Brasília
2004
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TERMO DE APROVAÇÃO
Dissertação defendida e aprovada como requisito parcial para obtenção de grau de Mestre no
Programa de Pós-graduação Strictu Sensu em Educação, defendida e aprovada em ....... de
...................de 2004, pela Banca Examinadora, constituída por
__________________________
Dra. Jacira da Silva Câmara
Orientadora
____________________________
Dr. Afonso Celso Tanus Galvão
___________________________________
Dra. Vera Maria Nigro de Souza Placco
ii
Dedicatória
Aos Irmãos Lassalistas da Província de São Paulo, que por seu trabalho e
dedicação sustentam os caminhos de minha formação.
iii
Agradecimentos:
A Deus, pela inteligência e saúde que me concede e pelas pessoas sábias que
tem colocado nos caminhos da minha vida.
À Professora Dra. Jacira da Silva Câmara, pelo acompanhamento, incentivo e
persistência na orientação deste trabalho.
À Dra. Vera Maria Nigro de Sousa Placo e ao Dr. Afonso Celso Tanus Galvão,
integrantes da Banca Examinadora, pelo entusiasmo que me transmitiram na
análise do projeto inicial.
Às professoras e professores do programa de Mestrado em Educação da UCB,
pela luz do saber que me souberam instilar.
iv
RESUMO
Escolas de tempo integral tem sido organizadas no Brasil por iniciativa de governos estaduais com a intenção
declarada de oferecer às crianças e jovens melhores condições de educação. Entre as condições está a de responder a
uma diversidade de problemas sociais. Algumas destas experiências são relatadas e brevemente analisadas, com
base em estudos de caso que apontam vantagens e desvantagens. Elas são elogiadas porque oferecem, à população
mais pobre, acesso a condições de aprendizagem que de outra forma não teriam. São questionadas porque estariam
ultrapassando a função específica da escola de instruir e socializar e porque estariam carregadas de ideologias de
interesse político, alheias à educação. O presente estudo de caso contempla uma experiência de iniciativa privada que
se atribuiu a denominação de “Escola em tempo integral”. Fundamentada na teoria construtivista de Jean Piaget e no
interacionismo de Lev Semyonovitch Vigotsky, a Proposta Pedagógica, pretende oferecer uma alternativa
educacional holística e centrada nas necessidades, interesses e capacidades do aluno. Servindo-se de entrevistas e
questionários dirigidos a docentes, alunos e pais, além de análise documental e observação, a pesquisa detecta
situações que favorecem e que prejudicam o alcance dos propósitos e aponta caminhos de viabilização da Proposta
Pedagógica.
v
ABASTRACT
Full-time schools have been organized in Brazil by state governements in declarated intention of offering children
better educational conditions. Among the conditions we may find an response about several social problems. Some
of those experiences are reported and breviously analised, based on case studies that aim at advantages and
disadvantages. They are praised because they offer access to apprendiceship conditions the poorest population
couldn’t have in other ways. They are questioned because they could be surpassing the especific school functions
that are instructing and socializing, and because they were carrying political interests foreign ideologies to education.
This case study consider an experience of prived school that assigns to itself the denomination of “School in full
time”. Based on construtctivist theory of Jean Piaget and on interaccionism of Lev Semyonovitch Vigotsky, the
Pedagogic Proposal intend to offer an holistic educational alternative, centered in student needs, interests and
capacities. The search uses interviews and questionary for teaching body, some students and some parents,
documental analysis and local observation in order to detect situations that improve and situations that prejudice the
aimed proposits, and show ways to realize the Pedagogic Proposal.
vi
Sumário
INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA 1
vii
LISTA DE TABELAS, GRÁFICOS E QUADROS
Página
viii
1
INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
Considerada original por seus idealizadores, a proposta enfrentou dificuldades em sua execução e
questionamentos quanto a sua validade.
consultadas, no intuito de obter referências bibliográficas sobre o tema. Ambas responderam não
possuir tal informação.
Com base nas evidências acima relatadas, a pesquisa tem como objeto de
estudo a análise da Proposta Pedagógica de uma escola de tempo integral, buscando identificar,
na dinâmica curricular, os procedimentos que contribuem e os que dificultam a execução da
referida Proposta Pedagógica.
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CAPÍTULO I
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.1 - Introdução
Segundo Pipitone (1995), nos anos 50, as mudanças provocadas pela tríade
industrialização/ urbanização/ capitalismo colocaram em cheque a validade das escolas de tempo
integral e o ideário dos internatos das classes privilegiadas - saber erudito, ética e moral - foi
transferido para as escolas das classes populares, sob o patrocínio do poder público. Aquelas
instituições deixaram de ser o lugar privilegiado de formação de lideranças sociais e políticas
passando a ser o lugar de educação dos filhos dos trabalhadores pobres, das crianças carentes e
desprotegidas.
Ocorre uma radical inversão: Antes a elite dominante separava os seus jovens
do convívio daqueles que não pertenciam a sua classe, enviando-os ao internato. Agora a mesma
elite, num esforço "humanitário", recolhe ao internato os jovens que considera ser uma ameaça à
sua segurança e bem-estar.
assim, uma substituta definitiva à FEBEM. Conta, para isto, com profissionais ligados à
educação e não mais com forças repressivas e procedimentos assistencialistas. Tem ela a
missão de corrigir a vida das crianças, formando-as para que possam voltar a viver de forma
“normal” e “adequada” integrando-se na sociedade “sadia” (que afinal produziu sua
marginalização).
Paro (1988) aponta duas semelhanças entre as escolas de tempo integral das
duas épocas. Ambas defendem os interesses da classe dominante: Através do internato do
passado visavam preparar os jovens para bem usufruírem sua condição de classe. Hoje, em
conformidade com os seus interesses a mesma classe propõe a escola de tempo integral para
manter recolhidos e educar os jovens que lhe ameaçam o bem-estar e a segurança. A outra
semelhança está na preocupação, em ambas as propostas, mais do que com a instrução, com a
formação integral, embora o conteúdo desta formação não seja o mesmo para os dois casos.
Escolas-classe são entendidas como lugar do ensino das ciências e das letras,
enquanto as escolas-parque se caracterizam pelas atividades sociais, artísticas, recreativas,
educação física e oficinas de iniciação ao trabalho.
8
1.4 - Nos bastidores e por baixo dos panos: ideologias, filosofias e intencionalidades
Quais são as intenções que movem a busca do tempo integral, por parte dos
idealizadores das propostas, dos pais e dos educadores? Buscá-las é essencial, pois que
O pano de fundo tem sido a incompetência da escola atual de resolver uma série
de problemas, supostamente de competência da escola. Na ampliação do tempo de escola estaria
a solução destes problemas. Entra em jogo a questão do papel da escola na sociedade. Instrução,
acesso ao acervo cultural produzido pelas gerações anteriores, transmissão dos conhecimentos,
valores e costumes, de forma organizada e sistemática, são indicadas como funções que
justificam a existência da escola na sociedade, como instituição educativa, considerando que tais
funções não poderiam ser cumpridas pela família ou pela iniciativa unicamente individual.
“pelas práticas autoritárias correntes nas relações que se dão no interior da escola,
as quais resultam no recalcamento da personalidade e cultura do dominado, ao
mesmo tempo em que o faz sentir-se culpado pelos fracassos escolares, incutindo-lhe
um auto-conceito negativo de sua pessoa, de sua gente, de sua classe social” (Paro,
1988, p. 14).
culturais tais como teatro e dança, além de programas relacionados ao civismo, à solidariedade,
ao senso crítico e destinados à formação de atitudes valorizadas pela sociedade em que vivemos.
Tanto a proposta do PROFIC como o dos CIEPS recebem críticas por violarem
duplamente a especificidade da escola, “atribuindo aos professores tarefas que não lhes
competem ou, ainda, preenchendo o tempo complementar dos alunos nas escolas com atividades
que não contribuem para elevar a qualidade do ensino” (Ferretti, 1991. p. 11). Do PROFIC diz-
se que não é exatamente um projeto pedagógico, mas um canal de repasse de verbas. Além disto,
tem características de um programa de “ocupação do tempo”.
“Ao invés de fazer a escola cumprir sua tarefa de democratização dos conhecimentos
escolares, pretende-se transformá-la em provedora de todas as coisas que os
governos não estão sendo capazes de prover devido à precariedade das políticas
sociais e ao descaso para com a educação” (Ande, 1986).
Neste propósito uma das marcas da instituição educativa será seu caráter
formador, porquanto pretende cuidar do homem total, ultrapassando a preocupação com o
conteúdo intelectual e atingindo seu caráter, suas relações sociais, sua realidade física e espiritual.
Isto por sua vez exige uma instituição total, onde o educando permaneça o maior tempo possível,
que ofereça espaço mais amplo que a sala de aula, onde o professor esteja imbuído de moralidade
e das virtudes que o façam também educador e preceptor. Inserido neste contexto, onde tudo é
educativo. A convicção é de que
14
Nem uma proposta atual como a de Santa Catarina, que se auto-define como de
objetivo não assistencial, consegue livrar-se deste estigma do afastamento cultural. Com efeito,
numa certa região onde se concentram famílias oprimidas, o tempo integral representa a
esperança de afastamento das crianças e adolescentes das drogas e da violência, e por isso a
escola em tempo integral é reconhecida como uma forma de inclusão. Assim sendo, a inclusão ao
mundo do conhecimento e da justiça social, supõe uma certa exclusão da criança do seu ambiente
familiar.
"o movimento operário não caiu na cilada de que sua condição tenha sido causada
pela sua pobreza moral, nem que a educação integral possa resolver sua condição
material de miséria enquanto classe. Ele mostrou, em sua história de lutas, estar
ciente de que sua elevação cultural, intelectual e moral se dava no mesmo movimento
de destruição das determinantes de sua condição material" (p.7).
“Se nas condições presentes, essa função da escola (de apropriação do saber) só pode
se viabilizar se ela toma para si funções supletivas que estejam ao seu alcance e que,
de resto, contribuem para o exercício de suas funções pedagógicas, não há por que
omitir-se, deixando de cumprir com sua parcela e concorrendo para o agravamento
da situação de enormes contingentes da população” (Paro, 1988, p. 15).
b) a atuação do próprio aluno não pode ser substituída, ainda que o professor ou
colegas e materiais ajudem neste processo;
Como se vê, é explícita a referência a Jean Piaget e Lev Vigotsky, o que leva o
presente estudo a uma breve abordagem dessas duas teorias da corrente cognitivista.
A teoria cognitivista
solução de problemas como o melhor modo de compreender relações necessárias para a solução
de novos problemas.
O centro de interesse de cada uma das teorias poderia ser assim resumida: No
comportamentalismo “aquilo que acontece”, no cognitivismo “como e porque acontece”. Na
primeira, o conhecimento é “dado”, na segunda ele é “construído”.
O sócio-interacionismo
de sua origem social, porquanto é a cultura a fonte de simbolismos e representações pelas quais a
realidade é interpretada.
"Usando esse método podemos dar conta não somente dos ciclos e processo de
maturação que já foram completados, como também daqueles processos que estão
em estado de formação, ou seja, que estão apenas começando a amadurecer e a se
desenvolver. Assim, a zona de desenvolvimento proximal permite-nos delinear o
futuro imediato da criança e seu estado dinâmico de desenvolvimento, propiciando
o acesso não somente ao que já foi atingido através do desenvolvimento, como
também àquilo que está em processo de maturação" (p.113).
O Construtivismo
1. “As crianças constroem o conhecimento a partir de suas ações exploratórias sobre o meio
ambiente” (p. 169), as quais podem ser mentais, como o pensamento, ou físicas, como a
exploração manual do ambiente. Se a ação provoca desequilibração, a exploração continua a fim
de aplicar-lhe sentido (assimilação). E assim o conhecimento é construído.
de verificar se a criança associou algum significado à palavra que usamos para ajudá-la a
construir algum conhecimento. Assim também a construção do conhecimento social não é
adquirido mediante discursos. Faz-se necessário um processo vivencial de exploração da
interação com outras pessoas.
2. “As crianças são motivadas a reestruturar seu conhecimento quando encontram experiências
que conflitam com suas previsões e despertam sua atenção” (p 170). Tal processo chamado de
desequilibração, que resulta em desequilíbrio, é decidido pelo aspecto afetivo o qual tem o ‘poder
das chaves’ que permite à criança abrir-se ou fechar-se à atenção, gerando motivação. Ao
educador cabe estar sempre atento para perceber o que provoca curiosidade e desequilíbrio e
provocá-los efetivamente, de forma a motivar a criança a manter-se sempre no encalço de algum
mistério.
3. Que as crianças queiram fazer o que fazem (p.172, cf. Piaget). Trata-se de investir nos
interesses da criança, porquanto são eles que manifestam que está ocorrendo nela alguma
desequilibração e portanto um conflito cognitivo. O professor criativo, construtivista, saberá
colocar os interesses do aluno no centro de sua atividade educacional, engajando-o nela em prol
dos objetivos escolares.
4. Ajudar o aluno a entrar em conflito cognitivo (p. 172). Mediante o método da exploração
crítica, os alunos são levados a perceber que o seu raciocínio atual em torno de um conteúdo não
está em acordo com a experiência objetiva. O desequilíbrio resultante do questionamento será
fonte de motivação para outras explorações.
6. Investir em autonomia intelectual “requer que o professor abandone alguns de seus controles
sobre o caminho que os alunos seguem e sobre o que realmente fazem” (p. 175). Trata-se de
permitir aos alunos seguirem os interesses sentidos, expressão de seus desequilíbrios. A dimensão
cognitiva da autonomia pode ser traduzida por aprender como aprender, descobrindo o que fazer
em seguida, percebendo os erros, criando o auto-controle. A autonomia afetiva consiste em
valores construídos, internalizados e assumidos como normas de ação. Ela é gerada onde há
espaço para relações marcadas pela cooperação espontânea e pelo respeito mútuo. A formação da
autonomia supõe a fé do professor nela. Cabe a ele o papel de direcionar e ao aluno o de dirigir o
processo.
7. “Uma criança está cognitivamente pronta para construir um dado conceito se, e somente se,
tiver adquirido os esquemas e o nível geral de raciocínio necessários” (178). Para que a criança
possa construir conhecimentos novos é preciso que o programa educacional considere “quando”
ela pode fazer “o quê”. Sempre que a demanda cognitiva supera as condições de assimilação ou
acomodação, o aluno será levado a concluir por sua incompetência, ou procurará formas
inadequadas de aprendizagem como a memorização e a cola. O engajamento vital pode ser
garantido pelo equilíbrio entre o apoio e o desafio. O esclarecimento nos vem de Robert Kegan
(1994):
“Os ambientes que são sobrecarregados demais quanto aos desafios (demandas
cognitivas muito altas) sem o adequado suporte, são tóxicos; eles estimulam o uso de
mecanismos de defesa e o retraimento. Aqueles que são sobrecarregados de apoio,
sem o adequado desafio, são essencialmente chatos; eles promovem a desvitalização.
Os dois extremos levam à fuga ou ao desligamento do contexto” (Wadsworth,1997 p.
178)
9. O conhecimento e o julgamento morais são construídos a partir da ação no meio ambiente (p.
183). Piaget, reportando-se a Wrigth e Dewey, insiste que o desenvolvimento moral está
intimamente relacionado a uma prolongada e contínua experiência de respeito mútuo,
descartando portanto todo autoritarismo no processo. Com efeito, afirma Piaget que
“a própria vida social das crianças é suficientemente desenvolvida para dar origem
a uma disciplina infinitamente mais próxima da submissão interior que é a marca da
moralidade adulta” (Wadsworth, 1997, p.183).
"De fato a escola vem se tornando uma experiência sócio-cultural cada vez mais
forte na vida das pessoas, experiência que não se esgota fundamentalmente nos
conhecimentos aprendidos nos livros ou com os mestres, mas passa pela longa
experiência das relações sociais com a instituição, com os colegas, os mestres, a
autoridade, a disciplina, a ordem, as normas, enfim, a organização do processo
educativo e as relações políticas e sociais em que se produz a educação. A escola é
de alguma forma uma experiência de produção e de trabalho onde as pessoas
terminam se produzindo como seres sociais e conscientes. Apesar dos limites das
relações pedagógicas, a escola enquanto experiência humana e social é menos
controlada e estreita do que a fábrica, daí sua força educativa" (p. 9).
Constata-se, porém, um efeito reverso, que pode ser caracterizado como cruel e
voraz, porquanto, como dá a entender o autor, o mundo do trabalho e da produção e até a vida
familiar, por pressão da lógica mercantil, vão aos poucos perdendo sua força de experiências
sociais e culturais significativas para a criança e o jovem. Enquanto isso, a escola passa a ser o
lugar reservado onde se permite a dúvida, o questionamento, e o confronto a respeito de
concepções de pessoa, de sociedade, de educação. Quem vive assim o tempo de escola, acaba por
apoderar-se de uma forma de ser, pensar e agir pelas quais integra e tira proveito da ordem social
28
dominante. E assim, em círculo vicioso, a escola vê devorada uma de suas funções cruciais na
sociedade, qual seja a de sair de seu espaço para questionar, contestar e corrigir a ordem social
quando ela impede os cidadãos de viverem em plenitude algum de seus direitos.
Por outro lado não se pode negar que o sistema capitalista de produção gera
situações de carência material, cultural e afetiva. Neste quadro,
"Essa proposta exige uma experiência de escola que permita ao trabalhador sua
afirmação como ser pensante e ser social e cultural. (...) Ao trabalhador ... não são
negados apenas tempos mais longos na escola, mas antes de tudo lhe são negados
espaços e tempos de afirmação política e cultural. (...) O direito dos trabalhadores à
cultura, ao saber, ao pensar, à educação não se esgota na escola, nem de tempo
integral. Esta só adquirirá seu sentido se fizer parte de uma luta mais total pelo
fortalecimento político-cultural das forças populares" (p. 10).
Beust (2000), por sua vez, revendo o percurso da prática educativa, lembra que
ao longo de toda história a educação se dá pela aprendizagem contextualizada - na família, na
oficina, na igreja, nos artesanatos - seguindo o paradigma estigmatizado pelo ditado "filho de
peixe, peixinho é". Neste processo crianças e jovens aprenderam, não só a fazer as coisas e a
entendê-las, mas, com isto, aprenderam também a ser. A escola formal descontextualizada é fruto
da civilização recente, "um fenômeno do século XX", diz Howard Gardner, que também
reconhece que ela foi criada com o duplo objetivo de aquisição de instrução e para o domínio de
disciplinas. Beust, continuando seu percurso pela história, chega aos tempos atuais e descreve a
escola como "talvez o principal instrumento de socialização, de integração comunitária, de
possibilidade de auto-realização", uma vez que em geral oferece um ambiente de convivência, de
integração comunitária, de referenciais adultos.
regionalismos e a experiência pessoal de vida. Não se trata de um irenismo. Com efeito, a autora
considera que tal produção dá-se no conflito entre culturas, o qual o trabalho pedagógico,
permeado por ações educativas marcadas pelo diálogo, saberá elaborar de forma a contribuir para
a produção do conhecimento. Assim à qualidade formal do processo de socialização, ajunta-se a
qualidade política, pelo pressuposto de que socializar implica em pensar histórico-social e
reflexão crítica, uma dupla com força produtora de práticas intervenientes e efetivas. E explica:
"Um professor que lecione em condições adversas, com pouco tempo para dedicar às
suas atividades de planejamento e de pesquisa; que não reflita sobre questões
conjunturais com seus colegas no trabalho, pouco acrescentará aos princípios de
uma qualidade emancipatória" (p. 124).
31
Isto posto, é possível admitir que a escola de tempo integral poderá vir a ser o
lugar do encontro entre a qualidade e a quantidade, entre o formal e o político.
"Construtivismo significa isto: a idéia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e
de que, especificamente o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como
algo terminado. Ele se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e
social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais; e se constitui
por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia na bagagem hereditária ou
no meio." (1992, p.
34
CAPÍTULO II
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
b- Verificar a existência dos princípios teóricos da Proposta Pedagógica nos planejamentos e nas
práticas pedagógicas dos professores.
formação e de mudança de um estado de coisas, do que aos produtos ora existentes; a construção
indutiva da teoria a partir da análise das bases da vida vivida (groudend theory); o respeito ao
informante quanto a sua própria e original captação do significado das experiências pessoais e
sociais; e, por fim, todo este conjunto de procedimentos há de favorecer a identificação do
discurso e sua relação com a dinâmica curricular, concretizada por meio das ações didático-
pedagógicas desenvolvidas.
a) Exploratória - realiza-se por exame de literatura sobre o tema, depoimentos, contatos iniciais
com documentação e pessoas, e experiência pessoal do pesquisador visando obter questões
relevantes e definir de forma mais precisa o objeto de estudo.
f) Representa pontos de vista diferentes sobre uma situação social - Deixa aos leitores a
possibilidade de tirar conclusões a partir das opiniões divergentes.
g) Os seus relatos utilizam linguagem acessível - Podem ser realizados em formas diversas de
exposição e os escritos usam estilo informal, narrativo, ilustrado com figuras de linguagem,
descrições.
Participaram da pesquisa:
39
a) Do corpo docente, os professores titulares que tinham pelo menos dois anos de atuação na
escola, incluindo aqueles de serviços terceirizados de Inglês e de Educação Física, num total de
dez professores.
planejamento e revisão, avaliação. Para cada uma das situações foi utilizado um roteiro
previamente elaborado.
d - Pela análise documental, que incluiu a Proposta Pedagógica da escola, os planejamentos dos
professores participantes da pesquisa e os boletins dos alunos, buscou-se identificar os princípios
de educação configurados na Proposta Pedagógica da escola sob pesquisa, bem como sua
expressão nos planejamentos e nos instrumentos de verificação da aprendizagem.
CAPÍTULO III
Neste capítulo são analisados os dados obtidos por meio dos instrumentos
utilizados para sua coleta, obedecendo a seguinte seqüência: Análise documental, que envolve a
análise da documentação pertinente aos interesses do estudo, tais como a Proposta Pedagógica, os
Planejamentos dos professores e os Boletins bimestrais dos alunos; análise dos dados dos
questionários, análise dos dados das entrevistas e, por fim a análise dos dados decorrentes da
observação. Os dados obtidos pela investigação com pais e alunos, por tratar-se de dados apenas
complementares, são inseridos na análise de alguns dos outros instrumentos com a finalidade de
ilustrar ou estabelecer conexão com questões aí emergentes.
Conceito de Currículo
Conceito de Educação
O método
conteúdos que estão a serviço destas capacidades formam uma unidade, buscando o princípio da
totalidade do conhecimento de forma sistematizada.
O professor
O aluno
O tempo integral
Com base nos princípios acima apresentados, e para efeitos de verificação dos
objetivos propostos, foram selecionados os quesitos abaixo como indicadores de execução da
Proposta Pedagógica:
48
a) Temas transversais
1
No início do dia as crianças sentam em roda e conversam, orientados pela professora, sobre assuntos do programa
do dia, situações pessoais ou da turma, fatos marcantes, etc.
50
Observou-se que do total dos planejamentos analisados, apenas um deles não registrou previsões
de transversalidade, embora os temas apontassem para tal.
b) Interdisciplinaridade
A 2ª série programou explorar histórias (Arca de Noé, Mar Vermelho, Iara Mãe
d’Água) e provérbios relacionados com água, conduzir discussão sobre os sonhos pessoais em
relação à água e sobre o uso pessoal da água, com registro dos dados e elaboração de um gráfico
na disciplina de matemática. Na língua portuguesa buscariam fixar substantivos relacionados à
água, (mar, rio, riacho, mangue, cascata, lago ...), enquanto em ciências propuseram-se a verificar
a diferença de significado entre estes lugares e as riquezas de vida existente em cada um deles.
51
c) Verificação do desempenho
Os alunos levam para sala materiais de sua preferência (livros, músicas, objetos, fotografias,
brinquedos,....) relacionados aos conteúdos a serem trabalhados.
Identificação de erros mais comuns em cartazes, anúncios, bilhetes, e até no jornal interno da
escola.
Pesquisa mediante entrevista com adultos, para resgatar como vivem ou viveram
determinadas experiências (brinquedos, músicas, brincadeiras infantis, casamento).
Relacionar essas experiências com as de hoje.
Busca de documentos que comprovem a história da família. Relatar como o aluno faz parte da
história atual de sua família, de sua cidade ou comunidade.
Utilização dos recursos das "aulas-passeio" para estudo dos mais variados assuntos.
e) Instrumentos de avaliação
f) Espontaneidades
Cabe salientar que para a análise dos planejamentos dos professores só puderam
ser utilizadas peças recentes, uma vez que os professores não guardaram os planejamentos do ano
anterior nem dos bimestres anteriores. “O que vem pela frente é novo”, justificou uma
professora.
Em síntese
Tabela 1
Quantidade de indicadores por categoria e por série
Gráfico 1
pouco foco sobre a avaliação das atitudes dos alunos mais Distribuição dos indicadores
1% 1ª a 4ª série
avançados. Saber e saber fazer, parecem ser as maiores 29% Desempenho
Atitudinal
expectativas e insistências dos professores em relação aos 46%
Intelectual
Impreciso
alunos deste nível de escolarização. 24%
c) Todos consideram que o conhecimento que tem da Proposta é suficiente para o exercício da
sua função docente.
No leque de atividades que são propostas, o aluno tem maior chance de brilhar, considerando
a atenção que se está dando às inteligências múltiplas.
A possibilidade de estar com o aluno por um período de tempo integral, viabiliza um maior
conhecimento sobre ele, tornando a aprendizagem mais significativa.
O conhecimento é algo que se constrói, tendo como base do processo a integração curricular.
As crianças têm espaços para expor suas idéias, reconhecer suas limitações, buscar ajuda na
resolução das tarefas, fazer uso do seu universo lingüístico e da interação para construir sua
inteligência.
60
A atitude dos profissionais, que são imediatistas, têm medo do novo, falta-lhes
planejamento estratégico, compromisso de alguns com a proposta e um plano de
aperfeiçoamento e reeducação pedagógica, para que possam antes conhecer para depois
ensinar.
A atitude dos alunos que não têm compromisso frente aos estudos, sendo que a
aprendizagem só acontecerá se o aluno quiser.
A atitude da família que não assume a responsabilidade que lhe cabe na orientação e
participação na vida escolar de seus filhos, situação esta que tem o agravante de que, mesmo
em tempo integral, a escola jamais será capaz de estabelecer valores que cabem à família.
A organização escolar, posto que com a existência de salas com 37 alunos é quase
impossível ver cada um em sua complexidade e fazer um trabalho bem próximo a eles.
Proposta Pedagógica e identificar situações que estariam contribuindo para maximizar e para
minimizar o sucesso da Proposta Pedagógica. Os dados referentes ao período integral, fornecidos
pelas entrevistas, serão complementados pelas informações obtidas pelo breve questionário
aplicado ao grupo de pais e alunos.
1. O tempo integral
a) Quanto ao significado - O período integral é considerado uma boa iniciativa por todos os
entrevistados. Referem-se a ele como uma necessidade e uma oportunidade de formação integral.
"O pai e a mãe hoje trabalhando, a escola em tempo integral entra nesta lacuna de
passar valores para a criança".
"... a escola do século XXI tem que entender o seu papel, porque ela vai ser mesmo
um depósito, porque a célula social que passa valores, está degradada. Na verdade
a escola deveria assumir este papel e acolher os filhos, encontrar formas que agente
não tenham mais jovens queimando índios, fazendo pega na rua, que saem de sua
casa para brigar..."
Alguns comentários dos pais também vão nesta linha e manifestam um certo
ressentimento por submeterem os filhos a uma situação de "carência familiar". Declaram, por
exemplo, que a escola de tempo integral é opção para compensar a falta de tempo das famílias, o
que por sua vez exige adaptação para deixar claro que sua função não é tornar-se depósito de
crianças. Quanto a esta situação, duas mães manifestam estar vivendo um verdadeiro dilema:
... a minha filha passa muito tempo longe de casa e minha educação será
minimizada, ela aprende e passa coisas que somente a mãe pode avaliar. Convívio
demais com outros coleguinhas, pouco tempo para mim...
63
Os motivos apontados pelos pais para optarem pelo tempo integral para seus
filhos reforçam o foco das necessidades da família. Entre quinze questionários devolvidos,
encontram-se seis pais que justificam sua opção dizendo que a escola em tempo integral libera
para o trabalho fora de casa. Acrescente-se os quatro que declaram que se estivessem
trabalhando em casa, não optariam pela escola em tempo integral. Por outro lado, sete pais
admitem que mesmo trabalhando em casa colocariam os filhos na escola de tempo integral.
"O mundo pede, cada vez mais, pessoas aptas a responderem aos inúmeros estímulos
do ambiente moderno. Não é mais necessário que o aluno domine somente as
disciplinas curriculares; ele deve estar preparado para buscar as informações num
mundo altamente tecnológico. Ele deve ter suas potencialidades amplamente
desenvolvidas, incluindo nisto coisas como matemática, escrita, relacionamento com
o outro, frustrações, etc. Este é o papel de uma escola em tempo integral:
desenvolver ao máximo o ser humano, tornando-o o mais apto possível a buscar a
solução de seus problemas e, conseqüentemente, dos problemas de sua sociedade".
c) Quanto às dificuldades dos alunos - Na questão sobre as dificuldades dos alunos, no que se
refere ao tempo integral, foram apontadas as seguintes situações: Na cultura do aluno estudar é
uma mera forma de decodificar conteúdos para ter como passar no vestibular, ou seja, não se
estuda para ter conhecimento, preparar para a vida, mas para passar no vestibular e conseguir
uma posição social; então o aluno tem dificuldade de servir-se do conhecimento, de jogá-lo para
os projetos de sua vida como um todo. Dois tipos de aluno tem as maiores dificuldades: os sem
autonomia e os sem limites; ambos dispersam tempo, dependem de o professor mandar e criam
impasses no cumprimento dos programas, dificultando a aprendizagem. Há também os que estão
no tempo integral em contrariedade à sua vontade e sentem a situação como um castigo dado
pelos pais ou até como uma rejeição, porque os pais os querem afastados. Há casos em que se alia
66
o tempo integral com o conceito dos antigos "semi-internatos". Além disto, os alunos que
gostariam de não estar no período integral, manifestam cansaço.
O que gostam
bagunça à tarde; de ficar muito presa na sala para os apoios (poderia ter mais animação, ter aula
no lago...); ter que almoçar na escola.
2. Procedimentos
a) O que mais custa - À pergunta "De tudo o que precisa ser feito para a execução da Proposta
Pedagógica, o que mais lhe custa?", apenas uma professora declarou situação difícil relacionada
a ela mesma, afirmando que se trata do momento de troca com os profissionais a respeito das
dificuldades decorrentes do dia-a-dia. As demais observações referiram-se a problemas de
participação da família, de pouco envolvimento dos profissionais com a Proposta e de
investimento na capacitação profissional.
"Medir o que uma pessoa está sabendo é muito difícil, para ver se está apto,... é um
desafio ... avaliar. Uma avaliação mal feita pode gerar problemas sérios. Uso três
68
métodos: Oral, escrito, dissertativo. Com estas três formas procuro ser o menos
injusto possível. Se um aluno não consegue escrever, procuro ver se ele sabe falar
daquele assunto. Tem outros que não conseguem expressar oralmente, então procuro
.... Uma variedade de opções".
"Nunca somente por uma prova. Esta pode ser um dos instrumentos, ... Na minha
concepção não faríamos essas avaliações tradicionais. No entanto sei que não dá
para fugir do sistema. Estaremos sempre indo contra, se não usarmos as avaliações
que toda a sociedade está acostumada".
"...a avaliação é constante, aliando o conhecer dos conteúdos com o aprender para a
vida. Acredito que a melhor avaliação é aquela composta por atividades
diversificadas, que mostrem ao aluno o ponto em que realmente tem dificuldades".
na vida do aluno, ou seja, observar a demonstração das habilidades; qualificar o que foi aprendido
e como o foi.
c) Os erros dos alunos - O tratamento dado pelos professores aos erros dos alunos, inclui
procedimentos como diálogo, análise das ações e reações em situações teatrais; entrar no mundo
do aluno para entender porque acontece, porque reage assim; e quando não consegue, procurar
apoio da equipe pedagógica; detectar onde, exatamente está o erro, para que possa, juntamente
com o aluno, buscar esse exato ponto do erro, entendê-lo, e construir o certo a partir de então.
Quando fez errado, corrige, de forma até áspera, para a pessoa entender que está agindo errado.
Trata-se de erros na compreensão, nos conteúdos, no disciplinar, no jeito de trabalhar...
"O aluno deve ser sempre elogiado e estimulado, mesmo que ainda não tenha
atingido o objetivo por mim estipulado. Se ele se sente capaz, ele torna-se capaz". E
ainda:
"Todo mundo gosta de ser elogiado. Quando começa a acertar agente começa a
elogiar, até em público, que é uma forma de recompensa. Elogiar vai melhorar a
auto-estima dele".
f) A vida dos alunos - Os dados da vida do aluno são trazidos com freqüência para a sala de
aula, segundo o relato dos professores entrevistados. Em síntese, trata-se de construir saber a
partir do que o aluno já sabe, de tentar captar experiências já vividas, incentivar a soltar, na
tempestade de idéias, para ver qual a tendência do aluno e soltar o assunto a partir da própria
forma de viver. É a vivência do aluno que incentiva o aluno a buscar e a aprender coisas novas.
3. Os conceitos
Abrir possibilidades para a vida. Posicionar para a criança como proceder para que
possa ser um adulto capaz e competente, como pessoa e como profissional.
Educação é a arte de amar sem esperar recompensas. Tornar o mundo melhor, pelo
prazer de vivê-lo.
71
c) De tempo integral ou em tempo integral - Alguns entrevistados não chegaram a fazer distinção
entre escola de tempo integral e escola em tempo integral. Outros porém vêem significado
diferente entre as duas expressões, e acreditam que escola em tempo integral é mais adequada e
explicam:
"...traduz melhor a idéia que estamos realmente preocupados com a educação “todo
o tempo” e como “um todo”, não somente no cumprimento de horários, com
conteúdos, mas também e principalmente com a formação de um ser humano
melhor".
"... aquela que num ciclo constante educa o aluno para o futuro com a integração da
família e da Escola".
"De tempo integral dá impressão de estático. Em tempo integral tem mais sentido de
continuidade, de estar de forma continuada, de querer voltar para a escola, de todas
as atividades serem em função do currículo, ao longo de todo tempo; todo tempo
trata de atividade escolar, curricular. Quer dizer que tudo o que vai acontecendo faz
parte do currículo. Porque tudo deve gerar humanização".
a) Situações na escola
Nas atividades referentes à sala de aula, uma boa parte das ausências nas
atividades previstas no horário, deveu-se ao deslocamento de alunos para ensaios e preparação de
atividades referentes à Mostra Cultural, como abaixo também se explica. Mesmo assim estas
ausências foram anotadas como não cumprimento do programa previsto, embora estivessem
presentes na escola e cumprindo atividades da Proposta Pedagógica ( a Mostra Cultural, no caso).
Todos os dias, no início das atividades escolares é feito um momento de oração no pátio com
todos os alunos.
Na área da recepção há uma imagem do santo padroeiro, um quadro de uma bênção papal à
escola e um quadro com Jesus e crianças tendo como fundo um cenário típico brasileiro.
Também em setembro o Serviço de Educação Religiosa realizou uma gincana bíblica com os
alunos divididos em dois grupos: de 1ª a 4ª série e de 5ª a 8ª série.
O encerramento do ano letivo deu-se com uma celebração religiosa com participação dos
pais, alunos e funcionários.
No início de dezembro foi montado o presépio na área da recepção da escola, o qual foi
visitado espontaneamente por grupos de alunos.
75
A coordenadora da Educação Infantil à 4ª série fez reuniões por ciclos. Na primeira delas,
todas as professoras dos dois grupos observados estavam presentes. Apenas dois assuntos
ocuparam os cinqüenta minutos do encontro: Tratou-se de organizar a "Mostra Cultural" e
rever as previsões e organizar o 4º bimestre letivo. Na segunda reunião, da 1ª e 2ª séries
76
estavam as quatro professoras; da 3ª e 4ª faltou uma professora das quatro. Foram abordados
com cada grupo os mesmos temas: Programação do bimestre em andamento; projeto Natal
Solidário; celebração do encerramento do ano; fichas do Conselho de Classe; encontro final
com pais.
As três reuniões da Direção com as Coordenações Pedagógicas, cada uma com três horas de
duração, tiveram todas elas a presença da equipe completa, integrada pelo diretor, as duas
coordenadoras, a orientadora educacional e o coordenador de Educação Religiosa. Iniciaram
com momento de oração. O tema do planejamento do ano letivo de 2004 perpassou as três
agendas. A metade de uma das reuniões foi dedicada ao estudo de texto enviado pela
mantenedora referente a responsabilidades dos coordenadores das escolas da rede. Os outros
temas abordados diziam respeito à organização das atividades programadas e avaliação dos
eventos realizados. Além das reuniões a equipe realizou também um momento de
confraternização.
Nos corredores, junto a cada sala de aula, há painéis coloridos. Cada turma de
alunos expõe aí seus trabalho referentes aos temas estudados. Freqüentemente grupos de alunos
foram vistos fazendo a montagem do painel com seus professores.
CAPÍTULO IV
Nada melhor que uma boa teoria para justificar os motivos de nossas práticas.
Para verificar este princípio na Proposta Pedagógica em estudo, buscou-se no texto referências
explícitas e implícitas ao sócio-interacionismo de Vigotsky e ao construtivismo de Jean Piaget.
Destacam-se apenas dois eixos significativos que marcam a presença desta base teórica.
a) O recurso ao "existencial", apontando para a valorização do meio social em que está inserido o
educando, os instrumentos de sua cultura, a participação do aluno na solução de problemas, são
79
b) A mediação dos processos mentais na aquisição do conhecimento, uma idéia forte da teoria
cognitivista, aparece de forma tênue em alguns itens da Proposta Pedagógica. Reportando-se aos
PCNs, ela explica que a perspectiva da construção do conhecimento traz à tona um novo foco: a
importância da atividade mental construtiva nos processos de aquisição dos conhecimentos.
Fazendo referência ao método, a Proposta estabelece que a abordagem pedagógica privilegia a
construção de conceitos pelos alunos.
Não obstante tais referências, pode-se falar de uma certa rarefação dos
processos mentais no texto da Proposta Pedagógica. É possível que a preocupação de mostrar
uma cara nova e diferente da escola, tenha induzido os redatores a evitar expressões que
poderiam ser interpretados como "intelectualismo" ou "conteudismo". Esforço intelectual, estudo
80
sistemático, empenho da memória, conflito cognitivo, são alguns dos processos que poderiam ter
um espaço de clara explicitação na Proposta.
Esta visão holística presente na prática educativa tem raiz nos princípios
filosóficos gerais encontrados na Proposta Pedagógica, que estabelece que o centro do processo
educativo há de ser a pessoa em sua totalidade, considerando as dimensões e os níveis
mencionados. Além do mais, o cuidado com a formação do bom cidadão e do bom cristão, alia a
ciência e a religião - ambos princípios inerentes ao ser humano - na busca de conhecimentos e
dos valores naturais, morais e religiosos, bem como da formação de atitudes coerentes com
ambos.
Vale aqui lembrar que o elenco de vantagens, apontadas pelos alunos e pelos
pais, dá força à índole pedagógica do tempo integral, haja vista que o espaço oferecido para
estudo, apoio pedagógico e atividades diversificadas de formação concentrou grande parte dos
seus interesses. Além do mais a concentração das vantagens em poucos temas de interesse de
maior número de alunos em oposição à dispersão das desvantagens de baixa expressão numérica,
deixa bastante à vista o potencial impacto positivo do tempo integral.
d) Avaliação - Poderíamos dizer que avaliação é um organismo, e como tal é único mas
sistêmico, conflitivo mas restaurador, débil mas integrador e por isso resistente. Tudo o que se
diz da avaliação, merece que se diga alguma coisa a mais em contrapartida. A presente pesquisa
também se enquadra neste dilema da educação.
A finalidade da avaliação tem dois focos distintos entre os professores: Para uns
consiste em mostrar o que sabe, e para outros mostrar onde estão as dificuldades. No primeiro
grupo estão aqueles que fazem a avaliação para que o professor possa perceber se o aluno
"conseguiu captar a mensagem", se conseguiu "conhecer os conteúdos" e "aprender para a vida".
Fala-se também em medir o que o aluno conseguiu aprender. É o grupo dos professores que
falam em dar mais importância aos acertos que aos erros.
Vigilância pode parecer uma palavra inadequada ou pelo menos pouco afinada
com o mundo acadêmico. Mas ela encerra uma riqueza educativa. Lembra o pastor atento a
possíveis ameaças ao seu rebanho ou o guarda, no alto de seu mirante, averiguando qualquer
tentativa de quem queira aproveitar-se das fraquezas do espaço. La Salle (1988, 1997), um
pedagogo, proclamado Santo e que foi reconhecido como Padroeiro dos Educadores, viu na
vigilância uma das grandes virtudes de um bom mestre. Pedagogicamente ela pode ser entendida
como uma atividade reflexiva que, no entender de Câmara (2002) "permite ao sujeito tomar
consciência de suas ações, dos movimentos que orientam essas ações para melhor alcançar as
mudanças conceituais, redesenhando assim suas ações" (p. 9). Com efeito, por tal atividade
reflexiva captam-se as deficiências, tem-se acesso aos erros, percebem-se as fraquezas, e obtém-
se motivos para encaminhar correções. Este é, em resumo, um dos propósitos do presente
trabalho.
a) Entre as dificuldades detectadas na execução da Proposta Pedagógica está algo como um pano
de fundo figurado no esquema mental disseminado na sociedade, segundo o qual, como o
86
descreve Câmara (2002), o mundo é regido pelas leis do cientificismo, da supremacia do racional
e do conhecimento científico, limitando portanto a percepção do homem ao intelecto e ao
tecnológico. A espiritualidade, a ética, a estética e a sabedoria são valores preteridos e não
encontram lugar no currículo porque fogem da mensurabilidade do funcionalismo. Assim,
continua a autora, "a sociedade prefere profissionais que sejam mais intelectualmente
competentes do que moralmente conscientes" (p. 12).
Nesta linha de preocupações, cabe registrar um fenômeno que parece ser uma
tendência da educação escolar, também constatada nesta pesquisa. A análise dos boletins
bimestrais indica uma gradativa redução, por parte dos professores, da abordagem atitudinal na
medida em que os alunos avançam nas séries, enquanto, em contrapartida, cresce a preocupação
com o intelectual.
que cabem à família"; a que se deve acrescentar a preocupação manifestada por alguns pais de
que a criança, estando no período integral, pode vir a perder a referência do lar, no que se inclui a
convivência na família, com colegas do prédio ou da rua. Por outro, "é desafiador promover
estímulos à criança quando seus responsáveis não fazem a devida parceria com a escola". Há,
inclusive, referências ao fato de que a escola está cada vez mais substituindo a família no que
cabe a ela ensinar, e considera isto como diferencial da escola em tempo integral, uma vez que
esta tem mais tempo e possibilidades de trabalhar o aluno como um todo. Porém, a constatação
de que a escola pode vir a transformar-se em algo como um "depósito", suscita grandes
preocupações.
Na mesma obra Tedesco lembra que também a escola sofreu uma perda em sua
capacidade socializadora e que os dois pressupostos básicos da educação formal estão colocados
em cheque: o de que a família formou o núcleo básico da socialização e de que há um modelo
cultural e social homogêneo que a escola tem a missão de transmitir. As visões da função
socializadora captadas pela presente pesquisa, não conseguem esconder o anseio pelo
cumprimento dessa tarefa de forma que a escola crie oportunidades de recuperar as possibilidades
de a criança e o adolescente usufruir as características de vida e os direitos e deveres próprios de
sua idade. Isto pode estar revelando que a situação está a exigir uma re-engenharia da função
socializadora, que comece por reconhecer por um lado a ausência, na vida de muitas crianças, de
um quadro de referência de valores outrora habitual e, por outro, que sem essa socialização
primária as demais funções da escola perdem a base estrutural sobre a qual construir o processo
educativo que leve à maturidade. Em síntese, a função socializadora da escola estará às voltas
com a construção, reconstrução ou reforço da base de lançamento tanto da socialização como da
instrução.
88
A discussão mais aprofundada desta questão não cabe no presente trabalho, mas
convém deixar anotadas as ponderações suscitadas pelos participantes da pesquisa que apontam a
escola em tempo integral como um lugar propício à ampliação saudável da função da escola de
forma a incluir uma série de elementos típicos da socialização primária, em especial a experiência
do afeto, a aquisição de valores básicos necessários à convivência social, a prática das relações
humanas e o interesse pelo conhecimento.
b) A "cultura pedagógica" do aluno é de tipo conteudista, intelectiva. Eis o que diz uma
professora falando da avaliação: "Alguns alunos só podem ser avaliados na prova, porque não
rendem nada em sala. Eles pensam: na prova eu faço. Às vezes o único documento que temos de
um aluno desses é a prova". Não obstante o conceito inadequado de avaliação embutido na
observação, pode-se detectar nela a cultura do intelectualismo, consistindo em saber dar respostas
estereotipadas, presente em uma parte dos alunos, constituindo-se em obstáculo para o bom
alcance dos objetivos da Proposta Pedagógica. Alguns casos de dificuldade de aprendizagem
estão certamente relacionados a tal cultura pedagógica, em especial quando o aluno se depara
pela primeira vez com a metodologia construtivista e interacionista.
Já nas entrevistas pode-se detectar que uma parte dos professores mantém um
esquema mental segundo o qual o aluno está numa escola em período integral para que os pais
não precisem cuidar dele, ou para que ele esteja num lugar seguro, ou para que os pais possam
trabalhar. O questionário também registrou duas respostas neste sentido. Em síntese, os
professores consideram que a opção pela escola em tempo integral deveu-se às necessidades e
carências da família.
89
"A escola em período integral não é, pois, uma forma de auxiliar a família ocupada a
despreocupar-se com as atividades diárias das suas crianças. Ao contrário, é um
espaço aberto à ampla oportunidade de desenvolvimento do indivíduo integral.
Portanto, mais do que atender apenas a uma conveniência da vida familiar, essa é
certamente uma contribuição importante para o aperfeiçoamento do trabalho da
escola em benefício do aluno".
Ao que tudo indica está aí uma questão que pode truncar o sucesso da Proposta
de período integral, uma vez que os professores apresentam uma concepção contrária àquela
apresentada na Proposta. Desta forma, consciente ou inconscientemente, os professors acabam
repassando essa mentalidade ao aluno, reforçando nele sentimentos de abandono ou rejeição
porventura existentes.
d) A formação interna dos educadores deve ser vista sob dois aspectos. O primeiro refere-se aos
cuidados em levar para a prática educativa os seus conhecimentos atuais, para o que contribuem
as reuniões pedagógicas semanais entre professores e coordenações. A observação feita e os
registros das reuniões mostram que o tempo desses encontros pedagógicos, destinados ao
planejamento conjunto da semana ou da quinzena, é destinado, em sua maior porcentagem, às
questões práticas. Contudo, a partilha de idéias sobre conteúdos e procedimentos didáticos
constitui-se, sem dúvida, em importante momento formativo, enriquecido pelo fato de alguns dos
professores estarem em cursos de pós-graduação ou graduação, ou freqüentando eventuais cursos
em áreas de interesse.
A ação integrada pressupõe uma sintonia, ou seja, uma compreensão a mais unitária
possível dos conceitos, valores e métodos por parte dos agentes educativos.
Acrescente-se a convergência das compreensões e práticas em direção ao ideal
institucional. Estes dois elementos - sintonia e convergência - são como dados
indispensáveis à eficácia da ação educativa.
Fica portanto registrada esta lacuna como uma dificuldade que pode estar na
base de outras questões geradoras de conflitos ou entraves e, como tal, um desafio a vencer.
e) O "horário do almoço" é descrito por vários participantes da pesquisa como espaço de conflito
e de problemas. Eles próprios e também os alunos na sua breve contribuição à pesquisa, divergem
na compreensão deste espaço de tempo. Eis algumas falas:
f) A questão financeira, não passou por nenhuma análise nesta pesquisa, por estar fora dos
objetivos. Apenas a título de constatação, registram-se aqui referências sutis ao problema nas
entrevistas e em contatos informais. Alguns professores manifestam que gostariam de estar na
91
g) Quais as dificuldades do período integral relacionadas aos alunos? Para esta questão apenas
três respostas foram formuladas pelos professores. Há alunos que não têm autonomia suficiente
ou demoram muito para desenvolvê-la, para assumir bem o conjunto de atividades propostas, e
assim, pelo menos inicialmente, deixam de tirar proveito das atividades. Um grupo de alunos não
fez a opção pelo período integral; estão aí em contrariedade aos seus desejos e transmitem uma
sensação de rejeição dos pais. Expressões de cansaço rebaixam por vezes o ânimo de alguns
alunos, especialmente no período da tarde.
no boletim conste que em algum indicador o filho está em processo ou em situação suficiente ou
ótima. Querem que traduza isto por um número, isto é uma nota. O esquema mental qualitativo,
adotado pela escola para verificar a educação, está portanto sendo desafiado a mostrar o seu
caminho.
(1) A grande força condutora da escola é o professor. É ele que viabiliza o ideal da escola, faz
o ideal do processo educativo chegar ao aluno, o ponto de convergência e o motivo da
existência da escola. Como se viu em vários momentos deste trabalho, a sintonia do educador
com a Proposta Pedagógica e portanto com o ideal institucional é a chave para um trabalho
harmônico e integrado em direção ao educando. Daí a primeira grande iniciativa a ser
sugerida para ampliar as chances de sucesso da Proposta em estudo. Trata-se de investir na
formação da equipe de educadores em dois focos. Primeiro, na direção de uma compreensão
convergente e respectiva prática de alguns dos parâmetros centrais da Proposta Pedagógica
como o tempo integral, a Avaliação, o significado do tempo do intervalo e a função da escola
e sua índole cristã. O segundo foco de investimento formativo deve ser direcionado à
93
(3) Seguindo descobertas da pesquisa levada por Cassassus (2002) é essencial reforçar junto
ao corpo docente o impacto do ambiente emocional sobre o processo de aprendizagem.
Como conclui esse autor "o efeito desta variável pesa mais nos resultados dos alunos do que
todos o outros fatores reunidos". Isto se tornará ainda mais marcante, na medida em que a
escola se vê na iminência de ampliar efetivamente a sua função para a socialização primária.
Assim pode-se supor que a escola em tempo integral, na medida em que oferece um clima
emocional favorável, há de contribuir, de forma mais significativa do que qualquer outra, no
processo de aprendizagem, no crescimento afetivo e no desenvolvimento de relações
humanas equilibradas dos alunos.
(4) Os fundamentos teóricos deixam claro que a aprendizagem envolve processos afetivos,
físicos e mentais. Embora a prática pedagógica dos professores seja essencialmente holística,
pode-se perceber que a Proposta Pedagógica traz embutido um certo receio de
"intelectualismo". A preocupação com a construção do conhecimento parece restringir a visão
teórica à capacidade de fazer, de forma mais ou menos imediata. Seguindo Perrenoud (2000),
que entende competência como uma capacidade de agir eficazmente em uma determinada
situação, apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles, a Proposta Pedagógica
precisaria explicitar de forma mais clara o lugar e o espaço da atividade mental como
mediadora do processo ensino-aprendizagem e da formação de competências e habilidades.
94
(5) Várias situações relatadas na pesquisa dão conta de que a família, ou especificamente os
pais, são um foco de conflito em relação à Proposta. Especialmente as entrevistas referem-se
à pouca sintonia dos pais com a Proposta da Escola, dando a entender que os pais estão
sintonizados com outro método e detém compreensões e expectativas inadequadas e até
prejudiciais ao ideal de educação assumido pela escola, no que se refere a questões como
processo educativo, avaliação e objetivo da ação educativa. Considerando a tendência de
ampliar os desagrados e de generalizar possíveis deficiências circunstanciais, faz-se
necessário um trabalho que conduza os pais à consciência sobre a amplitude do currículo e do
processo nele implicado, que ultrapassa a funcionalidade do intelectual, do mensurável,
científico e tecnológico, e chega ao moral, ético, estético, religioso, e à consciência de seus
filhos.
(6) Freqüentemente os professores voltaram sua atenção para o caso dos alunos com falta de
autonomia, com dificuldades de aprendizagem ou com uma cultura pedagógica inadequada ao
propósito de aprender a aprender, dada sua preocupação, preferência e até satisfação em
apresentar respostas estereotipadas. Neste sentido, em estudo sobre a criatividade, Alencar
(1996) aborda esta questão num item que intitula "A desatualização da escola tradicional" e
alerta para a necessidade de "preparar o estudante para a resolução de problemas que hoje
somos incapazes de antecipar". Os conceitos de Currículo e de Educação, assim como a
metodologia construtivista e sociointeracionista, explicitados no Proposta Pedagógica,
afastam a escola do que se costuma chamar de "escola tradicional". É necessário, portanto,
enfrentar o desafio de encontrar um processo pedagógico que ajude os alunos de cultura
pedagógica tradicional, a encontrar os caminhos da autonomia, e a superar seus conceitos,
suas práticas e suas perspectivas no que se refere à aprendizagem.
Pode ou deve a escola ampliar sua função social? Sob que condições? Quais
os limites de um propósito desta natureza? Acrescente-se o impacto do período integral sobre os
processos afetivo, cognitivo e atitudinal, que poderia ser um bom tema para o campo da
Psicologia da Educação.
preparar-se para provas ou passar em concursos. A apatia muitas vezes constatada entre os alunos
pode ser o resultado de uma dessintonia entre o centro de interesse do professor (o resultado) e o
do aluno (o processo). O aluno não está pensando no resultado, não consegue visualizá-lo e acaba
por desligar-se do que é o interesse central do professor. Assim o resultado, por falta de caminho
andado, ou não acontece, ou perde as bases ou, quando aparece, já não serve a nada.. A presente
Proposta quer manter o processo como fonte geradora do conhecimento, destituindo assim o
imediatismo e evitando a apatia. Um sinal interessante da fuga do imediatismo é a constatação de
que entre os cem indicadores de aprendizagem verificados, não consta nenhuma vez a palavra
"decorar".
pelo ambiente escolar, que inclui o ambiente físico, as relações humanas, os valores defendidos e
vividos pelo educador, a ambientação, os procedimentos didático-pedagógicos, o método.
(a) Ensinar a assumir a escolha das identidades de gênero, religião e cultura, e a ver nos
particularismos, ou seja, na superação das regras universais, um risco e ao mesmo tempo
dados sujeitos à ação da instituição.
(b) Reduzir a área de neutralidade da escola deixando declarados os seus fins, abordando de
forma ativa todos os temas latentes e portanto encolhendo o currículo oculto.
(c) Promover o vínculo entre os diferentes, mediante o debate para superar a tentação de
impor uma personalidade padrão.
99
(d) Estabelecer quadros de referência que permitem a cada um construir sua identidade e
processar o excesso de informações.
(e) Manter uma pedagogia ativa, que envolva o indivíduo no processo grupal, no confronto
com o diferente e com o que cada qual tem de próprio a contribuir.
(f) Usar as novas tecnologias também para liberar o professor da função de transmissor de
informações, abrindo-lhe espaço para atenção personalizada.
Creio no novo,
porque ele é o amanhã
potencializado na coragem,
na criatividade,
no empenho pessoal.
Creio no pacto,
porque o novo é gerado nele,
pela comunhão de idéias,
pelo debate,
pelo diálogo
e pela fé que deposito na força da esperança dos outros.
Creio no educativo,
porque todo pacto novo, por natureza, é educativo,
conduzindo muitos outros a novos pactos.
101
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104
Apêndice
Homenagem à escola
"Fantasiando"
ANEXOS
Anexo 1
1 - Em cada conjunto (A,B,C) assinale (na coluna à direita) a alternativa que confere com sua situação:
2 - Em cada conjunto (A,B,C,D) assinale (na coluna à direita) no máximo duas compreensões teóricas que você
considera estar mais próximas da Proposta Pedagógica da Escola:
Sóciointeracionismo
Comportamentalismo ou Behaviorismo
A
Teoria das ações imediatas
Construtivismo
A educação integral fica comprovada quando o aluno se tornou um profissional.competente
A Educação integral acontece na medida em que se desenvolvem os níveis físico, psíquico e
espiritual da pessoa
B A educação integral desenvolve a pessoa na dimensão cognitiva, volitiva, afetiva e
comportamental.
É inviável efetivar a educação integral quando a pessoa não está bem, por exemplo: doente,
deprimida ou passando fome.
A avaliação é um procedimento didático-pedagógico que verifica em que grau o aluno
assimilou os conteúdos propostos
C A avaliação é o elemento favorecedor da melhoria e da qualidade da aprendizagem
O maior favorecido por uma avaliação bem preparada e bem aplicada é o aluno.
A avaliação atinge o aluno, o professor e o sistema escolar
A escola em tempo integral tem a finalidade de facilitar aos pais, por vezes
ocupados com seu trabalho, o cuidado de seus filhos
O tempo integral permite aos alunos desenvolver atividades paralelas para
D
complementar a programação curricular.
O currículo da escola de tempo integral abrange todas as atividades do aluno
ao longo do dia.
Anexo 2
Roteiro para entrevista semi-estruturada
1. Objetivos:
Verificar a sintonia entre o discurso dos atores e os princípios teóricos da
Proposta Pedagógica.
Detectar procedimentos consistentes e inconsistentes com a Proposta
Pedagógica.
Identificar indicadores que contribuíram para maximizar e para minimizar o sucesso da
Proposta Pedagógica.
2. Roteiro
Tempo integral
Procedimentos
1. De tudo o que precisa ser feito para a execução da PP, o que você considera de mais
difícil execução (o que mais lhe custa)?
(Porque acha que estes procedimentos estão sendo mantidos?)
2. Em que consiste seu processo de avaliação dos alunos? Como / para que / com que
freqüência o realiza?
O que é?....
3. Como procede quando o aluno comete erros?
4. Qual o esquema de recompensas que utiliza?
5. Como procede com alunos com dificuldades de aprendizagem?
6. Aproveitar dados da vida do aluno para incrementar aprendizagem. Como faz isto?
7. Você se sente avaliada? Como isto é feito?
Conceitos
1. O que entende por educação?
2. Escola de tempo integral ou escola em tempo integral - qual denominação lhe parece
mais adequada?
108
Anexo 3
Anexo 4
Professores 1ª a 4ª
Coordenação
110
Anexo 5
Salas de aula
Corredores e
pátio
Área
Administrativa
111
Anexo 6
1ª a 4ª série
Participação
na
organização
das
atividades
5ª a 8ª série
Educação Infantil
Participação 1ª a 4ª série
na
ambientação
5ª a 8ª série
112
Anexo 7
Nas três colunas da direita do quadro abaixo encontram-se nomeadas três categorias de
indicadores de aprendizagem a que se refere a Proposta Pedagógica, a saber:
D = Indicador de desempenho
I = Indicador de retenção intelectual
A = Indicador de formação de atitude
Selecione (marcando com X) a categoria à qual, segundo seu parecer, pertence o indicador.
Indicador D I A
1 Participa e presta atenção nas leituras, demonstrando o entendimento das histórias
lidas
2 Expressa, por meio de atividades artísticas, as vivências emocionais e criativas
3 Organiza e cuida dos materiais antes e depois da realização das atividades de artes
4 Reconhece várias espécies de seres vivos e faz comparação entre eles
5 Identifica números e objetos numa seqüência
6 Convive de forma equilibrada com o próximo respeitando as suas diferenças
7 Coopera com textos coletivos relatando informações pertinentes ao tema analisado
8 Verbaliza as tarefas que competem a cada tipo de abelha dentro da organização da
colmeia
9 Diferencia nos comandos orais as operações de adição e subtração
10 Desenvolve exercícios em diagonal (andar igual bailarina)
11 Manuseia a máquina corretamente, sem causar danos à mesma
12 Reconhece que Deus criou todos os seres vivos
13 Cria desenhos, pinturas, colagem com utilização de técnicas diversas
14 Cria textos orais e histórias com apresentação de gravuras
15 Escreve letras e palavras
16 Participa de canto em conjunto seguido de comando
17 Apresenta correta seqüência dos números de 0 a 10
18 Participa de atividades propostas em preparação ao Superação
19 Demonstra manter a boa convivência e o respeito mútuo entre os colegas da escola
20 Compartilha objetos de uso comum
21 Desenvolve a percepção visual, através do interesse do seu trabalho e do colega.
22 Resolve situações-problema simples utilizando principalmente cálculo mental
113
Anexo 8
Data,........
Caro Aluno:
Você está participando de uma pesquisa, orientada pela Universidade Católica de
Brasília, sobre a escola em tempo integral. A sua resposta vai ajudar o pesquisador a fazer um
importante trabalho, por isso responda da melhor forma possível as questões abaixo.
Não é necessário colocar o nome na folha.
Muito grato por sua participação.
Professor ..............................
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Você está freqüentando a escola em tempo integral. Passa o dia na escola fazendo muitas coisas
diferentes.
1. Escreva algumas coisas que você acha interessantes ou das quais você mais gosta do período
integral.
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Anexo 9
A nossa escola pretende dar uma pequena contribuição para uma pesquisa orientada pela Universidade
Católica de Brasília, referente à escola de período integral.
Para tal foram escolhidos por sorteio duas famílias de cada turma de alunos da Ed. Inf II à 8ª série, para
responderem o questionário abaixo. Não há necessidade de identificar sua ficha.
Se a família preferir não responder ao questionário, basta devolvê-lo assinalando apenas a questão 0).
Desde já nossos agradecimentos.
Diretor
0). (____) Prefiro não atender a esta solicitação.
(____) Optei pela escola de período integral porque isto me libera para o trabalho fora de casa.
(____) Mesmo que eu estivesse trabalhando em casa colocaria meu filho no tempo integral.
(____) Se eu estivesse trabalhando em casa, não optaria pela escola em tempo integral.
4. Se quiser pode utilizar as linhas abaixo para fazer algum comentário sobre a Escola em tempo
integral.
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