METALURGIA DA SOLDAGEM
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
METALURGIA DA SOLDAGEM
A operação de soldagem causa alterações localizadas e bruscas de
temperatura no material sendo soldado
podem provocar mudanças estruturais e, portanto, nas propriedades do
material.
em geral, estas alterações se dão na forma de uma degradação nas
propriedades.
O que pode ter importantes implicações na futura utilização da peça
soldada.
FLUXO DE CALOR
mecânica)
FLUXO DE CALOR
Energia de soldagem – H
Quantidade de energia gerada pela fonte de calor por unidade de comprimento da junta
q q/t P
H
L L/t v
P VI
Onde:
q = calor gerado pela fonte VI
L = comprimento da junta
t = tempo de soldagem
H H = kJ/mm ou kJ/cm
P = potência (energia/tempo) v
v = velocidade de soldagem
V= Tensão
I = Corrente
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
FLUXO DE CALOR
Energia Líquida de Soldagem (Aporte Térmico) – HL
quantidade de energia transferida para a peça sendo soldada
H L H
= rendimento térmico ( 1)
O restante da energia, (1-η)H, representa as perdas do processo.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
FLUXO DE CALOR
Balanço térmico na soldagem por fusão
Entradas de Calor
fonte de calor utilizada (chama, arco, resistência de contato)
reações metalúrgicas exotérmicas (desoxidação do aço pelo Si)
Saídas de Calor
Condução através da peça
Condução através do eletrodo
Perdas por radiação e convecção
Reações Endotérmicas .
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
METALURGIA
FLUXO DE
DACALOR
SOLDAGEM
Estudo do fluxo de calor
Podemos simplicar a Solda em:
um ponto na superfície -(cordão de solda em uma chapa relativamente espessa)
-Fluxo tridimensional
uma linha que atravessa a chapa- soldagem de uma chapa fina com penetração total
-Fluxo Bidimensional
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
FLUXO DE CALOR
FLUXO DE CALOR
FLUXO DE CALOR
Ciclo Térmico da Soldagem
METALURGIA DA SOLDAGEM
Diagrama de Equilíbrio Fe-C
Abaixo de 727ºC
A Ferrita (α)-CCC e Cementita (Fe3C) são
fases estáveis.
METALURGIA DA SOLDAGEM
Diagrama de Equilíbrio Fe-C
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
METALURGIA DA SOLDAGEM
Fora do Equilíbrio Fe-C
Para maiores velocidades de Resfriamento a Temperatura na qual a austenita se forma cai.
Isso resulta em menor mobilidade atômica e maior dificuldade para se formar α e Fe3C,
resultando numa perlita mais fina.
Abaixo de 500ºC não se forma mais perlita, mas sim bainita (agulhas de ferrita com uma
fina dispersão de carbonetos) que geralmente aumenta a resitência mecânica.
Se a taxa de resfriamento for muito elevada se forma Martensita (TCC), fase metaestável
em forma de agulhas, muito dura e frágil.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
FLUXO DE CALOR
Influência dos Parâmetros Operacionais
Condutividade Térmica da Peça:
• Materiais de menor condutividade térmica dissipam o calor por condução mais
lentamente.
• Materiais de elevada condutividade térmica dissipam rapidamente o calor, dificultando
a fusão localizada e exigindo, em geral, fontes de calor mais intensas ou, em certos
casos, a utilização de pré-aquecimento para a obtenção de uma fusão adequada.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
FLUXO DE CALOR
Espessura da Junta:
• Uma junta de maior espessura permite um escoamento mais fácil do calor por condução.
Geometria da Junta
Influencia a velocidade de resfriamento de uma
solda de forma importante. Por exemplo, esta
velocidade será maior na soldagem de juntas em
T do que em juntas de topo,
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
METALURGIA DA SOLDAGEM
MACROESTRUTURAS DE SOLDAS POR FUSÃO
A – região misturada
B – região não misturada
C – região parcialmente fundida
CARACTERÍSTICAS
3. DILUIÇÃO
Absorção de gás pelo metal fundido (proteção de gás adequada, limpeza, eletrodos
secos, livre de correntes de ar)
Reação entre o gás e outros elementos da poça de fusão (poros ou fase insolúveis-
inclusões que reduzem ductilidade)
Evolução do gás durante o resfriamento e a solidificação da poça
Permanência do componente em solução na solda após a solidificação (formando
precipitados ou solução sólida super-saturada-reduz ductilidade)
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Paredes frias em contato com metal fundido podem fornecer sítios que
facilitam a nucleação ( como no caso de moldes de lingotes) pois o
metal líquido irá perder calor para essas “paredes”.
ZONA COLUNAR
taxa de nucleação reduzida –
ZONA CENTRAL
grãos equiaxiais –
favorecida pela maior
concentração de soluto e
impurezas e pelo resfriamento
do líquido no centro do molde.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Inoculantes
- Carbonetos e Nitretos de Titânio
- Alumínio e Nitrogênio
Meios mecânicos
- Oscilação ou vibração do eletrodo
- pulsação ou oscilação eletromagnética
do arco
- agitação da poça por ultrassom
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Fragilização – precipitação
de carbonetos ou
intermetálicos inter ou
intragranular
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
utilizar processos que permitam a execução da junta com uma menor energia de
soldagem e, portanto, com uma menor ZTA.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Pré-aquecimento.
Reduz Velocidade de Resfriamento
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Tensões residuais –
- são as tensões internas remanescentes na estrutura ao final do processo, após toda ela atingir a
temperatura ambiente.
Distorções –
- são mudanças permanentes de forma e dimensão
- podem ocorrer na estrutura como resultado de todo este processo.
- fonte comum de problemas na montagem de componentes soldados .
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
METALURGIA DA SOLDAGEM
TRINCAS (FISSURAS)
Trincas - um dos tipos mais graves de descontinuidade
Formam-se quando ocorre a associação de:
- tensões de tração;
- material fragilizado (incapaz de absorver as tensões por def. plástica)
METALURGIA DA SOLDAGEM
TRINCAS (FISSURAS)
Trincas a Quente
- ocorrem durante a soldagem com o material aquecido a altas temperaturas
acima da metade de sua temperatura liquidus ( em K)
Trincas de solidificação
Trincas por liquação na ZTA
Trincas por perda de ductilidade
Trincas a Frio
-ocorrem durante ou após a soldagem com o material em temperaturas
abaixo da metade de sua temperatura líquidus. (em K)
Trincas por hidrogênio (trincas a frio)
Decoesão lamelar
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
METALURGIA DA SOLDAGEM
Trincas a quente - Trincas de Solidificação
Características
-está associado com a presença de segregações que levam à formação de filmes
líquidos intergranulares, nas etapas finais da solidificação.
-aparece entre os contornos de grão, contornos interdendríticos ou entre células –
morfologia intergranular em relação à estrutura primária de solidificação.
-sua superfície apresenta-se geralmente oxidada, refletindo a sua alta temperatura de
formação.’
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
METALURGIA DA SOLDAGEM
Trincas a quente - Trincas de Solidificação
Mecanismo de Formação
METALURGIA DA SOLDAGEM
Trincas a quente - Trincas de Solidificação
Materiais Susceptíveis
- pode ocorrer na soldagem da maioria das ligas usadas industrialmente e com
todos os processos de soldagem. Mais comum em estruturas austeníticas.
Fatores influentes:
-capacidade do líquido de molhar os contornos de grão, isto é, a sua capacidade de se
espalhar, na forma de finos filmes.
o Manganês, que tende a globulizar os sulfetos, ajuda a prevenir a fissuração da solda em
aços por reduzir a molhabilidade dos sulfetos.
Fragilização pode ocorrer nas etapas finais do processo de solidificação, quando os grãos ainda
estão largamente separados por filmes de material líquido, existindo apenas poucos pontos de
contato entre os grãos.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
METALURGIA DA SOLDAGEM
METALURGIA DA SOLDAGEM
Trincas a quente - Trincas por Liquação na ZTA
Características
- formadas na ZTA, em regiões aquecidas a temperaturas próximas do sólidus
do metal base, e que são associadas com a formação, por diferentes causas,
de bolsões de material líquido nesta região.
- o líquido em contato com contornos de grão pode espalhar-se entre os grãos
na forma de um fino filme. Nestas condições, o material fica fragilizado e trincas
podem se formar no resfriamento, com o aparecimento de tensões trativas.
- ocorrem sempre próxima a linha de fusão
- apresentam aspecto serrilhado com ocorrência ao longo do contornos de grão
Materiais Susceptíveis
Aços austeníticos e ligas não ferrosas
Fatores influentes
Fusão de inclusões e precipitados durante o ciclo térmico de soldagem:
- inclusões de sulfetos
- carbonetos e carbonitretos
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
METALURGIA DA SOLDAGEM
Trincas a quente - Trincas por Liquação na ZTA
Em T3, acima da temperatura eutética, as
regiões da matriz mais enriquecidas em β
se transformam em líquido.
METALURGIA DA SOLDAGEM
Trincas a quente - Trincas por perda de ductilidade
Características
observadas a altas temperaturas sem a formação de fase líquida.
associada a perda de ductilidade a temperaturas elevadas
ocorre a menores temperaturas em relação as anteriores – mais distantes da
linha de fusão
Materiais Susceptíveis
aços cromo-níquel – estrutura completamente austenítica
ligas de níquel e cromo níquel
Fatores influentes
- segregação, durante exposição a temperaturas elevadas, de impurezas,
principalmente o fósforo, e de elementos de liga, como o níquel, para contornos
de grão.
- paralelamente, a ocorrência de precipitação no interior dos grãos causaria um
endurecimento destes concentrando os esforços nos contornos.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
METALURGIA DA SOLDAGEM
Trincas a frio - Trincas pelo Hidrogênio
Características
Fatores influentes
- ocorrem na presença simultânea de 4 fatores
1. presença de hidrogênio na região da solda
2. formação de microestrutura frágil de elevada dureza – (normalmente Martensita)
3. solicitação de tensões residuais e externas
4. temperatura adequada ( ocorre entre 100 e 200 °C)
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
METALURGIA DA SOLDAGEM
Trincas a frio - Trincas pelo Hidrogênio
Hidrogênio – mecanismo de difusão na região da solda
O H2 se decompõe na atmosfera do
arco liberando H atômico ou iônico(H+).
METALURGIA DA SOLDAGEM
Trincas a frio - Trincas por Decoesão Lamelar – trinca lamelar
Características
- ocorre no metal base (e às vezes na ZTA), em planos que são essencialmente
paralelos à superfície da chapa.
- é típica em soldas de vários passes em juntas em T feitas em chapas ou placas
laminadas de aço com espessura entre cerca de 12 e 60 mm.
- apresenta aparência típica em degraus.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
METALURGIA DA SOLDAGEM
Trincas a frio - Trincas por Decoesão Lamelar – trinca lamelar
Mecanismo de formação
- decoesão ou fissuração de inclusões alongadas, quando o material é submetido a
tensões de tração no sentido da espessura
- os vazios formados crescem e se unem por rasgamento plástico da matriz entre as
inclusões ao longo de planos horizontais e verticais
Forma de prevenção
-redução do teor de enxofre no aço e/ou adição de elementos de liga que tendem a tornar
as inclusões menos deformáveis (p.ex. Mn)
-Aliviar tensões:
- martelamento entre passes
- soldagem com processos de baixo hidrogênio.
- amanteigamento (Deposição de camada intermediária de alta ductilidade)
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
METALURGIA DA SOLDAGEM
Trincas em Serviço – Trincas de Fadiga
Características
METALURGIA DA SOLDAGEM
Trincas em Serviço – Trincas de Corrosão sob tensão
Características
- podem aparecer em soldas de diferentes materiais quando em contato com um dado
ambiente corrosivo.
- é facilitada pela presença de um nível elevado de tensões residuais.
- as trincas são ramificadas, podendo ser intergranulares ou transgranulares.
-o problema depende da microestrutura e presença de deformações plásticas no material.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
SOLDABILIDADE
Definição
AWS
- Capacidade de um material ser soldado nas condições de fabricação impostas por
uma estrutura específica projetada de forma adequada e de se comportar
adequadamente em serviço.
- A facilidade relativa com que uma solda satisfatória, que resulte em uma junta similar
ao metal sendo soldado, pode ser produzida.
Avaliação da junta
-Idealmente a junta deve apresentar: resistência mecânica, ductilidade, tenacidade,
resistência à fadiga e a corrosão uniformes ao longo da solda e similares às
propriedades do material adjacente
- na realidade apresentam descontinuidades
- importante conhecer os problemas relacionados ao tipo de material a ser soldado
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
SOLDABILIDADE
CE – deve ser calculado para a composição real do aço quando desconhecida usa-se os
maiores teores
% Mn % Mo %Cr % P % Ni %Cu
CE %C
6 4 5 3 15 15
Para soldagem com SMAW
CE < 0,40 - material facilmente soldável
- Acima deve-se utilizar processo de baixo hidrogênio com preaquecimento
CE > 0,60 – deve-se utilizar preaquecimento para juntas acima de 20 mm
CE > 0,90 – utilizar preaquecimento a elevadas temperaturas para todos os casos
SOLDABILIDADE
Soldagem dos aços baixo carbono e aço doce
- Incluem as séries AISI C-1008 e C-1025
- %C 0,10 e 0,25 - %Mn 0,25 e 1,5 - %P máximo 0,4 e %S máximo 0,5
- Aços mais comumente usados em fabricação e construção
- Facilmente soldáveis por qualquer processo a arco, gás ou resistência
SOLDABILIDADE
Soldagem dos aços alto carbono
SOLDABILIDADE
Soldagem dos aços inoxidáveis (excelente resistência à corrosão)
Basicamente ligas Fe-Cr ou Fe-Cr-Ni, podendo conter, ainda, elementos como C, N, Mo, Mn, Nb, Ti, etc, seja
como elementos de liga seja como residuais.
SOLDABILIDADE
SOLDABILIDADE
Soldagem dos aços inoxidáveis austeníticos
- Fáceis de soldar
- Apresentam maior coeficiente de expansão térmica (~45%), maior resistência
elétrica e menor condutividade térmica em relação aos aços carbono
- Para teores de C superior a 0,06% - precipitação de carbonetos nos contornos de
grão da ZTA – prejudica a resistência a corrosão
-Minimizar o problema recomenda-se soldar com maior Velocidade de soldagem.
- Menor corrente de soldagem em relação aos aços carbono
-devido a menor temperatura de fusão e menor condução de calor
- Maior tendência a distorção devido ao maior coeficiente de expansão térmica
-prever dispositivo de fixação e ponteamento adequado.
- Com solidificação completamente austenítica - sensível a trincas de solidificação
-onde não é possível estrutura austeno-ferritica (meios altamente corrosivos) – utiliza-se eletrodos
com baixo teores de enxofre e fosfóro e uma elevada relação Mn/S e procedimento de soldagem
que minimize o nível de tensões na soldagem
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
SOLDABILIDADE
Soldagem dos aços inoxidáveis ferríticos
SOLDABILIDADE
Soldagem dos aços inoxidáveis martensíticos
SOLDABILIDADE
Soldagem dos aços inoxidáveis duplex
SOLDABILIDADE
Soldagem dos aços inoxidáveis – Previsão da microestrutura
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
SOLDABILIDADE
Soldagem dos aços inoxidáveis – Possibilidade de Problemas
1 – trinca de
solidificação ou por
perda de ductilidade
acima de 1250 °C
1 2 – formação de fases
intermetálicas após
aquecimento entre 450 e
2 900 °C
3 – crescimento de grão na
5 ZTA
4 – fragilização e trincas
por formação de martensita
4
3 5 – Esta área não é atingida
por nenhum dos problemas
indicados.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
SOLDABILIDADE
Soldagem dos aços inoxidáveis – Exemplo
Como um exemplo, suponha-se que um aço inoxidável ferrítico ABNT430 (0,03%C, 0,9%Mn, 0,4%Si e
17,3%Cr) tenha sido soldado com um eletrodo AWS E309 (0,06%C, 0,7%Mn, 0,7%Si, 22,1%Cr e12,5%Ni).
A diluição foi de 30%. Qual a Microestrutura da Zona Fundida?
Exemplo:
Zona Fundida(ZF)
Austenita com 15% de Ferrita
Diagrama de Schaeffler mostrando os pontos correspondentes ao metal base (MB),
metal de adição (MA) e a solda (ZF) para uma diluição de 30%.