Se usarmos dois resistores de mesmo valor, por exemplo, a tensão de referência será
metade da tensão de alimentação ou Vcc/2.
Para outras relações de valores, por exemplo, usando R1 e R2 quaisquer, a tensão de
referência será dada por:
Vref = Vcc (R2/R1 + R2)
Outra possibilidade de se fixar a tensão de referência é com o uso de um diodo zener,
conforme mostra a figura 2.
Figura 2 – Fixando a referência com um zener
Veja que a região em que as tensões de entrada são muito próximas, temos um
comportamento indefinido de saída, já que ocorre a transição.
O ganho muito alto do circuito faz com que esta faixa indefinida seja muito estreita, com
apenas alguns milivolts ou no máximo, algumas dezenas de milivolts.
Na segunda modalidade de operação, a tensão de referência é aplicada à entrada não
inversora (+) e a tensão de entrada é aplicada à entrada inversora, conforme mostra a
figura 4.
Na prática as tensões não podem chegar a Vcc e nem a zero, devido as perdas nos
componentes do circuito.
No entanto, existem comparadores em que a tensão é muito próxima desses valores,
sendo por esse motivo, denominados rail-to-rail, ou seja, a tensão de saída oscila entre as
duas linhas de alimentação (rail).
As correntes que podemos obter numa saída de um comparador são normalmente
pequenas, da ordem de alguns miliampères ou pouco mais de uma dezena de
miliampères, o que é permite que apenas LEDs comuns, no máximo sejam excitados,
conforme mostra a figura 6.
O resistor R tem seu valor determinado de acordo com a tensão de alimentação, de modo
a limitar a corrente no LED a um valor que esteja dentro dos limites da capacidade do
comparador.
Para uma etapa de potência, acionando relés, lâmpadas ou motores, por exemplo,
podemos usar os circuitos da figura 7.
Figura 7 – Acionando circuitos de potência
No primeiro circuito temos o acionamento de cargas até 100 mA, quando a saída do
comparador estiver no nível alto, ou seja, próxima da tensão de alimentaçã.
No segundo circuito temos o acionamento de uma carga da mesma ordem, quando a
tensão de saída for nula.
O terceiro circuito corresponde a uma etapa de maior potência com um transistor
Darlington, com capacidade da ordem de 1 A.
Para um Darlington PNP temos o acionamento com uma tensão nula, enquanto que no
exemplo indicado, o acionamento ocorre quando a saída do comparador estiver positiva.
Alimentação o comparador com uma tensão de 5 V ele pode excitar cargas TTL, e com
outras tensões temos a compatibilidade com cargas CMOS, exigindo-se apenas a conexão
de um resistor de pull-up externo tipicamente de 10k a 100 k, conforme mostra a a figura 8.
Aplicações
Damos a seguir algumas aplicações importantes, cujos valores básicos dos componentes
podem ser deixados em aberto, pois dependem do comportamento desejado para o
circuito.
1. Alarme de Luz
Na figura 9 temos o circuito básico para o disparo de um sistema de alarme com o corte ou
com a incidência de luz, tendo por base um comparador.
2. Alarme de Temperatura
Com a utilização de termistores (NTC ou PTCs) como sensores, podemos controlar uma
carga com pequenas variações da temperatura, utilizando a configuração em termostatos
sensíveis.
Na figura 10 mostramos como fazer isso.
3. Comparador de Janela
Dois comparadores de tensão ligados conforme mostra a figura 11 formam uma
configuração denominada”comparador de janela” ou “window comparator”.
Esta configuração se deve ao fato de que no gráfico que representa o comportamento
deste circuito, mostrado na figura 12, temos uma “janela” em que a saída vai ao nível alto
ou ao nível baixo (Vcc ou 0V), determinada pela relação entre os valores dos resistores de
referência ou pelas tensões de referência.
Figura 11 – O comparador de janela
Assim, para o circuito indicado, a carga será acionada somente quando a tensão de
entrada estiver na faixa de V1 a V2. Abaixo de V1 e acima de V2 a carga estará
desativada.
Se ligarmos na entrada deste circuito um LDR, conforme mostra a figura 13, e ajustarmos
os potenciômetros P1 e P2 para que a saída permaneça desativada com a iluminação
normal, qualquer perturbação da iluminação ambiente, aumentando ou diminuindo de
intensidade, causará o disparo do sistema.
Em lugar do LDR, poderemos usar neste circuito outros tipos de sensores como NTCs
PTCs, sensores de pressão, posição, etc.
4. Comparador Escalonado
Diversos comparadores ligados a uma rede de resistores em série capaz de fornecer
tensões de referências escalonadas, conforme mostra a figura 14, permitem a elaboração
de um comparador escalonado.
Figura 14 – O comparador escalonado
Podemos usar este circuito num VU-meter, acrescentando a entrada de áudio mostrada na
figura 15.
5. Oscilador
Um comparador de tensão também pode ser usado de modo a oscilador e com isso gerar
sinais numa faixa de até algumas centenas de quilohertz.
A configuração para esta finalidade é mostrada na figura 17.
O Comparador na Prática
Em princípio, qualquer amplificador operacional pode ser usado como comparador.
Assim, se precisarmos apenas de um comparador num projeto, podemos utilizar o
amplificador operacional 741, sem problemas.
Na figura 18 temos o invólucro e a pinagem do amplificador operacional 741.
Figura 18 – O 741
Uma série de comparadores comum é a formada pelos LM293, 393 e LM2903 cuja
pinagem é mostrada na figura 19.
Figura 19 – Amplificadores LM193, 293 e 393 mais LM2903
Num mesmo invólucro temos quatro comparadores que podem operar com tensões de 1
até 18 V e têm ganhos de 100 000 a 200 000 conforme o tipo.
A corrente máxima de saída é de 16 mA e ele exige um resistor de pull-up de 2k2
tipicamente.
Fonte: http://www.newtoncbraga.com.br