lei
nº 1.578/77, não importa que se trate de doação ou mercadoria do próprio remetente, o fato da saída para
fora do país ocasiona o fato gerador.
Considera-se ocorrido o fato gerador no momento da expedição da Guia de Exportação ou documento
equivalente.
O Poder Executivo relacionará os produtos sujeitos ao imposto.
o Contribuinte: é o exportador ou quem a lei a ele equiparar, considerada qualquer pessoa que promova a114
saída de produtos do território nacional, podendo também a lei equipar terceiro ao exportador. (art. 27 do
CTN e art. 5º do Decreto-Lei nº. 1.578/77).
o Base de cálculo e Alíquota: A base de cálculo do imposto é o preço normal que o produto, ou seu similar,
alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência no mercado
internacional, observadas as normas expedidas pelo Poder Executivo, mediante ato do Conselho Monetário
Nacional.
O preço à vista do produto, FOB ou posto na fronteira, é indicativo do preço normal.
Quando o preço do produto for de difícil apuração ou for susceptível de oscilações bruscas no mercado
internacional, o Poder Executivo, mediante ato do Conselho Monetário Nacional, fixará critérios específicos
ou estabelecerá pauta de valor mínimo, para apuração de base de cálculo.
Para efeito de determinação da base de cálculo do imposto, o preço de venda das mercadorias exportadas
não poderá ser inferior ao seu custo de aquisição ou produção, acrescido dos impostos e das contribuições
incidentes e de margem de lucro de quinze por cento sobre a soma dos custos, mais impostos e contribuições.
A lei pode adotar como base de cálculo a parcela do valor ou do preço excedente de valor básico, fixado de
acordo com os critérios e dentro dos limites por ela estabelecidos.
O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de
cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior.
Devido ao fato de que o equilíbrio da balança comercial depende fundamentalmente do esforço de
exportação e que o imposto é extrafiscal, o imposto é minimamente exigido, sendo comum o uso da alíquota
zero, pois o fator constitutivo do dever tributário não está na sua hipótese de incidência (ou fato gerador),
mas sim, no mandamento da norma de tributação.
A alíquota do imposto é de 30%, facultado ao Poder Executivo reduzi-la ou aumentá-la, para atender aos
objetivos da política cambial e do comércio exterior.
Em caso de elevação, a alíquota do imposto não poderá ser superior a 150%.
Renda é todo acréscimo patrimonial, todo ingresso líquido, em bens materiais, imateriais ou serviços
avaliáveis em dinheiro, periódico, transitório ou acidental, de caráter oneroso ou gratuito, que importe um
incremento líquido do patrimônio de determinado individuo, em certo período de tempo.
O fato gerador do imposto sobre a renda é AQUISICAO DE DISPONIBILIDADE ECONOMICA OU
JURÍDICA/Obtenção de renda.
o Fato gerador: art. 43, CTN.
A aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica.
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos;
MANUAL CASEIRO
II- de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no
item anterior.
o Contribuintes:
São contribuintes do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ):
I – as pessoas jurídicas;
II – as empresas individuais.
As disposições tributárias do IR aplicam-se a todas as firmas e sociedades, registradas ou não.
São contribuintes do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) as pessoas físicas domiciliadas ou residentes
no Brasil, titulares de disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza,
inclusive rendimentos e ganhos de capital, sem distinção da nacionalidade, sexo, idade, estado civil ou
115
profissão. A renda e os proventos de qualquer natureza percebidos no Brasil por residentes ou domiciliados
no exterior ou a eles equiparados estão sujeitos ao imposto de acordo com as disposições legais pertinentes
a) Montante real
b) Montante presumido
c) Montante arbitrado
➢ Princípios do IR:
Súmula nº 587, STF: incide IR sobre o pagamento de serviços técnicos contratados no exterior e prestados no Brasil.
Súmula nº 585, STF: Não incide o imposto de renda sobre a remessa de divisas para pagamento de serviços prestados
no exterior, por empresa que não opera no Brasil.
Súmula nº 586, STF: incide IR sobre os juros remetidos ao exterior, com base em contrato de mútuo.
Súmula nº 584, STF: ao IR calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício
financeiro em que deve ser apresentada a declaração.
Súmula nº 498, STJ: não incide IR sobre a indenização por danos morais.
Súmula nº 463, STJ: incide IR sobre os valores percebidos a título de indenização por horas extraordinárias
trabalhadas, ainda que decorrentes de acordo coletivo.
Súmula nº 447, STJ: os Estados e o DF são partes legítimas na ação de restituição de IR retido na fonte proposta por
seus servidores.
Súmula nº 386, STJ: são isentas de IR as indenizações de férias proporcionais e o respectivo adicional.
MANUAL CASEIRO
Súmula nº 262, STJ: incide IR sobre o resultado das aplicações financeiras realizadas pelas cooperativas.
Súmula nº 215, STJ: a indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não está
sujeita à incidência do IR.
Súmula nº 136, STJ: o pagamento de licença-prêmio não gozada por necessidade do serviço não está sujeito ao IR.
Súmula nº 125, STJ: o pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço não está sujeito à incidência do
IR.
Súmula nº 556, STJ: É indevida a incidência de imposto de renda sobre o valor da complementação de
aposentadoria pago por entidade de previdência privada e em relação ao resgate de contribuições recolhidas para
referidas entidades patrocinadoras no período de 1º/1/1989 a 31/12/1995, em razão da isenção concedida pelo art.
116
6º, VII, b, da Lei n. 7.713/1988, na redação anterior à que lhe foi dada pela Lei n. 9.250/1995.
Incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros. Suas disposições estão regulamentadas
pelo Decreto 7.212/2010. Tem finalidade extrafiscal, não funciona somente como receita.
O campo de incidência do imposto abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados
na Tabela de Incidência do IPI (TIPI), observadas as disposições contidas nas respectivas notas complementares,
excluídos aqueles a que corresponde a notação "NT" (não-tributado).
Se submete à legalidade flexível, suas alíquotas podem ser alteradas por mero ato do Poder Executivo.
Não se subordina ao princípio da anterioridade do exercício financeiro.
OBS: Novidade trazida pela EC 42/03 que é possibilidade da diminuição do impacto do IPI na hipótese de aquisição
de bens de capital. Pressupõe regulamentação por meio de lei ordinária federal.
Precedente:
STJ – EREsp 1.403.532/SC. Julgado em 14/10/2015 (recurso repetitivo). 118
Os produtos importados estão sujeitos a uma nova incidência do IPI quando de sua saída do estabelecimento
importador na operação de revenda, mesmo que não tenham sofrido industrialização no Brasil.
IOF – Imposto sobre operações financeiras – art. 153, V, CF e arts. 63 a 65, CTN (fazer leitura dos dispositivos
– constitucional e legal).
o Fato gerador: é a entrega do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à
disposição do interessado.
o Competência:
São responsáveis pela cobrança do IOF e pelo seu recolhimento ao Tesouro Nacional:
I - as instituições financeiras que efetuarem operações de crédito;
II - as empresas de factoring adquirentes do direito creditório;
III - a pessoa jurídica que conceder o crédito, nas operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos
financeiros.
➢ Não incidência:
Não se submetem à incidência do IOF as operações realizadas por órgãos da administração direta da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e, desde que vinculadas às finalidades essenciais das respectivas
entidades, as operações realizadas por:
I - autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
MANUAL CASEIRO
II - templos de qualquer culto;
III - partidos políticos, inclusive suas fundações, entidades sindicais de trabalhadores e instituições de educação e
de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei.
OBS: Incide IOF sobre o outro quando usado como ativo financeiro ou instrumento cambial. Se tratado como
mercado incide IPI, II, IE ou ICMS.
ITR – Imposto sobre a propriedade territorial rural – art. 153, VI, §4º, CF e arts. 29 a 31, CTN.
119
Considera-se imóvel rural a área contínua, formada de uma ou mais parcelas de terras, localizada na zona
rural do município. A legislação que rege o ITR é a Lei 9.393/1996 e alterações subsequentes.
A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio
procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal,
sujeitando-se a homologação posterior.
o Fato gerador: de apuração anual, tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel
por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano.
o Contribuinte: Contribuinte do ITR é o proprietário de imóvel rural, o titular de seu domínio útil ou o seu
possuidor a qualquer título.
O domicílio tributário do contribuinte é o município de localização do imóvel, vedada a eleição de qualquer
outro.
o Base de cálculo: art. 30, CTN. Valor da terra nua, independentemente das construções e benfeitorias feitas
no solo.
➢ Isenções:
São isentos do ITR:
I - o imóvel rural compreendido em programa oficial de reforma agrária, caracterizado pelas autoridades
competentes como assentamento, que, cumulativamente, atenda aos seguintes requisitos:
a) seja explorado por associação ou cooperativa de produção;
b) a fração ideal por família assentada não ultrapasse os limites estabelecidos no artigo anterior;
c) o assentado não possua outro imóvel.
II - o conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário, cuja área total observe os limites fixados no
parágrafo único do artigo anterior, desde que, cumulativamente, o proprietário:
a) o explore só ou com sua família, admitida ajuda eventual de terceiros;
b) não possua imóvel urbano.
OBS: O fenômeno da parafiscalidade trazida pela EC nº 42/2003, que possibilita que o município fiscalize e se
responsabilize pela cobrança do ITR no lugar da União, ficando com 100% da arrecadação nessa hipótese.
Sua criação dar-se por meio de lei complementar. Apesar de previsto na CF, ainda não possui
regulamentação.
MANUAL CASEIRO
o Fato gerador: Uma pessoa com patrimônio considerado grande fortuna pagaria sobre a totalidade de seus
bens uma alíquota de imposto. Em determinados projetos de lei apresentados no Senado Federal, as alíquotas
previstas são progressivas, ou seja, quanto maior o patrimônio, maior a porcentagem incidente sobre a base
de cálculo.
✓ Aspecto Material: ser titular de fortuna em valor superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais),
expressos em moeda de poder aquisitivo.
✓ Aspecto Temporal: em 1º de janeiro de cada exercício financeiro.
✓ Aspecto Pessoal: as pessoas físicas domiciliadas no País, o espólio e a pessoa física ou jurídica domiciliada
no exterior em relação ao patrimônio que tenha no país.
✓ Aspecto Quantitativo: é o valor do conjunto dos bens que compõem a fortuna, no Brasil ou no Exterior,
diminuído das obrigações pecuniárias do contribuinte, exceto as contraídas para a aquisição de bens
excluídos:
120
a) decorram rendimentos do trabalho assalariado ou autônomo, até o valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil
reais);
b) os objetos de antiguidade, arte ou coleção, nas condições e percentagens fixadas em lei;
c) outros bens cuja posse ou utilização seja considerada pela lei de alta relevância social, econômica ou
ecológica.
o Base de cálculo e Alíquota: Valor do conjunto dos bens que compõe a fortuna diminuído das obrigações
pecuniárias do contribuinte exceto as contraídas para a aquisição dos bens excluídos. A alíquota seria
progressiva e variável em razão do valor patrimonial.
❖ Progressão: Esta é a descrição da regra matriz de incidência do imposto sobre grandes fortunas no
Brasil com base no PLP 277/2008.
a) Até 2.000.000,00 = Isento
b) de 2.000.000,01 a 5.000.000,00 = 1%
c) de 5.000.000,01 a 10.000.000,00 = 2%
d) de 10.000.000,01 a 20.000.000,00 = 3%
e) de 20.000.000,01 a 50.000.000,00 = 4%
f) Mais de 50.000.000,00 = 5%
Impostos residuais ou inominados da União: art. 154, CF.
A definição de competência residual (também conhecida como remanescente), consiste no poder atribuído
à União de estabelecer, através de leis complementares, a cobrança de novos impostos, desde que não sejam
cumulativos aos que estão previamente descritos na Constituição.
Ao definir quais são os fatos possíveis de serem tributados, nos art. 153, 155 e 156, acaba por definir, por
via indireta, que nenhum outro fato pode ser tomado por fato gerador de impostos (sob pena de incompetência do
ente).
Não pode ter como base de cálculo nenhum fato gerador já definido no artigo 153 da CF.
Os impostos residuais, portanto, são impostos novos. Em outras palavras, são impostos diferentes dos
anteriores previstos na CF. Os requisitos para a criação dos impostos residuais estão estabelecidos no art. 154, I da
CF.
São três os requisitos:
1)Fato gerador e base de cálculo diferente dos já previstos (devem incidir sobre uma situação nova, sobre
um fato diferente dos já previstos nos art. 153, 155 e 156);
MANUAL CASEIRO
2)Aprovação por lei complementar (lei da espécie complementar exige maioria absoluta enquanto lei de
espécie ordinária exige maioria simples) e
3)Adoção do principio da não-cumulatividade. Obedecidos aos requisitos específicos definidos na CF, a
União, e somente a União, poderá criar tantos impostos quantos queira. Vale ressaltar a inexistência de tal
possibilidade para os Estados, DF e Municípios.
Aliado aos impostos residuais, a CF ainda define mais uma possibilidade tributária para a União, os
chamados impostos extraordinários. Como o próprio nome sugere, impostos extraordinários são impostos que
exigem, para sua instituição, uma situação extraordinária, excepcional.
Diante da declaração de guerra externa (ou sua iminência), a União (e somente a União) poderá, por lei121
ordinária, instituir um imposto de guerra (extraordinário). Estes impostos, por definição constitucional, poderão ter
por fato gerador qualquer situação, desde que típica de imposto (fato gerador não vinculado).
Importante perceber que no caso de impostos extraordinários, nada impede a União de utilizar fatos
geradores já utilizados. Isso quer dizer que poderá ser instituído um imposto extraordinário sobre a renda, sobre
prestação de serviços, sobre circulação de mercadorias e assim sucessivamente.
Garante o legislador, contudo, uma importante característica dos impostos residuais. Estes impostos são,
obrigatoriamente, temporários. Nos termos da própria CF, os impostos extraordinários devem ser gradativamente
suprimidos quando cessada sua cauda legitimadora.
Em outras palavras, celebrada a paz, a União deve, gradativamente, suprimir tal tributo. Nos termos do art.
76 do CTN, o tempo para sua supressão completa não pode ser superior a cinco anos.
-Destinação: foi concebido para destinar os recursos arrecadados ao financiamento de projetos ambientais,
programa de infraestrutura de transportes e pagamento de subsídio a preços ou transporte de combustíveis.
O texto constitucional não traz especificidades sobre as hipóteses de incidência das CIDEs, porém,
exterioriza detalhes afetos ao alcance da exação, consoante a dicção dos arts. 149, § 2º II e 177, § 4º, ambos
da CF.
- Contribuintes: o produtor, o formulador e o importador, pessoa física ou jurídica que realizem operações
de importação e de comercialização, no mercado interno de vários combustíveis, quais sejam: gasolina,
diesel; querosene de aviação e outros querosenes, óleos combustíveis etc.
- Base de cálculo: a unidade de medida legal para os produtos importados e comercializados no mercado
interno, enquanto as alíquotas são específicas (art. 5.º da Lei 10.336/01).
c) Contribuições Sociais:
Desde já, é importante destacar que, em 16 de março de 2007, publicou-se a Lei 11.457, unificando duas
Receitas – a Secretaria da Receita Federal e a Secretaria da Receita Previdenciária – em um único órgão, ou seja, a
Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB) ou Super-Receita.
Segundo o STF, entende-se como contribuições sociais:
✓ as contribuições sociais gerais (aquelas não destinadas à seguridade)
✓ a contribuição do salário-educação e as contribuições do Sistema S
✓ as contribuições de seguridade social (social-previdenciária)
✓ as contribuições nominadas, previstas no artigo 195, I a IV da CF
✓ as “outras” contribuições – chamadas contribuições residuais – art. 195, § 4º da CF
I. Características principais:
➢ Princípio da anterioridade – ver artigo 195, § 6º da CF - a contribuição para seguridade social será cobrada
90 dias após a publicação da lei que a instituiu ou modificou.
o Fato gerador: A entrada de bens estrangeiros no território nacional ou o pagamento, o crédito, a entrega, o
emprego ou a remessa de valores a residentes ou a domiciliados no exterior, como contraprestação por
serviço prestado (art. 3º da Lei 10.865/04).
o Contribuinte:
I) o importador, pessoa física ou jurídica, que promova a entrada de bens estrangeiros no território nacional
ou contrate serviços de residente ou domiciliado no exterior; e
II) o beneficiário do serviço, na hipótese em que o contratante também seja residente ou domiciliado no
exterior (art. 1º e § 1º da Lei nº 10.865/04)
o Base de cálculo:
I)o valor aduaneiro que servir de base para o cálculo do Imposto de importação acrescido do valor de ICMS
incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições, quando o fato gerador for a
entrada de bens estrangeiros no território nacional; ou
II) o valor pago ou creditado, entregue, empregado ou remetido para o exterior, antes da retenção do IR
acrescido do ISS e do valor das próprias contribuições incidentes na importação do serviço
MANUAL CASEIRO
* Contribuição sobre a Receita de Concursos de Prognósticos: Art. 195, III, da CF c/c art. 212 do Decreto nº
3.048/99.
o Contribuinte: Entidade que realiza o concurso de prognóstico (órgão do Poder Público ou organismos
privados).
o Base de cálculo: Receita líquida (total da arrecadação) ou a Receita Bruta (movimento global de apostas) do
concurso de prognósticos.
o Base de cálculo e Alíquota: Salário-de-contribuição (art. 214, I e II, do Decreto nº 3048/99). As alíquotas
variam de 8% a 11% (MPS n. 142/2007 e Portaria nº 48/2009).
O STF intitula outras contribuições aquelas que podem ser instituídas no plano da competência residual da
União, conforme o disposto no artigo 195, § 4º da CF e art. 154, I da CF.
Devem obedecer os seguintes parâmetros:
-instituição por lei complementar, vedando-se a utilização de medida provisória (art. 62, § 1º, III da CF);
- instituídas pela União
- respeito ao princípio da não cumulatividade.