- Abraham Shapiro –
Baseado nos estudos de Peter Drucker, Henry Mintzberg e Chester Barnard
INTRODUÇÃO
O que se requer de um trabalhador manual? Resposta: eficiência, ou fazer certo o que lhe é
determinado a fazer.
Pense num marceneiro. Ele tem um desenho à sua frente. Tudo o que tem a fazer é executá-lo
exatamente como consta ali, ou seja, fazer certo a peça do desenho. Ao final ele será julgado
pelo que executou – quanto produziu ao longo do tempo e a qualidade do que produziu. O
mesmo acontece com uma costureira, com um pedreiro, padeiro etc.
Definir a qualidade e a produtividade da maioria dos trabalhos manuais é algo que sabemos muito
bem. Até os anos 1980, o tipo de trabalhador que mais predominou nas empresas foi o trabalhador
manual. As empresas precisavam de um grande contingente de pessoas eficientes.
A eficácia era requerida só de quem estava no comando, geralmente no topo do organograma. Estes
davam as ordens. Os demais cumpriam.
Um hospital de antigamente, por exemplo, não tinha técnicos de raios x e diagnóstico por imagem,
terapeutas, assistentes sociais e pesquisadores como vemos hoje. Além de enfermeiras, havia apenas
alguns faxineiros, cozinheiras e arrumadeiras. O médico era o trabalhador intelectual, com uma
enfermeira como assistente. Hoje, um hospital de bom nível terá cerca de 25 profissionais para cada
10 pacientes.
A eficiência deixou de ser o item mais importante. O que se busca hoje é a eficácia.
EFICÁCIA OU EFETIVIDADE
Uma das questões mais frequentes nas empresas é: “Qual o real papel do gerente?”
Eu penso ser também esta a dúvida dos próprios gerentes, pois em meio a tantos afazeres que o dia a
dia requer deles, poucos sabem definir o que é principal ou qual seja o núcleo desta função.
A resposta que os estudiosos nos dão é simples e objetiva. Eles dizem: “A função de um gerente é ser
eficaz, ou de modo mais objetivo: “é fazer que as coisas sejam feitas”.
Que coisas?
Vamos a um exemplo.
Um gerente de vendas. A ele compete conhecer o mercado em que atua e seu funcionamento.
Depois: formar uma equipe, dar a ela treinamento – não só da função de venda, mas de como
cada integrante abordará e apresentará seus produtos ou serviços; instruirá sobre quem é o
público alvo a ser buscado, o que esse público espera, as objeções típicas apresentadas e
como superá-las, a política comercial plena, as condições de implementação dessa política,
enfim, ele proverá tudo o que é preciso para que os vendedores atuem e a venda aconteça.
Quando a equipe começar a atuar, este gerente dará acompanhamento para ajustá-la a todas
estas práticas, isto é, “para afinar os instrumentos e os músicos para que toquem no mesmo
ritmo e tom”, o que significa: controlar e fortalecer a equipe em direção ao alvo. O objetivo é
alcançar o resultado em vendas com o máximo lucro possíve, é fazer que as coisas conteçam,
que sejam feitas.
Fazer que as coisas sejam feitas requer energia para o trabalho duro e raciocínio prático, pois, em
muitas etapas o trabalho requerido é mais intenso do que conhecimento e criatividade.
Todos os gerentes que eu conheço são inteligentes. Eles chegaram ao posto por uma promoção interna
ou foram escolhidos num processo de recrutamento e seleção com base em critérios rigorosos que
identificaram competências de inteligência, imaginação, conhecimento e criatividade, entre outras. No
entanto, eu vi poucos deles serem eficazes ou “fazerem coisas acontecer”.
É o trabalho que se fundamenta no ditado: “A prática traz a perfeição”. Trabalho sistemático é o que
resulta no desenvolvimento de um método. Começa com dificuldades, mas progride para facilidades
por causa do domínio da prática, da ciência, do know how e da sabedoria inerente adquirida ao longo
do caminho. É o trabalho duro, passo a passo, a fim de “chegar lá”.
Olhe para qualquer esporte. Sem uma quantidade enorme de trabalho sistemático, atleta nenhum
alcança o sucesso.