A universidade possui três pilares de atuação: o ensino, a pesquisa e a
extensão. Em seu papel de disseminar e socializar conhecimento pode-se afirmar o pilar, “extensão universitária”, entre os três acima citados é o que possibilita aproximar a ideologia da ação, realizando mudanças e melhorias em prol e junto à sociedade como um todo. Durante mais de dez anos de atuação como pesquisadora na temática água e conflitos hídricos, participando inclusive como parte da diretoria do Comitê de Bacia Hidrográfica do rio São Francisco (CBHSF), tentamos militar em prol do acesso a água para todos, por se acreditar que essa deve ser uma politica pública que proporciona uma menor desigualdade social. Políticas públicas são responsabilidade do Estado, desenvolvidas em ações, com o apoio de entidades privadas ou públicas. Políticas sociais se referem a ações que determinam o padrão de proteção social implementado pelo Estado, voltadas, em princípio, para a redistribuição dos benefícios sociais visando a diminuição das desigualdades (Höfling,2001).
Em 08 de Janeiro de 1997 é instituída a Política Nacional dos Recursos
Hídricos mediante a Lei N° 9.433/97, no intuito de regulamentar seu uso múltiplo no Brasil. A Lei permite a cobrança pelo uso de recursos hídricos, com o objetivo de obter recursos financeiros para promover programas e projetos que possam a vir melhorar o cenário de estoques hídricos tanto no que tange a qualidade e a quantidade no âmbito das bacias hidrográficas. O recurso é captado a partir da cobrança da água, a partir de volumes captados ou lançados, de acordo com o deliberado em cada comitê de bacia. O CBHSF foi proclamado no dia 05 de junho de 2001, e partir de 2010, foi iniciado a cobrança pela água do São Francisco. Parte dos recursos arrecadados é destinada à elaboração e execução de projetos hidroambientais ao longo da bacia e seus afluentes. No tempo dedicado a pesquisa e ações voltadas para o empoderamento das comunidades, com o foco de reivindicar o acesso à água com qualidade. Estrategicamente, via representação de classe, atuamos no CBHSF e pode-se perceber que alguns projetos, haviam sido demandados, por representantes políticos da região, sem a devida participação das comunidades envolvidas. Na área de atuação da Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST) da Universidade Federal de Pernambuco (UFRPE) atuamos na região fisiográfica do Submédio, na bacia do rio Pajeú, afluente do rio São Francisco em Pernambuco. Em particular, enquanto pesquisadora da UFRPE procurou-se verificar quais os resultados obtidos com a execução do projeto hidroambiental da nascente do Rio Pajeú, no município de Brejinho (PE). Em visitas realizadas desde o ano de 2014, pode-se constatar nos depoimento dos habitantes, que a nascente do Rio Pajeú não tem água há aproximadamente 30 anos. O CBHSF contratou através de sua agência executiva a empresa NEOGEO – Geotecnologia para executar o projeto hidroambiental sem a devida sensibilização e participação da comunidade. Em documentos oficiais da Câmara Técnica da Bacia do Rio Pajeú, foi apontada a necessidade de alteração do projeto, com a finalidade de minimizar essas fragilidades, para aproximar a comunidade na execução do Projeto Hidroambiental, sem obter êxito. Desenvolvimento No ano de 2017 o projeto de extensão, "Sensibilizar para não faltar: Educação para gestão das Águas, Participação e Comunicação Social na nascente do Rio Pajeú (PE)" está sendo executado, na tentativa de construir junto à comunidade, possibilidades de melhoria do cenário hídrico da nascente, que envolvem desde a elaboração de uma cartografia social, empoderamento comunitário e ações de alunos da extensão rural do curso de Agronomia. Trata-se, portanto, de uma mudança de estratégia para proporcionar o engajamento comunitário tendo como suporte a extensão universitária. O foco passa a ser a ideologia-ação de transformar o território, construindo uma ponte entre a teoria e a prática, juntamente com um processo lúdico de aproximar nosso alunado com as comunidades carentes de suporte técnico, para balizar suas demandas junto aos comitês de bacias. Esse resumo tem por objetivo apontar novas possibilidades metodológicas de promover, via engajamento da extensão universitária, o empoderamento social de comunidades para modificar o cenário hídrico do seu entorno. O projeto procura sensibilizar a comunidade do entorno da nascente do rio Pajeú a reivindicar ações para revitalizar seus mananciais. Acredita-se que da maneira que foi executado, sem o diálogo com a comunidade, não tenha eficácia, por não haver identidade ou mesmo sensação de pertencimento da comunidade local, com as ações realizadas. Entre outros estão sendo realizadas capacitações em produção de hortas, compostagem ministradas por alunos do curso de Agronomia da UFRPE/UAST para contribuir para uma melhor qualidade de vida da comunidade e com isso, trazer novas práticas educativas, tanto para o alunado da universidade, quanto para a comunidade. Considerações finais Nesse cenário político, que restringem significativamente verbas para a atuação nos três pilares universitário, acredita-se que essa seja uma possibilidade de promover ações engajamento político, tanto dos discentes dos cursos universitários, quanto das comunidades, para conseguir realizar ações de empoderamento social. Referências BRASIL. Lei Federal nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. HÖFLING, E. M. Estado e políticas (públicas) sociais. Cad. CEDES, Nov 2001