Gosto Superior
Receitas Internacionais Guia Prático do Vegetarianismo
Introdução
Influenciadas por fatores que variam desde a saúde e a economia até a ética e a
religião, milhões de pessoas ao redor do mundo estão se voltando para uma dieta
vegetariana.
Gosto Superior explica claramente as várias razões pelas quais as pessoas
deixam de comer carne. Nele estão contidas mais de 60 receitas de pratos
vegetarianos que superarão os prazeres, encontrados, na alimentação habitual,
transportando-nos,
ffitãc?, a nwaa v^i^cilcacïaa cfc <iclít,iít3 çrarudisíu^us. Sc YOGÚ
^empre pensava que ser vegetariano significa comer apenas al-guns legumes
cozidos e saladas frias, prepare-se então, para uma grande surpresa. Com Gosto
Superior, você aprenderá a prepa-rar refeições completas, nutritivas e saborosas. As
receitas foram escolhidas por causa de sua simplicidade e preparo fácil e rápido.
Também tão importante quanto os ingredientes que você usa para cozinhar é a
sua consciência. Gosto Superior mostra :omo qualquer pessoa pode transformar
uma rotina diária em uma experiência bem aventurada e iluminante. O ato de preparar
alimento vegetariano que não acarreta karma é uma parte integrante do mais elevado
sistema de yoga e meditação descrito nos ensinamentos intemporais da literatura
védica indiana. No Bhagavad-gïtã o Senhor Krsna afirma: "Se alguém Me oferecer,
com amor e devoção, uma folha, uma flor, frutas ou água, Eu as aceitarei". A pessoa
que prepara alimento vegetariano puro e natural e em seguida o oferece ao Senhor
Supremo automaticamente sentirá o despertar do sublime prazer espiritual no
coração.
O Senhor Supremo é descrito nos Vedas como o reservatório de todo o prazer e, para
aumentar Seu prazer, Ele Se expande -través de Sua energia de prazer em incontáveis
seres vivos que têm o propósito de compartilhar de Seu desfrute. Todos nós somos
partes dessa potência eterna de prazer e, pelo simples ato de prepararmos o
alimento para o prazer de Deus, podemos experimentar gozo transcendental.
Você perceberá isso tão logo saboreie a comida que você ofereceu. Como disse o
ex-beatle George Harrison certa vez em uma entrevista: "Quando você sabe que
alguém cozinhou algo com relutância, isso não tem um sabor tão agradável
quanto o alimento que, feito para atrair e agradar a Deus, é-Lhe oferecido
primeiramente. Basta isto para que o alimento fique muito mais saboroso". É isso
que queremos dizer com "um gosto superior".
O Capítulo Primeiro revela como a pesquisa médica moderna mostra grandes
relações entre o consumo de carne e as doenças fatais, como o câncer e doenças
cardíacas. O Capítulo Segundo expõe o mito da escassez alimentar mundial e
esclarece as vantagens económicas que a dieta vegetariana propicia à sociedade e
ao indivíduo. No Capítulo Terceiro, demonstram-se os fundamentos éticos do
vegetarianismo, focalizando os escritos de alguns dos maiores líderes religiosos,
escritores e filósofos do mundo, dentre os quais Pitágoras, Platão, Leonardo da
Vinci, Rousseau, Franklin, Shelley, Tolstoy, Thoreau, Gandhi e outros. Também
se examina o princípio da não-violência, conforme defendido nos ensinamentos
do judaísmo, cristianismo, budismo e hinduísmo. Uma análise de como as leis do
karma e a reencarnação se relacionam com o vegetarianismo forma a base do
Capítulo Quarto. O Capítulo Quinto explica em pormenores a lógica e os
procedimentos de se oferecer alimento vegetariano ao Senhor Supremo como parte
do sistema de bhakti-yoga. No Capítulo Sexto, trechos dos escritos de Srïla
Prabhupãda, a maior autoridade sobre a cultura védica, fornecem um resumo
muito conciso e de fácil leitura da filosofia por trás da dieta vegetariana espiritual
delineada em Gosto Superior.
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Digerindo a carne
Uma vez no estômago, a carne necessita de sucos digestivos altamente
concentrados em ácido clorídrico. Os estômagos dos seres humanos e dos
herbívoros produzem menos de um vigésimo de concentração de ácidos em relação
aos carnívoros.
Doença cardíaca
A incapacidade do corpo humano de lidar com gorduras animais em excesso é
outra indicação de que o consumo de carne não é algo natural. Os animais carnívoros
podem metabolizar quantidades quase ilimitadas de colesterol e de gorduras sem
quaisquer efeitos adversos. Em experiências com cachorros, foram adicionados até 225
gramas de gordura de leite à sua dieta diária em um período de dois anos sem que
ocorresse absolutamente qualquer alteração em seu nível sérico de colesterol.
Por outro lado, seres vegetarianos têm uma capacidade muito limitada de lidar
com qualquer nível de colesterol ou de gordura saturada que ultrapasse o limite
requerido pelo corpo. Quando há consumo excessivo no decorrer de muitos anos,
depósitos gordurosos (placas) acumulam-se nas paredes internas das artérias,
desencadeando o aparecimento de uma condição conhecida como arterosclerose, ou
endurecimento das artérias. Uma vez que as placas depositadas dificultam o fluxo de
sangue para o coração, aumenta-se tremendamente o potencial para ataques
cardíacos, derrames e coágulos sanguíneos.
6 Gosto Superior
Câncer
Uma evidência a mais da inconveniência do trato intestinal humano para a digestão de
carne é a relação, estabelecida por numerosos estudos, entre o câncer de cólon e o hábito
de comer carne.4 Uma razão para a incidência de câncer é o conteúdo rico em gorduras e
pobre em resíduos de uma dieta centralizada na carne. Isto resulta em um trânsito lento
através do cólon, permitindo que os detritos tóxicos executem seu dano. O Dr. Sharon
Fleming do Departamento de Ciências Nutricionais da Universidade da Califórnia em
Berkeley afirma: "Parece que a fibra na dieta ajuda a reduzir a frequência de... câncer de
cólon e câncer retal".5 Além do mais sabe-se que enquanto digerida, a carne produz
metabólitos esteróides que têm propriedades carcinogcnicas (que produzem câncer).
À medida que as pesquisas continuam, a evidência correlacionando o consumo de
carne com outras formas de câncer está se acumulando a uma velocidade alarmante. A
Academia Nacional de Ciências relatou em 1983 que "as pessoas serão capazes de prevenir
muitos tipos de câncer ao comer menos
Saúde e uma Dieta que não Contenha Carne l
Doenças na carne
Além das substâncias químicas perigosas, a carne frequentemente contém
doenças dos próprios animais. Apinhados em condições sujas, alimentados à força e
tratados com desumanidade, os animais destinados à matança contraem muito mais
doenças do que normalmente contrairiam. Os inspetores da carne tentam eliminar os
produtos inaceitáveis, mas devido a pressões da indústria e à falta de tempo
suficiente para exame, muito do que é aprovado é muito menos saudável do que os
compradores de carne imaginam.
Em 1972 um relato do Departamento de Agricultura dos listados Unidos arrola
as carcaças permitidas pela inspeção depois que as partes doentes foram removidas.
Os exemplos incluíam quase 100.000 vacas com câncer de olho e 3.596.302 casos
ik- fígado obscedido. O governo permite também, o comércio de
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Saúde e uma Dieta que não Contenha Carne
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galinhas com uma doença parecida com a pneumonia, que ocasiona o acúmulo de
muco carregado de pus nos pulmões. A fim de satisfazer os requisitos federais, as
cavidades toráxicas das galinhas são aspiradas com aparelhos de sucção de ar. Mas
durante este processo os sacos aéreos doentios rompem-se e o pus derrama-se pela
carne.
Tem-se verificado que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos tem
se mostrado frouxo em impor seus próprios requisitos inadequados. Em função de
observar as agências ins-petoras federais a Repartição Geral de Relatos acusou o
Departamento de Agricultura por sua falha em corrigir diversas violações dos
matadouros. Carcaças contaminadas com fezes de roedores, baratas e bolor foram
descobertas em companhias que vendem carne enlatada tais como a Swift e a
Armour.10 Alguns inspetores tentam explicar essas concessões alegando que, caso
as regulações fossem aplicadas, nenhuma companhia de carne enlatada seria capaz
de continuar seu comércio.
Conflito social
O processo desgastante da produção de carne, que requer maiores extensões
de terra do que a agricultura dos vegetais, tem sido uma fonte de conflito
económico na sociedade humana por milhares de anos. Um estudo publicado em
Plant Foods for Human Nutrition revela que meio hectare de cereais produz cinco
vezes mais proteínas do que meio hectare de pastagem reservado à produção de
carne. Meio hectare de espinafre, 28 vezes mais proteína. Fatos económicos
como estes eram conhecidos dos antigos gregos. Na República de Platão,
Sócrates, o grande filósofo grego, recomendava uma dieta vegetariana porque ela
permitiria ao país usar de maneira mais inteligente seus recursos agrícolas. Ele
alertou que, se as pessoas começassem a alimentar-se de animais, haveria maior
necessidade de campos de pastagens. "E a nação que era capaz de sustentar seus
habitantes originais se tornará, agora, muito pequena; e isso não é bastante?",
perguntou ele a Glauco, o qual respondeu que isto era de fato verdadeiro. "E,
consequentemente, iremos à guerra, Glauco, não iremos?" Ao que Glauco
replicou: "Com toda a certeza".
É interessante notar que o consumo de carne desempenhou um notável papel
em muitas das guerras durante a era da expansão colonial europeia. O comércio
de especiarias com a índia e com outras nações do Oriente foi motivo de grande
contenção. Os europeus mantinham-se com uma dieta de carne preservada com
sal. Com o objetivo de dissimular e variar o sabor monótono e desagradável de
sua comida, eles compravam avidamente grandes quantidades de temperos. Tão
colossais eram as fortunas feitas com o comércio de especiarias que os governos
e os mercadores não hesitavam em valer-se das armas para garantir as fontes de
suprimentos.
Na era atual, ainda existe a possibilidade de conflitos de massa tendo como
base o alimento. Em agosto de 1974, a Agência Central de Inteligência (CIA)
publicou um relato avisando que em futuro próximo poderá não haver alimento
suficiente para a população do mundo, "a menos que as nações ricas diminuam
rápida e drasticamente seu consumo de animais criados com cereais".
Poupando dinheiro
através de uma dieta vegetariana
Desviemo-nos, agora, da situação geopolítica do mundo e dirijamo-nos a
nossos próprios livros. Embora não se divulgue amplamente, os cereais, os
feijões e o leite são uma fonte excelente de proteína de alta qualidade. Peso por
peso, muitos alimentos vegetais são fontes mais ricas deste nutrimento do que a
carne. Uma porção de 100 gramas de carne contém apenas 20 gramas de
proteína. Outro fato a ser considerado é que a carne contém mais de 50% de água
por peso. Comparativamente, uma porção de 100 gramas de queijo ou de lentilhas
fornece 25 gramas de proteína ao passo que 100 gramas de soja fornecem 34
gramas de proteína. Mas, embora a carne forneça menos proteína, ela custa muito
mais. Uma análise local nos supermercados de Los Angeles em agosto de 1983
revelou que um quilo de lombo de vaca custava 3,89 dólares, ao passo que
ingredientes essenciais para deliciosas refeições vegetarianas custavam em média,
menos de cinquenta centavos por quilo. Um copinho de 227 gramas de requeijão
ao custo de 59 centavos de dólar provê 60% da necessidade mínima diária de
proteína. Ao se tornar vegetariana, cada pessoa que faz as compras da casa
poderia economizar pelo menos centenas de dólares por ano e milhares de dólares
ao lon-f,o de sua vida. Como um todo, os americanos poupariam bilhões de
dólares anualmente. Considerando tudo isto, torna-se difícil compreender por
que alguém não se tornaria vegetariano.
"Faze aos Outros..."
Não tenho dúvida de que a suspensão do consumo de animais faz parte integrante do destino da
raça humana em seu aperfeiçoamento gradual.
Thoreau
Sinto que o progresso espiritual requer, em uma determinada etapa, que paremos de matar nossos
companheiros, os animais, para satisfação de nossos desejos corpóreos.
Gandhi
A cada ano matam-se 134 milhões de mamíferos e 3 bilhões de aves para alimento
nos Estados Unidos. Mas poucas pessoas fa/em qualquer ligação consciente entre
esta matança e os produtos cárneos que aparecem em suas mesas. Nos anúncios de
lolcvisão um palhaço chamado Ronald McDonald diz às crianças i|iic o hamburger
nasce nas "formas de hamburger". A verdade não é tão agradável — os matadouros
comerciais assemelham-se ;i visões do inferno. Animais a berrar são golpeados por
açoites e malho, por choque elétrico e por armas de concussão. Eles são, rnlão,
suspensos pêlos pés e transportados através das fábricas da morte em sistemas
condutores mecanizados. Muitas vezes, ainda vivos, suas gargantas são furadas e sua
carne cortada. Descrevendo suas impressões de uma visita feita a um matadouro, o
1'íinipeão de ténis Peter Burwash escreveu em seu livro A ViWtarian Primer. "Não
costumo me amedrontar muito facilmente. Eu jogava hóquei até quando me fizeram
engolir metade dos meus dentes. E sou altamente competitivo em quadra de iniis,
mas aquela experiência no matadouro aterrorizou-me.
Gosto Superior
"ttize aos Outros..."
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Quando saí de lá, eu sabia que nunca mais maltrataria um animal novamente! Eu
conhecia todos os argumentos fisiológicos, económicos e ecológicos que apoiavam
o vegetarianismo, mas foi a experiência direta da crueldade do homem para com os
animais que estabeleceu o verdadeiro alicerce de meu compromisso com o
vegetarianismo".
O Século XX
Desnecessário se faz dizer que Mohandas Gandhi, o grande apóstolo da não-violência
do Século XX, era vegetariano. Seus pais, sendo devotos hindus, nunca lhe deram
carne, peixes ou ovos. Todavia, sob a regulação britânica, houve uma grande
investida contra os princípios milenares da cultura indiana. Debaixo de tais pressões,
muitos indianos passaram a adotar os hábitos carnívoros do Ocidente. Mesmo Gandhi
foi vítima dos conselhos de alguns de seus colegas de classe que instavam a que ele
comesse carne, pois ela aumentaria sua força e coragem. Mas, depois, ele assumiu
novamente uma dieta vegetariana e escreveu: "É necessário que se corrija o erro de que
o vegetarianismo nos tenha tornado fracos de mente ou passivos ou inertes de ação. Não
considero a alimentação carnívora necessária em qualquer etapa". Ele escreveu cinco
livros sobre vegetarianismo. Sua própria dieta diária incluía germe de trigo, pasta de
amêndoa, hortaliças, limões e mel. Ele fundou a Fazenda Tolstoy, uma comunidade
baseada em princípios vegetarianos. Em seu livro A Base Moral do Vegetarianismo,
Gandhi escreveu: "Eu considero a alimentação cárnea inadequada à nossa espécie. Er-
ramos ao copiar o mundo animal inferior se somos superiores a ele". Ele percebia que os
princípios éticos eram uma base mais sólida para a adesão a um regime vegetariano que
as razões de saúde. "Sinto", afirmou ele, "que o progresso espiritual requer, em uma
determinada etapa, que paremos de matar nossos companheiros, os animais, buscando
satisfazer nossos desejos corpóreos".
O dramaturgo George Bernard Shaw tentou primeiramente tornar-se vegetariano aos
25 anos de idade. "Foi Shelley quem por primeiro abriu meus olhos para a selvageria de
minha dieta", escreveu ele em sua auto-biografia. Os médicos de Shaw avisaram-no
de que a dieta iria matá-lo. Quando já estava velho, perguntaram-lhe porque ele não
mostrava a eles o bem que a dieta lhe fez. Ele replicou: "Eu gostaria, mas eles já
faleceram
anos atrás!" Certa vez, alguém lhe perguntou porque ele parecia tão jovem. "Não, eu
não pareço", retrucou ele. "Aparento a idade que tenho. São as outras pessoas que
parecem ser mais velhas do que são. Que pode você esperar de pessoas que comem
cadáveres?" Sobre a correlação entre o consumo de carne e a violência na sociedade
humana, Shaw escreveu:
Oramos aos domingos para que possamos ter luz Que guie nossas passadas na
trilha que palmitamos; Estamos saturados de guerra, o conflito não nos seduz;
Mesmo assim é dos mortos que nos fartamos.