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Mecanismos e Ca1ni1ihos 7

de Reações, Biorreações e
Biorreatores

O que mais se aproxima do conhecimento é


saber onde buscá-lo.
Samuel Johnson (1709-1784)

Visio Geral:A hipótese de estado ps~udo-est~6ioµádo (HEPEre'-c,conéeito de in-


. tennediários ativos são os dois pontos priiicipais'gúe :couectâm os diferenu;stópicos
deste capítulo. Utilizaremos essa hipótese no deseuvolviment6 das leis de velocidade
de reações químicas e biológicas, Iniciaremos a aprcscritaçãopela discnssão das rea-
ções que não seguem as leis de reação elemenfrirese que não são de ordem zero, de
primeiraordem oil de segunda ordem. Após encantar as !e.is M Velocidade relativas
a ,~ada espécie, aplicaremos a HEPE para chegannos a uma_ le\. de velocidade que
'·· seja consistente coin observações experimentais. ApóSa discµssão de reações em fase
g!l!losa,apHcaxemos .aHEPE a reações biológic~, C0111. o foco. e111 re~ções. enzimáti-
A
cas, seguir, estendeiftos o Eº!lceiio d,; reaç2es·.~wjriiáfjérui areiições envolvendo
._.'micmrganisrrio~: Nesséúltimo'c~o, as êmética{dé'.trêitimeuto dÔS microrganismós
.. são utilizadas
, _ .· ,_. :·
hamodelagem tantÓ de reatores
--~-- ,,·:,·_s·<i-'<-_-".,:c·- - . ,--~;';-~:-
ei\.\ batelaôá coruo de CSTRs ( qui:mios-.
·.:._-_e,·<- '-~'"i·;,i·f"ês'!!ii<;r,,"':,;<e:,,;,;\1'.'-_- .;, ,_";·>__ ,_: _._. _-. -,,_...
,º -

tatos).· Finah11enté;-uníà ·abordàgé!n fistolê/gica;' fündàmeiífada ·ém' mecáirisinos far-


macocínéticos, p~ a modelagemdo corpo humaricr é àcoplada a reações enzhúáticas
para a caracterização de trajetórias de cóncentÍnção com o tempo para a injeção de
substâncias tóxicas e atóxicas. "

7 .1 Intermediários Ativos e Leis de Velocidade


Não-Elementares
No Capítulo 3, um certo número de modelos simples do tipo lei de potência, isto é,
-rA = kC~
foram apresentados, em que n era um inteiro igual a O, 1 e 2 correspondendo, respectivamen-
te, a reações de ordem zero, de primeira ordem e de segunda ordem. No entanto, para um
grande número de reações, as ordens não são nú1neros inteiros, cmno na reação de decon1po~
síção do acetaldeído a S00ºC

303
304 Capítulo 7

Cff,CHO ----, CH4 + CO

em que a lei de velocidade é


312
~ ,.CH 3 CHO = kC CH3CHO
ou então a lei de velocidade é expressa por uma equação em que existem termos de concen-
tração das espécies envolvidas tanto no numerador como no denominador, como na forma-
ção do HBr a partir de hidrogênio e bromo

com

Leis de velocidade desse tipo envolvem um certo número de reações elementares e pelo
menos um intermediário ativo. O intermediário ativo é uma molécula de alta energia que
reage virtuahnente tão rápido quanto foi formada. Em decorrência, essa espécie está presente
em concentrações diminutas. Os intermediários ativos (e.g., A*) podem ser formados pelas
colisões ou interações com outras moléculas.
....._ A+M----,A*+M
Propriedades de Nesse caso, a ativação ocorre qnando a energia cinética translacional é lsansferida para. a for-
um intermediário
ativo A* ma de energia armazenada em graus internos de liberdade, em especial os graus de liberdade
vibracionais.r Uma molécula instável (i.e., intem1ediário ativo) não é formada apenas em_
conseqüência do movimento da molécula a altas velocidades (energia cinética translacional
elevada). A energia deve ser absorvida em ligações químicas onde oscilações de alta am-
plitude provocam a ruptura das ligações, a reorganização molecular e a decomposição. Na
ausência de efeitos fotoquímicos ou fenômenos similares, a transferência da energia trans-
lacional para energia vibracional, produzindo um intermediário ativo, pode ocorrer apenas
como conseqüência da colisão ou interação molecular. A Teoria das Colisões é discutida na
Estante de Referências Profissionais do Capítulo 3. Outros tipos de intermediários ativos são
os radicai, livres (um ou mais elétrons desemparelhados, e.g., CH3•), intermediários iônicos
(e.g., íon carbônio) e complexos de enzimas e susbtratos, só para mencionar alguns.
A idéia de intermediário ativo foi postulada em prim~iro lugar por F.A. Lindermann,2
em 1922, que utilizou o conceito para justificar a mudança da ordem de reação com varia-
ções nos valores das concentrações dos reagentes. Como os intermediários ativos são de
existência muito breve e estão presentes em concentrações baixísslmas, sua ocon-ência não
foi detectada de fonna definitiva antes do trabalho de Alnned Zewail, que recebeu o Prêmio
Nobel de Química de 1999 por seus estudos sobre estados de transição de reações químicas
por meio da espectroscopia em femtossegundos. 3 Seu trabalho sobre o ciclobutano mostrou
que a reação para formar as duas moléculas de etileno não ocorre de forma direta, como mos-
trado na Figura 7-l(a), mas formando um intermediário ativo, como indicado pela pequena
cavidade presente no topo do diagrama da energia contra a coordenada de reação da Figura
7-l(b). Como discutido nos Módulos da Internet do Capítulo 3 referente à Modelagem Mo-
lecular, uma estimativa da altura da barreira, E, pode ser calculada por inúmeros softwares,
tais como Spartan, Cerius 2, ou Gaussian.

1
W. J. Moore, Physical Chemishy (Reading, Mass.: Longman Publishing Group, 1998).
2
F. A. Lindermann, Trans. Faraday Soe., 17,598 (1922).
3J. Peterson, Science News, 156, 247 (1999).
Mecanismos e Caminhos de Reaçôes, Biorreações e Biorreatores 305

e c
1 1
C-C::;,
Energia
cl~2 ci~2
Energia e-e
/ 1
c-c j,i
,
l
E
c112 cl~2
CH 2 CH 2
CH 2 CH 2
j
Coordenada de Reação Coordenada de Reação

(a) (b)

Figura 7-1 Coordenada de reação. Cortesia de Science News, 156, 247 (1999).

7.1.1 Hipótes e de Estado Pseudo- Estacion ário (HEPE)


Na teoria de intermediários ativos, a decompos ição do intermediário não ocorre instanta-
neamente após a ativação interna da molécula; na i;ealidade, há um atraso no tempo, apesar
de infinitesimal, durante o qual as espécies permanece m ativas. O trabalho de Zewail foi a
primeira prova definitiva da existência de um intennediá rio ativo em fase gasosa durante um
tempo infinitesimal. Como um intennediá rio reativo reage tão rápido quanto é fonnado, a
velocidade de formação do intern1ediário ativo (e.g., A*) resultante é nula, i.e.,
HEPE rA*~Q (7-1)

Essa condição é tau,bém referenciada como a Hipótese de Estado Pseudo-Estacionário


(HEPE). Se a espécie intermediária aparece em n reações, então
n

-- r A* = )~ r;A* = O
~

i=l
(7-2)

Para ilustrar como as leis de velocidade desse tipo de reação são desenvolvidas, consi -
deraremos inicialmente a decompos ição em fase gasosa do azometano, AZO, dando origem
ao etano e ao nitrogênio

Observações experimentais mostraram que a velocidade de formação do etano é de


4

primeira ordem em relação ao AZO a pressões maiores do que l atm (concentrações relativa-
mente elevadas)

e de segunda ordem a pressões inferiores a 50 mmHg (concentrações baixas):


2
r C) 16 cr.. C.i\.ZO

Para explicar a dependência de primeira e de segunda ordem à concentraç ão de AZO,


proporemos o seguinte mecanism o constituído de três reações elementares.

Reação l:

Mecanism o

Reação 3:

Na reação 1, duas moléculas de AZO colidem e a energia cinética de uma molécula de AZO
é transferida para a outra molécula de AZO na forma de energia rotacional e energia vibracio-
nal, tornando essa última ativa e allau1ente reativa (i.e., AZO*). Na reação 2, a molécula ativa
(AZO*) é desativada através da colisão com outra molécula de AZO, transfeiindo sua energia
interna para a molécula com que colidiu, na fom1a de energia cinética Na reação 3, as mo lécu-

4
H. C. Ramsperger, J. Am. Chem. Soe., 49,912 (1927).
306 Capitulo 7

las de AZO* altamente ativadas, que estão vibrando vigorosamente, se decompõem espontane-
amente em etano e nitrogênio. Como cada uma das etapas da reação é uma reação elementar, as
correspondentes leis de velocidade em relação ao AZO* nas reações ( 1), (2) e (3) são
)
Nota: As velocidades
(1) r1Azo• = k1Azo,C;zo (7-3)
específicas de reação,
k, são todas definidas
em relação ao
(2) r2Azo• = -k2Azry CAzo,CAZO (7-4)
intennediário ativo
AZO'.
(3) r,Azo• = -k1AzrYCAzo• (7-5)
Essas leis de velocidade [Equações (7-3) a (7-5)] são absolutamente inúteis ao proje-
to de qualquer sistema de reação porque a concentração do intennediário ativo AZO* não
é mensurável. Conseqüentemente, utilizaremos a hipótese de estado pseudo-estacionário
(HEPE) para obter a lei da velocidade em termos de concentrações mensuráveis.
Em primeiro lugar, escreveremos a velocidade de formação do produto (com k 3 "=
k3AZ0')
(7-6)

Para dete1minar a concentração do intennediário ativo AZO*, imporemos o valor nulo


à velocidade resultante do AZO* ,5 rAZO'= O.
rAZO* = rlAZO~' + r'!.AZO* + r3ALO* = Q

(7-7)
Resohtendo para eAZO'

- k1C.~zo
CAzo• - ---'-'="-- (7-8)
k2 CAzo+ k3
A substituição da Equação (7-8) na Equação (7-6) dá origem a
2
_ k1k.1CAZO
rc2 H6 (7-9)
k2CAzu+k3

Para baixos valores de concentrações de AZO,


k2 CAzo <s' k3
Nesse caso, obtemos a seguinte lei de velocidade de segunda ordem:

rc,H, =' k1 C;zO


Para altos valores de concentrações de AZO,
k2 CALO '!f> /c3
Nesse caso, a expressão da velocidade segue mna cinética de primeira ordem:
k,k,
rc,_H,, = --CAzo = kCALo
k2
Na caracterização das ordens dessa reação, pode-se dizer que a reação é de aparente
primeira ordem a altas concentrações do azometano e de aparente segunda o,·dem a baixas
concentrações de azometano.
A HEPE pode também explicar por que se observam tantas reações de primeira ordem,
do tipo da reação

5Para uma abordagem mais pormenorizada do assunto desta seção, veja R. Aris. Am. Sei., 58,419 (1970).
Mecanismos e Caminhos de Reações, Biarreações e Biorreatores. 307

Simbolicamente, essa reação será representada na fmma: A formando o produto P, isto é,


A-,P
com
-r~ = kCA
A reação é de p1imeira ordem, mas não é uma reação elementar. A reação ocorre fonnando,
em primeiro lugar, um intennediári o ativo, A*, a partir da colisão da molécula do reagente
com a molécula de um inerte M. O intermediário ativo, vibrando vigorosamente, ou é desati-
vado pela colisão com o inerte M ou se decompõe para fonnar o produto.

~+
O
I ok,;º
p
k2
+o
M
A
o
A'

Caminhos de reação O mecanismo consiste em três reações elementares:

Ativação (1) A+M '1 A ' +M


M A
k
Desativação (2) A* +M "
A+M
k3
Decomposi ção (3) A' p

Escrevendo a velocidade de fonnação do produto


rr = k3 CA'
e utilizando a HEPE para determinar a concentração de A* de forma similar à utilizada na
decomposiçã o do azometano, descrita anterionne_nte, podemos expressar a lei de velocidade
na forma

rp = (7-1 O)

Como a concentração do inerte M é constante, podemos considerar


k = k1k3CM (7-11) ,,t,ij1",'
k2CM +k3
para obter a lei de velocidade de primeira ordem
-rA ,= kCA

Em conseqüênci a, vemos que a reação


Lei de velocidade de
primeira ordem para A-,P
uma reação não-
elementar segue urna lei de velocidade de reação elementar, porém não é urna reação elementar.

7.1.2 Buscando o Mecanismo


Em muitas situações, os dados de velocidade estão correlacionados mesmo antes de a lei
de velocidade ser encontrada. É um procediment o comum transfonnar a constante aditiva
do denominador para o valor 1. Desse modo, dividimos o numerador e o denominador da
Equação (7-9) por k3 para obter
o
k1C:w
rc 2H -= - - - - - 1 (7-12)
6 1 +k'CA..;:

--
Vi '
308 Capítulo 7

Considerações Gerais. As regras práticas list.adas na Tabela 7-1 podem ser de alguma
utilidade para o desenvolvimento de um mecanismo que seja consistente com os dados expe-
rimentais não-processados. Aplicando-se as regras da Tabela 7-1 ao exemplo do azometano,
discutido há pouco, concluímos os seguintes pontos sobre a expressão cinética (7-12):
1. O intennediário ativo, AZO*, colide com o azometano, AZO [Reação 2], re-
sultando na concentração de AZO no denominador.
2. O AZO* se decompõe espontaneamente [Reação 3], resultando em uma cons-
tante no denominador da expressão cinética.
3. A presença da concentração de AZO no nrunerador da expressão sugere que o
intennediário ativo AZO* é formado a partir do AZO. Em referência à Reação
_l, yemos que esse fato é realmente verdadeiro.

TABELA 7-] REGRAS PRÁTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM MECANISMO


1. Espécies cujas concentrações aparecem no denominador da expressão da lei de velocidade
provavelmente colidem com intermediários ativos, por exemplo,
A+ A'---, [Produtos da colisão]
2. Se urna con"stante aparece no denominador, uma das etapas da reação é provavelmente a
Regra Prática decomposição espontânea de wn intermediário ativo, por exemplo,
A'---, [Produtos da decomposição]

-
3. Espécies cujas concentrações aparecem no numerador da expressão da lei de t·elocidade
provavelmente produzem o intennediário ativo em uma das etapas da reação, por exemplo,
[Reagente]--; A'+ [Outros produtos]

Encontrando o Mecanismo da Reação. A partir do momento em que a expressão da lei


da velocidade for consolidada a partir de dados experimentais, devemos tentar propor um
mecanismo que seja consistente com essa lei de velocidade. O método de abordagem da
questão é apresentado na Tabela 7-2.

Uma vez que a lei


TABELA 7-2 ETAPAS PARA DEDUZIR UMA LEI DE VELOCIDADE
de velocidade é
detenninada, a busca 1. Considere a existência de um ou mais intermediários ativos.
pelo mecanismo se 2. Postule, se possível, nm mecanismo utilizando a lei de velocidade obtida a partir de dados
inicia.
experimentais. ,
3. Modele cada reação na seqüência do mecanismo como wna reação elementar.
4. Após desenvolver as leis de velocidade para a velocidade de formação do produto deseja-
do, desenvolva as leis de velocidade de cada wn dos intermediários ativos.
5. Utilize a HEPE.
6. Elimine as concentrações das espécies intermediárias nas leis de velocidade através da
resolução simultãnea das equações desenvolvidas nas Etapas 4 e 5.
7. Se a lei de velocidade obtida não estiver de acordo com a observação experimental, consi-
dere um novo mecanismo e/ou novos intermediários e vá para a Etapa 3. Uma base sólida
de conhecimento de química orgânica e inorgânica é bastante útil no prognóstico dos inter-
mediários ativos para a reação que está sendo considerada.

Colapsando a cavitação Exemplo 7-1 A Equação de Stern-Volmer


da microbolha
Luz é produzida quando uma onda ultra-sônica de alta intensidade se propaga na água. 6
Essa luz é proveniente de microbolhas (O, 1 nun) que são formadas pela onda ultra-sônica
e são, em seguida, comprimidas pela mesma. Durante a etapa de compressão das bolhas,

--
-----
--:::::.....Uquido-::=::::__
seu conteúdo ( e.g., água e demais componentes que estejam dissolvidos, como, por exem-
plo, CS,, Oi, N 2) é comprimido adiabaticamente.

6
P. K Chendke e H. S. Fogler, J. Phys. Chem., 87. 1362 (1983).
Mecanismos e Caminhos de Reações, Biarreações e Biorreatores 309

Gráfico de Stern-
Volmer

F'igura E7-1.1 Razão entre as intensidades de


luminescência em função da concentração de inibidor.

Essa con1pressão produz um aumento elevado na temperatura e nas energias cinéticas


das moléculas <lo gás, que por sua vez geram inte1n1ediários ativos através de colisões
entre as moléculas. Os i11tennediários formados estimulam a ocorrência de reações no
interior das bolhas.

A intensidade da luz produzida, I, é proporcional à velocidade de desativação da molécula


de água ativa que se formou na microbolha.
H 2 O'" ------"------_ H 2 O + hv
Intensidade da luz (!J x (-rH
20
.) = kC"F
Aumento de uma ordem de grandeza da intensidade da sonolurrúnescência é veri-
ficado quando dissulfeto de carbono ou tetracloreto de carbono é adicionado à água. A
intensidade da luminescência, I, da reação '
cs; ~ CS 2 +hv
é ,,-.-

;-
Resultado análogo é obtido com o CC14 •
Entretanto, quando álcool alifático, X, é adicionado à solução, a intensidade da lumines-
cência decresce com o aumento da concentração do álcool. Os dados são geralmente apresen- .-
tados na forma de mn gráfico de Stern-Volmer. Nesse gráfico a intensidade relativa é plotada
em função da concentração do álcool. Cx. (Veja a Figura E7-l .1, em que 10 é a intensidade
da sonolmninescência na ausência de álcool, e I é a intensidade da sonolmninescência na
presença de álcool.) Sugira m11 mecanismo consistente com a observação experiniental.

Solução
A partir da equação da reta plotada, temos

f_s, = A t- BCx cc A+ B(X) (E7-l.!J


I •
em que Cx ee (X). A inversão dos membros da equação conduz a
r 1 (E7-l.2)
10 A+ B(X)
Da regra 1 da Tabela 7-1. o denominador da expressão sugere que o álcool (X) colide com
o intermediário ativo:
X + Intermediário -------, Produtos (la desativação (E7- l.3 J

Caminh0s de Reação O álcool age corno um inibidor, desativando o intermediário ativo. A observação do fato
de que a adição de CC1 4 ou CS 2 aumenta a intensidade da luminescência,
J-x (CS 2 ) (E7-l.4)

leva-nos ao postulado (regra 3 da Tabela 7-1) de que um inte1111ediário ativo é formado a


partir do CS 2:
310 Capítulo 7

M + cs, ~ cs; +M (E7-l.5)


- em que M é um terceiro componente (CS2 , H 2 0, N,, etc.).
Verificamos também que a desativação pode ocorrer pelo reverso da Reação (E7 -1.5 ).
Combinando essa infonnação, obtemos o mecanismo:
~
O mecanismo
Ativação: M + CS 2 _ ,,____, cs; + M (E7-i.5J
,.
-
~
De.salivação:
Desativação:
M + cs; - ~ cs, +M
x + cs;· _ t:_,____, CS 2 + X
(E7-l.6)
(E7-l.3l
Luminescência: cs; cs, + hv (E7-l.7)
1 = k.(cs;) (E7- l .8)

Utiiizando a HEPE para o CS'j', obtemos


rcs; =O= k 1 (CS 2 )(M) - k 2 (CS;J(M) - k3 (X)(CS;) ·· k4 (CS;)

Explicitando o tenno em CS! e substituindo-o na Equação (E7-1.8), obtemos


I= k4 k, (CS 2 )(M)
(E7- l.9)
k 2 (M) + k3 (X) + k4

Na ausência de álcool,
= k4 k, (CS 2 )(M)
10 (E7-l.10)
k2 (M) + k4
Considerando como constantes as concentrações de CS 2 e do terceiro componente, M,
efetuamos a razão entre-a..Equ,tção (E7-1.10) e (E7- l.9):
lo
- = l + - -k3- X() = 1 +FC" (X) (E71.ll)
I k,(M) + k4
que é uma expressão análoga à sugerida pela Figura E7- l. l. A Equação (E7- l.l l.) e equa-
ções similares envolvendo inibidores são chamadas de equações de Stern-Volmer.
Uma discussão de luminescência é levada adiante na seção Bastões Luminescentes,
do Módulo da Internet do CD-ROM. Nesta seção, a HEPE é aplicada a bastõe, lumi-
nescentes. En1 pri111eiro lugar, um mecanismo para as reações e para a luminescência é
desenvolvido. A seguir, as equações de balanços molares são escritas para cada uma das
espécies e acopladas à lei de velocidade obtida pela utilização da HEPE. Finalmente, as
equações resultautes são resolvidas e comparadas com dados experimentais.

Módulo da
Internet - Bastões 7.1.3 Reações em Cadf:!ia
luminescentes Neste item, consideraremos exemplos ligeiramente mais complexos envolvendo reaçôes em
cadeia. Uma reação em cadeia é composta pela seguinte seqüência:

Etapas de uma 1. Iniciação: formação de um intennediário ativo.


reação em cadeia 2. Propagação ou transferência de cadeia: interação de mn intermediário ativo
com o reagente ou produto para produzir outro intermediário ativo.
3. Terminação: desativação do intermediário ativo parn fonnar produtos.

Exemplo 7-2 HEPEAplicada ao Craqueamento Térmico do Etano


A decomposição ténnica do etano em etileno, metano, butano e hidrogênio supostamente
ocorre segundo a seguinte seqüência:

Iniciação:

( 1)

Em que k, = k1c,11,
Mecanismos e Caminhos de Reações, Biarreações e Biorreatoràs 311

Propagação:

(3)

(4)

Terminação:

(5)

Em que k 5 = k,c--' ·2
H •
5

(a) Utilize a HEPE para deduzir a lei de velocidade de formação do etileno.


(b) Compare a solução obtida com a HEPE da Parte (a) com a obtida pela resolução
do sistema de equações diferenciais ordinárias composto pelos balanços molares
de todas as espécies envolvidas.

Solução
Parte (a) Desenvolvimento da Lei de Velocidade

-
A velocidade de formação do etileno (Reação 3) é dada por

l r3e 21 \ = k3 IC 2 H 5 • II (E7-2. l)

Dada a seguinte seqüência de reações:


Para os intermediáiios ativos: CH3 •, C2H 5 • e H• as velocidades resultantes são

A partir das estequiomet1ias das reações, temos

Então, rc 1 11 5 - = --r2c
2
11,.-r3c 2 11 4 -r4c 2 ufi + rsc 2 n5 - =O (E7-2.2)

IH•]: r!--1. = r31-1, ---i-- r4H• = r3C\H4 + t4c21--16 = O (E7-2.3)

[CH3 •]: rc11 •


3
= r1c11 ·----:- r?Cll-·
1 -'
= -2r,c·2 11 6 + r2c~11
.. (,
=O (E7-2.4) -,

Snbstituindo as concentrações na Eqnação (E7-2.4), obtemos


21s 1LC 2Hd - k2[CH 3 • Jl C2H 6 J = O (E7-2.5J
Explicitando a concentração do radical livre [CH 3°],
_ 2k,
[CH.•]=-
_, k, (E7-2.6)

Somando as Equações (E7-2.2) e (E7-2.3), temos


-r2c 2 i1 6 + rsc 2 11 5 •=: O

Substituindo as concentrações na'; leis de velocidade


k 2 [CH 3 • ][C 2 H.6 ] - !cs[C 2 H 5 • ]' = O (E7-2.7)
Solução HEPE Explicitando a concentração do radical livTe [C 2H 5°], obtemos
312 Capítulo 7
] e

,_
/l,, }]/2 JJI, ~ ÍJ k2 }l/2
[C 2 H 5 • ] = {...é[CH3 • l[C 2 H 6 ] = l - - [ C2 H 6 ]
k, k,k,
(E7-2.8)
J21c, }1/2
= l-·
k, [C 2 H6'

Substituindo a expressão de [C 2H 5•] na Equação (E7-2.l), obtemos a velocidade de for-


mação do etileno

(E7-2.9)

A seguir, escrevemos a velocidade resultante da formação do H• da Equação (E7-2.3)


em termos da concentração
k3 [C 2 H 5 • J-k4 [H• ][C 2 H6 ] = O
Usando a expressão de [C 2H5•], Equação (E7-2.8), obtemos a concentração do radical
.livre hidrogênio

(E72.l0)

"
-
'"'
A velocidade de consumo do etano é
rc 2 H6 = -k 1 [C 2 HGJ~H 3 • J[C 2 H 6 J-k4 [H• IIC,H 6 J (E7-2. l l)

l
~ Substituindo as concentrações dos radicais livres, a lei de velocidade de consumo rle
etano é então

,1,..
-
,-
(E7-2.12)

~ Para um reator em batelada a volume constante, a combinação dos balanços molares com as
leis de velocidade de consumo do etano (Pl) e de formação do etileno (PS) dá origem a

dCr, _
dt - - [ 3k1 Cr 1 +k3
l2kks.
'
1
) 1/2
112]
Cp 1 (E7-2. \3)

Balanço molar e
lei de velocidade dCps = k (2k,\j112 c'12 (E7-2. l4)
combinados dt 3 k5 PI

utilizando a HEPE
O subscrito P em Pl (i.e., CP!) e em PS (i.e., Cp 5) é para enfatizar que a HEPE foi utili-
zada para se chegar a esses balanços.
As velocidades específicas das reações a 1000 K são k1 = 1,5 x 10-3ç 1, k, = 2,3 x l 06
dm /mol · s, k3 = 5,71 x 104 s- 1, k4 = 9,53 x 108 dm3/mol ·se k 5 = 3,98 x 109 dm3/mol · s.
3

Para uma concentração de entrada de etano de 0,1 mol/dm 3 e uma temperatura de 1000
K, as Equações (E7-2.13) e (E7-2.14) foram resolvidas, plotando-se, a seguir, as concen-
trações de etano, Cpi, e etileno, Cp5 , em função do tempo, nas Figuras E7-2.2 e E7-2.3.
No desenvolvimento das relações concentração-tempo, utilizamos a HEPE. Entretanto,
podemos agora utilizar as técnicas descritas no Capítulo 6 para resolver o sistema completo
de equações do craqueamento do etano e então comparar os novos resultados com os obti-
dos de forma muito mais simples pela resolução do problema utilizando a HEPE.
Parte (b) Verificando a HEPE para o CrlUJUeamento do Etano
A decomposição térmica do etano supostamente ocorre segundo a seqüência de reações
descrita na Parte (a). As velocidades específicas das reações variam com a temperatura
segundo as expressões:
Mecanismos e Caminhos de Reações, Biarreações e Biorreatores 313

ki = 1oeun_soo1R)(1/1.::-so-1_1T)s-1 k-1 = 845x


, 6 (13.000///)(1112511-]/TJd º,
10 e m-'1n10
[
·s

k.3 = 3,2 X 1üGe(4o_ooo,. RH i n2so - 1!TJ5-1 k4= 2,53 X 109 /97001R)(l n2so- 1 TJ dm3 /mo!. s
k 5 = 3,98 X ]0 9 dm'/mol · s E= O

Parte (b): Desenvolva os balanços molares de todas as espécies, resolva-os, e então plote
as concentrações do etano e do etileno em função do tempo. A seguir, compare os novos
resul!ados com os obtidos pela resolução do problema utilizando a HEPE. A concentração
inicial do etano é de 0,1 mol/dm3 e a temperatura é de 1000 K.
Solução Parte (b)
Seja l = C 2 H 6, 2 = CH3 ~, 3 = CH4 , 4 =, C 2 H 5 •, 5 = C 2 H4 , 6 = H•, 7 = H 2 e 8 = C 4 H 10 . A
combinação dos balanços molares com as leis de velocidade dá origem a

(C, H,J:
de 1 = -k1e, - 1c2 e 1e, - k4 e, e, (E7-2.15J
dt
Solução numérica
de2
completa (CH 3 • ): = 21c, e, - 1c2c 2e1 (E7-2.16)
dr
dC 3
(CH4 ): = k 2C 1C 2 (E7-2. l 7)
d!
dC4
(C 2 H 5 • ): = k,c,c,- k3 C, + k,e,c, - 1c,c,2 (E7-2. l 8)
dt
de,
(C~ = k3C4 (E7-2.19)
dt ;-e-

de6 = 1c,e - k,e, e,


(H• ):
dt
4 (E7-2.20)

de,
(H,): = k4e,e6 (E7-2.2 l)
dt
de, 1 "}_
(C 4 H 10 l:
dt
= -
2 k,e,
., (E7-2.22)
-;,-'·
O programa em Polymath é apresentado no Tabela E?-2.1.

TABELA E7-2.l PROGRAMA POLYMATH

Resultados do POLYMATH
Exemplo 7-2 HEPE Aplicada ao Craqueamento Térmico do Etano
18/08/2004, Rev5.1.232
Relatório das EDOs {STIFF)

"Problenia "Prático Equações diferenciais ordinárias conforme informadas pelo usuário


[1] d(C1)/d(t) = -k1*C1 - k2'C1*C2 - K4*C1*C6
[2] d(C2)/d(t) = -2*k1 *C1 -- k2*C1 *C2
[3] d(C6)/d(t) = k3'C4 - k4'C6'C1
[4] d(C4)/d(t) = k2'C1*C2 - k3*C4 + k4'C6*C1 - k5*C4"2
[5] d(C7)/d(t) = k4*C1 'C6
[6] d(C3)id(t) = k2*C1 *C2
[7] d(C5)/d(t) = k3"C4
[8] d(C8)/d(t) = 0,5'k5"C4"2
[9] d(CP5)/d(t) = k3'(2*kí/k5)AQ.5*CP1AQ.5
[10] d(CP1)/d(t) = -k1*CP1 - 2*k1*CP1 - (k3'(2*k1/k5)AQ.5*(CP1AQ.5)
continua
314 Capítulo 7

E7-2. l CONTINUAÇÃO
TABELA
Equações explícitas conforme informadas pelo usuário
[1] k5 = 3980000000
[2] T = 1000
[3] k1 = 10*exp((87500/1.987)*(1/1250 - 1/T))
[4] k2 = 8450000*exp((13000/1.987)*(1/1250 - 1ff))
[5] k4 = 2530000000*exp((9700/1.987)*(1/125él.- 1/T))
[9] k3 = 3200000*exp((40000/1.987)*(1/1250 - 1ff))

A Figura E7-2.l mostra a variação com o tempo da concentração de CH3• (i.e., C2 ).


Verifica-se na figura um platô horizontal em que a HEPE é válida. A Figura E7-2.2 mostra
- a comparação entre as variações temporais do etano calculado usando-se a HEPE (Cp 1) e
o calculado (C 1) através da resolução dos balanços molares descritos pelas Equações (E7-
2.13) a(E7-2.22). A Figura E7-2.3 mostra uma comparação análoga para o etileno, (Cp 5) e
(C,). Verificamos que as curvas são idênticas, indicando a validade da HEPE nessas con-
dições. A Figura E7-2.4 mostra uma comparação entre as variações temporais do metano
(C3) e butano (C 8 ). O Problema 7-lA(b) explora as temperaturas nas quais a HEPE pode
ser aplicada ao craquean1ento térmico do etano.

-
-~
Nota: Curvas
de C1 e CP 1 são
(mol)
dm 3
0,100

0,080

-
.-.
praticamente
idênticas.
10-9 ~~=O
dt
0,060

0,040

t
~ (mof)

-. º2 dm 3
Legenda:
0,020 --- e,
- - - CP1

-- a
a 6 12 0,000
º·ª 3,0 6,0 9.0 12,0 15,0

- Figura E7-2.1
t(s)

Concentração do intennediáiio
ativo CH3• em função do tempo.
Figura E7-2.2
variações temporais do etano.
t(s)

Comparação entre as

0,100 1,500
'I.'

.t
Nota: Curvas
de C5 e CP5 são
praticamente
0,080 1,200
--
idênticas.
0,060 0,900

-- 0,040
(;:~) 0,600
,,
,,
,
(m°')
dm3
-- 0,020
Legenda:
- C5 0,300
,,
,
,, Escala: Legenda:
Y: 103 - C3
--~ Cp5 - - - Ca
0,000 ,___ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
0,000
a.o 3,0 6,0 9,0 12,0 15,0 a.o 3,0 6,0 9,0 12,0 15,0
t(s) '(s)
Figura E7-2.3 Comparação entre as Figura E7-2.4 Comparação das variações
variações temporais do etileno. temporais do metano (C 3) e butano (C 8).

7.1.4 Rotas de Reação


As rotas de reação são úteis na visualização das conexões existentes entre as espécies intera-
gentes em reações múltiplas. Duas rotas de reação relativamente simples já foram comide-
radas anteriormente; a primeira foi utiliz.ada para explicar a lei de velocidade de primeira or-
dem, - rA= kCA> (M +A--> A* + M), e a segunda na sonoluminescência do CS2 do Exemplo
7-1. A partir de agora, vamos desenvolver as rotas de reação para o craqueamento do etano e
para a formação de srnog (nevoeiro fotoquímico).
Mecanismos e Caminhos de Reações, Biorreações e Biorreatores 315
C2Hs

c,H,<-I~ ~~e",

~AcH,
H, ~
C4H10 Figura 7-2 A rota de reação para o craqueamento do etano.

Craqueamento do Etano. Com o grande aumento da capacidade computacional, cada vez


maior quantidade de estudos envolvendo reações com radicais livres como inten11ediá1ios são
feitos utilizando sistemas de equações diferenciais ordinárias acopladas (confira o Exemplo
7-2). O elemento-chave nesses estudos é identificar quais reações intennediárias são importar(cts
na seqüência global para a predição dos produtos finais. Uma vez que as reações-chave são ide:-
tificadas, podemos esboçar as rotas de reação de maneira similar à apresentada no Exemplo 7-2
para o craqueamento do etano, em que as Reações de 1 a 5 são esquematizadas na Figura 7-2.
Formaçfo 1'0 Smog. No Capítulo 1, Problema Pl-14, do Médulo da Internet Smog eh
CD-ROH, discutimos um modelo muito simpliJicado para a remoção do smog da baci&
de Los .A.ngeles com o vento vindo de Santa Ana. Neste ponto, abordaremos de forma um
pouco mais aprofimdada a química de formação do smog. Nitrogênio e oxigênio reage:;;
para formar óxido nítrico no cilindro dos motores dos automóveis. O NO, presente no gás de
exaustão do automóvel, é oxidado a N0 2 na presença de radicais peróxidos.
k,
ROO+NO /RlJ
O dióxido de nitrogênio é então decomposto fotoquimican1ente produzindo oxigênio nascente
k,
NO+O (R2)

que por sua vez reage para formar ozônio

(R3)

Então, o ozônio passa a participar de uma série de reações com hidrocarbonetos presentes na
~··
atmosfera para formar aldeídos, vários radicais livres e outros intermediários, essas espécies
reagem, em seguida, produzindo produtos indesejáveis responsáveis pela poluição do ar:
Ozônio + Olefinas - Aldeídos+ Radicais livres
. .
0 3 + RCH=CHR RCHO+RO+HCO (R4)

~
hv
R+Héü
Um exemplo específico é a reação do ozônio com o L3-butadieno formando acroleína
e formaldeído, que são fortemente irritantes aos olhos.
2
-0,
4 (R6)
Irritante aos olhos
3 + CHa=CHCH=CH,
Ó L o fn., CH 2=CHCHO + HCHO

Pela regeneração do NO:!, mais ozônio pode ser formado e o ciclo é continuado. Essa rege-
neração pode ser promovida através da reação do NO com os radicais livres presentes na
atmosfera devido à Reação (RI). Por exemplo, o radical livre formado na Reação (R4) pode
reagir com 0 1 produzindo o radical. livre peróxido,
k,
ROÓ (R7J
O acoplamento de todas as reações precedentes é mostrado esquematicamente na Figura 7-3.
-,,-c;c,ficamos que o ciclo foi completado e que uma quantidade relativamente pequena
de óxidos de nitrogênio pode produzir uma grande quantidade de poluentes. É claro que
316 Capítulo 7

(NºXROO·~;:
tNO, RO• RCHO~

üt·O, , RC~:~HR
CH 1 =CHCH=CH'-

O, = CI-ICH:!CHO
CJ-1 2

HCJ:-IO Figura 7-3 A rota de reação na formação do smog.

muitas O\Jtras reações ocorrem, mas não seja desconsiderada a gravidade do assunto devido
à fonna breve com que foi tratado. A abordagem apresentada, apesar de simplificada, serve
para caracterizar perfeitamente o papel dos óxidos de nitrogênio na poluição atmosférica.
Rotas Metabólicas. As rotas de reação encontram sua maior utilidade nas rotas metabóli-
cas em que as várias etapas são catalisadas por enzimas. O metabolismo do álcool é catalisa-
do em cada etapa por urna enzima diferente.
~

C 2 H5 0H
NAD'

-. NADH) H
CH 3 CHO
Álcool
Desidrogenase

NAD'
~

-,
NADH_j
\
i
CH~coo-
Acetaldeído
Desidrogenase

- ATP)
ADP
i
Acetil-P
Acetato
Quinase

Essa rota é discutida na Seção 7.5 Faimacocinética. No entanto, em primeiro lugar, precisa-
mos discutir as enzimas e suas cinéticas, o qne faremos na Seção 7.2. Verifique o CD-ROM
e a Internet para futuras atualizações relativas às reações metabólicas.

7.2 Fundamentos de Reações Enzimáticas


Uma enzima é uma proteína ou urna substância protéica com elevada massa molecular que age
em um substrato (molécula reagente) para transformá-lo quimicamente a velocidades bastante
elevadas, non11almente 103 a 10 17 vezes mais :ápidas que as velocidades não-catalisadas. Sem
a presença de enzimas, as reações biológicas essenciais não ocorreriam a uma velocidade ne-
cessária à maimtenção da vida. As enzimas estão geralmente presentes em quantidades ínfimas,
não são consumidas durante o curso da reação e sequer afetam o equilíbrio químico da reação.
As enzimas provêem uma rota alternativa de reação que requer menor energia de ativação. A
Figura 7-4 mostra a coordenada de reação para uma reação não-catalisada de uma molécula de
reagente denominada de substrato (S) para formai· um produto (P).
s--; p
A figura também mostra o caminho da reação catalisada que procede através de um interme-
diário ativo (E • S), chamado de complexo enzima-substrato, isto é,

1s+E ~ E•S--.E+PI
Como as rotas enzimáticas têm menores energias de ativação, os aumentos das velocidades
da reação podem ser imensos, como na degradação da uréia pela urease, que apresenta uma
velocidade de degradação 10 14 vezes maior do que a degradação na ausência de urease.
Uma propriedade importante das enzimas é sua especificidade; isto é, uma enzima
pode usualmente catalisar apenas um tipo de reação. Por exemplo, uma protease hidrolisa so-
mente ligações entre aminoácidos específicos em proteínas; mna arnilase age nas ligações en-
Mecanismos e Caminhos de Reações, Biarreações e Biorreatores 317

S-P

Energia E+S.;=-E• S-P+E

Figura 7-4 Coordenada de reação para a catálise


enzimática. Qwmotr,ps;n~

Figura-7:-5 A enzima quirnotripsina.


[De Biochemistry, 3/E de Stryer ©
1988, de Lubert Stryer. Usado com
permissão de W. H. Freeman &
Company.]
tre as moléculas de glicose no amido; e uma lipase se liga a gorduras, degradando-as a ácidos

~
graxos e glicerol. Em conseqüência, produtos não-desejados são facilmente controlados e,ci
reações catalisadas por enzimas. As enzimas são produzidas exclusivamente por organismos
vivos e as enzimas comerciais são geralmente produzidas por bactérias. As enzimas usual-
~ mente operam (i.e., catalisam as reações) sob condições brandas: pH 4 a 9 e temperaturas de
Red'Pop 25 a 70ºC. As enzimas, em sua maioria, são nomeadas com os termos das reações que catali-
sam. É uma prática comum acrescentar o sufixo -ase à parte principal do nome do substrato
no qual a enzima age. Por exemplo, a enzima que catalisa a decomposição de uréia é a urease,
e a enzima que se liga à tirosina é a tirosinase. Entretanto, há exceções a essa convenção de
nomenclatura, como a u-amilase. A enzima u-amilase catalisa o amido na primeira etapa da
produção de xarope com alto teor de fiutose do milho (Y.ATFM): proveniente do amido de
milho, usado como adoçante em refrigerantes (e.g., Red Pop .. ); sendo um negócio de US$ <·
bilhões por ano.
u-amilasc A 'd G!ico- Glicose
.,,
Amido ele milho - - - > m1 o Glicose XATFM
amita~c

7.2.1 O Complexo Enzima-Substrato


trlloAtivo O fator-chave que distingue as reações enzimáticas das demais reações catalíticas é a forma-
ção do complexo enzima-substrato, E • S. Nesse caso, o substrato liga-se a um sítio ativo
específico da enzima para fmmar esse complexo. 7 A Figura 7-5 mostra uma representação
esquemática da enzima quimotripsina (MM= 25.000 dáltons) que catalisa a clivagem hi-
drolítica de ligações polipeptídicas. Em muitos casos, os sítios catalíticos ativos da enzima
se encontram no local em que vários laços ou dobras interagem. Para a quimotripsina, os
Enzima enovelada sítios catalíticos estão situados nos aminoácidos indicados pelos números 57, 102 e 195 na
com o síiio ativo
Figura 7-5. Muito do poder catalítico da enzima é atribuído à energia de ligação do substrato
com a enzima, que se dá através de ligações múltiplas com grupos funcionais específicos da
enzima ( cadeias laterais de amino, íons metálicos). As interações que estabilizam o complexo
enzima-substrato são ligações hidrogênio, forças hidrofóbicas, iônicas e de van der Waals
tipo London. A enzima pode se desenovelar, se for submetida a temperaturas elevadas ou pH
extremo (i.e., pH baixo ou alto), perdendo, em decorrência, seus sítios ativos. Quando isto
ocorre, diz-se que a enzima está desnaiurada. Veja o Problema P7-15B.
pH Existem dois modelos para descrever as interações substrato-enzima: o modelo chave!
fechadura e o modelo do ajuste induzido, ambos esquematizados na figura abaixo. Por muitos

7M. L. Shuler e F. Kargi, Bioprocess Engineering Basic Concepts, 2'ª- ed. (Upper Saddle River, N. J.:
Prentice Hall, 2002.)
>!Xarope KARO fabricado no Brasil pelas "Refinações de Milho Brasil".(N.T.)
ºRefrigerante gaseificado de morango, bastante popular no Canadá e no Meio Oeste dos Estados Uni-
dos, fabricad.::, pela Faygo, empresa estabelecida em Detroit desde 1907. (N.T.)
318 Capítulo 7

S!Uo
ativo

• ~-
@ ····.·.•®
....•
E ··.S -
~
<S>
· .:.

E..
P

(a) Modelo chave/fechadura


Ligação(ões)
S;,;, @rd!stoco!da{s)íl•
ativo S __ =._i S _.-·._-:-:· P,

• V
(s)_ .··.·...
•..E.. .
'
- ..·..
.••· . E·•.·.•·.
'.'
. ·v_-
-
• %>
®'

(b) Modelo do aju:;!e induzido

anos o modelo chave/fechadura foi o preferido, devido aos efeitos estereoespecíficos de uma
enzima agindo em um substrato. No entanto, o modelo do ajuste induzido é de maior utilidade.
No modelo do ajuste induzido, tanto a e&"Íma como o substrato estão clistorcidos. As variações
na confonnação distorcem uma ou mais das ligações do substrato, tensionando e enfraquecendo
a ligação e, em decorrência, tomando a molécula mais sujeita a um novo reammjo ou conexão.
Há apenas seis classes de enzimas:
1. Oxidorredutases AH2 + B + E -, A+ BH2 + E
2. Transferases AB +C + E-,AC+ B + E
~-~-·· 3. Hidrolases AB+ H20 + E-,AH + BOH + E
4. Isomerases A+ E-, isoA+ E
5. Liases AB+E-,A+B+E

-
6. Ligases A+B+E-,AB+E
Informações adicionais sobre enzimas podem ser encontradas nos seguintes sítios da
internet:
~- http://us.e.xpasy.org/enzyme/ e wwiv.chem.qm,Hac.uk/iubmb/enzvme
Esses sítios também fornecem infonnações sobre reações enzimáticas em geral.
Lint.l:
7.2.2 Mecanismos
Na apresentação de algll1ls dos princípios fundamentãis da cinética de reações enzimáticas,
discutiremos uma reação enzimática que foi sugerida por Levine e LaConrse como pari.e de
um sistema que reduziria o tan1anho de um rim artificial. 8 O resultado pretendido é a produ-
. ção de um rim artificial que poderia ser usado pelo paciente e que incorporaria uma unidade
• descartável para a eliminação de resíduos nitrogenados como o ácido úrico e a crealinina. No
esquema de microencapsulação proposto por Levine e LaCourse, a enzima nrease seria usada
na remoção de uréia da corrente sanguínea. Nesse caso, a ação catalítica da nrease causaria a
decomposição da uréia em amônia e dióxido de carbono. O mecanismo da reação admitido
ocorre conforme a seguinte seqüência de reações elementares:
1. A enzima urease (E) reage com o substrato uréia (S) para formar um complexo
enzima-susbtrato (E · S).
O mecanismo da k,
reação NH 2 CONH 2 + Urease (7-13)

i;·
2. Esse complexo (E · S) pode se decompor de volta à uréia (S) e nrease (E):
i:' k,
! (7-14)
,.
! 3. Ou o complexo pode reagir com água (W) para formar os produtos (PJ amônia
e dióxido de carbono, além de regenerar a enzima urease (E).
2NH 3 + C0 2 + Urease (7-15)
Verificamos que parte da enzima adicionada à solução liga-se à uréia e que a parte restante
mantém-se livre. Apesar de podermos facilmente medir a concentração total da enzima, (E1),
é dificil medir a concentração da enzima livre {E).

8
N. Levine e W. C. LaCourse, J Biomed. Mater:. Res., 1,275 (1967).

i . . ' .
~- h --·-~----·- ---
Mecanismos e Caminhos de Reações, Biorreações e Biorreatores . 319

Sejam a enzima, o substrato, a álc,'1.la, o complexo enzima-substrato e os produtos da


reação designados, respectivamente, por E, S, W, E• S e P. Podemos escrever de fonna sim-
bólica as Reações (7-13), (7-14) e (7-15) nas formas
k,
S+E E•S (7-16)
k2
E•S E+S (7-17)
k,
E•S +W P+E (7-18)
Sendo P = 2NH 3 + CO2 .
As correspondentes leis de velocidade das Reações (7-16), (7-17) e (7-18) são
r 1s = -k 1 (E)(S) (7-16A)
r2s = k2 (E• S) (7-17 A)
rw = k3 (E • S) (W) (7-18A)
A velocidade de consumo do substrato, -rs, é
-rs = k 1(E)(S)-ki(E • S) (7-19)
A lei de velocidade nessa fonna é de pouca utilidade para os cálcnlos da engenha1ia
de reatores, pois não podemos medir a concentração do complexo enzima-substrato (E • S).
Aplicaremos a HEPE para expressar a concentração de (E• S) em termos das v31iáveis men-
suráveis. A velocidade resultante do complexo enzima-substrato é
rE·S = k 1 (E)(S)-k,(E • S)-k3 (W)(E • S) (7-20)

Utilizando a HEPE, rE. s = O, explicita,nos o termo de (E · S) na Equação (7-20)

(E•S)= k1(E)(S) (7-21)


k 2 + k 3 (W)

substituindo, a seguir, (E• S) na Equação (7-19)


k (El(S)
- r8 = k 1(E)(S)-k 2-1- - -
k2 +k/W)
Simplificando

(7-22)

Precisamos Essa forma de lei de veiocidade ainda é inapropriada, pois não podemos medir a concentra-
substituir a
concentração da
ção da enzima livre (E); podemos, no entanto, medir a concentração total da enzima, E,.
enzima livre (E) na Na ausência de desnaturação da enzima, a concentração total da enzima no sistema,
expressão da lei de (E,), é constante e igual à soma cfa concentração da enzima livre ou não-ligada, (E), com a
velocidade. concentração do complexo enzima-substrato, (E• S):

(E,) = (E) + (E • S) (7-23)

Concentração Substituindo a expressão de E• S


total de enziI11a =
Con.:entração de (E,) ,~ (E)+ ki(E)(S)
enzima ligada+ k 2 +kiW)
Enzima livre.
explicitando (E)
(E) = (E,)(k2 + k,(W))
k 2 + k 3 (W) + k 1(S)
substituindo essa expressão de (E) na Equação (7-22), a lei de velocidade de consumo do
substrato é
320 Capítulo 7

A fonna final da lei k/c 1 (W)(E,)(S)


de velocidade
-rs = . (7-24)
k 1(S)+k 2 +kiW)

Nota: No desenvolvimento anterior, E, = (Ei) = concentração total da enzima em unidades


tipicas (kmol/m3 ou g/dm3).

7.2.3 Equação de Michaelis-Menten


Como a reação de uréia com urease ocorre em solução aquosa, a água está, certamente, em
excesso, e a concentração da água pode ser assim considerada constante. Seja

krcat = I (W)
K3 e K M = "'"'kl+ k2

Dividindo o numerador e o denominador da Equação (7-24) por k1, obtemos a forma


da equação de Michaelis-Menten:

-r - kcaJE, )( S) (7-25)
s- (S)+KM
_.,,..,-1 O parâmetro kca, é também chamado de número de renovação (tumover number). Esse
parâmetro é o número de moléculas de substrato convertidas a produtos em un1a única mo-
Número de lécula de enzima, saturada de substrato, por unidade de tempo (i.e., todos os sítios ativos da
renovação kcat enzima estão ocupados, S >> KM). Por exemplo, o número de renovação da decomposição de
H 2O 2 pela enzima catalase é igual a 40 x 106 s· 1. Isto quer dizer que 40 milhões de moléculas
de H2 O 2 são decompostas, em cada segundo, em uma única molécula de =inw saturada de
H2 O 2. A constante KM (mol/dm3) é chanwda de constante de Michaelis e, para sistemas sim-
ples, é uma medida da atração da enzima por seu substrato. Por isso, é também chamada de
Constante de
Michaelis KM constante de afinidade. A constante de Michaelis (KM) para a decomposição de H 2O 2 discutida
anteriormente é igual a 1,1 M, enquanto para a quimotripsina é igual a 0,1 M 9
Se; adícionalmente, considerarmos que Vmáx representa a velocidade de reação máxi-
ma para uma dada concentração total da enzima,
vmáx = kca,CE,)
então a equação de Michaelis-Menten assume sua forma mais usual

Equação de '-r = Vmá,(S) (7-26)


Michaelis-Menten
s KM+(S)

Para uma determinada concentração de enzimã, uu1 esboço da velocidade de consumo do


substrato em função da concentração de substrato é mostrado na Figura 7-6.

vmáx ----------------------·-_c---

m
'f vmáx
-2-

t
Figura 7-6 Gráfico da equação de Michaelis-
Menten com a interpretação dos parâmetros Vmáx
e,
-
.
e KM .

9
D. L. Nelson e M. M. Cox, Lehninger Principies ofBiochemistry, 3-ª ed. (New York: Worth Publishers,
2000.)
Mecanismos e Caminh.os de Reações, Biarreações e Biorreatores 321

Um gráfico desse tipo é algumas vezes referenciado como o gráfico de Michaelis-Menten.


Para baixos valores da concentração do substrato, KM>> (S),
- Vmá,(S)
-rs=
KM
a reação é de aparente primeira ordem em relação à concentração do substrato. Para altos
valores da concentração do substrato,
(S)>>KM
e a reação é de aparente ordem zero.

Considerando o caso em que a concentração do substrato é tal que a velocidade de reação é


igual à metade de seu valor máximo,
_ • _ Vmáx
1 s---
2
então
Vmáx Vm,1x(SJ/2)
- -- (7-27)
2 KM+(S,nl
Explicitando a constante de Michaelis na Equação (7-27), obtemos
Interpretação
da constante de
IKM = (S112) 1
(7-28)
Michaelis

A constante de Michaelis é igual à concentração para a qual a velocidade da reação é a me-


tade da velocidade máxima.
Os parâmetros V"''"' e KM caracterizam as reações enzimáticas que são desc1itas pela
cinética de Michaelis-Menten. Vmóx depende da concentração total da enzima, enquanto KM
independe.
Duas enzimas podem ter os mesmos valores de kca,, porém podem apresentar velo-
cidades de reação distintas devido aos valores diferentes de KM. Uma maneira de oomparar
as eficiências catalíticas de enzimas diferentes é pela comparação de seus valores da razão
k,a/KM. Quando o valor dessa razão se aproxima de 108 a 109 (dm3/mol/s), a velocidade de
reação passa a ser limitada pela difusão. Isto é, leva um tempo maior para a enzima e o subs-
trato se encontrarem, mas, assim que se encontram, reagem imediatamente. Discutiremos as
reações limitadas pela difusão nos Capítulos 11 e 12.

Exemplo 7-3 Avaliação dos Parâmetros Vmáx e KM de Michaelis-Menten


Determíne os parâmetros Vmóx e KM de Michaelis-Menten para a reação
,,
Uréia+ Urease [Uréia·Ureasel' 2NH3 + C02 + Urease
k~

Valores da velocidade de reação para diferentes valores da concentração de uréia são


apresentados na tabela a seguir.
c~nfo, (kmol/rn 3 ) 0.2 0,02 O.OI 0.005 0.002

1.08 0.55 0,38 0,2 0,09

Solução
Invertendo a Equação (7-26), obtemos
322 Capítulo 7

(S) + KM
(E7-3.l)
-r Vm,, (S)
'
ou

(E7-3.2)
- ruréia

Um gráfico do inverso da velocidade de reação contra o inverso da concentração de uréia


deve ser uma reta que intercepta o eixo vertical em 1/Vmáx e cuja inclinação é K,v/Vm,x·
Esse tipo de gráfico é chamado de gráfico de Lineweaver-Burk. Os dados da Tabela
E7 -3 .1 es~o representados na Figura E7 -3. l na fom1a de um gráfico de Linewea ver-B urk.
Nesse gráfico, a reta intercepta o eixo ve1tü:al em 0,75; logo,
1
= 0,75 m 3 · s/kmol
vni;íx

TABELA E7-3. l DADOS NÃO-PROCESSADOS E PROCESSADOS

CurCia -r,,n;;" ]/C uréia 1/-r.,,.fo


(krnol/m 3 ) (kmol/m'-s) (m 3/krnol) (m:', · s/kmol)

0,20 l,08 5,0 0.93


0,02 0,55 50,0 1,82
0,01 0,38 100,0 2,63
0,005 0,20 200,0 5,00
0,002 0,09 500,0 111] 1

Assim, a velocidade de reação máxima é


vm,i, = 1,33 kmol/m 3 ·s = 1,33 mol/dm 3 ·s
A partir da inclinação da reta, que é 0,02 s, podemos calcular a constante de Michaelis,
Para reações
KM:
enzimáticas, os
dois parâmetros K
cinéticos chaves são
---"- = inclinação = 0.02 s
vm{1x
vmâx e KM.
KM = 0,0266 kmol/m3

Substituindo os valores de KM e V.náx na Equação (7-26), obtemos


-r = 1,33C11téia
. (E7-3.3)
' O,0266 + cureia

em que as unidades de Cucóia são kmol/m3 e de -rs são kmol/m 3 · s. Levine e LaCourse

Gráfico de
Lineweavcr-Burk
'"
Grático da Mlct.aelis-Menten

- _1_
16

"
"
,o
Gráfico de Linevieaver-Bur1<.

.-r"...,;"
' 1

-1/Km 1 '7'
e;
"' 1
vrnáx ..
:~
o
o 200
100
, 300 400 500

ç;.

Figura E7-3.1 (a) Gráfico de Michaelis-Menten; (b) Gráfico de Lineweaver-Burk.


Mecanismos e Caminhos de Reações, Biarreações e Biorreatores 323

verificaram que o valor da concentração total de urease, (E,), con-espondente ao valor de


3
Vmáx deten-ninado acima é de, aproximadamente, 5 g/dm •
Além do gráfico de Lineweaver-Burk, podemos também usar o gráfico de Hanes-Woolf
ou o gráfico de Eadie-Hofstee. No presente caso, S = Curei,, e-rs =-rc,éia- A Equação (7-26)

(7-26)

Gráfico de Eadie-
Hofstee
pode ser reananjada nas formas seguintes. Na fonna de Eadie-Hofstee, -
-r \
···r =V. -K ( ---51 (E7-3.4)
s "'·" M (S) )
s
-r~
Na forma de Hanes-Woolf, temos
s
Gráfico de Hanes-\Voolf (E7-3.5)

Para o modelo de Eaclie-Hofstee, plotamos -rs em função de [-rj(S)]. Para o modelo de


Hanes-Woolf, plotamos [(5)/-rsl em fünção de (5). O gráfico de Eadie-Hofstee supervalo-
riza os pontos conespondentes a baixas concentrações de substrato, enquanto o gráfico de
Hanes-Woolf fornece uma avaliação mais precisa de Vmáx· A Tabela E7-3.2 foi montada
acrescentando duas novas coluuas à Tabela E7-3.l para construir esses gráficos (Curei,= S).

TABELA E7-3.2 DADOS NÃO-PROCESSADOS E PROCESSADOS


s -rs l/S l/-rs Sl-r~ -r5 /S ;.,-.
-........:__ (m 1/krnol) 1rn1
1
(kmo!/m 1J (kmol/m'· • s) • s/kmo 1) (s) (1/s)
0,20 l,08 5,0 0,93 0,185 5,4
0,02 0,55 50,0 l,82 0,0364 27,5
O.OI 0,38 100,0 2,63 0,0263 38 ..,_
0,005 0,20 200,0 5,00 0,0250 40
0,002 0.09 soo.o 11,11 0,0222 45
Plotando os dados da Tabela E7-3.2, construímos as Figuras E7-3:2 e E7-3.3.

Regressão
A Equação (7-26) foi usada no programa de regressão do Polymath, obtendo-se os valores
seguintes para Vmáx e KM.

0,2 1.2 - - - - - - - - - - ~

0,16
mó<eacêo•·d- /

7
0,8
o, ~2
~ -,, 0,6
-r, 0.08
/

~1
0,4 o v,míx

0,04
º·'
o o
e 0,05 0,1 G,15 0,2 0,25
o 10 20 30 40 50

~s
s s
Figura E7-3.2 Gráfico de Hanes-Woolf. Figura E7-3.3 Gráfico de Eadie-Hofstee.
324 Capítulo 7

Regressão não-linear (L-M}


Modelo: rate = Vmáx*Curea/(Km + Curea)
Variável Estimativa inicial _Va!QL__ Confiança de 95%
Vmáx 1 1,2057502 0,0598303
Km 0,02 0,233922 0,003295
Parâmetros da regressão não-linear . = 1, 2 mol/dm3 • s
Vmax
Número máximo de iterações = 64 ~ = 0,0233 mol/dm3
Precisão
R"2 = 0.9990611
R"2adj = 0.9987481
Rmsd = 0.0047604
Variância = 1.888E-04

O Complexo Produto-Enzima
Em várias reações o complexo produto-enzima (E • P) é formado diretamente do complexo
"~ .-f
enzima-substrato (E • S), de acordo com a seqüência
E+S E•S - --'> P+E

-
Aplicando a HEPE, obtemos
Lei de Velocidade Vm,,(Cs-Cp!Kc)
de Briggs-Haldane
-rs = (7-29)
Cs + Km,., + KpCp
que é freqüentemente denominada Equação de Briggs-Haldane [veja o Problema
P7-108 (a)] e, em muitas referências, a aplicação da HEPE à cinética enzimática é chamada
de aproximação de Briggs-Haldane.
.,
)
-
__

,:'
'

7.2.4 Cálculos para o Reator em Batelada de Reações


Enzimáticas
Um balanço molar da uréia em um reator em batelada origina
Balanço molar dN,uéw.
--- = - ruréiaV
dt
Como essa reação ocorre em fase líquida, o balanço molar pode ser expresso na seguinte
forma:
dCureia
= - I'uréia (7-30)
dt
A lei de velocidade da decomposição da uréia é
Lei de velocidade _ Vmáx. Cucéia
-ruréia - (7-31)
KM+ Curéia
Substituindo a Equação (7-31) na Equação (7-30), rearranjando os te1mos e integrando a
expressão resultante, chegamos a
f
c,,.,;.,o dCuréia = c.,,.,;.,o KM+ Curéia dC ..
Combinação t=
f curéia
- ruréia e ,.
ureia
V C
máx uréia
ureia

Integração
(7-32)
Mecanismos e Caminhos de Reações, Biarreações e Biorreatores 325

ln So
s

o '-------------''---~

Figura 7-7 Determinando vmáx e KM.

Podemos expressar a Equação (7-32) em termos da conversão, como

Tempo necessário
para uma reação
enzimática em
bátelada atingir uma
conversão X
KM 1 ,. oX
t = -- ln - - + Cw~w (7-32)
Vmáx l -X Vmáx

Os parâmetros KM e Vmé, podem ser detenninados, sem dificuldade, a partir dos dados do
reator em batelada utilizando o método integral de análise. Dividindo ambos os membros da
Equação (7-32) por tKM/Vmáx e rearranjando-os, chegamos a
! ln_!_ = Vmáx _ Cu,;;aoX
t l-X KM KMt
Verificamos que KM e Vmáx podem ser detenninados a partir da inclinação e da interseção
com o eixo vertical da reta obtida pela plotagem de 1/t ln[l/(1-X)] contraX/t. Podemos tam-
bém expressar a equação de Michaelis-Menten em temias da concentração do substrato S:

(7-33)

em que S0 éa concentração inicial do substrato. Em casos análogos ao da Equação (7-33), em


que não há possibilidade de equívocos, não adotaremos a representação das concentrações
= =
de substratos e das demais espécies por sua designação entre parênteses [i.e., Cs (S) S]. O
correspondente gráfico em termos de concentração de substrato é mostrado na Figura 7-8.

Exemplo 7-4 Reatores Enzimáticos em Batelada


Calcule o tempo necessário para a conversão de 99% de uréia em amônia e dióxido de
carbono em um reator em batelada de 0,5 dm3 • A concentração inicial da uréia é de 0,1
mol/dm3, e a concen\Taçào de urease é igual a 0,001 g/dm3. A reação é conduzida de fo;·1ra
isotérmica à mesma temperatura em que os dados da Tabela E7-3.2 foram obtidos.

Solução
Podemos usar a Equação (7-32),
t = KM ln-1-i- C,mfoOX (7-32)
Vmáx 1-X Vrnáx

em que KM= 0,0266 mo!/dm3 ,X= 0,99 e Cw-éiao = 0,1 mol/dm3 , e o valor de Vmáx é igual a
1,33 mol/dm3 · s. No entmto, pa,--a as condições do reator em batelada, a concentração da en-
zima é de 0,001 g/dm3, valor bem inferior em comparação ao valor de 5 g/dm3 do Exemplo
7.3. Como Vmáx =E,· k3, o valor de Vmáx para essa nova concentração de enzima é
·z
l Capítulo 7
326
sE
~ 2,6
~ E
É 2,5

- o· \ •

u 2,4 53'C

-••~
o
2,3

2.2

•• •
• ••
~

u• 2,1
u
o
•ll 2,0
o
~ 1.9

u
1,B Figura 7-8 Dependência com a temperatura da
o
E
velocidade de queda catalítica de H 2 0 2 . Cortesia
~ 1,7

J
~
o 29 3,0 3,1 3,::> 3,3 3.4 ~:i,s 3.6 3.7 3.a de S. Aiba, A. E. Humphrey e N. F. Millis,
1rr (1/KJ x103 Biochemical Engineering, Academic Press (1973).

E,2
- Vmáxl
E11
KM= 0,0266 mol/dm 3 e X= 0,99

Substituindo esses valores na Equação (7-32),


2 3 3
t= 2,66X 10- mol/dm rn(-1-I+- (0,1 mol/dm )(0,99) s
2,66 X 10 -4 11101/dm J Is .
o·o1) 2,66 X 10 -4 mol/dm 3is

= 460 s + 380 s
~ s (14 minutos)

Efeito da Temperatura
O efeito da temperatura em reações enzimáticas é muito complexo. Se a estrutura da enzima
não sofrer modificações com o aumento da temperatura, a velocidade deve provav,elmeme se-
guir uma dependência com a temperatura do tipo da lei deArrhenius. Entretanto, à medida que
vmáx
a temperatura cresce, a enzima pode se desenovelar e/ou se tornar desnatmada e perder sua
atividade catalítica. Em conseqüência, com o aumento da temperatura, a velocidade da reação,
T -rs, aumenta até atingir um valor máximo; a partir desse ponto, passa a decrescer. A parte
decrescente da curva de --rs contra a temperatura é chamada de desativação ou desnaturação
térmica 10 A Figura 7-8 mostra um exemplo desse ponto de máximo da atividade da enzima. 11

~;.t· I~Jisada.ppt
~it;~rü:f~~':W;ff ~utna
g-;i:~it~?::{i~tJ;:~~;f tti~ii~iif:iI"~~;,
e;P,ª''~ªye,~a,1denfiíiçaça~,ifl~J?lg~,
GD~UD~ ·.
1iiu.9.eos c~~- •
{),cliSIJOSIÜVO 1111- ·
0

!> piírilicad,f, ssmgue)~ê(iilJe\~d~nõ µueroclispo§1trvp;a ~ . .~ ·. ·. ~ (iq1.1e'~1d.â.~ ~s ligações

.Iºf;~titt~~l~r;;lt~lltltf~i,fl~l(-~wt~:l~~~:;
'enzi~,i@,é(ltãilseligaa{\SSeFOlllPl~QJ()rn¼'WdgYlJl*ºY&,q~mplexodlfenzuna com-
. -. DNA.~; DNÂ~ ~ ~- ~sjtn g;1<esseê{)mµ!9x,Q~~[f9M~O';~f~~ªil;depolimerização
•ocorre àm,cdicja qúe os nuoleótídeiis (cllgTP~TP;dGTJ;',;;i\CTP e_dTTP-N) ~e
·-· · · • · ~-'·....,.:.. ,:~-.-,:,,-.,,.':ó-'·/~-__..._.t,,,:-,,~ ·>.·
. ·,-__,:_.

1
°M. L. Shuler e F. Kargi, Bioprocess Engineering Basíc Cortcepts, 2-ª ed. (Upper Saddle River,
N.J.; Prentice Hall, 2002), p. 77.
llS_ Aiba, A. E. Humphrey e N. F. Millis, Biochemica/ Engineering(New York: Academic Press, 1973).
p. 47.
Mecanismos e Caminhos d.e Reações, Biorreações e Biorreatores 327

INJEÇÃO MEDIDA R_EAÇÀO ll~JECÃD ELETROFORESE


DA AMOSTRA DA GOTA MISTURAÇÀO TERl·JIICA DO GEL DO GEL
,----, ,--,

ORIFÍCIOS DE
_ ORIFÍCIOS DE FOTODETECTORES ENTRADA DE
ENTRADA DO FLUIDO SOLUÇÀOTAMPÃD

Figura NS7.1 Dispositivo inicrofluídico pm·a identifitação de DNA. êbrtesia de


Science, 282,484 (1998).
· ligm11 ao iniciador, uma molécula J?Or vez, como mostrado naFiguraNS72. A enzi-
ma interage com a cadeia de DNA adicionando o uucleotídeo apropriado na ordem
apropiiada Essaadição continua com a enzima se lllOVendci ao longú da cadeia e se
· ligando aos nucleotideos até o outro extremo <la cadeia dó ])}1/,.ser atingido. Nesse .· ·
momento, a enzima abandona a cadeia duplicada, e a molécula de DNA duplam;nte
trançado é formada, A seqüência de reações é
DNA
>O()cx ____. ------+
Calor ------
Cadeia de DNA
Iniciador(----) \(l>G'"ó(l(
DNA*

?---...........
Cadeia do
,fí]

Complexo do t

-- --
Iniciador com
DNA• o DNA :, J::
+@ +N ,e( .
~ ~
Complexo da :1f!~-Y
....,
Enzima com o DNA* ....~;-~

-2DNA

Figura_ NS7 .2 Seqüência de replicaçã<;>._

O esquema da Figura NS7.2 pode ser esciito em termos de reações de passo


simples em que N é um dos quatro nucleotídeos. ·
FormaçãO do Complexo:
· C > _..·,>, ·.,·······
· DNA+ IhiCÍador "4 DNÀ*' ·
<
DNA*+E. .•. i·. DNA*.•E
,\cliçãolpo!imerização do nudeotídeo. .· •.. i•. · · . .·. ·
·DNA* •E-i-N...,.-,DNA;l'•N1 •E
DNA'' • N 1 •E+ N...,.., DNA* • N2 • E
o processo entã~ cóntinua de for~á semei;í:Umtea um zípei,à medid~ que aenzima s~
deslocaao longo da cadeia pàra adicionar llJais nucleotídeos para estender.o iniciador;
A adicão do último nucleotídeo é
. . DNA* • N 1-1 • E+ N ...,..,
-
DNA i< • N-_l • E

· em qne ié ó númerndas moléculas denudeotídeo 110DNAori,g4lalme.noSos nµcleq-


tíd~qs adici.onadós ao iniciador: A,-S.shn ·q~e O: bNÀ~-duP1~'hii;it_~ t1~~~1çád~ °é"fôihJ~:;:,~-
eúzimase descola da cadeia e a separação ocorre. . . . . .. . ,
DNA* • N- •E...,.., 2DNA+E
. '
·Na reação ante1ior,as cadeias de 2DNArepresentam umahé)jce duplàmentetr~-
çada dQ DNA Após o DNA serrepljcadono dispositivo,-.o ®rilpriméi,to;clasm0léc-ulas:~'
de DNA pode ser analisado por eletroforese para medir as infonnações genéticas mais
relevantes. ·
'j l:
!

328 Capítulo 7

7.3 Inibição das Reações Enzimáticas


Além da temperatura e o pH da solução, outro fator que influencia fortemente as velocidades
i .-
das reações catalisadas por enzimas é a presença de um inibidor. Inibidores são espécies que
f-; interagem com as enzimas, tomando-as incapazes de catalisar sua reação específica. As mais
1·'
dramáticas conseqüências da inibição da enzima são encontradas em organismos vivos, nos
quais a inibição de qualquer enzima envolvida em uma seqüência metabólica primária toma
toda a seqüência inoperante, provocando danos sérios ao organismo ou mesmo sua morte.
Por exemplo, a inibição de uma única enzima, a citocromo oxidase, por cianeto, pode parar
o processo de oxidação aeróbia, e a morte ocorrerá em poucos minutos. Existem também
inibidores benéficos como os empregados no tratamento de leucemia e outras doenças neo-
plásicas. Outro exemplo de inibidor benéfico é a aspirina, por seu papel inibidor da enzima
que catalisa a síntese da prostaglandina, que é um agente envolvido no processo de propa-
gação da dor.
Os três tipos mais comuns de ocorrência de inibição reversível em reações enzimáticas
são: inibição competitiva, acompetitiva e não-competitiva. A molécula da enzima é análoga
a uma superfície catalítica heterogênea, no que tange à existência de sítios ativos. Quando a
inibição competitiva ocorre,_ o substrato e o inibidor são gerahnente moléculas similares que
competem pelo mesmo sítio da enzima. A inibição acompetitiva ocorre quando o inibidor
desativa o complexo enzima-substrato, algumas vezes se ligando ao substrato e outras vezes
se ligando à molécula do complexo enzima-substrato. A inibição não-competitiva só ocorre
quando a enzima tem pelo menos dois tipos diferentes de sítios ativos. O substrato se liga
com um tipo de sítio, e o inibidor se liga a outro para inativar a enzima.

7.3.1 lnibiçãa-eompetitiva
A inibição competitiva é de particular importância em fannacocinética (terapia com medi-
camentos). Caso sejam administrados a um paciente um ou mais medicamentos que reajam
simultaneamente no interior do corpo com o mesmo co-fator ou espécie ativa de uma enzima,
essa interação pode conduzir a uma inibição competitiva na formação dos metabólitos res-
pectivos e provocar sérias conseqüências.
Na inibição competitiva, outra substância,!, compete com o substrato pelas moléculas
da enzima para fom1ar um complexo inibidor-enzima, como mostrado a seguir.

li Caminho de reação da Passos da Reação Caminhos de Reação da Inibição Competitiva


1 :·
inibição competitiva
E+S~E·S~E+P
··.

----------+ .. <·P
+ (1) E+S --'L+ E•S -i,__-''
I

1l K,
E·!
(2)
(3)
E•S
E•S
--'L+
--'L+
E+S
P+E
o- ~
(4) I+E --'L+ E• I (inativa) V
(5) E• I --'L+ E+I (a) Inibição competitiva. Cortesia de D. L.
Nelson e M. M. Cox, Lehninger Principies of
Biochemistry, 3ª ed. (New York: Worth Publishers,
2000), p. 266.

Além dos três passos de reação tipo Michaelis-Menten, há dois passos adicionais em
que o inibidor se liga de forma reversível à enzima nos passos de reação 4 e 5.
Alei de velocidade de formação do produto é análoga [confira a Equação (7-18A)] à
de formação de produto na ausência de inibidor

- rp = k3 (E• S) (7-34)
Aplicando à expressão a HEPE, a velocidade de reação resultante do complexo enzima-
substrato é
rE. s = O = k, (E)(S) - ki(E • S) - k3 (E• S) (7-35)
Mecanisn:10s e Caminhos de Reações, Biarreações e Biorreatores 329
Aumento da Concentração do Inibidor (1)
/ Inibição Competitiva

Sem Inibição

1
-r,

1 Figura 7-10 Gráfico de Lineweaver-Burk para a


s inibição competitiva.

A velocidade de reação resultante do complexo enzima-substrato é também, nesse caso, nula.

rE,J =O= k4 (E)(I)-ks(E • I) (7-36)

A concentração tot'.11 da =ima é a soma das concentrações de enzima pura e de enzi-


ma nos complexos
E,= E + (E • S) + (E • I) (7-37)
Combinando as Eqnações (7-35), (7-36) e (7-37), explicitando o termo de (E• S),
substituindo-o na Equação (7-34) e simplificando, obtemos

rP = - rs = Vmáx(S)

;J
Lei de velocidade ---"'"=e__:_ _ (7-38)
da inibição
competitiva

- S+KM(l +

Vmáx e KM são os mesmos que os anteriores quando não havia inibição, isto é,
/ . -- k2
- f,-c3E,eKM + k3
jmáx- ~-~
k1
e a constante de inibição K1 (mol/dm3) é

,- k4
K - -ks
i'""':"
Adotando K;,. =KM(!+ II K 1 ), verificamos qne o efeito da inibição compeütíva é
anmentar a constante "aparente" de Michaelis, K~. Uma conseqüência desse anmento da cons-
tante "aparente" de Michaelis K~1 é qne uma concentração maior de substrato é necessária para
que a velocidade de decomposiçã0 do substrato, - rs, atinja a metade de sen valor máximo.
Rearranjando na forma adeqnada ao gráfico de Lineweaver-Bnrk,

_]_ = __]_~] + KM (1 + (])) (7-39)


-r, Vm 5,(S) Vmáx K1

A partir do gráfico de Lineweaver-Burk (Fignra 7-10), verificamos que à medida qne a con-
centração do inibidor (JJ cresce, a inclinação da reta cresce (i.e., a velocidade decresce) en-
quanto a interseção com o eixo vertical permanece a n1esma.

Nota suplcmclltar; Envenenàmento por Metanol. Uni exemplo ímportijnte e ihti:~


ressante de inibição compe!itiva do substrato é a enzima álcool 4;,~íf'/"dgenase(@H)
na presença de etanol e metanol. Se wna pGSs.oa ingere rnetanor;af,.I)ffse converterá
· · a fommldeído e então a ácido fórmico, produto que causa à ~êgueira: Conseqüert!e-
mente, o trntamento envolve a injeção intravenosa de etanoJ (gµeémetaboljzado a.
nma velocidade menor que º metanol), a nma vazão controlada, para tfligà"i'·:.1tÃD1i"··

ú~~~-.-=,===~=-~--------------
!' ! ;j

330 Capítulo 7

provocando a desaceleração do metabo.lismo metanol-fmmaldeído-ácido fórmico,


pen:nitindo assim que os ri11s tenham tempo para filtrar o metànol, ·que é eutão elimina-
do namina: Par.a infom1açõ~s adicionais sobre a inibição c0111petitiva metanol/etanol,
· veja o Problema P7c25c.

7.3.2 Inibição Acompetitiva


Nesse caso, o inibidor não tem afinidade com a enzima propriamente dita e assim não com-
pete com o substrato pela enzima; em lugar disso, o inibidor liga-se ao complexo enzima-
substrato fom1ando um novo complexo inibidor-enzima-substrato, (I • E • S) que é inativo.
Na inibi'ção acompetitiva, o inibidor liga-se reversivelmente ao complexo enzima-substrato
após sua formação.
Da mesma fo1111a que na inibição competitiva, na inibição acompetitiva dois passos
de reação são acrescidos à cinética de Michaelis-Menten, como mostrado nas etapas de
reação 4 e 5.

Caminho de Passos da Reação Caminhos da Reação de Inibição Acompetitiva


reação da inibição

0---o
Aiivs>

l-1· acompetitiva
tfl (1) E+S ~ E•S ,e
'
..-___ L;:
l-
fi'.
i
E+S~E·S-E+P
+
1
(2)
(3)
E•S ~ E+S
E•S ~ P+E
1!0
(4) l + E • S - 7:;- I.• E • S (inativa) (J
/u:,ti':•

(5) I•E•S ____k,_-+ l+E S

Lei de velocidade Adotando inicialmente a equação de velocidade de fonnação do produto, Equação


da inibição
acompetitiva
(7-34), e então aplicando a hipótese de estado pseudo-estacionário para o intermediário(!• E
• S), chegamos à lei de velocidade da inibição acompetitiva

(7-40)

Reananjando
.

' ( 7-4])

O gráfico de Lineweaver-Burk é mostrado na Figura 7-11 para diferentes valores da


concentração do inibidor. A inclinação da reta (KM/VmáJ não varia com o anmento da concen-
tração do inibidor(]), enqnanto a interseção da reta com o eixo vertical [(1/Vmáx) (1 + (l)IK1)]
aumenta

Aumento da Concentração do Inibidor {I)

Inibição Acompetitiva

1 Sem Inibição
-r,

1 Figura 7-11 Gráfico de Lineweaver-Burk para a


s inibição ~competitiva.
Mecanismos e Caminhos de Reações, Biarreações e Biorreatores 331

7.3.3 lnfü[ção [•!ão-Competitiva (Inibição Mista)t


Na inibição não-competitiva, também chamada de inibição mista, as moléculas de substrato e
de inibidor reagem c01n sitios de diferentes tipos da molécula de enzima. Toda vez que o inibi-
dor se liga à enzima, esta se toma inativa e não pode mais formar produtos. Conseqüentemente,
o complexo desativado (1 •E• S) pode ser formado por dois passos reversíveis de reação.
1. Após o substr2to se ligar à molécula de enzima no sítio do substrato, a molécu-
la de inibidor liga-se à enzima no sítio do inibidor.
2. Após o inibidot se ligar à molécula de enzima no sítio do inibidor, a molécula
de substrato liga-se à enzima no sítio do substrato.
Esses passos, além do passo de formação do produto, P, são mostrados a seguir. Na inibição
não-competitiva, a enzima pode se tomar inativa tanto antes como depois da fonnação do
complexo enziina-substrata, como mostrado nos passos 2, 3 e 4.

Inibição mista Passos da Reação Caminhos da Reação de Inibição


Não-Competitiva
E+Ss=---=='E· S-------->E+P
+ + Ati,"
®
1
(1)
(2)
E+S
E+ I
E•S
I • E (inativa) ,, =
I +E• S, I • E• S (inativa)
~\ li
(3) il
(4) S+I•E l •E• S (inativa)
o= @

-
(5) E•S---'>P+E

Novamente, adotando inicialmente a equação de velocidade de formação do produto e


então aplicando a HEPE para os complexos (I • E) e (I •E• S), chegamos à lei de velocidade
Notac com "Resumo da inibição não-con1petitiva.
Lei de velocidade
da inibição não-
competitiva (7-42)

A dedução da lei de velocidade é apresentada nas Notas com Resumo da internet e ,,,.
do CD-ROM. A Eqnação (7-42) expressa a lei de velocidade de reações enzimáticas em
que occ1Te a inibição não-competitiva. Os íons de metais pesados como o Pb2+, Ag+ e Hg•2 ,
além de inibidores que reagem com a enzima para fonnar produtos químicos derivados, são
exemplos típicos de inibidores não-competitivos.
Rean-anjando a Equação (7-42)

-rs
__Vmú,L(1 + (J))
K,
+ _l KM ( 1 + (1))
(S)Vmáx K,
(7-43)

tEm alguns textos, inibição mista é uma combinação da inibição competitiva com a inibição acompetitiva.

~~--·----
332 Capítulo 7

Não-compet itiva {a inclinação e a interseção variam)


Acompetitiv a {a interseç8o varia)
Gráfico resumido / ~ Competiliva (a inclinação varia)
dos tipos de ~ ~------ _.,/ -----Sem Inibição
Sem Inibição
inibição ~is ------

1
(i) s
Figura 7-12 Gráfico de Figura 7-13 Gráficos de Lineweaver-Burk para os três
Lineweaver-Burk para a inibição tipos de inibição de enzima.
enzimática não-competitiva.

Na inibição não-competitiva, verificamos na Figura 7-12 que tanto a inclinação

KM [1 +
( Vmáx
(!)])
K1
quanto a interseção com o eixo vertical (~1- +
Vmax
1
l..1
7
ll (:2j
) da reta crescem

com o aumento do valor da concentração do inibidor. Na prática, a inibição acompetitiva e a


inibição mista são encontradas apenas em enzimas com dois ou mais substratos, S e S .
1 2
A Figura 7-13 mostra os gráficos de Lineweaver-Burk em que os três tipos de inibição
são comparados com uma reação na qual não há presença de inibidores.
Em suma, observamos as seguintes tendências e relações:
1. Na inibição competitiv a, a inclinação da reta cresce com o aumento da concen-
tração do inibidor, enquanto sua interseção com o eixo vertical não varia.
2. Na inibição acompetiliY.E,__a interseção da reta com o eixo y cresce com o au-
mento da concentração do inibi dor enquanto sua inclinação não varia.
3. Na inibição não-comp etitiva, tanto a interseção com o eixo y quanto a inclina-
ção da reta crescem com o aumento da concentrnção do inibidor.
O Problema P7-14 propõe uma busca, na iiteratura, do tipo de inibição que ocorre na reação
do amido catalisada por enzima.

7.3.4 Inibição pelo Substrato


Em muitos casos, o próprio substrato age como um inibidor. No caso de inibição acompetiti-
va, a molécula inativa (S • E • S) é formada pela reação
S +E• S---; S • E• S (inativa)
Conseqüentemente, verificamos que substituindo (I) por (S) na Equação (7-40) obtemos a
lei de velocidade -rs

-rs =
vmáxs
2 (7-44)
K +S+S
M K,
Verificamos que com baixos valores da concentração do substrato

KM>> (s + 1~) (7-45)

então

-r, - - - -
vmá,s
s (7-46)
KM
e a lei de velocidade cresce linearmente com o aumento da concentração do substrato.
Para valores elevados da concentração de substrato (S 2/K ) >> (KM + S), então
1

(7-4 7)
Mecanismos e Caminhos de Reações, Biarreações e Biorreatores 333

Inibiçãc do
substrato
-r,
/ Figura 7-14 Velocidade de reação do substrato em
função da concentração de substrato com a inibição pelo
s substrato.
. Con-
e verificamos que a velocidad e decresce com o aumento da concentração do substrato
por um máximo à medida que a concentra ção
seqüentemente, a velocidad e da reação passa
os também qne existe um
do substrato aumenta, como mostrado na Figura 7-14. Verificam
valor ótimo da concentração do substrato com o qual se deve operar. Esse valor ótimo
é obti-
do calculand o-se a derivada da Eqnação (7-44) em relação a S, resultando em
(7-48)

Quando a inibição pelo snbstrato ocorre, um reator em semibatelada, chamado de batelada


de ,,,.•
alimentada, é freqüente mente utilizado como um CSTR para maximiz ar a velocidade
reação e a conversão.

7.3.5 Sistemas com Múltiplas Enzimas e Substratos


Na seção precedente, discutim os como a adição de um segundo substrato, I, às reações
catali-
seção,
sadas por enzmrasp oderia desativar a enzima e inibir fortemen te a reação. Na presente
veremos não apenas os sistemas nos quais a adiçãc de um segundo substrato é necessári
a para -
multienz imáticos e de múltiplos substrato s
ativar a enzima, como também outros sistemas
nos quais ocorre a regeneraç ão cíclica da enzima ativada. O crescime nto celular em sistemas
com múltiplos substratos é apresenta do na Estante de Referências Profissionais R 7.4.1.
Regeneração Enzimática. O primeiro exemplo considera do é o da oxidação da glicose
(S,) catalisada pela enzima glicose oxidase (represen tada por G.O. ou [E0 ] ) para produzir
8-gliconolactona (P): ,-
,., . ,-

Glicose + G.O. (Glicose • G.O.) (o-glicon o]actona • G.O.H2)

õ-glicon olactona + G.O.H2


E,,
Nessa reação, a fonna reduzida da glicose oxidase (G. O.H2), que será represent ada por
a para E Essa oxidação é gernl-
não pode mais catalisar as reações enquanto não for reoxidad 0

mente feita pela adição de oxigênio molecula r ao sistema, de modo que a glicose oxidase, E0 ,
ão:
é regenerada.. O peróxido de hidrogên io é também produzid o nesse passo de regeneraç
G.O.H 2 + 0 2 - G.O. + H 20 2
A reação global é escrita como
.
Gl1cose + o2 - - -glir;ose
"'-~-~ H2 o2 + u-e o··i1conolactona
o:<idase
Em textos de bioquím ica, reações desse tipo, envolven do regenera ção, são escritas
na forma

.
A dedução das leis de velocidade para essa seqüência de reações é apresentada no CD-ROM
Co-fatores Enzimáticos. Em muitas reações enzimáticas e particularmente em reações
biológicas, um segundo substrato (i.e., espécie) deve ser adicionado para ativar a enzima.
ente
Esse substrato, que é denomin ado de cojator ou coenzima, mesmo não sendo propriam

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