Por meio de uma visão holística e sistêmica do processo ambiental, o autor investiga
os aspectos da relação sociedade-natureza e a interação entre meio social e físico-natural,
bem como, correlaciona a gestão ambiental e a responsabilidade social. Além disso, os atores
sociais devem estar engajados nesse processo, para proteger o meio ambiente, e assim
promover a responsabilidade social. O autor explica o significado de visão holística e sistêmica,
a primeira estuda os fenômenos ambientais integralmente, e não por partes isoladas; e a
segunda, partindo do pressuposto de que o meio ambiente é um grupo cujos componentes se
inter-relacionam e, portanto, um sistema dinâmico e interligado.
Em 2006, 51 metas nacionais de biodiversidade para 2010 foram definidas como metas globais
da Conferência sobre Diversidade Biológica (CDB) que foram aprovadas pela Comissão
Nacional de Biodiversidade (Conabio). Apesar de ter havido avanços muito significativos, como
o aumento da área sob proteção de unidades de conservação e a queda do desmatamento.
Das 51 metas nacionais para 2010, pelo menos 34 (67%) tiveram 25% ou menos de êxito
(BRASIL/MMA, 2010). Tivemos duas metas totalmente alcançadas: redução de 25% dos focos
de calor e disponibilização de listas de espécies em bancos de dados permanentes. (Fonte:
http://www.inbioveritas.net/pt-br/biodiv/CBD_metas)
Diante desses problemas, os técnicos ambientais, tanto na área pública quanto na área
privada, têm encontrado varias dificuldades para cumprir as determinações legais de ordem
ambiental. Os técnicos do setor público encontram barreiras como à falta de recursos
(matérias, de pessoal, financeiros) que agravam as condições de trabalho, como também, o
descaso por parte dos governantes que inviabilizam a atuação de todo órgão. De maneira
generalizada, tais servidores são taxados negativamente por não progredirem na causa
ambiental apesar das dificuldades enfrentadas e de seus esforços. E na área privada, esses
técnicos enfrentam problemas como a incapacidade dos órgãos públicos e a não participação
da população.
Nas relações de trabalho dos órgãos públicos entre si, segundo o autor, Rodrigo Berté,
existe o jogo de empurra em que um órgão fica passando a responsabilidade do problema de
uma para outro, sem que nada seja resolvido. E só piora em situações que envolvem ações
conjuntas de mais de um órgão para solucionar problemas ambientais (O autor exemplifica
essa situação). Entretanto, o autor acredita ser possível que parcerias do poder público-
sociedade civil aconteça, e é até mesmo preferível, tendo em vista que trabalhem em ações
compartilhadas e com objetivos comuns.
Para descrever a questão ambiental, o autor cita Quintas(1992) que define a como
“diferentes modos pelos quais a sociedade se relaciona como meio físico-natural ao longo dos
tempos” tendo em vista que a relação do homem com o espaço físico-natural está
intrinsecamente ligada a sua sobrevivência desde os primórdios da Terra. Embora o meio
ambiente sofra transformações tanto naturais quanto humanas, o foco da questão ambiental
são as mudanças de modelos ambientais ao longo da história da humanidade como o
antropocentrismo, que eleva o homem acima dos outros seres vivos da terra, e o
biocentrismo, que põe o homem e a natureza em patamar de igualdade dada à relação
dinâmica entre eles.
Percebe-se que práticas no meio social provocam mudanças no meio ambiente, então
ao entendermos os aspectos que constituem o meio social compreenderemos a raiz dos
problemas ambientais, como também, a necessidade de aplicação da gestão socioambiental.
Uma das características do meio social, segundo Berté, é a sua heterogeneidade evidenciada
pela sociodiversidade que “compreende aspectos de adaptação do se humano à paisagem
física e de como esta interfere nas organizações sociais, bem como aspectos referentes às
distintas manifestações culturais forjadas pela ação humana em diferentes ecossistemas.” O
termo sociodiversidade significa diversidade das culturas sociais.
Os atores sociais das esferas sociedade civil e Estado, sob a ótica da organização, são
exemplos de sociodiversidade no meio social. E em relação a esses elementos socioambientais
o autor afirma “a importância de se pensar o desenvolvimento econômico sem se perder de
vista os aspectos socioambientais” e ao comparar o índice de crescimento econômico de 2,3%
em 2005 do Brasil com o esperado de 7%, idealizado pela afirmação anterior, ele questiona
sobre as intervenções necessárias no meio social para que o Brasil atingisse um índice melhor;
e se volta para os atores sociais.