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CAPITULO 11
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Aafirmação da Cepal : ..
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Antes de Havana, Prebisch tinha encarado a Cepal como um ator secun dário no 'I "",
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jogo interamericano. Foi para Havana como assessor por pouco tempo com uma " ,,'
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única ideia na cabeça: apresentar um relatório que resgataria os anos que' passara ,1~
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elaborando uma nova abordagem ao desenvolvimento econômico da América \~. . .
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.i Latina. Seu contrato expiraria cm 31 de julh o. I .
I Depois da experiência de Havana, no entanto, convenceu-se de que, sob sua j '.' .' : .:
! .... . '5"
I liderança, a Cepal poderia tornar-se um poderoso instrumento de canalização do
regionalismo que o relatório tinha provocado. A aparente desvantagem da locali-
\
I zação em Santiago poderia ser transformada em vantagem: quanto maior a dis-
!• tãncia deWaash'lngton e d a sed e da ONU em Nova York, maior a defesa contra a.
,I .' . " ,", " \ ~' .,. ,~i
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onodoxia deles e - . . " ;
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Um centro de
Aliança Ati" .
contra a pressao para se subordinar, A C epal prospcrana como
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pesquisa exc usivamenn- latino-americano longe da rigidez da ,',-"
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nhum id anticn, Desde 1945 ' economistas
li o POUcas opçôe I' d
tados U id
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atino-americanos
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qu,alifi ca d os n-
s a em as organizações mternacionaís baseadas nos Es-
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nt OSe n E
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COntrape ' a uropa; a Cepal se tornaria uma localização alternativa e um " ..
f , so Intelectual ' . .'
Ideiasaue para essa sangna de talentos, oferecendo um centro de , .,
\ anOrno em u b d . . .
pioradas S . q e a or agens locais ao desenvolvimento podenam ser ex"
. . . anttago pode . • " . .
Praltca nas t na se tornar um laboratono regional para ligar teona e ". , ;,
r . arefas urgent d d . : .....
e\'J.talizada a es o esenvolvimento. Uma Cepal com esse objetivo, .....
to p r SUa lideran derl ..·.~· i:
n e Nova " k ça, po ena estancar o êxodo de talentos para Washing-
U mr' . - .. ,: ,,- . ~
rquidi na re " ' mantendo jovens economistas como Celso Furtado c V íctor
tod glao, enri .
. as as áreas . quecendo Santiago pela reunião de latino-americanos de
, aproVeltand . .
, o suas diferentes experiências c, em geral, promovendo
' ;'
.2" •• ~L ,u a l S C ~~.. A CONsuuçAO DA AMlRICA LATINA E DO TERCE
110 MU>lDo
21,
. _: latino-americanos e instituições de pesquisa no 1"...... d
c
di sob,~ ...-
c:conol l - ""b..... e &r2Ild ~nda não estava superado. A Cepal tinha mais d .
• internacionais como o FMI e o Banco Mundial U
ões
• , OIS anos para·se
garozaç.... . . . . ma Cepa) tIOf. · mostraJ'
necessária. O presngro e o talento de Prebisch c:ram
.
.
necessários para
poderi a atrair economistas
.
na América do Norte e da Europa COmpro %h .
lI1a1l ter
o impulso. Os temores de MartInez-Cabanas mostraram .
com O d esenvolvUnento, mas
."
em busca de percepções e l!YnPriênCl'
. -'r~
~
aspara além
' .
~.lh quando o Conselho EconÓmICO e SOCial analisou sem e tu .
-se reais em
j-o, . " n Slasmo o de-
alternativas transatlânticas tradicionais. Em suma, Prebisch percebeu das ......ho da Cepal, advertmdo contra a burocratização" ci"'-d
, ' ..., o COmo exem-
~
sell1l""'~
um a liderançaapropriada, a Cepal se tornaria um centro poderoso d id CO!n
e i elaSe~ plo a criação ~a ~omissão ~e Comércio Permanente tão desejada pelo
emvezde só mais uma pequena agência da ONU no fim do mundo. secretário executivo. Essa reaçao morna mostrava que ninguémem Santiago e
DavidOwen e outros funcionários da ONU logo entenderam ovalor de Prebiseb em Nova YorIe podia relaxar.
parao organismo.Tinham-no ouvido falar e viram o que ele conseguia fazer com li Martinez-Cabanas abordou Prebisch antes de os dois partirem de Havana.
plateias. Ali estavaum líder de verdade, e a ONU precisavade carisma para projeur Oinsistente secretário executivodeve ter se sentido comoo dr. Frankenstein: de
internacionalismo. Prebisch era do Sul, não da Europa ou da América do None,um precisara de Prebisch para Havana, e agora precisavaainda mais. Porém, como
pensador original e uma personalidade carismática. Owen sabia que a ONU devia Raúl era mais poderoso do que ele sob todos os aspectos,ele se arriscava a criar
. atraí-lo.Havia, é claro, a questão delicada de "EI desarrollo económico de Amélia ummonstro queprovavelmenteescaparia de seu controle. Algunsincidentes an-
Latina y algunos de sus principales problemas" (o Manifesto de Prebisch). AONU teriores tinham diminuído a consideração de Prebisch por seu chefe, como o
não podia inclui-lo entre os documentos aprovados em Havanaporque as miSlÕel pedido de que de o ajudasse a negociar um preço melhor em um conjunto de
dos Estados Unidos e de outros países ocidentais discordavam da tese central móveis comprado em Buenos Aires para sua residência em Santiago - isso no
Hans Singcr experimentara a mesma resistência naquele ano,e Prebisch pusenos meio dabatalha da Cepa! pela sobrevivência e da demissãode Raúl da uníversi-
países industriais ainda mais na defensiva.' Se a economia internacional era o dade.Mas eles chegarama um acordo. Em 16 de junho, Prebisch concordou em
único sistema global interdependente e se sua dinâmica favorecia a~nas ~ con- prorrogar seu contrato por nove meses, estendendo-o até 30 de abril de 1950.
, . .dad d ., desequillbno recata l2llto Anegociação revelou como diminuía o poder de Martinez-Cabanas: Prebisch
junto de países, então a responsabili e e corngir o . . ' . dusttWs~ concordou emficar S .
sobre os países vulneráveis (agrícolas) quanto sobre os pnvilegJ:Idos (UI \viJnCD' em annago, mas só se pudesse criar um centro de pesquisa
autônomo e trabalh .
. .. di - rtas para o desenvo ar como seu diretor, na verdade assumindo plenocontrole do
aid Manifesto
Somente uma ação combinada cnana as con çoes ce
di 'araCep o ~de pesquisas da Cepal, inclusive a preparação da "Investigación econõ-
to. Martínez-Cabanas concordou com Owen em sSOCl d "as idtJJs , tando o alcancedo secret.... • id d . . d
f . afirman o que politi • O
M.· . "
!O executivoa atlVl a es operacionais e e
de Prebísch, No final, Trygve Lie assinou um pre ãcio " e o teXto-coo' ca . acordo di .di .
. .' nte ao autor e qu to plena. IVI u o secretariado em dois componentes: Prebisch teria
. expressas nesterdatório pertencem mtelra1l1e d ó porque "o a§IllI autondade sob al
d blica o S . L . < OiÇam re o pesso lotado no centro", controle sobre seu próprio
trário à política norte-americana - estava sen o pu tes mais gradUJU"" ~nto e seria respe . 1 .
JlCnnan~ nsave sozinho por todos os estudos e relatórios. O pessoal
id "Os representan':"'oill ore nomeado "
é de vi.tal importância para as Nações U ru as . io 1 Adco>" do dixttor". O s .parao novo centro seria seIecionado a partir de-propostas
" .nho de exceÇ' tda*
da ONU consideraram "muito desejável esse earnt a
bilidadepelo . Qpres..__ ecretárioexecutivoseria mantido informado "parapossibilitar que
. di a respons I,atiJll' --..; suas idel "
ONU de insistir em que de assumisse o cré to e Yc k e na i\lJIétÍca 6cttlo ~ e insti . elas t mas o próprio Prebisch trataria das comunicações com
. no. .1ll1pulsi . íbílídade de Prcbl'sch em Nova
sionou a VlSI . orMaui>estO
_,f. u'VCSSe ..... tI~~_. tuições de fora. Com o a pesqwsa . . al mrssao
. era a pnnClp . - da Cepa!,
~. -YJiio de trabalh
, . d ue tena se o
deu-lhe um reconhecimento maior . o q . . cipal qlle !lCnn
anecia . o era na verdade um ,oup d'ltal realizado por uma pessoa
" ' . . . H alaprill.
misturado com os documentos de avana- . ' ara a Cep' . IêJIcllo OtitJ elll tl'<t:_reCIlicamente um "consultor" e ainda não era um funcionário da
. . d . essenCIaiS P d obre~l ~.~ - --ô&ü.e de tem . usula adi .
. . .06 planos de Prebisch eram am a mais boi instinto e S'd decJjinS' "C: o Sr. Preb' po Integral. Prebísch insistiu em uma clá ClO-
. H Com om . UI • .k1 tle Itri equi Isch se tornar membro do pessoal permanente da ONU[...]
beneficiária de seu papel em avana. .__ 1 ara a conUIl odel"""
, , P bl eh era V1r~ p sso,c Pirado na h'lerarquia ao principal diretor." Martinez- Cabanas-
Martinez-Cabafias percebeu que te 15 'do um fraca
. deria ter SI
tituição, Sem ele, a reunião de Havana po .: .
.. . . . / "~
l
'" . - .. ' """~--'""" , !If!'I!f" '. -:.f ....•. " "
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;.:,;~:F~~-;T; .:': ~~. A~O~SIR·UÇÃO OA A~tRrCA LÀTIHA E. DO .TE RC EI R O MU H O O
' 1" ,-' ·;. -" ~ ~ t ,~EIIS , • . _. , . .
manteve o cargo de secretário executivo P bi I; .
d d " , ,mas re Isch s - ali do valioso para encontrar.os caminhos certos
a e mais VISIVel da Cepal tanto em S ' e tornariaa"" _ tornando-se um a . . ' 1\ le
antrago qua r-1SOlll1i rganiZaçao, , A U id de Latino-AmerIcana, que Caustin e Auonso
aceitou esse acordo nto na re";ão \, . ao crátlco. ma , .
• ~ ' ~ft ~ labirinto.buro . funcionários. A partida de Croire (ele havia
na . . 'la m tinha poucos .
Em 5 de julho de 1949, Prebisch fez seu'
. b 'li d . Juramento na ONU Santa Cruz dlng ', )
Ar entlna tornou
as coisas ainda mais difíceis. Mas todos concor-
sim o co e sua nova carreira. Enviou um j , oC Om". \'Oltado para a g. caóticos que antecederam Havana e prometeram
" ,. a mensagem paraAd II .,. - repetlf os meses
que o proximo passo em no ssas vidas foi decid'd • E e ladiUnd<J daram em nao D partamento de Assuntos Econômicos e Sociais e .
i o. m Outra carr d li ções entre o e .
o novo acord o em termos apaixonados' el fi al . a, estrtlia melhorar as ga _ d gundo "I nform e económico" da Cepal, que sena
. . e n mente tena o cen , o a preparaçao o se
quisas que buscava havia tanto tempo c "em fi . . Iro de peso SanlIag n . _ de 5 a 21 de junho de 1950, em Montevidéu. Res-
per eltas condIções" N' tado na terceIra sessao,
tava mais da Argentina, mas de um enfoque regional I ' '. aO stln· apres en f Prebisch queria evitar a confusão e o quase fracasso do
. , _ ' atmo-amencano o nsável por essa tare a,
expandia a visao e o desafio. Eles se mudariam para S . C ,que POrimeU'o
• I nfiarme. JV "-1 it s dados informações e recursos para estudar as econo-
. antlago. omo Adcli UI o , . .
se encontraria com ele no México em 15 de julho t' h ~ p. . nas estavam em Nova York e em Washmgton. A Cepal preCl-
, m a pouco tempo Jllll mias latano-amenca .
alugar a casa em San Isidro e preparar a mudança . Ela conseguru . despachll
sava ter acesso a essas fontes. -
todos os móveis da casa em Chile, 563, mas o velho Citroenpermaneeeuoa Washington era um dilema mais difícil. O governo Truman abstivera-se da
garagem dos novos inquilinos - amigos banqueiros francesesdeRené Berger, votação de 1948 que criara a Cepal, e os Estados Unidos já tinham decidido que
que aceitaram assinar um .contrato de aluguel de um ano a 1.700 pesos por ela acabaria em 1951, depois do prazo de três anos. Um mês antes de Havana, o .
mês. (Raúl encomendou um Chevrolet grande, que chegoua Santiago deNova Conselho Econômico e Social da OEA reunira-se em sessão plenária e reco-
York em9 de outubro.) Em sua última noite na casa, Adelita descreveu seus mendara discussões com a ONU para assumir o orçamento da Cepal, mantendo "
sentimentos confusos por ter que deixar o país. Segundo ela,era "um pesadelo "alguns membros mais competentes no secretariado". O Departamento de Esta-
desistir de nossa casinha, na qual vivi tão feliz como sua assistenle",'Sentia do nãoalterou seu ponto de vista: a Cepa! e o conselho deviam "se fundir",s o que
que talvez nunca mais voltassem para Buenos Aires. . significavauma absorção. David Owen observou, de forma ácida, que aceitaria o
Antes de voltar para Santiago, vindo de Havana, Prebisch decidiu fomle~ ll plano dos Estados Unidos de sde que a nova organização "fundida" se reportasse .
hl
defesas diplomáticas da Cepal em Nova Ycork, W:as mgton e na
Cidadedo Mc:ero.
. a ~l~ em Nova York, em vez de à O EA em Washington. A resolução em Havana
" . h demonstradoquedepllC1' extgmdo que a Cepal melhorasse sua coordenação com a OEA era vista por to-
pois a segunda sessão e a reação ao seu relatono tIO aro . n.rte
. . , sobreviver Passou a maior r- dos comoum co d
sava de um apoio muito maior nessas capirars para ' . 'd d d 'Iéxiro 'di . mpasso e espera enquanto o futuro da Cepa! estava sendo de-
S ' VIaCl a e OJ' C1 do.Preblsch decidiu qu ONU . . d .
do verão em Washington e Nova York, e voltou para annago tura de fIO' W, h' ea precisava in uzir a mudança de atitude em
bi h f: ir 'wu-se com a estrU as ington e recomend . - d
em 21 de outubro. Em Nova York, Pre ISC am ran . ..c~ _,.,Le ,isi' Como d ou a cnaçao e um pequeno escritório que funcionasse
. . ' TrygveLie,seere L" 'OÕY~ posto e escuta na capital ' I .
der da ONU reunindo-se pela pnmelra vez com . D partall1en1os dt evitar' .: amerrcana. sso atenderia a vários objetivos:
, WJ d k Malinowski nos e _,e la as CrItIcas dos Estados U .d
rando David Owen, H . Caustin e a e. deparrameDlO UJllU' agências d ru os, ao promover um diálogo regular com as
. lU dldos em um cj) .. o governo, o Eximbank OEA. . . .
Assuntos Econômicos e Sociais - que seriam n dir o alcance de sU.! aI mahcaintera . ea , posicionana a Cepa! na rede diplo-
mencana de Wash' b
d Cepal e expan . d !lI' rede de Contatos fi ' . Ington; e eneficiaria Santiago ao construir uma
'. cado em 1954 - para discutir o fu ruro a . . h .do à eonferênoa e . ções . pro SSlon:us nas agêncí .
Mali owski nn a I kihJ\ll rnternaciona' D' encias amencanas e nas principais organiza-
.dentro do sistema. Assim como Owen, n o aliados. O paide Malino\l~ DIUoe Sid IS. OIS american fi .
neyMerlin d B os oram escolhidos para chefiar o escritório'
. .' vana. Ele e Prebisch logo se reconhecera~ c~m polonês e ele próprio fora: t'l'uI- COm " , o anco Mundial G K' .
sido um dos .fundadores do Partido Soclallsta . nfo comunistA cde s~ 'I cJll . erClo dos Estad U'
Predi d os rudos Pr b' h
' e eorge almanofi, do Departamento de
' .
. d E d ntes antes do trlU . inBu/DO o a OEA, mas C . e ISC ate propôs que ele fosse localizado no
Sindicato Independente os stu a . " co não lhe davaqualquer nhertr~JI1 çocam o onselho E ". S
seu novo concorr conomlco e ocial não desejava dividir espa-
. - '0 da Polónia. Ciente de que esse hlston
sa . .
. ONU e pasSou aco
'integrou-se a
Washington ou nas capitaIs oCIdentaIS, . .
J. ente de Santiago.
.' . .~ "
~ . .
/
»> TRUrAo OA AMtRlCA LATINA E DO TERCEIRO MUNDO 293
IS CH: A CONS •
~~OL pRE8
Prebisch também decidiu estabelecer um pequeno escritório de 1;_ _ socialista declarado, obcecado pelos Estados Unidos, que tinha
. . • I '. d Am érí "6d çao no li,
xico como apolo visive na regtao norte a nca Latina cO 'd
, nSI
"10:-
erando moda cubanaHarvard
- um inh lid • . d M h'
e dizia que nunca ti a o nem uma pagma e arx; avia
como um aliado essencial na batalha sobre o futuro da Cepal O go o país estudado ern d om recomendação da ONU, por suas habilidades estatisticas.
. . ~-
não era considerado um defensor da instituição, mas também não deve' cano .do contrata o, c
SI d varo com menos proeminência. O chileno Bruno Leuschener, um
. I' M natOI1lar Outrosse estaca
qualquer me did a para temunar com e a, pOIS artinez-Cabaiias . d ' nas era cunhado do fundador Benjamin Cohen; os dois argenti-
. . , era mexicano nhelro e nu ,
Prehisch conseguiu arrumar uma salinha no Banco Central mexican ' engeAlizon Garcia e Raúl Rey Alvarez, eram ex-funcionários do Banco Central na
o COm oapoi
de Rodrigo Gomez, com apenas um funcionário pouco graduado para
. • cul .Ó• • • • al d
tos. O rnmus o escnt no servina como sm e que a Cepal pretendia .
o
poupar CUl' ;::a de Prebisch;Jorge Aleazár, da Bolívia, e Fr~cisco Aq~jno,.da ~érica Cen-
a! ambos especialistas em agricultura, garantiam o equilíbno regional. Jorge
regIona·
lizar seu trabalho, oferecendo aos países do norte um papel mais direto em suas ~.:mada, um especialista chileno em comércio internacional, juntou-se à equipe
operações. Sua primeira missão era garantir que dados e relatórios do México edo após a Conferência de Havana," .
Caribe fossem disponibilizados para a segunda versão da "Investigaci6n". A nomeação de Prebisch para chefiar o novo centro de pesqUlSas marcou o
Em Santiago, Prebisch estava restaurado fisica e mentalmente pelonovo desa- verdadeiro nascimento da Cepal. O clima em Santiago melhorou, a equipe desco-
fio, recuperara a energia de seus dias no Banco Central e parecia mais jovem do briuum chefe que redigia seus próprios textos, obstinado com a norma culta , e era
que antes de Havana. Voltou a assumir uma jornada diária de dezoito bom de líder nasideias e na administração. Sua presença se impunha. Alguns membros da
trabalho, organizando as atividades do centro de pesquisa, selecionando funcioni- equipe haviam conhecido Prebisch em 1948, quando Castillo o convidara para ir
rios e buscando novos talentos. Os economistas em Santiago formavam umgnipo aSantiago como parte da campanha para incorporá-lo à "Investigación económi-
eclético mas interessante. Além de Martinez-Cabanas, que estavasempre viajan- d . O encontro não tinha sido bem-sucedido. Meticulosamente vestido em um
do, Eugenio Castillo e Louis (Speck) Swenson formavam o secretariado executiro, temode lã cinza, com distintas têmporas grisalhas para combinar, Prebisch pare-
responsável por toda a secretaria. Swenson era um dos raros americanos em que 05 ceu deslocado,de outra geração. Alizon Garcia e Rey Alvarez tinham preparado
latino-americanos confiavam, mas também era capaz de se comunicar bem com a equipe com anedotas, descrevendo seu controle com mão de ferro sobre todos os
. di"""",:h'C! aspectos do Banco Central argentino antes de 1943, mas todos descobriram que
os funcionários da ONU e do Departamento de Estado, o que era in -r--
•
para a Cepa!, e vice-versa, " Gostamos d e S annago
. ", escreveu a uma....õ
anem Nol',2
~•..". ele tinha algum senso de humor, apesar de ser insistente e exigente quando con-
" . .. ' á • "6 Millc Kyb2l.IDC!O trariado. Estabelecia um padrão de comprometimento e excelência para si e espe-
York após sua chegada. Os chilenos são cordiais e SlffiP ncos. espeeWisU
mexicano, apesar de ter as cidadanias americana e tcheca, era outro , rava que a equipe o seguisse. Principalmerite, era bom ouvinte, submetendo os
do r dezoito ml:S(S funcionários
mas a u ma avaian ch e d e perguntas que os deixava esgotados e exaustos,
internacional interessante na Cepal. Originalmente contrata PO eh reunião
íd ch J: d pesquisasantes também estimulados para a causa da Cepal. Prebisch atraía para si os holofo -
em agosto de 1948 e rapidamente promoVl o a ele e . 'dordo que tes, mas parecia c J : . •
de Havana, era um especialista competente no setor, mas mais um segut col-- e cnrerír energta aos que estavam à sua volta, Sua liderança criou
. it varo os "b- um novoentusia S .
um líder. Suas reminiscéncias dos anos no Federal Reserve un a COlIlOUJll e expe smo em antlago, que começou um período de intensa atividade
punham seu comprometimento em questão. Celso
Furtado destaCava-se
ii' nalciJia e um Vín::~va, Er~ como se a ameaça contínua à existência da instituição criasse
di " bras elJ1l ficou espeClaldentro da equipe. Ao visitar Santiago em 1950, Hans Singer
economista e intelectual notável. Tinha lutado com a Vlsao Gudine Bufuõel
nne espantado Com li de i
permanecera na Europa para fazer pós-graduação na Sorbo . u1araJll a teJllal qUe 1h o c ma e inovação e comprometimento tão intenso e raro
• eoes nrn 'I
e recordou C brl
d
o reconheciam como uma das mentes brilhantes o paiS heira argenllP Preb' h . arn ndge na década de 1930,8
. !sc tinha co dd ' .
a Cepal, O interesse deles bem como a preferência de sua cornp~ 'a dos outlOs lindo. se' I rnan a o equipes de pesquisadores entre 1928 e 1943, sen-
. o A rnaJorl ,. UIna equi
ISO ado apõ dem í .
s ser emítídc do Banco Central, Agora tinha novamente
por um país de língua espanhola o trouxeram a Santlag . . Bati, espeoa
~~~ .
. E d U idos. RegUl°.Mr I cmgl'and orçamento e a capacidade de apoiar a pesquisa econ ômica
econormstas estudara na Inglaterra ou nos sta os n nIouqueccvv
. . graçado e e e escala que a< reziã "
O' o exigia,
A s necessiid ad es d a Amé
enca L ' eram
atina
lista em comércio, era ao mesmo tempo brilhante, en
I
_. _ . ~
.. : ~ ,. _: . .
enormes, de dados básicos confiáveis e desenvolvimento d I' , dadc tanto Nova Yorkquanto (e ainda mais) a equipe cm
, , e po Ittcas até vemos. N a ver, ,
ra dos recursos humanos em todos os ruvcrs, Uma irifraest . l IlItl!.>- corno os g~ fi d frustrados com a capacidade de liderança de Martinez-
fUtura regional . , tlo ham ca o .
precisava ser criada, Em novembro, Prebisch estava de volt " IlIltin S:U1n~ h ada Apesar de o centro de pesquisas ter preparado as
, . " a aos LstadOl U' banas desde SU.1 c eg . . . ,
para recrutar latino-americanos com expenência, empregado llÍdoI Ca _ d relatórios dentro do cronograma, o secretariado execunvo
. s cm OUtras • • •tõlS versoes os '
,'. '. i~
•
como Javier Marquez no Th1I. Bernstein concordou em liberar Mar ~ pnrn
cI balho nas fases de edição,' produção. impressão e circulação,
lo apoiava seu tra .. ' . . __
trabalhar na segunda "I nvestigacl ón" e Prebisch fortaleceu seus\ínculosquez p1."l n , . 'to c ter pouca e.xpenenCla gerenCla!, Martinez-Cebanas nao e, - '
da segunda "Investigación económica", que devia ser claramente superior à de As capitais latino-americanas observavam Washington, Reeleito no outono de :',
Havana, Todos estavam concentrados em uma única data: 5 de junho de 19iO. 1949,0governoTruman ainda estava estudando a politica dos Estados Unidos em
Em 27 de fevereiro, Raúl enviara uma pauta provisória para a sede, abarcando II relação às Américas. Assim como quase todos os presidentes americanos. Trurnan
tendências do desenvolvimento econômico a longo prazo, a produtividade na in. inaugurou o novo governo prometendo revitalizar as relações com a América Lati-
.. ; "
dústria, o financiamento do desenvolvimento, o papel do comércio e aassistêncil na. Desde o início de 1949, Acheson, secretário de Estado, proclamou a prioridade
técnica, Os governos latino-americanos estavam exigindo um levantamento sri- das relações interamericanas, insistindo em que a negligência dos Estados Unidos
cientemente prático e relevante em termos de políticas. Tinham esgotado as R" desde 1945 e no inicio da Guerra Fria seria revertida. Em um discurso à Sociedade
servas de ouro e de divisas acumuladas durante a Segunda Guerra Mundial e Pan-Americanaem 19 de setembro de 1949, anunciou um pacote de novas inicia-
experimentavam dificuldades. O relatório deveria interpretar a situação atwl,roffi tivas que foram muito louvadas nas capitais latino-americanas. O Escritório de
análises setoriais detalhadas e estudos de caso suficientemente profun~os ~b~ Assuntos Intemmericanos dos Estados Unidos foi reorganizado e fortalecido em
. . a Cepal poderia realizar pesquJS:lS utelS. tomode uma missão que pretendia promover segurança, democracia c desenvolvi-
economias reglOnals para mostrar que • .' Brasil Chi.
, tud detalhado - MeX1CO, I mento econâmico , e um embai aixa d ar em regime
ime d e ' tempo .Integral fOI, designado
Prebisch selecionou quatro palses para um es o _ b" amtaÇln
- d levantamento tao am IDOSO para, o Conselho Eco" no mico e S OCIa ' 1 d a OEA para estimular o multilateralismo
.
le e Argentina -, mas a preparaçao e um e ui"" tribl' regional, O presidente T fi
. .. d quisas mesmo com a q r- r _ ruman rea rmou a mensagem de Acheson em uma rccep-
ultrapassar as possibilidades do centro e pes I '1 b'l' raem Nova ~od. çaoem 12 de outubro. Mil! ' . ,. . '. ,~ , -. ..
. di 'que Rau mo 112:1 do . er, secretano de Estado adjunto, tez discursos tão florea-
lhando sem parar e com os recursos a lClonalS . departamentode s, Invocando a solíd . d d
c. d ão latino-amencana no ' ;. temeram u ai d arre a e dos tempos da guerra, que seus embaixadores
h
Ele abordou David Grove, c ele a seç aia!missões e;pe<11ll . .,',- : ',
a es erança de que pudesse ap \'Cll1'~ deformaem. ar e exagerado sobre as novas resoluções de Washington. Ele citou
R
Pesqu isas do Federal eserve, n fu P' " s voltou-se diIretamente p3f3 go . ~1)''. desordem rronea e grotesca o Pa ' p did, d Mil "
de pesquisa. Diante da falta de nClOnano,
, di d s melhores econo mlS
; tas dos bancoS centr»\ , ~
. "I:1Il: CQ\t>;
I 11
sobre d
fUman ainda - ' .
ralso er I o, e
esordem a confu -
'
. fi "
ton - Com chuva sobre chuva,
sao pior cou -:-, pois a verdade é que o governo
latino-amencanos, pe m o que o . uma dupla"antJo •• . ~ , nao tInha tomad deci - .
. . d razo o que rena ~ncn(ll tina,Não havia o uma ecisao sobre a política para a América La-
dissem a Cepal em tarefas e curto P " ,," lhes daria a exr-, 'Ctt" U 'd acordo sobre a red - fi al d " .
.. ' d d ais na "Investlgaclon e ~:to tcóoco. . ni os em relaç- 'Am" açao n e Objetivos e medidas dos Estados
veria especialistas e ca a p P bi h preparou um te , ,«.'\'ftI" A.l_- . , ao a enca Latina" lO .
. nos re ISC 'crJClon "41ltiCIStas . .
trabalhar com outros latino-amenca · , trodução ii "lo\'I:SOo ú ••).' nejarn Como George K . b . .
id d " como in d f1~\'" ento regia al ennan su estimavam a importància de um pla-
cimiento, desequilibrio Y dispan a es , órica do Manifesto e ue 1Ccf veria n para a Améric L ' .
esColherUns a atina, argumentando que Washington de- : '.
mica" "p ar a elaborar e aprofundar a estrutura te .mava ficoU evidente quos d<~'J'
"
. de p . poucos aliad ' . 6. • .
, . M vidéu se aproXl • I • ' n" e OU '~ b romOVer um fi _ os signi cativos como o Brasil e o México em vez
. Conforme a reunião em ante d di lgar a "lnvestigaClo. . tisfcit~I~~"" "'0I::kf, U a cçao geop 1"
e er, por SUa v
ha
. o inca c mada "hemisfério Ocidental". Nelson
. paz e IVU" Voa IOsa l .
A se de d a ONU esta
' ha se atrasado e não sena ca '. . . C'Z, enfatizava a id d d . •
Un . .~ . . . neceSSl a e e um engajamento econômico
'. m~ntos importantes antes da reumao, .
<.
,.,. :.
i··.
' ~_ . ..._;........~ ."'''-
/
~ " OA AMtRICA LATINA E 00 TERCEIRO MUNOO 297
296 W A CoNsTRUÇ O
I~Ol pAfB ISC •
·de longo prazo na América Latina.John C. Dreier argumentava 'ted Fruit Company -, o governo Truman percebeu que
to com a U rn
. . - de que eles conteDramen t segura Mas seria totalmente leal? Enquanto a OEA
dar aos latino-amencanos a 1IIlpressao es tính
ti am o direitqueelllUIn
d .....
"'U liticamen e .
• • o eser collSul a região era po ça de Washington, a Cepal era potencialmente ímpre-
tados antes de os Estados Urudos darem passos Importantes no mundo. Louis . , alada na seguran
Halle Jr. defendia a solidariedade, favorecendo a consulta Como ' B. estava IOSt t ões e atividades. Ainda era pequena. Como seria se
, os Ingleses ti , I rn suas contra aç
nham feito na Commonwealth, reconhecendo que certas que lv " - I . ' viSlve e di ou até mesmo comunistas? E se transformasse desacor-
......, atíno-amerj trataSse esqu er stas
canas contra os Estados Unidos eram justificadas, mas lamentando ' ' eon fr ntos como por exemplo, sobre a criação de um Banco de
a pet'slstên ' rngrandes con o , '
de "velhos conceitos", como o de que "os Estados Unidos exercem lid eu dos e . I teramericano, que Washington acabara de vetar em Bogo-
Desenvo!V1rDento n . . _ _
mundo em nome da comunidade de Estados americanos". Miller advertier::: ai era um tiro no escuro e um fator de irntaçao nas relaçoes,
rã) A pequena C ep
"urna tendência excessiva a colocar camisas de força". Acheson tendia para o , r. n'vamente era em 1948-1949, mas pelo que poderia se tomar no
não peloque ele . . .
floreio. Em uma reunião de líderes latino-americanos, insistiu: "Somos pane da futurO, Pelo menos implicitamente, desafiava o sistema mterarnencano represen-
associação do mundo livre" e não "uma aliança como as que a Europaimpingiu tado pela OEA e o Tratado de Assistência Recíproca do Rio de 1947, situando-se
no último século", não "um ordenamento de esferas de influência ou um sistenu fora da conformidade ideológica do anticornunismo que prevalecia na Guerra
de satélites", mas "urna confederação espiritual de povos e de nações ligadas peb Fria. Diferentemente da OEA, a Cepal não era p revisível ou totalmente contro-
preocupação com a Iíberdade"." lável. Nãoseria possível evitar o surgimento de visões radicais sobre mercados e o
Porém, todos estavam de acordo em que as Américas eram uma zona de in- Estado ou prioridades diferentes das de Washington em relação à ameaça cornu-
fluência americana e a OEA representava o "sistema de segurança reserva' dos nista,a segurançae desenvolvimento. Os latino-americanos apoiavam o desenvol-
Estados Unidos. Halle confidenciou que "as vinte outras repúblicas são, emgt2D' vimento econômico, com a Guerra Fria sendo uma preocupação secundária. Em
de medida por força das circunstâncias, nossos clientes; essa é a base de nossa Washington, era justamente o contrário. Nessa equação, a Cepal estava claramen-
liderança". UA OEA era a única ligação dos Estados Unidos com a AmmC1 La, te identificada com o desenvolvimento, e su a sobrevivência tinha implicações
tina, um investimento que valia a pena. Os Estados Unidos pagavam a maior simbólicas para as relações interamericanas.
parte do orçamento, mantendo controle sobre as nomeações e os programas. Asede N '" d
o InICIO e 1950, o governo Trurnan estava confiante em que a OEA preva-
era em Washington. Além disso, Amos E . Taylor, secretário executivo do Conse- leceria sobrea Cepa!. Nas duas reuniões interamericanas em abril o fim da Cepal
lho Econômico e Social da entidade, era americano. A OEA deveriapermanecer foiaberram d c. did '
ente eren o pelo México, Argentina, Colômbia EI Salvador e Pa-
como um fórum inquestionável para as relações entre os Estados Uni~~s ,e a C b bem' como pelos E st ad os U ruidos. Chil e, B
namá, ' Uruguai,
rasil, ' . Guatemala e
América Latina. Era preciso evitar que a Cepal, fundada pela ONU, diVl~ no
u a contInUaram a a iá I
poi - a, enquanto o Peru fez objeção à presença de gover-
essa esfera interamericana e duplicasse responsabilidades. O govemo Truman.Ja s europeus na co . - N
OSJll• formada, rmssao, em a Venezuela nem o Equador tinham opinião
· h a reeebíd
I o ataques de Joseph McCarthy, senador republi cano peloWisco . W: hin ..
nn , agenda. ECOntra ou a favor . Com esse apoio, as gton seguiu adiante em sua
que acusava o D epartamento de Estado de estar Iínfil trado de comuJl1staS_ que do m5demaio aOEA
• di de aprovaçao doquecriata u ' entregou uma nota formal a Trygve Lie anuncian-
enganavam 11ruman com uma política de conciliação. O in Ice I OND,u G m programa de cooperação técnica, em concorrência díreta com a
.d carthy empurrou OVernos latino .
presi ente estava em queda. A cruzada anticomunista de Me ,'IMi- estavam Crus -amencanos que apoiavam a Cepal, como o do Chile,
lí' , rtodoJOa Ideo vo-
po nca Interna e externa do país para a direita e injetou uma o oNU ,_
reuruao de Mo
trados pelo favo' .
' .
,
ntismo manifesto de Washington. Um mês antes da
ca mais - 'da nas relações com a América Latina. Alguns especiallstaS da ""n-
- ngI
Us ' nteVIdeu, Herna S C
·nh . broxas nas ab- unUr", Um pa I de lt n anta ruz, representante chileno na ONU que
ti aro SIdo,ou eram, esquerdistas ou comunistas; uma caça às 'dores in- pcl pe e lideran Cal '
cias norte-am encanas
. ' d r o de sef\'l o cOlarinho. ça na ep dOIS anos antes, literalmente "agarrou
com certeza se espalhana para o qua 'canOS tod seu colega am .
- - em N ova York ou em Santiago. Como os govemos latino-amen
ternacionaís, e Estado) p encano (de acordo com um relato do Departamen-
eram . .
. mais anticomunistas que os Estados Unidos - só na ua
G temala ha
via dd'
fesponderam qua;. ~clamar do esforço de liquidar a Cepal. Os Estados Unidos
nao era J' ustifi d c: ,
ca o raiar de um plano norte-americano", mas
, ~~- ...;~ - -- -- -- ......c..,
.>
- - - -- •• - •• _ _' o ~
.. 298
I
!
RA OL PREB ISCH•
• A CONSTRUÇÁO DA AM~RICA LATINA E DO TERCEIRO MUNDO
299
. ~ias repúblicas americanas sentiam que a duplicação esta . documentoS não haviam sido divulgados para as capitais antes das reuniões , os
. ... . . va paraltsand
.construtivas tanto da Cepal quanto do Conselho Económico e Soei o açõe; OSvemos não deram instruções às delegações. A organização foi um desastre. Al-
. id . - ' . I A
· consi eravam que a srtuaçao era m sustentave. s queixas de S Cal da OEA e
anta ruzau go teriais só foram divulgados depois do início do evento. A comi ssão sobre
taram por "nossa tentativa de 'afu nd ar a Ccpal'". Ele consider ' .. men, guns ma . " • . '
ava muttl o C desenvolvimento economlCO so pode começar a trabalhar depois de dez dias, pro-
lho Econômico e Social ("Como se pode t er duplicação ent I Onse- confusão nas agendas que dependiam dela. Quatro dias extras foram
re a go e nad ") \,ocando
enquanto aCepal era o único mecanismo multilateral efetivo para lidar co a!, acrescentados para coneluir os trabalhos. Houve outros problemas: os presidentes
blemas económicos da América Latina. 14 mpro- não definiram procedimentos-padrão, de form a que nova s propostas surgiam de
Faltando um ano para terminar o período de experiência a C I ' h repente sem aviso e nunca ficava claro se os delegados estavam falando em seu
. .. " , e patmade
ganhar
. apoIo e Impulso em Montevid éu para seu teste iminente. A estrategta
•. d
os próprio nome ou como representantes de governos. Mais preocupante para M ar-
Estados Unidos na terceira sessão foi a inversa: minar a credibilidade da Ce ai tinez-Cabanas foi a repres entação diplomática diminuída em Montevidéu em
por meio de uma d iplomacia dis creta, deixando que Argentina e Colômbia ;0- comparação com Havana um ano antes. O secretário-geral da ONU não compa-
massem a dianteira em defesa de sua fu são com a OEA, enquanto impediam receu,enviandoD avid Owen, que só ficou alguns dias. Em Havana, as delegações
'qualquer resolução que garantisse a continuação do organismo depois de 1951. latino-americanas não eram as de mai s alto nível, mas pelo menos estavam lá.
A delegação am erican a desempenhou um papel passivo, na esperança de que a Dessa vez, como se o glam our da Ccpal tivesse diminuído na região, faltaram paí-
desordem gerencial da Cepal na preparação da reunião de M onte vidéu falasse sesimportantes como Peru, Venezuela c Costa Rica. Argentina, Colômbia, Bolí-
por si, mas mesmo assim promoveu jantares para cada delegação Iarino-ameríca- via,Equador, República Dominicana, EI Salvador, Honduras, Paraguai, Nicarágua,
: na em sua embaixada para convencê-las de que a Ccpal devia ser fundida com o Panamá e Haiti estavam quase invisíveis. O México assumiu uma po stura reser-
conselho da OEA. vada, comuma missão quase toda técnica, e o Brasil foi representado pelo general
· Essa estratégia colidiu 'com le aldades do passado. Chris Ravndal tinha sido Gomes,muito admirado por sua personalidade afãvcl e atitude amigável, mas cuja
nomeado embaixador am ericano em Montevidéu, e nes sa posiç ão foi destacado ncmeacão
'r
não sinali . . I
• izava muito interesse pc o encontro.
I sso d eixou quatro pe-
. . . essão da quenos países - Chile, Cuba, Uruguai e Guatemala - como as delegações mais
como representante em exercício dos E stados Unidos p ara a terceira s
· O'r.ldua- falantes na con r.erencia.
• . Representantes do FMI, da Organização Internacional do
Cepal. A Guerra Fria não havia sido gentil com su a carreira: seus cargos 0'0 •
- s diplomáticas Trabalho (OIT) d O '
do s em Washington e no exterior tinham d ado lugar a nomeaçoe .1 d ' a rgamzação Internacional de Refugiados (OIR) da Unesco
.
modestas na fase final de sua longa atuação no Departamento e
d Estado. ~ ;IS,
.d ~ a FAO apareceram, mas o Banco Mundial decidiu não participar. O principal
. fi .da do mun o, mteresse dos três m b '
· pelo menos, Ravndal estava de volta ao Cone Sul, sua parte pre en ' 9 de só Aid . em ros europeus era rea ssentar refugiados da Europa Central;
i
e po d eria trabalhar de novo com Prebisch. Ele re arou a
Washington em
id esSO al Aro'a . e SUISse à I'Europe tin . ha planos de transferir 100 mil europeus para a .
enca Latina A' I . . .
j unho: "Conheço bem o dr. Prebisch desde 1935 e te stemunhei sua V1A~ Ps Não de;env I . . ssirn, e es solicitaram que a Cepal criasse uma comi ssão de
B Os Ire . , o VImento econ ô "
e profissional durante minha permanência de seis anos em uen
. . . h - Ó é um cavo
alheiro de I, Interna ' orruco e rrnígração para trabalhar junto com a Organização
clonalpara os R fu . d (O
hesito em declarar que, ao que eu saiba, o dr. Prebisc nao s
. , . . ompeten te
s e rel-e- I ONup R
ara efu ' d
e gla os IR, que foi rebatizada Alto Comissariado da
· excelente carater como também um dos economistaS mais c , a pessoa ·1 PhiIllps . gia os um ano depois). A delegação britânica, chefiada por H. M.
, seguia Wash' .
. . ,. . " .
renciados da América Latina, Alem diSSO, pela minha exper
iência, e um
. I mática e
d I Apesar d lllgton ou ficava bebendo no bar. · · .
· . . 'ssão dlp o dente. As t e tudo a sesss d C
gentil no trato .profissíonal." Mas, lamentavelmente, a mi ..
I O
a EAqu . .
.' ao a epal em Montevidéu foi um sucesso surpreen-
entatiVas dos E d U .
sta os nidos de ad m inistrar a questão entre a Cepal e
Ravndal era minar a Cepal e seu amigo Prebisch.
:. A reunião de Montevidéu teve um início lento, conforme os
deIeg:tdos forafO
., Os prepa' I
,
. ase tiveram • .
I1lUito o trabalh
• " .
CXJto, ate o general Gomes declarar que o Brasil admirava
I '
·' . . ' . . fi" ocidenta.o. o serviaa qual o da Cepal" e "que o Conselho Econômico e Social da O EA não
I chegando aos poucos da s capitais europeias e do hernis erro fusos.Cofll
qUerprop ôs'It o útil",
. '1" A delegação cub ana concordou, observan d o que
I, ' .. . . d 'C ' . d uados e con
rau vos a epal para a conferência tinham sido ma eq I
I'. ',> .
I .. " ' .
~. : ~~\< ....
....< .>~ :~ . ..,: , _.\_~~
_ _;0;....._.
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r' .300 ..OI,RUI SCH.
' A COHSTRUçAO DA AMtRICA LATlHA E 00 TERCEIRO MUNDO .301
i
! ,
i I "certos países sentem que as organizações latino-americanas são dominadas
Estados Unidos". A Guatemala usou o tom mais antiamericano possível pdos I pelo desenvolvimento econômico na região, passando dias no palco respondendo
I perguntaS teóricas e práticas sobre os estudos dos quatro países, produzidos
para
denunciar a fusão proposta. Logo a indisciplinada família latino-amen' cana estava
em destaque: o Chile em seu papel de apóstolo dos países subdesenvolvidos; a I pana a reunião,bem como sobre os desafios globais que a América Latina precisa-
,'li enfrentar na economia internacional. Se Havana deu visibilidade a Prebisch,
I
I delegação cubana dividida, apresentando resoluções contraditórias, apesar deuni- Montevidéu acrescentou credibilidade. "O trabalho de pesquisa produzido sob
I sua direção", relatou Ravndal, "é bem-vindo e endossado por muitos que podem
da nos elogios a Prebisch e na hostilidade a Martinez-Cabanas e a MarcoAnto-
nio Ramirez, o único delegado guatemalteco, chamado pela delegação americana desconfiar das conclusões apresentadas por economistas em Washington."
de "criança-problema"por suas criticas à United Fruir Companj;" Amos E.Taylor Aúnicaresolução de alguma importância apresentada em Montevidéu, com o
compareceu,junto comJorge Mejia Palacio, o representante colombiano noCon- titulo bíblico de "Decálogo económico", compreendia um conjunto de princípios
selho Interamericano, tendo este último lido um discurso desastroso (descrito por para guiaro desenvolvimento na América Latina. Foi redigido por um grupo de
Heman Santa Cruz como "o melhor argumento que ele já tinha ouvidoa favor cá trabalho que não contara com representantes americanos. Em essência, o "Decá-
Cepal"). De modo geral, a equipe de pesquisa de Santiago embaraçou suacongê- logo" afirmava que os governos latino-americanos deveriam adotar metas de de-
nere moribunda da OEA, mas o empate continuava. Era evidente que os Estados senvolvimento, com uma ordem de prioridades para sua realização, e identificar
Unidos estavam decididos a se livrar da Cepal, mas vários governos latino-ameri- políticas específicas para intensificar as taxas de crescimento e superar obstá -
canos apoiavam a instituição. Ravndal relatou esse impasse a Washington, obser- culos. II Era evidente que a resolução estava ligada à tese central de Prebisch so-
vando que uma fusão poderia ser aceitável na América Latina, pennitindo bre. o desenvolvimento, esboçada na "Investigación económica": a América
"manter um secretariado único, forte e independente". Na mesma linha,vinculava latina precisava superar a vulnerabilidade externa e quebrar o círculo vicioso de
baixa
_ prorlUtiVl
" dad e, bai
aixa renda e poupança reduzida, reestruturando a produ-
essa situação com a permanência de Raúl Prebisch na Cepal. "O dr. Prebischde-
• a mais
tem . alta estima dos governos latino-americanos e é um habili'd o50 defen' çao do~éstica e as importações (isto é, promovendo a industrialização). SUl-
sor de suas ideias econômicas. "16 . ~b~~ a delegação americana ameaçou bloquear o "Decálogo". Surgiu a
POSSl ilidadede u .. d
As . MonteVl'
C al
. sun como em Havana, Prebisch foi a figura central da ep ~ • . teira: até do fra m seno esencontro entre Estados Unidos e América Latina e
ao casso da conferência.
deu. Sua apresentação da "Investigación económica" dominou a reunr 111
eI e exribllUa mesma personalidade e o carisma que mostrava em H avana , a rnespJ3 dei A crise foi superada I r: _
pe os esrorços de PIerre Mendes-France, que chdiava a
r-
~erança e a mesma habilidade para se comunicar. Ravnd al mais. u--~
tÓrio
egaÇ'ão francesa e
resuJtad
bê
era tam m relator da ONU, com a tarefa de comentar os
. ~~~ Prebi'"~e1
os na reuni- d C
. ao o onselho Econômico e Social em Genebra.Junto com
vou Raúl em ação, revendo a energia dos anos na ArgentIna. ~.
~.. e falo parti .
I
!
osmose, mudando de forma sutil e profunda a dinâmica do encontro. ai da ses'
sante notar a maneira como muitos delegados latino-americanos, no fin prebiSCh
são, tinham ad ata d o os pensamentos e as expressoes
- tecnrca
• . s usadas. por "11 Sem
qUe aptl:cia
fluente, en
Fi
vasta documentação, como ambos eram intelectuais importantes
varo a compan h'la um d o outro e compartilhavam
sobrea ONU . . - comum
uma visao
. Mendes-France admirava a capacidade de Prebisch e seu francês
qUanto Raúl .
em su t a l '
a ese centr sobre o desenvolvimento econômico latIno-a
merlcano,
,'ón eco' ~Ça. Ambo se senna privilegiado por conhecer um dos líderes da
dü íd P bí
UVl a, re ísch foi o centro das atenções quando a segunda n
"1 vesogaCl
. OS (t11- clCllo rl_ S eram prodígios
la L. . . 1:' fi
e compartilhavam traietórias. Mendes-rrance 0-
nõmíca"f ' lhid . favoráveIS n . . lio "'"pUtado di ai '
01 aco a com entusiasmo recebendo comentárIOS , LIDai do TesoUro ra c socialista em 1932 e, como Raúl, nomeado subsecretá-
tó - d ' ArnétlCol 1.fendes-Fran Com 39 anos de idade. Ambos eram meio estrangeiros, tendo
nos e todos os países da região. Inexistia um trabalho sobre a . 05 es"l"
~om essa qualidade e essa profundidade. O documento de 650 págm: : ~nleresS( h..c
.~ e atam
ce nascido em uma família de judeus sefarditas
. 11 " E
da urusia. raro
cado s in ',_1_ • M
os sobre os países eram um trabalho inovador. Prebisch deu voz , cn'''''lIente bem-dotados em termos intelectuaIs. as,
',--:
.~.....::...~-,~ .. -"~
__o • • ',
disso,como a existência da Cepal estaria em jogo na quarta sessão no México rocedimento usual na sede da ONU, onde os antecedentes pessoais tinham de
se aproximava, havia um limite prático de recursos: a ONU não aumen'.': 'lJUt obter aprovação prévia dos norte-americanos. Com essa providência, única no
".uaoor-
çamento do organismo até que o futuro dele estivesse assegurado. Prebisch preci_ sistema da ONU, todos os funcionários, inclusive os americanos, tornaram-se
sava de pessoas preparadas e inteiramente comprometidas. Insistiu então com companheiros em vez de meros colegas . Nenhuma outra comissão regional obte-
Nova York em que a Cepal aumentasse os salários para manter seus melhoItS fim. ve esse privilégio e, conforme o período McCarthy foi se prolongando e sua pres-
.cionários, que estavam recebendo propostas melhores de outros lugares. Swtnson são sobre a ONU cresceu, a Cepal tomou-se um oásis de paz ideológica em
continuou como assistente executivo, passando a ser o braço direito de Prebiseh, e relação a Washington. Alexander Ganz, por exemplo, que tinha trabalhado na
Castillo decidiu ficar em Santiago. Prebisch também convenceu Javier Marquez a Operação Mãos à Obra em Porto Rico e flertado com o Partido Comunista ame-
deixar o FMI para se tomar seu sucessor como chefe do centro de pesquisas, mas ricano na década de 1930, foi contratado por Prebisch por suas habilidades pro-
Marquez logo deixou Santiago para se tomar diretor executivo suplentedo Máial fissionais após uma recomendação fàvorável de seu chefe conservador, Harvey "
,
\'
no FMI. Furtado teve duas ofertas de melhores salários no Brasil. O mesmo acon- Perloff. Adolfo Dorfman era um esquerdista da Argentina; também seria perse-
! teceu com Boti, que recebeu uma proposta do Banco Central cubano. Prebisch saiu guido em Nova York, mas encontrou abrigo em Santiago. Mas a maior atração da
,.
iI à caça de outros economistas da Argentina, Brasil, Peru e Colômbia, assim como Cepa! eraa capacidade de Prebisch de criar um ambiente de trabalho sem parale-
daAnlérica Central, onde, como contou a H. Gerald Smith, da embaixada ameri- 10,que desafiava os melhores funcionários e recompensava o pluralismo ideológi-
I
I
cana, "teve grande dificuldade para localizar economistas não contaminados pelo co. Na reorganização do secretariado, por exemplo, Furtado tomou-se diretor de
pensamento maDCista adotado por uma parte considerável dos economistas me- desenvolvimento (sua equipe, que incluída Boti e Ganz, ficou conhecida como a
'divis-aovermelha"),mas Prebisch escolheu Ahumada, um democrata cristão con-
xieanos".2J Também afàstou propostas para tirar Jorge Ahumada da Cepa!. Fonna'
j do em Harvard na mesma turma que Manuel Noriega Morales, da GuateJIUh,e
. P Rico e DO
servador chileno, para chefiar o programa de treinamento. Ao encorajar - mas
j Regin,o Bati, de Cuba, antes de ocupar uma série de cargos em ortc .._ o!. tam.bém contrabalançar - essas visões divergentes, de fortaleceu o debate na or-
J , FMI (onde trabalhou com Javier Marquez), no Banco Central da Gua- . de
e ganizaÇão, mas manteve o controle sobre a política e as publicações. ~
~. no Chile, o potencial de liderança de Ahumada o tomou um dos favoritoS .Prebisch també m 1ançou uma campanha diplomática para fixar a Cepal como
fiali Qrrompli em w:hin . .. ..
,I Prebisch no secretariado. cres' t'_ • as gton e entre as orgarnzações íntemacronars, A capital dos
da
Apesar das dificuldades, a equipe de funcionários da Cepal se ma:~o~s de-
<->UOos Unidos
I
o ' • • - ' •••
Gu estava passando por uma turbulência política, nao 50 pelo IDIClO
erra da Co' 2
ceu, Prebisch não conseguiu equiparar os salários de fora , mas ofe~ ve1 ara os noVCmb rela em 5 de junho de 1950, mas principalmente depois de 26 de
I mentos que outras agências não tinham e isso se mostrou jrreSlSÓ ~sciên' Um ataqro, quando tropas chinesas fizeram as forças americanas retrocederem,com
~elhores jovens latino-americanos. Em primeiro lugar, eles partilhavam~: {,atin'- A. mobU: t~rrestre que neutralizou as vitórias anteriores do general McArthur.
cia de que participavam de uma experiência única, de criação da No dividiDo tente d ,çao para um conflito asiático mais amplo aprofundou a divergência la-
I .
Econonustas a1h do juntOS e
de todas as partes dessa região estavam trab an ntinente
e pnoridad
binado da G
.
es entre os Estados Unidos e a América Latina. O impacto com-
1 do experiências nas tarefas comuns mais difkeis: entender o lugar do.:s tecoO' McCarth uerra da Coreia e da irreversível divisão da Europa fortaleceu o senador
. bl econômlC' dos dos Estados y. Prebisch baí da
no sistema económico internacional e resolver seus pro emas . ão das U . Optou pela transparência em suas relações com a em aixa
16 • .ênClas, n f [O qUer fonn nldos, supondo corretamente que estava sendo investigado de qual-
gicos e de desenvolvimento. Partiam de suas próprias expen O tÓprio a
""'ses
1"-
' d ialízados, para formular teorias de desenvo IVI'mento. P• CO..
in ustrí r~ ....
~r qUesti
a pela inteli ' .
onado
M id.
gencla americana. Mas foi firme. Depois de ontevi eu, ao
fu ' d
de C "nda de ns .•a· ~or~.
que a epal pudesse não sobreviver aumentava a cons Cle nOS dCS'" por nClOnários da embaixada em Santiago sobre seus planos e
e d crifi' regoSme , 0° temente o Çao dr da Ce pal, diIsse-lhes que não previa um trabalho de um ano. "Aparen-
e sa CiO potencial. Em vez da segurança de outroS emp ~riênC1J o
dores, eles tinham escolhido a solidariedade que vem junto com a 1ivr.l'~ d COntinliará . Prebisch não tem duvida de que a Cepal, incluindo o secretariado,
~ . CP~~ após 1951."2<
te. Preb15ch também angariou a lealdade da equipe da e
~
.' , .
<r".. :-.
-<; .
""';
...-rl l; '
306 307
A Cepal também tinha de mostrar-se eficaz no burocrático sist 1914 desenvolvera-se com o apoio estatal durante o entre-
ema da Q\n, . nte antes d e ,
que poderia abrigar Santiago das tormentas de Washington ou am ' ,'lU, inClOste d ue ao chegar a Segunda Guerra, tinha sido possível desenvol-
" por Sannago,
' Plifica·L "de mo o q ,
Deixando Swenson e C. astillo responsavels Prebisch 'iS ,
guerras. d . mero de indústrias secundárias", Mudaliar pediu que os países
• " comp~ . mgran e nu
reuniões do Conselho Econômico e SOCial em Genebra de 29 de J'ulh as ver u d "dentais compreendessem melhor as aspirações dos países em
o a lo de
rembro para assegurar-se de que a Cepal estava visível e representad \. 5(. tn"aIiza OS 00
indus , e a necessidade de eles escaparem da acomodação na produção
. ' '. a, "tendes. d envolVlffiento
France foi magrufico, elogiando a Cepal como a mais efiCIente e menos dis n ' es , • as Um mundo em desenvolvimento mais rico também os bene-
. . - notável à comp pe dio-
. , dan do "uma contnibuiçao dematénas-pnm .
sa das comissões regionais, , tou e de qualquer forma eles teriam a última palavra no controle
• • . fl:ensão li< ficiana, argumen , ' 26
região nos campos do desenvolvunento econormco, estabilidade domésti
mércio exterior e balanço de pagamentos". Ele também foi pródigo no re- ca,h~
doinvestimento estrangeIro. _ .' ._
rccon eo- ar do aumento do apo io à Cepal na ONU, a sobreviv ência da agencia
mento a Prebisch pelo "brilhante relatório" e assegurou que a abordagemda Cepa! Apesd- podia ser dada como certa na quarta sessão, na Cidade do México,
ain a nao
ao desenvolvimento econõmico era moderada. Não só prestava atenção àinfuçio, Isso dependeria em parte de obter maior apoio na América Latina, mas princi-
como também "condenava unanimemente a autarquia, argumentando que o de. palmente do curso das relações entre os Estados Unidos ~ o continente d~te
senvolvimento econômico exige não a autossuficiência, mas um volume maior de a Guerra da Coreia. Como na Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos
comércio exterior". O Canadá considerou a "Investigación económica"muito útil, precisavam da América Latina - pelo menos, de seus minerais estratégicos - para
a Dinamarca ficou "muito impressionada" e até o delegado dos Estados Unidos teve o esforço de guerra, e por isso cortejavam os governos da região. Por seu lado, os
de admitir (guardadas as reservas americanas à tese central) que era "umestudo de líderes latino-americanos ficaram mais assertivos em relacionar o repentino auge
primeira linha e uma contribuição valiosa". Só o delegado argentino de Perón con- das matérias-primas necessárias à guerra com suas necessidades de desenvolvi-
denou a "falta de equilíbrio no secretariado". Prebisch também descobriu, prova;~l· mento em mais longo prazo, Embora recebessem um estímulo econômico no
mente com surpresa, que o "Decálogo económico" não só tinha sido dogUdo por curto prazo. eles temiam os custos ocultos, como a escassez de importações in-
muitos membros do Conselho Econômico e Social , mas também tinha posto a Ce- dustriais durante a guerra e o colapso dos preços quando terminasse. Em uma
' 1\ Rarnaswami Mudaliar,
pai no mapa do desenvoIvirnento em termos gIobai ais, Slr n.. _ reunião especial de ministros de Relações Exteriores para discutir a crise , convo-
- . , od ad strutivo da resoluçao c cada pelos Estados Unidos, representantes latino-americanos prometeram não
da India, ficara impressionado com o tom m er o e con .
com as semelhanças que via nos probl emas e dificu1
dades que os roaíses -
!aono- repetir a experiência negativa da Segunda Guerra Mundial. Dessa vez era preci-
da A á\ía, eeonheau 01 soevitarum ciclo de expan são e retração, e as matérias-primas estratégicas lati-
americanos e asiáticos estavam enfrentando, Walkcr, ustr r
,. ' ' _ 'principalmente eOl no-americanas deviam obter um preço justo em vez de subsidiar o esforço de
paralelos entre as expencncias australiana e latmo-amencana, 'dod1
ind 'ali - d volvimcnto Tomando o parti ~crra dos Estados Unidos, Washinbrton respondeu invocando a solidariedade
relação ao eIo entre ln ustn zaçao c e s e n ' lati-
• Ih ue recomendava aos Interamericana c a divisão do ônus diante de uma ameaça global ao Ocidente,
Cepal, contradisse o representante ingles no conse o, q d ' caroi-
_ . " d ' 1i'7. r áo escolhen o o Os Estados Unidos "falavam muito ito dee orl ,
prmclplOs, mas SI' Iencravam
' .-
na pratica,
no-americanos não dar muita unportancla à ln ustnauzaç . tarifária!. tomando o cuidad O l Ie. evitar' . , dr '
, , - d altas barreiras compromissos específicos, O resulta o 10l uma
nho do meio" para evitar os perigos da Imposlçao e . d C nadíed1 onda de dcs . t
.. ' .. experiênCia o a , con entamento na Améríc;1 Latina, onde o confronto com os norte-
Dessa forma. argumentou, a América Latina segulfla a _ f rçad o pof americanos era te I n. I
_ , . h ' d natural e nao o f dl cntac oro '<.!Iam o o governo Truman retomou a campanha para
;n ~r a Cepal Com o Conselho Econ õrnlco e Social da OEA a sobrevivência de
Austrália "cuio desenvolvimento econorntco tIO a 51 o d 'daenueOl
, , dráo e VI
uma industrialização indevida. e que agora gO'zavam de um pa 'oh entendido , antlago tornou- . , " , '
O ' Ises ll aro d L' se um símbolo da autonomia latino-americana.
mais altos do mundo". "Não!", explodiu Walkcr, s IOg e 'h 'natural' OU o OS ",nados U id
ind h mado cam o lO . filO niil . , , ru os não conseguiram obter endosso ao seu plano antes da reu-
tudo errado. Muito longe de estarem seguro o o c a , _ r çado O rll o IniCiada e 28 d '
, asIOCS, lor lalin m e rnaio." Chegaram ;\ Cidade do México com menos aliados
laissez-faire, a Austrália e o Canadá "tinham, cm vánas oc , dústria do açO. O-americano .
id • I uccsso", Sua ln s ou europeus do que em Montevidéu e, dessa vez, não houve
de seu próprio desenvolvimento, com consi crave s
.... " .
. _- ~
301
EO~4. I urAo DA AMHICA LATINA E DO TERCEIRO JoIUNOO 309
seH' A eON STR •
. OOh' aAOL ,aUI '
I
confusões de organização. Nada na quarta sessão da Ce ai fi .
P or deixa<!o ao deu;. 'ses Bohan propôs que a Cepal continuasse por mais dois
dará. P rebiISeh nn. h a red UZ1id o a pauta e aperfeiçoado a estfutur • de outros paI .
. - . o trabalh d _r· . a,COm 01.. auaçao andoacOO rdenar suas atividades com a OEA e a realizar suas reuniões
missoes para gwar
.
o a conrerenca, comprimind
em desenvolvimento, mercado, coordenação e questões
Dessa vez, todos os documentos foram divulgados aos
'
"
o os tOplcas
gerats, e funções~.
eco,
,-troCJ>.
.
... ~
anOS, pass
, ultallea1Dente co
sUII •
.....-riva~aapro
m o Conselho Econômico e Social. Por um tempo a pus-
missara. Os Estados Unidos convenceram o México a distrair
_c '- • . d
._ governos bem 1"""'- t sua ddegação arogava a reuruao com rnatenais que con ena-
reumao e corretamente rotulados. Ele selecionou cuidad anlc! da arenç20 e:nquan o , .
. OSarnente os sete a al da duplicação. Porem, o plano teve de ser abandonado diante da
bros da eqwpe da Cepal que o acompanhariam, enviou C ti11 l!lQn. vamos lIl es . _
. '0 latino-americana a essa nova manobra para abolir a Cepal. A delegação
dênci h as o para oM' ,
com antece encia e c egou uma semana antes para super.': . tlJco
•••SlOnar os p , opos1ça bém veio em defesa da Cepal. Philippe de Seynes, um protegido de
finais e entrar em contato com as delegações. Também chegou arm ~ fr2ncesa tanldês-France e não menos atraJ.'do por PreblIsch, di sse na reumao
' - que,
comUlJU Pierre Men
"Invesngacion mica ampliad a, que continha dez estudos de ado
. " económica" . a de France não querer intervir em uma questão tão sensível, de se sentia
tina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Venezuela, México, Guatem~~~Argen. ~do a enfatizar que "a Cepal era a única organização especializada da
e Uruguai), bem.como re1ató~o.s especiais sobre o impacto econômico regi~ ONU que trabalhava sem brigas ideológicas e sem a cansativa divisão em blocos
Guerra da Coreia e do comercio entre a América Latina e a Europa P ideológicos, que afetava as outras agências". Essa crítica velada ao macartismo
, ara COm·
plementar esses temas, também escreveu "Problemas teóricos y práeticos dei ce- emWashington provocou gargalhadas. Bohan reclamou, mas foi silenciado. Até
cimiento económico", a parte final dos ensaios teóricos iniciados em Havwe mesmo Carillo Flores, chefe da delegação do México, rompeu com seu governo
continuados em Montevidéu, que juntos formavam a "tese da Cepal", Quando o e apoiou abertamente a Cepal." Bohan mandou uma mensagem a Washington:
mexicano Antonio Martinez Baez abriu a terceira sessão, as delegações encontn- ·0 debate no plenário e em todas as comissões demonstrou o apoio unânime à
ram uma operação profissional, organizada nos mínimos detalhes e com objctivos continuidade e à independência da Cepal." Os americanos trabalharam durante
claros, começando com a questão Cepal-O EA. A estratégia de Prebisch era fOlÇ2l três dias para achar uma fórmula salvadora que pelo menos deixasse a questão em
uma decisão sobre a situação da Cepal no início da reunião, apostando em que uma aberto para futuras decisões. Por fim surgiram com uma nova abordagem que
vitória produziria impulso suficiente para aprofundar sua força na região c expan' atraiu um amplo apoio latino-americano, principalmente do México. Nesse pla-
dir o prazo e o orçamento de Santiago. Mas isso significava confrontar osameri- no, a comissão aceitava a permanência da Cepal, mas concordava com a criação
canos em uma questão que todos sabiam ser perigosa. de umgrupo de trabalho permanente Cepal-OEA, a ser criado em Washington.
Para espanto de Prebisch outro fantasma americano do passado apareceu DO ~bisch estava preocupado que esse comprometimento fosse perigoso para San-
. Merwm
México. . Bohan fora ' nomeado representante amencano
. em exercicio parl ~.porque o processo de tomada de decisão se transferiria para o norte, em
, penhara\llll direçio
a quarta sessão. O velho guerreiro dos dias de Buenos Aires, que desem . " arneri cana, mas concordou em trabalhar com Bohan em uma
redação à capital
d rescntanlCper que limitasse o risco para a Cepal.
papel importante na queda de Prebisch em 1943, fora nornea o rep 'va1i<U'
, . . -o em suan Em 10de junho B h
manente dos Estados Unidos na O EA para fortalecer a mstttulça béIIl 6(\1l1 . d ' o an pensou ter chegado a um consenso mas Miguel Osó-
no e Almeida del d " '
de com a Cepal. Assim como Chris Ravndal em Montevidéu, Boh~n ~l ~ eJ1l govt ,ega o brasileuo, estragou os planos ao comunicar que seu
. • . c. m Preblsch, c roo se opunha al
espanta d o com o caráter irornco de seu novo confronto co tinbJ se Cepa!. O a qu quer resolução que minasse a futura independência da
compromisso d B han . I .
geral admirado na América Latina e sabia muito bem que essa questí°Pc~ Ptoblem d d ' e o era trre evante, argumentava, porque não havia
'd
tomado relevante nas relações entre os Estados Um os e o
continente.
m-nilaçáC'
.. dera a e uplicaç-ao com a OEA. Bohan reclamou que Miguel Osório exce-
SUas atribui - .
. . d fi di as duas 0'0' . para bl çoes, pois não tinha recebido instruções do presidente Vargas
por exemplo, que uma resolução radical no sentido e un tr . .mportafltt' oqucar a iniciati .
c. • • til O maiS I Unidos se . va americana. Mas o Brasil não voltou atrás, e os Estados
IracaSSarta. Washington deveria propor uma opção mais su ' ndo p\l.n<'
. "00 d
que os norte-americanos eram suspeitos e n am e se
manter em segll
d lidcrolJlí
01 ~Atn~ri V1raL~ em um beco sem saída. O Brasil era a prioridade de Washington
. . 'a o papel e ' ca atina N- vali
O México, um sólido parceiro latino-americano, assuml!l . ao a a pena criar outras divisões em uma questão já con-
310
CH- A CONSTRUÇÃO DA AM~RICA LATINA E 00 TERCEIRO MUNOO 311
IAOL PREBIS •
troversa. "Aos olhos da América L ti d
_ a na, to a a história d C
raçao [americana]", relatou Bohan a " d a epalédenãoCOQ na/mente teve sucesso em atrair Víctor Urquidi como diretor de pesquisas de
valo - • pos a errota. Washin pe.
a iaçao erronea do humor rezional B h . . gton fizt ra U!Iil CastiJIo, parase encarregar da nova iniciativa na América Central, Esse voto de
• t>" , e o an sOliCItou ' .
alinhando os Estados Unidos com latino-a' penmssao paracapituhr, confiança em Santiago foi simbolizado pela resolução de que as próximas sessões
· mencanos e europeus e
secretanado permanente em Santiago' "A d I _ no ndOSSo a1lIli daCepa! seriam realizadas a cada dois anos, em vez de anualmente (com um
_ . e egaçao americana acredi
questao da Cepal deve ser decidida em bases p líticas" . la que a comitê gestormuito menor entre as reuniões), Isso deu a Prebisch o espaço ne-
29 B . _ ocas , conclwu. Acheson COn- cessário para respirar e concluir o programa de trabalho expandido da Cepal.
d
cor ou. ohan Imediatamente mudou de rum o e anunciou - que o "governo dos
. _ Agora ele poderia concentrar-se com calma na estratégia para a quinta sessão,
Estados Unidos está Impressionado com a alta qualidade do trabalho realizldo
marcada parao Rio de Janeiro em abril de 1953. Prebisch e a Cepal tinham mu-
pela Cepal e apoiará sua continuação". Prebisch enviouum tdegrnnaàsuaCljUi~
dado depatamar.
comemorando as boas notícias: "Gostaríamos de compartilhar nossa profimda
satisfação com todos os nossos camaradas no trabalho em Santiago."Começmm
as despedidas. Raúl respondeu gentilmente a Bohan, louvando "nosso traMIho
conjunto em tempos idos", e agradeceu-lhe o apoio no México, Ogovemomai-
cano lançou louvores à CepaI. Delegados da OEA e da Cepa! se abraçanm e
d 'é chega-
trocaram elogios. Os norte-americanos aplaudiram a mensagem eque
"- inho" eBohan tornou-
da a hora de a América Latina encontrar seu propno cammno , .
' "vemo Truman lenniJJll,
. . al aliado de Prebisch em W:ash íngron ate o go
se o pnnClp
30
cambaleante, no ano seguinte. P hisch a Cidade do Méxi'
_ " d triunfo de re I n r _",l,
A vitória da OEA fOI so o começo o
_ I "ACepnao
al - sõ foi COnIJIIl-
se encaixou conforme a sessao evo uia. fi . expandida e{oIU"
coo 11udo . n ai rmanente da ONU '
como or
. 'dadespra-
.
como uma comissão reglO pe " passou a teraOVl , J.
. 1 " s de pesqUIsa, nna"'"
lecída. Em vez de só produZIr re atono rtn0 de referência do ~ btinO'
S
d funções aos te noznisUS
ricas, acrescentando-se uas d treinamento para eco on~
' m eiro foi aprovadó o novo centro e raçõ~ para 1952,0 quecdolugt,l
Prl , . .' de suas ope E segun
ricanos prevendo-se o InICIO . nal de educação. rn ..oiáO {ofllll
aem ' , trUfiento regt° C ai na J.~- ..
a Cepal em um importante lDS ~,;ços de consultoria da ~s o~end~
.onal e os se..• • ' C3 com re . de esc
capacidade operaet d de assistência tecnt _pI deagêllCla 6JilI
id por um man ato firme no paI"'" . ão p1fl .,1
fortaleCl os . fi 'a mais visível e 'tório de llgaÇ. p. Cer
v. 1<. SantIago can ,d de esctI carl!Je· .
de Nova ror México foi promoVI a, . Centrale na _ eeooõoU"
. A sede no _ Amen ca .' tegraçao •..ciO
volvun ento. . .dades nesse paIS,na . de apoioa In _ de cool"":: .
• 1pelas atIVl projeto issao' L,;,lo>
responsave .. a a chefiar um noVO r urna com :úse5 en\'Ol'~
também foi scOlíettaald que seria supervisionadon:ia doS cincdooP M~co, ~'.h 6'
• 1ca
. entr, da eco ....
w ir ""hli'-"
na ,Arner el s ministrOS , ' ' 'a a pa antO t'J....
• . a composta p o C pal o d1flgtO de,ellqU
r o
e ... n otn IC ..+Ilnet·a, a e ! dessa se
ÍJ11 pOi LO'" difetO
Para afirmar sua. ara se tornar o
de SantIago P
mudou-se
,~ .~
r ,°
I
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I
.
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•"
CAPITULO, 13 ,".-,
Feliz de quem tem uma segunda chance na vid a. A conferência da Cepa! no Mé-
xico ofereceu essa oportunidade a Raúl. O Banco Central>- o conceito, a criação,
aequipe e a realização - havia sido um momento hi stórico em sua vida. Tudo ti-
"
nha se encaixado. Ele estava no centro do E stado argentino chefiando uma elite
administrativa que proporcionou u ma âncora firme para a economia naciona! nos
anos turbulentos após a Grande Depressão. Sua equipe de profissionais era uma
elite modernizante, unida por uma visão coerente de desenvolvimento nacional.
I.
,
" .
A competência era o único critério de progresso na carreira. O banco não era só
mais umórgão burocrático; criara uma ilha de racionalidade que mantinha estável
a economia apesar do caos político. Em 1943, ele de repente perdera tudo - o ó.-..
emprego,a influência e, por fim, o país. Caído no ostracismo, só lhe restou obser-
I1 ~ o Banco Central ser destruído e sua equipe ser dispersada, enquanto a econo-
nua argentina afundava.
, Inesperadamente, a ONU, com a conferência da Cepal em Havana, lhe propor-
CIonou um ren . fi .
aSClmento. Os anos de Raúl no ostracismo tiveram esse bene CIO:
agora podo
Am" la ver a cena a partir de uma perspectiva regional, tendo visitado toda a
cnca Latina d d
'ulas e mu a o seu conceito de desenvolvimento. Antes de 1943, suas
d eIIseu pensamento centravam-se na Argentina. Seis anos mais tard e, "El
osan ,,-
';.' .
o o de Am " L .
"
'fi .'
II tode li enca atina y algunos de sus principales problemas·, o Mani es- ,"; .
a\'ana' tifi
Propor ' .jus cou as atribulações vividas após a demissão, enquanto a Cepal
Clonou Ove'cuJ lí .
t ssadou . 1 o para recriar a síntese entre teoria, instituições e po nca. -
" 0'
,,,-
r c-:
, trinafoiate
Sllltia o fi ' d C O . . , m -
'",
nova equipe era outra elite modernizante sob sua orientação par; fi arco . cia do brilhantismo. Ele quase não descansava, e as pessoas amontoa-
omecer um. doa . gan volta. Para compIetar essa aura, tm. h a uma reputaçao
- d e lib ertino
. que
Política de desenvolvimento autônomo para a América Latina. PrebíISCh linIu varo-se a sua
criado o estruturalismo. Em 1951 , a conferência na Cidade do Méxic . orria de boca em boca entre seus assistentes, gerando desconforto. Porém, por
. fi" formidã I d "
sua 10 uencra, um rormi ave grupo e econormstas Jovens. Cada memh
O reuruu,sob
. c d exten'or urbano e dinâmico, restava o Prebisch incansável, reservado,
ro sentIa. Irás esse
se privilegiado por trabalhar na Cepal. Uma lealdade feroz e recíprocalembrava o dedicado e ético de Tucumán, pronto para surgir na companhia de Adelita e de
clima no Banco Central sob a liderança de Prebisch. Santiago tomou-se um mo- amigos íntimos em EI Maqui, seu refúgio nas montanhas fora de Santiago com
vimento - quase uma seita - sob a firme orientação do "grande heresiarca". vista panorâmica para o rio Maipo.
Onde isso tudo ia dar? Na Cidade do México ninguém tinha como saber. O sonho de voltar à Argentina também fervilhava. A Cepal era excitante,
Como chefe do Banco Central argentino, Prebisch exercera poder de verdalk Santiago era agradável, mas Buenos Aires tinha um charme incomparável. Raúl
Agora dependia de agências da ONU cheias de burocracia e controladas por e Adelita ainda eram proprietários de duas casas lá, a mansão em San Isidro e a
governos. Os latino-americanos e os Estados Unidos manteriam a fé na Cepal? residência secundária em Mar del Plata, e Raúl mantinha-se a par dos aconteci-
A previsão em Washington não era promissora. O macartismo mantinhao g0- mentos políticos em seu país por meio de uma correspondência regular com
verno Truman paralisado desde 1950, e o fracasso de Truman nas eleições presi- Alfredo MoIl e outros amigos na capital. Os relatórios confirmavam uma oposi-
denciais seguintes, em 1952, parecia certo. Uma vitória republicana varreria os ção política crescente, que Raúl se satisfazia em ter previsto, mas também confir-
últimos defensores da Cepal na capital. Qyanto às grandes instituições financei- mavam seus temores pelo futuro do país. Alfredo MoIl escreveu que Perón tinha
ras internacionais, como o FMI e o Banco Mundial, elas se alinhariam com percebido o erro de excluir Raúl da vida pública, e os membros de seu círculo
qualquer política norte-americana. Onde Prebisch poderia encontrar novos alia- mais íntimo o queriam de volta. Ele decidira não retornar enquanto Perón esti-
dos se ele se tornasse persona non grata em Washington? vesse no poder, mas será que voltaria depois da queda da ditadura? Tudo isso
estava por vir A . . . .
Parecia que o futuro da Cepal estava na própria América Latina. A insubilid2- C . pnmeira parte da Vida de Raúl estava encerrada, e a aventura da
de reinante na região afastava a certeza de aliados governamentais duradouros,~ epal na construção d a Arnéerica L '
anna estava prestes a começar. Não havia
- nova e culta ansiava
. rempo a perder.
uma geraçao por d ar su bsrâ
srancia ao conceIito de América. Lan-_
• bolo e I/lStrU
na. O desafio era aproveitar essa energia latente, rornan do-se Sim
mento de autoconfiança. As visitas de Prebisch a Cuba, Bras e
il América Cen
. esmoaconl
eci-
trai
...
após a conferência do México foram sucessos estrondosos, ate m v:un Pteb'IS( h deixou o M ' .
. .d os ouvintes esla .
mentos nacionais. O evangelho estava lá para ser rransrnítt o, fu1gw.ante e 3 de í exico e seguiu para Cuba, onde foi recebido de forma
lá para serem alcançados. o djre-
I
er longas m eJulhode19510 . presridente C ar osIPno
' Socarras mS1StIu
. . . em
elhança com conversas particul
E quanto ao próprio Raúl? Ele agora guardava pouca sem . ' 'veI. Ufll cada palaVra bli ares com ele. A imprensa nacional acompanhou
.alrnente WVlSI CD ' ' pu cando os texr d ' .
ror-geral do Banco Central. Em Buenos Aires, ele era SOCI do trabalhO. nViclad o para' os e seus muitos dISCursOS e entrevistas, e ele foi
worlUJholic que passava com a família e amigos as poucas horas 10:tidO, pentea-
tive animada
. co
mUitos jantare - .
s, recepçoes e noitadas na Tropicana. Havana es-
Na ONU, era uma personalidade pública notável, elegantemente ultidõeS>l'Í' naI. "S
L .
VIagens
m um latino-ame .
. ricano que se tornara ceI ' . .
ebridade internacio-
nrrc das m 11I ele es antenores de Raül .
do, escovado, engomado e carismático, Agora estava no ce . atf3Í3 se . tava de no,", . para a ilha eram relembradas com carinho, e
. . . ' d plateIas.que n1l'J tính o InStalado no H .
pido e devastador nas dISCUSSõeS, ímpressíonandc gran es . ndo'osr C :un Se Passado d orel Nacional, no Malecón. Somente dois anos
Ofl Z3 esde que el
id d
esforço - escrevendo seus próprios discursos com CUl a o, mem r com rJ1ll1'
epaJ
cOm leald d e apresentara o Manifesto. Cuba havia apoiado a
f . a se conecta ola Pensada a e desde o c d
alar sem consultar anotações e usando toda a energIa par, do. se coll1 o o cOm a p ' . omeço, urante os anos difíceis, e agora era recom-
idõ . I resentan . ral1' c0n& f1meIra vis' d .
ti oes atentas. Era uma celebridade internacIOna , ap dres.prole Onto cam E rta e Preblsch a uma capital latino-americana após
• . m seUS pa
entourage de seguidores da Cepal, como um arcebISpo co os stados Unidos no México.
.,.-.'.
~
..
~/
5CH : A CONSTRUçAO DA AMUICA LATINA E DO TERCEIRO MUNDO
316 .~úL paUl 317
Tecnicamente, Prebísch tinha sido convidado pelo Banco de Desen I ' 05 cubanos ficaram fascinados com sua retórica, e a maioria deles só viu esse
vo VUnenlo
Agrícola e Industrial de Cuba, mas foi recebido com o protocolo e as hoDrasCQn_ lado de suas apariçôcs cuidadosamente elaboradas. Porém, por trás do espetáculo
cedidos aos chefes de Estado. Felipe Pazos, ex-funcionário do FMI, tinha voltado havia outro Prebisch, para quem o escutava atentamente. Sua mensagem de revi-
para criar o Banco Central cubano, chamado Banco Nacional, do qual era vescência regional apelava para o orgulho e o nacionalismo latino-americanos, mas
agol1l0
presidente. Eugenio Castillo, apesar da lendária antipatia pelo presidente Frio e de era cuidadoso quando se tratava de indicar medidas especificas para promover
da amizade com Fulgencio Batista, acompanhou Prebisch em Havana coma mu- o desenvolvimento. A meta regional global era a transformação económica da
lher, Patricia Willis. América Latina, mas o processo seria demorado e complexo, exigindo planeja-
O presidente Prio buscava afrouxar a tutela dos Estados Unidos, e a mensagem menta, industri alização acelerada, tributação, reforma agrári a, cooperação técnica,
da Cepal de transformação por meio do comércio e da diversificação industrial investimento estrangeiro e crescimento do comércio. Cuba, argumentava, não de-
era atraente: em toda a América Latina, Cuba era a economia mais firmemente veria cair na armadilha de medidas extremas, como a de abandonar o setor açuca-
integrada na economia americana, um satélite virtual, uma extensão do sul da reiro. Em vez disso, o governo Prio deveria fortalecê-lo como fonte de comércio
Flórida e do Texas. Sindicatos e alunos da Universidade de Havana ansiavam por exterior. Apesar de apoiar fortemente a substituição de importações, ele aconselha-
mudança, mas a plateia que foi ouvir Prebisch também incluía empresários e ban- va o país a conter a inflação e aprovava o cuidado de Pazo com a política monetária
queiros. Ele tinha sido, afinal de contas, um respeitado dirigente de Banco Cen- noBanco Central. Quando pressionado por jornalistas, apresentou poucas ideias
tral e, em seus impecáveis temos de risca de giz, com sua presença confiante, específicas sobre industrialização. A malvácea africana - planta da mesma f.múlia
desempenhava esse papel com perfeição. doalgodão, que produz fibra na casca e no talo para fabricação de sacos - oferecia
A mensagem central de Prebisch era de mudança. A América Latina precisava uma boa oportunidade para a diversificação, assim como o setor têxtil, mas é claro
que oscubanos Ja . ham pensado nisso antes. Enfatizou a necessidade de um se-
.. tín
pensar de maneira nova. "A marcha forçada dos primeiros países na Revolução
Industrial criou um firmamento econômico com um sol composto pelas econo- lor.privado forte e de um governo flexível. ·0 subsídio é apenas uma receita para
mias desenvolvidas no centro, em tomo do qual os países periféricos gif2IIl ~ ;:clar trabalhadores", uma medida transitória no processo de Industrializa ção.'
órbitas desorganizadas."! Agora os países latino-americanos precisavant reUJ11l' . seOUtro Prebisch - o t ecnocrata - parecIa anzar os ÍirniItes da'md ustn'ali za-
. en fati
çao .tanto quan t o seu comprometimento com ela, a ferramenta central do desen-
vontade para transformar essa relação entre centro e periferia. Eles estavantpresos
.am ganJur0u vo1Vlmento Er I .
a um novo drama humano global- uma luta histórica - que podcn ça. da C . a caute oso em não levantar expectativas sobre uma ajuda substanoal
perder. "Aproveitarão a oportunidade?", perguntava. Se perdessem a ~_ o qu~ levaria muitos anos até de senvolver sua plena capacidade. Um pro-
'gramepdal,
. d esso era roO a e tremam . '
estariam con enados, pois o requisito fundamental para o suc Os d . ento estava em marcha, mas não se devena esperar milagres.
quant 01S Prebischs - o .msprra
. d or e o pragmanco
. . - eram tao- ditierentes no tom
dmjo de desenvolvimento. eJjrnillal" onamensa C
Cuba, observou, exigia uma "mudança radical" em sua economia para ssuía OS de espe gemo orno um pregador, sua eloquência acentuava a mensagem
dependência do setor açucareiro. E poderia alcançar o sucesSO. O país pcresideo'
ranÇaedep
col1Selh • romessa, deixando no pano de fundo a cautela d o P rebísch
JS
vemo do p ~11 elro de polí . " . .
e estud ticas publicas. O s anfitriões cubanos,Jornalistas, trabalhadores
recursos e o talento humano necessários para a transição, e o go .t: dido r antes ou .
t Prí d . ho delen
e no emonstrara seu comprometimento com o novo camln . êXtÜ nasCCn[e. SOl1lent VIam apenas o Prebisch in spirador.
te e em Uma oeas1ao .- a magia. falhou . Um Jornalista
. ' fez uma pergun ta di-
Cc:palao introduzir tarifas de proteção para desenvolver a indústria t B eo Cen' ta: Prebi h
Cuba agora tinha lerramentas
c .
para proteger sua economIa, como .um desen>'O.
ali I'" cOrno rep se ,pensava que Washington tinha cortado a cota de açúcar de Cuba
trai dirigt.do por profissionais e o Banco de Fomento para finao C1afdo ..;allzaçio . , resália às tari l"
PI>sllíVo b . .
....iras so te as importações de têxteIS amencanos. m
} E caSO
•. us'" Es •cOmo Cuba d d éli dos
mento e "remodelar substancialmente a economia". A palavra 10 çílo indu' . lados U id po eria ter esperanças de mudar seu Jla/US e sat te
Citavapor toda parte. "Um país só pode avançar mediante a tran
sforma
, ~ na.
Jej,. -
'4[ finn re isch parou e respirou fundo por um momento, antes de re-
llJ os? P bi
e
trial" . b' eh a J-Iav... • mente essa li - I ma pessoa
,anunoava a manchete típica durante a visita de Pre ~ ""'" e q"~"OOU como era 1""'''' que u
I(
IS
, ,
;
.É" .
->:
,-:,
~MtRICA
,
pensasse dessa forma. O governo Truman, observou apoiava a ind triali - sãode Merwin Bohan, convertido após a reunião na Cidade do México em aliado
,.. .. . ' us I zaçao na \
Amenca Latina . O Brasil continuava a Importar mercadorias no rt e-amencanas
. dePrebisch. A Cepa! ainda tinha amigos em W ashington, afirmou. F~ campa-
apesar de ter se tornado praticamente autossuficiente em uma indústria têxtil nha dentro do governo T rurnan, após sua volta do Brasil, por um maior apoio fi-
construída com tarifas protetoras. Os americanos finalmente tinham entendido a \ nanceiro no orçamento da ONU. No memorando interno do D epartamento de
, nova realidade de benefícios mútuos: mercados em expansão e desenvolvimento
r Estado, argumentou: "É difícil me opor a um aumento razoável no orçamento da
latino-americano beneficiavam os dois lados;' Em um tom de voz magoado, Pre-
I Cepa! por duas razões: (a) o fato de que as outras organizações regionais obtêm
bisch expressou a preocupação de que esse pensamento negativo viesse a enfra-
I muito mais que a Cepa! e (b) minha impressão de que a Cepal está fazendo um
quecer o compromisso com o desenvolvimento econômico na América Latina. trabalho que é francamente do interesse dos Estados U nídos.?'
Por um momento, a realidade do poder americano lançou uma nuvem sobre a . Qyando Prebisch voltou para a sede da Cepa! após a longa estada no M éxico e
reunião. Todos em Havana sabiam que a possibilidade de escolha, em Cuba, era em Cuba,foi recebido como um herói. Sua equipe sabia que só ele teria sid~ capaz
uma ilusão, pois o país estava no centro do império americano. Muitos suspeita- deimpressionar Washington e salvar a instituição. Mas ele não desejava congratu-
laçõoes. Assegurou a' equipe que o trabalho estava só começando e o plano adorado
.
vam que Castillo, adjunto de Prebisch, estava ajudando Batista a prepararo golpe
. militar que tiraria o presidente Prio, independente, do cargo em marçode 1952. no México exigiria esforços ainda maiores. Sua tarefa imediata foi reorganizar e
Mas a punhalada da verdade foi ofuscada pelo brilho e o charme de Prebisch. :,an~r a Cepal. Como o futuro da organização permanecera incerto nos três
pnrnelros anos, ate' a reurnao ' - no M eX1CO,' . a ONU a tm' h a rnannld o com um status
Ele deixou a ilha após uma visita que, da chegada até a partida, tinha sido um
temporário. T.orna d a permanente, Prebisch precisava remodelar o secretariado, .
grande sucesso. aumentando a ' fi . .
eqUipe e aper eiçoando a estrutura. Reestruturou a Cepal seguind o
omodelo do Ex" I -
••• u .dad ercito a ernao após a Primeira Guerra Mundial, criando pequenas
ru es chefiadas p 1 fu . ' " existentes, que poderiam
. .
ra id e os ncionanos ser expandidas
. ' al . _enão só no p amente com n .
Ao voltar a Santiago, Prebisch vivenciou um mês de pura egna . ele sos D ovos integrantes conforme surgissem oporrunidades e recur-
. essaforma u . , .
id d té o rio MalpO, de te . , m escntono com menos de cinquenta profissionais em regime
d
trabalho. Em uma excursão de 25 quilômetros fora a Cl a e a e 'st:l
hasco comVl mpo Integral fo . ,
e Adelita encontraram um chalé modesto escondido em um pen aralll Prebisch tinh rmana o nucleo da poderosa organização de pesquisa que
d Eles o compr N aem mente. . '
para o rio, tendo a co rdilheira andina emoldurada ao fu n o. deri)'o, . o topo, ele criou .
M . o esco n tios chefiad um grupo executivo de qua tro economistas e cinco secret â-
imediatamente para servir de refúgio de fim de semana. El aqUi, rn San-
. . ntOS e os por seu di .
como o batizaram , tornou-se um destino especial quando estavamJu J'ardilll geral_ seu a JUnto L OUIS Swenson para manter uma direção política
, R 'I lanejava um estado-mai .
corn carinh or, por assim dizer. " Lucho", como Swenson era chamado
tiago. Enquanto Adelita começava a consertar a casa, au p . trea Cepa! oW: pelos coleg I .
rio terreno de um hectare precariamente pendurado sobre o M:upo. , evir.lvo1t:l . as- atmo-americanos, era um interlocutor habilidoso en-
. . nal: uma r . que dava a 's ashlngto n e a O NU. Muito suave, com um bigode fino de gãngster
. Havia de novo razão para otimismo na esfera mternaclO EJetrelllO Pala\'tas, m eu rosto u m aspecto de ursinho de pelúcia, era um homem de poucas
.. . . tiva de paz no d o
inesperada na Guerra da Coreia fizera surgir a perspec . mpaca an
. ~pwili_e ~ SlVe
oSon cias, quando falava, era com razão e au toridade. Por .Inte rm édio " de
O riente.Todas as partes pareciam fartas de um a guerra IS arente apO Vai • 'nco divisõ . ' . .
d . lh com o ap da f'\ \'irn ento tr . es e a unidade estatística se reportavam a Prebisch : desen- ,
paralelo 38 . Um cessar-fogo foi anunciado em 27 e JU o a' a febre v ' elna ' . . .
. ' mil:tgroS . • ui' PoSto ava men to , pesquisa econ ôrnica agricultura e indústria e mineração.
soviético. A cro nometragem das notícias pareceu quase
'. M C thy estoU
raria c o eq
ltaa Pelo n nçado do M' . .. ' "al ' .
c anca do tv e.'<1co fOI abngado no prédio da Segundade SOCI, pago
. Guerra Fria poderia arrefecer, a bolh a do senador c ar
»Ó ;
aria de VO
, . ' ., ,. . ' fi Imente tr . enca . ' V' °rn all\ISs-ao
. d lexlco co mo sm . a! da continuidade de seu apOIo . a P reblISC h ,mas
, líbno voltaria a política externa amencana. A paz na Am . Ir~ba!h e lide . . . ..
. . . " I imento na a\" ar etl\ fu ' . rar o projeto de integração da Aménca C entral em vez.de .
. atenção dos Estados Unidos aos problemas do desenvo v . . Essaer.l . nçao do • • . ' trO
.. ., . . Waslungl° ll : . propno México. O escritório de Washmgton, com qua
tina, 'e a C epal ganharia mais e,spaço para respirar em •
. ),'
320
/ / - DA AMtRICA LATINA E DD TERCEIRO MUNDO 321
1011111 • A CONSTRUçlO
L pREaISCH.
funcionários, completava a equipe. Prebisch su .. I l'll lA O
/ .
~t-- -
-~--:-"
~.--
322 -: CONSTRUçAO DA AMtRICA LATINA E DO TERCEIRO MUNDO 323
I~Ol PRUISCH : A
ça que faltava na Amenca hispânica. re I rocWnando o entrar para o Itamaraty. Seu primeiro cargo foi na seção comercial da embaixada
lat 'a, e conseguira se safarp
ad
com poucos críticos qualific os na p er _ ui enfrentOU aulll" do Brasil em W:ashington, aon de eh egou em 1942 com a reputação de radical. Em
C al N RioeemS ao Pa o,
d
lado inspirador do evangelho a ep . o ,d e yjnbatn ob- 1944, Gudin convidou-o a juntar-se à delegação brasileira na Conferência de
". b ínf ados e engaja os, qu , Bretton Woods' .
ridades, industriais e especialistas em orm G de Depressão e tinhJ!n , ' apos o que se inscreveu na pós-graduação em economia na Uni-
servando vinte anos de mudança industrial desde ~ ; ai no Brasil Corno ~ ~Iclade GeorgeWashington e depois voltou a trabalhar no Banco do Brasil Sua
pergun
tas dificeis sobre a viabilidade da doutrina. , e~epaI era "UJ1Ia inStitui' onentação polItica
um
. . .
continuava incerta; mas, à sua maneira, ele se destacava como
d . expeetaovas. a oultO COnCOrrente de Cels Fi d P
Cuba, ele estava cauteloso, evitan o enar . . da oNU estayalll em bJ' amizade . o urta o. rebiseh interessou-se por ele e começou uma
" e as questões sOCIaIS . ...:. 1 "apesar de 0Uran ~~tir que contasse sempre com dois pontos de vista sobre o Brasil.
ção econôlll1ca por natureza, d Il'<TÍslaçáo soe- te a VISIta de C .
_ lida problemas e -o· COnjunto C al ampos a Sanoago, um ano depois, eles criaram um programa
departamento"; ela nao va com lO ele
, ep -BNDE no Rio, ao qual Furtado se juntou como díreror,"
- "8 ces enqtJ2ll Prebisch
ver óbvios pontos de interseçao . todos os setO 'sUS coJ1l
•novos. começou com o tema "b atalha de ideias"» sua marca registrada: países
bí ch cresceu em nUCI'I .
O interesse pela visita de Pre IS S- Paulo. Manteve e fII opj'Cl1" COmo o Brasil inh
. do chegou a ao .cultura' CO ,}tO ltIio pesada d " ti am de recuperar a autonomia intelectual e afastar a
estava no Rio e contInUOU quan F da e da Agf1 , nifiOs de sobre a divis-e teoncos norr .
Clo
os ministros das Relações Exteriores, da aze: ase todoS os wn llÚ~. f~
, e-amerIcanos e europeus, como Viner. A versão deles
ao Interna . na!
d Brasil e com q . econô ~leitI COndenavam o B . CIo do trabalho e as MIeis" das vantagens comparativas
li . as monetár1aS e ~issãollrv·.
dente e diretores do Banco o
PriInas, SUjeitos a ~il e a ~érica Latina a continuar fornecedores de matérias-
escalão envolvidos na d e
fiai
C
marcadas reuniões com o ons o
ã
ç o
de po nc
elh Eco nomI
A •
. do comO as P
ai C01W
co Nadon , a 'd- nte8 ds
cesl ",.
CQlll
I ennos de mtercâmbio desfavoráveis.II As ideias tinham impor-
do setor pnva ,
.~
d
de Assistência Técnica e li eres
.>:
324 EDG~R J, DOS~~M R~OL PREBISCH•
' A CONSTRUÇAO DA AMHICA LATINA E DO TERCEIRO MUNDO
325
rãnda. Economistas como Viner criavam u~ "ambient~ ~sicológico·que limitava rotecionismo, pois a industrialização alterava as relações comerciais en-
oomop .
tade de industrializar e mudar as relações comerciais entre as velhas _ . s desenvolvidos e em desenvolvimento, mas não prejudicava o cresci-
a von poten- Ire patse J
cias industrializadas e a América Latina. Em vez disso, a Cepal oferecia urna teo- .'
meotodo comerCIO em SI'. IS
ria própria de desenvolvimento, com base nas condições reais e na história da A maioria dos brasileiros que veio assistir Prebisch estava interessada em ques-
região, que desafiava a teoria liberal ortodoxa. Viner não entendia isso. O Brasil tões espeóficas do desenvolvimento. Como se podia fortalecer a industrialização?
não podia voltar a raízes agrícolas, evitar a industrialização e resolver o problema O presidente Vargas estava criando o BNDE em 1952: era uma decisão sensata?
do emprego com o controle da natalidade." Como não havia possibilidadede Qya1 deveria ser o papel da instituição? (Prebisch o considerava um passo adian-
volta atrás - a modernização do país já estava firmemente estabelecida, e a indus- te essencial, mas advertia contra os excessos de Perón no fomento de indústrias
trialização era um fato -, a questão não era mais se o país deveria se industrializar, \ ineficientes.) Qjrais eram os papéis especiais das políticas monetária e cambial
mas como. Prebisch congratulou o Brasil pelo sucesso na construção de ind\ÍStri2s \ nesse estágio do desenvolvimento? Com que velocidade a substituição de impor-
pesadas como a siderúrgica de Volta Redonda, sendo São Paulo uma lição exem- tações deveria marchar? Qpal era o nível adequado de intervenção governamental
plar da necessidade de absorver o excedente de mão de obra proveniente do cam- no mercado? Como a Cepal poderia ajudar o Brasil a lidar com tais problemas
po com industrialização acelerada. II nesse estágio da industrialização? Prebisch citou casos e exemplos: a criação pela
Havia detratores. Gudin criticava Prebisch por "abandonar a antiga teoria e Cepal de associações industriais regionais, como a primeira reunião de especialis-
construir teorias inteiramente novas de origem puramente local, sem ter pelome- tas na indústria de ferro e de aço em novembro; o importante estudo sobre a
nos um indígena entre seus autores" .13 Por que não poderia se ater às leis da eco- economia brasileira que estava sendo feito sob a direção de Furtado; o programa
nomia clássica, estabelecidas e comprovadas? Para ele, o "mito do planejamento" da de treinamento de Ahumada e, acima de tudo, o trabalho pioneiro da Cepal em
Cepal era incompatível com a iniciativa do setor privado e o livre mercado. Uma técnicas de programação econômica.
vez iniciada, a intervenção levaria irresistivelmente ao controle estatal. O papel Era aí que a Cepal entrava, ressaltava Prebisch, como o único centro de pesquisas
essencial do Estado devia limitar-se a construir infraestrutura e, acima de tudo, ~onômicas independente e dirigido por latino-americanos, uma usina de ideias
controlar a Infla
I
- com uma po linca
çao . monetana . , ngi
. 'da. A combinação de um movadoras para iniciativas necessárias à construção de uma nova América Latina.
a indus' Cernem " I
Estado minimalista e da iniciativa do setor privado seria suficiente para .' , presanos o ac amaram com uma ovação na Federação das Indústrias; a
• • _ .<1 . ão mas insiSUl
trialízação e o crescimento." Prebisch concordava quanto a mnaça , ~prensa também aplaudiu. O tradicional jornal O Estadode S. Paulo chamou-o de
. . . . , _"P a ão· ou ·pla' sunbolo - Iatino-americana
vivo da industri ali zaçao . . ". 16 O propno
. , presidente
.
'em um Estado mais anvo para acelerar a mdustnalizaçao. rogram ç . . do . Vargas
e rnttgrantes d fi .
nejamento", conforme entendidos pela Cepal, disse à Federação das Iod\ÍStf1a5 " E d o governo caram entusiasmados com a visão de Prebisch de um
bre o setor po sta o ativo G d' R b
Estado de São Paulo em 31 de agosto, não significavam avançar so ócios refl' . .. u ln e o erro Campos ainda discordavam, e o liberalismo deles
vado em estilo soviético. "Não se trata de uma intervenção completa nos o~ que
etía a diVIsão q li
no pod ue se amp ava na sociedade brasileira. Enquanto Vargas estivesse
ou na produção, mas de uma ajuda com instrumentos específicos para ~ordeve- er, Prebisch odi
fensores p a contar com o governo. Agora, a Cepal tinha muitos de-
o portugu~erosos e bem relacionados no Brasil. Ele tomou providências para que
resarialS
se atinjam objetivos e quantidades específicas." As decisões ernp Ue na
. r al~M~ es se tornas se a li ngua o ficial da instituição no ano seguinte.
riam ser tornadas pelo setor privado, que precisava ser tort e tal e selOr
ta
América Latina. Não havia incompatibilidade entre planejamento es . vesti'
. lume delO
pnvado forte. A doutrina da Cepal só buscava aumentar o vo desen- •••
i1íbrio 00
mentos para acelerar o crescimento e "evitar o evidente d esequ
. ' blico esta
' va em o SUcesso d ' .
volvimento econômico latino-americano". Em suma, o setor pu ubstituiçáo Latina, roas
a VISita de Prebisch ao Brasil fortaleceu sua posição na América
seu papel primordial de promover o bem-estar público. Qyanto à s paóvel as relaçõe
Ça de paz G s com os Estados Unidos pennaneceram diHceis. A esperan-
. -
de =portaçoes, 'T"r d ria ser com \ na uetra d C . .
o comércio internacional sob o G/ú • PO e ~ a oreia tinha evaporado,e o 00"",'" se arrastava. O apro-
-'00
-....,..~..,..~ ..
~-~O_----_· _·_·_ ·- .
EDCAl J 00 ' . CONSTRUÇÁO DA AMHICA LATINA E DO TERCEIRO MUNDO 327
"> ,
. 1"11 RAOL PRUISCtI. A , 'o
fundamento da Guerra Fria na Ásia e na Europa concentrava' . s camponeses para terras incultas nas regiões tropicais? Por que eles
>. nessas regi' '0enViava o
atenção política e econômica dos Estados Unidos em detrimento da Aro" Dts l
.~- -
.<
.- - ------- --- ..-;---~~.-- - -o- --;---.-
330
!DG~ll. DDI~.. .
~IOl p,U1SCH. I
CONSTRUc;lO DA AMtRICA LATINA E 00 TERCEIRO MUNDO
dente e produzisse materiais relevantes e de alta qualidade, ele ~. ou equipe pais em desenvolvimento de tamanho gigante. A França era uma aliada valiosa:
nomeava o secr t:íri .
. . A OEA não tinha autonou - • 1>- • e o-geral adjunto responsável pelo Departamento de Assuntos
apoio dos governos latino-amencanos. :unigo5 caf/!1 <.conÔll\lcos era
. Até observadores _.•õ.1Il amigo de' um governo membro da Cepal, e Jean Monnet era o melhor
'canOS se [CU'~
l'latad Lohn F~ter Dulles, a quem tinha conhecido durante as negociações do
comparável, não merecendo o mesmo respeito. .
. • d os lanno-aroen dbtY
vam de suas reuniões em Washington, on e . . 1 do refeiçõeS Jll Fi o Pazde Paris em 1919.
d tio rico unp oran
como primos pobres em tomo da mesa o 1.._ ....11> U1a\rnente a d
• quistoU um "!I" d ~. \ OPOrtunidad ' . gnn e complexidade e a política oculta da ONU forneciam
res". Bohan estava de acordo: a OEA nunca con rk era menor que a e adJ \ 'Ção. O ~peradas para Prebisch localizar parceiros e ampliar seu raio de
A força de barganha direta da Cepal em Nova Yo d __M.1iardadiploJll o
. inh vantagens no mun o ~- J.ol'ltl,e \ YD!k, era ento de Assuntos Econômicos, interlocutor da Cepa! em Nova
\ enorme é
cias maiores, mas Prebisch t1 a suas aso de sucesso "" , dentro dele. G~r m amorfo, com um obscuro equiliôrio de forças operando
da ONU. Em primeiro lugar, a agência era um raro. c A. outraS d~ co Fr\J. 1 Mosak, seu. Uffie Georges-Pícot, da França, era o diretor formal, mas Jacob
_1 • avadiSSO'r>" G~
secretariado, inclusive o secretário-gel.... preas pressõeS da u co~
b ~... .
nUmerod . .
aIS, mantinha ligações próximas com Washington e a e-
del
~_H.adas 50 as o UlP' - ..etlcana
remonais criadas após 1945 estavam 1'....- --I:~;smO com na ONU. Como secretário das comissões regionais, W1adek
"'- . G Fria e ao S(all'V
Na Europa, a CEE sobreviveu à uerra
~..•.~
332
EDG --"": --
AR I. DOSN~~
-- r-.. - -:::::::. - ·,..----
•• OL pREII
SCH:
•
~ CONSTRUÇÃO DA AMERICA LATINA E' DO TERCEIRO MUNDO
333
· MalinoWski tinha sido um amigo e apoiador fiel desde 1949, habilidoso Diante de protestos internacionais, a m issão dos Estados Unidos na ONU adver-
em reco-
nhecer aliados e adversários potenciais - hábil em identificar quem era quem nas tiu OS membros do Conselho de Segurança para que não tratassem da questão da
agências e secretariados em Nova York. Muitos oficiais do Departamento respei- Guatemala e começou a listar apoios de países amigos na região . Mas nem todos
tavam Prebisch e tinham peso no processo de tomada de decisão por causa de sua os latino-americanos eram maleáveis. O México e a Venezuela recusaram-se
.. experiência profissionaL Dentro do secretariado como um todo, Prebi sch tinha . abertamente, e a maioria dos países fez críticas privadas. Nem a OEA apoiou
'uma rede de contatos que se estendia ao escritório de Dag Hammarskjõld, secre- Washington. Alberto Lleras Camargo, o primeiro e respeitado secretário-geral,
.tário-geral, e Andrew Cordier, o americano que era seu assessor executivo. A for- renunciou com um discurso muito aplaudido que falava em traição, deixando
ça de Prebisch residia no uso da diplomacia interdepartamental para converter Washington na companhia dos piores déspotas latino-americanos - Batista,
esses contatos em coalizões incomuns, a fim de criar um fluxo de energia e idea- Trujillo, Somoza e Srroessner."
lismo em apoio à visão da Cepal. .Uma demonstração tão inesperada de afirmação latino-americana pôs Washington
. . A inaçâo de Eisenhower e Du11es nas relações com a América Latina foi rom- na defensiva em relação à reunião especial de ministros da Fazenda e da.Econornia,
pida com a crise na Guatemala em junho de 1954, quando uma revolta apoiada marcada para 22 de novembro no Hotel Qpirandinha, em Petrópolis, a convite do
pela inteligência americana derrubou o governo do presidente Jacobo Arbenz presidente Getúlio VargaS.29 Embora de forma relutante, Dulles tinha aceitado a
Guzman, um modernizador que cometera o erro de aprovar a reforma agrária. proposta em março, antes da irrupção da crise na Guatemala, como forma de reduzir
Dulles o considerava um ponto de entrada para a influência soviética. D epois de apressão latino-americana para que se realizasse a chamada conferência econômica
· os Estados Unidos protestarem durante dez dias contra a suposta chegada de um interamerieana, prometida por T ruman em 1949. O governo Eisenhower estava ain-
carregamento de armas da Polôniano dia 17 de maio, o destino de Arbenz ficou da menos disposto a ceder às conhecidas queixas dos latino-americanos. Concordar
incerto. Então, uma força clandestina reunida pela ClA e chefiada pelo corond com a reunião no O.!litandinha era uma concessão feita para manter as aparências,
Carlos Castillo Armas invadiu a Guatemala, vinda d e Honduras. Arbenz resistiu diminuir a pressão e obter alguns anos de paz e tranquilidade. Porém, o impacto do
até ·27 de junho, quando renunciou. Castillo Armas o substituiu formalmente golpe na Guatemala reabrira feridas perenes.
'Julh o, realizando um expurgo que Ievou m Urefuuiados
como presl'ente
d em 8 de o' • Dulles percebia a importãncia de melhorar as relações com a América Latina,
para as embaixadas latino-americanas, quinhentos só para as in stalações mCXIca- mas os departamentos do Tesouro e de Estado afastavam a possibilidade de uma
. . . - d " '0 a urna nova p li'
nas, onde o propno Arbenz encontrou refúgio. A mtervençao eu Imo ai, o rica: a perspectiva da conferência era incerta e Imprevisível." Sem pes-
a
d as diitad uras mais. sangrentas
' da América Latina e d estruLU . a democracia no ; b. OEA teve de recorrer à Cepal para preparar a reunião do Quitandinha.
re 15ch Concord
país por gerações. . cordaram ou, e os governos da comissão, inclusive os Estados Unidos, con-
. P bi h N ' . G temal a, rece- Preparan que os funcionários de Santiago deixariam de lado o trabalho regular e
. ' re ISC estava em ova York quando irrompeu a crrse na ua. o de
a
bendo um titulo de doutor honoris causa da Universidade de Columbl em 1. eh Una li ~ um documento de apoio chamado "Cooperaccién internacional en
. nh . I eePrebls po tica de de 11 I .
JU o.junto com John Foster Du11es. Dulles não fez menção ao go P te texto sarro o atmoamericano",31 Não ficou claro, contudo, o que o
- .I o depn reCOmendaria.
nao evantou a questão. A Guatemala não foi mencionada durante f ' aS I Desde 1950 . .
. . d M as not Cl
Jantar e celebração do bicentenário de fundação da universidade. as d de 05gov ,quando assumiu a Cepal, Prebisch tinha sido cauteloso ao lidar com
.' .
.' .
comam . N-
" '.' . ao apenas essa era a primeira intervenção norte-amenca
. na d'Ireta es
olítira
.1 em05 patroci d
ProVOCar c na ores, sempre trabalhando para chegar a consensos em vez de
. .. -a Segunda Guerra Mundial, como também assinalava uma nova era naelP elA. 3Conse1h onfrontos •ReVlsava
. pessoalmente todos os relatórios antes d a publi caçao,
-
. externa dos E t d Unld . adas P a ara Furtado - bi .
,. . . s a os m os, que passaria a usar forças org alllZ .do as neutro Co a nao ser impetuoso e era escrupuloso ao tentar ser o ~envo e
· O reconhecimento de Batista pelos Estados Unidos em 1952 tinha aborreCI for' C% 33 Amgo vem o s, a ponto de se opor a recomendações gerais . nos reIat õri
nos da
latino-ame . ., . I tmU uma . o contrãr· d . .
.. ' . . ncanos, mas ISSO era coisa do passado. A Guatema a mos , regiiíQ. lteano. A I io e alguns colegas mais jovens em Santiago, não era antlame-
ma de penetraçã ' . al pais na nglatetr . . '
'. . o amencana que poderia desestabilizar qu quer a e o mtoleráve1 Pickwick Club em Buenos Aires, que reurua
- :- - -- _. ::.:.:.:..:-:._..:~~~-
------ .
334
I • A CONSTRUçAO DA A'HRICA LATINA E DO TERCEIRO MUNDO
RAOL PREBISCN . 335
pretensiosos ex-alunos das tradicionaisuniversidades Oxford e Cambridge, tinham a base de apoio da Cepal. F~ei e Lleras Res~re:o ~eram a ser presidentes de
sidoa pedra no sapato de sua experiência;depois deles, recebera bem none-ameri. • es Além disso, Prebisch tomou providências para que os governos e a
seus paiS •
canos comoTriffin e Williams, além do Federal Reserve. Prebisch conhecia os Es. sede da ONU só recebessem cópias de "Cooperacciõn internacional..." quatro
tados Unidos melhor que sua equipe de Santiago e tinha vivenciado uma fase dias antesda abertura da conferência, quando já seria tarde demais para o veto.
benigna nasrelações dessepaís com a América Latina . Achava que o pêndulo aca- Dag Hatnrnarskjõld, o novo secretário-geral da ONU, tinha ideias conservadoras
bária oscilando de novo para restaurar o equilíbrio ideológico em Washington, sobre o desenvolvimento internacional e poderia tentar bloquear o relatório. O De-
Mas o golpe na Guatemala havia sido tão ousado - com uma geração inteira de partatnento de Estado, que logo percebeu a importância do documento, ficou es-
reformadores e amigosmortos, presos ou no exílio - que Prebisch decidiu abando- taITecido e aborrecido. A Holanda recusou-o por ser "anti-Estados Unidos"."
nar a costumeira cautela, Normalmente, um documento de conferência, como O Departamento de Estado enviou o pacote do Qpitandinha para o Departamen-
"Cooperacci õn ínrernacional.;,", seria escrito em contato com Washington, mas todoTesouro com uma mensagem de advertência: "Esse documento atraiu enorme
Prebisch ·decidiu confrontar os americanos com um fait accompli inesperado, dei- interesse e sem dúvida fornecerá muita argumentação a ser usada pelas delegações
XJII1do-os em uma situação diplomática embaraçosa. Isso escapava das normas di- latino-americanas em debates sobre os problemas econômicos nessas áreas."3S
· plornáticas aceitas na ONU.Além de ultrapassar as regras dojogo, Prebisch decidiu As delegações já estavam chegando ao Quitandlnha. Nada podia ser feito.
também propor uma agenda de desenvolvimento que os americanos certamente A reunião no Quítandinha cumpriu o prometido em termos de disposição e
rejeitariam. Teriam de rejeitá-Ia publicamente, sem panos quentes. Ele sabia que vivacidade. Sem Dag Hammarskjõld, que não pôde comparecer e pediu a Prebisch
essa humilhação provocariaraiva ou mesmo retaliação de Washington,mas valia o que o representasse, a audiência foi do mais alto nível, incluindo as equipes do
risco. A reunião no Quitandinha era uma oportunidade única para propor uma Banco Mundial e do FMI. A imprensa latino-americana cobriu o evento em de-
nova agenda que rompesse com os clichês estabelecidos em tomo do "desenvol- talbes. A maiorparte dos delegados tinha estado lá um ano antes, aproveitando o
vimento".Americanos, europeuse soviéticosapoiavam, em principio,o"desenvolvi- conforto do antigo hotel luxuoso com suas enormes banheiras de ferro fundido
.
mento "E. m abstrato, era um termo consensual e um obi~et1vo um,versalmente sob.re patas de leão de bronze, mas dessa vez previam um grande confronto entre
acei't o. nrorem,
• apesarda concordâanca com a p alavra a dimarruca
, . realdo desenvo!- Raúl Prebisch e George Humphrey. O clima no Brasil contribuía para o ambien-
. '
· virnento provocava desacordo, quase sempre ignorado." No '4ntanroo ' dinha, Prebisch._ te. dramático'. o presridente Viargas cometera suicídio em 24 de agosto, e sua emo-
decidiu aceitar esse discursocomum sobre desenvolvimento como ponto deparo.
eci u aceí CIonada rnens d d
S agem e espedida gerara uma onda de comoção em todo o país.
·da . . , " tO nacionalS ua autodenom' - d d .
. e centroupnncpalmente nas condições tanto internaconats quan m' . Inaçao e efensor dos brasileiros comuns e sua defesa do patn-
· para seusucesso. Ao fazê-lo,colocou as estruturas de interdepen dêencr'aedegover- OlUo nacional .
lllanifi _ Contragrandes interesses e companhias estrangeiras provocaram
ralidades sem estaçoes de a ti . .
no como o foco primário de análise afastando o debate das gene · n lamencamsmo em seguida à sua morte. '
'd · , . .a1izados e em PrebISch
senti o,destacando as responsabilidades recíprocas de países mdustrl
d I' li' spara essa Um d fi apresentou "Cooperacción internacional..."em 24 de novembro como
esa o p
. esenvo vimenre, projetando um plano de ação e um marco de po nc~ texto 'A vaJ.idad a~ que os governos reunidos resgatassem o capitalismo liberal.
agenda . comum. Issoera· pisar
. em solo novo e subversivo-
, E m certo senndo, o ' 0-
(lossibilid ed do Sistema empresanial pnvado
ori r
em patScscomo os nossos,com torres
. ·Coo '" I mentO operaCl
· . peraccícn Internacional.•.", de Prebisch, tornou-se o comp e dinãnu a es de desenvolvimento, depende principalmente de sua capacidade
nal do Manifestode Havana. . seis
tinha c:' sUdja.capacidade de garantir altas taxas de crescimento."Washington não
.
Para dar . " . d apoio coJ1l
· à lrucatlva a maior legitimidade ele criou um grupo e L1eras 11 scordar. P rebllSCh havia
tndUstrialmo
. . parafraseado um memorando escnto . peIo
latino ~' . . ' . (Chi! ) CarloS eter Grac •
.amencanos comprestígiointernacional: Eduardo Frei e, Rica), trescÍlne e um mes antes a John Foster DuIles. 36 Ele observou que o
. Restrepo (Col~mbia), Evaristo Araíza (México), Rodrigo Facio (~:s~Os seis ~~~ .
ceu a "", •._ ava avançando e havia um crescente desconforto social,Agra-
Cbnto de Paíva Leite (Brasil) e Francisco Garcia Olano (Argennn ) aJ1IpliOU --lao" .
: representavam t d b I . to deles
llIento do . ' quando, pela primeira vez, os problemas básicos do desenvolvi-
· ... . . . o as assu -regiõesdo continente, e o envo VlIDen sPa.tsesl· . . '
atíno-amencanos serão discutidos em sua totalidade e com alto
336
,.
IÚVcI de responsabilidade". E apresentou as respo I ili
ma )1 Jdade! Ç{) •
da interdependência, declarando claramente que a d ojUnt«, ii - . I.~- • •·;'" em que Cub.. Batise... Repüblica D..'l11ink· n • (li "U G
pe sar e o rd:oIli . . --..J ~.---- - - ruJI " . us te-
_ o (C~riIlo Arous e Venezuela j irnenez ) JpoiJ'-.ull \3< Est"JJOl Unidos, Onil
M • • '
sem as disparidades em técnicas e densidade de capital tão característica .L menro Rq;ionll. o item m.lis discutido no Q!l itOlndinhJ. No entanto, quando (lJ
América Latina. "Cooperacci õn internacional. ." propunha "uma cornbinaçãc de delegados deixaram I) Brasil, em .2 de dezernbro. us rda';l es entre Os Estados Uni-
medidas nacionais e internacionais" a serem aplicadas "sim ultaneamente ede roo- dos c 1 Améria Larina e. t"J '"J," mais teruas do Ilue nunca.
do coordenado" para inaugurar uma nova era de cooperação entre os Em&»
Unidos e a América Latina. Isso incluía a criação de um banco de desc:m'lllvimell-
to regional; o reforço do plancjamento económico para evitar turbulênciJs; estJ·
bilidade para a exportação de matérias-primas; cooperação técnica e treinamelllll;
o prestigio da Cepa! região alcançou novos níveis apci. a cunli:rênda nu
0:1
m.dos por espca'a1'ISt"<lS recoll h eu'dos' para .... • os f'!:lnl1s e: . da n.l1'~ pdl~
'1, ", Jj'lr ..; . I ~ imPOrtante no escritó rio de NoV"a Yorlc. De Seyne. era um hurr.l<.n u u-
.
de governos latino-amer,,::allos e assehrurar umll estrU
. rur.l adc:qu~ t -
\ '.1 Jl>o.'nlJi,<-'!
I
i ~. comprometido não só com o desenvolvimento inrernuiuoaJ, ma» u m-
. . . " sug.-rria uma no " o:- I l' . COm a construção de coali :zó<:s que: dilui,sc m ncgativiJ.mn do. E.I.1d..ri
o cretiCJmcnto economlco. O conceJlO, em suma. . . nt'r.Jç1" e 11' I)
. ~. I, ~
.Em - carta
de . I, '
.
congrarulaçÕC'i, e"criu ...m lran.:~ e oglO..... I'A
D·úl k m-
I .~ .: ?2rtic:ipação de De: Sc:yne" em sosõc" ante:riQro di Cepal e o ap..w
l1lúruo de 10nhtO pc-",zo.
I'Clilit: . ' . UJl1 8 :111'"\' de .',... I
Humphrt-y reJ'dtou todas
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338
(OC~I I NSTRUÇAO OA AMtRleA LATINA E 00 TERCEIRO MUNDO 339
. 0010, . (SlseH : A eo
I. ~l PR
A Colômbia tinha sido um dos países lati _ '
no amencanos a
Cepal. O convite para que ela ab rigasse a sexta ses _ r , se alinhar C()1lI , Crescia um sentimento de identidade regional. Um jornalista me-
. sao rol Uma I ~ureaam ,
bisch, um reconhecimento de seu trabalho no aí d d COnquista de ~ u uma comoção no Departamento de Estado ao defender que a
p s es e 1953 a ' xicano provoco u ' • •
bom amigo Carlos Lleras Restrepo. O único d J po~ por lCJl
• ica Latina precisava de uma política comum e uma frente comum para
. esapontamento em R~ , /unen ar a "influência penetrante e arrebatadora" dos Estados Unidos e que isso
golpe de Estado liderado por Gustavo Roias p' nilla n, ~li foi o
J I , '<!1ando os del_~,_ colllpens_ alcan,."do com binando i d ustn'alizaçao
inan o 10 - e mtegraçao
' _ . al, E raro
reglOn
sexta sessão chegaram ao Hotel Tequendama, Bo tá -6"""1 dl só pod ena ser y-
' " . go estava em estado de .. sinais pequenos, mas contundentes. _ _
Pmilla tinha barudo todas as "atividades comunistas" em 4 de m lIllo;
' - d . arço,comflClul Prebisch tinha conseguido: a Cepa! era uma realizaçao espantosa, uma voz re-
d e pnsao e cinco anos para os criminosos. Os dois princi " ,
pus JornaIS da cidade, .anal V210rizada que convocava a criação de uma região. A realização era coletiva
EI Tiempo e EI Espectador, estavam fechados e em 31 de
, _ , , '
Ti
agosto, a IIIIl Y"lIW1I, ~a Cepa! tanto liderou quanto reagiu a ideias e conceitos de outros - mas supe-
uma publi~açao am~ncana: tam~e~ foi banida. A polícia percorria toda 1logod, raVõl o que qualquer um poderia ter esperado. Sem dúvida, era uma criação sua,
onde ocomam marufestaçoes publicas e prisões, Prebisch soube que R2úl Mm- forjada comtenacidade e diplomacia no implacável mundo do sistema da ONU e
des, um economista colombiano que fora consultor da CepaI,havia sido pmo.F1e da política latino-americana,
interveio diretarnente junto ao presidente Pinilla pedindo sualibertação imcdiat3. Foi ummomento de profunda satisfação, RaúI teria tempo para relaxar e apro-
Obteve sucesso, para surpresa de Mendes, libertado antes do final dodia. veitar, Porém, após mandar o telegrama para De Seynes em 16 de setembro, sou-
Confinados no Hotel Tequendama durante a sexta sessão, os delegados da Ct- be que o general Lonardi comandara um golpe contra Juan Perón, que fora
pal só podiam trabalhar. Preb ísch pressentiu um novo êxito e novas possibilidades deposto, Deveriavoltar? Ficou atarantado diante de uma atração fatal, irresistivel-
quando os acontecimentos conspiraram em sua direção. No encerramentodamJ- mente arrastado a uma encruzilhada que poderia levá-lo a uma vitória espetacular
nião, enviou uma mensagem a De Seynes afumando q\le a sessao- tiniu sido 'um ou a uma derrota desastrosa.