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FACULDADE DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA


CURSO DE ENGENHARIA DO AMBIENTE

Trabalho de Licenciatura

Avaliação das emissões e do desempenho de um motor-gerador


alimentado com biodiesel de Jatropha Curcas L. e misturas com diesel
fóssil

Autor: Supervisores:
Salvador Eugénio Mate Prof. Eng.º Lucrécio Biquiza
dr. Alberto Julião Macamo
Prof. Doutor Satoshi Kato (KIT – Japão)

Maputo, Setembro de 2015


UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
Curso de Engenharia do Ambiente

Trabalho de Licenciatura

Avaliação das emissões e do desempenho de um motor-gerador


alimentado com biodiesel de Jatropha Curcas L. e misturas com diesel
fóssil

Autor:
Salvador Eugénio Mate

Supervisores:
Prof. Eng.º Lucrécio Biquiza
dr. Alberto Julião Macamo
Prof. Doutor Satoshi Kato (KIT – Japão)

Maputo, Setembro de 2015


FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

TERMO DE ENTREGA DE RELATÓRIO DO TRABALHO DE LICENCIATURA

Declaro que o estudante ______________________________________________


entregou no dia ___/___/20__ as --- cópias do relatório do seu Trabalho de Licenciatura
com a referência:___________
intitulado:______________________________________________________________
______________________________________________________________________
___________________

Maputo, ____ de _________ de 20__

O Chefe de Secretaria
___________________________
Dedicatória

À minha mãe, minha fonte de LUZ e inspiração.

Dedico

i
Agradecimentos

Agradeço a Deus pela oportunidade e por me dar a força e perseverança


necessária para vencer os obstáculos que se fizeram presentes durante o
desenvolvimento deste trabalho de licenciatura.

Aos supervisores, o Prof. Eng.º Lucrécio Biquiza, o dr. Alberto Julião Macamo, o
Prof. Doutor Satoshi Kato e o Dr. Eng.º. Yoshimitsu Kobashi pelo apoio, confiança e,
sobretudo, pela dedicação e seriedade com que desempenharam sua função de
orientador durante o desenvolvimento deste trabalho.

Aos colegas Jesse Dombo, Sérgio Cossa, Kátia Boene, Josefina Ângelo pela
ajuda prestada durante os trabalhos laboratoriais.

Aos técnicos dos laboratórios do Departamento de Engenharia Química e ao


Eng.º Ngulele responsável do laboratório de produção de biodiesel.

A minha família por me incentivarem e apoiarem minhas escolhas. Pela


oportunidade, amor e carinho imenso, obrigado!!

A todos que de forma directa ou indirecta contribuíram para que a realização do


presente trabalho fosse possível o meu muito khanimambo.

ii
Resumo

Os problemas ambientais decorrentes do uso excessivo dos combustíveis fósseis


e a diminuição das reservas destes combustíveis, relacionada com o aumento do custo
de exploração e processamento evidenciam a necessidade da investigação e procura
de fontes alternativas para diversificar a matriz energética mundial. O uso de
combustíveis derivados da biomassa, em particular o biodiesel, tem sido apontado
como uma alternativa técnica capaz de minimizar estes problemas.
O presente trabalho de licenciatura teve como objectivo geral avaliar as emissões
e o desempenho de um motor-gerador alimentado por biodiesel de Jatropha Curcas L.
e misturas com diesel convencional em diferentes proporções. O biodiesel usado foi
produzido a partir da transesterificação metílica do óleo de Jatropha e procedeu-se a
sua caracterização físico-química (determinação de densidade, viscosidade,
estabilidade oxidativa e índice de acidez). Foram preparadas misturas de biodiesel e
diesel nas proporções de 20, 40, 60 e 80% de biodiesel. O motor gerador usado é da
marca Yanmar, modelo YDL 4200, e foi operado sob cinco condições de carga ao
gerador: sem carga, 750 W, 2000 W, 3000 W e 3750 W, usando como cargas resistivas
lâmpadas e fogões.
Para avaliação do desempenho do motor determinou-se o consumo volumétrico,
mássico e específico. Para a medição das emissões dos gases foram usados
analisadores da marca Horiba, modelo MEXA-584L para medição de monóxido de
carbono, hidrocarbonetos e dióxido de carbono, modelo MEXA-720-NOX para medição
de NOX e O2 e modelo MEXA-730-𝜆 para medição da razão ar-combustível. Para
determinação do material particulado emitido pelo motor-gerador foi usada um
analisador de fumos de marca Bacharach True Spot. Os resultados obtidos indicam
que o aumento da proporção de biodiesel na mistura promove o aumento do consumo
específico e das emissões de CO2 e CO além de reduzir a emissão dos fumos. O
aumento da proporção de biodiesel até 60% permitiu a redução das emissões de HC,
mas para proporções de biodiesel acima de 60% resulta em aumento das emissões.
Proporções de biodiesel acima de 80% resultaram em redução das emissões de NOX.

iii
Índice

Dedicatória ............................................................................................................................ i

Agradecimentos .....................................................................................................................ii

Resumo ................................................................................................................................ iii

Índice ....................................................................................................................................iv

Lista de símbolos e abreviaturas ......................................................................................... vii

Lista de Tabelas ................................................................................................................... x

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1

1.1. Objectivos do trabalho .............................................................................................2

1.2. Justificativa ..............................................................................................................2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 3

2.1. Diesel e biodiesel ....................................................................................................3

2.2. Óleo vegetal como matéria-prima para produção de biodiesel................................5

2.3. Produção de biodiesel a partir de sementes oleaginosas .......................................5

2.3.1. Extracção ..........................................................................................................5

2.3.2. Degomagem .....................................................................................................6

2.3.3. Neutralização ....................................................................................................7

2.3.4. Reacção de transesterificação ..........................................................................7

2.3.5. Purificação dos produtos...................................................................................9

2.4. Características e especificações de qualidade do biodiesel ....................................9

2.4.1. Densidade .........................................................................................................9

2.4.2. Viscosidade cinemática................................................................................... 10

2.4.3. Poder calorífico ............................................................................................... 10

2.4.4. Número de cetano .......................................................................................... 11

2.4.5. Índice de acidez .............................................................................................. 11

2.4.6. Estabilidade oxidativa ..................................................................................... 12

2.4.7. Especificações de qualidade do biodiesel....................................................... 12

iv
2.5. Jatropha curcas L. ................................................................................................. 12

2.6. Motores de ciclo diesel .......................................................................................... 14

2.6.1. Processo de combustão.................................................................................. 15

2.6.2. Emissões do motor a diesel ............................................................................ 15

3. PARTE EXPERIMENTAL ........................................................................................... 20

3.1. Produção de biodiesel a partir de sementes de Jatropha ...................................... 20

3.1.1. Extracção do óleo de Jatropha ....................................................................... 20

3.1.2. Degomagem do óleo de Jatropha ................................................................... 21

3.1.3. Neutralização do óleo de Jatropha degomado................................................ 23

3.1.4. Transesterificação do óleo de Jatropha neutralizado ...................................... 25

3.2. Biodiesel e suas misturas com diesel .................................................................... 27

3.3. Determinação das propriedades físico-químicas ................................................... 28

3.3.1. Determinação da densidade ........................................................................... 28

3.3.2. Determinação da viscosidade cinemática ....................................................... 29

3.3.3. Determinação do índice de acidez .................................................................. 30

3.3.4. Determinação da estabilidade oxidativa .......................................................... 31

3.4. Ensaios no motor-gerador ..................................................................................... 32

3.4.1. Procedimento para avaliação das emissões e do desempenho ..................... 35

3.4.2. Ensaio de desempenho do motor ................................................................... 35

3.4.3. Medição de monóxido de carbono, hidrocarbonetos e dióxido de carbono .... 37

3.4.4. Medição de óxidos de nitrogénio, oxigénio e razão ar-combustível ................ 37

3.4.5. Medição dos fumos ......................................................................................... 38

3.4.6. Análise estatística dos dados .......................................................................... 38

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 39

4.1. Propriedades físico-químicas ................................................................................ 39

4.1.1. Resultados de densidade................................................................................ 39

4.1.2. Resultados de viscosidade cinemática ........................................................... 40

4.1.3. Resultados de índice de acidez ...................................................................... 41


v
4.1.4. Resultados de estabilidade oxidativa .............................................................. 42

4.2. Desempenho do motor-gerador para diferentes combustíveis testados ............... 43

4.2.1. Consumo específico do combustível............................................................... 43

4.2.2. Razão ar-combustível ..................................................................................... 45

4.3. Resultados das emissões do motor-gerador ......................................................... 47

4.3.1. Emissão de dióxido de carbono ...................................................................... 47

4.3.2. Emissão de monóxido de carbono .................................................................. 49

4.3.3. Emissão de hidrocarbonetos........................................................................... 50

4.3.4. Emissão de óxidos de nitrogénio .................................................................... 52

4.3.5. Concentração de oxigénio nos gases de escape ............................................ 54

4.3.6. Emissão de fumos .......................................................................................... 55

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..................................................................... 57

5.1. Conclusões ............................................................................................................ 57

5.1. Recomendações.................................................................................................... 58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 58

Anexos ............................................................................................................................... 64

vi
Lista de símbolos e abreviaturas

AGL : Ácidos gordos livre

ASTM : American Society for Testing and Materials Standards

B0 : Diesel fóssil

B20 : Mistura de 20% de biodiesel e 80% de diesel

B40 : Mistura de 40% de biodiesel e 60% de diesel

B60 : Mistura de 60% de biodiesel e 40% de diesel

B80 : Mistura de 80% de biodiesel e 20% de diesel

B100 : Biodiesel puro

Cesp : Consumo especifico de combustível

Cm : Consumo mássico de combustível

Cv : Consumo volumétrico de combustível

EN : Norma Europeia

FAME : Ésteres metílicos de ácidos gordos

HC : Hidrocarbonetos

JC : Jatropha Curcas Lin

KIT : Kanazawa Institute of Technology

MP : Material particulado

NOx : Óxidos de nitrogénio (NO + NO2)

PEB : Política e Estratégia de Biocombustíveis

vii
Lista de Figuras

Figura 2.1: Consumo de combustíveis líquidos em Moçambique no ano de 2006 ...............3


Figura 2.2: Planta de Jatropha Curcas ............................................................................... 13
Figura 3.1: Forno rotativo e Máquina de prensagem .......................................................... 21
Figura 3.2: Fluxograma do processo de extracção e degomagem do óleo de Jatropha .... 22
Figura 3.3: Unidade de degomagem .................................................................................. 23
Figura 3.4: Fluxograma do processo de neutralização ....................................................... 24
Figura 3.5: Unidade de Neutralização ............................................................................... 25
Figura 3.6: Fluxograma do processo de transesterificação do óleo de Jatropha................ 26
Figura 3.7: Unidade de transesterificação .......................................................................... 27
Figura 3.8: Amostras preparadas. ...................................................................................... 27
Figura 3.9: Material para a determinação da densidade..................................................... 29
Figura 3.10: Equipamento para determinação da viscosidade cinemática. ........................ 30
Figura 3.11: Aparato experimental para determinação do índice de acidez. ...................... 31
Figura 3.12: Mecanismo de oxidação acelerada no Rancimat e aparelho Rancimat ......... 32
Figura 3.13: Motor-gerador usado nos ensaios .................................................................. 33
Figura 3.14: Sistema de cargas ligado ao motor-gerador ................................................... 35
Figura 3.15: Sistema de alimentação de combustível ........................................................ 34
Figura 3.16: Medição do combustível de retorno. ............................................................... 36
Figura 3.17: Alicate multímetro usado para a medição da corrente eléctrica ..................... 37
Figura 3.18: Analisadores de gases. .................................................................................. 38
Figura 3.19: Analisador de Fumos de marca Bacharach True Spot ................................... 38
Figura 4.1: Variação da densidade com a fracção de biodiesel ......................................... 39
Figura 4.2: Variação da viscosidade com a fracção de biodiesel ....................................... 41
Figura 4.3: Variação do índice de acidez com a fracção de biodiesel ................................ 42
Figura 4.4: Variação do tempo de indução com a fracção do biodiesel.............................. 43
Figura 4.5: Variação do consumo específico do combustível com a carga ........................ 44
Figura 4.6: Variação do consumo específico do combustível com a fracção de biodiesel . 45
Figura 4.7: Variação da razão ar-combustível com a carga aplicada ................................. 46
Figura 4.8: Variação da razão ar-combustível com a fracção de biodiesel......................... 47
Figura 4.9: Variação das emissões de dióxido de carbono com a carga aplicada ............. 48
Figura 4.10: Emissões de dióxido de carbono em função a proporção de biodiesel .......... 48
Figura 4.11: Variação das emissões do monóxido de carbono com a carga aplicada ....... 50

viii
Figura 4.12: Emissões de monóxido de carbono em função fracção de biodiesel ............. 50
Figura 4.13: Emissões de hidrocarbonetos em função da carga ........................................ 51
Figura 4.14: Variação da emissão de hidrocarbonetos com a fracção de biodiesel ........... 52
Figura 4.15: Variação das emissões de óxidos de nitrogénio com a carga aplica .............. 53
Figura 4.16: Variação das emissões de óxidos de nitrogénio com a proporção de
biodiesel ............................................................................................................................. 54
Figura 4.17: Emissão do oxigénio em função da carga aplicada ........................................ 55
Figura 4.18: Emissão do oxigénio em função da proporção de biodiesel ........................... 55
Figura 4.19: Emissão de fumos pelo motor-gerador ........................................................... 56

ix
Lista de Tabelas

Tabela 1: Designação das amostras preparadas ............................................................... 28


Tabela 2: Características do motor de combustão interna ................................................. 33
Tabela 3: Características do gerador.................................................................................. 33

x
1. INTRODUÇÃO

A maior parte da energia consumida no mundo provém de combustíveis fósseis


(petróleo, carvão mineral e gás natural), que constituem fontes não renováveis e
limitadas de energia. A diminuição de reservas destes combustíveis, relacionada com o
aumento do custo de exploração e processamento, evidenciam a necessidade de
investigação e procura de fontes alternativas para diversificar a matriz energética
mundial (Gauer, 2012).

Além do eventual esgotamento das reservas de petróleo e os seus reflexos na


economia, também é preciso considerar os aspectos ambientais. O uso de
combustíveis fósseis é a principal causa do aumento da concentração de gases com
efeito estufa na atmosfera. O agravamento do efeito estufa desestabiliza o equilíbrio
energético do planeta, originando o fenómeno do aquecimento global (Baird, 2002).

A deterioração da qualidade do ar, principalmente em ambientes urbanos e as


chuvas ácida, são outros problemas ambientais relacionados com o uso de
combustíveis fósseis que tem despertado atenção de cientistas para a importância das
pesquisas relacionadas com esta temática, de modo a propor soluções e medidas
mitigadoras para os impactos causados no ambiente e na saúde humana.

O uso de combustíveis derivados da biomassa (biocombustíveis) em particular o


biodiesel, tem sido apontado como uma alternativa técnica capaz de minimizar estes
problemas. O biodiesel é uma fonte renovável de energia produzido a partir da
transformação química de óleos e gorduras animais ou vegetais. A utilização de
biodiesel, ou de misturas deste com o diesel de petróleo apresenta inúmeras vantagens
ambientais como a redução nas emissões atmosféricas, de gases nocivos e com efeito
estufa, nomeadamente, CO2, CO, HC e material particulado.

O presente trabalho visa avaliar a viabilidade técnica e ambiental da utilização do


biodiesel puro e suas misturas com diesel convencional em um motor-gerador a diesel,
determinando as emissões e o desempenho do mesmo.

Esta pesquisa foi realizada no âmbito do Projecto de Produção Sustentável de


Biodiesel a partir de Jatropha. É um projecto de cooperação entre a Universidade
Eduardo Mondlane, Kanazawa Institute of Technology, Universidade de Tokyo e
Universidade de Kurume com o financiamento da Agência Japonesa de Cooperação
Internacional (JICA).

1
1.1. Objectivos do trabalho

O presente trabalho de Licenciatura tem como objectivo geral avaliar as emissões


e o desempenho de um motor-gerador alimentado por biodiesel de Jatropha Curcas L.
e suas misturas com diesel de origem fóssil em diferentes proporções.

Especificamente objectiva-se:
 Produzir biodiesel a partir da transesterificação do óleo de Jatropha Curcas;
 Determinar as propriedades físico-químicas do diesel, biodiesel e suas misturas;
 Quantificar as emissões dos gases inorgânicos (CO, CO2, NOx) e orgânicos (HC)
para o diesel, biodiesel e misturas, sob diferentes condições de operação do motor-
gerador;
 Quantificar as emissões de fumos para o diesel, biodiesel e suas misturas, sob
diferentes condições de operação do motor-gerador;
 Determinar o consumo específico do motor-gerador, para os combustíveis diesel,
biodiesel e suas misturas.

1.2. Justificativa

A utilização de biodiesel puro ou de suas misturas com diesel convencional em


motores a diesel exige uma análise técnica, económica e ambiental.

Com o objectivo de reduzir a dependência do país em relação aos combustíveis


fósseis importados, reduzir a factura paga na importação bem como de criar uma nova
fonte de renda para a população rural, Moçambique iniciou o cultivo de matérias-primas
para a produção de biodiesel e conta com vários projectos neste âmbito.

Estudos demostram que o motor de ciclo diesel só está apto a trabalhar, sem
modificação, com misturas contendo até 20% de biodiesel (B20). Percentuais acima de
20% encontram entraves técnicos e requerem avaliações mais elaboradas quanto ao
desempenho, ao consumo específico e às emissões do motor.

Se forem considerados os aspectos mencionados acima, um estudo do


desempenho e das emissões de motores de ciclo diesel acoplados a geradores,
submetidos a diversas solicitações de carga e operando com várias misturas de diesel
e biodiesel, é justificável e necessário. Isto porque os resultados experimentais
fornecerão dados para consulta, tomada de decisão sobre que mistura a usar e para
inspiração de propostas de optimização ou modificação do sistema de funcionamento
dos motores.

2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Diesel e biodiesel

Diesel ou gasóleo é um combustível de composição complexa derivado da


destilação do petróleo bruto, constituído basicamente por hidrocarbonetos e, em menor
quantidade por substâncias cuja fórmula química contém átomos de enxofre e
nitrogénio. É um produto inflamável, medianamente tóxico, volátil, límpido, isento de
material em suspensão e com odor forte e característico (Ferreira et al., 2008).

O óleo diesel é utilizado em motores de combustão interna e ignição por


compressão (motores do ciclo diesel) empregados nas mais diversas aplicações, tais
como: automóveis, pequenas embarcações marítimas, máquinas de grande porte,
locomotivas, navios e aplicações estacionárias (geradores eléctricos).

Dados do Ministério de Energia de Moçambique mostram que o diesel é o


combustível líquido mas consumido internamente, representando cerca de 66% (Figura
2.1). Como o país importa a totalidade das suas necessidades de combustíveis líquidos
a produção de biodiesel constitui uma alternativa para a diversificação da matriz
energética nacional e redução da dependência externa.

Figura 2.1: Consumo de combustíveis líquidos em Moçambique no ano de 2006


(Ecoenergy, 2008)

Segundo Silva e Freitas (2008), biodiesel é um combustível biodegradável,


oriundo de fontes renováveis como óleos vegetais ou gorduras animais. O biodiesel
pode ser utilizado em mistura em diferentes proporções ao diesel mineral ou puro.
Biodiesel é um éster metílico ou etílico produzido a partir de conversão química,

3
reacção de transesterificação de óleos vegetais ou animais com um álcool, na
presença de um catalisador e com qualidade de combustível para motores diesel.

O biodiesel é definido como um substituto natural do diesel convencional,


ambientalmente correcto, constituído de uma mistura de ésteres metílicos ou etílicos de
ácidos gordos (Parente, 2003; Ramos at al., 2011).

O primeiro motor a diesel que funcionou de forma eficiente foi criado em Agosto
de 1893 por Rudolph Diesel, em Augsburg, na Alemanha, e por isso recebeu o seu
nome. No entanto os primeiros indícios do uso de óleos vegetais em motores diesel
registaram se na exposição de Paris de 1900, onde, a companhia francesa Otto
demonstrou o funcionamento de um pequeno motor diesel utilizando óleo de amendoim
como combustível, tendo sido esta experiência tão bem sucedida que apenas alguns
dos espectadores notaram o facto (Knothe et al., 2005).

Inicialmente, os óleos vegetais foram testados como combustíveis na sua forma in


natura, porém, devido à sua alta viscosidade sérios problemas operacionais ocorreram,
como: (a) aparecimento de gomas durante o armazenamento dos óleos e diminuição
da eficiência de lubrificação, devido às reacções de oxidação e polimerização dos
mesmos (principalmente no caso de óleos insaturados); (b) obstrução dos filtros de
óleo e bicos injectores resultando em pulverização incorrecta devido a alta viscosidade
e densidade dos óleos vegetais; (c) diluição parcial do combustível no lubrificante
devido a combustão incompleta (o combustível não queimado pode escorrer através
das paredes dos cilindros, indo misturar–se ao óleo lubrificante); (d) formação
excessiva de depósitos de carbono devido a combustão incompleta; e (e) produção de
acroleína durante a combustão, uma substância altamente tóxica e cancerígena,
formada pela decomposição térmica do glicerol (Knothe et al., 2005; Ramos et al.,
2011). Estes problemas comprometem a durabilidade do motor e aumentam os custos
de manutenção. Neste sentido, a conversão de óleos vegetais em ésteres (biodiesel)
representa uma solução para o problema da viscosidade dos óleos vegetais. Os
ésteres metílicos ou etílicos apresentam viscosidades cinemáticas na ordem de 4 a 5
mm2.s-1, muito próximas das do diesel convencional, que apresenta valores de 1.8 a
3.0 mm2.s-1, enquanto os óleos vegetais apresentam valores na ordem de 27 a 35
mm2.s-1 (Ramos et al., 2011)

Em Moçambique a Política e Estratégia de Biocombustíveis (PEB) aprovada pela


Resolução Nº 22/2009 de 21 de Maio, é um instrumento legal que define as linhas de

4
orientação política e medidas de maior relevância para a área de biocombustíveis para
além de dar orientações para a produção, consumo e comercialização dos
biocombustíveis no país. Nesta política, a Jatropha curcas e o coco são definidos como
materiais primas principais para a produção de biodiesel.

O Decreto 58/2011- Regulamento de biocombustíveis e suas misturas, estabelece


ainda os mecanismos de controlo, armazenamento, comercialização e fornecimento de
biocombustíveis. Estabelece as metas relativas aos percentuais de misturas
obrigatórias, para o biodiesel na mistura com o diesel, 3%, de Janeiro de 2012 até 31
de Dezembro de 2015; 7,5%, de Janeiro de 2016 até 31 de Dezembro de 2015; e 10%,
a partir de Janeiro de 2021.

2.2. Óleo vegetal como matéria-prima para produção de biodiesel

Os óleos são formados por ácidos gordos que podem ser encontrados livres ou
preferencialmente combinados. Na forma combinada, seus derivados são normalmente
encontrados como monoglicerídeos, diglicerídeos e triglicerídeos (Ramalho, 2013).

Os triglicerídeos são formados por meio da reacção entre a glicerina e três ácidos
gordos (ácidos carboxílicos de cadeias longas, com 12 ou mais átomos de carbono)
(Tapanes, 2008). São os principais constituintes dos óleos (mas de 95%), podem ser
simples quando um único tipo de ácido gordo está presente, ou composto quando
ácidos gordos que compõem o triglicerídeo são diferentes (Reda e Carneiro, 2007
citado por Marques, 2012).

2.3. Produção de biodiesel a partir de sementes oleaginosas

A primeira etapa para a produção de biodiesel a partir de sementes oleaginosas


consiste na extracção do óleo e procede-se o pré-tratamento do mesmo (degomagem e
neutralização).

2.3.1. Extracção

Dois métodos principais são empregues para extrair o óleo das sementes
oleaginosas: a prensagem mecânica e a extracção por solvente.

A prensagem mecânica consiste em usar uma máquina de exercer pressão


(prensa) sobre as sementes oleaginosas, a fim de remover o óleo. O aquecimento é
frequentemente empregue para preparar as oleaginosas para a prensagem mecânica.
Os principais benefícios do aquecimento estão relacionados ao aumento na

5
capacidade de extracção e no rendimento, além de eliminar a toxidade ou constituintes
não desejados do óleo ou da torta (Wiesenborn et al., 2002). O aumento no rendimento
deve-se à quebra ocorrida nas células de óleo, pela coagulação de proteínas e pela
diminuição da viscosidade do óleo que torna seu fluxo mais fácil (Ward, 1976).

Na extracção por solvente os componentes contidos na semente são extraídos


dissolvendo-os em um solvente líquido. Este processo é conhecido como lixiviação ou
ainda extracção sólido-liquido. A solução obtida constituída por óleo e solvente é
removida do extractor e encaminhada para um evaporador para a remoção do
solvente. O hexano é o solvente orgânico mas usado no processo de extracção por
solvente, por ser o mais selectivo, possuir estreita faixa de ebulição e ser imiscível com
a água (Danisco, 2001)

Em processos industriais a prensagem mecânica e a extracção por solventes são


frequentemente combinados para obter o maior rendimento. A recuperação do óleo,
por extracção mecânica é limitada a 90-95% do óleo presente nas sementes, enquanto
a extracção com solvente pode render até 99% (Beerens & Eijck 2009).

Os procedimentos da preparação da matéria-prima para a sua conversão em


biodiesel visam criar as melhores condições para a efectivação da reacção de
transesterificação, com a máxima taxa de conversão. Estes procedimentos variam em
função da matéria a empregar, das impurezas e dos compostos indesejáveis
presentes. Assim, dependendo do composto a eliminar/reduzir, os óleos vegetais
podem sofrer diversos tipos de tratamento, como a remoção de gomas e resíduos
sólidos, a redução de ácidos gordos livres, a filtração, a secagem etc. (Gomes, 2006).

2.3.2. Degomagem

Degomagem é a etapa de processamento do óleo vegetal, que visa à eliminação,


ou inactivação de fosfatídeos (ou fosfolipídeos, gomas) e outras substâncias, como os
resíduos de filtração, cuja presença poderia interferir nas etapas posteriores e na
qualidade do biodiesel. Os fosfolipídeos são substâncias de composição química
similar aos lipídeos, mas contendo nitrogénio e fósforo. As gomas existentes no óleo
podem promover a hidrólise do mesmo (aumento dos ácidos gordos livres) durante o
armazenamento, levando a perdas durante a transesterificação (Beerens & Eijck,
2009).

O princípio da degomagem é a hidratação de fosfatídios hidratáveis,


insolubilizando-os no óleo permitindo sua separação ou eliminação de suas
6
propriedades tenso-activas e decompor os não hidratáveis em hidratáveis. Como
consequência temos uma diminuição nas impurezas, minimizando a turbidez do óleo
(Vieira et al., 2009).

Dois métodos principais são empregues na degomagem de óleos, a degomagem


com água e a degomagem ácida, onde além de água se recorre ao ácido fosfórico. A
diferença nos dois métodos é que a degomagem ácida além de remover os fosfatideos
hidratáveis também procura eliminar os fosfatideos não-hidratáveis.

2.3.3. Neutralização

A neutralização é um processo químico de purificação do óleo que consiste na


remoção dos ácidos gordos livres (AGL) presentes no óleo, mediante a reacção dos
mesmos com uma solução alcalina (usualmente hidróxido de sódio e hidróxido de
potássio). Esta base formará sabões após reacção com os AGL (Equação 1), que
serão removidos após separação de fases. Outras substâncias indesejáveis, como
produtos da oxidação dos ácidos gordos, fosfatídeos residuais, látex e fenóis também
poderão ser eliminadas.

𝑅 − 𝐶𝑂𝑂𝐻 + 𝑁𝑎𝑂𝐻 ↔ 𝑅 − 𝐶𝑂𝑂𝑁𝑎 + 𝐻2 𝑂 (Equação 1)

Ácido gordo Hidróxido de Sabão


livre sódio

2.3.4. Reacção de transesterificação

A reacção de transesterificação é a etapa da conversão, propriamente dita, do


óleo ou gordura, em ésteres metílicos ou etílicos de ácidos gordos, que constituem o
biodiesel. O processo consiste na reacção entre um óleo vegetal ou gordura animal
com um álcool de cadeia curta (metanol ou etanol) visando à formação final de ésteres
e glicerol (ou glicerina).
Estequiometricamente, para que a reacção se processe são necessários três
moles de álcool para cada mol de triglicerídeos, formando então três moles de ésteres
de ácidos gordos e uma mol de glicerina residual (Pinto et al., 2005; Teixeira, 2005),
conforme pode ser observado na Equação 2. Normalmente, um excesso de álcool é
empregado, uma vez que a reacção é reversível e, por isso, há necessidade de seu
deslocamento no sentido de formação dos produtos (Knothe, 2005).

7
(Equação 2)

A transesterificação compreende 3 reacções sucessivas e reversíveis, o


triglicerídeo (TG) é convertido em diglicerídeo (DG), que por sua vez é convertido em
monoglicerídeo (MG) e por fim em glicerol (G) havendo em cada etapa a produção de
um éster metílico ou etílico (conforme o álcool usado).

A reacção de transesterificação é geralmente realizada na presença de um


catalisador que pode ser básico, acido ou enzimático. No presente trabalho será
destacado a transesterificação por catálise básica.

A transesterificação por catálise básica é o mecanismo mais usado para a


produção de biodiesel e apresenta elevadas taxas de conversão (cerca de 98%). Este
processo ocorre em duas etapas principais, inicialmente dá-se a formação de metóxido
de sódio (Equação 3) através da reacção de um álcool (metanol ou etanol) com uma
base forte (hidróxido de sódio ou hidróxido de potássio) (Rei, 2007).

(Equação 3)

Na segunda etapa ocorre a transesterificação propriamente dita, onde o metóxido


de sódio reage com os triglicerídeos. Esta reacção ocorre a uma temperatura entre 80-
90ºC e uma pressão de 1,5 atm (Rei, 2007).

(Equação 4)

8
2.3.5. Purificação dos produtos

Como produtos da reacção de transesterificação obtém-se o biodiesel e a


glicerina, que irão formar duas fases distintas. Como a glicerina é mais densa arrasta
consigo a maioria das impurezas existentes, tal como os sais, o sabão, assim como o
metanol e metóxido de sódio que não reagiu (Skelton, 2008). Entre as impurezas
encontradas no biodiesel destacam-se: ácidos gordos, água, álcool, glicerina livre,
sabões e o catalisador.

O processo frequentemente utilizado na purificação do biodiesel é a lavagem


húmida. A lavagem húmida tem como princípio a adição de água ao biodiesel, na qual
se dissolverão sabões, resíduos polares, como a glicerina e o metanol, sais e outros
agentes contaminantes (Knothe, et al., 2008).

De modo a promover a neutralização do biodiesel, uma segunda lavagem pode


ser realizada substituindo a água por uma solução ácida de ácido clorídrico ou de ácido
fosfórico. O ácido reage com os vestígios de catalisador formando um sal que é
facilmente removido da fase de biodiesel por ser solúvel em água.

Van Gerpen, et al., (2004) realizaram a purificação do biodiesel empregando água


morna (50 a 60ºC), este processo impediu a precipitação de ésteres saturados de
ácidos gordos e, em simultâneo, com uma agitação suave, atrasa a formação de
emulsões.

Além da lavagem húmida, a purificação do biodiesel pode ser feita recorrendo-se


ao tratamento por via seca (sem adição de água) através de resinas de permuta iónica
e por utilização de membranas, tais como as cerâmicas (Skelton, 2008).

2.4. Características e especificações de qualidade do biodiesel

2.4.1. Densidade

A densidade do biodiesel é definida como sendo a massa por unidade de volume


do combustível injectado no motor. Indica como a matéria está organizada e está
directamente ligada com a estrutura molecular. Quanto maior o comprimento da cadeia
carbónica do alquil éster, maior será a densidade, no entanto, este valor decrescerá
quanto maior for o número de insaturações presentes na molécula (Zuniga et al., 2011;
Lôbo e Ferreira, 2009)

Os motores são projectados para operar com combustíveis com uma determinada
faixa de densidade, tendo em vista a bomba injectora dosear o volume injectado. A
9
norma Europeia estabelece um valor mínimo para a densidade de 860 kg/m3 e um
máximo de 900 kg/m3. Valor de densidade acima da norma leva à formação de uma
mistura ar/combustível rica em combustível aumentando a emissão de poluentes, Valor
abaixo da norma leva à formação de uma mistura pobre em combustível o que leva à
perda de potência e ao aumento do consumo do combustível (Soares, 2010). Valores
típicos de densidade de biodiesel produzido a partir de óleo de Jatropha situam-se
entre 860 a 880 kg/m3 (Patil e Deng, 2009).

2.4.2. Viscosidade cinemática

A viscosidade é uma medida de resistência ao escoamento dos combustíveis, ela


está directamente ligada à conversão do biodiesel. Uma viscosidade muito elevada
indicará que a reacção não correu como esperado e o biodiesel poderá ter de ser
reprocessado, uma viscosidade elevada causa um aumento da pressão máxima de
entrada do combustível, provoca a diminuição do débito de combustível, pulverização
incorrecta nos injectores e consequentemente provoca uma incorrecta combustão na
câmara de combustão e um desgaste elevado do corpo da bomba injectora, podendo a
mesma ficar danificada (Zuniga et al., 2011; Patil e Deng, 2009).
A norma Europeia estabelece um intervalo de 3.5 a 5 mm2/s para a viscosidade e
a norma Americana apresenta um intervalo mais amplo, 1.9 a 6 mm2/s. Segundo
Zuniga et al (2011) a viscosidade cinemática de biodiesel de Jatropha situa-se no
intervalo de 2.3 a 2.5 mm2/s.

2.4.3. Poder calorífico

Representa a quantidade de energia produzida, por unidade de massa, pela


queima de um combustível, quanto maior o valor deste parâmetro, mais energético é o
combustível em questão (Peres et al., 2007). Existem duas formas de expressar o
poder calorífico, o poder calorífico superior (P.C.S) e o poder calorífico inferior (P.C.I).
O P.C.S é dado pela soma da energia liberada na forma de calor e a energia gasta na
vaporização da água que se forma numa reacção de oxidação, por sua vez o P.C.I. é
dado apenas pelo primeiro termo, isto é, a energia liberada na forma de calor. O P.C.S
é sempre maior que o P.C.I pois este último não tem em conta a entalpia de
vaporização de água.

O poder calorífico de biodiesel não é um parâmetro abrangido pelas normas (ver


anexo 10) e depende da natureza da matéria-prima. De acordo com Candeia (2008) o

10
biodiesel apresenta um poder calorífico cerca de 5% menor que o do diesel
convencional, o que leva, a um pequeno aumento do consumo deste combustível em
relação ao diesel convencional. Valores típicos de poder calorífico superior de biodiesel
de Jatropha são relatados por Patil e Deng (2009) estando no intervalo de 9500 a 1000
kcal/kg.

2.4.4. Número de cetano

É uma das propriedades mas importantes na avaliação da qualidade do biodiesel,


pois descreve a qualidade de ignição de combustível e o seu aumento normalmente
proporciona uma redução no consumo de combustível e nas emissões liberadas, tais
como hidrocarbonetos, monóxido de carbono e partículas. O número de cetano
relaciona-se directamente com o atraso de ignição do combustível no motor. Portanto,
quanto maior for o índice de cetano de um combustível, melhor será a combustão
desse combustível num motor diesel, ou seja, menor o atraso da ignição e,
consequentemente, menor a quantidade de combustível que permanecerá na câmara
por não ter sido queimada no tempo certo o que induz um mau funcionamento do motor
(Peres et al., 2007).

Quanto a esta propriedade a norma Europeia estabelece um mínimo de 51 contra


47 da norma Americana. A maioria dos fabricantes de motores recomenda a faixa de
número de cetano entre 40 e 50. O número de cetano médio de biodiesel é 60 contra
uma variação de 48 a 52 para o diesel convencional (Zuniga et al., 2011).

2.4.5. Índice de acidez

Corresponde à percentagem de ácidos gordos livres presentes numa amostra de


combustível. O seu valor é dado pela massa de hidróxido de potássio necessária para
neutralizar os ácidos gordos livres, contidos em um grama de amostra de combustível e
é determinado através de um método de titulação volumétrica (Soares, 2010).

Segundo Quercus (2006) o biodiesel produzido por catálise básica apresenta


valores de acidez baixos, dado que os resíduos do catalisador tendem a reagir com os
ácidos gordos livres, neutralizando-os. Contudo, ao longo do tempo o índice de acidez
tende a aumentar, devido à degradação do biocombustível por acção do oxigénio do ar
e da humidade. Este parâmetro reflecte o estado de conservação do biodiesel, assim, a
obtenção de valores elevados para o índice de acidez indica o seu envelhecimento.
Este processo conduz a um aumento de partículas depositadas no sistema de

11
distribuição de combustível, reduzindo o tempo de vida das bombas e dos filtros, além
de provocar a corrosão dos componentes metálicos do motor. A norma Europeia assim
como a Americana estabelecem um limite máximo para o índice de acidez de 0.5
mgKOH/g da amostra.

2.4.6. Estabilidade oxidativa

A estabilidade de óleos combustíveis é definida como a resistência do combustível


a alterações físicas e químicas provocadas pela sua interacção com factores do meio
ambiente. A estabilidade oxidativa do biodiesel está directamente relacionada com o
grau de insaturação dos alquil ésteres presentes, como também, com a posição das
duplas ligações na cadeia carbónica.

Quanto maior o número de insaturações, mais susceptível está a molécula à


degradação tanto térmica quanto oxidativa, formando produtos insolúveis que ocasiona
problemas de formação de depósitos e entupimento do sistema de injecção de
combustível no motor.

Os principais processos responsáveis pela oxidação de substratos orgânicos são


a hidrólise (reacção com água/humidade) e a oxidação (reacção com o oxigénio),
sendo a última a maior responsável pela deterioração do biodiesel. Existem três tipos
de oxidação: auto oxidação, foto-oxidação, e oxidação catalisada por enzimas. (List et
al, 2005).

2.4.7. Especificações de qualidade do biodiesel

Para o Biodiesel, actualmente a norma Europeia EN 14214:2003 – Combustíveis


Automóveis - Ésteres metílicos de ácidos gordos (FAME–Fatty Acid Methil Ester) para
motores a diesel e a Americana ASTM D6751 elaborado pela ASTM, figuram como as
mais conhecidas e são geralmente usados como referência ou base para outros
padrões (Knothe et al., 2005). O anexo 10 apresenta os parâmetros e os limites das
normas.

2.5. Jatropha curcas L.

A Jatropha curcas Lin (JC) pertence à família botânica Euphorbiaceae a mesma


família da mamona (Ricinus communis L.) e da mandioca (Manihot esculenta Crantz.) e
tem outros nomes populares como: gala maluco e Nuku (Moçambique – Maputo/Gaza
e Inhambane respectivamente); Pinhão-manso (Brasil); purgueira (Português). Até

12
então, continua incerta a definição clara da origem desta planta, contudo acredita-se
que o México e a América Central sejam as prováveis zonas da sua origem, tendo sido
introduzida em África e Ásia, e actualmente é cultivada mundialmente (Sitoe, 2008).

A JC é um arbusto grande, de crescimento rápido, cuja altura normal é de dois a


três metros, mas pode alcançar até cinco metros em condições especiais. É uma planta
perene e de fácil propagação. É tido como tolerante ao défice hídrico para
sobrevivência, e pode apresentar a capacidade de recuperação de áreas degradadas
em função de suas raízes profundas, crescendo em solos de baixa fertilidade (Teixeira,
2005). O fruto tem dimensões em torno de 2,5 a 4,0 cm de comprimento por 1,5 a 3,0
cm de diâmetro, sendo trilocular (três lóculos) com uma semente em cada cavidade. O
fruto contém de 53 a 62% de sementes e de 38 a 47% de casca, pesando cada uma de
1,53 a 2,85 gramas (Tapenes, 2008).
As sementes são escuras, lisas e relativamente grandes; quando secas medem
de 1,5 a 2 cm de comprimento e 1,0 a 1,3 cm de largura e pesam entre 0,5 a 0,8
gramas. Estas possuem no interior uma amêndoa branca e rica em óleo (Tapenes,
2008). A amêndoa da JC fornece de 50 a 52 % de óleo, extraído com solvente, e 30 a
35 % em casos de extração por prensagem (Silveira, 2012).

(a) (b) c)
Figura 2.2: Planta de Jatropha Curcas L. (a), frutos (b) e Sementes (c)

Apesar de ser usado como purgativo na medicina popular, as sementes da JC são


altamente tóxicas. A ingestão das sementes ou o uso do óleo como purgativo pode
causar graves irritações e envenenamentos, com dor abdominal aguda, náuseas e
diarreias prolongadas (Oliveira et al., 2006).

Segundo Makkar et al (1998) as sementes de JC contêm factores anti nutricionais,


como inibidores de tripsina, taninos, saponinas, fitatos e lectinas, e compostos tóxicos,
como a curcina e os ésteres de forbol, o que limita seu uso como fonte de alimento.

13
Por muito tempo pensou-se que a actividade tóxica da planta era causada pela
presença da lecitina curcina abundante nas sementes, vários estudos demostram que a
actividade tóxica das sementes, bem como do óleo de JC deve na verdade à presença
dos ésteres de forbol. Os ésteres de forbol são moléculas derivadas de tetra cíclicos
diterpenos. Eles apresentam actividade carcinogénica a acção inflamatória (Oliveira et
al., 2006).

O cultivo da Jatropha curcas assim como de qualquer outra cultura apresenta


aspectos positivos e negativos. O cultivo da JC para a produção de biodiesel apresenta
as seguintes vantagens (Parawira, 2010):

 É uma planta com poucas exigências nutricionais;


 Pode ser cultivada ao lado de culturas de alto valor alimentar, servindo-lhes de
protecção em relação aos animais e pestes;
 As suas sementes têm um elevado conteúdo em óleo;
 Pode ser usado na recuperação de solos marginais
 É de fácil propagação
Segundo Parawira (2010) o cultivo da JC tem como desvantagens:
 Toxicidade das sementes para humanos e animais;
 A massificação da produção do óleo da Jatropha curcas pode levar a ocupação
de terras adequadas para o cultivo de culturas alimentares.

2.6. Motores de ciclo diesel


Os motores ciclo diesel são aqueles que aspiram ar e que esse ar, após ser
comprimido no interior do cilindro, recebe combustível a uma pressão superior a aquela
em que o ar se encontra. A combustão ocorre por auto-ignição quando o combustível
entra em contacto com o ar aquecido pela pressão elevada (Challen e Baranescu,
1999).

Nos motores do ciclo Diesel a alimentação do combustível é feita por meio de


injecção directa que pode ser pneumática, actualmente pouco utilizada, e mecânica,
mais utilizada, que requer bombas mecânicas para injectar o combustível na câmara de
combustão. O combustível entra na câmara de combustão pelo bico injector, a alta
pressão, gerando assim um jacto de altíssima velocidade. Devido a esta velocidade o
jacto de combustível se desintegra, formando uma névoa (Challen e Baranescu, 1999).

14
2.6.1. Processo de combustão
A combustão é uma sequência complexa de reacções químicas exotérmicas entre
um combustível e um oxidante. A combustão ocorre quando existe oxigénio suficiente e
o combustível atinge a temperatura de ignição.

Nos motores de combustão interna, o comburente utilizado é o oxigénio do ar, a


razão ar-combustível é a razão entre a massa do ar e a massa do combustível admitido
pelo motor por ciclo. Uma mistura ar-combustível que possui ar em excesso é chamada
de mistura pobre em combustível (fuel-lean), enquanto uma mistura que tem excesso
de combustível é chamada de mistura rica em combustível (fuel-rich). A razão
estequiométrica é a relação entre a massa do ar e do combustível que proporciona
uma combustão completa, resultando em dióxido de carbono, vapor de água e
nitrogénio (Heywood, 1988).

A Equação 5 apresenta a combustão completa de um hidrocarboneto, e a


Equação 6 apresenta a combustão de um biocombustível considerando os dez
elementos mais significativos em concentração (Challen e Baranescu, 1999)
y y y
Cx Hy + (X + 4) ∗ (O2 + 3.76N2 ) → xCO2 + (2) H2 O + 3.76 (x + 4) N2 (Equação 5)

1 nH
Cnc HnH OnO + (nc + ) (O2 + 3.76N2 ) ⟶ n1 CO2 + n2 CO + n3 O2 + n4 O + n5 H +
ϕ 4

n6 H2 + n7 N2 + n8 NO + n9 OH + n10 H2O (Equação 6)

Onde: nC, nH e 𝑛𝑂 são respectivamente os número de átomos de carbono, hidrogénio


e oxigénio por mol de combustível.

𝑛1 … 𝑛10 número de moles da espécie do produto correspondente


.𝜙 é a razão equivalente da mistura combustível-ar, obtêm-se dividindo a razão
combustível-ar admitido pelo motor pela razão combustível-ar estequiométrica.

2.6.2. Emissões do motor a diesel – Mecanismo de formação e impactos no


Ambiente e na saúde humana

As emissões dos motores à diesel ou de combustíveis mistos podem ser


classificados em dois tipos: os que não causam danos significativos à saúde: O2, CO2,
H2O e N2; e os que causam danos significativos à saúde, CO, os hidrocarbonetos (HC),
os óxidos de nitrogénio (NOX), os óxidos de enxofre (SOX), material particulado (MP).

15
2.6.2.1. Dióxido de carbono

A combustão de hidrocarbonetos é uma reacção oxidação-redução, ocorre a


oxidação de carbono e redução de hidrogénio com a liberação de energia e formação
de novos compostos, sendo o principal o dióxido do carbono. Ao contrário do monóxido
de carbono, dióxido de carbono não apresenta significativa toxicidade aos seres
humanos. No entanto, juntamente com o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), o vapor
da água, os clorofluorcarbonos (CFCs), entre outros, são substâncias que reabsorvem
a radiação infravermelha que é emitida pela superfície terrestre, contribuindo para o
efeito estufa. O agravamento do efeito estufa devido ao aumento da concentração de
gases com efeito de estufa na atmosfera desestabiliza o equilíbrio energético do
planeta, originado um fenómeno conhecido como aquecimento global (Baird, 2002).

2.6.2.2. Monóxido de carbono

O monóxido de carbono (CO) resulta da combustão incompleta, a probabilidade


da sua ocorrência é maior quando a razão ar: combustível no motor é baixa (Manahan,
2000). A redução da sua formação é conseguida operando-se o motor com misturas
ricas em ar (razão ar: combustível elevada) de forma a ocorrer uma combustão
completa.

Monóxido de carbono é um gás inodoro, incolor e que apresenta significativa


toxicidade, uma vez que, ao atingir os pulmões, pode entrar na corrente sanguínea e
formar um composto com a hemoglobina, devido à grande afinidade que possui com a
hemoglobina do sangue. Esta substância formada inibe a capacidade do sangue em
transportar oxigénio para os órgãos e tecidos do corpo humano, podendo levar o
indivíduo à morte por asfixia (U.S.EPA, 1993).

2.6.2.3. Óxidos de nitrogénio

A denominação NOx refere-se à somatória de óxido nítrico (NO) e o dióxido de


Nitrogénio, (NO2). Estes, além de serem tóxicos para os seres humanos, perturbam a
atmosfera global. O NO2 é um precursor do ácido nítrico na atmosfera, sendo, assim
contribuinte para a formação de chuva ácida. Bowman (1992) cita que os NOx
contribuem em 25 a 30 % para a chuva ácida.

Os NOx também são percursores da fumaça fotoquímica (smog), que ocorre


quando óxidos nitrogenados (NOx) e compostos orgânicos voláteis (VOC) reagem na
presença de luz solar. Seu principal produto é o ozónio da troposfera. O ozónio é

16
perigoso para saúde humana, provocando efeitos como tosses, desconforto e
diminuição da capacidade pulmonar.

Entre as fontes de formação de NOx durante a combustão, as principais são: NO


formado pelo processo térmico, imediato, via combustível e via N2O.

O NO térmico é proveniente da oxidação do nitrogénio do ar em altas


temperaturas. Esta é a principal fonte de NO para altas temperaturas e tempos de
residência relativamente longos. As reacções abaixo apresentam o mecanismo
proposto por Zeldovich (Hayhurst e Vince, 1980).

𝑂 + 𝑁2 ↔ 𝑁𝑂 + 𝑁 (Equação 7)

𝑁 + 𝑂2 ↔ 𝑁𝑂 + 𝑂 (Equação 8)

𝑁 + 𝑂𝐻 ↔ 𝑁𝑂 + 𝐻 (Equação 9)

O nome térmico é usado por que a reacção (7) tem energia de activação muito
elevada devido à forte tripla ligação na molécula de N2, por isso ela é rápida somente
em altas temperaturas (maior que 1700K). A redução das emissões de NO térmico é
feita operando a temperaturas baixas ou com o excesso de ar mais baixo possível,
mantendo-se a combustão completa.

Segundo Miller e Bowman (1989), o NO imediato resulta, principalmente do radical


CH, que é uma espécie intermediária que é gerada através de uma reacção complexa.
O radical CH reage com nitrogénio do ar de combustão formando cianeto de
hidrogénio, o qual em reacções posteriores é transformado em NO:

𝐶𝐻 + 𝑁2 ↔ 𝐻𝐶𝑁 + 𝑁 → ⋯ → 𝑁𝑂 (Equação 10)

Como a energia de activação da reacção (10) é muito menor do que a reacção


limitante para o NO térmico (Equação 7), o NO imediato é formado em temperaturas
relativamente baixas (em torno de 1000K).

A formação do NO via N2O começa com a combinação dos átomos de oxigénio e


nitrogénio molecular formando o óxido nitroso na presença de uma terceira molécula
(M), necessário para remover a energia liberada entre a colisão das moléculas de O e
N2 fazendo assim com que a reacção ocorra completamente. A molécula M pode ser
oxigénio, dióxido de carbono, água ou mesmo nitrogénio (Bonturi et al.,1996).

𝑂 + 𝑁2 + 𝑀 ↔ 𝑁2 𝑂 + 𝑀 (Equação 11)

17
O N2O é subsequentemente convertido para NO ou reduzido para N2. Em
condições estequiometrias pobres, tem-se:

𝑁2 𝑂 + 𝑂 ↔ 𝑁𝑂 + 𝑁𝑂 (Equação 12)
𝑁2 𝑂 + 𝑂 ↔ 𝑁2 + 𝑂2 (Equação 13)

A reacção (12) é a principal fonte de NO para este mecanismo. Para condições de


estequiometria e ricas, o N2O é principalmente reduzido a N2. As reacções envolvidas
no processo são:

𝑁2 𝑂 + 𝐻 ↔ 𝑁2 + 𝐻 (Equação 14)

𝑁2 𝑂 + 𝐻 ↔ 𝑁𝐻 + 𝑁𝑂 (Equação 15)

𝑁2 𝑂 + 𝑂𝐻 ↔ 𝑁2 + 𝐻𝑂2 (Equação 16)

O mecanismo de formação do NO a partir do nitrogénio contido no combustível


consiste em uma total ou parcial transformação do composto nitrogenado primário (AZ)
em uma série compostos secundários intermediários (HCN, CN, NH2, NH, N ou
simplesmente XN). Estes compostos intermediários são sujeitos a uma trajectória de
dupla competição, uma consistindo em sua transformação em NO pelo ataque de
espécies contendo oxigénio (OX) e outra conduzindo a N2 pelo ataque de espécies
contendo nitrogénio, principalmente o próprio NO (De Soete, 1988).

AZ → XN + OX → NO (Equação 17)
AZ → XN + NO → N2 (Equação 18)

2.6.2.4. Hidrocarbonetos

São compostos formados de carbono e hidrogénio e que podem se apresentar na


forma de gases, partículas finas ou gotas. Podem ser divididos em, hidrocarbonetos
totais (THC), hidrocarboneto simples, conhecido como metano (CH4) e hidrocarbonetos
não metano (NMHC), compreendem os THC menos a parcela de metano CH4. São
precursores do ozónio troposférico e apresentam potencial causador de efeito estufa
(metano) (Wark et al., 1998)

Segundo Heywood, 1988 em motores de combustão interna de ignição por


compressão a existência do combustível não queimado (HC) na exaustão ocorre
quando o combustível misturado entre o início da sua injecção e o início da combustão
é mas pobre que o limite da mistura pobre adequado para o motor e quando não ocorre
a mistura do combustível com o ar devido à baixa velocidade do combustível ao sair
dos furos do bico injector.

18
2.6.2.5. Óxidos de enxofre

O dióxido de enxofre (SO2) origina-se do enxofre contido no combustível e no óleo


lubrificante. O dióxido de enxofre e um gás sem cor com um odor irritante. Ele pode ser
oxidado e formar o trióxido de enxofre (SO3) que é precursor do ácido sulfúrico
responsável por chuva ácida. Como consequência da chuva ácida temos a corrosão e
degradação dos materiais, o envenenamento das plantas, além de dissolver os
nutrientes antes que as plantas absorvam. A maioria do enxofre contido no gás de
escape existe na forma de SO2, apenas 2 a 5% e emitido como SO3.

Dentre os efeitos decorrentes da exposição a estes poluentes, pode-se citar a


irritação das vias respiratórias, especialmente em pessoas que apresentam alguma
doença crónica como bronquite e asma (Manahan, 2000).

19
3. PARTE EXPERIMENTAL

3.1. Produção de biodiesel a partir de sementes de Jatropha


O biodiesel usado no presente estudo foi produzido no laboratório localizado na
empresa petróleos de Moçambique (PETROMOC) empregando como matéria-prima
sementes de Jatropha Curcas L. colhidas nas plantações de Nacala. O processo de
produção envolveu basicamente 4 etapas principais, a destacar: Extracção do óleo,
degomagem, neutralização e transesterificação.

3.1.1. Extracção do óleo de Jatropha


A unidade de extracção de óleo é composta por um forno rotativo (para o pré-
aquecimento das sementes) e uma prensa de óleo a quente com um filtro a vácuo.

Para a extracção do óleo, as sementes primeiro passaram por um processo de


limpeza com vista a eliminar os contaminantes, tais como: areia, material lenhoso e
pedras. Estes contaminantes podem promover o desgaste da máquina de prensagem,
a limpeza das sementes procedeu-se por peneiração manual.

As sementes foram pré-aquecidas no intervalo de temperatura entre 90 a 100°C


durante 20 minutos. Procedeu-se da seguinte maneira:

Pesou–se aproximadamente 50 kg de sementes e procedeu-se à limpeza por


peneiração. Introduziu-se a lenha no forno e fez-se o fogo. Quando o fogo apresentava
uma chama permanente ligou-se a rotação do forno e controlou-se a temperatura.

Quando o termómetro indicava aproximadamente 120°C introduzia-se as


sementes no forno e controlava-se a temperatura. A temperatura do aquecimento do
forno (120°C) deve ser maior que a temperatura a que se pretende pré-aquecer as
sementes (90 a 100°C) devido ao efeito da transferência de calor, é preciso monitorar a
temperatura durante o aquecimento das sementes, aumentar ou diminuir a lenha nos
casos em que a temperatura reduz ou ultrapassa a temperatura do ensaio.

Decorridos os 20 minutos desliga-se a rotação e abre-se a porta do forno para a


remoção das sementes. O pré-aquecimento das sementes tem como objectivo
homogeneizar a temperatura das sementes, reduzir o teor de humidade aumentado
assim a eficiência da extracção.

Antes de pré-aquecer as sementes liga-se a máquina de prensagem e acciona-se


o comando de aquecimento, deixa–se a aquecer até estabilizar a 160°C.

20
Ligou–se a rotação do parafuso da alimentação da prensa e introduziu–se as
sementes pré-aquecidas no funil de alimentação e, simultaneamente esmagadas e
transportadas por um parafuso rotativo. Durante o processo o óleo escorre na direcção
dos filtros enquanto o bagaço sai no fundo da máquina.

Quando o óleo preenche totalmente a área do filtro, liga-se o vácuo e começa-se


a filtração. Terminada a filtração desliga-se o vácuo e recolhe-se o óleo.

O objectivo da prensagem é extrair o óleo contido nas sementes e obtém-se como


subproduto a torta (ou bagaço).

Alimentação das Alimentação das


sementes sementes
Saída das sementes

Accionamento
da rotação Alimentação da lenha Filtros a vácuo
Recipiente para
recolha do óleo bruto

Figura 3.1: Forno rotativo e Máquina de prensagem

3.1.2. Degomagem do óleo de Jatropha


No presente trabalho foi empregue a degomagem com água quente. A unidade de
degomagem é constituída por um reactor, separador e secador a vácuo com
condensador.

A Figura a seguir descreve o processo de extracção e degomagem do óleo de


Jatropha.

21
Sementes
Água
Pré-aquecimento Prensagem
Bagaço Água a
Óleo + Sedimentos 80°C

crude
Óleo
Filtração Degomagem Secagem

Bolo de filtração Óleo


Efluentes com
(torta) degomado
gomas

Figura 3.2: Fluxograma do processo de extracção e degomagem do óleo de Jatropha

A degomagem do óleo de Jatropha foi processada da seguinte maneira:

Introduziu-se o óleo no reactor e aqueceu-se até 80°C, parou-se o aquecimento e


começou-se a agitação. Adicionou-se aproximadamente 20% (v/v) de água a 80°C e
agitou–se durante 10 minutos. Se a água adicionada for inferior a quantidade
necessária, a hidratação dos fosfatídeos não vai ocorrer e se esta quantidade for maior
que o valor óptimo, resultara em altas perdas do óleo. O aquecimento do óleo e da
água tem como objectivo aumentar a solubilidade dos fosfatídeos na água. A
temperatura de 80°C é tida como óptima do processo de degomagem, temperatura
abaixo de 80°C resulta na redução da eficiência da remoção das gomas. Temperaturas
acima de 80°C além de reduzir a eficiência da remoção das gomas, torna-as escuras
diminuindo a qualidade da lecitina (refere a uma mistura de fosfatídeos, é usada como
emulsificante e lubrificante) produzida a partir delas (Vieira et al., 2009).

Transferiu-se imediatamente a mistura óleo e água do reactor para o separador


usando uma bomba. Adicionou-se no separador aproximadamente 15% (v/v) de água a
80°C e mantém-se por 90 minutos para separação de fases. Decorridos 90 minutos,
abriu-se a válvula do separador e drenou-se a água. Adicionou-se novamente no
separador 20% (v/v) de água a 80°C e agitou-se por 2 minutos, manteve-se a mistura
no separador por mas 60 minutos, depois abriu-se a válvula do separador e drenou-se
a água. Repetiu-se o procedimento anterior até que a água a saída do separador fosse
limpa. Uma vez que água de lavagem parecia limpa, transferiu-se o óleo do separador
para o secador de vácuo. No secador aqueceu-se o óleo até a temperatura de 80°C,
introduziu–se água fria no condensador e monitorou-se a temperatura de modo que
permanece-se abaixo dos 15°C em seguida abriu-se as válvulas de saída de vapor e

22
da bomba de vácuo e ligou-se a bomba começando assim o processo de secagem, o
processo é interrompido quando a pressão no secador é inferior a –0.09 MPa.

Separador Agitadores

Bomba

Secador

Reactor
Condensador

Figura 3.3: Unidade de degomagem

3.1.3. Neutralização do óleo de Jatropha degomado


A unidade de neutralização é composta por um reactor, um separador e um
secador a vácuo com condensador.

No presente trabalho procedeu-se à neutralização de óleo degomado usando uma


solução aquosa de hidróxido de sódio. Para a determinação da quantidade de hidróxido
de sódio a empregar na reacção foi necessário medir o indicador de acidez do óleo
designado pela letra X.

O indicador de acidez de óleo X corresponde ao volume em mililitros da solução


aquosa 0.1% (m/m) de hidróxido de sódio necessário para titular 2 ml de óleo
dissolvidos em 20 ml de etanol (mas de 95% puro) usando como indicador solução de
fenolftaleína em etanol 1% (m/v). A neutralização do óleo é realizada até que o valor de
X seja menor ou igual a 2 ml (valores de X acima de 2 ml resulta em saponificação e
consumo de catalisador).

Uma vez determinado o valor de X, a neutralização do óleo procedeu-se como


ilustra o fluxograma a seguir.

23
Óleo Água a
degomado 80°C

Óleo
Aquecimento Lavagem Efluentes

Solução
Água
aquosa de
NaOH Neutralização Decantação Secagem

Sabão Óleo
neutralizado

Figura 3.4: Fluxograma do processo de neutralização

Mediu-se o volume de óleo a neutralizar (óleo degomado) em litros. Este volume é


representado pela letra A, também mediu-se 30xA ml de água da torneira e introduziu-
se em um recipiente;

Determinou-se a quantidade de hidróxido de sódio em função do valor de X:

A∙X
 Para X≤10, a quantidade de hidróxido é dada por gramas, faz-se uma única
2
neutralização ;
A∙X
 Para 10 <X> 20, a quantidade de hidróxido é dado por gramas, faz-se duas
4

neutralizações;
A∙X
 Para 20<X>30, a quantidade de hidróxido é dado por gramas, faz-se três
6

neutralizações;
A∙X
 Para 30<X>40, a quantidade de hidróxido é dado por gramas, faz-se quatro
8

neutralizações.

Mediu-se a massa de hidróxido de sódio e preparou-se a solução dissolvendo-se


o NaOH na água previamente calculada. Posteriormente introduziu-se o óleo no reactor
e aqueceu-se até atingir 70°C, suspendeu-se o aquecimento e agitou-se. Em seguida
introduziu-se a solução de hidróxido de sódio previamente preparada e continuou-se a
agitar por 10 minutos. Depois parou-se a agitação e deixou-se o óleo em repouso por
60 minutos para a separação de fases;

Com ajuda da bomba transferiu-se o óleo para o separador e por fim retirou-se o
sabão que fica no fundo do reactor. Em seguida dissolveu-se 75% (m/v) de ácido cítrico
(mas de 95% de pureza) em 20% (v/v) de água a 80 °C, adicionou-se esta solução no
24
separador e começou-se a agitar. Após um minuto de agitação parou-se a agitação e
adicionou-se 15% de água a 80°C. A mistura permaneceu 60 minutos no separador,
depois drenou-se a água que contém sabão e em seguida adicionou-se 20% (v/v) de
água a 80 °C e agitou-se por 2 minutos, parou-se a agitação e permanece no
separador por mais 60 minutos;

Repetiu-se o procedimento anterior até que a água de lavagem à saída do


separador fosse limpa, posteriormente secou-se o óleo no secador a vácuo.

Separador

Agitadores

Secador

Reactor
Fogão
(b)
(a)
Figura 3.5: Unidade de Neutralização (a) e determinação do indicador de acidez X (b)

3.1.4. Transesterificação do óleo de Jatropha neutralizado

A unidade de transesterificação é composta por um reactor, dois separadores um


secador a vácuo com condensador e um recipiente plástico para a reacção de
formação de metóxido de sódio.

A transesterificação do óleo de Jatropha neutralizado é resumida no Fluxograma a


seguir.

25
Solução
Metanol aquosa de
ácido cítrico Água a 80°C

NaOH
Mistura Neutralização Lavagem Água + Sal

Metóxido Biodiesel impuro


Aquecimento Transesterificação Decantação Secagem Água +Álcool

Glicerina
Óleo
Neutralizado Biodiesel

Figura 3.6: Fluxograma do processo de transesterificação do óleo de Jatropha

A transesterificação do óleo neutralizado procedeu-se da seguinte maneira:

Mediu-se o volume do óleo e introduziu-se no reactor da unidade de


transesterificação. O volume é designado pela letra A. Em seguida determinou-se o
indicador de acidez X (ver procedimento de neutralização);

Mediu-se 0.22•A litros de metanol (mas de 95% de pureza) e introduziu-se no


recipiente plástico, pesou-se A•(X/2 + 3.5) gramas de hidróxido de sódio (mas de 90%
de pureza) e introduziu-se no mesmo recipiente, agitou-se o mesmo até o NaOH
dissolver-se completamente (formação de metóxido de sódio - Na(CH3O));

Aqueceu-se o óleo previamente introduzido no reactor. Quando atingiu 65ºC


suspendeu-se o aquecimento e começou-se a agitação. Transferiu-se
aproximadamente 80% de metóxido para o reactor e continuou-se a agitação por 120
minutos controlando-se a temperatura no intervalo de 55 a 67ºC;

Transferiu-se o óleo do reactor para o separador 1 e deixou-se em repouso por 60


minutos para separação de fases (biodiesel impuro + glicerina). Posteriormente abriu-
se a válvula de separador 1 para drenar-se toda a glicerina e devolveu-se o produto da
primeira reacção para o reactor.

Repetiu-se os últimos 2 passos com os 20% restantes de metóxido. Em seguida


transferiu-se o biodiesel impuro para o separador 2. Dissolveu-se 10% (m/v) de ácido
cítrico (mas de 95% de pureza) em 20% (v/v) de água a 80°C, adicionou-se esta
solução no separador 2 e agitou-se por 2 minutos. Deixou-se em repouso por 60
minutos e drenou-se a água. Adicionou-se novamente 20% (v/v) de água a 80°C no
separador 2 e agitou-se por 2 minutos. Permaneceu em repouso durante 60 minutos.

26
Abriu-se a válvula do separador 2 e drenou-se a água. Repetiu-se este procedimento
até que a água de lavagem fosse limpa, em seguida secou-se o biodiesel no secador a
vácuo.

Separador 1

Separador 2

Recipiente plástico

Secador Reactor

Condensador

Figura 3.7: Unidade de transesterificação

3.2. Biodiesel e suas misturas com diesel

O diesel utilizado no presente trabalho foi adquirido nas bombas de combustível


da Cidade de Maputo, habitualmente utilizado em veículos automóveis e motociclos. O
biodiesel foi produzido a partir da transesterificação do óleo de Jatropha por rota
metílica.

Foram preparadas misturas binárias de diesel e biodiesel com seguintes


proporções volumétricas de biodiesel 20, 40, 60 e 80%. As designações das amostras
são apresentadas na tabela a seguir e as amostras estão apresentadas na Figura 3.8.

Figura 3.8: Amostras preparadas (B0 diesel puro, B100 biodiesel puro, B20, B40, B60,
B80 são misturas de diesel e biodiesel com 20, 40, 60, 80 % em volume de
biodiesel respectivamente.
27
Tabela 1: Designação das amostras preparadas

Designação Diesel (% volume) Biodiesel (% volume)

B0 100 _

B20 80 20

B40 60 40

B60 40 60

B80 20 80

B100 _ 100

3.3. Determinação das propriedades físico-químicas


A determinação das propriedades físico-químicas das amostras foi realizada no
Laboratório de Ambiente (Departamento de Engenharia Química) e consistiu na
determinação das seguintes propriedades: densidade, viscosidade, índice de acidez e
estabilidade oxidativa.

3.3.1. Determinação da densidade


Densidade Absoluta ou massa específica ou simplesmente densidade é a massa
por unidade de volume de uma substância. No presente trabalho procedeu-se à
medição da densidade das amostras usando o picnómetro (Figura 3.9). Trata-se de um
pequeno frasco de vidro construído cuidadosamente de forma que o volume do fluido
que contenha seja invariável. Para a medição da densidade procedeu-se da seguinte
maneira:

 Primeiro lavou-se o picnómetro e deixou-se secar;


 Com auxílio de uma balança analítica mediu-se a massa do picnómetro vazio
(m1) e registou-se o valor. Repetiu-se a pesagem três vezes registando os
valores;
 Encheu-se o picnómetro com a amostra a analisar evitando a formação de
bolhas;
 Acertou-se o nível do líquido, no colo do picnómetro utilizando papel absorvente;
 Mediu-se a massa do picnómetro com a amostra (m 2) e registou-se o valor.
Repetiu-se os dois procedimentos anteriores cinco vezes registando os valores.

28
 Com auxílio do termómetro mediu-se a temperatura da amostra.

A densidade é calculada pela seguinte expressão.


m2 − 𝑚 1
𝛒= (Equação 19)
V

Onde: V é o volume do picnómetro (V = 26.846 ml).

Para proceder-se a comparação da densidade com os valores da norma


atendendo que a norma apresenta a densidade a 15°C, procedeu-se a correcção da
densidade usando a equação 20.

ρ(15) =ρ(T) + 0.723(T-15) (Equação 20)

Onde: 𝜌(15) é a densidade da amostra a 15°C

𝜌(𝑇) é a densidade da amostra a temperatura do ensaio (em °C)

𝑇 é a temperatura da amostra durante o ensaio

Figura 3.9: Material para a determinação da densidade, (a) picnómetro vazio, (b)
picnómetro com amostra, (c) balança analítica.

3.3.2. Determinação da viscosidade cinemática


A viscosidade é uma medida de resistência ao escoamento dos combustíveis. É
medida pelo tempo que um volume fixo de um líquido, gasta para escoar através de um
orifício existente no fundo de um recipiente.

A viscosidade cinemática foi determinada com auxílio do viscosímetro de


Redwood (Figura 3.10a). O viscosímetro de Redwood é composto por dois
termómetros (um para medir a temperatura da água de aquecimento e outro para medir
29
a temperatura da amostra), um regulador de corrente e um balão de 50 ml (Figura3.10a
e b).

Para a determinação da viscosidade cinemática primeiro lavou-se o interior do


viscosímetro com a amostra a ensaiar. Introduziu-se a água de aquecimento e ligou-se
o regulador de corrente. Monitorou-se a temperatura da água até atingir 40°C.
Introduziu-se a amostra no recipiente do viscosímetro até atingir o menisco. Controlou-
se a temperatura de amostra, quando o termómetro indicava 40°C abria-se o orifício do
viscosímetro e controlava-se o tempo para encher um balão de 50 ml. Repetiu-se este
procedimento cinco vezes para cada amostra e registou-se os valores do tempo. A
viscosidade é determinada a partir da curva de calibração do viscosímetro.

Figura 3.10: Equipamento para determinação da viscosidade cinemática. (a)


Viscosímetro de Redwood com regulador de corrente, (b) corte frontal
do viscosímetro de Redwood e sua constituição.

3.3.3. Determinação do índice de acidez

A determinação do IA do biodiesel, diesel e misturas foi realizada por titulação


volumétrica, seguindo o procedimento indicado na norma EN 14104-2003.

Preparou–se uma solução 0.1 M de hidróxido de potássio em etanol. Após a


preparação da solução procedeu-se a sua padronização mediante a titulação de uma
solução padrão primário (solução de ácido benzóico em etanol) até pH neutro (pH = 7).
O volume gasto na titulação é usado para calcular a concentração real da solução de
KOH.

30
1000×𝑚0
𝑪𝒓𝒆𝒂𝒍 = (Equação 21)
122.1×𝑉0

Onde: 𝐶𝑟𝑒𝑎𝑙 é a concentração real da solução de KOH;

𝑚0 é a massa em gramas do ácido benzóico e,

𝑉0 é o volume em mililitros da solução de KOH gasto na titulação.

Pesou-se, num Erlenmeyer, aproximadamente 20 g de amostra e adicionaram-se


100 ml de uma solução de éter dietílico e etanol 99 % (1:1 em v/v) na presença de 0,3
ml de fenolftaleína. Procedeu-se então a titulação com a solução de hidróxido de
potássio (previamente Padronizada) até à mudança da cor do indicador. O índice de
acidez é determinado pela seguinte expressão:

56.1×𝐶𝑟𝑒𝑎𝑙 ×Vg
𝑰𝑨 = (Equação 22)
m

Onde: IA refere-se ao índice de acidez em mg de KOH/g de amostra,

𝐕𝐠 é o volume de KOH gasto na titulação,

m é a massa da amostra e 56.1 corresponde a massa molar de KOH em g/mol.

Figura 3.11: Aparato experimental para determinação do índice de acidez.

3.3.4. Determinação da estabilidade oxidativa


A estabilidade oxidativa foi determinada através do método Rancimat, utilizando o
equipamento Rancimat modelo 743, da marca Metrohm (Figura 3.12).

Neste método, uma amostra é mantida em um vaso de reacção, a temperatura de


110ºC e sob um fluxo de ar constante de 10 L/h. Após um tempo começam a se formar
os peróxidos, que são os principais produtos formados na primeira etapa de oxidação
31
do biodiesel. Com o processo de oxidação continuada, são formados compostos
orgânicos voláteis, dentre estes, ácidos orgânicos de baixa massa molecular. Estes
compostos são transportados pelo fluxo de ar para outro recipiente contendo água
destilada, onde a presença dos ácidos orgânicos é então detectada pelo aumento da
condutividade no sistema (ver Figura 3.12). O tempo decorrente até a detecção dos
ácidos orgânicos é denominado de período de indução.

A determinação da estabilidade procedeu-se Segundo o descrito na norma EN


14112:2003. Ligou-se Rancimat e deixou estabilizar a temperatura de 110°C. Pesou-se
numa balança analítica aproximadamente 3 gramas de amostra em um tubo de
reacção. O tubo de reacção com amostra foi colocado no bloco de aquecimento do
equipamento, ligou-se o fluxo do ar e começou a oxidação acelerada. Procedeu o
ensaio com quatro réplicas por amostra.

Figura 3.12: Mecanismo de oxidação acelerada no Rancimat e aparelho Rancimat


modelo 743.

3.4. Ensaios no motor-gerador


Para a realização dos testes de emissão e desempenho, foi empregado um motor-
gerador com injecção directa da marca Yanmar, modelo YDL 4200 (Figura 3.13)
acoplado a um gerador de 4 kW, instalado no laboratório do departamento de
Engenharia química. As características gerais do motor de combustão interna e do
gerador são apresentadas nas tabelas 2 e 3.

32
Figura 3.13: Motor-gerador usado nos ensaios

Tabela 2: Características do motor de combustão interna


Característica Especificação
Tipo 4 Tempos, cilindro vertical, refrigeração á ar
Combustível diesel
Sistema de partida Eléctrica e/ou manual
Diâmetro x Curso (mm) 78 x 67
Cilindrada (l) 0.320
Capacidade do tanque (l) 13.5
Dimensões (CxLxA) 378 x 422 x 453
Potencia máxima a 3000 r.p.m (kW) 4.5

Tabela 3: Características do gerador


Característica Especificação
Tipo Auto excitado 2 polos
Frequência (Hz) 50 á 3000 r.p.m
Tensão (V) 220
Potencia máxima (kW) 4

O sistema montado (Figura 3.14) para a realização do ensaio do motor-gerador é


constituído, além do motor-gerador, por um sistema de cargas para a variação da
potência, equipamentos de medição das emissões (ligados ao escape do motor),
sistema de medição do consumo de combustível e dois reservatórios de combustível,
um para o biodiesel e as misturas outro para o óleo diesel. O fluxo de combustível é
controlado por meio de três válvulas, em que a válvula 1 controla o fluxo de
biodiesel/mistura e a válvula 2 o fluxo do diesel. Para operar o motor–gerador com óleo
diesel abria–se a válvula do reservatório em seguida a válvula 2 e mantinha–se as
restantes válvulas fechadas enquanto para operar com biodiesel/misturas abria–se a
33
válvula do reservatório e em seguida a válvula 1. A válvula 3 é usada quando
pretende–se determinar o consumo de combustível, preenchendo–se a bureta com
combustível.

Reservatório de
biodiesel/misturas
Reservatório de
diesel

Bureta

Válvula 3

Válvula 2
Válvula 1 Tubo de
alimentação
Figura 3.14: Sistema de alimentação de combustível

O sistema de carga ao gerador é constituído por 2 fogões eléctricos de duas


bocas cada (cada boca com 1000 W) e 4 lâmpadas de 250 W cada (Figura 3.15). A
variação de carga ao gerador foi feita combinando-se estes utensílios eléctricos. As
cargas resistivas relativas ao regime de trabalho de motor-gerador utilizadas para cada
combustível, foram de 750 W (3 lâmpadas acesas), 2000 W (2 bocas de fogão ligadas),
3000 W (3 bocas de fogão ligadas) e 3750 W (3 bocas de fogão ligadas e 3 lâmpadas
acesas). Estas cargas correspondem respectivamente a 19, 50, 75 e 94% da potência
máxima suportado pelo motor-gerador (4000 W). O motor-gerador também foi operado
sem carga. O fogão 1 e as lâmpadas estão ligados ao motor-gerador pela tomada 1 e o
fogão 2 pela tomada 2 (Figura 3.17).

34
Lâmpadas
Fogão
Fogão 1 2
Figura 3.15: Sistema de cargas ligado ao motor-gerador

3.4.1. Procedimento para avaliação das emissões e do desempenho


Antes de ser iniciado a experiência primeiro media-se o oxigénio atmosférico,
utilizando o analisador de gases, mas com o motor-gerador desligado. Em cada
sequência de ensaios, o motor-gerador foi deixado em funcionamento com óleo diesel
por cerca de 20 minutos, sem carga, para que o motor gerador atingisse a temperatura
ideal de operação, de tal maneira que a temperatura de funcionamento do motor não
influenciasse nos resultados obtidos.

Quando necessária a troca de combustível, o motor permaneceu ligado


consumindo 50mL da nova mistura antes de quantificar as variáveis em análise
procedimento que serviu para a adaptação do sistema de alimentação do motor e para
a eliminação do combustível anterior.

As medições foram feitas num intervalo de 5 minutos após a mudança de carga,


foram feitas 3 repetições para cada combustível e para cada condição de operação. Os
resultados constam no anexo 6.

3.4.2. Ensaio de desempenho do motor

A avaliação do desempenho do motor foi realizada mediante cálculos de consumo


volumétrico, mássico e específico para cada combustível usado.

O controlo do consumo de combustível foi realizado através de uma adaptação no


sistema de alimentação de combustível, com a colocação de uma bureta graduada de
25 ml conectada ao tubo de alimentação do motor-gerador. A válvula 3 era aberta e
alimentava-se o combustível na linha abrindo-se as válvulas 1 ou 2 conforme o
combustível a testar (se biodiesel/mistura ou diesel) até que o combustível chega-se a
um nível acima de 0 ml. Fechava-se as válvulas 1 e 2 de modo que o combustível
consumido fosse o disponível na linha (da bureta e do tubo de alimentação do motor-

35
gerador). O tempo de consumo de 10 ml de combustível foi determinado com auxílio de
um cronómetro.

No motor a diesel parte do combustível que passa pela bomba de injecção não é
injectado no cilindro e retorna para o tanque, este combustível é chamado de
combustível de retorno. O combustível de retorno foi determinado a partir de uma
proveta graduada de 10 ml (Figura 3.16).

O consumo volumétrico de combustível é dado pela seguinte expressão.


∆𝑉
𝑪𝑽 = (Equação 23)
𝑡

Onde: 𝐶𝑉 é o consumo volumétrico de combustível (ml/s); ∆𝑉 é o combustível


realmente consumido. É a diferença entre o combustível que entra na bomba de
injecção (10 ml) e o combustível de retorno (ml); 𝑡 é o tempo necessário para o
consumo do combustível ∆𝑉 (s).

Proveta

Figura 3.16: Medição do combustível de retorno.

O consumo mássico de combustível é obtido multiplicando o consumo volumétrico


pela densidade do combustível (Equação 24).

𝐂𝐦 = CV × ρ (Equação 24)

Onde: 𝑪𝒎 é o consumo mássico de combustível (g/s); 𝜌 é a densidade do combustível


(g/ml)

Através das variações nas condições de carga foi possível obter dados do
consumo específico de combustível [g.(kWh)-1], conforme a equação 25.
3.6×106 ×Cm
𝐂𝐞𝐬𝐩 = (Equação 25)
V×I

36
Onde: 𝑪𝒆𝒔𝒑 é o consumo específico do combustível [g.(kWh)-1]; V é a tensão nos
terminais do gerador (V); I é a corrente eléctrica (A).

Não foi possível medir a tensão nos terminais do gerador, considerou-se o valor
de 220 V. Para medição da corrente de saída do gerador, foi usado um alicate
multímetro da marca Hioki, modelo 3285 (Figura 3.17a). A medição da corrente para
cada condição de carga era feita nos cabos 1 e 2 (Figura 3.18b). Para a carga de 750
W e 2000 W (fogão 1) a medição foi feita no cabo 1 e para as cargas de 3000 W e
3750 W foi feita a soma das correntes medidas separadamente nos cabos 1 e 2.

Tomada 1
Tomada 2

Cabo 2 Cabo 1

(a)
(b)
Figura 3.17: Alicate multímetro usado para a medição da corrente eléctrica (a) e cabos
eléctricos para a medição da corrente (b)

3.4.3. Medição de monóxido de carbono, hidrocarbonetos e dióxido de carbono

Para a medição de monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC) e dióxido de


carbono (CO2) foi usado um analisador de emissões automotivas da marca Horiba,
modelo MEXA-584L (Figura 3.18a). A sonda do equipamento foi colocada no tubo de
escape do motor, onde eram colectados os gases passando por um filtro. A medição
dos gases a partir deste equipamento é feita por infravermelhos não dispersivos
(NDIR), este princípio baseia-se no facto de que cada um destes gases absorve um
único comprimento de onda no espectro infravermelho.

3.4.4. Medição de óxidos de nitrogénio, oxigénio e razão ar-combustível

Para medição das emissões de NOX e do O2 foi usado um analisador de gases de


marca Horiba, modelo MEXA–720–NOX (Figura 3.18b). E para a medição da razão ar-
combustível foi utilizada um aparelho da mesma marca modelo MEXA–730–𝜆 (Figura
3.18c). Os sensores dos dois analisadores construídos a partir de óxido de zircónio
37
foram colocados no tubo de escape do motor-gerador. O analisador MEXA–720–NOX
mede a concentração do óxido nítrico, a medição da concentração do dióxido de
nitrogénio é feita por meio de um conversor existente no equipamento.

(a) (b) (c)


Figura 3.18: Analisadores de gases, (a) Horiba, modelo MEXA-584L, (b) Horiba MEXA–
720–NOX e (c) Horiba MEXA–730–𝜆.

3.4.5. Medição dos fumos


Pra a medição dos fumos exalados pelo motor-gerador foi usado um analisador de
fumos da marca Bacharach True Spot (Figura 3.19). Este analisador funciona como
uma bomba que suga os fumos libertados pelo motor e imprime num papel de filtro. Os
resultados da tonalidade dos fumos imprimidos no papel devem ser comparados com
uma escala padrão e atribui-se um valor de acordo com a escala.

Figura 3.19: Analisador de Fumos de marca Bacharach True Spot e tubo de conexão
do analisador conectado ao escape (à direita)

3.4.6. Análise estatística dos dados


Os valores duvidosos obtidos em todos os ensaios tiveram um tratamento
estatístico a partir do critério para a verificação da homogeneidade dos dados, com
nível de confiança ∝ = 0.05. determinou-se também as medias e desvio padrão com
auxílio do Microsoft Excel.

38
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Propriedades físico-químicas

4.1.1. Resultados de densidade

A densidade representa a quantidade de massa por unidade de volume do


combustível. Foi determinado uma densidade de 874 kg/m 3 para o biodiesel e 823
kg/m3 para o diesel a 15°C. A densidade do biodiesel representa um aumento de 6 %
em relação ao óleo diesel. Segundo Patil e Deng (2009) a densidade do biodiesel de
Jatropha curcas varia entre 860-880 kg/m3 a densidade do biodiesel determinada
encontra-se dentro deste intervalo.

A partir a Figura 4.1 observa-se que o aumento da proporção de biodiesel na


mistura binária promove o aumento da densidade. Este resultado é esperado uma vez
que o biodiesel possui uma densidade mais elevada que o óleo diesel. Também foi
possível verificar que apenas as amostras B0 e B80 estão dentro dos limites
estabelecidos na norma EN 14214, e as restantes amostras apresentaram valores de
densidade abaixo dos 860 kg/m3.

920

900
min. EN 14214
Densidade (kg/m3 )

880 max. EN 14214

860

840

820

800
0 20 40 60 80 100
Fracção de biodiesel (%vol.)

Figura 4.1: Variação da densidade com a fracção de biodiesel

A densidade é uma propriedade importante na avaliação do desempenho de


motores a diesel, uma vez que a bomba injectora alimenta o motor com volumes
constantes para cada condição de operação, a variação da densidade promove
alteração da massa de combustível injectada. Valores de densidade de biodiesel

39
abaixo de 860 kg/m3 podem levar ao aumento do consumo de combustível em relação
ao diesel, no entanto este fenómeno não ocorre quando se trata das suas misturas
porque o diesel fóssil apresenta maior poder calorífico que o biodiesel.

4.1.2. Resultados de viscosidade cinemática


Viscosidade Cinemática expressa a resistência oferecida pelo combustível ao
escoamento sob gravidade, foi medida a 40°C. Os resultados do efeito da adição do
biodiesel no óleo diesel referente a esta propriedade podem ser observados no Figura
4.2. Foi determinada uma viscosidade de 6.1 mm2/s para o biodiesel contra 4.1 mm2/s
do óleo diesel.

Uma vez que a viscosidade cinemática do biodiesel é maior em relação ao diesel


convencional, o aumento da proporção de biodiesel na mistura binária resulta no
aumento da viscosidade cinemática.

Quanto a análise da conformidade dos resultados deste parâmetro com as


normas, verifica-se que as amostras B0, B20, B40 e B60 cumprem os requisitos da
norma EN 14214 enquanto as restantes apresentam valores de viscosidade cinemática
acima do estabelecido. Entretanto em comparação com a norma ASTM D 6751 que
apresenta um intervalo mas amplo, verifica-se que todas as amostras cumprem os
requisitos, estando a amostra B100 ligeiramente acima (6.1 mm 2/s contra 6 mm2/s da
norma).

A viscosidade tem influência na combustão, cuja eficiência dependerá da potência


máxima desenvolvida pelo motor. Quanto maior a viscosidade, menor a eficiência do
sistema de injecção de combustível, já que na atomização o tamanho das gotículas
aumentará levando à redução da área superficial para contacto com ar no interior da
câmara de combustão. Esse comportamento, por sua vez, inibe a evaporação do
combustível e favorece a queima incompleta (emissão de monóxido de carbono e
hidrocarbonetos).

40
7,0

Viscosidade
6,0
Viscosidade cinemática cinemática a 40 °C
min. EN 14214
5,0
(mm2/s)

max. EN 14214
4,0
min. ASTM D6751
3,0
max. ASTM D6751
2,0

1,0
0 20 40 60 80 100
Fracção de biodiesel (%vol.)
Figura 4.2: Variação da viscosidade com a fracção de biodiesel

4.1.3. Resultados de índice de acidez

A Figura 4.3 apresenta a variação do índice de acidez com a fracção de biodiesel


na mistura. Foi determinado um índice de acidez de 1.08 mgKOH/g de amostra para o
biodiesel puro e 0.41 mgKOH/g para o óleo diesel. A acidez do biodiesel é cerca de 3
vezes maior que a do óleo diesel. Não era esperado um valor elevado de acidez do
biodiesel, uma vez que foi produzido por catálise básica. Na catálise básica os restos
do catalisador reagem com os ácidos gordos livres do biodiesel neutralizando-os. A
elevada acidez do biodiesel pode dever-se ao excesso de água que promove a
hidrólise dos ácidos gordos formando os ácidos gordos livres que representam o índice
de acidez.

Como a acidez do biodiesel é maior em relação ao diesel, o aumento da


proporção do biodiesel na mistura resultou no aumento desta propriedade. Apenas as
amostras B0 e B20 cumprem os requisitos das normas Europeia e Americana.

Uma elevada acidez tem influência na hidrólise do biodiesel, na sua oxidação e


afecta a estabilidade térmica do combustível na câmara de combustão além da acção
corrosiva sobre os componentes metálicos do motor.

41
1,20

1,00

Índice de acidez 0,80 Índice de acidez


(mg KOH/g)
0,60
max. ASTM D6751 &
EN 14214
0,40

0,20

0,00
0 20 40 60 80 100
Fracção de biodiesel (%.vol)

Figura 4.3: Variação do índice de acidez com a fracção de biodiesel

4.1.4. Resultados de estabilidade oxidativa


O biodiesel e misturas apresentaram valores de estabilidade a oxidação inferior ao
mínimo estabelecido na norma europeia (6 h). O biodiesel puro apresentou um tempo
de indução de 1.54 h e as misturas B80, B60, B40 e B20 apresentaram tempos médios
de indução de 1.58, 1.64, 2.12 e 3.16 h respectivamente (Figura 4.4).

A baixa estabilidade do biodiesel e consequentemente das misturas deve-se a


dois factores. Primeiro verificou-se a redução da estabilidade dos biocombustíveis
durante o processo de processamento dos óleos, sendo o óleo bruto mas estável em
relação ao óleo degomado e o óleo degomado mas estável em relação ao óleo
neutralizado, que por sua vez tem maior estabilidade que o biodiesel. Isto acontece
porque durante o refino dos óleos (principalmente a neutralização), ocorre a remoção
dos antioxidantes naturais presentes nos óleos (por exemplo os tocoferóis ou Vitamina
E).

Outro factor deve-se ao facto dos óleos terem sido armazenados em um espaço
em que eram expostos a radiação solar, temperaturas elevadas e ao contacto com o ar
possibilitando a ocorrência de reacções de oxidação. A presença de água também
pode promover a oxidação do biodiesel (oxidação hidrolítica), entretanto em menor
extensão.

42
30,00

25,00
Tempo de indução (h)
20,00

Estabilidade à
15,00 oxidação a 110 °C
min. EN 14214
10,00

5,00

0,00
0 20 40 60 80 100
Fracção de biodiesel (%vol.)

Figura 4.4: Variação do tempo de indução com a fracção do biodiesel

4.2. Desempenho do motor-gerador para diferentes combustíveis testados

4.2.1. Consumo específico do combustível

O consumo específico é um parâmetro usado para medir a eficiência do uso do


combustível pelo motor para produção de trabalho. A partir da Figura 4.5 observa-se
que o consumo específico do combustível diminui com o aumento da carga aplicada.
Isto ocorre porque as perdas de calor por atrito no motor, permanecem constante
enquanto a carga aumenta, assim a cargas elevadas a eficiência energética (eficiência
da conversão da energia química do combustível em energia útil) é relativamente maior
que a baixas cargas. No entanto a taxa de decréscimo no consumo específico é maior
a baixas cargas (750 a 2000 W) do que nas cargas mais elevadas (2000 a 3750 W).

Vlassov et al. (2009) citado por Gauer, (2012) descrevem que a potência devida
às perdas mecânicas do motor é constante uma vez que a mesma depende da
velocidade do pistão, que também é um parâmetro que permanece constante. Assim, a
redução da potência efectiva do motor leva a uma diminuição do rendimento mecânico
e, portanto, a um aumento do consumo específico em situações de cargas mais baixas.

43
800

700
Consumo específico
B0
600
B20
(g/kWh)

500 B40
B60
400 B80
B100
300

200
750 1250 1750 2250 2750 3250 3750
Carga (W)

Figura 4.5: Variação do consumo específico do combustível com a carga

A partir da Figura 4.6 observa-se que o aumento da proporção de biodiesel na


mistura promove o aumento do consumo específico. O combustível B100 (Biodiesel)
apresentou o maior consumo específico em todas cargas analisadas. O consumo
especifico de B100 representa um aumento em relação ao diesel (B0) de 13, 13.1, 14.7
e 10.1% nas cargas 750, 2000, 3000 e 3750 W respectivamente. Esse aumento ocorre
porque o biodiesel possui menor poder calorífico inferior (PCI) quando comparado ao
diesel puro. O poder calorífico representa a quantidade de energia térmica que pode
ser produzida por unidade de massa do combustível (Caetano et al., 2004). Isso
significa que, para produzir a mesma quantidade de energia produzida pelo diesel, o
biodiesel necessita de maior quantidade de massa, aumentando o consumo específico
do combustível.

Entretanto como o biodiesel apresenta maior densidade que o diesel e o sistema


de injecção de combustível alimenta o motor com volume constante a cada condição
de operação, a alta densidade do biodiesel faz com que maior massa seja injectada
comparativamente ao diesel, isto faz com que a diferença no consumo específico não
seja relativamente maior.

Segundo Atabani et al. (2013), a viscosidade do combustível também pode


influenciar a atomização, provocando queima incompleta do combustível e
consequente aumento do consumo específico em determinadas condições de
operação. Reis et al. (2013) avaliaram o desempenho do motor utilizando óleo diesel e

44
biodiesel, tendo ocorrido um aumento médio de 18% no consumo específico quando o
combustível foi 100% biodiesel, superior ao obtido neste estudo.

Das misturas analisadas o B20 apresentou o melhor desempenho, com um ligeiro


aumento do consumo específico em relação ao diesel na ordem de 1.0, 0.4 e 0.8% nas
cargas 750, 2000 e 3000 W respectivamente. E apresentou uma redução do consumo
específico de 2.3% na carga de 3750W.

Ferrari et al. (2005) avaliaram o consumo de combustível em um motor-gerador de


energia utilizando misturas de óleo diesel e biodiesel obtido através da
transesterificação do óleo de soja com etanol anidro na presença de catalisador
alcalino (hidróxido de sódio). Os autores observaram que nas misturas de óleo diesel e
biodiesel em proporção de até 10% ocorreu uma redução no consumo de combustível,
e que para proporções maiores que esta ocorreu um aumento no consumo, chegando
a 4,77% quando se utilizou biodiesel puro.

800

700
Consumo específico

600 750W
(g/kWh)

2000W
500
3000W
400
3750W
300

200
0 20 40 60 80 100
Fracção de biodiesel (%vol.)

Figura 4.6: Variação do consumo específico do combustível com a fracção de biodiesel

De uma forma geral o melhor desempenho do biodiesel e das misturas verificou-


se na carga de 3750 W com uma redução já referida de 2.3% do consumo específico
para o B20 e um acréscimo de 1.3, 3.6, 3.7 e 10.1% para os combustíveis B40, B60,
B80 e B100 respectivamente.

4.2.2. Razão ar-combustível


Os motores de ignição por compressão operam com misturas pobres (valores de
razão A/C acima da estequiometria). Os valores da razão A/C situaram-se no intervalo
entre 27 a 90.
45
A Figura 4.7 apresenta o efeito do aumento da carga na razão ar-combustível
para os diferentes combustíveis testados. Observa-se que o aumento da carga
promove a redução da razão ar-combustível. Isto deve-se ao facto da vazão do ar
permanecer constante com o aumento da carga aplicada, enquanto o consumo de
combustível (consumo mássico ou volumétrico) aumenta.

100
90
Razão ar-combustível

80 B0
70 B20
B40
60
B60
50
B80
40 B100
30
20
0 750 1500 2250 3000 3750
Carga (W)

Figura 4.7: Variação da razão ar-combustível com a carga aplicada

A adição do biodiesel ao diesel (Figura 4.8) até proporção de 80%, promove um


ligeiro aumento da razão ar combustível em todas cargas analisadas. Nas proporções
de 80 a 100% verifica-se uma redução na razão ar combustível, sendo que esta
redução é mais acentuada quando o motor opera sem carga e quando opera a 750 W.

A amostra B80 presentou a razão A/C mais elevada, sendo aproximadamente 6%


maior que o diesel. Quando o motor opera com razão A/C mais elevada aumenta a
emissão dos óxidos de nitrogénio enquanto, quando opera com razão A/C potência a
combustão incompleta, ocorrendo um acréscimo na emissão do monóxido de carbono.

46
100
90
80

Razão ar-combustível
0W
70
750W
60
2000W
50 3000W
40 3750W
30
20
0 20 40 60 80 100
Fracção de biodiesel (%vol.)

Figura 4.8: Variação da razão ar-combustível com a fracção de biodiesel

4.3. Resultados das emissões do motor-gerador

4.3.1. Emissão de dióxido de carbono

A análise da Figura 4.9 permite afirmar que o aumento da carga submetida ao


motor-gerador resulta no aumento das emissões de dióxido de carbono. Este fenómeno
verifica-se porque, quando aumentamos a carga ocorre o aumento do consumo de
combustível (consumo mássico ou volumétrico), este aumento do consumo resulta no
aumento das emissões de CO2. Isto é, a taxa de formação de dióxido de carbono é
directamente proporcional a taxa de admissão do combustível no motor.

A concentração de CO2 aumenta ligeiramente com o aumento da proporção de


biodiesel na mistura (Figura 4.10). O biodiesel puro (B100) apresentou as emissões
mas elevadas de CO2 em todas cargas avaliadas. As emissões de B100 representam
um aumento em relação ao óleo diesel (B0) de 3.5, 3.2, 3.1, 8.0, 4.2% nas cargas 0,
750, 2000, 3000, 3750 W respectivamente.

A mistura B80 apresentou as menores emissões de CO 2 para cargas superiores a


2000W. As misturas B20, B40 e B60 apresentaram as menores emissões quando o
motor-gerador funcionava sem carga e quando funcionava sobre cargas de 750, 2000 e
3000 W.

47
9
8
7 B0
6 B20
CO2 (%vol.) 5
B40
4
B60
3
B80
2
B100
1
0
0 750 1500 2250 3000 3750
Carga (W)

Figura 4.9: Variação das emissões de dióxido de carbono com a carga aplicada

As maiores emissões de CO2 obtidas no ensaio com biodiesel puro e misturas são
contraditórias com os demais trabalhos literários. Sharma et al. (2014), avaliaram a
performance e as emissões de um motor a diesel empregando diesel, biodiesel e óleo
pré-aquecido de Jatropha, verificaram que as emissões de CO2 de biodiesel, óleo de
Jatropha e misturas com diesel foi menor comparativamente as do óleo diesel. Isto
deve-se ao facto do óleo diesel conter maior quantidade de carbono na sua
composição que o biodiesel. Contudo, as maiores emissões do CO2 do biodiesel e
misturas podem estar relacionadas com o consumo do combustível, uma vez que o
biodiesel apresenta maior consumo do combustível, este aumento do consumo resultou
no aumento das emissões de dióxido de carbono.

9
8
7
CO2 (%vol.)

6 0W

5 750W
2000W
4
3000W
3
3750W
2
0 20 40 60 80 100

Fracção de biodiesel (%vol.)

Figura 4.10: Emissões de dióxido de carbono em função a proporção de biodiesel

48
4.3.2. Emissão de monóxido de carbono

A partir da Figura 4.11 observa-se que o aumento da carga aplicada ao motor-


gerador resulta na redução das emissões de CO até a carga de aproximadamente
3000W, depois as emissões permanecem constante nas cargas subsequentes. Isto
deve-se ao aumento da temperatura com o aumento da carga aplicada, favorecendo a
combustão completa e a transformação de CO em CO2.

Comparativamente ao diesel o uso de biodiesel aumentou as emissões de CO em


13%, 56%, 50% e 60% nas cargas 0W, 750W, 3000W e 3750W, as emissões foram
idênticas na carga de 2000W.

O aumento das emissões de CO com o uso de biodiesel este pode ter ocorrido
devido à queda na eficiência de combustão com o aumento da concentração de
biodiesel ocasionada pela dificuldade de pulverização de combustível na câmara de
combustão em virtude da alta viscosidade. Quanto maior a viscosidade, maior será o
tamanho das gotículas de combustível na atomização, levando à redução da área
superficial para contacto com ar no interior da câmara de combustão. Esse
comportamento, por sua vez, inibe a evaporação do combustível e favorece a queima
incompleta (emissão de monóxido de carbono) (Silva et al., 2012).

Entretanto as misturas de diesel e biodiesel resultaram na redução das emissões


deste parâmetro em relação ao diesel para todas as cargas avaliadas (Figura 4.12).
Estas reduções são mas acentuadas quando o motor-gerador opera sem carga,
chegando a 20%. Segundo Mazieiro et al. (2006), as reduções nas emissões de
monóxido de carbono operando com as misturas de biodiesel e diesel podem ser
explicadas pela presença de oxigénio na molécula de biodiesel uma vez que a
disponibilidade deste comburente na câmara de combustão proporciona uma melhor
queima do combustível no sentido de produzir maiores quantidades de CO 2.

49
0,07

0,06
B0

CO (%vol.) 0,05 B20

0,04 B40
B60
0,03
B80
0,02
B100
0,01
0 750 1500 2250 3000 3750
Carga (W)

Figura 4.11: Variação das emissões do monóxido de carbono com a carga aplicada
0,07

0,06

0,05
CO (%Vol.)

0,04 0W
750W
0,03
2000W
0,02
3000W
0,01 3750W

0
0 20 40 60 80 100
Fracção de biodiesel (%vol.)
Figura 4.12: Emissões de monóxido de carbono em função fracção de biodiesel

4.3.3. Emissão de hidrocarbonetos


Os hidrocarbonetos assim como o monóxido de carbono são produtos de
combustão incompleta. A Figura 4.13 mostra o comportamento das emissões de
hidrocarbonetos em função da carga aplicada ao motor-gerador. Verifica-se um ligeiro
aumento das emissões com o aumento da carga, principalmente para os combustíveis
B0, B20 e B100. Não verifica-se diferenças significativas nas emissões de
hidrocarbonetos para os combustíveis B0 e B100 no intervalo de carga de 0W a 300W.
Entretanto no intervalo de carga de 3000 W a 3750W as emissões de B100 aumentam
consideravelmente enquanto as emissões do B0 Permanecem constantes.

O aumento das emissões do HC com o aumento da carga deve-se ao facto de


ocorrer uma redução da razão A/C com o aumento da carga, possibilitando a
ocorrência da combustão incompleta.
50
21

19

HC (ppmV) 17 B0
B20
15
B40
13 B60
11 B80
B100
9
0 750 1500 2250 3000 3750
Carga (W)
Figura 4.13: Emissões de hidrocarbonetos em função da carga

A partir da Figura 4.14 verifica-se que o aumento da proporção de biodiesel até


60% permite a redução das emissões de HC, mas para proporções de biodiesel acima
de 60% resulta em aumento das emissões.

Este fenómeno deve-se a dois factores principais, primeiro a alta viscosidade e


densidade do biodiesel faz com que misturas acima 60% de biodiesel tenham uma
mistura ar-combustível deficiente (mistura rica em combustível), devido a redução da
área de contacto entre o ar e o combustível, proporcionando uma combustão
incompleta (razão principal da formação de HC).

O segundo factor é que a mistura do diesel e biodiesel em baixas proporções


(abaixo de 60%) proporciona uma combustão completa e sem atraso de ignição devido
a presença do oxigénio no biodiesel e o seu maior número de cetano
comparativamente ao diesel convencional (Sharma et al., 2014).

51
21

19

17
0W
HC (ppmV)

15 750W
2000W
13
300W
11
3750W

9
0 20 40 60 80 100
Fracção de biodiesel (%vol.)

Figura 4.14: Variação da emissão de hidrocarbonetos com a fracção de biodiesel

A operação do motor-gerador com as misturas apresentou valores da


concentração de HC menores aos obtidos na operação com diesel e biodiesel. A
mistura B60 apresentou a menor emissão dos HC, seguido pela amostra B40, depois a
B80 e por fim a amostra B20. As emissões de B60 representam uma redução em
relação ao diesel de 38.5%, 46.3%, 41.8%, 42% e 41.4% nas cargas de 0W, 750W,
2000W, 3000W e 3750W respectivamente.

4.3.4. Emissão de óxidos de nitrogénio


Pela análise da Figura 4.15 nota-se que as emissões dos óxidos de nitrogénio
aumentam linearmente com o aumento da carga aplicada ao motor gerador. Isso deve-
se ao facto das emissões dos NOX ter uma forte correlação com a temperatura (NO
térmico). O aumento da carga promove o aumento da temperatura na câmara de
combustão e consequentemente o aumento das emissões de NOX.

Quanto maior a potência do motor, maior o nível de emissão de NO X pelo


biodiesel, já que as características encontradas na câmara de combustão nestas
condições (maior pressão e temperatura), favorecem a formação deste composto
(Gauer, 2012; Valente, 2007; Elango e Senthilkumar, 2011),

52
600

500
B0
NOX (ppm) 400 B20

300 B40
B60
200
B80
100 B100

0
0 1000 2000 3000
Carga (W)
Figura 4.15: Variação das emissões de óxidos de nitrogénio com a carga aplica

A Figura 4.16 apresenta a variação das emissões dos NOX com a proporção de
biodiesel, não verifica-se diferenças significativas nas emissões das misturas quando
usado biodiesel até 60%. Entretanto para proporções acima de 80% verifica-se uma
ligeira redução nas emissões. Determinou-se uma redução das emissões de NOX
operando-se o motor-gerador com biodiesel puro na ordem de 4.9%, 3.5%, 2.3%, 3.1%
e 4.8% nas cargas 0W, 750W, 2000W, 3000W e 3750W respectivamente.

Contudo estes resultados não apresentaram-se condizentes com o que afirma


grande parte da literatura. Reis et al., (2013) afirma que as emissões de óxido de
nitrogénio são aumentadas com a utilização de ésteres. O maior número de cetano do
biodiesel pode ser o responsável pela redução das emissões dos NOX (Gauer, 2012).

De uma forma geral as emissões de óxidos de nitrogénio permanecem constante


com o aumento da proporção de biodiesel, apesar de registar ligeiras reduções
principalmente para proporções acima de 80%.

53
600

500
0W
400 750W
NOX (ppm)

2000W
300
3000W
200 3750W

100

0
0 20 40 60 80 100
Fracção de biodiesel (%vol.)
Figura 4.16: Variação das emissões de óxidos de nitrogénio com a proporção de
biodiesel

4.3.5. Concentração de oxigénio nos gases de escape


Os resultados evidenciam uma redução da concentração de oxigénio nos gases
de escape com o aumento da carga aplicada ao motor-gerador (Figura 4.17). Este
comportamento coincide com o verificado na razão ar-combustível, e deve-se ao facto
do consumo do combustível aumentar com o aumento da carga, resultando no
aumento do consumo de oxigénio durante a combustão.

Os valores das emissões de O2 situam-se no intervalo de 9.32 %vol. a 16.31%vol.

As emissões de oxigénio para o biodiesel puro foram ligeiramente inferiores


comparadas ao óleo diesel. Este resultado não era esperado uma vez que a maior
quantidade de cadeias oxigenadas presentes no biodiesel contribui para a maior
emissão do oxigénio em comparação com o diesel fóssil (Reis et al., 2013).

54
17
16
15
B0
14
B20
13
O2 (% vol.)
B40
12
B60
11
B80
10
B100
9
8
0 750 1500 2250 3000 3750
Carga (W)
Figura 4.17: Emissão do oxigénio em função da carga aplicada

Na Figura 4.18 observa-se que não há diferenças significativas na concentração


de oxigénio nos gases de escape com a variação da proporção de biodiesel na mistura.
As emissões de oxigénio permanecem constante com o aumento proporção de
biodiesel, principalmente nas cargas 0W, 750W e 2000W. Na carga de 300W observa
uma ligeira redução da emissão de oxigénio de 10.89%vol. no B0 para 10.51%vol. no
B100.

17
16
15
14 0W
O2 (% vol.)

13 750W
12 2000W
11 3000W
10
3750W
9
8
0 20 40 60 80 100
Fracção de biodiesel (%vol.)
Figura 4.18: Emissão do oxigénio em função da proporção de biodiesel

4.3.6. Emissão de fumos


Os fumos são resultados da combustão incompleta no motor à diesel. A Figura
4.19 mostra a emissão dos fumos no motor-gerador utilizando diferentes combustíveis
e a diferentes cargas. Verifica-se que a emissão dos fumos aumenta continuamente

55
com a carga aplicada. Isto deve-se ao facto do aumento da carga resultar no aumento
do consumo de combustível.

O aumento da proporção do biodiesel reduz as emissões dos fumos. Este


fenómeno pode ser explicado pelo facto do biodiesel ter oxigénio na sua composição e
a sua combustão ser mais completa. Comparativamente ao diesel, o biodiesel reduziu
as emissões dos fumos em 50%, 67%, 50%, 25% e 25% para as cargas de 0W, 750W,
2000W, 3000W e 3750W respectivamente.

Não se registaram diferenças significativas nas emissões dos fumos usando B0,
B20 e B40 para a carga de 3750W, também não se registaram diferenças significativas
para as amostras B60, B80 e B100 na mesma carga.

Escala de Fumos Desempenho


1......................................................Excelente
2.............................................Bom
5
3.............................................Razoável
4...................................................Pobre
4
Escala de fumos

0W
3
750W
2000W
2
3000W

1 3750W

0
B0 B20 B40 B60 B80 B100
Amostra

Figura 4.19: Emissão de fumos pelo motor-gerador

56
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1. Conclusões
No presente trabalho foram avaliadas as emissões e o desempenho de um motor-
gerador alimentado com biodiesel de Jatropha Curcas L. e diesel de origem fóssil. Com
os resultados obtidos conclui-se que:

 É possível utilizar biodiesel puro e suas misturas em um motor-gerador a diesel sem


qualquer adaptação do motor. O motor-gerador alimentado com biodiesel e misturas
com diesel funcionou normalmente sem apresentar falhas mesmo para cargas mas
elevadas.
 O consumo específico de combustível apresenta relação inversamente proporcional
com a carga resistiva, porém com decréscimos cada vez menores com o aumento
da carga. O aumento da proporção de biodiesel na mistura promove o aumento do
consumo específico.
 O combustível B100 apresentou o maior consumo específico em todas cargas
analisadas. Das misturas analisadas o B20 apresentou o melhor desempenho, com
um ligeiro aumento do consumo específico em relação ao diesel na ordem de 1.0%,
0.4% e 0.8 % nas cargas 750, 2000 e 3000 W respectivamente. E apresentou uma
redução do consumo específico de 2.3% na carga de 3750W.
 O aumento da carga submetida ao motor-gerador resultou no aumento das
emissões de dióxido de carbono. A concentração de CO2 aumenta ligeiramente com
o aumento da proporção de biodiesel na mistura e o combustível B100 apresentou
as emissões mais elevadas de CO2 em todas cargas avaliadas representando um
aumento em relação ao óleo diesel (B0) de 3.5%, 3.2%, 3.1%, 8.0%, 4.2% nas
cargas 0, 750, 2000, 3000, 3750 W respectivamente
 O aumento da carga aplicada ao motor-gerador resultou na redução das emissões
de CO. Comparativamente ao diesel o uso de biodiesel aumentou as emissões de
CO, entretanto as misturas de diesel e biodiesel resultaram na redução das
emissões deste parâmetro em relação ao diesel para todas as cargas avaliadas
 Quanto a emissão dos hidrocarbonetos verificou-se um ligeiro aumento das
emissões com o aumento da carga, principalmente para os combustíveis B0, B20 e
B100. O aumento da proporção de biodiesel até 60% permite a redução das
emissões de HC, mas para proporções de biodiesel acima de 60% resulta em
aumento das emissões. As emissões de B60 representam uma redução em relação

57
ao diesel de 38.5%, 46.3%, 41.8%, 42% e 41.4% nas cargas de 0W, 750W, 2000W,
3000W e 3750W respectivamente.
 As emissões dos óxidos de nitrogénio aumentam linearmente com o aumento da
carga aplicada ao motor-gerador. Não verifica-se diferenças significativas nas
emissões das misturas quando usado biodiesel até 60%. Entretanto para
proporções acima de 80% verifica-se uma ligeira redução nas emissões.
 A emissão dos fumos aumenta continuamente com a carga aplicada. O aumento da
proporção do biodiesel na mistura binária reduziu significativamente as emissões
dos fumos.

5.1. Recomendações

Como forma de complementar os resultados obtidos, sugere-se para trabalhos


futuros que:

 Recomenda-se a utilização de misturas de diesel e biodiesel até 60% pós


proporções acima de 60% resultam em elevadas emissões de poluentes
principalmente de hidrocarbonetos.
 Realizem-se medições da temperatura dos gases de escapes porque a emissão
dos NOX esta intimamente ligada a temperatura de combustão e existe uma
correlação entre a temperatura de combustão e a temperatura dos gases. Com esta
análise será possível avaliar se a redução nas emissões dos NO X no uso de
biodiesel observada neste trabalho deve-se a redução da temperatura da
combustão ou a um outro factor.
 Se avalie as emissões do biodiesel de Jatropha curcas considerando o seu ciclo de
vida, de modo a determinar o impacto ambiental de forma mais abrangente.
 Se determine o poder calorífico do biodiesel e suas misturas com diesel fóssil.
 Nos ensaios do motor-gerador seja feito o maior número de repetições possível
(mais de cinco repetições).

58
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63
Anexos

64
Anexo 1. Resultados da produção de biodiesel

A1.1. Resultados de extracção do óleo de Jatropha

Temperatura 90 a 100°C, Posição 5

Amostra Massa das sementes Massa do bagaço (kg) Volume do óleo (l)
(kg)
1 50 29 12.5
2 50 32 8.1
3 50 34 11.3
Média 50 31.7 11.9

Temperatura 90 a 100°C, Posição 6

Amostra Massa das sementes Massa do bagaço (kg) Volume do óleo (l)
(kg)
1 50 37 8.4
2 50 34 12.4
3 50 33 11.62
Média 50 33.5 12.01

A1.2. Degomagem de óleo de Jatropha


Volume de óleo Água de lavagem (L0 Volume do óleo
Amostra
crude (L) 20% (v/v) 15% (v/v) degomado (L)
1 12.5 2.5 1.88 10.7
2 10.3 2.06 1.55 7.2
3 12.4 2.48 1.86 10.8
4 7.4 1.48 1.11 4.10

A1.3. Neutralização do óleo degomado


N° de Volume X (ml) V de NaOH Ácido Água de lavagem
neutralizações do óleo água (g) cítrico (L)
A (L) (ml) (g) 1a 2a

1 11.5 12.5 345 71.875 7.65 2.04 1.53


2 10.2 9 270 45.9 5.40 1.80 1.40
3 7.9 6 237 23.7 4.85 1.44 1.10
4 7.1 4.5 213 16.0 4.20 1.4 1
5 5.5 3 165 8.25 3.885 0.8 0.6
4.85 1

A1-2
A1.4. Transesterificação do óleo de Jatropha
Amostra Volume de X (ml) Metanol NaOH Ácido Volume de
óleo (L) (g) cítrico biodiesel
neutralizado (g) (L)
1 4.85 1 1.067 19.4 0.48 4.5
2 4.35 2 0.957 19.575 0.38 3.1
3 6.4 1.5 1.408 27.2 0.62 5.8

Nota: Posição 5, Posição 6 – Refere-se ao posicionamento do parafuso sem fim da


maquina de prensagem, quanto menor o numero da posição maior é a pressão
aplicada na prensagem.

A1-3
Anexo 2: CRITÉRIO PARA A VERIFICAÇÃO DA HOMOGENEIDADE DOS DADOS
Critério R – Verificação da homogeneidade dos ensaios paralelos

|𝐱 𝐝 − 𝐱̅|
𝐑 ∝,𝐟 =
𝐧−𝟏
𝐬√ 𝐧

Onde:
𝐱 𝐝 – Resultado duvidoso
∝ - Nível de confiança
𝐬 – Desvio padrão da amostra
f= n-2: Número de graus de liberdade
𝐱̅ - Média amostral
Se o valor do critério calculado, R , for menor do que o do critério tabelado, R , então o
c t

valor duvidoso pertence ao conjunto geral e por isso não pode ser rejeitado.

𝑅0.05,5 = 2.18
𝑅0.05,3 = 1.92

Nota: os dados sublinhados não cumprem o critério por isso não foram considerado no
cálculo das médias.

A2-2
Anexo 3: Dados obtidos no ensaio de densidade
Massa do picnómetro vazio (m1) = 19.7992 g

Volume do picnómetro (V = 26.846 ml)

Massa da amostra = m2-m1

A3.1: Amostra B100 (Biodiesel puro)

Ensaio Massa do picnómetro com Massa da Densidade Densidade a 25 Densidade a


a amostra (m2) (g) amostra (g) (g/ml) °C (Kg/m3) 15°C (Kg/m3)
1 43.0748 23.2756 0.8670 867 874
2 43.0633 23.2641 0.8666 866 874
3 43.0548 23.2556 0.8663 866 873
4 43.0502 23.2510 0.8661 866 873
5 43.0475 23.2483 0.8660 865 873

A3.2: Amostra B80


Massa do picnómetro Massa da Densidad Densidade a Densidade a 15°C
Ensaio
com a amostra (m2) (g) amostra (g) e (g/ml) 24.5°C (Kg/m3) (Kg/m3)
1 42.8143 23.0151 0.8573 857 864
2 42.8022 23.0030 0.8569 857 864
3 42.7996 23.0004 0.8568 857 864
4 42.7880 22.9888 0.8563 856 863
5 42.7982 22.9990 0.8567 857 864

A3.3: Amostra B60


Massa do picnómetro Massa da Densidade Densidade a Densidade a
Ensaio
com a amostra (m2) (g) amostra (g) (g/ml) 24.5°C (Kg/m3) 15°C (Kg/m3)
1 42.5070 22.7078 0.8459 846 853
2 42.5133 22.7141 0.8461 846 853
3 42.4920 22.6928 0.8453 845 852
4 42.4983 22.6991 0.8455 846 852
5 42.4961 22.6969 0.8454 845 852

A3-2
A3.4: Amostra B40

Massa do picnómetro Massa da Densidade Densidade a Densidade a 15°C


ENSAIO
com a amostra (m2) (g) amostra (g) (g/ml) 24.1°C (Kg/m3) (Kg/m3)
1 42.2299 22.4307 0.8355 836 842
2 42.2230 22.4238 0.8353 835 842
3 42.2174 22.4182 0.8351 835 842
4 42.2181 22.4189 0.8351 835 842
5 42.2168 22.4176 0.8350 835 842

A3.5: Amostra B20


Ensai Massa do picnómetro Massa da Densidad Densidade a Densidade a 15°C
o com a amostra (m2) (g) amostra (g) e (g/ml) 24.1°C (Kg/m3) (Kg/m3)
1 41.9636 22.1644 0.8256 826 832
2 41.9523 22.1531 0.8252 825 832
3 41.9432 22.1440 0.8249 825 831
4 41.9345 22.1353 0.8245 825 831
5 41.9360 22.1368 0.8246 825 831

A3.6: Amostra B0 (Óleo diesel)


Ensai Massa do picnómetro Massa da Densidad Densidade a Densidade a 15°C
o com a amostra (m2) (g) amostra (g) e (g/ml) 24.1°C (Kg/m3) (Kg/m3)
1 41.7195 21.9203 0.8165 817 823
2 41.7030 21.9038 0.8159 816 822
3 41.7000 21.9008 0.8158 816 822
4 41.6950 21.8958 0.8156 816 822
5 41.7148 21.9156 0.8163 816 823

A3-3
Anexo 4: Dados obtidos no ensaio da viscosidade cinemática a 40 °C
A4.1: Amostra B100 (Biodiesel) A4.2: Amostra B80
Ensaio Tempo (s) Viscosidade (mm2/s) Ensaio Tempo (s) Viscosidade (mm2/s)
1 40.45 6.0918 1 39.37 5.6896
2 40.51 6.1139 2 39.16 5.6106
3 40.49 6.1066 3 39.15 5.6068
4 40.34 6.0511 4 39.11 5.5918
5 40.5 6.1102 5 38.59

Anexo A4.3: Amostra B60 Anexo A4.4: Amostra B40


Ensaio Tempo (s) Viscosidade (mm2/s)
Ensaio Tempo (s) Viscosidade (mm2/s)
1 37.47 4.9650
1 36.96 4.7665
2 38.01 5.1733
2 36.77 4.6921
3 37.41 4.9418
3 36.79 4.6999
4 37.49 4.9728
4 36.64 4.6410
5 37.39 4.9340
5 37.21

A4.5: Amostra B20 A4.6: Amostra B0 (óleo diesel)


Ensaio Tempo (s) Viscosidade (mm2/s)
Ensaio Tempo (s) Viscosidade (mm2/s)
1 36.28 4.4990
1 35.39 4.1435
2 36.25 4.4871
2 35.51 4.1918
3 36.35 4.5267
3 35.23 4.0789
4 35.35 4.3997
4 35.18 4.0587
5 36.21 4.4712
5 36.03

A4-2
Anexo 5: Dados obtidos no ensaio do índice de acidez e estabilidade oxidativa
A5.1: Dados obtidos no ensaio do índice de acidez
Massa da
IA (mg KOH/g
Amostra Réplicas amostra Vg (ml)
amostra)
(g)
1 20.0392 1.4 0.42
B0 2 20.0448 1.3 0.39
3 20.0038 1.4 0.42
1 20.0281 1.65 0.49
B20 2 20.0027 1.7 0.51
3 20.0281 1.68 0.50
1 20.0632 1.8
B40 2 20.0621 2.2 0.66
3 20.0808 2.3 0.69
1 20.0152 2.8 0.84
B60 2 20.0537 2.7 0.81
3 20.0569 2.8 0.84
1 20.0157 3.2 0.96
B80 2 20.0187 3.1 0.93
3 20.0772 3 0.90
1 20.0129 3.6 1.08
B100 2 20.0071 3.5 1.05
3 20.0061 3.7 1.11
Nota: Vg- volume da solução de hidróxido de potássio gasto na titulação, IA – índice de acidez
A5.2: Dados obtidos no ensaio da estabilidade oxidativa

Réplicas 1 2 3 4
B100 1.49 1.57 1.52 1.58
Tempo de indução (h)

B80 0.14 1.59 1.58 1.56


B60 1.62 1.63 1.6 1.69
B40 2.05 2.11 2.2 2.12
B20 3.17 3.18 3.14 3.15
B0 22 27 25 11

A5-2
Anexo 6: Dados obtidos no ensaio do motor-gerador
A6.1: Amostra B100 (Biodiesel)
Densidade: 0.866 g/ml a 25°C Data: 16-07-15 e 20-07-15

Concentração inicial de oxigénio: 20.86 %vol.

Carga HC CO CO2 Rácio Combustível de


Ensaio n° NOx [ppm] O2 [%vol.] t (S) CV [ml/s] Cm [g/s] I [A] Potência [W] Cesp (g/kWh)
[W] [ppmC] [%vol.] [%vol.] A/C retorno (ml)
0 18 0.06 2.86 132 16.25 86.45 83.69 0.2 0.12 0.10 0 0
750 19 0.05 3.94 195 14.96 63.54 61.88 0.1 0.16 0.14 3.2 704 708
1 2000 21 0.03 5.88 312 12.53 42.52 44.43 0.05 0.22 0.19 7.8 1716 407
3000 20 0.03 7.58 432 10.51 32.8 35.19 0.05 0.28 0.24 11.3 2486 355
3750 22 0.03 8.38 488 9.56 30.45 32.76 0.05 0.30 0.26 13.5 2970 319
0 16 0.06 2.78 138 16.28 85.01 83 0.3 0.12 0.10 0 0
750 17 0.05 3.92 320 14.69 62.46 62.16 0.2 0.16 0.14 3.2 704 698
2 2000 15 0.03 5.82 342 12.79 41.72 44.22 0.1 0.22 0.19 7.8 1716 407
3000 14 0.03 7.52 449 10.45 32.26 34.46 0.05 0.29 0.25 11.2 2464 365
3750 18 0.03 8.5 518 9.53 28.51 31.99 0 0.31 0.27 13.4 2948 331
0 16 0.05 2.68 139 16.39 85.74 84.92 0.3 0.11 0.10 0 0
750 17 0.04 3.84 204 14.63 62.4 61.62 0.2 0.16 0.14 3.1 682 727
3 2000 18 0.03 5.8 335 12.5 41.84 43.06 0.1 0.23 0.20 7.8 1716 418
3000 17 0.02 7.46 456 10.56 32.25 34.64 0.05 0.29 0.25 11.2 2464 363
3750 21 0.03 8.38 510 9.32 28.15 31.58 0 0.32 0.27 13.3 2926 337

Nota: o ensaio n°3 foi realizado no dia 20-07-15

A6-1
A6.2: Amostra B80
Densidade: 0.857 g/ml a 25°C Data: 23-07-15

Concentração inicial de oxigénio: 20.95 %vol.

Carga HC CO CO2 Rácio Combustível de


Ensaio n° NOx [ppm] O2 [%vol.] t (S) CV [ml/s] Cm [g/s] I [A] Potência [W] Cesp (g/kWh)
[W] [ppmC] [%vol.] [%vol.] A/C retorno (ml)
0 13 0.05 2.78 147 16.28 90.2 82.19 0.2 0.12 0.10 0 0
750 11 0.03 3.8 210 14.76 65.16 62.26 0.1 0.16 0.14 3.2 704 697
1 2000 11 0.02 5.64 346 12.46 44.35 44.99 0.3 0.22 0.18 7.8 1716 388
3000 12 0.02 7.3 475 10.63 33.58 35.88 0.1 0.28 0.24 11.4 2508 339
3750 12 0.02 7.92 516 9.99 31.01 33.83 0 0.30 0.25 13.3 2926 312
0 14 0.04 2.66 145 16.25 91.6 83.54 0.4 0.11 0.10 0 0
750 13 0.03 3.78 216 14.68 65.9 63.02 0.3 0.15 0.13 3.2 704 675
2 2000 13 0.03 5.62 344 12.62 44.32 45.22 0.1 0.22 0.19 7.8 1716 394
3000 11 0.02 7.26 467 10.65 33.96 35.24 0.2 0.28 0.24 11.4 2508 342
3750 12 0.02 7.92 515 10.05 31.51 34.2 0 0.29 0.25 13.6 2992 302
0 14 0.04 2.7 148 16.31 92.02 82.82 0.3 0.12 0.10 0 0
750 12 0.03 3.8 209 14.86 65.66 62.8 0.2 0.16 0.13 3.2 704 684
3 2000 11 0.02 5.64 348 12.56 44.41 44.19 0.1 0.22 0.19 7.8 1716 403
3000 9 0.02 7.3 474 10.64 33.94 35.55 0.05 0.28 0.24 11.2 2464 350
3750 12 0.02 7.96 519 9.96 31.13 33.21 0.05 0.30 0.26 13.3 2926 316

A6-2
A6.3: Amostra B60
Densidade: 0.845 g/ml a 25°C Data: 21-07-15

Concentração inicial de oxigénio: 20.92 %vol.

Carga HC CO CO2 Rácio Combustível de


Ensaio n° NOx [ppm] O2 [%vol.] t (S) CV [ml/s] Cm [g/s] I [A] Potência [W] Cesp (g/kWh)
[W] [ppmC] [%vol.] [%vol.] A/C retorno (ml)
0 11 0.05 2.76 138 16.28 88.69 82.81 0.2 0.12 0.10 0 0
750 10 0.03 3.34 211 14.72 64.16 63.53 0.1 0.16 0.13 3.2 704 673
1 2000 13 0.03 5.66 338 12.89 42.94 44.91 0.05 0.22 0.19 7.8 1716 393
3000 13 0.02 7.24 449 10.56 33.53 36.17 0.05 0.28 0.23 11.5 2530 331
3750 13 0.02 8.26 538 9.49 28.96 32.3 0 0.31 0.26 13.7 3014 312
0 11 0.04 2.66 139 16.32 88.74 84.5 0.2 0.12 0.10 0 0
750 10 0.03 3.78 209 14.68 64.98 62.27 0.2 0.16 0.13 3.2 704 680
2 2000 10 0.03 5.64 338 12.85 42.74 45.33 0.1 0.22 0.18 7.8 1716 387
3000 9 0.02 7.18 452 10.68 33.87 36.57 0.05 0.27 0.23 11.4 2508 330
3750 9 0.02 8.1 532 9.63 29.44 33.19 0 0.30 0.25 13.6 2992 306
0 10 0.04 2.64 141 16.37 88.82 83.36 0.2 0.12 0.10 0 0
750 9 0.03 3.78 210 14.75 64.22 63.13 0.2 0.16 0.13 3.2 704 671
3 2000 9 0.02 5.64 339 12.85 42.91 44.18 0.1 0.22 0.19 7.8 1716 397
3000 7 0.02 7.18 456 10.52 33.65 36.06 0.05 0.28 0.23 11.5 2530 332
3750 7 0.02 8.16 534 9.61 29.43 32.89 0.05 0.30 0.26 13.5 2970 310

A6-3
A6.4: Amostra B40
Densidade: 0.835 g/ml a 25°C Data: 21-07-15

Concentração inicial de oxigénio: 20.78 %vol.

Carga HC CO CO2 Rácio Combustível de


Ensaio n° NOx [ppm] O2 [%vol.] t (S) CV [ml/s] Cm [g/s] I [A] Potência [W] Cesp (g/kWh)
[W] [ppmC] [%vol.] [%vol.] A/C retorno (ml)
0 13 0.04 2.68 134 16.33 88.45 84.95 0.3 0.11 0.10 0 0
750 12 0.03 3.8 200 14.83 64.5 64.2 0.2 0.15 0.13 3.2 704 652
1 2000 14 0.03 5.62 334 12.55 43.55 45.7 0.1 0.22 0.18 7.8 1716 379
3000 13 0.02 7.26 449 10.62 33.72 36.48 0.05 0.27 0.23 11.3 2486 330
3750 13 0.02 8.26 525 9.65 29.78 33.41 0.05 0.30 0.25 13.5 2970 301
0 12 0.04 2.68 139 16.35 88.95 84.88 0.3 0.11 0.10 0 0
750 12 0.03 3.8 206 14.82 64.97 63.75 0.2 0.15 0.13 3.2 704 656
2 2000 11 0.02 5.64 332 12.78 43.86 45.64 0.1 0.22 0.18 7.8 1716 380
3000 11 0.02 7.28 445 10.57 33.85 36.46 0.05 0.27 0.23 11.4 2508 327
3750 13 0.02 8.14 518 9.66 29.85 33.27 0.05 0.30 0.25 13.5 2970 303
0 12 0.04 2.64 139 16.36 88.64 85.23 0.4 0.11 0.09 0 0
750 12 0.03 3.76 205 14.81 64.33 63.76 0.2 0.15 0.13 3.2 704 656
3 2000 12 0.02 5.58 338 12.67 43.75 45.98 0.1 0.22 0.18 7.8 1716 377
3000 11 0.02 7.14 448 10.72 33.81 37.03 0.05 0.27 0.22 11.2 2464 328
3750 12 0.02 8.16 521 9.64 29.71 33.2 0.05 0.30 0.25 13.5 2970 303

A6-4
A6.5: Amostra B20
Densidade: 0.825 g/ml a 25°C Data: 20-07-15

Concentração inicial de oxigénio: 20.34 %vol.

Carga HC CO CO2 Rácio Combustível de


Ensaio n° NOx [ppm] O2 [%vol.] t (S) CV [ml/s] Cm [g/s] I [A] Potência [W] Cesp (g/kWh)
[W] [ppmC] [%vol.] [%vol.] A/C retorno (ml)
0 13 0.04 2.7 140 16.28 87.27 83.09 0.3 0.12 0.10 0 0
750 13 0.03 3.74 203 14.82 63.06 63.21 0.3 0.15 0.13 3.2 704 647.40
1 2000 14 0.03 5.62 334 12.66 42.6 45.5 0.2 0.21 0.18 7.8 1716 368.98
3000 15 0.02 7.26 444 10.59 32.96 36.28 0.2 0.27 0.22 11.2 2464 322.27
3750 14 0.02 8.2 521 9.35 28.41 33.33 0.2 0.29 0.24 13.5 2970 291.03
0 13 0.03 2.6 143 16.32 88.04 86.61 0.35 0.11 0.09 0 0
750 13 0.03 3.74 208 14.92 63.57 64.86 0.2 0.15 0.12 3.2 704 630.93
2 2000 13 0.02 5.6 338 12.65 42.73 46.56 0.2 0.21 0.17 7.8 1716 360.58
3000 13 0.02 7.26 446 10.59 32.87 37.26 0.1 0.26 0.21 11.2 2464 313.79
3750 15 0.02 8.24 526 9.36 28.48 33.29 0.1 0.29 0.24 13.5 2970 291.38
0 13 0.03 2.6 145 16.33 87.67 87.98 0.2 0.11 0.09 0 0
750 13 0.03 3.72 209 14.76 63.28 65.15 0.2 0.15 0.12 3.2 704 628.12
3 2000 13 0.02 5.6 335 12.63 42.73 46.17 0.1 0.21 0.17 7.8 1716 363.62
3000 14 0.02 7.2 458 10.55 32.87 37 0.1 0.26 0.22 11.2 2464 316.00
3750 16 0.01 8.16 522 9.37 28.24 33.58 0.1 0.29 0.24 13.3 2926 293.21

A6-5
A6.6: Amostra B0 (Óleo diesel)
Densidade: 0.816 g/ml a 25°C Data: 16-07-15

Concentração inicial de oxigénio: 20.86 %vol.

Carga HC CO CO2 Rácio Combustível de


Ensaio n° NOx [ppm] O2 [%vol.] t (S) CV [ml/s] Cm [g/s] I [A] Potência [W] Cesp (g/kWh)
[W] [ppmC] [%vol.] [%vol.] A/C retorno (ml)
0 18 0.05 2.78 137 16.28 85.45 84.14 0.35 0.11 0.09 0 0
750 15 0.03 3.84 202 14.89 62.6 64.47 0.2 0.15 0.12 3.2 704 634.29
1 2000 19 0.03 5.76 334 12.82 41.93 45.79 0.25 0.21 0.17 7.8 1716 364.51
3000 16 0.03 7.36 456 10.88 32.88 36.72 0.1 0.27 0.22 11.3 2486 318.58
3750 12 0.02 8.4 543 9.24 27.61 32.12 0.1 0.31 0.25 13.7 3014 300.41
0 17 0.05 2.66 145 16.36 85.95 86.11 0.4 0.11 0.09 0 0
750 18 0.03 3.78 210 14.85 62.93 65.67 0.2 0.15 0.12 3.2 704 622.70
2 2000 19 0.03 5.66 339 12.87 41.97 47.27 0.1 0.21 0.17 7.8 1716 358.53
3000 17 0.02 7.3 460 10.92 32.62 37.81 0.1 0.26 0.21 11.2 2464 312.16
3750 16 0.02 8.62 528 9.2 27.78 32.46 0.1 0.30 0.25 13.7 3014 297.26
0 17 0.05 2.6 148 16.33 85.41 87.38 0.45 0.11 0.09 0 0
750 18 0.03 3.72 210 14.82 62.62 65.56 0.4 0.15 0.12 3.1 682 630.73
3 2000 17 0.03 5.56 339 12.74 42.8 45.88 0.2 0.21 0.17 7.8 1716 365.66
3000 17 0.01 6.22 464 10.87 32.64 37.27 0.2 0.26 0.21 11.2 2464 313.49
3750 17 0.01 7.22 522 9.34 27.76 32.57 0.1 0.30 0.25 13.6 2992 298.43

A6-6
A6.7: emissões de fumos

Amostra Escala de fumos


0W 750W 2000W 3000W 3750W
B0 2 3 4 4 4
2 2 4 4 5
2 3 3 4 4
B20 1 2 2 3 4
1 2 2 3 4
1 2 3 3 4
B40 1 1 2 3 4
1 1 2 2 3
1 2 3 3 4
B60 1 1 3 2 3
1 2 2 3 3
1 1 2 3 3
B80 1 1 2 2 3
1 2 2 2 3
1 1 2 2 3
B100 1 1 2 2 3
1 1 2 2 3
1 2 2 3 3

A6.8: Valores médios da emissão de fumos


Amostra Escala de fumos
0W 750W 2000W 3000W 3750W
B0 2 3 4 4 4
B20 2 2 3 4 4
B40 1 2 2 3 4
B60 1 2 2 3 3
B80 1 1 2 3 3
B100 1 1 2 3 3

A6-1
Anexo 7: Valores médios e desvio padrão do ensaio de propriedades físico-químicas
A7.1: Valores médios e desvio padrão da densidade

Amostra B100 B80 B60 B40 B20 B0


Densidade a 25 °C (Kg/m3) 866 857 846 835 825 816
3
Densidade a 15 °C (Kg/m ) 874 864 853 842 832 823
3
Desvio padrão (Kg/m ) 0.41294 0.35125 0.32206 0.20590 0.45220 0.38379

A7.2: Valores médios e desvio padrão da Viscosidade

Amostra B100 B80 B60 B40 B20 B0


2
Viscosidade (mm /s) 6.0947 5.6247 4.9534 4.6999 4.4960 4.1182
Desvio padrão (mm2/s) 0.02579 0.04402 0.01846 0.05153 0.02340 0.06093

A7.3: Valores médios e desvio padrão do índice de acidez

Amostra B100 B80 B60 B40 B20 B0


IA (mg KOH/g amostra) 1.08 0.93 0.83 0.67 0.50 0.41
Desvio padrão (mg KOH/g 0.02683 0.02683 0.01549 0.01732 0.00894 0.01549
amostra)

A7.4: Valores médios e desvio padrão da estabilidade oxidativa

Amostra B100 B80 B60 B40 B20 B0


Tempo de indução (h) 1.54 1.58 1.64 2.12 3.16 24.66
Desvio padrão (h) 0.04243 0.01366 0.03873 0.06164 0.01826 2.25093

A7-2
Anexo 8: Valores médios do ensaio de motor gerador
A8.1: Amostra B100 (Biodiesel)

Carga HC CO CO2 NOx O2 Rácio t (S) Combustível CV [ml/s] Cm [g/s] I [A] Potência Cesp
[W] [ppmC] [%vol.] [%vol.] [ppm] [%vol.] A/C de retorno [W] (g/kWh)
(ml)
0 17 0.06 2.77 136 16.31 85.73 83.87 0.27 0.12 0.10 0.0 0
750 18 0.05 3.90 200 14.76 62.80 61.89 0.17 0.16 0.14 3.2 697 711
2000 18 0.03 5.83 330 12.61 42.03 43.90 0.08 0.23 0.20 7.8 1716 410
3000 17 0.03 7.52 446 10.51 32.44 34.76 0.05 0.29 0.25 11.2 2471 361
3750 20 0.03 8.42 505 9.47 29.04 32.11 0.02 0.31 0.27 13.4 2948 329

A8.2: Amostra B80


Carga HC CO CO2 NOx O2 Rácio t (S) Combustível CV [ml/s] Cm [g/s] I [A] Potência Cesp
[W] [ppmC] [%vol.] [%vol.] [ppm] [%vol.] A/C de retorno [W] (g/kWh)
(ml)
0 14 0.04 2.71 147 16.28 91.27 82.85 0.30 0.12 0.10 0.0 0
750 12 0.03 3.79 212 14.77 65.57 62.69 0.20 0.16 0.13 3.2 704 685
2000 12 0.02 5.63 346 12.55 44.36 44.80 0.17 0.22 0.19 7.8 1716 395
3000 12 0.02 7.29 472 10.64 33.83 35.56 0.12 0.28 0.24 11.3 2493 344
3750 12 0.02 7.93 517 10.00 31.22 33.75 0.02 0.30 0.25 13.4 2948 310

A8.3: Amostra B60

Carga HC CO CO2 NOx O2 Rácio t (S) Combustível CV [ml/s] Cm [g/s] I [A] Potência Cesp
[W] [ppmC] [%vol.] [%vol.] [ppm] [%vol.] A/C de retorno [W] (g/kWh)
(ml)
0 11 0.04 2.69 139 16.32 88.75 83.56 0.2 0.12 0.10 0.0 0
750 10 0.03 3.63 210 14.72 64.45 62.98 0.2 0.16 0.13 3.2 704 675
2000 11 0.03 5.65 338 12.86 42.86 44.81 0.1 0.22 0.19 7.8 1716 392
3000 10 0.02 7.20 452 10.59 33.68 36.27 0.1 0.27 0.23 11.5 2523 331
3750 10 0.02 8.17 535 9.58 29.28 32.79 0.0 0.30 0.26 13.6 2992 310 A8-1
A8.4: Amostra B40

Carga HC CO CO2 NOx O2 Rácio t (S) Combustível CV [ml/s] Cm [g/s] I [A] Potência Cesp
[W] [ppmC] [%vol.] [%vol.] [ppm] [%vol.] A/C de retorno [W] (g/kWh)
(ml)
0 17 12 0.04 2.67 137 16.35 88.68 85.02 0.3 0.11 0.09 0.0
750 18 12 0.03 3.79 204 14.82 64.60 63.90 0.2 0.15 0.13 3.2 704
2000 18 12 0.02 5.61 335 12.67 43.72 45.77 0.1 0.22 0.18 7.8 1716
3000 17 12 0.02 7.23 447 10.64 33.79 36.66 0.1 0.27 0.23 11.3 2486
3750 20 13 0.02 8.19 521 9.65 29.78 33.29 0.1 0.30 0.25 13.5 2970
A8.5: Amostra B20

Carga HC CO CO2 NOx O2 Rácio t (S) Combustível CV [ml/s] Cm [g/s] I [A] Potência Cesp
[W] [ppmC] [%vol.] [%vol.] [ppm] [%vol.] A/C de retorno [W] (g/kWh)
(ml)
0 13 0.03 2.63 143 16.31 87.66 87.30 0.28 0.11 0.09 0 0
750 13 0.03 3.73 207 14.83 63.30 64.41 0.23 0.15 0.12 3.2 704 635
2000 13 0.02 5.61 336 12.65 42.69 46.08 0.17 0.21 0.17 7.8 1716 364
3000 14 0.02 7.24 449 10.58 32.90 36.85 0.13 0.26 0.22 11.2 2464 317
3750 15 0.02 8.20 523 9.36 28.38 33.40 0.13 0.29 0.24 13.4 2955 292

A8.6: Amostra B0 (Óleo diesel)

Carga HC CO CO2 NOx O2 Rácio t (S) Combustível CV [ml/s] Cm [g/s] I [A] Potência Cesp
[W] [ppmC] [%vol.] [%vol.] [ppm] [%vol.] A/C de retorno [W] (g/kWh)
(ml)
0 17 0.05 2.68 143 16.32 85.60 85.88 0.40 0.11 0.09 0 0
750 18 0.03 3.78 207 14.85 62.72 65.23 0.27 0.15 0.12 3.2 697 629
2000 18 0.03 5.66 337 12.81 42.23 46.31 0.18 0.21 0.17 7.8 1716 363
3000 17 0.02 6.96 460 10.89 32.71 37.27 0.13 0.26 0.22 11.2 2471 315
3750 17 0.02 8.08 531 9.26 27.72 32.38 0.10 0.31 0.25 13.7 3007 299
A8-2
Anexo 9: Desvio padrão para os dados do ensaio do motor-gerador
A9.1: Amostra B100 (Biodiesel)

Carga HC CO CO2 NOx O2 Rácio t (S) Combustível CV [ml/s] Cm [g/s] I [A] Potência Cesp
[W] [ppmC] [%vol.] [%vol.] [ppm] [%vol.] A/C de retorno [W] (g/kWh)
(ml)
0 1.15 0.01 0.09 3.79 0.07 0.72 0.97 0.06 0.00 0.00 0.00 0.00
750 1.15 0.01 0.05 6.36 0.18 0.64 0.27 0.06 0.00 0.00 0.06 12.70 14.61
2000 3.00 0.00 0.04 15.70 0.16 0.43 0.74 0.03 0.00 0.00 0.00 0.00 6.29
3000 3.00 0.01 0.06 12.34 0.06 0.31 0.38 0.00 0.00 0.00 0.06 12.70 5.73
3750 2.08 0.00 0.07 15.53 0.13 1.24 0.60 0.03 0.01 0.01 0.10 22.00 9.40

A9.2: Amostra B80

Carga HC CO CO2 NOx O2 Rácio t (S) Combustível CV [ml/s] Cm [g/s] I [A] Potência Cesp
[W] [ppmC] [%vol.] [%vol.] [ppm] [%vol.] A/C de retorno [W] (g/kWh)
(ml)
0 0.58 0.01 0.06 1.53 0.03 0.95 0.68 0.10 0.00 0.00 0.00 0.00
750 1.00 0.00 0.01 3.79 0.09 0.38 0.39 0.10 0.00 0.00 0.00 0.00 11.20
2000 1.15 0.01 0.01 2.00 0.08 0.05 0.54 0.12 0.00 0.00 0.00 0.00 7.63
3000 0.71 0.00 0.02 4.36 0.01 0.21 0.32 0.08 0.00 0.00 0.12 0.00 5.75
3750 0.00 0.00 0.02 2.08 0.05 0.26 0.50 0.03 0.00 0.00 0.17 0.00 7.40
A9.3: Amostra B60

Carga HC CO CO2 NOx O2 Rácio t (S) Combustível CV [ml/s] Cm [g/s] I [A] Potência Cesp
[W] [ppmC] [%vol.] [%vol.] [ppm] [%vol.] A/C de retorno [W] (g/kWh)
(ml)
0 0.58 0.01 0.06 1.53 0.05 0.07 0.86 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
750 0.58 0.00 0.25 1.00 0.04 0.46 0.64 0.06 0.00 0.00 0.00 0.00 4.78
2000 2.08 0.01 0.01 0.58 0.02 0.11 0.58 0.03 0.00 0.00 0.00 0.00 5.05
3000 3.06 0.00 0.03 3.51 0.08 0.17 0.27 0.00 0.00 0.00 0.06 12.70 0.88
3750 3.06 0.00 0.08 3.06 0.08 0.27 0.45 0.03 0.00 0.00 0.10 22.00 3.08 A8-1
A9.4: Amostra B40

Carga HC CO CO2 NOx O2 Rácio t (S) Combustível CV [ml/s] Cm [g/s] I [A] Potência Cesp
[W] [ppmC] [%vol.] [%vol.] [ppm] [%vol.] A/C de retorno [W] (g/kWh)
(ml)
0 0.58 0.00 0.02 2.89 0.02 0.25 0.19 0.06 0.00 0.00 0.00 0.00
750 0.00 0.00 0.02 3.21 0.01 0.33 0.26 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 2.63
2000 0.71 0.01 0.03 3.06 0.12 0.16 0.18 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 1.50
3000 1.15 0.00 0.08 2.08 0.08 0.07 0.32 0.00 0.00 0.00 0.10 22.00 1.41
3750 0.58 0.00 0.06 3.51 0.01 0.07 0.11 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.97

A9.5: Amostra B20

Carga HC CO CO2 NOx O2 Rácio t (S) Combustível CV [ml/s] Cm [g/s] I [A] Potência Cesp
[W] [ppmC] [%vol.] [%vol.] [ppm] [%vol.] A/C de retorno [W] (g/kWh)
(ml)
0 0.00 0.01 0.06 2.52 0.03 0.39 2.52 0.08 0.00 0.00 0.00 0.00
750 0.00 0.00 0.01 3.21 0.08 0.26 1.05 0.06 0.00 0.00 0.00 0.00 10.41
2000 0.58 0.01 0.01 2.08 0.02 0.08 0.54 0.06 0.00 0.00 0.00 0.00 4.25
3000 1.00 0.00 0.03 7.57 0.02 0.05 0.51 0.06 0.00 0.00 0.00 0.00 4.40
3750 1.00 0.01 0.04 2.65 0.01 0.12 0.16 0.06 0.00 0.00 0.12 25.40 1.17

A9.6: Amostra B0 (Óleo diesel)

Carga HC CO CO2 NOx O2 Rácio t (S) Combustível CV [ml/s] Cm [g/s] I [A] Potência Cesp
[W] [ppmC] [%vol.] [%vol.] [ppm] [%vol.] A/C de retorno [W] (g/kWh)
(ml)
0 0.58 0.00 0.09 5.69 0.04 0.30 1.63 0.05 0.00 0.00 0.00 0.00
750 0.00 0.00 0.06 4.62 0.04 0.19 0.66 0.12 0.00 0.00 0.06 12.70 5.94
2000 1.15 0.00 0.10 2.89 0.07 0.49 0.83 0.08 0.00 0.00 0.00 0.00 3.83
3000 0.58 0.01 0.64 4.00 0.03 0.14 0.55 0.06 0.00 0.00 0.06 12.70 3.39
3750 0.71 0.01 0.75 10.82 0.07 0.09 0.23 0.00 0.00 0.00 0.06 12.70 1.59
A9-2
Anexo 10: Normas de qualidade de biodiesel

CARACTERÍSTICA UNIDADE EN 14214 ASTM D6751

Massa específica a 15 ºC kg/m


3
860 a 900 -
2
Viscosidade cinemática a 40 °C mm /s 3,5 a 5,0 1,9 a 6,0
Água e sedimentos, máx. % Volume - 0,05
Ponto de fulgor, mín °C 120 130
Destilação; 90% vol. recuperados, -
°C 360
max.
10% Residual da Em 100% da amostra,
Resíduo de carbono dos, max. % Massa
destilação 0,3 0,05
Cinzas sulfatadas, max. % Massa 0,02 0.020

Enxofre total, max. mg/kg 10 15


Corrosividade ao cobre, 3 h a 50 °C, - 1 3
max.
Número de cetano - 51 (min.) 47 (min.)
Ponto de entupimento de filtro a frio, -
°C Por região
max.
Ponto de fluidez °C Por região -

Ponto de névoa °C - Registar


Sódio + Potássio, max. mg/kg 5 -

Cálcio + Magnésio, max. mg/kg 5 -

Fósforo, max. mg/kg 10 10


Contaminação total, max. mg/kg 24 -

Teor de éster, min. % Massa 96,5 -

Índice de acidez, max. mg KOH/g 0,5 0,5


Glicerina livre, max. % Massa 0,02 0,02
Glicerina total, max. % Massa 0,25 0,24
Monoglicerídeos % Massa 0,8 (max.) -

Diglicerídeos % Massa 0,2 (max.) -

Triglicerídeos % Massa 0,2 (max.) -

Metanol ou Etanol, max. % Massa 0,20 -

Índice de iodo g I2/100 g 120 (max.) -


Estabilidade à oxidação a 110 °C, -
h 6
min
Água, max. mg/kg 500 500
Ácido linolênico % Massa 12 (max.) -
Metil ésteres com mais que 4 -
%massa 1 (max.)
insaturações

A9-1

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