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TODAS AS GLORIAS A SRÏ GURU E GAURÃNGA

Gosto Superior
Receitas Internacionais Guia Prático do Vegetarianismo

Baseado nos ensinamentos de Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta


Swami Prabhupada
FUNDbDOfí-ÃCÃRYA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DA CONSCIÊNCIA DE KRISHNA

THE BHAKTIVEDANTA BOOKTRl/ST


São Paulo • Bombaim • Londres • Los Angeles • Estocolmo • Hong Kong • Sidnei
índice
Introdução l
1 - Saúde e uma Dieta que não Contenha Carne 3
2 - O Custo Oculto da Carne 13
3-"FazeaosOutros..." 21
4 - Karma e Reencarnação 33
5 - Mais do que Simples Vegetarianismo 43
6 - Gosto Superior 53
7 - Receitas 67
Jantar Italiano l
Peslo; Berinjela recheada; Bolinhos de ervas; Cubos fritos
de mussarela; Salada de legumes e Sherhet de limão 11
Jantar Italiano 2
Minestrone; Espaguete com koftas ao molho de tomate;
Abobrinhas empanadas; Vagens com tomates; Cakone;
Bolo napolitano de queijo 88
Jantar Indiano l
Berinjela com tomate e panir; Arroz com castanhas de caju
e ervilhas; Samosas; Raita de pepino; P uris; Burfi de coco 83
Jantar Indiano 2
Sabji de batata e repolho; Mung dal; Arroz basmati; Pakoras
de couve-flor; Chutney de tomate; Chapatis; Kheer bengali 88
Jantar Chinês l
Sopa de legumes agridoce; Manapua; Arroz frito;
Vegetal agridoce de Tofú; Biscoitos de amêndoas 94
Jantar Chinês 2
Salada de agrião; Rolinhos primavera; Vegetal Lo Mein;
Berinjela temperada; Sorvete de baunilha 100
Jantar Mexicano
Gaipacho; Salada de abacate; Enchiladas;
Emlhas e cenouras ao creme; Sobremesa de manga 104
Jantar Francês
Tomates recheados; Quiche de legumes; Almondine de vagens;
Arroz e legumes à caçarola; Gelatina de suco de frutas 109
Jantar Sírio-Libanês
Sopa de lentilhas com limão; Massa folhada com espinafre;
Salada de berinjela; Abobrinha recheada; Pastel doce 113
Legumes e Vegetais
Pimentões recheados; Upma; Couve-flor com vagem e castanha
de caju; Aspargos à caçarola; Legumes ao curry; Fatias fritas
de berinjela; Batatas Gouranga; Couve-flor ao parmesão;
"Omelete" de batata; Espinafre e couve-flor ao creme 118
Acompanhamentos Diversos
Tostados; Pizza pila; Bharats ao molho de iogurte; Parathas
recheadas; Banana vadis; Bolinhos de balatas e ervilhas;
Bolinhos de ricota; Sanduíches de pimentão e ricota; 126
Bolo salgado de castanhas
8 - Sobre o Movimento Hare Krishna
e a Alimentação Vegetariana 135

Introdução

Influenciadas por fatores que variam desde a saúde e a economia até a ética e a
religião, milhões de pessoas ao redor do mundo estão se voltando para uma dieta
vegetariana.
Gosto Superior explica claramente as várias razões pelas quais as pessoas
deixam de comer carne. Nele estão contidas mais de 60 receitas de pratos
vegetarianos que superarão os prazeres, encontrados, na alimentação habitual,
transportando-nos,
ffitãc?, a nwaa v^i^cilcacïaa cfc <iclít,iít3 çrarudisíu^us. Sc YOGÚ
^empre pensava que ser vegetariano significa comer apenas al-guns legumes
cozidos e saladas frias, prepare-se então, para uma grande surpresa. Com Gosto
Superior, você aprenderá a prepa-rar refeições completas, nutritivas e saborosas. As
receitas foram escolhidas por causa de sua simplicidade e preparo fácil e rápido.
Também tão importante quanto os ingredientes que você usa para cozinhar é a
sua consciência. Gosto Superior mostra :omo qualquer pessoa pode transformar
uma rotina diária em uma experiência bem aventurada e iluminante. O ato de preparar
alimento vegetariano que não acarreta karma é uma parte integrante do mais elevado
sistema de yoga e meditação descrito nos ensinamentos intemporais da literatura
védica indiana. No Bhagavad-gïtã o Senhor Krsna afirma: "Se alguém Me oferecer,
com amor e devoção, uma folha, uma flor, frutas ou água, Eu as aceitarei". A pessoa
que prepara alimento vegetariano puro e natural e em seguida o oferece ao Senhor
Supremo automaticamente sentirá o despertar do sublime prazer espiritual no
coração.
O Senhor Supremo é descrito nos Vedas como o reservatório de todo o prazer e, para
aumentar Seu prazer, Ele Se expande -través de Sua energia de prazer em incontáveis
seres vivos que têm o propósito de compartilhar de Seu desfrute. Todos nós somos
partes dessa potência eterna de prazer e, pelo simples ato de prepararmos o
alimento para o prazer de Deus, podemos experimentar gozo transcendental.
Você perceberá isso tão logo saboreie a comida que você ofereceu. Como disse o
ex-beatle George Harrison certa vez em uma entrevista: "Quando você sabe que
alguém cozinhou algo com relutância, isso não tem um sabor tão agradável
quanto o alimento que, feito para atrair e agradar a Deus, é-Lhe oferecido
primeiramente. Basta isto para que o alimento fique muito mais saboroso". É isso
que queremos dizer com "um gosto superior".
O Capítulo Primeiro revela como a pesquisa médica moderna mostra grandes
relações entre o consumo de carne e as doenças fatais, como o câncer e doenças
cardíacas. O Capítulo Segundo expõe o mito da escassez alimentar mundial e
esclarece as vantagens económicas que a dieta vegetariana propicia à sociedade e
ao indivíduo. No Capítulo Terceiro, demonstram-se os fundamentos éticos do
vegetarianismo, focalizando os escritos de alguns dos maiores líderes religiosos,
escritores e filósofos do mundo, dentre os quais Pitágoras, Platão, Leonardo da
Vinci, Rousseau, Franklin, Shelley, Tolstoy, Thoreau, Gandhi e outros. Também
se examina o princípio da não-violência, conforme defendido nos ensinamentos
do judaísmo, cristianismo, budismo e hinduísmo. Uma análise de como as leis do
karma e a reencarnação se relacionam com o vegetarianismo forma a base do
Capítulo Quarto. O Capítulo Quinto explica em pormenores a lógica e os
procedimentos de se oferecer alimento vegetariano ao Senhor Supremo como parte
do sistema de bhakti-yoga. No Capítulo Sexto, trechos dos escritos de Srïla
Prabhupãda, a maior autoridade sobre a cultura védica, fornecem um resumo
muito conciso e de fácil leitura da filosofia por trás da dieta vegetariana espiritual
delineada em Gosto Superior.
1

Saúde e uma Dieta que não


Contenha Carne

A indagação central acerca do vegetarianismo consistiria em perguntar se é saudável eliminar-se a


carne e outros alimentos animais. Agora, entretanto, a questão principal é se é mais saudável ser um
vegetariano do que um carnívoro. A resposta a ambas as perguntas, tomando como base a evidência
disponível hoje em dia, parece ser um sonoro sim.
Jane E.Brody New York Times News Service

Hoje em dia, com a crescente evidência do efeito crítico da dieta na saúde e


na longevidade, um número cada vez maior de pessoas está levantando esta
pergunta: Ao corpo humano é mais apropriada uma dieta vegetariana ou uma
dieta que inclua carne?
Na busca das respostas deve-se considerar duas áreas — a estrutura
anatómica do corpo humano e os efeitos físicos do consumo de carne.
Visto que o ato de comer principia nas mãos e na boca, o que poderá nos revelar
a anatomia destas partes do corpo? Os dentes humanos, da mesma forma que
aqueles dos herbívoros, são projetados para mastigar e triturar substâncias
vegetais. Os seres humanos não possuem os agudos dentes frontais que se
destinam a cortar carne e que são característicos dos carnívoros. Os animais que
comem carne geralmente deglutem seu alimento sem mastigá-lo e, portanto, não
necessitam de molares ou de uma mandíbula capaz de mover-se lateralmente.
Também a mão humana, sem unhas aguçadas e com seu polegar que pode fazer
oposição aos outros dedos, é mais adequada para colher frutos e vegetais do que
para capturar uma presa.

Digerindo a carne
Uma vez no estômago, a carne necessita de sucos digestivos altamente
concentrados em ácido clorídrico. Os estômagos dos seres humanos e dos
herbívoros produzem menos de um vigésimo de concentração de ácidos em relação
aos carnívoros.

Outra diferença crucial entre o carnívoro e o vegetariano é encontrada no trato


intestinal, onde o alimento é digerido mais ainda e os nutrientes passam para o
sangue. Um pedaço de carne é parte de um cadáver, e sua putrefação cria
catabólicos venenosos dentro do corpo. Dessa forma a carne deverá ser eliminada
rapidamente. Com este objetivo os carnívoros possuem canais alimentares que são
apenas três vezes o tamanho de seu corpo. Desde que o homem, da mesma forma
que outros animais que não comem carne, possui um canal alimentar doze vezes o ta-
manho de seu corpo, a carne em rápida decomposição fica retida por um tempo mais
longo, produzindo uma grande quantidade de efeitos tóxicos indesejáveis.
Um órgão do corpo que é afetado desfavoravelmente por estas toxinas são os
rins. Este órgão vital, que elimina os catabólicos do sangue, é sobrecarregado pelo
excesso de veneno introduzido pelo consumo de carne. Mesmo os que comem carne
moderadamente necessitam que seus rins trabalhem três vezes mais em relação aos
vegetarianos. Os rins de uma pessoa jovem podem ser capazes de aceitar este desafio,
mas à medida que a pessoa envelhece o risco da doença e insuficiência renal aumenta
grandemente.

Doença cardíaca
A incapacidade do corpo humano de lidar com gorduras animais em excesso é
outra indicação de que o consumo de carne não é algo natural. Os animais carnívoros
podem metabolizar quantidades quase ilimitadas de colesterol e de gorduras sem
quaisquer efeitos adversos. Em experiências com cachorros, foram adicionados até 225
gramas de gordura de leite à sua dieta diária em um período de dois anos sem que
ocorresse absolutamente qualquer alteração em seu nível sérico de colesterol.
Por outro lado, seres vegetarianos têm uma capacidade muito limitada de lidar
com qualquer nível de colesterol ou de gordura saturada que ultrapasse o limite
requerido pelo corpo. Quando há consumo excessivo no decorrer de muitos anos,
depósitos gordurosos (placas) acumulam-se nas paredes internas das artérias,
desencadeando o aparecimento de uma condição conhecida como arterosclerose, ou
endurecimento das artérias. Uma vez que as placas depositadas dificultam o fluxo de
sangue para o coração, aumenta-se tremendamente o potencial para ataques
cardíacos, derrames e coágulos sanguíneos.
6 Gosto Superior

Em 1961 o Journal ofthe American Medicai Association (Jornal da Associação Médica


Americana) afirmou que 90 a 97% das doenças cardíacas, causa de mais da metade
das mortes nos Estados Unidos, poderiam ser prevenidas através de uma dieta
vegetariana.' Estes achados são fortalecidos por um relato da Associação Médica
Americana, que declara: "Em estudos bem documentados de populações utilizando
métodos padronizados de dieta e avaliação de doença coronária... a evidência sugere
que uma dieta de gorduras altamente saturadas é um fator essencial para uma alta
incidência de doença cardíaca coronária".2 A Academia Nacional de Ciências
também relatou recentemente que o alto nível de colesterol sérico encontrado na
maioria dos americanos é um fator importante na "epidemia" de doença cardíaca
coronária nos Estados Unidos.3

Câncer
Uma evidência a mais da inconveniência do trato intestinal humano para a digestão de
carne é a relação, estabelecida por numerosos estudos, entre o câncer de cólon e o hábito
de comer carne.4 Uma razão para a incidência de câncer é o conteúdo rico em gorduras e
pobre em resíduos de uma dieta centralizada na carne. Isto resulta em um trânsito lento
através do cólon, permitindo que os detritos tóxicos executem seu dano. O Dr. Sharon
Fleming do Departamento de Ciências Nutricionais da Universidade da Califórnia em
Berkeley afirma: "Parece que a fibra na dieta ajuda a reduzir a frequência de... câncer de
cólon e câncer retal".5 Além do mais sabe-se que enquanto digerida, a carne produz
metabólitos esteróides que têm propriedades carcinogcnicas (que produzem câncer).
À medida que as pesquisas continuam, a evidência correlacionando o consumo de
carne com outras formas de câncer está se acumulando a uma velocidade alarmante. A
Academia Nacional de Ciências relatou em 1983 que "as pessoas serão capazes de prevenir
muitos tipos de câncer ao comer menos
Saúde e uma Dieta que não Contenha Carne l

carnes gordurosas e mais legumes e grãos".6 E em seu Notes on the Causation of


Câncer (Anotações Acerca da Causa do Câncer), Rollo Russel escreve: "Verifiquei
que entre 25 países alimentando-se amplamente de carne, 19 apresentavam uma alta
incidência de câncer e apenas um mostrava baixa incidência, e que entre 35 países
alimentando-se de pouca ou nenhuma carne, nenhum apresentou uma alta
incidência".7
Alguns dos resultados de maior impacto na pesquisa do câncer vieram da
exploração dos efeitos das nitrosaminas. As nitrosaminas formam-se quando as
aminas secundárias, prevalecentes na cerveja, no vinho, no chá e no cigarro, reagem,
por exemplo, com conservantes químicos na carne. A entidade chamada Food and
Drug Administration considerou as nitrosaminas, "um dos grupos de carcinógenas
mais versáteis e formidáveis jamais descobertos, e seu papel... na etiologia do câncer
humano tem causado crescente apreensão entre os especialistas". O Dr. William
Lijinsky do Laboratório Nacional de Oak Ridge conduziu experimentos nos quais os
animais testados foram alimentados com nitrosaminas. Dentro de seis meses ele
encontrou tumores malignos em 100% dos animais. "Os cânceres", disse ele, "estão
espalhados por toda a parte, no cérebro, nos pulmões, no pâncreas, no estômago, no
fígado, nas supra-renais e nos intestinos. As funções orgânicas dos animais viram
uma grande confusão".8

Substâncias químicas perigosas na carne


Numerosas outras substâncias químicas potencialmente perigosas, das quais os
consumidores não estão geralmente inteirados, estão presentes na carne e seus
derivados industrializados. Em seu livro Poison in Your Body (Venenos em seu Corpo),
Gary e Steven Null dão-nos uma visão interna dos artifícios utilizados nas fábricas
institucionalizadas de produtos animais. Os animais são mantidos vivos e engordados
através da administração contínua de tranquilizantes, hormônios, antibióticos e GO.ÏÍO
Superior
Saúde e uma Dieta que não Contenha Carne
2.700 outras drogas", escrevem eles. "O processo começa antes mesmo do
nascimento e continua muito tempo após a morte. Embora tais drogas ainda estejam
presentes na carne quando você a come, a lei não exige que elas sejam enumeradas.
Uma das substâncias químicas é o dietilstilbestrol (DÊS), um hormônio que
promove o crescimento e que tem sido usado nos Estados Unidos durante os últimos
20 anos a despeito dos estudos que demonstraram ser ele carcinogênico. Proibido em
32 países por ser considerado um sério perigo à saúde, ele continua sendo usado pela
indústria da carne dos Estados Unidos, possivelmente porque a entidade chamada
Food and Drug Administration calcula que ele poupe mais de 500 milhões de
dólares anualmente aos produtores de carne.
Outro popular estimulante do crescimento é o arsénico. Em 1972 o Departamento
de Agricultura dos Estados Unidos verificou que este veneno bem conhecido excedia
o limite legal em 15% nas aves de criação da nação.9
O nitrato e o nitrito de sódio, substâncias químicas usadas como conservantes
para retardar a putrefação da carne defumada e de derivados da carne, inclusive
presunto, toucinho, salame, linguiça e peixe, põem, também, a saúde em risco. Estas
substâncias químicas dão à carne uma aparência vermelho-brilhante ao reagir com os
pigmentos do sangue e do músculo. Sem estas substâncias a tonalidade marrom-
acinzentada natural da carne morta afastaria muitos consumidores em perspectiva.
Infelizmente estas substâncias químicas não distinguem o sangue de um cadáver
do sangue de um ser humano, e muitas pessoas acidentalmente sujeitas a quantidades
excessivas morreram de envenenamento. Mesmo quantidades menores poderão ser
perigosas, especialmente para crianças ou bebés e, portanto, o Comité Abalizado das
Nações Unidas sobre Aditivos no Alimento — a Organização para Alimento e
Agricultura e a Organização Mundial da Saúde (OAA-OMS) em conjunto —
alertou: "Em nenhuma hipótese deve-se adicionar nitrato ao
alimento do bebé". A. J. Lehman da Food and Drug Administration apontou que,
"existe uma pequena margem de segurança entre a quantidade de nitrato que não é
prejudicial e aquela que pode ser perigosa".
Em decorrência das condições sujas e amontoadas a que os animais são forçados
pela indústria da carne de corte, faz-se necessário o uso de grandes quantidades de
antibióticos. Mas tal uso exacerbado de antibióticos propicia o aparecimento de bac-
térias resistentes aos mesmos, as quais são transmitidas àqueles que comem a carne.
A Food and Drug Administration estima que a penicilina e a tetraciclina poupam
1,9 bilhões de dólares por ano à indústria da carne, o que lhe dá razão suficiente
para fazer vistas grossas aos perigos potenciais à saúde.
O trauma de ser chacinado também acrescenta "venenos da dor" (tais como
estimulantes fortíssimos) à carne. Estes juntam-se no sangue do animal aos detritos
que não foram eliminados, tais como a ureia e o ácido úrico, contaminando ainda
mais a carne comida pêlos consumidores.

Doenças na carne
Além das substâncias químicas perigosas, a carne frequentemente contém
doenças dos próprios animais. Apinhados em condições sujas, alimentados à força e
tratados com desumanidade, os animais destinados à matança contraem muito mais
doenças do que normalmente contrairiam. Os inspetores da carne tentam eliminar os
produtos inaceitáveis, mas devido a pressões da indústria e à falta de tempo
suficiente para exame, muito do que é aprovado é muito menos saudável do que os
compradores de carne imaginam.
Em 1972 um relato do Departamento de Agricultura dos listados Unidos arrola
as carcaças permitidas pela inspeção depois que as partes doentes foram removidas.
Os exemplos incluíam quase 100.000 vacas com câncer de olho e 3.596.302 casos
ik- fígado obscedido. O governo permite também, o comércio de
Gosto Superior
Saúde e uma Dieta que não Contenha Carne
11
10
galinhas com uma doença parecida com a pneumonia, que ocasiona o acúmulo de
muco carregado de pus nos pulmões. A fim de satisfazer os requisitos federais, as
cavidades toráxicas das galinhas são aspiradas com aparelhos de sucção de ar. Mas
durante este processo os sacos aéreos doentios rompem-se e o pus derrama-se pela
carne.
Tem-se verificado que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos tem
se mostrado frouxo em impor seus próprios requisitos inadequados. Em função de
observar as agências ins-petoras federais a Repartição Geral de Relatos acusou o
Departamento de Agricultura por sua falha em corrigir diversas violações dos
matadouros. Carcaças contaminadas com fezes de roedores, baratas e bolor foram
descobertas em companhias que vendem carne enlatada tais como a Swift e a
Armour.10 Alguns inspetores tentam explicar essas concessões alegando que, caso
as regulações fossem aplicadas, nenhuma companhia de carne enlatada seria capaz
de continuar seu comércio.

Nutrição sem carne


Muitas vezes a menção do vegetarianismo provoca uma reação esperada: "E
a proteína?" A isto o vegetariano poderia muito bem replicar: "Que me diz você do
elefante? E do touro? E do rinoceronte?" Tanto as ideias de que a carne tenha o
monopólio da proteína quanto as de que grandes quantidades de proteína sejam
necessárias para a obtenção de força e de energia não passam de mitos. Enquanto
digerida, a maioria das proteínas se decompõe em seus aminoácidos constituintes
que novamente se unem, sendo usados pelo corpo para seu crescimento bem como
para a reposição tissular. Destes 22 aminoácidos apenas oito não são sintetizados
pelo próprio corpo, e estes oito "aminoácidos essenciais" existem em abundância
em alimentos não cárneos. Leite e derivados, grãos, feijões e nozes são todos
altamente providos de proteína. Queijo, amendoim e lentilhas, por exemplo,
contém peso por peso, mais proteína do que
hamburger, carne de porco ou rosbife. Um estudo conduzido pelo Dr. Fred Stare
de Harvard e pelo Dr. Mervyn Hardinge da Universidade de Loma Linda fez
extensas comparações entre a ingestão proteica dos vegetarianos e dos
carnívoros. Eles concluíram que "cada grupo excedia duas vezes o conteúdo de
cada aminoácido essencial e a maioria deles ultrapassava em grande parte este
valor".
A proteína constitui mais de 20% da dieta de muitos americanos, quase duas
vezes mais que a quantidade recomendada pela Organização Mundial de Saúde.
Embora quantidades inadequadas de proteínas causem fraqueza, a proteína em
excesso não pode ser utilizada pelo corpo, ao invés disso, ela é convertida em
detritos nitrogenados que sobrecarregam os rins. A fonte primária de energia do
organismo são os carboidratos. Só como um último recurso são as proteínas do
corpo utilizadas para a produção de energia. Muita ingestão proteica na verdade
reduz a capacidade energética do organismo. Em uma série de testes
comparativos de resistência foram conduzidos pelo Dr. Irving Hisher de Yale, os
vegetarianos foram duas vezes mais habilitados que os carnívoros. Ao reduzir
20% do consumo proteico dos não-vegetarianos, o Dr. Fisher observou que sua
eficiência aumentou 33%. Numerosos outros estudos demonstraram que uma
dieta vegetariana apropriada fornece muito mais energia nutritiva que a carne.
Além do mais, um estudo conduzido pelo Dr. J. lotekyo e V. Kipani na
Universidade de Bruxelas demonstrou que os vegetarianos foram capazes de
realizar testes físicos em um período duas a três vezes maior que o dos carnívoros
sem ficarem esgotados e se recuperaram da fadiga em uma quinta parte do tempo
necessário aos comedores de carne.
Gosto Superior
12
Referências
1. "Diet and Strcss in Vascular Disease", Journal ofthe American Medicai Association, 3 de junho
de 1961, pág. 806.
2. "Diet and Coronary Heart Disease", um informe desenvolvido pelo Comité de Nutrição c
autorizado para liberação pelo Comité Central para Programas Médicos e Comunitários da Associação
Cardiológica Americana, 1973.
3. "Diet and Coronary Heart Disease", Journal of the American Medicai Association, volume 222,
número 13, (25 de dezembro de 1972), pág. 1647.
4. Michacl J. Hill, M.D., "Metabolic Epidemiology of Dietary Factors in Large Bowcl Câncer",
Câncer Research, vol. 35, número 11, parte 2 (novembro de 1975), págs. 3398-3402; Bandaru S. Reddy,
Ph.D., e Ernest L. Wynder, M.D., "Large-Bowel Carcinogenisis: Fecal Constituents of Population with
Diverse Incidencc Rates of Cólon Câncer", Journal ofthe National Câncer Institute, vol. 50, 1973, págs.
1437-1441.
5. Dr. Sharon Fleming, correspondência pessoal, 26 de fevereiro de 1981.
6. Los Angeles Herald Examiner.
1. Citado de Câncer e Outras Doenças Advindas do Consumo de Carne, Blanche Leonardo,
Ph.D., 1979, pág. 12.
8. Afirmativa do Dr. William Lijinsky, na audiência da Câmara de Deputados dos Estados
Unidos sobre "Regulação dos Aditivos nos Alimentos e dos Alimentos Medicamentosos Animais",
março, 1971, pág. 132.
9. "Arsenic in Chicken Liver to Be Reviewed by Agency", Wall Street Journal, 13 de janeiro de
1972.
10. Jean Snyder, "O que Você Deveria Saber Acerca da Carne que Você Come", Today's
Health, vol. 19, dezembro de 1971, págs. 38-39.

O Custo Oculto da Carne O Mito da


Escassez

Em seu best-seller de 1975, O Relato do Eco-Espasmo, o futurista Alvin Tojfler,


autor de Futuro Choque e de A Terceira Onda, sugeriu uma esperança positiva para
a crise alimentar mundial. Ele previu "a ascenção súbita de um movimento religioso
no Ocidente que restringiria o consumo de carne de gado, poupando, assim, bilhões
de toneladas de cereais e fornecendo uma dieta nutritiva para o mundo como um
todo".

Resolvendo o problema da f orne


Francis Moore Lappé, perita em nutrição e autora do best-seller Dietfor a small
Planei (Dieta para um Planeta Pequeno), disse em recente entrevista na televisão
que deveríamos olhar para um pedaço de bife como para um Cadillac. "O que eu
quero di'/.er", explicou ela, "é que nós nos Estados Unidos tornamo-nos dependentes
de grandes carros que consomem muita gasolina devido à ilusão do petróleo barato.
Da mesma forma, tornamo-nos prisioneiros de uma dieta centralizada na carne,
obtida por uma alimentação animal rica em cereais, em decorrência da ilusão do
baixo preço destes".
De acordo com a informação compilada pelo Departamen-lo de Agricultura dos
Estados Unidos, até 90% de todos os cere-iiis produzidos nos Estados Unidos são
utilizados para alimentar iininiais de corte — vacas, porcos, caprinos e galinhas — que
aca-IMW nas mesas de refeição. No entanto, o processo de se utilizar irreais para a
produção de carne é incrivelmente improdutivo.
O Custo Oculto da Carne - O Mito da Escassez

Por exemplo, a informação proveniente do Serviço de Pesquisa Económica do


Departamento de Agricultura dos Estados Unidos revela que conseguimos de volta
apenas meio quilo de carne de gado para cada 7 quilos de cereais.
Em seu livro Proteins: Their Chemistry and Politics, o Dr. Aaron Altshul observa que, em
unidades de calorias por hectare, uma dieta à base de cereais, legumes e feijão
mantém 20 vezes mais pessoas que uma dieta à base de carne. Conforme se verifica
atualmente, cerca da metade dos campos de colheitas americanos é utilizada para
alimentar animais. Se usassem os campos aráveis da Terra principalmente para a
produção de alimentos vegetarianos, o planeta poderia facilmente manter uma
população humana de mais de 20 bilhões de pessoas.
Fatos semelhantes a estes levaram os peritos em alimentação a apontar que o
problema nutricional do mundo é amplamente ilusório. O mito da "superpopulação"
não deveria ser utilizado pêlos defensores do aborto para justificar a matança de mais
de 50 milhões de crianças não-nascidas a cada ano em todo o mundo. Mesmo agora já
estamos produzindo alimento suficiente para todos no planeta, mas infelizmente o
mesmo está sendo repartido de maneira ineficiente. Em relato submetido à
Conferência Mundial de Alimentos das Nações Unidas (Roma, 1974), Rene
Dumont, uma economista em agricultura junto ao Instituto Agrícola Nacional da
França, emitiu a seguinte opinião: "O consumo excessivo de carne pêlos ricos
significa fome para os pobres. Deve-se mudar esta agricultura contraproducente —
pela supressão de lotes onde se engorda o gado com cereais e mesmo através de uma
redução maciça do gado de corte".

As vacas vivas são uma vantagem económica


É por demais claro que uma vaca viva fornece à sociedade mais alimento do
que quando morta — sob a forma de fornecimento contínuo de leite, queijo,
manteiga, iogurte e outros alimentos ricos em proteína. Stewart Odend'hal, da
Universidade
de Missouri, realizou em 1971 um estudo pormenorizado com vacas na Bengala e
observou que, longe de privar os seres humanos de alimento, elas comiam somente os
restos não aproveitáveis das colheitas (cascas de arroz, bagaços de cana-de-açúcar,
etc.) e capim. "Basicamente", disse ele, "o gado converte itens de pouco valor humano
direto em produtos de utilidade imediata." Isto deverá pôr de lado o mito de que as pessoas
estão passando fome na índia porque não matam suas vacas. É interessante observar
que a índia recentemente parece ter superado seus problemas alimentares, que sempre
estavam mais relacionados com rigorosa seca ocasional ou com levantes políticos do que
com as vacas sagradas. Um grupo de peritos junto à Agência para o Desenvolvimento
Internacional, em uma declaração citada no Registro do Congresso para 2 de dezembro
de 1980, concluiu: "A índia produz o suficiente para alimentar toda a sua população".
Se lhes for permitido viver, as vacas produzirão alimentos de alta qualidade e ricos
em proteína que vão além da imaginação. Nos Estados Unidos há uma tentativa
deliberada de imitar a produção de derivados lácteos; não obstante, Sam Gibbons, de-
putado da Flórida, relatou recentemente ao Cogresso que o governo dos Estados
Unidos estava sendo forçado a armazenar "montanhas de manteiga, queijo e leite em
pó desnatado". Ele disse a seus colegas: "Temos atualmente cerca de 200 milhões de
quilos de manteiga, 250 milhões de quilos de queijo e cerca de 350 milhões de quilos
de leite em pó desnatado". O suprimento aumenta cerca de 20 milhões de quilos a
cada semana. Com efeito, as 10 milhões de vacas americanas fornecem leite c-m tanta
quantidade que o governo libera periodicamente milhões de quilos de produtos derivados
do leite para serem distribuídos i-nlre os pobres e os famintos. Fica visível e claro que
as vacas l ;is vivas) constituem um dos mais valiosos recursos alimenta-u-s da
humanidade.
O Custo Oculto da Carne - O Mito da Escassez

Florescem movimentos que visam salvar da matança as focas, os golfinhos e as


baleias — por que, então, não haveria um movimento para salvar as vacas? Isso
parece ser uma ideia sensata mesmo que apenas do ponto de vista económico — a
menos que você faça parte da indústria da carne, a qual está cada vez mais
preocupada com o crescimento do vegetarianismo. Em junho de 1977 o Farm Journal
(Jornal Agrícola), uma importante revista comercial, imprimiu um editorial
intitulado: "Quem defenderá o bom nome da carne de gado?" A revista instava que
os criadores de gado de corte da nação contribuíssem com 40 milhões de dólares
para que se financiasse a publicidade e, assim, se mantivesse bem alto tanto o
consumo quanto o preço da carne de gado.

Você paga pela carne mais do que pensa


A indústria da carne é uma poderosa força económica e política e, além de
despender milhões de seus próprios dólares para promover o consumo de carne, ela
também conseguiu controlar uma boa parte de nosso imposto. Falando de forma prática,
o processo de produção de carne é tão custoso e desgastante que a indústria necessita de
subsídios para sobreviver. A maioria das pessoas não está consciente de como os
governos nacionais apoiam intensamente a indústria da carne através de concessões
evidentes, de garantias favoráveis de empréstimo e assim por diante. Em 1977, por
exemplo, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos comprou 100 milhões
de dólares a mais de carne de gado excedente para programas de merenda escolar.
Naquele mesmo ano os governos da Europa Ocidental gastaram quase meio bilhão
de dólares, comprando dos fazendeiros o excesso de produção de carne e gastaram ou-
tros milhões para estocar o mesmo.
Mais impostos são utilizados sob a forma de milhões de dólares que o governo
dos Estados Unidos aplica a cada ano para manter uma rede de inspetores, para
inspecionar o problema
pouco divulgado das doenças animais. Quando os animais doentes são destruídos o
governo paga uma indenização aos donos. Por exemplo, em 1978 o governo
americano pagou 50 milhões do dinheiro do imposto de seus cidadãos para
indenizações ao controle da brucelose, uma doença semelhante à gripe que aflige o
gado e outros animais. Em outro programa o governo dos Estados Unidos fornece
empréstimos de 350 mil dólares para os produtores de carne. Outros fazendeiros
recebem abono de no máximo 20 mil dólares. Um editorial do New York Times
denominou este título de subsídio como sendo "ultrajante", caracterizando-o como
"um roubo escandaloso do erário". Apesar de as agências de saúde do governo
evidenciarem que há associação entre o consumo de carne e o aparecimento de
câncer e de doenças cardíacas, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
continua gastando milhões de dólares na promoção do consumo de carne através de
suas publicações e de programas de merenda escolar.

Dano ao meio ambiente


Outro preço que devemos pagar pelo consumo da carne é a deterioração do meio-
ambiente. O Serviço de Pesquisa Agrícola dos Estados Unidos considera o sistema
de esgoto altamente contaminado dos matadouros e dos pastos de alimentação
como uma importante fonte de poluição dos rios e correntes da nação. Está se
tornando cada vez mais evidente que as fontes de água pura deste planeta estão não
apenas ficando poluídas como também estão sendo esgotadas, e a indústria da carne
é especialmente destrutiva. Em seu livro Population, Resourses and Environment,
Paul e Anne Ehrlich observaram que, para se cultivar meio quilo de trigo era
necessário apenas 27 litros de água, ao passo que a produção de meio quilo de
carne requeria entre 1.125 e 2.700 litros de água. E em 1973 o New York Time Post
revelou este surpreendente abuso de um valioso recurso nacional — verificou-se
que uma enorme instalação para matar galinhas estavautilizando 378 milhões de
litros de água por dia! Este mesmo volume poderia suprir uma cidade de 25 mil
habitantes.

Conflito social
O processo desgastante da produção de carne, que requer maiores extensões
de terra do que a agricultura dos vegetais, tem sido uma fonte de conflito
económico na sociedade humana por milhares de anos. Um estudo publicado em
Plant Foods for Human Nutrition revela que meio hectare de cereais produz cinco
vezes mais proteínas do que meio hectare de pastagem reservado à produção de
carne. Meio hectare de espinafre, 28 vezes mais proteína. Fatos económicos
como estes eram conhecidos dos antigos gregos. Na República de Platão,
Sócrates, o grande filósofo grego, recomendava uma dieta vegetariana porque ela
permitiria ao país usar de maneira mais inteligente seus recursos agrícolas. Ele
alertou que, se as pessoas começassem a alimentar-se de animais, haveria maior
necessidade de campos de pastagens. "E a nação que era capaz de sustentar seus
habitantes originais se tornará, agora, muito pequena; e isso não é bastante?",
perguntou ele a Glauco, o qual respondeu que isto era de fato verdadeiro. "E,
consequentemente, iremos à guerra, Glauco, não iremos?" Ao que Glauco
replicou: "Com toda a certeza".
É interessante notar que o consumo de carne desempenhou um notável papel
em muitas das guerras durante a era da expansão colonial europeia. O comércio
de especiarias com a índia e com outras nações do Oriente foi motivo de grande
contenção. Os europeus mantinham-se com uma dieta de carne preservada com
sal. Com o objetivo de dissimular e variar o sabor monótono e desagradável de
sua comida, eles compravam avidamente grandes quantidades de temperos. Tão
colossais eram as fortunas feitas com o comércio de especiarias que os governos
e os mercadores não hesitavam em valer-se das armas para garantir as fontes de
suprimentos.
Na era atual, ainda existe a possibilidade de conflitos de massa tendo como
base o alimento. Em agosto de 1974, a Agência Central de Inteligência (CIA)
publicou um relato avisando que em futuro próximo poderá não haver alimento
suficiente para a população do mundo, "a menos que as nações ricas diminuam
rápida e drasticamente seu consumo de animais criados com cereais".

Poupando dinheiro
através de uma dieta vegetariana
Desviemo-nos, agora, da situação geopolítica do mundo e dirijamo-nos a
nossos próprios livros. Embora não se divulgue amplamente, os cereais, os
feijões e o leite são uma fonte excelente de proteína de alta qualidade. Peso por
peso, muitos alimentos vegetais são fontes mais ricas deste nutrimento do que a
carne. Uma porção de 100 gramas de carne contém apenas 20 gramas de
proteína. Outro fato a ser considerado é que a carne contém mais de 50% de água
por peso. Comparativamente, uma porção de 100 gramas de queijo ou de lentilhas
fornece 25 gramas de proteína ao passo que 100 gramas de soja fornecem 34
gramas de proteína. Mas, embora a carne forneça menos proteína, ela custa muito
mais. Uma análise local nos supermercados de Los Angeles em agosto de 1983
revelou que um quilo de lombo de vaca custava 3,89 dólares, ao passo que
ingredientes essenciais para deliciosas refeições vegetarianas custavam em média,
menos de cinquenta centavos por quilo. Um copinho de 227 gramas de requeijão
ao custo de 59 centavos de dólar provê 60% da necessidade mínima diária de
proteína. Ao se tornar vegetariana, cada pessoa que faz as compras da casa
poderia economizar pelo menos centenas de dólares por ano e milhares de dólares
ao lon-f,o de sua vida. Como um todo, os americanos poupariam bilhões de
dólares anualmente. Considerando tudo isto, torna-se difícil compreender por
que alguém não se tornaria vegetariano.
"Faze aos Outros..."
Não tenho dúvida de que a suspensão do consumo de animais faz parte integrante do destino da
raça humana em seu aperfeiçoamento gradual.
Thoreau

Sinto que o progresso espiritual requer, em uma determinada etapa, que paremos de matar nossos
companheiros, os animais, para satisfação de nossos desejos corpóreos.
Gandhi

A cada ano matam-se 134 milhões de mamíferos e 3 bilhões de aves para alimento
nos Estados Unidos. Mas poucas pessoas fa/em qualquer ligação consciente entre
esta matança e os produtos cárneos que aparecem em suas mesas. Nos anúncios de
lolcvisão um palhaço chamado Ronald McDonald diz às crianças i|iic o hamburger
nasce nas "formas de hamburger". A verdade não é tão agradável — os matadouros
comerciais assemelham-se ;i visões do inferno. Animais a berrar são golpeados por
açoites e malho, por choque elétrico e por armas de concussão. Eles são, rnlão,
suspensos pêlos pés e transportados através das fábricas da morte em sistemas
condutores mecanizados. Muitas vezes, ainda vivos, suas gargantas são furadas e sua
carne cortada. Descrevendo suas impressões de uma visita feita a um matadouro, o
1'íinipeão de ténis Peter Burwash escreveu em seu livro A ViWtarian Primer. "Não
costumo me amedrontar muito facilmente. Eu jogava hóquei até quando me fizeram
engolir metade dos meus dentes. E sou altamente competitivo em quadra de iniis,
mas aquela experiência no matadouro aterrorizou-me.
Gosto Superior
"ttize aos Outros..."
22
23
Quando saí de lá, eu sabia que nunca mais maltrataria um animal novamente! Eu
conhecia todos os argumentos fisiológicos, económicos e ecológicos que apoiavam
o vegetarianismo, mas foi a experiência direta da crueldade do homem para com os
animais que estabeleceu o verdadeiro alicerce de meu compromisso com o
vegetarianismo".

A Grécia e Roma antigas


Considerações éticas sempre têm impelido muitas das maiores personalidades do
mundo a adotarem uma dieta vegetariana. Pitágoras, famoso por suas contribuições à
Geometria e à Matemática, disse: "Oh! queridos companheiros, não profaneis vossos
corpos com alimentos pecaminosos. Nós temos milho, temos maçãs que curvam os
galhos com seu peso e uvas crescendo nos vinhedos. Há ervas de sabor doce e
legumes que podem ser cozidos e abrandados no fogo, nem se nos nega o leite ou o
mel perfumado com menta. A terra proporciona um suprimento exuberante de
riquezas, de alimentos inocentes e oferece-nos banquetes que não envolvem
derramamento de sangue ou matança; somente as feras satisfazem sua fome com
carne, mas nem todas elas, pois os cavalos, o gado e as ovelhas subsistem de grama".
O biógrafo Diógenes conta-nos que Pitágoras comia pão e mel pela manhã e
legumes crus à noite. Ele também pagava aos pescadores para que estes jogassem
sua pesca de volta ao mar.
Em um ensaio intitulado "Acerca do Consumo da Carne" o autor romano
Plutarco escreveu: "Podeis realmente perguntar que motivo tinha Pitágoras para se
abster de carne? De minha parte não entendo através de que acidente e em que
estado de espírito foi que a primeira pessoa sujou sua boca com sangue e levou seus
lábios em direção à carne de uma criatura morta, pôs mesas de corpos mortos e em
decomposição e ousou chamar de alimento e nutrição as partes que pouco antes
haviam bramido e chorado, movimentavam-se e viviam. Como poderiam os olhos
suportar a matança em que as gargantas eram perfuradas, a pele
esfolada e os membros arrancados? Como poderia seu nariz aguentar o fedor?
Como é que a contaminação não ensombrava seu paladar, o qual fazia contato com
as misérias dos outros e sorvia os sucos e os soros de feridas mortais? Certamente
não são leões e lobos que comemos para defesa pessoal; pelo contrário, ignoramos
estes e chacinamos criaturas dóceis e inofensivas, sem presas ou dentes para nos
atacar. Por um pouco de carne tiramo-lhes o sol, a luz e a duração de suas vidas a
que elas têm direito por seu nascimento e por sua existência".
Ele, então, lançou este desafio aos carnívoros: "se afirmais ser naturalmente
projetados para esta dieta, então primeiramente matais vós mesmos aquilo que
desejais comer. Entretanto, lazei isto somente através de vossos próprios recursos,
sem ajuda de um cutelo, de um cacete ou de qualquer tipo de machado".

Da Vinci, Rousseau, Franklin...


Leonardo Da Vinci, o grande pintor, inventor, escultor e poeta da Renascença,
epitomou a abordagem ética ao vegetarianismo. Ele escreveu: "Aquele que não dá
valor à vida não a merece". Ele considerava os corpos dos comedores de carne
como sendo locais de sepultamento", sepulturas dos animais que eles comiam. Seus
livros e anotações estão cheios de passagens que mostram sua compaixão pelas
criaturas vivas. Ele lamentava: "Números incontáveis destes animais terão seus
filhos arrancados deles, rasgados e barbaramente trucidados".
O filósofo francês Jean Jaques Rousseau era um defensor da ordem natural. Ele
observou que os animais carnívoros são geralmente mais cruéis do que os
herbívoros. Ele concluiu, portanto, que uma dieta vegetariana produziria uma pessoa
mais compassiva. Chegou mesmo a aconselhar que não se permitisse i|iic os
açougueiros testemunhassem no tribunal ou que se sentassem no júri. Em The Wealth
ofNations (A Riqueza das Nações) o economista Adam Smith proclamou as
vantagens de uma dieta ve-iriariana. "Pode-se, de fato pôr em dúvida se a carne dos
açougues
Gosto Superior
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ln:i' ti/is Outros..."
é, de alguma maneira, necessária à vida. Grãos e outros legumes, juntamente com o
leite, queijo e manteiga, ou óleo, caso não se tenha manteiga, propiciam a dieta mais
completa, saudável, nutritiva e revigorante. Em nenhum lugar o decoro impõe que
alguma pessoa deva comer carne". Considerações semelhantes motivaram Benjamin
Franklin a se tornar um vegetariano aos dezesseis anos de idade. Franklin lucrou daí
"maior progresso dessa maior clareza de pensamento e mais rápida compreensão". Em
seus escritos auto-biográficos ele chamava o consumo de carne de "assassinato
imotivado". O poeta Shelley era vegetariano convicto. Em seu ensaio "Em Defesa da
Dieta Natural", ele escreveu: "Que o defensor da alimentação animal seja forçado a
uma experiência da conveniência da mesma e, como recomenda Plutarco rasgue, um
cordeiro vivo com seus dentes e, mergulhando sua cabeça nos órgãos vitais deste, mate
sua sede com o sangue fumegante... então, e só então, ele teria alguma lógica". O
interesse de Shelley pelo vegetarianismo começou quando ele era estudante em Oxford,
e ele e Harriet, sua esposa, adotaram a dieta logo após o seu casamento. Em uma carta
datada de 14 de março de 1812, sua esposa escreveu a uma amiga: "Nós abandonamos
a carne e adotamos o sistema pitagorista". Shelley, em seu poema Queen Mab,
descreveu um mundo utópico onde as pessoas não matavam animais para se alimentar.

...agora de não mais


Mata o cordeiro que o olha com confiança, E brutalmente devora sua macerada carcaça, A
qual, ainda implorando da natureza a vingança, Atiça todos os humores pútridos de sua
devassa: Todas as paixões daninhas, todas as vãs crenças, Ódio, desespero e desprezo em sua
mente, Os germes da miséria, morte, crime e doenças.
O escritor russo Leon Tolstoy tornou-se vegetariano em IHX5. Abandonando o
esporte da caça, ele defendia o "pacifis-nio vegetariano" e era contrário a que se
matassem mesmo as menores entidades vivas, tais como as formigas. Ele sentia haver
uma progressão natural da violência que conduzia inevitavelmente a sociedade humana
à guerra. Em seu ensaio "O Primeiro Passo", Tolstoy escreveu que o consumo de carne
é "simplesmente imo-i;il, visto que envolve a execução de um ato contrário a conduta
moral: matar". Tolstoy acreditava que, ao matar, "o homem suprime em si mesmo,
desnecessariamente, a capacidade espiritu-íil mais elevada — a da compaixão para com
os seres vivos como f i e — e, ao violar seus próprios sentimentos, torna-se cruel".
O compositor Richard Wagner acreditava que toda vida era sagrada. Ele via no
vegetarianismo a "dieta da natureza", a qual poderia salvar a humanidade das
tendências violentas e ajudar-nos a retornar ao "Paraíso há muito perdido".
Em muitas ocasiões de sua vida, Henry David Thoreau foi um vegetariano.
Embora sua prática fosse, na melhor das hipó-lf sés, irregular, ele reconhecia suas
virtudes. Em Walden ele es-uvvcu: "Não é uma vergonha que o homem seja um
animal f arnívoro? É verdade que ele pode viver, e vive, em granda me-ilida, da
captura de outros animais; mas isto é uma forma mise-l ávcl — como qualquer pessoa
que pegar coelhos numa armadilha ou matar cordeiros poderá aprender — e será
considerado um benfeitor de sua raça aquele que ensinar às pessoas a st- restringir a
uma dieta mais inocente e saudável. Qualquer que seja minha prática, não tenho dúvida
de que a suspensão do consumo de animais faça parte integrante do destino da raça
humana em seu aperfeiçoamento gradual, da mesma forma que as li ihos selvagens
deixaram de ser antropófagas ao entrarem em mulato com as mais civilizadas".
"l-aze aos Outros..."
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Gosto Superior
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O Século XX
Desnecessário se faz dizer que Mohandas Gandhi, o grande apóstolo da não-violência
do Século XX, era vegetariano. Seus pais, sendo devotos hindus, nunca lhe deram
carne, peixes ou ovos. Todavia, sob a regulação britânica, houve uma grande
investida contra os princípios milenares da cultura indiana. Debaixo de tais pressões,
muitos indianos passaram a adotar os hábitos carnívoros do Ocidente. Mesmo Gandhi
foi vítima dos conselhos de alguns de seus colegas de classe que instavam a que ele
comesse carne, pois ela aumentaria sua força e coragem. Mas, depois, ele assumiu
novamente uma dieta vegetariana e escreveu: "É necessário que se corrija o erro de que
o vegetarianismo nos tenha tornado fracos de mente ou passivos ou inertes de ação. Não
considero a alimentação carnívora necessária em qualquer etapa". Ele escreveu cinco
livros sobre vegetarianismo. Sua própria dieta diária incluía germe de trigo, pasta de
amêndoa, hortaliças, limões e mel. Ele fundou a Fazenda Tolstoy, uma comunidade
baseada em princípios vegetarianos. Em seu livro A Base Moral do Vegetarianismo,
Gandhi escreveu: "Eu considero a alimentação cárnea inadequada à nossa espécie. Er-
ramos ao copiar o mundo animal inferior se somos superiores a ele". Ele percebia que os
princípios éticos eram uma base mais sólida para a adesão a um regime vegetariano que
as razões de saúde. "Sinto", afirmou ele, "que o progresso espiritual requer, em uma
determinada etapa, que paremos de matar nossos companheiros, os animais, buscando
satisfazer nossos desejos corpóreos".
O dramaturgo George Bernard Shaw tentou primeiramente tornar-se vegetariano aos
25 anos de idade. "Foi Shelley quem por primeiro abriu meus olhos para a selvageria de
minha dieta", escreveu ele em sua auto-biografia. Os médicos de Shaw avisaram-no
de que a dieta iria matá-lo. Quando já estava velho, perguntaram-lhe porque ele não
mostrava a eles o bem que a dieta lhe fez. Ele replicou: "Eu gostaria, mas eles já
faleceram
anos atrás!" Certa vez, alguém lhe perguntou porque ele parecia tão jovem. "Não, eu
não pareço", retrucou ele. "Aparento a idade que tenho. São as outras pessoas que
parecem ser mais velhas do que são. Que pode você esperar de pessoas que comem
cadáveres?" Sobre a correlação entre o consumo de carne e a violência na sociedade
humana, Shaw escreveu:

Oramos aos domingos para que possamos ter luz Que guie nossas passadas na
trilha que palmitamos; Estamos saturados de guerra, o conflito não nos seduz;
Mesmo assim é dos mortos que nos fartamos.

H. G. Wells escreveu acerca do vegetarianismo em sua visão de um mundo futuro,


A Modern Utopia. "Em todo o mundo da Utopia não existe carne. Costumava haver.
Mas agora não podemos tolerar a ideia dos açougues. E, em uma população educada e
com aproximadamente o mesmo nível de boa condição física, é praticamente
impossível encontrar alguém que degole um boi ou um porco... Ainda posso
recordar, em minha juventude, a alegria ao fechar o último matadouro".
O escritor Isaac Bashevis Singer, ganhador do prémio Nobel, lornou-se vegetariano
em 1962, aos 58 anos de idade. Ele disse: "Naturalmente lamento agora que tenha
esperado tanto, mas antes larde do que nunca". Ele julga o vegetarianismo muito
compatível com seu sistema místico de judaísmo. "Todos nós somos criaturas de
Deus — é incoerente o fato de orarmos a Deus por misericórdia e justiça, enquanto
continuamos a comer a carne dos animais que são mortos por nossa própria causa"...
Embora aprecie o aspecto saudável do vegetarianismo, ele afirma muito claramente
que a consideração ética é primária. "Mesmo que demonstrassem que comer carne
faz bem para a saúde, ainda iissim eu certamente não a comeria".
Singer denota pouca paciência com as justificativas inteirei uais para o
consumo de carne. "Vários filósofos e líderes

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