Diario 2589 25 10 2018

Caderno Judiciário do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região
DIÁRIO ELETRÔNICO DA JUSTIÇA DO TRABALHO

PODER JUDICIÁRIO REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Nº2589/2018 Data da disponibilização: Quinta-feira, 25 de Outubro de 2018. DEJT Nacional
Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região PROC. Nº TRT - 0000003-58.2018.5.06.0251 (ED ref. RO)
Ivan de Souza Valença Alves

Órgão Julgador: 4ª Turma
Desembargador Presidente do TRT da 6ª Região
Valdir José Silva de Carvalho Relatora: Desembargadora Gisane Barbosa de Araújo
Desembargador Vice-presidente do TRT da 6ª Região

Embargante: JADEÍLDA MARIA ARRUDA DA SILVA
Dione Nunes Furtado da Silva
Desembargadora Corregedora do TRT da 6ª Região
Embargado: MUNICÍPIO DE SURUBIM
Cais do Apolo, 739

Bairro do Recife Advogados: JOSIVAL RAMOS DA SILVA; OSMAR HENRIQUE
Recife/PE FERREIRA E SILVA DE AZEVEDO UMBELINO e RAFAEL GOMES
CEP: 50030902 PIMENTEL.
Telefone(s) : (81) 32253200

Procedência: Vara Única do Trabalho de Limoeiro - PE
Vice-Presidência
Acórdão
Acórdão
Processo Nº Reenec/RO-0000003-58.2018.5.06.0251
Relator GISANE BARBOSA DE ARAUJO
JUÍZO RECORRENTE MUNICIPIO DE SURUBIM
ADVOGADO rafael gomes pimentel(OAB: 30989-
D/PE)
ADVOGADO OSMAR HENRIQUE FERREIRA E
SILVA DE AZEVEDO EMENTA: EMBARGOS DECLARATÓRIOS. HIPÓTESES DE
UMBELINO(OAB: 33203/PE)
RECORRIDO JADEILDA MARIA ARRUDA DA SILVA CABIMENTO. O cabimento dos embargos declaratórios restringe-
ADVOGADO JOSIVAL RAMOS DA SILVA(OAB: se aos casos em que há omissão, contradição ou obscuridade do
39908/PE)
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO julgado. Inviável seu manejo para reapreciação da matéria decidida.
TRABALHO
Embargos rejeitados.
Intimado(s)/Citado(s):
- MUNICIPIO DE SURUBIM
PODER
JUDICIÁRIO
Vistos etc.
Embargos declaratórios opostos por JADEÍLDA MARIA ARRUDA
Código para aferir autenticidade deste caderno: 125770

2589/2018 Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região 2
Data da Disponibilização: Quinta-feira, 25 de Outubro de 2018
DA SILVA(fls. 362/383) em face do acórdão proferido por esta Municipal nº 007/2006 não teriam sido comprovados nos autos, tal
Egrégia Turma (fls. 322/334), quando do julgamento do recurso argumento não restou suscitado em nenhum momento anterior aos
ordinário interposto pelo ora embargado nos autos da reclamação presentes embargos, residindo a controvérsia acerca da
trabalhista em epígrafe. possibilidade ou não de Lei municipal transmudar a natureza de
Regime Jurídico, situação expressamente consignada na CTPS da
Em suas razões, o embargante alega que a decisão embargada reclamante às fls. 21.
merece reforma para sanar erro material, pois teria considerado
válida a transmudação de regime jurídico sem verificar a eficácia da As razões da embargante, nesse aspecto, não se amoldam às
Lei regulamentadora. Alega que não foi verificado o preenchimento hipóteses previstas no art. 1.022, do NCPC, mas de eventual má
dos requisitos legais para aferir a validade da Lei transmudadora. apreciação do conjunto probatório existente nos autos, sendo certo
Insurge-se contra a decisão colacionando uma série de ementas que o Juízo deve apenas apontar os motivos que fundamentaram
jurisprudenciais e pugnando pela necessidade de esclarecimento seu convencimento, como ocorreu, na hipótese.
quanto à possíveis violações a precedentes do TST, TRT6, e STF.
Ora, se a embargante entende que houve erro de julgamento, por
É o relatório. certo, não é por meio da via estreita dos embargos declaratórios
que poderá obter a modificação do julgado nem, muito menos, a
alteração do convencimento do Juízo.
Nem mesmo a título de prequestionamento, nos termos da Súmula
297, do C. TST, há o que ser declarado, sobretudo porque constou
do acórdão embargado que, "pelos motivos expostos na
fundamentação desta decisão, não houve violação aos dispositivos
constitucionais e infraconstitucionais mencionados nas razões e nas
contrarrazões, sendo desnecessária a menção expressa a cada um
deles, a teor da Orientação Jurisprudencial 118, da SDI-I, do C.
TST", registrando-se, outrossim, que "foram enfrentadas todas as
teses trazidas pelas partes que, porventura, pudessem influenciar
na formação da convicção deste órgão julgador colegiado e/ou
alterar a conclusão adotada, não se amoldando o presente decisum
a qualquer das hipóteses previstas no art. 489, §1º, do NCPC,
considerados os termos do art. 15, da Instrução Normativa n.º
39/2016, do C. TST".
VOTO:
A simples leitura da peça dos embargos em apreço demonstra, por
si só, que os aclaratórios não foram opostos para sanar omissão,
contradição ou obscuridade.
No acórdão revisando constou expressamente as razões pelas
quais não foi reconhecido o pleito autoral, inclusive com exposição
de arestos jurisprudenciais lavrados pelo C.TST - dentre os quais
incluiu-se ementa referente ao julgamento da ArgInc - 105100-
93.1996.5.04.0018 - e pelas Turmas deste E.TRT.
Quanto à alegação de que os requisitos de validade da Lei Diante do exposto, voto no sentido de rejeitar os embargos

declaratórios opostos.
Paulo César Martins Rabêlo
Secretário da 4ª Turma
(igsl)
Acórdão
ACORDAM os membros da 4ª Turma do Tribunal Regional do Relator GISANE BARBOSA DE ARAUJO
Trabalho da 6ª Região, por unanimidade, rejeitar os embargos JUÍZO RECORRENTE MUNICIPIO DE SURUBIM
declaratórios opostos. D/PE)
SILVA DE AZEVEDO
UMBELINO(OAB: 33203/PE)
RECORRIDO JADEILDA MARIA ARRUDA DA SILVA
ADVOGADO JOSIVAL RAMOS DA SILVA(OAB:
39908/PE)
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
- JADEILDA MARIA ARRUDA DA SILVA
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, sob a presidência
da Exmª. Srª. Desembargadora GISANE BARBOSA DE ARAÚJO PODER
(Relatora), com a presença do Ministério Público do Trabalho da 6ª JUDICIÁRIO
Região, representado pela Exmª. Srª. Procuradora Elizabeth Veiga
Chaves, e dos Exmº(s). Sr(s). Desembargadores Nise Pedroso Lins
de Sousa e José Luciano Alexo da Silva, foi julgado o processo em
epígrafe nos termos do dispositivo supramencionado.
PROC. Nº TRT - 0000003-58.2018.5.06.0251 (ED ref. RO)
Certifico e dou fé.

Órgão Julgador: 4ª Turma
Relatora: Desembargadora Gisane Barbosa de Araújo
Sala de Sessões, 23 de agosto de 2018.

Embargante: JADEÍLDA MARIA ARRUDA DA SILVA

É o relatório.
Embargado: MUNICÍPIO DE SURUBIM
Advogados: JOSIVAL RAMOS DA SILVA; OSMAR HENRIQUE
FERREIRA E SILVA DE AZEVEDO UMBELINO e RAFAEL GOMES
PIMENTEL.
Procedência: Vara Única do Trabalho de Limoeiro - PE
EMENTA: EMBARGOS DECLARATÓRIOS. HIPÓTESES DE
CABIMENTO. O cabimento dos embargos declaratórios restringe-
se aos casos em que há omissão, contradição ou obscuridade do
julgado. Inviável seu manejo para reapreciação da matéria decidida. VOTO:
Embargos rejeitados.
A simples leitura da peça dos embargos em apreço demonstra, por
si só, que os aclaratórios não foram opostos para sanar omissão,
contradição ou obscuridade.
No acórdão revisando constou expressamente as razões pelas
quais não foi reconhecido o pleito autoral, inclusive com exposição
de arestos jurisprudenciais lavrados pelo C.TST - dentre os quais
incluiu-se ementa referente ao julgamento da ArgInc - 105100-
Vistos etc. 93.1996.5.04.0018 - e pelas Turmas deste E.TRT.
Embargos declaratórios opostos por JADEÍLDA MARIA ARRUDA Quanto à alegação de que os requisitos de validade da Lei
DA SILVA(fls. 362/383) em face do acórdão proferido por esta Municipal nº 007/2006 não teriam sido comprovados nos autos, tal
Egrégia Turma (fls. 322/334), quando do julgamento do recurso argumento não restou suscitado em nenhum momento anterior aos
ordinário interposto pelo ora embargado nos autos da reclamação presentes embargos, residindo a controvérsia acerca da
trabalhista em epígrafe. possibilidade ou não de Lei municipal transmudar a natureza de
Regime Jurídico, situação expressamente consignada na CTPS da
Em suas razões, o embargante alega que a decisão embargada reclamante às fls. 21.
merece reforma para sanar erro material, pois teria considerado
válida a transmudação de regime jurídico sem verificar a eficácia da As razões da embargante, nesse aspecto, não se amoldam às
Lei regulamentadora. Alega que não foi verificado o preenchimento hipóteses previstas no art. 1.022, do NCPC, mas de eventual má
dos requisitos legais para aferir a validade da Lei transmudadora. apreciação do conjunto probatório existente nos autos, sendo certo
Insurge-se contra a decisão colacionando uma série de ementas que o Juízo deve apenas apontar os motivos que fundamentaram
jurisprudenciais e pugnando pela necessidade de esclarecimento seu convencimento, como ocorreu, na hipótese.
quanto à possíveis violações a precedentes do TST, TRT6, e STF.
Ora, se a embargante entende que houve erro de julgamento, por

certo, não é por meio da via estreita dos embargos declaratórios
que poderá obter a modificação do julgado nem, muito menos, a
alteração do convencimento do Juízo.
Nem mesmo a título de prequestionamento, nos termos da Súmula
297, do C. TST, há o que ser declarado, sobretudo porque constou ACORDAM os membros da 4ª Turma do Tribunal Regional do
do acórdão embargado que, "pelos motivos expostos na Trabalho da 6ª Região, por unanimidade, rejeitar os embargos
fundamentação desta decisão, não houve violação aos dispositivos declaratórios opostos.
constitucionais e infraconstitucionais mencionados nas razões e nas
contrarrazões, sendo desnecessária a menção expressa a cada um
deles, a teor da Orientação Jurisprudencial 118, da SDI-I, do C.
TST", registrando-se, outrossim, que "foram enfrentadas todas as
teses trazidas pelas partes que, porventura, pudessem influenciar
na formação da convicção deste órgão julgador colegiado e/ou CERTIDÃO DE JULGAMENTO
alterar a conclusão adotada, não se amoldando o presente decisum
a qualquer das hipóteses previstas no art. 489, §1º, do NCPC,
considerados os termos do art. 15, da Instrução Normativa n.º
39/2016, do C. TST". Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, sob a presidência
da Exmª. Srª. Desembargadora GISANE BARBOSA DE ARAÚJO
(Relatora), com a presença do Ministério Público do Trabalho da 6ª
Região, representado pela Exmª. Srª. Procuradora Elizabeth Veiga
Chaves, e dos Exmº(s). Sr(s). Desembargadores Nise Pedroso Lins
de Sousa e José Luciano Alexo da Silva, foi julgado o processo em
epígrafe nos termos do dispositivo supramencionado.
Diante do exposto, voto no sentido de rejeitar os embargos Sala de Sessões, 23 de agosto de 2018.
declaratórios opostos.
Paulo César Martins Rabêlo
Secretário da 4ª Turma

(igsl)
PROCEDÊNCIA : VARA ÚNICA DO TRABALHO DE GARANHUNS
Acórdão
Processo Nº RO-0001417-53.2016.5.06.0351
Relator RUY SALATHIEL DE ALBUQUERQUE
E MELLO VENTURA
RECORRENTE INSTITUTO NACIONAL DE
COLONIZACAO E REFORMA
AGRARIA
RECORRIDO AGEMTE - ASSESSORIA DE GRUPO
ESPECIALIZADA MULTIDISCIPLINAR
EM TECNOLOGIA E EXTENSAO
ADVOGADO MARCUS AURELIO DE HOLANDA
TORQUATO(OAB: 32427/PE)
RECORRIDO JOSIVALDO ALVES SANTOS EMENTA
ADVOGADO ROSSANA KARLA DE
ALBUQUERQUE BION(OAB:
28478/PE)
TRABALHO
TERCEIRO UNIÃO FEDERAL (PGF)
INTERESSADO
- AGEMTE - ASSESSORIA DE GRUPO ESPECIALIZADA
MULTIDISCIPLINAR EM TECNOLOGIA E EXTENSAO
RECURSO ORDINÁRIO E REMESSA NECESSÁRIA.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO

PODER
INDIRETA FEDERAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. A jurisprudência do
JUDICIÁRIO
TST ajustou-se à interpretação definitiva que deu o C. STF aos
dispositivos da Lei nº 8.666/93, ao chancelar a sua compatibilidade
com a Constituição Federal. Nesse quadro, impossível concluir,
apenas com os elementos carreados aos autos, pela atuação
culposa do ente reclamado, mormente porque os atos da
Administração gozam de presunção de legitimidade e de legalidade.
PROCESSO Nº TRT 0001417-53.2016.5.06.0351 (RO) Não prospera, assim, a responsabilidade subsidiária reconhecida na
sentença. Recurso ordinário e remessa de ofício providos.
ÓRGÃO JULGADOR : 3ª TURMA
RELATOR : DES. RUY SALATHIEL DE A. M. VENTURA
RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E
REFORMA AGRÁRIA - INCRA
RECORRIDOS : JOSIVALDO ALVES SANTOS E AGEMTE -
ASSESSORIA DE GRUPO ESPECIALIZADA MULTIDISCIPLINAR
EM TECNOLOGIA E EXTENSÃO RELATÓRIO
ADVOGADOS : MARINA DOS ANJOS PONTUAL MACIEL
(PROCURADORA FEDERAL), ROSSANA KARLA DE
ALBUQUERQUE BION E MARCUS AURELIO DE HOLANDA
TORQUATO

Parecer do Ministério Público do Trabalho, mediante o ID e550cce,
opinando pelo não conhecimento da remessa necessária e não
Vistos etc. provimento do apelo.
Recurso ordinário interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DE Necessária a conversão do feito em diligência com o fito de adequar
COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA em face da sentença a classe processual, fazendo-se autuar a remessa necessária, na
proferida pelo MM. Juízo da Vara Única do Trabalho do Garanhuns, forma da determinação contida no despacho de ID e6f08d9.
de ID 02d80a0, que julgou parcialmente procedentes os pleitos
formulados na reclamação trabalhista ajuizada por JOSIVALDO É o relatório.
ALVES SANTOS em face da AGEMTE - ASSESSORIA DE
GRUPO ESPECIALIZADA MULTIDISCIPLINAR EM
TECNOLOGIA E EXTENSÃO e do recorrente.
Recurso ordinário interposto pelo INCRA, mediante ID 67c43f1.
Pretende, em síntese, que seja excluída da condenação a sua
responsabilização subsidiária que lhe foi imputada, a teor do
previsto na Súmula nº. 331, itens IV e VI. Afirma que comprovou a
efetiva fiscalização do contrato de prestação de serviços, haja vista
o Instituto ter recusado o pagamento das faturas apresentadas,
desde outubro/2015, porque a empresa reclamada deixou de
apresentar comprovantes de pagamento dos salários dos FUNDAMENTAÇÃO
empregados, das contribuições sociais, das obrigações fiscais e do
FGTS, conforme demonstrou documentalmente (Ofício INCRA nº
555/2016), ressalvando que houve suspensão das atividades desde
maio de 2016. Destaca ainda não haver culpa in eligendo, pois não
tem liberdade para contratar, de modo que as contratações ocorrem
por meio de processo licitatório. Sustenta que a mera inadimplência
da empresa terceirizada com as verbas trabalhistas não é fato
suficiente para embasar a condenação. Menciona o julgamento da
ADC nº 16 do STF. Acrescenta que não é possível a sua Considerando a identidade de matérias, passo a apreciar o recurso
responsabilização para pagamento de penalidades, quais sejam: o voluntário e a remessa necessária conjuntamente, tudo em
FGTS, a multa fundiária e as multas dos arts. 467 e 477 da CLT, homenagem ao princípio da celeridade e economia processual
bem como as convencionais. Requer a exclusão dos cálculos dos
valores referentes às custas e às contribuições previdenciárias,
requerendo também o benefício de ordem. Pede a manifestação
acerca de todos os dispositivos legais e constitucionais suscitados
na peça recursal, para fins de prequestionamento. Por cautela,
pretende que a sua condenação seja limitada ao pagamento de
salários, se houver, observando os dias efetivamente laborados e
que eventuais juros de moras sejam fixados em consonância com o
art. 1º-F da Lei nº. 9.494/97. Pede o provimento.
Embora os recorridos tenham sido devidamente notificados, apenas
a primeira demandada apresentou contrarrazões recursais (ID
50821d6).

inadimplemento, mas apenas quando suficientemente demonstrada
a ocorrência da culpa. Essa, aliás, é a nova redação do item V da
Súmula nº 331.
"Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
Da responsabilidade da Administração Pública caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na
fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da
prestadora de serviço como empregadora. A aludida
responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das
obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente
contratada".
Ajustou-se a jurisprudência do TST à interpretação definitiva que
Consoante relatado, o segundo reclamado recorre da sentença de deu o C. STF aos dispositivos da Lei 8.666/93 ao chancelar a sua
mérito com o fito de ver afastada a responsabilidade solidária que compatibilidade com a Constituição Federal.
lhe foi imposta, entendendo incabível inclusive a subsidiária.
Aliado a isso, consoante o IUJ nº 000362-87.2015.5.06.0000 deste
Com razão. Regional, transitado em julgado em 17/11/16, ficou sedimentado o
entendimento de que apenas é possível reconhecer a
O ente recorrente é uma pessoa jurídica de direito público interno responsabilidade subsidiária da Administração Pública direta e
que corresponde à Administração Pública Federal. Atribuir-lhe indireta pelas obrigações trabalhistas não cumpridas por empresa
responsabilidade pelo pagamento do crédito trabalhista reconhecido prestadora de serviços, quando evidenciado culpa in eligendo e/ou
ao autor é medida que encontra óbice no Estatuto das Licitações e in vigilando do ente público o que, no caso, como visto em linhas
Contratos - Lei nº 8.666/93 - que em seu art. 71, §1º, dispõe: anteriores, não restou comprovado. Vejamos o teor da sua ementa:
A inadimplência do contratado com referência aos encargos INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA.
trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração TERCEIRIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE
Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar PÚBLICO. CULPA "IN ELIGENDO" e/ou CULPA "IN VIGILANDO"
o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras CARACTERIZADA (S). SÚMULA 331, V, DO TST.Os Entes da
e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis. Administração Pública Direta e Indireta respondem subsidiariamente
pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas ocorridas no
É certo que durante longo período, o C. TST, com o intuito de contrato de terceirização de serviços, caso evidenciada a culpa in
assegurar o adimplemento de créditos alimentares, admitia a eligendo e/ou in vigilando no cumprimento das obrigações, sendo
possibilidade de se responsabilizar a Administração Pública quando encargo da Administração Pública a prova do comportamento de
frustrada a obrigação da prestadora de serviços contratada. conformidade com a Constituição da República e a legislação
Sustentava a Corte superior que a vedação da Lei nº 8.666/93 só infraconstitucional. A solidariedade social, um dos objetivos
encontrava aplicação quando o ente público agia "dentro das regras fundamentais da Constituição da República impõe a
e procedimentos normais de desenvolvimento de suas atividades" e responsabilidade subsidiária da Administração Pública (tomadora de
quando a pessoa da administração contratada pautava-se "nos serviços) exigindo que realize processo de licitação, na forma da
estritos limites padrões da normatividade pertinente". legislação ordinária, e a indispensável vigilância sobre o
cumprimento das obrigações trabalhistas dos empregados da
No entanto, a partir do julgamento da ADC nº 16 pelo Supremo contratada no curso e ao término da relação de emprego desses
Tribunal Federal, a perspectiva da Corte Superior inverteu-se: não trabalhadores. É sempre importante lembrar que o trabalho atende
pode mais haver responsabilização do ente estatal pelo mero à dignidade do homem e representa um elemento de coesão social,

na medida em que afasta a violência, a pobreza, a miséria, a aptidão para a prova, em face do qual o encargo de elucidar a
insatisfação na sociedade. (Relatora: Desembargadora Eneida Melo controvérsia deve ser atribuído à parte que tenha melhores
Correia de Araújo, Data de Julgamento: 26/04/2016, Tribunal Pleno, condições para tanto.
Data de Publicação: DEJT 10/06/2016).
Tal entendimento decorre da intelecção do art. 818, da
Feito tal esclarecimento, data vênia do posicionamento a quo, Consolidação das Leis do Trabalho, que, colhendo a realidade e
verifico que o INCRA se desincumbiu do ônus probatório que lhe trazendo-a para o processo, procurou conferir justiça e equilíbrio ao
cabia. princípio da distribuição do ônus da prova.
Consta no feito o contrato celebrado entre as reclamadas (ID Na hipótese, tenho que o tomador dos serviços se desvencilhou a
4dff051), com observância da Lei 8.666/93. Há, também, contento desse mister.
documentos pertinentes a todo o procedimento de rescisão
contratual antecipada decorrente do não cumprimento, pela Neste caso, o INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E
prestadora, das cláusulas avençadas, demonstrando a adoção de REFORMA AGRÁRIA- INCRA comprovou nos autos haver exercido
atos por parte da Administração Pública que revelam a sua efetiva fiscalização, atuando diretamente para que a Prestadora de
vigilância na execução contratual. Ressalte-se, que o órgão Serviços cumprisse as suas obrigações contratuais para com os
reclamado inclusive envidou esforços para promover o pagamento seus Empregados, como se pode conferir, por exemplo, nos
diretamente aos funcionários da primeira ré, a fim de evitar maiores documentos, notadamente os pagamentos realizados após consulta
prejuízos. Vejamos. ao SICAF, Simples Nacional e Certidão Negativa Trabalhista.
O contrato foi firmado em 07/07/2014, com a homologação de Não há como se cogitar, portanto, em culpa in vigilando e, muito
Chamada Pública nº. 01/2014, em consonância com processo de menos, de culpa in eligendo. Neste caso, presumem-se cumpridas
dispensa de licitação, na forma prevista no inciso XXX do art. 24 da as diligências administrativas cabíveis para contratação da
Lei nº. 8.666/93 e diversos outros dispositivos legais, conforme se reclamada por meio de regular processo licitatório, não havendo
verifica no referido contrato. elementos ou mínimo indício nestes autos de irregularidade.
O Ofício do INCRA nº. 555/2016, constante no ID 0437595, Sendo assim, dou provimento ao recurso do Instituto Nacional de
comprova a tese da autarquia de que parou de pagar à primeira Colonização e Reforma Agrária, bem como a remessa necessária,
reclamada, a partir de outubro/2015, visto que a empresa reclamada para julgar improcedente o pedido de sua condenação de qualquer
deixou de apresentar os seguintes comprovantes: declaração de responsabilidade formulado pelo reclamante, tudo em conformidade
isenção de impostos e contribuições, comprovantes de pagamento com a Lei nº 8.666/93 (art. 71, §1º); com a decisão proferida pelo
dos profissionais, certidões negativas municipais e estaduais, STF, intérprete legítimo da Constituição, no julgamento da ADC nº
certidão de regularidade do FGTS e receita federal, guias 16; com a Súmula nº 331, V, do TST; e com o novel entendimento
GPS/GFIP e DAM com data de vencimento válida. desta corte declarado em sede de incidente de uniformização.
Verifico que a suspensão do pagamento pela ausência de Prejudicada a apreciação dos demais pedidos recursais.
comprovação do pagamento dos salários dos empregados e do
recolhimento das contribuições sociais (FGTS e Previdência Social)
encontra-se albergada na cláusula 12ª do contrato firmado.
Dessa forma, constato que as dispensas ocorreram em razão da
inadimplência contratual da tomadora, ora recorrente, que não
repassou as verbas contratuais, ocasionando um dano coletivo.
Destaco que, na verificação da existência de culpa in vigilando, se
faz necessário homenagear uma solução que respeite o princípio da Considerações finais

Acrescento, enfim, que os motivos expostos na presente
fundamentação não violam nenhum dos dispositivos da Constituição
Federal, tampouco preceitos legais, sendo desnecessária a menção
expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ nº. 118 da
SBDI-1 do C. TST. ACORDAM os Desembargadores da 3ª Turma do Tribunal Regional
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, dar provimento ao
recurso do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária e à
remessa necessária para julgar improcedente a reclamatória,
excluindo-o da lide. Mantém-se inalterado o valor arbitrado à
condenação, eis que não houve modificação no tocante ao quantum
condenatório, que, in casu, passa a ser devido apenas pela
reclamada remanescente. Tudo, nos termos da fundamentação.
Conclusão
RUY SALATHIEL DE ALBUQUERQUE E MELLO VENTURA
Desembargador Relator
Ante ao exposto, dou provimento ao recurso do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária e à remessa necessária para julgar
improcedente a reclamatória, excluindo-o da lide. Mantenho
inalterado o valor arbitrado à condenação, eis que não houve
modificação no tocante ao quantum condenatório, que, in casu,
passa a ser devido apenas pela reclamada remanescente. Tudo,
nos termos da fundamentação.
Certifico que, em sessão ordinária realizada em 19 de março de


2018, na sala de sessões das Turmas, sob a presidência do Exmo. TRABALHO
Sr. Desembargador RUY SALATHIEL DE ALBUQUERQUE E INTERESSADO
MELLO VENTURA (Relator), com a presença do Ministério Público
do Trabalho da 6ª Região, representado pela Exma. Sra.
- JOSIVALDO ALVES SANTOS
Procuradora, Dra. Maria Ângela Lobo Gomes, e das Exmas. Sras.
Desembargadoras Maria Clara Saboya Albuquerque Bernardino e
Maria das Graças de Arruda França, resolveu a 3ª Turma do
Tribunal, por unanimidade, dar provimento ao recurso do Instituto PODER
Nacional de Colonização e Reforma Agrária e à remessa necessária JUDICIÁRIO
para julgar improcedente a reclamatória, excluindo-o da lide.
Mantém-se inalterado o valor arbitrado à condenação, eis que não
houve modificação no tocante ao quantum condenatório, que, in
casu, passa a ser devido apenas pela reclamada remanescente.
Tudo, nos termos da fundamentação.
PROCESSO Nº TRT 0001417-53.2016.5.06.0351 (RO)
ÓRGÃO JULGADOR : 3ª TURMA

Cláudia Christina A. Corrêa de O. Andrade
RELATOR : DES. RUY SALATHIEL DE A. M. VENTURA

Secretária da 3ª Turma
RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E
REFORMA AGRÁRIA - INCRA
RECORRIDOS : JOSIVALDO ALVES SANTOS E AGEMTE -
EM TECNOLOGIA E EXTENSÃO
ADVOGADOS : MARINA DOS ANJOS PONTUAL MACIEL
(PROCURADORA FEDERAL), ROSSANA KARLA DE
ALBUQUERQUE BION E MARCUS AURELIO DE HOLANDA
TORQUATO
MDL
PROCEDÊNCIA : VARA ÚNICA DO TRABALHO DE GARANHUNS
Acórdão
Processo Nº RO-0001417-53.2016.5.06.0351
E MELLO VENTURA
RECORRENTE INSTITUTO NACIONAL DE
AGRARIA
ESPECIALIZADA MULTIDISCIPLINAR
TORQUATO(OAB: 32427/PE) EMENTA
RECORRIDO JOSIVALDO ALVES SANTOS
28478/PE)

Pretende, em síntese, que seja excluída da condenação a sua
responsabilização subsidiária que lhe foi imputada, a teor do
previsto na Súmula nº. 331, itens IV e VI. Afirma que comprovou a
efetiva fiscalização do contrato de prestação de serviços, haja vista
o Instituto ter recusado o pagamento das faturas apresentadas,
RECURSO ORDINÁRIO E REMESSA NECESSÁRIA. desde outubro/2015, porque a empresa reclamada deixou de
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO apresentar comprovantes de pagamento dos salários dos
INDIRETA FEDERAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. A jurisprudência do empregados, das contribuições sociais, das obrigações fiscais e do
TST ajustou-se à interpretação definitiva que deu o C. STF aos FGTS, conforme demonstrou documentalmente (Ofício INCRA nº
dispositivos da Lei nº 8.666/93, ao chancelar a sua compatibilidade 555/2016), ressalvando que houve suspensão das atividades desde
com a Constituição Federal. Nesse quadro, impossível concluir, maio de 2016. Destaca ainda não haver culpa in eligendo, pois não
apenas com os elementos carreados aos autos, pela atuação tem liberdade para contratar, de modo que as contratações ocorrem
culposa do ente reclamado, mormente porque os atos da por meio de processo licitatório. Sustenta que a mera inadimplência
Administração gozam de presunção de legitimidade e de legalidade. da empresa terceirizada com as verbas trabalhistas não é fato
Não prospera, assim, a responsabilidade subsidiária reconhecida na suficiente para embasar a condenação. Menciona o julgamento da
sentença. Recurso ordinário e remessa de ofício providos. ADC nº 16 do STF. Acrescenta que não é possível a sua
responsabilização para pagamento de penalidades, quais sejam: o
FGTS, a multa fundiária e as multas dos arts. 467 e 477 da CLT,
bem como as convencionais. Requer a exclusão dos cálculos dos
valores referentes às custas e às contribuições previdenciárias,
requerendo também o benefício de ordem. Pede a manifestação
acerca de todos os dispositivos legais e constitucionais suscitados
na peça recursal, para fins de prequestionamento. Por cautela,
pretende que a sua condenação seja limitada ao pagamento de
salários, se houver, observando os dias efetivamente laborados e
RELATÓRIO que eventuais juros de moras sejam fixados em consonância com o
art. 1º-F da Lei nº. 9.494/97. Pede o provimento.
Embora os recorridos tenham sido devidamente notificados, apenas
a primeira demandada apresentou contrarrazões recursais (ID
50821d6).
Parecer do Ministério Público do Trabalho, mediante o ID e550cce,
opinando pelo não conhecimento da remessa necessária e não
Vistos etc. provimento do apelo.
Recurso ordinário interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DE Necessária a conversão do feito em diligência com o fito de adequar
COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA em face da sentença a classe processual, fazendo-se autuar a remessa necessária, na
proferida pelo MM. Juízo da Vara Única do Trabalho do Garanhuns, forma da determinação contida no despacho de ID e6f08d9.
de ID 02d80a0, que julgou parcialmente procedentes os pleitos
formulados na reclamação trabalhista ajuizada por JOSIVALDO É o relatório.
ALVES SANTOS em face da AGEMTE - ASSESSORIA DE
GRUPO ESPECIALIZADA MULTIDISCIPLINAR EM
TECNOLOGIA E EXTENSÃO e do recorrente.
Recurso ordinário interposto pelo INCRA, mediante ID 67c43f1.

Consoante relatado, o segundo reclamado recorre da sentença de
mérito com o fito de ver afastada a responsabilidade solidária que
lhe foi imposta, entendendo incabível inclusive a subsidiária.
Com razão.
FUNDAMENTAÇÃO O ente recorrente é uma pessoa jurídica de direito público interno
que corresponde à Administração Pública Federal. Atribuir-lhe
responsabilidade pelo pagamento do crédito trabalhista reconhecido
ao autor é medida que encontra óbice no Estatuto das Licitações e
Contratos - Lei nº 8.666/93 - que em seu art. 71, §1º, dispõe:
A inadimplência do contratado com referência aos encargos
trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração
Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar
Considerando a identidade de matérias, passo a apreciar o recurso o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras
voluntário e a remessa necessária conjuntamente, tudo em e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis.
homenagem ao princípio da celeridade e economia processual
É certo que durante longo período, o C. TST, com o intuito de
assegurar o adimplemento de créditos alimentares, admitia a
possibilidade de se responsabilizar a Administração Pública quando
frustrada a obrigação da prestadora de serviços contratada.
Sustentava a Corte superior que a vedação da Lei nº 8.666/93 só
encontrava aplicação quando o ente público agia "dentro das regras
e procedimentos normais de desenvolvimento de suas atividades" e
quando a pessoa da administração contratada pautava-se "nos
estritos limites padrões da normatividade pertinente".
No entanto, a partir do julgamento da ADC nº 16 pelo Supremo
Tribunal Federal, a perspectiva da Corte Superior inverteu-se: não
pode mais haver responsabilização do ente estatal pelo mero
inadimplemento, mas apenas quando suficientemente demonstrada
a ocorrência da culpa. Essa, aliás, é a nova redação do item V da
Súmula nº 331.
"Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
Da responsabilidade da Administração Pública caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na
fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da
prestadora de serviço como empregadora. A aludida
responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das
obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente
contratada".
Ajustou-se a jurisprudência do TST à interpretação definitiva que

deu o C. STF aos dispositivos da Lei 8.666/93 ao chancelar a sua vigilância na execução contratual. Ressalte-se, que o órgão
compatibilidade com a Constituição Federal. reclamado inclusive envidou esforços para promover o pagamento
diretamente aos funcionários da primeira ré, a fim de evitar maiores
Aliado a isso, consoante o IUJ nº 000362-87.2015.5.06.0000 deste prejuízos. Vejamos.
Regional, transitado em julgado em 17/11/16, ficou sedimentado o
entendimento de que apenas é possível reconhecer a O contrato foi firmado em 07/07/2014, com a homologação de
responsabilidade subsidiária da Administração Pública direta e Chamada Pública nº. 01/2014, em consonância com processo de
indireta pelas obrigações trabalhistas não cumpridas por empresa dispensa de licitação, na forma prevista no inciso XXX do art. 24 da
prestadora de serviços, quando evidenciado culpa in eligendo e/ou Lei nº. 8.666/93 e diversos outros dispositivos legais, conforme se
in vigilando do ente público o que, no caso, como visto em linhas verifica no referido contrato.
anteriores, não restou comprovado. Vejamos o teor da sua ementa:
O Ofício do INCRA nº. 555/2016, constante no ID 0437595,
INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. comprova a tese da autarquia de que parou de pagar à primeira
TERCEIRIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE reclamada, a partir de outubro/2015, visto que a empresa reclamada
PÚBLICO. CULPA "IN ELIGENDO" e/ou CULPA "IN VIGILANDO" deixou de apresentar os seguintes comprovantes: declaração de
CARACTERIZADA (S). SÚMULA 331, V, DO TST.Os Entes da isenção de impostos e contribuições, comprovantes de pagamento
Administração Pública Direta e Indireta respondem subsidiariamente dos profissionais, certidões negativas municipais e estaduais,
pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas ocorridas no certidão de regularidade do FGTS e receita federal, guias
contrato de terceirização de serviços, caso evidenciada a culpa in GPS/GFIP e DAM com data de vencimento válida.
eligendo e/ou in vigilando no cumprimento das obrigações, sendo
encargo da Administração Pública a prova do comportamento de Verifico que a suspensão do pagamento pela ausência de
conformidade com a Constituição da República e a legislação comprovação do pagamento dos salários dos empregados e do
infraconstitucional. A solidariedade social, um dos objetivos recolhimento das contribuições sociais (FGTS e Previdência Social)
fundamentais da Constituição da República impõe a encontra-se albergada na cláusula 12ª do contrato firmado.
responsabilidade subsidiária da Administração Pública (tomadora de
serviços) exigindo que realize processo de licitação, na forma da Dessa forma, constato que as dispensas ocorreram em razão da
legislação ordinária, e a indispensável vigilância sobre o inadimplência contratual da tomadora, ora recorrente, que não
cumprimento das obrigações trabalhistas dos empregados da repassou as verbas contratuais, ocasionando um dano coletivo.
contratada no curso e ao término da relação de emprego desses
trabalhadores. É sempre importante lembrar que o trabalho atende Destaco que, na verificação da existência de culpa in vigilando, se
à dignidade do homem e representa um elemento de coesão social, faz necessário homenagear uma solução que respeite o princípio da
na medida em que afasta a violência, a pobreza, a miséria, a aptidão para a prova, em face do qual o encargo de elucidar a
insatisfação na sociedade. (Relatora: Desembargadora Eneida Melo controvérsia deve ser atribuído à parte que tenha melhores
Correia de Araújo, Data de Julgamento: 26/04/2016, Tribunal Pleno, condições para tanto.
Data de Publicação: DEJT 10/06/2016).
Tal entendimento decorre da intelecção do art. 818, da
Feito tal esclarecimento, data vênia do posicionamento a quo, Consolidação das Leis do Trabalho, que, colhendo a realidade e
verifico que o INCRA se desincumbiu do ônus probatório que lhe trazendo-a para o processo, procurou conferir justiça e equilíbrio ao
cabia. princípio da distribuição do ônus da prova.
Consta no feito o contrato celebrado entre as reclamadas (ID Na hipótese, tenho que o tomador dos serviços se desvencilhou a
4dff051), com observância da Lei 8.666/93. Há, também, contento desse mister.
documentos pertinentes a todo o procedimento de rescisão
contratual antecipada decorrente do não cumprimento, pela Neste caso, o INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E
prestadora, das cláusulas avençadas, demonstrando a adoção de REFORMA AGRÁRIA- INCRA comprovou nos autos haver exercido
atos por parte da Administração Pública que revelam a sua efetiva fiscalização, atuando diretamente para que a Prestadora de

Serviços cumprisse as suas obrigações contratuais para com os
seus Empregados, como se pode conferir, por exemplo, nos
documentos, notadamente os pagamentos realizados após consulta
ao SICAF, Simples Nacional e Certidão Negativa Trabalhista.
Não há como se cogitar, portanto, em culpa in vigilando e, muito
menos, de culpa in eligendo. Neste caso, presumem-se cumpridas
as diligências administrativas cabíveis para contratação da Conclusão
reclamada por meio de regular processo licitatório, não havendo
elementos ou mínimo indício nestes autos de irregularidade.
Sendo assim, dou provimento ao recurso do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária, bem como a remessa necessária,
para julgar improcedente o pedido de sua condenação de qualquer
responsabilidade formulado pelo reclamante, tudo em conformidade
com a Lei nº 8.666/93 (art. 71, §1º); com a decisão proferida pelo
STF, intérprete legítimo da Constituição, no julgamento da ADC nº Ante ao exposto, dou provimento ao recurso do Instituto Nacional de
16; com a Súmula nº 331, V, do TST; e com o novel entendimento Colonização e Reforma Agrária e à remessa necessária para julgar
desta corte declarado em sede de incidente de uniformização. improcedente a reclamatória, excluindo-o da lide. Mantenho
inalterado o valor arbitrado à condenação, eis que não houve
Prejudicada a apreciação dos demais pedidos recursais. modificação no tocante ao quantum condenatório, que, in casu,
passa a ser devido apenas pela reclamada remanescente. Tudo,
nos termos da fundamentação.
Considerações finais
Acrescento, enfim, que os motivos expostos na presente
fundamentação não violam nenhum dos dispositivos da Constituição
Federal, tampouco preceitos legais, sendo desnecessária a menção
expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ nº. 118 da
SBDI-1 do C. TST. ACORDAM os Desembargadores da 3ª Turma do Tribunal Regional
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, dar provimento ao
recurso do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária e à

remessa necessária para julgar improcedente a reclamatória,
excluindo-o da lide. Mantém-se inalterado o valor arbitrado à
condenação, eis que não houve modificação no tocante ao quantum Cláudia Christina A. Corrêa de O. Andrade
condenatório, que, in casu, passa a ser devido apenas pela
reclamada remanescente. Tudo, nos termos da fundamentação. Secretária da 3ª Turma
MDL
Acórdão
Processo Nº RO-0000011-83.2017.5.06.0311
Relator FABIO ANDRE DE FARIAS
RECORRENTE CARLOS ALEXANDRE DA SILVA
ADVOGADO JESSICA CAROLINA GONCALVES
DIAS(OAB: 37219/PE)
ADVOGADO RAFAEL PYRRHO CORREIA DE
MELO(OAB: 35791/PE)
CERTIDÃO DE JULGAMENTO RECORRENTE NORSA REFRIGERANTES S.A
ADVOGADO ANTONIO HENRIQUE
NEUENSCHWANDER(OAB:
11839/PE)
ADVOGADO PETERSON CAPUCHO
PARPINELLI(OAB: 18614/PE)
Certifico que, em sessão ordinária realizada em 19 de março de RECORRIDO CARLOS ALEXANDRE DA SILVA
2018, na sala de sessões das Turmas, sob a presidência do Exmo. DIAS(OAB: 37219/PE)
Sr. Desembargador RUY SALATHIEL DE ALBUQUERQUE E ADVOGADO RAFAEL PYRRHO CORREIA DE
MELO(OAB: 35791/PE)
MELLO VENTURA (Relator), com a presença do Ministério Público RECORRIDO NORSA REFRIGERANTES S.A
do Trabalho da 6ª Região, representado pela Exma. Sra. ADVOGADO ANTONIO HENRIQUE
NEUENSCHWANDER(OAB:
Procuradora, Dra. Maria Ângela Lobo Gomes, e das Exmas. Sras. 11839/PE)
Desembargadoras Maria Clara Saboya Albuquerque Bernardino e PARPINELLI(OAB: 18614/PE)
Maria das Graças de Arruda França, resolveu a 3ª Turma do RECORRIDO UNIÃO FEDERAL (PGF)
Tribunal, por unanimidade, dar provimento ao recurso do Instituto TRABALHO
Nacional de Colonização e Reforma Agrária e à remessa necessária
para julgar improcedente a reclamatória, excluindo-o da lide.
- CARLOS ALEXANDRE DA SILVA
Mantém-se inalterado o valor arbitrado à condenação, eis que não - NORSA REFRIGERANTES S.A
houve modificação no tocante ao quantum condenatório, que, in
casu, passa a ser devido apenas pela reclamada remanescente.
Tudo, nos termos da fundamentação.

violação ao intervalo interjornada, indenização pela ausência de

PODER
fornecimento de refeição, danos morais por transporte de numerário
JUDICIÁRIO
(com tese sucessiva de redução do valor fixado), honorários
Identificação advocatícios e multa convencional. Pede deferimento.
PROCESSO Nº TRT - 0000011-83.2017.5.06.0311 (RO). O reclamante, por sua vez, nas razões de fls. 1222/1237, não se
ÓRGÃO JULGADOR : SEGUNDA TURMA. conforma com o indeferimento do pedido de horas extras, inclusive
RELATOR : DESEMBARGADOR FÁBIO ANDRÉ DE FARIAS as decorrentes da supressão do intervalo intrajornada, dano
RECORRENTES : NORSA REFRIGERANTES LTDA., CARLOS existencial, adicional de periculosidade com reflexos, dano moral
ALEXANDRE DA SILVA. E UNIAO FEDERAL por desempenhar atividade de risco, e honorários advocatícios.
RECORRIDOS : OS MESMOS. Pede deferimento.
ADVOGADOS : ANTÔNIO HENRIQUE NEUENSCHWANDER, Em seu arrazoado de fls. 1288/1293, a União requer o provimento
PETERSON CAPUCHO PARPINELLI, JESSICA CAROLINA do apelo para determinar o recolhimento da contribuição
GONCALVES DIAS, RAFAEL PYRRHO CORREIA DE MELO previdenciária com incidência de juros e multa pelo regime de
PROCEDÊNCIA : 1ª VARA DO TRABALHO DE CARUARU (PE). competência, nos termos da legislação previdenciária (art. 43, §§2º
EMENTA e 3º, da Lei n. 8.212/1991).
RECURSO ORDINÁRIO OBREIRO. HORAS EXTRAS. CARTÃO Contrarrazões pela reclamada às fls. 1243/1283 e 1299/1308.
DE PONTO BIOMÉTRICO. EMISSÃO DE COMPROVANTES.A Parecer do Ministério Público do Trabalho às fls. 1311/1316.
prova hábil a fazer prevalecer a alegação de adulteração dos É o relatório.
horários no sistema de ponto biométrico seria, precisamente, os VOTO
comprovantes emitidos pela máquina, a cada jornada. Apenas um PRELIMINARES
deles bastaria para que se pudesse realizar um cotejo com os Da preliminar de não conhecimento do recurso ordinário da
registros exibidos pela empresa e constatar a eventual ocorrência UNIÃO, por intempestividade, suscitada de ofício por este
de adulterações indevidas, mas tal documento não veio aos autos, relator.
evidenciando a fragilidade da prova deponencial, que perde força Entendo que o recurso ordinário da União não merece ser
diante da prova documental robusta. Somado a isso, tem-se as conhecido, porquanto intempestivo.
declarações das testemunhas das provas emprestadas autorizadas Vejamos.
que fazem referência à emissão de comprovante pelo sistema de A União tomou ciência da sentença, via sistema, em 23/03/2018.
ponto adotado pela empresa, bem como de que havia registro de Por conseguinte, a contagem do prazo para interposição do recurso
horário na entrada e na saída. O reclamante, então, não se teve início em 26/03/2018, findando o prazo em 19/04/2018, tendo
desincumbiu do ônus processual de invalidar os registros de em vista o feriado da semana santa nos dias 28 a 30/03/2018.
freqüência. Recurso ordinário não provido, no aspecto. Ocorre que a União somente apresenta recurso ordinário em
RELATÓRIO 11/05/2018, extrapolando o prazo recursal, resultando na
Vistos, etc. intempestividade do apelo.
Trata-se de recursos ordinários interpostos pela empresa NORSA Cabe registrar que as intimações/citações nos processos
REFRIGENRANTES LTDA. - atual denominação da empresa eletrônicos não necessitam de expedições de mandados físicos,
REFRESCOS GUARARAPES LTDA., CARLOS ALEXANDRE DA sendo considerada pessoal sua notificação via sistema.
SILVA E UNIÃO FEDERAL, contra a sentença proferida pelo MM Com estas considerações, preliminarmente e de ofício, não conheço
Juízo da 1ª VARA DO TRABALHO DE CARUARU (PE), que julgou do recurso ordinário por intempestividade.
PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados na Da preliminar de não conhecimento do apelo da reclamada,
reclamação trabalhista ajuizada pelo segundo recorrente em face da quanto ao tópico "inexistência de descumprimento de norma
primeira, nos termos da fundamentação documentada às fls. coletiva", por ausência de interesse jurídico-processual.
1143/1155. Atuação de ofício.
Embargos de declaração opostos pela reclamada, os quais foram Preliminarmente e atuando "ex officio", não conheço do recurso
acolhidos, nos termos da decisão de fls. 1179/1180. ordinário da reclamada, por ausência de interesse jurídico-
Nas razões documentadas às fls. 1184/1217, a reclamada não se processual, quanto ao pleito de exclusão da multa estipulada em
conforma com a sua condenação ao pagamento de horas extras por convenção coletiva, uma vez que não foi sucumbente quanto a essa

matéria, tendo o magistrado de origem assim se manifestado: A reclamada aduz que não há prova nos autos quanto ao labor
"Portanto, sendo a multa em tela estabelecida em favor do sindicato extraordinário e pede a exclusão da condenação em horas por
obreiro, indefiro o pleito formulado pelo autor para pagamento de suposta violação ao intervalo interjornada.
multa." O reclamante, por sua vez, não se conforma com o indeferimento
do pedido de horas extras, aduzindo que o Juízo a quo levou em
Da preliminar de não conhecimento do recurso obreiro por consideração provas documentais, facilmente manipuláveis pela ré
ofensa ao princípio da dialeticidade, suscitada pela reclamada e apenas parte do depoimento testemunhal, deixando de considerar
em sede de contrarrazões a parte relevante relativa à ausência de registros da real jornada.
Em sede de contrarrazões, a reclamada suscita preliminar de não Assim, pelo princípio da primazia da realidade, pede a condenação
conhecimento do recurso ordinário obreiro, por violação do princípio da reclamada ao pagamento de horas extraordinárias e respectivos
da dialeticidade. Sustenta que o reclamante não faz impugnação reflexos. Sucessivamente, requer que sejam deferidas as diferenças
específica sobre os pontos mencionados na sentença, limitando-se de horas extras com base nos registros, uma vez que existem horas
a uma fundamentação genérica. extras registradas que não foram quitadas.
Sem razão. Quanto ao intervalo, aduz que também não gozava integralmente
A pretensão do obreiro direciona-se a aspectos surgidos quando da do intervalo, em razão do volume das entregas e da cobrança
prolação da sentença, atacando a fundamentação ali exposta. excessiva da recorrida.
Ademais, com a nova redação da Súmula 422 o não conhecimento O juízo de primeiro grau concluiu pela validade dos espelhos de
de recurso por ausência de dialeticidade teve seu espectro ponto e deferiu apenas o intervalo interjornada:
sensivelmente reduzido, vejamos: "Sustenta o autor que começou a laborar para a reclamada em 14
"Súmula nº 422 do TST de agosto de 2012, para exercer a função de ajudante de entregas,
RECURSO. FUNDAMENTO AUSENTE OU DEFICIENTE. NÃO e foi dispensado, sem justa causa, em 10/03/2016, tendo percebido
CONHECIMENTO (redação alterada, com inserção dos itens I, II como último salário o valor de R$ 1.064,00. Diz que sua jornada se
e III) - Res. 199/2015, DEJT divulgado em 24, 25 e 26.06.2015. iniciava às 06h45, laborando até 20h, de segunda a sábado, com
Com errata publicado no DEJT divulgado em 01.07.2015 intervalo para almoço de 20/30 minutos, sem o recebimento das
I - Não se conhece de recurso para o Tribunal Superior do horas extras laboradas ou compensação da jornada alongada.
Trabalhose as razões do recorrente não impugnam os fundamentos Afirma, ainda, que sua jornada sempre era estendida até às 24h,
da decisão recorrida, nos termos em que proferida. em épocas festivas, como Carnaval, São João, Natal e Ano Novo.
II - O entendimento referido no item anterior não se aplica em Sustenta, ainda, que o horário de trabalho bastante alongado o
relação à motivação secundária e impertinente, consubstanciada impedia de usufruir o mínimo de 11 horas do intervalo interjornada.
em despacho de admissibilidade de recurso ou em decisão A demandada, por sua vez, sustenta a regularidade das anotações
monocrática. nos cartões de ponto, afirmando que o obreiro sempre laborou em
III - Inaplicável a exigência do item I relativamente ao recurso regime de 44 horas semanais, com folga semanal aos domingos e
ordinário da competência de Tribunal Regional do Trabalho, exceto uma hora de intervalo intrajornada, com jornada das 7h30 às 15h50.
em caso de recurso cuja motivação é inteiramente dissociada dos Diz que todas as horas extras foram anotadas e pagas, mediante
fundamentos da sentença. (sublinhamos) registro em cartão de ponto. Sustenta que, a partir de maio de 2013,
Sendo assim, tenho por presente a contrariedade aos fundamentos passou a registrar a sua jornada de trabalho no Sistema de Registro
da decisão vergastada, razão pela qual não merece acolhimento a Eletrônico de Ponto - SREP, de modo que sempre que o autor
preliminar suscitada. registrava sua entrada ou saída, a máquina de ponto emitia
comprovante, demonstrando que todo o registro é feito de forma
Conclusão das preliminares correta, não havendo trabalho em domingos e feriados. Tratando a
MÉRITO controvérsia em tela da jornada de trabalho, cabia à reclamada a
Recurso da parte apresentação dos controles de jornada, a teor do disposto no § 2º,
Em razão da existência de matérias comuns a ambos os recursos, do art. 74, da CLT, os quais foram integralmente colacionados aos
passo a apreciar os apelos em conjunto, e não necessariamente de autos, tendo o autor impugnado. Ao impugnar os controles de
forma sequenciada. frequência, o reclamante atraiu para si o ônus de provar que os
Dos pleitos relativos à jornada de trabalho. (análise conjunta) horários dispostos nos referidos documentos não correspondem à

realidade, a teor do disposto no art. 818, da CLT, c/c art. 373, do no relógio de ponto; que, porém, os horários registrados pelo
CPC. depoente não correspondiam ao espelho de ponto mensal que era
Quanto ao intervalo intrajornada, cabia ao autor demonstrar a não enviado para que o depoente assinasse; que já reclamou no RH
fruição do intervalo mínimo. É que o art. 74, § 2º, da CLT, apenas sobre a divergência, mas não houve correção; que a partir de 2011
estabelece a obrigação da jornada de trabalho quanto ao início e começava a trabalhar às 06h, retornando por volta das 18h30/19h,
final, inexistindo determinação para registro diário do intervalo já largando nesse horário, isso nos 2/3 primeiros meses; que depois
intrajornada, que pode ser pré-assinado, sendo inaplicável a do depoente largar, o reclamante permanecia por mais 40/50
inversão do ônus da prova estabelecida na Súmula 338, I, do C. minutos porque teria que conferir o veículo, numerário e prestar
TST. Extrai-se da prova emprestada e prova oral produzida: "(...) conta; que mesmo nesse período de 2 a 3 meses a partir de 2011, 1
que a orientação da demandada é para que os empregados a 2 vezes por semana largava depois das 19h30min até 21:30/22h,
usufruam uma hora de intervalo intrajornada, mas o depoente não que trabalhavam de segunda a sábado, com folga somente aos
sabe dizer se efetivamente houve a fruição de tal intervalo; que a domingos; que era comum que o supervisor pedisse ao motorista
partir de 2011, o registro da jornada dos empregados passou a ser para registrar a saída antes de largar efetivamente; que depois
feito de forma biométrica, mediante expedição de recibo; que não desses primeiros 2/3 meses a partir de 2011, o horário de início
sabe onde o reclamante trabalhava, razão pela qual não sabe permaneceu o mesmo, porém o horário de saída ficou por volta
informar se lhe era emitido recibo; que apenas na sede da 21:30/22h; que só tiravam um intervalo de 30/40 minutos para o
reclamada era emitido recibo; que os espelhos de ponto são almoço; que antes de 2011 a jornada era das 6h, sendo que a saída
entregues aos motoristas e ajudantes para assinatura durante a passava das 22h, com intervalo de 30/40 minutos; que a
própria rota; que o horário de intervalo 'é livre', não sofrendo determinação da empresa era que o horário fosse de 30/40 minutos,
ingerência da reclamada; que todos os motoristas e ajudantes que a fim de que dessem conta das entregas (...)" - TIAGO JOSÉ
trabalham na sede registram o encerramento de suas jornadas no ALVES Observa-se, portanto, divergência quanto às afirmativas das
encerramento das mesmas; que não sabe se o mesmo ocorre para testemunhas do reclamante, pois Ednaldo Cândido diz que havia a
quem trabalha na sede; que não sabe em que local o reclamante orientação da empresa para a fruição de uma hora de intervalo
atuava; (...)"- HENRIQUE CESAR DUQUE DA COSTA "(...) que até intrajornada e a jornada disposta no recibo estava em dissonância
2013 a máquina não liberava comprovante; que a partir de 2013, o com o relógio, enquanto a testemunha Tiago José mencionou que a
relógio de ponto liberava o comprovante, porém o horário do determinação da ré era para que o horário de intervalo intrajornada
comprovante era menor do que o que havia no relógio; que havia fosse de 30/40 minutos e que o horário registrado no comprovante
reclamações, mas nada era feito; que trabalhava no mesmo horário estava de acordo com o relógio de ponto.
do reclamante; que a partir de 2011 começava a trabalhar às 07h15, Assim, diante da fragilidade dos depoimentos das testemunhas,
retornando por volta das 18h30, isso nos 03 primeiros meses, entendo que o reclamante não conseguiu se desvencilhar do ônus
porque depois passaram a retornar às 19h, cerca de 1 a 2 dias por da prova quanto à alegação de que os horários registrados nos
semana e nos demais dias retornava às 21/21h30/22h, de segunda cartões de ponto não correspondem à realidade, bem como que não
a sábado, com folga somente aos domingos; que após retornar à gozava do intervalo intrajornada de uma hora. Passando para a
empresa, passava cerca de 40 minutos a 1 hora para fazer análise dos cartões de ponto em confronto com as fichas financeiras
conferência do carro, abrir o cofre, pegar o dinheiro e prestar do empregado, extrai-se que as horas extras foram integralmente
contas; que de 2 a 3 vezes por semana o supervisor pedia para quitadas, não sendo devidos hora extra e intervalo intrajornada. Em
registrar a saída antes de fazer esse procedimento de conferência; relação ao intervalo interjornada, observo nos espelhos de ponto
que de 2 a 3 vezes por semana o comprovante emitido pelo relógio que, em algumas oportunidades, não foi respeitado o tempo mínimo
de ponto vinha com o horário correto; que só tiravam um intervalo de 11 horas, a exemplo dos dias 29/04/2015 e 28/02/2014. Desse
de 30 minutos para o almoço; que antes de 2011 a jornada era das modo, julgo procedente o pedido de pagamento, como extra, das
6h às 21/21:30/22h, com intervalo de 10 a 20 minutos; que a horas reduzidas do intervalo interjornada (OJ nº 355 da SDI-1 do C.
determinação da empresa era de que o intervalo seria de 1 hora, TST). Para fins de cálculo do intervalo interjornada, deverá ser
mas na prática não dava tempo; (...)" - EDNALDO CANDIDO considerado que em relação ao salário fixo é devido o pagamento
ALVES "(...) que até 2013 a máquina não liberava comprovante; que das horas acrescidas do adicional e em relação ao salário variável
a partir de 2013, o relógio de ponto liberava o comprovante; que o (prêmios) apenas o adicional, pois o autor era comissionista misto,
horário do comprovante emitido correspondia ao horário constante com adicional de 70%. Como não havia habitualidade, improcede o

pedido de reflexos." não sendo permitida qualquer ação que desvirtue os fins legais a
Pois bem. que se destina, tais como:
Inicialmente no tocante à validade do sistema de ponto adotado I - restrições de horário à marcação do ponto;
pela empresa, analisando os autos, verifico que os cartões de ponto II - marcação automática do ponto, utilizando-se horários
colacionados (fls.695/736) apresentam horários variáveis, com a predeterminados ou o horário contratual;
consignação de folga e horários extraordinário. Compondo também III - exigência, por parte do sistema, de autorização prévia para
o acervo as fichas financeiras, as quais consignam a rubrica horas marcação de sobrejornada; e
extras (fls.760/779). IV - existência de qualquer dispositivo que permita a alteração dos
Com efeito, dada a segurança do sistema biométrico e as variações dados registrados pelo empregado.
de horários encontradas, entendo que o ônus da prova da Art. 10. O REP deverá atender aos seguintes requisitos:
invalidade dos registros recai sobre o reclamante. I - não permitir alterações ou apagamento dos dados armazenados
Por sua vez, a prova hábil a fazer prevalecer a alegação de na Memória de Registro de Ponto;
adulteração dos horários no sistema de ponto biométrico seria, II - ser inviolável de forma a atender aos requisitos do art. 2º;
precisamente, os comprovantes emitidos pela máquina, a cada III - não possuir funcionalidades que permitam restringir as
jornada. Apenas um deles bastaria para que se pudesse realizar um marcações de ponto;
cotejo com os registros exibidos pela empresa e constatar a IV - não possuir funcionalidades que permitam registros automáticos
eventual ocorrência de adulterações indevidas, mas tal documento de ponto; e
não veio aos autos, evidenciando a fragilidade da prova V - possuir identificação do REP gravada de forma indelével na sua
deponencial, que perde força diante da prova documental robusta. estrutura externa, contendo CNPJ e nome do fabricante, marca,
Somado a isso, tem-se as declarações das testemunhas das provas modelo e número de fabricação do REP.
emprestadas autorizadas que fazem referência à emissão de Parágrafo único. O número de fabricação do REP é o número
comprovante pelo sistema de ponto adotado pela empresa: exclusivo de cada equipamento e consistirá na junção seqüencial do
O Sr. EDNALDO CANDIDO ALVES, cujo depoimento foi colhido número de cadastro do fabricante no MTE, número de registro do
como prova emprestada pelo reclamante, nos autos do processo de modelo no MTE e número série único do equipamento.
nº 0001491-27.2016.5.06.0313, asseverou "que a partir de 2011, a Art. 11. Comprovante de Registro de Ponto do Trabalhador é um
reclamada passou a adotar o ponto eletrônico; que até 2013 a documento impresso para o empregado acompanhar, a cada
máquina não liberava comprovante; que a partir de 2013, o relógio marcação, o controle de sua jornada de trabalho, contendo as
de ponto liberava o comprovante." (fl.1138). seguintes informações:
O Sr. TIAGO JOSÉ ALVES, declarou que "a partir de 2011, a I - cabeçalho contendo o título 'Comprovante de Registro de Ponto
reclamada passou a adotar o ponto eletrônico; que até 2013 a do Trabalhador';
máquina não liberava comprovante; que a partir de 2013, o relógio II - identificação do empregador contendo nome, CNPJ/CPF e CEI,
de ponto liberava o comprovante; que o horário do comprovante caso exista;
emitido correspondia ao horário constante no relógio de ponto". III - local da prestação do serviço;
(fls.1139) IV - número de fabricação do REP;
O depoimento da testemunha da reclamada, HENRIQUE CESAR V - identificação do trabalhador contendo nome e número do PIS;
DUQUE DA COSTA, também faz referencia ao sistema de ponto, VI - data e horário do respectivo registro; e
afirmando que "a partir de 2011, o registro da jornada dos VII - NSR.
empregados passou a ser feito de forma biométrica, mediante § 1o A impressão deverá ser feita em cor contrastante com o papel,
expedição de recibo". em caracteres legíveis com a densidade horizontal máxima de oito
Contudo, nenhum comprovante foi juntado pelo autor, de modo a caracteres por centímetro e o caractere não poderá ter altura inferior
permitir o confronto, donde resulta inviável afastar a presunção de a três milímetros. (redação dada pela Portaria 2233, de 17/11/2009)
inviolabilidade do sistema nos termos da Portaria nº. 1.510/2009 do § 2º O empregador deverá disponibilizar meios para a emissão
MTE, que disciplina o registro eletrônico de ponto e a utilização do obrigatória do Comprovante de Registro de Ponto do Trabalhador
Sistema de Registro Eletrônico de Ponto - SREP. no momento de qualquer marcação de ponto."
Por oportuno, transcrevo alguns artigos do diploma em comento: Não bastasse isso, friso que, embora o autor insista que tenha
"Art. 2º. O SREP deve registrar fielmente as marcações efetuadas, comprovado a fragilidade dos registros, há flagrante contradição

entre os depoimentos colhidos, de modo que se instala uma semanal de 24 horas, com prejuízo do intervalo mínimo de 11 horas
situação de dúvida, a qual, no meu sentir, não permitiria concluir consecutivas para descanso entre jornadas, devem ser
que quem detinha o ônus (o autor) se desincumbiu remuneradas como extraordinárias, inclusive com o respectivo
satisfatoriamente. adicional."
Ademais, saliento que o simples fato de haver a possibilidade de "INTERVALO INTERJORNADAS. INOBSERVÂNCIA. HORAS
correções não permite concluir que a empresa utilizava disso para EXTRAS. PERÍODO PAGO COMO SOBREJORNADA. ART. 66 DA
manipular a jornada dos empregados. Reitero que não há prova CLT. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO § 4º DO ART. 71 DA CLT (DJ
robusta nesse sentido. 14.03.2008) O desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas
Logo, à míngua de provas robustas em sentido contrário, tenho previsto no art. 66 da CLT acarreta, por analogia, os mesmos
como não desconstituída a veracidade dos cartões de ponto. Por efeitos previstos no § 4º do art. 71 da CLT e na Súmula nº 110 do
oportuno, saliento que os cartões de ponto detém a devida TST, devendo-se pagar a integralidade das horas que forem
assinatura do reclamante, e ainda que não houvesse, tranquila a subtraídas do intervalo, acrescidas do respectivo adicional."
jurisprudência do C. TST no sentido de que isso não enseja vício Mantenho o julgado, no particular.
apto a desconstituí-lo. Ante o exposto, nego provimento a ambos os recursos.
Assim, reputo corretos os horários contidos nos registros de ponto, Do dano moral - transportes de valores. Do quantum
razão pela qual mantenho a sentença nesse aspecto. indenizatório (análise conjunta)
Também não deve prosperar o pedido de pagamento das Insurge-se a reclamada contra a condenação ao pagamento de
diferenças das horas extras, umas vez que as fichas financeiras indenização por dano moral decorrente do suposto transporte de
comprovam o pagamentos das horas extras e o reclamante não valores e, sucessivamente, pretende a redução do quantum
apontou tais diferenças. indenizatório.
No mesmo sentir quanto ao intervalo intrajornada, vez que competia De outra parte, o reclamante não se conforma com o valor da
ao próprio empregado decidir o melhor horário para pausa, sem que indenização por dano moral arbitrada pelo juízo de primeiro grau.
houvesse a ingerência da empresa no aspecto. Sustenta que transportava grandes quantias de valores sem o
A despeito, verifico o depoimento do Sr. HENRIQUE CESAR devido treinamento. Narra aspectos relacionados ao risco suportado
DUQUE DA COSTA, o qual asseverou que "que o horário de e a sua rotina de trabalho, cita jurisprudência, e pede a majoração
intervalo 'é livre', não sofrendo ingerência da reclamada." (fl.1141) da indenização para o valor de R$280.000,00.
Ademais, observo que nos cartões de ponto constam a pré- O magistrado sentenciante entendeu configurado o dano moral, vez
assinalação do intervalo de 1hora, assim o ônus de demonstrar a que a empresa exigiu de trabalhadores não treinados o exercício de
concessão parcial do intervalo é do reclamante e desse ônus não se atividade que gera substancial risco, o transporte de valores.
desincumbiu a contento, diante da situação de dúvida instalada. Condenou a reclamada no pagamento de indenização ao
Pois, embora a testemunha do reclamante tenha informado que o reclamante no importe de R$ 10.000,00.
intervalo não eram cumpridos, a da reclamada afirmam que o Pois bem, ao postular o pagamento de indenização por dano moral,
intervalo era de 1 hora. o autor assume o ônus probatório relativo à prática de ato ilícito por
No que concerne ao intervalo interjornada, observa-se que nem parte do empregador, além do dano suportado e do respectivo nexo
sempre era cumprido integralmente o intervalo interjornada, causal entre esses elementos. E, no caso dos autos, verifica-se que
conforme aponta o juízo a quo, portanto, não havendo o gozo o conjunto probatório demonstra cabalmente a ocorrência de ato
integral das 11 horas de descanso entre duas jornadas de trabalho, ilícito do empregador passível de reparação.
nos termos do art. 66 Consolidado, é devido o pagamento, como Em princípio há de se firmar que o reclamante era ajudante de
extraordinárias, das horas subtraídas do mencionado intervalo. entregas de bebidas e que a reclamada é pessoa jurídica ligada a
Afastando a consideração de que a infração é de ordem meramente tal atividade. Também é inegável que a reclamada impunha que o
administrativa, dadas as repercussões de ordem pessoal, social e reclamante tinha que fazer entregas de bens e receber valores
na saúde do trabalhador, aplico ao caso o entendimento da Corte monetários em troca de tais produtos. O que se há de perguntar é
Superior Trabalhista substanciado na Súmula 110 e na Orientação se existe a real necessidade de que alguém, numa sociedade
Jurisprudencial 355 da SDI-1, ora transcritas, respectivamente: violenta como a nossa, seja obrigada a entregar bebidas em grande
"JORNADA DE TRABALHO. INTERVALO. No regime de quantidade e receber o dinheiro relativo a tais entregas ou se o
revezamento, as horas trabalhadas em seguida ao repouso pagamento poderia ser realizado por outros meios, boleto bancário

por exemplo. Creio que não se afigura razoável a metodologia executados:
utilizada pela reclamada e, saliento, à guisa de contribuir para o I - por empresa especializada contratada; ou
debate que o caso aqui é completamente diferente do caso de II - pelo próprio estabelecimento financeiro, desde que organizado e
cobradores e motoristas de coletivos onde o serviço é remunerado preparado para tal fim, com pessoal próprio, aprovado em curso de
no momento do pagamento. formação de vigilante autorizado pelo Ministério da Justiça e cujo
O depoimento da testemunha, na prova emprestada colacionada sistema de segurança tenha parecer favorável à sua aprovação
aos autos pelo reclamante, processo nº 0001439- emitido pelo Ministério da Justiça.
31.2016.5.06.0313, confirma a prática, pelas empresas de bebidas, Parágrafo único. Nos estabelecimentos financeiros estaduais, o
do transporte de valores pelos Ajudantes de Entrega, pessoal não serviço de vigilância ostensiva poderá ser desempenhado pelas
especializado. Ademais, o depoimento demonstra o risco a assaltos Polícias Militares, a critério do Governo da respectiva Unidade da
a que estão submetidos. Vejamos: Federação.
SR. RENATO MENDES DA SILVA - Testemunha do reclamante:" Art. 4º O transporte de numerário em montante superior a vinte mil
que normalmente os pagamentos feitos pelos clientes são feitos à Ufir, para suprimento ou recolhimento do movimento diário dos
vista, em espécie; que raramente a reclamada aceita cheques e estabelecimentos financeiros, será obrigatoriamente efetuado em
também é muito difícil que os clientes façam pagamento através de veículo especial da própria instituição ou de empresa especializada.
boletos; que tanto os ajudantes de entrega como o motorista podem Art. 5º O transporte de numerário entre sete mil e vinte mil Ufirs
receber os valores de clientes; que o cofre do carro é pequeno e já poderá ser efetuado em veículo comum, com a presença de dois
ocorreu de receberem R$ 23.000,00 de um cliente em Xucuru, vigilantes.
distrito de Belo Jardim, e o numerário não caber no cofre; que esse Com efeito, foge às atribuições de ajudante de entregas, que não é
cliente sempre fazia uma compra grande e sempre pagava em contratado como segurança, com todas as condicionantes que a lei
dinheiro; que já recebeu R$ 300,00 em moedas e não havia espaço exige, fazer o transporte de valores, que exige profissionais
para guardar o numerário; que todos ficavam preocupados com especializados a fim de resguardar não só o patrimônio da empresa,
assaltos e corriam para o veículo para tentar guardar logo o mas a própria integridade física dos que operam nessa função.
dinheiro, quando era possível; que não era da mesma equipe do Pratica ato ilícito a ré ao submeter o reclamante esse tipo de tarefa,
reclamante, mas já trabalhou com ele algumas vezes; que os além de suas responsabilidades e de alto grau de risco, o que, por
problemas relatados são comuns às demais equipes; que já certo, causa abalos psicológicos em face do temor que se instalava
conversaram com os superiores, a fim de que acabasse com a diante da possibilidade de assaltos, e a exposição à situação que
possibilidade de pagamento em espécie, por causa da falta de podia desaguar em risco real de morte ou debilidade física
segurança; que já sofreu um assalto, no qual havia 4 criminosos em permanente.
2 motos, os quais mandaram o depoente e os demais ficarem atrás Nesse sentido:
do caminhão e eles arrombaram o cofre; que o depoente chegou a RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL. INDENIZAÇAO.
levar uma coronhada de um dos criminosos; que os criminosos TRANSPORTE DE VALORES. CONFIGURAÇÃO. A conduta do
levaram o dinheiro; que outras equipes já sofreram assaltos, tendo empregador, ao exigir do empregado o transporte de valores,
uma equipe em 1 semana sofrido 3 assaltos; que não recebeu atividade para a qual não fora contratado, com exposição indevida a
treinamento sobre o recebimento de valores; que não havia escolta situação de risco, enseja o pagamento de indenização.
para os veículos. Precedentes. Recurso de revista conhecido e desprovido. (TST -
Ademais, mesmo que a empresa oferecesse alguma escolta, a RR: 14030920125040014, Relator: Alberto Luiz Bresciani de Fontan
ilicitude continuaria presente, uma vez que para o transporte de Pereira, Data de Julgamento: 03/09/2014, 3ª Turma, Data de
valores, a lei exige pessoal especializado, com treinamento Publicação: DEJT 05/09/2014).
adequado, com aprovação em curso de formação de vigilante, para DANO MORAL CARACTERIZADO. TRANSPORTE DE VALORES
o desempenho da referida atividade, o que não condiz com a EFETUADO POR EMPREGADO COMUM. O reclamado poderia
hipótese em análise. utilizar-se de seus próprios empregados para transportar valores,
Nesse passo, o transporte de valores exige habilitação profissional, desde que cumprisse os requisitos das regras previstas no inciso II
de acordo com a disposição contida na Lei nº 7.102/83, conforme do art. 3º da Lei 7.102/83, que permite o transporte de valores
transcrição a seguir: diretamente pela instituição financeira, "desde que o funcionário
Art. 3º A vigilância ostensiva e o transporte de valores serão seja aprovado em curso de formação de vigilante autorizado pelo

Ministério da Justiça e cujo sistema de segurança tenha parecer descumprimento apenas acarretaria a incidência de multa em favor
favorável à sua aprovação emitido pelo Ministério da Justiça". Não do sindicato, e não do empregado. Acaso mantida a condenação,
cumprindo o ordenamento legal, resta caracterizado o dano moral pugna pela redução do valor atribuído ao pleito para R$ 6,00 (seis
pelo qual o reclamado deve ser condenado a pagar a indenização reais) por dia.
requerida. (TRT-5 - RecOrd: 00003478320135050011 BA 0000347- Ressalta que o acordo coletivo dispõe o seguinte:
83.2013.5.05.0011, Relator: RENATO MÁRIO BORGES SIMÕES, "CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA - REFEIÇÃO DA JORNADA
2ª. TURMA, Data de Publicação: DJ 16/12/2013) EXCEDENTE Será assegurado ao empregado, que no mesmo dia
DIREITO DO TRABALHO. DANO MORAL. CONFIGURADO. Para a exceda a sua jornada de trabalho em 02 (duas) horas diárias, sem
configuração da responsabilidade civil, três fatores devem coexistir, nenhum ônus para o mesmo, refeição compatível com as suas
quais sejam: a prática de ato ilícito; a comprovação induvidosa do necessidades.
dano provocado e o nexo de causalidade entre eles. Na hipótese, o Parágrafo Primeiro - Sempre que o refeitório da empresa estiver
dano moral perpetrado ao reclamante é induvidoso, na medida em aberto, referida refeição deverá ser obrigatoriamente feita naquele
que a prática irregular de imposição de transporte de valores - entre local.
outras - sem o oferecimento de qualquer tipo de segurança, Parágrafo Segundo - Se o refeitório da empresa estiver fechado por
expondo a risco o trabalhador, é suficiente ao deferimento da ocasião da hora, o empregado fará jus a ressarcimento do valor
reparação vindicada. Recurso improvido no aspecto. (TRT-6 - RO: dispendido para realizar a refeição no prazo máximo de 24 (vinte e
44572010506 PE 0000044-57.2010.5.06.0331, Relator: Dinah quatro) horas, mediante apresentação de recibo comprobatório da
Figueirêdo Bernardo, Data de Publicação: 21/07/2011) despesa e limitado a R$ 14,50 (quatorze reais e cinquenta
Relativamente ao valor arbitrado a título de dano moral, registro centavos).
que, embora a Lei 13.467/2017 em seu art. 223-A, venha O magistrado sentenciante julgou procedente o pleito:
apresentar um novo regramento ao instituto do dano moral ou "Assim, à luz da jornada de trabalho disposta nos controles de
extrapatrimonial, trazendo critérios para determinação do valor da jornada, defiro o pedido, em conformidade com os Acordos
reparação, saliento que aplica-se ao caso a legislação vigente à Coletivos de Trabalho correspondentes, observando-se os
época contratual, uma vez que para que a mencionada lei afete os respectivos períodos de vigência, bem como o valor do ticket-
contratos anteriores a sua vigência seria necessário nova refeição do período."
pactuação. De fato, verifica-se a presença dessa cláusula nos acordos coletivos
Destarte, o valor arbitrado deve constituir-se em compensação ao de 2013/2014, com vigência de 01º de setembro de 2013 a 31 de
lesado e desestímulo ao lesante, de modo proporcional ao dano agosto de 2014 (fl. 97); 2014/2015, com vigência de 01º de
causado e à capacidade econômica do ofensor e do ofendido, sob setembro de 2014 a 31 de agosto de 2015; 2015/2016, com
pena de não punir corretamente a prática da ofensa. Por outro lado, vigencia de 1º de setembro de 2015 a 31 de agosto de 2016. Dessa
tampouco pode ser mais vantajosa - do ponto de vista financeiro - à forma, como se observa do seu teor, o ressarcimento está
ocorrência do dano, ficando sobre o poder discricionário do Juiz. condicionado à "apresentação de recibo comprobatório da despesa
Considerando essas balizas, ainda, em consonância com a e limitado a R$ 14,50 (quatorze reais e cinquenta centavos)". Assim,
jurisprudência deste Egrégio e, considerando que o reclamante não não tendo o autor apresentado o respectivo comprovante, não há
foi vítima direta de assaltos, mantenho o valor arbitrado pelo juízo a que se falar em ressarcimento nos períodos.
quo, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), posto que além de Por outro lado, nas normas coletivas de 2010/2011 (com vigência
ser de acordo com a jurisprudência desta Turma, atende aos de 1º de setembro de 2010 a 31 de agosto de 2011) - fl.50;
critérios da razoabilidade e proporcionalidade. 2011/2012 (com vigência de 1º de setembro de 2011 a 30 de agosto
Com efeito, nego provimento a ambos os recursos. de 2012) - fl.65; 2012/2013 (com vigência de 1º de setembro de
Indenização por não fornecimento de refeição (recurso da 2012 a 31 de agosto de 2013 - fl. 81 -, consta:
reclamada) "CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA - REFEIÇÃO DA JORNADA
A reclamada não se conforma com a condenação da verba em EXCEDENTE Será assegurado ao empregado, que no mesmo dia
comento por dois aspectos: primeiro porque alega que o reclamante exceda a sua jornada normal de trabalho em 02 (duas) horas extras,
não laborou em sobrejornada, não fazendo jus ao seu pagamento. sem nenhum ônus para o mesmo, refeição compatível com as suas
Segundo porque a norma coletiva não prevê a conversão da necessidades".
obrigação de pagar em obrigação de fazer. Sustenta que o Assim, deve ser excluída da condenação a indenização por não

fornecimento de refeição relativa apenas ao período de vigência das PERSONALIDADE QUE IMPLICA PREJUÍZO AO PROJETO DE
normas coletivas 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016. VIDA OU À VIDA DE RELAÇÕES - NECESSIDADE DE
Quanto ao valor arbitrado, considerando o valor previsto nos COMPROVAÇÃO DE LESÃO OBJETIVA - NÃO DECORRÊNCIA
acordos coletivos, entendo razoável considerar o valor do ticket IMEDIATA DA PRESTAÇÃO DE SOBREJORNADA - NÃO
refeição do período, portanto, mantenho a sentença nesse aspecto. CARACTERIZAÇÃO. O dano existencial é um conceito jurídico
Já quanto ao argumento empresarial de que a norma coletiva não oriundo do Direito civil italiano e relativamente recente, que se
prevê a conversão da obrigação de pagar em obrigação de fazer e apresenta como aprimoramento da teoria da responsabilidade civil,
que o descumprimento da norma apenas acarretaria a incidência de vislumbrando uma forma de proteção à pessoa que transcende os
multa em favor do sindicato, não merece prosperar. Isso porque a limites classicamente colocados para a noção de dano moral. Nesse
norma foi editada para ser cumprida em sua integralidade. sentido, o conceito de projeto de vida e a concepção de lesões que
Oportunizar à empresa a escolha entre o cumprimento de uma atingem o projeto de vida passam a fazer parte da noção de dano
cláusula ou o pagamento da multa vai de encontro ao propósito de existencial, na esteira da jurisprudência da Corte Interamericana de
sua existência. Direitos Humanos. No âmbito da doutrina justrabalhista, o conceito
Com essas considerações, dou provimento parcial ao recurso para tem sido absorvido e ressignificado para o contexto das relações de
excluir da condenação o pagamento do vale refeição nos períodos trabalho como representativo das violações de direitos e limites
que correspondem a vigência das normas coletivas 2013/2014, inerentes ao contrato de trabalho que implicam, além de danos
2014/2015 e 2015/2016. materiais ou porventura danos morais ao trabalhador, igualmente,
Do dano existencial (recurso do reclamante) danos ao seu projeto de vida ou à chamada "vida de relações".
Pleiteia indenização por dano existencial, sob o argumento de que Embora exista no âmbito doutrinário razoável divergência a respeito
sempre foi submetido a jornada excessiva, e, em razão disso, da classificação do dano existencial como espécie de dano moral ou
restou impossibilitado do convívio social com familiares e amigos. como dano de natureza extrapatrimonial estranho aos contornos
O juízo a quoindeferiu os pleitos sob os seguintes argumentos: gerais da ofensa à personalidade, o que se tem é que dano moral e
"Embora tenha realizado o autor sobrejornada em alguns dias da dano existencial não se confundem, seja quanto aos seus
semana, como observado nos documentos de controle de jornada, pressupostos, seja quanto à sua comprovação. Isto é, embora uma
não houve comprovação de que tal horário de labor tenha mesma situação de fato possa ter por consequência as duas formas
comprometido as relações sociais do trabalhador ou seu projeto de de lesão, seus pressupostos e demonstração probatória se fazem
vida, fato constitutivo do direito do reclamante. Não há a de forma peculiar e independente. No caso concreto, a Corte
possibilidade de presumir que esse dano efetivamente aconteceu regional entendeu que não restou demonstrado o dano existencial,
no caso concreto. Embora a possibilidade abstratamente exista, é não podendo haver um corolário lógico de que a jornada prolongada
necessário que ela seja constatada no caso concreto para que o em alguns dias causou efetivo prejuízo às relações sociais ou ao
indivíduo faça jus à reparação almejada. É que para surgimento do projeto de vida do trabalhador. Logo, conforme decidido pelo
dever de indenizar é necessário, além dos pressupostos de Tribunal Regional, o dano existencial não pode ser reconhecido à
responsabilidade civil previstos no art. 186 do CC, provar que o ato míngua de prova específica do efetivo prejuízo pessoal, social ou
ilícito, de fato, tenha causado prejuízos ao empregado em sua familiar. Nessa situação, vale ressaltar, é inviável a presunção de
esfera social, o que não restou demonstrado." que, no caso dos autos, o dano existencial efetivamente aconteceu,
Ressalvado entendimento pessoal já expresso em outros em face da ausência de provas neste sentido. Embora a
processos, adoto a posição da Turma de que a sentença não possibilidade, abstratamente, exista, é necessário que ela seja
merece reforma. constatada no caso concreto para que sobre o indivíduo recaia a
Cabia à parte autora demonstrar, de forma concreta, o prejuízo reparação almejada. Demonstrado concretamente o prejuízo às
causado às suas relações sociais e a ruína de seu projeto de vida relações sociais e a ruína do projeto de vida do trabalhador, tem-se
(arts. 818 da CLT e 373, I, do CPC), eis que não se pode concluir, como comprovados, in re ipsa, a dor e o dano à sua personalidade.
uma vez comprovada a prestação de horas extraordinárias, apenas O que não se pode admitir é que, comprovada a prestação de horas
por isso, tenha havido dano às relações sociais do trabalhador ou extraordinárias, extraia-se daí automaticamente a consequência de
que ele se viu obrigado a alijar seu projeto de vida. que as relações sociais do trabalhador foram rompidas ou que seu
Nesse sentido, colaciono vasta jurisprudência do TST: projeto de vida foi suprimido do seu horizonte. Recurso de revista
RECURSO DE REVISTA - DANO EXISTENCIAL - DANO À não conhecido. (RR - 1392-42.2014.5.12.0028, Rel. Min. Vieira de

Mello Filho, 7ª Turma, DEJT de 18/3/2016) somente do tempo livre que possui. É possível reconhecer o direito
DANOS MORAIS. JORNADA DE TRABALHO CONSIDERADA à reparação, quando houver prova de que as condições de trabalho
EXCESSIVA PELO TRT. Esta Corte, analisando casos como o dos efetivamente prejudicaram as relações pessoais do empregado ou
autos, em que se postula indenização decorrente de jornada laboral seu projeto de vida. E mais: reconhecido esse prejuízo, é preciso
excessiva, tem entendido tratar-se do denominado "dano sopesar todos os elementos outrora citados, como componentes da
existencial", que, por seu turno, não é presumível - in re ipsa. De existência humana, para então definir em que extensão aquele fato
fato, para além da ilicitude resultante da superação do limite legal isolado - condições de trabalho - interferiu negativamente na
de prorrogação da jornada, cujos efeitos se resolvem com o equação. Na hipótese dos autos, o Tribunal Regional considerou
pagamento correspondente (CLT, art. 59) e com a sanção aplicável que a longa jornada de trabalho do autor - 11 horas, durante 3 anos
pelos órgãos de fiscalização administrativa (CLT, art. 75), o prejuízo e 9 meses -, causou-lhe dano existencial, presumindo que a
causado para o desenvolvimento de outras dimensões existenciais conduta ilícita do empregador violou "direitos fundamentais e
relevantes deve ser demonstrado, não decorrendo, ipso facto, da sociais, notadamente os direitos sociais a uma existência digna, ao
mera exigência de horas extras excessivas. Na hipótese dos autos, lazer, à segurança etc", além de lhe ter ocasionado "restrições de
ao concluir pelo direito à indenização por danos morais, o TRT ordem pessoal e social", igualmente presumidas. Decisão que
fundamentou a decisão na tese jurídica de que a jornada excessiva merece reforma. Precedentes. Recurso de revista de que se
põe em risco a saúde e a segurança do trabalhador, obstando, conhece e a que se dá provimento. (RR - 1263-90.2013.5.04.0029,
ainda, o direito ao lazer. Não há, todavia, registro no acórdão Rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT de
regional quanto à existência de elementos que indiquem ter havido 4/11/2016)
a privação de dimensões existenciais relevantes (lazer, cultura, PRETENSÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS EXISTENCIAIS COM
esporte e promoção da saúde, convívio familiar e social etc.), FUNDAMENTO NO MERO INADIMPLEMENTO DAS HORAS DE
capazes de causar sofrimento ou abalo à incolumidade moral do PERCURSO, TEMPO À DISPOSIÇÃO E INTERVALO DO ARTIGO
Reclamante. Nesse contexto, impõe-se a reforma da decisão 384 DA CLT. IMPROCEDÊNCIA. O dano existencial consiste em
regional. Recurso de revista conhecido e provido. (RR - 85400- espécie de dano extrapatrimonial e tem como principal
25.2013.5.13.0006, Rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, 7ª Turma, característica a frustração do projeto de vida ou da vida de relação
DEJT de 19/12/2016) do trabalhador, impedindo a sua efetiva integração à sociedade e o
RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA seu pleno desenvolvimento enquanto ser humano, em decorrência
APÓS A VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. RESPONSABILIDADE de ato ilícito do empregador. Na hipótese dos autos, entretanto, a
CIVIL DO EMPREGADOR. DANOS EXTRAPATRIMONIAIS. reclamante associa o dano existencial ao fato de que, em
DANOEXISTENCIAL. CARACTERIZAÇÃO. JORNADA DE decorrência do descumprimento das obrigações trabalhistas pela
TRABALHO EXCESSIVAMENTE LONGA E DESGASTANTE. reclamada, deixou de auferir aproximadamente R$ 150,00 (cento e
HORAS EXTRAS HABITUAIS. Ao pretender se apropriar do cinquenta reais) por mês, valor que, conforme alegado pela autora,
conceito de existência, para envolvê-lo no universo do dever de poderia ter sido utilizado para aquisição de casa própria, veículo,
reparação, o jurista não pode desconsiderar os aspectos móveis, vestuário, curso de capacitação e até aquisição de
psicológicos, sociológicos e filosóficos a ele inerentes. A existência alimentos, o que melhoraria as suas condições de vida e de
tem início a partir do nascimento com vida - para alguns, até antes, existência e de seus dependentes. A conduta da empregadora, em
desde a concepção -, e, desse momento em diante, tudo lhe afeta: que pese reprovável, não configurou, por si só, óbice à execução,
a criação, os estímulos, as oportunidades, as opções, as ao prosseguimento ou ao recomeço dos projetos de vida da autora.
contingências, as frustrações, as relações interpessoais. Por isso, Com efeito, o mero inadimplemento das obrigações trabalhistas por
não pode ser encarada simplesmente como consequência direta e parte da empregadora, relativamente ao período contratual de
exclusiva das condições de trabalho. Responsabilizar o 1º/11/2012 até 20/3/2013, não é suficiente, por si só, para ensejar a
empregador, apenas em decorrência do excesso de jornada, pela reparação por danos existenciais, visto que esta espécie de dano
frustração existencial do empregado, demandaria isolar todos os não se caracteriza apenas pela frustração decorrente da perda de
demais elementos que moldaram e continuam moldando sua vida, acréscimo patrimonial, pois depende também da efetiva indicação
para considerar que ela decorre exclusivamente do trabalho e do do dano concreto à realização do projeto de vida ou do prejuízo à
tempo que este lhe toma. Significaria passar por cima de sua vida de relações do empregado, o que não ocorreu no caso dos
história, para, então, compreender que sua existência depende tão autos. Recurso de revista não conhecido. (RR-11628-

88.2013.5.18.0103, Rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, 2ª RECLAMADA, PROTECTOR SERVIÇOS DE SEGURANÇA LTDA.
Turma, DEJT de 8/5/2015) INDENIZAÇÃO POR DANO EXISTENCIAL. JORNADA
RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL. DANO EXISTENCIAL. EXTENUANTE. O cumprimento de jornada de trabalho extensa pela
SUBMISSÃO A JORNADA EXTENUANTE. PREJUÍZO NÃO prestação de horas extras, por si só, não enseja a indenização
COMPROVADO. O dano existencial é espécie de dano imaterial. perseguida quando não demonstrada a efetiva impossibilidade de
No caso das relações de trabalho, o dano existencial ocorre quando convívio familiar e social, hipótese dos autos. Com efeito, embora o
o trabalhador sofre dano/limitações em relação à sua vida fora do quadro fático descrito pelo Tribunal a quo demonstre ter havido
ambiente de trabalho em razão de condutas ilícitas praticadas pelo sobrejornada além do permissivo legal, não consigna, por outro
empregador, impossibilitando-o de estabelecer a prática de um lado, prova de que tal jornada tenha de fato comprometido as
conjunto de atividades culturais, sociais, recreativas, esportivas, relações sociais do reclamante ou seu projeto de vida, fato
afetivas, familiares, etc., ou de desenvolver seus projetos de vida constitutivo do direito ao dano existencial perseguido. Recurso de
nos âmbitos profissional, social e pessoal. Não é qualquer conduta revista conhecido e provido. (ARR - 20532-29.2014.5.04.0305, Rel.
isolada e de curta duração, por parte do empregador, que pode ser Min. Dora Maria da Costa, 8ª Turma, DEJT de 12/12/2016)
considerada como dano existencial. Para isso, a conduta deve RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº
perdurar no tempo, sendo capaz de alterar o objetivo de vida do 13.015 /2 0 14 - INDENIZAÇÃO POR DANO EXISTENCIAL.
trabalhador, trazendo-lhe um prejuízo no âmbito de suas relações JORNADA EXCESSIVA. Esta Corte firmou o entendimento no
sociais. Na hipótese dos autos, embora conste que o Autor se sentido de que a imposição ao empregado de jornada excessiva,
submetia frequentemente a uma jornada de mais de 15 horas por si só, não implica ato ilícito que enseje o pagamento de
diárias, não ficou demonstrado que o Autor tenha deixado de indenização a título de dano existencial, especialmente quando não
realizar atividades em seu meio social ou tenha sido afastado do comprovado o prejuízo que lhe tenha advindo, ônus que cabe ao
seu convívio familiar para estar à disposição do Empregador, de trabalhador por se tratar de fato constitutivo do seu direito. Recurso
modo a caracterizar a ofensa aos seus direitos fundamentais. de Revista conhecido e provido. (...). (TST Processo: RR
Diferentemente do entendimento do Regional, a ofensa não pode 1291520135040001. Relator(a): Márcio Eurico Vitral Amaro.
ser presumida, pois o dano existencial, ao contrário do dano moral, Julgamento: 02/12/2015. Órgão Julgador: 8ª Turma. Publicação:
não é "in re ipsa", de forma a se dispensar o Autor do ônus DEJT 04/12/2015).
probatório da ofensa sofrida. Não houve demonstração cabal do Ressalte-se ainda que, segundo Correia de Araújo, os meros
prejuízo, logo o Regional não observou o disposto no art. 818 da dissabores da vida, tal como não cear o empregado com sua
CLT, na medida em que o Reclamante não comprovou o fato família, são problemas inerentes à sociedade moderna capitalista,
constitutivo do seu direito. Recurso de Revista conhecido e provido. cuja grande maioria da classe trabalhadora desse país é afetada,
(RR-1443-94.2012.5.15.0010, Rel. Min. Maria de Assis Calsing, 4ª seja porque encontram problemas de mobilidade, seja porque
Turma, DEJT de 17/4/2015) buscam se qualificar para alcançar novos postos de emprego.
RECURSO DE REVISTA. LEI 13.015/2014.DANO MORAL. Conforme disposições desta decisão, os espelhos de ponto foram
JORNADA DE TRABALHO EXAUSTIVA. A submissão do reputados válidos como meio para se aferir a verdadeira jornada
empregado a jornada de trabalho extensa pela prestação de horas prestada pelo demandante. Dos horários ali consignados, não se
extras, não justifica, por si só, o reconhecimento do dano existencial verifica trabalho prestado em jornadas exaustivas.
a ensejar indenização por ordem moral. No caso em apreciação, No mais, não consta dos autos outro elemento de prova a
assinalou o Tribunal Regional do Trabalho, instância soberana no supedanear o título em estudo.
exame da prova, que "a extensa jornada de trabalho declinada na Diante desse cenário, à míngua de comprovação de conduta ilícita
petição inicial (trabalho ininterrupto, por todo o contrato laboral, ' em patronal a justificar sua responsabilização por eventual dano à 'vida
uma média absurda de 18/20 horas por dia' - Id 1758471 - páginas 6 de relações' do autor, revela-se injustificável a indenização
e 7) não restou demonstrada," (fls. 683). Ora, se a exaustiva jornada postulada, motivo pelo qual mantenho a sentença de piso.
de trabalho indicada pelo reclamante, na qual se funda o pedido de Do adicional de periculosidade. (recurso do reclamante)
indenização pordano moral, sequer restou demonstrada, não há Nao se conforma com o indeferimento do pedido de pagamento de
como prosperar sua pretensão. (ARR - 12009-30.2013.5.03.0163, adicional de periculosidade e repercussões. Alega que comprovou a
Rel. Min. João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, DEJT de 23/9/2016) imposição de coleta de vultosas quantias de dinheiro. Sustenta,
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA PRIMEIRA ainda, que ficou exposto ao risco de assaltos, agressão física e

risco de morte, situação que reputa análoga à dos vigilantes. não realizando atividades de transporte de valores e/ou de
Requer, portanto, o deferimento do adicional de periculosidade e segurança pessoal, sendo responsável apenas pela entrega dos
reflexos. produtos da empresa (carregamento e descarregamento das
De fato, a Lei nº 12.740/2012 alterou o art. 193 da CLT e revogou a mercadorias do caminhão), sendo o transporte de valores realizado
Lei nº 7.369/85, redefinindo os critérios para caracterização das por empresa especializada. Diz que o autor não ficava
atividades ou operações perigosas. habitualmente exposto a perigo, requerendo, caso se manter a
O art. 193 da CLT passou a ter a seguinte redação: existência do labor em tais condições, que o adicional em questão
"São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da deva ser aplicado sobre o salário mínimo. Pois bem. O artigo 193 da
regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, Consolidação das Leis do Trabalho, conferida pela Lei n.º
aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem 12.740/2012, dispões, textual:
risco acentuado em virtude de exposição permanente do Art. 193 - São consideradas atividades ou operações perigosas, na
trabalhador a: forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e
I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; Emprego (MTE), aquelas que, por sua natureza ou métodos de
II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial." permanente do trabalhador a:
Consta expressamente do referido dispositivo que as atividades de I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;
segurança pessoal ou patrimonial são consideradas perigosas na II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades
forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.
Emprego. § 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao
Por sua vez, a Portaria nº 1.885/2013 do MTE, que aprovou o empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário
Anexo 3 da NR 16, estabelece, em seus itens 2 e 3: sem os acréscimos resultantes de
" 2. São considerados profissionais de segurança pessoal ou gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.
patrimonial os trabalhadores que atendam a uma das seguintes § 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade
condições: que porventura lhe seja devido."
a) empregados das empresas prestadoras de serviço nas atividades É de se observar que somente a exposição permanente do
de segurança privada ou que integrem serviço orgânico de trabalhador a roubos e outras espécies de violência física nas
segurança privada, devidamente registradas e autorizadas pelo atividades profissionais de segurança pessoal e patrimonial - em
Ministério da Justiça, conforme Lei 7102/1983 e suas alterações risco acentuado- enseja o pagamento do adicional.
posteriores. Sobre a questão o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por
b) empregados que exercem a atividade de segurança patrimonial sua vez, editou a Portaria 1.885, de 02/12/2013, aprovando o Anexo
ou pessoal em instalações metroviárias, ferroviárias, portuárias, 3 da "Norma Regulamentadora
rodoviárias, aeroportuárias e de bens públicos, contratados 16 - Atividades e Operações Perigosas", que trata das atividades ou
diretamente pela administração pública direta ou indireta. operações descritas no inciso II do artigo 193, da CLT, supra
3. As atividades ou operações que expõem os empregados a transcrito, atendendo a exigência do "caput" do dispositivo legal
roubos ou outras espécies de violência física, desde que atendida supra transcrito e art. 196, do mesmo diploma jurídico, dispondo:
uma das condições do item 2, são as constantes do quadro abaixo: São considerados profissionais de segurança pessoal ou
(...) patrimonial os trabalhadores que atendam a uma das seguintes
Transporte de valores Segurança na execução do serviço de condições:
transporte de valores." a) empregados das empresas prestadoras de serviço nas atividades
Logo, sendo o reclamante AJUDANTE DE ENTREGAS, as referidas de segurança privada ou que integrem serviço orgânico de
normas não se aplicam a ele. Nesse sentido é o voto da relatora segurança privada, devidamente registradas e autorizadas pelo
Exma. Dra. Desembargadora Dione Nunes Furtado da Silva, no Ministério da Justiça, conforme lei 7102/1983 e suas alterações
processo de nº 0001576-09.2014.5.06.0143 (RO), in verbis: posteriores.
"Do adicional de periculosidade b) empregados que exercem a atividade de segurança patrimonial
Pugna a reclamada pela reforma do julgado originário,na matéria, ou pessoal em instalações metroviárias, ferroviárias, portuárias,
alegando que o autor jamais trabalhou em condições periculosas, rodoviárias, aeroportuárias e de bens públicos, contratados

diretamente pela administração pública direta ou indireta." Frise-se que a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça já se
No caso em análise, no entanto, o autor exercia a função de manifestou a respeito do tema, ao cristalizar a tese de que o
ajudante de entrega, logo, os dispositivos supracitados não se arbitramento dos honorários não configura questão meramente
aplicam a função por ele exercida. Nego, pois, provimento ao apelo, processual, máxime ante os reflexos imediatos no direito
quanto ao aspecto. substantivo da parte e do advogado.
Dos honorários advocatícios (análise conjunta) Nesse sentido:
No âmbito desta Justiça Especializada, a hipótese de condenação PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO
em verba honorária restringia-se à assistência jurídica prestada DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ
pelos sindicatos ao hipossuficiente, nos termos dos artigos 14 a 16 N.º 08/2008. EMBARGOS INFRINGENTES. ART. 530 DO CPC.
da Lei nº. 5.584/70, normas que expressamente apenas admitem DISCUSSÃO SOBRE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
cabível tal condenação quando presentes as condições CABIMENTO.
mencionadas nas Súmulas nº. 219 e nº. 329 do Colendo Tribunal 1. O art. 530 do CPC condiciona o cabimento dos embargos
Superior do Trabalho. infringentes a que exista sentença de mérito reformada por acórdão
No caso em exame, contudo, entendo que não cabe a condenação não unânime, e não que o objeto da divergência seja o próprio
da reclamada ao pagamento de honorários advocatícios, uma vez mérito tratado na sentença reformada.
que a parte autora está assistida por advogado particular, conforme 2. Se o dispositivo não restringiu o cabimento do recurso apenas à
instrumento de mandato anexado aos autos (fl. 38). questão de fundo ou à matéria central da lide, não pode o aplicador
Cumpre frisar que as inovações trazidas pela Lei nº. 13.467, de 13 do direito interpretar a norma a ponto de criar uma restrição nela
de julho de 2017 não são aplicáveis de imediato, tendo, por não prevista. Precedentes.
analogia, a aplicação do entendimento já sedimentado no âmbito do 3. Ademais, o arbitramento dos honorários não é questão
Superior Tribunal de Justiça, proferido no julgamento do REsp meramente processual, porque tem reflexos imediatos no direito
1.465.535/SP. Na referida decisão, adotou-se o posicionamento de substantivo da parte e de seu advogado. Doutrina de CHIOVENDA.
que os honorários de sucumbência detêm natureza híbrida, 4. Os honorários advocatícios, não obstante disciplinados pelo
processual-material, de modo que não ocorre a aplicação imediata direito processual, decorrem de pedido expresso, ou implícito, de
da nova regra. A esse respeito, cito trecho do acórdão: uma parte contra o seu oponente no processo e, portanto, formam
"7. No que tange à fixação de honorários advocatícios um capítulo de mérito da sentença, embora acessório e
sucumbenciais, ressalte- se que o novo Código de Processo Civil dependente.
previu regras específicas quanto ao instituto, situação que pode 5. No direito brasileiro, os honorários de qualquer espécie, inclusive
ocasionar, eventualmente, dúvida acerca da incidência das normas os de sucumbência, pertencem ao advogado. O contrato, a decisão
hodiernas nas relações jurídicas cristalizadas no âmbito do vetusto e a sentença que os estabelecem são títulos executivos. Nesse
código. sentido, a Corte Especial do STJ fez editar a Súmula 306, com o
De início, deve-se perquirir acerca da natureza jurídica dos seguinte enunciado: "Os honorários advocatícios devem ser
honorários sucumbenciais. Com efeito, não é possível assentar qual compensados quando houver sucumbência recíproca, assegurado o
a norma processual adequada a incidir na hipótese vertente - o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a
CPC/1973 ou o CPC/2015 -, sem o prévio exame da índole jurígena legitimidade da própria parte". Portanto, os honorários constituem
do instituto. direito autônomo do causídico, que inclusive poderá executá-los nos
Não se pode olvidar que a lei processual tem efeito imediato e geral, próprios autos ou em ação distinta.
aplicando-se aos processos pendentes, respeitados o direito 6. O capítulo da sentença que trata dos honorários, ao disciplinar
adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada. Portanto, no que uma relação autônoma, titularizada pelo causídico, é de mérito,
tange às regras processuais, as novas normas do Código de embora dependente e acessório, de modo que poderá ser discutido
Processo Civil começam a ser aplicadas a partir da revogação do por meio de embargos infringentes se a sentença vier a ser
CPC/1973. reformada, por maioria de votos, no julgamento da apelação.
Todavia, impõe-se indagar se a real natureza jurídica dos 7. Assim, seja porque o art. 530 do CPC não faz restrição quanto à
honorários advocatícios é processual, isto é, se as regras previstas natureza da matéria objeto dos embargos infringentes - apenas
pelo novo CPC incidem imediatamente nos processos em exige que a sentença de mérito tenha sido reformada em grau de
andamento. apelação por maioria de votos -, seja porque o capítulo da sentença

que trata dos honorários é de mérito, embora acessório e o preceito da citada Súmula n.º 219. IV - Ainda no mesmo sentido,
dependente, devem ser admitidos os embargos infringentes para adveio a Orientação Jurisprudencial n.º 305 da SBDI-1, segundo a
discutir verba de sucumbência. qual o deferimento de honorários advocatícios na Justiça do
8. A ausência de interposição dos embargos infringentes na origem Trabalho pressupõe a constatação da ocorrência, concomitante, de
sobre a condenação em honorários advocatícios não veda a dois requisitos: o benefício da justiça gratuita e a assistência por
admissão do recurso especial, a menos que o apelo verse sindicato. V - A incidência, portanto, de norma específica que rege a
exclusivamente sobre a verba de sucumbência, caso em que não matéria na Justiça do Trabalho afasta a aplicação dos artigos 389 e
será conhecido por preclusão e falta de exaurimento de instância. 404 do Código Civil/2002, que disciplinam o inadimplemento das
9. Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao art. 543-C do CPC obrigações, sendo inaplicável, in casu, o preceito do artigo 8.º da
e à Resolução STJ n.º 08/2008. (REsp 1113175/DF, Rel. Ministro CLT (precedente da SBDI-1 do TST). VI - Recurso desprovido."
CASTRO MEIRA, CORTE ESPECIAL, julgado em 24/05/2012, DJe (TST-RR-247/2006-252-02-00.4, Rel. Min. Antônio José de Barros
07/08/2012) Levenhagen, 4.ª Turma, DEJT 5/6/2009.)
(...) AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA . HORAS
Observa-se, portanto, que, não obstante a taxionomia atinente aos EXTRAS. JORNADA 12X36 CONSIDERADA INVÁLIDA POR
honorários advocatícios estar prevista em norma de direito FALTA DE PREVISÃO EM NORMA COLETIVA.
processual, o instituto enverga verdadeira natureza híbrida, INAPLICABILIDADE DA SÚMULA Nº 85 DO TST. Demonstrada
notadamente ante os reflexos materiais que o permeiam. provável má-aplicação da Súmula nº 85, III, do TST. Agravo de
Com efeito, a doutrina reconhece que os honorários advocatícios instrumento a que se dá provimento. RECURSO DE REVISTA.
são instituto de direito processual material, pois, apesar da previsão HORAS EXTRAS. JORNADA 12X36 CONSIDERADA INVÁLIDA
em diploma processual, confere direito subjetivo de crédito ao POR FALTA DE PREVISÃO EM NORMA COLETIVA.
advogado em face da parte que deu causa à instauração do INAPLICABILIDADE DA SÚMULA Nº 85 DO TST. A Subseção I
processo. (...)" Especializada em Dissídios Individuais tem decidido que não se
Apenas para que não restem dúvidas entendo que não cabe a aplica a Súmula 85 desta Corte, quando se trata de escala 12x36
indenização por perdas e danos em face da contratação de declarada inválida, por falta de previsão em norma coletiva, porque
advogado. Nesse sentido citamos: a adoção dessa jornada não configura um regime de compensação
"HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - INDENIZAÇÃO POR DANOS de horários. Trata-se de situação excepcional, uma vez que, nessa
MATERIAIS - INAPLICABILIDADE DOS ARTIGOS 389 E 404 DO circunstância, se ultrapassa até mesmo a prorrogação das duas
CÓDIGO CIVIL AO PROCESSO DO TRABALHO. I - A assistência horas admitidas por lei (art. 59 da CLT) e em relação às quais o
judiciária no âmbito da Justiça do Trabalho rege-se pelas legislador constituinte apenas admitiu a extrapolação mediante
disposições contidas na Lei n.º 5.584/70, nos termos do seu artigo ajuste coletivo (art. 7º, XIII, da Constituição Federal). Precedentes.
14, que condiciona o direito à verba honorária ao preenchimento Recurso de revista a que se dá provimento. HONORÁRIOS
dos seguintes requisitos: estar a parte assistida por sindicato da ADVOCATÍCIOS. CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO
categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao PARTICULAR. INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS. No
dobro do mínimo legal ou encontrar-se em situação econômica que processo do trabalho não tem aplicação subsidiária a
não permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou de sua legislação civil quanto a honorários advocatícios (art. 389 e 404
família. II - Esta Corte, por meio da Súmula n.º 219, item I, do CCB), pois não há lacuna na legislação trabalhista sobre a
corroborou esse entendimento, in verbis: 'Na Justiça do Trabalho, a matéria, e deve ser observada a Lei nº 5.584/70, cujos
condenação ao pagamento de honorários advocatícios, nunca requisitos não foram preenchidos no caso dos autos. Recurso
superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura e de revista de que não se conhece." (TST - RR:
simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por 290001920125130008 29000-19.2012.5.13.0008, Relator: Kátia
sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de Magalhães Arruda, Data de Julgamento: 13/11/2013, 6ª Turma,
salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em Data de Publicação: DEJT 22/11/2013). (NEGRITOS NOSSOS)
situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do Assim, dou provimento ao recurso da reclamada para excluir da
próprio sustento ou da respectiva família'. III - O TST editou, ainda, condenação o pagamento dos honorários advocatícios e nego
a Súmula n.º 329, consagrando o entendimento de que, mesmo provimento ao recurso do reclamante.
com o advento da Constituição Federal de 1988, permanece válido Conclusão do recurso

Ante o exposto, preliminarmente e de ofício, não conheço do Certifico e dou fé.
recurso ordinário interposto pela União Federal, por
intempestividade; não conheço parcialmente do apelo da reclamada Darlei dos Santos Miranda
quanto ao pleito de exclusão da multa estipulada em convenção
coletiva, por ausência de interesse jurídico-processual; rejeito a Assistente-Secretário da 2ª Turma
preliminar de não conhecimento do recurso obreiro por ofensa ao
princípio da dialeticidade, suscitada em contrarrazões pela
reclamada. No mérito, nego provimento ao recurso obreiro e dou Assinatura
parcial provimento ao apelo patronal para: 1) excluir da condenação Acórdão

Processo Nº RO-0000458-48.2017.5.06.0351
o pagamento do vale refeição nos períodos que correspondem a Relator FABIO ANDRE DE FARIAS
vigência das normas coletivas 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016; RECORRENTE JOSEMILTON PEREIRA DE PONTES
ADVOGADO ADRIANA FRANCA DA SILVA(OAB:
2) para excluir da condenação o pagamento dos honorários 45454/PE)
advocatícios. Não há o que se discriminar para fins do disposto no RECORRIDO FINSOL SOCIEDADE DE CREDITO
AO MICROEMPREENDEDOR E A
art. 832, § 3º, da CLT. Ao decréscimo condenatório, arbitro o valor EMPRESA DE PEQUENO PORTE S/A
ADVOGADO RODRIGO SABINO SOARES(OAB:
de R$ 5.000,00. Custas minoradas em R$ 100,00. 26463-D/PE)
ACÓRDÃO ADVOGADO APARICIO DE MOURA DA CUNHA
RABELO(OAB: 18360/PE)
Cabeçalho do acórdão RECORRIDO UNIÃO FEDERAL (PGF)
Acórdão CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO
ACORDAM os Desembargadores da 2ª Turma do Tribunal Regional
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, preliminarmente, Intimado(s)/Citado(s):

- FINSOL SOCIEDADE DE CREDITO AO
atuando de ofício, não conhecer parcialmente do apelo da MICROEMPREENDEDOR E A EMPRESA DE PEQUENO PORTE
S/A
reclamada quanto ao pleito de exclusão da multa estipulada em
- JOSEMILTON PEREIRA DE PONTES
convenção coletiva, por ausência de interesse jurídico processual;
rejeitar a preliminar de não conhecimento do recurso obreiro por
ofensa ao princípio da dialeticidade, suscitada em contrarrazões. No
mérito, negar provimento ao recurso obreiro e dar parcial PODER
provimento ao apelo patronal para: 1) excluir da condenação o JUDICIÁRIO
pagamento do vale refeição nos períodos que correspondem a

Identificação
vigência das normas coletivas 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016;
PROC. Nº TRT 0000458-48.2017.5.06.0351(ED)
2) para excluir da condenação o pagamento dos honorários
ÓRGÃO JULGADOR : SEGUNDA TURMA
advocatícios. Não há o que se discriminar para fins do disposto no
RELATOR : DESEMBARGADOR FÁBIO ANDRÉ DE FARIAS
art. 832, § 3º, da CLT. Ao decréscimo condenatório, arbitra-se o
EMBARGANTE : FINSOL SOCIEDADE DE CREDITO AO
valor de R$ 5.000,00. Custas minoradas em R$ 100,00.
MICROEMPREENDEDOR E A EMPRESA DE PEQUENO PORTE
S/A.
EMBARGADO:JOSEMILTON PEREIRA DE PONTES
ADVOGADOS : ADRIANA FRANCA DA SILVA, APARICIO DE

Certifico que na 23ª Sessão Ordinária realizada no décimo primeiro
MOURA DA CUNHA RABELO, RODRIGO SABINO SOARES
dia do mês de julho do ano de 2018, sob a Presidência do
PROCEDÊNCIA : VARA ÚNICA DO TRABALHO DE GARANHUNS-
Excelentíssimo Senhor Desembargador do Trabalho FÁBIO
PE
ANDRÉ DE FARIAS, com a presença dos Excelentíssimos
EMENTA
Senhores DesembargadoresPAULO ALCÂNTARA e ANA
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. VIA RESTRITA. HIPÓTESES
CLÁUDIA PETRUCCELLI DE LIMA, bem como da representante
LEGAIS. INOCORRÊNCIA. - Os embargos declaratórios constituem
do Ministério Público do Trabalho, Procuradora ELIZABETH VEIGA
remédio jurídico próprio para tornar plenas as decisões judiciais
CHAVES, foi julgado o processo em epígrafe, nos termos do
omissas, contraditórias ou que abriguem manifesto equívoco no
dispositivo supra.
exame dos pressupostos extrínsecos do recurso, vícios
procedimentais não existentes no caso em apreciação. Embargos

de declaração rejeitados. observa na Guia de ID 594ac12, não se trata dos autos de caso de
RELATÓRIO ausência de comprovação de pagamento ou insuficiência de valor,
Trata-se de Embargos de Declaração interposto porFINSOL mas sim, a mera formalidade da Guia de Depósito Judicial. Requer
SOCIEDADE DE CREDITO AO MICROEMPREENDEDOR E A que essa Preclara Turma digne em atribuir efeito modificativo ao
EMPRESA DE PEQUENO PORTE S/A.contra o acórdão desta julgado, para, reformando a decisão, seja determinado a intimação
Segunda Turma (fls. 1106/1127), proferido nos autos da reclamação do Embargante para que, em 05 (cinco) dias, possa suprir o
trabalhista proposta porJOSEMILTON PEREIRA DE PONTES em equívoco quanto a guia GFIP, sob pena de afronta ao citado
face do embargante. dispositivo acima transcrito (§ 2º, art. 1.007 do NCPC e OJ 140 da
Nas razões documentadas às fls. 1172/1185, a SDBI-1). Colaciona jurisprudência. Pugna que seja sanada a
reclamada/embargante sustenta que houve, no acórdão Obscuridade apontada e seja atribuído efeito modificativo ao
embargado, obscuridade em razão da negativa ao Princípio da julgado, consoante dispõe o Enunciado nº 278 do C. TST.
Instrumentalidade das Formas, Negativa de Prestação Jurisdicional, Carece de razão a embargante.
Cerceamento do Direito de Defesa, inobservância ao Princípio da A CLT diz que:
Inafastabilidade Jurisdicional e inobservância dos critérios de Art. 897-A Caberão embargos de declaração da sentença ou
razoabilidade e proporcionalidade, incorrendo-se em violação acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer
expressa à CLT, art. 899, artigos 76, 188 e 277 e § 2º do artigo na primeira audiência ou sessão subseqüente a sua apresentação,
1.007 do NCPC, art. 5º, incisos II e XXXV, da Constituição registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos
Federal/88, Instrução Normativa nº 39/2016 e OJ 140 da SDBI-1 do casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no
C. TS, em razão da deserção aplicada. Sustenta que conforme se exame dos pressupostos extrínsecos do recurso.
observa na Guia de ID 594ac12, não se trata dos autos de caso de Portanto, inexiste a possibilidade do manuseio do ED para
ausência de comprovação de pagamento ou insuficiência de valor, esclarecer obscuridade. Esta existe quando não é possível às
mas sim, a mera formalidade da Guia de Depósito Judicial. Requer partes compreenderem o conteúdo da decisão. No entanto, sequer
que essa Preclara Turma digne em atribuir efeito modificativo ao obscura é a decisão quando se observa o que está escrito na peça
julgado, para, reformando a decisão, seja determinado a intimação do ED. O EMBARGANTE disserta longamente sobre aspectos
do Embargante para que, em 05 (cinco) dias, possa suprir o doutrinários para concluir que o acórdão se apegou a uma mera
equívoco quanto a guia GFIP, sob pena de afronta ao citado formalidade. Observando este, vemos que a decisão está assim
dispositivo acima transcrito (§ 2º, art. 1.007 do NCPC e OJ 140 da escrita:
SDBI-1). Colaciona jurisprudência. Pugna que seja sanada a "... o recolhimento do depósito judicial, em virtude da Lei
Obscuridade apontada e seja atribuído efeito modificativo ao nº.13.467/2017, que alterou a redação do art. 899 da CLT, passou,
julgado, consoante dispõe o Enunciado nº 278 do C. TST. a partir de 11 de novembro de 2017, a ser realizado mediante Guia
Sem contrarrazões ou parecer. de Depósito Judicial.
É o relatório. Com efeito, o artigo 71, caput, da Consolidação dos Provimentos da
VOTO Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho passou a vigorar com o
MÉRITO seguinte texto:
Recurso da parte reclamada Art. 71. As guias de depósito judicial para pagamentos, garantia de
Da alegada obscuridade execução, encargos processuais, levantamento de valores e
Conforme relatado,a reclamada/embargante sustenta que houve, depósitos recursais seguirão o modelo único ,padrão estabelecido
no acórdão embargado, obscuridade em razão da negativa ao na Instrução Normativa nº 36 do Tribunal Superior do Trabalho ou
Princípio da Instrumentalidade das Formas, Negativa de Prestação outra que venha a substituí-la. (alterado pelo ATO N° 13/GCGJT,
Jurisdicional, Cerceamento do Direito de Defesa, inobservância ao DE 13 DE NOVEMBRO DE 2017) - grifei.
Princípio da Inafastabilidade Jurisdicional e inobservância dos Na hipótese dos autos, tanto a decisão que julgou os embargos de
critérios de razoabilidade e proporcionalidade, incorrendo-se em declaração, quanto o recurso ordinário, foram interpostos sob a
violação expressa à CLT, art. 899, artigos 76, 188 e 277 e § 2º do égide da Lei nº. 13.467/2017. Todavia, a reclamada não seguiu o
artigo 1.007 do NCPC, art. 5º, incisos II e XXXV, da Constituição modelo padrão estabelecido na IN nº36 do TST para o depósito
Federal/88, Instrução Normativa nº 39/2016 e OJ 140 da SDBI-1 do recursal, tendo juntado aos autos a GFIP - Guia de Recolhimento do
C. TS, em razão da deserção aplicada. Sustenta que conforme se FGTS de fls. 1041.

Desse modo, não é valido o depósito recursal efetuado mediante da embargada, da multa prevista no §2° do art. 1.026 do CPC/16,
GFIP." no valor de 2% sobre o montante atualizado da causa.
E ainda, houve esclarecimento para ausência de abertura de prazo Conclusão do recurso
para a reclamada regularizar o feito, nos seguintes termos: Diante do exposto, rejeito os embargos de declaração e condeno a
"Por fim, insta salientar que não há que se falar em dilação de prazo embargante no pagamento, em favor da embargada, da multa
para efetivação do preparo ou de pagamento ao final, sendo certo prevista no §2° do art. 1.026 do CPC/16, no valor de 2% sobre o
que o preparo deve ser realizado no prazo recursal. montante atualizado da causa. Custas complementares pela
Nesse sentido, é o art. 789, §1º, da CLT c/c art. 7º da Lei nº. 5.584 embargante no importe de R$ 16,00.
/70 e Súmula nº. 245 do TST. Atente-se a secretaria ao pedido de notificação exclusiva.
Por oportuno, destaco que o Pleno do Tribunal Superior do Trabalho ACÓRDÃO
alterou, recentemente, a OJ nº. 140 da SDI-I, que passou a vigorar Cabeçalho do acórdão
com a seguinte redação: Acórdão
"OJ-SBDI1-140 ACORDAM os Desembargadores da 2ª Turma do Tribunal Regional
DEPÓSITO RECURSAL E CUSTAS PROCESSUAIS. do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, rejeitar os
RECOLHIMENTO INSUFICIENTE. DESERÇÃO (nova redação em embargos de declaração e condenar a embargante no pagamento,
decorrência do CPC de 2015) em favor da embargada, da multa prevista no §2° do art. 1.026 do
Em caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do CPC/16, no valor de 2% sobre o montante atualizado da causa.
depósito recursal, somente haverá deserção do recurso se, Custas complementares pela embargante no importe de R$ 16,00.
concedido o prazo de 5 (cinco) dias previsto no § 2º do art. 1.007 do Atente-se a secretaria ao pedido de notificação exclusiva.
CPC de 2015, o recorrente não complementar e comprovar o valor
devido" CERTIDÃO DE JULGAMENTO
No entanto, a Orientação Jurisprudencial é clara no sentido de que
só cabe a intimação com o objetivo de regularizar o preparo em Certifico que na 25ª Sessão Ordinária realizada no vigésimo quinto
caso de insuficiência do valor pago." diado mês de julho do ano de 2018, sob a Presidência do
Ora, conforme se constata, a reclamada não observou a Excelentíssimo Senhor Desembargador do Trabalho FÁBIO
regularidade do preparo recursal apta a transpor o juízo de ANDRÉ DE FARIAS, com a presença dos Excelentíssimos
admissibilidade. Senhores Desembargadores PAULO ALCÂNTARA e ANA
Ou seja, todos os aspectos da peça de EMBARGOS já se CLÁUDIA PETRUCCELLI DE LIMA, bem como do representante
encontram previamente solucionados, inclusive a possibilidade ou do Ministério Público do Trabalho, Procurador GUSTAVO LUÍS
não de intimação para suprir os defeitos encontrados. No acórdão TEIXEIRA CHAGAS, foi julgado o processo em epígrafe, nos
está dito que o depósito recursal foi feito em documento impróprio e termos do dispositivo supra.
que não cabia conferir prazo para sanar o defeito.
Os argumentos lançados pelo EMBARGANTE são defensáveis, no Certifico e dou fé.
entanto, com eles a TURMA não concordou quando decidiu por não
conhecer o RECURSO ORDINÁRIO. Martha Mathilde F. de Aguiar
Assim, efetivamente nada mais existe a ser declarado, além daquilo
que consta do julgado, ressaltando que, a teor do Precedente Secretária 2ª Turma
Jurisprudencial nº 118, do Colendo Tribunal Superior do Trabalho,
para os fins de prequestionamento a que alude a Súmula nº 297,
também do TST, basta haver tese explícita sobre a matéria, o que Assinatura
efetivamente ocorreu na hipótese sub judice. FABIO ANDRE DE FARIAS
Desse modo, rejeito os Embargos de Declaração, por nada haver a Relator
declarar. Acórdão
Processo Nº RO-0001432-96.2016.5.06.0391
Os embargos de declaração da reclamada têm finalidade Relator Eduardo Pugliesi
unicamente procrastinatória, razão por que os rejeito, por nada RECORRENTE RACHEL TORRES MARQUES
VASCONCELOS
haver a declarar, e condeno a embargante ao pagamento, em favor

ADVOGADO WAGNER DA SILVA BISPO(OAB:

32808/PE)
ADVOGADO MARCUS TADEU VIDAL ALVES DE
SA(OAB: 26056-D/PE)
RECORRIDO TERCEIRO SETOR LTDA
ADVOGADO SELMA MARIA GOMES DA
COSTA(OAB: 12629/PE)
RECORRIDO ESTADO DE PERNAMBUCO
TERCEIRO ANTONIO EPAMINONDAS LEAL
INTERESSADO LUCAS
TRABALHO
Intimado(s)/Citado(s): RECURSO ORDINÁRIO. ACÚMULO DE FUNÇÕES.

- RACHEL TORRES MARQUES VASCONCELOS INOCORRÊNCIA. ART. 456, PARÁGRAFO ÚNICO, DA CLT. O
acúmulo de função se caracteriza pelo exercício de atribuições
diversas daquelas para a quais o trabalhador foi contratado, com
PODER evidente sobrecarga de trabalho, de demandas e responsabilidades,
JUDICIÁRIO sem a paga correspondente, encerrando a ideia de alteração
prejudicial das condições de trabalho. Tal fato deve restar
devidamente comprovado, com ônus processual do postulante (art.
818, I, da CLT). O exercício simultâneo de tarefas diferentes,
executadas na jornada de trabalho, sem exigir maior capacitação
técnica ou pessoal do empregado, compatíveis com a sua condição
pessoal, não gera ao trabalhador o direito ao percebimento de

acréscimo salarial. O poder diretivo assegura ao empregador a
possibilidade de conduzir a realização das atividades contratuais

ÓRGÃO JULGADOR : PRIMEIRA TURMA
dos empregados para adequar a prestação do labor às
necessidades do empreendimento, conforme dispõe o art. 456,

RELATOR : DESEMBARGADOR EDUARDO PUGLIESI
parágrafo único, da CLT. Inexistente prova em contrário, presume-
se que o reclamante obrigou-se a todas as atividades compatíveis

RECORRENTE : RACHEL TORRES MARQUES VASCONCELOS
com a sua condição pessoal. Esta a hipótese dos autos. Recurso
ordinário a que se nega provimento.

RECORRIDOS : TERCEIRO SETOR LTDA. E ESTADO DE
PERNAMBUCO
ADVOGADOS : MARCUS TADEU VIDAL ALVES DE SÁ, SELMA
MARIA GOMES DA COSTA E KÁTIA GOMES DE ARAÚJO
PROCEDÊNCIA : VARA DO TRABALHO DE SALGUEIRO/PE
Recurso Ordinário interposto por RACHEL TORRES MARQUES
VASCONCELOS, de decisão proferida pelo MM. Juízo da Vara do
trabalho de Salgueiro/PE, conforme ID dddb611, que julgou
improcedente a Reclamação Trabalhista por ela ajuizada em face
de TERCEIRO SETOR LTDA. e do ESTADO DE PERNAMBUCO.
EMENTA

Em suas razões recursais (ID 9958e27), a reclamante investe Do acúmulo de funções.
contra a sentença que indeferiu o pedido de pagamento de um plus
salarial em decorrência de acúmulo de funções.
Reitera a reclamante o pedido de pagamento de um acréscimo
salarial pela acumulação de várias funções, além daquela para a
Contrarrazões apresentadas pela primeira reclamada, ID c66aee1. qual fora contratada, pugnando pela reforma da sentença que não
lhe foi favorável.
Parecer do MPT, da lavra da Procuradora Elizabeth Veiga,
opinando pelo desprovimento do apelo (ID a1338d2). A decisão recorrida se posicionou pela improcedência da demanda,
com suporte em vários fundamentos, assim expostos:
"Pedido de pagamento de diferenças salariais
A reclamante requer o pagamento de diferenças salariais sob o
fundamento de que restou configurado o desvio de função, com
base nos seguintes fundamentos:
'Esclarece a Reclamante que foi contratada para exercer a função
de RECEPCIONISTA, contudo, exercia a referida função apenas de
forma eventual, digo, quando substituía a Sra. Paula Fernanda,
recepcionista contratada pela empresa reclamada.
VOTO:
Esclarece ainda que a empresa Reclamada em 01 de fevereiro de
2013, promoveu de forma unilateral a alteração de função da
reclamante para a função de ATENDENTE DE PROTOCOLO,
contudo, não exercia exclusivamente a referida função, já que
cotidianamente tinha que desempenhar atividades inerentes aos
servidores públicos (auditores, bibliotecários, inspetores e de
assistente técnico de informática).
Com dito alhures, a parte Reclamante, desde o início do pacto
laboral, exercia a função de recepcionista apenas de forma
eventual, pois, sempre desempenhou atividades inerentes à função

de atendente de protocolo, e, atividades desempenhadas pelos
servidores públicos do TCE.
No caso em tela, apenas da análise da petição inicial é possível
concluir pela não caracterização do desvio de função. Explico.
As atividades desempenhadas pela Reclamante consistiam em:
Conforme acima mencionado, o desvio de função ocorre quando o
trabalhador exerce função distinta daquela para a qual foi
ATENDENTE DE PROTOCOLO - receber documentos em geral e contratado, fazendo jus ao pagamento da contraprestação
encaminhar os referidos documentos para o setor competente. correspondente à função realmente exercida.
BIBLIOTECÁRIA - ficava responsável pelo acervo dos livros, bem Contudo, na petição inicial, a reclamante não alega o exercício de
como da entrega e recebimento dos mesmos. uma função determinada, mas sim a realização de diversas
atividades inerentes a distintas funções. Não bastasse isso, informa
que também trabalhava como atendente de protocolo, função esta
que se encontra anotada na sua CTPS.
AUDITOR E INSPETOR - confeccionava certidões de regularidade
fiscal, alerta de gestão fiscal, ofícios destinados à prefeitura
solicitando documentos atinentes às prestações de contas, e ainda,
alimentação do sistema do banco de horas. Ora, do exame das alegações da reclamante constato que a
reclamante não deixou de trabalhar como atendente de protocolo
para exercer outra função específica. Na verdade, ao lado daquela
atividade, também passou a realizar outras atividades ligadas a
SECRETÁRIO DE INSPETORIA - fiscalizava os horários dos distintas funções. Desse modo, não se trata de desvio de função,
trabalhadores terceirizados, requisitava ao TCE o pagamento das mas sim de acúmulo de funções.
diárias dos empregados terceirizados, arquivava documentos e
realizava a expedição de malotes (apenas quando substituía a Sra.
Maria Bezerra Freire de Aquino)'.
Ainda que assim não fosse, o presente pedido de diferenças
salariais por desvio de função também é vedado pelo ordenamento
jurídico.
De acordo com doutrina autorizada, o desvio de função ocorre
quando o empregado, embora exerça as atribuições de outra função
ou cargo, está formalmente enquadrado num nível mais baixo ou
em outra função ou cargo distinto do que efetivamente exerce e Com base na Constituição Federal de 1988, não cabe o pedido de
para o qual foi contratado. diferenças salariais entre níveis, cargos ou funções diferentes para
empregados públicos da Administração direta ou indireta, quando
estes foram providos por concursos públicos distintos, isto é,
quando o cargo, nível ou função contratual do trabalhador for
Configurado o desvio de função, o empregado tem direito à distinto daquele que ele efetivamente exerce - art. 37, II. A diferença
retificação da função na CTPS para que conste a real função, cargo salarial somente será possível dentro da mesma carreira e para
ou nível, bem como as respectivas diferenças salariais. nível que não exige investidura por concurso público distinto
daquele que o empregado foi admitido.

Pelo exposto, julgo improcedente o pedido de diferenças salariais
Nessa esteira, se não é possível o pagamento de diferenças decorrente do desvio de função. Passo ao exame do pleito
salariais por desvio de função entre empregados públicos subsidiário de pagamento de diferenças salariais em virtude do
pertencentes ao mesmo órgão público, quanto mais entre acúmulo de funções.
empregado terceirizado, sem concurso público, e servidor público,
sob pena de violação do princípio do concurso público previsto na
Carta Magna.
Para o exame dessa pretensão não se fará necessário a análise
das provas orais produzidas, nos mesmos moldes do exame do
pedido de diferenças salariais por desvio de função.
Ademais, o pleito sob exame encontra óbice no art. 606, in verbis:
De acordo com a inicial, a reclamante afirma que acumulava as
'Art. 606. Se o serviço for prestado por quem não possua título de atividades de atendente de protocolo, auditor, bibliotecário, inspetor
habilitação, ou não satisfaça requisitos outros estabelecidos em lei, e assistente técnico de informática.
não poderá quem os prestou cobrar a retribuição normalmente
correspondente ao trabalho executado. Mas se deste resultar
benefício para a outra parte, o juiz atribuirá a quem o prestou uma
compensação razoável, desde que tenha agido com boa-fé. É certo que o 'plus' salarial pleiteado encontra respaldo no artigo 13
da Lei nº 6.615/78, que regula a profissão de radialista, e no artigo
22 da Lei 6533/78, que prevê o adicional de acúmulo de função
para artistas e técnicos em espetáculos de diversões. No mesmo
Parágrafo único. Não se aplica a segunda parte deste artigo, sentido é o artigo 8º, da Lei nº 3.207/57, segundo o qual o vendedor
quando a proibição da prestação de serviço resultar de lei de ordem que presta serviços de inspeção e fiscalização tem direito a receber
pública'. do empregador um adicional de 1/10 sobre a remuneração.
As funções que a reclamante informa que exercia Porém, somente em se tratando de condições similares de trabalho
concomitantemente com a de atendente de protocolo, a saber, a jurisprudência tem admitido a aplicação analógica de dispositivos
auditor, bibliotecário, inspetor e assistente técnico de informática, legais relativos a outras profissões ou funções, considerando
exigem o preenchimento de dois requisitos, conforme Lei relevante a função do empregado e não a natureza da atividade
12.595/2004, do Estado de Pernambuco (págs. 592/606): a prévia desenvolvida pelo empregador.
aprovação em concurso público e a conclusão de curso superior de
graduação.
No presente caso, não há qualquer semelhança entre as funções da
reclamante e as profissões de radialista, artista ou técnico em
Como a reclamante não preencheu os requisitos legais e espetáculos de diversões, e nem mesmo em relação ao vendedor
constitucionais acima, não faz jus ao pagamento de qualquer que presta serviços de inspeção e fiscalização.
diferença salarial, com espeque no art. 606, caput e parágrafo
único, do CC.

Assim, não há cabimento para aplicação analógica, porque as tácita entre as partes, não é devido o pagamento de acréscimo
atividades de atendente de protocolo, auditor, bibliotecário, inspetor salarial, sob pena de ofensa direta e literal ao art. 5º, II, da
e assistente técnico de informática não podem ser equiparadas às Constituição Federal.
hipóteses previstas nos dispositivos apontados, porquanto a
analogia requer situações paralelas, condições de trabalho
similares.
Julgo improcedente o pagamento de diferenças salariais decorrente
de acúmulo de funções e reflexos em outras parcelas salariais.
Ademais, não se cogita, pois, de acréscimo salarial, máxime se
observado que o exercício das mencionadas funções se dava na
mesma jornada de trabalho. O fato não envolve ocupação de outro Diante do julgamento improcedente das pretensões condenatórias
cargo, cumulativamente, mas simples deslocamento de atribuições. formuladas, restaram prejudicados o exame dos pedidos de
declaração da responsabilidade solidária/subsidiária do 2º
reclamado e de aplicação da multa prevista no art. 523, § 1º, do
CPC".
A execução de múltiplas tarefas em uma mesma jornada não
autoriza o reconhecimento automático de um plus salarial para cada
uma, mostrando-se compatíveis com a função para a qual foi
contratado. Inteligência do art. 456, parágrafo único, da CLT, que Visando a modificação do julgado, a demandante alega que o
traduz a intenção do legislador em remunerar o trabalhador por sentenciante julgou de forma contrária à prova dos autos, sendo
unidade de tempo e não por tarefa desenvolvida. certo que a prova testemunhal confirmou o desempenho efetivo de
tarefas mais complexas do que aquelas para as quais foi
contratada, sem percepção da remuneração superior aplicáveis a
tais ofícios, destacando ser irrelevante à extrapolação da jornada
O cometimento ao trabalhador de tarefas estranhas ao ajuste inicial como requisito para deferimento do plus salarial. Reproduz
autoriza o exercício do chamado jus resistentiae, ou enseja, se decisórios convergentes com sua tese.
determinante de excesso de jornada, o pagamento de horas extras,
não gerando por si só direito a salário específico ou mesmo a um
plussalarial.
Nada a modificar.
O simples acúmulo de funções dentro da mesma jornada de
trabalho não é, pura e simplesmente, causa bastante para justificar Em sua exordial, a demandante asseverou que, contratada como
um suposto direito ao salário de todas as funções, sendo necessário Recepcionista, teve sua carteira de trabalho alterada para a função
que haja previsão legal, convencional ou contratual para tanto, o de Atendente de Protocolo, acumulando-a, ainda, com as funções
que não ocorre no caso dos autos. Desse modo, não existe próprias de Bibliotecário, Auditor, Inspetor e Secretário de
fundamento jurídico para o referido plus. Inspetoria.
Portanto, em face da inexistência de previsão legal, instrumento Sobre as tarefas desempenhadas, assim relacionou-as:
normativo, ou regulamento de empresa, em que se disponha ou se
estipule sobre o pagamento do adicional por acúmulo de funções e,
tampouco evidenciada a existência de ajuste ainda que de forma

"ATENDENTE DE PROTOCOLO - receber documentos em geral e serviço compatível com a sua condição pessoal".
encaminhar os referidos documentos para o setor competente.
BIBLIOTECÁRIA - ficava responsável pelo acervo dos livros, bem
como da entrega e recebimento dos mesmos. Da simples descrição de tarefas, concluo que elas não detêm a
complexidade alegada pela autora e são compatíveis com as que se
AUDITOR E INSPETOR - confeccionava certidões de regularidade espera de uma atendente de protocolo. Não houve comprovação de
fiscal, alerta de gestão fiscal, ofícios destinados à prefeitura exercício efetivo das funções mais complexas que demandam curso
solicitando documentos atinentes às prestações de contas, e ainda, superior, a exemplo da profissão de bibliotecária, que atua também
alimentação do sistema do banco de horas. na catalogação de livros, e não apenas em sua guarda, entrega e
recebimento. Do mesmo modo, a emissão de simples certidões e
SECRETÁRIO DE INSPETORIA - fiscalizava os horários dos ofícios, controle de ponto e solicitação de documentos não
trabalhadores terceirizados, requisitava ao TCE o pagamento das compreendem todas as tarefas de um auditor ou inspetor, que
diárias dos empregados terceirizados, arquivava documentos e envolve um feixe de tarefas muito mais amplo e complexo.
Maria Bezerra Freire de Aquino)" (ID 691804f).
A única testemunha, indicada pela reclamada, relata as tarefas
desempenhadas, não se extraindo elementos capazes de favorecer
A situação fática capaz de ensejar o deferimento do acréscimo a obreira. Veja-se:
salarial por acúmulo de função decorre de alteração contratual
lesiva ao empregado, de quem se passa a exigir, no curso do
contrato, o desempenho de atividades distintas daquelas que
integram o conteúdo ocupacional da função até então exercida, e ""(...) fazia numeração dos processos, fazia controle de ponto dos
que demandem maior grau de qualificação ou maior servidores do Tribunal de Contas, fazia ligações telefônicas a
responsabilidade, exigindo, por consequência, melhor remuneração. órgãos públicos cobrando o envio de informações acerca do
cumprimento de determinações do Tribunal, fazia protocolo de
documentos, expedia ofícios para os órgãos públicos que eram
fiscalizados pelo Tribunal, fazia planilhas de controle acerca dos
Não se nega, entretanto, que, nos limites do "jus variandi", é órgãos que estavam cumprindo as resoluções do TCE, fazia
facultado ao empregador exigir do empregado o cumprimento de também o arquivamento de documentos (planilhas e relatórios
tarefas diversificadas, desde que compatíveis com a natureza da acerca do cumprimento das resoluções); que havia uma
função para a qual foi admitido, com vistas a adequar a prestação recepcionista responsável por receber ligações, protocolar
do serviço ao desenvolvimento da atividade empresarial, sem que documentos e receber documentos dos correios, e quando essa
isso implique o reconhecimento da multiplicidade de funções ou pessoa faltava, cabia à reclamante substituí-la; que o depoente era
contratos apta a gerar cumulação de salários. secretário do inspetor e apenas exercia as mesmas atividades da
reclamante quando havia necessidade; que no setor em que
trabalhavam havia 5 pessoas, um secretário da inspetoria, dois
funcionários cedidos, uma secretária, uma recepcionista e a
Nesse sentido, faz-se imperioso transcrever o teor do parágrafo reclamante; que os dois cedidos e o efetivo faziam a mesma
único do art. 456 da CLT: atividade que a reclamante; que a recepcionista apenas exercia as
mesmas atividades que a reclamante quando havia necessidade;
que haviam planilhas que apenas eram alimentadas pela
reclamante, e outras que eram criadas e alimentadas pela
"À falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito, reclamante; que o inspetor regional era quem definia as atividades a
entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer serem exercidas pela reclamante; que apenas havia um setor

administrativo; que trabalahvam no TCE em Salgueiro de 21 a 23
pessoas; que o setor administrativo ficava em local distinto da
recepção; que havia controle de jornada biométrico, e competia à
reclamante controlar as anotações do ponto, inclusive lhe cabendo
realizar alterações no ponto, como justificar uma falta, a pedido do
inspetor; que de 2010 a 2016 foram inspetores, do TCE em
Salgueiro, os senhores Ladislau, Lari, Ivan e outro que não se
recorda; que havia na inspetoria 1 recepcionista, a Sra. Paula, e na
ausência desta a reclamante exercia suas funções; que a
reclamante também confeccionava certidões de regularidade fiscal
e alerta de gestão fiscal; que a reclamante também era responsável
pela solicitação de diárias para os terceirizados" (ID e7458f3).
Ademais, as atribuições foram executadas no mesmo local e dentro
da jornada de trabalho.
Assim como o sentenciante, destaco ainda a impossibilidade de
deferimento da pretensão, uma vez que a acionante quer obter a
remuneração paga a servidores ocupantes de cargos públicos
submetidos a concurso público, o que não é a ela extensível, na
condição de terceirizada laborando no Tribunal de Consta do
Estado de Pernambuco.
Nessa hipótese, o plus salarial encontra óbice na determinação
constitucional expressa em seu art. 37, II, da CF. ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, negar provimento
ao apelo.
Desse modo, entendo que as atividades comprovadamente Recife (PE), 29 de agosto de 2018.
desempenhadas pela autora não podem ser avaliadas como de
maior complexidade ou de cunho diferenciado, enquadrando-se no
feixe de atribuições licitamente exigíveis.
EDUARDO PUGLIESI
CONCLUSÃO
Ante o exposto, nego provimento ao apelo.

Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi
publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de
22.08.2018, sob a presidência da Exma. Sra. Desembargadora
MARIA DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO, com a presença do
Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pelo
Exmo. Sr. Procurador Waldir Bitu e dos Exmos. Srs. PROCESSO Nº TRT 0001432-96.2016.5.06.0391 (RO)
Desembargador Eduardo Pugliesi (Relator) e Maria de Betania
Silveira Villela (Juíza Titular da 1ª Vara do Trabalho de Jaboatão ÓRGÃO JULGADOR : PRIMEIRA TURMA
dos Guararapes, convocada para o gabinete Vago), resolveu a 1ª
Turma do Tribunal, por unanimidade, negar provimento ao apelo. RELATOR : DESEMBARGADOR EDUARDO PUGLIESI
Certifico e dou fé. RECORRENTE : RACHEL TORRES MARQUES VASCONCELOS
Sala de Sessões, em 29 de agosto 2018. RECORRIDOS : TERCEIRO SETOR LTDA. E ESTADO DE
PERNAMBUCO
Vera Neuma de Moraes Leite MARIA GOMES DA COSTA E KÁTIA GOMES DE ARAÚJO
Secretária da 1ª Turma PROCEDÊNCIA : VARA DO TRABALHO DE SALGUEIRO/PE
Acórdão
Processo Nº RO-0001432-96.2016.5.06.0391
Relator Eduardo Pugliesi
RECORRENTE RACHEL TORRES MARQUES
VASCONCELOS
ADVOGADO WAGNER DA SILVA BISPO(OAB: EMENTA
32808/PE)
SA(OAB: 26056-D/PE)
INTERESSADO LUCAS
TRABALHO
RECURSO ORDINÁRIO. ACÚMULO DE FUNÇÕES.
- TERCEIRO SETOR LTDA
INOCORRÊNCIA. ART. 456, PARÁGRAFO ÚNICO, DA CLT. O
acúmulo de função se caracteriza pelo exercício de atribuições
diversas daquelas para a quais o trabalhador foi contratado, com

PODER evidente sobrecarga de trabalho, de demandas e responsabilidades,
JUDICIÁRIO sem a paga correspondente, encerrando a ideia de alteração

VOTO:
Em suas razões recursais (ID 9958e27), a reclamante investe Do acúmulo de funções.
salarial pela acumulação de várias funções, além daquela para a
Contrarrazões apresentadas pela primeira reclamada, ID c66aee1. qual fora contratada, pugnando pela reforma da sentença que não
lhe foi favorável.
Parecer do MPT, da lavra da Procuradora Elizabeth Veiga,
opinando pelo desprovimento do apelo (ID a1338d2). A decisão recorrida se posicionou pela improcedência da demanda,

como da entrega e recebimento dos mesmos.
A reclamante requer o pagamento de diferenças salariais sob o fiscal, alerta de gestão fiscal, ofícios destinados à prefeitura
fundamento de que restou configurado o desvio de função, com solicitando documentos atinentes às prestações de contas, e ainda,
base nos seguintes fundamentos: alimentação do sistema do banco de horas.
'Esclarece a Reclamante que foi contratada para exercer a função SECRETÁRIO DE INSPETORIA - fiscalizava os horários dos
de RECEPCIONISTA, contudo, exercia a referida função apenas de trabalhadores terceirizados, requisitava ao TCE o pagamento das
forma eventual, digo, quando substituía a Sra. Paula Fernanda, diárias dos empregados terceirizados, arquivava documentos e
recepcionista contratada pela empresa reclamada. realizava a expedição de malotes (apenas quando substituía a Sra.
2013, promoveu de forma unilateral a alteração de função da De acordo com doutrina autorizada, o desvio de função ocorre
reclamante para a função de ATENDENTE DE PROTOCOLO, quando o empregado, embora exerça as atribuições de outra função
contudo, não exercia exclusivamente a referida função, já que ou cargo, está formalmente enquadrado num nível mais baixo ou
cotidianamente tinha que desempenhar atividades inerentes aos em outra função ou cargo distinto do que efetivamente exerce e
servidores públicos (auditores, bibliotecários, inspetores e de para o qual foi contratado.
Configurado o desvio de função, o empregado tem direito à
Com dito alhures, a parte Reclamante, desde o início do pacto retificação da função na CTPS para que conste a real função, cargo
laboral, exercia a função de recepcionista apenas de forma ou nível, bem como as respectivas diferenças salariais.
de atendente de protocolo, e, atividades desempenhadas pelos
concluir pela não caracterização do desvio de função. Explico.
As atividades desempenhadas pela Reclamante consistiam em:
Conforme acima mencionado, o desvio de função ocorre quando o
trabalhador exerce função distinta daquela para a qual foi
ATENDENTE DE PROTOCOLO - receber documentos em geral e contratado, fazendo jus ao pagamento da contraprestação
encaminhar os referidos documentos para o setor competente. correspondente à função realmente exercida.

Contudo, na petição inicial, a reclamante não alega o exercício de
uma função determinada, mas sim a realização de diversas
atividades inerentes a distintas funções. Não bastasse isso, informa 'Art. 606. Se o serviço for prestado por quem não possua título de
que também trabalhava como atendente de protocolo, função esta habilitação, ou não satisfaça requisitos outros estabelecidos em lei,
que se encontra anotada na sua CTPS. não poderá quem os prestou cobrar a retribuição normalmente
compensação razoável, desde que tenha agido com boa-fé.
Ora, do exame das alegações da reclamante constato que a
atividade, também passou a realizar outras atividades ligadas a Parágrafo único. Não se aplica a segunda parte deste artigo,
distintas funções. Desse modo, não se trata de desvio de função, quando a proibição da prestação de serviço resultar de lei de ordem
mas sim de acúmulo de funções. pública'.
Ainda que assim não fosse, o presente pedido de diferenças As funções que a reclamante informa que exercia
salariais por desvio de função também é vedado pelo ordenamento concomitantemente com a de atendente de protocolo, a saber,
jurídico. auditor, bibliotecário, inspetor e assistente técnico de informática,
exigem o preenchimento de dois requisitos, conforme Lei
12.595/2004, do Estado de Pernambuco (págs. 592/606): a prévia
Com base na Constituição Federal de 1988, não cabe o pedido de graduação.
diferenças salariais entre níveis, cargos ou funções diferentes para
quando o cargo, nível ou função contratual do trabalhador for Como a reclamante não preencheu os requisitos legais e
distinto daquele que ele efetivamente exerce - art. 37, II. A diferença constitucionais acima, não faz jus ao pagamento de qualquer
salarial somente será possível dentro da mesma carreira e para diferença salarial, com espeque no art. 606, caput e parágrafo
nível que não exige investidura por concurso público distinto único, do CC.
Pelo exposto, julgo improcedente o pedido de diferenças salariais
Nessa esteira, se não é possível o pagamento de diferenças decorrente do desvio de função. Passo ao exame do pleito
salariais por desvio de função entre empregados públicos subsidiário de pagamento de diferenças salariais em virtude do
pertencentes ao mesmo órgão público, quanto mais entre acúmulo de funções.
sob pena de violação do princípio do concurso público previsto na
Carta Magna.
Para o exame dessa pretensão não se fará necessário a análise
das provas orais produzidas, nos mesmos moldes do exame do
pedido de diferenças salariais por desvio de função.

atividades de atendente de protocolo, auditor, bibliotecário, inspetor A execução de múltiplas tarefas em uma mesma jornada não
e assistente técnico de informática. autoriza o reconhecimento automático de um plus salarial para cada
contratado. Inteligência do art. 456, parágrafo único, da CLT, que
traduz a intenção do legislador em remunerar o trabalhador por
É certo que o 'plus' salarial pleiteado encontra respaldo no artigo 13 unidade de tempo e não por tarefa desenvolvida.
sentido é o artigo 8º, da Lei nº 3.207/57, segundo o qual o vendedor O cometimento ao trabalhador de tarefas estranhas ao ajuste inicial
que presta serviços de inspeção e fiscalização tem direito a receber autoriza o exercício do chamado jus resistentiae, ou enseja, se
do empregador um adicional de 1/10 sobre a remuneração. determinante de excesso de jornada, o pagamento de horas extras,
plussalarial.
Porém, somente em se tratando de condições similares de trabalho
a jurisprudência tem admitido a aplicação analógica de dispositivos
legais relativos a outras profissões ou funções, considerando O simples acúmulo de funções dentro da mesma jornada de
relevante a função do empregado e não a natureza da atividade trabalho não é, pura e simplesmente, causa bastante para justificar
desenvolvida pelo empregador. um suposto direito ao salário de todas as funções, sendo necessário
que haja previsão legal, convencional ou contratual para tanto, o
que não ocorre no caso dos autos. Desse modo, não existe
fundamento jurídico para o referido plus.
espetáculos de diversões, e nem mesmo em relação ao vendedor
que presta serviços de inspeção e fiscalização. Portanto, em face da inexistência de previsão legal, instrumento
Assim, não há cabimento para aplicação analógica, porque as tácita entre as partes, não é devido o pagamento de acréscimo
atividades de atendente de protocolo, auditor, bibliotecário, inspetor salarial, sob pena de ofensa direta e literal ao art. 5º, II, da
e assistente técnico de informática não podem ser equiparadas às Constituição Federal.
hipóteses previstas nos dispositivos apontados, porquanto a
analogia requer situações paralelas, condições de trabalho
similares.
Julgo improcedente o pagamento de diferenças salariais decorrente
de acúmulo de funções e reflexos em outras parcelas salariais.
Ademais, não se cogita, pois, de acréscimo salarial, máxime se
observado que o exercício das mencionadas funções se dava na
mesma jornada de trabalho. O fato não envolve ocupação de outro Diante do julgamento improcedente das pretensões condenatórias
cargo, cumulativamente, mas simples deslocamento de atribuições. formuladas, restaram prejudicados o exame dos pedidos de
declaração da responsabilidade solidária/subsidiária do 2º

reclamado e de aplicação da multa prevista no art. 523, § 1º, do realizava a expedição de malotes (apenas quando substituía a Sra.
CPC". Maria Bezerra Freire de Aquino)" (ID 691804f).
Visando a modificação do julgado, a demandante alega que o A situação fática capaz de ensejar o deferimento do acréscimo
sentenciante julgou de forma contrária à prova dos autos, sendo salarial por acúmulo de função decorre de alteração contratual
certo que a prova testemunhal confirmou o desempenho efetivo de lesiva ao empregado, de quem se passa a exigir, no curso do
tarefas mais complexas do que aquelas para as quais foi contrato, o desempenho de atividades distintas daquelas que
contratada, sem percepção da remuneração superior aplicáveis a integram o conteúdo ocupacional da função até então exercida, e
tais ofícios, destacando ser irrelevante à extrapolação da jornada que demandem maior grau de qualificação ou maior
como requisito para deferimento do plus salarial. Reproduz responsabilidade, exigindo, por consequência, melhor remuneração.
decisórios convergentes com sua tese.
Não se nega, entretanto, que, nos limites do "jus variandi", é
Nada a modificar. facultado ao empregador exigir do empregado o cumprimento de
tarefas diversificadas, desde que compatíveis com a natureza da
função para a qual foi admitido, com vistas a adequar a prestação
do serviço ao desenvolvimento da atividade empresarial, sem que
Em sua exordial, a demandante asseverou que, contratada como isso implique o reconhecimento da multiplicidade de funções ou
Recepcionista, teve sua carteira de trabalho alterada para a função contratos apta a gerar cumulação de salários.
de Atendente de Protocolo, acumulando-a, ainda, com as funções
próprias de Bibliotecário, Auditor, Inspetor e Secretário de
Inspetoria.
Nesse sentido, faz-se imperioso transcrever o teor do parágrafo
único do art. 456 da CLT:
Sobre as tarefas desempenhadas, assim relacionou-as:
"À falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito,
entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer
"ATENDENTE DE PROTOCOLO - receber documentos em geral e serviço compatível com a sua condição pessoal".
como da entrega e recebimento dos mesmos. Da simples descrição de tarefas, concluo que elas não detêm a
complexidade alegada pela autora e são compatíveis com as que se
AUDITOR E INSPETOR - confeccionava certidões de regularidade espera de uma atendente de protocolo. Não houve comprovação de
fiscal, alerta de gestão fiscal, ofícios destinados à prefeitura exercício efetivo das funções mais complexas que demandam curso
solicitando documentos atinentes às prestações de contas, e ainda, superior, a exemplo da profissão de bibliotecária, que atua também
alimentação do sistema do banco de horas. na catalogação de livros, e não apenas em sua guarda, entrega e
recebimento. Do mesmo modo, a emissão de simples certidões e
SECRETÁRIO DE INSPETORIA - fiscalizava os horários dos ofícios, controle de ponto e solicitação de documentos não
trabalhadores terceirizados, requisitava ao TCE o pagamento das compreendem todas as tarefas de um auditor ou inspetor, que
diárias dos empregados terceirizados, arquivava documentos e envolve um feixe de tarefas muito mais amplo e complexo.

a obreira. Veja-se:
""(...) fazia numeração dos processos, fazia controle de ponto dos submetidos a concurso público, o que não é a ela extensível, na
servidores do Tribunal de Contas, fazia ligações telefônicas a condição de terceirizada laborando no Tribunal de Consta do
órgãos públicos cobrando o envio de informações acerca do Estado de Pernambuco.
órgãos que estavam cumprindo as resoluções do TCE, fazia Nessa hipótese, o plus salarial encontra óbice na determinação
também o arquivamento de documentos (planilhas e relatórios constitucional expressa em seu art. 37, II, da CF.
acerca do cumprimento das resoluções); que havia uma
recepcionista responsável por receber ligações, protocolar
documentos e receber documentos dos correios, e quando essa
pessoa faltava, cabia à reclamante substituí-la; que o depoente era Desse modo, entendo que as atividades comprovadamente
secretário do inspetor e apenas exercia as mesmas atividades da desempenhadas pela autora não podem ser avaliadas como de
reclamante quando havia necessidade; que no setor em que maior complexidade ou de cunho diferenciado, enquadrando-se no
trabalhavam havia 5 pessoas, um secretário da inspetoria, dois feixe de atribuições licitamente exigíveis.
reclamante; que os dois cedidos e o efetivo faziam a mesma
atividade que a reclamante; que a recepcionista apenas exercia as
mesmas atividades que a reclamante quando havia necessidade; CONCLUSÃO
reclamante; que o inspetor regional era quem definia as atividades a
serem exercidas pela reclamante; que apenas havia um setor Ante o exposto, nego provimento ao apelo.
administrativo; que trabalahvam no TCE em Salgueiro de 21 a 23
realizar alterações no ponto, como justificar uma falta, a pedido do
inspetor; que de 2010 a 2016 foram inspetores, do TCE em
Salgueiro, os senhores Ladislau, Lari, Ivan e outro que não se
ausência desta a reclamante exercia suas funções; que a
reclamante também confeccionava certidões de regularidade fiscal
e alerta de gestão fiscal; que a reclamante também era responsável
pela solicitação de diárias para os terceirizados" (ID e7458f3).

Vera Neuma de Moraes Leite
Acórdão
Processo Nº RO-0001432-96.2016.5.06.0391
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional RECORRENTE RACHEL TORRES MARQUES
VASCONCELOS
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, negar provimento ADVOGADO WAGNER DA SILVA BISPO(OAB:
32808/PE)
ao apelo.
SA(OAB: 26056-D/PE)
Recife (PE), 29 de agosto de 2018.
INTERESSADO LUCAS
EDUARDO PUGLIESI TRABALHO
- ANTONIO EPAMINONDAS LEAL LUCAS
CERTIDÃO DE JULGAMENTO PODER
JUDICIÁRIO
Exmo. Sr. Procurador Waldir Bitu e dos Exmos. Srs.

Silveira Villela (Juíza Titular da 1ª Vara do Trabalho de Jaboatão

Turma do Tribunal, por unanimidade, negar provimento ao apelo.


RECORRENTE : RACHEL TORRES MARQUES VASCONCELOS
Sala de Sessões, em 29 de agosto 2018.

RECORRIDOS : TERCEIRO SETOR LTDA. E ESTADO DE

PERNAMBUCO
MARIA GOMES DA COSTA E KÁTIA GOMES DE ARAÚJO
PROCEDÊNCIA : VARA DO TRABALHO DE SALGUEIRO/PE
EMENTA
Em suas razões recursais (ID 9958e27), a reclamante investe
Contrarrazões apresentadas pela primeira reclamada, ID c66aee1.
RECURSO ORDINÁRIO. ACÚMULO DE FUNÇÕES.
INOCORRÊNCIA. ART. 456, PARÁGRAFO ÚNICO, DA CLT. O
acúmulo de função se caracteriza pelo exercício de atribuições Parecer do MPT, da lavra da Procuradora Elizabeth Veiga,
diversas daquelas para a quais o trabalhador foi contratado, com opinando pelo desprovimento do apelo (ID a1338d2).
evidente sobrecarga de trabalho, de demandas e responsabilidades,
sem a paga correspondente, encerrando a ideia de alteração

forma eventual, digo, quando substituía a Sra. Paula Fernanda,
recepcionista contratada pela empresa reclamada.
VOTO:
2013, promoveu de forma unilateral a alteração de função da
reclamante para a função de ATENDENTE DE PROTOCOLO,
contudo, não exercia exclusivamente a referida função, já que
cotidianamente tinha que desempenhar atividades inerentes aos
servidores públicos (auditores, bibliotecários, inspetores e de
Com dito alhures, a parte Reclamante, desde o início do pacto
laboral, exercia a função de recepcionista apenas de forma
Do acúmulo de funções. de atendente de protocolo, e, atividades desempenhadas pelos
salarial pela acumulação de várias funções, além daquela para a As atividades desempenhadas pela Reclamante consistiam em:
qual fora contratada, pugnando pela reforma da sentença que não
lhe foi favorável.
ATENDENTE DE PROTOCOLO - receber documentos em geral e
A decisão recorrida se posicionou pela improcedência da demanda,
A reclamante requer o pagamento de diferenças salariais sob o fiscal, alerta de gestão fiscal, ofícios destinados à prefeitura
fundamento de que restou configurado o desvio de função, com solicitando documentos atinentes às prestações de contas, e ainda,
base nos seguintes fundamentos: alimentação do sistema do banco de horas.
'Esclarece a Reclamante que foi contratada para exercer a função SECRETÁRIO DE INSPETORIA - fiscalizava os horários dos
de RECEPCIONISTA, contudo, exercia a referida função apenas de trabalhadores terceirizados, requisitava ao TCE o pagamento das

diárias dos empregados terceirizados, arquivava documentos e
Ainda que assim não fosse, o presente pedido de diferenças
salariais por desvio de função também é vedado pelo ordenamento
jurídico.
De acordo com doutrina autorizada, o desvio de função ocorre
quando o empregado, embora exerça as atribuições de outra função
ou cargo, está formalmente enquadrado num nível mais baixo ou
em outra função ou cargo distinto do que efetivamente exerce e Com base na Constituição Federal de 1988, não cabe o pedido de
para o qual foi contratado. diferenças salariais entre níveis, cargos ou funções diferentes para
quando o cargo, nível ou função contratual do trabalhador for
Configurado o desvio de função, o empregado tem direito à distinto daquele que ele efetivamente exerce - art. 37, II. A diferença
retificação da função na CTPS para que conste a real função, cargo salarial somente será possível dentro da mesma carreira e para
ou nível, bem como as respectivas diferenças salariais. nível que não exige investidura por concurso público distinto
concluir pela não caracterização do desvio de função. Explico. Nessa esteira, se não é possível o pagamento de diferenças
salariais por desvio de função entre empregados públicos
pertencentes ao mesmo órgão público, quanto mais entre
Conforme acima mencionado, o desvio de função ocorre quando o sob pena de violação do princípio do concurso público previsto na
trabalhador exerce função distinta daquela para a qual foi Carta Magna.
contratado, fazendo jus ao pagamento da contraprestação
correspondente à função realmente exercida.
Contudo, na petição inicial, a reclamante não alega o exercício de
uma função determinada, mas sim a realização de diversas
atividades inerentes a distintas funções. Não bastasse isso, informa 'Art. 606. Se o serviço for prestado por quem não possua título de
que também trabalhava como atendente de protocolo, função esta habilitação, ou não satisfaça requisitos outros estabelecidos em lei,
que se encontra anotada na sua CTPS. não poderá quem os prestou cobrar a retribuição normalmente
compensação razoável, desde que tenha agido com boa-fé.
Ora, do exame das alegações da reclamante constato que a
atividade, também passou a realizar outras atividades ligadas a Parágrafo único. Não se aplica a segunda parte deste artigo,
distintas funções. Desse modo, não se trata de desvio de função, quando a proibição da prestação de serviço resultar de lei de ordem
mas sim de acúmulo de funções. pública'.

As funções que a reclamante informa que exercia Porém, somente em se tratando de condições similares de trabalho
concomitantemente com a de atendente de protocolo, a saber, a jurisprudência tem admitido a aplicação analógica de dispositivos
auditor, bibliotecário, inspetor e assistente técnico de informática, legais relativos a outras profissões ou funções, considerando
exigem o preenchimento de dois requisitos, conforme Lei relevante a função do empregado e não a natureza da atividade
12.595/2004, do Estado de Pernambuco (págs. 592/606): a prévia desenvolvida pelo empregador.
graduação.
Como a reclamante não preencheu os requisitos legais e espetáculos de diversões, e nem mesmo em relação ao vendedor
constitucionais acima, não faz jus ao pagamento de qualquer que presta serviços de inspeção e fiscalização.
diferença salarial, com espeque no art. 606, caput e parágrafo
único, do CC.
Assim, não há cabimento para aplicação analógica, porque as
atividades de atendente de protocolo, auditor, bibliotecário, inspetor
Pelo exposto, julgo improcedente o pedido de diferenças salariais e assistente técnico de informática não podem ser equiparadas às
decorrente do desvio de função. Passo ao exame do pleito hipóteses previstas nos dispositivos apontados, porquanto a
subsidiário de pagamento de diferenças salariais em virtude do analogia requer situações paralelas, condições de trabalho
acúmulo de funções. similares.
Para o exame dessa pretensão não se fará necessário a análise Ademais, não se cogita, pois, de acréscimo salarial, máxime se
das provas orais produzidas, nos mesmos moldes do exame do observado que o exercício das mencionadas funções se dava na
pedido de diferenças salariais por desvio de função. mesma jornada de trabalho. O fato não envolve ocupação de outro
cargo, cumulativamente, mas simples deslocamento de atribuições.
atividades de atendente de protocolo, auditor, bibliotecário, inspetor A execução de múltiplas tarefas em uma mesma jornada não
e assistente técnico de informática. autoriza o reconhecimento automático de um plus salarial para cada
contratado. Inteligência do art. 456, parágrafo único, da CLT, que
traduz a intenção do legislador em remunerar o trabalhador por
É certo que o 'plus' salarial pleiteado encontra respaldo no artigo 13 unidade de tempo e não por tarefa desenvolvida.
sentido é o artigo 8º, da Lei nº 3.207/57, segundo o qual o vendedor O cometimento ao trabalhador de tarefas estranhas ao ajuste inicial
que presta serviços de inspeção e fiscalização tem direito a receber autoriza o exercício do chamado jus resistentiae, ou enseja, se
do empregador um adicional de 1/10 sobre a remuneração. determinante de excesso de jornada, o pagamento de horas extras,

plussalarial.
Nada a modificar.
O simples acúmulo de funções dentro da mesma jornada de
trabalho não é, pura e simplesmente, causa bastante para justificar Em sua exordial, a demandante asseverou que, contratada como
um suposto direito ao salário de todas as funções, sendo necessário Recepcionista, teve sua carteira de trabalho alterada para a função
que haja previsão legal, convencional ou contratual para tanto, o de Atendente de Protocolo, acumulando-a, ainda, com as funções
que não ocorre no caso dos autos. Desse modo, não existe próprias de Bibliotecário, Auditor, Inspetor e Secretário de
fundamento jurídico para o referido plus. Inspetoria.
Portanto, em face da inexistência de previsão legal, instrumento Sobre as tarefas desempenhadas, assim relacionou-as:
tácita entre as partes, não é devido o pagamento de acréscimo "ATENDENTE DE PROTOCOLO - receber documentos em geral e
salarial, sob pena de ofensa direta e literal ao art. 5º, II, da encaminhar os referidos documentos para o setor competente.
Constituição Federal.
Julgo improcedente o pagamento de diferenças salariais decorrente AUDITOR E INSPETOR - confeccionava certidões de regularidade
de acúmulo de funções e reflexos em outras parcelas salariais. fiscal, alerta de gestão fiscal, ofícios destinados à prefeitura
solicitando documentos atinentes às prestações de contas, e ainda,
alimentação do sistema do banco de horas.
Diante do julgamento improcedente das pretensões condenatórias SECRETÁRIO DE INSPETORIA - fiscalizava os horários dos
formuladas, restaram prejudicados o exame dos pedidos de trabalhadores terceirizados, requisitava ao TCE o pagamento das
declaração da responsabilidade solidária/subsidiária do 2º diárias dos empregados terceirizados, arquivava documentos e
reclamado e de aplicação da multa prevista no art. 523, § 1º, do realizava a expedição de malotes (apenas quando substituía a Sra.
CPC". Maria Bezerra Freire de Aquino)" (ID 691804f).
Visando a modificação do julgado, a demandante alega que o A situação fática capaz de ensejar o deferimento do acréscimo
sentenciante julgou de forma contrária à prova dos autos, sendo salarial por acúmulo de função decorre de alteração contratual
certo que a prova testemunhal confirmou o desempenho efetivo de lesiva ao empregado, de quem se passa a exigir, no curso do
tarefas mais complexas do que aquelas para as quais foi contrato, o desempenho de atividades distintas daquelas que
contratada, sem percepção da remuneração superior aplicáveis a integram o conteúdo ocupacional da função até então exercida, e
tais ofícios, destacando ser irrelevante à extrapolação da jornada que demandem maior grau de qualificação ou maior
como requisito para deferimento do plus salarial. Reproduz responsabilidade, exigindo, por consequência, melhor remuneração.
decisórios convergentes com sua tese.

Não se nega, entretanto, que, nos limites do "jus variandi", é órgãos que estavam cumprindo as resoluções do TCE, fazia
facultado ao empregador exigir do empregado o cumprimento de também o arquivamento de documentos (planilhas e relatórios
tarefas diversificadas, desde que compatíveis com a natureza da acerca do cumprimento das resoluções); que havia uma
função para a qual foi admitido, com vistas a adequar a prestação recepcionista responsável por receber ligações, protocolar
do serviço ao desenvolvimento da atividade empresarial, sem que documentos e receber documentos dos correios, e quando essa
isso implique o reconhecimento da multiplicidade de funções ou pessoa faltava, cabia à reclamante substituí-la; que o depoente era
contratos apta a gerar cumulação de salários. secretário do inspetor e apenas exercia as mesmas atividades da
reclamante quando havia necessidade; que no setor em que
trabalhavam havia 5 pessoas, um secretário da inspetoria, dois
Nesse sentido, faz-se imperioso transcrever o teor do parágrafo reclamante; que os dois cedidos e o efetivo faziam a mesma
único do art. 456 da CLT: atividade que a reclamante; que a recepcionista apenas exercia as
mesmas atividades que a reclamante quando havia necessidade;
"À falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito, reclamante; que o inspetor regional era quem definia as atividades a
entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer serem exercidas pela reclamante; que apenas havia um setor
serviço compatível com a sua condição pessoal". administrativo; que trabalahvam no TCE em Salgueiro de 21 a 23
Da simples descrição de tarefas, concluo que elas não detêm a realizar alterações no ponto, como justificar uma falta, a pedido do
complexidade alegada pela autora e são compatíveis com as que se inspetor; que de 2010 a 2016 foram inspetores, do TCE em
espera de uma atendente de protocolo. Não houve comprovação de Salgueiro, os senhores Ladislau, Lari, Ivan e outro que não se
exercício efetivo das funções mais complexas que demandam curso recorda; que havia na inspetoria 1 recepcionista, a Sra. Paula, e na
superior, a exemplo da profissão de bibliotecária, que atua também ausência desta a reclamante exercia suas funções; que a
na catalogação de livros, e não apenas em sua guarda, entrega e reclamante também confeccionava certidões de regularidade fiscal
recebimento. Do mesmo modo, a emissão de simples certidões e e alerta de gestão fiscal; que a reclamante também era responsável
ofícios, controle de ponto e solicitação de documentos não pela solicitação de diárias para os terceirizados" (ID e7458f3).
compreendem todas as tarefas de um auditor ou inspetor, que
envolve um feixe de tarefas muito mais amplo e complexo.
a obreira. Veja-se:
""(...) fazia numeração dos processos, fazia controle de ponto dos submetidos a concurso público, o que não é a ela extensível, na
servidores do Tribunal de Contas, fazia ligações telefônicas a condição de terceirizada laborando no Tribunal de Consta do
órgãos públicos cobrando o envio de informações acerca do Estado de Pernambuco.

Nessa hipótese, o plus salarial encontra óbice na determinação
constitucional expressa em seu art. 37, II, da CF. ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional
ao apelo.
Desse modo, entendo que as atividades comprovadamente Recife (PE), 29 de agosto de 2018.
desempenhadas pela autora não podem ser avaliadas como de
maior complexidade ou de cunho diferenciado, enquadrando-se no
feixe de atribuições licitamente exigíveis.
EDUARDO PUGLIESI
CONCLUSÃO
Ante o exposto, nego provimento ao apelo.
Exmo. Sr. Procurador Waldir Bitu e dos Exmos. Srs.
Silveira Villela (Juíza Titular da 1ª Vara do Trabalho de Jaboatão
Turma do Tribunal, por unanimidade, negar provimento ao apelo.
Sala de Sessões, em 29 de agosto 2018.

Acórdão
Processo Nº RO-0001426-44.2016.5.06.0018
Relator ANDREA KEUST BANDEIRA DE
MELO
RECORRENTE ALBERTO CAETANO COSTA
ADVOGADO MARIA CRISTINA HORTA BARBOSA EMENTA:
LA CORTE(OAB: 32432/PE)
ADVOGADO ANDRE LUIS ALCOFORADO
MENDES(OAB: 24818/PE)
RECORRENTE ALBERTO DE LIMA GONCALVES
ADVOGADO MARIA CRISTINA HORTA BARBOSA
RECORRIDO EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELEGRAFOS
TRABALHO
Intimado(s)/Citado(s): RECURSO ORDINÁRIO. DIREITO DO TRABALHO. AUXÍLIO-
- ALBERTO CAETANO COSTA ALIMENTAÇÃO. NATUREZA JURÍDICA INDENIZATÓRIA.
Comprovado nos autos que desde a implantação o auxílio-
alimentação concedido pela reclamada teve caráter oneroso,
arcando os empregados com uma parte do custeio da parcela,

PODER
forçoso concluir que tem natureza indenizatória o benefício
JUDICIÁRIO
concedido. Recurso ordinário improvido.
PROC. Nº TRT - (RO) - 0001426-44.2016.5.06.0018.
ÓRGÃO JULGADOR : PRIMEIRA TURMA.
Vistos etc.
RELATORA : JUÍZA CONVOCADA ANDRÉA KEUST BANDEIRA
DE MELO. Trata-se de Recurso Ordinário interposto por ALBERTO CAETANO
COSTA e ALBERTO DE LIMA GONÇALVES contra a decisão

RECORRENTES : ALBERTO CAETANO COSTA e ALBERTO DE proferida pelo MM. Juízo da 18ª Vara do Trabalho do Recife/PE,
LIMA GONÇALVES. que julgou IMPROCEDENTES os pedidos formulados na
reclamação trabalhista proposta pelos recorrentes em face de

RECORRIDA : EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS, ora
TELÉGRAFOS -ECT. recorrida, conforme fundamentação da sentença de ID. 2cd9f59.
ADVOGADOS : ANDRÉ LUIS ALCOFORADO MENDES. No arrazoado de ID. daa7557, insistem os recorrentes na alegação
de que deve ser reconhecida a natureza salarial das parcelas pagas

PROCEDÊNCIA : 18ª VARA DO TRABALHO DO RECIFE/PE. a título de vale-refeição, do vale-alimentação e da cesta-básica,
determinando a incorporação dos referidos títulos para todos os fins
de direito. Afirmam que desde a data de admissão a recorrida não
efetuava qualquer desconto salarial em razão dos benefícios
concedidos, até porque não havia qualquer previsão nas normas
coletivas da categoria da participação/compartilhamento dos
obreiros no programa de custeio do vale alimentação. Destacam

que a adesão da empresa a PAT-Programa de Alimentação do
Trabalhador, ocorreu após a admissão, e somente a partir do ano
de 1994 tais benefícios passaram a ser compartilhados, conforme
ACT 1995/1996, o que atrai a aplicação do entendimento esposado
na Orientação Jurisprudencial nº 413, do C. TST, tendo nítida DO MÉRITO:
natureza salarial. Aduzem que a alteração da natureza jurídica das
parcelas de alimentação, transmudando-as de salarial para Da natureza jurídica do vale alimentação.
indenizatória, não alcança eles, recorrentes, porquanto já percebiam
os títulos em caráter remuneratório, atraindo assim a aplicação da Insistem os reclamantes, ora recorrentes, na alegação de que deve
Súmula 241 do C. TST. Invocam o princípio da inalterabilidade ser reconhecida a natureza salarial das parcelas pagas a título de
contratual lesiva, insculpido nos artigos 9 e 468 da CLT e vale-refeição, vale-alimentação e cesta-básica, sob o argumento,
sedimentado na Súmula 51 do C. TST, além do princípio da adesão em síntese, que desde a data de admissão a recorrida não efetuava
e o princípio da irredutibilidade salarial. Citam jurisprudência em qualquer desconto salarial em razão dos benefícios concedidos,
defesa de seus argumentos e requerem provimento do recurso. sendo que a adesão da empresa a PAT-Programa de Alimentação
do Trabalhador não teve o condão de transmudar a natureza
As contrarrazões foram apresentadas pela reclamada, conforme ID. salarial das parcelas postuladas.
aabce1d.
Pois bem.
O Ministério Público do Trabalho, em sua manifestação de ID.
83d5d61, de lavra do Dr. Pedro Luiz Gonçalves Serafim da Silva, O MM. juízo de primeiro grau reconheceu que as parcelas de
esclareceu não existir interesse público a demandar intervenção do alimentação sempre tiveram natureza indenizatória, mesmo antes
Parquet, ressalvando, no entanto, a faculdade de se pronunciar da adesão da empresa ao PAT, razão pela qual julgou
verbalmente ou pedir vista regimental na sessão de julgamento, improcedentes os pedidos da exordial, pelos seguintes
caso entenda necessário (artigo 83, VII, da Lei Complementar fundamentos:
75/93).
"A tese patronal é de que a parcela sempre guardou natureza
É o relatório. indenizatória, na medida em que sempre houve o desconto
respectivo, mesmo antes da adesão ao PAT em 1989 e a
gratuidade restou afastada, de fato, quando se observa das folhas
de pagamento juntadas os descontos respectivos, desde a
implantação de tal benefício, tudo, aliás, nos termos da normativa
interna respectiva.
É que o primeiro regramento (DEL 073/1986) estabeleceu no item
04 a forma de custeio do benefício por cota parte do trabalhador e o
VOTO: remanescente pelo empregador, de modo que desde a origem
houve a determinação de que se realizasse o devido desconto em
DA ADMISSIBILIDADE: folha de pagamento. Da mesma forma, a norma substitutiva (DEL
076/1986), manteve a forma de custeio e, por conseguinte, a
Conheço do recurso ordinário interposto, por observadas as onerosidade ao empregado, que arcaria com parte desse custo.
formalidades legais, bem como das contrarrazões, que
regularmente apresentadas. Entendo, pois, que a parcela cuja natureza salarial os autores
pretendem seja restaurada, não poderá ser objeto de tal
restauração, uma vez que nunca possuiu tal natureza. Ao revés,
mesmo antes de qualquer adesão ao PAT, guardou caráter
oneroso, motivo pelo qual não há que se falar em alteração

contratual lesiva. empregado por dia de trabalho, sendo fornecido mensalmente, em
quantia fixa, mediante solicitação específica.
Com tais considerações, julgo improcedentes todos os pedidos
deduzidos pelos reclamantes." (...)
Decidiu com acerto o MM. juízo a quo. 4. CUSTEIO DO VALE-ALIMENTAÇÃO.
Com efeito, os reclamantes informaram na exordial que desde a (...)
data de admissão a reclamada fornece vale-refeição, vale
alimentação e cesta básica, sem efetuar qualquer desconto em 4.2 Indenização. O valor mensal da indenização à Empresa, pelo
seus salários, tendo tais benefícios nítida natureza salarial, razão empregado, será igual ao resultado da diferença entre o valor facial
pela qual postulam a incorporação dos referidos títulos para todos do Vale-Alimentação fornecido e o valor subsidiado, descontado na
os fins de direito. folha de pagamento referente ao mês para o qual for solicitado."
A reclamada, por seu turno, em sua contestação (ID. a22ad54), Como se observa, os documentos acima mencionados (DEL -
afirmou que o benefício auxílio-alimentação/cesta básica foi 073/86 e DEL - 076/86) comprovam que desde a implantação do
implantado por norma interna (DEL 073/1986), de 10/09/1986, Vale-Alimentação, no âmbito da reclamada, tiveram natureza
sendo substituída por outra norma interna (DEL 076/1986), de indenizatória, arcando os empregados com uma parte do custeio da
18/09/1986, por apresentar incorreções, e o empregado participa de parcela.
seu custeio, mediante desconto em folha de pagamento de parcela
de indenização, sendo, portanto um benefício oneroso (não A demandada ainda trouxe aos autos os documentos de ID.
gratuito), o que afasta a natureza salarial alegada pelos 7ccc044 e ID. 166c5a7, comprovando sua adesão ao PAT -
reclamantes, tudo conforme normas da ECT. Programa de Alimentação do Trabalhador, de modo que o benefício
concedido através deste programa não tem natureza salarial, como
A ré juntou aos autos os documentos de ID. 2d960c8 e ID. adc9ec6 dispõe expressamente o art. 6º do Decreto 5, de 14 de janeiro de
(DEL - 073/86 e DEL - 076/86, respectivamente), consistentes em 1991:
normas internas que tratam da implantação do "Vale-Alimentação
subsidiado no âmbito da ECT", e cuja vigência se iniciou em "Art. 6º. Nos Programas de Alimentação do Trabalhador (PAT),
10/09/1986. previamente aprovados pelo Ministério do Trabalho e da
Previdência Social, a parcela paga in-natura pela empresa não tem
Observe-se o que consta na norma interna DEL 076/1986 (ID. natureza salarial, não se incorpora à remuneração para quaisquer
adc9ec6): efeitos, não constitui base de incidência de contribuição
previdenciária ou do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e
"ASSUNTO: Vale-Alimentação Subsidiado. nem se configura como rendimento tributável do trabalhador."
VIGÊNCIA: a partir de 01 de outubro de 1986. Embora a inscrição da reclamada no Programa de Alimentação do
Trabalhador tenha ocorrido somente em 1988, o conjunto probatório
(...) dos autos revela que desde a implantação do benefício havia
participação dos empregados no custeio do vale-alimentação, o que
2. CONCEITUAÇÃO. desnatura o caráter salarial do benefício, pois ausente o requisito da
graciosidade.
Vale-Alimentação é o instrumento que possibilita a refeição do
empregado nos estabelecimentos associados as empresas Trata-se de matéria já conhecida por esta egrégia 1ª Turma do
contratadas pela ECT. Sexto Regional, em que constatado a natureza indenizatória do vale
-alimentação dos empregados da Empresa Brasileira de Correios e
2.1. O Vale-Alimentação destina-se exclusivamente à refeição do Telégrafos, conforme seguintes julgados, in verbis:

benefício (...)", nos termos das OJ n. 413 da SBDI-II. II - Assim,
"RECURSO ORDINÁRIO. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. essa regra se aplica ao empregado que comprovar que já recebia o
PARTICIPAÇÃO DO EMPREGADO NO CUSTEIO ANTES DA auxílio-alimentação, de forma habitual, antes da adesão da ré ao
ADESÃO AO PAT. NATUREZA INDENIZATÓRIA. Conquanto a OJ PAT. III - No caos dos autos, a autora deveria ter demonstrado, de
nº 413, da SDI-1, do TST estabeleça que, mesmo com a adesão do forma inequívoca, que percebia tal auxílio antes de 1986 (data em
empregador ao Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), o que fora autorizado o desconto) ou do ano de 1988 (data de adesão
auxílio-alimentação conserva sua natureza salarial em relação aos da empresa ao PAT), ônus que lhe pertencia, a teor dos artigos 373,
empregados que já recebiam o benefício habitualmente, tal inciso I, do CPC e 818 da CLT, o que não aconteceu na hipótese
premissa não se aplica aos casos em que, antes do ingresso no dos autos. IV - Recurso Ordinário provido." (TRT da 6ª Região.
Programa, a empresa efetuava desconto na remuneração do Processo: RO - 0001293-39.2015.5.06.0017, Redator: Sergio Torres
trabalhador, como forma de participação no custeio da parcela, Teixeira, Data de julgamento: 10/09/2017, Primeira Turma, Data da
situação verificada nos autos, impondo-se, assim, o reconhecimento assinatura: 13/09/2017)
da sua natureza indenizatória. Recurso ordinário provido." (TRT da
6ª Região. Processo: RO - 0000332-15.2017.5.06.0022, Redator: O Colendo Tribunal Superior do Trabalho também já firmou
Eduardo Pugliesi, Data de julgamento: 06/12/2017, Primeira Turma, entendimento no mesmo sentido, em que discutida a natureza do
Data da assinatura: 07/12/2017) vale-alimentação fornecida pela Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos - ECT, conforme precedentes, in verbis:
"REMESSA NECESSÁRIA. EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELÉGRAFOS - EBCT. VALE- "I - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA INTERPOSTO
REFEIÇÃO/ALIMENTAÇÃO E CESTA BÁSICA. NATUREZA SOB A ÉGIDE DA LEI N° 13.015/2014 E DO NCPC - AUXÍLIO-
JURÍDICA INDENIZATÓRIA. CUSTEIO RECÍPROCO. PREVISÃO ALIMENTAÇÃO - ONEROSIDADE - NATUREZA
EM NORMA INTERNA DA EMPRESA. ADESÃO AO PAT. INDENIZATÓRIA. Nos termos da jurisprudência desta Corte, possui
PRECEDENTES DESTA E. CORTE. Evidenciada, à luz do conjunto natureza indenizatória o auxílio-alimentação fornecido a título
probatório, que a percepção, pelo trabalhador, de vale- oneroso, ou seja, com a coparticipação do empregado no custeio da
refeição/alimentação e cesta básica ocorreu somente a partir de parcela mediante desconto parcial no salário. Julgados. Recurso de
outubro de 1986, e que tais benefícios eram custeados de forma Revista conhecido e provido. (...)". (TST-ARR - 20638-
recíproca entre empregado e empregador, conforme disposto nos 19.2016.5.04.0661 , Relatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen
itens 4.1 e 4.2 das Normas Internas da Diretoria da empresa (DEL Peduzzi, Data de Julgamento: 09/05/2018, 8ª Turma, Data de
073/86 e DEL 076/86), bem assim que a partir do ano de 1988 Publicação: DEJT 11/05/2018)
houve adesão da empresa ao Programa de Alimentação do
Trabalhador - PAT, inquestionável revela-se a natureza "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.
indenizatória das parcelas em comento." (TRT da 6ª Região. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. NATUREZA JURÍDICA.
Processo: Reenec/RO - 0001833-95.2016.5.06.0391, Redator: PARTICIPAÇÃO DO EMPREGADO NO CUSTEIO DO
Valéria Gondim Sampaio, Data de julgamento: 05/10/2017, Primeira BENEFÍCIO. A jurisprudência desta Corte Superior consolidou-se
Turma, Data da assinatura: 11/10/2017) no sentido de que a não gratuidade do benefício auxílio-alimentação
fornecido pelo empregador afasta a natureza salarial da parcela.
"DIREITO DO TRABALHO. DIREITO PROCESSUAL DO Portanto, decisão regional no mesmo sentido inviabiliza o
TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO. seguimento do Recurso de Revista pela aplicação da Súmula n.º
NATUREZA JURÍDICA. ADESÃO DA EMPRESA RÉ AO 333 desta Corte. Agravo de Instrumento conhecido e não provido."
PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR - PAT. I - A (TST-AIRR - 1072-17.2016.5.21.0013 , Relatora Ministra: Maria de
Corte Superior da Justiça do Trabalho já unificou entendimento de Assis Calsing, Data de Julgamento: 09/05/2018, 4ª Turma, Data de
que "(...) A pactuação em norma coletiva conferindo caráter Publicação: DEJT 11/05/2018).
indenizatório à verba 'auxílio-alimentação' ou a adesão posterior do
empregador ao Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT - "RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA
não altera a natureza salarial da parcela, instituída anteriormente, DA LEI 13.015/2014. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. PARTICIPAÇÃO
para aqueles empregados que, habitualmente, já percebiam o DO EMPREGADO NO CUSTEIO DO BENEFÍCIO. NATUREZA

INDENIZATÓRIA. Fixado pelo TRT que havia participação do DA CONCLUSÃO:
empregado no custeio do auxílio-alimentação desde a sua
implantação, ao contrário do que entendera o Regional, a parcela Diante do exposto, conheço do recurso ordinário, bem como das
sempre foi indenizatória, de modo que a adesão da recorrente ao contrarrazões. No mérito, nego-lhe provimento.
PAT não promoveu qualquer alteração no contrato de trabalho
celebrado com o recorrido. Frise-se, ademais, que o entendimento
desta Corte, em casos análogos envolvendo a ECT, é no sentido da
natureza indenizatória do auxílio-alimentação quando custeado,
ainda que em valor ínfimo, por parte do empregado. Precedentes.
Recurso de revista conhecido e provido." (TST-RR - 21058-
86.2016.5.04.0511 , Relator Ministro: Breno Medeiros, Data de
Julgamento: 02/05/2018, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT
11/05/2018).
Assim, nego provimento ao recurso.
Do prequestionamento. Das violações legais e constitucionais.
Os fundamentos acima lançados demonstram o posicionamento do
Juízo, que não vulnera qualquer dispositivo da ordem legal ou
constitucional, estando, ainda, as matérias devidamente
prequestionadas.
Registro, por oportuno, que o prequestionamento de que cuida a do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, CONHECER do
Súmula n.º 297 do C. TST prescinde da referência expressa a todos recurso ordinário, bem como das contrarrazões. No mérito, por
os dispositivos tidos por violados, conforme a interpretação unanimidade, NEGAR-LHE PROVIMENTO.
conferida pelo próprio C. Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
Recife (PE), 07 de junho 2018.
"PREQUESTIONAMENTO. TESE EXPLÍCITA. INTELIGÊNCIA DA
SÚMULA N.º 297. Havendo tese explícita sobre a matéria, na ANDRÉA KEUST BANDEIRA DE MELO
decisão recorrida, desnecessário contenha nela referência expressa
do dispositivo legal para ter-se como prequestionado este. (OJ nº. Juíza Convocada Relatora
118 da SDI-I)."
Destaco, desde logo, que eventual oferecimento de embargos de
declaração reputados manifestamente protelatórios, atrai a CERTIDÃO DE JULGAMENTO
penalidade prevista no art. 1.026, § 2º, do CPC/2015, o que ficam
desde logo advertidas as partes litigantes. Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi
30/05/2018, sob a presidência do Exmo. Sr. Desembargador
SERGIO TORRES TEIXEIRA, com a presença do Ministério Público
Procuradora Ângela Lobo e dos Exmos. Srs. Andréa Keust Bandeira
de Melo (Relatora - Juíza Titular da 8ª Vara do Trabalho do Recife
convocada, em substituição a Exma. Desembargadora Maria do
Socorro Silva Emerenciano) e Eduardo Pugliesi (Desembargador),

resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por unanimidade, CONHECER

PODER
do recurso ordinário, bem como das contrarrazões. No mérito, por
JUDICIÁRIO
unanimidade, NEGAR-LHE PROVIMENTO.
Sala de Sessões, 07 de junho de 2018.
PROC. Nº TRT - (RO) - 0001426-44.2016.5.06.0018.
Vera Neuma de Moraes Leite ÓRGÃO JULGADOR : PRIMEIRA TURMA.
Secretária da 1ª Turma RELATORA : JUÍZA CONVOCADA ANDRÉA KEUST BANDEIRA
DE MELO.
RECORRENTES : ALBERTO CAETANO COSTA e ALBERTO DE
LIMA GONÇALVES.
RECORRIDA : EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E
TELÉGRAFOS -ECT.
ADVOGADOS : ANDRÉ LUIS ALCOFORADO MENDES.
PROCEDÊNCIA : 18ª VARA DO TRABALHO DO RECIFE/PE.
Acórdão
Processo Nº RO-0001426-44.2016.5.06.0018
MELO
LA CORTE(OAB: 32432/PE) EMENTA:
TRABALHO
- ALBERTO DE LIMA GONCALVES RECURSO ORDINÁRIO. DIREITO DO TRABALHO. AUXÍLIO-
ALIMENTAÇÃO. NATUREZA JURÍDICA INDENIZATÓRIA.
Comprovado nos autos que desde a implantação o auxílio-
alimentação concedido pela reclamada teve caráter oneroso,

arcando os empregados com uma parte do custeio da parcela, aabce1d.
forçoso concluir que tem natureza indenizatória o benefício
concedido. Recurso ordinário improvido. O Ministério Público do Trabalho, em sua manifestação de ID.
83d5d61, de lavra do Dr. Pedro Luiz Gonçalves Serafim da Silva,
esclareceu não existir interesse público a demandar intervenção do
Parquet, ressalvando, no entanto, a faculdade de se pronunciar
verbalmente ou pedir vista regimental na sessão de julgamento,
caso entenda necessário (artigo 83, VII, da Lei Complementar
75/93).
É o relatório.
Vistos etc.
Trata-se de Recurso Ordinário interposto por ALBERTO CAETANO
COSTA e ALBERTO DE LIMA GONÇALVES contra a decisão
proferida pelo MM. Juízo da 18ª Vara do Trabalho do Recife/PE,
que julgou IMPROCEDENTES os pedidos formulados na
reclamação trabalhista proposta pelos recorrentes em face de
EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS, ora
recorrida, conforme fundamentação da sentença de ID. 2cd9f59. VOTO:
No arrazoado de ID. daa7557, insistem os recorrentes na alegação DA ADMISSIBILIDADE:
de que deve ser reconhecida a natureza salarial das parcelas pagas
a título de vale-refeição, do vale-alimentação e da cesta-básica, Conheço do recurso ordinário interposto, por observadas as
determinando a incorporação dos referidos títulos para todos os fins formalidades legais, bem como das contrarrazões, que
de direito. Afirmam que desde a data de admissão a recorrida não regularmente apresentadas.
efetuava qualquer desconto salarial em razão dos benefícios
concedidos, até porque não havia qualquer previsão nas normas
coletivas da categoria da participação/compartilhamento dos
obreiros no programa de custeio do vale alimentação. Destacam
que a adesão da empresa a PAT-Programa de Alimentação do
Trabalhador, ocorreu após a admissão, e somente a partir do ano
de 1994 tais benefícios passaram a ser compartilhados, conforme
ACT 1995/1996, o que atrai a aplicação do entendimento esposado
na Orientação Jurisprudencial nº 413, do C. TST, tendo nítida DO MÉRITO:
natureza salarial. Aduzem que a alteração da natureza jurídica das
parcelas de alimentação, transmudando-as de salarial para Da natureza jurídica do vale alimentação.
indenizatória, não alcança eles, recorrentes, porquanto já percebiam
os títulos em caráter remuneratório, atraindo assim a aplicação da Insistem os reclamantes, ora recorrentes, na alegação de que deve
Súmula 241 do C. TST. Invocam o princípio da inalterabilidade ser reconhecida a natureza salarial das parcelas pagas a título de
contratual lesiva, insculpido nos artigos 9 e 468 da CLT e vale-refeição, vale-alimentação e cesta-básica, sob o argumento,
sedimentado na Súmula 51 do C. TST, além do princípio da adesão em síntese, que desde a data de admissão a recorrida não efetuava
e o princípio da irredutibilidade salarial. Citam jurisprudência em qualquer desconto salarial em razão dos benefícios concedidos,
defesa de seus argumentos e requerem provimento do recurso. sendo que a adesão da empresa a PAT-Programa de Alimentação
do Trabalhador não teve o condão de transmudar a natureza
As contrarrazões foram apresentadas pela reclamada, conforme ID. salarial das parcelas postuladas.

implantado por norma interna (DEL 073/1986), de 10/09/1986,
Pois bem. sendo substituída por outra norma interna (DEL 076/1986), de
18/09/1986, por apresentar incorreções, e o empregado participa de
O MM. juízo de primeiro grau reconheceu que as parcelas de seu custeio, mediante desconto em folha de pagamento de parcela
alimentação sempre tiveram natureza indenizatória, mesmo antes de indenização, sendo, portanto um benefício oneroso (não
da adesão da empresa ao PAT, razão pela qual julgou gratuito), o que afasta a natureza salarial alegada pelos
improcedentes os pedidos da exordial, pelos seguintes reclamantes, tudo conforme normas da ECT.
fundamentos:
A ré juntou aos autos os documentos de ID. 2d960c8 e ID. adc9ec6
"A tese patronal é de que a parcela sempre guardou natureza (DEL - 073/86 e DEL - 076/86, respectivamente), consistentes em
indenizatória, na medida em que sempre houve o desconto normas internas que tratam da implantação do "Vale-Alimentação
respectivo, mesmo antes da adesão ao PAT em 1989 e a subsidiado no âmbito da ECT", e cuja vigência se iniciou em
gratuidade restou afastada, de fato, quando se observa das folhas 10/09/1986.
implantação de tal benefício, tudo, aliás, nos termos da normativa Observe-se o que consta na norma interna DEL 076/1986 (ID.
interna respectiva. adc9ec6):
É que o primeiro regramento (DEL 073/1986) estabeleceu no item "ASSUNTO: Vale-Alimentação Subsidiado.
remanescente pelo empregador, de modo que desde a origem VIGÊNCIA: a partir de 01 de outubro de 1986.
folha de pagamento. Da mesma forma, a norma substitutiva (DEL (...)
onerosidade ao empregado, que arcaria com parte desse custo. 2. CONCEITUAÇÃO.
Entendo, pois, que a parcela cuja natureza salarial os autores Vale-Alimentação é o instrumento que possibilita a refeição do
pretendem seja restaurada, não poderá ser objeto de tal empregado nos estabelecimentos associados as empresas
restauração, uma vez que nunca possuiu tal natureza. Ao revés, contratadas pela ECT.
oneroso, motivo pelo qual não há que se falar em alteração 2.1. O Vale-Alimentação destina-se exclusivamente à refeição do

Vale-Alimentação, no âmbito da reclamada, tiveram natureza
indenizatória, arcando os empregados com uma parte do custeio da "REMESSA NECESSÁRIA. EMPRESA BRASILEIRA DE
parcela. CORREIOS E TELÉGRAFOS - EBCT. VALE-
REFEIÇÃO/ALIMENTAÇÃO E CESTA BÁSICA. NATUREZA
A demandada ainda trouxe aos autos os documentos de ID. JURÍDICA INDENIZATÓRIA. CUSTEIO RECÍPROCO. PREVISÃO
7ccc044 e ID. 166c5a7, comprovando sua adesão ao PAT - EM NORMA INTERNA DA EMPRESA. ADESÃO AO PAT.
Programa de Alimentação do Trabalhador, de modo que o benefício PRECEDENTES DESTA E. CORTE. Evidenciada, à luz do conjunto
concedido através deste programa não tem natureza salarial, como probatório, que a percepção, pelo trabalhador, de vale-
dispõe expressamente o art. 6º do Decreto 5, de 14 de janeiro de refeição/alimentação e cesta básica ocorreu somente a partir de
1991: outubro de 1986, e que tais benefícios eram custeados de forma
recíproca entre empregado e empregador, conforme disposto nos
"Art. 6º. Nos Programas de Alimentação do Trabalhador (PAT), itens 4.1 e 4.2 das Normas Internas da Diretoria da empresa (DEL
previamente aprovados pelo Ministério do Trabalho e da 073/86 e DEL 076/86), bem assim que a partir do ano de 1988
Previdência Social, a parcela paga in-natura pela empresa não tem houve adesão da empresa ao Programa de Alimentação do
natureza salarial, não se incorpora à remuneração para quaisquer Trabalhador - PAT, inquestionável revela-se a natureza
efeitos, não constitui base de incidência de contribuição indenizatória das parcelas em comento." (TRT da 6ª Região.
previdenciária ou do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Processo: Reenec/RO - 0001833-95.2016.5.06.0391, Redator:
nem se configura como rendimento tributável do trabalhador." Valéria Gondim Sampaio, Data de julgamento: 05/10/2017, Primeira
Turma, Data da assinatura: 11/10/2017)
Embora a inscrição da reclamada no Programa de Alimentação do
Trabalhador tenha ocorrido somente em 1988, o conjunto probatório "DIREITO DO TRABALHO. DIREITO PROCESSUAL DO
dos autos revela que desde a implantação do benefício havia TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO.
participação dos empregados no custeio do vale-alimentação, o que NATUREZA JURÍDICA. ADESÃO DA EMPRESA RÉ AO
desnatura o caráter salarial do benefício, pois ausente o requisito da PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR - PAT. I - A
graciosidade. Corte Superior da Justiça do Trabalho já unificou entendimento de
que "(...) A pactuação em norma coletiva conferindo caráter
Trata-se de matéria já conhecida por esta egrégia 1ª Turma do indenizatório à verba 'auxílio-alimentação' ou a adesão posterior do
Sexto Regional, em que constatado a natureza indenizatória do vale empregador ao Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT -
-alimentação dos empregados da Empresa Brasileira de Correios e não altera a natureza salarial da parcela, instituída anteriormente,
Telégrafos, conforme seguintes julgados, in verbis: para aqueles empregados que, habitualmente, já percebiam o

Telégrafos - ECT, conforme precedentes, in verbis: Do prequestionamento. Das violações legais e constitucionais.
"I - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA INTERPOSTO Os fundamentos acima lançados demonstram o posicionamento do
SOB A ÉGIDE DA LEI N° 13.015/2014 E DO NCPC - AUXÍLIO- Juízo, que não vulnera qualquer dispositivo da ordem legal ou
ALIMENTAÇÃO - ONEROSIDADE - NATUREZA constitucional, estando, ainda, as matérias devidamente
INDENIZATÓRIA. Nos termos da jurisprudência desta Corte, possui prequestionadas.
natureza indenizatória o auxílio-alimentação fornecido a título
oneroso, ou seja, com a coparticipação do empregado no custeio da Registro, por oportuno, que o prequestionamento de que cuida a
parcela mediante desconto parcial no salário. Julgados. Recurso de Súmula n.º 297 do C. TST prescinde da referência expressa a todos
Revista conhecido e provido. (...)". (TST-ARR - 20638- os dispositivos tidos por violados, conforme a interpretação
19.2016.5.04.0661 , Relatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen conferida pelo próprio C. Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
Peduzzi, Data de Julgamento: 09/05/2018, 8ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 11/05/2018) "PREQUESTIONAMENTO. TESE EXPLÍCITA. INTELIGÊNCIA DA
SÚMULA N.º 297. Havendo tese explícita sobre a matéria, na
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. decisão recorrida, desnecessário contenha nela referência expressa
AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. NATUREZA JURÍDICA. do dispositivo legal para ter-se como prequestionado este. (OJ nº.
PARTICIPAÇÃO DO EMPREGADO NO CUSTEIO DO 118 da SDI-I)."
BENEFÍCIO. A jurisprudência desta Corte Superior consolidou-se
no sentido de que a não gratuidade do benefício auxílio-alimentação Destaco, desde logo, que eventual oferecimento de embargos de
fornecido pelo empregador afasta a natureza salarial da parcela. declaração reputados manifestamente protelatórios, atrai a
Portanto, decisão regional no mesmo sentido inviabiliza o penalidade prevista no art. 1.026, § 2º, do CPC/2015, o que ficam
seguimento do Recurso de Revista pela aplicação da Súmula n.º desde logo advertidas as partes litigantes.
333 desta Corte. Agravo de Instrumento conhecido e não provido."
(TST-AIRR - 1072-17.2016.5.21.0013 , Relatora Ministra: Maria de
Assis Calsing, Data de Julgamento: 09/05/2018, 4ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 11/05/2018).
"RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA
DA LEI 13.015/2014. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. PARTICIPAÇÃO
DO EMPREGADO NO CUSTEIO DO BENEFÍCIO. NATUREZA
INDENIZATÓRIA. Fixado pelo TRT que havia participação do DA CONCLUSÃO:
empregado no custeio do auxílio-alimentação desde a sua
implantação, ao contrário do que entendera o Regional, a parcela Diante do exposto, conheço do recurso ordinário, bem como das
sempre foi indenizatória, de modo que a adesão da recorrente ao contrarrazões. No mérito, nego-lhe provimento.
PAT não promoveu qualquer alteração no contrato de trabalho
celebrado com o recorrido. Frise-se, ademais, que o entendimento
desta Corte, em casos análogos envolvendo a ECT, é no sentido da
natureza indenizatória do auxílio-alimentação quando custeado,
ainda que em valor ínfimo, por parte do empregado. Precedentes.
Recurso de revista conhecido e provido." (TST-RR - 21058-
Julgamento: 02/05/2018, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT
11/05/2018).
Assim, nego provimento ao recurso.

do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, CONHECER do
recurso ordinário, bem como das contrarrazões. No mérito, por
Recife (PE), 07 de junho 2018.
ANDRÉA KEUST BANDEIRA DE MELO Acórdão

Processo Nº RO-0001838-88.2015.5.06.0121
Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
Juíza Convocada Relatora RECORRENTE CAIXA ECONOMICA FEDERAL
ADVOGADO MARCELO PIRES RIBEIRO(OAB:
29298/PE)
RECORRIDO GENILSON MARQUES DE
VASCONCELOS
ADVOGADO PACELLI DA ROCHA MARTINS(OAB:
11047/PB)
ADVOGADO NIVEA PECORELLI DA CUNHA
MARTINS(OAB: 17195/PB)
ADVOGADO JANAINA ANTUNES DOS
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi SANTOS(OAB: 18800/PB)
publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de ADVOGADO VITO LEAL PETRUCCI(OAB:
18041/PB)
30/05/2018, sob a presidência do Exmo. Sr. Desembargador
SERGIO TORRES TEIXEIRA, com a presença do Ministério Público Intimado(s)/Citado(s):

- GENILSON MARQUES DE VASCONCELOS
Procuradora Ângela Lobo e dos Exmos. Srs. Andréa Keust Bandeira
de Melo (Relatora - Juíza Titular da 8ª Vara do Trabalho do Recife
convocada, em substituição a Exma. Desembargadora Maria do PODER

Socorro Silva Emerenciano) e Eduardo Pugliesi (Desembargador), JUDICIÁRIO
Identificação
do recurso ordinário, bem como das contrarrazões. No mérito, por
PROC. Nº TRT - ED - 0001838-88.2015.5.06.0121
Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA

Embargante : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA
Embargado : GENILSON MARQUES DE VASCONCELOS

Sala de Sessões, 07 de junho de 2018.
Advogados : MARCELO PIRES RIBEIRO e PACELLI DA ROCHA
MARTINS E VITO LEAL PETRUCCI
PROCEDÊNCIA : 1ª VARA DO TRABALHO DE PAULISTA/PE

EMENTA
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO E DIREITO

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DECLARATÓRIOS.
REQUISITOS AUTORIZADORES. NÃO OCORRÊNCIA. I - Os
embargos de declaração não se prestam a discutir o acerto ou
desacerto da decisão objurgada, não se podendo haver por

ingênua, ou simplesmente combativa, a postura da parte que, a por uma vertente que não atendeu aos seus anseios. Ademais, foi a
pretexto de suprimir omissão manifestamente inexistente, busca própria embargante quem admitiu o exercício da funções de caixa.
mesmo é reformar o acórdão. II - Para que sejam acolhidos, devem Por todos estes fundamentos, ainda que, por hipótese, tenha-se
os embargos de declaração estar jungidos aos lindes da omissão, aplicado erroneamente o direito à espécie vertida, mesmo assim o
contradição ou equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos acórdão não estaria eivado de quaisquer vícios de intelecção;
de admissibilidade recursal (art. 897-A da CLT e 1.022 do CPC). III - haveria, quiçá, erro de julgamento, o que é bem diferente,
No caso concreto, não constatada a existência de algum desses comportando a protocolização de recurso diverso dos declaratórios,
vícios, a rejeição dos embargos é medida que se impõe. IV - que tem finalidade estritamente disciplinada pelos artigos 897-A da
Embargos declaratórios não acolhidos. CLT e 1.022 do CPC.
RELATÓRIO Dessarte, não padece de qualquer vício o acórdão atacado, na
Vistos etc. medida em que esta Corte, certa ou erradamente, solucionou
Embargos declaratórios opostos por CAIXA ECONÔMICA fundamentadamente a controvérsia que lhe foi submetida (art. 93,
FEDERAL - CAIXA contra acórdão proferido pela Primeira Turma inciso IX, da CF/88). Logo, o inconformismo da parte é contra a
deste Regional,sendo embargado, GENILSON MARQUES DE solução a que chegou o julgador e que não atendeu aos seus
VASCONCELOS. desígnios, não havendo que se falar em omissão ou contradição.
Nas razões dos embargos pede seja esclarecido se o autor cumpria Prequestionamento
ou não atividades de exclusiva digitação, para que se possa Quanto ao prequestionamento, é importante ressaltar previamente
apresentar recurso de revista. Invoca ainda o disposto na Súmula que se trata de uma criação jurisprudencial, inclusive já sumulada
297 do TST, no sentido de prequestionar a matéria. (Súmulas nos. 282 e 356, STF, 184 e 297, TST) e, sabidamente, o
É o que tinha de importante a relatar. prequestionamento do tema sobre o qual versa um recurso é o seu
VOTO: inconformismo com as questões debatidas pela decisão recorrida e
Conheço dos presentes embargos, eis que subscritos a pretensa violação de normas legais.
tempestivamente e por advogado regularmente habilitado, razão FUNDAMENTAÇÃO
pela qual passo a apreciar o mérito deles para rejeitá-los, de acordo MÉRITO
com os fundamentos seguintes. Recurso da parte
Pede seja esclarecido se o autor cumpria ou não atividades de Item de recurso
exclusiva digitação, para que se possa apresentar recurso de Conclusão
revista. Diante do exposto, rejeito os embargos declaratórios.
Sem razão. ACÓRDÃO
Apenas para que não pairem dúvidas, vejamos o que dispôs o Cabeçalho do acórdão
acórdão quanto a tais matérias: Acórdão
Dessa forma, considerando que a própria ré admitiu que o obreiro ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional
se ativou na função de caixa, bem como diante da pactuação em do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, rejeitar os
norma coletiva de que os empregados que desempenham tal embargos declaratórios.
função possui direito ao intervalo de 10 minutos a cada 50 de
trabalho, os quais eram computados na jornada de trabalho, nos Recife (PE), 26 de setembro de 2017.
termos da norma coletiva e da RH 035, caberia à empregadora
provar a concessão do aludido tempo de descanso. SERGIO TORRES TEIXEIRA
Não houve qualquer prova demonstrando a concessão do intervalo Desembargador Relator
de 10 minutos. EMMT
Considerando que todo o arcabouço probatório (normas coletivas e
internas da CEF), a todos aqueles trabalhadores que exercem
atividades de dados, aí incluídos os caixas, sujeitos, portanto, a
movimentos ou esforços repetitivos dos membros superiores, CERTIDÃO DE JULGAMENTO
deverão gozar de intervalo em discussão.
Como visto, não há omissão, eis que o julgado apenas enveredou Certifico que, em sessão extraordinária hoje realizada, sob a

presidência da Exma. Sra. Desembargadora VALÉRIA GONDIM embargos de declaração não se prestam a discutir o acerto ou
SAMPAIO, com a presença do Ministério Público do Trabalho da 6ª desacerto da decisão objurgada, não se podendo haver por
Região, representado pelo Exmo. Sr. Procurador Raulino Maracajá ingênua, ou simplesmente combativa, a postura da parte que, a
e dos Exmos. Srs. Desembargadores e Sergio Torres Teixeira pretexto de suprimir omissão manifestamente inexistente, busca
(Relator) e Eduardo Pugliesi, resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por mesmo é reformar o acórdão. II - Para que sejam acolhidos, devem
unanimidade, rejeitar os embargos declaratórios. os embargos de declaração estar jungidos aos lindes da omissão,
contradição ou equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos
Certifico e dou fé. de admissibilidade recursal (art. 897-A da CLT e 1.022 do CPC). III -
Sala de Sessões, em 26 de setembro de 2017. No caso concreto, não constatada a existência de algum desses
vícios, a rejeição dos embargos é medida que se impõe. IV -
Embargos declaratórios não acolhidos.
RELATÓRIO
Vera Neuma de Moraes Leite Vistos etc.
Secretária da 1ª Turma Embargos declaratórios opostos por CAIXA ECONÔMICA
Assinatura FEDERAL - CAIXA contra acórdão proferido pela Primeira Turma

Acórdão deste Regional,sendo embargado, GENILSON MARQUES DE
Processo Nº RO-0001838-88.2015.5.06.0121
Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA VASCONCELOS.
RECORRENTE CAIXA ECONOMICA FEDERAL Nas razões dos embargos pede seja esclarecido se o autor cumpria
29298/PE) ou não atividades de exclusiva digitação, para que se possa
RECORRIDO GENILSON MARQUES DE apresentar recurso de revista. Invoca ainda o disposto na Súmula
VASCONCELOS
ADVOGADO PACELLI DA ROCHA MARTINS(OAB: 297 do TST, no sentido de prequestionar a matéria.
11047/PB)
É o que tinha de importante a relatar.
MARTINS(OAB: 17195/PB) VOTO:
SANTOS(OAB: 18800/PB) Conheço dos presentes embargos, eis que subscritos
ADVOGADO VITO LEAL PETRUCCI(OAB: tempestivamente e por advogado regularmente habilitado, razão
18041/PB)
pela qual passo a apreciar o mérito deles para rejeitá-los, de acordo
Intimado(s)/Citado(s): com os fundamentos seguintes.
- CAIXA ECONOMICA FEDERAL Pede seja esclarecido se o autor cumpria ou não atividades de
exclusiva digitação, para que se possa apresentar recurso de
revista.
PODER Sem razão.
JUDICIÁRIO Apenas para que não pairem dúvidas, vejamos o que dispôs o
acórdão quanto a tais matérias:

Identificação
Dessa forma, considerando que a própria ré admitiu que o obreiro
PROC. Nº TRT - ED - 0001838-88.2015.5.06.0121
se ativou na função de caixa, bem como diante da pactuação em
norma coletiva de que os empregados que desempenham tal
função possui direito ao intervalo de 10 minutos a cada 50 de
Embargante : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA
trabalho, os quais eram computados na jornada de trabalho, nos
Embargado : GENILSON MARQUES DE VASCONCELOS
termos da norma coletiva e da RH 035, caberia à empregadora
Advogados : MARCELO PIRES RIBEIRO e PACELLI DA ROCHA
provar a concessão do aludido tempo de descanso.
MARTINS E VITO LEAL PETRUCCI
Não houve qualquer prova demonstrando a concessão do intervalo
PROCEDÊNCIA : 1ª VARA DO TRABALHO DE PAULISTA/PE
de 10 minutos.
Considerando que todo o arcabouço probatório (normas coletivas e

EMENTA
internas da CEF), a todos aqueles trabalhadores que exercem
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO E DIREITO
atividades de dados, aí incluídos os caixas, sujeitos, portanto, a
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DECLARATÓRIOS.
movimentos ou esforços repetitivos dos membros superiores,
REQUISITOS AUTORIZADORES. NÃO OCORRÊNCIA. I - Os

deverão gozar de intervalo em discussão.
Como visto, não há omissão, eis que o julgado apenas enveredou Certifico que, em sessão extraordinária hoje realizada, sob a
por uma vertente que não atendeu aos seus anseios. Ademais, foi a presidência da Exma. Sra. Desembargadora VALÉRIA GONDIM
própria embargante quem admitiu o exercício da funções de caixa. SAMPAIO, com a presença do Ministério Público do Trabalho da 6ª
Por todos estes fundamentos, ainda que, por hipótese, tenha-se Região, representado pelo Exmo. Sr. Procurador Raulino Maracajá
aplicado erroneamente o direito à espécie vertida, mesmo assim o e dos Exmos. Srs. Desembargadores e Sergio Torres Teixeira
acórdão não estaria eivado de quaisquer vícios de intelecção; (Relator) e Eduardo Pugliesi, resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por
haveria, quiçá, erro de julgamento, o que é bem diferente, unanimidade, rejeitar os embargos declaratórios.
comportando a protocolização de recurso diverso dos declaratórios,
que tem finalidade estritamente disciplinada pelos artigos 897-A da Certifico e dou fé.
CLT e 1.022 do CPC. Sala de Sessões, em 26 de setembro de 2017.
Dessarte, não padece de qualquer vício o acórdão atacado, na
medida em que esta Corte, certa ou erradamente, solucionou
fundamentadamente a controvérsia que lhe foi submetida (art. 93,
inciso IX, da CF/88). Logo, o inconformismo da parte é contra a Vera Neuma de Moraes Leite
solução a que chegou o julgador e que não atendeu aos seus Secretária da 1ª Turma
desígnios, não havendo que se falar em omissão ou contradição. Assinatura
Prequestionamento Decisão Monocrática

Quanto ao prequestionamento, é importante ressaltar previamente Decisão
Processo Nº RO-0001077-37.2016.5.06.0181
que se trata de uma criação jurisprudencial, inclusive já sumulada Relator MARIA CLARA SABOYA
ALBUQUERQUE BERNARDINO
(Súmulas nos. 282 e 356, STF, 184 e 297, TST) e, sabidamente, o
RECORRENTE CENTRAIS ELETRICAS DE
prequestionamento do tema sobre o qual versa um recurso é o seu PERNAMBUCO S.A. - EPESA
ADVOGADO RAYANA DE FATIMA FARIAS
inconformismo com as questões debatidas pela decisão recorrida e GOMES DE LIMA(OAB: 38381/PE)
a pretensa violação de normas legais. ADVOGADO ANTONIO MÁRIO DE ABREU
PINTO(OAB: 7687/PE)
FUNDAMENTAÇÃO RECORRIDO EURIDES ALMEIDA BEZERRA
MÉRITO ADVOGADO ADRIANO JOSE GOMES DA
SILVA(OAB: 16944-D/PE)
Recurso da parte PERITO LEONARDO SILVA BARBOZA DOS
SANTOS
Item de recurso
Conclusão Intimado(s)/Citado(s):
Diante do exposto, rejeito os embargos declaratórios. - CENTRAIS ELETRICAS DE PERNAMBUCO S.A. - EPESA
- EURIDES ALMEIDA BEZERRA
ACÓRDÃO
Cabeçalho do acórdão
Acórdão
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional PODER

do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, rejeitar os JUDICIÁRIO
embargos declaratórios.
Fundamentação
RECURSO DE REVISTA
Recife (PE), 26 de setembro de 2017.
Trata-se de Recurso de Revista interposto por CENTRAIS
ELÉTRICAS DE PERNAMBUCO S.A - EPESA nos autos da

SERGIO TORRES TEIXEIRA
Reclamação Trabalhista 0001077-37.2016.5.06.0181, figurando
EURIDES ALMEIDA BEZERRA como recorrido.
EMMT
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação do acórdão
recorrido se deu em 10.09.2018 e a apresentação das razões
recursais em 20.06.2018, conforme se pode ver dos documentos de

Ids. 59f56c0 e c9ff79d.

A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id. horas in itinere e pelo tempo à disposição. Sustenta que fica
1f4788c). "situada em local de fácil acesso e bem servida por transporte
Preparo satisfeito (Ids. 979b859, abe60c3, dbf0bbf, 894464b, regular público, fato público e notório, não tendo sequer o
73389dc, 3c47924, c72c73c e 69e9e8b). Recorrido comprovado não haver transportes públicos que
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS realizassem o transporte à porta da empresa ora Recorrente, ônus
DOS DESCONTOS POR ATRASO que lhe competia". Destaca que fornecia transporte "por mera
DAS HORAS IN ITINERE liberalidade". Em sucessivo, protesta pela redução do condeno,
DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE fixando-se 22min/dia a título de tempo de trajeto.
DOS HONORÁRIOS PERICIAIS A controvérsia foi decidida pelo Magistrado, mediante os seguintes
Alegações: fundamentos:
- contrariedade à Súmula 90 do TST; "Horas extras, horas "in itinere" e tempo à disposição
- violação aos artigos 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal; 58, Na linha do entendimento consolidado na Súmula 338 do C. TST,
§ 2º, 818 da CLT; 373 do CPC. diante do dever legal de anotação da jornada de trabalho pelas
Atendendo aos requisitos formais para conhecimento do seu apelo, empresas com mais de 10 empregados (art. 74, § 2º da CLT), a não
previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a parte recorrente apresentação dos cartões de ponto pela reclamada gera a
insurge-se contra o posicionamento do Colegiado regional de presunção relativa de veracidade da jornada alegada na petição
manter a condenação no pagamento de horas in itinere, adicional inicial.
de insalubridade e honorários periciais. Argumenta, inicialmente, A reclamada trouxe aos autos os cartões de ponto relativos ao labor
que a sigla "atraso da rota" significa justamente o abono, pois o do reclamante.
reclamante registrou o ponto com atraso, e ela, de boa-fé, procedeu Esclareço que a prova documental possui maior segurança do que
ao abono, utilizando a sigla "atraso na rota". Assim, tal expressão a memória humana, pois essa é falível e está sujeita a
não se refere a descontos, mas sim a um abono no registro pelo esquecimentos, erros de percepção, além de não possuir precisão,
atraso que ocorreu por culpa dela, recorrente. Em sucessivo, no devendo prevalecer os horários registrados nos cartões de ponto,
tocante às horas in itinere, alega que, consoante verificado durante sendo que a reclamante confessou que realizava corretamente os
a instrução processual, sua sede está situada em local de fácil registros.
acesso e bem servido por transporte regular publico, fato público e Ademais, nos moldes do art. 408 do NCPC, referida prova é dotada
notório, não tendo o recorrido comprovado não haver transportes de presunção de veracidade.
públicos que realizassem o transporte até a porta da empresa ora Além disso, a testemunha ouvida a rogo do reclamante não merece
Recorrente, ônus que a ele competia. Quanto ao adicional de credibilidade nesse aspecto específico, uma vez que depôs de
insalubridade, alega restar evidenciado que todo abastecimento de forma contraditória ao depoimento do reclamante, na medida em
óleo diesel é feito automaticamente por tubulações em todas as que esse segundo confirmou a anotação correta no momento da
máquinas, e que existe um sistema de exaustão nos galpões da entrada, e o primeiro disse que havia equívoco na anotação da
Usina, evitando formações de vapores e névoas, ou seja, não entrada.
podendo a atividade ser classificada como insalubre, pois foi visto in Portanto, reputo que os horários e os dias anotados nos cartões de
loco tanto o uso de EPI, como sistema de exaustão e também ponto refletem a efetiva jornada de trabalho do reclamante, ainda
existência de um sistema de ventilação natural. Com relação aos mais porque não impugnados tais documentos.
honorários periciais, afirma que o valor fixado afronta o principio da A parte reclamante não apontou diferenças entre as horas extras
equivalência das obrigações, eis que se refere a pericia, cujo registradas nos cartões de ponto e as efetivamente pagas pela
trabalho, hoje facilitado pela modernização dos programas e reclamada, prevalecendo as horas efetivas de labor ali registradas.
equipamentos, é de simples verificação, tomando poucos minutos, o O art. 58, §2º da CLT elenca dois requisitos para a percepção das
que torna o valor pretendido por demais oneroso, para qualquer das horas in itinere, quais sejam: local de difícil acesso ou não servido
partes. por transporte público e fornecimento da condução pelo
Do acórdão impugnado, exsurgem os seguintes fundamentos (Id empregador.
3c47924): No caso em tela, é incontroverso que o reclamante trabalhava na
"Das horas in itinere e do tempo à disposição. zona rural, presumindo-se, portanto, o requisito do local de difícil
A reclamada não se conforma com a condenação ao pagamento de acesso.

Frisa-se que a reclamada não comprovou suas alegações de que trabalhava, em regra, nos exatos limites da jornada de trabalho,
havia transporte público, devidamente regulamentado, até o local motivo pelo qual o tempo acima deve ser considerado como
específico de labor, no trecho específico entre a Usina São José e extraordinário.
suas dependências, cujo ônus lhe pertencia (art. 818 da CLT), muito Ainda, sendo certo que não havia transporte público entre o local de
menos a compatibilidade de horários. trabalho e a Usina São José, reputo que o tempo que o trabalhador
A testemunha indicada pelo reclamante aduziu que o ônibus da tinha que esperar o ônibus da empresa, na saída, é à disposição da
empresa levava de 20 a 30 minutos por trajeto, entre a Usina São empresa.
José e a empresa, sendo que a testemunha da reclamada indicou o A testemunha ouvida a pedido do reclamante mencionou o tempo
tempo de 10 a 15 minutos. de espera de 25 minutos pela noite e de 20 a 40 minutos no outro
Portanto, reputo que deverá ser somado à jornada de trabalho do turno, sendo que a testemunha ouvida a pedido da reclamada
reclamante o tempo médio de 17,5 minutos por trecho, ou seja, 35 mencionou o tempo de 5 a 7 minutos.
minutos por dia (tempo somado de trajeto na ida e na volta). Cotejando a prova oral acima, fixo o tempo médio de espera de 15
Ainda, conforme art. 58, § 3º da CLT, as empresas de pequeno minutos por dia.
porte e microempresas poderão, por negociação coletiva, fixar o Por tais motivos, com base nas horas "in itinere" e no tempo à
tempo médio, a forma e a natureza das horas "in itinere". disposição acima, julgo procedente o pedido de pagamento de 50
Em atenção ao escopo constitucional de fomentar a negociação minutos (35 minutos de horas "in itinere" e 15 minutos à disposição),
coletiva, conforme arts. 7º, XXVI e 8º da CF, e, em atenção ao por dia efetivo de trabalho, conforme cartões de ponto, com o
princípio da adequação setorial negociada de modo a possibilitar a adicional de 50%, já que não indicada cláusula com adicional
segurança jurídica e previsibilidade quanto ao lapso temporal diverso, observando-se o divisor 220, a globalidade e a evolução
efetivamente gasto, a jurisprudência pátria passou a interpretar, salarial (Súmula 264 do C. TST).
extensivamente, o dispositivo legal acima para admitir, também, Pela habitualidade, os reflexos em RSR, aviso prévio indenizado,13º
para as demais empresas a negociação das horas "in itinere". salário, procedem férias com 1/3 e FGTS mais 40%.
Não se pode deixar de dizer que somente é admissível a transação Com o cancelamento da Súmula 3 deste Eg. TRT e de acordo com
de direitos, via negociação coletiva, com a concessão recíproca de a nova Súmula Regional de nº 28, esse magistrado ressalva seu
direitos e deveres entre as partes, não se admitindo a renúncia entendimento pessoal, por medida de segurança jurídica, para jugar
unilateral de direitos pelo reclamante em seu prejuízo exclusivo. improcedentes as repercussões dos RSRs majorados pelos
Ademais, conforme teoria do conglobamento por matéria, esculpida reflexos acima em outras parcelas, por se configurar "bis in idem"."
no art. 3º, II da Lei nº 7064/82 e aplicável, por analogia, às demais Pois bem.
esferas normativas do direito laboral, inclusive no que tange às Segundo leciona o Ministro Maurício Godinho Delgado (Curso de
normas coletivas, faz-se necessário verificar se houve prejuízo direito do trabalho, 8ª ed., São Paulo: LTr., 2009, p. 783), são dois
unicamente ao reclamante, em específico, quanto ao tema das os requisitos para que surja o direito à remuneração das horas in
horas "in itinere". itinere. O primeiro, é que o trabalhador seja transportado por veículo
Além disso, há um patamar mínimo civilizatório de direitos, fornecido pelo empregador. O segundo, que pode se consumar de
conforme leciona o Exmo. Ministro Maurício Godinho Delgado, modo alternativo, exige que o local de trabalho seja de difícil acesso
infenso à negociação coletiva, constituído pelas normas de saúde e ou que não esteja servido por transporte público regular. Essa é a
segurança no trabalho, às normas de direitos fundamentais leitura que se faz do conteúdo do artigo 58, § 2º, inserido na CLT,
previstas em diplomas internacionais e as normas mínimas por força da Lei nº 10.234/01, e da Súmula nº 90 do C. TST, in
previstas na nossa Constituição Federal. verbis:
Pautado nisso, concluo que não assiste razão à reclamada ao Art. 58. A duração normal do trabalho, para os empregados em
sustentar que não seriam devidas horas in itinere porque o ACT qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias,
vedaria tal direito. Isso porque é possível negociar o tempo e a desde que não seja fixado expressamente outro limite.
natureza da parcela e não a eliminar o direito em prejuízo exclusivo §1º omissis.
do trabalhador, sendo que o fornecimento de transporte pela § 2º O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e
empresa era feito o desconto de até 6% do salário do trabalhador, o para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será
que reforça o prejuízo exclusivo ao reclamante. computado na jornada do trabalho, salvo quando, tratando-se de
Analisando os cartões de ponto, verifico que a parte reclamante local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o

empregador fornecer a condução. aguardo de autorização para a realização dos serviços, razão pela
SUM-90 HORAS "IN ITINERE". TEMPO DE SERVIÇO qual a hipótese não enseja o elastecimento da jornada, para efeito
I - O tempo despendido pelo empregado, em condução fornecida de possível percepção de horas suplementares.
pelo empregador, até o local de trabalho de difícil acesso, ou não Ora, não se pode considerar que, no tempo em que ficava
servido por transporte público regular, e para o seu retorno é esperando pelo transporte (condução) fornecido pela empresa,
computável na jornada de trabalho. embora nas dependências da mesma, o obreiro permanecia jungido
II - A incompatibilidade entre os horários de início e término da ao poder diretivo do empregador. Não é razoável supor que, depois
jornada do empregado e os do transporte público regular é de encerrar suas atividades, poderia o trabalhador ser instado a
circunstância que também gera o direito às horas "in itinere". ativar-se em favor do empreendimento. Não se cuidando, portanto,
III - A mera insuficiência de transporte público não enseja o de período laborado.
pagamento de horas "in itinere". Nesse sentido, recentíssimo julgado desta Turma, sob idêntica
IV - Se houver transporte público regular em parte do trajeto Relatoria:
percorrido em condução da empresa, as horas "in itinere" EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. TEMPO DE ESPERA PELO
remuneradas limitam-se ao trecho não alcançado pelo transporte TRANSPORTE FORNECIDO PELA EMPRESA. NÃO
público. INTEGRAÇÃO À JORNADA DE TRABALHO. Para a
V - Considerando que as horas "in itinere" são computáveis na caracterização do "tempo à disposição" do empregador, é
jornada de trabalho, o tempo que extrapola a jornada legal é necessária a execução de ordens pelo empregado ou, no mínimo, o
considerado como extraordinário e sobre ele deve incidir o adicional aguardo de autorização para a realização dos serviços, razão pela
respectivo. qual a hipótese não enseja o elastecimento da jornada, para efeito
Ante os termos da inicial e da defesa, resultou incontroverso nos de possível percepção de horas suplementares. Não se pode
autos o fornecimento de transporte aos empregados, pela considerar que, nos tempos em que ficava esperando pelo
reclamada, até o local de efetivo labor, bem como que as horas de transporte (condução) fornecido pela empresa, embora nas
trajeto não eram computadas nos controles de frequência. dependências da mesma, o obreiro permanecia jungido ao poder
Quanto ao segundo pressuposto, cabia à demandada, nos termos diretivo do empregador. Não é razoável supor que, depois de
dos arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC/2015, o ônus da prova sobre encerrar suas atividades, poderia o trabalhador ser instado a ativar-
a existência de transporte público regular na região, compatível com se em favor do empreendimento. Não se cuidando, portanto, de
os horários de trabalho (Súmula nº 90, II, do TST), já que suscitou período laborado. Apelo improvido. (Processo: RO - 0000819-
tal fato impeditivo do direito perseguido pelo demandante. 31.2015.5.06.0191, Redator: Maria Clara Saboya Albuquerque
Isto posto, observo que foi considerada, na sentença, a inexistência Bernardino, Data de julgamento: 23/02/2018, Terceira Turma, Data
de transporte público regular tão somente no trecho entre a Usina da assinatura: 27/02/2018)
São José e a sede da demandada, o que, de fato, restou Dessa forma, dou provimento parcial ao apelo, para excluir a
demonstrado por meio do depoimento da testemunha do autor ("que condenação ao pagamento de 15 minutos, como hora extra, pelo
existe ônibus de linha da sua casa ate a Usina são José, mas não tempo à disposição/espera.
até a sede da reclamada"), sem que a reclamada tenha produzido Do adicional de insalubridade. Dos honorários periciais.
prova em sentido diverso. A demandada rebate o deferimento de adicional de insalubridade.
Assim, em que pese à afirmação da reclamada de que o local da Impugna o teor do laudo pericial e enfatiza o fato do obreiro já
prestação de serviço é de fácil acesso e servido em sua inteireza receber adicional de periculosidade, pelo que seria vedada a
por transporte público regular, o conjunto probatório não a percepção das duas parcelas cumulativamente. Ad cautelam, pugna
favoreceu totalmente, razão pela qual justo se mostra o pela redução dos honorários periciais.
arbitramento realizado pelo Douto Magistrado sentenciante (35 Quanto à matéria em foco, decidiu o Juízo a quo:
minutos de horas "in itinere"). Mantenho, assim, a condenação ao Adicional de insalubridade
pagamento de horas in itinere. Em sua peça de defesa, a reclamada aduziu a impossibilidade do
Por outro lado, a decisão revisanda merece reforma com relação ao pagamento cumulativo dos adicionais de insalubridade e de
tempo de espera pelo transporte. periculosidade, pautando-se no conteúdo do art. 193, § 2º, da CLT.
Para a caracterização do "tempo à disposição" do empregador, é Sobre o tema, as Convenções 148 (art. 8º) e 155 (art. 11) da OIT
necessária a execução de ordens pelo empregado ou, no mínimo, o dispõem que todos os fatores de riscos devem ser levados em

conta em matéria de saúde e segurança no trabalho, nos seguintes caso específico do reclamante, assim concluiu:
termos: "(...) Pelo exposto, observado o nexo causal entre o
Art. 8º, 3. Os critérios e limites de exposição deverão ser fixados, descumprimento da norma e as condições laborais do reclamante,
completados e revisados a intervalos regulares, de conformidade fica evidenciado o labor em condições insalubres de grau máximo
com os novos conhecimentos e dados nacionais e internacionais, e (40%), durante todo o pacto laboral, pelos agentes ruído e agentes
tendo em conta, na medida do possível, qualquer aumento dos químicos, nos termos da Norma Regulamentadora nº 15 da Portaria
riscos profissionais resultante da exposição simultânea a vários nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego, conforme
fatores nocivos no local de trabalho. observações e dados coletados na diligência pericial.
Art. 11. Com a finalidade de tornar efetiva a política referida no Oportunamente, observo que nas fichas financeiras acostadas aos
artigo 4 da presente Convenção, a autoridade ou as autoridades autos (Id. bb9008d, 1cf8eae) havia pagamento do adicional de
competentes deverão garantir a realização progressiva das periculosidade, no percentual de 30% sobre o salário do obreiro,
seguintes tarefas: (...) b) a determinação das operações e durante todo pacto laboral. (...)"
processos que serão proibidos, limitados ou sujeitos à autorização Destaco que o laudo pericial deve prevalecer sobre as demais
ou ao controle da autoridade ou autoridades competentes, assim provas produzidas pelas partes. Primeiro porque foi analisado o
como a determinação das substâncias e agentes aos quais estará labor específico do reclamante, com suas atividades desenvolvidas
proibida a exposição no trabalho, ou bem limitada ou sujeita à e, segundo, porque foram analisadas as entregas de EPIs para o
autorização ou ao controle da autoridade ou autoridades reclamante, sendo certo que é possível que cada trabalhador tenha
competentes; deverão ser levados em consideração os riscos para recebido EPIs em épocas e periodicidades diversas.
a saúde decorrentes da exposição simultâneas a diversas Ainda, o ilustre perito foi até o local de trabalho e fez as devidas
substâncias ou agentes; medições e constatações "in loco".
O STF já se manifestou no sentido do acolhimento da técnica do Por esses motivos, julgo o pedido de pagamento de adicional de
controle de convencionalidade, como, por exemplo, nas decisões insalubridade procedente no importe de 40% sobre o salário
proferidas no julgamento conjunto do RE 349.703, RE 466.343 e mínimo.
dos HC's nº 87.585 e nº 92.566 acerca da prisão civil do depositário Pela natureza de salário condicional, procedemos reflexos em
infiel. aviso prévio, férias com 1/3, 13º salários e FGTS mais 40%."
Destaco que, em referidas decisões, o STF firmou o entendimento Conforme se vislumbra da decisão acima, o Juiz de Primeiro Grau,
de que os tratados internacionais de direitos humanos possuem com base em perícia técnica e esclarecimentos, que conclui pela
natureza constitucional, caso aprovados segundos os requisitos existência de insalubridade no labor desempenhado pelo obreiro,
para aprovação de emenda constitucional, ou natureza supralegal, deferiu o adicional postulado, registrando, ainda, o seu
na hipótese de aprovação sem os requisitos das emendas entendimento acerca da possibilidade de acumulação com o
constitucionais. adicional de periculosidade já pago ao obreiro.
Desse modo, em atenção a hierarquia das normas, o art. 193, §2º, Pois bem.
da CLT não deve prevalecer no que tange a impossibilidade de Com relação ao laudo pericial, registro, de logo, que o mesmo se
cumulação dos adicionais de insalubridade e periculosidade, uma encontra devidamente fundamentado, tendo o Perito procedido a
vez que as mencionadas Convenções da OIT, cuja natureza é uma visita técnica no local de trabalho do autor e analisado as
supralegal, preveem que todos os fatores de risco devem ser atividades por ele exercidas, bem como a legislação pertinente,
levados em conta em matéria de saúde e segurança no trabalho. concluindo pela ocorrência de insalubridade, não havendo
Nesse sentido, o TST já se prenunciou ao julgar o processo de nº elementos de prova aptos a infirmar as conclusões ofertadas.
TST-RR-1072-72.2011.5.02.0384. Por outro lado, na exegese do art. 193, §2º, da CLT, não é possível
Por essas razões, por meio do controle difuso de a percepção acumulada dos adicionais de periculosidade (o obreiro
convencionalidade, reconheço a invalidade do art. 193, §2º, da CLT, o recebeu) e insalubridade (pleito sob debruço), posto que dada ao
por ser incompatível com os dispositivos acima mencionados das empregado a faculdade de escolha pelo que lhe seja mais benéfico.
normas de natureza supralegal das Convenções 148 e 155 da OIT. É o que giza a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho:
Consequentemente, reconheço a possibilidade de cumulação dos AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMANTE. (...) 2.
adicionais de insalubridade e de periculosidade. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. ADICIONAL DE
No laudo pericial produzido nos autos, o ilustre perito ao analisar o PERICULOSIDADE. CUMULAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. ARTIGO

193, § 2º, DA CLT. PROVIMENTO. Cinge-se a presente Por essa razão, dou provimento parcial ao apelo, para limitar a
controvérsia em estabelecer se existe a possibilidade de condenação às diferenças existentes entre os adicionais de
acumulação dos adicionais de insalubridade e periculosidade, periculosidade e de insalubridade, presumindo-se mais benéfico o
quando as funções desempenhadas sejam insalubres e perigosas. de insalubridade, o que deverá ser observado, a rigor, em sede
O artigo 193, § 2º, da CLT assegura ao empregado a possibilidade liquidatória.
de optar, caso as funções desempenhadas sejam Com relação aos honorários periciais, em que pese inexistam
concomitantemente insalubres e perigosas, pelo adicional que lhe critérios objetivos para o seu arbitramento, o mesmo deve ser fixado
seja mais vantajoso, a saber: o de periculosidade ou insalubridade. tendo como espelho o princípio da equidade, e guardar proporções
Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. (ARR - 195- com o trabalho técnico executado, observando, ainda, a natureza da
23.2011.5.12.0007 , Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo perícia, equipamentos e materiais utilizados, tempo despendido na
Bastos, Data de Julgamento: 26/10/2016, 5ª Turma, Data de inspeção, confecção do laudo e esclarecimentos em audiência,
Publicação: DEJT 04.11.2016) dificuldades para elaboração da perícia, decorrentes de entraves
AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMANTE. (...) RECURSO criados pelas partes, ou do próprio trabalho, e despesas.
DE REVISTA DO RECLAMANTE. ADICIONAL DE E, assim, consoante análise do laudo pericial, o grau de dificuldade
INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE. CONTROVÉRSIA técnica para sua elaboração, o tempo despendido nos trabalhos
SOBRE O DIREITO À CUMULAÇÃO DOS ADICIONAIS. Cinge-se (laudo e esclarecimento), a razoabilidade e proporcionalidade e de
a controvérsia sobre a possibilidade de recebimento cumulado dos acordo com a média adotada por este Regional, reputo razoável o
adicionais de periculosidade e insalubridade. No julgamento do montante arbitrado na sentença, qual seja, R$ 1.800,00.
Processo TST-E-RR-1072-72.2011.5.02.0384, Rel. Min. Renato de Apelo parcialmente provido, no aspecto.Dos descontos.
Lacerda Paiva, julgado em 13.10.2016, prevaleceu o entendimento Com relação aos descontos a título de atraso, sustenta que os
de não ser possível a cumulação dos adicionais de insalubridade e mesmos se referiam, apenas, aos casos em que a culpa pelo atraso
periculosidade, nos termos do disposto no art. 193, § 2º, da CLT, era, exclusivamente do obreiro, uma vez que, quando se dava pelo
mesmo havendo exposição do empregado a dois agentes diversos, atraso do transporte, os mesmos eram abonados ("abono da
a um perigo e a uma lesão à saúde, quer por causa de pedir gerência").
distinta, quer por causa de pedir única, sendo assegurado ao Eis os termos da sentença, no particular:
empregado o direito de opção pelo recebimento de um desses "Descontos
adicionais que melhor lhe favoreça. Em atenção ao mais recente O art. 462 da CLT é claro ao prever a intangibilidade salarial de
entendimento que prevaleceu no âmbito da SBDI-1, não é possível modo de que somente poderá incidir descontos quando decorrer de
a cumulação dos adicionais de insalubridade e periculosidade. lei, negociação coletiva ou, excepcionalmente, por concordância
Recurso de revista conhecido e não provido. (...) (RR - 20529- expressa do trabalhador.
74.2014.5.04.0014 , Relator Ministro: Augusto César Leite de O reclamante requereu a devolução de descontos a título de atraso.
Carvalho, Data de Julgamento: 19/10/2016, 6ª Turma, Data de Incontroverso que o reclamante ia para a empresa em veículo
Publicação: DEJT 11.11.2016) fornecido por ela, ou seja, eventuais atrasos eram,
In casu, as fichas financeiras anexadas aos fólios (ID bb9008d e necessariamente, decorrentes da chegada do veículo, já que não há
1cf8eae) noticiam que o reclamante recebeu, durante todo o provas de que o reclamante atrasou no emprego por culpa sua.
período de vigência do contrato de trabalho, adicional de Nessa toada, julgo procedente o pedido de devolução dos
periculosidade à razão de 30% sobre o salário básico, superior ao descontos efetuados a título de "atrasos", observando-se os
mínimo legal. De outra parte, foi reconhecida, na sentença contracheques nos autos."
(embasada em laudo pericial), a existência de insalubridade em Nada a alterar.
grau médio a ensejar a percepção de adicional de 40% sobre o Em primeiro lugar, quanto aos atrasos abonados pela empresa, de
salário mínimo. fato, estes não eram descontados pela empresa, como se verifica
Assim, constatado que as funções desempenhadas pelo obreiro dos contracheques, mas a condenação se restringiu aos valores
são, concomitantemente, insalubres e perigosas, o artigo 193, § 2º, efetivamente descontados nos comprovantes de pagamento. Assim,
da CLT, assegura ao empregado a possibilidade de optar pelo inócuo o apelo, no ponto.
adicional que lhe seja mais vantajoso, mas não o recebimento de Em relação aos demais descontos, ou seja, àquelas quantias
ambos, como já pontuado. efetivamente descontadas do empregado, que se encontram

consignadas nas respectivas fichas financeiras, o ônus da prova

PODER
cabia à empresa, que alegou terem sido efetuados em virtude de o
JUDICIÁRIO
obreiro ter dado razão aos descontos. Aplica-se à hipótese o art.
373, II, do NCPC. E de tal encargo não se desincumbiu a contento. Fundamentação
Nego provimento." RECURSO DE REVISTA
Confrontando os argumentos da parte recorrente com os Trata-se de Recurso de Revista interposto por GILBERTO JOSÉ
fundamentos do acórdão regional, tenho que a revista não comporta DIONÍZIO EVANGELISTA, nos autos da Reclamação Trabalhista
processamento, pois, além de não vislumbrar as violações 0000583-76.2016.5.06.0019, figurando COMÉRCIO NACIONAL DE
apontadas, verifico que o Regional decidiu as questões veiculadas CARTÕES TELEFÔNICOS LTDA. e TIM CELULAR S.A como
no presente apelo com base no conjunto probatório contido nos recorridos.
autos, na legislação pertinente à matéria e em sintonia com as PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Súmulas nº 90 e 289 do TST. Ademais, a apreciação das alegações O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão
da parte recorrente, como expostas, diante do que restou recorrida se deu em 11.09.2018 e a apresentação das razões
consignado no acórdão impugnado, implicaria, necessariamente, o recursais em 21.09.2018, conforme se pode ver dos documentos
reexame de fatos e provas, o que não é possível por meio desta via Ids 7b5280a e e2bf84b.
recursal (Súmula nº 126 do TST). A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
CONCLUSÃO 5d6c8de).
Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista. Preparo inexigível (Id 14fdd80).
Cumpram-se as formalidades legais. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Intimem-se. DO INTERVALO INTRAJORNADA
Alegações:
vo/ae - contrariedade à Súmula 338, item I, do TST;
- violação ao artigo 62, inciso I, da CLT; e
- divergência jurisprudencial.
Assinatura Atendendo aos requisitos previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III,
RECIFE, 25 de Outubro de 2018 da CLT, a parte recorrente insurge-se contra a decisão do
Colegiado Regional de manter o indeferimento das horas extras
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO referentes ao intervalo intrajornada perseguidas. Argumenta que,
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região sendo a jornada passível de fiscalização, restam devidas as horas
Decisão do intervalo intrajornada, diante da invalidade dos registros de

Processo Nº RO-0000583-76.2016.5.06.0019
horário, nos termos da Súmula 338, item I, do TST. Ressalta que a
Relator PAULO ALCANTARA
RECORRENTE GILBERTO JOSE DIONIZIO jurisprudência colacionada reconhece que, afastada a aplicação do
EVANGELISTA
artigo 62, inciso I, da CLT, o trabalhador tem direito ao pagamento
ADVOGADO ISADORA COELHO DE AMORIM
OLIVEIRA(OAB: 16455-D/PE) das horas extraordinárias, inclusive aquelas referentes ao intervalo
ADVOGADO CLAUDIO GONCALVES
GUERRA(OAB: 29252-A/PB) intrajornada. Alega que incumbia à reclamada demonstrar que ele
RECORRIDO COMERCIO NACIONAL DE gozava regularmente do tempo destinado à refeição, o que não
CARTOES TELEFONICOS LTDA
ADVOGADO Aurélio Cézar Tavares Filho(OAB: ocorreu. Diz que deverá ser observado o adicional devido para as
12865-D/PE)
horas extras, nos moldes da Súmula 437 do TST.
RECORRIDO TIM CELULAR S.A.
ADVOGADO MARCOS VINICIUS GOMES DOS Do acórdão impugnado, extraio os seguintes fundamentos (Id
SANTOS(OAB: 29182/PE)
47a470f):
ADVOGADO PRISCYLLA ARLEGO TAVARES
DIAS(OAB: 38632/PE) "(...)
Intervalo intrajornada
- COMERCIO NACIONAL DE CARTOES TELEFONICOS LTDA Quanto ao intervalo intrajornada, não me parece razoável supor que
- GILBERTO JOSE DIONIZIO EVANGELISTA o reclamante, cumprindo jornada de trabalho em sua maior parte
- TIM CELULAR S.A.
fora das dependências da empresa ré, gozasse de apenas 30
(trinta) minutos para refeição e descanso.

Ademais, como o reclamante era responsável pela fruição deste, Fundamentação
dadas as peculiaridades dos serviços realizados, tenho que usufruía RECURSO DE REVISTA
01 hora de intervalo intrajornada. Trata-se de Recurso de Revista interposto por POSTO MODELO
Assim, não houve prova convincente acerca da impossibilidade de LTDA., em face de acórdão proferido em sede de recurso ordinário,
fruição de uma hora para refeição e descanso. De se ressaltar que nos autos da Reclamação Trabalhista nº 0000846-
a Súmula 338 do C. TST tampouco se aplica no caso, na medida 42.2015.5.06.0020, figurando, como recorrida, CIRLENE GOMES
em que a exigência legal está restrita à pré-assinalação da pausa. FREIRE SINÍCIO.
Destarte, amparado no princípio da razoabilidade para concluir que PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
o reclamante, diariamente, gozava de 01h00 de intervalo O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão
intrajornada para descanso e refeição, razão pela qual nego recorrida se deu em 14.09.2018 e a apresentação das razões
provimento ao apelo." recursais em 26.09.2018 (Ids 45aa822 e 370f1a2).
Confrontando os argumentos da parte recorrente com a A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Ids
fundamentação da decisão recorrida, mostra-se inviável o cf7da87).
seguimento do recurso, tendo em vista que a Turma decidiu a Preparo satisfeito (Ids 6ee3de8, 2a459b0, 967f8ce, d58d64e e
questão com base nas normas pertinentes à matéria, consistindo o d94b03d).
insurgimento do recorrente, quando muito, em interpretação diversa PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
daquela conferida pelo Regional. Ademais, a pretensão da HORAS EXTRAS
recorrente cinge-se ao reexame de fatos e provas, o que impede o INTERVALO INTRAJORNADA
seguimento do recurso de revista, a teor da Súmula 126 do TST. COMPENSAÇÃO
CONCLUSÃO Alegações:
Diante do exposto, DENEGO seguimento ao Recurso de Revista. - violação aos artigos 62, II, 467, 477 e 818 da CLT; 373 do CPC; e
Cumpram-se as formalidades legais. - divergência jurisprudencial.
Intimem-se. Atendendo aos requisitos formais para conhecimento do apelo,
vo/AE previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, o recorrente
insurge-se contra o reconhecimento da Segunda Turma que deferiu
Assinatura o pagamento de horas extras, intervalo intrajornada e repercussões.
RECIFE, 25 de Outubro de 2018 Argumenta que a função exercida pela reclamante é incompatível
com o direito à remuneração de horas extras por desempenhar
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO cargo de gerente, enquadrando-se na hipótese do art. 62, II, da
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região CLT. Requer a exclusão das horas extras, do intervalo intrajornada
Decisão e repercussões. Alega que, na função de gerente, a autora
Processo Nº RO-0000846-42.2015.5.06.0020
Relator PAULO ALCANTARA fiscalizava os demais funcionários, punindo, promovendo, admitindo
RECORRENTE POSTO MODELO LTDA e dispensando os mesmos. Diz, ainda, que a reclamante era
ADVOGADO BRUNO PIRES MALAQUIAS(OAB:
21844-D/PE) responsável pela gestão administrativa e financeira do posto,
ADVOGADO ANDRESSA LUCENA COSTA(OAB: respondendo pelo estabelecimento comercial na ausência do
26104-D/PE)
ADVOGADO BRUNO BUARQUE DE proprietário e pelo recebimento de combustíveis. Ressalta que não
GUSMAO(OAB: 24456-D/PE)
havia obrigatoriedade da assinatura de cartões de ponto, em virtude
RECORRIDO CIRLENE GOMES FREIRE SINICIO
ADVOGADO CEZAR AUGUSTO FERNANDES da liberdade de horário da reclamante. Por fim, observa que a
funcionária recebia gratificação de função nos termos previstos no
Intimado(s)/Citado(s): parágrafo único do referido dispositivo legal. Alternativamente, pede
- CIRLENE GOMES FREIRE SINICIO a compensação da gratificação de função já paga, na fase de

- POSTO MODELO LTDA liquidação.
Do acórdão impugnado, transcrevo os seguintes trechos:
Das horas extras, do intervalo intrajornada e repercussões
PODER A tese recursal é da impossibilidade da condenação no pagamento
JUDICIÁRIO de horas extras, ao argumento de que a função exercida pela

reclamante é incompatível com o direito à remuneração de horas advertência e suspensão, e quanto à dispensa, quem realiza é o
extras por desempenhar cargo de gerente, enquadrando-se na pessoal de RH por indicação do gerente, que informa ao RH os
hipótese do art. 62, II, da CLT. Requerendo a exclusão das horas motivos para aplicação da dispensa; QUE na função de gerente,
extras, do intervalo intrajornada e repercussões, afirma que, na exercia as seguintes funções: recebimento de combustível vindo
função de gerente, a autora fiscalizava os demais funcionários, dos caminhões, fechamento do caixa, organização do posto,
punindo, promovendo, admitindo e dispensando os mesmos. Diz, depósitos, definir a escala de trabalho e folga dos frentistas, verificar
ainda, que a reclamante era responsável pela gestão administrativa se os trabalhadores estão no padrão exigido pela reclamada
e financeira do posto, respondendo pelo estabelecimento comercial (fardamento); QUE não exerce a atividade de limpeza, nem ao
na ausência do proprietário e pelo recebimento de combustíveis. menos a do seu escritório; QUE é possível o gerente abastecer
Ressalta que não havia obrigatoriedade da assinatura de cartões de veículos, limpar parabrisa, verificação do motor do carro, em virtude
ponto, em virtude da liberdade de horário da reclamante. E, por fim, do movimento do posto, mas não era responsável pelo pagamento
observa que a funcionária recebia gratificação de função nos termos do combustível pelos clientes; QUE a função de gerente não exige a
previstos no parágrafo único do referido dispositivo legal. digitação constante, mas apenas em poucas oportunidades, para o
Ao exame. desempenho das seguintes atividades: preenchimento de duas
O Juízo de origem, não reconhecendo o exercício de cargo de planilhas diárias, fazer pedido de produtos, emissão de notas e
confiança com remuneração diferenciada, entendeu que a envio de e-mails, atividades estas que eram diárias; QUE, na função
reclamante não estava enquadrada na exceção prevista na regra de gerente, tem contato com os donos da reclamada, Sr. José
legal e deferiu o pleito relacionado à jornada de trabalho. Bartolomeu, conhecido como Júnior, e a Sra. Tarsila; QUE o
Com efeito, sustentando o enquadramento da obreira no art. 62, II, tratamento dispensado pelo Sr. Bartolomeu ao depoente é normal;
da CLT, a reclamada atraiu para si o ônus da prova quanto ao fato QUE nunca presenciou, nem ouviu falar, o Sr. Bartolomeu xingando
obstativo ao direito perseguido pela autora (art. 818 da CLT), ou tratando de forma abusiva outros empregados; QUE não há a
encargo que, a meu ver, ela não se desincumbiu a contento. determinação para o gerente abastecer veículos, e o depoente o faz
Dispõe o referido dispositivo, textual: de livre espontânea vontade, quando não está ocupado com as
Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo: funções da gerência; QUE não tem autonomia para realizar
(...) diligências externas, como em órgãos públicos, representando o
II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de empregador; QUE pode almoçar tanto no posto como em qualquer
gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste outro local, a exemplo de restaurantes; QUE, no exercício da função
artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial. de supervisor, realizava a supervisão de todos os postos, inclusive
Aquele que exerce cargo de confiança, estando inserido na hipótese do M4; QUE não há hierarquia entre o supervisor e os gerentes,
prevista no artigo 62, II, da CLT, tem por atuação a tomada de pois estes se reportavam ao proprietário da reclamada, mas afirma
decisões que trazem em si o potencial de direcionar os destinos da que havia subordinação entre os frentistas e o supervisor; QUE na
unidade empresarial, atuando como verdadeiro representante do função de supervisor, não poderia aplicar sanções aos frentistas, e
empregador, desempenhando encargos de mando e gestão, caso verificasse alguma irregularidade, reportava ao gerente;"
exercendo funções de comando, distribuindo tarefas e cobrando sua (destaquei)
execução, pressupondo o recebimento de salário diferenciado, A partir do depoimento da testemunha da reclamada, colhido nos
próprio à espécie. autos, demonstrado está que a reclamante, como gerente de loja,
Em análise ao conjunto probatório existente no caderno processual, não tinha autoridade para decidir sobre as questões relevantes de
observa-se do depoimento da única testemunha apresentada pela sua atuação, não ficando comprovado que pudesse demitir ou
reclamada que a autora, embora exercendo a função de gerente de admitir empregado, assim como não tinha autonomia para realizar
loja, não detinha poder de mando e gestão capaz de ser inserido na diligências externas, como em órgãos públicos, representando a
regra contida naquele dispositivo. empregadora.
À ilustração, trago o trecho do depoimento da testemunha, Sr. Friso que o fato de receber gratificação por cargo de confiança, por
JOSÉ OTÁVIO ANDRADE DA SILVA (ID. f53a8cd - Pág. 3/4): si só, não tem o condão de provar que a demandante de fato
"QUE quem realiza a contratação de frentistas é o RH; QUE cabe exercia essa função.
ao gerente solicitar funcionários, mas a contratação é feita pelo RH; Dessa forma, a reclamada nada trouxe aos autos que comprovasse
QUE o gerente tem liberdade para aplicar as sanções de sua tese, aplicável à reclamante o regime geral de duração de

trabalho, previsto no Capítulo II do Título II da CLT. considerou a prova testemunhal para efeito de arbitramento da
Ante a alegação da reclamada de estar a demandante dispensada jornada de trabalho da reclamante, ao fixar como sendo das 07h às
de qualquer anotação, não vieram aos autos nenhum registro de 18:30h, de segunda a sexta, e das 07h às 12h aos sábados, com 1h
jornada, devendo ser averiguada a jornada efetivamente cumprida de intervalo intrajornada às segundas, quartas e sextas.
pelo reclamante. Portanto, mantenho o julgado que determinou a apuração das horas
Sabe-se que a não apresentação injustificada desses controles de extras, considerando o sobrelabor que ultrapassar a 8ª hora diária e
frequência enseja a inversão específica do onus probandi, a 44ª hora semanal. Permanecem também como já determinadas
presumindo-se verídica a jornada de trabalho apontada na exordial, na sentença vergastada as repercussões das horas extras e as
caso não elidida por prova em contrário. Inteligência do artigo 359, I, deduções dos valores que se encontram comprovados nos autos, já
do CPC, e da Súmula nº 338, I, do C. TST, in litteris: pagos quanto a esse título.
Art. 359. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os No que diz respeito ao intervalo intrajornada e reflexos, entendo
fatos que, por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia também não merecer reforma a decisão impugnada, porquanto
provar: desconstituída a tese da reclamada de que a autora exercera
I - se o requerido não efetuar a exibição, nem fizer qualquer função de confiança.
declaração no prazo do art. 357; Aliás, o que se percebe é que a reclamante, no período em que
JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA laborou como gerente de loja não usufruía o intervalo intrajornada, o
(incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da que não encontra respaldo em nosso arcabouço jurídico,
SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 principalmente considerando tratar-se de matéria de ordem pública,
I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) destinada a preservação da saúde física e mental do trabalhador.
empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § Diante da ausência de cartões de ponto, os dias de vigência
2º, da CLT. A não apresentação injustificada dos controles de contratual devem ser considerados de efetivo labor, excluindo-se do
frequência gera presunção relativa de veracidade da jornada de cômputo os períodos de férias, de licença e demais afastamentos
trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula da obreira devidamente comprovados. Esclareço que não há
nº 338 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) [...] valores a serem deduzidos, visto que não há demonstração nos
Com efeito, não obstante se presumir verídicas as alegações autos de qualquer pagamento a título de horas extras.
lançadas na inicial quanto à jornada laboral, ante a ausência dos Nego provimento ao recurso patronal.
controles de jornada válidos, impõe-se analisar a pretensão da Do confronto entre os fundamentos expendidos e as razões
reclamante, no caso concreto, inclusive pelas suas peculiaridades, recursais apresentadas pela parte recorrente, não vislumbro as
de acordo as provas colacionadas nos autos, pois, tal presunção violações apontadas. O Regional decidiu as questões veiculadas no
não afasta o dever do órgão judicante de analisar cada pedido, presente apelo com base na legislação pertinente à espécie, nos
observando a prova dos autos e a lei, aplicando-a ao caso concreto. elementos contidos nos autos e na diretriz traçada na Súmula 338,
Assim sendo, a devolução meritória perpassa pela análise da I, do TST; sendo certo que, estando a decisão impugnada em
extensão dos efeitos da presunção de veracidade da jornada consonância com a jurisprudência atual, iterativa e notória do Órgão
declinada na peça de ingresso, na aplicação do artigo 818 da CLT e de Cúpula da Justiça do Trabalho, não há falar em divergência
Súmula 338, I, do C. TST. jurisprudencial apta ao confronto de teses, tendo vista o que prevê a
De logo, tenho que a presunção de veracidade da jornada declinada Súmula nº 333 daquela mesma Corte Superior Trabalhista.
na inicial tem alcance relativo quanto a seus efeitos, promovendo De qualquer forma, as alegações lançadas pela parte no apelo, em
um acentuado valor das provas existentes nos autos com o fito de sentido contrário à decisão recorrida, somente seriam aferíveis por
elucidar a matéria fática, consoante princípio da primazia da meio de reexame fático, o que não é possível por meio desta via
realidade. Deve ser a presunção valorada, sopesada e cotejada ao recursal, restando inviabilizado, igualmente, o exame pertinente à
ponto de se harmonizar com os demais elementos de convicção. divergência jurisprudencial específica (Súmulas 126 e 296, I, do
Porquanto, não está a reclamante desobrigado de provas suas TST).
alegações, em especial quanto à realização de trabalho
extraordinário, não sobressaindo, a presunção, de modo absoluto Por fim, defiro o pedido de notificação exclusiva no nome dos
sobre as demais provas nos autos. advogados, BRUNO BUARQUE DE GUSMÃO, inscrito na OAB/PE
Nesse aspecto também bem andou a autoridade sentenciante que sob o n.º 24.456 e Dr. BRUNO PIRES MALAQUIAS, inscrito na

OAB/PE sob o n.º 21.844 Registre-se, inicialmente, que foi instaurado Incidente de
CONCLUSÃO Uniformização de Jurisprudência neste Egrégio Sexto Regional
Diante do exposto, DENEGO seguimento ao Recurso de Revista. sobre a seguinte questão jurídica: "O transporte de valores
Cumpram-se as formalidades legais. (numerários e cheques) realizado por motoristas e ajudantes de
entrega, atividade estranha ao contrato de emprego, caracteriza
ilicitude capaz de ensejar a reparação por danos
acmm/vmm extrapatrimoniais?", o que motivou o sobrestamento de todos os
processos que tratavam da matéria.
Ocorre, porém, que, na sessão do dia 29.05.2018, o Plenário deste
Tribunal, por maioria, resolveu extinguir o referido IUJ, sem
resolução do mérito, nos termos do artigo 485, VI, do Código de
Assinatura Processo Civil.
RECIFE, 25 de Outubro de 2018 Assim, passo ao exame.
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação do acórdão
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região se deu em 09.04.2018 e a apresentação das razões recursais em

Decisão 19.04.2018, conforme se pode ver dos documentos Ids 5000888 e
Processo Nº RO-0000214-42.2017.5.06.0312
Relator GISANE BARBOSA DE ARAUJO a0b85d1.
RECORRENTE NORSA REFRIGERANTES S.A A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
NEUENSCHWANDER(OAB: 2504f7d).
11839/PE)
Preparo em ordem (Ids 5b98013, 5a837fd e d73b2ac).
PARPINELLI(OAB: 18614/PE) PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
RECORRENTE REFRESCOS GUARARAPES LTDA
DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
NEUENSCHWANDER(OAB: DO QUANTUM INDENIZATÓRIO
11839/PE)
ADVOGADO PETERSON CAPUCHO Alegações:
- violação aos artigos 223-G da CLT; 186, 944, 954 e 927 do CC; 43
RECORRIDO EDILSON HONORATO DA SILVA
ADVOGADO RAFAEL PYRRHO CORREIA DE do Decreto-Lei
MELO(OAB: 35791/PE)
Nº 3.688/1941; e
DIAS(OAB: 37219/PE) - divergência jurisprudencial.
Atendendo os requisitos formais para conhecimento do seu apelo,

previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a parte recorrente
- EDILSON HONORATO DA SILVA
- NORSA REFRIGERANTES S.A insurge-se contra o posicionamento do Colegiado regional sob o
- REFRESCOS GUARARAPES LTDA argumento de que "É inexistente o dano moral que enseje direito à
reparação indenizatória, posto que não houve conduta ilícita, danos
e, menos ainda, foi demonstrada extensão ou nexo de causalidade
PODER entre os dois primeiros"; acrescentando que o valor arbitrado foi
JUDICIÁRIO excessivo, requerendo sua redução, em obediência aos princípios
da razoabilidade e proporcionalidade.
Fundamentação
Quanto aos temas epigrafados, segue transcrição do trecho do
RECURSOS DE REVISTA
acórdão impugnado (Id d9a3244):
Trata-se de Recurso de Revista interposto por NORSA
1. Indenização por danos morais em razão do transporte de
REFRIGERANTES LTDA (atual denominação da REFRESCOS
valores e quantum indenizatório (análise conjunta dos recursos
GUARARAPES LTDA.), em face de acórdão proferido em sede de
patronal e obreiro)
Recurso Ordinário, nos autos da Reclamação Trabalhista nº
(...)
0000214-42.2017.5.06.0312, figurando, como recorrido, EDILSON
O Juízo de primeiro grau deferiu indenização por danos morais
HONORATO DA SILVA.
postulada na peça vestibular, no importe de R$ 5.000,00 (cinco mil
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

reais), em face da equipe de entrega ser exposta a riscos No caso em exame, é fato incontroverso que o reclamante laborava
desnecessários devido ao recebimento de quantia dos clientes, o como ajudante de entregas, recebendo os numerários de cada
que acabava por gerar-lhes danos imateriais. cliente da demandada, quando efetuava a entrega de produtos,
Vejamos. colocando-os no cofre que fica instalado no caminhão. O
De acordo com o art. 186, do Código Civil em vigor, "aquele que, reclamante também alegou que "não há que se falar que o risco é
por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar apenas do motorista ou dos ajudantes de entregas, pois, todos
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, trabalham no mesmo veículo e o cofre de dinheiro é alocado no
comete ato ilícito". caminhão, podo em risco toda a equipe de entregas".
Todo ato praticado por terceiro que traga repercussão, de forma A prova emprestada contida nos autos confirma a prática do
danosa, ao patrimônio moral ou material da vítima, é ilícito. O dano transporte de valores, em quantia expressiva, chegando até o
material é aquele suscetível de apreciação econômica e o dano patamar de R$23.000,00 por dia de trabalho (fl. 858), pelos
moral é aquele que não possui natureza econômica, porém, causa, motoristas e ajudantes de entrega da reclamada. Também ficou
ao ofendido, desânimo, desconforto e, em muitas vezes, situações constatado que os empregados da ré não foram treinados para
vexatórias, humilhantes e constrangedoras, posto que este ocorre manusear numerário, bem como não havia escolta armada
na esfera subjetiva e alcança aspectos mais íntimos da fornecida pela empresa para garantir a segurança destes.
personalidade humana, trazendo, ainda, sérios problemas à vítima A análise da prova documental trazida pelo obreiro comprova a
no meio em que vive ou atua, bem como em relação a sua ocorrência de diversos assaltos envolvendo empregados da
reputação junto à comunidade. reclamada, conforme os boletins de ocorrência colacionados
(...) (fls.775/800).
É sabido que o dano moral pode ter origem em qualquer uma das A testemunha Renato Mendes da Silva em depoimento prestado
formas de relacionamento humano, tais como: político, familiar, nos autos do processo nº 0001439-31.2016.5.06.0313, cuja ata foi
negocial, individual etc. e, embora o conceito doutrinário seja um acostada como prova emprestada pela reclamada, disse que:
tanto variável, posto que, para alguns, dano moral é o "normalmente os pagamentos feitos pelos clientes são feitos à vista,
constrangimento experimentado em decorrência de uma lesão de em espécie; que raramente a reclamada aceita cheques e também
direito personalíssimo, enquanto para outros, consiste em dano é muito difícil que os clientes façam pagamento através de boletos;
extrapatrimonial, tenho que a mais acertada definição é aquela que tanto os ajudantes de entrega como o motorista podem receber
resultante da reunião de ambos os conceitos. os valores de clientes; que o cofre do carro é pequeno e já ocorreu
(...) de receberem R$ 23.000,00 de um cliente em Xucuru, distrito de
O respeito à honra, à vida privada, assim como à intimidade, ou Belo Jardim, e o numerário não caber no cofre; que esse cliente
seja, à integridade moral, por não se mostrar de forma visível e sempre fazia uma compra grande e sempre pagava em dinheiro;
palpável, assume a feição de direito fundamental, consagrado pelo que já recebeu R$ 300,00 em moedas e não havia espaço para
inciso X, do art. 5º, da Carta Magna vigente, gerando o direito à guardar o numerário; que todos ficavam preocupados com assaltos
indenização previsto nos incisos V e X, do artigo citado. e corriam para o veículo para tentar guardar logo o dinheiro, quando
No curso do contrato de trabalho, e até mesmo após o deslinde era possível; que não era da mesma equipe do reclamante, mas já
contratual, ocorrem inúmeras práticas suscetíveis de ofensa à trabalhou com ele algumas vezes; que os problemas relatados são
honra, à vida privada, à intimidade e à imagem, uma vez que a comuns às demais equipes; que já conversaram com os superiores,
posição de dependência econômica e subordinação faz com que o a fim de que acabasse com a possibilidade de pagamento em
obreiro, muitas vezes, não disponha de seus direitos trabalhistas espécie, por causa da falta de segurança; que já sofreu um assalto,
mais elementares, quanto mais de bens pessoais igualmente no qual havia 4 criminosos em 2 motos, os quais mandaram o
essenciais. depoente e os demais ficarem atrás do caminhão e eles
Salienta o reclamante que não há como assegurar que o mesmo arrombaram o cofre; que o depoente chegou a levar uma coronhada
não seria surpreendido por uma agressão física ou risco de vida, de um dos criminosos; que os criminosos levaram o dinheiro; que
sem contar com a tensão suportada diariamente em função dos outras equipes já sofreram assaltos, tendo uma equipe em 1
diversos assaltos que aconteceram diversas vezes durante o semana sofrido 3 assaltos; que não recebeu treinamento sobre o
transporte de mercadorias, comprovados mediante vários Boletins recebimento de valores; que não havia escolta para os veículos;
de Ocorrência anexados às fls. 775/800. que alguns clientes na rota do reclamante pagavam em boleto, mas

era em pequenas quantias, por exemplo, R$ 200 a 300". (fls. de assalto, em situação de constante intranquilidade e insegurança,
858/859) decorrente da conduta ilícita da ré de por em risco a integridade
O conjunto probatório dos autos deixa claro que os motoristas física e psíquica do trabalhador, faz presumir o dano moral, e, por
transportavam montantes consideráveis de numerário, aptos a consequência, o dever de reparação da lesão.
atrair a atenção de meliantes; e que os roubos ocorriam com Nessa circunstância, é induvidoso o abalo emocional do
certa frequência, inclusive, com o uso de armas de fogo. trabalhador incumbido dessa tarefa, caracterizando-se o dano
Nos termos do art. 3º, da Lei 7.102/83, o transporte de valores é moral in re ipsa, e restando inafastável o nexo de causalidade
atividade que deve ser desenvolvida por empresa especializada, ou, com a ilicitude perpetrada pela empregadora.
se realizada pela própria empresa, o empregado deve ser aprovado Presentes, portanto, os elementos configuradores do dever de
em curso de formação de vigilante autorizado pelo Ministério da indenizar.
Justiça e cujo sistema de segurança tenha parecer favorável à sua (...)
aprovação emitido pelo Ministério da Justiça. Mantenho a condenação imposta à reclamada.
Importante esclarecer que a exigência contida na referida lei de No que diz respeito à fixação do valor da indenização por danos
empresa especializada para o transporte de valores não se dá em morais, ensina REGINA BEATRIZ TAVARES DA SILVA, em matéria
razão apenas da deficiente segurança pública, mas pelo fato de que publicada na obra "Novo Código Civil - Questões Controvertidas",
o transporte de numerário é uma atividade periculosa, uma vez que Editora Método, ano 2003, página 262/267:
atrai a ação de grupos organizados para a prática de roubos e "Os critérios que devem ser utilizados na fixação do quantum
furtos. indenizatório, para avaliar a extensão do dano moral, são a
Diferentemente do que alega a reclamada, não se trata do compensação ao lesado e o desestímulo ao lesante.
reconhecimento desta, como empresa de transporte de valores. (...)
Não obstante ser dever do Estado promover a segurança pública, Nesse contexto, tendo em vista o quadro traçado nos presentes
nos termos do art. 144, caput, da Constituição Federal, não se pode autos, e considerando a conduta do ofensor, sua capacidade
isentar o empregador de adotar todas as medidas necessárias a fim econômica, o caráter pedagógico da indenização imposta (visando
de assegurar um meio ambiente de trabalho seguro. a inibir novo comportamento lesivo), a gravidade e extensão do
O que se questiona é o fato de a acionada não contratar serviço de dano, sua repercussão no meio social onde vivia e laborava a
transporte de valores por empresa especializada, ou, ainda, não vítima, a razoabilidade e o bom senso, considero justo e reparador
utilizar outros meios de recebimento das vendas efetuadas, como do dano causado à parte autora o montante de R$ 5.000,00 (cinco
por exemplo, o sistema bancário (transferências eletrônicas, mil reais), mormente em se verificando que, neste caso concreto, o
cobrança por meio de boletos, cartões de crédito) evitando que seus trabalhador não foi efetivamente assaltado em serviço.
empregados transportem valores monetários e estejam expostos a (...)
riscos superiores aos existentes na atividade para a qual foram Com essas considerações, nego provimento a ambos os recursos,
contratados. quanto ao tema em questão." (g.n)
Com efeito, o fato de a demanda exigir que o autor transportasse Quanto ao dano moral, o entendimento do órgão fracionário está em
numerário, sem o devido treinamento ou proteção, ou adoção dos consonância com a recente e iterativa interpretação dada à matéria
meios de segurança próprios das empresas especializadas em pela SBDI-1 dessa mesma Corte Superior. É o que se extrai do
transporte de valores, por óbvio que o expôs ao risco acentuado, seguinte precedente:
muito acima do que ocorre com o cidadão comum. "RECURSO DE EMBARGOS. REGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.
Ademais, as medidas de segurança adotadas pela reclamada não TRANSPORTE DE VALORES. EMPRESA DISTRIBUIDORA DE
têm surtido o efeito desejado, tendo em vista a ocorrência de BEBIDAS. EMPREGADO NÃO HABILITADO. DANO MORAL.
assaltos frequentes com seus empregados, que laboram INDENIZAÇÃO. 1. A eg. Quinta Turma deu provimento ao recurso
transportando valores. Prova disso, são os diversos boletins de de revista interposto pelo reclamante, sob o fundamento de que,
ocorrência acostados aos autos. Logo, não há que se cogitar de fato tratando-se de empresa de outro setor econômico, que não o de
de terceiro a fim de se eximir do dever de indenizar. segurança e transporte de valores, a realização habitual dessa
Outrossim, é cediço que a caracterização do dano moral, nestes atividade pelo empregado, sem a necessária habilitação técnico-
casos, prescinde da ocorrência de um fato criminoso. Isso porque o profissional, enseja o pagamento de indenização por dano moral,
simples fato de o empregado estar frequentemente sujeito ao risco em razão do descumprimento, pela empregadora, da exigência

expressa no art. 10, § 4º, da Lei nº 7.102/1983. 2. Demonstrado o não se cuida de valor irrisório, tampouco exorbitante. 5. Agravo de
dissenso pretoriano válido e específico, no tocante à hipótese de instrumento de que se conhece e a que se nega provimento" (AIRR
motorista de empresa distribuidora de bebidas, o recurso não logra - 1447-93.2011.5.06.0018 , Relator Ministro: João Oreste Dalazen,
êxito quanto ao mérito. A jurisprudência iterativa, notória e atual Data de Julgamento: 07/05/2014, 4ª Turma, Data de Publicação:
desta Corte é firme no sentido de que o direito à redução dos riscos DEJT 16/05/2014) - sem grifos no original.
inerentes ao trabalho, assegurado no art. 7º, XXII, da Constituição "EMENTA: RECURSO DE REVISTA - RESPONSABILIDADE CIVIL
Federal e disciplinado na legislação específica dos serviços de - ACIDENTE DO TRABALHO - DANOS MORAIS, MATERIAIS E
transporte de valores, impõe reconhecer a ilicitude da conduta da ESTÉTICOS O Eg. Tribunal Regional assinalou que, 'ao contrário
empresa que atribui essa atividade a empregado sem o devido dos argumentos da ré, o autor comprovou a existência do nexo de
treinamento, o que autoriza a manutenção da condenação ao causalidade entre o acidente tipo ocorrido em 16-01-12 e a cirurgia
pagamento da indenização por dano moral, configurado "in re ipsa". realizada em 11-05-2012, a qual foi realizada com a finalidade de
3. O transporte de valores em veículos da empresa, contendo cofre, tratar lesões originárias daquele sinistro', restando caracterizados os
evidencia o risco potencial a que estava submetido o empregado danos materiais, morais e estéticos. Entendimento diverso
responsável pela guarda do dinheiro recebido pelas vendas, sem o demandaria o revolvimento de matéria fático-probatória,
necessário treinamento para a função, não tendo relevância, para procedimento vedado pela Súmula nº 126 do TST. DANOS
esse fim, a discussão em torno do montante do numerário existente MORAIS E ESTÉTICOS - VALOR DA INDENIZAÇÃO O Eg. TRT,
no cofre. Recurso de embargos de que se conhece e a que se nega ao fixar o quantum indenizatório, pautou-se pelo princípio da
provimento.(E-RR - 514-11.2013.5.23.0008 , Relator Ministro: razoabilidade, com observância dos critérios de justiça e equidade,
Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 23/06/2016, não se justificando a excepcional intervenção desta Corte Superior.
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de (...)" (RR - 1646-34.2012.5.12.0012 , Relatora Ministra: Maria
Publicação: DEJT 01/07/2016) Cristina Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento: 14/10/2015, 8ª
Por outro lado, a reavaliação dos critérios de arbitramento da Turma, Data de Publicação: DEJT 16/10/2015) - sem grifos no
indenização por danos morais é matéria que demanda revolvimento original.
dos elementos probatórios dos autos, sendo certo que, consoante CONCLUSÃO
jurisprudência pacificada do TST, a sua análise em sede de Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
Recurso de Revista somente poderá ser feita em casos em que seja Cumpram-se as formalidades legais.
grosseira a afronta à proporcionalidade: Intimem-se.
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. DANO
MORAL. INDENIZAÇÃO. FIXAÇÃO DO VALOR. RAZOABILIDADE jrb/vmm
1. Na fixação do valor da indenização por dano moral, o órgão
jurisdicional deve valer-se dos critérios da razoabilidade e da Assinatura
proporcionalidade. 2. Há que atentar também para a gravidade RECIFE, 24 de Outubro de 2018
objetiva da lesão, a intensidade do sofrimento da vítima, o maior ou
menor poder econômico do ofensor, o caráter compensatório em VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
relação à vítima e repressivo em relação ao agente causador do Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
dano. 3. A excepcional intervenção do Tribunal Superior do Decisão

Processo Nº RO-0000192-72.2017.5.06.0121
Trabalho sobre o valor arbitrado, conforme jurisprudência Relator MARIA CLARA SABOYA
sedimentada, somente é concebível nas hipóteses de arbitramento
RECORRENTE MARIA ROSILDA SILVA DOURADO
de valor manifestamente irrisório, ou de valor manifestamente ADVOGADO CARLOS ROOSEVELT DINIZ
GOMES(OAB: 38816/PE)
exorbitante. Unicamente em tais casos extremos impulsiona-se o
RECORRIDO BOMBRIL S/A
recurso de revista ao conhecimento, por violação dos princípios da ADVOGADO EDUARDO PEREIRA TOMITAO(OAB:
166854/SP)
razoabilidade e da proporcionalidade insculpidos no art. 5º, V e/ou
X, da Constituição da República. 4. Caso em que o valor arbitrado Intimado(s)/Citado(s):

pelo Tribunal Regional do Trabalho, no importe de R$ 11.000,00 - BOMBRIL S/A
- MARIA ROSILDA SILVA DOURADO
(onze mil reais), não impulsiona o conhecimento do recurso de
revista por violação de lei ou da Constituição Federal, porquanto

analisá-la, realçando que se trata de matéria de ordem pública,
passível de conhecimento inclusive mediante atuação de ofício,

PODER
em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer
JUDICIÁRIO
o trânsito em julgado, nos termos do art. 485, V e § 3º, do
Fundamentação CPC/2015.
RECURSO DE REVISTA Isto posto, observo que, ao ajuizar a ação relativa ao Processo
Trata-se de Recurso de Revista interposto por BOMBRIL S/A, n.º 0001167-28.2016.5.06.0122 (ID e81b761), o SINDICATO DOS
em face de acórdão proferido em sede de Recurso Ordinário, TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS QUÍMICAS DO ESTADO
nos autos da Reclamação Trabalhista n.º 0000192- DE PERNAMBUCO atuou na defesa dos direitos individuais
72.2017.5.06.0121, figurando MARIA ROSILDA SILVA homogêneos de empregados e ex-empregados da empresa
DOURADO como recorrida. reclamada. Ao fazê-lo, deu concretude ao disposto no artigo 8º,
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS III, da Constituição Federal; no artigo 82, IV, da Lei n. 8.078/90;
O apelo é tempestivo, haja vista que a publicação da decisão e no artigo 1º, IV, da Lei 7.347/85. É preciso ter-se sempre
impugnada ocorreu em 20/08/2018 e a apresentação das razões diante dos olhos que "direitos coletivos" são o gênero do qual
recursais em 30/08/2018, conforme se pode ver dos direitos difusos coletivos em sentido estrito e individuais
documentos Ids e64f5e6 e 527b327. homogêneos são espécies.
A representação advocatícia está regularmente demonstrada Tratou-se, portanto, de uma ação de natureza coletiva, que atrai
(Ids 6363f68 e 6955a9b). a aplicação do microssistema do processo coletivo (Lei
Preparo regularmente efetuado, como se pode ver dos Ids 7.347/85 e Lei 8.078/90) e não as regras do Código de Processo
b98c145, efd048c, 064c693 e f87848b. Civil, em um primeiro momento. Isso quer dizer que, para que
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS se possa analisar litispendência ou coisa julgada entre uma
INTERVALO INTRAJORNADA - COISA JULGADA ação coletiva e uma ação individual, é preciso considerar os
MULTA POR EMBARGOS DE DECLARAÇÃO artigos 103 e 104 do Código de Defesa do Consumidor.
Alegação: O legislador, com as previsões normativas mencionadas,
- contrariedade à Súmula nº 437 do TST; ponderou devidamente o fato de que o autor da ação coletiva
- contrariedade à OJ nº 342 e 415 da SDI-1 do TST; age como legitimado extraordinário - isto é, age em nome
- violação dos artigos 5º, XXXVI, 7º, XIII, XXVI, 8º, III, da CF/88; próprio na defesa de direito alheio. De outro lado, embora não
71, §§§, 3°, 4º, 5º, 611-A, III, 831, parágrafo único, da CLT; 104 induza litispendência, por decorrência, coisa julgada, o
do Código de Defesa do Consumidor; 485, V, 1.022 e 1.026, §2º, eventual resultado positivo da ação coletiva apenas beneficiará
do CPC; 884 do Código Civil; 3º, da Lei nº 8.073/1990; e o indivíduo se este houver desistido de sua própria ação.
- divergência jurisprudencial. Subtrair do mesmo o direito de acionar o judiciário seria, de
Atendendo aos requisitos formais para conhecimento do seu algum modo, fazer do sujeito coletivo - no caso, o sindicato - o
apelo, previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a parte próprio titular do direito.
recorrente argui a preliminar de extinção do processo sem Sobre a existência concomitante de ação coletiva e individual,
resolução do mérito, pela existência de coisa julgada material, esclarece Ronaldo Lima dos Santos (in Sindicatos e Ações
no que tange ao intervalo intrajornada. Alega que houve a Coletivas. 2 ed. LTr: São Paulo, pp. 429/430):
celebração de acordo judicial firmado com o sindicato Com mais razão, na esfera das ações coletivas para a defesa de
representante da categoria da demandante, homologado nos direitos individuais homogêneos dos trabalhadores, aplica-se o
autos do Processo nº 0001167-28.2016.5.06.0122, no que disposto no art. 104 da Lei n. 8.078/90. Assim, a existência
concerne aos valores relativos ao intervalo intrajornada. concomitante de ação individual e coletiva, como o mesmo
Acerca da coisa julgada, assim restou consignado no julgado: objeto e causa de pedir, não induz litispendência. Se os autores
"Observo, de início, que, nada obstante não tenha sido das ações individuais não requererem a suspensão destas no
apreciada, pelo Juízo a quo, a questão, anteriormente prazo de trinta dias a contar da ciência nos autos do
suscitada, por meio da petição adunada sob o ID e81b761, após ajuizamento da ação coletiva, não serão beneficiados por
já haver a parte reclamante se manifestado sobre a prova eventual decisão favorável na ação coletiva. Trata-se de
documental produzida pela demandada (ID 4b8bf3c), passo a exceção à coisa julgada secundum eventum litis e à extensão

subjetiva do julgado in utilibus. significará a exclusão do indivíduo-autor dos efeitos da
Como assinalado alhures, ao estudarmos o fenômeno da sentença coletiva. Para tanto, é preciso que o indivíduo tenha
litispendência entre ação de cumprimento e as ações optado pela continuação de seu processo individual, a despeito
individualmente propostas com o mesmo objeto, o Código de da existência do processo coletivo. Essa opção, porém,
Defesa do Consumidor preservou as esferas individual e somente pode ser válida, se lhe for garantida a ciência
coletiva, assegurando assim duas dimensões da tutela: a inequívoca da existência do processo coletivo. A ciência pode
individual e a coletiva. O exercício do direito de ação coletiva ser verificada de forma inequívoca quando ocorrer nos autos
pelo autor ideológico substituto não prepondera sobre o direito do processo. Trata-se de pressuposto para o exercício regular,
de ação individual, nas hipóteses em que o próprio substituto o pelo indivíduo, daquilo que, no regime da class action norte-
exercite, com renúncia à tutela coletiva. Tal conduta incorreria america, é chamado de right to opt out, ou direito de optar por
no equívoco de transformar o substituto processual em ser excluído da abrangência da decisão coletiva.
detentor da titularidade do direito, em detrimento de seu Diante desse quadro, vê-se que não há prosperar a pretensão
verdadeiro titular. de extinção deste processo sem resolução do mérito com
Perfilhando o mesmo entendimento que, ademais, ampara-se fundamento em suposta coisa julgada. A exceção da coisa
na literalidade do artigo 104, do CDC, Fredie Didier Jr. e Hermes julgada, para ser acolhida, exige a tríplice identidade - mesmas
Zaneti Jr. (in Curso de Direito Processual Civil - Processo partes, mesmo pedido e mesma causa de pedir -, o que não se
Coletivo. Vol. 4. 6 ed. Juspodivum: Salvador, pp. 183/184): verifica no caso. Aplicação do §2º, do artigo 337, do NCPC; e
O art. 104 do Código Brasileiro de Defesa do Consumidor cuida dos artigos 103 e 104, da Lei n. 8.078/90 (Código de Defesa do
de regra a relação entre a ação coletiva e a ação individual: a Consumidor)."
ação coletiva não induz litispendência para as ações A revista comporta processamento, pois a hipótese versada no
individuais. presente recurso enquadra-se naquela prevista na alínea "a" do
A opção é correta. artigo 896 da CLT porquanto - como a parte recorrente
Isso porque, realmente, não se está diante de ações idênticas. demonstrou em seu apelo (vide Id - Pág. 11) - o TRT da 1ª
Nas ações coletivas, pleiteia-se o direito coletivo lato Região adotou posicionamento diverso quanto à questão, ao
sensu(difusos, coletivos e individuais homogêneos). Já nas decidir que "Há coisa julgada, a obstar o prosseguimento da
ações individuais, busca-se a tutela de direito individual. As ação individual, quando o acordo homologado em ação
demandas veiculam afirmação de situações jurídicas ativas coletiva envolvendo o sindicato da categoria e o empregador, é
distintas; não podem ser consideradas idênticas. anterior à data do ajuizamento da ação individual, não sendo
[...] aplicado, à hipótese, o disposto no ar. 104, do Código de
Muito embora a coisa julgada coletiva não possa prejudicar os Defesa do Consumidor. (TRT-01ª R. - RO 0100243-
indivíduos, ela poderá beneficiá-los. O indivíduo pode valer-se 81.2016.5.01.0019 - 7ª T. - Relª Giselle Bondim Lopes Ribeiro -
da coisa julgada para o ajuizamento de ação de liquidação dos DOERJ 13.02.2017) .
seus respectivos prejuízos (cf. a respeito os capítulos sobre Quanto à aplicação da multa por oposição de embargos
coisa julgada e liquidação, neste volume do Curso). É o que se declaratórios, conforme se pode ver da ementa, foram os
chama de transporte in utilibusda coisa julgada coletiva para o mesmos rejeitados "por não configurar nenhuma das hipóteses
plano individual. de embargabilidade previstas pelos artigos 897-A da
Sucede que a extensão in utilibusda coisa julgada coletiva não Consolidação das Leis do Trabalho e 1.022 do Novo Código de
ocorrerá "se não for requerida a sua suspensão no prazo de Processo Civil. Trata-se, na verdade, de medida
trinta dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento da manifestamente protelatória, cujo manejo deve ser coibido pelo
ação coletiva" (art. 104 do CDC). Isso significa que se o Estado-juiz, mediante aplicação, à embargante, da multa de 1%
indivíduo se beneficie da coisa julgada coletiva, é preciso que sobre o valor atualizado da causa, nos termos do §2º do art.
ele peça a suspensão do seu processo individual, no prazo de 1.026 do CPC/2015." pelo que, não vislumbro violação direta e
trinta dias contados do conhecimento efetivo da existência do literal das norma apontada, nem divergência jurisprudencial
processo coletivo. específica, porque constato que a rejeição dos embargos de
O prosseguimento do processo individual (iniciado antes ou declaração opostos e a condenação da parte recorrente ao seu
depois da propositura da ação coletiva, pouco importa) pagamento estão devidamente fundamentadas.

Consequentemente, em lugar de infração às normas jurídicas e 9cfebcd.
indicadas, concluo que a decisão desta Corte Regional está em PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
sintonia com o artigo 1.026, § 2º, do CPC/2015 e as normas NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL
pertinentes à matéria, inexistindo violação que permita a MULTA DO ARTIGO 477, §8º, DA CLT
admissibilidade do apelo nos termos do art. 896 da CLT. Alegações:
- contrariedade às OJs nºs 5, 41 e 115 da SDI-1 do TST;
CONCLUSÃO - violação aos artigos 5º, LIV e LV, 93, IX, da Constituição Federal;
Diante do exposto, RECEBOparcialmente o recurso de revista. 477, 832, 852, 897-A da CLT; 458, II, 459, 494, 994, IV, 1.022 a
Intimem-se, ficando ciente a parte recorrida para, querendo, 1.026 do CPC.
apresentar suas contrarrazões. - divergência jurisprudencial.
Cumpridas as formalidades legais, remeta-se o processo ao Atendendo os requisitos formais para conhecimento do seu apelo,
TST. previstos no artigo 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a parte
snl/ra recorrente tece, inicialmente, considerações acerca de nulidade por
Assinatura negativa de prestação jurisdicional, em virtude da rejeição dos
RECIFE, 25 de Outubro de 2018 embargos declaratórios opostos para sanar os vícios de omissão,
contradição e obscuridade da sentença do Juízo singular. Insurge-
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO se contra o acórdão regional, pugnando pelo expurgo do condeno
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região na multa prevista no artigo 477, § 8º, Consolidado. Alega que
Decisão efetuou o pagamento das verbas rescisórias no prazo legal, sendo
Processo Nº RO-0010750-86.2013.5.06.0172
Relator JOSE LUCIANO ALEXO DA SILVA indevida a multa do art. 477 da CLT.
RECORRENTE HYPERMARCAS S/A Do acórdão impugnado exsurgem os seguintes fundamentos:
ADVOGADO RINALDO FERREIRA DA SILVA(OAB:
28983/PE) "Pugna a empresa recorrente pela exclusão da condenação na
RECORRIDO EDSON RICARDO TAVARES JUNIOR multa sob epígrafe, ao argumento de que o pagamento das verbas
ADVOGADO Jefferson Lemos Calaça(OAB:
12873/PE) rescisórias foi realizado em estrita observância ao prazo legal.
A multa em questão, somente é devida em caso de pagamento fora

do prazo legal e não em razão de diferenças de verba rescisórias
- EDSON RICARDO TAVARES JUNIOR
reconhecidas em juízo, de acordo com o entendimento uniformizado
- HYPERMARCAS S/A
por meio do IUJ 0000124-68.2015.5.06.0000 deste Regional, que
resultou na edição da Súmula 23.
Conforme analisado pelo Juízo a quo, a reclamada recolheu grande

PODER
parte da indenização de 40% do FGTS em 14.06.2013, fora do
JUDICIÁRIO
prazo legal (22.05.2013).
Fundamentação Desrespeitado, pois, o decêndio legal para pagamento dos haveres
RECURSO DE REVISTA rescisórios, de acordo com o art. 477, da CLT (na redação anterior à
Trata-se de Recurso de Revista interposto por HYPERMARCAS entrada em vigor da Lei nº 13.467, de 2017), devida a multa do art.
S.A., em face de acórdão proferido em sede de Recurso Ordinário, 477, §8º, da CLT."
nos autos da reclamação trabalhista n. 0010750-86.2013.5.06.0172, Analisando os fundamentos expostos no acórdão, verifica-se que as
figurando como recorrido EDSON RICARDO TAVARES JUNIOR. questões pertinentes à negativa de prestação jurisdicional, não
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS foram abordadas no julgado, pelo que o presente apelo encontra
O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão óbice na Súmula 297 do TST.
recorrida se deu em 11.09.2018e a apresentação das razões No que tange à multa do art. 477 da CLT, confrontando os
recursais em 21/09/2018, conforme se pode ver dos documentos argumentos da parte recorrente com os fundamentos do acórdão
Ids. 25a2090 e 7c1f277. regional, entendo que a recorrente não demonstrou que a decisão
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id impugnada viola literal disposição de lei. Desse modo, tenho que a
738361). revista não comporta processamento, pois o Regional decidiu a
Preparo regularmente efetuado, como se pode ver dos Ids. f87b755 questão veiculada no presente apelo com base no conjunto

probatório contido nos autos e na legislação pertinente à matéria. CERAMICOS - EPP como recorrida.
Dessa forma, as alegações lançadas pela parte nas razões PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
recursais, em sentido contrário, somente seriam aferíveis através de O apelo é tempestivo, haja vista que a publicação da decisão
reexame fático, o que não é possível por meio desta via recursal impugnada ocorreu em 10.09.2018 e a apresentação das razões
(Súmula nº 126 do TST). Por consequência, fica inviabilizado o recursais em 20.09.2018, conforme se pode ver dos documentos
exame do recurso inclusive por dissensão jurisprudencial (Súmula Ids 3a952ab e e362195.
nº 296 desse mesmo órgão superior). A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
Ademais, os arestos colacionados não se mostram aptos a 0004502).
comprovar a divergência jurisprudencial, pois inespecíficos (Súmula Custas recolhidas (Id. cccf3f e 6264aad)
296, I, do TST). PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
CONCLUSÃO DA EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO
Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Cumpram-se as formalidades legais. Alegações:
Intimem-se. - violação aos artigos 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal; 545,
snl/AE 605 da CLT; 84, § 2º, do CPC; 142, 145 do CTN; Decretos 925/69 e
Assinatura 1.166/71; e
RECIFE, 24 de Outubro de 2018 - divergência jurisprudencial.
Cumprindo as exigências do art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO parte recorrente insurge-se contra o posicionamento do Colegiado
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região regional de confirmar a extinção sem julgamento do mérito

Decisão delineada pelo Juízo singular, por não ter ele individualizado os
Processo Nº RO-0000587-33.2017.5.06.0002
Relator MARIA CLARA SABOYA devedores. Argumenta que o artigo 605 da CLT não determina que
se proceda a publicação dessa forma, ainda mais tratando-se de
RECORRENTE SINDICATO DOS TECNICOS DE
SEGURANCA DO TRABALHO DE PE entidade sindical de categoria diferenciada, cujas cobranças
ADVOGADO DAYSE PERLA LEMOS DE
PAIVA(OAB: 37141/PE) referem-se a cerca de 2.000 (duas mil) empresas em Pernambuco,
ADVOGADO PAULO SEBASTIAO PESSOA(OAB: para cobrar as citadas contribuições. Alega que o artigo 545,
28610/PE)
RECORRIDO M A DE MORAES-ARTEFATOS também da CLT, dispensa a notificação quando se trata das
CERAMICOS - EPP
contribuições sindicais urbanas. Diz que, na caso corrente, não se
ADVOGADO DANILO NUNES MELO(OAB:
43384/PE) aplica as disposições do artigo 145 do CTN, visto tratar-se de uma
ADVOGADO KILMA GALINDO DO
NASCIMENTO(OAB: 24214/PE) ação de conhecimento para cobrança de contribuições sindicais,
ADVOGADO BERTONNY WASLEY SILVA estando o rito escolhido amparado na jurisprudência. Salienta que o
VASCONCELOS(OAB: 37777/PE)
CTN é de aplicação exclusiva dos entes fiscais da União dos
Intimado(s)/Citado(s): estados e municípios, estando as cobranças dos entes sindicais
- M A DE MORAES-ARTEFATOS CERAMICOS - EPP atreladas à CLT e ao Decreto Lei 1.166/71. No tocante aos
- SINDICATO DOS TECNICOS DE SEGURANCA DO
TRABALHO DE PE honorários advocatícios, afirma que, não havendo condenação, não
há se falar em imputação de pagamento de honorários advocatícios.
A fundamentação do acórdão recorrido restou assim vazada (Id
515e929):
PODER
Da extinção do processo, sem resolução do mérito.
JUDICIÁRIO
O Sindicato autor "requer o pedido da Reforma da ou anulação da
Fundamentação sentença". Alega que houve o devido cumprimento do art. 605 da
RECURSO DE REVISTA CLT, no que se refere às publicações nos jornais de grande
Trata-se de Recurso de Revista interposto por SINDICATO DOS circulação, conforme ID's f1b2e62, 7fe5f6b c1fc5b8 e 3089856.
TÉCNICOS DE SEGURANÇA DO TRABALHO DE Acrescenta que o art. 606 da CLT não se aplica ao caso dos autos,
PERNAMBUCO, nos autos da Reclamação Trabalhista 0000587- vez que trata de ação executiva e não serve para fundamentar ação
33.2017.5.06.0002, figurando M A DE MORAES-ARTEFATOS de conhecimento; bem como o artigo 145 do CTN tendo em vista

que se aplica apenas aos Municípios, Estados e União. Destaca síntese, que a contribuição sindical sempre foi devidamente paga ao
que o artigo 145 do CTN regula a alteração do sujeito passivo, não "SIND INDI OLEIROS CERÂMICA EST DE PE" (Sindicato dos
podendo servir de fundamento para determinar a notificação do Trabalhadores nas Indústrias de Olaria Cimento e Seus Produtos),
devedor, razão pela qual deve ser revista a decisão de piso. sendo este o sindicato dominante vez que a empresa possui
Acrescenta que "as próprias publicações servem de notificação em predominantemente empregados para o exercício de fabricação de
todo os Estado de PE, e não há legislação que obrigue o autor material sanitário de cerâmica. Alega também que não foi notificada
notificar, até porque o CTN, se aplica a União aos Estados e da cobrança da taxa sindical, pelo sindicato requerente,
Municípios, logo, não pode prevalecer o argumento de extinção do pessoalmente, restando assim ausente um dos pressupostos
processo por falta de notificação reformar a sentença de primeiro processuais desta ação, pugnando pela extinção do processo sem
grau, é se fazer justiça". Ressalta que "a decisão supra, prolatada resolução do mérito. Pois bem. A contribuição sindical, prevista na
pelo Juízo de primeiro grau diverge da Jurisprudência 186 do C.TST Constituição Federal e instituída por lei (arts. 8º, IV, da CRFB e 578
da SBDI-1, logo, a fundamentação da sentença, contraria o artigo da CLT), constitui uma das fontes de receita do sistema sindical
545 da CLT, quando alega o artigo 605 do mesmo diploma, o brasileiro e é devida por todos aqueles que participam de uma
argumento do artigo 606 da CLT, contraria a Constituição Federal determinada categoria econômica, profissional ou de uma profissão
de 1988 por não ter recepcionado o citado artigo, bem como as liberal, em favor do sindicato representativo da categoria ou
jurisprudências, sobre o artigo 606 da CLT do C.TST, de dos profissão (artigos 578 a 591 da CLT). Consoante o disposto no
Tribunais Regionais do Trabalho, logo se faz necessário a reforma artigo 149 da Constituição Federal, tal contribuição tem caráter
para se fazer Justiça". Salienta que nos últimos anos, a empresa tributário, sendo, portanto, de recolhimento compulsório pelos
não recolheu as contribuições sindicais dos seus "Técnicos de integrantes das categorias profissionais e econômicas
Segurança do Trabalho" em favor do Sindicato autor. representadas, independentemente de filiação ao sindicato. A
Não prosperam os argumentos recursais. empresa requerida afirma que procedeu ao repasse dos referidos
Tratando-se de cobrança de contribuição sindical, cuja natureza é valores para o sindicato da categoria profissional vinculado à
tributária, exige-se a comprovação do requisito indicado no artigo atividade preponderante por ela explorada, denominado "SIND
605 da CLT concernente a realizar "publicação de editais INDIOLEIROS CERÂMICA EST DE PE", acosta aos autos os
concernentes ao recolhimento da contribuição sindical, durante 3 comprovantes de fls. 92/102. Destarte, possuindo natureza
(três) dias, nos jornais de maior circulação local e até dez dias da estritamente tributária, a instituição, aumento e cobrança devem
data fixada para depósito bancário" e o comprovante da notificação sujeitar-se necessariamente às regras e princípios aplicáveis ao
pessoal do sujeito passivo, nos termos do artigo 145 do CTN, o que, direito tributário, entre os quais o princípio da estrita legalidade, nos
como bem pontuou o Magistrado de piso, não há como se termos do artigo 97 do Código Tributário Nacional. Por sua vez, a
considerar satisfeito. Dessa forma, mantenho a decisão impugnada, contribuição sindical é tributo, como já mencionado, e, como tal, sua
por seus próprios fundamentos, os quais adoto como razões de cobrança pressupõe o lançamento, nos termos dispostos nos
decidir, com a devida venia, in verbis: artigos 605 e 606 da CLT, bem como o título da dívida. Uma das
"2.4. DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL - AUSÊNCIA DE fases do lançamento, conforme artigo 145 do Código Tributário
NOTIFICAÇÃO PESSOAL. Pleiteia o Sindicato requerente a Nacional, é a notificação do sujeito passivo, para que o devedor
condenação da empresa requerida aos pagamentos das seja cientificado da necessidade de recolher a contribuição sindical.
contribuições sindicais patronais dos anos de 2012, 2013, 2014, No caso dos autos, entendo não estarem presentes todos os
2015 e 2016, acrescidos de multas, juros e correção monetária. pressupostos necessários ao desenvolvimento regular do processo,
Acrescenta que "A contribuição anual compulsória devida aos o que acaba por obstar a análise do mérito propriamente dito.
Sindicatos, prevista em Lei (artigos 578 e 580, da CLT), e Embora seja incontroversa a questão do enquadramento dos
denominada "contribuição sindical", é devida por todos os técnicos em segurança do trabalho em categoria diferenciada (lei n.
integrantes da categoria, independentemente de manifestação de 7.410/85 e ao Dec. 92.530/86, ambos os diplomas voltados à
vontade, associados ou não, sendo dos empregadores obrigação de regulamentação desta profissão), observo que o autor não
descontar o valor correspondente a um dia de trabalho em folha de demonstrou o atendimento aos requisitos necessários à regular
pagamento, conforme previsão expressa do artigo 545, da CLT, e constituição do débito tributário. Da análise dos documentos
recolher ao respectivo Sindicato da categoria". A empresa requerida acostados nesta ação, verifico que houve apenas a mera publicação
arguiu inicialmente que inexiste inadimplência, afirmando, em de editais em jornais de grande circulação (fls. 45/56), o que não

supre a necessidade de notificação pessoal do devedor, uma vez Negativa de prestação jurisdicional. O regional, ao extinguir o feito
que se tratam de comunicações genéricas, dirigidas ao público, sem sem resolução do mérito, porquanto ausente pressuposto de
indicação específica do nome do contribuinte e do valor devido, o constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo,
que dificulta verificar, no caso concreto, se o ato atingiu ou não a exarou as razões do seu convencimento, de forma motivada e
sua finalidade de notificação dos devedores da contribuição sindical, fundamentada, não havendo falar em hipótese de prestação
únicos interessados. Ocorre que, ante a natureza tributária da jurisdicional incompleta. Ileso o art. 93, IX, da CF. 2. Contribuição
contribuição em apreço, era imprescindível a notificação pessoal do sindical. Ação de cobrança. Publicação de editais. Notificação
sujeito passivo, nos termos do art. 145 do CTN. No mesmo sentido, pessoal do devedor. O regional concluiu pela extinção da ação sem
posiciona-se a jurisprudência deste E. TRT, a exemplo dos julgados resolução do mérito, em face da inexistência de comprovação da
a seguir transcritos: "AÇÃO DE COBRANÇA JUDICIAL DE publicação válida de editais e de notificação pessoal do devedor. O
CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS. INOBSERVÂNCIA DOS acórdão regional mostra consonância com a jurisprudência reiterada
REQUISITOS PREVISTOS NO ART. 605 DA CLT. EXTINÇÃO SEM desta corte, segundo a qual deve ser demonstrado o cumprimento
RESOLUÇÃO DO MÉRITO. Não observando o sindicato autor a do disposto no art. 605 da CLT como requisito essencial para a
exigência prevista no art. 605 da CLT, no sentido de dar ampla constituição do crédito tributário, sendo necessária, outrossim, a
ciência ao devedor da cobrança da contribuição sindical notificação pessoal do sujeito passivo (art. 145 do ctn). Agravo de
compulsória, impõe-se a extinção da ação de cobrança, sem instrumento conhecido e não provido. (TST; AIRR 0010896-
resolução do mérito, nos moldes do artigo 485, IV, do Código de 98.2015.5.15.0078; Oitava Turma; Relª Min. Dora Maria da Costa;
Processo Civil. Recurso ordinário a que se nega provimento. DEJT 24/03/2017; Pág. 3531)"Dito isto, reputo a ausência de
(Processo: RO - 0000337-37.2017.5.06.0022, Redator: Eduardo pressuposto de constituição e de desenvolvimentoválido e regular
Pugliesi, Data de julgamento: 22/11/2017, Primeira Turma, Data da do processo (art. 485, IV do CPC), razão pela qual, nesse sentir,
assinatura: 28/11/2017); RECURSO ORDINÁRIO. AÇÃO DE acolho a preliminar de carência de ação suscitada pela empresa
COBRANÇA. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. ARTIGO 605, DA CLT. requerida. Nesse contexto, a notificação pessoal do sujeito passivo
ARTIGO 145, DO CTN. EXIGÊNCIAS LEGAIS. O artigo 605, da (art. 145 do CTN), com a indicação do débito faz-se necessária para
CLT, impõe às entidades sindicais a obrigatoriedade de publicação salvaguardar o empregador de situações em que ocorre conflito de
de editais concernentes ao recolhimento do imposto sindical, representação sindical, além de cientificá-lo quanto à própria
durante três dias, nos jornais de maior circulação local e até dez existência da entidade sindical, principalmente quando se trata de
dias da data fixada para depósito bancário; o artigo 145, do CTN, categoria diferenciada, como é o caso destes autos. Nesse sentir,
notificação pessoal do sujeito passivo da obrigação. O objeto do uma vez que não foi juntada a prova da notificação especificamente
pedido - recolhimento de contribuições sociais devidas de dirigida ao réu, notificando-o quanto ao dever de recolher a
conformidade com o disposto no Título V, Capítulo III, Seção I, da contribuição sindical em benefício do autor, configura-se a ausência
CLT - ostenta natureza tributária. E, segundo o artigo 142, do CTN, dos pressupostos processuais, o que impõe a extinção do feito sem
a constituição do tributo apenas se opera pelo lançamento, resolução do mérito, nos termos do art. 485, IV, do CPC."
entendido como "o procedimento administrativo tendente a verificar No mesmo sentido, colaciono os seguintes julgados:
a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.
determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo CONTRIBUIÇÃO SINDICAL RURAL.O Regional decidiu pela
devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a ausência dos pressupostos de constituição e de desenvolvimento
aplicação da penalidade cabível". A notificação pessoal do sujeito válido e regular do processo, uma vez que, para a cobrança das
passivo, portanto, constitui o último ato do procedimento de contribuições sindicais rurais que a autora entendia serem devidas,
constituição formal do crédito. Sendo assim, impossível considerar não houve a publicação válida dos editais e a notificação pessoal do
atendidas as exigências legais com as publicações demonstradas devedor. O acórdão regional mostra consonância com a
nos autos. Recurso improvido.(Processo: RO - 0000997- jurisprudência reiterada desta Corte, segundo a qual deve ser
33.2014.5.06.0023, Redator: Ruy Salathiel de Albuquerque e Mello demonstrado o cumprimento do disposto no art. 605 da CLT como
Ventura, Data de julgamento: 08/05/2017, Terceira Turma, Data da requisito essencial para a constituição do crédito tributário, sendo
assinatura: 08/05/2017)". Entendimentos em consonância, inclusive, necessária, outrossim, a notificação pessoal do sujeito passivo (art.
com a jurisprudência do C. TST: "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM 145 do CTN). Agravo de instrumento conhecido e não provido.
RECURSO DE REVISTA. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO. 1. (AIRR - 962-69.2014.5.02.0028 , Relatora Ministra: Dora Maria da

Costa, Data de Julgamento: 29/03/2017, 8ª Turma, Data de Sendo assim, diante da não demonstração pelo recorrente do
Publicação: DEJT 31/03/2017). preenchimento de requisito essencial à constituição de crédito, ou
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA seja, a regular notificação do sujeito passivo do débito, (artigos 142
REGIDO PELA LEI 13.015/2014. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL e 145, do CTN), correto o Juízo de origem que extinguiu o processo,
RURAL. LANÇAMENTO. AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO sem resolução do mérito, nos moldes do artigo 485, IV, do
PESSOAL DO CONTRIBUINTE. PUBLICAÇÃO DE EDITAIS. CPC/2015.
AUSÊNCIA DE VIOLAÇÕES CONSTITUCIONAIS.Hipótese em Logo, nego provimento.
que o Tribunal Regional, soberano na análise do conjunto fático- Dos honorários advocatícios.
probatório (Súmula 126/TST), determinou a extinção do processo O recorrente pugna pela exclusão da condenação em honorários
sem resolução do mérito, considerando que o ente confederado não advocatícios, alegando não possuir recursos para o pagamento.
notificou pessoalmente a Ré, uma vez que a publicação de editais é Sem razão.
genérica e não indica expressamente o nome da Recorrida. Nesse Além do sindicato autor não ter se desvencilhado do ônus
cenário, tem-se que a decisão regional foi proferida em consonância probatório que lhe competia de provar sua condição de insuficiência
com o entendimento pacífico deste Tribunal Superior, segundo o financeira para arcar com as despesas processuais, o que levou o
qual é indispensável a notificação pessoal do sujeito passivo da Julgador de piso, de forma correta, a indeferir os benefícios da
cobrança e que o cumprimento do artigo 605 da CLT é requisito justiça gratuita, a condenação Na verba honorária decorreu da
essencial para constituição do crédito da ação de cobrança da aplicação do Princípio da Causalidade, e à luz do art. 85, § 6º, do
contribuição sindical rural. Incólumes os artigos da Constituição CPC. Dessa forma, tendo o sindicato dado causa à extinção do
Federal apontados. Precedentes. Agravo de instrumento a que se processo, são cabíveis os honorários advocatícios.
nega provimento. ( AIRR - 1970-19.2012.5.15.0116 , Relator Nego provimento."
Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, Data de Julgamento: Confrontando os argumentos da parte recorrente e a
22/03/2017, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 31/03/2017). fundamentação da decisão recorrida, tenho que o recurso não
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. comporta processamento, tendo em vista que a Turma decidiu as
INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. questões com base nas normas pertinentes às matérias, consistindo
CONTRIBUIÇÃO SINDICAL RURAL. AÇÃO DE COBRANÇA. o insurgimento, quando muito, em interpretação diversa da
NOTIFICAÇÃO PESSOAL DO SUJEITO PASSIVO. conferida pelo Regional. Por outro lado, o recurso de revista é
NECESSIDADE. Foram preenchidos os requisitos do art. 896, § 1º- igualmente inadmissível por divergência jurisprudencial, ora por
A, da CLT, introduzidos pela Lei nº 13.015/2014. O Tribunal serem os arestos colacionados oriundos de órgãos não elencados
Regional ratificou a sentença, quanto à extinção do processo, sem na alínea "a" do artigo 896 da CLT, ora por não citarem a fonte ou
resolução do mérito, nos termos do art. 267, IV, do CPC/1973, ao repositório autorizado em que foram publicados (Súmula 337 do
consignar a invalidade dos editais para a cobrança das TST).
contribuições sindicais rurais, porque foram publicados de maneira CONCLUSÃO
genérica, sem a indicação expressa do devedor. O entendimento Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
desta Corte é no sentido de que o cumprimento do que dispõe o art. Cumpram-se as formalidades legais.
605 da CLT (obrigatoriedade da publicação de editais concernentes Intimem-se.
ao recolhimento da contribuição sindical com notificação pessoal) é vo/AE
requisito essencial para constituição do crédito da ação de cobrança Assinatura
da contribuição sindical rural. Precedentes. Agravo de instrumento RECIFE, 25 de Outubro de 2018
conhecido e desprovido. (AIRR - 11688-04.2014.5.15.0073, Relator
Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
22/03/2017, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 24/03/2017). Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
Acrescento que, acerca da matéria, foi proferido recente julgamento Decisão

Processo Nº RO-0001689-41.2014.5.06.0020
por esta Turma, de relatoria do Exmo. Sr. Desembargador Ruy Relator NISE PEDROSO LINS DE SOUSA
Salathiel de A. M. Ventura, nos autos do Processo Nº 0001107- RECORRENTE MONTARTE INDUSTRIAL E
LOCADORA S.A.
12.2016.5.06.0007, publicado em 08.05.2018, do mesmo sindicato ADVOGADO SARA DEBORA DE FREITAS
RIBEIRO PILEGGI(OAB: 224470/SP)
autor.

ADVOGADO FABIOLA COBIANCHI NUNES(OAB:

149834/SP) É que a Lei nº 13.015/2014, de 22/09/2014, acrescentou o §1º-A ao
ADVOGADO JOSE MANUEL FREITAS DA art. 896 da CLT, introduzindo novos requisitos formais ao
SILVA(OAB: 22582/SC)
RECORRENTE MONTARTE LOCADORA LTDA. processamento dos recursos de revista, que impuseram à parte,
ADVOGADO SARA DEBORA DE FREITAS sob pena de não conhecimento do seu apelo, o dever de: 1) indicar,
RIBEIRO PILEGGI(OAB: 224470/SP)
ADVOGADO FABIOLA COBIANCHI NUNES(OAB: para cada tema trazido ao reexame, o trecho da decisão recorrida
149834/SP)
que consubstancia o prequestionamento da controvérsia; 2)
ADVOGADO JOSE MANUEL FREITAS DA
SILVA(OAB: 22582/SC) apresentar tese explícita e fundamentada de violação legal, de
RECORRIDO FILIPE ANDRE ANDRADE DO
CARMO contrariedade à Súmula de jurisprudência da C. Corte Revisora e à
ADVOGADO PAULO HENRIQUE DE SOUSA Súmula vinculante do E. STF ou de dissenso pretoriano que
CARNEIRO(OAB: 32485-D/PE)
entenda existir; 3) impugnar todos os fundamentos jurídicos da
decisão recorrida; e 4) transcrever na peça recursal, no caso de
- FILIPE ANDRE ANDRADE DO CARMO
suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de prestação
- MONTARTE INDUSTRIAL E LOCADORA S.A.
- MONTARTE LOCADORA LTDA. jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que foi pedido
o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no recurso
ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os embargos
quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da ocorrência

PODER
da omissão. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017).
JUDICIÁRIO
Interpretando o dispositivo legal mencionado, vale citar os seguintes
Fundamentação precedentes da Corte Superior Trabalhista:
RECURSO DE REVISTA "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
Trata-se de recurso de revista interposto por FILIPE ANDRÉ ADMISSIBILIDADE. LEI 13.015/2014. PREQUESTIONAMENTO.
ANDRADE DO CARMO, em face de acórdão proferido em sede de TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO. ART. 896, § 1º-A, I,
Recurso Ordinário, nos autos da reclamação trabalhista nº 0001689- DA CLT 1. A Lei nº 13.015/2014 exacerbou os pressupostos
41.2014.5.06.0020, figurando, como recorridas, MONTARTE intrínsecos de admissibilidade do recurso de revista, como se extrai
LOCADORA LTDA. e MONTARTE INDUSTRIAL E LOCADORA do novel art. 896, § 1º-A, da CLT. 2. O novo pressuposto e ônus do
S/A. recorrente consistente em 'indicar o trecho da decisão recorrida que
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS consubstancia o prequestionamento' não se atende meramente por
O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão meio de menção ou referência à folha do acórdão em que se situa,
recorrida se deu em 13.09.2018 e a apresentação das razões tampouco mediante sinopse do acórdão, no particular. A exigência
recursais em 25.09.2018 (Ids d7af01d e 249645d). em apreço traduz-se em apontar a presença do prequestionamento
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id (salvo vício nascido no próprio julgamento) e comprová-lo mediante
6ee8c7c). transcrição textual do tópico nas razões recursais. Somente assim
Preparo dispensado (Id 996366b). se atinge a patente finalidade da lei: propiciar ao relator do recurso
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS de revista no TST maior presteza na preparação do voto ao ensejar
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE que, desde logo, confronte o trecho transcrito com o aresto acaso
Alegações: apontado como divergente, ou com a súmula cuja contrariedade
- contrariedade à Súmula nº 364 do TST; acaso é alegada, ou a violação sustentada de forma analítica pelo
- violação do artigo 193 da CLT ; e recorrente. 3. Inadmissível recurso de revista interposto sob a égide
- divergência jurisprudencial. da Lei nº 13.015/2014 (decisões publicadas a partir de 22/9/2014)
A parte recorrente insurge-se contra o indeferimento do adicional de em que a parte não cuida de transcrever o trecho do acórdão
periculosidade. Alega que, conforme consignado na sentença de 1º regional em que repousa o prequestionamento da controvérsia
grau, a aplicação da parcela em questão não se dá pela transferida à cognição do TST. 4. Agravo de instrumento da
qualificação da função, mas sim pela exposição do empregado a Reclamada de que se conhece e a que se nega provimento."
condição periculosa. (TSTAIRR-767-73.2014.5.08.0107, 4ª Turma, Rel. Min. João Oreste
Não obstante o inconformismo apresentado, o apelo não ultrapassa Dalazen, DEJT 18/12/2015.
o crivo da admissibilidade recursal. "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA

INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N° 13.015/2014 (...) que configuram o prequestionamento da controvérsia, inviabilizado
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA - HONORÁRIOS está o conhecimento de seu apelo, nos termos da norma
ADVOCATÍCIOS - RECURSO DE REVISTA QUE NÃO ATENDE consolidada acima mencionada.
OS REQUISITOS DO ARTIGO 896, § 1º-A, I, DA CLT. Não CONCLUSÃO
obstante as alegações da Agravante, o Recurso de Revista não Diante do exposto, DENEGO seguimento ao Recurso de Revista.
comporta processamento, uma vez que a parte deixou de 'indicar o Cumpram-se as formalidades legais.
trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento Intimem-se.
da controvérsia objeto do recurso de revista', desatendendo, assim, snl/vmm
aos requisitos impostos pelo art. 896, § 1°-A, I, da CLT, inserido Assinatura
pela Lei n° 13.015/2014. Agravo de Instrumento a que se nega RECIFE, 23 de Outubro de 2018
provimento." (AIRR-10608-34.2014.5.18.0004, Relator
Desembargador Convocado: João Pedro Silvestrin, 8ª Turma, DEJT VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
de 24/4/2015). Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA REGIDO Decisão

Processo Nº RO-0000996-40.2016.5.06.0003
PELA LEI Nº 13.015/14. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO. Relator MAYARD DE FRANCA SABOYA
ALBUQUERQUE
INOBSERVÂNCIA DE PRESSUPOSTO FORMAL DE
RECORRENTE CREFISA SA CREDITO
ADMISSIBILIDADE PREVISTO NO ART. 896,§ 1º-A, I, DA CLT. FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTOS
Nos termos do art. 896, § 1º-A, I, da CLT, com a redação dada pela ADVOGADO LEONARDO HENRIQUE DE MELO
SILVA FERREIRA(OAB: 24570/PE)
Lei nº 13.015/2014: 'Sob pena de não conhecimento, é ônus da
ADVOGADO JOSENILTON FERREIRA DOS
parte: I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o SANTOS JUNIOR(OAB: 24563-D/PE)
ADVOGADO CONSUELO MARIA DOS
prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista'. Na SANTOS(OAB: 13318/PE)
hipótese vertente, o recurso de revista não observou o referido ADVOGADO CAMILA MARIZ GONCALVES(OAB:
39159/PE)
pressuposto formal. Agravo de instrumento a que se nega RECORRENTE ADOBE ASSESSORIA DE SERVICOS
CADASTRAIS LTDA
provimento." (AIRR-11347-06.2013.5.11.0014, Relator Ministro
ADVOGADO Ana Claudia Costa Moraes(OAB:
Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT de 8/5/2015). 14992-D/PE)
ADVOGADO DELMIRO BORGES CABRAL(OAB:
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RITO SUMARÍSSIMO. RECURSO 17934/PE)
DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A TRANSCRIÇÃO DO ADVOGADO ERICK RICARDO GOMES DE
LIRA(OAB: 28255/PE)
TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE IDENTIFICA O ADVOGADO PEDRO HENRIQUE TENORIO E
SILVA(OAB: 31886/PE)
PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO DO APELO. LEI
RECORRIDO ANA CAROLINA COSTA DA SILVA
13.015/2014. Com o advento da Lei 13.015/2014 o novel § lº-A do ADVOGADO PEDRO PAULO PORPINO
PEDROSA(OAB: 18544-D/PE)
artigo 896 da CLT exige em seu inciso I, como ônus da parte e sob
ADVOGADO FABIOLA PORPINO PEDROSA(OAB:
pena de não conhecimento, a indicação do trecho da decisão 34543/PE)
RECORRIDO ADOBE ASSESSORIA DE SERVICOS
recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia CADASTRAIS LTDA
objeto do recurso de revista. No caso concreto, o acórdão regional ADVOGADO Ana Claudia Costa Moraes(OAB:
14992-D/PE)
foi publicado em 27/10/2014, na vigência da referida lei, e o recurso ADVOGADO DELMIRO BORGES CABRAL(OAB:
17934/PE)
de revista não apresenta a transcrição do trecho da decisão regional
ADVOGADO ERICK RICARDO GOMES DE
que consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do LIRA(OAB: 28255/PE)
ADVOGADO PEDRO HENRIQUE TENORIO E
apelo. As alterações legislativas no aspecto constituem pressuposto SILVA(OAB: 31886/PE)
extrínseco de admissibilidade do recurso de revista. A ausência RECORRIDO CREFISA SA CREDITO
FINANCIAMENTO E
desses requisitos formais torna inexequível o apelo e insuscetível INVESTIMENTOS
ADVOGADO LEONARDO HENRIQUE DE MELO
de provimento o agravo de instrumento. Agravo de instrumento SILVA FERREIRA(OAB: 24570/PE)
conhecido e desprovido." (AIRR-350-47.2014.5.03.0047, Relator ADVOGADO JOSENILTON FERREIRA DOS
SANTOS JUNIOR(OAB: 24563-D/PE)
Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, DEJT de ADVOGADO CONSUELO MARIA DOS
8/5/2015).
ADVOGADO CAMILA MARIZ GONCALVES(OAB:
Na hipótese dos autos, considerando que o recorrente não cuidou 39159/PE)
TESTEMUNHA ANA FLORIZE MELO CARNEIRO DA
de indicar, nas razões do recurso, os trechos da decisão recorrida SILVA

Intimado(s)/Citado(s): pelo Supremo Tribunal Federal para o julgamento de mérito da
- ADOBE ASSESSORIA DE SERVICOS CADASTRAIS LTDA questão a ele apresentada, há mesmo vinculação jurídica, em
- ANA CAROLINA COSTA DA SILVA sentido vertical (grifo meu) dos Tribunais de origem, à decisão do
- CREFISA SA CREDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS
Supremo. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é, aliás, de
há muito nesse sentido.
O efeito vinculante das decisões do Supremo Tribunal Federal, no

PODER exercício de jurisdição constitucional, é fenômeno contemporâneo
JUDICIÁRIO ao enriquecimento do sistema brasileiro de controle da
constitucionalidade, com o notório ganho de importância do controle

Fundamentação
concentrado e abstrato. O efeito vinculante foi consagrado pela
Emenda Constitucional 3, de 1993, que introduziu a ação
declaratória de constitucionalidade. É nítida a inspiração no modelo

RECURSO DE REVISTA
germânico. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal evoluiu
Trata-se de Recurso de Revista interposto por ADOBE
no sentido de também conferir efeito vinculante às decisões
ASSESSORIA DE SERVIÇOS CADASTRAIS S/A e CREFISA S/A
proferidas em ação direta de inconstitucionalidade. Completou-se o
CRÉDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS, nos autos da
sistema do controle pela via da ação com a regulamentação da
Reclamação Trabalhista 0000996-40.2016.5.06.0003, figurando,
argüição de descumprimento de preceito fundamental. Todas estas
como recorrida ANA CAROLINA COSTA DA SILVA.
ações, bem como suas liminares, são dotadas de efeito vinculante.
Não é esta a sede, evidentemente, para a discussão acerca da
Em sessão realizada em 30/08/2018, apreciando o tema 725 da
necessidade/utilidade do efeito vinculante das decisões do
repercussão geral - Terceirização de serviços para consecução da
Supremo. Porém, já em uma análise preliminar, o rico debate
atividade-fim da empresa - o Supremo Tribunal Federal fixou tese
travado pelos Ministros quando do julgamento da ADC 1 demonstra
jurídica, no sentido de que "É lícita a terceirização ou qualquer outra
que os argumentos em sentido contrário são insubsistentes. Sobre
forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,
a sustentada retirada da independência da magistratura, assim se
independentemente do objeto social das empresas envolvidas,
manifestou o Ministro Moreira Alves: 'Mesmo nos países em que só
mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante".
se admite o controle concentrado de constitucionalidade exercido
Registre-se, e é importante, o caráter obrigatório de observância,
por Corte Constitucional, nunca se sustentou que, com ele, se
pelas instâncias inferiores do Poder Judiciário, das decisões
retirou a independência da magistratura. Essa crítica - que não
proferidas pelo Supremo Tribunal Federal em recurso
decorreria da criação da ação declaratória de constitucionalidade,
extraordinário, com repercussão geral, contextualizando que, em
mas que poderia ser feita quanto à ação direta de
sede da mais abalizada doutrina nacional, é prevalente o
inconstitucionalidade - é tanto mais improcedente quanto é certo
entendimento em torno do efeito vinculante. A exemplo, o
que, no Brasil, o órgão que exercita esse controle concentrado, em
magistério de Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero, na obra
face da Constituição Federal, é, por força dela mesma, o Supremo
"REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO" (3ª
Tribunal Federal, que não apenas integra o Poder Judiciário, mas se
edição, Editora Revista dos Tribunais, págs. 74/76:
encontra no ápice de sua hierarquia".
"Tendo sido reconhecida a repercussão geral da questão debatida e
E, ao abordar o tema, o eminente José Carlos Barbosa Moreira
julgado o mérito recursal, os recursos sobrestados poderão ser
elucida que, quando o Supremo Tribunal Federal reconhecer a
apreciados imediatamente pelo Tribunal de origem, pelas Turmas
existência de repercussão geral "e julgar o mérito dos recursos
de Uniformização ou pelas Turmas Recursais. Nesse caso, poderão
extraordinários paradigmas, não serão admitidos os recursos
retratar-se de suas decisões, adequando-se à orientação firmada
extraordinários contra acórdãos que estejam em consonância com a
pelo Supremo Tribunal Federal, sendo-lhes facultado, ainda, declará
decisão superior; mas se o acórdão do Tribunal de origem estiver
-los 'prejudicados', porque manejados em sentido contrário à
em descompasso com a decisão paradigma, o órgão de origem
decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (art. 543-B § 3º, do
poderá retratar-se, adaptando a sua decisão àquela (CPC, art. 543-
CPC). Trata-se, nessa última hipótese, de verdadeira negativa de
B, § 3º). Se não houver retratação e a decisão for mantida, o
provimento ao recurso. Existe aqui, no mínimo, vinculação
recurso extraordinário será admitido, podendo o STF cassar ou
persuasiva.
reformar a decisão liminarmente na forma do art. 557 do CPC"
A rigor, se houver clara identificação da ratio decidendi utilizada

(grifei) (in "O Novo Processo Civil Brasileiro" - "Exposição dissentir de posição externada pelo Supremo Tribunal Federal nos
sistemática do procedimento", 25ª edição, Editora Forense, Rio de recursos extraordinários paradigmas, nas hipóteses em que se
Janeiro, 2007). declare a existência de repercussão geral, reafirmando-se, assim,
Destarte, continuar julgando e/ou uniformizar jurisprudência em sua força vinculante.
sentido contrário à tese jurídica prevalecente assentada pelo Tudo isto considerado, passo à análise do apelo.
Plenário do Supremo Tribunal Federal, em Recurso Extraordinário, PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
com repercussão geral, ainda que desprovida, formalmente, de O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão
caráter vinculante, agride os princípios da segurança jurídica e da recorrida se deu em 11.06.2018 e a apresentação das razões
celeridade processual, consagrados no artigo 5º, inciso XXXVI e recursais em 11.06.2018, conforme se pode ver dos documentos
LXXVIII, da Constituição da República. "A interpretação Ids 353ac40 e 268025e.
constitucional derivada das decisões proferidas pelo STF - a quem A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Ids
se atribuiu a função eminente de "guarda da constituição" (CF, art. 7a75f2e e b952417).
102, caput) - assume papel de essencial importância na Preparo regularmente efetuado, como se pode ver dos Ids 5e371da,
organização institucional do Estado brasileiro, a justificar o e0cbb72, 432844a, dc28f1c, d72b0a5 e beb57c8)
reconhecimento de que o modelo político-jurídico vigente no nosso PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
País confere, à Suprema Corte, a singular prerrogativa de dispor do DA ILICITUDE DA TERCEIRIZAÇÃO
monopólio da última palavra em tema de exegese das normas ENQUADRAMENTO SINDICAL
inscritas no texto da Lei Fundamental. (ADI 3.345, rel. min. Celso de RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA / GRUPO ECONÔMICO
Mello, julgamento em 25-8-2005, Plenário DJE de 20-8-2010). No Alegações:
mesmo sentido: AI 733.387, rel. min. Celso de Mello, julgamento em - contrariedade às Súmulas 55, 117, 119, 239 e 331 do TST;
16-12-2003, Segunda Turma, DJE de 1º.2.2013. Vide HC 91.361, - violação aos artigos 5º, inciso II, 170 da Constituição Federal; Lei
rel. min. Celso de Mello, julgamento em 23-9-2008, Segunda Turma, nº 13.429/2017; 4-A, §2º, da Lei nº 6.019/74; 2º, § 2º, 224, 2º, 511,
DJE de 6-2-2009; RE 227.001-ED, rel. min. Gilmar Mendes, 570 caput, da CLT; e
julgamento em 18-9-2007, Segunda Turma, DJ de 5-10-2007." - divergência jurisprudencial.
Comentando o artigo 543-B, do CPC, que trata da questão, ensinam Atendendo aos requisitos formais para conhecimento do apelo,
os jurisconsultos Nélson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, as recorrentes
que: "A norma comentada permite ao tribunal a quo, em nome da insurgem-se contra o posicionamento do Colegiado regional de
economia e celeridade processual (CF 5º, LXXVIII), pelo órgão que manter a decisão do Juízo singular que reputou ilícita a
proferiu a decisão impugnada por RE, retratar-se e modificar o terceirização, deferindo os pleitos formulados na exordial.
acórdão recorrido, quando o STF tiver conhecido e provido o RE Argumentam que o artigo 4º-A, §2º, da Lei nº 6.019/74 admite a
representativo da tese jurídica por ele acolhida. Ao invés de remeter terceirização na atividade-fim sem a existência de vínculo
os autos de todos os REs que se encontravam sobrestados, empregatício diretamente com o tomador de serviços. Afirmam que
aguardando a decisão do STF sobre a tese jurídica, o tribunal de a decisão combatida apresenta entendimento diverso do que dispõe
origem pode voltar atrás e modificar as decisões impugnadas, a súmula 331 do TST, visto que a terceirização havida não é ilegal,
aplicando o entendimento do STF aos processos pendentes, então pelo que não caberia o reconhecimento do vínculo empregatício
sobrestados. A retratação do tribunal de origem, quando o STF tiver com a tomadora dos serviços. Citam decisão em Ação Civil Pública,
acolhido o RE representativo e cassado a decisão impugnada, com efeito erga omnes, no sentido de afastar a ilicitude da
embora seja faculdade dada pela norma comentada ao órgão do terceirização havida. Sustentam que a reclamante jamais exerceu
tribunal a quo que proferiu o acórdão impugnado, deverá, sempre atividade fim da CREFISA, de maneira que não cabe o seu
que possível, ser regra geral, evitando, assim, o envio enquadramento à categoria dos financiários. Salientam que sequer
desnecessário dos autos ao STF, em perda de tempo inadmissível há autorização por parte do Banco Central em terceirizar atividades
em face da garantia constitucional da celeridade. Em virtude da financeiras. Aduzem que é incabível o reconhecimento da atividade
retratação do tribunal de origem, os RE ficarão prejudicados e não da recorrida como profissional integrante da categoria profissional
poderão seguir para o STF." (in Código de Processo Civil dos financiários, com aplicação da jornada laboral diferenciada.
Comentado, Editora Revista dos Tribunais, 12ª edição, pag. 1.121). Invocam a OJ nº 379 da SDBI-1 do TST e aduzem não haver como
Conclui-se, portanto, que não está ao alvedrio do magistrado equiparar os empregados prestadores de serviços de assessoria de

serviços cadastrais aos bancários, para aplicação da jornada de 'que, nas lojas, havia o analista de atendimento junior ou pleno; que
trabalho diferenciada, com esteio na Súmula 55, do TST. Impugnam o analista de atendimento junior não pode conceder empréstimos;
a responsabilidade solidária que lhes foi imposta. que, como analista, o depoente recepciona os clientes, solicita a
O acórdão vergastado encontra-se fundamentado na seguinte documentação necessária para fazer o cadastro; que todos os
direção (Id. 805fc09): funcionários da loja são contratados pela 1ª ré; que o depoente
"1. Da licitude da terceirização - Recursos das reclamadas. também faz telemarketing e cobrança; que, quando recebia as
A reclamante afirmou, em sua petição inicial, que foi contratada pela propostas e a documentação, fazia o lançamento no sistema
Adobe Assessoria de Serviços Cadastrais Ltda, para exercer a chamado Fidelity'. (fl. 866)
função de Analista de Atendimento Júnior na sede da CREFISA S/A As testemunhas confirmaram que todos os trabalhadores
Crédito, Financiamento e Investimentos, no período de 03/02/2014 vinculados à Adobe prestavam serviços relacionados à
a 19/05/2016, desempenhando atividades relacionadas ao fim social concessão de empréstimos, finalidade social da tomadora de
da tomadora de serviços. serviços.
Em suas peças contestatórias, adunadas às fls. 264/295 e 377/447, Insta frisar, ainda, que o contrato de prestação de serviços firmado
as rés defenderam a licitude da terceirização. entre a CREFISA e a Adobe possui como objeto a prospecção,
Destaco, inicialmente, que não se discute a possibilidade de uma capacitação e credenciamento de corretores para comercialização
empresa terceirizar serviços, o que tem suporte na legislação, na de produtos da contratante, implantação e gerenciamento do
doutrina e na jurisprudência. Cuida-se apenas de aferir-se se, na serviço de atendimento aos clientes da contratante, gerenciamento
hipótese, a terceirização ocorreu regularmente. de arquivos e documentos, e de compras. (fl. 320) Ou seja, houve
Após longo período de debates no âmbito da jurisprudência e da terceirização de toda a cadeia produtiva da CREFISA, não
doutrina trabalhistas, que sempre procuraram fazer face à restando dúvidas de que a trabalhadora desempenhava
deficiência de normatização sobre a terceirização de serviços, fixou- atividade inerente ao fim social da tomadora de serviços.
se o entendimento de que apenas são legítimas as hipóteses Ressalto, por oportuno, que se encontram presentes todos os
enumeradas nos itens da Súmula 331 do C. TST, quais sejam: elementos necessários à caracterização do vínculo empregatício
aquelas que autorizam a contratação de trabalho temporário; as entre a autora e a CREFISA, consagrados nos arts. 2º e 3º, da CLT.
atividades de vigilância, conservação ou limpeza e os serviços Com efeito, não paira controvérsia nos autos acerca do fato de
ligados a atividade-meio da empresa tomadora. que a demandante prestava serviços de forma pessoal,
Sobre as atividades desenvolvidas pela reclamante, a testemunha onerosa e habitual, sendo irrelevante se quem efetuava seu
Ana Florize Melo Carneiro da Silva, disse que: 'desde a contratação pagamento era a prestadora de serviços para configuração do
a depoente achava que seria funcionária da Crefisa, mas só soube sinalagma contratual.
da existência da Adobe quando recebeu sua CTPS com o contrato No tocante à subordinação, não se fazia imperioso que a
registrado; que durante todo o período trabalhou na loja da Crefisa reclamante recebesse ordens diretamente de prepostos da
de São Lourenço; que trabalhou junto com a reclamante por cerca CREFISA para que restasse configurada o ajuste laboral. As
de um ano, em 2015; que a depoente era analista de crédito, assim relações trabalhistas firmadas nas recentes modalidades de
como a reclamante; que todos os funcionários lotados na loja contratação por empresa interposta, não mais se enquadram na
tinham CTPS assinada pela 1ª reclamada; que a depoente recebia tradicional subordinação subjetiva. Assim leciona Maurício Godinho
a proposta de empréstimo do cliente, recolhia os documentos, Delgado:
analisava e lançava os valores no sistema; que as propostas eram 'A subordinação corresponde ao polo antitético e combinado do
encaminhadas para a mesa de crédito em São Paulo, para eventual poder de direção existente no contexto da relação de emprego.
aprovação; que a depoente calculava o comprometimento de renda Consiste, assim, na situação jurídica derivada do contrato de
do cliente; que lançava o valor da parcela no sistema e fazia as trabalho, pela qual o empregado compromete-se a acolher o poder
simulações de acordo com o número de parcelas; que os juros eram de direção empresarial no modo de realização de sua prestação de
calculados diretamente no sistema; que a reclamante serviços.
desempenhava as mesmas atividades da depoente como analista (...)
de crédito;'. (fl. 865) Como se percebe, no Direito do Trabalho a subordinação é
Já a prova oral produzida pelo polo passivo, consistente no encarada sob o prisma objetivo: ela atua sob o modo de realização
depoimento de Maxymyler Vieira de Almeida, teve o seguinte teor: da prestação e não sobre a pessoa do trabalhador. É, portanto,

incorreta, do ponto de vista jurídico, a visão subjetiva do fenômeno, 69.2016.5.06.0371, Redator: Fabio Andre de Farias, Data de
isto é, que se compreenda a subordinação como atuante sobre a julgamento: 21/02/2018, Segunda Turma, Data da assinatura:
pessoa do trabalhador, criando-lhe certo estado de sujeição (status 28/02/2018)
subjectiones)'. (DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do (...)
Trabalho, São Paulo, LTr, 2009, p. 281) Com vistas a evitar embargos declaratórios desnecessários,
Invoco ainda a lição de Vólia Bonfim Cassar, no tocante à esclareço desde logo, que o princípio da irretroatividade das leis
subordinação estrutural. Aduz o autor que 'toda vez que o está consagrado no art. 6º do Decreto-Lei nº 4.657/42 (Lei de
empregado executar serviços essenciais à atividade-fim da Introdução às normas do Direito Brasileiro) e art. 5º, XXXVI, da
empresa, isto é, que se inserem na sua atividade econômica, ele CF/88. Dessa maneira, não se pode cogitar em aplicação retroativa
terá uma subordinação estrutural ou integrativa, já que integra o da nova Lei de Terceirizações (Lei nº 13.429/2017) para momento
processo produtivo e a dinâmica estrutural de funcionamento da anterior à sua vigência. É que o contrato de trabalho da autora
empresa ou do tomador de serviços'(Direito do Trabalho, Rio de findou muito antes do início da vigência desta norma legal.
Janeiro, Impetus, 2011, p. 272). É exatamente o que se divisa na O contrato firmado pelas demandadas, quanto à responsabilidade
lide sob apreciação. exclusiva da Adobe pelo adimplemento dos encargos trabalhistas,
Na hipótese em epígrafe, aferiu-se que a trabalhadora estava não é oponível à reclamante, cujo contrato de trabalho é regido por
inserida na dinâmica empresarial da tomadora dos serviços, sendo normas cogentes.
inegável a sujeição laboral ao poder diretivo da CREFISA e, como Indevida a extensão dos efeitos de decisão proferida no âmbito do
corolário, a sua subordinação jurídica. TRT da 1ª Região, nos autos de ação civil pública, a esta 6ª Região.
Evidenciada, como corolário, a prestação do trabalho de forma Os julgados prolatados por aquela Corte, ou por qualquer outro
pessoal, não-eventual, onerosa e subordinada do reclamante em Regional, somente vinculam os órgãos trabalhistas no âmbito de
favor da CREFISA S/A - Crédito, Financiamento e Investimentos. sua jurisdição.
A despeito do esforço argumentativo das reclamadas para que se As súmulas 117, 119 e 239, do TST foram elaboradas para
reconheça a licitude da terceirização havida, não é possível aplicação em quadro fático diverso do desses autos, não havendo
considerar as atribuições da reclamante como estranhas ao núcleo que se falar em sua incidência, na espécie.
das atividades empresariais da CREFISA,restando caracterizada a De todo o exposto, comungo com o bem fundamentado
terceirização ilícita. É que o ordenamento jurídico pátrio coíbe a entendimento do Juízo a quo de que a demandante prestou
utilização de contrato de prestação de serviços para o desempenho serviços à CREFISA por meio da Adobe, realizando serviços
de atividades essenciais ao negócio do contratante, mascarando intrinsecamente relacionados à atividade fim daquela, donde se
autêntica relação de emprego. Trata-se de fraude ao arcabouço conclui, de forma inconteste, pela ilicitude da terceirização
normativo trabalhista que objetiva evitar o enquadramento do firmada entre referidas empresas. Aplica-se, in casu, o contido
trabalhador em categoria diversa, cujo rol de benefícios normativos no item I, da Súmula 331 do C. TST e no artigo 9º da CLT,
tornariam a sua contratação direta mais onerosa. A ilicitude da devendo-se reconhecer a nulidade do contrato firmado com a
terceirização atrai a incidência do art. 9º, da CLT, devendo-se prestadora de serviços e acolher a tese esgrimida pela
reconhecer o vínculo do empregado diretamente com o tomador de reclamante, reconhecendo o vínculo de emprego direto com a
serviços, na forma do item I da súmula 331 do TST, com tomadora dos serviços, e seu consequente enquadramento na
enquadramento na categoria dos empregados do real empregador. categoria dos financiários.
Por oportuno, invoco precedentes desta Corte no sentido da ilicitude Mantida a vinculação empregatícia direta com a tomadora de
da terceirização firmada entre a CREFISA e a Adobe: serviços, como corolário, deve permanecer inalterada a ordem para
RECURSOS ORDINÁRIOS DAS RECLAMADAS. a anotação da CTPS emanada pelo Juízo monocrático.
TERCEIRIZAÇÃO. ART. 9º DA CLT. FRAUDE. CONFIGURAÇÃO. Não se argumente que as normas coletivas adunadas aos autos
É ilícita a terceirização da atividade-fim de instituições financeiras, seriam inaplicáveis à espécie, visto que delas são signatárias a
com o objetivo de burlar a aplicação da legislação trabalhista, Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro -
incidindo na hipótese do art. 9º da CLT, que estabelece que o ajuste CONTRAF/CUT e a Federação Interestadual das Instituições de
entre empregadores com o intuito de impedir ou fraudar a aplicação Crédito, Financiamento e Investimento - FENACREFI, entidades
dos preceitos da Consolidação são nulos de pleno direito. Recursos que representam tanto a autora quanto a tomadora de serviços,
ordinários não providos. (Processo: RO - 0002272- com abrangência em todo território nacional.

Acerca do tema, peço vênia ao Exmo Desembargador José Luciano art. 8º, parágrafo único, da CLT. O mesmo caderno civilista, em seu
Alexo da Silva para transcrever trecho do acórdão prolatado nos art. 942, prevê a responsabilização solidária dos autores do agravo
autos do processo n.º 0010057-03.2013.5.06.0011 por esta 4ª pela sua reparação, de forma que a decisão recorrida não deve ser
Turma, de sua relatoria, adotando-o como razões de decidir, tendo reformada também no aspecto.
em vista que discorre sobre hipótese idêntica: Também deve-se ter em mente que os elementos dos autos
'Diante do reconhecimento do vínculo de emprego da autora com a apontam na direção de que as reclamadas integram o mesmo grupo
tomadora dos serviços (2ª reclamada), e tendo-se como econômico, embora neguem este fato.
inquestionável a atividade financeira desta (art. 17, da Lei nº Compulsando os documentos acostados aos autos, constata-se que
4.595/64), deve ser enquadrada a obreira na categoria dos a ADOBE tem como sócios a R.L. PARTICIPAÇÃO E
financiários. EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS LTDA. e JOSÉ ROBERTO
Quanto à abrangência das Convenções Coletivas anexadas aos LAMACCHIA, sendo este o sócio-administrador da R.L. PART. E
autos, observe-se que o art. 611, § 2.°, da CLT, estabelece que as EMP. COM. LTDA.
Federações e, na ausência destas, as Confederações, A CREFISA, sociedade anônima de capital fechado, por sua vez,
representativas de categorias econômicas ou profissionais, poderão tem como Diretor Presidente JOSÉ ROBERTO LAMACCHIA, sendo
celebrar convenções coletivas de trabalho para reger as relações acionista a CREFIPAR PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS
das categorias a elas vinculadas, inorganizadas em Sindicatos, no LTDA., cujo sócio-administrador é o multicitado JOSÉ ROBERTO
âmbito de suas representações. LAMACCHIA.
E, no caso dos autos, as reclamadas não trouxeram ao caderno Evidente, pois, que as reclamadas compõem o mesmo grupo
processual a necessária prova de que a categoria profissional das econômico, para os efeitos do art. 2°, § 2°, da CLT, por estarem
empresas de instituição de crédito possuem representação sindical ambas sob o mesmo comando, devendo ser mantida a
própria no Estado de Pernambuco. responsabilização solidária.
Incensurável, portanto, a condenação das rés ao pagamento das Recursos improvidos." (destaques)
diferenças salariais e consectários, bem com dos benefícios Confrontando os argumentos suscitados pela parte recorrente com
regulados nas convenções coletivas dos financiários: jornada os fundamentos do acórdão, verifico que a revista comporta
especial (06 horas), auxílio refeição, auxílio cesta alimentação, 13ª processamento, pois o Regional decidiu as questões veiculadas no
cesta alimentação e anuênio.' presente apelo em desconformidade com a tese jurídica
Nestes termos, o reconhecimento do vínculo empregatício com a prevalecente do Supremo Tribunal Federal no sentido de que "É
CREFISA torna a autora, a toda evidência, beneficiária das normas lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho
coletivas subscritas pela tomadora de serviços, de cujas entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto
negociações, portanto, participou, inexistindo qualquer afronta ao social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade
art. 611, da CLT, eis que aplicadas, no caso, no 'âmbito das subsidiária da empresa contratante".
respectivas representações', profissional e econômica. Resta prejudicada a análise dos demais títulos objeto de
Devido o pagamento de indenização pelo não fornecimento de irresignação no presente apelo.
auxílio-refeição e ajuda-alimentação, bem como diferenças salariais CONCLUSÃO
para o piso normativo da categoria, sendo o deferimento de Diante do exposto, RECEBO o recurso de revista.
diferenças de verbas rescisórias mero corolário lógico da majoração Intimem-se, ficando ciente a parte recorrida para, querendo,
salarial. apresentar suas contrarrazões.
Destaco que não houve condenação ao pagamento de aviso prévio
normativo, nem mesmo pedido correlato na petição inicial, de forma /jrb/illsg
que a Adobe sequer possui interesse jurídico em discutir o tema.
A condenação solidária das rés é medida que se impõe. De fato, a
intermediação de mão de obra perpetrada entre as empresas Assinatura
constitui burla à legislação trabalhista, que ocasionou dano à RECIFE, 25 de Outubro de 2018
trabalhadora. Enquadra-se, pois, na definição de ato ilícito
constante no art. 927 do Código civil pátrio, aplicável VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
subsidiariamente a esta Especializada, em virtude do que versa o Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região

Decisão incompatível com a nova legislação trabalhista. Aduz, além da clara

Processo Nº RO-0000642-18.2017.5.06.0411
Relator MARIA CLARA SABOYA inconstitucionalidade do artigo invocado pela parte reclamante, a
não concessão do intervalo de 15 minutos previsto no artigo 384 da
RECORRENTE ROSIMEIRE ARAUJO RODRIGUES
ADVOGADO WENDEL LOPES MENEZES DA CLT, não gerava pagamento pecuniário a título de hora extra por
constituir mera infração administrativa para a Empresa, não
RECORRIDO RN COMERCIO VAREJISTA S.A
ADVOGADO CARLA ELISANGELA FERREIRA incorrendo em excesso de jornada.
ALVES TEIXEIRA(OAB: 18855/PE)
Destaco os seguintes fundamentos do acórdão:
ADVOGADO URBANO VITALINO DE MELO
NETO(OAB: 17700/PE) Por outro lado, observo que o Tribunal Superior do Trabalho
decidiu, no incidente de constitucionalidade TST-IIN-RR-

11540/2005-046-12-005, em sessão plenária no dia 17/11/2008,
- RN COMERCIO VAREJISTA S.A
- ROSIMEIRE ARAUJO RODRIGUES que a norma do artigo 384 da CLT foi recepcionada pela
Constituição de 1988, razão pela qual não há se falar em violação
ao princípio da isonomia.
E tal dispositivo legal, incidente, na hipótese, posto que vigente à

PODER
época do contrato de trabalho em análise, estabelecia, em favor da
JUDICIÁRIO
mulher, o direito ao intervalo de quinze minutos antes do início da
Fundamentação jornada extraordinária, nos seguintes termos: "Em caso de
RECURSO DE REVISTA prorrogação do horário normal, será obrigatório um descanso de 15
Trata-se de Recurso de Revista interposto por RN COMERCIO (quinze) minutos, antes do início do período extraordinário de
VAREJISTA S.A., em face de acórdão proferido em sede de trabalho."
recurso ordinário nos autos da Reclamação Trabalhista nº 0000642- Assim, deixando o empregador de conceder o intervalo de 15
18.2017.5.06.0411, figurando, como recorrida, ROSIMEIRE minutos entre a jornada normal e a extraordinária, a teor do art. 384
ARAÚJO RODRIGUES. da CLT, impõe-se penalizá-lo com o pagamento do tempo
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS correspondente, com acréscimo de 50%, e repercussões sobre
O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão outras parcelas, consoante aplicação analógica do § 4º, do art. 71,
recorrida se deu em 31.08.2018 e a apresentação das razões Consolidado, e diretriz contida na Súmula nº 437, III, do TST, de
recursais em 13.09.2018 (Ids 9ef0449 e a85a111). modo que não há prosperar a tese no sentido de que a conduta
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id empresarial, no caso, corresponderia apenas à infração
3c4a4d5). administrativa.
Preparo regularmente efetuado (Ids 8ca39d1, 2ac29f4, 8c1b20d e De outra parte, para fins de aperfeiçoamento da prestação
fb70e0e). jurisdicional, impõe-se definir que o condeno, no aspecto, deve ser
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS apurado considerando-se os dias em que houve labor em
INTERVALO PREVISTO NO ARTIGO 384 DA CLT sobrejornada, de acordo com os cartões de ponto adunados.
Alegações: Por essas razões, dou parcial provimento ao recurso, no particular,
- violação aos artigos 5º, incisos I, II, LIV, X e XXXVI e LV, 93, IX, da para excluir do condeno o pagamento a título de horas extras
CF; propriamente ditas e respectivos reflexos. Determino, outrossim,
- violação aos artigos 384 e 879, 'caput' e §1º, da CLT; e que o condeno pertinente ao intervalo previsto no art. 384 da CLT
- divergência jurisprudencial. deve ser apurado considerando-se os dias em que houve labor em
Atendendo aos requisitos formais para conhecimento do apelo, sobrejornada, de acordo com os cartões de ponto adunados.
previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, o Recorrente pede Quanto ao intervalo de 15 minutos para início da hora extra da
a exclusão do pagamento das horas extras pelo intervalo do art. 384 mulher previsto no art. 384 da CLT, a decisão se encontra em
da CLT, alegando que não há qualquer amparo legal que nutra o sintonia com o que restou decidido no incidente de
pedido de horas extras da parte reclamante, de modo que este constitucionalidade TST-IIN-RR-11540/2005-046-12-005, que
deverá ser julgado improcedente. Explica que, além de revogar o reconheceu a recepção do referido artigo pela Constituição de 1988.
art. 384 da CLT, a Lei 13.467/2017 também sucedeu a decadência Ademais, o recurso encontra óbice no art. 896, § 7º, da CLT e na
conjunta do item 5.1.3.1 do anexo II da NR 17, já que tal norma é Súmula nº 333 do TST, uma vez que a decisão recorrida encontra-


se alinhada com a iterativa, notória e atual jurisprudência do TST, DIAS(OAB: 37219/PE)
inclusive quanto a não configuração de mera infração administrativa MELO(OAB: 35791/PE)
quando inobservado o intervalo em questão, como se demonstra RECORRIDO REFRESCOS GUARARAPES LTDA
ADVOGADO Thiago de Lima e França(OAB:
nas decisões proferidas pela SDI-1 daquela Corte: 32834/PE)
EMBARGOS. INTERVALO PARA A MULHER. ARTIGO 384 DA ADVOGADO ANTONIO HENRIQUE
NEUENSCHWANDER(OAB:
CLT. RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. NÃO 11839/PE)
PROVIMENTO. 1. Por disciplina judiciária, curvo-me ao PARPINELLI(OAB: 18614/PE)
entendimento do Tribunal Pleno desta Corte Superior que,
reconhecendo a constitucionalidade do artigo 384 da CLT, que trata
- CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA
do intervalo de 15 (quinze) minutos garantido às mulheres
- REFRESCOS GUARARAPES LTDA
trabalhadoras antes da prestação de horas extraordinárias, concluiu
que a concessão de condições especiais à trabalhadora do sexo
feminino não fere o princípio da igualdade entre homens e

PODER
mulheres, tal como assegurado no artigo 5º, I, da Constituição
JUDICIÁRIO
Federal. 2. Irretocável, pois, o acórdão ora embargado, no que
reconheceu a ocorrência de afronta ao artigo 384 da CLT e, com Fundamentação

base nela, acresceu à condenação da reclamada o pagamento de RECURSO DE REVISTA.
horas extraordinárias em função da não concessão à reclamante do Trata-se de Recurso de Revista interposto por NORSA
intervalo para descanso nele assegurado, com os reflexos daí REFRIGERANTES S.A. (atual denominação de REFRESCOS
decorrentes. 3. Recurso de embargos conhecido e não provido, no GUARARAPES LTDA.), em face de acórdão proferido em sede de
particular. (E-RR - 107300-38.2008.5.04.0023 , Relator Ministro: Recurso Ordinário, nos autos da Reclamação Trabalhista nº
Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de Julgamento: 0001188-76.2017.5.06.0313, figurando, como recorrido, CARLOS
14/08/2014, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, ALBERTO DE OLIVEIRA.
Data de Publicação: DEJT 22/08/2014) CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
CONCLUSÃO Registre-se, inicialmente, que foi instaurado Incidente de
Diante do exposto, DENEGO seguimento aos Recursos de Revista. Uniformização de Jurisprudência neste Egrégio Sexto Regional
Cumpram-se as formalidades legais. sobre a seguinte questão jurídica: "O transporte de valores
Intime-se a recorrente. (numerários e cheques) realizado por motoristas e ajudantes de
/mscs/AE entrega, atividade estranha ao contrato de emprego, caracteriza

Assinatura extrapatrimoniais?", o que motivou o sobrestamento de todos os
RECIFE, 24 de Outubro de 2018 processos que tratavam da matéria.

VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO Tribunal, por maioria, resolveu extinguir o referido IUJ, sem
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região resolução do mérito, nos termos do artigo 485, VI, do Código de
Decisão Processo Civil.
Processo Nº RO-0001188-76.2017.5.06.0313
Relator FABIO ANDRE DE FARIAS Assim, passo ao exame dos pressupostos de admissibilidade.
RECORRENTE CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
DIAS(OAB: 37219/PE) O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação do acórdão
ADVOGADO RAFAEL PYRRHO CORREIA DE se deu em 06/09/2018 e a apresentação das razões recursais em
MELO(OAB: 35791/PE)
RECORRENTE REFRESCOS GUARARAPES LTDA 19/09/2018, conforme se pode ver dos documentos Ids 9557b2a e
ADVOGADO Thiago de Lima e França(OAB: 6b43094.
32834/PE)
ADVOGADO ANTONIO HENRIQUE A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
NEUENSCHWANDER(OAB:
11839/PE) 2aecdef).
ADVOGADO PETERSON CAPUCHO Preparo efetuado corretamente (Id d40ebf1, f854803, 6fbf830,
RECORRIDO CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA bb8b43a, f5a6124 e 0fad45b).

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS ocorrência do dano, ficando sobre o poder discricionário do Juiz.
DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS EM RAZÃO DO Considerando essas balizas, ainda, em consonância com a
TRANSPORTE IRREGULAR DE VALORES / DO VALOR jurisprudência deste Egrégio e, considerando que o reclamante não
ARBITRADO foi vítima direta de assaltos, dou parcial provimento ao recurso do
Alegações: autor para majorar o valor arbitrado pelo juízo a quo ao patamar de
- violação aos arts. 186, 187, 927, 944/954, do CC; R$10.000,00, posto que além de ser de acordo com a jurisprudência
- divergência jurisprudencial desta Turma, atende aos critérios da razoabilidade e
Atendendo os requisitos formais para conhecimento do seu apelo, proporcionalidade, e nego provimento ao recurso da reclamada."
previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a parte recorrente Quanto ao dano moral, o entendimento do órgão fracionário está em
insurge-se contra o posicionamento do Colegiado regional, quanto consonância com o art. Com a recente e iterativa interpretação dada
ao dano moral em face do trabalho com entregas, movimentando à matéria pela SBDI-1 dessa mesma Corte Superior. É o que se
numerários e seu quantum. Alega, em resumo, que "sequer houve extrai do seguinte precedente:
prova dos indispensáveis pré-requisitos para condená-la em "RECURSO DE EMBARGOS. REGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.
indenização por danos morais" e, acrescenta que o valor arbitrado TRANSPORTE DE VALORES. EMPRESA DISTRIBUIDORA DE
foi excessivo, requerendo, alternativamente, sua redução. BEBIDAS. EMPREGADO NÃO HABILITADO. DANO MORAL.
Do acórdão impugnado extrai-se que (Id bb8b43): INDENIZAÇÃO. 1. A eg. Quinta Turma deu provimento ao recurso
"RECURSO ORDINÁRIO PATRONAL. TRANSPORTE de revista interposto pelo reclamante, sob o fundamento de que,
IRREGULAR DE VALORES. DANO À MORAL. INDENIZAÇÃO tratando-se de empresa de outro setor econômico, que não o de
DEVIDA. - O transporte de valores exige habilitação profissional, de segurança e transporte de valores, a realização habitual dessa
acordo com a disposição contida na Lei nº. 7.102/83. Foge às atividade pelo empregado, sem a necessária habilitação técnico-
atribuições de um ajudante ou motorista de entregas, que não é profissional, enseja o pagamento de indenização por dano moral,
contratado como segurança, com todas as condicionantes que a lei em razão do descumprimento, pela empregadora, da exigência
exige, fazer o transporte de valores, que exige profissionais expressa no art. 10, § 4º, da Lei nº 7.102/1983. 2. Demonstrado o
especializados a fim de resguardar não só o patrimônio da empresa, dissenso pretoriano válido e específico, no tocante à hipótese de
mas a própria integridade física dos que operam nessa função. motorista de empresa distribuidora de bebidas, o recurso não logra
Pratica ato ilícito a ré ao submeter o reclamante a esse tipo de êxito quanto ao mérito. A jurisprudência iterativa, notória e atual
tarefa, além de suas responsabilidades, considerado o alto grau de desta Corte é firme no sentido de que o direito à redução dos riscos
risco, o que, por certo, causa abalos psicológicos em face do temor inerentes ao trabalho, assegurado no art. 7º, XXII, da Constituição
que se instalava diante da possibilidade de assaltos, e a exposição Federal e disciplinado na legislação específica dos serviços de
a situação que podia desaguar em risco real de morte ou debilidade transporte de valores, impõe reconhecer a ilicitude da conduta da
física permanente. Devida a indenização por danos morais. empresa que atribui essa atividade a empregado sem o devido
Recurso patronal improvido. treinamento, o que autoriza a manutenção da condenação ao
(...) pagamento da indenização por dano moral, configurado "in re ipsa".
Relativamente ao valor arbitrado a título de dano moral, registro 3. O transporte de valores em veículos da empresa, contendo cofre,
que, embora a Lei 13.467/2017 em seu art. 223-A, venha evidencia o risco potencial a que estava submetido o empregado
apresentar um novo regramento ao instituto do dano moral ou responsável pela guarda do dinheiro recebido pelas vendas, sem o
extrapatrimonial, trazendo critérios para determinação do valor da necessário treinamento para a função, não tendo relevância, para
reparação, saliento que aplica-se ao caso a legislação vigente à esse fim, a discussão em torno do montante do numerário existente
época contratual, uma vez que para que a mencionada lei afete os no cofre. Recurso de embargos de que se conhece e a que se nega
contratos anteriores a sua vigência seria necessário nova provimento.(E-RR - 514-11.2013.5.23.0008 , Relator Ministro:
pactuação. Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 23/06/2016,
Destarte, o valor arbitrado deve constituir-se em compensação ao Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de
lesado e desestímulo ao lesante, de modo proporcional ao dano Publicação: DEJT 01/07/2016)
causado e à capacidade econômica do ofensor e do ofendido, sob Relativamente ao valor arbitrado ao dano moral, destaco que,
pena de não punir corretamente a prática da ofensa. Por outro lado, diversamente do que quer fazer crer o recorrente, a reavaliação dos
tampouco pode ser mais vantajosa - do ponto de vista financeiro - à critérios de arbitramento da indenização por danos morais é matéria

que demanda revolvimento dos elementos probatórios dos autos. Assim, incabível o processamento da Revista também nos termos
Consoante jurisprudência pacificada do TST, a sua análise em sede do art. 896, §7º, da CLT e da Súmula n.º 333 do TST.
de Recurso de Revista somente poderá ser feita em casos em que CONCLUSÃO
seja grosseira a afronta à proporcionalidade: Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. DANO Cumpram-se as formalidades legais.
MORAL. INDENIZAÇÃO. FIXAÇÃO DO VALOR. RAZOABILIDADE Intimem-se.
1. Na fixação do valor da indenização por dano moral, o órgão Je/AE

Processo Nº RO-0001373-57.2015.5.06.0193
Trabalho sobre o valor arbitrado, conforme jurisprudência Relator ANDREA KEUST BANDEIRA DE
MELO
sedimentada, somente é concebível nas hipóteses de arbitramento
RECORRENTE PLURAL INDUSTRIA GRAFICA LTDA
de valor manifestamente irrisório, ou de valor manifestamente ADVOGADO BRUNO DE OLIVEIRA VELOSO
MAFRA(OAB: 18850-D/PE)
RECORRENTE DENISON OLIVEIRA DA CUNHA
recurso de revista ao conhecimento, por violação dos princípios da ADVOGADO JOSE GERALDO DE MENEZES LIRA
JUNIOR(OAB: 12328/PB)
RECORRIDO DENISON OLIVEIRA DA CUNHA
X, da Constituição da República. 4. Caso em que o valor arbitrado ADVOGADO JOSE GERALDO DE MENEZES LIRA
JUNIOR(OAB: 12328/PB)
pelo Tribunal Regional do Trabalho, no importe de R$ 11.000,00
RECORRIDO PLURAL INDUSTRIA GRAFICA LTDA
(onze mil reais), não impulsiona o conhecimento do recurso de ADVOGADO BRUNO DE OLIVEIRA VELOSO
não se cuida de valor irrisório, tampouco exorbitante. 5. Agravo de TRABALHO
instrumento de que se conhece e a que se nega provimento" (AIRR

- 1447-93.2011.5.06.0018 , Relator Ministro: João Oreste Dalazen, - DENISON OLIVEIRA DA CUNHA
Data de Julgamento: 07/05/2014, 4ª Turma, Data de Publicação: - PLURAL INDUSTRIA GRAFICA LTDA
DEJT 16/05/2014) - sem grifos no original.
"EMENTA: RECURSO DE REVISTA - RESPONSABILIDADE CIVIL
- ACIDENTE DO TRABALHO - DANOS MORAIS, MATERIAIS E

PODER
ESTÉTICOS O Eg. Tribunal Regional assinalou que, 'ao contrário
JUDICIÁRIO
dos argumentos da ré, o autor comprovou a existência do nexo de
causalidade entre o acidente tipo ocorrido em 16-01-12 e a cirurgia Fundamentação
realizada em 11-05-2012, a qual foi realizada com a finalidade de RECURSO DE REVISTA
tratar lesões originárias daquele sinistro', restando caracterizados os Trata-se de Recurso de Revista interposto por PLURAL
danos materiais, morais e estéticos. Entendimento diverso INDÚSTRIA GRÁFICA LTDA., em sede de Recurso Ordinário, nos
demandaria o revolvimento de matéria fático-probatória, autos da Reclamação Trabalhista nº 0001373-57.2015.5.06.0193,
procedimento vedado pela Súmula nº 126 do TST. DANOS figurando, como recorrido, DENISON OLIVEIRA DA CUNHA.
MORAIS E ESTÉTICOS - VALOR DA INDENIZAÇÃO O Eg. TRT, PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
ao fixar o quantum indenizatório, pautou-se pelo princípio da O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão
razoabilidade, com observância dos critérios de justiça e equidade, recorrida se deu em 06/09/2018 e a apresentação das razões
não se justificando a excepcional intervenção desta Corte Superior. recursais em 17/09/2017 (Ids e4e7412 e 2f0a84f).
(...)" (RR - 1646-34.2012.5.12.0012 , Relatora Ministra: Maria A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
Cristina Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento: 14/10/2015, 8ª 2d85992).
Turma, Data de Publicação: DEJT 16/10/2015) - sem grifos no Regular o preparo (Ids 0a4f047, 37f2b9b, 30d5ecb, 4f7553c,
original. 6344cb3, fb7accc, e602bf0).

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS terceiro, "in casu", a Secretaria da Vara.
DAS HORAS EXTRAS Esse o entendimento firmado pelo Colendo TST, de acordo com o
DA MULTA/ OBRIGAÇÃO DE FAZER/ ANOTAÇÃO DA CTPS julgado abaixo ementado:
DA MULTA POR OPOSIÇÃO DE EMBARGOS PROTELATÓRIOS "(...). MULTA RELATIVA À OBRIGAÇÃO DE FAZER. ANOTAÇÃO
Alegações: DA CTPS DO AUTOR. MULTA DIÁRIA. Decisão do Regional em
- contrariedade à Súmula 338 do TST; dissonância com a jurisprudência desta Corte, que entende que a
- violação aos artigos 5º, II, LV, da CF; 39, 897-A, da CLT; 442, faculdade dada a Secretaria da Vara do Trabalho para efetuar
1.026, § 2º, CPC; anotações na CTPS, artigo 39, §§ 1° e 2°, da CLT, impõe a
- divergência jurisprudencial. inadmissibilidade de aplicação de multa diária.(..)" (TST-RR-78800-
Atendendo aos requisitos formais para conhecimento do seu apelo, 27.2006.5.06.0006, 5ª T., Rel. Min. Emmanoel Pereira, DEJT
previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a recorrente 11/3/2011) Improvejo.
insurge-se contra a condenação quanto à aplicação de multa diária, Nesse mesmo sentido:
no importe de R$ 50,00 (cinquenta reais) limitada à 30 dias, por falta "RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. ASTREINTES.
de previsão legal ou convencional, vez que a própria secretaria da ANOTAÇÃO DA CTPS. Ainda que o art. 461, § 4º, do CPC, autorize
Vara pode proceder à retificação na CTPS do reclamante, sem o magistrado a impor multa diária em caso de descumprimento de
qualquer prejuízo. Indica o art. 39 da CLT como fundamento de sua obrigação de fazer, quando fixado prazo razoável para
tese. Busca a exclusão da condenação à multa pelo cumprimento, no caso do dever de retificar as anotações da CTPS,
descumprimento da obrigação de realizar anotações na CTPS. Em além de o prazo de 48h após o trânsito em julgado não observar a
seguida, mostra-se inconformada com o decisum que manteve a própria necessidade de o empregado depositar a CTPS em
sentença que deferiu o pagamento de horas extras, intervalo Secretaria, a própria Secretaria da Vara do Trabalho pode realizar
intrajornada, adicional noturno e suas repercussões, no interregno as anotações, o que garante o resultado pretendido (CLT, art. 39, §
compreendido de 22/10/2010 e 03/03/2013. Fundamenta que restou 1º). Recurso provido." (TRT4; 0112400-84.2009.5.04.0751 RO; Rel.
comprovada, mediante prova testemunhal, que as horas Ana Rosa Pereira Zago Sagrilo; Julgamento: 30/06/2011).
suplementares, intervalo intrajornada, adicional noturno e suas Contudo, por motivo de economia e celeridade processual e, ainda,
repercussões, foram devidamente quitadas pela empresa considerando a recente alteração introduzida na CLT, por meio da
recorrente. Pede sejam tais parcelas excluídas do condeno. Ao Lei nº 13.015, de 21 julho de 2014, que determina que os Tribunais
final, alega indevida a multa procrastinatória imputada a ora Regionais do Trabalho procederão, obrigatoriamente, à
recorrente. Justifica que a oposição dos aclaratórios observaram o uniformização de sua jurisprudência, passo a adotar o entendimento
artigo 897-A da CLT, ante a omissão e contradição da decisão de majoritário dessa Egrégia 1ª Turma no sentido da aplicabilidade da
piso acerca do pagamento das horas extras - prova testemunhal. multa a ser fixada pelo eventual descumprimento da obrigação de
Do acórdão impugnado, exsurgem os seguintes fundamentos: retificação da CTPS do autor.
"Da multa pelo descumprimento da obrigação de fazer. Nego provimento ao apelo, no particular.
O Juízo de origem determinou a aplicação de multa diária no valor (...)
de R$ 50,00 (cinquenta reais), limitada a 30 dias, se descumprida Dos pleitos relativos à jornada.
pelo empregador a obrigação de fazer relativa à retificação da A reclamada não se conforma com sua condenação no pagamento
CTPS do reclamante. de horas extras, intervalo intrajornada, adicional noturno e suas
Diz a recorrente que a retificação da CTPS pode ser procedida pela repercussões, no período compreendido de 22/10/2010 e
Secretaria da Vara, segundo as normas celetistas, sendo, portanto, 03/03/2013, ressaltando que a própria testemunha do reclamante foi
incabível multa pecuniária pelo descumprimento da obrigação de categórica em afirmar "que recebiam as horas extras de forma
fazer. correta", ou seja, ele depoente e o reclamante. Destacou também
Com efeito, o art. 39, §1º, da CLT, é no sentido de autorizar à que o Juízo "a quo" reconheceu a idoneidade dos controles de
Secretaria da unidade jurisdicional que efetue a anotação na CTPS jornada, de modo que não havia a necessidade de juntar
do laborista. contracheques ou fichas financeiras para demonstrar o pagamento
Em assim sendo, o não cumprimento da obrigação de fazer pelo das horas extras.
empregador não há de resultar na imposição de astreintes, Assevera a correção dos registros nos controles de jornada dos
porquanto o mesmo resultado pode ser alcançado por ato de horários trabalhados pelo autor, bem como chama a atenção para o

fato de que o intervalo era pré-assinalado, sendo, portanto, prova emprestada, o que foi deferido pelo Juízo de primeiro grau,
observados os limites legais. sendo que de referida ata não consta depoimento de testemunha
À análise. apresentada pela empresa, mas apenas pela parte autora.
Inicialmente, há de ser registrado que, em se tratando de E do depoimento extraído da prova emprestada pinço o que se
controvérsia envolvendo jornada de trabalho, a sua apreciação segue:
depende de documento essencial, cuja juntada se faz a cargo do "que batia o cartão de ponto no início e no término da jornada; que a
empregador - registros de ponto -, sendo, pois, ônus deste trazê-los empresa entregava o espelho de ponto para conferência, e se
aos autos, sob pena de se presumir veraz a jornada declinada na houvesse alteração os empregados faziam e devolviam ao
inicial. Inteligência dos arts. 74, § 2º, da CLT c/c Súmula nº. 338 do supervisor, que realizava as correções; (...) que os dias trabalhados
C. TST. também encontram-se anotados nos cartões de ponto; que gozava
Merece registro ainda o fato de que os documentos de controle de de intervalo intrajornada de 1h nos 02 últimos anos do contrato; que
jornada, ainda que assinados pelo trabalhador, gozam de antes disso o intervalo era de apenas 30 min; que essa situação
presunção relativa de veracidade. E assim porque, no âmbito acontecia com todos os funcionários da empresa da área de
trabalhista, a realidade fática se sobrepõe à forma. produção; que registrava o intervalo no cartão de ponto apenas nos
Destarte, apresentando o empregador documentos de registro de 02 últimos anos do contrato;"
ponto idôneos, cumpre ao trabalhador desconstituir a veracidade Quanto ao intervalo intrajornada, certo é que a Portaria Ministerial
das informações neles registradas. Isso porque incumbe ao Nº. 3.632/91 (ainda Portaria. 3.082/84) dispensa a anotação de dita
reclamante a prova da existência dos fatos constitutivos do seu pausa. No entanto, determina que seja pré-assinalado no cabeçalho
direito (arts. 818 da CLT e 333, I, do CPC). Do contrário, ou seja, a do cartão/folha de ponto. E, portanto, desde que ali conste a pré-
não apresentação injustificada de ditos documentos, ou a assinalação, necessário se faz a prova da não concessão de dita
apresentação de documentos inidôneos, o ônus da prova recai pausa, e ou que era concedida de forma reduzida, o que a cargo do
sobre o empregador, haja vista que incumbe ao reclamado provar a empregado, para fazer jus à pretendida "hora extra".
existência dos fatos modificativos, impeditivos ou extintivos do A pré-assinalação desta pausa, que consiste na indicação do
direito do autor. horário destinado ao intervalo, e não apenas ao tempo destinado
No caso dos autos, a reclamada trouxe à colação os espelhos de para tanto, gera presunção de veracidade do gozo do intervalo para
ponto de Ids. 769b117 e 5b59946, bem como o documento de Id. refeição e repouso. E, desse modo, o ônus de prova passa a ser do
3fbf7e8, relativo a registros de passagem por catracas na empresa. empregado.
E registro, de logo, que estes últimos não se apresentam completos, Colho, por oportuno, o seguinte aresto:
mas, ao contrário, há vários períodos sem qualquer registro e ou "INTERVALO INTRAJORNADA: FOLHAS DE PONTO: PRÉ-
com apenas um horário registrado (veja-se, por exemplo, no mês de ASSINALAÇÃO X ASSINALAÇÃO DE JORNADA: FALTA: EFEITO:
junho de 2011 há registro apenas nos dias 07 e 21, e no mês de PRESUNÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE PERÍODO PARA
julho, apenas do dia 31, sendo que nestes dois últimos dias há DESCANSO. Assinalação e pré-assinalação de jornada são
apenas a anotação de 01 horário). conceitos que se distinguem. A assinalação corresponde à
No mais, os espelhos de ponto juntados aos autos (Ids. 769b117 e marcação ao início e ao término da jornada de trabalho, efetivada
5b59946) apresentam horários de entrada e saída variados, mas pelo obreiro. Por sua vez, a pré-assinalação consiste na mera
não abrangem todo o período contratual, que perdurou de indicação do horário destinado ao intervalo, no cabeçalho ou no
09/10/2009 a 28/07/2014, apenas o período de 16/06/2013 a corpo do cartão de ponto, resultando de obrigação legal (CLT, art.
28/07/2014. 74, § 2º, parte final). A falta de pré-assinalação do intervalo resulta
Era, pois, do reclamante o ônus de fazer prova da inidoneidade das na presunção de inexistência da concessão do período destinado a
folhas de ponto trazidas à colação, incumbindo à reclamada descanso. Não provada pela empresa a concessão do intervalo
comprovar a inexistência de sobrelabor no período imprescrito cujos para repouso e alimentação, é devida a indenização respectiva.
documentos de controle de jornada não vieram aos autos, mas, Precedentes. [...] Recurso patronal conhecido e desprovido." (TRT-
assim como o Juízo "a quo", entendo que as partes não se 10, 2ª Turma, Processo 0065000-75.2007.5.10.0008, Relator
desincumbiram do seu encargo processual. Desembargador Alexandre Nery de Oliveira, publicado em
As partes de comum acordo, requereram a utilização da ata de 22.02.2008). Sem grifos no original.
audiência do processo 0001352-81.2015.5.06.0193, a título de Impende seja ressaltado que se trata de uma presunção relativa. E

assim porque, no âmbito trabalhista, a realidade fática se sobrepõe No que se refere à multa por oposição de embargos de declaração
à forma. protelatórios, a condenação da parte recorrente ao pagamento da
No caso dos autos, observo que dos espelhos de ponto não consta mesma está devidamente fundamentada, repousando no manifesto
a marcação da pausa para repouso e alimentação. E, ao contrário intuito procrastinatório dos aclaratórios manejados. Inexistindo a
do que alega a demandada em seu apelo, tampouco deles é omissão apontada e tendo em vista o entendimento sedimentado na
possível observar a pré-assinalação do intervalo intrajornada, pois Orientação Jurisprudencial n.º 118, da SBDI-I do C. TST ("Havendo
ali apenas a indicação de "1h intervalo". tese explícita sobre a matéria, na decisão recorrida, desnecessário
Necessário se faz observar ainda que, excetuada a confissão, a contenha nela referência expressa do dispositivo legal para ter-se
prova do pagamento das horas extras é exclusivamente como prequestionado este."), entendo que a decisão desta Corte,
documental, sendo certo que a testemunha não pode confessar ao aplicar a aludida penalidade de cunho processual, está em
pelo reclamante. sintonia com o §2º do art. 1.026 do CPC/2015, inexistindo violação
Entendo, que, ante os elementos de prova existentes nos autos, que permita a admissibilidade do apelo nos termos do art. 896 da
não há o que mudar na r. sentença, no particular. Nego provimento CLT.
ao recurso no ponto. CONCLUSÃO
Da multa por embargos protelatórios. Diante do exposto, DENEGO seguimento ao apelo.
Insurge-se a reclamada contra a condenação no pagamento de Cumpram-se as formalidades legais.
multa de 2%, por embargos protelatórios, a favor da parte autora, ao Intimem-se.
argumento de que opôs os embargos declaratórios com o fim de cp/AE
sanar a omissão e a contradição lá apontadas.
Nenhuma reforma desafia o julgado, no particular. Assinatura
Com efeito, assim como o Juízo de primeiro grau, entendo que o RECIFE, 25 de Outubro de 2018
réu opôs embargos de declaração dissociados de seu real
fundamento jurídico, previsto nos artigos 897-A da CLT e 1.022 do VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
CPC, objetivando, na verdade, alongar o feito e comprometer a Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
celeridade processual. São, pois, manifestamente protelatórios. É a Decisão

Processo Nº ReeNec-0001082-87.2016.5.06.0010
conclusão que se impõe, ante a inexistência de qualquer hipótese Relator GISANE BARBOSA DE ARAUJO
que justifique sua oposição. JUÍZO RECORRENTE JOSE SOARES DE MARIA FILHO
ADVOGADO ALYNE ROBERTA ALEIXO DE
Em consequência, nos termos do parágrafo único do art. 1.026 do MELO(OAB: 28167/PE)
Código de Processo Civil de 2015, é devida a multa imposta. ADVOGADO JOAO CAMPIELLO VARELLA
NETO(OAB: 30341/PE)
Apelo improvido, no particular." ADVOGADO TATIANA FERREIRA LIMA(OAB:
41548/PE)
Confrontando os argumentos suscitados pelo recorrente com os
JUÍZO RECORRENTE WILSON PEREIRA DE LIMA
fundamentos da decisão guerreada não vislumbro contrariedade ADVOGADO ALYNE ROBERTA ALEIXO DE
MELO(OAB: 28167/PE)
aos dispositivos legais e aos entendimentos jurisprudenciais
ADVOGADO JOAO CAMPIELLO VARELLA
sumulados citados, porque a Turma decidiu as questões veiculadas NETO(OAB: 30341/PE)
ADVOGADO TATIANA FERREIRA LIMA(OAB:
no presente apelo com base no conjunto probatório contido nos 41548/PE)
autos, aplicando as normas jurídicas inerentes à espécie e a RECORRIDO AUTARQUIA DE TRANSITO E
TRANSPORTE URBANO DO RECIFE
Súmula 338 do TST. Destarte, a controvérsia diz respeito - CTTU
ADVOGADO ANA CARLA SETTE DA ROCHA(OAB:
largamente a matérias de natureza fática. 17478/PE)
O insurgimento da recorrente consiste, pois, apenas em ADVOGADO REBECA AMARAL DE
ANDRADE(OAB: 37344/PE)
interpretação dos fatos diversa daquela conferida pelo Regional. ADVOGADO MARIANA RAFAELA DE LIMA LEITE
RAPOSO(OAB: 40271/PE)
Deste modo, as alegações lançadas pela parte nas razões
recursais, em sentido contrário, somente são aferíveis por meio de TRABALHO
reexame fático, o que não é possível por meio desta nesta via
recursal (Súmula nº. 126 do TST). Por consequência, fica - AUTARQUIA DE TRANSITO E TRANSPORTE URBANO DO
RECIFE - CTTU
inviabilizado o exame pertinente à divergência jurisprudencial
- JOSE SOARES DE MARIA FILHO
específica (Súmulas nºs 296, 333 desse mesmo órgão superior). - WILSON PEREIRA DE LIMA

da reclamada, principalmente, a tese de que o salário do Sr. Carlos
Alberto da Silva Barbosa era maior em decorrência de
PODER "reenquadramento sindical para a categoria de motorista rodoviário"
JUDICIÁRIO e da "gratificação de incentivo de produção", ambos, determinados
por decisão judicial (fl. 62).

Fundamentação
De igual forma, ausente qualquer rechaço aos argumentos de que a
Trata-se de Recurso de Revista interposto por WILSON PEREIRA
partir da edição da Lei Municipal nº 16534/1999 que alterou o
DE LIMA E JOSÉ SOARES DE MARIA FILHO, em face de acórdão
estatuto social da CTU e sua estrutura jurídica, a gratificação de
proferido em sede de Recurso Ordinário, nos autos da Reclamação
incentivo de produção passou a ser paga somente aos motoristas
Trabalhista n. 0001082-87.2016.5.06.0010, figurando como
de ônibus da CTR (fl. 63).
recorrida, AUTARQUIA DE TRANSITO E TRANSPORTE URBANO
Por outro lado, procedendo-se a leitura do teor da sentença
DO RECIFE- CTTU.
proferida nos autos da reclamação trabalhista (845/06-0, da 7a.
Vara do Trabalho do Recife) ajuizada pelo paradigma em face da
O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão
CTTU, juntada às fls. 125/129, extrai-se que a majoração do salário
recorrida se deu em 17/08/2018 e a apresentação das razões
do paradigma decorre de reconhecimento de vantagem individual,
recursais em 05/07/2018, conforme se pode ver dos documentos
uma vez que reconheceu o direito ao recebimento de piso previsto
(Ids f23be4a e bfcd4b8).
na norma coletiva dos motoristas de transporte rodoviário e da
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
gratificação de incentivo de produção, após a alteração da estrutura
3ed5997).
jurídica promovida na empresa.
Preparo dispensado (Id 7c7fb29).
Ora, os efeitos da coisa julgada se restringem às partes litigantes
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
daquela relação processual, não se estendendo a terceiros. Por
EQUIPARAÇÃO SALARIAL
conseguinte, se os reclamantes pretendiam obter a diferença
Alegações:
salarial para o piso da categoria dos motoristas rodoviários,
- contrariedade à Súmula 6 do TST;
deveriam pleiteá-lo judicialmente e não pretender valer-se de
- violação aos artigos 7º, XXX, 461, §§ 1º a 6º, da CLT;
sentença transitada em julgado em outra ação, sob o argumento de
equiparação salarial.
Atendendo aos requisitos formais para conhecimento do seu apelo,
Nesses termos, o caso é de aplicação da exceção contida na alínea
previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, os recorrentes
"a" do item VI da Súmula 461 do TST:
insurgem-se contra o acórdão que excluiu o condeno referente às
EQUIPARAÇÃO SALARIAL. ART. 461 DA CLT (redação do item VI
diferenças salariais, em face de equiparação. Afirmam, em síntese,
alterada) - Res. 198/2015, republicada em razão de erro material -
que competia à reclamada o encargo de comprovar os fatos
DEJT divulgado em 12, 15 e 16.06.2015
modificativos, extintivos e impeditivos do direito à equiparação, do
I - Para os fins previstos no § 2º do art. 461 da CLT, só é válido o
qual não se desvencilhou. Argumentam que "a equiparação em
quadro de pessoal organizado em carreira quando homologado pelo
cadeia é configurada quando da ocorrência de um desnível salarial
Ministério do Trabalho, excluindo-se, apenas, dessa exigência o
resultante de uma decisão judicial, como na presente conjuntura,
quadro de carreira das entidades de direito público da administração
mas o empregado que pleiteia a equiparação apresenta todos os
direta, autárquica e fundacional aprovado por ato administrativo da
pressupostos do art . 461, da CLT. Com isso, observa-se que os
autoridade competente. (ex-Súmula nº 06 - alterada pela Res.
recorrentes possuem todas as hipóteses presentes do artigo
104/2000, DJ 20.12.2000)
mencionado, além de ter havido um desnível salarial decorrente de
(...)
decisão judicial beneficiando o paradigma, sem que tenha sido em
VI - Presentes os pressupostos do art. 461 da CLT, é irrelevante
decorrência de vantagem pessoal, e sim da função desempenhada,
a circunstância de que o desnível salarial tenha origem em
que é igual ao dos Recorrentes." Cita jurisprudência e pede
decisão judicial que beneficiou o paradigma, exceto: a) se
provimento.
decorrente de vantagem pessoal ou de tese jurídica superada
Acerca da questão, colho os seguintes fragmentos do acórdão:
pela jurisprudência de Corte Superior;b) na hipótese de
Em que pese os poucos documentos juntados aos autos, constato
equiparação salarial em cadeia, suscitada em defesa, se o
que os obreiros não impugnaram as alegações trazidas em defesa
empregador produzir prova do alegado fato modificativo, impeditivo

ou extintivo do direito à equiparação salarial em relação ao argumentos utilizados como fundamentos do acórdão, sendo esse
paradigma remoto, considerada irrelevante, para esse efeito, a mais um fator a rechaçar a divergência jurisprudencial (Súmula 23
existência de diferença de tempo de serviço na função superior a do TST).
dois anos entre o reclamante e os empregados paradigmas CONCLUSÃO
componentes da cadeia equiparatória, à exceção do paradigma Diante do exposto, DENEGO seguimento ao Recurso de Revista.
imediato". Destaque nosso. Cumpram-se as formalidades legais.
No mesmo sentido, os seguintes julgados, extraídos do sítio Intimem-se.
eletrônico deste Tribunal do Trabalho: AE
"RECURSO ORDINÁRIO. EQUIPARAÇÃO SALARIAL. Assinatura
INDEVIDA. Tendo em vista que o desnível salarial entre o RECIFE, 25 de Outubro de 2018
reclamante e o paradigma é decorrente de vantagem pessoal
por este obtida em ação judicial, indevida a equiparação VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
salarial pretendida nos presentes autos. Aplicação de exceção Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
disciplinada no item VI da Súmula 06 do TST. Apelo improvido. Decisão

Processo Nº RO-0000182-80.2016.5.06.0018
(Processo: RO - 0000237-97.2017.5.06.0017, Redator: Nise Relator PAULO ALCANTARA
Pedroso Lins de Sousa, Data de julgamento: 26/04/2018, Quarta RECORRENTE DECIO FREIRE E ADVOGADOS
ASSOCIADOS
Turma, Data da assinatura: 27/04/2018) ADVOGADO NATHALIA DUTRA DA ROCHA JUCA
E MELLO(OAB: 130379/MG)
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. EQUIPARAÇÃO SALARIAL.
ADVOGADO ALINE DE LIMA HORDONHO(OAB:
INDEVIDA. ÓBICE. VANTAGEM INDIVIDUAL DO PARADIGMA 37077/PE)
ADVOGADO DECIO FLAVIO GONCALVES
RECONHECIDA JUDICIALMENTE. Como bem salientado no TORRES FREIRE(OAB: 815-A/PE)
julgado de origem, não é cabível a equiparação em cadeia, não RECORRIDO ERICA FLORA DE LIMA
ADVOGADO LUCIANA LIMA CORDEIRO(OAB:
havendo que se falar em efeito propulsor erga omnes da decisão 26874-D/PE)
judicial aplicada inter partes em ação individual do paradigma. Ou ADVOGADO LILIAN LEMOS MANSUR(OAB: 1376-
B/PE)
seja, não se aplica, automaticamente, a tese vencedora de uma TESTEMUNHA RODRIGO ROMANIELLO VALLADAO
ação individual, que culminou com o reconhecimento de vantagem TESTEMUNHA FLAVIO NUNES CASSEMIRO
pessoal, a todos que dela queiram proveito. Nego provimento.

(Processo: RO - 0001052-64.2016.5.06.0006, Redator: Maria Clara - DECIO FREIRE E ADVOGADOS ASSOCIADOS
Saboya Albuquerque Bernardino, Data de julgamento: 02/04/2018, - ERICA FLORA DE LIMA
Terceira Turma, Data da assinatura: 02/04/2018)
Diante desse contexto fático-probatório, dou provimento à remessa
necessária para julgar improcedente a reclamação trabalhista.

PODER
Confrontando os argumentos expostos nas razões recursais com os
JUDICIÁRIO
fundamentos do acórdão impugnado, tenho que a revista não
comporta processamento, pois o Regional decidiu a questão Fundamentação
veiculada no presente apelo, com base no conjunto probatório RECURSO DE REVISTA
contido nos autos, na legislação pertinente à matéria e com esteio Trata-se de Recurso de Revista interposto por DÉCIO FREIRE E
na Súmula 06, IV, do TST. Não vislumbro, portanto, as violações e ADVOGADOS ASSOCIADOS, nos autos da reclamação trabalhista
as contrariedades invocadas, restando inviabilizada a 0000182-80.2016.5.06.0018, figurando como recorrida ÉRICA
admissibilidade do recurso, inclusive por divergência jurisprudencial FLORA DE LIMA.
(Súmula nº 333 do TST). Consiste o insurgimento da recorrente, tão PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
somente, no inconformismo com a solução dada à lide ou, quando O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão
muito, interpretação diversa daquela conferida pelo Regional. Além recorrida se deu em 14.09.2018 e a apresentação das razões
disso, as alegações lançadas pela parte somente seriam aferíveis recursais em 25.09.2018, conforme se pode ver dos documentos
através de reexame das provas carreadas ao feito, o que não é Ids 3f6a8dd e 950df9d).
possível por meio desta via recursal (Súmula nº 126 do TST). Por A representação regularmente demonstrada (Id f7248b0).
fim, consigna-se que os arestos transcritos não trazem todos os Preparo devidamente efetuado (Ids 57bc30e, 2c2f7f9 e 07f0f3c).

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS pronunciou indeferindo a pretensão obreira, cujos fundamentos
DO INTERVALO DO ARTIGO 384 DA CLT comungo parcialmente, pelo que; por economia e celeridade
Alegações: processual peço vênia para adotar como parte das razões de
- violação aos artigos 3º, inciso IV, 5º, caput e inciso I, 7º, incisos XX decidir:
e XXX, da Constituição Federal; 384, 387, 401 da CLT; e "De igual forma, a consignada-reconvinte interpôs essa medida
- divergência jurisprudencial. alegando que laborava das 08:00 às 18:00 horas, com 01h,15min
Atendendo às exigências do art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a de intervalo para refeição, de segunda a sexta-feira e que apesar de
parte contesta o posicionamento da Turma que, reformando a ter firmado um Acordo de Compensação de Horas, realizava horas
sentença de primeiro grau, determinou a concessão do descanso de extras habitualmente, eis que tinha que chegar ao Escritório por
15 minutos previstos no artigo 384 da CLT. Alega que, ao fazê-lo, o volta das 07:30 horas e que só largava por volta das 18h:40min,
Órgão julgador deixou de lado disposições constitucionais postulando, assim, horas extras e seus reflexos; ainda acrescentou,
supervenientes, que tornaram o artigo 384 da CLT incompatível ao depor, que registrava corretamente os horários de trabalho nas
com o ordenamento jurídico, mais precisamente com o conteúdo folhas de ponto, inclusive as variações de minutos/segundos
jurídico extraído do princípio da igualdade, no contexto atual, razão, realizados. A consignante-reconvinda colacionou aos autos as
inclusive, da sua revogação através da Lei nº 13.467/2017. Ressalta folhas de ponto da consignada-reconvinte, nos termos do art. 74,
que a matéria é nitidamente constitucional, não cabendo falar-se em par. 2º, da CLT, confirmando os corretos registros dos horários
suposta ofensa reflexa ou qualquer outro obstáculo do tipo, nem cumpridos.
que o tema não foi resolvido definitivamente pelo órgão de cúpula Ao analisarmos os horários ali consignados observamos que a
do Poder Judiciário, não se podendo falar em jurisprudência reconvinte cumpria, medianamente, as seguintes jornadas: chegava
consolidada neste ou naquele sentido. Ressalta a incompatibilidade ao Escritório, de fato, entre 07h:30min/08h:10min, ou seja, tanto
entre o referido artigo e o princípio da igualdade entre homens e poderia chegar antes das 08:00 horas, como também, após as
mulheres. Afirma que a sua condenação ao pagamento de horas 08:00 horas, havendo flexibilidade nessa chegada ao trabalho.
extras, acrescidas do adicional de 50% (cinqüenta por cento), em Quanto à largada, observamos que a reconvinte habitualmente
decorrência da não concessão do intervalo ora combatido, viola o largava por volta das 18:00 horas, no entanto, ocasionalmente,
artigo 401 da CLT, o qual prevê a aplicação de multa administrativa chegou a largar por volta das 18h:15min, 18h:30min, 19:00 horas, e
e, tratando-se de regra que impõe penalidade, deve ser interpretada eventualmente, até mesmo por volta das 20:00 horas; cumprindo
restritivamente. habitualmente o intervalo da refeição por uma a uma hora e meia,
Do acórdão contestado, exsurgem os seguintes fundamentos: sem haver pagamento de horas extras nos contracheques.
"Na reconvenção, alegou a reconvinte/recorrente que laborava em Contudo, observamos que a consignante-reconvinda concedia à
regime de compensação e prorrogação de jornada no horário das consignada-reconvinte um dia inteiro de folga para compensar
08h às 18h com 1h de intervalo para refeição, salientando ser nulo o essas horas extras, havendo esse procedimento numa média de
acordo de compensação pois labora em jornada extraordinária uma a duas vezes por mês, compensando, assim, as horas extras
habitual, visto que com frequência saia de 30 a 40 minutos a mais realizadas no início e/ou final do expediente. Vale ressaltar que a
que o expediente bem como entrava, pois abria a empresa todos os reconvinte, ocasionalmente, também chegava alguns minutos após
dias, iniciando assim sua jornada as 07:30 horas, ou seja, em clara às 08:00 horas e saía antes das 18:00 horas, havendo considerável
jornada extraordinária, superior a 10:00 horas diárias e 44:00 horas variação em sua jornada de trabalho e as compensações devidas
semanais. Busca assim a reforma da sentença para condenar a com as folgas em alguns dias do mês; tudo isso estampado em
reclamada nas horas extras com o adicional convencional de 100% seus controles de frequência, justificando a ausência de pagamento
sobre as horas laboradas além das 08:00 horas diárias. Pugnou, de horas extras em seus contracheques. Nesses aspectos, entende
ainda, pela condenação de horas extras pela não concessão do este Juízo que as ocasionais horas extras realizadas foram, de
intervalo previsto no artigo 384 da CLT. forma equivalente, devidamente compensadas com as folgas em
Inconformada com o indeferimento de sua pretensão, nas razões alguns dias da semana, conforme ali demonstrado; resultando na
recursais afirma que os controles de ponto colacionados aos autos inexistência de horas extras a serem devidas à inclusive relativa à
comprovam à saciedade o labor em jornada extraordinária de forma intrajornada e seus respectivos reflexos.
habitual rompendo a jornada compensatória. No que tange ao pleito da reconvinte acerca da auferição de 15
Sobre a questão trazida na reconvenção; o MM. Juízo a quo se minutos extras diários, por se tratar de uma garantia dada às

mulheres, nos termos do art. 384, da CLT, esse direito encontra Cumpram-se as formalidades legais.
óbice no disposto do art. 5º, I, c/c com o art. 7º, XXX, ambos da Intimem-se.
Carta Magna/88, que vedam a discriminação sexual no trabalho, snl/AE
evitando a violação ao princípio da igualdade de sexo - seja em prol,
seja contra - do conhecido "sexo frágil", no caso, a mulher. Assinatura
Improsperando, igualmente, esse pleito e seus consequentes RECIFE, 24 de Outubro de 2018
reflexos."
Entendo merecer pequena reforma a decisão. Isto no que diz VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
respeito ao intervalo de 15 minutos previsto no artigo 384 da CLT, Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
porquanto, não há mais discussão acerca da constitucionalidade da Decisão

Processo Nº RO-0001704-60.2016.5.06.0013
norma. Relator ANA CLAUDIA PETRUCCELLI DE
LIMA
O Tribunal Superior do Trabalho decidiu, no incidente de
RECORRENTE NICOLLAS SALIM DA SILVA COSMO
constitucionalidade TST-IIN-RR-11540/2005-046-12-005, em ADVOGADO MAYKOM WILLAMES BARROS DE
CARVALHO(OAB: 26380-D/PE)
sessão plenária realizada no dia 17/11/2008, que a norma do artigo
RECORRIDO C&A MODAS LTDA.
384 da CLT foi recepcionada pela Constituição de 1988, razão pela ADVOGADO ANA IRIS COSTA DA SILVA(OAB:
7492/RN)
qual não se há de falar em violação ao princípio da isonomia. A
ADVOGADO ROBERTO TRIGUEIRO
finalidade do intervalo da mulher é a de lhe recompor, em 15 FONTES(OAB: 453-A/PE)
ADVOGADO POLLYANNA STELITANO
minutos de pausa para descanso, antes do início de nova jornada ESTRELA(OAB: 21582/PE)
no mesmo dia. ADVOGADO NILTON DA SILVA CORREIA(OAB:
1291/DF)
Para fazer jus ao intervalo previsto na norma acima, é preciso que RECORRIDO BANCO BRADESCARD S.A.
tenha havido prorrogação do horário normal diário. E, in casu, ADVOGADO ANA CLARISSA CARNEIRO DE
ALMEIDA MARTINS DE SOUZA(OAB:
constata-se que a reclamante extrapolava a jornada diária, 37086/PE)
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI
excedendo a jornada legal das 08 horas diárias, pelo que resta RODRIGUES(OAB: 128341/SP)
patente o direito pretendido pela autora. ADVOGADO FERNANDA NUNES CARNEIRO DE
ALBUQUERQUE(OAB: 39897/PE)
Considerando-se os judiciosos argumentos para o reconhecimento
do direito ao intervalo e que sobrelevam o maior desgaste a que as Intimado(s)/Citado(s):

- BANCO BRADESCARD S.A.
mulheres estão submetidas diariamente, resta, portanto, devido o
- C&A MODAS LTDA.
intervalo previsto no artigo 384 da Consolidação das Leis do - NICOLLAS SALIM DA SILVA COSMO
Trabalho; nos dias em que houve alongamento da jornada diária,
Assim, dou provimento ao apelo para deferir o pagamento, como
horas extras, o intervalo não concedido de 15 (quinze) minutos,

PODER
previsto no art. 384 da CLT, acrescido do adicional de 50%, com
JUDICIÁRIO
repercussões no aviso prévio, férias + 1/3, RSR, 13º salário e FGTS
+ 40%." Fundamentação
Do confronto entre os fundamentos expendidos e as razões
recursais apresentadas pela parte recorrente, concluo que a RECURSO DE REVISTA

decisão desta Corte regional está em sintonia com aquela tomada Trata-se de Recurso de Revista interposto por C & A MODAS
pelo TST, no incidente de constitucionalidade TST-IIN-RR- LTDA em face de acórdão em sede de Recurso Ordinário nos autos
11540/2005-046-12-005, em sessão plenária realizada no dia da Reclamação Trabalhista nº 0001704-60.2016.5.06.0013,
17/11/2008, no sentido de que a norma do artigo 384 da CLT foi figurando, como recorridos, BANCO BRADESCARD S. A e
recepcionada pela Constituição de 1988, razão pela qual não se há NICOLLAS SALIM DA SILVA COSMO.
de falar em violação ao princípio da isonomia, fato que inviabiliza o CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
processamento do recurso de revista por divergência jurisprudencial Em sessão realizada em 30/08/2018, apreciando o tema 725 da
(Súmula nº 333 desse órgão de cúpula da Justiça do Trabalho). repercussão geral - Terceirização de serviços para consecução da
CONCLUSÃO atividade-fim da empresa - o Supremo Tribunal Federal fixou tese
Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista. jurídica, no sentido de que "É lícita a terceirização ou qualquer outra

forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, que os argumentos em sentido contrário são insubsistentes. Sobre
independentemente do objeto social das empresas envolvidas, a sustentada retirada da independência da magistratura, assim se
mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante". manifestou o Ministro Moreira Alves: 'Mesmo nos países em que só
Registre-se, e é importante, o caráter obrigatório de observância, se admite o controle concentrado de constitucionalidade exercido
pelas instâncias inferiores do Poder Judiciário, das decisões por Corte Constitucional, nunca se sustentou que, com ele, se
proferidas pelo Supremo Tribunal Federal em recurso retirou a independência da magistratura. Essa crítica - que não
extraordinário, com repercussão geral, contextualizando que, em decorreria da criação da ação declaratória de constitucionalidade,
sede da mais abalizada doutrina nacional, é prevalente o mas que poderia ser feita quanto à ação direta de
entendimento em torno do efeito vinculante. A exemplo, o inconstitucionalidade - é tanto mais improcedente quanto é certo
magistério de Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero, na obra que, no Brasil, o órgão que exercita esse controle concentrado, em
"REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO" (3ª face da Constituição Federal, é, por força dela mesma, o Supremo
edição, Editora Revista dos Tribunais, págs. 74/76: Tribunal Federal, que não apenas integra o Poder Judiciário, mas se
"Tendo sido reconhecida a repercussão geral da questão debatida e encontra no ápice de sua hierarquia".
julgado o mérito recursal, os recursos sobrestados poderão ser E, ao abordar o tema, o eminente José Carlos Barbosa Moreira
apreciados imediatamente pelo Tribunal de origem, pelas Turmas elucida que, quando o Supremo Tribunal Federal reconhecer a
de Uniformização ou pelas Turmas Recursais. Nesse caso, poderão existência de repercussão geral "e julgar o mérito dos recursos
retratar-se de suas decisões, adequando-se à orientação firmada extraordinários paradigmas, não serão admitidos os recursos
pelo Supremo Tribunal Federal, sendo-lhes facultado, ainda, declará extraordinários contra acórdãos que estejam em consonância com a
-los 'prejudicados', porque manejados em sentido contrário à decisão superior; mas se o acórdão do Tribunal de origem estiver
decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (art. 543-B § 3º, do em descompasso com a decisão paradigma, o órgão de origem
CPC). Trata-se, nessa última hipótese, de verdadeira negativa de poderá retratar-se, adaptando a sua decisão àquela (CPC, art. 543-
provimento ao recurso. Existe aqui, no mínimo, vinculação B, § 3º). Se não houver retratação e a decisão for mantida, o
persuasiva. recurso extraordinário será admitido, podendo o STF cassar ou
A rigor, se houver clara identificação da ratio decidendi utilizada reformar a decisão liminarmente na forma do art. 557 do CPC"
pelo Supremo Tribunal Federal para o julgamento de mérito da (grifei) (in "O Novo Processo Civil Brasileiro" - "Exposição
questão a ele apresentada, há mesmo vinculação jurídica, em sistemática do procedimento", 25ª edição, Editora Forense, Rio de
sentido vertical (grifo meu) dos Tribunais de origem, à decisão do Janeiro, 2007).
Supremo. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é, aliás, de Destarte, continuar julgando e/ou uniformizar jurisprudência em
há muito nesse sentido. sentido contrário à tese jurídica prevalecente assentada pelo
O efeito vinculante das decisões do Supremo Tribunal Federal, no Plenário do Supremo Tribunal Federal, em Recurso Extraordinário,
exercício de jurisdição constitucional, é fenômeno contemporâneo com repercussão geral, ainda que desprovida, formalmente, de
ao enriquecimento do sistema brasileiro de controle da caráter vinculante, agride os princípios da segurança jurídica e da
constitucionalidade, com o notório ganho de importância do controle celeridade processual, consagrados no artigo 5º, inciso XXXVI e
concentrado e abstrato. O efeito vinculante foi consagrado pela LXXVIII, da Constituição da República. "A interpretação
Emenda Constitucional 3, de 1993, que introduziu a ação constitucional derivada das decisões proferidas pelo STF - a quem
declaratória de constitucionalidade. É nítida a inspiração no modelo se atribuiu a função eminente de "guarda da constituição" (CF, art.
germânico. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal evoluiu 102, caput) - assume papel de essencial importância na
no sentido de também conferir efeito vinculante às decisões organização institucional do Estado brasileiro, a justificar o
proferidas em ação direta de inconstitucionalidade. Completou-se o reconhecimento de que o modelo político-jurídico vigente no nosso
sistema do controle pela via da ação com a regulamentação da País confere, à Suprema Corte, a singular prerrogativa de dispor do
argüição de descumprimento de preceito fundamental. Todas estas monopólio da última palavra em tema de exegese das normas
ações, bem como suas liminares, são dotadas de efeito vinculante. inscritas no texto da Lei Fundamental. (ADI 3.345, rel. min. Celso de
Não é esta a sede, evidentemente, para a discussão acerca da Mello, julgamento em 25-8-2005, Plenário DJE de 20-8-2010). No
necessidade/utilidade do efeito vinculante das decisões do mesmo sentido: AI 733.387, rel. min. Celso de Mello, julgamento em
Supremo. Porém, já em uma análise preliminar, o rico debate 16-12-2003, Segunda Turma, DJE de 1º.2.2013. Vide HC 91.361,
travado pelos Ministros quando do julgamento da ADC 1 demonstra rel. min. Celso de Mello, julgamento em 23-9-2008, Segunda Turma,

DJE de 6-2-2009; RE 227.001-ED, rel. min. Gilmar Mendes, - violação aos artigos 5º, II e XXXVI, 8º, II, e 93, IX, da CF; 2º, 3º,
julgamento em 18-9-2007, Segunda Turma, DJ de 5-10-2007." 224, 511, §1º, 570, 577, 581,§2º, 818 e 832 da CLT; 11, 373, I, 489
Comentando o artigo 543-B, do CPC, que trata da questão, ensinam do CPC; 9º da lei 4.595/64; lei 13.467/2017; e
os jurisconsultos Nélson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery - divergência jurisprudencial.
que: "A norma comentada permite ao tribunal a quo, em nome da Atendendo aos requisitos formais para conhecimento do seu apelo,
economia e celeridade processual (CF 5º, LXXVIII), pelo órgão que previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a recorrente, de
proferiu a decisão impugnada por RE, retratar-se e modificar o início, alega que negativa de prestação jurisdicional, alegando que
acórdão recorrido, quando o STF tiver conhecido e provido o RE apesar de haver oposto embargos de declaração, o Colegiado
representativo da tese jurídica por ele acolhida. Ao invés de remeter deixou de sanar os vícios existentes no acórdão, imprescindíveis ao
os autos de todos os REs que se encontravam sobrestados, deslinde da controvérsia. Destaca que não foram transcritos para o
aguardando a decisão do STF sobre a tese jurídica, o tribunal de corpo do julgado os depoimentos das testemunhas, o que se fazia
origem pode voltar atrás e modificar as decisões impugnadas, necessário para a constatação dos requisitos inerentes à relação de
aplicando o entendimento do STF aos processos pendentes, então emprego. Obtempera que também não foi objeto de análise a
sobrestados. A retratação do tribunal de origem, quando o STF tiver aplicação das Resoluções do Banco Central do Brasil relativas aos
acolhido o RE representativo e cassado a decisão impugnada, correspondentes, indispensáveis demonstração do exercício de
embora seja faculdade dada pela norma comentada ao órgão do atividade bancária. Entende que o acórdão, cometeu equívoco na
tribunal a quo que proferiu o acórdão impugnado, deverá, sempre análise das matérias ventiladas e, quando instado a se manifestar,
que possível, ser regra geral, evitando, assim, o envio limitou-se a negar a existência de omissões, sem trazer para a
desnecessário dos autos ao STF, em perda de tempo inadmissível decisão recorrida questões importantes ao debate de mérito. Assim,
em face da garantia constitucional da celeridade. Em virtude da roga que seja reconhecida a nulidade do julgado, determinando-se
retratação do tribunal de origem, os RE ficarão prejudicados e não o retorno dos autos ao egrégio TRT da 6ª Região. No mérito,
poderão seguir para o STF." (in Código de Processo Civil insurge-se contra o posicionamento do Colegiado regional que,
Comentado, Editora Revista dos Tribunais, 12ª edição, pag. 1.121). reformando a sentença, reconheceu o vínculo de emprego direto
Conclui-se, portanto, que não está ao alvedrio do magistrado com a entidade bancária, deferindo as benesses inerentes as CCT
dissentir de posição externada pelo Supremo Tribunal Federal nos da categoria. Argumenta que o simples fato de um empregado do
recursos extraordinários paradigmas, nas hipóteses em que se correspondente bancário exercer algumas atividades que se
declare a existência de repercussão geral, reafirmando-se, assim, assemelhem àquelas tipicamente bancárias não conduz,
sua força vinculante. necessariamente, à ilicitude da terceirização dos serviços. Ressalta
Tudo isto considerado, passo à análise do apelo. que as demandadas não integram o mesmo grupo econômico, eis
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS que se trata de empresas distintas, com objetos sociais
O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão absolutamente dissonantes, sem qualquer similitude na composição
dos embargos declaratórios se deu em 20/08/2018, apresentação societária e, ainda, sem qualquer relação de coordenação ou
das razões recursais em 30/08/2018 conforme se pode ver dos gestão. Argumenta que não restou configurado os elementos
documentos Ids 9a915b6 e c903de1. caracterizadores da relação empregatícia. Salienta que a sua
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Ids atividade preponderante é o comércio varejista de roupas e artigos
da1e787, d6477fe e a90b950). de confecção em geral, conforme reza seu contrato social. Insiste
Preparo regularmente efetuado, como se pode ver dos Ids a672753, que exerce serviços de correspondente bancário, e sua equiparação
621668d, 0893139 e 07e35d5. à instituição financeira viola diretamente os termos do artigo 18 da
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS lei 4.595/64. Afirma não haver que se falar na aplicabilidade de
NULIDADE / NEGATIVA DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL instrumentos normativos pretendidos pelo autor, devendo a
GRUPO ECONÔMICO demanda ser julgada improcedente no que tange aos pedidos
RECONHECIMENTO VÍNCULO consubstanciados nos instrumentos normativos relativos aos
TOMADOR DE SERVIÇOS / TERCEIRIZAÇÃO bancários ou financiários, que foram juntados com a exordial. Por
ENQUADRAMENTO BANCÁRIO cautela, aduz que a Súmula nº 55 do TST expõe expressamente
Alegações: que eventual equiparação bancária ou financiária restringe seus
- contrariedade às Súmulas nºs 55, 311 e 374 do TST; efeitos à jornada disposta no artigo 224 da CLT, não abrangendo as

normas coletivas daquelas categorias. Pede provimento do apelo, atacar o posicionamento adotado pelo órgão julgador, porque a
para que sejam julgados improcedentes os pedidos previstos nas solução encontrada não se harmoniza com os seus interesses, nem
convenções coletivas dos bancários. Cita jurisprudência. com as teses que esgrimiu. Isto não significa, em absoluto, que
Instada por embargos declaratórios, assim decidiu a Turma (Id alguma questão referente às matérias tenha deixado de ser
d6477fe): analisada, muito menos que tenha havido contradição ou
O teor dos artigos 1.022 do CPC e 897-A, da CLT, os embargos obscuridade a comprometer a integridade do julgado.
declaratórios constituem remédio processual posto à disposição das Por conseguinte, rejeito os embargos de declaração.
partes apenas para sanar eventuais obscuridades, contradições e Exsurgem da decisão recorrida os seguintes fundamentos (Id
omissões do provimento jurisdicional. 621668d)
Ressalto, de logo, que em razão da finalidade específica prevista 1. Das alegações relativas ao reconhecimento do vínculo de
em lei, os embargos de declaração não se prestam ao emprego:
prequestionamento de matéria, nas hipóteses em que o órgão Ressalto, de logo, ser inaplicável a lei 13.429/17 no regramento do
judicial, ao entregar a prestação jurisdicional, pronuncia-se sobre os contrato de trabalho da autora. É que a alteração legislativa haverá
pontos relevantes tratados no recurso. de ser aplicada em relação aos vínculos trabalhistas ocorridos a
E, em consonância com a Orientação Jurisprudencial 118 da Seção partir de sua vigência e não àqueles ocorridos antes de sua
de Dissídios Individuais do TST, "havendo tese explícita sobre a publicação, como é a hipótese vertente. Incide, à espécie, a regra
matéria, na decisão recorrida, desnecessário contenha nela de direito intertemporal segundo a qual tempus regit actum.
referência expressa do dispositivo legal para ter-se como Ora, no caso concreto, se o contrato de trabalho perdurou em
prequestionado este. Inteligência do En. 297 do TST". período anterior a entrada em vigor da Lei 13.467/2017, tem-se que
Como se vê da fundamentação do acórdão embargado, todas as as disposições desta norma não se aplicam ao caso concreto, vez
questões relevantes ao deslinde da controvérsia foram apreciadas, que o direito material aplicável era o que estava vigente durante o
não apresentando qualquer defeito a ensejar essa medida. Em interregno do pacto laboral.
verdade, o acórdão analisou de forma clara as teses recursais e Ultrapassada a questão, tem-se que foi alegado na inicial que o
decidiu, mediante exposição fundamentada, com base no conjunto reclamante alegou que foi admitido no quadro da primeira
probatório, a respeito da ilicitude da terceirização promovida entre reclamada, em 2.1.2002, para prestar serviços exclusivamente a
os Reclamados e, consequentemente, reconhecendo a existência segunda reclamada na função de BANCÁRIO, embora contratado
de relação jurídica de emprego entre a Reclamante e o BANCO formalmente para a função de OPERADORA DE CAIXA MONITOR,
BRADESCARD, tendo em vista o desenvolvimento de atividades sendo injustamente demitido em 7.11.2016.Diz ainda que trabalhou
tipicamente bancárias. Confira-se, fls. 2720/2714, em PDF: exclusivamente para a segunda reclamada realizando os mesmos
(...) tipos de atividades que os trabalhadores contratados por esta, com
Ultrapassadas essas considerações, observo que os Embargos inequívoca subordinação estrutural, sempre em benefício exclusivo
Declaratórios representam via processual estreita, cujo cabimento da demandada (BANCO IBI S/A- BANCO MÚLTIPLO), hoje,
está restrito às hipóteses previstas nos artigos 897-A da CLT, e Bradescard.
1.022 do CPC, quais sejam: existência de omissão, contradição no A primeira reclamada, em sua defesa, assegura que o reclamante
julgado, manifesto equívoco no exame dos pressupostos foi contratado para exercer a função e "Assessor de Clientes Júnior"
extrínsecos do recurso, bem como para esclarecer obscuridade e e que posteriormente, foi reclassificado sucessivamente para as
corrigir erro material na decisão. funções de "Digitador", "Analista", "Monitor", "Operador de Vendas e
De tudo, o que se tem, efetivamente, notadamente das alegações Serviços Monitor" e, finalmente, "Operador de Vendas e Serviços
descritas , é que a embargante não demonstrou qualquer vício Monitor". Esclarece, ainda que após 04.6.2009, a C&A firmou com o
passível de correção no relatório mediante a oposição de embargos. BRADESCARD contrato de parceria para fomentar a venda de seus
Em verdade, tenta atribuir a esta medida manifesto prolongamento produtos com o cartão C&A administrado pelo Bradescard. E, ainda,
de seu recurso ordinário. que desde então, a C&A passou a atuar como correspondente
Tem-se, pois, que eventual insurgência deverá ser consignada na bancária.
medida processual apropriada. O Banco Bradescard, por sua vez, contesta o pleito obreiro
Fica claro, portanto, que a sua intenção não é a de apontar, asseverando que a C&A vende mercadorias em sua loja através de
verdadeiramente, a existência de defeito no acórdão, mas sim, a de financiamentos concedidos por ele com a finalidade de facilitar as

operações de vendas das mercadorias. capitalização, seguro de vida, empréstimos, cartões de credito,
São estes, em síntese, os contornos da matéria controvertida. empréstimo consignado; solicitavam aumento de limite de cartão de
Resulta dos termos da inicial e das defesas que cabia às crédito, o que ocorria enviando os documentos do cliente por email;
reclamadas o ônus de provar os fatos alegados na defesa, em que tinham autorização para acrescentar e tirar dependentes; que o
consonância com o artigo 818, II, da CLT c/c o art. 373, II, do CPC. sistema do RFS não é o mesmo do restante da C que não era
Desse encargo, contudo, não se desvencilharam a contento. possível faturar mercadoria da C&A no sistema da RSF; que o
Com efeito, depreende-se do conjunto probatório que o autor foi supervisor ou coordenador do RFS faz prova de correspondente
admitido pela C&A MODAS LTDA. para atuar em prol da empresa bancário; quem treinava os supervisores era Carol Rosa, que se
BANCO BRADESCARD S.A., sendo certo que inexistem no identificava como funcionária do Bradescard, com crachá; que quem
processo elementos a comprovar que as suas atividades fossem treinava a depoente era o supervisor do RSF junto com Carol Rosa;
estranhas à finalidade do empreendimento. que a contratação do pessoal da C&A não é junto com o do pessoal
Inicialmente, verifico que o contrato de parceria firmado entre as do RFS; que a depoente trabalhava como Analista de credito
reclamadas prevê o oferecimento, por parte da C&A, dos seguintes responsável por pegar os cartões e colocar na máquina de
produtos e serviços do Banco Bradescard: cartões, operações de impressão; que a reclamante era analista de processos,
crédito pessoal, operações de crédito direto ao consumidor, responsável por digitar o cadastro dos clientes nos cartões,
distribuição de quaisquer outros produtos financeiros, solicitando cartões de credito Máster ou Visa; que que a sala de
previdenciários ou securitários, inclusive de perda e roubo dos analise de credito é restrita, quem tem acesso é o pessoal da
cartões, "bem como todos os outros negócios, serviços e produtos análise de credito, de processo, supervisores e lideres; que é
permitidos pela regulamentação do Conselho Monetário Nacional, possível ver as pessoas que estão do lado de fora, pela janelinha;
do Banco Central do Brasil e da Superintendência de Seguros que da pra ver quem vai pegar os cartões; que nunca trabalhou na
Privados."( fls. 581, em PDF - cláusula V). loja vendendo produtos da C&A."
Com efeito, a primeira testemunha ouvida de iniciativa do autor, Sr. Da leitura do depoimento acima transcrito, e dos termos do contrato
RODRIGO MIGUEL DE OLIVEIRA SILVA, disse às fls. 2442, em de parceria firmado entre os recorridos, infere-se que as atividades
PDF: desempenhadas pelo obreiro estavam intimamente relacionadas à
"...que no mais confirma em relação ao Reclamante as declarações atividade empresarial do Banco Bradescard.
prestadas na Reclamação Trabalhista 0001700-23.2016.5.06.0013; Destaco que nos casos típicos de terceirização, a figura da empresa
que tinham acesso às faturas dos clientes para estornar faturas prestadora de serviços serve de intermediária entre o trabalhador e
indevidas; que era possível fazer senha para o cartão de crédito na seu tomador de serviços, com vistas à prática laborativa que atenda
própria loja da C que a aprovação das operações se davam de a atividade-meio desse, não formando vínculo empregatício com
imediato, ; que então on line emitia o cartão e o cliente já ele, desde que ausentes a pessoalidade e a subordinação jurídica
cadastrava a senha; que no CREDPORTAL havia um ícone que direta.
deviam acessar quando havia suspeita de fraude; que então o Veja-se a Súmula nº 331 do Colendo TST:
cartão era bloqueado e nenhuma outra operação era permitida; que (...)
isso poderia ser feito mesmo após a concessão do empréstimo pelo Assim, infere-se do conjunto probatório que procedem as alegações
Banco; que se depois se verificasse que a suspeita não era do autor, na medida em que restou evidenciada a ilicitude da
procedente a liberação poderia ser feita no próprio sistema; que o terceirização, cujo objeto não é outro senão a prestação de serviços
contrato era impresso após a aprovação da proposta, no próprio essenciais ao empreendimento da reclamada.
sistema, pelo Analilsta; que apenas o cliente assinava esse Ora, indiscutivelmente, inserem-se na dinâmica da empresa
contrato." reclamada as atividades relacionadas às operações de vendas de
E ainda, MARIA RANIELLY DA SILVA, na ata de fls. 396/397, em cartões; venda de seguros; alteração de limites; empréstimos
PDF, alusiva à instrução do processo nº 0000279- pessoais.
53.2015.5.06.0006, juntada como prova emprestada, consta que a Ademais, mostra-se essencial à viabilização do próprio negócio da
testemunha oferecida ao Juízo pelo reclamante prestou as instituição bancária recorrida a atividade de atendimento a clientes,
seguintes declarações: com o fito de tirar suas dúvidas acerca do cartão que administra
"...que o contato com o banco ocorria através dos supervisores e (limites, dependentes, vendas, cobranças, etc.).
líderes do RFS e emails; que vendiam IBIODONTO, titulo de Ressalte-se, por outro lado, que a concepção moderna da

subordinação jurídica pressupõe, unicamente, que o trabalhador se 320 c/c 485, inc. IV, do CPC), consoante entendimento majoritário
submeta ao direcionamento objetivo do tomador de serviços, no que desta e. Turma.
tange à forma como o trabalho é prestado. Assim, pouco importa se, (...)
formalmente, a C&A MODAS LTDA é, ou não, empresa idônea; se Destaco que, observados os limites traçados na devolutividade do
registrou o contrato de trabalho do reclamante ou se lhe pagava os recurso nos termos que art. 1.013, §1º, do CPC/2015 e súmula 393
salários, eis que evidenciada a nulidade do ajuste, ante a fraude do TST, ela não alcança os títulos da sentença não impugnados.
perpetrada pelas mencionadas empresas, consubstanciada no Entendo, por conseguinte, somente ser devido o deferimento das
intento de sonegar direitos típicos da categoria dos bancários, verbas que constituem decorrência lógica do enquadramento da
incidindo, na espécie, portanto, o comando do artigo 9º da autora na categoria dos bancários.
Consolidação das Leis do Trabalho, em consonância com a diretriz (...)
traçada pela Súmula 331, I, do TST. Ultrapassada esta questão, resulta do reconhecimento do vínculo
À vista do exposto, conclui-se patente a fraude cometida pelas de emprego do demandante com a empresa BANCO
reclamadas, levada a efeito no intuito de desvirtuar a aplicação das BRADESCARD S.A. ser o autor beneficiário dos direitos previstos
leis trabalhistas e mascarar a verdadeira relação empregatícia que a nas normas coletivas da categoria dos bancários, quais sejam,
autora manteve com a empresa BANCO BRADESCARD S.A., em diferenças salariais (pessoal de escritório), auxílio refeição, auxílio
afronta direta aos princípios norteadores do Direito do Trabalho, cesta alimentação, participação nos lucros e jornada, com dedução
dentre eles o da primazia da realidade. do que ele recebeu no curso do contrato de trabalho a esses títulos,
A título de ilustração, transcrevem-se as ementas a seguir, in verbis: reduzida cujos valores estão expressos nas normas coletivas dos
(...) empregados da C&A, a fim de evitar o enriquecimento sem causa.
Nesse quadro, há de ser provido o apelo, para declarar a nulidade No cálculo das diferenças, deverão ser observados os reajustes
do contrato firmado com a C&A MODAS LTDA e acolher a tese salariais devidos à categoria dos bancários e sua integração para
sustentada pelo reclamante, reconhecendo, na linha da Súmula apuração das verbas rescisórias (férias + 1/3, 13º salário, aviso
331, I, do TST, o vínculo de emprego direto com o tomador dos prévio indenizado e FGTS + 40%).
serviços - BANCO BRADESCARD S.A, na função a que se Recurso provido, em parte.
equipara o escriturário (pessoal de escritório), período de No tocante à alegação de negativa de prestação jurisdicional, não
02.01.2002 a 07.11.2016, conforme TRCT, fls. 1050, em PDF. vislumbro violação direta e literal das normas supracitadas, pois,
Recurso provido neste item. diferentemente do que afirma o recorrente, a Turma se pronunciou
2. Dos direitos assegurados nas convenções coletivas da exaustivamente sobre todas as questões abordadas pelo mesmo à
categoria dos bancários - diferenças salariais - auxílio refeição luz do contexto probatório dos autos, atrelado aos fatos e
e auxílio cesta alimentação - participação nos lucros e fundamentos jurídicos trazidos pelas partes, mercê do disposto no
resultados e jornada reduzida: artigo 371 do CPC, estando as questões suscitadas compreendidas
Cumpre, de logo, destacar que o Juízo sentenciante já declarou a no próprio conteúdo da decisão proferida, sendo certo, ainda, que
prescrição a ser aplicada, fls. 2454, em in verbis: há transcrição do depoimento da testemunha indicada. Deste modo,
"Ajuizada esta Reclamação em 28.11.2016, se acham prescritas as sob a ótica da restrição imposta pela Súmula nº 459 do C. TST, a
pretensões relativas a créditos que se tornaram exigíveis prestação jurisdicional encontra-se completa, enquadrando-se a
anteriormente a 28.11.2011, em relação às quais o processo é irresignação da parte recorrente no inconformismo com a solução
extinto com resolução do mérito, na forma do art. 487, II, do CPC." dada à lide e, não, na hipótese de nulidade processual por ausência
Em relação à apreciação dos benefícios normativos, verifico que o de prestação jurisdicional.
demandante colacionou as convenções coletivas vigentes no Confrontando os argumentos suscitados pela parte recorrente com
período compreendido entre o dia 01/09/2010 a 31/08/2015 (fls. os fundamentos do acórdão, verifico que a revista comporta
228/326, em PDF). processamento, pois o Regional decidiu as questões veiculadas no
Nesta quadra, relativamente ao lapso contratual imprescrito não presente apelo em desconformidade com a tese jurídica
alcançado pelas normas coletivas, especificamente quanto aos prevalecente do Supremo Tribunal Federal no sentido de que "É
pedidos fundados nas convenções coletivas dos bancários, o lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho
processo deve ser extinto, sem resolução do mérito, haja vista a entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto
inexistência de documento essencial à propositura da ação (arts. social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade

subsidiária da empresa contratante". recursais em 26.08.2018, conforme se pode ver dos documentos
Resta prejudicada a análise dos demais títulos objeto de Ids f3d687e e e6f3743.
irresignação no presente apelo. A representação advocatícia foi comprovada (Id 220aa70).
CONCLUSÃO Dispensadas as custas (Id eb5c15f).
Diante do exposto, RECEBO, parcialmente, o Recurso de Revista. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Intimem-se, ficando ciente a parte recorrida para, querendo, DA NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL
apresentar suas contrarrazões. DO ENQUADRAMENTO SINDICAL
Cumpridas as formalidades legais, remeta-se ao TST. Alegações:
- violação aos artigos 5º, inciso LV, 93, inciso IX, da Constituição
/mercp/illsg Federal; 511, §§ 1º, 2º e 3º, 581, § 2º, 832 da CLT; 489, § 1º, do
CPC; e
Assinatura - divergência jurisprudencial.
RECIFE, 25 de Outubro de 2018 A parte recorrente suscita a ocorrência de negativa de prestação
jurisdicional, sob o argumento de que o acórdão exarado pelo
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO Colegiado regional deve ser anulado, por manter os termos da
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região sentença de primeiro grau e por, tão somente, capitular os artigos,
Decisão sem que haja, efetivamente, fundamento para aplicação dos
Processo Nº RO-0000583-33.2016.5.06.0001
Relator Eduardo Pugliesi mesmos. Alega que a CCT que se aplica ao caso é a firmada entre
RECORRENTE ROMILDO BARBOSA DE MENEZES o SINTRANSTUR (SINDICATO DOS TRABALHADORES EM
ADVOGADO MAXIMIANO JOSE CORREIA MACIEL
NETO(OAB: 29555/PE) TRANSPORTES COLETIVOS INTERMUNICIPAIS E
ADVOGADO EDSON BEZERRA GOMES(OAB: INTERESTADUAIS RODOVIÁRIOS DE TURISMO, FRETAMENTO,
38012/PE)
ADVOGADO LEVI DE SIQUEIRA CAMPOS ESCOLARES, ALTERNATIVOS, HOSPITALAR E SIMILARES NO
MOURA(OAB: 25310-D/PE)
RECIFE METROPOLITANO E REGIÕES DA MATA SUL E NORTE
RECORRIDO HCP LOCACOES EIRELI - EPP DE PERNAMBUCO), e o SIND EMP DE ASSEIO E
ADVOGADO ALESSANDRA PATRICIA DE CONSERVAÇÃO DO ESTADO DE PERNAMBUCO (SEAC).
GUSMAO PEREIRA(OAB: 19751/PE)
ADVOGADO TACIANA DO CARMO GABRIEL Ressalta que o fato de a categoria econômica não ter sido suscitada
CORDEIRO(OAB: 38454/PE)
nos dissídios coletivos da real CCT de prestação de serviço
ADVOGADO BIANCA MARCELIA MARTINS DE
OLIVEIRA(OAB: 43018/PE) terceirizado não afasta o direito do trabalhador ao percebimento das
TRABALHO respectivas vantagens, ainda mais tendo ocorrido a efetiva
prestação do serviço, não havendo espaço para a aplicação da

Súmula 374 do TST, por restar incontroverso que exercia a função
- HCP LOCACOES EIRELI - EPP
de motorista de ambulância para prestação de serviço de órgão
- ROMILDO BARBOSA DE MENEZES
público, não podendo tal atividade profissional ser vulnerada ou
agregada à atividade preponderante da empresa, em face de sua
especificidade, enquadrando-se na categoria diferenciada,

PODER
significando que o recorrido jamais poderia se eximir de conhecer
JUDICIÁRIO
as Convenções Coletivas da categoria diferenciada a que,
Fundamentação recorrente, está vinculado.
RECURSO DE REVISTA O Colegiado regional assim fundamentou sua decisão (Id 4eb2131):
Trata-se de Recurso de Revista interposto por ROMILDO "(...)
BARBOSA DE MENEZES, nos autos da reclamação trabalhista Das diferenças de salário e do enquadramento sindical.
0000583-33.2016.5.06.0001, figurando HCP LOCAÇÕES EIRELI - Renova o autor o pedido em epígrafe, defendendo que lhe são
EPP E ESTADO DE PERNAMBUCO como recorridos. aplicáveis as normas coletivas firmadas entre a SINTRANSTUR e o
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS SEAC - Sindicato das Empresas de Conservação e Asseio do
O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão Estado de Pernambuco, motivo pelo qual faria jus ao pagamento da
recorrida se deu em 20.08.2018 e a apresentação das razões parcela remuneratória suprimida pela empregadora, ante a

inobservância do piso salarial correto. Dos depoimentos colhidos, verifica-se que os empregados da
Destaca, ainda, que a menção ao Sindicato dos Hospitais, Clínicas empresa trabalhavam no Hospital Otávio de Freitas e no Hospital da
de Saúde, Laboratórios de Pesquisa e Análises Clínicas do Estado Restauração, este último conforme narrado pela empregada
de Pernambuco presente em sua exordial se trata de um mero erro responsável pela limpeza do interior das ambulâncias locadas (ID
material, porquanto pretendia referir-se unicamente ao SEAC, o que 89f9881).
se deflui da transcrição da correta sigla ali aposta. O Estado de Pernambuco, em tese principal, nega a prestação de
Por fim, expressa que, como motorista, integra categoria serviços em seu favor, aduzindo que apenas celebrou contrato com
diferenciada, e deve ser-lhe aplicado os ajustes firmados por seu empresa denominada HIGIENE, acostando cópia do ajuste
sindicato, ainda que sua empresa tenha enquadramento diverso e negocial. Em prosseguimento, segue na defesa da impossibilidade
da negociação não tenha participado. de condenação subsidiária do ente público, por força de decisão do
A instância de origem, acolhendo a tese defensiva, entendeu que o STF.
reclamante, contratado para laborar como motorista, não se sujeita Sobre a contratação referenciada pelo ente da Administração
às normas coletivas pactuadas pelo SEAC, considerando que a Pública, constato que há elementos nos autos que permitem
atividade da empresa contratante é a locação de automóveis e a concluir que a empresa HIGIENE e a demandada são a mesma
prestação de serviços de transporte de passageiros, não tendo pessoa jurídica. Os cartões de ponto colacionados pela reclamada
correlação com a conservação e asseio. principal consignam por empregadora "HIGIENE SOLUÇÕES
O decisório não comporta reforma. AMBIENTAIS" (ID 7df390), assim como o contrato de limpeza dos
Conforme se extrai da exordial, o autor alega ter sido contratado veículos tem por contratante "HIGIENE EMPREENDIMENTOS E
pela HCP LOCAÇÕES EIRELLI - EPP para prestar serviços como SERVIÇOS EIRELI" (ID 81349ad).
motorista de ambulância da Secretaria de Saúde do Estado de Ultrapassada essa questão, destaco que a cláusula terceira das
Pernambuco, lotado em vários hospitais da região metropolitana do convenções coletivas de trabalho subscritas pelo SINDICATO
Recife. Em depoimento, testemunha por ele indicada atestou que HOSPITAS CLIN C SAÚDE LB PESQ NA CLIN EST PE, sindicato a
com ele laborou no hospital público Otávio de Freitas (ID 89f9881). que a demandada alega pertencer, estabelece que suas
Com efeito, o enquadramento sindical, via de regra, é estabelecido disposições se destinam "aos empregados da categoria profissional
com base na atividade preponderante do empregador, nos termos (motoristas) que trabalham em hospitais, clínicas com internamento,
do disposto no art. 570 e 581 da CLT, à exceção das categorias casas de saúde, rede particular (privada) de saúde e empresas
diferenciadas, que, consoante dispõe o art. 511, § 3º, da CLT, são similares", prevendo, ainda, o piso dos motoristas "de empresas que
aquelas que "(...) se forma dos empregados que exerçam profissões mantém contratos públicos de terceirização de ambulância",
ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial definido em 03 (três) categorias de acordo com o quantitativo de
ou em consequência de condições de vida singulares", no que se motoristas e a região da prestação de serviços (ID baa7eba).
insere a profissão de motorista. Concluo que as normas coletivas de trabalho apresentadas pela
No caso, ambas as normas coletivas, tanto as trazidas pelo autor empresa são as que regem, de fato, a relação de trabalho discutida
quanto aquelas provenientes da empresa, foram firmadas pelo nesta demanda, pois é a que se amolda à situação jurídica aqui
sindicato profissional do empregado, qual seja, o SINTRANSTUR. delineada, qual seja, a prestação de serviços a ente público por
Por sua vez, a atividade econômica da reclamada é a "locação de empresa interposta que realiza, além da oferta de serviços de
automóveis sem condutor" e também "o serviço de transporte de motorista, o fornecimento de ambulâncias que serão por eles
passageiros - locação de automóveis com motorista", o que foi conduzidas.
comprovado pelo Contrato Social acostado aos autos e pela prova As normas coletivas firmadas pelo SEAC - Sindicato de Asseio e
testemunhal produzida nos autos(ID 57ec7ef). Conservação do Estado de Pernambuco, sindicato indicado pelo
Na hipótese, o demandante prestava serviços em favor do ente empregado, não expressam a mesma especificidade, consoante se
público, em decorrência de um contrato celebrado entre a afere de sua cláusula terceira, parágrafo primeiro:
demandada e o Estado de Pernambuco. Tal instrumento não foi O Piso Salarial estabelecido nesta cláusula atinge exclusivamente
anexado ao processo, mas é o que se evidencia da contestação da os motoristas empregados das empresas enquadradas na
HCP, em que esta informa que se comprometeu a fornecer ao ente representação patronal e que são lotados em contratos de
público ambulâncias com motoristas para remoção de pacientes, o prestação de serviços. (ID 8b783ed).
que se configura numa verdadeira terceirização de mão de obra. Ademais, importa destacar que a empregadora não se sujeita a

normas coletivas de categoria diferenciada da qual não participou suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de prestação
como signatária. É o entendimento expresso na Súmula nº 374 do jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que foi pedido
TST: o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no recurso
NORMA COLETIVA. CATEGORIA DIFERENCIADA. ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os embargos
ABRANGÊNCIA. Empregado integrante de categoria profissional quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da ocorrência
diferenciada não tem o direito de haver de seu empregador da omissão. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017)
vantagens previstas em instrumento coletivo no qual a empresa não Vale citar os seguintes precedentes da Corte Superior Trabalhista:
foi representada por órgão de classe de sua categoria. (ex-OJ nº 55 EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO
da SBDI-1 - inserida em 25.11.1996). EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
Nessa mesma linha de raciocínio, decidiu esse Regional, em 13.015/2014. RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A
decisão da lavra do Desembargador Paulo Alcântara, em processo TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE
envolvendo as mesmas rés desta demanda. Reproduzo sua ementa IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO
abaixo: DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º
RECURSO ORDINÁRIO. DIFERENÇAS SALARIAIS. -A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. 1 -
ENQUADRAMENTO SINDICAL. CATEGORIA PROFISSIONAL A e. 7ª Turma não conheceu do recurso de revista patronal, que
DIFERENCIADA. Ao empregado pertencente a categoria versava sobre os temas horas extras, intervalo intrajornada, hora in
diferenciada específica, mas que labora para empresa pertencente itinere e multa por embargos de declaração protelatórios,
a determinada categoria econômica, não se atribui direito às ressaltando o não preenchimento do requisito inscrito no artigo 896,
vantagens contidas em instrumento coletivo de outra categoria § 1º-A, I, da CLT, uma vez que interpôs recurso de revista sem
econômica, nem tampouco de sua categoria diferenciada, se dele transcrever o trecho da decisão recorrida que consubstancia o
não participou sua empregadora, nem foi nele representado pela prequestionamento da controvérsia (fl. 601); 2 - Efetivamente, não
entidade sindical representativa de sua categoria econômica. se sustenta a tese recursal de que, ainda que não transcritos
Inteligência e aplicação combinada dos arts. 511, 570 e 611 da literalmente, foram devidamente indicados e prequestionados no
CLT, e Súmula nº 374, do C. TST. Recurso do reclamante não recurso de revista todos trechos da decisão recorrida objeto da
provido. (Processo: RO - 0000576-29.2016.5.06.0005, Redator: controvérsia, os quais mereciam o devido enfrentamento na forma
Paulo Alcantara, Data de julgamento: 21/02/2018, Segunda Turma, do art. 896, § 1º-A, I, da CLT (fl. 617); 3 - Embora o dispositivo em
Data da assinatura: 28/02/2018). comento utilize o verbo indicar, referindo-se ao requisito formal ali
Considerando que a causa de pedir das diferenças de salário inscrito, esta Corte Superior tem exigido a transcrição do trecho da
pretendidas pelo autor se ampara unicamente na inobservância dos decisão regional que consubstancia o prequestionamento da
instrumentos convencionais pactuados pelo SEAC, nego provimento controvérsia objeto do apelo, firme no entendimento de que a
ao apelo." alteração legislativa empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse
aspecto, constitui pressuposto de adequação formal de
No tocante à negativa de prestação jurisdicional, não obstante o admissibilidade do recurso de revista e se orienta no sentido de
inconformismo apresentado, o apelo não ultrapassa o crivo da propiciar a identificação precisa da contrariedade a dispositivo de
admissibilidade recursal. Lei e a Súmula e do dissenso de teses, afastando-se os recursos de
É que a Lei nº 13.015/2014, de 22/09/2014, acrescentou o §1º-A ao revista que impugnam de forma genérica a decisão regional e
art. 896 da CLT, introduzindo novos requisitos formais ao conduzem sua admissibilidade para um exercício exclusivamente
processamento dos recursos de revista, que impuseram à parte, subjetivo pelo julgador de verificação e adequação formal do apelo.
sob pena de não conhecimento do seu apelo, o dever de: 1) indicar, Assim, a necessidade da transcrição do trecho que consubstancia a
para cada tema trazido ao reexame, o trecho da decisão recorrida violação e as contrariedades indicadas, e da demonstração analítica
que consubstancia o prequestionamento da controvérsia; 2) da divergência jurisprudencial, visa a permitir a identificação precisa
apresentar tese explícita e fundamentada de violação legal, de e objetiva da tese supostamente ofensiva a lei, à segurança das
contrariedade à Súmula de jurisprudência da C. Corte Revisora e à relações jurídicas e à isonomia das decisões judiciais, de modo que
Súmula vinculante do E. STF ou de dissenso pretoriano que contribua para a celeridade da prestação jurisdicional, possibilite a
entenda existir; 3) impugnar todos os fundamentos jurídicos da formação de precedentes como elementos de estabilidade e a
decisão recorrida; e 4) transcrever na peça recursal, no caso de decisão do TST contribua para a formação da jurisprudência

nacionalmente unificada. Precedentes. 4 - Recurso de embargos de reexame fático, o que não é possível por meio desta via recursal
conhecido e desprovido. (Processo Nº E-ED- RR-0000552- (Súmula nº 126 do TST). Por consequência, fica inviabilizado o
07.2013.5.06.0231; Relator Min. Alexandre de Souza Agra exame pertinente à divergência jurisprudencial específica (Súmula
Belmonte; Subseção I Especializada em Dissídios Individuais; DEJT nº 296 desse mesmo órgão superior).
de 16/06/2016). CONCLUSÃO
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
ADMISSIBILIDADE. LEI 13.015/2014. PREQUESTIONAMENTO. Cumpram-se as formalidades legais.
TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO. ART. 896, § 1º-A, I, Intimem-se.
DA CLT. 1. A Lei nº 13.015/2014 exacerbou os pressupostos vo/AE
intrínsecos de admissibilidade do recurso de revista, como se extrai
do novel art. 896, § 1º-A, da CLT. 2. O novo pressuposto e ônus do Assinatura
recorrente consistente em 'indicar o trecho da decisão recorrida que RECIFE, 25 de Outubro de 2018
consubstancia o prequestionamento' não se atende meramente por
meio de menção ou referência à folha do acórdão em que se situa, VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
tampouco mediante sinopse do acórdão, no particular. A exigência Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
em apreço traduz-se em apontar a presença do prequestionamento Decisão

Processo Nº RO-0001246-75.2015.5.06.0143
(salvo vício nascido no próprio julgamento) e comprová-lo mediante Relator ENEIDA MELO CORREIA DE
ARAUJO
transcrição textual do tópico nas razões recursais. Somente assim
RECORRENTE FLAVIO AMARO DA SILVA
se atinge a patente finalidade da lei: propiciar ao relator do recurso ADVOGADO CLAUDIO GONCALVES
GUERRA(OAB: 29252-A/PB)
de revista no TST maior presteza na preparação do voto ao ensejar
que, desde logo, confronte o trecho transcrito com o aresto acaso OLIVEIRA(OAB: 16455-D/PE)
RECORRENTE METAFORTE DISTRIBUIDORA LTDA
apontado como divergente, ou com a súmula cuja contrariedade
ADVOGADO MARCOS VALERIO PROTA DE
acaso é alegada, ou a violação sustentada de forma analítica pelo ALENCAR BEZERRA(OAB: 14598/PE)
ADVOGADO JOAO REINALDO PROTA
recorrente. 3. Inadmissível recurso de revista interposto sob a égide FILHO(OAB: 16462/PE)
da Lei nº 13.015/2014 (decisões publicadas a partir de 22/9/2014) RECORRIDO FLAVIO AMARO DA SILVA
em que a parte não cuida de transcrever o trecho do acórdão GUERRA(OAB: 29252-A/PB)
regional em que repousa o prequestionamento da controvérsia ADVOGADO ISADORA COELHO DE AMORIM
OLIVEIRA(OAB: 16455-D/PE)
transferida à cognição do TST. 4. Agravo de instrumento da RECORRIDO METAFORTE DISTRIBUIDORA LTDA
Reclamada de que se conhece e a que se nega provimento. (TST- ADVOGADO MARCOS VALERIO PROTA DE
ALENCAR BEZERRA(OAB: 14598/PE)
AIRR-767-73.2014.5.08.0107, 4ª Turma, Rel. Min. João Oreste ADVOGADO JOAO REINALDO PROTA
FILHO(OAB: 16462/PE)
Dalazen, DEJT 18/12/2015).
Na hipótese dos autos, considerando que o recorrente não cuidou Intimado(s)/Citado(s):

de transcrever, na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de - FLAVIO AMARO DA SILVA
- METAFORTE DISTRIBUIDORA LTDA
nulidade de julgado por negativa de prestação jurisdicional, o trecho
dos embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do
tribunal sobre questão veiculada no recurso ordinário, para cotejo e
verificação, de plano, da ocorrência da omissão, inviabilizado está o PODER

conhecimento de seu apelo, nos termos do inciso IV do § 1º- A do JUDICIÁRIO
art. 896 da CLT, acrescentado pela Lei nº 13.467 de 2017.
Fundamentação
Com relação ao enquadramento sindical, sopesando as alegações
RECURSO DE REVISTA
da parte recorrente com o posicionamento do acórdão regional,
Trata-se de Recurso de Revista interposto por FLÁVIO AMARO DA
tenho que a revista não comporta processamento, pois o Regional
SILVA, nos autos da Reclamação Trabalhista 0001246-
decidiu as questões veiculadas no presente apelo com base no
75.2015.5.06.0143, figurando METAFORTE DISTRIBUIDORA
conjunto probatório contido nos autos e de acordo com a legislação
LTDA como recorrido.
pertinente à espécie. Com isso, os argumentos lançados pela parte
no recurso, em sentido contrário, somente seriam aferíveis através

recorrida se deu em 10.09.2018 e a apresentação das razões trabalho fixado no primeiro grau de jurisdição para apuração de
recursais em 20.09.2018, conforme se pode ver dos documentos horas extras.
Ids 5118521 e 2d283fd. Defende que a testemunha ouvida nos autos do Proc. nº
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id 0001509/2014-0141), identificado pelo nome de Rodrigo Fernandes
f4e1556). da Silva Camboim, confirmou o trabalho das 7h00 às
Preparo desnecessário (Id 4f9df39). 18h00/18h30min, de segunda à sexta e um sábado ao mês das
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 8h00 às 13h00.
DO INTERVALO INTRAJORNADA Assim, pede que seja reconhecido o trabalho de segunda à sexta-
Alegações: feira com encerramento às 18h30min., ou, considerando a média
- contrariedade à Súmula 338, item I, do TST; laborada, o encerramento às 18h15min e, nos dias de sábado, às
- violação ao artigo 62, inciso I, 818 da CLT; 373, II, do CPC; e 13h00.
- divergência jurisprudencial. No que diz respeito ao intervalo para repouso e alimentação,
Atendendo aos requisitos previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, obtempera que não houve alteração das suas condições de trabalho
da CLT, a parte recorrente insurge-se contra a decisão do antes e depois que o ponto foi implantado, seja em relação aos
Colegiado Regional de manter o indeferimento das horas extras clientes atendidos ou por ocasião das reuniões ou quando em rota.
perseguidas. Argumenta que, sendo a jornada passível de Reporta-se às declarações extraídas da testemunha apresentada
fiscalização, restam devidas as horas do intervalo intrajornada, pelo nome de Rodrigo Fernandes da Silva Cambuim, no tocante ao
diante da invalidade dos registros de horário, nos termos da Súmula tempo usufruído para refeição e descanso de 20 (vinte) minutos e
338, item I, do TST. Ressalta que a jurisprudência colacionada afirma, em síntese, que a Reclamada tinha os meios de fiscalizar o
reconhece que, comprovada a fiscalização da jornada, o trabalhador tempo de intervalo, seja em razão da utilização, pelos Empregados,
tem direito ao pagamento das horas extraordinárias, inclusive de equipamentos de telemática, seja em face da visita do supervisor
aquelas referentes ao intervalo intrajornada. Alega que incumbia à ou Gerente aos locais de trabalho.
reclamada demonstrar que ele gozava regularmente do tempo Assim, insiste na condenação da Reclamada no valor
destinado à refeição, o que não ocorreu. Diz que deverá ser correspondente ao intervalo para repouso e alimentação de forma
observado o adicional devido para as horas extras, nos moldes da integral com o mesmo adicional utilizado para as horas extras e as
Súmula 437 do TST. repercussões nas verbas acessórias.
Do acórdão impugnado, extraio os seguintes fundamentos (Id Estes são, em síntese, os limites da controvérsia.
c1133ba): O Juízo do primeiro grau proferiu os seguintes fundamentos fático-
"(...) jurídicos (fls. 666/668):
Análise conjunta dos apelos "Sabido que a prova da jornada de trabalho cumprida pelo
Horas extras e intervalos intrajornada empregado é, em regra, documental. Sabido também que a
Argumenta a Demandada que o Demandante exercia função empresa que possui mais de dez empregados deverá apresentar os
externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, inserindo controles de presença corretamente anotados pelo trabalhador, com
-se na hipótese disciplinada no art. 62, I da CLT. horários de início e término da jornada.
Alega que o Juízo do primeiro grau não esclareceu porque Assim sendo, a fim de corroborar com suas alegações, a primeira ré
considerara os controles de jornada imprestáveis, uma vez que carreou aos autos os controles de jornada (sob Id fa2b2de), os
apresentam franca variação, afirmando que não foram quais foram impugnados pela parte autora, ao argumento seguintes:
desconstituídos por prova contrária, motivo pelo qual requer a "Não indicam o horário correto de entrada e do término da jornada
exclusão da condenação em horas extras. do autor; Não indicam o tempo de pausa intervalar efetivamente
Caso ultrapassado esse argumento, vindica a apuração das horas usufruído; Não indicam os dias efetivamente trabalhados, a exemplo
extras à luz dos controles de ponto, mantendo-se a condenação dos sábados; Indicam horários britânicos, ou com pequenas
apenas das horas extras não pagas e não compensadas e, no mais, variações de minutos, que não fogem do caráter britânico, o que
que a média de horas extras apuradas dos controles de ponto, acena a aplicação da Súmula 338, III do TST; Indicam sempre saldo
sejam utilizadas no período que antecede a implantação do ponto, negativo de horas extras, muito embora o reclamante trabalhasse
ressalvada a prescrição em jornada muito mais alongada do que a que foi registrada; Alguns
O Reclamante, por sua vez, insiste na majoração do horário de estão apócrifos, a exemplo daquele juntado no ID fa2b2de".

Atraiu para si o ônus de provar fato constitutivo de seu direito comparecia na rota sem avisar (...) QUE o depoente sempre
(inteligência do art. 818, da CLT, c/c o art. 373, I, do NCPC). trabalhou um sábado ao mês até o desligamento. QUE no
Entendo haver se desvencilhado de seu encargo. sábado o depoente fazia uma reunião para tratar do fechamento do
Senão, vejamos. mês, na primeira ré. QUE a reunião começava às 8h e poderia
O Sr. Rodrigo Fernandes da Silva Cambuim (testemunha indicada terminar a partir das 13h. QUE essa reunião não tinha registro em
pelo autor, referente ao processo nº 0001509-50.2014.5.06.0141 - cartão de ponto. QUE todos os Vendedores e Supervisores
recebido como prova emprestada sob Id aa2b3f3) informou, ipsis participavam da reunião. QUE os Vendedores não tinham acesso
litteris: aos dados do GPS, que apenas ouviam falar, por informações de
"Trabalhou de 10/11/2008 a 01/10/2013 como vendedor da primeira superiores, que esse monitoramento existia".
ré. Sempre trabalhou na jornada das 7h às 18h/18h30min, de Por sua vez, o Sr. Ronaldo Tavares da Silva (testemunha indicada
segunda a sexta, e um sábado ao mês das 8h às 13h. Que sempre pela reclamada, também referente ao processo nº 0001509-
iniciou a jornada na empresa, e depois da reunião saía para fazer 50.2014.5.06.0141 - recebido como prova emprestada sob Id
as vendas. Encerrado o último cliente o depoente fazia contato aa2b3f3) asseverou, in verbis:
com o supervisor por meio de telefone e depois estava "a partir de maio/2013 a empresa implantou o controle de pontos
liberado. Esse mesmo sistema era adotado depois do controle para Vendedores; determinou que os Vendedores levasse um
de ponto formal. Que os horários eram anotados manualmente, cartão/ponto durante as rotas e que fosse anotando os horários de
com jornada pré-determinada e no final do mês o vendedor chegada na empresa para reunião, a parada para o almoço, a volta
assinava todo o horário do período. Que todos os vendedores do almoço, e o encerramento da jornada. QUE este cartão/ponto no
cumpriam semelhante jornada e condições de trabalho. Depoente e final do expediente era fotografado pelo Vendedor, e a imagem
reclamante tinham condições de trabalho semelhantes à de enviada para a empresa (...) QUE não havia fiscalização da ré
Ednilson Fraga de Araújo, ex-vendedor da primeira ré que prestou quanto ao intervalo e a orientação era para que o depoente
depoimento testemunhal na ação movida pelo ora depoente em usufruísse não menos de 1h40. QUE não houve alteração na
face da ré. Exibido o documento de fl. 383, cartão de ponto de quantidade de pedidos/clientes diários da rota do depoente com a
outubro de 2013, a testemunha informa que não tinha acesso ao introdução do controle de ponto. QUE o depoente chegava na ré às
referido documento e que seu controle de jornada era feito 7h, fazia uma reunião, e saía por volta das 8h. QUE o depoente
manualmente, e que a única diferença basicamente é que não tinha trabalha num segmento de grandes clientes e, por isso, só costuma
a quinta coluna nem a sexta, respectivamente "exut1" e "faltas". visitar 03 ou 04 por dia. QUE a orientação da empresa era que
Esclarece que o horário entre 17h30min até 18h era o horário encerrado o atendimento de cada pedido, o Vendedor enviasse
fixado pela ré para o vendedor enviar a carga dos pedidos. Que para a ré, por meio do palm top a informação. Podia acontecer
depois da remessa dos dados ainda ficava uns quarenta do depoente só informar no final. QUE o reclamante atuava no
minutos encerrando as atividades dentro da loja. Que a segmento de grandes clientes, como o depoente. O depoente não
orientação da empresa era que o vendedor observasse o sabe informar a rota do reclamante porque variava muito. QUE o
intervalo de no mínimo uma hora. Mas na prática o depoente só depoente costuma encerrar o atendimento/expediente entre
tirava 20 minutos a meia-hora porque dependia de estar ou não 17h e 18h. Eventualmente chegou a passar desse horário, mas,
fazendo um pedido no momento. Que os pedidos só eram foi raro. QUE o depoente como Vendedor cumpre a jornada de
descarregados, ou seja, enviados para a reclamada no final do segunda a sexta. QUE na época do reclamante já aconteceu de
expediente, via internet. Que tratava do pedido nas lojas com haver reunião, uma vez por mês, ao sábado, mas, não passava de
pessoas variadas, gerente, comprador ou mesmo o dono. Que no meio dia. QUE as reuniões do sábado se encerraram há bastante
serviço externo o depoente também tinha o controle de ponto tempo e passaram a ser no sexta-feira a partir das 14h. QUE no dia
manual. Esclarece que era o mesmo documento de anotações da reunião da sexta-feira o Vendedor fazia o atendimento de
manuais do ponto já referido. Que neste documento colocava o clientes mais rápido para chegar a tempo da reunião. Desde que
intervalo de 1 hora. Que o GPS do palm top dava a informação implantou o cartão de ponto, a empresa apresenta no final do mês,
do local do Vendedor em tempo real. QUE o GPS era ao Vendedor, o espelho de ponto. QUE os horários de espelho de
gerenciado pelo setor de TI que podia ser acesso pelo Gerente ponto sempre estiveram de acordo com os horários da papeleta do
se ele quisesse. QUE o Supervisor acompanhava o Vendedor depoente".
da rota uma vez por semana. QUE às vezes o Supervisor Das provas testemunhais colhidas, tenho por imprestáveis os

controles de ponto juntados aos autos e firmo a convicção de que: Isto posto, julgo improcedente o pleito referente ao intervalo
i) O sistema de cartão de ponto apenas foi implantado a partir de intrajornada e procedente aquele concernente às horas extras e aos
maio de 2013: cf. informação prestada pela própria demandada (em reflexos correspondentes, nos termos abaixo delineados:
sua defesa) e trecho de depoimento "a partir de maio/2013 a a) Base de cálculo: utilize-se o divisor 220 sobre o salário base
empresa implantou o controle de pontos para Vendedores". (observada sua evolução, e, na impossibilidade, o maior salário
ii) Antes de maio de 2013, ainda que o sistema de cartão de ponto percebido pelo autor), acrescido das verbas de natureza salarial
ainda não tivesse sido implantado, havia o controle indireto de (inclusive aquelas reconhecidas neste decisum).
jornada, por meio de GPS e ligações telefônicas: "Encerrado o b) Percentuais: normativo (e, na ausência de outro mais benéfico,
último cliente o depoente fazia contato com o supervisor por meio 50%).
de telefone e depois estava liberado. Esse mesmo sistema era c) metodologia: apurar as horas extras pela 8ª diária e/ou 44ª
adotado depois do controle de ponto formal. Que os horários eram semanal (observando-se a metodologia mais benéfica para o
anotados manualmente, com jornada pré-determinada e no final do reclamante). Em qualquer caso, considerar a jornada retro
mês o vendedor assinava todo o horário do período (...) Que no reconhecida. Excluam-se as suspensões e interrupções do contrato
serviço externo o depoente também tinha o controle de ponto de trabalho, porventura comprovadas.
manual. Esclarece que era o mesmo documento de anotações d) dedução: dos títulos pagos sob idêntico fundamento jurídico.
manuais do ponto já referido. Que neste documento colocava o e) reflexos: em aviso prévio, férias acrescidas do terço
intervalo de 1 hora. Que o GPS do palm top dava a informação do constitucional, gratificações natalinas, RSR e FGTS+40%. O
local do Vendedor em tempo real. QUE o GPS era gerenciado pelo resultado dos reflexos das diferenças deferidas (em férias
setor de TI que podia ser acesso pelo Gerente se ele quisesse" e acrescidas do terço constitucional, RSR e gratificação natalina)
"determinou que os Vendedores levasse um cartão/ponto durante deve repercutir no FGTS+40%.
as rotas e que fosse anotando os horários de chegada na empresa f) Período: 31/07//2010 (imprescrito) a 21/08/2014 (sem contabilizar
para reunião, a parada para o almoço, a volta do almoço, e o o aviso prévio, sob pena de bis in idem) (g.n).
encerramento da jornada". É irreprochável o julgamento.
iii) A jornada de trabalho, antes e depois da implantação do sistema É cediço que para o enquadramento na jornada excepcional
de ponto, era equivalente: "QUE não houve alteração na quantidade prevista no artigo 62, I, da CLT, exige-se, além do labor externo,
de pedidos/clientes diários da rota do depoente com a introdução do que este seja incompatível com a fixação de horários, em
controle de ponto". decorrência da impossibilidade de fiscalizar o cumprimento.
iv) A jornada de trabalho, durante todo o contrato de trabalho, deu- No caso, restou demonstrada a implementação de instrumentos de
se nos seguintes termos: De segunda a sexta: das 07:00h às controle e fiscalização indiretos, no período compreendido entre a
18:00h: "Sempre trabalhou na jornada das 7h às 18h/18h30min, de admissão do Obreiro até a rescisão contratual.
segunda a sexta, e um sábado ao mês das 8h às 13h" e "QUE o Com efeito, a testemunha identificada pelo nome de Rodrigo
depoente chegava na ré às 7h, fazia uma reunião, e saía por volta Fernandes da Silva Cambuim, cujo depoimento foi utilizado como
das 8h (...) QUE o depoente costuma encerrar o prova emprestada, demonstrou a existência de sistema de controle
atendimento/expediente entre 17h e 18h". e fiscalização de jornada empreendido pela Ré por meio de contato
Um sábado por mês: das 08:00h às 12:00h:"QUE no sábado o telefônico. Evidenciado ainda que a Ré monitorava os vendedores
depoente fazia uma reunião para tratar do fechamento do mês, na por meio de rastreamento por GPS e do palm top, instrumentos
primeira ré. QUE a reunião começava às 8h e poderia terminar a esses que inequivocamente permitiam estimar a duração do
partir das 13h. trabalho.
QUE essa reunião não tinha registro em cartão de ponto" e "QUE Assim, os elementos de prova da existência de mecanismos de
na época do reclamante já aconteceu de haver reunião, uma vez controle de jornada antes da implantação do ponto são gritantes.
por mês, ao sábado, mas, não passava de meio dia" (grifei). Conclui-se, portanto, que a ausência de formalização do controle de
Sempre com 1h de intervalo para alimentação e repouso: "Que a jornada no período anterior a maio de 2013, ou seja, do registro dos
orientação da empresa era que o vendedor observasse o intervalo horários laborados, tinha por objetivo sonegar o pagamento de
de no mínimo uma hora" e "QUE não havia fiscalização da ré horas extras, em afronta ao artigo 58 da CLT e 7.º, XIII da Carta
quanto ao intervalo e a orientação era para que o depoente Política, incidindo a Reclamada na hipótese de que trata o artigo 9.º
usufruísse não menos de 1h40". da CLT, segundo o qual "Serão nulos de pleno direito os atos

praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a fruição desse período de tempo legal destinado à alimentação e
aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação.". descanso.
Acertado, pois, o entendimento adotado pela MM. Vara do Trabalho, A informação da testemunha identificada pelo nome de Rodrigo
ao afastar a incidência do artigo 62, I da CLT, na espécie. Fernandes da Silva Cambuimno sentido de que apenas usufruiria
Saliente-se, ademais, que a Reclamada não comprovou haver de 20 (vinte) minutos à meia-hora porque dependia de estar ou não
promovido qualquer alteração nas condições de trabalho para fazendo um pedido naquele momento, é insuficiente para que se
transição de suposto regime incompatível de controle e fiscalização presuma que o Empregado não tivesse condições de utilizar o
de jornada para sistema inverso. tempo regulamentar destinado ao intervalo intrajornada. Isso porque
Com relação ao período posterior à implementação do controle o Autor detinha os meios e as condições de programar a visita ao
formal de jornada, entendo que a Sentença também não merece cliente em um horário que não conflitasse com o do período
reparos. destinado ao intervalo. Ou, no caso de estender a visita além do
Como se sabe, a apreciação da matéria depende, por imposição de esperado, programar a fruição do intervalo após o encerramento da
lei, de documentação essencial a cargo do empregador (cartões de venda ao cliente específico. Neste ponto, tenho que o Demandante
ponto), a teor do § 2.º do artigo 74 do Estatuto Consolidado. sucumbiu ao encargo processual que detinha, a teor dos artigos 818
Visando a se desvencilhar do encargo probatório, a Reclamada da CLT e 373, I do NCPC.
anexou os controles de jornada a partir de maio de 2013, os quais Desse modo, considerando as alegações articuladas pelas Partes e
foram invalidados pela prova oral emprestada, por iniciativa autoral o conteúdo probatório produzido nos autos, tenho como justos e
(Proc. n. 0001509-50.2014.5.06.0141). Esclarecedora no sentido de razoáveis os parâmetros fixados pela Julgadora de primeiro grau
que tais documentos eram anotados com jornadas pré- para a condenação da Parte Reclamada ao pagamento de horas
determinadas e assinados uma vez por mês (v. fl. 435). extras, não havendo o que ser reformado, no aspecto.
Por outro lado, o horário fixado pela Julgadora de primeiro grau para Nego provimento a ambos os recursos."
apuração das horas extras, qual seja, de segunda a sexta-feira, das Confrontando os argumentos da parte recorrente com a
7h às 18h, com uma hora de intervalo e um sábado por mês, das 8h fundamentação da decisão recorrida, mostra-se inviável o
às 12h, está em consonância com a média de horários extraídos da seguimento do recurso, tendo em vista que a Turma decidiu a
prova oral produzida e atende os princípios da primazia da realidade questão com base nas normas pertinentes à matéria, consistindo o
e da razoabilidade. insurgimento do recorrente, quando muito, em interpretação diversa
Observe-se, particularmente no que diz respeito ao encerramento daquela conferida pelo Regional. Ademais, a pretensão da
da jornada nos dias de sábado, que a testemunha de iniciativa do recorrente diz respeito ao reexame de fatos e provas, o que impede
Reclamante (prova emprestada) identificada pelo nome de Rodrigo o seguimento do recurso de revista, a teor da Súmula 126 do TST.
Fernandes da Silva Cambuim, declarou que poderia encerrar a CONCLUSÃO
partir das 13h00 o que sugere a idéia de que o encerramento neste Diante do exposto, DENEGO seguimento ao Recurso de Revista.
horário ocorria de forma eventual. Assim, confirmo o julgamento, no Cumpram-se as formalidades legais.
particular, fixando o encerramento da jornada no sábado (1 por Intimem-se.
mês) às 12h00. vo/AE
Além disso, nada acrescentaram, neste aspecto, as testemunhas
ouvidas na sessão de instrução, cuja ata se encontra acostada às Assinatura
fls. 629/631. RECIFE, 24 de Outubro de 2018
Da mesma forma no que diz respeito ao intervalo para repouso e
alimentação, uma vez que comprovada a concessão de forma VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
regular. Isto porque em se tratando de serviço externo a Empresa Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
não tinha os meios de compelir o Empregado a observá-lo mas não Decisão

Processo Nº RO-0001048-49.2015.5.06.0010
se absteve da obrigação de determinar que fosse efetivamente Relator GISANE BARBOSA DE ARAUJO
usufruído. RECORRENTE CHACIM ALIMENTOS LTDA - EPP
ADVOGADO GILKA BURIL WEBER(OAB: 7704/PE)
Ademais, o Reclamante não apresentou qualquer elemento de
ADVOGADO HENRIQUE BURIL WEBER(OAB:
prova concreto de onde se pudesse extrair que o número de 14900-D/PE)
RECORRIDO JACIANE BEATRIZ SARAIVA DO
clientes e de trabalho envolvidos, durante o dia, impossibilitariam a NASCIMENTO

ADVOGADO FLAVIO DARUI(OAB: 1204-B/PE)

atendentes faziam as mesmas coisas que a Depoente; que a
Intimado(s)/Citado(s): Reclamante exercia as mesmas atividades que a Depoente; que a
- CHACIM ALIMENTOS LTDA - EPP Reclamante chegou a ir para o caixa; que os caixas também faziam
- JACIANE BEATRIZ SARAIVA DO NASCIMENTO
sanduíches e limpeza; que a Depoente trabalhou na filial da Rua da
Hora, sendo a mesma da Reclamante" (fl. 201).
Na mesma linha, a testemunha patronal asseverou que "há

PODER diferença entre atendente e caixa; que o caixa opera o caixa, mais
JUDICIÁRIO caixa, embora faça outras atividades; que o caixa também fazia
limpeza; que todos são cientificados que devem fazer a limpeza no

Fundamentação
momento da contratação" (fl. 202).
RECURSO DE REVISTA
No estudo técnico alhures mencionado, o perito indicado pelo Juízo
Trata-se de Recurso de Revista interposto por CHACIM
a quo ressaltou que "a Reclamada apresentou a ficha de EPI's da
ALIMENTOS LTDA - EPP em face de acórdão em sede de Recurso
Reclamante nos autos, desta forma não comprovando fornecimento
Ordinário nos autos da Reclamação Trabalhista nº 0001048-
regular de EPI's" (fl. 154), o que o levou a concluir, "após a análise
49.2015.5.06.0010, figurando como recorrida, JACIANE BEATRIZ
dos locais de trabalho e dos riscos associados á função da
SARAIVA DO NASCIMENTO.
Reclamante [...] que a mesmo trabalhou em ambiente insalubre de
grau médio 20% durante todo o período de trabalho na Reclamada,
conforme Lei 6.514, Portaria 3.214, NR 15 anexo 14 do Ministério
recorrida se deu em 10.09.2018 e a apresentação das razões
do Trabalho e Emprego por exposição a agentes biológicos
recursais em 20.09.2018 (Ids 1654070 e 313e233).
"Trabalhos e operações em contato permanente com pacientes,
animais ou material infectocontagiante, em: Hospitais, serviços de
4ffed87).
emergência, enfermarias, ambulatórios, postos de vacinação e
Preparo efetuado corretamente (Ids b929d30, 4039e4f e e39a748).
outros" (fls. 158/159 - grifos no original).
Diante de tais evidências, a Magistrada sentenciante adotou as
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
conclusões inseridas no laudo pericial, firmando convencimento no
Alegações:
sentido de que a reclamante laborou em contato com agentes
- contrariedade à OJ 4 da SBDI-1 do TST;
biológicos insalutíferos, pelo que deferiu o pedido de pagamento de
- violação aos artigos 190 e 790-B da CLT; e
adicional de insalubridade, em grau médio (fls. 207/208).
De início, cumpre frisar que, consoante se extrai da inteligência do
Atendendo aos requisitos para conhecimento de seu recurso, a
art. 479, do NCPC, o magistrado não se encontra adstrito às
recorrente insurge-se contra o pagamento de adicional de
conclusões do laudo pericial, incumbindo ao julgador sopesar todas
insalubridade em grau médio. Alega que a ausência de elementos
as provas produzidas e delas extrair seu livre convencimento,
probatórios que indiquem a exposição danosa do trabalhador. Aduz
expondo-o de forma fundamentada.
que inexiste previsão legal para a concessão de adicional de
Destarte, analisando o conjunto probatório carreado aos fólios,
insalubridade por agente equiparado a álcalis cáusticos, contrária é
pondero que não forma produzidos elementos capazes de infirmar
a decisão ao texto de lei do art. 190 da CLT e a redação da
as conclusões esposadas no laudo pericial e na sentença
Orientação Jurisprudencial nº 4, item I, da SBDI-1 do TST. Pede
revisanda.
também a improcedência do pagamento de honorários periciais,
Com efeito, restou incontroverso nos autos que a reclamante
conforme dispõe o artigo 790-B da CLT.
mourejava, de maneira habitual e intermitente, limpando e coletando
Extraio do acórdão os seguintes fundamentos:
lixo de banheiros do estabelecimento comercial demandado,
Do adicional de insalubridade.
lanchonete em que há uma considerável circulação diária de
(...)
pessoas, de modo que suas instalações sanitárias são de uso
A prova deponencial colhida durante a instrução do feito confirmou
coletivo, não se tratando, pois, de atividade de limpeza equiparada
os misteres atribuídos à obreira, tendo a testemunha por ela
àquela realizada em residências ou escritórios.
apresentada afirmado que "fazia tudo na empresa, embora na
(...)
CTPS esteja anotada a função de atendente; que varria, limpava
Dos honorários periciais.
banheiro, fazia sanduíche, só não ia ao caixa; que todas as

ADVOGADO FILIPE ALVARES DA SILVA

A reclamada pugna pela redução do importe fixado a título de LIRA(OAB: 40862/PE)
RECORRIDO GALVÃO ENGENHARIA S/A
honorários periciais, adequando-o ao grau de complexidade e à
ADVOGADO LEONARDO NOVAES COELHO DE
extensão do trabalho realizado. CASTRO(OAB: 118694/RJ)
ADVOGADO RICARDO DE ALMEIDA(OAB:
In casu, por não existir uma tabela pré-fixada para os honorários 184200/SP)
periciais, exige-se que o magistrado arbitre o importe de tal verba, ADVOGADO DAYANA DOS ANJOS RODRIGUES
MATTOS MAGALHAES(OAB:
levando em consideração, em sua avaliação subjetiva, diversos 160135/RJ)
RECORRIDO CONSÓRCIO ALUSA - CBM
aspectos, dentre eles: a complexidade do trabalho, o desempenho
ADVOGADO LUCIANA ARDUIN FONSECA(OAB:
do expert, as despesas efetuadas, o grau de dificuldade na 143634/SP)
RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S/A -
respectiva averiguação, dentre outros. Também não pode deixar de PETROBRAS
ter em conta a realidade salarial vigente na região. ADVOGADO RICARDO SANTANA BISPO(OAB:
2676/SE)
Sopesando tais questões concluo que, no particular, a fixação dos ADVOGADO NILTON ANTONIO DE ALMEIDA
MAIA(OAB: 67460/RJ)
honorários periciais, no valor de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos
ADVOGADO THIAGO FRANCISCO DE MELO
reais), revelou-se demasiadamente excessiva, tendo em vista a CAVALCANTI(OAB: 23179-D/PE)
natureza do objeto em análise e o tempo demandado na produção

do trabalho.
- BARBOSA ALVARES & CIA LTDA - ME
Provejo, por conseguinte, o recurso patronal para reduzir a R$ - CONSÓRCIO ALUSA - CBM
2.000,00 (dois mil reais) o montante fixado a título de honorários - EDYMAR DOS SANTOS SANDRES
- GALVÃO ENGENHARIA S/A
periciais.
- PETROLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRAS
(...)
Confrontando os argumentos da parte recorrente com os
fundamentos do acórdão impugnado, tenho que a revista não

PODER
comporta processamento, pois o Regional decidiu as questões
JUDICIÁRIO
veiculadas no presente apelo com base na legislação pertinente e
no conjunto probatório contido nos autos. Não vislumbro, portanto, Fundamentação

as violações apontadas. Noutra senda, as alegações recursais em RECURSO DE REVISTA
sentido contrário implicaria, necessariamente, o reexame de fatos e Trata-se de Recurso de Revista interposto por EDYMAR DOS
provas - procedimento que encontra óbice na Súmula nº. 126 do SANTOS SANDRES, em face de acórdão proferido em sede de
TST e inviabiliza a divergência jurisprudencial específica (Súmula julgamento de Recurso Ordinário, nos autos da Reclamação
nº. 296, item I, TST). Trabalhista nº. 0000148-75.2015.5.06.0201, figurando como
CONCLUSÃO recorridas, BARBOSA ÁLVARES & CIA. LTDA. - ME, GALVÃO
Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista. ENGENHARIA S/A, ALUMINI ENGENHARIA S/A e PETRÓLEO
Cumpram-se as formalidades legais. BRASILEIRO S/A - PETROBRÁS.
Intimem-se. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
/mscs/AE O apelo é tempestivo, tendo em vista a publicação da decisão
recorrida em 16/08/2018 e a apresentação das razões deste apelo

Assinatura em 17/08/2018, conforme se pode ver dos documentos de Ids
RECIFE, 24 de Outubro de 2018 927f64c e 6089c6b.

VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO 1a0d161).
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região Preparo dispensado (Id 3ece2ac).
Decisão PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Processo Nº RO-0000148-75.2015.5.06.0201
Relator MARIA DO SOCORRO SILVA LIDE SIMULADA
EMERENCIANO
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA PETROBRÁS
RECORRENTE EDYMAR DOS SANTOS SANDRES
ADVOGADO CARLOS EDUARDO PESSOA DE DA APRECIAÇÃO DA PROVA DOCUMENTAL
MIRANDA(OAB: 12489/PE)
DA OMISSÃO EXISTENTE NO ACÓRDÃO
RECORRIDO BARBOSA ALVARES & CIA LTDA -
ME Alegações:

- contrariedade à Súmula 331, IV, do TST; relação aos fatos descritos no comando sentencial - comprovação
- violação aos artigos 5º, XXXV, XXXVI, LV e LVII, da CF; 489, § 1º, de que laborou na obra de transposição do Rio São Francisco, bem
1.022 do CPC; como, que a empresa Barbosa Álvares & Cia. Ltda. é uma empresa
Atendendo aos requisitos formais para conhecimento do seu apelo, investigada na operação Lava-Jato.
previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a parte recorrente Acerca das matérias transcrevo os seguintes trechos do acórdão
insurge-se contra o acórdão que manteve a sentença monocrática, recorrido:
quanto à extinção do processo, sem resolução do mérito, por "Consoante constou do relatório supra o recorrente se insurge
entender ter havido lide simulada. Diz que "O fato de não haver contra o indeferimento da responsabilidade subsidiária das
defesa expressa, é de ser considerada como tácita, já que quando empresas Galvão Engenharia S/A, Consórcio ALUSA-CBM
da reabertura da INSTRUÇÃO PROCESUAL, a primeira empresa (ALUMINI ENGENHARIA E BARBOSA MELO) bem como da
Reclamada, foi intimada através da sua PATRONA, e, mesmo, Petróleo Brasileiro S/A-PETROBRÁS nos terrmos da Súmula 331,
assim, quedou-se silente, diante dos fatos descrito na peça atrial em IV do C. TST, sob argumentos de serem tomadoras de serviços não
consonância com a PROVA DOCUMENTAL careada ao presentes fiscalizou o cumprimento da prestação de serviços, permitindo o
fólios, além da DEFESAS apresentados pelos demais Reclamado. descumprimento de direitos trabalhistas. Não se conforma, assim,
Assim, tornou-se incontroverso o fato de que o com a aplicação do disposto na OJ nº. 191 da SDI-I do TST.
Reclamante/Recorrente, laborou para o 1º Reclamado BARBOSA Aduz que o simples fato de omitir-se quanto ao nome fantasia não é
ÁLVARES & CIA. LTDA - ME, na função de ENCARRREGADO DE suficiente para que seja configurada lide simulada, como entendeu
OBRA, no período de NOVEMBRO à AGOSTO de 2014, isto em o Juízo de Primeiro Grau.
relação aos contratos, acostados aos presentes fólios." Assevera Argumenta ter sido contratado pelo primeiro reclamado para prestar
que os fatos afirmados na sentença, ratificados no acórdão, não serviços para a segunda e terceira empresas e em face disso incluiu
possuem relação com a narrativa fática da atrial. Ressalta que a no polo passivo da ação e requereu a responsabilidade delas.
empresa Barbosa Álvares & Cia Ltda. foi contratada pelas empresas Pontua que foi admitido pelo funcionário Clodoaldo, gerente da obra
Galvão Engenharia S/A e pelo Consórcio ALUSA-CBM, para prestar em que houve a prestação de serviços e que demonstrado nos
seu mister na obra da Refinaria Abreu e Lima - RNEST, como autos do processo 0000147-90.506.0201, ajuizado por aquele
demonstra a prova documental. Pondera que "Em nenhum último empregado.
momento à empresa PÉTROLEO BRASILEIRO S/A, veio aos autos Obtempera que pelos depoimentos do Sr. Clodoaldo no processo nº
para afirmar que à presente demanda é uma FRAUDE com a 0000774-21.2015.5.06.0193, bem como do Sr. Boaventura, nos
finalidade de 'obtenção de valores públicos', já que apontada como autos da nº 0000147- 90.2015.5.06.0193, comprovam que a
responsável de forma subsidiária. Ao contrário do que alega o empresa Barbosa Alvares & CIA Ltda - ME (cujo nome fantasia é
Douto Juízo Monocrático, e, mantido pelo Egrégio Regional, o MYLLER CONSTRUÇÕES), de fato, efetivou a contratação de
apontamento da responsabilidade da empresa PETRÓLEO Obreiros na Cidade de Vitória de Santo Antão, dentre eles o
BRASILEIRO S/A, decorre da sua culpa in vigilando, isto nos termos Reclamante, para laborar na Obra da Refinaria Abreu e Lima, na
do que dispõe a Súmula 331, IV, do Egrégio Tribunal Superior do qualidade de subempreiteira das empresas GALVÃO
Trabalho." Aduz que os documentos juntados com o recurso ENGENHARIA S/A e o CONSÓRCIO ALUSA CBM (CONSÓRCIO
ordinário foram entregues pelo Sr. Clodoaldo e outros obtidos nos composto pelas empresas ALUMINI ENGENHARIA S/A e
autos de Ações de Execução de Título Extrajudiciais movidas pela CONSTRUTORA BARBOSA MELLO S/A).
empresa Barbosa Álvares & Cia Ltda. - ME, contra as empresas Pois bem.
participantes do Consórcio Alusa-CBM, sendo certo que tais Em situação análoga a dos autos, envolvendo o mesmo patrono do
documentos tem a finalidade de contrapor os termos da sentença, recorrente e as mesmas reclamadas, esta E. Turma por
uma vez que o juízo a quo invocou e citou fatos totalmente distintos unanimidade manteve a decisão que, reconheceu a existência de
(que as empresas integrantes do pólo passivo estavam envolvidas lide simulada, com o intuito de obter um resultado que subverte a
na Lava Jato e fatos relacionados às obras da transposição do Rio competência constitucional da Justiça do Trabalho, invocando as
São Francisco). Indaga onde existe nos autos narrativa de que ela disposições do art. 142, c/c 485 do vigente Código de Processo Civil
recorrente laborou nas obras do Rio São Francisco, bem como, que e extinguiu o feito sem julgamento de mérito, nos autor do Processo
a ex-empregadora, Barbosa Álvares & Cia. Ltda. é investigada na RO-0000161-74.2015.5.06.0201, conforme fundamentação do
operação lava jato. Por fim, ressalta a omissão do acórdão em recente acórdão publicado em 07 de junho de 2018, de lavra do

Excelentíssimo Desembargador Sergio Torres Teixeira, o que por contratos de trabalho.
economia e celeridade processuais, aqui peço vênia e utilizo como Além disso, registrou:
razões decidir: Considerando a ausência do reclamante, fica prejudicado seu
(...) depoimento, sendo dispensada a oitiva dos reclamados, bem como
Abstraindo-se da confusa redação das razões de recurso, com a a prova oral.
desnecessária transcrição integral de peças integrantes deste Trata-se de uma das dezenas de ações ajuizadas nesta Vara, cujas
processo e de outros, tem-se que se trata de demanda em que o petições iniciais são idênticas, com indicação de período contratual
autor pretende o recebimento de verbas tipicamente trabalhistas, de 04/11/2013 a 30/08/2014; com indicação de salário de R$ 820,60
requerendo a responsabilidade subsidiária das demais empresas por mês; com indicação de função de servente/sinaleiro/loneiro;
integrantes do polo passivo, a pretexto da existência de com indicação de uma extenuante jornada de trabalho, como sendo
terceirização. das 5h às 23h, de segunda a sexta, e das 5h às 16h aos sábados;
Apreciando a lide, o Juízo de Origem extinguiu, sem resolução do com indicação de que a dispensa se deu sem justa causa e sem
mérito, os pedidos formulados na presente ação, em virtude da pagamento de verbas rescisórias. Chegou ao conhecimento deste
existência de lide simulada. Juízo que as empresas integrantes do polo passivo se encontram
A magistrada convenceu-se de houve a repetição injustificada de todas envoolvidas na chamada Operação Lava Jato, e em especial
numerosas demandas em que houve a postulação de pedidos no que diz respeito às obras de transposição do Rio São Francisco.
idênticos, sempre com a ausência da empresa, indicada como Em alguns dos processos em curso nesta Vara já foram colhidos
empregadora, o que resultaria, em última instância, no depoimentos de alguns dos reclamantes, sendo certo ainda que
redirecionamento dos atos de execução, em caso de procedência, existem documentos juntados após a audiência anterior adiada pelo
contra as empresas supostamente tomadoras de serviço e que MM. Juiz Substituto. Chegou ainda ao conhecimento deste Juízo
usufruem de idoneidade financeira para tanto. que o advogado da parte autora adentrou com pedido de
As conclusões apresentadas na sentença foram extraídas após a providências junto ao E. Regional com o objetivo de desvincular
audiência realizada em 29/7/2015, oportunidade em que determinou esta Magistrada dos processos, pretensão que foi indeferida pelo
a reabertura da instrução, com base nos fundamentos abaixo (fl. Exmo. Desembargador Corregedor.
1118 - ID N° 48b06a6): Frente a tudo o que acima exposto, fica determinado o seguinte:
Na sessão anterior, o Juízo havia dispensado os depoimentos a) as partes e advogados aqui presentes ficam cientes de que
pessoais e a prova oral. No entanto, considerando elementos que nenhum outro documento deverá ser anexado aos autos, uma vez
chamaram a atenção do Juízo, em relação às reclamações 147, que há muito já decorreu o prazo para a prática do ato processual,
194, 195, 196 e 197/2015, entre outras, tais como local de conforme já estabelecido na primeira audiência já realizada;
prestação de serviços, não apresentação de defesa pela alegada b) fica concedido o prazo comum de 05 dias às partes para que se
empregadora, contrato clandestino, jornada de trabalho idêntica - pronunciem sobre os documentos que foram acostados aos autos e
independente da função - o Juízo, na forma do art. 765 da CLT, sobre os quais não havia sido concedido prazo para a
revogou a determinação anterior e resolveu reabrir a instrução para manifestação;
depoimentos pessoais e produção de prova oral. A parte autora e a c) juntada pela Secretaria do pedido de providência e da decisão
Petrobrás serão cientificadas através de seus advogados, via DEJT, proferido pelo Exmo. Corregedor nestes autos;
e a Barbosa Álvares via postal. A Alumini e a Galvão Engenharia d) juntada pela Secretaria das petições iniciais, bem como das atas
ficam cientes nesta oportunidade. nas quais foram colhidos os depoimentos dos reclamantes relativos
Para depoimentos pessoais (Súmula 74) e produção de prova oral, aos processos 246/2015, 247/2015, 548/2015, 549/2015 e
fica reservada a data abaixo. 550/2015;
Em 5/10/2016 em audiência realizada, em que presentes todas as e) em relação aos expedientes de itens C e D, não há necessidade
partes, acompanhadas de advogado, designou-se audiência de de concessão de prazo para manifestação às partes, tendo em vista
instrução para 1/2/2017, com a advertência de pena de confissão. que em relação ao do item C tratou-se de procedimento aditado
Na audiência realizada em 1/2/2017, o autor não compareceu e, pela parte autora, enquanto que em relação ao D as reclamadas já
conforme documento de fl. 1349 (ID n° 3fd20d2), a magistrada têm pleno conhecimento, tanto que já apresentaram defesa nos
consignou em ata a existência de diversas ações, com identidade respectivos autos.
de petições iniciais, inclusive relativa à data dos respectivos A fraude processual entre as partes que caracteriza a lide simulada

é combatida pelo sistema processual com a extinção do processo Com base nos fundamentos, mantenho a sentença que,
sem resolução do mérito pois, se lide não há, sequer provimento reconhecendo a existência de lide simulada, com propósito de obter
jurisdicional meritório deve haver. Esse é o teor do art. 142 do CPC: um resultado que subverte a competência constitucional da Justiça
Art. 142. Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu do Trabalho, invocando as disposições do art. 142, c/c 485 do
se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vigente Código de Processo Civil, extinguiu o feito sem julgamento
vedado por lei, o juiz proferirá decisão que impeça os objetivos das de mérito.
partes, aplicando, de ofício, as penalidades da litigância de má-fé. Recurso a que se nega provimento.
Não se ignora a dificuldade da prova da lide simulada, Este também foi o entendimento da 3ª Turma deste Sexto Regional,
normalmente, extraída de indícios e presunções e fatalmente quando do julgamento dos recursos ordinários interpostos nos autos
coibida com a extinção processual sem apreciação meritória pois, do processo nº 0000144-38.2015.5.06.0201por Cecílio Amâncio
ante à mácula ao sistema processual e a má-fé que a envolve, não Pereira Filho e Barbosa Àlvares & Cia. Ltda-ME, cuja relatoria ficou
deve sequer ter prosseguimento, como assim o fez a juíza. a cargo da Exma. Desembargadora Viriginia malta Canavarro.
As razões de recurso não são hábeis a infirmar os graves fatos De se concluir que o Juízo de Primeiro Grau apreciou de forma
apurados pela magistrada condutora do feito que, justamente pela escorreita as questões não restando dúvidas na caracterização da
proximidade com que mantém com as partes na Primeira Instância lide simulada, de modo que se mantém a sentença que extinguiu o
e, especialmente diante da circunstância de ser titular da respectiva processo sem resolução de mérito.
Vara do Trabalho, mantendo contato com inúmeras reclamações Diante do exposto, não conheçodos documentos apresentados com
idênticas, é quem melhor dispõe de meios para identificar a o recurso; e no mérito nego provimento ao recurso."
existência de lide simulada. Confrontando os argumentos expostos nas razões recursais com os
Chama atenção deste Juízo, o fato de a parte autora não ter fundamentos do acórdão impugnado, tenho que a revista não
comparecido à audiência em que deveria depor, muito embora comporta processamento, pois o Regional decidiu as questões
tenha pretendido juntar documentos na fase recursal, sem qualquer veiculadas no presente apelo, com base no conjunto probatório
fato a justificar o justo impedimento para juntada oportuna. contido nos autos e na legislação pertinente à matéria. Não
Observe-se que os argumentos trazidos em razões de recurso, vislumbro, portanto, as violações e as contrariedades invocadas,
como o fato não se ter negado o vínculo de emprego pela primeira consistindo o insurgimento da recorrente, tão somente, no
reclamada, bem como a existência incontroversa de contrato de inconformismo com a solução dada à lide ou, quando muito,
prestação de serviços mantido entre as outras empresas integrantes interpretação diversa daquela conferida pelo Regional.
do polo passivo, assim como a defesa delas circunscrita à ausência Ademais, as alegações lançadas pela parte, em sentido diverso,
de interveniência direta no modo de prestação de serviços, não somente seriam aferíveis através de reexame das provas carreadas
afastam, de modo absoluto, a conclusão constante da sentença, ao feito, o que não é possível por meio desta via recursal (Súmula
mesmo porque a simulação litigiosa foi delimitada entre o autor nº 126 do TST). Apenas para argumentar, ressalto que os julgados
desta reclamação (MARCOS ROBERTO ESTEVAO CALEO) e a apresentados não se prestariam a comprovar o confronto de teses,
empresa BARBOSA ALVARES & CIA LTDA - ME. posto que não advêm de qualquer dos órgãos elencados no artigo
Não foi a omissão quanto ao nome fantasia que justificou o 896, a, da CLT.
reconhecimento da fraude processual pelo Juízo de Origem, mas o CONCLUSÃO
fato de a juíza ter se deparado com instruções de processos Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
idênticos, sem qualquer particularidade a individualizar os contratos Cumpram-se as formalidades legais.
de trabalho. Intimem-se.
A essa altura, não releva as alegações de que fora contratado pelo AE/vmm
primeiro reclamado para prestar serviços para a segunda e terceira Assinatura
empresas, questões afetas á análise meritória e que sequer RECIFE, 24 de Outubro de 2018
chegaram a ser apreciadas.
Os fatos aqui relatados e objeto de irresignação da parte recorrente VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
já foram apreciados com o devido cuidado na sentença, em que Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
consta remessa de ofícios aos órgãos competentes para Decisão

Processo Nº ROPS-0000081-52.2018.5.06.0251
investigação e apuração dos fatos, inclusive na esfera penal. Relator NISE PEDROSO LINS DE SOUSA

RECORRENTE EMANOEL FRANCISCO BEZERRA

DA SILVA f7f3093).
ADVOGADO ADNA PATRICIA PESSOA Regular o preparo (Ids 745942d, 9626bf5, b21d009, 91c4f50 ,
RIBEIRO(OAB: 37833/PE)
ADVOGADO FABIO JOSE FERREIRA FILHO(OAB: 21efee0).
33669/PE)
ADVOGADO AGRON CORREA GONDIM
PEREIRA(OAB: 33648/PE) DA NULIDADE PROCESSUAL/CERCEAMENTO DO DIREITO DE
ADVOGADO THIAGO ALVIM MIRANDA DE
OLIVEIRA(OAB: 35096/PE) DEFESA
ADVOGADO LUIZ HENRIQUE DA SILVA DA REVERSÃO DA JUSTA CAUSA
REIS(OAB: 43161/PE)
RECORRENTE RODOVIARIA BORBOREMA LTDA DAS HORAS EXTRAS E REFLEXOS
ADVOGADO EDUARDO MACIEIRA RIBEIRO DE DO INTERVALO INTERJORNADAS
PAIVA(OAB: 38018-D/PE)
ADVOGADO BRUNA MARIA AMORIM DE Alegações:
AQUINO(OAB: 35656/PE)
- violação aos artigos 5º, II, LIV, LV, XXXIX, 7º, XII, XXVI, XXVII,
ADVOGADO Jairo Cavalcanti de Aquino(OAB: 1623-
D/PE) XXVIII, 8º, da CF; 59, 66, 71, 482, "e", 611, 612, ss, "A", 818, 820,
RECORRIDO RODOVIARIA BORBOREMA LTDA
848, 889, da CLT; 371, do CPC; e
ADVOGADO EDUARDO MACIEIRA RIBEIRO DE
PAIVA(OAB: 38018-D/PE) - divergência jurisprudencial.
ADVOGADO BRUNA MARIA AMORIM DE
AQUINO(OAB: 35656/PE) Cumprindo as exigências para conhecimento do seu apelo,
ADVOGADO Jairo Cavalcanti de Aquino(OAB: 1623- previstas no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a recorrente pede
D/PE)
ADVOGADO CLAUDIO COUTINHO SALES(OAB: a nulidade do processo por cerceamento ao seu direito de defesa e
28069/PE)
ofensa ao contraditório. Irresigna-se contra o indeferimento do
RECORRIDO EMANOEL FRANCISCO BEZERRA
DA SILVA depoimento do reclamante por considerar que oitiva da parte
ADVOGADO ADNA PATRICIA PESSOA
RIBEIRO(OAB: 37833/PE) adversa é importante para o deslinde da questão e que objetiva a
ADVOGADO FABIO JOSE FERREIRA FILHO(OAB: confissão do recorrido. Mostra-se inconformada, também, com o
33669/PE)
ADVOGADO AGRON CORREA GONDIM acórdão que, mantendo a decisão de piso, reverteu a dispensa por
PEREIRA(OAB: 33648/PE)
justa causa aplicada ao reclamante. Assevera ter comprovado que o
ADVOGADO THIAGO ALVIM MIRANDA DE
OLIVEIRA(OAB: 35096/PE) autor foi demitido por justo motivo por desídia em virtude de faltas
ADVOGADO LUIZ HENRIQUE DA SILVA
REIS(OAB: 43161/PE) injustificadas.. Sustenta que a reclamada desincumbiu-se do ônus
da prova, eis que demonstrada a falta grave cometida pelo

reclamante. Busca a reforma do julgado para que, seja reconhecida
- EMANOEL FRANCISCO BEZERRA DA SILVA
- RODOVIARIA BORBOREMA LTDA a dispensa por justa causa, e julgados improcedentes os pleitos de:
aviso prévio indenizado, 13º salário proporcional, férias
proporcionais acrescidas de 1/3, multa de 40% do FGTS e liberação
do saldo fundiário. Na sequência, alega ser indevida a condenação

PODER
ao pagamento de horas extras e repercussões, inclusive as
JUDICIÁRIO
referentes a não concessão integral do intervalo interjornadas.
Fundamentação Discorre que o reclamante não logrou desincumbir-se do ônus da
prova de invalidade das guias e de demonstrar diferenças

RECURSO DE REVISTA específicas de horas extras, mediante cotejo específico dos
Trata-se de Recurso de Revista interposto por RODOVIÁRIA documentos de controle de frequência e contracheques.
BORBOREMA LTDA., em sede de Recurso Ordinário em Alternativamente, pede a exclusão da hora extra deferida, para além
procedimento sumaríssimo, nos autos da Reclamação Trabalhista do condeno ao pagamento de adicional de 50% (cinquenta por
0000081-52.2018.5.06.0251, figurando, como recorrido, EMANOEL cento). Prossegue dizendo ser indevida a condenação no intervalo
FRANCISCO BEZERRA DA SILVA. interjornadas sob o argumento de que artigo 66, consolidado, não
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS prevê o pagamento de adicional. Segue dizendo, que a supressão
O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão do intervalo em epígrafe, implica, no máximo, em autuação e multa
recorrida se deu em 20/08/2018 e a apresentação das razões pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego. Busca a
recursais em 30/08/2018 - Ids 7e61f15, c9a69a9. reforma do julgado para que seja declarada a improcedência das
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id horas extras além da oitava diária. Irresigna-se contra a

condenação ao pagamento dos dias de domingos e feriados as demais provas constantes dos autos foram suficientes para o
laborados. Defende que o reclamante não indicou os dias a serem deslinde das controvérsias ventiladas pelas partes. Registrou, para
adimplidos, isto, mediante impugnação aos documentos. Copia tanto, que "a persuasão racional justifica a atitude do MM. Juízo a
jurisprudência para confronto teses. quo que, não vislumbrando utilidade com a tomada dos
Transcrevo os fundamentos da decisão atacada: depoimentos das partes ao deslinde da controvérsia, dispensou-os".
"Da arguição de cerceio de defesa Nos termos do art. 765 da CLT, o Juízo tem ampla liberdade na
Tal arguição, invocada como preliminar, deve ser analisada como direção do processo, devendo velar pelo rápido andamento da
matéria de mérito, mesmo porque a decisão apresenta todos os causa. Por sua vez, o art. 130 do CPC/73 dispõe que cabe ao juiz,
requisitos estabelecidos pelos arts. 832 da CLT, 489 do CPC/15 e de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas
93, IX, da Constituição Federal, não podendo ser reputada como necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências
nula. inúteis ou meramente protelatórias. Nesse contexto, a dispensa do
Pois bem. Inconforma-se a reclamada com o procedimento adotado depoimento da reclamante, possibilidade conferida ao julgador, não
pelo juízo de origem, que dispensou o depoimento das partes. representa, no caso, prejuízo à defesa, uma vez que toda a matéria
Alega que houve o cerceamento do seu direito de defesa, uma vez fática dita controvertida foi resolvida pelo Juízo com amparo no
que pretendia provar fatos a partir da confissão do autor. acervo probatório, suficiente ao deslinde das questões.
Não procede o inconformismo, pois não constitui cerceamento do Precedentes. Recurso de revista de que não se conhece. (...)" (RR -
direito de defesa a dispensa, pelo magistrado, do depoimento 1659-62.2011.5.06.0003, Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas
pessoal dos litigantes. É que, a teor do disposto no art. 848 da CLT, Brandão, Data de Julgamento: 10/05/2017, 7ª Turma, Data de
o interrogatório das partes constitui mera faculdade conferida ao juiz Publicação: DEJT 19/05/2017)
e não uma imposição, valendo destacar, ainda, que o magistrado Nego provimento.
tem ampla liberdade na direção do processo, cumprindo-lhe velar Da reversão da justa causa
pelo rápido andamento da causa (art. 765 da CLT), bem como é A reclamada não se conforma com a sentença que reverteu a justa
livre o seu convencimento motivado (artigo 371, CPC/2015), causa imputada ao reclamante. Afirma que o obreiro foi demitido em
podendo dispensar os depoimentos das partes, bem como a razão de mau procedimento, previsto na alínea "b" do art. 482 da
produção de qualquer outra prova, quando conclui que já existem CLT. Disse que o reclamante ""sujava" os cartões de bilhetes
nos autos elementos suficientes para a sua convicção. (conduta de utilizar um cartão que não pertence à viagem; o
Neste sentido, inclusive, o entendimento do C. TST, conforme se empregado abre a viagem com um bilhete comprado em valor
observa nos seguintes julgados: inferior ao efetivamente pago pelo usuário; para tanto, utilizava-se
"(...). AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO PELA de seu próprio cartão e reutilizava os das viagens dos usuários) e,
RECLAMADA. RECURSO DE REVISTA. DISPENSA DO em seguida, girava a catraca sem que nenhum passageiro
DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE. CERCEAMENTO passasse por ela, emitindo passagens locais, mais baratas."
DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. A parte agravante não apresenta Acrescentou que o autor cometeu outras infrações, como, por
argumentos capazes de desconstituir a juridicidade da decisão de exemplo, deixar uma passageira viajar na parte dianteira do ônibus,
prelibação do recurso de revista, à míngua de demonstração de sem passar pela catraca, embora tivesse pago a viagem. Juntou
pressuposto intrínseco previsto no art. 896 da CLT. Não se cogita algumas penalidades que imputou ao obreiro, tais como
de cerceamento do direito de defesa, pelo indeferimento da oitiva da advertências e suspensões.
parte adversa, se o magistrado considera os elementos de prova Pois bem.
dos autos suficientes para formar seu convencimento, à luz da Inicialmente, impende esclarecer que o princípio da continuidade da
teoria da persuasão racional (art. 131 do CPC/1973) e da ampla relação de emprego milita em favor do empregado. Assim, a justa
liberdade do magistrado trabalhista na direção do processo (art. 765 causa, por se tratar da mais séria penalidade imputada ao
da CLT). Agravo de instrumento a que se nega provimento." (ARR - empregado e por acarretar indubitáveis repercussões na sua vida
208300-21.2009.5.06.0143, Relator Ministro: Walmir Oliveira da pessoal e profissional, deve ficar bastante clara e comprovada nos
Costa, Data de Julgamento: 14/06/2017, 1ª Turma, Data de autos.
Publicação: DEJT 19/06/2017) E, in casu, tenho que a empresa não se desincumbiu do seu ônus
"(...). CERCEAMENTO DE DEFESA. DISPENSA DA OITIVA DA de comprovar o alegado ato ilícito praticado pelo obreiro, que
PARTE ADVERSA. Na hipótese, a Corte de origem reconheceu que ensejou a aplicação da justa causa.

Como se vê, a demandada juntou aos autos algumas fotos do Nesse contexto, comungo com o entendimento esposado pelo juízo
interior do veículo, bem como um CD com filmagem, em que tenta de primeiro grau, que com bastante zelo e acuidade analisou a
comprovar a irregularidade cometida. matéria, a cujos fundamentos me reporto como razões de decidir:
No caso em apreço, entendo que o conjunto probatório é frágil, não "(...)
sendo suficiente para a comprovação de falta grave a ensejar a Analisando as filmagens apresentadas através do DVD depositado,
ruptura do contrato laboral por justo motivo. Isso porque, da análise verifica-se que não são de boa qualidade. As imagens ficam
das fotos, bem como do vídeo apresentado, não se consegue travando durante a transmissão. Das imagens, não consegui
constatar qualquer irregularidade cometida pelo obreiro. perceber nenhuma atitude fraudatória, no sentido de ficar com o
A testemunha da reclamada, o Sr. Pedro Paulo Braz Viana, visando dinheiro das passagens de algum usuário. Não se vê o recebimento
comprovar a justa causa alegada, assim disse: de dinheiro algum de forma suspeita. O único fato diferente ocorre
"(...); que tem ciência de que está sendo filmado, seja trabalhando pelo fato de uma passageira permanecer na parte dianteira do
como motorista ou cobrador; que o motivo da demissão do autor foi ônibus durante toda a viagem, mas se percebe também que a
porque houve evasão de renda; que a filmagem indicou o autor mesma passa seu cartão no final, antes de desembarcar. Os vídeos
rodando a catraca sem passageiros, ou seja, validando cartões; (...); não são suficientes para se enquadrar o ato como mau
que o idoso não passa na catraca, fica antes; que pode o cobrador procedimento ou, como narrado pela empresa, de evasão de
ficar com os cartões dos passageiros, passando o cartão de divisas. Além disso, a explicação para essas atitudes será
pessoas doentes ou quando ingressa no veículo pessoas justificada mais à frente.
embriagadas, porque eles pedem; (...); que o cobrador pode utilizar Sobre as demais condutas que são normalmente praticadas pelos
o seu cartão durante o trajeto, desde que não esteja vinculado ao cobradores, disse Samuel, de forma bem elucidativa:
sistema de abertura da viagem, como por exemplo não estar "que diariamente acontece problema com os cartões, sejam danos
trabalhando; que o cartão do cobrador pode ser usado junto com o ou ausências; que poderia ficar com os cartões dos passageiros,
do motorista apenas para a abertura e fechamento do sistema; que passando o cartão de pessoas idosas ou quando ingressa no
se apenas o cartão do motorista for utilizado para abrir a viagem, é veículo pessoas embriagadas, porque eles pedem; que a empresa
possível fazer uso do cartão do cobrador para liberar o acesso de não obriga que o cobrador fique com o cartão dessas pessoas, mas
terceiros; que não é permitido ao cobrador colocar a mão na o cobrador fica com os mesmos, para evitar que o passageiro
catraca, mas algumas vezes quando ela fica em "x", e o passageiro danifique o cartão, ou quando também quando o passageiro vai
não consegue colocar na posição normal, ocorre a ajuda, o que é para um destino de maior distância e só vai pagar a passagem ao
permitido pela ré; (...); que há situações em que o passageiro passa final; que não é comum, mas acontece de o passageiro embarcar e
por baixo da catraca, quando há defeito no sistema e não houve ainda ter que procurar o dinheiro para pagar a passagem; que o
ainda uma ordem para liberação da catraca; que quando o chip cartão fica com o cobrador até que o passageiro pague em dinheiro
queima na coleta, sendo informado à fiscalização, há autorização a passagem;"
para liberar a catraca; (...); que há orientação para que o cobrador Prossegue afirmando que: "que não é permitido ao cobrador colocar
não ajude o passageiro para apresentar o cartão, mas que por a mão na catraca, mas algumas vezes quando ela fica em "x", e o
vezes o faz, em razão de alguns passageiros serem leigos; que é passageiro não consegue colocar na posição normal, ocorre a
possível em tais casos a ajuda do cobrador; (...)" (ID. c1cc938 - ajuda; que é possível o defeito da catraca, ficando na posição do
Págs. 3 e 4) Grifei. "x"; que é informado ao fiscal quando a catraca aparente defeito e aí
Como se observa desse depoimento, embora existissem regras o fiscal autoriza o giro com a mão por parte do cobrador; que se a
definidas pela empresa, sempre havia alguma situação em que o catraca ficar destravada, escuta-se um bip, com som muito
empregado podia não cumpri-las. Da análise do vídeo apresentado, incômodo; que nessas situações, o cobrador precisa rodar a catraca
bem como das fotos constantes do ID f3a9ced, não se consegue com as mãos, sendo informado à fiscalização; que há situações em
observar as ações concretas do reclamante conforme relatado na que o passageiro passa por baixo da catraca, normalmente quando
defesa. Temerário seria imputar ao autor qualquer falta grave em o chip queima, sendo informado à fiscalização; que como também
decorrência da filmagem apresentada pela reclamada, uma vez que pode ocorrer de o passageiro empurrar a catraca com a mão, sendo
não observo qualquer conduta que o desabone, ou, ainda, que por registrado o seu embarque, então mostra o cartão na câmera, e
outro motivo configurasse falta grave a ensejar a dispensa por justa passa por baixo, que teria que pagar outra passagem para rodar
causa. uma segunda vez a catraca; que o cartão "ponto x", "livre acesso",

ocorre quando há uma desistência da viagem; que aí tem que girar semanal.
a catraca com a mão, para que o cartão seja validado; que isso só é Quanto ao tema, assim se posicionou o juízo de primeiro grau:
possível fazer quando se sai da rodoviária; que estando o cartão em "(...)
ponto x, pode o cobrador passar por debaixo da catraca, colocar o A reclamada juntou aos autos guias de viagem, referentes a um
cartão da coletora, para ser destravada a catraca e o cartão não pequeno período do contrato de trabalho. Inicialmente, cumpre
fique "sujo"; que quando está em um ponto da viagem em que não ressaltar que os documentos de controle de jornada trazidos aos
tem área de telefonia móvel, é feito posteriormente contato com o autos possuem presunção apenas relativa de veracidade, podendo
fiscal, com relação às autorizações do giro da catraca com as ser desmerecidas por prova em contrário.
mãos"A descrição feita pela testemunha supracitada está totalmente A testemunha Pedro Paulo, na ata utilizada como prova
de acordo com as afirmações feitas pelo reclamante, em emprestada, disse o seguinte: "que controla a jornada do cobrador
manifestação acerca do vídeo depositado. O depoente confirmou, por meio da guia de viagem; que são duas guias por dia de trabalho
inclusive, que se o cobrador utilizar o seu cartão para liberação, na na linha em que o reclamante trabalhou, sendo uma para a manhã e
abertura do sistema, não consegue mais utilizá-lo durante o trajeto, outra para a tarde; que na guia da manhã, são registradas as
o que impossibilitaria qualquer liberação da entrada de passageiros viagens de ida e retorno"
por esse meio. Ora, em vários dias de jornada a empresa juntou apenas uma guia
A descrição feita pela testemunha supracitada está totalmente de de viagem, estando ausente a outra. Qual a intenção da reclamada
acordo com as afirmações feitas pelo reclamante, em manifestação ao se omitir de apresentar todas as guias? Fica claro que seu intuito
acerca do vídeo depositado. O depoente confirmou, inclusive, que era de esconder a real jornada praticada. Inclusive houve
se o cobrador utilizar o seu cartão para liberação, na abertura do impugnação do reclamante, quanto ao ponto.
sistema, não consegue mais utilizá-lo durante o trajeto, o que Além disso, as guias apresentadas possuem contradições
impossibilitaria qualquer liberação da entrada de passageiros por flagrantes. Basta observar que em várias guias, se compararmos a
esse meio. do primeiro turno com a do segundo, o último começou antes
(...) ." (ID. 745942d) mesmo do término do primeiro, o que não é possível e mostra que,
Assim, tenho que as provas apresentadas pela reclamada não realmente, os controles foram preenchidos aleatoriamente, sem
foram suficientes a comprovar suas alegações, de forma que nem ter o cuidado de disfarçar, como mostra essa discrepância.
mantenho a sentença que não reconheceu a justa causa imputada Cito alguns exemplos. No dia 27/10/17, o primeiro turno terminou às
ao obreiro e deferiu-lhe as verbas rescisórias com base na dispensa 12:40h e o segundo iniciou às 12:30h. No dia 28/10/2017 o primeiro
injusta. turno terminou às 12:45h e o segundo iniciou às 12:30h.
Com essas considerações, nego provimento ao apelo, no particular. Outra contradição visível está na comparação da jornada indicada
Das horas extras(análise conjunta) pela testemunha trazida pela própria empresa e os controles de
Tendo em vista que ambos os recorrentes se inconformam quanto a ponto. A testemunha afirmou que "que a primeira viagem da Linha
este mesmo tema, passo a analisá-lo conjuntamente. Recife-Cumaru sai às 4h; que o trecho dura 3h30/4h, considerando
A demandada se insurge contra a sentença que não considerou somente o trecho de ida". Analisando as guias de viagem, verifica-
parte das guias juntadas. Afirma que as testemunhas ouvidas não se que em apenas 3 dias há indicação de que o reclamante iniciou a
comprovaram labor em jornada distinta daquela consignada nas jornada às 04:00h ou antes. Em todos os demais, começou depois e
guias. Postula a exclusão do intervalo interjornada ou, em vários bem depois desse horário.
sucessivamente, seja deferido apenas o adicional de 50%. Tais contradições mostram que os poucos controles de ponto
Já o reclamante não se conforma com a sentença que arbitrou sua apresentados não refletem a real jornada do reclamante, não
jornada de trabalho por uma média. Afirma que as suas merecendo ser acolhidos como meios de prova, ficando totalmente
testemunhas comprovaram o horário descrito na inicial. Postula desconsiderados. Sendo assim, a prova testemunhal servirá de
também a reforma do decisumque indeferiu o pagamento do base para que se fixe a jornada real do autor, posto que considero
intervalo intrajornada. que os horários indicados na inicial se mostram exacerbados.
Na exordial, afirmou o autor que, na linha Cumaru Recife via (...)" (ID. 745942d - Págs. 5 e 6)
Limoeiro, laborava das 04h10 às 20h30. Na linha Recife Ameixas Ora, a análise da jornada de trabalho está vinculada à apresentação
(Riacho) via Limoeiro, trabalhava das 04h00 às 20h30, sempre com dos controles de ponto pela empresa, que conta com mais de dez
15 minutos de intervalo, de segunda a domingo, com uma folga trabalhadores, pois, nos termos do art. 74, § 2º, da CLT, é sua

obrigação anotar o horário de trabalho dos seus empregados. no sentido de que o magistrado tem ampla liberdade na direção do
Assim, distribuindo-se o ônus da prova, incumbia à ré a processo, devendo contribuir para a rápida solução do litígio.
demonstração dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do Existindo nos autos elementos de prova suficientes ao seu
direito do autor, a teor do disposto nos artigos 818 da CLT e 373, convencimento, pode indeferir diligências consideradas
inciso II, do CPC/2015, do qual não se desincumbiu, porquanto desnecessárias, como na hipótese dos autos, decidindo a questão
além de não juntar todas as guias de viagens, elas apresentavam segundo as normas aplicáveis ao caso. Portanto, nesse ponto, é
jornadas contraditórias, como visto acima. inviável a admissibilidade do recurso, inclusive por dissensão
Por esses motivos, mantenho a sentença que, com base na prova jurisprudencial (Súmula nº 333 do TST e artigo 896, §7º, da CLT).
oral, arbitrou, por uma média, a jornada de trabalho do reclamante Assim, não subsiste a alegação de cerceamento de defesa quando
como sendo das 03h55 às 20h30, em 3 dias na semana, e das a decisão impugnada está amparada em conjunto probatório.
03h55 às 12h00, em outros 3 dias. Apenas restaria configurada a ofensa se o magistrado indeferisse a
No que se refere ao intervalo interjornada, a condenação deve oitiva de testemunhas e concluísse pela improcedência do pleito por
permanecer, pois, em três dias na semana, verifica-se o desrespeito ausência de provas. Na verdade, a arguição de violação ao inciso
ao intervalo mínimo de 11 horas entre uma jornada e outra. LV do artigo 5º da Constituição Federal pode configurar, quando
Nesse contexto, como o intervalo interjornada mínimo não era muito, ofensa indireta à Constituição. A respeito do tema, a SBDI-1
observado em sua integralidade, o autor faz jus ao pagamento do do TST já externou o seguinte entendimento:
tempo suprimido, por dia efetivamente trabalhado, com "NULIDADE DO ACÓRDÃO REGIONAL POR CERCEAMENTO DE
repercussões, aplicando-se ao caso, por analogia, o disposto no art. DEFESA - INDEFERIMENTO DE FORMULAÇÃO DE PERGUNTAS
71, §4º, da CLT, conforme entendimento assente na jurisprudência, À PARTE E À TESTEMUNHA. RECURSO DE REVISTA NÃO
retratado na Orientação Jurisprudencial nº. 355 da SDI-1 do TST, de CONHECIDO. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 896 DA CONSOLIDAÇÃO
seguinte teor: DAS LEIS DO TRABALHO NÃO CONFIGURADA. O TRT concluiu
INTERVALO INTERJORNADAS. INOBSERVÂNCIA. HORAS que o conjunto probatório dos autos se apresentou como elemento
EXTRAS. PERÍODO PAGO COMO SOBREJORNADA. ART. 66 DA capaz e eficaz para a formação do convencimento do Juízo, não
CLT. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO § 4º DO ART. 71 DA CLT (DJ configurando cerceamento de defesa ou nulidade o indeferimento
14.03.2008) de questionamentos ao autor e à testemunha dos reclamados, pois
O desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas previsto no art. 66 o juiz detém ampla liberdade na condução do processo, devendo
da CLT acarreta, por analogia, os mesmos efeitos previstos no § 4º velar pelo rápido andamento das causas (artigos 125, II, do Código
do art. 71 da CLT e na Súmula nº 110 do TST, devendo-se pagar a de Processo Civil e 765 da Consolidação das Leis do Trabalho),
integralidade das horas que foram subtraídas do intervalo, cabendo-lhe, de ofício ou a requerimento das partes, determinar as
acrescidas do respectivo adicional. provas necessárias à instrução, indeferindo as diligências inúteis ou
Esse entendimento, aliás, já se encontra sedimentado neste meramente protelatórias (art. 130 do CPC). Assim, se revela
Regional, através da Súmula nº 21. legítimo o indeferimento das provas requeridas, porquanto
No que se refere ao intervalo intrajornada, postulado no recurso do compreendido no poder de livre direção do processo, justificado
reclamante, tenho que deve ser mantida a sentença que o indeferiu, pela convicção do magistrado quanto à sua desnecessidade para a
tendo em vista que o autor não se desincumbiu do seu ônus de averiguação da verdade dos fatos. Assim, o recurso de revista não
comprovar a ausência de gozo do interregno. Assim como o juízo a alcançava conhecimento por ofensa ao artigo 5º, inciso LV, da
quo, tenho que a testemunha por ele apresentada, que laborou na Constituição Federal, restando intacto o artigo 896 consolidado.
empresa até 2015, não podia provar os fatos ocorridos no ano de Recurso de embargos não conhecido. (E-RR - 122400-
2017. 45.1997.5.04.0662, julgado em 07/11/2013, Ministro Renato de
Por essas razões, nego provimento a ambos os recursos." Lacerda Paiva, Subseção I especializada em Dissídios Individuais,
Confrontando os argumentos da parte recorrente com os publicado no DEJT de 14/11/2013)."
fundamentos do acórdão regional, com relação à nulidade Nesses termos, com suporte no contido no § 7º do artigo 896 da
suscitada, entendo que a recorrente não demonstrou que a decisão CLT e na Súmula nº 333 do TST, reputo inviável o processamento
impugnada viola literal disposição de lei, na forma disposta pelo do recurso de revista no item em apreço.
artigo 896 da CLT. A jurisprudência do C. Tribunal Superior do No que tange à dispensa por justa causa, não vislumbro
Trabalho, amparada nos artigos 765 da CLT, 370 e 371 do CPC, é contrariedade aos dispositivos legais e aos entendimentos

jurisprudenciais sumulados citados, porque a Turma decidiu as
questões veiculadas no presente apelo com base no conjunto

PODER
probatório contido nos autos, aplicando as normas jurídicas
JUDICIÁRIO
inerentes à espécie. Destarte, a controvérsia diz respeito
largamente a matérias de natureza fática. Fundamentação
Especificamente quanto ao intervalo interjornadas, verifico que o
Colegiado decidiu em sintonia com a Orientação Jurisprudencial nº. AGRAVO DE INSTRUMENTO
355 da SDI-1 do TST. Agravo de instrumento interposto pelo ESTADO DE
O insurgimento da empresa/recorrente consiste, pois, apenas em PERNAMBUCO, em face do despacho que denegou o
interpretação dos fatos diversa daquela conferida pelo Regional. processamento de recurso de revista, nos autos da Reclamação
Deste modo, as alegações lançadas pela parte nas razões Trabalhista nº 0000936-37.2016.5.06.0013, figurando como
recursais, em sentido contrário, somente são aferíveis por meio de agravados ANDRÉ CESAR DE SOUZA LIMA e GRENIT
reexame fático, o que não é possível por meio desta nesta via SERVIÇOS E DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARES LTDA.
recursal (Súmula nº. 126 do TST). Por consequência, fica Notificado da decisão agravada, via sistema, em 06/09/2018 (quinta
inviabilizado o exame pertinente à divergência jurisprudencial -feira), e apresentadas as razões deste apelo em 01/09/2018 (sexta-
específica (Súmula nº 296 desse mesmo órgão superior). feira), em razão da Ordem de Serviço TRT-GP 172/2017, tem-se
Ademais, a revista não comporta processamento, eis que, em se por configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver nos
tratando de causa sujeita ao procedimento sumaríssimo, apenas documentos 0c22409 e 3d99217. Registre-se que a agravante
seria admitido o recurso de revista por contrariedade à súmula de possui prazo em dobro para recorrer, nos termos do art. 12 do
jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho ou súmula Decreto Lei nº 509/69
vinculante do Supremo Tribunal Federal e por violação direta da A representação processual está regular nos termos da Súmula nº
Constituição Federal (art. 896, §9º, da CLT). 436 do TST.
CONCLUSÃO O preparo é inexigível (artigos 790-A da CLT e 1º, inciso IV, do
Desta forma, DENEGO seguimento ao recurso de revista. Decreto-Lei nº. 779/69).
Cumpram-se as formalidades legais. Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência,
Intimem-se. determino o processamento do presente recurso.
Intimem-se as partes recorridas para, querendo, oferecerem
cp/Illsg contrarrazões ao agravo e respectivo recurso de revista.
Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao
Tribunal Superior do Trabalho.
Assinatura mg
RECIFE, 25 de Outubro de 2018 Assinatura
RECIFE, 23 de Outubro de 2018
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO

Decisão Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
Processo Nº RO-0000936-37.2016.5.06.0013
Relator VALERIA GONDIM SAMPAIO Decisão
Processo Nº RO-0000936-37.2016.5.06.0013
RECORRENTE ANDRE CESAR DE SOUZA LIMA Relator VALERIA GONDIM SAMPAIO
ADVOGADO DANILO AUGUSTO SA BARRETO DE RECORRENTE ANDRE CESAR DE SOUZA LIMA
ADVOGADO DANILO AUGUSTO SA BARRETO DE
RECORRIDO GRENIT SERVICOS E MIRANDA(OAB: 38827/PE)
DESENVOLVIMENTO DE
SOFTWARES LTDA RECORRIDO GRENIT SERVICOS E
DESENVOLVIMENTO DE
RECORRIDO ESTADO DE PERNAMBUCO SOFTWARES LTDA
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO RECORRIDO ESTADO DE PERNAMBUCO
TRABALHO
TRABALHO
- ANDRE CESAR DE SOUZA LIMA Intimado(s)/Citado(s):
- ANDRE CESAR DE SOUZA LIMA

ADVOGADO URBANO VITALINO DE MELO

NETO(OAB: 17700/PE)
RECORRIDO UNIÃO FEDERAL (PGF)
RECORRIDO KATIA GISELLY PAIXAO ALVES
PODER ADVOGADO ERWIN HERBERT FRIEDHEIM
NETO(OAB: 17761/PB)
JUDICIÁRIO
RECORRIDO ITAU UNIBANCO S.A.
ADVOGADO ANTONIO BRAZ DA SILVA(OAB:
Fundamentação 12450/PE)
ADVOGADO CARLA ELISANGELA FERREIRA
AGRAVO DE INSTRUMENTO RECORRIDO LIQ CORP S.A.
Agravo de instrumento interposto pelo ESTADO DE ADVOGADO JOAO ANDRE BORGES
PERNAMBUCO, em face do despacho que denegou o ADVOGADO URBANO VITALINO DE MELO
NETO(OAB: 17700/PE)
processamento de recurso de revista, nos autos da Reclamação
Trabalhista nº 0000936-37.2016.5.06.0013, figurando como TRABALHO
agravados ANDRÉ CESAR DE SOUZA LIMA e GRENIT INTERESSADO
SERVIÇOS E DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARES LTDA.
Notificado da decisão agravada, via sistema, em 06/09/2018 (quinta
- ITAU UNIBANCO S.A.
-feira), e apresentadas as razões deste apelo em 01/09/2018 (sexta- - KATIA GISELLY PAIXAO ALVES
feira), em razão da Ordem de Serviço TRT-GP 172/2017, tem-se - LIQ CORP S.A.
por configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver nos
documentos 0c22409 e 3d99217. Registre-se que a agravante
possui prazo em dobro para recorrer, nos termos do art. 12 do PODER

Decreto Lei nº 509/69 JUDICIÁRIO
A representação processual está regular nos termos da Súmula nº
Fundamentação
436 do TST.
O preparo é inexigível (artigos 790-A da CLT e 1º, inciso IV, do

AGRAVO DE INSTRUMENTO
Decreto-Lei nº. 779/69).
Agravo de instrumento interposto pela LIQ CORP S/A (atual
Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência,
denominação da CONTAX-MOBITEL S/A), em face do despacho
determino o processamento do presente recurso.
que denegou o processamento de recurso de revista, nos autos da
Reclamação Trabalhista nº 0001773-66.2014.5.06.0012, figurando
contrarrazões ao agravo e respectivo recurso de revista.
como agravados, KÁTIA GISELLY PAIXÃO ALVES e ITAÚ
UNIBANCO S/A.
Publicada a decisão agravada no DEJT em 05/09/2018 (quarta-
mg
feira), e apresentadas as razões deste apelo em 17/09/2018
Assinatura
(segunda-feira), tem-se por configurada a sua tempestividade,
conforme se pode ver dos documentos Ids f1eb3e5 e 2797997.

6818f05).
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
Desnecessário, na hipótese, o preparo, nos termos da Súmula 161
Decisão
Processo Nº RO-0001773-66.2014.5.06.0012 do TST (Id 23da366).
Relator JOSE LUCIANO ALEXO DA SILVA
RECORRENTE ITAU UNIBANCO S.A.
ADVOGADO ANTONIO BRAZ DA SILVA(OAB: determino o processamento do presente recurso.
12450/PE)
ALVES TEIXEIRA(OAB: 18855/PE) contrarrazões ao agravo e respectivo recurso de revista.
RECORRENTE KATIA GISELLY PAIXAO ALVES
ADVOGADO ERWIN HERBERT FRIEDHEIM
NETO(OAB: 17761/PB) Tribunal Superior do Trabalho.
RECORRENTE LIQ CORP S.A.
mg
ADVOGADO JOAO ANDRE BORGES
MIRANDA(OAB: 29943/PE) Assinatura


RECIFE, 23 de Outubro de 2018 ALVES TEIXEIRA(OAB: 18855/PE)
CUSTUS LEGIS ** Ministério Público do Trabalho da 6ª
Região **
- BANCO ITAUCARD S.A.
Decisão
- CONTAX S.A.
Processo Nº RO-0000499-73.2014.5.06.0010
Relator DIONE NUNES FURTADO DA SILVA - ITAU UNIBANCO S.A.
RECORRENTE CONTAX S.A. - JESSICA BARBOSA DE SOUZA
ADVOGADO BRUNA LEMOS TURZA
FERREIRA(OAB: 33660/PE)
ADVOGADO ARTHUR MARINHO FALCAO
VALENCA(OAB: 33876/PE)
RECORRENTE UNIÃO FEDERAL (PGF) PODER
RECORRENTE JESSICA BARBOSA DE SOUZA JUDICIÁRIO
ADVOGADO ARTHUR COELHO SPERB(OAB:
30227/PE)
Fundamentação
ADVOGADO Márcio Moisés Sperb(OAB: 284-B/PE)
ADVOGADO FELIPE HENRIQUE DOS SANTOS
ADVOGADO NATHALIA MARIA GOMES DE Considerando que o agravo de instrumento com Id d1b8227, trata-
SOUZA(OAB: 30921/PE)
se de mera repetição daquele apresentado com Id d57b5b0, ambos
ADVOGADO ESPEDITO DE CASTRO
JUNIOR(OAB: 13270/PE) interpostos pela reclamada, limito o exame de admissibilidade ao
12450/PE) primeiro agravo interposto, restando prejudicado, por conseguinte, o
ADVOGADO PAULO JOSE COUTINHO DE segundo
ALBUQUERQUE(OAB: 7245-D/PE)
RECORRENTE BANCO ITAUCARD S.A. Agravo de instrumento interposto pela CONTAX-MOBITEL S/A, em
ADVOGADO NATHALIA MARIA GOMES DE face do despacho que denegou o processamento de recurso de
ADVOGADO ESPEDITO DE CASTRO revista, nos autos da Reclamação Trabalhista nº 0000499-
JUNIOR(OAB: 13270/PE)
73.2014.5.06.0010, figurando como agravados JÉSSICA
12450/PE) BARBOSA DE SOUZA, BANCO ITAUCARD S/A, ITAÚ
ADVOGADO PAULO JOSE COUTINHO DE
ALBUQUERQUE(OAB: 7245-D/PE) UNIBANCO S/A e UINÃO FEDERAL (PGF).
RECORRIDO UNIÃO FEDERAL (PGF) Publicada a decisão agravada no DEJT em 05/09/2018 (quarta-
RECORRIDO JESSICA BARBOSA DE SOUZA
feira), e apresentadas as razões deste apelo em 17/09/2018
30227/PE) (segunda-feira), tem-se por configurada a sua tempestividade,
conforme se pode ver dos documentos Ids 9dcc512 e d57b5b0.
VASCONCELOS(OAB: 35898/PE) A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
cc0b966).
ADVOGADO NATHALIA MARIA GOMES DE
SOUZA(OAB: 30921/PE) Atingido o valor da condenação (Ids 9aaef98, ffa4109, 908f316,
JUNIOR(OAB: 13270/PE) 58d8df6 e e45d861), afigura-se inexigível o recolhimento de
ADVOGADO ANTONIO BRAZ DA SILVA(OAB: depósito recursal (Súmula 128, I do C. TST).
12450/PE)
ADVOGADO PAULO JOSE COUTINHO DE Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência,
RECORRIDO BANCO ITAUCARD S.A.
ADVOGADO NATHALIA MARIA GOMES DE Intimem-se as partes recorridas para, querendo, oferecerem
JUNIOR(OAB: 13270/PE) Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao
12450/PE) Tribunal Superior do Trabalho.
ADVOGADO PAULO JOSE COUTINHO DE mg
RECORRIDO CONTAX S.A. Assinatura
ADVOGADO BRUNA LEMOS TURZA RECIFE, 24 de Outubro de 2018
FERREIRA(OAB: 33660/PE)
ADVOGADO ARTHUR MARINHO FALCAO
VALENCA(OAB: 33876/PE)

ADVOGADO MILENA MATTOS DE MELO

Decisão CAVALCANTI(OAB: 23328/PE)
Processo Nº RO-0001048-03.2013.5.06.0145 RECORRIDO HOSPITAL ESPERANCA SA
Relator ANA CLAUDIA PETRUCCELLI DE
LIMA ADVOGADO WILSON SALES NOBREGA(OAB:
17333/PE)
RECORRENTE UNIÃO FEDERAL (PGF)
ADVOGADO Alexandre José da Trindade Meira
RECORRENTE CLEMENTE WELLINGTON DE Henriques(OAB: 17472-D/PE)
BARROS SOUZA
ADVOGADO THIAGO CARLOS DE LIMA(OAB:
ADVOGADO MICHELLY EMILIA FARIAS 28499/PE)
PERITO RONALDO DOERING MOTA
RECORRIDO NORSA REFRIGERANTES S.A
ADVOGADO ANTONIO HENRIQUE Intimado(s)/Citado(s):
NEUENSCHWANDER(OAB:
11839/PE) - ELAINE FERREIRA DO MONTE
- HOSPITAL ESPERANCA SA
- CLEMENTE WELLINGTON DE BARROS SOUZA
- NORSA REFRIGERANTES S.A
PODER
JUDICIÁRIO
PODER
Fundamentação
JUDICIÁRIO
Fundamentação Agravo de instrumento interposto por ELAINE FERREIRA DO
AGRAVO DE INSTRUMENTO MONTE, contra despacho que indeferiu o processamento de
Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por CLEMENTE recurso de revista, nos autos da reclamação trabalhista nº. 0000976
WELLINGTON DE BARROS SOUZA,contra decisão que denegou -72.2014.5.06.0018, figurando, como agravado, HOSPITAL
o processamento de recurso de revista, nos autos da Reclamação ESPERANÇA LTDA.
Trabalhista nº 0001048-03.2013.5.06.0145, figurando, como Publicada a decisão agravada no DEJT em 04/09/2018 e
agravadas, NORSA REFRIGERANTES e UNIÃO FEDERAL (PGF). apresentadas as razões deste apelo em 05/09/2018, tem-se por
Publicada a decisão agravada no DEJT em 27/08/2018 e configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver dos
apresentadas as razões deste apelo em 29/08/2018, tem-se por documentos IDs. 510e09d e e9987a3.
configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver dos A representação advocatícia está regularmente demonstrada (ID
documentos Ids d209d25 e 183f2e7. 3aaf0c8).
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id Preparo dispensado (Id c148f59).
523125). Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência,
Preparo dispensado (Id 6a8e96f). determino o processamento do presente recurso.
CONCLUSÃO Intime-se a parte recorrida para, querendo, oferecer contrarrazões
Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência, ao agravo e respectivo recurso de revista.
determino o processamento do presente agravo. Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao
Intimem-se as agravadas para, querendo, oferecerem contrarrazões Tribunal Superior do Trabalho.
ao agravo e respectivo recurso de revista. AE/illsg
Tribunal Superior do Trabalho. Assinatura
iaa/illsg RECIFE, 25 de Outubro de 2018
Assinatura
RECIFE, 24 de Outubro de 2018 VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO Decisão

Processo Nº RO-0000725-37.2017.5.06.0022
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região Relator JOSE LUCIANO ALEXO DA SILVA
Decisão RECORRENTE OI S.A. - EM RECUPERAÇÃO
JUDICIAL
Processo Nº RO-0000976-72.2014.5.06.0018
Relator JOSE LUCIANO ALEXO DA SILVA ADVOGADO Jairo Cavalcanti de Aquino(OAB: 1623-
D/PE)
RECORRENTE ELAINE FERREIRA DO MONTE

ADVOGADO SCYLA ANDREA CALISTRATO DOS

SANTOS BRITO(OAB: 18037/PE) Decisão
RECORRIDO VANESSA MARIA DA SILVA Processo Nº RO-0001106-28.2014.5.06.0191
Relator VIRGINIA MALTA CANAVARRO
ADVOGADO VANIA FERREIRA DA SILVA(OAB:
29037-D/PE) RECORRENTE ELIAS JOSE DE OLIVEIRA
RECORRIDO CLICK COMERCIO E SERVICOS ADVOGADO ANDRE LUIS ALCOFORADO
LTDA - EPP MENDES(OAB: 24818/PE)
ADVOGADO ALDENON EUGENIO DE RECORRIDO ALUMINI ENGENHARIA S.A. - EM
OLIVEIRA(OAB: 7309-D/PE) RECUPERACAO JUDICIAL
ADVOGADO RAFAEL EUGENIO MENEZES DE ADVOGADO MARIA EDUARDA COSTA MENEZES
OLIVEIRA(OAB: 22483/PE) BRASIL(OAB: 29980/PE)
ADVOGADO BRUNO BEZERRA DE SOUZA(OAB:
19352-D/PE)
- CLICK COMERCIO E SERVICOS LTDA - EPP 143634/SP)
- OI S.A. - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL RECORRIDO CONSORCIO ALUSA-CBM
- VANESSA MARIA DA SILVA ADVOGADO BRUNO BEZERRA DE SOUZA(OAB:
19352-D/PE)
ADVOGADO THIAGO ARAUJO FURTADO DE
OLIVEIRA(OAB: 34817/PE)
RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A
PODER PETROBRAS
ADVOGADO RICARDO SANTANA BISPO(OAB:
JUDICIÁRIO 2676/SE)
Fundamentação CAVALCANTI(OAB: 23179-D/PE)
AGRAVO DE INSTRUMENTO Intimado(s)/Citado(s):

Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por OI S.A. - EM - ALUMINI ENGENHARIA S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL
RECUPERAÇÃO JUDICIAL,contra decisão que denegou o - CONSORCIO ALUSA-CBM
- ELIAS JOSE DE OLIVEIRA
- PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS
Trabalhista nº 0000725-37.2017.5.06.0022, figurando, como
agravadas, VANESSA FERREIRA DA SILVA e a CLICK
COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA - EPP.

PODER
Publicada a decisão agravada no DEJT em 04/09/2018 e
JUDICIÁRIO
apresentadas as razões deste apelo em 17/09/2018, tem-se por
configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver dos Fundamentação

documentos Ids 2e0e918 e a7d3d36.
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Ids AGRAVO DE INSTRUMENTO

cc857a5 e 66bf748). Agravo de instrumento interposto por ALUMINI ENGENHARIA S/A
Empresa em recuperação judicial. Dispensado, na hipótese, o (EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL),em face do despacho que
depósito recursal, de acordo com o artigo 899, § 10, da CLT, bem denegou o processamento de recurso de revista, nos autos da
como as custas processuais, na forma do artigo 790, § 4º, também Reclamação Trabalhista nº 0001106-28.2014.5.06.0191, figurando
da CLT, c/c o artigo 98 do CPC. como agravados ELIAS JOSÉ DE OLIVEIRA, CONSÓRCIO
CONCLUSÃO ALUSA-CBM e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRÁS.
Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência, Publicada a decisão agravada no DEJT em 05/09/2018 (quarta-
determino o processamento do presente agravo. feira) e apresentadas as razões deste apelo em 17/09/2018
Intimem-se as agravadas para, querendo, oferecerem contrarrazões (segunda-feira) tem-se por configurada a sua tempestividade,
ao agravo e respectivo recurso de revista. conforme se pode ver dos documentos Ids 428c72f e 5a7cef9.
Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
Tribunal Superior do Trabalho. 11eaf82).
iaa/illsg Sendo a agravante empresa em recuperação judicial, é isenta de
Assinatura efetuar o depósito recursal, de acordo com o artigo 899, § 10, da
RECIFE, 24 de Outubro de 2018 CLT, bem como das custas processuais na forma do artigo 790, §
4º, do Texto Consolidado, c/c o artigo 98 do CPC.

VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência,
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região determino o processamento do presente recurso.

Intimem-se as partes recorridas para, querendo, oferecerem Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência,
contrarrazões ao agravo e respectivo recurso de revista. determino o processamento do presente agravo.
Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao Intime-se o agravado para, querendo, oferecer contrarrazões ao
Tribunal Superior do Trabalho. agravo e respectivo recurso de revista.
mg Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao
Assinatura Tribunal Superior do Trabalho.
RECIFE, 24 de Outubro de 2018 iaa/illsg
Assinatura
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO RECIFE, 25 de Outubro de 2018

Decisão VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
Processo Nº RO-0001072-22.2017.5.06.0232
Relator FABIO ANDRE DE FARIAS Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
RECORRENTE FCA FIAT CHRYSLER AUTOMOVEIS Decisão
BRASIL LTDA. Processo Nº RO-0000918-90.2014.5.06.0011
ADVOGADO FRANCISCO JOSE FERREIRA DE Relator PAULO ALCANTARA
SOUZA ROCHA DA SILVA(OAB: RECORRENTE BANCO ITAUCARD S.A.
182432/SP)
ADVOGADO MARCOS CAVALCANTI DE MORAIS
ADVOGADO JOSE EDUARDO DUARTE SARINHO(OAB: 33771/PE)
SAAD(OAB: 36634/SP)
RECORRIDO CLAYTON FERNANDES RABELO 12450/PE)
ADVOGADO GLAUCO RODOLFO FONSECA DE RECORRENTE LIQ CORP S.A.
SENA(OAB: 13167/PE)
ADVOGADO PEDRO FONSECA DE SENA ALVES TEIXEIRA(OAB: 18855/PE)
SIQUEIRA(OAB: 39793/PE)
RECORRENTE HIPERCARD BANCO MULTIPLO S.A.
ADVOGADO EMANUEL JAIRO FONSECA DE
SENA(OAB: 14677-D/PE) ADVOGADO MARCOS CAVALCANTI DE MORAIS
SARINHO(OAB: 33771/PE)
ADVOGADO JORGE RABELO TAVARES
FILHO(OAB: 31159/PE) ADVOGADO ANTONIO BRAZ DA SILVA(OAB:
12450/PE)
ADVOGADO ALCIDES JOSE DE SENA
TAVARES(OAB: 43672/PE) RECORRENTE ITAU UNIBANCO S.A.
Intimado(s)/Citado(s): SARINHO(OAB: 33771/PE)
- CLAYTON FERNANDES RABELO 12450/PE)
- FCA FIAT CHRYSLER AUTOMOVEIS BRASIL LTDA. RECORRENTE LUCIANA RAIMUNDA DA SILVA
ADVOGADO JOAO FERNANDO CARNEIRO LEAO
DE AMORIM(OAB: 26268/PE)
ADVOGADO Diego Melo de Luna(OAB: 28764/PE)
RECORRIDO HIPERCARD BANCO MULTIPLO S.A.
PODER
JUDICIÁRIO SARINHO(OAB: 33771/PE)
12450/PE)
Fundamentação
AGRAVO DE INSTRUMENTO ADVOGADO MARCOS CAVALCANTI DE MORAIS
SARINHO(OAB: 33771/PE)
Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por FCA - FIAT
CHRYSLER AUTOMÓVEIS BRASIL LTDA,contra decisão que 12450/PE)
denegou o processamento de recurso de revista, nos autos da ALVES TEIXEIRA(OAB: 18855/PE)
Reclamação Trabalhista nº 0001072-22.2017.5.06.0232, figurando, RECORRIDO LUCIANA RAIMUNDA DA SILVA
ADVOGADO JOAO FERNANDO CARNEIRO LEAO
como agravado, CLAYTON FERNANDES RABELO. DE AMORIM(OAB: 26268/PE)
Publicada a decisão agravada no DEJT em 04/09/2018 e ADVOGADO Diego Melo de Luna(OAB: 28764/PE)
configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver dos SARINHO(OAB: 33771/PE)
documentos Ids aad6c10 79115c3. 12450/PE)
18fa328).
- BANCO ITAUCARD S.A.
Preparo regular (Ids 4e7fea0, 3b90081, 4eea44b e 34a2615). - HIPERCARD BANCO MULTIPLO S.A.
CONCLUSÃO - ITAU UNIBANCO S.A.

- LUCIANA RAIMUNDA DA SILVA ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI

RODRIGUES(OAB: 128341/SP)
- ANDREA GOMES DE SOUZA
PODER - CBTU - COMPANHIA BRASILEIRA DE TRENS URBANOS
JUDICIÁRIO - FORTE SERVICOS TECNICOS LTDA
Fundamentação
PODER
JUDICIÁRIO
Agravo de instrumento interposto pela LIQ CORP S/A (atual
denominação da CONTAX-MOBITEL S/A), em face do despacho Fundamentação

que denegou o processamento de recurso de revista, nos autos da
Reclamação Trabalhista nº 0000918-90.2014.5.06.0011, figurando AGRAVO DE INSTRUMENTO

como agravados, LUCIANA RAIMUNDA DA SILVA, BANCO Agravo de instrumento interposto por ANDRÉA GOMES DE
ITAUCARD S/A, HIPERCARD BANCO MÚLTIPLO S/A e ITAÚ SOUZA, em face do despacho que denegou o processamento de
UNIBANCO S/A. recurso de revista, nos autos da Reclamação Trabalhista nº
Publicada a decisão agravada no DEJT em 05/09/2018 (quarta- 0000609-68.2016.5.06.0021, figurando como agravados FORTE
feira), e apresentadas as razões deste apelo em 17/09/2018 SERVIÇOS TÉCNICOS LTDA e COMPANHIA BRASILEIRA DE
(segunda-feira), tem-se por configurada a sua tempestividade, TRENS URBANOS - CBTU.
conforme se pode ver dos documentos Ids b5dc312 e 1b74c72. Publicada a decisão agravada no DEJT em 12/09/2018 (quarta-
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id feira), e apresentadas as razões deste apelo em 19/09/2018 (quarta
1f02e21). -feira), tem-se por configurada a sua tempestividade, conforme se
Atingido o valor da condenação (Ids 9677138, 1b7cf87, 11b6bdd, e pode ver dos documentos Ids ef3b362 e a578502.
d4198ea), afigura-se inexigível o recolhimento de depósito recursal A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
(Súmula 128, I do C. TST). 4a73d05).
Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência, Desnecessário, na hipótese, o preparo (Id f3a5310).
determino o processamento do presente recurso. Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência,
Intimem-se as partes recorridas para, querendo, oferecerem determino o processamento do presente recurso.
contrarrazões ao agravo e respectivo recurso de revista. Intimem-se as partes recorridas para, querendo, oferecerem
Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao contrarrazões ao agravo e respectivo recurso de revista.
Tribunal Superior do Trabalho. Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao
mg Tribunal Superior do Trabalho.
Assinatura mg
RECIFE, 24 de Outubro de 2018 Assinatura

Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO

Decisão Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
Processo Nº RO-0000609-68.2016.5.06.0021
Relator ANDREA KEUST BANDEIRA DE Decisão
MELO Processo Nº RO-0001016-31.2016.5.06.0003
RECORRENTE ANDREA GOMES DE SOUZA Relator MILTON GOUVEIA DA SILVA FILHO
ADVOGADO DANIELA SIQUEIRA RECORRENTE SER EDUCACIONAL S.A.
VALADARES(OAB: 21290/PE) ADVOGADO EDMILSON BOAVIAGEM
ADVOGADO SILVIO ROMERO PINTO ALBUQUERQUE MELO JUNIOR(OAB:
RODRIGUES(OAB: 6518/PE) 10692/PE)
RECORRIDO FORTE SERVICOS TECNICOS LTDA RECORRIDO THIAGO EMANOEL NEVES
MACHADO
ADVOGADO ROBERTA ZEPPELINI(OAB: 506-
B/PE) ADVOGADO FABIA AUGUSTA CLAUDINO VALOIS
DA SILVEIRA(OAB: 29411/PE)
RECORRIDO CBTU - COMPANHIA BRASILEIRA DE
TRENS URBANOS

- SER EDUCACIONAL S.A. - QUALITHY SERVICOS TERCEIRIZADOS LTDA

- THIAGO EMANOEL NEVES MACHADO - ROTA PUBLICIDADE E COMERCIO LTDA
PODER PODER
JUDICIÁRIO JUDICIÁRIO
Fundamentação Fundamentação
AGRAVO DE INSTRUMENTO AGRAVO DE INSTRUMENTO
Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por SER Agravo de instrumento interposto por ROTA PUBLICIDADES E
EDUCACIONAL S/A,contra decisão que denegou o processamento COMÉRCIO LTDA., contra despacho que indeferiu o
de recurso de revista, nos autos da Reclamação Trabalhista nº processamento de recurso de revista, nos autos da reclamação
0001016-31.2016.5.06.0003, figurando, como agravado, THIAGO trabalhista nº. 0000774-29.2017.5.06.0006, figurando, como
EMANOEL NEVES MACHADO. agravados, EDIMAR ALVES DA SOUZA e QUALITHY SERVIÇOS
Publicada a decisão agravada no DEJT em 16/08/2018 e TERCEIRIZADOS LTDA.
apresentadas as razões deste apelo em 28/08/2018, tem-se por Publicada a decisão agravada no DEJT em 31/08/2018 e
configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver dos apresentadas as razões deste apelo em 13/09/2018, tem-se por
documentos Ids d2d0365 e 5a8ed3e. configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver dos
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id documentos Ids 83d3598 e 3d6c405.
5aa61b2). A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
Preparo regular (Id 5f1f6f3, c30ac61, 9716c41 e 9c07897). 59e5ea5).
CONCLUSÃO Preparo regular (Ids 3efd813, 7e1bc46, 01127bf , 6e7992c e
Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência, c0d3c54).
determino o processamento do presente agravo. Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência,
Intime-se o agravado para, querendo, oferecer contrarrazões ao determino o processamento do presente recurso.
agravo e respectivo recurso de revista. Intimem-se os agravados para, querendo, ofertarem contrarrazões
Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao ao agravo e respectivo recurso de revista.
Tribunal Superior do Trabalho. Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao
iaa/illsg Tribunal Superior do Trabalho.
Assinatura AE/vmm
Assinatura

Processo Nº RO-0000774-29.2017.5.06.0006
Relator ANDRÉ GENN DE ASSUNÇÃO Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
BARROS Decisão
RECORRENTE ROTA PUBLICIDADE E COMERCIO Processo Nº RO-0000702-76.2016.5.06.0006
LTDA Relator ENEIDA MELO CORREIA DE
ADVOGADO MILENA MATTOS DE MELO ARAUJO
CAVALCANTI(OAB: 23328/PE) RECORRENTE SER EDUCACIONAL S.A.
ADVOGADO MARCOS VALERIO PROTA DE ADVOGADO LUCIANO CEZAR BEZERRA DE
ALENCAR BEZERRA(OAB: 14598/PE) ARAUJO(OAB: 15191-D/PE)
RECORRIDO QUALITHY SERVICOS ADVOGADO GABRIELA SILVA ALBUQUERQUE
TERCEIRIZADOS LTDA MELO(OAB: 33733/PE)
ADVOGADO GABRIELA DO NASCIMENTO ADVOGADO EDMILSON BOAVIAGEM
JUSTINO(OAB: 43770/PE) ALBUQUERQUE MELO JUNIOR(OAB:
RECORRIDO EDIMAR ALVES DE SOUZA 10692/PE)
ADVOGADO DANIELA SIQUEIRA RECORRIDO FREDERICO JOSE DE LIMA IZIDRO
VALADARES(OAB: 21290/PE) GOMES
ADVOGADO MARIA DE FATIMA BEZERRA(OAB:
Intimado(s)/Citado(s): 513-B/PE)
- EDIMAR ALVES DE SOUZA

ADVOGADO PAULO AZEVEDO DA SILVA(OAB: ADVOGADO ANNA RAQUEL SOUZA DE

4568/PE) FREITAS(OAB: 17924/PE)
ADVOGADO ANTONIO JOSE BOTELHO ADVOGADO ANTONIO AUGUSTO DE SOUZA
NETO(OAB: 22071-D/PE) CAVALCANTI(OAB: 17926/PE)
ADVOGADO GEORGE ALBERTO DE MELO ADVOGADO JOEL BEZERRA LEDO FILHO(OAB:
AZEVEDO(OAB: 21393-D/PE) 25276-D/PE)
ADVOGADO RAFAELA BRADLEY AZEVEDO(OAB: RECORRIDO PAQUETA CALCADOS LTDA.
32832-D/PE) ADVOGADO WVENDEL SENA OLIVEIRA(OAB:
38502/PE)
Intimado(s)/Citado(s): ADVOGADO SUZANA MARIA CAMPOS
MARANHAO DE LIMA AGUIAR(OAB:
- FREDERICO JOSE DE LIMA IZIDRO GOMES 23171-D/PE)
- SER EDUCACIONAL S.A. ADVOGADO MARIA IMACULADA GORDIANO
OLIVEIRA BARBOSA(OAB: 8667/CE)
- PAQUETA CALCADOS LTDA.
PODER
- PEDRO DIEGO SOTERO DA SILVA
JUDICIÁRIO
Fundamentação
PODER
Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por SER
JUDICIÁRIO
EDUCACIONAL S.A.,contra decisão que denegou o
Fundamentação
Agravo de instrumento interposto por PAQUETÁ CALÇADOS
agravado, FREDERICO JOSÉ DE LIMA IZIDRO GOMES.
LTDA., contra despacho que indeferiu o processamento de recurso
de revista, nos autos da reclamação trabalhista nº. 0001420-
62.2015.5.06.0016, figurando, como agravado, PEDRO DIEGO
configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver dos
SOTERO DA SILVA.
documentos Ids 5b6a50d e ef56966.
d347a8b).
Preparo regular (Ids 2d80afd, 3869f55, b66a009, 76f8ffe, 710a63f e
documentos Ids 3a2a5ac e 3555408.
535e1d8).
CONCLUSÃO
88bcdf3).
Preparo regular (Ids e3f2db6, 0c8abb3, 1579033, fe8618e e
determino o processamento do presente agravo.
6d89900).
Intime-se o agravado para, querendo, oferecer contrarrazões ao
agravo e respectivo recurso de revista.
Intime-seo agravado para, querendo, oferecer contrarrazões ao
iaa/illsg
Assinatura
AE/vmm

Assinatura
Decisão RECIFE, 25 de Outubro de 2018
Processo Nº RO-0001421-62.2015.5.06.0016
MELO VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
RECORRENTE PEDRO DIEGO SOTERO DA SILVA
ADVOGADO CARLOS EDUARDO CAVALCANTI
PADILHA DE BRITO(OAB: 18639- Decisão
D/PE) Processo Nº Reenec/RO-0000236-10.2015.5.06.0009

Relator VALERIA GONDIM SAMPAIO Relator ANDRÉ GENN DE ASSUNÇÃO

BARROS
JUÍZO RECORRENTE MUNICIPIO DO RECIFE
RECORRENTE CASSIANO RICARDO DALL AGO E
ADVOGADO PETRONIO MONTEIRO DE SILVA
MENEZES(OAB: 14454/PE)
ADVOGADO JOSE CARLOS MOREIRA DA COSTA
RECORRIDO NIVALDO MACHADO DA SILVA FILHO(OAB: 29466/PE)
ADVOGADO DILMA PESSOA DA SILVA(OAB: 999- ADVOGADO ROMERO BERARDO PESSOA DE
A/PE) SOUZA(OAB: 19446/PE)
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO ADVOGADO GUSTAVO HENRIQUE DE BRITO
TRABALHO ALBUQUERQUE CUNHA(OAB:
31165/BA)
Intimado(s)/Citado(s): RECORRIDO AD AUGUSTA PER ANGUSTA LTDA -
EPP
- MUNICIPIO DO RECIFE
ADVOGADO FERNANDA FERRAREZI CEOLI(OAB:
- NIVALDO MACHADO DA SILVA 74488/PR)
RECORRIDO FERNANDO MARTINS SERRANO
ADVOGADO FERNANDA FERRAREZI CEOLI(OAB:
74488/PR)
PODER
JUDICIÁRIO - AD AUGUSTA PER ANGUSTA LTDA - EPP
- CASSIANO RICARDO DALL AGO E SILVA
Fundamentação - FERNANDO MARTINS SERRANO
Agravo de instrumento interposto pelo MUNICÍPIO DO RECIFE, em

PODER
face do despacho que denegou o processamento de recurso de
JUDICIÁRIO
revista, nos autos da Reclamação Trabalhista nº 0000236-
10.2015.5.06.0009, figurando como agravado NIVALDO Fundamentação
MACHADO DA SILVA. AGRAVO DE INSTRUMENTO
Notificado da decisão agravada, via sistema, em 17/08/2018 Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por CASSIANO
(segunda-feira) e apresentadas as razões deste apelo em RICARDO DALL'AGO E SILVA,contra decisão que denegou o
06/09/2018 (quinta-feira), tem-se por configurada a sua processamento de recurso de revista, nos autos da Reclamação
tempestividade, conforme se pode ver dos documentos Ids 8ba61ef Trabalhista nº 0001091-56.2015.5.06.0019, figurando, como
e e014efc. Registre-se que a agravante possui prazo em dobro para agravado, FERNANDO MARTINS SERRANO e AD AUGUSTA
recorrer, nos termos do art. 12 do Decreto Lei nº 509/69 PER AUGUSTA - EPP.
A representação processual está regular nos termos da Súmula nº Publicada a decisão agravada no DEJT em 27/08/2018 e
436 do TST. apresentadas as razões deste apelo em 06/09/2018, tem-se por
Inexigível, na hipótese, o preparo (art. 790-A, da CLT e art. 1º, IV, configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver dos
do Decreto nº 779/69). documentos Ids e10ce3f 27bf518.
Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência, A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
determino o processamento do presente recurso. d86b38).
Intime-se a parte recorrida para, querendo, oferecer contrarrazões Preparo dispensado (Id 71c43ba).
ao agravo e respectivo recurso de revista. CONCLUSÃO
Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência,
Tribunal Superior do Trabalho. determino o processamento do presente agravo.
*Decisão republicada, face a existência de erro material. Intime-se o agravado para, querendo, oferecer contrarrazões ao
mg agravo e respectivo recurso de revista.
Assinatura Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao
RECIFE, 19 de Outubro de 2018 Tribunal Superior do Trabalho.
iaa/illsg
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO Assinatura
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região RECIFE, 25 de Outubro de 2018

Decisão
Processo Nº RO-0001091-56.2015.5.06.0019

Relator ENEIDA MELO CORREIA DE

Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região ARAUJO
Decisão RECORRENTE FLAVIO ROBERTO GALVAO DE LIRA
Processo Nº RO-0000383-22.2017.5.06.0282 ADVOGADO CLAUDIO GONCALVES
Relator VIRGINIA MALTA CANAVARRO GUERRA(OAB: 29252-A/PB)
RECORRENTE MUNICIPIO DE RIO FORMOSO ADVOGADO ISADORA COELHO DE AMORIM
ADVOGADO EDUARDO HENRIQUE TEIXEIRA
NEVES(OAB: 30630/PE) RECORRIDO STERICYCLE GESTAO AMBIENTAL
LTDA
RECORRIDO MARINITE JOSE FERREIRA
ADVOGADO LUIZ FERNANDO ALOUCHE(OAB:
ADVOGADO ABNAIR VITOR DA SILVA(OAB: 193025/SP)
19340/PE)
ADVOGADO ANGELINA DE ALMEIDA LIMA(OAB:
ADVOGADO JOSE BATISTA DA SILVA 34449/PE)
ADVOGADO EDUARDO COIMBRA ESTEVES DE
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO OLIVEIRA(OAB: 17898-D/PE)
TRABALHO
- FLAVIO ROBERTO GALVAO DE LIRA
- MARINITE JOSE FERREIRA
- STERICYCLE GESTAO AMBIENTAL LTDA
- MUNICIPIO DE RIO FORMOSO
PODER
PODER
JUDICIÁRIO
JUDICIÁRIO
Fundamentação
Fundamentação
Inicialmente, registro que houve erro material na peça de Id

9cc5a4a (Agravo de Instrumento) quanto aos nomes das partes,
Agravo de instrumento interposto por MARINITE JOSÉ FERREIRA,
fato esclarecido na petição de Id 8b262a5. Verifico, ainda, que a
em face do despacho que denegou o processamento de recurso de
matéria abordada no Agravo de Instrumento está correlacionada ao
revista, nos autos da Reclamação Trabalhista nº 0000383-
presente feito, razão pela qual, reputo sanado o erro material e
22.2017.5.06.0282, figurando como agravado MUNICÍPIO DE RIO
passo à análise do recurso.
FORMOSO.
Agravo de instrumento interposto por STERICYCLE GESTÃO
Publicada a decisão agravada no DEJT em 12/09/2018 (quarta-
AMBIENTAL LTDA., contra despacho que indeferiu o
feira), e apresentadas as razões deste apelo em 12/09/2018 (quarta
processamento de recurso de revista, nos autos da reclamação
-feira), tem-se por configurada sua tempestividade, conforme se
trabalhista nº. 0001681-09.2014.5.06.0006, figurando, como
pode ver dos documentos Ids eb42a10 e 7cd06a7.
agravado, FLÁVIO ROBERTO GALVÃO DE LIRA.
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Ids
90c0a28 e 4fc9b12).
Dispensado, na hipótese, o preparo (Id a7f0357).
documentos Ids 7e5356b e 9cc5a4a.
Intime-se a parte recorrida para, querendo, oferecer contrarrazões
f248f4e).
ao agravo e respectivo recurso de revista.
Preparo regular (Ids 59fd6a5, 04117f3, 02b3c2e, 9d2ea3d, 85ebfd5,
67d9577 e 14b0a6b).
mg
Assinatura

AE/vmm
Decisão
Processo Nº RO-0001681-09.2014.5.06.0006

Assinatura VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
RECIFE, 25 de Outubro de 2018 Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região

Decisão
Processo Nº RO-0001032-78.2015.5.06.0145
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO Relator MILTON GOUVEIA DA SILVA FILHO
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região RECORRENTE NORSA REFRIGERANTES S.A
Decisão NEUENSCHWANDER(OAB:
Processo Nº RO-0001062-20.2017.5.06.0412 11839/PE)
Relator MARTHA CRISTINA DO ADVOGADO PETERSON CAPUCHO
NASCIMENTO CANTALICE PARPINELLI(OAB: 18614/PE)
RECORRENTE JOSE ADELMO RAEL AMARAL RECORRIDO UNIÃO FEDERAL (PGF)
ADVOGADO LEANDRO HENRIQUE FONSECA DE RECORRIDO PAULO SERGIO DE ANDRADE
AMORIM(OAB: 25306-D/PE) LOPES
RECORRIDO INSTITUTO NACIONAL DE ADVOGADO DAVYDSON ARAUJO DE
COLONIZACAO E REFORMA CASTRO(OAB: 28800/PE)
AGRARIA
TRABALHO Intimado(s)/Citado(s):
Intimado(s)/Citado(s): - PAULO SERGIO DE ANDRADE LOPES
- JOSE ADELMO RAEL AMARAL
PODER
PODER JUDICIÁRIO
JUDICIÁRIO
Fundamentação
Fundamentação AGRAVO DE INSTRUMENTO
AGRAVO DE INSTRUMENTO Agravo de instrumento interposto por NORSA REFRIGERANTES
Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por JOSÉ ADELMO LTDA., contra despacho que indeferiu o processamento de recurso
RAEL AMARAL,contra decisão que denegou o processamento de de revista, nos autos da reclamação trabalhista nº. 0001032-
recurso de revista, nos autos da Reclamação Trabalhista nº 78.2015.5.06.0145, figurando, como agravado, PAULO SÉRGIO DE
0001062-20.2017.5.06.0412, figurando, como agravado, ANDRADE LOPES.
INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA Publicada a decisão agravada no DEJT em 31/08/2018 e
AGRÁRIA - INCRA. apresentadas as razões deste apelo em 13/09/2018, tem-se por
Publicada a decisão agravada no DEJT em 27/08/2018 e configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver dos
apresentadas as razões deste apelo em 06/09/2018, tem-se por documentos Ids f2542d5 e c5f929f.
configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver dos A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
documentos Ids 75a51dae eaf7c95. 3556bb2).
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id Preparo regular (Ids 55c5bf6, c846b3a, c4b0d39, d3a6418 e
f399cd3). cfd878a).
Preparo dispensado (Id 893e8b9). Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência,
CONCLUSÃO determino o processamento do presente recurso.
Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência, Intime-seo agravado para, querendo, oferecer contrarrazões ao
determino o processamento do presente agravo. agravo e respectivo recurso de revista.
Intime-se o agravado para, querendo, oferecer contrarrazões ao Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao
agravo e respectivo recurso de revista. Tribunal Superior do Trabalho.
Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao AE/vmm
iaa/illsg Assinatura
Assinatura RECIFE, 25 de Outubro de 2018

Relator MARIA CLARA SABOYA

Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região ALBUQUERQUE BERNARDINO
Decisão RECORRENTE EDMILSON DUARTE DA SILVA
Processo Nº RO-0000983-75.2016.5.06.0412 ADVOGADO JOSE GOMES DE MELO FILHO(OAB:
Relator MAYARD DE FRANCA SABOYA 5884/PE)
ALBUQUERQUE RECORRENTE SICREDI RECIFE - COOPERATIVA
RECORRENTE PABLO IOVAY CARDOSO DE DE CREDITO DO GRANDE RECIFE,
ALENCAR ZONA DA MATA NORTE E SUL
ADVOGADO SAMUEL DE JESUS BARBOSA(OAB: ADVOGADO LUIZ ANDRÉ MIRANDA
25851/BA) BASTOS(OAB: 21438/PE)
RECORRIDO NORSA REFRIGERANTES S.A RECORRIDO EDMILSON DUARTE DA SILVA
ADVOGADO ANTONIO HENRIQUE ADVOGADO JOSE GOMES DE MELO FILHO(OAB:
NEUENSCHWANDER(OAB: 5884/PE)
11839/PE) RECORRIDO SICREDI RECIFE - COOPERATIVA
ADVOGADO PETERSON CAPUCHO DE CREDITO DO GRANDE RECIFE,
PARPINELLI(OAB: 18614/PE) ZONA DA MATA NORTE E SUL
ADVOGADO LUIZ ANDRÉ MIRANDA
BASTOS(OAB: 21438/PE)
- NORSA REFRIGERANTES S.A Intimado(s)/Citado(s):
- PABLO IOVAY CARDOSO DE ALENCAR
- EDMILSON DUARTE DA SILVA
- SICREDI RECIFE - COOPERATIVA DE CREDITO DO
GRANDE RECIFE, ZONA DA MATA NORTE E SUL
PODER
JUDICIÁRIO
PODER
Fundamentação JUDICIÁRIO
Fundamentação
Agravo de instrumento interposto por PABLO IOVAY CARDOSO

DE ALENCAR, em face do despacho que declarou prejudicado o
Agravo de instrumento interposto por SICREDI RECIFE -
recurso de revista, nos autos da Reclamação Trabalhista nº
COOPERATIVA DE CRÉDITO DO GRANDE RECIFE, ZONA DA
0000983-75.2016.5.06.0412, figurando como agravado NORSA
MATA NORTE E SUL, em face do despacho que denegou o
REFRIGERANTES LTDA.
Publicada a decisão agravada no DEJT em 20/09/2018 (quinta-
Trabalhista nº 0001054-13.2016.5.06.0013, figurando como
feira) e apresentadas as razões deste apelo em 26/09/2018 (quarta-
agravado EDMILSON DUARTE DA SILVA.
feira), tem-se por configurada a sua tempestividade, confo1rme se
pode ver dos documentos Ids b72b7a0 e 586fa91.
feira) e apresentadas as razões deste apelo em 24/09/2018
(segunda-feira), tem-se por configurada a sua tempestividade,
987315e).
conforme se pode ver dos documentos Ids a457adf e dd2b582.
Dispensado, na hipótese, o preparo (Id fabdc95).
79409e2).
Atingido o valor da condenação (Ids 3214a77, 824b3c8, 3c6a251),
afigura-se inexigível o recolhimento de depósito recursal (Súmula
128, I do C. TST).
mg
Assinatura

mg
Assinatura
Decisão
Processo Nº RO-0001054-13.2016.5.06.0013 RECIFE, 23 de Outubro de 2018

CONCLUSÃO
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência,
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região determino o processamento do presente agravo.

Decisão Intimem-se os agravados para, querendo, oferecerem contrarrazões
Processo Nº RO-0001490-70.2016.5.06.0142
Relator FABIO ANDRE DE FARIAS ao agravo e respectivo recurso de revista.
RECORRENTE BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A. Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao
ADVOGADO maura virginia borba silvestre(OAB:
17864/PE) Tribunal Superior do Trabalho.
RECORRENTE JOSE ISMAR DA CAMARA LIMA iaa/illsg
ADVOGADO TERCIO VASCONCELOS
MEDEIROS(OAB: 17553/PB) Assinatura
ADVOGADO PHILIP RAMON GARCIA DE RECIFE, 19 de Outubro de 2018
ABRANTES(OAB: 20717/PB)
ADVOGADO CAMILA MARIA CUNHA PERES(OAB:
17899/PB)
ADVOGADO MARCELO DIAS ASSUNCAO(OAB:
377-B/SE) Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
RECORRIDO BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A. Decisão
ADVOGADO maura virginia borba silvestre(OAB: Processo Nº RO-0000864-86.2017.5.06.0313
17864/PE) Relator FABIO ANDRE DE FARIAS
RECORRIDO JOSE ISMAR DA CAMARA LIMA RECORRENTE BRUNO DE SOUZA ANDERSON
ADVOGADO TERCIO VASCONCELOS SANTOS
MEDEIROS(OAB: 17553/PB) ADVOGADO SILVIO FERREIRA LIMA(OAB:
ADVOGADO PHILIP RAMON GARCIA DE 11946/PE)
ABRANTES(OAB: 20717/PB) ADVOGADO GUSTAVO CARVALHO DE ARAUJO
ADVOGADO CAMILA MARIA CUNHA PERES(OAB: MORAIS(OAB: 19922/PE)
17899/PB) RECORRIDO LGH HOLDING & PARTICIPACOES
ADVOGADO MARCELO DIAS ASSUNCAO(OAB: LTDA
377-B/SE) ADVOGADO KARLA GABRIELLE MACEDO DE
RECORRIDO UNIÃO FEDERAL (PGF) LIMA(OAB: 28038/PE)
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO ADVOGADO EDMILSA MARIA DA SILVA
TRABALHO ALVES(OAB: 37448-D/PE)
ADVOGADO RAUL MATIAS DA SILVA
Intimado(s)/Citado(s): PADRAO(OAB: 38720/PE)
RECORRIDO MEDITERRANEA DISTRIBUIDORA
- BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A. DE BEBIDAS LTDA - EM
- JOSE ISMAR DA CAMARA LIMA RECUPERACAO JUDICIAL
ADVOGADO KARLA GABRIELLE MACEDO DE
LIMA(OAB: 28038/PE)
ADVOGADO EDMILSA MARIA DA SILVA
ALVES(OAB: 37448-D/PE)
PODER ADVOGADO RAUL MATIAS DA SILVA
PADRAO(OAB: 38720/PE)
JUDICIÁRIO ADVOGADO MARIA IMACULADA GORDIANO
OLIVEIRA BARBOSA(OAB: 8667/CE)
Fundamentação RECORRIDO LGH ARMAZENS GERAIS LTDA
ADVOGADO KARLA GABRIELLE MACEDO DE
AGRAVO DE INSTRUMENTO LIMA(OAB: 28038/PE)
Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por BANCO ADVOGADO EDMILSA MARIA DA SILVA
SANTANDER (BRASIL) S/A,contra decisão que denegou o ADVOGADO RAUL MATIAS DA SILVA
PADRAO(OAB: 38720/PE)
RECORRIDO HNK BR INDUSTRIA DE BEBIDAS
Trabalhista nº 0001490-70.2016.5.06.0142, figurando, como LTDA.
agravados, JOSÉ ISMAR DA CAMARA LIMA e UNIÃO FEDERAL ALVES TEIXEIRA(OAB: 18855/PE)
(PGF). ADVOGADO CAIO FELIPE TEIXEIRA LIMA(OAB:
32649/PE)
Publicada a decisão agravada no DEJT em 27/08/2018 e ADVOGADO FELIPE SCHMIDT ZALAF(OAB:
177270/SP)
ADVOGADO KASSIO HENRIQUE SILVA
configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver dos SANTOS(OAB: 34643/PE)
RECORRIDO L G H REPRESENTACAO
documentos Ids fe360f7 e 29b9ef0. COMERCIAL LTDA
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id ADVOGADO KARLA GABRIELLE MACEDO DE
LIMA(OAB: 28038/PE)
7538cf7). ADVOGADO EDMILSA MARIA DA SILVA
Preparo regular (Ids bcfcc75, ab7e613, 027d9af, d170259, d7346cc
e 70362c9).

ADVOGADO RAUL MATIAS DA SILVA Relator RUY SALATHIEL DE ALBUQUERQUE

PADRAO(OAB: 38720/PE) E MELLO VENTURA
RECORRENTE MOINHOS CRUZEIRO DO SUL S A
Intimado(s)/Citado(s): ADVOGADO FABIANNA CAMELO DE SENA
ARNAUD(OAB: 19495/PE)
- BRUNO DE SOUZA ANDERSON SANTOS
ADVOGADO ALEXANDRE TARCISO
- HNK BR INDUSTRIA DE BEBIDAS LTDA. TAVARES(OAB: 207519/SP)
- L G H REPRESENTACAO COMERCIAL LTDA ADVOGADO PAULA CALDAS LIMA(OAB:
- LGH ARMAZENS GERAIS LTDA 28947/PE)
- LGH HOLDING & PARTICIPACOES LTDA RECORRIDO JOSE CONRADO DOS SANTOS
NETO
- MEDITERRANEA DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS LTDA - EM
RECUPERACAO JUDICIAL ADVOGADO DANIELA SIQUEIRA
VALADARES(OAB: 21290/PE)
ADVOGADO SILVIO ROMERO PINTO
RODRIGUES(OAB: 6518/PE)
PODER Intimado(s)/Citado(s):
- JOSE CONRADO DOS SANTOS NETO
JUDICIÁRIO
- MOINHOS CRUZEIRO DO SUL S A
Fundamentação
PODER
Agravo de instrumento interposto por HNK BR INDÚSTRIA DE
JUDICIÁRIO
BEBIDAS LTDA, em face do despacho que denegou o
Fundamentação
Trabalhista nº 0000864-86.2017.5.06.0313, figurando como
Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por MOINHOS
agravados, BRUNO DE SOUZA ANDERSON SANTOS, L G H
CRUZEIRO DO SUL S.A.,contra decisão que denegou o
REPRESENTAÇÃO COMERCIAL LTDA, LGH HOLDING &
PARTICIPAÇÕES LTDA, LGH ARMAZÉNS GERAIS LTDA e
MEDITERRÂNEA DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS LTDA (EM
agravado, JOSÉ CONRADO DOS SANTOS NETO.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL).
feira) e apresentadas as razões deste apelo em 28/09/2018 (sexta-
feira), tem-se por configurada a sua tempestividade, conforme se
documentos Ids 6a12cad e 11bc9b6.
pode ver dos documentos Ids 95a166e e 18e96db.
5e5f226).
685203e).
Preparo regular (Ids 36439c5, 5498143, ae960b3 e e4319f8).
O preparo foi corretamente efetuado (Ids 83d99ea, bb1dd73,
CONCLUSÃO
3a01973, da0f554e, ed714ff, 93e6b9ee, cf4ecfe e 583f2ac).
determino o processamento do presente agravo.
iaa/illsg
mg
Assinatura
Assinatura

Decisão Decisão
Processo Nº RO-0000675-91.2017.5.06.0351
Processo Nº RO-0000414-04.2016.5.06.0015
Relator PAULO ALCANTARA

RECORRENTE A. G. A. D. S.
ADVOGADO MARCOS ANTONIO INACIO DA
SILVA(OAB: 573-A/PE) VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
RECORRENTE ILDACI ALEXANDRE DA SILVA
CAVALCANTI Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
ADVOGADO MARCOS ANTONIO INACIO DA Decisão
SILVA(OAB: 573-A/PE)
Processo Nº RO-0000645-93.2017.5.06.0371
RECORRIDO ALFORGE SEGURANCA Relator MARIA CLARA SABOYA
PATRIMONIAL LTDA ALBUQUERQUE BERNARDINO
ADVOGADO EDUARDO DIAS DA SILVA JORDAO RECORRENTE EVANDRO PEREIRA DOS SANTOS
EMERENCIANO(OAB: 20000/PE)
ADVOGADO RENATA PATRICIA DE LIMA CRUZ SILVA(OAB: 573-A/PE)
MALINCONICO(OAB: 27554-D/PE)
RECORRENTE ARQUITEC - ARQUITETURA,
RECORRIDO COMPANHIA PERNAMBUCANA DE ENGENHARIA E CONSTRUCAO
SANEAMENTO LTDA
ADVOGADO MARIZZE FERNANDA LIMA ADVOGADO ANDREIA SAMPAIO DE ROSSITER
MARTINEZ DE SOUZA(OAB: 25867- CORREA(OAB: 8075/AL)
D/PE)
ADVOGADO RODRIGO DA CRUZ OLIVEIRA(OAB:
ADVOGADO HAROLDO WILSON MARTINEZ DE 9855/AL)
SOUZA JUNIOR(OAB: 20366/PE)
RECORRIDO EVANDRO PEREIRA DOS SANTOS
Intimado(s)/Citado(s): SILVA(OAB: 573-A/PE)
- A. G. A. D. S. RECORRIDO ARQUITEC - ARQUITETURA,
- ALFORGE SEGURANCA PATRIMONIAL LTDA ENGENHARIA E CONSTRUCAO
LTDA
- COMPANHIA PERNAMBUCANA DE SANEAMENTO
ADVOGADO ANDREIA SAMPAIO DE ROSSITER
- ILDACI ALEXANDRE DA SILVA CAVALCANTI CORREA(OAB: 8075/AL)
ADVOGADO RODRIGO DA CRUZ OLIVEIRA(OAB:
9855/AL)
PODER
- ARQUITEC - ARQUITETURA, ENGENHARIA E CONSTRUCAO
JUDICIÁRIO LTDA
- EVANDRO PEREIRA DOS SANTOS
Fundamentação
PODER
Agravo de instrumento interposto por ALÍCIA GABRIELLE
JUDICIÁRIO
ALEXANDRE DA SILVA (representada por ILDACI ALEXANDRE
DA SILVA CAVALCANTI), em face do despacho que denegou o Fundamentação
processamento de recurso de revista, nos autos da Reclamação AGRAVO DE INSTRUMENTO
Trabalhista nº 0000675-91.2017.5.06.0351, figurando como Agravo de instrumento interposto por ARQUITEC -
agravados, ALFORGE SEGURANÇA PATRIMONIAL LTDA e ARQUITETURA, ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO LTDA., contra
COMPANHIA PERNAMBUCANA DE SANEAMENTO - COMPESA. despacho que indeferiu o processamento de recurso de revista, nos
Publicada a decisão agravada no DEJT em 20/09/2018 (quinta- autos da reclamação trabalhista nº. 0000645-93.2017.5.06.0371,
feira), e apresentadas as razões deste apelo em 01/09/2018 figurando, como agravado, EVANDRO PEREIRA DOS SANTOS.
(segunda-feira), tem-se por configurada a sua tempestividade, Publicada a decisão agravada no DEJT em 31/08/2018 e
conforme se pode ver dos documentos Ids 5bc5bb4 e 150cf93. apresentadas as razões deste apelo em 12/09/2018, tem-se por
A representação advocatícia está demonstrada (Id b625655). configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver dos
Desnecessário, na hipótese, o preparo (Id ff49f9f). documentos Ids ab81b52 e 0c82171.
Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência, A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
determino o processamento do presente recurso. 7db971e).
Intimem-se as partes recorridas para, querendo, oferecerem Empresa em recuperação judicial (Id a2c8b44), isenta de preparo
contrarrazões ao agravo e respectivo recurso de revista. (artigo 899, § 10º, da CLT). Apesar de beneficiária da gratuidade de
Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao justiça (artigo 790, § 4º, da CLT), as custas foram recolhidas (Ids
Tribunal Superior do Trabalho. b3f0a7e e 4d13b6b).
mg Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência,
Assinatura determino o processamento do presente recurso.
RECIFE, 23 de Outubro de 2018 Intime-se oagravado para, querendo, oferecer contrarrazões ao

agravo e respectivo recurso de revista. CONCLUSÃO
Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência,
Tribunal Superior do Trabalho. determino o processamento do presente agravo.
AE/vmm Intime-se o agravado para, querendo, oferecer contrarrazões ao
Assinatura Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao
RECIFE, 25 de Outubro de 2018 Tribunal Superior do Trabalho.
iaa/illsg
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO Assinatura
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região RECIFE, 23 de Outubro de 2018

Decisão
Processo Nº RO-0000413-74.2017.5.06.0341
Relator Eduardo Pugliesi VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
RECORRENTE CONTROL CONSTRUCOES LTDA. Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
ADVOGADO CAMILLA KAROLLINA RESENDE DE
ALMEIDA VIEIRA DA CUNHA(OAB: Decisão
18973/PB) Processo Nº RO-0000150-69.2016.5.06.0311
Relator ENEIDA MELO CORREIA DE
ADVOGADO JULIO CESAR ALEXANDRE DO ARAUJO
NASCIMENTO(OAB: 28324-D/PE)
RECORRENTE BANCO BRADESCARD S.A.
RECORRENTE ANTONIO SIMOES DE MOURA
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI
ADVOGADO GLAUCIO RICARDO AMARAL DE RODRIGUES(OAB: 128341/SP)
ARAUJO(OAB: 30734/PE)
RECORRENTE C&A MODAS LTDA.
RECORRIDO CONTROL CONSTRUCOES LTDA.
ADVOGADO JULIO CESAR ALEXANDRE DO FONTES(OAB: 453-A/PE)
NASCIMENTO(OAB: 28324-D/PE)
ADVOGADO NILTON DA SILVA CORREIA(OAB:
ADVOGADO CAMILLA KAROLLINA RESENDE DE 1291/DF)
ALMEIDA VIEIRA DA CUNHA(OAB:
18973/PB) RECORRIDO INEIDA PEREIRA BARAUNA
RECORRIDO ANTONIO SIMOES DE MOURA ADVOGADO Octavio Dias Alves da Silva Filho(OAB:
2753/PE)
ADVOGADO GLAUCIO RICARDO AMARAL DE
ARAUJO(OAB: 30734/PE) TERCEIRO KARINA NOVAES
INTERESSADO
- ANTONIO SIMOES DE MOURA
- BANCO BRADESCARD S.A.
- CONTROL CONSTRUCOES LTDA.
- C&A MODAS LTDA.
- INEIDA PEREIRA BARAUNA
PODER
JUDICIÁRIO PODER
Fundamentação JUDICIÁRIO
AGRAVO DE INSTRUMENTO Fundamentação

Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por CONTROL
CONSTRUÇÕES LTDA.,contra decisão que denegou o AGRAVO DE INSTRUMENTO

processamento de recurso de revista, nos autos da Reclamação Agravo de instrumento interposto por C & A MODAS LTDA, em
Trabalhista nº 0000413-74.2017.5.06.0341, figurando, como face do despacho que denegou o processamento de recurso de
agravado, ANTÔNIO SIMÕES DE MOURA. revista, nos autos da Reclamação Trabalhista nº 0000150-
Publicada a decisão agravada no DEJT em 27/08/2018 e 69.2016.5.06.0311, figurando como agravados INEIDA PEREIRA
apresentadas as razões deste apelo em 06/09/2018, tem-se por BARAÚNA e BANCO BRADESCARD S/A.
configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver dos Publicada a decisão agravada no DEJT em 12/09/2018 (quarta-
documentos Ids 4de144a e 17cb367. feira) e apresentadas as razões deste apelo em 24/09/2018
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Ids (segunda-feira), tem-se por configurada a sua tempestividade,
175a144 e fcb8df1). conforme se pode ver dos documentos Ids f9e1769 e b514c1e.
Preparo regular (Ids 41dd90f, de826ec, 1e3d050, 62aa671, A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Ids
09edeb2 e 9b49f8c).

55daa36 e 1176062). figurando como agravado AUTARQUIA DE TRÂNSITO E
Atingido o valor da condenação (Ids 589752e, 92b295c, 58d0a77, TRANSPORTE URBANO DO RECIFE (CTTU).
24eb985, 0a99d9a e aac882c), afigura-se inexigível o recolhimento Publicada a decisão agravada no DEJT em 20/09/2018 (quinta-
de depósito recursal (Súmula 128, I do C. TST). feira), e apresentadas as razões deste apelo em 21/09/2018 (sexta-
Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência, feira), tem-se por configurada sua tempestividade, conforme se
determino o processamento do presente recurso. pode ver dos documentos Ids 70f75a9 e 8a25983.
Intimem-se as partes recorridas para, querendo, oferecerem A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Ids
contrarrazões ao agravo e respectivo recurso de revista. c10b27c e b981a5b).
Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao Dispensado, na hipótese, o preparo (Id 41e0690).
Tribunal Superior do Trabalho. Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência,
mg determino o processamento do presente recurso.
Assinatura Intime-se a parte recorrida para, querendo, oferecer contrarrazões
RECIFE, 19 de Outubro de 2018 ao agravo e respectivo recurso de revista.
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO Tribunal Superior do Trabalho.
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região mg

Decisão Assinatura
Processo Nº RO-0001067-45.2016.5.06.0002
Relator RUY SALATHIEL DE ALBUQUERQUE RECIFE, 23 de Outubro de 2018
E MELLO VENTURA
RECORRENTE MARCOS FERNANDO BARROS
SANTOS VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
MELO(OAB: 28167/PE) Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
ADVOGADO JOAO CAMPIELLO VARELLA Decisão
NETO(OAB: 30341/PE) Processo Nº ROPS-0001118-65.2016.5.06.0193
RECORRENTE PEDRO ALVES TEIXEIRA Relator RUY SALATHIEL DE ALBUQUERQUE
E MELLO VENTURA
MELO(OAB: 28167/PE) RECORRENTE ANDERSON SILVESTRE DE
OLIVEIRA
ADVOGADO JOAO CAMPIELLO VARELLA
NETO(OAB: 30341/PE) ADVOGADO SEVERINO JOSE DA CUNHA(OAB:
13237-D/PE)
RECORRIDO AUTARQUIA DE TRANSITO E
TRANSPORTE URBANO DO RECIFE RECORRIDO CONSORCIO CONDUTO-EGESA
- CTTU ADVOGADO CAMILLA VALERIO VELOSO(OAB:
ADVOGADO ANA CARLA SETTE DA ROCHA(OAB: 122482/MG)
17478/PE)
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO Intimado(s)/Citado(s):
TRABALHO
- ANDERSON SILVESTRE DE OLIVEIRA
Intimado(s)/Citado(s): - CONSORCIO CONDUTO-EGESA
- AUTARQUIA DE TRANSITO E TRANSPORTE URBANO DO

RECIFE - CTTU
- MARCOS FERNANDO BARROS SANTOS
- PEDRO ALVES TEIXEIRA
PODER
JUDICIÁRIO
Fundamentação
PODER
JUDICIÁRIO
Fundamentação Agravo de instrumento interposto por ANDERSON SILVESTRE DE
OLIVEIRA, em face do despacho que denegou o processamento de
AGRAVO DE INSTRUMENTO recurso de revista, nos autos da Reclamação Trabalhista nº
Agravo de instrumento interposto por MARCOS FERNANDO 0001118-65.2016.5.06.0193, figurando como agravado
BARROS SANTOS e PEDRO ALVES TEIXEIRA, em face do CONSÓRCIO CONDUTO - EGESA.
despacho que denegou o processamento de recurso de revista, nos Publicada a decisão agravada no DEJT em 20/09/2018 (quinta-
autos da Reclamação Trabalhista nº 0001067-45.2016.5.06.0002, feira) e apresentadas as razões deste apelo em 27/09/2018 (quinta-

feira), tem-se por configurada a sua tempestividade, conforme se apresentadas as razões deste apelo em 12/09/2018, tem-se por
pode ver dos documentos Ids 931d179 e 0bfc9c7. configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver dos
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id documentos Ids 418b123 e 6cd309f.
8239572). A representação processual está regular (Id 91b5e9e).
Dispensado, na hipótese, o preparo (Id 8344a01). O preparo é inexigível, nos termos dos artigos 790-A da CLT e 1º,
Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência, inciso IV, do Decreto-Lei nº. 779/69, bem como, do Decreto
determino o processamento do presente recurso. 30.169/2016 e da Lei Municipal, 18.291, de 30 de dezembro 2016.
Intime-se a parte recorrida para, querendo, oferecer contrarrazões Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência,
ao agravo e respectivo recurso de revista. determino o processamento do presente recurso.
Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao Intime-seo agravado para, querendo, oferecer contrarrazões ao
mg Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao
Assinatura Tribunal Superior do Trabalho.
AE/vmm

Decisão Assinatura
Relator RUY SALATHIEL DE ALBUQUERQUE RECIFE, 25 de Outubro de 2018
E MELLO VENTURA
JUÍZO RECORRENTE AUTARQUIA DE MANUTENCAO E
LIMPEZA URBANA EMLURB - CNPJ: VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
11.497.013/0001-34
ADVOGADO FREDERICO DA COSTA PINTO Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
CORREA(OAB: 8375-D/PE) Decisão
ADVOGADO ANDRE LUIZ BARRETO Processo Nº RO-0001153-22.2017.5.06.0312
AZEVEDO(OAB: 32748/PE) Relator ANA MARIA SOARES RIBEIRO DE
RECORRIDO JOSE EDSON GOMES CAMPELO BARROS
ADVOGADO YOUSHIRO YOKOTA NETO(OAB: RECORRENTE LUIZ AVELINO PEREIRA
29667/PE) ADVOGADO FRANCISCO AUGUSTO MELO DE
ADVOGADO JOSE ULISSES DE LIMA FREITAS(OAB: 29426/PE)
JUNIOR(OAB: 29475/PE) ADVOGADO JOSE ULISSES DE LIMA
ADVOGADO FRANCISCO ESTEVAO ALMEIDA JUNIOR(OAB: 29475/PE)
CAVALCANTI DE SOUZA(OAB: ADVOGADO FRANCISCO ESTEVAO ALMEIDA
28078/PE) CAVALCANTI DE SOUZA(OAB:
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO 28078/PE)
TRABALHO ADVOGADO YOUSHIRO YOKOTA NETO(OAB:
29667/PE)
Intimado(s)/Citado(s): RECORRIDO UNIÃO FEDERAL (AGU)
- AUTARQUIA DE MANUTENCAO E LIMPEZA URBANA RECORRIDO Fundação Nacional de Saúde
EMLURB - CNPJ: 11.497.013/0001-34 CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
- JOSE EDSON GOMES CAMPELO TRABALHO
- LUIZ AVELINO PEREIRA
PODER
JUDICIÁRIO
Fundamentação PODER
AGRAVO DE INSTRUMENTO JUDICIÁRIO
Agravo de instrumento interposto por AUTARQUIA DE Fundamentação

MANUTENÇÃO E LIMPEZA URBANA - EMLURB, contra
despacho que indeferiu o processamento de recurso de revista, nos AGRAVO DE INSTRUMENTO

autos da reclamação trabalhista nº. 0000227-72.2016.5.06.0022, Agravo de instrumento interposto por LUIZ AVELINO PEREIRA, em
figurando, como agravado, JOSÉ EDSON GOMES CAMPELO. face do despacho que denegou o processamento de recurso de

revista, nos autos da Reclamação Trabalhista nº 0001153- apresentadas as razões deste apelo em 06/09/2018, tem-se por
22.2017.5.06.0312, figurando como agravados FUNDAÇÃO configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver dos
NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA e UNIÃO FEDERAL (AGU). documentos Ids d31be55 e 88f0cac.
Publicada a decisão agravada no DEJT em 20/09/2018 (quinta- A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
feira) e apresentadas as razões deste apelo em 24/09/2018 f17fdba).
(segunda-feira), tem-se por configurada a sua tempestividade, Preparo regular (Ids 9d55ec0, ba0c587, 531aa72 e d517713).
conforme se pode ver dos documentos Ids b01455f e eeb1a0e. CONCLUSÃO
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência,
910348f). determino o processamento do presente agravo.
Dispensado, na hipótese, o preparo (Id 5333682). Intime-se o agravado para, querendo, oferecer contrarrazões ao
Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência, agravo e respectivo recurso de revista.
determino o processamento do presente recurso. Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao
Intimem-se as partes recorridas para, querendo, oferecerem Tribunal Superior do Trabalho.
contrarrazões ao agravo e respectivo recurso de revista. iaa/illsg
Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao Assinatura
Tribunal Superior do Trabalho. RECIFE, 23 de Outubro de 2018
mg

Decisão
Processo Nº RO-0001174-37.2016.5.06.0181
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO Relator JOSE LUCIANO ALEXO DA SILVA
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região RECORRENTE ALCOA ALUMINIO S/A
ADVOGADO Marcelo Coimbra Esteves de
Decisão Oliveira(OAB: 16842-D/PE)
Processo Nº RO-0000628-93.2016.5.06.0241
RECORRIDO EDUARDO CARLOS DOS SANTOS
Relator FABIO ANDRE DE FARIAS LIRA
RECORRENTE USINA SAO JOSE S/A ADVOGADO THIAGO CYSNEIROS PESSOA(OAB:
ADVOGADO ANA PAULA BRAGA DIAS(OAB: 31469/PE)
17489/PE) ADVOGADO MARCELA MELO BARBOZA
RECORRIDO JOSE EUGENIO DE LIMA TAVARES(OAB: 26342/PE)
ADVOGADO GLAUCO RODOLFO FONSECA DE PERITO RODRIGO JAVIER LOUIT ACUNA
SENA(OAB: 13167/PE)
ADVOGADO EMANUEL JAIRO FONSECA DE Intimado(s)/Citado(s):
SENA(OAB: 14677-D/PE)
ADVOGADO PEDRO FONSECA DE SENA - ALCOA ALUMINIO S/A
SIQUEIRA(OAB: 39793/PE) - EDUARDO CARLOS DOS SANTOS LIRA
- JOSE EUGENIO DE LIMA
- USINA SAO JOSE S/A
PODER
JUDICIÁRIO
Fundamentação
PODER
JUDICIÁRIO
Agravo de instrumento interposto por ALCOA ALUMÍNIO S/A,
Fundamentação contra despacho que indeferiu o processamento de recurso de
AGRAVO DE INSTRUMENTO revista, nos autos da reclamação trabalhista nº. 0001174-
Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por USINA SÃO 37.2016.5.06.0181, figurando, como agravado, EDUARDO
JOSÉ S.A.,contra decisão que denegou o processamento de CARLOS DOS SANTOS LIRA.
recurso de revista, nos autos da Reclamação Trabalhista nº Publicada a decisão agravada no DEJT em 31/08/2018 e
0000628-93.2016.5.06.0241, figurando, como agravado, JOSÉ apresentadas as razões deste apelo em 11/09/2018, tem-se por
EUGÊNIO DE LIMA. configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver dos
Publicada a decisão agravada no DEJT em 27/08/2018 e documentos Ids be80d54 e df677fb.

A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver dos
b1c7cb2). documentos Ids 87f903e e 090cc49.
Preparo regular (Ids 8287191, 26fd49c, 52ae0be e 136ad07). A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência, 9899f9f).
determino o processamento do presente recurso. Preparo dispensado (Id 14842e6).
Intime-seo agravado para, querendo, oferecer contrarrazões ao Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência,
agravo e respectivo recurso de revista. determino o processamento do presente recurso.
Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao Intime-seo agravado para, querendo, oferecer contrarrazões ao
AE/vmm Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao
Assinatura AE/vmm
Assinatura

Processo Nº RO-0000082-37.2016.5.06.0015
Relator NISE PEDROSO LINS DE SOUSA Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
RECORRENTE DANIELLE MESQUITA DA COSTA Decisão
SILVA Processo Nº RO-0000446-64.2017.5.06.0341
ADVOGADO GEORGE ALBERTO DE MELO Relator GISANE BARBOSA DE ARAUJO
AZEVEDO(OAB: 21393-D/PE) RECORRENTE INSTITUTO AGRONOMICO DE
ADVOGADO ANTONIO JOSE BOTELHO PERNAMBUCO - IPA
NETO(OAB: 22071-D/PE) ADVOGADO ANA MARIA SANTOS MARQUES DE
ADVOGADO PAULO AZEVEDO DA SILVA(OAB: LUCENA(OAB: 13717/PE)
4568/PE) RECORRIDO JOSE GOMES DA SILVA
ADVOGADO MARIA DE FATIMA BEZERRA(OAB: ADVOGADO MARTINHO FERREIRA LEITE
513-B/PE) FILHO(OAB: 16500/PE)
ADVOGADO RAFAELA BRADLEY AZEVEDO(OAB:
32832-D/PE)
RECORRIDO SER EDUCACIONAL S.A.
ADVOGADO EDMILSON BOAVIAGEM - INSTITUTO AGRONOMICO DE PERNAMBUCO - IPA
ALBUQUERQUE MELO JUNIOR(OAB: - JOSE GOMES DA SILVA
10692/PE)
ADVOGADO MANOELA SILVA ALBUQUERQUE
MELO(OAB: 40249/PE)
Intimado(s)/Citado(s): PODER
- DANIELLE MESQUITA DA COSTA SILVA
JUDICIÁRIO
- SER EDUCACIONAL S.A.
Fundamentação
Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por INSTITUTO

PODER
AGRONÔMICO DE PERNAMBUCO - IPA,contra decisão que
JUDICIÁRIO
denegou o processamento de recurso de revista, nos autos da
Fundamentação Reclamação Trabalhista nº 0000446-64.2017.5.06.0341, figurando,
AGRAVO DE INSTRUMENTO como agravado, JOSÉ GOMES DA SILVA.
Agravo de instrumento interposto por DANIELLE MESQUITA DA Publicada a decisão agravada no DEJT em 27/08/2018 e
COSTA SILVA, contra despacho que indeferiu o processamento de apresentadas as razões deste apelo em 06/09/2018, tem-se por
recurso de revista, nos autos da reclamação trabalhista nº. 000082- configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver dos
37.2016.5.06.0015, figurando, como agravado, SER documentos Ids 5473c75 e b1213b1.
EDUCACIONAL S/A. A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
Publicada a decisão agravada no DEJT em 31/08/2018 e e82c573).
apresentadas as razões deste apelo em 10/09/2018, tem-se por Preparo regular (Ids 752bdf8, 9318cb4, 189302d, 0b741df, c56848b

e 7c2c826). do Decreto nº 779/69).
CONCLUSÃO Mantenho a decisão agravada e, por via de consequência,
Mantenho o despacho agravado e, por via de consequência, determino o processamento do presente recurso.
determino o processamento do presente agravo. Intime-se a parte agravada para, querendo, oferecer contrarrazões
Intime-se o agravado para, querendo, oferecer contrarrazões ao ao agravo e respectivo recurso de revista.
agravo e respectivo recurso de revista. Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao
Após o transcurso do prazo, determino o envio do processo ao Tribunal Superior do Trabalho.
Tribunal Superior do Trabalho. lms/ra
iaa/illsg Assinatura
Assinatura RECIFE, 4 de Setembro de 2018
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região Decisão

Processo Nº ROPS-0001159-23.2017.5.06.0023
Decisão Relator MARIA DE BETANIA SILVEIRA
Processo Nº ROPS-0001089-74.2015.5.06.0023 VILLELA
Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA RECORRENTE CINEMARK BRASIL S.A.
RECORRENTE AUTARQUIA DE URBANIZACAO DO ADVOGADO JOSE COELHO PAMPLONA
RECIFE NETO(OAB: 134643/SP)
ADVOGADO EDUARDO HENRIQUE BEZERRA DE RECORRIDO IGOR PONTES BATINGA DA SILVA
CARVALHO(OAB: 37157/PE)
ADVOGADO JOAO BOSCO VIEIRA DE MELO
RECORRIDO ENCONSERV CONSTRUCOES LTDA FILHO(OAB: 8823-D/PE)
- EPP
RECORRIDO FABIO FERREIRA DA SILVA
ADVOGADO ANA CAROLINA CAVALCANTI
ELIHIMAS(OAB: 26085-D/PE) - CINEMARK BRASIL S.A.
ADVOGADO SANDRO DE MEDEIROS - IGOR PONTES BATINGA DA SILVA
MACHADO(OAB: 27024-D/PE)
- AUTARQUIA DE URBANIZACAO DO RECIFE
- FABIO FERREIRA DA SILVA PODER
JUDICIÁRIO
Fundamentação
PODER RECURSO DE REVISTA
JUDICIÁRIO
Trata-se de Recurso de Revista interposto por CINEMARK BRASIL
Fundamentação
S.A. em face de acórdão proferido pela Primeira Turma deste
Regional, em sede de recurso ordinário, nos autos da Reclamação
Agravo de instrumento interposto pela AUTARQUIA DE
Trabalhista 0001159-23.2017.5.06.0023, que tramita sob o rito
URBANIZAÇÃO DO RECIFE - URB, em face da decisão que
sumaríssimo, figurando como recorrido, IGOR PONTES BATINGA
DA SILVA.
Reclamação Trabalhista nº 0001089-74.2015.5.06.0023 , figurando
como agravado, FABIO FERREIRA DA SILVA e ENCONSERV
O apelo é tempestivo, tendo em vista a publicação da decisão
CONSTRUÇÕES LTDA - EPP.
recorrida em 04.09.2018 e a apresentação das razões deste apelo
Publicada a decisão agravada no DEJT do dia 25/07/2018 e
em 13.09.2018, conforme se pode ver documentos IDs 88bac30 e
b912b2f.
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (IDs
documentos ID's. 922ae28 e becbef7.
1630294 e b089190).
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (ID.
Preparo satisfeito (IDs cef084d, fa6bad7, f3e57a0 e 905dd8d).
58c13b6).
Inexigível, na hipótese, o preparo (art. 790-A, da CLT e art. 1º, IV,
RESCISÃO CONTRATUAL/CONTRATO DE EXPERIÊNCIA

Alegações: Sendo assim, julgo procedentes os pedidos de pagamento do saldo
- violação ao artigo 5º, II, da Constituição Federal; e de salário, do aviso prévio, com integração ao tempo de serviço, do
- divergência jurisprudencial. 13º salário proporcional, e do FGTS acrescido da multa rescisória
Atendendo aos requisitos formais para conhecimento do seu apelo, de 40%, inclusive sobre o 13º salário proporcional.
previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a parte recorrente Julgo improcedente o pedido de pagamento dos salários dos meses
insurge-se contra o acórdão da Primeira Turma, no tocante à de março, abril, maio, junho e julho, já que em momento algum o
condenação no pagamento de horas extras, argumentando que reclamante alegou o inadimplemento dos salários.
manteve com o autor contrato de experiência, invocando toda a Julgo procedente também o pedido de pagamento das multas dos
documentação acostada aos autos. art. 467 e do art. 477, ambos da CLT, uma vez que não foram
Do acórdão impugnado, transcrevo o seguinte trecho: observados os prazos neles estipulados.
Da invalidade do contrato de experiência e das verbas rescisórias. Na apuração dos valores ora concedidos observe-se a remuneração
Da multa prevista no art. 477, §8º, da CLT. Das horas extras e conforme o contrato de trabalho de ID 47483d5.
dobras de feriados. Mantenho a sentença por seus próprios Confrontando os fundamentos consignados no acórdão regional
fundamentos, nos termos do art. 895, § 1º, IV, in fine, da CLT. com as alegações recursais, não vislumbro ofensa ao dispositivo
Da sentença, destaco estes fundamentos: constitucional indicado. Observo que o julgamento encontra-se
DAS VERBAS RESCISÓRIAS. devidamente fundamentado nos elementos constantes nos autos e
Noticia o demandante que foi admitido em 19/02/2016, para exercer na legislação pertinente à espécie, não se configurando qualquer
a função de atendente, recebendo mensalmente o valor de R$ das hipóteses de admissibilidade do recurso, já que não ficou
880,00, e dispensado sem justa causa no dia 07/08/2016. Aduz que comprovada nas alegações recursais de contrariedade à súmula de
não recebeu as verbas rescisórias, motivo pelo qual reclama o seu jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho ou Súmula
adimplemento. vinculante do Supremo Tribunal Federal, tampouco, violação direta
A demandada, de outra banda, confirma a data do início do contrato da Constituição Federal, sendo estas as únicas hipóteses de
de trabalho, ressaltando que o reclamante foi admitido mediante recebimento do recurso de revista nas causas sujeitas ao
contrato de experiência de quarenta e cinco dias, com a procedimento sumaríssimo, na exata dicção do § 9º, do artigo 896,
possibilidade de prorrogação por mais quarenta e cinco dias. da CLT.
Informa que no final dos quarenta e cinco dias, em 03/04/2016, o CONCLUSÃO
contrato foi rescindido sem que ocorresse a prorrogação. Sustenta Diante do exposto, DENEGO seguimento ao apelo.
que os valores devidos na rescisão foram inferiores aos descontos Cumpram-se as formalidades legais.
legais. Esclarece que os valores referentes ao vale alimentação e Intimem-se.
vale transporte foram antecipados, de forma que no momento da
apuração das verbas rescisórias a quantia antecipada foi acmm/AE
compensada. Assinatura
A reclamada continua dizendo que o reclamante recusou assinar o RECIFE, 24 de Outubro de 2018
Termo de Rescisão Contratual, e receber os documentos da
rescisão, motivo pelo qual as guias do FGTS não lhes foram VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
entregues, nem dada a baixa da sua Carteira de Trabalho e Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
Previdência Social. Decisão

Processo Nº RO-0001120-21.2017.5.06.0251
Cabia à parte ré comprovar a data da rescisão contratual por ela Relator GISANE BARBOSA DE ARAUJO
apontada, tendo em vista o princípio da continuidade da relação RECORRENTE CONSORCIO PUBLICO
INTERMUNICIPAL DO AGRESTE
empregatícia. No entanto, de tal ônus a reclamada não se livrou, eis PERNAMBUCANO E FRONTEIRAS
(CONIAPE)
que não produziu qualquer prova a lhe socorrer. De tal modo, ADVOGADO JOSE ROBERVAL SOARES(OAB:
15909/PE)
entendo que a extinção contratual se operou no dia 07/08/2016.
RECORRENTE MUNICIPIO DE TAQUARITINGA DO
Da análise do contrato de trabalho (ID. 47483d5) verifico que a NORTE
ADVOGADO VERONICA BARBOSA DE MENEZES
prorrogação do contrato de experiência foi até o dia 18/05/2016, de BEZERRA(OAB: 37692/PE)
modo que após esse dia o contrato tornou-se por prazo RECORRIDO JANETE ARAUJO DA SILVA
ADVOGADO ZEZON AGRIPINO DE OLIVEIRA
indeterminado. BEZERRA(OAB: 23221/PE)

RECORRIDO MUNICIPIO DE TAQUARITINGA DO

NORTE Argumenta que o posicionamento adotado no acórdão diverge de
ADVOGADO VERONICA BARBOSA DE MENEZES outros Regionais. Ressalta que não há nos autos demonstração
BEZERRA(OAB: 37692/PE)
RECORRIDO CONSORCIO PUBLICO específica de fraude ou de irregularidade na contratação da
INTERMUNICIPAL DO AGRESTE
PERNAMBUCANO E FRONTEIRAS prestação de serviço. Da mesma forma, diz inexistir prova de que o
(CONIAPE)
recorrente tenha descumprido as obrigações assumidas no Contrato
ADVOGADO JOSE ROBERVAL SOARES(OAB:
15909/PE) de Gestão ou que tenha deixado de fiscalizar tais obrigações, não
RECORRIDO ASSOCIACAO DE P E ASSISTENCIA
A M E A I DE VERTENTES podendo se presumir a culpa do recorrente. Impugna a imposição
ADVOGADO MONICA FERNANDA LIMEIRA DE da multa do artigo 467 da CLT, para tanto, alega que ante a
ALMEIDA(OAB: 32050/PE)
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO inexistência de relação empregatícia, não há o que se falar em
TRABALHO
pagamento de parcela incontroversa. Requer, assim, a
Intimado(s)/Citado(s): improcedência da ação para excluir a responsabilidade subsidiária
- ASSOCIACAO DE P E ASSISTENCIA A M E A I DE do CONIAPE.
VERTENTES
- CONSORCIO PUBLICO INTERMUNICIPAL DO AGRESTE Do acórdão combatido trago os seguintes fundamentos:
PERNAMBUCANO E FRONTEIRAS (CONIAPE)
"Da responsabilidade subsidiária (análise conjunta).
- JANETE ARAUJO DA SILVA
- MUNICIPIO DE TAQUARITINGA DO NORTE O Município de Taquaritinga do Norte e o Consórcio Público
Intermunicipal do Agreste Pernambucano e Fronteiras (CONIAPE)
buscam a reforma da sentença, no ponto em que restou
reconhecida a sua responsabilização subsidiária quanto ao

PODER
adimplemento dos haveres deferidos no comando sentencial.
JUDICIÁRIO
Ao enfrentar a questão a autoridade sentenciante entendeu da
Fundamentação seguinte forma:
RECURSO DE REVISTA (...)
Trata-se de Recurso de Revista interposto pelo CONSÓRCIO Pois bem.
PÚBLICO INTERMUNICIPAL DO AGRESTE PERNAMBUCANO E Extrai-se dos autos que a reclamante foi contratada pela primeira
FRONTEIRAS (CONIAPE), em face de acórdão proferido em sede reclamada, ASSOCIAÇÃO DE P E ASSISTÊNCIA A M E A I DE
de Recurso Ordinário, nos autos da Reclamação Trabalhista nº. VERTENTES, para exercer a função de auxiliar de serviço bucal,
0001120-21.2017.5.06.0251, em que figuram como recorridos, por intermédio de contrato de gestão firmado com o Consórcio
JANETE ARAÚJO DA SILVA, ASSOCIAÇÃO DE PE Público Intermunicipal do Agreste Pernambucano e Fronteiras -
ASSISTÊNCIA AMENAIDE VERTENTES e MUNICÍPIO DE CONIAPE, que, por sua vez, realizava o gerenciamento,
TAQUARITINGA DO NORTE. operacionalização e execução das ações e serviços de saúde das
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS unidades dos municípios que fazem parte do Consórcio, tendo a
O apelo é tempestivo. A decisão recorrida foi publicação se deu em autora prestado serviços em prol do Município de Taquaritinga do
10/09/2018 e apresentação das razões recursais em 02/10/2018, Norte.
conforme se pode ver dos documentos de Ids cfcfeaa e d982af3. Observo que a lei n.º 8.666/1993, editada para regulamentar o art.
A representação processual está regular, conforme Id f996d59. 37, inc. XXI, da Constituição, instituiu normas para licitações e
O preparo é inexigível (artigos 790-A da CLT e 1º, inciso IV, do contratos da Administração Pública, dispondo, em seu art. 71, §1º,
Decreto-Lei nº. 779/69). que é ônus daquele que contratar com o ente público a
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS responsabilidade relacionada a encargos trabalhistas decorrentes
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA da contratação de serviços.
ENTE PÚBLICO Porém, tal dispositivo, isoladamente, não pode prevalecer, ante o
MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT ordenamento jurídico positivo analisado em seu conjunto.
Alegações: Nessa linha, é de se ponderar que a regra inscrita no art. 71, §1º,
- divergência jurisprudencial. acima mencionado, deve ser harmonizada com as disposições
Cumprindo os comandos celetistas, a recorrente insurge-se contra o constitucionais sobre a responsabilização contratual do Estado,
acórdão que manteve a responsabilidade subsidiária pelo conforme assinalado no art. 173, §1º, II, da CF/1988.
pagamento dos créditos trabalhistas deferidos nesta demanda. Dessa harmonização resulta que o art. 71, §1º, da Lei de Licitações

deve ter sua aplicação resguardada aos casos de normalidade e Nesse mesmo sentido, o Ministro Vieira de Mello Filho, no
regularidade de procedimento do contratado e do próprio órgão julgamento do Processo n.º AIRR - 1233-34.2010.5.01.0000, julgado
público contratante, até porque o ente estatal incide em culpa in em 16.03.2011, assim entendeu que "o STF, ao analisar a
vigilando ao não fiscalizar o adimplemento das obrigações constitucionalidade do art. 71 da Lei 8.666/93 (Lei das Licitações),
trabalhistas por parte da contratada, atraindo a aplicação do art. (...) ressaltou que, nos casos em que ficar demonstrada a culpa in
186, do Código Civil. vigilando da entidade, ou seja, quando ela deixa de fiscalizar uma
Ademais, com a nova redação dada ao dispositivo supra, pela Lei atividade própria ou de terceiro com a cautela necessária, torna-se
n.º 9.032, de 28 de abril de 1995, verifica-se que foi aberta uma viável a sua responsabilização pelos encargos devidos ao
ressalva, expressa, quanto ao adimplemento de créditos trabalhador."
previdenciários, para se admitir condenação solidária da De fato, a mera inadimplência da prestadora de serviços não
Administração Pública e do contratado, por encargos transfere, automaticamente, à tomadora da mão-de-obra a
previdenciários resultantes da execução do contrato. responsabilidade pelos encargos trabalhistas por aquela devidos,
Se assim é, nos termos legais, quanto a créditos de natureza mas se entende que, mesmo se tratando de terceirização lícita, a
previdenciária, essa diretriz também deve ser adotada quanto aos Administração Pública responde subsidiariamente pelo pagamento
créditos trabalhistas, quer a fortiori porque aqueles são decorrentes, do crédito obreiro, se configurada conduta culposa no cumprimento
acessórios desses, quer porque esses têm primazia e preferência das obrigações estabelecidas na Lei n.º 8.666/1993, em especial no
absoluta em relação a quaisquer outros créditos, conforme já tocante à fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas
estabelecido no art. 186, do Código Tributário Nacional. da prestadora de serviço.
Acrescente-se que a Lei n.º 8.036, de 11 de maio de 1990, em seu Incide à espécie o entendimento cristalizado nos itens IV e V, da
art. 15, §1º, igualmente responsabiliza o tomador de mão-de-obra Súmula 331, do C. TST, cuja redação atual, dada pela Resolução
pelos recolhimentos do FGTS. n.º 174/2011, é a seguinte:
Deve ser destacado, também, que, na Lei n.º 8.666/1993, encontra- (...)
se regra de que o ente estatal, ao contratar serviços, tem a Não se desconhece o teor da recente decisão proferida pelo STF no
obrigação de acompanhar e fiscalizar a execução do contrato (arts. julgamento do RE 760.931, com repercussão geral, em que ficou
58, III, e 67), a ponto de suspender pagamento de parcelas do assentada a tese de que "O inadimplemento dos encargos
convênio à contratada inadimplente (§3º, do art. 116), sob pena de trabalhistas dos empregados do contratado não transfere
arcar com a culpa in vigilando, se não o fizer. automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade
Todas essas razões estão a indicar que uma interpretação pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos
sistemática do ordenamento jurídico vigente respalda a condenação termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93", cabendo ao reclamante
subsidiária da Administração Pública, cingindo-se a aplicação do efetuar a demonstração da culpa in vigilando do ente público.
art. 71, §1º, da Lei n.º 8.666/1993, como visto, aos casos em que Entendo que a culpa dos recorrentes extrai-se dos elementos de
houve regularidade na contratação e na execução dos serviços. prova contidos nos autos.
Importa fazer o registro da decisão proferida pelo Plenário do Com efeito, na exordial, a reclamante afirmou não ter recebido as
Supremo Tribunal Federal, nos autos da Ação Declaratória de verbas rescisórias, férias e 13º salários, noticiando, ainda, a
Constitucionalidade (ADC) n.º 16, conforme informado no sítio ausência dos depósitos fundiários em sua conta vinculada.
eletrônico daquela Corte no dia 24 de novembro de 2010. Em sede de defesa, a APAMI asseverou expressamente que "no
Nesse julgamento, o Pretório Excelso ratificou, em caráter que tange ao pagamento do FGTS, o mesmo não fora quitado de
vinculante, a constitucionalidade do artigo 71, §1º, da Lei n.º forma integral mês a mês em razão da falta de recursos proveniente
8.666/1993, o qual, como dito acima, prevê que a inadimplência do dos repasses realizados a menor do que o pactuado em contrato
contratado pelo Poder Público em relação a encargos trabalhistas, pelo Consórcio , confessando, CONIAPE" ainda, que "é bem
fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a verdade que não foi paga qualquer verba rescisória ao reclamante,
responsabilidade por seu pagamento. entretanto, a falta de quitação de tais obrigações trabalhistas não se
O entendimento ora esposado não vulnera o que decidiu o STF, em deu por má fé da reclamada, esta na verdade é uma grande vitima
caráter vinculante, uma vez que não se está a declarar a da relação jurídica existente entre o CONSÓRCIO CONIAPE E O
inconstitucionalidade do §1º, do art. 71, da Lei de Licitações, nem, MUNICÍPIO DE TAQUARTINGA".
tampouco, a negar vigência ao referido dispositivo legal. Resta cristalino, portanto, que os recorrentes não realizaram a sua

obrigação de prestar a fiscalização efetiva/preventiva de exigir o a sentença tal como proferida.
pagamento das verbas trabalhistas. Confrontando os argumentos da parte recorrente com os
Por oportuno, transcrevo os seguintes precedentes deste Regional fundamentos do acórdão regional, tenho que a revista não comporta
envolvendo o mesmo consórcio público: processamento, pois o Regional decidiu as questões veiculadas no
(...) presente apelo com base no conjunto probatório contido nos autos,
Cito, ainda, precedente desta 4ª Turma, em que restou reconhecida na legislação pertinente à matéria e em sintonia com a Súmula nº
a responsabilidade subsidiária do CONIAPE e do Município ora 331, V e VI, do C. TST, fato que inviabiliza o processamento do
recorrente. Confira-se: recurso de revista por divergência jurisprudencial (Súmula nº 333
(...) desse mesmo Órgão Superior).
Também não procede a alegação do CONIAPE no sentido de ser Ademais, a apreciação das alegações da parte recorrente, quanto à
impossível a sua responsabilização diante das previsões constantes culpa atribuída ao ente público, como expostas, implicaria,
no contrato de gestão firmado com a primeira reclamada e na Lei necessariamente, o reexame de fatos e provas, procedimento que
Estadual nº 15.210/2013. Isso porque o Dec. 6.017/2007 - que encontra óbice na Súmula nº. 126 do TST e inviabiliza, igualmente,
regulamenta a Lei Federal nº 11.107 (Lei dos consórcios públicos) - a apreciação da divergência jurisprudencial específica (Súmula nº.
prevê em seu art. 9º caput que "os entes da Federação 296, item I, do Órgão de Cúpula da Justiça do Trabalho).
consorciados respondem subsidiariamente pelas obrigações do Por outro lado, ainda que superados os aspectos supra, melhor
consórcio público." Evidencia -se, pois, que o Consórcio Público sorte não teria o recorrente em sua pretensão de ser recebida a
responde pelas suas obrigações, assim como, de forma subsidiária, revista por divergência jurisprudencial, no que se refere à
os demais entes integrantes do Consórcio. distribuição do ônus da prova, pois verifico que são inservíveis ao
Diante de tais elementos, reveladores da ausência de fiscalização confronto de teses, porquanto não advêm de órgãos elencados no
efetiva dos entes públicos na execução do contrato, mantenho a artigo 896, a, da CLT, e não trazem a fonte de publicação.
sentença que reconheceu a culpa in vigilando do Município de Incidência da Súmula nº 337, item I, do TST, e no artigo 896, §8º,
Taquaritinga do Norte e do CONIAPE e, consequentemente, sua da CLT.
responsabilidade subsidiária no adimplemento das verbas devidas CONCLUSÃO
pela empresa prestadora de serviços. Diante do exposto, DENEGO seguimento ao Recurso de Revista.
Da multa do art. 467 da CLT (Recurso do CONIAPE). Cumpram-se as formalidades legais.
(...) Intimem-se.
Penso, com a devida vênia de entendimentos diversos, que razão /mercp/AE
não lhe assiste. Explico.
De início, registro que não se está diante de obrigação
personalíssima, mas de mera obrigação de pagar o crédito devido Assinatura
ao demandante, caso a primeira reclamada deixe de fazê-lo, RECIFE, 24 de Outubro de 2018
quando for instada a tanto.
Ressalte-se que a responsabilidade subsidiária por todas as VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
obrigações de pagar é objeto de jurisprudência pacífica do C. TST, Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
sedimentada no item VI, da já mencionada Súmula 331, de acordo Decisão

Processo Nº RO-0000185-89.2017.5.06.0312
com o qual "a responsabilidade subsidiária do tomador de serviços Relator MILTON GOUVEIA DA SILVA FILHO
abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao RECORRENTE TIAGO JOSE ALVES
período da prestação laboral". MELO(OAB: 35791/PE)
Na hipótese dos autos, consoante já exposto no tópico supra, a ADVOGADO JESSICA CAROLINA GONCALVES
DIAS(OAB: 37219/PE)
responsável principal confessou o não pagamento das verbas RECORRENTE REFRESCOS GUARARAPES LTDA
rescisórias, afirmando apenas que tal fato não teria decorrido de ADVOGADO ANTONIO HENRIQUE
NEUENSCHWANDER(OAB:
sua má-fé. Nessa esteira, ante a ausência de quitação das verbas 11839/PE)
incontroversas pela empregadora, resta devida a multa prevista no PARPINELLI(OAB: 18614/PE)
art. 467 da CLT, inclusive na hipótese de condenação subsidiária. RECORRENTE NORSA REFRIGERANTES S.A
Diante do exposto, nego provimento ao recurso no ponto, mantendo


NEUENSCHWANDER(OAB: se deu em 03.05.2018 e a apresentação das razões recursais em
11839/PE)
15.05.2018, conforme se pode ver dos documentos Ids 32f649b e
PARPINELLI(OAB: 18614/PE) 71210c5.
RECORRIDO TIAGO JOSE ALVES
MELO(OAB: 35791/PE) d9ec309).
DIAS(OAB: 37219/PE) Preparo em ordem (Ids f6dc855, 5f6ffe2, a6f45dc, 852f73a e
RECORRIDO REFRESCOS GUARARAPES LTDA c924d83).
NEUENSCHWANDER(OAB: PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
11839/PE)
DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
PARPINELLI(OAB: 18614/PE) DO QUANTUM INDENIZATÓRIO POR DANOS MORAIS
Intimado(s)/Citado(s): Alegações:
- NORSA REFRIGERANTES S.A - violação aos artigos 223-G da CLT; 186, 944, 954, 927 do CC; 43
- REFRESCOS GUARARAPES LTDA do Decreto-Lei
- TIAGO JOSE ALVES
Nº 3.688/1941; e
Atendendo os requisitos formais para conhecimento do seu apelo,

PODER previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a parte recorrente
JUDICIÁRIO insurge-se contra o posicionamento do Colegiado regional ao pálio
de que "É inexistente o dano moral que enseje direito à reparação

Fundamentação
indenizatória, posto que não houve conduta ilícita, danos e, menos
RECURSOS DE REVISTA
ainda, foi demonstrada extensão ou nexo de causalidade entre os
dois primeiros"; acrescentando que o valor arbitrado foi excessivo,
REFRIGERANTES LTDA (atual denominação da REFRESCOS
requerendo sua redução, em obediência aos princípios da
GUARARAPES LTDA.), em face de acórdão proferido em sede de
razoabilidade e proporcionalidade.
Quanto aos temas epigrafados, segue transcrição do trecho do
0000185-89.2017.5.06.0312, figurando, como recorrido, TIAGO
acórdão impugnado (Id 0fe46e9):
JOSÉ ALVES.
"Considerando-se a inter-relação das matérias neles abordadas
- em homenagem ao princípio da celeridade processual -
Registre-se, inicialmente, que foi instaurado Incidente de
apreciam-se em conjunto os recursos das partes, no tocante à
Uniformização de Jurisprudência neste Egrégio Sexto Regional
indenização por danos morais:
sobre a seguinte questão jurídica: "O transporte de valores
O cerne da controvérsia concerne ao perigo experimentado pelo
(numerários e cheques) realizado por motoristas e ajudantes de
demandante, ao realizar transporte de numerário.
Como é sabido, verifica-se o dano moral nas hipóteses em que
alguém é ilicitamente submetido a constrangimentos, e tem ferido
extrapatrimoniais?", o que motivou o sobrestamento de todos os
direito personalíssimo, tais como a honra, a boa fama, a imagem.
(...)
No caso examinado, entendo que restou configurada a prática de
ato ilícito e a comprovação induvidosa de prejuízo causado ao ex-
empregado.
Processo Civil.
Com efeito, declarou a testemunha do reclamante do processo
Ainda, a petição de Id a7b57a4 requer a desconsideração e
0001439/2016 (id 29fbe5a - fls. 1.111/1.112) que:
exclusão do recurso de revista interposto sob Id 51591c6, alegando
"[...]
equívoco na apresentação do apelo por se tratar de outra demanda.
normalmente os pagamentos feitos pelos clientes são feitos à vista,
Pedido que se acolhe. Assim, a análise fica limitada ao recurso de
em espécie; que raramente a reclamada aceita cheques e também
revista interposto pela NORSA REFRIGERANTES LTDA.
é muito difícil que os clientes façam pagamento através de boletos;
que tanto os ajudantes de entrega como o motorista podem receber

os valores de clientes; que o cofre do carro é pequeno e já ocorreu continuidade do perigo e a angústia suportada pelo demandante
de receberem R$ 23.000,00 de um cliente em Xucuru, distrito de (desde 14.09.2010), bem como o fato de não ter sido o suplicante
Belo Jardim, e o numerário não caber no cofre; que esse cliente vítima de assaltos.
sempre fazia uma compra grande e sempre pagava em dinheiro; Provejo parcialmente o apelo do acionante, no aspecto."
que já recebeu R$ 300,00 em moedas e não havia espaço para Quanto ao dano moral, o entendimento do órgão fracionário está em
guardar o numerário; que todos ficavam preocupados com assaltos consonância com a recente e iterativa interpretação dada à matéria
e corriam para o veículo para tentar guardar logo o dinheiro, quando pela SBDI-1 dessa mesma Corte Superior. É o que se extrai do
era possível; que não era da mesma equipe do reclamante, mas já seguinte precedente:
trabalhou com ele algumas vezes; que os problemas relatados são "RECURSO DE EMBARGOS. REGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.
comuns às demais equipes; que já conversaram com os superiores, TRANSPORTE DE VALORES. EMPRESA DISTRIBUIDORA DE
a fim de que acabasse com a possibilidade de pagamento em BEBIDAS. EMPREGADO NÃO HABILITADO. DANO MORAL.
espécie, por causa da falta de segurança; que já sofreu um assalto, INDENIZAÇÃO. 1. A eg. Quinta Turma deu provimento ao recurso
no qual havia 4 criminosos em 2 motos, os quais mandaram o de revista interposto pelo reclamante, sob o fundamento de que,
depoente e os demais ficarem atrás do caminhão e eles tratando-se de empresa de outro setor econômico, que não o de
arrombaram o cofre; que o depoente chegou a levar uma coronhada segurança e transporte de valores, a realização habitual dessa
de um dos criminosos; que os criminosos levaram o dinheiro; que atividade pelo empregado, sem a necessária habilitação técnico-
outras equipes já sofreram assaltos, tendo uma equipe em 1 profissional, enseja o pagamento de indenização por dano moral,
semana sofrido 3 assaltos; que não recebeu treinamento sobre o em razão do descumprimento, pela empregadora, da exigência
recebimento de valores; que não havia escolta para os veículos; expressa no art. 10, § 4º, da Lei nº 7.102/1983. 2. Demonstrado o
que alguns clientes na rota do reclamante pagavam em boleto, mas dissenso pretoriano válido e específico, no tocante à hipótese de
era em pequenas quantias, por exemplo, R$ 200 a 300" (grifei). motorista de empresa distribuidora de bebidas, o recurso não logra
Por sua vez, a preposta da reclamada asseverou que"é permitido o êxito quanto ao mérito. A jurisprudência iterativa, notória e atual
recebimento de numerário pela equipe de entrega; que não sabe desta Corte é firme no sentido de que o direito à redução dos riscos
informar qual a quantia máxima recebida diariamente por uma inerentes ao trabalho, assegurado no art. 7º, XXII, da Constituição
equipe; que não sabe informar qual o percentual de clientes fazem o Federal e disciplinado na legislação específica dos serviços de
pagamento em dinheiro ou boleto". (grifei). transporte de valores, impõe reconhecer a ilicitude da conduta da
Observe-se, ainda, que, na própria peça de bloqueio, aduziu a empresa que atribui essa atividade a empregado sem o devido
reclamada que "o transporte de valores é, evidentemente, feito pelo treinamento, o que autoriza a manutenção da condenação ao
caminhão de entregas, cabe ao motorista receber o numerário, pagamento da indenização por dano moral, configurado "in re ipsa".
quando há, e depositar no cofre que se encontram no interior dos 3. O transporte de valores em veículos da empresa, contendo cofre,
caminhões." (fl. 465). evidencia o risco potencial a que estava submetido o empregado
Não me restam dúvidas, portanto, de que realmente essa prática responsável pela guarda do dinheiro recebido pelas vendas, sem o
ocorria na empresa, sendo inquestionáveis os riscos a que se necessário treinamento para a função, não tendo relevância, para
submetia o autor; inevitavelmente, o medo e a angústia o esse fim, a discussão em torno do montante do numerário existente
acompanhavam nessa tarefa,considerando-se os riscos de assaltos. no cofre. Recurso de embargos de que se conhece e a que se nega
Ademais, entendo que os valores declarados mostram-se elevados, provimento.(E-RR - 514-11.2013.5.23.0008 , Relator Ministro:
sendo irrelevantes as demais discussões quanto a esse aspecto. Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 23/06/2016,
Nessa esteira, voto no sentido de se confirmar o deferimento do Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de
pedido de pagamento de indenização por dano moral. Publicação: DEJT 01/07/2016)
Relativamente ao valor da indenização, é cediço que deve ser Por outro lado, a reavaliação dos critérios de arbitramento da
arbitrado pelo juiz de maneira equitativa, atendendo aos reclamos indenização por danos morais é matéria que demanda revolvimento
compensatório, pedagógico e preventivo. dos elementos probatórios dos autos, sendo certo que, consoante
(...) jurisprudência pacificada do TST, a sua análise em sede de
Observadas essas premissas, fixo em R$ 10.000,00 (dez mil reais) Recurso de Revista somente poderá ser feita em casos em que seja
o valor da indenização, o qual se afigura razoável e proporcional ao grosseira a afronta à proporcionalidade:
dano e a capacidade econômica das partes, considerando a "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. DANO

MORAL. INDENIZAÇÃO. FIXAÇÃO DO VALOR. RAZOABILIDADE
1. Na fixação do valor da indenização por dano moral, o órgão Assinatura
jurisdicional deve valer-se dos critérios da razoabilidade e da RECIFE, 24 de Outubro de 2018
proporcionalidade. 2. Há que atentar também para a gravidade
objetiva da lesão, a intensidade do sofrimento da vítima, o maior ou VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
menor poder econômico do ofensor, o caráter compensatório em Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
relação à vítima e repressivo em relação ao agente causador do Decisão

Processo Nº RO-0000550-43.2017.5.06.0313
dano. 3. A excepcional intervenção do Tribunal Superior do Relator MILTON GOUVEIA DA SILVA FILHO
Trabalho sobre o valor arbitrado, conforme jurisprudência RECORRENTE NORSA REFRIGERANTES S.A
sedimentada, somente é concebível nas hipóteses de arbitramento NEUENSCHWANDER(OAB:
11839/PE)
de valor manifestamente irrisório, ou de valor manifestamente
exorbitante. Unicamente em tais casos extremos impulsiona-se o PARPINELLI(OAB: 18614/PE)
RECORRENTE REFRESCOS GUARARAPES LTDA
recurso de revista ao conhecimento, por violação dos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade insculpidos no art. 5º, V e/ou NEUENSCHWANDER(OAB:
11839/PE)
X, da Constituição da República. 4. Caso em que o valor arbitrado ADVOGADO PETERSON CAPUCHO
RECORRIDO ERONIDES BEZERRA DA SILVA
(onze mil reais), não impulsiona o conhecimento do recurso de ADVOGADO JESSICA CAROLINA GONCALVES
DIAS(OAB: 37219/PE)
não se cuida de valor irrisório, tampouco exorbitante. 5. Agravo de MELO(OAB: 35791/PE)

- 1447-93.2011.5.06.0018 , Relator Ministro: João Oreste Dalazen, - ERONIDES BEZERRA DA SILVA
Data de Julgamento: 07/05/2014, 4ª Turma, Data de Publicação: - NORSA REFRIGERANTES S.A
- REFRESCOS GUARARAPES LTDA
DEJT 16/05/2014) - sem grifos no original.
"EMENTA: RECURSO DE REVISTA - RESPONSABILIDADE CIVIL
- ACIDENTE DO TRABALHO - DANOS MORAIS, MATERIAIS E
ESTÉTICOS O Eg. Tribunal Regional assinalou que, 'ao contrário PODER

dos argumentos da ré, o autor comprovou a existência do nexo de JUDICIÁRIO
causalidade entre o acidente tipo ocorrido em 16-01-12 e a cirurgia
Fundamentação
realizada em 11-05-2012, a qual foi realizada com a finalidade de
RECURSO DE REVISTA.
tratar lesões originárias daquele sinistro', restando caracterizados os
danos materiais, morais e estéticos. Entendimento diverso
REFRIGERANTES S.A., em face de acórdão proferido em sede de
demandaria o revolvimento de matéria fático-probatória,
procedimento vedado pela Súmula nº 126 do TST. DANOS
0000550-43.2017.5.06.0313, figurando, como recorrido, ERONIDES
MORAIS E ESTÉTICOS - VALOR DA INDENIZAÇÃO O Eg. TRT,
BEZERRA DA SILVA.
ao fixar o quantum indenizatório, pautou-se pelo princípio da
razoabilidade, com observância dos critérios de justiça e equidade,
não se justificando a excepcional intervenção desta Corte Superior.
(...)" (RR - 1646-34.2012.5.12.0012 , Relatora Ministra: Maria
sobre a seguinte questão jurídica: "O transporte de valores
Cristina Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento: 14/10/2015, 8ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 16/10/2015) - sem grifos no
original.
CONCLUSÃO
Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
Cumpram-se as formalidades legais.
Intimem-se.
jrb/vmm

Processo Civil. quando há, e depositar no cofre que se encontram no interior dos
Assim, passo ao exame dos pressupostos de admissibilidade. caminhões." (fl. 410).
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Não me restam dúvidas, portanto, de que realmente essa prática
O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação do acórdão ocorria na empresa, sendo inquestionáveis os riscos a que se
se deu em 06/04/2018 e a apresentação das razões recursais em submetia o autor; inevitavelmente, o medo e a angústia o
18/04/2018, conforme se pode ver dos documentos Ids 67f766d e acompanhavam nessa tarefa, considerando-se os riscos de
6beee71. assaltos. Ademais, entendo que os valores declarados mostram-se
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id elevados, sendo irrelevantes as demais discussões quanto a esse
3e9f228). aspecto.
Preparo efetuado corretamente (Ids 52f1f07, 7229c6f, c4e4a22, Nessa esteira, voto no sentido de se confirmar o deferimento do
966b6a5 e a40dd41). pedido de pagamento de indenização por dano moral.
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS Relativamente ao valor da indenização, é cediço que deve ser
DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS EM RAZÃO DO arbitrado pelo juiz de maneira equitativa, atendendo aos reclamos
TRANSPORTE IRREGULAR DE VALORES / DO VALOR compensatório, pedagógico e preventivo.
ARBITRADO Oportuna a transcrição de trecho do acórdão da lavra do Ministro do
Alegações: Tribunal Superior do Trabalho, Renato de Lacerda Paiva, ao julgar o
- violação aos arts. 186, 187, 927, 944/954, do CC; AIRR - 15216/2004-009-09-40, publicado no DJ em 12/09/2008, que
- divergência jurisprudencial estabeleceu alguns critérios para dimensionar concretamente o
Atendendo os requisitos formais para conhecimento do seu apelo, valor do dano moral, considerando a subjetividade que envolve a
previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a parte recorrente matéria, nos seguintes termos:
insurge-se contra o posicionamento do Colegiado regional, quanto (...)
ao dano moral em face do trabalho com entregas, movimentando Observadas essas premissas, fixo em R$ 10.000,00 (dez mil reais)
numerários e seu quantum. Alega, em resumo, que "sequer houve o valor da indenização, o qual se afigura razoável e proporcional ao
prova dos indispensáveis pré-requisitos para condená-la em dano e a capacidade econômica das partes, considerando a
indenização por danos morais" e, acrescenta que o valor arbitrado continuidade do perigo e a angústia suportada pelo demandante
foi excessivo, requerendo, alternativamente, sua redução. (empregado da ré desde 1º.02.2011), bem como o fato de não ter
Do acórdão impugnado extrai-se que (Id c4e4a22): sido o suplicante vítima de assaltos."
"Considerando-se a inter-relação das matérias neles abordadas Quanto ao dano moral, o entendimento do órgão fracionário está em
- em homenagem ao princípio da celeridade processual - consonância com o art. Com a recente e iterativa interpretação dada
apreciam-se em conjunto os recursos das partes, no tocante à à matéria pela SBDI-1 dessa mesma Corte Superior. É o que se
indenização por danos morais: extrai do seguinte precedente:
(...) "RECURSO DE EMBARGOS. REGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.
No caso examinado, entendo que restou configurada a prática de TRANSPORTE DE VALORES. EMPRESA DISTRIBUIDORA DE
ato ilícito e a comprovação induvidosa de prejuízo causado ao BEBIDAS. EMPREGADO NÃO HABILITADO. DANO MORAL.
empregado. INDENIZAÇÃO. 1. A eg. Quinta Turma deu provimento ao recurso
Com efeito, declarou a testemunha do reclamante do processo de revista interposto pelo reclamante, sob o fundamento de que,
0001439/2016 (id a3ba1bf - fls. 17/18) que: tratando-se de empresa de outro setor econômico, que não o de
(...) segurança e transporte de valores, a realização habitual dessa
Por sua vez, a preposta da reclamada asseverou que "é permitido o atividade pelo empregado, sem a necessária habilitação técnico-
recebimento de numerário pela equipe de entrega; que não sabe profissional, enseja o pagamento de indenização por dano moral,
informar qual a quantia máxima recebida diariamente por uma em razão do descumprimento, pela empregadora, da exigência
equipe; que não sabe informar qual o percentual de clientes fazem o expressa no art. 10, § 4º, da Lei nº 7.102/1983. 2. Demonstrado o
pagamento em dinheiro ou boleto". (grifei). dissenso pretoriano válido e específico, no tocante à hipótese de
Observe-se, ainda, que, na própria peça de bloqueio, aduziu a motorista de empresa distribuidora de bebidas, o recurso não logra
reclamada que "o transporte de valores é, evidentemente, feito pelo êxito quanto ao mérito. A jurisprudência iterativa, notória e atual
caminhão de entregas, cabe ao motorista receber o numerário, desta Corte é firme no sentido de que o direito à redução dos riscos

inerentes ao trabalho, assegurado no art. 7º, XXII, da Constituição DEJT 16/05/2014) - sem grifos no original.
Federal e disciplinado na legislação específica dos serviços de "EMENTA: RECURSO DE REVISTA - RESPONSABILIDADE CIVIL
transporte de valores, impõe reconhecer a ilicitude da conduta da - ACIDENTE DO TRABALHO - DANOS MORAIS, MATERIAIS E
empresa que atribui essa atividade a empregado sem o devido ESTÉTICOS O Eg. Tribunal Regional assinalou que, 'ao contrário
treinamento, o que autoriza a manutenção da condenação ao dos argumentos da ré, o autor comprovou a existência do nexo de
pagamento da indenização por dano moral, configurado "in re ipsa". causalidade entre o acidente tipo ocorrido em 16-01-12 e a cirurgia
3. O transporte de valores em veículos da empresa, contendo cofre, realizada em 11-05-2012, a qual foi realizada com a finalidade de
evidencia o risco potencial a que estava submetido o empregado tratar lesões originárias daquele sinistro', restando caracterizados os
responsável pela guarda do dinheiro recebido pelas vendas, sem o danos materiais, morais e estéticos. Entendimento diverso
necessário treinamento para a função, não tendo relevância, para demandaria o revolvimento de matéria fático-probatória,
esse fim, a discussão em torno do montante do numerário existente procedimento vedado pela Súmula nº 126 do TST. DANOS
no cofre. Recurso de embargos de que se conhece e a que se nega MORAIS E ESTÉTICOS - VALOR DA INDENIZAÇÃO O Eg. TRT,
provimento.(E-RR - 514-11.2013.5.23.0008 , Relator Ministro: ao fixar o quantum indenizatório, pautou-se pelo princípio da
Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 23/06/2016, razoabilidade, com observância dos critérios de justiça e equidade,
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de não se justificando a excepcional intervenção desta Corte Superior.
Publicação: DEJT 01/07/2016) (...)" (RR - 1646-34.2012.5.12.0012 , Relatora Ministra: Maria
Relativamente ao valor arbitrado ao dano moral, destaco que, Cristina Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento: 14/10/2015, 8ª
diversamente do que quer fazer crer o recorrente, a reavaliação dos Turma, Data de Publicação: DEJT 16/10/2015) - sem grifos no
critérios de arbitramento da indenização por danos morais é matéria original.
que demanda revolvimento dos elementos probatórios dos autos. Assim, incabível o processamento da Revista também nos termos
Consoante jurisprudência pacificada do TST, a sua análise em sede do art. 896, §7º, da CLT e da Súmula n.º 333 do TST.
de Recurso de Revista somente poderá ser feita em casos em que CONCLUSÃO
seja grosseira a afronta à proporcionalidade: Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. DANO Cumpram-se as formalidades legais.
MORAL. INDENIZAÇÃO. FIXAÇÃO DO VALOR. RAZOABILIDADE Intimem-se.
1. Na fixação do valor da indenização por dano moral, o órgão Je/AE

Processo Nº RO-0001822-81.2015.5.06.0171
Trabalho sobre o valor arbitrado, conforme jurisprudência Relator SOLANGE MOURA DE ANDRADE
sedimentada, somente é concebível nas hipóteses de arbitramento RECORRENTE JAIRO RODRIGUES DA SILVA
ADVOGADO JURANDIR GOMES PILAR(OAB:
de valor manifestamente irrisório, ou de valor manifestamente 14156/PE)
exorbitante. Unicamente em tais casos extremos impulsiona-se o RECORRIDO TRINO FRIO ARMAZENS GERAIS
LTDA
recurso de revista ao conhecimento, por violação dos princípios da ADVOGADO LEVI DA CUNHA PEDROSA
X, da Constituição da República. 4. Caso em que o valor arbitrado Intimado(s)/Citado(s):

pelo Tribunal Regional do Trabalho, no importe de R$ 11.000,00 - JAIRO RODRIGUES DA SILVA
- TRINO FRIO ARMAZENS GERAIS LTDA
(onze mil reais), não impulsiona o conhecimento do recurso de
não se cuida de valor irrisório, tampouco exorbitante. 5. Agravo de
instrumento de que se conhece e a que se nega provimento" (AIRR PODER

- 1447-93.2011.5.06.0018 , Relator Ministro: João Oreste Dalazen, JUDICIÁRIO
Data de Julgamento: 07/05/2014, 4ª Turma, Data de Publicação:
Fundamentação

--RECURSO DE REVISTA--- foi promovido e nada recebeu a título de promoção, nem a
Trata-se de Recurso de Revista interposto por JAIRO RODRIGUES Recorrida provou suas alegações de que a única diferença
DA SILVA, em face de acórdão proferido nos autos da Reclamação remuneratória diz respeito ao adicional de insalubridade, através de
Trabalhista 0001822-81.2015.5.06.0171, figurando, como recorrida, Convenção Coletiva de Trabalho. O pedido do Recorrente diz
TRINO FRIO ARMAZÉNS LTDA. respeito à acúmulo de funções, não necessitando, assim, de
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS paradigma nem a exordial tratou da matéria". Requer, assim, o
O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão pagamento das diferenças salariais em razão do acúmulo de
recorrida se deu em 04/09/2018 e a apresentação das razões função.
recursais em 14/09/2018, conforme se pode ver dos documentos Acerca do tema, o magistrado a quo, proferiu a seguinte decisão, in
Ids c9a3a26 e 215dbd0. verbis:
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id "No que concerne ao alegado acúmulo de funções, é consabido
4820877). que, no âmbito do direito do trabalho brasileiro, pleito da espécie
Dispensado o preparo (Id 9eb3a68). somente pode ser legalmente bem sucedido e tiver por fundamento
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS três situações bem específicas: a) o empregado exerce função
DAS DIFERENÇAS SALARIAIS/ACÚMULO DE FUNÇÕES idêntica a de outro, um paradigma, cujo salário é maior, embora
Alegações: conte diferença de tempo de serviço na função de menos de dois
- violação aos artigos 7º, XII e XVI, da CF; 456, 818, da CLT; 373, anos e execute trabalho de igual valor; b) o empregado
do CPC; e implementou todas as condições jurídicas para ascender à função
- divergência jurisprudencial. melhor remunerada, prevista no plano de cargos e salários
Atendendo aos requisitos formais para conhecimento do seu apelo, empresarial, registrado no Ministério do Trabalho; c) a função
previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, o exercida pelo empregado tem previsão de piso salarial estipulado
reclamante/recorrente pretende a reforma do julgado que indeferiu em norma coletiva.
seu pleito de diferenças salariais. Alega que faz jus ao acréscimo Na hipótese dos autos, o autor não fundamentou a pretensão em
salarial, em face do acúmulo de função sob a égide de que, apesar nenhuma dessas situações. Na realidade, o propósito, ao que tudo
de ter sido contratado para exercer a função de auxiliar de indica, é ver prevalecer o julgamento de que desenvolvia um cargo
plataforma (carga e descarga), acumulou a função de auxiliar de múltiplo (auxiliar de cargas e descargas e de câmara fria
câmara júnior sem qualquer acréscimo na remuneração. Sustenta cumulativamente). Essa pretensão autoral, possivelmente se deve à
que esse acúmulo ocorreu desde o início do pacto laboral mantido crença de que as atividades que exercia na reclamada envolvia
com a recorrida. Na sequência, requer o pagamento de horas tarefas que lhe pareciam incompatíveis com denominação do cargo
extras. Argumenta que laborava das 8h00 às 17h00, de segunda a registrado na CTPS, apenas auxiliar de cargas.
sábado, com uma hora de intervalo intrajornada. Sustenta que as A postulação, por óbvio, é descabida, na medida em que, se o risco
horas extras eram pagas de forma incorreta, vez que fazia mais 20 da atividade econômica é todo do empresário, somente ao
horas por mês. Defende que impugnou as folhas de ponto empregador, e a ninguém mais, cabe definir as funções
colacionadas pela empresa, recorrida. Busca a reforma do acórdão (nomenclatura e atribuições típicas) de que precisa para conduzir o
para que sejam deferidas as parcelas em epígrafe. Cita empreendimento e fixar o valor dos salários a elas correspondentes,
jurisprudência. ressalvadas apenas, repito, as três situações acima referenciadas,
Ao dirimir a lide, assim concluiu o Regional: em relação às quais a potestade do empregador é limitada por
"Do acúmulo de funções. normas legais ou convencionais.
Em suas razões recursais, afirma o reclamante que foi admitido na A toda evidência a tese do autor resulta de um equívoco de
condição de Auxiliar de Plataforma (carga de descarga) e que interpretação, considerando que, na espécie, não se pode sequer
acumulou as atividades de Auxiliar de Câmara Júnior, sem o alegar a ocorrência de alteração contratual ilícita, porquanto,
recebimento do acréscimo salarial devido. Assinala que "O Juízo a conforme narrado pelo próprio, o autor teria executado essas
quo se equivocou, totalmente, uma vez que o Apelante não pediu tarefas desde o início do liame. A propósito dessa matéria, o
diferença salarial e não fez qualquer referência a outro colega na parágrafo único do art. 456 da CLT é muito claro: À falta de prova
peça exordial, sendo, portanto, uma interpretação errada do prolator ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito, entender-se-á que o
da sentença que prejudica o Recorrente, inclusive, esclareceu que empregado se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a

sua condição pessoal. funções administrativas de estoquista e de vendedor, bem como
Para evitar equívocos desnecessários, esclareço que se a intenção que o cargo de analista de suporte comercial tem como principal
do autor era receber salário igual a de outros empregados que atribuição o controle de estoque. O Tribunal Regional, através da
faziam as mesmas coisas com remuneração superior, era análise do acervo fático-probatório, inferiu que "as atividades de
indispensável que ele apontasse quem seriam esses colegas, haja estoquista e vendedor não configuram acréscimo desproporcional
vista que a interpretação do art. 461, a contrario sensu, permite que às atividades inerentes à função de analista de suporte comercial,
o empregador pague salários diferentes para a mesma função, para a qual o autor foi contratado", não reconhecendo, portanto, o
bastando que haja tempo de serviço superior a dois anos ou que o acúmulo de funções. Além disso, ainda que se discorde da tese
modelo trabalhe com melhor perfeição técnica ou maior adotada no acórdão regional, ficou claro não haver prova bastante
produtividade. do exercício da função específica do vendedor. Dessa forma,
O pedido não procede, destarte, bem assim, as repercussões somente pelo reexame dos fatos e provas seria possível afirmar que
postuladas". o Reclamante exercia atividades estranhas para as quais foi
Alega a parte autora, em sua petição inicial, afirma que foi contratado - o que, contudo, é inviável nesta instância
contratada como Auxiliar de Plataforma (carga e descarga), no extraordinária, diante do óbice da Súmula 126/TST. Agravo de
entanto, acumulou a função de Auxiliar de Câmara Júnior, sem instrumento desprovido. (...) (AIRR - 984-14.2014.5.03.0186 ,
nunca ter recebido qualquer acréscimo salarial. Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento:
Em sede de contestação, a parte ré rechaçou a pretensão do autor. 11/11/2015, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/11/2015)
Afirmou que, na verdade, este foi contratado em 06.11.2012 para RECURSO ORDINÁRIO PATRONAL. ACÚMULO DE FUNÇÕES.
exercer a função de Auxiliar de Carga e Descarga e que, em NÃO OCORRÊNCIA. Inexiste acúmulo de função quando o
outubro de 2013, foi promovido para a função de Auxiliar de Câmara reclamante, além de desempenhar a função de vendedor para a
Júnior, percebendo, como última remuneração, o importe de R$ qual foi contratado, também exercia outras atividades compatíveis
770,00. Acrescentou que, em 27/06/2014, o autor foi com a função contratada, até porque decorre do jus variandi
imotivadamente dispensado, ocasião em que percebeu reconhecido ao empregador. Trata-se do princípio da máxima
corretamente todos os seus haveres rescisórios, não fazendo jus, colaboração que o empregado deve ao empregador, uma vez que
assim, a qualquer diferença salarial. se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua
Diante, então, dos limites da lide, competia ao demandante a prova condição pessoal, nos termos do artigo 456, parágrafo único, da
de suas alegações. Exegese dos artigos 818, da CLT c/c 373, I, do CLT. Resta prejudicado a análise do apelo obreiro. (Processo: RO -
NCPC. 0000119-33.2014.5.06.0145, Redator: Ruy Salathiel de
De início, impende destacar que o contrato de trabalho, nos moldes Albuquerque e Mello Ventura, Data de julgamento: 04/04/2016,
do parágrafo único do art. 456 da CLT, não possui, em regra, um Terceira Turma, Data da assinatura: 04/04/2016)
conteúdo específico respeitante à prestação de serviços, sendo que DIREITO DO TRABALHO. RECURSO OBREIRO. ACÚMULO DE
o empregado se obriga a cumprir, dentro do seu horário de trabalho, FUNÇÕES. DIFERENÇAS SALARIAIS INDEVIDAS. O exercício
todas as tarefas e atribuições compatíveis com a sua situação pelo trabalhador de atribuição relativa a cargo que não consta de
pessoal que forem determinadas pelo empregador. sua CTPS não gera o direito a diferenças salariais, quando restar
Nesse sentido, confira-se a jurisprudência, in verbis: evidenciado que as tarefas eram compatíveis com sua condição
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. pessoal, não se exigir conhecimentos técnicos especializados e
PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. 1. DIFERENÇAS forem as atribuições realizadas no mesmo local de trabalho, como
SALARIAIS. ACÚMULO DE FUNÇÕES. ANALISTA DE SUPORTE cuida a hipótese em liça. Ademais, de se ressaltar que, in casu,
COMERCIAL. ESTOQUISTA E VENDEDOR. MATÉRIA FÁTICA. restou evidenciado que o empregador agiu dentro dos limites do jus
SÚMULA 126/TST. O simples exercício de algumas tarefas variandi, com o fito de adequar a prestação do labor às
componentes de uma outra função não traduz, automaticamente, a necessidades do empreendimento. Indevido, pois, o plus salarial
ocorrência de uma efetiva alteração funcional no tocante ao postulado à peça intróita. Recurso obreiro a que se nega
empregado. É preciso que haja uma concentração significativa do provimento. (Processo: RO - 0000071-68.2012.5.06.0008, Redator:
conjunto de tarefas integrantes da enfocada função para que se Maria do Socorro Silva Emerenciano, Data de julgamento:
configure a alteração funcional objetivada. Na hipótese, consta do 23/05/2013, Primeira Turma, Data de publicação: 30/05/2013)
acórdão que o autor, desde o início do contrato, sempre exerceu as Assim, o mero exercício de atribuições integrantes de outra função,

dentro da mesma jornada de trabalho, não configura acúmulo de que registrava o ponto consignando os horários efetivamente
funções, eis que ausente acréscimo desproporcional às tarefas praticados, além de confirmar o gozo do intervalo de uma hora para
originariamente desempenhadas pelo obreiro, mormente quando alimentação e descanso intrajornada. Diante desse quadro, caberia
estas se revelam compatíveis com a sua condição pessoal. a ele, reclamante, apontar, ainda que por simples amostragem, em
Da análise da CTPS obreira (id. b164f8b), observo que o mesmo foi que mês o pagamento do sobrelabor foi incompleto, haja vista que a
admitido em 06.11.2012 como Auxiliar de Carga e Descarga, com empresa trouxe aos fólios digitais todos os controles de jornada e os
salário de R$ 653,10. respectivos holerites. Cumpre observar que há registro de
Em seu depoimento, o reclamante afirmou que, inicialmente, foi pagamento de horas extras em diversos meses. Destarte, como o
contratado para exercer a função de Auxiliar de Plataforma e que, autor não fez essa demonstração, devo presumir a regularidade da
posteriormente, passou a desempenhar, também, a função de quitação inerente aos referidos documentos.
Auxiliar de Câmara. Vejamos: O pedido não procede, bem assim as repercussões pleiteadas".
"Que foi contratado para exercer a função de auxiliar de plataforma, A jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, por meio da Súmula
que consiste em executar serviços de carga e descarga de nº 338, sedimentou entendimento de que a juntada dos cartões de
caminhões e carretas; que, além disso, fazia o transporte de cargas ponto, para as empresas que possuam mais de 10 trabalhadores, é
de carne sobre pallets, utilizando um equipamento conhecido como o meio de prova, por excelência, adequado à demonstração da
patinha dotada de quatro rodas; que, depois de um ano da jornada de trabalho.
contratação, passou a ser designado para trabalhar como auxiliar Do mesmo modo que a falta de apresentação dos controles de
de câmara, sem que tenha ocorrido qualquer alteração salarial, frequência gera presunção relativa quanto à jornada indicada na
exceto o adicional de insalubridade, que passou a receber desde petição inicial, há de se presumir verdadeiro o conteúdo quando tais
então (...)". documentos são corretamente colacionados.
Por sua vez, o preposto da empresa ré afirmou que entre as Isso significa que, uma vez apresentados os cartões de ponto, o
funções de Auxiliar de Plataforma e Auxiliar de Câmara não havia conteúdo ali insculpido, em regra, só poderá ser desconsiderado
diferença salarial propriamente dita, já que apenas havia o caso reste provada, robustamente, a falsidade das informações.
pagamento do adicional de insalubridade para esta última, tal como No caso, os espelhos de ponto acostados aos autos contêm
afirmado pelo autor em seu depoimento, in verbis: horários de entrada e saída bastante variados, inclusive com
"Que, efetivamente, o reclamante trabalhava com carga e descarga diversos registros de extrapolação da jornada normal.
e depois de algum tempo passou a lidar com o transporte de carnes Ao impugnar a veracidade desses registros, o reclamante atraiu
para a câmara fria; que não há diferença entre o salário de auxiliar para si o ônus de comprovar suas alegações, consoante os arts.
de plataforma e auxiliar de câmara, haja vista que a única diferença 818 da CLT e 373, I, do NCPC, do qual não se desincumbiu a
remuneratória diz respeito ao adicional de insalubridade pago ao contento.
segundo, em virtude do ingresso na câmara fria, e indevido para o Isso porque o próprio autor, em seu depoimento, confirmou a
primeiro". (grifei) correção dos horários anotados nos cartões de ponto. Vejamos:
No mais, a parte reclamante não produziu qualquer prova a este "(...) que batia o próprio ponto de trabalho, consignando os horários
respeito, mormente porque sequer apresentou testemunhas efetivamente praticados, inclusive no concernente ao intervalo
capazes de corroborar a sua tese, ônus que lhe competia a teor dos intrajornada; que usufruía o intervalo de uma hora para alimentação
arts. 818 da CLT e 373, do NCPC. e descanso intrajornada".
Por todo o exposto, entendo que o autor, de fato, não se Por fim, considerando o pagamento de horas extras nos
desincumbiu do ônus probatório pertinente à matéria, devendo ser contracheques do reclamante, cabia a ele demonstrar eventuais
mantida a sentença, que julgou improcedente o pedido de diferenças devidas, encargo do qual não se desincumbiu
diferenças salariais por acúmulo de funções. satisfatoriamente, uma vez que se limitou a alegar genericamente
Nego provimentoao apelo, no particular. que "as horas extras eram pagas de forma incorreta, uma vez que
Das horas extras. fazia mais de 20(vinte) horas por mês."(Id. 1b0315b - Pág. 2).
Acerca do tema, o magistrado a quo proferiu a seguinte decisão, in Sendo assim, entendo que a parte demandante não se
verbis: desenvencilhou do seu encargo probatório, à luz do que preceituam
"Sem embargo do teor da petição inicial e da impugnação os arts. 818 da CLT e 373, inciso I, do NCPC, de modo que a
digitalizada às fls. 135/137, o próprio reclamante confessou em juízo manutenção da sentença, neste aspecto, é medida que se impõe.

Assim, nego provimento ao apelo ordinário obreiro." Ordinário, nos autos da reclamação trabalhista 0001570-
Confrontando as assertivas da parte recorrente com os 90.2017.5.06.0015, figurando como recorrido HOSPITAL DE ÁVILA
fundamentos do acórdão regional, tenho que a revista não comporta LTDA..
processamento, pois o órgão fracionário decidiu as questões PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
veiculadas no presente apelo com base no conjunto probatório O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão
contido nos autos e de acordo com a legislação pertinente às recorrida se deu em 13/09/2018 e a apresentação das razões
espécies. Destarte, a controvérsia diz respeito largamente a recursais em 19/09/2018 (Ids 0b4d79a e b3c2631).
matérias de natureza fática. A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
O insurgimento do recorrente consiste, pois, apenas em 92d4f3f).
interpretação dos fatos diversa daquela conferida pelo Regional. Desnecessário o preparo.
Deste modo, as alegações lançadas pela parte nas razões PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
recursais, em sentido contrário, somente são aferíveis por meio de VALIDADE DO PEDIDO DE DEMISSÃO
reexame fático, o que não é possível por meio desta nesta via Alegações:
recursal (Súmula nº. 126 do TST). Por consequência, fica - violação aos artigos 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal; 477,
inviabilizado o exame pertinente à divergência jurisprudencial §1º, 483, da CLT; 166 do CC; e
específica (Súmula nº 296 desse mesmo órgão superior). - divergência jurisprudencial.
CONCLUSÃO Cumprindo os requisitos previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da
Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista. CLT, a parte recorrente busca a reforma do acórdão, a fim de que
Cumpram-se as formalidades legais. seja reconhecida a rescisão indireta do contrato de trabalho e,
Intimem-se. consequentemente, determinado o pagamento das verbas
cp/AE rescisórias dai decorrentes, por ter o reclamado incorrido em mora
salarial e deixado de efetuar os recolhimentos fundiários em sua
conta vinculada.
Assinatura Do acórdão impugnado exsurge:
RECIFE, 24 de Outubro de 2018 "A rescisão indireta do contrato de trabalho encontra arrimo quando
descumpridas obrigações pelo empregador, no âmbito da relação
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO de trabalho, revestindo-se de justa causa para a resolução
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região contratual. Prevista no art. 483, da CLT, confere ao empregado o
Decisão direito de considerar rescindido o contrato, bem como pleitear as
Processo Nº RO-0001570-90.2017.5.06.0015
Relator PAULO ALCANTARA indenizações decorrentes, se ocorridas as hipóteses nele previstas,
RECORRENTE MARIANA LINS DA SILVA quando presente falta grave do empregador, devendo ainda ser
ADVOGADO ROSSANA CARVALHO PIMENTEL
DOS SANTOS(OAB: 32193/PE) revestido de imediatidade.
RECORRIDO HOSPITAL DE AVILA LTDA No presente caso, ao invés de pleitear em Juízo a rescisão indireta,
ADVOGADO SANDRO MARZO DE LUCENA
ARAGAO(OAB: 18116/PE) a autora preferiu pedir demissão do emprego (ID. e8adcb5), em
09/11/2015, sem indicar naquele momento qualquer falta contratual

da empregadora e sem apontar qualquer ressalva neste sentido
- HOSPITAL DE AVILA LTDA
quando da homologação do TRCT perante o sindicato de classe
- MARIANA LINS DA SILVA
(ID. 3c06106).
Cuide-se, também, que, como a validade da carta de demissão
restou confirmada pela narrativa apresentada na exordial, não se

PODER
pode reputar nulo o pedido de demissão espontaneamente
JUDICIÁRIO
realizado pela empregada, vez que não há discussão quanto à
Fundamentação inexistência de vício de vontade na prática daquele ato.
RECURSO DE REVISTA Como se não fosse o bastante, depõe ainda contra a pretensão
Trata-se de Recurso de Revista interposto por MARIANA LINS DA autoral o fato de o ajuizamento da ação para que fosse reconhecida
SILVA, em face de acórdão proferido em sede de Recurso a rescisão indireta ter se dado em 27/10/2017, ou seja, quase dois


anos após a data em que a autora deixou, por iniciativa própria, de PARPINELLI(OAB: 18614/PE)
prestar serviços ao reclamado. NEUENSCHWANDER(OAB:
11839/PE)
Portanto, ainda que as obrigações do contrato de trabalho tenham
PERITO JOAO HENRIQUE BUENO LOPES
sido descumpridas pelo empregador e sejam capazes de ensejar de
rescisão indireta, esta deve ser requerida em juízo, consoante Intimado(s)/Citado(s):
estabelece o art. 483, "d" e § 3.º, da CLT. - MARCELO AMARO DO NASCIMENTO

(...)
Assim sendo, a sentença recorrida deve ser mantida, uma vez que
restou comprovado que a ruptura contratual se deu por iniciativa da
trabalhadora, mediante pedido escrito de dispensa por motivos PODER
particulares, inexistindo alegação de vício de consentimento ou JUDICIÁRIO
prova de que o término do vínculo tenha decorrido do

Fundamentação
descumprimento de obrigações por parte do empregador."
RECURSO DE REVISTA.
fundamentos do acórdão regional, tenho que a revista não comporta
REFRIGERANTES LTDA. em face de acórdão proferido em sede
processamento, pois o Regional decidiu as questões veiculadas no
de Recurso Ordinário, nos autos da Reclamação Trabalhista nº
presente apelo com base no conjunto probatório contido nos autos e
0000377-59.2016.5.06.0311, figurando, como recorrido, MARCELO
de acordo com a legislação pertinente à espécie. Assim, as
AMARO DO NASCIMENTO.
alegações lançadas pela parte nas razões recursais, em sentido
contrário, somente seriam aferíveis através de reexame fático, o
que não é possível por meio desta via recursal (Súmula nº 126 do
se deu em 14/09/2018 e a apresentação das razões recursais em
TST). Por consequência, fica inviabilizado o exame pertinente à
26/09/2018, conforme se pode ver dos documentos Ids 51c91da e
divergência jurisprudencial específica (Súmulas nº 296 desse
5862365.
mesmo órgão superior).
CONCLUSÃO
6a60159).
Diante do exposto, DENEGO seguimento ao apelo.
Preparo efetuado corretamente (Ids b161cf2, ee607e1, 0f4e7a6,
12d4b90 e 59ac11e).
Intimem-se.
snl/AE
DA INEXISTÊNCIA DE HORAS EXTRAS - CONTROLE DE
Assinatura
JORNADA / LABOR EM INTERVALOS INTERJORNADA / DA
NATUREZA INDENIZATÓRIA DOS INTERVALOS
DA APLICAÇÃO DA SÚMULA 340 DO TST; E OJ nº 235, da SBDI-

I, do TST
DA "INDENIZAÇÃO DE LANCHE" - INEXISTÊNCIA DE
Decisão
Processo Nº RO-0000377-59.2016.5.06.0311 OBRIGAÇÃO
Relator PAULO ALCANTARA Alegações:
RECORRENTE MARCELO AMARO DO
NASCIMENTO - contrariedade às Súmulas 277, 337, 338, 340, do TST; OJ nº 235,
ADVOGADO MARGARETE CRUZ ALBINO DE 355 e 397, do TST;
SOUZA(OAB: 14842-D/PE)
RECORRENTE NORSA REFRIGERANTES S.A - violação ao art.5º, II, da CF;
ADVOGADO PETERSON CAPUCHO - violação aos arts. 66, 71 e 818, da CLT; 373, I, do CPC;
ADVOGADO ANTONIO HENRIQUE - divergência jurisprudencial
NEUENSCHWANDER(OAB:
11839/PE) Atendendo os requisitos formais para conhecimento do seu apelo,
RECORRIDO MARCELO AMARO DO previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a parte recorrente
NASCIMENTO
ADVOGADO MARGARETE CRUZ ALBINO DE insurge-se contra o posicionamento do Colegiado regional, quanto
SOUZA(OAB: 14842-D/PE)
ao temas acima citados. Diz que o recorrido não se desincumbiu
quanto à inexistência de intervalo intra e interjornadas. Insiste na

natureza indenizatória dos intervalos invocando os artigos 66 e 71, III da Súmula 437 do TST. Autoriza-se a exclusão dos dias não
da CLT. Pede aplicação da Súmula 340, e OJ 235, da SBDI-I, trabalhados e a dedução de valores pagos a tal título, desde que
ambas do TST caso mantidas a condenação em horas extras, em comprovados nos autos.
face do tipo de remuneração percebida pelo recorrido. Ressalta a Já quanto ao intervalo interjornada, não merece reforma o julgado
inexistência de obrigação de fornecimento de lanche por dois singular, porquanto se observa dos controles de ponto,
motivos: primeiro, porque não eram feitas horas extras e, em reconhecidos como válidos, que nem sempre era cumprida a
segundo, porque não se pode converter a obrigação de dar em determinação constante do artigo 66 da CLT, como, por exemplo,
obrigação de pagar. cite-se o dia 01/03/2012, em que largou às 22h23, recomeçando o
Do acórdão impugnado extrai-se que (Id 12d4b90): labor às 06h35 do dia posterior (ID. 6c442c2 - Pág. 3).
"Da jornada de trabalho (tema comum aos recursos) Por fim, não restam dúvidas quanto à natureza salarial do intervalo
(...) interjornada, já que a Orientação Jurisprudencial nº 355 da SDI-1 do
A respeito do intervalo intrajornada, destaco que era ônus do autor TST dispõe expressamente que "o desrespeito ao intervalo mínimo
provar a sua não fruição, tendo em vista a validade que foi conferida interjornadas previsto no art. 66 da CLT acarreta, por analogia, os
aos controles da jornada, que inclusive trazem a pré-assinalação do mesmos efeitos previstos no § 4º do art. 71 da CLT". Desse modo,
intervalo para descanso e refeição. correta a decisão monocrática que determinou que a referida
Dos depoimentos trazidos aos autos como prova emprestada pelo parcela repercuta no aviso prévio, repouso semanal remunerado,
reclamante, verifica-se que, não obstante a jornada ser realizada férias + 1/3, FGTS e 13º salário.
externamente, por vezes, o intervalo em questão não era usufruído (...)
em sua integralidade, face a quantidade de entregas. Da indenização pelo não fornecimento de refeição
É o que se verifica, por exemplo, do depoimento da testemunha (...)
Reinaldo Inácio Bezerra, cujo interrogatório foi colhido nos autos do Verifica-se que referida parcela constitui obrigação prevista nos
processo nº 0000059-10.2015.5.06.0312, ao asseverar que "(...) Acordos Coletivos de Trabalho, cujas cópias foram anexadas aos
que não podia tirar 1h de almoço porque a empresa ficava autos (como se vê, por exemplo, na cláusula 12ª do ACT 2012/2013
pressionando, através de ligações; (...) que por semana conseguia - ID. 7fbe2fe - Pág. 5), textual:
tirar 1h de intervalo uma a duas vezes por semana; (...)" (v. ID. "Será assegurado ao empregado, que no mesmo dia exceda a sua
d9e1cf1 - Pág. 3). jornada normal de trabalho em 02 (duas) horas extras, sem nenhum
Acrescido a isso, cumpre-se destacar que a testemunha patronal, ônus para o mesmo, refeição compatível com as suas
em depoimento adotado como prova emprestada, embora tenha necessidades."
afirmado o gozo integral do intervalo mínimo para descanso e Tal obrigação consiste no fornecimento de refeição compatível com
refeição, declarou "(...) que a empresa não controlava o tempo de as necessidades do empregado, no caso de exceder a sua jornada
intervalo, nem antes nem após o controle de ponto; (...)" em duas horas diárias.
(Depoimento de José Moacir da Silva Júnior - v. ID. d9e1cf1). Ressalte-se que, no período de 2011 a 2013, as normas coletivas
Não socorre, portanto, a reclamada o argumento de que não tinha não previam qualquer condicionante ao recebimento da refeição,
como fiscalizar todas rotas, vez que se trata de obrigação do exceto a prestação de horas extraordinárias.
empregador fiscalizar a correta fruição do intervalo intrajornada. Assim, no caso dos autos, reconhecida a validade dos controles de
Assim, confrontando o depoimento da testemunha do autor, alhures jornada juntados aos autos e constatada, por meio deles, que
destacado, com o teor da exordial, observo que, salvo um dia por jornada normal era, por vezes, excedida em mais de 2 (duas) horas
semana, o reclamante não gozava integralmente de intervalo diárias, é devida a indenização pelo não fornecimento de refeição,
intrajornada. consoante instrumentos normativos referidos.
Por essas razões, neste particular, merece reparo o julgado de piso, Claro está o cometimento de ato ilícito de parte da reclamada, que,
a fim de condenar a reclamada, pelo período imprescrito, ao muito embora tenha alongado a jornada do trabalhador como
pagamento de hora extra pela concessão parcial do intervalo descrito na norma coletiva em debate, não lhe forneceu o lanche
intrajornada, com adicional convencional - e, na sua ausência, o de correspondente. Incide ao caso, portanto, o artigo 927 do Código
50% - e reflexos no aviso prévio, férias mais terço constitucional, Civil, segundo o qual "aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
13º salários, FGTS+40% e repouso semanal remunerado, diante de causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo".
sua incontestável natureza salarial, nos moldes do contido no item Considerando que os instrumentos normativos de trabalho referidos

acima trazem fixados os valores do vale refeição, reputo correta a Súmula 340, do TST."
decisão de primeiro grau que observou a isonomia de valores pagos Confrontando todos argumentos da parte recorrente com os
a título de alimentação." fundamentos do acórdão regional, tenho que a revista não comporta
E, no acórdão dos embargos (Id d4ae102): processamento, pois o Regional decidiu as questões veiculadas no
"No acórdão vergastado, esta Turma deu parcial provimento ao presente apelo com base no conjunto probatório contido nos autos,
apelo autoral, no sentido de condenar a reclamada, pelo período na legislação pertinente à matéria e ainda aplicou as Súmulas 338 e
imprescrito, ao pagamento de hora extra pela concessão parcial do 437, do TST. Além disso, as alegações lançadas pela parte nas
intervalo intrajornada, com adicional convencional - e, na sua razões recursais, em sentido contrário, somente seriam aferíveis por
ausência, o de 50% - e reflexos legais, diante de sua incontestável meio de reexame fático, o que não é possível por meio desta via
natureza salarial, nos moldes do contido no item III da Súmula 437 recursal (Súmula nº 126 do TST). Por consequência, fica
do TST, autorizando a exclusão dos dias não trabalhados e a inviabilizado o exame pertinente à divergência jurisprudencial
dedução de valores pagos a tal título, desde que comprovados nos específica (Súmula nº 296 desse mesmo órgão superior).
autos. CONCLUSÃO
Ocorre, contudo, que a reclamada, tanto na contestação (ID. Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
61e1f12 - Pág. 20/21) como nas contrarrazões recursais (ID. Cumpram-se as formalidades legais.
68510be - Pág. 31), havia requerido que, na hipótese de Intimem-se.
deferimento de horas extras, por perceber o reclamante Je/AE
remuneração composta de parcela fixa (salário) mais parcela Assinatura
variável (premiação), fosse aplicada, por analogia, a Súmula 340 do RECIFE, 25 de Outubro de 2018
TST.
Sendo assim, vislumbrado o vício apontado, passo a saná-lo VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
apenas para dizer que a pretensão da reclamada não tem respaldo Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
jurídico. Decisão
Processo Nº RO-0000405-36.2016.5.06.0017
Isso porque, como bem alegado pelas partes e da própria análise Relator MARIA DO SOCORRO SILVA
EMERENCIANO
da documentação acostada aos autos, verifica-se que a
RECORRENTE JULYANA PINTO DA SILVA VINHAES
remuneração do reclamante era composta de salário mais prêmios. ADVOGADO BRUNO DE OLIVEIRA VELOSO
Neste sentir, não podendo o reclamante ser enquadrado na
RECORRENTE MANPOWER STAFFING LTDA.
categoria de "comissionista", seja "puro" ou "misto", como ADVOGADO ADRIANO ALVES DA MOTA(OAB:
255303/SP)
convencionou chamar a doutrina, absolutamente inaplicável à
RECORRIDO MANPOWER STAFFING LTDA.
hipótese a referida norma sumulada, tanto mais porque restrita aos ADVOGADO ADRIANO ALVES DA MOTA(OAB:
255303/SP)
casos em que o empregado é remunerado por meio de comissões.
RECORRIDO JULYANA PINTO DA SILVA VINHAES
Esclareça-se que os prêmios, diferentemente das comissões, não ADVOGADO BRUNO DE OLIVEIRA VELOSO
remuneram implicitamente as horas trabalhadas, mas acrescentam
ao salário do empregado um valor como forma de recompensá-lo Intimado(s)/Citado(s):

pelo seu bom desempenho, quer em relação à produtividade, às - JULYANA PINTO DA SILVA VINHAES
- MANPOWER STAFFING LTDA.
vendas, à assiduidade ou outro comportamento que, ao olhar do
empregador, mereça ser estimulado.
Assim, o princípio que justifica a remuneração apenas com o
adicional das horas extras prestadas pelo comissionista - proibição PODER

do bis in idem- não se faz presente quando se trata dos prêmios. JUDICIÁRIO
Pelo exposto, neste particular, acolho os embargos de declaração
Fundamentação
da reclamada para sanar a omissão apontada quanto ao exame do
RECURSO DE REVISTA
pedido formulado na contestação e nas contrarrazões recursais de
Trata-se de Recurso de Revista interposto por JULYANA PINTO DA
aplicação da Súmula 340, do TST, a fim de, apreciando-o, nos
SILVA VINHAES, em face de acórdão proferido em sede de
termos da fundamentação a qual passa a integrar o acórdão
julgamento de Recurso Ordinário, nos autos da Reclamação
originário, dizer que não se aplica à hipótese dos autos o teor da
Trabalhista nº. 0000405-36.2016.5.06.0017, figurando como

recorrida, MANPOWER STAFFING LTDA. exercia alto cargo "uma vez que, incontroversamente, o salário da
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recorrente era de R$ 3.700,00, ou seja, aproximadamente 4
O apelo é tempestivo, tendo em vista a publicação da decisão (quatro) salários mínimos apenas, sendo superior tão somente em
recorrida em 18/07/2018 e a apresentação das razões deste apelo R$ 500,00 (quinhentos reais) aos trabalhadores que foram
em 30/07/2018, conforme se pode ver dos documentos de Ids albergados por um reajuste compulsório previsto na norma coletiva
f0b7fcc e f187314. de trabalho. Desse modo, requer a diferença de salário, aviso
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id. prévio, férias indenizadas e proporcionais, gratificação natalina
abdd334). profissional, FGTS e multa rescisória, decorrentes do reajuste
Preparo dispensado (Id c74277d). salarial, sob pena de incidência da multa do artigo 467 da CLT. Por
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS fim, justifica a interposição do apelo porquanto violados os
DA IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO princípios constitucionais da razoabilidade e proporcionalidade,
DIFERENÇAS DE COMISSÕES decorrentes do artigo 5º, § 2º, da CLT.
INTERVALO PREVISTO NO ARTIGO 384 DA CLT Acerca das matérias transcrevo os seguintes trechos do acórdão
FÉRIAS EM DOBRO recorrido:
DA RESCISÃO COMPLEMENTAR, EM VIRTUDE DE REAJUSTE Da irregularidade de representação da reclamada.
DA CATEGORIA - ÔNUS DA PROVA DA NEGOCIAÇÃO - A recorrente insiste no reconhecimento de irregularidade de
CONTRARIEDADE À RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE representação da reclamada, uma vez que a carta de preposição e
VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E procuração foram assinadas pela Diretora de nome Erika Destro,
RAZOABILIDADE contudo, diz que ela não detém poderes para tanto, uma vez que
Alegações: apenas o Sr. Nilson Pereira teria poderes de administração e gestão
- contrariedade à Súmula 383 do TST; da empresa, de acordo com a 44ª alteração societária. Alega que foi
- violação aos artigos 5º, § 2º, da Constituição Federal; 76, § 1º, 395 concedido pelo Juízo de primeiro grau prazo para a reclamada
do CPC; 137, 145, 384 e 458 da CLT; sanar o erro, mas que ficou inerte, consumando-se a preclusão, o
Atendendo aos requisitos formais para conhecimento do seu apelo, que torna a defesa inexistente e acarreta a revelia da reclamada e,
previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a parte recorrente consequentemente, devem ser aplicados os efeitos legais
alega que a reclamada não apresentou justificativa legal capaz de decorrentes.
superar a preclusão e sanar o vício de representação. Acrescenta Ora, a irregularidade de representação denunciada é um vício
que o juízo monocrático concedeu prazo para sanar a irregularidade sanável, nos termos do art. 76 do CPC/2015, razão pela qual o MM.
e a ré permaneceu inerte. Ressalta a invalidade da procuração juízo "a quo" concedeu prazo para que fosse sanado o vício
outorgada à patronesse que subscreveu a defesa, pois firmada por (despacho de ID. nº a6af859 e notificação ID. nº 0c02c69), sem
pessoa sem poderes para tanto. Pugna por diferenças de culminar, na oportunidade, qualquer aplicação de penalidade.
comissões, ao fundamento de que houve alteração unilateral do Na petição de ID. 1f597c8, a reclamante volta a denunciar a
contrato. Diz que a ré, além de ter reduzido o percentual da irregularidade de representação, requerendo decretação da revelia
comissão de 10% para 4%, reduziu a base de cálculo do valor do da reclamada e encerramento ou antecipação da sessão de
contrato fechado com o cliente, para o valor de candidato efetivado audiência de instrução. O MM. juízo "a quo" então, concedeu vista à
pela recorrente, deduzido, da base de cálculo, o valor de R$ parte adversa para manifestação em 15 (quinze) dias, conforme
5.000,00 por mês, resultando enormes prejuízos à trabalhadora. despacho de ID. 480edf6.
Prossegue asseverando fazer jus ao intervalo previsto no artigo 384 A reclamada, no prazo concedido, juntou a procuração outorgada
da CLT, pois comprovado o labor extraordinário e a ausência de pelo Sr. Nilson Pereira a Diretora Financeira Erika Destro (ID. nº
fruição do referido descanso (15 minutos). Visa o pagamento em 243f65d), regularizando a sua representação processual.
dobro das férias (mais 1/3) 2012/2013. Afirma que o acórdão fere os Em assim sendo, entendo que não é o caso de decretar a revelia da
princípios da razoabilidade e proporcionalidade, ao transferir-lhe o reclamada, como pretende fazer crer a recorrente.
ônus de comprovar ter buscado uma negociação com a reclamada Nego provimento ao recurso.
para fins de reajuste salarial na data-base da categoria. Destaca Das diferenças de comissões.
que resta desarrazoado imputar-lhe a iniciativa de uma negociação Reitera a recorrente sua alegação de que faz jus ao recebimento de
salarial, ante a sua posição de hipossuficiente. Frisa que não diferenças de comissões, na forma postulada na exordial.

Pois bem. obreira, uma vez que a 1ª testemunha, Sra. Fabiana Barbosa dos
Alegou a reclamante que foi contratada pela reclamada para Santos Cavalcanti, disse que apenas "tem conhecimento" de que a
receber salário composto de parte fixa e variável. Disse que a parte reclamante recebia salário mais comissões.
variável do salário (comissões) corresponderia a 10% (dez por Já a 2ª testemunha, Sra. Cristiane Sérgio da Silva, embora tenha
cento) sobre todo e qualquer contrato fechado na filial Recife, mencionado que as comissões devidas pela reclamada à
consoante carta de oferta de emprego (documento chamado "Offer reclamante deveria ser de 10% (dez por cento) sobre todos os
Letter"). Ainda informou que o faturamento médio mensal dos contratos da filial, apenas foi contratada em março de 2012, razão
contratos fechados na unidade de Recife perfazia R$ 200.000,00 pela qual não poderia ter conhecimento de fatos relativos à data de
(duzentos mil reais), e a comissão pactuada e contratada deveria admissão da autor, que ocorreu em 20/06/2011, muito menos
ser no valor médio de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) por mês, mas acerca de condições contratuais das comissões porventura
que jamais foi apurada e paga. pactuadas na formalização do vínculo empregatício da reclamante.
A reclamada, em sua contestação (ID. 4833788), negou que tivesse Assim, decidiu com acerto o MM. juízo "a quo" que, diante da prova
pactuado valor de comissão a incidir sobre o faturamento da colhida, indeferiu o pleito de diferença de comissões.
empresa, afirmando que "Sabe a Reclamante que a regra na offer Recurso improvido no tópico.
letter era dos contratos fechados por ela, e por isso nunca reclamou (...)
qualquer diferença salarial durante 5 anos". Da jornada de trabalho.
Negando a reclamada a forma de remuneração denunciada, o Argumenta a recorrente que a recorrida deve ser condenada ao
encargo processual de comprovar que na celebração do pacto pagamento das horas extraordinárias, bem como pela supressão do
laboral as comissões foram ajustadas no patamar indicado na intervalo previsto no artigo 384 da CLT, com as devidas
exordial, incumbia à reclamante, por se tratar de fato constitutivo do repercussões, sob o argumento de que a prova testemunhal
seu direito, a teor do disposto nos artigos 818 da CLT e 373, I, do comprovou a jornada extraordinária apontada na inicial.
CPC/2015, conforme se posiciona a jurisprudência, in verbis: Equivocada a recorrente, pois, ao contrário do que pretende fazer
"COMISSÕES. ÔNUS DA PROVA. É do reclamante o ônus de crer, o conjunto probatório dos autos revela que sua jornada de
provar eventual pagamento de comissões em patamares inferiores trabalho era das 08:30 às 17:30 horas, de segunda a sexta-feira,
aos demais empregados, por ser esse fato constitutivo de direito com uma hora de intervalo intrajornada.
seu, nos termos dos arts. 818, da CLT, e 373, I, do CPC." (TRT-11 Observe-se o que foi dito pela 1ª testemunha, Sra. Fabiana Barbosa
00004097120165110005, Relator: SOLANGE MARIA SANTIAGO dos Santos Cavalcanti, de que "(...) o horário de trabalho era das
MORAIS, Gabinete da Desembargadora Solange Maria Santiago 08:30 às 17:30h, o intervalo era de 01h a 01h e 15 mins, de
Morais) segunda-feira a sexta-feira".
"RECURSO DE REVISTA - COMISSÕES. ÔNUS DA PROVA. Também esclareceu a 2ª testemunha, Sra. Cristiane Sérgio da
REQUISITOS DE PACTUAÇÃO. Competia a Autora demonstrar Silva, nos autos do Proc. 0000480-14.2016.5.06.0005 (ID. cc24c0d),
que restou acordado que a Reclamada lhe pagaria, além do salário que "(...) trabalhava nos mesmos horários que a reclamante, ou
fixo, comissões pelas vendas realizadas. (...)" (TST - RR: seja, das 08h30 às 12h30 e das 13h30 às 17h30, de segunda a
2358004020095180010, Relator: Márcio Eurico Vitral Amaro, Data sexta".
de Julgamento: 28/10/2015, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT Por outro lado, a jornada de trabalho cumprida pela reclamante não
03/11/2015). ultrapassava aquela prevista no art. 7º, inciso XIII, da Constituição
Entretanto, da análise das provas produzidas, não restou Federal, de oito horas diárias e quarenta e quatro semanais.
cabalmente comprovada a existência de diferenças de comissões, Logo, não há de se falar em pagamento de horas extraordinárias ou
uma vez que o documento no qual fundamenta a reclamante seu de supressão do intervalo previsto no artigo 384 da CLT.
pleito, qual seja, Carta de Oferta ("Offer Lettter") de ID. nº ec10e50 Recurso a que se nega provimento.
não confirma que as comissões seriam pagas no valor Das férias
correspondente a 10% (dez por cento) sobre todo e qualquer Neste tópico, a reclamante insiste no recebimento das férias do
contrato fechado pela filial Recife, muito menos há prova de que o período aquisitivo 2012/2013, em dobro, sob o argumento de que
faturamento mensal dos contratos fechados perfazia o valor médio não foram concedidas nos 12 (doze) meses subsequentes ao
de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). período aquisitivo.
A prova testemunhal, por sua vez, em nada favoreceu a tese Ocorre que a reclamada comprovou a concessão antecipada das

férias, entre os dias 27/05/2013 e 25/06/2013, inclusive pagando o (...)
terço constitucional das férias, conforme recibo de ID. 5b3f074. PARÁGRAFO QUINTO: Os empregados que percebem salários
A reclamante, por sua vez, reconhece que desfrutou da licença iguais ou superiores a R$ 3.200,00 (três reais), terão seus salários
remunerada (de 27/05/2013 e 25/06/2013), mas diz que "não reajustados por negociação direta entre eles e os respectivos
poderia gozar férias cujo direito sequer havia adquirido", razão pela empregadores, não se aplicando automaticamente, por
qual seria devido o pagamento da dobra postulada. conseguinte, os percentuais de reajustes acima concedidos."
Concordo com o julgador de primeiro grau quando afirmou que "(...) (grifei).
a lei não permite a concessão extemporânea do gozo e pagamento Da análise dos recibos de pagamentos de ID. nº 18a8f00a e do
(art. 137 da CLT), mas, não fixa qualquer punição pelo fato de haver TRCT-Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho de ID. e94492a,
sido concedida antecipadamente". De fato, não há óbice legal para o salário da autora por ocasião da rescisão contratual era de R$
que as férias sejam antecipadas, na conveniência da empregadora, 3.727,50 (três mil, setecentos e vinte e sete reais e cinquenta
inexistindo violação do art. 137 da CLT a ensejar o pagamento da centavos), superior, portanto, ao teto estabelecido na norma coletiva
dobra, até porque a reclamante não comprovou ter sofrido qualquer (R$ 3.200,00) para aplicação automática dos reajustes da classe,
prejuízo. exigindo uma negociação direta entre a reclamante e sua
Sobre o tema, vale citar a jurisprudência, in verbis: empregadora.
"FÉRIAS. CONCESSÃO ANTES DE ESGOTADO O PERÍODO A demandante, por sua vez, não comprovou ter negociado com a
AQUISITIVO. POSSIBILIDADE. A lei estabelece o limite máximo de reclamada qualquer ajuste no seu salário, na respectiva data-base
concessão os 12 meses subsequentes ao período aquisitivo. Não (1º de janeiro). Portanto, a obreira não é credora de diferenças de
há óbice legal para que as férias sejam concedidas antes do fim do verbas rescisórias, como alega.
período aquisitivo quando não houver prejuízo ao trabalhador. Destarte, nego provimento ao recurso também neste ponto.
Outrossim, ao empregador compete o agendamento do período de Confrontando os argumentos expostos nas razões recursais com os
descanso anual, de acordo com a conveniência de sua atividade. fundamentos do acórdão impugnado, tenho que a revista não
(TRT12. 02837-04.2013.5.12.0005.Juíza Lília Leonor Abreu - comporta processamento, pois o Regional decidiu as questões
Publicado no TRTSC/DOE em 05-06-2014). veiculadas no presente apelo, com base no conjunto probatório
Nada a reformar, pois. contido nos autos e na legislação pertinente à matéria. Não
Nego provimento ao recurso. vislumbro, portanto, as violações e as contrariedades invocadas,
Da diferença de verbas rescisórias. Da data-base da categoria. consistindo o insurgimento da recorrente, tão somente, no
Por fim, sustenta a recorrente que foi dispensada sem justa causa inconformismo com a solução dada à lide ou, quando muito,
em 11/01/2016, mas a data base da categoria econômica é o dia 1º interpretação diversa daquela conferida pelo Regional. Além disso,
de janeiro, e foi pactuado na Convenção Coletiva de Trabalho o as alegações lançadas pela parte, em sentido diverso, somente
reajuste da categoria no percentual de 8,65%, devido desde o dia seriam aferíveis através de reexame das provas carreadas ao feito,
01/01/2016, fazendo jus ao recebimento da diferença de verbas o que não é possível por meio desta via recursal (Súmula nº 126 do
rescisórias decorrentes do reajuste da categoria. TST).
Pois bem. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
Incontroverso que o contrato de trabalho da reclamante perdurou de Alegações:
20/06/2011 a 11/01/2016. A recorrente sustenta, em síntese, haver comprovado o assédio
Dúvidas também não pairam que a data-base da categoria é em 01º moral. Assevera que, a partir de 2013, a gerente da recorrida
de janeiro, mas a Convenção Coletiva de Trabalho 2016/2016, passou a persegui-la, isolando-a dos colegas de trabalho, fazendo
vigente por ocasião da ruptura contratual, estabelece em seu insinuações pejorativas de cunho profissional e pessoal, atingindo a
parágrafo 5º, da cláusula 4ª, o seguinte: sua honra e imagem.
"CLÁUSULA QUARTA - DOS REAJUSTES SALARIAIS Não obstante o inconformismo apresentado, o apelo não ultrapassa
Fica concedido e/ou garantido aos empregados que percebem os o crivo da admissibilidade recursal.
pisos da categoria profissional, um reajuste salarial a partir de 1º É que a Lei nº 13.015/2014, de 22/09/2014, acrescentou o §1º-A ao
(primeiro) de janeiro de 2016, no percentual de 11,67 % (onze art. 896 da CLT, introduzindo novos requisitos formais ao
vírgula sessenta sete por cento), aplicados aos salários praticado no processamento dos recursos de revista, que impuseram à parte,
mês de janeiro de 2015. sob pena de não conhecimento do seu apelo, o dever de: 1) indicar,

para cada tema trazido ao reexame, o trecho da decisão recorrida Assim, a necessidade da transcrição do trecho que consubstancia a
que consubstancia o prequestionamento da controvérsia; 2) violação e as contrariedades indicadas, e da demonstração analítica
apresentar tese explícita e fundamentada de violação legal, de da divergência jurisprudencial, visa a permitir a identificação precisa
contrariedade à Súmula de jurisprudência da C. Corte Revisora ou e objetiva da tese supostamente ofensiva a lei, à segurança das
Orientação Jurisprudencial da mesma, à Súmula Vinculante do E. relações jurídicas e à isonomia das decisões judiciais, de modo que
STF ou de dissenso pretoriano que entenda existir; 3) impugnar contribua para a celeridade da prestação jurisdicional, possibilite a
todos os fundamentos jurídicos da decisão recorrida; e 4) formação de precedentes como elementos de estabilidade e a
transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de decisão do TST contribua para a formação da jurisprudência
nulidade de julgado por negativa de prestação jurisdicional, o trecho nacionalmente unificada. Precedentes. 4 - Recurso de embargos
dos embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do conhecido e desprovido. (Processo Nº E-ED- RR-0000552-
tribunal sobre questão veiculada no recurso ordinário e o trecho da 07.2013.5.06.0231; Relator Min. Alexandre de Souza Agra
decisão regional que rejeitou os embargos quanto ao pedido, para Belmonte; Subseção I Especializada em Dissídios Individuais; DEJT
cotejo e verificação, de plano, da ocorrência da omissão. (Incluído de 16/06/2016).
pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017). AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
A respeito cito o seguinte julgado da Corte Superior Trabalhista: ADMISSIBILIDADE. LEI 13.015/2014. PREQUESTIONAMENTO.
EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO. ART. 896, § 1º-A, I,
EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº DA CLT. 1. A Lei nº 13.015/2014 exacerbou os pressupostos
13.015/2014. RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A intrínsecos de admissibilidade do recurso de revista, como se extrai
TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE do novel art. 896, § 1º-A, da CLT. 2. O novo pressuposto e ônus do
IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO recorrente consistente em 'indicar o trecho da decisão recorrida que
DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º consubstancia o prequestionamento' não se atende meramente por
-A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. 1 - meio de menção ou referência à folha do acórdão em que se situa,
A e. 7ª Turma não conheceu do recurso de revista patronal, que tampouco mediante sinopse do acórdão, no particular. A exigência
versava sobre os temas horas extras, intervalo intrajornada, hora in em apreço traduz-se em apontar a presença do prequestionamento
itinere e multa por embargos de declaração protelatórios, (salvo vício nascido no próprio julgamento) e comprová-lo mediante
ressaltando o não preenchimento do requisito inscrito no artigo 896, transcrição textual do tópico nas razões recursais. Somente assim
§ 1º-A, I, da CLT, uma vez que interpôs recurso de revista sem se atinge a patente finalidade da lei: propiciar ao relator do recurso
transcrever o trecho da decisão recorrida que consubstancia o de revista no TST maior presteza na preparação do voto ao ensejar
prequestionamento da controvérsia (fl. 601); 2 - Efetivamente, não que, desde logo, confronte o trecho transcrito com o aresto acaso
se sustenta a tese recursal de que, ainda que não transcritos apontado como divergente, ou com a súmula cuja contrariedade
literalmente, foram devidamente indicados e prequestionados no acaso é alegada, ou a violação sustentada de forma analítica pelo
recurso de revista todos trechos da decisão recorrida objeto da recorrente. 3. Inadmissível recurso de revista interposto sob a égide
controvérsia, os quais mereciam o devido enfrentamento na forma da Lei nº 13.015/2014 (decisões publicadas a partir de 22/9/2014)
do art. 896, § 1º-A, I, da CLT (fl. 617); 3 - Embora o dispositivo em em que a parte não cuida de transcrever o trecho do acórdão
comento utilize o verbo indicar, referindo-se ao requisito formal ali regional em que repousa o prequestionamento da controvérsia
inscrito, esta Corte Superior tem exigido a transcrição do trecho da transferida à cognição do TST. 4. Agravo de instrumento da
decisão regional que consubstancia o prequestionamento da Reclamada de que se conhece e a que se nega provimento. (TST-
controvérsia objeto do apelo, firme no entendimento de que a AIRR-767-73.2014.5.08.0107, 4ª Turma, Rel. Min. João Oreste
alteração legislativa empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse Dalazen, DEJT 18/12/2015).
aspecto, constitui pressuposto de adequação formal de Na hipótese dos autos, considerando que o recorrente não
admissibilidade do recurso de revista e se orienta no sentido de apresentou tese explícita e fundamentada de violação legal, de
propiciar a identificação precisa da contrariedade a dispositivo de contrariedade à Súmula de jurisprudência da C. Corte Revisora ou
Lei e a Súmula e do dissenso de teses, afastando-se os recursos de Orientação Jurisprudencial da mesma, ou à Súmula vinculante do E.
revista que impugnam de forma genérica a decisão regional e STF ou dissenso pretoriano, inviabilizado está o conhecimento de
conduzem sua admissibilidade para um exercício exclusivamente seu apelo, nos termos da norma consolidada acima mencionada.
subjetivo pelo julgador de verificação e adequação formal do apelo. CONCLUSÃO

Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista. acordo extrajudicial apresentado por ela em conjunto com Fabio
Cumpram-se as formalidades legais. José Maia Serrano. Assegura que os transigentes preencheram
Intimem-se. todos os requisitos impostos por lei para a composição de acordo
AE extrajudicial. Observa que a transação extrajudicial entabulada
Assinatura pelas partes atende aos requisitos legais contidos nos artigos 855-B
RECIFE, 25 de Outubro de 2018 ao 855-D da CLT, e não se verifica que há vício de consentimento
ou prejuízo processual, respeitando assim, o princípio da boa-fé
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO estampado nos artigos 113 e 422 do Código Civil.
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região Extraio do acórdão os seguintes fundamentos:

Decisão A princípio, importa registrar que a recente lei nº 13.467/2017 incluiu
Processo Nº RO-0000028-36.2018.5.06.0101
Relator GISANE BARBOSA DE ARAUJO na CLT os artigos 855-B a 855-E, os quais tratam do processo para
RECORRENTE MERCK SHARP & DOHME homologação de acordo extrajudicial. Não obstante, embora tenha
FARMACEUTICA LTDA
ADVOGADO KATARINY RENATA ASSIS DE conferido esta Justiça Especializada competência para a matéria,
não compele o magistrado à respectiva homologação. É o
ADVOGADO DANIEL DOMINGUES CHIODE(OAB:
173117/SP) entendimento que já estava consagrado na Súmula 418/TST, ainda
RECORRIDO FABIO JOSE MAIA SERRANO
editada anteriormente aos novos dispositivos trazidos com a Lei
ADVOGADO FABIO PORTO ESTEVES(OAB:
16433/PE) 13.467/2017 e a interpretação que também pode ser extraída da
alíena "f" do art. 652 e do parágrafo único do artigo 855-E, da CLT.

Não se olvida a possibilidade, em tese, de quitação, por meio de
- FABIO JOSE MAIA SERRANO
- MERCK SHARP & DOHME FARMACEUTICA LTDA acordo, dos títulos oriundos de contrato de trabalho, desde que
realizada minuciosa análise dos subsídios que dão suporte à
conciliação. Isto com a precaução principal de se evitarem
supressão de direitos, ato lesivo, indícios de fraude, coação ou

PODER
qualquer prática que venha a prejudicar direitos, sejam das partes,
JUDICIÁRIO
ou mesmo de eventuais terceiros interessados, a exemplo do
Fundamentação Estado, credor dos recolhimentos fiscais e previdenciários derivados
RECURSO DE REVISTA da ação.
Trata-se de Recurso de Revista interposto por MERCK SHARP & É o que ponderam Antônio Umberto de Souza Júnior, Fabiano
DOHME FARMACEUTICA LTDA., em face de acórdão em sede de Coelho de Souza, Ney Maranhão e Platon Teixeira de Azevedo
Recurso Ordinário nos autos da Reclamação Trabalhista nº Neto, em "Reforma Trabalhista. Análise Comparativa e Crítica da lei
0000028-36.2018.5.06.0101, figurando como recorrido, FABIO 13.467/2017" - Ridel, julho/2017, p. 441:
JOSE MAIA SERRANO. "É preciso ter cautela, porém, de não se imaginar que a função do
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS magistrado, em tais casos, se traduza em reles função
O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão administrativa: dado o caráter contemporâneo da atuação do juiz
recorrida se deu em 10.09.2018 e a apresentação das razões em tais procedimentos sem litígio (prévio, ao menos), tem-se como
recursais em 18.09.2018 (Ids 8f72886 e 3f6ee70). espécie inequívoca de atividade jurisdicional já que a lei não reserva
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Ids ao juiz, nos procedimentos da chamada jurisdição voluntária, ao
bc24f4d e a263cd7). exigir sua chancela para a outorga de eficácia ao ato consensual
Preparo efetuado corretamente (Ids 5a11961, c269d4a e 8d46f09). dos requerentes, o papel coadjuvante de mero homologador de
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS qualquer coisa que lhe tragam as partes. Seja sobre o objeto, seja
ACORDO EXTRAJUDICIAL sobre a forma e seja sobre os sujeitos envolvidos, cabe ao juiz,
Alegações: independente de qualquer provocação, avaliar a juridicidade e
- violação aos artigos 5º, XXXVI, da CF; 855-B e 855-D da CLT; 321 eticidade do pedido que lhe é dirigido" - destaque no original
do CPC. Pois bem. Da análise dos presentes autos, observa-se que o termo
Atendendo aos requisitos para conhecimento de seu recurso, a de acordo extrajudicial juntado aos autos para homologação é
recorrente insurge-se contra o indeferimento da homologação de complessivo, constando apenas a previsão de pagamento de valor

global de R$ 85.595,70, em troca da quitação plena e total do voluntária", em que se exige por lei a comunhão de interesses para
contrato de trabalho firmado entre as partes, despido de agir (art. 855-B, CLT), e se aplicando o paralelismo recursal no
discriminação de qualquer parcela. Nele não consta o período exame da admissibilidade, tal requisito - a voluntariedade expressa
contratual a ser quitado, mas apenas a data de desligamento. Nada e conjunta - não poderia ser dispensado quando da interposição do
se menciona nem mesmo acerca do salário que era pago. recurso.
Diferente do que se argumenta em razões de recurso, não veio a Ademais, o Código de Processo Civil, por sua vez, disciplina
estes autos sequer o TRCT onde se poderiam colher dados a idêntica matéria (homologação de acordo de qualquer valor - artigo
conferir suporte à análise de validade da pretensão, tais como: 725, inciso VIII), qualificado o "procedimento" (e não "processo")
salário, função, forma de desligamento, verbas já quitadas (ou não), como jurisdição voluntária, utilizando o termo "interessados" no
etc, o que reforça a temeridade da homologação, desafiando, lugar de "partes". Desta feita, afastou-se qualquer outro
inclusive, a diretriz de interpretação restritiva que rege a figura entendimento que remeta a ideia de contenda processual.
jurídica da transação (artigo 843 do Código Civil). Nesse sentido, destaco Manoel Antônio Teixeira Filho, em "O
Portanto, ainda que se aproveitassem os documentos juntados Processo do Trabalho e a Reforma Trabalhista" - LTR, agosto/2017,
apenas com a interposição do recurso em análise (comprovante de p. 186, ao comentar exatamente o referido artigo 855-B:
transferência bancária e declaração de IR - fls. 52/53), "Conforme dissemos, ao comentarmos o art. 653, alínea "f", da CLT,
permaneceria impossível aferir se houve a renúncia de direitos o que, habitualmente, se tem designado de jurisdição voluntária
indisponíveis do trabalhador, bem como fraude a crédito fiscal ou traduz, sob a perspectiva da acriboligia jurídica, um contrassenso,
previdenciário da União. Assim, não há violação ao artigo 321/CPC, pois não há, aqui, atividade jurisdicional (mas, administração pública
haja vista que os documentos agora juntados pela empresa não de interesses privados), nem partes (mas, inreressados), nem
serviam e não servem ao fim que almeja, logo, não suprem a processo (e sim, mero procedimento), nem voluntariedade, pois a
carência de subsídios detectada tanto pelo juízo "a quo", agora instauração do procedimento depende de iniciativa do interessado.
reforçada por esta Instância revisora. Convém rememorar que o vocábulo processo significa o método ou
Some-se a isso o fato de que o valor posto à homologação (R$ técnica de que se utiliza o Estado para solucionar os conflitos de
85.595,70), por não ser exato, "redondo", permite deduzir que para interesses ocorrentes entre os indivíduos ou as coletividades, ou
que se chegasse a tal resultado, antes foram realizadas contas a entre uns e outros. No procedimento da homologação não há
respeito das verbas a que faria jus o empregado, frutos do contrato conflito, se não que convergência de interesses."
de trabalho havido. Ora, se assim foi feito, não há razões para que Prossegue o doutrinador, já vislumbrando a possibilidade analisada
se deixe de realizar a respectiva juntada, providência que auxiliaria nestes autos - de interposição de recurso por apenas um dos
por demais o juízo competente a aferir se de fato não houve quebra requerentes, após recursa de homologação pelo juízo -,
no sinalagma contratual também no encerramento do liame. esclarecendo que, "se apenas uma delas recorrer, a outra deverá
Ainda, não se faculta às partes escolherem a natureza jurídica das ser admitida como litisconsorte unitária, uma vez que a decisão a
verbas sobre as quais devem ou não incidir as contribuições fiscais ser proferida pelo tribunal deverá ser uniforme para as partes. Não
e previdenciárias. Dizer, sem discriminação de qualquer verba, que poderia, à evidência, o tribunal declarar que o acordo seria válido,
todo o valor pago por ocasião da ruptura contratual refere-se à digamos, para o empregador, mas inválido para o trabalhador."(p.
"indenização paga por liberalidade do ex-empregador" caracteriza - 190-v)
em verdade e ao contrário do que alegam as partes - uma nítida Observo que o requerente/ex-empregado foi notificado a pronunciar
intenção de conhecida fraude inclusive perante a Previdência -se a respeito do recurso. Logo, foi chamado a participar também da
Social. fase revisora processual (embora tenha se mantido inerte), de modo
Não seria demais registrar que apenas a empresa interpõe o que não será surpreendido com a respectiva decisão. Assim, em
presente recurso ordinário, ou seja, recorre de forma solitária, em que pese estar cadastrado eletronicamente como "recorrido", por
que pese ter ajuizado a petição inicial em conjunto com empregado, limitações do próprio sistema, figurará, de fato, como litisconsorte
o que presume a manutenção do interesse apenas dela, empresa, à unitário, o que desde já se declara.
homologação nos moldes propostos. Pontuo, por fim, que o processo de homologação de acordo
Quanto ao aspecto, não seria demais argumentar que caberia extrajudicial previsto nos artigos 855-B a 855-E da CLT deve servir
inclusive se questionar a respeito do próprio interesse recursal em como ferramenta de viabilização à efetividade do princípio da
si. Isto porque, tratando-se de um procedimento de "jurisdição conciliação, que permeia, por certo, especialmente as lides

trabalhistas. Por outro lado, é sempre necessária a vigilância em Ordinário em procedimento sumaríssimo, nos autos da Reclamação
torno de todos os pormenores que o compõem, de modo que não Trabalhista nº 0000315-17.2017.5.06.0171, figurando como
se converta em mecanismo de sonegação de direitos, sejam do recorrido EDMILSON GOMES DA SILVA.
trabalhador, seja do Estado. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Confrontando os argumentos da parte recorrente com os de embargos de declaração se deu em 12.09.2018 e a
fundamentos do acórdão impugnado, tenho que a revista não apresentação das razões recursais em 24.09.2018, conforme se
comporta processamento, pois o Regional decidiu as questões pode ver dos Ids 5832b51 e d9fbd3d.
veiculadas no presente apelo com base na legislação pertinente e A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
no conjunto probatório contido nos autos. Não vislumbro, portanto, 2d3bfce).
as violações apontadas. Noutra senda, as alegações recursais em Preparo regular (Ids 02ab7d7 e 37d1765).
sentido contrário implicaria, necessariamente, o reexame de fatos e PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
provas - procedimento que encontra óbice na Súmula nº. 126 do MULTA POR EMBARGOS DECLARATÓRIOS
TST e inviabiliza a divergência jurisprudencial específica (Súmula EFEITOS DA SÚMULA 330 DO TST
nº. 296, item I, TST). HORAS EXTRAS - INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista. - contrariedade à Súmula 330 do TST;
Cumpram-se as formalidades legais. - violação aos artigos 5º, II, LV, 37, caput, 93, IX, da CF/88; 818 da
Intimem-se. CLT; 81, §3º, 1.023, § 2º, e 1026, § 2º, do CPC; e
/mscs/AE - divergência jurisprudencial.
Indicando expressamente o trecho da decisão recorrida que
Assinatura consubstancia o prequestionamento da controvérsia, objeto do
RECIFE, 24 de Outubro de 2018 presente apelo, nos termos do art. 896, § 1º-A, inc. I, da CLT, a
parte recorrente demonstra sua irresignação diante da multa de 2%
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO que lhe foi arbitrada na sentença pela oposição de embargos
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região supostamente protelatórios em 1º e 2º graus. Alega que agiu dentro
Decisão da legalidade, apresentando a medida judicial prevista em lei para
Processo Nº ROPS-0000315-17.2017.5.06.0171
Relator RUY SALATHIEL DE ALBUQUERQUE sanar os defeitos existentes no acórdão e aperfeiçoar o julgado,
E MELLO VENTURA
bem como, evitar a preclusão de arguição de matérias. Caso não
RECORRENTE DESIDERATO MOVEIS S/A
ADVOGADO JOAO REINALDO PROTA seja excluída a multa, pede sua redução para 0,5%. Pugna pela
aplicação da Súmula nº 330 do TST, alegando que quitou as
ADVOGADO MARCOS VALERIO PROTA DE
ALENCAR BEZERRA(OAB: 14598/PE) parcelas discriminadas no TRCT, obedecendo aos ditames legais,
RECORRIDO EDMILSON GOMES DA SILVA
sem que houvesse oposição de qualquer ressalva. Por fim, insurge-
ADVOGADO MARCOS ANTONIO GOMES
CORREIA(OAB: 17856-D/PE) se contra a jornada laboral arbitrada pelo comando sentencial. Diz
que os registros de ponto carreados aos autos são absolutamente

aptos para a aferição da jornada de trabalho exercida pelo recorrido.
- DESIDERATO MOVEIS S/A
- EDMILSON GOMES DA SILVA Destaca que os mesmos não foram sequer impugnados pelo autor.
Transcrevo abaixo os trechos da decisão que fazem parte da
controvérsia:
"A multa aplicada tem fundamento específico na oposição de

PODER
embargos de declaração meramente procrastinatórios e não deve
JUDICIÁRIO
ser excluída por este Juízo de Revisão. Da leitura dos embargos, ID
Fundamentação -0875784, o que se infere é a nítida pretensão reformadora da
RECURSO DE REVISTA embargante, sabidamente incompatível - como regra - com a estrita
Trata-se de Recurso de Revista interposto por DESIDERATO finalidade dos aclaratórios. A utilização deste meio processual de
MÓVEIS S/A., em face de acórdão proferido em sede de Recurso fundamentação vinculada cinge-se às hipóteses em que se verifica

a existência de omissão, obscuridade, contradição ou manifesto jornada laboral pela empresa. Em face disso, a Súmula nº 338 do C.
equívoco na análise dos pressupostos de admissibilidade do apelo. TST dispõe: É ônus do empregador que conta com mais de 10
E nenhum desses vícios se fez presente no caso. A recorrente empregados o registro da jornada de trabalho, na forma do art. 74,
requereu manifestação expressa sobre a Súmula n. 330 do C. TST, §2º CLT. A não apresentação injustificada dos controles de
não obstante constar na sentença. Requereu, ainda, reapreciação frequência gera presunção relativa de veracidade da jornada de
da prova oral e documental. Essa postura, não trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. Dessa
autorizada/respaldada pela legislação processual, redunda na mera forma, o ônus de prova quanto à jornada laboral da reclamante
procrastinação da marcha processual e, por isso, deve ser inverte-se para a empresa, que tem maior aptidão para a
repreendida por esta Justiça Especializada, como de fato foi, tudo comprovação da jornada de trabalho, por meio dos cartões de
em consonância com o que autoriza o NCPC, em seu artigo 1.026, ponto. Não sendo estes apresentados, presume-se verídica a
§ 2º, inclusive no percentual aplicado. Recurso improvido, no jornada apontada pela reclamante na inicial. Inicialmente,
particular. (...) A Súmula 330, do C. TST, reclama interpretação à considerando a jornada aduzida de segunda a sexta, partindo da
luz do Princípio da Quitação Restrita. Assim, a rescisão contratual premissa que havia intervalo intrajornada em 01 hora já que não há
homologada pelo Sindicato Profissional desonera o empregador dos essa informação, não há extrapolação quanto ao limite semanal
valores consignados no termo, nos moldes do §2º, do artigo 477, da previsto constitucionalmente. A controvérsia recai, portanto, quanto
CLT. Interpretação que avança para além do que diz essa norma ao argumento autoral de que por volta de 05/06 vezes por mês
significa, evidentemente, violação do artigo 5º, inciso XXXV, da havia jornada das 08h00 às 20/21h00 por necessidade imperiosa e
CF/88. Recurso improvido, no particular. (...). O MM. Juízo de com apenas 30 minutos de intervalo intrajornada. Pois bem.
origem, ao apreciar a questão, ID-a438db9, concluiu pela existência Iniciando pela prova testemunhal, vejamos o depoimento do
do direito obreiro, apresentando para isso os seguintes reclamante, neste particular: "Que trabalhavam na empresa, na
fundamentos, textual: "[...] 2.3 - DA JORNADA DE TRABALHO. A época em que prestou serviços, cerca de cinquenta pessoas; que
reclamante narra que sua jornada de trabalho compreendida de sempre trabalhou externamente, que sempre trabalhou
segunda a quinta feira das 08h00 às 18h00 e das 08h00 às 17h00 externamente, fazendo a montagem de móveis; que normalmente
na sexta feira. e aos sábados das 10h00 às 15/16h00. Porém, pela parte da manhã o depoente comparecia ao estabelecimento e
assevera que em média de cinco a seis vezes ao mês, a jornada seguia para realizar a montagem de móveis adquiridos pelos
elastecia das 08h00 às 20/21h00 em virtude de necessidade clientes; que no final do expediente algumas vezes voltava para o
imperiosa e, inclusive, com apenas 30 minutos de intervalo estabelecimento e outras vezes seguia direto para a sua residência;
intrajornada. Alfim, aduz que a reclamada jamais realizou o que quando trabalhava em residências em apartamentos,
pagamento das horas extraordinárias realizadas ao longo do normalmente havia uma proibição do condomínio para produzir
contrato de emprego. Assim, diante dos fatos indicados na peça de barulho após as 17h00, sendo que alguns desses edifícios, desde
ingresso, requer deste Juízo a condenação da reclamada ao que não houvesse produção de ruídos, podia continuar trabalhando
pagamento de realizadas durante toda a contratualidade acrescidas até às 20h00/21h00; que nos locais onde realizava as montagens
de 50% e 100%, bem como repercussões em aviso prévio, férias + não havia, via de regra, nenhuma pessoa superiora hierárquica do
1/3, 13º salário, D.S.R. e FGTS + 40%. A reclamada, em depoente e cabia, na realidade, ao supervisor comunicar com
contestação, refuta a tese obreira, argumentando que não havia antecedência, até que horário o depoente poderia continuar
controle de jornada pelo fato de o autor exercer atividade externa, trabalhando; que também havia uma suspensão das atividades
mas ao mesmo tempo, considerando que havia a entrega de ficha durante o horário de almoço, das 12h00 as 14h00; que era raro
correspondente ao tempo gasto no cumprimento das atividades, haver labor aos domingos; que nos sábados o trabalho costumava
caso fosse registrado horário acima dos limites legais havia a ocorrer no mesmo horário; que, na média, trabalhava no horário das
devida contraprestação conforme demonstrativos de pagamento 08h00 as 17h00; que cerca de cinco a sete vezes por mês, em
anexos à defesa. Deste modo, requer a total improcedência dos média, prorrogava o expediente até as 20h00/21h00;(...)" Conforme
pedidos relativos à jornada de trabalho e reflexos legais. Analisa-se. depreende-se do depoimento do autor, verifica-se que conforme já
No entendimento desse Juízo, pertencia ao reclamante o ônus de dito pelo Juízo, havia extrapolação de horário somente nos dias em
provar os fatos relacionados à jornada de trabalho, tudo de acordo que se realizava o trabalho, em média de cinco a sete vezes ao mês
com as diretrizes dos artigos 818 da CLT. Por outro lado, O art. 74, bem como ao fato de que haviam mais de 10 empregados na ré. No
§2º CLT dispõe, claramente, da obrigatoriedade de controle de mais, foi confesso o autor ao afirmar que era raro o trabalho aos

domingos e que em média sua jornada de trabalho era das 08h00 mesma regra jurisprudencial fala em presunção relativa, o que
às 17h00, inclusive, em situações com até 02 horas de intrajornada. significa que o julgador, sensibilizando-se com outros elementos de
O representante da reclamada, em depoimento, afirmou ao Juízo. prova, pode arbitrar jornada de trabalho como lhe parecer razoável
Vejamos: "(...) que trabalha na reclamada há três anos e quatro e adequado, o que foi feito de forma irretocável. Na verdade, o que
meses e exerce a função de gerente operacional; que o reclamante fez o magistrado sentenciante foi admitir a veracidade dos horários
não batia ponto; que, no entanto, o autor na condição de de entrada e saída declinados na peça exordial, relativizando a
trabalhador externo mantinha consigo uma papeleta, onde afirmação referente à duração do intervalo intrajornada com base no
registrava a prestação de serviços durante todo o mês; que a que disse o próprio reclamante, em Juízo. Andou bem. Mitigou a
aludida papeleta servia para cômputo das horas laboradas pelo presunção estipulada em favor do princípio da busca pela verdade
autor (...)" Em relação ao depoimento do preposto da ré, verifica-se real e arbitrou jornada de trabalho que, afinal, afigura-se razoável e
uma contradição ao afirmar que o reclamante não se encontrava verossímil. Trata-se de um arbitramento, é verdade, pois os autos
submisso à controle de ponto em virtude de o trabalho externo, não reúnem elementos de prova que autorizem o acolhimento
porém, já afirma que havia uma papeleta cujo objetivo era para o integral do que dizem as partes. Qualquer delas. Sendo assim, não
cômputo de horas laboradas pelo autor. No mais, não há falar em encontro razões para alterar o que restou definido, cumprindo
atividade externa do reclamante incompatível com registro de registrar que no período imprescrito nenhum pagamento de horas
horário tendo em vista o próprio depoimento do representante da extras foi comprovado (vide ID-0a2fc03, alusivo aos
reclamada bem como ao fato de que analisando alguns contracheques). Digo mais. O Juízo de primeiro grau, por presidir a
demonstrativos de pagamento do autor verifica-se o pagamento de instrução probatória, detém melhores condições para analisar a
horas extras inclusive com adicionais de 50% e 100%. A título de matéria fática discutida no feito, haja vista que nada há interposto
exemplo, tem-se os contracheques dos meses de julho, agosto e entre ele e a prova testemunhal produzida (princípio da
setembro de 2010 colacionados pela própria reclamada. À vista imediatidade)."
disso, tendo em vista a fragilidade do depoimento e incertezas do Confrontando os argumentos da parte corrente com os fundamentos
autor quanto a real jornada de trabalho e considerando o da decisão recorrida, no tocante à aplicação da multa, não
depoimento da reclamada bem como ao fato de que restou vislumbro violação direta e literal das norma apontada, nem
comprovado trabalho extraordinário em determinados períodos por divergência jurisprudencial específica, porque constato que a
mês, este Juízo tem como prudente e razoável a fixação de horas rejeição dos embargos de declaração opostos e a condenação da
extras realizadas em determinados períodos do mês. Neste viés, parte recorrente ao seu pagamento estão devidamente
em respeito aos limites da lide, tem-se que o autor por média de 06 fundamentadas. Consequentemente, em lugar de infração às
vezes ao mês realizava 3 (três) horas extras, o que totalizava ao normas jurídicas indicadas, concluo que a decisão desta Corte
mês 18 horas extras durante toda a contratualidade, respeitando o Regional está em sintonia com o artigo 1.026, § 2º, do CPC/2015 e
acolhimento da prejudicial de mérito - prescrição quinquenal. Por as normas pertinentes à matéria, inexistindo violação que permita a
serem habituais e acessórias, deferem-se as repercussões das admissibilidade do apelo nos termos do art. 896 da CLT.
horas extras em: aviso prévio indenizado (art. 487, § 5º da CLT) Observo, quanto aos demais títulos, que a decisão recorrida
férias simples e proporcionais + 1/3 (art. 142, § 5º da CLT), 13os encontra-se em sintonia com a situação constatada nos autos, em
salários integrais e proporcionais (Súmula 45 do TST), repouso confronto com o conjunto probatório existente e aplicação da
semanal remunerado (art. 7o 'a', Lei 605/49) e FGTS + 40%. [...] legislação específica, estando, inclusive, em sintonia com o
(destaque no original). Mantenho o decisum. Tratando-se entendimento consubstanciado na Súmula nº 330, I, do TST. Não
controvérsia envolvendo jornada de trabalho, necessária a produção vislumbro, pois, as violações constitucionais apontadas ou
de prova documental por parte da reclamada (artigo 74, §2º da contrariedade à Súmula indicadas pela parte, sendo estas as únicas
CLT). E desse encargo ela não se desvencilhou a contento, hipóteses de admissibilidade do recurso de revista sob análise, por
considerando que os cartões de pondo adunados não alcança todo se tratar de causa sujeita ao procedimento sumaríssimo, na exata
o lapso reclamado. Do período imprescrito - de 20/03/2012 até dicção do § 9º, do artigo 896, da CLT.
09/07/2015 - apenas 01 (um) cartão de ponto foi colacionado (vide CONCLUSÃO
ID-b88d9be). Em princípio, a inércia empresarial implica no Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
reconhecimento da veracidade das alegações vertidas na peça de Cumpram-se as formalidades legais.
ingresso. É o que diz a Súmula n. 338 do C. TST. Todavia, essa Intimem-se.

snl/AE JURISDICIONAL
Assinatura JORNADA DE TRABALHO/ HORAS EXTRAS/ INTERVALO
RECIFE, 24 de Outubro de 2018 INTRAJORNADA
Alegações:
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO - contrariedade às Súmulas 338, I, e 437 do TST;
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região - violação aos artigos 93, IX, da CF;

Decisão - violação aos artigos 62, I, 71, § 4º, 818 da CLT; 373, inciso II,
Processo Nº RO-0000116-85.2016.5.06.0023
Relator FABIO ANDRE DE FARIAS CPC; e
RECORRENTE ALMIR DA SILVA ALVES - divergência jurisprudencial.
GUERRA(OAB: 29252-A/PB) Observando os requisitos para conhecimento do recurso, o
ADVOGADO ISADORA COELHO DE AMORIM recorrente alega, inicialmente, nulidade processual por negativa de
RECORRIDO INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL prestação jurisdicional. Aduz que o Regional se negou a analisar a
PROFESSOR FERNANDO FIGUEIRA
- IMIP prova testemunhal corretamente. Diz que a Turma concluiu que não
ADVOGADO INALDO GERMANO DA CUNHA(OAB: restou demonstrada a possibilidade de controle da jornada de
9024/PE)
ADVOGADO HELENA DE FREITAS trabalho do obreiro, mesmo diante de toda a fundamentação do
BARACHO(OAB: 8906-D/PE)
recurso ordinário e dos depoimentos da prova testemunhal, no qual
RECORRIDO UNIÃO FEDERAL (PGF)
TESTEMUNHA NATAN DA SILVA CORREIA restaram demonstradas as formas de controle de jornada. Ressalta
TESTEMUNHA JORGE JOSE XAVIER DE MORAIS que o novo CPC impõe ao magistrado a observância não apenas do
TESTEMUNHA MANOEL BONIFACIO DA SILVA
NETO conjunto de fatos trazidos a julgamento, mas especialmente ao
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO conjunto de argumentos jurídicos elencados pelas partes. Pede a
TRABALHO
procedência do pagamento de horas extras. Entende que o fato de
Intimado(s)/Citado(s): ser obrigado a cumprir um roteiro prévio elaborado pela empresa,
- ALMIR DA SILVA ALVES bem como estar sujeito aos contatos dos seus superiores, enquanto
- INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROFESSOR
FERNANDO FIGUEIRA - IMIP do cumprimento da rota, evidenciam a possibilidade de fiscalização
da jornada, ainda que esta não fosse praticada. Assim, acrescenta
que mesmo que as atividades sejam desempenhadas longe dos
"olhos" do empregador, mas este tem a possibilidade de fiscalizar

PODER
tais serviços, não há como se aplicar o disposto no art. 62, inciso I,
JUDICIÁRIO
da CLT. Afirma que a prova colhida nos autos demonstrou que ele
Fundamentação era constantemente fiscalizado pela empresa, através da utilização
RECURSO DE REVISTA do celular. Desta forma, comprovada a fiscalização da jornada de
Trata-se de Recurso de Revista interposto por ALMIR DA SILVA trabalho, não há como não se ter como provado o controle do
ALVES, em face de acórdão proferido em sede de recurso ordinário, intervalo. Aduz que restou demonstrada a fraude cometida pela
nos autos da Reclamação Trabalhista nº 0000116- reclamada, que enquadra seus empregados no regime previsto no
85.2016.5.06.0023, figurando como recorrido, INSTITUTO DE art. 62, I, da CLT, mas ao mesmo tempo tem total controle sobre os
MEDICINA INTEGRAL PROFESSOR FERNANDO FIGUEIRA - horários destes. Sustenta que cabia à empresa comprovar que ele
IMIP. não usufruía do intervalo por completo, nos termos do art. 818 da
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS CLT e art. 373, II, do NCPC, ônus do qual não se desincumbiu, uma
O apelo é tempestivo, tendo em vista a publicação da decisão em vez que não trouxe aos autos os espelhos de ponto. Assevera ser
20.09.2018 e a apresentação das razões deste apelo em devido o pagamento de uma hora diária acrescida de adicional, cuja
01.10.2018 (Ids e0d39ce e d4453fc). natureza é salarial, nos termos da Súmula 437 do TST.
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id Do acórdão impugnado extraio os seguintes fundamentos:
c8a6fcb). Das horas extras. Da exceção do art. 62. Do intervalo
Preparo dispensado (Id 3d9a8eb). intrajornada.
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS Irresigna-se a recorrente contra a decisão que negou seu pedido de
NULIDADE PROCESSUAL/ NEGATIVA DE PRESTAÇÃO horas extras pelo fato de entender que é aplicável à hipótese o

disposto no artigo 62, I, da CLT. Afirma que restou provado que a das testemunhas:
recorrente sofria evidente fiscalização de sua jornada, que havia "que a depoente trabalha dando suporte aos mensageiros; que a
fiscalização da rota pelo supervisor, inclusive os roteiros eram prestação de contas é feita por área de atuação e uma vez por
elaborados para aprovação da recorrida. semana, o mensageiro comparece uma vez por semana; que o dia
Busca o reclamante a reforma da decisão para que seja a da prestação de contas é fixado de acordo com a área; (...);que o
reclamada condenada ao pagamento das horas extras com suas reclamante trabalha com recibo onde consta o nome e o endereço
repercussões e de 1 hora extra diária referente ao intervalo do doador; que os recibos são entregues duas vezes por semana;
intrajornada não usufruído integralmente. (...);que ela depoente não faz e não tem condições de fazer
Afirma que, apesar de ter trabalhado externamente, tinha seu qualquer controle de roteiros de visitas; (...);que todos os
horário de trabalho fiscalizado, ainda que indiretamente, não mensageiros trabalham na mesma sistemática; (...);que não havia
estando enquadrado na exceção prevista no art. 62, I, da CLT. ordem de recolhimento determinado pela empresa; que isso era
Diz que as visitas dos mensageiros eram agendadas com horário feito à conveniência do mensageiro; que não havia números de
determinado para realização, visto que tinham um roteiro a seguir, e recibos determinados, pois isso era feito de acordo com as
eram fiscalizadas por meios telemáticos, como telefone celular e arrecadações conquistadas pelo telemarketing; que a depoente
palmtop, permitindo o controle da jornada. elaborava os recibos com as informações do telemarketing; que a
O Juízo de Origem considerou que o reclamante estava inserido na empresa recomendava que os mensageiros pegassem os recibos
exceção prevista no art. 62, I, da CLT e indeferiu o pleito (fls. 336): pela manha, duas vezes por semana, mas muitos deixavam para ir
"...Ante a tese de defesa apresentada, incumbia ao reclamado o a tarde;". (TESTEMUNHA Maria Jose Vieira de Oliveira,
ônus de comprovar que o autor estaria enquadrado na exceção do PROCESSO No. 0000751-08.2012.5.06-0023)
art. 62, I, da CLT e que as atividades desenvolvidas eram "QUE seu trabalho durante o dia não sofre fiscalização no que se
incompatíveis com o controle e fiscalização de horário, a teor do art. refere aos horários; QUE pode receber ligação da reclamada
818 da CLT c/c art. 373, II, do CPC. durante o seu trabalho quando por exemplo um doador vai ter que
Ocorre que o conjunto probatório dos autos, formado por diversos sair mais cedo e informa isso à reclamada, sendo que esta entra em
depoimentos de testemunhas e, também, reclamantes em contato com o depoente para que esta vá mais cedo para o referido
processos semelhantes, corrobora a tese da defesa, evidenciando doador; QUE a rota , no que se refere a sequencia de cobranças, é
que o trabalho era exercido externamente e sem qualquer controle definida pelo mensageiro". (TESTEMUNHA Oseias Alves de
de horário, pois a forma como desenvolvidas as atividades Oliveira, PROCESSO No. 0001541-98.2012.5.06-0020)
deixavam ao livre arbítrio do trabalhador (mensageiro) a
organização da sua rotina de trabalho, horários e dias trabalhados, A testemunha ouvida nos autos do processo nº 0001707-
inclusive, quanto ao intervalo.; ..." 95.2014.5.06.0009, cuja ata de audiência foi utilizada pelo próprio
Analiso. autor como prova emprestada, confirmou o trabalho externo, sem
Incontroverso que o reclamante trabalhava externamente como fiscalização ou controle de jornada. Assim disse:
mensageiro. E, consoante o art. 62, I, da CLT, não faz jus às horas "que no início da semana, os mensageiros recebiam as fichas dos
extras o empregado que exerce atividade externa incompatível com clientes que deveriam ser visitados, faziam o roteiro e a prestação
a fixação de horário de trabalho. de contas era feita somente na sexta-feira; que na sexta-feira
Ocorre que, para que o trabalhador seja enquadrado na exceção, faziam a prestação de contas, pegavam parte das fichas com os
não é suficiente que o trabalho se dê de forma externa. É nomes dos clientes e retornavam ao local na segunda-feira para
necessário, também, que a jornada de trabalho seja incompatível pegar o restante das fichas; (...); que o supervisor entrava em
com qualquer tipo de controle ou fiscalização. contato com o mensageiro, caso o mesmo deixasse de fazer visita a
Ao afirmar que o reclamante exercia suas atividades externamente algum doador, e o dito doador ligasse para o reclamado
e sem qualquer controle ou fiscalização de jornada, o reclamado mencionando o fato; que os supervisores entravam em contato com
atraiu para si o ônus de comprovar sua tese, por alegar fato os mensageiros somente nessa ocasião; (...)"
impeditivo ao pleito do reclamante, conforme artigo 818 da CLT, do Outrossim, como bem afirmou a magistrada de origem,
qual se desincumbiu. diversamente do que alega o recorrente em suas razões de recurso,
A prova oral trazida aos autos demonstra que a jornada do a testemunha ouvida nos presentes autos, Sr. NATAN DA SILVA
reclamante não era passível de controle. Observe-se o depoimento CORREIA, foi enfático (fls. 332): "...que era o próprio mensageiro

que resolvi ao horário de intervalo e a duração; que quando sejam: a) Se a prova oral evidenciou que as visitas realizadas eram
encerrava as atividades podia ir direto para a sua residência; que previamente agendadas; b) Se o autor utilizava celular na prestação
apenas passava na empresa quando precisava prestar contas; que dos serviços, e se com esse mantinha contato diário com a empresa
não sofria nenhuma fiscalização de horário; que apenas quando (análise a ser feita à luz do art. 6º, parágrafo único, da CLT); c) Se o
tinha agendado valores altos para receber em alguma doação a reclamante estava sujeito ao cumprimento de metas diárias." Por
supervisora entrava em contato para conformar o recebimento; que fim, pede que "para que se evitem dúvidas a cerca dos valores
isso apenas ocorria quando o valor da doação era superior ao deferidos, requer que esse MM. Juízo esclareça qual o montante
padrão;..." individual (em percentual) de cada uma das indenizações, quais
Verifica-se da prova oral que, apesar de o mensageiro ter uma sejam, a de despesas e a de depreciação do veículo."
quantidade de doações para arrecadar por dia, o reclamado não Com efeito, está consignado no acórdão que não restaram
determinava seu roteiro, nem a hora exata que ele deveria comprovadas as alegações do autor, ao contrário, restou provado
comparecer à casa do doador. que a jornada do autor era incompatível com qualquer tipo de
O reclamante tinha liberdade de realizar sua rota a partir do que lhe controle ou fiscalização, baseado na prova oral, tendo inclusive
fosse mais conveniente, sendo sua obrigação apenas bater a meta havido transcrição de trechos dos depoimentos (fls. 390/391), sendo
de doações, diárias ou semanais, estipuladas, fazer o depósito na despicienda novamente sua transcrição.
conta do IMIP e, ao final, prestar contas à entidade, sem horário Saliento também que não deixou dúvidas o acórdão quanto ao
estabelecido. deferimento das indenizações referentes ao uso de veículo.
O fato de haver visitas serem agendadas previamente pelo Transcrevo trecho pertinente (fls. 393):
reclamado, por si só, não configura jornada de trabalho passível de "Todavia, a quantia indicada pelo autor na inicial revela-se
controle. excessiva, assim, arbitro a indenização por depreciação do veículo
Por fim, entendo que, tendo o reclamante liberalidade para em 5% do valor da moto descrita na petição inicial, a ser apurada
estabelecer seu horário de trabalho, constituía faculdade do mesmo considerando o preço estabelecido na tabela FIPE, com atualização
organizar seu intervalo de almoço, podendo usufruir integralmente monetária até a data do adimplemento do débito e juros a partir do
de 1h intervalar, não havendo, no particular, qualquer ingerência por ajuizamento da ação. Em casos semelhantes, como por exemplo no
parte da empresa. processo de n. 0001702-62.2014.5.06.0142, recentemente julgado
Não ficou demonstrado que a empresa não permitisse que o autor por esta Segunda Turma, ficou arbitrado em 5% do valor da moto
usufruísse da pausa mínima legalmente estabelecida de uma hora descrita na petição inicial, a ser apurada considerando o preço
para refeição/descanso e considero que isso seria necessário, em estabelecido na tabela FIPE."
face do labor externo desenvolvido, situação que, a meu ver, afasta Verifico, portanto, que não há qualquer omissão ou matéria a ser
a possibilidade de condenação com base na ausência de intervalo prequestionada.
ou na sua concessão parcial. Dessa forma, verifica-se que os fundamentos lançados evidenciam
Nessa linha de raciocínio, se o reclamante não gozava do tempo o posicionamento deste órgão julgador e os argumentos invocados
mínimo legal para esse fim, o fazia por liberalidade sua, e não por pelo RECLAMANTE/EMBARGANTE não guardam qualquer relação
imposição da empresa. com os dispositivos que regulam os embargos declaratórios. Há, na
Assim, não há qualquer compatibilidade do labor externo com o realidade, inconformismo com a decisão, que lhe foi desfavorável.
controle da jornada. Do conjunto probatório, em que alberga o Saliento que, se a parte discorda do posicionamento adotado, que
reclamante as suas pretensões, não demonstra a existência de exponha a sua irresignação à instância competente, porque esta já
efetivo controle. findou a prestação jurisdicional que lhe competia. Frise-se, ainda,
Assim, mantenho a sentença quanto ao tema. que a decisão incorreta ou os erros de fundamentação, porventura
Da decisão de embargos destaco: existentes, devem ser atacados pela via processual adequada e não
O RECLAMANTE/EMBARGANTE afirma que "...pretende recorrer através de embargos declaratórios.
de revista, e para tanto necessita que a Turma transcreva no corpo
do acórdão os trechos do depoimento das testemunhas Confrontando os argumentos das partes, observo que o Regional
apresentadas pelo Reclamante que tratam da jornada." Diz ainda decidiu a questão de forma fundamentada, havendo manifestação
que "...pretende recorrer de revista, e é necessário que a Turma se expressa sobre os temas objeto de insurgência pela parte
pronuncie sobre algumas questões ventiladas no recurso, quais recorrente. Nesse contexto, patente que não subsiste a alegação de

violação aos artigos acima indicados. Ademais, sob a ótica da

PODER
restrição imposta pela Súmula nº 459 do TST, a prestação
JUDICIÁRIO
jurisdicional encontra-se completa, cumprindo acrescentar - a título
de argumentação - que a Justiça não está obrigada a emitir Fundamentação
pronunciamento sobre o que não é necessário ou essencial ou com RECURSO DE REVISTA
relação àquilo que já está compreendido no próprio conteúdo da Trata-se de Recurso de Revista interposto por DILNOR -
decisão que profere, mas apenas, analisar os fatos e as provas DISTRIBUICAO E LOGÍSTICA DO NORDESTE LTDA., em face de
produzidas, fundamentando o julgamento. Desse modo, entendo acórdão proferido em sede de Recurso Ordinário, nos autos da
que a irresignação da parte recorrente enquadra-se no reclamação trabalhista nº 0000243-68.2016.5.06.0008, figurando,
inconformismo com a solução dada à lide e, não, na hipótese de como recorrido, EDVALDO SEVERINO SILVA OLIVEIRA.
nulidade processual por ausência de prestação jurisdicional. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Quanto aos demais temas, confrontando os argumentos da parte O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão
recorrente com os fundamentos do acórdão impugnado, tenho que recorrida se deu em 13.09.2018 e a apresentação das razões
a revista não comporta processamento, pois o Regional decidiu as recursais em 25.09.2018, conforme se pode ver dos documentos
questões veiculadas no presente apelo com base na legislação Ids 24687b9 e 15f6ca8.
pertinente e no conjunto probatório contido nos autos. Não A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
vislumbro, portanto, as violações apontadas. Noutra senda, as 803a877).
alegações recursais em sentido contrário implicaria, Preparo Regular (Ids d610de7, 4e34112, 7613950 e 9e48a3f).
necessariamente, o reexame de fatos e provas - procedimento que PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
encontra óbice na Súmula nº. 126 do TST e inviabiliza a divergência DAS HORAS EXTRAS
jurisprudencial específica (Súmula nº. 296, item I, TST). Alegações:
CONCLUSÃO - violação dos artigos 818 da CLT e 373, I, do CPC; e
Diante do exposto, DENEGO seguimento ao Recurso de Revista. - divergência jurisprudencial.
Cumpram-se as formalidades legais. Atendendo aos requisitos formais para conhecimento do seu apelo,
Intimem-se. previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a parte recorrente
mscs/AE pugna pela exclusão das horas extras deferidas, alegando, em
síntese, que o conjunto probatório não foi devidamente apreciado.
Assinatura Do acórdão combatido exsurge:
RECIFE, 25 de Outubro de 2018 "Incontroverso que o autor laborava para a reclamada no período de
02.01.2012 a 03.11.2015, conforme TRCT de fls. 16/17.
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO A reclamada apresentou os cartões de ponto, às fls. 88/126, por
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região força do art. 74, § 2º, da CLT.
Decisão Da análise da prova oral, verifico que a testemunha do postulante

Processo Nº RO-0000243-68.2016.5.06.0008
confirmou a tese da parte autora no que diz respeito aos horários de
RECORRENTE DILNOR - DISTRIBUICAO E entrada e saída do autor.
LOGISTICA DO NORDESTE LTDA
Por sua vez, a testemunha da reclamada não descreveu
ADVOGADO ANTONIO CARLOS DE AGUIAR
ACIOLI LINS(OAB: 23877/PE) exatamente o horário de trabalho do vindicante, limitou-se a dizer
RECORRIDO EDVALDO SEVERINO SILVA
OLIVEIRA "que durante à noite, só existia uma turma de trabalho das 20hs às
ADVOGADO MARIA LUZ CONCEICAO TENORIO 04:45hs com 1 hora de intervalo". Note-se, porém, que tal horário de
DE MOURA(OAB: 16174/PE)
trabalho não corresponde exatamente ao alegado pela defesa, a
Intimado(s)/Citado(s): saber:
- DILNOR - DISTRIBUICAO E LOGISTICA DO NORDESTE
LTDA "Em verdade, o Reclamante laborava para a DILNOR na seguinte
- EDVALDO SEVERINO SILVA OLIVEIRA jornada:
(i) Entre a data de sua admissão até outubro de 2012: de segunda à
sexta-feira das 14:00hs às 00:00hs, e aos sábados das 08:00h às
12:00h, com pelo menos uma (01) hora de intervalo para repouso e/

refeição, com repousos semanais remunerados regulares aos Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
domingos e feriados; Decisão

Processo Nº RO-0001849-17.2016.5.06.0143
(ii) Entre a data novembro de 2012 até sua dispensa imotivada: Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
de segunda à sexta-feira das 20:00hs às 05:00hs, com pelo RECORRENTE EDUARDO MOURA DE ARRUDA
ADVOGADO GIOVANI DE LIMA BARBOSA
menos uma (01) hora de intervalo para repouso e/ refeição, JUNIOR(OAB: 14314/PE)
com repousos semanais remunerados regulares aos sábados, RECORRENTE DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS
MARFIM LTDA
domingos e feriados;" (fls. 27/28) ADVOGADO MANOEL CANTO DA SILVA
FILHO(OAB: 26619-D/PE)
A prova oral dividida ocorre quando os depoimentos das
RECORRIDO EDUARDO MOURA DE ARRUDA
testemunhas são flagrantemente contraditórios, hipótese em que se ADVOGADO GIOVANI DE LIMA BARBOSA
decide em desfavor da parte sobre a qual recai o ônus de provar.
RECORRIDO DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS
Entretanto, no caso dos autos, a testemunha da parte autora foi MARFIM LTDA
ADVOGADO MANOEL CANTO DA SILVA
mais segura e convincente quanto aos horários de entrada e saída FILHO(OAB: 26619-D/PE)
do obreiro, estando as suas declarações em conformidade com a
jornada de trabalho declinada na petição inicial nos períodos
- DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS MARFIM LTDA
contratuais laborados. - EDUARDO MOURA DE ARRUDA
Logo, não há que se cogitar em prova dividida, devendo ser pagas
as horas extras determinadas na sentença.
Não prospera a alegação da reclamada quanto a ser utilizado o

PODER
adicional de 50% no cômputo das horas extras, porquanto a
JUDICIÁRIO
convenção coletiva da categoria prevê, na cláusula décima quarta, o
percentual de 70% para remunerar as horas extraordinárias (v. fls. Fundamentação

141 e 165). RECURSO DE REVISTA
No mais, ressalto que a decisão de origem, ao fixar a jornada de Trata-se de Recurso de Revista interposto por DISTRIBUIDORA DE
trabalho do reclamante, já especificou os dias da semana e os ALIMENTOS MARFIM LTDA, em face de acórdão proferido nos
respectivos horários de trabalho. Também foi determinada a autos da Reclamação Trabalhista nº 0001849-17.2016.5.06.0143,
dedução dos valores pagos a idêntico título." figurando como recorridos EDUARDO MOURA DE ARRUDA e DIA
Confrontando os argumentos da parte recorrente com os DISTRIBUIÇÃO E IMPORTAÇÃO AFOGADOS LTDA e MARFIM
fundamentos do acórdão regional, tenho que a revista não comporta DISTRIBUIDORA DE 18
processamento, pois o Regional decidiu as questões veiculadas no PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
presente apelo com base no conjunto probatório contido nos autos e O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação do acórdão
de acordo com a legislação pertinente à espécie. Assim, as se deu em 18/09/2018 e a apresentação das razões recursais em
alegações lançadas pela parte nas razões recursais, em sentido 28/09/2018, conforme se pode ver dos documentos Ids 0c48c26 e
contrário, somente seriam aferíveis por meio de reexame fático, o 3d7b67c .
que não é possível por meio desta via recursal (Súmula nº 126 do A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
TST). Por consequência, também fica inviabilizado o exame 72fcf83).
pertinente à divergência jurisprudencial específica (Súmula nº 296 Preparo devidamente efetuado (Ids 2613c71, 98dbc39, a1a6ccc e
desse mesmo órgão superior). 7ed4e7e).
CONCLUSÃO PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista. DA NULIDADE PROCESSUAL / CERCEAMENTO DO DIREITO DE
Cumpram-se as formalidades legais. DEFESA
Intimem-se. DO GRUPO ECONÔMICO
snl/vmm DA RESCISÃO INDIRETA
Assinatura INDENIZAÇÃO PELO USO DE VEÍCULO PARTICULAR
RECIFE, 24 de Outubro de 2018 Alegações:
- violação aos artigos 818, da CLT, 373, do CPC

VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO A parte recorrente suscita nulidade processual, por cerceamento do

direito de defesa, por violação expressa aos Princípios do inscrito, esta Corte Superior tem exigido a transcrição do trecho da
Contraditório e Ampla Defesa. Em seguida, pugna pela reforma da decisão regional que consubstancia o prequestionamento da
decisão hostilizada que reconheceu a existência de grupo controvérsia objeto do apelo, firme no entendimento de que a
econômico, declarou a rescisão indireta do contrato de trabalho e alteração legislativa empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse
condenou-a ao pagamento de indenização pelo uso de veículo aspecto, constitui pressuposto de adequação formal de
particular. admissibilidade do recurso de revista e se orienta no sentido de
Não obstante o inconformismo apresentado, o apelo não ultrapassa propiciar a identificação precisa da contrariedade a dispositivo de
o crivo da admissibilidade recursal. Lei e a Súmula e do dissenso de teses, afastando-se os recursos de
É que a Lei nº 13.015/2014, de 22/09/2014, acrescentou o §1º-A ao revista que impugnam de forma genérica a decisão regional e
art. 896 da CLT, introduzindo novos requisitos formais ao conduzem sua admissibilidade para um exercício exclusivamente
processamento dos recursos de revista, que impuseram à parte, subjetivo pelo julgador de verificação e adequação formal do apelo.
sob pena de não conhecimento do seu apelo, o dever de: 1) indicar, Assim, a necessidade da transcrição do trecho que consubstancia a
para cada tema trazido ao reexame, o trecho da decisão recorrida violação e as contrariedades indicadas, e da demonstração analítica
que consubstancia o prequestionamento da controvérsia; 2) da divergência jurisprudencial, visa a permitir a identificação precisa
apresentar tese explícita e fundamentada de violação legal, de e objetiva da tese supostamente ofensiva a lei, à segurança das
contrariedade à Súmula de jurisprudência da C. Corte Revisora e à relações jurídicas e à isonomia das decisões judiciais, de modo que
Súmula vinculante do E. STF ou de dissenso pretoriano que contribua para a celeridade da prestação jurisdicional, possibilite a
entenda existir; e 3) impugnar todos os fundamentos jurídicos da formação de precedentes como elementos de estabilidade e a
decisão recorrida, e 4) transcrever na peça recursal, no caso de decisão do TST contribua para a formação da jurisprudência
suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de prestação nacionalmente unificada. Precedentes. 4 - Recurso de embargos
jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que foi pedido conhecido e desprovido. (Processo Nº E-ED- RR-0000552-
o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no recurso 07.2013.5.06.0231; Relator Min. Alexandre de Souza Agra
ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os embargos Belmonte; Subseção I Especializada em Dissídios Individuais; DEJT
quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da ocorrência de 16/06/2016).
da omissão. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017). AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
Vale citar os seguintes precedentes da Corte Superior Trabalhista: ADMISSIBILIDADE. LEI 13.015/2014. PREQUESTIONAMENTO.
EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO. ART. 896, § 1º-A, I,
EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. DA CLT. 1. A Lei nº 13.015/2014 exacerbou os pressupostos
RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A intrínsecos de admissibilidade do recurso de revista, como se extrai
TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE do novel art. 896, § 1º-A, da CLT. 2. O novo pressuposto e ônus do
IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO recorrente consistente em 'indicar o trecho da decisão recorrida que
DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º- consubstancia o prequestionamento' não se atende meramente por
A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. 1 - A meio de menção ou referência à folha do acórdão em que se situa,
e. 7ª Turma não conheceu do recurso de revista patronal, que tampouco mediante sinopse do acórdão, no particular. A exigência
versava sobre os temas horas extras, intervalo intrajornada, hora in em apreço traduz-se em apontar a presença do prequestionamento
itinere e multa por embargos de declaração protelatórios, (salvo vício nascido no próprio julgamento) e comprová-lo mediante
ressaltando o não preenchimento do requisito inscrito no artigo 896, transcrição textual do tópico nas razões recursais. Somente assim
§ 1º-A, I, da CLT, uma vez que interpôs recurso de revista sem se atinge a patente finalidade da lei: propiciar ao relator do recurso
transcrever o trecho da decisão recorrida que consubstancia o de revista no TST maior presteza na preparação do voto ao ensejar
prequestionamento da controvérsia (fl. 601); 2 - Efetivamente, não que, desde logo, confronte o trecho transcrito com o aresto acaso
se sustenta a tese recursal de que, ainda que não transcritos apontado como divergente, ou com a súmula cuja contrariedade
literalmente, foram devidamente indicados e prequestionados no acaso é alegada, ou a violação sustentada de forma analítica pelo
recurso de revista todos trechos da decisão recorrida objeto da recorrente. 3. Inadmissível recurso de revista interposto sob a égide
controvérsia, os quais mereciam o devido enfrentamento na forma da Lei nº 13.015/2014 (decisões publicadas a partir de 22/9/2014)
do art. 896, § 1º-A, I, da CLT (fl. 617); 3 - Embora o dispositivo em em que a parte não cuida de transcrever o trecho do acórdão
comento utilize o verbo indicar, referindo-se ao requisito formal ali regional em que repousa o prequestionamento da controvérsia

transferida à cognição do TST. 4. Agravo de instrumento da O só fato de trabalhar externamente, de per se, não é excludente da
Reclamada de que se conhece e a que se nega provimento. (TST- jornada suplementar, uma vez que, sendo viável ao empregador
AIRR-767-73.2014.5.08.0107, 4ª Turma, Rel. Min. João Oreste verificar o tempo de duração do percurso realizado pelo empregado,
Dalazen, DEJT 18/12/2015). mediante o controle dos horários de saída e chegada, não que se
Na hipótese dos autos, considerando que a parte recorrente não há falar em impossibilidade de controle e fiscalização da jornada de
cuidou de transcrever, nas razões do recurso, os trechos da decisão trabalho.
recorrida que configuram o prequestionamento da controvérsia, Em arremate: para que o empregado seja enquadrado na previsão
inviabilizado está o conhecimento de seu apelo, nos termos da do inciso I do artigo 62 da CLT, necessário se faz que ele tenha sido
norma consolidada acima mencionada. admitido para exercer atividade externa incompatível com o controle
DAS HORAS EXTRAS de sua jornada, pois o simples fato de realizar trabalho externo não
Alegações: implica, necessariamente, na ausência ou impossibilidade de
- violação ao artigo 62, I, da CLT controle de horário. A exceção tem aplicação tão-somente nos
Atendendo aos requisitos formais para conhecimento do seu apelo, casos em que o trabalho externo representa, de fato, autonomia de
previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a IV , da CLT, a parte recorrente horário para o trabalhador, isto é, o empregado não precisa prestar
pugna pela improcedência das horas extras alegando que restou contas ao empregador de como desenvolve sua rotina de trabalho.
demonstrada a impossibilidade de apresentação de qualquer Assim sendo, só haverá a incompatibilidade quando restar
controle de jornada, tendo em vista a atividade externa cabalmente demonstrado que o empregador não poderia, de forma
desenvolvida pelo obreiro, visitando clientes, elaborando a sua alguma, fiscalizar o horário de trabalho do seu empregado.
própria rota, de maneira que o demandante estava enquadrado na Neste passo, alegando a empresa o labor em condições
hipótese do artigo 62, I, da CLT. Aduz que, ainda que fosse excepcionais (incompatibilidade com a fixação de horário), atraiu o
afastada a incidência do artigo supracitado, seria remetida a onus probandi, encargo do qual não se desvencilhou, não só pela
apreciação da existência ou não de horas-extras pela produção da ausência do registro obrigatório dessa condição na CTPS do
prova deponencial, não sendo correto se presumir verdadeiro o empregado, como também pela não apresentação de contraprova
alargado horário afirmado na inicial. Destaca contradição constante hábil a elidir a presunção de veracidade que desfruta as alegações
nos autos em face do entendimento do acórdão que por um lado iniciais, em face de omissão patronal.
deixa evidente que a jornada de trabalho não poderia ser Vejamos o que disse a testemunha da própria ré (página 467):
controlada, mas manteve posicionamento do Juízo de Primeiro (...) trabalha para a reclamada desde julho/2011, como vendedor;
Grau que dispensou a oitiva de testemunha indicada pela empresa (...) que possuem horário para trabalhar, das 08 às 12h e das 14 às
que eliminaria quaisquer resquícios de dúvidas acerca das questões 17h, de segunda-feira a sexta-feira; (...) que os vendedores criam a
relacionadas à matéria. rota e passam ao supervisor para acompanhamento; que cerca de 2
Exsurgem da decisão recorrida os seguintes fundamentos: vezes por mês o supervisor acompanha o vendedor em rota; que no
" Da Jornada de Trabalho. Atividade Externa. Art. 62 da CLT. 'palm top' fica registrado o horário em que é feito o pedido de cada
Das Horas Extras e seus consectários(recurso da ré) cliente; que quando estão no cliente abrem o 'palm top' para tirar o
Esclarece que a função do obreiro era de VENDEDOR EXTERNO, pedido e podem enviar diretamente à empresa ou deixar para enviar
incompatível com a possibilidade de se registrar no PONTO todos os pedidos no final da tarde; (...)
DIGITAL, nos termos do art. 62, inciso I, da CLT, não sendo Neste contexto, é inconteste que havia a possibilidade de controle
adequada sua condenação. de jornada, seja pela estipulação de jornada, seja pelo controle do
Sem razão. Supervisor e mesmo pelo descarregamento do palm top, e ainda
Com efeito, o serviço externo enquadrado nessa exceção é aquele pelo número de clientes que era obrigado a visitar por dia.
que se caracteriza pela efetiva impossibilidade de controle dos Logo, uma vez afastada a exceção do trabalho externo e deixando a
horários praticados pelo trabalhador. Não é a ausência de controle, ré de apresentar os controles de ponto, amparado ainda com o
mas sim a sua impossibilidade, que caracteriza a exceção em voga, testigo acima, mantenho a sentença em todos os seus termos.
sendo que sua análise deve ser feita em cada caso específico Nego provimento."
trazido a juízo. O dispositivo legal não se presta a dar amparo a Confrontando os argumentos da parte recorrente com os
situações abusivas e também não é um prêmio ao empregador que fundamentos do acórdão impugnado, tenho que a revista não
não realiza o controle da jornada de trabalho dos seus empregados. comporta processamento, pois o Regional decidiu as questões

objeto do apelo com base na legislação aplicável à matéria e no A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
conjunto probatório contido nos autos. Não vislumbro, portanto, a ad39980).
violação alegada. Além disso, as teses trazidas no recurso, quando Preparo inexigível (Decreto 30.169/2016 e da Lei Municipal, 18.291,
muito, consistem em interpretação diversa da exposta pelo órgão de 30 de dezembro 2016, vide - artigos 790-A da CLT e 1º, inciso
fracionário, implicando, ainda, reexame fático, o que não é possível IV, do Decreto-Lei nº. 779/69).
por meio desta via recursal, conforme previsão da Súmula 126, do PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
TST. HORAS EXTRAS
Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista. - contrariedade à Súmula 16 do do Tribunal Regional do Trabalho
Cumpram-se as formalidades legais. da Sexta Região; e
Intimem-se. - divergência jurisprudencial.
mro/AE A parte requer a reforma da decisão quanto ao deferimento de
Assinatura diferenças de horas extras no que tange à base de cálculo dos
RECIFE, 25 de Outubro de 2018 quinquênios. Aduz, inicialmente, que os quinquênios dados pela
empresa encontram-se congelados, desde a data de 1º de
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO dezembro de 2004. Explica que suspendeu a progressão
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região quantitativa de novos quinquênios, alterando o contrato de trabalho

Decisão em tela, com fundamento no conteúdo da Súmula 16 do egrégio
Processo Nº RO-0000879-12.2017.5.06.0004
Relator MAYARD DE FRANCA SABOYA Sexto Regional. Entende que não há falar em transgressão a direito
ALBUQUERQUE
adquirido, uma vez que a Autarquia consulente após o
RECORRENTE GILSON PEREIRA SALOME
ADVOGADO JOSE ULISSES DE LIMA congelamento da obrigação de adimplir os anuênios, manteve o
pagamento dos adicionais por tempo de serviço, adquiridos até a
ADVOGADO FRANCISCO ESTEVAO ALMEIDA
CAVALCANTI DE SOUZA(OAB: promulgação da Emenda n. 15, revogatória do artigo 79, parágrafo
28078/PE)
ADVOGADO YOUSHIRO YOKOTA NETO(OAB: 2º, inciso XVIII, da Lei Orgânica do Município do Recife. Espera a
29667/PE)
improcedência da integração dos quinquênios à base de calculo de
RECORRIDO AUTARQUIA DE MANUTENCAO E
LIMPEZA URBANA - EMLURB horas extras, assim como, as diferenças (dos quinquênios) e
ADVOGADO FREDERICO DA COSTA PINTO
CORREA(OAB: 8375-D/PE) acessórios elencados na proemial.
Da decisão destaco os seguintes fundamentos:

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. QUINQUÊNIOS.
- AUTARQUIA DE MANUTENCAO E LIMPEZA URBANA -
EMLURB INTEGRAÇÃO NA BASE DE CÁLCULO DAS HORAS EXTRAS.
- GILSON PEREIRA SALOME SÚMULA 203 DO TST Os valores relacionados a gratificação por
tempo de serviço (quinquênios), pagos habitualmente pelo
empregador, possuem natureza salarial e integram a remuneração
PODER do trabalhador para todos os efeitos, inclusive para fins de base de
JUDICIÁRIO apuração do labor extraordinário, nos moldes da Súmula 203 do
TST. Recurso empresarial a que se nega provimento.

Fundamentação
RECURSO DE REVISTA
Trata-se de Recursos de Revista interpostos por AUTARQUIA DE
processamento, pois o Regional decidiu as questões veiculadas no
MANUTENÇÃO E LIMPEZA URBANA EMLURB, em face de
presente apelo com base no conjunto probatório contido nos autos,
acórdão proferido em sede de recurso ordinário, nos autos da
de acordo com a legislação pertinente e em sintonia a Súmula nº
Reclamação Trabalhista 0000879-12.2017.5.06.0004, figurando,
203 do TST; sendo certo que, estando a decisão impugnada em
como recorrido, GILSON PEREIRA SALOMÉ.
consonância com a jurisprudência atual, iterativa e notória do Órgão
de Cúpula da Justiça do Trabalho, não há falar em divergência
jurisprudencial apta ao confronto de teses, tendo vista o que prevê a
recorrida se deu em 23.07.2018 e a apresentação das razões
Súmula nº 333 daquela mesma Corte Superior Trabalhista.
recursais em 01.08.2018 (Ids6e0a908 e a252215).

Além disso, as alegações lançadas pela parte nas razões recursais, recorrida se deu em 13.09.2018 e a apresentação das razões
em sentido contrário, somente seriam aferíveis através de reexame recursais em 25.09.2018, conforme se pode ver dos documentos
fático, o que não é possível por meio desta via recursal, restando Ids 24687b9 e 15f6ca8.
inviabilizado, igualmente, o exame pertinente à divergência A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
jurisprudencial específica (Súmulas 126 e 296, I, do TST). e5a4b8b).
Ressalto, por fim, que, a Súmula nº. 16 deste Sexto Regional, Preparo Regular (Ids e537735, 47d49a7, 0611691, e2071a1 e
mencionada nas razões recursais, não se aplica ao presente caso, 3062358).
porquanto trata da supressão do pagamento de quinquênios, PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
matéria que não é objeto desta reclamatória. DAS HORAS EXTRAS
Diante do exposto, DENEGO seguimento ao Recurso de Revista. - violação dos artigos 818 da CLT e 373, I, do CPC; e
Cumpram-se as formalidades legais. - divergência jurisprudencial.
Intimem-se. Atendendo aos requisitos formais para conhecimento do seu apelo,
mscs/vmm previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a parte recorrente
pugna pela exclusão das horas extras deferidas, afirmando, em
Assinatura síntese, que as atividades desempenhadas pelo autor eram
RECIFE, 24 de Outubro de 2018 incompatíveis com o controle de horário, porquanto laborava de
forma externa, sem qualquer fiscalização, conforme demonstrado
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO pelas provas produzidas nos autos.
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região Do acórdão combatido exsurge:

Decisão Efetivamente, o regime de exceção invocado se aplica tão somente
Processo Nº RO-0000486-73.2016.5.06.0020
Relator FABIO ANDRE DE FARIAS às hipóteses em que é inviável a fixação e fiscalização do horário de
RECORRENTE DILNOR - DISTRIBUICAO E trabalho. Entendimento contrário significaria desobrigar do
LOGISTICA DO NORDESTE LTDA
ADVOGADO ANTONIO CARLOS DE AGUIAR pagamento de horas extras aquele empregador que simplesmente
ACIOLI LINS(OAB: 23877/PE)
descumprisse a determinação consubstanciada no art. 74, §§ 2º e
RECORRIDO CARLOS VITORIANO DA SILVA
JUNIOR 3º do mesmo diploma legal, o que não se pode cogitar.
ADVOGADO JOAO FERREIRA DE ALMEIDA
FILHO(OAB: 44395/PE) Posto isso, registro que o ônus da prova recaiu sobre a
ADVOGADO João Ferreira de Almeida(OAB: reclamada/recorrente, que opôs fato impeditivo ao direito postulado.
9473/PE)
Inteligência do disposto nos arts. 818 da CLT, e 373 do CPC/2015.
Intimado(s)/Citado(s): Veja-se a propósito:
- CARLOS VITORIANO DA SILVA JUNIOR "RECURSO DA RECLAMADA. TRABALHO EXTERNO,
- DILNOR - DISTRIBUICAO E LOGISTICA DO NORDESTE
LTDA INCOMPATÍVEL COM A FISCALIZAÇÃO DA JORNADA DE
TRABALHO. NÃO CONFIGURAÇÃO. A exceção prevista no art. 62,
I, da CLT, consiste em fato impeditivo do direito do autor, razão pela
qual recai sobre a ré o ônus de comprovar a alegação, com as

PODER
circunstâncias bem avaliadas no caso concreto, haja vista que a
JUDICIÁRIO
fixação de jornada de trabalho é direito previsto constitucionalmente
Fundamentação (art. 7°, XIII). No caso vertente, acertadamente, entendeu o Juízo de
RECURSO DE REVISTA origem que a empresa não se desincumbiu de seu fardo probatório,
Trata-se de Recurso de Revista interposto por DILNOR - considerando que não só a testemunha de iniciativa autoral, como
DISTRIBUICAO E LOGISTICA DO NORDESTE LTDA., em face de também a trazida pela demandada, confirmaram que havia um
acórdão proferido em sede de Recurso Ordinário, nos autos da horário fixo de trabalho diário, não sendo a atividade externa
reclamação trabalhista 0000486-73.2016.5.06.0020, figurando como incompatível com a fixação de jornada. Recurso não provido, nesse
recorrido CARLOS VITORIANO DA SILVA JUNIOR. ponto. (..)" (Proc. nº TRT RO 0001550-09.2011.5.06.0016, 2ª T.,
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Rela. Desª Dione Nunes Furtado da Silva, pub. 01/03/2013)
O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão Demais, a doutrina e jurisprudência há muito vem esposando a tese

de que a rota fixada pela empresa, especialmente aquela compensação com as horas extras, presente nos itens 53 e 54 da
excessivamente longa é incompatível com a norma celetista (art. 62, contestação e renovados no recurso, cabe destacar o tema é objeto
I) invocada na defesa. O roteiro, atrelado ao uso de recursos do art. 7º, XIII da Constituição Federa, do art. 59 da CLT e da
tecnológicos de fiscalização, oferece ao patrão o controle da Súmula nº85, I do TST, conforme segue:
duração do trabalho. Além disso, o empregador sabe de antemão CRFB/88
que o grande volume de serviço exigirá do empregado jornada Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
superior ao limite diário previsto em lei; a admitir tal procedimento, outros que visem à melhoria de sua condição social:
estariam escancaradas as portas para a sonegação de horas III - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e
extras, o que deve ser coibido pelo Poder Judiciário. quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários
É nesse norte, também, que se posiciona a jurisprudência: e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de
"ATIVIDADE EXTERNA. HORAS EXTRAS. O que caracteriza o trabalho;
serviço externo é a inviabilidade de permanente controle e CLT
fiscalização das atividades do empregado, não sendo o caso dos Art. 59 A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas
autos. Reclamante que não se enquadra na exceção do inciso I do suplementares, em número não excedente de 2 (duas), mediante
artigo 62 da CLT. (...)" (TRT-4 - RO 0000985-50.2010.5.04.0561, acordo escrito entre empregador e empregado, ou mediante
Relator: LUIZ ALBERTO DE VARGAS, Data de Julgamento: contrato coletivo de trabalho.
31/08/2011, Vara do Trabalho de Carazinho) (...)
Irrelevante, então, que o autor não tenha o controle formal de § 2º Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de
jornada, que trabalhe externo ou não, ou conste tal condição em acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em
sua CTPS ou Registro Funcional, porquanto o contrato de trabalho um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro
é um contrato-realidade, não podendo se apegar a formalismos. dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à
Atente-se que o fato de não existir a condição de trabalhador soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja
externo anotada na CTPS, embora não seja requisito intransponível, ultrapassado o limite máximo de 10 horas diárias.
faz militar contra o empregador a presunção de que existe o Súmula nº 85 do TST
controle. Outrossim, saliento e para evitar debates futuros, que COMPENSAÇÃO DE JORNADA (inserido o item VI) - Res.
efetivamente o documento de ID. c931346 - Pág. 6, registra a 209/2016, DEJT divulgado em 01, 02 e 03.06.2016
condição de trabalhador submetido às exceções do art. 61, I e II, I. A compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por
sem discriminar em qual dos dois o RECORRIDO estaria inserto. acordo individual escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva. (ex
Devendo ser registrado que o documento não foi impugnado pela -Súmula nº 85 - primeira parte - alterada pela Res. 121/2003, DJ
parte interessada. 21.11.2003)
Do depoimento da testemunha da RECORRENTE vê-se que II. O acordo individual para compensação de horas é válido, salvo
existiam entregas programadas e que elas podiam ser controladas se houver norma coletiva em sentido contrário. (ex-OJ nº 182 da
no aspecto temporal, a prova maior disso é que essa testemunha SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)
afirmou "QUE cada entrega demora aproximadamente de 30(trinta) Conforme se observa do colacionado acima, a compensação de
a 40(quarenta)minutos" e que eram realizadas de 8 a 10 entregas horas extras com folga depende instrumento coletivo ou acordo
por dia. Pudesse o ato de entrega ser realizado sem a necessidade escrito entre as partes, desde que, neste último caso, não exista
de deslocamento, só aí teríamos de 300 minutos ou 5 horas a 400 instrumento coletivo em contrário. O caso em análise, portanto, não
minutos ou 6 horas e 40 minutos. Mas, é impossível realizar se enquadra nas hipóteses previstas, tendo em vista que não há
transporte de cargas sem deslocamento e, assim sendo, a prova de acordo escrito ou instrumento coletivo permitindo a compensação.
tal situação poderia ser feita a partir de tacógrafos que, embora não Verifica-se, na verdade, que a convenção coletiva presente às fls.
sejam registros de ponto, têm o condão de elucidar o real e efetivo 51 - 81 traz expressa ressalva à aplicação da compensação em sua
tempo de deslocamento do veículo. Assim, tenho que é correta a cláusula quadragésima nona, conforme se observa:
conclusão de que é possível o controle da jornada e não fazê-lo foi CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA NONA - RATIFICAÇÃO
uma opção da DEMANDADA. Os Sindicatos Ratificam a aplicabilidade dos dispositivos da Lei
Quanto ao aspecto de que eram concedidos "entre 03 (três) a 04 12.619/2012 e 13.103/2015,com exceção a compensação da
(quatro) dias de folgas por mês" e que por isso deveria haver jornadas de trabalho e banco de horas.

- SILVANA DE SOUZA LINS

Tendo em vista o exposto, não assiste razão à recorrente.
processamento, pois o Regional decidiu as questões veiculadas no PODER
presente apelo com base no conjunto probatório contido nos autos e JUDICIÁRIO
de acordo com a legislação pertinente à espécie. Assim, as

Fundamentação
alegações lançadas pela parte nas razões recursais, em sentido
RECURSO DE REVISTA
contrário, somente seriam aferíveis através de reexame fático, o
Trata-se de Recurso de Revista interposto por OI S.A. - EM
RECUPERAÇÃO JUDICIAL, em face de acórdão proferido em
TST). Por consequência, resta inviabilizado o exame da divergência
sede de Recurso Ordinário, em procedimento sumaríssimo, nos
jurisprudencial específica (Súmula nº 296 do TST).
autos da Reclamação Trabalhista 0001121-68.2017.5.06.0101,
CONCLUSÃO
figurando como recorridas, SILVANA DE SOUZA LINS e A & M
COMÉRCIO EM TELECOMUNICAÇÕES LTDA. - ME.
Intimem-se.
O apelo é tempestivo, tendo em vista a publicação da decisão de
snl/AE
embargos declaratórios em 18.09.2018 e a apresentação das
Assinatura
razões deste apelo em 27.09.2018, conforme documentos Ids
b322873 e e453ea0.

81b2708 e 6e3135a).
Custas recolhidas (Id b7fbe38). A recorrente, empresa em
Decisão
Processo Nº ROPS-0001121-68.2017.5.06.0101 Recuperação Judicial, é isenta de efetuar o depósito recursal, nos
Relator SOLANGE MOURA DE ANDRADE termos do artigo 899, § 10, da CLT
RECORRENTE SILVANA DE SOUZA LINS
ADVOGADO SIMONE AGUIAR DE MEDEIROS
CASTRO(OAB: 14890-D/PE) DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA
ADVOGADO RAQUEL LEITE STIVAL(OAB: 31902-
D/PE) Alegações:
ADVOGADO ROBERTHA CATHARINA - contrariedade à Súmula 331 do TST;
CAVALCANTI E SILVA(OAB:
42378/PE) - violação dos artigos 5º, incisos II, da Constituição Federal; e
RECORRENTE OI S.A. - EM RECUPERAÇÃO
JUDICIAL - divergência jurisprudencial.
ADVOGADO Jairo Cavalcanti de Aquino(OAB: 1623- Atendendo aos requisitos previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a IV,
D/PE)
ADVOGADO SCYLA ANDREA CALISTRATO DOS da CLT, a parte recorrente insurge-se contra a decisão do
SANTOS BRITO(OAB: 18037/PE)
Colegiado regional de manter a responsabilidade subsidiária que lhe
RECORRIDO SILVANA DE SOUZA LINS
ADVOGADO ROBERTHA CATHARINA foi imputada pelo Juízo singular. Argumenta que não se configura
CAVALCANTI E SILVA(OAB:
42378/PE) responsabilidade subsidiária na hipótese de prestação de serviços
ADVOGADO RAQUEL LEITE STIVAL(OAB: 31902- sem exclusividade para a tomadora e, principalmente, sem
D/PE)
ADVOGADO SIMONE AGUIAR DE MEDEIROS ingerência desta sobre as atividades dos empregados da
CASTRO(OAB: 14890-D/PE)
terceirizada. Alega que o objeto do ajuste comercial, firmado entre
RECORRIDO A & M COMERCIO EM
TELECOMUNICACOES LTDA - ME as empresas, visava apenas a comercialização de produtos,
ADVOGADO FELIPE BORBA BRITTO
PASSOS(OAB: 16434/PE) conforme restou comprovado, especificamente no contrato acostado
RECORRIDO OI S.A. - EM RECUPERAÇÃO aos autos, sendo irrelevante quem ou como seria realizado o
JUDICIAL
ADVOGADO SCYLA ANDREA CALISTRATO DOS serviço pela primeira reclamada.
SANTOS BRITO(OAB: 18037/PE)
O Colegiado regional assim fundamentou sua decisão:
ADVOGADO Jairo Cavalcanti de Aquino(OAB: 1623-
D/PE) "Da responsabilidade subsidiária e da abrangência da
Intimado(s)/Citado(s): condenação
- A & M COMERCIO EM TELECOMUNICACOES LTDA - ME Na hipótese, extrai-se dos autos que a autora foi contratada pela
- OI S.A. - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL empresa A & M COMÉRCIO EM TELECOMUNICAÇÕES, primeira

reclamada, em 01/07/2016, para prestar serviços como vendedora, dos serviços, por meio da terceirização, pouco importa tenha ele
em benefício da segunda ré (OI S.A.). dado ou não causa à cessação do contrato de trabalho do
As reclamadas, ainda que sob a denominação de "contrato de reclamante, assumirá os encargos sociais.
credenciamento", firmaram contrato de prestação de serviços, O responsável subsidiariamente deverá arcar, em regra, com o
juntado aos autos sob o Id 6518b77. pagamento de todas as parcelas que sejam, inicialmente, de
A segunda reclamada, assim, foi diretamente beneficiada com a responsabilidade do devedor principal. Ainda que ausente a culpa,
prestação dos serviços da reclamante, em razão da terceirização. sua posição assemelha-se à do fiador ou do avalista; não tendo
Mesmo que a tomadora dos serviços não tenha mantido relação de havido o adimplemento da obrigação pelo devedor principal, incide,
subordinação e de pessoalidade com a empregada terceirizada, automaticamente, e sem quaisquer restrições, a plena
pelo simples fato de ter havido prestação de serviços, por meio de responsabilidade daquele que, em última análise, figura na relação
terceirização, ela será necessariamente responsável, ainda que jurídica única e exclusivamente para garantir a integral satisfação do
subsidiariamente, pelos créditos trabalhistas inadimplidos pela credor" (Alice Monteiro de Barros, Curso de Direito do Trabalho, 5.
empresa contratada. ed. São Paulo: LTr, 2009, p. 456).
Ressalto, por oportuno, que a segunda ré optou por transferir a Oportuno destacar, ainda, que não afronta o princípio da legalidade
outra empresa a comercialização dos seus produtos e serviços, (art. 5º, inciso II, da Carta Magna) julgado que fundamenta sua
atividade esta que poderia ela mesma ter assumido, mas escolheu decisão em Súmula do TST, porque a jurisprudência é fonte de
terceirizar, ainda que sob o pretexto de firmar contrato de natureza direito expressamente prevista no art. 8º da CLT.
comercial. Por fim, não prospera a pretensão recursal de se restringir a
Desse modo, independentemente da denominação do contrato responsabilidade da segunda reclamada ao período em que a
havido entre as reclamadas, em nada se altera a essência da empregada supostamente tenha prestado serviços em seu
avença, destinada à prestação de serviços na comercialização dos benefício. A condenação subsidiária implica a assunção da
produtos da OI S.A.. obrigação de maneira acessória, abrangendo todo o período do
A responsabilidade subsidiária da empresa beneficiária é, sem contrato de trabalho mantido com a primeira reclamada, quando a
dúvida, um dos instrumentos mais eficazes na garantia dos direitos reclamante prestou serviços em prol da recorrente, nos termos do
trabalhistas oriundos da terceirização. Ressalte-se que pelo contrato mantido entre as rés. A demandada não comprovou
entendimento pacificado na Súmula nº 331 do TST, a empresa qualquer restrição de índole temporal na prestação dos serviços a
tomadora será responsabilizada pelo simples inadimplemento do seu favor, ônus que lhe incumbia, por se tratar de fato modificativo
crédito trabalhista, recaindo sobre ela a execução apenas na do direito autoral. Esclareço que, da prova testemunhal, não é
hipótese de a empresa prestadora dos serviços se eximir de cumprir possível se extrair limitação temporal diversa daquela informada na
a obrigação judicial, não sendo mais exigida a decretação de Inicial.
falência ou de insolvência desta para atingir o patrimônio da Por todo o exposto, nego provimento ao apelo."
empresa-cliente. Tratando-se de causa sujeita a procedimento sumaríssimo, a
A toda evidência, a responsabilidade civil do tomador de serviços é admissibilidade do recurso de revista está condicionada à existência
objetiva, de acordo com a Súmula nº 331, IV, do C. TST, imputando- de contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal
se a ele a responsabilidade subsidiária sempre que identificado, na Superior do Trabalho ou a súmula vinculante do Supremo Tribunal
fase executória, o inadimplemento das parcelas de natureza Federal e por violação direta da Constituição Federal (§ 9º do artigo
trabalhista. Despicienda, portanto, qualquer investigação acerca de 896 Consolidado), razão pela qual inócua a alegação de divergência
sua culpa. jurisprudencial.
Ainda, nos termos do item VI, da Súmula 331, do C. TST, "a Isto posto, do confronto entre os argumentos da parte recorrente e a
responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas fundamentação da decisão recorrida, não vislumbro a possibilidade
as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da de dar-se seguimento do recurso, tendo em vista que a Turma
prestação laboral" (grifei), objetivando a proteção do trabalhador decidiu as questões com base nas normas legais pertinentes à
hipossuficiente, o que inclui, por óbvio, o pagamento das verbas matéria e na jurisprudência sedimentada na Súmula 331, itens IV e
rescisórias e de multas trabalhistas. VI, do TST, consistindo a insurgência, quando muito, em
Nesse sentido, são as lições de Alice Monteiro de Barros: interpretação diversa daquela conferida pelo Regional. Além disso,
"Logo, reconhecida a responsabilidade objetiva de quem se utilizou a apreciação das alegações da recorrente constitui-se em matéria

eminentemente fática, submetida ao reexame de provas, o que não Alegações:
é possível por meio desta via recursal (Súmula 126 do TST). - contrariedade à Súmula nº 444 do TST;
CONCLUSÃO - violação dos artigos 7º, XIII e XXVI, da CF, 59 da CLT ; e
Diante do exposto, DENEGO seguimento ao apelo. - divergência jurisprudencial.
Cumpram-se as formalidades legais. A parte recorrente insurge-se contra o pagamento de horas extras.
Intimem-se. Defende a validade da jornada de 12x36, argumentando que a
mro/AE mesma é mais benéfica ao trabalhador, que dispõe de descanso
Assinatura semanal por tempo maior em relação àqueles que laboram seis ou
RECIFE, 25 de Outubro de 2018 oito horas diárias.
Não obstante o inconformismo apresentado, o apelo não ultrapassa
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO o crivo da admissibilidade recursal.
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região É que a Lei nº 13.015/2014, de 22/09/2014, acrescentou o §1º-A ao

Decisão art. 896 da CLT, introduzindo novos requisitos formais ao
Processo Nº RO-0001931-77.2016.5.06.0101
Relator SOLANGE MOURA DE ANDRADE processamento dos recursos de revista, que impuseram à parte,
RECORRENTE DIEGO SILVA DE ARAUJO sob pena de não conhecimento do seu apelo, o dever de: 1) indicar,
ADVOGADO LEIZENERY EVELLYN DE SOUZA
LINS(OAB: 35558/PE) para cada tema trazido ao reexame, o trecho da decisão recorrida
ADVOGADO ALESSANDRA DE GUSMAO que consubstancia o prequestionamento da controvérsia; 2)
BAHIA(OAB: 22946/PE)
ADVOGADO Ana Paula Francisca da Silva apresentar tese explícita e fundamentada de violação legal, de
Cavalcanti Padilha(OAB: 23232-D/PE)
contrariedade à Súmula de jurisprudência da C. Corte Revisora e à
ADVOGADO WILSON DE OLIVEIRA LIRA(OAB:
42430-D/PE) Súmula vinculante do E. STF ou de dissenso pretoriano que
RECORRIDO AJ SERVICOS LTDA
entenda existir; 3) impugnar todos os fundamentos jurídicos da
ADVOGADO SAMUEL ANTONIO DA COSTA
NETO(OAB: 36224/PE) decisão recorrida; e 4) transcrever na peça recursal, no caso de
ADVOGADO ANTONIO FARIA DE FREITAS
NETO(OAB: 19242/PE) suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de prestação
jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que foi pedido

o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no recurso
- AJ SERVICOS LTDA
ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os embargos
- DIEGO SILVA DE ARAUJO
da omissão. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017).
Interpretando o dispositivo legal mencionado, vale citar os seguintes

PODER
precedentes da Corte Superior Trabalhista:
JUDICIÁRIO
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
Fundamentação ADMISSIBILIDADE. LEI 13.015/2014. PREQUESTIONAMENTO.
RECURSO DE REVISTA TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO. ART. 896, § 1º-A, I,
Trata-se de recurso de revista interposto por AJ SERVIÇOS LTDA., DA CLT 1. A Lei nº 13.015/2014 exacerbou os pressupostos
em face de acórdão proferido em sede de Recurso Ordinário, nos intrínsecos de admissibilidade do recurso de revista, como se extrai
autos da reclamação trabalhista 0001931-77.2016.5.06.0101, do novel art. 896, § 1º-A, da CLT. 2. O novo pressuposto e ônus do
figurando como recorrido DIEGO SILVA DE ARAÚJO. recorrente consistente em 'indicar o trecho da decisão recorrida que
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS consubstancia o prequestionamento' não se atende meramente por
O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão meio de menção ou referência à folha do acórdão em que se situa,
recorrida se deu em 18.09.2018 e a apresentação das razões tampouco mediante sinopse do acórdão, no particular. A exigência
recursais em 26.09.2018 (Ids 3130919 e 29cf519). em apreço traduz-se em apontar a presença do prequestionamento
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id (salvo vício nascido no próprio julgamento) e comprová-lo mediante
e4c4ba2). transcrição textual do tópico nas razões recursais. Somente assim
Preparo regular (Ids 0517edb, a925585 e 9ac603f). se atinge a patente finalidade da lei: propiciar ao relator do recurso
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS de revista no TST maior presteza na preparação do voto ao ensejar
HORAS EXTRAS - REGIME DE COMPENSAÇÃO DE JORNADA que, desde logo, confronte o trecho transcrito com o aresto acaso

apontado como divergente, ou com a súmula cuja contrariedade de revista não apresenta a transcrição do trecho da decisão regional
acaso é alegada, ou a violação sustentada de forma analítica pelo que consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do
recorrente. 3. Inadmissível recurso de revista interposto sob a égide apelo. As alterações legislativas no aspecto constituem pressuposto
da Lei nº 13.015/2014 (decisões publicadas a partir de 22/9/2014) extrínseco de admissibilidade do recurso de revista. A ausência
em que a parte não cuida de transcrever o trecho do acórdão desses requisitos formais torna inexequível o apelo e insuscetível
regional em que repousa o prequestionamento da controvérsia de provimento o agravo de instrumento. Agravo de instrumento
transferida à cognição do TST. 4. Agravo de instrumento da conhecido e desprovido." (AIRR-350-47.2014.5.03.0047, Relator
Reclamada de que se conhece e a que se nega provimento." Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, DEJT de
(TSTAIRR-767-73.2014.5.08.0107, 4ª Turma, Rel. Min. João Oreste 8/5/2015).
Dalazen, DEJT 18/12/2015. Na hipótese dos autos, considerando que o recorrente não cuidou
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA de indicar, nas razões do recurso, os trechos da decisão recorrida
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N° 13.015/2014 (...) que configuram o prequestionamento da controvérsia, inviabilizado
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA - HONORÁRIOS está o conhecimento de seu apelo, nos termos da norma
ADVOCATÍCIOS - RECURSO DE REVISTA QUE NÃO ATENDE consolidada acima mencionada.
OS REQUISITOS DO ARTIGO 896, § 1º-A, I, DA CLT. Não CONCLUSÃO
obstante as alegações da Agravante, o Recurso de Revista não Diante do exposto, DENEGO seguimento ao Recurso de Revista.
comporta processamento, uma vez que a parte deixou de 'indicar o Cumpram-se as formalidades legais.
trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento Intimem-se.
da controvérsia objeto do recurso de revista', desatendendo, assim, /snl/AE
aos requisitos impostos pelo art. 896, § 1°-A, I, da CLT, inserido Assinatura
pela Lei n° 13.015/2014. Agravo de Instrumento a que se nega RECIFE, 25 de Outubro de 2018
provimento." (AIRR-10608-34.2014.5.18.0004, Relator
Desembargador Convocado: João Pedro Silvestrin, 8ª Turma, DEJT VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
de 24/4/2015). Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA REGIDO Decisão

Processo Nº RO-0001094-82.2017.5.06.0102
PELA LEI Nº 13.015/14. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO. Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
INOBSERVÂNCIA DE PRESSUPOSTO FORMAL DE RECORRENTE TONY ANDRE GRACILIANO DOS
SANTOS
ADMISSIBILIDADE PREVISTO NO ART. 896,§ 1º-A, I, DA CLT. ADVOGADO JOAO GALAMBA PINHEIRO(OAB:
31153/PE)
Nos termos do art. 896, § 1º-A, I, da CLT, com a redação dada pela
ADVOGADO SIMONE AGUIAR DE MEDEIROS
Lei nº 13.015/2014: 'Sob pena de não conhecimento, é ônus da CASTRO(OAB: 14890-D/PE)
RECORRIDO SERVIS SEGURANCA LTDA
parte: I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o
ADVOGADO DIMITRI DE LIMA
prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista'. Na VASCONCELOS(OAB: 23536/PE)
ADVOGADO Áurea da Silva Cavalcanti Batista(OAB:
hipótese vertente, o recurso de revista não observou o referido 25141-D/PE)
pressuposto formal. Agravo de instrumento a que se nega RECORRIDO HOLDING SERVIS ADMINISTRACAO
DE EMPRESAS LTDA
provimento." (AIRR-11347-06.2013.5.11.0014, Relator Ministro ADVOGADO DIMITRI DE LIMA
Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT de 8/5/2015).
ADVOGADO Áurea da Silva Cavalcanti Batista(OAB:
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RITO SUMARÍSSIMO. RECURSO 25141-D/PE)
DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A TRANSCRIÇÃO DO

TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE IDENTIFICA O - HOLDING SERVIS ADMINISTRACAO DE EMPRESAS LTDA
PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO DO APELO. LEI - SERVIS SEGURANCA LTDA
- TONY ANDRE GRACILIANO DOS SANTOS
13.015/2014. Com o advento da Lei 13.015/2014 o novel § lº-A do
artigo 896 da CLT exige em seu inciso I, como ônus da parte e sob
pena de não conhecimento, a indicação do trecho da decisão
recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia PODER

objeto do recurso de revista. No caso concreto, o acórdão regional JUDICIÁRIO
foi publicado em 27/10/2014, na vigência da referida lei, e o recurso
Fundamentação

RECURSO DE REVISTA Confrontando os fundamentos do acórdão recorrido com as razões
da recorrente, não vislumbro ofensa ao dispositivo constitucional
Trata-se de recurso interposto por SERVIS SEGURANÇA LTDA., indicado, uma vez que o julgamento foi devidamente fundamentado
nos autos do Processo 0001094-82.2017.5.06.0102, figurando na análise dos elementos de convicção e na legislação pertinente.
como recorridos, TONY ANDRÉ GRACILIANO DOS SANTOS e O recurso não comporta processamento com suporte no artigo 896
HOLDING SERVIS ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS LTDA. da CLT, eis que não configurada qualquer das hipóteses de
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS admissibilidade.
O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação do acórdão CONCLUSÃO
se deu em 18.09.2018, e a apresentação das razões recursais, em Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
28.09.2017, conforme se pode ver dos documentos IDs. 1d6524e e Cumpram-se as formalidades legais.
7963c08. Intimem-se.
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (IDs
5c31190 e 3166836).
Preparo satisfeito (IDs 1825f31, dd66aaf, a5b83d4, 9de7516,
8f1b3fa, 1dcc9b0, 5fb07fb e 8556f44). acmm/AE
CERCEAMENTO DE DEFESA
Alegações: Assinatura
- violação ao artigo 5º, LV, da Constituição Federal. RECIFE, 24 de Outubro de 2018
previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a parte recorrente VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
insurge-se contra a aplicação da pena de revelia, alegando Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
cerceamento de defesa, em face de sua ausência à audiência, Decisão

Processo Nº RO-0000984-07.2016.5.06.0171
diante da ocorrência de caso fortuito, devidamente comprovado. Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
Do acórdão impugnado, transcrevo os seguintes trechos: RECORRENTE V&S SEGURANCA PATRIMONIAL DO
NORDESTE LTDA
Do cerceamento do direito de defesa. Ausência das reclamadas ADVOGADO CLEBER MAGNOLER(OAB:
181462/SP)
à audiência. Pena de confissão.
RECORRIDO EVANDRO CRISTIANO DA SILVA
As reclamadas-recorrentes, preliminarmente, alegam que houve ADVOGADO ERICK BATISTA MARQUES DA
COSTA(OAB: 22807-D/PE)
nulidade processual pela aplicação da pena de confissão às
reclamadas em face de sua ausência à audiência de instrução. Intimado(s)/Citado(s):

Destaca que referida ausência se deu em virtude de caso fortuito - a - EVANDRO CRISTIANO DA SILVA
- V&S SEGURANCA PATRIMONIAL DO NORDESTE LTDA
preposta ficou impossibilitada de comparecer à audiência no horário
marcado em virtude de obra que estava sendo realizada na BR 101
que dá acesso à Vara do Trabalho de Olinda.
Sem razão. PODER

Conforme bem destacou o Juízo de piso, em razões que uso para JUDICIÁRIO
fundamentar o presente julgado, "não parece razoável que se
Fundamentação
justifique a ausência unicamente da preposta da ré em audiência
RECURSO DE REVISTA
em que todos os demais participantes (magistrado, servidor,
Trata-se de Recurso de Revista interposto por V&S SEGURANÇA
estagiários, reclamante e seu patrono, além da patrona da própria
PATRIMONIAL DO NORDESTE LTDA, em face de acórdão
ré), vindos de variadas localidades, conseguiram se fazer
proferido nos autos da Reclamação Trabalhista nº 0000984-
presentes. Ademais, como cediço, a presença do advogado à
07.2016.5.06.0171, figurando como recorrido, EVANDRO
audiência, munido de procuração e de defesa, não afasta a revelia,
CRISTIANO DA SILVA.
sendo nesse sentido a Súmula nº 122 do TST, razão pela qual a
reclamada é declarada revel e apenada com a confissão ficta".
Nada mais a acrescentar no ponto. Nego provimento no particular.
recorrida se deu em 18/09/2018 e a apresentação das razões

recursais em 27/09/2018, conforme se pode ver dos documentos respectivo adicional. Cita jurisprudência. Pede provimento.
Ids 35f2cab e 33a3df4. O acórdão recorrido foi vazado nos seguintes termos:
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Ids "Da forma de terminação do pacto laboral. Da justa causa. Do
2cf2aee e 61dda62). abandono de emprego. Não ocorrência. Das verbas rescisórias.
Preparo regularmente efetuado (Ids 3ea0a19, 9f86700, 0465e4d, (...)
42eab37, 8140208 e 35b3d30) Cinge-se a lide, portanto, ao exame da configuração ou não da
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS dispensa por justa causa.
DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA / REVERSÃO Inicialmente cabe destacar que, pelo princípio da continuidade do
MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT vínculo de emprego, o reconhecimento da dispensa por justa causa
HORAS EXTRAS / JORNADA 12x36 requer prova robusta, consistente e extreme de dúvida, a cargo do
INTERVALO INTRAJORNADA empregador, que assume o ônus de prová-la, ao apontar qualquer
FERIADOS das condutas tipificadas no art. 482 da CLT. Trata-se de fato
Alegações: impeditivo do direito, o que atrai a aplicação do art. 373, inciso II, do
- contrariedade às Súmulas 277 e 444 do TST; CPC/2015 c/c com o art. 818 da CLT.
- violação aos artigos 5º, II, da CF; 477, §8º, 482, "i", da CLT; 9º da Neste sentido, a jurisprudência sumulada do C. TST:
lei 605/49,e Súmula n.º 212. DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA. O ônus de
- divergência jurisprudencial. provar o término do contrato de trabalho, quando negados a
Atendendo aos requisitos formais para conhecimento do apelo, prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o
previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a parte recorrente princípio da continuidade da relação de emprego constitui
insurge-se contra o acórdão que manteve a sentença a qual presunção favorável ao empregado.
invalidou a justa causa aplicada ao obreiro. Diz que a ruptura Resta, portanto, saber se, no presente caso, restou configurado o
contratual se deu em razão do abandono do emprego, restando abandono do emprego por parte do obreiro, suficiente para ensejar
configurada, assim, a hipótese da alínea "i", do art. 482, da CLT. Diz a punição prevista na alínea "i" do art. 482 do texto consolidado,
que o mero erro material em alguns documentos não comprovam as que constitui a penalidade máxima aplicável a um trabalhador, e,
alegações autorais. Acrescenta que o TRCT e as fichas financeiras somente em casos excepcionais deve ser levantada.
evidenciam que a dispensa ocorreu em 2017, ou seja, antes mesmo Para a caracterização do abandono de emprego, alegado pela
de sua dispensa, o obreiro ingressou com a presente demanda reclamada em sua contestação, é necessária a concorrência de
demonstrando o animus de abandono. Contrapõe-se a aplicação da dois elementos: o objetivo (material) que se constitui pela ausência
multa do artigo 477 da CLT, alegando que a reversão da justa injustificada e prolongada ao serviço e o subjetivo quando o
causa não é causa de imposição da penalidade. Rebela-se contra o empregado demonstra o ânimo de não mais retornar ao emprego
pagamento das horas extras, além da 8ª hora diária e 44ª hora (animus abandonandi).
semanal, para tanto, atesta que eventual labor extraordinário foi (...)
devidamente compensado. Defende que a escala 12x36 encontra Incumbe à empresa demonstrar que a iniciativa de desfazimento do
albergue na convenção coletiva da categoria, e por não trazer pacto partiu do autor, através de comprovação de diligências para,
qualquer prejuízo ao trabalhador, foi validada pelo TST, ao editar a no mínimo, se informar da intenção do trabalhador, recaindo sobre
Súmula nº 444. Ressalta que não há qualquer impedimento no aquela a prova de qualquer ato que evidenciasse o ânimo de
referido verbete que indique estar a jornada 12x36 condicionada à abandonar o emprego.
ausência de prestação de horas extras. Invocando a ultratividade No caso em tela, apesar de a reclamada alegar ter havido
das normas coletivas, afirma que não obstante a ausência de abandono de emprego desde o dia 21.02.2017- em contraponto à
Acordos Coletivos nos autos, a já mencionada jornada está prevista alegação do reclamante de que a dispensa sem justa causa teria
expressamente nas convenções coletivas da categoria. Quanto ao ocorrido somente em 27.06.2016 - juntou aos autos documento
intervalo intrajornada, pede que se restrinja ao tempo efetivamente relativo ao "AVISO PRÉVIO DO EMPREGADOR" (vide fls.
suprimido. Argui a inconstitucionalidade da Súmula 437 do TST. No 655/657), por meio do qual a empresa comunica, na data de
que tange ao pagamento de labor em dias de feriados afirma que 11.07.2016, ao empregado, que não mais serão utilizados os seus
todos os dias santos e feriados trabalhados foram compensados por serviços, o que já demonstra a incoerência das alegações , bem
meio de concessão de folgas ou devidamente pagos, com o como atesta a veracidade das informações tecidas na inicial.

Evidencia ainda mais a incongruência ao juntar o telegrama à bem como de dobras pelo labor em dias de domingos e feriados,
contestação (fl. 468), endereçado ao obreiro, no qual solicita sob argumento de que o autor estava submetido à escala 12x36,
comparecimento à empresa "(...) no prazo de 3 dias, justificando prevista em convenção coletiva.
sua ausência, sob pena de ser caracterizado abandono de Afirma que toda a jornada de trabalho estava consignada nos
emprego". Destaque-se que tal correspondência foi remetida em cartões de
21.02.2017, quando a empresa deu aviso prévio ao empregado em ponto anexos e que o autor não conseguiu comprovar a invalidade
11.07.2016, bem antes da data que diz ter supostamente dos mesmos, a teor do artigo 818 da CLT.
dispensado o autor por justa causa. Quanto ao intervalo intrajornada, sustenta que houve usufruto de
Além disso, a empresa não apresentou testemunhas, e a única tempo de 1 (uma) hora e, mesmo que assim não fosse, a
testemunha ouvida nos autos, apresentada pelo autor, não narrou a condenação acaso existente deveria observar a proporcionalidade
razão para a dissolução contratual. do tempo usufruído e ostentar natureza indenizatória.
Diante da comprovação de que a dispensa ocorreu sem justo Com base na validade da compensação, contrapõe-se ao
motivo, são devidas ao autor todas as parcelas inerentes àquela pagamento de
modalidade de dispensa, na forma já deferida pelo juízo dobras pelo labor em dias de domingos e feriados, tendo em vista o
sentenciante, inclusive quanto à inclusive liberação de guias de disposto na Súmula 444 do TST.
seguro desemprego e do FGTS (artigo 300 do CPC/2015) e multa Sustenta, ainda, a quitação do vale-alimentação e indenização
do art. 477 da CLT. corresponde, bem como do vale-transporte, não havendo que se
Destaco, também, que não houve condenação da empresa ao falar em diferenças decorrentes de plantões extras.
pagamento de diferenças de depósitos fundiários relativos aos O Juízo sentenciante julgou parcialmente procedentes os pleitos
recolhimentos de FGTS do período contratual, de forma que não relativos à jornada de trabalho, com detida análise da prova
interesse jurídico recursal da ré, no ponto. documental e testemunhal dos autos, de acordo com os seguintes
Registro, ainda, quanto à multa do artigo 477 da CLT, que no caso fundamentos (fls. 949/950):
não se trata de aplicação da penalidade pelas diferenças de verbas (...)
rescisórias, mas pelo não pagamento dos haveres, eis que a Irreparável o decisum.
empresa, além de acostar TRCT completamente apócrifo (fls. Isso porque a sentença encontra-se lastreada nas provas
682/684), não juntou aos autos quaisquer depósito bancário para documentais acostadas aos dos autos.
comprovação de adimplemento dos haveres rescisórios. Além A reclamada acostou os controles de ponto do período contratual
disso, a reversão da justa causa em juízo, como ocorreu nos autos, (fls. 521/549).
autoriza o deferimento da penalidade em questão. Além disso, restou incontroverso, nos autos, conforme informado na
Este é o entendimento consagrado por este Tribunal: inicial, o cumprimento de jornada em sistema de turnos de
"SÚMULA Nº. 23 revezamento (12x36).
MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS Nesse contexto, como bem pontuado pelo juízo de origem, verifica-
DO TRABALHO. (...) se que não há razão para manter o sistema de turnos de
III - A reversão da justa causa em juízo autoriza a condenação revezamento de jornadas, pelas razões a seguir expostas.
ao pagamento da multa disciplinada no artigo 477, § 8º, da E, como bem pontuado pelo juízo de origem, a prestação habitual e
Consolidação das Leis do Trabalho. Precedentes: IUJ - contínua de horas extras por parte do autor, por meio da prestação
Processos 0000124-68.2015.5.06.0000; 0000267- de 2 plantões extras mensais, descaracteriza o sistema de
57.2015.5.06.0000; 0000323-90.2015.5.06.0000". compensação de jornada de trabalho, conforme prova dos autos.
Por todas as evidências apresentadas, mantém-se a sentença que Ora, a prova oral dos autos comprovou a alegação da inicial quanto
reconheceu a dispensa imotivada, nada havendo a ser reformar à realização de plantões extras e à supressão do intervalo
neste ponto. intrajornada, bem como de labor em dias de feriados sem a devida
Dos títulos relacionados à jornada de trabalho. Do vale- compensação correspondente. A testemunha indicada pelo autor
transporte e também confirmou a tese da inicial no tocante à ausência de
vale-alimentação decorrentes dos plantões extras. pagamento de vale-alimentação e vale-transporte quando eram
Insurge-se contra o deferimento das horas extras e repercussões, realizados os plantões extras.
inclusive as decorrentes da supressão do intervalo intrajornada, A única testemunha ouvida em juízo foi clara ao informar que (fl.

935 - Grifos de agora): Nada, pois, a reformar.
INTERROGATÓRIO DA TESTEMUNHA DO(A) AUTOR(A) : Sr. Por outro lado, quanto ao labor em dias de domingo, observo que o
RENÊ JOSÉ SILVA ALBUQUERQUE, (...) juízo sentenciante indeferiu o pleito, conforme sentença acima
"Que trabalhou por cinco anos para a 2a reclamada, tendo sido transcrita, razão pela qual não há interesse jurídico recursal da
desligado dos seus quadros em junho de 2016; que durante esse empresa, no ponto.
período trabalhou no mesmo local de trabalho do reclamante; que o No tocante ao intervalo intrajornada, de acordo com a testemunha di
reclamante exercia a função de vigilante de condutor; que o autor, restou evidente que o obreiro não dispunha de, no mínimo 1
reclamante fazia de dois a tres plantões extras por mês; que (uma) hora livre, para usufruir da forma que bem entendesse, o que
trabalhava no mesmo horário de trabalho do autor; que o é comum se verificar na função de Vigilante, normalmente
reclamante trabalhava das 07h00 as 20h00; que o autor não impossibilitado de sair do posto de trabalho, sendo devidas as horas
registrava nos cartões de ponto os plantões extras; que o extras e repercussões, que possuem natureza salarial e não
reclamante não gozava de intervalo intrajornada, fazendo a indenizatória, a teor da Súmula 437 do TST.
refeição no próprio posto de trabalho; que não sabe informar Quanto à natureza jurídica da parcela, o C. Tribunal Superior do
quantos vigilantes laboravam no plantão do reclamante; que não Trabalho firmou entendimento no sentido de que é salarial,
recebia o vale alimentação nos plantões extras, e tal fato repercutindo no cálculo de outras parcelas salariais, conforme
ocorria com todos os vigilantes; que não havia folga extra para Orientação Jurisprudencial n. 354, da SDI-I, também convertida no
compensar o trabalho em dias feriados; (...) que não havia item III, da Súmula n. 437.
fornecimento de vale transporte nos plantões extras; que Ressalto, por fim, que não cabe a limitação da condenação ao
preenchia os cartões de ponto apenas uma vez no mês; que os pagamento, pois a mesma, na verdade, configura uma do intervalo
horários registrados no cartão de ponto eram aqueles pré intrajornada apenas ao adicional sanção pelo fato de a empresa
determinados pelo supervisor da empresa; que a reclamada não empregadora haver descumprido medida de higiene, saúde e
dispunha de um quadro reserva de vigilantes; (...)" segurança do trabalho, garantida por norma de ordem pública, que
Ora, além de confirmar a tese da inicial quanto à realização de deve ser observada pelo empregador.
plantões extras, o depoente ainda informou que os horários Dessa forma, nego provimento ao recurso, nesses aspectos.
registrados nos cartões de pontos eram pré determinados pelo Confrontando-se os argumentos da parte recorrente com os
supervisor da empresa, o que demonstra a fragilidade dos controles fundamentos do acórdão regional, tem-se que não restou
de ponto juntados pela ré, eis que passíveis de manipulação. demonstrado que a decisão impugnada não viola literal disposição
Além disso, a empresa sequer apresentou testemunhas. de lei, na forma disposta pelo artigo 896 da CLT. Ademais,
Assim, ante o reconhecimento de plantões extras pelo juízo de evidencia-se que o Regional decidiu as questões veiculadas no
origem (2 plantões extras mensais), e mantido o entendimento por presente apelo com base no conjunto probatório contido nos autos,
este Juízo, restam devidas as diferenças de vale-transporte e vale- na legislação pertinente à espécie e em sintonia com as diretrizes
alimentação, eis que a empresa paga a menor as verbas devidas ao previstas nas Súmulas nºs 212, 437 e 444 do TST, consistindo o
autor, conforme se analisa das fichas financeiras anexas (fls. insurgimento da recorrente, quando muito, em interpretação diversa
550/573). daquela conferida pela Corte revisanda.
Em relação às dobras pelos feriados laborados, seguindo a mesma Acrescente-se, ainda, quanto a multa do artigo nº 477, §8º, da CLT,
linha de raciocínio, tendo em vista que a prova oral já transcrita, entendo que a apreciação das alegações da parte recorrente, como
mantenho a sentença em todos os seus termos. expostas, implicaria, necessariamente, o reexame de fatos e
Registro que os feriados laborados pelo reclamante devem ser provas, procedimento que encontra óbice na Súmula nº. 126 do TST
pagos em dobro quando não compensados ou pagos, mesmo em e inviabiliza a divergência jurisprudencial específica (Súmula nº.
se tratando do regime especial de 12x36. 296, item I, TST). Registro, ainda, que a decisão impugnada está
A propósito, menciono o seguinte entendimento extraído de em consonância com a tese jurídica prevalecente fixada pelo
julgados da Corte Superior Trabalhista: Tribunal Pleno, no julgamento de incidente de uniformização de
(...) jurisprudência suscitado sobre a matéria, no âmbito deste Regional.
Essa matéria está pacificada pela Súmula n. 444 do Colendo Quanto à divergência jurisprudencial trazida nesse sentido, verifico
Tribunal Superior do Trabalho: que ela é inservível ao confronto de teses, pois não traz a fonte de
(...) publicação, o que encontra óbice na Súmula nº 337, item I, do TST,

e no artigo 896, §8º, da CLT. operacionalmente, pela aptidão para manter equilíbrio econômico-
CORREÇÃO MONETÁRIA / IPCA-E financeiro entre sujeitos da relação jurídica que lhe deu origem; 8. a
Alegações: sua incidência objetiva deixar os sujeitos da relação jurídica tal
- contrariedade à OJ nº 300, da SDI-1 do TST; como qualitativamente se encontravam, no momento em que se
- violação ao artigo 879, § 7º-A da CLT; 39, §1º, da Lei nº 8.177/9; e formou a relação obrigacional; 9. o índice há de corresponder ao
- divergência jurisprudencial. preciso índice de desvalorização da moeda, em um certo período.
Observando os comandos celetistas, contesta a aplicação do IPCA- Feitas essas ponderações e considerando, enfatizo, a recente
E para a correção monetária dos créditos trabalhistas. Sustenta que decisão da Segunda Turma do STF, no sentido de julgar
ainda vigora o disposto na OJ nº 300, da SDI-1 do TST e no artigo improcedente a Reclamação Constitucional 22012, prevalecendo o
39, §1º, da Lei nº 8.177/91. Salienta que o art. 879, § 7º-A da CLT, entendimento de que a decisão deste Tribunal Superior do Trabalho
expressamente determina a atualização pela TR. Cita não configura desrespeito ao julgamento do STF nas ações diretas
jurisprudência. Pede provimento. de inconstitucionalidade 4.357 e 4.425, indubitável a viabilidade de
"Do IPCA-E adoção do IPCA-E, como índice aplicável para a correção de
(...) débitos trabalhistas.
Sem razão. Não há negar, portanto, que a TR e, por conseguinte, a TRD não se
No particular, cumpre destacar que o C. STF em decisão do dia prestam à recomposição do poder aquisitivo da moeda, razão pela
05/12/2017, ao examinar o mérito da Reclamação Constitucional nº. qual a sua adoção para a correção dos débitos trabalhistas vulnera,
22012, julgou improcedente, prevalecendo o entendimento já quando menos, o direito de propriedade (CF, art. 5º, XXII), além de
externado pelo c. Tribunal Superior do Trabalho, em que representar estímulo à protelação no cumprimento das obrigações
determinada a aplicação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo inscritas em títulos judiciais trabalhistas.
Especial (IPCA-E) em detrimento da Taxa Referencial Diária (TRD) À luz dessas considerações, impõe-se a adoção do IPCA-E para a
para atualização de débitos trabalhistas. atualização dos créditos trabalhistas, não apenas sob a perspectiva
A ementa do julgado lavrado na ocasião teve o seguinte teor: da efetiva recomposição do patrimônio dos credores trabalhistas,
(...) mas como medida de estímulo efetivo ao cumprimento dos direitos
Seguindo a mesma orientação, consoante decidiu também o TST sociais por parte de devedores recalcitrantes, que se valem da
por ocasião do julgamento da Arguição de Inconstitucionalidade Justiça do Trabalho, lamentavelmente, para postergar
suscitada nos autos do AIRR-479-60.2011.5.04.0231, o Supremo indefinidamente suas obrigações. Nego provimento".
Tribunal Federal, ao julgar as ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, expressou Relativamente à forma de atualização do crédito trabalhista,
convicção que pode ser assim sintetizada, segundo as exatas consigno que o Tribunal Superior do Trabalho, quando do
palavras do relator, Min. Cláudio Brandão: julgamento do ArgInc-479-60.2011.5.04.0231, em decisão publicada
1. a atualização monetária é instituto jurídico-constitucional, porque em 14/08/2015, declarou a inconstitucionalidade da atualização dos
tema específico ou matéria própria de algumas normas contidas na valores pela Taxa Referencial (TR), índice previsto no art. 39 da Lei
Constituição; 2. não representa acréscimo à dívida originária, de Nº 8.177/1991, determinando a adoção do Índice de Preços ao
modo a favorecer ao credor; 3. a dívida que tem o seu valor nominal Consumidor Amplo-Especial (IPCA-E) aos créditos devidos a partir
atualizado ainda é a mesma dívida; 4. deixar de assegurar a sua de 30 de junho de 2009 (data de vigência da Lei nº 11.960/2009,
incidência desequilibra a equação econômico-financeira entre que acresceu o artigo 1º-F à Lei nº 9.494/1997, declarado
devedor e credor, em desfavor deste último, ou seja, negar-lhe o inconstitucional pelo STF).
direito acarreta o seu empobrecimento e correlato enriquecimento Destaco, ainda, que, em 20/03/2017, a Corte Superior Trabalhista,
do devedor, pois a dívida é quitada mutilada ou de maneira parcial, atribuindo efeito modificativo aos embargos de declaração
ao passo que o sujeito passivo da obrigação dela se desincumbe de interpostos nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade referida,
modo reduzido; 5. constitui verdadeiro direito subjetivo do credor à modulou os efeitos da decisão, fixando o dia 25/03/2015 como
percepção de uma determinada paga (integral) em dinheiro; 6. é termo inicial para as repercussões da declaração de
instrumento de preservação do valor real de determinado bem, inconstitucionalidade.
constitucionalmente protegido e redutível a dinheiro, como fim de Outrossim, em 06/12/2017, o Supremo Tribunal Federal, julgou
resguardar o seu "poder aquisitivo" e da deterioração ou perda de improcedente a Reclamação n.º 22.012, cujo objeto era suspender
substância em virtude da inflação; 7. caracteriza-se, os efeitos da decisão proferida pelo C. Tribunal Superior do

Trabalho, que determinou a substituição dos índices de correção liminar para suspender os efeitos da decisão proferida por esta
monetária aplicada aos débitos trabalhistas. O STF considerou que Corte na Arguição de Inconstitucionalidade n° TST-ArgInc-479-
a decisão do C. TST não violou o entendimento firmado nas ADINs 60.2011.5.04.0231, bem como da tabela única editada pelo
4357 e 4425 e manteve a decisão da Corte para que os débitos Conselho Superior da Justiça do Trabalho. Entendeu a Suprema
trabalhistas sejam calculados de acordo com o IPCA-E. Corte que a decisão do TST extrapolou o entendimento do STF no
Todavia, feitas essas considerações, diviso que, confrontando os julgamento das ADINs supramencionadas, pois a posição adotada
argumentos da recorrente com os fundamentos da decisão por esta Corte Superior usurpou a competência do Supremo para
hostilizada, entendo que o recurso de revista comporta decidir, como última instância, controvérsia com fundamento na
admissibilidade, verifico que este Regional posicionou-se Constituição Federal, mormente porque o art. 39 da Lei n° 8.177/91
contrariamente ao entendimento do TST, eis que os critérios de não fora apreciado pelo Supremo Tribunal Federal em sede de
correção monetária dos créditos trabalhistas devem seguir os controle concentrado de constitucionalidade, nem submetido à
índices previstos na legislação vigente em cada período de sistemática da repercussão geral. 4. Na sessão de julgamento dos
regência, respeitada a aplicação do IPCA-E, a partir de 25/03/2015 embargos de declaração contra o acórdão de julgamento da ArgInc
até 10.11.2017, o que não ocorreu, sendo cabível o processamento 479-60.2011.5.04.0231, em 20/3/2017, opostos pelo Município de
da Revista, no ponto, nos termos do artigo 896, "a", consolidado. Gravataí, pela União, pelo Conselho Federal da OAB, pelo
A título exemplificativo e de reforço argumentativo, colaciono Sindienergia, pela Fieac e pela CNI, publicado em 30/6/2017,
recente e farta jurisprudência acerca da matéria debatida: modularam-se os efeitos da referida decisão para fixar como fator
RECURSO DE REVISTA. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA de correção dos débitos trabalhistas a Taxa TR (índice oficial da
APLICÁVEL AOS CRÉDITOS TRABALHISTAS. TAXA remuneração básica da caderneta de poupança), até 24/3/2015, e o
REFERENCIAL (TR). INCONSTITUCIONALIDADE. ADOÇÃO DO IPCA-E (Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial), a partir
ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO (IPCA-E). 1. No de 25/3/2015, na forma deliberada pelo c. Supremo Tribunal
julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4357 e 4372, Federal. 5. Na esteira do princípio da isonomia e, resguardando o
o Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou a direito fundamental de propriedade, a Suprema Corte decidiu em
inconstitucionalidade da expressão "índice oficial da remuneração 20.09.2017, nos autos do RE 870.947/SE, pela
básica da caderneta de poupança", constante do § 12 do art. 100 da inconstitucionalidade do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação
Constituição Federal, com a redação dada pela EC nº 62/09, fixando dada pela Lei nº 11.960/09, na parte em que disciplina os juros
naquela oportunidade que os créditos em precatórios deverão ser moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda Pública, ao incidir
corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial sobre débitos oriundos de relação jurídico-tributária, afastando em
(IPCA-E), por se entender que o Índice de Remuneração da definitivo a aplicação da TR como índice de atualização monetária
Caderneta de Poupança (Taxa TR) se revela como meio inidôneo das dívidas da Fazenda Pública, fixando o IPCA-E como índice
para promover a recomposição das perdas inflacionárias. 2. Nos aplicável à hipótese. 6. A eg. Segunda Turma do Supremo Tribunal
autos da ArgInc 479-60.2011.5.04.0231, de relatoria do Sr. Ministro Federal, em sessão de julgamento do dia 5/12/2017, prevalecendo
Cláudio Mascarenhas Brandão, em sessão plenária do dia 4/8/2015, a divergência aberta pelo ministro Ricardo Lewandowski, julgou
esta eg. Corte Superior, estendendo a mesma "ratio decidendi" improcedente a Reclamação (RCL 22012) ajuizada pela Fenaban
adotada no RE 870.947/SE, até então, declarou a contra decisão do c. TST, que fixou a aplicação do IPCA-E como
inconstitucionalidade por arrastamento da expressão "equivalentes fator para a correção monetária dos débitos trabalhistas. Naquela
à TRD", inserida no art. 39 da Lei nº 8.177/91, que define a correção assentada, decidiu-se que a decisão do c. TST, nos autos da ArgInc
monetária dos débitos trabalhistas de qualquer natureza, quando -479-60.2011.5.04.0231, proferida no legítimo exercício de sua
não satisfeitos pelo empregador nas épocas próprias e, com base competência para o controle difuso de constitucionalidade, não
na técnica de interpretação conforme a Constituição para o texto afronta a competência do Supremo Tribunal Federal para
remanescente do referido dispositivo, decidiu pela aplicação do julgamento das ADIs 2.418/DF e 3.740/DF. 7. Na hipótese, a
Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) à tabela decisão regional aplicou o IPCA-E como fator de correção
de atualização monetária dos débitos trabalhistas. 3. O Supremo monetária a partir de 30/6/2009, em desarmonia com a atual
Tribunal Federal, em 14/10/2015, por meio de decisão monocrática jurisprudência sedimentada pelo c. TST, a qual me curvo por
da lavra do Ministro Dias Toffoli, nos autos da Reclamação n° disciplina judiciária. Recurso de revista conhecido por violação do
22.012, ajuizada pela Federação Nacional dos Bancos, deferiu art. 102, § 2º, da CF e parcialmente provido. (RR - 83500-

69.2007.5.04.0005 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra correção dos débitos trabalhistas, deve prevalecer a compreensão
Belmonte, Data de Julgamento: 02/05/2018, 3ª Turma, Data de desta Corte, no sentido de que a aplicação do Índice de Preços ao
Publicação: DEJT 04/05/2018) Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), em detrimento da Taxa
I. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. Referencial Diária (TRD), permite a justa e adequada atualização de
PROCESSO REGIDO PELA LEI 13.015/2014. CORREÇÃO débitos trabalhistas, não se cogitando de desrespeito ao julgamento
MONETÁRIA DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS. lavrado nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4.357 e 4.425.
INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 39 DA LEI 8.177/91. 5. À luz dessas considerações, impõe-se a adoção do IPCA-E para
SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO. ÍNDICE APLICÁVEL. a atualização dos créditos trabalhistas, não apenas sob a
O Tribunal Regional determinou a atualização monetária dos perspectiva da efetiva recomposição do patrimônio dos credores
créditos trabalhistas pela Taxa Referencial (TR). Demonstrada trabalhistas, mas como medida de estímulo efetivo ao cumprimento
possível violação do artigo 5º, XXII, da Constituição Federal. Agravo dos direitos sociais por parte de devedores recalcitrantes, que se
de instrumento provido. II. RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA valem da Justiça do Trabalho, lamentavelmente, para postergar
LEI 13.015/2014. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS indefinidamente suas obrigações. In casu, a decisão do Tribunal
TRABALHISTAS. INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 39 DA Regional, no sentido de determinar a atualização monetária dos
LEI 8.177/91. SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO. ÍNDICE créditos trabalhistas pela Taxa Referencial (TR), implicou afronta ao
APLICÁVEL. IPCA-E. 1. Esta Colenda Corte, em julgamento artigo 5º, XXII, da Constituição Federal. Recurso de revista
plenário realizado no dia 04.08.2015, examinou a Arguição de conhecido e provido. ( RR - 1005-35.2012.5.15.0118 , Relator
Inconstitucionalidade suscitada pela Egrégia 7ª Turma deste Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, Data de Julgamento:
Tribunal, nos autos do AIRR-479-60.2011.5.04.0231, e pronunciou a 02/05/2018, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 04/05/2018)
inconstitucionalidade por arrastamento do artigo 39 da Lei da Lei I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA
8.177/91, elegendo como fundamento a ratio decidendi exposta pela INTERPOSTO PELO RECLAMADO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº
Excelsa Corte, no julgamento das ADIs 4.357, 4.372, 4.400 e 4.425. 13.015/2014 - FUNDAMENTO AUSENTE OU DEFICIENTE. Não se
2. Ainda na mesma ocasião, determinou esta Colenda Corte a conhece de recurso para o Tribunal Superior do Trabalho se as
modulação dos efeitos da decisão, a fim de que os créditos razões do recorrente não impugnam os fundamentos da decisão
trabalhistas alvos de execuções judiciais fossem corrigidos pelo recorrida, nos termos em que proferida. Súmula 422, I, do TST.
IPCA-E a contar de 30 de junho de 2009 (data posteriormente Agravo de instrumento não conhecido. II - RECURSO DE REVISTA
retificada para 25.3.2015, por ocasião do exame de embargos de DA RECLAMANTE - DÉBITOS TRABALHISTAS. ATUALIZAÇÃO
declaração), observada, porém, a preservação das situações MONETÁRIA. ÍNDICE APLICÁVEL. TR E IPCA-E. MODULAÇÃO. A
jurídicas consolidadas resultantes dos pagamentos efetuados nos Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, ao examinar a
processos judiciais, em andamento ou extintos, em virtude dos Reclamação nº 22012/RS, julgou improcedente o pedido de
quais foi adimplida e extinta a obrigação, ainda que parcialmente, cassação da decisão plenária proferida por este Tribunal quando do
sobretudo em decorrência da proteção ao ato jurídico perfeito julgamento do feito TST-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231 (Rel. Min.
(artigos 5º, XXXVI, da Constituição e 6º da Lei de Introdução ao Cláudio Mascarenhas Brandão), revogando, consequentemente, a
Direito Brasileiro - LIDB). 3. Em face da relevância da matéria e de liminar anteriormente concedida pelo Relator. Nesse contexto,
seus expressivos impactos econômicos, a Federação Nacional dos devem prevalecer os critérios de atualização monetária definidos
Bancos (Fenaban) apresentou ao Excelso Supremo Tribunal por esta Corte Superior em composição plena, ou seja, a TR deve
Federal a Reclamação Constitucional nº 22012, distribuída ao ser observada até 24/03/2015 e o IPCA-E a partir de 25/03/2015.
Ministro Dias Toffoli, sobrevindo decisão deferitória de liminar, "para Recurso de revista conhecido e parcialmente provido. (ARR - 2125-
suspender os efeitos da decisão reclamada e da "tabela única" 06.2015.5.09.0012 , Relator Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro,
editada pelo CSJT em atenção a ordem nela contida, sem prejuízo Data de Julgamento: 02/05/2018, 8ª Turma, Data de Publicação:
do regular trâmite da Ação Trabalhista nº 0000479- DEJT 04/05/2018)
60.2011.5.04.0231, inclusive prazos recursais". 4. Nada obstante, AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.
seguindo a jurisprudência consagrada no âmbito da própria HORAS IN ITINERE. SUPRESSÃO POR MEIO DE ACORDO
Suprema Corte, a Segunda Turma do STF julgou improcedente a COLETIVO. DESCUMPRIMENTO DA CLÁUSULA QUE PREVIA
Reclamação Constitucional nº 22012. Desse modo, viabilizada a CONTRAPARTIDA PELA RECLAMADA. NULIDADE. (...) ÍNDICE
retomada dos debates voltados à adoção de critério adequado para DE CORREÇÃO MONETÁRIA. CRÉDITOS TRABALHISTAS.

Diante do novo balizamento jurídico dado à questão controvertida -

PODER
parâmetros fixados no julgamento do ED-ArgInc-479-
JUDICIÁRIO
60.2011.5.04.0231 e revogação da liminar proferida pelo Ministro
Dias Toffoli -, passa-se a adotar o posicionamento que prevaleceu Fundamentação
no âmbito do Pleno desta Corte Especializada, no sentido de que, a RECURSO DE REVISTA
partir de 25/3/2015, o índice de correção monetária que deverá ser Trata-se de Recurso de Revista interposto por DANONE LTDA, nos
adotado para a atualização dos débitos trabalhistas na Justiça do autos da Reclamação Trabalhista 0000749-36.2017.5.06.0161,
Trabalho é o IPCA-E. No caso, conquanto o Regional tenha figurando METODIO JOSE DE OLIVEIRA JUNIOR e C&M
determinado a utilização do índice IPCA-E na atualização monetária DISTRIBUIÇÃO COMÉRCIO E REPRESENTAÇÃO, como
dos débitos trabalhistas apenas a partir de 26/3/2015, a fim de se recorridos.
evitar a reformatio in pejus, mantém-se a decisão recorrida. Agravo PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
de Instrumento conhecido e não provido. ( AIRR - 25685- O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão
77.2016.5.24.0091 , Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, Data recorrida se deu em 17.09.2018 e a apresentação das razões
de Julgamento: 02/05/2018, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT recursais em 20.09.2018 (Ids 77045db e 04c7247 ).
04/05/2018) A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
CONCLUSÃO 2117b4e).
Diante do exposto, RECEBO, parcialmente, o Recurso de Revista. Preparo efetuado corretamente (Id 3bbed51).
Intime-se, ficando ciente a parte reclamada para, querendo, PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
apresentar suas contrarrazões. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA
Cumpridas as formalidades legais, remeta-se o processo ao TST. Alegações:
mercp/AE - contrariedade à Súmula nº 331, item IV, do TST;
Assinatura - violação ao artigo 5º, inciso II, da Constituição Federal; 265 do
RECIFE, 25 de Outubro de 2018 Código Civil; 456 da CLT; 16 da Lei 6.019/74;
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO Cumprindo as exigências do art. 896, § 1º-A, incisos I a I IV, da
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região CLT, a parte recorrente insurge-se contra a decisão do Colegiado
Decisão regional que, dando provimento ao recurso ordinário interposto pelo

Processo Nº RO-0000749-36.2017.5.06.0161
reclamante, atribuiu-lhe a responsabilidade subsidiária pelos
Relator NISE PEDROSO LINS DE SOUSA
RECORRENTE METODIO JOSE DE OLIVEIRA créditos trabalhistas deferidos na ação corrente. Argumenta que
JUNIOR
celebrou com a empresa C e M DISTRIBUIÇÃO COMERCIO E
ADVOGADO BRUNO FERREIRA DE LUCENA
PONTES(OAB: 31489/PE) REPRESENTAÇÃO LTDA. contrato de distribuição, representação
ADVOGADO BRENDA CAVALCANTI BRUM DE
ANDRADE LIMA(OAB: 43019/PE) comercial, transporte e merchandising, estabelecendo uma relação
ADVOGADO SARA ALINE GUIMARAES DA de cunho comercial, regulada pelo Código Civil, tendo por objeto a
CRUZ(OAB: 40852/PE)
RECORRIDO C & M DISTRIBUICAO COMERCIO E distribuição dos produtos, por ela, recorrentes, fabricados, não
REPRESENTACAO LTDA
havendo que se falar na aplicação da Súmula 331 do TST. Aduz
ADVOGADO LUIZ FLAVIO RODRIGUES
DIAS(OAB: 18492/PE) que não há, "in casu", qualquer feição de intermediação de mão-de-
RECORRIDO DANONE LTDA
obra, mas tão-somente lícita relação jurídica de representação
FONTES(OAB: 453-A/PE) comercial dos seus produtos, de maneira que é incabível a
responsabilidade subsidiária da DANONE.

- C & M DISTRIBUICAO COMERCIO E REPRESENTACAO Destaco, do acórdão, os seguintes fundamentos
LTDA
"De início, pontuo ser incontroverso nos autos a celebração do
- DANONE LTDA
- METODIO JOSE DE OLIVEIRA JUNIOR contrato de distribuição firmado pelas demandadas, inserido no id.
0f80d0c.
In casu, em que pese a segunda reclamada tentar fazer crer de
forma contrária, resta evidente que ela interferia de forma incisiva
em algumas questões pontuais referentes ao gerenciamento da

primeira ré, a exemplo da contratação e demissão de inutilidade dos investimentos com instalação e pessoal pela
colaboradores. Isso é o que revelam os e-mails inseridos nos id. contratada, que vivia em prol da Danone.
a2cf2d2, da9172d, 3f1382f, 3eae4c0, bbbefec, que comprovam a Logo, entendo que a prova documental e testemunhal revelam a
participação dos gerentes da DANONE na contratação, demissão e dependência econômica e a interferência da Danone em relação à
folha de pagamento dos colaboradores da C&M, que precisou sua contratada, razão pela qual ela deveria responder
contratar empregados em quantidade suficiente para atender a solidariamente pelos títulos deferidos em favor do obreiro. Todavia,
demanda da empresa contratante. em respeito aos princípios da congruência e adstrição, condeno a
Enfatizo, pois oportuno, o conteúdo do email de id. 3f1382f (enviado segunda reclamada, de forma subsidiária, ao adimplemento dos
pelo Sr. Roberty Sousa, Gerente de Desenvolvimento de títulos deferidos ao obreiro, nos termos e limites do pedido autoral.
Distribuidores NE para a Sra. Soraya Pereira, empregada da C&M), Por fim, enfatizo que a matéria discutida nos presentes autos,
demonstra de forma cristalina a ingerência da Danone na admissão envolvendo a relação entre relação entre a C & M DISTRIBUIÇÃO
de empregados da C&M. COMERCIO E REPRESENTAÇÃOLTDA e a DANONE LTDA já é
A prova testemunhal produzida na audiência de id. 624b598 de conhecimento desta Corte, tendo sido, inclusive, apreciada por
ratificou a exclusividade da prestação dos serviços da C&M em este órgão fracionário. É o que se compreende dos muitos
favor da DANONE. É o que se depreende das declarações processos postos à reapreciação da segunda reclamada, nos quais
prestadas pela preposta da primeira reclamada, in verbis: a DANONE fora responsabilizada pelo adimplemento dos créditos
"(...); que as reuniões tinham a presença dos vendedores, trabalhistas dos empregados, a exemplo dos processos nº 0000989-
supervisores e dos Gerentes de Área da Danone; que eles 83.2017.5.06.0271, julgado em 12/07/2018; 0001617-
participavam cerca de 90% das reuniões; que também participavam 58.2017.5.06.0017, julgado em 13/06/2018; 0001474-
quando havia lançamento de produto novo, além de atuar 08.2017.5.06.0005, julgado em 06/06/2018; 0001381-
ordinariamente na cobrança de resultados; que houve a mudança 09.2017.5.06.0211, julgado em 23/06/2018; 0001100-
dos Gerentes de Área, tendo vários passado pela função; que 92.2017.5.06.0004, julgado em 24/05/2018; 0000986-
sempre quando havia alguma alteração quanto a produtos ou layout 65.2017.5.06.0001, julgado em 26/04/2018.
dos produtos, os referidos gerentes repassavam orientações para Com essas considerações, dou provimento ao recurso para
os vendedores; que em muitos assuntos cabia ao gerente da condenar subsidiariamente a DANONE LTDA ao adimplemento dos
Danone conduzir a reunião junto aos vendedores; que os títulos deferidos ao reclamante."
vendedores e promotores utilizavam de fardamento com logotipo da Do confronto entre os argumentos da parte recorrente e a
Danone; que existia a figura CR (Construindo Resultado) que era fundamentação da decisão recorrida, não vislumbro a possibilidade
uma espécie de manual da Danone onde existiam os vetores e de dar-se seguimento do recurso, tendo em vista que a Turma
procedimentos a serem aplicados e seguidos pelos decidiu as questões com base nas normas legais pertinentes à
supervisores/vendedores na busca dos objetivos traçados pela matéria consistindo o insurgimento da recorrente, quando muito, em
Danone; que os gerentes da Danone e os supervisores da ré interpretação diversa daquela conferida pelo Regional. Além disso,
acompanhavam a concreta aplicação dos procedimentos do CR; não vislumbro a violação literal das supracitadas normas jurídicas,
que se o profissional não seguisse reiteradamente as orientações vez que o julgamento decorreu da análise de elementos de
do CR seria desligado da empresa; que o autor ficou em casa por convicção, sendo certo que a apreciação das alegações da parte
falta de produtos diversos da Danone; que o GA da Danone recorrente, como expostas, implicaria, necessariamente, o reexame
também participava dos grupos do whats App de vendedores e de fatos e provas. Tal procedimento encontra óbice na Súmula nº.
promotores da empresa; que as reuniões realizadas eram também 126 do TST e inviabiliza a divergência jurisprudencial específica
por determinação do GA da Danone" (Grifos Acrescidos) (Súmula nº. 296, item I, TST).
Destarte, observo que, na verdade, a hipótese dos autos não se CONCLUSÃO
trata da responsabilização patrimonial nos limites da Súmula 331 do Diante do exposto, DENEGO seguimento ao Recurso de Revista.
C. TST, mas sim da responsabilidade integral da empresa Cumpram-se as formalidades legais.
contratante em face da dependência econômica da contratada Intimem-se.
advinda da exclusividade, interferência e posição de dominância mro/AE
presente nas cláusulas contratuais ajustadas pelas empresas,
rescindidas de forma abrupta e inesperada, que acarretou a Assinatura

RECIFE, 24 de Outubro de 2018 Destarte, determino a intimação da recorrente para regularizar o
preparo, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de deserção, nos
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO termos dos artigos 896, § 11, da CLT, e 1.007, § 2º, do Código de
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região Processo Civil.

Despacho Dê-se ciência à recorrente deste despacho e, após ultrapassado o
Despacho prazo fixado, voltem os autos conclusos à Vice-Presidência.
Processo Nº RO-0001392-23.2016.5.06.0001
Relator SOLANGE MOURA DE ANDRADE
RECORRENTE RONALDO BARBOSA FERREIRA vo/vms
RECORRENTE HIDRAUPECAS INDUSTRIA E Assinatura
COMERCIO DE PECAS LTDA - ME
ADVOGADO CLAUDIO ERISTON FEITOSA DA RECIFE, 22 de Outubro de 2018
RECORRIDO RONALDO BARBOSA FERREIRA
ADVOGADO MARCOS ANTONIO INACIO DA VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
RECORRIDO HIDRAUPECAS INDUSTRIA E
COMERCIO DE PECAS LTDA - ME Despacho
ADVOGADO CLAUDIO ERISTON FEITOSA DA Processo Nº RO-0000999-92.2017.5.06.0412
SILVA(OAB: 37127/PE) Relator RUY SALATHIEL DE ALBUQUERQUE
E MELLO VENTURA
Intimado(s)/Citado(s): RECORRENTE ANA RUFINA DE MATOS PEREIRA
DE LIMA
- HIDRAUPECAS INDUSTRIA E COMERCIO DE PECAS LTDA - ADVOGADO MARIA DE FATIMA GOMES CICERO
ME DE SA E ARAUJO(OAB: 10374/PE)
- RONALDO BARBOSA FERREIRA RECORRENTE OCEANAIR LINHAS AEREAS S/A
ADVOGADO GILBERTO RAIMUNDO BADARO DE
ALMEIDA SOUZA(OAB: 22772/BA)
ADVOGADO ADRIANA RIVAROLI(OAB:
196593/SP)
PODER RECORRIDO ANA RUFINA DE MATOS PEREIRA
DE LIMA
JUDICIÁRIO
ADVOGADO MARIA DE FATIMA GOMES CICERO
DE SA E ARAUJO(OAB: 10374/PE)
Fundamentação RECORRIDO OCEANAIR LINHAS AEREAS S/A
DESPACHO ADVOGADO GILBERTO RAIMUNDO BADARO DE
ALMEIDA SOUZA(OAB: 22772/BA)
Compulsando os autos, verifico que o Juízo singular arbitrou à ADVOGADO ADRIANA RIVAROLI(OAB:
196593/SP)
condenação o valor de R$ 23.780,00 (vinte e três mil, setecentos e
oitenta reais), com custas fixadas em R$ 475,60 (quatrocentos e Intimado(s)/Citado(s):

setenta e cinco reais e sessenta centavos - Id 2e4e2c8). - ANA RUFINA DE MATOS PEREIRA DE LIMA
- OCEANAIR LINHAS AEREAS S/A
A reclamada, observando os termos do artigo 899, § 9º, da CLT, por
ser microempresa, ao interpor seu recurso ordinário, recolheu as
custas no valor devido e efetuou o depósito recursal no valor de R$
4.594,50 (quatro mil, quinhentos e noventa e quatro reais e PODER

cinqüenta centavos - Id cd2e372) JUDICIÁRIO
A Quarta Turma, dando provimento parcial ao recurso ordinário,
Fundamentação
reduziu o valor da condenação em R$ 10.000,00 (dez mil reais - Id
DESPACHO
85d5249), remanescendo à condenação o valor de R$ 13.780,00
Compulsando os autos, verifica-se que o Juízo 'a quo' arbitrou à
(treze mil, setecentos e oitenta reais). Cabia, então, à recorrente, ao
condenação o valor de R$ 20.000,00 e custas processuais no
interpor o recurso de revista, comprovar o depósito da metade do
montante de R$ 400,00 (Id c2b5980)
valor do depósito recursal devido, qual seja, a quantia de R$
A reclamada se insurgiu contra a decisão primária, tendo efetuado o
4.592,75 (quatro mil, quinhentos e noventa e dois reais e setenta e
preparo no valor de R$ 9.189,00 e custas de R$ 400,00 (Ids
cinco centavos). Contudo, deixou de cumprir tal encargo processual,
b0ed27e, acbc565, c2cd659 e e8092e3).
uma vez que recolheu, tão somente, a quantia de 405,50
No acórdão que julgou os Recursos Ordinários aforados pelas
(quatrocentos e cinco reais e cinqüenta centavos - Id eec2075),
partes, a Terceira Turma deste Regional arbitrou decréscimo
valor inferior ao efetivamente devido.

condenatório no montante de R$ 5.000,00, razão pela qual, ao
interpor Recurso de Revista, a reclamada deveria ter efetuado Compulsando os autos, observa-se que a E. Turma deu provimento
depósito recursal no valor de R$ 5.811,00, considerando o valor ao recurso ordinário do MUNICÍPIO DE SURUBIM invertendo ônus
estabelecido pelo ATO.SEGJUD.GP Nº 329/2018 do TST, a partir das custas no importe de R$ 2.485,04 (Id. b61ba15).
de 01/08/2018, limitado ao montante da condenação, nos termos do
artigo 899, § 1º, da CLT e Súmula 128, I, do TST, o que não foi Inconformada, a parte autora interpôs Recurso de Revista no qual
observado, eis que não efetuou qualquer depósito prévio. requereu a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita.
Destarte, com base no artigo 1.007, § 4º, do Código de Processo
Civil, concedo à apelante Auto Viação Globo Ltda. EPP o prazo de Todavia, constato que a parte deixou de comprovar fazer jus aos
05 (cinco) dias para regularizar o preparo do Recurso de Revista benefícios da justiça gratuita, nos termos prescritos nos §§3º e 4º do
(depósito recursal em dobro), sob pena de deserção. artigo 790 da CLT.
Dê-se ciência à recorrente deste despacho e após ultrapassado o
prazo fixado, voltem os autos conclusos à Vice-Presidência. Destarte, com base no artigo 99, §§ 2º e 7º, do Código de Processo
À Seção de Recursos para cumprimento. Civil e no artigo 899, § 10, da Consolidação das Leis Trabalhistas,
/mscs/vms concedo à recorrente o prazo de 05 (cinco) dias para apresentar
documentação comprobatória da sua insuficiência econômica ou
Assinatura para efetuar o preparo do Recurso de Revista, sob pena de
RECIFE, 22 de Outubro de 2018 deserção.
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO Dê-se ciência à recorrente deste despacho e após ultrapassado o
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região prazo fixado, voltem os autos conclusos à Vice-Presidência.

Despacho
JUÍZO RECORRENTE MUNICIPIO DE SURUBIM
D/PE)
SILVA DE AZEVEDO
UMBELINO(OAB: 33203/PE) acaf/vms
RECORRIDO JADEILDA MARIA ARRUDA DA SILVA
ADVOGADO JOSIVAL RAMOS DA SILVA(OAB:
39908/PE)
TRABALHO
- JADEILDA MARIA ARRUDA DA SILVA
PODER RECIFE, 23 de Outubro de 2018

JUDICIÁRIO
Despacho
Processo Nº RO-0001417-53.2016.5.06.0351
DESPACHO


E MELLO VENTURA
RECORRENTE INSTITUTO NACIONAL DE Indefiro a pretensão da recorrente, pois o entendimento pacífico no
AGRARIA Tribunal Superior do Trabalho é no sentido de que os benefícios da
ESPECIALIZADA MULTIDISCIPLINAR justiça gratuita somente são aplicáveis à pessoa jurídica quando
comprovada, de maneira inequívoca, sua insuficiência econômica, o
TORQUATO(OAB: 32427/PE) que não é o caso dos autos. Nesse sentido a Súmula 463, item II,
RECORRIDO JOSIVALDO ALVES SANTOS
do Órgão de Cúpula do Judiciário Trabalhista:
28478/PE)
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO
TRABALHO
INTERESSADO I - A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária
Intimado(s)/Citado(s): gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência
- AGEMTE - ASSESSORIA DE GRUPO ESPECIALIZADA econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que
MULTIDISCIPLINAR EM TECNOLOGIA E EXTENSAO
munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art.
105 do CPC de 2015);
PODER II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é

JUDICIÁRIO necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte
arcar com as despesas do processo.
Na mesma direção o seguinte precedente do TST:
BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA - SINDICATO - SUBSTITUTO

DESPACHO
PROCESSUAL - NECESSIDADE DA COMPROVAÇÃO DA
FRAGILIDADE ECONÔMICA. A Constituição Federal, em seu artigo

Compulsando os autos, observo que o juízo de primeiro grau
5º, inciso LXXIV, dispõe que o Estado deverá prestar assistência
arbitrou o valor da condenação em R$ 20.000,00 (vinte mil reais),
jurídica integral aos que comprovadamente não disponham de
com custas no importe de R$ 400,00 (quatrocentos reais), conforme
recursos financeiros suficientes, revelando a intenção de estender
atesta a sentença de Id 02d80a0.
os benefícios da justiça gratuita inclusive às pessoas jurídicas,
como é o caso dos sindicatos. Entretanto, para tanto,

Embora devidamente devidamente notificada, a empresa, ora
diferentemente do que ocorre com as pessoas físicas, é inaplicável
recorrente, limitou-se a apresentar contrarrazões ao recurso do
o teor da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1 - que admite
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA.
a simples declaração de pobreza -, sendo exigida a comprovação
da fragilidade econômica, o que não ocorreu no caso. Precedentes

Ato contínuo, o Órgão Colegiado, deu provimento ao recurso e à
desta SBDI1/TST. Recurso de embargos conhecido e provido (E-ED
remessa necessária para julgar improcedente a reclamatória, em
-RR - 175900-14.2009.5.09.0678, Relator Ministro: Renato de
relação ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária,
Lacerda Paiva, Julgamento: 14/11/2013, Subseção I Especializada
contudo manteve inalterada a decisão em relação a AGEMTE -
em Dissídios Individuais, Publicação: 29/11/2013).
EM TECNOLOGIA E EXTENSÃO - Id 7bbaaec.

Destarte, com base no artigo 99, § 7º, do Código de Processo Civil,
concedo à agravante o prazo de 05 (cinco) dias para efetuar o

Ao interpor o Recurso de Revista, a recorrente nada recolheu a
preparo do recurso pretendido, sob pena de deserção.
título de depósito recursal e custas do processo, ocasião em que fez
o pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita (Id

1f525c7), argumentando que não possui rendimentos suficientes
prazo fixado, voltem os autos conclusos à Vice-Presidência.
para custear as despesas processuais e honorários advocatícios.
Invocou, no aspecto, o disposto no artigo 98 do CPC.

À Seção de Recursos para cumprimento. Intimado(s)/Citado(s):

mb/vms
PODER
JUDICIÁRIO
RECURSOS DE REVISTA
Trata-se de Recursos de Revista interposto por NORSA
REFRIGERANTES LTDA. E CARLOS ALEXANDRE DA SILVA,
em face de acórdão proferido em sede de Recurso Ordinário, nos
autos da Reclamação Trabalhista nº 0000011-83.2017.5.06.0311,
figurando, como recorridos, OS MESMOS e UNIÃO FEDERAL.
RECIFE, 22 de Outubro de 2018 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO sobre a seguinte questão jurídica: "O transporte de valores
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região entrega, atividade estranha ao contrato de emprego, caracteriza
Despacho processos que tratavam da matéria.

Processo Nº RO-0000011-83.2017.5.06.0311
Relator FABIO ANDRE DE FARIAS
RECORRENTE CARLOS ALEXANDRE DA SILVA Ocorre, porém, que, na sessão do dia 29.05.2018, o Plenário deste
ADVOGADO JESSICA CAROLINA GONCALVES Tribunal, por maioria, resolveu extinguir o referido IUJ, sem
DIAS(OAB: 37219/PE)
ADVOGADO RAFAEL PYRRHO CORREIA DE resolução do mérito, nos termos do artigo 485, VI, do Código de
MELO(OAB: 35791/PE)
Processo Civil.
RECORRENTE NORSA REFRIGERANTES S.A
NEUENSCHWANDER(OAB:
11839/PE) Destaco, ainda, que, no julgamento realizado em 29/03/2016, foi
ADVOGADO PETERSON CAPUCHO uniformizada a jurisprudência interna em relação a tema impugnado
RECORRIDO CARLOS ALEXANDRE DA SILVA no apelo patronal, no IUJ nº 0000329-97.2015.5.06.0000 (RO),
ADVOGADO JESSICA CAROLINA GONCALVES fixando tese jurídica prevalecente, convertida posteriormente no
DIAS(OAB: 37219/PE)
ADVOGADO RAFAEL PYRRHO CORREIA DE seguinte enunciado de súmula:
MELO(OAB: 35791/PE)
ADVOGADO ANTONIO HENRIQUE Nº 21: INTERVALO INTERJORNADAS. INOBSERVÂNCIA. O
NEUENSCHWANDER(OAB:
11839/PE) desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas, previsto no artigo 66
ADVOGADO PETERSON CAPUCHO da CLT, acarreta, por analogia, os mesmos efeitos previstos no
RECORRIDO UNIÃO FEDERAL (PGF) artigo 71, § 4º, da CLT, sendo devido o pagamento das horas
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO subtraídas com acréscimo de, no mínimo, 50% (cinquenta por
TRABALHO

cento) sobre o valor da remuneração da hora normal, parcela
natureza salarial. - DA "INDENIZAÇÃO DE LANCHE" - INEXISTÊNCIA DE
OBRIGAÇÃO
Consigno que a decisão turmária harmoniza-se com o entendimento
consubstanciado na tese uniformizada por este Regional. Alegações:
O reclamante indica a existência de divergência jurisprudencial - contrariedade à OJ 355 do TST;
entre as turmas deste Regional relativa ao tema "Horas Extras.
Manipulação dos espelhos de ponto". - violação aos arts. 5º, II, da CF; 944, 954, 927 e 186 do CC; 66, 71
e 818 da CLT; 373
Pois bem.
do CPC; 43 do Decreto-Lei Nº 3.688,
A Lei n.º 13.467/2017 revogou os parágrafos 3º, 4º, 5º e 6º do art.
896 da CLT, que disciplinavam o Incidente de Uniformização de - divergência jurisprudencial
Jurisprudência no âmbito do processo do trabalho. Assim, o
procedimento de uniformização de jurisprudência, doravante, Atendendo os requisitos formais para conhecimento do seu apelo,
deverá obedecer o disposto nos artigos 976 e seguintes da Lei previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, a parte recorrente
Processual Civil. insurge-se contra o posicionamento do Colegiado regional,
alegando que não restou devidamente caracterizado o dano moral.
Desse modo, incabível a Uniformização de Jurisprudência no Alternativamente pede sua redução. Diz que o recorrido não se
presente caso. desincumbiu do ônus processual quanto à inexistência de intervalo
interjornadas. Insiste na natureza indenizatória dos intervalos,
Passo, então, ao exame dos requisitos de admissibilidade dos invocando os artigos 66 e 71 da CLT. Argumenta que é incabível o
Recursos de Revista interpostos nestes autos. condeno em indenização pelo não fornecimento de lanche, tendo
em vista que, além de inexistir sobrelabor, não se pode converter a
RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA obrigação de dar em obrigação de pagar.
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Do acórdão impugnado extrai-se que (Id 566c2c8):
O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação do acórdão "Do dano moral - transportes de valores. Do quantum indenizatório
se deu em 12/07/2018 e a apresentação das razões recursais em (análise conjunta)
24/07/2018, conforme se pode ver dos documentos Ids 3e65b67 e
35339f0. (...)
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id O depoimento da testemunha, na prova emprestada colacionada
ae43014). aos autos pelo reclamante, processo nº 0001439-
31.2016.5.06.0313, confirma a prática, pelas empresas de bebidas,
Preparo efetuado corretamente (Ids d715be3, 909edd3, 6c84515, do transporte de valores pelos Ajudantes de Entrega, pessoal não
566c2c8 e c5ce28c). especializado. Ademais, o depoimento demonstra o risco a assaltos
a que estão submetidos. Vejamos:
(...)
- DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
Ademais, mesmo que a empresa oferecesse alguma escolta, a
- DO LABOR EM INTERVALOS INTERJORNADA / DA NATUREZA ilicitude continuaria presente, uma vez que para o transporte de
INDENIZATÓRIA valores, a lei exige pessoal especializado, com treinamento

adequado, com aprovação em curso de formação de vigilante, para de 2013/2014, com vigência de 01º de setembro de 2013 a 31 de
o desempenho da referida atividade, o que não condiz com a agosto de 2014 (fl. 97); 2014/2015, com vigência de 01º de
hipótese em análise. setembro de 2014 a 31 de agosto de 2015; 2015/2016, com
vigencia de 1º de setembro de 2015 a 31 de agosto de 2016. Dessa
Nesse passo, o transporte de valores exige habilitação profissional, forma, como se observa do seu teor, o ressarcimento está
de acordo com a disposição contida na Lei nº 7.102/83, conforme condicionado à "apresentação de recibo comprobatório da despesa
transcrição a seguir: e limitado a R$ 14,50 (quatorze reais e cinquenta centavos)". Assim,
não tendo o autor apresentado o respectivo comprovante, não há
(...) que se falar em ressarcimento nos períodos.
Com efeito, foge às atribuições de ajudante de entregas, que não é Por outro lado, nas normas coletivas de 2010/2011 (com vigência
contratado como segurança, com todas as condicionantes que a lei de 1º de setembro de 2010 a 31 de agosto de 2011) - fl.50;
exige, fazer o transporte de valores, que exige profissionais 2011/2012 (com vigência de 1º de setembro de 2011 a 30 de agosto
especializados a fim de resguardar não só o patrimônio da empresa, de 2012) - fl.65; 2012/2013 (com vigência de 1º de setembro de
mas a própria integridade física dos que operam nessa função. 2012 a 31 de agosto de 2013 - fl. 81 -, consta:
Pratica ato ilícito a ré ao submeter o reclamante esse tipo de tarefa,
além de suas responsabilidades e de alto grau de risco, o que, por "CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA - REFEIÇÃO DA JORNADA
certo, causa abalos psicológicos em face do temor que se instalava EXCEDENTE Será assegurado ao empregado, que no mesmo dia
diante da possibilidade de assaltos, e a exposição à situação que exceda a sua jornada normal de trabalho em 02 (duas) horas extras,
podia desaguar em risco real de morte ou debilidade física sem nenhum ônus para o mesmo, refeição compatível com as suas
permanente. necessidades".
(...) Assim, deve ser excluída da condenação a indenização por não
fornecimento de refeição relativa apenas ao período de vigência das
Relativamente ao valor arbitrado a título de dano moral, registro normas coletivas 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016.
que, embora a Lei 13.467/2017 em seu art. 223-A, venha
apresentar um novo regramento ao instituto do dano moral ou Quanto ao valor arbitrado, considerando o valor previsto nos
extrapatrimonial, trazendo critérios para determinação do valor da acordos coletivos, entendo razoável considerar o valor do ticket
reparação, saliento que aplica-se ao caso a legislação vigente à refeição do período, portanto, mantenho a sentença nesse aspecto.
época contratual, uma vez que para que a mencionada lei afete os
contratos anteriores a sua vigência seria necessário nova Já quanto ao argumento empresarial de que a norma coletiva não
pactuação. prevê a conversão da obrigação de pagar em obrigação de fazer e
que o descumprimento da norma apenas acarretaria a incidência de
Considerando essas balizas, ainda, em consonância com a multa em favor do sindicato, não merece prosperar. Isso porque a
jurisprudência deste Egrégio e, considerando que o reclamante não norma foi editada para ser cumprida em sua integralidade.
foi vítima direta de assaltos, mantenho o valor arbitrado pelo juízo a Oportunizar à empresa a escolha entre o cumprimento de uma
quo, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), posto que além de cláusula ou o pagamento da multa vai de encontro ao propósito de
ser de acordo com a jurisprudência desta Turma, atende aos sua existência.
critérios da razoabilidade e proporcionalidade.
Com essas considerações, dou provimento parcial ao recurso para
Indenização por não fornecimento de refeição (recurso da excluir da condenação o pagamento do vale refeição nos períodos
reclamada) que correspondem a vigência das normas coletivas 2013/2014,
2014/2015 e 2015/2016.
(...)
(...)
De fato, verifica-se a presença dessa cláusula nos acordos coletivos

Dos pleitos relativos à jornada de trabalho. (análise conjunta) pela SBDI-1 dessa mesma Corte Superior. É o que se extrai do
seguinte precedente:
(...)
"RECURSO DE EMBARGOS. REGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.
No que concerne ao intervalo interjornada, observa-se que nem TRANSPORTE DE VALORES. EMPRESA DISTRIBUIDORA DE
sempre era cumprido integralmente o intervalo interjornada, BEBIDAS. EMPREGADO NÃO HABILITADO. DANO MORAL.
conforme aponta o juízo a quo, portanto, não havendo o gozo INDENIZAÇÃO. 1. A eg. Quinta Turma deu provimento ao recurso
integral das 11 horas de descanso entre duas jornadas de trabalho, de revista interposto pelo reclamante, sob o fundamento de que,
nos termos do art. 66 Consolidado, é devido o pagamento, como tratando-se de empresa de outro setor econômico, que não o de
extraordinárias, das horas subtraídas do mencionado intervalo. segurança e transporte de valores, a realização habitual dessa
atividade pelo empregado, sem a necessária habilitação técnico-
Afastando a consideração de que a infração é de ordem meramente profissional, enseja o pagamento de indenização por dano moral,
administrativa, dadas as repercussões de ordem pessoal, social e em razão do descumprimento, pela empregadora, da exigência
na saúde do trabalhador, aplico ao caso o entendimento da Corte expressa no art. 10, § 4º, da Lei nº 7.102/1983. 2. Demonstrado o
Superior Trabalhista substanciado na Súmula 110 e na Orientação dissenso pretoriano válido e específico, no tocante à hipótese de
Jurisprudencial 355 da SDI-1, ora transcritas, respectivamente: motorista de empresa distribuidora de bebidas, o recurso não logra
êxito quanto ao mérito. A jurisprudência iterativa, notória e atual
(...) desta Corte é firme no sentido de que o direito à redução dos riscos
inerentes ao trabalho, assegurado no art. 7º, XXII, da Constituição
Mantenho o julgado, no particular. Federal e disciplinado na legislação específica dos serviços de
transporte de valores, impõe reconhecer a ilicitude da conduta da
Ante o exposto, nego provimento a ambos os recursos." empresa que atribui essa atividade a empregado sem o devido
treinamento, o que autoriza a manutenção da condenação ao
Em relação às horas extras relativas ao intervalo interjornadas e pagamento da indenização por dano moral, configurado "in re ipsa".
indenização pelo não fornecimento do lanche, observando os 3. O transporte de valores em veículos da empresa, contendo cofre,
argumentos da parte recorrente com os fundamentos do acórdão evidencia o risco potencial a que estava submetido o empregado
regional, tenho que a revista não comporta processamento, pois o responsável pela guarda do dinheiro recebido pelas vendas, sem o
Regional decidiu as questões veiculadas no presente apelo com necessário treinamento para a função, não tendo relevância, para
base no conjunto probatório, na legislação pertinente à matéria e esse fim, a discussão em torno do montante do numerário existente
em sintonia com a Súmula 110 e Orientação Jurisprudencial 355 da no cofre. Recurso de embargos de que se conhece e a que se nega
SDI-1, ambas do TST; sendo certo que, estando a decisão provimento.(E-RR - 514-11.2013.5.23.0008 , Relator Ministro:
impugnada em consonância com a jurisprudência atual, iterativa e Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 23/06/2016,
notória do Órgão de Cúpula da Justiça do Trabalho, não há falar em Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de
divergência jurisprudencial apta ao confronto de teses, tendo vista o Publicação: DEJT 01/07/2016)
que prevê a Súmula nº 333 daquela mesma Corte Superior
Trabalhista. Por outro lado, a reavaliação dos critérios de arbitramento da
indenização por danos morais é matéria que demanda revolvimento
De qualquer forma, as alegações lançadas pela parte no apelo, em dos elementos probatórios dos autos, destacando que, consoante
sentido contrário à decisão recorrida, somente seriam aferíveis por jurisprudência pacificada do TST, a sua análise em sede de
meio de reexame fático, o que não é possível por meio desta via Recurso de Revista somente poderá ser feita em casos em que seja
recursal, restando inviabilizado, igualmente, o exame pertinente à grosseira a afronta à proporcionalidade:
divergência jurisprudencial específica (Súmulas 126 e 296, I, do
TST). "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. DANO
MORAL. INDENIZAÇÃO. FIXAÇÃO DO VALOR. RAZOABILIDADE
Quanto ao dano moral, o entendimento do órgão fracionário está em 1. Na fixação do valor da indenização por dano moral, o órgão
consonância com a recente e iterativa interpretação dada à matéria jurisdicional deve valer-se dos critérios da razoabilidade e da

proporcionalidade. 2. Há que atentar também para a gravidade
objetiva da lesão, a intensidade do sofrimento da vítima, o maior ou O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação do acórdão
menor poder econômico do ofensor, o caráter compensatório em se deu em 12/07/2018 e a apresentação das razões recursais em
relação à vítima e repressivo em relação ao agente causador do 25/07/2018, conforme se pode ver dos documentos Ids 3e65b67 e
dano. 3. A excepcional intervenção do Tribunal Superior do 6e7b0a8.
Trabalho sobre o valor arbitrado, conforme jurisprudência
sedimentada, somente é concebível nas hipóteses de arbitramento A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id
de valor manifestamente irrisório, ou de valor manifestamente fc1df64).
recurso de revista ao conhecimento, por violação dos princípios da Preparo desnecessário (Ids d715be3 e 566c2c8).
X, da Constituição da República. 4. Caso em que o valor arbitrado PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
(onze mil reais), não impulsiona o conhecimento do recurso de - DAS HORAS EXTRAS
não se cuida de valor irrisório, tampouco exorbitante. 5. Agravo de Alegações:
- 1447-93.2011.5.06.0018 , Relator Ministro: João Oreste Dalazen, - violação ao artigos 818 da CLT; 373 do CPC.
Data de Julgamento: 07/05/2014, 4ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 16/05/2014) - sem grifos no original. - divergência jurisprudencial.
"EMENTA: RECURSO DE REVISTA - RESPONSABILIDADE CIVIL Insurge-se contra o posicionamento do Colegiado regional, quanto
- ACIDENTE DO TRABALHO - DANOS MORAIS, MATERIAIS E às horas extras. Apresentando jurisprudência, pede que "esta
ESTÉTICOS O Eg. Tribunal Regional assinalou que, 'ao contrário Colenda Corte Superior reforme a decisão de 2º Grau, para, em
dos argumentos da ré, o autor comprovou a existência do nexo de reconhecendo a inidoneidade dos controles de registro de
causalidade entre o acidente tipo ocorrido em 16-01-12 e a cirurgia frequência, julgar pela procedência do pleito de horas extras,
realizada em 11-05-2012, a qual foi realizada com a finalidade de intervalos intrajornada, dano existencial consoante jornada de
tratar lesões originárias daquele sinistro', restando caracterizados os trabalho informada na petição inicial, diante das fartas e
danos materiais, morais e estéticos. Entendimento diverso incontroversas provas colhidas nos autos nos termos acima
demandaria o revolvimento de matéria fático-probatória, fundamentados".
procedimento vedado pela Súmula nº 126 do TST. DANOS
MORAIS E ESTÉTICOS - VALOR DA INDENIZAÇÃO O Eg. TRT, Impossível seguimento do apelo.
ao fixar o quantum indenizatório, pautou-se pelo princípio da
razoabilidade, com observância dos critérios de justiça e equidade, É que a Lei nº 13.015/2014, de 22/09/2014, acrescentou o §1º-A ao
não se justificando a excepcional intervenção desta Corte Superior. art. 896 da CLT, introduzindo novos requisitos formais ao
(...)" (RR - 1646-34.2012.5.12.0012 , Relatora Ministra: Maria processamento dos recursos de revista, que impuseram à parte,
Cristina Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento: 14/10/2015, 8ª sob pena de não conhecimento do seu apelo, o dever de: 1) indicar,
Turma, Data de Publicação: DEJT 16/10/2015) - sem grifos no para cada tema trazido ao reexame, o trecho da decisão recorrida
original. que consubstancia o prequestionamento da controvérsia; 2)
apresentar tese explícita e fundamentada de violação legal, de
Assim, incabível o processamento da Revista também nos termos contrariedade à Súmula de jurisprudência da C. Corte Revisora e à
do art. 896, §7º, da CLT e da Súmula n.º 333 do TST. Súmula vinculante do E. STF ou de dissenso pretoriano que
entenda existir; e 3) impugnar todos os fundamentos jurídicos da
RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE decisão recorrida.
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Vale citar o seguinte precedente da Corte Superior Trabalhista:

Na hipótese dos autos, considerando que o recorrente não cuidou
"EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO de indicar, nas razões do recurso, os trechos da decisão recorrida,
EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº limitando-se a transcrever trechos de outros acórdãos a título de
13.015/2014. RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A jurisprudência, inviabilizado está o conhecimento de seu apelo, nos
TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE termos da norma consolidada acima mencionada.
IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO
DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º CONCLUSÃO
-A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014.1 -
A e. 7ª Turma não conheceu do recurso de revista patronal, que Diante do exposto, DENEGO seguimento aos recursos de revista.
versava sobre os temas horas extras, intervalo intrajornada, hora in
itinere e multa por embargos de declaração protelatórios, Cumpram-se as formalidades legais.
ressaltando o não preenchimento do requisito inscrito no artigo 896,
§ 1º-A, I, da CLT, uma vez que interpôs recurso de revista sem Intimem-se.
transcrever o trecho da decisão recorrida que consubstancia o
prequestionamento da controvérsia (fl. 601); 2 - Efetivamente, não Je/vmm
se sustenta a tese recursal de que, ainda que não transcritos
literalmente, foram devidamente indicados e prequestionados no
recurso de revista todos trechos da decisão recorrida objeto da
controvérsia, os quais mereciam o devido enfrentamento na forma
do art. 896, § 1º-A, I, da CLT (fl. 617); 3 - Embora o dispositivo em
comento utilize o verbo indicar, referindo-se ao requisito formal ali
inscrito, esta Corte Superior tem exigido a transcrição do trecho da RECIFE, 25 de Outubro de 2018
decisão regional que consubstancia o prequestionamento da
controvérsia objeto do apelo, firme no entendimento de que a
alteração legislativa empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse
aspecto, constitui pressuposto de adequação formal de VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
admissibilidade do recurso de revista e se orienta no sentido de
propiciar a identificação precisa da contrariedade a dispositivo de Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
Lei e a Súmula e do dissenso de teses, afastando-se os recursos de
revista que impugnam de forma genérica a decisão regional e
conduzem sua admissibilidade para um exercício exclusivamente Despacho

Processo Nº RO-0000458-48.2017.5.06.0351
subjetivo pelo julgador de verificação e adequação formal do apelo. Relator FABIO ANDRE DE FARIAS
Assim, a necessidade da transcrição do trecho que consubstancia a RECORRENTE JOSEMILTON PEREIRA DE PONTES
ADVOGADO ADRIANA FRANCA DA SILVA(OAB:
violação e as contrariedades indicadas, e da demonstração analítica 45454/PE)
da divergência jurisprudencial, visa a permitir a identificação precisa RECORRIDO FINSOL SOCIEDADE DE CREDITO
AO MICROEMPREENDEDOR E A
e objetiva da tese supostamente ofensiva a lei, à segurança das EMPRESA DE PEQUENO PORTE S/A
ADVOGADO RODRIGO SABINO SOARES(OAB:
relações jurídicas e à isonomia das decisões judiciais, de modo que 26463-D/PE)
contribua para a celeridade da prestação jurisdicional, possibilite a ADVOGADO APARICIO DE MOURA DA CUNHA
RABELO(OAB: 18360/PE)
formação de precedentes como elementos de estabilidade e a RECORRIDO UNIÃO FEDERAL (PGF)
decisão do TST contribua para a formação da jurisprudência CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO
nacionalmente unificada. Precedentes. 4 - Recurso de embargos
conhecido e desprovido." (Processo Nº E-ED- RR-0000552- Intimado(s)/Citado(s):

- FINSOL SOCIEDADE DE CREDITO AO
07.2013.5.06.0231; Relator Min. Alexandre de Souza Agra MICROEMPREENDEDOR E A EMPRESA DE PEQUENO PORTE
S/A
Belmonte; Subseção I Especializada em Dissídios Individuais; DEJT
de 16/06/2016).

PODER
JUDICIÁRIO
A empresa recorrente busca a nulidade do processo sob o
argumento de negativa de prestação jurisdicional. Alega que o
colegiado procedeu a incorreta análise dos pressupostos de
admissibilidade do apelo ordinário. Segue dizendo que a recorrente

RECURSO DE REVISTA comprovou o recolhimento do valor condenatório, isto, somente, em
guia GFIP. Sustenta que, mesmo que a recorrente não tivesse

Trata-se de Recurso de Revista interposto por FINSOL procedido com o pagamento do referido preparo, a E. Turma
SOCIEDADE DE CRÉDITO AO MICROEMPREENDEDOR E A deveria ter aplicado o disposto nos artigos 932, parágrafo único,
EMPRESA DE PEQUENO PORTE S/A, em face de acórdão 1.007, §§ 2º e 7º, do CPC, e ao artigo 10 da Resolução 203 do TST,
proferido em sede de Recurso Ordinário, nos autos da Reclamação ou seja, conferir prazo razoável para a correção do vício. Defende
Trabalhista nº 0000458-48.2017.5.06.0351, figurando, como ter ocorrido negativa de prestação jurisdicional, uma vez que
recorridos, JOSEMILTON PEREIRA DE PONTES e UNIÃO interpôs embargos declaratórios objetivando sanar omissões e
FEDERAL (PGF). contradições no referido julgado, tendo a E. Turma rejeitado a
medida. Requer o processamento do recurso de revista para que

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS seja determinado o retorno dos autos à instância de origem para
novo julgamento do feito. Copia arestos.

recorrida se deu em 26/07/2018 e a apresentação das razões Não obstante o inconformismo apresentado, o apelo não ultrapassa
recursais em 07/08/2018 (Ids b617f96 e 59f39a5). o crivo da admissibilidade recursal.
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id É que a Lei nº 13.015/2014, de 22/09/2014, acrescentou o §1º-A ao
95a416c). art. 896 da CLT, introduzindo novos requisitos formais ao
processamento dos recursos de revista, que impuseram à parte,

Regular o preparo (Ids 4487a11, 594ac12, e3bb0cf, 5dcacec, sob pena de não conhecimento do seu apelo, o dever de: 1) indicar,
8b9d183, 11a95e0, a45a468, 4390d74 e f021089). para cada tema trazido ao reexame, o trecho da decisão recorrida
que consubstancia o prequestionamento da controvérsia; 2)

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS apresentar tese explícita e fundamentada de violação legal, de
contrariedade à Súmula de jurisprudência da C. Corte Revisora e à

DA NULIDADE DO PROCESSO POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO Súmula vinculante do E. STF ou de dissenso pretoriano que
JURISDICIONAL entenda existir; 3) impugnar todos os fundamentos jurídicos da
decisão recorrida; e 4) transcrever na peça recursal, no caso de

Alegações: suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de prestação
jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que foi pedido

- contrariedade às Súmulas nºs. 297 e 374;e às OJ's 140 e 379, da o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no recurso
SDI-1; todas do TST; ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os embargos

- violações aos artigos 5º, II, XXXV e LV, 8º, IV e VI, 93, IX da CF; da omissão. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017)
611 e seguintes, 769 e
Vale citar os seguintes precedentes da Corte Superior Trabalhista:

899 da CLT; 76, 188, 277, 1.007, § 2º, CPC; 1º, V, da Lei
10.194/2001; 1º, §§ 3º, I, II e III, EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO
EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº

e 6º, da Lei 11.110/05; Instrução Normativa nº 39/2016; e 13.015/2014. RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A

TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE intrínsecos de admissibilidade do recurso de revista, como se extrai
IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO do novel art. 896, § 1º-A, da CLT. 2. O novo pressuposto e ônus do
DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º recorrente consistente em 'indicar o trecho da decisão recorrida que
-A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. 1 - consubstancia o prequestionamento' não se atende meramente por
A e. 7ª Turma não conheceu do recurso de revista patronal, que meio de menção ou referência à folha do acórdão em que se situa,
versava sobre os temas horas extras, intervalo intrajornada, hora in tampouco mediante sinopse do acórdão, no particular. A exigência
itinere e multa por embargos de declaração protelatórios, em apreço traduz-se em apontar a presença do prequestionamento
ressaltando o não preenchimento do requisito inscrito no artigo 896, (salvo vício nascido no próprio julgamento) e comprová-lo mediante
§ 1º-A, I, da CLT, uma vez que interpôs recurso de revista sem transcrição textual do tópico nas razões recursais. Somente assim
transcrever o trecho da decisão recorrida que consubstancia o se atinge a patente finalidade da lei: propiciar ao relator do recurso
prequestionamento da controvérsia (fl. 601); 2 - Efetivamente, não de revista no TST maior presteza na preparação do voto ao ensejar
se sustenta a tese recursal de que, ainda que não transcritos que, desde logo, confronte o trecho transcrito com o aresto acaso
literalmente, foram devidamente indicados e prequestionados no apontado como divergente, ou com a súmula cuja contrariedade
recurso de revista todos trechos da decisão recorrida objeto da acaso é alegada, ou a violação sustentada de forma analítica pelo
controvérsia, os quais mereciam o devido enfrentamento na forma recorrente. 3. Inadmissível recurso de revista interposto sob a égide
do art. 896, § 1º-A, I, da CLT (fl. 617); 3 - Embora o dispositivo em da Lei nº 13.015/2014 (decisões publicadas a partir de 22/9/2014)
comento utilize o verbo indicar, referindo-se ao requisito formal ali em que a parte não cuida de transcrever o trecho do acórdão
inscrito, esta Corte Superior tem exigido a transcrição do trecho da regional em que repousa o prequestionamento da controvérsia
decisão regional que consubstancia o prequestionamento da transferida à cognição do TST. 4. Agravo de instrumento da
controvérsia objeto do apelo, firme no entendimento de que a Reclamada de que se conhece e a que se nega provimento. (TST-
alteração legislativa empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse AIRR-767-73.2014.5.08.0107, 4ª Turma, Rel. Min. João Oreste
aspecto, constitui pressuposto de adequação formal de Dalazen, DEJT 18/12/2015).
propiciar a identificação precisa da contrariedade a dispositivo de Na hipótese dos autos, constato que, a recorrente, com relação à
Lei e a Súmula e do dissenso de teses, afastando-se os recursos de nulidade por negativa de prestação jurisdicional, não cuidou de
revista que impugnam de forma genérica a decisão regional e transcrever, nas razões do recurso, o trecho dos embargos
conduzem sua admissibilidade para um exercício exclusivamente declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do tribunal sobre
subjetivo pelo julgador de verificação e adequação formal do apelo. questão veiculada no recurso ordinário, para cotejo e verificação, de
Assim, a necessidade da transcrição do trecho que consubstancia a plano, da ocorrência da omissão. Dessa feita, inviabilizado está o
violação e as contrariedades indicadas, e da demonstração analítica conhecimento do apelo, em relação às matérias apontadas, nos
da divergência jurisprudencial, visa a permitir a identificação precisa termos da norma consolidada acima mencionada.
e objetiva da tese supostamente ofensiva a lei, à segurança das
relações jurídicas e à isonomia das decisões judiciais, de modo que DA NULIDADE PROCESSUAL POR CERCEAMENTO AO DIREITO
contribua para a celeridade da prestação jurisdicional, possibilite a DE DEFESA
formação de precedentes como elementos de estabilidade e a
decisão do TST contribua para a formação da jurisprudência Alegações:
conhecido e desprovido. (Processo Nº E-ED- RR-0000552- - violação ao artigo 5º do CF; e
07.2013.5.06.0231; Relator Min. Alexandre de Souza Agra
Belmonte; Subseção I Especializada em Dissídios Individuais; DEJT - divergência jurisprudencial.
de 16/06/2016).
Observando os termos do artigo 896, § 1º-A, incisos I e II, da CLT, a
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. recorrente insurge-se contra o decisório que não conheceu do
ADMISSIBILIDADE. LEI 13.015/2014. PREQUESTIONAMENTO. recurso ordinário por deserção. Discorre não ter sido intimado para
TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO. ART. 896, § 1º-A, I, proceder ao pagamento da condenação em guia própria - Guia de
DA CLT. 1. A Lei nº 13.015/2014 exacerbou os pressupostos Depósito Judicial. Transcreve arestos.

recursal, tendo juntado aos autos a GFIP - Guia de Recolhimento do
A decisão está assim fundamentada, textual: FGTS de fls. 1041.
"Da preliminar de não conhecimento do recurso ordinário Desse modo, não é valido o depósito recursal efetuado mediante
patronal, por deserção, suscitada de ofício por este relator GFIP.
Preliminarmente e em atuação de ofício, não conheço do recurso Desta forma, não havendo a reclamada cumprido com sua
ordinário da reclamada por deserção. obrigação, posto que não procedeu, regularmente, à comprovação
do preparo, pressuposto objetivo de admissibilidade, não conheço
Constitui o juízo de admissibilidade o momento processual de do recurso ordinário patronal por deserção.
proceder-se ao exame dos requisitos ou pressupostos de
admissibilidade recursal, consubstanciados em depósito recursal, Por fim, insta salientar que não há que se falar em dilação de prazo
custas processuais, tempestividade, legitimidade, interesse para para efetivação do preparo ou de pagamento ao final, sendo certo
recorrer e regularidade de representação. que o preparo deve ser realizado no prazo recursal. Nesse sentido,
é o art. 789, §1º, da CLT c/c art. 7º da Lei nº. 5.584 /70 e Súmula nº.
Desse modo, o recurso somente mostra-se apto a ultrapassar o 245 do TST.
juízo de admissibilidade, a fim de que se lhe possa julgar o mérito,
quando atende a todos esses pressupostos. Vale dizer, a ausência Por oportuno, destaco que o Pleno do Tribunal Superior do Trabalho
de um dos requisitos, quer intrínseco, quer extrínseco, impede o alterou, recentemente, a OJ nº. 140 da SDI-I, que passou a vigorar
conhecimento do apelo. com a seguinte redação:
In casu, verifica-se que o recurso ordinário patronal encontra óbice "OJ-SBDI1-140
para transpor o juízo de admissibilidade, haja vista a impropriedade
no preparo, decorrente da não comprovação regular do depósito DEPÓSITO RECURSAL E CUSTAS PROCESSUAIS.
recursal pertinente ao presente feito. RECOLHIMENTO INSUFICIENTE. DESERÇÃO (nova redação em
decorrência do CPC de 2015)
É que o recolhimento do depósito judicial, em virtude da Lei nº.
13.467/2017, que alterou a redação do art. 899 da CLT, passou, a Em caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do
partir de 11 de novembro de 2017, a ser realizado mediante Guia de depósito recursal, somente haverá deserção do recurso se,
Depósito Judicial. concedido o prazo de 5 (cinco) dias previsto no § 2º do art. 1.007 do
CPC de 2015, o recorrente não complementar e comprovar o valor
Com efeito, o artigo 71, caput, da Consolidação dos Provimentos da devido"
Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho passou a vigorar com o
seguinte texto: No entanto, a Orientação Jurisprudencial é clara no sentido de que
só cabe a intimação com o objetivo de regularizar o preparo em
Art. 71. As guias de depósito judicial para pagamentos, garantia de caso de insuficiência do valor pago.
execução, encargos processuais, levantamento de valores e
depósitos recursais seguirão o modelo único padrão Para que não sejam suscitadas discussões a respeito, esclareço
estabelecido na Instrução Normativa nº 36 do Tribunal Superior que o juízo de admissibilidade realizado pela instância a quo
do Trabalho, ou outra que venha a substituí-la. (alterado pelo ATO reveste-se de caráter preliminar, qualificando-se, por conseguinte,
N° 13/GCGJT, DE 13 DE NOVEMBRO DE 2017) - grifei. como ato jurisdicional meramente provisório, uma vez que sujeito,
sempre, à confirmação ulterior da corte ad quem, que reapreciará,
Na hipótese dos autos, tanto a decisão que julgou os embargos de em toda a sua extensão, a existência ou não dos pressupostos
declaração, quanto o recurso ordinário, foram interpostos sob a legitimadores da interposição do recurso."
égide da Lei nº. 13.467/2017. Todavia, a reclamada não seguiu o
modelo padrão estabelecido na IN nº36 do TST para o depósito Do confronto entre as razões recursais e os fundamentos do

acórdão revisando, vislumbro possível afronta ao artigo 5º, LV, da
Constituição Federal, por cerceamento do direito de defesa da

PODER
reclamada.
JUDICIÁRIO
CONCLUSÃO Fundamentação
DESPACHO
Diante do exposto, RECEBO, parcialmente, o recurso de revista. Compulsando os autos, observa-se que a E. Turma deu provimento
ao recurso ordinário do MUNICÍPIO DE NAZARÉ DA MATA
Cumpram-se as formalidades legais. invertendo ônus das custas no importe de R$ 1.255,08 (ID.
0f9d2a8), sob o fundamento de que pelas novas disposições do art.
Intimem-se. 790 da Lei nº 13.467/17, para a concessão da justiça gratuita, não
basta a declaração de hipossuficiência realizada nos autos, sendo
cp/vmm necessária também a comprovação de salário igual ou inferior a
40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social, o que não ocorreu no caso dos autos de acordo
com o documento sob ID. d88a502.
Inconformada, a parte autora interpôs Recurso de Revista no qual
requereu a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita.
Todavia, constato que a parte deixou de comprovar fazer jus aos
benefícios da justiça gratuita, nos termos prescritos nos §§3º e 4º do
artigo 790 da CLT.
Destarte, com base no artigo 99, §§ 2º e 7º, do Código de Processo
Civil e no artigo 899, § 10, da Consolidação das Leis Trabalhistas,
concedo à recorrente o prazo de 05 (cinco) dias para apresentar
documentação comprobatória da sua insuficiência econômica ou
RECIFE, 25 de Outubro de 2018 para efetuar o preparo do Recurso de Revista, sob pena de
deserção.
prazo fixado, voltem os autos conclusos à Vice-Presidência.
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região acaf/vms
Despacho Assinatura
Processo Nº RO-0000021-09.2018.5.06.0242
Relator Eduardo Pugliesi RECIFE, 22 de Outubro de 2018
RECORRENTE MUNICIPIO DE NAZARE DA MATA
ADVOGADO LYNDON JOHNSON DE ANDRADE
CARNEIRO(OAB: 25322/PE) VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
RECORRIDO NIRLEIDE GOMES BRAGA Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
MELO(OAB: 28167/PE) Despacho
Processo Nº RO-0000914-12.2017.5.06.0411
ADVOGADO JOAO CAMPIELLO VARELLA Relator MARIA CLARA SABOYA
NETO(OAB: 30341/PE) ALBUQUERQUE BERNARDINO
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO RECORRENTE JOSE RICARDO ALMEIDA DE
TRABALHO OLIVEIRA
ADVOGADO LEONARDO SOUSA FARIAS(OAB:
Intimado(s)/Citado(s): 87452/RS)
- MUNICIPIO DE NAZARE DA MATA ADVOGADO ANA RAFAELA CAVALCANTE DE
SOUSA FERNANDES(OAB:
- NIRLEIDE GOMES BRAGA 39045/PE)

RECORRIDO INSTITUTO NACIONAL DE TERCEIRO UNIÃO FEDERAL (PGF)

COLONIZACAO E REFORMA INTERESSADO
AGRARIA
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO Intimado(s)/Citado(s):
TRABALHO
- COMPANHIA BRASILEIRA DE TRENS URBANOS
Intimado(s)/Citado(s): - ROSTAND DA SILVA PEREIRA
- JOSE RICARDO ALMEIDA DE OLIVEIRA
PODER
PODER JUDICIÁRIO
JUDICIÁRIO
Fundamentação
Fundamentação
PROC. TRT nº. 0000914-12.2017.5.06.0411 DESPACHO
Considerando que não consta nos autos procuração conferindo
DESPACHO poderes à advogada SOFIA FERREIRA ALENCAR CORREA
D'BASSOLLES (OAB/PE 40.571), subscritora do Agravo de
Considerando que não consta nos autos procuração conferindo Instrumento interposto pelo reclamante, e que a referida causídica
poderes ao advogado LEONARDO SOUSA FARIAS - OAB/RJ- não participou das audiências realizadas no feito, o que afasta, de
87.452, subscritor do Recurso de Revista interposto por JOSÉ logo, a hipótese de procuração apud acta, intime-se a parte autora
RICARDO ALMEIDA DE OLIVEIRA, e que o referido causídico não para, no prazo de 5 (cinco) dias, colacionar aos autos instrumento
participou das audiências realizadas no feito, o que afasta, de logo, procuratório outorgando poderes à referida advogada, nos termos
a hipótese de procuração apud acta, intime-se o recorrente para, no do art. 76, § 2º, I, do Código de Processo Civil, e da Súmula 456, III,
prazo de 5 (cinco) dias, colacionar aos autos instrumento do TST, sob pena de não conhecimento do apelo.
procuratório outorgando poderes ao referido advogado, nos termos À Seção de Recursos para cumprimento e decorrido o prazo fixado,
do art. 76 do CPC e da Súmula 456, III, do TST, sob pena de não retornem os autos à Vice-Presidência.
conhecimento do apelo.
À Seção de Recursos para cumprimento e, decorrido o prazo fixado,
retornem os autos à Vice-Presidência.
mg/vms
Assinatura
acf/vms

Despacho
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO Relator SOLANGE MOURA DE ANDRADE
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região JUÍZO RECORRENTE MUNICIPIO DE SURUBIM
Despacho D/PE)
Processo Nº RO-0001441-04.2016.5.06.0021
Relator ANA MARIA SOARES RIBEIRO DE SILVA DE AZEVEDO
BARROS UMBELINO(OAB: 33203/PE)
RECORRENTE ROSTAND DA SILVA PEREIRA RECORRIDO MARIA ESTER VIEIRA DE MORAES
ADVOGADO RICARDO DE SOUZA(OAB: ADVOGADO JOSIVAL RAMOS DA SILVA(OAB:
19444/PE) 39908/PE)
ADVOGADO SOFIA FERREIRA ALENCAR CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
CORREA DEBASSOLLES(OAB: TRABALHO
40571/PE)
RECORRIDO COMPANHIA BRASILEIRA DE
TRENS URBANOS Intimado(s)/Citado(s):
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI - MARIA ESTER VIEIRA DE MORAES
RODRIGUES(OAB: 128341/SP)
- MUNICIPIO DE SURUBIM


TRABALHO
PODER - GRENIT SERVICOS E DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARES
LTDA
JUDICIÁRIO
Fundamentação
DESPACHO
Compulsando os autos, observa-se que a E. Turma deu provimento PODER JUDICIÁRIO
ao recurso ordinário do MUNICÍPIO DE SURUBIM invertendo ônus
das custas no importe 2% sobre o valor atualizado da causa. A teor JUSTIÇA DO TRABALHO
das novas disposições do art. 790, § 3º, da Lei nº 13.467/17, para a
concessão da justiça gratuita, não basta apenas a declaração de TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 6ª REGIÃO
hipossuficiência realizada nos autos, sendo necessária também a
comprovação de salário igual ou inferior a 40% do limite máximo PROCESSO TRT nº 0000936-37.2016.5.06.0013
dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, o que não
ocorreu no caso dos autos, de acordo com o contracheque sob Id. DESTINATÁRIO: GRENIT SERVIÇOS E DESENVOLVIMENTO DE
401d5ce. SOFTWARES LTDA
Assim, a autora, ao interpor o presente Recurso de Revista, deveria
ter quitado as custas processuais calculadas sobre o condeno, ou
comprovado a insuficiência de recursos para pagamento das
referidas custas, o que não foi observado, eis que não efetuou EDITAL DE NOTIFICAÇÃO - LOCAL INCERTO E NÃO SABIDO
qualquer depósito ou pagamento de custas, em flagrante
descompasso com os artigos 789, §1º, e 899, § 1º, da CLT.
Destarte, considerando essa nova orientação do órgão de cúpula do
Judiciário Trabalhista, com base no artigo 1.007, § 2º, do CPC, De ordem do Excelentíssimo Sr. Desembargador da Vice-
concedo à recorrente o prazo de 05 (cinco) dias para recolher ou Presidência deste Tribunal, Valdir José Silva de Carvalho, fica
comprovar a insuficiência de recursos para pagamento das custas notificado GRENIT SERVIÇOS E DESENVOLVIMENTO DE
processuais (art. 790, § 4º, da CLT), sob pena de deserção do SOFTWARES LTDA. atualmente em local incerto e não sabido,
Recurso de Revista. para, querendo, apresentar contra minuta ao agravo de
Dê-se ciência deste despacho à autora e, após ultrapassado o instrumento e contrarrazões ao Recurso de Revista, interposto
prazo fixado, voltem os autos conclusos à Vice-Presidência. pelo ESTADO DE PERNAMBUCO, no prazo de 08 (oito) dias,
acaf/vms conforme DESPACHO ID - abe5751. O processo encontra-se no
sistema PJe do TRT da 6ª Região, cujos elementos estão à
Assinatura disposição do interessado.
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região Recife, 25 de outubro de 2018
Edital
Edital
Processo Nº RO-0000936-37.2016.5.06.0013
Relator VALERIA GONDIM SAMPAIO
RECORRENTE ANDRE CESAR DE SOUZA LIMA Gléssia Alves de Lima
ADVOGADO DANILO AUGUSTO SA BARRETO DE
RECORRIDO GRENIT SERVICOS E Seção de Recursos - SERE
DESENVOLVIMENTO DE
SOFTWARES LTDA
Edital

Processo Nº ROPS-0001089-74.2015.5.06.0023
fica(am) notificado(s) ENCONSERV CONSTRUÇÕES LTDA - EPP.,
RECORRENTE AUTARQUIA DE URBANIZACAO DO atualmente em local incerto e não sabido, do despacho ID 2fb70a1,
RECIFE
a seguir transcrito:
ADVOGADO EDUARDO HENRIQUE BEZERRA DE
RECORRIDO ENCONSERV CONSTRUCOES LTDA
- EPP
RECORRIDO FABIO FERREIRA DA SILVA
ADVOGADO ANA CAROLINA CAVALCANTI
ELIHIMAS(OAB: 26085-D/PE) AGRAVO DE INSTRUMENTO
ADVOGADO SANDRO DE MEDEIROS
- ENCONSERV CONSTRUCOES LTDA - EPP
Agravo de instrumento interposto pela AUTARQUIA DE
URBANIZAÇÃO DO RECIFE - URB, em face da decisão que
Reclamação Trabalhista nº 0001089-74.2015.5.06.0023 , figurando

PODER JUDICIÁRIO
como agravado, FABIO FERREIRA DA SILVA e ENCONSERV
CONSTRUÇÕES LTDA - EPP.
JUSTIÇA DO TRABALHO
Publicada a decisão agravada no DEJT do dia 25/07/2018 e

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 6ª REGIÃO
documentos ID's. 922ae28 e becbef7.
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (ID.
58c13b6).
Inexigível, na hipótese, o preparo (art. 790-A, da CLT e art. 1º, IV,
do Decreto nº 779/69).
PROCESSO TRT- ROPS 0001089-74.2015.5.06.0023
Mantenho a decisão agravada e, por via de consequência,

EDITAL DE NOTIFICAÇÃO - LOCAL INCERTO E NÃO SABIDO
Intime-se a parte agravada para, querendo, oferecer contrarrazões
De ordem da Excelentíssima Vice-Presidente deste Tribunal,

lms/ra
Maria Auxiliadora Servula Ribeiro
RECIFE, 4 de Setembro de 2018
Seção de Recursos
Notificação
Notificação
Processo Nº RO-0001432-96.2016.5.06.0391
Deverá(ão) o(s) destinatário(s) desta notificação atentar para a Relator Eduardo Pugliesi
regulamentação do Ato n.º 443/2012 da Presidência do Tribunal RECORRENTE RACHEL TORRES MARQUES
VASCONCELOS
Regional do Trabalho da Sexta Região. Para pronunciamento nos ADVOGADO WAGNER DA SILVA BISPO(OAB:
32808/PE)
autos eletrônicos, poderá o destinatário desta notificação, valendo-
se dos seus próprios meios acessar o sistema PJe-JT, no sítio SA(OAB: 26056-D/PE)
"http://pje.trt6.jus.br/segundograu", ou diretamente no sítio do TRT
da Sexta Região, "www.trt6.jus.br", onde consta link específico para COSTA(OAB: 12629/PE)
o PJe-JT. É obrigatório o uso do certificado digital emitido por
autoridade certificadora competente, devendo ser utilizado o INTERESSADO LUCAS
navegador mozilla Firefox a partir da versão 10.2 ou superior (para TRABALHO
baixá-lo gratuitamente, acesse o link http://www.mozilla.org/pt-
BR/firefox/fx/).
- RACHEL TORRES MARQUES VASCONCELOS
PODER
JUDICIÁRIO
Recife, quinta-feira, 25 de outubro de 2018.

RECURSO DE REVISTA não se amoldam aos presentes autos. Nessa seara, em face do
acúmulo de funções requer o pagamento de plus salarial no
Trata-se de Recurso de Revista interposto por RACHEL TORRES percentual de 50% sobre a remuneração da autora (fevereiro de
MARQUES VASCONCELOS, em face de acórdão proferido em 2013 até dispensa) com integração ao salário e reflexos sobre horas
sede de recurso ordinário, nos autos da Reclamação Trabalhista extras, aviso prévio, férias acrescidas de 1/3, 13º salário, RSR,
0001432-96.2016.5.06.0391, figurando, como recorridos, FGTS + 40% e parcelas do seguro-desemprego.
TERCEIRO SETOR LTDA. e ESTADO DE PERNAMBUCO.
Exsurgem da decisão recorrida os seguintes fundamentos:
"Visando a modificação do julgado, a demandante alega que o
O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação da decisão sentenciante julgou de forma contrária à prova dos autos, sendo
recorrida se deu em 31.08.2018 e apresentação das razões certo que a prova testemunhal confirmou o desempenho efetivo de
recursais em 13.09.2018, conforme se pode ver dos documentos tarefas mais complexas do que aquelas para as quais foi
Ids acfaa4c e 24d65c4. contratada, sem percepção da remuneração superior aplicáveis a
tais ofícios, destacando ser irrelevante à extrapolação da jornada
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Id como requisito para deferimento do plus salarial. Reproduz
2671c81). decisórios convergentes com sua tese.
Dispensado, na hipótese, o preparo (Id dddb611). Nada a modificar.
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS Em sua exordial, a demandante asseverou que, contratada como
Recepcionista, teve sua carteira de trabalho alterada para a função
DO ACÚMULO DE FUNÇÕES / DIFERENÇAS SALARIAIS de Atendente de Protocolo, acumulando-a, ainda, com as funções
próprias de Bibliotecário, Auditor, Inspetor e Secretário de
Alegações: Inspetoria.
- violação ao artigo 468 da CLT; e Sobre as tarefas desempenhadas, assim relacionou-as:
- divergência jurisprudencial. "ATENDENTE DE PROTOCOLO - receber documentos em geral e
previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a IV da CLT, a parte recorrente BIBLIOTECÁRIA - ficava responsável pelo acervo dos livros, bem
objetiva a reforma do acórdão, alegando que faz jus a um plus como da entrega e recebimento dos mesmos.
salarial, posto que restou demonstrado nos autos que a autora
exercia atividades que não possuíam qualquer ligação com a função AUDITOR E INSPETOR - confeccionava certidões de regularidade
para qual foi contratada ressaltando, ainda, que se tratavam de fiscal, alerta de gestão fiscal, ofícios destinados à prefeitura
tarefas demasiadamente complexas, inerentes a atividades solicitando documentos atinentes às prestações de contas, e ainda,
prestadas por servidores que ocupam funções públicas de alto grau alimentação do sistema do banco de horas.
de formação e treinamento, diga-se de passagem, atividades
inerentes a servidores que recebiam valores infinitamente SECRETÁRIO DE INSPETORIA - fiscalizava os horários dos
superiores a remuneração da acionante. Afirma que em momento trabalhadores terceirizados, requisitava ao TCE o pagamento das
algum postulou o recebimento de remuneração idêntica a dos diárias dos empregados terceirizados, arquivava documentos e
servidores do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, mas realizava a expedição de malotes (apenas quando substituía a Sra.
sim, postulou a condenação da reclamada no pagamento de um Maria Bezerra Freire de Aquino)" (ID 691804f).
acréscimo salarial infinitamente inferior aos salários dos servidores
do TCE/PE, pelo que, os fundamentos legais expostos no acórdão A situação fática capaz de ensejar o deferimento do acréscimo

salarial por acúmulo de função decorre de alteração contratual recepcionista responsável por receber ligações, protocolar
lesiva ao empregado, de quem se passa a exigir, no curso do documentos e receber documentos dos correios, e quando essa
contrato, o desempenho de atividades distintas daquelas que pessoa faltava, cabia à reclamante substituí-la; que o depoente era
integram o conteúdo ocupacional da função até então exercida, e secretário do inspetor e apenas exercia as mesmas atividades da
que demandem maior grau de qualificação ou maior reclamante quando havia necessidade; que no setor em que
responsabilidade, exigindo, por consequência, melhor remuneração. trabalhavam havia 5 pessoas, um secretário da inspetoria, dois
Não se nega, entretanto, que, nos limites do "jus variandi", é reclamante; que os dois cedidos e o efetivo faziam a mesma
facultado ao empregador exigir do empregado o cumprimento de atividade que a reclamante; que a recepcionista apenas exercia as
tarefas diversificadas, desde que compatíveis com a natureza da mesmas atividades que a reclamante quando havia necessidade;
função para a qual foi admitido, com vistas a adequar a prestação que haviam planilhas que apenas eram alimentadas pela
do serviço ao desenvolvimento da atividade empresarial, sem que reclamante, e outras que eram criadas e alimentadas pela
isso implique o reconhecimento da multiplicidade de funções ou reclamante; que o inspetor regional era quem definia as atividades a
contratos apta a gerar cumulação de salários. serem exercidas pela reclamante; que apenas havia um setor
administrativo; que trabalhavam no TCE em Salgueiro de 21 a 23
Nesse sentido, faz-se imperioso transcrever o teor do parágrafo pessoas; que o setor administrativo ficava em local distinto da
único do art. 456 da CLT: recepção; que havia controle de jornada biométrico, e competia à
"À falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito, realizar alterações no ponto, como justificar uma falta, a pedido do
entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer inspetor; que de 2010 a 2016 foram inspetores, do TCE em
serviço compatível com a sua condição pessoal". Salgueiro, os senhores Ladislau, Lari, Ivan e outro que não se
Da simples descrição de tarefas, concluo que elas não detêm a ausência desta a reclamante exercia suas funções; que a
complexidade alegada pela autora e são compatíveis com as que se reclamante também confeccionava certidões de regularidade fiscal
espera de uma atendente de protocolo. Não houve comprovação de e alerta de gestão fiscal; que a reclamante também era responsável
exercício efetivo das funções mais complexas que demandam curso pela solicitação de diárias para os terceirizados" (ID e7458f3).
superior, a exemplo da profissão de bibliotecária, que atua também
na catalogação de livros, e não apenas em sua guarda, entrega e Ademais, as atribuições foram executadas no mesmo local e dentro
recebimento. Do mesmo modo, a emissão de simples certidões e da jornada de trabalho.
ofícios, controle de ponto e solicitação de documentos não
compreendem todas as tarefas de um auditor ou inspetor, que Assim como o sentenciante, destaco ainda a impossibilidade de
envolve um feixe de tarefas muito mais amplo e complexo. deferimento da pretensão, uma vez que a acionante quer obter a
A única testemunha, indicada pela reclamada, relata as tarefas submetidos a concurso público, o que não é a ela extensível, na
desempenhadas, não se extraindo elementos capazes de favorecer condição de terceirizada laborando no Tribunal de Consta do
a obreira. Veja-se: Estado de Pernambuco.
""(...) fazia numeração dos processos, fazia controle de ponto dos Nessa hipótese, o plus salarial encontra óbice na determinação
servidores do Tribunal de Contas, fazia ligações telefônicas a constitucional expressa em seu art. 37, II, da CF.
órgãos públicos cobrando o envio de informações acerca do
cumprimento de determinações do Tribunal, fazia protocolo de Desse modo, entendo que as atividades comprovadamente
documentos, expedia ofícios para os órgãos públicos que eram desempenhadas pela autora não podem ser avaliadas como de
fiscalizados pelo Tribunal, fazia planilhas de controle acerca dos maior complexidade ou de cunho diferenciado, enquadrando-se no
órgãos que estavam cumprindo as resoluções do TCE, fazia feixe de atribuições licitamente exigíveis."
também o arquivamento de documentos (planilhas e relatórios
acerca do cumprimento das resoluções); que havia uma Do confronto entre os fundamentos expendidos e as razões

recursais apresentadas pela parte recorrente, não vislumbro as Notificação

Processo Nº RO-0001426-44.2016.5.06.0018
violações apontadas, pois o Regional decidiu as questões Relator ANDREA KEUST BANDEIRA DE
MELO
veiculadas no presente apelo com base no conjunto probatório
contido nos autos e na legislação pertinente à espécie, consistindo ADVOGADO MARIA CRISTINA HORTA BARBOSA
a insurgência, quando muito, em interpretação diversa daquela
conferida pela Corte revisanda, implicando, ainda, reexame fático, o MENDES(OAB: 24818/PE)
TST). LA CORTE(OAB: 32432/PE)
Por outro lado, melhor sorte não teria a apelante em sua pretensão RECORRIDO EMPRESA BRASILEIRA DE
de ser recebida a revista por divergência jurisprudencial, ora porque CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO
oriunda deste Sexto Regional ou de Turmas do TST (órgãos não
elencados no art 896, "a", da CLT), ora porque não traz as mesmas Intimado(s)/Citado(s):
premissas fáticas da decisão recorrida, ora porque não indicada a - ALBERTO CAETANO COSTA
fonte de publicação (§ 8º do já mencionado dispositivo
Consolidado).
PODER
Incidem, em concreto, as Súmulas 23 e 337 do Tribunal Superior do
JUDICIÁRIO
Trabalho.
CONCLUSÃO

RECURSO DE REVISTA

Trata-se de recurso de revista interposto por ALBERTO CAETANO
Intimem-se. COSTA e ALBERTO DE LIMA GONÇALVES, em sede de Recurso
Ordinário nos autos da Reclamação Trabalhista nº 0001426-
mro/vmm 44.2016.5.06.0018, figurando, como recorrida, EMPRESA
BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT.
se deu em 14/06/2018 e a apresentação das razões recursais em
25/06/2018, conforme se pode ver dos documentos Ids a05598c e
175f354.

8e471f9 e cd8169a).
VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO Dispensado o preparo (Id 2cd9f59).
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
DO VALE ALIMENTAÇÃO/REFEIÇÃO E CESTA BÁSICA/

NATUREZA SALARIAL recorrentes, uma vez que já percebiam os títulos em caráter
remuneratório. Consideram que deve ser observada a Súmula 241
DA APLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA APTIDÃO PARA A do TST. Pretendem a reforma do acórdão para que sejam deferidos
PROVA os pleitos indicados na exordial. Transcrevem arestos.
Alegações: Ao dirimir a lide assim concluiu o Regional:
- contrariedade às Súmulas nºs 51, I, 241, 297, 296 e 333; e à "Da natureza jurídica do vale alimentação.
Orientação Jurisprudencial nº 413 da SDI-1, ambas do TST;
Insistem os reclamantes, ora recorrentes, na alegação de que deve
- violação aos artigos 5º, II, XXXV, XXXVI, LIV e LV, 37, caput, 93, ser reconhecida a natureza salarial das parcelas pagas a título de
inciso IX , 167 e 169, § 1º, inciso II, §1º do art. 173, da CF; 9º, § 1º vale-refeição, vale-alimentação e cesta-básica, sob o argumento,
do art. 457; 468; 794, 795, 818 e 832 da CLT; artigos 371, 373, 489, em síntese, que desde a data de admissão a recorrida não efetuava
incisos I e II, do CPC; e qualquer desconto salarial em razão dos benefícios concedidos,
sendo que a adesão da empresa a PAT-Programa de Alimentação
- divergência jurisprudencial. do Trabalhador não teve o condão de transmudar a natureza
salarial das parcelas postuladas.
Cumprindo os requisitos formais para conhecimento do seu apelo,
previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, os Pois bem.
reclamantes/recorrentes insurgem-se contra o decisório quanto ao
não reconhecimento do fornecimento gratuito de vale-refeição, vale- O MM. juízo de primeiro grau reconheceu que as parcelas de
alimentação e cesta básica. Atestam que recebiam tais benefícios alimentação sempre tiveram natureza indenizatória, mesmo antes
desde a admissão nos quadros funcionais da empresa/recorrida, da adesão da empresa ao PAT, razão pela qual julgou
inclusive, nos períodos de férias, licença-maternidade e improcedentes os pedidos da exordial, pelos seguintes
afastamento por motivo de doença. Sustentam que a demandada fundamentos:
não efetuava qualquer desconto salarial correspondente a esses
títulos e que os contracheques apresentados em Juízo comprovam "A tese patronal é de que a parcela sempre guardou natureza
suas assertivas. Defendem que o encargo probatório quanto à indenizatória, na medida em que sempre houve o desconto
existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo desse direito respectivo, mesmo antes da adesão ao PAT em 1989 e a
é ônus da reclamada. Ponderam que a empresa recorrida deveria gratuidade restou afastada, de fato, quando se observa das folhas
ter trazido aos autos prova robusta e convincente de que o de pagamento juntadas os descontos respectivos, desde a
fornecimento dos benefícios em epígrafe foi iniciado no mês de implantação de tal benefício, tudo, aliás, nos termos da normativa
outubro/1986 e não ter sido efetuado gratuitamente. Seguem interna respectiva.
dizendo que a aplicabilidade do Princípio da Aptidão para a Prova
só pode ser aferida após o encerramento da dilação probatória e É que o primeiro regramento (DEL 073/1986) estabeleceu no item
que tal possibilidade corresponde à distribuição do ônus da prova 04 a forma de custeio do benefício por cota parte do trabalhador e o
entre os litigantes. Sustentam que a recorrida não anexou aos autos remanescente pelo empregador, de modo que desde a origem
as fichas financeiras dos recorrentes desde a admissão. Aduzem houve a determinação de que se realizasse o devido desconto em
que não há previsão nas normas coletivas da categoria da folha de pagamento. Da mesma forma, a norma substitutiva (DEL
participação/compartilhamento dos empregados no programa de 076/1986), manteve a forma de custeio e, por conseguinte, a
custeio do vale alimentação. Defendem que os títulos a eles onerosidade ao empregado, que arcaria com parte desse custo.
concedidos no início do pacto laboral tinham caráter flagrantemente
salarial, o que obsta a natureza indenizatória imputada após o início Entendo, pois, que a parcela cuja natureza salarial os autores
da contratação dos empregados. Enfatizam que a alteração da pretendem seja restaurada, não poderá ser objeto de tal
natureza jurídica dos benefícios concedidos aos autores, restauração, uma vez que nunca possuiu tal natureza. Ao revés,
transmudando-as de salarial para indenizatória, não alcança os mesmo antes de qualquer adesão ao PAT, guardou caráter

implantado por norma interna (DEL 073/1986), de 10/09/1986, Vale-Alimentação, no âmbito da reclamada, tiveram natureza
sendo substituída por outra norma interna (DEL 076/1986), de indenizatória, arcando os empregados com uma parte do custeio da
18/09/1986, por apresentar incorreções, e o empregado participa de parcela.
seu custeio, mediante desconto em folha de pagamento de parcela
de indenização, sendo, portanto um benefício oneroso (não A demandada ainda trouxe aos autos os documentos de ID.
gratuito), o que afasta a natureza salarial alegada pelos 7ccc044 e ID. 166c5a7, comprovando sua adesão ao PAT -
reclamantes, tudo conforme normas da ECT. Programa de Alimentação do Trabalhador, de modo que o benefício
concedido através deste programa não tem natureza salarial, como
A ré juntou aos autos os documentos de ID. 2d960c8 e ID. adc9ec6 dispõe expressamente o art. 6º do Decreto 5, de 14 de janeiro de
(DEL - 073/86 e DEL - 076/86, respectivamente), consistentes em 1991:
normas internas que tratam da implantação do "Vale-Alimentação
subsidiado no âmbito da ECT", e cuja vigência se iniciou em "Art. 6º. Nos Programas de Alimentação do Trabalhador (PAT),
10/09/1986. previamente aprovados pelo Ministério do Trabalho e da
Previdência Social, a parcela paga in-natura pela empresa não tem
Observe-se o que consta na norma interna DEL 076/1986 (ID. natureza salarial, não se incorpora à remuneração para quaisquer
adc9ec6): efeitos, não constitui base de incidência de contribuição
previdenciária ou do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e
"ASSUNTO: Vale-Alimentação Subsidiado. nem se configura como rendimento tributável do trabalhador."
VIGÊNCIA: a partir de 01 de outubro de 1986. Embora a inscrição da reclamada no Programa de Alimentação do
Trabalhador tenha ocorrido somente em 1988, o conjunto probatório
(...) dos autos revela que desde a implantação do benefício havia
participação dos empregados no custeio do vale-alimentação, o que
2. CONCEITUAÇÃO. desnatura o caráter salarial do benefício, pois ausente o requisito da
graciosidade.
Vale-Alimentação é o instrumento que possibilita a refeição do
empregado nos estabelecimentos associados as empresas Trata-se de matéria já conhecida por esta egrégia 1ª Turma do
contratadas pela ECT. Sexto Regional, em que constatado a natureza indenizatória do vale
-alimentação dos empregados da Empresa Brasileira de Correios e

Telégrafos - ECT, conforme precedentes, in verbis:
"REMESSA NECESSÁRIA. EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELÉGRAFOS - EBCT. VALE- "I - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA INTERPOSTO
REFEIÇÃO/ALIMENTAÇÃO E CESTA BÁSICA. NATUREZA SOB A ÉGIDE DA LEI N° 13.015/2014 E DO NCPC - AUXÍLIO-
JURÍDICA INDENIZATÓRIA. CUSTEIO RECÍPROCO. PREVISÃO ALIMENTAÇÃO - ONEROSIDADE - NATUREZA
EM NORMA INTERNA DA EMPRESA. ADESÃO AO PAT. INDENIZATÓRIA. Nos termos da jurisprudência desta Corte, possui
PRECEDENTES DESTA E. CORTE. Evidenciada, à luz do conjunto natureza indenizatória o auxílio-alimentação fornecido a título
probatório, que a percepção, pelo trabalhador, de vale- oneroso, ou seja, com a coparticipação do empregado no custeio da
refeição/alimentação e cesta básica ocorreu somente a partir de parcela mediante desconto parcial no salário. Julgados. Recurso de
outubro de 1986, e que tais benefícios eram custeados de forma Revista conhecido e provido. (...)". (TST-ARR - 20638-
recíproca entre empregado e empregador, conforme disposto nos 19.2016.5.04.0661 , Relatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen
itens 4.1 e 4.2 das Normas Internas da Diretoria da empresa (DEL Peduzzi, Data de Julgamento: 09/05/2018, 8ª Turma, Data de
073/86 e DEL 076/86), bem assim que a partir do ano de 1988 Publicação: DEJT 11/05/2018)
houve adesão da empresa ao Programa de Alimentação do
Trabalhador - PAT, inquestionável revela-se a natureza "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.
indenizatória das parcelas em comento." (TRT da 6ª Região. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. NATUREZA JURÍDICA.
Processo: Reenec/RO - 0001833-95.2016.5.06.0391, Redator: PARTICIPAÇÃO DO EMPREGADO NO CUSTEIO DO
Valéria Gondim Sampaio, Data de julgamento: 05/10/2017, Primeira BENEFÍCIO. A jurisprudência desta Corte Superior consolidou-se
Turma, Data da assinatura: 11/10/2017) no sentido de que a não gratuidade do benefício auxílio-alimentação
"DIREITO DO TRABALHO. DIREITO PROCESSUAL DO Portanto, decisão regional no mesmo sentido inviabiliza o
TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO. seguimento do Recurso de Revista pela aplicação da Súmula n.º
NATUREZA JURÍDICA. ADESÃO DA EMPRESA RÉ AO 333 desta Corte. Agravo de Instrumento conhecido e não provido."
PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR - PAT. I - A (TST-AIRR - 1072-17.2016.5.21.0013 , Relatora Ministra: Maria de
Corte Superior da Justiça do Trabalho já unificou entendimento de Assis Calsing, Data de Julgamento: 09/05/2018, 4ª Turma, Data de
que "(...) A pactuação em norma coletiva conferindo caráter Publicação: DEJT 11/05/2018).
indenizatório à verba 'auxílio-alimentação' ou a adesão posterior do
empregador ao Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT - "RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA
não altera a natureza salarial da parcela, instituída anteriormente, DA LEI 13.015/2014. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. PARTICIPAÇÃO

DO EMPREGADO NO CUSTEIO DO BENEFÍCIO. NATUREZA apresentar tese explícita e fundamentada de violação legal, de
INDENIZATÓRIA. Fixado pelo TRT que havia participação do contrariedade à Súmula de jurisprudência da C. Corte Revisora e à
empregado no custeio do auxílio-alimentação desde a sua Súmula vinculante do E. STF ou de dissenso pretoriano que
implantação, ao contrário do que entendera o Regional, a parcela entenda existir; 3) impugnar todos os fundamentos jurídicos da
sempre foi indenizatória, de modo que a adesão da recorrente ao decisão recorrida; e 4) transcrever na peça recursal, no caso de
PAT não promoveu qualquer alteração no contrato de trabalho suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de prestação
celebrado com o recorrido. Frise-se, ademais, que o entendimento jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que foi pedido
desta Corte, em casos análogos envolvendo a ECT, é no sentido da o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no recurso
natureza indenizatória do auxílio-alimentação quando custeado, ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os embargos
ainda que em valor ínfimo, por parte do empregado. Precedentes. quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da ocorrência
Recurso de revista conhecido e provido." (TST-RR - 21058- da omissão. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017).
Julgamento: 02/05/2018, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT Vale citar os seguintes precedentes da Corte Superior Trabalhista:
11/05/2018).
EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO
Assim, nego provimento ao recurso." EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.
RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A
Confrontando os argumentos da parte recorrente com os TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE
fundamentos do acórdão regional, tenho que a revista não comporta IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO
processamento, pois o Regional decidiu as questões veiculadas no DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º-
presente apelo com base no conjunto probatório contido nos autos e A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. 1 - A
de acordo com a legislação pertinente à espécie. Assim, as e. 7ª Turma não conheceu do recurso de revista patronal, que
alegações lançadas pela parte nas razões recursais, em sentido versava sobre os temas horas extras, intervalo intrajornada, hora in
contrário, somente seriam aferíveis por meio de reexame fático, o itinere e multa por embargos de declaração protelatórios,
que não é possível por meio desta via recursal (Súmula nº 126 do ressaltando o não preenchimento do requisito inscrito no artigo 896,
TST). Por consequência, fica inviabilizado o exame pertinente à § 1º-A, I, da CLT, uma vez que interpôs recurso de revista sem
divergência jurisprudencial específica (Súmula nº 296 desse mesmo transcrever o trecho da decisão recorrida que consubstancia o
órgão superior). prequestionamento da controvérsia (fl. 601); 2 - Efetivamente, não
se sustenta a tese recursal de que, ainda que não transcritos
DOS PRINCÍPIOS DA ECONOMIA PROCESSUAL/DEVIDO literalmente, foram devidamente indicados e prequestionados no
P R O C E S S O L E G A L / A M P L A recurso de revista todos trechos da decisão recorrida objeto da
DEFESA/CONTRADITÓRIO/NEGATIVA DE PRESTAÇÃO controvérsia, os quais mereciam o devido enfrentamento na forma
JURISDICIONAL/PUBLICIDADE do art. 896, § 1º-A, I, da CLT (fl. 617); 3 - Embora o dispositivo em
comento utilize o verbo indicar, referindo-se ao requisito formal ali
Os recorrentes argumentam que o decisório atacado viola os inscrito, esta Corte Superior tem exigido a transcrição do trecho da
princípios em epígrafe. decisão regional que consubstancia o prequestionamento da
controvérsia objeto do apelo, firme no entendimento de que a
Não obstante o inconformismo apresentado, o apelo não ultrapassa alteração legislativa empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse
o crivo da admissibilidade recursal. aspecto, constitui pressuposto de adequação formal de
É que a Lei nº 13.015/2014, de 22/09/2014, acrescentou o §1º-A ao propiciar a identificação precisa da contrariedade a dispositivo de
art. 896 da CLT, introduzindo novos requisitos formais ao Lei e a Súmula e do dissenso de teses, afastando-se os recursos de
processamento dos recursos de revista, que impuseram à parte, revista que impugnam de forma genérica a decisão regional e
sob pena de não conhecimento do seu apelo, o dever de: 1) indicar, conduzem sua admissibilidade para um exercício exclusivamente
para cada tema trazido ao reexame, o trecho da decisão recorrida subjetivo pelo julgador de verificação e adequação formal do apelo.
que consubstancia o prequestionamento da controvérsia; 2) Assim, a necessidade da transcrição do trecho que consubstancia a

violação e as contrariedades indicadas, e da demonstração analítica regional e de expor as razões do pedido de reforma, impugnando
da divergência jurisprudencial, visa a permitir a identificação precisa todos os fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inviabilizado
e objetiva da tese supostamente ofensiva a lei, à segurança das está o conhecimento de seu apelo, nos termos dos incisos I a III do
relações jurídicas e à isonomia das decisões judiciais, de modo que § 1º- A do art. 896 da CLT, acrescentado pela Lei nº 13.015 de
contribua para a celeridade da prestação jurisdicional, possibilite a 22/09/2014.
decisão do TST contribua para a formação da jurisprudência CONCLUSÃO
conhecido e desprovido. (Processo Nº E-ED- RR-0000552- Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
Belmonte; Subseção I Especializada em Dissídios Individuais; DEJT Cumpram-se as formalidades legais.
de 16/06/2016).
Intimem-se.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
ADMISSIBILIDADE. LEI 13.015/2014. PREQUESTIONAMENTO. cp/ra
TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO. ART. 896, § 1º-A, I,
DA CLT. 1. A Lei nº 13.015/2014 exacerbou os pressupostos
intrínsecos de admissibilidade do recurso de revista, como se extrai
do novel art. 896, § 1º-A, da CLT. 2. O novo pressuposto e ônus do
recorrente consistente em 'indicar o trecho da decisão recorrida que
consubstancia o prequestionamento' não se atende meramente por
meio de menção ou referência à folha do acórdão em que se situa,
tampouco mediante sinopse do acórdão, no particular. A exigência
em apreço traduz-se em apontar a presença do prequestionamento
(salvo vício nascido no próprio julgamento) e comprová-lo mediante
transcrição textual do tópico nas razões recursais. Somente assim RECIFE, 25 de Outubro de 2018
se atinge a patente finalidade da lei: propiciar ao relator do recurso
de revista no TST maior presteza na preparação do voto ao ensejar
que, desde logo, confronte o trecho transcrito com o aresto acaso
apontado como divergente, ou com a súmula cuja contrariedade VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
acaso é alegada, ou a violação sustentada de forma analítica pelo
recorrente. 3. Inadmissível recurso de revista interposto sob a égide Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
da Lei nº 13.015/2014 (decisões publicadas a partir de 22/9/2014)
em que a parte não cuida de transcrever o trecho do acórdão
regional em que repousa o prequestionamento da controvérsia Notificação

Processo Nº RO-0001426-44.2016.5.06.0018
transferida à cognição do TST. 4. Agravo de instrumento da Relator ANDREA KEUST BANDEIRA DE
MELO
Reclamada de que se conhece e a que se nega provimento. (TST-
AIRR-767-73.2014.5.08.0107, 4ª Turma, Rel. Min. João Oreste ADVOGADO MARIA CRISTINA HORTA BARBOSA
Dalazen, DEJT 18/12/2015).
Na hipótese dos autos, considerando que os
reclamantes/recorrentes não indicaram, nas razões do recurso, os LA CORTE(OAB: 32432/PE)
trechos da decisão recorrida que configuram o prequestionamento MENDES(OAB: 24818/PE)
da controvérsia, bem como não indicaram, de forma explícita e RECORRIDO EMPRESA BRASILEIRA DE
fundamentada, contrariedade a dispositivo de lei, súmula ou CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO
orientação jurisprudencial do TST que conflite com a decisão

incisos I e II, do CPC; e
- ALBERTO DE LIMA GONCALVES
PODER
Cumprindo os requisitos formais para conhecimento do seu apelo,
JUDICIÁRIO
previstos no art. 896, § 1º-A, incs. I a III, da CLT, os
reclamantes/recorrentes insurgem-se contra o decisório quanto ao
não reconhecimento do fornecimento gratuito de vale-refeição, vale-
alimentação e cesta básica. Atestam que recebiam tais benefícios
desde a admissão nos quadros funcionais da empresa/recorrida,
RECURSO DE REVISTA inclusive, nos períodos de férias, licença-maternidade e
afastamento por motivo de doença. Sustentam que a demandada
Trata-se de recurso de revista interposto por ALBERTO CAETANO não efetuava qualquer desconto salarial correspondente a esses
COSTA e ALBERTO DE LIMA GONÇALVES, em sede de Recurso títulos e que os contracheques apresentados em Juízo comprovam
Ordinário nos autos da Reclamação Trabalhista nº 0001426- suas assertivas. Defendem que o encargo probatório quanto à
44.2016.5.06.0018, figurando, como recorrida, EMPRESA existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo desse direito
BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT. é ônus da reclamada. Ponderam que a empresa recorrida deveria
ter trazido aos autos prova robusta e convincente de que o
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS fornecimento dos benefícios em epígrafe foi iniciado no mês de
outubro/1986 e não ter sido efetuado gratuitamente. Seguem
O apelo é tempestivo, tendo em vista que a publicação do acórdão dizendo que a aplicabilidade do Princípio da Aptidão para a Prova
se deu em 14/06/2018 e a apresentação das razões recursais em só pode ser aferida após o encerramento da dilação probatória e
25/06/2018, conforme se pode ver dos documentos Ids a05598c e que tal possibilidade corresponde à distribuição do ônus da prova
175f354. entre os litigantes. Sustentam que a recorrida não anexou aos autos
as fichas financeiras dos recorrentes desde a admissão. Aduzem
A representação advocatícia está regularmente demonstrada (Ids que não há previsão nas normas coletivas da categoria da
8e471f9 e cd8169a). participação/compartilhamento dos empregados no programa de
custeio do vale alimentação. Defendem que os títulos a eles
Dispensado o preparo (Id 2cd9f59). concedidos no início do pacto laboral tinham caráter flagrantemente
salarial, o que obsta a natureza indenizatória imputada após o início
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS da contratação dos empregados. Enfatizam que a alteração da
natureza jurídica dos benefícios concedidos aos autores,
DO VALE ALIMENTAÇÃO/REFEIÇÃO E CESTA BÁSICA/ transmudando-as de salarial para indenizatória, não alcança os
NATUREZA SALARIAL recorrentes, uma vez que já percebiam os títulos em caráter
remuneratório. Consideram que deve ser observada a Súmula 241
DA APLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA APTIDÃO PARA A do TST. Pretendem a reforma do acórdão para que sejam deferidos
PROVA os pleitos indicados na exordial. Transcrevem arestos.
Alegações: Ao dirimir a lide assim concluiu o Regional:
- contrariedade às Súmulas nºs 51, I, 241, 297, 296 e 333; e à "Da natureza jurídica do vale alimentação.
Orientação Jurisprudencial nº 413 da SDI-1, ambas do TST;

Insistem os reclamantes, ora recorrentes, na alegação de que deve
- violação aos artigos 5º, II, XXXV, XXXVI, LIV e LV, 37, caput, 93, ser reconhecida a natureza salarial das parcelas pagas a título de
inciso IX , 167 e 169, § 1º, inciso II, §1º do art. 173, da CF; 9º, § 1º vale-refeição, vale-alimentação e cesta-básica, sob o argumento,
do art. 457; 468; 794, 795, 818 e 832 da CLT; artigos 371, 373, 489, em síntese, que desde a data de admissão a recorrida não efetuava

qualquer desconto salarial em razão dos benefícios concedidos, os fins de direito.
sendo que a adesão da empresa a PAT-Programa de Alimentação
do Trabalhador não teve o condão de transmudar a natureza A reclamada, por seu turno, em sua contestação (ID. a22ad54),
salarial das parcelas postuladas. afirmou que o benefício auxílio-alimentação/cesta básica foi
implantado por norma interna (DEL 073/1986), de 10/09/1986,
Pois bem. sendo substituída por outra norma interna (DEL 076/1986), de
18/09/1986, por apresentar incorreções, e o empregado participa de
O MM. juízo de primeiro grau reconheceu que as parcelas de seu custeio, mediante desconto em folha de pagamento de parcela
alimentação sempre tiveram natureza indenizatória, mesmo antes de indenização, sendo, portanto um benefício oneroso (não
da adesão da empresa ao PAT, razão pela qual julgou gratuito), o que afasta a natureza salarial alegada pelos
improcedentes os pedidos da exordial, pelos seguintes reclamantes, tudo conforme normas da ECT.
fundamentos:
A ré juntou aos autos os documentos de ID. 2d960c8 e ID. adc9ec6
"A tese patronal é de que a parcela sempre guardou natureza (DEL - 073/86 e DEL - 076/86, respectivamente), consistentes em
indenizatória, na medida em que sempre houve o desconto normas internas que tratam da implantação do "Vale-Alimentação
respectivo, mesmo antes da adesão ao PAT em 1989 e a subsidiado no âmbito da ECT", e cuja vigência se iniciou em
gratuidade restou afastada, de fato, quando se observa das folhas 10/09/1986.
implantação de tal benefício, tudo, aliás, nos termos da normativa Observe-se o que consta na norma interna DEL 076/1986 (ID.
interna respectiva. adc9ec6):
É que o primeiro regramento (DEL 073/1986) estabeleceu no item "ASSUNTO: Vale-Alimentação Subsidiado.
remanescente pelo empregador, de modo que desde a origem VIGÊNCIA: a partir de 01 de outubro de 1986.
folha de pagamento. Da mesma forma, a norma substitutiva (DEL (...)
onerosidade ao empregado, que arcaria com parte desse custo. 2. CONCEITUAÇÃO.
Entendo, pois, que a parcela cuja natureza salarial os autores Vale-Alimentação é o instrumento que possibilita a refeição do
pretendem seja restaurada, não poderá ser objeto de tal empregado nos estabelecimentos associados as empresas
restauração, uma vez que nunca possuiu tal natureza. Ao revés, contratadas pela ECT.

folha de pagamento referente ao mês para o qual for solicitado." da sua natureza indenizatória. Recurso ordinário provido." (TRT da
6ª Região. Processo: RO - 0000332-15.2017.5.06.0022, Redator:
Como se observa, os documentos acima mencionados (DEL - Eduardo Pugliesi, Data de julgamento: 06/12/2017, Primeira Turma,
073/86 e DEL - 076/86) comprovam que desde a implantação do Data da assinatura: 07/12/2017)
Vale-Alimentação, no âmbito da reclamada, tiveram natureza
indenizatória, arcando os empregados com uma parte do custeio da "REMESSA NECESSÁRIA. EMPRESA BRASILEIRA DE
parcela. CORREIOS E TELÉGRAFOS - EBCT. VALE-
REFEIÇÃO/ALIMENTAÇÃO E CESTA BÁSICA. NATUREZA
A demandada ainda trouxe aos autos os documentos de ID. JURÍDICA INDENIZATÓRIA. CUSTEIO RECÍPROCO. PREVISÃO
7ccc044 e ID. 166c5a7, comprovando sua adesão ao PAT - EM NORMA INTERNA DA EMPRESA. ADESÃO AO PAT.
Programa de Alimentação do Trabalhador, de modo que o benefício PRECEDENTES DESTA E. CORTE. Evidenciada, à luz do conjunto
concedido através deste programa não tem natureza salarial, como probatório, que a percepção, pelo trabalhador, de vale-
dispõe expressamente o art. 6º do Decreto 5, de 14 de janeiro de refeição/alimentação e cesta básica ocorreu somente a partir de
1991: outubro de 1986, e que tais benefícios eram custeados de forma
recíproca entre empregado e empregador, conforme disposto nos
"Art. 6º. Nos Programas de Alimentação do Trabalhador (PAT), itens 4.1 e 4.2 das Normas Internas da Diretoria da empresa (DEL
previamente aprovados pelo Ministério do Trabalho e da 073/86 e DEL 076/86), bem assim que a partir do ano de 1988
Previdência Social, a parcela paga in-natura pela empresa não tem houve adesão da empresa ao Programa de Alimentação do
natureza salarial, não se incorpora à remuneração para quaisquer Trabalhador - PAT, inquestionável revela-se a natureza
efeitos, não constitui base de incidência de contribuição indenizatória das parcelas em comento." (TRT da 6ª Região.
previdenciária ou do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Processo: Reenec/RO - 0001833-95.2016.5.06.0391, Redator:
nem se configura como rendimento tributável do trabalhador." Valéria Gondim Sampaio, Data de julgamento: 05/10/2017, Primeira
Turma, Data da assinatura: 11/10/2017)
Embora a inscrição da reclamada no Programa de Alimentação do
Trabalhador tenha ocorrido somente em 1988, o conjunto probatório "DIREITO DO TRABALHO. DIREITO PROCESSUAL DO
dos autos revela que desde a implantação do benefício havia TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO.
participação dos empregados no custeio do vale-alimentação, o que NATUREZA JURÍDICA. ADESÃO DA EMPRESA RÉ AO
desnatura o caráter salarial do benefício, pois ausente o requisito da PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR - PAT. I - A
graciosidade. Corte Superior da Justiça do Trabalho já unificou entendimento de
que "(...) A pactuação em norma coletiva conferindo caráter
Trata-se de matéria já conhecida por esta egrégia 1ª Turma do indenizatório à verba 'auxílio-alimentação' ou a adesão posterior do
Sexto Regional, em que constatado a natureza indenizatória do vale empregador ao Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT -
-alimentação dos empregados da Empresa Brasileira de Correios e não altera a natureza salarial da parcela, instituída anteriormente,

11/05/2018).
O Colendo Tribunal Superior do Trabalho também já firmou
entendimento no mesmo sentido, em que discutida a natureza do Assim, nego provimento ao recurso."
vale-alimentação fornecida pela Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos - ECT, conforme precedentes, in verbis: Confrontando os argumentos da parte recorrente com os
"I - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA INTERPOSTO processamento, pois o Regional decidiu as questões veiculadas no
SOB A ÉGIDE DA LEI N° 13.015/2014 E DO NCPC - AUXÍLIO- presente apelo com base no conjunto probatório contido nos autos e
ALIMENTAÇÃO - ONEROSIDADE - NATUREZA de acordo com a legislação pertinente à espécie. Assim, as
INDENIZATÓRIA. Nos termos da jurisprudência desta Corte, possui alegações lançadas pela parte nas razões recursais, em sentido
natureza indenizatória o auxílio-alimentação fornecido a título contrário, somente seriam aferíveis por meio de reexame fático, o
oneroso, ou seja, com a coparticipação do empregado no custeio da que não é possível por meio desta via recursal (Súmula nº 126 do
parcela mediante desconto parcial no salário. Julgados. Recurso de TST). Por consequência, fica inviabilizado o exame pertinente à
Revista conhecido e provido. (...)". (TST-ARR - 20638- divergência jurisprudencial específica (Súmula nº 296 desse mesmo
19.2016.5.04.0661 , Relatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen órgão superior).
Peduzzi, Data de Julgamento: 09/05/2018, 8ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 11/05/2018) DOS PRINCÍPIOS DA ECONOMIA PROCESSUAL/DEVIDO
P R O C E S S O L E G A L / A M P L A
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. DEFESA/CONTRADITÓRIO/NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. NATUREZA JURÍDICA. JURISDICIONAL/PUBLICIDADE
PARTICIPAÇÃO DO EMPREGADO NO CUSTEIO DO
BENEFÍCIO. A jurisprudência desta Corte Superior consolidou-se Os recorrentes argumentam que o decisório atacado viola os
no sentido de que a não gratuidade do benefício auxílio-alimentação princípios em epígrafe.
Portanto, decisão regional no mesmo sentido inviabiliza o Não obstante o inconformismo apresentado, o apelo não ultrapassa
seguimento do Recurso de Revista pela aplicação da Súmula n.º o crivo da admissibilidade recursal.
333 desta Corte. Agravo de Instrumento conhecido e não provido."
(TST-AIRR - 1072-17.2016.5.21.0013 , Relatora Ministra: Maria de É que a Lei nº 13.015/2014, de 22/09/2014, acrescentou o §1º-A ao
Assis Calsing, Data de Julgamento: 09/05/2018, 4ª Turma, Data de art. 896 da CLT, introduzindo novos requisitos formais ao
Publicação: DEJT 11/05/2018). processamento dos recursos de revista, que impuseram à parte,
sob pena de não conhecimento do seu apelo, o dever de: 1) indicar,
"RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA para cada tema trazido ao reexame, o trecho da decisão recorrida
DA LEI 13.015/2014. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. PARTICIPAÇÃO que consubstancia o prequestionamento da controvérsia; 2)
DO EMPREGADO NO CUSTEIO DO BENEFÍCIO. NATUREZA apresentar tese explícita e fundamentada de violação legal, de
INDENIZATÓRIA. Fixado pelo TRT que havia participação do contrariedade à Súmula de jurisprudência da C. Corte Revisora e à
empregado no custeio do auxílio-alimentação desde a sua Súmula vinculante do E. STF ou de dissenso pretoriano que
implantação, ao contrário do que entendera o Regional, a parcela entenda existir; 3) impugnar todos os fundamentos jurídicos da
sempre foi indenizatória, de modo que a adesão da recorrente ao decisão recorrida; e 4) transcrever na peça recursal, no caso de
PAT não promoveu qualquer alteração no contrato de trabalho suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de prestação
celebrado com o recorrido. Frise-se, ademais, que o entendimento jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que foi pedido
desta Corte, em casos análogos envolvendo a ECT, é no sentido da o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no recurso
natureza indenizatória do auxílio-alimentação quando custeado, ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os embargos
ainda que em valor ínfimo, por parte do empregado. Precedentes. quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da ocorrência
Recurso de revista conhecido e provido." (TST-RR - 21058- da omissão. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017).
Julgamento: 02/05/2018, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT Vale citar os seguintes precedentes da Corte Superior Trabalhista:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO ADMISSIBILIDADE. LEI 13.015/2014. PREQUESTIONAMENTO.
EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO. ART. 896, § 1º-A, I,
RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A DA CLT. 1. A Lei nº 13.015/2014 exacerbou os pressupostos
TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE intrínsecos de admissibilidade do recurso de revista, como se extrai
IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO do novel art. 896, § 1º-A, da CLT. 2. O novo pressuposto e ônus do
DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º- recorrente consistente em 'indicar o trecho da decisão recorrida que
A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. 1 - A consubstancia o prequestionamento' não se atende meramente por
e. 7ª Turma não conheceu do recurso de revista patronal, que meio de menção ou referência à folha do acórdão em que se situa,
versava sobre os temas horas extras, intervalo intrajornada, hora in tampouco mediante sinopse do acórdão, no particular. A exigência
itinere e multa por embargos de declaração protelatórios, em apreço traduz-se em apontar a presença do prequestionamento
ressaltando o não preenchimento do requisito inscrito no artigo 896, (salvo vício nascido no próprio julgamento) e comprová-lo mediante
§ 1º-A, I, da CLT, uma vez que interpôs recurso de revista sem transcrição textual do tópico nas razões recursais. Somente assim
transcrever o trecho da decisão recorrida que consubstancia o se atinge a patente finalidade da lei: propiciar ao relator do recurso
prequestionamento da controvérsia (fl. 601); 2 - Efetivamente, não de revista no TST maior presteza na preparação do voto ao ensejar
se sustenta a tese recursal de que, ainda que não transcritos que, desde logo, confronte o trecho transcrito com o aresto acaso
literalmente, foram devidamente indicados e prequestionados no apontado como divergente, ou com a súmula cuja contrariedade
recurso de revista todos trechos da decisão recorrida objeto da acaso é alegada, ou a violação sustentada de forma analítica pelo
controvérsia, os quais mereciam o devido enfrentamento na forma recorrente. 3. Inadmissível recurso de revista interposto sob a égide
do art. 896, § 1º-A, I, da CLT (fl. 617); 3 - Embora o dispositivo em da Lei nº 13.015/2014 (decisões publicadas a partir de 22/9/2014)
comento utilize o verbo indicar, referindo-se ao requisito formal ali em que a parte não cuida de transcrever o trecho do acórdão
inscrito, esta Corte Superior tem exigido a transcrição do trecho da regional em que repousa o prequestionamento da controvérsia
decisão regional que consubstancia o prequestionamento da transferida à cognição do TST. 4. Agravo de instrumento da
controvérsia objeto do apelo, firme no entendimento de que a Reclamada de que se conhece e a que se nega provimento. (TST-
alteração legislativa empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse AIRR-767-73.2014.5.08.0107, 4ª Turma, Rel. Min. João Oreste
aspecto, constitui pressuposto de adequação formal de Dalazen, DEJT 18/12/2015).
propiciar a identificação precisa da contrariedade a dispositivo de Na hipótese dos autos, considerando que os
Lei e a Súmula e do dissenso de teses, afastando-se os recursos de reclamantes/recorrentes não indicaram, nas razões do recurso, os
revista que impugnam de forma genérica a decisão regional e trechos da decisão recorrida que configuram o prequestionamento
conduzem sua admissibilidade para um exercício exclusivamente da controvérsia, bem como não indicaram, de forma explícita e
subjetivo pelo julgador de verificação e adequação formal do apelo. fundamentada, contrariedade a dispositivo de lei, súmula ou
Assim, a necessidade da transcrição do trecho que consubstancia a orientação jurisprudencial do TST que conflite com a decisão
violação e as contrariedades indicadas, e da demonstração analítica regional e de expor as razões do pedido de reforma, impugnando
da divergência jurisprudencial, visa a permitir a identificação precisa todos os fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inviabilizado
e objetiva da tese supostamente ofensiva a lei, à segurança das está o conhecimento de seu apelo, nos termos dos incisos I a III do
relações jurídicas e à isonomia das decisões judiciais, de modo que § 1º- A do art. 896 da CLT, acrescentado pela Lei nº 13.015 de
contribua para a celeridade da prestação jurisdicional, possibilite a 22/09/2014.
decisão do TST contribua para a formação da jurisprudência CONCLUSÃO
conhecido e desprovido. (Processo Nº E-ED- RR-0000552- Diante do exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
Belmonte; Subseção I Especializada em Dissídios Individuais; DEJT Cumpram-se as formalidades legais.
de 16/06/2016).
Intimem-se.

processamento de recurso de revista, nos autos da reclamação
cp/ra trabalhista nº. 0001838-88.2015.5.06.0121, figurando, como
agravado, GENILSON MARQUES DE VASCONCELOS.
A agravante foi notificada do despacho de Id 551014b em
30/08/2018 e apresentadas as razões deste apelo em 05/09/2018,
tem-se por configurada a sua tempestividade, conforme se pode ver
dos documentos Ids 4421dc4 e 2e33c81.
428b7a9).
RECIFE, 25 de Outubro de 2018 Preparo regular (Ids 6735846, d847f18, 81a8a47 e c8aeccb).
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região agravo e respectivo recurso de revista.

Notificação Tribunal Superior do Trabalho.
Processo Nº RO-0001838-88.2015.5.06.0121
RECORRENTE CAIXA ECONOMICA FEDERAL AE/vmm
29298/PE)
RECORRIDO GENILSON MARQUES DE
VASCONCELOS
ADVOGADO PACELLI DA ROCHA MARTINS(OAB:
11047/PB)
MARTINS(OAB: 17195/PB)
SANTOS(OAB: 18800/PB)
ADVOGADO VITO LEAL PETRUCCI(OAB:
18041/PB)
Intimado(s)/Citado(s): RECIFE, 25 de Outubro de 2018

- GENILSON MARQUES DE VASCONCELOS
PODER VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO
JUDICIÁRIO
Gabinete Desembargador Sérgio Torres Teixeira

Edital
Edital
Agravo de instrumento interposto por CAIXA ECONÔMICA Processo Nº RO-0000619-72.2018.5.06.0141
FEDERAL - CAIXA, contra despacho que indeferiu o

RECORRENTE CARLOS ALBERTO DA SILVA

administrativa do Tribunal Pleno designada em caráter de urgência
ADVOGADO ALISSON RAFAEL DE ALENCAR
MAURICIO MARINHO(OAB: para o dia 29/10/18.
40029/PE)
RECORRIDO MARIA HELENA A. SOBRINHO
TRANSPORTADORA EIRELI - EPP
Dê-se ciência às partes.
ADVOGADO JOSE ROGERES PEREIRA
MARCULINO FILHO(OAB: 12978/PI)
- CARLOS ALBERTO DA SILVA
Recife, 25 de outubro de 2018
ATO ORDINATÓRIO (Artigo 93 inciso XIV da CF)
Edital
Processo Nº RO-0000619-72.2018.5.06.0141
RECORRENTE CARLOS ALBERTO DA SILVA
ADVOGADO ALISSON RAFAEL DE ALENCAR
MAURICIO MARINHO(OAB:
40029/PE)
RECORRIDO MARIA HELENA A. SOBRINHO
TRANSPORTADORA EIRELI - EPP
ADVOGADO JOSE ROGERES PEREIRA
MARCULINO FILHO(OAB: 12978/PI)
- MARIA HELENA A. SOBRINHO TRANSPORTADORA EIRELI -
EPP
De ordem do Exmo. Desembargador Sergio Torres Teixeira, ADIA-
SE a audiência designada para tentativa de conciliação entre as
partes para o dia 07/11/2018, às 14:00h, em virtude de sessão

ATO ORDINATÓRIO (Artigo 93 inciso XIV da CF)
Gabinete Desembargador José Luciano Alexo da

Silva
Despacho
Despacho
Processo Nº RO-0000621-22.2015.5.06.0311
Relator JOSE LUCIANO ALEXO DA SILVA
RECORRENTE DORI ALIMENTOS S.A.
ADVOGADO MARCO ANTONIO DE MACEDO
MARCAL(OAB: 128631/SP)
RECORRENTE PEDRO TIAGO DE MOURA JUNIOR
ADVOGADO EDGAR CLEMENTINO DOS SANTOS
NETO(OAB: 29900-D/PE)
RECORRIDO DORI ALIMENTOS S.A.
ADVOGADO MARCO ANTONIO DE MACEDO
MARCAL(OAB: 128631/SP)
RECORRIDO PEDRO TIAGO DE MOURA JUNIOR
ADVOGADO EDGAR CLEMENTINO DOS SANTOS
NETO(OAB: 29900-D/PE)
- DORI ALIMENTOS S.A.
- PEDRO TIAGO DE MOURA JUNIOR
De ordem do Exmo. Desembargador Sergio Torres Teixeira, ADIA-

PODER
SE a audiência designada para tentativa de conciliação entre as
JUDICIÁRIO
partes para o dia 07/11/2018, às 14:00h, em virtude de sessão
administrativa do Tribunal Pleno designada em caráter de urgência Fundamentação
para o dia 29/10/18. DESPACHO
Dê-se ciência às partes.
Em 1º de junho do ano corrente, ou seja, antes da publicação do
acórdão de Id9086aa2 (em 07.06.2018), o reclamante atravessou
Recife, 25 de outubro de 2018 petição (Id 01b2557), acompanhada de diversos contracheques,
onde denuncia descumprimento, pela empresa ré, de decisão
liminar (Id d17a248) proferida no 1º grau, que versou sobre a
reintegração do obreiro aos quadros funcionais da empresa
demandada, após período de afastamento com a percepção de
benefício previdenciário, com o restabelecimento do plano de saúde
e de demais vantagens decorrentes do exercício da atividade
laboral.
Em 21/09/2018, o reclamante tornou a reiterar, via novo memorial
(Id 6badf99), os termos da petição acima referida. Nelas, ele requer
que esta Instância revisora expeça comando, para que a reclamada
cumpra a mencionada decisão liminar.

Pois bem. interpostos.
Sucede que aquilo que requerido em tais petições deve ser Encaminhem-se os autos ao Cejusc-2º grau, para as devidas
analisado pelo Juízo de 1º grau, até porque as questões ali providências.
veiculadas não foram objeto de insurgência recursal. Recife, 11 de outubro de 2018.
Dê-se ciência à parte autora.
Após, sigam os autos à Vice Presidência, para aferição dos JOSÉ LUCIANO ALEXO DA SILVA
requisitos de admissão do Recurso de Revista. Desembargador do Trabalho
Relator
Assinatura Assinatura
RECIFE, 14 de Outubro de 2018 RECIFE, 11 de Outubro de 2018
JOSE LUCIANO ALEXO DA SILVA JOSE LUCIANO ALEXO DA SILVA
Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região

Despacho Despacho
Processo Nº RO-0001115-95.2017.5.06.0413 Processo Nº RO-0000645-70.2016.5.06.0002
Relator JOSE LUCIANO ALEXO DA SILVA Relator JOSE LUCIANO ALEXO DA SILVA
RECORRENTE ALLIS SOLUCOES EM TRADE E RECORRENTE MODESTO INCORPORACAO E
PESSOAS LTDA CONSTRUCAO LTDA
ADVOGADO RENATA PEREIRA ZANARDI(OAB: ADVOGADO SERGIO LUIZ LUCENA LEITAO(OAB:
33819/RS) 17316-D/PE)
RECORRENTE HIPERCARD BANCO MULTIPLO S.A. RECORRENTE IRANILSON BEZERRA DE ARAUJO
ADVOGADO JULIANA NETO DE MENDONCA ADVOGADO José Claudio Pires de Souza(OAB:
MAFRA(OAB: 1135-B/PE) 16110-D/PE)
ADVOGADO KARLA SANTOS DA CUNHA(OAB: RECORRENTE CONDOMINIO DO EDIFICIO
25815/BA) CHANCE'S VILLAGE
RECORRIDO HIPERCARD BANCO MULTIPLO S.A. ADVOGADO SERGIO LUIZ LUCENA LEITAO(OAB:
17316-D/PE)
ADVOGADO KARLA SANTOS DA CUNHA(OAB:
25815/BA) RECORRIDO IRANILSON BEZERRA DE ARAUJO
ADVOGADO JULIANA NETO DE MENDONCA ADVOGADO José Claudio Pires de Souza(OAB:
MAFRA(OAB: 1135-B/PE) 16110-D/PE)
RECORRIDO FERNANDA MIRELA VIEIRA VELOSO RECORRIDO CONDOMINIO DO EDIFICIO
CHANCE'S VILLAGE
ADVOGADO PALMIRO NOVELI TORRES DA
FONSECA FILHO(OAB: 33795/PE) ADVOGADO SERGIO LUIZ LUCENA LEITAO(OAB:
17316-D/PE)
RECORRIDO ALLIS SOLUCOES EM TRADE E
PESSOAS LTDA RECORRIDO MODESTO INCORPORACAO E
CONSTRUCAO LTDA
ADVOGADO RENATA PEREIRA ZANARDI(OAB:
33819/RS) ADVOGADO SERGIO LUIZ LUCENA LEITAO(OAB:
17316-D/PE)
Intimado(s)/Citado(s): RECORRIDO LG CONSTRUCOES LTDA.
ADVOGADO SERGIO LUIZ LUCENA LEITAO(OAB:
- ALLIS SOLUCOES EM TRADE E PESSOAS LTDA 17316-D/PE)
- FERNANDA MIRELA VIEIRA VELOSO
- HIPERCARD BANCO MULTIPLO S.A. Intimado(s)/Citado(s):
- CONDOMINIO DO EDIFICIO CHANCE'S VILLAGE
- IRANILSON BEZERRA DE ARAUJO
- LG CONSTRUCOES LTDA.
PODER - MODESTO INCORPORACAO E CONSTRUCAO LTDA
JUDICIÁRIO
Fundamentação
DESPACHO PODER
Consoante se verifica da petição de id 4c939b9, as partes JUDICIÁRIO
apresentaram minuta de acordo, requerendo sua homologação. Fundamentação

Desse modo, determino o comparecimento dos litigantes, D E S P A C H O:
acompanhadas de seus advogados, perante o Cejusc-2º grau, A fim de evitar futura arguição de nulidade processual, intime-se o
para formalização do acordo. reclamante para, querendo, apresentar contrarrazões ao recurso
O não atendimento desta determinação implicará o prosseguimento ordinário interposto pelos reclamados.
do processo, com consequente julgamento dos recursos

Assinatura
JOSE LUCIANO ALEXO DA SILVA
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM SEDE DE AÇÃO
Secretaria do Tribunal Pleno RESCISÓRIA. PROVIMENTO PARCIAL PELA EXISTÊNCIA DE
Acórdão ELEMENTOS SUFICIENTES PARA DETERMINAR A

Acórdão SUSPENSÃO DE PAGAMENTO AO CREDOR ATÉ O FINAL DO
Processo Nº AR-0000521-25.2018.5.06.0000
Relator DIONE NUNES FURTADO DA SILVA JULGAMENTO DA AÇÃO RESCISÓRIA, EM FACE DA
AUTOR VIEIRA & RABELO LTDA PLAUSIBILIDADE DO DIREITO INVOCADO E DO PERIGO DE
ADVOGADO Glauber Gil Coelho de Oliveira(OAB:
26230-D/PE) DANO.
RÉU RODRIGO VICTOR DE FARIAS
- VIEIRA & RABELO LTDA
PODER
JUDICIÁRIO
Eis o relatório aprovado em sessão:
"Vistos etc.
Agravo regimental oposto por VIEIRA & RABELO LTDA. com
PROC. N.º TRT - 0000521-25.2018.5.06.0000 (AGR) fundamento no inciso VI do artigo 155 do Regimento Interno deste
Sexto Regional, em face da Decisão Monocrática de ID 5ef85ee,
Órgão Julgador: Tribunal Pleno que indeferiu a liminar requerida na petição inicial.
Redatora: Desembargadora Dione Nunes Furtado da Silva A agravante, em suas razões de ID 61d4239, requer que o Relator
exerça juízo de retratação, porquanto o indeferimento do pedido
Agravante: VIEIRA & RABELO LTDA. liminar estaria manifestamente contrário à legislação e à orientação
jurisprudencial aplicáveis à presente hipótese. Assevera que há nos
Agravada: DECISÃO MONOCRÁTICA PROFERIDA NA AÇÃO autos elementos que apontam para a probabilidade do seu direito,
RESCISÓRIA N.º 0000521-25.2018.5.06.0000 bem como para o perigo de dano e de risco ao resultado útil do
processo. Ressalta que a execução, nos autos originários, já se
Interessado: Rodrigo Victor de Farias iniciou, e se for levada a efeito, ou seja, se tiver de arcar com o
débito de R$ 22.000,00 (vinte e dois mil reais), ficará seriamente
Advogado: Glauber Gil Coelho de Oliveira - OAB/PE 0026230-D comprometida sua situação financeira. Frisa que os fundamentos
jurídicos invocados nesta ação, são incontroversos, em face da
Procedência: Competência Originária documentação acostada, que demonstram efetiva violação aos
artigos 1010, 1019, 1022 e 1060 do CC/2002; art. 76 do NCPC; art.
844 da CLT; e os incisos II, LIV e LV do art. 5º da CF/88.
Transcreve aresto deste Regional em decisão de situação análoga
ao destes autos. Protesta que a aplicação da pena de confissão
ficta contra sua pessoa resultou injustamente em sua condenação

em diversos títulos, não obstante ter apresentado contestação e Significa, em primeira análise, que os requisitos de rescindibilidade
participado ativamente de todas as audiências com representação previstos nos incisos V e VIII do art. 966 do NCPC (manifesta
formal; que, ainda que se verificasse a irregularidade na violação de norma jurídica e decisão de mérito fundada em erro de
representação, o magistrado deveria ter determinado a suspensão fato verificável do exame dos autos) não se verificam no caso em
do processo e designado prazo razoável para o saneamento do estudo.
vício, em atenção ao art. 76 do CPC/2015; e não ter apontado o
suposto vício somente quando da prolação da sentença, violando, Vislumbro, na espécie, a hipótese em que a autora desta ação
assim, os princípios da ampla defesa e do contraditório. Pede, rescisória busca de forma patente rediscutir a matéria já enfrentada
alternativamente, o provimento do agravo no sentido de que seja pelo Órgão julgador na sentença de mérito, desiderato da medida
determinado ao Juízo de 1º grau que suspenda a execução até o recursal adequada.
julgamento desta rescisória.
Nesta ordem, à vista da patente controvérsia que verifico em torno
Por manter a decisão impugnada, submeto o vertente agravo à da interpretação dos fundamentos jurídicos invocados pelo ente
apreciação do Tribunal Pleno. patronal, concluo, em um juízo sumário de cognição, que ausente o
requisito para a concessão da tutela de urgência, nos moldes do
É O RELATÓRIO." 'caput' do art. 300 do NCPC, a saber, a possibilidade de êxito da
pretensão da autora.
INDEFIRO, por conseguinte, a liminar requerida."
Ocorre que a maioria dos membros do Plenário deste E. Regional
resolveu conceder parcialmente o pedido liminar da parte autora,
por entender configurados presentes os requisitos legais, diante da
possibilidade plausível de violação à norma legal.
VOTO:
Com efeito, a empresa (autora da ação rescisória) compareceu à
Ao apreciar o presente agravo, o Relator originário votou pela sessão de audiência do processo originário onde fora praticados
manutenção da decisão impugnada, adotando, para tal, a todos os atos processuais, inclusive ouvida de testemunhas; o juízo
fundamentação dela constante, in verbis: de origem não se pronunciou sobre a ausência de juntada de carta
de preposição, levando a entender pela desnecessidade do ato, em
"[...] A questão de fundo, portanto, paira sobre a nulidade do face da condição de administrador do seu representante. Houve
instrumento decisório na parte em que, à míngua de um ato formal vários atos posteriores, inclusive perícia médica. Apenas na
que haveria de ser cumprido pela reclamada por determinação do sentença, foi declarada revelia e confissão da empresa, com as
Juízo de 1º grau - apresentação de carta de preposição - a consequências dela decorrentes.
autoridade julgadora, por conseguinte, aplicou-lhe a pena de
confissão ficta. Por outro lado, não se admite sentença surpresa, hoje tão
combatida. E não se oportunizou ao réu da reclamação trabalhista a
Ora, o assunto encontra-se envolto em controvérsia, porquanto diz possibilidade de suprir eventual irregularidade formal (sanável).
respeito a questionamento de uma decisão judicial no tocante ao
rito processual, que teve repercussão desvantajosa no direito Ademais, é prudente prover o agravo, para não liberar os valores ao
material brandido pela parte demandada nos autos da reclamação exequente, haja vista que houve o comparecimento da parte ao
trabalhista. Juízo, demonstrando o ânimo de defesa, não se podendo falar em
contumácia. A não apresentação de carta de preposto é vício
Aliás, tão controverso é o tema, que o Órgão judicante, ao sanável, e que, embora concedido o prazo de cinco dias para
fundamentar sua decisão, fez alusão a um aresto deste Tribunal. juntada com outros documentos, não houve alerta, pelo juiz
condutor do feito, de qualquer penalidade (Súmula 74, I, TST), pela

ausência da preposição. Além do mais, consta dos autos que o
representante que compareceu à audiência é o administrador da
empresa, o que afasta a cominação aplicada.
Logo, a pena de confissão não é um prêmio que se oferte ao outro
litigante, mas penalidade que se aplica à parte que deixa de
comparecer à audiência injustificadamente, o que não se verificou,
pelo menos neste juízo inicial, no caso em apreciação.
ACORDAM os membros integrantes do Pleno do Tribunal Regional
do Trabalho da Sexta Região, por maioria, dar provimento parcial
ao agravo regimental para suspender pagamento ao exequente de
valores decorrentes da execução, relativa ao processo originário
(0000149-33.2016.5.05.0231), até o julgamento final da presente
ação rescisória; vencidos os Excelentíssimos Desembargadores
Ivan de Souza Valença Alves (Relator), Fábio André de Farias, José
Luciano Alexo da Silva e o Juiz Convocado Ibrahim Alves da Silva
Filho, que negavam provimento ao agravo.
Recife, 16 de outubro de 2018.
DIONE NUNES FURTADO DA SILVA
Desembargadora Redatora
Certifico que, em sessão ordinária, realizada em 16 de outubro de
CONCLUSÃO: 2018, na sala de sessão do Tribunal Pleno, sob a presidência do
Excelentíssimo Desembargador Vice-Presidente VALDIR JOSÉ
Ante o exposto, dou provimento parcial ao agravo regimental, para SILVA DE CARVALHO, com a presença de Suas Excelências os
suspender o pagamento ao exequente de valores decorrentes da Desembargadores Presidente Ivan de Souza Valença Alves
execução relativa ao processo originário (0000149- (Relator), Corregedora Dione Nunes Furtado da Silva, Eneida Melo
33.2016.5.05.0231), até o julgamento final da presente ação Correia de Araújo, Virgínia Malta Canavarro, Maria Clara Saboya
rescisória. Albuquerque Bernardino, Maria do Socorro Silva Emerenciano,
Sergio Torres Teixeira, Fábio André de Farias, Paulo Alcântara,
José Luciano Alexo da Silva, Eduardo Pugliesi, Ana Cláudia
Petruccelli de Lima e Solange Moura de Andrade; os Juízes
ConvocadosIbrahim Alves da Silva Filho, Márcia de Windsor
Nogueira e Milton Gouveia da Silva Filho; e a Excelentíssima
Procuradora-Chefe Substituta da Procuradoria Regional do
Trabalho da 6ª Região, Dra. Lívia Viana de Arruda, resolveu o
Tribunal, por maioria, dar provimento parcial ao agravo

regimental para suspender pagamento ao exequente de valores
decorrentes da execução, relativa ao processo originário (0000149-
33.2016.5.05.0231), até o julgamento final da presente ação PODER

rescisória; vencidos os Excelentíssimos Desembargadores Ivan de JUDICIÁRIO
Souza Valença Alves (Relator), Fábio André de Farias, José
Acórdão pela Excelentíssima Desembargadora Dione Nunes
Furtado nos termos do art. 90 do RITRT6.

PROC. N.º TRT - 0000521-25.2018.5.06.0000 (AGR)
O Advogado Dr. Glauber Gil Coelho de Oliveira, OAB/PE 20.722-

Órgão Julgador: Tribunal Pleno
D, requereu sustentação oral pela autora.
Redatora: Desembargadora Dione Nunes Furtado da Silva

Ausência justificada da Excelentíssima Desembargadora
Gisane Barbosa de Araújo, por motivo de férias.

Agravante: VIEIRA & RABELO LTDA.
Ausência justificada do Excelentíssimo Desembargador Ruy

Agravada: DECISÃO MONOCRÁTICA PROFERIDA NA AÇÃO
Salathiel de Albuquerque e Mello Ventura, por estar
RESCISÓRIA N.º 0000521-25.2018.5.06.0000
participando do "VI Encontro Nacional de Gestores de
Segurança do Poder Judiciário da União", em Maceió/AL.

Interessado: Rodrigo Victor de Farias
KARINA DE POSSÍDIO MARQUES LUSTOSA

Advogado: Glauber Gil Coelho de Oliveira - OAB/PE 0026230-D
Secretária do Tribunal Pleno

Procedência: Competência Originária
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM SEDE DE AÇÃO
RESCISÓRIA. PROVIMENTO PARCIAL PELA EXISTÊNCIA DE
ELEMENTOS SUFICIENTES PARA DETERMINAR A
SUSPENSÃO DE PAGAMENTO AO CREDOR ATÉ O FINAL DO

Acórdão
Processo Nº AR-0000521-25.2018.5.06.0000 JULGAMENTO DA AÇÃO RESCISÓRIA, EM FACE DA
Relator DIONE NUNES FURTADO DA SILVA
PLAUSIBILIDADE DO DIREITO INVOCADO E DO PERIGO DE
AUTOR VIEIRA & RABELO LTDA
ADVOGADO Glauber Gil Coelho de Oliveira(OAB: DANO.
26230-D/PE)
RÉU RODRIGO VICTOR DE FARIAS
- RODRIGO VICTOR DE FARIAS

É O RELATÓRIO."
Eis o relatório aprovado em sessão:
"Vistos etc.
Agravo regimental oposto por VIEIRA & RABELO LTDA. com VOTO:
fundamento no inciso VI do artigo 155 do Regimento Interno deste
Sexto Regional, em face da Decisão Monocrática de ID 5ef85ee, Ao apreciar o presente agravo, o Relator originário votou pela
que indeferiu a liminar requerida na petição inicial. manutenção da decisão impugnada, adotando, para tal, a
fundamentação dela constante, in verbis:
A agravante, em suas razões de ID 61d4239, requer que o Relator
exerça juízo de retratação, porquanto o indeferimento do pedido "[...] A questão de fundo, portanto, paira sobre a nulidade do
liminar estaria manifestamente contrário à legislação e à orientação instrumento decisório na parte em que, à míngua de um ato formal
jurisprudencial aplicáveis à presente hipótese. Assevera que há nos que haveria de ser cumprido pela reclamada por determinação do
autos elementos que apontam para a probabilidade do seu direito, Juízo de 1º grau - apresentação de carta de preposição - a
bem como para o perigo de dano e de risco ao resultado útil do autoridade julgadora, por conseguinte, aplicou-lhe a pena de
processo. Ressalta que a execução, nos autos originários, já se confissão ficta.
iniciou, e se for levada a efeito, ou seja, se tiver de arcar com o
débito de R$ 22.000,00 (vinte e dois mil reais), ficará seriamente Ora, o assunto encontra-se envolto em controvérsia, porquanto diz
comprometida sua situação financeira. Frisa que os fundamentos respeito a questionamento de uma decisão judicial no tocante ao
jurídicos invocados nesta ação, são incontroversos, em face da rito processual, que teve repercussão desvantajosa no direito
documentação acostada, que demonstram efetiva violação aos material brandido pela parte demandada nos autos da reclamação
artigos 1010, 1019, 1022 e 1060 do CC/2002; art. 76 do NCPC; art. trabalhista.
844 da CLT; e os incisos II, LIV e LV do art. 5º da CF/88.
Transcreve aresto deste Regional em decisão de situação análoga Aliás, tão controverso é o tema, que o Órgão judicante, ao
ao destes autos. Protesta que a aplicação da pena de confissão fundamentar sua decisão, fez alusão a um aresto deste Tribunal.
ficta contra sua pessoa resultou injustamente em sua condenação
em diversos títulos, não obstante ter apresentado contestação e Significa, em primeira análise, que os requisitos de rescindibilidade
participado ativamente de todas as audiências com representação previstos nos incisos V e VIII do art. 966 do NCPC (manifesta
formal; que, ainda que se verificasse a irregularidade na violação de norma jurídica e decisão de mérito fundada em erro de
representação, o magistrado deveria ter determinado a suspensão fato verificável do exame dos autos) não se verificam no caso em
do processo e designado prazo razoável para o saneamento do estudo.
vício, em atenção ao art. 76 do CPC/2015; e não ter apontado o
suposto vício somente quando da prolação da sentença, violando, Vislumbro, na espécie, a hipótese em que a autora desta ação
assim, os princípios da ampla defesa e do contraditório. Pede, rescisória busca de forma patente rediscutir a matéria já enfrentada
alternativamente, o provimento do agravo no sentido de que seja pelo Órgão julgador na sentença de mérito, desiderato da medida
determinado ao Juízo de 1º grau que suspenda a execução até o recursal adequada.
julgamento desta rescisória.
Por manter a decisão impugnada, submeto o vertente agravo à da interpretação dos fundamentos jurídicos invocados pelo ente
apreciação do Tribunal Pleno. patronal, concluo, em um juízo sumário de cognição, que ausente o

'caput' do art. 300 do NCPC, a saber, a possibilidade de êxito da
INDEFIRO, por conseguinte, a liminar requerida."
Ocorre que a maioria dos membros do Plenário deste E. Regional
resolveu conceder parcialmente o pedido liminar da parte autora,
por entender configurados presentes os requisitos legais, diante da
possibilidade plausível de violação à norma legal.
Com efeito, a empresa (autora da ação rescisória) compareceu à
sessão de audiência do processo originário onde fora praticados
todos os atos processuais, inclusive ouvida de testemunhas; o juízo
de origem não se pronunciou sobre a ausência de juntada de carta
de preposição, levando a entender pela desnecessidade do ato, em
face da condição de administrador do seu representante. Houve
vários atos posteriores, inclusive perícia médica. Apenas na CONCLUSÃO:
sentença, foi declarada revelia e confissão da empresa, com as
consequências dela decorrentes. Ante o exposto, dou provimento parcial ao agravo regimental, para
suspender o pagamento ao exequente de valores decorrentes da
Por outro lado, não se admite sentença surpresa, hoje tão execução relativa ao processo originário (0000149-
combatida. E não se oportunizou ao réu da reclamação trabalhista a 33.2016.5.05.0231), até o julgamento final da presente ação
possibilidade de suprir eventual irregularidade formal (sanável). rescisória.
Ademais, é prudente prover o agravo, para não liberar os valores ao
exequente, haja vista que houve o comparecimento da parte ao
Juízo, demonstrando o ânimo de defesa, não se podendo falar em
contumácia. A não apresentação de carta de preposto é vício
sanável, e que, embora concedido o prazo de cinco dias para
juntada com outros documentos, não houve alerta, pelo juiz
condutor do feito, de qualquer penalidade (Súmula 74, I, TST), pela
ausência da preposição. Além do mais, consta dos autos que o
representante que compareceu à audiência é o administrador da
empresa, o que afasta a cominação aplicada.
Logo, a pena de confissão não é um prêmio que se oferte ao outro
litigante, mas penalidade que se aplica à parte que deixa de
comparecer à audiência injustificadamente, o que não se verificou,
pelo menos neste juízo inicial, no caso em apreciação.
ACORDAM os membros integrantes do Pleno do Tribunal Regional
ao agravo regimental para suspender pagamento ao exequente de
valores decorrentes da execução, relativa ao processo originário
(0000149-33.2016.5.05.0231), até o julgamento final da presente

ação rescisória; vencidos os Excelentíssimos Desembargadores Gisane Barbosa de Araújo, por motivo de férias.
Ivan de Souza Valença Alves (Relator), Fábio André de Farias, José
Luciano Alexo da Silva e o Juiz Convocado Ibrahim Alves da Silva Ausência justificada do Excelentíssimo Desembargador Ruy
Filho, que negavam provimento ao agravo. Salathiel de Albuquerque e Mello Ventura, por estar
participando do "VI Encontro Nacional de Gestores de
Recife, 16 de outubro de 2018. Segurança do Poder Judiciário da União", em Maceió/AL.
DIONE NUNES FURTADO DA SILVA KARINA DE POSSÍDIO MARQUES LUSTOSA
Desembargadora Redatora Secretária do Tribunal Pleno
Certifico que, em sessão ordinária, realizada em 16 de outubro de
2018, na sala de sessão do Tribunal Pleno, sob a presidência do
Excelentíssimo Desembargador Vice-Presidente VALDIR JOSÉ
SILVA DE CARVALHO, com a presença de Suas Excelências os
Desembargadores Presidente Ivan de Souza Valença Alves
(Relator), Corregedora Dione Nunes Furtado da Silva, Eneida Melo
Correia de Araújo, Virgínia Malta Canavarro, Maria Clara Saboya
Albuquerque Bernardino, Maria do Socorro Silva Emerenciano,
Sergio Torres Teixeira, Fábio André de Farias, Paulo Alcântara,
José Luciano Alexo da Silva, Eduardo Pugliesi, Ana Cláudia Decisão Monocrática
Petruccelli de Lima e Solange Moura de Andrade; os Juízes Decisão Monocrática
Processo Nº AR-0000521-25.2018.5.06.0000
ConvocadosIbrahim Alves da Silva Filho, Márcia de Windsor Relator DIONE NUNES FURTADO DA SILVA
Nogueira e Milton Gouveia da Silva Filho; e a Excelentíssima AUTOR VIEIRA & RABELO LTDA
ADVOGADO Glauber Gil Coelho de Oliveira(OAB:
Procuradora-Chefe Substituta da Procuradoria Regional do 26230-D/PE)
Trabalho da 6ª Região, Dra. Lívia Viana de Arruda, resolveu o RÉU RODRIGO VICTOR DE FARIAS
Tribunal, por maioria, dar provimento parcial ao agravo

regimental para suspender pagamento ao exequente de valores - VIEIRA & RABELO LTDA
decorrentes da execução, relativa ao processo originário (0000149-
33.2016.5.05.0231), até o julgamento final da presente ação
rescisória; vencidos os Excelentíssimos Desembargadores Ivan de

PODER
Souza Valença Alves (Relator), Fábio André de Farias, José
JUDICIÁRIO
Acórdão pela Excelentíssima Desembargadora Dione Nunes
Furtado nos termos do art. 90 do RITRT6.
Proc. nº 0000521-25.2018.5.06.0000
O Advogado Dr. Glauber Gil Coelho de Oliveira, OAB/PE 20.722-
D, requereu sustentação oral pela autora. Relator : Desembargador Ivan de Souza Valença Alves
Ausência justificada da Excelentíssima Desembargadora Autora : Vieira e Rabelo Ltda.

É o relatório.
Réu : Rodrigo Victor de Farias
Decido.
Advogado : Glauber Oliveira
Pois bem.
Em síntese, a parte autora da presente ação denuncia a execução
em marcha nos autos do processo nº 0000149-33.2016.5.06.0231,
que teria sido o resultado de uma sentença em que o julgador,
DECISÃO MONOCRÁTICA apontando a falta de entrega, na audiência de instrução, da carta de
preposição pela pessoa que, em tese, a estaria representando,
Vistos etc. declarou sua revelia, e deferiu os títulos ao autor da reclamação
trabalhista com base nos fatos por este alegados (pena de
Trata-se de ação rescisória com espeque nos incisos V e VIII do art. confissão ficta). Segundo o ente patronal, sua representação na
966 do NCPC, contendo pedido liminar, pretendendo a parte autora audiência teria estado perfeita e acabada, haja vista que a pessoa
a desconstituição da sentença proferida nos autos do processo nº que efetivamente se fez presente na assentada, estaria respaldada
0000149-33.2016.5.06.0231. no contrato social, bem como no art. 844 da CLT e nos dispositivos
do Código Civil acima referidos. Nesta ordem, estariam presentes
Na inicial, (ID efe82c0), é postulada a desconstituição da sentença os requisitos dos incisos V e VIII do art. 966 do CPC vigente, motivo
prolatada nos autos do processo originário (ID 3aa6a43 - fls. pelo qual pretende a rescisão daquele julgado, e o reinício da
164/173 do download de documentos), que declarou a revelia da instrução, considerando-se as razões de fato e de direito presentes
autora e lhe aplicou, via de consequência, a pena de confissão ficta, em sua peça de bloqueio.
em razão de o seu preposto ter comparecido à audiência de
instrução sem portar a carta de preposição. Denuncia que o ato À análise.
judicial teria violado manifestamente os seguintes dispositivos
legais: artigos 1010, 1019, 1022 e 1060 do CC/2002; art. 76 do A ordem de apresentação da carta de preposição consta do
NCPC; art. 844 da CLT; e os incisos II, LIV e LV do art. 5º da CF/88. Mandado de Notificação Inicial, de ID ea37501 - Pág. 13.
Ademais, argumenta que o preposto que compareceu à audiência, o
Senhor Fábio Henrique Silveira Nogueira, na realidade, era o sócio A assentada inicial ocorreu no dia 31.03.2016 (ID 3aa6a43 - Pág.
administrador da empresa, conforme previsto expressamente no 31), quando foi reiterada a ordem de apresentação da carta de
contrato social acostado, estando representada, assim, nos moldes preposição.
do art. 844 da CLT e legislação civil indicada, de maneira que
inteiramente ilegal a exigência para apresentação da carta de Ao impugnar os documentos juntados pela reclamada (ID 3aa6a43 -
preposição. Assevera que o referido sócio participou de todas as Pág. 33), o demandante arguiu preliminarmente a aplicação da
audiências sem que houvesse qualquer insurgência da parte pena de confissão ficta àquela, em virtude da não apresentação da
adversa. Ressalta que, inobstante a ilegalidade da decisão carta de preposição.
impugnada, esta já transitou em julgado e a execução já foi iniciada.
Assim, com fulcro no art. 300 do NCPC e na Súmula 405 do C. TST, Na audiência em continuação (ID 3aa6a43 - Pág. 35), o réu se fez
pede a suspensão dos efeitos da sentença, que deferiu títulos em representar por seu advogado e pela pessoa do Senhor Fábio
favor do exequente, fundamentados tão somente nos fatos por este Henrique Silveira Nogueira, este que também comparecera à
alegados, tidos como verdadeiros em decorrência da pena de audiência anterior.
confissão ficta aplicada, e até o final da presente rescisória,
mormente diante do risco de dano irreparável ou de difícil reparação A instrução foi encerrada no dia 08.02.2017 (ID 3aa6a43).
ao seu patrimônio financeiro, que a execução poderá causar, sendo
impossível a posterior restituição. Conforme verifico na consulta pública de processos na 1ª instância,
a sentença (ID 3aa6a43) transitou em julgado no dia 20.02.2018.

JUNTADA DE CARTA DE PREPOSIÇÃO. REVELIA.
A despeito dos embargos declaratórios opostos pela empresa ré CONFIGURAÇÃO. A não apresentação de carta de preposição não
nos autos originários, o teor da sentença manteve-se incólume, acarreta, por si só, a aplicação dos efeitos previstos pelo art. 844 da
porquanto improcedentes os aclaratórios. CLT. Isso porque inexiste previsão legal que exija a comprovação
formal da investidura de preposto pelo empregador. Entretanto, foi
Da sentença de mérito, aqui reproduzo o trecho a que diz respeito a concedido prazo pelo Juízo de Origem para juntada da carta de
presente rescisória (ID 3aa6a43 - Pág. 78): preposição. Quedando-se inerte o reclamado, correto julgador que
aplicou os efeitos da revelia, com respaldo no art. 13 do CPC, de
"[...] aplicação subsidiária no processo trabalhista, conforme dispõe o art.
769 da CLT. Recurso improvido no particular. (Processo: RO -
A- Da ausência da demandada em audiência 0001399-25.2014.5.06.0182, Redator: Sergio Torres Teixeira, Data
de julgamento: 20/10/2015, Primeira Turma, Data da assinatura:
O não comparecimento da parte demandada à audiência, embora 28/10/2015)
regularmente notificada, enseja a incidência do dispositivo legal
contido no art. 844 da CLT. Nesta alheta de compreensão, faz-se
por bem se mencionar as palavras do mestre alagoano Pontes de
Miranda 'in' 'Comentários ao Código de Processo Civil', 1974: Assim, aplicável à espécie a revelia, e como consequência a 'ficta
confesso' no que pertine a matéria fática constante da lide.
'Os fatos têm consequências jurídicas, e toda justiça, quando se Presumem-se verídicas, por conseguinte, as alegações de fato
pede a constituição da relação jurídica processual, exige que o formuladas na peça vestibular.
autor afirme que se passou ou se passa, e ouve o réu para lhe
conhecer afirmações sobre os mesmos pontos. Depois, Insta, porém, expor, que a revelia é procedimento processual e não
imparcialmente, lhes dá o ensejo de prová-las. Se uma parte afirma tem o condão de tornar veraz qualquer afirmação da parte
e outra nega, só a prova pode dizer quem tem razão. Mas ocorre, acionante. O direito em questão há de ser analisado, não
por vezes, que uma afirme e outra não negue. O art. 319 redigiu a provocando a contumácia o acolhimento absoluto das pretensões
regra da dispensa abstrata da prova: se uma afirma e outra não do acionante, conforme analisado em prefacial, devendo-se,
nega, tem-se como verídica, sem necessidade de prova, a inclusive, realçar, que o juiz em casos como o presente não está
afirmação.' impedido de analisar as questões de direito, conforme acima em
preliminar, ou mesmo buscar a verdade real, colhendo depoimento.
Na hipótese, a parte ré não fez juntar carta de preposto que Por fim, tem-se entendido, que em determinadas hipóteses, o
comprovasse a devida representação da ré em audiência. Este juízo julgador, em virtude de seu poder discricionário e da liberdade de
é ciente de que não há previsão legal acerca da comprovação atuação que detém, possa valer-se de provas documentais,
formal da condição de preposto, entretanto, conforme autos, a mormente quando se decreta a revelia nos presentes moldes,
"carta" foi exigida como comprovação da outorga de poderes da ré quando o juízo apenas, neste instante processual, constatou o vício
e a mesma não fez inserir no prazo estampado em Ata. Assim, da parte ré de não juntada da carta de preposto e decretou a revelia
outro caminho não tem o juízo. Aplica-se a revelia e à confissão para solucionar a controvérsia."
quanto as matérias de fato.
A questão de fundo, portanto, paira sobre a nulidade do instrumento
Mencione-se Aresto neste sentido deste egrégio TRT: decisório na parte em que, à míngua de um ato formal que haveria
de ser cumprido pela reclamada por determinação do Juízo de 1º
TRT-6 - Recurso Ordinário RO 00013992520145060182 (TRT-6) grau - apresentação de carta de preposição - a autoridade
julgadora, por conseguinte, aplicou-lhe a pena de confissão ficta.
Data de publicação: 20/10/2015
Ora, o assunto encontra-se envolto em controvérsia, porquanto diz
Ementa: RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMADO. DIREITO respeito a questionamento de uma decisão judicial no tocante ao
INDIVIDUAL E PROCESSUAL DO TRABALHO. AUSÊNCIA DE rito processual, que teve repercussão desvantajosa no direito

material brandido pela parte demandada nos autos da reclamação Decisão Monocrática
Processo Nº MS-0000655-52.2018.5.06.0000
trabalhista. Relator IVAN DE SOUZA VALENCA ALVES
IMPETRANTE HBA S/A ASSISTENCIA MEDICA E
HOSPITALAR
Aliás, tão controverso é o tema, que o Órgão judicante, ao ADVOGADO IRAN FURTADO DE SOUZA
FILHO(OAB: 15170/BA)
fundamentar sua decisão, fez alusão a um aresto deste Tribunal.
AUTORIDADE 15 VARA DO TRABALHO DO RECIFE
COATORA
TERCEIRO REGINA DO REGO ARAUJO
Significa, em primeira análise, que os requisitos de rescindibilidade INTERESSADO
previstos nos incisos V e VIII do art. 966 do NCPC (manifesta
violação de norma jurídica e decisão de mérito fundada em erro de
- HBA S/A ASSISTENCIA MEDICA E HOSPITALAR
fato verificável do exame dos autos) não se verificam no caso em
estudo.
Vislumbro, na espécie, a hipótese em que a autora desta ação PODER
rescisória busca de forma patente rediscutir a matéria já enfrentada JUDICIÁRIO
pelo Órgão julgador na sentença de mérito, desiderato da medida
recursal adequada.
da interpretação dos fundamentos jurídicos invocados pelo ente

Processo Nº 0000655-52.2018.5.06.0000
patronal, concluo, em um juízo sumário de cognição, que ausente o

Relator : Desembargador Ivan de Souza Valença Alves
'caput' do art. 300 do NCPC, a saber, a possibilidade de êxito da
Impetrante : HBA Assistência Médica e Hospitalar S.A.
INDEFIRO, por conseguinte, a liminar requerida.

Impetrado : Juízo da 15ª Vara do Trabalho do Recife
Intime-se a parte autora, desta decisão.

Litisconsorte : Regina do Rego Araújo
Intime-se também o réu para, se o quiser, contestar a inicial no

Advogado : Iran Furtado de Souza Filho
prazo de 15 (quinze) dias, na forma do §2º do art. 110 do
Regimento Interno deste Regional.
DECISÃO MONOCRÁTICA
RECIFE, 20 de Agosto de 2018
Trata-se de Mandado de Segurança, com pedido liminar, impetrado
pela HBA Assistência Médica e Hospitalar S.A., com fulcro no inciso
LXIX do art. 5º da Constituição Federal e nos artigos 1º e seguintes

IVAN DE SOUZA VALENCA ALVES
da Lei 12.016/09, contra ato do MM. Juízo da 15ª Vara do Trabalho
do Recife-PE que, nos autos da Reclamação Trabalhista nº

0010241-44.2013.5.06.0015, determinou bloqueios de numerários
em contas bancárias de sua titularidade, por meio do sistema
BACEN-JUD.

provisória.
Em suas razões, de ID. 286bf06, a impetrante manifesta sua
insurgência diante do despacho que ordenou bloqueios em suas Dispõe o caput, do artigo 1º da Lei nº 12.016/2009:
contas bancárias, cuja soma (quase R$ 1.000.000,00 - um milhão
de reais), estrangula seu fluxo de caixa, prejudicando a compra de "Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido
insumos de saúde, colapsando a folha de pagamento de quase mil e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
empregados, e, ainda, pondo em perigo real centenas de pacientes. sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa
Narra, inicialmente, que, em decorrência do insucesso da execução física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la
em face das reais reclamadas-devedoras, ela, impetrante, fora por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais
surpreendida, já na fase de execução, com a notificação para forem as funções que exerça."
pagamento imediato das verbas exequendas; isto porque o Juízo de
1ª instância acolhera a tese da reclamante-exequente consistente A impetrante requer a revogação da determinação de bloqueio de
em que a impetrante compunha grupo econômico com as suas contas, via BACEN-JUD, e, em sequência, que os autos sejam
devedoras principais (Hospital Alfa S.A., Hal S.A., Nova Bolonha enviados ao CEJUSC (Centro Judiciário de Métodos Consensuais
Participações Ltda., e Associção Humanitária Beneficente do de Solução de Disputas), com a consequente suspensão da
Recife). Afirma que não lhe foram garantidos o direito ao devido execução.
processo legal, à ampla defesa e ao contraditório. Protesta com
veemência o indeferimento, pelo Juízo impetrado, do seu pedido De início, cabe ser registrado que se trata de uma execução
para que a execução fosse suspensa, e os autos enviados ao definitiva. Isto porque o processo originário nº 0010241-
CEJUSC (Centro Judiciário de Métodos Consensuais de Solução de 44.2013.5.06.0015 transitou em julgado e os cálculos foram
Disputas), tal como fora deferido ao Hospital Alfa S.A. e à homologados.
Associação Humanitária Beneficente do Recife. Pondera que tal
benefício também lhe seria devido porquanto as reais devedoras Pois bem.
foram condenadas solidariamente, condição esta que deveria ter-lhe
sido reconhecida. Ressaltando a importância de sua atividade de Em 27.06.2017 (ID 75b781f - Pág. 1), a indigitada autoridade
prestação de serviços hospitalares, defende a unificação e apontada como coatora proferiu o seguinte despacho:
habilitação do crédito trabalhista, conforme deferido pelo Tribunal
Pleno às empresas supracitadas. Defendendo, pois, que presentes "Considerando a existência de Grupo Econômico, incluam-se as
a verossimilhança do seu direito e o perigo que representaria a empresas integrantes no polo passivo da execução, atualizando-
demora do provimento judicial, requer liminarmente a suspensão se/registrando-se no PJE, procedendo a Secretaria às respectivas
dos bloqueios efetuados via Bacenjud, e, alternativamente, que citações ao pagamento da dívida em execução, em 48 horas, sob
nenhum crédito do valor bloqueado seja liberado em favor da pena de penhora."
litisconsorte até julgamento definitivo deste mandado de segurança.
Pede que, ao final, seja concedida a segurança requerida, A ora impetrante, em 03.08.2017, ingressou com Exceção de Pré-
confirmando-se a liminar deferida, e, ainda, determinando-se a Executividade (fls. 29/42 - ID. 75b781f - Pág. 18) sustentando a tese
remessa da execução, nos autos do processo nº 0010241- de sua ilegitimidade para compor a lide, devido a sua condição de
44.2013.5.06.0015, ao CEJUSC. empresa completamente distinta das executadas, visto não manter
com estas qualquer vínculo, e que jamais tomou os serviços da
É O RELATÓRIO. exequente litisconsorte. Enfim, diligenciou por ilidir a tese da
reclamante-exequente, de que ela, impetrante, formaria com as
Decido. devedoras principais, grupo econômico. À luz de tal argumento,
requereu sua exclusão da lide, e, alternativamente, que fosse
Passando à análise do pedido de concessão de liminar, ressalto, estendida a sua pessoa o mesmo benefício que fora deferido às
por oportuno, que em razão da urgência que reclama, a sua executadas, ou seja, que fossem os autos encaminhados ao
apreciação exige apenas uma análise superficial do mérito para o CEJUSC (Centro Judiciário de Métodos Consensuais de Solução de
convencimento da necessidade de sua concessão, que é sempre Disputas), com a consequente suspensão da execução.

penhorados os bens, terá o executado 5 (cinco) dias para
Em seguida (30.08.2017; ID c05384e - Pág. 29), o Juízo de origem apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exequente para
assim decidiu: impugnação'.
"Habilite-se o valor da execução junto ao CENTRO JUDICIÁRIO DE No caso dos autos, verifico que o Juízo não se encontra
MÉTODOS CONSENSUAIS DE SOLUÇÃO DE DISPUTAS - integralmente garantido, vez que os valores bloqueados não
CEJUSC - onde estão centralizadas as execuções contra a atingiram o valor da execução, conforme certidão de ID '0a1b725'.
executada, conforme decisão do TRT - 6ª Região - do dia 29 de
junho de 2017." Em sendo assim, por não estar atendido o requisito legal contido no
dispositivo acima transcrito, não conheço dos Embargos à
Em 22.09.2017, o Juízo impetrado ainda resolveu (ID c05384e - Execução, extinguindo-os sem resolução do mérito.
Pág. 30):
De toda sorte, considerando a natureza da matéria versada nos
"Conforme decisão do TRT - 6ª Região - do dia 29 de junho de autos (nulidade do ato de constrição em razão da determinação de
2017, foi determinada a centralização das execuções contra a centralização das execuções pelo Pleno do TRT da 6ª Região),
executada no CENTRO JUDICIÁRIO DE MÉTODOS passo à análise como mera petição.
CONSENSUAIS DE SOLUÇÃO DE DISPUTAS - CEJUSC. Este,
por sua vez, através do ofício TRT-CEJUSC-JT/1º Grau nº Não assiste razão à HBA S/A ASSISTÊNCIA MÉDICA
044/2017, informou que, na primeira fase de pagamento, seriam HOSPITALAR.
designadas audiências de conciliação de processos em execução,
observando a ordem cronológica da distribuição das ações, a partir Com efeito, analisando a decisão do Tribunal Pleno, verifica-se que
da listagem que será encaminhada pela Coordenadoria de a determinação se limita a suspensão das execuções em face do
Sistemas, da qual as Varas serão cientificadas se tem interesse em HOSPITAL ALFA S/A, não havendo pronúncia sobre as execuções
encaminhar o processo para habilitação. Assim, aguarde-se por seis em face da empresa HBA S/A ASSISTÊNCIA MÉDICA
(06) meses, a comunicação do CEJUSC. Dê-se ciência." HOSPITALAR.
Inconformada, a exequente requereu que fosse revista a decisão Além disso, a determinação de bloqueio do crédito se deu em
prolatada pelo Juízo condutor da execução (fls. 154/155 do 05/06/2018 e, portanto, anteriormente à prolação da decisão pelo
'download' de documentos na ordem crescente - ID c05384e - Pág. Tribunal Pleno.
32).
Em face do exposto, não há que se falar em ilegalidade do ato de
Em face da petição da litisconsorte, a autoridade apontada como constrição, razão por que indefiro o pedido de revogar/tornar sem
coatora, em despacho, de ID c05384e - Pág. 47, resolveu: efeito o ato de constrição."
"Considerando o Grupo Econômico retro citado, torno sem efeito o Os embargos à execução transitaram em julgado no dia 21.08.2018,
despacho retro e determino a citação das empresas HOSPITAL DA em razão do que o magistrado ordenou as seguintes providências
BAHIA S.A. e HBA S.A. à quitação do débito em execução, em 48 (fls. 198/199 - ID 9854662 - Pág. 25):
horas, sob pena de penhora. Autorizada a extração dos contratos
sociais e alterações via JUCEPE, acaso ainda não acostadas." "1 - Considerando o trânsito em julgado da sentença de embargos à
execução, libere-se o numerário bloqueado a quem de direito com
A empresa HBA Assistência Médica e Hospitalar S.A. informa que as devidas cautelas.
opôs embargos à execução, havendo o Juízo de origem assim
decidido (fls. 177/178 do 'download' de documentos na ordem 2 - Prossiga-se com a execução realizando novos bloqueios de
crescente - ID 9854662 - Pág. 4): ativos financeiros dos Executados HOSPITAL DA BAHIA S/A e HBA
S/A - ASSISTÊNCIA MÉDICA HOSPITALAR, via Bacen Jud.
"[...] Dispõe o artigo 884 da CLT que: 'Garantida a execução ou

3 - Indefiro o pedido de suspensão da execução, manifestado pelo
HOSPITAL ALFA S/A, pelos próprios fundamentos expendidos na
sentença de embargos à execução. Dê-se-lhe ciência."
Este o ato coator.
Cuida-se, pois, de manejo do remédio heroico visando à retificação
de uma decisão proferida em fase de execução, mediante a qual o
Juízo de origem não conheceu dos embargos opostos pela
executada-impetrante, bem como rejeitou os seus argumentos no IVAN DE SOUZA VALENCA ALVES
sentido de que a execução fosse suspensa, e os autos enviados ao
CEJUSC (Centro Judiciário de Métodos Consensuais de Solução de Desembargador(a) do Trabalho da 6ª Região
Disputas), tal como fora deferido ao Hospital Alfa S.A. e à
Associação Humanitária Beneficente do Recife.

Despacho
Com efeito, dos autos consta (ID 75b781f - Pág. 37) que o Tribunal Despacho
Processo Nº AR-0000668-51.2018.5.06.0000
Pleno, em 29.06.2017, resolveu por unanimidade deferir ao Hospital Relator RUY SALATHIEL DE ALBUQUERQUE
E MELLO VENTURA
Alfa S.A., e à Associação Humanitária Beneficente do Recife
AUTOR LORENA CONVENIENCIA LTDA
(AHMAR), o requerimento por estes formulado, determinando a ADVOGADO HELIO JARBAS COELHO DE
MACEDO(OAB: 16952/PE)
centralização de suas execuções junto ao CEJUSC. A impetrante,
RÉU VALDIRENE LIMA DOS SANTOS
mesmo não constando da mencionada decisão, atualmente é
responsável pela administração do hospital, tendo o juiz de primeiro Intimado(s)/Citado(s):

- LORENA CONVENIENCIA LTDA
grau reconhecido sua condição de responsável solidária.
Assim sendo, não há falar em malogro da execução em face das
devedoras principais, uma vez que a execução segue o seu rito PODER
conforme ordenado pelo Pleno deste Regional. JUDICIÁRIO
DEFIRO, por conseguinte, a liminar requerida no sentido de que
seja desfeita a penhora realizada em 17.10.2018, desbloqueando-
se as contas bancárias da impetrante; bem como determino a
habilitação do crédito na execução reunida no CEJUSC (Centro

PROCESSO Nº TRT 0000668-51.2018.5.06.0000 (AR)
Judiciário de Métodos Consensuais de Solução de Disputas).
Intime-se a impetrante acerca desta decisão.
Oficie-se ao Juízo da 15ª Vara do Trabalho do Recife-PE, para
tomar ciência desta decisão, bem como para prestar as informações

DESPACHO
necessárias, no prazo de 10 (dez) dias, a teor do artigo 116 do
Regimento Interno deste Regional.
Intime-se a litisconsorte para, se desejar, contestar a ação

Verifico que a autora não juntou a certidão de trânsito em julgado da
mandamental no prazo de 15 (quinze) dias, na conformidade do
reclamação trabalhista nº. 0000940-07.2017.5.06.0412, a qual
'caput' do art. 335 do NCPC c/c o § 4º do artigo 116 do Regimento
pretende a rescisão da sentença. Tal documento é indispensável
Interno deste Regional).
para o processamento da ação rescisória, na linha do previsto na
Súmula nº. 299, item I, do C. TST. Por essa razão, notifique-se a

ADVOGADO SUEMAY AGRA LARANJEIRA(OAB:

autora para que proceda a juntada do aludido documento, no prazo 37657/PE)
RÉU WELLINGTON AZEVEDO DOS
de 15 (quinze) dias, sob pena de extinção prematura do feito, SANTOS
consoante artigo 321, caput e parágrafo único do CPC e o item II da
Súmula nº. 299 do C. TST.
- M D M D INDUSTRIA E COMERCIO LTDA - ME
Igualmente se oportuniza à autora a possibilidade de
complementação do depósito prévio, no prazo 15 (quinze) dias,
atentando-se às disposições contidas no artigo 836 da CLT e do PODER
artigo4º da Instrução Normativa nº 31/2007 da mais alta Corte JUDICIÁRIO
Trabalhista do País.
Por consequência, prejudicada a análise do pleito liminar, neste
momento.
PROC. Nº TRT- AR- 0000249-31.2018.5.06.0000

À Secretaria do Pleno, para os devidos fins.
Recife, 25 de outubro de 2018.
DESPACHO
Considerando concluída a instrução do presente feito, notifiquem-se

as partes para apresentação de suas razões finais, no prazo de 10
dias, mercê do artigo 973 do NCPC, combinado com o § 5º do artigo

110 do RI-TRT - 6ª Região.
Após, voltem-me conclusos os autos, na forma regimental.
Cumpra-se.

Eduardo Pugliesi

Despacho
Processo Nº AR-0000249-31.2018.5.06.0000
AUTOR M D M D INDUSTRIA E COMERCIO
LTDA - ME Edital
Edital

Processo Nº AR-0000249-31.2018.5.06.0000
meio de procurador habilitado, valendo-se dos seus próprios
AUTOR M D M D INDUSTRIA E COMERCIO meios ou equipamentos disponibilizados por este Regional, em
LTDA - ME
sistema de auto-atendimento, deverá acessar o sistema PJE-
ADVOGADO SUEMAY AGRA LARANJEIRA(OAB:
37657/PE) JT, no sítio do TRT da Sexta Região, "www.trt6.jus.br", donde
RÉU WELLINGTON AZEVEDO DOS
SANTOS consta link específico para o PJE-JT. É obrigatório o uso do
certificado digital emitido por autoridade certificadora

competente, devendo ser utilizado o navegador Mozilla Firefox
- WELLINGTON AZEVEDO DOS SANTOS
a partir da versão 10.2 ou superior (para baixá-lo gratuitamente,
acesse o link "http://www.mozilla.org/pt-BR/firefox/fx/"). Todos
os documentos deverão ser apresentados eletronicamente na
EDITAL DE NOTIFICAÇÃO DA SECRETARIA DO PLENO forma do Ato nº 443/2012 da Presidência do TRT6, e com a
antecedência ali prevista, salvo exceções também ali
ENDEREÇO INCERTO E NÃO SABIDO regulamentadas, devendo ser agrupados para digitalização
EDN-STPL-067/2018
Recife, 25 de outubro de 2018 (quinta-feira)
PJE- AR 0000249-31.2018.5.06.0000 (ref. Proc. 0000615- Rivani Melo
29.2017.5.06.0122)
Técnica Judiciária
DESTINATÁRIO: WELLINGTON AZEVEDO DOS SANTOS

Secretaria da 1ª Turma
Acórdão
Acórdão
Processo Nº RO-0000127-46.2017.5.06.0002
O Excelentíssimo Desembargador Relator EDUARDO Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
PUGLIESI, em virtude de lei, etc... RECORRENTE STEFANNE MENDES DE CARVALHO
ADVOGADO ERON RAMOS TOMAZ DA
ADVOGADO JULIANA NETO DE MENDONCA
MAFRA(OAB: 1135-B/PE)
FAZ SABER a todos quantos virem o presente edital, que fica ADVOGADO ALVARO VAN DER LEY LIMA
NETO(OAB: 15657/PE)
citado o destinatário acima especificado, atualmente com TERCEIRO LIQ CORP S.A.
INTERESSADO
endereço incerto e não sabido, para APRESENTAR RAZÕES
FINAIS, querendo, no PRAZO de 10 (dez) dias. ALVES TEIXEIRA(OAB: 18855/PE)
- STEFANNE MENDES DE CARVALHO
Todas as manifestações e todos os documentos que Vossa
Senhoria deseje juntar aos autos em epígrafe deverão ser

PODER
apresentados de forma eletrônica, consoante regulamentação
JUDICIÁRIO
do Ato nº 443/2012 da Presidência do Tribunal Regional do
Trabalho da Sexta Região. Para tanto, Vossa Senhoria, por

contratada". A diferenciação acerca da inserção da atividade
subcontratada no âmbito do objeto social da empresa, antes
realizada à luz da Súmula n° 331, item III, do C. TST, perdeu a
razão de ser, mesmo para a prestação de serviços ocorrida
PROC. N.º TRT. RO - 0000127-46.2017.5.06.0002 anteriormente à publicação da Lei n° 13.467/2017. Considerando
que a decisão produz efeitos vinculantes, próprios do controle
Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA concentrado de constitucionalidade, traduzindo-se em precedente
de observância obrigatória, nos termos do art. 927, inciso I, do CPC
Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA e sob pena de, não a observando, incorrer-se em ofensa ao art.
489, §4°, inciso VI, do CPC, esta passa a ser a posição adotada por
Recorrente : STEFANNE MENDES DE CARVALHO este Juízo, ainda que com a ressalva de entendimento pessoal.
Ausente, ainda, elemento probatório que permita o reconhecimento
Recorridos : ITAÚ UNIBANCO S/A e LIQ CORP S/A do vínculo de emprego, por subordinação direta, a consequência é
a exclusão da condenação das parcelas próprias da categoria
Advogados : ERON RAMOS TOMAZ DA SILVA, ÁLVARO VAN profissional dos bancários. Recurso a que se nega provimento.
DER LEY LIMA NETO, JULIANA NETO DE MENDONÇA MAFRA e
CARLA ELISÂNGELA FERREIRA ALVES
Procedência : 2ª VARA DO TRABALHO DE RECIFE - PE
voto novo adpf 324
Vistos etc.
Recorre ordinariamente STEFANNE MENDES DE CARVALHO de
decisão proferida pelo MM. Juízo da 2ª Vara do Trabalho de Recife
- PE, que julgou IMPROCEDENTES as postulações formuladas nos
autos da ação trabalhista ajuizada em face do ITAÚ UNIBANCO
S/A e LIQ CORP S/A.
EMENTA
Nas razões recursais defende a ilicitude da terceirização com o
reconhecimento do vínculo direto com a instituição bancária. Diz
que o acervo probatório comprova as assertivas postas na peça
vestibular, no sentido de que era subordinado ao banco. Pede, ao
final, o retorno dos autos ao juízo primário para apreciação dos
demais pleitos, eis que decorrentes do enquadramento bancário.
Contrarrazões ofertadas.
RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA. DIREITO
INDIVIDUAL DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO. ATIVIDADE Desnecessária a remessa dos presentes autos ao Ministério Público
BANCÁRIA. TELEATENDIMENTO. SUPERAÇÃO DA DISTINÇÃO do Trabalho, face ao Art. 50º do Regimento Interno deste Regional.
ENTRE ATIVIDADE FIM E MEIO. Com a superveniência da decisão Ressalva-se, contudo, o direito de se pronunciar verbalmente ou
do Supremo Tribunal Federal na ADPF 324, "é lícita a terceirização pedir vista regimental, se necessário, por ocasião da sessão de
de toda e qualquer atividade, meio ou fim, de forma que não se julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, XIII e VII, da Lei
configura relação de emprego entre a contratante e o empregado da Complementar 75/93.

a prestação de serviços ocorrida anteriormente à publicação da Lei
É o relatório. n° 13.467/2017, perdeu a razão de ser.
VOTO: No julgamento, cuja decisão foi publicada no DEJ e DOU 10/9/2018,
o Supremo Tribunal Federal considerou "a licitude da terceirização
Dos pressupostos de admissibilidade ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas
jurídicas distintas, independentemente do objeto social das
O recurso é tempestivo; as representações encontram-se regulares empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
e o preparo é desnecessário. Satisfeitos, assim, os demais empresa contratante" (Cf. Informativo de Jurisprudência n° 913 do
pressupostos objetivos de admissibilidade, conheço-o, bem como STF).
das contrarrazões.
Desse modo e, considerando que a decisão produz efeitos
Do Mérito vinculantes, próprios do controle concentrado de
constitucionalidade, traduzindo-se em precedente de observância
Terceirização. Ilicitude. Call Center. Instituição Bancária obrigatória pelos tribunais, nos termos do art. 927, inciso I, do CPC
e sob pena de, não a observando, incorrer-se em ofensa ao art.
O cerne da questão devolvida a esta corte revisora é a declaração 489, §4°, inciso VI, do CPC, este passa a ser o entendimento deste
da licitude ou ilicitude da terceirização havida entre a LIQ CORP S/A Juízo, ainda que com a ressalva de meu entendimento pessoal.
(atual denominação da CONTAX MOBITEL S/A) e o ITAÚ
UNIBANCO S/A, aquela na qualidade de prestadora dos serviços e A ilicitude da terceirização ainda pode ser reconhecida, caso haja
este como instituição financeira beneficiária dos serviços. prova irrefutável da presença dos elementos fático-jurídicos dos
artigos 2° e 3° da CLT, caso em que o vínculo de emprego deve ser
A autora defende a ilicitude da terceirização com o reconhecimento reconhecido, por não se tratar de intermediação de mão de obra,
do vínculo direto com a instituição bancária, nos termos dos artigos mas contratação de empregado por empresa interposta, em afronta
2º e 3º, da CLT. Diz que o acervo probatório comprova as assertivas ao art. 9° da CLT.
postas na peça vestibular, no sentido de que era subordinado ao
banco. .Pede, ao final, o retorno dos autos ao juízo primário para Ocorre que, no caso presente, as partes convencionaram a
apreciação dos demais pleitos, eis que decorrentes do utilização de prova emprestada. Em uma das atas de audiência
enquadramento bancário. admitida como prova emprestada, a testemunha do autor confirma a
ausência de subordinação direta com os empregados da instituição
Anteriormente, nos inúmeros julgados sobre a matéria, vinha bancária, consoante trecho abaixo transcrito:
trilhando o caminho da irregularidade de terceirização das tarefas
inerentes aos serviços bancários, ainda que limitadas ao As partes anuíram com a adoção de prova emprestada, consoante
atendimento telefônico a clientes, considerando que o desempenho ata de página 1005. Vejamos o depoimento da testemunha da
dessas atividades insere-se no conceito de atividade-fim, aplicando- autora trazida a instrução do Processo 0001054-56.2011.5.06-0023:
se, assim, o item I da Súmula n° 331 do C. TST.
(...) que no seu horário de trabalho sempre havia gestores do Itaú;
No entender deste relator, a prestação de serviços dessa natureza que não sabe informar o número de PAs; que a contax também
acarreta o reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com presta este mesmo tipo de serviços para o Hiper, Santander, Oi;
a instituição financeira privada, não obstante se cuide de contrato que não trabalhava com numerário; que não tinha acesso a conta
de trabalho formalmente celebrado com empresa do ramo de corrente, nem ao extrato nem a saldo; que tinha acesso ao extrato
telemarketing. do cartão de crédito; que a alteração de limite seguia uma margem
estabelecida no sistema; que o pagamento de contas era através do
Todavia, com a superveniência da decisão do Pretório Excelso na débito na mesma na fatura do cartão; que se o cliente quisesse um
ADPF 324, a diferenciação acerca da inserção da atividade limite acima do estabelecido no sistema abria uma ocorrência e
subcontratada no âmbito do objeto social da empresa, mesmo para algum setor que não sabe qual avalia o requerimento; que quando o

cliente ligava e verificava que o mesmo estava em débito mas
queria fazer um acordo, transferia esse cliente para o setor de Declaro, por fim, que tal entendimento não tem o condão de violar
cobranças; que não se lembra como fazia os cálculos de juros de nenhum dos dispositivos legais invocados pelo recorrente, sendo
mora do cliente quando ligava para a reclamada; (...) que trabalhava desnecessária a menção expressa, a cada um deles, a teor do
com diversos cartões como Ponto Frio, Magazine Luiza, todos do disposto na OJ nº. 118, da SDI-1 do C. TST. Ademais, não se diga
Itaucard; que não sabe informar qual o número de atendentes por que o julgador estaria obrigado a se manifestar sobre toda a
supervisor; que acha que o Itaú trabalhava com varias bandeiras; legislação invocada, bastando que forme seu convencimento e
que o supervisor tinha conhecimento do sistema; que o Itaú exigia fundamente sua decisão (art. 93, inciso IX, da CF), o que ocorreu no
que todos os atendentes que trabalhavam com seu produto caso concreto.
ficassem em uma sala, enquanto outros produtos como Oi e
Santander poderiam atuar lado a lado; que o atendente de um
produto não podia atender do outro. (páginas 597/598).
Desta feita, superada pela jurisprudência do Pretório Excelso a
discussão acerca da inserção do trabalhador na dinâmica da
empresa-tomadora, laborando em atividade ligada ao seu objeto
econômico principal e ausente prova da presença dos requisitos
demarcados nos artigos 2° e 3° da CLT, dou provimento ao recurso
das rés para, reformando a sentença, afastar o reconhecimento do
vínculo de emprego diretamente com a instituição bancária,
mantendo hígido o contrato de trabalho assinado pela empresa
prestadora de serviços.
Na linha da fundamentação constante da ADPF 324 tal conclusão
não afasta a responsabilidade subsidiária da empresa tomadora dos
serviços por eventuais créditos devidos pela empresa contratada a
seus empregados.
Todavia, no caso presente, todos os pedidos decorrem da
pretensão de reconhecimento de vínculo de emprego com a
instituição bancária e, como consequência lógica do seu
afastamento, inviável aplicar-lhes a norma do art. 611 da CLT e,
assim, igualmente improcedentes os pedidos decorrentes da
aplicação das convenções coletivas da categoria, a saber:
diferenças salariais, participação nos lucros e resultados, auxílio-
refeição, auxílio cesta alimentação e 13ª cesta alimentação, assim
como a multa convencional.
Do mesmo modo, inviável aplicar-lhes a jornada prevista no art. 224 Conclusão
da CLT e, sendo as horas extras integrantes da condenação
decorrentes apenas da extrapolação da jornada dos bancários,
igualmente improcedente o pleito de horas extras.
Prejudicada a pretensão de reforma quanto aos demais títulos.
Do prequestionamento

Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pela
Ante o exposto: Exma. Sra. Procuradora Elizabeth Veiga e dos Exmos. Srs.
Desembargadores Sergio Torres Teixeira (Relator) e Solange
I - CONHEÇO do recurso; Moura de Andrade (convocada por sorteio), resolveu a 1ª Turma
do Tribunal, por unanimidade, I - CONHECER do recurso; II - no
II - no mérito, NEGO-LHE PROVIMENTO. mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.
Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018.
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional Acórdão

Processo Nº RO-0000127-46.2017.5.06.0002
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, I - CONHECER do Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
recurso; II - no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO. RECORRENTE STEFANNE MENDES DE CARVALHO
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. RECORRIDO ITAU UNIBANCO S.A.
ADVOGADO ALVARO VAN DER LEY LIMA
NETO(OAB: 15657/PE)
TERCEIRO LIQ CORP S.A.
INTERESSADO
EMMT
PODER
JUDICIÁRIO

PROC. N.º TRT. RO - 0000127-46.2017.5.06.0002 anteriormente à publicação da Lei n° 13.467/2017. Considerando
Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA concentrado de constitucionalidade, traduzindo-se em precedente
voto novo adpf 324
Vistos etc.
S/A e LIQ CORP S/A.
EMENTA
subcontratada no âmbito do objeto social da empresa, antes É o relatório.
razão de ser, mesmo para a prestação de serviços ocorrida VOTO:

Dos pressupostos de admissibilidade ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas
O recurso é tempestivo; as representações encontram-se regulares empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
das contrarrazões.
a prestação de serviços ocorrida anteriormente à publicação da Lei cliente ligava e verificava que o mesmo estava em débito mas
n° 13.467/2017, perdeu a razão de ser. queria fazer um acordo, transferia esse cliente para o setor de
cobranças; que não se lembra como fazia os cálculos de juros de
No julgamento, cuja decisão foi publicada no DEJ e DOU 10/9/2018, mora do cliente quando ligava para a reclamada; (...) que trabalhava

com diversos cartões como Ponto Frio, Magazine Luiza, todos do disposto na OJ nº. 118, da SDI-1 do C. TST. Ademais, não se diga
Itaucard; que não sabe informar qual o número de atendentes por que o julgador estaria obrigado a se manifestar sobre toda a
supervisor; que acha que o Itaú trabalhava com varias bandeiras; legislação invocada, bastando que forme seu convencimento e
que o supervisor tinha conhecimento do sistema; que o Itaú exigia fundamente sua decisão (art. 93, inciso IX, da CF), o que ocorreu no
seus empregados.
Declaro, por fim, que tal entendimento não tem o condão de violar Ante o exposto:
nenhum dos dispositivos legais invocados pelo recorrente, sendo
desnecessária a menção expressa, a cada um deles, a teor do I - CONHEÇO do recurso;

II - no mérito, NEGO-LHE PROVIMENTO. mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

Processo Nº RO-0000127-46.2017.5.06.0002
recurso; II - no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO. RECORRENTE STEFANNE MENDES DE CARVALHO
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. RECORRIDO ITAU UNIBANCO S.A.
NETO(OAB: 15657/PE)
TERCEIRO LIQ CORP S.A.
INTERESSADO
- LIQ CORP S.A.
EMMT
PODER
JUDICIÁRIO
Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pela PROC. N.º TRT. RO - 0000127-46.2017.5.06.0002
Exma. Sra. Procuradora Elizabeth Veiga e dos Exmos. Srs.
Desembargadores Sergio Torres Teixeira (Relator) e Solange Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
Moura de Andrade (convocada por sorteio), resolveu a 1ª Turma

voto novo adpf 324
Vistos etc.
S/A e LIQ CORP S/A.
EMENTA
subcontratada no âmbito do objeto social da empresa, antes É o relatório.
razão de ser, mesmo para a prestação de serviços ocorrida VOTO:
anteriormente à publicação da Lei n° 13.467/2017. Considerando
que a decisão produz efeitos vinculantes, próprios do controle Dos pressupostos de admissibilidade
concentrado de constitucionalidade, traduzindo-se em precedente
de observância obrigatória, nos termos do art. 927, inciso I, do CPC O recurso é tempestivo; as representações encontram-se regulares

das contrarrazões.
a prestação de serviços ocorrida anteriormente à publicação da Lei cliente ligava e verificava que o mesmo estava em débito mas
n° 13.467/2017, perdeu a razão de ser. queria fazer um acordo, transferia esse cliente para o setor de
cobranças; que não se lembra como fazia os cálculos de juros de
No julgamento, cuja decisão foi publicada no DEJ e DOU 10/9/2018, mora do cliente quando ligava para a reclamada; (...) que trabalhava
o Supremo Tribunal Federal considerou "a licitude da terceirização com diversos cartões como Ponto Frio, Magazine Luiza, todos do
ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas Itaucard; que não sabe informar qual o número de atendentes por
jurídicas distintas, independentemente do objeto social das supervisor; que acha que o Itaú trabalhava com varias bandeiras;
empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da que o supervisor tinha conhecimento do sistema; que o Itaú exigia

seus empregados.
Declaro, por fim, que tal entendimento não tem o condão de violar Ante o exposto:
desnecessária a menção expressa, a cada um deles, a teor do I - CONHEÇO do recurso;
disposto na OJ nº. 118, da SDI-1 do C. TST. Ademais, não se diga
que o julgador estaria obrigado a se manifestar sobre toda a II - no mérito, NEGO-LHE PROVIMENTO.
legislação invocada, bastando que forme seu convencimento e
fundamente sua decisão (art. 93, inciso IX, da CF), o que ocorreu no


Processo Nº RO-0000151-94.2017.5.06.0351
recurso; II - no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO. RECORRENTE SOLL -SERVICOS OBRAS E
LOCACOES LTDA
ADVOGADO ALEXANDRE DIMITRI MOREIRA DE
MEDEIROS(OAB: 20305-D/PE)
Recife (PE), 18 de outubro de 2018.
RECORRIDO ESPÓLIO DE LUIZA FELICIANO
OLIVEIRA BARROS
ADVOGADO JARBAS CONSTANTINO CARNEIRO
DE MATTOS TRINDADE(OAB:
24147/PE)
SERGIO TORRES TEIXEIRA Intimado(s)/Citado(s):

- SOLL -SERVICOS OBRAS E LOCACOES LTDA
EMMT
PODER
JUDICIÁRIO
09.10.2018, sob a presidência da Exma. Sra. Desembargadora PROC. N.º TRT - RO - 0000151-94.2017.5.06.0351
Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pela Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
Desembargadores Sergio Torres Teixeira (Relator) e Solange Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA
do Tribunal, por unanimidade, I - CONHECER do recurso; II - no Recorrente : SOLL -SERVICOS OBRAS E LOCACOES LTDA
mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

Recorrido : ESPÓLIO DE LUIZA FELICIANO OLIVEIRA BARROS

Advogados : ALEXANDRE DIMITRI MOREIRA DE MEDEIROS;
JARBAS CONSTANTINO CARNEIRO DE MATTOS TRINDADE.
Procedência : VARA ÚNICA DO TRABALHO DE GARANHUNS-PE
Vistos etc.
Trata-se de Recurso Ordinário interposto por SOLL -SERVICOS
OBRAS E LOCACOES LTDA, de decisão proferida pelo MM. Juízo
da VARA ÚNICA DO TRABALHO DE GARANHUNS-PE, que nos
termos dos fundamentos de ID. c4bffeb, julgou procedentes em
parte os pedidos formulados na ação trabalhista ajuizada pelo
ESPÓLIO DE LUIZA FELICIANO OLIVEIRA BARROS, integrada
pela decisão dos embargos de declaração (ID. 307148c). Houve
EMENTA julgamento conjunto da ação de consignação em pagamento
proposta pela SOLL - SERVIÇOS OBRAS E LOCACOES LTDA,
tendo sido esta julgada procedente.
Em razões recursais (ID. 0d1a8a6), a reclamada-recorrente pede a
reforma da sentença para que seja improcedente a condenação dos
pedidos das férias proporcionais + 1/3 (2016) e 13º salário
proporcional (2016). Argumenta que a demissão do reclamante foi
por justa causa, não fazendo jus às férias postuladas e 13º
RECURSO ORDINÁRIO PATRONAL. DIREITO INDIVIDUAL DO deferidos em primeiro grau. Subsidiariamente, requer a
TRABALHO. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. JUSTA compensação do valor pago a título de gratificação natalina
CAUSA. FÉRIAS PROPORCIONAIS. Confirmada a ruptura proporcional em nov. 2016. Em segundo ponto, recorre contra o
contratual por justa causa, não são devidas ao empregado as férias indeferimento dos honorários advocatícios sucumbenciais
proporcionais, porquanto, a despeito da ratificação da Convenção recíprocos. Defende que, com o advento da Lei 13.467/2017, e
132 da OIT, o TST pacificou o entendimento de plena vigência do tendo sido a demanda interposta após o início da vigência do
parágrafo único do artigo 146 da CLT, que ressalva o direito às supracitado diploma legislativo, há de ser aplicado o art. 791-A da
férias proporcionais apenas do empregado que não tenha sido CLT. Pede deferimento.
motivadamente dispensado. Súmula 171 do TST. Recurso
provido. Não foram apresentadas contrarrazões.
Desnecessária a remessa dos presentes autos à Procuradoria
Regional do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Regimento
Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se
pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por
ocasião da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II,
XIII e VII, da Lei Complementar n° 75 de 1993.
É o relatório.
RELATÓRIO

Salvo na hipótese de dispensa do empregado por justa causa,
a extinção do contrato de trabalho sujeita o empregador ao
pagamento da remuneração das férias proporcionais, ainda que
VOTO incompleto o período aquisitivo de 12 (doze) meses (art. 147 da
CLT) (ex-Prejulgado nº 51).
Da mesma forma, incabível, ante o reconhecimento da justa causa,
o pagamento pela reclamada de 13º proporcional, conforme
inteligência do art. 3º da Lei 4.090/62:
Art. 3º - Ocorrendo rescisão, sem justa causa, do contrato de
trabalho, o empregado receberá a gratificação devida nos termos
PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE dos parágrafos 1º e 2º do art. 1º desta Lei, calculada sobre a
remuneração do mês da rescisão.
Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade,
representação processual e preparo, conheço do recurso. Ante o exposto, dou provimento ao apelo para afastar a condenação
ao pagamento das férias proporcionais + 1/3 (2016) e 13º salário
MÉRITO proporcional (2016).
Das Verbas Rescisórias - Das Férias proporcionais - Do 13º Dos honorários advocatícios
salário proporcional.
A reclamada-recorrente ataca, ainda, o indeferimento dos
A reclamada-recorrente pede a reforma da sentença para que seja honorários advocatícios sucumbenciais recíprocos. Defende que,
improcedente a condenação dos pedidos das férias proporcionais + com o advento da Lei 13.467/2017, e tendo sido a demanda
1/3 (2016) e 13º salário proporcional (2016). interposta após o início da vigência do supracitado diploma
legislativo, há de ser aplicado o art. 791-A da CLT.
Argumenta que a demissão do reclamante foi por justa causa, não
fazendo jus às férias postuladas e 13º deferidos em primeiro grau. Novamente com razão a recorrente.
Subsidiariamente, requer a compensação do valor pago a título de
gratificação natalina proporcional em nov. 2016. Tendo sido interposta a demanda peloESPÓLIO DE LUIZA
FELICIANO OLIVEIRA BARROS (processo originalmente autuado
Creio assistir razão à reclamada-recorrente no ponto. sob o número 0001553-16.2017.5.06.0001 e após anexados aos
presentes autos) em12/12/2017, aplicável, na hipótese, as regras de
Vejamos. fixação de honorários estabelecidas no art. 791-A (alteradas por
ocasião do início da vigência de Lei 13.467/2017):
Tendo sido confirmada, na sentença de piso (ID. c4bffeb - Pág. 3), a
justa causa pelo empregado (art. 482, alínea "i", da CLT), não é Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
possível a condenação da reclamada ao pagamento férias devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
proporcionais + 1/3 (2016) e 13º salário proporcional (2016). (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
Deve ser aplicado o entendimento do TST, conforme Súmula 171: obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
da causa.
FÉRIAS PROPORCIONAIS. CONTRATO DE TRABALHO.
EXTINÇÃO (republicada em razão de erro material no registro (...)
da referência legislativa), DJ 05.05.2004

§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará Conclusão
honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação
entre os honorários.
O tão só fato de terem sido concedidos os benefícios da justiça
gratuita ao autor não lhe retira a obrigação de pagamento dos
honorários advocatícios sucumbenciais, ante a previsão do §4º do
mesmo artigo.
Assim, dou provimento ao recurso patronal para determinar a Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso patronal para:
fixação de honorários advocatícios sucumbenciais recíprocos
também em favor da reclamada, no mesmo importe fixado pelo 1 - afastar a condenação ao pagamento das férias proporcionais +
Juízo a quoao reclamante (15%). 1/3 (2016) e 13º salário proporcional (2016);
Prequestionamento 2 - a fixação de honorários advocatícios sucumbenciais recíprocos
também em favor da reclamada, no mesmo importe fixado pelo
Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na Juízo a quo ao reclamante (15%).
fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação Ao decréscimo, arbitro o valor de R$ 2.000,00, com custas
infraconstitucional, mencionados pelo recorrente, sendo minoradas em R$40,00.
desnecessária a menção expressa a cada um deles, a teor do
disposto na OJ n° 118 da SDI-I.
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, DAR
PROVIMENTO ao recurso patronal para: 1 - afastar a condenação
proporcional (2016); 2 - a fixação de honorários advocatícios
sucumbenciais recíprocos também em favor da reclamada, no
mesmo importe fixado pelo Juízo a quo ao reclamante (15%). Ao
decréscimo, arbitra-se o valor de R$ 2.000,00, com custas

minoradas em R$40,00.
Acórdão
Processo Nº RO-0000151-94.2017.5.06.0351
SERGIO TORRES TEIXEIRA RECORRENTE SOLL -SERVICOS OBRAS E
LOCACOES LTDA
ADVOGADO ALEXANDRE DIMITRI MOREIRA DE
MEDEIROS(OAB: 20305-D/PE)
RECORRIDO ESPÓLIO DE LUIZA FELICIANO
OLIVEIRA BARROS
ADVOGADO JARBAS CONSTANTINO CARNEIRO
EMMT DE MATTOS TRINDADE(OAB:
24147/PE)
- ESPÓLIO DE LUIZA FELICIANO OLIVEIRA BARROS

PODER
JUDICIÁRIO
09.10.2018, sob a presidência do Exmo. Sr. Desembargador
SERGIO TORRES TEIXEIRA (Relator), com a presença do
Desembargador Eduardo Pugliesi e Ibrahim Alves Filho (Juiz Titular
da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado para o Gabinete
Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por unanimidade, DAR PROC. N.º TRT - RO - 0000151-94.2017.5.06.0351
ao pagamento das férias proporcionais + 1/3 (2016) e 13º salário Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
sucumbenciais recíprocos também em favor da reclamada, no Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA
decréscimo, arbitra-se o valor de R$ 2.000,00, com custas Recorrente : SOLL -SERVICOS OBRAS E LOCACOES LTDA
Recorrido : ESPÓLIO DE LUIZA FELICIANO OLIVEIRA BARROS

Advogados : ALEXANDRE DIMITRI MOREIRA DE MEDEIROS;
Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018. JARBAS CONSTANTINO CARNEIRO DE MATTOS TRINDADE.
Procedência : VARA ÚNICA DO TRABALHO DE GARANHUNS-PE

pela decisão dos embargos de declaração (ID. 307148c). Houve
EMENTA julgamento conjunto da ação de consignação em pagamento
proposta pela SOLL - SERVIÇOS OBRAS E LOCACOES LTDA,
tendo sido esta julgada procedente.
Em razões recursais (ID. 0d1a8a6), a reclamada-recorrente pede a
reforma da sentença para que seja improcedente a condenação dos
pedidos das férias proporcionais + 1/3 (2016) e 13º salário
proporcional (2016). Argumenta que a demissão do reclamante foi
por justa causa, não fazendo jus às férias postuladas e 13º
RECURSO ORDINÁRIO PATRONAL. DIREITO INDIVIDUAL DO deferidos em primeiro grau. Subsidiariamente, requer a
TRABALHO. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. JUSTA compensação do valor pago a título de gratificação natalina
CAUSA. FÉRIAS PROPORCIONAIS. Confirmada a ruptura proporcional em nov. 2016. Em segundo ponto, recorre contra o
contratual por justa causa, não são devidas ao empregado as férias indeferimento dos honorários advocatícios sucumbenciais
proporcionais, porquanto, a despeito da ratificação da Convenção recíprocos. Defende que, com o advento da Lei 13.467/2017, e
132 da OIT, o TST pacificou o entendimento de plena vigência do tendo sido a demanda interposta após o início da vigência do
parágrafo único do artigo 146 da CLT, que ressalva o direito às supracitado diploma legislativo, há de ser aplicado o art. 791-A da
férias proporcionais apenas do empregado que não tenha sido CLT. Pede deferimento.
motivadamente dispensado. Súmula 171 do TST. Recurso
provido. Não foram apresentadas contrarrazões.
É o relatório.
RELATÓRIO
Vistos etc. VOTO
Trata-se de Recurso Ordinário interposto por SOLL -SERVICOS
OBRAS E LOCACOES LTDA, de decisão proferida pelo MM. Juízo
da VARA ÚNICA DO TRABALHO DE GARANHUNS-PE, que nos
termos dos fundamentos de ID. c4bffeb, julgou procedentes em
parte os pedidos formulados na ação trabalhista ajuizada pelo
ESPÓLIO DE LUIZA FELICIANO OLIVEIRA BARROS, integrada

trabalho, o empregado receberá a gratificação devida nos termos
PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE dos parágrafos 1º e 2º do art. 1º desta Lei, calculada sobre a
remuneração do mês da rescisão.
representação processual e preparo, conheço do recurso. Ante o exposto, dou provimento ao apelo para afastar a condenação
MÉRITO proporcional (2016).
Das Verbas Rescisórias - Das Férias proporcionais - Do 13º Dos honorários advocatícios
salário proporcional.
A reclamada-recorrente ataca, ainda, o indeferimento dos
A reclamada-recorrente pede a reforma da sentença para que seja honorários advocatícios sucumbenciais recíprocos. Defende que,
improcedente a condenação dos pedidos das férias proporcionais + com o advento da Lei 13.467/2017, e tendo sido a demanda
1/3 (2016) e 13º salário proporcional (2016). interposta após o início da vigência do supracitado diploma
legislativo, há de ser aplicado o art. 791-A da CLT.
Argumenta que a demissão do reclamante foi por justa causa, não
fazendo jus às férias postuladas e 13º deferidos em primeiro grau. Novamente com razão a recorrente.
Subsidiariamente, requer a compensação do valor pago a título de
gratificação natalina proporcional em nov. 2016. Tendo sido interposta a demanda peloESPÓLIO DE LUIZA
FELICIANO OLIVEIRA BARROS (processo originalmente autuado
Creio assistir razão à reclamada-recorrente no ponto. sob o número 0001553-16.2017.5.06.0001 e após anexados aos
presentes autos) em12/12/2017, aplicável, na hipótese, as regras de
Vejamos. fixação de honorários estabelecidas no art. 791-A (alteradas por
ocasião do início da vigência de Lei 13.467/2017):
Tendo sido confirmada, na sentença de piso (ID. c4bffeb - Pág. 3), a
justa causa pelo empregado (art. 482, alínea "i", da CLT), não é Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
possível a condenação da reclamada ao pagamento férias devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
proporcionais + 1/3 (2016) e 13º salário proporcional (2016). (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
Deve ser aplicado o entendimento do TST, conforme Súmula 171: obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
da causa.
FÉRIAS PROPORCIONAIS. CONTRATO DE TRABALHO.
EXTINÇÃO (republicada em razão de erro material no registro (...)
da referência legislativa), DJ 05.05.2004
§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará
Salvo na hipótese de dispensa do empregado por justa causa, honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação
a extinção do contrato de trabalho sujeita o empregador ao entre os honorários.
pagamento da remuneração das férias proporcionais, ainda que
incompleto o período aquisitivo de 12 (doze) meses (art. 147 da O tão só fato de terem sido concedidos os benefícios da justiça
CLT) (ex-Prejulgado nº 51). gratuita ao autor não lhe retira a obrigação de pagamento dos
honorários advocatícios sucumbenciais, ante a previsão do §4º do
Da mesma forma, incabível, ante o reconhecimento da justa causa, mesmo artigo.
o pagamento pela reclamada de 13º proporcional, conforme
inteligência do art. 3º da Lei 4.090/62: Assim, dou provimento ao recurso patronal para determinar a
fixação de honorários advocatícios sucumbenciais recíprocos
Art. 3º - Ocorrendo rescisão, sem justa causa, do contrato de também em favor da reclamada, no mesmo importe fixado pelo

Juízo a quoao reclamante (15%). 1/3 (2016) e 13º salário proporcional (2016);
Prequestionamento 2 - a fixação de honorários advocatícios sucumbenciais recíprocos
também em favor da reclamada, no mesmo importe fixado pelo
Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na Juízo a quo ao reclamante (15%).
qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação Ao decréscimo, arbitro o valor de R$ 2.000,00, com custas
infraconstitucional, mencionados pelo recorrente, sendo minoradas em R$40,00.
Conclusão minoradas em R$40,00.
Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso patronal para:
EMMT
1 - afastar a condenação ao pagamento das férias proporcionais +

JUDICIÁRIO

PROC. Nº TRT - 0000544-28.2015.5.06.0015 (RO)

Órgão Julgador : 1ª Turma
Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por unanimidade, DAR

Relator : Desembargador Sergio Torres Teixeira

Recorrente : MUNICÍPIO DO RECIFE

Recorrido : AIRTON FELIX DO NASCIMENTO
Advogados : Patrícia Lobo da Rosa Borges; e Dilma Pessoa da
Silva
Procedência : 15ª. Vara de Trabalho do Recife (PE)

EMENTA: DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO E
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO DO ENTE
MUNICIPAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.

Acórdão
Processo Nº RO-0000544-28.2015.5.06.0015 PRESCRIÇÃO. REVOLVIMENTO DE MATÉRIAS JÁ DISCUTIDAS
E APRECIADAS POR ESTE REGIONAL. PRECLUSÃO PRO
RECORRENTE MUNICIPIO DO RECIFE
RECORRIDO AIRTON FELIX DO NASCIMENTO JUDICATO. ART. 836 DA CLT E ART. 505 DO NCPC. A matéria
ADVOGADO DILMA PESSOA DA SILVA(OAB: 999- revolvida no apelo (competência e prescrição) já foi examinada por
A/PE)
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO este Tribunal, por intermédio de acórdão proferido anteriormente,
TRABALHO
em que foi dado provimento ao apelo da parte autora,
Intimado(s)/Citado(s): reconhecendo-se a competência dessa Justiça Especializada para
- AIRTON FELIX DO NASCIMENTO

processar e julgar o pleito. Operou-se a preclusão pro judicato, nos nenhum direito a ser reparado ao reclamante. Requer a modulação
termos dos artigos 836 da CLT e 505 do NCPC. Observe-se que, dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade da Lei Municipal
muito embora a matéria relativa à validade da transmudação de n.º 15.335/90, para que os mesmos sejam ex nunc. Aduz, ainda,
regime de celetista para estatutário haja sofrido mutação que o reclamante não demonstrou que fez opção pelo regime do
jurisprudencial desde o julgamento da ARGINC 105100- FGTS antes de 5/10/1988, o que torna forçoso reconhecer a
93.1996.5.04.0018, a decisão não se enquadra nos precedentes do improcedência da demanda em relação ao período anterior a
art. 927 do NCPC, de modo a justificar a superação da preclusão. Constituição Federal de 1988, quando não era obrigatório o regime
Recurso provido apenas para determinar o processamento da do FGTS. Pugna, por fim, a reforma do decisum no que tange à
execução nos termos do art. 100, da CR. determinação do Juízo a quopara o pagamento da condenação em
48 horas, haja vista que, sendo um Ente Público, há necessidade de
que seja observado o sistema de execução previsto para a Fazenda
Pública, nos termos do art.100 da Constituição Federal.Pede
provimento.
Contrarrazões não apresentadas.
O Ministério Público do Trabalho, por meio de parecer subscrito
pela Procuradora Regional Lorena Pessoa Bravo, opinou pelo
provimento do recurso.
Vistos etc.
É o relatório.
Recurso ordinário interposto por MUNICÍPIO DO RECIFE em face
de decisão proferida pelo Excelentíssimo Juiz da 15ª. Vara do VOTO:
Trabalho do Recife (PE) que, nos termos da fundamentação em
anexo (ID. f46983f), julgou procedentes os pedidos formulados na Pressupostos de admissibilidade
reclamação trabalhista ajuizada por AIRTON FELIX DO
NASCIMENTO. Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade e
representação processual, sendo dispensado o preparo, conheço
Em razões anexas (ID. 6a7ddf1), em síntese, reitera a tese de do recurso.
incompetência da Justiça do Trabalho para analisar o feito, sob o
argumento de que não subsiste mais o entendimento meritório MÉRITO
mencionado na sentença referente ao IUJ do TRT 6ª Região. Acaso
não acolhido o entendimento, defende a ocorrência de prescrição Competência da justiça do trabalho. Prescrição.
bienal e, em sucessivo, o reconhecimento da consumação da
prescrição dos créditos fundiários anteriores ao quinquênio que Inicialmente, reitera a tese de incompetência dessa Justiça
antecedente o ajuizamento da demanda, com espeque no art. 7º Especializada, assim como da prescrição bienal.
XXIX, da CR ou art. 1º do Decreto-Lei n.º 20.910/1932. Sustenta
que o reclamante fez opção pelo regime estatutário, em 1/1/1985, Equivocadas suas colocações, na medida em que toda essa
nos termos da Lei n.º 14.640/84, e não em 1/2/1990, por meio da discussão já foi apreciada por esta corte trabalhista.
Lei Municipal n.º 15.335/90. Defende que a conversão de regime
operada foi totalmente legal, não sendo razoável a manutenção da Pondero que numa primeira oportunidade os pleitos referentes ao
sentença que declarou a nulidade do regime jurídico estatutário, período posterior a 1/1/1985, foram extintos sem resolução de
com o retorno abrupto do servidor a regime celetista, por mais de 34 mérito, e os relacionados ao período de 25/8/1978 a 1/1/1985 foram
anos de estabilização dos efeitos do advento da Lei Municipal n.º declarados fulminados pela prescrição bienal (ID. 86b28be),
14.640/84. Ressalta que se consolidou ao longo do tempo os efeitos ocasionando o recurso ordinário da parte autora.
da transmudação do regime celetista para estatutário, não havendo

Esta c. Turma, ao apreciar o primeiro Recurso Ordinário, enfrentou
a questão da validade da transmudação de regime jurídico, por Em sendo assim, é válido o contrato de trabalho de empregado
meio da Lei n.º 14.640/1984, tendo afastado a incompetência da público, celebrado entre as partes, ajuste este que deu origem a
justiça do trabalho e a argüição de prescrição, nos seguintes termos uma relação laboral regida pela CLT, permitida antes da
(ID. 6f470a9). Constituição Federal de 1988.
"O Município arguiu, em sede de defesa, a incompetência desta Diga-se ainda que, tendo o Município procedido com a anotação da
Justiça Especializada para processar e julgar o feito, alegando que carteira de trabalho do obreiro, indene de dúvidas que a relação
o autor é estatutário, bem como apontando a ocorrência de laboral havida rege-se pela norma celetista e esta especializada é a
transmudação de regime jurídico por meio da Lei nº. 14.640/1984, o justiça competente.
que foi acolhido em parte pelo Juízo de Origem, o qual extinguiu,
sem resolução do mérito, os pleitos referentes ao período posterior Destaque-se, ainda, que a transmudação de regimes jurídicos,
a 01/01/1985. ocorrida em 1984, não pode ser considerada como válida, uma vez
que o art. 97 da Constituição Federal de 1967 (1969), já exigia a
Veio aos autos a cópia da CTPS do autor (ID. 9d1928d), com aprovação em concurso público para a investidura em cargo
anotação da público.
data de admissão, pelo município, em 25/08/1977, e desligamento Segue o teor do artigo ora em comento:
em 01/02/1985. Consta, ainda, das anotações gerais a informação
de que o autor passou à condição de estatutário conforme a Lei nº. Art. 97. Os cargos públicos serão acessíveis a todos os brasileiros
14.640/1984 regulamentada pelo Decreto 12.914/84 (ID. 9d1928d - que preencham os requisitos estabelecidos em lei.
Pág. 7).
§ 1º A primeira investidura em cargo público dependerá de
In casu, uma vez que o autor foi contratado antes da vigência da aprovação prévia, em, salvo os casos indicados em lei.concurso
CF/88, quando não havia a exigência de concurso público para a público de provas ou de provas e títulos
contratação de pela administração empregados pública, o seu
contrato é integralmente válido. § 2º Prescindirá de concurso a nomeação para cargos em
comissão, declarados em lei, de livre nomeação e exoneração.
Quando o Constituinte Originário de 1988 editou o art. 24 do ADCT,
concedeu aos Estados e Município tão somente o direito de editar Destarte, uma vez que, àquela época, já era exigida a aprovação
leis que estabelecessem critérios para compatibilização de seus em concurso para provimento de cargos públicos, lei municipal não
quadros de pessoal, não retirando deles o ônus de fazer cumprir os poderia ter alterado o regime jurídico do autor, de forma, a
ajustes firmados, os quais encontravam-se sob a tutela do direito transformá-lo em servidor estatutário.
privado, tampouco concedeu-lhes o direito de usar de seu poder
discricionário para utilizarem-se do trabalho dos servidores e depois (...)
dispensá-los, ao seu livre arbítrio, desonerando-se de pagar os
direitos trabalhistas, ao singelo argumento de ser nulo o contrato de Dessa forma, reconhecida a natureza celetista do vínculo laboral,
trabalho. sem solução de continuidade, antes da Constituição Federal de
1988, bem como a nulidade do ato que converteu seu regime
Do contrário, seria atentar contra ato jurídico perfeito, o qual está jurídico para cargo público, não há falar em incompetência material
protegido pela atual Carta Magna, art. 5º, inciso XXXVI. Muito desta Justiça do Trabalho para apreciar os pleitos formulados na
embora se imponha a rescisão do ex vi contrato de trabalho, os petição inicial.
quais foram firmados sem concurso público, ante as atuais
exigências constitucionais, deve-se assegurar aos empregados as Por todo o exposto, dou provimento ao apelo para afastar a
parcelas postuladas a que têm por direito, originárias do contrato competência da Justiça comum reconhecida pelo Juízo de Origem,
validamente firmado. declarando a competência desta Justiça Especializada.

citadas enquanto, na CTPS da parte autora, apenas consta, nas
(...) anotações gerais, a observação: "Passou a condição de Estatutário
de acordo com a Lei 14.640/84".
A aplicabilidade da prescrição bienal também depende do
reconhecimento Inexiste, portanto, qualquer omissão a ser sanada quanto ao ponto,
uma vez que esta Turma julgadora apreciou todas as provas
da invalidade da transmudação de regime. Assim, consoante trazidas aos autos."
exposto nos fundamentos do item anterior, não sendo válida a
transmudação de regime, consequentemente, não se operou a Como visto, as matérias acerca da competência material da Justiça
extinção do contrato de emprego, razão pela qual é inaplicável ao do trabalho, da prescrição bienal e quinquenal e da
presente caso a prescrição bienal no tocante às parcelas referentes validade/invalidade da transmudação de regime já foram
ao FGTS. Mantendo-se o contrato de trabalho intacto, não foi examinadas por esta corte, por meio dos acórdãos acima transcritos
preenchido o requisito previsto no art. 7º, XXIX, da Constituição da (Acórdãos - ID. 2131dac e ID. fee9921), tendo transitado em julgado
República. tal decisão (certidão - ID ID. 3aaa655) .
(...) Por outro lado, insubsistente o pedido sucessivo de modulação dos
efeitos da declaração de inconstitucionalidade da Lei Municipal n.º
Desse modo, considerando que o prazo prescricional já se 15.335/90, vez que sequer houve declaração nesse sentido, já que
encontrava em a análise da transmudação de regime teve como alvo a Lei
Municipal n.º 14.640/84.
curso quando proferido o julgamento pelo STF, em 13/11/2014,
afasto a arguição de prescrição quiquenal promovida pelo Nesse prisma, operou-se a chamada preclusão pro judicato. Este
Município. Tribunal não pode reexaminar as matérias, sob pena de violação do
disposto nos arts. 836 da CLT e 505 do NCPC, os quais dispõem,
Ante o exposto, dou provimento ao apelo, para, afastando a respectivamente:
incompetência da justiça do trabalho e a arguição de prescrição,
determinar o retorno ao Juízo de Origem, a fim de evitar a "Art. 836. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de
malsinada supressão de instância, tendo em vista que o C. TST não questões já decididas, excetuados os casos expressamente
incursiona na seara probatória (Súmula 126)." previstos neste Título e a ação rescisória, que será admitida na
forma do disposto no Capítulo IV do Título IX da Lei nº 5.869, de 11
Este Egrégio Tribunal Regional, em sede de embargos de de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, sujeita ao depósito
declaração, também se pronunciou acerca da tese de conversão ao prévio de 20% (vinte por cento) do valor da causa, salvo prova de
regime por opção do reclamante, levantada em contrarrazões (ID. miserabilidade jurídica do autor."
3686369). Assim vejamos:
"Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já
"Da tese de conversão ao regime por opção do reclamante decididas, relativas à mesma lide, salvo:
Apontou a embargante que o acórdão atacado restou omisso por I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio
não ter se pronunciado acerca das provas que demonstram que a modificação no estado de fato ou de direito; caso em que poderá a
conversão ocorreu por opção do reclamante, em razão da vigência parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;
da Lei Municipal 14.640/84 e do Decreto Municipal 12.914/84.
II - nos demais casos prescritos em lei. (grifei)."
Isso porque, na verdade, não existem, nos autos, qualquer prova
que demonstre a intenção do autor de mudar de regime. Esse entendimento encontra pacífica aplicação nos Tribunais,
conforme demonstram os seguintes arestos:
O reclamado apenas trouxe aos autos o teor das normas acima

"RECURSO - NÃO CONHECIMENTO - OCORRÊNCIA DE Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
PRECLUSÃO PRO JUDICATO - Uma vez decidida a questão por fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
esta Corte Revisora, torna-se inviável a sua nova análise, como qualquer dos dispositivos da Constituição da República e da
pretende o Recorrente, já que operou-se sobre o tema a preclusão legislação infraconstitucional, mencionados pelo recorrente, sendo
pro judicato, na forma dos artigos 836 da CLT, 471 e 473 do CPC, desnecessária a menção expressa a cada um deles, a teor do
estes aplicados de forma supletiva ao processo do trabalho. disposto na OJ n° 118 da SDI-I.
RAZÕES - AUSÊNCIA DE ATAQUE AOS FUNDAMENTOS DA
SENTENÇA - VERBETE Nº 4 DESTA TURMA - SÚMULA 422/TST -
É ônus da parte proceder ao ataque de todos os fundamentos que
compõem o universo das razões que sustentam a decisão proferida
na origem. A ausência de impugnação específica a cada
fundamento sentencial impede, desde logo, a reforma do julgado
porque, mesmo se afastados os fundamentos atacados, aqueles
que não o foram ainda servirão de sustentáculo à decisão proferida.
(TRT 10ª R. - RO 885-83.2010.5.10.0802 - Relª Desª Flávia Simões
Falcão - DJe 26.08.2011 - p. 20). (in Juris Síntese DVD -
Setembro/Outubro de 2011, grifei).
"PRECLUSÃO PRO JUDICATO. Incabível a decisão de matéria
anteriormente apreciada, por expressa vedação legal, por se
configurar a preclusão pro judicato, tratada pelo art.836 da CLT, o
qual estabelece que é vedado ao juiz conhecer de questões já
decididas. (TRT 23ª Região, 1ª T., AP 00390.2008.005.23.00-0, Rel.
Des. Tarcísio Valente, in trt23.jus.br, Julgado em: 12/07/2011,
Publicado em: 14/07/2011)."
Observe-se que, muito embora a matéria relativa à validade da
transmudação de regime de celetista para estatutário haja sofrido
mutação jurisprudencial desde o julgamento da ARGINC 105100-
93.1996.5.04.0018, a decisão não se enquadra nos precedentes do
art. 927 do NCPC, de modo a justificar a superação da preclusão.
Assim, nego provimento ao apelo.
Da execução contra a Fazenda Pública e da impossibilidade do
pagamento em 48 horas Conclusão
Neste ponto, assiste razão ao apelante.
É que quanto à forma de execução, deve ser observado o que
dispõe o art. 100 da Constituição da República, o ADCT ou Lei
Federal de regência, sendo o pagamento efetuado por Requisitório
ou Precatório, a depender do valor a ser cobrado.
Prequestionamento Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso para
determinar o processamento da execução nos termos do art. 100,

da CR, consoante fundamentação. Face à natureza do presente Exma. Sra. Procuradora Elizabeth Veiga e dos Exmos. Srs.
provimento, deixo de acrescer ou decrescer o valor condenatório. Desembargador Eduardo Pugliesi e Ibrahim Alves Filho (Juiz Titular
Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por unanimidade, DAR
PROVIMENTO PARCIAL ao recurso para determinar o
processamento da execução nos termos do art. 100, da CR,
consoante fundamentação. Face à natureza do presente
provimento, deixar de acrescer ou decrescer o valor condenatório.
PROVIMENTO PARCIAL ao recurso para determinar o
processamento da execução nos termos do art. 100, da CR,
consoante fundamentação. Face à natureza do presente
provimento, deixar de acrescer ou decrescer o valor condenatório.

Acórdão
Processo Nº RO-0000155-42.2017.5.06.0122
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
RECORRENTE KARLA PATRICIA GOMES DA SILVA
ADVOGADO ANTONIO CARLOS DA SILVA(OAB:
9731-D/PE)
RECORRIDO INES GOMES DA SILVA
ADVOGADO FATIMA MIRELLA CAVALCANTI DA
SERGIO TORRES TEIXEIRA SILVA DE BRITO MAIA(OAB:
36616/PE)
Desembargador Relator TRABALHO
INTERESSADO
EMMT
- KARLA PATRICIA GOMES DA SILVA
PODER
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi JUDICIÁRIO

momento da ocorrência do fato gerador, independentemente de seu
PROC. N.º TRT. RO - 0000155-42.2017.5.06.0122 pagamento. III - Porém, uma coisa é o fato descrito na hipótese
legal (hipótese de incidência - descrição hipotética e abstrata de um
Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA fato) e outro é o fato imponível (quando se pode impor a obrigação -
fato concreto que faz nascer a obrigação). IV - No caso das
Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA contribuições previdenciárias decorrentes dos créditos trabalhistas,
reconhecidos judicialmente, esta distinção é patente; eis que uma
Recorrentes : UNIÃO coisa é o conjunto de circunstâncias de fato (prestação de serviço) e
a outra é o fato imponível (recebimento dos valores reconhecidos
Recorridos : INÊS GOMES DA SILVA; E KARLA PATRICIA em juízo). V - Com efeito, o fato gerador de tais contribuições está
GOMES DA SILVA claramente delineado no artigo 195, inciso I, alínea a, da CF/88,
onde dispõe que é o pagamento ou crédito na folha de salários ou
Advogados : FABRÍCIO LOPES OLIVEIRA (PROCURADOR demais rendimentos à pessoa física prestadora de serviço, ainda
FEDERAL); FÁTIMA MIRELLA CAVALCANTI DA SILVA BRITO que sem vínculo empregatício. VI - Na mesma senda é o artigo 22
MAIA; E ANTÔNIO CARLOS DA SILVA da Lei nº. 8.212/91 ao dizer que se configura quando ocorre
pagamento ou crédito de parcelas remuneratórias ou quando estas
Procedência : 2ª VARA DO TRABALHO DE PAULISTA-PE são devidas. VII - E mais ainda, o próprio art. 43 em seu parágrafo
3º dispõe que o recolhimento das contribuições previdenciárias deve
ser efetuado no mesmo prazo em que devam ser pagos os créditos
encontrados em liquidação de sentença. VIII - Contudo, a partir de
05/03/2009, com as alterações introduzidas no art. 43, prevaleceu o
entendimento de que se aplica o regime de competência (em
substituição ao regime de caixa), incidindo, pois, correção monetária
e juros de mora a partir da prestação de serviços. IX - No tocante à
multa, ao contrário da atualização monetária para recomposição do
valor da moeda e dos juros pela utilização do capital alheio, trata-se
de uma penalidade destinada a compelir o devedor à satisfação da
obrigação a partir do seu reconhecimento (fato imponível). X -
EMENTA Dessa forma, relativamente aos contratos de trabalho firmados a
partir daquele marco (05/03/2009), determinar: a) a incidência dos
juros de mora, a partir da prestação de serviços, sobre as
contribuições previdenciárias; b) aplicação de multa a partir do
exaurimento do prazo de citação para o pagamento, uma vez
apurados os créditos previdenciários, se descumprida a obrigação,
observado o limite legal de 20% (art. 61, §2º, da Lei nº. 9.430/96). XI
- Recurso parcialmente provido.
RECURSO ORDINÁRIO. UNIÃO. FATO GERADOR DAS
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. FATO GERADOR X
FATO IMPONÍVEL. CRÉDITOS RECONHECIDOS EM JUÍZO.
ART. 43 DA LEI 8.212/91. APLICAÇÃO DE MULTA. I - O fato
gerador é uma expressão jurídico-contábil, que representa um fato
ou conjunto de fatos a que o legislador vincula o nascimento da
obrigação jurídica de pagar um tributo determinado. II - Assim, em
obediência estrita aos princípios contábeis da oportunidade e da Vistos etc.
competência, as despesas e receitas devem ser reconhecidas no

Dos pressupostos de admissibilidade
Recorre ordinariamente a UNIÃO de decisão proferida pelo MM.
Juízo da 2ª Vara do Trabalho de Paulista - PE, que julgou
parcialmente PROCEDENTES as postulações formuladas nos autos O recurso é tempestivo; a representação encontra-se regular e o
da ação trabalhista ajuizada por KARLA PATRICIA GOMES DA preparo é desnecessário. Satisfeitos, assim, os demais
SILVA em face dos demais INÊS GOMES DA SILVA. pressupostos objetivos de admissibilidade, conheço-o.
Em razões recursais, a União defende a aplicação dos acréscimos Mérito
legais sobre as contribuições previdenciárias com base no regime
de competência, conforme previsto no artigo 43, §2º e 3º, da Lei n.º
8.212/91, entendendo ser expresso ao definir que os juros devem
incidir a partir da efetiva prestação de serviço. Requer seja Do Fato Gerador das Contribuições Previdenciárias
determinada a incidência de juros e multa de acordo com a
legislação previdenciária, considerando que o TST recentemente Sustenta, em síntese, que a súmula 14 deste Sexto Regional foi
modificou sua jurisprudência para acolher a prestação do serviço revogada. Aduz equivocado o julgado ao negar a aplicação dos
como fato gerador da contribuição previdenciária. Transcreve juros e da multa na apuração dos valores devidos a título de
jurisprudência. requer a UNIÃO que esse Egrégio Tribunal Regional contribuição previdenciária a partir das competências de março de
do Trabalho conheça do presente recurso e lhe dê provimento para 2009.
determinar o recolhimento da contribuição previdenciária com
incidência de taxa Selic a partir do dia 20 do mês subsequente ao Quanto ao fato gerador da contribuição previdenciária, tenho que
da prestação de serviços nos termos da alínea "b" do inciso I do art. mesmo após as alterações imprimidas ao parágrafo 2º do art. 43 da
30 da Lei 8.212/91, e conforme os outros critérios definidos pela Lei nº. 8.212/91 pela Lei nº. 11.941/2009, que passou a viger nos
Súmula 368 do TST. Pede provimento. seguintes termos: § 2º. Considera-se ocorrido o fato gerador das
contribuições sociais na data da prestação do serviço, em nada
Contrarrazões não ofertadas. alteraram o momento imponível de tais contribuições.
O Ministério Público do Trabalho, mediante parecer da Dra. Não se pode perder de vista, que por força do disposto na lei, é de
Elizabeth Veiga, opinou pelo conhecimento do recurso e, no mérito, se reconhecer, que o fato gerador das contribuições previdenciárias
pelo seu provimento (ID. a48f3c9). é a prestação do serviço. Ocorre, contudo, que tal reconhecimento
não autoriza o acolhimento da pretensão deduzida pela União, por
É o relatório. uma razão simples: não se pode confundir fato gerador com
vencimento da obrigação.
Com efeito, o fato gerador é uma expressão jurídico-contábil, que
representa um fato ou conjunto de fatos a que o legislador vincula o
nascimento da obrigação jurídica de pagar um tributo determinado.
Assim, em obediência estrita aos princípios contábeis da
oportunidade e da competência, as despesas e receitas devem ser
reconhecidas no momento da ocorrência do fato gerador,
VOTO: independentemente de seu pagamento.
Analisando o conceito de fato gerador previsto nos artigos 114 e
115 do CTN, alguns doutrinadores daquele ramo jurídico propõem

distinguir fato descrito na hipótese legal (hipótese de incidência - encontrando definida após a liquidação da sentença (ou da
descrição hipotética e abstrata de um fato) e fato imponível (quando homologação do ajuste entre as partes, no caso de acordo).
se pode impor a obrigação - fato concreto que faz nascer a
obrigação). Por todo o exposto, existindo questionamento sobre alguma
obrigação trabalhista, as parcelas trabalhistas somente serão
Nesta direção, a definição de Geraldo Ataliba é precisa: Tal é a devidas após o trânsito em julgado da sentença que os reconhecer
razão pela qual sempre distinguirmos estas duas coisas, como devidas. É que, o fato gerador da obrigação previdenciária
denominando hipótese de incidência ao conceito legal (descrição pode-se constituir na data da prestação do serviço, mas sua
legal, hipotética de um fato, estado de fato, ou conjunto de exigibilidade depende de fatos posteriores, como o lançamento ou o
circunstâncias de fato) e fato imponível, efetivamente acontecido pagamento de direitos trabalhistas.
num determinado tempo ou local, configurando rigorosamente a
hipótese de incidência. (ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência Portanto, as contribuições sociais decorrentes das decisões judiciais
tributária. 6ª ed., São Paulo: Malheiros, 2001). e executadas na Justiça do Trabalho incidem sobre a remuneração
ou rendimento, devendo ser calculadas sobre o valor devido na data
No caso das contribuições previdenciárias decorrentes dos créditos de competência da parcela trabalhista, que foi paga ou que não foi
trabalhistas, reconhecidos judicialmente, esta distinção é patente. paga, mas que era devida, conforme reconhecimento judicial, que
Uma coisa é o conjunto de circunstâncias de fato (prestação de não tem natureza constitutiva, mas meramente declaratória.
serviço) e a outra é o fato imponível (recebimento dos valores
reconhecidos em juízo). Outrossim, não obstante reconhecida e constituída a condição de
devedor, somente após o trânsito em julgado da decisão
condenatória, ou homologatória de acordo, ou da sentença de
liquidação (na hipótese de sentença condenatória ilíquida), é que se
O fato gerador está claramente delineado no artigo 195, inciso I, torna exigível o recolhimento da contribuição previdenciária, a ser
alínea a, da CF/88, onde dispõe que é o pagamento ou crédito na efetuado até o 2º dia do mês subsequente à ocorrência do trânsito
folha de salários ou demais rendimentos à pessoa física prestadora em julgado, nos termos do artigo 276, caput,do Decreto nº.
de serviço, ainda que sem vínculo empregatício. 3.048/1999 (e alterações posteriores).
O artigo 22 da mesma lei (8.212/91) considera que o fato gerador se Nesta linha de raciocínio, a constituição em mora do devedor se dá
configura quando ocorre pagamento ou crédito de parcelas apenas após o decurso do prazo previsto no artigo acima transcrito,
remuneratórias ou quando estas são devidas.E mais ainda, o iniciando-se, somente a partir daí a aplicação de juros e de multa,
próprio art. 43 em seu parágrafo 3º dispõe que o recolhimento das na forma prevista no artigo 879, parágrafo 4º, da CLT.
contribuições previdenciárias deve ser efetuado no mesmo prazo
em que devam ser pagos os créditos encontrados em liquidação de Contudo, a partir de 05/03/2009, com as alterações introduzidas no
sentença. art. 43, prevaleceu o entendimento de que se aplica o regime de
competência (em substituição ao regime de caixa), incidindo, pois,
Assim, é no mínimo polêmico que o fato gerador imponível seja correção monetária e juros de mora a partir da prestação de
considerado como ocorrido com a prestação do serviço. É que, nos serviços.
termos da norma constitucional, não se mostra razoável que haja
exigibilidade da contribuição social antes do pagamento do crédito. No tocante à multa, ao contrário da atualização monetária para
recomposição do valor da moeda e dos juros pela utilização do
Não há como saber sequer o valor do crédito obreiro, antes da capital alheio, trata-se de uma penalidade destinada a compelir o
liquidação do julgado, que se opera nos termos do que dispõe o art. devedor à satisfação da obrigação a partir do seu reconhecimento
879 da CLT: Sendo ilíquida a sentença exequenda, ordenar-se-á, (fato imponível).
previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por
arbitramento ou por artigos.A existência de crédito para a Dessa forma, relativamente aos contratos de trabalho firmados a
Previdência Social é acessória ao valor da condenação, só se partir daquele marco (05/03/2009), determinar: a) a incidência dos

juros de mora, a partir da prestação de serviços, sobre as da prestação de serviços, sobre as contribuições previdenciárias; b)
contribuições previdenciárias; b) aplicação de multa a partir do aplicação de multa a partir do exaurimento do prazo de citação para
exaurimento do prazo de citação para o pagamento, uma vez o pagamento, uma vez apurados os créditos previdenciários, se
apurados os créditos previdenciários, se descumprida a obrigação, descumprida a obrigação, observado o limite legal de 20% (art. 61,
observado o limite legal de 20% (art. 61, §2º, da Lei nº. 9.430/96). §2º, da Lei nº 9.430/96).Vencidos os Ministros Maria Cristina
Irigoyen Peduzzi, Renato de Lacerda Paiva, Emmanoel Pereira,
O c. TST tem entendido neste direcionamento: Aloysio Silva Corrêa da Veiga, Alberto Luiz Bresciani de Fontan
Pereira, Dora Maria da Costa, Guilherme Augusto Caputo Bastos,
Márcio Eurico Vitral Amaro, Walmir Oliveira da Costa, Maurício
Godinho Delgado, Kátia Magalhães Arruda e Augusto César Leite
"Contribuição previdenciária. Fato gerador. Créditos de Carvalho. (TST-E-RR-1125-36.2010.5.06.0171, Tribunal Pleno,
trabalhistas reconhecidos em juízo após as alterações no rel. Min. Alexandre Agra Belmonte, 20.10.2015).
artigo 43 da Lei nº 8.212/91. Incidência de correção monetária,
juros de mora e multa. Marco inicial. Responsabilidades. O fato Contribuição previdenciária. Fato gerador. Incidência de multa e
gerador da contribuição previdenciária decorrente de créditos juros de mora. Data da prestação dos serviços. Alteração do art. 43
trabalhistas reconhecidos em juízo é a prestação do serviço, no que da Lei nº 8.2012/1991 pela Medida Provisória nº 449/2008,
tange ao período posterior à alteração do artigo 43 da Lei nº convertida na Lei nº 11.941/2009. Na vigência do art. 276, caput, do
8.212/91, feita pela Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Decreto nº 3.048/99, o fato gerador da contribuição previdenciária
Lei nº 11.941/2009 (04.03.2009). O fato gerador das contribuições era o pagamento do crédito devido ao trabalhador e, no caso de
previdenciárias não está previsto no artigo 195, I, "a", da decisão judicial trabalhista, somente seria cabível a incidência de
Constituição Federal. Logo, a lei - no caso, o artigo 43, §2º, da Lei multa e juros de mora após o dia dois do mês subsequente ao
nº 8.212/91 - pode perfeitamente dispor a respeito. Assim, a partir trânsito em julgado da decisão que pôs fim à discussão acerca dos
de 05.03.2009, aplica-se o regime de competência (em substituição cálculos de liquidação. Porém, desde a edição da Medida Provisória
ao regime de caixa), incidindo, pois, correção monetária e juros de nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, que modificou o art.
mora a partir da prestação de serviços. Quanto à multa, ao contrário 43 da Lei nº 8.212/1991, as contribuições sociais apuradas em
da atualização monetária para recomposição do valor da moeda e virtude de sentença judicial ou acordo homologado judicialmente
dos juros pela utilização do capital alheio, trata-se de uma passaram a ser devidas a partir da data de prestação do serviço,
penalidade destinada a compelir o devedor à satisfação da considerando-se como marco de incidência do novo dispositivo de
obrigação a partir do seu reconhecimento. Dessa forma, decidiu-se lei o dia 5.3.2009, em atenção aos princípios da anterioridade
que não incide retroativamente à prestação de serviços, e sim a tributária e nonagesimal (arts. 150, III, "a", e 195, § 6º, da CF). A
partir do exaurimento do prazo de citação para pagamento, uma vez multa, todavia, incide a partir do primeiro dia subsequente ao
apurados os créditos previdenciários, se descumprida a obrigação, término do prazo de citação para pagamento das parcelas
observado o limite legal de 20%, nos termos dos §§1º e 2º, do art. previdenciárias, observado o limite legal de 20% (art. 61, § 2º, da
61, da Lei nº 9.430/96 c/c art. 43, §3º, da Lei nº 8.212/91. Por fim, Lei nº 9.430/96). Entendimento consolidado pelo Tribunal Pleno no
no que se refere às responsabilidades, definiu-se que respondem: julgamento do processo TST-E-RR-1125-36.2010.5.06.0171, em
a) pela atualização monetária, o trabalhador e a empresa, por 20.10.2015. Sob esses fundamentos, a SBDI-I, por unanimidade,
serem ambos contribuintes do sistema; e b) pelos juros de mora e conheceu do recurso de embargos, por divergência jurisprudencial,
pela multa, apenas a empresa, não sendo cabível que por eles e, no mérito, deu-lhe provimento parcial para determinar a aplicação
pague quem, até então, sequer tinha o reconhecimento do crédito de multa a partir do exaurimento do prazo decorrente da citação
sobre o qual incidiriam as contribuições previdenciárias e que não para o pagamento dos créditos previdenciários apurados em juízo,
se utilizou desse capital. Sob esses fundamentos, o Tribunal Pleno observado o limite de 20%.(TST-E-RR-293-78.2010.5.15.0065,
decidiu, por unanimidade, conhecer do recurso de embargos, por SBDI-I, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, 16.6.2016)."
divergência jurisprudencial, e, no mérito, pelo voto prevalente da
Presidência, dar-lhe provimento parcial, para, na forma da lei, Assim, ante a mudança legislativa e a pacificação da matéria
relativamente aos contratos de trabalho firmados a partir de perante o C. TST, evolui meu posicionamento, passando a entender
05.03.2009, determinar: a) a incidência dos juros de mora, a partir que, relativamente aos contratos de trabalho firmados a partir de

05/03/2009, determinar: a) a incidência dos juros de mora, a partir Diante do exposto, dou parcial provimento ao recurso da
da prestação de serviços, sobre as contribuições previdenciárias; b) UNIÃOpara:
aplicação de multa a partir do exaurimento do prazo de citação para
o pagamento, uma vez apurados os créditos previdenciários, se a - declarar que, relativamente aos contratos de trabalho firmados a
descumprida a obrigação, observado o limite legal de 20% (art. 61, partir de 05/03/2009, determinar: a) a incidência dos juros de mora,
§2º, da Lei nº. 9.430/96). a partir da prestação de serviços, sobre as contribuições
previdenciárias; b) aplicação de multa a partir do exaurimento do
Dou parcial provimento no particular. prazo de citação para o pagamento, uma vez apurados os créditos
previdenciários, se descumprida a obrigação, observado o limite
legal de 20% (art. 61, §2º, da Lei nº. 9.430/96).
Declaro, por fim, que tal entendimento não tem o condão de violar
desnecessária a menção expressa, a cada um deles, a teor do
disposto na OJ nº. 118, da SDI-1 do C. TST. Ademais, não se diga
que o julgador estaria obrigado a se manifestar sobre toda a
legislação invocada, bastando que forme seu convencimento e
fundamente sua decisão (art. 93, inciso IX, da CF/88), o que ocorreu
no caso concreto.
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, dar parcial
provimento ao recurso da UNIÃO para: a - declarar que,
relativamente aos contratos de trabalho firmados a partir de
05/03/2009, determinar: a) a incidência dos juros de mora, a partir
da prestação de serviços, sobre as contribuições previdenciárias; b)
o pagamento, uma vez apurados os créditos previdenciários, se
descumprida a obrigação, observado o limite legal de 20% (art. 61,
§2º, da Lei nº. 9.430/96).
Conclusão

RECORRIDO INES GOMES DA SILVA

ADVOGADO FATIMA MIRELLA CAVALCANTI DA
SILVA DE BRITO MAIA(OAB:
EMMT 36616/PE)
TRABALHO
INTERESSADO
CERTIDÃO DE JULGAMENTO Intimado(s)/Citado(s):

- INES GOMES DA SILVA

PODER
JUDICIÁRIO
Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por unanimidade, dar
parcial provimento ao recurso da UNIÃO para: a - declarar que,
relativamente aos contratos de trabalho firmados a partir de PROC. N.º TRT. RO - 0000155-42.2017.5.06.0122
da prestação de serviços, sobre as contribuições previdenciárias; b) Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
o pagamento, uma vez apurados os créditos previdenciários, se Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA
§2º, da Lei nº. 9.430/96). Recorrentes : UNIÃO
Certifico e dou fé. Recorridos : INÊS GOMES DA SILVA; E KARLA PATRICIA
GOMES DA SILVA

Advogados : FABRÍCIO LOPES OLIVEIRA (PROCURADOR
FEDERAL); FÁTIMA MIRELLA CAVALCANTI DA SILVA BRITO
MAIA; E ANTÔNIO CARLOS DA SILVA

Procedência : 2ª VARA DO TRABALHO DE PAULISTA-PE
Acórdão
Processo Nº RO-0000155-42.2017.5.06.0122
RECORRENTE KARLA PATRICIA GOMES DA SILVA EMENTA
ADVOGADO ANTONIO CARLOS DA SILVA(OAB:
9731-D/PE)

juros de mora, a partir da prestação de serviços, sobre as
contribuições previdenciárias; b) aplicação de multa a partir do
apurados os créditos previdenciários, se descumprida a obrigação,
observado o limite legal de 20% (art. 61, §2º, da Lei nº. 9.430/96). XI
- Recurso parcialmente provido.
RECURSO ORDINÁRIO. UNIÃO. FATO GERADOR DAS
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. FATO GERADOR X
FATO IMPONÍVEL. CRÉDITOS RECONHECIDOS EM JUÍZO.
ART. 43 DA LEI 8.212/91. APLICAÇÃO DE MULTA. I - O fato
gerador é uma expressão jurídico-contábil, que representa um fato
ou conjunto de fatos a que o legislador vincula o nascimento da
obrigação jurídica de pagar um tributo determinado. II - Assim, em
obediência estrita aos princípios contábeis da oportunidade e da Vistos etc.
competência, as despesas e receitas devem ser reconhecidas no
momento da ocorrência do fato gerador, independentemente de seu
pagamento. III - Porém, uma coisa é o fato descrito na hipótese
legal (hipótese de incidência - descrição hipotética e abstrata de um Recorre ordinariamente a UNIÃO de decisão proferida pelo MM.
fato) e outro é o fato imponível (quando se pode impor a obrigação - Juízo da 2ª Vara do Trabalho de Paulista - PE, que julgou
fato concreto que faz nascer a obrigação). IV - No caso das parcialmente PROCEDENTES as postulações formuladas nos autos
contribuições previdenciárias decorrentes dos créditos trabalhistas, da ação trabalhista ajuizada por KARLA PATRICIA GOMES DA
reconhecidos judicialmente, esta distinção é patente; eis que uma SILVA em face dos demais INÊS GOMES DA SILVA.
coisa é o conjunto de circunstâncias de fato (prestação de serviço) e
a outra é o fato imponível (recebimento dos valores reconhecidos
em juízo). V - Com efeito, o fato gerador de tais contribuições está
claramente delineado no artigo 195, inciso I, alínea a, da CF/88, Em razões recursais, a União defende a aplicação dos acréscimos
onde dispõe que é o pagamento ou crédito na folha de salários ou legais sobre as contribuições previdenciárias com base no regime
demais rendimentos à pessoa física prestadora de serviço, ainda de competência, conforme previsto no artigo 43, §2º e 3º, da Lei n.º
que sem vínculo empregatício. VI - Na mesma senda é o artigo 22 8.212/91, entendendo ser expresso ao definir que os juros devem
da Lei nº. 8.212/91 ao dizer que se configura quando ocorre incidir a partir da efetiva prestação de serviço. Requer seja
pagamento ou crédito de parcelas remuneratórias ou quando estas determinada a incidência de juros e multa de acordo com a
são devidas. VII - E mais ainda, o próprio art. 43 em seu parágrafo legislação previdenciária, considerando que o TST recentemente
3º dispõe que o recolhimento das contribuições previdenciárias deve modificou sua jurisprudência para acolher a prestação do serviço
ser efetuado no mesmo prazo em que devam ser pagos os créditos como fato gerador da contribuição previdenciária. Transcreve
encontrados em liquidação de sentença. VIII - Contudo, a partir de jurisprudência. requer a UNIÃO que esse Egrégio Tribunal Regional
05/03/2009, com as alterações introduzidas no art. 43, prevaleceu o do Trabalho conheça do presente recurso e lhe dê provimento para
entendimento de que se aplica o regime de competência (em determinar o recolhimento da contribuição previdenciária com
substituição ao regime de caixa), incidindo, pois, correção monetária incidência de taxa Selic a partir do dia 20 do mês subsequente ao
e juros de mora a partir da prestação de serviços. IX - No tocante à da prestação de serviços nos termos da alínea "b" do inciso I do art.
multa, ao contrário da atualização monetária para recomposição do 30 da Lei 8.212/91, e conforme os outros critérios definidos pela
valor da moeda e dos juros pela utilização do capital alheio, trata-se Súmula 368 do TST. Pede provimento.
de uma penalidade destinada a compelir o devedor à satisfação da
obrigação a partir do seu reconhecimento (fato imponível). X - Contrarrazões não ofertadas.
Dessa forma, relativamente aos contratos de trabalho firmados a
partir daquele marco (05/03/2009), determinar: a) a incidência dos O Ministério Público do Trabalho, mediante parecer da Dra.

Elizabeth Veiga, opinou pelo conhecimento do recurso e, no mérito, se reconhecer, que o fato gerador das contribuições previdenciárias
pelo seu provimento (ID. a48f3c9). é a prestação do serviço. Ocorre, contudo, que tal reconhecimento
não autoriza o acolhimento da pretensão deduzida pela União, por
É o relatório. uma razão simples: não se pode confundir fato gerador com
vencimento da obrigação.
Com efeito, o fato gerador é uma expressão jurídico-contábil, que
representa um fato ou conjunto de fatos a que o legislador vincula o
nascimento da obrigação jurídica de pagar um tributo determinado.
Assim, em obediência estrita aos princípios contábeis da
oportunidade e da competência, as despesas e receitas devem ser
reconhecidas no momento da ocorrência do fato gerador,
VOTO: independentemente de seu pagamento.
Analisando o conceito de fato gerador previsto nos artigos 114 e
115 do CTN, alguns doutrinadores daquele ramo jurídico propõem
Dos pressupostos de admissibilidade distinguir fato descrito na hipótese legal (hipótese de incidência -
descrição hipotética e abstrata de um fato) e fato imponível (quando
se pode impor a obrigação - fato concreto que faz nascer a
obrigação).
O recurso é tempestivo; a representação encontra-se regular e o
preparo é desnecessário. Satisfeitos, assim, os demais Nesta direção, a definição de Geraldo Ataliba é precisa: Tal é a
pressupostos objetivos de admissibilidade, conheço-o. razão pela qual sempre distinguirmos estas duas coisas,
denominando hipótese de incidência ao conceito legal (descrição
legal, hipotética de um fato, estado de fato, ou conjunto de
circunstâncias de fato) e fato imponível, efetivamente acontecido
Mérito num determinado tempo ou local, configurando rigorosamente a
hipótese de incidência. (ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência
tributária. 6ª ed., São Paulo: Malheiros, 2001).
Do Fato Gerador das Contribuições Previdenciárias No caso das contribuições previdenciárias decorrentes dos créditos
trabalhistas, reconhecidos judicialmente, esta distinção é patente.
Sustenta, em síntese, que a súmula 14 deste Sexto Regional foi Uma coisa é o conjunto de circunstâncias de fato (prestação de
revogada. Aduz equivocado o julgado ao negar a aplicação dos serviço) e a outra é o fato imponível (recebimento dos valores
juros e da multa na apuração dos valores devidos a título de reconhecidos em juízo).
contribuição previdenciária a partir das competências de março de
2009.
Quanto ao fato gerador da contribuição previdenciária, tenho que O fato gerador está claramente delineado no artigo 195, inciso I,
mesmo após as alterações imprimidas ao parágrafo 2º do art. 43 da alínea a, da CF/88, onde dispõe que é o pagamento ou crédito na
Lei nº. 8.212/91 pela Lei nº. 11.941/2009, que passou a viger nos folha de salários ou demais rendimentos à pessoa física prestadora
seguintes termos: § 2º. Considera-se ocorrido o fato gerador das de serviço, ainda que sem vínculo empregatício.
contribuições sociais na data da prestação do serviço, em nada
alteraram o momento imponível de tais contribuições. O artigo 22 da mesma lei (8.212/91) considera que o fato gerador se
configura quando ocorre pagamento ou crédito de parcelas
Não se pode perder de vista, que por força do disposto na lei, é de remuneratórias ou quando estas são devidas.E mais ainda, o

próprio art. 43 em seu parágrafo 3º dispõe que o recolhimento das na forma prevista no artigo 879, parágrafo 4º, da CLT.
contribuições previdenciárias deve ser efetuado no mesmo prazo
em que devam ser pagos os créditos encontrados em liquidação de Contudo, a partir de 05/03/2009, com as alterações introduzidas no
sentença. art. 43, prevaleceu o entendimento de que se aplica o regime de
competência (em substituição ao regime de caixa), incidindo, pois,
Assim, é no mínimo polêmico que o fato gerador imponível seja correção monetária e juros de mora a partir da prestação de
considerado como ocorrido com a prestação do serviço. É que, nos serviços.
termos da norma constitucional, não se mostra razoável que haja
exigibilidade da contribuição social antes do pagamento do crédito. No tocante à multa, ao contrário da atualização monetária para
recomposição do valor da moeda e dos juros pela utilização do
Não há como saber sequer o valor do crédito obreiro, antes da capital alheio, trata-se de uma penalidade destinada a compelir o
liquidação do julgado, que se opera nos termos do que dispõe o art. devedor à satisfação da obrigação a partir do seu reconhecimento
879 da CLT: Sendo ilíquida a sentença exequenda, ordenar-se-á, (fato imponível).
previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por
arbitramento ou por artigos.A existência de crédito para a Dessa forma, relativamente aos contratos de trabalho firmados a
Previdência Social é acessória ao valor da condenação, só se partir daquele marco (05/03/2009), determinar: a) a incidência dos
encontrando definida após a liquidação da sentença (ou da juros de mora, a partir da prestação de serviços, sobre as
homologação do ajuste entre as partes, no caso de acordo). contribuições previdenciárias; b) aplicação de multa a partir do
Por todo o exposto, existindo questionamento sobre alguma apurados os créditos previdenciários, se descumprida a obrigação,
obrigação trabalhista, as parcelas trabalhistas somente serão observado o limite legal de 20% (art. 61, §2º, da Lei nº. 9.430/96).
devidas após o trânsito em julgado da sentença que os reconhecer
como devidas. É que, o fato gerador da obrigação previdenciária O c. TST tem entendido neste direcionamento:
pode-se constituir na data da prestação do serviço, mas sua
exigibilidade depende de fatos posteriores, como o lançamento ou o
pagamento de direitos trabalhistas.
"Contribuição previdenciária. Fato gerador. Créditos
Portanto, as contribuições sociais decorrentes das decisões judiciais trabalhistas reconhecidos em juízo após as alterações no
e executadas na Justiça do Trabalho incidem sobre a remuneração artigo 43 da Lei nº 8.212/91. Incidência de correção monetária,
ou rendimento, devendo ser calculadas sobre o valor devido na data juros de mora e multa. Marco inicial. Responsabilidades. O fato
de competência da parcela trabalhista, que foi paga ou que não foi gerador da contribuição previdenciária decorrente de créditos
paga, mas que era devida, conforme reconhecimento judicial, que trabalhistas reconhecidos em juízo é a prestação do serviço, no que
não tem natureza constitutiva, mas meramente declaratória. tange ao período posterior à alteração do artigo 43 da Lei nº
8.212/91, feita pela Medida Provisória nº 449/2008, convertida na
Outrossim, não obstante reconhecida e constituída a condição de Lei nº 11.941/2009 (04.03.2009). O fato gerador das contribuições
devedor, somente após o trânsito em julgado da decisão previdenciárias não está previsto no artigo 195, I, "a", da
condenatória, ou homologatória de acordo, ou da sentença de Constituição Federal. Logo, a lei - no caso, o artigo 43, §2º, da Lei
liquidação (na hipótese de sentença condenatória ilíquida), é que se nº 8.212/91 - pode perfeitamente dispor a respeito. Assim, a partir
torna exigível o recolhimento da contribuição previdenciária, a ser de 05.03.2009, aplica-se o regime de competência (em substituição
efetuado até o 2º dia do mês subsequente à ocorrência do trânsito ao regime de caixa), incidindo, pois, correção monetária e juros de
em julgado, nos termos do artigo 276, caput,do Decreto nº. mora a partir da prestação de serviços. Quanto à multa, ao contrário
3.048/1999 (e alterações posteriores). da atualização monetária para recomposição do valor da moeda e
dos juros pela utilização do capital alheio, trata-se de uma
Nesta linha de raciocínio, a constituição em mora do devedor se dá penalidade destinada a compelir o devedor à satisfação da
apenas após o decurso do prazo previsto no artigo acima transcrito, obrigação a partir do seu reconhecimento. Dessa forma, decidiu-se
iniciando-se, somente a partir daí a aplicação de juros e de multa, que não incide retroativamente à prestação de serviços, e sim a

partir do exaurimento do prazo de citação para pagamento, uma vez multa, todavia, incide a partir do primeiro dia subsequente ao
apurados os créditos previdenciários, se descumprida a obrigação, término do prazo de citação para pagamento das parcelas
observado o limite legal de 20%, nos termos dos §§1º e 2º, do art. previdenciárias, observado o limite legal de 20% (art. 61, § 2º, da
61, da Lei nº 9.430/96 c/c art. 43, §3º, da Lei nº 8.212/91. Por fim, Lei nº 9.430/96). Entendimento consolidado pelo Tribunal Pleno no
no que se refere às responsabilidades, definiu-se que respondem: julgamento do processo TST-E-RR-1125-36.2010.5.06.0171, em
a) pela atualização monetária, o trabalhador e a empresa, por 20.10.2015. Sob esses fundamentos, a SBDI-I, por unanimidade,
serem ambos contribuintes do sistema; e b) pelos juros de mora e conheceu do recurso de embargos, por divergência jurisprudencial,
pela multa, apenas a empresa, não sendo cabível que por eles e, no mérito, deu-lhe provimento parcial para determinar a aplicação
pague quem, até então, sequer tinha o reconhecimento do crédito de multa a partir do exaurimento do prazo decorrente da citação
sobre o qual incidiriam as contribuições previdenciárias e que não para o pagamento dos créditos previdenciários apurados em juízo,
se utilizou desse capital. Sob esses fundamentos, o Tribunal Pleno observado o limite de 20%.(TST-E-RR-293-78.2010.5.15.0065,
decidiu, por unanimidade, conhecer do recurso de embargos, por SBDI-I, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, 16.6.2016)."
divergência jurisprudencial, e, no mérito, pelo voto prevalente da
Presidência, dar-lhe provimento parcial, para, na forma da lei, Assim, ante a mudança legislativa e a pacificação da matéria
relativamente aos contratos de trabalho firmados a partir de perante o C. TST, evolui meu posicionamento, passando a entender
05.03.2009, determinar: a) a incidência dos juros de mora, a partir que, relativamente aos contratos de trabalho firmados a partir de
da prestação de serviços, sobre as contribuições previdenciárias; b) 05/03/2009, determinar: a) a incidência dos juros de mora, a partir
aplicação de multa a partir do exaurimento do prazo de citação para da prestação de serviços, sobre as contribuições previdenciárias; b)
o pagamento, uma vez apurados os créditos previdenciários, se aplicação de multa a partir do exaurimento do prazo de citação para
descumprida a obrigação, observado o limite legal de 20% (art. 61, o pagamento, uma vez apurados os créditos previdenciários, se
§2º, da Lei nº 9.430/96).Vencidos os Ministros Maria Cristina descumprida a obrigação, observado o limite legal de 20% (art. 61,
Irigoyen Peduzzi, Renato de Lacerda Paiva, Emmanoel Pereira, §2º, da Lei nº. 9.430/96).
Aloysio Silva Corrêa da Veiga, Alberto Luiz Bresciani de Fontan
Pereira, Dora Maria da Costa, Guilherme Augusto Caputo Bastos, Dou parcial provimento no particular.
Márcio Eurico Vitral Amaro, Walmir Oliveira da Costa, Maurício
Godinho Delgado, Kátia Magalhães Arruda e Augusto César Leite
de Carvalho. (TST-E-RR-1125-36.2010.5.06.0171, Tribunal Pleno,
rel. Min. Alexandre Agra Belmonte, 20.10.2015). Do prequestionamento
Contribuição previdenciária. Fato gerador. Incidência de multa e Declaro, por fim, que tal entendimento não tem o condão de violar
juros de mora. Data da prestação dos serviços. Alteração do art. 43 nenhum dos dispositivos legais invocados pelo recorrente, sendo
da Lei nº 8.2012/1991 pela Medida Provisória nº 449/2008, desnecessária a menção expressa, a cada um deles, a teor do
convertida na Lei nº 11.941/2009. Na vigência do art. 276, caput, do disposto na OJ nº. 118, da SDI-1 do C. TST. Ademais, não se diga
Decreto nº 3.048/99, o fato gerador da contribuição previdenciária que o julgador estaria obrigado a se manifestar sobre toda a
era o pagamento do crédito devido ao trabalhador e, no caso de legislação invocada, bastando que forme seu convencimento e
decisão judicial trabalhista, somente seria cabível a incidência de fundamente sua decisão (art. 93, inciso IX, da CF/88), o que ocorreu
multa e juros de mora após o dia dois do mês subsequente ao no caso concreto.
trânsito em julgado da decisão que pôs fim à discussão acerca dos
cálculos de liquidação. Porém, desde a edição da Medida Provisória
nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, que modificou o art.
43 da Lei nº 8.212/1991, as contribuições sociais apuradas em
virtude de sentença judicial ou acordo homologado judicialmente
passaram a ser devidas a partir da data de prestação do serviço,
considerando-se como marco de incidência do novo dispositivo de
lei o dia 5.3.2009, em atenção aos princípios da anterioridade
tributária e nonagesimal (arts. 150, III, "a", e 195, § 6º, da CF). A

provimento ao recurso da UNIÃO para: a - declarar que,
§2º, da Lei nº. 9.430/96).
Conclusão
Diante do exposto, dou parcial provimento ao recurso da
UNIÃOpara: EMMT
a - declarar que, relativamente aos contratos de trabalho firmados a
partir de 05/03/2009, determinar: a) a incidência dos juros de mora,
a partir da prestação de serviços, sobre as contribuições CERTIDÃO DE JULGAMENTO
previdenciárias; b) aplicação de multa a partir do exaurimento do
prazo de citação para o pagamento, uma vez apurados os créditos Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi
previdenciários, se descumprida a obrigação, observado o limite publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de
legal de 20% (art. 61, §2º, da Lei nº. 9.430/96). 09.10.2018, sob a presidência do Exmo. Sr. Desembargador
Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por unanimidade, dar
parcial provimento ao recurso da UNIÃO para: a - declarar que,
§2º, da Lei nº. 9.430/96).
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, dar parcial

FERREIRA DOS SANTOS; ALEXANDRE JORGE TORRES SILVA;
Vera Neuma de Moraes Leite BRUNO MOURY FERNANDES.
Secretária da 1ª Turma Procedência : VARA ÚNICA DO TRABALHO DE ARARIPINA - PE
Acórdão
Processo Nº RO-0000356-36.2018.5.06.0401
Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA EMENTA
RECORRENTE COMPANHIA ENERGETICA DE
PERNAMBUCO
ADVOGADO HERBERT VIEIRA ALBUQUERQUE
MELO(OAB: 45865/PE)
RECORRIDO MAJESTOSA ENGENHARIA LTDA
ADVOGADO ALEXANDRE JORGE TORRES
RECORRIDO JOSE ILTON DE ARAUJO SILVA
ADVOGADO WILKER FERREIRA DOS
- COMPANHIA ENERGETICA DE PERNAMBUCO EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA (CELPE).
DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO.
SUPERAÇÃO DA DISTINÇÃO ENTRE ATIVIDADE FIM E MEIO.
Com a superveniência da decisão do Supremo Tribunal Federal na

PODER
ADPF 324, "é lícita a terceirização de toda e qualquer atividade,
JUDICIÁRIO
meio ou fim, de forma que não se configura relação de emprego
entre a contratante e o empregado da contratada". A diferenciação
acerca da inserção da atividade subcontratada no âmbito do objeto
social da empresa, antes realizada à luz da Súmula n° 331, item III,
do C. TST, perdeu a razão de ser, mesmo para a prestação de
serviços ocorrida anteriormente à publicação da Lei n° 13.467/2017.

PROCESSO TRT - RO - Nº. 0000356-36.2018.5.06.0401 Considerando que a decisão produz efeitos vinculantes, próprios do
controle concentrado de constitucionalidade, traduzindo-se em

Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA precedente de observância obrigatória, nos termos do art. 927,
inciso I, do CPC e sob pena de, não a observando, incorrer-se em

Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA ofensa ao art. 489, §4°, inciso VI, do CPC, esta passa a ser a
posição adotada por este Juízo, ainda que com a ressalva de

Recorrente : COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - entendimento pessoal. Superada, mediante a técnica da sinalização
CELPE (signaling), tese prevalecente no IUJ n° 0000217-
31.2015.5.06.0000. Recurso a que se dá provimento.

Recorridos : JOSE ILTON DE ARAUJO SILVA; MAJESTOSA
ENGENHARIA LTDA
Advogados : JOSE ILTON DE ARAUJO SILVA; WILKER

terceirização, não veio a criar fato novo, apenas veio declarar lícito
o que não tinha norma expressa em sentido contrário, restando
assim revogado o Enunciado 331 do TST, após a vigência da nova
lei, bem como o IUJ deste Tribunal sobre a matéria. Defende,
assim, a licitude do contrato de terceirização firmado com as demais
RELATÓRIO reclamadas. Destaca que a lei em tela detém aplicabilidade
imediata, nos termos do que dispõe o artigo 6º da LICC, posto que
não foi submetida a vacatio legis, portanto em vigor quando do
julgamento desta ação. Acresce que a Lei 13.429/17 é um marco
regulatório, o qual não pode ser desprezado, sob pena de afronta
aos artigos 5º, II e 37, ambos da Constituição Federal. Recorre
contra a condenação em honorários advocatícios, alegando que o
autor não comprovou sua condição de miserabilidade mediante
atestado da autoridade local do Ministério do Trabalho ou, na sua
Vistos etc. ausência, do Delegado de Polícia local. Por fim, pede revisão da
condenação na multa pela interposição de embargos protelatórios.
Recurso ordinário interposto pela COMPANHIA ENERGÉTICA DE Pede provimento.
PERNAMBUCO - CELPE de sentença proferida pela MM. Juízo da
VARA ÚNICA DO TRABALHO DE ARARIPINA - PE, que julgou Contrarrazões apresentadas pelo autor (ID. cb0a107).
procedentes em parte os pedidos formulados na ação trabalhista
ajuizada por JOSE ILTON DE ARAUJO SILVA em face da Inicialmente distribuído para a relatoria do Desembargador Eduardo
recorrente e de MAJESTOSA ENGENHARIA LTDA. Pugliesi, este declarou-se suspeito por motivo de foro íntimo (ID.
cbc8b9c).
Embargos de declaração aviados pela reclamada CELPE julgados
improcedentes, tendo havido condenação na multa prevista no art. Desnecessária a remessa dos autos à Procuradoria Regional do
1.026, parágrafo 2o, do CPC. Trabalho, porquanto não se vislumbra interesse público no presente
litígio (art. 49 do Regimento Interno deste Sexto Regional).
A CELPE recorre (ID. 9ff987e), inicialmente, defendendo a
necessidade de sobrestamento do feito em virtude de decisão É o relatório.
proferida pelo TST em 23.04.2018 (TST-Ag-AIRR-0000657-
98.2014.5.06.0020), que determinou o suspensão das demandas
cujo tema verse sobre licitude/ilicitude de terceirização de
empregados terceirizados da CELPE e que exercem função de
eletricista. Ademais, em diversos processos com recurso
extraordinário, o STF reconheceu a repercussão geral e, por
consequência, determinou a suspensão dos efeitos do acordão do
TST que afastou a aplicação da Lei especial, para julgar os casos
com base no conceito por ele fixado de atividade fim e acessória,
nos termos da súmula 331. Assim, pede que haja o sobrestamento VOTO
do feito com fulcro no art. 543-B, parágrafo 1o, do CPC. Em
segundo ponto, defende a licitude da terceirização realizada.
Destaca que, na qualidade de concessionária de serviço público,
poderá contratar com terceiros o desenvolvimento de atividades
inerentes, acessórias ou complementares ao serviço concedido, nos
termos do artigo 25 da Lei 8.987/95, ratificado pela Lei 13.429/17.
Adiciona que a nova lei, ao declarar a licitude de toda forma de

PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE Em casos tais, sempre me manifestei pelo reconhecimento do
vínculo diretamente com quem, na realidade, era a empregadora,
Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade, não se aplicando disposto no art. 25, § 1°, da Lei n° 8.987/95.
representação processual e preparo, conheço do recurso, bem
como das contrarrazões apresentadas. Acrescia, ainda, que a nova redação da Lei n° 6.019/1974, conferida
pela Lei n° 13.429/2017, somente regula os contratos celebrados e
MÉRITO executados a partir de sua vigência (31/3/2017).
Sobrestamento do feito Todavia, com a superveniência da decisão do Pretório Excelso na
ADPF 324, a diferenciação acerca da inserção da atividade
Com fundamento no art. 1.036 do CPC, a recorrente requer o subcontratada no âmbito do objeto social da empresa, mesmo para
sobrestamento do feito até a decisão final do STF sobre a licitude a prestação de serviços ocorrida anteriormente à publicação da Lei
da terceirização dos serviços por concessionárias de serviços n° 13.467/2017 ou Lei n° 13.429/2017, perdeu a razão de ser.
públicos.
No julgamento, cuja decisão foi publicada no DEJ e DOU 10/9/2018,
Desnecessária a suspensão do feito, haja vista a superveniência da o Supremo Tribunal Federal considerou "a licitude da terceirização
decisão do Pretório Excelso que, em sede de repercussão geral ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas
(Tema 725), julgou procedente o pedido formulado na ADPF 324. A jurídicas distintas, independentemente do objeto social das
decisão foi publicada no DEJ e DOU 10/9/2018 e com atenção à empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
fundamentação nela contida os autos serão reexaminados. empresa contratante" (Cf. Informativo de Jurisprudência n° 913 do
STF).
Terceirização. Companhia Energética de Pernambuco - CELPE
(ambos os recursos das rés) Desse modo e, considerando que a decisão produz efeitos
vinculantes, próprios do controle concentrado de
A CELPE requer seja afastada a orientação da Súmula n° 331 do C. constitucionalidade, traduzindo-se em precedente de observância
TST e sustenta a presença de expresso permissivo legal para obrigatória pelos tribunais, nos termos do art. 927, inciso I, do CPC
terceirização das atividades subcontratadas, consoante norma do e sob pena de, não a observando, incorrer-se em ofensa ao art.
art. 25, §1°, da Lei nº 8.987/1995, para afastá-la imprescindível a 489, §4°, inciso VI, do CPC, este passa a ser o entendimento deste
observância do art. 97 da CRFB e Súmula Vinculante n° 10. Alega Juízo, ainda que com a ressalva de meu entendimento pessoal.
que a edição da Lei n° 13.42/2017 afasta a controvérsia sobre a
permissão de terceirização em atividade-fim, cuja não observância Sabe-se que este Regional, antes de extinto o procedimento do
implicaria flagrante violação ao disposto no artigo 5°, II e 37, ambos Incidente de uniformização de Jurisprudência por meio da Lei n°
da Constituição da República. 13.467/2017, havia firmado tese prevalecente, em demandas
assemelhadas, no sentido de que "Constatada a fraude na
À análise. terceirização de mão-de-obra, por estar ela dirigida à atividade-fim
do empreendimento, não se cogita, sequer, de condenação
Ora, a questão gira em torno da licitude ou não da terceirização subsidiária ou solidária, formando-se o vínculo diretamente com a
contratada entre as empresas demandadas. empresa tomadora de serviços".
No entender deste relator, a regra é a impossibilidade de Porém, desde a vigência da Lei n° 13.105/2015, o nosso sistema
contratação de empregados por empresa interposta e, havendo processual adotou a formação e aplicação concentrada de
terceirização na atividade-fim da empresa tomadora do serviço, com precedentes obrigatórios, com mecanismos próprios de controle da
a contratação de trabalhadores por meio de empresa que promove sua observância pelos Tribunais, de modo a conferir concretude à
a intermediação de mão-de-obra, evidencia-se fraude às normas norma do art. 926 do CPC (Os tribunais devem uniformizar sua
trabalhistas, que não passa pelo crivo do art. 9° da CLT. jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente).

função, além de preservação da segurança jurídica e da confiança
As consequências da formação do precedente vão além da norma dos jurisdicionados, a provocação de novo debate público, no
do art. 926 do CPC, pois permitem a possibilidade de julgamento de tocante ao entendimento sinalizado, conforme previsão do §2° do
improcedência liminar (art. 332 do CPC), dispensam a remessa art. 927 do NCPC, in verbis" (Manual dos Recursos Trabalhistas.
necessária, autorizam o relator a julgar o recurso monocraticamente Teoria e Prática. 3ª. edição. Editora Juspodium: Salvador, 2018)
(art. 932 do CPC), proporcionam o ajuizamento da reclamação, com
o intuito garantir a observância da decisão, consoante instrumento Assim, no entender deste relator, torna-se superada, mediante a
do art. 988 do CPC e, finalmente, em se tratando de decisão técnica da sinalização (signaling), a tese prevalecente no IUJ n°
tomada em sede de controle concentrado de constitucionalidade, 0000217-31.2015.5.06.0000.
tornam o título executivo inexigível, consoante norma do art. 525,
§12, do Código de Processo: Desta feita, superada pela jurisprudência do Pretório Excelso a
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento empresa-tomadora, laborando em atividade ligada ao seu objeto
voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o econômico principal, dou provimento ao recurso da ré para,
executado, independentemente de penhora ou nova intimação, reformando a sentença, afastar o reconhecimento do vínculo de
apresente, nos próprios autos, sua impugnação. emprego diretamente com a empresa tomadora dos serviços,
(...) prestadora de serviços.
§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo, Assim, no caso presente, improcedentes os pedidos que decorrem
considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título da pretensão de reconhecimento de vínculo de emprego com a
executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado CELPE, a saber, anotação na CTPS, as diferenças salariais para o
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em piso dos empregados da CELPE e suas repercussões, indenização
aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo correspondente aos tíquetes refeição/alimentação, participação nos
Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição lucros e resultados; diferença do abono de férias, tudo com previsão
Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. nos instrumentos coletivo da categoria.
Uma vez formado o precedente de observância obrigatória, o Recurso a que se dá provimento para, reformando a sentença,
sistema processual previu uma série de instrumentos a disposição afastar o reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a
das partes com o intuito de provocar os tribunais a aplicá-lo. Não se empresa tomadora de serviços, mantendo hígido o contrato de
pode simplesmente ignorá-lo. Trata-se de um dever de disciplina trabalho assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar
judiciária hierárquica. improcedentes os pedidos fundados na aplicação dos instrumentos
coletivos da categoria (diferenças salariais para o piso dos
O caso em particular ostenta a peculiaridade de conflitar com tese empregados da CELPE, indenização correspondente aos tíquetes
prevalecente anteriormente adotada por este Tribunal Regional. refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados e
Todavia, a hipótese comporta aplicação da técnica de superação do diferença do abono de férias).
precedente interno por meio da sinalização (signaling), sobre a qual
me valho da lição doutrinária de Elisson Miessa: Diante do provimento do recurso da reclamada no ponto (que gerou,
ante sua prejudicialidade, a improcedência total da demanda do
"A signaling consiste na técnica utilizada quando um tribunal, apesar reclamante), afastada deve ser, também, a condenação em
de aplicar determinado precedente, ao perceber sua honorários advocatícios sob sua responsabilidade, pelo que
desatualização, sinaliza sua futura superação. A técnica tem como também se dá provimento ao recurso no ponto.
objetivo conceder segurança jurídica aos jurisdicionados, uma vez
que evita a superação do precedente de forma repentina. Por sua vez, tendo sido a demanda interposta após o início da
vigência da Lei 13.467/2017, deve ser aplicado o art. 791-A da CLT.
A aplicação de possível mudança nos precedentes tem como E restando o reclamante derrotado com o julgamento deste apelo, a

ele cabe o ônus do pagamento dos honorários advocatícios
sucumbenciais, ainda que goze dos benefícios da justiça gratuita
(conforme parágrafo 4o do supracitado artigo). Fixo, pois,
honorários advocatícios em favor das reclamadas no importe de 5%
do valor dado à causa (patamar mínimo autorizado).
Da multa por embargos protelatórios
A reclamada requer, ainda, a exclusão da multa por embargos
protelatórios. Alega, no ponto, que houve, de fato, omissão na
decisão do Juízo a quo quanto à possibilidade de julgamento extra
petitaem relação a diferença salarial ante a fixação da função
exercida pelo obreiro e quanto à aplicação da lei 13.429/17.
Defende, assim, não ter havido qualquer intuito protelatório.
Com razão, no particular.
Entendo, no caso, não haver má-fé ou intuito protelatório na
interposição dos embargos, ainda que estes tenham merecido
julgamento pela improcedência. Conclusão
É que, por não constar expressamente pedido subsidiário na inicial
quanto à adequação do autor em função não existente formalmente
nos quadros da CELPE, bem como inexistente nas normas
coletivas, é razoável aceitar que a parte teria interesse em suscitar,
via embargos, possível julgamento extra petita (ainda que se
entendesse pela inexistência do referido vício). E isso, por si só,
exclui o intuito protelatório ou a má-fé na conduta processual.
Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao apelo para, reformando a
Ante o exposto, defiro o recurso da reclamada no ponto, para sentença, afastar o reconhecimento do vínculo de emprego
excluir, da condenação, a multa de 2% (dois por cento) sobre o diretamente com a empresa tomadora de serviços, mantendo hígido
valor da causa (§2º do art. 1.026 do CPC). o contrato de trabalho assinado pela empresa prestadora de
serviços e julgar improcedentes os pedidos fundados na aplicação
Prequestionamento dos instrumentos coletivos da categoria (diferenças salariais para o
piso dos empregados da CELPE, indenização correspondente aos
Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na tíquetes refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados,
fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola diferença do abono de férias). Excluo, também, a multa por
qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação interposição de embargos protelatórios.
infraconstitucional, mencionados pelo recorrente, sendo
desnecessária a menção expressa a cada um deles, a teor do Ante a procedência do recurso patronal e consequente
disposto na OJ n° 118 da SDI-I. improcedência total da demanda autoral, inverto a condenação em
honorários advocatícios, agora a cargo do autor, no importe de 5%
sobre o valor dado à causa. Inverto, também, as custas, agora a
cargo do reclamante, no valor de R$ 5.988,30 (calculadas sobre o
valor da causa), porém dispensadas, ante a concessão dos
benefícios da justiça gratuita ao autor.

Desembargador Sergio Torres Teixeira (Relator) e Ibrahim Alves
Filho (Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado
para o Gabinete Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por DAR
PROVIMENTO ao apelo para, reformando a sentença, afastar o
reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a empresa
tomadora de serviços, mantendo hígido o contrato de trabalho
assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional improcedentes os pedidos fundados na aplicação dos instrumentos
do Trabalho da Sexta Região, por DAR PROVIMENTO ao apelo coletivos da categoria (diferenças salariais para o piso dos
para, reformando a sentença, afastar o reconhecimento do vínculo empregados da CELPE, indenização correspondente aos tíquetes
de emprego diretamente com a empresa tomadora de serviços, refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados, diferença
mantendo hígido o contrato de trabalho assinado pela empresa do abono de férias); ainda por unanimidade, excluir, também, a
prestadora de serviços e julgar improcedentes os pedidos fundados multa por interposição de embargos protelatórios. Ante a
na aplicação dos instrumentos coletivos da categoria (diferenças procedência do recurso patronal e consequente improcedência total
salariais para o piso dos empregados da CELPE, indenização da demanda autoral, inverter a condenação em honorários
correspondente aos tíquetes refeição/alimentação, participação nos advocatícios, agora a cargo do autor, no importe de 5% sobre o
lucros e resultados, diferença do abono de férias); ainda por valor dado à causa. Inverto, também, as custas, agora a cargo do
unanimidade, excluir, também, a multa por interposição de reclamante, no valor de R$ 5.988,30 (calculadas sobre o valor da
embargos protelatórios. Ante a procedência do recurso patronal e causa), porém dispensadas, ante a concessão dos benefícios da
consequente improcedência total da demanda autoral, inverter a justiça gratuita ao autor.
condenação em honorários advocatícios, agora a cargo do autor, no
importe de 5% sobre o valor dado à causa. Inverto, também, as Certifico e dou fé.
custas, agora a cargo do reclamante, no valor de R$ 5.988,30
(calculadas sobre o valor da causa), porém dispensadas, ante a Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018.
concessão dos benefícios da justiça gratuita ao autor.
EMMT

Acórdão
Processo Nº RO-0000356-36.2018.5.06.0401
PERNAMBUCO
MELO(OAB: 45865/PE)
- JOSE ILTON DE ARAUJO SILVA EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA (CELPE).

PODER
JUDICIÁRIO





ENGENHARIA LTDA
BRUNO MOURY FERNANDES.
Procedência : VARA ÚNICA DO TRABALHO DE ARARIPINA - PE
RELATÓRIO

regulatório, o qual não pode ser desprezado, sob pena de afronta
contra a condenação em honorários advocatícios, alegando que o
autor não comprovou sua condição de miserabilidade mediante
atestado da autoridade local do Ministério do Trabalho ou, na sua
Vistos etc. ausência, do Delegado de Polícia local. Por fim, pede revisão da
Recurso ordinário interposto pela COMPANHIA ENERGÉTICA DE Pede provimento.
cbc8b9c).
o que não tinha norma expressa em sentido contrário, restando PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE
lei, bem como o IUJ deste Tribunal sobre a matéria. Defende, Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade,
assim, a licitude do contrato de terceirização firmado com as demais representação processual e preparo, conheço do recurso, bem
reclamadas. Destaca que a lei em tela detém aplicabilidade como das contrarrazões apresentadas.
não foi submetida a vacatio legis, portanto em vigor quando do MÉRITO

públicos.
STF).
Em casos tais, sempre me manifestei pelo reconhecimento do As consequências da formação do precedente vão além da norma
vínculo diretamente com quem, na realidade, era a empregadora, do art. 926 do CPC, pois permitem a possibilidade de julgamento de
não se aplicando disposto no art. 25, § 1°, da Lei n° 8.987/95. improcedência liminar (art. 332 do CPC), dispensam a remessa
necessária, autorizam o relator a julgar o recurso monocraticamente
Acrescia, ainda, que a nova redação da Lei n° 6.019/1974, conferida (art. 932 do CPC), proporcionam o ajuizamento da reclamação, com
pela Lei n° 13.429/2017, somente regula os contratos celebrados e o intuito garantir a observância da decisão, consoante instrumento
executados a partir de sua vigência (31/3/2017). do art. 988 do CPC e, finalmente, em se tratando de decisão
tomada em sede de controle concentrado de constitucionalidade,

função, além de preservação da segurança jurídica e da confiança ele cabe o ônus do pagamento dos honorários advocatícios
dos jurisdicionados, a provocação de novo debate público, no sucumbenciais, ainda que goze dos benefícios da justiça gratuita
tocante ao entendimento sinalizado, conforme previsão do §2° do (conforme parágrafo 4o do supracitado artigo). Fixo, pois,
art. 927 do NCPC, in verbis" (Manual dos Recursos Trabalhistas. honorários advocatícios em favor das reclamadas no importe de 5%
Teoria e Prática. 3ª. edição. Editora Juspodium: Salvador, 2018) do valor dado à causa (patamar mínimo autorizado).
Assim, no entender deste relator, torna-se superada, mediante a Da multa por embargos protelatórios
técnica da sinalização (signaling), a tese prevalecente no IUJ n°
0000217-31.2015.5.06.0000. A reclamada requer, ainda, a exclusão da multa por embargos

decisão do Juízo a quo quanto à possibilidade de julgamento extra
petitaem relação a diferença salarial ante a fixação da função
exercida pelo obreiro e quanto à aplicação da lei 13.429/17.
Defende, assim, não ter havido qualquer intuito protelatório.
Com razão, no particular.
Entendo, no caso, não haver má-fé ou intuito protelatório na

EMMT
CERTIDÃO DE JULGAMENTO Acórdão

Processo Nº RO-0000356-36.2018.5.06.0401
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi RECORRENTE COMPANHIA ENERGETICA DE
PERNAMBUCO
publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de ADVOGADO HERBERT VIEIRA ALBUQUERQUE
MELO(OAB: 45865/PE)


EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA (CELPE).
- MAJESTOSA ENGENHARIA LTDA

PODER
JUDICIÁRIO
ENGENHARIA LTDA
Procedência : VARA ÚNICA DO TRABALHO DE ARARIPINA - PE
RELATÓRIO
EMENTA
Vistos etc.
Recurso ordinário interposto pela COMPANHIA ENERGÉTICA DE

cbc8b9c).
o que não tinha norma expressa em sentido contrário, restando PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE
lei, bem como o IUJ deste Tribunal sobre a matéria. Defende, Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade,
assim, a licitude do contrato de terceirização firmado com as demais representação processual e preparo, conheço do recurso, bem
reclamadas. Destaca que a lei em tela detém aplicabilidade como das contrarrazões apresentadas.
não foi submetida a vacatio legis, portanto em vigor quando do MÉRITO
regulatório, o qual não pode ser desprezado, sob pena de afronta Sobrestamento do feito
contra a condenação em honorários advocatícios, alegando que o Com fundamento no art. 1.036 do CPC, a recorrente requer o
autor não comprovou sua condição de miserabilidade mediante sobrestamento do feito até a decisão final do STF sobre a licitude
atestado da autoridade local do Ministério do Trabalho ou, na sua da terceirização dos serviços por concessionárias de serviços
ausência, do Delegado de Polícia local. Por fim, pede revisão da públicos.
Pede provimento. Desnecessária a suspensão do feito, haja vista a superveniência da
decisão do Pretório Excelso que, em sede de repercussão geral

STF).
Todavia, com a superveniência da decisão do Pretório Excelso na tornam o título executivo inexigível, consoante norma do art. 525,
ADPF 324, a diferenciação acerca da inserção da atividade §12, do Código de Processo:
subcontratada no âmbito do objeto social da empresa, mesmo para
a prestação de serviços ocorrida anteriormente à publicação da Lei Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento
n° 13.467/2017 ou Lei n° 13.429/2017, perdeu a razão de ser. voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o
executado, independentemente de penhora ou nova intimação,
No julgamento, cuja decisão foi publicada no DEJ e DOU 10/9/2018, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas (...)

Assim, no entender deste relator, torna-se superada, mediante a Da multa por embargos protelatórios
0000217-31.2015.5.06.0000. A reclamada requer, ainda, a exclusão da multa por embargos
Desta feita, superada pela jurisprudência do Pretório Excelso a decisão do Juízo a quo quanto à possibilidade de julgamento extra
discussão acerca da inserção do trabalhador na dinâmica da petitaem relação a diferença salarial ante a fixação da função
empresa-tomadora, laborando em atividade ligada ao seu objeto exercida pelo obreiro e quanto à aplicação da lei 13.429/17.
econômico principal, dou provimento ao recurso da ré para, Defende, assim, não ter havido qualquer intuito protelatório.
reformando a sentença, afastar o reconhecimento do vínculo de
emprego diretamente com a empresa tomadora dos serviços, Com razão, no particular.
prestadora de serviços. Entendo, no caso, não haver má-fé ou intuito protelatório na


EMMT
CERTIDÃO DE JULGAMENTO Acórdão

Processo Nº ROPS-0000321-68.2018.5.06.0145
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi RECORRENTE DIOMEDES TEIXEIRA CHAGAS
ADVOGADO LUIZ JOSE DE ARAUJO NETO(OAB:
publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de 27372/PE)
09.10.2018, sob a presidência da Exma. Sra. Desembargadora ADVOGADO MARCELO DE ALBUQUERQUE
LESSA(OAB: 29516/PE)
MARIA DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO, com a presença do RECORRIDO EAGLE SECURITY VIP - EMPRESA
DE SEGURANCA EMPRESARIAL DO
Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pela NORDESTE LTDA.
Exma. Sra. Procuradora Elizabeth Veiga e dos Exmos. Srs. ADVOGADO EVELLYN CARVALHO PEREIRA DA
Desembargador Sergio Torres Teixeira (Relator) e Ibrahim Alves RECORRIDO WAL MART BRASIL LTDA
Filho (Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado ADVOGADO ANDRE LUIS TORRES
PESSOA(OAB: 19503/BA)
para o Gabinete Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por DAR ADVOGADO GERALDO CAMPELO DA FONSECA
ADVOGADO AMANDA DAMASCENO GONCALVES
reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a empresa DIAS(OAB: 46138/PE)

assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar - DIOMEDES TEIXEIRA CHAGAS

PODER
JUDICIÁRIO
PROC. Nº. TRT - ROPS - 0000321-68.2018.5.06.0145
Recorrente : WAL MART BRASIL LTDA.
Recorridos : DIOMEDES TEIXEIRA CHAGAS e EAGLE
SECURITY VIP - EMPRESA DE SEGURANÇA EMPRESARIAL
DO NORDESTE LTDA.
Advogados : ANDRÉ LUIS TORRES PESSOA; LUIZ JOSÉ DE
ARAÚJO NETO, E IVALDO TAVARES JÚNIOR
Procedência : 5ª VARA DO TRABALHO DE JABOATÃO DOS
GUARARAPES-PE

Exma. Sra. Procuradora Elizabeth Veiga e dos Exmos. Srs. devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
Desembargador Eduardo Pugliesi e Ibrahim Alves Filho (Juiz Titular (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado para o Gabinete valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por maioria, DAR obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
PROVIMENTO PARCIAL ao recurso para: I - excluir da da causa. (Incluído pela Lei nº. 13.467, de 2017)[...] § 3º Na
condenação a multa do art. 467 da CLT; II - condenar o autor ao hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de
pagamento dos honorários advocatícios em favor do advogado da sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os
recorrente, consoante prevê o § 3º, art. 791-A, da CLT, nos moldes honorários. (Incluído pela Lei nº. 13.467, de 2017) § 4º Vencido o
estipulados na fundamentação, vencido, em parte, o Exmo. Juiz beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em
ibrahim Alves Filho (que lhe negava provimento no tocante aos juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
honorários advocatícios). Ao decréscimo condenatório, arbitra-se o despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão
valor de R$ 4.200,00 (quatro mil e duzentos reais), com custas sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
minoradas em R$ 84,00 (oitenta e quatro reais). Quanto aos demais executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado
títulos, manter a sentença pelos seus próprios fundamentos, nos da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de
termos do art.895, IV, da CLT. Fundamentos da decisão: Multa existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
prevista no artigo 467 da CLT Rebela-se contra os termos da concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais
sentença que, sob fundamento da apresentação de contestação obrigações do beneficiário. (Incluído pela Lei n.º 13.467, de 2017)"
genérica, condenou a ré ao pagamento da multa prevista no artigo Assim como concluiu o Juízo de Origem, entendo que a norma
467 da CLT. Aduz que a recorrente contestou especificamente os contida no art. 791-A da CLT aplica-se ao caso em análise, vez que
pedidos formulados na petição inicial, não existindo verbas a ação foi proposta em 11/4/2018, ou seja, em momento posterior a
incontroversas na presente reclamação. Com razão.Ao contrário do vigência da Lei nº 13.467/2017. Esta Turma julgadora, quando do
que concluiu o Juízo de Origem, a contestação apresentada pela julgamento do RO 0000053-70.2014.5.06.0010, em 08/03/2018, já
empresa Wal Mart não pode ser considerada genérica, já que não se manifestou no sentido de que se deve observar a data de
admitiu ser devedora de nenhuma das verbas perseguidas na ajuizamento da ação como marco temporal para fins de
inicial, a atrair as disposições da multa prevista no art. 467 aplicabilidade das alterações promovidas pela Reforma Trabalhista,
invocado. A norma celetizada é de uma clareza meridiana no em respeito ao princípio da não surpresa. No mesmo sentido, outros
sentido de que, somente em caso de parcelas incontroversas, se regionais: HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA.
aplica a multa.A lei não exige nenhuma formalidade como requisito LEI N. 13.467/2017. MARCO TEMPORAL. Apenas com o advento
à adequada controvérsia das verbas trabalhistas pleiteadas na da Lei nº 13.467/2017, cuja vigência se iniciou em 11/11/17, o
reclamação trabalhista, apenas que haja defesa sobre as matérias ordenamento justrabalhista passou a prever o pagamento de
em debate, tendo a recorrente realizado tal conduta.Com tais honorários advocatícios pela mera sucumbência, imputável a
considerações, dou provimento para excluir a multa do art. 467 da qualquer das partes do processo. Contudo, a despeito de as normas
CLT. Honorários de sucumbência Não se conforma com a processuais terem, em regra, aplicação imediata, a imposição de
condenação dos honorários advocatícios, no percentual de 10%, a honorários advocatícios de sucumbência só é possível em se
ser pago pela reclamada, com fulcro no art. 791-A da CLT. Afirma tratando de lides ajuizadas após a entrada em vigor da nova lei
que o pleito deve ser analisado à luz da questão intertemporal do trabalhista. Esse posicionamento se sustenta no princípio da
direito. Sustenta que como os honorários de sucumbência não são segurança jurídica, o qual possui estatura constitucional (art. 5º,
institutos de direito processual, em razão da sua natureza híbrida, a XXXVI, da CR). Afinal, antes da reforma, ao ajuizar uma ação, o
lei nova não se aplica à hipótese dos autos. Pugna pela exclusão empregado tinha a legítima expectativa de que, caso fosse
dos honorários advocatícios. Caso a Turma mantenha o sucumbente, não teria de arcar com honorários advocatícios. A
entendimento de aplicação do art. 791 - A, da CLT (Lei aplicação imediata do novel art. 791-A da CLT configuraria uma
13.467/2017), e havendo reforma de algum dos pleitos recorridos, injusta surpresa, antes impensável, o que não se pode admitir. (TRT
requer seja arbitrado honorários de sucumbência recíproca.Pois -3 - RO: 00109490720165030134 0010949-07.2016.5.03.0134,
bem. O artigo 791-A da CLT, com redação conferida pela Lei nº. Relator: Maria Laura Franco Lima de Faria, Decima Turma)
13.467/17, com vigência a partir de 11/11/2017, estabelece que: Também o C. TST, quando do julgamento do RR TST-RR-20192-
"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão 83.2013.5.04.0026, em 06/12/2017, destacou que a Lei nº.

13.467/2017 possui aplicação imediata no que concerne às regras
de natureza processual, contudo, a alteração em relação ao Vera Neuma de Moraes Leite
princípio da sucumbência só tem aplicabilidade aos processos
novos.Tratando-se de ação foi ajuizada em abril de 2018, Secretária da 1ª Turma
portanto, posterior à data de entrada em vigor da Lei n°
13.467/2017, forçoso reconhecer o cabimento dos honorários de
sucumbência, nos termos do art. 791-A da CLT, inclusive em causa
contra a Fazenda Pública (§1° Os honorários são devidos também SERGIO TORRES TEIXEIRA
nas ações contra a Fazenda Pública e nas ações em que a parte
estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua categoria) Desembargador Relator
Observe-se o direcionamento do art. 4° da IN° 41 do C.TST, não
sendo o caso adaptável às situações transitórias ali previstas. Nos EMMT
termos da nova redação legal, a fixação dos honorários deve
respeitar o mínimo de 5% e o máximo de 15% sobre o valor que
resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido
ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
causa. Assim, impõe-se a condenação dos honorários de
sucumbência, fixados em 10% sobre o valor da liquidação, em favor
do advogado do reclamante. Por outro lado, cabível a condenação
dos honorários de sucumbência recíproca postulados no apelo.
Uma vez reformada a sentença para excluir a multa do art. 467 da Acórdão
Processo Nº ROPS-0000321-68.2018.5.06.0145
CLT, restando vencido o autor no aspecto, e considerando que a Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
ação foi proposta após a vigência da Lei 13.467/2017, impõe-se o RECORRENTE DIOMEDES TEIXEIRA CHAGAS
arbitramento dos honorários de sucumbência recíproca, consoante 27372/PE)
prevê o § 3º, art. 791-A, da CLT. Desse modo, provejo parcialmente ADVOGADO MARCELO DE ALBUQUERQUE
o recurso para condenar o autor ao pagamento dos honorários RECORRIDO EAGLE SECURITY VIP - EMPRESA
advocatícios em favor do advogado da recorrente, a serem NORDESTE LTDA.
calculados com base no proveito econômico obtido em relação à ADVOGADO EVELLYN CARVALHO PEREIRA DA
exclusão da multa do art. 467 da CLT, no importe de 10% sobre o RECORRIDO WAL MART BRASIL LTDA
valor do pedido constante da inicial, a ser deduzido do crédito do ADVOGADO ANDRE LUIS TORRES
reclamante. CONCLUSÃO Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ADVOGADO GERALDO CAMPELO DA FONSECA
PARCIAL ao recurso para: I - excluir da condenação a multa do art.
467 da CLT; II - condenar o autor ao pagamento dos honorários DIAS(OAB: 46138/PE)
advocatícios em favor do advogado da recorrente, consoante prevê

o § 3º, art. 791-A, da CLT, nos moldes estipulados na - EAGLE SECURITY VIP - EMPRESA DE SEGURANCA
EMPRESARIAL DO NORDESTE LTDA.
fundamentação. Ao decréscimo condenatório, arbitro o valor de R$
4.200,00 (quatro mil e duzentos reais), com custas minoradas em
R$ 84,00 (oitenta e quatro reais). Quanto aos demais títulos,
mantenho a sentença pelos seus próprios fundamentos, nos termos PODER

do art.895, IV, da CLT. JUDICIÁRIO
PROC. Nº. TRT - ROPS - 0000321-68.2018.5.06.0145

Recorridos : DIOMEDES TEIXEIRA CHAGAS e EAGLE
DO NORDESTE LTDA.
GUARARAPES-PE
Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por maioria, DAR
PROVIMENTO PARCIAL ao recurso para: I - excluir da
condenação a multa do art. 467 da CLT; II - condenar o autor ao
pagamento dos honorários advocatícios em favor do advogado da
recorrente, consoante prevê o § 3º, art. 791-A, da CLT, nos moldes
estipulados na fundamentação, vencido, em parte, o Exmo. Juiz
ibrahim Alves Filho (que lhe negava provimento no tocante aos
honorários advocatícios). Ao decréscimo condenatório, arbitra-se o

valor de R$ 4.200,00 (quatro mil e duzentos reais), com custas sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
minoradas em R$ 84,00 (oitenta e quatro reais). Quanto aos demais executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado
títulos, manter a sentença pelos seus próprios fundamentos, nos da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de
termos do art.895, IV, da CLT. Fundamentos da decisão: Multa existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
prevista no artigo 467 da CLT Rebela-se contra os termos da concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais
sentença que, sob fundamento da apresentação de contestação obrigações do beneficiário. (Incluído pela Lei n.º 13.467, de 2017)"
genérica, condenou a ré ao pagamento da multa prevista no artigo Assim como concluiu o Juízo de Origem, entendo que a norma
467 da CLT. Aduz que a recorrente contestou especificamente os contida no art. 791-A da CLT aplica-se ao caso em análise, vez que
pedidos formulados na petição inicial, não existindo verbas a ação foi proposta em 11/4/2018, ou seja, em momento posterior a
incontroversas na presente reclamação. Com razão.Ao contrário do vigência da Lei nº 13.467/2017. Esta Turma julgadora, quando do
que concluiu o Juízo de Origem, a contestação apresentada pela julgamento do RO 0000053-70.2014.5.06.0010, em 08/03/2018, já
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% 13.467/2017 possui aplicação imediata no que concerne às regras
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o de natureza processual, contudo, a alteração em relação ao
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico princípio da sucumbência só tem aplicabilidade aos processos
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado novos.Tratando-se de ação foi ajuizada em abril de 2018,
da causa. (Incluído pela Lei nº. 13.467, de 2017)[...] § 3º Na portanto, posterior à data de entrada em vigor da Lei n°
hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de 13.467/2017, forçoso reconhecer o cabimento dos honorários de
sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os sucumbência, nos termos do art. 791-A da CLT, inclusive em causa
honorários. (Incluído pela Lei nº. 13.467, de 2017) § 4º Vencido o contra a Fazenda Pública (§1° Os honorários são devidos também
beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em nas ações contra a Fazenda Pública e nas ações em que a parte
juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua categoria)
despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão Observe-se o direcionamento do art. 4° da IN° 41 do C.TST, não

sendo o caso adaptável às situações transitórias ali previstas. Nos EMMT
termos da nova redação legal, a fixação dos honorários deve
respeitar o mínimo de 5% e o máximo de 15% sobre o valor que
resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido
ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
causa. Assim, impõe-se a condenação dos honorários de
sucumbência, fixados em 10% sobre o valor da liquidação, em favor
do advogado do reclamante. Por outro lado, cabível a condenação
dos honorários de sucumbência recíproca postulados no apelo.
Uma vez reformada a sentença para excluir a multa do art. 467 da Acórdão
Processo Nº ROPS-0000321-68.2018.5.06.0145
CLT, restando vencido o autor no aspecto, e considerando que a Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
ação foi proposta após a vigência da Lei 13.467/2017, impõe-se o RECORRENTE DIOMEDES TEIXEIRA CHAGAS
arbitramento dos honorários de sucumbência recíproca, consoante 27372/PE)
prevê o § 3º, art. 791-A, da CLT. Desse modo, provejo parcialmente ADVOGADO MARCELO DE ALBUQUERQUE
o recurso para condenar o autor ao pagamento dos honorários RECORRIDO EAGLE SECURITY VIP - EMPRESA
advocatícios em favor do advogado da recorrente, a serem NORDESTE LTDA.
calculados com base no proveito econômico obtido em relação à ADVOGADO EVELLYN CARVALHO PEREIRA DA
exclusão da multa do art. 467 da CLT, no importe de 10% sobre o RECORRIDO WAL MART BRASIL LTDA
valor do pedido constante da inicial, a ser deduzido do crédito do ADVOGADO ANDRE LUIS TORRES
reclamante. CONCLUSÃO Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ADVOGADO GERALDO CAMPELO DA FONSECA
467 da CLT; II - condenar o autor ao pagamento dos honorários DIAS(OAB: 46138/PE)

o § 3º, art. 791-A, da CLT, nos moldes estipulados na - WAL MART BRASIL LTDA

PODER
mantenho a sentença pelos seus próprios fundamentos, nos termos
JUDICIÁRIO
do art.895, IV, da CLT.
PROC. Nº. TRT - ROPS - 0000321-68.2018.5.06.0145
Vera Neuma de Moraes Leite Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
Secretária da 1ª Turma Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA
SERGIO TORRES TEIXEIRA Recorridos : DIOMEDES TEIXEIRA CHAGAS e EAGLE

Desembargador Relator DO NORDESTE LTDA.

GUARARAPES-PE
Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por maioria, DAR
PROVIMENTO PARCIAL ao recurso para: I - excluir da
condenação a multa do art. 467 da CLT; II - condenar o autor ao
pagamento dos honorários advocatícios em favor do advogado da
recorrente, consoante prevê o § 3º, art. 791-A, da CLT, nos moldes
estipulados na fundamentação, vencido, em parte, o Exmo. Juiz
ibrahim Alves Filho (que lhe negava provimento no tocante aos
honorários advocatícios). Ao decréscimo condenatório, arbitra-se o
valor de R$ 4.200,00 (quatro mil e duzentos reais), com custas
minoradas em R$ 84,00 (oitenta e quatro reais). Quanto aos demais
títulos, manter a sentença pelos seus próprios fundamentos, nos
termos do art.895, IV, da CLT. Fundamentos da decisão: Multa
prevista no artigo 467 da CLT Rebela-se contra os termos da
sentença que, sob fundamento da apresentação de contestação
genérica, condenou a ré ao pagamento da multa prevista no artigo
467 da CLT. Aduz que a recorrente contestou especificamente os
pedidos formulados na petição inicial, não existindo verbas
incontroversas na presente reclamação. Com razão.Ao contrário do
que concluiu o Juízo de Origem, a contestação apresentada pela

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% 13.467/2017 possui aplicação imediata no que concerne às regras
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o de natureza processual, contudo, a alteração em relação ao
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico princípio da sucumbência só tem aplicabilidade aos processos
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado novos.Tratando-se de ação foi ajuizada em abril de 2018,
da causa. (Incluído pela Lei nº. 13.467, de 2017)[...] § 3º Na portanto, posterior à data de entrada em vigor da Lei n°
hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de 13.467/2017, forçoso reconhecer o cabimento dos honorários de
sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os sucumbência, nos termos do art. 791-A da CLT, inclusive em causa
honorários. (Incluído pela Lei nº. 13.467, de 2017) § 4º Vencido o contra a Fazenda Pública (§1° Os honorários são devidos também
beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em nas ações contra a Fazenda Pública e nas ações em que a parte
juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua categoria)
despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão Observe-se o direcionamento do art. 4° da IN° 41 do C.TST, não
sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser sendo o caso adaptável às situações transitórias ali previstas. Nos
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado termos da nova redação legal, a fixação dos honorários deve
da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de respeitar o mínimo de 5% e o máximo de 15% sobre o valor que
existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
obrigações do beneficiário. (Incluído pela Lei n.º 13.467, de 2017)" causa. Assim, impõe-se a condenação dos honorários de
Assim como concluiu o Juízo de Origem, entendo que a norma sucumbência, fixados em 10% sobre o valor da liquidação, em favor
contida no art. 791-A da CLT aplica-se ao caso em análise, vez que do advogado do reclamante. Por outro lado, cabível a condenação
a ação foi proposta em 11/4/2018, ou seja, em momento posterior a dos honorários de sucumbência recíproca postulados no apelo.
vigência da Lei nº 13.467/2017. Esta Turma julgadora, quando do Uma vez reformada a sentença para excluir a multa do art. 467 da
julgamento do RO 0000053-70.2014.5.06.0010, em 08/03/2018, já CLT, restando vencido o autor no aspecto, e considerando que a

RECORRENTE RODOTUR TURISMO LTDA

ação foi proposta após a vigência da Lei 13.467/2017, impõe-se o ADVOGADO LEONARDO LUNA DE LUCENA(OAB:
30389/PE)
arbitramento dos honorários de sucumbência recíproca, consoante
ADVOGADO ALINE CLEBIA DE CARVALHO
prevê o § 3º, art. 791-A, da CLT. Desse modo, provejo parcialmente RAMOS SALES(OAB: 42988/PE)
ADVOGADO EDSON CAVALCANTE DE QUEIROZ
o recurso para condenar o autor ao pagamento dos honorários JUNIOR(OAB: 23059/PE)
advocatícios em favor do advogado da recorrente, a serem RECORRIDO CLODOALDO DE AQUINO PASSOS
ADVOGADO ANDRE LUIZ GOMES DA SILVA(OAB:
calculados com base no proveito econômico obtido em relação à 39131/PE)
exclusão da multa do art. 467 da CLT, no importe de 10% sobre o TERCEIRO CONSORCIO DE TRANSPORTES DA
INTERESSADO REGIAO METROPOLITANA DO
valor do pedido constante da inicial, a ser deduzido do crédito do RECIFE LTDA
reclamante. CONCLUSÃO Ante o exposto, DOU PROVIMENTO

- RODOTUR TURISMO LTDA
467 da CLT; II - condenar o autor ao pagamento dos honorários
o § 3º, art. 791-A, da CLT, nos moldes estipulados na

PODER
JUDICIÁRIO
mantenho a sentença pelos seus próprios fundamentos, nos termos
do art.895, IV, da CLT.
PROC. N.º TRT. 0000226-38.2016.5.06.0103 (RO)


Recorrente : RODOTUR TURISMO LTDA

Recorridos : CLODOALDO DE AQUINO PASSOS
Terceiro Int. : CONSORCIO DE TRANSPORTES DA REGIAO

SERGIO TORRES TEIXEIRA METROPOLITANA DO RECIFE LTDA.
Desembargador Relator Advogados : EDSON CAVALCANTE DE QUEIROZ JUNIOR; ALINE
CLEBIA DE CARVALHO RAMOS SALES; LEONARDO LUNA DE

EMMT LUCENA; ANDRE LUIZ GOMES DA SILVA; ALEXANDRE JOSÉ
DA TRINDADE MEIRA HENRIQUES.
Procedência : 3ª VARA DO TRABALHO DE OLINDA (PE)
Acórdão
Processo Nº RO-0000226-38.2016.5.06.0103

Vistos etc.
EMENTA Recurso ordinário interposto por RODOTUR TURISMO LTDA em
face de sentença proferida pelo MM. Juízo da 3ª VARA DO
TRABALHO DE OLINDA (PE) que, nos termos dos fundamentos em
anexo (ID. 205986f), integrados pela decisão proferida em sede de
embargos declaratórios (ID. cccfe8e), julgou PROCEDENTES EM
PARTE os pedidos formulados na reclamação trabalhista ajuizada
por CLODOALDO DE AQUINO PASSOS.
Em razões anexas (ID. d32e9df), a RODOTUR contrapõe-se à
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. DIREITO condenação em horas extras. Alega, em primeiro ponto, que houve
PROCESSUAL DO TRABALHO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. julgamento ultra petita quando o Juízo de piso condenou a
RECLAMAÇÃO INTERPOSTA ANTES DA VIGÊNCIA DE LEI recorrente ao pagamento de horas extras em horários
11.467/2017. AUSÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SINDICAL. Tendo aleatoriamente arbitrados que sequer foram expostos na petição
sido a demanda interposta antes do início da vigência das reformas inicial. Requer, assim, a decretação da nulidade da decisão com
implementadas pela Lei 11.467/2017, devem ser aplicadas, à retorno dos autos à instância de origem para novo julgamento. Em
presente reclamação, os regramentos anteriores em relação ao segundo ponto, insurge-se contra a condenação no pagamento de
custeio de honorários advocatícios. E, em consonância com as horas extras, intervalo intrajornada e interjornada, adicional noturno
Súmulas n.ºs 219 e 329 do TST, OJ n.º 305 da SDI-I, e Lei n.º e dobra dos domingos trabalhados, além as respectivas
5.584/70, no processo do trabalho, a condenação à verba honorária repercussões. Para tanto, aduz que inexistiu a suposta escala 7x1,
não decorria de simples sucumbência. Em se tratando de lide a supressão do intervalo intrajornada e que os horários consignados
decorrente da relação de emprego, exigia-se a ocorrência nas guias de viagens refletem a jornada de trabalho, descabendo
concomitante de assistência sindical e remuneração inferior ao falar nos 30 minutos que antecediam a jornada, bem como 45
dobro do salário mínimo. Assim sendo, não se encontrando a parte minutos após o término da última viagem. Destaca a prova
autora assistida pelo sindicato da categoria, não preenche os testemunhal por si produzida e sustenta que eventuais horas extras,
requisitos para a concessão da verba em questão. Recurso a que tanto quanto o labor aos domingos e feriados e adicional noturno já
se dá parcial provimento. foram remunerados. Por tudo, afirma que a prova testemunhal não
teve o condão de afastar a idoneidade dos registros, permanecendo
o ônus da prova com o autor, nos termos dos artigos 818 da CLT.
Aponta que ficou provado que o motorista fica vinculado ao sistema
GRCT durante todo o labor. Pontua que, ainda que se fale em
condenação das dobras dos domingos e feriados laborados, não se
pode falar em adicional de 200%, já que não há previsão em norma
coletiva a esse respeito. Por cautela, requer, subsidiariamente, que
seja deferida apenas a dobra legal, ante a sua condição de
mensalista. Quanto ao intervalo intrajornada, sustenta que a
RELATÓRIO testemunha discorre com propriedade acerca do gozo integral do
mesmo. Defende, ainda, que a parcela possui natureza
indenizatória, sendo devido apenas o adicional de 50% do art. 71,
§4°, da CLT e não o pagamento como hora extra. Pontua,
outrossim, que conforme § 5º, do art. 71, da CLT, os interregnos de
tempo de descanso dentro da jornada de trabalho de motoristas e
cobradores devem ser computados, mesmo fracionados, como

sendo intervalo intrajornada. Ainda subsidiariamente, requer que se
observa a CCT, onde está a possibilidade de redução no intervalo
para repouso ou alimentação até, ao menos, 30 minutos diários,
desde que o empregado não esteja submetido a regime de trabalho VOTO
prorrogado e sejam observadas as condições de segurança e saúde
no trabalho. Requer, ainda, a compensação de valores já pagos a
tal título, sendo apurados exclusivamente as eventuais horas
efetivamente não usufruídas. Quanto às dobras dos repousos
semanais remunerados, requer, subsidiariamente, que deva se
observar que apenas na primeira semana o trabalho se opera em
sete dias e, nas próximas seis, apenas em seis dias. Ademais,
requer a recorrente que, acaso seja mantida a condenação no
pagamento das parcelas em foco, seja considerada como jornada Pressupostos de admissibilidade
extraordinária apenas quando exceder a 44ª hora semanal,
conforme reza a Convenção Coletiva da Categoria. Protesta, Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade,
também, contra a condenação ao pagamento de honorários representação processual e atendido o preparo, conheço do
advocatícios, por ausentes os pressupostos das Súmulas n° 219 e recurso.
329 do C. TST (já que o reclamante está assistido por advogado
particular). Por fim, quanto aos recolhimentos previdenciários e Mérito
fiscais, destaca que carece de previsão legal imputação para que a
recorrente recolha tais encargos, carecendo a esta Justiça Jornada de trabalho
Especializada competência para apreciar questões que envolvam
matéria de âmbito previdenciário. Ademais, não deve prevalecer o A RODOTUR contrapõe-se à condenação em horas extras. Alega,
entendimento quanto às parcelas da condenação serem devidas em primeiro ponto, que houve julgamento ultra petita quando o
mês a mês e progressividade da incidência dos tributos, uma vez Juízo de piso condenou a recorrente ao pagamento de horas extras
que a norma é de ordem pública e determina o recolhimento no ato em horários aleatoriamente arbitrados que sequer foram expostos
do pagamento. Pede provimento. na petição inicial. Requer, assim, a decretação da nulidade da
decisão com retorno dos autos à instância de origem para novo
Não foram apresentadas contrarrazões. julgamento.
Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do Em segundo ponto, insurge-se contra a condenação no pagamento
Trabalho, por inexistir interesse público a justificar a intervenção. de horas extras, intervalo intrajornada e interjornada, adicional
Ressalva-se, contudo, o direito de se pronunciar verbalmente ou noturno e dobra dos domingos trabalhados, além as respectivas
pedir vista regimental, se necessário, por ocasião da sessão de repercussões. Para tanto, aduz que inexistiu a suposta escala 7x1,
julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, XIII e VII, da Lei a supressão do intervalo intrajornada e que os horários consignados
Complementar n° 75/93. nas guias de viagens refletem a jornada de trabalho, descabendo
falar nos 30 minutos que antecediam a jornada, bem como 45
É o relatório. minutos após o término da última viagem.
Destaca a prova testemunhal por si produzida e sustenta que
eventuais horas extras, tanto quanto o labor aos domingos e
feriados e adicional noturno já foram remunerados. Por tudo, afirma
que a prova testemunhal não teve o condão de afastar a idoneidade
dos registros, permanecendo o ônus da prova com o autor, nos
termos dos artigos 818 da CLT. Aponta que ficou provado que o
motorista fica vinculado ao sistema GRCT durante todo o labor.

que na parte da noite laborava das 13:00 às 23:00/24:00 horas,
Pontua que, ainda que se fale em condenação das dobras dos sem computar o tempo de chegada ao terminal e o tempo de
domingos e feriados laborados, não se pode falar em adicional de deslocamento do terminal para a garagem, gastando no total
200%, já que não há previsão em norma coletiva a esse respeito. mais 45 minutos; que tinha de 15 a 20 minutos de intervalo; e
Por cautela, requer, subsidiariamente, que seja deferida apenas a que laborava na escala 7x1.
dobra legal, ante a sua condição de mensalista.
(...)
Quanto ao intervalo intrajornada, sustenta que a testemunha
discorre com propriedade acerca do gozo integral do mesmo. O depoimento da testemunha da ré não nos retrata
Defenda, ainda, que a parcela possui natureza indenizatória, sendo efetivamente o que ocorre no dia a dia do trabalho executado
devido apenas o adicional de 50% do art. 71, §4°, da CLT e não o pelos motoristas e cobradores.
pagamento como hora extra. Pontua, outrossim, que conforme § 5º,
do art. 71, da CLT, os interregnos de tempo de descanso dentro da Assim, acolho, em parte, a jornada indicada pelo autor na prefacial,
jornada de trabalho de motoristas e cobradores devem ser a fixando desta forma: nos seis primeiros meses: das 04:00 às
computados, mesmo fracionados, como sendo intervalo 15:30 horas, com vinte minutos de intervalo, extrapolando duas
intrajornada. Ainda subsidiariamente, requer que se observa a CCT, vezes na semana até às 21:30 horas, acrescendo a tal horário trinta
onde está a possibilidade de redução no intervalo para repouso ou minutos antes da primeira viagem e mais quarenta e cinco minutos
alimentação até, ao menos, 30 minutos diários, desde que o ao final da última viagem, quando o autor laborava em dois dias na
empregado não esteja submetido a regime de trabalho prorrogado e semana quando o autor dobrava tinha 30 minutos de intervalo); no
sejam observadas as condições de segurança e saúde no trabalho. restante do período: das 13:00 às 24:00 horas, com vinte minutos
Requer, ainda, a compensação de valores já pagos a tal título, de intervalo, acrescendo os trinta minutos antes das 13:00 horas e
sendo apurados exclusivamente as eventuais horas efetivamente mais 45 minutos depois das 24:00 horas. A escala a ser
não usufruídas. reconhecida é de sete dias de trabalho por um de descanso.
Quanto às dobras dos repousos semanais remunerados, requer, Portanto, procede ao pleito der pagamento de horas extras, com os
subsidiariamente, que deva se observar que apenas na primeira adicionais convencionais, devidas a partir da 44ª hora semanal;
semana o trabalho se opera em sete dias e, nas próximas seis, divisor de 220 horas; as horas extras noturnas deverão ser
apenas em seis dias. apuradas sobre o valor da hora noturna, observada a sua redução;
deverão ser deduzidos os valores já pagos ao obreiro." (grifos
Ademais, requer a recorrente que, acaso seja mantida a nossos)
condenação no pagamento das parcelas em foco, seja considerada
como jornada extraordinária apenas quando exceder a 44ª hora De fato, observo maior valor probatório no depoimento prestado
semanal, conforme reza a Convenção Coletiva da Categoria. pela testemunha autoral, já que também atuava como motorista,
chegando a trabalhar nas mesmas linhas que o reclamante se
Assiste razão em parte à reclamada-recorrente no ponto. Vejamos. ativou (conforme registro na Ata de Audiência - ID. be74261 - Pág.
1).
Sobre o pleito de horas extras propriamente ditas, comungo da
conclusão a que chegou o Juízo de piso, ao apontar a Ademais, a prova documental pertinente à jornada de trabalho não
imprestabilidade das guias de viagens par fins de controle de pode prevalecer sobre a testemunhal, eis que demonstrado que não
jornada, asseverando o maior valor probante do depoimento da retratam a verdadeira jornada de trabalho cumprida. Diante do
testemunha do autor, consoante excerto abaixo - ID. 205986f - Pág. quadro probatório apresentado ao Juízo, observa-se que o
26 e 27: depoimento da testemunha de iniciativa do autor é suficiente à
fixação da jornada, não havendo evidência de que mesmo os
"A testemunha do autor nos indicou que quando laborava pela relatórios de viagens enviados pelo Consórcio Grande Recife
parte da manhã até à tarde o fazia das 04:00 às 15:00/16:00 refletem a real jornada do obreiro.
horas, sendo que dobrava três vezes até às 21:00/22:00 horas;

E como acima apontado nos trechos destacados na sentença hora, obrigando o empregador a remunerar o período para
vergastada, a jornada fixada pelo Juízo de piso realizou ponderação descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do
adequada entre àquela apontada na inicial e o depoimento respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da
apresentado pela testemunha, não havendo, pois, que se falar em CLT."
qualquer nulidade por julgamento ultra petita.
Destaco, ademais, que inaplicáveis, ao caso, o §5º, do art. 71, da
Em relação ao intervalo intrajornada, há prova nos autos acerca da CLT, já que não há qualquer registro válido que comprove a
impossibilidade de concessão integral do intervalo previsto no art. concessão do intervalo de forma fracionada; inaplicável, também,
71 da CLT. Com efeito, à luz do depoimento da testemunha eventual previsão em CCT para redução do intervalo em até 30
apresentada pela parte autora (ID. be74261 - Pág. 2), observa-se minutos, já que não há comprovação deste arranjo com o obreiro,
que não havia gozo da integralidade do descanso. E mesmo a tendo, ademais, ficada comprovada a sobrejornada autoral (o que
testemunha apresentada pela parte ré aduz que havia uma impossibilitaria a aplicação da supracitada norma).
orientação de registro na guia do intervalo para repouso e refeição,
mas não confirma o que o mesmo era, de fato, usufruído Quanto ao pleito recursal de compensação dos valores pagos sob
integralmente. Desse modo, diante da prova da não concessão idêntico título bem como que seja observado, como jornada extra,
regular do intervalo para descanso e alimentação, deve ser aquela que supera a 44a semanal, registro que carece, em verdade,
remunerado o período correspondente com um acréscimo de, no interesse recursal à reclamada-recorrente, já que houve
mínimo, cinquenta por cento sobre o valor da remuneração da hora manifestação nesse sentido na sentença de piso ("deverão ser
normal de trabalho. deduzidos os valores já pagos ao obreiro"- ID. 205986f - Pág. 27;
"Portanto, procede ao pleito der pagamento de horas extras, com os
Ademais, tanto a natureza salarial da parcela, quanto o pagamento adicionais convencionais, devidas a partir da 44ª hora semanal" -
da integralidade da hora do intervalo, são matérias já pacificadas ID. 205986f - Pág. 27).
pelo Colendo TST, consoante a Súmula n° 437, in verbis:
Quanto ao pleito recursal subsidiário para que, acaso seja
"I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a reconhecido que o reclamante trabalhava sete dias por semana,
concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e quanto ao repouso semanal remunerado, observe-se que só houve
alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento descumprimento à lei apenas na primeira semana, voltando a incidir
total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, descumprimento legal apenas na oitava semana e assim
com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração sucessivamente, percebe-se que, novamente, no comando
da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do sentencial, o magistrado apontou que somente deve haver
cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração. pagamento de dobras de domingos e feriados trabalhados e que
não foram remunerados, em nada contrastando com o defendido e
II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho argumentado pela recorrente em suas razões recursais - ID.
contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada 205986f - Pág. 27:
porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do
trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e "Quanto aos domingos como o autor não tinha 52 folgas anuais, só
art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à negociação coletiva. folgando em algumas semanas, deverá ser observado o pagamento
dos domingos tão somente que faltam para completar 52 folgas
III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da anuais." (grifos nossos)
CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de
1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o Dessa forma, aplicando-se o comando sentencial, o recorrente já
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, atingirá a tutela jurisdicional almejada, retirando da tutela recursal
repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais. sua necessidade-utilidade. Ausente, portanto, interesse recursal à
reclamada-recorrente no ponto.
IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de
trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma Nega-se, pois, provimento ao recurso nos supracitados aspectos

(relacionados à jornada de trabalho).
Dos recolhimentos fiscais e previdenciários
Por sua vez, quanto ao pleito para revisão das dobras de domingos
e feriados com incidência de adicional de 200%, creio assistir razão Por fim, quanto aos recolhimentos previdenciários e fiscais, a
ao reclamante. reclamada-recorrente destaca que carece de previsão legal
imputação para que a ela recolha tais encargos, carecendo a esta
É que, apesar de serem devidas as dobras quando comprovado o Justiça Especializada competência para apreciar questões que
trabalho em dias feriados e/ou folgas semanais, não deve incidir, envolvam matéria de âmbito previdenciário. Ademais, não deve
sobre a dobra, qualquer outro adicional em acréscimo (inclusive por prevalecer o entendimento quanto às parcelas da condenação
não haver previsão a esse respeito na norma coletiva). serem devidas mês a mês e progressividade da incidência dos
tributos, uma vez que a norma é de ordem pública e determina o
Pelo exposto, dou provimento ao recurso patronal no ponto para recolhimento no ato do pagamento.
determinar que, quanto às horas extras relativas aos dias feriados e
domingos laborados, que sejam calculadas utilizando-se apenas a Quanto ao ponto, entendo que lhe assiste parcial razão.
dobra legal.
Em relação a essa Justiça Especializada não ter competência para
Honorários Advocatícios apreciar questões que envolvam matéria de âmbito previdenciário
razão não lhe assiste.
A recorrente requer, ainda, a exclusão dos honorários advocatícios,
com lastro no não preenchimento dos requisitos das Súmulas n° Afasto a alegação de incompetência desta Justiça Especializada em
219 e 329 do C. TST e OJ n° 305 da SDI (já que o reclamante razão da matéria, uma vez que, de acordo com o artigo 114, VII, da
estava assistido por advogado particular). CF/88, compete à Justiça do Trabalho processar e julgar "(...) a
execução, de ofício, das contribuições sociais (...)".
Com razão.
Quanto à determinação do Juízo a quo para efetivação dos
Registre-se, primeiramente, que, tendo sido a demanda interposta recolhimentos previdenciários e fiscais, creio assistir razão à
antes do início da vigência das reformas implementadas pela Lei recorrente.
11.467/2017, devem ser aplicadas, a presente reclamação, os
regramentos anteriores em relação ao custeio de honorários Sobre o ponto, o juízo de primeiro grau assim decidiu - ID. 205986f -
advocatícios. Pág. 35:
E, em consonância com as Súmulas n.ºs 219 e 329 do TST, OJ n.º "Não incidem para efeito previdenciário e tributário os valores
305 da SDI-I, e Lei n.º 5.584/70, no processo do trabalho, a devidos a título de FGTS com 40%, aviso prévio indenizado e de
condenação à verba honorária não decorria de simples férias indenizadas com 1/3 O imposto de renda deve ser apurado
sucumbência. mês a mês na forma determina pela Lei 12.350/2010 e Instrução
Normativa RFB n. 1.127, de 07/02/2011.
Em se tratando de lide decorrente da relação de emprego, exigia-se
a ocorrência concomitante de assistência sindical e remuneração A reclamada deverá recolher integralmente, sem ônus para o
inferior ao dobro do salário mínimo. reclamante, com o encargo previdenciário, vez que não pagou os
seus direitos dentro do prazo legal fixado para esse fim".
Assim sendo, não se encontrando assistida, a parte autora, pelo
sindicato da categoria (ID. 1813011 - Pág. 1) não preenche os Os recolhimentos previdenciários e tributários são matéria de ordem
requisitos para a concessão da verba em questão. pública, cabendo ao empregador a responsabilidade pelos
recolhimentos, sendo autorizada, contudo, a retenção da cota parte
Recurso a que se dá provimento para excluir da condenação os devida pelo empregado no crédito do obreiro, por força do que
honorários advocatícios. dispõem as Leis n° 8.212/91, 8.541/92, 8.620/93, 10.035/00 e

10.833/03 e a Súmula nº 368 do C. TST.
Importante destacar que a Lei nº. 8.541/92 estabelece que o
recolhimento do imposto de renda deve ser feito com base na data
do pagamento. Tal dispositivo legal não contraria os princípios da
isonomia e da progressividade previstos nos artigos 150 e 153 da
Constituição Federal, tendo em vista que o valor porventura
recolhido a mais será compensado na declaração anual, com o
devido ressarcimento em favor do contribuinte, se for o caso. Assim,
não se justifica que o ônus desse pagamento seja do empregador,
cabendo a este fazer o recolhimento e comprová-lo para dedução
do valor bruto a ser pago ao empregado. Trata-se da figura da
substituição tributária, inserida e consagrada no direito positivo
brasileiro.
No tocante ao recolhimento da contribuição previdenciária,
evidentemente que deve ser respeitado o limite de responsabilidade
de cada uma das partes pela parcela previdenciária respectiva, Conclusão
devendo o reclamante, portanto, arcar com o ônus que lhe cabe por
tais deduções legais.
Assim, após a comprovação dos recolhimentos previdenciário e
fiscal pela empregadora, em prazo a ser assinalado pelo Juízo das
execuções, fica autorizada a retenção, do crédito do autor, dos
valores por ele devidos, consoante a Consolidação dos Provimentos
da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho e por incidência da
Súmula nº. 368 do C. TST. Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso patronal
para:
Assim, dou provimento ao recurso para determinar a retenção, do
crédito do autor, dos valores por ele devidos a título de imposto de 1 - determinar que, quanto às horas extras relativas aos dias
renda e contribuição previdenciária. feriados e domingos laborados, que sejam calculadas utilizando-se
apenas a dobra legal;
Prequestionamento
2 - excluir da condenação os honorários advocatícios;
Acrescento, enfim, que os motivos expostos na fundamentação do
presente julgado não violam nenhum dos dispositivos da 3 - determinar a retenção, do crédito do autor, dos valores por ele
Constituição Federal, tampouco preceitos legais, sendo devidos a título de imposto de renda e contribuição previdenciária.
disposto na OJ nº. 118, da SDI-1, do C. TST. Ao decréscimo, arbitra-se o valor de R$ 2.000,00, com custas
reduzidas em R$ 40,00.

para o Gabinete Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por
maioria, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso patronal para: 1
- determinar que, quanto às horas extras relativas aos dias feriados
e domingos laborados, que sejam calculadas utilizando-se apenas a
dobra legal; 2 - excluir da condenação os honorários advocatícios; 3
- determinar a retenção, do crédito do autor, dos valores por ele
devidos a título de imposto de renda e contribuição previdenciária,
vencida, em parte, a Exma. Desembargadora Socorro Emerenciano
(que ainda excluía a condenação em horas extras). Ao decréscimo,
arbitra-se o valor de R$ 2.000,00, com custas reduzidas em R$
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional 40,00.
do Trabalho da Sexta Região, por maioria, DAR PROVIMENTO
PARCIAL ao recurso patronal para: 1 - determinar que, quanto às Certifico e dou fé.
horas extras relativas aos dias feriados e domingos laborados, que
sejam calculadas utilizando-se apenas a dobra legal; 2 - excluir da Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018.
condenação os honorários advocatícios; 3 - determinar a retenção,
do crédito do autor, dos valores por ele devidos a título de imposto
de renda e contribuição previdenciária, vencida, em parte, a Exma.
Desembargadora Socorro Emerenciano (que ainda excluía a Vera Neuma de Moraes Leite
condenação em horas extras). Ao decréscimo, arbitra-se o valor de
R$ 2.000,00, com custas reduzidas em R$ 40,00. Secretária da 1ª Turma

Acórdão
Processo Nº RO-0000226-38.2016.5.06.0103
Desembargador Relator Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
ADVOGADO LEONARDO LUNA DE LUCENA(OAB:
EMMT 30389/PE)
RAMOS SALES(OAB: 42988/PE)
RECORRIDO CLODOALDO DE AQUINO PASSOS
CERTIDÃO DE JULGAMENTO ADVOGADO ANDRE LUIZ GOMES DA SILVA(OAB:
39131/PE)
TERCEIRO CONSORCIO DE TRANSPORTES DA
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi INTERESSADO REGIAO METROPOLITANA DO
RECIFE LTDA
09.10.2018, sob a presidência da Exma. Sra. Desembargadora Intimado(s)/Citado(s):

- CLODOALDO DE AQUINO PASSOS

PODER
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. DIREITO
JUDICIÁRIO
PROCESSUAL DO TRABALHO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
RECLAMAÇÃO INTERPOSTA ANTES DA VIGÊNCIA DE LEI
11.467/2017. AUSÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SINDICAL. Tendo
sido a demanda interposta antes do início da vigência das reformas
implementadas pela Lei 11.467/2017, devem ser aplicadas, à
presente reclamação, os regramentos anteriores em relação ao
PROC. N.º TRT. 0000226-38.2016.5.06.0103 (RO) custeio de honorários advocatícios. E, em consonância com as
Súmulas n.ºs 219 e 329 do TST, OJ n.º 305 da SDI-I, e Lei n.º
Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA 5.584/70, no processo do trabalho, a condenação à verba honorária
não decorria de simples sucumbência. Em se tratando de lide
Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA decorrente da relação de emprego, exigia-se a ocorrência
concomitante de assistência sindical e remuneração inferior ao
Recorrente : RODOTUR TURISMO LTDA dobro do salário mínimo. Assim sendo, não se encontrando a parte
autora assistida pelo sindicato da categoria, não preenche os
Recorridos : CLODOALDO DE AQUINO PASSOS requisitos para a concessão da verba em questão. Recurso a que
se dá parcial provimento.
METROPOLITANA DO RECIFE LTDA.
Advogados : EDSON CAVALCANTE DE QUEIROZ JUNIOR; ALINE
CLEBIA DE CARVALHO RAMOS SALES; LEONARDO LUNA DE
LUCENA; ANDRE LUIZ GOMES DA SILVA; ALEXANDRE JOSÉ
RELATÓRIO
Vistos etc.
EMENTA Recurso ordinário interposto por RODOTUR TURISMO LTDA em
face de sentença proferida pelo MM. Juízo da 3ª VARA DO
TRABALHO DE OLINDA (PE) que, nos termos dos fundamentos em
anexo (ID. 205986f), integrados pela decisão proferida em sede de
embargos declaratórios (ID. cccfe8e), julgou PROCEDENTES EM
PARTE os pedidos formulados na reclamação trabalhista ajuizada
por CLODOALDO DE AQUINO PASSOS.

Em razões anexas (ID. d32e9df), a RODOTUR contrapõe-se à pagamento das parcelas em foco, seja considerada como jornada
condenação em horas extras. Alega, em primeiro ponto, que houve extraordinária apenas quando exceder a 44ª hora semanal,
julgamento ultra petita quando o Juízo de piso condenou a conforme reza a Convenção Coletiva da Categoria. Protesta,
recorrente ao pagamento de horas extras em horários também, contra a condenação ao pagamento de honorários
aleatoriamente arbitrados que sequer foram expostos na petição advocatícios, por ausentes os pressupostos das Súmulas n° 219 e
inicial. Requer, assim, a decretação da nulidade da decisão com 329 do C. TST (já que o reclamante está assistido por advogado
retorno dos autos à instância de origem para novo julgamento. Em particular). Por fim, quanto aos recolhimentos previdenciários e
segundo ponto, insurge-se contra a condenação no pagamento de fiscais, destaca que carece de previsão legal imputação para que a
horas extras, intervalo intrajornada e interjornada, adicional noturno recorrente recolha tais encargos, carecendo a esta Justiça
e dobra dos domingos trabalhados, além as respectivas Especializada competência para apreciar questões que envolvam
repercussões. Para tanto, aduz que inexistiu a suposta escala 7x1, matéria de âmbito previdenciário. Ademais, não deve prevalecer o
a supressão do intervalo intrajornada e que os horários consignados entendimento quanto às parcelas da condenação serem devidas
nas guias de viagens refletem a jornada de trabalho, descabendo mês a mês e progressividade da incidência dos tributos, uma vez
falar nos 30 minutos que antecediam a jornada, bem como 45 que a norma é de ordem pública e determina o recolhimento no ato
minutos após o término da última viagem. Destaca a prova do pagamento. Pede provimento.
testemunhal por si produzida e sustenta que eventuais horas extras,
tanto quanto o labor aos domingos e feriados e adicional noturno já Não foram apresentadas contrarrazões.
foram remunerados. Por tudo, afirma que a prova testemunhal não
teve o condão de afastar a idoneidade dos registros, permanecendo Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do
o ônus da prova com o autor, nos termos dos artigos 818 da CLT. Trabalho, por inexistir interesse público a justificar a intervenção.
Aponta que ficou provado que o motorista fica vinculado ao sistema Ressalva-se, contudo, o direito de se pronunciar verbalmente ou
GRCT durante todo o labor. Pontua que, ainda que se fale em pedir vista regimental, se necessário, por ocasião da sessão de
condenação das dobras dos domingos e feriados laborados, não se julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, XIII e VII, da Lei
pode falar em adicional de 200%, já que não há previsão em norma Complementar n° 75/93.
seja deferida apenas a dobra legal, ante a sua condição de É o relatório.
testemunha discorre com propriedade acerca do gozo integral do
para repouso ou alimentação até, ao menos, 30 minutos diários,
desde que o empregado não esteja submetido a regime de trabalho VOTO
prorrogado e sejam observadas as condições de segurança e saúde
no trabalho. Requer, ainda, a compensação de valores já pagos a
tal título, sendo apurados exclusivamente as eventuais horas
efetivamente não usufruídas. Quanto às dobras dos repousos
semanais remunerados, requer, subsidiariamente, que deva se
observar que apenas na primeira semana o trabalho se opera em
sete dias e, nas próximas seis, apenas em seis dias. Ademais,

Pressupostos de admissibilidade do art. 71, da CLT, os interregnos de tempo de descanso dentro da
jornada de trabalho de motoristas e cobradores devem ser
Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade, computados, mesmo fracionados, como sendo intervalo
representação processual e atendido o preparo, conheço do intrajornada. Ainda subsidiariamente, requer que se observa a CCT,
recurso. onde está a possibilidade de redução no intervalo para repouso ou
alimentação até, ao menos, 30 minutos diários, desde que o
Mérito empregado não esteja submetido a regime de trabalho prorrogado e
sejam observadas as condições de segurança e saúde no trabalho.
Jornada de trabalho Requer, ainda, a compensação de valores já pagos a tal título,
sendo apurados exclusivamente as eventuais horas efetivamente
A RODOTUR contrapõe-se à condenação em horas extras. Alega, não usufruídas.
em primeiro ponto, que houve julgamento ultra petita quando o
Juízo de piso condenou a recorrente ao pagamento de horas extras Quanto às dobras dos repousos semanais remunerados, requer,
em horários aleatoriamente arbitrados que sequer foram expostos subsidiariamente, que deva se observar que apenas na primeira
na petição inicial. Requer, assim, a decretação da nulidade da semana o trabalho se opera em sete dias e, nas próximas seis,
decisão com retorno dos autos à instância de origem para novo apenas em seis dias.
julgamento.
Ademais, requer a recorrente que, acaso seja mantida a
Em segundo ponto, insurge-se contra a condenação no pagamento condenação no pagamento das parcelas em foco, seja considerada
de horas extras, intervalo intrajornada e interjornada, adicional como jornada extraordinária apenas quando exceder a 44ª hora
noturno e dobra dos domingos trabalhados, além as respectivas semanal, conforme reza a Convenção Coletiva da Categoria.
repercussões. Para tanto, aduz que inexistiu a suposta escala 7x1,
a supressão do intervalo intrajornada e que os horários consignados Assiste razão em parte à reclamada-recorrente no ponto. Vejamos.
nas guias de viagens refletem a jornada de trabalho, descabendo
falar nos 30 minutos que antecediam a jornada, bem como 45 Sobre o pleito de horas extras propriamente ditas, comungo da
minutos após o término da última viagem. conclusão a que chegou o Juízo de piso, ao apontar a
imprestabilidade das guias de viagens par fins de controle de
Destaca a prova testemunhal por si produzida e sustenta que jornada, asseverando o maior valor probante do depoimento da
eventuais horas extras, tanto quanto o labor aos domingos e testemunha do autor, consoante excerto abaixo - ID. 205986f - Pág.
feriados e adicional noturno já foram remunerados. Por tudo, afirma 26 e 27:
dos registros, permanecendo o ônus da prova com o autor, nos "A testemunha do autor nos indicou que quando laborava pela
termos dos artigos 818 da CLT. Aponta que ficou provado que o parte da manhã até à tarde o fazia das 04:00 às 15:00/16:00
motorista fica vinculado ao sistema GRCT durante todo o labor. horas, sendo que dobrava três vezes até às 21:00/22:00 horas;
que na parte da noite laborava das 13:00 às 23:00/24:00 horas,
Pontua que, ainda que se fale em condenação das dobras dos sem computar o tempo de chegada ao terminal e o tempo de
domingos e feriados laborados, não se pode falar em adicional de deslocamento do terminal para a garagem, gastando no total
200%, já que não há previsão em norma coletiva a esse respeito. mais 45 minutos; que tinha de 15 a 20 minutos de intervalo; e
Por cautela, requer, subsidiariamente, que seja deferida apenas a que laborava na escala 7x1.
(...)
discorre com propriedade acerca do gozo integral do mesmo. O depoimento da testemunha da ré não nos retrata
Defenda, ainda, que a parcela possui natureza indenizatória, sendo efetivamente o que ocorre no dia a dia do trabalho executado
devido apenas o adicional de 50% do art. 71, §4°, da CLT e não o pelos motoristas e cobradores.

testemunha apresentada pela parte ré aduz que havia uma
Assim, acolho, em parte, a jornada indicada pelo autor na prefacial, orientação de registro na guia do intervalo para repouso e refeição,
a fixando desta forma: nos seis primeiros meses: das 04:00 às mas não confirma o que o mesmo era, de fato, usufruído
15:30 horas, com vinte minutos de intervalo, extrapolando duas integralmente. Desse modo, diante da prova da não concessão
vezes na semana até às 21:30 horas, acrescendo a tal horário trinta regular do intervalo para descanso e alimentação, deve ser
minutos antes da primeira viagem e mais quarenta e cinco minutos remunerado o período correspondente com um acréscimo de, no
ao final da última viagem, quando o autor laborava em dois dias na mínimo, cinquenta por cento sobre o valor da remuneração da hora
semana quando o autor dobrava tinha 30 minutos de intervalo); no normal de trabalho.
restante do período: das 13:00 às 24:00 horas, com vinte minutos
de intervalo, acrescendo os trinta minutos antes das 13:00 horas e Ademais, tanto a natureza salarial da parcela, quanto o pagamento
mais 45 minutos depois das 24:00 horas. A escala a ser da integralidade da hora do intervalo, são matérias já pacificadas
reconhecida é de sete dias de trabalho por um de descanso. pelo Colendo TST, consoante a Súmula n° 437, in verbis:
Portanto, procede ao pleito der pagamento de horas extras, com os "I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a
adicionais convencionais, devidas a partir da 44ª hora semanal; concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e
divisor de 220 horas; as horas extras noturnas deverão ser alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento
apuradas sobre o valor da hora noturna, observada a sua redução; total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido,
deverão ser deduzidos os valores já pagos ao obreiro." (grifos com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração
nossos) da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do
cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.
De fato, observo maior valor probatório no depoimento prestado
pela testemunha autoral, já que também atuava como motorista, II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho
chegando a trabalhar nas mesmas linhas que o reclamante se contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada
ativou (conforme registro na Ata de Audiência - ID. be74261 - Pág. porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do
1). trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e
art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à negociação coletiva.
Ademais, a prova documental pertinente à jornada de trabalho não
pode prevalecer sobre a testemunhal, eis que demonstrado que não III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da
retratam a verdadeira jornada de trabalho cumprida. Diante do CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de
quadro probatório apresentado ao Juízo, observa-se que o 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
depoimento da testemunha de iniciativa do autor é suficiente à intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação,
fixação da jornada, não havendo evidência de que mesmo os repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais.
relatórios de viagens enviados pelo Consórcio Grande Recife
refletem a real jornada do obreiro. IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de
trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma
E como acima apontado nos trechos destacados na sentença hora, obrigando o empregador a remunerar o período para
vergastada, a jornada fixada pelo Juízo de piso realizou ponderação descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do
adequada entre àquela apontada na inicial e o depoimento respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da
apresentado pela testemunha, não havendo, pois, que se falar em CLT."
qualquer nulidade por julgamento ultra petita.
Em relação ao intervalo intrajornada, há prova nos autos acerca da CLT, já que não há qualquer registro válido que comprove a
impossibilidade de concessão integral do intervalo previsto no art. concessão do intervalo de forma fracionada; inaplicável, também,
71 da CLT. Com efeito, à luz do depoimento da testemunha eventual previsão em CCT para redução do intervalo em até 30
apresentada pela parte autora (ID. be74261 - Pág. 2), observa-se minutos, já que não há comprovação deste arranjo com o obreiro,
que não havia gozo da integralidade do descanso. E mesmo a tendo, ademais, ficada comprovada a sobrejornada autoral (o que

impossibilitaria a aplicação da supracitada norma). Pelo exposto, dou provimento ao recurso patronal no ponto para
Quanto ao pleito recursal de compensação dos valores pagos sob domingos laborados, que sejam calculadas utilizando-se apenas a
idêntico título bem como que seja observado, como jornada extra, dobra legal.
aquela que supera a 44a semanal, registro que carece, em verdade,
interesse recursal à reclamada-recorrente, já que houve Honorários Advocatícios
manifestação nesse sentido na sentença de piso ("deverão ser
deduzidos os valores já pagos ao obreiro"- ID. 205986f - Pág. 27; A recorrente requer, ainda, a exclusão dos honorários advocatícios,
"Portanto, procede ao pleito der pagamento de horas extras, com os com lastro no não preenchimento dos requisitos das Súmulas n°
adicionais convencionais, devidas a partir da 44ª hora semanal" - 219 e 329 do C. TST e OJ n° 305 da SDI (já que o reclamante
ID. 205986f - Pág. 27). estava assistido por advogado particular).
Quanto ao pleito recursal subsidiário para que, acaso seja Com razão.
reconhecido que o reclamante trabalhava sete dias por semana,
quanto ao repouso semanal remunerado, observe-se que só houve Registre-se, primeiramente, que, tendo sido a demanda interposta
descumprimento à lei apenas na primeira semana, voltando a incidir antes do início da vigência das reformas implementadas pela Lei
descumprimento legal apenas na oitava semana e assim 11.467/2017, devem ser aplicadas, a presente reclamação, os
sucessivamente, percebe-se que, novamente, no comando regramentos anteriores em relação ao custeio de honorários
sentencial, o magistrado apontou que somente deve haver advocatícios.
pagamento de dobras de domingos e feriados trabalhados e que
não foram remunerados, em nada contrastando com o defendido e E, em consonância com as Súmulas n.ºs 219 e 329 do TST, OJ n.º
argumentado pela recorrente em suas razões recursais - ID. 305 da SDI-I, e Lei n.º 5.584/70, no processo do trabalho, a
205986f - Pág. 27: condenação à verba honorária não decorria de simples
sucumbência.
"Quanto aos domingos como o autor não tinha 52 folgas anuais, só
folgando em algumas semanas, deverá ser observado o pagamento Em se tratando de lide decorrente da relação de emprego, exigia-se
dos domingos tão somente que faltam para completar 52 folgas a ocorrência concomitante de assistência sindical e remuneração
anuais." (grifos nossos) inferior ao dobro do salário mínimo.
Dessa forma, aplicando-se o comando sentencial, o recorrente já Assim sendo, não se encontrando assistida, a parte autora, pelo
atingirá a tutela jurisdicional almejada, retirando da tutela recursal sindicato da categoria (ID. 1813011 - Pág. 1) não preenche os
sua necessidade-utilidade. Ausente, portanto, interesse recursal à requisitos para a concessão da verba em questão.
Recurso a que se dá provimento para excluir da condenação os
Nega-se, pois, provimento ao recurso nos supracitados aspectos honorários advocatícios.
(relacionados à jornada de trabalho).
Por sua vez, quanto ao pleito para revisão das dobras de domingos
e feriados com incidência de adicional de 200%, creio assistir razão Por fim, quanto aos recolhimentos previdenciários e fiscais, a
ao reclamante. reclamada-recorrente destaca que carece de previsão legal
imputação para que a ela recolha tais encargos, carecendo a esta
É que, apesar de serem devidas as dobras quando comprovado o Justiça Especializada competência para apreciar questões que
trabalho em dias feriados e/ou folgas semanais, não deve incidir, envolvam matéria de âmbito previdenciário. Ademais, não deve
sobre a dobra, qualquer outro adicional em acréscimo (inclusive por prevalecer o entendimento quanto às parcelas da condenação
não haver previsão a esse respeito na norma coletiva). serem devidas mês a mês e progressividade da incidência dos
tributos, uma vez que a norma é de ordem pública e determina o

recolhimento no ato do pagamento. do valor bruto a ser pago ao empregado. Trata-se da figura da
Quanto ao ponto, entendo que lhe assiste parcial razão. brasileiro.
Em relação a essa Justiça Especializada não ter competência para No tocante ao recolhimento da contribuição previdenciária,
apreciar questões que envolvam matéria de âmbito previdenciário evidentemente que deve ser respeitado o limite de responsabilidade
razão não lhe assiste. de cada uma das partes pela parcela previdenciária respectiva,
Afasto a alegação de incompetência desta Justiça Especializada em tais deduções legais.
razão da matéria, uma vez que, de acordo com o artigo 114, VII, da
CF/88, compete à Justiça do Trabalho processar e julgar "(...) a Assim, após a comprovação dos recolhimentos previdenciário e
execução, de ofício, das contribuições sociais (...)". fiscal pela empregadora, em prazo a ser assinalado pelo Juízo das
Quanto à determinação do Juízo a quo para efetivação dos valores por ele devidos, consoante a Consolidação dos Provimentos
recolhimentos previdenciários e fiscais, creio assistir razão à da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho e por incidência da
recorrente. Súmula nº. 368 do C. TST.
Sobre o ponto, o juízo de primeiro grau assim decidiu - ID. 205986f - Assim, dou provimento ao recurso para determinar a retenção, do
Pág. 35: crédito do autor, dos valores por ele devidos a título de imposto de
renda e contribuição previdenciária.
"Não incidem para efeito previdenciário e tributário os valores
devidos a título de FGTS com 40%, aviso prévio indenizado e de Prequestionamento
férias indenizadas com 1/3 O imposto de renda deve ser apurado
mês a mês na forma determina pela Lei 12.350/2010 e Instrução Acrescento, enfim, que os motivos expostos na fundamentação do
Normativa RFB n. 1.127, de 07/02/2011. presente julgado não violam nenhum dos dispositivos da
Constituição Federal, tampouco preceitos legais, sendo
A reclamada deverá recolher integralmente, sem ônus para o desnecessária a menção expressa, a cada um deles, a teor do
reclamante, com o encargo previdenciário, vez que não pagou os disposto na OJ nº. 118, da SDI-1, do C. TST.
Os recolhimentos previdenciários e tributários são matéria de ordem
pública, cabendo ao empregador a responsabilidade pelos
devida pelo empregado no crédito do obreiro, por força do que
dispõem as Leis n° 8.212/91, 8.541/92, 8.620/93, 10.035/00 e
recolhimento do imposto de renda deve ser feito com base na data
do pagamento. Tal dispositivo legal não contraria os princípios da
isonomia e da progressividade previstos nos artigos 150 e 153 da
Constituição Federal, tendo em vista que o valor porventura
recolhido a mais será compensado na declaração anual, com o
devido ressarcimento em favor do contribuinte, se for o caso. Assim,
não se justifica que o ônus desse pagamento seja do empregador,
cabendo a este fazer o recolhimento e comprová-lo para dedução

PARCIAL ao recurso patronal para: 1 - determinar que, quanto às
Conclusão horas extras relativas aos dias feriados e domingos laborados, que
sejam calculadas utilizando-se apenas a dobra legal; 2 - excluir da
Desembargadora Socorro Emerenciano (que ainda excluía a
R$ 2.000,00, com custas reduzidas em R$ 40,00.
Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso patronal
para:
1 - determinar que, quanto às horas extras relativas aos dias
feriados e domingos laborados, que sejam calculadas utilizando-se
3 - determinar a retenção, do crédito do autor, dos valores por ele
devidos a título de imposto de renda e contribuição previdenciária. EMMT
Ao decréscimo, arbitra-se o valor de R$ 2.000,00, com custas
- determinar que, quanto às horas extras relativas aos dias feriados
dobra legal; 2 - excluir da condenação os honorários advocatícios; 3
- determinar a retenção, do crédito do autor, dos valores por ele
devidos a título de imposto de renda e contribuição previdenciária,

vencida, em parte, a Exma. Desembargadora Socorro Emerenciano
(que ainda excluía a condenação em horas extras). Ao decréscimo, Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
40,00. Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA
Certifico e dou fé. Recorrente : RODOTUR TURISMO LTDA
Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018. Recorridos : CLODOALDO DE AQUINO PASSOS
METROPOLITANA DO RECIFE LTDA.
Advogados : EDSON CAVALCANTE DE QUEIROZ JUNIOR; ALINE
Secretária da 1ª Turma CLEBIA DE CARVALHO RAMOS SALES; LEONARDO LUNA DE
LUCENA; ANDRE LUIZ GOMES DA SILVA; ALEXANDRE JOSÉ
Acórdão
Processo Nº RO-0000226-38.2016.5.06.0103
ADVOGADO LEONARDO LUNA DE LUCENA(OAB:
30389/PE)
RAMOS SALES(OAB: 42988/PE)
RECORRIDO CLODOALDO DE AQUINO PASSOS
ADVOGADO ANDRE LUIZ GOMES DA SILVA(OAB: EMENTA
39131/PE)
TERCEIRO CONSORCIO DE TRANSPORTES DA
INTERESSADO REGIAO METROPOLITANA DO
RECIFE LTDA
- CONSORCIO DE TRANSPORTES DA REGIAO
METROPOLITANA DO RECIFE LTDA
PODER
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. DIREITO
JUDICIÁRIO
PROCESSUAL DO TRABALHO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
RECLAMAÇÃO INTERPOSTA ANTES DA VIGÊNCIA DE LEI
11.467/2017. AUSÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SINDICAL. Tendo
sido a demanda interposta antes do início da vigência das reformas
implementadas pela Lei 11.467/2017, devem ser aplicadas, à
presente reclamação, os regramentos anteriores em relação ao
PROC. N.º TRT. 0000226-38.2016.5.06.0103 (RO) custeio de honorários advocatícios. E, em consonância com as

Súmulas n.ºs 219 e 329 do TST, OJ n.º 305 da SDI-I, e Lei n.º e dobra dos domingos trabalhados, além as respectivas
5.584/70, no processo do trabalho, a condenação à verba honorária repercussões. Para tanto, aduz que inexistiu a suposta escala 7x1,
não decorria de simples sucumbência. Em se tratando de lide a supressão do intervalo intrajornada e que os horários consignados
decorrente da relação de emprego, exigia-se a ocorrência nas guias de viagens refletem a jornada de trabalho, descabendo
concomitante de assistência sindical e remuneração inferior ao falar nos 30 minutos que antecediam a jornada, bem como 45
dobro do salário mínimo. Assim sendo, não se encontrando a parte minutos após o término da última viagem. Destaca a prova
autora assistida pelo sindicato da categoria, não preenche os testemunhal por si produzida e sustenta que eventuais horas extras,
requisitos para a concessão da verba em questão. Recurso a que tanto quanto o labor aos domingos e feriados e adicional noturno já
se dá parcial provimento. foram remunerados. Por tudo, afirma que a prova testemunhal não
teve o condão de afastar a idoneidade dos registros, permanecendo
o ônus da prova com o autor, nos termos dos artigos 818 da CLT.
Aponta que ficou provado que o motorista fica vinculado ao sistema
GRCT durante todo o labor. Pontua que, ainda que se fale em
condenação das dobras dos domingos e feriados laborados, não se
pode falar em adicional de 200%, já que não há previsão em norma
seja deferida apenas a dobra legal, ante a sua condição de
RELATÓRIO testemunha discorre com propriedade acerca do gozo integral do
Vistos etc. para repouso ou alimentação até, ao menos, 30 minutos diários,
desde que o empregado não esteja submetido a regime de trabalho
Recurso ordinário interposto por RODOTUR TURISMO LTDA em prorrogado e sejam observadas as condições de segurança e saúde
face de sentença proferida pelo MM. Juízo da 3ª VARA DO no trabalho. Requer, ainda, a compensação de valores já pagos a
TRABALHO DE OLINDA (PE) que, nos termos dos fundamentos em tal título, sendo apurados exclusivamente as eventuais horas
anexo (ID. 205986f), integrados pela decisão proferida em sede de efetivamente não usufruídas. Quanto às dobras dos repousos
embargos declaratórios (ID. cccfe8e), julgou PROCEDENTES EM semanais remunerados, requer, subsidiariamente, que deva se
PARTE os pedidos formulados na reclamação trabalhista ajuizada observar que apenas na primeira semana o trabalho se opera em
por CLODOALDO DE AQUINO PASSOS. sete dias e, nas próximas seis, apenas em seis dias. Ademais,
Em razões anexas (ID. d32e9df), a RODOTUR contrapõe-se à pagamento das parcelas em foco, seja considerada como jornada
condenação em horas extras. Alega, em primeiro ponto, que houve extraordinária apenas quando exceder a 44ª hora semanal,
julgamento ultra petita quando o Juízo de piso condenou a conforme reza a Convenção Coletiva da Categoria. Protesta,
recorrente ao pagamento de horas extras em horários também, contra a condenação ao pagamento de honorários
aleatoriamente arbitrados que sequer foram expostos na petição advocatícios, por ausentes os pressupostos das Súmulas n° 219 e
inicial. Requer, assim, a decretação da nulidade da decisão com 329 do C. TST (já que o reclamante está assistido por advogado
retorno dos autos à instância de origem para novo julgamento. Em particular). Por fim, quanto aos recolhimentos previdenciários e
segundo ponto, insurge-se contra a condenação no pagamento de fiscais, destaca que carece de previsão legal imputação para que a
horas extras, intervalo intrajornada e interjornada, adicional noturno recorrente recolha tais encargos, carecendo a esta Justiça

Especializada competência para apreciar questões que envolvam
matéria de âmbito previdenciário. Ademais, não deve prevalecer o A RODOTUR contrapõe-se à condenação em horas extras. Alega,
entendimento quanto às parcelas da condenação serem devidas em primeiro ponto, que houve julgamento ultra petita quando o
mês a mês e progressividade da incidência dos tributos, uma vez Juízo de piso condenou a recorrente ao pagamento de horas extras
que a norma é de ordem pública e determina o recolhimento no ato em horários aleatoriamente arbitrados que sequer foram expostos
do pagamento. Pede provimento. na petição inicial. Requer, assim, a decretação da nulidade da
decisão com retorno dos autos à instância de origem para novo
Não foram apresentadas contrarrazões. julgamento.
Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do Em segundo ponto, insurge-se contra a condenação no pagamento
Trabalho, por inexistir interesse público a justificar a intervenção. de horas extras, intervalo intrajornada e interjornada, adicional
Ressalva-se, contudo, o direito de se pronunciar verbalmente ou noturno e dobra dos domingos trabalhados, além as respectivas
pedir vista regimental, se necessário, por ocasião da sessão de repercussões. Para tanto, aduz que inexistiu a suposta escala 7x1,
julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, XIII e VII, da Lei a supressão do intervalo intrajornada e que os horários consignados
Complementar n° 75/93. nas guias de viagens refletem a jornada de trabalho, descabendo
falar nos 30 minutos que antecediam a jornada, bem como 45
É o relatório. minutos após o término da última viagem.
Destaca a prova testemunhal por si produzida e sustenta que
eventuais horas extras, tanto quanto o labor aos domingos e
feriados e adicional noturno já foram remunerados. Por tudo, afirma
dos registros, permanecendo o ônus da prova com o autor, nos
termos dos artigos 818 da CLT. Aponta que ficou provado que o
motorista fica vinculado ao sistema GRCT durante todo o labor.
Pontua que, ainda que se fale em condenação das dobras dos
domingos e feriados laborados, não se pode falar em adicional de
VOTO 200%, já que não há previsão em norma coletiva a esse respeito.
Por cautela, requer, subsidiariamente, que seja deferida apenas a
discorre com propriedade acerca do gozo integral do mesmo.
Defenda, ainda, que a parcela possui natureza indenizatória, sendo
devido apenas o adicional de 50% do art. 71, §4°, da CLT e não o
Pressupostos de admissibilidade do art. 71, da CLT, os interregnos de tempo de descanso dentro da
jornada de trabalho de motoristas e cobradores devem ser
Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade, computados, mesmo fracionados, como sendo intervalo
representação processual e atendido o preparo, conheço do intrajornada. Ainda subsidiariamente, requer que se observa a CCT,
recurso. onde está a possibilidade de redução no intervalo para repouso ou
alimentação até, ao menos, 30 minutos diários, desde que o
Mérito empregado não esteja submetido a regime de trabalho prorrogado e
sejam observadas as condições de segurança e saúde no trabalho.
Jornada de trabalho Requer, ainda, a compensação de valores já pagos a tal título,

sendo apurados exclusivamente as eventuais horas efetivamente mais 45 minutos depois das 24:00 horas. A escala a ser
não usufruídas. reconhecida é de sete dias de trabalho por um de descanso.
Quanto às dobras dos repousos semanais remunerados, requer, Portanto, procede ao pleito der pagamento de horas extras, com os
subsidiariamente, que deva se observar que apenas na primeira adicionais convencionais, devidas a partir da 44ª hora semanal;
semana o trabalho se opera em sete dias e, nas próximas seis, divisor de 220 horas; as horas extras noturnas deverão ser
apenas em seis dias. apuradas sobre o valor da hora noturna, observada a sua redução;
deverão ser deduzidos os valores já pagos ao obreiro." (grifos
Ademais, requer a recorrente que, acaso seja mantida a nossos)
condenação no pagamento das parcelas em foco, seja considerada
como jornada extraordinária apenas quando exceder a 44ª hora De fato, observo maior valor probatório no depoimento prestado
semanal, conforme reza a Convenção Coletiva da Categoria. pela testemunha autoral, já que também atuava como motorista,
chegando a trabalhar nas mesmas linhas que o reclamante se
Assiste razão em parte à reclamada-recorrente no ponto. Vejamos. ativou (conforme registro na Ata de Audiência - ID. be74261 - Pág.
1).
Sobre o pleito de horas extras propriamente ditas, comungo da
conclusão a que chegou o Juízo de piso, ao apontar a Ademais, a prova documental pertinente à jornada de trabalho não
imprestabilidade das guias de viagens par fins de controle de pode prevalecer sobre a testemunhal, eis que demonstrado que não
jornada, asseverando o maior valor probante do depoimento da retratam a verdadeira jornada de trabalho cumprida. Diante do
testemunha do autor, consoante excerto abaixo - ID. 205986f - Pág. quadro probatório apresentado ao Juízo, observa-se que o
26 e 27: depoimento da testemunha de iniciativa do autor é suficiente à
fixação da jornada, não havendo evidência de que mesmo os
"A testemunha do autor nos indicou que quando laborava pela relatórios de viagens enviados pelo Consórcio Grande Recife
parte da manhã até à tarde o fazia das 04:00 às 15:00/16:00 refletem a real jornada do obreiro.
horas, sendo que dobrava três vezes até às 21:00/22:00 horas;
que na parte da noite laborava das 13:00 às 23:00/24:00 horas, E como acima apontado nos trechos destacados na sentença
sem computar o tempo de chegada ao terminal e o tempo de vergastada, a jornada fixada pelo Juízo de piso realizou ponderação
deslocamento do terminal para a garagem, gastando no total adequada entre àquela apontada na inicial e o depoimento
mais 45 minutos; que tinha de 15 a 20 minutos de intervalo; e apresentado pela testemunha, não havendo, pois, que se falar em
que laborava na escala 7x1. qualquer nulidade por julgamento ultra petita.
(...) Em relação ao intervalo intrajornada, há prova nos autos acerca da
impossibilidade de concessão integral do intervalo previsto no art.
O depoimento da testemunha da ré não nos retrata 71 da CLT. Com efeito, à luz do depoimento da testemunha
efetivamente o que ocorre no dia a dia do trabalho executado apresentada pela parte autora (ID. be74261 - Pág. 2), observa-se
pelos motoristas e cobradores. que não havia gozo da integralidade do descanso. E mesmo a
testemunha apresentada pela parte ré aduz que havia uma
Assim, acolho, em parte, a jornada indicada pelo autor na prefacial, orientação de registro na guia do intervalo para repouso e refeição,
a fixando desta forma: nos seis primeiros meses: das 04:00 às mas não confirma o que o mesmo era, de fato, usufruído
15:30 horas, com vinte minutos de intervalo, extrapolando duas integralmente. Desse modo, diante da prova da não concessão
vezes na semana até às 21:30 horas, acrescendo a tal horário trinta regular do intervalo para descanso e alimentação, deve ser
minutos antes da primeira viagem e mais quarenta e cinco minutos remunerado o período correspondente com um acréscimo de, no
ao final da última viagem, quando o autor laborava em dois dias na mínimo, cinquenta por cento sobre o valor da remuneração da hora
semana quando o autor dobrava tinha 30 minutos de intervalo); no normal de trabalho.
restante do período: das 13:00 às 24:00 horas, com vinte minutos
de intervalo, acrescendo os trinta minutos antes das 13:00 horas e Ademais, tanto a natureza salarial da parcela, quanto o pagamento

da integralidade da hora do intervalo, são matérias já pacificadas ID. 205986f - Pág. 27).
pelo Colendo TST, consoante a Súmula n° 437, in verbis:
Quanto ao pleito recursal subsidiário para que, acaso seja
"I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a reconhecido que o reclamante trabalhava sete dias por semana,
concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e quanto ao repouso semanal remunerado, observe-se que só houve
alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento descumprimento à lei apenas na primeira semana, voltando a incidir
total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, descumprimento legal apenas na oitava semana e assim
com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração sucessivamente, percebe-se que, novamente, no comando
da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do sentencial, o magistrado apontou que somente deve haver
cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração. pagamento de dobras de domingos e feriados trabalhados e que
não foram remunerados, em nada contrastando com o defendido e
II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho argumentado pela recorrente em suas razões recursais - ID.
contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada 205986f - Pág. 27:
porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do
trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e "Quanto aos domingos como o autor não tinha 52 folgas anuais, só
art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à negociação coletiva. folgando em algumas semanas, deverá ser observado o pagamento
dos domingos tão somente que faltam para completar 52 folgas
III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da anuais." (grifos nossos)
CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de
1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o Dessa forma, aplicando-se o comando sentencial, o recorrente já
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, atingirá a tutela jurisdicional almejada, retirando da tutela recursal
repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais. sua necessidade-utilidade. Ausente, portanto, interesse recursal à
IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de
trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma Nega-se, pois, provimento ao recurso nos supracitados aspectos
hora, obrigando o empregador a remunerar o período para (relacionados à jornada de trabalho).
descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do
respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da Por sua vez, quanto ao pleito para revisão das dobras de domingos
CLT." e feriados com incidência de adicional de 200%, creio assistir razão
ao reclamante.
CLT, já que não há qualquer registro válido que comprove a É que, apesar de serem devidas as dobras quando comprovado o
concessão do intervalo de forma fracionada; inaplicável, também, trabalho em dias feriados e/ou folgas semanais, não deve incidir,
eventual previsão em CCT para redução do intervalo em até 30 sobre a dobra, qualquer outro adicional em acréscimo (inclusive por
minutos, já que não há comprovação deste arranjo com o obreiro, não haver previsão a esse respeito na norma coletiva).
tendo, ademais, ficada comprovada a sobrejornada autoral (o que
impossibilitaria a aplicação da supracitada norma). Pelo exposto, dou provimento ao recurso patronal no ponto para
Quanto ao pleito recursal de compensação dos valores pagos sob domingos laborados, que sejam calculadas utilizando-se apenas a
idêntico título bem como que seja observado, como jornada extra, dobra legal.
aquela que supera a 44a semanal, registro que carece, em verdade,
interesse recursal à reclamada-recorrente, já que houve Honorários Advocatícios
manifestação nesse sentido na sentença de piso ("deverão ser
deduzidos os valores já pagos ao obreiro"- ID. 205986f - Pág. 27; A recorrente requer, ainda, a exclusão dos honorários advocatícios,
"Portanto, procede ao pleito der pagamento de horas extras, com os com lastro no não preenchimento dos requisitos das Súmulas n°
adicionais convencionais, devidas a partir da 44ª hora semanal" - 219 e 329 do C. TST e OJ n° 305 da SDI (já que o reclamante

estava assistido por advogado particular). CF/88, compete à Justiça do Trabalho processar e julgar "(...) a
execução, de ofício, das contribuições sociais (...)".
Com razão.
Quanto à determinação do Juízo a quo para efetivação dos
Registre-se, primeiramente, que, tendo sido a demanda interposta recolhimentos previdenciários e fiscais, creio assistir razão à
antes do início da vigência das reformas implementadas pela Lei recorrente.
11.467/2017, devem ser aplicadas, a presente reclamação, os
regramentos anteriores em relação ao custeio de honorários Sobre o ponto, o juízo de primeiro grau assim decidiu - ID. 205986f -
advocatícios. Pág. 35:
E, em consonância com as Súmulas n.ºs 219 e 329 do TST, OJ n.º "Não incidem para efeito previdenciário e tributário os valores
305 da SDI-I, e Lei n.º 5.584/70, no processo do trabalho, a devidos a título de FGTS com 40%, aviso prévio indenizado e de
condenação à verba honorária não decorria de simples férias indenizadas com 1/3 O imposto de renda deve ser apurado
sucumbência. mês a mês na forma determina pela Lei 12.350/2010 e Instrução
Normativa RFB n. 1.127, de 07/02/2011.
Em se tratando de lide decorrente da relação de emprego, exigia-se
a ocorrência concomitante de assistência sindical e remuneração A reclamada deverá recolher integralmente, sem ônus para o
inferior ao dobro do salário mínimo. reclamante, com o encargo previdenciário, vez que não pagou os
Assim sendo, não se encontrando assistida, a parte autora, pelo
sindicato da categoria (ID. 1813011 - Pág. 1) não preenche os Os recolhimentos previdenciários e tributários são matéria de ordem
requisitos para a concessão da verba em questão. pública, cabendo ao empregador a responsabilidade pelos
Recurso a que se dá provimento para excluir da condenação os devida pelo empregado no crédito do obreiro, por força do que
honorários advocatícios. dispõem as Leis n° 8.212/91, 8.541/92, 8.620/93, 10.035/00 e
Por fim, quanto aos recolhimentos previdenciários e fiscais, a recolhimento do imposto de renda deve ser feito com base na data
reclamada-recorrente destaca que carece de previsão legal do pagamento. Tal dispositivo legal não contraria os princípios da
imputação para que a ela recolha tais encargos, carecendo a esta isonomia e da progressividade previstos nos artigos 150 e 153 da
Justiça Especializada competência para apreciar questões que Constituição Federal, tendo em vista que o valor porventura
envolvam matéria de âmbito previdenciário. Ademais, não deve recolhido a mais será compensado na declaração anual, com o
prevalecer o entendimento quanto às parcelas da condenação devido ressarcimento em favor do contribuinte, se for o caso. Assim,
serem devidas mês a mês e progressividade da incidência dos não se justifica que o ônus desse pagamento seja do empregador,
tributos, uma vez que a norma é de ordem pública e determina o cabendo a este fazer o recolhimento e comprová-lo para dedução
recolhimento no ato do pagamento. do valor bruto a ser pago ao empregado. Trata-se da figura da
Quanto ao ponto, entendo que lhe assiste parcial razão. brasileiro.
Em relação a essa Justiça Especializada não ter competência para No tocante ao recolhimento da contribuição previdenciária,
apreciar questões que envolvam matéria de âmbito previdenciário evidentemente que deve ser respeitado o limite de responsabilidade
razão não lhe assiste. de cada uma das partes pela parcela previdenciária respectiva,
Afasto a alegação de incompetência desta Justiça Especializada em tais deduções legais.
razão da matéria, uma vez que, de acordo com o artigo 114, VII, da

Assim, após a comprovação dos recolhimentos previdenciário e
valores por ele devidos, consoante a Consolidação dos Provimentos
da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho e por incidência da
Súmula nº. 368 do C. TST. Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso patronal
para:
Assim, dou provimento ao recurso para determinar a retenção, do
crédito do autor, dos valores por ele devidos a título de imposto de 1 - determinar que, quanto às horas extras relativas aos dias
renda e contribuição previdenciária. feriados e domingos laborados, que sejam calculadas utilizando-se
Prequestionamento
presente julgado não violam nenhum dos dispositivos da 3 - determinar a retenção, do crédito do autor, dos valores por ele
Constituição Federal, tampouco preceitos legais, sendo devidos a título de imposto de renda e contribuição previdenciária.
disposto na OJ nº. 118, da SDI-1, do C. TST. Ao decréscimo, arbitra-se o valor de R$ 2.000,00, com custas
PARCIAL ao recurso patronal para: 1 - determinar que, quanto às
Conclusão horas extras relativas aos dias feriados e domingos laborados, que
sejam calculadas utilizando-se apenas a dobra legal; 2 - excluir da

Desembargadora Socorro Emerenciano (que ainda excluía a Vera Neuma de Moraes Leite
R$ 2.000,00, com custas reduzidas em R$ 40,00. Secretária da 1ª Turma

Acórdão
Processo Nº RO-0000287-31.2017.5.06.0371
RECORRENTE RONILSON MANOEL DE ALMEIDA
ADVOGADO ANTONIO HENRIQUE DA
EMMT FONSECA(OAB: 10432/PE)
ADVOGADO LENIVAN ELIAS DA SILVA(OAB:
35004/PE)
PERNAMBUCO
ADVOGADO BRUNO MOURY FERNANDES(OAB:
CERTIDÃO DE JULGAMENTO 18373/PE)
RECORRENTE GRANVILLE & BAZAN LTDA
ADVOGADO LEANDRO VICTOR SOBREIRA
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi MELQUIDES DE LIMA(OAB:
36717/PE)
publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de ADVOGADO DANIELA SINDONI FELICIANO(OAB:
27514/PE)
MARIA DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO, com a presença do NETO(OAB: 15657/PE)
ADVOGADO RENATO DE SOUZA LEAO
Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pela ARCOVERDE(OAB: 32849/PE)
Exma. Sra. Procuradora Elizabeth Veiga e dos Exmos. Srs. RECORRIDO COMPANHIA ENERGETICA DE
PERNAMBUCO
Desembargador Sergio Torres Teixeira (Relator) e Ibrahim Alves ADVOGADO ALVARO VAN DER LEY LIMA
NETO(OAB: 15657/PE)
RECORRIDO RONILSON MANOEL DE ALMEIDA
para o Gabinete Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por ADVOGADO ANTONIO HENRIQUE DA
FONSECA(OAB: 10432/PE)
- determinar que, quanto às horas extras relativas aos dias feriados 35004/PE)
RECORRIDO GRANVILLE & BAZAN LTDA
dobra legal; 2 - excluir da condenação os honorários advocatícios; 3 NETO(OAB: 15657/PE)
- determinar a retenção, do crédito do autor, dos valores por ele ARCOVERDE(OAB: 32849/PE)
devidos a título de imposto de renda e contribuição previdenciária, ADVOGADO LEANDRO VICTOR SOBREIRA
MELQUIDES DE LIMA(OAB:
vencida, em parte, a Exma. Desembargadora Socorro Emerenciano 36717/PE)
ADVOGADO DANIELA SINDONI FELICIANO(OAB:
(que ainda excluía a condenação em horas extras). Ao decréscimo, 27514/PE)
40,00.
- RONILSON MANOEL DE ALMEIDA
Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018. PODER
JUDICIÁRIO

contra qualquer decisão judicial para esclarecer obscuridade ou
eliminar contradição, suprir omissão de ponto ou questão sobre o
qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento e corrigir
erro material. Embargos rejeitados.
PROC. N.º TRT - 0000287-31.2017.5.06.0371 (ED)
Redator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA
Embargante : COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO-
CELPE
Embargado : RONILSON MANOEL DE ALMEIDA; GRANVILLE &
BAZAN LTDA Vistos etc.
Advogados : ALVARO VAN DER LEY LIMA neto; ANTONIO Embargos de declaração opostos por COMPANHIA ENERGÉTICA
HENRIQUE DA FONSECA DE PERNAMBUCO - CELPE contra acórdão proferido por esta 1ª
Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região.
Procedência : VARA DO TRABALHO DE SERRA TALHADA (PE)
Em razões anexas, com fulcro no art. 897-A da CLT, apresenta os
embargos a título de prévio prequestionamento, em virtude de
omissão acerca do pedido de suspensão do feito, com base no ARE
713211. Além disso, aponta omissão na análise da matéria à luz da
Lei n° 13.429/2017, que legitimaria a terceirização no âmbito das
atividades meio ou atividades-fim. Pede o acolhimento.
É o relatório.
EMENTA VOTO:
Pressupostos de admissibilidade
Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade e
representação processual, conheço dos embargos.
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. EMBARGOS Mérito
DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. Pela norma
do artigo 897-A da CLT, para que os embargos declaratórios sejam A embargante aponta omissão quanto ao pedido de suspensão do
acolhidos, deve estar presente omissão, contradição ou equívoco feito, em virtude da pendência de discussão no E. STF no ARE
no exame dos pressupostos extrínsecos de admissibilidade 713211. Além disso, requer pronunciamento acerca da análise da
recursal. Importa destacar que, nos termos do art. 1.022 do CPC de matéria à luz da Lei n° 13.429/2017 que legitimaria a terceirização
2015, aplicável ao processo do trabalho, consoante Instrução no âmbito das atividades meio ou atividades-fim.
Normativa n° 39 do C. TST cabe embargos de declaração, ainda,

À análise. indenização pelo não fornecimento de plano de saúde e protetor
solar, vê-se clara o intuito de revolvimento de conjunto probatório, o
Pela norma do artigo 897-A da CLT, para que os embargos que não é permitido em sede de embargos de declaração, não se
declaratórios sejam acolhidos, deve estar presente omissão, cogitando contradição entre decisão e as provas nas autos, sendo
contradição ou equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos certo que o acórdão embargado contém fundamentação pertinente
de admissibilidade recursal. inclusive quanto à discutida prova do dispêndio de despesas.
Inadmissível, no entanto, a utilização do remédio jurídico, ora eleito, Assim, uma vez presente fundamentação adequada sobre a
quando as suas razões referem-se a supostos vícios, fora das matéria, a inexistência de referência a dispositivo legal ou
hipóteses tratadas legalmente. jurisprudência não implica omissão, a teor da OJ n.º 118 da SDI-I do
TST. De qualquer sorte, houve fundamentado exame da matéria à
In casu, inexiste qualquer omissão no julgado, pois, além de o luz da legislação vigente à época da prestação de serviços.
acórdão embargado conter fundamentação pertinente, e não ter
havido pedido de suspensão do feito (o que de toda sorte seria Importa destacar que, nos termos do referido art. 1022, aplicável ao
rejeitado, porque a decisão que reconheceu a repercussão geral no processo do trabalho, consoante Instrução Normativa n° 39 do C.
ARE 713211, que trata da proibição genérica de terceirização em TST cabe embargos de declaração contra qualquer decisão judicial
atividade-fim, foi proferida sob a égide do CPC de 1973, quando, para esclarecer obscuridade ou eliminar contradição, suprir omissão
pelo teor da norma do art. 543-A, o sobrestamento do feito era de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de
faculdade do relator) não configura omissão o julgamento da ofício ou a requerimento e corrigir erro material.
questão controvertida à luz da legislação vigente à data em que
houve a prestação de serviços. De igual modo, de acordo com a disciplina do art. 1022 do Código
de Processo Civil de 2015, considera-se omissa a decisão judicial,
Cumpre esclarecer que a nova redação da Lei n° 6.019/1974, desfundamentada, nos termos do art. 489, §1°, do mesmo diploma
conferida pela Lei n° 13.429/2017, regula os contratos celebrados e legal.
executados a partir de sua vigência (31/3/2017). Regula, ainda,
conforme norma de direito intertemporal expressamente contida no Ocorre que o acórdão embargado não se limitou à indicação, à
art. 19-C, os contratos em vigência, se as partes assim acordarem. reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua
relação com a causa ou a questão decidida, tampouco empregou
Isto é, ainda que remanesça controvérsia sobre a amplitude do conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto
alcance das alterações promovidas pela Lei n° 13.429/2017 (se de sua incidência no caso, tendo, consoante aqui demonstrado,
validadora das terceirizações ordinárias em atividade-fim - haja vista invocado os motivos extraídos dos autos para justificar a decisão e
a norma do art. 4°-A que tão somente autoriza a terceirização de enfrentado os argumentos deduzidos no processo para deslinde da
serviços "determinados" e "específicos"), em nenhuma hipótese, controvérsia.
poderá a novel legislação alcançar os contratos celebrados e
executados na fase anterior à vigência da lei nova, por imperativo Rejeito, pois, os embargos de declaração.
constitucional decorrente do art. 5°, inciso XXXVI, da Constituição
da República, que estabelece o princípio da irretroatividade das leis, Prequestionamento. Violações de dispositivos legais
apesar dos seus efeitos imediatos.
Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
Apenas por amor ao debate, válido lembrar que a superveniência de fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
legislação não tem o condão de "revogar" verbete jurisprudencial, qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
tampouco Incidente de Uniformização de Jurisprudência, podendo, infraconstitucional, sendo desnecessária a menção expressa a cada
no máximo, tornar superada a orientação, o que não é, de modo um deles, a teor do disposto na OJ n° 118, da SDI-I do TST.
absoluto, o que ocorreu no caso presente.
Ressalte-se ainda que, nos termos entendimento pacificado pelo C.
Ademais, acerca das insurgências contra a condenação em TST, através do item I da Súmula nº 297, a matéria já é considerada

prequestionada quando houver tese explícita adotada na decisão
impugnada, restando desnecessária a oposição dos embargos
declaratórios, em tais situações.
Ademais, nos moldes do art. 1.025 do CPC, consideram-se
incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para
fins de prequestionamento, ainda que os embargos de declaração
sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere
existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.
Conclusão ACORDAM os Desembargadores integrantes da 1ª Turma do
Tribunal do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, REJEITAR
Diante do exposto, REJEITO os embargos. os embargos.
Recife (PE), 1º de fevereiro de 2018.
EMMT
da Exma. Sra. Desembargadora MARIA DO SOCORRO SILVA
EMERENCIANO, com a presença do Ministério Público do Trabalho
da 6ª Região, representado pelo Exm. Sr. Procurador Pedro Serafim
e dos Exmos. Srs. Desembargadores Sergio Torres Teixeira
(Relator) e Valéria Gondim Sampaio, resolveu a 1ª Turma do
Tribunal, por unanimidade, REJEITAR os embargos.
Sala de Sessões, 1º de fevereiro de 2018.

CELPE
Acórdão
Processo Nº RO-0000287-31.2017.5.06.0371
Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA Embargado : RONILSON MANOEL DE ALMEIDA; GRANVILLE &
RECORRENTE RONILSON MANOEL DE ALMEIDA BAZAN LTDA
ADVOGADO LENIVAN ELIAS DA SILVA(OAB: Advogados : ALVARO VAN DER LEY LIMA neto; ANTONIO
35004/PE)
RECORRENTE COMPANHIA ENERGETICA DE HENRIQUE DA FONSECA
PERNAMBUCO
18373/PE) Procedência : VARA DO TRABALHO DE SERRA TALHADA (PE)
36717/PE)
27514/PE)
NETO(OAB: 15657/PE)
ARCOVERDE(OAB: 32849/PE)
RECORRIDO COMPANHIA ENERGETICA DE
PERNAMBUCO
NETO(OAB: 15657/PE)
ADVOGADO ANTONIO HENRIQUE DA EMENTA
35004/PE)
NETO(OAB: 15657/PE)
36717/PE)
27514/PE)
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. EMBARGOS
- COMPANHIA ENERGETICA DE PERNAMBUCO
do artigo 897-A da CLT, para que os embargos declaratórios sejam
acolhidos, deve estar presente omissão, contradição ou equívoco
no exame dos pressupostos extrínsecos de admissibilidade

PODER recursal. Importa destacar que, nos termos do art. 1.022 do CPC de
JUDICIÁRIO 2015, aplicável ao processo do trabalho, consoante Instrução
contra qualquer decisão judicial para esclarecer obscuridade ou
qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento e corrigir
erro material. Embargos rejeitados.
PROC. N.º TRT - 0000287-31.2017.5.06.0371 (ED)

Inadmissível, no entanto, a utilização do remédio jurídico, ora eleito,
quando as suas razões referem-se a supostos vícios, fora das
hipóteses tratadas legalmente.
In casu, inexiste qualquer omissão no julgado, pois, além de o
havido pedido de suspensão do feito (o que de toda sorte seria
Vistos etc. rejeitado, porque a decisão que reconheceu a repercussão geral no
ARE 713211, que trata da proibição genérica de terceirização em
Embargos de declaração opostos por COMPANHIA ENERGÉTICA atividade-fim, foi proferida sob a égide do CPC de 1973, quando,
DE PERNAMBUCO - CELPE contra acórdão proferido por esta 1ª pelo teor da norma do art. 543-A, o sobrestamento do feito era
Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região. faculdade do relator) não configura omissão o julgamento da
Em razões anexas, com fulcro no art. 897-A da CLT, apresenta os houve a prestação de serviços.
omissão acerca do pedido de suspensão do feito, com base no ARE Cumpre esclarecer que a nova redação da Lei n° 6.019/1974,
713211. Além disso, aponta omissão na análise da matéria à luz da conferida pela Lei n° 13.429/2017, regula os contratos celebrados e
Lei n° 13.429/2017, que legitimaria a terceirização no âmbito das executados a partir de sua vigência (31/3/2017). Regula, ainda,
atividades meio ou atividades-fim. Pede o acolhimento. conforme norma de direito intertemporal expressamente contida no
art. 19-C, os contratos em vigência, se as partes assim acordarem.
É o relatório.
Isto é, ainda que remanesça controvérsia sobre a amplitude do
VOTO: alcance das alterações promovidas pela Lei n° 13.429/2017 (se
validadora das terceirizações ordinárias em atividade-fim - haja vista
a norma do art. 4°-A que tão somente autoriza a terceirização de
serviços "determinados" e "específicos"), em nenhuma hipótese,
Pressupostos de admissibilidade poderá a novel legislação alcançar os contratos celebrados e
executados na fase anterior à vigência da lei nova, por imperativo
Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade e constitucional decorrente do art. 5°, inciso XXXVI, da Constituição
representação processual, conheço dos embargos. da República, que estabelece o princípio da irretroatividade das leis,
Mérito
Apenas por amor ao debate, válido lembrar que a superveniência de
A embargante aponta omissão quanto ao pedido de suspensão do legislação não tem o condão de "revogar" verbete jurisprudencial,
feito, em virtude da pendência de discussão no E. STF no ARE tampouco Incidente de Uniformização de Jurisprudência, podendo,
713211. Além disso, requer pronunciamento acerca da análise da no máximo, tornar superada a orientação, o que não é, de modo
matéria à luz da Lei n° 13.429/2017 que legitimaria a terceirização absoluto, o que ocorreu no caso presente.
no âmbito das atividades meio ou atividades-fim.
Ademais, acerca das insurgências contra a condenação em
À análise. indenização pelo não fornecimento de plano de saúde e protetor
solar, vê-se clara o intuito de revolvimento de conjunto probatório, o
Pela norma do artigo 897-A da CLT, para que os embargos que não é permitido em sede de embargos de declaração, não se
declaratórios sejam acolhidos, deve estar presente omissão, cogitando contradição entre decisão e as provas nas autos, sendo
contradição ou equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos certo que o acórdão embargado contém fundamentação pertinente
de admissibilidade recursal. inclusive quanto à discutida prova do dispêndio de despesas.

Assim, uma vez presente fundamentação adequada sobre a sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere
matéria, a inexistência de referência a dispositivo legal ou existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.
jurisprudência não implica omissão, a teor da OJ n.º 118 da SDI-I do
TST. De qualquer sorte, houve fundamentado exame da matéria à Conclusão
luz da legislação vigente à época da prestação de serviços.
Diante do exposto, REJEITO os embargos.
Importa destacar que, nos termos do referido art. 1022, aplicável ao
processo do trabalho, consoante Instrução Normativa n° 39 do C.
TST cabe embargos de declaração contra qualquer decisão judicial
para esclarecer obscuridade ou eliminar contradição, suprir omissão
de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de
ofício ou a requerimento e corrigir erro material.
De igual modo, de acordo com a disciplina do art. 1022 do Código
desfundamentada, nos termos do art. 489, §1°, do mesmo diploma
legal.
Ocorre que o acórdão embargado não se limitou à indicação, à
reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua
conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto
de sua incidência no caso, tendo, consoante aqui demonstrado,
invocado os motivos extraídos dos autos para justificar a decisão e
enfrentado os argumentos deduzidos no processo para deslinde da
controvérsia.
Rejeito, pois, os embargos de declaração.
Prequestionamento. Violações de dispositivos legais
qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
infraconstitucional, sendo desnecessária a menção expressa a cada
um deles, a teor do disposto na OJ n° 118, da SDI-I do TST.
TST, através do item I da Súmula nº 297, a matéria já é considerada
declaratórios, em tais situações.


35004/PE)
ACORDAM os Desembargadores integrantes da 1ª Turma do PERNAMBUCO
Tribunal do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, REJEITAR ADVOGADO BRUNO MOURY FERNANDES(OAB:
18373/PE)
os embargos. RECORRENTE GRANVILLE & BAZAN LTDA
Recife (PE), 1º de fevereiro de 2018. 36717/PE)
27514/PE)
SERGIO TORRES TEIXEIRA ADVOGADO ALVARO VAN DER LEY LIMA
NETO(OAB: 15657/PE)
PERNAMBUCO
EMMT NETO(OAB: 15657/PE)
35004/PE)
CERTIDÃO DE JULGAMENTO RECORRIDO GRANVILLE & BAZAN LTDA
NETO(OAB: 15657/PE)
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, sob a presidência ADVOGADO RENATO DE SOUZA LEAO
EMERENCIANO, com a presença do Ministério Público do Trabalho MELQUIDES DE LIMA(OAB:
36717/PE)
da 6ª Região, representado pelo Exm. Sr. Procurador Pedro Serafim ADVOGADO DANIELA SINDONI FELICIANO(OAB:
27514/PE)
(Relator) e Valéria Gondim Sampaio, resolveu a 1ª Turma do Intimado(s)/Citado(s):

Tribunal, por unanimidade, REJEITAR os embargos. - GRANVILLE & BAZAN LTDA
PODER
JUDICIÁRIO
PROC. N.º TRT - 0000287-31.2017.5.06.0371 (ED)
CELPE
Acórdão
Processo Nº RO-0000287-31.2017.5.06.0371
Embargado : RONILSON MANOEL DE ALMEIDA; GRANVILLE &

BAZAN LTDA Vistos etc.
Advogados : ALVARO VAN DER LEY LIMA neto; ANTONIO Embargos de declaração opostos por COMPANHIA ENERGÉTICA
HENRIQUE DA FONSECA DE PERNAMBUCO - CELPE contra acórdão proferido por esta 1ª
Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região.
Procedência : VARA DO TRABALHO DE SERRA TALHADA (PE)
Em razões anexas, com fulcro no art. 897-A da CLT, apresenta os
omissão acerca do pedido de suspensão do feito, com base no ARE
713211. Além disso, aponta omissão na análise da matéria à luz da
Lei n° 13.429/2017, que legitimaria a terceirização no âmbito das
atividades meio ou atividades-fim. Pede o acolhimento.
É o relatório.
EMENTA VOTO:
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. EMBARGOS Mérito
do artigo 897-A da CLT, para que os embargos declaratórios sejam A embargante aponta omissão quanto ao pedido de suspensão do
acolhidos, deve estar presente omissão, contradição ou equívoco feito, em virtude da pendência de discussão no E. STF no ARE
no exame dos pressupostos extrínsecos de admissibilidade 713211. Além disso, requer pronunciamento acerca da análise da
recursal. Importa destacar que, nos termos do art. 1.022 do CPC de matéria à luz da Lei n° 13.429/2017 que legitimaria a terceirização
2015, aplicável ao processo do trabalho, consoante Instrução no âmbito das atividades meio ou atividades-fim.
contra qualquer decisão judicial para esclarecer obscuridade ou À análise.
qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento e corrigir Pela norma do artigo 897-A da CLT, para que os embargos
erro material. Embargos rejeitados. declaratórios sejam acolhidos, deve estar presente omissão,
de admissibilidade recursal.
Inadmissível, no entanto, a utilização do remédio jurídico, ora eleito,
quando as suas razões referem-se a supostos vícios, fora das
hipóteses tratadas legalmente.
In casu, inexiste qualquer omissão no julgado, pois, além de o
havido pedido de suspensão do feito (o que de toda sorte seria

rejeitado, porque a decisão que reconheceu a repercussão geral no processo do trabalho, consoante Instrução Normativa n° 39 do C.
ARE 713211, que trata da proibição genérica de terceirização em TST cabe embargos de declaração contra qualquer decisão judicial
atividade-fim, foi proferida sob a égide do CPC de 1973, quando, para esclarecer obscuridade ou eliminar contradição, suprir omissão
pelo teor da norma do art. 543-A, o sobrestamento do feito era de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de
faculdade do relator) não configura omissão o julgamento da ofício ou a requerimento e corrigir erro material.
houve a prestação de serviços. De igual modo, de acordo com a disciplina do art. 1022 do Código
Cumpre esclarecer que a nova redação da Lei n° 6.019/1974, desfundamentada, nos termos do art. 489, §1°, do mesmo diploma
conferida pela Lei n° 13.429/2017, regula os contratos celebrados e legal.
executados a partir de sua vigência (31/3/2017). Regula, ainda,
conforme norma de direito intertemporal expressamente contida no Ocorre que o acórdão embargado não se limitou à indicação, à
art. 19-C, os contratos em vigência, se as partes assim acordarem. reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua
Isto é, ainda que remanesça controvérsia sobre a amplitude do conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto
alcance das alterações promovidas pela Lei n° 13.429/2017 (se de sua incidência no caso, tendo, consoante aqui demonstrado,
validadora das terceirizações ordinárias em atividade-fim - haja vista invocado os motivos extraídos dos autos para justificar a decisão e
a norma do art. 4°-A que tão somente autoriza a terceirização de enfrentado os argumentos deduzidos no processo para deslinde da
serviços "determinados" e "específicos"), em nenhuma hipótese, controvérsia.
poderá a novel legislação alcançar os contratos celebrados e
executados na fase anterior à vigência da lei nova, por imperativo Rejeito, pois, os embargos de declaração.
constitucional decorrente do art. 5°, inciso XXXVI, da Constituição
da República, que estabelece o princípio da irretroatividade das leis, Prequestionamento. Violações de dispositivos legais
Apenas por amor ao debate, válido lembrar que a superveniência de fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
legislação não tem o condão de "revogar" verbete jurisprudencial, qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
tampouco Incidente de Uniformização de Jurisprudência, podendo, infraconstitucional, sendo desnecessária a menção expressa a cada
no máximo, tornar superada a orientação, o que não é, de modo um deles, a teor do disposto na OJ n° 118, da SDI-I do TST.
absoluto, o que ocorreu no caso presente.
Ademais, acerca das insurgências contra a condenação em TST, através do item I da Súmula nº 297, a matéria já é considerada
indenização pelo não fornecimento de plano de saúde e protetor prequestionada quando houver tese explícita adotada na decisão
solar, vê-se clara o intuito de revolvimento de conjunto probatório, o impugnada, restando desnecessária a oposição dos embargos
que não é permitido em sede de embargos de declaração, não se declaratórios, em tais situações.
cogitando contradição entre decisão e as provas nas autos, sendo
certo que o acórdão embargado contém fundamentação pertinente Ademais, nos moldes do art. 1.025 do CPC, consideram-se
inclusive quanto à discutida prova do dispêndio de despesas. incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para
Assim, uma vez presente fundamentação adequada sobre a sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere
matéria, a inexistência de referência a dispositivo legal ou existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.
jurisprudência não implica omissão, a teor da OJ n.º 118 da SDI-I do
TST. De qualquer sorte, houve fundamentado exame da matéria à Conclusão
luz da legislação vigente à época da prestação de serviços.
Diante do exposto, REJEITO os embargos.
Importa destacar que, nos termos do referido art. 1022, aplicável ao

Recife (PE), 1º de fevereiro de 2018.
EMMT
da 6ª Região, representado pelo Exm. Sr. Procurador Pedro Serafim
(Relator) e Valéria Gondim Sampaio, resolveu a 1ª Turma do
Tribunal, por unanimidade, REJEITAR os embargos.
Acórdão
Processo Nº RO-0000287-31.2017.5.06.0371
35004/PE)
ACORDAM os Desembargadores integrantes da 1ª Turma do RECORRENTE COMPANHIA ENERGETICA DE
PERNAMBUCO
Tribunal do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, REJEITAR
os embargos. 18373/PE)


MELQUIDES DE LIMA(OAB: Procedência : Vara Única do Trabalho de Serra Talhada/PE
36717/PE)
27514/PE)
NETO(OAB: 15657/PE)
PERNAMBUCO
NETO(OAB: 15657/PE)
35004/PE)
NETO(OAB: 15657/PE) EMENTA
36717/PE)
27514/PE)
- RONILSON MANOEL DE ALMEIDA
I. RECURSO ORDINÁRIO DAS RECLAMADAS. DIREITO

PODER INDIVIDUAL DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO.
JUDICIÁRIO INOCORRÊNCIA PRECLUSÃO PRO JUDICATO. SUPERAÇÃO
DA DISTINÇÃO ENTRE ATIVIDADE FIM E MEIO. Registro, de
início, que numa primeira oportunidade, os títulos foram julgados
improcedentes, ocasionando o recurso ordinário da parte autora. A
princípio, toda a matéria devolvida já foi examinada por esta corte.
Todavia, o caso não opera preclusão pro judicato, por ter
sobrevindo modificação no estado de direito, a teor do art. 505,

PROC. N.º TRT - 0000287-31.2017.5.06.0371 (RO)
inciso I, do CPC, consistente nadecisão do Pretório Excelsona
ADPF 324. Desde a vigência da Lei n° 13.105/2015, o ordenamento

Órgão Julgador : Primeira Turma
jurídico brasileiro adotou o microssistema de formação concentrada
e aplicação de precedentes obrigatórios, de modo a conferir

concretude à norma do art. 926 do CPC. A não aplicação ou a
aplicação inadequada do precedente obrigatório equivale à hipótese

Recorrentes : RONILSON MANOEL DE ALMEIDA
de error in procedendo ou error in judicando e pode, em útlima
análise, tornar inexigível o título, nos termos do art. 525, §12, do

GRANVILLE & BAZAN LTDA.
CPC. Considerando os efeitos vinculantes da decisão, traduzindo-
se em precedente de observância obrigatória, nos termos do art.

COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - CELPE
927, inciso I, do CPC, esta passa a ser a posição adotada por este
Juízo, ainda que com a ressalva de entendimento pessoal. Ausente,

Recorridos : OS MESMOS
ainda, elemento probatório que permita o reconhecimento do
vínculo de emprego, por subordinação direta, a consequência é a

Advogados : Lenivan Elias da Silva; Daniela Sindoni Feliciano e
exclusão do reconhecimento do vínculo de emprego entre o autor e
Bruno Moury Fernandes
o tomador dos serviços, bem como da condenação das parcelas daí

decorrentes. Recursos das rés providos. II. RECURSO ORDINÁRIO de fls. 754/758, integrada pela decisão de fls. 1.050/1.053, julgou
DO RECLAMANTE. DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO. NÃO procedentes em parte os pedidos formulados na ação trabalhista
CONCESSÃO INTEGRAL DO INTERVALO INTRAJORNADA. ajuizada pelo primeiro em face das demais.
HORAS EXTRAS DEVIDAS. Nos termos do art. 71, §4.º, da CLT,
na redação vigente ao tempo da prestação de serviços, o intervalo RECURSO ORDINÁRIO DA PRIMEIRA RECLAMADA
não concedido ou não usufruído pelo empregado deve ser (COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - CELPE)
remunerado com o valor correspondente ao da hora normal,
integral, acrescida de, no mínimo, 50%. A condenação não se limita Em razões recursais de fls. 1.006/1.015, pede a recorrente a
ao tempo não usufruído e repercute no pagamento de outras reforma da sentença, para que seja declarada a licitude do contrato
parcelas, consoante Súmula n° 437 do TST. Recurso a que se dá de terceirização firmado entre as demandadas. Argumenta que a
parcial provimento. sentença foi alicerçada em entendimento jurisprudencial revogado,
alegando que o cancelamento da Súmula nº 331 do TST é medida
que necessariamente se impõe, em virtude do advento da Lei nº
13.429/17. Afirma que a Lei nº 13.429/17 acabou com a distinção
entre atividade-meio e atividade-fim. Sustenta que é dever do
julgador aplicar, de imediato, a Lei nº 13.429/17. Aduz que a Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro estabelece que o
advento da nova normatização deve respeitar o ato jurídico perfeito,
o direito adquirido e a coisa julgada. Defende que, à época da
prestação dos serviços do autor, não havia lei vigente tratando da
terceirização, de forma que não há que se falar em ato jurídico
perfeito. Afirma que as disposições contidas na nova lei autorizam a
terceirização de serviços específicos, de acordo com os objetos
contratados. Destaca que, no campo do direito privado, tudo aquilo
que não é proibido é permitido. Argumenta que a nova lei, ao
declarar a licitude de toda forma de terceirização, não veio criar fato
novo, apenas veio declarar lícito o que não tinha norma expressa
em sentido contrário. Sustenta que o CPC permite ao réu deduzir
novas alegações quando relativas a direito ou a fato superveniente,
bem como levar em consideração qualquer fato constitutivo,
modificativo ou extintivo do direito que soube pelas partes ou de
ofício depois da propositura da ação, desde que apto a influir no
julgamento do mérito.
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE
Em razões recursais de fls. 1.058/1.074, pede o recorrente a
reforma da sentença, para que seja reconhecida a procedência do
pedido de diferenças salariais e respectivas repercussões no aviso
Vistos etc. prévio, nas férias + 1/3, 13os salários, FGTS + 40%, adicional de
periculosidade e horas extras. Sustenta que o juízo de primeiro grau
Tratam-se de Recursos Ordinários interpostos por RONILSON incorreu em equívoco ao entender que, para haver isonomia
MANOEL DE ALMEIDA, GRANVILLE & BAZAN LTDA. e salarial, ambos os trabalhadores devem exercer funções idênticas.
COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - CELPE, de Argumenta que, com base no princípio da isonomia, faz jus ao
decisão proferida pelo Excelentíssimo Juiz da Vara Única do mesmo salário dos profissionais contratados diretamente pela
Trabalho de Serra Talhada/PE, que, nos termos dos fundamentos tomadora dos serviços. Aponta que providenciou a juntada de

comprovante de pagamento a eletricista, diretamente contratado por O reclamante/recorrido, às fls. 1.104/1.119, apresentou, de forma
ela, para fazer prova de diferença salarial pretendida. Assevera que tempestiva, as contrarrazões.
a reclamada não juntou os documentos requeridos na petição
inicial. Afirma que a própria tomadora dos serviços admite, em sua A recorrida GRANVILLE & BAZAN LTDA., às fls. 1.120/1.145,
defesa, que não possui Plano de Cargos e Salários. Defende que apresentou, de forma tempestiva, as contrarrazões, suscitando
deve ser reconhecido que o autor fazia jus a salário não inferior a preliminar de não conhecimento do recurso ordinário do reclamante
R$ 1.800,00 mais os reajustes salariais da categoria urbanitários. em virtude da necessidade de sobrestamento do processo.
Pede que a recorrente seja compelida a efetuar a retificação da
CTPS quanto ao salário. Pede a reforma da sentença, para que seja A recorrida COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO -
acrescida à condenação o pagamento das horas extras postuladas CELPE, às fls. 1.146/1.152, apresentou, de forma tempestiva, as
e repercussões, inclusive aquelas decorrentes da não concessão do contrarrazões.
intervalo intrajornada. Argumenta que constam, dos acordos
coletivos da Celpe, o direito à jornada reduzida de oito horas e Desnecessária a remessa dos presentes autos à Procuradoria
quarenta semanais e que o autor laborava, no mínimo, 44 horas Regional do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Regimento
semanais. Aponta que os cartões de ponto não refletem a real Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se
jornada desempenhada pelo autor por se encontrarem com pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por
anotações britânicas. Destaca que, conforme depoimento de sua ocasião da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II,
testemunha, restou demonstrado que laborava das 07h30/08h30 às XIII e VII, da Lei Complementar n° 75 de 1993.
17h30/20h30, sem intervalo intrajornada. Aduz que só retornava à
empresa no final do expediente e que não desfrutava das duas É o relatório.
horas de intervalo para descanso e refeição. Assevera que faz jus,
pelo menos, ao pagamento de quatro horas extras semanais, que, VOTO:
por força do contrato fraudulento, jamais lhe foram pagas.
PRELIMINARES
RECURSO ORDINÁRIO DA SEGUNDA RECLAMADA
(GRANVILLE & BAZAN LTDA.) Do não conhecimento do recurso ordinário do reclamante em
virtude da necessidade de sobrestamento do processo
Em razões recursais de fls. 1.075/1.095, pede a recorrente que seja
declarada a licitude do contrato de terceirização firmado entre as Pede a recorrida GRANVILLE & BAZAN LTDA., em suas
rés. Alega que admitiu, remunerou e dirigiu a prestação dos contrarrazões, o sobrestamento do presente processo.
serviços do reclamante, inexistindo subordinação deste com a
tomadora dos serviços. Argumenta que o reclamante foi contratado Alega que a matéria debatida, nos presentes autos, encontra-se
para realizar atividades de corte, religação e ligação e que este atualmente sobrestada em todos os tribunais pátrios, diante do
nunca trabalhou na manutenção da rede elétrica da Celpe. Sustenta reconhecimento pelo STF da repercussão geral no caso em tela.
que a terceirização das atividades desenvolvidas pelos eletricistas é
totalmente lícita, já que tal serviço não se trata de atividade-fim. No entanto, desnecessária a suspensão do feito, haja vista a
Invoca a aplicação da Lei nº 13.429/17. Defende que a lei nº superveniência da decisão do Pretório Excelso que, em sede de
8.987/95 autoriza a terceirização dos serviços prestados pelas repercussão geral (Tema 725), julgou procedente o pedido
concessionárias de serviço público, de forma que, na hipótese, resta formulado na ADPF 324. A decisão foi publicada no DEJ e DOU
afastado o entendimento da Súmula nº 331 do TST. Pede o 10/9/2018 e com atenção à fundamentação nela contida os autos
sobrestamento do processo em face da repercussão geral, sob serão reexaminados.
pena de afronta a súmula vinculante nº 10. Argumenta que a
matéria debatida nos presentes autos encontra-se sobrestada em Ante o exposto, rejeito a preliminar de não conhecimento do recurso
todos os tribunais pátrios, diante do reconhecimento pelo STF da ordinário suscitada pela recorrida.
repercussão geral.
PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE

13.429/17. Aduz que a Lei de Introdução às Normas do Direito
Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade (fls. Brasileiro estabelece que o advento da nova normatização deve
759, 1.054 e 1.075), representação processual (fls. 1.026, 21 e 139) respeitar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
e preparo (fls. 1.046/1.049 e 1.096/1.099), conheço dos recursos,
bem como das contrarrazões. Defende que, à época da prestação dos serviços do autor, não
havia lei vigente tratando da terceirização, de forma que não há que
MÉRITO se falar em ato jurídico perfeito. Afirma que as disposições contidas
na nova lei autorizam a terceirização de serviços específicos, de
Considerações iniciais acordo com os objetos contratados. Destaca que, no campo do
direito privado, tudo aquilo que não é proibido é permitido.
Apenas a título de esclarecimento, em virtude da entrada em vigor Argumenta que a nova lei, ao declarar a licitude de toda forma de
da Lei nº 13.429/17 e da Lei nº 13.467/17, destaco que o contrato terceirização, não veio criar fato novo, apenas veio declarar lícito o
de trabalho do autor iniciou-se em 01/07/2011 e encerrou em que não tinha norma expressa em sentido contrário. Sustenta que o
23/02/2016, bem como que a sentença recorrida foi prolatada em CPC permite ao réu deduzir novas alegações quando relativas a
04/04/2018. direito ou a fato superveniente, bem como levar em consideração
qualquer fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito que
Em virtude das matérias trazidas nos recursos, passo a apreciá-los soube pelas partes ou de ofício depois da propositura da ação,
em conjunto para melhor analisá-los. desde que apto a influir no julgamento do mérito.
Sobrestamento do feito (RECURSO DA RECLAMADA Também a recorrente GRANVILLE & BAZAN LTDA. pede que seja
GRANVILLE & BAZAN LTDA.) declarada a licitude do contrato de terceirização firmado entre as
rés.
Com fundamento no art. 1.036 do CPC, a recorrente GRANVILLE &
BAZAN LTDA. requer o sobrestamento do feito até a decisão final Alega que admitiu, remunerou e dirigiu a prestação dos serviços do
do STF sobre a licitude da terceirização dos serviços por reclamante, inexistindo subordinação deste com a tomadora dos
concessionárias de serviços públicos. serviços. Argumenta que o reclamante foi contratado para realizar
atividades de corte, religação e ligação e que este nunca trabalhou
Desnecessária, no entanto, a suspensão do feito, haja vista a na manutenção da rede elétrica da Celpe. Sustenta que a
superveniência da decisão do Pretório Excelso que, em sede de terceirização das atividades desenvolvidas pelos eletricistas é
repercussão geral (Tema 725), julgou procedente o pedido totalmente lícita, já que tal serviço não se trata de atividade-fim.
formulado na ADPF 324. A decisão foi publicada no DEJ e DOU Invoca a aplicação da Lei nº 13.429/17. Defende que a lei nº
10/9/2018 e com atenção à fundamentação nela contida, conforme 8.987/95 autoriza a terceirização dos serviços prestados pelas
acima destacado, os autos serão reexaminados. concessionárias de serviço público, de forma que, na hipótese, resta
afastado o entendimento da Súmula nº 331 do TST.
Da licitude da terceirização (RECURSOS DAS RECLAMADAS)
Vejamos.
Pede a recorrente COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO
- CELPE a reforma da sentença, para que seja declarada a licitude In casu, registro, de início, que, numa primeira oportunidade, os
do contrato de terceirização firmado entre as demandadas. títulos foram julgados improcedentes, ocasionando o recurso
ordinário da parte autora. A Primeira Turma deste regional, ao
Argumenta que a sentença foi alicerçada em entendimento apreciar o Recurso Ordinário, reconheceu o vínculo diretamente
jurisprudencial revogado, alegando que o cancelamento da Súmula com a tomadora dos serviços.
nº 331 do TST é medida que necessariamente se impõe, em virtude
do advento da Lei nº 13.429/17. Afirma que a Lei nº 13.429/17 A conclusão do acórdão se encontra à fl. 691:
acabou com a distinção entre atividade-meio e atividade-fim.
Sustenta que é dever do julgador aplicar, de imediato, a Lei nº "ACORDAMos Desembargadores integrantes da 1ª Turma do

Tribunal do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, ao apelo norma do art. 926 do CPC, pois possibilitam a concessão de tutela
para, DAR PROVIMENTO reconhecendo o vínculo de emprego de evidência (art. 311 do CPC), oportunizam o julgamento de
diretamente com COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - improcedência liminar (art. 332 do CPC), dispensam a remessa
CELPE, determinando, por conseguinte, que esta promova as necessária, autorizam o não provimento do recurso, por meio de
anotações na CTPS, nos moldes perseguidos na peça de ingresso, decisão monocrática do relator (art. 932 do CPC), autorizam o
sob pena de pagar multa diária de R$ 100,00 (cem) reais, até o cabimento da reclamação (art. 988 do CPC) e, finalmente, em se
limite de 30 (trinta) dias, após a devida intimação pra tal fim, com o tratando de decisão tomada em sede de controle concentrado de
retorno dos autos ao juízo de origem para apreciação dos demais constitucionalidade, tornam o título executivo inexigível e facultam o
títulos, como melhor lhe aprouver, a fim de se evitar a malsinada ajuizamento da ação rescisória, no prazo decadencial de dois anos
supressão de instância. Tudo nos termos e limites da contados do trânsito em julgado da decisão do STF (art. 525, §12 e
fundamentação supra. A Exma. Desembargadora Socorro 15, do CPC).
Emerenciano ressalvou entendimento pessoal e acompanhou o voto
do Exmo. Desembargador Relator." A não aplicação ou a aplicação inadequada do precedente
obrigatório equivale à hipótese de error in procedendo ou error in
A princípio, toda a matéria devolvida - inclusive a discussão acerca judicando, impondo-se o do caso à luz da ratio decidendi contida na
da suposta inexistência de vínculo com a tomadora dos serviços ou ADPF 324.
mesmo com a licitude da terceirização - já foi examinada por esta
corte, por meio do acórdão acima transcrito. No entender deste relator, anteriormente, a regra era a da
impossibilidade de contratação de empregados por empresa
Todavia, o caso não opera preclusão pro judicato, por ter interposta e, havendo terceirização na atividade fim da empresa
sobrevindo modificação no estado de direito, a teor do art. 505, tomadora do serviço, com a contratação de trabalhadores por meio
inciso I, do CPC ("Nenhum juiz decidirá novamente as questões já de empresa que promove a intermediação de mão-de-obra,
decididas relativas à mesma lide, salvo se, tratando-se de relação evidenciava-se fraude às normas trabalhistas, que não passava
jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de pelo crivo do art. 9° da CLT.
fato ou de direito").
Todavia, com a superveniência da decisão na ADPF 324, a
Tal modificação consiste na decisão do Pretório Excelso que, em diferenciação acerca da inserção da atividade subcontratada no
sede de repercussão geral (Tema 725), julgou procedente o pedido âmbito do objeto social da empresa, mesmo para a prestação de
formulado na ADPF 324 e deu provimento a recurso extraordinário serviços ocorrida anteriormente à publicação da Lei n° 13.467/2017
(RE 958252) para considerar "a licitude da terceirização ou qualquer ou Lei n° 13.429/2017, perdeu a razão de ser.
outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,
independentemente do objeto social das empresas envolvidas, Desse modo e, considerando que a decisão produz efeitos
mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante" vinculantes, próprios do controle concentrado de
(DEJ e DOU 10/9/2018. Cf. Informativo de Jurisprudência n° 913 do constitucionalidade, traduzindo-se em precedente de observância
STF). obrigatória pelos tribunais, nos termos do art. 927, inciso I, do CPC
É preciso ter em mente que, desde a vigência da Lei n° 489, §4°, inciso VI, do CPC, este passa a ser o entendimento deste
13.105/2015, o ordenamento jurídico brasileiro adotou o Juízo, ainda que com a ressalva de meu entendimento pessoal.
microssistema de formação concentrada e aplicação de
precedentes obrigatórios, com mecanismos próprios de controle de É certo que a ilicitude da terceirização ainda pode ser reconhecida,
sua observância pelos Tribunais, de modo a conferir concretude à caso haja prova irrefutável da presença dos elementos fático-
norma do art. 926 do CPC. Diz-se microssistema, pois a formação jurídicos dos artigos 2° e 3° da CLT, caso em que o vínculo de
do precedente irradia efeitos a todo o curso processual, desde a emprego deve ser reconhecido, por não se tratar de intermediação
fase de conhecimento até o cumprimento do título executivo. de mão de obra, mas contratação de empregado por empresa
interposta, em afronta ao art. 9° da CLT.
Assim, as consequências da formação do precedente vão além da

Todavia, a prova testemunhal produzida é no sentido da ausência Na linha da fundamentação constante da ADPF 324, tal conclusão
de subordinação direta dos empregados da empresa prestadora de não afasta a responsabilidade subsidiária da empresa tomadora dos
serviços com os prepostos da tomadora, consoante trechos abaixo serviços por eventuais créditos devidos pela empresa contratada a
transcritos: seus empregados.
Testemunha do reclamante: "que trabalhou para a empresa que Recurso das rés a que se dá provimento para, reformando a
prestava serviços para a Celpe; QUE a empresa terceirizada era a sentença, afastar o reconhecimento do vínculo de emprego
CGB Engenharia Ltda; QUE era porteiro; QUE o reclamante era diretamente com a Celpe, mantendo hígido o contrato de trabalho
eletricista; QUE um eletricista presta serviços de campo; QUE assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar
normalmente o reclamante trabalhava fora da empresa; QUE em improcedentes os pedidos fundados na aplicação das Convenções
média ficava uma vez por mês na empresa, trabalhando fora o Coletivas e Acordos Coletivos acostados aos autos (participação
restante do período; [...] QUE havia pessoas da Celpe que iam nos Lucros e Resultados, Abono de férias, ticketrefeição), bem
diariamente na empresa verificar notas de serviço e se o serviço como pedido de responsabilidade solidárias das empresas rés.
estava sendo feito de forma adequada; QUE o supervisor do
reclamante era o Sr. Gilson e Daniel, que eram da CGB Das diferenças salariais (RECURSO DO RECLAMANTE)
Engenharia; QUE os empregados da Celpe não davam ordens
diretas para o reclamante; QUE o controle de ponto era feito na Pede o recorrente a reforma da sentença, para que seja
guarita na entrada e na saída; QUE eventuais problemas de horário reconhecida a procedência do pedido de diferenças salariais e
tinha que ser resolvido com o Sr. Gilson; QUE o depoente também respectivas repercussões no aviso prévio, nas férias + 1/3, 13os
foi auxiliar de escritório; QUE a empresa possui um sistema para salários, FGTS + 40%, adicional de periculosidade e horas extras.
receber ordens de serviços da Celpe."
Sustenta que o juízo de primeiro grau incorreu em equívoco ao
Testemunha da reclamada: "que trabalhou para a reclamada entender que, para haver isonomia salarial, ambos os trabalhadores
durante 5 anos, ficou 5 meses fora e retornou em outubro de 2016, devem exercer funções idênticas. Argumenta que, com base no
trabalhando lá até hoje; QUE o reclamante trabalhava suspendendo princípio da isonomia, faz jus ao mesmo salário dos profissionais
energia, fazendo ligação nova e religando; QUE para fazer ligação contratados diretamente pela tomadora dos serviços. Aponta que
de energia nova há necessidade de fazer instalação de um providenciou a juntada de comprovante de pagamento a eletricista,
equipamento de medição; QUE para fazer a suspensão do diretamente contratado por ela, para fazer prova de diferença
fornecimento de energia o eletricista vai até a casa cliente e retira o salarial pretendida.
conector; QUE não havia eletricistas da Celpe fazendo esses
serviços, apenas da CGB; QUE faziam o desligamento de acordo Vejamos.
com as ordens de serviços da CGB Engenharia, que recebia por
sua vez da Celpe; QUE quem passava as ordens era o Sr. Gilson, Afirmou o autor, na petição inicial, que, na vigência do seu contrato
administrador da CGB; QUE não prestava serviço de manutenção de trabalho, recebeu salário base inferior aos empregados da
na rede elétrica, além de ligar e desligar energia; [...]". primeira reclamada CELPE, apontando que estes executavam
tarefas idênticas as dele e postulando o pagamento das respectivas
Desta feita, superada pela jurisprudência do Pretório Excelso a diferenças salariais.
empresa-tomadora, laborando em atividade ligada ao seu objeto De início, destaque-se que, conforme fundamentos contidos em
econômico principal e ausente prova da presença dos requisitos tópico acima, não restou demonstrada a existência de vínculo de
demarcados nos artigos 2° e 3° da CLT, dou provimento aos emprego do autor com a tomadora dos serviços.
recursos das rés para, reformando a sentença, afastar o
reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a Celpe, Ainda, conforme destacado pelo juízo de origem, as testemunhas
mantendo hígido o contrato de trabalho assinado pela empresa foram enfáticas em relatar que havia apenas empregados da
prestadora de serviços. Granville realizando as mesmas atividades do autor, não havendo
eletricistas da CELPE e que os empregados da Granville faziam

apenas desligamento de rede e não outros serviços de eletricista. Uma vez apresentados os controles de ponto, a sua impugnação
reverte para o demandante o ônus de infirmá-los, nos termos do art.
Destarte, improcede o pedido de isonomia salarial formulado na 373, inciso I, do Código de Processo Civil.
petição inicial.
De início, destaque-se que restou incontroverso que o autor foi
Nego provimento ao apelo. contratado para laborar 44 horas semanais (vide fl. 143).
Das horas extras e do intervalo intrajornada (RECURSO DO Destaque-se, ainda, que, conforme fundamentos contidos em tópico
RECLAMANTE) acima, o autor não faz jus à jornada reduzida de 40 horas semanais.
Pede o reclamante/recorrente a reforma da sentença, para que seja Ainda, reexaminando o conjunto probatório, às fls. 289/336, vê-se
acrescida à condenação o pagamento das horas extras e que houve a juntada de cartões nos quais consta o registro dos
repercussões postuladas, inclusive aquelas decorrentes da não horários de entrada e saída do autor, do intervalo intrajornada, bem
concessão do intervalo intrajornada. como do labor extraordinário.
Argumenta que constam, dos acordos coletivos da Celpe, o direito à Destaque-se que não procede a alegação do recorrente no sentido
jornada reduzida de oito horas diárias e quarenta semanais e que o de que tais anotações são britânicas. Isso porque as anotações são
autor laborava, no mínimo, 44 horas semanais. Aponta que os variáveis e, inclusive, há registro, ao lado direito da folha do
cartões de ponto não refletem a real jornada desempenhada pelo denominado expediente extraordinário.
autor por se encontrarem com anotações britânicas. Destaca que,
conforme depoimento de sua testemunha, restou demonstrado que Ademais, quanto ao ponto, a testemunha trazida pela parte autora
laborava das 07h30/08h30 às 17h30/20h30, sem intervalo prestou as seguintes declarações (fls. 602/603):
intrajornada. Aduz que só retornava à empresa no final do
expediente e que não desfrutava das duas horas de intervalo para "TESTEMUNHA DO RECLAMANTE: que trabalhou para a empresa
descanso e refeição. Assevera que faz jus ao pagamento de quatro que prestava serviços para a Celpe; QUE a empresa terceirizada
horas extras semanais, que, por força do contrato fraudulento, era a CGB Engenharia Ltda; QUE era porteiro; QUE o reclamante
jamais lhe foram pagas. era eletricista; QUE um eletricista presta serviços de campo; QUE
normalmente o reclamante trabalhava fora da empresa; QUE em
Vejamos. média ficava uma vez por mês na empresa, trabalhando fora o
restante do período; QUE como porteiro o depoente ficava na
Postulou o reclamante, na petição inicial, a condenação solidária empresa; QUE via mais de 30 trabalhadores da CGB; QUE havia
das reclamadas no pagamento das horas extras, excedentes da 40ª aproximadamente 20 empregados internos e 20 externos; QUE
hora semanal, alegando que laborava das 07h30 às 19h30/20h00, trabalhava das 07:30h às 17:30h; QUE o reclamante não tinha
com intervalo de 30 (trinta) minutos para refeição, e, aos sábados, horário fixo e variava entre 07:30h/08:30h e a saída entre
das 07h30 às 13h30/14h00 e respectivas repercussões. 17:30h/20:30h; QUE de manhã o reclamante ficava em torno de 30
min antes de sair com o carro para campo; [...]; QUE o controle de
Apreciando a controvérsia, o juízo de origem indeferiu o pleito, ponto era feito na guarita na entrada e na saída;QUE eventuais
destacando que não ficou provado que os horários consignados nos problemas de horário tinha que ser resolvido com o Sr. Gilson; QUE
cartões de ponto fossem adulterados. o depoente também foi auxiliar de escritório; QUE a empresa possui
um sistema para receber ordens de serviços da Celpe."
Pois bem.
Da leitura do depoimento acima transcrito, verifica-se que as
Nos termos do item I da Súmula n° 338 do C. TST, é ônus do anotações contidas nos controles de ponto, inclusive às relativas ao
empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro intervalo intrajornada, não restaram desconstituídas.
da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT.
Isso porque, uma vez que o depoente laborava como porteiro até às

17h30, não tinha como apontar o horário em que a jornada do
reclamante, que, inclusive, laborava externamente, encerrava. Não há se falar em dedução, uma vez que não era pago, ao autor,
qualquer valor em razão da ausência da concessão integral do
Também não há qualquer outro indício de que os registros contidos intervalo intrajornada.
nos controles de ponto não correspondem à realidade.
Quando da liquidação, observe-se a evolução salarial do autor, bem
E, da análise dos controles de ponto, verifica-se que, em diversas como o divisor 220.
oportunidades, não foi respeitado o intervalo mínimo intrajornada.
Prequestionamento
Apenas a título de exemplo, verifique-se, à fl. 291, que, no dia
21/03/2012, há o registro do início do intervalo às 12h e retorno ao Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
labor às 12h35 (fl. 291), de forma que não foi respeitado o intervalo fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
mínimo de uma hora para refeição e descanso previsto no art. 74 da qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
CLT (redação vigente à época da prestação de serviços). infraconstitucional, mencionados pelo recorrente, sendo
Observa-se, também, que, em algumas oportunidades, não foi disposto na OJ n° 118 da SDI-I.
concedido qualquer intervalo, mesmo o autor tendo laborado mais
de seis horas consecutivas (vide fl. 297).
Assim, ao não conceder ao obreiro o intervalo para repouso e
alimentação, feriu norma tutelar que visa proteção à saúde física e
mental do trabalhador, pois o intervalo intrajornada, além de
destinar-se à alimentação do empregado, também lhe proporciona
um tempo para descanso.
Destaque-se que a remanescência deste título reafirma a Conclusão
persistência da responsabilidade subsidiária da CELPE, eis que,
não custa repetir, o STF, na ADPF 324, também manteve "aplicável
às relações jurídicas preexistentes à Lei 13.429/2017 a
responsabilidade subsidiária da pessoa jurídica contratante pelas
obrigações trabalhistas não adimplidas pela empresa prestadora de
serviços, bem como a responsabilidade pelo recolhimento das
contribuições previdenciárias devidas por esta, mercê da
necessidade de se evitar o vácuo normativo resultante da
insubsistência do Verbete 331 da Súmula do TST". Ante o exposto:
Por essa razão, dou provimento ao apelo, para condenar a I - REJEITO a preliminar de não conhecimento do recurso ordinário
demandada GRANVILLE & BAZAN LTDA. ao pagamento do do reclamante suscitada pela recorrida GRANVILLE & BAZAN
intervalo intrajornada, bem como, diante de sua habitualidade, das LTDA.
respectivas repercussões no rsr, aviso prévio, 13os salários, férias +
1/3 e FGTs + 40%, a serem apurados conforme controles de ponto II - DOU PROVIMENTO aos Recursos Ordinários das reclamadas,
contidos nos autos. para, reformando a sentença, afastar o reconhecimento do vínculo
de emprego diretamente com a Celpe, mantendo hígido o contrato
Responsabilidade subsidiária da COMPANHIA ENERGÉTICA DE de trabalho assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar
PERNAMBUCO - CELPE quanto aos créditos devidos pela improcedentes os pedidos fundados na aplicação das Convenções
GRANVILLE & BAZAN LTDA. Coletivas e Acordos Coletivos acostados aos autos (participação

nos Lucros e Resultados, Abono de férias, ticket refeição), bem ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional
como o pedido de responsabilidade solidária das empresas rés; do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, I - REJEITAR a
preliminar de não conhecimento do recurso ordinário do reclamante
III - DOU PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Ordinário do suscitada pela recorrida GRANVILLE & BAZAN LTDA. II -por
reclamante, para condenar a reclamada GRANVILLE & BAZAN unanimidade, DAR PROVIMENTO aos Recursos Ordinários das
LTDA., ao pagamento: reclamadas, para, reformando a sentença, afastar o reconhecimento
do vínculo de emprego diretamente com a Celpe, mantendo hígido
a) do intervalo intrajornada suprimido e respectivas repercussões no o contrato de trabalho assinado pela empresa prestadora de
aviso prévio, rsr, 13os salários, férias + 1/3, FGTS e multa de 40%; serviços e julgar improcedentes os pedidos fundados na aplicação
das Convenções Coletivas e Acordos Coletivos acostados aos
Responsabilidade subsidiária da COMPANHIA ENERGÉTICA DE autos (participação nos Lucros e Resultados, Abono de férias, ticket
PERNAMBUCO - CELPE quanto aos créditos devidos pela refeição), bem como o pedido de responsabilidade solidária das
GRANVILLE & BAZAN LTDA. empresas rés; III - ainda por unanimidade, DAR PROVIMENTO
PARCIAL ao Recurso Ordinário do reclamante, para condenar a
Para efeito do comando contido no art. 832, § 3º, da CLT, declaro a reclamada GRANVILLE & BAZAN LTDA., ao pagamento: a) do
natureza salarial das parcelas deferidas, com exceção das intervalo intrajornada suprimido e respectivas repercussões no aviso
incidências sobre depósitos fundiários, aviso prévio indenizado e prévio, rsr, 13os salários, férias + 1/3, FGTS e multa de 40%;
terço constitucional de férias. Responsabilidade subsidiária da COMPANHIA ENERGÉTICA DE
PERNAMBUCO - CELPE quanto aos créditos devidos pela
Quando da liquidação, observe-se a evolução salarial do autor, bem GRANVILLE & BAZAN LTDA. Para efeito do comando contido no
como o divisor 220. art. 832, § 3º, da CLT, declarar a natureza salarial das parcelas
deferidas, com exceção das incidências sobre depósitos fundiários,
Observem-se, ainda, as anotações contidas nos controles de ponto. aviso prévio indenizado e terço constitucional de férias. Quando da
liquidação, observe-se a evolução salarial do autor, bem como o
Diante da procedência dos recursos, deixo de arbitrar novo valor à divisor 220. Observem-se, ainda, as anotações contidas nos
condenação. controles de ponto. Diante da procedência dos recursos, deixar de
arbitrar novo valor à condenação. Tudo nos termos e limites da
Tudo nos termos e limites da fundamentação supra. fundamentação supra.
EMMT

Filho (Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado Acórdão

Processo Nº RO-0000287-31.2017.5.06.0371
para o Gabinete Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
unanimidade, I - REJEITAR a preliminar de não conhecimento do RECORRENTE RONILSON MANOEL DE ALMEIDA
recurso ordinário do reclamante suscitada pela recorrida FONSECA(OAB: 10432/PE)
GRANVILLE & BAZAN LTDA. II -por unanimidade, DAR ADVOGADO LENIVAN ELIAS DA SILVA(OAB:
35004/PE)
PROVIMENTO aos Recursos Ordinários das reclamadas, para, RECORRENTE COMPANHIA ENERGETICA DE
PERNAMBUCO
emprego diretamente com a Celpe, mantendo hígido o contrato de 18373/PE)
trabalho assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar
improcedentes os pedidos fundados na aplicação das Convenções MELQUIDES DE LIMA(OAB:
36717/PE)
Coletivas e Acordos Coletivos acostados aos autos (participação ADVOGADO DANIELA SINDONI FELICIANO(OAB:
27514/PE)
nos Lucros e Resultados, Abono de férias, ticket refeição), bem
como o pedido de responsabilidade solidária das empresas rés; III - NETO(OAB: 15657/PE)
ainda por unanimidade, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso ARCOVERDE(OAB: 32849/PE)
Ordinário do reclamante, para condenar a reclamada GRANVILLE & RECORRIDO COMPANHIA ENERGETICA DE
PERNAMBUCO
BAZAN LTDA., ao pagamento: a) do intervalo intrajornada ADVOGADO ALVARO VAN DER LEY LIMA
NETO(OAB: 15657/PE)
suprimido e respectivas repercussões no aviso prévio, rsr, 13os
salários, férias + 1/3, FGTS e multa de 40%; Responsabilidade ADVOGADO ANTONIO HENRIQUE DA
subsidiária da COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO -
CELPE quanto aos créditos devidos pela GRANVILLE & BAZAN 35004/PE)
LTDA. Para efeito do comando contido no art. 832, § 3º, da CLT,
declarar a natureza salarial das parcelas deferidas, com exceção NETO(OAB: 15657/PE)
das incidências sobre depósitos fundiários, aviso prévio indenizado ARCOVERDE(OAB: 32849/PE)
e terço constitucional de férias. Quando da liquidação, observe-se a ADVOGADO LEANDRO VICTOR SOBREIRA
evolução salarial do autor, bem como o divisor 220. Observem-se, 36717/PE)
ainda, as anotações contidas nos controles de ponto. Diante da 27514/PE)
procedência dos recursos, deixar de arbitrar novo valor à
condenação. Tudo nos termos e limites da fundamentação supra.
Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018. PODER
JUDICIÁRIO
PROC. N.º TRT - 0000287-31.2017.5.06.0371 (RO)

Relator : Desembargador Sergio Torres Teixeira e aplicação de precedentes obrigatórios, de modo a conferir
Recorrentes : RONILSON MANOEL DE ALMEIDA aplicação inadequada do precedente obrigatório equivale à hipótese
GRANVILLE & BAZAN LTDA. análise, tornar inexigível o título, nos termos do art. 525, §12, do
COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - CELPE se em precedente de observância obrigatória, nos termos do art.
Recorridos : OS MESMOS Juízo, ainda que com a ressalva de entendimento pessoal. Ausente,
ainda, elemento probatório que permita o reconhecimento do
Advogados : Lenivan Elias da Silva; Daniela Sindoni Feliciano e vínculo de emprego, por subordinação direta, a consequência é a
Bruno Moury Fernandes exclusão do reconhecimento do vínculo de emprego entre o autor e
o tomador dos serviços, bem como da condenação das parcelas daí
Procedência : Vara Única do Trabalho de Serra Talhada/PE decorrentes. Recursos das rés providos. II. RECURSO ORDINÁRIO
DO RECLAMANTE. DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO. NÃO
CONCESSÃO INTEGRAL DO INTERVALO INTRAJORNADA.
na redação vigente ao tempo da prestação de serviços, o intervalo
não concedido ou não usufruído pelo empregado deve ser
integral, acrescida de, no mínimo, 50%. A condenação não se limita
ao tempo não usufruído e repercute no pagamento de outras
parcelas, consoante Súmula n° 437 do TST. Recurso a que se dá
parcial provimento.
EMENTA
INDIVIDUAL DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO.
INOCORRÊNCIA PRECLUSÃO PRO JUDICATO. SUPERAÇÃO

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE
Em razões recursais de fls. 1.058/1.074, pede o recorrente a
reforma da sentença, para que seja reconhecida a procedência do
pedido de diferenças salariais e respectivas repercussões no aviso
Vistos etc. prévio, nas férias + 1/3, 13os salários, FGTS + 40%, adicional de
periculosidade e horas extras. Sustenta que o juízo de primeiro grau
Tratam-se de Recursos Ordinários interpostos por RONILSON incorreu em equívoco ao entender que, para haver isonomia
MANOEL DE ALMEIDA, GRANVILLE & BAZAN LTDA. e salarial, ambos os trabalhadores devem exercer funções idênticas.
COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - CELPE, de Argumenta que, com base no princípio da isonomia, faz jus ao
decisão proferida pelo Excelentíssimo Juiz da Vara Única do mesmo salário dos profissionais contratados diretamente pela
Trabalho de Serra Talhada/PE, que, nos termos dos fundamentos tomadora dos serviços. Aponta que providenciou a juntada de
de fls. 754/758, integrada pela decisão de fls. 1.050/1.053, julgou comprovante de pagamento a eletricista, diretamente contratado por
procedentes em parte os pedidos formulados na ação trabalhista ela, para fazer prova de diferença salarial pretendida. Assevera que
ajuizada pelo primeiro em face das demais. a reclamada não juntou os documentos requeridos na petição
inicial. Afirma que a própria tomadora dos serviços admite, em sua
RECURSO ORDINÁRIO DA PRIMEIRA RECLAMADA defesa, que não possui Plano de Cargos e Salários. Defende que
(COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - CELPE) deve ser reconhecido que o autor fazia jus a salário não inferior a
R$ 1.800,00 mais os reajustes salariais da categoria urbanitários.
Em razões recursais de fls. 1.006/1.015, pede a recorrente a Pede que a recorrente seja compelida a efetuar a retificação da
reforma da sentença, para que seja declarada a licitude do contrato CTPS quanto ao salário. Pede a reforma da sentença, para que seja
de terceirização firmado entre as demandadas. Argumenta que a acrescida à condenação o pagamento das horas extras postuladas
sentença foi alicerçada em entendimento jurisprudencial revogado, e repercussões, inclusive aquelas decorrentes da não concessão do
alegando que o cancelamento da Súmula nº 331 do TST é medida intervalo intrajornada. Argumenta que constam, dos acordos
que necessariamente se impõe, em virtude do advento da Lei nº coletivos da Celpe, o direito à jornada reduzida de oito horas e
13.429/17. Afirma que a Lei nº 13.429/17 acabou com a distinção quarenta semanais e que o autor laborava, no mínimo, 44 horas
entre atividade-meio e atividade-fim. Sustenta que é dever do semanais. Aponta que os cartões de ponto não refletem a real
julgador aplicar, de imediato, a Lei nº 13.429/17. Aduz que a Lei de jornada desempenhada pelo autor por se encontrarem com
Introdução às Normas do Direito Brasileiro estabelece que o anotações britânicas. Destaca que, conforme depoimento de sua
advento da nova normatização deve respeitar o ato jurídico perfeito, testemunha, restou demonstrado que laborava das 07h30/08h30 às
o direito adquirido e a coisa julgada. Defende que, à época da 17h30/20h30, sem intervalo intrajornada. Aduz que só retornava à
prestação dos serviços do autor, não havia lei vigente tratando da empresa no final do expediente e que não desfrutava das duas
terceirização, de forma que não há que se falar em ato jurídico horas de intervalo para descanso e refeição. Assevera que faz jus,
perfeito. Afirma que as disposições contidas na nova lei autorizam a pelo menos, ao pagamento de quatro horas extras semanais, que,
terceirização de serviços específicos, de acordo com os objetos por força do contrato fraudulento, jamais lhe foram pagas.
que não é proibido é permitido. Argumenta que a nova lei, ao RECURSO ORDINÁRIO DA SEGUNDA RECLAMADA
declarar a licitude de toda forma de terceirização, não veio criar fato (GRANVILLE & BAZAN LTDA.)
em sentido contrário. Sustenta que o CPC permite ao réu deduzir Em razões recursais de fls. 1.075/1.095, pede a recorrente que seja
novas alegações quando relativas a direito ou a fato superveniente, declarada a licitude do contrato de terceirização firmado entre as
bem como levar em consideração qualquer fato constitutivo, rés. Alega que admitiu, remunerou e dirigiu a prestação dos
modificativo ou extintivo do direito que soube pelas partes ou de serviços do reclamante, inexistindo subordinação deste com a
ofício depois da propositura da ação, desde que apto a influir no tomadora dos serviços. Argumenta que o reclamante foi contratado
julgamento do mérito. para realizar atividades de corte, religação e ligação e que este

nunca trabalhou na manutenção da rede elétrica da Celpe. Sustenta reconhecimento pelo STF da repercussão geral no caso em tela.
que a terceirização das atividades desenvolvidas pelos eletricistas é
totalmente lícita, já que tal serviço não se trata de atividade-fim. No entanto, desnecessária a suspensão do feito, haja vista a
Invoca a aplicação da Lei nº 13.429/17. Defende que a lei nº superveniência da decisão do Pretório Excelso que, em sede de
8.987/95 autoriza a terceirização dos serviços prestados pelas repercussão geral (Tema 725), julgou procedente o pedido
concessionárias de serviço público, de forma que, na hipótese, resta formulado na ADPF 324. A decisão foi publicada no DEJ e DOU
afastado o entendimento da Súmula nº 331 do TST. Pede o 10/9/2018 e com atenção à fundamentação nela contida os autos
sobrestamento do processo em face da repercussão geral, sob serão reexaminados.
pena de afronta a súmula vinculante nº 10. Argumenta que a
matéria debatida nos presentes autos encontra-se sobrestada em Ante o exposto, rejeito a preliminar de não conhecimento do recurso
todos os tribunais pátrios, diante do reconhecimento pelo STF da ordinário suscitada pela recorrida.
repercussão geral.
O reclamante/recorrido, às fls. 1.104/1.119, apresentou, de forma
tempestiva, as contrarrazões. Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade (fls.
759, 1.054 e 1.075), representação processual (fls. 1.026, 21 e 139)
A recorrida GRANVILLE & BAZAN LTDA., às fls. 1.120/1.145, e preparo (fls. 1.046/1.049 e 1.096/1.099), conheço dos recursos,
apresentou, de forma tempestiva, as contrarrazões, suscitando bem como das contrarrazões.
em virtude da necessidade de sobrestamento do processo. MÉRITO
A recorrida COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - Considerações iniciais
CELPE, às fls. 1.146/1.152, apresentou, de forma tempestiva, as
contrarrazões. Apenas a título de esclarecimento, em virtude da entrada em vigor
da Lei nº 13.429/17 e da Lei nº 13.467/17, destaco que o contrato
Desnecessária a remessa dos presentes autos à Procuradoria de trabalho do autor iniciou-se em 01/07/2011 e encerrou em
Regional do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Regimento 23/02/2016, bem como que a sentença recorrida foi prolatada em
Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se 04/04/2018.
ocasião da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, Em virtude das matérias trazidas nos recursos, passo a apreciá-los
XIII e VII, da Lei Complementar n° 75 de 1993. em conjunto para melhor analisá-los.
É o relatório. Sobrestamento do feito (RECURSO DA RECLAMADA
GRANVILLE & BAZAN LTDA.)
VOTO:
PRELIMINARES BAZAN LTDA. requer o sobrestamento do feito até a decisão final
do STF sobre a licitude da terceirização dos serviços por
Do não conhecimento do recurso ordinário do reclamante em concessionárias de serviços públicos.
Desnecessária, no entanto, a suspensão do feito, haja vista a
Pede a recorrida GRANVILLE & BAZAN LTDA., em suas superveniência da decisão do Pretório Excelso que, em sede de
contrarrazões, o sobrestamento do presente processo. repercussão geral (Tema 725), julgou procedente o pedido
formulado na ADPF 324. A decisão foi publicada no DEJ e DOU
Alega que a matéria debatida, nos presentes autos, encontra-se 10/9/2018 e com atenção à fundamentação nela contida, conforme
atualmente sobrestada em todos os tribunais pátrios, diante do acima destacado, os autos serão reexaminados.

afastado o entendimento da Súmula nº 331 do TST.
Vejamos.
Pede a recorrente COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO
- CELPE a reforma da sentença, para que seja declarada a licitude In casu, registro, de início, que, numa primeira oportunidade, os
do contrato de terceirização firmado entre as demandadas. títulos foram julgados improcedentes, ocasionando o recurso
ordinário da parte autora. A Primeira Turma deste regional, ao
Argumenta que a sentença foi alicerçada em entendimento apreciar o Recurso Ordinário, reconheceu o vínculo diretamente
jurisprudencial revogado, alegando que o cancelamento da Súmula com a tomadora dos serviços.
nº 331 do TST é medida que necessariamente se impõe, em virtude
do advento da Lei nº 13.429/17. Afirma que a Lei nº 13.429/17 A conclusão do acórdão se encontra à fl. 691:
Sustenta que é dever do julgador aplicar, de imediato, a Lei nº "ACORDAMos Desembargadores integrantes da 1ª Turma do
13.429/17. Aduz que a Lei de Introdução às Normas do Direito Tribunal do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, ao apelo
Brasileiro estabelece que o advento da nova normatização deve para, DAR PROVIMENTO reconhecendo o vínculo de emprego
respeitar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. diretamente com COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO -
CELPE, determinando, por conseguinte, que esta promova as
Defende que, à época da prestação dos serviços do autor, não anotações na CTPS, nos moldes perseguidos na peça de ingresso,
havia lei vigente tratando da terceirização, de forma que não há que sob pena de pagar multa diária de R$ 100,00 (cem) reais, até o
se falar em ato jurídico perfeito. Afirma que as disposições contidas limite de 30 (trinta) dias, após a devida intimação pra tal fim, com o
na nova lei autorizam a terceirização de serviços específicos, de retorno dos autos ao juízo de origem para apreciação dos demais
acordo com os objetos contratados. Destaca que, no campo do títulos, como melhor lhe aprouver, a fim de se evitar a malsinada
direito privado, tudo aquilo que não é proibido é permitido. supressão de instância. Tudo nos termos e limites da
Argumenta que a nova lei, ao declarar a licitude de toda forma de fundamentação supra. A Exma. Desembargadora Socorro
terceirização, não veio criar fato novo, apenas veio declarar lícito o Emerenciano ressalvou entendimento pessoal e acompanhou o voto
que não tinha norma expressa em sentido contrário. Sustenta que o do Exmo. Desembargador Relator."
CPC permite ao réu deduzir novas alegações quando relativas a
direito ou a fato superveniente, bem como levar em consideração A princípio, toda a matéria devolvida - inclusive a discussão acerca
qualquer fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito que da suposta inexistência de vínculo com a tomadora dos serviços ou
soube pelas partes ou de ofício depois da propositura da ação, mesmo com a licitude da terceirização - já foi examinada por esta
desde que apto a influir no julgamento do mérito. corte, por meio do acórdão acima transcrito.
Também a recorrente GRANVILLE & BAZAN LTDA. pede que seja Todavia, o caso não opera preclusão pro judicato, por ter
declarada a licitude do contrato de terceirização firmado entre as sobrevindo modificação no estado de direito, a teor do art. 505,
rés. inciso I, do CPC ("Nenhum juiz decidirá novamente as questões já
decididas relativas à mesma lide, salvo se, tratando-se de relação
Alega que admitiu, remunerou e dirigiu a prestação dos serviços do jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de
reclamante, inexistindo subordinação deste com a tomadora dos fato ou de direito").
serviços. Argumenta que o reclamante foi contratado para realizar
atividades de corte, religação e ligação e que este nunca trabalhou Tal modificação consiste na decisão do Pretório Excelso que, em
na manutenção da rede elétrica da Celpe. Sustenta que a sede de repercussão geral (Tema 725), julgou procedente o pedido
terceirização das atividades desenvolvidas pelos eletricistas é formulado na ADPF 324 e deu provimento a recurso extraordinário
totalmente lícita, já que tal serviço não se trata de atividade-fim. (RE 958252) para considerar "a licitude da terceirização ou qualquer
Invoca a aplicação da Lei nº 13.429/17. Defende que a lei nº outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,
8.987/95 autoriza a terceirização dos serviços prestados pelas independentemente do objeto social das empresas envolvidas,
concessionárias de serviço público, de forma que, na hipótese, resta mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante"

(DEJ e DOU 10/9/2018. Cf. Informativo de Jurisprudência n° 913 do constitucionalidade, traduzindo-se em precedente de observância
STF). obrigatória pelos tribunais, nos termos do art. 927, inciso I, do CPC
É preciso ter em mente que, desde a vigência da Lei n° 489, §4°, inciso VI, do CPC, este passa a ser o entendimento deste
13.105/2015, o ordenamento jurídico brasileiro adotou o Juízo, ainda que com a ressalva de meu entendimento pessoal.
microssistema de formação concentrada e aplicação de
precedentes obrigatórios, com mecanismos próprios de controle de É certo que a ilicitude da terceirização ainda pode ser reconhecida,
sua observância pelos Tribunais, de modo a conferir concretude à caso haja prova irrefutável da presença dos elementos fático-
norma do art. 926 do CPC. Diz-se microssistema, pois a formação jurídicos dos artigos 2° e 3° da CLT, caso em que o vínculo de
do precedente irradia efeitos a todo o curso processual, desde a emprego deve ser reconhecido, por não se tratar de intermediação
fase de conhecimento até o cumprimento do título executivo. de mão de obra, mas contratação de empregado por empresa
Assim, as consequências da formação do precedente vão além da
norma do art. 926 do CPC, pois possibilitam a concessão de tutela Todavia, a prova testemunhal produzida é no sentido da ausência
de evidência (art. 311 do CPC), oportunizam o julgamento de de subordinação direta dos empregados da empresa prestadora de
improcedência liminar (art. 332 do CPC), dispensam a remessa serviços com os prepostos da tomadora, consoante trechos abaixo
necessária, autorizam o não provimento do recurso, por meio de transcritos:
decisão monocrática do relator (art. 932 do CPC), autorizam o
cabimento da reclamação (art. 988 do CPC) e, finalmente, em se Testemunha do reclamante: "que trabalhou para a empresa que
tratando de decisão tomada em sede de controle concentrado de prestava serviços para a Celpe; QUE a empresa terceirizada era a
constitucionalidade, tornam o título executivo inexigível e facultam o CGB Engenharia Ltda; QUE era porteiro; QUE o reclamante era
ajuizamento da ação rescisória, no prazo decadencial de dois anos eletricista; QUE um eletricista presta serviços de campo; QUE
contados do trânsito em julgado da decisão do STF (art. 525, §12 e normalmente o reclamante trabalhava fora da empresa; QUE em
15, do CPC). média ficava uma vez por mês na empresa, trabalhando fora o
restante do período; [...] QUE havia pessoas da Celpe que iam
A não aplicação ou a aplicação inadequada do precedente diariamente na empresa verificar notas de serviço e se o serviço
obrigatório equivale à hipótese de error in procedendo ou error in estava sendo feito de forma adequada; QUE o supervisor do
judicando, impondo-se o do caso à luz da ratio decidendi contida na reclamante era o Sr. Gilson e Daniel, que eram da CGB
ADPF 324. Engenharia; QUE os empregados da Celpe não davam ordens
diretas para o reclamante; QUE o controle de ponto era feito na
No entender deste relator, anteriormente, a regra era a da guarita na entrada e na saída; QUE eventuais problemas de horário
impossibilidade de contratação de empregados por empresa tinha que ser resolvido com o Sr. Gilson; QUE o depoente também
interposta e, havendo terceirização na atividade fim da empresa foi auxiliar de escritório; QUE a empresa possui um sistema para
tomadora do serviço, com a contratação de trabalhadores por meio receber ordens de serviços da Celpe."
de empresa que promove a intermediação de mão-de-obra,
evidenciava-se fraude às normas trabalhistas, que não passava Testemunha da reclamada: "que trabalhou para a reclamada
pelo crivo do art. 9° da CLT. durante 5 anos, ficou 5 meses fora e retornou em outubro de 2016,
trabalhando lá até hoje; QUE o reclamante trabalhava suspendendo
Todavia, com a superveniência da decisão na ADPF 324, a energia, fazendo ligação nova e religando; QUE para fazer ligação
diferenciação acerca da inserção da atividade subcontratada no de energia nova há necessidade de fazer instalação de um
âmbito do objeto social da empresa, mesmo para a prestação de equipamento de medição; QUE para fazer a suspensão do
serviços ocorrida anteriormente à publicação da Lei n° 13.467/2017 fornecimento de energia o eletricista vai até a casa cliente e retira o
ou Lei n° 13.429/2017, perdeu a razão de ser. conector; QUE não havia eletricistas da Celpe fazendo esses
serviços, apenas da CGB; QUE faziam o desligamento de acordo
Desse modo e, considerando que a decisão produz efeitos com as ordens de serviços da CGB Engenharia, que recebia por
vinculantes, próprios do controle concentrado de sua vez da Celpe; QUE quem passava as ordens era o Sr. Gilson,

administrador da CGB; QUE não prestava serviço de manutenção de trabalho, recebeu salário base inferior aos empregados da
na rede elétrica, além de ligar e desligar energia; [...]". primeira reclamada CELPE, apontando que estes executavam
Desta feita, superada pela jurisprudência do Pretório Excelso a diferenças salariais.
empresa-tomadora, laborando em atividade ligada ao seu objeto De início, destaque-se que, conforme fundamentos contidos em
econômico principal e ausente prova da presença dos requisitos tópico acima, não restou demonstrada a existência de vínculo de
demarcados nos artigos 2° e 3° da CLT, dou provimento aos emprego do autor com a tomadora dos serviços.
recursos das rés para, reformando a sentença, afastar o
reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a Celpe, Ainda, conforme destacado pelo juízo de origem, as testemunhas
mantendo hígido o contrato de trabalho assinado pela empresa foram enfáticas em relatar que havia apenas empregados da
prestadora de serviços. Granville realizando as mesmas atividades do autor, não havendo
Na linha da fundamentação constante da ADPF 324, tal conclusão apenas desligamento de rede e não outros serviços de eletricista.
serviços por eventuais créditos devidos pela empresa contratada a Destarte, improcede o pedido de isonomia salarial formulado na
seus empregados. petição inicial.
Recurso das rés a que se dá provimento para, reformando a Nego provimento ao apelo.
sentença, afastar o reconhecimento do vínculo de emprego
diretamente com a Celpe, mantendo hígido o contrato de trabalho Das horas extras e do intervalo intrajornada (RECURSO DO
assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar RECLAMANTE)
improcedentes os pedidos fundados na aplicação das Convenções
Coletivas e Acordos Coletivos acostados aos autos (participação Pede o reclamante/recorrente a reforma da sentença, para que seja
nos Lucros e Resultados, Abono de férias, ticketrefeição), bem acrescida à condenação o pagamento das horas extras e
como pedido de responsabilidade solidárias das empresas rés. repercussões postuladas, inclusive aquelas decorrentes da não
concessão do intervalo intrajornada.
Das diferenças salariais (RECURSO DO RECLAMANTE)
Argumenta que constam, dos acordos coletivos da Celpe, o direito à
Pede o recorrente a reforma da sentença, para que seja jornada reduzida de oito horas diárias e quarenta semanais e que o
reconhecida a procedência do pedido de diferenças salariais e autor laborava, no mínimo, 44 horas semanais. Aponta que os
respectivas repercussões no aviso prévio, nas férias + 1/3, 13os cartões de ponto não refletem a real jornada desempenhada pelo
salários, FGTS + 40%, adicional de periculosidade e horas extras. autor por se encontrarem com anotações britânicas. Destaca que,
conforme depoimento de sua testemunha, restou demonstrado que
Sustenta que o juízo de primeiro grau incorreu em equívoco ao laborava das 07h30/08h30 às 17h30/20h30, sem intervalo
entender que, para haver isonomia salarial, ambos os trabalhadores intrajornada. Aduz que só retornava à empresa no final do
devem exercer funções idênticas. Argumenta que, com base no expediente e que não desfrutava das duas horas de intervalo para
princípio da isonomia, faz jus ao mesmo salário dos profissionais descanso e refeição. Assevera que faz jus ao pagamento de quatro
contratados diretamente pela tomadora dos serviços. Aponta que horas extras semanais, que, por força do contrato fraudulento,
providenciou a juntada de comprovante de pagamento a eletricista, jamais lhe foram pagas.
diretamente contratado por ela, para fazer prova de diferença
salarial pretendida. Vejamos.
Vejamos. Postulou o reclamante, na petição inicial, a condenação solidária
das reclamadas no pagamento das horas extras, excedentes da 40ª
Afirmou o autor, na petição inicial, que, na vigência do seu contrato hora semanal, alegando que laborava das 07h30 às 19h30/20h00,

com intervalo de 30 (trinta) minutos para refeição, e, aos sábados, horário fixo e variava entre 07:30h/08:30h e a saída entre
das 07h30 às 13h30/14h00 e respectivas repercussões. 17:30h/20:30h; QUE de manhã o reclamante ficava em torno de 30
Apreciando a controvérsia, o juízo de origem indeferiu o pleito, ponto era feito na guarita na entrada e na saída;QUE eventuais
destacando que não ficou provado que os horários consignados nos problemas de horário tinha que ser resolvido com o Sr. Gilson; QUE
cartões de ponto fossem adulterados. o depoente também foi auxiliar de escritório; QUE a empresa possui
um sistema para receber ordens de serviços da Celpe."
Pois bem.
Da leitura do depoimento acima transcrito, verifica-se que as
Nos termos do item I da Súmula n° 338 do C. TST, é ônus do anotações contidas nos controles de ponto, inclusive às relativas ao
empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro intervalo intrajornada, não restaram desconstituídas.
da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT.
Isso porque, uma vez que o depoente laborava como porteiro até às
Uma vez apresentados os controles de ponto, a sua impugnação 17h30, não tinha como apontar o horário em que a jornada do
reverte para o demandante o ônus de infirmá-los, nos termos do art. reclamante, que, inclusive, laborava externamente, encerrava.
373, inciso I, do Código de Processo Civil.
Também não há qualquer outro indício de que os registros contidos
De início, destaque-se que restou incontroverso que o autor foi nos controles de ponto não correspondem à realidade.
contratado para laborar 44 horas semanais (vide fl. 143).
E, da análise dos controles de ponto, verifica-se que, em diversas
Destaque-se, ainda, que, conforme fundamentos contidos em tópico oportunidades, não foi respeitado o intervalo mínimo intrajornada.
acima, o autor não faz jus à jornada reduzida de 40 horas semanais.
Ainda, reexaminando o conjunto probatório, às fls. 289/336, vê-se 21/03/2012, há o registro do início do intervalo às 12h e retorno ao
que houve a juntada de cartões nos quais consta o registro dos labor às 12h35 (fl. 291), de forma que não foi respeitado o intervalo
horários de entrada e saída do autor, do intervalo intrajornada, bem mínimo de uma hora para refeição e descanso previsto no art. 74 da
como do labor extraordinário. CLT (redação vigente à época da prestação de serviços).
Destaque-se que não procede a alegação do recorrente no sentido Observa-se, também, que, em algumas oportunidades, não foi
de que tais anotações são britânicas. Isso porque as anotações são concedido qualquer intervalo, mesmo o autor tendo laborado mais
variáveis e, inclusive, há registro, ao lado direito da folha do de seis horas consecutivas (vide fl. 297).
denominado expediente extraordinário.
Ademais, quanto ao ponto, a testemunha trazida pela parte autora alimentação, feriu norma tutelar que visa proteção à saúde física e
prestou as seguintes declarações (fls. 602/603): mental do trabalhador, pois o intervalo intrajornada, além de
"TESTEMUNHA DO RECLAMANTE: que trabalhou para a empresa um tempo para descanso.
que prestava serviços para a Celpe; QUE a empresa terceirizada
era a CGB Engenharia Ltda; QUE era porteiro; QUE o reclamante Destaque-se que a remanescência deste título reafirma a
era eletricista; QUE um eletricista presta serviços de campo; QUE persistência da responsabilidade subsidiária da CELPE, eis que,
normalmente o reclamante trabalhava fora da empresa; QUE em não custa repetir, o STF, na ADPF 324, também manteve "aplicável
média ficava uma vez por mês na empresa, trabalhando fora o às relações jurídicas preexistentes à Lei 13.429/2017 a
restante do período; QUE como porteiro o depoente ficava na responsabilidade subsidiária da pessoa jurídica contratante pelas
empresa; QUE via mais de 30 trabalhadores da CGB; QUE havia obrigações trabalhistas não adimplidas pela empresa prestadora de
aproximadamente 20 empregados internos e 20 externos; QUE serviços, bem como a responsabilidade pelo recolhimento das
trabalhava das 07:30h às 17:30h; QUE o reclamante não tinha contribuições previdenciárias devidas por esta, mercê da

necessidade de se evitar o vácuo normativo resultante da
insubsistência do Verbete 331 da Súmula do TST". Ante o exposto:
Por essa razão, dou provimento ao apelo, para condenar a I - REJEITO a preliminar de não conhecimento do recurso ordinário
demandada GRANVILLE & BAZAN LTDA. ao pagamento do do reclamante suscitada pela recorrida GRANVILLE & BAZAN
intervalo intrajornada, bem como, diante de sua habitualidade, das LTDA.
respectivas repercussões no rsr, aviso prévio, 13os salários, férias +
1/3 e FGTs + 40%, a serem apurados conforme controles de ponto II - DOU PROVIMENTO aos Recursos Ordinários das reclamadas,
contidos nos autos. para, reformando a sentença, afastar o reconhecimento do vínculo
Responsabilidade subsidiária da COMPANHIA ENERGÉTICA DE de trabalho assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar
PERNAMBUCO - CELPE quanto aos créditos devidos pela improcedentes os pedidos fundados na aplicação das Convenções
GRANVILLE & BAZAN LTDA. Coletivas e Acordos Coletivos acostados aos autos (participação
Não há se falar em dedução, uma vez que não era pago, ao autor, como o pedido de responsabilidade solidária das empresas rés;
intervalo intrajornada. III - DOU PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Ordinário do
reclamante, para condenar a reclamada GRANVILLE & BAZAN
Quando da liquidação, observe-se a evolução salarial do autor, bem LTDA., ao pagamento:
como o divisor 220.
a) do intervalo intrajornada suprimido e respectivas repercussões no
Prequestionamento aviso prévio, rsr, 13os salários, férias + 1/3, FGTS e multa de 40%;
Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na Responsabilidade subsidiária da COMPANHIA ENERGÉTICA DE
fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola PERNAMBUCO - CELPE quanto aos créditos devidos pela
qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação GRANVILLE & BAZAN LTDA.
desnecessária a menção expressa a cada um deles, a teor do Para efeito do comando contido no art. 832, § 3º, da CLT, declaro a
disposto na OJ n° 118 da SDI-I. natureza salarial das parcelas deferidas, com exceção das
incidências sobre depósitos fundiários, aviso prévio indenizado e
terço constitucional de férias.
como o divisor 220.
Observem-se, ainda, as anotações contidas nos controles de ponto.
Diante da procedência dos recursos, deixo de arbitrar novo valor à
Conclusão condenação.
Tudo nos termos e limites da fundamentação supra.

EMMT
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional MARIA DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO, com a presença do
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, I - REJEITAR a Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pela
preliminar de não conhecimento do recurso ordinário do reclamante Exma. Sra. Procuradora Elizabeth Veiga e dos Exmos. Srs.
suscitada pela recorrida GRANVILLE & BAZAN LTDA. II -por Desembargador Sergio Torres Teixeira (Relator) e Ibrahim Alves
unanimidade, DAR PROVIMENTO aos Recursos Ordinários das Filho (Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado
reclamadas, para, reformando a sentença, afastar o reconhecimento para o Gabinete Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por
do vínculo de emprego diretamente com a Celpe, mantendo hígido unanimidade, I - REJEITAR a preliminar de não conhecimento do
o contrato de trabalho assinado pela empresa prestadora de recurso ordinário do reclamante suscitada pela recorrida
serviços e julgar improcedentes os pedidos fundados na aplicação GRANVILLE & BAZAN LTDA. II -por unanimidade, DAR
das Convenções Coletivas e Acordos Coletivos acostados aos PROVIMENTO aos Recursos Ordinários das reclamadas, para,
autos (participação nos Lucros e Resultados, Abono de férias, ticket reformando a sentença, afastar o reconhecimento do vínculo de
refeição), bem como o pedido de responsabilidade solidária das emprego diretamente com a Celpe, mantendo hígido o contrato de
empresas rés; III - ainda por unanimidade, DAR PROVIMENTO trabalho assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar
PARCIAL ao Recurso Ordinário do reclamante, para condenar a improcedentes os pedidos fundados na aplicação das Convenções
reclamada GRANVILLE & BAZAN LTDA., ao pagamento: a) do Coletivas e Acordos Coletivos acostados aos autos (participação
intervalo intrajornada suprimido e respectivas repercussões no aviso nos Lucros e Resultados, Abono de férias, ticket refeição), bem
prévio, rsr, 13os salários, férias + 1/3, FGTS e multa de 40%; como o pedido de responsabilidade solidária das empresas rés; III -
Responsabilidade subsidiária da COMPANHIA ENERGÉTICA DE ainda por unanimidade, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso
PERNAMBUCO - CELPE quanto aos créditos devidos pela Ordinário do reclamante, para condenar a reclamada GRANVILLE &
GRANVILLE & BAZAN LTDA. Para efeito do comando contido no BAZAN LTDA., ao pagamento: a) do intervalo intrajornada
art. 832, § 3º, da CLT, declarar a natureza salarial das parcelas suprimido e respectivas repercussões no aviso prévio, rsr, 13os
deferidas, com exceção das incidências sobre depósitos fundiários, salários, férias + 1/3, FGTS e multa de 40%; Responsabilidade
aviso prévio indenizado e terço constitucional de férias. Quando da subsidiária da COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO -
liquidação, observe-se a evolução salarial do autor, bem como o CELPE quanto aos créditos devidos pela GRANVILLE & BAZAN
divisor 220. Observem-se, ainda, as anotações contidas nos LTDA. Para efeito do comando contido no art. 832, § 3º, da CLT,
controles de ponto. Diante da procedência dos recursos, deixar de declarar a natureza salarial das parcelas deferidas, com exceção
arbitrar novo valor à condenação. Tudo nos termos e limites da das incidências sobre depósitos fundiários, aviso prévio indenizado
fundamentação supra. e terço constitucional de férias. Quando da liquidação, observe-se a
evolução salarial do autor, bem como o divisor 220. Observem-se,
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. ainda, as anotações contidas nos controles de ponto. Diante da

PODER
JUDICIÁRIO
PROC. N.º TRT - 0000287-31.2017.5.06.0371 (RO)
Recorrentes : RONILSON MANOEL DE ALMEIDA
Acórdão GRANVILLE & BAZAN LTDA.

Processo Nº RO-0000287-31.2017.5.06.0371
RECORRENTE RONILSON MANOEL DE ALMEIDA COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - CELPE
ADVOGADO LENIVAN ELIAS DA SILVA(OAB: Recorridos : OS MESMOS
35004/PE)
PERNAMBUCO
Advogados : Lenivan Elias da Silva; Daniela Sindoni Feliciano e
18373/PE) Bruno Moury Fernandes
MELQUIDES DE LIMA(OAB: Procedência : Vara Única do Trabalho de Serra Talhada/PE
36717/PE)
27514/PE)
NETO(OAB: 15657/PE)
PERNAMBUCO
NETO(OAB: 15657/PE)
35004/PE)
NETO(OAB: 15657/PE) EMENTA
36717/PE)
27514/PE)
- GRANVILLE & BAZAN LTDA

INDIVIDUAL DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO.
INOCORRÊNCIA PRECLUSÃO PRO JUDICATO. SUPERAÇÃO
se em precedente de observância obrigatória, nos termos do art. Vistos etc.
Juízo, ainda que com a ressalva de entendimento pessoal. Ausente, Tratam-se de Recursos Ordinários interpostos por RONILSON
ainda, elemento probatório que permita o reconhecimento do MANOEL DE ALMEIDA, GRANVILLE & BAZAN LTDA. e
vínculo de emprego, por subordinação direta, a consequência é a COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - CELPE, de
exclusão do reconhecimento do vínculo de emprego entre o autor e decisão proferida pelo Excelentíssimo Juiz da Vara Única do
o tomador dos serviços, bem como da condenação das parcelas daí Trabalho de Serra Talhada/PE, que, nos termos dos fundamentos
decorrentes. Recursos das rés providos. II. RECURSO ORDINÁRIO de fls. 754/758, integrada pela decisão de fls. 1.050/1.053, julgou
DO RECLAMANTE. DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO. NÃO procedentes em parte os pedidos formulados na ação trabalhista
CONCESSÃO INTEGRAL DO INTERVALO INTRAJORNADA. ajuizada pelo primeiro em face das demais.
na redação vigente ao tempo da prestação de serviços, o intervalo RECURSO ORDINÁRIO DA PRIMEIRA RECLAMADA
não concedido ou não usufruído pelo empregado deve ser (COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - CELPE)
integral, acrescida de, no mínimo, 50%. A condenação não se limita Em razões recursais de fls. 1.006/1.015, pede a recorrente a
ao tempo não usufruído e repercute no pagamento de outras reforma da sentença, para que seja declarada a licitude do contrato
parcelas, consoante Súmula n° 437 do TST. Recurso a que se dá de terceirização firmado entre as demandadas. Argumenta que a
parcial provimento. sentença foi alicerçada em entendimento jurisprudencial revogado,
alegando que o cancelamento da Súmula nº 331 do TST é medida
que necessariamente se impõe, em virtude do advento da Lei nº
13.429/17. Afirma que a Lei nº 13.429/17 acabou com a distinção
entre atividade-meio e atividade-fim. Sustenta que é dever do
julgador aplicar, de imediato, a Lei nº 13.429/17. Aduz que a Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro estabelece que o
advento da nova normatização deve respeitar o ato jurídico perfeito,
o direito adquirido e a coisa julgada. Defende que, à época da
prestação dos serviços do autor, não havia lei vigente tratando da

terceirização, de forma que não há que se falar em ato jurídico horas de intervalo para descanso e refeição. Assevera que faz jus,
perfeito. Afirma que as disposições contidas na nova lei autorizam a pelo menos, ao pagamento de quatro horas extras semanais, que,
terceirização de serviços específicos, de acordo com os objetos por força do contrato fraudulento, jamais lhe foram pagas.
que não é proibido é permitido. Argumenta que a nova lei, ao RECURSO ORDINÁRIO DA SEGUNDA RECLAMADA
declarar a licitude de toda forma de terceirização, não veio criar fato (GRANVILLE & BAZAN LTDA.)
em sentido contrário. Sustenta que o CPC permite ao réu deduzir Em razões recursais de fls. 1.075/1.095, pede a recorrente que seja
novas alegações quando relativas a direito ou a fato superveniente, declarada a licitude do contrato de terceirização firmado entre as
bem como levar em consideração qualquer fato constitutivo, rés. Alega que admitiu, remunerou e dirigiu a prestação dos
modificativo ou extintivo do direito que soube pelas partes ou de serviços do reclamante, inexistindo subordinação deste com a
ofício depois da propositura da ação, desde que apto a influir no tomadora dos serviços. Argumenta que o reclamante foi contratado
julgamento do mérito. para realizar atividades de corte, religação e ligação e que este
nunca trabalhou na manutenção da rede elétrica da Celpe. Sustenta
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE que a terceirização das atividades desenvolvidas pelos eletricistas é
totalmente lícita, já que tal serviço não se trata de atividade-fim.
Em razões recursais de fls. 1.058/1.074, pede o recorrente a Invoca a aplicação da Lei nº 13.429/17. Defende que a lei nº
reforma da sentença, para que seja reconhecida a procedência do 8.987/95 autoriza a terceirização dos serviços prestados pelas
pedido de diferenças salariais e respectivas repercussões no aviso concessionárias de serviço público, de forma que, na hipótese, resta
prévio, nas férias + 1/3, 13os salários, FGTS + 40%, adicional de afastado o entendimento da Súmula nº 331 do TST. Pede o
periculosidade e horas extras. Sustenta que o juízo de primeiro grau sobrestamento do processo em face da repercussão geral, sob
incorreu em equívoco ao entender que, para haver isonomia pena de afronta a súmula vinculante nº 10. Argumenta que a
salarial, ambos os trabalhadores devem exercer funções idênticas. matéria debatida nos presentes autos encontra-se sobrestada em
Argumenta que, com base no princípio da isonomia, faz jus ao todos os tribunais pátrios, diante do reconhecimento pelo STF da
mesmo salário dos profissionais contratados diretamente pela repercussão geral.
tomadora dos serviços. Aponta que providenciou a juntada de
comprovante de pagamento a eletricista, diretamente contratado por O reclamante/recorrido, às fls. 1.104/1.119, apresentou, de forma
ela, para fazer prova de diferença salarial pretendida. Assevera que tempestiva, as contrarrazões.
a reclamada não juntou os documentos requeridos na petição
inicial. Afirma que a própria tomadora dos serviços admite, em sua A recorrida GRANVILLE & BAZAN LTDA., às fls. 1.120/1.145,
defesa, que não possui Plano de Cargos e Salários. Defende que apresentou, de forma tempestiva, as contrarrazões, suscitando
deve ser reconhecido que o autor fazia jus a salário não inferior a preliminar de não conhecimento do recurso ordinário do reclamante
R$ 1.800,00 mais os reajustes salariais da categoria urbanitários. em virtude da necessidade de sobrestamento do processo.
Pede que a recorrente seja compelida a efetuar a retificação da
CTPS quanto ao salário. Pede a reforma da sentença, para que seja A recorrida COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO -
acrescida à condenação o pagamento das horas extras postuladas CELPE, às fls. 1.146/1.152, apresentou, de forma tempestiva, as
e repercussões, inclusive aquelas decorrentes da não concessão do contrarrazões.
intervalo intrajornada. Argumenta que constam, dos acordos
coletivos da Celpe, o direito à jornada reduzida de oito horas e Desnecessária a remessa dos presentes autos à Procuradoria
quarenta semanais e que o autor laborava, no mínimo, 44 horas Regional do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Regimento
semanais. Aponta que os cartões de ponto não refletem a real Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se
jornada desempenhada pelo autor por se encontrarem com pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por
anotações britânicas. Destaca que, conforme depoimento de sua ocasião da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II,
testemunha, restou demonstrado que laborava das 07h30/08h30 às XIII e VII, da Lei Complementar n° 75 de 1993.
17h30/20h30, sem intervalo intrajornada. Aduz que só retornava à
empresa no final do expediente e que não desfrutava das duas É o relatório.

GRANVILLE & BAZAN LTDA.)
VOTO:
PRELIMINARES BAZAN LTDA. requer o sobrestamento do feito até a decisão final
do STF sobre a licitude da terceirização dos serviços por
Do não conhecimento do recurso ordinário do reclamante em concessionárias de serviços públicos.
Desnecessária, no entanto, a suspensão do feito, haja vista a
Pede a recorrida GRANVILLE & BAZAN LTDA., em suas superveniência da decisão do Pretório Excelso que, em sede de
contrarrazões, o sobrestamento do presente processo. repercussão geral (Tema 725), julgou procedente o pedido
formulado na ADPF 324. A decisão foi publicada no DEJ e DOU
Alega que a matéria debatida, nos presentes autos, encontra-se 10/9/2018 e com atenção à fundamentação nela contida, conforme
atualmente sobrestada em todos os tribunais pátrios, diante do acima destacado, os autos serão reexaminados.
reconhecimento pelo STF da repercussão geral no caso em tela.
No entanto, desnecessária a suspensão do feito, haja vista a
superveniência da decisão do Pretório Excelso que, em sede de Pede a recorrente COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO
repercussão geral (Tema 725), julgou procedente o pedido - CELPE a reforma da sentença, para que seja declarada a licitude
formulado na ADPF 324. A decisão foi publicada no DEJ e DOU do contrato de terceirização firmado entre as demandadas.
10/9/2018 e com atenção à fundamentação nela contida os autos
serão reexaminados. Argumenta que a sentença foi alicerçada em entendimento
jurisprudencial revogado, alegando que o cancelamento da Súmula
Ante o exposto, rejeito a preliminar de não conhecimento do recurso nº 331 do TST é medida que necessariamente se impõe, em virtude
ordinário suscitada pela recorrida. do advento da Lei nº 13.429/17. Afirma que a Lei nº 13.429/17
PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE Sustenta que é dever do julgador aplicar, de imediato, a Lei nº
13.429/17. Aduz que a Lei de Introdução às Normas do Direito
Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade (fls. Brasileiro estabelece que o advento da nova normatização deve
759, 1.054 e 1.075), representação processual (fls. 1.026, 21 e 139) respeitar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
e preparo (fls. 1.046/1.049 e 1.096/1.099), conheço dos recursos,
bem como das contrarrazões. Defende que, à época da prestação dos serviços do autor, não
havia lei vigente tratando da terceirização, de forma que não há que
MÉRITO se falar em ato jurídico perfeito. Afirma que as disposições contidas
na nova lei autorizam a terceirização de serviços específicos, de
Considerações iniciais acordo com os objetos contratados. Destaca que, no campo do
direito privado, tudo aquilo que não é proibido é permitido.
Apenas a título de esclarecimento, em virtude da entrada em vigor Argumenta que a nova lei, ao declarar a licitude de toda forma de
da Lei nº 13.429/17 e da Lei nº 13.467/17, destaco que o contrato terceirização, não veio criar fato novo, apenas veio declarar lícito o
de trabalho do autor iniciou-se em 01/07/2011 e encerrou em que não tinha norma expressa em sentido contrário. Sustenta que o
23/02/2016, bem como que a sentença recorrida foi prolatada em CPC permite ao réu deduzir novas alegações quando relativas a
04/04/2018. direito ou a fato superveniente, bem como levar em consideração
qualquer fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito que
Em virtude das matérias trazidas nos recursos, passo a apreciá-los soube pelas partes ou de ofício depois da propositura da ação,
em conjunto para melhor analisá-los. desde que apto a influir no julgamento do mérito.
Sobrestamento do feito (RECURSO DA RECLAMADA Também a recorrente GRANVILLE & BAZAN LTDA. pede que seja

declarada a licitude do contrato de terceirização firmado entre as sobrevindo modificação no estado de direito, a teor do art. 505,
rés. inciso I, do CPC ("Nenhum juiz decidirá novamente as questões já
decididas relativas à mesma lide, salvo se, tratando-se de relação
Alega que admitiu, remunerou e dirigiu a prestação dos serviços do jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de
reclamante, inexistindo subordinação deste com a tomadora dos fato ou de direito").
serviços. Argumenta que o reclamante foi contratado para realizar
atividades de corte, religação e ligação e que este nunca trabalhou Tal modificação consiste na decisão do Pretório Excelso que, em
na manutenção da rede elétrica da Celpe. Sustenta que a sede de repercussão geral (Tema 725), julgou procedente o pedido
terceirização das atividades desenvolvidas pelos eletricistas é formulado na ADPF 324 e deu provimento a recurso extraordinário
totalmente lícita, já que tal serviço não se trata de atividade-fim. (RE 958252) para considerar "a licitude da terceirização ou qualquer
Invoca a aplicação da Lei nº 13.429/17. Defende que a lei nº outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,
8.987/95 autoriza a terceirização dos serviços prestados pelas independentemente do objeto social das empresas envolvidas,
concessionárias de serviço público, de forma que, na hipótese, resta mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante"
afastado o entendimento da Súmula nº 331 do TST. (DEJ e DOU 10/9/2018. Cf. Informativo de Jurisprudência n° 913 do
STF).
Vejamos.
É preciso ter em mente que, desde a vigência da Lei n°
In casu, registro, de início, que, numa primeira oportunidade, os 13.105/2015, o ordenamento jurídico brasileiro adotou o
títulos foram julgados improcedentes, ocasionando o recurso microssistema de formação concentrada e aplicação de
ordinário da parte autora. A Primeira Turma deste regional, ao precedentes obrigatórios, com mecanismos próprios de controle de
apreciar o Recurso Ordinário, reconheceu o vínculo diretamente sua observância pelos Tribunais, de modo a conferir concretude à
com a tomadora dos serviços. norma do art. 926 do CPC. Diz-se microssistema, pois a formação
do precedente irradia efeitos a todo o curso processual, desde a
A conclusão do acórdão se encontra à fl. 691: fase de conhecimento até o cumprimento do título executivo.
"ACORDAMos Desembargadores integrantes da 1ª Turma do Assim, as consequências da formação do precedente vão além da
Tribunal do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, ao apelo norma do art. 926 do CPC, pois possibilitam a concessão de tutela
para, DAR PROVIMENTO reconhecendo o vínculo de emprego de evidência (art. 311 do CPC), oportunizam o julgamento de
diretamente com COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - improcedência liminar (art. 332 do CPC), dispensam a remessa
CELPE, determinando, por conseguinte, que esta promova as necessária, autorizam o não provimento do recurso, por meio de
anotações na CTPS, nos moldes perseguidos na peça de ingresso, decisão monocrática do relator (art. 932 do CPC), autorizam o
sob pena de pagar multa diária de R$ 100,00 (cem) reais, até o cabimento da reclamação (art. 988 do CPC) e, finalmente, em se
limite de 30 (trinta) dias, após a devida intimação pra tal fim, com o tratando de decisão tomada em sede de controle concentrado de
retorno dos autos ao juízo de origem para apreciação dos demais constitucionalidade, tornam o título executivo inexigível e facultam o
títulos, como melhor lhe aprouver, a fim de se evitar a malsinada ajuizamento da ação rescisória, no prazo decadencial de dois anos
supressão de instância. Tudo nos termos e limites da contados do trânsito em julgado da decisão do STF (art. 525, §12 e
fundamentação supra. A Exma. Desembargadora Socorro 15, do CPC).
Emerenciano ressalvou entendimento pessoal e acompanhou o voto
do Exmo. Desembargador Relator." A não aplicação ou a aplicação inadequada do precedente
obrigatório equivale à hipótese de error in procedendo ou error in
A princípio, toda a matéria devolvida - inclusive a discussão acerca judicando, impondo-se o do caso à luz da ratio decidendi contida na
da suposta inexistência de vínculo com a tomadora dos serviços ou ADPF 324.
mesmo com a licitude da terceirização - já foi examinada por esta
corte, por meio do acórdão acima transcrito. No entender deste relator, anteriormente, a regra era a da
impossibilidade de contratação de empregados por empresa
Todavia, o caso não opera preclusão pro judicato, por ter interposta e, havendo terceirização na atividade fim da empresa

tomadora do serviço, com a contratação de trabalhadores por meio receber ordens de serviços da Celpe."
de empresa que promove a intermediação de mão-de-obra,
evidenciava-se fraude às normas trabalhistas, que não passava Testemunha da reclamada: "que trabalhou para a reclamada
pelo crivo do art. 9° da CLT. durante 5 anos, ficou 5 meses fora e retornou em outubro de 2016,
trabalhando lá até hoje; QUE o reclamante trabalhava suspendendo
Todavia, com a superveniência da decisão na ADPF 324, a energia, fazendo ligação nova e religando; QUE para fazer ligação
diferenciação acerca da inserção da atividade subcontratada no de energia nova há necessidade de fazer instalação de um
âmbito do objeto social da empresa, mesmo para a prestação de equipamento de medição; QUE para fazer a suspensão do
serviços ocorrida anteriormente à publicação da Lei n° 13.467/2017 fornecimento de energia o eletricista vai até a casa cliente e retira o
ou Lei n° 13.429/2017, perdeu a razão de ser. conector; QUE não havia eletricistas da Celpe fazendo esses
serviços, apenas da CGB; QUE faziam o desligamento de acordo
Desse modo e, considerando que a decisão produz efeitos com as ordens de serviços da CGB Engenharia, que recebia por
vinculantes, próprios do controle concentrado de sua vez da Celpe; QUE quem passava as ordens era o Sr. Gilson,
constitucionalidade, traduzindo-se em precedente de observância administrador da CGB; QUE não prestava serviço de manutenção
obrigatória pelos tribunais, nos termos do art. 927, inciso I, do CPC na rede elétrica, além de ligar e desligar energia; [...]".
489, §4°, inciso VI, do CPC, este passa a ser o entendimento deste Desta feita, superada pela jurisprudência do Pretório Excelso a
Juízo, ainda que com a ressalva de meu entendimento pessoal. discussão acerca da inserção do trabalhador na dinâmica da
É certo que a ilicitude da terceirização ainda pode ser reconhecida, econômico principal e ausente prova da presença dos requisitos
caso haja prova irrefutável da presença dos elementos fático- demarcados nos artigos 2° e 3° da CLT, dou provimento aos
jurídicos dos artigos 2° e 3° da CLT, caso em que o vínculo de recursos das rés para, reformando a sentença, afastar o
emprego deve ser reconhecido, por não se tratar de intermediação reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a Celpe,
de mão de obra, mas contratação de empregado por empresa mantendo hígido o contrato de trabalho assinado pela empresa
interposta, em afronta ao art. 9° da CLT. prestadora de serviços.
Todavia, a prova testemunhal produzida é no sentido da ausência Na linha da fundamentação constante da ADPF 324, tal conclusão
de subordinação direta dos empregados da empresa prestadora de não afasta a responsabilidade subsidiária da empresa tomadora dos
serviços com os prepostos da tomadora, consoante trechos abaixo serviços por eventuais créditos devidos pela empresa contratada a
transcritos: seus empregados.
Testemunha do reclamante: "que trabalhou para a empresa que Recurso das rés a que se dá provimento para, reformando a
prestava serviços para a Celpe; QUE a empresa terceirizada era a sentença, afastar o reconhecimento do vínculo de emprego
CGB Engenharia Ltda; QUE era porteiro; QUE o reclamante era diretamente com a Celpe, mantendo hígido o contrato de trabalho
eletricista; QUE um eletricista presta serviços de campo; QUE assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar
normalmente o reclamante trabalhava fora da empresa; QUE em improcedentes os pedidos fundados na aplicação das Convenções
média ficava uma vez por mês na empresa, trabalhando fora o Coletivas e Acordos Coletivos acostados aos autos (participação
restante do período; [...] QUE havia pessoas da Celpe que iam nos Lucros e Resultados, Abono de férias, ticketrefeição), bem
diariamente na empresa verificar notas de serviço e se o serviço como pedido de responsabilidade solidárias das empresas rés.
estava sendo feito de forma adequada; QUE o supervisor do
reclamante era o Sr. Gilson e Daniel, que eram da CGB Das diferenças salariais (RECURSO DO RECLAMANTE)
Engenharia; QUE os empregados da Celpe não davam ordens
diretas para o reclamante; QUE o controle de ponto era feito na Pede o recorrente a reforma da sentença, para que seja
guarita na entrada e na saída; QUE eventuais problemas de horário reconhecida a procedência do pedido de diferenças salariais e
tinha que ser resolvido com o Sr. Gilson; QUE o depoente também respectivas repercussões no aviso prévio, nas férias + 1/3, 13os
foi auxiliar de escritório; QUE a empresa possui um sistema para salários, FGTS + 40%, adicional de periculosidade e horas extras.

conforme depoimento de sua testemunha, restou demonstrado que
Sustenta que o juízo de primeiro grau incorreu em equívoco ao laborava das 07h30/08h30 às 17h30/20h30, sem intervalo
entender que, para haver isonomia salarial, ambos os trabalhadores intrajornada. Aduz que só retornava à empresa no final do
devem exercer funções idênticas. Argumenta que, com base no expediente e que não desfrutava das duas horas de intervalo para
princípio da isonomia, faz jus ao mesmo salário dos profissionais descanso e refeição. Assevera que faz jus ao pagamento de quatro
contratados diretamente pela tomadora dos serviços. Aponta que horas extras semanais, que, por força do contrato fraudulento,
providenciou a juntada de comprovante de pagamento a eletricista, jamais lhe foram pagas.
diretamente contratado por ela, para fazer prova de diferença
salarial pretendida. Vejamos.
Vejamos. Postulou o reclamante, na petição inicial, a condenação solidária
das reclamadas no pagamento das horas extras, excedentes da 40ª
Afirmou o autor, na petição inicial, que, na vigência do seu contrato hora semanal, alegando que laborava das 07h30 às 19h30/20h00,
de trabalho, recebeu salário base inferior aos empregados da com intervalo de 30 (trinta) minutos para refeição, e, aos sábados,
primeira reclamada CELPE, apontando que estes executavam das 07h30 às 13h30/14h00 e respectivas repercussões.
diferenças salariais. Apreciando a controvérsia, o juízo de origem indeferiu o pleito,
destacando que não ficou provado que os horários consignados nos
De início, destaque-se que, conforme fundamentos contidos em cartões de ponto fossem adulterados.
tópico acima, não restou demonstrada a existência de vínculo de
emprego do autor com a tomadora dos serviços. Pois bem.
Ainda, conforme destacado pelo juízo de origem, as testemunhas Nos termos do item I da Súmula n° 338 do C. TST, é ônus do
foram enfáticas em relatar que havia apenas empregados da empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro
Granville realizando as mesmas atividades do autor, não havendo da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT.
apenas desligamento de rede e não outros serviços de eletricista. Uma vez apresentados os controles de ponto, a sua impugnação
reverte para o demandante o ônus de infirmá-los, nos termos do art.
Destarte, improcede o pedido de isonomia salarial formulado na 373, inciso I, do Código de Processo Civil.
petição inicial.
De início, destaque-se que restou incontroverso que o autor foi
Nego provimento ao apelo. contratado para laborar 44 horas semanais (vide fl. 143).
Das horas extras e do intervalo intrajornada (RECURSO DO Destaque-se, ainda, que, conforme fundamentos contidos em tópico
RECLAMANTE) acima, o autor não faz jus à jornada reduzida de 40 horas semanais.
Pede o reclamante/recorrente a reforma da sentença, para que seja Ainda, reexaminando o conjunto probatório, às fls. 289/336, vê-se
acrescida à condenação o pagamento das horas extras e que houve a juntada de cartões nos quais consta o registro dos
repercussões postuladas, inclusive aquelas decorrentes da não horários de entrada e saída do autor, do intervalo intrajornada, bem
concessão do intervalo intrajornada. como do labor extraordinário.
Argumenta que constam, dos acordos coletivos da Celpe, o direito à Destaque-se que não procede a alegação do recorrente no sentido
jornada reduzida de oito horas diárias e quarenta semanais e que o de que tais anotações são britânicas. Isso porque as anotações são
autor laborava, no mínimo, 44 horas semanais. Aponta que os variáveis e, inclusive, há registro, ao lado direito da folha do
cartões de ponto não refletem a real jornada desempenhada pelo denominado expediente extraordinário.
autor por se encontrarem com anotações britânicas. Destaca que,

Ademais, quanto ao ponto, a testemunha trazida pela parte autora alimentação, feriu norma tutelar que visa proteção à saúde física e
prestou as seguintes declarações (fls. 602/603): mental do trabalhador, pois o intervalo intrajornada, além de
"TESTEMUNHA DO RECLAMANTE: que trabalhou para a empresa um tempo para descanso.
que prestava serviços para a Celpe; QUE a empresa terceirizada
era a CGB Engenharia Ltda; QUE era porteiro; QUE o reclamante Destaque-se que a remanescência deste título reafirma a
era eletricista; QUE um eletricista presta serviços de campo; QUE persistência da responsabilidade subsidiária da CELPE, eis que,
normalmente o reclamante trabalhava fora da empresa; QUE em não custa repetir, o STF, na ADPF 324, também manteve "aplicável
média ficava uma vez por mês na empresa, trabalhando fora o às relações jurídicas preexistentes à Lei 13.429/2017 a
restante do período; QUE como porteiro o depoente ficava na responsabilidade subsidiária da pessoa jurídica contratante pelas
empresa; QUE via mais de 30 trabalhadores da CGB; QUE havia obrigações trabalhistas não adimplidas pela empresa prestadora de
aproximadamente 20 empregados internos e 20 externos; QUE serviços, bem como a responsabilidade pelo recolhimento das
trabalhava das 07:30h às 17:30h; QUE o reclamante não tinha contribuições previdenciárias devidas por esta, mercê da
horário fixo e variava entre 07:30h/08:30h e a saída entre necessidade de se evitar o vácuo normativo resultante da
17:30h/20:30h; QUE de manhã o reclamante ficava em torno de 30 insubsistência do Verbete 331 da Súmula do TST".
ponto era feito na guarita na entrada e na saída;QUE eventuais Por essa razão, dou provimento ao apelo, para condenar a
problemas de horário tinha que ser resolvido com o Sr. Gilson; QUE demandada GRANVILLE & BAZAN LTDA. ao pagamento do
o depoente também foi auxiliar de escritório; QUE a empresa possui intervalo intrajornada, bem como, diante de sua habitualidade, das
um sistema para receber ordens de serviços da Celpe." respectivas repercussões no rsr, aviso prévio, 13os salários, férias +
1/3 e FGTs + 40%, a serem apurados conforme controles de ponto
Da leitura do depoimento acima transcrito, verifica-se que as contidos nos autos.
anotações contidas nos controles de ponto, inclusive às relativas ao
intervalo intrajornada, não restaram desconstituídas. Responsabilidade subsidiária da COMPANHIA ENERGÉTICA DE
Isso porque, uma vez que o depoente laborava como porteiro até às GRANVILLE & BAZAN LTDA.
17h30, não tinha como apontar o horário em que a jornada do
reclamante, que, inclusive, laborava externamente, encerrava. Não há se falar em dedução, uma vez que não era pago, ao autor,
Também não há qualquer outro indício de que os registros contidos intervalo intrajornada.
nos controles de ponto não correspondem à realidade.
E, da análise dos controles de ponto, verifica-se que, em diversas como o divisor 220.
oportunidades, não foi respeitado o intervalo mínimo intrajornada.
Prequestionamento
21/03/2012, há o registro do início do intervalo às 12h e retorno ao Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
labor às 12h35 (fl. 291), de forma que não foi respeitado o intervalo fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
mínimo de uma hora para refeição e descanso previsto no art. 74 da qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
CLT (redação vigente à época da prestação de serviços). infraconstitucional, mencionados pelo recorrente, sendo
Observa-se, também, que, em algumas oportunidades, não foi disposto na OJ n° 118 da SDI-I.
concedido qualquer intervalo, mesmo o autor tendo laborado mais
de seis horas consecutivas (vide fl. 297).

como o divisor 220.
Observem-se, ainda, as anotações contidas nos controles de ponto.
Diante da procedência dos recursos, deixo de arbitrar novo valor à
Conclusão condenação.
Tudo nos termos e limites da fundamentação supra.
Ante o exposto:
I - REJEITO a preliminar de não conhecimento do recurso ordinário
do reclamante suscitada pela recorrida GRANVILLE & BAZAN
LTDA.
II - DOU PROVIMENTO aos Recursos Ordinários das reclamadas,
para, reformando a sentença, afastar o reconhecimento do vínculo
de trabalho assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar
Coletivas e Acordos Coletivos acostados aos autos (participação
nos Lucros e Resultados, Abono de férias, ticket refeição), bem ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional
como o pedido de responsabilidade solidária das empresas rés; do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, I - REJEITAR a
III - DOU PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Ordinário do suscitada pela recorrida GRANVILLE & BAZAN LTDA. II -por
reclamante, para condenar a reclamada GRANVILLE & BAZAN unanimidade, DAR PROVIMENTO aos Recursos Ordinários das
LTDA., ao pagamento: reclamadas, para, reformando a sentença, afastar o reconhecimento
do vínculo de emprego diretamente com a Celpe, mantendo hígido
a) do intervalo intrajornada suprimido e respectivas repercussões no o contrato de trabalho assinado pela empresa prestadora de
aviso prévio, rsr, 13os salários, férias + 1/3, FGTS e multa de 40%; serviços e julgar improcedentes os pedidos fundados na aplicação
das Convenções Coletivas e Acordos Coletivos acostados aos
Responsabilidade subsidiária da COMPANHIA ENERGÉTICA DE autos (participação nos Lucros e Resultados, Abono de férias, ticket
PERNAMBUCO - CELPE quanto aos créditos devidos pela refeição), bem como o pedido de responsabilidade solidária das
GRANVILLE & BAZAN LTDA. empresas rés; III - ainda por unanimidade, DAR PROVIMENTO
PARCIAL ao Recurso Ordinário do reclamante, para condenar a
Para efeito do comando contido no art. 832, § 3º, da CLT, declaro a reclamada GRANVILLE & BAZAN LTDA., ao pagamento: a) do
natureza salarial das parcelas deferidas, com exceção das intervalo intrajornada suprimido e respectivas repercussões no aviso
incidências sobre depósitos fundiários, aviso prévio indenizado e prévio, rsr, 13os salários, férias + 1/3, FGTS e multa de 40%;
terço constitucional de férias. Responsabilidade subsidiária da COMPANHIA ENERGÉTICA DE
Quando da liquidação, observe-se a evolução salarial do autor, bem GRANVILLE & BAZAN LTDA. Para efeito do comando contido no

art. 832, § 3º, da CLT, declarar a natureza salarial das parcelas suprimido e respectivas repercussões no aviso prévio, rsr, 13os
deferidas, com exceção das incidências sobre depósitos fundiários, salários, férias + 1/3, FGTS e multa de 40%; Responsabilidade
aviso prévio indenizado e terço constitucional de férias. Quando da subsidiária da COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO -
liquidação, observe-se a evolução salarial do autor, bem como o CELPE quanto aos créditos devidos pela GRANVILLE & BAZAN
divisor 220. Observem-se, ainda, as anotações contidas nos LTDA. Para efeito do comando contido no art. 832, § 3º, da CLT,
controles de ponto. Diante da procedência dos recursos, deixar de declarar a natureza salarial das parcelas deferidas, com exceção
arbitrar novo valor à condenação. Tudo nos termos e limites da das incidências sobre depósitos fundiários, aviso prévio indenizado
fundamentação supra. e terço constitucional de férias. Quando da liquidação, observe-se a
evolução salarial do autor, bem como o divisor 220. Observem-se,
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. ainda, as anotações contidas nos controles de ponto. Diante da
SERGIO TORRES TEIXEIRA Certifico e dou fé.
Desembargador Relator Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018.
EMMT
CERTIDÃO DE JULGAMENTO Secretária da 1ª Turma
Filho (Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado Acórdão

Processo Nº RO-0000928-87.2017.5.06.0413
para o Gabinete Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
unanimidade, I - REJEITAR a preliminar de não conhecimento do RECORRENTE UPA UMBUZEIRO PRODUCOES
AGRICOLAS LTDA
recurso ordinário do reclamante suscitada pela recorrida ADVOGADO PERSEU MELLO DE SA CRUZ(OAB:
32627/PE)
GRANVILLE & BAZAN LTDA. II -por unanimidade, DAR
RECORRIDO FRANCINALDO GOMES DE FARIAS
PROVIMENTO aos Recursos Ordinários das reclamadas, para, ADVOGADO RAFAEL DE AGUIAR
GONCALVES(OAB: 22342/PE)
emprego diretamente com a Celpe, mantendo hígido o contrato de Intimado(s)/Citado(s):

trabalho assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar - UPA UMBUZEIRO PRODUCOES AGRICOLAS LTDA
Coletivas e Acordos Coletivos acostados aos autos (participação

PODER
como o pedido de responsabilidade solidária das empresas rés; III -
JUDICIÁRIO
ainda por unanimidade, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso
Ordinário do reclamante, para condenar a reclamada GRANVILLE &
BAZAN LTDA., ao pagamento: a) do intervalo intrajornada

PROC. Nº. TRT - 0000928-87.2017.5.06.0413 (RO)
Recorrente : UPA -Umbuzeiro Produções Agrícolas LTDA
Recorrido : FRANCINALDO GOMES FARIAS
Vistos etc.
Advogados : PERSEU MELLO DE SA CRUZ; RAFAEL DE AGUIAR
GONÇALVES Recurso Ordinário interposto por UPA -Umbuzeiro Produções
Agrícolas LTDA em facede decisão proferida pelo MM. Juízo da
Procedência : 3ª Vara do Trabalho de Petrolina - PE) Vara do Trabalho de Petrolina (PE), que julgou parcialmente
procedentes os pedidos formulados na Reclamação Trabalhista
ajuizada por nos termos dos fundamentos da sentença primária.
Nas suas razões recursais, a ré insurge-se contra a condenação ao
pagamento de horas de percurso, sustentando que existe transporte
público regular das margens da BR 407, na frente do bairro João de
Deus, até o centro de Petrolina, bem como da margem da cidade
até a BR 428, na frente da fazenda da reclamada, existe transporte
por meio das vãs das cooperativas. Caso se entenda pela
manutenção da sentença, não sendo afastada a caracterização de
horas de percurso em virtude de haver transporte alternativo, pugna
pela observância do tempo gasto no percurso de 3 km, que era de 9
minutos por trecho. Pugna também pelo desconto do tempo de 15
minutos por trecho, desprendido pelo reclamante da sua residência
até o centro de Petrolina, percurso servido por transporte público.
EMENTA No tocante ao tempo à disposição, alega que no período que
antecedia a jornada laboral o autor não desenvolvia qualquer
atividade em favor da reclamada, utilizando o tempo para trocar de
roupa e fazer a refeição da manhã. Pede provimento.
Houvecontrarrazões.
Desnecessária a remessa dos autos à Procuradoria Regional do
Trabalho, porquanto não se vislumbra interesse público no presente
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. HORAS IN ITINERE. litígio (artigo 49 do Regimento Interno deste Sexto Regional).
Nos moldes do artigo 58, § 2°, da CLT, o tempo despendido pelo
empregado até o seu local de trabalho será computado na sua É o relatório.
jornada de trabalho quando o transporte é fornecido pela empresa e
o local for de difícil acesso. Recurso a que se nega provimento. VOTO:

minutos para volta.
À análise.
Nos moldes do artigo 58, § 2°, da CLT, na redação vigente
O recurso é tempestivo, a representação está regular e o preparo durante a prestação de serviços, o tempo despendido pelo
também consta nos autos. Satisfeitos os demais requisitos de empregado até o seu local de trabalho será computado na sua
admissibilidade, conheço dos apelos, bem como das contrarrazões. jornada de trabalho quando o transporte é fornecido pela empresa e
o local for de difícil acesso. No mesmo sentido, a jurisprudência do
TST, transposta no item I da Súmula n.º 90, in verbis:
NO MÉRITO "HORAS 'IN ITINERE'. TEMPO DE SERVIÇO. I - O tempo
despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo
empregador, até o local de trabalho de difícil acesso, ou não servido
por transporte público regular, e para o seu retorno é computável na
Das considerações iniciais jornada de trabalho."
Apenas a título de esclarecimento, em virtude da entrada em vigor No caso, sendo incontroverso o fornecimento de transporte aos
da lei 13.467 de 20117 em 11.11.2017, destaco que o contrato de empregados, pertencia à ré o ônus de demonstrar o não
trabalho do autor ocorreu entre 02.07.2012 a 17.04.2017, em preenchimento dos requisitos do art. 58, §2°, da CLT e da Súmula
momento anterior à vigência da referida lei. n° 90 do C. TST.
Feitas essas considerações, passo a apreciar o mérito do apelo. Reexaminando as provas produzidas, tem-se que não havia
transporte público regular suficiente para a localidade de prestação
de serviços, nele não se enquadrando o serviço de transporte
alternativo.
Das Horas
Saliente-se que, conforme já sedimentado por esta Corte Regional,
Como acima relatado, a ré insurge-se contra a condenação ao a existência de transporte público alternativo não é suficiente para
pagamento de horas de percurso, sustentando que existe transporte configurar a existência de transporte público regular capaz de
público regular das margens da BR 407, na frente do bairro João de afastar o reconhecimento das horas de percurso como tempo à
Deus, até o centro de Petrolina, bem como da margem da cidade disposição do empregador:
por meio das vãs das cooperativas. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA.
TRANSPORTE ALTERNATIVO. HORAS IN ITINERE.
Assevera que, somente foi demonstrado que entre a parada às TRANSPORTE ALTERNATIVO. CONFIGURAÇÃO. A existência
margens da BR 428 e a sede da empresa não existe transporte de transporte alternativo ou complementar não afasta a
público, percurso de aproximadamente 3 km de estrada de chão, caracterização das horas de percurso, na medida em que este tipo
alegando ainda que o transporte alternativo auxiliava apenas na de condução não preenche os requisitos do art. 58, § 2º, da CLT e
demanda dos transportes coletivos urbanos da localidade. da Súmula nº. 90, do C. TST. Ausente transporte público municipal
no trecho Petrolina até a sede da EMBRAPA, e fornecendo a
Defende que, ainda que não seja afastada a caracterização de Empregadora veículos aos seus empregados (residência-trabalho-
horas de percurso em razão de haver transporte alternativo, deveria residência), reputam-se configuradas as horas de percurso. O
ter sido descontado o tempo que o reclamante levava da sua serviço realizado pelas vans não pode ser considerado transporte
residência até o centro de Petrolina, percurso servido por transporte público: não é aceito vale-transporte (contrariando o art. 5º da Lei
público, com a diminuição do tempo em 15 minutos para a ida e 15 7.418/85) e passe estudantil, a passagem é de valor superior ao

transporte público municipal, proíbe-se a circulação com qualquer atividade em favor da reclamada, utilizando o tempo para
passageiros em pé (art. 25 do Decreto Municipal 29/2006) e não há trocar de roupa e fazer a refeição da manhã. Pede provimento.
horário regulamentado pelo poder público. Ademais, não se
submete aos parâmetros do contrato de concessão pública, não Sem razão a reclamada.
atende aos requisitos essenciais do serviço público e tampouco tem
seus itinerários regulados pelo Poder Público Municipal. Ausente, Consoante decidido em linhas pretéritas com relação à existência
ainda, estudo de viabilidade demonstrando que o número de de horas de percurso, e considerando que não houve impugnação
veículos fornecidos, porte e limite de passageiros, nos seus específica quanto ao horário do início da jornada, acolho o horário
respectivos horários de tráfego atende a população da região, indicado na exordial, de que o autor chegava na empresa às 06:40
revelando compatibilidade com os horários de trabalho dos h e iniciava o labor apenas às 07:00 h.
empregados da EMBRAPA. Tais aspectos que demonstram que
não há como se considerar o transporte alternativo ou Diante dos fatos, também nego provimento no ponto.
complementar, por meio de Vans, com sucedâneo de transporte
público. (IUJ - 0000392-25.2015.5.06.0000, Relatora:
Desembargadora Eneida Melo Correia de Araújo, Data de
Julgamento: 29/03/2016, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DEJT Do prequestionamento
19/04/2016)
Nesse contexto, perfilho o entendimento do juízo sentenciante de fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
que, a prova documental produzida, qual seja a diligência realizada qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
por Oficial de Justiça, atestou o que fora exposto na petição inicial. infraconstitucional, mencionados pelo recorrente, sendo
Senão, vejamos excerto da sentença: desnecessária a menção expressa a cada um deles, a teor do
disposto na OJ 118, da SDI-I/TST.
"da residência do autor (bairro João de Deus) às margens da BR
428, o trajeto é realizado em duas etapas: a primeira delas, por
intermédio de transporte público regular da empresa VIVA
PETROLINA, que sai do bairro do autor (João de Deus), da BR 407
até o centro da cidade; e a segunda, do centro da cidade às
margens da BR 428, na entrada da Fazenda da ré, por meio de
vans das cooperativas Coopertran e Asconpe. Ainda, relatam no
mandado que há um percurso de estrada de chão de 3km que não
é servido por qualquer meio de transporte."
E, considerando que a reclamada não comprovou a efetiva
minoração de jornada,, mantenho a sentença que fixou a
condenação ao pagamento de horas de percurso em 1:30 h diários,
pelo trajeto de ida e volta ao trabalho.
Nada a reformar, portanto.
Do tempo à disposição antes do início da jornada
Como acima delineado, quanto ao tempo à disposição, alega que
no período que antecedia a jornada laboral o autor não desenvolvia

Conclusão
EMMT
Ante o exposto, nego provimento ao recurso da reclamada nos Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi
termos da fundamentação supra. publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de
Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por unanimidade, negar
provimento ao recurso. O Exmo. Desembargador Eduardo
Pugliesi acompanhou o voto do Exmo. Desembargador Relator
pelas conclusões.
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional Secretária da 1ª Turma
ao recurso. O Exmo. Desembargador Eduardo Pugliesi
acompanhou o voto do Exmo. Desembargador Relator pelas
conclusões.

Acórdão
Processo Nº RO-0000928-87.2017.5.06.0413
RECORRENTE UPA UMBUZEIRO PRODUCOES EMENTA
AGRICOLAS LTDA
ADVOGADO PERSEU MELLO DE SA CRUZ(OAB:
32627/PE)
RECORRIDO FRANCINALDO GOMES DE FARIAS
ADVOGADO RAFAEL DE AGUIAR
GONCALVES(OAB: 22342/PE)
- FRANCINALDO GOMES DE FARIAS
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. HORAS IN ITINERE.

PODER
Nos moldes do artigo 58, § 2°, da CLT, o tempo despendido pelo
JUDICIÁRIO
empregado até o seu local de trabalho será computado na sua
jornada de trabalho quando o transporte é fornecido pela empresa e
o local for de difícil acesso. Recurso a que se nega provimento.
PROC. Nº. TRT - 0000928-87.2017.5.06.0413 (RO)
Recorrente : UPA -Umbuzeiro Produções Agrícolas LTDA
Recorrido : FRANCINALDO GOMES FARIAS
Vistos etc.
Advogados : PERSEU MELLO DE SA CRUZ; RAFAEL DE AGUIAR
GONÇALVES Recurso Ordinário interposto por UPA -Umbuzeiro Produções
Agrícolas LTDA em facede decisão proferida pelo MM. Juízo da

Procedência : 3ª Vara do Trabalho de Petrolina - PE) Vara do Trabalho de Petrolina (PE), que julgou parcialmente
procedentes os pedidos formulados na Reclamação Trabalhista
ajuizada por nos termos dos fundamentos da sentença primária.
Nas suas razões recursais, a ré insurge-se contra a condenação ao
pagamento de horas de percurso, sustentando que existe transporte
público regular das margens da BR 407, na frente do bairro João de
Deus, até o centro de Petrolina, bem como da margem da cidade
por meio das vãs das cooperativas. Caso se entenda pela
manutenção da sentença, não sendo afastada a caracterização de
horas de percurso em virtude de haver transporte alternativo, pugna
pela observância do tempo gasto no percurso de 3 km, que era de 9
minutos por trecho. Pugna também pelo desconto do tempo de 15

minutos por trecho, desprendido pelo reclamante da sua residência público regular das margens da BR 407, na frente do bairro João de
até o centro de Petrolina, percurso servido por transporte público. Deus, até o centro de Petrolina, bem como da margem da cidade
No tocante ao tempo à disposição, alega que no período que até a BR 428, na frente da fazenda da reclamada, existe transporte
antecedia a jornada laboral o autor não desenvolvia qualquer por meio das vãs das cooperativas.
atividade em favor da reclamada, utilizando o tempo para trocar de
roupa e fazer a refeição da manhã. Pede provimento. Assevera que, somente foi demonstrado que entre a parada às
margens da BR 428 e a sede da empresa não existe transporte
Houvecontrarrazões. público, percurso de aproximadamente 3 km de estrada de chão,
alegando ainda que o transporte alternativo auxiliava apenas na
Desnecessária a remessa dos autos à Procuradoria Regional do demanda dos transportes coletivos urbanos da localidade.
litígio (artigo 49 do Regimento Interno deste Sexto Regional). Defende que, ainda que não seja afastada a caracterização de
horas de percurso em razão de haver transporte alternativo, deveria
É o relatório. ter sido descontado o tempo que o reclamante levava da sua
residência até o centro de Petrolina, percurso servido por transporte
VOTO: público, com a diminuição do tempo em 15 minutos para a ida e 15
minutos para volta.
À análise.
Nos moldes do artigo 58, § 2°, da CLT, na redação vigente
O recurso é tempestivo, a representação está regular e o preparo durante a prestação de serviços, o tempo despendido pelo
também consta nos autos. Satisfeitos os demais requisitos de empregado até o seu local de trabalho será computado na sua
admissibilidade, conheço dos apelos, bem como das contrarrazões. jornada de trabalho quando o transporte é fornecido pela empresa e
o local for de difícil acesso. No mesmo sentido, a jurisprudência do
TST, transposta no item I da Súmula n.º 90, in verbis:
NO MÉRITO "HORAS 'IN ITINERE'. TEMPO DE SERVIÇO. I - O tempo
despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo
empregador, até o local de trabalho de difícil acesso, ou não servido
por transporte público regular, e para o seu retorno é computável na
Das considerações iniciais jornada de trabalho."
Apenas a título de esclarecimento, em virtude da entrada em vigor No caso, sendo incontroverso o fornecimento de transporte aos
da lei 13.467 de 20117 em 11.11.2017, destaco que o contrato de empregados, pertencia à ré o ônus de demonstrar o não
trabalho do autor ocorreu entre 02.07.2012 a 17.04.2017, em preenchimento dos requisitos do art. 58, §2°, da CLT e da Súmula
momento anterior à vigência da referida lei. n° 90 do C. TST.
Feitas essas considerações, passo a apreciar o mérito do apelo. Reexaminando as provas produzidas, tem-se que não havia
transporte público regular suficiente para a localidade de prestação
de serviços, nele não se enquadrando o serviço de transporte
alternativo.
Das Horas
Saliente-se que, conforme já sedimentado por esta Corte Regional,
Como acima relatado, a ré insurge-se contra a condenação ao a existência de transporte público alternativo não é suficiente para
pagamento de horas de percurso, sustentando que existe transporte configurar a existência de transporte público regular capaz de

afastar o reconhecimento das horas de percurso como tempo à mandado que há um percurso de estrada de chão de 3km que não
disposição do empregador: é servido por qualquer meio de transporte."
INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. E, considerando que a reclamada não comprovou a efetiva
TRANSPORTE ALTERNATIVO. HORAS IN ITINERE. minoração de jornada,, mantenho a sentença que fixou a
TRANSPORTE ALTERNATIVO. CONFIGURAÇÃO. A existência condenação ao pagamento de horas de percurso em 1:30 h diários,
de transporte alternativo ou complementar não afasta a pelo trajeto de ida e volta ao trabalho.
caracterização das horas de percurso, na medida em que este tipo
de condução não preenche os requisitos do art. 58, § 2º, da CLT e Nada a reformar, portanto.
da Súmula nº. 90, do C. TST. Ausente transporte público municipal
no trecho Petrolina até a sede da EMBRAPA, e fornecendo a
Empregadora veículos aos seus empregados (residência-trabalho-
residência), reputam-se configuradas as horas de percurso. O Do tempo à disposição antes do início da jornada
serviço realizado pelas vans não pode ser considerado transporte
público: não é aceito vale-transporte (contrariando o art. 5º da Lei Como acima delineado, quanto ao tempo à disposição, alega que
7.418/85) e passe estudantil, a passagem é de valor superior ao no período que antecedia a jornada laboral o autor não desenvolvia
transporte público municipal, proíbe-se a circulação com qualquer atividade em favor da reclamada, utilizando o tempo para
passageiros em pé (art. 25 do Decreto Municipal 29/2006) e não há trocar de roupa e fazer a refeição da manhã. Pede provimento.
horário regulamentado pelo poder público. Ademais, não se
submete aos parâmetros do contrato de concessão pública, não Sem razão a reclamada.
atende aos requisitos essenciais do serviço público e tampouco tem
seus itinerários regulados pelo Poder Público Municipal. Ausente, Consoante decidido em linhas pretéritas com relação à existência
ainda, estudo de viabilidade demonstrando que o número de de horas de percurso, e considerando que não houve impugnação
veículos fornecidos, porte e limite de passageiros, nos seus específica quanto ao horário do início da jornada, acolho o horário
respectivos horários de tráfego atende a população da região, indicado na exordial, de que o autor chegava na empresa às 06:40
revelando compatibilidade com os horários de trabalho dos h e iniciava o labor apenas às 07:00 h.
empregados da EMBRAPA. Tais aspectos que demonstram que
não há como se considerar o transporte alternativo ou Diante dos fatos, também nego provimento no ponto.
complementar, por meio de Vans, com sucedâneo de transporte
público. (IUJ - 0000392-25.2015.5.06.0000, Relatora:
Desembargadora Eneida Melo Correia de Araújo, Data de
Julgamento: 29/03/2016, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DEJT Do prequestionamento
19/04/2016)
Nesse contexto, perfilho o entendimento do juízo sentenciante de fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
que, a prova documental produzida, qual seja a diligência realizada qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
por Oficial de Justiça, atestou o que fora exposto na petição inicial. infraconstitucional, mencionados pelo recorrente, sendo
Senão, vejamos excerto da sentença: desnecessária a menção expressa a cada um deles, a teor do
disposto na OJ 118, da SDI-I/TST.
"da residência do autor (bairro João de Deus) às margens da BR
428, o trajeto é realizado em duas etapas: a primeira delas, por
intermédio de transporte público regular da empresa VIVA
PETROLINA, que sai do bairro do autor (João de Deus), da BR 407
até o centro da cidade; e a segunda, do centro da cidade às
margens da BR 428, na entrada da Fazenda da ré, por meio de
vans das cooperativas Coopertran e Asconpe. Ainda, relatam no

ao recurso. O Exmo. Desembargador Eduardo Pugliesi
acompanhou o voto do Exmo. Desembargador Relator pelas
conclusões.
Conclusão
EMMT
Ante o exposto, nego provimento ao recurso da reclamada nos Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi
termos da fundamentação supra. publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de
provimento ao recurso. O Exmo. Desembargador Eduardo
Pugliesi acompanhou o voto do Exmo. Desembargador Relator
pelas conclusões.

Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018. Recorrente : LEANDRO FRANCISCO DOS SANTOS
Recorridos : ROGERIO CRESPO MARTINS IMPORTACAO E
EXPORTACAO - EIRELI; PSMM PERNAMBUCO
Vera Neuma de Moraes Leite COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA; RIBEIRO PLASTICOS
LTDA - ME.
Advogados : PAULO RICARDO SALES ASSUNÇÃO; CARLOS
EDUARDO GONCALVES BEZERRA; MARCELO GALVAO DE
MOURA; ARNALDO GASPAR EID; IVO MARCIO UHLIG.
Procedência : 17ª VARA DO TRABALHO DO RECIFE - PE
Acórdão
Processo Nº RO-0000858-31.2016.5.06.0017
RECORRENTE LEANDRO FRANCISCO DOS
SANTOS
ADVOGADO PAULO RICARDO SALES
ASSUNÇÃO(OAB: 30000-D/PE)
RECORRIDO RIBEIRO PLASTICOS LTDA - ME
ADVOGADO IVO MARCIO UHLIG(OAB: 16151/SC)
RECORRIDO ROGERIO CRESPO MARTINS EMENTA
IMPORTACAO E EXPORTACAO -
EIRELI
ADVOGADO CARLOS EDUARDO GONCALVES
BEZERRA(OAB: 22634-D/PE)
RECORRIDO PSMM PERNAMBUCO
COMPONENTES AUTOMOTIVOS
LTDA.
ADVOGADO ARNALDO GASPAR EID(OAB:
259037/SP)
ADVOGADO MARCELO GALVAO DE
MOURA(OAB: 155740/SP)
- LEANDRO FRANCISCO DOS SANTOS DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO.
RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR. MOTORISTA CARRETEIRO.
NÃO CONFIGURAÇÃO DE TRABALHO EXTERNO
PODER INCOMPATÍVEL COM A FIXAÇÃO E CONTROLE DE HORÁRIOS.
JUDICIÁRIO HORAS EXTRAS DEVIDAS. Os empregados que exercem
atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho
não são regidos pelas regras previstas no capítulo II da CLT (da
jornada de trabalho), que, em seu art. 58, prevê a duração normal
do trabalho de 08 (oito) horas diárias. O serviço externo que se
enquadra nessa exceção é aquele que, no caso concreto,
caracteriza-se pela efetiva impossibilidade de controle dos horários

PROC. Nº. TRT - RO - 0000858-31.2016.5.06.0017
praticados pelo trabalhador. Não é a ausência de controle, mas sim
sua impossibilidade que caracteriza a exceção em voga, sendo que

a análise da impossibilidade deve ser feita em cada caso específico
trazido a juízo. No caso concreto, o conjunto fático-probatório


produzido nos autos do processo demonstrou que as atividades intervalo interjornada e repercussões (no aviso prévio, 13º salário,
desenvolvidas pelo obreiro na função de motorista carreteiro não férias+1/3, FGTS+40% e repouso semanal remunerado). Pede
eram incompatíveis com a fixação de horários, além de não se ter provimento ao apelo.
demonstrada a impossibilidade de o réu exercer qualquer tipo de
controle sobre seus horários, mas, ao contrário, foi comprovado Contrarrazões apresentadas pela reclamada ROGÉRIO CRESPO
que, embora exercendo função externa, estava ou podia estar MARTINS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO-EIRELI (ID. b3a33ad).
sujeito a controle de sua jornada, quer por meio de equipamentos
eletrônicos, como rastreador e tacógrafo instalados nos caminhões, Desnecessária a remessa dos presentes autos à D. Procuradoria,
quer porque os trajetos percorridos eram conhecidos e permitia o em face do disposto no art. 50 do Regimento Interno deste
réu estimar o tempo da viagem. Recurso obreiro a que se dá Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se pronunciar
provimento. verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por ocasião
da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, XIII e VII,
da Lei Complementar 75/93.
É o relatório.
RELATÓRIO
VOTO
Vistos etc.
Recurso ordinário interposto por LEANDRO FRANCISCO DOS
SANTOS de decisão proferida pelo MM. Juízo da 17ª VARA DO
TRABALHO DO RECIFE - PE, que julgou improcedentes os Dos requisitos de admissibilidade recursal
pedidos formulados na ação trabalhista ajuizada pelo recorrente em
face de ROGERIO CRESPO MARTINS IMPORTACAO E O recurso é tempestivo, a representação está regular e o preparo é
EXPORTACAO - EIRELI, PSMM PERNAMBUCO COMPONENTES dispensado no caso. Satisfeitos os requisitos de admissibilidade
AUTOMOTIVOS LTDA e RIBEIRO PLASTICOS LTDA - ME, nos recursal, conheço-o, bem como das contrarrazões.
termos da fundamentação de ID. a2d185d.
Mérito
Nas razões recursais, o reclamante-recorrente clama pela reforma
da decisão no que respeita às horas extras. Assevera que Das horas extras. Do intervalo interjornada. Do adicional
apresentou prova testemunhal segura no sentido de comprovar a noturno. Jornada externa e possibilidade de controle de
existência da possibilidade de controle de jornada. Afirma que havia jornada.
o rastreamento via satélite capaz de fiscalizar o horário do obreiro.
Com isso, pleiteia a condenação em horas extras, adicional noturno, O reclamante-recorrente clama pela reforma da decisão no que

respeita às horas extras. Assevera que apresentou prova patronal.
testemunhal segura no sentido de comprovar a existência da
possibilidade de controle de jornada. Afirma que havia o Na realidade, do exame da prova testemunhal colhida, restou
rastreamento via satélite capaz de fiscalizar o horário do obreiro. comprovado que a empresa articulou meios de monitorar e controlar
Com isso, pleiteia a condenação em horas extras, adicional noturno, a jornada de trabalho do obreiro através do acompanhamento do
intervalo interjornada e repercussões (no aviso prévio, 13º salário, seu tempo de deslocamento, seja por meio de monitoramento de
férias+1/3, FGTS+40% e repouso semanal remunerado). sistema de rastreamento de carga via satélite, de tacógrafos, de
bloqueadores, seja mediante a supervisão de superiores
Com razão o obreiro. hierárquicos por telefone celular ou qualquer outro meio eletrônico.
Com efeito, o serviço externo enquadrado na exceção do art. 62, Destaque-se, por oportuno, trechos do depoimento da testemunha
inc. I, da CLT, é aquele que se caracteriza pela efetiva autoral (ID. 27d9544 - Pág. 2):
impossibilidade de controle dos horários praticados pelo
trabalhador. Não é a ausência de controle, mas sim a sua Única testemunha do reclamante GENILSON GONZAGA DOS
impossibilidade, que caracteriza a exceção em voga, sendo que a SANTOS: (...) QUE o depoente dirigia caminhão e o reclamante era
análise da impossibilidade deve ser feita em cada caso específico carreteiro; QUE o depoente recebia as cargas que eram trazidas
trazido a juízo. O dispositivo legal não se presta a dar amparo a pelo reclamante para entregar na PSMM em Goiana; (...) QUE
situações abusivas e também não é um prêmio ao empregador que algumas ocasiões recebia horas extras; (...) QUE o depoente tinha
não realiza o controle da jornada de trabalho dos seus empregados. controle de ponto; QUE havia outros motoristas carreteiros, mas
estes faziam outras rotas; QUE o autor era o único que fazia a rota
O só fato de trabalhar externamente, de per se, não é excludente da para Joinvile; QUE ao que se recorda o depoente, havia
jornada suplementar, uma vez que, sendo viável ao empregador determinação da primeira reclamada para que o trajeto fossem
verificar o tempo de duração do percurso realizado pelo empregado, feito pelo carreteiros em número determinado de dias; QUE não
mediante o controle dos horários de saída e chegada, não há que sabe dizer em quantos dias era a determinação para o autor fazer o
se falar em impossibilidade de controle e fiscalização da jornada de trajeto Recife/Joinvile; QUE o depoente desconhece que tenha sido
trabalho. o autor punido por não ter feito o trajeto no número de dias
determinados; QUE ao que tem conhecimento a empresa apenas
Em arremate: para que o empregado seja enquadrado na previsão ligava por Nextel ou perguntava por WhatsApp para saber o
do inciso I do artigo 62 da CLT, necessário se faz que ele tenha sido que tinha ocorrido; QUE em caso de problema no trânsito ou no
admitido para exercer atividade externa incompatível com o controle caminhão, precisaria o tempo ser compensado posteriormente para
de sua jornada, pois o simples fato de realizar trabalho externo não evitar atrasos na entrega dos produtos; QUE no caso de depoente
implica, necessariamente, na ausência ou impossibilidade de não havia nenhuma ordem para determinar o horário de parada
controle de horário. A exceção tem aplicação tão-somente nos para o almoço; QUE o depoente ouvia falar que havia uma ordem
casos em que o trabalho externo representa, de fato, autonomia de dada de dentro da empresa para o pessoal que estava na estrada
horário para o trabalhador, isto é, o empregado não precisa prestar nos trajetos mais distantes, mas não sabe dizer quem dava tais
contas ao empregador de como desenvolve sua rotina de trabalho. ordens; QUE na empresa ROGERIO CRESPO o
acompanhamento por satélite é feito através dos
Assim sendo, só haverá a incompatibilidade quando restar computadores, cujo controle é feito pelo chefe de transporte ou
cabalmente demonstrado que o empregador não poderia, de forma mesmo pelo dono da empresa; QUE na reclamada há 4 carretas,
alguma, fiscalizar o horário de trabalho do seu empregado. 3 caminhões, uma Montana, além de duas motos; QUE as carretas
e os caminhões são acompanhados por satélite; QUE existe
Neste passo, alegando a empresa o labor em condições uma senha que permite o bloqueio das carretas; QUE os caminhões
excepcionais (incompatibilidade com a fixação de horário), atraiu o não têm o painel onde se faz o bloqueio por senha; QUE o motorista
onus probandi, encargo do qual não se desvencilhou, pela não tem uma senha para desbloquear a carreta; QUE não sabe se o
apresentação de contraprova hábil a elidir a presunção de pessoal de Recife tem senha para bloquear o caminhão quando o
veracidade que desfruta as alegações iniciais, em face de omissão veículo está na estrada e não sabe dizer como é feito esse

bloqueio; QUE não sabe dizer como é feito o sistema da senha,
informando que sabe que cada motorista carreteiro tem uma senha; "MOTORISTA CARRETEIRO - NÃO CONFIGURAÇÃO DE
QUE cada caminhão desse tem um teclado e acha o depoente que TRABALHO EXTERNO INCOMPATÍVEL COM A FIXAÇÃO E
é onde se insere a senha; QUE o depoente nunca dirigiu a carreta; CONTROLE DE HORÁRIOS - HORAS EXTRAS DEVIDAS - Os
QUE quando o depoente esteve em viagem nunca lhe foi dito pela empregados que exercem atividade externa incompatível com a
empresa o horário em que deveria parar para almoçar; QUE fixação de horário de trabalho não são regidos pelas regras
apenas ligavam caso demorasse no almoço; QUE o reclamante previstas no capítulo II da CLT (da jornada de trabalho), que, em
somente teria folga se chegasse no domingo até meio-dia, ocasião seu art. 58, prevê a duração normal do trabalho de 08 (oito) horas
em que pegaria a carreta novamente na segunda-feira pela manhã diárias. O serviço externo que se enquadra nessa exceção é aquele
ou pela tarde a depender da carga; QUE o depoente encontrava o que, no caso concreto, caracteriza-se pela efetiva impossibilidade
autor na empresa somente nas segundas-feiras ou na ROGERIO de controle dos horários praticados pelo trabalhador. Não é a
CRESPO ou na PSMM, sempre na segunda-feira; QUE o depoente ausência de controle, mas sim sua impossibilidade que caracteriza
não sabe dizer quanto tempo nem dias levava o trajeto feito pelo a exceção em voga, sendo que a análise da impossibilidade deve
autor de Recife para Joinvile e volta". ser feita em cada caso específico trazido a juízo. No caso concreto,
o conjunto fático-probatório produzido nos autos do processo
Frise-se que o sistema de rastreamento via satélite, além de ter por demonstrou que as atividades desenvolvidas pelo reclamante na
finalidade a localização do veículo com o intuito de diminuir ou evitar função de motorista carreteiro não eram incompatíveis com a
roubos de carga, podia se prestar também para controlar a jornada fixação de horários, além de não se ter demonstrada a
de trabalho dos empregados da empresa, inclusive do obreiro. impossibilidade de a reclamada exercer qualquer tipo de controle
sobre os horários do obreiro, mas, ao contrário, foi comprovado que
Desse modo, existindo algum tipo de fiscalização de horário ou, ao o reclamante, embora exercendo função externa, estava ou podia
menos, havendo a possibilidade de controle e comprovação do estar sujeito a controle de sua jornada, quer por meio de
exercício de sobrelabor, tornam-se devidas as horas extraordinárias equipamentos eletrônicos, como rastreador e tacógrafo instalados
realizadas pelo trabalhador. Nesse sentido, é jurisprudência, in nos caminhões, quer porque os trajetos percorridos eram
verbis: conhecidos e permitia à reclamada estimar o tempo da viagem.(TRT
23ª R. - RO 0128000-02.2010.5.23.0 - 1ª T. - Rel. Des. Edson
"MOTORISTA- TRABALHADOR EXTERNO - POSSIBILIDADE DE Bueno - DJe 31.10.2011 - p. 34)"
CONTROLE DE JORNADA - Acorde com o art. 62, I da CLT, o
trabalhador externo não tem direito à remuneração do labor em Assim, respeitosamente divergindo da conclusão a que chegou o
sobrejornada, na medida em que se encontra, indubitavelmente, Juízo de piso, considero inaplicável ao caso a exceção prevista no
fora da fiscalização e controle por parte do empregador, não sendo art. 62, I, da CLT, pelo que cabia à reclamada a comprovação do
possível saber ao certo o tempo realmente dedicado com controle efetivo da jornada do obreiro. Desse mister não se
exclusividade à empresa. Contudo, existindo meio de o empregador desincumbindo (já que não anexou qualquer controle de ponto ou
controlar a jornada do trabalhador, ainda que à distância, estará o produziu prova testemunhal sobre a jornada do autor), aplica-se a
contrato de trabalho jungido às regras gerais de duração do inteligência da Súmula 338 do TST, considerando-se válida a
trabalho. No caso dos autos, o reclamante, embora laborando jornada indicada na inicial.
externamente, tinha sua jornada de trabalho controlada
indiretamente, pois havia rastreamento via satélite do veículo com o Tomando por base a jornada indicada na inicial (ID. dee78e6 - Pág.
qual labutava, permitindo a empregadora controlar as suas 2), fixo-a das 05h às 22h, de segunda-feira aos sábados, com
atividades, pois a evolução tecnológica permite conhecer a hora intervalo intrajornada de 1h, bem como repouso semanal aos
exata em que o veículo parou, onde isso ocorreu, a que hora voltou domingos. Diante da jornada apontada, imperioso é o deferimento
a movimentar-se, qual direção tomou, enfim, tem ela condição de do pleito de horas extras laboradas acima da 8ª diária e 44ª
controlar a jornada do empregado em tempo real, daí não caber o semanal (com observância do adicional convencional e, na sua
enquadramento do obreiro na exceção do art. 62, I da CLT. (TRT ausência, do adicional legal), adicional noturno e intervalo
23ª R. - RO 0069200-63.2010.5.23.0 - 1ª T. - Rel. Des. Roberto interjornada, bem como suas repercussões no aviso prévio
Benatar - DJe 11.08.2011 - p. 54)" indenizado, 13º salário, férias+1/3, FGTS+40% e repouso semanal

remunerado. com intervalo intrajornada de 1h, bem como repouso semanal aos
domingos, condenar a reclamada no pleito de horas extras
Recurso a que se dá provimento. laboradas acima da 8ª diária e 44ª semanal (com observância do
adicional convencional e, na sua ausência, do adicional legal),
Do prequestionamento adicional noturno e intervalo interjornada, bem como suas
repercussões no aviso prévio indenizado, 13º salário, férias+1/3,
Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na FGTS+40% e repouso semanal remunerado.
qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação Quantum a ser apurado em liquidação, incidindo juros e correção
infraconstitucional, sendo desnecessária a menção expressa a cada monetária (artigos 883 da CLT e 39 da Lei nº. 8.177/91, além das
um deles, a teor do disposto na OJ nº. 118, da SDI-I/TST. Súmulas n° 211 e 381 do TST). Observe-se o disposto na
Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do
Trabalho e na Lei nº. 10.833/03, quanto aos recolhimentos
tributários. Após a comprovação dos recolhimentos previdenciário e
execuções, autorizo a retenção, do crédito do autor, dos valores por
ele devidos, consoante a Consolidação dos Provimentos da
Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho (incidência da Súmula
nº. 368 do C. TST). Para efeito do comando contido no art. 832, §
3º, da CLT, declaro a natureza salarial das parcelas deferidas, com
exceção das incidências sobre depósitos fundiários, aviso prévio
indenizado e terço constitucional de férias.
Ao condeno arbitro o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), com
custas invertidas, pela ré, no escore de R$ 20,00 (art. 789, § 1º, da
CLT).
Conclusão
Ante o exposto, dou provimento ao recurso autoral para, fixando ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional
a jornada autoral das 05h às 22h, de segunda-feira aos sábados, do Trabalho da Sexta Região, por maioria, dar provimento ao

recurso autoral para, fixando a jornada autoral das 05h às 22h, de Desembargador Eduardo Pugliesi e Ibrahim Alves Filho (Juiz Titular
segunda-feira aos sábados, com intervalo intrajornada de 1h, bem da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado para o Gabinete
como repouso semanal aos domingos, condenar a reclamada no Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por maioria, dar
pleito de horas extras laboradas acima da 8ª diária e 44ª semanal provimento ao recurso autoral para, fixando a jornada autoral das
(com observância do adicional convencional e, na sua ausência, do 05h às 22h, de segunda-feira aos sábados, com intervalo
adicional legal), adicional noturno e intervalo interjornada, bem intrajornada de 1h, bem como repouso semanal aos domingos,
como suas repercussões no aviso prévio indenizado, 13º salário, condenar a reclamada no pleito de horas extras laboradas acima da
férias+1/3, FGTS+40% e repouso semanal remunerado, vencido o 8ª diária e 44ª semanal (com observância do adicional convencional
Exmo. Desembargador Eduardo Pugliesi (que lhe negava e, na sua ausência, do adicional legal), adicional noturno e intervalo
provimento). Quantum a ser apurado em liquidação, incidindo juros interjornada, bem como suas repercussões no aviso prévio
e correção monetária (artigos 883 da CLT e 39 da Lei nº. 8.177/91, indenizado, 13º salário, férias+1/3, FGTS+40% e repouso semanal
além das Súmulas n° 211 e 381 do TST). Observe-se o disposto na remunerado, vencido o Exmo. Desembargador Eduardo Pugliesi
Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do (que lhe negava provimento). Quantum a ser apurado em
Trabalho e na Lei nº. 10.833/03, quanto aos recolhimentos liquidação, incidindo juros e correção monetária (artigos 883 da CLT
tributários. Após a comprovação dos recolhimentos previdenciário e e 39 da Lei nº. 8.177/91, além das Súmulas n° 211 e 381 do TST).
fiscal pela empregadora, em prazo a ser assinalado pelo Juízo das Observe-se o disposto na Consolidação dos Provimentos da
execuções, autorizar a retenção, do crédito do autor, dos valores Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho e na Lei nº. 10.833/03,
por ele devidos, consoante a Consolidação dos Provimentos da quanto aos recolhimentos tributários. Após a comprovação dos
Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho (incidência da Súmula recolhimentos previdenciário e fiscal pela empregadora, em prazo a
nº. 368 do C. TST). Para efeito do comando contido no art. 832, § ser assinalado pelo Juízo das execuções, autorizar a retenção, do
3º, da CLT, declarar a natureza salarial das parcelas deferidas, com crédito do autor, dos valores por ele devidos, consoante a
exceção das incidências sobre depósitos fundiários, aviso prévio Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do
indenizado e terço constitucional de férias. Ao condeno arbitra-se o Trabalho (incidência da Súmula nº. 368 do C. TST). Para efeito do
valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), com custas invertidas, pela comando contido no art. 832, § 3º, da CLT, declarar a natureza
ré, no escore de R$ 20,00 (art. 789, § 1º, da CLT). salarial das parcelas deferidas, com exceção das incidências sobre
depósitos fundiários, aviso prévio indenizado e terço constitucional
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. de férias. Ao condeno arbitra-se o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil
reais), com custas invertidas, pela ré, no escore de R$ 20,00 (art.
789, § 1º, da CLT).
EMMT

Acórdão
Processo Nº RO-0000858-31.2016.5.06.0017
SANTOS
RECORRIDO ROGERIO CRESPO MARTINS
EIRELI EMENTA
LTDA.
259037/SP)
- ROGERIO CRESPO MARTINS IMPORTACAO E
EXPORTACAO - EIRELI
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO.

PODER
INCOMPATÍVEL COM A FIXAÇÃO E CONTROLE DE HORÁRIOS.
JUDICIÁRIO
HORAS EXTRAS DEVIDAS. Os empregados que exercem
PROC. Nº. TRT - RO - 0000858-31.2016.5.06.0017 caracteriza-se pela efetiva impossibilidade de controle dos horários
Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA sua impossibilidade que caracteriza a exceção em voga, sendo que
Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA trazido a juízo. No caso concreto, o conjunto fático-probatório
produzido nos autos do processo demonstrou que as atividades
Recorrente : LEANDRO FRANCISCO DOS SANTOS desenvolvidas pelo obreiro na função de motorista carreteiro não
eram incompatíveis com a fixação de horários, além de não se ter
Recorridos : ROGERIO CRESPO MARTINS IMPORTACAO E demonstrada a impossibilidade de o réu exercer qualquer tipo de
EXPORTACAO - EIRELI; PSMM PERNAMBUCO controle sobre seus horários, mas, ao contrário, foi comprovado
COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA; RIBEIRO PLASTICOS que, embora exercendo função externa, estava ou podia estar
LTDA - ME. sujeito a controle de sua jornada, quer por meio de equipamentos
eletrônicos, como rastreador e tacógrafo instalados nos caminhões,
Advogados : PAULO RICARDO SALES ASSUNÇÃO; CARLOS quer porque os trajetos percorridos eram conhecidos e permitia o
EDUARDO GONCALVES BEZERRA; MARCELO GALVAO DE réu estimar o tempo da viagem. Recurso obreiro a que se dá
MOURA; ARNALDO GASPAR EID; IVO MARCIO UHLIG. provimento.

É o relatório.
RELATÓRIO
VOTO
Vistos etc.
Mérito
intervalo interjornada e repercussões (no aviso prévio, 13º salário, respeita às horas extras. Assevera que apresentou prova
férias+1/3, FGTS+40% e repouso semanal remunerado). Pede testemunhal segura no sentido de comprovar a existência da
provimento ao apelo. possibilidade de controle de jornada. Afirma que havia o
rastreamento via satélite capaz de fiscalizar o horário do obreiro.
Contrarrazões apresentadas pela reclamada ROGÉRIO CRESPO Com isso, pleiteia a condenação em horas extras, adicional noturno,
MARTINS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO-EIRELI (ID. b3a33ad). intervalo interjornada e repercussões (no aviso prévio, 13º salário,
férias+1/3, FGTS+40% e repouso semanal remunerado).
Desnecessária a remessa dos presentes autos à D. Procuradoria,
em face do disposto no art. 50 do Regimento Interno deste Com razão o obreiro.
Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se pronunciar
verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por ocasião Com efeito, o serviço externo enquadrado na exceção do art. 62,
da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, XIII e VII, inc. I, da CLT, é aquele que se caracteriza pela efetiva
da Lei Complementar 75/93. impossibilidade de controle dos horários praticados pelo
trabalhador. Não é a ausência de controle, mas sim a sua

patronal. bloqueio; QUE não sabe dizer como é feito o sistema da senha,
informando que sabe que cada motorista carreteiro tem uma senha;
Na realidade, do exame da prova testemunhal colhida, restou QUE cada caminhão desse tem um teclado e acha o depoente que
comprovado que a empresa articulou meios de monitorar e controlar é onde se insere a senha; QUE o depoente nunca dirigiu a carreta;
a jornada de trabalho do obreiro através do acompanhamento do QUE quando o depoente esteve em viagem nunca lhe foi dito pela
seu tempo de deslocamento, seja por meio de monitoramento de empresa o horário em que deveria parar para almoçar; QUE
sistema de rastreamento de carga via satélite, de tacógrafos, de apenas ligavam caso demorasse no almoço; QUE o reclamante
bloqueadores, seja mediante a supervisão de superiores somente teria folga se chegasse no domingo até meio-dia, ocasião
hierárquicos por telefone celular ou qualquer outro meio eletrônico. em que pegaria a carreta novamente na segunda-feira pela manhã
ou pela tarde a depender da carga; QUE o depoente encontrava o
Destaque-se, por oportuno, trechos do depoimento da testemunha autor na empresa somente nas segundas-feiras ou na ROGERIO
autoral (ID. 27d9544 - Pág. 2): CRESPO ou na PSMM, sempre na segunda-feira; QUE o depoente
não sabe dizer quanto tempo nem dias levava o trajeto feito pelo
Única testemunha do reclamante GENILSON GONZAGA DOS autor de Recife para Joinvile e volta".

remunerado.
"MOTORISTA CARRETEIRO - NÃO CONFIGURAÇÃO DE
TRABALHO EXTERNO INCOMPATÍVEL COM A FIXAÇÃO E Recurso a que se dá provimento.
CONTROLE DE HORÁRIOS - HORAS EXTRAS DEVIDAS - Os
empregados que exercem atividade externa incompatível com a Do prequestionamento
fixação de horário de trabalho não são regidos pelas regras
previstas no capítulo II da CLT (da jornada de trabalho), que, em Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
seu art. 58, prevê a duração normal do trabalho de 08 (oito) horas fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
diárias. O serviço externo que se enquadra nessa exceção é aquele qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
que, no caso concreto, caracteriza-se pela efetiva impossibilidade infraconstitucional, sendo desnecessária a menção expressa a cada
de controle dos horários praticados pelo trabalhador. Não é a um deles, a teor do disposto na OJ nº. 118, da SDI-I/TST.
ausência de controle, mas sim sua impossibilidade que caracteriza
a exceção em voga, sendo que a análise da impossibilidade deve
ser feita em cada caso específico trazido a juízo. No caso concreto,

CLT).
Conclusão
com intervalo intrajornada de 1h, bem como repouso semanal aos recurso autoral para, fixando a jornada autoral das 05h às 22h, de
domingos, condenar a reclamada no pleito de horas extras segunda-feira aos sábados, com intervalo intrajornada de 1h, bem
laboradas acima da 8ª diária e 44ª semanal (com observância do como repouso semanal aos domingos, condenar a reclamada no
adicional convencional e, na sua ausência, do adicional legal), pleito de horas extras laboradas acima da 8ª diária e 44ª semanal
adicional noturno e intervalo interjornada, bem como suas (com observância do adicional convencional e, na sua ausência, do
repercussões no aviso prévio indenizado, 13º salário, férias+1/3, adicional legal), adicional noturno e intervalo interjornada, bem
FGTS+40% e repouso semanal remunerado. como suas repercussões no aviso prévio indenizado, 13º salário,
férias+1/3, FGTS+40% e repouso semanal remunerado, vencido o
Quantum a ser apurado em liquidação, incidindo juros e correção Exmo. Desembargador Eduardo Pugliesi (que lhe negava
monetária (artigos 883 da CLT e 39 da Lei nº. 8.177/91, além das provimento). Quantum a ser apurado em liquidação, incidindo juros
Súmulas n° 211 e 381 do TST). Observe-se o disposto na e correção monetária (artigos 883 da CLT e 39 da Lei nº. 8.177/91,
Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do além das Súmulas n° 211 e 381 do TST). Observe-se o disposto na
Trabalho e na Lei nº. 10.833/03, quanto aos recolhimentos Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do
tributários. Após a comprovação dos recolhimentos previdenciário e Trabalho e na Lei nº. 10.833/03, quanto aos recolhimentos

789, § 1º, da CLT).
EMMT
da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado para o Gabinete Acórdão

Processo Nº RO-0000858-31.2016.5.06.0017
Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por maioria, dar Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
provimento ao recurso autoral para, fixando a jornada autoral das RECORRENTE LEANDRO FRANCISCO DOS
SANTOS
05h às 22h, de segunda-feira aos sábados, com intervalo ADVOGADO PAULO RICARDO SALES
intrajornada de 1h, bem como repouso semanal aos domingos,
condenar a reclamada no pleito de horas extras laboradas acima da ADVOGADO IVO MARCIO UHLIG(OAB: 16151/SC)
8ª diária e 44ª semanal (com observância do adicional convencional RECORRIDO ROGERIO CRESPO MARTINS
e, na sua ausência, do adicional legal), adicional noturno e intervalo EIRELI
interjornada, bem como suas repercussões no aviso prévio BEZERRA(OAB: 22634-D/PE)
indenizado, 13º salário, férias+1/3, FGTS+40% e repouso semanal RECORRIDO PSMM PERNAMBUCO
remunerado, vencido o Exmo. Desembargador Eduardo Pugliesi LTDA.
(que lhe negava provimento). Quantum a ser apurado em 259037/SP)
liquidação, incidindo juros e correção monetária (artigos 883 da CLT


- PSMM PERNAMBUCO COMPONENTES AUTOMOTIVOS
LTDA. DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO.
PODER INCOMPATÍVEL COM A FIXAÇÃO E CONTROLE DE HORÁRIOS.
JUDICIÁRIO HORAS EXTRAS DEVIDAS. Os empregados que exercem
caracteriza-se pela efetiva impossibilidade de controle dos horários

PROC. Nº. TRT - RO - 0000858-31.2016.5.06.0017
sua impossibilidade que caracteriza a exceção em voga, sendo que

trazido a juízo. No caso concreto, o conjunto fático-probatório

produzido nos autos do processo demonstrou que as atividades
desenvolvidas pelo obreiro na função de motorista carreteiro não

Recorrente : LEANDRO FRANCISCO DOS SANTOS
eram incompatíveis com a fixação de horários, além de não se ter

controle sobre seus horários, mas, ao contrário, foi comprovado
que, embora exercendo função externa, estava ou podia estar
COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA; RIBEIRO PLASTICOS
LTDA - ME.
eletrônicos, como rastreador e tacógrafo instalados nos caminhões,
quer porque os trajetos percorridos eram conhecidos e permitia o

réu estimar o tempo da viagem. Recurso obreiro a que se dá
provimento.
RELATÓRIO
EMENTA

Vistos etc.
Mérito
intervalo interjornada e repercussões (no aviso prévio, 13º salário, respeita às horas extras. Assevera que apresentou prova
férias+1/3, FGTS+40% e repouso semanal remunerado). Pede testemunhal segura no sentido de comprovar a existência da
provimento ao apelo. possibilidade de controle de jornada. Afirma que havia o
rastreamento via satélite capaz de fiscalizar o horário do obreiro.
Contrarrazões apresentadas pela reclamada ROGÉRIO CRESPO Com isso, pleiteia a condenação em horas extras, adicional noturno,
MARTINS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO-EIRELI (ID. b3a33ad). intervalo interjornada e repercussões (no aviso prévio, 13º salário,
férias+1/3, FGTS+40% e repouso semanal remunerado).
Desnecessária a remessa dos presentes autos à D. Procuradoria,
em face do disposto no art. 50 do Regimento Interno deste Com razão o obreiro.
verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por ocasião Com efeito, o serviço externo enquadrado na exceção do art. 62,
da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, XIII e VII, inc. I, da CLT, é aquele que se caracteriza pela efetiva
da Lei Complementar 75/93. impossibilidade de controle dos horários praticados pelo
trabalhador. Não é a ausência de controle, mas sim a sua
É o relatório. impossibilidade, que caracteriza a exceção em voga, sendo que a
análise da impossibilidade deve ser feita em cada caso específico
trazido a juízo. O dispositivo legal não se presta a dar amparo a
situações abusivas e também não é um prêmio ao empregador que
não realiza o controle da jornada de trabalho dos seus empregados.
O só fato de trabalhar externamente, de per se, não é excludente da
jornada suplementar, uma vez que, sendo viável ao empregador
verificar o tempo de duração do percurso realizado pelo empregado,
mediante o controle dos horários de saída e chegada, não há que
VOTO se falar em impossibilidade de controle e fiscalização da jornada de
trabalho.
Em arremate: para que o empregado seja enquadrado na previsão

patronal. bloqueio; QUE não sabe dizer como é feito o sistema da senha,
informando que sabe que cada motorista carreteiro tem uma senha;
Na realidade, do exame da prova testemunhal colhida, restou QUE cada caminhão desse tem um teclado e acha o depoente que
comprovado que a empresa articulou meios de monitorar e controlar é onde se insere a senha; QUE o depoente nunca dirigiu a carreta;
a jornada de trabalho do obreiro através do acompanhamento do QUE quando o depoente esteve em viagem nunca lhe foi dito pela
seu tempo de deslocamento, seja por meio de monitoramento de empresa o horário em que deveria parar para almoçar; QUE
sistema de rastreamento de carga via satélite, de tacógrafos, de apenas ligavam caso demorasse no almoço; QUE o reclamante
bloqueadores, seja mediante a supervisão de superiores somente teria folga se chegasse no domingo até meio-dia, ocasião
hierárquicos por telefone celular ou qualquer outro meio eletrônico. em que pegaria a carreta novamente na segunda-feira pela manhã
ou pela tarde a depender da carga; QUE o depoente encontrava o
Destaque-se, por oportuno, trechos do depoimento da testemunha autor na empresa somente nas segundas-feiras ou na ROGERIO
autoral (ID. 27d9544 - Pág. 2): CRESPO ou na PSMM, sempre na segunda-feira; QUE o depoente
não sabe dizer quanto tempo nem dias levava o trajeto feito pelo
Única testemunha do reclamante GENILSON GONZAGA DOS autor de Recife para Joinvile e volta".
SANTOS: (...) QUE o depoente dirigia caminhão e o reclamante era
carreteiro; QUE o depoente recebia as cargas que eram trazidas Frise-se que o sistema de rastreamento via satélite, além de ter por
pelo reclamante para entregar na PSMM em Goiana; (...) QUE finalidade a localização do veículo com o intuito de diminuir ou evitar
algumas ocasiões recebia horas extras; (...) QUE o depoente tinha roubos de carga, podia se prestar também para controlar a jornada
controle de ponto; QUE havia outros motoristas carreteiros, mas de trabalho dos empregados da empresa, inclusive do obreiro.
para Joinvile; QUE ao que se recorda o depoente, havia Desse modo, existindo algum tipo de fiscalização de horário ou, ao
determinação da primeira reclamada para que o trajeto fossem menos, havendo a possibilidade de controle e comprovação do
feito pelo carreteiros em número determinado de dias; QUE não exercício de sobrelabor, tornam-se devidas as horas extraordinárias
sabe dizer em quantos dias era a determinação para o autor fazer o realizadas pelo trabalhador. Nesse sentido, é jurisprudência, in
trajeto Recife/Joinvile; QUE o depoente desconhece que tenha sido verbis:
o autor punido por não ter feito o trajeto no número de dias
determinados; QUE ao que tem conhecimento a empresa apenas "MOTORISTA- TRABALHADOR EXTERNO - POSSIBILIDADE DE
ligava por Nextel ou perguntava por WhatsApp para saber o CONTROLE DE JORNADA - Acorde com o art. 62, I da CLT, o

remunerado.
"MOTORISTA CARRETEIRO - NÃO CONFIGURAÇÃO DE
TRABALHO EXTERNO INCOMPATÍVEL COM A FIXAÇÃO E Recurso a que se dá provimento.
CONTROLE DE HORÁRIOS - HORAS EXTRAS DEVIDAS - Os
empregados que exercem atividade externa incompatível com a Do prequestionamento
fixação de horário de trabalho não são regidos pelas regras
previstas no capítulo II da CLT (da jornada de trabalho), que, em Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
seu art. 58, prevê a duração normal do trabalho de 08 (oito) horas fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
diárias. O serviço externo que se enquadra nessa exceção é aquele qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
que, no caso concreto, caracteriza-se pela efetiva impossibilidade infraconstitucional, sendo desnecessária a menção expressa a cada
de controle dos horários praticados pelo trabalhador. Não é a um deles, a teor do disposto na OJ nº. 118, da SDI-I/TST.
ausência de controle, mas sim sua impossibilidade que caracteriza
a exceção em voga, sendo que a análise da impossibilidade deve
ser feita em cada caso específico trazido a juízo. No caso concreto,
demonstrou que as atividades desenvolvidas pelo reclamante na
função de motorista carreteiro não eram incompatíveis com a
fixação de horários, além de não se ter demonstrada a
impossibilidade de a reclamada exercer qualquer tipo de controle
o reclamante, embora exercendo função externa, estava ou podia
estar sujeito a controle de sua jornada, quer por meio de
equipamentos eletrônicos, como rastreador e tacógrafo instalados
nos caminhões, quer porque os trajetos percorridos eram
conhecidos e permitia à reclamada estimar o tempo da viagem.(TRT
Bueno - DJe 31.10.2011 - p. 34)"

Conclusão
com intervalo intrajornada de 1h, bem como repouso semanal aos recurso autoral para, fixando a jornada autoral das 05h às 22h, de
domingos, condenar a reclamada no pleito de horas extras segunda-feira aos sábados, com intervalo intrajornada de 1h, bem
laboradas acima da 8ª diária e 44ª semanal (com observância do como repouso semanal aos domingos, condenar a reclamada no
adicional convencional e, na sua ausência, do adicional legal), pleito de horas extras laboradas acima da 8ª diária e 44ª semanal
adicional noturno e intervalo interjornada, bem como suas (com observância do adicional convencional e, na sua ausência, do
repercussões no aviso prévio indenizado, 13º salário, férias+1/3, adicional legal), adicional noturno e intervalo interjornada, bem
FGTS+40% e repouso semanal remunerado. como suas repercussões no aviso prévio indenizado, 13º salário,
férias+1/3, FGTS+40% e repouso semanal remunerado, vencido o
Quantum a ser apurado em liquidação, incidindo juros e correção Exmo. Desembargador Eduardo Pugliesi (que lhe negava
monetária (artigos 883 da CLT e 39 da Lei nº. 8.177/91, além das provimento). Quantum a ser apurado em liquidação, incidindo juros
Súmulas n° 211 e 381 do TST). Observe-se o disposto na e correção monetária (artigos 883 da CLT e 39 da Lei nº. 8.177/91,
Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do além das Súmulas n° 211 e 381 do TST). Observe-se o disposto na
Trabalho e na Lei nº. 10.833/03, quanto aos recolhimentos Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do
tributários. Após a comprovação dos recolhimentos previdenciário e Trabalho e na Lei nº. 10.833/03, quanto aos recolhimentos
fiscal pela empregadora, em prazo a ser assinalado pelo Juízo das tributários. Após a comprovação dos recolhimentos previdenciário e
execuções, autorizo a retenção, do crédito do autor, dos valores por fiscal pela empregadora, em prazo a ser assinalado pelo Juízo das
ele devidos, consoante a Consolidação dos Provimentos da execuções, autorizar a retenção, do crédito do autor, dos valores
Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho (incidência da Súmula por ele devidos, consoante a Consolidação dos Provimentos da
nº. 368 do C. TST). Para efeito do comando contido no art. 832, § Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho (incidência da Súmula
3º, da CLT, declaro a natureza salarial das parcelas deferidas, com nº. 368 do C. TST). Para efeito do comando contido no art. 832, §
exceção das incidências sobre depósitos fundiários, aviso prévio 3º, da CLT, declarar a natureza salarial das parcelas deferidas, com
indenizado e terço constitucional de férias. exceção das incidências sobre depósitos fundiários, aviso prévio
indenizado e terço constitucional de férias. Ao condeno arbitra-se o
Ao condeno arbitro o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), com valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), com custas invertidas, pela
custas invertidas, pela ré, no escore de R$ 20,00 (art. 789, § 1º, da ré, no escore de R$ 20,00 (art. 789, § 1º, da CLT).
CLT).

789, § 1º, da CLT).
EMMT
da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado para o Gabinete Acórdão

Processo Nº RO-0000577-35.2017.5.06.0019
Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por maioria, dar Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
provimento ao recurso autoral para, fixando a jornada autoral das RECORRENTE LUCIANE DA SILVA BARBOZA
ADVOGADO HUGO DA ROCHA GUERRA(OAB:
05h às 22h, de segunda-feira aos sábados, com intervalo 33855/PE)
intrajornada de 1h, bem como repouso semanal aos domingos, ADVOGADO JOAO AUGUSTO DE
ALBUQUERQUE REGIS(OAB:
condenar a reclamada no pleito de horas extras laboradas acima da 36673/PE)
RECORRENTE DATAMETRICA CONTACT CENTER
8ª diária e 44ª semanal (com observância do adicional convencional LTDA
e, na sua ausência, do adicional legal), adicional noturno e intervalo ADVOGADO KELMA CARVALHO DE FARIA(OAB:
1053-B/PE)
interjornada, bem como suas repercussões no aviso prévio RECORRENTE CAIXA ECONOMICA FEDERAL
indenizado, 13º salário, férias+1/3, FGTS+40% e repouso semanal ADVOGADO RODRIGO MARINHO PEIXOTO(OAB:
36498-D/PE)
remunerado, vencido o Exmo. Desembargador Eduardo Pugliesi RECORRIDO DATAMETRICA CONTACT CENTER
LTDA
(que lhe negava provimento). Quantum a ser apurado em
ADVOGADO KELMA CARVALHO DE FARIA(OAB:
liquidação, incidindo juros e correção monetária (artigos 883 da CLT 1053-B/PE)
RECORRIDO CAIXA ECONOMICA FEDERAL
e 39 da Lei nº. 8.177/91, além das Súmulas n° 211 e 381 do TST).
ADVOGADO RODRIGO MARINHO PEIXOTO(OAB:
Observe-se o disposto na Consolidação dos Provimentos da 36498-D/PE)
RECORRIDO LUCIANE DA SILVA BARBOZA
Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho e na Lei nº. 10.833/03,
quanto aos recolhimentos tributários. Após a comprovação dos 33855/PE)
ADVOGADO JOAO AUGUSTO DE
recolhimentos previdenciário e fiscal pela empregadora, em prazo a ALBUQUERQUE REGIS(OAB:
36673/PE)
ser assinalado pelo Juízo das execuções, autorizar a retenção, do
crédito do autor, dos valores por ele devidos, consoante a Intimado(s)/Citado(s):

Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do - LUCIANE DA SILVA BARBOZA
Trabalho (incidência da Súmula nº. 368 do C. TST). Para efeito do
comando contido no art. 832, § 3º, da CLT, declarar a natureza
salarial das parcelas deferidas, com exceção das incidências sobre

PODER
JUDICIÁRIO
de férias. Ao condeno arbitra-se o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil

PROC. Nº TRT - 0000577-35.2017.5.06.0019 (RO) anteriormente à publicação da Lei n° 13.467/2017. Considerando
que a decisão produz efeitos vinculantes, traduzindo-se em
Órgão Julgador : 1ª Turma precedente de observância obrigatória, nos termos do art. 927,
Relator : Desembargador Sergio Torres Teixeira ofensa ao art. 489, §4°, inciso VI, do CPC, esta passa a ser a
Recorrentes : CAIXA ECONOMICA FEDERAL;DATAMÉTRICA - entendimento pessoal. Ausente, ainda, elemento probatório que
CONSULTORIA, PESQUISA E TELEMARKETING LTDA; permita o reconhecimento do vínculo de emprego, por subordinação
LUCIANE DA SILVA BARBOZA direta, a consequência é a exclusão da condenação das parcelas
próprias da categoria profissional dos bancários. Recurso provido,
Recorridos : OS MESMOS prejudicada a análise dos demais.
Advogados : RENATO PAES BARRETO DE ALBUQUERQUE;
FERNANDO DE OLIVEIRA SOUZA; JOAO AUGUSTO DE
ALBUQUERQUE REGIS; KELMA CARVALHO DE
Procedência : 19ª Vara do Trabalho do Recife (PE)
Vistos etc.
Recurso Ordinário interposto por CAIXA ECONOMICA FEDERAL,
por DATAMÉTRICA - CONSULTORIA, PESQUISA E
TELEMARKETING LTDA epor LUCIANE DA SILVA BARBOZA
em face da sentença proferida pela Excelentíssima Juíza da 19ª
Vara do Trabalho do Recife (PE) que julgou parcialmente
EMENTA procedentes os pedidos formulados na reclamação trabalhista em
que contendem entre si.
RECURSO ORDINÁRIO DA PRIMEIRA DEMANDADA
Em razões anexas insurge-se contra o deferimento dos títulos
decorrentes do enquadramento sindical na categoria dos bancários,
sob o fundamento de que a recorrida não exercia atividade-fim
bancária, sendo, por conseguinte, indevidos os benefícios das
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA.DIREITO INDIVIDUAL normas coletivas e jornada especial dos bancários. Pede
DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO. ATIVIDADE BANCÁRIA. provimento.
TELEATENDIMENTO. SUPERAÇÃO DA DISTINÇÃO ENTRE
ATIVIDADE FIM E MEIO. Com a superveniência da decisão do RECURSO ORDINÁRIO DA SEGUNDA DEMANDADA
Supremo Tribunal Federal na ADPF 324, "é lícita a terceirização de
toda e qualquer atividade, meio ou fim, de forma que não se Em razões anexas a recorrente pretende ver excluída a
configura relação de emprego entre a contratante e o empregado da responsabilidade com fundamento no art. 71, §1°, da Lei n°

8.666/1993 e na ADC n° 16, afirmando que a Súmula n° 331, itens
IV e V, colidem frontalmente com a norma legal, importando afronta VOTO:
ao art. 97 da Constituição da República e Súmula Vinculante n° 10.
Sustenta, ainda, a inocorrência de culpa, seja in eligendo, seja in Pressupostos de Admissibilidade
vigilando. Em relação aos benefícios previstos para a categoria dos
bancários, além de insistir o não desempenho de atividade
bancária, aduz que não se lhe aplicam as Convenções Coletivas
assinadas pela FENABRAN, pois a CAIXA subscreve acordo Satisfeitas as exigências concernentes à tempestividade,
específico com A CONTRAF e a CONTEC e o Decreto n° 908/1993 representação processual e preparo, quando necessário, conheço
estabelece que as negociações firmadas pelas empresas públicas dos três recursos, apreciando, conjuntamente, as matérias comuns.
devam ser realizadas por meio de Acordo Coletivo e não
Convenção Coletiva de Trabalho. Protesta, assim, contra o Mérito
deferimento das diferenças salariais e a imposição de multa
convencional. Insurge-se contra o deferimento das horas extras, RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE RÉ
seja porque não se considera responsável, seja por considerar
inaplicável o art. 224 da CLT, destacando que o ônus da prova dos Ilicitude da terceirização. Aplicação dos benefícios dos bancários.
fatos pertencia à autora, nos termos do art. 818 da CLT e 373, Responsabilidade da empresa tomadora de serviços (ambos os
inciso I, do CPC. Sustenta a inaplicabilidade do art. 384 da CLT recursos empresariais)
frente à Constituição da República. Ainda sob a tese de não ser
empregadora da demandante, não se conforma com a condenação A recorrente insurge-se contra a responsabilização, reiterando a
ao pagamento de 13° salário, férias e FGTS, acrescido da multa de inexistência de vínculo jurídico, porque a demandante nunca lhe
40%. Pede provimento. prestou serviços, nem foi lotada em qualquer de suas unidades,
somente tendo contratado a CONTAX, que sequer foi chamada a
RECURSO DA PARTE DEMANDANTE integrar a lide.
Em razões anexas, com fundamento na Súmula n° 338 do C. TST e Ainda assim, aduz a nulidade do contrato de trabalho porque, em
art. 74, §2°, da CLT, requer a majoração da condenação ao sendo empresa pública, a ilicitude do contrato de terceirização por
pagamento de horas extras, bem como a condenação ao intermédio de empresa interposta não gera vínculo de emprego, sob
pagamento do intervalo intrajornada, sob o fundamento de que se pena de afronta ao art. 37, inciso II, da Constituição da República.
desvencilhou do ônus da prova, mediante a prova testemunhal
emprestada que confirmou a irrealidade dos controles de ponto. Sustenta, ainda, a inexistência de atividade típica bancária, porque
Acresce que a ausência de contestação específica faz incidir os a DATAMETRICA e seus empregados fazem exclusivamente
efeitos do art. 341 do CPC. Por fim, protesta contra o indeferimento atividade de cobrança. Sucessivamente, pretende que a
da utilização do índice IPCA para a atualização dos débitos responsabilidade limite-se às verbas da Súmula n° 363 do C. TST.
trabalhistas, haja vista a inconstitucionalidade da TR e requer a
condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos Pretende ver excluída a responsabilidade também com fundamento
materiais, decorrentes dos gastos com advogado, com fundamento no art. 71, §1°, da Lei n° 8.666/1993 e na ADC n° 16, afirmando que
no art. 404 do Código Civil. Pede o provimento. a Súmula n° 331, itens IV e V, colidem frontalmente com a norma
legal, importando afronta ao art. 97 da Constituição da República e
Contrarrazões apresentadas. Súmula Vinculante n° 10. Sustenta, ainda, a inocorrência de culpa,
seja in eligendo, seja in vigilando.
Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do
Trabalho, por não se vislumbrar presença de interesse público no Vejamos.
litígio a justificar sua intervenção.
Inicialmente, há observar que a sentença não reconheceu o vínculo
É o relatório. diretamente com a CAIXA, apenas condenando-a subsidiariamente

e deferindo as vantagens da categoria dos bancários, com amparo STF).
na aplicação da OJ N° 383, cujo teor é válido relembrarmos:
383. TERCEIRIZAÇÃO. EMPREGADOS DA EMPRESA vinculantes, próprios do controle concentrado de
PRESTADORA DE SERVIÇOS E DA TOMADORA. ISONOMIA. constitucionalidade, traduzindo-se em precedente de observância
ART. 12, "A", DA LEI Nº 6.019, DE 03.01.1974. (mantida) - Res. obrigatória pelos tribunais, nos termos do art. 927, inciso I, do CPC
175/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 e sob pena de, não a observando, incorrer-se em ofensa ao art.
489, §4°, inciso VI, do CPC, este passa a ser o entendimento deste
A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa Juízo, ainda que com a ressalva de meu entendimento pessoal.
interposta, não gera vínculo de emprego com ente da Administração
Pública, não afastando, contudo, pelo princípio da isonomia, o A ilicitude da terceirização ainda pode ser reconhecida, caso haja
direito dos empregados terceirizados às mesmas verbas prova irrefutável da presença dos elementos fático-jurídicos dos
trabalhistas legais e normativas asseguradas àqueles contratados artigos 2° e 3° da CLT, caso em que o vínculo de emprego deve ser
pelo tomador dos serviços, desde que presente a igualdade de reconhecido, por não se tratar de intermediação de mão de obra,
funções. Aplicação analógica do art. 12, "a", da Lei nº 6.019, de mas contratação de empregado por empresa interposta, em afronta
03.01.1974. ao art. 9° da CLT.
Todavia, a responsabilidade reconhecida decorreu do Ocorre que, no caso presente, não há prova de subordinação direta
reconhecimento da ilicitude do contrato de prestação de serviços, com os empregados da instituição bancária, consoante trecho
em virtude do desempenho de atividades tipicamente bancárias. abaixo transcrito:
Anteriormente, nos inúmeros julgados, sobre a matéria, vinha QUE trabalhava na mesma equipe da reclamante, com o mesmo
trilhando o caminho da irregularidade de terceirização das tarefas supervisor; QUE fazia acordo nas faturas atrasadas de cartão de
inerentes aos serviços bancários, ainda que limitadas ao crédito; QUE tinha acesso ao detalhamento das compras do cartão ,
atendimento telefônico a clientes, considerando que o desempenho lançava os dados no sistema da caixa e que poderia ou não
dessas atividades insere-se no conceito de atividade-fim, aplicando- autorizar o desconto; QUE fora do que o sistema autorizou, o
se, assim, o item I da Súmula n° 331 do C. TST. atendente não poderia conceder descontos diferentes; QUE o
percentual dos juros também era definido pelo sistema a depender
No entender deste relator, a prestação de serviços dessa natureza do prazo da inadimplência; QUE não alterava limite de cartão e
acarreta o reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com também não liberava para uso no exterior; QUE durante o período
a instituição financeira privada, não obstante se cuide de contrato que trabalhou na reclamada, o fez na mesma equipe da reclamante;
de trabalho formalmente celebrado com empresa do ramo de QUE não havia registro eletrônico de ponto e 1 vez por mês, vinha
telemarketing. uma folha já preenchida a lápis que o funcionário tem que cobrir a
caneta, de modo que ficava o registro dos horários que eles
Todavia, com a superveniência da decisão do Pretório Excelso na colocavam a lápis; QUE trabalhava das 06h30 as 14h30min, com 3
ADPF 324, a diferenciação acerca da inserção da atividade pausas, sendo duas de 10min e uma de 20min, de segunda a sexta;
subcontratada no âmbito do objeto social da empresa, mesmo para QUE aos sábados, iniciava as 10h indo até as 16h, com as mesmas
a prestação de serviços ocorrida anteriormente à publicação da Lei pausas; QUE a reclamante cumpria o mesmo horário da depoente;
n° 13.467/2017, perdeu a razão de ser. QUE na dinâmica do trabalho, o momento que mais digitavam, era
quando fazia acordo, pois tinha que discriminar o que foi acordado;
No julgamento, cuja decisão foi publicada no DEJ e DOU 10/9/2018, QUE firmar acordo com inadimplentes era coisa comum e feita
o Supremo Tribunal Federal considerou "a licitude da terceirização durante todo dia de trabalho; QUE teve como ultima supervisora,
ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas Sra. Suely;
empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da Desta feita, superada pela jurisprudência do Pretório Excelso a
empresa contratante" (Cf. Informativo de Jurisprudência n° 913 do discussão acerca da inserção do trabalhador na dinâmica da

econômico principal e ausente prova da presença dos requisitos CONCLUSÃO
das rés para, reformando a sentença, afastar o reconhecimento da Ante o exposto:
ilicitude da terceirização.
I - CONHEÇO dos recursos;
não afasta a responsabilidade subsidiária da empresa tomadora dos II - No mérito, DOU PROVIMENTO ao recurso da primeira ré para,
serviços por eventuais créditos devidos pela empresa contratada a reformando a sentença, julgar improcedentes os pedidos fundados
seus empregados. E, havendo entidade integrante da Administração na aplicação das Convenções Coletivas dos bancários (diferenças
pública em um dos pólos da ação, haveria que se averiguar, ainda, salariais, participação nos Lucros e Resultados, auxílio-refeição,
a culpa in vigilando ou in eligendo. auxílio cesta alimentação e 13ª cesta alimentação, multa
convencional) e as horas extras decorrentes do art. 224 da CLT.
pretensão de reconhecimento de desempenho de instituição Improcedente todos os pedidos formulados pela parte autora na
bancária e, como consequência lógica do seu afastamento, inviável inicial e prejudicada a análise dos demais tópicos constantes no
aplicar-lhes a norma do art. 611 da CLT e, assim, igualmente recurso, inverte-se o ônus para pagamento das custas processuais
improcedentes os pedidos decorrentes da aplicação das (Súmula n° 25 do C. TST) que passa ser da reclamante, ficando
convenções coletivas da categoria, a saber: diferenças salariais, dele dispensado, por fazer jus aos benefícios da justiça gratuita, nos
participação nos lucros e resultados, auxílio-refeição, auxílio cesta termos do art. 790, § 3º, da CLT, na redação vigente ao tempo do
alimentação e 13ª cesta alimentação, assim como a multa ajuizamento da ação
convencional.
Do mesmo modo, inviável aplicar-lhes a jornada prevista no art. 224
Recurso a que se dá provimento para julgar improcedentes os
pedidos fundados na aplicação das Convenções Coletivas dos
bancários (diferenças salariais, participação nos Lucros e
Resultados, auxílio-refeição, auxílio cesta alimentação e 13ª cesta
alimentação, multa convencional) e as horas extras decorrentes do
art. 224 da CLT.
Desse modo, DOU PROVIMENTO ao recurso da DATAMÉTRICA e
julgo prejudicada a análise dos demais apelos.
Prequestionamento
qualquer dos dispositivos da Constituição da República e da
legislação infraconstitucional, sendo desnecessária a menção
expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ nº 118, da SDI-
I.

Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por unanimidade, I -
CONHECER dos recursos; II - No mérito, por unanimidade, DAR
PROVIMENTO ao recurso da primeira ré para, reformando a
sentença, julgar improcedentes os pedidos fundados na aplicação
das Convenções Coletivas dos bancários (diferenças salariais,
participação nos Lucros e Resultados, auxílio-refeição, auxílio cesta
alimentação e 13ª cesta alimentação, multa convencional) e as
horas extras decorrentes do art. 224 da CLT. Improcedente todos os
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional pedidos formulados pela parte autora na inicial e prejudicada a
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, I - CONHECER dos análise dos demais tópicos constantes no recurso, inverte-se o ônus
recursos; II - No mérito, por unanimidade, DAR PROVIMENTO ao para pagamento das custas processuais (Súmula n° 25 do C. TST)
recurso da primeira ré para, reformando a sentença, julgar que passa ser da reclamante, ficando dele dispensado, por fazer jus
improcedentes os pedidos fundados na aplicação das Convenções aos benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 790, § 3º, da
Coletivas dos bancários (diferenças salariais, participação nos CLT, na redação vigente ao tempo do ajuizamento da ação.
Lucros e Resultados, auxílio-refeição, auxílio cesta alimentação e
13ª cesta alimentação, multa convencional) e as horas extras Certifico e dou fé.
decorrentes do art. 224 da CLT. Improcedente todos os pedidos
formulados pela parte autora na inicial e prejudicada a análise dos Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018.
demais tópicos constantes no recurso, inverte-se o ônus para
pagamento das custas processuais (Súmula n° 25 do C. TST) que
passa ser da reclamante, ficando dele dispensado, por fazer jus aos
benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 790, § 3º, da CLT, Vera Neuma de Moraes Leite
na redação vigente ao tempo do ajuizamento da ação.
EMMT Acórdão
Processo Nº RO-0000577-35.2017.5.06.0019
RECORRENTE LUCIANE DA SILVA BARBOZA
33855/PE)


36673/PE)
RECORRENTE DATAMETRICA CONTACT CENTER
LTDA
1053-B/PE)
RECORRENTE CAIXA ECONOMICA FEDERAL
36498-D/PE)
RECORRIDO DATAMETRICA CONTACT CENTER EMENTA
LTDA
1053-B/PE)
RECORRIDO CAIXA ECONOMICA FEDERAL
36498-D/PE)
RECORRIDO LUCIANE DA SILVA BARBOZA
33855/PE)
36673/PE)
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA.DIREITO INDIVIDUAL
- DATAMETRICA CONTACT CENTER LTDA
DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO. ATIVIDADE BANCÁRIA.
TELEATENDIMENTO. SUPERAÇÃO DA DISTINÇÃO ENTRE
ATIVIDADE FIM E MEIO. Com a superveniência da decisão do

PODER Supremo Tribunal Federal na ADPF 324, "é lícita a terceirização de
JUDICIÁRIO toda e qualquer atividade, meio ou fim, de forma que não se
configura relação de emprego entre a contratante e o empregado da

PROC. Nº TRT - 0000577-35.2017.5.06.0019 (RO)
que a decisão produz efeitos vinculantes, traduzindo-se em
precedente de observância obrigatória, nos termos do art. 927,

ofensa ao art. 489, §4°, inciso VI, do CPC, esta passa a ser a
entendimento pessoal. Ausente, ainda, elemento probatório que

Recorrentes : CAIXA ECONOMICA FEDERAL;DATAMÉTRICA -
permita o reconhecimento do vínculo de emprego, por subordinação
CONSULTORIA, PESQUISA E TELEMARKETING LTDA;
direta, a consequência é a exclusão da condenação das parcelas
LUCIANE DA SILVA BARBOZA
próprias da categoria profissional dos bancários. Recurso provido,
prejudicada a análise dos demais.

Advogados : RENATO PAES BARRETO DE ALBUQUERQUE;
FERNANDO DE OLIVEIRA SOUZA; JOAO AUGUSTO DE
ALBUQUERQUE REGIS; KELMA CARVALHO DE
Procedência : 19ª Vara do Trabalho do Recife (PE)
Vistos etc.

Recurso Ordinário interposto por CAIXA ECONOMICA FEDERAL, Em razões anexas, com fundamento na Súmula n° 338 do C. TST e
por DATAMÉTRICA - CONSULTORIA, PESQUISA E art. 74, §2°, da CLT, requer a majoração da condenação ao
TELEMARKETING LTDA epor LUCIANE DA SILVA BARBOZA pagamento de horas extras, bem como a condenação ao
em face da sentença proferida pela Excelentíssima Juíza da 19ª pagamento do intervalo intrajornada, sob o fundamento de que se
Vara do Trabalho do Recife (PE) que julgou parcialmente desvencilhou do ônus da prova, mediante a prova testemunhal
procedentes os pedidos formulados na reclamação trabalhista em emprestada que confirmou a irrealidade dos controles de ponto.
que contendem entre si. Acresce que a ausência de contestação específica faz incidir os
efeitos do art. 341 do CPC. Por fim, protesta contra o indeferimento
RECURSO ORDINÁRIO DA PRIMEIRA DEMANDADA da utilização do índice IPCA para a atualização dos débitos
trabalhistas, haja vista a inconstitucionalidade da TR e requer a
Em razões anexas insurge-se contra o deferimento dos títulos condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos
decorrentes do enquadramento sindical na categoria dos bancários, materiais, decorrentes dos gastos com advogado, com fundamento
sob o fundamento de que a recorrida não exercia atividade-fim no art. 404 do Código Civil. Pede o provimento.
bancária, sendo, por conseguinte, indevidos os benefícios das
normas coletivas e jornada especial dos bancários. Pede Contrarrazões apresentadas.
provimento.
Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do
RECURSO ORDINÁRIO DA SEGUNDA DEMANDADA Trabalho, por não se vislumbrar presença de interesse público no
litígio a justificar sua intervenção.
Em razões anexas a recorrente pretende ver excluída a
responsabilidade com fundamento no art. 71, §1°, da Lei n° É o relatório.
8.666/1993 e na ADC n° 16, afirmando que a Súmula n° 331, itens
IV e V, colidem frontalmente com a norma legal, importando afronta VOTO:
ao art. 97 da Constituição da República e Súmula Vinculante n° 10.
Sustenta, ainda, a inocorrência de culpa, seja in eligendo, seja in Pressupostos de Admissibilidade
vigilando. Em relação aos benefícios previstos para a categoria dos
bancários, além de insistir o não desempenho de atividade
bancária, aduz que não se lhe aplicam as Convenções Coletivas
assinadas pela FENABRAN, pois a CAIXA subscreve acordo Satisfeitas as exigências concernentes à tempestividade,
específico com A CONTRAF e a CONTEC e o Decreto n° 908/1993 representação processual e preparo, quando necessário, conheço
estabelece que as negociações firmadas pelas empresas públicas dos três recursos, apreciando, conjuntamente, as matérias comuns.
devam ser realizadas por meio de Acordo Coletivo e não
Convenção Coletiva de Trabalho. Protesta, assim, contra o Mérito
deferimento das diferenças salariais e a imposição de multa
convencional. Insurge-se contra o deferimento das horas extras, RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE RÉ
seja porque não se considera responsável, seja por considerar
inaplicável o art. 224 da CLT, destacando que o ônus da prova dos Ilicitude da terceirização. Aplicação dos benefícios dos bancários.
fatos pertencia à autora, nos termos do art. 818 da CLT e 373, Responsabilidade da empresa tomadora de serviços (ambos os
inciso I, do CPC. Sustenta a inaplicabilidade do art. 384 da CLT recursos empresariais)
frente à Constituição da República. Ainda sob a tese de não ser
empregadora da demandante, não se conforma com a condenação A recorrente insurge-se contra a responsabilização, reiterando a
ao pagamento de 13° salário, férias e FGTS, acrescido da multa de inexistência de vínculo jurídico, porque a demandante nunca lhe
40%. Pede provimento. prestou serviços, nem foi lotada em qualquer de suas unidades,
somente tendo contratado a CONTAX, que sequer foi chamada a
RECURSO DA PARTE DEMANDANTE integrar a lide.

atendimento telefônico a clientes, considerando que o desempenho
Ainda assim, aduz a nulidade do contrato de trabalho porque, em dessas atividades insere-se no conceito de atividade-fim, aplicando-
sendo empresa pública, a ilicitude do contrato de terceirização por se, assim, o item I da Súmula n° 331 do C. TST.
intermédio de empresa interposta não gera vínculo de emprego, sob
pena de afronta ao art. 37, inciso II, da Constituição da República. No entender deste relator, a prestação de serviços dessa natureza
acarreta o reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com
Sustenta, ainda, a inexistência de atividade típica bancária, porque a instituição financeira privada, não obstante se cuide de contrato
a DATAMETRICA e seus empregados fazem exclusivamente de trabalho formalmente celebrado com empresa do ramo de
atividade de cobrança. Sucessivamente, pretende que a telemarketing.
responsabilidade limite-se às verbas da Súmula n° 363 do C. TST.
Todavia, com a superveniência da decisão do Pretório Excelso na
Pretende ver excluída a responsabilidade também com fundamento ADPF 324, a diferenciação acerca da inserção da atividade
no art. 71, §1°, da Lei n° 8.666/1993 e na ADC n° 16, afirmando que subcontratada no âmbito do objeto social da empresa, mesmo para
a Súmula n° 331, itens IV e V, colidem frontalmente com a norma a prestação de serviços ocorrida anteriormente à publicação da Lei
legal, importando afronta ao art. 97 da Constituição da República e n° 13.467/2017, perdeu a razão de ser.
Súmula Vinculante n° 10. Sustenta, ainda, a inocorrência de culpa,
seja in eligendo, seja in vigilando. No julgamento, cuja decisão foi publicada no DEJ e DOU 10/9/2018,
Vejamos. ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas
Inicialmente, há observar que a sentença não reconheceu o vínculo empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
diretamente com a CAIXA, apenas condenando-a subsidiariamente empresa contratante" (Cf. Informativo de Jurisprudência n° 913 do
e deferindo as vantagens da categoria dos bancários, com amparo STF).
na aplicação da OJ N° 383, cujo teor é válido relembrarmos:
383. TERCEIRIZAÇÃO. EMPREGADOS DA EMPRESA vinculantes, próprios do controle concentrado de
PRESTADORA DE SERVIÇOS E DA TOMADORA. ISONOMIA. constitucionalidade, traduzindo-se em precedente de observância
ART. 12, "A", DA LEI Nº 6.019, DE 03.01.1974. (mantida) - Res. obrigatória pelos tribunais, nos termos do art. 927, inciso I, do CPC
175/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 e sob pena de, não a observando, incorrer-se em ofensa ao art.
489, §4°, inciso VI, do CPC, este passa a ser o entendimento deste
A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa Juízo, ainda que com a ressalva de meu entendimento pessoal.
interposta, não gera vínculo de emprego com ente da Administração
Pública, não afastando, contudo, pelo princípio da isonomia, o A ilicitude da terceirização ainda pode ser reconhecida, caso haja
direito dos empregados terceirizados às mesmas verbas prova irrefutável da presença dos elementos fático-jurídicos dos
trabalhistas legais e normativas asseguradas àqueles contratados artigos 2° e 3° da CLT, caso em que o vínculo de emprego deve ser
pelo tomador dos serviços, desde que presente a igualdade de reconhecido, por não se tratar de intermediação de mão de obra,
funções. Aplicação analógica do art. 12, "a", da Lei nº 6.019, de mas contratação de empregado por empresa interposta, em afronta
03.01.1974. ao art. 9° da CLT.
Todavia, a responsabilidade reconhecida decorreu do Ocorre que, no caso presente, não há prova de subordinação direta
reconhecimento da ilicitude do contrato de prestação de serviços, com os empregados da instituição bancária, consoante trecho
em virtude do desempenho de atividades tipicamente bancárias. abaixo transcrito:
Anteriormente, nos inúmeros julgados, sobre a matéria, vinha QUE trabalhava na mesma equipe da reclamante, com o mesmo
trilhando o caminho da irregularidade de terceirização das tarefas supervisor; QUE fazia acordo nas faturas atrasadas de cartão de
inerentes aos serviços bancários, ainda que limitadas ao crédito; QUE tinha acesso ao detalhamento das compras do cartão ,

lançava os dados no sistema da caixa e que poderia ou não da CLT e, sendo as horas extras integrantes da condenação
autorizar o desconto; QUE fora do que o sistema autorizou, o decorrentes apenas da extrapolação da jornada dos bancários,
atendente não poderia conceder descontos diferentes; QUE o igualmente improcedente o pleito de horas extras.
percentual dos juros também era definido pelo sistema a depender
do prazo da inadimplência; QUE não alterava limite de cartão e Recurso a que se dá provimento para julgar improcedentes os
também não liberava para uso no exterior; QUE durante o período pedidos fundados na aplicação das Convenções Coletivas dos
que trabalhou na reclamada, o fez na mesma equipe da reclamante; bancários (diferenças salariais, participação nos Lucros e
QUE não havia registro eletrônico de ponto e 1 vez por mês, vinha Resultados, auxílio-refeição, auxílio cesta alimentação e 13ª cesta
uma folha já preenchida a lápis que o funcionário tem que cobrir a alimentação, multa convencional) e as horas extras decorrentes do
caneta, de modo que ficava o registro dos horários que eles art. 224 da CLT.
colocavam a lápis; QUE trabalhava das 06h30 as 14h30min, com 3
pausas, sendo duas de 10min e uma de 20min, de segunda a sexta; Desse modo, DOU PROVIMENTO ao recurso da DATAMÉTRICA e
QUE aos sábados, iniciava as 10h indo até as 16h, com as mesmas julgo prejudicada a análise dos demais apelos.
pausas; QUE a reclamante cumpria o mesmo horário da depoente;
QUE na dinâmica do trabalho, o momento que mais digitavam, era Prequestionamento
quando fazia acordo, pois tinha que discriminar o que foi acordado;
QUE firmar acordo com inadimplentes era coisa comum e feita Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
durante todo dia de trabalho; QUE teve como ultima supervisora, fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
Sra. Suely; qualquer dos dispositivos da Constituição da República e da
Desta feita, superada pela jurisprudência do Pretório Excelso a expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ nº 118, da SDI-
discussão acerca da inserção do trabalhador na dinâmica da I.
econômico principal e ausente prova da presença dos requisitos CONCLUSÃO
das rés para, reformando a sentença, afastar o reconhecimento da Ante o exposto:
ilicitude da terceirização.
não afasta a responsabilidade subsidiária da empresa tomadora dos II - No mérito, DOU PROVIMENTO ao recurso da primeira ré para,
serviços por eventuais créditos devidos pela empresa contratada a reformando a sentença, julgar improcedentes os pedidos fundados
seus empregados. E, havendo entidade integrante da Administração na aplicação das Convenções Coletivas dos bancários (diferenças
pública em um dos pólos da ação, haveria que se averiguar, ainda, salariais, participação nos Lucros e Resultados, auxílio-refeição,
a culpa in vigilando ou in eligendo. auxílio cesta alimentação e 13ª cesta alimentação, multa
convencional) e as horas extras decorrentes do art. 224 da CLT.
pretensão de reconhecimento de desempenho de instituição Improcedente todos os pedidos formulados pela parte autora na
bancária e, como consequência lógica do seu afastamento, inviável inicial e prejudicada a análise dos demais tópicos constantes no
aplicar-lhes a norma do art. 611 da CLT e, assim, igualmente recurso, inverte-se o ônus para pagamento das custas processuais
improcedentes os pedidos decorrentes da aplicação das (Súmula n° 25 do C. TST) que passa ser da reclamante, ficando
convenções coletivas da categoria, a saber: diferenças salariais, dele dispensado, por fazer jus aos benefícios da justiça gratuita, nos
participação nos lucros e resultados, auxílio-refeição, auxílio cesta termos do art. 790, § 3º, da CLT, na redação vigente ao tempo do
alimentação e 13ª cesta alimentação, assim como a multa ajuizamento da ação
convencional.

13ª cesta alimentação, multa convencional) e as horas extras
formulados pela parte autora na inicial e prejudicada a análise dos
demais tópicos constantes no recurso, inverte-se o ônus para
pagamento das custas processuais (Súmula n° 25 do C. TST) que
passa ser da reclamante, ficando dele dispensado, por fazer jus aos
benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 790, § 3º, da CLT,
na redação vigente ao tempo do ajuizamento da ação.
EMMT
PROVIMENTO ao recurso da primeira ré para, reformando a
sentença, julgar improcedentes os pedidos fundados na aplicação
das Convenções Coletivas dos bancários (diferenças salariais,
participação nos Lucros e Resultados, auxílio-refeição, auxílio cesta
alimentação e 13ª cesta alimentação, multa convencional) e as
horas extras decorrentes do art. 224 da CLT. Improcedente todos os
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional pedidos formulados pela parte autora na inicial e prejudicada a
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, I - CONHECER dos análise dos demais tópicos constantes no recurso, inverte-se o ônus
recursos; II - No mérito, por unanimidade, DAR PROVIMENTO ao para pagamento das custas processuais (Súmula n° 25 do C. TST)
recurso da primeira ré para, reformando a sentença, julgar que passa ser da reclamante, ficando dele dispensado, por fazer jus
improcedentes os pedidos fundados na aplicação das Convenções aos benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 790, § 3º, da
Coletivas dos bancários (diferenças salariais, participação nos CLT, na redação vigente ao tempo do ajuizamento da ação.

CELPE.
Recorridos : ALISSON ALAN NUNES DA SILVA; MAJESTOSA
Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018. ENGENHARIA LTDA.
Advogados : HERBERT VIEIRA ALBUQUERQUE MELO; WILKER
Secretária da 1ª Turma Procedência : VARA ÚNICA DO TRABALHO DE ARARIPINA-PE
Acórdão
Processo Nº RO-0000462-95.2018.5.06.0401
PERNAMBUCO
MELO(OAB: 45865/PE)
RECORRIDO ALISSON ALAN NUNES DA SILVA
- COMPANHIA ENERGETICA DE PERNAMBUCO RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA (CELPE). DIREITO
INDIVIDUAL DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO. SUPERAÇÃO
DA DISTINÇÃO ENTRE ATIVIDADE FIM E MEIO. Com a
superveniência da decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF

PODER
324, "é lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou
JUDICIÁRIO
fim, de forma que não se configura relação de emprego entre a
contratante e o empregado da contratada". A diferenciação acerca
da inserção da atividade subcontratada no âmbito do objeto social
da empresa, antes realizada à luz da Súmula n° 331, item III, do C.
TST, perdeu a razão de ser, mesmo para a prestação de serviços
ocorrida anteriormente à publicação da Lei n° 13.467/2017.

PROC. N.º TRT - 0000462-95.2018.5.06.0401 (RO) Considerando que a decisão produz efeitos vinculantes, próprios do

Órgão Julgador : Primeira Turma precedente de observância obrigatória, nos termos do art. 927,


Recorrentes : COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - entendimento pessoal. Superada, mediante a técnica da sinalização

(signaling), tese prevalecente no IUJ n° 0000217- miserabilidade. Pede provimento.
Não houve apresentação de contrarrazões.
RELATÓRIO É o relatório.
Vistos etc.
VOTO
Trata-se de Recurso Ordinário interposto por COMPANHIA
ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - CELPE de decisão proferida
pelo MM. Juízo da VARA ÚNICA DO TRABALHO DE ARARIPINA-
PE, que, nos termos da sentença de ID. 536bed0, julgou
ajuizada por ALISSON ALAN NUNES DA SILVA em face da
recorrente e de MAJESTOSA ENGENHARIA LTDA.
Em razões anexas (ID. fcdc152), a CELPE, com fundamento no art. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE
1.036 do CPC, invoca julgado do C. TST (0000657-
98.2014.5.06.0020) para justificar o sobrestamento do feito até a Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade,
decisão final do STF sobre a licitude da terceirização dos serviços representação processual e preparo, conheço do recurso.
por concessionárias de serviços públicos (Tema 739). Requer seja
afastada a orientação da Súmula n° 331 do C. TST e sustenta a MÉRITO
presença de expresso permissivo legal para terceirização das
atividades subcontratadas, consoante norma do art. 25, §1°, da Lei Sobrestamento do feito
nº 8.987/1995, para afastá-la imprescindível a observância do art.
97 da CRFB e Súmula Vinculante n° 10. Alega que a edição da Lei Com fundamento no art. 1.036 do CPC, a recorrente requer o
n° 13.429/2017 afasta a controvérsia sobre a permissão de sobrestamento do feito até a decisão final do STF sobre a licitude
terceirização em atividade-fim, cuja não observância implicaria da terceirização dos serviços por concessionárias de serviços
flagrante violação ao disposto no artigo 5°, II e 37, ambos da públicos.
Constituição da República. Requer, ainda, a exclusão da
condenação em honorários advocatícios, já que não teria, o Desnecessária a suspensão do feito, haja vista a superveniência da
recorrido, comprovado, da forma adequada, sua condição de decisão do Pretório Excelso que, em sede de repercussão geral

STF).

Assim, no entender deste relator, torna-se superada, mediante a Prequestionamento
0000217-31.2015.5.06.0000. Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
Desta feita, superada pela jurisprudência do Pretório Excelso a qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
discussão acerca da inserção do trabalhador na dinâmica da infraconstitucional, mencionados pelo recorrente, sendo
empresa-tomadora, laborando em atividade ligada ao seu objeto desnecessária a menção expressa a cada um deles, a teor do
econômico principal, dou provimento ao recurso da ré para, disposto na OJ n° 118 da SDI-I.
emprego diretamente com a empresa tomadora dos serviços,

Conclusão PROVIMENTO ao apelo para, reformando a sentença, afastar o
improcedentes os pedidos fundados na aplicação dos instrumentos
empregados da CELPE, indenização correspondente aos tíquetes
refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados, diferença
do abono de férias). Ante a procedência do recurso patronal e
Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao apelo para, reformando a consequente improcedência total da demanda autoral, inverter a
sentença, afastar o reconhecimento do vínculo de emprego condenação em honorários advocatícios, agora a cargo do autor, no
diretamente com a empresa tomadora de serviços, mantendo hígido importe de 5% sobre o valor dado à causa. Inverter, também, as
o contrato de trabalho assinado pela empresa prestadora de custas, agora a cargo do reclamante, no valor de R$ 2.921,13
serviços e julgar improcedentes os pedidos fundados na aplicação (calculadas sobre o valor da causa), porém dispensadas, ante a
dos instrumentos coletivos da categoria (diferenças salariais para o concessão dos benefícios da justiça gratuita ao autor.
tíquetes refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados, Recife (PE), 18 de outubro de 2018.
diferença do abono de férias).
Ante a procedência do recurso patronal e consequente
improcedência total da demanda autoral, inverto a condenação em SERGIO TORRES TEIXEIRA
sobre o valor dado à causa. Inverto, também, as custas, agora a Desembargador Relator
valor da causa), porém dispensadas, ante a concessão dos EMMT

Acórdão
Processo Nº RO-0000462-95.2018.5.06.0401
CERTIDÃO DE JULGAMENTO RECORRENTE COMPANHIA ENERGETICA DE
PERNAMBUCO
MELO(OAB: 45865/PE)
publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de ADVOGADO WILKER FERREIRA DOS
MARIA DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO, com a presença do ADVOGADO ALEXANDRE JORGE TORRES
Exma. Sra. Procuradora Elizabeth Veiga e dos Exmos. Srs. Intimado(s)/Citado(s):

Desembargador Sergio Torres Teixeira (Relator) e Ibrahim Alves - ALISSON ALAN NUNES DA SILVA
unanimidade, DAR PROVIMENTO ao apelo para, reformando a

PODER
JUDICIÁRIO
diretamente com a empresa tomadora de serviços, mantendo hígido
o contrato de trabalho assinado pela empresa prestadora de
dos instrumentos coletivos da categoria (diferenças salariais para o
tíquetes refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados,
diferença do abono de férias). Ante a procedência do recurso PROC. N.º TRT - 0000462-95.2018.5.06.0401 (RO)
patronal e consequente improcedência total da demanda autoral,
inverter a condenação em honorários advocatícios, agora a cargo Órgão Julgador : Primeira Turma
do autor, no importe de 5% sobre o valor dado à causa. Inverter,
também, as custas, agora a cargo do reclamante, no valor de R$ Relator : Desembargador Sergio Torres Teixeira
2.921,13 (calculadas sobre o valor da causa), porém dispensadas,
ante a concessão dos benefícios da justiça gratuita ao autor. Recorrentes : COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO -
CELPE.

Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018. ENGENHARIA LTDA.
Secretária da 1ª Turma Procedência : VARA ÚNICA DO TRABALHO DE ARARIPINA-PE

EMENTA
Vistos etc.
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA (CELPE). DIREITO recorrente e de MAJESTOSA ENGENHARIA LTDA.
DA DISTINÇÃO ENTRE ATIVIDADE FIM E MEIO. Com a Em razões anexas (ID. fcdc152), a CELPE, com fundamento no art.
superveniência da decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF 1.036 do CPC, invoca julgado do C. TST (0000657-
324, "é lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou 98.2014.5.06.0020) para justificar o sobrestamento do feito até a
fim, de forma que não se configura relação de emprego entre a decisão final do STF sobre a licitude da terceirização dos serviços
contratante e o empregado da contratada". A diferenciação acerca por concessionárias de serviços públicos (Tema 739). Requer seja
da inserção da atividade subcontratada no âmbito do objeto social afastada a orientação da Súmula n° 331 do C. TST e sustenta a
da empresa, antes realizada à luz da Súmula n° 331, item III, do C. presença de expresso permissivo legal para terceirização das
TST, perdeu a razão de ser, mesmo para a prestação de serviços atividades subcontratadas, consoante norma do art. 25, §1°, da Lei
ocorrida anteriormente à publicação da Lei n° 13.467/2017. nº 8.987/1995, para afastá-la imprescindível a observância do art.
Considerando que a decisão produz efeitos vinculantes, próprios do 97 da CRFB e Súmula Vinculante n° 10. Alega que a edição da Lei
controle concentrado de constitucionalidade, traduzindo-se em n° 13.429/2017 afasta a controvérsia sobre a permissão de
precedente de observância obrigatória, nos termos do art. 927, terceirização em atividade-fim, cuja não observância implicaria
inciso I, do CPC e sob pena de, não a observando, incorrer-se em flagrante violação ao disposto no artigo 5°, II e 37, ambos da
ofensa ao art. 489, §4°, inciso VI, do CPC, esta passa a ser a Constituição da República. Requer, ainda, a exclusão da
posição adotada por este Juízo, ainda que com a ressalva de condenação em honorários advocatícios, já que não teria, o
entendimento pessoal. Superada, mediante a técnica da sinalização recorrido, comprovado, da forma adequada, sua condição de

Ora, a questão gira em torno da licitude ou não da terceirização
contratada entre as empresas demandadas.
VOTO
No entender deste relator, a regra é a impossibilidade de
contratação de empregados por empresa interposta e, havendo
terceirização na atividade-fim da empresa tomadora do serviço, com
a contratação de trabalhadores por meio de empresa que promove
a intermediação de mão-de-obra, evidencia-se fraude às normas
trabalhistas, que não passa pelo crivo do art. 9° da CLT.
Em casos tais, sempre me manifestei pelo reconhecimento do
PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE vínculo diretamente com quem, na realidade, era a empregadora,
não se aplicando disposto no art. 25, § 1°, da Lei n° 8.987/95.
representação processual e preparo, conheço do recurso. Acrescia, ainda, que a nova redação da Lei n° 6.019/1974, conferida
públicos.
STF).

do empreendimento, não se cogita, sequer, de condenação precedente interno por meio da sinalização (signaling), sobre a qual
subsidiária ou solidária, formando-se o vínculo diretamente com a me valho da lição doutrinária de Elisson Miessa:
empresa tomadora de serviços".
"A signaling consiste na técnica utilizada quando um tribunal, apesar
Porém, desde a vigência da Lei n° 13.105/2015, o nosso sistema de aplicar determinado precedente, ao perceber sua
processual adotou a formação e aplicação concentrada de desatualização, sinaliza sua futura superação. A técnica tem como
precedentes obrigatórios, com mecanismos próprios de controle da objetivo conceder segurança jurídica aos jurisdicionados, uma vez
sua observância pelos Tribunais, de modo a conferir concretude à que evita a superação do precedente de forma repentina.
norma do art. 926 do CPC (Os tribunais devem uniformizar sua
jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente). A aplicação de possível mudança nos precedentes tem como

Diante do provimento do recurso da reclamada no ponto (que gerou,
ante sua prejudicialidade, a improcedência total da demanda do Conclusão
reclamante), afastada deve ser, também, a condenação em
honorários advocatícios sob sua responsabilidade, pelo que
também se dá provimento ao recurso no ponto.
Por sua vez, tendo sido a demanda interposta após o início da
E restando o reclamante derrotado com o julgamento deste apelo, a
sucumbenciais, ainda que goze dos benefícios da justiça gratuita Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao apelo para, reformando a
(conforme parágrafo 4o do supracitado artigo). Fixo, pois, sentença, afastar o reconhecimento do vínculo de emprego
honorários advocatícios em favor das reclamadas no importe de 5% diretamente com a empresa tomadora de serviços, mantendo hígido
do valor dado à causa (patamar mínimo autorizado). o contrato de trabalho assinado pela empresa prestadora de
fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola diferença do abono de férias).
infraconstitucional, mencionados pelo recorrente, sendo Ante a procedência do recurso patronal e consequente
desnecessária a menção expressa a cada um deles, a teor do improcedência total da demanda autoral, inverto a condenação em
disposto na OJ n° 118 da SDI-I. honorários advocatícios, agora a cargo do autor, no importe de 5%

ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional dos instrumentos coletivos da categoria (diferenças salariais para o
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, DAR piso dos empregados da CELPE, indenização correspondente aos
PROVIMENTO ao apelo para, reformando a sentença, afastar o tíquetes refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados,
reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a empresa diferença do abono de férias). Ante a procedência do recurso
tomadora de serviços, mantendo hígido o contrato de trabalho patronal e consequente improcedência total da demanda autoral,
assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar inverter a condenação em honorários advocatícios, agora a cargo
improcedentes os pedidos fundados na aplicação dos instrumentos do autor, no importe de 5% sobre o valor dado à causa. Inverter,
coletivos da categoria (diferenças salariais para o piso dos também, as custas, agora a cargo do reclamante, no valor de R$
empregados da CELPE, indenização correspondente aos tíquetes 2.921,13 (calculadas sobre o valor da causa), porém dispensadas,
refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados, diferença ante a concessão dos benefícios da justiça gratuita ao autor.
consequente improcedência total da demanda autoral, inverter a Certifico e dou fé.
importe de 5% sobre o valor dado à causa. Inverter, também, as Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018.
(calculadas sobre o valor da causa), porém dispensadas, ante a
EMMT
Acórdão
Processo Nº RO-0000462-95.2018.5.06.0401
PERNAMBUCO
MELO(OAB: 45865/PE)

Desembargador Sergio Torres Teixeira (Relator) e Ibrahim Alves - MAJESTOSA ENGENHARIA LTDA

PODER
JUDICIÁRIO

PROC. N.º TRT - 0000462-95.2018.5.06.0401 (RO) Considerando que a decisão produz efeitos vinculantes, próprios do
Órgão Julgador : Primeira Turma precedente de observância obrigatória, nos termos do art. 927,
Recorrentes : COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - entendimento pessoal. Superada, mediante a técnica da sinalização
CELPE. (signaling), tese prevalecente no IUJ n° 0000217-
ENGENHARIA LTDA.
Procedência : VARA ÚNICA DO TRABALHO DE ARARIPINA-PE
RELATÓRIO
EMENTA
Vistos etc.
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA (CELPE). DIREITO recorrente e de MAJESTOSA ENGENHARIA LTDA.
DA DISTINÇÃO ENTRE ATIVIDADE FIM E MEIO. Com a Em razões anexas (ID. fcdc152), a CELPE, com fundamento no art.
superveniência da decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF 1.036 do CPC, invoca julgado do C. TST (0000657-

miserabilidade. Pede provimento. (Tema 725), julgou procedente o pedido formulado na ADPF 324. A
decisão foi publicada no DEJ e DOU 10/9/2018 e com atenção à
Não houve apresentação de contrarrazões. fundamentação nela contida os autos serão reexaminados.
Desnecessária a remessa dos presentes autos à Procuradoria Terceirização. Companhia Energética de Pernambuco - CELPE
Regional do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Regimento (ambos os recursos das rés)
pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por A CELPE requer seja afastada a orientação da Súmula n° 331 do C.
ocasião da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, TST e sustenta a presença de expresso permissivo legal para
XIII e VII, da Lei Complementar n° 75 de 1993. terceirização das atividades subcontratadas, consoante norma do
art. 25, §1°, da Lei nº 8.987/1995, para afastá-la imprescindível a
É o relatório. observância do art. 97 da CRFB e Súmula Vinculante n° 10. Alega
permissão de terceirização em atividade-fim, cuja não observância
implicaria flagrante violação ao disposto no artigo 5°, II e 37, ambos
da Constituição da República.
À análise.
VOTO

empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da § 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo,
empresa contratante" (Cf. Informativo de Jurisprudência n° 913 do considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título
STF). executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em
Desse modo e, considerando que a decisão produz efeitos aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo
vinculantes, próprios do controle concentrado de Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição
constitucionalidade, traduzindo-se em precedente de observância Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.
obrigatória pelos tribunais, nos termos do art. 927, inciso I, do CPC
e sob pena de, não a observando, incorrer-se em ofensa ao art. Uma vez formado o precedente de observância obrigatória, o
489, §4°, inciso VI, do CPC, este passa a ser o entendimento deste sistema processual previu uma série de instrumentos a disposição
Juízo, ainda que com a ressalva de meu entendimento pessoal. das partes com o intuito de provocar os tribunais a aplicá-lo. Não se
pode simplesmente ignorá-lo. Trata-se de um dever de disciplina
Sabe-se que este Regional, antes de extinto o procedimento do judiciária hierárquica.
Incidente de uniformização de Jurisprudência por meio da Lei n°
13.467/2017, havia firmado tese prevalecente, em demandas O caso em particular ostenta a peculiaridade de conflitar com tese
assemelhadas, no sentido de que "Constatada a fraude na prevalecente anteriormente adotada por este Tribunal Regional.
terceirização de mão-de-obra, por estar ela dirigida à atividade-fim Todavia, a hipótese comporta aplicação da técnica de superação do

Assim, no caso presente, improcedentes os pedidos que decorrem
da pretensão de reconhecimento de vínculo de emprego com a
CELPE, a saber, anotação na CTPS, as diferenças salariais para o
piso dos empregados da CELPE e suas repercussões, indenização
correspondente aos tíquetes refeição/alimentação, participação nos
lucros e resultados; diferença do abono de férias, tudo com previsão
nos instrumentos coletivo da categoria.
Recurso a que se dá provimento para, reformando a sentença,
afastar o reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a
empresa tomadora de serviços, mantendo hígido o contrato de
refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados e

ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional dos instrumentos coletivos da categoria (diferenças salariais para o
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, DAR piso dos empregados da CELPE, indenização correspondente aos
PROVIMENTO ao apelo para, reformando a sentença, afastar o tíquetes refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados,
reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a empresa diferença do abono de férias). Ante a procedência do recurso
tomadora de serviços, mantendo hígido o contrato de trabalho patronal e consequente improcedência total da demanda autoral,
assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar inverter a condenação em honorários advocatícios, agora a cargo
improcedentes os pedidos fundados na aplicação dos instrumentos do autor, no importe de 5% sobre o valor dado à causa. Inverter,
coletivos da categoria (diferenças salariais para o piso dos também, as custas, agora a cargo do reclamante, no valor de R$
empregados da CELPE, indenização correspondente aos tíquetes 2.921,13 (calculadas sobre o valor da causa), porém dispensadas,
refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados, diferença ante a concessão dos benefícios da justiça gratuita ao autor.
consequente improcedência total da demanda autoral, inverter a Certifico e dou fé.
importe de 5% sobre o valor dado à causa. Inverter, também, as Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018.

EMENTA
Acórdão
Processo Nº RO-0000828-96.2016.5.06.0016
RECORRENTE AMERICAN AIRLINES INC
ADVOGADO LETICIA RIBEIRO CRISSIUMA DE
FIGUEIREDO(OAB: 182309/SP)
RECORRIDO ANDRE HIGINO PEREIRA DA SILVA
ADVOGADO Flávio Ferreira de Araújo(OAB: 32767-
D/PE)
RECORRIDO VIT SERVICOS AUXILIARES DE
TRANSPORTES AEREOS LTDA
RECURSO ORDINÁRIO DA AMERICAN AIRLINES INC.
Intimado(s)/Citado(s): CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EMPRESA
- AMERICAN AIRLINES INC PRIVADA. TERCEIRIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA. I - A inadimplência do empregador em relação aos
créditos trabalhistas do obreiro atrai a incidência do instituto civil da
PODER responsabilidade por culpa (exegese dos artigos 186, 187 e 927 do
JUDICIÁRIO Código Civil), bem como se amolda aos termos da situação
preconizada pela Súmula nº. 331, inciso IV, do TST. II -
Independente de se tratar de terceirização lícita, o tomador dos
serviços, desde que tenha participado da relação processual e
conste também do título executivo judicial, responde,
subsidiariamente, por todas as obrigações trabalhistas que foram
objeto de inadimplemento por parte de seu real empregador. III -

PROC. Nº. TRT - RO - 0000828-96.2016.5.06.0016
Ressalta-se quea recente mudança de entendimento, diante das
decisões atuais do C. TST, em sintonia com julgados do Pretório

Excelso, no sentido de que é do reclamante o ônus da prova acerca
da efetiva fiscalização na execução do contrato de terceirização de

mão de obra por integrante da Administração Pública, não se aplica
à hipótese dos autos, eis que, em relação ao caso concreto, em que

Recorrente : AMERICAN AIRLINES INC
ocorreu a chamada "terceirização pura", a posição do STF
permanece inalterada. IV - Recurso Ordinário não provido.

Recorridos : ANDRE HIGINO PEREIRA DA SILVA e VIT
SERVICOS AUXILIARES DE TRANSPORTES AEREOS LTDA.
Advogados : LETICIA RIBEIRO CRISSIUMA DE FIGUEIREDO,
FLÁVIO FERREIRA DE ARAÚJO E RICARDO CHRISTOPHE DA
ROCHA FREIRE
Procedência : 16ª VARA DO TRABALHO DO RECIFE-PE

Vistos etc.
VOTO:
Recurso Ordinário interposto pela AMERICAN AIRLINES INC de
decisão proferida pelo MM. Juízo do 16ª Vara do Trabalho do Recife Dos pressupostos de admissibilidade
- PE, que julgou procedentes em parte os pedidos formulados na
ação trabalhista ajuizada por ANDRE HIGINO PEREIRA DA SILVA O recurso é tempestivo, a representação está regular e o preparo foi
em que também contende VIT SERVICOS AUXILIARES DE observado (fl. 821/824). Satisfeitos, assim, os requisitos de
TRANSPORTES AEREOS LTDA., nos termos da fundamentação admissibilidade, dele conheço, bem como das contrarrazões.
da sentença (fls. 762/775).
Das considerações iniciais
Nas razões recursais (fls. 792/820), o recorrente insurge-se contra a
responsabilidade subsidiária que lhe foi imputada, sob o Apenas a título de esclarecimento, em virtude da entrada em vigor
fundamento de que a existência de contrato de prestação de da lei 13.467 de 20117 em 11.11.2017, destaco que o contrato de
serviços com a primeira demandada não induz, necessariamente, trabalho do autor ocorreu entre 15.02.2011 a 03.06.2016, bem como
na responsabilidade pelos créditos reconhecidos nesta ação, que a presente ação trabalhista foi ajuizada por 21.06.2016.
especialmente porque não há prova de que o recorrido lhe prestou
serviços de forma exclusiva. Assevera que firmou contrato com a Cumpre esclarecer que a nova Lei n° 13.429/2017 regula os
primeira reclamada para o fornecimento de água, limpeza de contratos celebrados e executados a partir de sua vigência
aeronaves e descarregamento de bagagens, cabendo apreciar se (31.3.2017). Regula, ainda, conforme norma de direito intertemporal
houve ou não a prestação de serviços por parte do recorrido. Alega expressamente contida no art. 19-C, os contratos em vigência, se
que as partes celebraram contrato de natureza civil para prestação as partes assim acordarem.
de serviços especializados de assistência em pista, inexistindo
qualquer demonstração de que o recorrido tenha efetivamente Ainda que se considere a nova redação conferida ao art. 4º-A da Lei
prestado serviços em favor da recorrente, ônus que, inclusive, lhe 6019/74, alterada pela Lei 13.467/17, em nenhuma hipótese poderá
competia, nos termos dos artigos 373, do CPC e 818, da CLT e do a novel legislação alcançar os contratos celebrados e executados
qual não se desvencilhou. Faz vasta digressão sobre o tema e na fase anterior à vigência da lei nova, por imperativo constitucional
transcreve a prova oral e a jurisprudência correlatas. Em relação ao decorrente do art. 5°, inciso XXXVI, da Constituição da República,
deferimento de diferenças salariais por acúmulo de função, que estabelece o princípio da irretroatividade das leis, apesar dos
argumenta que inexiste cláusula no contrato de trabalho, limitando seus efeitos imediatos. Não há que se falar, pois, em cancelamento
as tarefas de incumbência daquele, tampouco vedando o exercício automático da Súmula 331 do TST e de IUJ sobre a matéria.
de atividades atinentes a outras funções, razão pela qual não há
que se falar em enriquecimento sem causa e muito menos em má- Feitas essas considerações, passo a apreciar o mérito do apelo.
fé contratual. Protesta contra a condenação ao pagamento das
multas dos artigos 477 e 467 da CLT. Sucessivamente, clama pela NO MÉRITO
concessão do benefício de ordem. Pede provimento.
Da Responsabilidade subsidiária. Súmula 331 do TST.
Contrarrazões apresentadas (fls. 852/872).
O recorrente insurge-se contra a responsabilidade subsidiária que
Desnecessária a remessa dos presentes autos à Procuradoria lhe foi imputada, sob o fundamento de que a existência de contrato
Regional do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Regimento de prestação de serviços com a primeira demandada não induz,
Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se necessariamente, na responsabilidade pelos créditos reconhecidos
pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por nesta ação, especialmente porque não há prova de que o recorrido
ocasião da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, lhe prestou serviços de forma exclusiva.
Assevera que firmou contrato com a primeira reclamada para o
É o relatório. fornecimento de água, limpeza de aeronaves e descarregamento de

bagagens, cabendo apreciar se houve ou não a prestação de exercer o seu direito de regresso, na esfera civil, contra o real
serviços por parte do recorrido. empregador.
Alega que as partes celebraram contrato de natureza civil para Cumpre destacar que a responsabilidade subsidiária do recorrente é
prestação de serviços especializados de assistência em pista, objetiva e abrange todas as parcelas devidas pela empresa
inexistindo qualquer demonstração de que o recorrido tenha prestadora de serviços (principal), conforme item VI da Súmula, não
efetivamente prestado serviços em favor da recorrente, ônus que, havendo distinguir a natureza da parcela, se personalíssima ou
inclusive, lhe competia, nos termos dos artigos 373, do CPC e 818, decorrente de penalidade.
da CLT e do qual não se desvencilhou.
Ademais, o instrumento contratual mantido entre as empresas não
Sem razão, entretanto. tem o condão de afastar a responsabilidade trabalhista, eis que se
trata de pacto de natureza civil.
O Juízo de origem deferiu o pleito por considerar que houve
contrato de prestação de serviços entre os réus, razão pela qual Desse modo, sendo incontroverso o contrato de prestação de
reconheceu a responsabilidade subsidiária, e tenho como serviços, pouco importa discutir a exclusividade na prestação de
incensurável tal decisão. serviços, tampouco a liberdade da empresa subcontratada na forma
de prestação, pois estas características são próprias da
Restou incontroverso, no desenrolar da instrução processual, que terceirização, quando licitamente realizada.
os réus realizaram contrato de prestação e serviços para
movimentação de carga no solo, consoante documento dos autos Logo, em razão de ter sido beneficiada diretamente pelos serviços
(fls. 164/182). prestados pelo obreiro, a segunda ré responder subsidiariamente
pelas verbas trabalhistas e rescisórias reconhecido, com fulcro no
Cumpre asseverar que a responsabilidade subsidiária do tomador entendimento contido na Súmula 331, inciso IV, do TST, a qual
de serviços, no caso de terceirização, decorre de uma reformulação dispõe:
da teoria da responsabilidade civil, cujo campo de incidência tem
sido ampliado não apenas em relação ao número de pessoas Súmula n. 331 do TST: CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE
responsáveis pelos danos, admitindo a responsabilidade direta por SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os
fato próprio e indireto por fato de terceiros, fundada na idéia de itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30
culpa presumida. e 31.05.2011 (...)
Obtempero que o fundamento da subsidiariedade está embasado IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
também nos artigos 186, 187 e 927 do Código Civil e encontra empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos
justificativa no privilégio conferido aos créditos trabalhistas que não serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da
podem ser preteridos em função da possível insuficiência relação processual e conste também do título executivo judicial. (...)
econômica da empresa prestadora contratada.
Nesse sentido, colho da jurisprudência deste Tribunal:
Embora a terceirização tenha sido legalmente efetuada, e mesmo
que o vínculo empregatício tenha sido formado com a prestadora de EMENTA: TERCEIRIZAÇÃO - INADIMPLÊNCIA DA EMPRESA
serviços, tal fato não tem o condão de afastar a responsabilidade CONTRATADA - RESPONSABILIDADE DA TOMADORA DOS
subsidiária da tomadora de serviços (Súmula n.º 331, IV, do TST). SERVIÇOS - No Direito do Trabalho, a doutrina e a jurisprudência
seguiram a direção da responsabilidade subsidiária do tomador que
Observe-se que, quando o processo de terceirização for realizado se utiliza da prestação de serviços ou consecução de obra como
licitamente e o prestador de serviços não puder arcar com os ônus parte de sua dinâmica empresarial. Assim, a Súmula nº 331, IV do
legais derivados da contratação de seus trabalhadores, o tomador C. TST, sob a epígrafe da terceirização, veio incorporar esse
de serviços responderá, subsidiariamente, pelos direitos entendimento, de forma a reconhecer a responsabilidade subsidiária
inadimplidos, podendo, por aplicação analógica do art. 455 da CLT, da empresa tomadora de serviços pelas verbas trabalhistas devidas

pela empresa concretizadora da obra ou serviço, ainda quando se empregado que igualmente desempenha a função correspondente
tratando de terceirização lícita. Recurso improvido, no ao salário mais elevado.
particular.(Proc. nº TRT - 0144800-05.2008.5.06.0017 - Órgão
Julgador: 1ª Turma - Relator: Desembargador Federal do Trabalho No caso sub judice, entendo que o autor se desincumbiu do seu
Ivan de Souza Valença Alves)" encargo probatório quanto à configuração do acúmulo funcional
apontado na inicial, a teor dos artigos 373, I, do NCPC e 818 da
Desse modo, não há se falar em malferimento do princípio da CLT.
legalidade por parte da aplicabilidade da súmula em comento, mas,
apenas em releitura dos preceitos legalmente aplicáveis ao caso. A Testemunha obreira, confirmou que as atividades desenvolvidas
pelo autor, de Auxiliar de limpeza das aeronaves, eram cumuladas
Dessa forma, tendo a segunda ré sido beneficiada diretamente dos com a de Auxiliar da rampa, no tocante ao descarrego de bagagens,
serviços prestados pelo autor, deve responder subsidiariamente sendo funções independentes, ao informar que (fls. 750/751 - Grifos
pelos créditos deferidos, razão pela mantenho a sentença de de agora):
origem. Nego provimento.
Primeira testemunha do reclamante: NILTON TEODORO DA
Do acúmulo de função SILVA JUNIOR, (...) " QUE não esta portando sua CTPS; QUE foi
empregado da VIT SOLO de 25/01/2012 até 06/06/2016; QUE só
Em relação ao deferimento de diferenças salariais por acúmulo de trabalhava para a terceira reclamada; QUE na CTPS o cargo inicial
função, argumenta que inexiste cláusula no contrato de trabalho, registrado é auxiliar de rampa, cargo desempenhou por um ano e
limitando as tarefas de incumbência daquele, tampouco vedando o meio, dois anos; QUE depois foi promovido para operador de
exercício de atividades atinentes a outras funções, razão pela qual equipamento, dirigindo tratores no pátio, levando bagagens e outras
não há que se falar em enriquecimento sem causa e muito menos cargas; (...)QUE durante o dia não tinha muito contato com o
em má-fé contratual. reclamante pois trabalhavam em funções diferentes, mas que o via
diariamente; QUE o reclamante arrumava todo material de limpeza
Na inicial, narrou o autor que "(...) que em que pese ter sido para quando o avião chegar fazer a limpeza da aeronave; QUE era
contratado para exercer a função de Auxiliar de serviços o pessoal da limpeza quem ia retirar as bagagens do avião
operacionais ( Auxiliar de Limpeza), também realizava a função de antes de subirem para a limpeza; QUE na época que o
auxiliar de Rampa." AMERICAN chegava pela manha não havia o pessoal de rampa
pela manha; QUE estes só chegavam a noite para carregar a
Observa-se que o parágrafo único do art.456 da CLT estabelece aeronave com as bagagens; (...) QUE o reclamante fazia parte
que o empregador pode exigir do trabalhador qualquer atividade do pessoal da limpeza da manha e também retirava as
lícita e que não for incompatível com a natureza do trabalho bagagens; (...)QUE ele depoente era quem transportava as
pactuado, sem que isso implique o pagamento de adicional sobre a bagagens da aeronave para a esteira de coletagem para os
remuneração. passageiros; QUE umas 02 pessoas da limpeza eram designadas
também para colocar as bagagens da esteira e os outros que
Dessa forma, tenha-se que é facultado ao empregador atribuir ao ficavam subiam para a limpeza; (...)"
empregado, no curso do contrato de trabalho, outras tarefas além
daquelas inicialmente desempenhadas, de modo a adequar a Ora, segundo o depoimento transcrito, existiam empregados
prestação de serviços às necessidades do empreendimento. destinados a executar a função específica de carrego e descarrego
de bagagens, entretanto os referidos funcionários só chegavam a
Diante disso, a simples configuração de prestação de atividades noite, de forma que, no período diurno, a citada atividade era
distintas durante a mesma jornada de trabalho não se presta a desempenhada pelos empregados que também limpavam
caracterizar o direito a um plussalarial, salvo se uma das funções internamente a aeronave.
exercidas é inerente a cargo cuja remuneração é superior, o que
configuraria desvio de função dentro do quadro de pessoal Além disso, o preposto da ré disse desconhecer cláusula contratual
organizado em carreira, ou a equiparação salarial com outro entre as reclamadas, informando ainda que nunca leu o contrato

realizado entre as partes. Confira-se:
A ré principal foi revel e a terceira ré, ora recorrente, em defesa, Súmula nº 69 do TST
apenas alegou que manteve relação de prestação de serviços com
a primeira demandada, de forma que não tinha ingerência sobre as RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ
atividades desenvolvidas pelos empregados. 19, 20 e 21.11.2003
Transcrevo, por oportuno, a lição do sempre lembrado José Martins A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do
Catarino sobre a matéria: contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de
fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas
"(...) Vale citar as palavras do eminente Prof. Martins Catharino: ... rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de
para a conclusão de que, admitido no plano fático o acúmulo de 50% (cinqüenta por cento).
dupla função, seria caso de promiscuidade funcional e não de
duplicidade contratual, por não possuir a pessoa do trabalhador o Não sendo possível extrair dos autos o pagamento das verbas
dom da ubiqüidade: ...ante o binômio tempo-espaço, não faz jus a rescisórias - tidas por incontroversamente devidas em face da
dois salários o empregado que, além dos serviços específicos para presunção de veracidade dos fatos narrados na exordial - não há
os quais foi contratado, outros executar, no mesmo horário..., salvo como escapar da aplicação do comando punitivo.
se remunerado por unidade de obra. Pode, sim, opor-se à alteração
(CLT, art. 468), ou pretender, se for o caso, igualdade salarial (arts. Quanto à multa prevista no § 8º, do artigo 477, da CLT, a
460 e 461") (in: Compêndio de Direito do Trabalho), p. 279 - 2.ed. penalidade visa a coibir o atraso injustificado no pagamento das
rev. atualizada e aum. - São Paulo: Saraiva - 1981). verbas rescisórias, quando o empregador descumpre o prazo do §
6º (não incidindo sobre diferençasde direitos rescisórios
Dessa forma, entendo que se verifica o acúmulo de função reconhecidas judicialmente).
informado pelo obreiro, uma vez que as atividades por ele descritas
eram independentes. Recurso negado. De se destacar que a multa do art. 477, § 8º, da CLT restringe-se
aos casos de atraso para a quitação das verbas resilitórias,
Das multas dos artigos 477 e 467 da CLT devendo o texto de lei que fundamenta a pretensão do autor
(cláusula penal) ser interpretado restritivamente (art. 293, CPC). O
Protesta contra a condenação ao pagamento das multas dos artigos fato de a homologação da rescisão ter ocorrido fora do prazo
477 e 467 da CLT. previsto no § 6º do referido preceito legal não enseja o direito à
multa pleiteada pelo autor, mormente quando o pagamento das
Sem razão. verbas da rescisão foi feito por meio de depósito bancário, dentro do
decêndio legal.
O artigo 467 da CLT estabelece que o empregador é obrigado a
pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Com tais considerações, tendo em vista a ausência de
Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, sob pena de comprovação de pagamento das verbas rescisórias, resta devida,
pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento. também, a multa do art. 477 da CLT.
Perfilho do entendimento de que a revelia e os efeitos da confissão Nego, pois, provimento.
ficta tornaram incontroverso o direito do autor ao recebimento de
verbas rescisórias e a falta de quitação na primeira audiência enseja Do benefício de ordem
a aplicação da sanção prevista no art. 467 da CLT.
Requer a recorrente, sucessivamente, a limitação da
Tal matéria, aliás, encontra-se consolidada na jurisprudência do C. responsabilidade da empresa, para que, antes do redirecionamento
Tribunal Superior do Trabalho, especificamente na Sumula n° 69, da execução para a responsável subsidiária, sejam primeiramente
cujo teor é cristalino acerca do entendimento acima esposado. atacados todos os bens da primeira reclamada e inclusive de

seussócios.
Entretanto, razão não lhe assiste, quanto a tal insurgência.
É que, no processo de execução trabalhista, o devedor subsidiário
possui o direito de invocar o benefício de ordem, amparado no art.
595 do CPC (atual artigos 794 e 795 do NCPC) e 827 do Novo
Código Civil. Não obstante, ao alegar o benefício de ordem, o
responsável subsidiário "deve nomear bens do devedor, sitos no
mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem para
solver o débito".
Ademais, a seara patrimonial dos sócios (pessoas físicas) somente
pode ser invadida mediante a caracterização das hipóteses
previstas nos §§ 2º, 3º e 4º do art. 28 do Código de Defesa do
Consumidor. Daí porque os bens dos sócios somente poderão ser
excutidos quando esgotadas as possibilidades de constrição dos
bens das pessoas jurídicas identificadas no título executivo,
situação que autoriza a aplicação da teoria da desconsideração da
personalidade jurídica para fins de reconhecimento de sua
responsabilidade patrimonial (art. 50 do CC).
Ressalte-se, como já dito, que ao devedor subsidiário é assegurado Conclusão
o direito de propor ação regressiva contra o devedor principal nos
termos da legislação civil, uma vez que fica sub-rogado no crédito,
bem como o direito de retenção de importâncias a este porventura
devidas (CLT, art. 455, parágrafo único).
Desta forma, restando insolvente a devedora principal e com
patrimônio insuficiente para fazer frente aos seus débitos, é de ser
procedida a citação do responsável subsidiário. Recurso negado
Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso ordinário.
um deles, a teor do disposto na OJ nº 118, da SDI-I/TST.

do Trabalho da Sexta Região, por maioria, NEGAR PROVIMENTO
ao recurso ordinário, vencido, em parte, o Exmo. Juiz ibrahim Alves
Filho (que lhe dava provimento parcial para excluir da condenação a
diferença salarial por acúmulo de funções e reflexos).
Acórdão
Processo Nº RO-0000828-96.2016.5.06.0016
SERGIO TORRES TEIXEIRA D/PE)
- ANDRE HIGINO PEREIRA DA SILVA
EMMT
PODER
CERTIDÃO DE JULGAMENTO JUDICIÁRIO

PROC. Nº. TRT - RO - 0000828-96.2016.5.06.0016

Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por maioria, NEGAR

PROVIMENTO ao recurso ordinário, vencido, em parte, o Exmo.
Juiz ibrahim Alves Filho (que lhe dava provimento parcial para
Recorrente : AMERICAN AIRLINES INC
excluir da condenação a diferença salarial por acúmulo de funções
e reflexos).
Recorridos : ANDRE HIGINO PEREIRA DA SILVA e VIT


ROCHA FREIRE

Procedência : 16ª VARA DO TRABALHO DO RECIFE-PE
Vistos etc.
decisão proferida pelo MM. Juízo do 16ª Vara do Trabalho do Recife
ação trabalhista ajuizada por ANDRE HIGINO PEREIRA DA SILVA
em que também contende VIT SERVICOS AUXILIARES DE
TRANSPORTES AEREOS LTDA., nos termos da fundamentação
EMENTA da sentença (fls. 762/775).
responsabilidade subsidiária que lhe foi imputada, sob o
fundamento de que a existência de contrato de prestação de
serviços com a primeira demandada não induz, necessariamente,
na responsabilidade pelos créditos reconhecidos nesta ação,
serviços de forma exclusiva. Assevera que firmou contrato com a
RECURSO ORDINÁRIO DA AMERICAN AIRLINES INC. primeira reclamada para o fornecimento de água, limpeza de
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EMPRESA aeronaves e descarregamento de bagagens, cabendo apreciar se
PRIVADA. TERCEIRIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE houve ou não a prestação de serviços por parte do recorrido. Alega
SUBSIDIÁRIA. I - A inadimplência do empregador em relação aos que as partes celebraram contrato de natureza civil para prestação
créditos trabalhistas do obreiro atrai a incidência do instituto civil da de serviços especializados de assistência em pista, inexistindo
responsabilidade por culpa (exegese dos artigos 186, 187 e 927 do qualquer demonstração de que o recorrido tenha efetivamente
Código Civil), bem como se amolda aos termos da situação prestado serviços em favor da recorrente, ônus que, inclusive, lhe
preconizada pela Súmula nº. 331, inciso IV, do TST. II - competia, nos termos dos artigos 373, do CPC e 818, da CLT e do
Independente de se tratar de terceirização lícita, o tomador dos qual não se desvencilhou. Faz vasta digressão sobre o tema e
serviços, desde que tenha participado da relação processual e transcreve a prova oral e a jurisprudência correlatas. Em relação ao
conste também do título executivo judicial, responde, deferimento de diferenças salariais por acúmulo de função,
subsidiariamente, por todas as obrigações trabalhistas que foram argumenta que inexiste cláusula no contrato de trabalho, limitando
objeto de inadimplemento por parte de seu real empregador. III - as tarefas de incumbência daquele, tampouco vedando o exercício
Ressalta-se quea recente mudança de entendimento, diante das de atividades atinentes a outras funções, razão pela qual não há
decisões atuais do C. TST, em sintonia com julgados do Pretório que se falar em enriquecimento sem causa e muito menos em má-
Excelso, no sentido de que é do reclamante o ônus da prova acerca fé contratual. Protesta contra a condenação ao pagamento das
da efetiva fiscalização na execução do contrato de terceirização de multas dos artigos 477 e 467 da CLT. Sucessivamente, clama pela
mão de obra por integrante da Administração Pública, não se aplica concessão do benefício de ordem. Pede provimento.
à hipótese dos autos, eis que, em relação ao caso concreto, em que
ocorreu a chamada "terceirização pura", a posição do STF Contrarrazões apresentadas (fls. 852/872).
permanece inalterada. IV - Recurso Ordinário não provido.

Assevera que firmou contrato com a primeira reclamada para o
É o relatório. fornecimento de água, limpeza de aeronaves e descarregamento de
bagagens, cabendo apreciar se houve ou não a prestação de
VOTO: serviços por parte do recorrido.
Dos pressupostos de admissibilidade Alega que as partes celebraram contrato de natureza civil para
prestação de serviços especializados de assistência em pista,
O recurso é tempestivo, a representação está regular e o preparo foi inexistindo qualquer demonstração de que o recorrido tenha
observado (fl. 821/824). Satisfeitos, assim, os requisitos de efetivamente prestado serviços em favor da recorrente, ônus que,
admissibilidade, dele conheço, bem como das contrarrazões. inclusive, lhe competia, nos termos dos artigos 373, do CPC e 818,
Sem razão, entretanto.
Apenas a título de esclarecimento, em virtude da entrada em vigor
da lei 13.467 de 20117 em 11.11.2017, destaco que o contrato de O Juízo de origem deferiu o pleito por considerar que houve
trabalho do autor ocorreu entre 15.02.2011 a 03.06.2016, bem como contrato de prestação de serviços entre os réus, razão pela qual
que a presente ação trabalhista foi ajuizada por 21.06.2016. reconheceu a responsabilidade subsidiária, e tenho como
incensurável tal decisão.
Cumpre esclarecer que a nova Lei n° 13.429/2017 regula os
contratos celebrados e executados a partir de sua vigência Restou incontroverso, no desenrolar da instrução processual, que
(31.3.2017). Regula, ainda, conforme norma de direito intertemporal os réus realizaram contrato de prestação e serviços para
expressamente contida no art. 19-C, os contratos em vigência, se movimentação de carga no solo, consoante documento dos autos
as partes assim acordarem. (fls. 164/182).
Ainda que se considere a nova redação conferida ao art. 4º-A da Lei Cumpre asseverar que a responsabilidade subsidiária do tomador
6019/74, alterada pela Lei 13.467/17, em nenhuma hipótese poderá de serviços, no caso de terceirização, decorre de uma reformulação
a novel legislação alcançar os contratos celebrados e executados da teoria da responsabilidade civil, cujo campo de incidência tem
na fase anterior à vigência da lei nova, por imperativo constitucional sido ampliado não apenas em relação ao número de pessoas
decorrente do art. 5°, inciso XXXVI, da Constituição da República, responsáveis pelos danos, admitindo a responsabilidade direta por
que estabelece o princípio da irretroatividade das leis, apesar dos fato próprio e indireto por fato de terceiros, fundada na idéia de
seus efeitos imediatos. Não há que se falar, pois, em cancelamento culpa presumida.
automático da Súmula 331 do TST e de IUJ sobre a matéria.
Obtempero que o fundamento da subsidiariedade está embasado
Feitas essas considerações, passo a apreciar o mérito do apelo. também nos artigos 186, 187 e 927 do Código Civil e encontra
justificativa no privilégio conferido aos créditos trabalhistas que não
NO MÉRITO podem ser preteridos em função da possível insuficiência
O recorrente insurge-se contra a responsabilidade subsidiária que que o vínculo empregatício tenha sido formado com a prestadora de
lhe foi imputada, sob o fundamento de que a existência de contrato serviços, tal fato não tem o condão de afastar a responsabilidade
de prestação de serviços com a primeira demandada não induz, subsidiária da tomadora de serviços (Súmula n.º 331, IV, do TST).
necessariamente, na responsabilidade pelos créditos reconhecidos
nesta ação, especialmente porque não há prova de que o recorrido Observe-se que, quando o processo de terceirização for realizado
lhe prestou serviços de forma exclusiva. licitamente e o prestador de serviços não puder arcar com os ônus
legais derivados da contratação de seus trabalhadores, o tomador

de serviços responderá, subsidiariamente, pelos direitos entendimento, de forma a reconhecer a responsabilidade subsidiária
inadimplidos, podendo, por aplicação analógica do art. 455 da CLT, da empresa tomadora de serviços pelas verbas trabalhistas devidas
exercer o seu direito de regresso, na esfera civil, contra o real pela empresa concretizadora da obra ou serviço, ainda quando se
empregador. tratando de terceirização lícita. Recurso improvido, no
Cumpre destacar que a responsabilidade subsidiária do recorrente é Julgador: 1ª Turma - Relator: Desembargador Federal do Trabalho
objetiva e abrange todas as parcelas devidas pela empresa Ivan de Souza Valença Alves)"
prestadora de serviços (principal), conforme item VI da Súmula, não
havendo distinguir a natureza da parcela, se personalíssima ou Desse modo, não há se falar em malferimento do princípio da
decorrente de penalidade. legalidade por parte da aplicabilidade da súmula em comento, mas,
apenas em releitura dos preceitos legalmente aplicáveis ao caso.
tem o condão de afastar a responsabilidade trabalhista, eis que se Dessa forma, tendo a segunda ré sido beneficiada diretamente dos
trata de pacto de natureza civil. serviços prestados pelo autor, deve responder subsidiariamente
pelos créditos deferidos, razão pela mantenho a sentença de
Desse modo, sendo incontroverso o contrato de prestação de origem. Nego provimento.
serviços, pouco importa discutir a exclusividade na prestação de
serviços, tampouco a liberdade da empresa subcontratada na forma Do acúmulo de função
terceirização, quando licitamente realizada. Em relação ao deferimento de diferenças salariais por acúmulo de
função, argumenta que inexiste cláusula no contrato de trabalho,
Logo, em razão de ter sido beneficiada diretamente pelos serviços limitando as tarefas de incumbência daquele, tampouco vedando o
prestados pelo obreiro, a segunda ré responder subsidiariamente exercício de atividades atinentes a outras funções, razão pela qual
pelas verbas trabalhistas e rescisórias reconhecido, com fulcro no não há que se falar em enriquecimento sem causa e muito menos
entendimento contido na Súmula 331, inciso IV, do TST, a qual em má-fé contratual.
dispõe:
Na inicial, narrou o autor que "(...) que em que pese ter sido
Súmula n. 331 do TST: CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE contratado para exercer a função de Auxiliar de serviços
SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os operacionais ( Auxiliar de Limpeza), também realizava a função de
itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 auxiliar de Rampa."
e 31.05.2011 (...)
Observa-se que o parágrafo único do art.456 da CLT estabelece
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do que o empregador pode exigir do trabalhador qualquer atividade
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos lícita e que não for incompatível com a natureza do trabalho
serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da pactuado, sem que isso implique o pagamento de adicional sobre a
relação processual e conste também do título executivo judicial. (...) remuneração.
Nesse sentido, colho da jurisprudência deste Tribunal: Dessa forma, tenha-se que é facultado ao empregador atribuir ao
EMENTA: TERCEIRIZAÇÃO - INADIMPLÊNCIA DA EMPRESA daquelas inicialmente desempenhadas, de modo a adequar a
CONTRATADA - RESPONSABILIDADE DA TOMADORA DOS prestação de serviços às necessidades do empreendimento.
SERVIÇOS - No Direito do Trabalho, a doutrina e a jurisprudência
seguiram a direção da responsabilidade subsidiária do tomador que Diante disso, a simples configuração de prestação de atividades
se utiliza da prestação de serviços ou consecução de obra como distintas durante a mesma jornada de trabalho não se presta a
parte de sua dinâmica empresarial. Assim, a Súmula nº 331, IV do caracterizar o direito a um plussalarial, salvo se uma das funções
C. TST, sob a epígrafe da terceirização, veio incorporar esse exercidas é inerente a cargo cuja remuneração é superior, o que

configuraria desvio de função dentro do quadro de pessoal Além disso, o preposto da ré disse desconhecer cláusula contratual
organizado em carreira, ou a equiparação salarial com outro entre as reclamadas, informando ainda que nunca leu o contrato
empregado que igualmente desempenha a função correspondente realizado entre as partes.
ao salário mais elevado.
A ré principal foi revel e a terceira ré, ora recorrente, em defesa,
No caso sub judice, entendo que o autor se desincumbiu do seu apenas alegou que manteve relação de prestação de serviços com
encargo probatório quanto à configuração do acúmulo funcional a primeira demandada, de forma que não tinha ingerência sobre as
apontado na inicial, a teor dos artigos 373, I, do NCPC e 818 da atividades desenvolvidas pelos empregados.
CLT.
Transcrevo, por oportuno, a lição do sempre lembrado José Martins
A Testemunha obreira, confirmou que as atividades desenvolvidas Catarino sobre a matéria:
com a de Auxiliar da rampa, no tocante ao descarrego de bagagens, "(...) Vale citar as palavras do eminente Prof. Martins Catharino: ...
sendo funções independentes, ao informar que (fls. 750/751 - Grifos para a conclusão de que, admitido no plano fático o acúmulo de
de agora): dupla função, seria caso de promiscuidade funcional e não de
duplicidade contratual, por não possuir a pessoa do trabalhador o
Primeira testemunha do reclamante: NILTON TEODORO DA dom da ubiqüidade: ...ante o binômio tempo-espaço, não faz jus a
SILVA JUNIOR, (...) " QUE não esta portando sua CTPS; QUE foi dois salários o empregado que, além dos serviços específicos para
empregado da VIT SOLO de 25/01/2012 até 06/06/2016; QUE só os quais foi contratado, outros executar, no mesmo horário..., salvo
trabalhava para a terceira reclamada; QUE na CTPS o cargo inicial se remunerado por unidade de obra. Pode, sim, opor-se à alteração
registrado é auxiliar de rampa, cargo desempenhou por um ano e (CLT, art. 468), ou pretender, se for o caso, igualdade salarial (arts.
meio, dois anos; QUE depois foi promovido para operador de 460 e 461") (in: Compêndio de Direito do Trabalho), p. 279 - 2.ed.
equipamento, dirigindo tratores no pátio, levando bagagens e outras rev. atualizada e aum. - São Paulo: Saraiva - 1981).
cargas; (...)QUE durante o dia não tinha muito contato com o
reclamante pois trabalhavam em funções diferentes, mas que o via Dessa forma, entendo que se verifica o acúmulo de função
diariamente; QUE o reclamante arrumava todo material de limpeza informado pelo obreiro, uma vez que as atividades por ele descritas
para quando o avião chegar fazer a limpeza da aeronave; QUE era eram independentes. Recurso negado.
o pessoal da limpeza quem ia retirar as bagagens do avião
antes de subirem para a limpeza; QUE na época que o Das multas dos artigos 477 e 467 da CLT
AMERICAN chegava pela manha não havia o pessoal de rampa
pela manha; QUE estes só chegavam a noite para carregar a Protesta contra a condenação ao pagamento das multas dos artigos
aeronave com as bagagens; (...) QUE o reclamante fazia parte 477 e 467 da CLT.
do pessoal da limpeza da manha e também retirava as
bagagens; (...)QUE ele depoente era quem transportava as Sem razão.
bagagens da aeronave para a esteira de coletagem para os
passageiros; QUE umas 02 pessoas da limpeza eram designadas O artigo 467 da CLT estabelece que o empregador é obrigado a
também para colocar as bagagens da esteira e os outros que pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do
ficavam subiam para a limpeza; (...)" Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, sob pena de
pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento.
Ora, segundo o depoimento transcrito, existiam empregados
destinados a executar a função específica de carrego e descarrego Perfilho do entendimento de que a revelia e os efeitos da confissão
de bagagens, entretanto os referidos funcionários só chegavam a ficta tornaram incontroverso o direito do autor ao recebimento de
noite, de forma que, no período diurno, a citada atividade era verbas rescisórias e a falta de quitação na primeira audiência enseja
desempenhada pelos empregados que também limpavam a aplicação da sanção prevista no art. 467 da CLT.
internamente a aeronave.
Tal matéria, aliás, encontra-se consolidada na jurisprudência do C.

Tribunal Superior do Trabalho, especificamente na Sumula n° 69, da execução para a responsável subsidiária, sejam primeiramente
cujo teor é cristalino acerca do entendimento acima esposado. atacados todos os bens da primeira reclamada e inclusive de
Confira-se: seussócios.
Súmula nº 69 do TST Entretanto, razão não lhe assiste, quanto a tal insurgência.
RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ É que, no processo de execução trabalhista, o devedor subsidiário
19, 20 e 21.11.2003 possui o direito de invocar o benefício de ordem, amparado no art.
A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do Código Civil. Não obstante, ao alegar o benefício de ordem, o
contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de responsável subsidiário "deve nomear bens do devedor, sitos no
fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem para
rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de solver o débito".
50% (cinqüenta por cento).
Não sendo possível extrair dos autos o pagamento das verbas pode ser invadida mediante a caracterização das hipóteses
rescisórias - tidas por incontroversamente devidas em face da previstas nos §§ 2º, 3º e 4º do art. 28 do Código de Defesa do
presunção de veracidade dos fatos narrados na exordial - não há Consumidor. Daí porque os bens dos sócios somente poderão ser
como escapar da aplicação do comando punitivo. excutidos quando esgotadas as possibilidades de constrição dos
Quanto à multa prevista no § 8º, do artigo 477, da CLT, a situação que autoriza a aplicação da teoria da desconsideração da
penalidade visa a coibir o atraso injustificado no pagamento das personalidade jurídica para fins de reconhecimento de sua
verbas rescisórias, quando o empregador descumpre o prazo do § responsabilidade patrimonial (art. 50 do CC).
reconhecidas judicialmente). Ressalte-se, como já dito, que ao devedor subsidiário é assegurado
De se destacar que a multa do art. 477, § 8º, da CLT restringe-se termos da legislação civil, uma vez que fica sub-rogado no crédito,
aos casos de atraso para a quitação das verbas resilitórias, bem como o direito de retenção de importâncias a este porventura
devendo o texto de lei que fundamenta a pretensão do autor devidas (CLT, art. 455, parágrafo único).
fato de a homologação da rescisão ter ocorrido fora do prazo Desta forma, restando insolvente a devedora principal e com
previsto no § 6º do referido preceito legal não enseja o direito à patrimônio insuficiente para fazer frente aos seus débitos, é de ser
multa pleiteada pelo autor, mormente quando o pagamento das procedida a citação do responsável subsidiário. Recurso negado
verbas da rescisão foi feito por meio de depósito bancário, dentro do
decêndio legal. Do prequestionamento
Com tais considerações, tendo em vista a ausência de Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
comprovação de pagamento das verbas rescisórias, resta devida, fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
também, a multa do art. 477 da CLT. qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
Nego, pois, provimento. um deles, a teor do disposto na OJ nº 118, da SDI-I/TST.
Do benefício de ordem
responsabilidade da empresa, para que, antes do redirecionamento

EMMT
Conclusão
Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso ordinário. Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pela
e reflexos).

ROCHA FREIRE
Vera Neuma de Moraes Leite Procedência : 16ª VARA DO TRABALHO DO RECIFE-PE
EMENTA
Acórdão
Processo Nº RO-0000828-96.2016.5.06.0016
D/PE)
Intimado(s)/Citado(s): RECURSO ORDINÁRIO DA AMERICAN AIRLINES INC.

- VIT SERVICOS AUXILIARES DE TRANSPORTES AEREOS CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EMPRESA
LTDA
PRIVADA. TERCEIRIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA. I - A inadimplência do empregador em relação aos
créditos trabalhistas do obreiro atrai a incidência do instituto civil da

PODER
responsabilidade por culpa (exegese dos artigos 186, 187 e 927 do
JUDICIÁRIO
Código Civil), bem como se amolda aos termos da situação
preconizada pela Súmula nº. 331, inciso IV, do TST. II -
Independente de se tratar de terceirização lícita, o tomador dos
serviços, desde que tenha participado da relação processual e
conste também do título executivo judicial, responde,
subsidiariamente, por todas as obrigações trabalhistas que foram
PROC. Nº. TRT - RO - 0000828-96.2016.5.06.0016 objeto de inadimplemento por parte de seu real empregador. III -
Ressalta-se quea recente mudança de entendimento, diante das
Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA decisões atuais do C. TST, em sintonia com julgados do Pretório
Excelso, no sentido de que é do reclamante o ônus da prova acerca
Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA da efetiva fiscalização na execução do contrato de terceirização de
mão de obra por integrante da Administração Pública, não se aplica
Recorrente : AMERICAN AIRLINES INC à hipótese dos autos, eis que, em relação ao caso concreto, em que
ocorreu a chamada "terceirização pura", a posição do STF
Recorridos : ANDRE HIGINO PEREIRA DA SILVA e VIT permanece inalterada. IV - Recurso Ordinário não provido.

É o relatório.
Vistos etc.
VOTO:
decisão proferida pelo MM. Juízo do 16ª Vara do Trabalho do Recife Dos pressupostos de admissibilidade
ação trabalhista ajuizada por ANDRE HIGINO PEREIRA DA SILVA O recurso é tempestivo, a representação está regular e o preparo foi
em que também contende VIT SERVICOS AUXILIARES DE observado (fl. 821/824). Satisfeitos, assim, os requisitos de
TRANSPORTES AEREOS LTDA., nos termos da fundamentação admissibilidade, dele conheço, bem como das contrarrazões.
da sentença (fls. 762/775).
responsabilidade subsidiária que lhe foi imputada, sob o Apenas a título de esclarecimento, em virtude da entrada em vigor
fundamento de que a existência de contrato de prestação de da lei 13.467 de 20117 em 11.11.2017, destaco que o contrato de
serviços com a primeira demandada não induz, necessariamente, trabalho do autor ocorreu entre 15.02.2011 a 03.06.2016, bem como
na responsabilidade pelos créditos reconhecidos nesta ação, que a presente ação trabalhista foi ajuizada por 21.06.2016.
serviços de forma exclusiva. Assevera que firmou contrato com a Cumpre esclarecer que a nova Lei n° 13.429/2017 regula os
primeira reclamada para o fornecimento de água, limpeza de contratos celebrados e executados a partir de sua vigência
aeronaves e descarregamento de bagagens, cabendo apreciar se (31.3.2017). Regula, ainda, conforme norma de direito intertemporal
houve ou não a prestação de serviços por parte do recorrido. Alega expressamente contida no art. 19-C, os contratos em vigência, se
que as partes celebraram contrato de natureza civil para prestação as partes assim acordarem.
de serviços especializados de assistência em pista, inexistindo
qualquer demonstração de que o recorrido tenha efetivamente Ainda que se considere a nova redação conferida ao art. 4º-A da Lei
prestado serviços em favor da recorrente, ônus que, inclusive, lhe 6019/74, alterada pela Lei 13.467/17, em nenhuma hipótese poderá
competia, nos termos dos artigos 373, do CPC e 818, da CLT e do a novel legislação alcançar os contratos celebrados e executados
qual não se desvencilhou. Faz vasta digressão sobre o tema e na fase anterior à vigência da lei nova, por imperativo constitucional
transcreve a prova oral e a jurisprudência correlatas. Em relação ao decorrente do art. 5°, inciso XXXVI, da Constituição da República,
deferimento de diferenças salariais por acúmulo de função, que estabelece o princípio da irretroatividade das leis, apesar dos
argumenta que inexiste cláusula no contrato de trabalho, limitando seus efeitos imediatos. Não há que se falar, pois, em cancelamento
as tarefas de incumbência daquele, tampouco vedando o exercício automático da Súmula 331 do TST e de IUJ sobre a matéria.
de atividades atinentes a outras funções, razão pela qual não há
que se falar em enriquecimento sem causa e muito menos em má- Feitas essas considerações, passo a apreciar o mérito do apelo.
fé contratual. Protesta contra a condenação ao pagamento das
multas dos artigos 477 e 467 da CLT. Sucessivamente, clama pela NO MÉRITO
concessão do benefício de ordem. Pede provimento.
Contrarrazões apresentadas (fls. 852/872).
O recorrente insurge-se contra a responsabilidade subsidiária que
Desnecessária a remessa dos presentes autos à Procuradoria lhe foi imputada, sob o fundamento de que a existência de contrato
Regional do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Regimento de prestação de serviços com a primeira demandada não induz,
Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se necessariamente, na responsabilidade pelos créditos reconhecidos

nesta ação, especialmente porque não há prova de que o recorrido Observe-se que, quando o processo de terceirização for realizado
lhe prestou serviços de forma exclusiva. licitamente e o prestador de serviços não puder arcar com os ônus
legais derivados da contratação de seus trabalhadores, o tomador
Assevera que firmou contrato com a primeira reclamada para o de serviços responderá, subsidiariamente, pelos direitos
fornecimento de água, limpeza de aeronaves e descarregamento de inadimplidos, podendo, por aplicação analógica do art. 455 da CLT,
bagagens, cabendo apreciar se houve ou não a prestação de exercer o seu direito de regresso, na esfera civil, contra o real
serviços por parte do recorrido. empregador.
Alega que as partes celebraram contrato de natureza civil para Cumpre destacar que a responsabilidade subsidiária do recorrente é
prestação de serviços especializados de assistência em pista, objetiva e abrange todas as parcelas devidas pela empresa
inexistindo qualquer demonstração de que o recorrido tenha prestadora de serviços (principal), conforme item VI da Súmula, não
efetivamente prestado serviços em favor da recorrente, ônus que, havendo distinguir a natureza da parcela, se personalíssima ou
inclusive, lhe competia, nos termos dos artigos 373, do CPC e 818, decorrente de penalidade.
Sem razão, entretanto. tem o condão de afastar a responsabilidade trabalhista, eis que se
trata de pacto de natureza civil.
O Juízo de origem deferiu o pleito por considerar que houve
contrato de prestação de serviços entre os réus, razão pela qual Desse modo, sendo incontroverso o contrato de prestação de
reconheceu a responsabilidade subsidiária, e tenho como serviços, pouco importa discutir a exclusividade na prestação de
incensurável tal decisão. serviços, tampouco a liberdade da empresa subcontratada na forma
Restou incontroverso, no desenrolar da instrução processual, que terceirização, quando licitamente realizada.
os réus realizaram contrato de prestação e serviços para
movimentação de carga no solo, consoante documento dos autos Logo, em razão de ter sido beneficiada diretamente pelos serviços
(fls. 164/182). prestados pelo obreiro, a segunda ré responder subsidiariamente
pelas verbas trabalhistas e rescisórias reconhecido, com fulcro no
Cumpre asseverar que a responsabilidade subsidiária do tomador entendimento contido na Súmula 331, inciso IV, do TST, a qual
de serviços, no caso de terceirização, decorre de uma reformulação dispõe:
da teoria da responsabilidade civil, cujo campo de incidência tem
sido ampliado não apenas em relação ao número de pessoas Súmula n. 331 do TST: CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE
responsáveis pelos danos, admitindo a responsabilidade direta por SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os
fato próprio e indireto por fato de terceiros, fundada na idéia de itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30
culpa presumida. e 31.05.2011 (...)
Obtempero que o fundamento da subsidiariedade está embasado IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
também nos artigos 186, 187 e 927 do Código Civil e encontra empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos
justificativa no privilégio conferido aos créditos trabalhistas que não serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da
podem ser preteridos em função da possível insuficiência relação processual e conste também do título executivo judicial. (...)
Nesse sentido, colho da jurisprudência deste Tribunal:
que o vínculo empregatício tenha sido formado com a prestadora de EMENTA: TERCEIRIZAÇÃO - INADIMPLÊNCIA DA EMPRESA
serviços, tal fato não tem o condão de afastar a responsabilidade CONTRATADA - RESPONSABILIDADE DA TOMADORA DOS
subsidiária da tomadora de serviços (Súmula n.º 331, IV, do TST). SERVIÇOS - No Direito do Trabalho, a doutrina e a jurisprudência
seguiram a direção da responsabilidade subsidiária do tomador que

se utiliza da prestação de serviços ou consecução de obra como distintas durante a mesma jornada de trabalho não se presta a
parte de sua dinâmica empresarial. Assim, a Súmula nº 331, IV do caracterizar o direito a um plussalarial, salvo se uma das funções
C. TST, sob a epígrafe da terceirização, veio incorporar esse exercidas é inerente a cargo cuja remuneração é superior, o que
entendimento, de forma a reconhecer a responsabilidade subsidiária configuraria desvio de função dentro do quadro de pessoal
da empresa tomadora de serviços pelas verbas trabalhistas devidas organizado em carreira, ou a equiparação salarial com outro
pela empresa concretizadora da obra ou serviço, ainda quando se empregado que igualmente desempenha a função correspondente
tratando de terceirização lícita. Recurso improvido, no ao salário mais elevado.
Julgador: 1ª Turma - Relator: Desembargador Federal do Trabalho No caso sub judice, entendo que o autor se desincumbiu do seu
Ivan de Souza Valença Alves)" encargo probatório quanto à configuração do acúmulo funcional
apontado na inicial, a teor dos artigos 373, I, do NCPC e 818 da
Desse modo, não há se falar em malferimento do princípio da CLT.
legalidade por parte da aplicabilidade da súmula em comento, mas,
apenas em releitura dos preceitos legalmente aplicáveis ao caso. A Testemunha obreira, confirmou que as atividades desenvolvidas
Dessa forma, tendo a segunda ré sido beneficiada diretamente dos com a de Auxiliar da rampa, no tocante ao descarrego de bagagens,
serviços prestados pelo autor, deve responder subsidiariamente sendo funções independentes, ao informar que (fls. 750/751 - Grifos
pelos créditos deferidos, razão pela mantenho a sentença de de agora):
origem. Nego provimento.
Primeira testemunha do reclamante: NILTON TEODORO DA
Do acúmulo de função SILVA JUNIOR, (...) " QUE não esta portando sua CTPS; QUE foi
empregado da VIT SOLO de 25/01/2012 até 06/06/2016; QUE só
Em relação ao deferimento de diferenças salariais por acúmulo de trabalhava para a terceira reclamada; QUE na CTPS o cargo inicial
função, argumenta que inexiste cláusula no contrato de trabalho, registrado é auxiliar de rampa, cargo desempenhou por um ano e
limitando as tarefas de incumbência daquele, tampouco vedando o meio, dois anos; QUE depois foi promovido para operador de
exercício de atividades atinentes a outras funções, razão pela qual equipamento, dirigindo tratores no pátio, levando bagagens e outras
não há que se falar em enriquecimento sem causa e muito menos cargas; (...)QUE durante o dia não tinha muito contato com o
em má-fé contratual. reclamante pois trabalhavam em funções diferentes, mas que o via
diariamente; QUE o reclamante arrumava todo material de limpeza
Na inicial, narrou o autor que "(...) que em que pese ter sido para quando o avião chegar fazer a limpeza da aeronave; QUE era
contratado para exercer a função de Auxiliar de serviços o pessoal da limpeza quem ia retirar as bagagens do avião
operacionais ( Auxiliar de Limpeza), também realizava a função de antes de subirem para a limpeza; QUE na época que o
auxiliar de Rampa." AMERICAN chegava pela manha não havia o pessoal de rampa
pela manha; QUE estes só chegavam a noite para carregar a
Observa-se que o parágrafo único do art.456 da CLT estabelece aeronave com as bagagens; (...) QUE o reclamante fazia parte
que o empregador pode exigir do trabalhador qualquer atividade do pessoal da limpeza da manha e também retirava as
lícita e que não for incompatível com a natureza do trabalho bagagens; (...)QUE ele depoente era quem transportava as
pactuado, sem que isso implique o pagamento de adicional sobre a bagagens da aeronave para a esteira de coletagem para os
remuneração. passageiros; QUE umas 02 pessoas da limpeza eram designadas
também para colocar as bagagens da esteira e os outros que
Dessa forma, tenha-se que é facultado ao empregador atribuir ao ficavam subiam para a limpeza; (...)"
daquelas inicialmente desempenhadas, de modo a adequar a Ora, segundo o depoimento transcrito, existiam empregados
prestação de serviços às necessidades do empreendimento. destinados a executar a função específica de carrego e descarrego
de bagagens, entretanto os referidos funcionários só chegavam a
Diante disso, a simples configuração de prestação de atividades noite, de forma que, no período diurno, a citada atividade era

desempenhada pelos empregados que também limpavam a aplicação da sanção prevista no art. 467 da CLT.
internamente a aeronave.
Tal matéria, aliás, encontra-se consolidada na jurisprudência do C.
Além disso, o preposto da ré disse desconhecer cláusula contratual Tribunal Superior do Trabalho, especificamente na Sumula n° 69,
entre as reclamadas, informando ainda que nunca leu o contrato cujo teor é cristalino acerca do entendimento acima esposado.
realizado entre as partes. Confira-se:
A ré principal foi revel e a terceira ré, ora recorrente, em defesa, Súmula nº 69 do TST
apenas alegou que manteve relação de prestação de serviços com
a primeira demandada, de forma que não tinha ingerência sobre as RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ
atividades desenvolvidas pelos empregados. 19, 20 e 21.11.2003
Transcrevo, por oportuno, a lição do sempre lembrado José Martins A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do
Catarino sobre a matéria: contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de
fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas
"(...) Vale citar as palavras do eminente Prof. Martins Catharino: ... rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de
para a conclusão de que, admitido no plano fático o acúmulo de 50% (cinqüenta por cento).
dupla função, seria caso de promiscuidade funcional e não de
duplicidade contratual, por não possuir a pessoa do trabalhador o Não sendo possível extrair dos autos o pagamento das verbas
dom da ubiqüidade: ...ante o binômio tempo-espaço, não faz jus a rescisórias - tidas por incontroversamente devidas em face da
dois salários o empregado que, além dos serviços específicos para presunção de veracidade dos fatos narrados na exordial - não há
os quais foi contratado, outros executar, no mesmo horário..., salvo como escapar da aplicação do comando punitivo.
se remunerado por unidade de obra. Pode, sim, opor-se à alteração
(CLT, art. 468), ou pretender, se for o caso, igualdade salarial (arts. Quanto à multa prevista no § 8º, do artigo 477, da CLT, a
460 e 461") (in: Compêndio de Direito do Trabalho), p. 279 - 2.ed. penalidade visa a coibir o atraso injustificado no pagamento das
rev. atualizada e aum. - São Paulo: Saraiva - 1981). verbas rescisórias, quando o empregador descumpre o prazo do §
Dessa forma, entendo que se verifica o acúmulo de função reconhecidas judicialmente).
informado pelo obreiro, uma vez que as atividades por ele descritas
eram independentes. Recurso negado. De se destacar que a multa do art. 477, § 8º, da CLT restringe-se
aos casos de atraso para a quitação das verbas resilitórias,
Das multas dos artigos 477 e 467 da CLT devendo o texto de lei que fundamenta a pretensão do autor
Protesta contra a condenação ao pagamento das multas dos artigos fato de a homologação da rescisão ter ocorrido fora do prazo
477 e 467 da CLT. previsto no § 6º do referido preceito legal não enseja o direito à
multa pleiteada pelo autor, mormente quando o pagamento das
Sem razão. verbas da rescisão foi feito por meio de depósito bancário, dentro do
decêndio legal.
O artigo 467 da CLT estabelece que o empregador é obrigado a
pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Com tais considerações, tendo em vista a ausência de
Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, sob pena de comprovação de pagamento das verbas rescisórias, resta devida,
pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento. também, a multa do art. 477 da CLT.
Perfilho do entendimento de que a revelia e os efeitos da confissão Nego, pois, provimento.
ficta tornaram incontroverso o direito do autor ao recebimento de
verbas rescisórias e a falta de quitação na primeira audiência enseja Do benefício de ordem

responsabilidade da empresa, para que, antes do redirecionamento
da execução para a responsável subsidiária, sejam primeiramente
atacados todos os bens da primeira reclamada e inclusive de
seussócios.
Entretanto, razão não lhe assiste, quanto a tal insurgência.
É que, no processo de execução trabalhista, o devedor subsidiário
possui o direito de invocar o benefício de ordem, amparado no art.
Código Civil. Não obstante, ao alegar o benefício de ordem, o
responsável subsidiário "deve nomear bens do devedor, sitos no
mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem para
solver o débito".
pode ser invadida mediante a caracterização das hipóteses
previstas nos §§ 2º, 3º e 4º do art. 28 do Código de Defesa do
Consumidor. Daí porque os bens dos sócios somente poderão ser
excutidos quando esgotadas as possibilidades de constrição dos
situação que autoriza a aplicação da teoria da desconsideração da
personalidade jurídica para fins de reconhecimento de sua
responsabilidade patrimonial (art. 50 do CC).
Ressalte-se, como já dito, que ao devedor subsidiário é assegurado Conclusão
termos da legislação civil, uma vez que fica sub-rogado no crédito,
bem como o direito de retenção de importâncias a este porventura
devidas (CLT, art. 455, parágrafo único).
Desta forma, restando insolvente a devedora principal e com
patrimônio insuficiente para fazer frente aos seus débitos, é de ser
procedida a citação do responsável subsidiário. Recurso negado
Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso ordinário.
um deles, a teor do disposto na OJ nº 118, da SDI-I/TST.

Acórdão
Processo Nº RO-0000500-17.2017.5.06.0313
RECORRENTE WILMA CELIA CAVALCANTI COSTA
ADVOGADO JOSE MILTON MONTEIRO DE
FIGUEIREDO(OAB: 6623/PE)
ADVOGADO JOAO JOSE DA SILVA FILHO(OAB:
21519-D/PE)
SERGIO TORRES TEIXEIRA ADVOGADO MARIA LUIZA VASCONCELOS DE
ADVOGADO BORIS TENORIO DE ANDRADE(OAB:
Desembargador Relator 15420/PE)
RECORRIDO AVIL TEXTIL LTDA
ADVOGADO ELITILDE JOSEFA BEZERRA LINS
EMMT DE ARAUJO MELO(OAB: 14589/PE)
ADVOGADO GILSON BATISTA DOS
SANTOS(OAB: 12015-D/PE)
- WILMA CELIA CAVALCANTI COSTA
publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de PODER
09.10.2018, sob a presidência do Exmo. Sr. Desembargador JUDICIÁRIO

PROC. Nº. TRT : 0000500-17.2017.5.06.0313 (RO)
e reflexos).

Recorrente : WILMA CELIA CAVALCANTI COSTA
Recorrido : AVIL TEXTIL LTDA RELATÓRIO
Advogados : BORIS TENORIO DE ANDRADE; MARIA LUIZA
VASCONCELOS DE ANDRADE; JOAO JOSE DA SILVA FILHO;
JOSE MILTON MONTEIRO DE FIGUEIREDO; GILSON BATISTA
DOS SANTOS; ELITILDE JOSEFA BEZERRA LINS DE ARAUJO
MELO.
Procedência : 3ª VARA DO TRABALHO DE CARUARU-PE
Vistos etc.
Recurso ordinário interposto por WILMA CELIA CAVALCANTI
COSTA de decisão proferida pelo MM. Juízo da 3ª VARA DO
TRABALHO DE CARUARU-PE, que julgou procedentes em parte
os pedidos formulados na ação trabalhista ajuizada pela recorrente
em face de AVIL TEXTIL LTDA, nos termos da fundamentação do
comando sentencial previsto (ID. d9d4285).
EMENTA Embargos de declaração opostos pela reclamante julgados
improcedentes (ID. 145a74e).
Em suas razões recursais (ID. c20b602), a reclamante insurge-se,
em primeiro ponto, contra o indeferimento do seu pleito de horas
extras. Destaca que sua prova oral socorreu suas pretensões e que
as testemunhas patronais não teriam isenção de ânimo para depor.
Ademais, conforme registrado em sede de aclaratórios, destaca que
há ausência de controles de jornada entre 10 a 27 de novembro de
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO. 2014, 30 de novembro de 2014 a 26 de abril de 2015, 28 de maio a
RECURSO ORDINÁRIO DA AUTORA. HORAS EXTRAS. 28 de junho de 2015, controles apócrifos nos períodos
AUSÊNCIA DE CONTROLES DE PONTO. APLICAÇÃO DA compreendidos entre 1º a 31 de março de 2016, 21 de abril a 20 de
SÚMULA 338 DO TST. Apesar da reclamante ter registrado em seu maio de 2016 e 21 de maio a 7 de junho de 2016 e ainda controles
depoimento que registrava adequadamente sua jornada nos sem qualquer tipo de registro, no período compreendido entre 28 de
controles de ponto da reclamada, esta deixou de apresentar a novembro a 19 de dezembro de 2014, o que imporia a aplicação da
integralidade dos registros de frequência, bem como apresentou Súmula 338 do TST, com reconhecimento da jornada indicada na
controles sem qualquer tipo de registro, o que impõe a aplicação da inicial, ao menos nos períodos sem comprovação legítima de
Súmula 338 do TST para referidos períodos sem comprovação. controle de jornada. Em segundo ponto, ataca o não deferimento
Recurso obreiro a que se dá parcial provimento. das repercussões sobre as horas extras deferidas relativas à não
concessão de intervalo para amamentação, já que teriam natureza
salarial. Em terceiro ponto, requer, ante a necessidade de
concessão das horas extras e também diante do já autorizado
pagamento de horas extras referentes à supressão do intervalo para
amamentação, a necessária repercussão da sobrejornada sobre o
repouso semanal remunerado. Em quarto ponto, insurge-se contra o
indeferimento do pleito de danos morais. Reitera que a conduta da

gerente (a Senhora Mauricéia Tabosa) era de verdadeiro assédio
(com tratamento ríspido, humilhações) conforme demonstrou a Mérito
prova oral autoral produzida. Ademais, a pena de advertência a si
aplicada de maneira injusta gerou grave abalo psicológico/estresse, Das horas extras
que levou a reclamante à UPA para atendimento (conforme
documento em anexo). Ainda quanto aos danos morais, agora em A reclamante-recorrente insurge-se, em primeiro ponto, contra o
relação à supressão do intervalo para amamentação, requer a indeferimento do seu pleito de horas extras. Destaca que sua prova
majoração do valor deferido (R$ 3.000,00), alegando que referido oral socorreu suas pretensões e que as testemunhas patronais não
patamar não cumpriria o papel pedagógico da medida. Em quinto teriam isenção de ânimo para depor.
ponto, recorre contra o indeferimento das multas dos artigos 467 e
477 da CLT, bem como a multa prevista no art. 523, parágrafo 1o, Ademais, conforme registrado em sede de aclaratórios, destaca que
do CPC. Em sexto e último ponto, recorre pleiteando a condenação há ausência de controles de jornada entre 10 a 27 de novembro de
da reclamada nos honorários advocatícios, já que se encontra sob 2014, 30 de novembro de 2014 a 26 de abril de 2015, 28 de maio a
os auspícios da justiça gratuita. Pede provimento. 28 de junho de 2015, controles apócrifos nos períodos
compreendidos entre 1º a 31 de março de 2016, 21 de abril a 20 de
Contrarrazões apresentadas pela reclamada (ID. e62c253). maio de 2016 e 21 de maio a 7 de junho de 2016 e ainda controles
sem qualquer tipo de registro, no período compreendido entre 28 de
Desnecessária a remessa dos autos à Procuradoria Regional do novembro a 19 de dezembro de 2014, o que imporia a aplicação da
Trabalho, porquanto não se vislumbra interesse público no presente Súmula 338 do TST, com reconhecimento da jornada indicada na
litígio (art. 49 do Regimento Interno deste Sexto Regional). inicial, ao menos nos períodos sem comprovação legítima de
controle de jornada.
É o que há para relatar.
Em segundo ponto, ataca o não deferimento das repercussões
sobre as horas extras deferidas relativas à não concessão de
intervalo para amamentação, já que teriam natureza salarial.
Em terceiro ponto, requer, ante a necessidade de concessão das
horas extras e também diante do já autorizado pagamento de horas
extras referentes à supressão do intervalo para amamentação, a
necessária repercussão da sobrejornada sobre o repouso semanal
remunerado.
VOTO
Assiste parcial razão à reclamante-recorrente no ponto.
É que, apesar de, como observado pelo Juízo de piso, a reclamante
ter registrado em seu depoimento que registrava adequadamente
sua jornada nos controles de ponto da reclamada, esta deixou de
apresentar a integralidade dos registros de frequência (veja, por
exemplo, o período de 30 de novembro de 2014 a 26 de abril de
2015), bem como apresentou controles sem qualquer tipo de
Pressupostos de Admissibilidade registro (no período compreendido entre 28 de novembro a 19 de
dezembro de 2014), o que impõe a aplicação da Súmula 338 do
O recurso é tempestivo, a representação processual está adequada TST para referidos períodos sem comprovação:
e o preparo é desnecessário no caso. Satisfeitos, assim, todos os
requisitos de admissibilidade, conheço do apelo apresentado, bem Súmula nº 338 do TST. JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO.
como das contrarrazões. ÔNUS DA PROVA(incorporadas as Orientações Jurisprudenciais

nºs 234 e 306 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 falaram na concessão de dois intervalos). Uma vez por mês, a
jornada de trabalho se estendia até às 19h30min.
I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez)
empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § Pelo exposto, dou provimento parcial ao recurso da reclamante-
2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de recorrente no ponto para determinar o deferimento das horas extras
freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de que superem a oitava diária e a quadragésima quarta semanal,
trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex- utilizando o adicional convencional e, em sua ausência, o legal,
Súmula nº 338 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) apurando-se com base nos controles de ponto, quando houver, e,
em sua ausência, conforme jornada fixada (segundas às sextas-
II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que feiras, das 7h45min às 18h, com intervalo de uma hora para
prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em refeição; aos sábados, das 7h45min às 13h30min, sem intervalo
contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001) nenhum. Após o nascimento do filho da reclamante, em data de 19
de novembro de 2015, passou a ser concedido dois intervalos
III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e diários de 30min para amamentação. Uma vez por mês, a jornada
saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o de trabalho se estendia até às 19h30min). A habitualidade no
ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do sobrelabor determina a incidência em aviso prévio, repousos
empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se semanais remunerados (conforme pleito recursal específico), férias
desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003) com 1/3 e 13º salário.
Quanto ao período com apresentação de controles de ponto Em relação ao pleito para deferimento das repercussões sobre as
apócrifos, o art. 71, parágrafo 2o, da CLT estabelece horas extras deferidas relativas à não concessão de intervalo para
obrigatoriedade de os empregados que possuem mais de dez amamentação, também assiste razão à reclamante. Sendo pacífico
empregados manter registro do horário de entrada e saída dos que a não concessão do intervalo para amamentação previsto no
trabalhadores, nada aduzindo acerca da necessidade de conter art. 396 da CLT acarreta os mesmos efeitos determinados no art.
assinatura dos empregados em tais documentos. Também a 71, § 4º, da CLT, aplicável analogicamente, o tempo suprimido é
Súmula n. 338 do TST não prevê a invalidade dos controles de devido acrescido do respectivo adicional (conforme já deferido pelo
jornada nem a inversão do ônus da prova no caso de serem Juízo de origem), com os respectivos reflexos.
apócrifos. A ausência, pois, de assinatura do empregado nos
cartões de ponto não enseja, por si só, a invalidade dos registros, Dou provimento ao recurso no ponto, pois, para determinar que os
pelo que, quando houver controles de frequência nesses termos, reflexos sobre as horas extras ocorram também em relação às
devem os mesmos serem considerados. horas relativas à supressão do intervalo para amamentação.
Assim, há de se observar a jornada indicada na inicial nos períodos Dos danos morais
sem apresentação de controle de frequência ou quando, apesar de
apresentados, não haver qualquer tipo de registro. A reclamante-recorrente insurge-se, ainda, contra o indeferimento
do pleito de danos morais. Reitera que a conduta da gerente (a
Fixo a jornada da obreira para os períodos sem controles de Senhora Mauricéia Tabosa) era de verdadeiro assédio (com
frequência (conforme indicada na inicial, em cotejo com a prova tratamento ríspido, humilhações) conforme demonstrou a prova oral
testemunhal): das segundas às sextas-feiras, das 7h45min às 18h, autoral produzida. Ademais, a pena de advertência a si aplicada de
com intervalo de uma hora para refeição; aos sábados, das maneira injusta gerou grave abalo psicológico/estresse, que levou a
7h45min às 13h30min, sem intervalo nenhum. Após o nascimento reclamante à UPA para atendimento (conforme documento em
do filho da reclamante, em data de 19 de novembro de 2015, anexo).
passou a ser concedido dois intervalos diários de 30min para
amamentação (no ponto, considero que a prova testemunhal fora Ainda quanto aos danos morais, agora em relação à supressão do
dividida, tendo a testemunha autoral falado na concessão de intervalo para amamentação, requer a majoração do valor deferido
apenas um intervalo de 30min, enquanto as testemunhas patronais (R$ 3.000,00), alegando que referido patamar não cumpriria o papel

pedagógico da medida. Contudo, tendo sido interposto recurso apenas pela autora, em
respeito ao princípio da proibição da reforma em prejuízo, mantenho
Sem razão no ponto a reclamante. a sentença no ponto.
Quanto à alegação de assédio moral da gerente/supervisora, creio Nego, pois, provimento ao apelo no particular.
que a prova testemunhal restou dividida no ponto, não se
desvencilhando, a autora, de seu encargo probatório - ID. e4dc15e - Das multas dos artigos 467 e 477 da CLT e multa do art. 523,
Pág. 1 e 2: parágrafo 1o, do CPC.
TESTEMUNHA DA RECLAMANTE: GELVANE ALVES DOS A recorrente ataca, ainda, o indeferimento das multas dos artigos
SANTOS: "que Mauricéia tratava a reclamante com rispidez; que 467 e 477 da CLT, bem como a multa prevista no art. 523,
não podiam ficar parados ou conversando, que ela dizia para parágrafo 1o, do CPC.
atender e circular para vender; que esse tratamento era para todo
mundo" Novamente sem razão a reclamante. Explico.
1ª TESTEMUNHA DO RECLAMADO: NADJA MARIA DA SILVA Assim como bem atentou o Juízo de piso (ID. d9d4285 - Pág. 7),
ANDRADE: "que o tratamento de Mauricéia com a reclamante era tendo havido contestação da reclamada sobre as verbas pleiteadas
normal, sem rispidez ou grosseria; que Mauricéia não controlava o na presente reclamação, não há que se falar em verbas
horário dos funcionários irem ao banheiro". incontroversas não quitadas na sessão inaugural (conforme
preconiza o art. 467 da CLT), sendo indevida, portanto, a referida
Ademais, quanto à aplicação da penalidade de advertência, penalidade.
acompanho a conclusão exposta pelo Juízo de piso, quando indicou
que "relativamente à penalidade disciplinar, tal ato faz parte do Quanto à aplicação do art. 477 da CLT, destaco que o reclamante,
poder diretivo do empregador. Entendo que não houve excesso na dispensado no dia 07 de junho de 2016, obteve para si, em 03 de
punição da reclamada, eis que a autora foi apenas advertida por ter junho de 2016, o produto incontroverso de sua rescisão contratual
faltado ao serviço (ID. 8723bd6 - Pág. 1)". (R$ 1.468,09), conforme se verifica pelo comprovante de
transferência anexado sob o ID. 628e702 - Pág. 5, não havendo que
Nego, pois, provimento ao recurso no ponto. se falar em pagamento extemporâneo das verbas rescisórias.
Por fim, quanto ao pleito de majoração de dano moral em face da Indevida, por via de consequência, a penalidade em questão.
supressão do intervalo para amamentação, entendo incabível no
caso, especialmente porque visualizo que, em verdade, o mesmo Destaco, por fim, que a multa do art. 477, § 8º, da CLT restringe-se
sequer deveria ter sido deferido, já que a prova testemunhal foi aos casos de atraso para a quitação das verbas resilitórias,
dividida no ponto - ID. e4dc15e - Pág. 1 e 2: devendo o texto de lei que fundamenta a pretensão do autor
(cláusula penal) ser interpretado restritivamente. O fato de terem
TESTEMUNHA DA RECLAMANTE: GELVANE ALVES DOS sido reconhecidas diferenças em Juízo, não há que se falar em
SANTOS: "que a reclamante só amamentava seu filho pela manhã, direito à multa pleiteada pela autora, mormente quando o
durante 30 minutos; que ela não saía mais cedo para amamentar; pagamento das verbas da rescisão foi feito por meio de depósito
(...) que já viu a reclamante chorando porque não poderia demorar bancário, dentro do decêndio legal.
na amamentação."
O plenário deste Regional já pacificou sua jurisprudência por
1ª TESTEMUNHA DO RECLAMADO: NADJA MARIA DA SILVA intermédio da Súmula 23:
ANDRADE: "que a reclamante tinha 30 minutos pela manhã e 30 à
tarde para amamentar; que levavam a criança pela manhã e à tarde SÚMULA Nº. 23. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA
para ela amamentar". CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO.

I - A multa cominada no artigo 477, § 8º, da Consolidação das Leis os regramentos anteriores referentes ao custeio da verba de
do Trabalho apenas é cabível na hipótese de pagamento honorários advocatícios.
intempestivo das verbas rescisórias, por culpa do empregador, não
sendo devida em razão de diferenças reconhecidas em juízo. E conforme inteligência da Súmula 219 do TST, para a percepção
dos honorários advocatícios na seara trabalhista, necessário era o
II - Efetuado o pagamento das verbas rescisórias, no prazo preenchimento de duplo requisito pela parte: "a) estar assistida por
fixado no artigo 477, § 6º, da Consolidação das Leis do sindicato da categoria profissional; b) comprovar a percepção de
Trabalho, não se configura a mora por homologação tardia do salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em
termo de rescisão do contrato de emprego. situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do
próprio sustento ou da respectiva família".
III - A reversão da justa causa em juízo autoriza a condenação ao
pagamento da multa disciplinada no artigo 477, § 8º, da No caso sob análise, a parte não está assistida pelo sindicato da
Consolidação das Leis do Trabalho. categoria profissional (ID. 8bb9884 - Pág. 1), pelo que resta
descabida a verba em questão.
Com tais considerações, não há que se falar em condenação na
multa do art. 477 da CLT. Nego, pois, provimento ao recurso no ponto.
Nego provimento ao recurso no ponto. Do prequestionamento
Por fim, quanto à multa do art. 523, parágrafo 1o, do CPC, a matéria Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
encontra-se pacificada pelo IUJ 0000124-68.2015.5.06.0000, fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
quando ainda se discutia o art. 475-J do antigo CPC. Entendeu-se qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
que as determinações previstas não são aplicáveis ao processo infraconstitucional, sendo desnecessária a menção expressa a cada
trabalhista, em razão de disposição expressa de pagamento do um deles, a teor do disposto na OJ nº 118, da SDI-I/TST.
débito ou oferecimento de garantia à execução, sob pena de
penhora, no prazo reduzido de 48 horas (artigo 880 da CLT) e da
imposição de prosseguimento da execução, em face de
inadimplemento (artigo 883 da CLT). O posicionamento ficou
consolidado na Súmula n° 26 desta Casa:
SÚMULA Nº 26. MULTA DO ARTIGO 523, § 1º, DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL. É inaplicável ao processo trabalhista a
cominação de multa, em razão do não cumprimento espontâneo da
sentença, fixada no artigo 523, § 1º, do Código de Processo Civil
(artigo 475-J do CPC/1973).
Assim, nego também provimento ao apelo no particular.
Dos honorários advocatícios
Por fim, a autora recorre pleiteando a condenação da reclamada
nos honorários advocatícios, já que se encontra sob os auspícios da
justiça gratuita.
Sem maiores delongas, tendo sido a demanda interposta antes do
início da vigência da Lei 11.467/2017, aplicam-se, no presente caso,

Conclusão
Ante o exposto, dou provimento parcial ao recurso para ao recurso para determinar: 1 - o deferimento das horas extras que
determinar: superem a oitava diária e a quadragésima quarta semanal,
utilizando o adicional convencional e, em sua ausência, o legal,
1 - o deferimento das horas extras que superem a oitava diária e a apurando-se com base nos controles de ponto, quando houver, e,
quadragésima quarta semanal, utilizando o adicional convencional em sua ausência, conforme jornada fixada (segundas às sextas-
e, em sua ausência, o legal, apurando-se com base nos controles feiras, das 7h45min às 18h, com intervalo de uma hora para
de ponto, quando houver, e, em sua ausência, conforme jornada refeição; aos sábados, das 7h45min às 13h30min, sem intervalo
fixada (segundas às sextas-feiras, das 7h45min às 18h, com nenhum. Após o nascimento do filho da reclamante, em data de 19
intervalo de uma hora para refeição; aos sábados, das 7h45min às de novembro de 2015, passou a ser concedido dois intervalos
13h30min, sem intervalo nenhum. Após o nascimento do filho da diários de 30min para amamentação. Uma vez por mês, a jornada
reclamante, em data de 19 de novembro de 2015, passou a ser de trabalho se estendia até às 19h30min). A habitualidade no
concedido dois intervalos diários de 30min para amamentação. Uma sobrelabor determina a incidência em aviso prévio, repousos
vez por mês, a jornada de trabalho se estendia até às 19h30min). A semanais remunerados (conforme pleito recursal específico), férias
habitualidade no sobrelabor determina a incidência em aviso prévio, com 1/3 e 13º salário. 2 - determinar que os reflexos sobre as horas
repousos semanais remunerados (conforme pleito recursal extras ocorram também em relação às horas relativas à supressão
específico), férias com 1/3 e 13º salário. do intervalo para amamentação, vencido o Exmo. Desembargador
Eduardo Pugliesi (que lhe negava provimento). Por força do art. 832
2 - determinar que os reflexos sobre as horas extras ocorram da CLT, declara-se a natureza indenizatória dos reflexos sobre terço
também em relação às horas relativas à supressão do intervalo para constitucional de férias. Ao acréscimo condenatório, arbitra-se o
amamentação. valor de R$ 1.000,00, com custas majoradas em R$ 20,00.
Por força do art. 832 da CLT, declara-se a natureza indenizatória Recife (PE), 18 de outubro de 2018.
dos reflexos sobre terço constitucional de férias.
Ao acréscimo condenatório, arbitra-se o valor de R$ 1.000,00, com
custas majoradas em R$ 20,00. SERGIO TORRES TEIXEIRA
EMMT

publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de Acórdão

Processo Nº RO-0000500-17.2017.5.06.0313
09.10.2018, sob a presidência do Exmo. Sr. Desembargador Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
SERGIO TORRES TEIXEIRA (Relator), com a presença do RECORRENTE WILMA CELIA CAVALCANTI COSTA
ADVOGADO JOSE MILTON MONTEIRO DE
Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pela FIGUEIREDO(OAB: 6623/PE)
Exma. Sra. Procuradora Elizabeth Veiga e dos Exmos. Srs. ADVOGADO JOAO JOSE DA SILVA FILHO(OAB:
21519-D/PE)
Desembargador Eduardo Pugliesi e Ibrahim Alves Filho (Juiz Titular ADVOGADO MARIA LUIZA VASCONCELOS DE
ADVOGADO BORIS TENORIO DE ANDRADE(OAB:
Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por maioria, dar 15420/PE)
RECORRIDO AVIL TEXTIL LTDA
provimento parcial ao recurso para determinar: 1 - o deferimento
ADVOGADO ELITILDE JOSEFA BEZERRA LINS
das horas extras que superem a oitava diária e a quadragésima DE ARAUJO MELO(OAB: 14589/PE)
ADVOGADO GILSON BATISTA DOS
quarta semanal, utilizando o adicional convencional e, em sua SANTOS(OAB: 12015-D/PE)
ausência, o legal, apurando-se com base nos controles de ponto,
quando houver, e, em sua ausência, conforme jornada fixada
- AVIL TEXTIL LTDA
(segundas às sextas-feiras, das 7h45min às 18h, com intervalo de
uma hora para refeição; aos sábados, das 7h45min às 13h30min,
sem intervalo nenhum. Após o nascimento do filho da reclamante,
em data de 19 de novembro de 2015, passou a ser concedido dois PODER
intervalos diários de 30min para amamentação. Uma vez por mês, a JUDICIÁRIO
jornada de trabalho se estendia até às 19h30min). A habitualidade
no sobrelabor determina a incidência em aviso prévio, repousos
semanais remunerados (conforme pleito recursal específico), férias
com 1/3 e 13º salário. 2 - determinar que os reflexos sobre as horas
extras ocorram também em relação às horas relativas à supressão
do intervalo para amamentação, vencido o Exmo. Desembargador

PROC. Nº. TRT : 0000500-17.2017.5.06.0313 (RO)
da CLT, declara-se a natureza indenizatória dos reflexos sobre terço

constitucional de férias. Ao acréscimo condenatório, arbitra-se o
valor de R$ 1.000,00, com custas majoradas em R$ 20,00.


Recorrente : WILMA CELIA CAVALCANTI COSTA

Recorrido : AVIL TEXTIL LTDA
Advogados : BORIS TENORIO DE ANDRADE; MARIA LUIZA
VASCONCELOS DE ANDRADE; JOAO JOSE DA SILVA FILHO;

JOSE MILTON MONTEIRO DE FIGUEIREDO; GILSON BATISTA
DOS SANTOS; ELITILDE JOSEFA BEZERRA LINS DE ARAUJO

MELO.
Procedência : 3ª VARA DO TRABALHO DE CARUARU-PE

os pedidos formulados na ação trabalhista ajuizada pela recorrente
em face de AVIL TEXTIL LTDA, nos termos da fundamentação do
comando sentencial previsto (ID. d9d4285).
EMENTA Embargos de declaração opostos pela reclamante julgados
improcedentes (ID. 145a74e).
Em suas razões recursais (ID. c20b602), a reclamante insurge-se,
em primeiro ponto, contra o indeferimento do seu pleito de horas
extras. Destaca que sua prova oral socorreu suas pretensões e que
as testemunhas patronais não teriam isenção de ânimo para depor.
Ademais, conforme registrado em sede de aclaratórios, destaca que
há ausência de controles de jornada entre 10 a 27 de novembro de
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO. 2014, 30 de novembro de 2014 a 26 de abril de 2015, 28 de maio a
RECURSO ORDINÁRIO DA AUTORA. HORAS EXTRAS. 28 de junho de 2015, controles apócrifos nos períodos
AUSÊNCIA DE CONTROLES DE PONTO. APLICAÇÃO DA compreendidos entre 1º a 31 de março de 2016, 21 de abril a 20 de
SÚMULA 338 DO TST. Apesar da reclamante ter registrado em seu maio de 2016 e 21 de maio a 7 de junho de 2016 e ainda controles
depoimento que registrava adequadamente sua jornada nos sem qualquer tipo de registro, no período compreendido entre 28 de
controles de ponto da reclamada, esta deixou de apresentar a novembro a 19 de dezembro de 2014, o que imporia a aplicação da
integralidade dos registros de frequência, bem como apresentou Súmula 338 do TST, com reconhecimento da jornada indicada na
controles sem qualquer tipo de registro, o que impõe a aplicação da inicial, ao menos nos períodos sem comprovação legítima de
Súmula 338 do TST para referidos períodos sem comprovação. controle de jornada. Em segundo ponto, ataca o não deferimento
Recurso obreiro a que se dá parcial provimento. das repercussões sobre as horas extras deferidas relativas à não
concessão de intervalo para amamentação, já que teriam natureza
salarial. Em terceiro ponto, requer, ante a necessidade de
concessão das horas extras e também diante do já autorizado
pagamento de horas extras referentes à supressão do intervalo para
amamentação, a necessária repercussão da sobrejornada sobre o
repouso semanal remunerado. Em quarto ponto, insurge-se contra o
indeferimento do pleito de danos morais. Reitera que a conduta da
gerente (a Senhora Mauricéia Tabosa) era de verdadeiro assédio
(com tratamento ríspido, humilhações) conforme demonstrou a
RELATÓRIO prova oral autoral produzida. Ademais, a pena de advertência a si
aplicada de maneira injusta gerou grave abalo psicológico/estresse,
que levou a reclamante à UPA para atendimento (conforme
documento em anexo). Ainda quanto aos danos morais, agora em
relação à supressão do intervalo para amamentação, requer a
majoração do valor deferido (R$ 3.000,00), alegando que referido
patamar não cumpriria o papel pedagógico da medida. Em quinto
ponto, recorre contra o indeferimento das multas dos artigos 467 e
477 da CLT, bem como a multa prevista no art. 523, parágrafo 1o,
Vistos etc. do CPC. Em sexto e último ponto, recorre pleiteando a condenação
da reclamada nos honorários advocatícios, já que se encontra sob
Recurso ordinário interposto por WILMA CELIA CAVALCANTI os auspícios da justiça gratuita. Pede provimento.
COSTA de decisão proferida pelo MM. Juízo da 3ª VARA DO
TRABALHO DE CARUARU-PE, que julgou procedentes em parte Contrarrazões apresentadas pela reclamada (ID. e62c253).

sem qualquer tipo de registro, no período compreendido entre 28 de
Desnecessária a remessa dos autos à Procuradoria Regional do novembro a 19 de dezembro de 2014, o que imporia a aplicação da
Trabalho, porquanto não se vislumbra interesse público no presente Súmula 338 do TST, com reconhecimento da jornada indicada na
litígio (art. 49 do Regimento Interno deste Sexto Regional). inicial, ao menos nos períodos sem comprovação legítima de
controle de jornada.
É o que há para relatar.
Em segundo ponto, ataca o não deferimento das repercussões
sobre as horas extras deferidas relativas à não concessão de
intervalo para amamentação, já que teriam natureza salarial.
Em terceiro ponto, requer, ante a necessidade de concessão das
horas extras e também diante do já autorizado pagamento de horas
extras referentes à supressão do intervalo para amamentação, a
necessária repercussão da sobrejornada sobre o repouso semanal
remunerado.
VOTO
Assiste parcial razão à reclamante-recorrente no ponto.
É que, apesar de, como observado pelo Juízo de piso, a reclamante
ter registrado em seu depoimento que registrava adequadamente
sua jornada nos controles de ponto da reclamada, esta deixou de
apresentar a integralidade dos registros de frequência (veja, por
exemplo, o período de 30 de novembro de 2014 a 26 de abril de
2015), bem como apresentou controles sem qualquer tipo de
Pressupostos de Admissibilidade registro (no período compreendido entre 28 de novembro a 19 de
dezembro de 2014), o que impõe a aplicação da Súmula 338 do
O recurso é tempestivo, a representação processual está adequada TST para referidos períodos sem comprovação:
e o preparo é desnecessário no caso. Satisfeitos, assim, todos os
requisitos de admissibilidade, conheço do apelo apresentado, bem Súmula nº 338 do TST. JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO.
como das contrarrazões. ÔNUS DA PROVA(incorporadas as Orientações Jurisprudenciais
nºs 234 e 306 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
Mérito
I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez)
Das horas extras empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, §
2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de
A reclamante-recorrente insurge-se, em primeiro ponto, contra o freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de
indeferimento do seu pleito de horas extras. Destaca que sua prova trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-
oral socorreu suas pretensões e que as testemunhas patronais não Súmula nº 338 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)
teriam isenção de ânimo para depor.
II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que
Ademais, conforme registrado em sede de aclaratórios, destaca que prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em
há ausência de controles de jornada entre 10 a 27 de novembro de contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)
2014, 30 de novembro de 2014 a 26 de abril de 2015, 28 de maio a
28 de junho de 2015, controles apócrifos nos períodos III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e
compreendidos entre 1º a 31 de março de 2016, 21 de abril a 20 de saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o
maio de 2016 e 21 de maio a 7 de junho de 2016 e ainda controles ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do

empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se semanais remunerados (conforme pleito recursal específico), férias
desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003) com 1/3 e 13º salário.
Quanto ao período com apresentação de controles de ponto Em relação ao pleito para deferimento das repercussões sobre as
apócrifos, o art. 71, parágrafo 2o, da CLT estabelece horas extras deferidas relativas à não concessão de intervalo para
obrigatoriedade de os empregados que possuem mais de dez amamentação, também assiste razão à reclamante. Sendo pacífico
empregados manter registro do horário de entrada e saída dos que a não concessão do intervalo para amamentação previsto no
trabalhadores, nada aduzindo acerca da necessidade de conter art. 396 da CLT acarreta os mesmos efeitos determinados no art.
assinatura dos empregados em tais documentos. Também a 71, § 4º, da CLT, aplicável analogicamente, o tempo suprimido é
Súmula n. 338 do TST não prevê a invalidade dos controles de devido acrescido do respectivo adicional (conforme já deferido pelo
jornada nem a inversão do ônus da prova no caso de serem Juízo de origem), com os respectivos reflexos.
apócrifos. A ausência, pois, de assinatura do empregado nos
cartões de ponto não enseja, por si só, a invalidade dos registros, Dou provimento ao recurso no ponto, pois, para determinar que os
pelo que, quando houver controles de frequência nesses termos, reflexos sobre as horas extras ocorram também em relação às
devem os mesmos serem considerados. horas relativas à supressão do intervalo para amamentação.
Assim, há de se observar a jornada indicada na inicial nos períodos Dos danos morais
sem apresentação de controle de frequência ou quando, apesar de
apresentados, não haver qualquer tipo de registro. A reclamante-recorrente insurge-se, ainda, contra o indeferimento
do pleito de danos morais. Reitera que a conduta da gerente (a
Fixo a jornada da obreira para os períodos sem controles de Senhora Mauricéia Tabosa) era de verdadeiro assédio (com
frequência (conforme indicada na inicial, em cotejo com a prova tratamento ríspido, humilhações) conforme demonstrou a prova oral
testemunhal): das segundas às sextas-feiras, das 7h45min às 18h, autoral produzida. Ademais, a pena de advertência a si aplicada de
com intervalo de uma hora para refeição; aos sábados, das maneira injusta gerou grave abalo psicológico/estresse, que levou a
7h45min às 13h30min, sem intervalo nenhum. Após o nascimento reclamante à UPA para atendimento (conforme documento em
do filho da reclamante, em data de 19 de novembro de 2015, anexo).
passou a ser concedido dois intervalos diários de 30min para
amamentação (no ponto, considero que a prova testemunhal fora Ainda quanto aos danos morais, agora em relação à supressão do
dividida, tendo a testemunha autoral falado na concessão de intervalo para amamentação, requer a majoração do valor deferido
apenas um intervalo de 30min, enquanto as testemunhas patronais (R$ 3.000,00), alegando que referido patamar não cumpriria o papel
falaram na concessão de dois intervalos). Uma vez por mês, a pedagógico da medida.
jornada de trabalho se estendia até às 19h30min.
Sem razão no ponto a reclamante.
Pelo exposto, dou provimento parcial ao recurso da reclamante-
recorrente no ponto para determinar o deferimento das horas extras Quanto à alegação de assédio moral da gerente/supervisora, creio
que superem a oitava diária e a quadragésima quarta semanal, que a prova testemunhal restou dividida no ponto, não se
utilizando o adicional convencional e, em sua ausência, o legal, desvencilhando, a autora, de seu encargo probatório - ID. e4dc15e -
apurando-se com base nos controles de ponto, quando houver, e, Pág. 1 e 2:
em sua ausência, conforme jornada fixada (segundas às sextas-
feiras, das 7h45min às 18h, com intervalo de uma hora para TESTEMUNHA DA RECLAMANTE: GELVANE ALVES DOS
refeição; aos sábados, das 7h45min às 13h30min, sem intervalo SANTOS: "que Mauricéia tratava a reclamante com rispidez; que
nenhum. Após o nascimento do filho da reclamante, em data de 19 não podiam ficar parados ou conversando, que ela dizia para
de novembro de 2015, passou a ser concedido dois intervalos atender e circular para vender; que esse tratamento era para todo
diários de 30min para amamentação. Uma vez por mês, a jornada mundo"
de trabalho se estendia até às 19h30min). A habitualidade no
sobrelabor determina a incidência em aviso prévio, repousos 1ª TESTEMUNHA DO RECLAMADO: NADJA MARIA DA SILVA

ANDRADE: "que o tratamento de Mauricéia com a reclamante era tendo havido contestação da reclamada sobre as verbas pleiteadas
normal, sem rispidez ou grosseria; que Mauricéia não controlava o na presente reclamação, não há que se falar em verbas
horário dos funcionários irem ao banheiro". incontroversas não quitadas na sessão inaugural (conforme
preconiza o art. 467 da CLT), sendo indevida, portanto, a referida
Ademais, quanto à aplicação da penalidade de advertência, penalidade.
acompanho a conclusão exposta pelo Juízo de piso, quando indicou
que "relativamente à penalidade disciplinar, tal ato faz parte do Quanto à aplicação do art. 477 da CLT, destaco que o reclamante,
poder diretivo do empregador. Entendo que não houve excesso na dispensado no dia 07 de junho de 2016, obteve para si, em 03 de
punição da reclamada, eis que a autora foi apenas advertida por ter junho de 2016, o produto incontroverso de sua rescisão contratual
faltado ao serviço (ID. 8723bd6 - Pág. 1)". (R$ 1.468,09), conforme se verifica pelo comprovante de
transferência anexado sob o ID. 628e702 - Pág. 5, não havendo que
Nego, pois, provimento ao recurso no ponto. se falar em pagamento extemporâneo das verbas rescisórias.
Por fim, quanto ao pleito de majoração de dano moral em face da Indevida, por via de consequência, a penalidade em questão.
supressão do intervalo para amamentação, entendo incabível no
caso, especialmente porque visualizo que, em verdade, o mesmo Destaco, por fim, que a multa do art. 477, § 8º, da CLT restringe-se
sequer deveria ter sido deferido, já que a prova testemunhal foi aos casos de atraso para a quitação das verbas resilitórias,
dividida no ponto - ID. e4dc15e - Pág. 1 e 2: devendo o texto de lei que fundamenta a pretensão do autor
(cláusula penal) ser interpretado restritivamente. O fato de terem
TESTEMUNHA DA RECLAMANTE: GELVANE ALVES DOS sido reconhecidas diferenças em Juízo, não há que se falar em
SANTOS: "que a reclamante só amamentava seu filho pela manhã, direito à multa pleiteada pela autora, mormente quando o
durante 30 minutos; que ela não saía mais cedo para amamentar; pagamento das verbas da rescisão foi feito por meio de depósito
(...) que já viu a reclamante chorando porque não poderia demorar bancário, dentro do decêndio legal.
na amamentação."
O plenário deste Regional já pacificou sua jurisprudência por
1ª TESTEMUNHA DO RECLAMADO: NADJA MARIA DA SILVA intermédio da Súmula 23:
ANDRADE: "que a reclamante tinha 30 minutos pela manhã e 30 à
tarde para amamentar; que levavam a criança pela manhã e à tarde SÚMULA Nº. 23. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA
para ela amamentar". CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO.
Contudo, tendo sido interposto recurso apenas pela autora, em I - A multa cominada no artigo 477, § 8º, da Consolidação das Leis
respeito ao princípio da proibição da reforma em prejuízo, mantenho do Trabalho apenas é cabível na hipótese de pagamento
a sentença no ponto. intempestivo das verbas rescisórias, por culpa do empregador, não
sendo devida em razão de diferenças reconhecidas em juízo.
Nego, pois, provimento ao apelo no particular.
II - Efetuado o pagamento das verbas rescisórias, no prazo
Das multas dos artigos 467 e 477 da CLT e multa do art. 523, fixado no artigo 477, § 6º, da Consolidação das Leis do
parágrafo 1o, do CPC. Trabalho, não se configura a mora por homologação tardia do
termo de rescisão do contrato de emprego.
A recorrente ataca, ainda, o indeferimento das multas dos artigos
467 e 477 da CLT, bem como a multa prevista no art. 523, III - A reversão da justa causa em juízo autoriza a condenação ao
parágrafo 1o, do CPC. pagamento da multa disciplinada no artigo 477, § 8º, da
Consolidação das Leis do Trabalho.
Novamente sem razão a reclamante. Explico.
Com tais considerações, não há que se falar em condenação na
Assim como bem atentou o Juízo de piso (ID. d9d4285 - Pág. 7), multa do art. 477 da CLT.

Nego provimento ao recurso no ponto. Do prequestionamento
Por fim, quanto à multa do art. 523, parágrafo 1o, do CPC, a matéria Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
encontra-se pacificada pelo IUJ 0000124-68.2015.5.06.0000, fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
quando ainda se discutia o art. 475-J do antigo CPC. Entendeu-se qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
que as determinações previstas não são aplicáveis ao processo infraconstitucional, sendo desnecessária a menção expressa a cada
trabalhista, em razão de disposição expressa de pagamento do um deles, a teor do disposto na OJ nº 118, da SDI-I/TST.
débito ou oferecimento de garantia à execução, sob pena de
penhora, no prazo reduzido de 48 horas (artigo 880 da CLT) e da
imposição de prosseguimento da execução, em face de
inadimplemento (artigo 883 da CLT). O posicionamento ficou
consolidado na Súmula n° 26 desta Casa:
SÚMULA Nº 26. MULTA DO ARTIGO 523, § 1º, DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL. É inaplicável ao processo trabalhista a
cominação de multa, em razão do não cumprimento espontâneo da
sentença, fixada no artigo 523, § 1º, do Código de Processo Civil
(artigo 475-J do CPC/1973).
Assim, nego também provimento ao apelo no particular.
Dos honorários advocatícios
Por fim, a autora recorre pleiteando a condenação da reclamada
nos honorários advocatícios, já que se encontra sob os auspícios da
justiça gratuita.
Sem maiores delongas, tendo sido a demanda interposta antes do
início da vigência da Lei 11.467/2017, aplicam-se, no presente caso,
os regramentos anteriores referentes ao custeio da verba de
honorários advocatícios.
Conclusão
E conforme inteligência da Súmula 219 do TST, para a percepção
dos honorários advocatícios na seara trabalhista, necessário era o
preenchimento de duplo requisito pela parte: "a) estar assistida por
sindicato da categoria profissional; b) comprovar a percepção de
salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em
situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do
próprio sustento ou da respectiva família".
No caso sob análise, a parte não está assistida pelo sindicato da Ante o exposto, dou provimento parcial ao recurso para
categoria profissional (ID. 8bb9884 - Pág. 1), pelo que resta determinar:
descabida a verba em questão.
1 - o deferimento das horas extras que superem a oitava diária e a
Nego, pois, provimento ao recurso no ponto. quadragésima quarta semanal, utilizando o adicional convencional

e, em sua ausência, o legal, apurando-se com base nos controles feiras, das 7h45min às 18h, com intervalo de uma hora para
de ponto, quando houver, e, em sua ausência, conforme jornada refeição; aos sábados, das 7h45min às 13h30min, sem intervalo
fixada (segundas às sextas-feiras, das 7h45min às 18h, com nenhum. Após o nascimento do filho da reclamante, em data de 19
intervalo de uma hora para refeição; aos sábados, das 7h45min às de novembro de 2015, passou a ser concedido dois intervalos
13h30min, sem intervalo nenhum. Após o nascimento do filho da diários de 30min para amamentação. Uma vez por mês, a jornada
reclamante, em data de 19 de novembro de 2015, passou a ser de trabalho se estendia até às 19h30min). A habitualidade no
concedido dois intervalos diários de 30min para amamentação. Uma sobrelabor determina a incidência em aviso prévio, repousos
vez por mês, a jornada de trabalho se estendia até às 19h30min). A semanais remunerados (conforme pleito recursal específico), férias
habitualidade no sobrelabor determina a incidência em aviso prévio, com 1/3 e 13º salário. 2 - determinar que os reflexos sobre as horas
repousos semanais remunerados (conforme pleito recursal extras ocorram também em relação às horas relativas à supressão
específico), férias com 1/3 e 13º salário. do intervalo para amamentação, vencido o Exmo. Desembargador
2 - determinar que os reflexos sobre as horas extras ocorram da CLT, declara-se a natureza indenizatória dos reflexos sobre terço
também em relação às horas relativas à supressão do intervalo para constitucional de férias. Ao acréscimo condenatório, arbitra-se o
amamentação. valor de R$ 1.000,00, com custas majoradas em R$ 20,00.
Por força do art. 832 da CLT, declara-se a natureza indenizatória Recife (PE), 18 de outubro de 2018.
dos reflexos sobre terço constitucional de férias.
Ao acréscimo condenatório, arbitra-se o valor de R$ 1.000,00, com
custas majoradas em R$ 20,00. SERGIO TORRES TEIXEIRA
EMMT
Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por maioria, dar
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional provimento parcial ao recurso para determinar: 1 - o deferimento
do Trabalho da Sexta Região, por maioria, dar provimento parcial das horas extras que superem a oitava diária e a quadragésima
ao recurso para determinar: 1 - o deferimento das horas extras que quarta semanal, utilizando o adicional convencional e, em sua
superem a oitava diária e a quadragésima quarta semanal, ausência, o legal, apurando-se com base nos controles de ponto,
utilizando o adicional convencional e, em sua ausência, o legal, quando houver, e, em sua ausência, conforme jornada fixada
apurando-se com base nos controles de ponto, quando houver, e, (segundas às sextas-feiras, das 7h45min às 18h, com intervalo de
em sua ausência, conforme jornada fixada (segundas às sextas- uma hora para refeição; aos sábados, das 7h45min às 13h30min,

sem intervalo nenhum. Após o nascimento do filho da reclamante,

PODER
em data de 19 de novembro de 2015, passou a ser concedido dois
JUDICIÁRIO
intervalos diários de 30min para amamentação. Uma vez por mês, a
jornada de trabalho se estendia até às 19h30min). A habitualidade
no sobrelabor determina a incidência em aviso prévio, repousos
semanais remunerados (conforme pleito recursal específico), férias
com 1/3 e 13º salário. 2 - determinar que os reflexos sobre as horas
extras ocorram também em relação às horas relativas à supressão
do intervalo para amamentação, vencido o Exmo. Desembargador PROC. N.º TRT - 0000463-80.2018.5.06.0401.0401 (RO)
da CLT, declara-se a natureza indenizatória dos reflexos sobre terço Órgão Julgador : Primeira Turma
constitucional de férias. Ao acréscimo condenatório, arbitra-se o
valor de R$ 1.000,00, com custas majoradas em R$ 20,00. Relator : Desembargador Sergio Torres Teixeira
Certifico e dou fé. Recorrentes : COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO -
CELPE.

Recorridos : ALMIR JOSE VELOSO; MAJESTOSA
ENGENHARIA LTDA.
Vera Neuma de Moraes Leite Advogados : HERBERT VIEIRA ALBUQUERQUE MELO; WILKER
Secretária da 1ª Turma BRUNO MOURY FERNANDES.
Acórdão
Processo Nº RO-0000463-80.2018.5.06.0401
PERNAMBUCO
MELO(OAB: 45865/PE)
RECORRIDO ALMIR JOSE VELOSO
EMENTA
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA (CELPE). DIREITO

DA DISTINÇÃO ENTRE ATIVIDADE FIM E MEIO. Com a Em razões anexas (ID. 5d22ead), a CELPE, com fundamento no
superveniência da decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF art. 1.036 do CPC, invoca julgado do C. TST (0000657-
entendimento pessoal. Superada, mediante a técnica da sinalização recorrido, comprovado, da forma adequada, sua condição de
Vistos etc.
VOTO
PE, que, nos termos da sentença de ID. 1681a21, julgou
ajuizada por ALMIR JOSE VELOSO em face da recorrente e de
MAJESTOSA ENGENHARIA LTDA.

públicos.
STF).


do Trabalho da Sexta Região, por DAR PROVIMENTO ao apelo
Conclusão para, reformando a sentença, afastar o reconhecimento do vínculo
de emprego diretamente com a empresa tomadora de serviços,
prestadora de serviços e julgar improcedentes os pedidos fundados
na aplicação dos instrumentos coletivos da categoria (diferenças
salariais para o piso dos empregados da CELPE, indenização
lucros e resultados, diferença do abono de férias). Ante a
procedência do recurso patronal e consequente improcedência total

da demanda autoral, inverter a condenação em honorários Certifico e dou fé.
advocatícios, agora a cargo do autor, no importe de 5% sobre o
valor dado à causa. Inverter, também, as custas, agora a cargo do Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018.
reclamante, no valor de R$ 5.940,58 (calculadas sobre o valor da
causa), porém dispensadas, ante a concessão dos benefícios da
justiça gratuita ao autor.
EMMT
Acórdão
Processo Nº RO-0000463-80.2018.5.06.0401
PERNAMBUCO
MELO(OAB: 45865/PE)

Desembargador Sergio Torres Teixeira (Relator) e Ibrahim Alves - ALMIR JOSE VELOSO

PODER
JUDICIÁRIO
do abono de férias). Ante a procedência do recurso patronal e PROC. N.º TRT - 0000463-80.2018.5.06.0401.0401 (RO)
consequente improcedência total da demanda autoral, inverter a
condenação em honorários advocatícios, agora a cargo do autor, no Órgão Julgador : Primeira Turma
importe de 5% sobre o valor dado à causa. Inverter, também, as
custas, agora a cargo do reclamante, no valor de R$ 5.940,58 Relator : Desembargador Sergio Torres Teixeira
concessão dos benefícios da justiça gratuita ao autor. Recorrentes : COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO -
CELPE.

entendimento pessoal. Superada, mediante a técnica da sinalização
Recorridos : ALMIR JOSE VELOSO; MAJESTOSA (signaling), tese prevalecente no IUJ n° 0000217-
ENGENHARIA LTDA. 31.2015.5.06.0000. Recurso a que se dá provimento.
RELATÓRIO
EMENTA
Vistos etc.
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA (CELPE). DIREITO MAJESTOSA ENGENHARIA LTDA.
DA DISTINÇÃO ENTRE ATIVIDADE FIM E MEIO. Com a Em razões anexas (ID. 5d22ead), a CELPE, com fundamento no
superveniência da decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF art. 1.036 do CPC, invoca julgado do C. TST (0000657-

À análise.
VOTO
públicos.


refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados e

ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional coletivos da categoria (diferenças salariais para o piso dos
do Trabalho da Sexta Região, por DAR PROVIMENTO ao apelo empregados da CELPE, indenização correspondente aos tíquetes
para, reformando a sentença, afastar o reconhecimento do vínculo refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados, diferença
de emprego diretamente com a empresa tomadora de serviços, do abono de férias). Ante a procedência do recurso patronal e
mantendo hígido o contrato de trabalho assinado pela empresa consequente improcedência total da demanda autoral, inverter a
prestadora de serviços e julgar improcedentes os pedidos fundados condenação em honorários advocatícios, agora a cargo do autor, no
na aplicação dos instrumentos coletivos da categoria (diferenças importe de 5% sobre o valor dado à causa. Inverter, também, as
salariais para o piso dos empregados da CELPE, indenização custas, agora a cargo do reclamante, no valor de R$ 5.940,58
correspondente aos tíquetes refeição/alimentação, participação nos (calculadas sobre o valor da causa), porém dispensadas, ante a
lucros e resultados, diferença do abono de férias). Ante a concessão dos benefícios da justiça gratuita ao autor.
da demanda autoral, inverter a condenação em honorários Certifico e dou fé.
advocatícios, agora a cargo do autor, no importe de 5% sobre o
valor dado à causa. Inverter, também, as custas, agora a cargo do Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018.
causa), porém dispensadas, ante a concessão dos benefícios da
justiça gratuita ao autor.
EMMT

Acórdão
Processo Nº RO-0000463-80.2018.5.06.0401
PERNAMBUCO
ADVOGADO HERBERT VIEIRA ALBUQUERQUE EMENTA
MELO(OAB: 45865/PE)
- MAJESTOSA ENGENHARIA LTDA
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA (CELPE). DIREITO

PODER
JUDICIÁRIO

PROC. N.º TRT - 0000463-80.2018.5.06.0401.0401 (RO) TST, perdeu a razão de ser, mesmo para a prestação de serviços

Órgão Julgador : Primeira Turma Considerando que a decisão produz efeitos vinculantes, próprios do

Relator : Desembargador Sergio Torres Teixeira precedente de observância obrigatória, nos termos do art. 927,

Recorrentes : COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - ofensa ao art. 489, §4°, inciso VI, do CPC, esta passa a ser a
CELPE. posição adotada por este Juízo, ainda que com a ressalva de

Recorridos : ALMIR JOSE VELOSO; MAJESTOSA (signaling), tese prevalecente no IUJ n° 0000217-
ENGENHARIA LTDA. 31.2015.5.06.0000. Recurso a que se dá provimento.
RELATÓRIO

Vistos etc.
VOTO
MAJESTOSA ENGENHARIA LTDA.
Em razões anexas (ID. 5d22ead), a CELPE, com fundamento no PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE
art. 1.036 do CPC, invoca julgado do C. TST (0000657-
98.2014.5.06.0020) para justificar o sobrestamento do feito até a Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade,
decisão final do STF sobre a licitude da terceirização dos serviços representação processual e preparo, conheço do recurso.
afastada a orientação da Súmula n° 331 do C. TST e sustenta a MÉRITO


Assim, no entender deste relator, torna-se superada, mediante a Prequestionamento

do Trabalho da Sexta Região, por DAR PROVIMENTO ao apelo
Conclusão para, reformando a sentença, afastar o reconhecimento do vínculo
de emprego diretamente com a empresa tomadora de serviços,
lucros e resultados, diferença do abono de férias). Ante a
Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao apelo para, reformando a da demanda autoral, inverter a condenação em honorários
sentença, afastar o reconhecimento do vínculo de emprego advocatícios, agora a cargo do autor, no importe de 5% sobre o
diretamente com a empresa tomadora de serviços, mantendo hígido valor dado à causa. Inverter, também, as custas, agora a cargo do
o contrato de trabalho assinado pela empresa prestadora de reclamante, no valor de R$ 5.940,58 (calculadas sobre o valor da
serviços e julgar improcedentes os pedidos fundados na aplicação causa), porém dispensadas, ante a concessão dos benefícios da
dos instrumentos coletivos da categoria (diferenças salariais para o justiça gratuita ao autor.

- RIBEIRO PLASTICOS LTDA - ME

coletivos da categoria (diferenças salariais para o piso dos PODER
empregados da CELPE, indenização correspondente aos tíquetes JUDICIÁRIO
consequente improcedência total da demanda autoral, inverter a
importe de 5% sobre o valor dado à causa. Inverter, também, as

PROC. Nº. TRT - RO - 0000858-31.2016.5.06.0017



Recorrente : LEANDRO FRANCISCO DOS SANTOS

COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA; RIBEIRO PLASTICOS
LTDA - ME.
Acórdão
Processo Nº RO-0000858-31.2016.5.06.0017
SANTOS
RECORRIDO ROGERIO CRESPO MARTINS
IMPORTACAO E EXPORTACAO - EMENTA
EIRELI
LTDA.
259037/SP)

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO. Recurso ordinário interposto por LEANDRO FRANCISCO DOS
RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR. MOTORISTA CARRETEIRO. SANTOS de decisão proferida pelo MM. Juízo da 17ª VARA DO
NÃO CONFIGURAÇÃO DE TRABALHO EXTERNO TRABALHO DO RECIFE - PE, que julgou improcedentes os
INCOMPATÍVEL COM A FIXAÇÃO E CONTROLE DE HORÁRIOS. pedidos formulados na ação trabalhista ajuizada pelo recorrente em
HORAS EXTRAS DEVIDAS. Os empregados que exercem face de ROGERIO CRESPO MARTINS IMPORTACAO E
atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho EXPORTACAO - EIRELI, PSMM PERNAMBUCO COMPONENTES
não são regidos pelas regras previstas no capítulo II da CLT (da AUTOMOTIVOS LTDA e RIBEIRO PLASTICOS LTDA - ME, nos
jornada de trabalho), que, em seu art. 58, prevê a duração normal termos da fundamentação de ID. a2d185d.
enquadra nessa exceção é aquele que, no caso concreto, Nas razões recursais, o reclamante-recorrente clama pela reforma
caracteriza-se pela efetiva impossibilidade de controle dos horários da decisão no que respeita às horas extras. Assevera que
praticados pelo trabalhador. Não é a ausência de controle, mas sim apresentou prova testemunhal segura no sentido de comprovar a
sua impossibilidade que caracteriza a exceção em voga, sendo que existência da possibilidade de controle de jornada. Afirma que havia
a análise da impossibilidade deve ser feita em cada caso específico o rastreamento via satélite capaz de fiscalizar o horário do obreiro.
trazido a juízo. No caso concreto, o conjunto fático-probatório Com isso, pleiteia a condenação em horas extras, adicional noturno,
produzido nos autos do processo demonstrou que as atividades intervalo interjornada e repercussões (no aviso prévio, 13º salário,
desenvolvidas pelo obreiro na função de motorista carreteiro não férias+1/3, FGTS+40% e repouso semanal remunerado). Pede
eram incompatíveis com a fixação de horários, além de não se ter provimento ao apelo.
controle sobre seus horários, mas, ao contrário, foi comprovado Contrarrazões apresentadas pela reclamada ROGÉRIO CRESPO
que, embora exercendo função externa, estava ou podia estar MARTINS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO-EIRELI (ID. b3a33ad).
eletrônicos, como rastreador e tacógrafo instalados nos caminhões, Desnecessária a remessa dos presentes autos à D. Procuradoria,
quer porque os trajetos percorridos eram conhecidos e permitia o em face do disposto no art. 50 do Regimento Interno deste
réu estimar o tempo da viagem. Recurso obreiro a que se dá Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se pronunciar
provimento. verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por ocasião
É o relatório.
RELATÓRIO
VOTO
Vistos etc.

implica, necessariamente, na ausência ou impossibilidade de
controle de horário. A exceção tem aplicação tão-somente nos
Dos requisitos de admissibilidade recursal casos em que o trabalho externo representa, de fato, autonomia de
horário para o trabalhador, isto é, o empregado não precisa prestar
O recurso é tempestivo, a representação está regular e o preparo é contas ao empregador de como desenvolve sua rotina de trabalho.
dispensado no caso. Satisfeitos os requisitos de admissibilidade
recursal, conheço-o, bem como das contrarrazões. Assim sendo, só haverá a incompatibilidade quando restar
cabalmente demonstrado que o empregador não poderia, de forma
Mérito alguma, fiscalizar o horário de trabalho do seu empregado.
Das horas extras. Do intervalo interjornada. Do adicional Neste passo, alegando a empresa o labor em condições
noturno. Jornada externa e possibilidade de controle de excepcionais (incompatibilidade com a fixação de horário), atraiu o
jornada. onus probandi, encargo do qual não se desvencilhou, pela não
apresentação de contraprova hábil a elidir a presunção de
O reclamante-recorrente clama pela reforma da decisão no que veracidade que desfruta as alegações iniciais, em face de omissão
respeita às horas extras. Assevera que apresentou prova patronal.
testemunhal segura no sentido de comprovar a existência da
possibilidade de controle de jornada. Afirma que havia o Na realidade, do exame da prova testemunhal colhida, restou
rastreamento via satélite capaz de fiscalizar o horário do obreiro. comprovado que a empresa articulou meios de monitorar e controlar
Com isso, pleiteia a condenação em horas extras, adicional noturno, a jornada de trabalho do obreiro através do acompanhamento do
intervalo interjornada e repercussões (no aviso prévio, 13º salário, seu tempo de deslocamento, seja por meio de monitoramento de
férias+1/3, FGTS+40% e repouso semanal remunerado). sistema de rastreamento de carga via satélite, de tacógrafos, de
bloqueadores, seja mediante a supervisão de superiores
Com razão o obreiro. hierárquicos por telefone celular ou qualquer outro meio eletrônico.
Com efeito, o serviço externo enquadrado na exceção do art. 62, Destaque-se, por oportuno, trechos do depoimento da testemunha
inc. I, da CLT, é aquele que se caracteriza pela efetiva autoral (ID. 27d9544 - Pág. 2):
impossibilidade de controle dos horários praticados pelo
trabalhador. Não é a ausência de controle, mas sim a sua Única testemunha do reclamante GENILSON GONZAGA DOS

não havia nenhuma ordem para determinar o horário de parada possível saber ao certo o tempo realmente dedicado com
para o almoço; QUE o depoente ouvia falar que havia uma ordem exclusividade à empresa. Contudo, existindo meio de o empregador
dada de dentro da empresa para o pessoal que estava na estrada controlar a jornada do trabalhador, ainda que à distância, estará o
nos trajetos mais distantes, mas não sabe dizer quem dava tais contrato de trabalho jungido às regras gerais de duração do
ordens; QUE na empresa ROGERIO CRESPO o trabalho. No caso dos autos, o reclamante, embora laborando
acompanhamento por satélite é feito através dos externamente, tinha sua jornada de trabalho controlada
computadores, cujo controle é feito pelo chefe de transporte ou indiretamente, pois havia rastreamento via satélite do veículo com o
mesmo pelo dono da empresa; QUE na reclamada há 4 carretas, qual labutava, permitindo a empregadora controlar as suas
3 caminhões, uma Montana, além de duas motos; QUE as carretas atividades, pois a evolução tecnológica permite conhecer a hora
e os caminhões são acompanhados por satélite; QUE existe exata em que o veículo parou, onde isso ocorreu, a que hora voltou
uma senha que permite o bloqueio das carretas; QUE os caminhões a movimentar-se, qual direção tomou, enfim, tem ela condição de
não têm o painel onde se faz o bloqueio por senha; QUE o motorista controlar a jornada do empregado em tempo real, daí não caber o
tem uma senha para desbloquear a carreta; QUE não sabe se o enquadramento do obreiro na exceção do art. 62, I da CLT. (TRT
pessoal de Recife tem senha para bloquear o caminhão quando o 23ª R. - RO 0069200-63.2010.5.23.0 - 1ª T. - Rel. Des. Roberto
veículo está na estrada e não sabe dizer como é feito esse Benatar - DJe 11.08.2011 - p. 54)"
bloqueio; QUE não sabe dizer como é feito o sistema da senha,
informando que sabe que cada motorista carreteiro tem uma senha; "MOTORISTA CARRETEIRO - NÃO CONFIGURAÇÃO DE
QUE cada caminhão desse tem um teclado e acha o depoente que TRABALHO EXTERNO INCOMPATÍVEL COM A FIXAÇÃO E
é onde se insere a senha; QUE o depoente nunca dirigiu a carreta; CONTROLE DE HORÁRIOS - HORAS EXTRAS DEVIDAS - Os
QUE quando o depoente esteve em viagem nunca lhe foi dito pela empregados que exercem atividade externa incompatível com a
empresa o horário em que deveria parar para almoçar; QUE fixação de horário de trabalho não são regidos pelas regras
apenas ligavam caso demorasse no almoço; QUE o reclamante previstas no capítulo II da CLT (da jornada de trabalho), que, em
somente teria folga se chegasse no domingo até meio-dia, ocasião seu art. 58, prevê a duração normal do trabalho de 08 (oito) horas
em que pegaria a carreta novamente na segunda-feira pela manhã diárias. O serviço externo que se enquadra nessa exceção é aquele
ou pela tarde a depender da carga; QUE o depoente encontrava o que, no caso concreto, caracteriza-se pela efetiva impossibilidade
autor na empresa somente nas segundas-feiras ou na ROGERIO de controle dos horários praticados pelo trabalhador. Não é a
CRESPO ou na PSMM, sempre na segunda-feira; QUE o depoente ausência de controle, mas sim sua impossibilidade que caracteriza
não sabe dizer quanto tempo nem dias levava o trajeto feito pelo a exceção em voga, sendo que a análise da impossibilidade deve
autor de Recife para Joinvile e volta". ser feita em cada caso específico trazido a juízo. No caso concreto,

controle efetivo da jornada do obreiro. Desse mister não se
desincumbindo (já que não anexou qualquer controle de ponto ou
produziu prova testemunhal sobre a jornada do autor), aplica-se a
inteligência da Súmula 338 do TST, considerando-se válida a
jornada indicada na inicial. Conclusão
Tomando por base a jornada indicada na inicial (ID. dee78e6 - Pág.
2), fixo-a das 05h às 22h, de segunda-feira aos sábados, com
intervalo intrajornada de 1h, bem como repouso semanal aos
domingos. Diante da jornada apontada, imperioso é o deferimento
do pleito de horas extras laboradas acima da 8ª diária e 44ª
semanal (com observância do adicional convencional e, na sua
ausência, do adicional legal), adicional noturno e intervalo
interjornada, bem como suas repercussões no aviso prévio Ante o exposto, dou provimento ao recurso autoral para, fixando
indenizado, 13º salário, férias+1/3, FGTS+40% e repouso semanal a jornada autoral das 05h às 22h, de segunda-feira aos sábados,
remunerado. com intervalo intrajornada de 1h, bem como repouso semanal aos
domingos, condenar a reclamada no pleito de horas extras
Recurso a que se dá provimento. laboradas acima da 8ª diária e 44ª semanal (com observância do
adicional convencional e, na sua ausência, do adicional legal),
Do prequestionamento adicional noturno e intervalo interjornada, bem como suas
repercussões no aviso prévio indenizado, 13º salário, férias+1/3,
Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na FGTS+40% e repouso semanal remunerado.
qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação Quantum a ser apurado em liquidação, incidindo juros e correção
infraconstitucional, sendo desnecessária a menção expressa a cada monetária (artigos 883 da CLT e 39 da Lei nº. 8.177/91, além das
um deles, a teor do disposto na OJ nº. 118, da SDI-I/TST. Súmulas n° 211 e 381 do TST). Observe-se o disposto na
CLT).

EMMT
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pela
do Trabalho da Sexta Região, por maioria, dar provimento ao Exma. Sra. Procuradora Elizabeth Veiga e dos Exmos. Srs.
recurso autoral para, fixando a jornada autoral das 05h às 22h, de Desembargador Eduardo Pugliesi e Ibrahim Alves Filho (Juiz Titular
segunda-feira aos sábados, com intervalo intrajornada de 1h, bem da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado para o Gabinete
como repouso semanal aos domingos, condenar a reclamada no Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por maioria, dar
pleito de horas extras laboradas acima da 8ª diária e 44ª semanal provimento ao recurso autoral para, fixando a jornada autoral das
(com observância do adicional convencional e, na sua ausência, do 05h às 22h, de segunda-feira aos sábados, com intervalo
adicional legal), adicional noturno e intervalo interjornada, bem intrajornada de 1h, bem como repouso semanal aos domingos,
como suas repercussões no aviso prévio indenizado, 13º salário, condenar a reclamada no pleito de horas extras laboradas acima da
férias+1/3, FGTS+40% e repouso semanal remunerado, vencido o 8ª diária e 44ª semanal (com observância do adicional convencional
Exmo. Desembargador Eduardo Pugliesi (que lhe negava e, na sua ausência, do adicional legal), adicional noturno e intervalo
provimento). Quantum a ser apurado em liquidação, incidindo juros interjornada, bem como suas repercussões no aviso prévio
e correção monetária (artigos 883 da CLT e 39 da Lei nº. 8.177/91, indenizado, 13º salário, férias+1/3, FGTS+40% e repouso semanal
além das Súmulas n° 211 e 381 do TST). Observe-se o disposto na remunerado, vencido o Exmo. Desembargador Eduardo Pugliesi
Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do (que lhe negava provimento). Quantum a ser apurado em
Trabalho e na Lei nº. 10.833/03, quanto aos recolhimentos liquidação, incidindo juros e correção monetária (artigos 883 da CLT
789, § 1º, da CLT).

Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018. Advogados : MELANIA RAFAELA SA GOMES DE LIMA; JOAO
PAULO SOUZA OLIVEIRA
Procedência : 2ª Vara do Trabalho de Ipojuca/PE
Acórdão
Processo Nº ROPS-0000864-61.2017.5.06.0192
RECORRENTE DANIELLE CHRISTINE SILVA PIRES
ADVOGADO MELANIA RAFAELA SA GOMES DE
LIMA(OAB: 31239/PE)
ADVOGADO BRUNO VINICIUS OLIVEIRA
TIBURCIO(OAB: 34410/PE)
ADVOGADO DAVI DE SOUSA CAVALCANTI(OAB:
26170-D/PE)
RECORRIDO ACV TECLINE ENGENHARIA LTDA
ADVOGADO JOAO PAULO SOUZA
OLIVEIRA(OAB: 52830/PR)
- DANIELLE CHRISTINE SILVA PIRES
PODER
JUDICIÁRIO
PROC. Nº TRT - 0000864-61.2017.5.06.0192 (ROS)
Relator : Desembargador Sérgio Torres Teixeira
Recorrente : DANIELLE CRISTINE SILVA PIRES.
Recorrida : ACV TECLINE ENGENHARIA LTDA.

acesso à jurisdição e à assistência judiciária. O juízo sentenciante
não concedeu a justiça gratuita com base no padrão remuneratório
da reclamante, bem como lastreado na inexistência de mandato
específico para a declaração de pobreza pela autora. Com razão a
recorrente. Data venia do entendimento do juízo primário, concedo
os benefícios da justiça gratuita, haja vista que após a dispensa da
reclamante pela ré, não há indícios de que aquela possua alguma
renda, conforme CTPS (fl. 428), ficando a cargo do patrono da
reclamada provar o contrário. Assim, uma vez vencida a autora no
mérito da demanda, e considerando que a ação foi proposta após a
vigência da Lei 13.467/2017, em 13/11/2017, impõe-se a
manutenção da condenação dos honorários sucumbenciais em
favor do advogado da reclamada, nos termos estipulados na
sentença. Aplique-se, no entanto, o § 4º do art. 791 A da CLT, que
dispõe que "Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que
não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos
capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e
somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes
ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,
passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. - Do
prequestionamento Fica, desde já, esclarecido que, pelos
motivos expostos na fundamentação deste julgado, o
entendimento adotado não viola qualquer dos dispositivos da
Constituição Federal e da legislação infraconstitucional,
mencionados pelo recorrente, sendo desnecessária a menção
expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ 118, da SDI-
I/TST. CONCLUSÃOAnte o exposto, dou provimento parcial ao
CERTIDÃO DE JULGAMENTO recurso da autora para lhe conceder os benefícios da assistência
judiciária gratuita.
publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de Certifico e dou fé.
SERGIO TORRES TEIXEIRA (Relator), com a presença do Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018.
da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado para o Gabinete Vera Neuma de Moraes Leite
provimento parcial ao recurso da autora para lhe conceder os Secretária da 1ª Turma
benefícios da assistência judiciária gratuita, vencido o Exmo.
Desembargador Eduardo Pugliesi (que lhe negava provimento).
Fundamentos da decisão: Justiça gratuita Pugna a recorrente
pelo deferimento da justiça gratuita, invocando o direito ao amplo SERGIO TORRES TEIXEIRA

PAULO SOUZA OLIVEIRA
Procedência : 2ª Vara do Trabalho de Ipojuca/PE
EMMT
Acórdão
Processo Nº ROPS-0000864-61.2017.5.06.0192
RECORRENTE DANIELLE CHRISTINE SILVA PIRES
ADVOGADO MELANIA RAFAELA SA GOMES DE
LIMA(OAB: 31239/PE)
ADVOGADO BRUNO VINICIUS OLIVEIRA
TIBURCIO(OAB: 34410/PE)
ADVOGADO DAVI DE SOUSA CAVALCANTI(OAB:
26170-D/PE)
RECORRIDO ACV TECLINE ENGENHARIA LTDA
ADVOGADO JOAO PAULO SOUZA
OLIVEIRA(OAB: 52830/PR)
- ACV TECLINE ENGENHARIA LTDA
PODER
JUDICIÁRIO
PROC. Nº TRT - 0000864-61.2017.5.06.0192 (ROS)
Relator : Desembargador Sérgio Torres Teixeira
Recorrente : DANIELLE CRISTINE SILVA PIRES.
Recorrida : ACV TECLINE ENGENHARIA LTDA.
Advogados : MELANIA RAFAELA SA GOMES DE LIMA; JOAO

da reclamante, bem como lastreado na inexistência de mandato
específico para a declaração de pobreza pela autora. Com razão a
recorrente. Data venia do entendimento do juízo primário, concedo
os benefícios da justiça gratuita, haja vista que após a dispensa da
reclamante pela ré, não há indícios de que aquela possua alguma
renda, conforme CTPS (fl. 428), ficando a cargo do patrono da
reclamada provar o contrário. Assim, uma vez vencida a autora no
mérito da demanda, e considerando que a ação foi proposta após a
vigência da Lei 13.467/2017, em 13/11/2017, impõe-se a
manutenção da condenação dos honorários sucumbenciais em
favor do advogado da reclamada, nos termos estipulados na
sentença. Aplique-se, no entanto, o § 4º do art. 791 A da CLT, que
dispõe que "Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que
não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos
capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e
somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes
ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,
passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. - Do
prequestionamento Fica, desde já, esclarecido que, pelos
motivos expostos na fundamentação deste julgado, o
entendimento adotado não viola qualquer dos dispositivos da
Constituição Federal e da legislação infraconstitucional,
mencionados pelo recorrente, sendo desnecessária a menção
expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ 118, da SDI-
I/TST. CONCLUSÃOAnte o exposto, dou provimento parcial ao
CERTIDÃO DE JULGAMENTO recurso da autora para lhe conceder os benefícios da assistência
judiciária gratuita.
publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de Certifico e dou fé.
SERGIO TORRES TEIXEIRA (Relator), com a presença do Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018.
da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado para o Gabinete Vera Neuma de Moraes Leite
provimento parcial ao recurso da autora para lhe conceder os Secretária da 1ª Turma
benefícios da assistência judiciária gratuita, vencido o Exmo.
Desembargador Eduardo Pugliesi (que lhe negava provimento).
Fundamentos da decisão: Justiça gratuita Pugna a recorrente
pelo deferimento da justiça gratuita, invocando o direito ao amplo SERGIO TORRES TEIXEIRA
acesso à jurisdição e à assistência judiciária. O juízo sentenciante
não concedeu a justiça gratuita com base no padrão remuneratório Desembargador Relator

EMMT Agravados : CLÁUDIA ROSSETI ; DIRECT EXPRESS
LOGÍSTICA INTEGRADA S/A
Advogados : DAVYDSON ARAUJO DE CASTRO; CARLOS
FREDERICO SANTA CRUZ SILVA FERREIRA; HERALDO
JUBILUT JÚNIOR
Procedência : 1ª VARA DO TRABALHO DE JABOATÃO - PE
Acórdão
Processo Nº AP-0001019-28.2014.5.06.0141
AGRAVANTE ALEXANDRE DE OLIVEIRA GOUVEIA
ADVOGADO DAVYDSON ARAUJO DE
CASTRO(OAB: 28800/PE)
ADVOGADO NATALIA NOVAES FERRAZ
SULTANUM(OAB: 29564/PE)
AGRAVADO DIRECT EXPRESS LOGISTICA
INTEGRADA S/A
EMENTA
ADVOGADO CARLOS FREDERICO SANTA CRUZ
ADVOGADO VIVIAN MIRANDA BEZERRA(OAB:
273933/SP)
ADVOGADO THIAGO FERREIRA PEREIRA
GONCALVES DA MATA(OAB:
28134/PE)
ADVOGADO EDUARDO CHALFIN(OAB: 53588/RJ)
ADVOGADO HERALDO JUBILUT JUNIOR(OAB:
23812/SP)
AGRAVADO CLAUDIA ROSSETI
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. EXECUÇÃO. AGRAVO

DE PETIÇÃO. CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA.
- ALEXANDRE DE OLIVEIRA GOUVEIA
OBSERVÂNCIA À COISA JULGADA. I - A função da liquidação é
simplesmente obter a expressão monetária da sentença, ou seja,
converter com exatidão 'letra' em 'número', daí porque o produto da

PODER
liquidação deve ser sempre a fiel expressão da coisa julgada
JUDICIÁRIO
material, não se podendo, a pretexto algum, violá-la. II - É por esta
razão que o processo de execução tem por finalidade precípua a
satisfação do direito do credor assegurado por um título judicial ou
extrajudicial. III - Nesta fase é proibido modificar os parâmetros da
decisão cognitiva e até mesmo discutir matéria pertinente à causa
principal. IV - Trata-se de vedação imposta pelo art. 879, §1º da
PROC. Nº. TRT - AP- 0001019-28.2014.5.06.0141 CLT, que tem por finalidade obstar a violação do princípio da coisa
julgada. V - No caso sob exame, considerando que os limites
Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA objetivos da coisa julgada foram observados pela contadoria, mister
se faz a manutenção do julgado, em observância ao princípio da
Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA segurança jurídica. VI- Agravo improvido.
Agravante : ALEXANDRE DE OLIVEIRA GOUVEIA

Sustenta a existência de erronias nas contas quanto aos reflexos do
FGTS mais 40%, eis que não houve a mensuração das horas extras
e horas intervalares com seus reflexos no 13º salário, RSR e férias
mais 1/3, por ser uma imposição legal, a teor do que dispõe o art.
15 da Lei 8.036/90.
Vistos etc.
Afirma ainda que não foram mensuradas as horas extras e horas
Agravo de petição interposto por ALEXANDRE DE OLIVEIRA intervalares corretamente, tendo a Contadoria apenas informado o
GOUVEIA contra decisão proferida pelo MM. Juízo da 1ª Vara do quantitativo final correspondente no período de 05/07/2011 a
Trabalho de Jaboatão dos Guararapes - PE, que julgou 30/06/2013 com percentuais de 100%, inserindo nos cálculos os
improcedente a impugnação aos cálculos ofertada pelo autor, nos valores finais de 4.555 horas extras 1.012 horas intervalares,
autos da execução em que contende com CLÁUDIA ROSSETI e gerando um prejuízo de 416,20 e 28, respectivamente.
DIRECT EXPRESS LOGÍSTICA INTEGRADA S/A, ora agravados.
Sem razão.
Nas razões de seu apelo às fls. 736/748. Insurge-se contra as
contas homologadas, aduzindo a existência de equívocos quanto Vejamos o que dispôs o comando decisório a respeito (fls. 318):
aos reflexos do FGTS mais 40%, quantitativo de horas extras e
intervalo intrajornada, reflexos no aviso prévio, quantitativo de Diante de tal contexto, defiro ao autor as horas que excedam à 44ª
tíquetes, incidência do FGTS mais 40% sobre o 13º salário de 2011 semanal, devidamente acrescidas do adicional abaixo fixado e com
e aviso prévio de 36 dias, correção monetária e juros de mora, reflexos no aviso prévio, férias +1/3, FGTS + 40%, décimo terceiro
contribuição social e imposto de renda. Pede provimento. salário e repouso semanal remunerado.
Contraminuta ofertada às fls. 803/809. Indevidas as demais repercussões insertas no item 10 por
configurarem bis in idem.
Desnecessária a remessa dos presentes autos ao douto Ministério
Público do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Regimento Faz jus, ainda o autor às (diferenças) horas relativas à não
Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se observância do intervalo intrajornada mínimo de 11 horas,
pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por devidamente acrescidas do adicional abaixo fixado e com reflexos
ocasião da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, no aviso prévio, férias +1/3, FGTS + 40%, décimo terceiro salário e
XIII e VII, da Lei Complementar 75/93. repouso semanal remunerado.
É o que tinha de importante a relatar. Indevidas as demais repercussões insertas no item 13 por
caracterizarem bis in idem.
VOTO:
Quanto ao adicional, deve ser aplicado o percentual de 100%
Dos pressupostos de admissibilidade previsto nas normas coletivas jungidas aos autos, até 30.06.2013 e,
no período remanescente, diante da ausência de norma coletiva
O apelo é tempestivo; as representações estão regulares, sendo aplicável à espécie, deve incidir o percentual de 50% previsto na
desnecessário o preparo. Satisfeitos, assim, os demais Carta Magna.
pressupostos processuais, deles conheço, bem como da
contraminuta. No acórdão de fls. 555, houve reforma nos seguintes aspectos, in
verbis:
MÉRITO
Com essas razões, dou provimento parcial ao recurso da empresa
Horas Extras. FGTS mais 40% e Reflexos para excluir as diferenças de repouso semanal remunerado, em

razão da integração das horas extras habitualmente prestadas, no Da Correção Monetária e Juros de Mora
cálculo das férias, da gratificação natalina, do aviso prévio e do
FGTS. Insurge-se contra a aplicação dos juros e correção monetária.
Quanto ao recurso adesivo, dou-lhe provimento parcial para Tenho que a razão não lhe acompanha.
acrescer a condenação (uma) hora extra pela supressão parcial do
intervalo intrajornada, com adicional convencional e, na sua Eis que o dispôs a sentença no tocante à matéria (fls. 321):
ausência, o de 50%. Em face da habitualidade, são devidas as
repercussões das verbas acima deferidas no aviso prévio, férias Os juros moratórios - remuneração do capital pelo atraso na
mais terço constitucional, 13º salários e FGTS + 40% e repouso quitação da dívida - são devidos à base de 1% ao mês, conforme o
semanal remunerado. Autoriza-se a dedução de valores pagos a tal art. 883 da CLT e art. 39, § 1o., da Lei n° 8.177/91 e até a efetiva
título, desde que comprovados nos autos. disponibilidade do crédito ao exeqüente, devendo ser cumprido o
Enunciado 04 do E. TRT da 6a. Região, in verbis: "JUROS DE
Nesta toada, os reflexos do FGTS mais 40%, as horas extras e MORA - DEPÓSITO EM GARANTIA DO JUÍZO - EXEGESE DO
intervalares deferidos já foram definidos no comando decisório, e, ARTIGO 39, § 1º, DA LEI 8.177/91 - RESPONSABILIDADE DA
examinando as contas, percebe-se que essas se encontram em PARTE EXECUTADA - Independentemente da existência de
estrita observância com o julgado, não havendo que se falar em depósito em conta, à ordem do Juízo, para efeito de garantia, de
diferenças ou erronias, pelo que, nego provimento. modo a possibilitar o ingresso de embargos à execução e a praticar
atos processuais subseqüentes, os juros de mora - que são de
Do Aviso Prévio de 36 dias responsabilidade da parte executada - devem ser calculados até a
data da efetiva disponibilidade do crédito ao exeqüente. Sala de
Insurge-se contra o indeferimento dos reflexos no aviso prévio de 36 Sessões do Pleno, 17 de maio de 2001 (quinta-feira). ANA MARIA
dias, sob o argumento de laborado por mais de 24 meses de SCHULER GOMES - Juíza Presidente do TRT da 6ª Região."
trabalho durante o período de 2013, que tem vigência do novo aviso
prévio proporcional. No tocante à correção monetária, apliquem-se os índices
estabelecidos nas tabelas confeccionadas pela Corregedoria do E.
Tenho que a razão não lhe assiste. TRT da 6ª Região, que traduzem o real entendimento consagrado
na Súmula 381 do TST.
Não há qualquer determinação no julgado para que sejam
computados os reflexos sobre o aviso prévio de 36 dias, e, assim, O art. 39 da Lei nº. 8.177/91 estabelece que os depósitos não
nego provimento no ponto. satisfeitos pelo empregador nas épocas próprias serão corrigidos a
partir da mora, no período compreendido entre a data de
Tíquete Alimentação vencimento da obrigação e o seu efetivo pagamento.
Defende que não foi computada corretamente a quantidade de Assim, nos cálculos elaborados, utilizou-se os índices contidos nas
tíquetes alimentação, afirmando que tinha direito a 26 por mês, tabelas publicadas pela douta Corregedoria Regional, as quais se
levando em consideração um total de 23,9 meses, resultando no encontram em perfeita consonância com a evolução legislativa a
total de 621,4, e não 597, como encontrou a Contadoria. respeito da matéria em foco.
Sem razão. Como se vê, a correção monetária e os juros ficaram definidos no
comando decisório, determinando a aplicação dos índices de
Analisando os autos, constata-se que esses foram apurados atualização nos termos da Lei 8.177/91 e Súmula 381 do TST.
considerando os dias trabalhados no período deferido como Decidir de forma distinta implica em violação à coisa julgada.
determinado, não havendo que se perquirir em equívocos, pelo que,
nego provimento. Agravo a que se nega provimento no particular.

Da Contribuição Previdenciária e Imposto de Renda (art. 93, inciso IX, da CF), o que ocorreu no caso concreto.
Aponta incorreções na apuração da contribuição previdenciária e do
imposto de renda. Assevera quanto ao imposto de renda que esse
incide sobre algumas verbas deferidas em sentença/acórdão,
quando da ocorrência do pagamento, aplicando o que estabelece a
Lei n° 12.350/2010.
Sem qualquer razão.
Vejamos o que constou do julgado:
Recolhimentos de índole previdenciária decorrem de expressa
disposição legal.
Diante do exposto, nego provimento ao apelo.
O fato gerador do tributo é a condenação da empresa no
pagamento dos títulos trabalhistas, inclusive com o acréscimo dos
juros e da correção monetária, em proveito econômico para a parte
autora, somente surgindo a obrigação tributária, repita-se, com o
pagamento a quem de direito.
O imposto de renda deve ser pago sobre o total da
condenação, excluídos, obviamente, os títulos que gozam de
isenção fiscal.
A parte demandada, na qualidade de fonte pagadora, deve calcular
e recolher o imposto de renda acaso devido pelo autor,
comprovando-o oportunamente nos autos, para dedução do crédito
obreiro e posterior recuperação. Na hipótese de omissão, caberá à
Secretaria da Vara ex officio calcular, deduzir e recolher o imposto
de renda, na fonte, no momento em que o numerário se tornar
disponível. Tudo em conformidade com o art. 28 da Lei nº 10.833,
de 29.12.2003.
Com efeito, tenho que o louvado obedeceu ao comando decisório e, do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, negar provimento
como se sabe, os limites objetivos da coisa julgada devem ser ao apelo.
observados pelo contador do juízo. É em sede de execução, é
vedado alterar os parâmetros da decisão cognitiva. Trata-se de Recife (PE), 18 de outubro de 2018.
vedação imposta pelo art. 879, § 1º, da CLT, que tem por escopo
impedir a violação do princípio da coisa julgada, razão pela qual
nego provimento ao apelo.
nenhum dispositivo legal. Ademais, não se diga que o julgador Desembargador Relator
estaria obrigado a se manifestar sobre toda a legislação invocada,
bastando que forme seu convencimento e fundamente sua decisão EMMT


CERTIDÃO DE JULGAMENTO - CLAUDIA ROSSETI

PODER
JUDICIÁRIO
provimento ao apelo. PROC. Nº. TRT - AP- 0001019-28.2014.5.06.0141
Certifico e dou fé. Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018. Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA
Vera Neuma de Moraes Leite Agravados : CLÁUDIA ROSSETI ; DIRECT EXPRESS
JUBILUT JÚNIOR
Acórdão
Processo Nº AP-0001019-28.2014.5.06.0141
AGRAVANTE ALEXANDRE DE OLIVEIRA GOUVEIA
ADVOGADO NATALIA NOVAES FERRAZ
INTEGRADA S/A EMENTA
273933/SP)
28134/PE)
23812/SP)

Público do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Regimento
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. EXECUÇÃO. AGRAVO Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se
DE PETIÇÃO. CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA. pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por
OBSERVÂNCIA À COISA JULGADA. I - A função da liquidação é ocasião da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II,
simplesmente obter a expressão monetária da sentença, ou seja, XIII e VII, da Lei Complementar 75/93.
liquidação deve ser sempre a fiel expressão da coisa julgada É o que tinha de importante a relatar.
razão que o processo de execução tem por finalidade precípua a VOTO:
extrajudicial. III - Nesta fase é proibido modificar os parâmetros da Dos pressupostos de admissibilidade
principal. IV - Trata-se de vedação imposta pelo art. 879, §1º da O apelo é tempestivo; as representações estão regulares, sendo
CLT, que tem por finalidade obstar a violação do princípio da coisa desnecessário o preparo. Satisfeitos, assim, os demais
julgada. V - No caso sob exame, considerando que os limites pressupostos processuais, deles conheço, bem como da
objetivos da coisa julgada foram observados pela contadoria, mister contraminuta.
segurança jurídica. VI- Agravo improvido. MÉRITO
Horas Extras. FGTS mais 40% e Reflexos
mais 1/3, por ser uma imposição legal, a teor do que dispõe o art.
15 da Lei 8.036/90.
Vistos etc.
Afirma ainda que não foram mensuradas as horas extras e horas
Agravo de petição interposto por ALEXANDRE DE OLIVEIRA intervalares corretamente, tendo a Contadoria apenas informado o
GOUVEIA contra decisão proferida pelo MM. Juízo da 1ª Vara do quantitativo final correspondente no período de 05/07/2011 a
Trabalho de Jaboatão dos Guararapes - PE, que julgou 30/06/2013 com percentuais de 100%, inserindo nos cálculos os
improcedente a impugnação aos cálculos ofertada pelo autor, nos valores finais de 4.555 horas extras 1.012 horas intervalares,
autos da execução em que contende com CLÁUDIA ROSSETI e gerando um prejuízo de 416,20 e 28, respectivamente.
Sem razão.
contas homologadas, aduzindo a existência de equívocos quanto Vejamos o que dispôs o comando decisório a respeito (fls. 318):
intervalo intrajornada, reflexos no aviso prévio, quantitativo de Diante de tal contexto, defiro ao autor as horas que excedam à 44ª
tíquetes, incidência do FGTS mais 40% sobre o 13º salário de 2011 semanal, devidamente acrescidas do adicional abaixo fixado e com
e aviso prévio de 36 dias, correção monetária e juros de mora, reflexos no aviso prévio, férias +1/3, FGTS + 40%, décimo terceiro
contribuição social e imposto de renda. Pede provimento. salário e repouso semanal remunerado.
Contraminuta ofertada às fls. 803/809. Indevidas as demais repercussões insertas no item 10 por
configurarem bis in idem.

Faz jus, ainda o autor às (diferenças) horas relativas à não Tenho que a razão não lhe assiste.
observância do intervalo intrajornada mínimo de 11 horas,
devidamente acrescidas do adicional abaixo fixado e com reflexos Não há qualquer determinação no julgado para que sejam
no aviso prévio, férias +1/3, FGTS + 40%, décimo terceiro salário e computados os reflexos sobre o aviso prévio de 36 dias, e, assim,
repouso semanal remunerado. nego provimento no ponto.
Indevidas as demais repercussões insertas no item 13 por Tíquete Alimentação
Defende que não foi computada corretamente a quantidade de
Quanto ao adicional, deve ser aplicado o percentual de 100% tíquetes alimentação, afirmando que tinha direito a 26 por mês,
previsto nas normas coletivas jungidas aos autos, até 30.06.2013 e, levando em consideração um total de 23,9 meses, resultando no
no período remanescente, diante da ausência de norma coletiva total de 621,4, e não 597, como encontrou a Contadoria.
aplicável à espécie, deve incidir o percentual de 50% previsto na
Carta Magna. Sem razão.
No acórdão de fls. 555, houve reforma nos seguintes aspectos, in Analisando os autos, constata-se que esses foram apurados
verbis: considerando os dias trabalhados no período deferido como
Com essas razões, dou provimento parcial ao recurso da empresa nego provimento.
para excluir as diferenças de repouso semanal remunerado, em
Quanto ao recurso adesivo, dou-lhe provimento parcial para Tenho que a razão não lhe acompanha.
acrescer a condenação (uma) hora extra pela supressão parcial do
intervalo intrajornada, com adicional convencional e, na sua Eis que o dispôs a sentença no tocante à matéria (fls. 321):
ausência, o de 50%. Em face da habitualidade, são devidas as
repercussões das verbas acima deferidas no aviso prévio, férias Os juros moratórios - remuneração do capital pelo atraso na
mais terço constitucional, 13º salários e FGTS + 40% e repouso quitação da dívida - são devidos à base de 1% ao mês, conforme o
semanal remunerado. Autoriza-se a dedução de valores pagos a tal art. 883 da CLT e art. 39, § 1o., da Lei n° 8.177/91 e até a efetiva
título, desde que comprovados nos autos. disponibilidade do crédito ao exeqüente, devendo ser cumprido o
Enunciado 04 do E. TRT da 6a. Região, in verbis: "JUROS DE
Nesta toada, os reflexos do FGTS mais 40%, as horas extras e MORA - DEPÓSITO EM GARANTIA DO JUÍZO - EXEGESE DO
intervalares deferidos já foram definidos no comando decisório, e, ARTIGO 39, § 1º, DA LEI 8.177/91 - RESPONSABILIDADE DA
examinando as contas, percebe-se que essas se encontram em PARTE EXECUTADA - Independentemente da existência de
estrita observância com o julgado, não havendo que se falar em depósito em conta, à ordem do Juízo, para efeito de garantia, de
diferenças ou erronias, pelo que, nego provimento. modo a possibilitar o ingresso de embargos à execução e a praticar
atos processuais subseqüentes, os juros de mora - que são de
Do Aviso Prévio de 36 dias responsabilidade da parte executada - devem ser calculados até a
Insurge-se contra o indeferimento dos reflexos no aviso prévio de 36 Sessões do Pleno, 17 de maio de 2001 (quinta-feira). ANA MARIA
dias, sob o argumento de laborado por mais de 24 meses de SCHULER GOMES - Juíza Presidente do TRT da 6ª Região."
trabalho durante o período de 2013, que tem vigência do novo aviso
prévio proporcional. No tocante à correção monetária, apliquem-se os índices

estabelecidos nas tabelas confeccionadas pela Corregedoria do E. A parte demandada, na qualidade de fonte pagadora, deve calcular
TRT da 6ª Região, que traduzem o real entendimento consagrado e recolher o imposto de renda acaso devido pelo autor,
na Súmula 381 do TST. comprovando-o oportunamente nos autos, para dedução do crédito
O art. 39 da Lei nº. 8.177/91 estabelece que os depósitos não Secretaria da Vara ex officio calcular, deduzir e recolher o imposto
satisfeitos pelo empregador nas épocas próprias serão corrigidos a de renda, na fonte, no momento em que o numerário se tornar
partir da mora, no período compreendido entre a data de disponível. Tudo em conformidade com o art. 28 da Lei nº 10.833,
vencimento da obrigação e o seu efetivo pagamento. de 29.12.2003.
Assim, nos cálculos elaborados, utilizou-se os índices contidos nas Com efeito, tenho que o louvado obedeceu ao comando decisório e,
tabelas publicadas pela douta Corregedoria Regional, as quais se como se sabe, os limites objetivos da coisa julgada devem ser
encontram em perfeita consonância com a evolução legislativa a observados pelo contador do juízo. É em sede de execução, é
respeito da matéria em foco. vedado alterar os parâmetros da decisão cognitiva. Trata-se de
Como se vê, a correção monetária e os juros ficaram definidos no impedir a violação do princípio da coisa julgada, razão pela qual
comando decisório, determinando a aplicação dos índices de nego provimento ao apelo.
atualização nos termos da Lei 8.177/91 e Súmula 381 do TST.
Decidir de forma distinta implica em violação à coisa julgada. Declaro, por fim, que tal entendimento não tem o condão de violar
nenhum dispositivo legal. Ademais, não se diga que o julgador
Agravo a que se nega provimento no particular. estaria obrigado a se manifestar sobre toda a legislação invocada,
bastando que forme seu convencimento e fundamente sua decisão
incide sobre algumas verbas deferidas em sentença/acórdão,
Lei n° 12.350/2010.
Vejamos o que constou do julgado:
Recolhimentos de índole previdenciária decorrem de expressa
disposição legal.
Diante do exposto, nego provimento ao apelo.
O fato gerador do tributo é a condenação da empresa no
pagamento dos títulos trabalhistas, inclusive com o acréscimo dos
juros e da correção monetária, em proveito econômico para a parte
autora, somente surgindo a obrigação tributária, repita-se, com o
pagamento a quem de direito.
O imposto de renda deve ser pago sobre o total da
condenação, excluídos, obviamente, os títulos que gozam de
isenção fiscal.


Processo Nº AP-0001019-28.2014.5.06.0141
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, negar provimento Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
ao apelo. AGRAVANTE ALEXANDRE DE OLIVEIRA GOUVEIA
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. ADVOGADO NATALIA NOVAES FERRAZ
INTEGRADA S/A
SERGIO TORRES TEIXEIRA 273933/SP)
EMMT 23812/SP)
CERTIDÃO DE JULGAMENTO - DIRECT EXPRESS LOGISTICA INTEGRADA S/A

PODER
JUDICIÁRIO
provimento ao apelo. PROC. Nº. TRT - AP- 0001019-28.2014.5.06.0141
Certifico e dou fé. Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
Vera Neuma de Moraes Leite Agravados : CLÁUDIA ROSSETI ; DIRECT EXPRESS


JUBILUT JÚNIOR Vistos etc.
Procedência : 1ª VARA DO TRABALHO DE JABOATÃO - PE Agravo de petição interposto por ALEXANDRE DE OLIVEIRA
GOUVEIA contra decisão proferida pelo MM. Juízo da 1ª Vara do
Trabalho de Jaboatão dos Guararapes - PE, que julgou
improcedente a impugnação aos cálculos ofertada pelo autor, nos
autos da execução em que contende com CLÁUDIA ROSSETI e
contas homologadas, aduzindo a existência de equívocos quanto
EMENTA intervalo intrajornada, reflexos no aviso prévio, quantitativo de
tíquetes, incidência do FGTS mais 40% sobre o 13º salário de 2011
e aviso prévio de 36 dias, correção monetária e juros de mora,
contribuição social e imposto de renda. Pede provimento.
Contraminuta ofertada às fls. 803/809.
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. EXECUÇÃO. AGRAVO Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se
DE PETIÇÃO. CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA. pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por
OBSERVÂNCIA À COISA JULGADA. I - A função da liquidação é ocasião da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II,
simplesmente obter a expressão monetária da sentença, ou seja, XIII e VII, da Lei Complementar 75/93.
liquidação deve ser sempre a fiel expressão da coisa julgada É o que tinha de importante a relatar.
razão que o processo de execução tem por finalidade precípua a VOTO:
extrajudicial. III - Nesta fase é proibido modificar os parâmetros da Dos pressupostos de admissibilidade
principal. IV - Trata-se de vedação imposta pelo art. 879, §1º da O apelo é tempestivo; as representações estão regulares, sendo
CLT, que tem por finalidade obstar a violação do princípio da coisa desnecessário o preparo. Satisfeitos, assim, os demais
julgada. V - No caso sob exame, considerando que os limites pressupostos processuais, deles conheço, bem como da
objetivos da coisa julgada foram observados pela contadoria, mister contraminuta.
segurança jurídica. VI- Agravo improvido. MÉRITO
Horas Extras. FGTS mais 40% e Reflexos

mais 1/3, por ser uma imposição legal, a teor do que dispõe o art. Quanto ao recurso adesivo, dou-lhe provimento parcial para
15 da Lei 8.036/90. acrescer a condenação (uma) hora extra pela supressão parcial do
intervalo intrajornada, com adicional convencional e, na sua
Afirma ainda que não foram mensuradas as horas extras e horas ausência, o de 50%. Em face da habitualidade, são devidas as
intervalares corretamente, tendo a Contadoria apenas informado o repercussões das verbas acima deferidas no aviso prévio, férias
quantitativo final correspondente no período de 05/07/2011 a mais terço constitucional, 13º salários e FGTS + 40% e repouso
30/06/2013 com percentuais de 100%, inserindo nos cálculos os semanal remunerado. Autoriza-se a dedução de valores pagos a tal
valores finais de 4.555 horas extras 1.012 horas intervalares, título, desde que comprovados nos autos.
gerando um prejuízo de 416,20 e 28, respectivamente.
Nesta toada, os reflexos do FGTS mais 40%, as horas extras e
Sem razão. intervalares deferidos já foram definidos no comando decisório, e,
examinando as contas, percebe-se que essas se encontram em
Vejamos o que dispôs o comando decisório a respeito (fls. 318): estrita observância com o julgado, não havendo que se falar em
diferenças ou erronias, pelo que, nego provimento.
Diante de tal contexto, defiro ao autor as horas que excedam à 44ª
semanal, devidamente acrescidas do adicional abaixo fixado e com Do Aviso Prévio de 36 dias
reflexos no aviso prévio, férias +1/3, FGTS + 40%, décimo terceiro
salário e repouso semanal remunerado. Insurge-se contra o indeferimento dos reflexos no aviso prévio de 36
dias, sob o argumento de laborado por mais de 24 meses de
Indevidas as demais repercussões insertas no item 10 por trabalho durante o período de 2013, que tem vigência do novo aviso
configurarem bis in idem. prévio proporcional.
Faz jus, ainda o autor às (diferenças) horas relativas à não Tenho que a razão não lhe assiste.
observância do intervalo intrajornada mínimo de 11 horas,
devidamente acrescidas do adicional abaixo fixado e com reflexos Não há qualquer determinação no julgado para que sejam
no aviso prévio, férias +1/3, FGTS + 40%, décimo terceiro salário e computados os reflexos sobre o aviso prévio de 36 dias, e, assim,
repouso semanal remunerado. nego provimento no ponto.
Indevidas as demais repercussões insertas no item 13 por Tíquete Alimentação
Defende que não foi computada corretamente a quantidade de
Quanto ao adicional, deve ser aplicado o percentual de 100% tíquetes alimentação, afirmando que tinha direito a 26 por mês,
previsto nas normas coletivas jungidas aos autos, até 30.06.2013 e, levando em consideração um total de 23,9 meses, resultando no
no período remanescente, diante da ausência de norma coletiva total de 621,4, e não 597, como encontrou a Contadoria.
aplicável à espécie, deve incidir o percentual de 50% previsto na
Carta Magna. Sem razão.
No acórdão de fls. 555, houve reforma nos seguintes aspectos, in Analisando os autos, constata-se que esses foram apurados
verbis: considerando os dias trabalhados no período deferido como
Com essas razões, dou provimento parcial ao recurso da empresa nego provimento.
para excluir as diferenças de repouso semanal remunerado, em

Tenho que a razão não lhe acompanha. incide sobre algumas verbas deferidas em sentença/acórdão,
Eis que o dispôs a sentença no tocante à matéria (fls. 321): Lei n° 12.350/2010.
Os juros moratórios - remuneração do capital pelo atraso na Sem qualquer razão.
quitação da dívida - são devidos à base de 1% ao mês, conforme o
art. 883 da CLT e art. 39, § 1o., da Lei n° 8.177/91 e até a efetiva Vejamos o que constou do julgado:
disponibilidade do crédito ao exeqüente, devendo ser cumprido o
Enunciado 04 do E. TRT da 6a. Região, in verbis: "JUROS DE Recolhimentos de índole previdenciária decorrem de expressa
MORA - DEPÓSITO EM GARANTIA DO JUÍZO - EXEGESE DO disposição legal.
ARTIGO 39, § 1º, DA LEI 8.177/91 - RESPONSABILIDADE DA
PARTE EXECUTADA - Independentemente da existência de O fato gerador do tributo é a condenação da empresa no
depósito em conta, à ordem do Juízo, para efeito de garantia, de pagamento dos títulos trabalhistas, inclusive com o acréscimo dos
modo a possibilitar o ingresso de embargos à execução e a praticar juros e da correção monetária, em proveito econômico para a parte
atos processuais subseqüentes, os juros de mora - que são de autora, somente surgindo a obrigação tributária, repita-se, com o
responsabilidade da parte executada - devem ser calculados até a pagamento a quem de direito.
Sessões do Pleno, 17 de maio de 2001 (quinta-feira). ANA MARIA O imposto de renda deve ser pago sobre o total da
SCHULER GOMES - Juíza Presidente do TRT da 6ª Região." condenação, excluídos, obviamente, os títulos que gozam de
isenção fiscal.
No tocante à correção monetária, apliquem-se os índices
estabelecidos nas tabelas confeccionadas pela Corregedoria do E. A parte demandada, na qualidade de fonte pagadora, deve calcular
TRT da 6ª Região, que traduzem o real entendimento consagrado e recolher o imposto de renda acaso devido pelo autor,
na Súmula 381 do TST. comprovando-o oportunamente nos autos, para dedução do crédito
O art. 39 da Lei nº. 8.177/91 estabelece que os depósitos não Secretaria da Vara ex officio calcular, deduzir e recolher o imposto
satisfeitos pelo empregador nas épocas próprias serão corrigidos a de renda, na fonte, no momento em que o numerário se tornar
partir da mora, no período compreendido entre a data de disponível. Tudo em conformidade com o art. 28 da Lei nº 10.833,
vencimento da obrigação e o seu efetivo pagamento. de 29.12.2003.
Assim, nos cálculos elaborados, utilizou-se os índices contidos nas Com efeito, tenho que o louvado obedeceu ao comando decisório e,
tabelas publicadas pela douta Corregedoria Regional, as quais se como se sabe, os limites objetivos da coisa julgada devem ser
encontram em perfeita consonância com a evolução legislativa a observados pelo contador do juízo. É em sede de execução, é
respeito da matéria em foco. vedado alterar os parâmetros da decisão cognitiva. Trata-se de
Como se vê, a correção monetária e os juros ficaram definidos no impedir a violação do princípio da coisa julgada, razão pela qual
comando decisório, determinando a aplicação dos índices de nego provimento ao apelo.
atualização nos termos da Lei 8.177/91 e Súmula 381 do TST.
Decidir de forma distinta implica em violação à coisa julgada. Declaro, por fim, que tal entendimento não tem o condão de violar
Agravo a que se nega provimento no particular. estaria obrigado a se manifestar sobre toda a legislação invocada,

Diante do exposto, nego provimento ao apelo. provimento ao apelo.

Processo Nº RO-0000881-16.2017.5.06.0122
ao apelo. RECORRENTE ABF ENGENHARIA SERVICOS E
COMERCIO LTDA
ADVOGADO JOSE LOPES DA SILVA NETO(OAB:
5979/RN)
PERNAMBUCO
MELO(OAB: 45865/PE)
NETO(OAB: 15657/PE)
SERGIO TORRES TEIXEIRA RECORRIDO ABF ENGENHARIA SERVICOS E
COMERCIO LTDA
Desembargador Relator 5979/RN)
PERNAMBUCO
EMMT ADVOGADO HERBERT VIEIRA ALBUQUERQUE
MELO(OAB: 45865/PE)
NETO(OAB: 15657/PE)
RECORRIDO MARCELO MONTEIRO DA SILVA
LEMOS
ADVOGADO LUCIANA CABRAL DE GOUVEIA
CERTIDÃO DE JULGAMENTO MACHADO(OAB: 16488-D/PE)

ADVOGADO EVANGELINA PACIFICO DAS

NEVES(OAB: 31661/PE)
INTERESSADO
PODER
JUDICIÁRIO RECURSO ORDINÁRIO DAS RECLAMADAS (CELPE E ABF).

PROC. N.º TRT - 0000881-16.2017.5.06.0122 (RO)


Considerando que a decisão produz efeitos vinculantes, próprios do

Recorrentes : COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO -
CELPE; ABF ENGENHARIA SERVICOS E COMERCIO LTDA.
Recorridos : OS MESMOS E MARCELO MONTEIRO DA SILVA
LEMOS.
(signaling), tese prevalecente no IUJ n° 0000217-

Terceiro Int. : UNIÃO FEDERAL
31.2015.5.06.0000. Recursos a que se dão provimento.
Advogados : ALVARO VAN DER LEY LIMA NETO; HERBERT
VIEIRA ALBUQUERQUE MELO; JOSE LOPES DA SILVA NETO;
EVANGELINA PACIFICO DAS NEVES; LUCIANA CABRAL DE
GOUVEIA MACHADO; BRUNO MOURY FERNANDES.
RELATÓRIO
EMENTA

Vistos etc. flagrante violação ao disposto no artigo 5°, II e 37, ambos da
Constituição da República. Pede provimento.
Tratam-se de Recursos Ordinários interpostos por COMPANHIA
ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - CELPE e ABF ENGENHARIA Contrarrazões apresentadas pelo autor (ID. 8c89f8f).
SERVICOS E COMERCIO LTDA de decisão proferida pelo MM.
Juízo da 2ª VARA DO TRABALHO DE PAULISTA-PE, que, nos Desnecessária a remessa dos presentes autos à Procuradoria
termos da sentença de ID. 8deb770, julgou procedentes em parte Regional do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Regimento
os pedidos formulados na ação trabalhista ajuizada por MARCELO Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se
MONTEIRO DA SILVA LEMOS em face das recorrentes. pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por
RECURSO ORDINÁRIO DA ABF XIII e VII, da Lei Complementar n° 75 de 1993.
A ABF, em seu recurso (ID. a767b89), ataca o reconhecimento da É o relatório.
ilicitude da terceirização. Aponta que o reconhecimento de vínculo
empregatício com o tomador de serviço exige a terceirização da
atividade fim, a pessoalidade e a subordinação jurídica do
trabalhador ao tomador de serviços (artigo 3º da CLT). Não provada
qualquer destas condições, válida é a terceirização da atividade
meio. Assim, teria faltado motivação jurídica à sentença ora
combatida. Adiciona que, por qualquer ângulo que se observe a
questão, seja como atividade-meio (inciso III, súmula 331, do TST)
ou atividade fim (Lei nº 8.987/95), há permissão legal para
terceirização dos serviços desempenhados pelo recorrido. Com o VOTO
reconhecimento da licitude da terceirização, imperiosa a reforma da
sentença que determinou o deferimento de diferenças salariais e
benefícios concedidos com base nos acordos coletivos firmados
exclusivamente para a CELPE. Ademais, também em virtude da
licitude da terceirização, restaria impossível a condenação solidária
da ABF. Punga pela concessão dos benefícios da justiça gratuita a
fim de evitar a necessidade de pagamento de custas e efetivação
de depósito recursal para manejo do apelo. Pede provimento.
RECURSO ORDINÁRIO DA CELPE
Em razões anexas (ID. c85af50), a CELPE, com fundamento no art. representação processual e preparo (realizado pela CELPE e
1.036 do CPC, invoca julgado do C. TST (0000657- dispensado no caso da ABF), conheço dos recursos, bem como das
98.2014.5.06.0020) para justificar o sobrestamento do feito até a contrarrazões.
decisão final do STF sobre a licitude da terceirização dos serviços
por concessionárias de serviços públicos (Tema 739). Requer seja MÉRITO
afastada a orientação da Súmula n° 331 do C. TST e sustenta a
presença de expresso permissivo legal para terceirização das Sobrestamento do feito (Recurso da CELPE)
atividades subcontratadas, consoante norma do art. 25, §1°, da Lei
nº 8.987/1995, para afastá-la imprescindível a observância do art. Com fundamento no art. 1.036 do CPC, a recorrente requer o
97 da CRFB e Súmula Vinculante n° 10. Alega que a edição da Lei sobrestamento do feito até a decisão final do STF sobre a licitude
n° 13.429/2017 afasta a controvérsia sobre a permissão de da terceirização dos serviços por concessionárias de serviços
terceirização em atividade-fim, cuja não observância implicaria públicos.

STF).
As reclamadas-recorrentes requerem seja afastada a orientação da constitucionalidade, traduzindo-se em precedente de observância
Súmula n° 331 do C. TST e sustentam a presença de expresso obrigatória pelos tribunais, nos termos do art. 927, inciso I, do CPC
permissivo legal para terceirização das atividades subcontratadas, e sob pena de, não a observando, incorrer-se em ofensa ao art.
consoante norma do art. 25, §1°, da Lei nº 8.987/1995; para afastá- 489, §4°, inciso VI, do CPC, este passa a ser o entendimento deste
la, imprescindível a observância do art. 97 da CRFB e Súmula Juízo, ainda que com a ressalva de meu entendimento pessoal.
Vinculante n° 10. Alegam que a edição da Lei n° 13.429/2017 afasta
a controvérsia sobre a permissão de terceirização em atividade-fim, Sabe-se que este Regional, antes de extinto o procedimento do
cuja não observância implicaria flagrante violação ao disposto no Incidente de uniformização de Jurisprudência por meio da Lei n°
artigo 5°, II e 37, ambos da Constituição da República. 13.467/2017, havia firmado tese prevalecente, em demandas

inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em piso dos empregados da CELPE e suas repercussões, diferenças
aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo de seguro-desemprego, indenização correspondente aos tíquetes
Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados; diferença
Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. do abono de férias, diferenças do vale-transporte, tudo com
previsão nos instrumentos coletivo da categoria.
Uma vez formado o precedente de observância obrigatória, o
sistema processual previu uma série de instrumentos a disposição Recursos a que se dão provimento para, reformando a sentença,
das partes com o intuito de provocar os tribunais a aplicá-lo. Não se afastar o reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a
pode simplesmente ignorá-lo. Trata-se de um dever de disciplina empresa tomadora de serviços, mantendo hígido o contrato de
judiciária hierárquica. trabalho assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar
O caso em particular ostenta a peculiaridade de conflitar com tese coletivos da categoria (anotação na CTPS, as diferenças salariais
prevalecente anteriormente adotada por este Tribunal Regional. para o piso dos empregados da CELPE e suas repercussões,
Todavia, a hipótese comporta aplicação da técnica de superação do diferenças de seguro-desemprego, indenização correspondente aos
precedente interno por meio da sinalização (signaling), sobre a qual tíquetes refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados;
me valho da lição doutrinária de Elisson Miessa: diferença do abono de férias, diferenças do vale-transporte).
"A signaling consiste na técnica utilizada quando um tribunal, apesar Registro, outrossim, que incabível o pedido subsidiário de isonomia
de aplicar determinado precedente, ao perceber sua salarial com base no art. 12 da Lei 6.019/74, já que a prova oral dos
desatualização, sinaliza sua futura superação. A técnica tem como autos não comprova os requisitos necessários para sua concessão
objetivo conceder segurança jurídica aos jurisdicionados, uma vez (ID. 99039f3).
que evita a superação do precedente de forma repentina.
Diante do provimento dos recursos das reclamadas no ponto (que
A aplicação de possível mudança nos precedentes tem como gerou, ante sua prejudicialidade, a improcedência total da demanda
função, além de preservação da segurança jurídica e da confiança do reclamante), afastada deve ser, também, a condenação em
dos jurisdicionados, a provocação de novo debate público, no responsabilidade solidária da ABF ENGENHARIA SERVICOS E
tocante ao entendimento sinalizado, conforme previsão do §2° do COMERCIO LTDA.
art. 927 do NCPC, in verbis" (Manual dos Recursos Trabalhistas.
Teoria e Prática. 3ª. edição. Editora Juspodium: Salvador, 2018) Prequestionamento
Assim, no entender deste relator, torna-se superada, mediante a Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
técnica da sinalização (signaling), a tese prevalecente no IUJ n° fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
0000217-31.2015.5.06.0000. qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
Desta feita, superada pela jurisprudência do Pretório Excelso a desnecessária a menção expressa a cada um deles, a teor do
discussão acerca da inserção do trabalhador na dinâmica da disposto na OJ n° 118 da SDI-I.
econômico principal, dou provimento aos recursos das rés para,

valor da causa).
Conclusão PROVIMENTO aos apelos para, reformando a sentença, afastar o
tomadora de serviços (excluindo, pois, qualquer responsabilidade
da ABF ENGENHARIA SERVICOS E COMERCIO LTDA),
na aplicação dos instrumentos coletivos da categoria (anotação na
CTPS, as diferenças salariais para o piso dos empregados da
CELPE e suas repercussões, diferenças de seguro-desemprego,
Ante o exposto, DOU PROVIMENTO aos apelos para, reformando a indenização correspondente aos tíquetes refeição/alimentação,
sentença, afastar o reconhecimento do vínculo de emprego participação nos lucros e resultados; diferença do abono de férias,
diretamente com a empresa tomadora de serviços (excluindo, pois, diferenças do vale-transporte). Ante a procedência dos recursos
qualquer responsabilidade da ABF ENGENHARIA SERVICOS E patronais e consequente improcedência total da demanda autoral,
COMERCIO LTDA), mantendo hígido o contrato de trabalho inverto as custas, agora a cargo do reclamante, no valor de R$
assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar 5.000,00 (calculadas sobre o valor da causa).
coletivos da categoria (anotação na CTPS, as diferenças salariais Recife (PE), 18 de outubro de 2018.
para o piso dos empregados da CELPE e suas repercussões,
diferenças de seguro-desemprego, indenização correspondente aos
tíquetes refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados;
diferença do abono de férias, diferenças do vale-transporte). SERGIO TORRES TEIXEIRA
Ante a procedência dos recursos patronais e consequente Desembargador Relator
improcedência total da demanda autoral, inverto as custas, agora a
cargo do reclamante, no valor de R$ 5.000,00 (calculadas sobre o EMMT

Acórdão
Processo Nº RO-0000881-16.2017.5.06.0122
CERTIDÃO DE JULGAMENTO Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
RECORRENTE ABF ENGENHARIA SERVICOS E
COMERCIO LTDA
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi ADVOGADO JOSE LOPES DA SILVA NETO(OAB:
5979/RN)
09.10.2018, sob a presidência da Exma. Sra. Desembargadora PERNAMBUCO
MARIA DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO, com a presença do MELO(OAB: 45865/PE)
Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pela ADVOGADO ALVARO VAN DER LEY LIMA
NETO(OAB: 15657/PE)
Exma. Sra. Procuradora Elizabeth Veiga e dos Exmos. Srs. RECORRIDO ABF ENGENHARIA SERVICOS E
COMERCIO LTDA
Filho (Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado 5979/RN)
para o Gabinete Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por PERNAMBUCO
unanimidade, DAR PROVIMENTO aos apelos para, reformando a ADVOGADO HERBERT VIEIRA ALBUQUERQUE
MELO(OAB: 45865/PE)
sentença, afastar o reconhecimento do vínculo de emprego ADVOGADO ALVARO VAN DER LEY LIMA
NETO(OAB: 15657/PE)
diretamente com a empresa tomadora de serviços (excluindo, pois,
qualquer responsabilidade da ABF ENGENHARIA SERVICOS E LEMOS
COMERCIO LTDA), mantendo hígido o contrato de trabalho MACHADO(OAB: 16488-D/PE)
assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar ADVOGADO EVANGELINA PACIFICO DAS
improcedentes os pedidos fundados na aplicação dos instrumentos TERCEIRO UNIÃO FEDERAL (PGF)
INTERESSADO
coletivos da categoria (anotação na CTPS, as diferenças salariais
para o piso dos empregados da CELPE e suas repercussões, Intimado(s)/Citado(s):

diferenças de seguro-desemprego, indenização correspondente aos - ABF ENGENHARIA SERVICOS E COMERCIO LTDA
diferença do abono de férias, diferenças do vale-transporte). Ante a
procedência dos recursos patronais e consequente improcedência

PODER
total da demanda autoral, inverto as custas, agora a cargo do
JUDICIÁRIO
causa).

PROC. N.º TRT - 0000881-16.2017.5.06.0122 (RO)

LEMOS.

Terceiro Int. : UNIÃO FEDERAL (signaling), tese prevalecente no IUJ n° 0000217-
31.2015.5.06.0000. Recursos a que se dão provimento.
Advogados : ALVARO VAN DER LEY LIMA NETO; HERBERT
EVANGELINA PACIFICO DAS NEVES; LUCIANA CABRAL DE
RELATÓRIO
EMENTA
Vistos etc.
ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - CELPE e ABF ENGENHARIA
Juízo da 2ª VARA DO TRABALHO DE PAULISTA-PE, que, nos
termos da sentença de ID. 8deb770, julgou procedentes em parte
os pedidos formulados na ação trabalhista ajuizada por MARCELO
RECURSO ORDINÁRIO DAS RECLAMADAS (CELPE E ABF). MONTEIRO DA SILVA LEMOS em face das recorrentes.
SUPERAÇÃO DA DISTINÇÃO ENTRE ATIVIDADE FIM E MEIO. RECURSO ORDINÁRIO DA ABF
ADPF 324, "é lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, A ABF, em seu recurso (ID. a767b89), ataca o reconhecimento da
meio ou fim, de forma que não se configura relação de emprego ilicitude da terceirização. Aponta que o reconhecimento de vínculo
entre a contratante e o empregado da contratada". A diferenciação empregatício com o tomador de serviço exige a terceirização da
acerca da inserção da atividade subcontratada no âmbito do objeto atividade fim, a pessoalidade e a subordinação jurídica do
social da empresa, antes realizada à luz da Súmula n° 331, item III, trabalhador ao tomador de serviços (artigo 3º da CLT). Não provada
do C. TST, perdeu a razão de ser, mesmo para a prestação de qualquer destas condições, válida é a terceirização da atividade
serviços ocorrida anteriormente à publicação da Lei n° 13.467/2017. meio. Assim, teria faltado motivação jurídica à sentença ora
Considerando que a decisão produz efeitos vinculantes, próprios do combatida. Adiciona que, por qualquer ângulo que se observe a
controle concentrado de constitucionalidade, traduzindo-se em questão, seja como atividade-meio (inciso III, súmula 331, do TST)
precedente de observância obrigatória, nos termos do art. 927, ou atividade fim (Lei nº 8.987/95), há permissão legal para
inciso I, do CPC e sob pena de, não a observando, incorrer-se em terceirização dos serviços desempenhados pelo recorrido. Com o
ofensa ao art. 489, §4°, inciso VI, do CPC, esta passa a ser a reconhecimento da licitude da terceirização, imperiosa a reforma da
posição adotada por este Juízo, ainda que com a ressalva de sentença que determinou o deferimento de diferenças salariais e
entendimento pessoal. Superada, mediante a técnica da sinalização benefícios concedidos com base nos acordos coletivos firmados

exclusivamente para a CELPE. Ademais, também em virtude da
licitude da terceirização, restaria impossível a condenação solidária
Em razões anexas (ID. c85af50), a CELPE, com fundamento no art. representação processual e preparo (realizado pela CELPE e
1.036 do CPC, invoca julgado do C. TST (0000657- dispensado no caso da ABF), conheço dos recursos, bem como das
98.2014.5.06.0020) para justificar o sobrestamento do feito até a contrarrazões.
decisão final do STF sobre a licitude da terceirização dos serviços
por concessionárias de serviços públicos (Tema 739). Requer seja MÉRITO
presença de expresso permissivo legal para terceirização das Sobrestamento do feito (Recurso da CELPE)
nº 8.987/1995, para afastá-la imprescindível a observância do art. Com fundamento no art. 1.036 do CPC, a recorrente requer o
97 da CRFB e Súmula Vinculante n° 10. Alega que a edição da Lei sobrestamento do feito até a decisão final do STF sobre a licitude
n° 13.429/2017 afasta a controvérsia sobre a permissão de da terceirização dos serviços por concessionárias de serviços
terceirização em atividade-fim, cuja não observância implicaria públicos.
flagrante violação ao disposto no artigo 5°, II e 37, ambos da
Constituição da República. Pede provimento. Desnecessária a suspensão do feito, haja vista a superveniência da
decisão do Pretório Excelso que, em sede de repercussão geral
Contrarrazões apresentadas pelo autor (ID. 8c89f8f). (Tema 725), julgou procedente o pedido formulado na ADPF 324. A
Desnecessária a remessa dos presentes autos à Procuradoria fundamentação nela contida os autos serão reexaminados.
Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se Terceirização. Companhia Energética de Pernambuco - CELPE
pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por (ambos os recursos das rés)
XIII e VII, da Lei Complementar n° 75 de 1993. As reclamadas-recorrentes requerem seja afastada a orientação da
Súmula n° 331 do C. TST e sustentam a presença de expresso
É o relatório. permissivo legal para terceirização das atividades subcontratadas,
consoante norma do art. 25, §1°, da Lei nº 8.987/1995; para afastá-
la, imprescindível a observância do art. 97 da CRFB e Súmula
a controvérsia sobre a permissão de terceirização em atividade-fim,
cuja não observância implicaria flagrante violação ao disposto no
artigo 5°, II e 37, ambos da Constituição da República.
À análise.
VOTO Ora, a questão gira em torno da licitude ou não da terceirização


desatualização, sinaliza sua futura superação. A técnica tem como autos não comprova os requisitos necessários para sua concessão
objetivo conceder segurança jurídica aos jurisdicionados, uma vez (ID. 99039f3).
que evita a superação do precedente de forma repentina.
A aplicação de possível mudança nos precedentes tem como gerou, ante sua prejudicialidade, a improcedência total da demanda
função, além de preservação da segurança jurídica e da confiança do reclamante), afastada deve ser, também, a condenação em
dos jurisdicionados, a provocação de novo debate público, no responsabilidade solidária da ABF ENGENHARIA SERVICOS E
tocante ao entendimento sinalizado, conforme previsão do §2° do COMERCIO LTDA.
art. 927 do NCPC, in verbis" (Manual dos Recursos Trabalhistas.
Teoria e Prática. 3ª. edição. Editora Juspodium: Salvador, 2018) Prequestionamento
Assim, no entender deste relator, torna-se superada, mediante a Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
técnica da sinalização (signaling), a tese prevalecente no IUJ n° fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
0000217-31.2015.5.06.0000. qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
Desta feita, superada pela jurisprudência do Pretório Excelso a desnecessária a menção expressa a cada um deles, a teor do
discussão acerca da inserção do trabalhador na dinâmica da disposto na OJ n° 118 da SDI-I.
econômico principal, dou provimento aos recursos das rés para,
piso dos empregados da CELPE e suas repercussões, diferenças
de seguro-desemprego, indenização correspondente aos tíquetes
refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados; diferença
do abono de férias, diferenças do vale-transporte, tudo com
Recursos a que se dão provimento para, reformando a sentença,
tíquetes refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados; Conclusão
diferença do abono de férias, diferenças do vale-transporte).
Registro, outrossim, que incabível o pedido subsidiário de isonomia
salarial com base no art. 12 da Lei 6.019/74, já que a prova oral dos

na aplicação dos instrumentos coletivos da categoria (anotação na
CTPS, as diferenças salariais para o piso dos empregados da
CELPE e suas repercussões, diferenças de seguro-desemprego,
Ante o exposto, DOU PROVIMENTO aos apelos para, reformando a indenização correspondente aos tíquetes refeição/alimentação,
sentença, afastar o reconhecimento do vínculo de emprego participação nos lucros e resultados; diferença do abono de férias,
diretamente com a empresa tomadora de serviços (excluindo, pois, diferenças do vale-transporte). Ante a procedência dos recursos
qualquer responsabilidade da ABF ENGENHARIA SERVICOS E patronais e consequente improcedência total da demanda autoral,
COMERCIO LTDA), mantendo hígido o contrato de trabalho inverto as custas, agora a cargo do reclamante, no valor de R$
assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar 5.000,00 (calculadas sobre o valor da causa).
coletivos da categoria (anotação na CTPS, as diferenças salariais Recife (PE), 18 de outubro de 2018.
diferença do abono de férias, diferenças do vale-transporte). SERGIO TORRES TEIXEIRA
Ante a procedência dos recursos patronais e consequente Desembargador Relator
cargo do reclamante, no valor de R$ 5.000,00 (calculadas sobre o EMMT
valor da causa).
unanimidade, DAR PROVIMENTO aos apelos para, reformando a
qualquer responsabilidade da ABF ENGENHARIA SERVICOS E
COMERCIO LTDA), mantendo hígido o contrato de trabalho
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, DAR improcedentes os pedidos fundados na aplicação dos instrumentos
PROVIMENTO aos apelos para, reformando a sentença, afastar o coletivos da categoria (anotação na CTPS, as diferenças salariais
reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a empresa para o piso dos empregados da CELPE e suas repercussões,
tomadora de serviços (excluindo, pois, qualquer responsabilidade diferenças de seguro-desemprego, indenização correspondente aos
da ABF ENGENHARIA SERVICOS E COMERCIO LTDA), tíquetes refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados;
mantendo hígido o contrato de trabalho assinado pela empresa diferença do abono de férias, diferenças do vale-transporte). Ante a

procedência dos recursos patronais e consequente improcedência

PODER
total da demanda autoral, inverto as custas, agora a cargo do
JUDICIÁRIO
causa).

PROC. N.º TRT - 0000881-16.2017.5.06.0122 (RO)

LEMOS.
Terceiro Int. : UNIÃO FEDERAL
Acórdão Advogados : ALVARO VAN DER LEY LIMA NETO; HERBERT

Processo Nº RO-0000881-16.2017.5.06.0122
RECORRENTE ABF ENGENHARIA SERVICOS E EVANGELINA PACIFICO DAS NEVES; LUCIANA CABRAL DE
COMERCIO LTDA
5979/RN)
PERNAMBUCO Procedência : 2ª VARA DO TRABALHO DE PAULISTA-PE
MELO(OAB: 45865/PE)
NETO(OAB: 15657/PE)
RECORRIDO ABF ENGENHARIA SERVICOS E
COMERCIO LTDA
5979/RN)
PERNAMBUCO
MELO(OAB: 45865/PE)
NETO(OAB: 15657/PE)
LEMOS
ADVOGADO EVANGELINA PACIFICO DAS EMENTA
INTERESSADO
- MARCELO MONTEIRO DA SILVA LEMOS

termos da sentença de ID. 8deb770, julgou procedentes em parte
os pedidos formulados na ação trabalhista ajuizada por MARCELO
RECURSO ORDINÁRIO DAS RECLAMADAS (CELPE E ABF). MONTEIRO DA SILVA LEMOS em face das recorrentes.
SUPERAÇÃO DA DISTINÇÃO ENTRE ATIVIDADE FIM E MEIO. RECURSO ORDINÁRIO DA ABF
ADPF 324, "é lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, A ABF, em seu recurso (ID. a767b89), ataca o reconhecimento da
meio ou fim, de forma que não se configura relação de emprego ilicitude da terceirização. Aponta que o reconhecimento de vínculo
entre a contratante e o empregado da contratada". A diferenciação empregatício com o tomador de serviço exige a terceirização da
acerca da inserção da atividade subcontratada no âmbito do objeto atividade fim, a pessoalidade e a subordinação jurídica do
social da empresa, antes realizada à luz da Súmula n° 331, item III, trabalhador ao tomador de serviços (artigo 3º da CLT). Não provada
do C. TST, perdeu a razão de ser, mesmo para a prestação de qualquer destas condições, válida é a terceirização da atividade
serviços ocorrida anteriormente à publicação da Lei n° 13.467/2017. meio. Assim, teria faltado motivação jurídica à sentença ora
Considerando que a decisão produz efeitos vinculantes, próprios do combatida. Adiciona que, por qualquer ângulo que se observe a
controle concentrado de constitucionalidade, traduzindo-se em questão, seja como atividade-meio (inciso III, súmula 331, do TST)
precedente de observância obrigatória, nos termos do art. 927, ou atividade fim (Lei nº 8.987/95), há permissão legal para
inciso I, do CPC e sob pena de, não a observando, incorrer-se em terceirização dos serviços desempenhados pelo recorrido. Com o
ofensa ao art. 489, §4°, inciso VI, do CPC, esta passa a ser a reconhecimento da licitude da terceirização, imperiosa a reforma da
posição adotada por este Juízo, ainda que com a ressalva de sentença que determinou o deferimento de diferenças salariais e
entendimento pessoal. Superada, mediante a técnica da sinalização benefícios concedidos com base nos acordos coletivos firmados
(signaling), tese prevalecente no IUJ n° 0000217- exclusivamente para a CELPE. Ademais, também em virtude da
31.2015.5.06.0000. Recursos a que se dão provimento. licitude da terceirização, restaria impossível a condenação solidária
Em razões anexas (ID. c85af50), a CELPE, com fundamento no art.
1.036 do CPC, invoca julgado do C. TST (0000657-
98.2014.5.06.0020) para justificar o sobrestamento do feito até a
RELATÓRIO decisão final do STF sobre a licitude da terceirização dos serviços
97 da CRFB e Súmula Vinculante n° 10. Alega que a edição da Lei
n° 13.429/2017 afasta a controvérsia sobre a permissão de
terceirização em atividade-fim, cuja não observância implicaria
Vistos etc. flagrante violação ao disposto no artigo 5°, II e 37, ambos da
Constituição da República. Pede provimento.
ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - CELPE e ABF ENGENHARIA Contrarrazões apresentadas pelo autor (ID. 8c89f8f).
Juízo da 2ª VARA DO TRABALHO DE PAULISTA-PE, que, nos Desnecessária a remessa dos presentes autos à Procuradoria

Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se Terceirização. Companhia Energética de Pernambuco - CELPE
pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por (ambos os recursos das rés)
XIII e VII, da Lei Complementar n° 75 de 1993. As reclamadas-recorrentes requerem seja afastada a orientação da
Súmula n° 331 do C. TST e sustentam a presença de expresso
É o relatório. permissivo legal para terceirização das atividades subcontratadas,
consoante norma do art. 25, §1°, da Lei nº 8.987/1995; para afastá-
la, imprescindível a observância do art. 97 da CRFB e Súmula
a controvérsia sobre a permissão de terceirização em atividade-fim,
cuja não observância implicaria flagrante violação ao disposto no
artigo 5°, II e 37, ambos da Constituição da República.
À análise.
VOTO Ora, a questão gira em torno da licitude ou não da terceirização
Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade, vínculo diretamente com quem, na realidade, era a empregadora,
representação processual e preparo (realizado pela CELPE e não se aplicando disposto no art. 25, § 1°, da Lei n° 8.987/95.
dispensado no caso da ABF), conheço dos recursos, bem como das
contrarrazões. Acrescia, ainda, que a nova redação da Lei n° 6.019/1974, conferida
Sobrestamento do feito (Recurso da CELPE) Todavia, com a superveniência da decisão do Pretório Excelso na
públicos.

voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o econômico principal, dou provimento aos recursos das rés para,

piso dos empregados da CELPE e suas repercussões, diferenças
de seguro-desemprego, indenização correspondente aos tíquetes
refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados; diferença
do abono de férias, diferenças do vale-transporte, tudo com
Recursos a que se dão provimento para, reformando a sentença,
tíquetes refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados; Conclusão
diferença do abono de férias, diferenças do vale-transporte).
Registro, outrossim, que incabível o pedido subsidiário de isonomia
salarial com base no art. 12 da Lei 6.019/74, já que a prova oral dos
autos não comprova os requisitos necessários para sua concessão
(ID. 99039f3).
gerou, ante sua prejudicialidade, a improcedência total da demanda Ante o exposto, DOU PROVIMENTO aos apelos para, reformando a
do reclamante), afastada deve ser, também, a condenação em sentença, afastar o reconhecimento do vínculo de emprego
responsabilidade solidária da ABF ENGENHARIA SERVICOS E diretamente com a empresa tomadora de serviços (excluindo, pois,
COMERCIO LTDA. qualquer responsabilidade da ABF ENGENHARIA SERVICOS E
Prequestionamento assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar
Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na coletivos da categoria (anotação na CTPS, as diferenças salariais
fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola para o piso dos empregados da CELPE e suas repercussões,
qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação diferenças de seguro-desemprego, indenização correspondente aos
infraconstitucional, mencionados pelo recorrente, sendo tíquetes refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados;
desnecessária a menção expressa a cada um deles, a teor do diferença do abono de férias, diferenças do vale-transporte).
Ante a procedência dos recursos patronais e consequente
valor da causa).

unanimidade, DAR PROVIMENTO aos apelos para, reformando a
qualquer responsabilidade da ABF ENGENHARIA SERVICOS E
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, DAR improcedentes os pedidos fundados na aplicação dos instrumentos
PROVIMENTO aos apelos para, reformando a sentença, afastar o coletivos da categoria (anotação na CTPS, as diferenças salariais
reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a empresa para o piso dos empregados da CELPE e suas repercussões,
tomadora de serviços (excluindo, pois, qualquer responsabilidade diferenças de seguro-desemprego, indenização correspondente aos
da ABF ENGENHARIA SERVICOS E COMERCIO LTDA), tíquetes refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados;
mantendo hígido o contrato de trabalho assinado pela empresa diferença do abono de férias, diferenças do vale-transporte). Ante a
prestadora de serviços e julgar improcedentes os pedidos fundados procedência dos recursos patronais e consequente improcedência
na aplicação dos instrumentos coletivos da categoria (anotação na total da demanda autoral, inverto as custas, agora a cargo do
CTPS, as diferenças salariais para o piso dos empregados da reclamante, no valor de R$ 5.000,00 (calculadas sobre o valor da
CELPE e suas repercussões, diferenças de seguro-desemprego, causa).
indenização correspondente aos tíquetes refeição/alimentação,
participação nos lucros e resultados; diferença do abono de férias, Certifico e dou fé.
diferenças do vale-transporte). Ante a procedência dos recursos
patronais e consequente improcedência total da demanda autoral, Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018.
inverto as custas, agora a cargo do reclamante, no valor de R$
5.000,00 (calculadas sobre o valor da causa).
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. Vera Neuma de Moraes Leite
EMMT
Acórdão
Processo Nº RO-0001407-96.2015.5.06.0010
CERTIDÃO DE JULGAMENTO Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
RECORRENTE ROBERTA DOS SANTOS
RODRIGUES


30227/PE)
12450/PE)
ADVOGADO GUSTAVO FLORO AVELLAR
DINIZ(OAB: 17552/PE)
ADVOGADO CHRISTIANE DE SOUZA SILVA(OAB:
11425/PE)
RECORRIDO LIQ CORP S.A.
ADVOGADO CARLA ELISANGELA FERREIRA INDIVIDUAL DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO. ATIVIDADE
BANCÁRIA. TELEATENDIMENTO. SUPERAÇÃO DA DISTINÇÃO
ADVOGADO LEOPOLDINO MIRANDA FREIRE
NETO(OAB: 39346/PE) ENTRE ATIVIDADE FIM E MEIO. Com a superveniência da
decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF 324, "é lícita a
12450/PE) terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, de forma
DINIZ(OAB: 17552/PE) que não se configura relação de emprego entre a contratante e o
ADVOGADO CHRISTIANE DE SOUZA SILVA(OAB: empregado da contratada". A diferenciação acerca da inserção da
11425/PE)
atividade subcontratada no âmbito do objeto social da empresa,
antes realizada à luz da Súmula n° 331, item III, do C. TST, perdeu
- ROBERTA DOS SANTOS RODRIGUES
a razão de ser, mesmo para a prestação de serviços ocorrida

PODER concentrado de constitucionalidade, traduzindo-se em precedente
JUDICIÁRIO de observância obrigatória, nos termos do art. 927, inciso I, do CPC
este Juízo, ainda que com a ressalva de entendimento pessoal.
do vínculo de emprego, por subordinação direta, a consequência é

PROCESSO nº 0001407-96.2015.5.06.0010 (RO)
profissional dos bancários. Recurso a que se nega provimento.
RECORRENTE: ROBERTA DOS SANTOS RODRIGUES
RECORRIDO: ITAU UNIBANCO S.A. , BANCO ITAUCARD S.A.,
LIQ CORP S.A.
RELATOR: SERGIO TORRES TEIXEIRA
ADVOGADOS: ARTHUR COELHO SPERB; JULIANA NETO DE
MENDONÇA MAFRA
Recurso Ordinário interposto por ROBERTA DOS SANTOS
RODRIGUES em face de sentença proferida pelo Juízo da 10ª Vara
do Trabalho do Recife (PE) que julgou IMPROCEDENTES os
pedidos formulados na reclamação trabalhista ajuizada em face de

EMENTA
BANCO ITAUCARD S.A., ITAU UNIBANCO S.A. e LIQ CORP S.A.

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE Vejamos.
Em razões anexas, com fundamento nos artigos 818 da CLT e 373, O cerne da questão devolvida a esta corte revisora é declaração da
inciso I, do CPC, assevera que se desincumbiu do encargo licitude ou ilicitude da terceirização havida entre o ITAU UNIBANCO
processual no tocante à presença de vínculo de emprego e LIQ CORP S.A aquela na qualidade de prestadora dos serviços e
diretamente com a instituição bancária. Amparando-se na Súmula estes como instituições financeiras beneficiários dos serviços.
n° 331 do C. TST, afirma que uma vez reconhecida a ilegalidade da
referida terceirização e o consequente vínculo empregatício com o Anteriormente, nos inúmeros julgados sobre a matéria, vinha
banco recorrido, faz jus aos benefícios da categoria profissional trilhando o caminho da irregularidade de terceirização das tarefas
respectiva, por força dos artigos 581 c/c o art. 611, ambos da CLT. inerentes aos serviços bancários, ainda que limitadas ao
Requer, ainda, a condenação das rés ao pagamento da multa por atendimento telefônico a clientes, considerando que o desempenho
descumprimento das Convenções Coletivas e as horas extras, dessas atividades insere-se no conceito de atividade-fim, aplicando-
decorrentes do art. 224 da CLT. Pede provimento. se, assim, o item I da Súmula n° 331 do C. TST.
Contrarrazões ofertadas. No entender deste relator, a prestação de serviços dessa natureza
Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do a instituição financeira privada, não obstante se cuide de contrato
Trabalho, por ausência de interesse público a justificar sua de trabalho formalmente celebrado com empresa do ramo de
intervenção. telemarketing.
É o relatório. Todavia, com a superveniência da decisão do Pretório Excelso na
VOTO: subcontratada no âmbito do objeto social da empresa, mesmo para
Pressupostos de admissibilidade n° 13.467/2017, perdeu a razão de ser.
Satisfeitas as exigências legais de admissibilidade, eis que os No julgamento, cuja decisão foi publicada no DEJ e DOU 10/9/2018,
recursos são tempestivos, as representações processuais estão o Supremo Tribunal Federal considerou "a licitude da terceirização
regulares e o preparo, desnecessário, conheço do apelo. ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas
Mérito empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
empresa contratante" (Cf. Informativo de Jurisprudência n° 913 do
Terceirização. Ilicitude. Call Center. Instituição Bancária STF).
Com fundamento nos artigos 818 da CLT e 373, inciso I, do CPC, Desse modo e, considerando que a decisão produz efeitos
assevera que se desincumbiu do encargo processual no tocante à vinculantes, próprios do controle concentrado de
presença de vínculo de emprego diretamente com a instituição constitucionalidade, traduzindo-se em precedente de observância
bancária. Amparando-se na Súmula n° 331 do C. TST, afirma que obrigatória pelos tribunais, nos termos do art. 927, inciso I, do CPC
uma vez reconhecida a ilegalidade da referida terceirização e o e sob pena de, não a observando, incorrer-se em ofensa ao art.
consequente vínculo empregatício com o banco recorrido, faz jus 489, §4°, inciso VI, do CPC, este passa a ser o entendimento deste
aos benefícios da categoria profissional respectiva, por força dos Juízo, ainda que com a ressalva de meu entendimento pessoal.
artigos 581 c/c o art. 611, ambos da CLT. Requer, ainda, a
condenação das rés ao pagamento da multa por descumprimento A ilicitude da terceirização ainda pode ser reconhecida, caso haja
das Convenções Coletivas e as horas extras, decorrentes do art. prova irrefutável da presença dos elementos fático-jurídicos dos
224 da CLT. artigos 2° e 3° da CLT, caso em que o vínculo de emprego deve ser

reconhecido, por não se tratar de intermediação de mão de obra, afastamento, inviável aplicar-lhes a norma do art. 611 da CLT e,
mas contratação de empregado por empresa interposta, em afronta assim, igualmente improcedentes os pedidos decorrentes da
ao art. 9° da CLT. aplicação das convenções coletivas da categoria, a saber:
Ocorre que, no caso presente, as partes convencionaram a refeição, auxílio cesta alimentação e 13ª cesta alimentação, assim
utilização de prova emprestada. Em uma das atas de audiência como a multa convencional.
admitida como prova emprestada, a testemunha do autor confirma a
ausência de subordinação direta com os empregados da instituição Do mesmo modo, inviável aplicar-lhes a jornada prevista no art. 224
bancária, consoante trecho abaixo transcrito: da CLT e, sendo as horas extras integrantes da condenação
que trabalha para o ITAUUNIBANCO desde maio de 2010, como igualmente improcedente o pleito de horas extras.
analista de cobrança; que desenvolve suas atividades no 6º andar
do prédio da CONTAX, afirmando que tem como atribuição a Prejudicada a pretensão de reforma quanto aos demais títulos.
fiscalização do contrato firmado entre o ITAÚ e essa empresa; que
trabalha nas dependências da CONTAX desde fevereiro de 2012, Recurso da autora a que se nega provimento.
de forma fixa, porém já freqüentava o local desde novembro de
2011; que dentre suas atribuições está a de tornar efetiva a Prequestionamento
prestação de serviços pela CONTAX, afirmando que o contrato
firmado entre essa empresa e ITAÚ versa sobre serviços de tele- Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
cobrança de modo que tira duvidas que surgirem, porém afirma que fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
seu contato se dá com a gestão da CONTAX e não com os qualquer dos dispositivos da Constituição da República e da
operadores diretamente; que os operadores atendem ligações de legislação infraconstitucional, sendo desnecessária a menção
clientes do cartão de crédito ITAUCARD, prestando informações expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ nº. 118 da SDI-
basicamente de não recebimento de boleto e confirmações de I do TST.
pagamento; que os operadores da CONTAX não prestam serviço
referente à concessão de linha de crédito aos clientes do cartão de Conclusão
crédito (...) 0000824-22.2012.5.06-0009 fl. 205 - IDn° 8b01258)
Ante o exposto:
discussão acerca da inserção do trabalhador na dinâmica da I - CONHEÇO do recurso;
econômico principal e ausente prova da presença dos requisitos II - no mérito, quanto ao recurso da reclamante, NEGO-LHE
demarcados nos artigos 2° e 3° da CLT, dou provimento ao recurso PROVIMENTO.
seus empregados.

EMMT
mérito, quanto ao recurso da reclamante, também por unanimidade,
NEGAR-LHE PROVIMENTO.
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, I - CONHECER do
recurso; II - no mérito, quanto ao recurso da reclamante, também Acórdão

Processo Nº RO-0001407-96.2015.5.06.0010
por unanimidade, NEGAR-LHE PROVIMENTO. Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
RODRIGUES
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. ADVOGADO ARTHUR COELHO SPERB(OAB:
30227/PE)
SERGIO TORRES TEIXEIRA ADVOGADO ANTONIO BRAZ DA SILVA(OAB:
12450/PE)
Desembargador Relator DINIZ(OAB: 17552/PE)


11425/PE)
RECORRIDO LIQ CORP S.A. RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA. DIREITO
ALVES TEIXEIRA(OAB: 18855/PE) INDIVIDUAL DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO. ATIVIDADE
ADVOGADO LEOPOLDINO MIRANDA FREIRE BANCÁRIA. TELEATENDIMENTO. SUPERAÇÃO DA DISTINÇÃO
NETO(OAB: 39346/PE)
RECORRIDO BANCO ITAUCARD S.A. ENTRE ATIVIDADE FIM E MEIO. Com a superveniência da
ADVOGADO ANTONIO BRAZ DA SILVA(OAB: decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF 324, "é lícita a
12450/PE)
ADVOGADO GUSTAVO FLORO AVELLAR terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, de forma
que não se configura relação de emprego entre a contratante e o
11425/PE) empregado da contratada". A diferenciação acerca da inserção da
Intimado(s)/Citado(s): atividade subcontratada no âmbito do objeto social da empresa,
- ITAU UNIBANCO S.A. antes realizada à luz da Súmula n° 331, item III, do C. TST, perdeu
a razão de ser, mesmo para a prestação de serviços ocorrida

PODER
JUDICIÁRIO

PROCESSO nº 0001407-96.2015.5.06.0010 (RO) a exclusão da condenação das parcelas próprias da categoria
RECORRENTE: ROBERTA DOS SANTOS RODRIGUES profissional dos bancários. Recurso a que se nega provimento.
LIQ CORP S.A.
MENDONÇA MAFRA

EMENTA pedidos formulados na reclamação trabalhista ajuizada em face de
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE
Em razões anexas, com fundamento nos artigos 818 da CLT e 373,
inciso I, do CPC, assevera que se desincumbiu do encargo
processual no tocante à presença de vínculo de emprego

diretamente com a instituição bancária. Amparando-se na Súmula estes como instituições financeiras beneficiários dos serviços.
referida terceirização e o consequente vínculo empregatício com o Anteriormente, nos inúmeros julgados sobre a matéria, vinha
banco recorrido, faz jus aos benefícios da categoria profissional trilhando o caminho da irregularidade de terceirização das tarefas
respectiva, por força dos artigos 581 c/c o art. 611, ambos da CLT. inerentes aos serviços bancários, ainda que limitadas ao
Requer, ainda, a condenação das rés ao pagamento da multa por atendimento telefônico a clientes, considerando que o desempenho
reconhecido, por não se tratar de intermediação de mão de obra,
Vejamos. mas contratação de empregado por empresa interposta, em afronta
ao art. 9° da CLT.
O cerne da questão devolvida a esta corte revisora é declaração da
licitude ou ilicitude da terceirização havida entre o ITAU UNIBANCO Ocorre que, no caso presente, as partes convencionaram a
e LIQ CORP S.A aquela na qualidade de prestadora dos serviços e utilização de prova emprestada. Em uma das atas de audiência

admitida como prova emprestada, a testemunha do autor confirma a
ausência de subordinação direta com os empregados da instituição Do mesmo modo, inviável aplicar-lhes a jornada prevista no art. 224
bancária, consoante trecho abaixo transcrito: da CLT e, sendo as horas extras integrantes da condenação
que trabalha para o ITAUUNIBANCO desde maio de 2010, como igualmente improcedente o pleito de horas extras.
analista de cobrança; que desenvolve suas atividades no 6º andar
crédito (...) 0000824-22.2012.5.06-0009 fl. 205 - IDn° 8b01258)
Ante o exposto:
seus empregados.


Processo Nº RO-0001407-96.2015.5.06.0010
RODRIGUES
30227/PE)
12450/PE)
11425/PE)
EMMT RECORRIDO LIQ CORP S.A.
NETO(OAB: 39346/PE)


12450/PE) terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, de forma
ADVOGADO GUSTAVO FLORO AVELLAR que não se configura relação de emprego entre a contratante e o
ADVOGADO CHRISTIANE DE SOUZA SILVA(OAB: empregado da contratada". A diferenciação acerca da inserção da
11425/PE)
atividade subcontratada no âmbito do objeto social da empresa,
Intimado(s)/Citado(s): antes realizada à luz da Súmula n° 331, item III, do C. TST, perdeu
- BANCO ITAUCARD S.A. a razão de ser, mesmo para a prestação de serviços ocorrida
PODER concentrado de constitucionalidade, traduzindo-se em precedente
JUDICIÁRIO de observância obrigatória, nos termos do art. 927, inciso I, do CPC

PROCESSO nº 0001407-96.2015.5.06.0010 (RO)
profissional dos bancários. Recurso a que se nega provimento.
RECORRENTE: ROBERTA DOS SANTOS RODRIGUES
LIQ CORP S.A.
MENDONÇA MAFRA
pedidos formulados na reclamação trabalhista ajuizada em face de

EMENTA
diretamente com a instituição bancária. Amparando-se na Súmula

referida terceirização e o consequente vínculo empregatício com o
INDIVIDUAL DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO. ATIVIDADE
banco recorrido, faz jus aos benefícios da categoria profissional
BANCÁRIA. TELEATENDIMENTO. SUPERAÇÃO DA DISTINÇÃO
respectiva, por força dos artigos 581 c/c o art. 611, ambos da CLT.
ENTRE ATIVIDADE FIM E MEIO. Com a superveniência da
Requer, ainda, a condenação das rés ao pagamento da multa por
decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF 324, "é lícita a

ao art. 9° da CLT.
estes como instituições financeiras beneficiários dos serviços. admitida como prova emprestada, a testemunha do autor confirma a
inerentes aos serviços bancários, ainda que limitadas ao que trabalha para o ITAUUNIBANCO desde maio de 2010, como
atendimento telefônico a clientes, considerando que o desempenho analista de cobrança; que desenvolve suas atividades no 6º andar

crédito (...) 0000824-22.2012.5.06-0009 fl. 205 - IDn° 8b01258)
Ante o exposto:
seus empregados.


Processo Nº RO-0001407-96.2015.5.06.0010
RODRIGUES
30227/PE)
12450/PE)
11425/PE)
EMMT RECORRIDO LIQ CORP S.A.
NETO(OAB: 39346/PE)
CERTIDÃO DE JULGAMENTO ADVOGADO ANTONIO BRAZ DA SILVA(OAB:
12450/PE)
publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de 11425/PE)

MARIA DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO, com a presença do - LIQ CORP S.A.


PODER
JUDICIÁRIO
PROCESSO nº 0001407-96.2015.5.06.0010 (RO) a exclusão da condenação das parcelas próprias da categoria
RECORRENTE: ROBERTA DOS SANTOS RODRIGUES profissional dos bancários. Recurso a que se nega provimento.
LIQ CORP S.A.
MENDONÇA MAFRA
EMENTA pedidos formulados na reclamação trabalhista ajuizada em face de
diretamente com a instituição bancária. Amparando-se na Súmula
RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA. DIREITO n° 331 do C. TST, afirma que uma vez reconhecida a ilegalidade da
INDIVIDUAL DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO. ATIVIDADE referida terceirização e o consequente vínculo empregatício com o
BANCÁRIA. TELEATENDIMENTO. SUPERAÇÃO DA DISTINÇÃO banco recorrido, faz jus aos benefícios da categoria profissional
ENTRE ATIVIDADE FIM E MEIO. Com a superveniência da respectiva, por força dos artigos 581 c/c o art. 611, ambos da CLT.
decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF 324, "é lícita a Requer, ainda, a condenação das rés ao pagamento da multa por
terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, de forma descumprimento das Convenções Coletivas e as horas extras,
que não se configura relação de emprego entre a contratante e o decorrentes do art. 224 da CLT. Pede provimento.
empregado da contratada". A diferenciação acerca da inserção da
atividade subcontratada no âmbito do objeto social da empresa, Contrarrazões ofertadas.
antes realizada à luz da Súmula n° 331, item III, do C. TST, perdeu
a razão de ser, mesmo para a prestação de serviços ocorrida Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do

ao art. 9° da CLT.
estes como instituições financeiras beneficiários dos serviços. admitida como prova emprestada, a testemunha do autor confirma a
inerentes aos serviços bancários, ainda que limitadas ao que trabalha para o ITAUUNIBANCO desde maio de 2010, como
atendimento telefônico a clientes, considerando que o desempenho analista de cobrança; que desenvolve suas atividades no 6º andar
dessas atividades insere-se no conceito de atividade-fim, aplicando- do prédio da CONTAX, afirmando que tem como atribuição a
se, assim, o item I da Súmula n° 331 do C. TST. fiscalização do contrato firmado entre o ITAÚ e essa empresa; que
trabalha nas dependências da CONTAX desde fevereiro de 2012,
No entender deste relator, a prestação de serviços dessa natureza de forma fixa, porém já freqüentava o local desde novembro de
acarreta o reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com 2011; que dentre suas atribuições está a de tornar efetiva a
a instituição financeira privada, não obstante se cuide de contrato prestação de serviços pela CONTAX, afirmando que o contrato

crédito (...) 0000824-22.2012.5.06-0009 fl. 205 - IDn° 8b01258)
Ante o exposto:
seus empregados.
Recurso da autora a que se nega provimento.
Prequestionamento


Processo Nº RO-0001052-61.2016.5.06.0007
RECORRENTE ROBERLANIA DOS SANTOS LIRA
ADVOGADO LUCIANO DE PAULA LIMA(OAB:
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. 41294/PE)
ADVOGADO Hugo Ferreira da Silva Neto(OAB:
29162-D/PE)
PERNAMBUCO
ADVOGADO JOANNA ROSA BEZERRA RIBEIRO
SERGIO TORRES TEIXEIRA VAREJAO(OAB: 32962/PE)
NETO(OAB: 15657/PE)
Desembargador Relator RECORRIDO PROVIDER SOLUCOES
TECNOLOGICAS LTDA (EM
RECUPERACAO JUDICIAL)
EMMT CORREA(OAB: 8375-D/PE)
- ROBERLANIA DOS SANTOS LIRA
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi PODER
publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de JUDICIÁRIO

PROCESSO TRT - RO - Nº. 0001052-61.2016.5.06.0007


Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA inciso I, do CPC e sob pena de, não a observando, incorrer-se em
Recorrente : ROBERLANIA DOS SANTOS LIRA posição adotada por este Juízo, ainda que com a ressalva de
Recorridos : COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - (signaling), tese prevalecente no IUJ n° 0000217-
CELPE e PROVIDER SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS LTDA (EM 31.2015.5.06.0000. Ausente, ainda, elemento probatório que
RECUPERAÇÃO JUDICIAL) permita o reconhecimento do vínculo de emprego, por subordinação
direta, a consequência é a manutenção da sentença que julgou
Advogados : HUGO FERREIRA DA SILVA NETO, LUCIANO DE improcedentes os pedidos postulados na inicial. Recurso Ordinário
PAULA LIMA, ÁLVARO VAN DER LEY LIMA NETO, JOANNA não provido.
ROSA BEZERRA RIBEIRO VAREJAO e FREDERICO DA COSTA
PINTO CORREA
Vistos etc.
Recurso ordinário interposto pela ROBERLANIA DOS SANTOS
LIRA de sentença proferida pela MM. Juízo da 7ª Vara do Trabalho
de Paulista - PE, que julgou improcedentes os pedidos formulados
EMENTA na ação trabalhista ajuizada em face da COMPANHIA
ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - CELPE e PROVIDER
SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS LTDA (EM RECUPERAÇÃO
JUDICIAL. (fls. 594/602).
Em suas razões (fls. 614/633), defende ter havido confissão da
CELPE quanto ao fato de trabalhar em suas atividades essenciais,
ao argumento de que não houve impugnação específica a tal
respeito. Afirma que se ativava nas mesmas atividades descritas no
RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA. DIREITO objeto social da CELPE. Outrossim, diz que o conjunto probatório foi
INDIVIDUAL DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO. SUPERAÇÃO concludente no sentido de que havia subordinação jurídica para
DA DISTINÇÃO ENTRE ATIVIDADE FIM E MEIO. Com a com os seus prepostos. Advoga a tese de que restaram
superveniência da decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF preenchidos os requisitos previstos nos artigos 2º e 3º da CLT,
324, "é lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou quanto à pessoalidade e subordinação direta. Invoca ainda o
fim, de forma que não se configura relação de emprego entre a disposto na Súmula nº. 331, inciso III, do TST e art. 9º da CLT.
contratante e o empregado da contratada". A diferenciação acerca Pede provimento.
da empresa, antes realizada à luz da Súmula n° 331, item III, do C. Contrarrazões apresentadas (fls. 639/644 e fls. 650/656).
ocorrida anteriormente à publicação da Lei n° 13.467/2017. Desnecessária a remessa dos autos à Procuradoria Regional do
Considerando que a decisão produz efeitos vinculantes, próprios do Trabalho, porquanto não se vislumbra interesse público no presente
controle concentrado de constitucionalidade, traduzindo-se em litígio (art. 49 do Regimento Interno deste Sexto Regional).

É o relatório. da Lei nº. 13.467/17 em 11.11.2017, destaco que o contrato de
trabalho do autor perdurou de 01.12.2011 a 21.05.2015, bem como
VOTO: que a presente ação trabalhista foi ajuizada em 03.08.2016, em
momento anterior à vigência da referida lei.
Da preliminar de não conhecimento do apelo, por ofensa ao
princípio da dialeticidade. Feitas essas considerações, passo a apreciar o mérito do recurso
interposto pelo autor.
Em sede contrarrazões, a segunda reclamada, PROVIDER, argui
preliminar de não conhecimento do apelo do autor, por ofensa ao VOTO:
princípio da dialeticidade, com esteio no art. 514 do CPC então
vigente. Para tanto invoca as disposições da Súmula 422 do TST. MÉRITO:
Sem razão.
Pelo princípio processual da dialeticidade, a fundamentação, cujo Da Terceirização. Da licitude. Não reconhecimento do vínculo
atendimento pressupõe necessariamente a argumentação lógica direto com a Companhia Energética de Pernambuco - CELPE.
destinada a evidenciar o equívoco da decisão impugnada, é
pressuposto extrínseco de admissibilidade de qualquer recurso. Defende a ilicitude da terceirização havida entre os réus. Sustenta
ter havido confissão da CELPE quanto ao fato de trabalhar em suas
O princípio em destaque está previsto no art. 932 do CPC, in verbis: atividades essenciais, ao argumento de que não houve impugnação
específica a tal respeito. Afirma que se ativava nas mesmas
Art. 932. Incumbe ao relator: atividades descritas no objeto social da CELPE. Outrossim, diz que
o conjunto probatório foi concludente no sentido de que havia
(...) subordinação para com os seus prepostos.
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não Advoga a tese de que restaram preenchidos os requisitos previstos
tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão nos artigos 2º e 3º da CLT, quanto à pessoalidade e subordinação
recorrida; (...) direta. Invoca ainda o disposto na Súmula nº. 331, inciso III, do TST
e art. 9º da CLT.
Diante disso, o processo deve ser dialético e promover tanto às
partes quanto ao Órgão Jurisdicional a apreciação do que está O Juízo de Origem acolheu a tese defendida pela parte ré e julgou
sendo impugnado. A argumentação recursal deve oferecer improcedente a postulação de vinculação direta com a tomadora de
condições mínimas para que o Magistrado conheça do pedido e serviços (CELPE), declarando lícita, por conseguinte, a
passe a julgá-lo, atacando especificamente os fundamentos da terceirização havida.
decisão.
Inicialmente, verifica-se que a questão gira em torno da licitude ou
No caso concreto, observo que o autor atacou os fundamentos não da terceirização contratada entre as empresas demandadas.
tecidos pelo julgador, razão pela qual rejeito ao preliminar.
No mais, o recurso é tempestivo, a representação está regular o contratação de empregados por empresa interposta e, havendo
preparo é desnecessário. Satisfeitos os demais requisitos de terceirização na atividade-fim da empresa tomadora do serviço, com
admissibilidade, conheço do apelo, bem como das contrarrazões. a contratação de trabalhadores por meio de empresa que promove
Das Considerações iniciais trabalhistas, que não passa pelo crivo do art. 9° da CLT.
Apenas a título de esclarecimento, em virtude da entrada em vigor Em casos tais, sempre me manifestei pelo reconhecimento do

vínculo diretamente com quem, na realidade, era a empregadora, As consequências da formação do precedente vão além da norma
não se aplicando disposto no art. 25, § 1°, da Lei n° 8.987/95. do art. 926 do CPC, pois permitem a possibilidade de julgamento de
improcedência liminar (art. 332 do CPC), dispensam a remessa
Acrescia, ainda, que a nova redação da Lei n° 6.019/1974, conferida necessária, autorizam o relator a julgar o recurso monocraticamente
pela Lei n° 13.429/2017, somente regula os contratos celebrados e (art. 932 do CPC), proporcionam o ajuizamento da reclamação, com
executados a partir de sua vigência (31/3/2017). o intuito garantir a observância da decisão, consoante instrumento
do art. 988 do CPC e, finalmente, em se tratando de decisão
Todavia, com a superveniência da decisão do Pretório Excelso na tomada em sede de controle concentrado de constitucionalidade,
ADPF 324, a diferenciação acerca da inserção da atividade tornam o título executivo inexigível, consoante norma do art. 525,
subcontratada no âmbito do objeto social da empresa, mesmo para §12, do Código de Processo:
n° 13.467/2017 ou Lei n° 13.429/2017, perdeu a razão de ser. Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento
voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o
No julgamento, cuja decisão foi publicada no DEJ e DOU 10/9/2018, executado, independentemente de penhora ou nova intimação,
o Supremo Tribunal Federal considerou "a licitude da terceirização apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas
jurídicas distintas, independentemente do objeto social das (...)
empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
empresa contratante" (Cf. Informativo de Jurisprudência n° 913 do § 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo,
STF). considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em
título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo
Desse modo e, considerando que a decisão produz efeitos considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal,
vinculantes, próprios do controle concentrado de ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato
constitucionalidade, traduzindo-se em precedente de observância normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como
obrigatória pelos tribunais, nos termos do art. 927, inciso I, do incompatível com a Constituição Federal, em controle de
CPC e sob pena de, não a observando, incorrer-se em ofensa ao constitucionalidade concentrado ou difuso.
art. 489, §4°, inciso VI, do CPC, este passa a ser o entendimento
deste Juízo, ainda que com a ressalva de meu entendimento Uma vez formado o precedente de observância obrigatória, o
pessoal. sistema processual previu uma série de instrumentos a disposição
das partes com o intuito de provocar os tribunais a aplicá-lo. Não se
Sabe-se que este Regional, antes de extinto o procedimento do pode simplesmente ignorá-lo. Trata-se de um dever de disciplina
Incidente de uniformização de Jurisprudência por meio da Lei n° judiciária hierárquica.
13.467/2017, havia firmado tese prevalecente, em demandas
assemelhadas, no sentido de que "Constatada a fraude na O caso em particular ostenta a peculiaridade de conflitar com tese
terceirização de mão-de-obra, por estar ela dirigida à atividade-fim prevalecente anteriormente adotada por este Tribunal Regional.
do empreendimento, não se cogita, sequer, de condenação Todavia, a hipótese comporta aplicação da técnica de superação do
subsidiária ou solidária, formando-se o vínculo diretamente com a precedente interno por meio da sinalização (signaling), sobre a qual
empresa tomadora de serviços". me valho da lição doutrinária de Elisson Miessa:
Porém, desde a vigência da Lei n° 13.105/2015, o nosso sistema "A signaling conside na técnica utilizada quando um tribunal, apesar
processual adotou a formação e aplicação concentrada de de aplicar determinado precedente, ao perceber sua
precedentes obrigatórios, com mecanismos próprios de controle da desatualização, sinaliza sua futura superação. A técnica tem como
sua observância pelos Tribunais, de modo a conferir concretude à objetivo conceder segurança jurídica aos jurisdicionados, uma vez
norma do art. 926 do CPC (Os tribunais devem uniformizar sua que evita a superação do precedente de forma repentina.
jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente).
A aplicação de possível mudança nos precedentes tem como

função, além de preservação da segurança jurídica e da confiança problema; que quando isto não ocorria, os operadores ligavam para
dos jurisdicionados, a provocação de novo debate público, no o setor de campo a fim de repassa-las para os clientes; que as
tocante ao entendimento sinalizado, conforme previsão do §2° do ligações, por último narrado, era feitas pelo proprio operador; que
art. 927 do NCPC, in verbis" (Manual dos Recursos Trabalhistas. no sistema já vem algumas opções elencadas (somente no caso de
Teoria e Prática. 3ª. edição. Editora Juspodium: Salvador, 2018) prontidão); que havia também um campo de "observações" para o
operador; que não existe equipe de treinamento da provider.
Assim, no entender deste relator, torna-se superada, mediante a
técnica da sinalização (signaling), a tese prevalecente no IUJ n° No processo 0000899-56.2015.5.06.0009 a testemunha informou
0000217-31.2015.5.06.0000. (fls. 223/224 - com grifos de agora):
É certo que a ilicitude da terceirização ainda pode ser reconhecida, (...) que recebia ligações de solicitação de religação, atendimento
caso haja prova irrefutável da presença dos elementos fático- emergencial atendimento de alta tensão para clientes coorporativos;
jurídicos dos artigos 2° e 3° da CLT, caso em que o vínculo de que executava atividades no prédio da Provider, prestando serviços
emprego deve ser reconhecido, por não se tratar de intermediação à Celpe; que havia representantes da Celpe no prédio; que caso o
de mão de obra, mas contratação de empregado por empresa atendente não conseguisse realizar determinado procedimento, o
interposta, em afronta ao art. 9° da CLT. representante da Celpe era convocado prestando as necessárias
informações ao atendente para que este finalizasse o serviço; que
Conforme ata de audiência de fl. 1187 (ID n° d7b27c6), as partes os trabalhos do depoente eram supervisionados tanto pelo superior
convencionaram a utilização de prova emprestada. O depoimento hierárquico da Celpe quanto da Provider; que a reclamante também
da testemunha não demonstra a presença inequívoca dos trabalhava para a Provider, prestando serviços à Celpe nos mesmos
elementos fático-jurídicos dos artigos 2° e 3° da CLT. moldes acima descritos, realizando o atendimento comercial e o
atendimento dos serviços emergenciais, à exemplo de fio partido,
A testemunha ouvida nos atos do Processo 0000913- falta de energia, acidente com terceiros (...) que ao ingressar nos
31.2015.5.06.0012disse que (fl. 221 - grifos acrescentados): quadros da Provider, recebeu treinamento para execução de suas
atividades; que o treinamento foi realizado por representantes da
(...) que o depoente recebeu treinamento na sede da celpe, bongi; Celpe, no estabelecimento desta situado no Bongi; que tanto a
que havia treinamentos dado por funcionários da celpe, dentro da reclamante quanto o depoente utilizavam os sistemas, Book
provider; que o supervisor da provider também assistia a estes (informações acerca dos procedimentos a serem adotados e do
treinamentos; que Renata (coordenadora da celpe ) e Senyr, atendimento a ser realizado) SAP (solicitações comerciais) e GSE
também da celpe, eram as pessoas que davam este treinamento; (solicitações emergenciais); que tais sistemas pertenciam à Celpe;
que as pessoas que davam o treinamento eram as fiscais da celpe, que tinha suas ligações monitoradas pela Celpe; que sabe disso
na provider; que havia uma sala específica para o pessoal da celpe; porquanto o supervisor por muitas vezes informava ao atendente
que este pessoal, ficava no mínimo, 03 vezes por semana, na que a ligação havia sido monitorada pelo cliente Celpe; que o
provider; que inicialmente, era Renata, e após, sr. Senyr; que cabia depoente atendia ligação, lançava os dados de informações no
aos supervisores da provider, assuntos relativos à faltas, atrasos, sistema; que os dados eram enviados à Celpe por meio de próprio
idas ao wc; já os coordenadores da celpe , repassavam sistema; que com os dados, a Celpe procedia ao encaminhamento
treinamentos, metas, cobrar resultados, e fazer correções quanto necessário para a resolução de problemas; que havia metas de
aos procedimentos adotados; que quando atendiam telefone, se atendimento; que tais metas eram estabelecidas pela Celpe; (...)"
identificavam como sendo da celpe; que os sistemas utilizados
eram: SAPRE (comercial) GSE (prontidão/emergencial); que era Desta feita, superada pela jurisprudência do Pretório Excelso a
frequente os clientes ligarem para o numero de atendimento discussão acerca da inserção do trabalhador na dinâmica da
comercial mesmo quando se tratavam de assunto emergencial; que empresa-tomadora, laborando em atividade ligada ao seu objeto
neste caso, os atendentes davam sequencia ao atendimento; que é econômico principal e ausente prova da presença dos requisitos
feito o relato do caso no sistema já mencionado; que os relatos são demarcados nos artigos 2° e 3° da CLT, nego provimento ao
recebidos pelo setor de campo para as providências cabíveis; que o recurso ordinário.
sistema já indica uma previsão de tempo para a solução do

I - Preliminarmente, em atuação ex officio, REJEITO a preliminar de
Acrescento, enfim, que os motivos expostos na fundamentação do não conhecimento do apelo, por ofensa ao princípio da
presente julgado não violam nenhum dos dispositivos da dialeticidade.
desnecessária a menção expressa, a cada um deles, a teor do No mérito:
disposto na OJ nº. 118, da SDI-1, do C. TST.
II - NEGO PROVIMENTO ao recurso ordinário.
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, I - Preliminarmente,
em atuação ex officio, REJEITAR a preliminar de não conhecimento
do apelo, por ofensa ao princípio da dialeticidade. No mérito: por
unanimidade, II - NEGAR PROVIMENTO ao recurso ordinário.
Conclusão SERGIO TORRES TEIXEIRA
EMMT
Ante o exposto,


PODER
JUDICIÁRIO
unanimidade, I - Preliminarmente, em atuação ex officio, REJEITAR PROCESSO TRT - RO - Nº. 0001052-61.2016.5.06.0007
a preliminar de não conhecimento do apelo, por ofensa ao princípio
da dialeticidade. No mérito: por unanimidade, II - NEGAR Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
PROVIMENTO ao recurso ordinário.
Recorrente : ROBERLANIA DOS SANTOS LIRA
Recorridos : COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO -
CELPE e PROVIDER SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS LTDA (EM
RECUPERAÇÃO JUDICIAL)
Advogados : HUGO FERREIRA DA SILVA NETO, LUCIANO DE
Secretária da 1ª Turma PAULA LIMA, ÁLVARO VAN DER LEY LIMA NETO, JOANNA
PINTO CORREA
Acórdão
Processo Nº RO-0001052-61.2016.5.06.0007
41294/PE)
29162-D/PE)
RECORRIDO COMPANHIA ENERGETICA DE EMENTA
PERNAMBUCO
VAREJAO(OAB: 32962/PE)
NETO(OAB: 15657/PE)
RECORRIDO PROVIDER SOLUCOES
CORREA(OAB: 8375-D/PE)

INDIVIDUAL DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO. SUPERAÇÃO concludente no sentido de que havia subordinação jurídica para
DA DISTINÇÃO ENTRE ATIVIDADE FIM E MEIO. Com a com os seus prepostos. Advoga a tese de que restaram
superveniência da decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF preenchidos os requisitos previstos nos artigos 2º e 3º da CLT,
324, "é lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou quanto à pessoalidade e subordinação direta. Invoca ainda o
fim, de forma que não se configura relação de emprego entre a disposto na Súmula nº. 331, inciso III, do TST e art. 9º da CLT.
contratante e o empregado da contratada". A diferenciação acerca Pede provimento.
da empresa, antes realizada à luz da Súmula n° 331, item III, do C. Contrarrazões apresentadas (fls. 639/644 e fls. 650/656).
ocorrida anteriormente à publicação da Lei n° 13.467/2017. Desnecessária a remessa dos autos à Procuradoria Regional do
Considerando que a decisão produz efeitos vinculantes, próprios do Trabalho, porquanto não se vislumbra interesse público no presente
controle concentrado de constitucionalidade, traduzindo-se em litígio (art. 49 do Regimento Interno deste Sexto Regional).
inciso I, do CPC e sob pena de, não a observando, incorrer-se em É o relatório.
posição adotada por este Juízo, ainda que com a ressalva de VOTO:
(signaling), tese prevalecente no IUJ n° 0000217- Da preliminar de não conhecimento do apelo, por ofensa ao
31.2015.5.06.0000. Ausente, ainda, elemento probatório que princípio da dialeticidade.
direta, a consequência é a manutenção da sentença que julgou Em sede contrarrazões, a segunda reclamada, PROVIDER, argui
improcedentes os pedidos postulados na inicial. Recurso Ordinário preliminar de não conhecimento do apelo do autor, por ofensa ao
não provido. princípio da dialeticidade, com esteio no art. 514 do CPC então
vigente. Para tanto invoca as disposições da Súmula 422 do TST.
Sem razão.
Pelo princípio processual da dialeticidade, a fundamentação, cujo
atendimento pressupõe necessariamente a argumentação lógica
pressuposto extrínseco de admissibilidade de qualquer recurso.
Vistos etc.
O princípio em destaque está previsto no art. 932 do CPC, in verbis:
LIRA de sentença proferida pela MM. Juízo da 7ª Vara do Trabalho Art. 932. Incumbe ao relator:
na ação trabalhista ajuizada em face da COMPANHIA (...)
SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS LTDA (EM RECUPERAÇÃO III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não
JUDICIAL. (fls. 594/602). tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão
recorrida; (...)
CELPE quanto ao fato de trabalhar em suas atividades essenciais, Diante disso, o processo deve ser dialético e promover tanto às
ao argumento de que não houve impugnação específica a tal partes quanto ao Órgão Jurisdicional a apreciação do que está
respeito. Afirma que se ativava nas mesmas atividades descritas no sendo impugnado. A argumentação recursal deve oferecer
objeto social da CELPE. Outrossim, diz que o conjunto probatório foi condições mínimas para que o Magistrado conheça do pedido e

passe a julgá-lo, atacando especificamente os fundamentos da terceirização havida.
decisão.
Inicialmente, verifica-se que a questão gira em torno da licitude ou
No caso concreto, observo que o autor atacou os fundamentos não da terceirização contratada entre as empresas demandadas.
tecidos pelo julgador, razão pela qual rejeito ao preliminar.
No mais, o recurso é tempestivo, a representação está regular o contratação de empregados por empresa interposta e, havendo
preparo é desnecessário. Satisfeitos os demais requisitos de terceirização na atividade-fim da empresa tomadora do serviço, com
admissibilidade, conheço do apelo, bem como das contrarrazões. a contratação de trabalhadores por meio de empresa que promove
Das Considerações iniciais trabalhistas, que não passa pelo crivo do art. 9° da CLT.
Apenas a título de esclarecimento, em virtude da entrada em vigor Em casos tais, sempre me manifestei pelo reconhecimento do
da Lei nº. 13.467/17 em 11.11.2017, destaco que o contrato de vínculo diretamente com quem, na realidade, era a empregadora,
trabalho do autor perdurou de 01.12.2011 a 21.05.2015, bem como não se aplicando disposto no art. 25, § 1°, da Lei n° 8.987/95.
que a presente ação trabalhista foi ajuizada em 03.08.2016, em
momento anterior à vigência da referida lei. Acrescia, ainda, que a nova redação da Lei n° 6.019/1974, conferida
Feitas essas considerações, passo a apreciar o mérito do recurso executados a partir de sua vigência (31/3/2017).
VOTO: ADPF 324, a diferenciação acerca da inserção da atividade
MÉRITO: a prestação de serviços ocorrida anteriormente à publicação da Lei
n° 13.467/2017 ou Lei n° 13.429/2017, perdeu a razão de ser.
Da Terceirização. Da licitude. Não reconhecimento do vínculo o Supremo Tribunal Federal considerou "a licitude da terceirização
direto com a Companhia Energética de Pernambuco - CELPE. ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas
Defende a ilicitude da terceirização havida entre os réus. Sustenta empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
ter havido confissão da CELPE quanto ao fato de trabalhar em suas empresa contratante" (Cf. Informativo de Jurisprudência n° 913 do
atividades essenciais, ao argumento de que não houve impugnação STF).
atividades descritas no objeto social da CELPE. Outrossim, diz que Desse modo e, considerando que a decisão produz efeitos
o conjunto probatório foi concludente no sentido de que havia vinculantes, próprios do controle concentrado de
subordinação para com os seus prepostos. constitucionalidade, traduzindo-se em precedente de observância
obrigatória pelos tribunais, nos termos do art. 927, inciso I, do
Advoga a tese de que restaram preenchidos os requisitos previstos CPC e sob pena de, não a observando, incorrer-se em ofensa ao
nos artigos 2º e 3º da CLT, quanto à pessoalidade e subordinação art. 489, §4°, inciso VI, do CPC, este passa a ser o entendimento
direta. Invoca ainda o disposto na Súmula nº. 331, inciso III, do TST deste Juízo, ainda que com a ressalva de meu entendimento
e art. 9º da CLT. pessoal.
O Juízo de Origem acolheu a tese defendida pela parte ré e julgou Sabe-se que este Regional, antes de extinto o procedimento do
improcedente a postulação de vinculação direta com a tomadora de Incidente de uniformização de Jurisprudência por meio da Lei n°
serviços (CELPE), declarando lícita, por conseguinte, a 13.467/2017, havia firmado tese prevalecente, em demandas

assemelhadas, no sentido de que "Constatada a fraude na O caso em particular ostenta a peculiaridade de conflitar com tese
terceirização de mão-de-obra, por estar ela dirigida à atividade-fim prevalecente anteriormente adotada por este Tribunal Regional.
do empreendimento, não se cogita, sequer, de condenação Todavia, a hipótese comporta aplicação da técnica de superação do
subsidiária ou solidária, formando-se o vínculo diretamente com a precedente interno por meio da sinalização (signaling), sobre a qual
empresa tomadora de serviços". me valho da lição doutrinária de Elisson Miessa:
Porém, desde a vigência da Lei n° 13.105/2015, o nosso sistema "A signaling conside na técnica utilizada quando um tribunal, apesar
processual adotou a formação e aplicação concentrada de de aplicar determinado precedente, ao perceber sua
precedentes obrigatórios, com mecanismos próprios de controle da desatualização, sinaliza sua futura superação. A técnica tem como
sua observância pelos Tribunais, de modo a conferir concretude à objetivo conceder segurança jurídica aos jurisdicionados, uma vez
norma do art. 926 do CPC (Os tribunais devem uniformizar sua que evita a superação do precedente de forma repentina.
A aplicação de possível mudança nos precedentes tem como
As consequências da formação do precedente vão além da norma função, além de preservação da segurança jurídica e da confiança
do art. 926 do CPC, pois permitem a possibilidade de julgamento de dos jurisdicionados, a provocação de novo debate público, no
improcedência liminar (art. 332 do CPC), dispensam a remessa tocante ao entendimento sinalizado, conforme previsão do §2° do
necessária, autorizam o relator a julgar o recurso monocraticamente art. 927 do NCPC, in verbis" (Manual dos Recursos Trabalhistas.
(art. 932 do CPC), proporcionam o ajuizamento da reclamação, com Teoria e Prática. 3ª. edição. Editora Juspodium: Salvador, 2018)
o intuito garantir a observância da decisão, consoante instrumento
do art. 988 do CPC e, finalmente, em se tratando de decisão Assim, no entender deste relator, torna-se superada, mediante a
tomada em sede de controle concentrado de constitucionalidade, técnica da sinalização (signaling), a tese prevalecente no IUJ n°
tornam o título executivo inexigível, consoante norma do art. 525, 0000217-31.2015.5.06.0000.
§12, do Código de Processo:
É certo que a ilicitude da terceirização ainda pode ser reconhecida,
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento caso haja prova irrefutável da presença dos elementos fático-
voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o jurídicos dos artigos 2° e 3° da CLT, caso em que o vínculo de
executado, independentemente de penhora ou nova intimação, emprego deve ser reconhecido, por não se tratar de intermediação
apresente, nos próprios autos, sua impugnação. de mão de obra, mas contratação de empregado por empresa
(...)
Conforme ata de audiência de fl. 1187 (ID n° d7b27c6), as partes
§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo, convencionaram a utilização de prova emprestada. O depoimento
considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em da testemunha não demonstra a presença inequívoca dos
título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo elementos fático-jurídicos dos artigos 2° e 3° da CLT.
considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal,
ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato A testemunha ouvida nos atos do Processo 0000913-
normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como 31.2015.5.06.0012disse que (fl. 221 - grifos acrescentados):
incompatível com a Constituição Federal, em controle de
constitucionalidade concentrado ou difuso. (...) que o depoente recebeu treinamento na sede da celpe, bongi;
que havia treinamentos dado por funcionários da celpe, dentro da
Uma vez formado o precedente de observância obrigatória, o provider; que o supervisor da provider também assistia a estes
sistema processual previu uma série de instrumentos a disposição treinamentos; que Renata (coordenadora da celpe ) e Senyr,
das partes com o intuito de provocar os tribunais a aplicá-lo. Não se também da celpe, eram as pessoas que davam este treinamento;
pode simplesmente ignorá-lo. Trata-se de um dever de disciplina que as pessoas que davam o treinamento eram as fiscais da celpe,
judiciária hierárquica. na provider; que havia uma sala específica para o pessoal da celpe;
que este pessoal, ficava no mínimo, 03 vezes por semana, na

provider; que inicialmente, era Renata, e após, sr. Senyr; que cabia depoente atendia ligação, lançava os dados de informações no
aos supervisores da provider, assuntos relativos à faltas, atrasos, sistema; que os dados eram enviados à Celpe por meio de próprio
idas ao wc; já os coordenadores da celpe , repassavam sistema; que com os dados, a Celpe procedia ao encaminhamento
treinamentos, metas, cobrar resultados, e fazer correções quanto necessário para a resolução de problemas; que havia metas de
aos procedimentos adotados; que quando atendiam telefone, se atendimento; que tais metas eram estabelecidas pela Celpe; (...)"
eram: SAPRE (comercial) GSE (prontidão/emergencial); que era Desta feita, superada pela jurisprudência do Pretório Excelso a
frequente os clientes ligarem para o numero de atendimento discussão acerca da inserção do trabalhador na dinâmica da
comercial mesmo quando se tratavam de assunto emergencial; que empresa-tomadora, laborando em atividade ligada ao seu objeto
neste caso, os atendentes davam sequencia ao atendimento; que é econômico principal e ausente prova da presença dos requisitos
feito o relato do caso no sistema já mencionado; que os relatos são demarcados nos artigos 2° e 3° da CLT, nego provimento ao
recebidos pelo setor de campo para as providências cabíveis; que o recurso ordinário.
sistema já indica uma previsão de tempo para a solução do
problema; que quando isto não ocorria, os operadores ligavam para Do prequestionamento
o setor de campo a fim de repassa-las para os clientes; que as
ligações, por último narrado, era feitas pelo proprio operador; que Acrescento, enfim, que os motivos expostos na fundamentação do
no sistema já vem algumas opções elencadas (somente no caso de presente julgado não violam nenhum dos dispositivos da
prontidão); que havia também um campo de "observações" para o Constituição Federal, tampouco preceitos legais, sendo
operador; que não existe equipe de treinamento da provider. desnecessária a menção expressa, a cada um deles, a teor do
No processo 0000899-56.2015.5.06.0009 a testemunha informou
(fls. 223/224 - com grifos de agora):
(...) que recebia ligações de solicitação de religação, atendimento
emergencial atendimento de alta tensão para clientes coorporativos;
que executava atividades no prédio da Provider, prestando serviços
à Celpe; que havia representantes da Celpe no prédio; que caso o
atendente não conseguisse realizar determinado procedimento, o
representante da Celpe era convocado prestando as necessárias
os trabalhos do depoente eram supervisionados tanto pelo superior
hierárquico da Celpe quanto da Provider; que a reclamante também
trabalhava para a Provider, prestando serviços à Celpe nos mesmos
moldes acima descritos, realizando o atendimento comercial e o
falta de energia, acidente com terceiros (...) que ao ingressar nos
quadros da Provider, recebeu treinamento para execução de suas
Celpe, no estabelecimento desta situado no Bongi; que tanto a
reclamante quanto o depoente utilizavam os sistemas, Book
(informações acerca dos procedimentos a serem adotados e do
atendimento a ser realizado) SAP (solicitações comerciais) e GSE
(solicitações emergenciais); que tais sistemas pertenciam à Celpe;
que tinha suas ligações monitoradas pela Celpe; que sabe disso
porquanto o supervisor por muitas vezes informava ao atendente
que a ligação havia sido monitorada pelo cliente Celpe; que o

Conclusão SERGIO TORRES TEIXEIRA
EMMT
Ante o exposto,
I - Preliminarmente, em atuação ex officio, REJEITO a preliminar de publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de
não conhecimento do apelo, por ofensa ao princípio da 09.10.2018, sob a presidência da Exma. Sra. Desembargadora
dialeticidade. MARIA DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO, com a presença do
No mérito: Exma. Sra. Procuradora Elizabeth Veiga e dos Exmos. Srs.
II - NEGO PROVIMENTO ao recurso ordinário. Filho (Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado
unanimidade, I - Preliminarmente, em atuação ex officio, REJEITAR
da dialeticidade. No mérito: por unanimidade, II - NEGAR

Acórdão
Processo Nº RO-0001052-61.2016.5.06.0007


41294/PE)
29162-D/PE)
RECORRIDO COMPANHIA ENERGETICA DE EMENTA
PERNAMBUCO
VAREJAO(OAB: 32962/PE)
NETO(OAB: 15657/PE)
RECORRIDO PROVIDER SOLUCOES
CORREA(OAB: 8375-D/PE)
- PROVIDER SOLUCOES TECNOLOGICAS LTDA (EM

PODER superveniência da decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF
JUDICIÁRIO 324, "é lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou

PROCESSO TRT - RO - Nº. 0001052-61.2016.5.06.0007



Recorrente : ROBERLANIA DOS SANTOS LIRA

Recorridos : COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO -
31.2015.5.06.0000. Ausente, ainda, elemento probatório que
CELPE e PROVIDER SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS LTDA (EM
RECUPERAÇÃO JUDICIAL)
direta, a consequência é a manutenção da sentença que julgou
improcedentes os pedidos postulados na inicial. Recurso Ordinário

Advogados : HUGO FERREIRA DA SILVA NETO, LUCIANO DE
não provido.
PAULA LIMA, ÁLVARO VAN DER LEY LIMA NETO, JOANNA
PINTO CORREA
Vistos etc.

LIRA de sentença proferida pela MM. Juízo da 7ª Vara do Trabalho Art. 932. Incumbe ao relator:
na ação trabalhista ajuizada em face da COMPANHIA (...)
SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS LTDA (EM RECUPERAÇÃO III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não
JUDICIAL. (fls. 594/602). tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão
recorrida; (...)
CELPE quanto ao fato de trabalhar em suas atividades essenciais, Diante disso, o processo deve ser dialético e promover tanto às
ao argumento de que não houve impugnação específica a tal partes quanto ao Órgão Jurisdicional a apreciação do que está
respeito. Afirma que se ativava nas mesmas atividades descritas no sendo impugnado. A argumentação recursal deve oferecer
objeto social da CELPE. Outrossim, diz que o conjunto probatório foi condições mínimas para que o Magistrado conheça do pedido e
concludente no sentido de que havia subordinação jurídica para passe a julgá-lo, atacando especificamente os fundamentos da
com os seus prepostos. Advoga a tese de que restaram decisão.
preenchidos os requisitos previstos nos artigos 2º e 3º da CLT,
quanto à pessoalidade e subordinação direta. Invoca ainda o No caso concreto, observo que o autor atacou os fundamentos
disposto na Súmula nº. 331, inciso III, do TST e art. 9º da CLT. tecidos pelo julgador, razão pela qual rejeito ao preliminar.
Pede provimento.
No mais, o recurso é tempestivo, a representação está regular o
Contrarrazões apresentadas (fls. 639/644 e fls. 650/656). preparo é desnecessário. Satisfeitos os demais requisitos de
admissibilidade, conheço do apelo, bem como das contrarrazões.
Trabalho, porquanto não se vislumbra interesse público no presente Das Considerações iniciais
Em sede contrarrazões, a segunda reclamada, PROVIDER, argui
preliminar de não conhecimento do apelo do autor, por ofensa ao VOTO:
princípio da dialeticidade, com esteio no art. 514 do CPC então
vigente. Para tanto invoca as disposições da Súmula 422 do TST. MÉRITO:
Sem razão.
Pelo princípio processual da dialeticidade, a fundamentação, cujo Da Terceirização. Da licitude. Não reconhecimento do vínculo
atendimento pressupõe necessariamente a argumentação lógica direto com a Companhia Energética de Pernambuco - CELPE.
pressuposto extrínseco de admissibilidade de qualquer recurso. Defende a ilicitude da terceirização havida entre os réus. Sustenta
ter havido confissão da CELPE quanto ao fato de trabalhar em suas
O princípio em destaque está previsto no art. 932 do CPC, in verbis: atividades essenciais, ao argumento de que não houve impugnação

atividades descritas no objeto social da CELPE. Outrossim, diz que Desse modo e, considerando que a decisão produz efeitos
o conjunto probatório foi concludente no sentido de que havia vinculantes, próprios do controle concentrado de
subordinação para com os seus prepostos. constitucionalidade, traduzindo-se em precedente de observância
Advoga a tese de que restaram preenchidos os requisitos previstos CPC e sob pena de, não a observando, incorrer-se em ofensa ao
nos artigos 2º e 3º da CLT, quanto à pessoalidade e subordinação art. 489, §4°, inciso VI, do CPC, este passa a ser o entendimento
direta. Invoca ainda o disposto na Súmula nº. 331, inciso III, do TST deste Juízo, ainda que com a ressalva de meu entendimento
e art. 9º da CLT. pessoal.
O Juízo de Origem acolheu a tese defendida pela parte ré e julgou Sabe-se que este Regional, antes de extinto o procedimento do
improcedente a postulação de vinculação direta com a tomadora de Incidente de uniformização de Jurisprudência por meio da Lei n°
serviços (CELPE), declarando lícita, por conseguinte, a 13.467/2017, havia firmado tese prevalecente, em demandas
terceirização havida. assemelhadas, no sentido de que "Constatada a fraude na
terceirização de mão-de-obra, por estar ela dirigida à atividade-fim
Inicialmente, verifica-se que a questão gira em torno da licitude ou do empreendimento, não se cogita, sequer, de condenação
não da terceirização contratada entre as empresas demandadas. subsidiária ou solidária, formando-se o vínculo diretamente com a
contratação de empregados por empresa interposta e, havendo Porém, desde a vigência da Lei n° 13.105/2015, o nosso sistema
terceirização na atividade-fim da empresa tomadora do serviço, com processual adotou a formação e aplicação concentrada de
a contratação de trabalhadores por meio de empresa que promove precedentes obrigatórios, com mecanismos próprios de controle da
a intermediação de mão-de-obra, evidencia-se fraude às normas sua observância pelos Tribunais, de modo a conferir concretude à
trabalhistas, que não passa pelo crivo do art. 9° da CLT. norma do art. 926 do CPC (Os tribunais devem uniformizar sua
n° 13.467/2017 ou Lei n° 13.429/2017, perdeu a razão de ser. Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento
voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o
No julgamento, cuja decisão foi publicada no DEJ e DOU 10/9/2018, executado, independentemente de penhora ou nova intimação,
o Supremo Tribunal Federal considerou "a licitude da terceirização apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas
jurídicas distintas, independentemente do objeto social das (...)
empresa contratante" (Cf. Informativo de Jurisprudência n° 913 do § 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo,
STF). considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em

título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo elementos fático-jurídicos dos artigos 2° e 3° da CLT.
considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal,
ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato A testemunha ouvida nos atos do Processo 0000913-
normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como 31.2015.5.06.0012disse que (fl. 221 - grifos acrescentados):
incompatível com a Constituição Federal, em controle de
constitucionalidade concentrado ou difuso. (...) que o depoente recebeu treinamento na sede da celpe, bongi;
que havia treinamentos dado por funcionários da celpe, dentro da
Uma vez formado o precedente de observância obrigatória, o provider; que o supervisor da provider também assistia a estes
sistema processual previu uma série de instrumentos a disposição treinamentos; que Renata (coordenadora da celpe ) e Senyr,
das partes com o intuito de provocar os tribunais a aplicá-lo. Não se também da celpe, eram as pessoas que davam este treinamento;
pode simplesmente ignorá-lo. Trata-se de um dever de disciplina que as pessoas que davam o treinamento eram as fiscais da celpe,
judiciária hierárquica. na provider; que havia uma sala específica para o pessoal da celpe;
que este pessoal, ficava no mínimo, 03 vezes por semana, na
O caso em particular ostenta a peculiaridade de conflitar com tese provider; que inicialmente, era Renata, e após, sr. Senyr; que cabia
prevalecente anteriormente adotada por este Tribunal Regional. aos supervisores da provider, assuntos relativos à faltas, atrasos,
Todavia, a hipótese comporta aplicação da técnica de superação do idas ao wc; já os coordenadores da celpe , repassavam
precedente interno por meio da sinalização (signaling), sobre a qual treinamentos, metas, cobrar resultados, e fazer correções quanto
me valho da lição doutrinária de Elisson Miessa: aos procedimentos adotados; que quando atendiam telefone, se
"A signaling conside na técnica utilizada quando um tribunal, apesar eram: SAPRE (comercial) GSE (prontidão/emergencial); que era
de aplicar determinado precedente, ao perceber sua frequente os clientes ligarem para o numero de atendimento
desatualização, sinaliza sua futura superação. A técnica tem como comercial mesmo quando se tratavam de assunto emergencial; que
objetivo conceder segurança jurídica aos jurisdicionados, uma vez neste caso, os atendentes davam sequencia ao atendimento; que é
que evita a superação do precedente de forma repentina. feito o relato do caso no sistema já mencionado; que os relatos são
recebidos pelo setor de campo para as providências cabíveis; que o
A aplicação de possível mudança nos precedentes tem como sistema já indica uma previsão de tempo para a solução do
função, além de preservação da segurança jurídica e da confiança problema; que quando isto não ocorria, os operadores ligavam para
dos jurisdicionados, a provocação de novo debate público, no o setor de campo a fim de repassa-las para os clientes; que as
tocante ao entendimento sinalizado, conforme previsão do §2° do ligações, por último narrado, era feitas pelo proprio operador; que
art. 927 do NCPC, in verbis" (Manual dos Recursos Trabalhistas. no sistema já vem algumas opções elencadas (somente no caso de
Teoria e Prática. 3ª. edição. Editora Juspodium: Salvador, 2018) prontidão); que havia também um campo de "observações" para o
operador; que não existe equipe de treinamento da provider.
Assim, no entender deste relator, torna-se superada, mediante a
técnica da sinalização (signaling), a tese prevalecente no IUJ n° No processo 0000899-56.2015.5.06.0009 a testemunha informou
0000217-31.2015.5.06.0000. (fls. 223/224 - com grifos de agora):
É certo que a ilicitude da terceirização ainda pode ser reconhecida, (...) que recebia ligações de solicitação de religação, atendimento
caso haja prova irrefutável da presença dos elementos fático- emergencial atendimento de alta tensão para clientes coorporativos;
jurídicos dos artigos 2° e 3° da CLT, caso em que o vínculo de que executava atividades no prédio da Provider, prestando serviços
emprego deve ser reconhecido, por não se tratar de intermediação à Celpe; que havia representantes da Celpe no prédio; que caso o
de mão de obra, mas contratação de empregado por empresa atendente não conseguisse realizar determinado procedimento, o
interposta, em afronta ao art. 9° da CLT. representante da Celpe era convocado prestando as necessárias
Conforme ata de audiência de fl. 1187 (ID n° d7b27c6), as partes os trabalhos do depoente eram supervisionados tanto pelo superior
convencionaram a utilização de prova emprestada. O depoimento hierárquico da Celpe quanto da Provider; que a reclamante também
da testemunha não demonstra a presença inequívoca dos trabalhava para a Provider, prestando serviços à Celpe nos mesmos

moldes acima descritos, realizando o atendimento comercial e o
falta de energia, acidente com terceiros (...) que ao ingressar nos
quadros da Provider, recebeu treinamento para execução de suas
Celpe, no estabelecimento desta situado no Bongi; que tanto a
reclamante quanto o depoente utilizavam os sistemas, Book
(informações acerca dos procedimentos a serem adotados e do
atendimento a ser realizado) SAP (solicitações comerciais) e GSE
(solicitações emergenciais); que tais sistemas pertenciam à Celpe;
que tinha suas ligações monitoradas pela Celpe; que sabe disso
porquanto o supervisor por muitas vezes informava ao atendente
que a ligação havia sido monitorada pelo cliente Celpe; que o
depoente atendia ligação, lançava os dados de informações no
sistema; que os dados eram enviados à Celpe por meio de próprio
sistema; que com os dados, a Celpe procedia ao encaminhamento
necessário para a resolução de problemas; que havia metas de Conclusão
atendimento; que tais metas eram estabelecidas pela Celpe; (...)"
demarcados nos artigos 2° e 3° da CLT, nego provimento ao
recurso ordinário.
Ante o exposto,
I - Preliminarmente, em atuação ex officio, REJEITO a preliminar de
Acrescento, enfim, que os motivos expostos na fundamentação do não conhecimento do apelo, por ofensa ao princípio da
presente julgado não violam nenhum dos dispositivos da dialeticidade.
desnecessária a menção expressa, a cada um deles, a teor do No mérito:
II - NEGO PROVIMENTO ao recurso ordinário.


Acórdão
Processo Nº RO-0001059-38.2016.5.06.0012
RECORRENTE EMPRESA BRASILEIRA DE
RECORRIDO JANDIR SILVA DO NASCIMENTO
ADVOGADO Jefferson Lemos Calaça(OAB:
12873/PE)
SERGIO TORRES TEIXEIRA ADVOGADO André Luiz Correia de Paiva(OAB:
18834/PE)
ADVOGADO PAULO EDSON DE AZEVEDO MELO
Desembargador Relator JUNIOR(OAB: 39422/PE)
TRABALHO
EMMT
- JANDIR SILVA DO NASCIMENTO
PODER

PROC. N.º TRT. RO - 0001059-38.2016.5.06.0012

unanimidade, I - Preliminarmente, em atuação ex officio, REJEITAR

da dialeticidade. No mérito: por unanimidade, II - NEGAR

Recorrentes : EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E
TELÉGRAFOS - ECT
Recorridos : JANDIR SILVA DO NASCIMENTO

Advogados : LEONARDO MIRANDA FREIRE DE OLIVEIRA
BARROS e JEFFERSON LEMOS CALAÇA

Vistos etc.
Recorre ordinariamente EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E
TELÉGRAFOS - ECT de decisão proferida pelo MM. Juízo da 3ª
Vara do Trabalho de Recife - PE, que julgou parcialmente
PROCEDENTES os pedidos formulados na ação trabalhista
ajuizada por JANDIR SILVA DO NASCIMENTO.
EMENTA Nas razões recursais, insiste no reconhecimento da inépcia da
petição inicial, por entender que o autor não delimitou os fatos, não
especificou em quais dias de repouso efetivamente trabalhou. Aduz
que a peça é demasiadamente genérica, violando o disposto no art.
880 da CLT, pugnando, ao final, pela extinção do feito sem
resolução do mérito, nos termos dos artigos 330 e 485 do CPC. Diz
que não há norma legal ou convencional que a obrigue ao
pagamento de horas extras no percentual de 200%. Não bastasse
isso, entendeu que o obreiro não conseguiu fazer prova de suas
DIREITO DO TRABALHO. DIREITO PROCESSUAL DO assertivas, nos termos do art. 818 da CLT. Acaso mantido o
TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. REMUNERAÇÃO DOS condeno pede seja observada a limitação imposta pela Cláusula 59
DIAS DESTINADOS A REPOUSO. BASE DE CÁLCULO. do ACT, bem como para que incida apenas sobre o salário e não
DISPOSIÇÃO EM NORMA COLETIVA. I -A disposição normativa sobre a remuneração. Por fim, diz que não restaram configurados
estabelece que, quando o empregado que for convocado a trabalhar os requisitos necessários ao deferimento dos honorários sindicais.
em dia de repouso semanal remunerado e feriados, o pagamento
destes dias trabalhados, e, sem prejuízo do pagamento do valor Contrarrazões não apresentadas.
correspondente ao repouso semanal remunerado, será devido no
percentual de 200% calculado sobre o valor pago no dia de jornada O D. representante do Ministério Público do Trabalho, em parecer
normal de trabalho. II - Inexistem, pois, quaisquer restrições acerca da lavra do Dr. Waldir de Andrade Bitu Filho, opinou pelo
da base de cálculo a ser considerada, sendo certo que, em conhecimento do recurso ordinário e pela manutenção da sentença,
conformidade com o art. 457, § 1º, da CLT, "Integram o salário não nos termos e limites deste parecer.
só a importância fixa estipulada, como também as comissões,
percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e É o que tinha de importante a relatar.
abonos pagos pelo empregador." III -Recurso não provido.
VOTO:

Dos pressupostos de admissibilidade "Confrontando-se os requisitos da petição inicial trabalhista com a
do Processo Civil, constatamos que a CLT contém menos
Recurso tempestivo. Representaçõesregulares. Preparo exigências que o CPC, para a inicial, pois não se exige que o
dispensado. Satisfeitos os demais requisitos de admissibilidade, reclamante apresente os fundamentos jurídicos do pedido, o
conheço-o. requerimento da produção de provas, da citação do reclamado e do
valor da causa."
Mérito:
No mesmo norte é o ensinamento do renomado Wagner D. Giglio
Da inépcia da petição inicial leciona:
"Entretanto, como na Justiça do Trabalho a petição inicial pode ser
redigida por leigos em Direito, raramente é julgada inepta, não só
Insiste no reconhecimento da inépcia da petição inicial, por entender diante da inexigibilidade de boa formulação, mas também porque é
que o autor não delimitou os fatos, não especificou em quais dias de dever do juiz, verificando que a peça vestibular não preenche os
repouso efetivamente trabalhou. Aduz que a peça é requisitos legais, ou apresenta defeitos e irregularidades, determinar
demasiadamente genérica, violando o disposto no art. 840 da CLT, que o reclamante a emende, esclareça ou complete, no prazo de 10
pugnando, ao final, pela extinção do feito sem resolução do mérito, dias, como dispõe o art. 284 do Código de Processo Civil. ("Direito
nos termos dos artigos 330 e 485 do CPC Processual do Trabalho", 8ª ed. - São Paulo: LTr, 1993 - p. 207)"
Sem razão. Não obstante, tal raciocínio jurídico não assume ares de absoluto,
de sorte a aplicar-se em toda e qualquer situação de forma
Registre-se, de início, que nas lides trabalhistas não se aplicam de irredutível, devendo ser sopesado com as circunstâncias próprias a
forma rigorosa as disposições contidas no art. 319 do CPC, sob cada caso posto à apreciação judicial, máxime quando a peça
pena de violação à simplicidade que informa o processo do vestibular vem confeccionada por advogado, que é o profissional do
trabalho. Aqui, deve-se ter em conta também as peculiaridades que direito, versado nas regras jurídicas.
envolvem a relação de direito material, isto é, a relação de emprego,
que muitas vezes repercutem no exercício do direito de ação, Não custa destacar que a aceitação pura e simples de toda petição
rendendo ensejo a uma técnica processual que em muito difere da inicial, ainda que flagrantemente mal elaborada, a pretexto de
do processo comum. render homenagem ao princípio da simplicidade, equivaleria a
consentir com a possibilidade de o direito de defesa restar
Com efeito, tendo em vista a existência do jus postulandi, seriamente comprometido, eis que se exigiria do réu que se
consagradopelo Direito Processual do Trabalho, não se pode exigir contrapusesse a um pedido sem contornos fáticos bem definidos,
da petição inicial da ação o mesmo rigor técnico que se deve impedindo-o de assim defender-se em toda sua plenitude, sendo
observar na elaboração da peça exordial das ações regidas pelo certo que, em tal cenário, tampouco a prestação jurisdicional
Direito Processual Comum, devendo ser obedecido o contido no art. poderia ser exercida completa e perfeitamente.
840 da CLT, comando legal aplicável à espécie.
Observados os balizamentos supra, cabe averiguar se na hipótese
E este dispositivo legal não exige alguns dos elementos exigidos no em apreço a petição inicial apresenta vícios graves o bastante que
processo comum, a saber, art. 282 do CPC, como esclarece Mauro impossibilitem a compreensão da pretensão, ao ponto de render
Schiavi (Manual de Direito Processual do Trabalho - São Paulo : ensejo à decretação da respectiva inépcia, máxime no tocante à
LTr, 2008): interpretação de normas coletivas quanto ao labor nos dias de
repouso e aos percentuais de horas extras a ser aplicados.

Extraio, nesse passo, da causa de pedir exposta na petição inicial
(ID. 8b5e4ab): Sem razão.
Corroboro com o entendimento adotado pelo Juízo de origem
quanto à base de cálculo erigida para fins de cálculo do valor a ser
"Quando o autor trabalha em dias de repouso faz jus ao apurado pelo labor nos dias de repouso.
pagamento da rubrica determinada nas cláusulas específicas
dos instrumentos coletivos de sua categoria profissional, sob o Com efeito, a norma coletiva invocada vigente no período postulado
título de "REPOUSO TRABALHADO - 051012, no percentual dispõe que:
equivalente a 200% a partir da vigência do Acordo Coletivo de
2005/2006 até a presente data. "Cláusula 58 - TRABALHO EM DIA DE REPOUSO
Este percentual de 200% (duzentos por cento) deve ser calculado Sem prejuízo do pagamento do valor correspondente ao repouso
sobre o valor pago no dia de jornada normal de trabalho, incidindo semanal remunerado, fica assegurado ao empregado que for
sobre todos os títulos de natureza salarial que fazem parte da convocado a trabalhar em dia de repouso semanal remunerado e
remuneração do reclamante e não apenas sobre o seu salário base. feriados, o pagamento do valor equivalente a 200% (duzentos por
cento), calculado sobre o valor pago no dia de jornada normal de
O trabalho em dias de repouso não se confunde com o repouso trabalho, fazendo também jus a um vale alimentação ou refeição (de
semanal remunerado regulado pelo art. 67 da CLT c/c a Lei nº acordo com a modalidade na qual está cadastrado), pelo dia
605/49, que corresponde a um descanso semanal de 24 horas trabalhado, salvo na hipótese do parágrafo segundo.
consecutivas, preferencialmente aos domingos.
§ 1º - Os 200% (duzentos por cento) de que trata esta cláusula
E concluiu por vindicar: serão pagos na folha do mês subseqüente a sua apuração.
a) Diferença das remunerações dos trabalhos em dias de repouso § 2º - A critério do empregado, o dia trabalhado na forma desta
pelo autor entre os valores pagos pela empregadora e aqueles cláusula, poderá ser trocado pela concessão de 02 (duas) folgas
devidos ao obreiro em tela, no período a partir de 1.8.2011, compensatórias, devendo as folgas ocorrerem após o dia
conforme quantum apurado em planilha em anexo e fundamentação trabalhado.
supra."
§ 3º - A empresa se compromete, salvo em casos excepcionais, a
Assim é que, da leitura da petição inicial, permite compreender qual evitar as convocações para viagens a serviço em dia de repouso.
é o bem da vida perseguido pelo autor, possibilitando que a ré
pudesse dele se defender. § 4º - A empresa se compromete, salvo em casos excepcionais, a
realizar a convocação dos empregados nas situações previstas
Não há, pois, falar em inépcia da petição inicial. Nego provimento. nesta cláusula com, no mínimo 48 horas de antecedência."
Das Diferenças Salariais decorrentes do pagamento do labor Como visto, a disposição normativa não apresenta lacuna, não
nos dias de repouso necessitando de qualquer outra incursão nos demais dispositivos da
norma coletiva para que seja interpretado, eis que estabelece que,
Diz que não há norma legal ou convencional que a obrigue ao quando o empregado que for convocado a trabalhar em dia de
pagamento de horas extras no percentual de 200%. Não bastasse repouso semanal remunerado e feriados, o pagamento destes dias
isso, entendeu que o obreiro não conseguiu fazer prova de suas trabalhados, e, sem prejuízo do pagamento do valor correspondente
assertivas, nos termos do art. 818 da CLT. Acaso mantido o ao repouso semanal remunerado, será devido no percentual de
condeno pede seja observada a limitação imposta pela Cláusula 59 200% calculado sobre o valor pago no dia de jornada normal de
do ACT, bem como para que incida apenas sobre o salário e não trabalho.
sobre a remuneração.

No caso específico, peço venia para adotar, ipsis litteris, como gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos
fundamentos complementares de decidir, na questão, as bem pelo empregador."
postas razões trazidas pela eminente colega Desembargadora
Valéria Gondim Sampaio, em sessão de julgamento, nos seguintes
termos, textual:
A questão não deve ser analisada, portanto, sob o prisma da Teoria
"Incontroversa a quitação da rubrica em espeque, calculada de do Conglobamento, em que teria havido concessões recíprocas
acordo com o adicional convencional (200%) sobre o salário-base, que, no seu conjunto, trouxeram benefícios à classe profissional,
cumpre analisar, tão-somente, se a sistemática adotada pela mas sim de violação do próprio texto normativo, que, ao prever o
empresa preservava os direitos negociados, revelando-se pagamento correspondente a um dia de trabalho, não fez qualquer
despicienda a indicação pelo reclamante das diferenças devidas. ressalva. Desse modo, mister reconhecer que deve ser calculado o
adicional de 200% sobre o conjunto de parcelas salariais
Dispõe, a Cláusula 57 do ACT 2008/2009 (ID 1369597 - Págs. habitualmente pagas, sendo certo que o pleito sucessivo de
18/19), cujo teor foi repetido na Cláusula 58, do ACT 2009/2011 (ID aplicação do percentual legal estipulado na Lei nº 605/49, revela-se
1369619 - Pág - Pág. 8), "verbis": em flagrante inovação recursal.
"TRABALHO EM DIA DE REPOUSO Cumpre ressaltar, demais disso, que a cláusula é perfeita e
completa, não necessitando de integração, por meio da disciplina do
Sem prejuízo do pagamento do valor correspondente ao repouso tratamento das horas extras, prevista na Cláusula 31ª. E, ainda que
semanal remunerado, fica assegurado ao empregado que for assim não fosse, registro que não lhe atribuo validade, posto que
convocado a trabalhar em dia de repouso semanal remunerado e reduzida, de forma ilegal, a base de cálculo do labor extraordinário,
feriados o pagamento do valor equivalente a 200%, calculados eis que a matéria ali tratada é imprópria a tais instrumentos, com o
sobre o valor pago no dia de jornada normal de trabalho, fazendo realce de que o intuito da constituição das supostas normas é
também jus a um vale alimentação ou refeição (de acordo com a evidente, o de inibir a postulação ou a concessão de direito,
modalidade na qual está cadastrado), pelo dia trabalhado, salvo na legitimamente consagrado em sede de jurisprudência e de lei. Eis a
hipótese do parágrafo segundo. sua redação:
§1º - Os 200% de que trata esta cláusula serão pagos na folha
do mês subseqüente a sua apuração.
"CLÁUSULA 31 - HORAS EXTRAS - As horas extraordinárias serão
§2º - Mediante negociação prévia com a chefia imediata, o pagas na folha do mês subsequente a sua realização, mediante
empregado poderá trocar o dia trabalhado, na forma desta cláusula, acréscimo de 70% (setenta por cento) sobre o valor da hora normal
pela concessão e duas folgas compensatórias." (Grifei) em relação ao salário-base. Parágrafo único - As horas e/ou frações
de hora que o empregado foi oficialmente liberado não poderão ter
o respectivo período para compensação de hora extra trabalhada
em outro dia." (Grifei)
O dispositivo convencionado é claro ao estabelecer que a empresa
deverá pagar o percentual estipulado sobre o valor equivalente à
jornada diária.
Trata-se, pois, de norma eivada de vício, na medida em que
nega a aplicação de preceito legal, alusivo à contraprestação
das horas extras, prejudicando a preservação de direito
Inexistem, pois, quaisquer restrições acerca da base de cálculo legítimo, o que impõe a declaração de sua nulidade, com base
a ser considerada, sendo certo que, em conformidade com o no art. 9º, da CLT. A propósito, é certo que os princípios
art. 457, § 1º, da CLT, "Integram o salário não só a importância informadores do Direito do Trabalho possuem inspiração
fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, protetiva e, por isso, dão sustento aos fundamentos agora

adotados, incumbindo ao Magistrado zelar pela sua aplicação.
Com tais considerações e fundamentos, nego provimento ao apelo,
mantendo a base de cálculo do trabalho em dias de repouso,
incidindo sobre todas as verbas de caráter remuneratório.
Ademais, não há dúvida, a prevalência é da regra segundo a qual,
em geral, são nulos acordos que, de alguma maneira, impliquem em Devem ser mantidos, também, os honorários sindicais, vez que o
prejuízos ao trabalhador. Como corolário, interpretações mais vindicante preenche os requisitos previstos nas Súmulas 219 e 329
restritivas impediriam pactuação com vistas, inclusive, às condições do C. TST, inclusive quanto ao percentual (ID. c03f4f8).
regulatórias de rescisões contratuais, como vem sendo largamente
buscado. Na verdade, o sistema é que é rígido, compelindo o Quanto aos juros, já restou observado o disposto na Lei nº.
intérprete a sê-lo também. 9.495/97. De igual modo restou consignada a isenção de custas e
discussão a cerca no modo de execução - se precatório ou RPV - é
prematura neste iterprocessual, na medida em que a sentença foi
ilíquida, não se podendo precisar quanto ao montante a ser
Por fim, saliento que o valor pago sob a rubrica "trabalho nos fins de executadao.
semana" não se presta à dedução para os efeitos do condeno, no
particular, pois encerra hipótese distinta, originada do normativo da Considerações Finais
categoria, a qual é voltada a compensação para aqueles
submetidos à carga horária semanal de 44 horas, que desenvolvem Acrescento, por fim, que os motivos expostos na fundamentação
atividade nesses dias, em relação aos que praticam a jornada de 40 não violam nenhum dos dispositivos da Constituição Federal,
horas, "ex vi" da Cláusula 59ª, que transcrevo: tampouco a quaisquer preceitos legais, sendo desnecessária a
menção expressa, a cada um deles, a teor do disposto na OJ nº.
118, da SDI-1, do C. TST.
"CLÁUSULA 59 - TRABALHO NOS FINS DE SEMANA - Os
empregados lotados na Área Operacional com carga de trabalho
normal de 44 (quarenta e quatro) horas semanais, que trabalham
regularmente nos fins de semana, receberão pelo trabalho
excedente, em relação ao pessoal com jornada de 40 (quarenta)
horas semanais, um valor complementar de 15% (quinze por cento)
do salário-base pelas horas trabalhadas. §1º - Para os efeitos desta
cláusula, consideram-se como atividades operacionais as de
atendimento, transporte, tratamento, encaminhamento e distribuição
de objetos postais e as de suporte imprescindível à realização
dessas atividades. §2° - Qualquer empregado, independentemente
de sua área de lotação, convocado eventualmente pela autoridade
competente, devidamente justificado, terá direito a um quarto de
15% (quinze por cento) por fim de semana trabalhado, limitado a
15% (quinze por cento) ao mês. §3º - O empregado convocado na
forma prevista no parágrafo anterior, com jornada mínima de
trabalho de 4 (quatro) horas, fará jus também a um vale alimentação
ou refeição (de acordo com a modalidade na qual está cadastrado),
pelo dia trabalhado. §4º - A Empresa se compromete, salvo em
casos excepcionais, a realizar a convocação dos empregados nas
situações previstas nesta cláusula com, no mínimo, 48 horas de
antecedência." (GRIFEI)."

Conclusão CERTIDÃO DE JULGAMENTO
Diante do exposto, nego provimento ao apelo. da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado para o Gabinete
provimento ao apelo.

Processo Nº RO-0001045-58.2017.5.06.0161
ao apelo. RECORRENTE FRANCISCO BARROS DE ALMEIDA
ADVOGADO LUIZ CARLOS DA SILVEIRA
LEMOS(OAB: 34665/PE)
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. RECORRIDO COLEGIO SANTA MARIA LTDA
ADVOGADO SHIRLEY NICHOLS SARAIVA(OAB:
15147-D/PE)
- FRANCISCO BARROS DE ALMEIDA
PODER
EMMT JUDICIÁRIO

normalmente enquadrada na categoria profissional dos empregados
em empresas de asseio e conservação, segundo a previsão da
Classificação Brasileira de Ocupações - CBO do Ministério do
PROC. Nº. TRT. RO - 0001045-58.2017.5.06.0161 Trabalho. Não é a hipótese, portanto, de deferir diferenças salariais.
A mera atividade de vigia ou porteiro se destina à proteção do
Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA patrimônio, com tarefas de fiscalização local, sem atribuições
complexas ou de risco acentuado, máxime quando não se
Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA comprova o uso de arma. Recurso Obreiro não provido.
Recorrente : FRANCISCO BARROS DE ALMEIDA
Recorrido : COLEGIO SANTA MARIA LTDA
Advogados : LUIZ CARLOS DA SILVEIRA LEMOS; SHIRLEY
NICHOLS SARAIVA.
Procedência : VARA ÚNICA DO TRABALHO DE SÃO LOURENÇO
DA MATA - PE RELATÓRIO
Vistos etc.
EMENTA
Recorre ordinariamente FRANCISCO BARROS DE ALMEIDA de
decisão proferida pelo MM. Juízo da VARA ÚNICA DO TRABALHO
DE SÃO LOURENÇO DA MATA - PE, que julgou improcedentes os
pedidos formulados na ação trabalhista movida pelo recorrente em
face de COLEGIO SANTA MARIA LTDA, nos termos da
fundamentação da sentença (ID. ca4be63).
Nas suas razões recursais (ID. 644ef9e), insurge-se o autor contra a
DIREITO DO TRABALHO. DIREITO PROCESSUAL DO sentença que indeferiu o pedido de diferenças salariais pelo desvio
TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR. DIFERENÇAS de função, alegando que, apesar de ter sido contratado para a
SALARIAIS POR DESVIO DE FUNÇÃO. NÃO COMPROVAÇÃO. função de vigia, atuava, em verdade, como vigilante, sendo devidas,
FUNÇÃO DE VIGIA NÃO ENQUADRADA NA portanto, as diferenças salariais conforme salário estabelecidos
REGULAMENTAÇÃO DADA PELA PORTARIA MTE Nº. pelas CCT's, mais adicional de risco de vida, e repercussões.
1.885/2013. A função de vigia não pode ser equiparada a do Argumenta que a prova oral foi em socorro de sua tese. Requer,
vigilante. Enquanto essa última é regida pela Lei nº. 7.102/83, que ainda, a condenação da reclamada no intervalo intrajornada e a
exige, como requisito para o seu exercício, a realização de curso dobra dos feriados trabalhados. Pontua que as folhas de ponto
específico (inciso IV artigo 16) e o prévio registro no Departamento anexadas pela reclamada são totalmente britânicas, sem validade
de Polícia Federal (artigo 17), aquela é de outra natureza, portanto. Recorre pleiteando o vale-refeição, alegando jamais tê-los

recebidos. Por fim, requer o deferimento da multa do art. 477 da conforme salário estabelecidos pelas CCT's, mais adicional de risco
CLT, alegando não ter recebido as verbas rescisórias corretamente. de vida, e repercussões. Argumenta que a prova oral foi em socorro
Pede provimento. de sua tese
Contrarrazões apresentadas pela ré (ID. baa696a). Não assiste razão ao obreiro.
Desnecessária a remessa dos autos à Procuradoria Regional do Registro, de plano, que a prova testemunhal restou divida quanto à
Trabalho, porquanto não se vislumbra interesse público no presente atuação do autor na categoria dos vigilantes:
litígio (artigo 49 do Regimento Interno deste Sexto Regional).
1ª TESTEMUNHA APRESENTADA PELO AUTOR: ROBERTO
É o relatório.
GOMES DA SILVA: "Que ingressou na ré em 2001, na função de
porteiro; (...) que o autor desempenhava igual função do depoente,
ou seja, porteiro; que ambos portavam armamento (calibre 38 e
12); que ambos fizeram curso de vigilante; que trabalhavam em
turno diferentes; (...) que há cerca de 08 anos, após um assalto,
houve contratada uma empresa de vigilância para também
atuar na granja referida no período noturno; que o vigilante da
empresa Atento atua no casarão e o autor e o depoente ficavam
na portaria da entrada principal." - ID. 486337a - Pág. 1
VOTO
Registro da testemunha da reclamada, emprestada do proc.
0000188-46.2016.5.06.0161 - Sr. JOSENILDO: "o depoimento da
testemunha do reclamado, que detalhou o trabalho do autor, foi
seguro e convincente, levando à certeza de que o reclamante
sempre trabalhou como auxiliar de portaria, sem portar armas,
limitando-se à portaria e ao controle de acesso de pessoas". -
ID. ca4be63 - Pág. 2.
Dos pressupostos de admissibilidade Com efeito, a ré não é empresa especializada em segurança
privada, atividade regulamentada pela Lei nº. 7.102/1983.
Recurso tempestivo. Representação regular. Preparo dispensado.
Satisfeitos os requisitos de admissibilidade, conheço do apelo Nos termos do que dispõe o inciso II do artigo 193 da CLT são
autoral, bem como das contrarrazões. consideradas perigosas as atividades que impliquem risco
acentuado, em virtude da exposição permanente do empregado a
NO MÉRITO: roubos ou outras espécies de violência física nas atividades
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.
Recurso Ordinário do Autor
Ocorre, entretanto, como mencionado acima, que o reclamante
Das diferenças salariais por desvio de função. Adicional de exercia a função de vigia e não a de vigilante, nos termos da Lei nº.
risco de vida. Vigia. 7.102/83.
Insurge-se o autor contra a sentença que indeferiu o pedido de Merecem destaques as diferenças entre as citadas funções. O
diferenças salariais pelo desvio de função, alegando que, apesar de vigilante é destinado a resguardar a vida e o patrimônio das
ter sido contratado para a função de vigia, atuava, em verdade, pessoas, exigindo porte de arma e requisitos de treinamento
como vigilante, sendo devidas, portanto, as diferenças salariais específicos, nos termos da cita lei, com as alterações introduzidas

pela Lei nº. 8.863/94, exercendo função considerada parapolicial. pessoal de estabelecimento privado, não se enquadra em nenhuma
Enquanto que, a função de vigia, é de outra natureza, normalmente das hipóteses descritas acima, porquanto não laborava em empresa
enquadrada na categoria profissional dos empregados em de segurança privada, devidamente registrada e autorizada pelo
empresas de asseio e conservação, segundo a previsão da Ministério da Justiça e, tampouco, como segurança privado,
Classificação Brasileira de Ocupações - CBO do Ministério do guardava quaisquer estabelecimentos mencionados na norma supra
Trabalho. mencionada.
Com o advento da Lei nº. 12.740/12, foi alterada a redação do art. Atuando apenas como vigia, e não como vigilante, o autor não pode
193 da CLT, estendendo o direito ao adicional de periculosidade ser enquadrado na hipótese prevista no inciso II artigo 193 CLT,
aos trabalhadores que exercem suas atividades e operações nem podem ser deferidas, por esta razão de fato, as diferenças
perigosas com exposição a roubos ou outras espécies de violência salariais pretendidas e/ou adicional de periculosidade e adicional de
física nas atividades profissionais de segurança pessoal e risco de vida e seus consectários, como já decidiu a r. sentença.
patrimonial, in verbis:
Ademais, como bem registrou o Juízo de piso (ID. ca4be63 - Pág.
Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na 3), "a prova documental produzida dá conta de que quando foi
forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e necessário o serviço de vigilantes, o reclamado firmou um contrato
Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, com a empresa Atento. Acrescente-se que o fato de o reclamante
impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do ter curso de formação de vigilante em nada compromete a sua
trabalhador a: contratação como auxiliar de portaria (conforme cópia da CTPS), já
que, de fato, era esta a função exercida. (...) No tocante às fotos do
I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; reclamante segurando arma de fogo, reputo que não representam a
rotina de trabalho, já que não havia autorização para o autor portá-
II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades lanem fornecimento pelo empregador, como alegado."
profissionais de segurança pessoalou patrimonial.
Por todo exposto, nego provimento ao recurso obreiro no ponto.
A Portaria do Ministério do Trabalho e Emprego n.º. 1.885/2013,
aprovou o Anexo 3 da NR-16 e regulamentou as alterações trazidas Do intervalo intrajornada
pela nova lei, trazendo no item 2, alíneas "a" e "b", os profissionais
de segurança pessoal ou patrimonial, que fazem jus ao adicional: O reclamante requer, ainda, a condenação da reclamada no
intervalo intrajornada e a dobra dos feriados trabalhados. Pontua
2. São considerados profissionais de segurança pessoal ou que as folhas de ponto anexadas pela reclamada são totalmente
patrimonial os trabalhadores que atendam a uma das seguintes britânicas, sem validade portanto.
condições:
Novamente sem razão.
a) empregados das empresas prestadoras de serviço nas atividades
de segurança privada ou que integrem serviço orgânico de Registro, por primeiro, que a prova quanto à não concessão integral
segurança privada, devidamente registradas e autorizadas pelo do intervalo intrajornada restou divida, já que a testemunha patronal
Ministério da Justiça, conforme lei 7102/1983 e suas alterações emprestada afirmou que: "que havia 02 auxiliares de portaria
posteriores. durante a noite que se revezavam para o jantar, de modo que
ambos dispunham de intervalo para refeição".
b) empregados que exercem a atividade de segurança patrimonial
ou pessoal em instalações metroviárias, ferroviárias, portuárias, Observo, ademais, que os pontos não eram britânicos (ver, por
rodoviárias, aeroportuárias e de bens públicos, contratados exemplo, ID. 2ddcdc8 - Pág. 1).
diretamente pela administração pública direta ou indireta.
Quanto às dobras de feriados laborados, observo que já houve o
Logo, tendo o autor se ativado na função de vigia patrimonial e/ou respectivo pagamento - por todos, ver o exemplo do contracheque

de setembro de 2014 (ID. 95c309d - Pág. 3), em que o controle de
ponto registra trabalho no feriado de 07 de setembro, tendo o
contracheque registrado rubrica adicional referente à "Súmula 444
TST", que se reporta, justamente, ao pagamento em dobro dos
feriados laborados ainda que realizada a jornada 12x36.
Pelo exposto, nego provimento ao recurso no ponto.
Do vale-refeição
O autor recorre, ainda, pleiteando o vale-refeição, alegando jamais
tê-los recebidos.
Não se enquadrando, o reclamante, na classe dos vigilantes, não
pode gozar de direitos inerentes a tal categoria, pelo que improcede
o pleito em questão.
Nego provimento ao recurso no ponto.
Da multa do art. 477 da CLT Conclusão
Por fim, o reclamante requer o deferimento da multa do art. 477 da
CLT, alegando não ter recebido as verbas rescisórias corretamente.
Não deve ser acolhida, novamente, a irresignação recursal autoral.
Constando no TRCT a data do desligamento no dia 05/08/2015 (ID.
872716e - Pág. 1) e havendo comprovante de pagamento das
verbas rescisórias datado de 10/08/2015 (ID. 872716e - Pág. 3), Ante o exposto, nego provimento ao recurso.
respeitado foi, portanto, o prazo legal para pagamento dos haveres
de rescisão.
Nego provimento, pois, ao recurso no particular.
presente julgado não violam nenhum dos dispositivos da
disposto na OJ nº 118, da SDI-1, do C. TST.

ao recurso. Acórdão
Processo Nº RO-0001045-58.2017.5.06.0161
RECORRENTE FRANCISCO BARROS DE ALMEIDA
ADVOGADO LUIZ CARLOS DA SILVEIRA
LEMOS(OAB: 34665/PE)
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. RECORRIDO COLEGIO SANTA MARIA LTDA
ADVOGADO SHIRLEY NICHOLS SARAIVA(OAB:
15147-D/PE)
- COLEGIO SANTA MARIA LTDA
PODER
EMMT JUDICIÁRIO

PROC. Nº. TRT. RO - 0001045-58.2017.5.06.0161



Recorrente : FRANCISCO BARROS DE ALMEIDA

Recorrido : COLEGIO SANTA MARIA LTDA
provimento ao recurso.
Advogados : LUIZ CARLOS DA SILVEIRA LEMOS; SHIRLEY

NICHOLS SARAIVA.

Procedência : VARA ÚNICA DO TRABALHO DE SÃO LOURENÇO
DA MATA - PE

Vistos etc.
EMENTA
Recorre ordinariamente FRANCISCO BARROS DE ALMEIDA de
decisão proferida pelo MM. Juízo da VARA ÚNICA DO TRABALHO
DE SÃO LOURENÇO DA MATA - PE, que julgou improcedentes os
pedidos formulados na ação trabalhista movida pelo recorrente em
face de COLEGIO SANTA MARIA LTDA, nos termos da
fundamentação da sentença (ID. ca4be63).
Nas suas razões recursais (ID. 644ef9e), insurge-se o autor contra a
DIREITO DO TRABALHO. DIREITO PROCESSUAL DO sentença que indeferiu o pedido de diferenças salariais pelo desvio
TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR. DIFERENÇAS de função, alegando que, apesar de ter sido contratado para a
SALARIAIS POR DESVIO DE FUNÇÃO. NÃO COMPROVAÇÃO. função de vigia, atuava, em verdade, como vigilante, sendo devidas,
FUNÇÃO DE VIGIA NÃO ENQUADRADA NA portanto, as diferenças salariais conforme salário estabelecidos
REGULAMENTAÇÃO DADA PELA PORTARIA MTE Nº. pelas CCT's, mais adicional de risco de vida, e repercussões.
1.885/2013. A função de vigia não pode ser equiparada a do Argumenta que a prova oral foi em socorro de sua tese. Requer,
vigilante. Enquanto essa última é regida pela Lei nº. 7.102/83, que ainda, a condenação da reclamada no intervalo intrajornada e a
exige, como requisito para o seu exercício, a realização de curso dobra dos feriados trabalhados. Pontua que as folhas de ponto
específico (inciso IV artigo 16) e o prévio registro no Departamento anexadas pela reclamada são totalmente britânicas, sem validade
de Polícia Federal (artigo 17), aquela é de outra natureza, portanto. Recorre pleiteando o vale-refeição, alegando jamais tê-los
normalmente enquadrada na categoria profissional dos empregados recebidos. Por fim, requer o deferimento da multa do art. 477 da
em empresas de asseio e conservação, segundo a previsão da CLT, alegando não ter recebido as verbas rescisórias corretamente.
Classificação Brasileira de Ocupações - CBO do Ministério do Pede provimento.
Trabalho. Não é a hipótese, portanto, de deferir diferenças salariais.
A mera atividade de vigia ou porteiro se destina à proteção do Contrarrazões apresentadas pela ré (ID. baa696a).
patrimônio, com tarefas de fiscalização local, sem atribuições
complexas ou de risco acentuado, máxime quando não se Desnecessária a remessa dos autos à Procuradoria Regional do
comprova o uso de arma. Recurso Obreiro não provido. Trabalho, porquanto não se vislumbra interesse público no presente
É o relatório.
RELATÓRIO
VOTO

limitando-se à portaria e ao controle de acesso de pessoas". -
ID. ca4be63 - Pág. 2.
Dos pressupostos de admissibilidade Com efeito, a ré não é empresa especializada em segurança
privada, atividade regulamentada pela Lei nº. 7.102/1983.
Recurso tempestivo. Representação regular. Preparo dispensado.
Satisfeitos os requisitos de admissibilidade, conheço do apelo Nos termos do que dispõe o inciso II do artigo 193 da CLT são
autoral, bem como das contrarrazões. consideradas perigosas as atividades que impliquem risco
acentuado, em virtude da exposição permanente do empregado a
NO MÉRITO: roubos ou outras espécies de violência física nas atividades
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.
Ocorre, entretanto, como mencionado acima, que o reclamante
Das diferenças salariais por desvio de função. Adicional de exercia a função de vigia e não a de vigilante, nos termos da Lei nº.
risco de vida. Vigia. 7.102/83.
Insurge-se o autor contra a sentença que indeferiu o pedido de Merecem destaques as diferenças entre as citadas funções. O
diferenças salariais pelo desvio de função, alegando que, apesar de vigilante é destinado a resguardar a vida e o patrimônio das
ter sido contratado para a função de vigia, atuava, em verdade, pessoas, exigindo porte de arma e requisitos de treinamento
como vigilante, sendo devidas, portanto, as diferenças salariais específicos, nos termos da cita lei, com as alterações introduzidas
conforme salário estabelecidos pelas CCT's, mais adicional de risco pela Lei nº. 8.863/94, exercendo função considerada parapolicial.
de vida, e repercussões. Argumenta que a prova oral foi em socorro Enquanto que, a função de vigia, é de outra natureza, normalmente
de sua tese enquadrada na categoria profissional dos empregados em
empresas de asseio e conservação, segundo a previsão da
Não assiste razão ao obreiro. Classificação Brasileira de Ocupações - CBO do Ministério do
Trabalho.
Registro, de plano, que a prova testemunhal restou divida quanto à
atuação do autor na categoria dos vigilantes: Com o advento da Lei nº. 12.740/12, foi alterada a redação do art.
193 da CLT, estendendo o direito ao adicional de periculosidade
1ª TESTEMUNHA APRESENTADA PELO AUTOR: ROBERTO aos trabalhadores que exercem suas atividades e operações
perigosas com exposição a roubos ou outras espécies de violência
GOMES DA SILVA: "Que ingressou na ré em 2001, na função de física nas atividades profissionais de segurança pessoal e
porteiro; (...) que o autor desempenhava igual função do depoente, patrimonial, in verbis:
ou seja, porteiro; que ambos portavam armamento (calibre 38 e
12); que ambos fizeram curso de vigilante; que trabalhavam em Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na
turno diferentes; (...) que há cerca de 08 anos, após um assalto, forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e
houve contratada uma empresa de vigilância para também Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho,
atuar na granja referida no período noturno; que o vigilante da impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do
empresa Atento atua no casarão e o autor e o depoente ficavam trabalhador a:
na portaria da entrada principal." - ID. 486337a - Pág. 1
I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;
Registro da testemunha da reclamada, emprestada do proc.
0000188-46.2016.5.06.0161 - Sr. JOSENILDO: "o depoimento da II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades
testemunha do reclamado, que detalhou o trabalho do autor, foi profissionais de segurança pessoalou patrimonial.
seguro e convincente, levando à certeza de que o reclamante
sempre trabalhou como auxiliar de portaria, sem portar armas, A Portaria do Ministério do Trabalho e Emprego n.º. 1.885/2013,

aprovou o Anexo 3 da NR-16 e regulamentou as alterações trazidas Do intervalo intrajornada
pela nova lei, trazendo no item 2, alíneas "a" e "b", os profissionais
de segurança pessoal ou patrimonial, que fazem jus ao adicional: O reclamante requer, ainda, a condenação da reclamada no
intervalo intrajornada e a dobra dos feriados trabalhados. Pontua
2. São considerados profissionais de segurança pessoal ou que as folhas de ponto anexadas pela reclamada são totalmente
patrimonial os trabalhadores que atendam a uma das seguintes britânicas, sem validade portanto.
condições:
a) empregados das empresas prestadoras de serviço nas atividades
de segurança privada ou que integrem serviço orgânico de Registro, por primeiro, que a prova quanto à não concessão integral
segurança privada, devidamente registradas e autorizadas pelo do intervalo intrajornada restou divida, já que a testemunha patronal
Ministério da Justiça, conforme lei 7102/1983 e suas alterações emprestada afirmou que: "que havia 02 auxiliares de portaria
posteriores. durante a noite que se revezavam para o jantar, de modo que
ambos dispunham de intervalo para refeição".
b) empregados que exercem a atividade de segurança patrimonial
ou pessoal em instalações metroviárias, ferroviárias, portuárias, Observo, ademais, que os pontos não eram britânicos (ver, por
rodoviárias, aeroportuárias e de bens públicos, contratados exemplo, ID. 2ddcdc8 - Pág. 1).
diretamente pela administração pública direta ou indireta.
Quanto às dobras de feriados laborados, observo que já houve o
Logo, tendo o autor se ativado na função de vigia patrimonial e/ou respectivo pagamento - por todos, ver o exemplo do contracheque
pessoal de estabelecimento privado, não se enquadra em nenhuma de setembro de 2014 (ID. 95c309d - Pág. 3), em que o controle de
das hipóteses descritas acima, porquanto não laborava em empresa ponto registra trabalho no feriado de 07 de setembro, tendo o
de segurança privada, devidamente registrada e autorizada pelo contracheque registrado rubrica adicional referente à "Súmula 444
Ministério da Justiça e, tampouco, como segurança privado, TST", que se reporta, justamente, ao pagamento em dobro dos
guardava quaisquer estabelecimentos mencionados na norma supra feriados laborados ainda que realizada a jornada 12x36.
mencionada.
Pelo exposto, nego provimento ao recurso no ponto.
Atuando apenas como vigia, e não como vigilante, o autor não pode
ser enquadrado na hipótese prevista no inciso II artigo 193 CLT, Do vale-refeição
nem podem ser deferidas, por esta razão de fato, as diferenças
salariais pretendidas e/ou adicional de periculosidade e adicional de O autor recorre, ainda, pleiteando o vale-refeição, alegando jamais
risco de vida e seus consectários, como já decidiu a r. sentença. tê-los recebidos.
Ademais, como bem registrou o Juízo de piso (ID. ca4be63 - Pág. Novamente sem razão.
3), "a prova documental produzida dá conta de que quando foi
necessário o serviço de vigilantes, o reclamado firmou um contrato Não se enquadrando, o reclamante, na classe dos vigilantes, não
com a empresa Atento. Acrescente-se que o fato de o reclamante pode gozar de direitos inerentes a tal categoria, pelo que improcede
ter curso de formação de vigilante em nada compromete a sua o pleito em questão.
contratação como auxiliar de portaria (conforme cópia da CTPS), já
que, de fato, era esta a função exercida. (...) No tocante às fotos do Nego provimento ao recurso no ponto.
reclamante segurando arma de fogo, reputo que não representam a
rotina de trabalho, já que não havia autorização para o autor portá- Da multa do art. 477 da CLT
lanem fornecimento pelo empregador, como alegado."
Por fim, o reclamante requer o deferimento da multa do art. 477 da
Por todo exposto, nego provimento ao recurso obreiro no ponto. CLT, alegando não ter recebido as verbas rescisórias corretamente.

Não deve ser acolhida, novamente, a irresignação recursal autoral.
Constando no TRCT a data do desligamento no dia 05/08/2015 (ID.
872716e - Pág. 1) e havendo comprovante de pagamento das
verbas rescisórias datado de 10/08/2015 (ID. 872716e - Pág. 3), Ante o exposto, nego provimento ao recurso.
respeitado foi, portanto, o prazo legal para pagamento dos haveres
de rescisão.
Nego provimento, pois, ao recurso no particular.
presente julgado não violam nenhum dos dispositivos da
disposto na OJ nº 118, da SDI-1, do C. TST.
ao recurso.
EMMT
Conclusão CERTIDÃO DE JULGAMENTO

Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pela PROC. N.º TRT -RO - 0001197-41.2017.5.06.0312
Desembargador Eduardo Pugliesi e Ibrahim Alves Filho (Juiz Titular Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por unanimidade, negar Relator : Desembargador Sergio Torres Teixeira
Recorrentes : RODRIGO EMANUELL QUEIROZ SANTOS e
Certifico e dou fé. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS
Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018. Recorridos : OS MESMOS
Advogados : JOSE LIVONILSON DE SIQUEIRA e REBECA
JULIANA ALBUQUERQUE FALCAO
Procedência : 2ª VARA DO TRABALHO DE CARUARU /PE
Acórdão EMENTA
Processo Nº RO-0001197-41.2017.5.06.0312
RECORRENTE RODRIGO EMANUELL QUEIROZ
SANTOS
ADVOGADO JOSE LIVONILSON DE
RECORRENTE EMPRESA BRASILEIRA DE
RECORRIDO RODRIGO EMANUELL QUEIROZ
SANTOS
ADVOGADO JOSE LIVONILSON DE
RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR. HONORÁRIOS
Intimado(s)/Citado(s): ADVOCATÍCIOS. ASSISTÊNCIA SINDICAL. Em relação aos
- RODRIGO EMANUELL QUEIROZ SANTOS honorários advocatícios, em consonância com as Súmulas n.ºs 219
e 329 do TST, OJ n.º 305 da SDI-I, e Lei n.º 5.584/70, no processo
do trabalho, a condenação à verba honorária tradicionalmente não
decorria de simples sucumbência. Em se tratando de lide

PODER
decorrente da relação de emprego, exigia-se a ocorrência
JUDICIÁRIO
dobro do salário mínimo, o que impede a aplicação do art. 133 da
Constituição Federal. Desde 11.11.2017 o posicionamento não mais
subsiste, haja vista a norma contida no art. 791-A da CLT, com
redação dada a partir da Lei n° 13.467/2017. : De toda sorte, no

entender deste Juízo, a norma somente pode ser aplicada aos RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA
processos ajuizados após a vigência da Lei nº. 13.467/17, não
sendo essa a hipótese dos autos, já que a presente ação trabalhista Nas suas razões recursais de fls. 679/704, inicialmente clama pela
foi ajuizada em momento anterior à vigência da referida lei, em inclusão da POSTAL SAÚDE como litisconsorte passivo necessário,
25.09.2017. No caso, o demandante preenche os requisitos da Lei sob tese de que os efeitos de uma condenação implicarão em
5.584/70, uma vez que veio a Juízo acompanhado do advogado do obrigações perante terceiros. Em seguida, rebela-se contra a
sindicato profissional, o que impõe a condenação aos honorários decisão que determinou a manutenção da genitora do reclamante
advocatícios. Recurso Ordinário do Autor parcialmente provido. no plano de saúde até 01.08.2019, bem como ao pagamento de
indenização por dano moral e multa convencional. Assevera que a
inclusão de novos dependentes, no plano de saúde, estava
suspensa, bem como que o entendimento do TST é no sentido de
manter aqueles que já estavam no plano. Pugna pelo indeferimento
de multa prevista em Acordo Coletivo de Trabalho, sob tese de que
a recusa na inclusão de nova beneficiaria encontrava-se
fundamentada e calcada em determinação regulatória, impossível
de ser ignorada ou desconsiderada e, no caso de descumprimento
Vistos etc. das referidas determinações, estaria a PostalSaude sujeitaao
pagamento de multa a ser aplicada pela ANS. Faz vasta digressão
Recursos ordinários interpostos por RODRIGO EMANUELL sobre o tema e cita a jurisprudência correlata. Por fim, caso de
QUEIROZ SANTOS e pelo EMPRESA BRASILEIRA DE mantenha a condenação, o que se admite a título de argumentação,
CORREIOS E TELEGRAFOS, de decisão proferida pela 7ª Vara do requer a fixação dos honorários no percentual mínimo previsto
Trabalho do Recife - PE, que julgou procedente em parte a emlei. Pede provimento.
pretensão formulada na ação trabalhista em que contendem entre
si, nos termos da fundamentação da sentença de fls. 662/664. Contrarrazões apresentadas de fls. 726/733.
RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR Desnecessária a remessa dos autos à Procuradoria Regional do
Nas suas razões de fls. 668/674, o autor insurge-se contra o litígio (artigo 49 do Regimento Interno deste Sexto Regional).
indeferimento de indenização por danos morais decorrente negativa
de disponibilizar plano de assistência médica, hospitalar e É o relatório.
odontológica à sua dependente. Alega que a tese de defesa, no
tocante à existência de determinação da Agencia Nacional de VOTO:
Saúde Suplementar (ANS), quanto à suspensão da comercialização
pela POSTAL SAÚDE, atual gestora do CORREIOSSAÚDE, não Os recursos são tempestivo; as representações estão regulares e o
impedia a ora recorrida de prestar os serviços por outros meios, preparo é desnecessário. Satisfeitos os demais requisitos de
diretamente ou por empresa interposta e habilitada para tanto, como admissibilidade, dele conheço, bem como das contrarrazões.
já ocorre em algumas localidades. Relata que, diante da situação
vivenciada, encontram-se presentes todos os requisitos para a NO MÉRITO
caracterização do dano moral. Por fim, clama pelo deferimento de
honorários sindicais, sob tese de que encontra-se assistido pelo Das considerações iniciais
sindicato de sua categoria profissional, além de atender aos
requisitos para concessão dos benefícios da justiça gratuita. Pede Apenas a título de esclarecimento, em virtude da entrada em vigor
provimento. da lei 13.467 de 2017 em 11.11.2017, destaco que o contrato de
trabalho encontra-se em vigor, bem como que a ação trabalhista foi
Contrarrazões apresentadas às fls. 705/722. ajuizada em 25.09.2017.

Feitas essas considerações, passo a apreciar o mérito dos apelos. requisitos exigidos, a demandada se negou a cumprir com a
obrigação prevista na cláusula 28 do ACT, bem como previsão no
Ante à identidade das matérias devolvidas em ambos recursos, edital do concurso, ou seja, fornecer assistência médica, hospitalar
passo a análise conjunta dos seguintes itens recursais: e odontológica, não só ao demandante como seus dependentes,
independentemente de a assistência ser operada diretamente pela
Da inclusão da genitora do autor no plano de saúde. Da empresa POSTAL SAÚDE ou por outra por essa credenciada.
indenização por danos morais. (análise conjunta)
Postulou o autor, ainda, em face de tal recusa por parte da ré, a
A reclamada insurge-se contra a decisão que determinou a condenação da empresa ao pagamento de indenização por danos
manutenção da genitora do reclamante no plano de saúde até morais, por entender preenchidos os requisitos legais para sua
01.08.2019, bem como ao pagamento de indenização por dano concessão (fls. 6, 7 e 15).
moral. Assevera, em resumo, que a inclusão de novos
dependentes, no plano de saúde, estava suspensa, bem como que A reclamada, por outro lado, em sede de contestação, disse que,
o entendimento do TST é no sentido de manter aqueles que já desde da criação da pessoa jurídica Postal Saúde - Caixa de
estavam no plano. Assistência e Saúde dos Empregados dos Correios, em 30 de abril
de 2013 e autorização de funcionamento conferida pela ANS
O autor, por sua vez, rebela-se contra o indeferimento de (Agência Nacional de Saúde Suplementar), a pessoa jurídica ECT
indenização por danos morais decorrente negativa de disponibilizar não realiza ato de gestão ou opera planos privados de assistência à
plano de assistência médica, hospitalar e odontológica à sua saúde aos seus empregados e outros, conforme Estatuto Social em
dependente. Alega que a tese de defesa, no tocante à existência de anexo e em vigor.
determinação da Agencia Nacional de Saúde Suplementar (ANS),
quanto à suspensão da comercialização pela POSTAL SAÚDE, Informou a ré que a ECT é apenas a mantenedora do Postal Saúde
atual gestora do CORREIOSSAÚDE, não impedia a ora recorrida de e o Postalis (Instituto de Seguridade Social dos Correios e
prestar os serviços por outros meios, diretamente ou por empresa Telégrafos) é patrocinadora do Postal Saúde, todos os atos de
interposta e habilitada para tanto, como já ocorre em algumas gestão e operação são de competência do Postal Saúde, pessoa
localidades. jurídica distinta da pessoa jurídica ECT e pessoa jurídica Postalis.
À análise. Asseverou que caberia ao reclamante a notificação do Postal Saúde
para cumprimento de ordem judicial, tendo em vista que o órgão de
Na inicial, narrou o autor que a recorrida é obrigada a fornecer gestão e operador do Plano de Saúde da ECT é o Postal Saúde, e
assistência médica, hospitalar e odontológica a todos os seus não a ECT.
empregados e aos dependentes destes, por força de cláusula
negociada em sede de Acordo Coletivo de Trabalho, nos termos da Disse, ainda, que a ANS, por meio da citada RN 254/11, vedou a
cláusula 28, do ACT 2016/2017 e demais anteriores. inclusão de novos beneficiários nos planos anteriores à Lei nº.
9.656/98 não adaptados, como é o caso do CorreiosSaúde, assim,
Disse o reclamante que requereu a inclusão da sua genitora, Sra. a Postal Saúde está impossibilitada de incluir no plano quaisquer
Maria Edilene Queiroz Santos, como dependente no plano de novos beneficiários, a não ser, filhos e cônjuges. Insiste ser
saúde, comprovando a idade mínima exigida que, no caso em descabido o deferimento de indenização por danos morais. (fls.
apreço, sua genitora é nascida em 27/05/1962, com 55 anos 438/454).
completos, conforme atesta cópia da Cédula de Identidade;
declaração informando da dependência econômica da genitora em O Juízo de Origem, após análise detida da prova documental dos
relação ao demandante; declaração informando não possuir plano autos (fl. 663):
de saúde e percepção de renda não superior de 1,2 salário mínimo
e documento probatório de renda auferida. "Em recente decisão Seção Especializada em Dissídios Coletivos
(DC-1000295-05.2017.5.00.0000) julgou parcialmente procedente o
Adicionou o demandante que, apesar de preencher todos os pedido da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos para revisar

cláusula de convenção coletiva de trabalho que trata da forma de Cláusula 28 do ACT 2017/2018 tenha a seguinte redação:
custeio do plano de saúde para os seus empregados. No dissídio, a
empresa justificou que, em função dos gastos, não poderia manter o Cláusula 28 - Plano de Saúde dos Empregados dos Correios A
plano de saúde para os pais e as mães dos titulares. Empresa oferecerá plano de saúde, com custeio da assistência
médica/hospitalar e odontológica, COM a cobrança de
Ao analisar a questão, os ministros da SDC decidiram que pais mensalidades e coparticipação, aos empregados(as) ativos(as),
e mães poderão permanecer usufruindo do plano, nos moldes aos(às) aposentados(as) nos Correios que permanecem na ativa,
já existentes, até 1º de agosto de 2019. Após esse período, eles aos(às) aposentados (as) desligados (as) sem justa causa ou a
serão incluídos em plano a ser negociado entre os Correios e as pedido e aos(às) aposentados(as) nos Correios por invalidez, bem
demais partes interessadas. Não estão sujeitos à limitação deste como a seus dependentes cônjuges/companheiros e filhos
prazo os que se encontrarem em tratamento médico/hospitalar. beneficiários/menor sob PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO
Nessa condição, o plano sem mensalidade permanece até a alta TRABALHO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO guarda do
médica. Plano Correios Saúde ou no plano que o suceder.
Sendo assim, confirmo a decisão antecipatória proferida nos § 1º Para os dependentes pai e/ou mãe dos empregados e dos
autos para que a genitora do autor permaneça como usuária do aposentados, de que trata o caput, do Plano "CorreiosSaúde"
plano de saúde CORREIOS SAÚDE/POSTAL SAÚDE na ou no plano que o suceder, a Empresa, manterá o plano de
qualidade de sua dependente até 01/08/2019." saúde nos moldes atuais por um ano, a contar de agosto/2018,
com exceção daqueles que se encontram em tratamento
Irreparável o decisum. médico/hospitalar, cuja manutenção ocorrerá até a alta médica.
Isso porque a decisão se baseou em Acordo Coletivo da Categoria, §2º A proporcionalidade da responsabilidade do pagamento das
o qual foi objeto de julgamento por meio de Dissídio Coletivo, que despesas, será fixada em, no máximo, 30% (trinta por cento) a
julgou parcialmente procedente o pedido da EBCT para revisar a cargo do total de beneficiários assistidos pela Postal Saúde (valores
cláusula nº. 28 do ACT 2017/2018, no tocante à revisão de forma de pagos a título de coparticipação) e 70% (setenta por cento) de
custeio e manutenção de plano de saúde, conforme transcrição a responsabilidade da mantenedora.
seguir:
§ 3º O teto máximo para efeito de compartilhamento será de:
I - Para os(as) empregados(as) ativos 2 (duas) vezes o valor da
PROCESSO N° DC-1000295-05.2017.5.00.0000 remuneração do(da) empregado(a).
CERTIFICO que a Seção Especializada em Dissídios Coletivos do II - Para os(as) aposentados(as) desligados(as) até 3 (três) vezes o
Tribunal Superior do Trabalho, em Sessão Ordinária hoje realizada, valor da soma do benefício recebido do INSS e suplementação
sob a presidência do Exmo. Ministro Presidente João Batista Brito concedida pelo POSTALIS, limitando o desconto mensal até 5% da
Pereira, presentes os Exmos. Ministros Renato de Lacerda Paiva, remuneração líquida do titular, fora a margem consignável (Lei nº.
Aloysio Silva Corrêa da Veiga, Maria de Assis Calsing, Dora Maria 10.820/2003, regulamentada pelo Decreto nº 4.840/2003), em
da Costa, Maurício Godinho Delgado e Kátia Magalhães Arruda e o sucessivas parcelas até a sua liquidação.
Exmo. Subprocurador-Geral do Trabalho, Dr. Luís Antônio Camargo
de Melo, DECIDIU: § 4º Isenção de coparticipação para os casos de internação.
(...) (..)
V - por maioria, vencido o Exmo. Ministro Maurício Godinho § 6º Tabela de cobrança mensal, a título de mensalidade, cobrada
Delgado, e com ressalva de fundamentação da Exma. Ministra Kátia de forma per capita, nos valores percentuais PODER JUDICIÁRIO
Magalhães Arruda, julgar procedente, em parte, o pedido para que a JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

conforme a mensalidade do titular para cada dependente, abaixo que não lhe era imputável (pagar pela totalidade do plano de saúde)
demonstrados: DEPENDENTE PERCENTUAL SOBRE A à época do cancelamento do pleno. Registre-se que, ainda assim,
MENSALIDADE DO TITULAR Cônjuge/companheiro(a) 60% por liberalidade, a empresa efetivou tais pagamentos por tempo
Filho(a)/menor sob guarda 35%. considerável, sem que o obreiro, contudo, regularizasse a situação
e assumisse sua quota-parte.
§ 7º Tabela de limites de cobrança mensal, sobre o valor da
mensalidade do titular, utilizando para tal a idade do beneficiário Não visualizo, pois, qualquer conduta ilícita da Reclamada apta a
titular e tendo como base legal a RN nº 63/2003 da ANS que ensejar condenação por danos morais.
estabelece os limites de variação de preço por faixa etária, abaixo
apresentada: Isso porque a indenização por dano moral repousa na teoria
subjetiva da responsabilidade civil, cujo postulado básico estriba-se
(..) no conceito de culpa, e esta, fundamentalmente, tem por
pressuposto a infração de uma norma preestabelecida.
§ 8º Após apurados os resultados e aprovadas as contas pelo
Conselho de Administração da Empresa, havendo lucro líquido no Ambas as modalidades de culpa, aquiliana e contratual, obrigam o
exercício anterior, a Empresa reverterá 15% para o custeio das autor a responder civilmente pelos prejuízos causados. Quanto às
mensalidades dos beneficiários de que trata o caput, no exercício exigências no concernente às provas, incumbe ao prejudicado
de aprovação das contas. demonstrar todos os elementos originários da responsabilidade, ou
seja, o dano, a infração da norma e o nexo de causalidade entre um
§9º Os dependentes relacionados no §1º, após o período de um e outra, na hipótese de tratar-se de culpa extracontratual ou
ano previsto no referido §1º, serão incluídos em plano família a aquiliana.
ser negociado entre as partes interessadas.
Com efeito, é cediço que o direito à indenização por dano moral
VI - A sentença normativa, com fundamento no Precedente n. 120, pressupõe a comprovação da conduta culposa do empregador, do
da Seção Especializada em Dissídios Coletivos, terá vigência a dano ao trabalhador e do nexo causal entre o ato daquele e o
partir de sua publicação até 01 de agosto de 2019. prejuízo sofrido.
Como pode se observar da transcrição do Dissídio Coletivo acima, a Preceituam os arts. 186 e 187 do novel Digesto Comum:
genitora do reclamante preenche todos os requisitos para fruição de
plano de saúde oferecido pelos Correios, razão pela qual confirmo a "Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
sentença, por suas razões de decidir. ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito."
Por outro lado, no caso, era do autor o ônus de fazer a prova da
ocorrência dos fatos denunciados no seu petitório quanto à suposta "Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao
ocorrência de dano moral, e que destes derivou-se o prejuízo exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
alegado, mas de tal encargo não se desincumbiu a contento. econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes."
Se é preciso que a Justiça do Trabalho, por um lado, esteja atenta E, mais, dispõe o caputdo art. 927 do citado Código:
ao dever da empresa de resguardar os direitos do obreiro e de sua
genitora, no tocante à manutenção de plano de saúde regularmente "Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
oferecido pela ré, deve, de igual forma, assegurar que não ocorram outrem, fica obrigado a repará-lo."
imputações indevidas à reclamada quando esta cumpre todas as
suas obrigações e realiza tudo ao seu alcance para manter os No presente caso, não existe, nos autos, um único elemento que
benefícios inerentes ao contrato. demonstre a imputabilidade, por parte da empresa, de evento
tendente a denegrir a imagem do obreiro, de modo que não há
Não pode a empresa, no presente caso, responder por obrigação como deferir a indenização pleiteada.

trabalhista.
Desse modo, nego provimento ao recurso ordinário do autor e da
reclamada. Isso porque, no processo civil, mesmo antes da Lei n° 13.105/2015
(CPC de 2015), era plena a aplicabilidade dos honorários de
Dos honorários advocatícios (análise conjunta) sucumbência. Todavia, no processo do trabalho, antes da Lei n°
13.467/2017, a regra era a excepcionalidade da condenação,
Clama o autor pelo deferimento de honorários sindicais, sob tese de consoante os termos da Súmula n° 219 do C. TST e da Lei n.º
que encontra-se assistido pelo sindicato de sua categoria 5.584/1970.
profissional, além de atender aos requisitos para concessão dos
benefícios da justiça gratuita. Aplicar o novo procedimento do art. 791-A da CLT (que torna regra
geral a condenação em honorários sucumbenciais) às sentenças
A reclamada, por outro lado, caso de mantenha a condenação, o em ações trabalhistas ajuizadas antes da vigência da Lei n°
que se admite a título de argumentação, requer a fixação dos 13.467/2017, simplesmente, não é, razoável à luz de vários
honorários no percentual mínimo previsto emlei. princípios (processuais ou não), como os posulados da
transparência (contraditório amplo e vedação à decisão surpresa),
Em relação aos honorários advocatícios, em consonância com as cooperação, lealdade, segurança jurídica e "procedural due
Súmulas n.ºs 219 e 329 do TST, OJ n.º 305 da SDI-I, e Lei n.º process".
5.584/70, no processo do trabalho, a condenação à verba honorária
tradicionalmente não decorria de simples sucumbência. Uma vez que a norma contida no art. 791-A da CLT possui natureza
híbrida (material e processual), não pode ser aplicada às ações
Em se tratando de lide decorrente da relação de emprego, exigia- propostas em momento anterior à sua vigência.
se a ocorrência concomitante de assistência sindical e
remuneração inferior ao dobro do salário mínimo, o que impede Além disso, quanto ao honorários de sucumbência, transcreve-se
a aplicação do art. 133 da Constituição Federal. lição de Dallegrave Neto:
Desde 11.11.2017 o posicionamento não mais subsiste, haja vista a Para solver essa controvérsia, importa invocar uma terceira exceção
norma contida no art. 791-A da CLT, com redação dada a partir da à regra geral da aplicação imediata. Trata-se do princípio do não
Lei n° 13.467/2017: prejuízo aos litigantes pela lei processual nova. Com efeito, a
novel legislação somente se aplica às situações em curso, quando
art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão para beneficiar as partes, a exemplo da nova contagem em dias
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% úteis prevista no mencionado art. 775 da CLT. Ao contrário, quando
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o a lei nova sobrevier para acoimar, punir ou restringir direitos
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico processuais a sua aplicação não poderá afetar situações jurídicas
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado em aberto. Nesse sentido é a dicção da própria CLT ao ressaltar
da causa. que o encurtamento do prazo prescricional só poderá se iniciar a
partir de sua vigência; ou seja, com efeitos ex nunc.
De toda sorte, no entender deste Juízo, a norma somente pode ser
aplicada aos processos ajuizados após a vigência da Lei nº. [...]
13.467/17, não sendo essa a hipótese dos autos, já que a
presente ação trabalhista foi ajuizada em momento anterior à A introdução dos honorários advocatícios de sucumbência recíproca
vigência da referida lei, em 25.09.2017. no processo do trabalho se enquadra nessa ordem de regras
híbridas e, portanto, devem ser aplicadas apenas aos processos
Aqui não se ignora o entendimento consolidado do STJ no sentido que tiveram início sob a vigência da nova lei 13.467/17
da disciplina acerca dos honorários de sucumbência ser a norma (Dallegrave Neto, 2017).
em vigor no momento da sentença. Todavia, no meu entender, essa
visão não pode prevalecer no âmbito do modelo processual Também quanto ao tema, esta Turma julgadora, quando do

julgamento do RO 0000053-70.2014.5.06.0010, em 08/03/2018, já imediata, (ii) e aos institutos híbridos (bifontes), tais como os
se manifestou no sentido de que se deve observar a data de honorários advocatícios sucumbenciais e requisitos para
ajuizamento da ação como marco temporal para fins de concessão da justiça gratuita, que devem observar a data de
aplicabilidade das alterações promovidas pela Reforma Trabalhista, ajuizamento da ação como marco temporal para fins de
em respeito ao princípio da não surpresa. aplicabilidade das alterações promovidas pela Reforma
Trabalhista, em respeito ao princípio da não surpresa.
Segue trecho da decisão em comento: (Processo: RO - 0000053-70.2014.5.06.0010, Redator: Eduardo
Pugliesi, Data de julgamento: 07/03/2018, Primeira Turma, Data da
Da reforma trabalhista e da aplicação intertemporal assinatura: 08/03/2018)
Inicialmente, cumpre registrar que, recentemente, foi sancionada a A posição ficou definitivamente consagrada na IN 41, conforme art.
Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), cuja vigência se iniciou 6°:
em 11/11/2017 e teve por escopo implementar profundas alterações
na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), tanto na parte de Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários
direito material, quanto na processual, e na lei que regula o trabalho advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da
temporário e terceirizado (Lei nº 6.019/1974), além de ajustar CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de
disposições nas leis que tratam do FGTS e da Seguridade Social. novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas
anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei nº
Poucos dias após a sua vigência, foi editada a Medida Provisória nº. 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.
808/2017 (14/11/2017), que promoveu mais outras mudanças na
citada Lei nº 13.467/2017 e na CLT, e ainda estabeleceu a Por outro lado, o autor encontra-se assistido pelo seu Sindicato de
incidência imediata dessa lei aos contratos de trabalho vigentes. classe, tendo seu patrono acompanhado às sessões de audiência
realizadas, subscrevendo inclusive as petições com timbre do
Pois bem. sindicato, bem como a procuração que contem a assinatura do
presidente do sindicato, autorizando a prestação de assistência
No que toca à aplicação intertemporal das alterações promovidas jurídica dos advogados (fls. 17).
pela Reforma Trabalhista, há que se distinguir as normas de direito
processual das de direito material. Desse modo, ante à assistência sindical, dou provimento parcial ao
recurso do autor para condenar a ré ao pagamento de honorários
Enquanto as novas regras processuais possuem aplicabilidade sindicais no percentual de 15%. E nego provimento ao recurso da
imediata aos processos em curso, respeitando-se a teoria do ré.
isolamento dos atos processuais consagrada pelo art. 14 do CPC
("A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA (títulos
aos processos em curso, respeitados os atos processuais remanescentes)
praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da
norma revogada"), as normas de direito material seguem a Da litisconsorte passivo necessário
orientação emanada do art. 6º da LINDB ("A Lei em vigor terá efeito
imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito Inicialmente clama pela inclusão da POSTAL SAÚDE como
adquirido e a coisa julgada") c/c art. 2º da MP nº 808/2017, de litisconsorte passivo necessário, sob tese de que os efeitos de uma
maneira que o contrato de trabalho é regido pela lei vigente à época condenação implicarão em obrigações perante terceiros.
de sua duração.
Sem razão, todavia.
Exceção a esses parâmetros, entretanto, faz-se com relação (i) aos
temas de direito material que não possuíam regulação na CLT, a O instituto em debate, como é sabido, é hipótese de intervenção de
exemplo da quantificação da reparação do dano extrapatrimonial e terceiro, do qual o demandado pode se servir para inserir no polo
da responsabilidade do sócio retirante, cuja aplicação legislativa é passivo da demanda os seus co-devedores solidários ou o devedor

principal.
A sanção foi estipulada para o caso de descumprimento de
Por se tratar de instituto previsto para o processo civil, sua quaisquer das cláusulas do Acordo Coletivo, de sorte que, a
aplicação do processo do trabalho encerra ardorosa discussão exemplo do desrespeito às normas de manutenção de planto de
doutrinária e jurisprudencial. saúde, atrai a aplicação da multa em comento. Recurso negado.
Para autores como Eduardo Gabriel Saad, Wagner Giglio, Manoel Do prequestionamento
Antônio Teixeira Filho, Carlos Henrique Bezerra Leite e Tostes
Malta, é possível essa espécie de intervenção de terceiro no Acrescento, enfim, que os motivos expostos na fundamentação do
processo do trabalho, mas somente na hipótese capitulada no inciso presente julgado não violam nenhum dos dispositivos da
III, do art. 130, do CPC, e ainda assim com ressalvas. Constituição Federal, tampouco preceitos legais, sendo
Primeiro se diga que cabe à parte autora escolher em face de quem disposto na OJ nº 118, da SDI-1, do C. TST.
pretende litigar, assumindo, por corolário, o risco de arcar com a
improcedência de seus pedidos, caso os formule contra parte que
não integre a relação jurídica litigiosa, ex vi do disposto no artigo 17º
do CPC, in verbis: "Art. 3º. Para postular em juízo é necessário ter
interesse e legitimidade."
Por outro lado e mesmo que por esse motivo não fosse, conforme
se infere do art. 282 do Código Civil, o credor pode renunciar à
solidariedade em favor de um ou alguns dos devedores, não
podendo os réus, desta feita, obrigá-lo a demandar contra quem
não pretendeu.
No contexto ora apresentado, nada há que se reformar na sentença,
no particular. Nego provimento.
Da multa normativa
Pugna pelo indeferimento de multa prevista em Acordo Coletivo de
Trabalho, sob tese de que a recusa na inclusão de nova beneficiaria
encontrava-se fundamentada e calcada em determinação
regulatória, impossível de ser ignorada ou desconsiderada e, no
caso de descumprimento das referidas determinações, estaria a
PostalSaude sujeitaao pagamento de multa a ser aplicada pela
ANS.
Sem razão.
A cláusula 74ª (septuagésima quarta) dos Instrumentos Normativos
Acostados, é clara ao estabelecer que (fl. 272): "Descumprida
qualquer obrigação deste Acordo Coletivo de Trabalho, por qualquer Conclusão
das partes, ficará a parte infratora obrigada ao pagamento, em favor
do(a) empregado (a) prejudicado(a), de multa equivalente a 20%
(vinte por cento) do dia de serviço deste(a)."

EMMT
Ante o exposto,
I - DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso ordinário do autor CERTIDÃO DE JULGAMENTO
para deferir os honorários sindicais, no importe de 15% sobre o
valor do condeno. Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi
II - NEGO PROVIMENTO ao recurso ordinário da reclamada. 09.10.2018, sob a presidência do Exmo. Sr. Desembargador
Face à natureza da reforma, deixo de arbitrar novo valor à Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pela
condenação. Exma. Sra. Procuradora Elizabeth Veiga e dos Exmos. Srs.
Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por unanimidade, I - DAR
PROVIMENTO PARCIAL ao recurso ordinário do autor para
deferir os honorários sindicais, no importe de 15% sobre o valor do
condeno. II - por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso
ordinário da reclamada. Face à natureza da reforma, deixar de
arbitrar novo valor à condenação.
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, I - DAR
PROVIMENTO PARCIAL ao recurso ordinário do autor para
deferir os honorários sindicais, no importe de 15% sobre o valor do
condeno. II - por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso
ordinário da reclamada. Face à natureza da reforma, deixar de
arbitrar novo valor à condenação.
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. Acórdão

Processo Nº AP-0001463-61.2014.5.06.0141
AGRAVANTE VIACON CONSTRUCOES E
MONTAGENS LTDA.
CAVALCANTI(OAB: 23179-D/PE)

AGRAVADO JOSELITO PEREIRA DOS SANTOS

ADVOGADO SUELEN KARINE GOMES
BRAGA(OAB: 30525-D/PE)
ADVOGADO RODRIGO VASQUEZ SOARES(OAB:
20863-D/PE)
ADVOGADO FREDERICO MELO TAVARES(OAB: DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. EXECUÇÃO. AGRAVO
17824/PE)
DE PETIÇÃO. DECISÃO DO PROCESSO COGNITIVO.
IMPOSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO NA LIQUIDAÇÃO. COISA
- VIACON CONSTRUCOES E MONTAGENS LTDA.
JULGADA. O processo de execução tem por finalidade precípua a
extrajudicial. Nesta fase é proibido modificar os parâmetros da

PODER decisão cognitiva e até mesmo discutir matéria pertinente à causa
JUDICIÁRIO principal. Trata-se de vedação imposta pelo art. 879, §1º da CLT,
que tem por finalidade obstar a violação do princípio da coisa
julgada. No caso sob exame, estes limites objetivos foram
observados pelo contador. Não há espaço para alteração da
decisão exarada em processo cognitivo, sob pena de violar o
princípio da segurança jurídica. Agravo a que se nega provimento.
PROC. Nº. TRT - AP- 0001463-61.2014.5.06.0141
Agravante : VIACON CONSTRUÇÕES E MONTAGENS LTDA.
Vistos etc.
Agravado : JOSELITO PEREIRA DOS SANTOS
Agravo de petição interposto por VIACON CONSTRUÇÕES E

Advogados : THIAGO FRANCISCO DE MELO CAVALCANTI;
MONTAGENS LTDA contra decisão proferida pelo Juízo da 1ª Vara
FREDERICO MELO TAVARES
do Trabalho de Jaboatão dos Guararapes - PE, que rejeitou os
embargos à execução por ele opostos, nos termos da

fundamentação de fls. 517/519, nos autos em que contende
GUARARAPES - PE
JOSELITO PEREIRA DOS SANTOS, ora agravado.
Nas razões do agravo de fls. 523/529, insiste na ocorrência de
erronias nas contas quanto aos vales refeição, multa convencional e
juros de mora. Diz que foram incluídos nas contas dos vales
refeição os meses de 07/2013 a 08/2014, no entanto, a
determinação contida no julgado restringe ao período de julho/2013
por ausência do instrumento normativo, pugnando para a exclusão
dos demais meses a partir de agosto/2013. Afirma que a multa
convencional de 10% foi calculada equivocadamente, eis que a

EMENTA
mesma não foi apurada sobre a remuneração do autor no mês da
demissão que era de R$820,60. Pontua que as contas foram
atualizadas antes da dedução da cota parte do empregado referente
ao INSS, majorando-as indevidamente. Requer a retificação das
contas. Pede provimento.

respeito, pelo que nego provimento.
Contraminuta não ofertada.
Da Multa Convencional
Público do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Regimento Aponta ainda equívocos quanto à multa convencional de 10% sob o
Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se argumento de essa não foi computada sobre a remuneração do
pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por autor no mês da demissão, que era de R$820,00.
XIII e VII, da Lei Complementar 75/93. Sem qualquer razão.
É o que tinha de importante a relatar. Eis o que dispôs a sentença (fls. 293):
VOTO: No entanto, com relação aos preceitos instituídos na cláusula 20ª,
reconhecido que a empresa não fornecia as refeições ali instituídas
Dos pressupostos de admissibilidade nem as substituía por ticket ou cesta básica, resta configurada a
violação patronal e, por conseguinte, cabendo a aplicação da
O recurso é tempestivo, a representação está regular e o juízo penalidade estipulada nas cláusulas 74ªs dos instrumentos coletivos
garantido. Satisfeitos os demais requisitos de admissibilidade, dele vigentes durante o contrato de trabalho. Devidas, portanto, uma
conheço. multa por cada instrumento coletivo violado, no total de duas multas,
cada uma no equivalente a 10% do piso salarial dos ajudantes,
MÉRITO em vigor à época.
Dos Vales refeição Neste contexto, as multas convencionais foram apuradas levando
em consideração os instrumentos normativos da categoria, como
Insiste na ocorrência de equívocos nas contas quanto aos vales determinado no comando decisório, e não o valor que entende
refeição. Afirma que foram computados os valores referentes ao devido o agravante.
período de 07/2013 a 08/2014, no entanto, o julgado restringiu o
pagamento ao período até julho/2013 por ausência da juntada das Nego provimento.
convenções coletivas.
Dos Juros de mora sobre o INSS do empregado
Sem razão.
Discorda dos juros aplicados, sem antes deduzir a parcela
Vejamos o que dispôs o comando decisório a respeito da matéria previdenciária. Defende que os juros do crédito do autor devem
(fls. 288/289), mantido no acórdão de fls. 343/344: incidir apenas sobre o valor líquido da condenação, depois de
deduzida a parcela previdenciária.
Tem direito o reclamante a receber, conforme previsto nas
convenções coletivas vigentes durante o contrato de trabalho, a Sem razão.
receber os seguintes valores, mensalmente:
Quanto aos juros de mora, o comando sentencial é expresso quanto
· R$ 13,80 (treze reais e oitenta centavos) da admissão até julho de à incidência a partir do ajuizamento da ação, este, sim, o vetor que
2013; se extrai do art. 39 da Lei n° 8.177/1991.
· R$ 15,18 de agosto/2013 a julho/2014. O art. 56 do Decreto nº. 3.000/99 dispõe acerca da cobrança de
impostos e contribuições, in verbis:
Com, efeito, a sentença foi de uma clareza meridiana ao definir os
valores e período deferidos, não havendo que se perquirir a Art. 56. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o

imposto incidirá no mês do recebimento, sobre o total dos
rendimentos, inclusive juros e atualização monetária (Lei n 7.713,
de 1988, art. 12).
Com efeito, a conta de liquidação foi efetuada nos exatos padrões
adotados pelo TST, segundo as diretrizes e índices do Sistema
Único de Cálculos da Justiça do Trabalho - SUCJT, uma vez que o
crédito do autor foi atualizado para posteriormente ser abatida a
contribuições previdenciária.
Colho da jurisprudência o seguinte aresto:
Conclusão
INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA. A legislação vigente impõe o
cômputo dos juros sobre o crédito corrigido monetariamente (artigo
39, § 1º, da Lei 8177/1991 e Súmula 200, do TST), ou seja, sobre o
valor bruto e não líquido da condenação. (TRT-2, Proc. 0192800-
76.1998.5.02.0444, 3ª. Turma, Relator Paulo Eduardo Vieira de
Oliveira, Publicação 28/06/2017).
A par de tais premissas, tenho que o expert obedeceu ao julgado e,
como se sabe, os limites objetivos da coisa julgada devem ser Diante do exposto, nego provimento ao apelo.
vedado alterar os parâmetros da decisão cognitiva. Trata-se de
impedir a violação do princípio da coisa julgada.
Não se pode perder de vista que o processo de execução tem por
finalidade precípua a satisfação do direito do credor assegurado por
um título judicial ou extrajudicial.
Logo, nego provimento ao apelo.
nenhum dos dispositivos legais invocados pela agravante. Ademais,
não se diga que o julgador estaria obrigado a se manifestar sobre
toda a legislação invocada, bastando que forme seu convencimento
e fundamente sua decisão (art. 93, inciso IX, da CF/88), o que
ocorreu no caso concreto.
ao recurso

ADVOGADO RODRIGO VASQUEZ SOARES(OAB:

20863-D/PE)
ADVOGADO FREDERICO MELO TAVARES(OAB:
SERGIO TORRES TEIXEIRA 17824/PE)
- JOSELITO PEREIRA DOS SANTOS
EMMT
PODER
JUDICIÁRIO

PROC. Nº. TRT - AP- 0001463-61.2014.5.06.0141


provimento ao recurso
Agravante : VIACON CONSTRUÇÕES E MONTAGENS LTDA.

Agravado : JOSELITO PEREIRA DOS SANTOS

Advogados : THIAGO FRANCISCO DE MELO CAVALCANTI;
FREDERICO MELO TAVARES

GUARARAPES - PE
EMENTA
Acórdão
Processo Nº AP-0001463-61.2014.5.06.0141
AGRAVANTE VIACON CONSTRUCOES E
MONTAGENS LTDA.
CAVALCANTI(OAB: 23179-D/PE)
AGRAVADO JOSELITO PEREIRA DOS SANTOS
ADVOGADO SUELEN KARINE GOMES
BRAGA(OAB: 30525-D/PE)

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. EXECUÇÃO. AGRAVO Desnecessária a remessa dos presentes autos ao douto Ministério
DE PETIÇÃO. DECISÃO DO PROCESSO COGNITIVO. Público do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Regimento
IMPOSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO NA LIQUIDAÇÃO. COISA Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se
JULGADA. O processo de execução tem por finalidade precípua a pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por
satisfação do direito do credor assegurado por um título judicial ou ocasião da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II,
extrajudicial. Nesta fase é proibido modificar os parâmetros da XIII e VII, da Lei Complementar 75/93.
principal. Trata-se de vedação imposta pelo art. 879, §1º da CLT, É o que tinha de importante a relatar.
que tem por finalidade obstar a violação do princípio da coisa
julgada. No caso sob exame, estes limites objetivos foram VOTO:
observados pelo contador. Não há espaço para alteração da
decisão exarada em processo cognitivo, sob pena de violar o Dos pressupostos de admissibilidade
princípio da segurança jurídica. Agravo a que se nega provimento.
O recurso é tempestivo, a representação está regular e o juízo
garantido. Satisfeitos os demais requisitos de admissibilidade, dele
conheço.
MÉRITO
Dos Vales refeição
Vistos etc. Insiste na ocorrência de equívocos nas contas quanto aos vales
refeição. Afirma que foram computados os valores referentes ao
Agravo de petição interposto por VIACON CONSTRUÇÕES E período de 07/2013 a 08/2014, no entanto, o julgado restringiu o
MONTAGENS LTDA contra decisão proferida pelo Juízo da 1ª Vara pagamento ao período até julho/2013 por ausência da juntada das
do Trabalho de Jaboatão dos Guararapes - PE, que rejeitou os convenções coletivas.
embargos à execução por ele opostos, nos termos da
fundamentação de fls. 517/519, nos autos em que contende Sem razão.
JOSELITO PEREIRA DOS SANTOS, ora agravado.
Vejamos o que dispôs o comando decisório a respeito da matéria
Nas razões do agravo de fls. 523/529, insiste na ocorrência de (fls. 288/289), mantido no acórdão de fls. 343/344:
erronias nas contas quanto aos vales refeição, multa convencional e
juros de mora. Diz que foram incluídos nas contas dos vales Tem direito o reclamante a receber, conforme previsto nas
refeição os meses de 07/2013 a 08/2014, no entanto, a convenções coletivas vigentes durante o contrato de trabalho, a
determinação contida no julgado restringe ao período de julho/2013 receber os seguintes valores, mensalmente:
por ausência do instrumento normativo, pugnando para a exclusão
dos demais meses a partir de agosto/2013. Afirma que a multa · R$ 13,80 (treze reais e oitenta centavos) da admissão até julho de
convencional de 10% foi calculada equivocadamente, eis que a 2013;
mesma não foi apurada sobre a remuneração do autor no mês da
demissão que era de R$820,60. Pontua que as contas foram · R$ 15,18 de agosto/2013 a julho/2014.
atualizadas antes da dedução da cota parte do empregado referente
ao INSS, majorando-as indevidamente. Requer a retificação das Com, efeito, a sentença foi de uma clareza meridiana ao definir os
contas. Pede provimento. valores e período deferidos, não havendo que se perquirir a
respeito, pelo que nego provimento.

Da Multa Convencional de 1988, art. 12).
Aponta ainda equívocos quanto à multa convencional de 10% sob o Com efeito, a conta de liquidação foi efetuada nos exatos padrões
argumento de essa não foi computada sobre a remuneração do adotados pelo TST, segundo as diretrizes e índices do Sistema
autor no mês da demissão, que era de R$820,00. Único de Cálculos da Justiça do Trabalho - SUCJT, uma vez que o
crédito do autor foi atualizado para posteriormente ser abatida a
Sem qualquer razão. contribuições previdenciária.
Eis o que dispôs a sentença (fls. 293): Colho da jurisprudência o seguinte aresto:
No entanto, com relação aos preceitos instituídos na cláusula 20ª, INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA. A legislação vigente impõe o
reconhecido que a empresa não fornecia as refeições ali instituídas cômputo dos juros sobre o crédito corrigido monetariamente (artigo
nem as substituía por ticket ou cesta básica, resta configurada a 39, § 1º, da Lei 8177/1991 e Súmula 200, do TST), ou seja, sobre o
violação patronal e, por conseguinte, cabendo a aplicação da valor bruto e não líquido da condenação. (TRT-2, Proc. 0192800-
penalidade estipulada nas cláusulas 74ªs dos instrumentos coletivos 76.1998.5.02.0444, 3ª. Turma, Relator Paulo Eduardo Vieira de
vigentes durante o contrato de trabalho. Devidas, portanto, uma Oliveira, Publicação 28/06/2017).
multa por cada instrumento coletivo violado, no total de duas multas,
cada uma no equivalente a 10% do piso salarial dos ajudantes, A par de tais premissas, tenho que o expert obedeceu ao julgado e,
em vigor à época. como se sabe, os limites objetivos da coisa julgada devem ser
Neste contexto, as multas convencionais foram apuradas levando vedado alterar os parâmetros da decisão cognitiva. Trata-se de
em consideração os instrumentos normativos da categoria, como vedação imposta pelo art. 879, § 1º, da CLT, que tem por escopo
determinado no comando decisório, e não o valor que entende impedir a violação do princípio da coisa julgada.
devido o agravante.
Não se pode perder de vista que o processo de execução tem por
Nego provimento. finalidade precípua a satisfação do direito do credor assegurado por
um título judicial ou extrajudicial.
Dos Juros de mora sobre o INSS do empregado
Logo, nego provimento ao apelo.
Discorda dos juros aplicados, sem antes deduzir a parcela
previdenciária. Defende que os juros do crédito do autor devem Declaro, por fim, que tal entendimento não tem o condão de violar
incidir apenas sobre o valor líquido da condenação, depois de nenhum dos dispositivos legais invocados pela agravante. Ademais,
deduzida a parcela previdenciária. não se diga que o julgador estaria obrigado a se manifestar sobre
toda a legislação invocada, bastando que forme seu convencimento
Sem razão. e fundamente sua decisão (art. 93, inciso IX, da CF/88), o que
ocorreu no caso concreto.
Quanto aos juros de mora, o comando sentencial é expresso quanto
à incidência a partir do ajuizamento da ação, este, sim, o vetor que
se extrai do art. 39 da Lei n° 8.177/1991.
O art. 56 do Decreto nº. 3.000/99 dispõe acerca da cobrança de
impostos e contribuições, in verbis:
Art. 56. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o
imposto incidirá no mês do recebimento, sobre o total dos
rendimentos, inclusive juros e atualização monetária (Lei n 7.713,

EMMT
Conclusão Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi
Diante do exposto, nego provimento ao apelo. provimento ao recurso

Processo Nº RO-0001571-43.2015.5.06.0016
ao recurso RECORRENTE EUNICE FIRMINO DA SILVA
ADVOGADO FERNANDA CRISTINA SOUSA
SPINELLI(OAB: 33176/PE)
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. RECORRENTE LIBER CONSERVACAO E SERVICOS
GERAIS LTDA
NEUENSCHWANDER(OAB:
11839/PE)
RECORRENTE PROCURADORIA GERAL DO
ESTADO
SERGIO TORRES TEIXEIRA RECORRIDO EUNICE FIRMINO DA SILVA


SPINELLI(OAB: 33176/PE) EMENTA
RECORRIDO LIBER CONSERVACAO E SERVICOS
GERAIS LTDA
NEUENSCHWANDER(OAB:
11839/PE)
RECORRIDO PROCURADORIA GERAL DO
ESTADO
TRABALHO
- EUNICE FIRMINO DA SILVA
RECURSO ORDINÁRIO DA RÉ.DIREITO INDIVIDUAL E
PROCESSUAL DO TRABALHO. MULTA DO ART. 467 DA CLT.
PODER CONTROVÉRSIA. Não custa lembrar que a redação do art. 467 da
JUDICIÁRIO CLT, permanece inalterada, mesmo após a Lei n° 13.467/2017, e
estabelece o pagamento da multa em questão somente nas
hipóteses em que haja verbas rescisórias incontroversas
(reconhecidas como devidas) sendo pleiteadas pelo obreiro e que
não sejam pagas até a data do comparecimento à Justiça
Trabalhista. No caso presente, a leitura dos termos da defesa
sugere que a ré adimpliu todas as verbas devidas, resistindo a

PROC. N.º TRT. 0001571-43.2015.5.06.0016 (RO)
pretensão do autor. Presente controvérsia não há falar em multa do
art. 467 da CLT. Recurso parcialmente provido.

RECURSO ORDINÁRIO DO ESTADO DE PERNAMBUCO.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA. CULPA IN VIGILANDO. ÔNUS DA PROVA.

Recorrentes : LIBER CONSERVACAO E SERVICOS GERAIS
CARACTERIZAÇÃO. SÚMULA Nº 331 DO COLENDO TST. ADC
LTDA.;ESTADO DE PERNAMBUCO; EUNICE FIRMINO DA
16. JULGAMENTO DO RE 760.931. O plenário do Colendo STF, ao
SILVA
apreciar a ADC nº. 16 chegou ao consenso de que na aplicação do
item IV da Súmula nº 331 do C. TST o julgador terá de investigar

caso a caso se a inadimplência tem como causa principal a falha ou
falta de fiscalização pelo órgão público contratante. A

Advogados : ANTONIO HENRIQUE NEUENSCHWANDER;
responsabilidade subsidiária do tomador de serviços não decorre do
ADRIANO AQUINO DE OLIVEIRA (PROCURADOR DO ESTADO);
reconhecimento do vínculo de emprego, mas, sim, do entendimento
FERNANDA CRISTINA SOUSA SPINELLI
de que, na situação de terceirização de serviços, o contratante não
se exime de atender os direitos sociais dos empregados do

Procedência : 16ª. VARA DO TRABALHO DO RECIFE (PE)
contratado, em caso de inadimplência da prestadora de serviços,
em razão das culpas in eligendo ou in vigilando daquele. No meu
sentir, é do Ente Público o encargo probatório, em face das
diretrizes do princípio da aptidão da prova. Somente o administrador
público revela condições de produzir provas acerca de tal quadro
fático, não sendo razoável exigir do empregado/trabalhador
terceirizado a demonstração de inércia daquele (ou seja, um
verdadeiro fato puramente negativo). Todavia, com a ressalva de
entendimento pessoal, por questões de disciplina judiciária, passo a
julgar os casos de responsabilidade subsidiária a partir da ótica de
que o encargo probatório recai sobre a parte autora. A mudança de

entendimento se contextualiza diante das decisões mais recentes os cálculos de liquidação nos seguintes aspectos: a) reflexos sobre
do C. TST, em sintonia com julgados do Pretório Excelso, no o adicional de insalubridade, eis que não houve condenação em
sentido de que é do reclamante o ônus da prova acerca da efetiva repercussões, além de ser indevido o consectário do repouso
fiscalização na execução do contrato de terceirização de mão de semanal remunerado, nos termos da OJ n° 103 da SDI; b)
obra por integrante da Administração Pública. Partindo-se dessa proporcionalidade do adicional de insalubridade, com respeito à
premissa e ausente documentos que apontem culpa do ente público prescrição quinquenal reconhecida; c) base de cálculo da multa de
quanto ao inadimplemento das obrigações trabalhistas, é indevida a 40% do FGTS e da multa do art. 467 da CLT, que se restringe às
responsabilidade subsidiária. Recurso provido. verbas rescisórias; d) aponta equívoco no quantitativo de dedução
do adicional de insalubridade pago, pois havia meses em que era
RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA. JUROS DE MORA. pago o adicional em grau máximo; e) pagamento em duplicidade
LEI N° 9.494/1997. No tocante aos critérios de apuração de juros de das férias de junho de 2015; f) tem-se que o cálculo dos juros de
mora, a OJ n° 382 da SDI-1 dispõe que a Fazenda Pública, quando mora deve incidir sobre o crédito líquido; g) a alíquota do INSS é de
condenada subsidiariamente, não se beneficia da limitação dos 22%, sendo 2% a título de SAT. Pede provimento.
juros, prevista no art. 1º-F da Lei n.º 9.494/1997. Recurso
parcialmente provido. RECURSO ORDINÁRIO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
Em razões anexas, o pretende a reforma da sentença, para que
seja excluída a sua responsabilidade subsidiária pelos créditos a
que foi condenada a primeira ré. Argumenta que o STF, ao julgar a
ADC 16, afirmou a constitucionalidade do § 1º do art. 71 da Lei
8.666/93 e que, por esse motivo, não subsiste razão para a
aplicação da Súmula 331, IV, do TST. Sustenta que não há prova
de que tenha concorrido com culpa para o inadimplemento das
Vistos, etc. verbas trabalhistas, sendo inviável, à luz do entendimento do STF,
presumir a culpa ou inverter o ônus da prova de sua comprovação.
Recurso Ordinário interposto por LIBER CONSERVACAO E Invoca o posicionamento do próprio TST (Vide RR-2817-
SERVICOS GERAIS LTDA. por ESTADO DE PERNAMBUCO e 23.2012.5.02.0006, além de outros), que mudou a jurisprudência
por EUNICE FIRMINO DA SILVA em face de sentença proferida sobre a matéria para considerar que o ônus da prova é da parte
pelo Juízo da 16ª Vara do Trabalho do Recife (PE) que, nos termos autora. Requer a aplicação da norma do art. 374, inciso IV, do CPC
dos fundamentos integrados pelo julgamento dos Embargos de e aduz que afastá-la corresponde à declaração de sua
Declaração, julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados inconstitucionalidade, o que só pode ser feito na forma prevista no
nos autos da reclamação trabalhista em que contendem entre si. art. 97 da Constituição da República, sob pena de violação à
Súmula Vinculante n° 10 do STF. Insiste que outros regionais já
RECURSO ORDINÁRIO DE LIBER CONSERVACAO E estão se posicionando da mesma maneira, não havendo razão para
SERVICOS GERAIS LTDA. manter a inversão do ônus da prova. Pede provimento.
Em razões anexas insurge-se contra a condenação ao pagamento RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA
das verbas rescisórias, as quais são objeto de pedido na ação
coletiva n° 00001248-35.2015.5.06.0017.Diante do pagamento das Em razões anexas a autora insurge-se contra a aplicação dos juros
verbas em questão, insurge-se contra a condenação na multa do de mora, na forma do art. 1°-F da Lei n° 9.494/1997, cuja
art. 467 da CLT. Com fundamento da Súmula n° 80 do C. TST, no inconstitucionalidade foi reconhecida pelo STF nas ADIs 4.357 e
art. 191 da CLT e na NR 6 do MTE, não se conforma com a 4.425. Reitera a aplicação do índice de correção monetária, na
condenação ao adicional de insalubridade, destacando o forma da Súmula n° 381 do C. TST e juros de mora de acordo com
fornecimento dos equipamentos de segurança e a função de o art. 883 da CLT c/c o art. 39 da Lei nº. 8.177/91, computado à
serviços gerais que somente gera direito ao reconhecimento da base de 1% a partir da data de propositura da reclamação
insalubridade em grau mínimo, cujo adicional já foi pago. Impugna trabalhista, incidindo até o efetivo pagamento, nos termos da

Súmula n° 4 deste Regional. Igualmente, requer que, caso o Estado
de Pernambuco venha a pagar o débito trabalhista na condição de Nos termos do art. 104 do Código de Defesa do Consumidor,
responsável subsidiário, seja imputada a correção monetária do integrante do microssistema de direitos difusos e coletivos, as ações
Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). Pede coletivas não geram litispendência em relação às ações individuais
provimento. e os autores não serão beneficiados pela coisa julgada se não
requerem a suspensão dessas ações no prazo de trinta dias do
Contrarrazões apresentadas. conhecimento da ação coletiva.
O Ministério Público do Trabalho, em parecer subscrito pela Isto é, somente o autor teria legitimidade para requerer a suspensão
Procuradora Regional Maria Ângela Lobo Gomes, opina pelo não da ação individual e não a sendo requerida no prazo estipulado, não
pelo não provimento do recurso do Estado de Pernambuco; pelo se beneficiará pelo que foi decidido na ação coletiva, razão pela
provimento parcial do recurso da Líber, para excluir os reflexos de qual não há sequer potencial prejuízo, em razão de decisões
adicional de insalubridade em descansos semanais remunerados e conflitantes.
pelo provimento do recurso da autora, para que se afaste a
incidência do art. 1° - F da Lei n° 9.494/97. Como bem pontua o membro do MPT, o sistema de vinculação às
ações coletivas, adotada pelo ordenamento brasileiro, é "right to opt
É o relatório. out", isto é, todos estão tutelados pela ação coletiva, salvo se
pretenderem buscar a proteção individual do direito.
VOTO:
De toda sorte, alegando o pagamento das verbas rescisórias, ainda
Pressupostos de admissibilidade que por meio de tutela coletiva, não se cogita lhe aplicar a multa do
art. 467 da CLT, cuja redação permanece inalterada, mesmo após a
Satisfeitas as exigências legais e formais concernentes à Lei n° 13.467/2017:
tempestividade, representação processual e, comprovado o
preparo, quando necessário, conheço do recurso. "Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia
sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado
Mérito a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do
Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-
RECURSO ORDINÁRIO DE LIBER CONSERVACAO E las acrescidas de cinqüenta por cento."
SERVICOS GERAIS LTDA.
O pagamento da multa em questão é devido nas hipóteses em que
Verbas Rescisórias. Cessão de crédito. Multa do art. 467 da CLT haja verbas rescisórias incontroversas (reconhecidas como devidas)
sendo pleiteadas pelo obreiro e que não sejam pagas até a data do
O recorrente insurge-se contra a condenação ao pagamento das comparecimento à Justiça Trabalhista.
verbas rescisórias, as quais são objeto de pedido na ação coletiva
n° 00001248-35.2015.5.06.0017, ajuizada pelo sindicato da No caso presente, a leitura dos termos da defesa de fl. 208 (ID N°
categoria profissional (STEALMOAIC). a9b5d28), sugere que a ré adimpliu todas as verbas devidas.
Acrescenta que as verbas rescisórias foram pagas no prazo legal, a Presente controvérsia não há falar em multa do art. 467 da CLT.
partir da cessão de crédito pago pelo Estado de Pernambuco, de
maneira que a condenação importa em bis in idem. Recurso a que se dá provimento para excluir da condenação a
multa do art. 467 da CLT.
Diante do pagamento das verbas em questão, insurge-se contra a
condenação na multa do art. 467 da CLT. Adicional de insalubridade
Vejamos. Com fundamento da Súmula n° 80 do C. TST, no art. 191 da CLT e

na NR 6 do MTE, não se conforma com a condenação ao adicional Foram fornecidas máscaras de proteção respiratória N95,
de insalubridade, destacando o fornecimento dos equipamentos de entretanto, apesar de utilizadas para a exposição dos trabalhadores
segurança e a função de serviços gerais que somente gera direito expostos à riscos biológicos, segundo a própria especificação
ao reconhecimento da insalubridade em grau menor, cujo adicional técnica do fabricante, estas não eliminam a exposição a doenças e
já foi pago. infecções ou o risco de contraí-las.
Vejamos. E, ao final, conclui:
Ainda que o julgador não esteja adstrito ao conteúdo e ao resultado Assim, considerando o exposto neste laudo pericial, conclui-se que,
da perícia técnica, em respeito ao princípio da livre convicção, em suas atividades laborais, a Reclamante esteve exposta à
insculpido no artigo 371 do CPC, subsidiariamente aplicado por INSALUBRIDADE DE GRAU MÁXIMO, porquanto evidenciado que
força do disposto no art. 769 da CLT, na hipótese dos autos, mantinha contato com objetos de uso de pacientes em isolamento
analisando o teor do laudo técnico de insalubridade (fl. 1293 - ID por doenças infectocontagiosas, sem prévia esterilização. Há o
d9009c9), que conclui pela existência de agente insalubre em grau enquadramento, então, da atividade no Anexo 14 da NR-15 da
máximo, nenhum dos argumentos lançados em contrário superam Portaria 3214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego.
as considerações e a conclusão exposta na respectiva prova.
No entender deste Juízo, o caso é de aplicação da Súmula n° 448,
É digno de destaque circunstância constante no laudo pericial de item II, do C. TST:
que o local de trabalho do autor era hospital de referência no trato
de doenças infectocontagiosas. De maneira que as atividades de Súmula nº 448 do TST
limpeza e retirada de lixo do laboratório do hospital, recepção,
banheiros e salas de realização das análises laboratoriais, inclusive ATIVIDADE INSALUBRE. CARACTERIZAÇÃO. PREVISÃO NA
limpeza dos setores de isolamento de tuberculose e meningite induz NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 DA PORTARIA DO
à conclusão acerca da existência de agente insalubre em grau MINISTÉRIO DO TRABALHO Nº 3.214/78. INSTALAÇÕES
máximo, apesar do fornecimento dos equipamentos de proteção SANITÁRIAS. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 4 da
individual. SBDI-1 com nova redação do item II ) - Res. 194/2014, DEJT
divulgado em 21, 22 e 23.05.2014.
A respeito, em particular dos EPI´s e a insuficiência deles a elidir a
ação dos agentes insalubres, a expertassim fundamenta (fl. 1299 - (...)
ID n° d9009c9)
II - A higienização de instalações sanitárias de uso público ou
Relativamente à entrega dos Equipamentos de Proteção Individual coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não
registrados na ficha de controle de EPI's, as luvas fornecidas à se equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o
trabalhadora, segundo informações contidas em seus próprios pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo,
Certificados de Aprovação (CA's), foram luvas para proteção contra incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE nº
agentes mecânicos e químicos. 3.214/78 quanto à coleta e industrialização de lixo urbano.
Em que pese esta circunstância, tais Equipamentos de Proteção Ademais, observe-se que o próprio TST, em julgados que mais se
Individual não são capazes de elidir a insalubridade decorrente das aproximam ao caso discutido, em que se está diante de limpeza de
atividades desenvolvidas pelo Autor, uma vez que não são hospital com contato com material e lixo descartado contaminado,
adequadas para impedir os possíveis danos provocados pelos irrefutavelmente conclui pela existência de adicional em grau
agentes biológicos. Além disso, quando não submetidas aos máximo:
processos periódicos de adequada esterilização, as luvas podem
funcionar como veículo de transmissão dos vetores de AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA -
contaminação. PROCESSO SOB A VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 -
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO - ADICIONAL DE

INSALUBRIDADE - GRAU MÁXIMO - LIMPEZA DE BANHEIROS
DE USO COLETIVO E DE GRANDE CIRCULAÇÃO - COLETA DE Cumpre salientar que, nada obstante o juiz não esteja vinculado ao
LIXO E LIMPEZA DE SANITÁRIOS - CONTATO COM AGENTES resultado da perícia, a parte ré deixou de produzir prova capaz de
BIOLÓGICOS - RAZOÁVEL FLUXO DE PESSOAS - ANEXO 14 DA elidir as conclusões a que chegou o expert, valendo o destaque
NR-15 DA PORTARIA Nº 3.214/78. A higienização de instalações acerca da imprescibilidade, para tanto, de prova técnica
sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, e a equivalente.
respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em
residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de Mantida a sentença, no ponto.
insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da
NR-15 da Portaria do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e Impugnação aos cálculos de liquidação
industrialização de lixo urbano. Constatado nos autos que a
reclamante realizava serviços de limpeza e higienização de O recorrente impugna os cálculos de liquidação nos seguintes
banheiros de hospital de grande porte, com instalações sanitárias aspectos: a) reflexos sobre o adicional de insalubridade, eis que não
de uso coletivo e de grande circulação de pessoas, resulta devida a houve condenação em repercussões, além de ser indevido o
condenação ao pagamento do adicional de insalubridade. Incide a consectário do repouso semanal remunerado, nos termos da OJ n°
Súmula nº 448, II, do TST. Agravo de instrumento desprovido. 103 da SDI; b) proporcionalidade do adicional de insalubridade, com
(AIRR - 1651-05.2016.5.12.0016 , Relator Ministro: Luiz Philippe respeito à prescrição quinquenal reconhecida; c) base de cálculo da
Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 30/05/2018, 7ª Turma, multa de 40% do FGTS e da multa do art. 467 da CLT, que se
Data de Publicação: DEJT 04/06/2018) restringe às verbas rescisórias; d) aponta equívoco no quantitativo
de dedução do adicional de insalubridade pago, pois havia meses
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. em que era pago o adicional em grau máximo; e) pagamento em
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº duplicidade das férias de junho de 2015; f) tem-se que o cálculo dos
13.015/2014. RITO SUMARÍSSIMO. ADICIONAL DE juros de mora deve incidir sobre o crédito líquido; g) a alíquota do
INSALUBRIDADE. GRAU MÁXIMO. LIMPEZA E HIGIENIZAÇÃO INSS é de 22%, sendo 2% a título de SAT.
DE SANITÁRIOS DISPONIBILIZADOS A PÚBLICO NUMEROSO E
DIVERSIFICADO. ITEM II DA SÚMULA Nº 448 DO TST. O Tribunal Vejamos.
Regional, com fundamento nas provas carreadas nos autos,
concluiu que a reclamante desenvolvia sua atividade em condições De início, descabe a arguição de ser indevida a inclusão dos
de insalubridade em grau máximo, ao efetuar a limpeza de reflexos decorrentes do adicional de insalubridade, pois se trata do
banheiros de diversos estabelecimentos públicos de grande reconhecimento de diferenças de percentual, sendo assim e
circulação, entre eles, o Posto UAI, no Centro de Belo Horizonte, considerando que os reflexos já eram pagos, é devida a diferença
delegacias de polícia e um hospital. Assim, não se verifica qualquer inclusive sobre os consectários.
contrariedade à Orientação Jurisprudencial nº 4 da SbDI-1 desta
Corte, atual item II da Súmula nº 448. Ao contrário, a decisão Todavia, em relação ao repouso semanal remunerado, com razão o
regional encontra-se em conformidade com o entendimento recorrente eis que em se tratando de parcela paga mensalmente, o
pacificado no âmbito desta Corte, mediante a edição do item II da cálculo já inclui a parcela do repouso semanal remunerado,
Súmula nº 448, segundo a qual "a higienização de instalações consoante art. 7° da Lei n° 605/1949 e OJ n° 103 da SDI, in verbis:
sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, e a
respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em 103. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. REPOUSO SEMANAL E
residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de FERIADOS (nova redação) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e
insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da 25.04.2005
NR-15 da Portaria do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e
industrialização de lixo urbano". Agravo de instrumento desprovido. O adicional de insalubridade já remunera os dias de repouso
(AIRR - 11380-29.2015.5.03.0020, Relator Ministro: José Roberto semanal e feriados.
Freire Pimenta, Data de Julgamento: 23/05/2018, 2ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 25/05/2018) Recurso provido, no ponto.

constitucionalidade do § 1º do art. 71 da Lei 8.666/93 e que, por
Observe-se que a prescrição foi observada, considerando a data de esse motivo, não subsiste razão para a aplicação da Súmula 331,
ajuizamento da demanda (9/11/2015). IV, do TST.
Resulta prejudicada a insurgência relacionada à multa do art. 467 Sustenta que não há prova de que tenha concorrido com culpa para
da CLT (haja vista a exclusão da verba da condenação) e quanto à o inadimplemento das verbas trabalhistas, sendo inviável, à luz do
base de cálculo da multa de 40%, esta é calculada sobre o saldo entendimento do STF, presumir a culpa ou inverter o ônus da prova
atualizado da conta do autor. de sua comprovação.
Fica autorizada, de igual modo, a dedução dos valores pagos nos Invoca o posicionamento do próprio TST (Vide RR-2817-
meses em que consignado o pagamento do adicional de 23.2012.5.02.0006, além de outros), que mudou a jurisprudência
insalubridade em grau máximo, consoante contracheque de fl. 1189 sobre a matéria para considerar que o ônus da prova é da parte
- ID n°b36b092. autora.
Recurso provido, no ponto. Requer a aplicação da norma do art. 374, inciso IV, do CPC e aduz
que afastá-la corresponde à declaração de sua
Não há falar em pagamento em duplicidade das férias de junho de inconstitucionalidade, o que só pode ser feito na forma prevista no
2015, eis que o valor apurado na competência de outubro se art. 97 da Constituição da República, sob pena de violação à
relaciona com as férias proporcionais. Súmula Vinculante n° 10 do STF. Insiste que outros regionais já
estão se posicionando da mesma maneira, não havendo razão para
O final da planilha de fl. 1374 - ID n °46cac1d evidencia, ao manter a inversão do ônus da prova.
contrário das razões de recurso, que houve cálculo dos juros de
mora sobre o crédito líquido do trabalhador, sem o cômputo das Vejamos.
contribuições previdenciárias devidas.
O cerne da questão devolvida a esta corte revisora passa,
Por outro lado, quanto à alíquota aplicável, tem-se que a planilha se necessariamente, pela análise da culpa da administração pública,
encontra em acordo com o art. 22, inciso II, "c", da Lei n° seja em eleger o prestador de serviço contratado, seja em fiscalizar
8.212/1991, especialmente considerando o grau de risco a que o o resultado da pactuação, mas principalmente o efetivo
empregado estava sujeito no contato com lixo decorrente de cumprimento dos direitos trabalhistas dos terceirizados e dos
material infectado. recolhimentos fiscais e previdenciários.
Recurso provido, no ponto, para determinar a retificação dos Vejamos o teor de alguns dispositivos da Lei de Licitação nº
cálculos no ponto em que inclui os reflexos do adicional de 8.666/93:
insalubridade sobre o repouso semanal remunerado, bem assim
para que se observe a dedução dos valores pagos a idêntico título,
em particular, os meses em que consta comprovação de pagamento
de adicional de insalubridade em grau máximo. Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta Lei regulam-
se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público,
RECURSO DO ESTADO DE PERNAMBUCO aplicando-se-lhes, supletivamente, os princípios da teoria geral dos
contratos e as disposições de direito privado.
Responsabilidade subsidiária do Ente Público
§ 1o Os contratos devem estabelecer com clareza e precisão as
O Estado de Pernambuco pretende a exclusão da responsabilidade condições para sua execução, expressas em cláusulas que definam
subsidiária pelos créditos a que foi condenada a primeira ré. os direitos, obrigações e responsabilidades das partes, em
conformidade com os termos da licitação e da proposta a que se
Para tanto, argumenta que o STF, ao julgar a ADC 16, afirmou a vinculam.

sistêmica, eis que na mesma norma jurídica temos regra que impõe
(...) ao entre público o dever de fiscalizar e, noutra vertente, o exime dos
encargos fiscais, trabalhistas e comerciais.
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por
esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa No entender deste Juízo, uma vez rompido o contrato, seja por seu
de: termo,seja por seu inadimplemento, acaso se verifique que terceiro
restou prejudicado, por ato lícito ou ilícito, deságua
I - (...); necessariamente nas disposições dos artigos 186 e 927 do CC.
II - (...); Com isso se quer dizer que a previsão contida no referido artigo (no
sentido de que não deve haver a transferência à Administração
III - fiscalizar-lhes a execução; Pública da responsabilidade pelo pagamento dos encargos
trabalhistas originados da inadimplência do contratado) não pode
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ser empecilho ao reconhecimento pelo Judiciário Trabalhista da
ajuste; responsabilidade subsidiária do ente público, com base nos fatos da
causa.
(...)
Tal constatação está explicitamente posta na decisão do C. STF ao
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e apreciar a Ação Declaratória de Constitucionalidade - ADC nº
fiscalizada por um representante da Administração especialmente 16/DF, nos seguintes termos:
designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e
subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição. (...) Segundo o presidente do STF, isso 'não impedirá o TST de
reconhecer a responsabilidade, com base nos fatos de cada
§ 1o O representante da Administração anotará em registro próprio causa'. 'O STF não pode impedir o TST de, à base de outras
todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, normas, dependendo das causas, reconhecer a
determinando o que for necessário à regularização das faltas ou responsabilidade do poder público', observou o presidente do
defeitos observados. Supremo. Ainda conforme o ministro, o que o TST tem
reconhecido é que a omissão culposa da administração em
§ 2o (...). relação à fiscalização - se a empresa contratada é ou não
idônea, se paga ou não encargos sociais - gera
Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, responsabilidade da União.
previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do
contrato. A decisão foi tomada no julgamento da Ação Declaratória de
Constitucionalidade (ADC) 16, ajuizada pelo governador do Distrito
§ 1o A inadimplência do contratado, com referência aos encargos Federal em face do Enunciado (súmula) 331 do Tribunal Superior
trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração do Trabalho (TST), que, contrariando o disposto no parágrafo 1º do
Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar mencionado artigo 71, responsabiliza subsidiariamente tanto a
o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras Administração Direta quanto a indireta, em relação aos débitos
e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis. trabalhistas, quando atuar como contratante de qualquer serviço de
terceiro especializado.
§ 2o A Administração Pública responde solidariamente com o
contratado pelos encargos previdenciários resultantes da execução Reclamações
do contrato, nos termos do art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de
1991. (sem grifos no original). Em vista do entendimento fixado na ADC 16, o Plenário deu
provimento a uma série de Reclamações (RCLs) ajuizadas na
Os dispositivos legais acima devem ser interpretados de forma Suprema Corte contra decisões do TST e de Tribunais Regionais do

Trabalho fundamentadas na Súmula 331/TST. Entre elas estão as decisões nos Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e, diante
RCLs 7517 e 8150. Ambas estavam na pauta de hoje e tiveram delas e de decisões do próprio TST, uma série de ações, sobretudo
suspenso seu julgamento no último dia 11, na expectativa de Reclamações (RCLs), junto ao Supremo. Assim, ela se pronunciou
julgamento da ADC 16. Juntamente com elas, foram julgadas pelo conhecimento e pelo pronunciamento da Suprema Corte no
procedentes todas as Reclamações com a mesma causa de pedir. mérito.
Por interessar a todos os órgãos públicos, não só federais como O ministro Marco Aurélio observou que o TST sedimentou seu
também estaduais e municipais, os governos da maioria dos entendimento com base no artigo 2º da Consolidação das Leis do
estados e de muitos municípios, sobretudo de grandes capitais, Trabalho (CLT), que define o que é empregador, e no artigo 37,
assim como a União, pediram para aderir como amici curiae parágrafo 6º da Constituição Federal (CF), que responsabiliza as
(amigos da corte) nesta ADC. pessoas de direito público por danos causados por seus agentes a
terceiros.
Alegações
Decisão
Na ação, o governo do DF alegou que o dispositivo legal em
questão 'tem sofrido ampla retaliação por parte de órgãos do Poder Ao decidir, a maioria dos ministros se pronunciou pela
Judiciário, em especial o Tribunal Superior do Trabalho (TST), que constitucionalidade do artigo 71 e seu parágrafo único, e houve
diuturnamente nega vigência ao comando normativo expresso no consenso no sentido de que o TST não poderá generalizar os
artigo 71, parágrafo 1º da Lei Federal nº 8.666/1993'. Observou, casos e terá de investigar com mais rigor se a inadimplência
nesse sentido, que a Súmula 331 do TST prevê justamente o tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização pelo
oposto da norma do artigo 71 e seu parágrafo 1º. órgão público contratante.
A ADC foi ajuizada em março de 2007 e, em maio daquele ano, o O ministro Ayres Britto endossou parcialmente a decisão do
relator, ministro Cezar Peluso, negou pedido de liminar, por Plenário. Ele lembrou que só há três formas constitucionais de
entender que a matéria era complexa demais para ser decidida contratar pessoal: por concurso, por nomeação para cargo em
individualmente. Posta em julgamento em setembro de 2008, o comissão e por contratação por tempo determinado, para suprir
ministro Menezes Direito (falecido) pediu vista dos autos, quando o necessidade temporária.
relator não havia conhecido da ação, e o ministro Marco Aurélio
dela havia conhecido, para que fosse julgada no mérito. Assim, segundo ele, a terceirização, embora amplamente
praticada, não tem previsão constitucional. Por isso, no entender
Hoje, a matéria foi trazida de volta a Plenário pela ministra Cármen dele, nessa modalidade, havendo inadimplência de obrigações
Lúcia Antunes Rocha, uma vez que o sucessor do ministro Direito, o trabalhistas do contratado, o poder público tem de
ministro Dias Toffoli, estava impedido de participar de seu responsabilizar-se por elas (os grifos são meus).
julgamento, pois atuou neste processo quando ainda era advogado
geral da União. E, assim, como bem pontuado pelo então Ministro Presidente
daquela excelsa Corte, não há empecilho legal para, nos casos
Na retomada do julgamento, nesta quarta-feira, o presidente do analisados e com base nos fatos de cada causa em particular, se
STF e relator da matéria, ministro Cezar Peluso, justificou o seu reconhecer a responsabilidade do ente público quando incorrer em
voto pelo arquivamento da matéria. Segundo ele, não havia omissão culposaem relação à fiscalização das empresas por ele
controvérsia a ser julgada, uma vez que o TST, ao editar o contratadas.
Enunciado 331, não declarou a inconstitucionalidade do artigo
71, parágrafo 1º, da Lei 8.666. Portanto, a responsabilidade do ente estatal, que antes se
considerava objetiva, com fundamento no § 6º do art. 37 da CF,
Em seu voto, a ministra Cármen Lúcia divergiu do ministro Cezar passou a ter, com a decisão da Suprema Corte, conotação
Peluso quanto à controvérsia. Sob o ponto de vista dela, esta subjetiva, sendo imprescindível, assim, a verificação da culpa da
existia, sim, porquanto o enunciado do TST ensejou uma série de Administração pela não fiscalização e decorrente inadimplemento

das verbas trabalhistas, por parte da prestadora de serviços, parte autora.
empregadora do vindicante.
Destaco que a mudança de entendimento se contextualiza diante
Logo, a responsabilidade subsidiária do tomador de serviços não das decisões mais recentes do C. TST, em sintonia com julgados do
decorre do reconhecimento do vínculo de emprego, mas, sim, da Pretório Excelso, no sentido de que é do reclamante o ônus da
aplicação da Súmula nº 331, item IV, do C. TST, a qual traduz o prova acerca da efetiva fiscalização na execução do contrato de
entendimento de que, na situação de terceirização de serviços, o terceirização de mão de obra por integrante da Administração
contratante não se exime de atender os direitos sociais dos Pública.
empregados do contratado, em caso de inadimplência da
prestadora de serviços, em razão das culpas in eligendo ou in Cito, por oportuno, voto do Ministro Augusto Cesar Leite de
vigilandodaquele. Carvalho, no julgamento do TST-ARR-264- 85.2016.5.21.0021,
oportunidade em que também registra a ressalva de seu
Trata-se de uma responsabilidade que advém dos princípios gerais posicionamento:
do direito, dentre eles o que veda o enriquecimento sem causa e,
em especial, o de proteção ao empregado, hipossuficiente em Tenho convicção pessoal de que o encargo probatório não pode ser
qualquer relação obrigacional. imputado ao empregado, recaindo sobre a entidade pública a qual
terceiriza seus serviços, por expressa dicção da lei, prevista nos
A conclusão foi reiterada no julgamento do RE n° 760931/DF, de arts. 58, III, e 67,caput, § 1º, 77, 78 e 87 da Lei nº 8.666/1993; 333,
redação do Ministro Luiz Fux, ocorrido em 26/4/2017, no qual se II, do CPC e 818 da CLT. Afinal, se a lei impõe o dever fiscalizatório
firmou a tese de que "O inadimplemento dos encargos trabalhistas ao ente público tomador dos serviços, é dele o dever de
dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao documentação desse encargo, nos termos do princípio da aptidão
Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, para a prova.
seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º,
da Lei nº 8.666/93". Todavia, a 6ª Turma do TST passou a seguir o teor de recorrentes
decisões monocráticas do STF, o qual tem decidido que o ônus da
Todavia, a decisão não inova no mundo jurídico, eis que repete a prova recai sobre o empregado, circunstância que, na ótica deste
ratio decidendi da ADC n° 16, em que o STF já havia firmado pela relator, implica exigir do empregado o denominado na doutrina de
"impossibilidade de transferência automática dos encargos "prova diabólica", porquanto o trabalhador deverá provar um fato
trabalhistas, fiscais e comerciais, resultantes da execução do inexistente (a ausência de fiscalização pela remota e indecifrável
contrato, à Administração" que justificou a alteração do item V da Administração Pública) ou talvez por meio de documentos
Súmula n° 331 do C. TST. comprobatórios, os quais, se existentes, sempre estiveram de posse
da tomadora de serviços. Ao princípio da aptidão para a prova,
Sem maiores digressões, resta apenas perquirir se, na hipótese em preferiu-se, bem se nota, a presunção de legitimidade dos atos
apreço, restou evidenciado o descumprimento, pelo ente público, do administrativos.
dever de fiscalizar.
Citem-se como exemplos: Rcl 17578- AL, Rel. Min. Dias Toffoli:
No meu sentir, é do Ente Público o encargo probatório, em face das publicação DJe-148, 31/7/2014; Rcl 19255-RJ, Rel. Min. Cármen
diretrizes do princípio da aptidão da prova. Somente o administrador Lúcia, publicação DJe- 052, 18/3/2015; Rcl 19147-SP, Rel. Min.
público revela condições de produzir provas acerca de tal quadro Cármen Lúcia, julgamento: 25/2/2015, Publicação: DJe-043,
fático, não sendo razoável exigir do empregado/trabalhador 6/3/2015; Rcl 17.917-RS, Rel. Min. Teori Zavascki: publicação DJe-
terceirizado a demonstração de inércia daquele (ou seja, um 051, 17/3/2015; Rcl 19492-SP, Rel. Min. Dias Toffoli: publicação
verdadeiro fato puramente negativo). DJe-41, 3/3/2015.
Todavia, consoante posição prevalecente no âmbito desta Egrégia Assim, por disciplina judiciária, ressalvo meu posicionamento,
Turma e deliberação em sessão de julgamento de 13/9/2018, com a adotando a posição de ser o ônus da prova do empregado.
ressalva de meu entendimento pessoal, o encargo recai sobre a

Partindo-se dessa premissa e considerando que o Juízo de Origem
concluiu pela inexistência de fiscalização da execução do contrato, Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
apenas em razão da sucumbência no encargo probatório delegado fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
ao ente público, ausente documentos que apontem culpa quanto ao qualquer dos dispositivos da Constituição da República e da
inadimplemento das obrigações trabalhistas, é indevida a legislação infraconstitucional, mencionados pelo recorrente, sendo
responsabilidade subsidiária. desnecessária a menção expressa a cada um deles, a teor do
Por todo o exposto e também por questões de disciplina judiciária,
dou provimento ao recurso para julgar improcedentes os pedidos Conclusão
formulados na ação em relação à recorrente.
Ante do exposto,
RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA
A recorrente insurge-se contra a aplicação dos juros de mora, na
forma do art. 1°-F da Lei n° 9.494/1997, cuja inconstitucionalidade II - No mérito, DOU PROVIMENTO ao recurso da primeira
foi reconhecida pelo STF nas ADIs 4.357 e 4.425. demandada para excluir da condenação a multa do art. 467 da CLT
e determinar a retificação dos cálculos no ponto em que inclui os
Reitera a aplicação do índice de correção monetária, na forma da reflexos do adicional de insalubridade sobre o repouso semanal
Súmula n° 381 do C. TST e juros de mora de acordo com o art. 883 remunerado, bem assim para que se observe a dedução dos
da CLT c/c o art. 39 da Lei nº. 8.177/91, computado à base de 1% a valores pagos a idêntico título, em particular, os meses em que
partir da data de propositura da reclamação trabalhista, incidindo consta comprovação de pagamento de adicional de insalubridade
até o efetivo pagamento, nos termos da Súmula n° 4 deste em grau máximo;
Regional.
III - DOU PROVIMENTO ao recurso do Estado de Pernambuco para
Igualmente, requer que, caso o Estado de Pernambuco venha a julgar improcedentes os pedidos formulados na ação em relação a
pagar o débito trabalhista na condição de responsável subsidiário, si;
seja imputada a correção monetária do Índice de Preços ao
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). IV - DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso da autora para
determinar a observância da OJ n° 382 da SDI-1
Inicialmente, falta interesse de recorrer à parte, no tocante a
aplicação do índice de correção monetária e juros de mora, pois a Ao decréscimo, arbitra-se o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais),
sentença contém expressa determinação para aplicação do art. 883 com custas reduzidas em R$ 40,00 (quarenta reais).
da CLT e Súmula nº 4 deste TRT, quanto aos juros de mora, assim
como a Súmula n° 381 do C. TST, quanto à correção monetária.
Ademais, quanto à Fazenda Pública, no tocante aos critérios de
apuração de juros de mora, a OJ n° 382 da SDI-1 dispõe que a
Fazenda Pública, quando condenada subsidiariamente pelas
obrigações trabalhistas devidas pela empregadora principal, não se
beneficia da limitação dos juros, prevista no art. 1º-F da Lei n.º
9.494/1997.
Recurso provido em parte para reconhecer a aplicação da OJ 382
da SDI-1.
Prequestionamento

EMMT
PROVIMENTO ao recurso da primeira demandada para excluir
da condenação a multa do art. 467 da CLT e determinar a
retificação dos cálculos no ponto em que inclui os reflexos do
adicional de insalubridade sobre o repouso semanal remunerado,
bem assim para que se observe a dedução dos valores pagos a
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional idêntico título, em particular, os meses em que consta comprovação
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, I - CONHECER dos de pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo; III -
recursos; II - No mérito, por unanimidade, DAR PROVIMENTO ao por unanimidade, DAR PROVIMENTO ao recurso do Estado de
recurso da primeira demandada para excluir da condenação a Pernambuco para julgar improcedentes os pedidos formulados na
multa do art. 467 da CLT e determinar a retificação dos cálculos no ação em relação a si; IV - ainda por unanimidade, DAR
ponto em que inclui os reflexos do adicional de insalubridade sobre PROVIMENTO PARCIAL ao recurso da autora para determinar a
o repouso semanal remunerado, bem assim para que se observe a observância da OJ n° 382 da SDI-1. Ao decréscimo, arbitra-se o
dedução dos valores pagos a idêntico título, em particular, os meses valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com custas reduzidas em R$
em que consta comprovação de pagamento de adicional de 40,00 (quarenta reais).
insalubridade em grau máximo; III - por unanimidade, DAR
PROVIMENTO ao recurso do Estado de Pernambuco para julgar Certifico e dou fé.
improcedentes os pedidos formulados na ação em relação a si; IV -
ainda por unanimidade, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018.
da autora para determinar a observância da OJ n° 382 da SDI-1.
Ao decréscimo, arbitra-se o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais),
com custas reduzidas em R$ 40,00 (quarenta reais).

SILVA
Advogados : ANTONIO HENRIQUE NEUENSCHWANDER;
ADRIANO AQUINO DE OLIVEIRA (PROCURADOR DO ESTADO);
FERNANDA CRISTINA SOUSA SPINELLI
Procedência : 16ª. VARA DO TRABALHO DO RECIFE (PE)
Acórdão
Processo Nº RO-0001571-43.2015.5.06.0016
RECORRENTE EUNICE FIRMINO DA SILVA
RECORRENTE LIBER CONSERVACAO E SERVICOS
GERAIS LTDA
NEUENSCHWANDER(OAB:
11839/PE)
RECORRENTE PROCURADORIA GERAL DO
ESTADO
RECORRIDO EUNICE FIRMINO DA SILVA
RECORRIDO LIBER CONSERVACAO E SERVICOS EMENTA
GERAIS LTDA
NEUENSCHWANDER(OAB:
11839/PE)
RECORRIDO PROCURADORIA GERAL DO
ESTADO
TRABALHO
- LIBER CONSERVACAO E SERVICOS GERAIS LTDA
RECURSO ORDINÁRIO DA RÉ.DIREITO INDIVIDUAL E
PROCESSUAL DO TRABALHO. MULTA DO ART. 467 DA CLT.

PODER
CONTROVÉRSIA. Não custa lembrar que a redação do art. 467 da
JUDICIÁRIO
CLT, permanece inalterada, mesmo após a Lei n° 13.467/2017, e
estabelece o pagamento da multa em questão somente nas
hipóteses em que haja verbas rescisórias incontroversas
(reconhecidas como devidas) sendo pleiteadas pelo obreiro e que
não sejam pagas até a data do comparecimento à Justiça
Trabalhista. No caso presente, a leitura dos termos da defesa
PROC. N.º TRT. 0001571-43.2015.5.06.0016 (RO) sugere que a ré adimpliu todas as verbas devidas, resistindo a
pretensão do autor. Presente controvérsia não há falar em multa do
Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA art. 467 da CLT. Recurso parcialmente provido.
Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA RECURSO ORDINÁRIO DO ESTADO DE PERNAMBUCO.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. RESPONSABILIDADE
Recorrentes : LIBER CONSERVACAO E SERVICOS GERAIS SUBSIDIÁRIA. CULPA IN VIGILANDO. ÔNUS DA PROVA.
LTDA.;ESTADO DE PERNAMBUCO; EUNICE FIRMINO DA CARACTERIZAÇÃO. SÚMULA Nº 331 DO COLENDO TST. ADC

16. JULGAMENTO DO RE 760.931. O plenário do Colendo STF, ao SERVICOS GERAIS LTDA. por ESTADO DE PERNAMBUCO e
apreciar a ADC nº. 16 chegou ao consenso de que na aplicação do por EUNICE FIRMINO DA SILVA em face de sentença proferida
item IV da Súmula nº 331 do C. TST o julgador terá de investigar pelo Juízo da 16ª Vara do Trabalho do Recife (PE) que, nos termos
caso a caso se a inadimplência tem como causa principal a falha ou dos fundamentos integrados pelo julgamento dos Embargos de
falta de fiscalização pelo órgão público contratante. A Declaração, julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados
responsabilidade subsidiária do tomador de serviços não decorre do nos autos da reclamação trabalhista em que contendem entre si.
reconhecimento do vínculo de emprego, mas, sim, do entendimento
de que, na situação de terceirização de serviços, o contratante não RECURSO ORDINÁRIO DE LIBER CONSERVACAO E
se exime de atender os direitos sociais dos empregados do SERVICOS GERAIS LTDA.
contratado, em caso de inadimplência da prestadora de serviços,
em razão das culpas in eligendo ou in vigilando daquele. No meu Em razões anexas insurge-se contra a condenação ao pagamento
sentir, é do Ente Público o encargo probatório, em face das das verbas rescisórias, as quais são objeto de pedido na ação
diretrizes do princípio da aptidão da prova. Somente o administrador coletiva n° 00001248-35.2015.5.06.0017.Diante do pagamento das
público revela condições de produzir provas acerca de tal quadro verbas em questão, insurge-se contra a condenação na multa do
fático, não sendo razoável exigir do empregado/trabalhador art. 467 da CLT. Com fundamento da Súmula n° 80 do C. TST, no
terceirizado a demonstração de inércia daquele (ou seja, um art. 191 da CLT e na NR 6 do MTE, não se conforma com a
verdadeiro fato puramente negativo). Todavia, com a ressalva de condenação ao adicional de insalubridade, destacando o
entendimento pessoal, por questões de disciplina judiciária, passo a fornecimento dos equipamentos de segurança e a função de
julgar os casos de responsabilidade subsidiária a partir da ótica de serviços gerais que somente gera direito ao reconhecimento da
que o encargo probatório recai sobre a parte autora. A mudança de insalubridade em grau mínimo, cujo adicional já foi pago. Impugna
entendimento se contextualiza diante das decisões mais recentes os cálculos de liquidação nos seguintes aspectos: a) reflexos sobre
do C. TST, em sintonia com julgados do Pretório Excelso, no o adicional de insalubridade, eis que não houve condenação em
sentido de que é do reclamante o ônus da prova acerca da efetiva repercussões, além de ser indevido o consectário do repouso
fiscalização na execução do contrato de terceirização de mão de semanal remunerado, nos termos da OJ n° 103 da SDI; b)
obra por integrante da Administração Pública. Partindo-se dessa proporcionalidade do adicional de insalubridade, com respeito à
premissa e ausente documentos que apontem culpa do ente público prescrição quinquenal reconhecida; c) base de cálculo da multa de
quanto ao inadimplemento das obrigações trabalhistas, é indevida a 40% do FGTS e da multa do art. 467 da CLT, que se restringe às
responsabilidade subsidiária. Recurso provido. verbas rescisórias; d) aponta equívoco no quantitativo de dedução
do adicional de insalubridade pago, pois havia meses em que era
RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA. JUROS DE MORA. pago o adicional em grau máximo; e) pagamento em duplicidade
LEI N° 9.494/1997. No tocante aos critérios de apuração de juros de das férias de junho de 2015; f) tem-se que o cálculo dos juros de
mora, a OJ n° 382 da SDI-1 dispõe que a Fazenda Pública, quando mora deve incidir sobre o crédito líquido; g) a alíquota do INSS é de
condenada subsidiariamente, não se beneficia da limitação dos 22%, sendo 2% a título de SAT. Pede provimento.
juros, prevista no art. 1º-F da Lei n.º 9.494/1997. Recurso
parcialmente provido. RECURSO ORDINÁRIO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
Em razões anexas, o pretende a reforma da sentença, para que
seja excluída a sua responsabilidade subsidiária pelos créditos a
que foi condenada a primeira ré. Argumenta que o STF, ao julgar a
ADC 16, afirmou a constitucionalidade do § 1º do art. 71 da Lei
8.666/93 e que, por esse motivo, não subsiste razão para a
aplicação da Súmula 331, IV, do TST. Sustenta que não há prova
de que tenha concorrido com culpa para o inadimplemento das
Vistos, etc. verbas trabalhistas, sendo inviável, à luz do entendimento do STF,
presumir a culpa ou inverter o ônus da prova de sua comprovação.
Recurso Ordinário interposto por LIBER CONSERVACAO E Invoca o posicionamento do próprio TST (Vide RR-2817-

23.2012.5.02.0006, além de outros), que mudou a jurisprudência Mérito
sobre a matéria para considerar que o ônus da prova é da parte
autora. Requer a aplicação da norma do art. 374, inciso IV, do CPC RECURSO ORDINÁRIO DE LIBER CONSERVACAO E
e aduz que afastá-la corresponde à declaração de sua SERVICOS GERAIS LTDA.
inconstitucionalidade, o que só pode ser feito na forma prevista no
art. 97 da Constituição da República, sob pena de violação à Verbas Rescisórias. Cessão de crédito. Multa do art. 467 da CLT
Súmula Vinculante n° 10 do STF. Insiste que outros regionais já
estão se posicionando da mesma maneira, não havendo razão para O recorrente insurge-se contra a condenação ao pagamento das
manter a inversão do ônus da prova. Pede provimento. verbas rescisórias, as quais são objeto de pedido na ação coletiva
n° 00001248-35.2015.5.06.0017, ajuizada pelo sindicato da
RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA categoria profissional (STEALMOAIC).
Em razões anexas a autora insurge-se contra a aplicação dos juros Acrescenta que as verbas rescisórias foram pagas no prazo legal, a
de mora, na forma do art. 1°-F da Lei n° 9.494/1997, cuja partir da cessão de crédito pago pelo Estado de Pernambuco, de
inconstitucionalidade foi reconhecida pelo STF nas ADIs 4.357 e maneira que a condenação importa em bis in idem.
4.425. Reitera a aplicação do índice de correção monetária, na
forma da Súmula n° 381 do C. TST e juros de mora de acordo com Diante do pagamento das verbas em questão, insurge-se contra a
o art. 883 da CLT c/c o art. 39 da Lei nº. 8.177/91, computado à condenação na multa do art. 467 da CLT.
base de 1% a partir da data de propositura da reclamação
trabalhista, incidindo até o efetivo pagamento, nos termos da Vejamos.
Súmula n° 4 deste Regional. Igualmente, requer que, caso o Estado
de Pernambuco venha a pagar o débito trabalhista na condição de Nos termos do art. 104 do Código de Defesa do Consumidor,
responsável subsidiário, seja imputada a correção monetária do integrante do microssistema de direitos difusos e coletivos, as ações
Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). Pede coletivas não geram litispendência em relação às ações individuais
provimento. e os autores não serão beneficiados pela coisa julgada se não
requerem a suspensão dessas ações no prazo de trinta dias do
Contrarrazões apresentadas. conhecimento da ação coletiva.
O Ministério Público do Trabalho, em parecer subscrito pela Isto é, somente o autor teria legitimidade para requerer a suspensão
Procuradora Regional Maria Ângela Lobo Gomes, opina pelo não da ação individual e não a sendo requerida no prazo estipulado, não
pelo não provimento do recurso do Estado de Pernambuco; pelo se beneficiará pelo que foi decidido na ação coletiva, razão pela
provimento parcial do recurso da Líber, para excluir os reflexos de qual não há sequer potencial prejuízo, em razão de decisões
adicional de insalubridade em descansos semanais remunerados e conflitantes.
pelo provimento do recurso da autora, para que se afaste a
incidência do art. 1° - F da Lei n° 9.494/97. Como bem pontua o membro do MPT, o sistema de vinculação às
ações coletivas, adotada pelo ordenamento brasileiro, é "right to opt
É o relatório. out", isto é, todos estão tutelados pela ação coletiva, salvo se
pretenderem buscar a proteção individual do direito.
VOTO:
De toda sorte, alegando o pagamento das verbas rescisórias, ainda
Pressupostos de admissibilidade que por meio de tutela coletiva, não se cogita lhe aplicar a multa do
art. 467 da CLT, cuja redação permanece inalterada, mesmo após a
Satisfeitas as exigências legais e formais concernentes à Lei n° 13.467/2017:
tempestividade, representação processual e, comprovado o
preparo, quando necessário, conheço do recurso. "Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia
sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado

a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do
Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá- A respeito, em particular dos EPI´s e a insuficiência deles a elidir a
las acrescidas de cinqüenta por cento." ação dos agentes insalubres, a expertassim fundamenta (fl. 1299 -
ID n° d9009c9)
O pagamento da multa em questão é devido nas hipóteses em que
haja verbas rescisórias incontroversas (reconhecidas como devidas) Relativamente à entrega dos Equipamentos de Proteção Individual
sendo pleiteadas pelo obreiro e que não sejam pagas até a data do registrados na ficha de controle de EPI's, as luvas fornecidas à
comparecimento à Justiça Trabalhista. trabalhadora, segundo informações contidas em seus próprios
Certificados de Aprovação (CA's), foram luvas para proteção contra
No caso presente, a leitura dos termos da defesa de fl. 208 (ID N° agentes mecânicos e químicos.
a9b5d28), sugere que a ré adimpliu todas as verbas devidas.
Em que pese esta circunstância, tais Equipamentos de Proteção
Presente controvérsia não há falar em multa do art. 467 da CLT. Individual não são capazes de elidir a insalubridade decorrente das
atividades desenvolvidas pelo Autor, uma vez que não são
Recurso a que se dá provimento para excluir da condenação a adequadas para impedir os possíveis danos provocados pelos
multa do art. 467 da CLT. agentes biológicos. Além disso, quando não submetidas aos
processos periódicos de adequada esterilização, as luvas podem
Adicional de insalubridade funcionar como veículo de transmissão dos vetores de
contaminação.
Com fundamento da Súmula n° 80 do C. TST, no art. 191 da CLT e
na NR 6 do MTE, não se conforma com a condenação ao adicional Foram fornecidas máscaras de proteção respiratória N95,
de insalubridade, destacando o fornecimento dos equipamentos de entretanto, apesar de utilizadas para a exposição dos trabalhadores
segurança e a função de serviços gerais que somente gera direito expostos à riscos biológicos, segundo a própria especificação
ao reconhecimento da insalubridade em grau menor, cujo adicional técnica do fabricante, estas não eliminam a exposição a doenças e
já foi pago. infecções ou o risco de contraí-las.
Vejamos. E, ao final, conclui:
Ainda que o julgador não esteja adstrito ao conteúdo e ao resultado Assim, considerando o exposto neste laudo pericial, conclui-se que,
da perícia técnica, em respeito ao princípio da livre convicção, em suas atividades laborais, a Reclamante esteve exposta à
insculpido no artigo 371 do CPC, subsidiariamente aplicado por INSALUBRIDADE DE GRAU MÁXIMO, porquanto evidenciado que
força do disposto no art. 769 da CLT, na hipótese dos autos, mantinha contato com objetos de uso de pacientes em isolamento
analisando o teor do laudo técnico de insalubridade (fl. 1293 - ID por doenças infectocontagiosas, sem prévia esterilização. Há o
d9009c9), que conclui pela existência de agente insalubre em grau enquadramento, então, da atividade no Anexo 14 da NR-15 da
máximo, nenhum dos argumentos lançados em contrário superam Portaria 3214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego.
as considerações e a conclusão exposta na respectiva prova.
No entender deste Juízo, o caso é de aplicação da Súmula n° 448,
É digno de destaque circunstância constante no laudo pericial de item II, do C. TST:
que o local de trabalho do autor era hospital de referência no trato
de doenças infectocontagiosas. De maneira que as atividades de Súmula nº 448 do TST
limpeza e retirada de lixo do laboratório do hospital, recepção,
banheiros e salas de realização das análises laboratoriais, inclusive ATIVIDADE INSALUBRE. CARACTERIZAÇÃO. PREVISÃO NA
limpeza dos setores de isolamento de tuberculose e meningite induz NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 DA PORTARIA DO
à conclusão acerca da existência de agente insalubre em grau MINISTÉRIO DO TRABALHO Nº 3.214/78. INSTALAÇÕES
máximo, apesar do fornecimento dos equipamentos de proteção SANITÁRIAS. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 4 da
individual. SBDI-1 com nova redação do item II ) - Res. 194/2014, DEJT

divulgado em 21, 22 e 23.05.2014. Regional, com fundamento nas provas carreadas nos autos,
concluiu que a reclamante desenvolvia sua atividade em condições
(...) de insalubridade em grau máximo, ao efetuar a limpeza de
banheiros de diversos estabelecimentos públicos de grande
II - A higienização de instalações sanitárias de uso público ou circulação, entre eles, o Posto UAI, no Centro de Belo Horizonte,
coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não delegacias de polícia e um hospital. Assim, não se verifica qualquer
se equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o contrariedade à Orientação Jurisprudencial nº 4 da SbDI-1 desta
pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo, Corte, atual item II da Súmula nº 448. Ao contrário, a decisão
incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE nº regional encontra-se em conformidade com o entendimento
3.214/78 quanto à coleta e industrialização de lixo urbano. pacificado no âmbito desta Corte, mediante a edição do item II da
Súmula nº 448, segundo a qual "a higienização de instalações
Ademais, observe-se que o próprio TST, em julgados que mais se sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, e a
aproximam ao caso discutido, em que se está diante de limpeza de respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em
hospital com contato com material e lixo descartado contaminado, residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de
irrefutavelmente conclui pela existência de adicional em grau insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da
máximo: NR-15 da Portaria do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e
industrialização de lixo urbano". Agravo de instrumento desprovido.
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA - (AIRR - 11380-29.2015.5.03.0020, Relator Ministro: José Roberto
PROCESSO SOB A VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 - Freire Pimenta, Data de Julgamento: 23/05/2018, 2ª Turma, Data de
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO - ADICIONAL DE Publicação: DEJT 25/05/2018)
INSALUBRIDADE - GRAU MÁXIMO - LIMPEZA DE BANHEIROS
DE USO COLETIVO E DE GRANDE CIRCULAÇÃO - COLETA DE Cumpre salientar que, nada obstante o juiz não esteja vinculado ao
LIXO E LIMPEZA DE SANITÁRIOS - CONTATO COM AGENTES resultado da perícia, a parte ré deixou de produzir prova capaz de
BIOLÓGICOS - RAZOÁVEL FLUXO DE PESSOAS - ANEXO 14 DA elidir as conclusões a que chegou o expert, valendo o destaque
NR-15 DA PORTARIA Nº 3.214/78. A higienização de instalações acerca da imprescibilidade, para tanto, de prova técnica
sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, e a equivalente.
respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em
residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de Mantida a sentença, no ponto.
insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da
NR-15 da Portaria do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e Impugnação aos cálculos de liquidação
industrialização de lixo urbano. Constatado nos autos que a
reclamante realizava serviços de limpeza e higienização de O recorrente impugna os cálculos de liquidação nos seguintes
banheiros de hospital de grande porte, com instalações sanitárias aspectos: a) reflexos sobre o adicional de insalubridade, eis que não
de uso coletivo e de grande circulação de pessoas, resulta devida a houve condenação em repercussões, além de ser indevido o
condenação ao pagamento do adicional de insalubridade. Incide a consectário do repouso semanal remunerado, nos termos da OJ n°
Súmula nº 448, II, do TST. Agravo de instrumento desprovido. 103 da SDI; b) proporcionalidade do adicional de insalubridade, com
(AIRR - 1651-05.2016.5.12.0016 , Relator Ministro: Luiz Philippe respeito à prescrição quinquenal reconhecida; c) base de cálculo da
Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 30/05/2018, 7ª Turma, multa de 40% do FGTS e da multa do art. 467 da CLT, que se
Data de Publicação: DEJT 04/06/2018) restringe às verbas rescisórias; d) aponta equívoco no quantitativo
de dedução do adicional de insalubridade pago, pois havia meses
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. em que era pago o adicional em grau máximo; e) pagamento em
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº duplicidade das férias de junho de 2015; f) tem-se que o cálculo dos
13.015/2014. RITO SUMARÍSSIMO. ADICIONAL DE juros de mora deve incidir sobre o crédito líquido; g) a alíquota do
INSALUBRIDADE. GRAU MÁXIMO. LIMPEZA E HIGIENIZAÇÃO INSS é de 22%, sendo 2% a título de SAT.
DE SANITÁRIOS DISPONIBILIZADOS A PÚBLICO NUMEROSO E
DIVERSIFICADO. ITEM II DA SÚMULA Nº 448 DO TST. O Tribunal Vejamos.

encontra em acordo com o art. 22, inciso II, "c", da Lei n°
De início, descabe a arguição de ser indevida a inclusão dos 8.212/1991, especialmente considerando o grau de risco a que o
reflexos decorrentes do adicional de insalubridade, pois se trata do empregado estava sujeito no contato com lixo decorrente de
reconhecimento de diferenças de percentual, sendo assim e material infectado.
considerando que os reflexos já eram pagos, é devida a diferença
inclusive sobre os consectários. Recurso provido, no ponto, para determinar a retificação dos
cálculos no ponto em que inclui os reflexos do adicional de
Todavia, em relação ao repouso semanal remunerado, com razão o insalubridade sobre o repouso semanal remunerado, bem assim
recorrente eis que em se tratando de parcela paga mensalmente, o para que se observe a dedução dos valores pagos a idêntico título,
cálculo já inclui a parcela do repouso semanal remunerado, em particular, os meses em que consta comprovação de pagamento
consoante art. 7° da Lei n° 605/1949 e OJ n° 103 da SDI, in verbis: de adicional de insalubridade em grau máximo.
103. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. REPOUSO SEMANAL E RECURSO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
FERIADOS (nova redação) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e
25.04.2005 Responsabilidade subsidiária do Ente Público
O adicional de insalubridade já remunera os dias de repouso O Estado de Pernambuco pretende a exclusão da responsabilidade
semanal e feriados. subsidiária pelos créditos a que foi condenada a primeira ré.
Recurso provido, no ponto. Para tanto, argumenta que o STF, ao julgar a ADC 16, afirmou a
constitucionalidade do § 1º do art. 71 da Lei 8.666/93 e que, por
Observe-se que a prescrição foi observada, considerando a data de esse motivo, não subsiste razão para a aplicação da Súmula 331,
ajuizamento da demanda (9/11/2015). IV, do TST.
Resulta prejudicada a insurgência relacionada à multa do art. 467 Sustenta que não há prova de que tenha concorrido com culpa para
da CLT (haja vista a exclusão da verba da condenação) e quanto à o inadimplemento das verbas trabalhistas, sendo inviável, à luz do
base de cálculo da multa de 40%, esta é calculada sobre o saldo entendimento do STF, presumir a culpa ou inverter o ônus da prova
atualizado da conta do autor. de sua comprovação.
Fica autorizada, de igual modo, a dedução dos valores pagos nos Invoca o posicionamento do próprio TST (Vide RR-2817-
meses em que consignado o pagamento do adicional de 23.2012.5.02.0006, além de outros), que mudou a jurisprudência
insalubridade em grau máximo, consoante contracheque de fl. 1189 sobre a matéria para considerar que o ônus da prova é da parte
- ID n°b36b092. autora.
Recurso provido, no ponto. Requer a aplicação da norma do art. 374, inciso IV, do CPC e aduz
que afastá-la corresponde à declaração de sua
Não há falar em pagamento em duplicidade das férias de junho de inconstitucionalidade, o que só pode ser feito na forma prevista no
2015, eis que o valor apurado na competência de outubro se art. 97 da Constituição da República, sob pena de violação à
relaciona com as férias proporcionais. Súmula Vinculante n° 10 do STF. Insiste que outros regionais já
estão se posicionando da mesma maneira, não havendo razão para
O final da planilha de fl. 1374 - ID n °46cac1d evidencia, ao manter a inversão do ônus da prova.
contrário das razões de recurso, que houve cálculo dos juros de
mora sobre o crédito líquido do trabalhador, sem o cômputo das Vejamos.
contribuições previdenciárias devidas.
O cerne da questão devolvida a esta corte revisora passa,
Por outro lado, quanto à alíquota aplicável, tem-se que a planilha se necessariamente, pela análise da culpa da administração pública,

seja em eleger o prestador de serviço contratado, seja em fiscalizar defeitos observados.
o resultado da pactuação, mas principalmente o efetivo
cumprimento dos direitos trabalhistas dos terceirizados e dos § 2o (...).
recolhimentos fiscais e previdenciários.
Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas,
Vejamos o teor de alguns dispositivos da Lei de Licitação nº previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do
8.666/93: contrato.
§ 1o A inadimplência do contratado, com referência aos encargos
trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração
Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta Lei regulam- Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar
se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras
aplicando-se-lhes, supletivamente, os princípios da teoria geral dos e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis.
contratos e as disposições de direito privado.
§ 2o A Administração Pública responde solidariamente com o
§ 1o Os contratos devem estabelecer com clareza e precisão as contratado pelos encargos previdenciários resultantes da execução
condições para sua execução, expressas em cláusulas que definam do contrato, nos termos do art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de
os direitos, obrigações e responsabilidades das partes, em 1991. (sem grifos no original).
conformidade com os termos da licitação e da proposta a que se
vinculam. Os dispositivos legais acima devem ser interpretados de forma
sistêmica, eis que na mesma norma jurídica temos regra que impõe
(...) ao entre público o dever de fiscalizar e, noutra vertente, o exime dos
encargos fiscais, trabalhistas e comerciais.
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por
esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa No entender deste Juízo, uma vez rompido o contrato, seja por seu
de: termo,seja por seu inadimplemento, acaso se verifique que terceiro
restou prejudicado, por ato lícito ou ilícito, deságua
I - (...); necessariamente nas disposições dos artigos 186 e 927 do CC.
II - (...); Com isso se quer dizer que a previsão contida no referido artigo (no
sentido de que não deve haver a transferência à Administração
III - fiscalizar-lhes a execução; Pública da responsabilidade pelo pagamento dos encargos
trabalhistas originados da inadimplência do contratado) não pode
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ser empecilho ao reconhecimento pelo Judiciário Trabalhista da
ajuste; responsabilidade subsidiária do ente público, com base nos fatos da
causa.
(...)
Tal constatação está explicitamente posta na decisão do C. STF ao
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e apreciar a Ação Declaratória de Constitucionalidade - ADC nº
fiscalizada por um representante da Administração especialmente 16/DF, nos seguintes termos:
designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e
subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição. (...) Segundo o presidente do STF, isso 'não impedirá o TST de
reconhecer a responsabilidade, com base nos fatos de cada
§ 1o O representante da Administração anotará em registro próprio causa'. 'O STF não pode impedir o TST de, à base de outras
todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, normas, dependendo das causas, reconhecer a
determinando o que for necessário à regularização das faltas ou responsabilidade do poder público', observou o presidente do

Supremo. Ainda conforme o ministro, o que o TST tem ministro Menezes Direito (falecido) pediu vista dos autos, quando o
reconhecido é que a omissão culposa da administração em relator não havia conhecido da ação, e o ministro Marco Aurélio
relação à fiscalização - se a empresa contratada é ou não dela havia conhecido, para que fosse julgada no mérito.
idônea, se paga ou não encargos sociais - gera
responsabilidade da União. Hoje, a matéria foi trazida de volta a Plenário pela ministra Cármen
Lúcia Antunes Rocha, uma vez que o sucessor do ministro Direito, o
A decisão foi tomada no julgamento da Ação Declaratória de ministro Dias Toffoli, estava impedido de participar de seu
Constitucionalidade (ADC) 16, ajuizada pelo governador do Distrito julgamento, pois atuou neste processo quando ainda era advogado
Federal em face do Enunciado (súmula) 331 do Tribunal Superior geral da União.
do Trabalho (TST), que, contrariando o disposto no parágrafo 1º do
mencionado artigo 71, responsabiliza subsidiariamente tanto a Na retomada do julgamento, nesta quarta-feira, o presidente do
Administração Direta quanto a indireta, em relação aos débitos STF e relator da matéria, ministro Cezar Peluso, justificou o seu
trabalhistas, quando atuar como contratante de qualquer serviço de voto pelo arquivamento da matéria. Segundo ele, não havia
terceiro especializado. controvérsia a ser julgada, uma vez que o TST, ao editar o
Enunciado 331, não declarou a inconstitucionalidade do artigo
Reclamações 71, parágrafo 1º, da Lei 8.666.
Em vista do entendimento fixado na ADC 16, o Plenário deu Em seu voto, a ministra Cármen Lúcia divergiu do ministro Cezar
provimento a uma série de Reclamações (RCLs) ajuizadas na Peluso quanto à controvérsia. Sob o ponto de vista dela, esta
Suprema Corte contra decisões do TST e de Tribunais Regionais do existia, sim, porquanto o enunciado do TST ensejou uma série de
Trabalho fundamentadas na Súmula 331/TST. Entre elas estão as decisões nos Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e, diante
RCLs 7517 e 8150. Ambas estavam na pauta de hoje e tiveram delas e de decisões do próprio TST, uma série de ações, sobretudo
suspenso seu julgamento no último dia 11, na expectativa de Reclamações (RCLs), junto ao Supremo. Assim, ela se pronunciou
julgamento da ADC 16. Juntamente com elas, foram julgadas pelo conhecimento e pelo pronunciamento da Suprema Corte no
procedentes todas as Reclamações com a mesma causa de pedir. mérito.
Por interessar a todos os órgãos públicos, não só federais como O ministro Marco Aurélio observou que o TST sedimentou seu
também estaduais e municipais, os governos da maioria dos entendimento com base no artigo 2º da Consolidação das Leis do
estados e de muitos municípios, sobretudo de grandes capitais, Trabalho (CLT), que define o que é empregador, e no artigo 37,
assim como a União, pediram para aderir como amici curiae parágrafo 6º da Constituição Federal (CF), que responsabiliza as
(amigos da corte) nesta ADC. pessoas de direito público por danos causados por seus agentes a
terceiros.
Alegações
Decisão
Na ação, o governo do DF alegou que o dispositivo legal em
questão 'tem sofrido ampla retaliação por parte de órgãos do Poder Ao decidir, a maioria dos ministros se pronunciou pela
Judiciário, em especial o Tribunal Superior do Trabalho (TST), que constitucionalidade do artigo 71 e seu parágrafo único, e houve
diuturnamente nega vigência ao comando normativo expresso no consenso no sentido de que o TST não poderá generalizar os
artigo 71, parágrafo 1º da Lei Federal nº 8.666/1993'. Observou, casos e terá de investigar com mais rigor se a inadimplência
nesse sentido, que a Súmula 331 do TST prevê justamente o tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização pelo
oposto da norma do artigo 71 e seu parágrafo 1º. órgão público contratante.
A ADC foi ajuizada em março de 2007 e, em maio daquele ano, o O ministro Ayres Britto endossou parcialmente a decisão do
relator, ministro Cezar Peluso, negou pedido de liminar, por Plenário. Ele lembrou que só há três formas constitucionais de
entender que a matéria era complexa demais para ser decidida contratar pessoal: por concurso, por nomeação para cargo em
individualmente. Posta em julgamento em setembro de 2008, o comissão e por contratação por tempo determinado, para suprir

necessidade temporária. ratio decidendi da ADC n° 16, em que o STF já havia firmado pela
"impossibilidade de transferência automática dos encargos
Assim, segundo ele, a terceirização, embora amplamente trabalhistas, fiscais e comerciais, resultantes da execução do
praticada, não tem previsão constitucional. Por isso, no entender contrato, à Administração" que justificou a alteração do item V da
dele, nessa modalidade, havendo inadimplência de obrigações Súmula n° 331 do C. TST.
trabalhistas do contratado, o poder público tem de
responsabilizar-se por elas (os grifos são meus). Sem maiores digressões, resta apenas perquirir se, na hipótese em
apreço, restou evidenciado o descumprimento, pelo ente público, do
E, assim, como bem pontuado pelo então Ministro Presidente dever de fiscalizar.
daquela excelsa Corte, não há empecilho legal para, nos casos
analisados e com base nos fatos de cada causa em particular, se No meu sentir, é do Ente Público o encargo probatório, em face das
reconhecer a responsabilidade do ente público quando incorrer em diretrizes do princípio da aptidão da prova. Somente o administrador
omissão culposaem relação à fiscalização das empresas por ele público revela condições de produzir provas acerca de tal quadro
contratadas. fático, não sendo razoável exigir do empregado/trabalhador
terceirizado a demonstração de inércia daquele (ou seja, um
Portanto, a responsabilidade do ente estatal, que antes se verdadeiro fato puramente negativo).
considerava objetiva, com fundamento no § 6º do art. 37 da CF,
passou a ter, com a decisão da Suprema Corte, conotação Todavia, consoante posição prevalecente no âmbito desta Egrégia
subjetiva, sendo imprescindível, assim, a verificação da culpa da Turma e deliberação em sessão de julgamento de 13/9/2018, com a
Administração pela não fiscalização e decorrente inadimplemento ressalva de meu entendimento pessoal, o encargo recai sobre a
das verbas trabalhistas, por parte da prestadora de serviços, parte autora.
empregadora do vindicante.
Destaco que a mudança de entendimento se contextualiza diante
Logo, a responsabilidade subsidiária do tomador de serviços não das decisões mais recentes do C. TST, em sintonia com julgados do
decorre do reconhecimento do vínculo de emprego, mas, sim, da Pretório Excelso, no sentido de que é do reclamante o ônus da
aplicação da Súmula nº 331, item IV, do C. TST, a qual traduz o prova acerca da efetiva fiscalização na execução do contrato de
entendimento de que, na situação de terceirização de serviços, o terceirização de mão de obra por integrante da Administração
contratante não se exime de atender os direitos sociais dos Pública.
empregados do contratado, em caso de inadimplência da
prestadora de serviços, em razão das culpas in eligendo ou in Cito, por oportuno, voto do Ministro Augusto Cesar Leite de
vigilandodaquele. Carvalho, no julgamento do TST-ARR-264- 85.2016.5.21.0021,
oportunidade em que também registra a ressalva de seu
Trata-se de uma responsabilidade que advém dos princípios gerais posicionamento:
do direito, dentre eles o que veda o enriquecimento sem causa e,
em especial, o de proteção ao empregado, hipossuficiente em Tenho convicção pessoal de que o encargo probatório não pode ser
qualquer relação obrigacional. imputado ao empregado, recaindo sobre a entidade pública a qual
terceiriza seus serviços, por expressa dicção da lei, prevista nos
A conclusão foi reiterada no julgamento do RE n° 760931/DF, de arts. 58, III, e 67,caput, § 1º, 77, 78 e 87 da Lei nº 8.666/1993; 333,
redação do Ministro Luiz Fux, ocorrido em 26/4/2017, no qual se II, do CPC e 818 da CLT. Afinal, se a lei impõe o dever fiscalizatório
firmou a tese de que "O inadimplemento dos encargos trabalhistas ao ente público tomador dos serviços, é dele o dever de
dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao documentação desse encargo, nos termos do princípio da aptidão
Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, para a prova.
seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º,
da Lei nº 8.666/93". Todavia, a 6ª Turma do TST passou a seguir o teor de recorrentes
decisões monocráticas do STF, o qual tem decidido que o ônus da
Todavia, a decisão não inova no mundo jurídico, eis que repete a prova recai sobre o empregado, circunstância que, na ótica deste

relator, implica exigir do empregado o denominado na doutrina de seja imputada a correção monetária do Índice de Preços ao
"prova diabólica", porquanto o trabalhador deverá provar um fato Consumidor Amplo Especial (IPCA-E).
inexistente (a ausência de fiscalização pela remota e indecifrável
Administração Pública) ou talvez por meio de documentos Inicialmente, falta interesse de recorrer à parte, no tocante a
comprobatórios, os quais, se existentes, sempre estiveram de posse aplicação do índice de correção monetária e juros de mora, pois a
da tomadora de serviços. Ao princípio da aptidão para a prova, sentença contém expressa determinação para aplicação do art. 883
preferiu-se, bem se nota, a presunção de legitimidade dos atos da CLT e Súmula nº 4 deste TRT, quanto aos juros de mora, assim
administrativos. como a Súmula n° 381 do C. TST, quanto à correção monetária.
Citem-se como exemplos: Rcl 17578- AL, Rel. Min. Dias Toffoli: Ademais, quanto à Fazenda Pública, no tocante aos critérios de
publicação DJe-148, 31/7/2014; Rcl 19255-RJ, Rel. Min. Cármen apuração de juros de mora, a OJ n° 382 da SDI-1 dispõe que a
Lúcia, publicação DJe- 052, 18/3/2015; Rcl 19147-SP, Rel. Min. Fazenda Pública, quando condenada subsidiariamente pelas
Cármen Lúcia, julgamento: 25/2/2015, Publicação: DJe-043, obrigações trabalhistas devidas pela empregadora principal, não se
6/3/2015; Rcl 17.917-RS, Rel. Min. Teori Zavascki: publicação DJe- beneficia da limitação dos juros, prevista no art. 1º-F da Lei n.º
051, 17/3/2015; Rcl 19492-SP, Rel. Min. Dias Toffoli: publicação 9.494/1997.
DJe-41, 3/3/2015.
Recurso provido em parte para reconhecer a aplicação da OJ 382
Assim, por disciplina judiciária, ressalvo meu posicionamento, da SDI-1.
adotando a posição de ser o ônus da prova do empregado.
Prequestionamento
Partindo-se dessa premissa e considerando que o Juízo de Origem
concluiu pela inexistência de fiscalização da execução do contrato, Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
apenas em razão da sucumbência no encargo probatório delegado fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
ao ente público, ausente documentos que apontem culpa quanto ao qualquer dos dispositivos da Constituição da República e da
inadimplemento das obrigações trabalhistas, é indevida a legislação infraconstitucional, mencionados pelo recorrente, sendo
responsabilidade subsidiária. desnecessária a menção expressa a cada um deles, a teor do
Por todo o exposto e também por questões de disciplina judiciária,
dou provimento ao recurso para julgar improcedentes os pedidos Conclusão
formulados na ação em relação à recorrente.
Ante do exposto,
RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA
A recorrente insurge-se contra a aplicação dos juros de mora, na
forma do art. 1°-F da Lei n° 9.494/1997, cuja inconstitucionalidade II - No mérito, DOU PROVIMENTO ao recurso da primeira
foi reconhecida pelo STF nas ADIs 4.357 e 4.425. demandada para excluir da condenação a multa do art. 467 da CLT
e determinar a retificação dos cálculos no ponto em que inclui os
Reitera a aplicação do índice de correção monetária, na forma da reflexos do adicional de insalubridade sobre o repouso semanal
Súmula n° 381 do C. TST e juros de mora de acordo com o art. 883 remunerado, bem assim para que se observe a dedução dos
da CLT c/c o art. 39 da Lei nº. 8.177/91, computado à base de 1% a valores pagos a idêntico título, em particular, os meses em que
partir da data de propositura da reclamação trabalhista, incidindo consta comprovação de pagamento de adicional de insalubridade
até o efetivo pagamento, nos termos da Súmula n° 4 deste em grau máximo;
Regional.
III - DOU PROVIMENTO ao recurso do Estado de Pernambuco para
Igualmente, requer que, caso o Estado de Pernambuco venha a julgar improcedentes os pedidos formulados na ação em relação a
pagar o débito trabalhista na condição de responsável subsidiário, si;

IV - DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso da autora para
determinar a observância da OJ n° 382 da SDI-1
Ao decréscimo, arbitra-se o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, I - CONHECER dos
com custas reduzidas em R$ 40,00 (quarenta reais). recursos; II - No mérito, por unanimidade, DAR PROVIMENTO ao
recurso da primeira demandada para excluir da condenação a
multa do art. 467 da CLT e determinar a retificação dos cálculos no
ponto em que inclui os reflexos do adicional de insalubridade sobre
o repouso semanal remunerado, bem assim para que se observe a
dedução dos valores pagos a idêntico título, em particular, os meses
em que consta comprovação de pagamento de adicional de
insalubridade em grau máximo; III - por unanimidade, DAR
PROVIMENTO ao recurso do Estado de Pernambuco para julgar
improcedentes os pedidos formulados na ação em relação a si; IV -
ainda por unanimidade, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso
da autora para determinar a observância da OJ n° 382 da SDI-1.
Ao decréscimo, arbitra-se o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais),
com custas reduzidas em R$ 40,00 (quarenta reais).
EMMT
PROVIMENTO ao recurso da primeira demandada para excluir
da condenação a multa do art. 467 da CLT e determinar a

RECORRIDO JOSE FRANCISCO DA COSTA

retificação dos cálculos no ponto em que inclui os reflexos do ADVOGADO MARCELO VALENTE MACEDO(OAB:
38702/PE)
adicional de insalubridade sobre o repouso semanal remunerado,
ADVOGADO RAFAEL ALVES GOES(OAB: 182642-
bem assim para que se observe a dedução dos valores pagos a A/RJ)
ADVOGADO TEODORICO LUCAS DAS MERCES
idêntico título, em particular, os meses em que consta comprovação NETO(OAB: 38732/PE)
de pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo; III - ADVOGADO KEYLLA CRISTIANE
NOGUEIRA(OAB: 31762/PE)
por unanimidade, DAR PROVIMENTO ao recurso do Estado de RECORRIDO CENTRAIS ELETRICAS
BRASILEIRAS SA
Pernambuco para julgar improcedentes os pedidos formulados na
ADVOGADO junaldo froes santos(OAB: 869-B/PE)
ação em relação a si; IV - ainda por unanimidade, DAR ADVOGADO DANIELLA SILVA DE OLIVEIRA(OAB:
113161/RJ)
PROVIMENTO PARCIAL ao recurso da autora para determinar a
ADVOGADO JOSE ADEMAR ARRAIS ROSAL
observância da OJ n° 382 da SDI-1. Ao decréscimo, arbitra-se o FILHO(OAB: 94533/RJ)
valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com custas reduzidas em R$

40,00 (quarenta reais).
- JOSE FRANCISCO DA COSTA
PODER
JUDICIÁRIO
RECORRENTE : JOSÉ FRANCISCO DA COSTA
Acórdão RECORRIDAS : COMPANHIA HIDRO ELETRICA DO SÃO

Processo Nº RO-0001548-39.2015.5.06.0003
Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA FRANCISCO - CHESF; CENTRAIS ELETRICAS BRASILEIRAS S/A
RECORRENTE JOSE FRANCISCO DA COSTA
A/RJ) ADVOGADOS : RAFAEL ALVES GOES; TEODORICO LUCAS DAS
ADVOGADO TEODORICO LUCAS DAS MERCES MERCES NETO; KEYLLA CRISTIANE NOGUEIRA; JUNALDO
NETO(OAB: 38732/PE)
ADVOGADO KEYLLA CRISTIANE FROES SANTOS; MARCELO LUCK MARROQUIM; DANIELLA
SILVA DE OLIVEIRA
ADVOGADO MARCELO VALENTE MACEDO(OAB:
38702/PE)
RECORRENTE CENTRAIS ELETRICAS
BRASILEIRAS SA PROCEDÊNCIA : 3ª VARA DO TRABALHO DE RECIFE
FILHO(OAB: 94533/RJ)
ADVOGADO DANIELLA SILVA DE OLIVEIRA(OAB:
113161/RJ)
RECORRIDO COMPANHIA HIDRO ELETRICA DO
SAO FRANCISCO
ADVOGADO MARCELO LUCK MARROQUIM(OAB:
20013/PE)

As reclamadas não apresentaram contrarrazões.
EMENTA
O processo não foi enviado ao MPT, para emissão de parecer, ante
a ausência de obrigatoriedade (RI/TRT - 6ª Região, artigo 50).
É o relatório.
RECURSO ORDINÁRIO. CHESF. ADESÃO AO PLANO DE
INCENTIVO À DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PIDV). QUITAÇÃO
AMPLA E IRRESTRITA. PREVISÃO EM ACORDO COLETIVO. A
transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho,
em razão de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa
incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas
objeto do contrato de emprego, caso essa condição tenha constado
expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, conforme
pacificado pelo STF. No presente caso, ausente a previsão em
acordo coletivo, deve o Judiciário apreciar os demais pedidos.
Recurso que se dá parcial provimento para determinar o retorno dos VOTO:
autos ao Juízo de Origem.
Vistos etc.
Recurso Ordinário interposto por JOSÉ FRANCISCO DA COSTA de Da adesão ao Plano de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV)
decisão proferida pela MM. Juíza da 3ª Vara do Trabalho de Recife,
que julgou improcedentes os seus pedidos (Id. 57bcede).
Em suas razões recursais (Id. b1cb5a2), o reclamante se insurge Pleiteia o recorrente a reforma da sentença, a qual julgou
contra a sentença que entendeu pela ocorrência da quitação ampla improcedentes os seus pedidos, sob o argumento de que, ao aderir
e irrestrita das verbas trabalhistas, em virtude da sua adesão ao voluntariamente ao plano de incentivo à demissão voluntária,
Plano de Incentivo de Demissão Voluntária (PIDV). Por isso, pleiteia renunciou, de forma ampla e irrestrita, ao recebimento de todas as
a anulação e o consequente retorno dos autos ao Juízo de Origem verbas oriundas do contrato de trabalho.
para abertura da instrução processual e apreciação dos demais
pedidos. Para tanto, sustenta o recorrente que, no presente caso, não houve

prévia autorização formal em norma coletiva, requisito necessário à acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais
decretação da quitação ampla, conforme entendimento do STF, de instrumentos celebrados com o empregado'. Dessa forma, impõe-se
modo que requer o retorno dos autos ao Juízo de Origem para que ressaltar o caráter obrigatório de observância, pelas instâncias do
ocorra a abertura da instrução processual e análise dos seus Poder Judiciário, do conteúdo das decisões proferidas pelo
pedidos. Supremo Tribunal Federal em recurso extraordinário com
repercussão geral. Na hipótese dos autos, o Plano de Incentivo ao
Pois bem. Resta incontroverso nos autos que o contrato de trabalho Desligamento Voluntário implementado pela CHESF, não se
do recorrente teve início em 15/01/1974 e rescindido em encontra respaldado em nenhum acordo decorrente de negociação
08/11/2013, quando ele optou por aderir, sem qualquer vício de coletiva, de modo que não enseja quitação ampla e irrestrita de
consentimento, ao plano de incentivo à demissão voluntária, todas as parcelas do contrato de trabalho, em razão da adesão
instituído pela recorrida (Id. b07b000). voluntária do empregado, na conformidade do entendimento firmado
pelo E. STF. Recurso Ordinário Obreiro parcialmente provido.
A discussão, portanto, é se a declaração de renúncia, prevista no (Processo: RO - 0000609-45.2015.5.06.0331, Redator: Eneida Melo
documento de adesão ao plano (Id. b07b000), é capaz de quitar Correia de Araujo, Data de julgamento: 21/09/2016, Segunda
todas as demais verbas trabalhistas, e não somente aquelas Turma, Data da assinatura: 23/09/2016)
descritas no TRCT (Id. 09e8328), de modo que não poderia o
recorrente ingressar com a presente ação para pleitear, a título de Por outro lado, ressalto que nenhum vício de vontade foi alegado e
exemplo, as horas extras, adicional de periculosidade e equiparação comprovado pelo recorrente. Pelo teor do termo de adesão
salarial. constante nos autos (Id. b07b000), constato que o empregado
findou seu contrato de trabalho, por vontade própria, sem coação,
E, nesse ponto, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE quando assinou a transação, aceitando todos os requisitos do Plano
590.415/SC - com repercussão geral reconhecida -, firmou a tese de de Incentivo ao Desligamento Voluntário - PIDV e declarando estar
quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas do pacto laboral nos ciente e aceitar todos os termos do PIDV, na presença do Sindicato
casos de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa da Categoria.
incentivada se, e somente se, essa condição tiver constado
expressamente no acordo coletivo que aprovou o plano, bem como O processo de demissão, iniciado com a formalização da adesão ao
nos demais instrumentos celebrados com o empregado. Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário - PIDV (Id.
(destaquei). b07b000), cujas regras o obreiro declarou conhecer e aceitar,
tornou-se perfeito e acabado em 08/11/2013 com o Termo de
No caso, nenhuma norma coletiva colacionada aos autos exibe Rescisão do Contrato de Trabalho - TRCT (Id. 09e8328), que
cláusula de aprovação do plano de dispensa incentivada, não consignou como causa do afastamento "DEMISSÃO A PEDIDO",
havendo que se falar, desde já, em quitação ampla e irrestrita do posto que, naquele momento, o recorrente, ciente das condições e
extinto contrato de trabalho, conforme decisão deste Regional, dos valores, consentiu definitivamente com o plano.
transcrita abaixo:
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. PLANO DE INCENTIVO AO
DESLIGAMENTO VOLUNTÁRIO. JULGAMENTO DO MÉRITO DO Contudo, isso não se torna óbice para apreciação por este
RE 590.415/SC, PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Judiciário dos pleitos relativos às horas extras, horas de percurso,
REPERCUSSÃO GERAL. A questão relativa à quitação de Plano de integração do auxílio alimentação, equiparação salarial, adicional de
Dispensa Incentivada foi examinada pelo Supremo Tribunal Federal, periculosidade e participação nos lucros.
no mérito do RE 590.415/SC, em 30.04.2015, com afirmação, em
repercussão geral, da seguinte tese: 'A transação extrajudicial que Isso porque, conforme mencionado acima, através da decisão do
importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de adesão Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário
voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, enseja nº. 590415-6, restou decidido que a presente situação (adesão
quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato voluntária ao plano) ensejaria quitação ampla e irrestrita, desde que
de emprego, caso essa condição tenha constado expressamente do tal condição estivesse expressa no acordo coletivo, o que, como

também já relatado, não foi verificado nos autos. conciliação com efeito de transação em diversos preceitos, citando-
se, exemplificativamente, os seus artigos 764, § 3º, 846 e 850), tudo
E, além de não ter sido anexado instrumento coletivo prevendo tal com o fim de restabelecer a paz social. Apesar desse conceito, em
hipótese, o TRCT anexado aos autos (Id. 09e8328) possui a se tratando de transação extrajudicial para prevenir litígio, impõe-se
ressalva do sindicato da categoria no sentido de que a observar com inegável cautela a validade da avença no plano do
homologação ali celebrada não exclui o "direito de ação do Direito do Trabalho, de modo a constatar se a quitação geral e
trabalhador quanto a descontos indevidos ou pagamentos de irrestrita das parcelas objeto do contrato têm por base previsão em
parcelas a menor". norma coletiva firmada com a assistência do sindicato da categoria
profissional do empregado. Precedente do TST em caso análogo
Nesse sentido, segue recente decisão do TST e desta Primeira (Processo nº AIRR-653-08.2014.5.05.0661). Recurso Ordinário
Turma: parcialmente provido. (Processo: RO - 0001247-92.2015.5.06.0003,
Redator: Valeria Gondim Sampaio, Data de julgamento: 20/06/2017,
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA Primeira Turma, Data da assinatura: 28/06/2017)
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS Nºs 13.015/2014 E
13.105/2015 - DESCABIMENTO. ACORDO EXTRAJUDICIAL.
ADESÃO A PROGRAMA DE DESLIGAMENTO INCENTIVADO.
PARCELAS ORIUNDAS DO EXTINTO CONTRATO DE Portanto, e considerando que os demais pedidos envolvem matérias
TRABALHO. EFEITOS. 1. O Supremo Tribunal Federal, no de índole eminentemente fáticas, a exemplo das horas extras,
julgamento do Recurso Extraordinário nº 590415-6/SC, com equiparação salarial e adicional de periculosidade, fica este Juízo
repercussão geral (tema 152), em sessão plenária do dia 30.4.2014, impossibilitado de passar ao julgamento imediato, na forma do art.
fixou tese no sentido de que "a transação extrajudicial que importa 1013, CPC.
rescisão do contrato de trabalho em razão de adesão voluntária do
empregado a plano de dispensa incentivada enseja quitação ampla Assim, dou parcial provimento ao recurso e determino o retorno dos
e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de emprego, autos à instância de origem, para que haja a abertura da instrução
caso essa condição tenha constado expressamente do acordo processual e análise dos demais pedidos (natureza do auxílio
coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos alimentação, horas extras, horas de percurso, equiparação salarial,
celebrados com o empregado". 2. Na hipótese dos autos, adicional de periculosidade e participação nos lucros), proferindo-se
entretanto, o Regional não menciona a existência de cláusula nova decisão.
expressa, com previsão de quitação ampla e irrestrita, inserida no
acordo coletivo que instituiu o PDV, nem se o referido Plano, CONCLUSÃO
efetivamente, decorreu de regramento de origem autônoma. 3.
Assim, o caso não se molda ao decidido em repercussão geral.
Agravo de instrumento conhecido e desprovido" (3ª Turma, Proc. nº
AIRR-653-08.2014.5.05.0661, Relator Ministro Alberto Luiz Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso e determino o
Bresciani de Fontan Pereira, publicado no DEJT do dia 24.03.2017). retorno dos autos à instância de origem, para que haja a abertura
da instrução processual e análise dos demais pedidos, proferindo-
se nova decisão.
RECURSO ORDINÁRIO. ADESÃO AO PLANO DE INCENTIVO AO
DESLIGAMENTO VOLUNTÁRIO (PIDV). EFEITOS. QUITAÇÃO
AMPLA E IRRESTRITA DO CONTRATO DE TRABALHO NÃO
CARACTERIZADA. A transação efetivada entre as partes
caracteriza ato jurídico bilateral e sinalagmático, por meio do qual
são feitas concessões recíprocas, firmado, comumente, com o
objetivo de evitar problemas futuros ou por fim a um litígio já
instaurado, estimulando a Consolidação das Leis do Trabalho a

Ribeiro de Barros (Juíza Titular da Vara do Trabalho de Limoeiro,
convocada em substituição à Exma. Desembargadora Valéria
Gondim Sampaio), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por
unanimidade, dar parcial provimento ao recurso e determinar o
retorno dos autos à instância de origem, para que haja a abertura
se nova decisão.
Sala de Sessões, em 10 de agosto de 2017.
do Trabalho da 6ª Região, por unanimidade, dar parcial provimento
ao recurso e determinar o retorno dos autos à instância de origem,
para que haja a abertura da instrução processual e análise dos
demais pedidos, proferindo-se nova decisão.
Recife (PE), 10 de agosto de 2017. Acórdão

Processo Nº RO-0001548-39.2015.5.06.0003
A/RJ)
EDUARDO PUGLIESI ADVOGADO TEODORICO LUCAS DAS MERCES
NETO(OAB: 38732/PE)
ADVOGADO KEYLLA CRISTIANE
38702/PE)
BRASILEIRAS SA
113161/RJ)
CERTIDÃO DE JULGAMENTO RECORRIDO COMPANHIA HIDRO ELETRICA DO
SAO FRANCISCO
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi ADVOGADO MARCELO LUCK MARROQUIM(OAB:
20013/PE)
03.08.2017, sob a presidência da Exma. Sra. Desembargadora ADVOGADO MARCELO VALENTE MACEDO(OAB:
38702/PE)
Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pela A/RJ)
Exma. Sra. Procuradora Ângela Lobo e dos Exmos. Srs. NETO(OAB: 38732/PE)
Desembargador Eduardo Pugliesi (Relator) e Ana Maria Soares


RECORRIDO CENTRAIS ELETRICAS
BRASILEIRAS SA
113161/RJ)
Intimado(s)/Citado(s): RECURSO ORDINÁRIO. CHESF. ADESÃO AO PLANO DE

- COMPANHIA HIDRO ELETRICA DO SAO FRANCISCO INCENTIVO À DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PIDV). QUITAÇÃO
PODER em razão de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa
JUDICIÁRIO incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas
Recurso que se dá parcial provimento para determinar o retorno dos

RECORRIDAS : COMPANHIA HIDRO ELETRICA DO SÃO
FRANCISCO - CHESF; CENTRAIS ELETRICAS BRASILEIRAS S/A
Vistos etc.
ADVOGADOS : RAFAEL ALVES GOES; TEODORICO LUCAS DAS
MERCES NETO; KEYLLA CRISTIANE NOGUEIRA; JUNALDO

Recurso Ordinário interposto por JOSÉ FRANCISCO DA COSTA de
FROES SANTOS; MARCELO LUCK MARROQUIM; DANIELLA
SILVA DE OLIVEIRA
PROCEDÊNCIA : 3ª VARA DO TRABALHO DE RECIFE

Em suas razões recursais (Id. b1cb5a2), o reclamante se insurge
contra a sentença que entendeu pela ocorrência da quitação ampla
e irrestrita das verbas trabalhistas, em virtude da sua adesão ao
Plano de Incentivo de Demissão Voluntária (PIDV). Por isso, pleiteia
a anulação e o consequente retorno dos autos ao Juízo de Origem
pedidos.
As reclamadas não apresentaram contrarrazões.
EMENTA
O processo não foi enviado ao MPT, para emissão de parecer, ante
a ausência de obrigatoriedade (RI/TRT - 6ª Região, artigo 50).

É o relatório. Pois bem. Resta incontroverso nos autos que o contrato de trabalho
do recorrente teve início em 15/01/1974 e rescindido em
08/11/2013, quando ele optou por aderir, sem qualquer vício de
consentimento, ao plano de incentivo à demissão voluntária,
instituído pela recorrida (Id. b07b000).
A discussão, portanto, é se a declaração de renúncia, prevista no
documento de adesão ao plano (Id. b07b000), é capaz de quitar
todas as demais verbas trabalhistas, e não somente aquelas
recorrente ingressar com a presente ação para pleitear, a título de
exemplo, as horas extras, adicional de periculosidade e equiparação
salarial.
E, nesse ponto, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE
VOTO: 590.415/SC - com repercussão geral reconhecida -, firmou a tese de
quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas do pacto laboral nos
casos de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa
expressamente no acordo coletivo que aprovou o plano, bem como
nos demais instrumentos celebrados com o empregado.
(destaquei).
No caso, nenhuma norma coletiva colacionada aos autos exibe
cláusula de aprovação do plano de dispensa incentivada, não
havendo que se falar, desde já, em quitação ampla e irrestrita do
extinto contrato de trabalho, conforme decisão deste Regional,
transcrita abaixo:
Da adesão ao Plano de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV) EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. PLANO DE INCENTIVO AO
DESLIGAMENTO VOLUNTÁRIO. JULGAMENTO DO MÉRITO DO
RE 590.415/SC, PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
REPERCUSSÃO GERAL. A questão relativa à quitação de Plano de
Pleiteia o recorrente a reforma da sentença, a qual julgou Dispensa Incentivada foi examinada pelo Supremo Tribunal Federal,
improcedentes os seus pedidos, sob o argumento de que, ao aderir no mérito do RE 590.415/SC, em 30.04.2015, com afirmação, em
voluntariamente ao plano de incentivo à demissão voluntária, repercussão geral, da seguinte tese: 'A transação extrajudicial que
renunciou, de forma ampla e irrestrita, ao recebimento de todas as importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de adesão
verbas oriundas do contrato de trabalho. voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, enseja
quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato
Para tanto, sustenta o recorrente que, no presente caso, não houve de emprego, caso essa condição tenha constado expressamente do
prévia autorização formal em norma coletiva, requisito necessário à acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais
decretação da quitação ampla, conforme entendimento do STF, de instrumentos celebrados com o empregado'. Dessa forma, impõe-se
modo que requer o retorno dos autos ao Juízo de Origem para que ressaltar o caráter obrigatório de observância, pelas instâncias do
ocorra a abertura da instrução processual e análise dos seus Poder Judiciário, do conteúdo das decisões proferidas pelo
pedidos. Supremo Tribunal Federal em recurso extraordinário com

repercussão geral. Na hipótese dos autos, o Plano de Incentivo ao homologação ali celebrada não exclui o "direito de ação do
Desligamento Voluntário implementado pela CHESF, não se trabalhador quanto a descontos indevidos ou pagamentos de
encontra respaldado em nenhum acordo decorrente de negociação parcelas a menor".
coletiva, de modo que não enseja quitação ampla e irrestrita de
todas as parcelas do contrato de trabalho, em razão da adesão Nesse sentido, segue recente decisão do TST e desta Primeira
voluntária do empregado, na conformidade do entendimento firmado Turma:
(Processo: RO - 0000609-45.2015.5.06.0331, Redator: Eneida Melo "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA
Correia de Araujo, Data de julgamento: 21/09/2016, Segunda INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS Nºs 13.015/2014 E
Turma, Data da assinatura: 23/09/2016) 13.105/2015 - DESCABIMENTO. ACORDO EXTRAJUDICIAL.
Por outro lado, ressalto que nenhum vício de vontade foi alegado e PARCELAS ORIUNDAS DO EXTINTO CONTRATO DE
comprovado pelo recorrente. Pelo teor do termo de adesão TRABALHO. EFEITOS. 1. O Supremo Tribunal Federal, no
constante nos autos (Id. b07b000), constato que o empregado julgamento do Recurso Extraordinário nº 590415-6/SC, com
findou seu contrato de trabalho, por vontade própria, sem coação, repercussão geral (tema 152), em sessão plenária do dia 30.4.2014,
quando assinou a transação, aceitando todos os requisitos do Plano fixou tese no sentido de que "a transação extrajudicial que importa
de Incentivo ao Desligamento Voluntário - PIDV e declarando estar rescisão do contrato de trabalho em razão de adesão voluntária do
ciente e aceitar todos os termos do PIDV, na presença do Sindicato empregado a plano de dispensa incentivada enseja quitação ampla
da Categoria. e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de emprego,
caso essa condição tenha constado expressamente do acordo
O processo de demissão, iniciado com a formalização da adesão ao coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos
Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário - PIDV (Id. celebrados com o empregado". 2. Na hipótese dos autos,
b07b000), cujas regras o obreiro declarou conhecer e aceitar, entretanto, o Regional não menciona a existência de cláusula
tornou-se perfeito e acabado em 08/11/2013 com o Termo de expressa, com previsão de quitação ampla e irrestrita, inserida no
Rescisão do Contrato de Trabalho - TRCT (Id. 09e8328), que acordo coletivo que instituiu o PDV, nem se o referido Plano,
consignou como causa do afastamento "DEMISSÃO A PEDIDO", efetivamente, decorreu de regramento de origem autônoma. 3.
posto que, naquele momento, o recorrente, ciente das condições e Assim, o caso não se molda ao decidido em repercussão geral.
dos valores, consentiu definitivamente com o plano. Agravo de instrumento conhecido e desprovido" (3ª Turma, Proc. nº
AIRR-653-08.2014.5.05.0661, Relator Ministro Alberto Luiz
Bresciani de Fontan Pereira, publicado no DEJT do dia 24.03.2017).
Contudo, isso não se torna óbice para apreciação por este
Judiciário dos pleitos relativos às horas extras, horas de percurso,
integração do auxílio alimentação, equiparação salarial, adicional de RECURSO ORDINÁRIO. ADESÃO AO PLANO DE INCENTIVO AO
periculosidade e participação nos lucros. DESLIGAMENTO VOLUNTÁRIO (PIDV). EFEITOS. QUITAÇÃO
Isso porque, conforme mencionado acima, através da decisão do CARACTERIZADA. A transação efetivada entre as partes
Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário caracteriza ato jurídico bilateral e sinalagmático, por meio do qual
nº. 590415-6, restou decidido que a presente situação (adesão são feitas concessões recíprocas, firmado, comumente, com o
voluntária ao plano) ensejaria quitação ampla e irrestrita, desde que objetivo de evitar problemas futuros ou por fim a um litígio já
tal condição estivesse expressa no acordo coletivo, o que, como instaurado, estimulando a Consolidação das Leis do Trabalho a
também já relatado, não foi verificado nos autos. conciliação com efeito de transação em diversos preceitos, citando-
E, além de não ter sido anexado instrumento coletivo prevendo tal com o fim de restabelecer a paz social. Apesar desse conceito, em
hipótese, o TRCT anexado aos autos (Id. 09e8328) possui a se tratando de transação extrajudicial para prevenir litígio, impõe-se
ressalva do sindicato da categoria no sentido de que a observar com inegável cautela a validade da avença no plano do

Direito do Trabalho, de modo a constatar se a quitação geral e
irrestrita das parcelas objeto do contrato têm por base previsão em
norma coletiva firmada com a assistência do sindicato da categoria
(Processo nº AIRR-653-08.2014.5.05.0661). Recurso Ordinário
parcialmente provido. (Processo: RO - 0001247-92.2015.5.06.0003,
Primeira Turma, Data da assinatura: 28/06/2017)
Portanto, e considerando que os demais pedidos envolvem matérias
de índole eminentemente fáticas, a exemplo das horas extras,
equiparação salarial e adicional de periculosidade, fica este Juízo
impossibilitado de passar ao julgamento imediato, na forma do art. ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional
1013, CPC. do Trabalho da 6ª Região, por unanimidade, dar parcial provimento
Assim, dou parcial provimento ao recurso e determino o retorno dos para que haja a abertura da instrução processual e análise dos
autos à instância de origem, para que haja a abertura da instrução demais pedidos, proferindo-se nova decisão.
processual e análise dos demais pedidos (natureza do auxílio
alimentação, horas extras, horas de percurso, equiparação salarial, Recife (PE), 10 de agosto de 2017.
adicional de periculosidade e participação nos lucros), proferindo-se
nova decisão.
CONCLUSÃO EDUARDO PUGLIESI
Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso e determino o
se nova decisão.
Exma. Sra. Procuradora Ângela Lobo e dos Exmos. Srs.
Desembargador Eduardo Pugliesi (Relator) e Ana Maria Soares
Ribeiro de Barros (Juíza Titular da Vara do Trabalho de Limoeiro,
Gondim Sampaio), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por

da instrução processual e análise dos demais pedidos, proferindo- Intimado(s)/Citado(s):

se nova decisão. - CENTRAIS ELETRICAS BRASILEIRAS SA
PODER
JUDICIÁRIO
Acórdão RECORRIDAS : COMPANHIA HIDRO ELETRICA DO SÃO

Processo Nº RO-0001548-39.2015.5.06.0003
FRANCISCO - CHESF; CENTRAIS ELETRICAS BRASILEIRAS S/A
ADVOGADO RAFAEL ALVES GOES(OAB: 182642- ADVOGADOS : RAFAEL ALVES GOES; TEODORICO LUCAS DAS
A/RJ)
ADVOGADO TEODORICO LUCAS DAS MERCES MERCES NETO; KEYLLA CRISTIANE NOGUEIRA; JUNALDO
NETO(OAB: 38732/PE)
FROES SANTOS; MARCELO LUCK MARROQUIM; DANIELLA
NOGUEIRA(OAB: 31762/PE) SILVA DE OLIVEIRA
38702/PE)
RECORRENTE CENTRAIS ELETRICAS PROCEDÊNCIA : 3ª VARA DO TRABALHO DE RECIFE
BRASILEIRAS SA
113161/RJ)
SAO FRANCISCO
20013/PE)
38702/PE)
A/RJ) EMENTA
NETO(OAB: 38732/PE)
BRASILEIRAS SA
113161/RJ)

RECURSO ORDINÁRIO. CHESF. ADESÃO AO PLANO DE
INCENTIVO À DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PIDV). QUITAÇÃO
em razão de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa
incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas
Recurso que se dá parcial provimento para determinar o retorno dos VOTO:
Vistos etc.
Recurso Ordinário interposto por JOSÉ FRANCISCO DA COSTA de Da adesão ao Plano de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV)
Em suas razões recursais (Id. b1cb5a2), o reclamante se insurge Pleiteia o recorrente a reforma da sentença, a qual julgou
contra a sentença que entendeu pela ocorrência da quitação ampla improcedentes os seus pedidos, sob o argumento de que, ao aderir
e irrestrita das verbas trabalhistas, em virtude da sua adesão ao voluntariamente ao plano de incentivo à demissão voluntária,
Plano de Incentivo de Demissão Voluntária (PIDV). Por isso, pleiteia renunciou, de forma ampla e irrestrita, ao recebimento de todas as
a anulação e o consequente retorno dos autos ao Juízo de Origem verbas oriundas do contrato de trabalho.
pedidos. Para tanto, sustenta o recorrente que, no presente caso, não houve
prévia autorização formal em norma coletiva, requisito necessário à
As reclamadas não apresentaram contrarrazões. decretação da quitação ampla, conforme entendimento do STF, de
modo que requer o retorno dos autos ao Juízo de Origem para que
O processo não foi enviado ao MPT, para emissão de parecer, ante ocorra a abertura da instrução processual e análise dos seus
a ausência de obrigatoriedade (RI/TRT - 6ª Região, artigo 50). pedidos.
É o relatório. Pois bem. Resta incontroverso nos autos que o contrato de trabalho
do recorrente teve início em 15/01/1974 e rescindido em
08/11/2013, quando ele optou por aderir, sem qualquer vício de
consentimento, ao plano de incentivo à demissão voluntária,

instituído pela recorrida (Id. b07b000). voluntária do empregado, na conformidade do entendimento firmado
A discussão, portanto, é se a declaração de renúncia, prevista no (Processo: RO - 0000609-45.2015.5.06.0331, Redator: Eneida Melo
documento de adesão ao plano (Id. b07b000), é capaz de quitar Correia de Araujo, Data de julgamento: 21/09/2016, Segunda
todas as demais verbas trabalhistas, e não somente aquelas Turma, Data da assinatura: 23/09/2016)
recorrente ingressar com a presente ação para pleitear, a título de Por outro lado, ressalto que nenhum vício de vontade foi alegado e
exemplo, as horas extras, adicional de periculosidade e equiparação comprovado pelo recorrente. Pelo teor do termo de adesão
salarial. constante nos autos (Id. b07b000), constato que o empregado
findou seu contrato de trabalho, por vontade própria, sem coação,
E, nesse ponto, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE quando assinou a transação, aceitando todos os requisitos do Plano
590.415/SC - com repercussão geral reconhecida -, firmou a tese de de Incentivo ao Desligamento Voluntário - PIDV e declarando estar
quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas do pacto laboral nos ciente e aceitar todos os termos do PIDV, na presença do Sindicato
casos de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa da Categoria.
expressamente no acordo coletivo que aprovou o plano, bem como O processo de demissão, iniciado com a formalização da adesão ao
nos demais instrumentos celebrados com o empregado. Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário - PIDV (Id.
(destaquei). b07b000), cujas regras o obreiro declarou conhecer e aceitar,
tornou-se perfeito e acabado em 08/11/2013 com o Termo de
No caso, nenhuma norma coletiva colacionada aos autos exibe Rescisão do Contrato de Trabalho - TRCT (Id. 09e8328), que
cláusula de aprovação do plano de dispensa incentivada, não consignou como causa do afastamento "DEMISSÃO A PEDIDO",
havendo que se falar, desde já, em quitação ampla e irrestrita do posto que, naquele momento, o recorrente, ciente das condições e
extinto contrato de trabalho, conforme decisão deste Regional, dos valores, consentiu definitivamente com o plano.
transcrita abaixo:
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. PLANO DE INCENTIVO AO
DESLIGAMENTO VOLUNTÁRIO. JULGAMENTO DO MÉRITO DO Contudo, isso não se torna óbice para apreciação por este
RE 590.415/SC, PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Judiciário dos pleitos relativos às horas extras, horas de percurso,
REPERCUSSÃO GERAL. A questão relativa à quitação de Plano de integração do auxílio alimentação, equiparação salarial, adicional de
Dispensa Incentivada foi examinada pelo Supremo Tribunal Federal, periculosidade e participação nos lucros.
no mérito do RE 590.415/SC, em 30.04.2015, com afirmação, em
repercussão geral, da seguinte tese: 'A transação extrajudicial que Isso porque, conforme mencionado acima, através da decisão do
importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de adesão Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário
voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, enseja nº. 590415-6, restou decidido que a presente situação (adesão
quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato voluntária ao plano) ensejaria quitação ampla e irrestrita, desde que
de emprego, caso essa condição tenha constado expressamente do tal condição estivesse expressa no acordo coletivo, o que, como
acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais também já relatado, não foi verificado nos autos.
instrumentos celebrados com o empregado'. Dessa forma, impõe-se
ressaltar o caráter obrigatório de observância, pelas instâncias do E, além de não ter sido anexado instrumento coletivo prevendo tal
Poder Judiciário, do conteúdo das decisões proferidas pelo hipótese, o TRCT anexado aos autos (Id. 09e8328) possui a
Supremo Tribunal Federal em recurso extraordinário com ressalva do sindicato da categoria no sentido de que a
repercussão geral. Na hipótese dos autos, o Plano de Incentivo ao homologação ali celebrada não exclui o "direito de ação do
Desligamento Voluntário implementado pela CHESF, não se trabalhador quanto a descontos indevidos ou pagamentos de
encontra respaldado em nenhum acordo decorrente de negociação parcelas a menor".
coletiva, de modo que não enseja quitação ampla e irrestrita de
todas as parcelas do contrato de trabalho, em razão da adesão Nesse sentido, segue recente decisão do TST e desta Primeira

Turma: parcialmente provido. (Processo: RO - 0001247-92.2015.5.06.0003,
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA Primeira Turma, Data da assinatura: 28/06/2017)
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS Nºs 13.015/2014 E
13.105/2015 - DESCABIMENTO. ACORDO EXTRAJUDICIAL.
PARCELAS ORIUNDAS DO EXTINTO CONTRATO DE Portanto, e considerando que os demais pedidos envolvem matérias
TRABALHO. EFEITOS. 1. O Supremo Tribunal Federal, no de índole eminentemente fáticas, a exemplo das horas extras,
julgamento do Recurso Extraordinário nº 590415-6/SC, com equiparação salarial e adicional de periculosidade, fica este Juízo
repercussão geral (tema 152), em sessão plenária do dia 30.4.2014, impossibilitado de passar ao julgamento imediato, na forma do art.
fixou tese no sentido de que "a transação extrajudicial que importa 1013, CPC.
rescisão do contrato de trabalho em razão de adesão voluntária do
empregado a plano de dispensa incentivada enseja quitação ampla Assim, dou parcial provimento ao recurso e determino o retorno dos
e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de emprego, autos à instância de origem, para que haja a abertura da instrução
caso essa condição tenha constado expressamente do acordo processual e análise dos demais pedidos (natureza do auxílio
coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos alimentação, horas extras, horas de percurso, equiparação salarial,
celebrados com o empregado". 2. Na hipótese dos autos, adicional de periculosidade e participação nos lucros), proferindo-se
entretanto, o Regional não menciona a existência de cláusula nova decisão.
expressa, com previsão de quitação ampla e irrestrita, inserida no
acordo coletivo que instituiu o PDV, nem se o referido Plano, CONCLUSÃO
efetivamente, decorreu de regramento de origem autônoma. 3.
Assim, o caso não se molda ao decidido em repercussão geral.
Agravo de instrumento conhecido e desprovido" (3ª Turma, Proc. nº
AIRR-653-08.2014.5.05.0661, Relator Ministro Alberto Luiz Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso e determino o
Bresciani de Fontan Pereira, publicado no DEJT do dia 24.03.2017). retorno dos autos à instância de origem, para que haja a abertura
se nova decisão.
RECURSO ORDINÁRIO. ADESÃO AO PLANO DE INCENTIVO AO
DESLIGAMENTO VOLUNTÁRIO (PIDV). EFEITOS. QUITAÇÃO
CARACTERIZADA. A transação efetivada entre as partes
caracteriza ato jurídico bilateral e sinalagmático, por meio do qual
são feitas concessões recíprocas, firmado, comumente, com o
objetivo de evitar problemas futuros ou por fim a um litígio já
instaurado, estimulando a Consolidação das Leis do Trabalho a
conciliação com efeito de transação em diversos preceitos, citando-
com o fim de restabelecer a paz social. Apesar desse conceito, em
se tratando de transação extrajudicial para prevenir litígio, impõe-se
observar com inegável cautela a validade da avença no plano do
Direito do Trabalho, de modo a constatar se a quitação geral e
irrestrita das parcelas objeto do contrato têm por base previsão em
norma coletiva firmada com a assistência do sindicato da categoria
(Processo nº AIRR-653-08.2014.5.05.0661). Recurso Ordinário

do Trabalho da 6ª Região, por unanimidade, dar parcial provimento
para que haja a abertura da instrução processual e análise dos
demais pedidos, proferindo-se nova decisão.
Recife (PE), 10 de agosto de 2017. Acórdão

Processo Nº RO-0001548-39.2015.5.06.0003
A/RJ)
EDUARDO PUGLIESI ADVOGADO TEODORICO LUCAS DAS MERCES
NETO(OAB: 38732/PE)
38702/PE)
BRASILEIRAS SA
113161/RJ)
CERTIDÃO DE JULGAMENTO RECORRIDO COMPANHIA HIDRO ELETRICA DO
SAO FRANCISCO
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi ADVOGADO MARCELO LUCK MARROQUIM(OAB:
20013/PE)
03.08.2017, sob a presidência da Exma. Sra. Desembargadora ADVOGADO MARCELO VALENTE MACEDO(OAB:
38702/PE)
Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pela A/RJ)
Exma. Sra. Procuradora Ângela Lobo e dos Exmos. Srs. NETO(OAB: 38732/PE)
Desembargador Eduardo Pugliesi (Relator) e Ana Maria Soares ADVOGADO KEYLLA CRISTIANE
Ribeiro de Barros (Juíza Titular da Vara do Trabalho de Limoeiro, RECORRIDO CENTRAIS ELETRICAS
BRASILEIRAS SA
Gondim Sampaio), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por ADVOGADO DANIELLA SILVA DE OLIVEIRA(OAB:
113161/RJ)
retorno dos autos à instância de origem, para que haja a abertura FILHO(OAB: 94533/RJ)

se nova decisão. - JOSE FRANCISCO DA COSTA

RECURSO ORDINÁRIO DA ELETROBRÁS. ESTATUTO SOCIAL.

PODER
SOCIEDADE CONTROLADA. GRUPO ECONÔMICO.
JUDICIÁRIO
CONFIGURAÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Uma vez
que os estatutos sociais das rés demonstram a ingerência/controle
que a recorrente (ELETROBRÁS) exerce sobre a CHESF, resta
configurado grupo econômico, cabendo a responsabilização
solidária entre as empresas. Recurso não provido.
PROC. Nº. TRT- RO - 0001548-39.2015.5.06.0003 RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR. GRATIFICAÇÃO DE
FÉRIAS DE ACORDO COM PERCENTUAL PREVISTO EM ACT.

Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA NORMA MAIS FAVORÁVEL. No caso dos autos, o autor reclama
que, quando houver cálculos, que se utilize o adicional de

Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA gratificação de férias de acordo com o percentual estabelecido no
ACT. De fato, há norma coletiva prevendo percentual mais favorável

Recorrentes : JOSE FRANCISCO DA COSTA; CENTRAIS ao obreiro (ver, por exemplo, a Cláusula 27ª, do ACT 2012-2013 -
ELETRICAS BRASILEIRAS S.A.. percentual de 75%). Assim, por haver norma coletiva mais
favorável, deve ser esta a aplicada no caso. Recurso obreiro a que

Recorridos : OS MESMOS E COMPANHIA HIDRO ELÉTRICA DO se dá parcial provimento.
SÃO FRANCISCO - CHESF.
Advogados : KEYLLA CRISTIANE NOGUEIRA; TEODORICO
LUCAS DAS MERCES NETO; RAFAEL ALVES GOES; MARCELO
VALENTE MACEDO; MARCELO LUCK MARROQUIM; JUNALDO
FROES SANTOS; DANIELLA SILVA DE OLIVEIRA; JOSE
ADEMAR ARRAIS ROSAL FILHO; FERNANDO DE OLIVEIRA
SOUZA.
Procedência : 3ª VARA DO TRABALHO DO RECIFE-PE RELATÓRIO
Vistos etc.
EMENTA
Recursos ordinários interpostos por CENTRAIS ELETRICAS
BRASILEIRAS S.A. e JOSE FRANCISCO DA COSTA de decisão
proferida pelo MM. Juízo da 3ª VARA DO TRABALHO DO RECIFE-
PE, que julgou procedentes em parte os pedidos formulados na
ação trabalhista ajuizada pelo segundo recorrente em face do
primeiro e de COMPANHIA HIDRO ELÉTRICA DO SÃO
FRANCISCO - CHESF.

A presente reclamação fora inicialmente julgada improcedente (ID. contratual do reclamante era de 40 horas semanais, tendo a
57bcede). Foi interposto recurso ordinário pelo autor, tendo sido reclamada, inclusive, desde 05/2013, passado a adotar o divisor
este julgado procedente por esta Primeira Turma, reconhecendo a 200 para calcular as horas extras. 4 - sejam condenados os
impossibilidade de quitação ampla e irrestrita do Plano de Incentivo reclamados no pagamento do intervalo previsto no art. 384 da CLT;
à demissão Voluntária (PIDV) e determinando o retorno dos autos à 5 - o reflexo sobre a gratificação de férias de acordo com o
instância de origem para apreciar os pedidos específicos. percentual estabelecido no ACT (que prevê incidência de
gratificação de férias de 75%, sendo, portanto, norma mais
Em nova sentença, a instância de origem apreciou os pedidos benéfica). 6 - a reversão do indeferimento do pagamento das
específicos, julgando parcialmente procedentes os pleitos autorais diferenças do PIDV, principalmente no que pertine à multa fundiária.
(ID. 4f5ba74). Dessa decisão, houve interposição de embargos Em sua defesa, aponta que o termo de adesão do PID, em sua
declaratórios pelo autor, que foram julgados improcedentes (ID. cláusula 4.4.1., afirma que a reclamada fica obrigada a realizar
aa6997d). pagamento da multa de 40% do FGTS do reclamante. No entanto, o
aviso prévio e a multa de 40% não foram pagas ao autor, sendo
Recurso Ordinário da ELETROBRÁS embutidas com a compensação pela adesão ao PID, desnaturando
qualquer benefício que o PID indica fornecer. Aplicável na espécie,
Em suas razões recursais, a ELETROBRÁS busca a reforma da portanto, a Súmula 51 do TST; 7 - o indeferimento da PLR. Aponta
sentença para que: a) seja reconhecida a sua ilegitimidade passiva que o contrato do reclamante foi rescindido em 10 de novembro de
e excluída a sua condenação solidária nas verbas deferidas pelo 2013; logo, o reclamante teria direito de receber o valor da PLR na
juízo a quo; b) seja afastada a determinação para pagamento de proporção de 10/12, tendo em vista que o acordo coletivo prevê
custas, juros e correção monetária; c) seja julgado improcedente o expressamente esta possibilidade. Assevera, ainda, que este fato
pleito de assistência judiciária gratuita por parte da reclamante; d) sequer foi impugnado pela reclamada; 8 - o índice de correção
sejam julgados improcedentes os demais pedidos formulados na monetária utilizado na sentença, alegando que deve ser utilizado o
exordial. IPCA-E, conforme decisão do Pleno do TST em 04/08/2015; 9 - o
indeferimento da indenização por perdas e danos referente aos
Recurso Ordinário do Autor honorários advocatícios contratuais, conforme artigos 389, 395, 402
e 404 do Código Civil.
O autor requer: 1 - em primeiro ponto, o reconhecimento da
negativa da prestação jurisdicional, já que não teria sido examinado, Contrarrazões apresentadas apenas pelo reclamante (ID. f00df77).
em sede de embargos de declaração, a observância do percentual
de 75% nas gratificações de férias, conforme ACT. 2 - o não Desnecessária a remessa dos presentes autos à d. Procuradoria,
acolhimento da tese de integração da parcela alimentação ao em face do disposto no art. 50 do Regimento Interno deste
salário. Em sua defesa, aponta que a reclamada não comprovou Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se pronunciar
que sempre realizou os descontos do custeio da ajuda alimentação verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por ocasião
e, mesmo assim, os valores dos descontos seriam ínfimos. Adiciona da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, XIII e VII,
que a ajuda alimentação paga ao reclamante desde a sua admissão da Lei Complementar 75/93.
adquiriu caráter salarial, mesmo que norma convencional posterior
tenha reconhecido que a parcela em questão teria natureza
indenizatória. Aponta, ainda, que o simples fato de filiação ao PAT
posteriormente não exclui o caráter salarial da referida parcela
prevista em lei. Aplicam-se ao caso, pois, as Súmulas 51 e 241 do
TST, bem como as OJ 413 da SBDI-1 - TST. Reconhecida a
natureza salarial do auxílio alimentação, pede, o reclamante, que
haja o reflexo no pagamento do FGTS, tendo em vista sua
prescrição trintenária (prazo ainda válido pelos efeitos modulados
da decisão do STF - Súmula 362 do TST); 3 - a adoção do divisor VOTO
200 quando do cálculo das horas extras deferidas, já que a jornada

Na peça vestibular o reclamante requereu a responsabilização
solidária da primeira e segunda Reclamadas, por entender que
formam grupo econômico, devendo ser responsabilizadas
conjuntamente pelas verbas trabalhistas a ele sonegadas.
Analisando o cenário, o juízo de origem reconheceu a existência de
Preliminar de não conhecimento do recurso da reclamada, em grupo econômico com espeque no constante do Estatuto Social da
atuação de ofício, no tocante à concessão dos benefícios da CHESF, que assevera ser tal empresa uma sociedade anônima de
justiça gratuita, por falta de interesse recursal. economia mista, de capital aberto, controlada pela ELETROBRÁS.
Procedendo ao exame dos pressupostos processuais de Destaque-se ainda o art. 4º, j, do Estatuto da CHESF (ID. 2ee90f5 -
admissibilidade recursal, constatei que o apelo da reclamada não Pág. 3), a corroborar com este entendimento. Tal artigo revela a
comporta conhecimento em relação à concessão dos benefícios da ingerência/controle que a ora recorrente exercia sobre a atuação da
justiça gratuita por falta de interesse. CHESF.
Quanto aos benefícios da justiça gratuita, a concessão, ou não, ao Nestes termos, comprovada a existência do grupo econômico de
demandante, de tais benefícios, não traz à recorrente qualquer fato, a responsabilização solidária da recorrente é medida que se
prejuízo capaz de fundamentar o pedido de reforma da decisão, impõe, devendo sofrer os impactos de eventual condenação
carecendo, portanto, de interesse recursal quanto à matéria. (inclusive custas, juros e correção monetária).
Assim, por ausência de interesse recursal, em atuação de ofício, Recurso improvido.
não conheço do recurso da reclamada no tópico acerca da
concessão dos benefícios da justiça gratuita ao autor. Recurso Ordinário do autor
Mérito Da nulidade do julgado por negativa de prestação jurisdicional.
Do juízo de admissibilidade recursal O autor insurge-se, em primeiro ponto, alegando a negativa da
prestação jurisdicional decorrente da rejeição dos embargos de
Quanto ao mais, os recursos são tempestivos, as representações declaração.
estão regulares e o preparo, quando necessário, foi observado (no
caso do recurso da reclamada). Conheço, portanto, dos apelos, Aponta que o magistrado, quando do julgamento dos embargos de
bem como das contrarrazões apresentadas. declaração, deixou de examinar a observância do percentual de
75% nas gratificações de férias, conforme ACT.
Recurso Ordinário da ELETROBRÁS
Quanto à alegação de nulidade do julgado por negativa de
Insurge-se contra a sentença na parte em que reconheceu prestação jurisdicional, cabe registrar que o recurso ordinário
formação de grupo econômico entre as empresas reclamadas e devolve ao Tribunal ad quem o conhecimento das matérias
condenou-as solidariamente no pagamento das verbas devidas. suscitadas e discutidas, nos termos do art. 1013, do CPC de 2015,
que consagra o efeito devolutivo em profundidade, subsidiariamente
Alega não haver como reconhecer responsabilidade subsidiária ou aplicado, por força do art. 769 da CLT.
solidária. Defende ausência dos requisitos do art. 2º da CLT, uma
vez que não contratou os serviços do obreiro, não exerceu poder Em assim sendo, ainda que caracterizados os vícios apontados pela
diretivo sobre ele, nem pagou salários ao mesmo. recorrente, não há nulidade a ser declarada, porque a hipótese não
contemplaria prejuízo, nos moldes do artigo 794 da CLT, cuja
Sem razão, contudo. inspiração está na efetividade e celeridade processuais.

NO CUSTEIO DA PARCELA. NATUREZA INDENIZATÓRIA.
Por todo o exposto, não se vislumbra negativa da prestação INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO INDEVIDA.A jurisprudência
jurisdicional, considerando-se, ainda, que no processo trabalhista a prevalecente nesta Corte Superior firmou-se no sentido de que o
nulidade é a última coisa que a parte deve requerer e o juízo fornecimento de auxílio-alimentação ao empregado, a título
acolher e, mesmo em se admitindo existência de possível vício no oneroso, com a sua respectiva participação no custeio da referida
julgado de primeiro grau, as questões ali suscitadas podem ser parcela, atrai a natureza indenizatória da verba. Com efeito, tendo
revistas em sede de recurso ordinário. em vista que, no caso dos autos, o auxílio-alimentação fornecido ao
autor era descontado mensalmente de sua remuneração, não há
Rejeita-se, portanto, a arguição suscitada. falar em caráter salarial da parcela. Precedentes. Agravo de
instrumento desprovido. (...)" (ARR - 995-85.2011.5.03.0109 ,
Do Auxílio-Alimentação Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento:
11/05/2016, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 20/05/2016).
O autor insurge-se contra o não acolhimento da tese de integração
da parcela alimentação ao salário. Em sua defesa, aponta que a Nesse contexto, como já dito, o autor não se desincumbiu do
reclamada não comprovou que sempre realizou os descontos do encargo que lhe pertencia quanto à comprovação dos fatos
custeio da ajuda alimentação e, mesmo assim, os valores dos narrados na inicial. Isso porque, ao analisar a própria causa de pedir
descontos seriam ínfimos. por ele descrita, verifica-se que o obreiro informou que a ré não
efetuava desconto salarial em razão do pagamento dos títulos em
Adiciona que a ajuda alimentação paga à reclamante desde a sua epígrafe, conforme transcrição: "(...) O Reclamante tem direito à
admissão adquiriu caráter salarial, mesmo que norma convencional integração na sua remuneração no valor de R$ 750,00 do
posterior tenha reconhecido que a parcela em questão teria salário contratual, eis que durante todo o pacto laboral, a Ré
natureza indenizatória. forneceu ao autor, gratuitamente e em folha de pagamento, tal
salário "in natura" no valor apontado" (ID. 6ff30b5 - Pág. 3).
Aponta, ainda, que o simples fato de filiação ao PAT posteriormente
não exclui o caráter salarial da referida parcela prevista em lei. Recurso improvido no ponto.
Aplicam-se ao caso, pois, as Súmulas 51 e 241 do TST, bem como
as OJ 413 da SBDI-1 - TST. Prejudicado o pedido recursal de reflexo no FGTS da integração do
auxílio alimentação na base salarial.
Reconhecida a natureza salarial do auxílio alimentação, pede, o
reclamante, que haja o reflexo no pagamento do FGTS, tendo em Da adoção do divisor 200
vista sua prescrição trintenária (prazo ainda válido pelos efeitos
modulados da decisão do STF - Súmula 362 do TST) O reclamante ataca, ainda, a determinação do primeiro grau para a
adoção do divisor 220 quando do cálculo das horas extras
Não assiste razão ao recorrente. deferidas. Defende que a jornada contratual do reclamante era de
40 horas semanais, tendo a reclamada, inclusive, desde 05/2013,
Ao contrário dos argumentos lançados na inicial e em sede recursal, passado a adotar o divisor 200 para calcular as horas extras.
as fichas financeiras colacionadas (ID. d739a4e) demonstram a
implantação do vale-alimentação subsidiado, havendo despesas Sem razão o autor no ponto.
recíprocas entre empregado e empregador, atraindo, portanto, a
natureza indenizatória da parcela, não havendo que se falar em É que, uma vez fixada que a jornada regular do obreiro era de, no
irrisoriedade da contrapartida do trabalhador. máximo, oito horas diárias e 44 semanais (representando
extraordinária toda aquela que ultrapassasse esse limite - conforme
Colho da jurisprudência do C. TST o seguinte aresto nesse sentido: fixado na sentença - ID. 4f5ba74 - Pág. 5), e não havendo recurso
específico sobre essa fixação, correta a aplicação do divisor 220.
"AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO FORNECIDO A TÍTULO ONEROSO.
EXISTÊNCIA DE PROVA DA PARTICIPAÇÃO DO EMPREGADO A jornada de 44h semanais é a jornada semanal máxima permitida

pelo nosso ordenamento jurídico. Para os trabalhadores submetidos Dessa forma, é certa a receptividade do artigo 384 da CLT pela
a essa jornada, deve-se dividir o salário por 220 horas para se Constituição Federal, conquanto homens e mulheres, embora iguais
descobrir o valor do seu salário-hora. em direitos e deveres, diferenciam-se em vários aspectos, em
especial no fisiológico.
Assim, não merece quaisquer reparos a decisão no ponto.
Recurso a que se nega provimento no ponto.
Nego provimento ao recurso no particular.
Do reflexo do pagamento das horas extras sobre a gratificação
Do Intervalo do Art. 384 da CLT de férias (percentual do ACT)
Pleiteia a reforma da sentença por haver sido indeferido seu pleito O autor reclama, ainda, que, quando houver incidência da
para recebimento do intervalo de 15 minutos previsto no art. 384 da gratificação de férias, seja efetivado de acordo com o percentual
CLT. Sustenta que tal intervalo deve ser concedido para homens e estabelecido no ACT (que prevê incidência de gratificação de férias
mulheres, indistintamente, com esteio na ideia de isonomia. de 75%, sendo, portanto, norma mais benéfica).
Razão não lhe assiste. Assiste razão ao reclamante no ponto.
A jurisprudência do C.TST caminha no sentido de que a norma O magistrado de piso, ao revisar a questão em sede de embargos
insculpida no art. 384 da CLT não padece de inconstitucionalidade e de declaração, assim se manifestou - ID. aa6997d - Pág. 1:
sua razão de ser se ampara em características que se apresentam
diversamente em homens e mulheres. A violação da isonomia "Quanto ao adicional de férias, de fato, deferi as repercussões das
ocorreria justamente ao se aplicar o preceptivo legal também aos horas extras nas férias com 1/3 e no item da equiparação salarial
homens, por acabar deferindo igual tratamento àqueles determinei a observância do adicional contratual e na ausência de
naturalmente desiguais. Confira-se aresto a seguir: 1/3. Contudo, eventual erro de julgamento desafia recurso
ordinário."
RECURSO DE REVISTA. INTERVALO DO ART. 384 DA CLT.
EXTENSÃO AOS EMPREGADOS DO SEXO MASCULINO. Ocorre que, de fato, há norma coletiva prevendo percentual mais
IMPOSSIBILIDADE. O art. 384 da CLT permanece em vigor, favorável ao obreiro (ver, por exemplo, a Cláusula 27ª, do ACT 2012
impondo-se o pagamento de horas extras pela inobservância do -2013 - ID. 54689b8 - Pág. 10):
intervalo nele previsto às empregadas mulheres. O legislador, ao
inserir o art. 384 da CLT no capítulo de proteção ao trabalho da CLÁUSULA VIGÉSIMA SÉTIMA - GRATIFICAÇÃO DE FÉRIAS
mulher, levou em consideração a sua peculiar condição biossocial,
entendimento mantido pelo TST ao afastar a inconstitucionalidade Fica estabelecido que a gratificação de férias das Empresas
do referido artigo. O Tribunal Regional, ao reformar a sentença e Eletrobrás será de 75% (setenta e cinco por cento), ficando
estender o direito ao intervalo aos empregados do sexo masculino, garantidos os direitos adquiridos e os procedimentos adotados no
tratou igualmente os desiguais, ferindo o princípio da isonomia. Acordo Coletivo de Trabalho - 2008/2009, Específico de cada
Embora homens e mulheres sejam iguais em direitos e obrigações, empresa.
suas diferenças psicossociais justificam o tratamento diferenciado
em alguns aspectos. Este Tribunal Superior pacificou seu Assim, por haver norma coletiva mais favorável ao empregado,
entendimento no sentido de que o direito ao intervalo do art. 384 da deve ser esta a aplicada no caso.
CLT se destina apenas às empregadas mulheres. Precedentes.
Recurso de revista conhecido e provido.(TST - RR: Dou provimento, pois, ao recurso ordinário no ponto, para
19690220125090892, Relator: Delaíde Miranda Arantes, Data de determinar, quando houver cálculos que utilizem a gratificação de
Julgamento: 04/03/2015, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT férias, seja calculado utilizando o percentual de 75% (setenta e
13/03/2015) cinco por cento).

Do PIDV/ Multa de 40% FGTS/ Das Diferenças de FGTS/ Aviso PROVIMENTO. A egrégia Corte Regional consignou
Prévio Indenizado expressamente que a rescisão contratual deu-se por adesão da
autora ao PAA instituído pela reclamada, não havendo prova da
O juízo de origem indeferiu o pedido de pagamento de diferenças existência de coação na referida adesão. Ora, uma vez reconhecido
por adesão ao PIDV, multa de 40% sobre o saldo do FGTS e aviso- que não houve dispensa imotivada, por parte do empregador, mas
prévio indenizado, razão pela qual se insubordinou o reclamante. sim adesão da empregada ao PAA, não há falar em despedida sem
justa causa e conseqüente projeção do aviso prévio. Assim, deve
Sem razão. ser mantida a decisão que extinguiu o processo com resolução do
mérito, ante a incidência da prescrição bienal, pois a rescisão
Registro, de plano, que a multa de 40% sobre o saldo do FGTS é contratual ocorreu em 30.04.2010, ao passo que a presente
devida quando há rescisão contratual sem justa causa do obreiro, demanda foi ajuizada em 24.05.2012. Agravo de instrumento a que
como compensação pelo ato de dispensa praticado pelo se nega provimento. (AIRR-632-98.2012.5.04.0024, Relator
empregador. Neste sentido é a previsão do artigo 18, § 1º, da Lei nº. Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT
8.036/90. 23/05/2014)
Compulsando os autos verifico que esta não é a hipótese ocorrida AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.
em relação ao autor, pois se vê que ele aderiu ao Plano de VERBAS RESCISÓRIAS. ADESÃO AO PLANO DE APOIO À
Incentivo ao Desligamento Voluntário - PIDV lançado pela CHESF. APOSENTADORIA - PAA. DISPENSA POR INICIATIVA DA
Sublinho que a adesão ao PIDV é voluntária, ou seja, decorre de RECLAMANTE. O Regional consignou que o desligamento da
ato espontâneo do empregado. Nesse diapasão realço que a reclamante ocorreu aproximadamente onze meses após a
rescisão contratual ocorreu a pedido do empregado. aposentadoria, e que não há nenhum indicativo de que tenha
ocorrido vício de consentimento quando da adesão ao plano de
Vê-se, assim, não fazer jus, o reclamante, à multa sobre o saldo do apoio à aposentadoria. Diante do quadro fático delineado,
FGTS e aviso-prévio indenizado, vez que a rescisão contratual não insuscetível de reexame nesta instância, nos termos da Súmula
se operou por iniciativa do empregador. Ademais o obreiro sequer 126/TST, verifica-se que a decisão recorrida está em consonância
alegou que sua adesão ao PIDV se deu com vício de vontade. com a jurisprudência desta Corte Superior, no sentido de que a
adesão a programa de incentivo a desligamento voluntário é
A jurisprudência pátria trilha no mesmo sentido: incompatível com o pagamento de parcelas oriundas da dispensa
imotivada. Precedentes. Agravo de instrumento conhecido e não
PLANO DE APOIO À APOSENTADORIA. VERBAS RESCISÓRIAS. provido. (AIRR-3100-92.2013.5.17.0006, Relatora Ministra: Dora
EQUIVALÊNCIA A PEDIDO DE DEMISSÃO. MULTA DE 40% DO Maria da Costa, 8ª Turma, DEJT 21/02/2014).
FGTS. É entendimento assente no TST que a extinção do pacto
empregatício em virtude de adesão do trabalhador a plano de (...) ADESÃO AO PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA.
afastamento antecipado retira o direito ao pagamento de parcelas DISPENSA REQUERIDA PELO PRÓPRIO EMPREGADO. MULTA
devidas em virtude de despedida imotivada. Destarte, inexistindo DE 40% DO FGTS. Com efeito, nos termos do § 1º do art. 18 da Lei
nos autos qualquer discussão acerca de eventual vício de nº 8.036/90, a multa de 40% sobre o FGTS é devida quando a
consentimento no ato de adesão ao PAA, tem-se que o afastamento dispensa ocorrer por iniciativa do empregador e não houver justa
do emprego resultou de ato voluntário da Autora, o que lhe retira o causa para que assim proceda. Dessa forma, havendo expressa
direito ao percebimento da multa fundiária. Sentença mantida por manifestação de vontade do reclamante em se aposentar, tendo em
seus próprios fundamentos. Improvido.(TRT 23ª 0001337- vista a sua adesão ao Plano de Demissão Voluntária, não é devida
79.2013.5.23.0009, Órgão Julgador: 1ª Turma-PJe, Publicado em: a multa de 40% do FGTS. Precedentes. Recurso de revista
23/06/2014, Relator: OSMAIR COUTO) conhecido e provido. (...) (RR-1155-18.2011.5.22.0001, Relator
Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, DEJT 19/12/2013)
AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO PELA
RECLAMANTE. PRESCRIÇÃO BIENAL. ADESÃO A PLANO DE Registre-se, por fim, que a cláusula 4.4.1. do termo de adesão ao
INCETIVO À APOSENTADORIA. MULTA DE 40% DO FGTS. NÃO PIDV não trata de multa por rescisão, mas sim da possibilidade de

perda dos direitos às vantagens do PIDV em caso de aplicação de
penalidade de demissão. Referida alegação constitui, ainda, Tomando por base, por sua vez, a prescrição do art. 39 da Lei
inovação recursal, não ventilada em sede de exordial. 8.177/91, pode-se delimitar o objeto do presente questionamento
recursal: verificar se, de fato, a TR (Taxa Referencial) é o índice
Por todo exposto, nego provimento ao recurso no ponto. aplicável para a correção dos débitos trabalhistas determinados em
condenações judiciais.
Da Participação nos Lucros e Resultados
E, sobre a pendenga, já se manifestaram o TST (no julgamento do
Pugna, o recorrente, pelo pagamento proporcional a participação AIRR-479-60.2011.5.04.0231) e o próprio STF (na análise da
nos lucros e resultados da recorrida aos meses trabalhados Reclamação 22.012), reconhecendo indevida a aplicação da TR
(aponta, o reclamante, que seu contrato de trabalho fora rescindido (Taxa Referencial) como índice de atualização dos débitos
em 10 de novembro de 2013; logo, o reclamante teria direito de trabalhistas fixados em sentença judicial, porquanto referido
receber o valor da PLR na proporção de 10/12), sob pena de violar indexador não seria capaz de recompor/atualizar adequadamente o
o entendimento jurisprudencial 390 da SBDI-1. passivo trabalhista. No caso, o índice aplicável seria o IPCA-E.
Não assiste razão ao recorrente no ponto. Segue, abaixo, ementa de julgado do TST elucidativo sobre a
controvérsia:
Restou incontroverso dos autos o pagamento da parcela, uma vez
que a própria reclamada acostou aos autos fichas financeiras que AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA
revelam o pagamento de verba sob a rubrica "PLR". REGIDO PELA LEI 13.015/2014. 1. CORREÇÃO MONETÁRIA
DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS. INCONSTITUCIONALIDADE
Ante a anexação dos comprovantes de pagamento pela reclamada, DO ARTIGO 39 DA LEI 8.177/91. SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA
caberia ao obreiro o ônus de comprovar o valor das diferenças DECISÃO. ÍNDICE APLICÁVEL. IPCA-E. 1. Esta Colenda Corte,
devidas, impugnando as fichas financeiras no ponto em que em julgamento plenário realizado no dia 04.08.2015, examinou a
achasse pertinente, a teor dos artigos 818 da CLT e 373 CPC. Arguição de Inconstitucionalidade suscitada pela Egrégia 7ª Turma
deste Tribunal, nos autos do AIRR-479-60.2011.5.04.0231, e
Ante o exposto, nego provimento ao recurso no ponto. pronunciou a inconstitucionalidade por arrastamento do artigo 39 da
Lei da Lei 8.177/91, elegendo como fundamento a ratio decidendi
Da atualização dos créditos pelo IPCA. exposta pela Excelsa Corte, no julgamento das ADIs 4.357, 4.372,
4.400 e 4.425. 2. Ainda na mesma ocasião, determinou esta
Pleiteia, o reclamante, a correção do índice de correção monetária Colenda Corte a modulação dos efeitos da decisão, a fim de que os
utilizado na sentença, alegando que deve ser utilizado o IPCA-E, créditos trabalhistas alvos de execuções judicias fossem corrigidos
conforme decisão do Pleno do TST em 04/08/2015. pelo IPCA-E a contar de 30 de junho de 2009 (data posteriormente
retificada para 25.3.2015, por ocasião do exame de embargos de
Sem razão. declaração), observada, porém, a preservação das situações
jurídicas consolidadas resultantes dos pagamentos efetuados nos
Inicialmente, cabe destacar que, apesar da reforma da CLT (pela processos judiciais, em andamento ou extintos, em virtude dos
Lei 13.467/2017), ter inserido o §7º no art. 879 do referido diploma quais foi adimplida e extinta a obrigação, ainda que parcialmente,
legislativo, determinando a aplicação da TR (Taxa Referencial) sobretudo em decorrência da proteção ao ato jurídico perfeito
quando da atualização dos créditos decorrentes de condenação (artigos 5º, XXXVI, da Constituição e 6º da Lei de Introdução ao
judicial, observa-se que a presente reclamação fora proposta antes Direito Brasileiro - LIDB). 3. Em face da relevância da matéria e de
do início da vigência do novel texto legal. Atentando para o fato seus expressivos impactos econômicos, a Federação Nacional dos
dessa alteração transcender a seara puramente processual Bancos (Fenaban) apresentou ao Excelso Supremo Tribunal
(impingindo efeitos dentro do âmbito da pretensão material), registro Federal a Reclamação Constitucional nº 22012, distribuída ao
que observar-se-á o regramento vigente à época da propositura da Ministro Dias Toffoli, sobrevindo decisão deferitória de liminar, "para
demanda, a saber, o art. 39 da Lei 8.177/91. suspender os efeitos da decisão reclamada e da"tabela

única"editada pelo CSJT em atenção a ordem nela contida, sem de cabimento de condenação em honorários advocatícios, não
prejuízo do regular trâmite da Ação Trabalhista nº. 0000479- tendo o reclamante cumprido os requisitos necessários para tanto
60.2011.5.04.0231, inclusive prazos recursais". 4. Nada obstante, (Súmula 219 c/c Súmula 329 do TST). O Tribunal Superior do
seguindo a jurisprudência consagrada no âmbito da própria Trabalho pacificou o entendimento de que os arts. 389 e 404 do
Suprema Corte, a Segunda Turma do STF julgou improcedente Código Civil são inaplicáveis ao processo do trabalho.
a Reclamação Constitucional nº 22012. Desse modo, viabilizada
a retomada dos debates voltados à adoção de critério Colho a seguir arestos jurisprudenciais da lavra do C. TST:
adequado para correção dos débitos trabalhistas, deve
prevalecer a compreensão desta Corte, no sentido de que a RECURSO DE REVISTA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
aplicação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial INAPLICABILIDADE DOS ARTS. 389 E 404 DO CÓDIGO CIVIL. A
(IPCA-E), em detrimento da Taxa Referencial Diária (TRD), permite questão do deferimento dos honorários assistenciais no âmbito da
a justa e adequada atualização de débitos trabalhistas, não se Justiça do Trabalho está pacificada por este Tribunal por meio da
cogitando de desrespeito ao julgamento lavrado nas Ações Súmula n.º 219, cuja orientação foi mantida mesmo após a
Diretas de Inconstitucionalidade 4.357 e 4.425.5. À luz dessas promulgação da Constituição Federal de 1988, como confirma o
considerações, impõe-se a adoção do IPCA-E para a atualização Verbete Sumular n.º 329. Impende registrar, por oportuno, que,
dos créditos trabalhistas, não apenas sob a perspectiva da efetiva havendo norma específica quanto ao cabimento dos
recomposição do patrimônio dos credores trabalhistas, mas como honorários advocatícios na seara da Justiça do Trabalho, não
medida de estímulo efetivo ao cumprimento dos direitos sociais por há de se aplicar a legislação civil, no caso, os arts. 389 e 404 do
parte de devedores recalcitrantes, que se valem da Justiça do Código Civil. Precedentes da Corte. Constatado que o Reclamante
Trabalho, lamentavelmente, para postergar indefinidamente suas não se encontra assistido por seu sindicato profissional, indevida é
obrigações. No caso, aplicado pelo Tribunal Regional o IPCA-E para a condenação aos honorários advocatícios. Recurso de Revista
a atualização dos débitos trabalhistas, inviável a admissibilidade da parcialmente conhecido e provido. (TST - RR: 7402720135080107,
revista. (...) (TST - AIRR: 241534620165240066, Relator: Douglas Relator: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 15/04/2015,
Alencar Rodrigues, Data de Julgamento: 13/12/2017, 5ª Turma, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 17/04/2015)
Data de Publicação: DEJT 15/12/2017) - grifos nossos.
RECURSO DE REVISTA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
Ocorre que, no próprio julgamento dos embargos de declaração no PERDAS E DANOS. ARTS. 389 E 404 DO CÓDIGO CIVIL.
AIRR-479-60.2011.5.04.0231, o TST já fixou o início da aplicação INAPLICABILIDADE 1. Na Justiça do Trabalho, a condenação ao
deste entendimento (correção pelo IPCA) para períodos posteriores pagamento de honorários advocatícios, conforme diretriz perfilhada
à 25/03/2015. No presente caso, tendo o autor trabalhado até na Súmula nº 219, I, do TST, não decorre pura e simplesmente da
08.11.2013 para a reclamada, deve ser aplicada a correção pela TR sucumbência. Tal condenação exige a satisfação da assistência
para os pleitos deferidos entre o limite do prazo prescricional jurídica por sindicato da categoria profissional e da declaração de
(06.11.2010) e o fim do pacto laboral (08.11.2013), respeitando-se a hipossuficiência econômica. 2. O Tribunal Superior do Trabalho
modulação acima apontada. pacificou o entendimento de que os arts. 389 e 404 do Código
Civil são inaplicáveis ao processo do trabalho.Precedentes. 3.
Pelo exposto, nego provimento ao recurso no ponto. Contraria a Súmula nº 219, I, do TST acórdão regional que defere
honorários assistenciais ante a mera gratuidade da justiça. 4.
Honorários Advocatícios. Art. 404 do CC/2002. Recurso de revista da Reclamada de que se conhece e a que se dá
provimento, no particular. (TST - RR: 1264220135020025, Relator:
Pugna reforma da sentença quanto aos honorários advocatícios. João Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 23/09/2015, 4ª Turma,
Invoca o texto normativo do art. 404 do CC/2002 a fim de embasar Data de Publicação: DEJT 02/10/2015)
seu inconformismo.
Diante do exposto, mantenho a sentença incólume neste ponto.
Sem razão, contudo. Recurso improvido.
A seara trabalhista possui regramento próprioacerca das hipóteses Do prequestionamento

percentual de 75% (setenta e cinco por cento). Ao acréscimo
Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na condenatório, arbitro o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com
fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola custas majoradas em R$ 40,00 (quarenta reais).
um deles, a teor do disposto na OJ nº. 118, da SDI-I/TST.
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, preliminarmente,
por ausência de interesse recursal, em atuação de ofício, não
conhecer do recurso da reclamada no tópico acerca da concessão
dos benefícios da justiça gratuita. No mérito, por unanimidade,
negar provimento ao recurso patronal, ao passo que dar
provimento parcial ao recurso obreiro para determinar, quando
do cálculo que utilize o percentual de adicional de férias, que
referida gratificação de férias seja calcula utilizando o percentual de
Conclusão 75% (setenta e cinco por cento). Ao acréscimo condenatório, arbitra
-se o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com custas majoradas
em R$ 40,00 (quarenta reais).
Ante o exposto, preliminarmente, por ausência de interesse
recursal, em atuação de ofício, não conheço do recurso da Desembargador Relator
reclamada no tópico acerca da concessão dos benefícios da justiça
gratuita. No mérito, nego provimento ao recurso patronal, ao EMMT
passo que dou provimento parcial ao recurso obreiro para
determinar, quando do cálculo que utilize o percentual de adicional
de férias, que referida gratificação de férias seja calcula utilizando o


BRASILEIRAS SA
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi ADVOGADO JOSE ADEMAR ARRAIS ROSAL
publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de ADVOGADO junaldo froes santos(OAB: 869-B/PE)
09.10.2018, sob a presidência do Exmo. Sr. Desembargador ADVOGADO DANIELLA SILVA DE OLIVEIRA(OAB:
113161/RJ)
SERGIO TORRES TEIXEIRA (Relator), com a presença do RECORRIDO COMPANHIA HIDRO ELETRICA DO
SAO FRANCISCO
Exma. Sra. Procuradora Elizabeth Veiga e dos Exmos. Srs. ADVOGADO MARCELO LUCK MARROQUIM(OAB:
20013/PE)
da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado para o Gabinete ADVOGADO MARCELO VALENTE MACEDO(OAB:
38702/PE)
Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por unanimidade,
preliminarmente, por ausência de interesse recursal, em atuação A/RJ)
de ofício, não conhecer do recurso da reclamada no tópico acerca NETO(OAB: 38732/PE)
da concessão dos benefícios da justiça gratuita. No mérito, por ADVOGADO KEYLLA CRISTIANE
unanimidade, negar provimento ao recurso patronal, ao passo RECORRIDO CENTRAIS ELETRICAS
BRASILEIRAS SA
que dar provimento parcial ao recurso obreiro para determinar,
quando do cálculo que utilize o percentual de adicional de férias, ADVOGADO DANIELLA SILVA DE OLIVEIRA(OAB:
113161/RJ)
que referida gratificação de férias seja calcula utilizando o
percentual de 75% (setenta e cinco por cento). Ao acréscimo FILHO(OAB: 94533/RJ)
condenatório, arbitra-se o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com

custas majoradas em R$ 40,00 (quarenta reais).
- CENTRAIS ELETRICAS BRASILEIRAS SA
PODER
JUDICIÁRIO
PROC. Nº. TRT- RO - 0001548-39.2015.5.06.0003
Recorrentes : JOSE FRANCISCO DA COSTA; CENTRAIS
ELETRICAS BRASILEIRAS S.A..

Acórdão
Processo Nº RO-0001548-39.2015.5.06.0003
Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA Recorridos : OS MESMOS E COMPANHIA HIDRO ELÉTRICA DO
RECORRENTE JOSE FRANCISCO DA COSTA SÃO FRANCISCO - CHESF.
A/RJ)
ADVOGADO TEODORICO LUCAS DAS MERCES Advogados : KEYLLA CRISTIANE NOGUEIRA; TEODORICO
NETO(OAB: 38732/PE)
ADVOGADO KEYLLA CRISTIANE LUCAS DAS MERCES NETO; RAFAEL ALVES GOES; MARCELO
VALENTE MACEDO; MARCELO LUCK MARROQUIM; JUNALDO

FROES SANTOS; DANIELLA SILVA DE OLIVEIRA; JOSE
ADEMAR ARRAIS ROSAL FILHO; FERNANDO DE OLIVEIRA
SOUZA.
Procedência : 3ª VARA DO TRABALHO DO RECIFE-PE RELATÓRIO
Vistos etc.
EMENTA
Recursos ordinários interpostos por CENTRAIS ELETRICAS
BRASILEIRAS S.A. e JOSE FRANCISCO DA COSTA de decisão
proferida pelo MM. Juízo da 3ª VARA DO TRABALHO DO RECIFE-
PE, que julgou procedentes em parte os pedidos formulados na
ação trabalhista ajuizada pelo segundo recorrente em face do
primeiro e de COMPANHIA HIDRO ELÉTRICA DO SÃO
FRANCISCO - CHESF.
RECURSO ORDINÁRIO DA ELETROBRÁS. ESTATUTO SOCIAL. A presente reclamação fora inicialmente julgada improcedente (ID.
SOCIEDADE CONTROLADA. GRUPO ECONÔMICO. 57bcede). Foi interposto recurso ordinário pelo autor, tendo sido
CONFIGURAÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Uma vez este julgado procedente por esta Primeira Turma, reconhecendo a
que os estatutos sociais das rés demonstram a ingerência/controle impossibilidade de quitação ampla e irrestrita do Plano de Incentivo
que a recorrente (ELETROBRÁS) exerce sobre a CHESF, resta à demissão Voluntária (PIDV) e determinando o retorno dos autos à
configurado grupo econômico, cabendo a responsabilização instância de origem para apreciar os pedidos específicos.
Em nova sentença, a instância de origem apreciou os pedidos
RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR. GRATIFICAÇÃO DE específicos, julgando parcialmente procedentes os pleitos autorais
FÉRIAS DE ACORDO COM PERCENTUAL PREVISTO EM ACT. (ID. 4f5ba74). Dessa decisão, houve interposição de embargos
NORMA MAIS FAVORÁVEL. No caso dos autos, o autor reclama declaratórios pelo autor, que foram julgados improcedentes (ID.
que, quando houver cálculos, que se utilize o adicional de aa6997d).
gratificação de férias de acordo com o percentual estabelecido no
ACT. De fato, há norma coletiva prevendo percentual mais favorável Recurso Ordinário da ELETROBRÁS
ao obreiro (ver, por exemplo, a Cláusula 27ª, do ACT 2012-2013 -
percentual de 75%). Assim, por haver norma coletiva mais Em suas razões recursais, a ELETROBRÁS busca a reforma da
favorável, deve ser esta a aplicada no caso. Recurso obreiro a que sentença para que: a) seja reconhecida a sua ilegitimidade passiva
se dá parcial provimento. e excluída a sua condenação solidária nas verbas deferidas pelo
juízo a quo; b) seja afastada a determinação para pagamento de
custas, juros e correção monetária; c) seja julgado improcedente o
pleito de assistência judiciária gratuita por parte da reclamante; d)
sejam julgados improcedentes os demais pedidos formulados na
exordial.

indeferimento da indenização por perdas e danos referente aos
Recurso Ordinário do Autor honorários advocatícios contratuais, conforme artigos 389, 395, 402
e 404 do Código Civil.
negativa da prestação jurisdicional, já que não teria sido examinado, Contrarrazões apresentadas apenas pelo reclamante (ID. f00df77).
de 75% nas gratificações de férias, conforme ACT. 2 - o não Desnecessária a remessa dos presentes autos à d. Procuradoria,
acolhimento da tese de integração da parcela alimentação ao em face do disposto no art. 50 do Regimento Interno deste
salário. Em sua defesa, aponta que a reclamada não comprovou Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se pronunciar
que sempre realizou os descontos do custeio da ajuda alimentação verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por ocasião
e, mesmo assim, os valores dos descontos seriam ínfimos. Adiciona da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, XIII e VII,
que a ajuda alimentação paga ao reclamante desde a sua admissão da Lei Complementar 75/93.
tenha reconhecido que a parcela em questão teria natureza
posteriormente não exclui o caráter salarial da referida parcela
prevista em lei. Aplicam-se ao caso, pois, as Súmulas 51 e 241 do
TST, bem como as OJ 413 da SBDI-1 - TST. Reconhecida a
natureza salarial do auxílio alimentação, pede, o reclamante, que
haja o reflexo no pagamento do FGTS, tendo em vista sua
prescrição trintenária (prazo ainda válido pelos efeitos modulados
da decisão do STF - Súmula 362 do TST); 3 - a adoção do divisor VOTO
contratual do reclamante era de 40 horas semanais, tendo a
reclamada, inclusive, desde 05/2013, passado a adotar o divisor
200 para calcular as horas extras. 4 - sejam condenados os
reclamados no pagamento do intervalo previsto no art. 384 da CLT;
5 - o reflexo sobre a gratificação de férias de acordo com o
percentual estabelecido no ACT (que prevê incidência de
benéfica). 6 - a reversão do indeferimento do pagamento das Preliminar de não conhecimento do recurso da reclamada, em
diferenças do PIDV, principalmente no que pertine à multa fundiária. atuação de ofício, no tocante à concessão dos benefícios da
Em sua defesa, aponta que o termo de adesão do PID, em sua justiça gratuita, por falta de interesse recursal.
cláusula 4.4.1., afirma que a reclamada fica obrigada a realizar
pagamento da multa de 40% do FGTS do reclamante. No entanto, o Procedendo ao exame dos pressupostos processuais de
aviso prévio e a multa de 40% não foram pagas ao autor, sendo admissibilidade recursal, constatei que o apelo da reclamada não
embutidas com a compensação pela adesão ao PID, desnaturando comporta conhecimento em relação à concessão dos benefícios da
qualquer benefício que o PID indica fornecer. Aplicável na espécie, justiça gratuita por falta de interesse.
portanto, a Súmula 51 do TST; 7 - o indeferimento da PLR. Aponta
que o contrato do reclamante foi rescindido em 10 de novembro de Quanto aos benefícios da justiça gratuita, a concessão, ou não, ao
2013; logo, o reclamante teria direito de receber o valor da PLR na demandante, de tais benefícios, não traz à recorrente qualquer
proporção de 10/12, tendo em vista que o acordo coletivo prevê prejuízo capaz de fundamentar o pedido de reforma da decisão,
expressamente esta possibilidade. Assevera, ainda, que este fato carecendo, portanto, de interesse recursal quanto à matéria.
sequer foi impugnado pela reclamada; 8 - o índice de correção
monetária utilizado na sentença, alegando que deve ser utilizado o Assim, por ausência de interesse recursal, em atuação de ofício,
IPCA-E, conforme decisão do Pleno do TST em 04/08/2015; 9 - o não conheço do recurso da reclamada no tópico acerca da

concessão dos benefícios da justiça gratuita ao autor. Recurso Ordinário do autor
Mérito Da nulidade do julgado por negativa de prestação jurisdicional.
Do juízo de admissibilidade recursal O autor insurge-se, em primeiro ponto, alegando a negativa da
prestação jurisdicional decorrente da rejeição dos embargos de
Quanto ao mais, os recursos são tempestivos, as representações declaração.
estão regulares e o preparo, quando necessário, foi observado (no
caso do recurso da reclamada). Conheço, portanto, dos apelos, Aponta que o magistrado, quando do julgamento dos embargos de
bem como das contrarrazões apresentadas. declaração, deixou de examinar a observância do percentual de
75% nas gratificações de férias, conforme ACT.
Recurso Ordinário da ELETROBRÁS
Quanto à alegação de nulidade do julgado por negativa de
Insurge-se contra a sentença na parte em que reconheceu prestação jurisdicional, cabe registrar que o recurso ordinário
formação de grupo econômico entre as empresas reclamadas e devolve ao Tribunal ad quem o conhecimento das matérias
condenou-as solidariamente no pagamento das verbas devidas. suscitadas e discutidas, nos termos do art. 1013, do CPC de 2015,
que consagra o efeito devolutivo em profundidade, subsidiariamente
Alega não haver como reconhecer responsabilidade subsidiária ou aplicado, por força do art. 769 da CLT.
vez que não contratou os serviços do obreiro, não exerceu poder Em assim sendo, ainda que caracterizados os vícios apontados pela
diretivo sobre ele, nem pagou salários ao mesmo. recorrente, não há nulidade a ser declarada, porque a hipótese não
contemplaria prejuízo, nos moldes do artigo 794 da CLT, cuja
Sem razão, contudo. inspiração está na efetividade e celeridade processuais.
Na peça vestibular o reclamante requereu a responsabilização Por todo o exposto, não se vislumbra negativa da prestação
solidária da primeira e segunda Reclamadas, por entender que jurisdicional, considerando-se, ainda, que no processo trabalhista a
formam grupo econômico, devendo ser responsabilizadas nulidade é a última coisa que a parte deve requerer e o juízo
conjuntamente pelas verbas trabalhistas a ele sonegadas. acolher e, mesmo em se admitindo existência de possível vício no
julgado de primeiro grau, as questões ali suscitadas podem ser
Analisando o cenário, o juízo de origem reconheceu a existência de revistas em sede de recurso ordinário.
grupo econômico com espeque no constante do Estatuto Social da
CHESF, que assevera ser tal empresa uma sociedade anônima de Rejeita-se, portanto, a arguição suscitada.
economia mista, de capital aberto, controlada pela ELETROBRÁS.
Do Auxílio-Alimentação
Destaque-se ainda o art. 4º, j, do Estatuto da CHESF (ID. 2ee90f5 -
Pág. 3), a corroborar com este entendimento. Tal artigo revela a O autor insurge-se contra o não acolhimento da tese de integração
ingerência/controle que a ora recorrente exercia sobre a atuação da da parcela alimentação ao salário. Em sua defesa, aponta que a
CHESF. reclamada não comprovou que sempre realizou os descontos do
custeio da ajuda alimentação e, mesmo assim, os valores dos
Nestes termos, comprovada a existência do grupo econômico de descontos seriam ínfimos.
fato, a responsabilização solidária da recorrente é medida que se
impõe, devendo sofrer os impactos de eventual condenação Adiciona que a ajuda alimentação paga à reclamante desde a sua
(inclusive custas, juros e correção monetária). admissão adquiriu caráter salarial, mesmo que norma convencional
posterior tenha reconhecido que a parcela em questão teria
Recurso improvido. natureza indenizatória.

Aponta, ainda, que o simples fato de filiação ao PAT posteriormente
não exclui o caráter salarial da referida parcela prevista em lei. Recurso improvido no ponto.
Aplicam-se ao caso, pois, as Súmulas 51 e 241 do TST, bem como
as OJ 413 da SBDI-1 - TST. Prejudicado o pedido recursal de reflexo no FGTS da integração do
auxílio alimentação na base salarial.
Reconhecida a natureza salarial do auxílio alimentação, pede, o
reclamante, que haja o reflexo no pagamento do FGTS, tendo em Da adoção do divisor 200
modulados da decisão do STF - Súmula 362 do TST) O reclamante ataca, ainda, a determinação do primeiro grau para a
adoção do divisor 220 quando do cálculo das horas extras
Não assiste razão ao recorrente. deferidas. Defende que a jornada contratual do reclamante era de
40 horas semanais, tendo a reclamada, inclusive, desde 05/2013,
Ao contrário dos argumentos lançados na inicial e em sede recursal, passado a adotar o divisor 200 para calcular as horas extras.
as fichas financeiras colacionadas (ID. d739a4e) demonstram a
implantação do vale-alimentação subsidiado, havendo despesas Sem razão o autor no ponto.
recíprocas entre empregado e empregador, atraindo, portanto, a
natureza indenizatória da parcela, não havendo que se falar em É que, uma vez fixada que a jornada regular do obreiro era de, no
irrisoriedade da contrapartida do trabalhador. máximo, oito horas diárias e 44 semanais (representando
extraordinária toda aquela que ultrapassasse esse limite - conforme
Colho da jurisprudência do C. TST o seguinte aresto nesse sentido: fixado na sentença - ID. 4f5ba74 - Pág. 5), e não havendo recurso
específico sobre essa fixação, correta a aplicação do divisor 220.
"AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO FORNECIDO A TÍTULO ONEROSO.
EXISTÊNCIA DE PROVA DA PARTICIPAÇÃO DO EMPREGADO A jornada de 44h semanais é a jornada semanal máxima permitida
NO CUSTEIO DA PARCELA. NATUREZA INDENIZATÓRIA. pelo nosso ordenamento jurídico. Para os trabalhadores submetidos
INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO INDEVIDA.A jurisprudência a essa jornada, deve-se dividir o salário por 220 horas para se
prevalecente nesta Corte Superior firmou-se no sentido de que o descobrir o valor do seu salário-hora.
fornecimento de auxílio-alimentação ao empregado, a título
oneroso, com a sua respectiva participação no custeio da referida Assim, não merece quaisquer reparos a decisão no ponto.
parcela, atrai a natureza indenizatória da verba. Com efeito, tendo
em vista que, no caso dos autos, o auxílio-alimentação fornecido ao Nego provimento ao recurso no particular.
falar em caráter salarial da parcela. Precedentes. Agravo de Do Intervalo do Art. 384 da CLT
Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento: Pleiteia a reforma da sentença por haver sido indeferido seu pleito
11/05/2016, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 20/05/2016). para recebimento do intervalo de 15 minutos previsto no art. 384 da
CLT. Sustenta que tal intervalo deve ser concedido para homens e
Nesse contexto, como já dito, o autor não se desincumbiu do mulheres, indistintamente, com esteio na ideia de isonomia.
encargo que lhe pertencia quanto à comprovação dos fatos
narrados na inicial. Isso porque, ao analisar a própria causa de pedir Razão não lhe assiste.
por ele descrita, verifica-se que o obreiro informou que a ré não
efetuava desconto salarial em razão do pagamento dos títulos em A jurisprudência do C.TST caminha no sentido de que a norma
epígrafe, conforme transcrição: "(...) O Reclamante tem direito à insculpida no art. 384 da CLT não padece de inconstitucionalidade e
integração na sua remuneração no valor de R$ 750,00 do sua razão de ser se ampara em características que se apresentam
salário contratual, eis que durante todo o pacto laboral, a Ré diversamente em homens e mulheres. A violação da isonomia
forneceu ao autor, gratuitamente e em folha de pagamento, tal ocorreria justamente ao se aplicar o preceptivo legal também aos
salário "in natura" no valor apontado" (ID. 6ff30b5 - Pág. 3). homens, por acabar deferindo igual tratamento àqueles

naturalmente desiguais. Confira-se aresto a seguir: 1/3. Contudo, eventual erro de julgamento desafia recurso
ordinário."
EXTENSÃO AOS EMPREGADOS DO SEXO MASCULINO. Ocorre que, de fato, há norma coletiva prevendo percentual mais
IMPOSSIBILIDADE. O art. 384 da CLT permanece em vigor, favorável ao obreiro (ver, por exemplo, a Cláusula 27ª, do ACT 2012
impondo-se o pagamento de horas extras pela inobservância do -2013 - ID. 54689b8 - Pág. 10):
intervalo nele previsto às empregadas mulheres. O legislador, ao
inserir o art. 384 da CLT no capítulo de proteção ao trabalho da CLÁUSULA VIGÉSIMA SÉTIMA - GRATIFICAÇÃO DE FÉRIAS
mulher, levou em consideração a sua peculiar condição biossocial,
entendimento mantido pelo TST ao afastar a inconstitucionalidade Fica estabelecido que a gratificação de férias das Empresas
do referido artigo. O Tribunal Regional, ao reformar a sentença e Eletrobrás será de 75% (setenta e cinco por cento), ficando
estender o direito ao intervalo aos empregados do sexo masculino, garantidos os direitos adquiridos e os procedimentos adotados no
tratou igualmente os desiguais, ferindo o princípio da isonomia. Acordo Coletivo de Trabalho - 2008/2009, Específico de cada
Embora homens e mulheres sejam iguais em direitos e obrigações, empresa.
suas diferenças psicossociais justificam o tratamento diferenciado
em alguns aspectos. Este Tribunal Superior pacificou seu Assim, por haver norma coletiva mais favorável ao empregado,
entendimento no sentido de que o direito ao intervalo do art. 384 da deve ser esta a aplicada no caso.
CLT se destina apenas às empregadas mulheres. Precedentes.
Recurso de revista conhecido e provido.(TST - RR: Dou provimento, pois, ao recurso ordinário no ponto, para
19690220125090892, Relator: Delaíde Miranda Arantes, Data de determinar, quando houver cálculos que utilizem a gratificação de
Julgamento: 04/03/2015, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT férias, seja calculado utilizando o percentual de 75% (setenta e
13/03/2015) cinco por cento).
Dessa forma, é certa a receptividade do artigo 384 da CLT pela Do PIDV/ Multa de 40% FGTS/ Das Diferenças de FGTS/ Aviso
Constituição Federal, conquanto homens e mulheres, embora iguais Prévio Indenizado
em direitos e deveres, diferenciam-se em vários aspectos, em
especial no fisiológico. O juízo de origem indeferiu o pedido de pagamento de diferenças
por adesão ao PIDV, multa de 40% sobre o saldo do FGTS e aviso-
Recurso a que se nega provimento no ponto. prévio indenizado, razão pela qual se insubordinou o reclamante.
Do reflexo do pagamento das horas extras sobre a gratificação Sem razão.
de férias (percentual do ACT)
Registro, de plano, que a multa de 40% sobre o saldo do FGTS é
O autor reclama, ainda, que, quando houver incidência da devida quando há rescisão contratual sem justa causa do obreiro,
gratificação de férias, seja efetivado de acordo com o percentual como compensação pelo ato de dispensa praticado pelo
estabelecido no ACT (que prevê incidência de gratificação de férias empregador. Neste sentido é a previsão do artigo 18, § 1º, da Lei nº.
de 75%, sendo, portanto, norma mais benéfica). 8.036/90.
Assiste razão ao reclamante no ponto. Compulsando os autos verifico que esta não é a hipótese ocorrida
em relação ao autor, pois se vê que ele aderiu ao Plano de
O magistrado de piso, ao revisar a questão em sede de embargos Incentivo ao Desligamento Voluntário - PIDV lançado pela CHESF.
de declaração, assim se manifestou - ID. aa6997d - Pág. 1: Sublinho que a adesão ao PIDV é voluntária, ou seja, decorre de
ato espontâneo do empregado. Nesse diapasão realço que a
"Quanto ao adicional de férias, de fato, deferi as repercussões das rescisão contratual ocorreu a pedido do empregado.
horas extras nas férias com 1/3 e no item da equiparação salarial
determinei a observância do adicional contratual e na ausência de Vê-se, assim, não fazer jus, o reclamante, à multa sobre o saldo do

FGTS e aviso-prévio indenizado, vez que a rescisão contratual não insuscetível de reexame nesta instância, nos termos da Súmula
se operou por iniciativa do empregador. Ademais o obreiro sequer 126/TST, verifica-se que a decisão recorrida está em consonância
alegou que sua adesão ao PIDV se deu com vício de vontade. com a jurisprudência desta Corte Superior, no sentido de que a
adesão a programa de incentivo a desligamento voluntário é
A jurisprudência pátria trilha no mesmo sentido: incompatível com o pagamento de parcelas oriundas da dispensa
imotivada. Precedentes. Agravo de instrumento conhecido e não
PLANO DE APOIO À APOSENTADORIA. VERBAS RESCISÓRIAS. provido. (AIRR-3100-92.2013.5.17.0006, Relatora Ministra: Dora
EQUIVALÊNCIA A PEDIDO DE DEMISSÃO. MULTA DE 40% DO Maria da Costa, 8ª Turma, DEJT 21/02/2014).
empregatício em virtude de adesão do trabalhador a plano de (...) ADESÃO AO PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA.
afastamento antecipado retira o direito ao pagamento de parcelas DISPENSA REQUERIDA PELO PRÓPRIO EMPREGADO. MULTA
devidas em virtude de despedida imotivada. Destarte, inexistindo DE 40% DO FGTS. Com efeito, nos termos do § 1º do art. 18 da Lei
nos autos qualquer discussão acerca de eventual vício de nº 8.036/90, a multa de 40% sobre o FGTS é devida quando a
consentimento no ato de adesão ao PAA, tem-se que o afastamento dispensa ocorrer por iniciativa do empregador e não houver justa
do emprego resultou de ato voluntário da Autora, o que lhe retira o causa para que assim proceda. Dessa forma, havendo expressa
direito ao percebimento da multa fundiária. Sentença mantida por manifestação de vontade do reclamante em se aposentar, tendo em
seus próprios fundamentos. Improvido.(TRT 23ª 0001337- vista a sua adesão ao Plano de Demissão Voluntária, não é devida
79.2013.5.23.0009, Órgão Julgador: 1ª Turma-PJe, Publicado em: a multa de 40% do FGTS. Precedentes. Recurso de revista
23/06/2014, Relator: OSMAIR COUTO) conhecido e provido. (...) (RR-1155-18.2011.5.22.0001, Relator
Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, DEJT 19/12/2013)
AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO PELA
RECLAMANTE. PRESCRIÇÃO BIENAL. ADESÃO A PLANO DE Registre-se, por fim, que a cláusula 4.4.1. do termo de adesão ao
INCETIVO À APOSENTADORIA. MULTA DE 40% DO FGTS. NÃO PIDV não trata de multa por rescisão, mas sim da possibilidade de
PROVIMENTO. A egrégia Corte Regional consignou perda dos direitos às vantagens do PIDV em caso de aplicação de
expressamente que a rescisão contratual deu-se por adesão da penalidade de demissão. Referida alegação constitui, ainda,
autora ao PAA instituído pela reclamada, não havendo prova da inovação recursal, não ventilada em sede de exordial.
existência de coação na referida adesão. Ora, uma vez reconhecido
que não houve dispensa imotivada, por parte do empregador, mas Por todo exposto, nego provimento ao recurso no ponto.
sim adesão da empregada ao PAA, não há falar em despedida sem
justa causa e conseqüente projeção do aviso prévio. Assim, deve Da Participação nos Lucros e Resultados
ser mantida a decisão que extinguiu o processo com resolução do
mérito, ante a incidência da prescrição bienal, pois a rescisão Pugna, o recorrente, pelo pagamento proporcional a participação
contratual ocorreu em 30.04.2010, ao passo que a presente nos lucros e resultados da recorrida aos meses trabalhados
demanda foi ajuizada em 24.05.2012. Agravo de instrumento a que (aponta, o reclamante, que seu contrato de trabalho fora rescindido
se nega provimento. (AIRR-632-98.2012.5.04.0024, Relator em 10 de novembro de 2013; logo, o reclamante teria direito de
Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT receber o valor da PLR na proporção de 10/12), sob pena de violar
23/05/2014) o entendimento jurisprudencial 390 da SBDI-1.
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. Não assiste razão ao recorrente no ponto.
VERBAS RESCISÓRIAS. ADESÃO AO PLANO DE APOIO À
APOSENTADORIA - PAA. DISPENSA POR INICIATIVA DA Restou incontroverso dos autos o pagamento da parcela, uma vez
RECLAMANTE. O Regional consignou que o desligamento da que a própria reclamada acostou aos autos fichas financeiras que
reclamante ocorreu aproximadamente onze meses após a revelam o pagamento de verba sob a rubrica "PLR".
aposentadoria, e que não há nenhum indicativo de que tenha
ocorrido vício de consentimento quando da adesão ao plano de Ante a anexação dos comprovantes de pagamento pela reclamada,
apoio à aposentadoria. Diante do quadro fático delineado, caberia ao obreiro o ônus de comprovar o valor das diferenças

devidas, impugnando as fichas financeiras no ponto em que em julgamento plenário realizado no dia 04.08.2015, examinou a
achasse pertinente, a teor dos artigos 818 da CLT e 373 CPC. Arguição de Inconstitucionalidade suscitada pela Egrégia 7ª Turma
Ante o exposto, nego provimento ao recurso no ponto. pronunciou a inconstitucionalidade por arrastamento do artigo 39 da
Lei da Lei 8.177/91, elegendo como fundamento a ratio decidendi
Da atualização dos créditos pelo IPCA. exposta pela Excelsa Corte, no julgamento das ADIs 4.357, 4.372,
4.400 e 4.425. 2. Ainda na mesma ocasião, determinou esta
Pleiteia, o reclamante, a correção do índice de correção monetária Colenda Corte a modulação dos efeitos da decisão, a fim de que os
utilizado na sentença, alegando que deve ser utilizado o IPCA-E, créditos trabalhistas alvos de execuções judicias fossem corrigidos
conforme decisão do Pleno do TST em 04/08/2015. pelo IPCA-E a contar de 30 de junho de 2009 (data posteriormente
retificada para 25.3.2015, por ocasião do exame de embargos de
Sem razão. declaração), observada, porém, a preservação das situações
jurídicas consolidadas resultantes dos pagamentos efetuados nos
Inicialmente, cabe destacar que, apesar da reforma da CLT (pela processos judiciais, em andamento ou extintos, em virtude dos
Lei 13.467/2017), ter inserido o §7º no art. 879 do referido diploma quais foi adimplida e extinta a obrigação, ainda que parcialmente,
legislativo, determinando a aplicação da TR (Taxa Referencial) sobretudo em decorrência da proteção ao ato jurídico perfeito
quando da atualização dos créditos decorrentes de condenação (artigos 5º, XXXVI, da Constituição e 6º da Lei de Introdução ao
judicial, observa-se que a presente reclamação fora proposta antes Direito Brasileiro - LIDB). 3. Em face da relevância da matéria e de
do início da vigência do novel texto legal. Atentando para o fato seus expressivos impactos econômicos, a Federação Nacional dos
dessa alteração transcender a seara puramente processual Bancos (Fenaban) apresentou ao Excelso Supremo Tribunal
(impingindo efeitos dentro do âmbito da pretensão material), registro Federal a Reclamação Constitucional nº 22012, distribuída ao
que observar-se-á o regramento vigente à época da propositura da Ministro Dias Toffoli, sobrevindo decisão deferitória de liminar, "para
demanda, a saber, o art. 39 da Lei 8.177/91. suspender os efeitos da decisão reclamada e da"tabela
única"editada pelo CSJT em atenção a ordem nela contida, sem
Tomando por base, por sua vez, a prescrição do art. 39 da Lei prejuízo do regular trâmite da Ação Trabalhista nº. 0000479-
8.177/91, pode-se delimitar o objeto do presente questionamento 60.2011.5.04.0231, inclusive prazos recursais". 4. Nada obstante,
recursal: verificar se, de fato, a TR (Taxa Referencial) é o índice seguindo a jurisprudência consagrada no âmbito da própria
aplicável para a correção dos débitos trabalhistas determinados em Suprema Corte, a Segunda Turma do STF julgou improcedente
condenações judiciais. a Reclamação Constitucional nº 22012. Desse modo, viabilizada
a retomada dos debates voltados à adoção de critério
E, sobre a pendenga, já se manifestaram o TST (no julgamento do adequado para correção dos débitos trabalhistas, deve
AIRR-479-60.2011.5.04.0231) e o próprio STF (na análise da prevalecer a compreensão desta Corte, no sentido de que a
Reclamação 22.012), reconhecendo indevida a aplicação da TR aplicação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial
(Taxa Referencial) como índice de atualização dos débitos (IPCA-E), em detrimento da Taxa Referencial Diária (TRD), permite
trabalhistas fixados em sentença judicial, porquanto referido a justa e adequada atualização de débitos trabalhistas, não se
indexador não seria capaz de recompor/atualizar adequadamente o cogitando de desrespeito ao julgamento lavrado nas Ações
passivo trabalhista. No caso, o índice aplicável seria o IPCA-E. Diretas de Inconstitucionalidade 4.357 e 4.425.5. À luz dessas
considerações, impõe-se a adoção do IPCA-E para a atualização
Segue, abaixo, ementa de julgado do TST elucidativo sobre a dos créditos trabalhistas, não apenas sob a perspectiva da efetiva
controvérsia: recomposição do patrimônio dos credores trabalhistas, mas como
medida de estímulo efetivo ao cumprimento dos direitos sociais por
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA parte de devedores recalcitrantes, que se valem da Justiça do
REGIDO PELA LEI 13.015/2014. 1. CORREÇÃO MONETÁRIA Trabalho, lamentavelmente, para postergar indefinidamente suas
DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS. INCONSTITUCIONALIDADE obrigações. No caso, aplicado pelo Tribunal Regional o IPCA-E para
DO ARTIGO 39 DA LEI 8.177/91. SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA a atualização dos débitos trabalhistas, inviável a admissibilidade da
DECISÃO. ÍNDICE APLICÁVEL. IPCA-E. 1. Esta Colenda Corte, revista. (...) (TST - AIRR: 241534620165240066, Relator: Douglas

Alencar Rodrigues, Data de Julgamento: 13/12/2017, 5ª Turma, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 17/04/2015)
Data de Publicação: DEJT 15/12/2017) - grifos nossos.
Ocorre que, no próprio julgamento dos embargos de declaração no PERDAS E DANOS. ARTS. 389 E 404 DO CÓDIGO CIVIL.
AIRR-479-60.2011.5.04.0231, o TST já fixou o início da aplicação INAPLICABILIDADE 1. Na Justiça do Trabalho, a condenação ao
deste entendimento (correção pelo IPCA) para períodos posteriores pagamento de honorários advocatícios, conforme diretriz perfilhada
à 25/03/2015. No presente caso, tendo o autor trabalhado até na Súmula nº 219, I, do TST, não decorre pura e simplesmente da
08.11.2013 para a reclamada, deve ser aplicada a correção pela TR sucumbência. Tal condenação exige a satisfação da assistência
para os pleitos deferidos entre o limite do prazo prescricional jurídica por sindicato da categoria profissional e da declaração de
(06.11.2010) e o fim do pacto laboral (08.11.2013), respeitando-se a hipossuficiência econômica. 2. O Tribunal Superior do Trabalho
modulação acima apontada. pacificou o entendimento de que os arts. 389 e 404 do Código
Pelo exposto, nego provimento ao recurso no ponto. Contraria a Súmula nº 219, I, do TST acórdão regional que defere
Honorários Advocatícios. Art. 404 do CC/2002. Recurso de revista da Reclamada de que se conhece e a que se dá
Pugna reforma da sentença quanto aos honorários advocatícios. João Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 23/09/2015, 4ª Turma,
Invoca o texto normativo do art. 404 do CC/2002 a fim de embasar Data de Publicação: DEJT 02/10/2015)
seu inconformismo.
Diante do exposto, mantenho a sentença incólume neste ponto.
Sem razão, contudo. Recurso improvido.
A seara trabalhista possui regramento próprioacerca das hipóteses Do prequestionamento
de cabimento de condenação em honorários advocatícios, não
tendo o reclamante cumprido os requisitos necessários para tanto Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
(Súmula 219 c/c Súmula 329 do TST). O Tribunal Superior do fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
Trabalho pacificou o entendimento de que os arts. 389 e 404 do qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
Código Civil são inaplicáveis ao processo do trabalho. infraconstitucional, sendo desnecessária a menção expressa a cada
Colho a seguir arestos jurisprudenciais da lavra do C. TST:
INAPLICABILIDADE DOS ARTS. 389 E 404 DO CÓDIGO CIVIL. A
questão do deferimento dos honorários assistenciais no âmbito da
Justiça do Trabalho está pacificada por este Tribunal por meio da
Súmula n.º 219, cuja orientação foi mantida mesmo após a
promulgação da Constituição Federal de 1988, como confirma o
Verbete Sumular n.º 329. Impende registrar, por oportuno, que,
havendo norma específica quanto ao cabimento dos
honorários advocatícios na seara da Justiça do Trabalho, não
há de se aplicar a legislação civil, no caso, os arts. 389 e 404 do
Código Civil. Precedentes da Corte. Constatado que o Reclamante
não se encontra assistido por seu sindicato profissional, indevida é
a condenação aos honorários advocatícios. Recurso de Revista
parcialmente conhecido e provido. (TST - RR: 7402720135080107,
Relator: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 15/04/2015,

conhecer do recurso da reclamada no tópico acerca da concessão
do cálculo que utilize o percentual de adicional de férias, que
Conclusão 75% (setenta e cinco por cento). Ao acréscimo condenatório, arbitra
Ante o exposto, preliminarmente, por ausência de interesse
recursal, em atuação de ofício, não conheço do recurso da Desembargador Relator
gratuita. No mérito, nego provimento ao recurso patronal, ao EMMT
passo que dou provimento parcial ao recurso obreiro para
de férias, que referida gratificação de férias seja calcula utilizando o
percentual de 75% (setenta e cinco por cento). Ao acréscimo CERTIDÃO DE JULGAMENTO
condenatório, arbitro o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com
custas majoradas em R$ 40,00 (quarenta reais). Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi
preliminarmente, por ausência de interesse recursal, em atuação
de ofício, não conhecer do recurso da reclamada no tópico acerca
da concessão dos benefícios da justiça gratuita. No mérito, por
unanimidade, negar provimento ao recurso patronal, ao passo
quando do cálculo que utilize o percentual de adicional de férias,
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, preliminarmente, Certifico e dou fé.

PODER
JUDICIÁRIO
PROC. Nº. TRT- RO - 0001548-39.2015.5.06.0003
Recorrentes : JOSE FRANCISCO DA COSTA; CENTRAIS
ELETRICAS BRASILEIRAS S.A..
Acórdão
Processo Nº RO-0001548-39.2015.5.06.0003
Recorridos : OS MESMOS E COMPANHIA HIDRO ELÉTRICA DO
RECORRENTE JOSE FRANCISCO DA COSTA SÃO FRANCISCO - CHESF.
A/RJ)
ADVOGADO TEODORICO LUCAS DAS MERCES Advogados : KEYLLA CRISTIANE NOGUEIRA; TEODORICO
NETO(OAB: 38732/PE)
LUCAS DAS MERCES NETO; RAFAEL ALVES GOES; MARCELO
NOGUEIRA(OAB: 31762/PE) VALENTE MACEDO; MARCELO LUCK MARROQUIM; JUNALDO
38702/PE) FROES SANTOS; DANIELLA SILVA DE OLIVEIRA; JOSE
RECORRENTE CENTRAIS ELETRICAS ADEMAR ARRAIS ROSAL FILHO; FERNANDO DE OLIVEIRA
BRASILEIRAS SA
ADVOGADO JOSE ADEMAR ARRAIS ROSAL SOUZA.
ADVOGADO DANIELLA SILVA DE OLIVEIRA(OAB: Procedência : 3ª VARA DO TRABALHO DO RECIFE-PE
113161/RJ)
SAO FRANCISCO
20013/PE)
38702/PE)
A/RJ)
NETO(OAB: 38732/PE)
EMENTA
BRASILEIRAS SA
113161/RJ)
- COMPANHIA HIDRO ELETRICA DO SAO FRANCISCO

RECURSO ORDINÁRIO DA ELETROBRÁS. ESTATUTO SOCIAL. A presente reclamação fora inicialmente julgada improcedente (ID.
SOCIEDADE CONTROLADA. GRUPO ECONÔMICO. 57bcede). Foi interposto recurso ordinário pelo autor, tendo sido
CONFIGURAÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Uma vez este julgado procedente por esta Primeira Turma, reconhecendo a
que os estatutos sociais das rés demonstram a ingerência/controle impossibilidade de quitação ampla e irrestrita do Plano de Incentivo
que a recorrente (ELETROBRÁS) exerce sobre a CHESF, resta à demissão Voluntária (PIDV) e determinando o retorno dos autos à
configurado grupo econômico, cabendo a responsabilização instância de origem para apreciar os pedidos específicos.
Em nova sentença, a instância de origem apreciou os pedidos
RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR. GRATIFICAÇÃO DE específicos, julgando parcialmente procedentes os pleitos autorais
FÉRIAS DE ACORDO COM PERCENTUAL PREVISTO EM ACT. (ID. 4f5ba74). Dessa decisão, houve interposição de embargos
NORMA MAIS FAVORÁVEL. No caso dos autos, o autor reclama declaratórios pelo autor, que foram julgados improcedentes (ID.
que, quando houver cálculos, que se utilize o adicional de aa6997d).
gratificação de férias de acordo com o percentual estabelecido no
ACT. De fato, há norma coletiva prevendo percentual mais favorável Recurso Ordinário da ELETROBRÁS
ao obreiro (ver, por exemplo, a Cláusula 27ª, do ACT 2012-2013 -
percentual de 75%). Assim, por haver norma coletiva mais Em suas razões recursais, a ELETROBRÁS busca a reforma da
favorável, deve ser esta a aplicada no caso. Recurso obreiro a que sentença para que: a) seja reconhecida a sua ilegitimidade passiva
se dá parcial provimento. e excluída a sua condenação solidária nas verbas deferidas pelo
juízo a quo; b) seja afastada a determinação para pagamento de
custas, juros e correção monetária; c) seja julgado improcedente o
pleito de assistência judiciária gratuita por parte da reclamante; d)
sejam julgados improcedentes os demais pedidos formulados na
exordial.
RELATÓRIO negativa da prestação jurisdicional, já que não teria sido examinado,
de 75% nas gratificações de férias, conforme ACT. 2 - o não
acolhimento da tese de integração da parcela alimentação ao
salário. Em sua defesa, aponta que a reclamada não comprovou
que sempre realizou os descontos do custeio da ajuda alimentação
e, mesmo assim, os valores dos descontos seriam ínfimos. Adiciona
que a ajuda alimentação paga ao reclamante desde a sua admissão
Vistos etc. tenha reconhecido que a parcela em questão teria natureza
Recursos ordinários interpostos por CENTRAIS ELETRICAS posteriormente não exclui o caráter salarial da referida parcela
BRASILEIRAS S.A. e JOSE FRANCISCO DA COSTA de decisão prevista em lei. Aplicam-se ao caso, pois, as Súmulas 51 e 241 do
proferida pelo MM. Juízo da 3ª VARA DO TRABALHO DO RECIFE- TST, bem como as OJ 413 da SBDI-1 - TST. Reconhecida a
PE, que julgou procedentes em parte os pedidos formulados na natureza salarial do auxílio alimentação, pede, o reclamante, que
ação trabalhista ajuizada pelo segundo recorrente em face do haja o reflexo no pagamento do FGTS, tendo em vista sua
primeiro e de COMPANHIA HIDRO ELÉTRICA DO SÃO prescrição trintenária (prazo ainda válido pelos efeitos modulados
FRANCISCO - CHESF. da decisão do STF - Súmula 362 do TST); 3 - a adoção do divisor

contratual do reclamante era de 40 horas semanais, tendo a
reclamada, inclusive, desde 05/2013, passado a adotar o divisor
200 para calcular as horas extras. 4 - sejam condenados os
reclamados no pagamento do intervalo previsto no art. 384 da CLT;
5 - o reflexo sobre a gratificação de férias de acordo com o
percentual estabelecido no ACT (que prevê incidência de
benéfica). 6 - a reversão do indeferimento do pagamento das Preliminar de não conhecimento do recurso da reclamada, em
diferenças do PIDV, principalmente no que pertine à multa fundiária. atuação de ofício, no tocante à concessão dos benefícios da
Em sua defesa, aponta que o termo de adesão do PID, em sua justiça gratuita, por falta de interesse recursal.
cláusula 4.4.1., afirma que a reclamada fica obrigada a realizar
pagamento da multa de 40% do FGTS do reclamante. No entanto, o Procedendo ao exame dos pressupostos processuais de
aviso prévio e a multa de 40% não foram pagas ao autor, sendo admissibilidade recursal, constatei que o apelo da reclamada não
embutidas com a compensação pela adesão ao PID, desnaturando comporta conhecimento em relação à concessão dos benefícios da
qualquer benefício que o PID indica fornecer. Aplicável na espécie, justiça gratuita por falta de interesse.
portanto, a Súmula 51 do TST; 7 - o indeferimento da PLR. Aponta
que o contrato do reclamante foi rescindido em 10 de novembro de Quanto aos benefícios da justiça gratuita, a concessão, ou não, ao
2013; logo, o reclamante teria direito de receber o valor da PLR na demandante, de tais benefícios, não traz à recorrente qualquer
proporção de 10/12, tendo em vista que o acordo coletivo prevê prejuízo capaz de fundamentar o pedido de reforma da decisão,
expressamente esta possibilidade. Assevera, ainda, que este fato carecendo, portanto, de interesse recursal quanto à matéria.
sequer foi impugnado pela reclamada; 8 - o índice de correção
monetária utilizado na sentença, alegando que deve ser utilizado o Assim, por ausência de interesse recursal, em atuação de ofício,
IPCA-E, conforme decisão do Pleno do TST em 04/08/2015; 9 - o não conheço do recurso da reclamada no tópico acerca da
indeferimento da indenização por perdas e danos referente aos concessão dos benefícios da justiça gratuita ao autor.
honorários advocatícios contratuais, conforme artigos 389, 395, 402
e 404 do Código Civil. Mérito
Contrarrazões apresentadas apenas pelo reclamante (ID. f00df77). Do juízo de admissibilidade recursal
Desnecessária a remessa dos presentes autos à d. Procuradoria, Quanto ao mais, os recursos são tempestivos, as representações
em face do disposto no art. 50 do Regimento Interno deste estão regulares e o preparo, quando necessário, foi observado (no
Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se pronunciar caso do recurso da reclamada). Conheço, portanto, dos apelos,
verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por ocasião bem como das contrarrazões apresentadas.
da Lei Complementar 75/93. Recurso Ordinário da ELETROBRÁS
Insurge-se contra a sentença na parte em que reconheceu
formação de grupo econômico entre as empresas reclamadas e
condenou-as solidariamente no pagamento das verbas devidas.
Alega não haver como reconhecer responsabilidade subsidiária ou
vez que não contratou os serviços do obreiro, não exerceu poder
diretivo sobre ele, nem pagou salários ao mesmo.
VOTO
Sem razão, contudo.

Na peça vestibular o reclamante requereu a responsabilização Por todo o exposto, não se vislumbra negativa da prestação
solidária da primeira e segunda Reclamadas, por entender que jurisdicional, considerando-se, ainda, que no processo trabalhista a
formam grupo econômico, devendo ser responsabilizadas nulidade é a última coisa que a parte deve requerer e o juízo
conjuntamente pelas verbas trabalhistas a ele sonegadas. acolher e, mesmo em se admitindo existência de possível vício no
julgado de primeiro grau, as questões ali suscitadas podem ser
Analisando o cenário, o juízo de origem reconheceu a existência de revistas em sede de recurso ordinário.
grupo econômico com espeque no constante do Estatuto Social da
CHESF, que assevera ser tal empresa uma sociedade anônima de Rejeita-se, portanto, a arguição suscitada.
economia mista, de capital aberto, controlada pela ELETROBRÁS.
Do Auxílio-Alimentação
Destaque-se ainda o art. 4º, j, do Estatuto da CHESF (ID. 2ee90f5 -
Pág. 3), a corroborar com este entendimento. Tal artigo revela a O autor insurge-se contra o não acolhimento da tese de integração
ingerência/controle que a ora recorrente exercia sobre a atuação da da parcela alimentação ao salário. Em sua defesa, aponta que a
CHESF. reclamada não comprovou que sempre realizou os descontos do
custeio da ajuda alimentação e, mesmo assim, os valores dos
Nestes termos, comprovada a existência do grupo econômico de descontos seriam ínfimos.
fato, a responsabilização solidária da recorrente é medida que se
impõe, devendo sofrer os impactos de eventual condenação Adiciona que a ajuda alimentação paga à reclamante desde a sua
(inclusive custas, juros e correção monetária). admissão adquiriu caráter salarial, mesmo que norma convencional
posterior tenha reconhecido que a parcela em questão teria
Recurso improvido. natureza indenizatória.
Recurso Ordinário do autor Aponta, ainda, que o simples fato de filiação ao PAT posteriormente
não exclui o caráter salarial da referida parcela prevista em lei.
Da nulidade do julgado por negativa de prestação jurisdicional. Aplicam-se ao caso, pois, as Súmulas 51 e 241 do TST, bem como
as OJ 413 da SBDI-1 - TST.
O autor insurge-se, em primeiro ponto, alegando a negativa da
prestação jurisdicional decorrente da rejeição dos embargos de Reconhecida a natureza salarial do auxílio alimentação, pede, o
declaração. reclamante, que haja o reflexo no pagamento do FGTS, tendo em
Aponta que o magistrado, quando do julgamento dos embargos de modulados da decisão do STF - Súmula 362 do TST)
declaração, deixou de examinar a observância do percentual de
75% nas gratificações de férias, conforme ACT. Não assiste razão ao recorrente.
Quanto à alegação de nulidade do julgado por negativa de Ao contrário dos argumentos lançados na inicial e em sede recursal,
prestação jurisdicional, cabe registrar que o recurso ordinário as fichas financeiras colacionadas (ID. d739a4e) demonstram a
devolve ao Tribunal ad quem o conhecimento das matérias implantação do vale-alimentação subsidiado, havendo despesas
suscitadas e discutidas, nos termos do art. 1013, do CPC de 2015, recíprocas entre empregado e empregador, atraindo, portanto, a
que consagra o efeito devolutivo em profundidade, subsidiariamente natureza indenizatória da parcela, não havendo que se falar em
aplicado, por força do art. 769 da CLT. irrisoriedade da contrapartida do trabalhador.
Em assim sendo, ainda que caracterizados os vícios apontados pela Colho da jurisprudência do C. TST o seguinte aresto nesse sentido:
recorrente, não há nulidade a ser declarada, porque a hipótese não
contemplaria prejuízo, nos moldes do artigo 794 da CLT, cuja "AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO FORNECIDO A TÍTULO ONEROSO.
inspiração está na efetividade e celeridade processuais. EXISTÊNCIA DE PROVA DA PARTICIPAÇÃO DO EMPREGADO

NO CUSTEIO DA PARCELA. NATUREZA INDENIZATÓRIA. pelo nosso ordenamento jurídico. Para os trabalhadores submetidos
INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO INDEVIDA.A jurisprudência a essa jornada, deve-se dividir o salário por 220 horas para se
prevalecente nesta Corte Superior firmou-se no sentido de que o descobrir o valor do seu salário-hora.
fornecimento de auxílio-alimentação ao empregado, a título
oneroso, com a sua respectiva participação no custeio da referida Assim, não merece quaisquer reparos a decisão no ponto.
parcela, atrai a natureza indenizatória da verba. Com efeito, tendo
em vista que, no caso dos autos, o auxílio-alimentação fornecido ao Nego provimento ao recurso no particular.
falar em caráter salarial da parcela. Precedentes. Agravo de Do Intervalo do Art. 384 da CLT
Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento: Pleiteia a reforma da sentença por haver sido indeferido seu pleito
11/05/2016, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 20/05/2016). para recebimento do intervalo de 15 minutos previsto no art. 384 da
CLT. Sustenta que tal intervalo deve ser concedido para homens e
Nesse contexto, como já dito, o autor não se desincumbiu do mulheres, indistintamente, com esteio na ideia de isonomia.
encargo que lhe pertencia quanto à comprovação dos fatos
narrados na inicial. Isso porque, ao analisar a própria causa de pedir Razão não lhe assiste.
por ele descrita, verifica-se que o obreiro informou que a ré não
efetuava desconto salarial em razão do pagamento dos títulos em A jurisprudência do C.TST caminha no sentido de que a norma
epígrafe, conforme transcrição: "(...) O Reclamante tem direito à insculpida no art. 384 da CLT não padece de inconstitucionalidade e
integração na sua remuneração no valor de R$ 750,00 do sua razão de ser se ampara em características que se apresentam
salário contratual, eis que durante todo o pacto laboral, a Ré diversamente em homens e mulheres. A violação da isonomia
forneceu ao autor, gratuitamente e em folha de pagamento, tal ocorreria justamente ao se aplicar o preceptivo legal também aos
salário "in natura" no valor apontado" (ID. 6ff30b5 - Pág. 3). homens, por acabar deferindo igual tratamento àqueles
naturalmente desiguais. Confira-se aresto a seguir:
Recurso improvido no ponto.
Prejudicado o pedido recursal de reflexo no FGTS da integração do EXTENSÃO AOS EMPREGADOS DO SEXO MASCULINO.
auxílio alimentação na base salarial. IMPOSSIBILIDADE. O art. 384 da CLT permanece em vigor,
impondo-se o pagamento de horas extras pela inobservância do
Da adoção do divisor 200 intervalo nele previsto às empregadas mulheres. O legislador, ao
inserir o art. 384 da CLT no capítulo de proteção ao trabalho da
O reclamante ataca, ainda, a determinação do primeiro grau para a mulher, levou em consideração a sua peculiar condição biossocial,
adoção do divisor 220 quando do cálculo das horas extras entendimento mantido pelo TST ao afastar a inconstitucionalidade
deferidas. Defende que a jornada contratual do reclamante era de do referido artigo. O Tribunal Regional, ao reformar a sentença e
40 horas semanais, tendo a reclamada, inclusive, desde 05/2013, estender o direito ao intervalo aos empregados do sexo masculino,
passado a adotar o divisor 200 para calcular as horas extras. tratou igualmente os desiguais, ferindo o princípio da isonomia.
Embora homens e mulheres sejam iguais em direitos e obrigações,
Sem razão o autor no ponto. suas diferenças psicossociais justificam o tratamento diferenciado
em alguns aspectos. Este Tribunal Superior pacificou seu
É que, uma vez fixada que a jornada regular do obreiro era de, no entendimento no sentido de que o direito ao intervalo do art. 384 da
máximo, oito horas diárias e 44 semanais (representando CLT se destina apenas às empregadas mulheres. Precedentes.
extraordinária toda aquela que ultrapassasse esse limite - conforme Recurso de revista conhecido e provido.(TST - RR:
fixado na sentença - ID. 4f5ba74 - Pág. 5), e não havendo recurso 19690220125090892, Relator: Delaíde Miranda Arantes, Data de
específico sobre essa fixação, correta a aplicação do divisor 220. Julgamento: 04/03/2015, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT
13/03/2015)
A jornada de 44h semanais é a jornada semanal máxima permitida

Dessa forma, é certa a receptividade do artigo 384 da CLT pela Do PIDV/ Multa de 40% FGTS/ Das Diferenças de FGTS/ Aviso
Constituição Federal, conquanto homens e mulheres, embora iguais Prévio Indenizado
em direitos e deveres, diferenciam-se em vários aspectos, em
especial no fisiológico. O juízo de origem indeferiu o pedido de pagamento de diferenças
por adesão ao PIDV, multa de 40% sobre o saldo do FGTS e aviso-
Recurso a que se nega provimento no ponto. prévio indenizado, razão pela qual se insubordinou o reclamante.
Do reflexo do pagamento das horas extras sobre a gratificação Sem razão.
de férias (percentual do ACT)
Registro, de plano, que a multa de 40% sobre o saldo do FGTS é
O autor reclama, ainda, que, quando houver incidência da devida quando há rescisão contratual sem justa causa do obreiro,
gratificação de férias, seja efetivado de acordo com o percentual como compensação pelo ato de dispensa praticado pelo
estabelecido no ACT (que prevê incidência de gratificação de férias empregador. Neste sentido é a previsão do artigo 18, § 1º, da Lei nº.
de 75%, sendo, portanto, norma mais benéfica). 8.036/90.
Assiste razão ao reclamante no ponto. Compulsando os autos verifico que esta não é a hipótese ocorrida
em relação ao autor, pois se vê que ele aderiu ao Plano de
O magistrado de piso, ao revisar a questão em sede de embargos Incentivo ao Desligamento Voluntário - PIDV lançado pela CHESF.
de declaração, assim se manifestou - ID. aa6997d - Pág. 1: Sublinho que a adesão ao PIDV é voluntária, ou seja, decorre de
ato espontâneo do empregado. Nesse diapasão realço que a
"Quanto ao adicional de férias, de fato, deferi as repercussões das rescisão contratual ocorreu a pedido do empregado.
horas extras nas férias com 1/3 e no item da equiparação salarial
determinei a observância do adicional contratual e na ausência de Vê-se, assim, não fazer jus, o reclamante, à multa sobre o saldo do
1/3. Contudo, eventual erro de julgamento desafia recurso FGTS e aviso-prévio indenizado, vez que a rescisão contratual não
ordinário." se operou por iniciativa do empregador. Ademais o obreiro sequer
alegou que sua adesão ao PIDV se deu com vício de vontade.
Ocorre que, de fato, há norma coletiva prevendo percentual mais
favorável ao obreiro (ver, por exemplo, a Cláusula 27ª, do ACT 2012 A jurisprudência pátria trilha no mesmo sentido:
-2013 - ID. 54689b8 - Pág. 10):
PLANO DE APOIO À APOSENTADORIA. VERBAS RESCISÓRIAS.
CLÁUSULA VIGÉSIMA SÉTIMA - GRATIFICAÇÃO DE FÉRIAS EQUIVALÊNCIA A PEDIDO DE DEMISSÃO. MULTA DE 40% DO
Fica estabelecido que a gratificação de férias das Empresas empregatício em virtude de adesão do trabalhador a plano de
Eletrobrás será de 75% (setenta e cinco por cento), ficando afastamento antecipado retira o direito ao pagamento de parcelas
garantidos os direitos adquiridos e os procedimentos adotados no devidas em virtude de despedida imotivada. Destarte, inexistindo
Acordo Coletivo de Trabalho - 2008/2009, Específico de cada nos autos qualquer discussão acerca de eventual vício de
empresa. consentimento no ato de adesão ao PAA, tem-se que o afastamento
do emprego resultou de ato voluntário da Autora, o que lhe retira o
Assim, por haver norma coletiva mais favorável ao empregado, direito ao percebimento da multa fundiária. Sentença mantida por
deve ser esta a aplicada no caso. seus próprios fundamentos. Improvido.(TRT 23ª 0001337-
79.2013.5.23.0009, Órgão Julgador: 1ª Turma-PJe, Publicado em:
Dou provimento, pois, ao recurso ordinário no ponto, para 23/06/2014, Relator: OSMAIR COUTO)
determinar, quando houver cálculos que utilizem a gratificação de
férias, seja calculado utilizando o percentual de 75% (setenta e AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO PELA
cinco por cento). RECLAMANTE. PRESCRIÇÃO BIENAL. ADESÃO A PLANO DE
INCETIVO À APOSENTADORIA. MULTA DE 40% DO FGTS. NÃO

PROVIMENTO. A egrégia Corte Regional consignou perda dos direitos às vantagens do PIDV em caso de aplicação de
expressamente que a rescisão contratual deu-se por adesão da penalidade de demissão. Referida alegação constitui, ainda,
autora ao PAA instituído pela reclamada, não havendo prova da inovação recursal, não ventilada em sede de exordial.
existência de coação na referida adesão. Ora, uma vez reconhecido
que não houve dispensa imotivada, por parte do empregador, mas Por todo exposto, nego provimento ao recurso no ponto.
sim adesão da empregada ao PAA, não há falar em despedida sem
justa causa e conseqüente projeção do aviso prévio. Assim, deve Da Participação nos Lucros e Resultados
ser mantida a decisão que extinguiu o processo com resolução do
mérito, ante a incidência da prescrição bienal, pois a rescisão Pugna, o recorrente, pelo pagamento proporcional a participação
contratual ocorreu em 30.04.2010, ao passo que a presente nos lucros e resultados da recorrida aos meses trabalhados
demanda foi ajuizada em 24.05.2012. Agravo de instrumento a que (aponta, o reclamante, que seu contrato de trabalho fora rescindido
se nega provimento. (AIRR-632-98.2012.5.04.0024, Relator em 10 de novembro de 2013; logo, o reclamante teria direito de
Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT receber o valor da PLR na proporção de 10/12), sob pena de violar
23/05/2014) o entendimento jurisprudencial 390 da SBDI-1.
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. Não assiste razão ao recorrente no ponto.
VERBAS RESCISÓRIAS. ADESÃO AO PLANO DE APOIO À
APOSENTADORIA - PAA. DISPENSA POR INICIATIVA DA Restou incontroverso dos autos o pagamento da parcela, uma vez
RECLAMANTE. O Regional consignou que o desligamento da que a própria reclamada acostou aos autos fichas financeiras que
reclamante ocorreu aproximadamente onze meses após a revelam o pagamento de verba sob a rubrica "PLR".
aposentadoria, e que não há nenhum indicativo de que tenha
ocorrido vício de consentimento quando da adesão ao plano de Ante a anexação dos comprovantes de pagamento pela reclamada,
apoio à aposentadoria. Diante do quadro fático delineado, caberia ao obreiro o ônus de comprovar o valor das diferenças
insuscetível de reexame nesta instância, nos termos da Súmula devidas, impugnando as fichas financeiras no ponto em que
126/TST, verifica-se que a decisão recorrida está em consonância achasse pertinente, a teor dos artigos 818 da CLT e 373 CPC.
com a jurisprudência desta Corte Superior, no sentido de que a
adesão a programa de incentivo a desligamento voluntário é Ante o exposto, nego provimento ao recurso no ponto.
incompatível com o pagamento de parcelas oriundas da dispensa
imotivada. Precedentes. Agravo de instrumento conhecido e não Da atualização dos créditos pelo IPCA.
provido. (AIRR-3100-92.2013.5.17.0006, Relatora Ministra: Dora
Maria da Costa, 8ª Turma, DEJT 21/02/2014). Pleiteia, o reclamante, a correção do índice de correção monetária
utilizado na sentença, alegando que deve ser utilizado o IPCA-E,
(...) ADESÃO AO PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. conforme decisão do Pleno do TST em 04/08/2015.
DISPENSA REQUERIDA PELO PRÓPRIO EMPREGADO. MULTA
DE 40% DO FGTS. Com efeito, nos termos do § 1º do art. 18 da Lei Sem razão.
nº 8.036/90, a multa de 40% sobre o FGTS é devida quando a
dispensa ocorrer por iniciativa do empregador e não houver justa Inicialmente, cabe destacar que, apesar da reforma da CLT (pela
causa para que assim proceda. Dessa forma, havendo expressa Lei 13.467/2017), ter inserido o §7º no art. 879 do referido diploma
manifestação de vontade do reclamante em se aposentar, tendo em legislativo, determinando a aplicação da TR (Taxa Referencial)
vista a sua adesão ao Plano de Demissão Voluntária, não é devida quando da atualização dos créditos decorrentes de condenação
a multa de 40% do FGTS. Precedentes. Recurso de revista judicial, observa-se que a presente reclamação fora proposta antes
conhecido e provido. (...) (RR-1155-18.2011.5.22.0001, Relator do início da vigência do novel texto legal. Atentando para o fato
Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, DEJT 19/12/2013) dessa alteração transcender a seara puramente processual
(impingindo efeitos dentro do âmbito da pretensão material), registro
Registre-se, por fim, que a cláusula 4.4.1. do termo de adesão ao que observar-se-á o regramento vigente à época da propositura da
PIDV não trata de multa por rescisão, mas sim da possibilidade de demanda, a saber, o art. 39 da Lei 8.177/91.

única"editada pelo CSJT em atenção a ordem nela contida, sem
Tomando por base, por sua vez, a prescrição do art. 39 da Lei prejuízo do regular trâmite da Ação Trabalhista nº. 0000479-
8.177/91, pode-se delimitar o objeto do presente questionamento 60.2011.5.04.0231, inclusive prazos recursais". 4. Nada obstante,
recursal: verificar se, de fato, a TR (Taxa Referencial) é o índice seguindo a jurisprudência consagrada no âmbito da própria
aplicável para a correção dos débitos trabalhistas determinados em Suprema Corte, a Segunda Turma do STF julgou improcedente
condenações judiciais. a Reclamação Constitucional nº 22012. Desse modo, viabilizada
a retomada dos debates voltados à adoção de critério
E, sobre a pendenga, já se manifestaram o TST (no julgamento do adequado para correção dos débitos trabalhistas, deve
AIRR-479-60.2011.5.04.0231) e o próprio STF (na análise da prevalecer a compreensão desta Corte, no sentido de que a
Reclamação 22.012), reconhecendo indevida a aplicação da TR aplicação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial
(Taxa Referencial) como índice de atualização dos débitos (IPCA-E), em detrimento da Taxa Referencial Diária (TRD), permite
trabalhistas fixados em sentença judicial, porquanto referido a justa e adequada atualização de débitos trabalhistas, não se
indexador não seria capaz de recompor/atualizar adequadamente o cogitando de desrespeito ao julgamento lavrado nas Ações
passivo trabalhista. No caso, o índice aplicável seria o IPCA-E. Diretas de Inconstitucionalidade 4.357 e 4.425.5. À luz dessas
considerações, impõe-se a adoção do IPCA-E para a atualização
Segue, abaixo, ementa de julgado do TST elucidativo sobre a dos créditos trabalhistas, não apenas sob a perspectiva da efetiva
controvérsia: recomposição do patrimônio dos credores trabalhistas, mas como
medida de estímulo efetivo ao cumprimento dos direitos sociais por
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA parte de devedores recalcitrantes, que se valem da Justiça do
REGIDO PELA LEI 13.015/2014. 1. CORREÇÃO MONETÁRIA Trabalho, lamentavelmente, para postergar indefinidamente suas
DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS. INCONSTITUCIONALIDADE obrigações. No caso, aplicado pelo Tribunal Regional o IPCA-E para
DO ARTIGO 39 DA LEI 8.177/91. SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA a atualização dos débitos trabalhistas, inviável a admissibilidade da
DECISÃO. ÍNDICE APLICÁVEL. IPCA-E. 1. Esta Colenda Corte, revista. (...) (TST - AIRR: 241534620165240066, Relator: Douglas
em julgamento plenário realizado no dia 04.08.2015, examinou a Alencar Rodrigues, Data de Julgamento: 13/12/2017, 5ª Turma,
Arguição de Inconstitucionalidade suscitada pela Egrégia 7ª Turma Data de Publicação: DEJT 15/12/2017) - grifos nossos.
pronunciou a inconstitucionalidade por arrastamento do artigo 39 da Ocorre que, no próprio julgamento dos embargos de declaração no
Lei da Lei 8.177/91, elegendo como fundamento a ratio decidendi AIRR-479-60.2011.5.04.0231, o TST já fixou o início da aplicação
exposta pela Excelsa Corte, no julgamento das ADIs 4.357, 4.372, deste entendimento (correção pelo IPCA) para períodos posteriores
4.400 e 4.425. 2. Ainda na mesma ocasião, determinou esta à 25/03/2015. No presente caso, tendo o autor trabalhado até
Colenda Corte a modulação dos efeitos da decisão, a fim de que os 08.11.2013 para a reclamada, deve ser aplicada a correção pela TR
créditos trabalhistas alvos de execuções judicias fossem corrigidos para os pleitos deferidos entre o limite do prazo prescricional
pelo IPCA-E a contar de 30 de junho de 2009 (data posteriormente (06.11.2010) e o fim do pacto laboral (08.11.2013), respeitando-se a
retificada para 25.3.2015, por ocasião do exame de embargos de modulação acima apontada.
declaração), observada, porém, a preservação das situações
jurídicas consolidadas resultantes dos pagamentos efetuados nos Pelo exposto, nego provimento ao recurso no ponto.
processos judiciais, em andamento ou extintos, em virtude dos
quais foi adimplida e extinta a obrigação, ainda que parcialmente, Honorários Advocatícios. Art. 404 do CC/2002.
sobretudo em decorrência da proteção ao ato jurídico perfeito
(artigos 5º, XXXVI, da Constituição e 6º da Lei de Introdução ao Pugna reforma da sentença quanto aos honorários advocatícios.
Direito Brasileiro - LIDB). 3. Em face da relevância da matéria e de Invoca o texto normativo do art. 404 do CC/2002 a fim de embasar
seus expressivos impactos econômicos, a Federação Nacional dos seu inconformismo.
Bancos (Fenaban) apresentou ao Excelso Supremo Tribunal
Federal a Reclamação Constitucional nº 22012, distribuída ao Sem razão, contudo.
Ministro Dias Toffoli, sobrevindo decisão deferitória de liminar, "para
suspender os efeitos da decisão reclamada e da"tabela A seara trabalhista possui regramento próprioacerca das hipóteses

de cabimento de condenação em honorários advocatícios, não
tendo o reclamante cumprido os requisitos necessários para tanto Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
(Súmula 219 c/c Súmula 329 do TST). O Tribunal Superior do fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
Trabalho pacificou o entendimento de que os arts. 389 e 404 do qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
Código Civil são inaplicáveis ao processo do trabalho. infraconstitucional, sendo desnecessária a menção expressa a cada
Colho a seguir arestos jurisprudenciais da lavra do C. TST:
INAPLICABILIDADE DOS ARTS. 389 E 404 DO CÓDIGO CIVIL. A
questão do deferimento dos honorários assistenciais no âmbito da
Justiça do Trabalho está pacificada por este Tribunal por meio da
Súmula n.º 219, cuja orientação foi mantida mesmo após a
promulgação da Constituição Federal de 1988, como confirma o
Verbete Sumular n.º 329. Impende registrar, por oportuno, que,
havendo norma específica quanto ao cabimento dos
honorários advocatícios na seara da Justiça do Trabalho, não
há de se aplicar a legislação civil, no caso, os arts. 389 e 404 do
Código Civil. Precedentes da Corte. Constatado que o Reclamante
não se encontra assistido por seu sindicato profissional, indevida é
a condenação aos honorários advocatícios. Recurso de Revista
parcialmente conhecido e provido. (TST - RR: 7402720135080107,
Relator: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 15/04/2015,
4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 17/04/2015)
PERDAS E DANOS. ARTS. 389 E 404 DO CÓDIGO CIVIL.
INAPLICABILIDADE 1. Na Justiça do Trabalho, a condenação ao
pagamento de honorários advocatícios, conforme diretriz perfilhada
na Súmula nº 219, I, do TST, não decorre pura e simplesmente da
sucumbência. Tal condenação exige a satisfação da assistência Conclusão
jurídica por sindicato da categoria profissional e da declaração de
hipossuficiência econômica. 2. O Tribunal Superior do Trabalho
pacificou o entendimento de que os arts. 389 e 404 do Código
Contraria a Súmula nº 219, I, do TST acórdão regional que defere
Recurso de revista da Reclamada de que se conhece e a que se dá
João Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 23/09/2015, 4ª Turma, Ante o exposto, preliminarmente, por ausência de interesse
Data de Publicação: DEJT 02/10/2015) recursal, em atuação de ofício, não conheço do recurso da
Diante do exposto, mantenho a sentença incólume neste ponto. gratuita. No mérito, nego provimento ao recurso patronal, ao
Recurso improvido. passo que dou provimento parcial ao recurso obreiro para
Do prequestionamento de férias, que referida gratificação de férias seja calcula utilizando o

percentual de 75% (setenta e cinco por cento). Ao acréscimo CERTIDÃO DE JULGAMENTO
condenatório, arbitro o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com
custas majoradas em R$ 40,00 (quarenta reais). Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi
preliminarmente, por ausência de interesse recursal, em atuação
de ofício, não conhecer do recurso da reclamada no tópico acerca
da concessão dos benefícios da justiça gratuita. No mérito, por
unanimidade, negar provimento ao recurso patronal, ao passo
quando do cálculo que utilize o percentual de adicional de férias,
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, preliminarmente, Certifico e dou fé.
conhecer do recurso da reclamada no tópico acerca da concessão Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018.
do cálculo que utilize o percentual de adicional de férias, que Vera Neuma de Moraes Leite
75% (setenta e cinco por cento). Ao acréscimo condenatório, arbitra Secretária da 1ª Turma

Acórdão
Processo Nº RO-0001657-81.2016.5.06.0144
RECORRENTE FEDEX BRASIL LOGISTICA E
TRANSPORTE LTDA
EMMT ADVOGADO URBANO VITALINO DE MELO
NETO(OAB: 17700/PE)
ADVOGADO ANNA CAROLINA BARROS CABRAL
DA SILVA(OAB: 26107/PE)

RECORRIDO HENRIQUE MARCIO DE SANTANA

ADVOGADO KASSIA TAMIRES GOMES DE
- FEDEX BRASIL LOGISTICA E TRANSPORTE LTDA
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. DIREITO INDIVIDUAL
DO TRABALHO. MOTORISTA VÍNCULO DE EMPREGO NÃO

PODER
RECONHECIDO. CONDIÇÃO DE TRANSPORTADOR
JUDICIÁRIO
AUTÔNOMO DE CARGAS DEMONSTRADA. Não se considera
empregado, nos termos dos artigos 2º e 3º da CLT, mas
transportador autônomo de bens, na forma das Leis n° 7.290/84 e
nº 11.442/17, a pessoa física que efetua fretes de mercadorias com
seu próprio veículo, arcando com todas as despesas de
manutenção e de combustível, sem se subordinar à direção dos

PROC. N.º TRT - 0001657-81.2016.5.06.0144 (RO) serviços por qualquer superior hierárquico. Recurso a que se dá
provimento.
Recorrente : FEDEX BRASIL LOGÍSTICA E TRANSPORTE
LTDA.
Recorrido : HENRIQUE MARCIO DE SANTANA
Advogados : Carla Elisangela Ferreira Alves Teixeira e Kassia
Tamires Gomes de Oliveira
Procedência : 4ª Vara do Trabalho de Jaboatão/PE
EMENTA
Vistos etc.

Trata-se de Recurso Ordinário interposto por FEDEX BRASIL fiscais do veículo. Afirma que o recorrido não provou qualquer vício
LOGÍSTICA E TRANSPORTE LTDA., de decisão proferida pelo no negócio firmado entre ele e a recorrente. Sustenta que, dos
Excelentíssimo Juiz da 4ª Vara do Trabalho de Jaboatão/PE, que, elementos colhidos nos autos, resta evidenciada a legalidade da
nos termos dos fundamentos de fls. 376/383, integrada pela decisão contratação. Afirma que o ônus probatório era do recorrido e não da
de fls. 400/403 julgou procedentes em parte os pedidos formulados recorrente. Argumenta que a única testemunha apresentada pelo
na ação trabalhista ajuizada por HENRIQUE MARCIO DE reclamante foi a que menos laborou para a reclamada, não tendo
SANTANA. condições de prestar informações acerca da relação contratual do
autor. Defende que não havia exclusividade na prestação de
Em razões recursais de fls. 409/445, pede a recorrente a declaração serviços que tampouco houve fiscalização e avaliação do
de nulidade da sentença recorrida, com a consequente remessa dos reclamante. Aponta que o próprio reclamante admite que recebia
autos à vara de origem, para reabertura da instrução processual e por entrega realizada. Afirma que o reclamante auferia lucro e que
ouvida da parte recorrida. Sustenta que o indeferimento do recebia ganhos médios superiores aos recebidos por motoristas
interrogatório pessoal do recorrido lhe causou inegável prejuízo, empregados. Afirma que não restou demonstrada a pessoalidade,
uma vez que restou inviabilizada a obtenção da confissão da parte uma vez que havia a possibilidade de o trabalhador se fazer
adversa. Afirma que, na oportunidade, lançou seus protestos. Aduz substituir, desde que o motorista fosse aprovado pela seguradora.
que a confissão é a rainha das provas. Sustenta que houve cerceio Destaca que a testemunha trazida pela recorrida demonstrou a
do direito de defesa e ofensa ao art. 5o, LV, da CRFB, bem como inexistência de pessoalidade na prestação de serviços. Aponta que
ao artigo 385 do CPC e 820 e 848 da CLT. Afirma que todas as o recorrido apenas recebia as mercadorias e os endereços para a
decisões devem ser fundamentadas e que a dispensa imotivada da entrega, não recebendo nenhuma ordem dos prepostos da
parte configura cerceamento do direito de defesa. Invoca a recorrente. Afirma que cabia ao recorrido gerenciar sua rotina de
aplicação do art. 385 do CPC, sustentando que, não obstante tenha trabalho. Afirma que também não restou demonstrada habitualidade
o juiz a faculdade de interrogar as partes, caso o magistrado não na prestação de serviços. Sustenta que, nas oportunidades em que
entenda necessário o depoimento destas, é atribuído às partes o não compareceu para retirar e fazer entregas, deixou de receber a
direito de inquirir seu adverso. Afirma que houve prejuízo respectiva remuneração. Afirma que a terceirização, no tocante à
processual no termos do art. 794 da CLT. Defende a nulidade contratação dos frotistas e transportadores rodoviários autônomos é
processual em virtude da rejeição da contradita suscitada em perfeitamente legal. Afirma que a terceirização tem como amparo as
audiência. Aduz que a testemunha apresentada pela parte adversa leis federais 7.290/84 e 11.442/07. Pede a improcedência da
carecia de isenção de ânimo para depor. Aponta que a mesma determinação de anotação da CTPS, bem como do pagamento das
testemunha tem atuado em outras demandas judiciais, tornando-se verbas rescisórias. Sucessivamente, pede a dedução das despesas
suspeita na presente lide. Alega que, na oportunidade, lançou seus pagas a título de frete. Informa que os valores pagos a título de frete
protestos. Pede a recorrente a suspensão do feito até o não podem ser utilizados como parâmetro para aferição de salário.
posicionamento do STF quanto ao tema. Alega que à hipótese se Requer que, acaso seja reconhecido o vínculo de emprego, seja
aplica a decisão proferida na ADC n 48. Aduz que o TRT da 6a fixado como salário o piso da categoria profissional de motorista da
Região vem decidindo pela suspensão de feitos idênticos. Assevera base territorial do recorrido ou o percentual de 10% dos fretes
que, por meio do ofício 3.851/2018, dirigido a este Regional, o efetuados. Pede a improcedência da determinação de pagamento
ministro Roberto Barroso noticiou a necessidade de aplicação da de FGTS e multa de 40%, destacando a inexistência do vínculo de
decisão cautelar deferida na ADC n 48. Pede que seja reconhecida emprego. Pede a improcedência da multa do art. 477 da CLT em
a inexistência de vínculo de emprego. Afirma que não restaram virtude da inexistência do vínculo de emprego. Pede a exclusão da
demonstrados os requisitos necessários ao reconhecimento do condenação ao pagamento de horas extras e repercussões,
vínculo de emprego. Afirma que o autor exercia suas atividades tão apontando a natureza autônoma da prestação dos serviços do
somente como um autentico transportador autônomo, nos moldes autor. Sucessivamente, pede que seja reconhecido que o autor
das Leis Federais 7.290/84 e 11.442/07. Aponta que o recorrido enquadra-se na exceção prevista no art. 62 da CLT, por ser
exercia as suas atividades mediante as inscrições na ANTT. Aduz trabalhador externo. De toda forma, salienta que não havia
que a relação entre as partes sempre foi de prestação de serviços. carregamento antes das 8h, bem como não ultrapassava às 17h.
Alega que o prestador assume o risco de seu empreendimento, Afirma, ainda, que geralmente não eram fechados contratos aos
correndo por sua conta a manutenção, combustível e despesas sábados, uma vez que, nesses dias, havia pouquíssimas entregas.

Sucessivamente, pugna pela aplicação do entendimento contido na com a consequente remessa dos autos à vara de origem, para
Súmula nº 340 do TST. Requer a compensação dos valores pagos reabertura da instrução processual e ouvida da parte recorrida.
a título de diárias. Pede que seja determinada a compensação do
valor excedente recebido de forma mensal a título de Sustenta que o indeferimento do interrogatório pessoal do recorrido
contraprestação comercial. Pugna pela desoneração da folha de lhe causou inegável prejuízo, uma vez que restou inviabilizada a
pagamento nos termos da Lei nº 12.546/12, apontando que esta obtenção da confissão da parte adversa. Afirma que, na
matéria é de ordem pública. oportunidade, lançou seus protestos. Aduz que a confissão é a
rainha das provas. Sustenta que houve cerceio do direito de defesa
O recorrido, apesar de devidamente notificado à fl. 506, não e ofensa ao art. 5o, LV, da CRFB, bem como ao artigo 385 do CPC
apresentou contrarrazões. e 820 e 848 da CLT. Afirma que todas as decisões devem ser
fundamentadas e que a dispensa imotivada da parte configura
Desnecessária a remessa dos presentes autos à Procuradoria cerceamento do direito de defesa. Invoca a aplicação do art. 385 do
Regional do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Regimento CPC, sustentando que, não obstante tenha o juiz a faculdade de
Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se interrogar as partes, caso o magistrado não entenda necessário o
pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por depoimento destas, é atribuído às partes o direito de inquirir seu
ocasião da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, adverso. Afirma que houve prejuízo processual no termos do art.
XIII e VII, da Lei Complementar n° 75 de 1993. 794 da CLT.
É o relatório. Vejamos.
VOTO: In casu, da análise da ata da audiência de instrução, verifica-se que,
de fato, o juízo de primeiro grau indeferiu a oitiva da parte autora,
PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE sob os protestos da demandada.
Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade (fl. No entanto, conforme ensinamento de Cleber Lúcio de Almeida,
404), representação processual (fl. 504) e preparo (fls. 446/448), nulidade é a consequência, estabelecida em lei, para a não
conheço do recurso. observância das condições necessárias para a regularidade do ato
processual. (ALMEIDA, 2006, p.437)
MÉRITO
Destarte, nulidade pode ser conceituada como uma sanção jurídica,
Considerações iniciais prevista em lei, que retira do ato processual sua eficácia, tendo em
vista o descumprimento das formalidades legais previstas para a
Apenas a título de esclarecimento, em virtude da entrada em vigor formação deste.
da Lei n. 13.467/17, em 11/11/2017, destaco que o autor iniciou sua
prestação de serviços em favor da ré em 01/09/2013, encerrando-a E, da análise da conduta do juízo a quo, verifica-se que não há que
em 05/01/2015, bem como que a sentença recorrida foi prolatada se falar na existência de nulidade processual.
em 20/07/2018.
Nos termos do art. 848 da CLT:
Feitas essas considerações, passo a apreciar o mérito do recurso
interposto pela demandada. "Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, podendo
o presidente, ex officio ou a requerimento de qualquer juiz
Da nulidade processual temporário, interrogar os litigantes.
Da dispensa da oitiva do reclamante § 1º - Findo o interrogatório, poderá qualquer dos litigantes retirar-
se, prosseguindo a instrução com o seu representante.
Pede a recorrente a declaração de nulidade da sentença recorrida,

§ 2º - Serão, a seguir, ouvidas as testemunhas, os peritos e os solução do presente litígio.
técnicos, se houver."
Inexistem, nos autos, portanto, qualquer razão para se rejeitar a
Não há que se falar, portanto, diante de ausência de omissão oitiva da testemunha ouvida em juízo.
quanto à matéria, de aplicação do art. 385 do CPC/15 à hipótese.
Destarte, ante os fundamentos acima expostos, verifica-se que
Nos termos do art. 370 do CPC/15, aplicável ao Direito Processual inexiste, na sentença recorrida, qualquer ofensa ao art. 5º, LV, da
do Trabalho, caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, CF/88, uma vez que foi devidamente garantido às partes o direito ao
determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito, cabendo contraditório e à ampla defesa, restando assegurado o devido
-lhe indeferir as diligências inúteis ou meramente protelatórias. processo legal.
Também, conforme norma contida no art. 765 da CLT, Os Juízos e Inexiste, ainda, ofensa aos arts. 794 e 795 da CLT, uma vez que,
Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo diante da inexistência de prejuízo processual, não há que se falar
e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar em nulidade dos atos praticados pelo juízo de origem.
qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.
Destarte, não há qualquer error in procedendoque enseje a
Destaque-se que, em relação à matéria, a jurisprudência do C. TST declaração de nulidade da sentença proferida pelo juízo de primeiro
é no sentido de que a dispensa do depoimento do reclamante não grau.
configura cerceamento do direito de defesa, pois, no Processo do
Trabalho, a oitiva das partes constitui faculdade do juiz, consoante o A possível existência de error in judicandoque possa resultar na
disposto no art. 848 da CLT. (TST - AIRR: 2453320155060312, reforma da sentença será analisado em tópico abaixo.
Relator: Kátia Magalhães Arruda, Data de Publicação: DEJT
19/06/2018) Dessa forma, rejeito as arguições de nulidade processual e passo a
análise das matérias devolvidas nas razões recursais.
Da rejeição da contradita
Da suspensão do feito
Defende a recorrente a nulidade processual em virtude da rejeição
da contradita suscitada em audiência. Pede a recorrente a suspensão do feito até o posicionamento do
STF quanto ao tema.
Aduz que a testemunha apresentada pela parte adversa carecia de
isenção de ânimo para depor. Aponta que a mesma testemunha Alega que, à hipótese, aplica-se a decisão proferida na ADC nº 48.
tem atuado em outras demandas judiciais, tornando-se suspeita na Aduz que o TRT da 6ª Região vem decidindo pela suspensão de
presente lide. Alega que, na oportunidade, lançou seus protestos. feitos idênticos. Assevera que, por meio do ofício 3.851/2018,
dirigido a este Regional, o ministro Roberto Barroso noticiou a
De fato, quando da realização da audiência de instrução, o juízo de necessidade de aplicação da decisão cautelar deferida na ADC nº
origem indeferiu a contradita suscitada pela parte reclamada 48.
apresentando os seguintes argumentos:
Sem razão.
"Rejeito a contradita, uma vez que não se pode presumir o interesse
no litígio pelo simples fato de a testemunha ter funcionado na Conforme destacado pelo juízo de origem, o caso presente
mesma qualidade em outros feitos. Protestos da reclamada." distancia-se da tese discutida naquela ação.
Não há qualquer nulidade a ser declarada. Isso porque, conforme razões contidas na sentença de embargos
declaratórios:
Isso porque não foi produzida qualquer prova no sentido de
demonstrar que a testemunha trazida a juízo possui interesse na "na presente reclamação trabalhista, a parte autora não aponta a

inconstitucionalidade da Lei nº 11.442/2007, nem tampouco faz
qualquer menção à impossibilidade de se terceirizar atividade-fim, Pois bem.
mas apenas sustenta estarem presentes os requisitos para a
caracterização da relação de emprego, nos moldes do artigo 3º da O vínculo de emprego, fundado no princípio da primazia da
CLT." realidade, emerge da prestação de serviços e independe de
contratação formal, consoante o texto do art. 442 da CLT.
Não há que se falar, portanto, em suspensão do presente feito.
Admitida a prestação dos serviços do autor, mas negada a
Nego provimento ao apelo. vinculação empregatícia, nos moldes do art. 3º da CLT, incumbe à
reclamada o ônus de prova das alegações, ex vidos artigos 818 da
Do vínculo de emprego CLT e 373, II, do NCPC, ônus do qual se desincumbiu a contento.
Pede a recorrente que seja reconhecida a inexistência de vínculo de Com efeito, não custa observar o que dispõe o art. 1º da Lei nº
emprego. Afirma que não restaram demonstrados os requisitos 7.290/84, segundo a qual se considera Transportador Autônomo a
necessários ao reconhecimento do vínculo de emprego. pessoa física proprietário ou co-proprietário de um só veículo, sem
vínculo empregatício, devidamente cadastrado em órgão disciplinar
Afirma que o autor exercia suas atividades tão somente como um competente, que, com o seu veículo, contrate serviço de transporte
autentico transportador autônomo, nos moldes das Leis Federais a frete, de carga ou de passageiro, em caráter eventual ou
7.290/84 e 11.442/07. continuado, com empresa de transporte rodoviário de bens, ou
diretamente com os usuários desse serviço.
Vejamos.
Da disposição legal, a primeira vista, a pessoa física, proprietária de
Postulou a parte autora, na petição inicial, o reconhecimento do um caminhão, que dirige o veículo e faz carretos para uma
vínculo de emprego com a demandada. empresa, após o atendimento de determinados requisitos formais,
está sob o abrigo da legislação civil. Somente não estará inserido
Narrou que laborou de 01/09/2013 a 05/01/2015 como motorista, na esfera civil se tiver mantido vínculo empregatício com a empresa
realizando coleta e entrega de mercadorias. de transporte rodoviário de bens, ou, diretamente, com os usuários
desse serviço.
Apontou que desenvolveu suas atividades de forma pessoal e
subordinada, percebendo o valor fixo de R$ 110,00 por dia. É evidente que se está diante de relação situada no que a doutrina
convencionou chamar de "zona grise" .
Alegou que recebia ordens dos funcionários da empresa reclamada,
a qual indicava os roteiros diários de entregas. Verifica-se, inicialmente, a presença dos requisitos formais
caracterizadores do trabalho autônomo.
Afirmou que tinha obrigação de chegar no horário estabelecido pela
empresa e que, além de ter rota fixa, era fiscalizado por meio de Os pagamentos eram realizados por meio de pagamento dos fretes,
ligações telefônicas e GPS. conforme documentos juntados aos autos (fls. 12/33), os quais
demonstram, inclusive, a variabilidade dos valores pagos.
A demandada, por seu turno, em sede de contestação, alegou a
inexistência do vínculo de emprego com autor, apontando que este Da análise de tais recibos de pagamento, é possível extrair que não
lhe prestou serviços como transportador autônomo nos moldes das se encontra presente o requisito da não eventualidade.
leis 7.290/84 e 11.442/07.
Isso porque, no período que vai de 21/02/2014 a 05/03/2014, o
Afirmou que restaram atendidas todas as exigências previstas na lei reclamante apenas prestou serviços nos dias 21/02, 24/02, 25/02,
nº 11.442/07: utilização de veículo próprio e inscrição na ANTT 26/02, 27/02 e 28/02, apenas percebendo pelos dias efetivamente
RNTRC. trabalhados.

define a hora que para para almoço; QUE isso acontece com todos
Ademais, o depoimento da testemunha da reclamada foi bastante os motoristas; QUE o Sr(s). Gerailton era quem entregava as rotas
clara quanto à inexistência de elementos indicativos da presença do aos motoristas; QUE questionado sobre a firmação anterior de que
vínculo, principalmente no que diz respeito ao requisito da não havia rotas mas que apenas a reclamada carregava o veículo,
pessoalidade, consoante se observa do trecho abaixo: afirmou agora que eram entregues as rotas de entregas; QUE já
trabalhou em todos os setores; QUE o setor que o reclamante atuou
"Que trabalha na reclamada desde 2006 ou 2008, como motorista; foi distribuição; QUE antigamente recebia em cheque o pagamento;
QUE sua CTPS não é assinada; QUE não assinou nenhum contrato QUE atualmente recebe pagamento através do cartão da
com a empresa reclamada; QUE tinha um amigo que trabalhava na seguradora; QUE quando por exemplo so clientes da FRIGELAR ou
empresa que falou sobre a atividade e ele depoente levou seu CLIMA RIO não têm veiculo para levar os produtos e ele depoente é
veiculo e se cadastrou; QUE recebe por quinzena da reclamada; acionado para fazer esse frete, manda um de seus veiculos para
QUE ele depoente possui 5 veículos; QUE dirige 1 veículo; QUE os essa atividade; QUE na maior parte das vezes não mistura os
motoristas que atuam para o depoente são os mesmos; QUE pode produtos da reclamada com os dessas empresas; QUE termina a
até trocar um motorista de um veiculo desde que ele seja atividade para um para fazer para o outro contratante."
cadastrado na reclamada; QUE em cada setor existe um
responsável da reclamada por organizar as atividades dos Conclui-se, dos termos do depoimento, coadunado ao restante da
motoristas; QUE a reclamada separa a carga para ser colocada no prova documental juntada nos autos, que o reclamante prestou
veiculo e o motorista é quem define o roteiro que vai fazer nas serviços de transporte de mercadorias à reclamada, por meio de
entregas daquelas cargas; QUE o veiculo tem que ter rastreador contrato autônomo de prestação de serviços, contando, inclusive,
para atuar na reclamada; QUE o motorista compra o rastreador com ANTT, ou seja, autorização para o transporte de mercadorias,
para colocar no veículo e o sinal é custeado pela empresa na forma da Lei nº 7.290/84.
reclamada; QUE qualquer parada no veiculo tem que ser registrada
no sistema do rastreador se não há o bloqueio do veiculo; QUE Observe-se que, apesar de o cadastro no Registro Nacional dos
acredita que a central dos rastreamentos fica na reclamada; QUE o Transportadores de Cargos não ser suficiente para elidir o vínculo, o
encarregado do setor da reclamada pode ligar para o motorista ao desempenho das funções em seu próprio caminhão e a assunção
longo da prestação de serviços para dar prioridade a uma entrega, das despesas com combustível, rastreador e seguro de mercadorias
por exemplo; QUE se tiver entregado todos os produtos pode dar se somam aos outros elementos dos autos para afastar a incidência
baixa por telefone sem precisar retornar para a empresa ao final do do art. 3° da CLT.
dia; QUE se tiver algum produto com retorno deve retornar para a
empresa; QUE normalmente chegam às 07h para carregar; QUE no Resta demonstrado, assim, que a prestação de trabalho não se deu
máximo 08h30 sai para fazer as entregas; QUE geralmente encerra com subordinação, porque, inequivocamente, ele gozava de
as entregas por volta das 16h/17h; QUE as entregas são feitas de autonomia na realização do seu trabalho e arcava com os riscos do
segunda-feira a sábado e nem sempre tem entrega no sábado; negócio, efetuando a entrega das mercadorias comercializadas pela
QUE em residencia pode entregar clientes após as 17h até as reclamada, em veículo de sua propriedade, e desta percebendo
18h/18h30; QUE fez um cadastro na reclamada, teve que fazer apenas os valores relativos aos fretes realizados. Não há sequer
um cartão de seguro da mercadoria e quando foi liberado indícios de que a reclamada exercesse qualquer controle ou
começou a prestação de serviços; QUE tem cadastro na ANTT fiscalização da prestação de serviços do reclamante. Salientando-se
como transportador autônomo; QUE exibiu em mesa sua carteira que a existência de rota de entrega pré-estabelecida, ou de horário
com o cadastro, tendo como registro o número 044688168; QUE para carregar os veículos, não descaracterizam o trabalho
pode prestar serviços para outras empresas e ele depoente presta autônomo.
serviços com os mesmos veículos para as empresas FRIGELAR e
CLIMA RIO; QUE acredita que todos os motoristas contratados da Encontra-se evidenciada a ausência da subordinação na relação
mesma forma podem prestar serviços a outras transportadoras; jurídica travada entre os litigantes, ressaltando-se que a contratante
QUE não se recorda de outro motorista que realiza atividades para tem o direito de exigir a adoção de certos procedimentos visando à
outros clientes; QUE não há funcionário da reclamada controlando o uniformidade de atuação de seus prestadores de serviços,
seu horário de chegada e saída para prestar as atividades; QUE especificamente, no caso, de seus motoristas entregadores,

inserindo-se, ademais, tais determinações, por conclusão lógica,
nos deveres do contratado. Não são, pois, elementos indicativos do
traço de subordinação, ínsito ao liame de emprego. Ante o exposto:
Ainda que o serviço prestado atendesse às necessidades normais I - REJEITO as arguições de nulidade processual.
e, até mesmo, permanentes da empresa reclamada, não estão
preenchidos os supostos caracterizadores da relação de emprego. II - DOU PROVIMENTO ao Recurso Ordinário, para, reformando a
Entende-se, portanto, que a relação mantida entre as partes limita- sentença proferida pelo juízo de primeiro grau, julgar improcedentes
se ao conteúdo do contrato de transportes, e o trabalho prestado os pleitos formulados na petição inicial.
pelo reclamante à reclamada de caráter nitidamente comercial, tal
como sustenta a defesa. Custas invertidas, pela parte autora, no valor de R$ 800,00,
calculadas sobre o valor da causa, porém dispensadas, uma vez
Portanto, verifica-se que a prestação de serviços, ainda que que o reclamante é beneficiário da justiça gratuita.
objetivamente inserida na atividade econômica da reclamada, não o
foi de forma subordinada subjetivamente, na medida em que o labor Tudo nos termos e limites da fundamentação supra.
desenvolvido o foi por conta própria, numa relação de terceirização
usual no ramo dos transportes.
Ante o exposto, dou provimento ao apelo, para, reformando a
sentença, julgar improcedentes os pleitos formulados na petição
inicial, restando prejudicados os demais pleitos recursais.
Prequestionamento
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, I - REJEITAR as
arguições de nulidade processual. II - por unanimidade, DAR
PROVIMENTO ao Recurso Ordinário, para, reformando a sentença
proferida pelo juízo de primeiro grau, julgar improcedentes os pleitos
formulados na petição inicial. Custas invertidas, pela parte autora,
Conclusão no valor de R$ 800,00, calculadas sobre o valor da causa, porém
dispensadas, uma vez que o reclamante é beneficiário da justiça
gratuita. Tudo nos termos e limites da fundamentação supra.

Acórdão
Processo Nº RO-0001657-81.2016.5.06.0144
SERGIO TORRES TEIXEIRA Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
RECORRENTE FEDEX BRASIL LOGISTICA E
TRANSPORTE LTDA
Desembargador Relator ADVOGADO URBANO VITALINO DE MELO
NETO(OAB: 17700/PE)
EMMT ALVES TEIXEIRA(OAB: 18855/PE)
ADVOGADO ANNA CAROLINA BARROS CABRAL
RECORRIDO HENRIQUE MARCIO DE SANTANA
ADVOGADO KASSIA TAMIRES GOMES DE
- HENRIQUE MARCIO DE SANTANA
SERGIO TORRES TEIXEIRA (Relator), com a presença do PODER
Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pela JUDICIÁRIO
REJEITAR as arguições de nulidade processual. II - por
unanimidade, DAR PROVIMENTO ao Recurso Ordinário, para,

PROC. N.º TRT - 0001657-81.2016.5.06.0144 (RO)
reformando a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau, julgar
improcedentes os pleitos formulados na petição inicial. Custas

invertidas, pela parte autora, no valor de R$ 800,00, calculadas
sobre o valor da causa, porém dispensadas, uma vez que o

reclamante é beneficiário da justiça gratuita. Tudo nos termos e
limites da fundamentação supra.

Recorrente : FEDEX BRASIL LOGÍSTICA E TRANSPORTE
LTDA.
Recorrido : HENRIQUE MARCIO DE SANTANA

Advogados : Carla Elisangela Ferreira Alves Teixeira e Kassia
Tamires Gomes de Oliveira

Procedência : 4ª Vara do Trabalho de Jaboatão/PE

EMENTA
Vistos etc.
Trata-se de Recurso Ordinário interposto por FEDEX BRASIL
LOGÍSTICA E TRANSPORTE LTDA., de decisão proferida pelo
Excelentíssimo Juiz da 4ª Vara do Trabalho de Jaboatão/PE, que,
nos termos dos fundamentos de fls. 376/383, integrada pela decisão
de fls. 400/403 julgou procedentes em parte os pedidos formulados
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. DIREITO INDIVIDUAL na ação trabalhista ajuizada por HENRIQUE MARCIO DE
DO TRABALHO. MOTORISTA VÍNCULO DE EMPREGO NÃO SANTANA.
RECONHECIDO. CONDIÇÃO DE TRANSPORTADOR
AUTÔNOMO DE CARGAS DEMONSTRADA. Não se considera Em razões recursais de fls. 409/445, pede a recorrente a declaração
empregado, nos termos dos artigos 2º e 3º da CLT, mas de nulidade da sentença recorrida, com a consequente remessa dos
transportador autônomo de bens, na forma das Leis n° 7.290/84 e autos à vara de origem, para reabertura da instrução processual e
nº 11.442/17, a pessoa física que efetua fretes de mercadorias com ouvida da parte recorrida. Sustenta que o indeferimento do
seu próprio veículo, arcando com todas as despesas de interrogatório pessoal do recorrido lhe causou inegável prejuízo,
manutenção e de combustível, sem se subordinar à direção dos uma vez que restou inviabilizada a obtenção da confissão da parte
serviços por qualquer superior hierárquico. Recurso a que se dá adversa. Afirma que, na oportunidade, lançou seus protestos. Aduz
provimento. que a confissão é a rainha das provas. Sustenta que houve cerceio
do direito de defesa e ofensa ao art. 5o, LV, da CRFB, bem como
ao artigo 385 do CPC e 820 e 848 da CLT. Afirma que todas as
decisões devem ser fundamentadas e que a dispensa imotivada da
parte configura cerceamento do direito de defesa. Invoca a
aplicação do art. 385 do CPC, sustentando que, não obstante tenha
o juiz a faculdade de interrogar as partes, caso o magistrado não
entenda necessário o depoimento destas, é atribuído às partes o
direito de inquirir seu adverso. Afirma que houve prejuízo
processual no termos do art. 794 da CLT. Defende a nulidade
processual em virtude da rejeição da contradita suscitada em
audiência. Aduz que a testemunha apresentada pela parte adversa
carecia de isenção de ânimo para depor. Aponta que a mesma
testemunha tem atuado em outras demandas judiciais, tornando-se
suspeita na presente lide. Alega que, na oportunidade, lançou seus
protestos. Pede a recorrente a suspensão do feito até o
posicionamento do STF quanto ao tema. Alega que à hipótese se
aplica a decisão proferida na ADC n 48. Aduz que o TRT da 6a
Região vem decidindo pela suspensão de feitos idênticos. Assevera
que, por meio do ofício 3.851/2018, dirigido a este Regional, o
ministro Roberto Barroso noticiou a necessidade de aplicação da
decisão cautelar deferida na ADC n 48. Pede que seja reconhecida
a inexistência de vínculo de emprego. Afirma que não restaram
demonstrados os requisitos necessários ao reconhecimento do

vínculo de emprego. Afirma que o autor exercia suas atividades tão apontando a natureza autônoma da prestação dos serviços do
somente como um autentico transportador autônomo, nos moldes autor. Sucessivamente, pede que seja reconhecido que o autor
das Leis Federais 7.290/84 e 11.442/07. Aponta que o recorrido enquadra-se na exceção prevista no art. 62 da CLT, por ser
exercia as suas atividades mediante as inscrições na ANTT. Aduz trabalhador externo. De toda forma, salienta que não havia
que a relação entre as partes sempre foi de prestação de serviços. carregamento antes das 8h, bem como não ultrapassava às 17h.
Alega que o prestador assume o risco de seu empreendimento, Afirma, ainda, que geralmente não eram fechados contratos aos
correndo por sua conta a manutenção, combustível e despesas sábados, uma vez que, nesses dias, havia pouquíssimas entregas.
fiscais do veículo. Afirma que o recorrido não provou qualquer vício Sucessivamente, pugna pela aplicação do entendimento contido na
no negócio firmado entre ele e a recorrente. Sustenta que, dos Súmula nº 340 do TST. Requer a compensação dos valores pagos
elementos colhidos nos autos, resta evidenciada a legalidade da a título de diárias. Pede que seja determinada a compensação do
contratação. Afirma que o ônus probatório era do recorrido e não da valor excedente recebido de forma mensal a título de
recorrente. Argumenta que a única testemunha apresentada pelo contraprestação comercial. Pugna pela desoneração da folha de
reclamante foi a que menos laborou para a reclamada, não tendo pagamento nos termos da Lei nº 12.546/12, apontando que esta
condições de prestar informações acerca da relação contratual do matéria é de ordem pública.
autor. Defende que não havia exclusividade na prestação de
serviços que tampouco houve fiscalização e avaliação do O recorrido, apesar de devidamente notificado à fl. 506, não
reclamante. Aponta que o próprio reclamante admite que recebia apresentou contrarrazões.
por entrega realizada. Afirma que o reclamante auferia lucro e que
recebia ganhos médios superiores aos recebidos por motoristas Desnecessária a remessa dos presentes autos à Procuradoria
empregados. Afirma que não restou demonstrada a pessoalidade, Regional do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Regimento
uma vez que havia a possibilidade de o trabalhador se fazer Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se
substituir, desde que o motorista fosse aprovado pela seguradora. pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por
Destaca que a testemunha trazida pela recorrida demonstrou a ocasião da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II,
inexistência de pessoalidade na prestação de serviços. Aponta que XIII e VII, da Lei Complementar n° 75 de 1993.
o recorrido apenas recebia as mercadorias e os endereços para a
entrega, não recebendo nenhuma ordem dos prepostos da É o relatório.
recorrente. Afirma que cabia ao recorrido gerenciar sua rotina de
trabalho. Afirma que também não restou demonstrada habitualidade VOTO:
na prestação de serviços. Sustenta que, nas oportunidades em que
não compareceu para retirar e fazer entregas, deixou de receber a PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE
respectiva remuneração. Afirma que a terceirização, no tocante à
contratação dos frotistas e transportadores rodoviários autônomos é Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade (fl.
perfeitamente legal. Afirma que a terceirização tem como amparo as 404), representação processual (fl. 504) e preparo (fls. 446/448),
leis federais 7.290/84 e 11.442/07. Pede a improcedência da conheço do recurso.
determinação de anotação da CTPS, bem como do pagamento das
verbas rescisórias. Sucessivamente, pede a dedução das despesas MÉRITO
pagas a título de frete. Informa que os valores pagos a título de frete
não podem ser utilizados como parâmetro para aferição de salário. Considerações iniciais
Requer que, acaso seja reconhecido o vínculo de emprego, seja
fixado como salário o piso da categoria profissional de motorista da Apenas a título de esclarecimento, em virtude da entrada em vigor
base territorial do recorrido ou o percentual de 10% dos fretes da Lei n. 13.467/17, em 11/11/2017, destaco que o autor iniciou sua
efetuados. Pede a improcedência da determinação de pagamento prestação de serviços em favor da ré em 01/09/2013, encerrando-a
de FGTS e multa de 40%, destacando a inexistência do vínculo de em 05/01/2015, bem como que a sentença recorrida foi prolatada
emprego. Pede a improcedência da multa do art. 477 da CLT em em 20/07/2018.
virtude da inexistência do vínculo de emprego. Pede a exclusão da
condenação ao pagamento de horas extras e repercussões, Feitas essas considerações, passo a apreciar o mérito do recurso

interposto pela demandada. "Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, podendo
o presidente, ex officio ou a requerimento de qualquer juiz
Da nulidade processual temporário, interrogar os litigantes.
Da dispensa da oitiva do reclamante § 1º - Findo o interrogatório, poderá qualquer dos litigantes retirar-
se, prosseguindo a instrução com o seu representante.
Pede a recorrente a declaração de nulidade da sentença recorrida,
com a consequente remessa dos autos à vara de origem, para § 2º - Serão, a seguir, ouvidas as testemunhas, os peritos e os
reabertura da instrução processual e ouvida da parte recorrida. técnicos, se houver."
Sustenta que o indeferimento do interrogatório pessoal do recorrido Não há que se falar, portanto, diante de ausência de omissão
lhe causou inegável prejuízo, uma vez que restou inviabilizada a quanto à matéria, de aplicação do art. 385 do CPC/15 à hipótese.
obtenção da confissão da parte adversa. Afirma que, na
oportunidade, lançou seus protestos. Aduz que a confissão é a Nos termos do art. 370 do CPC/15, aplicável ao Direito Processual
rainha das provas. Sustenta que houve cerceio do direito de defesa do Trabalho, caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte,
e ofensa ao art. 5o, LV, da CRFB, bem como ao artigo 385 do CPC determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito, cabendo
e 820 e 848 da CLT. Afirma que todas as decisões devem ser -lhe indeferir as diligências inúteis ou meramente protelatórias.
fundamentadas e que a dispensa imotivada da parte configura
cerceamento do direito de defesa. Invoca a aplicação do art. 385 do Também, conforme norma contida no art. 765 da CLT, Os Juízos e
CPC, sustentando que, não obstante tenha o juiz a faculdade de Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo
interrogar as partes, caso o magistrado não entenda necessário o e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar
depoimento destas, é atribuído às partes o direito de inquirir seu qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.
adverso. Afirma que houve prejuízo processual no termos do art.
794 da CLT. Destaque-se que, em relação à matéria, a jurisprudência do C. TST
é no sentido de que a dispensa do depoimento do reclamante não
Vejamos. configura cerceamento do direito de defesa, pois, no Processo do
Trabalho, a oitiva das partes constitui faculdade do juiz, consoante o
In casu, da análise da ata da audiência de instrução, verifica-se que, disposto no art. 848 da CLT. (TST - AIRR: 2453320155060312,
de fato, o juízo de primeiro grau indeferiu a oitiva da parte autora, Relator: Kátia Magalhães Arruda, Data de Publicação: DEJT
sob os protestos da demandada. 19/06/2018)
No entanto, conforme ensinamento de Cleber Lúcio de Almeida, Da rejeição da contradita
nulidade é a consequência, estabelecida em lei, para a não
observância das condições necessárias para a regularidade do ato Defende a recorrente a nulidade processual em virtude da rejeição
processual. (ALMEIDA, 2006, p.437) da contradita suscitada em audiência.
Destarte, nulidade pode ser conceituada como uma sanção jurídica, Aduz que a testemunha apresentada pela parte adversa carecia de
prevista em lei, que retira do ato processual sua eficácia, tendo em isenção de ânimo para depor. Aponta que a mesma testemunha
vista o descumprimento das formalidades legais previstas para a tem atuado em outras demandas judiciais, tornando-se suspeita na
formação deste. presente lide. Alega que, na oportunidade, lançou seus protestos.
E, da análise da conduta do juízo a quo, verifica-se que não há que De fato, quando da realização da audiência de instrução, o juízo de
se falar na existência de nulidade processual. origem indeferiu a contradita suscitada pela parte reclamada
apresentando os seguintes argumentos:
Nos termos do art. 848 da CLT:
"Rejeito a contradita, uma vez que não se pode presumir o interesse

no litígio pelo simples fato de a testemunha ter funcionado na Conforme destacado pelo juízo de origem, o caso presente
mesma qualidade em outros feitos. Protestos da reclamada." distancia-se da tese discutida naquela ação.
Não há qualquer nulidade a ser declarada. Isso porque, conforme razões contidas na sentença de embargos
declaratórios:
Isso porque não foi produzida qualquer prova no sentido de
demonstrar que a testemunha trazida a juízo possui interesse na "na presente reclamação trabalhista, a parte autora não aponta a
solução do presente litígio. inconstitucionalidade da Lei nº 11.442/2007, nem tampouco faz
qualquer menção à impossibilidade de se terceirizar atividade-fim,
Inexistem, nos autos, portanto, qualquer razão para se rejeitar a mas apenas sustenta estarem presentes os requisitos para a
oitiva da testemunha ouvida em juízo. caracterização da relação de emprego, nos moldes do artigo 3º da
CLT."
Destarte, ante os fundamentos acima expostos, verifica-se que
inexiste, na sentença recorrida, qualquer ofensa ao art. 5º, LV, da Não há que se falar, portanto, em suspensão do presente feito.
CF/88, uma vez que foi devidamente garantido às partes o direito ao
contraditório e à ampla defesa, restando assegurado o devido Nego provimento ao apelo.
processo legal.
Do vínculo de emprego
Inexiste, ainda, ofensa aos arts. 794 e 795 da CLT, uma vez que,
diante da inexistência de prejuízo processual, não há que se falar Pede a recorrente que seja reconhecida a inexistência de vínculo de
em nulidade dos atos praticados pelo juízo de origem. emprego. Afirma que não restaram demonstrados os requisitos
necessários ao reconhecimento do vínculo de emprego.
Destarte, não há qualquer error in procedendoque enseje a
declaração de nulidade da sentença proferida pelo juízo de primeiro Afirma que o autor exercia suas atividades tão somente como um
grau. autentico transportador autônomo, nos moldes das Leis Federais
7.290/84 e 11.442/07.
A possível existência de error in judicandoque possa resultar na
reforma da sentença será analisado em tópico abaixo. Vejamos.
Dessa forma, rejeito as arguições de nulidade processual e passo a Postulou a parte autora, na petição inicial, o reconhecimento do
análise das matérias devolvidas nas razões recursais. vínculo de emprego com a demandada.
Da suspensão do feito Narrou que laborou de 01/09/2013 a 05/01/2015 como motorista,
realizando coleta e entrega de mercadorias.
Pede a recorrente a suspensão do feito até o posicionamento do
STF quanto ao tema. Apontou que desenvolveu suas atividades de forma pessoal e
subordinada, percebendo o valor fixo de R$ 110,00 por dia.
Alega que, à hipótese, aplica-se a decisão proferida na ADC nº 48.
Aduz que o TRT da 6ª Região vem decidindo pela suspensão de Alegou que recebia ordens dos funcionários da empresa reclamada,
feitos idênticos. Assevera que, por meio do ofício 3.851/2018, a qual indicava os roteiros diários de entregas.
dirigido a este Regional, o ministro Roberto Barroso noticiou a
necessidade de aplicação da decisão cautelar deferida na ADC nº Afirmou que tinha obrigação de chegar no horário estabelecido pela
48. empresa e que, além de ter rota fixa, era fiscalizado por meio de
ligações telefônicas e GPS.
Sem razão.
A demandada, por seu turno, em sede de contestação, alegou a

inexistência do vínculo de emprego com autor, apontando que este Da análise de tais recibos de pagamento, é possível extrair que não
lhe prestou serviços como transportador autônomo nos moldes das se encontra presente o requisito da não eventualidade.
leis 7.290/84 e 11.442/07.
Isso porque, no período que vai de 21/02/2014 a 05/03/2014, o
Afirmou que restaram atendidas todas as exigências previstas na lei reclamante apenas prestou serviços nos dias 21/02, 24/02, 25/02,
nº 11.442/07: utilização de veículo próprio e inscrição na ANTT 26/02, 27/02 e 28/02, apenas percebendo pelos dias efetivamente
RNTRC. trabalhados.
Pois bem. Ademais, o depoimento da testemunha da reclamada foi bastante
clara quanto à inexistência de elementos indicativos da presença do
O vínculo de emprego, fundado no princípio da primazia da vínculo, principalmente no que diz respeito ao requisito da
realidade, emerge da prestação de serviços e independe de pessoalidade, consoante se observa do trecho abaixo:
contratação formal, consoante o texto do art. 442 da CLT.
"Que trabalha na reclamada desde 2006 ou 2008, como motorista;
Admitida a prestação dos serviços do autor, mas negada a QUE sua CTPS não é assinada; QUE não assinou nenhum contrato
vinculação empregatícia, nos moldes do art. 3º da CLT, incumbe à com a empresa reclamada; QUE tinha um amigo que trabalhava na
reclamada o ônus de prova das alegações, ex vidos artigos 818 da empresa que falou sobre a atividade e ele depoente levou seu
CLT e 373, II, do NCPC, ônus do qual se desincumbiu a contento. veiculo e se cadastrou; QUE recebe por quinzena da reclamada;
QUE ele depoente possui 5 veículos; QUE dirige 1 veículo; QUE os
Com efeito, não custa observar o que dispõe o art. 1º da Lei nº motoristas que atuam para o depoente são os mesmos; QUE pode
7.290/84, segundo a qual se considera Transportador Autônomo a até trocar um motorista de um veiculo desde que ele seja
pessoa física proprietário ou co-proprietário de um só veículo, sem cadastrado na reclamada; QUE em cada setor existe um
vínculo empregatício, devidamente cadastrado em órgão disciplinar responsável da reclamada por organizar as atividades dos
competente, que, com o seu veículo, contrate serviço de transporte motoristas; QUE a reclamada separa a carga para ser colocada no
a frete, de carga ou de passageiro, em caráter eventual ou veiculo e o motorista é quem define o roteiro que vai fazer nas
continuado, com empresa de transporte rodoviário de bens, ou entregas daquelas cargas; QUE o veiculo tem que ter rastreador
diretamente com os usuários desse serviço. para atuar na reclamada; QUE o motorista compra o rastreador
para colocar no veículo e o sinal é custeado pela empresa
Da disposição legal, a primeira vista, a pessoa física, proprietária de reclamada; QUE qualquer parada no veiculo tem que ser registrada
um caminhão, que dirige o veículo e faz carretos para uma no sistema do rastreador se não há o bloqueio do veiculo; QUE
empresa, após o atendimento de determinados requisitos formais, acredita que a central dos rastreamentos fica na reclamada; QUE o
está sob o abrigo da legislação civil. Somente não estará inserido encarregado do setor da reclamada pode ligar para o motorista ao
na esfera civil se tiver mantido vínculo empregatício com a empresa longo da prestação de serviços para dar prioridade a uma entrega,
de transporte rodoviário de bens, ou, diretamente, com os usuários por exemplo; QUE se tiver entregado todos os produtos pode dar
desse serviço. baixa por telefone sem precisar retornar para a empresa ao final do
dia; QUE se tiver algum produto com retorno deve retornar para a
É evidente que se está diante de relação situada no que a doutrina empresa; QUE normalmente chegam às 07h para carregar; QUE no
convencionou chamar de "zona grise" . máximo 08h30 sai para fazer as entregas; QUE geralmente encerra
as entregas por volta das 16h/17h; QUE as entregas são feitas de
Verifica-se, inicialmente, a presença dos requisitos formais segunda-feira a sábado e nem sempre tem entrega no sábado;
caracterizadores do trabalho autônomo. QUE em residencia pode entregar clientes após as 17h até as
18h/18h30; QUE fez um cadastro na reclamada, teve que fazer
Os pagamentos eram realizados por meio de pagamento dos fretes, um cartão de seguro da mercadoria e quando foi liberado
conforme documentos juntados aos autos (fls. 12/33), os quais começou a prestação de serviços; QUE tem cadastro na ANTT
demonstram, inclusive, a variabilidade dos valores pagos. como transportador autônomo; QUE exibiu em mesa sua carteira
com o cadastro, tendo como registro o número 044688168; QUE

pode prestar serviços para outras empresas e ele depoente presta autônomo.
serviços com os mesmos veículos para as empresas FRIGELAR e
CLIMA RIO; QUE acredita que todos os motoristas contratados da Encontra-se evidenciada a ausência da subordinação na relação
mesma forma podem prestar serviços a outras transportadoras; jurídica travada entre os litigantes, ressaltando-se que a contratante
QUE não se recorda de outro motorista que realiza atividades para tem o direito de exigir a adoção de certos procedimentos visando à
outros clientes; QUE não há funcionário da reclamada controlando o uniformidade de atuação de seus prestadores de serviços,
seu horário de chegada e saída para prestar as atividades; QUE especificamente, no caso, de seus motoristas entregadores,
define a hora que para para almoço; QUE isso acontece com todos inserindo-se, ademais, tais determinações, por conclusão lógica,
os motoristas; QUE o Sr(s). Gerailton era quem entregava as rotas nos deveres do contratado. Não são, pois, elementos indicativos do
aos motoristas; QUE questionado sobre a firmação anterior de que traço de subordinação, ínsito ao liame de emprego.
não havia rotas mas que apenas a reclamada carregava o veículo,
afirmou agora que eram entregues as rotas de entregas; QUE já Ainda que o serviço prestado atendesse às necessidades normais
trabalhou em todos os setores; QUE o setor que o reclamante atuou e, até mesmo, permanentes da empresa reclamada, não estão
foi distribuição; QUE antigamente recebia em cheque o pagamento; preenchidos os supostos caracterizadores da relação de emprego.
QUE atualmente recebe pagamento através do cartão da Entende-se, portanto, que a relação mantida entre as partes limita-
seguradora; QUE quando por exemplo so clientes da FRIGELAR ou se ao conteúdo do contrato de transportes, e o trabalho prestado
CLIMA RIO não têm veiculo para levar os produtos e ele depoente é pelo reclamante à reclamada de caráter nitidamente comercial, tal
acionado para fazer esse frete, manda um de seus veiculos para como sustenta a defesa.
essa atividade; QUE na maior parte das vezes não mistura os
produtos da reclamada com os dessas empresas; QUE termina a Portanto, verifica-se que a prestação de serviços, ainda que
atividade para um para fazer para o outro contratante." objetivamente inserida na atividade econômica da reclamada, não o
foi de forma subordinada subjetivamente, na medida em que o labor
Conclui-se, dos termos do depoimento, coadunado ao restante da desenvolvido o foi por conta própria, numa relação de terceirização
prova documental juntada nos autos, que o reclamante prestou usual no ramo dos transportes.
serviços de transporte de mercadorias à reclamada, por meio de
contrato autônomo de prestação de serviços, contando, inclusive, Ante o exposto, dou provimento ao apelo, para, reformando a
com ANTT, ou seja, autorização para o transporte de mercadorias, sentença, julgar improcedentes os pleitos formulados na petição
na forma da Lei nº 7.290/84. inicial, restando prejudicados os demais pleitos recursais.
Observe-se que, apesar de o cadastro no Registro Nacional dos Prequestionamento
Transportadores de Cargos não ser suficiente para elidir o vínculo, o
desempenho das funções em seu próprio caminhão e a assunção Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
das despesas com combustível, rastreador e seguro de mercadorias fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
se somam aos outros elementos dos autos para afastar a incidência qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
do art. 3° da CLT. infraconstitucional, mencionados pelo recorrente, sendo
Resta demonstrado, assim, que a prestação de trabalho não se deu disposto na OJ n° 118 da SDI-I.
com subordinação, porque, inequivocamente, ele gozava de
autonomia na realização do seu trabalho e arcava com os riscos do
negócio, efetuando a entrega das mercadorias comercializadas pela
reclamada, em veículo de sua propriedade, e desta percebendo
apenas os valores relativos aos fretes realizados. Não há sequer
indícios de que a reclamada exercesse qualquer controle ou
fiscalização da prestação de serviços do reclamante. Salientando-se
que a existência de rota de entrega pré-estabelecida, ou de horário
para carregar os veículos, não descaracterizam o trabalho

Conclusão no valor de R$ 800,00, calculadas sobre o valor da causa, porém
dispensadas, uma vez que o reclamante é beneficiário da justiça
gratuita. Tudo nos termos e limites da fundamentação supra.
Ante o exposto:
I - REJEITO as arguições de nulidade processual.
EMMT
II - DOU PROVIMENTO ao Recurso Ordinário, para, reformando a
sentença proferida pelo juízo de primeiro grau, julgar improcedentes
os pleitos formulados na petição inicial.
Custas invertidas, pela parte autora, no valor de R$ 800,00,
calculadas sobre o valor da causa, porém dispensadas, uma vez Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi
que o reclamante é beneficiário da justiça gratuita. publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de
Tudo nos termos e limites da fundamentação supra. SERGIO TORRES TEIXEIRA (Relator), com a presença do
REJEITAR as arguições de nulidade processual. II - por
unanimidade, DAR PROVIMENTO ao Recurso Ordinário, para,
reformando a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau, julgar
improcedentes os pleitos formulados na petição inicial. Custas
invertidas, pela parte autora, no valor de R$ 800,00, calculadas
sobre o valor da causa, porém dispensadas, uma vez que o
reclamante é beneficiário da justiça gratuita. Tudo nos termos e
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, I - REJEITAR as
arguições de nulidade processual. II - por unanimidade, DAR Vera Neuma de Moraes Leite
PROVIMENTO ao Recurso Ordinário, para, reformando a sentença
proferida pelo juízo de primeiro grau, julgar improcedentes os pleitos Secretária da 1ª Turma
formulados na petição inicial. Custas invertidas, pela parte autora,

ALBERTO DE MELO AZEVEDO e JOSÉ CARLOS MEDEIROS
JUNIOR
TERCEIRO INTERESSADO: UNIÃO FEDERAL (PGF)
Procedência : 16ª VARA DO TRABALHO DO RECIFE /PE
Acórdão
Processo Nº RO-0001495-19.2015.5.06.0016
RECORRENTE MARCIA LEONCIO DA SILVA
ADVOGADO GEORGE ALBERTO DE MELO
AZEVEDO(OAB: 21393-D/PE)
ADVOGADO PAULO AZEVEDO DA SILVA(OAB:
4568/PE)
513-B/PE)
32832-D/PE)
ADVOGADO ANTONIO JOSE BOTELHO
NETO(OAB: 22071-D/PE) EMENTA
VIDAL(OAB: 1027-B/PE)
RECORRIDO ASSOCIACAO OASIS DA
LIBERDADE
ADVOGADO JOSÉ CARLOS MEDEIROS
JUNIOR(OAB: 24019-D/PE)
INTERESSADO
- MARCIA LEONCIO DA SILVA
DIREITO DO TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR.
ENQUADRAMENTO SINDICAL. ATIVIDADE PREPONDERANTE

PODER DA EMPRESA. CATEGORIA DIFERENCIADA. NÃO
JUDICIÁRIO CONFIGURAÇÃO. O enquadramento sindical do empregado, no
ordenamento jurídico brasileiro, se dá pela atividade preponderante
da empresa, de acordo com o previsto nos artigos 577 e 581, § 2º,
da CLT, salvo os casos de categoria profissional diferenciada, ex vi
do conceito trazido no § 3° do artigo 511 do diploma consolidado, o
que não é a hipótese em estudo, tornando-se irrelevante, portanto,
para o enquadramento sindical da empregada qual a atividade

PROC. N.º TRT -RO - 0001495-19.2015.5.06.0016
efetivamente desempenhada. Na hipótese dos autos, considerando
que a empregadora se constitui em uma empresa voltada à área de

atividades filantrópicas e beneficentes, não há como pretender a
autora a aplicação das normas previstas em norma coletiva de

categoria patronal relacionada aos empregados que exercem as
atividades em Estabelecimento de Ensino. Isso porque, para que a

Recorrente : MARCIA LEONCIO DA SILVA
recorrente fizesse jus aos benefícios inseridos nas Convenções
Coletivas firmadas pelo SINPRO-PE, anexadas aos autos, deveria

Recorrido : ASSOCIACAO OASIS DA LIBERDADE
ter sido a empresa empregadora representada pelo seu órgão de
classe (artigos 511, § 3º e 611 da CLT), o que não se deu. Também

Advogados : MARCOS ANTONIO GOMES VIDAL, ANTONIO JOSE
não foi ela chamada para dela participar. Por tais fundamentos,
BOTELHO NETO, RAFAELA BRADLEY AZEVEDO, MARIA DE
mantenho a sentença que julgou improcedentes os pleitos da inicial
FATIMA BEZERRA, PAULO AZEVEDO DA SILVA, GEORGE

relativos ao enquadramento da autora na categoria do Sindicato dos
Professores de Pernambuco. Recurso Ordinário não provido. Da preliminar de não conhecimento do apelo, por ofensa ao
princípio da dialeticidade.
Em sede contrarrazões, a reclamada argui preliminar de não
conhecimento do apelo do autor, por ofensa ao princípio da
dialeticidade, com esteio no art. 514 do CPC então vigente. Para
tanto invoca as disposições da Súmula 422 do TST.
Sem razão.
Vistos etc.
Recurso ordinário interposto por MARCIA LEONCIO DA SILVA de atendimento pressupõe necessariamente a argumentação lógica
decisão proferida pela 16ª Vara do Trabalho do Recife - PE, que destinada a evidenciar o equívoco da decisão impugnada, é
julgou parcialmente procedentes a pretensão formulada na ação pressuposto extrínseco de admissibilidade de qualquer recurso.
trabalhista ajuizada em face da ASSOCIACAO OASIS DA
LIBERDADE, nos termos da fundamentação da sentença (fls. O princípio em destaque está previsto no art. 932 do CPC, in verbis:
167/173), integrada pela decisão de embargos de declaração (fls.
199/200). Art. 932. Incumbe ao relator:
Nas suas razões recursais (fls. 183/198), a autora insurge-se contra (...)
a decisão de origem que indeferiu seu enquadramento na categoria
dos empregados do SINPRO e do Sindicato dos Estabelecimentos III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não
de Ensino no Estado de Pernambuco, sob argumento de que tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão
desempenha função de categoria diferenciada, eis que foi recorrida; (...)
contratada para exercer Professora de Ensino Fundamental I.
Adverte que o artigo 4º, inciso I do estatuto (ID f066420), revela que Diante disso, o processo deve ser dialético e promover tanto às
o objeto social da recorrida compreende a prestação de serviços partes quanto ao Órgão Jurisdicional a apreciação do que está
social, educacional. Faz vasta digressão sobre o tema e cita a sendo impugnado. A argumentação recursal deve oferecer
jurisprudência correlata. Por fim, clama pelo condenação ao condições mínimas para que o Magistrado conheça do pedido e
pagamento de honorários sindicais, sob tese de que, conforme passe a julgá-lo, atacando especificamente os fundamentos da
instrumento de procuração juntado aos autos, encontra-se assistida decisão.
por meio de entidade sindical da categoria dos professores.
Adiciona que o entendimento adotado pelo juízo sentenciante viola No caso concreto, observo que o autor atacou os fundamentos
as Leis 1.060/50 e 7.115/8 e contraria a Súmula 219 do TST. Pede tecidos pelo julgador, razão pela qual rejeito ao preliminar.
provimento.
Contrarrazões apresentadas pela ré (fls. 209/211). preparo é desnecessário. Satisfeitos os demais requisitos de

momento anterior à vigência da referida lei. cláusula 4ª, o recorrido tem por objeto social uma séria de
atividades descritas nas alíneas "I" a "VII", instituídas com o objetivo
Feitas essas considerações, passo a apreciar o mérito do recurso de promover a inclusão social por meio de um amplo investimento
interposto pelo autor. na formação contínua de recursos humanos, propondo-se, dentre
outros objetivos, a PROMOVER E INCENTIVAR (fls. 123/124):
NO MÉRITO
"I - Promover o desenvolvimento social, educacional, tecnológico,
Do enquadramento sindical e dos honorários sindicais artístico, cultural e profissional, propondo, fortalecendo e
implementando ações voltadas para a inclusão social;
A autora insurge-se contra a decisão de origem que indeferiu seu
enquadramento na categoria dos empregados do SINPRO e do II- Incentivar o desenvolvimento social através da execuçao de
Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de projetos, programas, estudos, publicações e ensaios, nas aréas de
Pernambuco, sob argumento de que desempenha função de cidadania, profissionalização, segurança, artes, cultura, educação,
categoria diferenciada, eis que foi contratada para exercer informática, comunicação social, meio ambiente, saúde, turismo e
Professora de Ensino Fundamental I. outras afiris, voltadas para melhoria da qualidade de vida das
pessoas. (...)"
Adverte que o artigo 4º, inciso I do estatuto (ID nº. f066420), revela
que o objeto social da recorrida compreende a prestação de E, ao revés do que afirma a autora, no sentido de que o recorrido
serviços social, educacional. tem como atividade principal a prestação de serviços relacionados
às atividades de Ensino, em consulta ao sítio da Receita Federal do
Sem razão, entretanto. Brasil, em campo específico, destinado a pesquisa de "Emissão de
Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral", verifica-se que
Discute-se, aqui, se o SINDICATO DOS PROFESSORES NO a atividade econômica principal da recorrida é a de "Atividades de
ESTADO DE PERNAMBUCO e o SINDICATO DOS EST DE associações de defesa de direitos sociais", sendo secundária a
ENSINO NO ESTADO DE PERNAMBUCO, subscritores da CCT atividade de "Atividades de organizações associativas ligadas à
cuja aplicação a autora pretende, representa o recorrido cultura e à arte e as de Atividades associativas não
(ASSOCIACAO OASIS DA LIBERDADE). especificadas anteriormente".(vide sítio eletrônico da Receita
F e d e r a l d o B r a s i l -
O juízo de origem julgou improcedentes os pedidos de https://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/cnpj/cnpjreva/Cnp
enquadramento da autora em relação à categoria diferencia jreva_Comprovante.asp). Transcrevo:
abrangida pela convenção coletiva firmada entre SINPRO-PE
(categoria obreira) e o SINEPE-PE (categoria patronal), por REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
entender que todos os pleitos foram baseados em convenção
coletiva, que o juízo reconheceu como sendo inaplicável à CADASTRO NACIONAL DA PESSOA JURÍDICA
trabalhadora (fls. 169).
NÚMERO DE INSCRIÇÃO
O enquadramento sindical do empregado, no ordenamento jurídico
brasileiro, se dá pela atividade preponderante da empresa, de 00.494.392/0001-92
acordo com o previsto nos artigos 577 e 581, § 2º, da CLT, salvo os
casos de categoria profissional diferenciada, ex vido conceito MATRIZ
trazido no § 3° do artigo 511 do diploma consolidado, o que não é a
hipótese em estudo, tornando-se irrelevante, portanto, para o COMPROVANTE DE INSCRIÇÃO E DE SITUAÇÃO CADASTRAL
enquadramento sindical da empregada qual a atividade
efetivamente por ela desempenhada. DATA DE ABERTURA
Ora, conforme o Estatuto Social anexado aos autos, em sua 21/03/1995

BAIRRO/DISTRITO
NOME EMPRESARIAL
SANTO AMARO
ASSOCIACAO OASIS DA LIBERDADE
MUNICÍPIO
TÍTULO DO ESTABELECIMENTO (NOME DE FANTASIA)
RECIFE
********
UF
PORTE
PE
DEMAIS
ENDEREÇO ELETRÔNICO
CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA
PRINCIPAL TELEFONE
94.30-8-00 - Atividades de associações de defesa de direitos (81) 3468-1506
sociais
ENTE FEDERATIVO RESPONSÁVEL (EFR)
CÓDIGO E DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS
SECUNDÁRIAS *****
94.93-6-00 - Atividades de organizações associativas ligadas à SITUAÇÃO CADASTRAL
cultura e à arte
ATIVA
94.99-5-00 - Atividades associativas não especificadas
anteriormente DATA DA SITUAÇÃO CADASTRAL
CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA 15/05/2010
399-9 - Associação Privada MOTIVO DE SITUAÇÃO CADASTRAL
LOGRADOURO SITUAÇÃO ESPECIAL
R JAYME DA FONTE ********
NÚMERO DATA DA SITUAÇÃO ESPECIAL
123 ********
COMPLEMENTO Assim, considerando que a empregadora se constitui em uma
empresa voltada à área de atividades filantrópicas e beneficentes,
CEP não há como pretender a autora a aplicação das normas previstas
em norma coletiva de categoria patronal relacionada aos
50.110-005 empregados que exercem as atividades em Estabelecimento de
Ensino (SINDICATO DOS PROFESSORES NO ESTADO DE

PERNAMBUCO - SINPRO). autora na categoria do sindicato dos Professores de Pernambuco,
restando prejudicada a análise dos títulos postulados com amparo
Portanto, para que a recorrente fizesse jus aos benefícios inseridos nas normas coletivas firmadas entre o SINDICATO DOS
nas Convenções Coletivas firmadas pelo SINPRO-PE, anexadas PROFESSORES NO ESTADO DE PERNAMBUCO e o SINDICATO
aos autos, deveria ter sido a empresa empregadora representada DOS EST DE ENSINO NO ESTADO DE PERNAMBUCO, uma vez
pelo seu órgão de classe (artigos 511, § 3º e 611 da CLT), o que que a ré não participou, quer pessoalmente, quer por intermédio de
não se deu. Também não foi ela chamada para dela participar. seu sindicato empresarial, dessas negociações coletivas.
Este, inclusive, é o entendimento majoritário e atual do C.TST. É Resta indeferido, pois, o pleito relativo aos honorários sindicais, eis
conferir: que mantida a sentença que julgou improcedentes os pedidos
formulados com amparo no enquadramento da autora em categoria
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA diferenciada, e tendo em vista que o autor não se encontra assistido
INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. por sindicato de classe de sua categoria, restando não preenchido
ENQUADRAMENTO SINDICAL. ATIVIDADE PREPONDERANTE requisito de representação sindical previsto na Lei nº. 5584/70.
DA EMPRESA. MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA Nº 126 DO TST. A
jurisprudência desta Corte consolidou-se no sentido de que o Dessa forma, nego provimento ao apelo.
enquadramento sindical dos trabalhadores dá-se em função da
atividade preponderante do empregador, exceto quando se tratar de Do prequestionamento
categoria profissional diferenciada. De acordo com o Tribunal
Regional, instância soberana na análise dos elementos de prova Acrescento, enfim, que os motivos expostos na fundamentação do
dos autos, embora o reclamante atuasse como "vendedor atacado" presente julgado não violam nenhum dos dispositivos da
e "coordenador de atacado", as vendas ocorriam por meio de Constituição Federal, tampouco preceitos legais, sendo
supermercados e outros estabelecimentos, ou seja, para outras desnecessária a menção expressa, a cada um deles, a teor do
empresas. Ainda segundo o Tribunal Regional do Trabalho, a disposto na OJ nº 118, da SDI-1, do C. TST.
atividade preponderante do trabalhador não consistia em vendas
propriamente, mas apenas convergia para o objetivo principal da
reclamada que é a fabricação de gêneros alimentícios (indústria).
Assim, na interpretação do Regional, não é possível cogitar que as
atividades desempenhadas pelo reclamante são especiais a ponto
de caracterizá-lo como pertencente a categoria diferenciada. O
Regional ainda ressaltou que o termo de rescisão contratual foi
homologado pelo Sindicato dos Empregados em Empresas de
Industrialização Alimentícia de São Paulo e Região. Nesse contexto,
o Tribunal Regional concluiu que o enquadramento sindical do
reclamante deve ser feito com base na atividade preponderante da
empresa, afastando-se a tese defensiva de categoria profissional
diferenciada. Desse modo, para reverter esse entendimento, seria
necessário o reexame do contexto fático-probatório dos autos,
procedimento vedado a esta Corte recursal de natureza
extraordinária, nos termos da Súmula nº 126 do TST. Agravo de
instrumento desprovido. (AIRR - 2994-06.2013.5.02.0053 , Relator
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento:
08/03/2017, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 10/03/2017)
Por tais fundamentos, mantenho a sentença que julgou
improcedentes os pleitos da inicial relativos ao enquadramento da

Conclusão
EMMT
Ante o exposto, Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi
I - REJEITO a preliminar de não conhecimento do apelo, suscitada 09.10.2018, sob a presidência do Exmo. Sr. Desembargador
em contrarrazões; SERGIO TORRES TEIXEIRA (Relator), com a presença do
II - NEGO PROVIMENTO ao recurso ordinário. da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado para o Gabinete
REJEITAR a preliminar de não conhecimento do apelo, suscitada
em contrarrazões; No mérito: II - por unanimidade, NEGAR
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, I - REJEITAR a
preliminar de não conhecimento do apelo, suscitada em
contrarrazões; No mérito: II - por unanimidade, NEGAR

Acórdão
Processo Nº RO-0001495-19.2015.5.06.0016
RECORRENTE MARCIA LEONCIO DA SILVA
ADVOGADO GEORGE ALBERTO DE MELO
AZEVEDO(OAB: 21393-D/PE)
ADVOGADO PAULO AZEVEDO DA SILVA(OAB:
4568/PE)
513-B/PE)
32832-D/PE)
ADVOGADO ANTONIO JOSE BOTELHO
NETO(OAB: 22071-D/PE) EMENTA
VIDAL(OAB: 1027-B/PE)
RECORRIDO ASSOCIACAO OASIS DA
LIBERDADE
ADVOGADO JOSÉ CARLOS MEDEIROS
JUNIOR(OAB: 24019-D/PE)
INTERESSADO
- ASSOCIACAO OASIS DA LIBERDADE
DIREITO DO TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR.
ENQUADRAMENTO SINDICAL. ATIVIDADE PREPONDERANTE

PODER DA EMPRESA. CATEGORIA DIFERENCIADA. NÃO
JUDICIÁRIO CONFIGURAÇÃO. O enquadramento sindical do empregado, no
ordenamento jurídico brasileiro, se dá pela atividade preponderante
da empresa, de acordo com o previsto nos artigos 577 e 581, § 2º,
da CLT, salvo os casos de categoria profissional diferenciada, ex vi
do conceito trazido no § 3° do artigo 511 do diploma consolidado, o
que não é a hipótese em estudo, tornando-se irrelevante, portanto,
para o enquadramento sindical da empregada qual a atividade

PROC. N.º TRT -RO - 0001495-19.2015.5.06.0016
efetivamente desempenhada. Na hipótese dos autos, considerando
que a empregadora se constitui em uma empresa voltada à área de

atividades filantrópicas e beneficentes, não há como pretender a
autora a aplicação das normas previstas em norma coletiva de

categoria patronal relacionada aos empregados que exercem as
atividades em Estabelecimento de Ensino. Isso porque, para que a

Recorrente : MARCIA LEONCIO DA SILVA
recorrente fizesse jus aos benefícios inseridos nas Convenções
Coletivas firmadas pelo SINPRO-PE, anexadas aos autos, deveria

Recorrido : ASSOCIACAO OASIS DA LIBERDADE
ter sido a empresa empregadora representada pelo seu órgão de
classe (artigos 511, § 3º e 611 da CLT), o que não se deu. Também

Advogados : MARCOS ANTONIO GOMES VIDAL, ANTONIO JOSE
não foi ela chamada para dela participar. Por tais fundamentos,
BOTELHO NETO, RAFAELA BRADLEY AZEVEDO, MARIA DE
mantenho a sentença que julgou improcedentes os pleitos da inicial
FATIMA BEZERRA, PAULO AZEVEDO DA SILVA, GEORGE
relativos ao enquadramento da autora na categoria do Sindicato dos
ALBERTO DE MELO AZEVEDO e JOSÉ CARLOS MEDEIROS
Professores de Pernambuco. Recurso Ordinário não provido.
JUNIOR
TERCEIRO INTERESSADO: UNIÃO FEDERAL (PGF)
Procedência : 16ª VARA DO TRABALHO DO RECIFE /PE

tanto invoca as disposições da Súmula 422 do TST.
Sem razão.
Vistos etc.
Recurso ordinário interposto por MARCIA LEONCIO DA SILVA de atendimento pressupõe necessariamente a argumentação lógica
decisão proferida pela 16ª Vara do Trabalho do Recife - PE, que destinada a evidenciar o equívoco da decisão impugnada, é
julgou parcialmente procedentes a pretensão formulada na ação pressuposto extrínseco de admissibilidade de qualquer recurso.
trabalhista ajuizada em face da ASSOCIACAO OASIS DA
LIBERDADE, nos termos da fundamentação da sentença (fls. O princípio em destaque está previsto no art. 932 do CPC, in verbis:
167/173), integrada pela decisão de embargos de declaração (fls.
199/200). Art. 932. Incumbe ao relator:
Nas suas razões recursais (fls. 183/198), a autora insurge-se contra (...)
a decisão de origem que indeferiu seu enquadramento na categoria
dos empregados do SINPRO e do Sindicato dos Estabelecimentos III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não
de Ensino no Estado de Pernambuco, sob argumento de que tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão
desempenha função de categoria diferenciada, eis que foi recorrida; (...)
contratada para exercer Professora de Ensino Fundamental I.
Adverte que o artigo 4º, inciso I do estatuto (ID f066420), revela que Diante disso, o processo deve ser dialético e promover tanto às
o objeto social da recorrida compreende a prestação de serviços partes quanto ao Órgão Jurisdicional a apreciação do que está
social, educacional. Faz vasta digressão sobre o tema e cita a sendo impugnado. A argumentação recursal deve oferecer
jurisprudência correlata. Por fim, clama pelo condenação ao condições mínimas para que o Magistrado conheça do pedido e
pagamento de honorários sindicais, sob tese de que, conforme passe a julgá-lo, atacando especificamente os fundamentos da
instrumento de procuração juntado aos autos, encontra-se assistida decisão.
por meio de entidade sindical da categoria dos professores.
Adiciona que o entendimento adotado pelo juízo sentenciante viola No caso concreto, observo que o autor atacou os fundamentos
as Leis 1.060/50 e 7.115/8 e contraria a Súmula 219 do TST. Pede tecidos pelo julgador, razão pela qual rejeito ao preliminar.
provimento.
Contrarrazões apresentadas pela ré (fls. 209/211). preparo é desnecessário. Satisfeitos os demais requisitos de
Em sede contrarrazões, a reclamada argui preliminar de não
conhecimento do apelo do autor, por ofensa ao princípio da NO MÉRITO
dialeticidade, com esteio no art. 514 do CPC então vigente. Para

Do enquadramento sindical e dos honorários sindicais artístico, cultural e profissional, propondo, fortalecendo e
implementando ações voltadas para a inclusão social;
A autora insurge-se contra a decisão de origem que indeferiu seu
enquadramento na categoria dos empregados do SINPRO e do II- Incentivar o desenvolvimento social através da execuçao de
Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de projetos, programas, estudos, publicações e ensaios, nas aréas de
Pernambuco, sob argumento de que desempenha função de cidadania, profissionalização, segurança, artes, cultura, educação,
categoria diferenciada, eis que foi contratada para exercer informática, comunicação social, meio ambiente, saúde, turismo e
Professora de Ensino Fundamental I. outras afiris, voltadas para melhoria da qualidade de vida das
pessoas. (...)"
Adverte que o artigo 4º, inciso I do estatuto (ID nº. f066420), revela
que o objeto social da recorrida compreende a prestação de E, ao revés do que afirma a autora, no sentido de que o recorrido
serviços social, educacional. tem como atividade principal a prestação de serviços relacionados
às atividades de Ensino, em consulta ao sítio da Receita Federal do
Sem razão, entretanto. Brasil, em campo específico, destinado a pesquisa de "Emissão de
Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral", verifica-se que
Discute-se, aqui, se o SINDICATO DOS PROFESSORES NO a atividade econômica principal da recorrida é a de "Atividades de
ESTADO DE PERNAMBUCO e o SINDICATO DOS EST DE associações de defesa de direitos sociais", sendo secundária a
ENSINO NO ESTADO DE PERNAMBUCO, subscritores da CCT atividade de "Atividades de organizações associativas ligadas à
cuja aplicação a autora pretende, representa o recorrido cultura e à arte e as de Atividades associativas não
(ASSOCIACAO OASIS DA LIBERDADE). especificadas anteriormente".(vide sítio eletrônico da Receita
F e d e r a l d o B r a s i l -
O juízo de origem julgou improcedentes os pedidos de https://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/cnpj/cnpjreva/Cnp
enquadramento da autora em relação à categoria diferencia jreva_Comprovante.asp). Transcrevo:
abrangida pela convenção coletiva firmada entre SINPRO-PE
(categoria obreira) e o SINEPE-PE (categoria patronal), por REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
entender que todos os pleitos foram baseados em convenção
coletiva, que o juízo reconheceu como sendo inaplicável à CADASTRO NACIONAL DA PESSOA JURÍDICA
trabalhadora (fls. 169).
NÚMERO DE INSCRIÇÃO
O enquadramento sindical do empregado, no ordenamento jurídico
brasileiro, se dá pela atividade preponderante da empresa, de 00.494.392/0001-92
acordo com o previsto nos artigos 577 e 581, § 2º, da CLT, salvo os
casos de categoria profissional diferenciada, ex vido conceito MATRIZ
trazido no § 3° do artigo 511 do diploma consolidado, o que não é a
hipótese em estudo, tornando-se irrelevante, portanto, para o COMPROVANTE DE INSCRIÇÃO E DE SITUAÇÃO CADASTRAL
enquadramento sindical da empregada qual a atividade
efetivamente por ela desempenhada. DATA DE ABERTURA
Ora, conforme o Estatuto Social anexado aos autos, em sua 21/03/1995
cláusula 4ª, o recorrido tem por objeto social uma séria de
atividades descritas nas alíneas "I" a "VII", instituídas com o objetivo NOME EMPRESARIAL
de promover a inclusão social por meio de um amplo investimento
na formação contínua de recursos humanos, propondo-se, dentre ASSOCIACAO OASIS DA LIBERDADE
outros objetivos, a PROMOVER E INCENTIVAR (fls. 123/124):
TÍTULO DO ESTABELECIMENTO (NOME DE FANTASIA)
"I - Promover o desenvolvimento social, educacional, tecnológico,

********
UF
PORTE
PE
DEMAIS
ENDEREÇO ELETRÔNICO
CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA
PRINCIPAL TELEFONE
94.30-8-00 - Atividades de associações de defesa de direitos (81) 3468-1506
sociais
ENTE FEDERATIVO RESPONSÁVEL (EFR)
CÓDIGO E DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS
SECUNDÁRIAS *****
94.93-6-00 - Atividades de organizações associativas ligadas à SITUAÇÃO CADASTRAL
cultura e à arte
ATIVA
94.99-5-00 - Atividades associativas não especificadas
anteriormente DATA DA SITUAÇÃO CADASTRAL
CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA 15/05/2010
399-9 - Associação Privada MOTIVO DE SITUAÇÃO CADASTRAL
LOGRADOURO SITUAÇÃO ESPECIAL
R JAYME DA FONTE ********
NÚMERO DATA DA SITUAÇÃO ESPECIAL
123 ********
COMPLEMENTO Assim, considerando que a empregadora se constitui em uma
empresa voltada à área de atividades filantrópicas e beneficentes,
CEP não há como pretender a autora a aplicação das normas previstas
em norma coletiva de categoria patronal relacionada aos
50.110-005 empregados que exercem as atividades em Estabelecimento de
Ensino (SINDICATO DOS PROFESSORES NO ESTADO DE
BAIRRO/DISTRITO PERNAMBUCO - SINPRO).
SANTO AMARO Portanto, para que a recorrente fizesse jus aos benefícios inseridos
nas Convenções Coletivas firmadas pelo SINPRO-PE, anexadas
MUNICÍPIO aos autos, deveria ter sido a empresa empregadora representada
pelo seu órgão de classe (artigos 511, § 3º e 611 da CLT), o que
RECIFE não se deu. Também não foi ela chamada para dela participar.

Este, inclusive, é o entendimento majoritário e atual do C.TST. É Resta indeferido, pois, o pleito relativo aos honorários sindicais, eis
conferir: que mantida a sentença que julgou improcedentes os pedidos
formulados com amparo no enquadramento da autora em categoria
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA diferenciada, e tendo em vista que o autor não se encontra assistido
INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. por sindicato de classe de sua categoria, restando não preenchido
ENQUADRAMENTO SINDICAL. ATIVIDADE PREPONDERANTE requisito de representação sindical previsto na Lei nº. 5584/70.
DA EMPRESA. MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA Nº 126 DO TST. A
jurisprudência desta Corte consolidou-se no sentido de que o Dessa forma, nego provimento ao apelo.
enquadramento sindical dos trabalhadores dá-se em função da
atividade preponderante do empregador, exceto quando se tratar de Do prequestionamento
categoria profissional diferenciada. De acordo com o Tribunal
Regional, instância soberana na análise dos elementos de prova Acrescento, enfim, que os motivos expostos na fundamentação do
dos autos, embora o reclamante atuasse como "vendedor atacado" presente julgado não violam nenhum dos dispositivos da
e "coordenador de atacado", as vendas ocorriam por meio de Constituição Federal, tampouco preceitos legais, sendo
supermercados e outros estabelecimentos, ou seja, para outras desnecessária a menção expressa, a cada um deles, a teor do
empresas. Ainda segundo o Tribunal Regional do Trabalho, a disposto na OJ nº 118, da SDI-1, do C. TST.
atividade preponderante do trabalhador não consistia em vendas
propriamente, mas apenas convergia para o objetivo principal da
reclamada que é a fabricação de gêneros alimentícios (indústria).
Assim, na interpretação do Regional, não é possível cogitar que as
atividades desempenhadas pelo reclamante são especiais a ponto
de caracterizá-lo como pertencente a categoria diferenciada. O
Regional ainda ressaltou que o termo de rescisão contratual foi
homologado pelo Sindicato dos Empregados em Empresas de
Industrialização Alimentícia de São Paulo e Região. Nesse contexto,
o Tribunal Regional concluiu que o enquadramento sindical do
reclamante deve ser feito com base na atividade preponderante da
empresa, afastando-se a tese defensiva de categoria profissional
diferenciada. Desse modo, para reverter esse entendimento, seria
necessário o reexame do contexto fático-probatório dos autos,
procedimento vedado a esta Corte recursal de natureza
extraordinária, nos termos da Súmula nº 126 do TST. Agravo de
instrumento desprovido. (AIRR - 2994-06.2013.5.02.0053 , Relator
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento:
Por tais fundamentos, mantenho a sentença que julgou
improcedentes os pleitos da inicial relativos ao enquadramento da
autora na categoria do sindicato dos Professores de Pernambuco,
restando prejudicada a análise dos títulos postulados com amparo
nas normas coletivas firmadas entre o SINDICATO DOS
PROFESSORES NO ESTADO DE PERNAMBUCO e o SINDICATO
DOS EST DE ENSINO NO ESTADO DE PERNAMBUCO, uma vez
que a ré não participou, quer pessoalmente, quer por intermédio de
seu sindicato empresarial, dessas negociações coletivas.

Conclusão
EMMT
Ante o exposto, Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi
I - REJEITO a preliminar de não conhecimento do apelo, suscitada 09.10.2018, sob a presidência do Exmo. Sr. Desembargador
em contrarrazões; SERGIO TORRES TEIXEIRA (Relator), com a presença do
II - NEGO PROVIMENTO ao recurso ordinário. da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado para o Gabinete
REJEITAR a preliminar de não conhecimento do apelo, suscitada
em contrarrazões; No mérito: II - por unanimidade, NEGAR
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, I - REJEITAR a
preliminar de não conhecimento do apelo, suscitada em
contrarrazões; No mérito: II - por unanimidade, NEGAR
PROVIMENTO ao recurso ordinário. Acórdão

Processo Nº AP-0011242-94.2013.5.06.0102
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. AGRAVANTE SOSERVI - SOCIEDADE DE
SERVIÇOS GERAIS LTDA
ADVOGADO Silvio Emanuel Victor da Silva(OAB:
9952-D/PE)
ADVOGADO MARIANA DOHERTY AYRES(OAB:
32440/PE)

ADVOGADO ANA CARLA VASCONCELOS

LUCENA(OAB: 28170-D/PE)
AGRAVADO CATARINA MARIA GOMES DA SILVA
ADVOGADO GLEIDISTON MIGUEL DA SILVA
BRANDAO(OAB: 28811/PE)
- SOSERVI - SOCIEDADE DE SERVIÇOS GERAIS LTDA
DE PETIÇÃO. CUSTAS PROCESSUAIS. Os arts. 789 e 789-A da
CLT trazem as diretrizes quanto ao cálculo das custas processuais,

PODER
relativas ao processo de conhecimento e de execução,
JUDICIÁRIO
respectivamente. As custas processuais de conhecimento são
calculadas à base de 2% sobre o valor da causa ou condenação.
Quanto às custas processuais na fase de execução, essas têm seu
recolhimento sempre a cargo do executado e seu pagamento ao
final. In casu, o valor constante dos cálculos referem-se ao
montante das custas do processo de conhecimento e de execução,
PROC. Nº. TRT - AP - 0011242-94.2013.5.06.0102 sendo apurada sobre o valor total da condenação. Agravo a que se
nega provimento
Agravante : SOSERVI- SOCIEDADE DE SERVIÇOS GERAIS
LTDA.
Agravados : CATARINA MARIA GOMES DA SILVA; HOSPITAL
ESPERANÇA S/A Vistos etc.
Advogados : SILVIO EMANUEL VICTOR DA SILVA; GLEIDISTON Agravo de petição interposto pela SOSERVI - SOCIEDADE DE
MIGUEL DA SILVA BRANDÃO; RODRIGO MORAES DE OLIVEIRA SERVIÇOS GERAIS LTDA. contra decisão proferida pelo MM.
Juízo da 2ª Vara do Trabalho de Olinda - PE, às fls. 605/607, nos
Procedência : 2ª VARA DO TRABALHO DE OLINDA - PE autos do processo executório em que contende com CATARINA
MARIA GOMES DA SILVA e HOSPITAL ESPERANÇA S/A, ora
agravados.
Nas razões recursais de fls. 611/613, insurge-se contra o valor das
custas processuais no montante de R$1.148,22, argumentando que
o juízo a quo arbitrou valor à condenação e custas processuais de
2% (R$700,00). Afirma que efetuou tal pagamento, quando da
interposição do recurso ordinário, não sendo mais devido qualquer
montante às custas processuais. Pede provimento.
EMENTA

pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por valor liquidado; 0,5% (cinco décimos por cento) até o limite de
ocasião da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, R$638,46 (seiscentos e trinta e oito reais e quarenta e seis
XIII e VII, da Lei Complementar 75/93. centavos).
É o relatório. Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite, em seu Curso de Direito
Processual do Trabalho (11ª edição), "as custas processuais, à luz
VOTO: do art. 145, II, da CF e do art. 77 do CTN, têm natureza jurídica de
taxa, espécie do gênero tributo, pois são valores pagos pela parte
O recurso é tempestivo, as representações estão regulares e o juízo ao Estado em decorrência da prestação de um serviço público
está garantido. Satisfeitos os demais requisitos de admissibilidade, específico: a prestação jurisdicional".
dele conheço.
Com efeito, as custas processuais relativas ao processo de
DO MÉRITO conhecimento, calculadas à base de 2% sobre o valor da
condenação, são distintas das custas referentes ao processo de
Do Valor das Custas Processuais execução.
Insurge-se contra o valor das custas processuais apuradas nos A esse respeito, válida a lição de Ricardo José Fernandes de
cálculos, aduzindo que esse estaria limitado ao valor Campos, em seu artigo "Custas no Processo do Trabalho":
correspondente aos 2% sobre o arbitrado à condenação, já
efetuado quando da interposição do recurso ordinário. Sendo fundamento básico da execução o inadimplemento do
executado, assume este a responsabilidade por todas as
Sem razão. conseqüências do retardamento da prestação jurisdicional, de sorte
que além das custas devidas na fase de conhecimento do processo,
Os art. 789 e art. 789-A da CLT dispõem sobre as custas também são devidas as de execução, consoante o disposto no art.
processuais, in verbis: 789-A, da Consolidação das Leis do Trabalho.
Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do (...)
trabalho, nas ações e procedimentos de competência da Justiça do
Trabalho, bem como nas demandas propostas perante a Justiça Aqui se faz importante esclarecer que não há bis in idem eis que os
Estadual, no exercício da jurisdição trabalhista, as custas relativas fatos geradores são distintos, havendo plena possibilidade de
ao processo de conhecimento incidirão à base de 2% (dois por mensuração e divisibilidade do serviço prestado ao jurisdicionado,
cento), observado o mínimo de R$10,64 (dez reais e sessenta e que paga pelas custas da fase de conhecimento do processo em
quatro centavos) e serão calculadas: razão da utilização do aparato estatal para a consecução da
sentença e, em segundo plano paga custas pela execução em
I - quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo razão da força coercitiva do Estado na consecução do direito
valor; reconhecido em sentença. (Execução Trabalhista, Amatra IX,
Coordenador José Aparecido dos Santos, 2ª edição, pág.589,
(...) 2010).
Art. 789-A. No processo de execução são devidas custas, sempre In casu, o executado foi condenado a pagar o valor das custas de
de responsabilidade do executado e pagas ao final, de R$700,00, calculadas sobre o montante arbitrado à condenação de
conformidade com a seguinte tabela: R$35.000,00 (fls. 410), cujo pagamento fora efetuado (fls. 448/449)
para fins de interposição recursal.
(...)
Neste contexto, com a liquidação do julgado, foram computados e
IX - cálculos de liquidação realizados pelo contador do juízo sobre o atualizados os valores da condenação, apurando-se o valor total

executado de R$57.410,94 (R$39.286,68 + R$18.124,26), e, custas
equivalentes a R$1.148,22 (2%), deduzindo-se o valor pago de
R$700,00 (já atualizados), restando um saldo remanescente Conclusão
correspondente a R$446,52 de custas.
Com efeito, a teor do inciso IX do art. 789-A da CLT, considerando
ainda as custas da execução correspondente a 0,5% sobre o valor
da condenação (R$57.410,94 x 0,5% = R$287,05), e somado às
custas de conhecimento, tem-se o valor devido de R$733,57
(setembro/2017), encontrando-se corretos os cálculos
homologados, e, assim, não havendo que se falar em erronias nas
contas. Diante do exposto, nego provimento ao apelo.
Colho da jurisprudência os seguintes arestos:
AGRAVO DE PETIÇÃO. CUSTAS PROCESSUAIS. Na liquidação,
quando se apuram os valores efetivamente devidos na condenação,
é feito o cálculo do valor real das custas, o que não se confunde
com as custas de execução previstas no artigo 789-A da CLT.
Recurso que se nega provimento. (TRT-17 - AP:
00008464720.16.5.17.0005, Relator: LINO FARIA PETELINKAR,
Data de Julgamento: 21/09/2017, Data de Publicação: 04/10/2017).
AGRAVO DE PETIÇÃO DA EXECUTADA. Custas processuais.
Fase de execução. O fato de a executada ter recolhido custas
fixadas sobre o valor atribuído à condenação (art. 789, § 2º, da CLT)
por ocasião da interposição de recurso ordinário não a dispensa das
custas a serem apuradas na execução, fase processual onde é
apurado o valor efetivamente devido. Recurso não provido. (TRT-1 -
AP: 00010155020105010050 RJ, Relator: Bruno Losada
Albuquerque Lopes, Primeira Turma, Data de Publicação: ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional
20/10/2017). do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, negar provimento
ao recurso.
Por todos estes fundamentos, nego provimento ao apelo.
EMMT

PODER
JUDICIÁRIO
Desembargador Eduardo Pugliesi e Ibrahim Alves Filho (Juiz Titular PROC. Nº. TRT - AP - 0011242-94.2013.5.06.0102
Vago), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por unanimidade, negar Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA

Agravante : SOSERVI- SOCIEDADE DE SERVIÇOS GERAIS
Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018. LTDA.
Agravados : CATARINA MARIA GOMES DA SILVA; HOSPITAL
ESPERANÇA S/A

Advogados : SILVIO EMANUEL VICTOR DA SILVA; GLEIDISTON
Secretária da 1ª Turma MIGUEL DA SILVA BRANDÃO; RODRIGO MORAES DE OLIVEIRA
Procedência : 2ª VARA DO TRABALHO DE OLINDA - PE
Acórdão
Processo Nº AP-0011242-94.2013.5.06.0102
AGRAVANTE SOSERVI - SOCIEDADE DE
SERVIÇOS GERAIS LTDA
ADVOGADO Silvio Emanuel Victor da Silva(OAB:
9952-D/PE)
ADVOGADO MARIANA DOHERTY AYRES(OAB:
32440/PE) EMENTA
28499/PE)
ADVOGADO ANA CARLA VASCONCELOS
LUCENA(OAB: 28170-D/PE)
AGRAVADO CATARINA MARIA GOMES DA SILVA
ADVOGADO GLEIDISTON MIGUEL DA SILVA
BRANDAO(OAB: 28811/PE)
- CATARINA MARIA GOMES DA SILVA
DE PETIÇÃO. CUSTAS PROCESSUAIS. Os arts. 789 e 789-A da

CLT trazem as diretrizes quanto ao cálculo das custas processuais,
relativas ao processo de conhecimento e de execução, O recurso é tempestivo, as representações estão regulares e o juízo
respectivamente. As custas processuais de conhecimento são está garantido. Satisfeitos os demais requisitos de admissibilidade,
calculadas à base de 2% sobre o valor da causa ou condenação. dele conheço.
Quanto às custas processuais na fase de execução, essas têm seu
recolhimento sempre a cargo do executado e seu pagamento ao DO MÉRITO
final. In casu, o valor constante dos cálculos referem-se ao
montante das custas do processo de conhecimento e de execução, Do Valor das Custas Processuais
sendo apurada sobre o valor total da condenação. Agravo a que se
nega provimento Insurge-se contra o valor das custas processuais apuradas nos
cálculos, aduzindo que esse estaria limitado ao valor
correspondente aos 2% sobre o arbitrado à condenação, já
efetuado quando da interposição do recurso ordinário.
Sem razão.
Os art. 789 e art. 789-A da CLT dispõem sobre as custas
processuais, in verbis:
Vistos etc.
Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do
Agravo de petição interposto pela SOSERVI - SOCIEDADE DE trabalho, nas ações e procedimentos de competência da Justiça do
SERVIÇOS GERAIS LTDA. contra decisão proferida pelo MM. Trabalho, bem como nas demandas propostas perante a Justiça
Juízo da 2ª Vara do Trabalho de Olinda - PE, às fls. 605/607, nos Estadual, no exercício da jurisdição trabalhista, as custas relativas
autos do processo executório em que contende com CATARINA ao processo de conhecimento incidirão à base de 2% (dois por
MARIA GOMES DA SILVA e HOSPITAL ESPERANÇA S/A, ora cento), observado o mínimo de R$10,64 (dez reais e sessenta e
agravados. quatro centavos) e serão calculadas:
Nas razões recursais de fls. 611/613, insurge-se contra o valor das I - quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo
custas processuais no montante de R$1.148,22, argumentando que valor;
o juízo a quo arbitrou valor à condenação e custas processuais de
2% (R$700,00). Afirma que efetuou tal pagamento, quando da (...)
interposição do recurso ordinário, não sendo mais devido qualquer
montante às custas processuais. Pede provimento. Art. 789-A. No processo de execução são devidas custas, sempre
de responsabilidade do executado e pagas ao final, de
Contraminuta não ofertada. conformidade com a seguinte tabela:
Desnecessária a remessa dos presentes autos ao douto Ministério (...)
Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se IX - cálculos de liquidação realizados pelo contador do juízo sobre o
pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por valor liquidado; 0,5% (cinco décimos por cento) até o limite de
ocasião da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, R$638,46 (seiscentos e trinta e oito reais e quarenta e seis
XIII e VII, da Lei Complementar 75/93. centavos).
É o relatório. Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite, em seu Curso de Direito
Processual do Trabalho (11ª edição), "as custas processuais, à luz
VOTO: do art. 145, II, da CF e do art. 77 do CTN, têm natureza jurídica de

taxa, espécie do gênero tributo, pois são valores pagos pela parte da condenação (R$57.410,94 x 0,5% = R$287,05), e somado às
ao Estado em decorrência da prestação de um serviço público custas de conhecimento, tem-se o valor devido de R$733,57
específico: a prestação jurisdicional". (setembro/2017), encontrando-se corretos os cálculos
homologados, e, assim, não havendo que se falar em erronias nas
Com efeito, as custas processuais relativas ao processo de contas.
conhecimento, calculadas à base de 2% sobre o valor da
condenação, são distintas das custas referentes ao processo de Colho da jurisprudência os seguintes arestos:
execução.
AGRAVO DE PETIÇÃO. CUSTAS PROCESSUAIS. Na liquidação,
A esse respeito, válida a lição de Ricardo José Fernandes de quando se apuram os valores efetivamente devidos na condenação,
Campos, em seu artigo "Custas no Processo do Trabalho": é feito o cálculo do valor real das custas, o que não se confunde
com as custas de execução previstas no artigo 789-A da CLT.
Sendo fundamento básico da execução o inadimplemento do Recurso que se nega provimento. (TRT-17 - AP:
executado, assume este a responsabilidade por todas as 00008464720.16.5.17.0005, Relator: LINO FARIA PETELINKAR,
conseqüências do retardamento da prestação jurisdicional, de sorte Data de Julgamento: 21/09/2017, Data de Publicação: 04/10/2017).
que além das custas devidas na fase de conhecimento do processo,
também são devidas as de execução, consoante o disposto no art. AGRAVO DE PETIÇÃO DA EXECUTADA. Custas processuais.
789-A, da Consolidação das Leis do Trabalho. Fase de execução. O fato de a executada ter recolhido custas
fixadas sobre o valor atribuído à condenação (art. 789, § 2º, da CLT)
(...) por ocasião da interposição de recurso ordinário não a dispensa das
custas a serem apuradas na execução, fase processual onde é
Aqui se faz importante esclarecer que não há bis in idem eis que os apurado o valor efetivamente devido. Recurso não provido. (TRT-1 -
fatos geradores são distintos, havendo plena possibilidade de AP: 00010155020105010050 RJ, Relator: Bruno Losada
mensuração e divisibilidade do serviço prestado ao jurisdicionado, Albuquerque Lopes, Primeira Turma, Data de Publicação:
que paga pelas custas da fase de conhecimento do processo em 20/10/2017).
razão da utilização do aparato estatal para a consecução da
sentença e, em segundo plano paga custas pela execução em Por todos estes fundamentos, nego provimento ao apelo.
razão da força coercitiva do Estado na consecução do direito
reconhecido em sentença. (Execução Trabalhista, Amatra IX,
Coordenador José Aparecido dos Santos, 2ª edição, pág.589,
2010).
In casu, o executado foi condenado a pagar o valor das custas de
R$700,00, calculadas sobre o montante arbitrado à condenação de
R$35.000,00 (fls. 410), cujo pagamento fora efetuado (fls. 448/449)
para fins de interposição recursal.
Neste contexto, com a liquidação do julgado, foram computados e
atualizados os valores da condenação, apurando-se o valor total
executado de R$57.410,94 (R$39.286,68 + R$18.124,26), e, custas
equivalentes a R$1.148,22 (2%), deduzindo-se o valor pago de
R$700,00 (já atualizados), restando um saldo remanescente Conclusão
correspondente a R$446,52 de custas.
Com efeito, a teor do inciso IX do art. 789-A da CLT, considerando
ainda as custas da execução correspondente a 0,5% sobre o valor

Diante do exposto, nego provimento ao apelo. provimento ao recurso.

Processo Nº RO-0001935-83.2017.5.06.0391
ao recurso. RECORRENTE COMPANHIA ENERGETICA DE
PERNAMBUCO
ADVOGADO MARSHA ALMEIDA DE
18373/PE)
RECORRIDO RODRIGO MANOEL DE BARROS
NUNES
ADVOGADO BRUNO DA CRUZ GRANGEIRO(OAB:
36900/PE)
SERGIO TORRES TEIXEIRA ADVOGADO JOSE RAMIRES DA SILVA
BARROS(OAB: 34844/PE)
ADVOGADO DIOGENES DA LUZ ALENCAR(OAB:
ADVOGADO ANNA MARIA SIMPLICIO DA CRUZ
EMMT
PODER

PROC. N.º TRT - RO - 0001935-83.2017.5.06.0391 precedente de observância obrigatória, nos termos do art. 927,
Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA ofensa ao art. 489, §4°, inciso VI, do CPC, esta passa a ser a
Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA entendimento pessoal. Superada, mediante a técnica da sinalização
Recorrente : COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - 31.2015.5.06.0000. O caso concreto traz uma peculiaridade, pois o
CELPE autor não pleiteia o vínculo de emprego diretamente com a CELPE,
eis que tal matéria já foi analisada em reclamação trabalhista
Recorridos : RODRIGO MANOEL BARROS NUNES anterior. Entretanto, pugna pelo pagamento de pedidos decorrentes
desse vínculo com base nas normas coletivas da CELPE. Friso que
Advogados : BRUNO MOURY FERNANDES; E ANNA MARIA o caso não opera preclusão pro judicato, por ter sobrevindo
SIMPLÍCIO DA CRUZ BARROS E DIÓGENES DA LUZ ALENCAR modificação no estado de direito, a teor do art. 505, inciso I, do
CPC, consistente nadecisão do Pretório Excelsona ADPF 324.
Procedência : VARA DO TRABALHO DE SALGUEIRO - PE Desde a vigência da Lei n° 13.105/2015, o ordenamento jurídico
brasileiro adotou o microssistema de formação concentrada e
aplicação de precedentes obrigatórios, de modo a conferir
se em precedente de observância obrigatória, nos termos do art.
EMENTA Juízo, ainda que com a ressalva de entendimento pessoal. Recurso
a que se dá parcial provimento.
RECURSO ORDINÁRIO DAS RECLAMADAS. DIREITO
INDIVIDUAL DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO. SUPERAÇÃO Vistos etc.
superveniência da decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF Recurso Ordinário interposto pela COMPANHIA ENERGÉTICA DE
324, "é lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou PERNAMBUCO - CELPE contra sentença proferida pelo MM. Juízo
fim, de forma que não se configura relação de emprego entre a da Vara do Trabalho de Salgueiro - PE que julgou parcialmente
contratante e o empregado da contratada". A diferenciação acerca procedentes os pedidos formulados na ação trabalhista ajuizada por
da inserção da atividade subcontratada no âmbito do objeto social RODRIGO MANOEL DE BARROS NUNESem face da ora
da empresa, antes realizada à luz da Súmula n° 331, item III, do C. recorrente,nos termos dos fundamentos da sentença DE ID.
TST, perdeu a razão de ser, mesmo para a prestação de serviços 8097bc4.
Considerando que a decisão produz efeitos vinculantes, próprios do Em suas razões recursais, requer a CELPE, inicialmente, ainda o

sobrestamento do feito, com base no art. 1.036 do CPC, em face do
reconhecimento, pelo STF, da repercussão geral sobre o tema da
ilicitude da terceirização. Destaca que, na qualidade de MÉRITO
concessionária de serviço público, poderá contratar com terceiros o
desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou
complementares ao serviço concedido, nos termos do artigo 25 da
Lei 8.987/95, ratificado pela Lei 13.429/17. A nova lei, ao declarar a Do pedido de sobrestamento do feito
licitude de toda forma de terceirização, não veio a criar fato novo,
apenas veio declarar lícito o que não tinha norma expressa em A CELPE requer, inicialmente, o sobrestamento do feito, com base
sentido contrário, restando assim revogado o Enunciado 331 do no art. 1.036 do CPC, em face do reconhecimento, pelo STF, da
TST após a vigência da nova lei, bem como o IUJ deste Tribunal repercussão geral sobre o tema da ilicitude da terceirização.
sobre a matéria. Aponta, com base no art. 25, §1º, da Lei 8.987/95,
e no art. 175 da CF, que foi lícita a contratação dos serviços da 2ª Desnecessária a suspensão do feito, haja vista a superveniência da
ré, sendo a concessão de serviços públicos regida por regras decisão do Pretório Excelso que, em sede de repercussão geral
próprias. Por conseguinte, entende não ser aplicável ao caso (Tema 725), julgou procedente o pedido formulado na ADPF 324. A
concreto a restrição da terceirização às atividades-meio, prevista na decisão foi publicada no DEJ e DOU 10/9/2018 e com atenção à
Súmula nº. 331 do C. TST. Pede provimento. fundamentação nela contida os autos serão reexaminados.
Contrarrazões apresentadas (ID. c2dd62f).
litígio (artigo 49 do Regimento Interno deste Sexto Regional). A CELPE Requer seja afastada a orientação da Súmula n° 331 do
C. TST e sustenta a presença de expresso permissivo legal para
É o relatório. terceirização das atividades subcontratadas, consoante norma do
observância do art. 97 da CRFB e Súmula Vinculante n° 10. Alega
VOTO: contratada entre as empresas demandadas.
Dos pressupostos de admissibilidade terceirização na atividade-fim da empresa tomadora do serviço, com
O recurso é tempestivo. A representação está regular e o preparo a intermediação de mão-de-obra, evidencia-se fraude às normas
foi observado pela CELPE (ID. 483efd2). Satisfeitos os demais trabalhistas, que não passa pelo crivo do art. 9° da CLT.
requisitos de admissibilidade, conheço do apelo, bem como das
contrarrazões. Em casos tais, sempre me manifestei pelo reconhecimento do
vínculo diretamente com quem, na realidade, era a empregadora,

No julgamento, cuja decisão foi publicada no DEJ e DOU 10/9/2018, "Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o
o Supremo Tribunal Federal considerou "a licitude da terceirização pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para
ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas que o executado, independentemente de penhora ou nova
jurídicas distintas, independentemente do objeto social das intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
empresa contratante" (Cf. Informativo de Jurisprudência n° 913 do (...)
STF).
§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo,
Desse modo e, considerando que a decisão produz efeitos considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em
vinculantes, próprios do controle concentrado de título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo
constitucionalidade, traduzindo-se em precedente de observância considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal,
obrigatória pelos tribunais, nos termos do art. 927, inciso I, do ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato
CPC e sob pena de, não a observando, incorrer-se em ofensa ao normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como
art. 489, §4°, inciso VI, do CPC, este passa a ser o entendimento incompatível com a Constituição Federal, em controle de
deste Juízo, ainda que com a ressalva de meu entendimento constitucionalidade concentrado ou difuso."
pessoal.
Uma vez formado o precedente de observância obrigatória, o
Sabe-se que este Regional, antes de extinto o procedimento do sistema processual previu uma série de instrumentos a disposição
Incidente de uniformização de Jurisprudência por meio da Lei n° das partes com o intuito de provocar os tribunais a aplicá-lo. Não se
13.467/2017, havia firmado tese prevalecente, em demandas pode simplesmente ignorá-lo. Trata-se de um dever de disciplina
assemelhadas, no sentido de que "Constatada a fraude na judiciária hierárquica.
do empreendimento, não se cogita, sequer, de condenação O caso em particular ostenta a peculiaridade de conflitar com tese
subsidiária ou solidária, formando-se o vínculo diretamente com a prevalecente anteriormente adotada por este Tribunal Regional.
empresa tomadora de serviços". Todavia, a hipótese comporta aplicação da técnica de superação do
Porém, desde a vigência da Lei n° 13.105/2015, o nosso sistema me valho da lição doutrinária de Elisson Miessa:
processual adotou a formação e aplicação concentrada de
precedentes obrigatórios, com mecanismos próprios de controle da
sua observância pelos Tribunais, de modo a conferir concretude à
norma do art. 926 do CPC (Os tribunais devem uniformizar sua "A signaling conside na técnica utilizada quando um tribunal, apesar
jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente). de aplicar determinado precedente, ao perceber sua
desatualização, sinaliza sua futura superação. A técnica tem como
As consequências da formação do precedente vão além da norma objetivo conceder segurança jurídica aos jurisdicionados, uma vez

que evita a superação do precedente de forma repentina. jurídico brasileiro adotou o microssistema de formação concentrada
A aplicação de possível mudança nos precedentes tem como concretude à norma do art. 926 do CPC. A não aplicação ou a
função, além de preservação da segurança jurídica e da confiança aplicação inadequada do precedente obrigatório equivale à hipótese
dos jurisdicionados, a provocação de novo debate público, no de error in procedendo ou error in judicando e pode, em útlima
tocante ao entendimento sinalizado, conforme previsão do §2° do análise, tornar inexigível o título, nos termos do art. 525, §12, do
art. 927 do NCPC, in verbis" (Manual dos Recursos Trabalhistas. CPC. Considerando os efeitos vinculantes da decisão, traduzindo-
Teoria e Prática. 3ª. edição. Editora Juspodium: Salvador, 2018) se em precedente de observância obrigatória, nos termos do art.
Assim, no entender deste relator, torna-se superada, mediante a Juízo, ainda que com a ressalva de entendimento pessoal.
0000217-31.2015.5.06.0000. Recurso a que se dá provimento para, reformando a sentença para
julgar improcedentes os pedidos fundados na aplicação dos
É certo que a ilicitude da terceirização ainda pode ser reconhecida, instrumentos coletivos da categoria (diferenças salariais para o piso
caso haja prova irrefutável da presença dos elementos fático- dos empregados da CELPE, indenização correspondente aos
jurídicos dos artigos 2° e 3° da CLT, caso em que o vínculo de tíquetes refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados,
emprego deve ser reconhecido, por não se tratar de intermediação diferença do abono de férias, direito à redução da jornada de 40
de mão de obra, mas contratação de empregado por empresa horas semanais).
Prequestionamento
econômico principal e ausente prova da presença dos requisitos Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
demarcados nos artigos 2° e 3° da CLT, dou provimento ao recurso fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
das rés para, reformando a sentença, afastar o reconhecimento do qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
vínculo de emprego diretamente com a empresa tomadora dos infraconstitucional, mencionados pelo recorrente, sendo
serviços, mantendo hígido o contrato de trabalho assinado pela desnecessária a menção expressa a cada um deles, a teor do
empresa prestadora de serviços. disposto na OJ n° 118 da SDI-I do TST.
seus empregados.
O caso concreto traz uma peculiaridade, pois o autor não pleiteia o
vínculo de emprego diretamente com a CELPE, eis que tal matéria
já foi analisada em reclamação trabalhista anterior. Entretanto,
pugna pelo pagamento de pedidos decorrentes desse vínculo com
base nas normas coletivas da CELPE. Não há como deferir tais
pedidos.
Friso que o caso não opera preclusão pro judicato, por ter

dos empregados da CELPE, indenização correspondente aos
diferença do abono de férias, direito à redução da jornada de 40
horas semanais).
Conclusão
EMMT
Ante do exposto, DOU PROVIMENTO ao apelo da CELPE para,
reformando a sentença, julgar improcedentes os pedidos fundados CERTIDÃO DE JULGAMENTO
salariais para o piso dos empregados da CELPE, indenização Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi
correspondente aos tíquetes refeição/alimentação, participação nos publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de
lucros e resultados, diferença do abono de férias, direito à redução 09.10.2018, sob a presidência da Exma. Sra. Desembargadora
da jornada de 40 horas semanais). MARIA DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO, com a presença do
unanimidade, DAR PROVIMENTO ao apelo da CELPE para,
reformando a sentença, julgar improcedentes os pedidos fundados
lucros e resultados, diferença do abono de férias, direito à redução
da jornada de 40 horas semanais).
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, DAR Vera Neuma de Moraes Leite
PROVIMENTO ao apelo da CELPE para, reformando a sentença,
julgar improcedentes os pedidos fundados na aplicação dos Secretária da 1ª Turma
instrumentos coletivos da categoria (diferenças salariais para o piso

Acórdão
Processo Nº RO-0001935-83.2017.5.06.0391
RECORRENTE COMPANHIA ENERGETICA DE EMENTA
PERNAMBUCO
ADVOGADO MARSHA ALMEIDA DE
18373/PE)
RECORRIDO RODRIGO MANOEL DE BARROS
NUNES
ADVOGADO BRUNO DA CRUZ GRANGEIRO(OAB:
36900/PE)
ADVOGADO JOSE RAMIRES DA SILVA
ADVOGADO DIOGENES DA LUZ ALENCAR(OAB:
23537/PE)
ADVOGADO ANNA MARIA SIMPLICIO DA CRUZ
BARROS(OAB: 42914/PE) RECURSO ORDINÁRIO DAS RECLAMADAS. DIREITO

- RODRIGO MANOEL DE BARROS NUNES

PODER contratante e o empregado da contratada". A diferenciação acerca
JUDICIÁRIO da inserção da atividade subcontratada no âmbito do objeto social

PROC. N.º TRT - RO - 0001935-83.2017.5.06.0391

31.2015.5.06.0000. O caso concreto traz uma peculiaridade, pois o

Recorrente : COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO -
autor não pleiteia o vínculo de emprego diretamente com a CELPE,
CELPE
eis que tal matéria já foi analisada em reclamação trabalhista
anterior. Entretanto, pugna pelo pagamento de pedidos decorrentes

Recorridos : RODRIGO MANOEL BARROS NUNES
desse vínculo com base nas normas coletivas da CELPE. Friso que
o caso não opera preclusão pro judicato, por ter sobrevindo

Advogados : BRUNO MOURY FERNANDES; E ANNA MARIA
modificação no estado de direito, a teor do art. 505, inciso I, do
SIMPLÍCIO DA CRUZ BARROS E DIÓGENES DA LUZ ALENCAR
CPC, consistente nadecisão do Pretório Excelsona ADPF 324.
Desde a vigência da Lei n° 13.105/2015, o ordenamento jurídico

Procedência : VARA DO TRABALHO DE SALGUEIRO - PE

brasileiro adotou o microssistema de formação concentrada e Súmula nº. 331 do C. TST. Pede provimento.
aplicação de precedentes obrigatórios, de modo a conferir
concretude à norma do art. 926 do CPC. A não aplicação ou a Contrarrazões apresentadas (ID. c2dd62f).
CPC. Considerando os efeitos vinculantes da decisão, traduzindo- Desnecessária a remessa dos autos à Procuradoria Regional do
se em precedente de observância obrigatória, nos termos do art. Trabalho, porquanto não se vislumbra interesse público no presente
927, inciso I, do CPC, esta passa a ser a posição adotada por este litígio (artigo 49 do Regimento Interno deste Sexto Regional).
Juízo, ainda que com a ressalva de entendimento pessoal. Recurso
a que se dá parcial provimento. É o relatório.
Vistos etc. VOTO:
Recurso Ordinário interposto pela COMPANHIA ENERGÉTICA DE
PERNAMBUCO - CELPE contra sentença proferida pelo MM. Juízo
da Vara do Trabalho de Salgueiro - PE que julgou parcialmente Dos pressupostos de admissibilidade
procedentes os pedidos formulados na ação trabalhista ajuizada por
RODRIGO MANOEL DE BARROS NUNESem face da ora O recurso é tempestivo. A representação está regular e o preparo
recorrente,nos termos dos fundamentos da sentença DE ID. foi observado pela CELPE (ID. 483efd2). Satisfeitos os demais
8097bc4. requisitos de admissibilidade, conheço do apelo, bem como das
contrarrazões.
Em suas razões recursais, requer a CELPE, inicialmente, ainda o
sobrestamento do feito, com base no art. 1.036 do CPC, em face do
reconhecimento, pelo STF, da repercussão geral sobre o tema da
ilicitude da terceirização. Destaca que, na qualidade de MÉRITO
concessionária de serviço público, poderá contratar com terceiros o
desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou
complementares ao serviço concedido, nos termos do artigo 25 da
Lei 8.987/95, ratificado pela Lei 13.429/17. A nova lei, ao declarar a Do pedido de sobrestamento do feito
licitude de toda forma de terceirização, não veio a criar fato novo,
apenas veio declarar lícito o que não tinha norma expressa em A CELPE requer, inicialmente, o sobrestamento do feito, com base
sentido contrário, restando assim revogado o Enunciado 331 do no art. 1.036 do CPC, em face do reconhecimento, pelo STF, da
TST após a vigência da nova lei, bem como o IUJ deste Tribunal repercussão geral sobre o tema da ilicitude da terceirização.
sobre a matéria. Aponta, com base no art. 25, §1º, da Lei 8.987/95,
e no art. 175 da CF, que foi lícita a contratação dos serviços da 2ª Desnecessária a suspensão do feito, haja vista a superveniência da
ré, sendo a concessão de serviços públicos regida por regras decisão do Pretório Excelso que, em sede de repercussão geral
próprias. Por conseguinte, entende não ser aplicável ao caso (Tema 725), julgou procedente o pedido formulado na ADPF 324. A
concreto a restrição da terceirização às atividades-meio, prevista na decisão foi publicada no DEJ e DOU 10/9/2018 e com atenção à

fundamentação nela contida os autos serão reexaminados. empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
STF).
Terceirização. Companhia Energética de Pernambuco - CELPE Desse modo e, considerando que a decisão produz efeitos
A CELPE Requer seja afastada a orientação da Súmula n° 331 do CPC e sob pena de, não a observando, incorrer-se em ofensa ao
C. TST e sustenta a presença de expresso permissivo legal para art. 489, §4°, inciso VI, do CPC, este passa a ser o entendimento
terceirização das atividades subcontratadas, consoante norma do deste Juízo, ainda que com a ressalva de meu entendimento
art. 25, §1°, da Lei nº 8.987/1995, para afastá-la imprescindível a pessoal.
observância do art. 97 da CRFB e Súmula Vinculante n° 10. Alega
que a edição da Lei n° 13.42/2017 afasta a controvérsia sobre a Sabe-se que este Regional, antes de extinto o procedimento do
permissão de terceirização em atividade-fim, cuja não observância Incidente de uniformização de Jurisprudência por meio da Lei n°
implicaria flagrante violação ao disposto no artigo 5°, II e 37, ambos 13.467/2017, havia firmado tese prevalecente, em demandas
da Constituição da República. assemelhadas, no sentido de que "Constatada a fraude na
Ora, a questão gira em torno da licitude ou não da terceirização do empreendimento, não se cogita, sequer, de condenação
contratada entre as empresas demandadas. subsidiária ou solidária, formando-se o vínculo diretamente com a
contratação de empregados por empresa interposta e, havendo Porém, desde a vigência da Lei n° 13.105/2015, o nosso sistema
terceirização na atividade-fim da empresa tomadora do serviço, com processual adotou a formação e aplicação concentrada de
a contratação de trabalhadores por meio de empresa que promove precedentes obrigatórios, com mecanismos próprios de controle da
a intermediação de mão-de-obra, evidencia-se fraude às normas sua observância pelos Tribunais, de modo a conferir concretude à
trabalhistas, que não passa pelo crivo do art. 9° da CLT. norma do art. 926 do CPC (Os tribunais devem uniformizar sua
No julgamento, cuja decisão foi publicada no DEJ e DOU 10/9/2018, "Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o
o Supremo Tribunal Federal considerou "a licitude da terceirização pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para
ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas que o executado, independentemente de penhora ou nova
jurídicas distintas, independentemente do objeto social das intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.

emprego deve ser reconhecido, por não se tratar de intermediação
(...) de mão de obra, mas contratação de empregado por empresa
§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo,
considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em Desta feita, superada pela jurisprudência do Pretório Excelso a
título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo discussão acerca da inserção do trabalhador na dinâmica da
considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, empresa-tomadora, laborando em atividade ligada ao seu objeto
ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato econômico principal e ausente prova da presença dos requisitos
normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como demarcados nos artigos 2° e 3° da CLT, dou provimento ao recurso
incompatível com a Constituição Federal, em controle de das rés para, reformando a sentença, afastar o reconhecimento do
constitucionalidade concentrado ou difuso." vínculo de emprego diretamente com a empresa tomadora dos
serviços, mantendo hígido o contrato de trabalho assinado pela
Uma vez formado o precedente de observância obrigatória, o empresa prestadora de serviços.
sistema processual previu uma série de instrumentos a disposição
das partes com o intuito de provocar os tribunais a aplicá-lo. Não se Na linha da fundamentação constante da ADPF 324 tal conclusão
pode simplesmente ignorá-lo. Trata-se de um dever de disciplina não afasta a responsabilidade subsidiária da empresa tomadora dos
judiciária hierárquica. serviços por eventuais créditos devidos pela empresa contratada a
seus empregados.
O caso em particular ostenta a peculiaridade de conflitar com tese
prevalecente anteriormente adotada por este Tribunal Regional. O caso concreto traz uma peculiaridade, pois o autor não pleiteia o
Todavia, a hipótese comporta aplicação da técnica de superação do vínculo de emprego diretamente com a CELPE, eis que tal matéria
precedente interno por meio da sinalização (signaling), sobre a qual já foi analisada em reclamação trabalhista anterior. Entretanto,
me valho da lição doutrinária de Elisson Miessa: pugna pelo pagamento de pedidos decorrentes desse vínculo com
base nas normas coletivas da CELPE. Não há como deferir tais
pedidos.
"A signaling conside na técnica utilizada quando um tribunal, apesar Friso que o caso não opera preclusão pro judicato, por ter
de aplicar determinado precedente, ao perceber sua sobrevindo modificação no estado de direito, a teor do art. 505,
desatualização, sinaliza sua futura superação. A técnica tem como inciso I, do CPC, consistente nadecisão do Pretório Excelsona
objetivo conceder segurança jurídica aos jurisdicionados, uma vez ADPF 324. Desde a vigência da Lei n° 13.105/2015, o ordenamento
que evita a superação do precedente de forma repentina. jurídico brasileiro adotou o microssistema de formação concentrada
A aplicação de possível mudança nos precedentes tem como concretude à norma do art. 926 do CPC. A não aplicação ou a
função, além de preservação da segurança jurídica e da confiança aplicação inadequada do precedente obrigatório equivale à hipótese
dos jurisdicionados, a provocação de novo debate público, no de error in procedendo ou error in judicando e pode, em útlima
tocante ao entendimento sinalizado, conforme previsão do §2° do análise, tornar inexigível o título, nos termos do art. 525, §12, do
art. 927 do NCPC, in verbis" (Manual dos Recursos Trabalhistas. CPC. Considerando os efeitos vinculantes da decisão, traduzindo-
Teoria e Prática. 3ª. edição. Editora Juspodium: Salvador, 2018) se em precedente de observância obrigatória, nos termos do art.
Assim, no entender deste relator, torna-se superada, mediante a Juízo, ainda que com a ressalva de entendimento pessoal.
0000217-31.2015.5.06.0000. Recurso a que se dá provimento para, reformando a sentença para
É certo que a ilicitude da terceirização ainda pode ser reconhecida, instrumentos coletivos da categoria (diferenças salariais para o piso
caso haja prova irrefutável da presença dos elementos fático- dos empregados da CELPE, indenização correspondente aos
jurídicos dos artigos 2° e 3° da CLT, caso em que o vínculo de tíquetes refeição/alimentação, participação nos lucros e resultados,

diferença do abono de férias, direito à redução da jornada de 40 Ante do exposto, DOU PROVIMENTO ao apelo da CELPE para,
horas semanais). reformando a sentença, julgar improcedentes os pedidos fundados
Prequestionamento salariais para o piso dos empregados da CELPE, indenização
disposto na OJ n° 118 da SDI-I do TST.
PROVIMENTO ao apelo da CELPE para, reformando a sentença,
instrumentos coletivos da categoria (diferenças salariais para o piso
dos empregados da CELPE, indenização correspondente aos
diferença do abono de férias, direito à redução da jornada de 40
horas semanais).
Conclusão
EMMT

ADVOGADO LUDMILA FARIA MAYER DA

SILVEIRA(OAB: 37183/BA)
RECORRIDO ERICKSON MALCON MENESES DO
CERTIDÃO DE JULGAMENTO NASCIMENTO
ADVOGADO ERICK BATISTA MARQUES DA
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi RECORRIDO MILLS ESTRUTURAS E SERVICOS
DE ENGENHARIA S/A
ADVOGADO LUCAS SIMOES PACHECO DE
09.10.2018, sob a presidência da Exma. Sra. Desembargadora MIRANDA(OAB: 21641/BA)
ADVOGADO EVERTON JOSE REGO PACHECO
MARIA DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO, com a presença do DE ANDRADE(OAB: 26910/BA)
Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pela ADVOGADO LUDMILA FARIA MAYER DA
Desembargador Sergio Torres Teixeira (Relator) e Ibrahim Alves Intimado(s)/Citado(s):
Filho (Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado - ERICKSON MALCON MENESES DO NASCIMENTO
unanimidade, DAR PROVIMENTO ao apelo da CELPE para,
reformando a sentença, julgar improcedentes os pedidos fundados PODER

na aplicação dos instrumentos coletivos da categoria (diferenças JUDICIÁRIO

PROC. N.º TRT. 0000007-78.2017.5.06.0171 (RO)


Recorrente : MILLS ESTRUTURAS E SERVICOS DE
ENGENHARIA S/A; ERICKSON MALCON MENESES DO

NASCIMENTO
Recorrido : OS MESMOS
Advogados : LUCAS SIMOES PACHECO DE MIRANDA; LUDMILA
FARIA MAYER DA SILVEIRA
Procedência : 1ª Vara do Trabalho do Cabo de Santo Agostinho
(PE)
Acórdão
Processo Nº RO-0000007-78.2017.5.06.0171
RECORRENTE ERICKSON MALCON MENESES DO
NASCIMENTO
RECORRENTE MILLS ESTRUTURAS E SERVICOS
DE ENGENHARIA S/A
MIRANDA(OAB: 21641/BA)
DE ANDRADE(OAB: 26910/BA)

EMENTA
RECURSO ORDINÁRIO DA RÉ
Em razões anexas, com fundamento no art. 844 da CLT e no art.
344 do CPC, insurge-se contra o reconhecimento da revelia e
protesta contra o não conhecimento dos documentos apresentados
eis que a revelia acarreta tão somente presunção de veracidade da
matéria de fato, mas não elide a análise de documentos anexados à
posteriori.Pede provimento.
RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE RÉ. DIREITO PROCESSUAL
DO TRABALHO. EFEITOS DA REVELIA. PRESUNÇÃO RELATIVA RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR
DOS FATOS NARRADOS NA INICIAL. Consoante tradicional lição
do processo do trabalho, diferentemente do que ocorre no processo Em razões anexas, contrapõe-se ao indeferimento do adicional de
civil, a revelia caracteriza-se pelo não comparecimento da parte à insalubridade, uma vez que, na função de técnico de manutenção,
audiência inicial, nos moldes do art. 844 da CLT (O não apesar de recebes os EPI's necessários, não havia troca ou
comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento substituição, os quais ficavam gastos pelo transcurso do tempo.
da reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa Destaca que, durante a perícia, não houve qualquer verificação
revelia, além de confissão quanto à matéria de fato). Nesse sentido, sobre a validade dos EPI e tendo sido considerada a empresa revel,
assim dispõe a Súmula n° 74 do C. TST. Configurada a hipótese do não consta qualquer comprovação de troca de EPI. Pede
art. 844 da CLT, correta a decisão que julgou procedentes os provimento.
pedidos dependentes de matéria fática, impondo-se o destaque
para a ausência de prova pré-constituída nos autos. Recurso Contrarrazões apresentadas por ambos os recorridos
improvido.
RECURSO AUTORAL. DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL DO Regional, em face do disposto no art. 50 do Regimento Interno
TRABALHO. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. LAUDO deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se pronunciar
PERICIAL CONCLUSIVO. Não havendo outras provas nos autos, e verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por ocasião
sendo o laudo pericial produzido nos autos conclusivo acerca do da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, XIII e VII,
incabimento do adicional de insalubridade, outro caminho não há da Lei Complementar n° 75/1993.
senão o indeferimento da rubrica em questão. Recurso obreiro a
que se nega provimento. É o relatório.
VOTO:
Pressupostos de Admissibilidade
representação processual e, comprovado o preparo, quando
necessário, conheço de ambos os recursos. Do mesmo modo,
Recurso Ordinário interposto por MILLS ESTRUTURAS E conheço das contrarrazões.
SERVICOS DE ENGENHARIA S/A e por ERICKSON MALCON
MENESES DO NASCIMENTO contra sentença proferida pelo Mérito
Excelentíssimo Juiz da 1ª Vara do Trabalho do Cabo de Santo
Agostinho (PE) que julgou PARCIALMENTE PROCEDENTES os RECURSO ORDINÁRIO DA RÉ
pedidos formulados na reclamação trabalhista em que contendem
entre si. Revelia. Confissão ficta. Não comparecimento à audiência inaugural

2015 - art. 400, I, do CPC de 1973), não implicando cerceamento de
Insurge-se contra o reconhecimento da confissão ficta, alegando defesa o indeferimento de provas posteriores.
que, a despeito da revelia, os artigos 373, I, do CPC e 818 da CLT,
impõem a análise das matérias cujo ônus probatório pertencia ao III- A vedação à produção de prova posterior pela parte confessa
autor. Aduz que a revelia não dispensa o magistrado de analisar o somente a ela se aplica, não afetando o exercício, pelo magistrado,
conjunto fático-probatório e protesta contra o não conhecimento dos do poder/dever de conduzir o processo.
documentos apresentados pois a revelia acarreta tão somente
presunção de veracidade da matéria de fato, mas não elide a Configurada a hipótese do art. 844 da CLT, correta a decisão que
análise de documentos anexados à posteriori. julgou procedentes os pedidos que demandavam a análise de
prova, impondo-se o destaque para a ausência de prova pré-
Vejamos. constituída de que trata o item II da referida súmula.
Consoante notificação de fls. 19/20 (ID n° 51e6bd4), a demandada Dessa forma, não se cogita em nulidade pelo não conhecimento dos
foi intimada a comparecer, pessoalmente ou por meio de preposto documentos apresentados pela ré, em tempo inoportuno, sendo
habilitado, à audiência designada para 5/9/2017. igualmente imperioso o destaque para o trecho final do item II do
referido verbete, no sentido de que não implica cerceamento de
Contudo, não compareceu na audiência previamente designada, defesa o indeferimento de provas posteriores.
não apresentou defesa e nem justificou nos autos a própria
ausência. Assim, regularmente notificada e não comparecendo à Por todas as razões, nego provimento ao recurso.
audiência designada, foi reputada revel e fictamente confessa
quanto à matéria fática aduzida na inicial (fl. 21 - ID n° 03249a0). RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR
Como consequência, foi dispensada a prova oral, prosseguindo a Adicional de insalubridade
instrução apenas com relação ao adicional de insalubridade, haja
vista a imprescindibilidade da prova técnica (art. 195 da CLT). O recorrente insurge-se contra o indeferimento do pedido de
adicional de insalubridade, uma vez que, na função de técnico de
Consoante tradicional lição do processo do trabalho, diferentemente manutenção, apesar de receber os EPI's necessários, não havia
do que ocorre no processo civil, a revelia caracteriza-se pelo não troca ou substituição, os quais ficavam gastos pelo transcurso do
comparecimento da parte à audiência inicial, nos moldes do art. 844 tempo.
da CLT (O não comparecimento do reclamante à audiência importa
o arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do Destaca que, durante a perícia, não houve qualquer verificação
reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de sobre a validade dos EPI e tendo sido considerada a empresa revel,
fato). não consta qualquer comprovação de troca de EPI
Nesse sentido, assim dispõe a Súmula n° 74 do C. TST: Sem razão.
Súmula nº 74 do TST CONFISSÃO. (atualizada em decorrência do O laudo pericial (fl. 162 - ID n° 659abef) apresentou extensos e
CPC de 2015) - Res. 208/2016, DEJT divulgado em 22, 25 e fartos fundamentos técnicos para concluir pelo não cabimento do
26.04.2016 adicional de insalubridade, inclusive se referiu expressamente
acerca da comprovação de fornecimento e substituição dos
I - Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com equipamentos de proteção individual.
aquela cominação, não comparecer à audiência em
prosseguimento, na qual deveria depor. Há, como visto, prova pericial realizada, no presente caso,
especificamente na investigação das atividades desenvolvidas pelo
II - A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta reclamante, cujo laudo técnico se apresenta esclarecedor, contendo
para confronto com a confissão ficta (arts. 442 e 443, do CPC de todas as informações necessárias à conclusão acerca da

inexistência da insalubridade com relação ao reclamante.
Cumpre salientar que, nada obstante o juiz não esteja vinculado ao
resultado da perícia, a parte autora deixou de produzir prova capaz
de elidir as conclusões a que chegou o expert, valendo o destaque
acerca da imprescibilidade, para tanto, de prova técnica
equivalente.
Mantida a sentença, no ponto.
Prequestionamento
legislação infraconstitucional, mencionados pelo recorrente, sendo
Conclusão
ACORDAM os Desembargadores da Primeira Turma do Tribunal
Diante do exposto, CONHEÇO de ambos os recursos e, no mérito, Regional do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade,
NEGO-LHES PROVIMENTO. CONHECER de ambos os recursos e, no mérito, NEGAR-LHES
PROVIMENTO.
EMMT
12.09.2018, sob a presidência do Exmo. Desembargador SERGIO
TORRES TEIXEIRA (Relator) com a presença do Ministério Público
do Trabalho da 6ª Região, representado pelo Exmo. Sr. Procurador

Rogério Sitônio Wanderley e dos Exmos. Srs. Desembargador
Eduardo Pugliesi e Ibrahim Alves da Silva Filho (Juiz Titular da 1ª
Vara do Trabalho de Igarassu, convocado para o Gabinete Vago), PROC. N.º TRT. 0000007-78.2017.5.06.0171 (RO)
de ambos os recursos e, no mérito, NEGAR-LHES PROVIMENTO. Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
Sala de Sessões, 19 de setembro de 2018. Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA
Gilberto Alexandre de Paiva Fernandes Recorrente : MILLS ESTRUTURAS E SERVICOS DE
ENGENHARIA S/A; ERICKSON MALCON MENESES DO
Secretário - Substituto da 1ª Turma NASCIMENTO
Recorrido : OS MESMOS
Advogados : LUCAS SIMOES PACHECO DE MIRANDA; LUDMILA
FARIA MAYER DA SILVEIRA
Procedência : 1ª Vara do Trabalho do Cabo de Santo Agostinho
(PE)
Acórdão
Processo Nº RO-0000007-78.2017.5.06.0171
NASCIMENTO
DE ENGENHARIA S/A
EMENTA
NASCIMENTO
RECORRIDO MILLS ESTRUTURAS E SERVICOS
DE ENGENHARIA S/A
RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE RÉ. DIREITO PROCESSUAL
- MILLS ESTRUTURAS E SERVICOS DE ENGENHARIA S/A
DO TRABALHO. EFEITOS DA REVELIA. PRESUNÇÃO RELATIVA
DOS FATOS NARRADOS NA INICIAL. Consoante tradicional lição
do processo do trabalho, diferentemente do que ocorre no processo

PODER civil, a revelia caracteriza-se pelo não comparecimento da parte à
JUDICIÁRIO audiência inicial, nos moldes do art. 844 da CLT (O não
comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento
da reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa
revelia, além de confissão quanto à matéria de fato). Nesse sentido,

assim dispõe a Súmula n° 74 do C. TST. Configurada a hipótese do não consta qualquer comprovação de troca de EPI. Pede
art. 844 da CLT, correta a decisão que julgou procedentes os provimento.
pedidos dependentes de matéria fática, impondo-se o destaque
para a ausência de prova pré-constituída nos autos. Recurso Contrarrazões apresentadas por ambos os recorridos
improvido.
RECURSO AUTORAL. DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL DO Regional, em face do disposto no art. 50 do Regimento Interno
TRABALHO. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. LAUDO deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se pronunciar
PERICIAL CONCLUSIVO. Não havendo outras provas nos autos, e verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por ocasião
sendo o laudo pericial produzido nos autos conclusivo acerca do da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, XIII e VII,
incabimento do adicional de insalubridade, outro caminho não há da Lei Complementar n° 75/1993.
senão o indeferimento da rubrica em questão. Recurso obreiro a
que se nega provimento. É o relatório.
VOTO:
Pressupostos de Admissibilidade
representação processual e, comprovado o preparo, quando
necessário, conheço de ambos os recursos. Do mesmo modo,
Recurso Ordinário interposto por MILLS ESTRUTURAS E conheço das contrarrazões.
SERVICOS DE ENGENHARIA S/A e por ERICKSON MALCON
MENESES DO NASCIMENTO contra sentença proferida pelo Mérito
Excelentíssimo Juiz da 1ª Vara do Trabalho do Cabo de Santo
Agostinho (PE) que julgou PARCIALMENTE PROCEDENTES os RECURSO ORDINÁRIO DA RÉ
pedidos formulados na reclamação trabalhista em que contendem
entre si. Revelia. Confissão ficta. Não comparecimento à audiência inaugural
RECURSO ORDINÁRIO DA RÉ Insurge-se contra o reconhecimento da confissão ficta, alegando
que, a despeito da revelia, os artigos 373, I, do CPC e 818 da CLT,
Em razões anexas, com fundamento no art. 844 da CLT e no art. impõem a análise das matérias cujo ônus probatório pertencia ao
344 do CPC, insurge-se contra o reconhecimento da revelia e autor. Aduz que a revelia não dispensa o magistrado de analisar o
protesta contra o não conhecimento dos documentos apresentados conjunto fático-probatório e protesta contra o não conhecimento dos
eis que a revelia acarreta tão somente presunção de veracidade da documentos apresentados pois a revelia acarreta tão somente
matéria de fato, mas não elide a análise de documentos anexados à presunção de veracidade da matéria de fato, mas não elide a
posteriori.Pede provimento. análise de documentos anexados à posteriori.
RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR Vejamos.
Em razões anexas, contrapõe-se ao indeferimento do adicional de Consoante notificação de fls. 19/20 (ID n° 51e6bd4), a demandada
insalubridade, uma vez que, na função de técnico de manutenção, foi intimada a comparecer, pessoalmente ou por meio de preposto
apesar de recebes os EPI's necessários, não havia troca ou habilitado, à audiência designada para 5/9/2017.
substituição, os quais ficavam gastos pelo transcurso do tempo.
Destaca que, durante a perícia, não houve qualquer verificação Contudo, não compareceu na audiência previamente designada,
sobre a validade dos EPI e tendo sido considerada a empresa revel, não apresentou defesa e nem justificou nos autos a própria

quanto à matéria fática aduzida na inicial (fl. 21 - ID n° 03249a0). RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR
Como consequência, foi dispensada a prova oral, prosseguindo a Adicional de insalubridade
instrução apenas com relação ao adicional de insalubridade, haja
vista a imprescindibilidade da prova técnica (art. 195 da CLT). O recorrente insurge-se contra o indeferimento do pedido de
adicional de insalubridade, uma vez que, na função de técnico de
Consoante tradicional lição do processo do trabalho, diferentemente manutenção, apesar de receber os EPI's necessários, não havia
do que ocorre no processo civil, a revelia caracteriza-se pelo não troca ou substituição, os quais ficavam gastos pelo transcurso do
comparecimento da parte à audiência inicial, nos moldes do art. 844 tempo.
o arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do Destaca que, durante a perícia, não houve qualquer verificação
reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de sobre a validade dos EPI e tendo sido considerada a empresa revel,
fato). não consta qualquer comprovação de troca de EPI
Nesse sentido, assim dispõe a Súmula n° 74 do C. TST: Sem razão.
Súmula nº 74 do TST CONFISSÃO. (atualizada em decorrência do O laudo pericial (fl. 162 - ID n° 659abef) apresentou extensos e
CPC de 2015) - Res. 208/2016, DEJT divulgado em 22, 25 e fartos fundamentos técnicos para concluir pelo não cabimento do
26.04.2016 adicional de insalubridade, inclusive se referiu expressamente
acerca da comprovação de fornecimento e substituição dos
I - Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com equipamentos de proteção individual.
prosseguimento, na qual deveria depor. Há, como visto, prova pericial realizada, no presente caso,
especificamente na investigação das atividades desenvolvidas pelo
II - A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta reclamante, cujo laudo técnico se apresenta esclarecedor, contendo
para confronto com a confissão ficta (arts. 442 e 443, do CPC de todas as informações necessárias à conclusão acerca da
2015 - art. 400, I, do CPC de 1973), não implicando cerceamento de inexistência da insalubridade com relação ao reclamante.
defesa o indeferimento de provas posteriores.
Cumpre salientar que, nada obstante o juiz não esteja vinculado ao
III- A vedação à produção de prova posterior pela parte confessa resultado da perícia, a parte autora deixou de produzir prova capaz
somente a ela se aplica, não afetando o exercício, pelo magistrado, de elidir as conclusões a que chegou o expert, valendo o destaque
do poder/dever de conduzir o processo. acerca da imprescibilidade, para tanto, de prova técnica
equivalente.
Configurada a hipótese do art. 844 da CLT, correta a decisão que
julgou procedentes os pedidos que demandavam a análise de Mantida a sentença, no ponto.
constituída de que trata o item II da referida súmula. Prequestionamento
Dessa forma, não se cogita em nulidade pelo não conhecimento dos Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
documentos apresentados pela ré, em tempo inoportuno, sendo fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
igualmente imperioso o destaque para o trecho final do item II do qualquer dos dispositivos da Constituição da República e da
referido verbete, no sentido de que não implica cerceamento de legislação infraconstitucional, mencionados pelo recorrente, sendo
defesa o indeferimento de provas posteriores. desnecessária a menção expressa a cada um deles, a teor do

Conclusão
Diante do exposto, CONHEÇO de ambos os recursos e, no mérito, Regional do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade,
NEGO-LHES PROVIMENTO. CONHECER de ambos os recursos e, no mérito, NEGAR-LHES
PROVIMENTO.
EMMT
Rogério Sitônio Wanderley e dos Exmos. Srs. Desembargador
Eduardo Pugliesi e Ibrahim Alves da Silva Filho (Juiz Titular da 1ª
Vara do Trabalho de Igarassu, convocado para o Gabinete Vago),
de ambos os recursos e, no mérito, NEGAR-LHES PROVIMENTO.
Sala de Sessões, 19 de setembro de 2018.
Gilberto Alexandre de Paiva Fernandes
Secretário - Substituto da 1ª Turma

Acórdão
Processo Nº RO-0000007-78.2017.5.06.0171
NASCIMENTO
DE ENGENHARIA S/A
ADVOGADO EVERTON JOSE REGO PACHECO EMENTA
NASCIMENTO
DE ENGENHARIA S/A
SILVEIRA(OAB: 37183/BA) DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. EMBARGOS

do artigo 897-A da CLT, para que os embargos de declaração
- ERICKSON MALCON MENESES DO NASCIMENTO
sejam acolhidos, deve estar presente omissão, contradição ou
equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos de
admissibilidade recursal. Importa destacar que, nos termos do art.

PODER 1.022 do CPC, aplicável ao processo do trabalho, consoante
JUDICIÁRIO Instrução Normativa n° 39 do C. TST, cabe a oposição de embargos
de declaração, ainda, contra qualquer decisão judicial para
esclarecer obscuridade ou eliminar contradição, suprir omissão de
ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício
ou a requerimento e corrigir erro material. A decisão embargada não
ostenta quaisquer dos vícios. Embargos rejeitados.
PROC. TRT N° - 0000007-78.2017.5.06.0171 (ED)
Órgão Julgador: PRIMEIRA TURMA
Recorrentes : MILLS ESTRUTURAS E SERVICOS DE
ENGENHARIA S/A
Recorridos : ERICKSON MALCON MENESES DO NASCIMENTO

Vistos etc.
Advogados : LUDMILA FARIA MAYER DA SILVEIRA; ERICK

Embargos declaratórios opostos por MILLS ESTRUTURAS E
BATISTA MARQUES DA COSTA
SERVICOS DE ENGENHARIA S/A contra acórdão proferido por
esta Egrégia 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª

Procedência : 1ª. VARA DO TRABALHO DO CABO (PE)
Região.

Em razões de embargos, com fundamento na Súmula n° 297 do C. o arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do
TST, no art. 897-A da CLT e 1.022 do CPC, aponta omissão no reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de
acórdão, no tocante à aplicação e efeitos do art. 349 do CPC, que é fato).
taxativo em afirmar que ao revel é lícito a produção de provas. Pede
o acolhimento. Nesse sentido, assim dispõe a Súmula n° 74 do C. TST:
É o relatório. Súmula nº 74 do TST CONFISSÃO. (atualizada em decorrência do
CPC de 2015) - Res. 208/2016, DEJT divulgado em 22, 25 e
VOTO: 26.04.2016
Pressupostos de admissibilidade I - Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com
Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade e prosseguimento, na qual deveria depor.
II - A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta
Mérito para confronto com a confissão ficta (arts. 442 e 443, do CPC de
2015 - art. 400, I, do CPC de 1973), não implicando cerceamento de
A embargante aponta omissão no acórdão, no tocante à aplicação e defesa o indeferimento de provas posteriores.
efeitos do art. 349 do CPC.
III- A vedação à produção de prova posterior pela parte confessa
Vejamos. somente a ela se aplica, não afetando o exercício, pelo magistrado,
do poder/dever de conduzir o processo.
O acórdão contém fundamentação pertinente quanto à manutenção
da decisão do Juízo de Origem que encerrou a instrução, em razão Configurada a hipótese do art. 844 da CLT, correta a decisão que
do não comparecimento da ré à audiência de instrução. julgou procedentes os pedidos que demandavam a análise de
Segue trecho do acórdão embargado: constituída de que trata o item II da referida súmula.
Consoante notificação de fls. 19/20 (ID n° 51e6bd4), a demandada Dessa forma, não se cogita em nulidade pelo não conhecimento dos
foi intimada a comparecer, pessoalmente ou por meio de preposto documentos apresentados pela ré, em tempo inoportuno, sendo
habilitado, à audiência designada para 5/9/2017. igualmente imperioso o destaque para o trecho final do item II do
referido verbete, no sentido de que não implica cerceamento de
Contudo, não compareceu na audiência previamente designada, defesa o indeferimento de provas posteriores.
quanto à matéria fática aduzida na inicial (fl. 21 - ID n° 03249a0). À luz da fundamentação, observa-se que não há vício no julgado,
mesmo porque a norma do art. 349 do CPC é bastante clara quanto
Como consequência, foi dispensada a prova oral, prosseguindo a à condicionante de que a produção de provas será lícita como forma
instrução apenas com relação ao adicional de insalubridade, haja de se contrapor às alegações do autor e, diante da confissão ficta,
vista a imprescindibilidade da prova técnica (art. 195 da CLT). presumem-se verdadeiras as alegações da inicial, não havendo
necessidade de contraprova.
Consoante tradicional lição do processo do trabalho, diferentemente
do que ocorre no processo civil, a revelia caracteriza-se pelo não Observe-se que, em sede de embargos, não se identifica qualquer
comparecimento da parte à audiência inicial, nos moldes do art. 844 apontamento de omisso, obscuridade ou contradição, a ensejar a

aplicação do art. 897-A da CLT e 1022 do CPC.
Ainda que se tenha em vista as alterações promovidas pelo CPC de
2015, especialmente as disposições do art. 1022, parágrafo único,
que reputa omissa a decisão que incorra em qualquer das condutas
descritas no art. 489, § 1°, do mesmo diploma legal, não houve
transmudação da natureza dos embargos declaratórios, que
somente se prestam a esclarecer obscuridade ou eliminar
contradição, bem como para suprir omissão de ponto ou questão
sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento.
Isto é, não se admite a interposição dos embargos
declaratórios para revisão de provas ou reexame do conjunto
probatório, eis que este não é o propósito da medida.
Não custa advertir a parte embargante acerca da imposição da
penalidade do art. 1.026, §2°, do CPC, em se tratando de embargos
opostos com intuito de procrastinar o feito.
Quanto ao prequestionamento, é importante ressaltar previamente
que se trata de uma criação jurisprudencial, inclusive já sumulada
prequestionamento do tema sobre o qual versa um recurso é o seu
inconformismo com as questões debatidas pela decisão recorrida e
a pretensa violação de normas legais.
expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ n° 118, da SDI-
I.
fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração
Conclusão
Diante do exposto, rejeito os embargos declaratórios. ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, rejeitar os


Recife (PE), 18 de outubro de 2018. SILVEIRA(OAB: 37183/BA)
NASCIMENTO
SERGIO TORRES TEIXEIRA DE ENGENHARIA S/A
Desembargador Relator MIRANDA(OAB: 21641/BA)
EMMT ADVOGADO EVERTON JOSE REGO PACHECO
CERTIDÃO DE JULGAMENTO Intimado(s)/Citado(s):

- MILLS ESTRUTURAS E SERVICOS DE ENGENHARIA S/A
do Exmo. Sr. Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA
(Relator), com a presença do Ministério Público do Trabalho da 6ª

PODER
Região, representado pela Exma. Sra. Procuradora Elizabeth Veiga
JUDICIÁRIO
e dos Exmos. Srs. Desembargador Eduardo Pugliesi e Ibrahim
Alves Filho (Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu,
convocado para o Gabinete Vago), resolveu a 1ª Turma do
Tribunal, por unanimidade, rejeitar os embargos declaratórios.

PROC. TRT N° - 0000007-78.2017.5.06.0171 (ED)


Recorrentes : MILLS ESTRUTURAS E SERVICOS DE
Secretário Substituto da 1ª Turma ENGENHARIA S/A
Recorridos : ERICKSON MALCON MENESES DO NASCIMENTO
Advogados : LUDMILA FARIA MAYER DA SILVEIRA; ERICK
BATISTA MARQUES DA COSTA
Procedência : 1ª. VARA DO TRABALHO DO CABO (PE)
Acórdão
Processo Nº RO-0000007-78.2017.5.06.0171
NASCIMENTO
DE ENGENHARIA S/A

EMENTA
VOTO:
Mérito
DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. Pela norma A embargante aponta omissão no acórdão, no tocante à aplicação e
do artigo 897-A da CLT, para que os embargos de declaração efeitos do art. 349 do CPC.
equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos de Vejamos.
1.022 do CPC, aplicável ao processo do trabalho, consoante O acórdão contém fundamentação pertinente quanto à manutenção
Instrução Normativa n° 39 do C. TST, cabe a oposição de embargos da decisão do Juízo de Origem que encerrou a instrução, em razão
de declaração, ainda, contra qualquer decisão judicial para do não comparecimento da ré à audiência de instrução.
ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício Segue trecho do acórdão embargado:
ostenta quaisquer dos vícios. Embargos rejeitados. Consoante notificação de fls. 19/20 (ID n° 51e6bd4), a demandada
foi intimada a comparecer, pessoalmente ou por meio de preposto
habilitado, à audiência designada para 5/9/2017.
Contudo, não compareceu na audiência previamente designada,
ausência. Assim, regularmente notificada e não comparecendo à
quanto à matéria fática aduzida na inicial (fl. 21 - ID n° 03249a0).
Como consequência, foi dispensada a prova oral, prosseguindo a
Vistos etc. instrução apenas com relação ao adicional de insalubridade, haja
vista a imprescindibilidade da prova técnica (art. 195 da CLT).
Embargos declaratórios opostos por MILLS ESTRUTURAS E
SERVICOS DE ENGENHARIA S/A contra acórdão proferido por Consoante tradicional lição do processo do trabalho, diferentemente
esta Egrégia 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª do que ocorre no processo civil, a revelia caracteriza-se pelo não
Região. comparecimento da parte à audiência inicial, nos moldes do art. 844
Em razões de embargos, com fundamento na Súmula n° 297 do C. o arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do
TST, no art. 897-A da CLT e 1.022 do CPC, aponta omissão no reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de
acórdão, no tocante à aplicação e efeitos do art. 349 do CPC, que é fato).
taxativo em afirmar que ao revel é lícito a produção de provas. Pede
o acolhimento. Nesse sentido, assim dispõe a Súmula n° 74 do C. TST:
É o relatório. Súmula nº 74 do TST CONFISSÃO. (atualizada em decorrência do

CPC de 2015) - Res. 208/2016, DEJT divulgado em 22, 25 e contradição, bem como para suprir omissão de ponto ou questão
26.04.2016 sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento.
I - Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com Isto é, não se admite a interposição dos embargos
aquela cominação, não comparecer à audiência em declaratórios para revisão de provas ou reexame do conjunto
prosseguimento, na qual deveria depor. probatório, eis que este não é o propósito da medida.
II - A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta Não custa advertir a parte embargante acerca da imposição da
para confronto com a confissão ficta (arts. 442 e 443, do CPC de penalidade do art. 1.026, §2°, do CPC, em se tratando de embargos
2015 - art. 400, I, do CPC de 1973), não implicando cerceamento de opostos com intuito de procrastinar o feito.
defesa o indeferimento de provas posteriores.
Quanto ao prequestionamento, é importante ressaltar previamente
III- A vedação à produção de prova posterior pela parte confessa que se trata de uma criação jurisprudencial, inclusive já sumulada
somente a ela se aplica, não afetando o exercício, pelo magistrado, (Súmulas nos. 282 e 356, STF, 184 e 297, TST) e, sabidamente, o
do poder/dever de conduzir o processo. prequestionamento do tema sobre o qual versa um recurso é o seu
Configurada a hipótese do art. 844 da CLT, correta a decisão que a pretensa violação de normas legais.
julgou procedentes os pedidos que demandavam a análise de
prova, impondo-se o destaque para a ausência de prova pré- Prequestionamento. Violações de dispositivos legais
constituída de que trata o item II da referida súmula.
Dessa forma, não se cogita em nulidade pelo não conhecimento dos fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
documentos apresentados pela ré, em tempo inoportuno, sendo qualquer dos dispositivos da Constituição da República e da
igualmente imperioso o destaque para o trecho final do item II do legislação infraconstitucional, sendo desnecessária a menção
referido verbete, no sentido de que não implica cerceamento de expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ n° 118, da SDI-
defesa o indeferimento de provas posteriores. I.
Por todas as razões, nego provimento ao recurso. Ademais, nos moldes do art. 1.025 do CPC, consideram-se
À luz da fundamentação, observa-se que não há vício no julgado, fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração
mesmo porque a norma do art. 349 do CPC é bastante clara quanto sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere
à condicionante de que a produção de provas será lícita como forma existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.
de se contrapor às alegações do autor e, diante da confissão ficta,
presumem-se verdadeiras as alegações da inicial, não havendo Conclusão
necessidade de contraprova.
Diante do exposto, rejeito os embargos declaratórios.
Observe-se que, em sede de embargos, não se identifica qualquer
apontamento de omisso, obscuridade ou contradição, a ensejar a
aplicação do art. 897-A da CLT e 1022 do CPC.

Secretário Substituto da 1ª Turma
Acórdão
Processo Nº RO-0001729-75.2017.5.06.0001
25815/BA)
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional RECORRIDO CRISTIANE GOMES DA SILVA
OLIVEIRA
ADVOGADO EDUARDO CAVALCANTI GIL
embargos declaratórios. RODRIGUES(OAB: 38014/PE)
ADVOGADO JOAO SYNVAL TAVARES DE
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. RECORRIDO LIQ CORP S.A.
EMMT

INEXISTÊNCIA DE SUCUMBÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO. I - A

PODER
análise de admissibilidade recursal equivale, mutatis mutantis, à
JUDICIÁRIO
verificação das condições da ação realizada antes do julgamento do
mérito da lide, pois em ambos os casos esse exame deve preceder
a análise do mérito e, assim como a falta de interesse de agir
conduz à carência de ação, a ausência de interesse recursal
(necessidade + utilidade) conduz ao não conhecimento do recurso.
II - Na hipótese, a recorrente (CONTAX) sequer participou da

PROC. TRT - AI - 0001729-75.2017.5.06.0001 relação processual. III - Dessa forma, falta-lhe interesse recursal em
ver tutelado seu pedido, por ausência de sucumbência, e seu

Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA recurso não transpõe a barreira da admissibilidade, motivo pelo qual
não se há falar em sucumbência e, consequentemente, em

Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA interesse recursal, fato esse que acarreta o não conhecimento do
apelo. IV - Agravo de Instrumento improvido.

Agravante : CONTAX - MOBITEL S.A. (atual denominação LIQ
CORP S/A)
Agravados : CRISTIANE GOMES DA SILVA OLIVEIRA e ITAÚ
UNIBANCO S.A.
Advogados : CARLA ELISÂNGELA FERREIRA ALVES TEIXEIRA,
KARLA SANTOS DA CUNHA, JULIANA NETO DE MENDONÇA
MAFRA, JOÃO SYNVAL TAVARES DE CARVALHO e EDUARDO
CAVALCANTI GIL RODRIGUES RELATÓRIO
Vistos etc.
Agravo de instrumento interposto por CONTAX-MOBITEL S.A.

EMENTA contra decisão proferida pelo Excelentíssimo Juiz da 1ª Vara do
Trabalho de Recife -PE que, nos termos dos fundamentos em
anexo, negou seguimento ao Recurso Ordinário interposto, por
ausência de interesse, nos autos da ação trabalhista, em que
contendem CRISTIANE GOMES DA SILVA OLIVEIRA e ITAÚ
UNIBANCO S.A., ora agravados.
Em razões de apelo, pretende seja destrancado o recurso ordinário
por ela interposto, o qual não foi conhecido pelo juízo de 1ª

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESTRANCAMENTO DE instância por falta de interesse. Esclarece que ao declarar a
RECURSO ORDINÁRIO. FALTA DE INTERESSE RECURSAL. nulidade do contrato havido para consigo, foi afetada diretamente

pelos efeitos da decisão. Argumenta que, o não conhecimento de interposto, afronta o direito constitucional ao contraditório e à ampla
seu recurso interposto, afronta o direito constitucional ao defesa, previstos no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal.
contraditório e à ampla defesa, previstos no art. 5º, inciso LV, da
Constituição Federal. Pede provimento. Sem qualquer razão.
Contraminuta ofertada. Procedendo ao exame dos pressupostos processuais de
admissibilidade recursal, constato que o apelo da CONTAX S/A, de
Não se fez necessária a remessa dos presentes autos ao Ministério fato, não comporta conhecimento em razão da falta de interesse e
Público do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Regimento mesmo pela deserção.
pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por Convém enfatizar, ab initio, que a análise de admissibilidade
ocasião da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, recursal equivale, mutatis mutantis, à verificação das condições da
XIII e VII, da Lei Complementar n° 75/93. ação realizada antes do julgamento do mérito da lide, pois em
ambos os casos esse exame deve preceder de tal análise e, assim
É o relatório. como a falta de interesse de agir conduz à carência de ação, a
ausência de interesse recursal (necessidade + utilidade) conduz ao
VOTO: não conhecimento do recurso.
Pressupostos de admissibilidade No caso presente a ação foi proposta apenas em face do ITAÚ
UNIBANCO S.A. e, como não poderia deixar de ser, o condeno
Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade e ficou restrito a esta empresa.
representação processual, sendo dispensado o preparo, por
ausência de condenação em pecúnia, conheço do apelo. O comando decisório condenou a ré nem de modo subsidiário
(página 1178 - sem os grifos):
Mérito
Ante o exposto e considerando o mais que dos autos consta,
Agravo de Instrumento. Destrancamento de Recurso Ordinário. DECIDO JULGAR IMPROCEDENTE a presente reclamação
Falta de interesse recursal. Inexistência de sucumbência. ajuizada contra a Litisconsorte Assistencial CONTAX MOBITEL S/A
Ausência de Depósito Recursal e Custas Processuais. (atual LIQ CORP S/A) (...)
Deserção. Não conhecimento
Desse modo, não constatei qualquer prejuízo (ou sucumbência) na
Cuida-se, o caso concreto, de agravo de instrumento manejado pretensão deduzida pela recorrente (CONTAX S/A), razão pela qual
contra a decisão a quo que denegou seguimento ao recurso o recurso é inadmissível, porquanto não há interesse recursal
ordinário por ele interposto, por entender que não houve (utilidade) em modificar aquilo que não a prejudicou, eis que não
sucumbência, razão pela qual faltava-lhe interesse. houve condenação contra si.
Inconformada com tal decisão a ora Agravante postulou na instância Colho da jurisprudência o aresto seguinte que, mudando o que deve
recursal o provimento do agravo. Diz que, nos termos do art. 499 do ser mudado, se adequa ao caso:
CPC, detém interesse na medida em que o contrato de trabalho foi
anulado. RECURSO DO INSS. FALTA DE INTERESSE. NÃO
CONHECIMENTO. Para a admissão do recurso ordinário de
Logo, pretende seja destrancado o recurso ordinário por ela qualquer das partes demandantes faz-se necessária a
interposto, o qual não foi conhecido pelo juízo de 1ª instância por demonstração de interesse processual. Atendida a pretensão do
falta de interesse. Esclarece que ao declarar a nulidade do contrato INSS quando do julgamento prolatado na instância singular, falta-
havido para consigo, foi afetada diretamente pelos efeitos da lhe interesse em recorrer quando do manejo do recurso ordinário.
decisão. Argumenta que, o não conhecimento de seu recurso (do TRT 23ª Região - Relator OSMAIR COUTO. RO

02201.2006.051.23.01-5. 2ª Turma. Julgado em 01.08.07. Publicado
em 07.08.2007)
RECURSO DO INSS. FALTA DE INTERESSE. NÃO Conclusão
qualquer das partes demandantes faz-se necessária a
demonstração de interesse processual. Atendida a pretensão do
INSS quando do julgamento prolatado na instância singular, falta-
lhe interesse em recorrer quando do manejo do recurso ordinário.
(do TRT 23ª Região - Relator OSMAIR COUTO. RO
em 07.08.2007)
Diante do exposto, nego provimento ao agravo de instrumento.
Ademais, como de não bastasse, não fez o depósito recursal do
recurso ordinário e nem o depósito a que faz alusão o art. 899, §7º,
da CLT.
Assim, por falta de interesse recursal, o recurso da CONTAX S/A
não merece conhecimento, razão pela qual nego provimento ao
agravo.
Regional do Trabalho da Sexta Região, por maioria, NEGAR
PROVIMENTO ao agravo de instrumento, vencido o Exmo.
Desembargador Ruy Salathiel (que lhe dava provimento).
EMMT


CERTIDÃO DE JULGAMENTO RECORRIDO LIQ CORP S.A.
- LIQ CORP S.A.
da 6ª Região, representado pelo Exmo. Sr. Procurador Waldir Bitu e
dos Exmos. Srs. Desembargador Sergio Torres Teixeira (Relator) e
Ruy Salathiel de Albuquerque e Mello Ventura (Desembargador PODER
convocado por sorteio), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por JUDICIÁRIO
maioria, NEGAR PROVIMENTO ao agravo de instrumento, vencido
o Exmo. Desembargador Ruy Salathiel (que lhe dava provimento).

PROC. TRT - AI - 0001729-75.2017.5.06.0001


CORP S/A)
UNIBANCO S.A.
CAVALCANTI GIL RODRIGUES
Acórdão
Processo Nº RO-0001729-75.2017.5.06.0001
25815/BA) EMENTA
RECORRIDO CRISTIANE GOMES DA SILVA
OLIVEIRA

ausência de interesse, nos autos da ação trabalhista, em que
contendem CRISTIANE GOMES DA SILVA OLIVEIRA e ITAÚ
Em razões de apelo, pretende seja destrancado o recurso ordinário
por ela interposto, o qual não foi conhecido pelo juízo de 1ª
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESTRANCAMENTO DE instância por falta de interesse. Esclarece que ao declarar a
RECURSO ORDINÁRIO. FALTA DE INTERESSE RECURSAL. nulidade do contrato havido para consigo, foi afetada diretamente
INEXISTÊNCIA DE SUCUMBÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO. I - A pelos efeitos da decisão. Argumenta que, o não conhecimento de
análise de admissibilidade recursal equivale, mutatis mutantis, à seu recurso interposto, afronta o direito constitucional ao
verificação das condições da ação realizada antes do julgamento do contraditório e à ampla defesa, previstos no art. 5º, inciso LV, da
mérito da lide, pois em ambos os casos esse exame deve preceder Constituição Federal. Pede provimento.
conduz à carência de ação, a ausência de interesse recursal Contraminuta ofertada.
II - Na hipótese, a recorrente (CONTAX) sequer participou da Não se fez necessária a remessa dos presentes autos ao Ministério
relação processual. III - Dessa forma, falta-lhe interesse recursal em Público do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Regimento
ver tutelado seu pedido, por ausência de sucumbência, e seu Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito de se
recurso não transpõe a barreira da admissibilidade, motivo pelo qual pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por
não se há falar em sucumbência e, consequentemente, em ocasião da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II,
interesse recursal, fato esse que acarreta o não conhecimento do XIII e VII, da Lei Complementar n° 75/93.
É o relatório.
VOTO:
ausência de condenação em pecúnia, conheço do apelo.
RELATÓRIO
Mérito
Agravo de Instrumento. Destrancamento de Recurso Ordinário.
Falta de interesse recursal. Inexistência de sucumbência.
Ausência de Depósito Recursal e Custas Processuais.
Cuida-se, o caso concreto, de agravo de instrumento manejado
Vistos etc. contra a decisão a quo que denegou seguimento ao recurso
ordinário por ele interposto, por entender que não houve
Agravo de instrumento interposto por CONTAX-MOBITEL S.A. sucumbência, razão pela qual faltava-lhe interesse.
contra decisão proferida pelo Excelentíssimo Juiz da 1ª Vara do
Trabalho de Recife -PE que, nos termos dos fundamentos em Inconformada com tal decisão a ora Agravante postulou na instância
anexo, negou seguimento ao Recurso Ordinário interposto, por recursal o provimento do agravo. Diz que, nos termos do art. 499 do

CPC, detém interesse na medida em que o contrato de trabalho foi
anulado. RECURSO DO INSS. FALTA DE INTERESSE. NÃO
Logo, pretende seja destrancado o recurso ordinário por ela qualquer das partes demandantes faz-se necessária a
interposto, o qual não foi conhecido pelo juízo de 1ª instância por demonstração de interesse processual. Atendida a pretensão do
falta de interesse. Esclarece que ao declarar a nulidade do contrato INSS quando do julgamento prolatado na instância singular, falta-
havido para consigo, foi afetada diretamente pelos efeitos da lhe interesse em recorrer quando do manejo do recurso ordinário.
decisão. Argumenta que, o não conhecimento de seu recurso (do TRT 23ª Região - Relator OSMAIR COUTO. RO
interposto, afronta o direito constitucional ao contraditório e à ampla 02201.2006.051.23.01-5. 2ª Turma. Julgado em 01.08.07. Publicado
defesa, previstos no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal. em 07.08.2007)
Sem qualquer razão. RECURSO DO INSS. FALTA DE INTERESSE. NÃO
Procedendo ao exame dos pressupostos processuais de qualquer das partes demandantes faz-se necessária a
admissibilidade recursal, constato que o apelo da CONTAX S/A, de demonstração de interesse processual. Atendida a pretensão do
fato, não comporta conhecimento em razão da falta de interesse e INSS quando do julgamento prolatado na instância singular, falta-
mesmo pela deserção. lhe interesse em recorrer quando do manejo do recurso ordinário.
Convém enfatizar, ab initio, que a análise de admissibilidade 02201.2006.051.23.01-5. 2ª Turma. Julgado em 01.08.07. Publicado
recursal equivale, mutatis mutantis, à verificação das condições da em 07.08.2007)
ação realizada antes do julgamento do mérito da lide, pois em
ambos os casos esse exame deve preceder de tal análise e, assim Ademais, como de não bastasse, não fez o depósito recursal do
como a falta de interesse de agir conduz à carência de ação, a recurso ordinário e nem o depósito a que faz alusão o art. 899, §7º,
ausência de interesse recursal (necessidade + utilidade) conduz ao da CLT.
não conhecimento do recurso.
No caso presente a ação foi proposta apenas em face do ITAÚ não merece conhecimento, razão pela qual nego provimento ao
UNIBANCO S.A. e, como não poderia deixar de ser, o condeno agravo.
ficou restrito a esta empresa.
O comando decisório condenou a ré nem de modo subsidiário
DECIDO JULGAR IMPROCEDENTE a presente reclamação
ajuizada contra a Litisconsorte Assistencial CONTAX MOBITEL S/A
(atual LIQ CORP S/A) (...)
pretensão deduzida pela recorrente (CONTAX S/A), razão pela qual
o recurso é inadmissível, porquanto não há interesse recursal
(utilidade) em modificar aquilo que não a prejudicou, eis que não
houve condenação contra si.
Colho da jurisprudência o aresto seguinte que, mudando o que deve
ser mudado, se adequa ao caso:

EMMT
Conclusão
Ruy Salathiel de Albuquerque e Mello Ventura (Desembargador
convocado por sorteio), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por
Diante do exposto, nego provimento ao agravo de instrumento. o Exmo. Desembargador Ruy Salathiel (que lhe dava provimento).

Acórdão
Processo Nº RO-0001729-75.2017.5.06.0001
ADVOGADO KARLA SANTOS DA CUNHA(OAB: EMENTA
25815/BA)
RECORRIDO CRISTIANE GOMES DA SILVA
OLIVEIRA
RECORRIDO LIQ CORP S.A.
- CRISTIANE GOMES DA SILVA OLIVEIRA
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESTRANCAMENTO DE
RECURSO ORDINÁRIO. FALTA DE INTERESSE RECURSAL.
INEXISTÊNCIA DE SUCUMBÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO. I - A

PODER análise de admissibilidade recursal equivale, mutatis mutantis, à
JUDICIÁRIO verificação das condições da ação realizada antes do julgamento do
mérito da lide, pois em ambos os casos esse exame deve preceder
conduz à carência de ação, a ausência de interesse recursal
II - Na hipótese, a recorrente (CONTAX) sequer participou da
relação processual. III - Dessa forma, falta-lhe interesse recursal em

PROC. TRT - AI - 0001729-75.2017.5.06.0001
ver tutelado seu pedido, por ausência de sucumbência, e seu
recurso não transpõe a barreira da admissibilidade, motivo pelo qual

não se há falar em sucumbência e, consequentemente, em
interesse recursal, fato esse que acarreta o não conhecimento do

CORP S/A)
UNIBANCO S.A.

RELATÓRIO
CAVALCANTI GIL RODRIGUES

Cuida-se, o caso concreto, de agravo de instrumento manejado
Vistos etc. contra a decisão a quo que denegou seguimento ao recurso
ordinário por ele interposto, por entender que não houve
Agravo de instrumento interposto por CONTAX-MOBITEL S.A. sucumbência, razão pela qual faltava-lhe interesse.
contra decisão proferida pelo Excelentíssimo Juiz da 1ª Vara do
Trabalho de Recife -PE que, nos termos dos fundamentos em Inconformada com tal decisão a ora Agravante postulou na instância
anexo, negou seguimento ao Recurso Ordinário interposto, por recursal o provimento do agravo. Diz que, nos termos do art. 499 do
ausência de interesse, nos autos da ação trabalhista, em que CPC, detém interesse na medida em que o contrato de trabalho foi
contendem CRISTIANE GOMES DA SILVA OLIVEIRA e ITAÚ anulado.
Logo, pretende seja destrancado o recurso ordinário por ela
Em razões de apelo, pretende seja destrancado o recurso ordinário interposto, o qual não foi conhecido pelo juízo de 1ª instância por
por ela interposto, o qual não foi conhecido pelo juízo de 1ª falta de interesse. Esclarece que ao declarar a nulidade do contrato
instância por falta de interesse. Esclarece que ao declarar a havido para consigo, foi afetada diretamente pelos efeitos da
nulidade do contrato havido para consigo, foi afetada diretamente decisão. Argumenta que, o não conhecimento de seu recurso
pelos efeitos da decisão. Argumenta que, o não conhecimento de interposto, afronta o direito constitucional ao contraditório e à ampla
seu recurso interposto, afronta o direito constitucional ao defesa, previstos no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal.
contraditório e à ampla defesa, previstos no art. 5º, inciso LV, da
Constituição Federal. Pede provimento. Sem qualquer razão.
Contraminuta ofertada. Procedendo ao exame dos pressupostos processuais de
admissibilidade recursal, constato que o apelo da CONTAX S/A, de
Não se fez necessária a remessa dos presentes autos ao Ministério fato, não comporta conhecimento em razão da falta de interesse e
Público do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Regimento mesmo pela deserção.
pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por Convém enfatizar, ab initio, que a análise de admissibilidade
ocasião da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, recursal equivale, mutatis mutantis, à verificação das condições da
XIII e VII, da Lei Complementar n° 75/93. ação realizada antes do julgamento do mérito da lide, pois em
ambos os casos esse exame deve preceder de tal análise e, assim
É o relatório. como a falta de interesse de agir conduz à carência de ação, a
ausência de interesse recursal (necessidade + utilidade) conduz ao
VOTO: não conhecimento do recurso.
Pressupostos de admissibilidade No caso presente a ação foi proposta apenas em face do ITAÚ
UNIBANCO S.A. e, como não poderia deixar de ser, o condeno
Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade e ficou restrito a esta empresa.
ausência de condenação em pecúnia, conheço do apelo. O comando decisório condenou a ré nem de modo subsidiário
Mérito
Agravo de Instrumento. Destrancamento de Recurso Ordinário. DECIDO JULGAR IMPROCEDENTE a presente reclamação
Falta de interesse recursal. Inexistência de sucumbência. ajuizada contra a Litisconsorte Assistencial CONTAX MOBITEL S/A
Ausência de Depósito Recursal e Custas Processuais. (atual LIQ CORP S/A) (...)

pretensão deduzida pela recorrente (CONTAX S/A), razão pela qual
o recurso é inadmissível, porquanto não há interesse recursal
houve condenação contra si.
Colho da jurisprudência o aresto seguinte que, mudando o que deve
RECURSO DO INSS. FALTA DE INTERESSE. NÃO
em 07.08.2007)
RECURSO DO INSS. FALTA DE INTERESSE. NÃO Conclusão
em 07.08.2007)
Diante do exposto, nego provimento ao agravo de instrumento.
Ademais, como de não bastasse, não fez o depósito recursal do
recurso ordinário e nem o depósito a que faz alusão o art. 899, §7º,
da CLT.
não merece conhecimento, razão pela qual nego provimento ao
agravo.

Acórdão
Processo Nº RO-0001729-75.2017.5.06.0001
Desembargador Relator MAFRA(OAB: 1135-B/PE)
25815/BA)
EMMT RECORRIDO CRISTIANE GOMES DA SILVA
OLIVEIRA
CERTIDÃO DE JULGAMENTO RECORRIDO LIQ CORP S.A.
Ruy Salathiel de Albuquerque e Mello Ventura (Desembargador PODER
convocado por sorteio), resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por JUDICIÁRIO
o Exmo. Desembargador Ruy Salathiel (que lhe dava provimento).

PROCESSO nº 0001729-75.2017.5.06.0001 (RO)
RECORRENTE: ITAU UNIBANCO S.A.

RECORRIDO: CRISTIANE GOMES DA SILVA OLIVEIRA, LIQ
CORP S.A.

ADVOGADOS: ALVARO VAN DER LEY LIMA NETO e JULIANA
NETO DE MENDONCA MAFRA; JOÃO SYNVAL E EDUARDO

GIL;CARLA ELISÂNGELA FERREIRA ALVES TEIXEIRA

(PE) que julgou parcialmente PROCEDENTES os pedidos
formulados na reclamação trabalhista ajuizada por CRISTIANE
GOMES DA SILVA OLIVEIRA
EMENTA RECURSO ORDINÁRIO ITAÚ UNIBANCO S.A
Em razões anexas, reitera a arguição de ilegitimidade passiva.
Sustenta a aplicabilidade da Lei n° 13.427/2017 e insurge-se contra
o reconhecimento da ilicitude da terceirização, eis que não houve
prova do desempenho de atividade bancária, tampouco os
requisitos configuradores do vínculo de emprego, nos termos do art.
2° e 3° da CLT. Insiste que a Provider não desenvolve atividade-fim
do banco, sendo contratada para prestar serviços especializados de
DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO. tele atendimento, sendo inaplicável o item I da súmula nº 331 do
ATIVIDADE BANCÁRIA. TELEATENDIMENTO. SUPERAÇÃO DA TST. Com fundamento no art. 611 da CLT, rebela-se contra o
DISTINÇÃO ENTRE ATIVIDADE FIM E MEIO. Com a enquadramento sindical na categoria dos bancários e a aplicação
superveniência da decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF das normas coletivas celebradas pela categoria, requerendo a
324, "é lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou exclusão das diferenças salariais, auxílio refeição, auxílio cesta
fim, de forma que não se configura relação de emprego entre a alimentação, 13ª cesta alimentação, participação nos lucros e
contratante e o empregado da contratada". A diferenciação acerca resultados. Sustenta a inaplicabilidade da jornada do art. 224 da
da inserção da atividade subcontratada no âmbito do objeto social CLT e rebela-se contra o deferimento das horas extras, por
da empresa, antes realizada à luz da Súmula n° 331, item III, do C. entender que a empregada não era bancária, bem como por não
TST, perdeu a razão de ser, mesmo para a prestação de serviços restar provado o labor excedente. Não se conforma com a
ocorrida anteriormente à publicação da Lei n° 13.467/2017. condenação ao intervalo do art. 384 da CLT. Pede provimento.
controle concentrado de constitucionalidade, traduzindo-se em Contrarrazões ofertadas.
inciso I, do CPC e sob pena de, não a observando, incorrer-se em Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do
ofensa ao art. 489, §4°, inciso VI, do CPC, esta passa a ser a Trabalho, por ausência de interesse público a justificar sua
posição adotada por este Juízo, ainda que com a ressalva de intervenção.
permita o reconhecimento do vínculo de emprego, por subordinação É o relatório.
próprias da categoria profissional dos bancários. Recurso provido. VOTO:
Satisfeitas as exigências legais de admissibilidade eis que o recurso
é tempestivo, as representações processuais estão regulares e o
preparo, quando necessário, foi observado, razão pela qual dele
conheço, bem como das contrarrazões.
Recurso Ordinário interposto por ITAU UNIBANCO S.A. em face de Ilegitimidade passiva ad causam
sentença proferida pelo Juízo da 1ª Vara do Trabalho do Recife

Pretende a demandada ver reconhecida sua ilegitimidade para ITAUNIBANCO aquela na qualidade de prestadora dos serviços e
figurar no polo passivo da demanda, requerendo sua exclusão da estes como instituições financeiras beneficiários dos serviços.
lide, ao argumento de que as empresas prestadoras dos serviços se
responsabilizam integralmente pelas obrigações trabalhistas de Anteriormente, nos inúmeros julgados, sobre a matéria, vinha
seus empregados, inclusive, pela supervisão dos serviços trilhando o caminho da irregularidade de terceirização das tarefas
contratados. inerentes aos serviços bancários, ainda que limitadas ao
Pois bem. dessas atividades insere-se no conceito de atividade-fim, aplicando-
O direito de agir é subjetivo público, abstrato e autônomo, não se
confundindo com o direito material vindicado, cabendo à parte No entender deste relator, a prestação de serviços dessa natureza
autora decidir contra quem propor a ação, indicando a pessoa sobre acarreta o reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com
a qual entende recair a responsabilização pelos haveres a instituição financeira privada, não obstante se cuide de contrato
decorrentes do liame empregatício. A alegação da pretensa relação de trabalho formalmente celebrado com empresa do ramo de
jurídica perseguida é suficiente para constituição da legitimidade telemarketing.
passiva dos recorrentes.
Assim, basta que, da análise abstrata dos fatos narrados na petição ADPF 324, a diferenciação acerca da inserção da atividade
inicial, in status assertionis para determinar a legitimidade da parte e subcontratada no âmbito do objeto social da empresa, mesmo para
viabilizar o exame do mérito da causa em sua plenitude, assumindo a prestação de serviços ocorrida anteriormente à publicação da Lei
o autor o risco da sua pretensão ser ou não improcedente. n° 13.467/2017, perdeu a razão de ser.
Em síntese, a aferição da legitimidade passiva no processo No julgamento, cuja decisão foi publicada no DEJ e DOU 10/9/2018,
trabalhista dá-se na simples constatação da indicação, pelo autor da o Supremo Tribunal Federal considerou "a licitude da terceirização
demanda, do reclamado e de sua possível responsabilidade jurídica ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas
Na situação em tela, a pretensão deduzida pelo autor decorre do empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
pleito de responsabilização da empresa tomadora dos serviços, empresa contratante" (Cf. Informativo de Jurisprudência n° 913 do
sendo suficiente para que, em tese, seja cabível o pedido em face STF).
dela.
Da Terceirização. Ilicitude. Call Center. Instituição Bancária (ambos obrigatória pelos tribunais, nos termos do art. 927, inciso I, do CPC
os recursos) e sob pena de, não a observando, incorrer-se em ofensa ao art.
489, §4°, inciso VI, do CPC (haja vista a CONTAX haver suscitado o
O recorrentes diz que não foram preenchidos os requisitos dos sobrestamento do feito com base no julgado), este passa a ser o
artigos 2º e 3º da CLT, não se podendo, assim, reconhecer o entendimento deste Juízo, ainda que com a ressalva de meu
vínculo de emprego diretamente com o Banco. Argumentam ser entendimento pessoal.
válido o contrato civil firmado com a empresa CONTAX para as
atividades periféricas da instituição bancária. A ilicitude da terceirização ainda pode ser reconhecida, caso haja
prova irrefutável da presença dos elementos fático-jurídicos dos
Vejamos. artigos 2° e 3° da CLT, caso em que o vínculo de emprego deve ser
O cerne da questão devolvida a esta corte revisora é declaração da mas contratação de empregado por empresa interposta, em afronta
licitude ou ilicitude da terceirização havida entre a CONTAX e ao art. 9° da CLT.

decorrentes do art. 224 da CLT.
Ocorre que, no caso presente, conforme ata de audiência, as partes
convencionaram a utilização de prova emprestada. Em uma das Prequestionamento
atas de audiência admitida como prova emprestada, a testemunha
do autor confirma a ausência de subordinação direta com os Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
empregados da instituição bancária, consoante trecho abaixo fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
transcrito: qualquer dos dispositivos da Constituição da República e da
Desta feita, superada pela jurisprudência do Pretório Excelso a expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ nº. 118 da SDI-
econômico principal e ausente prova da presença dos requisitos Conclusão
das rés para, reformando a sentença, afastar o reconhecimento do Ante o exposto, CONHEÇO do recurso e, no mérito, DOU
vínculo de emprego diretamente com a instituição bancária, PROVIMENTO para, reformando a sentença, afastar o
mantendo hígido o contrato de trabalho assinado pela empresa reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a
prestadora de serviços. instituição bancária, mantendo hígido o contrato de trabalho
Na linha da fundamentação constante da ADPF 324 tal conclusão improcedentes os pedidos fundados na aplicação das Convenções
não afasta a responsabilidade subsidiária da empresa tomadora dos Coletivas dos bancários (diferenças salariais, participação nos
serviços por eventuais créditos devidos pela empresa contratada a Lucros e Resultados, auxílio-refeição, auxílio cesta alimentação e
seus empregados. 13ª cesta alimentação, multa convencional) e as horas extras
pretensão de reconhecimento de vínculo de emprego com a Improcedente todos os pedidos formulados pela parte autora na
instituição bancária e, como consequência lógica do seu inicial e prejudicada a análise dos demais tópicos constantes no
afastamento, inviável aplicar-lhes a norma do art. 611 da CLT e, recurso, inverte-se o ônus para pagamento das custas processuais
assim, igualmente improcedentes os pedidos decorrentes da (Súmula n° 25 do C. TST) que passa ser da reclamante, ficando
aplicação das convenções coletivas da categoria, a saber: dele dispensado, por fazer jus aos benefícios da justiça gratuita, nos
diferenças salariais, participação nos lucros e resultados, auxílio- termos do art. 790, § 3º, da CLT, na redação vigente ao tempo do
refeição, auxílio cesta alimentação e 13ª cesta alimentação, assim ajuizamento da ação.
Recurso das rés a que se dá provimento para, reformando a
diretamente com a instituição bancária, mantendo hígido o contrato
Coletivas dos bancários (diferenças salariais, participação nos

EMMT
Desembargador Sergio Torres Teixeira (Relator) e Solange Moura
de Andrade (convocada por sorteio), resolveu a 1ª Turma do
Tribunal, por unanimidade, CONHECER do recurso e, no mérito,
também por unanimidade, DAR PROVIMENTO para, reformando a
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional improcedentes os pedidos fundados na aplicação das Convenções
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, CONHECER do Coletivas dos bancários (diferenças salariais, participação nos
recurso e, no mérito, também por unanimidade, DAR Lucros e Resultados, auxílio-refeição, auxílio cesta alimentação e
PROVIMENTO para, reformando a sentença, afastar o 13ª cesta alimentação, multa convencional) e as horas extras
reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a decorrentes do art. 224 da CLT. Improcedente todos os pedidos
instituição bancária, mantendo hígido o contrato de trabalho formulados pela parte autora na inicial e prejudicada a análise
assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar dos demais tópicos constantes no recurso, inverte-se o ônus
improcedentes os pedidos fundados na aplicação das Convenções para pagamento das custas processuais (Súmula n° 25 do C. TST)
Coletivas dos bancários (diferenças salariais, participação nos que passa ser da reclamante, ficando dele dispensado, por fazer jus
Lucros e Resultados, auxílio-refeição, auxílio cesta alimentação e aos benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 790, § 3º, da
13ª cesta alimentação, multa convencional) e as horas extras CLT, na redação vigente ao tempo do ajuizamento da ação.
formulados pela parte autora na inicial e prejudicada a análise Certifico e dou fé.
dos demais tópicos constantes no recurso, inverte-se o ônus
para pagamento das custas processuais (Súmula n° 25 do C. TST) Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018.
que passa ser da reclamante, ficando dele dispensado, por fazer jus
aos benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 790, § 3º, da
CLT, na redação vigente ao tempo do ajuizamento da ação.

EMENTA
Acórdão
Processo Nº RO-0001729-75.2017.5.06.0001
ADVOGADO KARLA SANTOS DA CUNHA(OAB: DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO.
25815/BA)
RECORRIDO CRISTIANE GOMES DA SILVA ATIVIDADE BANCÁRIA. TELEATENDIMENTO. SUPERAÇÃO DA
OLIVEIRA
DISTINÇÃO ENTRE ATIVIDADE FIM E MEIO. Com a
RODRIGUES(OAB: 38014/PE) superveniência da decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF
CARVALHO(OAB: 22238/PE) 324, "é lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou
RECORRIDO LIQ CORP S.A. fim, de forma que não se configura relação de emprego entre a
ALVES TEIXEIRA(OAB: 18855/PE) contratante e o empregado da contratada". A diferenciação acerca

- CRISTIANE GOMES DA SILVA OLIVEIRA

PODER controle concentrado de constitucionalidade, traduzindo-se em
JUDICIÁRIO precedente de observância obrigatória, nos termos do art. 927,

PROCESSO nº 0001729-75.2017.5.06.0001 (RO)
próprias da categoria profissional dos bancários. Recurso provido.
CORP S.A.

Recurso Ordinário interposto por ITAU UNIBANCO S.A. em face de Ilegitimidade passiva ad causam
(PE) que julgou parcialmente PROCEDENTES os pedidos Pretende a demandada ver reconhecida sua ilegitimidade para
formulados na reclamação trabalhista ajuizada por CRISTIANE figurar no polo passivo da demanda, requerendo sua exclusão da
GOMES DA SILVA OLIVEIRA lide, ao argumento de que as empresas prestadoras dos serviços se
responsabilizam integralmente pelas obrigações trabalhistas de
RECURSO ORDINÁRIO ITAÚ UNIBANCO S.A seus empregados, inclusive, pela supervisão dos serviços
contratados.
Sustenta a aplicabilidade da Lei n° 13.427/2017 e insurge-se contra Pois bem.
prova do desempenho de atividade bancária, tampouco os O direito de agir é subjetivo público, abstrato e autônomo, não se
requisitos configuradores do vínculo de emprego, nos termos do art. confundindo com o direito material vindicado, cabendo à parte
2° e 3° da CLT. Insiste que a Provider não desenvolve atividade-fim autora decidir contra quem propor a ação, indicando a pessoa sobre
do banco, sendo contratada para prestar serviços especializados de a qual entende recair a responsabilização pelos haveres
tele atendimento, sendo inaplicável o item I da súmula nº 331 do decorrentes do liame empregatício. A alegação da pretensa relação
TST. Com fundamento no art. 611 da CLT, rebela-se contra o jurídica perseguida é suficiente para constituição da legitimidade
enquadramento sindical na categoria dos bancários e a aplicação passiva dos recorrentes.
das normas coletivas celebradas pela categoria, requerendo a
exclusão das diferenças salariais, auxílio refeição, auxílio cesta Assim, basta que, da análise abstrata dos fatos narrados na petição
alimentação, 13ª cesta alimentação, participação nos lucros e inicial, in status assertionis para determinar a legitimidade da parte e
resultados. Sustenta a inaplicabilidade da jornada do art. 224 da viabilizar o exame do mérito da causa em sua plenitude, assumindo
CLT e rebela-se contra o deferimento das horas extras, por o autor o risco da sua pretensão ser ou não improcedente.
entender que a empregada não era bancária, bem como por não
restar provado o labor excedente. Não se conforma com a Em síntese, a aferição da legitimidade passiva no processo
condenação ao intervalo do art. 384 da CLT. Pede provimento. trabalhista dá-se na simples constatação da indicação, pelo autor da
demanda, do reclamado e de sua possível responsabilidade jurídica
Na situação em tela, a pretensão deduzida pelo autor decorre do
Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do pleito de responsabilização da empresa tomadora dos serviços,
Trabalho, por ausência de interesse público a justificar sua sendo suficiente para que, em tese, seja cabível o pedido em face
intervenção. dela.
É o relatório.
VOTO: Da Terceirização. Ilicitude. Call Center. Instituição Bancária (ambos
os recursos)
O recorrentes diz que não foram preenchidos os requisitos dos
Satisfeitas as exigências legais de admissibilidade eis que o recurso artigos 2º e 3º da CLT, não se podendo, assim, reconhecer o
é tempestivo, as representações processuais estão regulares e o vínculo de emprego diretamente com o Banco. Argumentam ser
preparo, quando necessário, foi observado, razão pela qual dele válido o contrato civil firmado com a empresa CONTAX para as
conheço, bem como das contrarrazões. atividades periféricas da instituição bancária.
Vejamos.

O cerne da questão devolvida a esta corte revisora é declaração da mas contratação de empregado por empresa interposta, em afronta
licitude ou ilicitude da terceirização havida entre a CONTAX e ao art. 9° da CLT.
ITAUNIBANCO aquela na qualidade de prestadora dos serviços e
estes como instituições financeiras beneficiários dos serviços. Ocorre que, no caso presente, conforme ata de audiência, as partes
convencionaram a utilização de prova emprestada. Em uma das
Anteriormente, nos inúmeros julgados, sobre a matéria, vinha atas de audiência admitida como prova emprestada, a testemunha
trilhando o caminho da irregularidade de terceirização das tarefas do autor confirma a ausência de subordinação direta com os
inerentes aos serviços bancários, ainda que limitadas ao empregados da instituição bancária, consoante trecho abaixo
atendimento telefônico a clientes, considerando que o desempenho transcrito:
dessas atividades insere-se no conceito de atividade-fim, aplicando-
se, assim, o item I da Súmula n° 331 do C. TST. Desta feita, superada pela jurisprudência do Pretório Excelso a
No entender deste relator, a prestação de serviços dessa natureza empresa-tomadora, laborando em atividade ligada ao seu objeto
acarreta o reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com econômico principal e ausente prova da presença dos requisitos
a instituição financeira privada, não obstante se cuide de contrato demarcados nos artigos 2° e 3° da CLT, dou provimento ao recurso
de trabalho formalmente celebrado com empresa do ramo de das rés para, reformando a sentença, afastar o reconhecimento do
telemarketing. vínculo de emprego diretamente com a instituição bancária,
Todavia, com a superveniência da decisão do Pretório Excelso na prestadora de serviços.
subcontratada no âmbito do objeto social da empresa, mesmo para Na linha da fundamentação constante da ADPF 324 tal conclusão
a prestação de serviços ocorrida anteriormente à publicação da Lei não afasta a responsabilidade subsidiária da empresa tomadora dos
n° 13.467/2017, perdeu a razão de ser. serviços por eventuais créditos devidos pela empresa contratada a
seus empregados.
o Supremo Tribunal Federal considerou "a licitude da terceirização Todavia, no caso presente, todos os pedidos decorrem da
ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas pretensão de reconhecimento de vínculo de emprego com a
jurídicas distintas, independentemente do objeto social das instituição bancária e, como consequência lógica do seu
empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da afastamento, inviável aplicar-lhes a norma do art. 611 da CLT e,
empresa contratante" (Cf. Informativo de Jurisprudência n° 913 do assim, igualmente improcedentes os pedidos decorrentes da
STF). aplicação das convenções coletivas da categoria, a saber:
Desse modo e, considerando que a decisão produz efeitos refeição, auxílio cesta alimentação e 13ª cesta alimentação, assim
vinculantes, próprios do controle concentrado de como a multa convencional.
obrigatória pelos tribunais, nos termos do art. 927, inciso I, do CPC Do mesmo modo, inviável aplicar-lhes a jornada prevista no art. 224
e sob pena de, não a observando, incorrer-se em ofensa ao art. da CLT e, sendo as horas extras integrantes da condenação
489, §4°, inciso VI, do CPC (haja vista a CONTAX haver suscitado o decorrentes apenas da extrapolação da jornada dos bancários,
sobrestamento do feito com base no julgado), este passa a ser o igualmente improcedente o pleito de horas extras.
entendimento deste Juízo, ainda que com a ressalva de meu
entendimento pessoal. Recurso das rés a que se dá provimento para, reformando a
A ilicitude da terceirização ainda pode ser reconhecida, caso haja diretamente com a instituição bancária, mantendo hígido o contrato
prova irrefutável da presença dos elementos fático-jurídicos dos de trabalho assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar
artigos 2° e 3° da CLT, caso em que o vínculo de emprego deve ser improcedentes os pedidos fundados na aplicação das Convenções
reconhecido, por não se tratar de intermediação de mão de obra, Coletivas dos bancários (diferenças salariais, participação nos

Prequestionamento
expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ nº. 118 da SDI-
I.
Conclusão
Ante o exposto, CONHEÇO do recurso e, no mérito, DOU
PROVIMENTO para, reformando a sentença, afastar o
reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a
instituição bancária, mantendo hígido o contrato de trabalho
Improcedente todos os pedidos formulados pela parte autora na
inicial e prejudicada a análise dos demais tópicos constantes no
recurso, inverte-se o ônus para pagamento das custas processuais
(Súmula n° 25 do C. TST) que passa ser da reclamante, ficando
dele dispensado, por fazer jus aos benefícios da justiça gratuita, nos ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional
termos do art. 790, § 3º, da CLT, na redação vigente ao tempo do do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, CONHECER do
ajuizamento da ação. recurso e, no mérito, também por unanimidade, DAR
PROVIMENTO para, reformando a sentença, afastar o
reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a
instituição bancária, mantendo hígido o contrato de trabalho
formulados pela parte autora na inicial e prejudicada a análise
para pagamento das custas processuais (Súmula n° 25 do C. TST)

EMMT
Acórdão
Processo Nº RO-0001729-75.2017.5.06.0001
CERTIDÃO DE JULGAMENTO RECORRENTE ITAU UNIBANCO S.A.
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi ADVOGADO KARLA SANTOS DA CUNHA(OAB:
25815/BA)
publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de RECORRIDO CRISTIANE GOMES DA SILVA
OLIVEIRA
MARIA DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO, com a presença do RODRIGUES(OAB: 38014/PE)
Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pela CARVALHO(OAB: 22238/PE)
Exma. Sra. Procuradora Elizabeth Veiga e dos Exmos. Srs. RECORRIDO LIQ CORP S.A.
Desembargador Sergio Torres Teixeira (Relator) e Solange Moura ALVES TEIXEIRA(OAB: 18855/PE)
- LIQ CORP S.A.
de trabalho assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar PODER
improcedentes os pedidos fundados na aplicação das Convenções JUDICIÁRIO
formulados pela parte autora na inicial e prejudicada a análise

PROCESSO nº 0001729-75.2017.5.06.0001 (RO)
CORP S.A.



Recurso Ordinário interposto por ITAU UNIBANCO S.A. em face de
(PE) que julgou parcialmente PROCEDENTES os pedidos
formulados na reclamação trabalhista ajuizada por CRISTIANE
GOMES DA SILVA OLIVEIRA
EMENTA RECURSO ORDINÁRIO ITAÚ UNIBANCO S.A
Sustenta a aplicabilidade da Lei n° 13.427/2017 e insurge-se contra
prova do desempenho de atividade bancária, tampouco os
requisitos configuradores do vínculo de emprego, nos termos do art.
2° e 3° da CLT. Insiste que a Provider não desenvolve atividade-fim
do banco, sendo contratada para prestar serviços especializados de
DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO. tele atendimento, sendo inaplicável o item I da súmula nº 331 do
ATIVIDADE BANCÁRIA. TELEATENDIMENTO. SUPERAÇÃO DA TST. Com fundamento no art. 611 da CLT, rebela-se contra o
DISTINÇÃO ENTRE ATIVIDADE FIM E MEIO. Com a enquadramento sindical na categoria dos bancários e a aplicação
superveniência da decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF das normas coletivas celebradas pela categoria, requerendo a
324, "é lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou exclusão das diferenças salariais, auxílio refeição, auxílio cesta
fim, de forma que não se configura relação de emprego entre a alimentação, 13ª cesta alimentação, participação nos lucros e
contratante e o empregado da contratada". A diferenciação acerca resultados. Sustenta a inaplicabilidade da jornada do art. 224 da
da inserção da atividade subcontratada no âmbito do objeto social CLT e rebela-se contra o deferimento das horas extras, por
da empresa, antes realizada à luz da Súmula n° 331, item III, do C. entender que a empregada não era bancária, bem como por não
TST, perdeu a razão de ser, mesmo para a prestação de serviços restar provado o labor excedente. Não se conforma com a
ocorrida anteriormente à publicação da Lei n° 13.467/2017. condenação ao intervalo do art. 384 da CLT. Pede provimento.
controle concentrado de constitucionalidade, traduzindo-se em Contrarrazões ofertadas.
inciso I, do CPC e sob pena de, não a observando, incorrer-se em Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do
ofensa ao art. 489, §4°, inciso VI, do CPC, esta passa a ser a Trabalho, por ausência de interesse público a justificar sua
posição adotada por este Juízo, ainda que com a ressalva de intervenção.
permita o reconhecimento do vínculo de emprego, por subordinação É o relatório.
próprias da categoria profissional dos bancários. Recurso provido. VOTO:
Satisfeitas as exigências legais de admissibilidade eis que o recurso
é tempestivo, as representações processuais estão regulares e o
preparo, quando necessário, foi observado, razão pela qual dele
conheço, bem como das contrarrazões.

Vejamos.
Ilegitimidade passiva ad causam O cerne da questão devolvida a esta corte revisora é declaração da
licitude ou ilicitude da terceirização havida entre a CONTAX e
Pretende a demandada ver reconhecida sua ilegitimidade para ITAUNIBANCO aquela na qualidade de prestadora dos serviços e
figurar no polo passivo da demanda, requerendo sua exclusão da estes como instituições financeiras beneficiários dos serviços.
lide, ao argumento de que as empresas prestadoras dos serviços se
responsabilizam integralmente pelas obrigações trabalhistas de Anteriormente, nos inúmeros julgados, sobre a matéria, vinha
seus empregados, inclusive, pela supervisão dos serviços trilhando o caminho da irregularidade de terceirização das tarefas
contratados. inerentes aos serviços bancários, ainda que limitadas ao
Pois bem. dessas atividades insere-se no conceito de atividade-fim, aplicando-
O direito de agir é subjetivo público, abstrato e autônomo, não se
confundindo com o direito material vindicado, cabendo à parte No entender deste relator, a prestação de serviços dessa natureza
autora decidir contra quem propor a ação, indicando a pessoa sobre acarreta o reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com
a qual entende recair a responsabilização pelos haveres a instituição financeira privada, não obstante se cuide de contrato
decorrentes do liame empregatício. A alegação da pretensa relação de trabalho formalmente celebrado com empresa do ramo de
jurídica perseguida é suficiente para constituição da legitimidade telemarketing.
passiva dos recorrentes.
Assim, basta que, da análise abstrata dos fatos narrados na petição ADPF 324, a diferenciação acerca da inserção da atividade
inicial, in status assertionis para determinar a legitimidade da parte e subcontratada no âmbito do objeto social da empresa, mesmo para
viabilizar o exame do mérito da causa em sua plenitude, assumindo a prestação de serviços ocorrida anteriormente à publicação da Lei
o autor o risco da sua pretensão ser ou não improcedente. n° 13.467/2017, perdeu a razão de ser.
Em síntese, a aferição da legitimidade passiva no processo No julgamento, cuja decisão foi publicada no DEJ e DOU 10/9/2018,
trabalhista dá-se na simples constatação da indicação, pelo autor da o Supremo Tribunal Federal considerou "a licitude da terceirização
demanda, do reclamado e de sua possível responsabilidade jurídica ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas
Na situação em tela, a pretensão deduzida pelo autor decorre do empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
pleito de responsabilização da empresa tomadora dos serviços, empresa contratante" (Cf. Informativo de Jurisprudência n° 913 do
sendo suficiente para que, em tese, seja cabível o pedido em face STF).
dela.
Da Terceirização. Ilicitude. Call Center. Instituição Bancária (ambos obrigatória pelos tribunais, nos termos do art. 927, inciso I, do CPC
os recursos) e sob pena de, não a observando, incorrer-se em ofensa ao art.
489, §4°, inciso VI, do CPC (haja vista a CONTAX haver suscitado o
O recorrentes diz que não foram preenchidos os requisitos dos sobrestamento do feito com base no julgado), este passa a ser o
artigos 2º e 3º da CLT, não se podendo, assim, reconhecer o entendimento deste Juízo, ainda que com a ressalva de meu
vínculo de emprego diretamente com o Banco. Argumentam ser entendimento pessoal.
válido o contrato civil firmado com a empresa CONTAX para as
atividades periféricas da instituição bancária. A ilicitude da terceirização ainda pode ser reconhecida, caso haja
prova irrefutável da presença dos elementos fático-jurídicos dos

artigos 2° e 3° da CLT, caso em que o vínculo de emprego deve ser improcedentes os pedidos fundados na aplicação das Convenções
reconhecido, por não se tratar de intermediação de mão de obra, Coletivas dos bancários (diferenças salariais, participação nos
mas contratação de empregado por empresa interposta, em afronta Lucros e Resultados, auxílio-refeição, auxílio cesta alimentação e
ao art. 9° da CLT. 13ª cesta alimentação, multa convencional) e as horas extras
Ocorre que, no caso presente, conforme ata de audiência, as partes
convencionaram a utilização de prova emprestada. Em uma das Prequestionamento
atas de audiência admitida como prova emprestada, a testemunha
do autor confirma a ausência de subordinação direta com os Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
empregados da instituição bancária, consoante trecho abaixo fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
transcrito: qualquer dos dispositivos da Constituição da República e da
Desta feita, superada pela jurisprudência do Pretório Excelso a expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ nº. 118 da SDI-
econômico principal e ausente prova da presença dos requisitos Conclusão
das rés para, reformando a sentença, afastar o reconhecimento do Ante o exposto, CONHEÇO do recurso e, no mérito, DOU
vínculo de emprego diretamente com a instituição bancária, PROVIMENTO para, reformando a sentença, afastar o
mantendo hígido o contrato de trabalho assinado pela empresa reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a
prestadora de serviços. instituição bancária, mantendo hígido o contrato de trabalho
Na linha da fundamentação constante da ADPF 324 tal conclusão improcedentes os pedidos fundados na aplicação das Convenções
não afasta a responsabilidade subsidiária da empresa tomadora dos Coletivas dos bancários (diferenças salariais, participação nos
serviços por eventuais créditos devidos pela empresa contratada a Lucros e Resultados, auxílio-refeição, auxílio cesta alimentação e
seus empregados. 13ª cesta alimentação, multa convencional) e as horas extras
pretensão de reconhecimento de vínculo de emprego com a Improcedente todos os pedidos formulados pela parte autora na
instituição bancária e, como consequência lógica do seu inicial e prejudicada a análise dos demais tópicos constantes no
afastamento, inviável aplicar-lhes a norma do art. 611 da CLT e, recurso, inverte-se o ônus para pagamento das custas processuais
assim, igualmente improcedentes os pedidos decorrentes da (Súmula n° 25 do C. TST) que passa ser da reclamante, ficando
aplicação das convenções coletivas da categoria, a saber: dele dispensado, por fazer jus aos benefícios da justiça gratuita, nos
diferenças salariais, participação nos lucros e resultados, auxílio- termos do art. 790, § 3º, da CLT, na redação vigente ao tempo do
refeição, auxílio cesta alimentação e 13ª cesta alimentação, assim ajuizamento da ação.
Recurso das rés a que se dá provimento para, reformando a

EMMT
Desembargador Sergio Torres Teixeira (Relator) e Solange Moura
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional improcedentes os pedidos fundados na aplicação das Convenções
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, CONHECER do Coletivas dos bancários (diferenças salariais, participação nos
recurso e, no mérito, também por unanimidade, DAR Lucros e Resultados, auxílio-refeição, auxílio cesta alimentação e
PROVIMENTO para, reformando a sentença, afastar o 13ª cesta alimentação, multa convencional) e as horas extras
reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a decorrentes do art. 224 da CLT. Improcedente todos os pedidos
instituição bancária, mantendo hígido o contrato de trabalho formulados pela parte autora na inicial e prejudicada a análise
assinado pela empresa prestadora de serviços e julgar dos demais tópicos constantes no recurso, inverte-se o ônus
improcedentes os pedidos fundados na aplicação das Convenções para pagamento das custas processuais (Súmula n° 25 do C. TST)
Coletivas dos bancários (diferenças salariais, participação nos que passa ser da reclamante, ficando dele dispensado, por fazer jus
Lucros e Resultados, auxílio-refeição, auxílio cesta alimentação e aos benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 790, § 3º, da
13ª cesta alimentação, multa convencional) e as horas extras CLT, na redação vigente ao tempo do ajuizamento da ação.
formulados pela parte autora na inicial e prejudicada a análise Certifico e dou fé.

Recorrentes : FERNANDO BERNARDINO DA SILVA RIBEIRO e
NORSA REFRIGERANTES S.A
Advogados : PEDRO PAULO PORPINO PEDROSA, ANTONIO
HENRIQUE NEUENSCHWANDER e PETERSON CAPUCHO
PARPINELLI -
Acórdão
Processo Nº RO-0000132-38.2014.5.06.0143
NEUENSCHWANDER(OAB:
11839/PE)
RECORRENTE FERNANDO BERNARDINO DA SILVA
RIBEIRO
ADVOGADO PEDRO PAULO PORPINO
RECORRIDO FERNANDO BERNARDINO DA SILVA EMENTA
RIBEIRO
NEUENSCHWANDER(OAB:
11839/PE)
- FERNANDO BERNARDINO DA SILVA RIBEIRO
I - DIREITO DO TRABALHO. DIREITO PROCESSUAL DO
TRABALHO. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ARTIGO 118 DA LEI
8.213/1991. ACIDENTE DE TRABALHO. PERÍODO

PODER
ESTABILITÁRIO NÃO OBSERVADO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. I -
JUDICIÁRIO
O artigo 118 da Lei 8.213/91 assegura ao empregado o direito à
estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação
do auxílio-doença. II - A Súmula 378, inciso II, do TST, por sua vez,
dispõe que os requisitos necessários à concessão da estabilidade
prevista no mencionado dispositivo legal consistem no afastamento
superior a 15 dias e a consequente percepção de auxílio-doença

PROC. N.º TRT. RO - 0000132-38.2014.5.06.0143 acidentário, exceto quando ficar demonstrada, após a dispensa, a
existência de doença profissional que possua relação de

Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA causalidade com o labor. III - Do conjunto probatório, ficou provado
o acidente de trabalho sofrido pelo Autor que lhe incapacitou para o

trabalho, bem como a omissão da Ré em emitir a CAT, fato que Vistos etc.
obstou o recebimento auxílio previdenciário, somente ocorrendo no
curso no aviso prévio. IV - Assim, faz jus o Autor à indenização Recorrem ordinariamente FERNANDO BERNARDINO DA SILVA
substitutiva em decorrência da dispensa durante o período RIBEIRO e NORSA REFRIGERANTES S.A. de decisão proferida
estabilitário, pois preenchidos os requisitos para a estabilidade no pelo MM. Juízo da 3ª Vara do Trabalho de Jaboatão - PE, que
emprego. julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na ação
trabalhista ajuizada pelo primeiro recorrente em face da segunda.
II - DIREITO DO TRABALHO. DIREITO PROCESSUAL DO
TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR. DANO Embargos declaratórios aviados pela ré, rejeitados.
MORAL. DOENÇA OCUPACIONAL. CONFIGURAÇÃO. FIXAÇÃO
DO QUANTUM. I - É devida indenização compensatória ao Recurso Ordinário do Autor
empregado sempre que restar comprovado que o empregador
concorreu, por ação ou omissão, para o desencadeamento de Nas razões de seu apelo pretende a majoração da indenização por
doença decorrente de atividade profissional (artigo 5º, inciso X, da danos morais, ao patamar equivalente a R$100.000,00 (cem mil
Constituição Federal e no artigo 186 do Código Civil), diante da não reais), ante à gravidade da doença que lhe retirou, em caráter
adoção, por parte da empresa, de medidas suficientes de proteção permanente, a capacidade laboral. Por fim, clama pela majoração
à saúde dos trabalhadores (CLT, art. 157). II - O arbitramento do da indenização pelos lucros cessantes, do período de 12/11/2013 a
quantum debeatur é parte intrínseca da essência da quantificação 21/02/2014, até que o autor complete 73 anos, atendendo à vida
do dano moral, em que os critérios de fixação hão de ser média do brasileiro, eis que a moléstia lhe causou danos
observados a fim de que não fique inteiramente ao alvedrio do permanentes.
julgador a fixação de seu valor. III - Consoante bem evidenciado nos
autos, especialmente no laudo técnico da perícia, a doença laboral Recurso Ordinário da Ré
que o autor contraiudecorreu da negligência da ré em não manter o
ambiente de trabalho seguro, de forma que deve ser mantida a Nas suas razões recursais, argúi a nulidade da sentença, ante ao
sentença, em todos os seus termos, eis que o valor arbitrado é julgamento extra petita. Diz que não há pedido de aplicação do
compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e IPCA-E, violando, no seu sentir, as disposições dos artigos 141 e
duração do dano, bem como a capacidade sócio-econômica das 492 do CPC, além do artigo 879, § 7º da CLT. Insurge-se contra a
partes. IV - Recurso não provido. condenação ao pagamento de indenização por danos morais
decorrentes de reconhecimento de doença ocupacional, sob
argumento de que não restaram configurados os requisitos
autorizadores para o seu deferimento, dentre os quais, a ausência
de conduta lesiva e do nexo causa e feito. Destaca que sempre
respeitou as recomendações e exigências médicas feitas em
benefício de seus empregados, não havendo que se falar em
conduta ilícita. Ressalta que não há prova indene do dano
experimentado, razão pela qual não há se cogitar em dever de
indenizar. Também pontua que não há se falar em negligência da
RELATÓRIO empresa, ante a inexistência de nexo de causa e efeito. Argumenta
que não há prova das alegações postas na peça de ingresso.
Adverte que o Sr. Perito, ao elaborar o seu laudo pericial, foi
taxativo ao afirmar que não há sinal de incapacidade laborativa do
obreiro. Assevera que a doença acometida pelo obreiro é de origem
multifatorial,de base congênita e degenerativa, própria do
envelhecimento humano, de forma que se faz necessário o
exaurimento de qualquer possibilidade de existência de outros
fatores que possam ensejar o aparecimento da referida doença. De

modo alternativo, requer que seja minorado o valora arbitrado ao ação realizada antes do julgamento do mérito da lide, pois em
patamar de R$ 1.000,00 (hum mil reais), obedecendo-se aos ambos os casos esse exame deve preceder de tal análise e, assim
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Clama pela como a falta de interesse de agir conduz à carência de ação, a
minoração do valor arbitrado a título de honorários periciais, ao ausência de interesse recursal (necessidade + utilidade) conduz ao
importe de R$788, também a fim de atender aos princípios antes não conhecimento do recurso.
citados. Afirma que o obreiro jamais se afastou por auxílio doença
espécie 91, razão pela qual não tem asseguro o direito à No caso presente a sentença não determinou a aplicação do IPCA-
estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação E. Vejamos o que consta do decisum (página 1228):
do auxílio-doença ao empregado acidentado. De modo alternativo,
requer que o pagamento dos salários seja limitado até a data de Correção monetária desde a exigibilidade do crédito, com o índice
18.09.2014, tendo em vista que o autor passou a laborar para outra do mês subsequente ao da prestação dos serviços, a partir do dia
empresa a partir de 19.09.2014. Esclarece que o obreiro somente 1º, sendo a referente à indenização por dano moral a partir da
começou a gozar de auxílio previdenciário após sua dispensa, de decisão de arbitramento ou alteração do valor (art. 459, § 1º, da
forma que, à época da despedida, gozava de plena saúde física e CLT e Súmulas n 381 e 439 do os C. TST). Ressalto que os salários
psíquica, não existindo, quando do início de gozo do benefício, são devidos a partir do dia 1º do mês subsequente à prestação dos
vínculo empregatício requisito essencial ao pagamento dos 15 serviços. Deverão ser utilizadas as tabelas da CGJT vigentes à
(quinze) primeiros dias de afastamento. Por fim, deverá a sentença época da liquidação do julgado.
ser reformada e a aplicação do IPCA-E como fator de correção de
créditos trabalhistas ser afastada, mormente por ser contrária à Juros de mora de 1% ao mês, simples, pro rata die, a partir do
literalidade do artigo 879, § 7º da CLT. ajuizamento da ação, sobre o valor da condenação atualizado,
incidentes até o efetivo pagamento (art. 883 da CLT, art. 39, § 1º,
Contrarrazões apresentadas. da Lei nº 8.177/91, Súmula nº 200 do C. TST e Súmula nº 4 deste
Regional).
Não se fez necessária a remessa dos presentes autos ao douto
Ministério Público do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Desse modo, não constatei qualquer prejuízo (ou sucumbência) na
Regimento Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito pretensão deduzida quanto a este aspecto, razão pela qual o
de se pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se recurso é inadmissível, porquanto não há interesse recursal
necessário, por ocasião da sessão de julgamento, nos termos do (utilidade) em modificar aquilo que não a prejudicou, eis que não
art. 83, incisos II, XIII e VII, da Lei Complementar 75/93. houve condenação contra si.
É o que tinha de importante a relatar Colho da jurisprudência o aresto seguinte que, mudando o que deve
VOTO:
Preliminarmente, em atuação de ofício, suscito o não CONHECIMENTO. Para a admissão do recurso ordinário de
conhecimento do apelo da ré quanto ao suposto julgamento qualquer das partes demandantes faz-se necessária a
extra petita e adoção do IPCA-E como índice de correção, por demonstração de interesse processual. Atendida a pretensão do
falta de interesse recursal INSS quando do julgamento prolatado na instância singular, falta-
Procedendo ao exame dos pressupostos processuais de (do TRT 23ª Região - Relator OSMAIR COUTO. RO
admissibilidade recursal, constatei que o apelo da ré não comporta 02201.2006.051.23.01-5. 2ª Turma. Julgado em 01.08.07. Publicado
conhecimento quanto ao suposto julgamento extra petita e adoção em 07.08.2007)
do IPCA-E como índice de correção, em razão da falta de interesse.
Convém enfatizar, ab initio, que a análise de admissibilidade CONHECIMENTO. Para a admissão do recurso ordinário de
recursal equivale, mutatis mutantis, à verificação das condições da qualquer das partes demandantes faz-se necessária a

INSS quando do julgamento prolatado na instância singular, falta- Por sua vez o autor pretende a majoração da indenização por danos
lhe interesse em recorrer quando do manejo do recurso ordinário. morais, ao patamar equivalente a R$100.000,00 (cem mil reais),
(do TRT 23ª Região - Relator OSMAIR COUTO. RO ante a gravidade da doença que lhe retirou, em caráter permanente,
02201.2006.051.23.01-5. 2ª Turma. Julgado em 01.08.07. Publicado a capacidade laboral.
em 07.08.2007)
À análise.
Assim, por falta de interesse recursal, não conheço do recurso
quanto a este aspecto. A vasta prova documental carreada aos autos, em especial a
concessão de benefício previdenciário Código 91, pela Previdência
No mais, os recursos são tempestivos; as representações estão Social, dá conta de que o empregado esteve em benefício no
regulares e o preparo foi observado pela ré. Satisfeitos os demais período de 03/12/2013 a 31/01/2014, sendo certo que o pacto
requisitos de admissibilidade, deles conheço, bem como das laboral perdurou de 07/11/2008 a 08/11/2013.
contrarrazões.
Portanto, dentro do prazo de aviso prévio, o autor teve deferido o
Do Mérito: auxílio doença acidentário, com incapacidade laborativa. Logo, não
há mais que se perquirir quanto ao nexo causal, eis que o próprio
Faço a análise conjunta dos apelos, ante a similitude de matérias. órgão previdenciário já concluiu neste aspecto.
Da doença ocupacional. Da indenização por danos morais e Não bastasse isso, o expert nomeado pelo Juízo concluiu que
materiais. Do quantum indenizatório. (análise conjunta) (páginas 811/812):
A ré insurge-se contra a condenação ao pagamento de indenização 8. CONCLUSÃO
por danos morais decorrentes de reconhecimento de doença
ocupacional, sob argumento de que não restaram configurados os O periciado é portador Dor lombar baixa (CID-10 M54.5).
requisitos autorizadores para o seu deferimento, dentre os quais, a
ausência de conduta lesiva e do nexo causa e feito. A patologia tem caráter degenerativo, agravada pelo trabalho na
reclamada pelo fato de deambular carregando peso e ainda realizar
Destaca que sempre respeitou as recomendações e exigências flexo extensão da região lombar contra resistência ao separar e
médicas feitas em benefício de seus empregados, não havendo que entregar da caçamba do caminhão as mercadorias aos ajudantes.
se falar em conduta ilícita. Ressalta que não há prova indene do
dano experimentado, razão pela qual não há se cogitar em dever de A contribuição do trabalho como no caso em tela, pode ser definida
indenizar. Também pontua que não há se falar em negligência da como de Grau concausa I Baixa - Leve para o agravamento da
empresa, ante a inexistência de nexo de causa e efeito. Argumenta doença degenerativa apresentada, levando em consideração
que não há prova das alegações postas na peça de ingresso. também ao fato da pratica de ciclismo até o ano de 2013 quando
relatou acidente de trabalho (v. item 3. HISTÓRIA CLINICA).
Adverte que o Sr. Perito, ao elaborar o seu laudo pericial, foi
taxativo ao afirmar que não há sinal de incapacidade laborativa do Quanto à incapacidade laboral o periciado apresenta incapacidade
obreiro. Assevera que a doença acometida pelo obreiro é de origem parcial, permanente e multiprofissional para atividades que
multifatorial,de base congênita e degenerativa, própria do demandem flexoestensão da região lombar contra resistência ou
envelhecimento humano, de forma que se faz necessário o levantamento de peso acima de 23 kg de forma repetitiva.
exaurimento de qualquer possibilidade de existência de outros
fatores que possam ensejar o aparecimento da referida doença. De Os inúmeros atestados e pareceres médicos acostados neste
modo alternativo, requer que seja minorado o valora arbitrado ao interstício corroboram as alegações do obreiro quanto à relação
patamar de R$ 1.000,00 (hum mil reais), obedecendo-se aos existente entre a doença que lhe acometeu e as atividades
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. desenvolvidas por ele na empresa (páginas 4/9). A própria ré não

nega tal situação, apenas discorre que a doença que acometeu o regulamentadoras do Ministério do Trabalho, e mesmo que a
demandante não guarda relação com a atividade por ela doença é degenerativa e congênita, típicos da idade, não lhe
desempenhada e que somente foi concedido o benefício após a socorrem.
dispensa, como se desconhecesse as disposições da Súmula 378
do TST. É que não carreou nenhuma prova neste sentido. Não se olvide que
os Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional são
À vista disso, restam incontroversos a existência do dano e o nexo regras meramente programáticas, que não induzem
causal, este decorrente das atividades desempenhas pelo autor no necessariamente que tenha envidados esforços para o efetivo
estabelecimento da ré. cumprimento. Com efeito, por deter os riscos do empreendimento, é
dever da ré promover as técnicas para melhoria da qualidade
Nesse sentido, cito as seguintes jurisprudências: funcional, máxime quando sabedora das mazelas as quais estava
acometida ao obreiro.
ACIDENTE DO TRABALHO. RESPONSABILIDADE CIVIL. CULPA
DO EMPREGADOR. Das empresas, por sua função social, exige-se Assim, sem sombra de dúvidas, o empregado teve a sua
uma conduta pró-ativa de antecipação dos riscos para evitar que os capacidade laborativa sensivelmente diminuída, ao ponto de ter
equipamentos usados como fatores de sua produção venham a ficado afastado do seu trabalho por longo período, em virtude da
atingir os trabalhadores e sua higidez física. Ou seja, aquele que doença profissional adquirida no desempenho de seu ofício. A
desenvolve atividade econômica, prestigiando a livre iniciativa doença do trabalho acometida, trouxe-lhe como consequência a
assegurada em foro constitucional, deve assumir com perda parcial da capacidade laborativa, impossibilitando de disputar
responsabilidade as conseqüências da utilização do trabalho outro cargo em igualdade de condições com outras pessoas no já
humano em prol do empreendimento. Desse modo, se a reclamada disputado mercado de trabalho, causando dano psicológico, na
não demonstra em Juízo que tenha acrescido medidas de medida em que se viu atingida por redução em sua capacidade
segurança visando a evitar acidentes em relação aos quais há um física, acarretando-lhe sofrimento e dor interior, face a sensação de
nível de previsibilidade que é calculável, será legítimo atribuir-lhe invalidez. Patente a culpa da ré, devendo indenizá-la pelos danos
responsabilidade pelos danos causados ao trabalhador, vítima de suportados.
acidente do trabalho, em razão dessa sua omissão.(TRT 3ª Região.
RO 1709/2009-040-03-00.1. Rel. Des. Emerson Jose Alves Lage. Com efeito, restando provado nos autos, por farta documentação,
DJe 02.08.10, p. 111, extraído do Juris Síntese IOB) que o empregado desenvolveu doença ocupacional (LER/DORT),
equiparada a acidente de trabalho, em razão da atividade exercida,
(...) 2. DANO MORAL. DOENÇA PROFISSIONAL. o que o levou à limitação parcial para o trabalho, e não havendo
COMPROVAÇÃO DO PREJUÍZO MORAL. DESNECESSIDADE. prova de que a empresa adotasse procedimentos no sentido de
Esta Corte vem se posicionando no sentido de que a reparação do preservar a incolumidade física (como pausa nas atividades,
dano moral prescinde da comprovação do efetivo prejuízo a direito rotatividade nas funções ou diminuição de jornada), resta
da personalidade do trabalhador. É necessário, apenas, que se demonstrada a culpa da ré.
demonstre a existência de conduta lesiva dos direitos da
personalidade e o nexo de causalidade entre essa conduta e a Resta configurado, também, o nexo causal entre o ato e o dano,
apontada lesão, visto que o dano moral se configura como um dano visto que o dano proveio das atividades laborais, bem como pelo
in re ipsa, ou seja, não depende da prova do efetivo prejuízo. dano sofrido, diante das inúmeras moléstias que acometem o
Recurso de revista conhecido e provido.(TST - 8ª Turma - Processo recorrido, tenho como presentes os três elementos necessários à
nº RR - 101800-38.2002.5.05.0131 - Relatora: Ministra Dora Maria indenização perseguida, remanescendo o dever de indenizar.
da Costa - Data de Publicação: DEJT 18/03/2011)
Mantenho, pois, a sentença, com acréscimos à fundamentação.
Por fim, as alegações da ré no sentido de que procedeu com todos
os tipos de práticas na prevenção das doenças profissionais, No tocante ao quantum indenizatório,a ré demonstra irresignação
inclusive disponibilizando profissional capacitado para orientações e em relação ao montante fixado pelo juízo de origem (R$5.000,00),
atendimentos, cumprindo ainda com todas as normas ao fundamento da total ausência de conduta ilícita e ante ao fato de

terem observadas todas as normas de higiene, segurança e
medicina do trabalho, já o autor pretende a sua majoração para o Dos Honorários Periciais
montante de R$100.000,00.
Clama pela minoração do valor arbitrado a título de honorários
Com efeito, para a fixação da indenização pelos danos morais, há periciais, ao importe de R$788, também a fim de atender aos
que se analisar a natureza do ato ofensivo, sua gravidade e princípios antes citados.
repercussão, o grau de culpabilidade e as condições sócio-
financeiras das partes, bem assim a intensidade do sofrimento do Sem razão.
ofendido.
Considerando que não há disposições legais estipulando
Analisando as circunstâncias objetivas e subjetivas que envolveram parâmetros objetivos para a fixação dos honorários periciais, é
o evento danoso, conclui-se que é indene de dúvida que implicou prudente que o julgador se utilize dos critérios de razoabilidade e
em grave ofensa moral a conduta adotada pela ré ao permitir que o proporcionalidade no arbitramento do quantum a eles relativo.
autor laborasse por longos anos em uma função que implicava em
realização de esforços repetitivos, sem demonstrar os cuidados Tomo por norte que devem ser apurados critérios tais como a
elementares para com a sua saúde, já que não restou comprovado complexidade do trabalho, o zelo profissional e o tempo exigido
nos autos que a implantação do PPRA - PROGRAMA DE para o desenvolvimento da análise pericial. Não se olvidando que a
PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS e do PCMSO - determinação do valora ela atribuído fica afeto ao arbítrio do
PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE magistrado, respaldado, inclusive, por seu livre convencimento.
OCUPACIONAL, tenha sido suficiente para afastar os riscos.
A jurisprudência indica critérios e parâmetros de fixação dos
Não bastasse, mesmo sabendo das doenças, permitiu que honorários periciais, consoante aresto a seguir transcrito:
exercesse o mister no mesmo ambiente, agravando, de sobremodo,
a fadiga laboral por esforços repetitivos. Outrossim, é dever da HONORÁRIOS PERICIAIS. VALOR EXCESSIVO. REDUÇÃO DO
Empresa implementar e fiscalizar os procedimentos necessários de QUANTUM. Os honorários periciais devem ser fixados conforme a
segurança e saúde dos seus funcionários. extensão, a complexidade e a perfeição técnica do trabalho
realizado pelo expert. Havendo excesso no quantum fixado, este
Obtempero que para os critérios de fixação do valor da reparação deve ser reduzido, conforme precedentes desta Câmara. (TRT 12ª
por dano moral, algumas diretrizes hão de ser seguidas pelo órgão R. - AP 0001450-31.2012.5.12.0023 - 3ª. Turma, Relator Alexandre
julgador para, com prudência e equilíbrio, fixá-lo, tais como: valor Luiz Ramos, Publ. 09/03/2016).
compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e
duração do dano, bem como a capacidade sócio-econômica das RECURSO ORDINÁRIO. HONORÁRIOS PERICIAIS. CRITÉRIOS
partes. DE FIXAÇÃO. Ao fixar o "quantum" devido a título de honorários
periciais, o Juiz deve considerar o trabalho desenvolvido, sua
Além disso, há de se encontrar um ponto de equilíbrio consistente complexidade, o tempo demandado e as despesas efetuadas pelo
no critério de fixação de um valor que sirva como justa reparação do "Expert". (TRT - 2ª Região - RO 0002705.27.2012.5.02.0015 - 12ª
dano e ao mesmo tempo cumpra o caráter pedagógico de Turma, Relator Marcelo Freire Gonçalves, Publicação 19/11/2015).
desestímulo à reincidência.
No caso, observa-se, pelo laudo técnico apresentado, que a perícia
No caso concreto, tenho como atendidos esses critérios pela ilustre foi realizada com padrão apurado de qualidade, visto que foi
juíza de primeira instância ao condenar o réu ao pagamento de diligente e específica em sua feitura.
indenização por dano moral de acordo com os parâmetros
liquidatórios acima transcritos, de modo que essa quantia não Esses fatores todos cotejados com a particularidade do caso,
comporta minoração, porquanto cumpriu aos fins a que se destina. indicam-me que mostra-se razoável o valor da verba honorária
arbitrada (R$1.500,00), razão pela qual mantenho. Nego
Assim, nego provimento aos apelos, nesses aspectos. provimento.

execução do contrato de emprego.
Da Indenização pelo Período Estabilitário e Lucros Cessantes
(análise conjunta) III - O empregado submetido a contrato de trabalho por tempo
determinado goza da garantia provisória de emprego decorrente de
Afirma a parte ré que o obreiro jamais se afastou por auxílio doença acidente de trabalho prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91.
espécie 91, razão pela qual não tem asseguro o direito à
estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação Por fim, resta sem respaldo a tese de limitação do período
do auxílio-doença ao empregado acidentado. De modo alternativo, estabilitário, eis que o vínculo mantido com a recorrente não guarda
requer que o pagamento dos salários seja limitado até a data de relação com pretensos outros liames empregatícios do autor. A ré
18.09.2014, tendo em vista que o autor passou a laborar para outra não pode tentar se beneficiar de relações outras que fogem ao
empresa a partir de 19.09.2014. contrato mantido com o autor, eis que incorreu nas disposições dos
artigos 186 e 927 do CC.
Esclarece que o obreiro somente começou a gozar de auxílio
previdenciário após sua dispensa, de forma que, à época da No tocante ao apelo do autor que pretende a majoração dos lucros
despedida, gozava de plena saúde física e psíquica, não existindo, cessantes até que complete 73 anos de idade, improvejo o recurso.
quando do início de gozo do benefício, vínculo empregatício
requisito essencial ao pagamento dos 15 (quinze) primeiros dias de Neste tópico corroboro com a decisão singular, in verbis:
afastamento.
No caso, como já explicitado, foi constatada incapacidade total e
Por sua vez o autor clama pela majoração da indenização pelos temporária para as atividades desempenhadas pelo reclamante, de
lucros cessantes, do período de 12/11/2013 a 21/02/2014, até que o 12.11.2013 a 21.02.2014, tendo as atividades desempenhadas pelo
autor complete 73 anos, atendendo à vida média do brasileiro, eis reclamante para a reclamada contribuído, de forma leve, para a
que a moléstia lhe causou danos permanentes. incapacidade.
Sem razão, ambos os recorrentes. A partir de então, o reclamante ficou apto às suas funções, tanto
que trabalhou, na mesma função de motorista, para outras
No tocante ao recurso da ré, cai por terra a alegação de que o autor empresas, de modo que posterior incapacidade decorreu da
não percebeu auxílio doença, eis que, como visto acima, a progressão de sua doença degenerativa, sem nexo de causalidade
autarquia previdenciária concedeu o beneficio no Código 91, no com as funções desenvolvidas para a ré.
período de 03/12/2013 a 31/01/2014 (página 24).
Portanto, tenho como configurados os lucros cessantes, já que de
Quanto ao fato de o benefício somente ter sido concedido após o 12.11.2013 a 21.02.2014 o reclamante deixou de receber seus
deslinde contratual, mas no prazo do aviso prévio, aplico as salários. Como as atividades da reclamada contribuíram de forma
disposições da Súmula 378 do TST: leve para o agravamento da doença degenerativa, reputo que a
culpa da empresa foi na ordem de 20%.
ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. ART.
118 DA LEI Nº 8.213/1991. Assim, julgo o pleito de indenização pelos lucros cessantes, para o
lapso procedente de 12.11.2013 a 21.02.2014, correspondente a
I - É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o 20% do salário base do autor ao tempo do desligamento (R$
direito à estabilidade provisória por período de 12 meses após a 1.131,08 - fl. 451). Destaco que tal pleito compreende a indenização
cessação do auxílio-doença ao empregado acidentado. pelos salários dos dias parados neste lapso, razão pela qual
indevida nova condenação com nomenclatura distinta.
II - São pressupostos para a concessão da estabilidade o
afastamento superior a 15 dias e a conseqüente percepção do Ora, a incapacidade do autor foi apenas parcial e temporária, tanto
auxílio-doença acidentário, salvo se constatada, após a despedida, que passou a exercer o mesmo mister para outras empresas após o
doença profissional que guarde relação de causalidade com a deslinde contratual. Por tais razões, nego provimento a ambos os

apelos.
Diante do exposto, preliminarmente, em atuação de ofício, suscito o
Do prequestionamento não conhecimento do apelo da ré quanto ao suposto julgamento
extra petita e adoção do IPCA-E como índice de correção
Acrescento, enfim, que os motivos expostos na fundamentação não monetária, por falta de interesse recursal e, no mérito, nego
violam nenhum dos dispositivos da Constituição Federal, tampouco provimento aos recursos.
preceitos legais invocados, sendo desnecessária a menção
expressa, a cada um deles, a teor do disposto na OJ nº. 118, da SDI
-1, do C. TST.
Regional do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade,
preliminarmente, em atuação de ofício, suscitar o não conhecimento
do apelo da ré quanto ao suposto julgamento extra petita e adoção
do IPCA-E como índice de correção monetária, por falta de
interesse recursal e, no mérito, por maioria, negar provimento aos
recursos, vencidos, em parte, a Exma. Desembargadora Socorro
Emerenciano (que excluía a indenização por danos morais e lucros
cessantes) e o Exmo. Juiz Ibrahim Alves Filho (que lhe dava
provimento parcial para majorar a indenização por danos morais,
arbitrando-a em R$ 50.000,00).
Conclusão
Desembargador Relatora
EMMT

Processo Nº RO-0000132-38.2014.5.06.0143
CERTIDÃO DE JULGAMENTO PARPINELLI(OAB: 18614/PE)
NEUENSCHWANDER(OAB:
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi 11839/PE)
publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de RIBEIRO
04.09.2018, sob a presidência da Exma. Sra. Desembargadora ADVOGADO PEDRO PAULO PORPINO
MARIA DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO, com a presença do RECORRIDO FERNANDO BERNARDINO DA SILVA
RIBEIRO
Exmo. Sr. Procurador Rogério Sitônio Wanderley e dos Exmos. Srs. PEDROSA(OAB: 18544-D/PE)
Desembargador Sergio Torres Teixeira (Relator) e Ibrahim Alves da
Silva Filho (Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu PARPINELLI(OAB: 18614/PE)
convocado para o gabinete vago), resolveu a 1ª Turma do NEUENSCHWANDER(OAB:
11839/PE)
Tribunal, por unanimidade, preliminarmente, em atuação de ofício,
suscitar o não conhecimento do apelo da ré quanto ao suposto Intimado(s)/Citado(s):

julgamento extra petita e adoção do IPCA-E como índice de - NORSA REFRIGERANTES S.A
correção monetária, por falta de interesse recursal e, no mérito, por
maioria, negar provimento aos recursos, vencidos, em parte, a
Exma. Desembargadora Socorro Emerenciano (que excluía a

PODER
indenização por danos morais e lucros cessantes) e o Exmo. Juiz
JUDICIÁRIO
Ibrahim Alves Filho (que lhe dava provimento parcial para majorar a
indenização por danos morais, arbitrando-a em R$ 50.000,00).
Sustentação oral: advogado Aluísio de Aquino Silva Neto,
OAB/PE 34.426, pela recorrente/reclamada.
Certifico e dou fé. PROC. N.º TRT. RO - 0000132-38.2014.5.06.0143
Sala de Sessões, 13 de setembro de 2018. Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
Gilberto Alexandre de Paiva Fernandes Recorrentes : FERNANDO BERNARDINO DA SILVA RIBEIRO e
NORSA REFRIGERANTES S.A

Advogados : PEDRO PAULO PORPINO PEDROSA, ANTONIO
HENRIQUE NEUENSCHWANDER e PETERSON CAPUCHO
PARPINELLI -
Acórdão

à saúde dos trabalhadores (CLT, art. 157). II - O arbitramento do
quantum debeatur é parte intrínseca da essência da quantificação
do dano moral, em que os critérios de fixação hão de ser
observados a fim de que não fique inteiramente ao alvedrio do
julgador a fixação de seu valor. III - Consoante bem evidenciado nos
autos, especialmente no laudo técnico da perícia, a doença laboral
que o autor contraiudecorreu da negligência da ré em não manter o
EMENTA ambiente de trabalho seguro, de forma que deve ser mantida a
sentença, em todos os seus termos, eis que o valor arbitrado é
compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e
duração do dano, bem como a capacidade sócio-econômica das
partes. IV - Recurso não provido.
TRABALHO. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ARTIGO 118 DA LEI
8.213/1991. ACIDENTE DE TRABALHO. PERÍODO
ESTABILITÁRIO NÃO OBSERVADO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. I -
O artigo 118 da Lei 8.213/91 assegura ao empregado o direito à
estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação RELATÓRIO
do auxílio-doença. II - A Súmula 378, inciso II, do TST, por sua vez,
dispõe que os requisitos necessários à concessão da estabilidade
prevista no mencionado dispositivo legal consistem no afastamento
superior a 15 dias e a consequente percepção de auxílio-doença
acidentário, exceto quando ficar demonstrada, após a dispensa, a
existência de doença profissional que possua relação de
causalidade com o labor. III - Do conjunto probatório, ficou provado
o acidente de trabalho sofrido pelo Autor que lhe incapacitou para o
trabalho, bem como a omissão da Ré em emitir a CAT, fato que Vistos etc.
obstou o recebimento auxílio previdenciário, somente ocorrendo no
curso no aviso prévio. IV - Assim, faz jus o Autor à indenização Recorrem ordinariamente FERNANDO BERNARDINO DA SILVA
substitutiva em decorrência da dispensa durante o período RIBEIRO e NORSA REFRIGERANTES S.A. de decisão proferida
estabilitário, pois preenchidos os requisitos para a estabilidade no pelo MM. Juízo da 3ª Vara do Trabalho de Jaboatão - PE, que
emprego. julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na ação
trabalhista ajuizada pelo primeiro recorrente em face da segunda.
II - DIREITO DO TRABALHO. DIREITO PROCESSUAL DO
TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR. DANO Embargos declaratórios aviados pela ré, rejeitados.
MORAL. DOENÇA OCUPACIONAL. CONFIGURAÇÃO. FIXAÇÃO
DO QUANTUM. I - É devida indenização compensatória ao Recurso Ordinário do Autor
empregado sempre que restar comprovado que o empregador
concorreu, por ação ou omissão, para o desencadeamento de Nas razões de seu apelo pretende a majoração da indenização por
doença decorrente de atividade profissional (artigo 5º, inciso X, da danos morais, ao patamar equivalente a R$100.000,00 (cem mil
Constituição Federal e no artigo 186 do Código Civil), diante da não reais), ante à gravidade da doença que lhe retirou, em caráter
adoção, por parte da empresa, de medidas suficientes de proteção permanente, a capacidade laboral. Por fim, clama pela majoração

da indenização pelos lucros cessantes, do período de 12/11/2013 a (quinze) primeiros dias de afastamento. Por fim, deverá a sentença
21/02/2014, até que o autor complete 73 anos, atendendo à vida ser reformada e a aplicação do IPCA-E como fator de correção de
média do brasileiro, eis que a moléstia lhe causou danos créditos trabalhistas ser afastada, mormente por ser contrária à
permanentes. literalidade do artigo 879, § 7º da CLT.
Recurso Ordinário da Ré Contrarrazões apresentadas.
Nas suas razões recursais, argúi a nulidade da sentença, ante ao Não se fez necessária a remessa dos presentes autos ao douto
julgamento extra petita. Diz que não há pedido de aplicação do Ministério Público do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do
IPCA-E, violando, no seu sentir, as disposições dos artigos 141 e Regimento Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito
492 do CPC, além do artigo 879, § 7º da CLT. Insurge-se contra a de se pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se
condenação ao pagamento de indenização por danos morais necessário, por ocasião da sessão de julgamento, nos termos do
decorrentes de reconhecimento de doença ocupacional, sob art. 83, incisos II, XIII e VII, da Lei Complementar 75/93.
argumento de que não restaram configurados os requisitos
autorizadores para o seu deferimento, dentre os quais, a ausência É o que tinha de importante a relatar
de conduta lesiva e do nexo causa e feito. Destaca que sempre
respeitou as recomendações e exigências médicas feitas em VOTO:
benefício de seus empregados, não havendo que se falar em
conduta ilícita. Ressalta que não há prova indene do dano Preliminarmente, em atuação de ofício, suscito o não
experimentado, razão pela qual não há se cogitar em dever de conhecimento do apelo da ré quanto ao suposto julgamento
indenizar. Também pontua que não há se falar em negligência da extra petita e adoção do IPCA-E como índice de correção, por
empresa, ante a inexistência de nexo de causa e efeito. Argumenta falta de interesse recursal
que não há prova das alegações postas na peça de ingresso.
Adverte que o Sr. Perito, ao elaborar o seu laudo pericial, foi Procedendo ao exame dos pressupostos processuais de
taxativo ao afirmar que não há sinal de incapacidade laborativa do admissibilidade recursal, constatei que o apelo da ré não comporta
obreiro. Assevera que a doença acometida pelo obreiro é de origem conhecimento quanto ao suposto julgamento extra petita e adoção
multifatorial,de base congênita e degenerativa, própria do do IPCA-E como índice de correção, em razão da falta de interesse.
envelhecimento humano, de forma que se faz necessário o
exaurimento de qualquer possibilidade de existência de outros Convém enfatizar, ab initio, que a análise de admissibilidade
fatores que possam ensejar o aparecimento da referida doença. De recursal equivale, mutatis mutantis, à verificação das condições da
modo alternativo, requer que seja minorado o valora arbitrado ao ação realizada antes do julgamento do mérito da lide, pois em
patamar de R$ 1.000,00 (hum mil reais), obedecendo-se aos ambos os casos esse exame deve preceder de tal análise e, assim
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Clama pela como a falta de interesse de agir conduz à carência de ação, a
minoração do valor arbitrado a título de honorários periciais, ao ausência de interesse recursal (necessidade + utilidade) conduz ao
importe de R$788, também a fim de atender aos princípios antes não conhecimento do recurso.
citados. Afirma que o obreiro jamais se afastou por auxílio doença
espécie 91, razão pela qual não tem asseguro o direito à No caso presente a sentença não determinou a aplicação do IPCA-
estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação E. Vejamos o que consta do decisum (página 1228):
do auxílio-doença ao empregado acidentado. De modo alternativo,
requer que o pagamento dos salários seja limitado até a data de Correção monetária desde a exigibilidade do crédito, com o índice
18.09.2014, tendo em vista que o autor passou a laborar para outra do mês subsequente ao da prestação dos serviços, a partir do dia
empresa a partir de 19.09.2014. Esclarece que o obreiro somente 1º, sendo a referente à indenização por dano moral a partir da
começou a gozar de auxílio previdenciário após sua dispensa, de decisão de arbitramento ou alteração do valor (art. 459, § 1º, da
forma que, à época da despedida, gozava de plena saúde física e CLT e Súmulas n 381 e 439 do os C. TST). Ressalto que os salários
psíquica, não existindo, quando do início de gozo do benefício, são devidos a partir do dia 1º do mês subsequente à prestação dos
vínculo empregatício requisito essencial ao pagamento dos 15 serviços. Deverão ser utilizadas as tabelas da CGJT vigentes à

época da liquidação do julgado.
Faço a análise conjunta dos apelos, ante a similitude de matérias.
Juros de mora de 1% ao mês, simples, pro rata die, a partir do
ajuizamento da ação, sobre o valor da condenação atualizado, Da doença ocupacional. Da indenização por danos morais e
incidentes até o efetivo pagamento (art. 883 da CLT, art. 39, § 1º, materiais. Do quantum indenizatório. (análise conjunta)
da Lei nº 8.177/91, Súmula nº 200 do C. TST e Súmula nº 4 deste
Regional). A ré insurge-se contra a condenação ao pagamento de indenização
por danos morais decorrentes de reconhecimento de doença
Desse modo, não constatei qualquer prejuízo (ou sucumbência) na ocupacional, sob argumento de que não restaram configurados os
pretensão deduzida quanto a este aspecto, razão pela qual o requisitos autorizadores para o seu deferimento, dentre os quais, a
recurso é inadmissível, porquanto não há interesse recursal ausência de conduta lesiva e do nexo causa e feito.
houve condenação contra si. Destaca que sempre respeitou as recomendações e exigências
médicas feitas em benefício de seus empregados, não havendo que
Colho da jurisprudência o aresto seguinte que, mudando o que deve se falar em conduta ilícita. Ressalta que não há prova indene do
ser mudado, se adequa ao caso: dano experimentado, razão pela qual não há se cogitar em dever de
indenizar. Também pontua que não há se falar em negligência da
RECURSO DO INSS. FALTA DE INTERESSE. NÃO empresa, ante a inexistência de nexo de causa e efeito. Argumenta
CONHECIMENTO. Para a admissão do recurso ordinário de que não há prova das alegações postas na peça de ingresso.
demonstração de interesse processual. Atendida a pretensão do Adverte que o Sr. Perito, ao elaborar o seu laudo pericial, foi
INSS quando do julgamento prolatado na instância singular, falta- taxativo ao afirmar que não há sinal de incapacidade laborativa do
lhe interesse em recorrer quando do manejo do recurso ordinário. obreiro. Assevera que a doença acometida pelo obreiro é de origem
(do TRT 23ª Região - Relator OSMAIR COUTO. RO multifatorial,de base congênita e degenerativa, própria do
02201.2006.051.23.01-5. 2ª Turma. Julgado em 01.08.07. Publicado envelhecimento humano, de forma que se faz necessário o
em 07.08.2007) exaurimento de qualquer possibilidade de existência de outros
fatores que possam ensejar o aparecimento da referida doença. De
RECURSO DO INSS. FALTA DE INTERESSE. NÃO modo alternativo, requer que seja minorado o valora arbitrado ao
CONHECIMENTO. Para a admissão do recurso ordinário de patamar de R$ 1.000,00 (hum mil reais), obedecendo-se aos
qualquer das partes demandantes faz-se necessária a princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
INSS quando do julgamento prolatado na instância singular, falta- Por sua vez o autor pretende a majoração da indenização por danos
lhe interesse em recorrer quando do manejo do recurso ordinário. morais, ao patamar equivalente a R$100.000,00 (cem mil reais),
(do TRT 23ª Região - Relator OSMAIR COUTO. RO ante a gravidade da doença que lhe retirou, em caráter permanente,
02201.2006.051.23.01-5. 2ª Turma. Julgado em 01.08.07. Publicado a capacidade laboral.
em 07.08.2007)
À análise.
Assim, por falta de interesse recursal, não conheço do recurso
quanto a este aspecto. A vasta prova documental carreada aos autos, em especial a
concessão de benefício previdenciário Código 91, pela Previdência
No mais, os recursos são tempestivos; as representações estão Social, dá conta de que o empregado esteve em benefício no
regulares e o preparo foi observado pela ré. Satisfeitos os demais período de 03/12/2013 a 31/01/2014, sendo certo que o pacto
requisitos de admissibilidade, deles conheço, bem como das laboral perdurou de 07/11/2008 a 08/11/2013.
contrarrazões.
Portanto, dentro do prazo de aviso prévio, o autor teve deferido o
Do Mérito: auxílio doença acidentário, com incapacidade laborativa. Logo, não

há mais que se perquirir quanto ao nexo causal, eis que o próprio atingir os trabalhadores e sua higidez física. Ou seja, aquele que
órgão previdenciário já concluiu neste aspecto. desenvolve atividade econômica, prestigiando a livre iniciativa
assegurada em foro constitucional, deve assumir com
Não bastasse isso, o expert nomeado pelo Juízo concluiu que responsabilidade as conseqüências da utilização do trabalho
(páginas 811/812): humano em prol do empreendimento. Desse modo, se a reclamada
não demonstra em Juízo que tenha acrescido medidas de
8. CONCLUSÃO segurança visando a evitar acidentes em relação aos quais há um
nível de previsibilidade que é calculável, será legítimo atribuir-lhe
O periciado é portador Dor lombar baixa (CID-10 M54.5). responsabilidade pelos danos causados ao trabalhador, vítima de
acidente do trabalho, em razão dessa sua omissão.(TRT 3ª Região.
A patologia tem caráter degenerativo, agravada pelo trabalho na RO 1709/2009-040-03-00.1. Rel. Des. Emerson Jose Alves Lage.
reclamada pelo fato de deambular carregando peso e ainda realizar DJe 02.08.10, p. 111, extraído do Juris Síntese IOB)
flexo extensão da região lombar contra resistência ao separar e
entregar da caçamba do caminhão as mercadorias aos ajudantes. (...) 2. DANO MORAL. DOENÇA PROFISSIONAL.
COMPROVAÇÃO DO PREJUÍZO MORAL. DESNECESSIDADE.
A contribuição do trabalho como no caso em tela, pode ser definida Esta Corte vem se posicionando no sentido de que a reparação do
como de Grau concausa I Baixa - Leve para o agravamento da dano moral prescinde da comprovação do efetivo prejuízo a direito
doença degenerativa apresentada, levando em consideração da personalidade do trabalhador. É necessário, apenas, que se
também ao fato da pratica de ciclismo até o ano de 2013 quando demonstre a existência de conduta lesiva dos direitos da
relatou acidente de trabalho (v. item 3. HISTÓRIA CLINICA). personalidade e o nexo de causalidade entre essa conduta e a
apontada lesão, visto que o dano moral se configura como um dano
Quanto à incapacidade laboral o periciado apresenta incapacidade in re ipsa, ou seja, não depende da prova do efetivo prejuízo.
parcial, permanente e multiprofissional para atividades que Recurso de revista conhecido e provido.(TST - 8ª Turma - Processo
demandem flexoestensão da região lombar contra resistência ou nº RR - 101800-38.2002.5.05.0131 - Relatora: Ministra Dora Maria
levantamento de peso acima de 23 kg de forma repetitiva. da Costa - Data de Publicação: DEJT 18/03/2011)
Os inúmeros atestados e pareceres médicos acostados neste Por fim, as alegações da ré no sentido de que procedeu com todos
interstício corroboram as alegações do obreiro quanto à relação os tipos de práticas na prevenção das doenças profissionais,
existente entre a doença que lhe acometeu e as atividades inclusive disponibilizando profissional capacitado para orientações e
desenvolvidas por ele na empresa (páginas 4/9). A própria ré não atendimentos, cumprindo ainda com todas as normas
nega tal situação, apenas discorre que a doença que acometeu o regulamentadoras do Ministério do Trabalho, e mesmo que a
demandante não guarda relação com a atividade por ela doença é degenerativa e congênita, típicos da idade, não lhe
desempenhada e que somente foi concedido o benefício após a socorrem.
dispensa, como se desconhecesse as disposições da Súmula 378
do TST. É que não carreou nenhuma prova neste sentido. Não se olvide que
os Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional são
À vista disso, restam incontroversos a existência do dano e o nexo regras meramente programáticas, que não induzem
causal, este decorrente das atividades desempenhas pelo autor no necessariamente que tenha envidados esforços para o efetivo
estabelecimento da ré. cumprimento. Com efeito, por deter os riscos do empreendimento, é
dever da ré promover as técnicas para melhoria da qualidade
Nesse sentido, cito as seguintes jurisprudências: funcional, máxime quando sabedora das mazelas as quais estava
acometida ao obreiro.
ACIDENTE DO TRABALHO. RESPONSABILIDADE CIVIL. CULPA
DO EMPREGADOR. Das empresas, por sua função social, exige-se Assim, sem sombra de dúvidas, o empregado teve a sua
uma conduta pró-ativa de antecipação dos riscos para evitar que os capacidade laborativa sensivelmente diminuída, ao ponto de ter
equipamentos usados como fatores de sua produção venham a ficado afastado do seu trabalho por longo período, em virtude da

doença profissional adquirida no desempenho de seu ofício. A nos autos que a implantação do PPRA - PROGRAMA DE
doença do trabalho acometida, trouxe-lhe como consequência a PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS e do PCMSO -
perda parcial da capacidade laborativa, impossibilitando de disputar PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE
outro cargo em igualdade de condições com outras pessoas no já OCUPACIONAL, tenha sido suficiente para afastar os riscos.
disputado mercado de trabalho, causando dano psicológico, na
medida em que se viu atingida por redução em sua capacidade Não bastasse, mesmo sabendo das doenças, permitiu que
física, acarretando-lhe sofrimento e dor interior, face a sensação de exercesse o mister no mesmo ambiente, agravando, de sobremodo,
invalidez. Patente a culpa da ré, devendo indenizá-la pelos danos a fadiga laboral por esforços repetitivos. Outrossim, é dever da
suportados. Empresa implementar e fiscalizar os procedimentos necessários de
segurança e saúde dos seus funcionários.
Com efeito, restando provado nos autos, por farta documentação,
que o empregado desenvolveu doença ocupacional (LER/DORT), Obtempero que para os critérios de fixação do valor da reparação
equiparada a acidente de trabalho, em razão da atividade exercida, por dano moral, algumas diretrizes hão de ser seguidas pelo órgão
o que o levou à limitação parcial para o trabalho, e não havendo julgador para, com prudência e equilíbrio, fixá-lo, tais como: valor
prova de que a empresa adotasse procedimentos no sentido de compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e
preservar a incolumidade física (como pausa nas atividades, duração do dano, bem como a capacidade sócio-econômica das
rotatividade nas funções ou diminuição de jornada), resta partes.
demonstrada a culpa da ré.
Além disso, há de se encontrar um ponto de equilíbrio consistente
Resta configurado, também, o nexo causal entre o ato e o dano, no critério de fixação de um valor que sirva como justa reparação do
visto que o dano proveio das atividades laborais, bem como pelo dano e ao mesmo tempo cumpra o caráter pedagógico de
dano sofrido, diante das inúmeras moléstias que acometem o desestímulo à reincidência.
recorrido, tenho como presentes os três elementos necessários à
indenização perseguida, remanescendo o dever de indenizar. No caso concreto, tenho como atendidos esses critérios pela ilustre
juíza de primeira instância ao condenar o réu ao pagamento de
Mantenho, pois, a sentença, com acréscimos à fundamentação. indenização por dano moral de acordo com os parâmetros
liquidatórios acima transcritos, de modo que essa quantia não
No tocante ao quantum indenizatório,a ré demonstra irresignação comporta minoração, porquanto cumpriu aos fins a que se destina.
em relação ao montante fixado pelo juízo de origem (R$5.000,00),
ao fundamento da total ausência de conduta ilícita e ante ao fato de Assim, nego provimento aos apelos, nesses aspectos.
terem observadas todas as normas de higiene, segurança e
medicina do trabalho, já o autor pretende a sua majoração para o Dos Honorários Periciais
montante de R$100.000,00.
Clama pela minoração do valor arbitrado a título de honorários
Com efeito, para a fixação da indenização pelos danos morais, há periciais, ao importe de R$788, também a fim de atender aos
que se analisar a natureza do ato ofensivo, sua gravidade e princípios antes citados.
repercussão, o grau de culpabilidade e as condições sócio-
financeiras das partes, bem assim a intensidade do sofrimento do Sem razão.
ofendido.
Considerando que não há disposições legais estipulando
Analisando as circunstâncias objetivas e subjetivas que envolveram parâmetros objetivos para a fixação dos honorários periciais, é
o evento danoso, conclui-se que é indene de dúvida que implicou prudente que o julgador se utilize dos critérios de razoabilidade e
em grave ofensa moral a conduta adotada pela ré ao permitir que o proporcionalidade no arbitramento do quantum a eles relativo.
autor laborasse por longos anos em uma função que implicava em
realização de esforços repetitivos, sem demonstrar os cuidados Tomo por norte que devem ser apurados critérios tais como a
elementares para com a sua saúde, já que não restou comprovado complexidade do trabalho, o zelo profissional e o tempo exigido

para o desenvolvimento da análise pericial. Não se olvidando que a requisito essencial ao pagamento dos 15 (quinze) primeiros dias de
determinação do valora ela atribuído fica afeto ao arbítrio do afastamento.
magistrado, respaldado, inclusive, por seu livre convencimento.
Por sua vez o autor clama pela majoração da indenização pelos
A jurisprudência indica critérios e parâmetros de fixação dos lucros cessantes, do período de 12/11/2013 a 21/02/2014, até que o
honorários periciais, consoante aresto a seguir transcrito: autor complete 73 anos, atendendo à vida média do brasileiro, eis
que a moléstia lhe causou danos permanentes.
HONORÁRIOS PERICIAIS. VALOR EXCESSIVO. REDUÇÃO DO
QUANTUM. Os honorários periciais devem ser fixados conforme a Sem razão, ambos os recorrentes.
extensão, a complexidade e a perfeição técnica do trabalho
realizado pelo expert. Havendo excesso no quantum fixado, este No tocante ao recurso da ré, cai por terra a alegação de que o autor
deve ser reduzido, conforme precedentes desta Câmara. (TRT 12ª não percebeu auxílio doença, eis que, como visto acima, a
R. - AP 0001450-31.2012.5.12.0023 - 3ª. Turma, Relator Alexandre autarquia previdenciária concedeu o beneficio no Código 91, no
Luiz Ramos, Publ. 09/03/2016). período de 03/12/2013 a 31/01/2014 (página 24).
RECURSO ORDINÁRIO. HONORÁRIOS PERICIAIS. CRITÉRIOS Quanto ao fato de o benefício somente ter sido concedido após o
DE FIXAÇÃO. Ao fixar o "quantum" devido a título de honorários deslinde contratual, mas no prazo do aviso prévio, aplico as
periciais, o Juiz deve considerar o trabalho desenvolvido, sua disposições da Súmula 378 do TST:
complexidade, o tempo demandado e as despesas efetuadas pelo
"Expert". (TRT - 2ª Região - RO 0002705.27.2012.5.02.0015 - 12ª ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. ART.
Turma, Relator Marcelo Freire Gonçalves, Publicação 19/11/2015). 118 DA LEI Nº 8.213/1991.
No caso, observa-se, pelo laudo técnico apresentado, que a perícia I - É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o
foi realizada com padrão apurado de qualidade, visto que foi direito à estabilidade provisória por período de 12 meses após a
diligente e específica em sua feitura. cessação do auxílio-doença ao empregado acidentado.
Esses fatores todos cotejados com a particularidade do caso, II - São pressupostos para a concessão da estabilidade o
indicam-me que mostra-se razoável o valor da verba honorária afastamento superior a 15 dias e a conseqüente percepção do
arbitrada (R$1.500,00), razão pela qual mantenho. Nego auxílio-doença acidentário, salvo se constatada, após a despedida,
provimento. doença profissional que guarde relação de causalidade com a
execução do contrato de emprego.
Da Indenização pelo Período Estabilitário e Lucros Cessantes
(análise conjunta) III - O empregado submetido a contrato de trabalho por tempo
determinado goza da garantia provisória de emprego decorrente de
Afirma a parte ré que o obreiro jamais se afastou por auxílio doença acidente de trabalho prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91.
espécie 91, razão pela qual não tem asseguro o direito à
estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação Por fim, resta sem respaldo a tese de limitação do período
do auxílio-doença ao empregado acidentado. De modo alternativo, estabilitário, eis que o vínculo mantido com a recorrente não guarda
requer que o pagamento dos salários seja limitado até a data de relação com pretensos outros liames empregatícios do autor. A ré
18.09.2014, tendo em vista que o autor passou a laborar para outra não pode tentar se beneficiar de relações outras que fogem ao
empresa a partir de 19.09.2014. contrato mantido com o autor, eis que incorreu nas disposições dos
artigos 186 e 927 do CC.
Esclarece que o obreiro somente começou a gozar de auxílio
previdenciário após sua dispensa, de forma que, à época da No tocante ao apelo do autor que pretende a majoração dos lucros
despedida, gozava de plena saúde física e psíquica, não existindo, cessantes até que complete 73 anos de idade, improvejo o recurso.
quando do início de gozo do benefício, vínculo empregatício

Neste tópico corroboro com a decisão singular, in verbis:
No caso, como já explicitado, foi constatada incapacidade total e
temporária para as atividades desempenhadas pelo reclamante, de
12.11.2013 a 21.02.2014, tendo as atividades desempenhadas pelo
reclamante para a reclamada contribuído, de forma leve, para a
incapacidade.
A partir de então, o reclamante ficou apto às suas funções, tanto
que trabalhou, na mesma função de motorista, para outras
empresas, de modo que posterior incapacidade decorreu da
progressão de sua doença degenerativa, sem nexo de causalidade
com as funções desenvolvidas para a ré.
Portanto, tenho como configurados os lucros cessantes, já que de
12.11.2013 a 21.02.2014 o reclamante deixou de receber seus
salários. Como as atividades da reclamada contribuíram de forma
leve para o agravamento da doença degenerativa, reputo que a
culpa da empresa foi na ordem de 20%.
Assim, julgo o pleito de indenização pelos lucros cessantes, para o
lapso procedente de 12.11.2013 a 21.02.2014, correspondente a
20% do salário base do autor ao tempo do desligamento (R$ Conclusão
1.131,08 - fl. 451). Destaco que tal pleito compreende a indenização
pelos salários dos dias parados neste lapso, razão pela qual
indevida nova condenação com nomenclatura distinta.
Ora, a incapacidade do autor foi apenas parcial e temporária, tanto
que passou a exercer o mesmo mister para outras empresas após o
deslinde contratual. Por tais razões, nego provimento a ambos os
apelos.
Diante do exposto, preliminarmente, em atuação de ofício, suscito o
Do prequestionamento não conhecimento do apelo da ré quanto ao suposto julgamento
extra petita e adoção do IPCA-E como índice de correção
Acrescento, enfim, que os motivos expostos na fundamentação não monetária, por falta de interesse recursal e, no mérito, nego
violam nenhum dos dispositivos da Constituição Federal, tampouco provimento aos recursos.
-1, do C. TST.

correção monetária, por falta de interesse recursal e, no mérito, por
maioria, negar provimento aos recursos, vencidos, em parte, a
Exma. Desembargadora Socorro Emerenciano (que excluía a
indenização por danos morais e lucros cessantes) e o Exmo. Juiz
Ibrahim Alves Filho (que lhe dava provimento parcial para majorar a
indenização por danos morais, arbitrando-a em R$ 50.000,00).
Sustentação oral: advogado Aluísio de Aquino Silva Neto,
ACORDAM os Desembargadores da Primeira Turma do Tribunal OAB/PE 34.426, pela recorrente/reclamada.
Regional do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade,
preliminarmente, em atuação de ofício, suscitar o não conhecimento Certifico e dou fé.
do apelo da ré quanto ao suposto julgamento extra petita e adoção
do IPCA-E como índice de correção monetária, por falta de Sala de Sessões, 13 de setembro de 2018.
interesse recursal e, no mérito, por maioria, negar provimento aos
recursos, vencidos, em parte, a Exma. Desembargadora Socorro
Emerenciano (que excluía a indenização por danos morais e lucros
cessantes) e o Exmo. Juiz Ibrahim Alves Filho (que lhe dava Gilberto Alexandre de Paiva Fernandes
provimento parcial para majorar a indenização por danos morais,
arbitrando-a em R$ 50.000,00). Secretário - Substituto da 1ª Turma
Desembargador Relatora
EMMT
Acórdão
Processo Nº RO-0000132-38.2014.5.06.0143
CERTIDÃO DE JULGAMENTO PARPINELLI(OAB: 18614/PE)
NEUENSCHWANDER(OAB:
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi 11839/PE)
publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de RIBEIRO
04.09.2018, sob a presidência da Exma. Sra. Desembargadora ADVOGADO PEDRO PAULO PORPINO
MARIA DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO, com a presença do RECORRIDO FERNANDO BERNARDINO DA SILVA
RIBEIRO
Exmo. Sr. Procurador Rogério Sitônio Wanderley e dos Exmos. Srs. PEDROSA(OAB: 18544-D/PE)
Silva Filho (Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu PARPINELLI(OAB: 18614/PE)
convocado para o gabinete vago), resolveu a 1ª Turma do NEUENSCHWANDER(OAB:
11839/PE)
Tribunal, por unanimidade, preliminarmente, em atuação de ofício,
suscitar o não conhecimento do apelo da ré quanto ao suposto Intimado(s)/Citado(s):

julgamento extra petita e adoção do IPCA-E como índice de - FERNANDO BERNARDINO DA SILVA RIBEIRO

EMBARGOS DECLARATÓRIOS. DIREITO PROCESSUAL DO
TRABALHO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA.
PODER Pela norma do artigo 897-A da CLT, para que os embargos
JUDICIÁRIO declaratórios sejam acolhidos, deve estar presente omissão,
de admissibilidade recursal. Importa destacar que, nos termos do
art. 1.022 do NCPC, aplicável ao processo do trabalho, consoante
Instrução Normativa n° 39 do C. TST, cabem embargos de
declaração, ainda, contra qualquer decisão judicial para esclarecer
obscuridade ou eliminar contradição, suprir omissão de ponto ou

PROC. N.º TRT. 0000132-38.2014.5.06.0143 (ED-RO)
questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento e corrigir erro material. A decisão embargada não

Embargante : NORSA REFRIGERANTES S.A.
Embargada : FERNANDO BERNARDINO DA SILVA RIBEIRO
Advogados : Pedro Paulo Porpino Pedrosa, Antonio Henrique
Neuenschwander e Peterson Capucho Parpinelli
Procedência : 1ª Turma (3ª Vara do Trabalho de Jaboatão/PE)
EMENTA
Vistos etc.
Tratam-se de Embargos de Declaração opostos por NORSA

REFRIGERANTES S.A. contra acórdão, proferido por esta Primeira planilha de liquidação da sentença, inexiste qualquer contradição a
Turma, nos autos da Reclamação Trabalhista ajuizada por ser sanada.
FERNANDO BERNARDINO DA SILVA RIBEIRO.
Isso porque, da análise da planilha de fls. 1.242/1.243, verifica-se
Em razões (fls. 1.382/1.389), a embargante alega, em síntese, que que, de fato, quanto ao ponto a demandada carece de interesse
o Acórdão embargado contém contradição e omissão. Alega que recursal.
esta Turma julgadora não apreciou o fato de que a embargante
requereu a reforma da sentença de piso, para afastar, do condeno, De acordo com a Tabela da CGJT, o índice IPCA-E apenas será
a aplicação do índice de correção monetária IPCA-E. Sustenta que, aplicado aos créditos devidos a partir de 23/05/2015, o que não se
ao não conhecer do recurso quanto ao tópico por ausência de aplica à presente hipótese, uma vez que todos os créditos foram
interesse recursal, esta Turma julgadora não observou que o IPCA- apurados até fevereiro de 2015.
E foi o índice utilizado quando da liquidação da sentença. Aponta a
existência de omissão quanto ao pedido de compensação Também não existe omissão quanto ao pleito alternativo de redução
formulado nas razões recursais. Alega que alternativamente ao dos valores devidos a título de danos emergentes.
pleito de exclusão da condenação ao pagamento dos lucros
cessantes formulou pedido de que esta não ultrapassasse o real Isso porque esta Turma julgadora, analisando a matéria, de forma
salário devido ao obreiro na época do afastamento. fundamentada, concluiu pela manutenção da sentença em seus
exatos termos, inclusive quanto ao valor arbitrado pelo juízo a quo.
É o relatório.
Na verdade, da leitura das razões dos embargos, verifica-se que a
VOTO: embargante demonstra, tão somente, seu inconformismo com
decisão que lhe foi desfavorável, em hipótese na qual está claro o
Conheço dos presentes embargos, eis que subscritos posicionamento desta Turma.
tempestivamente e por advogada regularmente habilitada, razão
pela qual passo a apreciar o mérito deles para rejeitá-los, de acordo Importa destacar que, nos termos do referido art. 1.022, aplicável ao
com os seguintes fundamentos. processo do trabalho, consoante Instrução Normativa n° 39 do C.
TST, cabem embargos de declaração contra qualquer decisão
Os Embargos Declaratórios representam via processual estreita, judicial para esclarecer obscuridade ou eliminar contradição, suprir
cujo cabimento está restrito às hipóteses previstas no art. 897-A da omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o
CLT, quais sejam: existência de omissão e contradição no julgado e juiz de ofício ou a requerimento e corrigir erro material.
manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do
recurso. De igual modo, de acordo com a disciplina do art. 1.022 do Código
Na hipótese, a embargante não tem qualquer razão. desfundamentada, nos termos do art. 489, §1°, do mesmo diploma
legal.
Apreciando a controvérsia, esta Turma julgadora suscitou o não
conhecimento do apelo da ré quanto ao suposto julgamento extra Ocorre que o acórdão embargado não se limitou à indicação, à
petitae adoção do IPCA-E como índice de correção monetária, por reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua
falta de interesse recursal e, no mérito, negou provimento aos relação com a causa ou a questão decidida, tampouco empregou
recursos. conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto
de sua incidência no caso, tendo, consoante aqui demonstrado,
Da leitura do acórdão embargado, verifica-se que a decisão invocado os motivos extraídos dos autos para justificar a decisão e
proferida por esta Turma não merece qualquer reparo. enfrentado os argumentos deduzidos no processo para deslinde da
controvérsia.
Quanto ao não conhecimento do recurso ordinário da ré no tocante
à discussão acerca do índice de correção monetária utilizado na Por todos os fundamentos apresentados, a decisão embargada não

ostenta quaisquer dos vícios.
declaratórios, em tais situações. ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, REJEITAR os
Ademais, nos moldes do art. 1.025 do NCPC, consideram-se embargos de declaração, por não se observarem as hipóteses
incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para previstas no art. 897-A da CLT c/c 1.022 do NCPC.
sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere Recife (PE), 18 de outubro de 2018.
EMMT
Conclusão Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, sob a presidência
da 6ª Região, representado pela Exma. Sra. Procuradora Elizabeth
Veiga e dos Exmos. Srs. Desembargadores Sergio Torres Teixeira
(Relator) e Ibrahim Alves Filho (Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho
de Igarassu, convocado para o Gabinete Vago), resolveu a 1ª
Turma do Tribunal, por unanimidade, REJEITAR os embargos de
declaração, por não se observarem as hipóteses previstas no art.
Ante o exposto, REJEITO os embargos de declaração, por não se 897-A da CLT c/c 1.022 do NCPC.
observarem as hipóteses previstas no art. 897-A da CLT c/c 1.022
do NCPC. Certifico e dou fé.

Gilberto Alexandre de Paiva Fernandes Embargada : FERNANDO BERNARDINO DA SILVA RIBEIRO
Secretário Substituto da 1ª Turma Advogados : Pedro Paulo Porpino Pedrosa, Antonio Henrique
Neuenschwander e Peterson Capucho Parpinelli
Procedência : 1ª Turma (3ª Vara do Trabalho de Jaboatão/PE)
Acórdão
Processo Nº RO-0000132-38.2014.5.06.0143
NEUENSCHWANDER(OAB:
11839/PE)
RIBEIRO
RECORRIDO FERNANDO BERNARDINO DA SILVA EMENTA
RIBEIRO
NEUENSCHWANDER(OAB:
11839/PE)
EMBARGOS DECLARATÓRIOS. DIREITO PROCESSUAL DO
TRABALHO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA.
Pela norma do artigo 897-A da CLT, para que os embargos

PODER
declaratórios sejam acolhidos, deve estar presente omissão,
JUDICIÁRIO
de admissibilidade recursal. Importa destacar que, nos termos do
art. 1.022 do NCPC, aplicável ao processo do trabalho, consoante
Instrução Normativa n° 39 do C. TST, cabem embargos de
declaração, ainda, contra qualquer decisão judicial para esclarecer
obscuridade ou eliminar contradição, suprir omissão de ponto ou

PROC. N.º TRT. 0000132-38.2014.5.06.0143 (ED-RO) questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento e corrigir erro material. A decisão embargada não

Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA ostenta quaisquer dos vícios. Embargos rejeitados.
Embargante : NORSA REFRIGERANTES S.A.

É o relatório.
VOTO:
Conheço dos presentes embargos, eis que subscritos
tempestivamente e por advogada regularmente habilitada, razão
pela qual passo a apreciar o mérito deles para rejeitá-los, de acordo
com os seguintes fundamentos.
Os Embargos Declaratórios representam via processual estreita,
cujo cabimento está restrito às hipóteses previstas no art. 897-A da
CLT, quais sejam: existência de omissão e contradição no julgado e
recurso.
Na hipótese, a embargante não tem qualquer razão.
Apreciando a controvérsia, esta Turma julgadora suscitou o não
conhecimento do apelo da ré quanto ao suposto julgamento extra
petitae adoção do IPCA-E como índice de correção monetária, por
falta de interesse recursal e, no mérito, negou provimento aos
recursos.
Da leitura do acórdão embargado, verifica-se que a decisão
proferida por esta Turma não merece qualquer reparo.
Vistos etc.
Quanto ao não conhecimento do recurso ordinário da ré no tocante
Tratam-se de Embargos de Declaração opostos por NORSA à discussão acerca do índice de correção monetária utilizado na
REFRIGERANTES S.A. contra acórdão, proferido por esta Primeira planilha de liquidação da sentença, inexiste qualquer contradição a
Turma, nos autos da Reclamação Trabalhista ajuizada por ser sanada.
FERNANDO BERNARDINO DA SILVA RIBEIRO.
Isso porque, da análise da planilha de fls. 1.242/1.243, verifica-se
Em razões (fls. 1.382/1.389), a embargante alega, em síntese, que que, de fato, quanto ao ponto a demandada carece de interesse
o Acórdão embargado contém contradição e omissão. Alega que recursal.
esta Turma julgadora não apreciou o fato de que a embargante
requereu a reforma da sentença de piso, para afastar, do condeno, De acordo com a Tabela da CGJT, o índice IPCA-E apenas será
a aplicação do índice de correção monetária IPCA-E. Sustenta que, aplicado aos créditos devidos a partir de 23/05/2015, o que não se
ao não conhecer do recurso quanto ao tópico por ausência de aplica à presente hipótese, uma vez que todos os créditos foram
interesse recursal, esta Turma julgadora não observou que o IPCA- apurados até fevereiro de 2015.
E foi o índice utilizado quando da liquidação da sentença. Aponta a
existência de omissão quanto ao pedido de compensação Também não existe omissão quanto ao pleito alternativo de redução
formulado nas razões recursais. Alega que alternativamente ao dos valores devidos a título de danos emergentes.
pleito de exclusão da condenação ao pagamento dos lucros
cessantes formulou pedido de que esta não ultrapassasse o real Isso porque esta Turma julgadora, analisando a matéria, de forma
salário devido ao obreiro na época do afastamento. fundamentada, concluiu pela manutenção da sentença em seus

exatos termos, inclusive quanto ao valor arbitrado pelo juízo a quo. incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para
Na verdade, da leitura das razões dos embargos, verifica-se que a sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere
embargante demonstra, tão somente, seu inconformismo com existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.
posicionamento desta Turma.
Importa destacar que, nos termos do referido art. 1.022, aplicável ao
processo do trabalho, consoante Instrução Normativa n° 39 do C.
TST, cabem embargos de declaração contra qualquer decisão
judicial para esclarecer obscuridade ou eliminar contradição, suprir
omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o
juiz de ofício ou a requerimento e corrigir erro material.
Conclusão
De igual modo, de acordo com a disciplina do art. 1.022 do Código
desfundamentada, nos termos do art. 489, §1°, do mesmo diploma
legal.
Ocorre que o acórdão embargado não se limitou à indicação, à
reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua
conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto Ante o exposto, REJEITO os embargos de declaração, por não se
de sua incidência no caso, tendo, consoante aqui demonstrado, observarem as hipóteses previstas no art. 897-A da CLT c/c 1.022
invocado os motivos extraídos dos autos para justificar a decisão e do NCPC.
enfrentado os argumentos deduzidos no processo para deslinde da
controvérsia.
Por todos os fundamentos apresentados, a decisão embargada não
ostenta quaisquer dos vícios.
declaratórios, em tais situações. ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, REJEITAR os
Ademais, nos moldes do art. 1.025 do NCPC, consideram-se embargos de declaração, por não se observarem as hipóteses

ADVOGADO LEONARDO CAMELLO DE

previstas no art. 897-A da CLT c/c 1.022 do NCPC. BARROS(OAB: 20445/PE)
RECORRIDO BANCO DO BRASIL SA
ADVOGADO ROBSON DOMINGUES DA
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. SILVA(OAB: 23692-D/PE)
ADVOGADO CARLOS AUGUSTO CALHEIROS
MARTINS JUNIOR(OAB: 8304/AL)
ADVOGADO ISIS YUMI MIYACHI(OAB: 29260/PE)
ADVOGADO ADRIANA GOUVEIA DA
NÓBREGA(OAB: 199135/SP)
- MARCELO MAURO CASE
EMMT
JUDICIÁRIO

PROC. N.º TRT - RO - 0000373-64.2016.5.06.0006
Turma do Tribunal, por unanimidade, REJEITAR os embargos de

declaração, por não se observarem as hipóteses previstas no art.
897-A da CLT c/c 1.022 do NCPC.


Recorrente : MARCELO MAURO CASE

Recorrido : BANCO DO BRASIL S/A
Advogados : LEONARDO CAMELLO DE BARROS, FRANCISCO
DE ASSIS SÁ LEITÃO NETO, ADRIANA GOUVEIA DA NÓBREGA,

ISIS YUMI MIYACHI, CARLOS AUGUSTO CALHEIROS MARTINS
JÚNIOR e ROBSON DOMINGUES DA SILVA

Acórdão
Processo Nº RO-0000373-64.2016.5.06.0006
RECORRENTE MARCELO MAURO CASE
ADVOGADO FRANCISCO DE ASSIS SA LEITAO
NETO(OAB: 15765/PE)
EMENTA

Vistos etc.
Recurso Ordinário interposto por MARCELO MAURO CASE contra
sentença proferida pelo Juízo da 6ª Vara do Trabalho de Recife -
DIREITO DO TRABALHO. DIREITO PROCESSUAL DO PE que julgou improcedentes os pedidos formulados na ação
TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR. HORAS trabalhista ajuizada em face do BANCO DO BRASIL S/A.
EXTRAS. BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA. ARTIGO 224, §
2º DA CLT. BANCO DO BRASIL. I - A jornada legal dos Em razões recursais, defende o não enquadramento na regra
empregados em bancos, casas bancárias e Caixa Econômica contida no art. 224, §2º, da CLT, aduzindo que trabalha das
Federal é de seis horas diárias, podendo ser excepcionalmente 08h00h/08h30h às 20h00, de segunda a sexta-feira, perfazendo
elastecida, nos termos do art. 224, § 2º, da CLT. II - A previsão sobrelabor em relação aos limites de 8 horas diárias e 40 horas
contida no precitado disposi tivo legal visa excluir da jornada de semanais. À vista disso, clama pelo pagamento das horas extras a
trabalho de seis horas os ocupantes de cargo de confiança - partir da 8ª diária e 44ª semanal, com os reflexos daí decorrentes,
direção, gerência, fiscalização, chefia ou equivalentes -, em virtude com aplicação dos percentuais convencionais, divisor 150 e
da atividade de fidúcia desses empregados. III - A regra legal incidência da antiga Súmula 03 deste regional. Requer o pagamento
enumera apenas duas circunstâncias para essa exceção ocorrer: de diferenças de complementação de aposentadoria decorrentes da
atribuições de confiança e distinção remuneratória, à base de, no integração das horas extras deferidas, em parcelas vencidas e
mínimo, 1/3 a mais do salário do cargo efetivo. IV - No caso em vincendas pela parte ré. Por fim, defende que os recolhimentos
debate, embora o autor estivesse exercendo cargo reputado como previdenciários seja ônus exclusivo da parte patronal, por força do
comissionado pelo réu, com jornada estipulada de oito horas, não §5º do art. 33 da Lei 8.212/91, bem como para que os recolhimentos
detinha a fidúcia necessária à configuração da exceção prevista na tributários, ante a obediência ao Princípio da Progressividade e da
norma citada, mostrando-se imperiosa a condenação do réu ao Isonomia Tributária, sendo suportados pelo réu, conforme
pagamento das horas como extras com reflexos. V - Por outro lado, estabelecido nos artigos 5º e 150, inciso II, da Constituição Federal,
não há falar em compensação com a gratificação de função à luz dos quais deve ser interpretado o disposto no art. 46 da Lei
percebida, em observância ao disposto na Súmula nº. 109 do TST, 8.541/92.
merecendo ser esclarecido que a OJ Transitória nº. 70 da SDI-1 do
TST limita-se aos empregados da Caixa Econômica Federal, não Contrarrazões ofertadas.
sendo esta a hipótese dos autos. VI - Recurso parcialmente provido.
Desnecessária a remessa dos presentes autos à d. Procuradoria,
em face do disposto no art. 50 do Regimento Interno deste
verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por ocasião
RELATÓRIO VOTO:

desempenhada seja de chefia ou direção.
O recurso é tempestivo; as representações processuais estão
regulares e o preparo é desnecessário, conheço-o, bem como das Portanto, para a subsunção do caso em apreço à hipótese do
contrarrazões. mencionado dispositivo legal há que se demonstrar, a par do
recebimento de gratificação, que o autor ocupava condição especial
Mérito na estrutura hierárquica do banco, não com amplos poderes de
mando, representação e substituição, o que o caracterizaria como o
Da Jornada de Trabalho. Cargo Confiança. Art. 224 da CLT gerente de que cuida o art. 62 da CLT, mas demonstrar que o
mister diário consistia na direção, organização e supervisão do
O Autor denunciou que mesmo exercendo os encargos de Gerente serviço, ou que exercia funções que pressupunham algum poder de
de Negócios, não detinha poder de mando e gestão, tampouco mando atribuído pelo alto grau de confiança do empregador, distinta
poderia admitir, demitir, advertir qualquer funcionário, assim como daquela conferida ao empregado comum, o simples escriturário.
não possuía qualquer subordinado, não tinha poder de
representação, ou mesmo conceder crédito. Aliado a isso, afirmou Acerca do tema foi editada a Súmula nº. 102 do TST:
que tinha sua jornada de trabalho fiscalizada através de controle
formal de frequência, e sempre esteve subordinado a um superior BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA
hierárquico, não estando inserido na exceção prevista no §2º do art.
224 Consolidado. I - A configuração, ou não, do exercício da função de confiança a
que se refere o art. 224, § 2º, da CLT, dependente da prova das
Diz que trabalhava das 08h00h/08h30h às 20h00, de segunda a reais atribuições do empregado [sem grifo no original], é
sexta-feira, perfazendo sobrelabor em relação aos limites de 8 insuscetível de exame mediante recurso de revista ou de embargos.
horas diárias e 40 horas semanais. À vista disso, clama pelo
pagamento das horas extras a partir da 8ª diária e 44ª semanal, Não é demais lembrar que não se está cogitando apenas do rótulo
com os reflexos daí decorrentes, com aplicação dos percentuais atribuído ao cargo, um título pomposo, sem repercussão na
convencionais, divisor 150 e incidência da antiga Súmula 03 deste estrutura organizacional da empresa, razão pela qual a
regional. comprovação do efetivo exercício das funções de confiança
demanda a produção de prova pelo empregador, por constituir-se
O réu refutou tais assertivas, advogando a tese de que o autor em fato impeditivo do direito à percepção das 7ª e 8ª horas
sempre exerceu cargos típicos de gerência e/ou confiança, não trabalhadas como extras (exegese dos artigos 818 da CLT e 373 do
estando sujeito a controle de jornada, sendo indevidas as horas CPC).
extras, à luz da norma citada.
Colho da prova testemunhal do próprio réu (página 810):
A controvérsia a ser resolvida, no particular, reside em saber se o
autor estava enquadrado na exceção prevista no § 2º do art. 224 da (...) que quando trabalhou com o reclamante exercia a função de
CLT, de forma a afastar seu direito às horas extras. Assistente de Negócios e o reclamante era Gerente de Negócios;
que o depoente se reportava ao reclamante; que na época havia 11
O bancário se enquadra na exceção da jornada de trabalho de 6 gerentes na agência; que o reclamante se reportava ao Gerente
horas, encontrando-se submetidos ao regime geral de 8 horas Geral; que o Gerente de Negócios não tem registro de ponto
apenas os trabalhadores que se amoldem à hipótese da norma em eletrônico, porque tinham um sistema remoto que podia ser
testilha, ou seja, aqueles que exerçam função de "... direção, acessado de casa; que os Gerentes de Relacionamento se
gerência, fiscalização, chefia e equivalentes, ou que desempenhem reportavam aos Gerentes de negócios e ao Gerente Geral; (...) que
outros cargos de confiança" e percebam gratificação de função não o Gerente Geral dava ordens ao Gerente de Negócios; que no
inferior a 1/3 do salário do cargo efetivo. período em que trabalhou com o reclamante, viu este dar posse a
novo empregado, só não se lembra quem; que o Gerente Geral
A enumeração da norma é aberta, isto é, admite o acréscimo de também dava posse a novos empregados; que os contratos de
outros cargos aos ali listados, desde que a natureza da função crédito eram da competência do Gerente Geral e, na ausência

deste, do Gerente de Negócios; (...)
(...) II - RECURSO DE REVISTA DO BANCO DO BRASIL S.A.
Assim, como visto, muito embora o autor exercesse certo poder de CARGO DE CHEFIA / CONFIANÇA. A Corte Regional constatou da
gestão, estava subordinado a outros empregados do banco prova coligida nos autos que "não restou configurado o exercício de
(Gerente de Negócios), não havendo prova de que poderia admitir função de confiança alegado pela defesa", fl. 1383 verso. Registrou
ou demitir empregados, bem como não tinha procuração do que "a empregada, quer no exercício de auxiliar técnico e de
empregador ou qualquer poder de mando, pois sequer possuía assistente B UA, quer no de gerente de grupo, inclusive em
subordinados. substituição a seus colegas, não detinha fidúcia especial, tampouco
subordinados, nem mesmo quando atuou como gerente de grupo e
Desse modo, apesar de o autor possuir um certo grau de assistente", que "a liberação do PROAGRO incumbe ao gerente de
responsabilidade, não possuía quaisquer poderes na função de setor, a quem era subordinada a primeira testemunha e a
Gerente de Negócios, porquanto não desempenhava com reclamante e não ao gerente de grupo", que "o preposto afirma que
autonomia suas funções, sempre se reportando ao Gerente Geral. a reclamante não possuía assinatura autorizada para efeitos
externos e que não podia aplicar sanções disciplinares a outros
Conclui-se, pois, que o autor não estava jungido a uma condição tal empregados e tampouco aos estagiários" e que "analisava os
na estrutura hierárquica do banco que lhe conferisse poder de processos relativos ao PROAGRO e procedia o seu
fiscalização do serviço de outros funcionários ou de coordenação de encaminhamento ao gerente de setor, a quem incumbia a
determinado setor, atividades que, seguramente, seriam de porte a respectiva liberação". E, de forma categórica, proferiu: "a prova
qualificar como de confiança o cargo ocupado. confirma que a reclamante não exercia função de especial fidúcia".
A decisão, tal como posta, encontra-se em conformidade com o
Deveras, em que pese o percebimento da gratificação exigida por artigo 224, § 2º, da CLT e baseando-se nas provas dos autos, pelo
lei, resta evidenciada a ausência de quaisquer poderes de que a sua alteração demandaria seu reexame, prática vedada nesta
fiscalização ou supervisão dos serviços, daí que o empregado não fase recursal, a teor da Súmula-TST-126. Recurso de revista não
estava jungido a uma situação concreta de chefia, motivo pelo qual conhecido. (...) (TST, RR - 112500-83.2008.5.04.0004 , Relator
entendo não estar enquadrado na exceção do § 2º à regra do caput Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento:
do art. 224 da CLT. 04/02/2015, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 06/03/2015).
Neste sentido: Assim, é devido ao autor o pagamento das 7ª e 8ª horas laboradas,
como extras, à luz da jornada declinada na peça de ingresso.
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA Porém, como o pedido se restringiu às horas superiores à 8ª diária
INTERPOSTO EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA e à 44ª semanal, ficam limitadas a estes patamares. Não vieram os
ANTERIORMENTE À VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. 1. HORAS registros de ponto e a testemunha do réu admitiu: que o Gerente de
EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA. ART. 224, § 2º, DA CLT. NÃO Negócios não tem registro de ponto eletrônico, porque tinham um
CONFIGURAÇÃO. Caso em que o Tribunal Regional, com base no sistema remoto que podia ser acessado de casa; (página 810).
depoimento das partes, reconheceu que o Réu confessou o fato de
que as atividades bancárias prestadas pelo Autor "eram Defiro também, os reflexos no aviso prévio indenizado, FGTS +
eminentemente técnicas", não se revestindo de fidúcia especial. 40%, 13ºs salários, férias + 1/3 e RSR. Indefiro as demais
Nesse contexto, somente com o reexame do contexto fático- repercussões vindicadas.
probatório, procedimento vedado nesta esfera recursal, nos termos
da Súmula 126 do TST, seria possível acolher o argumento recursal Quanto à compensação das horas extras com a gratificação de
de que o Reclamante estava enquadrado na exceção prevista no § função paga ao autor, em regra, "O bancário não enquadrado no §
2º do art. 224 da CLT. O processamento do recurso de revista 2º do art. 224 da CLT, que receba gratificação de função, não pode
encontra óbice na orientação consubstanciada nas Súmulas 102, I, ter o salário relativo a horas extraordinárias compensado com o
e 126 desta Corte. (...)(TST, AIRR - 1487-53.2011.5.04.0011 , valor daquela vantagem", nos termos da Súmula nº. 109 do TST,
Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, Data de Julgamento: não se aplicando ao caso o contido na OJ Transitória nº. 70 da SDI-
25/03/2015, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 31/03/2015) 1 do TST, a qual é específica em relação à Caixa Econômica

Federal em vista de disposição contida no respectivo regulamento salário mensal, independentemente de serem trabalhadas ou não.
de pessoal.
3. O divisor aplicável para cálculo das horas extras do bancário,
Tangente ao divisor, ao bancário jungido à jornada de trabalho de 6 inclusive para os submetidos à jornada de oito horas, é definido com
horas diárias e 30 semanais é aplicável o divisor 180, ao passo que base na regra geral prevista no artigo 64 da CLT (resultado da
aos detentores de cargo de confiança, sujeitos à jornada de trabalho multiplicação por 30 da jornada normal de trabalho), sendo 180 e
de 8 horas diárias e 44 semanais, o 220, independentemente da 220, para as jornadas normais de seis e oito horas,
eventual existência de norma coletiva equiparando o sábado a respectivamente.
descanso semanal remunerado, conforme se observa da Súmula nº.
124 do TST e da Tese Jurídica de observância obrigatória nº. 4 do 4. A inclusão do sábado como dia de repouso semanal
acórdão proferido no IRR-849-83.2013.5.03.0138, senão vejamos: remunerado, no caso do bancário, não altera o divisor, em
virtude de não haver redução do número de horas semanais,
SÚMULA 124. BANCÁRIO. SALÁRIO-HORA. DIVISOR (alteração trabalhadas e de repouso.[sem destaque no original]
em razão do julgamento do processo TST-IRR 849-
83.2013.5.03.0138) - Res. 219/2017, DEJT divulgado em 28, 29 e 5. O número de semanas do mês é 4,2857, resultante da divisão de
30.06.2017- republicada - DEJT divulgado em 12, 13 e 14.07.2017 30 (dias do mês) por 7 (dias da semana), não sendo válida, para
efeito de definição do divisor, a multiplicação da duração semanal
I - o divisor aplicável para o cálculo das horas extras do bancário por 5.
será:
6. Em caso de redução da duração semanal do trabalho, o divisor é
a)180, para os empregados submetidos à jornada de seis horas obtido na forma prevista na Súmula n. 431 (multiplicação por 30 do
prevista no caput do art. 224 da CLT; resultado da divisão do número de horas trabalhadas por semana
pelos dias úteis);
b) 220, para os empregados submetidos à jornada de oito horas,
nos termos do § 2º do art. 224 da CLT. 7. As normas coletivas dos bancários não atribuíram aos sábados a
natureza jurídica de repouso semanal remunerado.
II - Ressalvam-se da aplicação do item anterior as decisões de
mérito sobre o tema, qualquer que seja o seu teor, emanadas de Assim, considerando que o autor estava jungido à jornada de
Turma do TST ou da SBDI-I, no período de 27/09/2012 até trabalho de 6 horas, aplicável ao caso é o divisor 180.
21/11/2016, conforme a modulação aprovada no precedente
obrigatório firmado no Incidente de Recursos de Revista Repetitivos O DSR enriquecido pelas horas extras não pode gerar reflexos em
nº TST-IRR-849-83.2013.5.03.0138, DEJT 19.12.2016. outras verbas que compõem o complexo salarial, sob pena de bis in
idem, conforme diretriz interpretativa da Orientação Jurisprudencial
INCIDENTE DE JULGAMENTO DE RECURSOS DE REVISTA nº. 394 da SDI-I do TST.
REPETITIVOS. RECURSOS DE REVISTA REPRESENTATIVOS
DA CONTROVÉRSIA. TEMA REPETITIVO Nº 0002 - BANCÁRIO. Nos termos da Súmula nº. 264 do TST, deverão integrar a base de
SALÁRIO-HORA. DIVISOR. FORMA DE CÁLCULO. EMPREGADO cálculo das horas extras todas as parcelas de natureza salarial
MENSALISTA. FIXAÇÃO DAS TESES JURÍDICAS, DE percebidas pelo autor, bem como consoante o disposto nos ACT's
OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA - ARTIGOS 896-C da CLT e 926, § carreados, observando-se os dias de efetivo labor.
2o, e 927 do CPC.
Assim, deverão ser observadas as seguintes parcelas: vencimento
1. O número de dias de repouso semanal remunerado pode ser padrão (rubrica 010), gratificação/adicional de função (rubricas
ampliado por convenção ou acordo coletivo de trabalho, como 181/191/192/193), adicional por mérito (rubrica 011), vantagens
decorrência do exercício da autonomia sindical. pessoais (rubricas 012/013), gratificação semestral (rubrica 130),
dentre outras habitualmente recebidas pelo autor, nos termos do
2. O divisor corresponde ao número de horas remuneradas pelo artigo 457, § 1º, da CLT, conforme se verificar pela folha de

pagamento do período imprescrito. Na verdade não há se falar em pagamento de diferenças de
complementação de aposentadoria, mas deve haver os
Esclareço que a gratificação semestral (rubrica 130) era paga recolhimentos previdenciários incidentes sobre as verbas deferidas
mensalmente, razão pela qual não incide o disposto na Súmula nº. em juízo.
253 do TST, consoante julgado abaixo:
Em relação ao recolhimento incidente sobre as horas extras
(...) GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. PAGAMENTO MENSAL. deferidas, o col. TST, por meio da Resolução nº. 175/2011, alterou a
INTEGRAÇÃO À BASE DE CÁLCULO DAS HORAS EXTRAS. 1. O redação dada à Orientação Jurisprudencial n. 18 da SDI - 1 daquela
Colegiado regional sustentou que "no caso específico do reclamado, Corte, senão vejamos:
embora denominada "gratificação semestral", a parcela é paga
mensalmente" e concluiu que "uma vez demonstrada a OJ-SDI1-18 COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. BANCO
habitualidade do pagamento da parcela nos contracheques e DO BRASIL (redação do item I alterada em decorrência do
verificado o seu pagamento mensal, tal parcela deve constar na julgamento dos processos TST-IUJEEDRR-301900-
base de cálculo das horas extras deferidas". 2. Uma vez consignado 52.2005.5.09.0661 e ERR 119900-56.1999.5.04.0751) - Res.
de forma expressa na decisão regional que a gratificação semestral 175/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 I - O valor das
era paga de forma mensal, não há falar em aplicação, à espécie, da horas extras integra a remuneração do empregado para o cálculo
Súmula 253/TST porquanto trata da gratificação semestral. da complementação de aposentadoria, desde que sobre ele incida a
Ademais, cumpre registrar que, percebida mensalmente, a contribuição à Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do
gratificação tem natureza salarial, segundo o disposto no art. 457, § Brasil - PREVI, observado o respectivo regulamento no tocante à
1º, da CLT, devendo integrar, portanto, a base de cálculo das horas integração (...). (destaquei).
extras, conforme entendimento cristalizado na Súmula 264/TST ("A
remuneração do serviço suplementar é composta do valor da hora Assim é que a referida Orientação Jurisprudencial, no caso
normal, integrado por parcelas de natureza salarial e acrescido do específico dos empregados do Banco do Brasil, passou a dispor
adicional previsto em lei, contrato, acordo, convenção coletiva ou que o valor da hora extra integrará a remuneração para o fim de
sentença normativa"). Precedentes. Óbice da Súmula 333/TST e do complementação de aposentadoria, desde que presentes dois
art. 896, § 4º, da CLT. Agravo de instrumento conhecido e não requisitos: a incidência da contribuição previdenciária à Caixa de
provido. (TST, AIRR - 1593-63.2010.5.10.0017, Relator Ministro: Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil - PREVI -, e a
Hugo Carlos Scheuermann, Data de Julgamento: 08/04/2015, 1ª previsão do referido recolhimento no regulamento vigente ao tempo
Turma, Data de Publicação: DEJT 17/04/2015). da integração do empregado ao regime de previdência.
São devidos, ainda, os reflexos sobre o abono de assiduidade pago In casu, o art. 28 do Regulamento do Plano de Benefícios da
na rescisão e licenças-prêmio convertidas em pecúnia conforme PREVI, dispõe que:
recibos, por ausência de defesa nesse aspecto (artigo 302 do CPC).
(...) entende-se por salário-de-participação a base mensal de
Indevidos os reflexos sobre gratificação semestral,considerando sua incidência das contribuições do participante à PREVI,
inclusão na base de cálculo das horas extras, sob pena de incorrer correspondente, para o participante em atividade, à soma das
em bis in idem. verbas remuneratórias - aí incluídos os adicionais de insalubridade,
periculosidade e por trabalho noturno - a eles pagas pelo
Dos Recolhimentos Previdenciários a PREVI empregador no mês (...).
Requer o pagamento de diferenças de complementação de Como visto, informa que, para a base de cálculo da contribuição
aposentadoria decorrentes da integração das horas extras previdenciária, são levados em consideração todas as verbas de
deferidas, em parcelas vencidas e vincendas pela parte ré. natureza remuneratória.
Parcial razão lhe assiste. Dessarte, à luz do disposto no referido Regulamento e, em
conformidade com a Orientação Jurisprudencial n. 18, I da SDI-1,

possuindo as horas extras remuneradas indiscutível natureza pelo recolhimento das contribuições previdenciárias é do
salarial, tenho que integram a base de incidência da contribuição empregador, sendo que o desconto deverá incidir sobre as parcelas
previdenciária, razão pela qual defiro o pleito para que o réu salariais, devendo ser calculado mês a mês, em relação ao
proceda o recolhimento das contribuições previdenciárias junto à empregado, nos termos do art. 12-A da Lei n.º 7.713, de
PREVI. Dou provimento. 22/12/1988, com a redação dada pela Lei nº 12.350/2010.
Dos Recolhimentos Previdenciários e Fiscais Prequestionamento
Por fim, defende que os recolhimentos previdenciários seja ônus Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
exclusivo da parte patronal, por força do §5º do art. 33 da Lei fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
8.212/91, bem como para que os recolhimentos tributários, ante a qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
obediência ao Princípio da Progressividade e da Isonomia infraconstitucional, mencionados pelo recorrente, sendo
Tributária, sendo suportados pelo réu, conforme estabelecido nos desnecessária a menção expressa a cada um deles, a teor do
artigos 5º e 150, inciso II, da Constituição Federal, à luz dos quais disposto na OJ n° 118 da SDI-I do TST.
deve ser interpretado o disposto no art. 46 da Lei 8.541/92
Com razão.
Os encargos previdenciários decorrem de normas de ordem pública
(art. 46 da Lei 8.541/92), cujos critérios de cálculo são os
estabelecidos no item II da Súmula 368 do TST, in verbis:
DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS. COMPETÊNCIA.
RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO. FORMA DE
CÁLCULO - Res. 138/2005, DJ 23, 24 e 25.11.2005.
(...)
II. É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das
contribuições previdenciárias e fiscais, resultante de crédito do
empregado oriundo de condenação judicial, devendo ser
calculadas, em relação à incidência dos descontos fiscais, mês a
mês, nos termos do art. 12-A da Lei n.º 7.713, de 22/12/1988, com a
redação dada pela Lei nº 12.350/2010.
Ademais, nos termos do item III da Súmula 368 do TST, os cálculos
dos descontos previdenciários deverão ser calculados mês a mês:
(...) III. Em se tratando de descontos previdenciários, o critério de
apuração encontra-se disciplinado no art. 276, §4º, do Decreto n º
3.048/1999 que regulamentou a Lei nº 8.212/1991 e determina que
a contribuição do empregado, no caso de ações trabalhistas, seja
calculada mês a mês, aplicando-se as alíquotas previstas no art.
198, observado o limite máximo do salário de contribuição. Conclusão
Portanto, consoante a Súmula 368 do TST, a "responsabilidade"

Diante do exposto, dou provimento ao apelo para: Regional do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, por
unanimidade, dar provimento ao apelo para: a - deferir o
a - deferir o pagamento das horas extras, à luz da jornada declinada pagamento das horas extras, à luz da jornada declinada na peça de
na peça de ingresso, considerando como tais aquelas superiores à ingresso, considerando como tais aquelas superiores à 8ª diária e à
8ª diária e à 44ª semanal. Bem como os reflexos no aviso prévio 44ª semanal. Bem como os reflexos no aviso prévio indenizado,
indenizado, FGTS + 40%, 13ºs salários, férias + 1/3 e RSR. Aplicar FGTS + 40%, 13ºs salários, férias + 1/3 e RSR. Aplicar o divisor 180
o divisor 180 e os percentuais em normas coletivas; e os percentuais em normas coletivas; b- deferir o pleito para que o
réu proceda o recolhimento das contribuições previdenciárias junto
b - defiro o pleito para que o réu proceda o recolhimento das à PREVI. Quantum a ser apurado em liquidação, incidindo juros e
contribuições previdenciárias junto à PREVI. correção monetária (arts. 883 da CLT e 39 da Lei nº. 8.177/91, além
das Súmulas 211 e 381 do C. TST). Observe-se o disposto na
Quantum a ser apurado em liquidação, incidindo juros e correção Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do
monetária (arts. 883 da CLT e 39 da Lei nº. 8.177/91, além das Trabalho e na Lei nº. 10.833/03, quanto aos recolhimentos
Súmulas 211 e 381 do C. TST). Observe-se o disposto na tributários. Após a comprovação dos recolhimentos previdenciário e
Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do fiscal pela empregadora, em prazo a ser assinalado pelo Juízo das
Trabalho e na Lei nº. 10.833/03, quanto aos recolhimentos execuções, autoriza-se a retenção, do crédito do autor, dos valores
tributários. Após a comprovação dos recolhimentos previdenciário e por ele devidos, consoante a Consolidação dos Provimentos da
fiscal pela empregadora, em prazo a ser assinalado pelo Juízo das Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho (incidência da Súmula
execuções, autorizo a retenção, do crédito do autor, dos valores por nº. 368 do C. TST). Para efeito do comando contido no art. 832, §
ele devidos, consoante a Consolidação dos Provimentos da 3º, da CLT, declara-se a natureza salarial das parcelas deferidas,
Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho (incidência da Súmula com exceção das incidências sobre depósitos fundiários e aviso
nº. 368 do C. TST). Para efeito do comando contido no art. 832, § prévio. Ao condeno arbitra-se o valor de R$ 10.000,00 (dez mil
3º, da CLT, declaro a natureza salarial das parcelas deferidas, com reais), com custas invertidas, pelo réu, no escore de R$ 200,00 (art.
exceção das incidências sobre depósitos fundiários e aviso prévio. 789, § 1º, da CLT). Tudo nos termos e limites da fundamentação
Ao condeno arbitro o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), com supra. O Exmo. Desembargador Eduardo Pugliesi acompanhou o
custas invertidas, pelo réu, no escore de R$ 200,00 (art. 789, § 1º, voto do Exmo. Desembargador Relator pelas conclusões.
da CLT). Tudo nos termos e limites da fundamentação supra
EMMT

12.09.2018, sob a presidência do Exmo. Desembargador SERGIO Acórdão

Processo Nº RO-0000373-64.2016.5.06.0006
TORRES TEIXIERA (Relator) com a presença do Ministério Público Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
do Trabalho da 6ª Região, representado pelo Exmo. Sr. Procurador RECORRENTE MARCELO MAURO CASE
Rogério Sitônio Wanderley e dos Exmos. Srs. Desembargador NETO(OAB: 15765/PE)
Eduardo Pugliesi e Ibrahim Alves da Silva Filho (Juiz Titular da 1ª ADVOGADO LEONARDO CAMELLO DE
Vara do Trabalho de Igarassu, convocado para o Gabinete Vago), RECORRIDO BANCO DO BRASIL SA
resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por unanimidade, por ADVOGADO ROBSON DOMINGUES DA
unanimidade, dar provimento ao apelo para: a - deferir o ADVOGADO CARLOS AUGUSTO CALHEIROS
pagamento das horas extras, à luz da jornada declinada na peça de
ingresso, considerando como tais aquelas superiores à 8ª diária e à ADVOGADO ADRIANA GOUVEIA DA
44ª semanal. Bem como os reflexos no aviso prévio indenizado,
FGTS + 40%, 13ºs salários, férias + 1/3 e RSR. Aplicar o divisor 180 Intimado(s)/Citado(s):
e os percentuais em normas coletivas; b- deferir o pleito para que o - BANCO DO BRASIL SA
à PREVI. Quantum a ser apurado em liquidação, incidindo juros e
correção monetária (arts. 883 da CLT e 39 da Lei nº. 8.177/91, além

PODER
JUDICIÁRIO
execuções, autoriza-se a retenção, do crédito do autor, dos valores
por ele devidos, consoante a Consolidação dos Provimentos da
Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho (incidência da Súmula PROC. N.º TRT - RO - 0000373-64.2016.5.06.0006
3º, da CLT, declara-se a natureza salarial das parcelas deferidas, Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
com exceção das incidências sobre depósitos fundiários e aviso
prévio. Ao condeno arbitra-se o valor de R$ 10.000,00 (dez mil Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA
reais), com custas invertidas, pelo réu, no escore de R$ 200,00 (art.
789, § 1º, da CLT). Tudo nos termos e limites da fundamentação Recorrente : MARCELO MAURO CASE
supra. O Exmo. Desembargador Eduardo Pugliesi acompanhou o
voto do Exmo. Desembargador Relator pelas conclusões. Recorrido : BANCO DO BRASIL S/A
Sala de Sessões,19 de setembro de 2018. Advogados : LEONARDO CAMELLO DE BARROS, FRANCISCO
DE ASSIS SÁ LEITÃO NETO, ADRIANA GOUVEIA DA NÓBREGA,
Gilberto Alexandre de Paiva Fernandes ISIS YUMI MIYACHI, CARLOS AUGUSTO CALHEIROS MARTINS
JÚNIOR e ROBSON DOMINGUES DA SILVA


RELATÓRIO
EMENTA
Vistos etc.
Recurso Ordinário interposto por MARCELO MAURO CASE contra
sentença proferida pelo Juízo da 6ª Vara do Trabalho de Recife -
DIREITO DO TRABALHO. DIREITO PROCESSUAL DO PE que julgou improcedentes os pedidos formulados na ação
TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR. HORAS trabalhista ajuizada em face do BANCO DO BRASIL S/A.
EXTRAS. BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA. ARTIGO 224, §
2º DA CLT. BANCO DO BRASIL. I - A jornada legal dos Em razões recursais, defende o não enquadramento na regra
empregados em bancos, casas bancárias e Caixa Econômica contida no art. 224, §2º, da CLT, aduzindo que trabalha das
Federal é de seis horas diárias, podendo ser excepcionalmente 08h00h/08h30h às 20h00, de segunda a sexta-feira, perfazendo
elastecida, nos termos do art. 224, § 2º, da CLT. II - A previsão sobrelabor em relação aos limites de 8 horas diárias e 40 horas
contida no precitado disposi tivo legal visa excluir da jornada de semanais. À vista disso, clama pelo pagamento das horas extras a
trabalho de seis horas os ocupantes de cargo de confiança - partir da 8ª diária e 44ª semanal, com os reflexos daí decorrentes,
direção, gerência, fiscalização, chefia ou equivalentes -, em virtude com aplicação dos percentuais convencionais, divisor 150 e
da atividade de fidúcia desses empregados. III - A regra legal incidência da antiga Súmula 03 deste regional. Requer o pagamento
enumera apenas duas circunstâncias para essa exceção ocorrer: de diferenças de complementação de aposentadoria decorrentes da
atribuições de confiança e distinção remuneratória, à base de, no integração das horas extras deferidas, em parcelas vencidas e
mínimo, 1/3 a mais do salário do cargo efetivo. IV - No caso em vincendas pela parte ré. Por fim, defende que os recolhimentos
debate, embora o autor estivesse exercendo cargo reputado como previdenciários seja ônus exclusivo da parte patronal, por força do
comissionado pelo réu, com jornada estipulada de oito horas, não §5º do art. 33 da Lei 8.212/91, bem como para que os recolhimentos
detinha a fidúcia necessária à configuração da exceção prevista na tributários, ante a obediência ao Princípio da Progressividade e da
norma citada, mostrando-se imperiosa a condenação do réu ao Isonomia Tributária, sendo suportados pelo réu, conforme
pagamento das horas como extras com reflexos. V - Por outro lado, estabelecido nos artigos 5º e 150, inciso II, da Constituição Federal,
não há falar em compensação com a gratificação de função à luz dos quais deve ser interpretado o disposto no art. 46 da Lei
percebida, em observância ao disposto na Súmula nº. 109 do TST, 8.541/92.
merecendo ser esclarecido que a OJ Transitória nº. 70 da SDI-1 do
TST limita-se aos empregados da Caixa Econômica Federal, não Contrarrazões ofertadas.
sendo esta a hipótese dos autos. VI - Recurso parcialmente provido.
Desnecessária a remessa dos presentes autos à d. Procuradoria,
em face do disposto no art. 50 do Regimento Interno deste
verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por ocasião

da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, XIII e VII, apenas os trabalhadores que se amoldem à hipótese da norma em
da Lei Complementar 75/93. testilha, ou seja, aqueles que exerçam função de "... direção,
gerência, fiscalização, chefia e equivalentes, ou que desempenhem
É o que tinha de importante a relatar. outros cargos de confiança" e percebam gratificação de função não
inferior a 1/3 do salário do cargo efetivo.
VOTO:
A enumeração da norma é aberta, isto é, admite o acréscimo de
Dos pressupostos de admissibilidade outros cargos aos ali listados, desde que a natureza da função
desempenhada seja de chefia ou direção.
O recurso é tempestivo; as representações processuais estão
regulares e o preparo é desnecessário, conheço-o, bem como das Portanto, para a subsunção do caso em apreço à hipótese do
contrarrazões. mencionado dispositivo legal há que se demonstrar, a par do
recebimento de gratificação, que o autor ocupava condição especial
Mérito na estrutura hierárquica do banco, não com amplos poderes de
mando, representação e substituição, o que o caracterizaria como o
Da Jornada de Trabalho. Cargo Confiança. Art. 224 da CLT gerente de que cuida o art. 62 da CLT, mas demonstrar que o
mister diário consistia na direção, organização e supervisão do
O Autor denunciou que mesmo exercendo os encargos de Gerente serviço, ou que exercia funções que pressupunham algum poder de
de Negócios, não detinha poder de mando e gestão, tampouco mando atribuído pelo alto grau de confiança do empregador, distinta
poderia admitir, demitir, advertir qualquer funcionário, assim como daquela conferida ao empregado comum, o simples escriturário.
não possuía qualquer subordinado, não tinha poder de
representação, ou mesmo conceder crédito. Aliado a isso, afirmou Acerca do tema foi editada a Súmula nº. 102 do TST:
que tinha sua jornada de trabalho fiscalizada através de controle
formal de frequência, e sempre esteve subordinado a um superior BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA
hierárquico, não estando inserido na exceção prevista no §2º do art.
224 Consolidado. I - A configuração, ou não, do exercício da função de confiança a
que se refere o art. 224, § 2º, da CLT, dependente da prova das
Diz que trabalhava das 08h00h/08h30h às 20h00, de segunda a reais atribuições do empregado [sem grifo no original], é
sexta-feira, perfazendo sobrelabor em relação aos limites de 8 insuscetível de exame mediante recurso de revista ou de embargos.
horas diárias e 40 horas semanais. À vista disso, clama pelo
pagamento das horas extras a partir da 8ª diária e 44ª semanal, Não é demais lembrar que não se está cogitando apenas do rótulo
com os reflexos daí decorrentes, com aplicação dos percentuais atribuído ao cargo, um título pomposo, sem repercussão na
convencionais, divisor 150 e incidência da antiga Súmula 03 deste estrutura organizacional da empresa, razão pela qual a
regional. comprovação do efetivo exercício das funções de confiança
O réu refutou tais assertivas, advogando a tese de que o autor em fato impeditivo do direito à percepção das 7ª e 8ª horas
sempre exerceu cargos típicos de gerência e/ou confiança, não trabalhadas como extras (exegese dos artigos 818 da CLT e 373 do
estando sujeito a controle de jornada, sendo indevidas as horas CPC).
extras, à luz da norma citada.
A controvérsia a ser resolvida, no particular, reside em saber se o
autor estava enquadrado na exceção prevista no § 2º do art. 224 da (...) que quando trabalhou com o reclamante exercia a função de
CLT, de forma a afastar seu direito às horas extras. Assistente de Negócios e o reclamante era Gerente de Negócios;
que o depoente se reportava ao reclamante; que na época havia 11
O bancário se enquadra na exceção da jornada de trabalho de 6 gerentes na agência; que o reclamante se reportava ao Gerente
horas, encontrando-se submetidos ao regime geral de 8 horas Geral; que o Gerente de Negócios não tem registro de ponto

eletrônico, porque tinham um sistema remoto que podia ser probatório, procedimento vedado nesta esfera recursal, nos termos
acessado de casa; que os Gerentes de Relacionamento se da Súmula 126 do TST, seria possível acolher o argumento recursal
reportavam aos Gerentes de negócios e ao Gerente Geral; (...) que de que o Reclamante estava enquadrado na exceção prevista no §
o Gerente Geral dava ordens ao Gerente de Negócios; que no 2º do art. 224 da CLT. O processamento do recurso de revista
período em que trabalhou com o reclamante, viu este dar posse a encontra óbice na orientação consubstanciada nas Súmulas 102, I,
novo empregado, só não se lembra quem; que o Gerente Geral e 126 desta Corte. (...)(TST, AIRR - 1487-53.2011.5.04.0011 ,
também dava posse a novos empregados; que os contratos de Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, Data de Julgamento:
crédito eram da competência do Gerente Geral e, na ausência 25/03/2015, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 31/03/2015)
deste, do Gerente de Negócios; (...)
(...) II - RECURSO DE REVISTA DO BANCO DO BRASIL S.A.
Assim, como visto, muito embora o autor exercesse certo poder de CARGO DE CHEFIA / CONFIANÇA. A Corte Regional constatou da
gestão, estava subordinado a outros empregados do banco prova coligida nos autos que "não restou configurado o exercício de
(Gerente de Negócios), não havendo prova de que poderia admitir função de confiança alegado pela defesa", fl. 1383 verso. Registrou
ou demitir empregados, bem como não tinha procuração do que "a empregada, quer no exercício de auxiliar técnico e de
empregador ou qualquer poder de mando, pois sequer possuía assistente B UA, quer no de gerente de grupo, inclusive em
subordinados. substituição a seus colegas, não detinha fidúcia especial, tampouco
subordinados, nem mesmo quando atuou como gerente de grupo e
Desse modo, apesar de o autor possuir um certo grau de assistente", que "a liberação do PROAGRO incumbe ao gerente de
responsabilidade, não possuía quaisquer poderes na função de setor, a quem era subordinada a primeira testemunha e a
Gerente de Negócios, porquanto não desempenhava com reclamante e não ao gerente de grupo", que "o preposto afirma que
autonomia suas funções, sempre se reportando ao Gerente Geral. a reclamante não possuía assinatura autorizada para efeitos
externos e que não podia aplicar sanções disciplinares a outros
Conclui-se, pois, que o autor não estava jungido a uma condição tal empregados e tampouco aos estagiários" e que "analisava os
na estrutura hierárquica do banco que lhe conferisse poder de processos relativos ao PROAGRO e procedia o seu
fiscalização do serviço de outros funcionários ou de coordenação de encaminhamento ao gerente de setor, a quem incumbia a
determinado setor, atividades que, seguramente, seriam de porte a respectiva liberação". E, de forma categórica, proferiu: "a prova
qualificar como de confiança o cargo ocupado. confirma que a reclamante não exercia função de especial fidúcia".
A decisão, tal como posta, encontra-se em conformidade com o
Deveras, em que pese o percebimento da gratificação exigida por artigo 224, § 2º, da CLT e baseando-se nas provas dos autos, pelo
lei, resta evidenciada a ausência de quaisquer poderes de que a sua alteração demandaria seu reexame, prática vedada nesta
fiscalização ou supervisão dos serviços, daí que o empregado não fase recursal, a teor da Súmula-TST-126. Recurso de revista não
estava jungido a uma situação concreta de chefia, motivo pelo qual conhecido. (...) (TST, RR - 112500-83.2008.5.04.0004 , Relator
entendo não estar enquadrado na exceção do § 2º à regra do caput Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento:
do art. 224 da CLT. 04/02/2015, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 06/03/2015).
Neste sentido: Assim, é devido ao autor o pagamento das 7ª e 8ª horas laboradas,
como extras, à luz da jornada declinada na peça de ingresso.
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA Porém, como o pedido se restringiu às horas superiores à 8ª diária
INTERPOSTO EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA e à 44ª semanal, ficam limitadas a estes patamares. Não vieram os
ANTERIORMENTE À VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. 1. HORAS registros de ponto e a testemunha do réu admitiu: que o Gerente de
EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA. ART. 224, § 2º, DA CLT. NÃO Negócios não tem registro de ponto eletrônico, porque tinham um
CONFIGURAÇÃO. Caso em que o Tribunal Regional, com base no sistema remoto que podia ser acessado de casa; (página 810).
depoimento das partes, reconheceu que o Réu confessou o fato de
que as atividades bancárias prestadas pelo Autor "eram Defiro também, os reflexos no aviso prévio indenizado, FGTS +
eminentemente técnicas", não se revestindo de fidúcia especial. 40%, 13ºs salários, férias + 1/3 e RSR. Indefiro as demais
Nesse contexto, somente com o reexame do contexto fático- repercussões vindicadas.

OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA - ARTIGOS 896-C da CLT e 926, §
Quanto à compensação das horas extras com a gratificação de 2o, e 927 do CPC.
função paga ao autor, em regra, "O bancário não enquadrado no §
2º do art. 224 da CLT, que receba gratificação de função, não pode 1. O número de dias de repouso semanal remunerado pode ser
ter o salário relativo a horas extraordinárias compensado com o ampliado por convenção ou acordo coletivo de trabalho, como
valor daquela vantagem", nos termos da Súmula nº. 109 do TST, decorrência do exercício da autonomia sindical.
não se aplicando ao caso o contido na OJ Transitória nº. 70 da SDI-
1 do TST, a qual é específica em relação à Caixa Econômica 2. O divisor corresponde ao número de horas remuneradas pelo
Federal em vista de disposição contida no respectivo regulamento salário mensal, independentemente de serem trabalhadas ou não.
de pessoal.
3. O divisor aplicável para cálculo das horas extras do bancário,
Tangente ao divisor, ao bancário jungido à jornada de trabalho de 6 inclusive para os submetidos à jornada de oito horas, é definido com
horas diárias e 30 semanais é aplicável o divisor 180, ao passo que base na regra geral prevista no artigo 64 da CLT (resultado da
aos detentores de cargo de confiança, sujeitos à jornada de trabalho multiplicação por 30 da jornada normal de trabalho), sendo 180 e
de 8 horas diárias e 44 semanais, o 220, independentemente da 220, para as jornadas normais de seis e oito horas,
eventual existência de norma coletiva equiparando o sábado a respectivamente.
descanso semanal remunerado, conforme se observa da Súmula nº.
124 do TST e da Tese Jurídica de observância obrigatória nº. 4 do 4. A inclusão do sábado como dia de repouso semanal
acórdão proferido no IRR-849-83.2013.5.03.0138, senão vejamos: remunerado, no caso do bancário, não altera o divisor, em
virtude de não haver redução do número de horas semanais,
SÚMULA 124. BANCÁRIO. SALÁRIO-HORA. DIVISOR (alteração trabalhadas e de repouso.[sem destaque no original]
em razão do julgamento do processo TST-IRR 849-
83.2013.5.03.0138) - Res. 219/2017, DEJT divulgado em 28, 29 e 5. O número de semanas do mês é 4,2857, resultante da divisão de
30.06.2017- republicada - DEJT divulgado em 12, 13 e 14.07.2017 30 (dias do mês) por 7 (dias da semana), não sendo válida, para
efeito de definição do divisor, a multiplicação da duração semanal
I - o divisor aplicável para o cálculo das horas extras do bancário por 5.
será:
6. Em caso de redução da duração semanal do trabalho, o divisor é
a)180, para os empregados submetidos à jornada de seis horas obtido na forma prevista na Súmula n. 431 (multiplicação por 30 do
prevista no caput do art. 224 da CLT; resultado da divisão do número de horas trabalhadas por semana
pelos dias úteis);
b) 220, para os empregados submetidos à jornada de oito horas,
nos termos do § 2º do art. 224 da CLT. 7. As normas coletivas dos bancários não atribuíram aos sábados a
natureza jurídica de repouso semanal remunerado.
II - Ressalvam-se da aplicação do item anterior as decisões de
mérito sobre o tema, qualquer que seja o seu teor, emanadas de Assim, considerando que o autor estava jungido à jornada de
Turma do TST ou da SBDI-I, no período de 27/09/2012 até trabalho de 6 horas, aplicável ao caso é o divisor 180.
21/11/2016, conforme a modulação aprovada no precedente
obrigatório firmado no Incidente de Recursos de Revista Repetitivos O DSR enriquecido pelas horas extras não pode gerar reflexos em
nº TST-IRR-849-83.2013.5.03.0138, DEJT 19.12.2016. outras verbas que compõem o complexo salarial, sob pena de bis in
idem, conforme diretriz interpretativa da Orientação Jurisprudencial
INCIDENTE DE JULGAMENTO DE RECURSOS DE REVISTA nº. 394 da SDI-I do TST.
REPETITIVOS. RECURSOS DE REVISTA REPRESENTATIVOS
DA CONTROVÉRSIA. TEMA REPETITIVO Nº 0002 - BANCÁRIO. Nos termos da Súmula nº. 264 do TST, deverão integrar a base de
SALÁRIO-HORA. DIVISOR. FORMA DE CÁLCULO. EMPREGADO cálculo das horas extras todas as parcelas de natureza salarial
MENSALISTA. FIXAÇÃO DAS TESES JURÍDICAS, DE percebidas pelo autor, bem como consoante o disposto nos ACT's

carreados, observando-se os dias de efetivo labor. Dos Recolhimentos Previdenciários a PREVI
Assim, deverão ser observadas as seguintes parcelas: vencimento Requer o pagamento de diferenças de complementação de
padrão (rubrica 010), gratificação/adicional de função (rubricas aposentadoria decorrentes da integração das horas extras
181/191/192/193), adicional por mérito (rubrica 011), vantagens deferidas, em parcelas vencidas e vincendas pela parte ré.
pessoais (rubricas 012/013), gratificação semestral (rubrica 130),
dentre outras habitualmente recebidas pelo autor, nos termos do Parcial razão lhe assiste.
artigo 457, § 1º, da CLT, conforme se verificar pela folha de
pagamento do período imprescrito. Na verdade não há se falar em pagamento de diferenças de
complementação de aposentadoria, mas deve haver os
Esclareço que a gratificação semestral (rubrica 130) era paga recolhimentos previdenciários incidentes sobre as verbas deferidas
mensalmente, razão pela qual não incide o disposto na Súmula nº. em juízo.
253 do TST, consoante julgado abaixo:
Em relação ao recolhimento incidente sobre as horas extras
(...) GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. PAGAMENTO MENSAL. deferidas, o col. TST, por meio da Resolução nº. 175/2011, alterou a
INTEGRAÇÃO À BASE DE CÁLCULO DAS HORAS EXTRAS. 1. O redação dada à Orientação Jurisprudencial n. 18 da SDI - 1 daquela
Colegiado regional sustentou que "no caso específico do reclamado, Corte, senão vejamos:
embora denominada "gratificação semestral", a parcela é paga
mensalmente" e concluiu que "uma vez demonstrada a OJ-SDI1-18 COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. BANCO
habitualidade do pagamento da parcela nos contracheques e DO BRASIL (redação do item I alterada em decorrência do
verificado o seu pagamento mensal, tal parcela deve constar na julgamento dos processos TST-IUJEEDRR-301900-
base de cálculo das horas extras deferidas". 2. Uma vez consignado 52.2005.5.09.0661 e ERR 119900-56.1999.5.04.0751) - Res.
de forma expressa na decisão regional que a gratificação semestral 175/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 I - O valor das
era paga de forma mensal, não há falar em aplicação, à espécie, da horas extras integra a remuneração do empregado para o cálculo
Súmula 253/TST porquanto trata da gratificação semestral. da complementação de aposentadoria, desde que sobre ele incida a
Ademais, cumpre registrar que, percebida mensalmente, a contribuição à Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do
gratificação tem natureza salarial, segundo o disposto no art. 457, § Brasil - PREVI, observado o respectivo regulamento no tocante à
1º, da CLT, devendo integrar, portanto, a base de cálculo das horas integração (...). (destaquei).
extras, conforme entendimento cristalizado na Súmula 264/TST ("A
remuneração do serviço suplementar é composta do valor da hora Assim é que a referida Orientação Jurisprudencial, no caso
normal, integrado por parcelas de natureza salarial e acrescido do específico dos empregados do Banco do Brasil, passou a dispor
adicional previsto em lei, contrato, acordo, convenção coletiva ou que o valor da hora extra integrará a remuneração para o fim de
sentença normativa"). Precedentes. Óbice da Súmula 333/TST e do complementação de aposentadoria, desde que presentes dois
art. 896, § 4º, da CLT. Agravo de instrumento conhecido e não requisitos: a incidência da contribuição previdenciária à Caixa de
provido. (TST, AIRR - 1593-63.2010.5.10.0017, Relator Ministro: Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil - PREVI -, e a
Hugo Carlos Scheuermann, Data de Julgamento: 08/04/2015, 1ª previsão do referido recolhimento no regulamento vigente ao tempo
Turma, Data de Publicação: DEJT 17/04/2015). da integração do empregado ao regime de previdência.
São devidos, ainda, os reflexos sobre o abono de assiduidade pago In casu, o art. 28 do Regulamento do Plano de Benefícios da
na rescisão e licenças-prêmio convertidas em pecúnia conforme PREVI, dispõe que:
recibos, por ausência de defesa nesse aspecto (artigo 302 do CPC).
(...) entende-se por salário-de-participação a base mensal de
Indevidos os reflexos sobre gratificação semestral,considerando sua incidência das contribuições do participante à PREVI,
inclusão na base de cálculo das horas extras, sob pena de incorrer correspondente, para o participante em atividade, à soma das
em bis in idem. verbas remuneratórias - aí incluídos os adicionais de insalubridade,
periculosidade e por trabalho noturno - a eles pagas pelo

empregador no mês (...). (...) III. Em se tratando de descontos previdenciários, o critério de
apuração encontra-se disciplinado no art. 276, §4º, do Decreto n º
Como visto, informa que, para a base de cálculo da contribuição 3.048/1999 que regulamentou a Lei nº 8.212/1991 e determina que
previdenciária, são levados em consideração todas as verbas de a contribuição do empregado, no caso de ações trabalhistas, seja
natureza remuneratória. calculada mês a mês, aplicando-se as alíquotas previstas no art.
198, observado o limite máximo do salário de contribuição.
Dessarte, à luz do disposto no referido Regulamento e, em
conformidade com a Orientação Jurisprudencial n. 18, I da SDI-1, Portanto, consoante a Súmula 368 do TST, a "responsabilidade"
possuindo as horas extras remuneradas indiscutível natureza pelo recolhimento das contribuições previdenciárias é do
salarial, tenho que integram a base de incidência da contribuição empregador, sendo que o desconto deverá incidir sobre as parcelas
previdenciária, razão pela qual defiro o pleito para que o réu salariais, devendo ser calculado mês a mês, em relação ao
proceda o recolhimento das contribuições previdenciárias junto à empregado, nos termos do art. 12-A da Lei n.º 7.713, de
PREVI. Dou provimento. 22/12/1988, com a redação dada pela Lei nº 12.350/2010.
Dos Recolhimentos Previdenciários e Fiscais Prequestionamento
Por fim, defende que os recolhimentos previdenciários seja ônus Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
exclusivo da parte patronal, por força do §5º do art. 33 da Lei fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
8.212/91, bem como para que os recolhimentos tributários, ante a qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação
obediência ao Princípio da Progressividade e da Isonomia infraconstitucional, mencionados pelo recorrente, sendo
Tributária, sendo suportados pelo réu, conforme estabelecido nos desnecessária a menção expressa a cada um deles, a teor do
artigos 5º e 150, inciso II, da Constituição Federal, à luz dos quais disposto na OJ n° 118 da SDI-I do TST.
deve ser interpretado o disposto no art. 46 da Lei 8.541/92
Com razão.
Os encargos previdenciários decorrem de normas de ordem pública
(art. 46 da Lei 8.541/92), cujos critérios de cálculo são os
estabelecidos no item II da Súmula 368 do TST, in verbis:
DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS. COMPETÊNCIA.
RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO. FORMA DE
CÁLCULO - Res. 138/2005, DJ 23, 24 e 25.11.2005.
(...)
II. É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das
contribuições previdenciárias e fiscais, resultante de crédito do
empregado oriundo de condenação judicial, devendo ser
calculadas, em relação à incidência dos descontos fiscais, mês a
mês, nos termos do art. 12-A da Lei n.º 7.713, de 22/12/1988, com a
redação dada pela Lei nº 12.350/2010.
Ademais, nos termos do item III da Súmula 368 do TST, os cálculos
dos descontos previdenciários deverão ser calculados mês a mês:

Conclusão
Diante do exposto, dou provimento ao apelo para: Regional do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, por
unanimidade, dar provimento ao apelo para: a - deferir o
a - deferir o pagamento das horas extras, à luz da jornada declinada pagamento das horas extras, à luz da jornada declinada na peça de
na peça de ingresso, considerando como tais aquelas superiores à ingresso, considerando como tais aquelas superiores à 8ª diária e à
8ª diária e à 44ª semanal. Bem como os reflexos no aviso prévio 44ª semanal. Bem como os reflexos no aviso prévio indenizado,
indenizado, FGTS + 40%, 13ºs salários, férias + 1/3 e RSR. Aplicar FGTS + 40%, 13ºs salários, férias + 1/3 e RSR. Aplicar o divisor 180
o divisor 180 e os percentuais em normas coletivas; e os percentuais em normas coletivas; b- deferir o pleito para que o
b - defiro o pleito para que o réu proceda o recolhimento das à PREVI. Quantum a ser apurado em liquidação, incidindo juros e
contribuições previdenciárias junto à PREVI. correção monetária (arts. 883 da CLT e 39 da Lei nº. 8.177/91, além
Quantum a ser apurado em liquidação, incidindo juros e correção Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do
monetária (arts. 883 da CLT e 39 da Lei nº. 8.177/91, além das Trabalho e na Lei nº. 10.833/03, quanto aos recolhimentos
Súmulas 211 e 381 do C. TST). Observe-se o disposto na tributários. Após a comprovação dos recolhimentos previdenciário e
Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do fiscal pela empregadora, em prazo a ser assinalado pelo Juízo das
Trabalho e na Lei nº. 10.833/03, quanto aos recolhimentos execuções, autoriza-se a retenção, do crédito do autor, dos valores
tributários. Após a comprovação dos recolhimentos previdenciário e por ele devidos, consoante a Consolidação dos Provimentos da
fiscal pela empregadora, em prazo a ser assinalado pelo Juízo das Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho (incidência da Súmula
execuções, autorizo a retenção, do crédito do autor, dos valores por nº. 368 do C. TST). Para efeito do comando contido no art. 832, §
ele devidos, consoante a Consolidação dos Provimentos da 3º, da CLT, declara-se a natureza salarial das parcelas deferidas,
Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho (incidência da Súmula com exceção das incidências sobre depósitos fundiários e aviso
nº. 368 do C. TST). Para efeito do comando contido no art. 832, § prévio. Ao condeno arbitra-se o valor de R$ 10.000,00 (dez mil
3º, da CLT, declaro a natureza salarial das parcelas deferidas, com reais), com custas invertidas, pelo réu, no escore de R$ 200,00 (art.
exceção das incidências sobre depósitos fundiários e aviso prévio. 789, § 1º, da CLT). Tudo nos termos e limites da fundamentação
Ao condeno arbitro o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), com supra. O Exmo. Desembargador Eduardo Pugliesi acompanhou o
custas invertidas, pelo réu, no escore de R$ 200,00 (art. 789, § 1º, voto do Exmo. Desembargador Relator pelas conclusões.
da CLT). Tudo nos termos e limites da fundamentação supra

EMMT
12.09.2018, sob a presidência do Exmo. Desembargador SERGIO Acórdão

Processo Nº RO-0000373-64.2016.5.06.0006
TORRES TEIXIERA (Relator) com a presença do Ministério Público Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
do Trabalho da 6ª Região, representado pelo Exmo. Sr. Procurador RECORRENTE MARCELO MAURO CASE
Rogério Sitônio Wanderley e dos Exmos. Srs. Desembargador NETO(OAB: 15765/PE)
Eduardo Pugliesi e Ibrahim Alves da Silva Filho (Juiz Titular da 1ª ADVOGADO LEONARDO CAMELLO DE
Vara do Trabalho de Igarassu, convocado para o Gabinete Vago), RECORRIDO BANCO DO BRASIL SA
resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por unanimidade, por ADVOGADO ROBSON DOMINGUES DA
unanimidade, dar provimento ao apelo para: a - deferir o ADVOGADO CARLOS AUGUSTO CALHEIROS
pagamento das horas extras, à luz da jornada declinada na peça de
ingresso, considerando como tais aquelas superiores à 8ª diária e à ADVOGADO ADRIANA GOUVEIA DA
44ª semanal. Bem como os reflexos no aviso prévio indenizado,
FGTS + 40%, 13ºs salários, férias + 1/3 e RSR. Aplicar o divisor 180 Intimado(s)/Citado(s):
e os percentuais em normas coletivas; b- deferir o pleito para que o - MARCELO MAURO CASE
à PREVI. Quantum a ser apurado em liquidação, incidindo juros e
correção monetária (arts. 883 da CLT e 39 da Lei nº. 8.177/91, além

PODER
JUDICIÁRIO
execuções, autoriza-se a retenção, do crédito do autor, dos valores
por ele devidos, consoante a Consolidação dos Provimentos da
Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho (incidência da Súmula PROC. Nº. TRT - 0000373-64.2016.5.06.0006 (ED)
3º, da CLT, declara-se a natureza salarial das parcelas deferidas, Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
com exceção das incidências sobre depósitos fundiários e aviso
prévio. Ao condeno arbitra-se o valor de R$ 10.000,00 (dez mil Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA
reais), com custas invertidas, pelo réu, no escore de R$ 200,00 (art.
789, § 1º, da CLT). Tudo nos termos e limites da fundamentação Embargante : BANCO DO BRASIL S.A
supra. O Exmo. Desembargador Eduardo Pugliesi acompanhou o
voto do Exmo. Desembargador Relator pelas conclusões. Embargado : MARCELO MAURO CASE
Sala de Sessões,19 de setembro de 2018. Advogados : ROBSON DOMINGUES DA SILVA; LEONARDO
CAMELLO DE BARROS

Regional do Trabalho da 6ª Região, sendo embargado MARCELO
Procedência : TRT - 6ª REGIÃO (6ª VARA DO TRABALHO DO MAURO CASE.
RECIFE - PE)
Em razões de embargos, com fundamento no art. 897-A da CLT,
aponta omissão no acórdão, em particular, juízo de valor sobre a
prova testemunhal por si produzida, o que era de relevo, pois dela
se extrai que o autor era co-gestor com o gerente geral e não faria
jus à jornada de seis horas, pois se enquadrava no art. 62, inciso II,
da CLT, ou, no mínimo, no art. 224, §2°, da CLT. Sustenta, por fim,
equívoco quanto à adoção do divisor para cálculo das horas extras,
uma vez que o divisor seria o 220 e não o 180, como consta na
decisão. Pede o acolhimento.
EMENTA
É o relatório.
VOTO:
DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. Pela norma Mérito
sejam acolhidos, deve estar presente omissão, contradição ou A embargante aponta omissão no acórdão, em particular, juízo de
equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos de valor sobre a prova testemunhal por si produzida, o que era de
admissibilidade recursal. Importa destacar que, nos termos do art. relevo, pois dela se extrai que o autor era co-gestor com o gerente
1.022 do CPC, aplicável ao processo do trabalho, consoante geral e não faria jus à jornada de seis horas, pois se enquadrava no
Instrução Normativa n° 39 do C. TST, cabe a oposição de embargos art. 62, inciso II, da CLT, ou, no mínimo, no art. 224, §2°, da CLT.
esclarecer obscuridade ou eliminar contradição, suprir omissão de Sustenta, por fim, equívoco quanto à adoção do divisor para cálculo
ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício das horas extras, uma vez que o divisor seria o 220 e não o 180,
ou a requerimento e corrigir erro material. A decisão embargada não como consta na decisão.
Vejamos.
A leitura das razões de embargos demonstra que o acórdão não
ostenta quaisquer dos vícios do art. 897-A da CLT e a parte
pretende a reforma da decisão por via que não é a adequada.
Ao contrário das razões de embargos, foi expressamente valorada a
prova testemunhal da ré, ainda que para concluir de forma contrária
Vistos etc. a seus interesses, consoante trecho abaixo transcrito:
Embargos declaratórios opostos por BANCO DO BRASIL S.A Não é demais lembrar que não se está cogitando apenas do rótulo
contra acórdão proferido pela Egrégia 1ª Turma do Tribunal atribuído ao cargo, um título pomposo, sem repercussão na

estrutura organizacional da empresa, razão pela qual a entendo não estar enquadrado na exceção do § 2º à regra do caput
comprovação do efetivo exercício das funções de confiança do art. 224 da CLT.
em fato impeditivo do direito à percepção das 7ª e 8ª horas Além disso, observe-se que se afastando o enquadramento no art.
trabalhadas como extras (exegese dos artigos 818 da CLT e 373 do 224, §2°, da CLT, por conseqüência, aplica-se o divisor 180 e não o
CPC). 220, consoante Súmula n° 124 do C. TST, com redação posterior ao
Tema Repetitivo n° 2 pelo TST.
(...) que quando trabalhou com o reclamante exercia a função de 2015, especialmente as disposições do art. 1022, parágrafo único,
Assistente de Negócios e o reclamante era Gerente de Negócios; que reputa omissa a decisão que incorra em qualquer das condutas
que o depoente se reportava ao reclamante; qu e na época havia 11 descritas no art. 489, § 1°, do mesmo diploma legal, não houve
gerentes na agência; que o reclamante se reportava ao Gerente que transmudação da natureza dos embargos declaratórios, que
o Gerente de Negócios não tem registro de ponto eletrônico, Geral; somente se prestam a esclarecer obscuridade ou eliminar
porque tinham um sistema remoto que podia ser acessado de casa; contradição, bem como para suprir omissão de ponto ou questão
que os Gerentes de Relacionamento se reportavam aos Gerentes sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento.
de negócios e ao Gerente Geral; (...) que o Gerente Geral dava
ordens ao Gerente de Negócios; que no período em que Isto é, não se admite a interposição dos embargos
trabalhou com o reclamante, viu este dar posse a novo empregado, declaratórios para revisão de provas ou reexame do conjunto
só não se lembra quem; que o Gerente Geral também dava posse a probatório, eis que este não é o propósito da medida.
novos empregados; que os contratos de crédito eram da
competência do Gerente Geral e, na ausência deste, do Gerente de Não custa advertir a parte embargante acerca da imposição da
Negócios; (...) penalidade do art. 1.026, §2°, do CPC, em se tratando de embargos
Assim, como visto, muito embora o autor exercesse certo poder de
gestão, estava subordinado a outros empregados do banco Prequestionamento. Violações de dispositivos legais
(Gerente de Negócios), não havendo prova de que poderia admitir
ou demitir empregados, bem como não tinha procuração do Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
empregador ou qualquer poder de mando, pois sequer possuía fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
subordinados. qualquer dos dispositivos da Constituição da República e da
Desse modo, apesar de o autor possuir um certo grau de expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ n° 118, da SDI-
responsabilidade, não possuía quaisquer poderes na função de I.
Gerente de Negócios, porquanto não desempenhava com
autonomia suas funções, sempre se reportando ao Gerente Geral. Ademais, nos moldes do art. 1.025 do CPC, consideram-se
Conclui-se, pois, que o autor não estava jungido a uma condição tal fins de prequestionamento, ainda que os embargos de declaração
na estrutura hierárquica do banco que lhe conferisse poder de sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere
fiscalização do serviço de outros funcionários ou de coordenação de existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.
determinado setor, atividades que, seguramente, seriam de porte a
qualificar como de confiança o cargo ocupado. Conclusão
Deveras, em que pese o percebimento da gratificação exigida por Diante do exposto, rejeito os embargos declaratórios.
lei, resta evidenciada a ausência de quaisquer poderes de
fiscalização ou supervisão dos serviços, daí que o empregado não
estava jungido a uma situação concreta de chefia, motivo pelo qual

EMMT
Acórdão
Processo Nº RO-0000373-64.2016.5.06.0006
RECORRENTE MARCELO MAURO CASE
NETO(OAB: 15765/PE)
ADVOGADO LEONARDO CAMELLO DE
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional RECORRIDO BANCO DO BRASIL SA

ADVOGADO ROBSON DOMINGUES DA

ADVOGADO CARLOS AUGUSTO CALHEIROS
ADVOGADO ADRIANA GOUVEIA DA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. EMBARGOS
- BANCO DO BRASIL SA

PODER 1.022 do CPC, aplicável ao processo do trabalho, consoante
JUDICIÁRIO Instrução Normativa n° 39 do C. TST, cabe a oposição de embargos
PROC. Nº. TRT - 0000373-64.2016.5.06.0006 (ED)
Embargante : BANCO DO BRASIL S.A
Vistos etc.
Embargado : MARCELO MAURO CASE
Embargos declaratórios opostos por BANCO DO BRASIL S.A

Advogados : ROBSON DOMINGUES DA SILVA; LEONARDO
contra acórdão proferido pela Egrégia 1ª Turma do Tribunal
CAMELLO DE BARROS
Regional do Trabalho da 6ª Região, sendo embargado MARCELO
MAURO CASE.
Procedência : TRT - 6ª REGIÃO (6ª VARA DO TRABALHO DO
RECIFE - PE)
aponta omissão no acórdão, em particular, juízo de valor sobre a
prova testemunhal por si produzida, o que era de relevo, pois dela
se extrai que o autor era co-gestor com o gerente geral e não faria
jus à jornada de seis horas, pois se enquadrava no art. 62, inciso II,
da CLT, ou, no mínimo, no art. 224, §2°, da CLT. Sustenta, por fim,
equívoco quanto à adoção do divisor para cálculo das horas extras,
uma vez que o divisor seria o 220 e não o 180, como consta na
decisão. Pede o acolhimento.
EMENTA
É o relatório.
VOTO:

trabalhou com o reclamante, viu este dar posse a novo empregado,
Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade e só não se lembra quem; que o Gerente Geral também dava posse a
representação processual, conheço dos embargos. novos empregados; que os contratos de crédito eram da
competência do Gerente Geral e, na ausência deste, do Gerente de
Mérito Negócios; (...)
A embargante aponta omissão no acórdão, em particular, juízo de Assim, como visto, muito embora o autor exercesse certo poder de
valor sobre a prova testemunhal por si produzida, o que era de gestão, estava subordinado a outros empregados do banco
relevo, pois dela se extrai que o autor era co-gestor com o gerente (Gerente de Negócios), não havendo prova de que poderia admitir
geral e não faria jus à jornada de seis horas, pois se enquadrava no ou demitir empregados, bem como não tinha procuração do
art. 62, inciso II, da CLT, ou, no mínimo, no art. 224, §2°, da CLT. empregador ou qualquer poder de mando, pois sequer possuía
subordinados.
Sustenta, por fim, equívoco quanto à adoção do divisor para cálculo
das horas extras, uma vez que o divisor seria o 220 e não o 180, Desse modo, apesar de o autor possuir um certo grau de
como consta na decisão. responsabilidade, não possuía quaisquer poderes na função de
Gerente de Negócios, porquanto não desempenhava com
Vejamos. autonomia suas funções, sempre se reportando ao Gerente Geral.
A leitura das razões de embargos demonstra que o acórdão não Conclui-se, pois, que o autor não estava jungido a uma condição tal
ostenta quaisquer dos vícios do art. 897-A da CLT e a parte na estrutura hierárquica do banco que lhe conferisse poder de
pretende a reforma da decisão por via que não é a adequada. fiscalização do serviço de outros funcionários ou de coordenação de
determinado setor, atividades que, seguramente, seriam de porte a
Ao contrário das razões de embargos, foi expressamente valorada a qualificar como de confiança o cargo ocupado.
prova testemunhal da ré, ainda que para concluir de forma contrária
a seus interesses, consoante trecho abaixo transcrito: Deveras, em que pese o percebimento da gratificação exigida por
lei, resta evidenciada a ausência de quaisquer poderes de
Não é demais lembrar que não se está cogitando apenas do rótulo fiscalização ou supervisão dos serviços, daí que o empregado não
atribuído ao cargo, um título pomposo, sem repercussão na estava jungido a uma situação concreta de chefia, motivo pelo qual
estrutura organizacional da empresa, razão pela qual a entendo não estar enquadrado na exceção do § 2º à regra do caput
comprovação do efetivo exercício das funções de confiança do art. 224 da CLT.
em fato impeditivo do direito à percepção das 7ª e 8ª horas Além disso, observe-se que se afastando o enquadramento no art.
trabalhadas como extras (exegese dos artigos 818 da CLT e 373 do 224, §2°, da CLT, por conseqüência, aplica-se o divisor 180 e não o
CPC). 220, consoante Súmula n° 124 do C. TST, com redação posterior ao
Tema Repetitivo n° 2 pelo TST.
(...) que quando trabalhou com o reclamante exercia a função de 2015, especialmente as disposições do art. 1022, parágrafo único,
Assistente de Negócios e o reclamante era Gerente de Negócios; que reputa omissa a decisão que incorra em qualquer das condutas
que o depoente se reportava ao reclamante; qu e na época havia 11 descritas no art. 489, § 1°, do mesmo diploma legal, não houve
gerentes na agência; que o reclamante se reportava ao Gerente que transmudação da natureza dos embargos declaratórios, que
o Gerente de Negócios não tem registro de ponto eletrônico, Geral; somente se prestam a esclarecer obscuridade ou eliminar
porque tinham um sistema remoto que podia ser acessado de casa; contradição, bem como para suprir omissão de ponto ou questão
que os Gerentes de Relacionamento se reportavam aos Gerentes sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento.
de negócios e ao Gerente Geral; (...) que o Gerente Geral dava
ordens ao Gerente de Negócios; que no período em que Isto é, não se admite a interposição dos embargos

I.
Conclusão
EMMT

convocado para o Gabinete Vago), resolveu a 1ª Turma do Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA
Agravante : SET - SERVICE TRANSPORTES LOGISTICA E
Certifico e dou fé. ARMAZENAGEM LTDA.
Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018. Agravados : RAFAEL BISPO GOMES
Advogados : CHARLES ROGER ARAUJO VIEIRA; TEREZINHA
ALVES DE OLIVEIRA COSTA; SIMONE FERNANDA DE OLIVEIRA
Gilberto Alexandre de Paiva Fernandes COSTA
Secretário Substituto da 1ª Turma Procedência : 1ª VARA DO TRABALHO DE IGARASSU - PE
Acórdão
Processo Nº AP-0000039-63.2011.5.06.0181
AGRAVANTE SET SERVICE TRANSPORTES
LOGISTICA E ARMAZENAMENTO
LTDA - EPP
ADVOGADO Charles Roger Araujo Vieira(OAB:
12872-D/PE)
AGRAVADO RAFAEL BISPO GOMES
ADVOGADO Terezinha Alves de Oliveira
Costa(OAB: 7842-D/PE)
ADVOGADO CYBELE ALVES DE OLIVEIRA
ADVOGADO SIMONE FERNANDA DE OLIVEIRA
Intimado(s)/Citado(s): DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. EXECUÇÃO. AGRAVO
- SET SERVICE TRANSPORTES LOGISTICA E DE PETIÇÃO. PENHORA DE BENS. Não se pode perder de vista o
ARMAZENAMENTO LTDA - EPP
privilégio do crédito trabalhista, assegurado na legislação especial e
particularmente pelo art. 449, da CLT, segundo o qual os direitos
oriundos da existência do contrato de trabalho subsistem até

PODER mesmo em caso de falência, concordata ou dissolução da empresa.
JUDICIÁRIO O direito do executado a uma execução menos gravosa concorre o
direito do exequente em ter o seu crédito satisfeito o mais rápido
possível, dada a sua natureza alimentar, devendo se interpretar tal
regramento legal em conjunto com os demais dispositivos,
mormente o art. 835 do CPC. Agravo a que se nega provimento.
PROC. Nº. TRT AP - 0000039-63.2011.5.06.0181

Vejamos.
O art. 835, do CPC, dispõe, de forma prioritária, que o gravame
recaia sobre dinheiro. Ademais, nos termos do art. 15, inciso II, da
Vistos etc. Lei nº. 6.830/80, de aplicação supletiva no processo trabalhista,
ante a autorização expressa do art. 889, da CLT, a penhora poderá
Agravo de Petição interposto por SET - SERVICE TRANSPORTES ser livremente substituída pelo juízo da execução, sem observância
LOGISTICA E ARMAZENAGEM LTDA. de decisão proferida pelo até mesmo da ordem disposta na norma processual.
MM. Juízo da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu - PE, que julgou
improcedentes os embargos à execução por ela opostos nos autos A norma processual é textual:
do processo executório em que contende com RAFAEL BISPO
GOMES, ora agravado. "Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte
ordem:
Razões do recurso às fls. 222/228. Insurge-se contra a decisão do
juízo da execução que manteve a penhora sobre os veículos da ré, I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição
impedindo sua circulação por força da restrição averbada perante o financeira;
RENAJUD, causando-lhe prejuízos por ser uma empresa de
logística. Pugna pela nulidade das penhoras efetivadas, nos termos II - veículos de via terrestre;
do art. 5º, LIV da Constituição Federal. Pede provimento.
III - bens móveis em geral;
Contraminuta apresentada às fls. 233/238.
IV - bens imóveis;
Público do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Regimento (...)"
pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por É de salientar que esta gradação legal não é obrigatória, havendo
ocasião da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, entendimento jurisprudencial no sentido de que sua observância
XIII e VII, da Lei Complementar 75/93. pode ser mitigada, tendo em vista as circunstâncias e
peculiaridades de cada caso concreto e, ainda, o interesse das
É o relatório. partes envolvidas.
VOTO: In casu, iniciada a execução, restaram inexitosas todas as tentativas
de recebimento do crédito por meio das consultas realizadas
O apelo é tempestivo; as representações estão regulares, estando o perante o BACEN, sendo diligenciado perante o RENAJUD a fim de
juízo garantido. Assim, os demais requisitos de admissibilidade, obter informações quanto a existência de veículos, identificando-se
dele conheço, bem como da contraminuta. os bens indicados às fls. 120 e 123, sobre os quais recaiu a
penhora (fls. 192/193).
DO MÉRITO
Com efeito, não se pode perder de vista o privilégio do crédito
Insurge-se contra a decisão dos embargos à execução, que trabalhista, assegurado na legislação especial e particularmente
manteve a penhora havida sobre os veículos da executada. Afirma pelo art. 449, da CLT, segundo o qual os direitos oriundos da
que o gravame efetuado no RENAJUD está impedindo a circulação existência do contrato de trabalho subsistem até mesmo em caso
dos veículos, causando-lhe prejuízo. de falência, concordata ou dissolução da empresa. O direito do
executado a uma execução menos gravosa concorre o direito do
Tenho que a razão não lhe assiste. exequente em ter o seu crédito satisfeito o mais rápido possível,
dada a sua natureza alimentar, devendo se interpretar tal

mormente o artigo 835 do CPC.
Importa ressaltar que o juízo da execução determinou que fosse
retirado o gravame dos veículos relativo à circulação, mantendo-se
a restrição sobre a transferência (fls. 202/203), não impedindo a
agravante de exercer suas atividades regularmente.
Conclusão
Nesta toada, inexiste motivo para não manter-se a penhora sobre
os veículos, eis que em momento algum a agravante indicou outros
meios ou ativos a fim de garantir a execução.
Por estes fundamentos, nego provimento ao apelo.
Das considerações finais
Por fim declaro que, com tal julgamento, apenas se aplicou o direito Diante do exposto, nego provimento ao apelo.
ao caso concreto, não malferindo nenhum dos dispositivos legais e
constitucionais invocados pelo recorrente, sendo desnecessária a
menção expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ nº 118,
da SDI-1, do C. TST. Ademais, não se diga que o julgador estaria
obrigado a se manifestar sobre toda a legislação invocada,
(art. 93, inciso IX, da CF/88), como se tem na espécie.
Regional do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, negar
provimento ao apelo.

PODER
EMMT
JUDICIÁRIO
publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de PROC. Nº. TRT AP - 0000039-63.2011.5.06.0181
12.09.2018, sob a presidência da Exma. Desembargadora MARIA
DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO, com a presença do Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
Exmo. Sr. Procurador Rogério Sitônio Wanderley e dos Exmos. Srs. Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA
Desembargadores Sergio Torres Teixeira (Relator) e Eduardo
Pugliesi, resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por unanimidade, Agravante : SET - SERVICE TRANSPORTES LOGISTICA E
negar provimento ao apelo. ARMAZENAGEM LTDA.
Sala de Sessões, 19 de setembro de 2018. Agravados : RAFAEL BISPO GOMES
Gilberto Alexandre de Paiva Fernandes Advogados : CHARLES ROGER ARAUJO VIEIRA; TEREZINHA
Secretário - Substituto da 1ª Turma COSTA
Procedência : 1ª VARA DO TRABALHO DE IGARASSU - PE
Acórdão
Processo Nº AP-0000039-63.2011.5.06.0181
LTDA - EPP EMENTA
12872-D/PE)
- RAFAEL BISPO GOMES
DE PETIÇÃO. PENHORA DE BENS. Não se pode perder de vista o
privilégio do crédito trabalhista, assegurado na legislação especial e
particularmente pelo art. 449, da CLT, segundo o qual os direitos

oriundos da existência do contrato de trabalho subsistem até dele conheço, bem como da contraminuta.
mesmo em caso de falência, concordata ou dissolução da empresa.
O direito do executado a uma execução menos gravosa concorre o DO MÉRITO
direito do exequente em ter o seu crédito satisfeito o mais rápido
possível, dada a sua natureza alimentar, devendo se interpretar tal Insurge-se contra a decisão dos embargos à execução, que
regramento legal em conjunto com os demais dispositivos, manteve a penhora havida sobre os veículos da executada. Afirma
mormente o art. 835 do CPC. Agravo a que se nega provimento. que o gravame efetuado no RENAJUD está impedindo a circulação
dos veículos, causando-lhe prejuízo.
Tenho que a razão não lhe assiste.
Vejamos.
O art. 835, do CPC, dispõe, de forma prioritária, que o gravame
recaia sobre dinheiro. Ademais, nos termos do art. 15, inciso II, da
Vistos etc. Lei nº. 6.830/80, de aplicação supletiva no processo trabalhista,
ante a autorização expressa do art. 889, da CLT, a penhora poderá
Agravo de Petição interposto por SET - SERVICE TRANSPORTES ser livremente substituída pelo juízo da execução, sem observância
LOGISTICA E ARMAZENAGEM LTDA. de decisão proferida pelo até mesmo da ordem disposta na norma processual.
MM. Juízo da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu - PE, que julgou
improcedentes os embargos à execução por ela opostos nos autos A norma processual é textual:
do processo executório em que contende com RAFAEL BISPO
GOMES, ora agravado. "Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte
ordem:
Razões do recurso às fls. 222/228. Insurge-se contra a decisão do
juízo da execução que manteve a penhora sobre os veículos da ré, I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição
impedindo sua circulação por força da restrição averbada perante o financeira;
RENAJUD, causando-lhe prejuízos por ser uma empresa de
logística. Pugna pela nulidade das penhoras efetivadas, nos termos II - veículos de via terrestre;
do art. 5º, LIV da Constituição Federal. Pede provimento.
III - bens móveis em geral;
Contraminuta apresentada às fls. 233/238.
IV - bens imóveis;
Público do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do Regimento (...)"
pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se necessário, por É de salientar que esta gradação legal não é obrigatória, havendo
ocasião da sessão de julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, entendimento jurisprudencial no sentido de que sua observância
XIII e VII, da Lei Complementar 75/93. pode ser mitigada, tendo em vista as circunstâncias e
É o relatório. partes envolvidas.
VOTO: In casu, iniciada a execução, restaram inexitosas todas as tentativas
de recebimento do crédito por meio das consultas realizadas
O apelo é tempestivo; as representações estão regulares, estando o perante o BACEN, sendo diligenciado perante o RENAJUD a fim de
juízo garantido. Assim, os demais requisitos de admissibilidade, obter informações quanto a existência de veículos, identificando-se

os bens indicados às fls. 120 e 123, sobre os quais recaiu a
penhora (fls. 192/193).
trabalhista, assegurado na legislação especial e particularmente
pelo art. 449, da CLT, segundo o qual os direitos oriundos da
existência do contrato de trabalho subsistem até mesmo em caso
de falência, concordata ou dissolução da empresa. O direito do
executado a uma execução menos gravosa concorre o direito do
exequente em ter o seu crédito satisfeito o mais rápido possível,
dada a sua natureza alimentar, devendo se interpretar tal
mormente o artigo 835 do CPC.
Importa ressaltar que o juízo da execução determinou que fosse
retirado o gravame dos veículos relativo à circulação, mantendo-se
a restrição sobre a transferência (fls. 202/203), não impedindo a
agravante de exercer suas atividades regularmente.
Conclusão
Nesta toada, inexiste motivo para não manter-se a penhora sobre
os veículos, eis que em momento algum a agravante indicou outros
meios ou ativos a fim de garantir a execução.
Por estes fundamentos, nego provimento ao apelo.
Das considerações finais
Por fim declaro que, com tal julgamento, apenas se aplicou o direito Diante do exposto, nego provimento ao apelo.
constitucionais invocados pelo recorrente, sendo desnecessária a
menção expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ nº 118,
da SDI-1, do C. TST. Ademais, não se diga que o julgador estaria
obrigado a se manifestar sobre toda a legislação invocada,
(art. 93, inciso IX, da CF/88), como se tem na espécie.


ACORDAM os Desembargadores da Primeira Turma do Tribunal ADVOGADO Terezinha Alves de Oliveira
Regional do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, negar
provimento ao apelo. COSTA(OAB: 24851/PE)
- SET SERVICE TRANSPORTES LOGISTICA E
ARMAZENAMENTO LTDA - EPP
PODER
JUDICIÁRIO
EMMT
PROC. Nº. TRT - ED - 0000039-63.2011.5.06.0181
publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO, com a presença do Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA
Exmo. Sr. Procurador Rogério Sitônio Wanderley e dos Exmos. Srs. Embargante : SET - SERVICE TRANSPORTES LOGISTICA E
Desembargadores Sergio Torres Teixeira (Relator) e Eduardo ARMAZENAGEM LTDA.
Pugliesi, resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por unanimidade,
negar provimento ao apelo. Embargado : RAFAEL BISPO GOMES
Sala de Sessões, 19 de setembro de 2018. Advogados : CHARLES ROGER ARAUJO VIEIRA; TEREZINHA
Gilberto Alexandre de Paiva Fernandes COSTA
Secretário - Substituto da 1ª Turma Procedência : TRT - 6ª REGIÃO (1ª VARA DO TRABALHO DE
IGARASSU/PE)
Acórdão
Processo Nº AP-0000039-63.2011.5.06.0181
AGRAVANTE SET SERVICE TRANSPORTES EMENTA
LTDA - EPP
12872-D/PE)

fundamentando-se nos art. 897-A da CLT, art. 1.022 do CPC,
pugnando que seja sanada a omissão contida no acórdão proferido.
Pugna pela aplicação do art. 5º, LIV da Constituição Federal. Pede
acolhimento.
DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. Os embargos de VOTO:
declaração não se prestam a discutir o acerto ou desacerto da
decisão objurgada, não se podendo haver por ingênua, ou Conheço dos presentes embargos, eis que subscritos
simplesmente combativa, a postura da parte que, a pretexto de tempestivamente e por advogado regularmente habilitado, razão
suprimir omissão manifestamente inexistente, busca mesmo é pela qual passo a apreciar o mérito deles para rejeitá-lo, de acordo
reformar o acórdão. Para que sejam acolhidos, devem os embargos com os fundamentos seguintes.
de declaração estar jungidos aos lindes da omissão, contradição ou
equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos de Afirma que o acórdão restou omisso, determinando a manutenção
admissibilidade recursal (art. 897-A da CLT). A decisão embargada da penhora de bens considerados impenhoráveis, a teor do disposto
não se mostra inquinada de qualquer falha de expressão que no art. 833, V, do CPC.
mereça ser acertada. Embargos declaratórios rejeitados.
Não procede, em absoluto, sua irresignação.
A pretensão do embargante, em verdade, é revolver o acervo
probatório, porém utiliza-se da via estreita dos embargos que,
efetivamente, não se presta a tal mister.
Vejamos o que consta do julgado (fls. 240/241):
Vistos etc. (...)
Embargos declaratórios opostos por SET- SERVICE O art. 835, do CPC, dispõe, de forma prioritária, que o gravame
TRANSPORTES LOGÍSTICA E ARMAZENAGEM LTDA. contra recaia sobre dinheiro. Ademais, nos termos do art. 15, inciso II, da
acórdão proferido pela MM. 1ª Turma do Tribunal Regional do Lei nº. 6.830/80, de aplicação supletiva no processo trabalhista,
Trabalho da 6ª Região, sendo embargado RAFAEL BISPO ante a autorização expressa do art. 889, da CLT, a penhora poderá
GOMES. ser livremente substituída pelo juízo da execução, sem observância
até mesmo da ordem disposta na norma processual.
Nas razões dos embargos às fls.255/267, invoca o disposto na
Súmula 297 do C. TST no sentido de prequestionar a matéria, A norma processual é textual:
suscitando que os bens penhorados amoldam-se aos bens
impenhoráveis descritos no art. 833, do CPC. Sustenta que a "Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte
consumação da constrição judicial executada ao feito encontra-se ordem:
com vícios, devendo ser decretada a sua nulidade, a teor do art.
805 do CPC. Argumenta que vem apresentando dificuldades em I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição
celebrar novos contratos, pois seus contratantes questionam se os financeira;
bens penhorados não serão restringidos novamente. Afirma que a
Instrução Normativa nº 39 do TST garante a aplicabilidade do art. II - veículos de via terrestre;
489 do CPC que trata da fundamentação da sentença, art. 3º, IX.
Entende pelo cabimento dos presentes embargos de declaração, III - bens móveis em geral;

que é bem diferente, comportando a protocolização de recurso
IV - bens imóveis; diverso dos declaratórios, que tem finalidade estritamente
disciplinada pelo art. 897-A da CLT.
(...)"
Logo, o inconformismo da parte é contra a solução a que chegou o
É de salientar que esta gradação legal não é obrigatória, havendo julgador e que não atendeu aos seus desígnios, não havendo que
entendimento jurisprudencial no sentido de que sua observância se falar em omissão ou contradição, pelo que, rejeito os embargos
pode ser mitigada, tendo em vista as circunstâncias e declaratórios.
partes envolvidas. Prequestionamento. Violações de dispositivos legais
In casu, iniciada a execução, restaram inexitosas todas as tentativas Quanto ao prequestionamento, é importante ressaltar previamente
de recebimento do crédito por meio das consultas realizadas que se trata de uma criação jurisprudencial, inclusive já sumulada
perante o BACEN, sendo diligenciado perante o RENAJUD a fim de (Súmulas nos. 282 e 356, STF, 184 e 297, TST) e, sabidamente, o
obter informações quanto a existência de veículos, identificando-se prequestionamento do tema sobre o qual versa um recurso é o seu
os bens indicados às fls. 120 e 123, sobre os quais recaiu a inconformismo com as questões debatidas pela decisão recorrida e
penhora (fls. 192/193). a pretensa violação de normas legais.
Executado a uma execução menos gravosa concorre o direito
do Exequente em ter o seu crédito satisfeito o mais rápido
possível, dada a sua natureza alimentar, devendo se interpretar
tal regramento legal em conjunto com os demais dispositivos,
mormente o artigo 835 daquele código.
Importa ressaltar que o juízo da execução determinou que
fosse retirado o gravame dos veículos relativo à circulação,
mantendo-se a restrição sobre a transferência (fls. 202/203),
não impedindo a agravada de exercer suas atividades
regularmente.
Nesta toada, não há motivo para não manter-se a penhora
sobre os veículos, eis que em momento algum a agravante Conclusão
indicou outros meios ou ativos a fim de garantir a execução.
(sem os grifos no original)
Como visto, não há omissão a ser sanada.
Ainda que, por hipótese, tenha-se aplicado erroneamente o direito à
espécie vertida, mesmo assim o acórdão não estaria eivado de
quaisquer vícios de intelecção; haveria, quiçá, erro de julgamento, o Diante do exposto, rejeito os embargos declaratórios.

Acórdão
Processo Nº AP-0000039-63.2011.5.06.0181
LTDA - EPP
12872-D/PE)
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional Costa(OAB: 7842-D/PE)
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, rejeitar os ADVOGADO CYBELE ALVES DE OLIVEIRA
embargos declaratórios. ADVOGADO SIMONE FERNANDA DE OLIVEIRA
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. Intimado(s)/Citado(s):

- RAFAEL BISPO GOMES

PODER
JUDICIÁRIO
EMMT
da Exma. Sra. Desembargadora MARIA DO SOCORRO SILVA PROC. Nº. TRT - ED - 0000039-63.2011.5.06.0181
da 6ª Região, representado pela Exma. Sra. Procuradora Elizabeth Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
(Relator) e Eduardo Pugliesi, resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA
unanimidade, rejeitar os embargos declaratórios.

Embargante : SET - SERVICE TRANSPORTES LOGISTICA E
Certifico e dou fé. ARMAZENAGEM LTDA.
Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018. Embargado : RAFAEL BISPO GOMES
Advogados : CHARLES ROGER ARAUJO VIEIRA; TEREZINHA

ALVES DE OLIVEIRA COSTA; SIMONE FERNANDA DE OLIVEIRA TRANSPORTES LOGÍSTICA E ARMAZENAGEM LTDA. contra
COSTA acórdão proferido pela MM. 1ª Turma do Tribunal Regional do
Trabalho da 6ª Região, sendo embargado RAFAEL BISPO
Procedência : TRT - 6ª REGIÃO (1ª VARA DO TRABALHO DE GOMES.
IGARASSU/PE)
Nas razões dos embargos às fls.255/267, invoca o disposto na
Súmula 297 do C. TST no sentido de prequestionar a matéria,
suscitando que os bens penhorados amoldam-se aos bens
impenhoráveis descritos no art. 833, do CPC. Sustenta que a
consumação da constrição judicial executada ao feito encontra-se
com vícios, devendo ser decretada a sua nulidade, a teor do art.
805 do CPC. Argumenta que vem apresentando dificuldades em
celebrar novos contratos, pois seus contratantes questionam se os
bens penhorados não serão restringidos novamente. Afirma que a
EMENTA Instrução Normativa nº 39 do TST garante a aplicabilidade do art.
489 do CPC que trata da fundamentação da sentença, art. 3º, IX.
Entende pelo cabimento dos presentes embargos de declaração,
fundamentando-se nos art. 897-A da CLT, art. 1.022 do CPC,
pugnando que seja sanada a omissão contida no acórdão proferido.
Pugna pela aplicação do art. 5º, LIV da Constituição Federal. Pede
acolhimento.
DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. Os embargos de VOTO:
declaração não se prestam a discutir o acerto ou desacerto da
decisão objurgada, não se podendo haver por ingênua, ou Conheço dos presentes embargos, eis que subscritos
simplesmente combativa, a postura da parte que, a pretexto de tempestivamente e por advogado regularmente habilitado, razão
suprimir omissão manifestamente inexistente, busca mesmo é pela qual passo a apreciar o mérito deles para rejeitá-lo, de acordo
reformar o acórdão. Para que sejam acolhidos, devem os embargos com os fundamentos seguintes.
de declaração estar jungidos aos lindes da omissão, contradição ou
equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos de Afirma que o acórdão restou omisso, determinando a manutenção
admissibilidade recursal (art. 897-A da CLT). A decisão embargada da penhora de bens considerados impenhoráveis, a teor do disposto
não se mostra inquinada de qualquer falha de expressão que no art. 833, V, do CPC.
mereça ser acertada. Embargos declaratórios rejeitados.
Não procede, em absoluto, sua irresignação.
A pretensão do embargante, em verdade, é revolver o acervo
probatório, porém utiliza-se da via estreita dos embargos que,
efetivamente, não se presta a tal mister.
Vejamos o que consta do julgado (fls. 240/241):
Vistos etc. (...)
Embargos declaratórios opostos por SET- SERVICE O art. 835, do CPC, dispõe, de forma prioritária, que o gravame

recaia sobre dinheiro. Ademais, nos termos do art. 15, inciso II, da Importa ressaltar que o juízo da execução determinou que
Lei nº. 6.830/80, de aplicação supletiva no processo trabalhista, fosse retirado o gravame dos veículos relativo à circulação,
ante a autorização expressa do art. 889, da CLT, a penhora poderá mantendo-se a restrição sobre a transferência (fls. 202/203),
ser livremente substituída pelo juízo da execução, sem observância não impedindo a agravada de exercer suas atividades
até mesmo da ordem disposta na norma processual. regularmente.
A norma processual é textual: Nesta toada, não há motivo para não manter-se a penhora
sobre os veículos, eis que em momento algum a agravante
"Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte indicou outros meios ou ativos a fim de garantir a execução.
ordem:
(sem os grifos no original)
I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição
financeira; Como visto, não há omissão a ser sanada.
II - veículos de via terrestre; Ainda que, por hipótese, tenha-se aplicado erroneamente o direito à
espécie vertida, mesmo assim o acórdão não estaria eivado de
III - bens móveis em geral; quaisquer vícios de intelecção; haveria, quiçá, erro de julgamento, o
que é bem diferente, comportando a protocolização de recurso
IV - bens imóveis; diverso dos declaratórios, que tem finalidade estritamente
disciplinada pelo art. 897-A da CLT.
(...)"
Logo, o inconformismo da parte é contra a solução a que chegou o
É de salientar que esta gradação legal não é obrigatória, havendo julgador e que não atendeu aos seus desígnios, não havendo que
entendimento jurisprudencial no sentido de que sua observância se falar em omissão ou contradição, pelo que, rejeito os embargos
pode ser mitigada, tendo em vista as circunstâncias e declaratórios.
partes envolvidas. Prequestionamento. Violações de dispositivos legais
In casu, iniciada a execução, restaram inexitosas todas as tentativas Quanto ao prequestionamento, é importante ressaltar previamente
de recebimento do crédito por meio das consultas realizadas que se trata de uma criação jurisprudencial, inclusive já sumulada
perante o BACEN, sendo diligenciado perante o RENAJUD a fim de (Súmulas nos. 282 e 356, STF, 184 e 297, TST) e, sabidamente, o
obter informações quanto a existência de veículos, identificando-se prequestionamento do tema sobre o qual versa um recurso é o seu
os bens indicados às fls. 120 e 123, sobre os quais recaiu a inconformismo com as questões debatidas pela decisão recorrida e
penhora (fls. 192/193). a pretensa violação de normas legais.
Executado a uma execução menos gravosa concorre o direito
do Exequente em ter o seu crédito satisfeito o mais rápido
possível, dada a sua natureza alimentar, devendo se interpretar
tal regramento legal em conjunto com os demais dispositivos,
mormente o artigo 835 daquele código.

Conclusão da 6ª Região, representado pela Exma. Sra. Procuradora Elizabeth
(Relator) e Eduardo Pugliesi, resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por
unanimidade, rejeitar os embargos declaratórios.
Acórdão
Processo Nº RO-0000538-35.2015.5.06.0172
RECORRENTE ELCIO FERREIRA DA SILVA
ADVOGADO RODRIGO CHAVES PEREIRA(OAB:
20097/PE)
ADVOGADO ILTON DO VALE MONTEIRO(OAB:
10211-D/PE)
ADVOGADO CECILIANE MARCIA ALVES DA
ADVOGADO HADHELY CHAVES MAIA
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, rejeitar os COUTO(OAB: 27324/PE)
ADVOGADO LUCIANA STEFFANE PETRONIO
embargos declaratórios. FERREIRA DOS SANTOS(OAB:
28886/PE)
RECORRENTE ENERGIMP S.A.
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. ADVOGADO TULIO CLAUDIO IDESES(OAB:
95180/RJ)
RECORRIDO WIND POWER ENERGIA S/A - EM
RECUPERACAO JUDICIAL
RECORRIDO ENERGIMP S.A.
ADVOGADO TULIO CLAUDIO IDESES(OAB:
SERGIO TORRES TEIXEIRA 95180/RJ)
RECORRIDO IPS PORT SYSTEMS LTDA.
RECORRIDO VENTI ENERGIA S/A
EMMT

RECORRIDO SITRACK SERVICOS

TECNOLOGICOS LTDA
ADVOGADO DALADIER RODRIGUES DE
ALCANTARA JUNIOR(OAB:
88568/MG)
ADVOGADO DEMERSON GUILHERME
GONCALVES SILVA(OAB:
128349/MG)
RECORRIDO ICSA DO BRASIL LTDA
RECORRIDO ELCIO FERREIRA DA SILVA
20097/PE)
10211-D/PE)
COUTO(OAB: 27324/PE)
FERREIRA DOS SANTOS(OAB:
28886/PE)
Intimado(s)/Citado(s): EMENTA
- ELCIO FERREIRA DA SILVA
PODER
JUDICIÁRIO
TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR. JUSTIÇA
GRATUITA. I -Nos termos da Súmula 463 do TST, "para a

PROC. N.º TRT. RO - 0000538-35.2015.5.06.0172 concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta
a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou

Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes
específicos para esse fim". II - No caso, a ação foi ajuizada antes da

Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA vigência da Lei 13.467/2017, e o autor apresentou declaração de
hipossuficiência econômica. III - Assim, inexistindo qualquer

Recorrentes : ENERGIMP S.A. e ÉLCIO FERREIRA DA SILVA elemento nos autos que autorize a conclusão de que a referida
declaração não reflete a verdade, reforma-se a sentença para

Recorridos : OS MESMOS, WIND POWER ENERGIA S/A - EM conceder os benefícios da justiça gratuita ao autor. IV - Dá-se
RECUPERAÇÃO JUDICIAL, VENTI ENERGIA S/A, IPS PORT provimento no particular.
SYSTEMS LTDA, ICSA DO BRASIL LTDA e SITRACK SERVIÇOS
TECNOLÓGICOS LTDA II - RECURSO ORDINÁRIO DA RÉ. GRUPO ECONÔMICO.
RESPONSABILIZAÇÃO SOLIDÁRIA. I - O grupo econômico

Advogados : TÚLIO CLÁUDIO IDESES, LUCIANA STEFFANE decorre da convergência de interesses entre empresas, que
PETRÔNIO FERREIRA DOS SANTOS, HADHELY CHAVES MAIA buscam otimização de recursos e incremento de lucros, evoluindo
COUTO, CECILIANE MÁRCIA ALVES DA SILVA, ILTON DO VALE para sociedades pluralistas, formadas por sociedades diversas, que,
MONTEIRO, RODRIGO CHAVES PEREIRA, DEMERSON de acordo com a maneira como se conglomeram e se ingerem na
GUILHERME GONÇALVES SILVA e DALADIER RODRIGUES DE administração ou se interligam na consecução de seus objetivos
ALCÂNTARA JUNIOR sociais podem ser consideradas para a relação de emprego como
um empregador único. II - Nos termos do parágrafo 2º do artigo 2º

Procedência : 2ª VARA DO TRABALHO DE CABO - PE da CLT, sempre que duas ou mais empresas estiverem sob a

mesma direção, controle ou administração, embora cada uma delas Recurso Ordinário da Ré
tenha personalidade jurídica própria, resta caracterizado, para fins
trabalhistas, o grupo econômico. III - A jurisprudência tem mitigado Em suas razões recursais, defende a incompetência material desta
os requisitos previstos no citado texto da CLT para a configuração justiça especializada para declarar a responsabilidade solidária em
do grupo econômico, entendendo desnecessária a comprovação do relação à empresa WIND POWER, eis que esta se encontra em
controle ou administração de uma empresa por outra, bastando a recuperação judicial, sendo nula a sentença, por força do que
tanto a demonstração de integração e confluência de interesses dispõe o artigo 114 da CF. Afirma que não pode prevalecer a
econômicos entre elas. IV - Na hipótese, os documentos juntados condenação solidária contra si imposta, eis que não compõe o
aos autos revelam a promiscuidade de interesses das Rés em torno grupo econômico com as demais rés, aliado ao fato de que não
do contrato de trabalho do Autor, de modo a caracterizar a figura do houve prova das alegações postas na peça de ingresso, a teor do
empregador único, na qual o empregado vincula-se a um conjunto dispõem os artigos 818 da CLT e 373 do CPC. Assevera que não
de empresas em um único contrato. V - Recurso ao qual se nega há se falar em deferimento das verbas rescisórias, eis que já
provimento. habilitadas no juízo universal, sendo certo que as diferenças de
FGTS + multa de 40% e a multa do art. 467 da CLT, são de caráter
personalíssimo do real empregador, qual seja, a 1ª ré, devendo toda
e qualquer condenação neste sentido ser extirpada. Pede sejam
extirpadas as horas extraordinárias pelo suposto tempo à
disposição e as de percurso, por entender que o autor não
conseguiu provar suas alegações, a teor dos artigos 818, da CLT
c/c 373, inciso I, do CPC.
RELATÓRIO
Nas razões recursais, insiste no reconhecimento da
responsabilidade solidária da empresa SITRACK, por entender que
pertence ao mesmo grupo econômico argentino PESCARMONA, do
qual faz parte a ex-empregadora (WIND POWER - que se encontra
em recuperação judicial). Clama pelo deferimento das diferenças
salariais, ante a isonomia (exegese do artigo 460 da CLT c/c/ artigo
7º, inciso XXX, da CF), com os reflexos daí decorrentes. Por fim,
pede para que lhe sejam concedidos os benefícios da justiça
Vistos etc. gratuita.
Recorrem ordinariamente ENERGIMP S.A. e ÉLCIO FERREIRA Contrarrazões ofertadas.
DA SILVA de decisão proferida pelo MM. Juízo da 2ª Vara do
Trabalho do Cabo - PE, que julgou parcialmente PROCEDENTES Não se fez necessária a remessa dos presentes autos ao douto
EM PARTE as postulações formuladas nos autos da ação Ministério Público do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do
trabalhista ajuizada pelo segundo recorrente em face da primeira e Regimento Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito
das empresas WIND POWER ENERGIA S/A - EM de se pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se
RECUPERAÇÃO JUDICIAL, VENTI ENERGIA S/A, IPS PORT necessário, por ocasião da sessão de julgamento, nos termos do
SYSTEMS LTDA, ICSA DO BRASIL LTDA e SITRACK SERVIÇOS art. 83, incisos II, XIII e VII, da Lei Complementar 75/93.
TECNOLÓGICOS LTDA.
É o relatório.
Embargos declaratórios aviados pelas partes, acolhidos apenas os
do autor. VOTO:

Pressupostos de Admissibilidade conjunta)
Os recursos são tempestivos; as representações estão regulares e Afirma a ré que não pode prevalecer a condenação solidária contra
o preparo foi observado pela ré. Satisfeitos, assim, os demais si imposta, eis que não compõe o grupo econômico com as demais
requisitos de admissibilidade, conheço-os, bem como das rés, aliado ao fato de que não houve prova das alegações postas na
contrarrazões. peça de ingresso, a teor do dispõem os artigos 818 da CLT e 373
do CPC.
Do Mérito
Por sua vez o autor insiste no reconhecimento da responsabilidade
Recurso Ordinário da Ré solidária da empresa SITRACK, por entender que pertence ao
mesmo grupo econômico argentino PESCARMONA, do qual faz
Da Incompetência Material da Justiça do Trabalho para parte a ex-empregadora (WIND POWER - que se encontra em
reconhecer o Grupo Econômico recuperação judicial).
O Juízo a quo rejeitou exceção de incompetência desta Justiça Pois bem.
Especializada, em razão da matéria, alegada ante ao fato de a
principal demandada encontrar-se em recuperação judicial. Na peça de defesa, três demandadas reconheceram a existência de
grupo econômico. Vejamos (página 478):
Defende a recorrente a incompetência material desta justiça
especializada para declarar a responsabilidade solidária em relação Para melhor compreensão do M.M. Juízo acerca da pluralidade do
à empresa WIND POWER, eis que esta se encontra em polo passivo, apresentação de defesa comum pelas reclamadas e
recuperação judicial, sendo nula a sentença, por força do que nomeação de preposto único para representá-las em juízo,
dispõe o artigo 114 da CF. esclarecem as rés que as empresas contestantes de fato compõem
mesmo grupo econômico.
Sem razão.
A ora recorrente foi revel. Assim, em que pese a pluralidade de
Nos termos do art. 114 da Constituição: Compete à Justiça do réus, a defesa deles quanto à existência de grupo econômico
Trabalho processar e julgar as ações oriundas da relação de somente a eles aproveita, até porque nada falaram acerca de tal
trabalho (...). matéria em relação à ENERGIMP, logo tenho como abarcada pela
revelia o reconhecimento específico de tal instituto em relação à
Com efeito, a competência desta especializada para processamento recorrente.
de ações em que figure como ré empresa em recuperação judicial é
assegurada ainda pelo art. 6º, § 2°, da Lei n° 11.101/2005, o qual No tocante ao apelo do autor, em relação ao reconhecimento do
disciplina que as ações de natureza trabalhista serão processadas grupo econômico da SITRACK, com o devido respeito ao nobre
na Justiça especializada até a apuração do respectivo crédito, que julgador que se valeu apenas das alegações da ré e de um
será inscrito no quadro geral de credores pelo valor determinado em informativo da internet (página 99), tenho que não são suficientes
sentença. para afastar a presunção de que, de fato, pertençam ao mesmo
conglomerado econômico, máxime quando ela admite que já
Neste contexto, tratando-se de controvérsia oriunda da relação de pertenceu ao grupo, mas que teria se afastado. Porém, não trouxe
trabalho, esta Justiça especializada é competente para apreciar a prova robusta.
demanda, nos termos do art. 114, inciso I, da CF.
A doutrina e jurisprudência mais abalizada vêm entendendo que
Rejeito a arguição. não se faz necessária a existência de efetiva direção hierárquica
entre as empresas para que se tenha configurado o grupo
Do Grupo Econômico. Da Relação de Coordenação econômico, bastando a configuração de relação de coordenação
Interempresarial. Da Responsabilidade Solidária (análise entre as empresas.

as reclamadas integram o mesmo grupo econômico e assim, manter
O Ministro da mais alta corte trabalhista, Maurício Godinho Delgado, a sentença que declarou a responsabilidade solidária das mesmas
in Curso de Direito do Trabalho, LTR, 10ª ed., 2011, p. 400/401, pelas verbas inadimplidas. Recurso ao qual se dá provimento, no
explica, no tocante a esse tema, que se percebe: particular. (TRT 23ª Região - 2ª Turma - RO 00344.2010.005.23.00-
5 - Rela. Desa. BEATRIZ THEODORO - Julg. 10/08/11 - Pub.
(...) a existência de nítida divergência jurisprudencial e doutrinária. 18/08/11)
Duas vertentes interpretativas surgem: a primeira, que restringe a
configuração do grupo à ocorrência de nexo de efetiva direção Pelo exposto, nego provimento ao apelo da ré e dou provimento ao
hierárquica entre as empresas componentes; a segunda, que reduz recurso do autor para reconhecer a responsabilidade solidária da
a uma relação de simples coordenação entre as empresas do grupo empresa SITRACK SERVIÇOS TECNOLÓGICOS LTDA, ante a
e o nexo relacional exigido pela ordem jurídica. formação do grupo econômico.
(...) Dos Demais Tópicos Recursais
A segunda vertente considera, porém, que a verificação da simples Assevera que não há se falar em deferimento das verbas
relação de coordenação interempresarial atende ao sentido rescisórias, eis que já habilitadas no juízo universal, sendo certo
essencial vislumbrado pela ordem justrabalhista. A própria que as diferenças de FGTS + multa de 40% e a multa do art. 467 da
informalidade conferida ao Direito do Trabalho à noção de grupo CLT, são de caráter personalíssimo do real empregador, qual seja,
econômico seria incompatível com a idéia de se acatar a presença a 1ª ré, devendo toda e qualquer condenação neste sentido ser
do grupo somente à luz de uma relação hierárquica e assimétrica extirpada. Pede sejam excluídas as horas extraordinárias pelo
entre os seus componentes. A par disso, se a intenção principal do suposto tempo à disposição e as de percurso, por entender que o
ramo justrabalhista foi ampliar a garantia incidente sobre os créditos autor não conseguiu provar suas alegações, a teor dos artigos 818,
obreiros, não há por que restringir-se a figura do grupo econômico da CLT c/c 373, inciso I, do CPC
em função de um aspecto que é, em substância, irrelevante do
ponto de vista dos contratos empregatícios firmados. Sem qualquer razão.
Desse modo, a solidariedade decorrente da formação de grupo A principal demandada, e real empregadora, confessou que não
econômico, prevista no § 2º do art. 2º da CLT, caracteriza-se efetuou o pagamento dos haveres rescisórios, ademais, totalmente
quando há controle de uma empresa sobre as demais, numa impertinente a alegação da recorrente no sentido de que tais
relação vertical ou de hierarquia, ou ainda entre empresas que parcelas já estão habilitadas no juízo universal. Não há título
possuem apenas uma relação de coordenação horizontal. executivo transitado em julgado a ensejar a citada habilitação e
também não há prova para tanto.
Na hipótese, resta caracterizado o controle das empresas por um só
administrador, seja pela revelia da recorrente, seja pela falta de Assim, mantenho a condenação in totum, inclusive quanto à multa
prova por parte da SITRACK de que teria se afastado do grupo. do art. 467 da CLT e FGTS + 40%, não havendo se falar em caráter
personalíssimo de tais parcelas.
Nesse sentido:
No tocante às horas extras e de percurso, também não vislumbro
APELO EM COMUM (2ª e 3ª RÉS) GRUPO ECONÔMICO. razão para reformas.
CONFIGURAÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.
PREVALÊNCIA. Há configuração de grupo econômico quando se Com efeito, a ré não juntou aos autos qualquer controle de ponto a
constata a relação de coordenação entre as reclamadas, emergindo fim de confirmar a jornada de trabalho foi realizada pelo Autor.
do acervo probatório o fato de possuírem os mesmos sócios, Ademais, a preposta da 1ª Ré:
comporem um grupo voltado à consecução de interesses comuns e
atividades mútuas, semelhantes e coordenadas de modo a atingir (...) que os funcionários eram transportados em ônibus fretados pela
seus objetivos sociais, sendo o quanto basta para reconhecer que 1ª reclamada; que o transporte chegava em torno de 10 a 15

minutos antes do turno ; que acontecia muito de abono de
atraso na chegada por conta do atraso do transporte; que em Portanto, não vislumbro haver razão para reformas.
média a saída dos ônibus após o turno se dava que para a
produção existam dois cerca de 10 minutos após o término do Recurso Ordinário do Autor
expediente; relógios de ponto em locais estratégicos; que na
largada do turno, na produção saiam cerca de 80 pessoas para o Das Diferenças Salariais
registro no dois relógios; que não sabe precisar em qual período
do dia funciona o transporte público que serve a 1ª reclamada; Clama pelo deferimento das diferenças salariais, ante a isonomia
que não sabe dizer se o terceiro turno caberia opção com (exegese do artigo 460 da CLT c/c/ artigo 7º, inciso XXX, da CF),
relação aos horário para utilização de transporte publico se com os reflexos daí decorrentes.
assim quisesse o funcionário; que geralmente o funcionário troca
de roupa ao chegar na empresa; que a troca para o fardamento Sem razão.
acontece antes do registro do ponto; (...) (sem os grifos).
Na peça de ingresso o autor que quando fora promovido para a
As testemunha do Autor e da 1ª Ré afirmaram, respectivamente: função de Operador Técnico, em 01/10/2013, passou a receber
salário de R$1.555,70, que era injustamente inferior ao de outros
(...) que trabalhou na reclamada de 14/03/2011 a julho de 2014; que Operadores Técnicos, os quais, nesse mesmo período, recebiam
acredita que o reclamante saiu primeiro; que trabalhava na R$1.851,59 a título de salário básico, em burla à isonomia salarial
produção; que trabalhava nos turnos; que comparecia nos garantida pelos artigos 460 da CLT e 7º, inciso XXX, da CF.
transportes fornecidos pela reclamada; que o transporte fornecido
pela reclamada chegava com o pessoal cerca de 30 minutos Esclareceu que essa suposta injustiça só foi reparada em
antes do turno; que o depoente trabalhou apenas do 1º turno e 01/01/2014 quando teve o seu salário reajustado para R$1.851,59,
no horário administrativo; que já trabalhou com o reclamante à vista disso, persegue o pagamento das diferenças salariais do
no 1º turno; que havia uma tolerância de 20 minutos para o período retroativo.
ônibus sair com o pessoal após o termino do turno; que havia
como comparecer ao trabalho através de transporte público no O juízo extinguiu o pleito sem resolução do mérito, por entender que
1º turno e também no horário administrativo, como também o Autor não indicou paradigma a fim de possibilitar a verificação dos
retornar através do transporte público; que sabe que é possível requisitos da equiparação salarial, o que impede a análise do
comparecer para o 2º turno através de transporte público, não presente pleito.
sabendo declinar no tocante à largada do 2º turno e a ida e
retorno para o 3º turno; que tomava o transporte da empresa em Com o devido respeito ao nobre julgador que enveredou pela tese
frente a sua residência em Cavaleiro; que já aconteceu de de equiparação salarial, não foi esse o pedido.
comparecer ao serviço no mesmo ônibus do reclamante; que o
percurso era realizado em torno de 50 minutos; que o retorno Porém, analisando o acervo probatório, observo que não há prova
também durava cerca de 50 minutos a uma hora; (...) (com grifos das alegações postas pelo autor, desaguando na improcedência do
de agora). pedido. Assim, a fim de evitar o reformatio in pejus, mantenho a
extinção sem resolução do mérito.
(...) que trabalha na reclamada desde maio de 2012; que exerce a
função de coordenadora de RH; que em média o ônibus que Da Justiça Gratuita
transporte os funcionários chegava cerca de 10 minutos antes
do turno, dependendo da rota e que às vezes acontecia de Por fim, pede para que lhe sejam concedidos os benefícios da
chegar após o horário; que existe o transporte público que justiça gratuita.
serve a 1ª reclamada funciona até às 17h30; que não se recorda
a hora do início do funcionamento do transporte público pela Defiro.
manhã; que entre a largada do turno e a saída do ônibus, não
chegava a 15 minutos; (...) (sem os grifos no original). Num olhar mais apressado, poder-se-ia entender não ter o autor

interesse recursal em relação ao pedido de justiça gratuita, à ao beneficiário da justiça gratuita. O artigo 5º, LXXIV, da CF, por
medida que o pagamento das custas processuais não ficou sob seu sua vez, assegura assistência jurídica integral e gratuita aos que
encargo. comprovarem insuficiência de recursos. Dessa forma, não poderia a
legislação infraconstitucional, como o fez o artigo 844, parágrafo 2º,
Ocorre que o pedido de gratuidade da justiça é bem mais da CLT, inserido pela Lei 13.467/2017, estabelecer a
abrangente que isto, tendo o autor pleno interesse recursal, obrigatoriedade de recolhimento de custas ao autor sendo
considerando que lhe foi expressamente negado tal pleito. beneficiário da justiça gratuita. Trata-se de norma inconstitucional,
que afronta os direitos e garantias fundamentais do cidadão,
O art. 4º, § 1º, da Lei 1060/50 (com a redação dada pela Lei dificultando o acesso à justiça.
7.510/86) dispõe o seguinte:
Em razão do exposto defiro todos os benefícios da justiça gratuita.
Art. 4º. A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária,
mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não Considerações Finais
está em condições de pagar as custas do processo e os honorários
de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família. Por fim declaro que, com tal julgamento, apenas se aplicou o direito
§ 1º. Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa constitucionais invocados pela recorrente, sendo desnecessária a
condição nos termos desta lei, sob pena de pagamento até o menção expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ nº.
décuplo das custas judiciais. 118, da SDI-1, do C. TST. Ademais, não se diga que o julgador
O autor, na petição inicial, afirmou ser pobre nos termos da Lei bastando que forme seu convencimento e fundamente sua decisão
tendo apresentado, inclusive, declaração de pobreza. (art. 93, inciso IX, da CF), como se tem na espécie.
Considerando o teor da declaração e a sua presunção de
veracidade, como consta no artigo 99, parágrafo 3º, do CPC e no
artigo 1º da Lei 7.115/83, sem prova em sentido contrário nos autos,
concluo que ao autor não possui condições financeiras de arcar
com os custos do processo.
Esclareço que, ainda que auferisse remuneração superior a 40% do
limite máximo dos benefícios do Regime Geral da Previdência
Social, nos termos do artigo 790, parágrafo 3º, da CLT, com
redação dada pela Lei 13.467/2017, a declaração de pobreza leva à
conclusão da sua hipossuficiência econômica, o que é suficiente
para a concessão do benefício da justiça gratuita, nos termos do
artigo 98 do CPC e do artigo 5º, LXXIV, da CF.
Assim e visando a assegurar ao autor o acesso formal e material à
justiça, defiro-lhe o benefício da justiça gratuita, que alcança o
pagamento das custas processuais, como consta expressamente no
artigo 98, parágrafo 1º, do CPC. Ressalto que o artigo 98, em seu
parágrafo 1º, inciso, I, do CPC estabelece que o benefício da justiça
gratuita abrange as custas processuais.
Ademais, o próprio artigo 790 da CLT não estabelece qualquer
condicionante, de ordem não econômica, para a isenção de custas

Regional do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, dar
provimento ao apelo do autor para: a - reconhecer a
responsabilidade solidária da empresa SITRACK SERVIÇOS
TECNOLÓGICOS LTDA; b - conceder os benefícios da justiça
gratuita. c - e, por unanimidade, negar provimento ao recurso da ré.
Ante a natureza das reformas deixa-se de modificar o valor do
condeno.
Conclusão
Diante do exposto, dou provimento ao apelo do autor para: EMMT
a - reconhecer a responsabilidade solidária da empresa SITRACK
SERVIÇOS TECNOLÓGICOS LTDA;
b - conceder os benefícios da justiça gratuita.
c - e nego provimento ao recurso da ré. publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de
Ante a natureza das reformas deixo de modificar o valor do MARIA DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO, com a presença do
condeno. Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pelo
Exmo. Sr. Procurador Rogério Sitônio Wanderley e dos Exmos. Srs.
Silva Filho (Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu
convocado para o gabinete vago), resolveu a 1ª Turma do
Tribunal, por unanimidade, dar provimento ao apelo do autor
para: a - reconhecer a responsabilidade solidária da empresa
SITRACK SERVIÇOS TECNOLÓGICOS LTDA; b - conceder os
benefícios da justiça gratuita. c - e, por unanimidade, negar
provimento ao recurso da ré. Ante a natureza das reformas deixa-
se de modificar o valor do condeno.


PODER
JUDICIÁRIO
PROC. N.º TRT. RO - 0000538-35.2015.5.06.0172
Acórdão
Processo Nº RO-0000538-35.2015.5.06.0172
ADVOGADO RODRIGO CHAVES PEREIRA(OAB: Recorrentes : ENERGIMP S.A. e ÉLCIO FERREIRA DA SILVA
20097/PE)
10211-D/PE)
Recorridos : OS MESMOS, WIND POWER ENERGIA S/A - EM
SILVA(OAB: 25173/PE) RECUPERAÇÃO JUDICIAL, VENTI ENERGIA S/A, IPS PORT
COUTO(OAB: 27324/PE) SYSTEMS LTDA, ICSA DO BRASIL LTDA e SITRACK SERVIÇOS
ADVOGADO LUCIANA STEFFANE PETRONIO TECNOLÓGICOS LTDA
28886/PE)
Advogados : TÚLIO CLÁUDIO IDESES, LUCIANA STEFFANE
95180/RJ) PETRÔNIO FERREIRA DOS SANTOS, HADHELY CHAVES MAIA
RECUPERACAO JUDICIAL COUTO, CECILIANE MÁRCIA ALVES DA SILVA, ILTON DO VALE
RECORRIDO ENERGIMP S.A. MONTEIRO, RODRIGO CHAVES PEREIRA, DEMERSON
95180/RJ) GUILHERME GONÇALVES SILVA e DALADIER RODRIGUES DE
RECORRIDO IPS PORT SYSTEMS LTDA. ALCÂNTARA JUNIOR
TECNOLOGICOS LTDA Procedência : 2ª VARA DO TRABALHO DE CABO - PE
88568/MG)
128349/MG)
20097/PE)
10211-D/PE)
28886/PE)
- ENERGIMP S.A. EMENTA

I - DIREITO DO TRABALHO. DIREITO PROCESSUAL DO RELATÓRIO
concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta
por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes
vigência da Lei 13.467/2017, e o autor apresentou declaração de
elemento nos autos que autorize a conclusão de que a referida Vistos etc.
conceder os benefícios da justiça gratuita ao autor. IV - Dá-se Recorrem ordinariamente ENERGIMP S.A. e ÉLCIO FERREIRA
provimento no particular. DA SILVA de decisão proferida pelo MM. Juízo da 2ª Vara do
Trabalho do Cabo - PE, que julgou parcialmente PROCEDENTES
II - RECURSO ORDINÁRIO DA RÉ. GRUPO ECONÔMICO. EM PARTE as postulações formuladas nos autos da ação
RESPONSABILIZAÇÃO SOLIDÁRIA. I - O grupo econômico trabalhista ajuizada pelo segundo recorrente em face da primeira e
decorre da convergência de interesses entre empresas, que das empresas WIND POWER ENERGIA S/A - EM
buscam otimização de recursos e incremento de lucros, evoluindo RECUPERAÇÃO JUDICIAL, VENTI ENERGIA S/A, IPS PORT
para sociedades pluralistas, formadas por sociedades diversas, que, SYSTEMS LTDA, ICSA DO BRASIL LTDA e SITRACK SERVIÇOS
de acordo com a maneira como se conglomeram e se ingerem na TECNOLÓGICOS LTDA.
administração ou se interligam na consecução de seus objetivos
sociais podem ser consideradas para a relação de emprego como Embargos declaratórios aviados pelas partes, acolhidos apenas os
um empregador único. II - Nos termos do parágrafo 2º do artigo 2º do autor.
da CLT, sempre que duas ou mais empresas estiverem sob a

conseguiu provar suas alegações, a teor dos artigos 818, da CLT Defende a recorrente a incompetência material desta justiça
c/c 373, inciso I, do CPC. especializada para declarar a responsabilidade solidária em relação
à empresa WIND POWER, eis que esta se encontra em
Recurso Ordinário do Autor recuperação judicial, sendo nula a sentença, por força do que
dispõe o artigo 114 da CF.
responsabilidade solidária da empresa SITRACK, por entender que Sem razão.
qual faz parte a ex-empregadora (WIND POWER - que se encontra Nos termos do art. 114 da Constituição: Compete à Justiça do
em recuperação judicial). Clama pelo deferimento das diferenças Trabalho processar e julgar as ações oriundas da relação de
salariais, ante a isonomia (exegese do artigo 460 da CLT c/c/ artigo trabalho (...).
pede para que lhe sejam concedidos os benefícios da justiça Com efeito, a competência desta especializada para processamento
gratuita. de ações em que figure como ré empresa em recuperação judicial é
assegurada ainda pelo art. 6º, § 2°, da Lei n° 11.101/2005, o qual
Contrarrazões ofertadas. disciplina que as ações de natureza trabalhista serão processadas
na Justiça especializada até a apuração do respectivo crédito, que
Não se fez necessária a remessa dos presentes autos ao douto será inscrito no quadro geral de credores pelo valor determinado em
Ministério Público do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do sentença.
Regimento Interno deste Regional. Ressalva-se, contudo, o direito
de se pronunciar verbalmente ou pedir vista regimental, se Neste contexto, tratando-se de controvérsia oriunda da relação de
necessário, por ocasião da sessão de julgamento, nos termos do trabalho, esta Justiça especializada é competente para apreciar a
art. 83, incisos II, XIII e VII, da Lei Complementar 75/93. demanda, nos termos do art. 114, inciso I, da CF.
É o relatório. Rejeito a arguição.
VOTO: Do Grupo Econômico. Da Relação de Coordenação
Interempresarial. Da Responsabilidade Solidária (análise
do CPC.
Do Mérito

grupo econômico. Vejamos (página 478): informalidade conferida ao Direito do Trabalho à noção de grupo
econômico seria incompatível com a idéia de se acatar a presença
Para melhor compreensão do M.M. Juízo acerca da pluralidade do do grupo somente à luz de uma relação hierárquica e assimétrica
polo passivo, apresentação de defesa comum pelas reclamadas e entre os seus componentes. A par disso, se a intenção principal do
nomeação de preposto único para representá-las em juízo, ramo justrabalhista foi ampliar a garantia incidente sobre os créditos
esclarecem as rés que as empresas contestantes de fato compõem obreiros, não há por que restringir-se a figura do grupo econômico
mesmo grupo econômico. em função de um aspecto que é, em substância, irrelevante do
ponto de vista dos contratos empregatícios firmados.
réus, a defesa deles quanto à existência de grupo econômico Desse modo, a solidariedade decorrente da formação de grupo
somente a eles aproveita, até porque nada falaram acerca de tal econômico, prevista no § 2º do art. 2º da CLT, caracteriza-se
matéria em relação à ENERGIMP, logo tenho como abarcada pela quando há controle de uma empresa sobre as demais, numa
revelia o reconhecimento específico de tal instituto em relação à relação vertical ou de hierarquia, ou ainda entre empresas que
recorrente. possuem apenas uma relação de coordenação horizontal.
No tocante ao apelo do autor, em relação ao reconhecimento do Na hipótese, resta caracterizado o controle das empresas por um só
grupo econômico da SITRACK, com o devido respeito ao nobre administrador, seja pela revelia da recorrente, seja pela falta de
julgador que se valeu apenas das alegações da ré e de um prova por parte da SITRACK de que teria se afastado do grupo.
informativo da internet (página 99), tenho que não são suficientes
para afastar a presunção de que, de fato, pertençam ao mesmo Nesse sentido:
pertenceu ao grupo, mas que teria se afastado. Porém, não trouxe APELO EM COMUM (2ª e 3ª RÉS) GRUPO ECONÔMICO.
prova robusta. CONFIGURAÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.
PREVALÊNCIA. Há configuração de grupo econômico quando se
A doutrina e jurisprudência mais abalizada vêm entendendo que constata a relação de coordenação entre as reclamadas, emergindo
não se faz necessária a existência de efetiva direção hierárquica do acervo probatório o fato de possuírem os mesmos sócios,
entre as empresas para que se tenha configurado o grupo comporem um grupo voltado à consecução de interesses comuns e
econômico, bastando a configuração de relação de coordenação atividades mútuas, semelhantes e coordenadas de modo a atingir
entre as empresas. seus objetivos sociais, sendo o quanto basta para reconhecer que

CLT, são de caráter personalíssimo do real empregador, qual seja, acredita que o reclamante saiu primeiro; que trabalhava na
a 1ª ré, devendo toda e qualquer condenação neste sentido ser produção; que trabalhava nos turnos; que comparecia nos
extirpada. Pede sejam excluídas as horas extraordinárias pelo transportes fornecidos pela reclamada; que o transporte fornecido
suposto tempo à disposição e as de percurso, por entender que o pela reclamada chegava com o pessoal cerca de 30 minutos
autor não conseguiu provar suas alegações, a teor dos artigos 818, antes do turno; que o depoente trabalhou apenas do 1º turno e
da CLT c/c 373, inciso I, do CPC no horário administrativo; que já trabalhou com o reclamante
no 1º turno; que havia uma tolerância de 20 minutos para o
Sem qualquer razão. ônibus sair com o pessoal após o termino do turno; que havia
como comparecer ao trabalho através de transporte público no
A principal demandada, e real empregadora, confessou que não 1º turno e também no horário administrativo, como também
efetuou o pagamento dos haveres rescisórios, ademais, totalmente retornar através do transporte público; que sabe que é possível
impertinente a alegação da recorrente no sentido de que tais comparecer para o 2º turno através de transporte público, não
parcelas já estão habilitadas no juízo universal. Não há título sabendo declinar no tocante à largada do 2º turno e a ida e
executivo transitado em julgado a ensejar a citada habilitação e retorno para o 3º turno; que tomava o transporte da empresa em
também não há prova para tanto. frente a sua residência em Cavaleiro; que já aconteceu de
Assim, mantenho a condenação in totum, inclusive quanto à multa percurso era realizado em torno de 50 minutos; que o retorno
do art. 467 da CLT e FGTS + 40%, não havendo se falar em caráter também durava cerca de 50 minutos a uma hora; (...) (com grifos
personalíssimo de tais parcelas. de agora).
No tocante às horas extras e de percurso, também não vislumbro (...) que trabalha na reclamada desde maio de 2012; que exerce a
razão para reformas. função de coordenadora de RH; que em média o ônibus que
Com efeito, a ré não juntou aos autos qualquer controle de ponto a do turno, dependendo da rota e que às vezes acontecia de
fim de confirmar a jornada de trabalho foi realizada pelo Autor. chegar após o horário; que existe o transporte público que
Ademais, a preposta da 1ª Ré: serve a 1ª reclamada funciona até às 17h30; que não se recorda
a hora do início do funcionamento do transporte público pela
(...) que os funcionários eram transportados em ônibus fretados pela manhã; que entre a largada do turno e a saída do ônibus, não
1ª reclamada; que o transporte chegava em torno de 10 a 15 chegava a 15 minutos; (...) (sem os grifos no original).

R$1.851,59 a título de salário básico, em burla à isonomia salarial condição nos termos desta lei, sob pena de pagamento até o
garantida pelos artigos 460 da CLT e 7º, inciso XXX, da CF. décuplo das custas judiciais.
Esclareceu que essa suposta injustiça só foi reparada em O autor, na petição inicial, afirmou ser pobre nos termos da Lei
01/01/2014 quando teve o seu salário reajustado para R$1.851,59, tendo apresentado, inclusive, declaração de pobreza.
à vista disso, persegue o pagamento das diferenças salariais do
período retroativo. Considerando o teor da declaração e a sua presunção de
O juízo extinguiu o pleito sem resolução do mérito, por entender que artigo 1º da Lei 7.115/83, sem prova em sentido contrário nos autos,
o Autor não indicou paradigma a fim de possibilitar a verificação dos concluo que ao autor não possui condições financeiras de arcar
requisitos da equiparação salarial, o que impede a análise do com os custos do processo.
presente pleito.
Com o devido respeito ao nobre julgador que enveredou pela tese limite máximo dos benefícios do Regime Geral da Previdência
de equiparação salarial, não foi esse o pedido. Social, nos termos do artigo 790, parágrafo 3º, da CLT, com
Porém, analisando o acervo probatório, observo que não há prova conclusão da sua hipossuficiência econômica, o que é suficiente
das alegações postas pelo autor, desaguando na improcedência do para a concessão do benefício da justiça gratuita, nos termos do
pedido. Assim, a fim de evitar o reformatio in pejus, mantenho a artigo 98 do CPC e do artigo 5º, LXXIV, da CF.
Da Justiça Gratuita justiça, defiro-lhe o benefício da justiça gratuita, que alcança o
Por fim, pede para que lhe sejam concedidos os benefícios da artigo 98, parágrafo 1º, do CPC. Ressalto que o artigo 98, em seu
justiça gratuita. parágrafo 1º, inciso, I, do CPC estabelece que o benefício da justiça
Defiro.
Num olhar mais apressado, poder-se-ia entender não ter o autor condicionante, de ordem não econômica, para a isenção de custas

menção expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ nº.
118, da SDI-1, do C. TST. Ademais, não se diga que o julgador a - reconhecer a responsabilidade solidária da empresa SITRACK
estaria obrigado a se manifestar sobre toda a legislação invocada, SERVIÇOS TECNOLÓGICOS LTDA;
(art. 93, inciso IX, da CF), como se tem na espécie. b - conceder os benefícios da justiça gratuita.
c - e nego provimento ao recurso da ré.
Ante a natureza das reformas deixo de modificar o valor do
condeno.
condeno.
Conclusão


Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi 95180/RJ)
publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de RECUPERACAO JUDICIAL
04.09.2018, sob a presidência da Exma. Sra. Desembargadora RECORRIDO ENERGIMP S.A.
MARIA DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO, com a presença do 95180/RJ)
Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pelo RECORRIDO IPS PORT SYSTEMS LTDA.
Desembargador Sergio Torres Teixeira (Relator) e Ibrahim Alves da TECNOLOGICOS LTDA
Silva Filho (Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu ALCANTARA JUNIOR(OAB:
88568/MG)
Tribunal, por unanimidade, dar provimento ao apelo do autor GONCALVES SILVA(OAB:
128349/MG)
para: a - reconhecer a responsabilidade solidária da empresa RECORRIDO ICSA DO BRASIL LTDA
SITRACK SERVIÇOS TECNOLÓGICOS LTDA; b - conceder os RECORRIDO ELCIO FERREIRA DA SILVA
benefícios da justiça gratuita. c - e, por unanimidade, negar 20097/PE)
provimento ao recurso da ré. Ante a natureza das reformas deixa- ADVOGADO ILTON DO VALE MONTEIRO(OAB:
10211-D/PE)
se de modificar o valor do condeno. ADVOGADO CECILIANE MARCIA ALVES DA
Certifico e dou fé. COUTO(OAB: 27324/PE)
28886/PE)
- WIND POWER ENERGIA S/A - EM RECUPERACAO JUDICIAL
PODER
JUDICIÁRIO
PROC. N.º TRT. RO - 0000538-35.2015.5.06.0172
Acórdão Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA

Processo Nº RO-0000538-35.2015.5.06.0172
RECORRENTE ELCIO FERREIRA DA SILVA Recorrentes : ENERGIMP S.A. e ÉLCIO FERREIRA DA SILVA
20097/PE)
ADVOGADO ILTON DO VALE MONTEIRO(OAB: Recorridos : OS MESMOS, WIND POWER ENERGIA S/A - EM
10211-D/PE)
RECUPERAÇÃO JUDICIAL, VENTI ENERGIA S/A, IPS PORT

mesma direção, controle ou administração, embora cada uma delas
trabalhistas, o grupo econômico. III - A jurisprudência tem mitigado
os requisitos previstos no citado texto da CLT para a configuração
do grupo econômico, entendendo desnecessária a comprovação do
controle ou administração de uma empresa por outra, bastando a
tanto a demonstração de integração e confluência de interesses
econômicos entre elas. IV - Na hipótese, os documentos juntados
aos autos revelam a promiscuidade de interesses das Rés em torno
do contrato de trabalho do Autor, de modo a caracterizar a figura do
empregador único, na qual o empregado vincula-se a um conjunto
de empresas em um único contrato. V - Recurso ao qual se nega
provimento.
EMENTA

TECNOLÓGICOS LTDA.
É o relatório.
do autor. VOTO:
Recurso Ordinário da Ré Pressupostos de Admissibilidade
Em suas razões recursais, defende a incompetência material desta Os recursos são tempestivos; as representações estão regulares e
justiça especializada para declarar a responsabilidade solidária em o preparo foi observado pela ré. Satisfeitos, assim, os demais
relação à empresa WIND POWER, eis que esta se encontra em requisitos de admissibilidade, conheço-os, bem como das
recuperação judicial, sendo nula a sentença, por força do que contrarrazões.
dispõe o artigo 114 da CF. Afirma que não pode prevalecer a
condenação solidária contra si imposta, eis que não compõe o Do Mérito
grupo econômico com as demais rés, aliado ao fato de que não
houve prova das alegações postas na peça de ingresso, a teor do Recurso Ordinário da Ré
dispõem os artigos 818 da CLT e 373 do CPC. Assevera que não
há se falar em deferimento das verbas rescisórias, eis que já Da Incompetência Material da Justiça do Trabalho para
habilitadas no juízo universal, sendo certo que as diferenças de reconhecer o Grupo Econômico
personalíssimo do real empregador, qual seja, a 1ª ré, devendo toda O Juízo a quo rejeitou exceção de incompetência desta Justiça
e qualquer condenação neste sentido ser extirpada. Pede sejam Especializada, em razão da matéria, alegada ante ao fato de a
extirpadas as horas extraordinárias pelo suposto tempo à principal demandada encontrar-se em recuperação judicial.

conjunta)
O Ministro da mais alta corte trabalhista, Maurício Godinho Delgado,
Afirma a ré que não pode prevalecer a condenação solidária contra in Curso de Direito do Trabalho, LTR, 10ª ed., 2011, p. 400/401,
si imposta, eis que não compõe o grupo econômico com as demais explica, no tocante a esse tema, que se percebe:
rés, aliado ao fato de que não houve prova das alegações postas na
peça de ingresso, a teor do dispõem os artigos 818 da CLT e 373 (...) a existência de nítida divergência jurisprudencial e doutrinária.
do CPC. Duas vertentes interpretativas surgem: a primeira, que restringe a
configuração do grupo à ocorrência de nexo de efetiva direção
Por sua vez o autor insiste no reconhecimento da responsabilidade hierárquica entre as empresas componentes; a segunda, que reduz
solidária da empresa SITRACK, por entender que pertence ao a uma relação de simples coordenação entre as empresas do grupo
mesmo grupo econômico argentino PESCARMONA, do qual faz e o nexo relacional exigido pela ordem jurídica.
parte a ex-empregadora (WIND POWER - que se encontra em
recuperação judicial). (...)
Pois bem. A segunda vertente considera, porém, que a verificação da simples
relação de coordenação interempresarial atende ao sentido
Na peça de defesa, três demandadas reconheceram a existência de essencial vislumbrado pela ordem justrabalhista. A própria

Nesse sentido:
as reclamadas integram o mesmo grupo econômico e assim, manter minutos antes do turno ; que acontecia muito de abono de
a sentença que declarou a responsabilidade solidária das mesmas atraso na chegada por conta do atraso do transporte; que em
pelas verbas inadimplidas. Recurso ao qual se dá provimento, no média a saída dos ônibus após o turno se dava que para a
particular. (TRT 23ª Região - 2ª Turma - RO 00344.2010.005.23.00- produção existam dois cerca de 10 minutos após o término do
5 - Rela. Desa. BEATRIZ THEODORO - Julg. 10/08/11 - Pub. expediente; relógios de ponto em locais estratégicos; que na
18/08/11) largada do turno, na produção saiam cerca de 80 pessoas para o
Pelo exposto, nego provimento ao apelo da ré e dou provimento ao do dia funciona o transporte público que serve a 1ª reclamada;
recurso do autor para reconhecer a responsabilidade solidária da que não sabe dizer se o terceiro turno caberia opção com
empresa SITRACK SERVIÇOS TECNOLÓGICOS LTDA, ante a relação aos horário para utilização de transporte publico se
formação do grupo econômico. assim quisesse o funcionário; que geralmente o funcionário troca
de roupa ao chegar na empresa; que a troca para o fardamento
Dos Demais Tópicos Recursais acontece antes do registro do ponto; (...) (sem os grifos).
Assevera que não há se falar em deferimento das verbas As testemunha do Autor e da 1ª Ré afirmaram, respectivamente:
rescisórias, eis que já habilitadas no juízo universal, sendo certo
que as diferenças de FGTS + multa de 40% e a multa do art. 467 da (...) que trabalhou na reclamada de 14/03/2011 a julho de 2014; que

interesse recursal em relação ao pedido de justiça gratuita, à
Portanto, não vislumbro haver razão para reformas. medida que o pagamento das custas processuais não ficou sob seu
encargo.
Ocorre que o pedido de gratuidade da justiça é bem mais
Das Diferenças Salariais abrangente que isto, tendo o autor pleno interesse recursal,
considerando que lhe foi expressamente negado tal pleito.
Clama pelo deferimento das diferenças salariais, ante a isonomia
(exegese do artigo 460 da CLT c/c/ artigo 7º, inciso XXX, da CF), O art. 4º, § 1º, da Lei 1060/50 (com a redação dada pela Lei
com os reflexos daí decorrentes. 7.510/86) dispõe o seguinte:
Sem razão. Art. 4º. A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária,
mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não
Na peça de ingresso o autor que quando fora promovido para a está em condições de pagar as custas do processo e os honorários
função de Operador Técnico, em 01/10/2013, passou a receber de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.
Operadores Técnicos, os quais, nesse mesmo período, recebiam § 1º. Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa
presente pleito.

ao beneficiário da justiça gratuita. O artigo 5º, LXXIV, da CF, por
sua vez, assegura assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos. Dessa forma, não poderia a
da CLT, inserido pela Lei 13.467/2017, estabelecer a
obrigatoriedade de recolhimento de custas ao autor sendo
beneficiário da justiça gratuita. Trata-se de norma inconstitucional,
que afronta os direitos e garantias fundamentais do cidadão, Conclusão
dificultando o acesso à justiça.
Considerações Finais
Por fim declaro que, com tal julgamento, apenas se aplicou o direito
constitucionais invocados pela recorrente, sendo desnecessária a Diante do exposto, dou provimento ao apelo do autor para:
condeno.

Regional do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, dar Secretário - Substituto da 1ª Turma
condeno.
Acórdão
Processo Nº RO-0000538-35.2015.5.06.0172
10211-D/PE)
EMMT ADVOGADO CECILIANE MARCIA ALVES DA
28886/PE)
95180/RJ)
Exmo. Sr. Procurador Rogério Sitônio Wanderley e dos Exmos. Srs. RECORRIDO SITRACK SERVICOS
TECNOLOGICOS LTDA
88568/MG)
convocado para o gabinete vago), resolveu a 1ª Turma do ADVOGADO DEMERSON GUILHERME
Tribunal, por unanimidade, dar provimento ao apelo do autor 128349/MG)


10211-D/PE)
28886/PE)
EMENTA
- VENTI ENERGIA S/A
PODER
JUDICIÁRIO

PROC. N.º TRT. RO - 0000538-35.2015.5.06.0172


elemento nos autos que autorize a conclusão de que a referida

Recorrentes : ENERGIMP S.A. e ÉLCIO FERREIRA DA SILVA
conceder os benefícios da justiça gratuita ao autor. IV - Dá-se

provimento no particular.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL, VENTI ENERGIA S/A, IPS PORT

II - RECURSO ORDINÁRIO DA RÉ. GRUPO ECONÔMICO.
TECNOLÓGICOS LTDA
decorre da convergência de interesses entre empresas, que

Advogados : TÚLIO CLÁUDIO IDESES, LUCIANA STEFFANE
buscam otimização de recursos e incremento de lucros, evoluindo
PETRÔNIO FERREIRA DOS SANTOS, HADHELY CHAVES MAIA
para sociedades pluralistas, formadas por sociedades diversas, que,
COUTO, CECILIANE MÁRCIA ALVES DA SILVA, ILTON DO VALE
de acordo com a maneira como se conglomeram e se ingerem na
MONTEIRO, RODRIGO CHAVES PEREIRA, DEMERSON
GUILHERME GONÇALVES SILVA e DALADIER RODRIGUES DE
sociais podem ser consideradas para a relação de emprego como
ALCÂNTARA JUNIOR

Procedência : 2ª VARA DO TRABALHO DE CABO - PE

RELATÓRIO
TECNOLÓGICOS LTDA.
É o relatório.
do autor. VOTO:

Sem razão.
conjunta)

Nesse sentido:

encargo.


condeno.


Acórdão
Processo Nº RO-0000538-35.2015.5.06.0172
Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA Recorrentes : ENERGIMP S.A. e ÉLCIO FERREIRA DA SILVA
20097/PE) Recorridos : OS MESMOS, WIND POWER ENERGIA S/A - EM
ADVOGADO ILTON DO VALE MONTEIRO(OAB: RECUPERAÇÃO JUDICIAL, VENTI ENERGIA S/A, IPS PORT
10211-D/PE)
ADVOGADO CECILIANE MARCIA ALVES DA SYSTEMS LTDA, ICSA DO BRASIL LTDA e SITRACK SERVIÇOS
TECNOLÓGICOS LTDA
FERREIRA DOS SANTOS(OAB: Advogados : TÚLIO CLÁUDIO IDESES, LUCIANA STEFFANE
28886/PE)
PETRÔNIO FERREIRA DOS SANTOS, HADHELY CHAVES MAIA
ADVOGADO TULIO CLAUDIO IDESES(OAB: COUTO, CECILIANE MÁRCIA ALVES DA SILVA, ILTON DO VALE
95180/RJ)
MONTEIRO, RODRIGO CHAVES PEREIRA, DEMERSON
RECUPERACAO JUDICIAL GUILHERME GONÇALVES SILVA e DALADIER RODRIGUES DE
ALCÂNTARA JUNIOR
95180/RJ)
TECNOLOGICOS LTDA
88568/MG)
128349/MG)
20097/PE)
10211-D/PE)
28886/PE)
EMENTA
- IPS PORT SYSTEMS LTDA.
PODER
JUDICIÁRIO

PROC. N.º TRT. RO - 0000538-35.2015.5.06.0172

RELATÓRIO

do CPC.
Do Mérito
Sem razão.



presente pleito.
Defiro.

condeno.
Conclusão


TECNOLOGICOS LTDA
88568/MG)
provimento ao recurso da ré. Ante a natureza das reformas deixa- 10211-D/PE)
28886/PE)
- ICSA DO BRASIL LTDA
PODER
Secretário - Substituto da 1ª Turma JUDICIÁRIO
PROC. N.º TRT. RO - 0000538-35.2015.5.06.0172

Acórdão
Processo Nº RO-0000538-35.2015.5.06.0172
Recorrentes : ENERGIMP S.A. e ÉLCIO FERREIRA DA SILVA
20097/PE)
10211-D/PE) RECUPERAÇÃO JUDICIAL, VENTI ENERGIA S/A, IPS PORT
SILVA(OAB: 25173/PE) SYSTEMS LTDA, ICSA DO BRASIL LTDA e SITRACK SERVIÇOS
ADVOGADO HADHELY CHAVES MAIA TECNOLÓGICOS LTDA
28886/PE) Advogados : TÚLIO CLÁUDIO IDESES, LUCIANA STEFFANE
RECORRENTE ENERGIMP S.A. PETRÔNIO FERREIRA DOS SANTOS, HADHELY CHAVES MAIA
95180/RJ) COUTO, CECILIANE MÁRCIA ALVES DA SILVA, ILTON DO VALE
RECORRIDO WIND POWER ENERGIA S/A - EM MONTEIRO, RODRIGO CHAVES PEREIRA, DEMERSON
RECORRIDO ENERGIMP S.A. GUILHERME GONÇALVES SILVA e DALADIER RODRIGUES DE
ADVOGADO TULIO CLAUDIO IDESES(OAB: ALCÂNTARA JUNIOR
95180/RJ)

provimento.
EMENTA


conjunta)


encargo.
presente pleito.
Defiro.

condeno.

condeno.
Acórdão
Processo Nº RO-0000538-35.2015.5.06.0172
10211-D/PE)
EMMT ADVOGADO CECILIANE MARCIA ALVES DA
28886/PE)
95180/RJ)
TECNOLOGICOS LTDA
88568/MG)
provimento ao recurso da ré. Ante a natureza das reformas deixa- 10211-D/PE)
28886/PE)
- SITRACK SERVICOS TECNOLOGICOS LTDA

PODER
JUDICIÁRIO

PROC. N.º TRT. RO - 0000538-35.2015.5.06.0172 concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta

Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes

Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA vigência da Lei 13.467/2017, e o autor apresentou declaração de

Recorrentes : ENERGIMP S.A. e ÉLCIO FERREIRA DA SILVA elemento nos autos que autorize a conclusão de que a referida

Recorridos : OS MESMOS, WIND POWER ENERGIA S/A - EM conceder os benefícios da justiça gratuita ao autor. IV - Dá-se
RECUPERAÇÃO JUDICIAL, VENTI ENERGIA S/A, IPS PORT provimento no particular.


provimento.
EMENTA

RELATÓRIO
TECNOLÓGICOS LTDA.
É o relatório.
do autor. VOTO:

Sem razão.
conjunta)

Nesse sentido:

encargo.


condeno.
Acórdão
Processo Nº RO-0000538-35.2015.5.06.0172
10211-D/PE)
EMMT


ADVOGADO HADHELY CHAVES MAIA Advogados : TULIO CLAUDIO IDESES; LUCIANA STEFFANE
ADVOGADO LUCIANA STEFFANE PETRONIO PETRONIO FERREIRA DOS SANTOS
28886/PE)
RECORRENTE ENERGIMP S.A. Procedência : TRT - 6ª REGIÃO (2ª VARA DO TRABALHO DO
95180/RJ) CABO - PE)
95180/RJ)
TECNOLOGICOS LTDA
88568/MG)
128349/MG)
EMENTA
20097/PE)
10211-D/PE)
28886/PE)
Intimado(s)/Citado(s): DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. EMBARGOS
- ELCIO FERREIRA DA SILVA DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. Pela norma

PODER
JUDICIÁRIO
1.022 do CPC, aplicável ao processo do trabalho, consoante
Instrução Normativa n° 39 do C. TST, cabe a oposição de embargos

PROC. Nº. TRT - 0000538-35.2015.5.06.0172 (ED) ostenta quaisquer dos vícios. Embargos rejeitados.
Embargante : ENERGIMP S.A.; SITRACK SERVIÇOS
TECNOLÓGICOS LTDA
Embargado : ELCIO FERREIRA DA SILVA

Afirma que não foram apreciadas as provas documentais por si
Vistos etc. apresentadas.
Embargos declaratórios opostos por ENERGIMP S.A. e Vejamos.
porSITRACK SERVIÇOS TECNOLÓGICOS LTDA contra acórdão
proferido pela Egrégia 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho A leitura das razões de embargos demonstra que o acórdão não
da 6ª Região, sendo embargado ELCIO FERREIRA DA SILVA. ostenta quaisquer dos vícios do art. 897-A da CLT e as partes
pretendem a reforma da decisão por via que não é a adequada.
EMBARGOS DE ENERGIP S.A
Ao contrário das razões de embargos, foi expressamente
Em razões de embargos, com fundamento no art. 897-A da CLT, enfrentada as teses relativas à existência do grupo econômico,
aponta as seguintes omissões no julgado: a) a revelia se refere à importando lembrar que não são os embargos de declaração o meio
quarta reclamada, não guardando relação consigo; b) argumentos cabível para postular a reapreciação de provas. De toda sorte,
relacionados à ausência de grupo econômico; c) pedido sucessivo segue trecho do acórdão embargado no ponto em que pertine:
quanto aos critérios de liquidação; Pede o acolhimento.
Na peça de defesa, três demandadas reconheceram a existência de
EMBARGOS DE SITRACK grupo econômico. Vejamos (página 478):
Em razões de embargos, com fundamento no art. 897-A da CLT, Para melhor compreensão do M.M. Juízo acerca da pluralidade do
insurge-se contra o reconhecimento do grupo econômico, uma vez polo passivo, apresentação de defesa comum pelas reclamadas e
que, diversamente do que consta no acórdão embargado, trata-se nomeação de preposto único para representá-las em juízo,
de matéria incontroversa, não havendo qualquer vínculo jurídico esclarecem as rés que as empresas contestantes de fato compõem
com o grupo que se encerrou em 2006. Afirma que não foram mesmo grupo econômico.
apreciadas as provas documentais por si apresentadas.
É o relatório. réus, a defesa deles quanto à existência de grupo econômico
somente a eles aproveita, até porque nada falaram acerca de tal
VOTO: matéria em relação à ENERGIMP, logo tenho como abarcada pela
Pressupostos de admissibilidade recorrente.
Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade e No tocante ao apelo do autor, em relação ao reconhecimento do
representação processual, conheço de ambos os embargos. grupo econômico da SITRACK, com o devido respeito ao nobre
julgador que se valeu apenas das alegações da ré e de um
Mérito informativo da internet (página 99), tenho que não são suficientes
para afastar a presunção de que, de fato, pertençam ao mesmo
A ENERGIP S.A aponta as seguintes omissões no julgado: a) a conglomerado econômico, máxime quando ela admite que já
revelia se refere à quarta reclamada, não guardando relação pertenceu ao grupo, mas que teria se afastado. Porém, não trouxe
consigo; b) argumentos relacionados à ausência de grupo prova robusta. A doutrina e jurisprudência mais abalizada vêm
econômico; c) pedido sucessivo quanto aos critérios de liquidação; entendendo que não se faz necessária a existência de efetiva
Pede o acolhimento. direção hierárquica entre as empresas para que se tenha
configurado o grupo econômico, bastando a configuração de
A outra embargante insurge-se contra o reconhecimento do grupo relação de coordenação entre as empresas Desse modo, a
econômico, uma vez que, diversamente do que consta no acórdão solidariedade decorrente da formação de grupo econômico, prevista
embargado, trata-se de matéria incontroversa, não havendo no § 2º do art. 2º da CLT, caracteriza-se quando há controle de uma
qualquer vínculo jurídico com o grupo que se encerrou em 2006. empresa sobre as demais,

numa relação vertical ou de hierarquia, ou ainda entre empresas
que possuem apenas uma relação de coordenação horizontal. Conclusão
Na hipótese, resta caracterizado o controle das empresas por um só Diante do exposto, rejeito ambos os embargos declaratórios.
administrador, seja pela revelia da recorrente, seja pela falta de
prova por parte da SITRACK de que teria se afastado do grupo.
A revelia também foi ponto enfrentado no acórdão, consoante
fundamentação acima, de sorte que não há omissão.
Finalmente, quanto ao pedido de delimitação dos critérios de
liquidação, muito embora o apelo haja veiculado tese a respeito, a
sentença já contém suficiente parâmetro para a liquidação e demais
dúvidas serão esclarecidas no momento oportuno.
I.


20097/PE)
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional 10211-D/PE)
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, rejeitar ambos os SILVA(OAB: 25173/PE)
embargos declaratórios. ADVOGADO HADHELY CHAVES MAIA
95180/RJ)
SERGIO TORRES TEIXEIRA RECORRIDO ENERGIMP S.A.
Desembargador Relator ADVOGADO TULIO CLAUDIO IDESES(OAB:
95180/RJ)
EMMT RECORRIDO IPS PORT SYSTEMS LTDA.
TECNOLOGICOS LTDA
CERTIDÃO DE JULGAMENTO ADVOGADO DALADIER RODRIGUES DE
88568/MG)
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, sob a presidência GONCALVES SILVA(OAB:
128349/MG)
EMERENCIANO, com a presença do Ministério Público do Trabalho RECORRIDO ELCIO FERREIRA DA SILVA
da 6ª Região, representado pela Exma. Sra. Procuradora Elizabeth ADVOGADO RODRIGO CHAVES PEREIRA(OAB:
20097/PE)
Veiga e dos Exmos. Srs. Desembargadores Sergio Torres Teixeira ADVOGADO ILTON DO VALE MONTEIRO(OAB:
10211-D/PE)
de Igarassu, convocado para o Gabinete Vago), resolveu a 1ª SILVA(OAB: 25173/PE)
Turma do Tribunal, por unanimidade, rejeitar ambos os embargos COUTO(OAB: 27324/PE)
declaratórios. ADVOGADO LUCIANA STEFFANE PETRONIO
28886/PE)

- ENERGIMP S.A.
PODER
JUDICIÁRIO
PROC. Nº. TRT - 0000538-35.2015.5.06.0172 (ED)

Acórdão
Processo Nº RO-0000538-35.2015.5.06.0172
Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA Embargante : ENERGIMP S.A.; SITRACK SERVIÇOS

TECNOLÓGICOS LTDA
Advogados : TULIO CLAUDIO IDESES; LUCIANA STEFFANE Vistos etc.
PETRONIO FERREIRA DOS SANTOS
Embargos declaratórios opostos por ENERGIMP S.A. e
Procedência : TRT - 6ª REGIÃO (2ª VARA DO TRABALHO DO porSITRACK SERVIÇOS TECNOLÓGICOS LTDA contra acórdão
CABO - PE) proferido pela Egrégia 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho
da 6ª Região, sendo embargado ELCIO FERREIRA DA SILVA.
aponta as seguintes omissões no julgado: a) a revelia se refere à
quarta reclamada, não guardando relação consigo; b) argumentos
relacionados à ausência de grupo econômico; c) pedido sucessivo
EMENTA
EMBARGOS DE SITRACK
insurge-se contra o reconhecimento do grupo econômico, uma vez
que, diversamente do que consta no acórdão embargado, trata-se
de matéria incontroversa, não havendo qualquer vínculo jurídico
com o grupo que se encerrou em 2006. Afirma que não foram
DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. Pela norma É o relatório.
sejam acolhidos, deve estar presente omissão, contradição ou VOTO:
admissibilidade recursal. Importa destacar que, nos termos do art. Pressupostos de admissibilidade
Instrução Normativa n° 39 do C. TST, cabe a oposição de embargos Satisfeitas as exigências legais concernentes à tempestividade e
de declaração, ainda, contra qualquer decisão judicial para representação processual, conheço de ambos os embargos.
ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício Mérito
ostenta quaisquer dos vícios. Embargos rejeitados. A ENERGIP S.A aponta as seguintes omissões no julgado: a) a
revelia se refere à quarta reclamada, não guardando relação
consigo; b) argumentos relacionados à ausência de grupo
econômico; c) pedido sucessivo quanto aos critérios de liquidação;
Pede o acolhimento.
A outra embargante insurge-se contra o reconhecimento do grupo

apresentadas. numa relação vertical ou de hierarquia, ou ainda entre empresas
que possuem apenas uma relação de coordenação horizontal.
Vejamos.
A leitura das razões de embargos demonstra que o acórdão não administrador, seja pela revelia da recorrente, seja pela falta de
ostenta quaisquer dos vícios do art. 897-A da CLT e as partes prova por parte da SITRACK de que teria se afastado do grupo.
Ao contrário das razões de embargos, foi expressamente fundamentação acima, de sorte que não há omissão.
enfrentada as teses relativas à existência do grupo econômico,
importando lembrar que não são os embargos de declaração o meio Finalmente, quanto ao pedido de delimitação dos critérios de
cabível para postular a reapreciação de provas. De toda sorte, liquidação, muito embora o apelo haja veiculado tese a respeito, a
segue trecho do acórdão embargado no ponto em que pertine: sentença já contém suficiente parâmetro para a liquidação e demais
grupo econômico. Vejamos (página 478): Ainda que se tenha em vista as alterações promovidas pelo CPC de
Para melhor compreensão do M.M. Juízo acerca da pluralidade do que reputa omissa a decisão que incorra em qualquer das condutas
polo passivo, apresentação de defesa comum pelas reclamadas e descritas no art. 489, § 1°, do mesmo diploma legal, não houve
nomeação de preposto único para representá-las em juízo, transmudação da natureza dos embargos declaratórios, que
esclarecem as rés que as empresas contestantes de fato compõem somente se prestam a esclarecer obscuridade ou eliminar
mesmo grupo econômico. contradição, bem como para suprir omissão de ponto ou questão
réus, a defesa deles quanto à existência de grupo econômico Isto é, não se admite a interposição dos embargos
somente a eles aproveita, até porque nada falaram acerca de tal declaratórios para revisão de provas ou reexame do conjunto
matéria em relação à ENERGIMP, logo tenho como abarcada pela probatório, eis que este não é o propósito da medida.
recorrente. Não custa advertir a parte embargante acerca da imposição da
No tocante ao apelo do autor, em relação ao reconhecimento do opostos com intuito de procrastinar o feito.
grupo econômico da SITRACK, com o devido respeito ao nobre
julgador que se valeu apenas das alegações da ré e de um Prequestionamento. Violações de dispositivos legais
para afastar a presunção de que, de fato, pertençam ao mesmo Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos expostos na
conglomerado econômico, máxime quando ela admite que já fundamentação deste julgado, o entendimento adotado não viola
pertenceu ao grupo, mas que teria se afastado. Porém, não trouxe qualquer dos dispositivos da Constituição da República e da
prova robusta. A doutrina e jurisprudência mais abalizada vêm legislação infraconstitucional, sendo desnecessária a menção
entendendo que não se faz necessária a existência de efetiva expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ n° 118, da SDI-
direção hierárquica entre as empresas para que se tenha I.
relação de coordenação entre as empresas Desse modo, a Ademais, nos moldes do art. 1.025 do CPC, consideram-se

Conclusão ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, rejeitar ambos os
Diante do exposto, rejeito ambos os embargos declaratórios. embargos declaratórios.
EMMT
Turma do Tribunal, por unanimidade, rejeitar ambos os embargos
declaratórios.


Acórdão
Processo Nº RO-0000538-35.2015.5.06.0172
RECORRENTE ELCIO FERREIRA DA SILVA TECNOLÓGICOS LTDA
20097/PE)
ADVOGADO ILTON DO VALE MONTEIRO(OAB: Embargado : ELCIO FERREIRA DA SILVA
10211-D/PE)
Advogados : TULIO CLAUDIO IDESES; LUCIANA STEFFANE
COUTO(OAB: 27324/PE) PETRONIO FERREIRA DOS SANTOS
28886/PE)
ADVOGADO TULIO CLAUDIO IDESES(OAB: CABO - PE)
95180/RJ)
95180/RJ)
TECNOLOGICOS LTDA
88568/MG)
128349/MG) EMENTA
20097/PE)
10211-D/PE)
28886/PE)
Intimado(s)/Citado(s): DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. Pela norma
- WIND POWER ENERGIA S/A - EM RECUPERACAO JUDICIAL do artigo 897-A da CLT, para que os embargos de declaração
PODER admissibilidade recursal. Importa destacar que, nos termos do art.
JUDICIÁRIO 1.022 do CPC, aplicável ao processo do trabalho, consoante

PROC. Nº. TRT - 0000538-35.2015.5.06.0172 (ED)

Pede o acolhimento.
econômico, uma vez que, diversamente do que consta no acórdão
embargado, trata-se de matéria incontroversa, não havendo
qualquer vínculo jurídico com o grupo que se encerrou em 2006.

solidariedade decorrente da formação de grupo econômico, prevista incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para
no § 2º do art. 2º da CLT, caracteriza-se quando há controle de uma fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração
empresa sobre as demais, sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere

Acórdão
Processo Nº RO-0000538-35.2015.5.06.0172
20097/PE)
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional ADVOGADO ILTON DO VALE MONTEIRO(OAB:
10211-D/PE)
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, rejeitar ambos os ADVOGADO CECILIANE MARCIA ALVES DA
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. FERREIRA DOS SANTOS(OAB:
28886/PE)
95180/RJ)
SERGIO TORRES TEIXEIRA RECUPERACAO JUDICIAL
EMMT 95180/RJ)
TECNOLOGICOS LTDA
88568/MG)
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, sob a presidência ADVOGADO DEMERSON GUILHERME
da Exma. Sra. Desembargadora MARIA DO SOCORRO SILVA 128349/MG)
EMERENCIANO, com a presença do Ministério Público do Trabalho RECORRIDO ICSA DO BRASIL LTDA
Veiga e dos Exmos. Srs. Desembargadores Sergio Torres Teixeira 20097/PE)
(Relator) e Ibrahim Alves Filho (Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho 10211-D/PE)
de Igarassu, convocado para o Gabinete Vago), resolveu a 1ª ADVOGADO CECILIANE MARCIA ALVES DA
Turma do Tribunal, por unanimidade, rejeitar ambos os embargos ADVOGADO HADHELY CHAVES MAIA
declaratórios.
28886/PE)
- VENTI ENERGIA S/A
PODER
Gilberto Alexandre de Paiva Fernandes JUDICIÁRIO
PROC. Nº. TRT - 0000538-35.2015.5.06.0172 (ED)

TECNOLÓGICOS LTDA
EMENTA
EMBARGOS DE SITRACK

Vejamos.

I.
EMMT
declaratórios.

PROC. Nº. TRT - 0000538-35.2015.5.06.0172 (ED)

Acórdão
Processo Nº RO-0000538-35.2015.5.06.0172
RECORRENTE ELCIO FERREIRA DA SILVA TECNOLÓGICOS LTDA
20097/PE)
ADVOGADO ILTON DO VALE MONTEIRO(OAB: Embargado : ELCIO FERREIRA DA SILVA
10211-D/PE)
Advogados : TULIO CLAUDIO IDESES; LUCIANA STEFFANE
COUTO(OAB: 27324/PE) PETRONIO FERREIRA DOS SANTOS
28886/PE)
ADVOGADO TULIO CLAUDIO IDESES(OAB: CABO - PE)
95180/RJ)
95180/RJ)
TECNOLOGICOS LTDA
88568/MG)
128349/MG) EMENTA
20097/PE)
10211-D/PE)
28886/PE)
Intimado(s)/Citado(s): DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. Pela norma
- IPS PORT SYSTEMS LTDA. do artigo 897-A da CLT, para que os embargos de declaração
PODER admissibilidade recursal. Importa destacar que, nos termos do art.
JUDICIÁRIO 1.022 do CPC, aplicável ao processo do trabalho, consoante

Pede o acolhimento.


Acórdão
Processo Nº RO-0000538-35.2015.5.06.0172
20097/PE)
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional ADVOGADO ILTON DO VALE MONTEIRO(OAB:
10211-D/PE)
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, rejeitar ambos os ADVOGADO CECILIANE MARCIA ALVES DA
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. FERREIRA DOS SANTOS(OAB:
28886/PE)
95180/RJ)
SERGIO TORRES TEIXEIRA RECUPERACAO JUDICIAL
EMMT 95180/RJ)
TECNOLOGICOS LTDA
88568/MG)
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, sob a presidência ADVOGADO DEMERSON GUILHERME
da Exma. Sra. Desembargadora MARIA DO SOCORRO SILVA 128349/MG)
EMERENCIANO, com a presença do Ministério Público do Trabalho RECORRIDO ICSA DO BRASIL LTDA
Veiga e dos Exmos. Srs. Desembargadores Sergio Torres Teixeira 20097/PE)
(Relator) e Ibrahim Alves Filho (Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho 10211-D/PE)
de Igarassu, convocado para o Gabinete Vago), resolveu a 1ª ADVOGADO CECILIANE MARCIA ALVES DA
Turma do Tribunal, por unanimidade, rejeitar ambos os embargos ADVOGADO HADHELY CHAVES MAIA
declaratórios.
28886/PE)
- ICSA DO BRASIL LTDA
PODER
Gilberto Alexandre de Paiva Fernandes JUDICIÁRIO

PROC. Nº. TRT - 0000538-35.2015.5.06.0172 (ED) ostenta quaisquer dos vícios. Embargos rejeitados.
TECNOLÓGICOS LTDA
EMENTA
EMBARGOS DE SITRACK

Vejamos.

I.
EMMT
declaratórios.

PODER
JUDICIÁRIO
PROC. Nº. TRT - 0000538-35.2015.5.06.0172 (ED)
Acórdão Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA

Processo Nº RO-0000538-35.2015.5.06.0172
RECORRENTE ELCIO FERREIRA DA SILVA Embargante : ENERGIMP S.A.; SITRACK SERVIÇOS
20097/PE) TECNOLÓGICOS LTDA
10211-D/PE)
ADVOGADO CECILIANE MARCIA ALVES DA Embargado : ELCIO FERREIRA DA SILVA
COUTO(OAB: 27324/PE) Advogados : TULIO CLAUDIO IDESES; LUCIANA STEFFANE
FERREIRA DOS SANTOS(OAB: PETRONIO FERREIRA DOS SANTOS
28886/PE)
ADVOGADO TULIO CLAUDIO IDESES(OAB: Procedência : TRT - 6ª REGIÃO (2ª VARA DO TRABALHO DO
95180/RJ)
CABO - PE)
95180/RJ)
TECNOLOGICOS LTDA
88568/MG)
128349/MG)
RECORRIDO ICSA DO BRASIL LTDA EMENTA
20097/PE)
10211-D/PE)
28886/PE)
Intimado(s)/Citado(s): DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. EMBARGOS

- SITRACK SERVICOS TECNOLOGICOS LTDA DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. Pela norma

Pede o acolhimento.


Acórdão
Processo Nº AIRO-0000577-72.2015.5.06.0191
AGRAVANTE CONSORCIO ALUSA-CBM
143634/SP)
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional AGRAVADO JOSE RONALDO ARAUJO DE
SOUZA
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, rejeitar ambos os ADVOGADO DAYVSON JOSE SILVA
ADVOGADO Andre Frutuoso de Paula(OAB:
29250/PE)
TERCEIRO DANIEL JOSE DO NASCIMENTO
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. INTERESSADO
- CONSORCIO ALUSA-CBM
EMMT PODER
JUDICIÁRIO

PROC. TRT AI - 0000577-72.2015.5.06.0191


declaratórios.
Agravante : CONSORCIO ALUSA-Cbm

Agravado : JOSE RONALDO ARAUJO DE SOUZA
Advogados : LUCIANA ARDUIN FONSECA E DAYVSON JOSE
SILVA PEREIRA
Procedência : 1ª Vara do Trabalho de Ipojuca - PE
Vistos etc.
Agravo de instrumento interposto por CONSORCIO ALUSA-CBM
contra o despacho exarado pelo MM. Juízo da 1ª Vara do Trabalho
de Ipojuca - PE, que negou seguimento ao Recurso Ordinário
interposto nos autos da Ação Trabalhista ajuizada por JOSÉ
RONALDO ARAUJO DE SOUZA, ora agravado.
Nas suas razões referentes, pretende a agravante que seja
destrancado o recurso ordinário por ele interposto, o qual não foi
conhecido pelo Juízo de 1ª instância por deserção. Assevera que se
encontra em recuperação judicial em trâmite perante a 2ª Vara de
EMENTA Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo/SP,
processo nº 1002851-64.2015.8.26.0100, estando respaldada nos
requisitos para o deferimento da concessão do benefício da
gratuidade da justiça, nos termos da Lei 1.060/50, o qual deve ser
interpretado à luz do art. 5º da Constituição Federal. Transcreve
jurisprudência. Diz que não possui condições financeiras de dispor
de tais valores sem afetar o funcionamento normal da empresa, vez
que está direcionando todo o seu patrimônio para adimplir com o
pagamento de parcelas salariais de seus empregados. Argumenta
AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA. que teve seus direitos á ampla defesa e ao contraditório cerceados,
DESTRANCAMENTO DE RECURSO ORDINÁRIO. DESERÇÃO. A eis que não teve o seu recurso ordinário apreciado, impedindo o
jurisprudência prevalecente no âmbito desta Corte, bem assim no C. acesso ao duplo grau de jurisdição e ao devido processo legal,
TST é no sentido de que o benefício da justiça gratuita somente é princípios fundamentais que regem o ordenamento jurídico pátrio.
aplicável a pessoas jurídicas quando cabalmente demonstrada a Pede provimento.
impossibilidade de arcar com as despesas processuais,
circunstância que não se presume pelo fato de a empresa se Contraminutas ofertadas.
encontrar em recuperação judicial. Ademais, o benefício não
abrange a isenção de depósito recursal trabalhista, que tem a Não se fez necessária a remessa dos presentes autos ao d.
natureza de garantia do juízo. Sentença proferida antes da entrada Ministério Público do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do
em vigor da reforma trabalhista, em 11/11/2017.Agravo de Regimento Interno deste Regional.
instrumento a que se nega conhecimento.
Ressalva-se, contudo, o direito de se pronunciar verbalmente ou
pedir vista regimental, se necessário, por ocasião da sessão de
julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, XIII e VII, da Lei
Complementar 75/93.
É o relatório.

12.275, da nova redação do inciso I, do §5º, do artigo 897 e o
VOTO: acréscimo do §7º, do artigo 899, da CLT, que dispõem,
respectivamente:
Preliminarmente deixo de conhecer do agravo de instrumento
por deserção. Atuação Ex Officio "Art. 897 (...)
Quanto aos benefícios da Justiça Gratuita, não perco de vista que a § 5º Sob pena de não conhecimento, as partes promoverão a
Lei nº 1.060/1950, aplicada no processo do trabalho sob a exegese formação do instrumento do agravo de modo a possibilitar, caso
legal dada pela Lei nº 5.584/70, os benefícios da justiça gratuita provido, o imediato julgamento do recurso denegado, instruindo a
foram criados para favorecer os "necessitados", considerados como petição de interposição:
tais os que não possuem condições econômicas de pagar as custas
do processo "sem prejuízo do sustento próprio ou da família", no I - obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão
entanto, as alegações de que a ré passa por problemas financeiros da respectiva intimação, das procurações outorgadas aos
não são suficientes. advogados do agravante e do agravado, da petição inicial, da
contestação, da decisão originária, do depósito recursal referente ao
A referência a "sustento próprio ou da família" permite concluir que recurso que se pretende destrancar, da comprovação do
o legislador direcionou o benefício legal às pessoas naturais, recolhimento das custas e do depósito recursal a que se refere o §
notadamente aos empregados, em decorrência da notória condição 7o do art. 899 desta Consolidação;
de inferioridade econômica do trabalhador perante o detentor do
capital. (...)
Não obstante, é possível conceder-se o benefício também aos Art. 899 (...)
empregadores, ante a regra linear viabilizadora da efetiva prestação
da tutela jurisdicional (CRFB, art. 5º, XXXV). Outrossim, o art. 5º, § 7º No ato de interposição do agravo de instrumento, o
inciso LXXIV, do texto constitucional, estabelece expressamente depósito recursal corresponderá a 50% (cinquenta por cento)
que "o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos do valor do depósito do recurso ao qual se pretende
que comprovarem insuficiência de recursos", sem ressaltar qualquer destrancar.
distinção entre empregados e empregadores - sejam estes
revestidos de personalidade jurídica - de pessoa jurídica ou natural. (...)" (grifei)
Por essa razão, a supremacia da norma constitucional afasta a Assim, antes mesmo de averiguar se a agravante cumpriu o preparo
possibilidade de restrição do direito prevista em sede de lei e demais requisitos do recurso ordinário interposto, há necessidade,
ordinária, sendo este o entendimento prepoderante da seguindo a nova diretriz legal, de verificar se foi cumprida a
jurisprudência. determinação do novel §7º, do artigo 899, do Diploma Trabalhista.
Em que pese a possibilidade de os empregadores serem Dessa forma, a ausência de um dos pressupostos objetivos de
destinatários do benefício da gratuidade da justiça, penso ser admissibilidade impede o regular processamento do agravo de
indispensável a prova inequívoca da impossibilidade de arcar com instrumento, sendo, pois, imperioso que dele não se conheça, já
as despesas inerentes ao exercício da jurisdição. que não se procedeu à apresentação com a diligência necessária.
Não basta que o empregador simplesmente propale a insuficiência Em suma, para o agravo de instrumento ser conhecido, há
de recursos, é preciso, entretanto, que se demonstre efetivamente a necessidade de que a agravante efetive o pagamento de 50%
falta de recursos, já que se presume o contrário. (cinquenta por cento) do valor do depósito do recurso que
intenciona destrancar, o que, in casu, não ocorreu. Sentença
Ademais, a regência do agravo de instrumento, em sede do proferida antes da entrada em vigor da reforma trabalhista, em
processo do trabalho, foi alterada com a introdução, pela Lei n º 11/11/2017.

Brandão, Data de Julgamento: 05/10/2016, 7ª Turma, Data de
Neste sentido, segue jurisprudência: Publicação: DEJT 14/10/2016)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESERÇÃO. No tocante ao AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
empregador, a jurisprudência tem admitido a concessão da justiça REVISTA - DESERÇÃO DO RECURSO DE REVISTA - EMPRESA
gratuita, desde que comprovada, de forma inequívoca, situação EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL - BENEFÍCIO DA JUSTIÇA
econômica que o impossibilite de arcar com as despesas referentes GRATUITA - PESSOA JURÍDICA. A isenção relativa ao
às custas e ao depósito recursal. Não tendo a agravante se recolhimento do depósito recursal e das custas processuais de
desincumbido do ônus de provar a alegada miserabilidade jurídica, que trata a Súmula nº 86 deste Tribunal beneficia somente a
impõe-se o indeferimento dos benefícios da justiça gratuita. massa falida, situação que não ocorre com a empresa em
Destarte, como a reclamada não recolheu 50% do valor do recuperação judicial. Ademais, ainda que se concedesse à
depósito recursal do recurso ordinário, que se almeja reclamada o benefício em questão, o recurso de revista não seria
destrancar, desobedecendo à determinação contida no § 7º do admissível. Isso porque o benefício, preconizado na Lei nº 1.060/50
artigo 899 da CLT, o agravo de instrumento não ultrapassa o e motivado na comprovação da insuficiência econômica, tem como
juízo de admissibilidade recursal. Agravo não conhecido, por objetivo o trânsito processual livre dos custos inerentes ao
deserto. (TRT18, AIRO - 0010390-79.2016.5.18.0054, Rel. processo. No entanto, o art. 3º da mencionada lei trata apenas do
GERALDO RODRIGUES DO NASCIMENTO, 1ª TURMA, pagamento das custas processuais, não abrangendo o depósito
06/12/2016). recursal, que tem como finalidade a garantia do juízo. Precedentes.
Agravo desprovido. (Ag-AIRR - 420-62.2011.5.05.0193, Relator
Ademais, o entendimento pacificado do TST é no sentido de que os Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento:
benefícios da justiça gratuita somente são aplicáveis à pessoa 05/10/2016, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 07/10/2016)
jurídica quando comprovada, de maneira inequívoca, sua (grifei)
insuficiência econômica, e, quando concedidos, não abrangem o
depósito recursal, dada a sua natureza de garantia do juízo. Acompanho o mesmo entendimento, considerando deserto o agravo
de instrumento, por falta do depósito exigido no §7º, do artigo 899,
Neste contexto, registro, ainda, ser impossível a aplicação analógica da CLT.
da Súmula nº 86 do TST às empresas em recuperação judicial.
Com tais considerações, ante a ausência do pressuposto extrínseco
Citem-se os seguintes precedentes do TST: da regularidade formal do agravo de instrumento, deixo de conhecer
do
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA
INTERPOSTO PELA RECLAMADA EM FACE DE DECISÃO
PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.
DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. EMPREGADOR
PESSOA JURÍDICA. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. DEPÓSITO
RECURSAL. O benefício da gratuidade da Justiça pode ser
concedido ao empregador, pessoa jurídica, apenas quando
comprovada nos autos, de forma inequívoca, sua incapacidade
econômica para arcar com as despesas processuais. No caso dos
autos, não houve tal comprovação. Outrossim, a jurisprudência
desta Corte Superior firmou-se no sentido de que a Justiça
gratuita limita-se às custas processuais e não alcança o
depósito recursal, que se destina a garantir a execução e, por
isso, possui natureza jurídica diversa. Precedentes. Agravo de
instrumento a que se nega provimento. (...)(AIRR - 8009-
96.2011.5.12.0036 , Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas

do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, deixar de conhecer
o agravo de instrumento.
EMMT
Conclusão do Exmo. Sr. Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA
Tribunal, por unanimidade, deixar de conhecer o agravo de
instrumento.
Diante do exposto, deixo de conhecer o agravo de instrumento. Certifico e dou fé.

Procedência : 1ª Vara do Trabalho de Ipojuca - PE
Acórdão
Processo Nº AIRO-0000577-72.2015.5.06.0191
AGRAVANTE CONSORCIO ALUSA-CBM EMENTA
143634/SP)
AGRAVADO JOSE RONALDO ARAUJO DE
SOUZA
ADVOGADO DAYVSON JOSE SILVA
ADVOGADO Andre Frutuoso de Paula(OAB:
29250/PE)
TERCEIRO DANIEL JOSE DO NASCIMENTO
INTERESSADO
- JOSE RONALDO ARAUJO DE SOUZA
AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA.
DESTRANCAMENTO DE RECURSO ORDINÁRIO. DESERÇÃO. A
jurisprudência prevalecente no âmbito desta Corte, bem assim no C.

PODER TST é no sentido de que o benefício da justiça gratuita somente é
JUDICIÁRIO aplicável a pessoas jurídicas quando cabalmente demonstrada a
impossibilidade de arcar com as despesas processuais,
circunstância que não se presume pelo fato de a empresa se
encontrar em recuperação judicial. Ademais, o benefício não
abrange a isenção de depósito recursal trabalhista, que tem a
natureza de garantia do juízo. Sentença proferida antes da entrada
em vigor da reforma trabalhista, em 11/11/2017.Agravo de

PROC. TRT AI - 0000577-72.2015.5.06.0191
instrumento a que se nega conhecimento.
Agravante : CONSORCIO ALUSA-Cbm
Agravado : JOSE RONALDO ARAUJO DE SOUZA
Advogados : LUCIANA ARDUIN FONSECA E DAYVSON JOSE
SILVA PEREIRA

por deserção. Atuação Ex Officio
Quanto aos benefícios da Justiça Gratuita, não perco de vista que a
Vistos etc. Lei nº 1.060/1950, aplicada no processo do trabalho sob a exegese
legal dada pela Lei nº 5.584/70, os benefícios da justiça gratuita
Agravo de instrumento interposto por CONSORCIO ALUSA-CBM foram criados para favorecer os "necessitados", considerados como
contra o despacho exarado pelo MM. Juízo da 1ª Vara do Trabalho tais os que não possuem condições econômicas de pagar as custas
de Ipojuca - PE, que negou seguimento ao Recurso Ordinário do processo "sem prejuízo do sustento próprio ou da família", no
interposto nos autos da Ação Trabalhista ajuizada por JOSÉ entanto, as alegações de que a ré passa por problemas financeiros
RONALDO ARAUJO DE SOUZA, ora agravado. não são suficientes.
Nas suas razões referentes, pretende a agravante que seja A referência a "sustento próprio ou da família" permite concluir que
destrancado o recurso ordinário por ele interposto, o qual não foi o legislador direcionou o benefício legal às pessoas naturais,
conhecido pelo Juízo de 1ª instância por deserção. Assevera que se notadamente aos empregados, em decorrência da notória condição
encontra em recuperação judicial em trâmite perante a 2ª Vara de de inferioridade econômica do trabalhador perante o detentor do
Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo/SP, capital.
processo nº 1002851-64.2015.8.26.0100, estando respaldada nos
requisitos para o deferimento da concessão do benefício da Não obstante, é possível conceder-se o benefício também aos
gratuidade da justiça, nos termos da Lei 1.060/50, o qual deve ser empregadores, ante a regra linear viabilizadora da efetiva prestação
interpretado à luz do art. 5º da Constituição Federal. Transcreve da tutela jurisdicional (CRFB, art. 5º, XXXV). Outrossim, o art. 5º,
jurisprudência. Diz que não possui condições financeiras de dispor inciso LXXIV, do texto constitucional, estabelece expressamente
de tais valores sem afetar o funcionamento normal da empresa, vez que "o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos
que está direcionando todo o seu patrimônio para adimplir com o que comprovarem insuficiência de recursos", sem ressaltar qualquer
pagamento de parcelas salariais de seus empregados. Argumenta distinção entre empregados e empregadores - sejam estes
que teve seus direitos á ampla defesa e ao contraditório cerceados, revestidos de personalidade jurídica - de pessoa jurídica ou natural.
eis que não teve o seu recurso ordinário apreciado, impedindo o
acesso ao duplo grau de jurisdição e ao devido processo legal, Por essa razão, a supremacia da norma constitucional afasta a
princípios fundamentais que regem o ordenamento jurídico pátrio. possibilidade de restrição do direito prevista em sede de lei
Pede provimento. ordinária, sendo este o entendimento prepoderante da
jurisprudência.
Contraminutas ofertadas.
Em que pese a possibilidade de os empregadores serem
Não se fez necessária a remessa dos presentes autos ao d. destinatários do benefício da gratuidade da justiça, penso ser
Ministério Público do Trabalho, em face do disposto no art. 50 do indispensável a prova inequívoca da impossibilidade de arcar com
Regimento Interno deste Regional. as despesas inerentes ao exercício da jurisdição.
Ressalva-se, contudo, o direito de se pronunciar verbalmente ou Não basta que o empregador simplesmente propale a insuficiência
pedir vista regimental, se necessário, por ocasião da sessão de de recursos, é preciso, entretanto, que se demonstre efetivamente a
julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, XIII e VII, da Lei falta de recursos, já que se presume o contrário.
Complementar 75/93.
Ademais, a regência do agravo de instrumento, em sede do
É o relatório. processo do trabalho, foi alterada com a introdução, pela Lei n º
12.275, da nova redação do inciso I, do §5º, do artigo 897 e o
VOTO: acréscimo do §7º, do artigo 899, da CLT, que dispõem,
respectivamente:
Preliminarmente deixo de conhecer do agravo de instrumento

"Art. 897 (...) empregador, a jurisprudência tem admitido a concessão da justiça
gratuita, desde que comprovada, de forma inequívoca, situação
§ 5º Sob pena de não conhecimento, as partes promoverão a econômica que o impossibilite de arcar com as despesas referentes
formação do instrumento do agravo de modo a possibilitar, caso às custas e ao depósito recursal. Não tendo a agravante se
provido, o imediato julgamento do recurso denegado, instruindo a desincumbido do ônus de provar a alegada miserabilidade jurídica,
petição de interposição: impõe-se o indeferimento dos benefícios da justiça gratuita.
Destarte, como a reclamada não recolheu 50% do valor do
I - obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão depósito recursal do recurso ordinário, que se almeja
da respectiva intimação, das procurações outorgadas aos destrancar, desobedecendo à determinação contida no § 7º do
advogados do agravante e do agravado, da petição inicial, da artigo 899 da CLT, o agravo de instrumento não ultrapassa o
contestação, da decisão originária, do depósito recursal referente ao juízo de admissibilidade recursal. Agravo não conhecido, por
recurso que se pretende destrancar, da comprovação do deserto. (TRT18, AIRO - 0010390-79.2016.5.18.0054, Rel.
recolhimento das custas e do depósito recursal a que se refere o § GERALDO RODRIGUES DO NASCIMENTO, 1ª TURMA,
7o do art. 899 desta Consolidação; 06/12/2016).
(...) Ademais, o entendimento pacificado do TST é no sentido de que os
benefícios da justiça gratuita somente são aplicáveis à pessoa
Art. 899 (...) jurídica quando comprovada, de maneira inequívoca, sua
insuficiência econômica, e, quando concedidos, não abrangem o
§ 7º No ato de interposição do agravo de instrumento, o depósito recursal, dada a sua natureza de garantia do juízo.
depósito recursal corresponderá a 50% (cinquenta por cento)
do valor do depósito do recurso ao qual se pretende Neste contexto, registro, ainda, ser impossível a aplicação analógica
destrancar. da Súmula nº 86 do TST às empresas em recuperação judicial.
(...)" (grifei) Citem-se os seguintes precedentes do TST:
Assim, antes mesmo de averiguar se a agravante cumpriu o preparo AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA
e demais requisitos do recurso ordinário interposto, há necessidade, INTERPOSTO PELA RECLAMADA EM FACE DE DECISÃO
seguindo a nova diretriz legal, de verificar se foi cumprida a PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.
determinação do novel §7º, do artigo 899, do Diploma Trabalhista. DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. EMPREGADOR
PESSOA JURÍDICA. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. DEPÓSITO
Dessa forma, a ausência de um dos pressupostos objetivos de RECURSAL. O benefício da gratuidade da Justiça pode ser
admissibilidade impede o regular processamento do agravo de concedido ao empregador, pessoa jurídica, apenas quando
instrumento, sendo, pois, imperioso que dele não se conheça, já comprovada nos autos, de forma inequívoca, sua incapacidade
que não se procedeu à apresentação com a diligência necessária. econômica para arcar com as despesas processuais. No caso dos
autos, não houve tal comprovação. Outrossim, a jurisprudência
Em suma, para o agravo de instrumento ser conhecido, há desta Corte Superior firmou-se no sentido de que a Justiça
necessidade de que a agravante efetive o pagamento de 50% gratuita limita-se às custas processuais e não alcança o
(cinquenta por cento) do valor do depósito do recurso que depósito recursal, que se destina a garantir a execução e, por
intenciona destrancar, o que, in casu, não ocorreu. Sentença isso, possui natureza jurídica diversa. Precedentes. Agravo de
proferida antes da entrada em vigor da reforma trabalhista, em instrumento a que se nega provimento. (...)(AIRR - 8009-
11/11/2017. 96.2011.5.12.0036 , Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas
Brandão, Data de Julgamento: 05/10/2016, 7ª Turma, Data de
Neste sentido, segue jurisprudência: Publicação: DEJT 14/10/2016)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESERÇÃO. No tocante ao AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE

REVISTA - DESERÇÃO DO RECURSO DE REVISTA - EMPRESA
EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL - BENEFÍCIO DA JUSTIÇA
GRATUITA - PESSOA JURÍDICA. A isenção relativa ao
recolhimento do depósito recursal e das custas processuais de
que trata a Súmula nº 86 deste Tribunal beneficia somente a
massa falida, situação que não ocorre com a empresa em
recuperação judicial. Ademais, ainda que se concedesse à
reclamada o benefício em questão, o recurso de revista não seria
admissível. Isso porque o benefício, preconizado na Lei nº 1.060/50
e motivado na comprovação da insuficiência econômica, tem como
objetivo o trânsito processual livre dos custos inerentes ao
processo. No entanto, o art. 3º da mencionada lei trata apenas do
pagamento das custas processuais, não abrangendo o depósito
recursal, que tem como finalidade a garantia do juízo. Precedentes.
Agravo desprovido. (Ag-AIRR - 420-62.2011.5.05.0193, Relator
Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento:
(grifei)
Acompanho o mesmo entendimento, considerando deserto o agravo
de instrumento, por falta do depósito exigido no §7º, do artigo 899,
da CLT.
Com tais considerações, ante a ausência do pressuposto extrínseco
da regularidade formal do agravo de instrumento, deixo de conhecer
do
Conclusão
Diante do exposto, deixo de conhecer o agravo de instrumento.

Acórdão
Processo Nº RO-0000899-14.2015.5.06.0023
RECORRENTE HELIO JOSE BARBOZA MATIAS DA
SILVA
ADVOGADO ENEDSON DA SILVA BELO(OAB:
14094/PE)
RECORRIDO CAFE TRES CORACOES S.A
do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, deixar de conhecer ADVOGADO SÉRGIO LUÍS TAVARES
MARTINS(OAB: 14259/CE)
o agravo de instrumento.
ADVOGADO TARCIANO CAPIBARIBE
BARROS(OAB: 11208/CE)
ADVOGADO VOLNEY LIMEIRA LOBO(OAB:
Recife (PE), 18 de outubro de 2018. 22012/CE)
- HELIO JOSE BARBOZA MATIAS DA SILVA
EMMT PODER
JUDICIÁRIO

PROC. N.º TRT - RO - 0000899-14.2015.5.06.0023


Tribunal, por unanimidade, deixar de conhecer o agravo de
instrumento.
Recorrente : HÉLIO JOSÉ BARBOZA MATIAS DA SILVA

Recorrido : CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S.A.

Advogados : ENEDSON DA SILVA BELO, VOLNEY LIMEIRA
LOBO, TARCIANO CAPIBARIBE BARROS e SÉRGIO LUÍS
TAVARES MARTINS

Procedência : 23ª VARA DO TRABALHO DE RECIFE (PE)

RELATÓRIO
EMENTA
Vistos etc.
Recurso ordinário interposto por HÉLIO JOSÉ BARBOZA MATIAS
DA SILVA, contra sentença proferida pelo Excelentíssimo Juiz da
23ª Vara do Trabalho de Recife (PE) que julgou totalmente
improcedentes os pedidos formulados na ação trabalhista ajuizada
face CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S.A.
RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR. MOTORISTA Em razões anexas, insurge-se contra o indeferimento das horas
PROFISSIONAL. ATIVIDADE EXTERNA. CONTROLE INDIRETO extras, ao argumento de que havia subordinação a controle de
DE JORNADA PELO EMPREGADOR. INAPLICABILIDADE DO horário de trabalho. Relata que era ônus da ré comprovar os
ART. 62, INCISO I, DA CLT. I - A norma consolidada dispõe que o depósitos do FGTS, ônus do qual não se desincumbiu. Insurge-se
trabalhador externo não tem direito à remuneração do labor em ainda, contra o indeferimento ao acúmulo de funções, tento
sobrejornada, na medida em que se encontra fora da fiscalização e laborado como motorista e ajudante de carrego e descarrego do
controle por parte do empregador, não sendo possível saber ao caminhão. Por fim, requer a reforma do indeferimento ao pedido de
certo o tempo dedicado com exclusividade à empresa (exegese do dano moral, em virtude de dormir no baú do caminhão. Pede
art. 62, inciso I, da CLT). II - Observe-se, todavia, que, havendo provimento.
contratação sob a égide da Lei n° 12.619/2012, assegura-se ao
motorista profissional o direito à jornada de trabalho e tempo de Contrarrazões apresentadas.
direção controlados de maneira fidedigna pelo empregador, seja por
meio de anotação em diário de bordo, papeleta ou ficha de trabalho Desnecessária a remessa dos autos à Procuradoria Regional do
externo, seja por meios eletrônicos idôneos instalados nos veículos. Trabalho, porquanto não se vislumbra interesse público no presente
III -Assim, mantido mecanismo de controle da jornada de trabalho litígio (art.49 do Regimento Interno deste Regional).
realizada pelo empregado, deve ser afastada a incidência da norma
consolidada, aplicando-se a regra geral que determina a É o relatório.
observância do limite máximo da jornada de trabalho (CF, art. 7°,
inciso XIII), sendo devidas horas extras, quando ultrapassado este VOTO:
limite. IV - Recurso parcialmente provido.
representação processual, conheço do apelo.
Mérito

Das horas extras do intervalo intrajornada e repercussões e
reflexos das horas extras em aviso prévio, DSR, férias Por outro lado, a prova testemunhal produzida pelo autor comprova
acrescidas de 1/3, 13º salários e FGTS mais 40% e a existência de meios indiretos de fiscalização da jornada,
repercussões porquanto afirma expressamente que a rota ficava registrada no
palm, que o motorista marcava sua chegada no palm e que após
Insurge-se contra o indeferimento das horas extras, ao argumento todo cliente o motorista avisava a reclamada o horário de saída.
de que havia subordinação a controle de horário de trabalho,
estando em registros de palmtops e rastreador GPS dos caminhões. Segue trecho do depoimento da testemunha obreira (ID n° d254fdf)
Razão lhe assiste. Que a rota ficava registrada no palm; que quando o motorista
chegava no cliente marcava a sua chegada no palm; que após
O serviço externo enquadrado na exceção do art. 62, inciso I, da todo cliente que o motorista visitava ele tinha que informar à
CLT, é aquele que se caracteriza pela efetiva impossibilidade de reclamada o horário da saída, o mesmo ocorrendo com o
controle dos horários praticados pelo trabalhador. Não é a ausência reclamante; que no exercício de suas atividades o motorista
de controle, mas sim a sua impossibilidade, que caracteriza a praticava as seguintes atividades: conferência da carga do
exceção, cuja análise deve ser feita em cada caso específico trazido caminhão, descarrego de caminhão, prestação de contas dos
a juízo. O dispositivo legal não se presta a dar amparo a situações valores recebidos, realização de depósitos desses valores; que todo
abusivas e também não é um prêmio ao empregador que não os motoristas praticavam essas atividades, inclusive o depoente e
realiza o controle da jornada de trabalho dos seus empregados. reclamante; que foi indeferida a seguinte pergunta: se existia
mais algum outro tipo de controle de horário, pois foi
O só fato de trabalhar externamente não é excludente da jornada perguntado ao depoente os controles de jornada e registrada a
suplementar, uma vez que, sendo viável ao empregador verificar o sua resposta; que os caminhões eram rastreados. (Grifos
tempo de duração do percurso realizado pelo empregado, mediante Nossos)
o controle dos horários de saída e chegada, não há impossibilidade
de controle e fiscalização da jornada de trabalho. Ademais, o trabalhador foi contratado em 10/02/2012, conforme
comprova a CTPS anexada, isto é, já sob a égide da Lei n°
Em arremate: para que o empregado seja enquadrado na previsão 12.619/2012 que, no art. 2° assegura ao motorista profissional o
do inciso I do artigo 62 da CLT, necessário se faz que ele tenha sido direito à jornada de trabalho e tempo de direção controlados de
admitido para exercer atividade externa incompatível com o controle maneira fidedigna pelo empregador, seja por meio de anotação em
de sua jornada, pois o simples fato de realizar trabalho externo não diário de bordo, papeleta ou ficha de trabalho externo, seja por
implica, necessariamente, na ausência ou impossibilidade de meios eletrônicos idôneos instalados nos veículos.
casos em que o trabalho externo representa, de fato, autonomia de Sendo importante ressaltar que mesmo com evolução da lei
horário para o trabalhador, isto é, o empregado não precisa prestar destacada acima, para a lei 13.103/2015, o direito à jornada de
contas ao empregador de como desenvolve sua rotina de trabalho. trabalho e tempo de direção de maneira fidedigna pelo empregador,
foi mantido.
Assim sendo, só haverá a incompatibilidade quando restar
cabalmente demonstrado que o empregador não poderia, de forma Uma vez afastada a exceção do trabalho externo e deixando a
alguma, fiscalizar o horário de trabalho do seu empregado. recorrida de apresentar os controles de ponto destes interregnos,
impõe-se o reconhecimento como verdadeira da jornada declinada
Neste passo, alegando a empresa o labor em condições na postulação inicial, razão pela qual defiro as horas extras,
excepcionais (incompatibilidade com a fixação de horário), atraiu o inclusive de intervalo.
onus probandi, encargo do qual não se desincumbiu a contento,
pela ausência do registro obrigatório dessa condição na CTPS do Em virtude da habitualidade, são devidas as repercussões sobre o
empregado, consoante se observa dos documentos (ID n° aviso prévio, as férias, acrescidas do terço constitucional, décimo
c0ac794). terceiro salário, repouso semanal remunerado e depósitos de

FGTS. Não há se falar em aplicação da antiga Súmula 03 deste À luz das alegações da inicial (fl. 4 - ID n° e948c9a), o autor
regional, ante aos termos da OJ 394 do TST. requereu o acúmulo de funções, em virtude de que foi contratado
para a função de motorista, mais exercia diariamente as funções de
Ante o exposto dou provimento ao apelo. ajudante de cargas, sem receber qualquer valor, requerendo o valor
derivado do percentual de 30% a ser calculado a mais sobre o seu
Das Diferenças do FGTS salário como plus salarial de todo período.
Pede a reforma da sentença quanto ao indeferimento do pleito A ré, em síntese, defendeu-se negando a existência do acúmulo,
relativo as diferenças de FGTS, acrescido de 40%. Aduz que afirmando que o autor jamais acumulou as funções de ajudante de
competia à demandada o ônus probatório de demonstrar a quitação entrega com as de motorista (fl. 30/35 - ID n° 48e8e15).
dos depósitos não realizados (Súmula 461 do TST).
Uma vez negado o acúmulo de funções, o ônus da prova dos fatos
O Juízo de origem indeferiu a pretensão em comento, por concluir constitutivos do direito pertencia ao autor, por força do art. 818 da
que restou comprovado nos autos o pagamento dos depósitos CLT e 373, inciso I, do CPC.
fundiários de todos os meses de trabalho, destacando que cabia ao
demandante demonstrar onde residia a alegada diferença. No entender deste Juízo, deste ônus não se desvencilhou
satisfatoriamente. Com efeito, à luz da ata de audiência de fl.
Assiste parcial razão ao recorrente. 500/502 (ID N°d254fdf), a testemunha da parte autora não
trabalhava com o autor, pois trabalhava na capital pernambucana e
Alisando os autos, verificando os documentos de fls.108/109, nem foi precisa na comprovação que o autor exercia o acumulo de
acerca do Extrato de Conta do Fundo de Garantia - FGTS, função. Segue transcrição do depoimento:
demonstram os depósitos realizados de junho até dezembro de
2014, ou seja, restando o período de 02/2012 a 05/2014. (...) que o depoente em regra fazia entregas na capital e o
reclamante no interior; (...) que já trabalhou na mesma rota do
Pois bem. reclamante; que nessa oportunidade foi prestar socorro ao
reclamante e a Adilson; que não existe rota fixa para o motorista de
Incumbe ao réu o ônus de demonstrar a regularidade dos depósitos entrega no interior; que o socorro que o depoente se refere é ajudar
de FGTS, por se tratar de fato extintivo do direito do autor nos os motoristas na entrega em face do grande volume; (...) que o
termos do artigo 818 da CLT e do inciso II do artigo 373 do CPC, motorista que faz entrega no interior se utiliza da ajuda do chapa
bem como da Súmula 461 do TST. para fazer o descarrego nos clientes; que alguns chapas viajam
com o reclamante; que a empresa é quem dava o dinheiro para o
Assim, não comprovada a quitação por meio da análise documental, pagamento desse ajudante; (...) que a regra é o motorista "bater a
provejo o recurso para condenar a ré ao pagamento do FGTS, carga" para o chapa descarregar; que era raro acontecer de o
acrescido da multa de 40%, devendo ser abatido os valores já motorista não ter ajudante de entrega porque a empresa não
depositados, conforme extrato de fls. 108/109 dos autos. pagava; que não sabe informar quantas vezes isso aconteceu com
o reclamante; que em uma oportunidade, quando socorreu o
Do Acúmulo de Funções reclamante, levou até ele um ajudante de entrega; que já fez
entrega no interior durante toda a semana; que a empresa pagava
Insurge-se contra o indeferimento das diferenças salariais, para ajudante uma diária de R$ 30,00(..).
decorrentes do acúmulo de função, eis que desempenhava dupla
Função enquanto foi contratado para o cargo de Motorista e entre Observe-se que o auxílio dos motoristas à atividade desempenhada
os seus afazeres não estava descarrego de mercadorias vide pelo ajudante de entrega não gera direito ao plus salarial, eis que,
documento do id 5fc7fa0. nos termos do parágrafo único do art. 456 da CLT, à falta de prova
ou inexistindo cláusula expressa a respeito, entende-se que o
Vejamos. trabalhador se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a
sua condição pessoal.

conjunto probatório constante dos autos, por não se tratar o TST de
Nesse sentido é também a posição bastante consolidada do C. suposta terceira instância, mas de Juízo rigorosamente
TST, em casos análogos ao presente (acúmulo de funções para extraordinário - limites da Súmula 126/TST. Agravo de instrumento
motorista e ajudante de entrega): desprovido. (AIRR - 1138-18.2015.5.08.0005 , Relator Ministro:
Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 22/11/2017, 3ª
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. Turma, Data de Publicação: DEJT 24/11/2017)(...)
PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À
LEI 13.467/2017. 1. DIFERENÇAS DE COMISSÕES. MATÉRIA ACÚMULO DE FUNÇÃO. INOCORRÊNCIA. Do teor do acórdão
FÁTICA. SÚMULA 126/TST. 2. DIFERENÇAS SALARIAIS. extrai-se que o reclamante era motorista e não restou comprovado o
ACÚMULO DE FUNÇÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO. MATÉRIA acúmulo de função de ajudante, conferente ou outra função
FÁTICA. SÚMULA 126/TST. Função é o conjunto sistemático de administrativa por parte do autor. Realmente, o quadro fático trazido
atividades, atribuições e poderes laborativos, integrados entre si, não autoriza reconhecer acúmulo de função, pois a arrumação da
formando um todo unitário no contexto da divisão do trabalho carga dentro do caminhão ou o auxílio na descarga da mercadoria,
estruturada no estabelecimento ou na empresa. A tarefa, por sua bem como a prestação de contas ao final das entregas, não
vez, consiste em uma atividade laborativa específica, estrita e configura o exercício de função diversa, sendo compatível com a de
delimitada, existente na divisão do trabalho estruturada no motorista, nos termos do parágrafo único do art. 456 da CLT.
estabelecimento ou na empresa. É uma atribuição ou ato singular Portanto, como as razões recursais do recorrente traçam quadro
no contexto da prestação laboral. A função, pois, é um conjunto de fático diverso daquele considerado provado pelo regional, pois
tarefas que se reúnem em um todo unitário, de modo a situar o insiste que houve prova do acúmulo de funções, inviável se torna o
trabalhador em um posicionamento específico no universo da processamento da revista, ante o obstáculo da Súmula nº 126 desta
divisão do trabalho da empresa. O simples exercício de algumas Corte, a pretexto da alegada ofensa aos dispositivos legais, bem
tarefas componentes de uma outra função não traduz, como da divergência jurisprudencial transcrita. Recurso de revista
automaticamente, a ocorrência de uma efetiva alteração funcional não conhecido. (RR - 1169-80.2011.5.05.0031, Relator
no tocante ao empregado. É preciso que haja uma concentração Desembargador Convocado: Breno Medeiros, Data de Julgamento:
significativa do conjunto de tarefas integrantes da enfocada função 22/04/2015, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 24/04/2015)
para que se configure a alteração funcional objetivada. Frise-se que,
à falta de prova ou inexistindo cláusula a respeito, entende-se que o Do mesmo modo, quanto ao alegado desvio de função, sem prova
obreiro se obriga a todo e qualquer serviço compatível com a sua da alteração objetiva do contrato de trabalho, nem do desempenho
condição pessoal (art. 456, parágrafo único, da CLT). Cumpre de serviços incompatível com a natureza da atividade pactuada, não
destacar, ainda, que a CLT não exige a contratação de um salário há como inferir a ofensa à disciplina do art. 468 da CLT.
específico para remunerar cada uma das tarefas desenvolvidas,
assim como não impede que um único salário seja estabelecido Por esses fundamentos, nego provimento
para remunerar todo o elenco de atividades executadas durante a
jornada de trabalho. Na hipótese, o Tribunal Regional, a partir da Do Dano Moral
detida apreciação das provas dos autos, manteve a sentença que
indeferiu o pleito de pagamento de diferenças salariais por acúmulo Pede a condenação ao pagamento de indenização por danos
de funções, consignando que "A situação narrada pelo recorrente, morais, argumenta que restou comprovado, através de prova
portanto, é insuficiente para caracterizar o alegado acúmulo de testemunhal, que pernoitava no baú do caminhão.
funções, verificando-se, na hipótese, a situação prevista no art. 456,
parágrafo único, da CLT." Assim, diante do quadro fático delineado Com razão.
pela Corte de origem, constata-se que não houve uma
concentração significativa de tarefas pelo Reclamante, a ponto de Na petição inicial, narrou o autor que, laborando como motorista,
justificar um "plus" salarial. Portanto, afirmando a Instância realizando viagens de entregas no interior do Estado, teve que
Ordinária, quer pela sentença, quer pelo acórdão, que as atividades dormir no baú caminhão e em postos de combustíveis, pois o
desempenhadas pelo Autor eram compatíveis com sua condição caminhão não tinha sofá cama.
pessoal, torna-se inviável, em recurso de revista, reexaminar o

Apontou, ainda, que, apesar de receber valor para o custeio diário, moral ao empregado, que o mesmo dormia em caminhão equipado
o dinheiro fornecido não dava para pagar a alimentação e dormida, para pernoite.
sendo este o fator determinante para que o descanso ocorresse de
tal forma. A testemunha do autor, atestou que se dormia no baú do caminhão.
Quando da contestação, a demandada alegou que, em momento Sabe-se que é da ré os custos pela exploração da atividade
algum humilhou ou atingiu a honra ou dignidade do obreiro, econômica, de modo que, se desloca o trabalhador para cidade
destacando a inexistência de ato ilícito. distinta da residência deste, deve arcar com as despesas mínimas
para possibilitar ao empregado dormir e se alimentar dignamente,
Apreciando a controvérsia, assim decidiu o juízo de origem: sob pena de transferir os riscos do negócio jurídico ou, ainda mais
grave, atingir a dignidade humana daquele, quando sequer existe
(...) DOS DANOS MORAIS por parte do trabalhador a possibilidade de arcar com as despesas.
Persegue o demandante pagamento de danos morais ao argumento Assim, a conduta praticada pela empresa de não viabilizar lugar
de que a empresa não pagava o pernoite, de modo que tinha que para o trabalhador dormir, excede os limites de legalidade,
dormir na cabine do caminhão. atentando contra a dignidade e integridade psíquica do empregado,
degradando o ambiente de trabalho e expondo o trabalhador a
Defende a reclamada que para custear as despesas de viagens a situações humilhantes.
empresa antecipava o montante de R$ 375,00 por semana, além de
adicional de localidade no valor de R$ 100,00. Destaco que aquele que viola direito e causa dano a outrem é
obrigado a repará-lo (arts. 186, 187 e 927 do Código Civil).
Acrescenta que na hipótese de o valor concedido não custear todas
as despesas o demandante estava autorizado a retirar dinheiro que No mais, o dano moral prescinde de prova, é dano in re ipsa,
recebia dos clientes parar custeá-la, aprestando os comprovantes bastando à vítima a prova do fato que originou o dano alegado, nos
dos gastos efetuados na prestação de contas. termos do art. 373, inciso I, do CPC e art. 818 da CLT.
Segundo a teoria da responsabilidade subjetiva abraçada pelo Para a caracterização da responsabilidade civil subjetiva, é
Código Civil para que a demandada seja obrigada a pagar a imprescindível a presença conjunta dos seguintes requisitos: a) fato
indenização ora postulada se faz necessária a conjugação de três lesivo voluntário, decorrente de ação ou omissão, negligência ou
elementos: dano; ação ou omissão do agente; e relação de imprudência do agente; b) existência de dano experimentado pela
causalidade entre ação ou omissão e o dano sofrido pela vítima. vítima; e c) nexo de causalidade entre o dano e o comportamento
do agente, conforme exegese dos artigos 186 e 927 do Código Civil.
Da reclamante era o encargo probatório, do qual não se
desvencilhou, uma vez que não restaram comprovados a prática de Por seu turno, dois são os elementos constitutivos do ato ilícito: um
ato que violasse a honra do autor. Penso que o pernoite em cabine objetivo, consistente no fato material danoso e outro subjetivo, o
de caminhão, por si só não, não viola a honra do trabalhador que dolo ou a culpa, vinculados por um nexo de causalidade.
exerce a atividade de motorista de caminhão.
Em relação ao motorista, raciocínio que pode ser utilizado em
Por conseguinte, julgo improcedente o pleito de pagamento de relação aos descarregadores, o art. 235-C, § 4º, da CLT permite o
indenização por danos morais. (...) pernoite em cabine de caminhão. Transcrevo:
Ouso divergir. Art. 235-C. A jornada diária de trabalho do motorista profissional
será de 8 (oito) horas, admitindo-se a sua prorrogação por até 2
No caso, o autor sustenta que durante seu labor, "tinha que dormia (duas) horas extraordinárias ou, mediante previsão em convenção
em condições sub-humanas, geralmente no baú do caminhão". A ré ou acordo coletivo, por até 4 (quatro) horas extraordinárias.
não negou o fato em si, apenas sustentou que não causou dano

§ 1º Será considerado como trabalho efetivo o tempo em que o PRESENÇA DE PROVAS DA CONDUTA ILÍCITA DO
motorista empregado estiver à disposição do empregador, excluídos EMPREGADOR. I - A situação dos autos demonstra ser
os intervalos para refeição, repouso e descanso e o tempo de incontroverso que o obreiro, na condição de motorista, pernoitava
espera. no caminhão baú e não na cabine como resta autorizado pela
norma celetizada. II - O art. 235-C da CLT permite o pernoite de
[...] motoristas em cabine de caminhão, mas no caso sob estudo a ré
descumpriu esta regra, permitindo que o trabalhador pernoitassem
§ 4o Nas viagens de longa distância, assim consideradas aquelas no baú do veículo. III - Assim, inconteste a prática de ato ilícito, o
em que o motorista profissional empregado permanece fora da base nexo causal e o prejuízo moral, restando, pois, configurado o dever
da empresa, matriz ou filial e de sua residência por mais de 24 de indenizar, nos termos dos artigos 186 e 927 do CC. IV - Recurso
(vinte e quatro) horas, o repouso diário pode ser feito no veículo ou a que se nega provimento. (Processo: RO - 0000421-
em alojamento do empregador, do contratante do transporte, do 72.2016.5.06.0313, Redator: Sergio Torres Teixeira, Data de
embarcador ou do destinatário ou em outro local que ofereça julgamento: 21/06/2017, Primeira Turma, Data da assinatura:
condições adequadas. 28/06/2017)
No caso ora em análise, a ré descumpriu o regramento que autoriza RECURSO ORDINÁRIO. MOTORISTA DE CAMINHÃO SUJEITO À
pernoite dentro do próprio caminhão, na medida em que os PERNOITE NO PRÓPRIO VEÍCULO. EVIDÊNCIA DE
empregados eram obrigados a dormir no caminhão baú, à mercê de INSTALAÇÕES INADEQUADAS. ATO ANTIJURÍDICO. DANO
intempéries, em condições inseguras, sem possibilidade de MORAL. INDENIZAÇÃO. CABIMENTO. SUPORTE LEGAL E
descanso digno, diante do desconforto da dormida. CONSTITUCIONAL. I - A ordem jurídica protege a honra e a
imagem dos indivíduos; a ordem econômica está fundada na
Segue depoimento da testemunha ouvida em juízo, que confirmou a valorização do trabalho humano e o Estado, porque democrático,
prática denunciada pelo autor: está também alicerçado na dignidade humana e nos valores sociais
do trabalho (artigos 1º, inc. III, IV; 5º, inc. X, e 170, caput, da
(...) que o motorista, durante a viagem, pernoitava no posto de Constituição Federal). A reparação civil do dano moral visa a
gasolina dentro do caminhão; que o motorista dormia dentro do baú compensar lesões injustas que alcançam a esfera patrimonial ou
do caminhão; que foi indeferida a seguinte pergunta: se os clientes extra-patrimonial do ofendido, desde que haja a certeza do dano;
fechassem após às 18h como era feita a entrega, pois já foi esteja evidenciado o nexo de causalidade e já não tenha sido ele
esclarecido o horário que findava a jornada; que já trabalhou na reparado no momento do ajuizamento da propositura da ação pelo
mesma rota do reclamante; que nessa oportunidade foi prestar lesado. A prova em face do ato antijurídico praticado pelo
socorro ao reclamante e a Adilson; que não existe rota fixa para o empregador há de se revelar consistente, a fim de que a
motorista de entrega no interior; que o socorro que o depoente se compensação se faça justa e proporcional. Hipótese de violação de
refere é ajudar os motoristas na entrega em face do grande volume; direito, causando dano, com repercussão na vida pessoal, familiar e
que nunca dirigiu o caminhão do reclamante; que o caminhão do no meio social afeto ao trabalhador (arts. 186 e 187 do Código
reclamante não tinha sofá-cama e pelo que o depoente lembra ele Civil). II- Considera-se ferido o patrimônio moral do trabalhador,
nunca teve;(...) motorista de caminhão, quando comprovado a pernoite no próprio
veículo, sem que haja evidência de que este possua cabine-leito ou
Tal circunstância, sem dúvida, atentava contra a sua honra e seja dotado de local apropriado para a natureza e a duração do
dignidade. descanso exigido, a exemplo do que dispõem os arts. 235-D, III, da
CLT e 67-A do CTB, de acordo com as alterações promovidas pela
Apreciando controvérsias análogas a ora discutida, assim decidiu referida Lei n.º 12.619/12. III- Indenização cabível, com lastro nos
esta Turma julgadora: artigos 927, 932, inciso III do Código Civil e 5º, inciso X, da
Constituição Federal, a ser fixada pelo julgador, que levará em
DIREITO DO TRABALHO. DIREITO PROCESSUAL DO consideração a extensão do prejuízo, a capacidade econômica do
TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. MOTORISTA. PERNOITE ofensor e a repercussão social do caso. (Processo: RO - 0000392-
EM CAMINHÃO BAÚ. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. 02.2015.5.06.0331, Redator: Valeria Gondim Sampaio, Data de

julgamento: 03/03/2016, Primeira Turma, Data da assinatura:
04/03/2016)
I - RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. DIREITO DO
TRABALHO E DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS. PERNOITE EM
CAMINHÃO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. No caso dos autos, restou
demonstrado que a empresa não fornecia diária para o custeio de
um lugar para pernoite, sendo o autor obrigado a dormir no próprio
caminhão, que não tinha sequer ar-condicionado, à mercê de
intempéries, e que nestas condições não havia possibilidade de
descanso digno, diante do desconforto da dormida. Tal
circunstância, sem dúvida, atentava contra a sua honra e dignidade.
Devida, pois, a indenização por danos morais postulada sob esse
fundamento. Recurso ordinário patronal a que se nega provimento.
(Processo: RO - 0000569-63.2015.5.06.0331, Redator: Maria do
Socorro Silva Emerenciano, Data de julgamento: 31/03/2016,
Destarte, uma vez reconhecida a presença da conduta ilícita do
agente, do fato danoso, bem como do nexo causal entre a conduta
e o prejuízo causado à vítima, resta evidente o direito à reparação
pecuniária a título de danos morais pleiteada pelo autor.
Portanto, a ré deve responder pela reparação do dano moral, uma
vez que o empregador é responsável pelos atos dos seus
empregados e prepostos, no exercício do trabalho que lhes
competir, ou em razão dele, consoante artigo 932, inciso III, do
Código Civil e Súmula 341 do STF.
Deste modo, diante da presença dos requisitos caracterizadores da
responsabilidade civil, condeno a ré em pagar indenização por dano
moral, que arbitro no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), tudo Conclusão
no intuito de compensar o dano, mas não gerar enriquecimento
indevido. Aplicar o disposto na Súmula 439 do TST. Dou provimento
ao apelo.
Prequestionamento
qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação Ante o exposto, dou provimento parcial ao recurso para:
desnecessária a menção expressa a cada um deles, a teor do I - deferir as horas extras, à luz da jornada declinada na peça de
disposto na OJ n° 118 da SDI-I do TST. ingresso, inclusive a hora de intervalo não concedido, com os
percentuais convencionais, e na ausência, adotar 50%. Defiro ainda
os reflexos no aviso prévio, 13º salário, férias + 1/3, repouso

semanal remunerado e FGTS + 40%, de todo o período imprescrito; Regional do Trabalho da Sexta Região, por maioria, dar provimento
parcial ao recurso para: I - deferir as horas extras, à luz da jornada
II - deferir o pagamento das diferenças o FGTS, acrescido da multa declinada na peça de ingresso, inclusive a hora de intervalo não
de 40%, devendo ser abatido os valores já depositados, conforme concedido, com os percentuais convencionais, e na ausência,
extrato de fls. 108/109 dos autos; adotar 50%. Deferir ainda os reflexos no aviso prévio, 13º salário,
férias + 1/3, repouso semanal remunerado e FGTS + 40%, de todo
III - deferir uma indenização por dano moral, que arbitro no valor de o período imprescrito; II - deferir o pagamento das diferenças o
R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Aplicar o disposto na Súmula 439 do FGTS, acrescido da multa de 40%, devendo ser abatido os valores
TST. já depositados, conforme extrato de fls. 108/109 dos autos; III -
deferir uma indenização por dano moral, que arbitra-se no valor de
Quantum a ser apurado em liquidação, incidindo juros e correção R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Aplicar o disposto na Súmula 439 do
monetária (arts. 883 da CLT e 39 da Lei nº. 8.177/91, além das TST, vencido Exmo Desembargador Eduardo Pugliesi (que lhe
Súmulas 211 e 381 do C. TST). Observe-se o disposto na negava provimento). Quantum a ser apurado em liquidação,
Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do incidindo juros e correção monetária (arts. 883 da CLT e 39 da Lei
Trabalho e na Lei nº. 10.833/03, quanto aos recolhimentos nº. 8.177/91, além das Súmulas 211 e 381 do C. TST). Observe-se
tributários. Após a comprovação dos recolhimentos previdenciário e o disposto na Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral
fiscal pela empregadora, em prazo a ser assinalado pelo Juízo das da Justiça do Trabalho e na Lei nº. 10.833/03, quanto aos
execuções, autorizo a retenção, do crédito do autor, dos valores por recolhimentos tributários. Após a comprovação dos recolhimentos
ele devidos, consoante a Consolidação dos Provimentos da previdenciário e fiscal pela empregadora, em prazo a ser assinalado
Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho (incidência da Súmula pelo Juízo das execuções, autoriza-se a retenção, do crédito do
nº. 368 do C. TST). Para efeito do comando contido no art. 832, § autor, dos valores por ele devidos, consoante a Consolidação dos
3º, da CLT, declaro a natureza salarial das parcelas deferidas, com Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho
exceção das incidências sobre depósitos fundiários, aviso prévio e (incidência da Súmula nº. 368 do C. TST). Para efeito do comando
dano moral. Ao condeno arbitro o valor de R$ 10.000,00 (dez mil contido no art. 832, § 3º, da CLT, declara-se a natureza salarial das
reais), com custas invertidas, pela ré, no escore de R$ 200,00 (art. parcelas deferidas, com exceção das incidências sobre depósitos
789, § 1º, da CLT). Tudo nos termos e limites da fundamentação fundiários, aviso prévio e dano moral. Ao condeno arbitra-se o valor
supra. de R$ 10.000,00 (dez mil reais), com custas invertidas, pela ré, no
escore de R$ 200,00 (art. 789, § 1º, da CLT). Tudo nos termos e
EMMT
ACORDAM os Desembargadores da Primeira Turma do Tribunal publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de

Rogério Sitônio Wanderley e dos Exmos. Srs. Desembargador Acórdão

Processo Nº RO-0000899-14.2015.5.06.0023
Eduardo Pugliesi e Ibrahim Alves da Silva Filho (Juiz Titular da 1ª Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
Vara do Trabalho de Igarassu, convocado para o Gabinete Vago), RECORRENTE HELIO JOSE BARBOZA MATIAS DA
SILVA
resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por maioria, dar provimento ADVOGADO ENEDSON DA SILVA BELO(OAB:
14094/PE)
parcial ao recurso para: I - deferir as horas extras, à luz da jornada
declinada na peça de ingresso, inclusive a hora de intervalo não ADVOGADO SÉRGIO LUÍS TAVARES
concedido, com os percentuais convencionais, e na ausência,
adotar 50%. Deferir ainda os reflexos no aviso prévio, 13º salário, BARROS(OAB: 11208/CE)
férias + 1/3, repouso semanal remunerado e FGTS + 40%, de todo 22012/CE)
o período imprescrito; II - deferir o pagamento das diferenças o
FGTS, acrescido da multa de 40%, devendo ser abatido os valores
- CAFE TRES CORACOES S.A
já depositados, conforme extrato de fls. 108/109 dos autos; III -
R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Aplicar o disposto na Súmula 439 do
TST, vencido Exmo Desembargador Eduardo Pugliesi (que lhe PODER
negava provimento). Quantum a ser apurado em liquidação, JUDICIÁRIO
incidindo juros e correção monetária (arts. 883 da CLT e 39 da Lei
nº. 8.177/91, além das Súmulas 211 e 381 do C. TST). Observe-se
o disposto na Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral
da Justiça do Trabalho e na Lei nº. 10.833/03, quanto aos
recolhimentos tributários. Após a comprovação dos recolhimentos
previdenciário e fiscal pela empregadora, em prazo a ser assinalado

PROC. N.º TRT - RO - 0000899-14.2015.5.06.0023
pelo Juízo das execuções, autoriza-se a retenção, do crédito do
autor, dos valores por ele devidos, consoante a Consolidação dos

Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho
(incidência da Súmula nº. 368 do C. TST). Para efeito do comando

contido no art. 832, § 3º, da CLT, declara-se a natureza salarial das
parcelas deferidas, com exceção das incidências sobre depósitos

Recorrente : HÉLIO JOSÉ BARBOZA MATIAS DA SILVA
fundiários, aviso prévio e dano moral. Ao condeno arbitra-se o valor
de R$ 10.000,00 (dez mil reais), com custas invertidas, pela ré, no

Recorrido : CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S.A.


TAVARES MARTINS

Procedência : 23ª VARA DO TRABALHO DE RECIFE (PE)

EMENTA
Vistos etc.
Recurso ordinário interposto por HÉLIO JOSÉ BARBOZA MATIAS
DA SILVA, contra sentença proferida pelo Excelentíssimo Juiz da
23ª Vara do Trabalho de Recife (PE) que julgou totalmente
improcedentes os pedidos formulados na ação trabalhista ajuizada
face CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S.A.
RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR. MOTORISTA Em razões anexas, insurge-se contra o indeferimento das horas
PROFISSIONAL. ATIVIDADE EXTERNA. CONTROLE INDIRETO extras, ao argumento de que havia subordinação a controle de
DE JORNADA PELO EMPREGADOR. INAPLICABILIDADE DO horário de trabalho. Relata que era ônus da ré comprovar os
ART. 62, INCISO I, DA CLT. I - A norma consolidada dispõe que o depósitos do FGTS, ônus do qual não se desincumbiu. Insurge-se
trabalhador externo não tem direito à remuneração do labor em ainda, contra o indeferimento ao acúmulo de funções, tento
sobrejornada, na medida em que se encontra fora da fiscalização e laborado como motorista e ajudante de carrego e descarrego do
controle por parte do empregador, não sendo possível saber ao caminhão. Por fim, requer a reforma do indeferimento ao pedido de
certo o tempo dedicado com exclusividade à empresa (exegese do dano moral, em virtude de dormir no baú do caminhão. Pede
art. 62, inciso I, da CLT). II - Observe-se, todavia, que, havendo provimento.
contratação sob a égide da Lei n° 12.619/2012, assegura-se ao
motorista profissional o direito à jornada de trabalho e tempo de Contrarrazões apresentadas.
direção controlados de maneira fidedigna pelo empregador, seja por
meio de anotação em diário de bordo, papeleta ou ficha de trabalho Desnecessária a remessa dos autos à Procuradoria Regional do
externo, seja por meios eletrônicos idôneos instalados nos veículos. Trabalho, porquanto não se vislumbra interesse público no presente
III -Assim, mantido mecanismo de controle da jornada de trabalho litígio (art.49 do Regimento Interno deste Regional).
realizada pelo empregado, deve ser afastada a incidência da norma
consolidada, aplicando-se a regra geral que determina a É o relatório.
observância do limite máximo da jornada de trabalho (CF, art. 7°,
inciso XIII), sendo devidas horas extras, quando ultrapassado este VOTO:
limite. IV - Recurso parcialmente provido.
representação processual, conheço do apelo.
Mérito
Das horas extras do intervalo intrajornada e repercussões e
reflexos das horas extras em aviso prévio, DSR, férias
RELATÓRIO acrescidas de 1/3, 13º salários e FGTS mais 40% e
repercussões
Insurge-se contra o indeferimento das horas extras, ao argumento

de que havia subordinação a controle de horário de trabalho,
estando em registros de palmtops e rastreador GPS dos caminhões. Segue trecho do depoimento da testemunha obreira (ID n° d254fdf)
Razão lhe assiste. Que a rota ficava registrada no palm; que quando o motorista
chegava no cliente marcava a sua chegada no palm; que após
O serviço externo enquadrado na exceção do art. 62, inciso I, da todo cliente que o motorista visitava ele tinha que informar à
CLT, é aquele que se caracteriza pela efetiva impossibilidade de reclamada o horário da saída, o mesmo ocorrendo com o
controle dos horários praticados pelo trabalhador. Não é a ausência reclamante; que no exercício de suas atividades o motorista
de controle, mas sim a sua impossibilidade, que caracteriza a praticava as seguintes atividades: conferência da carga do
exceção, cuja análise deve ser feita em cada caso específico trazido caminhão, descarrego de caminhão, prestação de contas dos
a juízo. O dispositivo legal não se presta a dar amparo a situações valores recebidos, realização de depósitos desses valores; que todo
abusivas e também não é um prêmio ao empregador que não os motoristas praticavam essas atividades, inclusive o depoente e
realiza o controle da jornada de trabalho dos seus empregados. reclamante; que foi indeferida a seguinte pergunta: se existia
mais algum outro tipo de controle de horário, pois foi
O só fato de trabalhar externamente não é excludente da jornada perguntado ao depoente os controles de jornada e registrada a
suplementar, uma vez que, sendo viável ao empregador verificar o sua resposta; que os caminhões eram rastreados. (Grifos
tempo de duração do percurso realizado pelo empregado, mediante Nossos)
o controle dos horários de saída e chegada, não há impossibilidade
de controle e fiscalização da jornada de trabalho. Ademais, o trabalhador foi contratado em 10/02/2012, conforme
comprova a CTPS anexada, isto é, já sob a égide da Lei n°
Em arremate: para que o empregado seja enquadrado na previsão 12.619/2012 que, no art. 2° assegura ao motorista profissional o
do inciso I do artigo 62 da CLT, necessário se faz que ele tenha sido direito à jornada de trabalho e tempo de direção controlados de
admitido para exercer atividade externa incompatível com o controle maneira fidedigna pelo empregador, seja por meio de anotação em
de sua jornada, pois o simples fato de realizar trabalho externo não diário de bordo, papeleta ou ficha de trabalho externo, seja por
implica, necessariamente, na ausência ou impossibilidade de meios eletrônicos idôneos instalados nos veículos.
casos em que o trabalho externo representa, de fato, autonomia de Sendo importante ressaltar que mesmo com evolução da lei
horário para o trabalhador, isto é, o empregado não precisa prestar destacada acima, para a lei 13.103/2015, o direito à jornada de
contas ao empregador de como desenvolve sua rotina de trabalho. trabalho e tempo de direção de maneira fidedigna pelo empregador,
foi mantido.
Assim sendo, só haverá a incompatibilidade quando restar
cabalmente demonstrado que o empregador não poderia, de forma Uma vez afastada a exceção do trabalho externo e deixando a
alguma, fiscalizar o horário de trabalho do seu empregado. recorrida de apresentar os controles de ponto destes interregnos,
Neste passo, alegando a empresa o labor em condições na postulação inicial, razão pela qual defiro as horas extras,
excepcionais (incompatibilidade com a fixação de horário), atraiu o inclusive de intervalo.
onus probandi, encargo do qual não se desincumbiu a contento,
pela ausência do registro obrigatório dessa condição na CTPS do Em virtude da habitualidade, são devidas as repercussões sobre o
empregado, consoante se observa dos documentos (ID n° aviso prévio, as férias, acrescidas do terço constitucional, décimo
c0ac794). terceiro salário, repouso semanal remunerado e depósitos de
FGTS. Não há se falar em aplicação da antiga Súmula 03 deste
Por outro lado, a prova testemunhal produzida pelo autor comprova regional, ante aos termos da OJ 394 do TST.
a existência de meios indiretos de fiscalização da jornada,
porquanto afirma expressamente que a rota ficava registrada no Ante o exposto dou provimento ao apelo.
palm, que o motorista marcava sua chegada no palm e que após
todo cliente o motorista avisava a reclamada o horário de saída. Das Diferenças do FGTS

Pede a reforma da sentença quanto ao indeferimento do pleito A ré, em síntese, defendeu-se negando a existência do acúmulo,
relativo as diferenças de FGTS, acrescido de 40%. Aduz que afirmando que o autor jamais acumulou as funções de ajudante de
competia à demandada o ônus probatório de demonstrar a quitação entrega com as de motorista (fl. 30/35 - ID n° 48e8e15).
dos depósitos não realizados (Súmula 461 do TST).
Uma vez negado o acúmulo de funções, o ônus da prova dos fatos
O Juízo de origem indeferiu a pretensão em comento, por concluir constitutivos do direito pertencia ao autor, por força do art. 818 da
que restou comprovado nos autos o pagamento dos depósitos CLT e 373, inciso I, do CPC.
fundiários de todos os meses de trabalho, destacando que cabia ao
demandante demonstrar onde residia a alegada diferença. No entender deste Juízo, deste ônus não se desvencilhou
satisfatoriamente. Com efeito, à luz da ata de audiência de fl.
Assiste parcial razão ao recorrente. 500/502 (ID N°d254fdf), a testemunha da parte autora não
trabalhava com o autor, pois trabalhava na capital pernambucana e
Alisando os autos, verificando os documentos de fls.108/109, nem foi precisa na comprovação que o autor exercia o acumulo de
acerca do Extrato de Conta do Fundo de Garantia - FGTS, função. Segue transcrição do depoimento:
demonstram os depósitos realizados de junho até dezembro de
2014, ou seja, restando o período de 02/2012 a 05/2014. (...) que o depoente em regra fazia entregas na capital e o
reclamante no interior; (...) que já trabalhou na mesma rota do
Pois bem. reclamante; que nessa oportunidade foi prestar socorro ao
reclamante e a Adilson; que não existe rota fixa para o motorista de
Incumbe ao réu o ônus de demonstrar a regularidade dos depósitos entrega no interior; que o socorro que o depoente se refere é ajudar
de FGTS, por se tratar de fato extintivo do direito do autor nos os motoristas na entrega em face do grande volume; (...) que o
termos do artigo 818 da CLT e do inciso II do artigo 373 do CPC, motorista que faz entrega no interior se utiliza da ajuda do chapa
bem como da Súmula 461 do TST. para fazer o descarrego nos clientes; que alguns chapas viajam
com o reclamante; que a empresa é quem dava o dinheiro para o
Assim, não comprovada a quitação por meio da análise documental, pagamento desse ajudante; (...) que a regra é o motorista "bater a
provejo o recurso para condenar a ré ao pagamento do FGTS, carga" para o chapa descarregar; que era raro acontecer de o
acrescido da multa de 40%, devendo ser abatido os valores já motorista não ter ajudante de entrega porque a empresa não
depositados, conforme extrato de fls. 108/109 dos autos. pagava; que não sabe informar quantas vezes isso aconteceu com
o reclamante; que em uma oportunidade, quando socorreu o
Do Acúmulo de Funções reclamante, levou até ele um ajudante de entrega; que já fez
entrega no interior durante toda a semana; que a empresa pagava
Insurge-se contra o indeferimento das diferenças salariais, para ajudante uma diária de R$ 30,00(..).
decorrentes do acúmulo de função, eis que desempenhava dupla
Função enquanto foi contratado para o cargo de Motorista e entre Observe-se que o auxílio dos motoristas à atividade desempenhada
os seus afazeres não estava descarrego de mercadorias vide pelo ajudante de entrega não gera direito ao plus salarial, eis que,
documento do id 5fc7fa0. nos termos do parágrafo único do art. 456 da CLT, à falta de prova
ou inexistindo cláusula expressa a respeito, entende-se que o
Vejamos. trabalhador se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a
sua condição pessoal.
À luz das alegações da inicial (fl. 4 - ID n° e948c9a), o autor
requereu o acúmulo de funções, em virtude de que foi contratado Nesse sentido é também a posição bastante consolidada do C.
para a função de motorista, mais exercia diariamente as funções de TST, em casos análogos ao presente (acúmulo de funções para
ajudante de cargas, sem receber qualquer valor, requerendo o valor motorista e ajudante de entrega):
derivado do percentual de 30% a ser calculado a mais sobre o seu
salário como plus salarial de todo período. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.

PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À
LEI 13.467/2017. 1. DIFERENÇAS DE COMISSÕES. MATÉRIA ACÚMULO DE FUNÇÃO. INOCORRÊNCIA. Do teor do acórdão
FÁTICA. SÚMULA 126/TST. 2. DIFERENÇAS SALARIAIS. extrai-se que o reclamante era motorista e não restou comprovado o
ACÚMULO DE FUNÇÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO. MATÉRIA acúmulo de função de ajudante, conferente ou outra função
FÁTICA. SÚMULA 126/TST. Função é o conjunto sistemático de administrativa por parte do autor. Realmente, o quadro fático trazido
atividades, atribuições e poderes laborativos, integrados entre si, não autoriza reconhecer acúmulo de função, pois a arrumação da
formando um todo unitário no contexto da divisão do trabalho carga dentro do caminhão ou o auxílio na descarga da mercadoria,
estruturada no estabelecimento ou na empresa. A tarefa, por sua bem como a prestação de contas ao final das entregas, não
vez, consiste em uma atividade laborativa específica, estrita e configura o exercício de função diversa, sendo compatível com a de
delimitada, existente na divisão do trabalho estruturada no motorista, nos termos do parágrafo único do art. 456 da CLT.
estabelecimento ou na empresa. É uma atribuição ou ato singular Portanto, como as razões recursais do recorrente traçam quadro
no contexto da prestação laboral. A função, pois, é um conjunto de fático diverso daquele considerado provado pelo regional, pois
tarefas que se reúnem em um todo unitário, de modo a situar o insiste que houve prova do acúmulo de funções, inviável se torna o
trabalhador em um posicionamento específico no universo da processamento da revista, ante o obstáculo da Súmula nº 126 desta
divisão do trabalho da empresa. O simples exercício de algumas Corte, a pretexto da alegada ofensa aos dispositivos legais, bem
tarefas componentes de uma outra função não traduz, como da divergência jurisprudencial transcrita. Recurso de revista
automaticamente, a ocorrência de uma efetiva alteração funcional não conhecido. (RR - 1169-80.2011.5.05.0031, Relator
no tocante ao empregado. É preciso que haja uma concentração Desembargador Convocado: Breno Medeiros, Data de Julgamento:
significativa do conjunto de tarefas integrantes da enfocada função 22/04/2015, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 24/04/2015)
para que se configure a alteração funcional objetivada. Frise-se que,
à falta de prova ou inexistindo cláusula a respeito, entende-se que o Do mesmo modo, quanto ao alegado desvio de função, sem prova
obreiro se obriga a todo e qualquer serviço compatível com a sua da alteração objetiva do contrato de trabalho, nem do desempenho
condição pessoal (art. 456, parágrafo único, da CLT). Cumpre de serviços incompatível com a natureza da atividade pactuada, não
destacar, ainda, que a CLT não exige a contratação de um salário há como inferir a ofensa à disciplina do art. 468 da CLT.
específico para remunerar cada uma das tarefas desenvolvidas,
assim como não impede que um único salário seja estabelecido Por esses fundamentos, nego provimento
para remunerar todo o elenco de atividades executadas durante a
jornada de trabalho. Na hipótese, o Tribunal Regional, a partir da Do Dano Moral
detida apreciação das provas dos autos, manteve a sentença que
indeferiu o pleito de pagamento de diferenças salariais por acúmulo Pede a condenação ao pagamento de indenização por danos
de funções, consignando que "A situação narrada pelo recorrente, morais, argumenta que restou comprovado, através de prova
portanto, é insuficiente para caracterizar o alegado acúmulo de testemunhal, que pernoitava no baú do caminhão.
funções, verificando-se, na hipótese, a situação prevista no art. 456,
parágrafo único, da CLT." Assim, diante do quadro fático delineado Com razão.
pela Corte de origem, constata-se que não houve uma
concentração significativa de tarefas pelo Reclamante, a ponto de Na petição inicial, narrou o autor que, laborando como motorista,
justificar um "plus" salarial. Portanto, afirmando a Instância realizando viagens de entregas no interior do Estado, teve que
Ordinária, quer pela sentença, quer pelo acórdão, que as atividades dormir no baú caminhão e em postos de combustíveis, pois o
desempenhadas pelo Autor eram compatíveis com sua condição caminhão não tinha sofá cama.
pessoal, torna-se inviável, em recurso de revista, reexaminar o
conjunto probatório constante dos autos, por não se tratar o TST de Apontou, ainda, que, apesar de receber valor para o custeio diário,
suposta terceira instância, mas de Juízo rigorosamente o dinheiro fornecido não dava para pagar a alimentação e dormida,
extraordinário - limites da Súmula 126/TST. Agravo de instrumento sendo este o fator determinante para que o descanso ocorresse de
desprovido. (AIRR - 1138-18.2015.5.08.0005 , Relator Ministro: tal forma.
Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 22/11/2017, 3ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 24/11/2017)(...) Quando da contestação, a demandada alegou que, em momento

algum humilhou ou atingiu a honra ou dignidade do obreiro, econômica, de modo que, se desloca o trabalhador para cidade
destacando a inexistência de ato ilícito. distinta da residência deste, deve arcar com as despesas mínimas
para possibilitar ao empregado dormir e se alimentar dignamente,
Apreciando a controvérsia, assim decidiu o juízo de origem: sob pena de transferir os riscos do negócio jurídico ou, ainda mais
grave, atingir a dignidade humana daquele, quando sequer existe
(...) DOS DANOS MORAIS por parte do trabalhador a possibilidade de arcar com as despesas.
Persegue o demandante pagamento de danos morais ao argumento Assim, a conduta praticada pela empresa de não viabilizar lugar
de que a empresa não pagava o pernoite, de modo que tinha que para o trabalhador dormir, excede os limites de legalidade,
dormir na cabine do caminhão. atentando contra a dignidade e integridade psíquica do empregado,
degradando o ambiente de trabalho e expondo o trabalhador a
Defende a reclamada que para custear as despesas de viagens a situações humilhantes.
empresa antecipava o montante de R$ 375,00 por semana, além de
adicional de localidade no valor de R$ 100,00. Destaco que aquele que viola direito e causa dano a outrem é
obrigado a repará-lo (arts. 186, 187 e 927 do Código Civil).
Acrescenta que na hipótese de o valor concedido não custear todas
as despesas o demandante estava autorizado a retirar dinheiro que No mais, o dano moral prescinde de prova, é dano in re ipsa,
recebia dos clientes parar custeá-la, aprestando os comprovantes bastando à vítima a prova do fato que originou o dano alegado, nos
dos gastos efetuados na prestação de contas. termos do art. 373, inciso I, do CPC e art. 818 da CLT.
Segundo a teoria da responsabilidade subjetiva abraçada pelo Para a caracterização da responsabilidade civil subjetiva, é
Código Civil para que a demandada seja obrigada a pagar a imprescindível a presença conjunta dos seguintes requisitos: a) fato
indenização ora postulada se faz necessária a conjugação de três lesivo voluntário, decorrente de ação ou omissão, negligência ou
elementos: dano; ação ou omissão do agente; e relação de imprudência do agente; b) existência de dano experimentado pela
causalidade entre ação ou omissão e o dano sofrido pela vítima. vítima; e c) nexo de causalidade entre o dano e o comportamento
do agente, conforme exegese dos artigos 186 e 927 do Código Civil.
Da reclamante era o encargo probatório, do qual não se
desvencilhou, uma vez que não restaram comprovados a prática de Por seu turno, dois são os elementos constitutivos do ato ilícito: um
ato que violasse a honra do autor. Penso que o pernoite em cabine objetivo, consistente no fato material danoso e outro subjetivo, o
de caminhão, por si só não, não viola a honra do trabalhador que dolo ou a culpa, vinculados por um nexo de causalidade.
exerce a atividade de motorista de caminhão.
Em relação ao motorista, raciocínio que pode ser utilizado em
Por conseguinte, julgo improcedente o pleito de pagamento de relação aos descarregadores, o art. 235-C, § 4º, da CLT permite o
indenização por danos morais. (...) pernoite em cabine de caminhão. Transcrevo:
Ouso divergir. Art. 235-C. A jornada diária de trabalho do motorista profissional
será de 8 (oito) horas, admitindo-se a sua prorrogação por até 2
No caso, o autor sustenta que durante seu labor, "tinha que dormia (duas) horas extraordinárias ou, mediante previsão em convenção
em condições sub-humanas, geralmente no baú do caminhão". A ré ou acordo coletivo, por até 4 (quatro) horas extraordinárias.
moral ao empregado, que o mesmo dormia em caminhão equipado § 1º Será considerado como trabalho efetivo o tempo em que o
para pernoite. motorista empregado estiver à disposição do empregador, excluídos
os intervalos para refeição, repouso e descanso e o tempo de
A testemunha do autor, atestou que se dormia no baú do caminhão. espera.
Sabe-se que é da ré os custos pela exploração da atividade [...]

descumpriu esta regra, permitindo que o trabalhador pernoitassem
§ 4o Nas viagens de longa distância, assim consideradas aquelas no baú do veículo. III - Assim, inconteste a prática de ato ilícito, o
em que o motorista profissional empregado permanece fora da base nexo causal e o prejuízo moral, restando, pois, configurado o dever
da empresa, matriz ou filial e de sua residência por mais de 24 de indenizar, nos termos dos artigos 186 e 927 do CC. IV - Recurso
(vinte e quatro) horas, o repouso diário pode ser feito no veículo ou a que se nega provimento. (Processo: RO - 0000421-
em alojamento do empregador, do contratante do transporte, do 72.2016.5.06.0313, Redator: Sergio Torres Teixeira, Data de
embarcador ou do destinatário ou em outro local que ofereça julgamento: 21/06/2017, Primeira Turma, Data da assinatura:
condições adequadas. 28/06/2017)
No caso ora em análise, a ré descumpriu o regramento que autoriza RECURSO ORDINÁRIO. MOTORISTA DE CAMINHÃO SUJEITO À
pernoite dentro do próprio caminhão, na medida em que os PERNOITE NO PRÓPRIO VEÍCULO. EVIDÊNCIA DE
empregados eram obrigados a dormir no caminhão baú, à mercê de INSTALAÇÕES INADEQUADAS. ATO ANTIJURÍDICO. DANO
intempéries, em condições inseguras, sem possibilidade de MORAL. INDENIZAÇÃO. CABIMENTO. SUPORTE LEGAL E
descanso digno, diante do desconforto da dormida. CONSTITUCIONAL. I - A ordem jurídica protege a honra e a
imagem dos indivíduos; a ordem econômica está fundada na
Segue depoimento da testemunha ouvida em juízo, que confirmou a valorização do trabalho humano e o Estado, porque democrático,
prática denunciada pelo autor: está também alicerçado na dignidade humana e nos valores sociais
do trabalho (artigos 1º, inc. III, IV; 5º, inc. X, e 170, caput, da
(...) que o motorista, durante a viagem, pernoitava no posto de Constituição Federal). A reparação civil do dano moral visa a
gasolina dentro do caminhão; que o motorista dormia dentro do baú compensar lesões injustas que alcançam a esfera patrimonial ou
do caminhão; que foi indeferida a seguinte pergunta: se os clientes extra-patrimonial do ofendido, desde que haja a certeza do dano;
fechassem após às 18h como era feita a entrega, pois já foi esteja evidenciado o nexo de causalidade e já não tenha sido ele
esclarecido o horário que findava a jornada; que já trabalhou na reparado no momento do ajuizamento da propositura da ação pelo
mesma rota do reclamante; que nessa oportunidade foi prestar lesado. A prova em face do ato antijurídico praticado pelo
socorro ao reclamante e a Adilson; que não existe rota fixa para o empregador há de se revelar consistente, a fim de que a
motorista de entrega no interior; que o socorro que o depoente se compensação se faça justa e proporcional. Hipótese de violação de
refere é ajudar os motoristas na entrega em face do grande volume; direito, causando dano, com repercussão na vida pessoal, familiar e
que nunca dirigiu o caminhão do reclamante; que o caminhão do no meio social afeto ao trabalhador (arts. 186 e 187 do Código
reclamante não tinha sofá-cama e pelo que o depoente lembra ele Civil). II- Considera-se ferido o patrimônio moral do trabalhador,
nunca teve;(...) motorista de caminhão, quando comprovado a pernoite no próprio
veículo, sem que haja evidência de que este possua cabine-leito ou
Tal circunstância, sem dúvida, atentava contra a sua honra e seja dotado de local apropriado para a natureza e a duração do
dignidade. descanso exigido, a exemplo do que dispõem os arts. 235-D, III, da
CLT e 67-A do CTB, de acordo com as alterações promovidas pela
Apreciando controvérsias análogas a ora discutida, assim decidiu referida Lei n.º 12.619/12. III- Indenização cabível, com lastro nos
esta Turma julgadora: artigos 927, 932, inciso III do Código Civil e 5º, inciso X, da
Constituição Federal, a ser fixada pelo julgador, que levará em
DIREITO DO TRABALHO. DIREITO PROCESSUAL DO consideração a extensão do prejuízo, a capacidade econômica do
TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. MOTORISTA. PERNOITE ofensor e a repercussão social do caso. (Processo: RO - 0000392-
EM CAMINHÃO BAÚ. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. 02.2015.5.06.0331, Redator: Valeria Gondim Sampaio, Data de
PRESENÇA DE PROVAS DA CONDUTA ILÍCITA DO julgamento: 03/03/2016, Primeira Turma, Data da assinatura:
EMPREGADOR. I - A situação dos autos demonstra ser 04/03/2016)
incontroverso que o obreiro, na condição de motorista, pernoitava
no caminhão baú e não na cabine como resta autorizado pela I - RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. DIREITO DO
norma celetizada. II - O art. 235-C da CLT permite o pernoite de TRABALHO E DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS. PERNOITE EM
motoristas em cabine de caminhão, mas no caso sob estudo a ré CAMINHÃO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. No caso dos autos, restou

demonstrado que a empresa não fornecia diária para o custeio de
um lugar para pernoite, sendo o autor obrigado a dormir no próprio
caminhão, que não tinha sequer ar-condicionado, à mercê de
intempéries, e que nestas condições não havia possibilidade de
descanso digno, diante do desconforto da dormida. Tal
circunstância, sem dúvida, atentava contra a sua honra e dignidade.
Devida, pois, a indenização por danos morais postulada sob esse
fundamento. Recurso ordinário patronal a que se nega provimento.
(Processo: RO - 0000569-63.2015.5.06.0331, Redator: Maria do
Socorro Silva Emerenciano, Data de julgamento: 31/03/2016,
Destarte, uma vez reconhecida a presença da conduta ilícita do
agente, do fato danoso, bem como do nexo causal entre a conduta
e o prejuízo causado à vítima, resta evidente o direito à reparação
pecuniária a título de danos morais pleiteada pelo autor.
Portanto, a ré deve responder pela reparação do dano moral, uma
vez que o empregador é responsável pelos atos dos seus
empregados e prepostos, no exercício do trabalho que lhes
competir, ou em razão dele, consoante artigo 932, inciso III, do
Código Civil e Súmula 341 do STF.
Deste modo, diante da presença dos requisitos caracterizadores da
responsabilidade civil, condeno a ré em pagar indenização por dano
moral, que arbitro no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), tudo Conclusão
no intuito de compensar o dano, mas não gerar enriquecimento
indevido. Aplicar o disposto na Súmula 439 do TST. Dou provimento
ao apelo.
Prequestionamento
qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da legislação Ante o exposto, dou provimento parcial ao recurso para:
desnecessária a menção expressa a cada um deles, a teor do I - deferir as horas extras, à luz da jornada declinada na peça de
disposto na OJ n° 118 da SDI-I do TST. ingresso, inclusive a hora de intervalo não concedido, com os
percentuais convencionais, e na ausência, adotar 50%. Defiro ainda
os reflexos no aviso prévio, 13º salário, férias + 1/3, repouso
semanal remunerado e FGTS + 40%, de todo o período imprescrito;
II - deferir o pagamento das diferenças o FGTS, acrescido da multa
de 40%, devendo ser abatido os valores já depositados, conforme
extrato de fls. 108/109 dos autos;

III - deferir uma indenização por dano moral, que arbitro no valor de o período imprescrito; II - deferir o pagamento das diferenças o
R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Aplicar o disposto na Súmula 439 do FGTS, acrescido da multa de 40%, devendo ser abatido os valores
TST. já depositados, conforme extrato de fls. 108/109 dos autos; III -
Quantum a ser apurado em liquidação, incidindo juros e correção R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Aplicar o disposto na Súmula 439 do
monetária (arts. 883 da CLT e 39 da Lei nº. 8.177/91, além das TST, vencido Exmo Desembargador Eduardo Pugliesi (que lhe
Súmulas 211 e 381 do C. TST). Observe-se o disposto na negava provimento). Quantum a ser apurado em liquidação,
Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do incidindo juros e correção monetária (arts. 883 da CLT e 39 da Lei
Trabalho e na Lei nº. 10.833/03, quanto aos recolhimentos nº. 8.177/91, além das Súmulas 211 e 381 do C. TST). Observe-se
tributários. Após a comprovação dos recolhimentos previdenciário e o disposto na Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral
fiscal pela empregadora, em prazo a ser assinalado pelo Juízo das da Justiça do Trabalho e na Lei nº. 10.833/03, quanto aos
execuções, autorizo a retenção, do crédito do autor, dos valores por recolhimentos tributários. Após a comprovação dos recolhimentos
ele devidos, consoante a Consolidação dos Provimentos da previdenciário e fiscal pela empregadora, em prazo a ser assinalado
Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho (incidência da Súmula pelo Juízo das execuções, autoriza-se a retenção, do crédito do
nº. 368 do C. TST). Para efeito do comando contido no art. 832, § autor, dos valores por ele devidos, consoante a Consolidação dos
3º, da CLT, declaro a natureza salarial das parcelas deferidas, com Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho
exceção das incidências sobre depósitos fundiários, aviso prévio e (incidência da Súmula nº. 368 do C. TST). Para efeito do comando
dano moral. Ao condeno arbitro o valor de R$ 10.000,00 (dez mil contido no art. 832, § 3º, da CLT, declara-se a natureza salarial das
reais), com custas invertidas, pela ré, no escore de R$ 200,00 (art. parcelas deferidas, com exceção das incidências sobre depósitos
789, § 1º, da CLT). Tudo nos termos e limites da fundamentação fundiários, aviso prévio e dano moral. Ao condeno arbitra-se o valor
supra. de R$ 10.000,00 (dez mil reais), com custas invertidas, pela ré, no
EMMT
ACORDAM os Desembargadores da Primeira Turma do Tribunal publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de
Regional do Trabalho da Sexta Região, por maioria, dar provimento 12.09.2018, sob a presidência do Exmo. Desembargador SERGIO
parcial ao recurso para: I - deferir as horas extras, à luz da jornada TORRES TEIXEIRA (Relator) com a presença do Ministério Público
declinada na peça de ingresso, inclusive a hora de intervalo não do Trabalho da 6ª Região, representado pelo Exmo. Sr. Procurador
concedido, com os percentuais convencionais, e na ausência, Rogério Sitônio Wanderley e dos Exmos. Srs. Desembargador
adotar 50%. Deferir ainda os reflexos no aviso prévio, 13º salário, Eduardo Pugliesi e Ibrahim Alves da Silva Filho (Juiz Titular da 1ª
férias + 1/3, repouso semanal remunerado e FGTS + 40%, de todo Vara do Trabalho de Igarassu, convocado para o Gabinete Vago),


resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por maioria, dar provimento SILVA
parcial ao recurso para: I - deferir as horas extras, à luz da jornada 14094/PE)
declinada na peça de ingresso, inclusive a hora de intervalo não RECORRIDO CAFE TRES CORACOES S.A
ADVOGADO SÉRGIO LUÍS TAVARES
concedido, com os percentuais convencionais, e na ausência, MARTINS(OAB: 14259/CE)
adotar 50%. Deferir ainda os reflexos no aviso prévio, 13º salário, ADVOGADO TARCIANO CAPIBARIBE
férias + 1/3, repouso semanal remunerado e FGTS + 40%, de todo ADVOGADO VOLNEY LIMEIRA LOBO(OAB:
22012/CE)
o período imprescrito; II - deferir o pagamento das diferenças o
FGTS, acrescido da multa de 40%, devendo ser abatido os valores Intimado(s)/Citado(s):

já depositados, conforme extrato de fls. 108/109 dos autos; III - - HELIO JOSE BARBOZA MATIAS DA SILVA
R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Aplicar o disposto na Súmula 439 do
TST, vencido Exmo Desembargador Eduardo Pugliesi (que lhe

PODER
negava provimento). Quantum a ser apurado em liquidação,
JUDICIÁRIO
incidindo juros e correção monetária (arts. 883 da CLT e 39 da Lei
nº. 8.177/91, além das Súmulas 211 e 381 do C. TST). Observe-se
o disposto na Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral
da Justiça do Trabalho e na Lei nº. 10.833/03, quanto aos
recolhimentos tributários. Após a comprovação dos recolhimentos
previdenciário e fiscal pela empregadora, em prazo a ser assinalado
pelo Juízo das execuções, autoriza-se a retenção, do crédito do PROC. Nº. TRT - ED - 0000899-14.2015.5.06.0023
autor, dos valores por ele devidos, consoante a Consolidação dos
Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
(incidência da Súmula nº. 368 do C. TST). Para efeito do comando
contido no art. 832, § 3º, da CLT, declara-se a natureza salarial das Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA
parcelas deferidas, com exceção das incidências sobre depósitos
fundiários, aviso prévio e dano moral. Ao condeno arbitra-se o valor Embargante : CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S.A.
de R$ 10.000,00 (dez mil reais), com custas invertidas, pela ré, no
escore de R$ 200,00 (art. 789, § 1º, da CLT). Tudo nos termos e Embargado : HÉLIO JOSÉ BARBOZA MATIAS DA SILVA

Sala de Sessões, 19 de setembro de 2018. LOBO, TARCIANO CAPIBARIBE BARROS e SÉRGIO LUÍS
TAVARES MARTINS.

Procedência : PRIMEIRA TURMA DO TRT 6a REGIÃO (23ª VARA
Secretário - Substituto da 1ª Turma DO TRABALHO DE RECIFE-PE)
Acórdão
Processo Nº RO-0000899-14.2015.5.06.0023
EMENTA

horas extras, ao deixar de tecer considerações acerca da conclusão
a que chegou o magistrado de piso sobre a menor credibilidade do
depoimento da testemunha autoral. Pontua, ademais, que não
poderia este Juízo colegiado aplicar a Súmula 338 do TST,
presumindo verdadeira a jornada indicada na inicial, quando a prova
testemunhal não corrobora a tese autoral. Acrescenta, ainda, que
esta Turma não teria se manifestado acerca do argumento de
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. EMBARGOS contestação da reclamada de que haveria fruição do intervalo
DECLARATÓRIOS. REQUISITOS AUTORIZADORES. intrajornada ainda que tenha havido o afastamento do regime
INEXISTÊNCIA. I - Os embargos de declaração não se prestam a excepcional previsto no art. 62, I, da CLT. Por fim, quanto aos
discutir o acerto ou desacerto da decisão objurgada, não se danos morais, destaca que esta Corte teria incorrido em erro de fato
podendo haver por ingênua, ou simplesmente combativa, a postura ao desconsiderar que a reclamada teria negado as condições
da parte que, a pretexto de suprimir omissão e/ou contradição narradas pelo autor em sua peça vestibular (de que houve pernoite
manifestamente inexistente, busca mesmo é reformar o acórdão. II - dentro do veículo, em condições precárias), o que contrapõe-se a
Para que sejam acolhidos, devem os embargos de declaração estar decisão turmária que aponta não ter a reclamada, em verdade,
jungidos aos lindes da omissão, contradição ou equívoco no exame contraditado as alegações autorais. Pede provimento.
dos pressupostos extrínsecos de admissibilidade recursal (art. 897-
A da CLT). III - Embargos não acolhidos. É o que tinha de importante a relatar.
RELATÓRIO VOTO
Vistos etc. Conheço dos presentes embargos, eis que subscritos
tempestivamente e por advogado regularmente habilitado, razão
Embargos declaratórios opostos por CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S.A. pela qual passo a apreciar o mérito deles para rejeitá-los, de acordo
contra acórdão proferido pela MM. 1ª Turma do Tribunal Regional com os fundamentos seguintes.
do Trabalho da 6ª Região, sendo embargado HÉLIO JOSÉ
BARBOZA MATIAS DA SILVA. A reclamada aponta que esta Turma teria incorrido em omissão
quando do julgamento do tópico em que houve revisão da decisão
Nas razões dos embargos, a reclamada aponta que esta Turma do Juízo monocrático em relação às horas extras, ao deixar de tecer
teria incorrido em omissão quando do julgamento do tópico em que considerações acerca da conclusão a que chegou o magistrado de
houve revisão da decisão do Juízo monocrático em relação às piso sobre a menor credibilidade do depoimento da testemunha

autoral. palm, que o motorista marcava sua chegada no palm e que após
todo cliente o motorista avisava a reclamada o horário de saída.
Pontua, ademais, que não poderia este Juízo colegiado aplicar a
Súmula 338 do TST, presumindo verdadeira a jornada indicada na (...)
inicial, quando a prova testemunhal não corrobora a tese autoral.
Uma vez afastada a exceção do trabalho externo e deixando a
Acrescenta, ainda, que esta Turma não teria se manifestado acerca recorrida de apresentar os controles de ponto destes interregnos,
do argumento de contestação da reclamada de que haveria fruição impõe-se o reconhecimento como verdadeira da jornada declinada
do intervalo intrajornada ainda que tenha havido o afastamento do na postulação inicial, razão pela qual defiro as horas extras,
regime excepcional previsto no art. 62, I, da CLT. inclusive de intervalo."
Por fim, quanto aos danos morais, destaca que esta Corte teria Quanto ao suposto erro de fato indicado pela embargante no
incorrido em erro de fato ao desconsiderar que a reclamada teria julgamento do pleito de danos morais, mas uma vez não lhe assiste
negado as condições narradas pelo autor em sua peça vestibular razão.
(de que houve pernoite dentro do veículo, em condições precárias),
o que contrapõe-se a decisão turmária que aponta não ter a Esta Turma embasou referida condenação não só na rarefeita
reclamada, em verdade, contraditado as alegações autorais. defesa patronal sobre o específico ponto, mas também na
afirmação da testemunha autoral de que o reclamante dormia no
Sem qualquer razão. "baú do caminhão". Segue, abaixo, trecho elucidativo da decisão
turmária - ID. ac36fa5 - Pág. 7:
Quanto ao julgamento das horas extras, destaco que o principal
fundamento desta Turma para a exclusão do regime excepcional "No caso, o autor sustenta que durante seu labor, "tinha que dormia
previsto no art. 62, I, da CLT, foi a possibilidade de controle de em condições sub-humanas, geralmente no baú do caminhão". A ré
horários pela reclamada e a inexistência de registro específico na não negou o fato em si, apenas sustentou que não causou dano
CTPS do obreiro dessa condição. Ademais, tendo sido registrada a moral ao empregado, que o mesmo dormia em caminhão equipado
impossibilidade da condição de trabalhador externo sem controle de para pernoite. A testemunha do autor, atestou que se dormia no baú
horário, e não tendo trazido, a reclamada, os controles de do caminhão."
frequência, plenamente aplicável a Súmula 338 do TST, presumindo
-se verdadeira a jornada indicada na inicial, inclusive quanto ao Como visto, a pretensão patronal é a rediscussão do acervo
intervalo intrajornada. Por fim, registre-se que este Juízo vale-se de probatório; porém utiliza-se do meio processual inadequado.
trecho do depoimento da testemunha autoral em que não se Referida discussão transcende às matérias que podem ser
observa qualquer tipo de redução de credibilidade. Destaco, abaixo, deduzidas em sede embargos, já que o julgado embargado foi claro
trechos do acórdão atacado em que resta claro o posicionamento sobre os pontos.
dessa turma acerca das inexistentes omissões - ID. ac36fa5 - Pág.
3: Portanto, o acórdão não se encontra eivado de quaisquer vícios de
intelecção e, ainda que, por hipótese, tenha-se aplicado
"Neste passo, alegando a empresa o labor em condições erroneamente o direito à espécie vertida, mesmo assim o acórdão
excepcionais (incompatibilidade com a fixação de horário), atraiu o , não estaria eivado de quaisquer vícios de intelecção; haveria, quiçá,
encargo onus probandi do qual não se desincumbiu a contento, pela erro de julgamento, o que é bem diferente, comportando a
ausência do registro obrigatório dessa condição na CTPS do protocolização de recurso diverso dos declaratórios, que tem
empregado, consoante se observa dos documentos (ID n° finalidade estritamente disciplinada pelo art. 897-A da CLT.
c0ac794).
Por outro lado, a prova testemunhal produzida pelo autor comprova
a existência de meios indiretos de fiscalização da jornada, Quanto ao prequestionamento, é importante ressaltar previamente
porquanto afirma expressamente que a rota ficava registrada no que se trata de uma criação jurisprudencial, inclusive já sumulada

prequestionamento do tema sobre o qual versa um recurso é o seu
a pretensa violação de normas legais.
EMMT
Conclusão Região, representado pela Exma. Sra. Procuradora Elizabeth Veiga
e dos Exmos. Srs. Desembargadores Eduardo Pugliesi e Ibrahim

Acórdão EMENTA
Processo Nº RO-0000899-14.2015.5.06.0023
SILVA
14094/PE)
ADVOGADO SÉRGIO LUÍS TAVARES
22012/CE)
DECLARATÓRIOS. REQUISITOS AUTORIZADORES.
- CAFE TRES CORACOES S.A
INEXISTÊNCIA. I - Os embargos de declaração não se prestam a
discutir o acerto ou desacerto da decisão objurgada, não se
podendo haver por ingênua, ou simplesmente combativa, a postura

PODER da parte que, a pretexto de suprimir omissão e/ou contradição
JUDICIÁRIO manifestamente inexistente, busca mesmo é reformar o acórdão. II -
Para que sejam acolhidos, devem os embargos de declaração estar
jungidos aos lindes da omissão, contradição ou equívoco no exame
dos pressupostos extrínsecos de admissibilidade recursal (art. 897-
A da CLT). III - Embargos não acolhidos.
PROC. Nº. TRT - ED - 0000899-14.2015.5.06.0023
Embargante : CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S.A.
RELATÓRIO
Embargado : HÉLIO JOSÉ BARBOZA MATIAS DA SILVA
TAVARES MARTINS.
Procedência : PRIMEIRA TURMA DO TRT 6a REGIÃO (23ª VARA
DO TRABALHO DE RECIFE-PE)
Vistos etc.
Embargos declaratórios opostos por CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S.A.

contra acórdão proferido pela MM. 1ª Turma do Tribunal Regional com os fundamentos seguintes.
do Trabalho da 6ª Região, sendo embargado HÉLIO JOSÉ
BARBOZA MATIAS DA SILVA. A reclamada aponta que esta Turma teria incorrido em omissão
quando do julgamento do tópico em que houve revisão da decisão
Nas razões dos embargos, a reclamada aponta que esta Turma do Juízo monocrático em relação às horas extras, ao deixar de tecer
teria incorrido em omissão quando do julgamento do tópico em que considerações acerca da conclusão a que chegou o magistrado de
houve revisão da decisão do Juízo monocrático em relação às piso sobre a menor credibilidade do depoimento da testemunha
horas extras, ao deixar de tecer considerações acerca da conclusão autoral.
a que chegou o magistrado de piso sobre a menor credibilidade do
depoimento da testemunha autoral. Pontua, ademais, que não Pontua, ademais, que não poderia este Juízo colegiado aplicar a
poderia este Juízo colegiado aplicar a Súmula 338 do TST, Súmula 338 do TST, presumindo verdadeira a jornada indicada na
presumindo verdadeira a jornada indicada na inicial, quando a prova inicial, quando a prova testemunhal não corrobora a tese autoral.
testemunhal não corrobora a tese autoral. Acrescenta, ainda, que
esta Turma não teria se manifestado acerca do argumento de Acrescenta, ainda, que esta Turma não teria se manifestado acerca
contestação da reclamada de que haveria fruição do intervalo do argumento de contestação da reclamada de que haveria fruição
intrajornada ainda que tenha havido o afastamento do regime do intervalo intrajornada ainda que tenha havido o afastamento do
excepcional previsto no art. 62, I, da CLT. Por fim, quanto aos regime excepcional previsto no art. 62, I, da CLT.
danos morais, destaca que esta Corte teria incorrido em erro de fato
ao desconsiderar que a reclamada teria negado as condições Por fim, quanto aos danos morais, destaca que esta Corte teria
narradas pelo autor em sua peça vestibular (de que houve pernoite incorrido em erro de fato ao desconsiderar que a reclamada teria
dentro do veículo, em condições precárias), o que contrapõe-se a negado as condições narradas pelo autor em sua peça vestibular
decisão turmária que aponta não ter a reclamada, em verdade, (de que houve pernoite dentro do veículo, em condições precárias),
contraditado as alegações autorais. Pede provimento. o que contrapõe-se a decisão turmária que aponta não ter a
reclamada, em verdade, contraditado as alegações autorais.
Quanto ao julgamento das horas extras, destaco que o principal
fundamento desta Turma para a exclusão do regime excepcional
previsto no art. 62, I, da CLT, foi a possibilidade de controle de
horários pela reclamada e a inexistência de registro específico na
CTPS do obreiro dessa condição. Ademais, tendo sido registrada a
impossibilidade da condição de trabalhador externo sem controle de
horário, e não tendo trazido, a reclamada, os controles de
VOTO frequência, plenamente aplicável a Súmula 338 do TST, presumindo
-se verdadeira a jornada indicada na inicial, inclusive quanto ao
intervalo intrajornada. Por fim, registre-se que este Juízo vale-se de
trecho do depoimento da testemunha autoral em que não se
observa qualquer tipo de redução de credibilidade. Destaco, abaixo,
trechos do acórdão atacado em que resta claro o posicionamento
dessa turma acerca das inexistentes omissões - ID. ac36fa5 - Pág.
3:
Conheço dos presentes embargos, eis que subscritos "Neste passo, alegando a empresa o labor em condições
tempestivamente e por advogado regularmente habilitado, razão excepcionais (incompatibilidade com a fixação de horário), atraiu o ,
pela qual passo a apreciar o mérito deles para rejeitá-los, de acordo encargo onus probandi do qual não se desincumbiu a contento, pela

ausência do registro obrigatório dessa condição na CTPS do protocolização de recurso diverso dos declaratórios, que tem
empregado, consoante se observa dos documentos (ID n° finalidade estritamente disciplinada pelo art. 897-A da CLT.
c0ac794).
Por outro lado, a prova testemunhal produzida pelo autor comprova
a existência de meios indiretos de fiscalização da jornada, Quanto ao prequestionamento, é importante ressaltar previamente
porquanto afirma expressamente que a rota ficava registrada no que se trata de uma criação jurisprudencial, inclusive já sumulada
palm, que o motorista marcava sua chegada no palm e que após (Súmulas nos. 282 e 356, STF, 184 e 297, TST) e, sabidamente, o
todo cliente o motorista avisava a reclamada o horário de saída. prequestionamento do tema sobre o qual versa um recurso é o seu
(...) a pretensa violação de normas legais.
Uma vez afastada a exceção do trabalho externo e deixando a
recorrida de apresentar os controles de ponto destes interregnos,
na postulação inicial, razão pela qual defiro as horas extras,
inclusive de intervalo."
Quanto ao suposto erro de fato indicado pela embargante no
julgamento do pleito de danos morais, mas uma vez não lhe assiste
razão.
Esta Turma embasou referida condenação não só na rarefeita
defesa patronal sobre o específico ponto, mas também na
afirmação da testemunha autoral de que o reclamante dormia no
"baú do caminhão". Segue, abaixo, trecho elucidativo da decisão
turmária - ID. ac36fa5 - Pág. 7:
"No caso, o autor sustenta que durante seu labor, "tinha que dormia
em condições sub-humanas, geralmente no baú do caminhão". A ré
moral ao empregado, que o mesmo dormia em caminhão equipado
para pernoite. A testemunha do autor, atestou que se dormia no baú
do caminhão."
Como visto, a pretensão patronal é a rediscussão do acervo Conclusão
probatório; porém utiliza-se do meio processual inadequado.
Referida discussão transcende às matérias que podem ser
deduzidas em sede embargos, já que o julgado embargado foi claro
sobre os pontos.
Portanto, o acórdão não se encontra eivado de quaisquer vícios de
intelecção e, ainda que, por hipótese, tenha-se aplicado
erroneamente o direito à espécie vertida, mesmo assim o acórdão
não estaria eivado de quaisquer vícios de intelecção; haveria, quiçá, Diante do exposto, rejeito os embargos declaratórios.
erro de julgamento, o que é bem diferente, comportando a

Acórdão
Processo Nº ROPS-0000905-04.2017.5.06.0103
RECORRENTE EMILY KELLY DAMASO FARIAS
ADVOGADO DANIEL SILVA GUERRA(OAB:
33359/PE)
RECORRENTE MARINA ABELENDA OLIVEIRA LIMA
- ME
ACORDAM os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional ADVOGADO TIAGO REGIS CAVALCANTI(OAB:
37385/PE)
ADVOGADO REBECA MONTEIRO MOURA
embargos declaratórios. MAGALHAES(OAB: 41472/PE)
RECORRIDO EMILY KELLY DAMASO FARIAS
RECORRIDO MARINA ABELENDA OLIVEIRA LIMA
- ME
ADVOGADO TIAGO REGIS CAVALCANTI(OAB:
37385/PE)
MAGALHAES(OAB: 41472/PE)
Desembargador Relator Intimado(s)/Citado(s):

EMMT - EMILY KELLY DAMASO FARIAS
PODER
JUDICIÁRIO
e dos Exmos. Srs. Desembargadores Eduardo Pugliesi e Ibrahim
convocado para o Gabinete Vago), resolveu a 1ª Turma do PROC. N.º TRT. : 0000905-04.2017.5.06.0103 (RO.S.)


Relator : Des. SERGIO TORRES TEIXEIRA

Recorrentes : EMILY KELLY DAMASO FARIAS; MARINA
ABELENDA OLIVEIRA LIMA - ME

Advogados : DANIEL SILVA GUERRA; REBECA MONTEIRO
MOURA MAGALHAES; TIAGO REGIS CAVALCANTI.
Procedência : 3ª VARA DO TRABALHO DE OLINDA-PE
negar provimento ao apelo autoral e dar provimento parcial ao
recurso patronal para determinar a exclusão dos honorários
advocatícios. Quanto ao mais, mantem-se a sentença pelos seus
próprios fundamentos. Fundamentos da decisão: Dos honorários
advocatícios. Por fim, a reclamada insurge-se contra a condenação
em honorários advocatícios. Insiste que o reclamante não preenche
os requisitos indicados na Súmula 219 do TST. Com razão à
reclamada no ponto. Em relação aos honorários advocatícios, em
consonância com as Súmulas n.ºs 219 e 329 do TST, OJ n.º 305 da
SDI-I, e Lei n.º 5.584/70, no processo do trabalho, a condenação à
verba honorária não decorre de simples sucumbência (regramentos
vigentes à época da distribuição da presente ação). Em se tratando

de lide decorrente da relação de emprego, exige-se a ocorrência
Constituição Federal. Assim sendo, considerando que o
demandante se encontra assistido por advogado particular (ID.
36d023e - Pág. 1), não reuni os requisitos previstos no artigo 14 da
Lei nº. 5.584/70, sendo, portanto, indevida a verba honorária.
Destaque para a manutenção do entendimento pelo C. TST, mesmo
sob a égide do CPC de 2015, consoante se observa da nova Acórdão

Processo Nº ROPS-0000905-04.2017.5.06.0103
redação da Súmula n° 219, assim vertida: "Súmula nº 219 do TST. Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO (alterada a redação RECORRENTE EMILY KELLY DAMASO FARIAS
do item I e acrescidos os itens IV a VI na sessão do Tribunal Pleno 33359/PE)
realizada em 15.03.2016) - Res. 204/2016, DEJT divulgado em 17, RECORRENTE MARINA ABELENDA OLIVEIRA LIMA
- ME
18 e 21.03.2016 I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao ADVOGADO TIAGO REGIS CAVALCANTI(OAB:
37385/PE)
pagamento de honorários advocatícios não decorre pura e
simplesmente da sucumbência, devendo a parte, MAGALHAES(OAB: 41472/PE)
concomitantemente: a) estar assistida por sindicato da categoria
profissional; b) comprovar a percepção de salário inferior ao dobro 33359/PE)
do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não - ME
lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da ADVOGADO TIAGO REGIS CAVALCANTI(OAB:
37385/PE)
respectiva família. (art.14,§1º, da Lei nº 5.584/1970). (ex-OJ nº ADVOGADO REBECA MONTEIRO MOURA
305da SBDI-I). (...)" Dou provimento, pois, ao recurso patronal no
ponto para excluir da condenação a obrigação de pagamento dos Intimado(s)/Citado(s):

honorários advocatícios. Conclusão Diante do exposto, nego - MARINA ABELENDA OLIVEIRA LIMA - ME
provimento ao apelo autoral, ao passo que dou provimento parcial
ao recurso patronal para determinar a exclusão dos honorários
advocatícios. Quanto ao mais, mantenho a sentença pelos seus

PODER
próprios fundamentos.
JUDICIÁRIO
PROC. N.º TRT. : 0000905-04.2017.5.06.0103 (RO.S.)


Relator : Des. SERGIO TORRES TEIXEIRA
Recorrentes : EMILY KELLY DAMASO FARIAS; MARINA
SERGIO TORRES TEIXEIRA ABELENDA OLIVEIRA LIMA - ME
Desembargador Relator Recorridos : OS MESMOS
EMMT Advogados : DANIEL SILVA GUERRA; REBECA MONTEIRO

Procedência : 3ª VARA DO TRABALHO DE OLINDA-PE
negar provimento ao apelo autoral e dar provimento parcial ao
recurso patronal para determinar a exclusão dos honorários
advocatícios. Quanto ao mais, mantem-se a sentença pelos seus
próprios fundamentos. Fundamentos da decisão: Dos honorários
advocatícios. Por fim, a reclamada insurge-se contra a condenação
em honorários advocatícios. Insiste que o reclamante não preenche
os requisitos indicados na Súmula 219 do TST. Com razão à
reclamada no ponto. Em relação aos honorários advocatícios, em
consonância com as Súmulas n.ºs 219 e 329 do TST, OJ n.º 305 da
SDI-I, e Lei n.º 5.584/70, no processo do trabalho, a condenação à
verba honorária não decorre de simples sucumbência (regramentos
vigentes à época da distribuição da presente ação). Em se tratando
de lide decorrente da relação de emprego, exige-se a ocorrência
Constituição Federal. Assim sendo, considerando que o

demandante se encontra assistido por advogado particular (ID.
36d023e - Pág. 1), não reuni os requisitos previstos no artigo 14 da
Lei nº. 5.584/70, sendo, portanto, indevida a verba honorária.
Destaque para a manutenção do entendimento pelo C. TST, mesmo
sob a égide do CPC de 2015, consoante se observa da nova Acórdão

Processo Nº ROPS-0000905-04.2017.5.06.0103
redação da Súmula n° 219, assim vertida: "Súmula nº 219 do TST. Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO (alterada a redação RECORRENTE EMILY KELLY DAMASO FARIAS
do item I e acrescidos os itens IV a VI na sessão do Tribunal Pleno 33359/PE)
realizada em 15.03.2016) - Res. 204/2016, DEJT divulgado em 17, RECORRENTE MARINA ABELENDA OLIVEIRA LIMA
- ME
18 e 21.03.2016 I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao ADVOGADO TIAGO REGIS CAVALCANTI(OAB:
37385/PE)
pagamento de honorários advocatícios não decorre pura e
simplesmente da sucumbência, devendo a parte, MAGALHAES(OAB: 41472/PE)
concomitantemente: a) estar assistida por sindicato da categoria
profissional; b) comprovar a percepção de salário inferior ao dobro 33359/PE)
do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não - ME
lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da ADVOGADO TIAGO REGIS CAVALCANTI(OAB:
37385/PE)
respectiva família. (art.14,§1º, da Lei nº 5.584/1970). (ex-OJ nº ADVOGADO REBECA MONTEIRO MOURA
305da SBDI-I). (...)" Dou provimento, pois, ao recurso patronal no
ponto para excluir da condenação a obrigação de pagamento dos Intimado(s)/Citado(s):

honorários advocatícios. Conclusão Diante do exposto, nego - EMILY KELLY DAMASO FARIAS
provimento ao apelo autoral, ao passo que dou provimento parcial
ao recurso patronal para determinar a exclusão dos honorários
advocatícios. Quanto ao mais, mantenho a sentença pelos seus

PODER
próprios fundamentos.
JUDICIÁRIO
PROC. Nº. TRT : 0000905-04.2017.5.06.0103 (RO.S.-ED)


Embargantes : EMILY KELLY DAMASO FARIAS; MARINA
SERGIO TORRES TEIXEIRA ABELENDA OLIVEIRA LIMA - ME.
Desembargador Relator Embargados : OS MESMOS
EMMT Advogados : DANIEL SILVA GUERRA; REBECA MONTEIRO
Procedência : TRT - 6ª REGIÃO - 1ª TURMA (3ª VARA DO
TRABALHO DE OLINDA-PE)

(Relator) e Eduardo Pugliesi, resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por
unanimidade, rejeitar os embargos de declaração de ambas as
partes. Fundamentos da decisão: Conheço dos presentes
embargos, eis que subscritos tempestivamente e por advogados
regularmente habilitados, razão pela qual passo a apreciar o mérito
deles para rejeitá-los, de acordo com os seguintes fundamentos. Os
Embargos Declaratórios representam via processual estreita, cujo
cabimento está restrito às hipóteses previstas no art. 897-A da CLT,
quais sejam: existência de omissão e contradição no julgado e
recurso. Inadmissível, no entanto, a utilização do remédio jurídico,
ora eleito, quando as suas razões referem-se a supostos vícios, fora
das hipóteses tratadas legalmente. No caso dos embargos
interpostos pela reclamante, a mesma alegou que esta Turma teria
deixado de atentar para ausência de requisito de admissibilidade no
recurso patronal (comprovante de pagamento de preparo). Sem
razão. Verifica-se a decisão desta Turma julgadora, ao conhecer do

recurso patronal, já atentou para a concessão, em primeiro grau, embargos de declaração de ambas as partes.
dos benefícios da justiça gratuita à demandada (conforme decisão
dos embargos de declaração - ID. f33bead - Pág. 2), o que exclui a Certifico e dou fé.
necessidade de preparo de sua parte. Não há, pois, que se falar em
qualquer omissão no caso. Quanto aos embargos patronais, na Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018.
verdade, da leitura das razões dos aclaratórios, verifica-se que o
embargante demonstra, tão somente, seu inconformismo com
posicionamento desta Turma. Alegou, a ré, que houve omissão Gilberto Alexandre de Paiva Fernandes
desta Corte na análise completa das provas/fundamentos em
relação ao efetivo pedido de demissão da obreira. Registra que a Secretário Substituto da 1ª Turma
reclamante demonstrou de forma inequívoca sua vontade de não
permanecer no estabelecimento (conforme ID. 36c5369 - conversa
de WhatsApp). Ora, a decisão desta Turma restou devidamente
fundamentada e clara sobre o ponto, quando ratificou a decisão do SERGIO TORRES TEIXEIRA
Juízo de piso (ID. 0c7aad0 - Pág. 8) de que a prova citada pela Desembargador Relator
reclamada ("print" da conversa por "WhatsApp" - ID. 36c5369 - Pág. EMMT
2) não fora suficiente para demonstrar que a terminação do contrato
de trabalho se deu no dia 12.05.2018 (primeira alegação da
reclamada) ou mesmo no dia 20.05.2018. Isso porque o registro de
parte da conversa por "WhatsApp" não foi suficientemente preciso
sobre o ponto, dela podendo se concluir, apenas, a intenção da
reclamante de não mais trabalhar para a reclamada, mas não o dia
exato da terminação do contrato de trabalho. Inexiste, por
conseguinte, a omissão apontada pela reclamada-embargante.
Ainda que, por hipótese, tenha-se aplicado erroneamente o direito à Acórdão

Processo Nº ROPS-0000905-04.2017.5.06.0103
espécie vertida, o que se diz apenas para efeitos de argumentação, Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
mesmo assim o acórdão não estaria eivado de quaisquer vícios de RECORRENTE EMILY KELLY DAMASO FARIAS
intelecção; haveria, quiçá, erro de julgamento, o que é bem 33359/PE)
diferente, comportando a protocolização de recurso diverso dos RECORRENTE MARINA ABELENDA OLIVEIRA LIMA
- ME
declaratórios, que tem finalidade estritamente disciplinada pelo art. ADVOGADO TIAGO REGIS CAVALCANTI(OAB:
37385/PE)
897-A da CLT. Ressalte-se que, nos termos do entendimento
pacificado pelo C. TST, através do item I da Súmula nº. 297, a MAGALHAES(OAB: 41472/PE)
matéria já é considerada prequestionada quando houver tese
explícita adotada na decisão impugnada, restando desnecessária a 33359/PE)
oposição dos embargos declaratórios, em tais situações. A Lei - ME
13.015/14, ademais, não trouxe alteração legislação apta a superar ADVOGADO TIAGO REGIS CAVALCANTI(OAB:
37385/PE)
tal entendimento jurisprudencial. Desse modo, inexistindo omissão a ADVOGADO REBECA MONTEIRO MOURA
ser suprida, rejeito os embargos declaratórios opostos tanto pela
reclamante quanto pela reclamada. Embargos Rejeitados. Do Intimado(s)/Citado(s):

prequestionamento Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos - MARINA ABELENDA OLIVEIRA LIMA - ME
expostos na fundamentação deste julgado, o entendimento adotado
não viola qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da

PODER
expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ 118, da SDI - I
JUDICIÁRIO
do TST. Conclusão do recurso. Ante o exposto, rejeito os

PROC. Nº. TRT : 0000905-04.2017.5.06.0103 (RO.S.-ED)
Embargantes : EMILY KELLY DAMASO FARIAS; MARINA
ABELENDA OLIVEIRA LIMA - ME.
Embargados : OS MESMOS
Advogados : DANIEL SILVA GUERRA; REBECA MONTEIRO
Procedência : TRT - 6ª REGIÃO - 1ª TURMA (3ª VARA DO
TRABALHO DE OLINDA-PE)

da Exma. Sra. Desembargadora MARIA DO SOCORRO SILVA Ainda que, por hipótese, tenha-se aplicado erroneamente o direito à
EMERENCIANO, com a presença do Ministério Público do Trabalho espécie vertida, o que se diz apenas para efeitos de argumentação,
da 6ª Região, representado pela Exma. Sra. Procuradora Elizabeth mesmo assim o acórdão não estaria eivado de quaisquer vícios de
Veiga e dos Exmos. Srs. Desembargadores Sergio Torres Teixeira intelecção; haveria, quiçá, erro de julgamento, o que é bem
(Relator) e Eduardo Pugliesi, resolveu a 1ª Turma do Tribunal, por diferente, comportando a protocolização de recurso diverso dos
unanimidade, rejeitar os embargos de declaração de ambas as declaratórios, que tem finalidade estritamente disciplinada pelo art.
partes. Fundamentos da decisão: Conheço dos presentes 897-A da CLT. Ressalte-se que, nos termos do entendimento
embargos, eis que subscritos tempestivamente e por advogados pacificado pelo C. TST, através do item I da Súmula nº. 297, a
regularmente habilitados, razão pela qual passo a apreciar o mérito matéria já é considerada prequestionada quando houver tese
deles para rejeitá-los, de acordo com os seguintes fundamentos. Os explícita adotada na decisão impugnada, restando desnecessária a
Embargos Declaratórios representam via processual estreita, cujo oposição dos embargos declaratórios, em tais situações. A Lei
cabimento está restrito às hipóteses previstas no art. 897-A da CLT, 13.015/14, ademais, não trouxe alteração legislação apta a superar
quais sejam: existência de omissão e contradição no julgado e tal entendimento jurisprudencial. Desse modo, inexistindo omissão a
manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do ser suprida, rejeito os embargos declaratórios opostos tanto pela
recurso. Inadmissível, no entanto, a utilização do remédio jurídico, reclamante quanto pela reclamada. Embargos Rejeitados. Do
ora eleito, quando as suas razões referem-se a supostos vícios, fora prequestionamento Fica, desde já, esclarecido que, pelos motivos
das hipóteses tratadas legalmente. No caso dos embargos expostos na fundamentação deste julgado, o entendimento adotado
interpostos pela reclamante, a mesma alegou que esta Turma teria não viola qualquer dos dispositivos da Constituição Federal e da
deixado de atentar para ausência de requisito de admissibilidade no legislação infraconstitucional, sendo desnecessária a menção
recurso patronal (comprovante de pagamento de preparo). Sem expressa a cada um deles, a teor do disposto na OJ 118, da SDI - I
razão. Verifica-se a decisão desta Turma julgadora, ao conhecer do do TST. Conclusão do recurso. Ante o exposto, rejeito os
recurso patronal, já atentou para a concessão, em primeiro grau, embargos de declaração de ambas as partes.
dos benefícios da justiça gratuita à demandada (conforme decisão
dos embargos de declaração - ID. f33bead - Pág. 2), o que exclui a Certifico e dou fé.
necessidade de preparo de sua parte. Não há, pois, que se falar em
qualquer omissão no caso. Quanto aos embargos patronais, na Sala de Sessões, 18 de outubro de 2018.
verdade, da leitura das razões dos aclaratórios, verifica-se que o
embargante demonstra, tão somente, seu inconformismo com
posicionamento desta Turma. Alegou, a ré, que houve omissão Gilberto Alexandre de Paiva Fernandes
desta Corte na análise completa das provas/fundamentos em
relação ao efetivo pedido de demissão da obreira. Registra que a Secretário Substituto da 1ª Turma
reclamante demonstrou de forma inequívoca sua vontade de não
permanecer no estabelecimento (conforme ID. 36c5369 - conversa
de WhatsApp). Ora, a decisão desta Turma restou devidamente
fundamentada e clara sobre o ponto, quando ratificou a decisão do SERGIO TORRES TEIXEIRA
Juízo de piso (ID. 0c7aad0 - Pág. 8) de que a prova citada pela Desembargador Relator
reclamada ("print" da conversa por "WhatsApp" - ID. 36c5369 - Pág. EMMT
2) não fora suficiente para demonstrar que a terminação do contrato
de trabalho se deu no dia 12.05.2018 (primeira alegação da
reclamada) ou mesmo no dia 20.05.2018. Isso porque o registro de
parte da conversa por "WhatsApp" não foi suficientemente preciso
sobre o ponto, dela podendo se concluir, apenas, a intenção da
reclamante de não mais trabalhar para a reclamada, mas não o dia
exato da terminação do contrato de trabalho. Inexiste, por
conseguinte, a omissão apontada pela reclamada-embargante.

Acórdão PROC. Nº. TRT - AP - 0000624-36.2014.5.06.0141

Processo Nº AP-0000624-36.2014.5.06.0141
AGRAVANTE LUCIANA GONCALVES MENEZES Órgão Julgador: PRIMEIRA TURMA
ADVOGADO BARBARA FIGUEIREDO MARQUES
ADVOGADO CLAUDIO GONCALVES Relator : Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA
Agravantes : LUCIANA GONÇALVES MENEZES; EBD
ADVOGADO ROBERTA LUCIA SALSA
RICARDO(OAB: 22848/PE) NORDESTE COMÉRCIO LTDA.
AGRAVANTE EBD NORDESTE COMERCIO LTDA
ADVOGADO RODRIGO RIBEIRO FERRARI(OAB:
25923/PE) Agravados : OS MESMOS
ADVOGADO Dreicy Fraga de Souza Lima(OAB:
26751-D/PE)
ADVOGADO CARLOS HENRIQUE VIEIRA DE Advogados : ISADORA COELHO DE A. OLIVEIRA; CARLOS
ANDRADA(OAB: 12135/PE)
ADVOGADO MAURICIO DE FONTES HENRIQUE VIEIRA DE ANDRADE
AGRAVADO LUCIANA GONCALVES MENEZES
ADVOGADO BARBARA FIGUEIREDO MARQUES Procedência : 1ª VARA DO TRABALHO DE JABOATÃO DOS
GUARARAPES - PE
RICARDO(OAB: 22848/PE)
AGRAVADO EBD NORDESTE COMERCIO LTDA
25923/PE)
26751-D/PE)
ADVOGADO CARLOS HENRIQUE VIEIRA DE
ADVOGADO MAURICIO DE FONTES
AGRAVADO PLENO CONSULTORIA E SERVICOS EMENTA
LTDA - EPP
ADVOGADO FELIPE FERREIRA LIMA LINS
CALDAS(OAB: 30297/PE)
ADVOGADO ORIGENES LINS CALDAS
ADVOGADO VICTOR TAVARES MACHADO
CAVALCANTI(OAB: 33091/PE)
AGRAVADO DIFERENCIAL GESTAO EM
TERCEIRIZACAO LTDA
ADVOGADO CRISTIANE FARIAS DA ROCHA(OAB:
32174/PE)
ADVOGADO Marcilio Cordeiro Campos Junior(OAB:
16062-D/PE)
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. AGRAVO DE

PETIÇÃO. EXECUÇÃO. DECISÃO DO PROCESSO DE
- LUCIANA GONCALVES MENEZES
COGNIÇÃO. COISA JULGADA. IMUTABILIDADE E
INDISCUTIBILIDADE DO CONTEÚDO DA DECISÃO. I -O
fenômeno da coisa julgada material torna imutável e indiscutível o

PODER
conteúdo da decisão. II - Isso quer dizer que as questões discutidas
JUDICIÁRIO
no trâmite do processo e aquelas que poderiam ou deveriam ter
sido discutidas ficam acobertadas por seu manto protetor, conforme
estatuem os artigos 505 e 508 do Código de Processo Civil
(convalescimento do ato nulo). III - Impossível que na execução
possa ser revolvida matéria já acobertada pelo manto protetor da
coisa julgada, uma vez que se operou a res iudicata (exegese do

artigo 966 do CPC, onde estão elencadas as hipóteses de aplicável acaba por incorrer em mais uma inconstitucionalidade
cabimento da ação rescisória). IV - Nem por ser rescindível deixa de porque o tema já fora analisado pelo STF em sede de julgamento
ser exequível a decisão que transitou em julgado. V - Agravos não de ação direta de inconstitucionalidade, não podendo a CLT
providos. reformada incutir um índice em um dispositivo de lei, cuja
inconstitucionalidade fora declarada. Transcreve jurisprudência.
Pede provimento.
Agravo de Petição da Executada
Razões do agravo às fls. 1137/1152. Irresigna-se contra a decisão
dos embargos à execução, aduzindo a existência de excesso de
execução por ofensa à coisa julgada. Diz que a Contadoria deixou
Vistos etc. de deduzir os reajustes salariais concedidos dispostos na
convenção coletiva do SINPREVO-PE, no cômputo das diferenças.
Agravos de petição interpostos por LUCIANA GONÇALVES Afirma que fora incluída na base de cálculo das horas extras a
MENEZES e EBD NORDESTE COMÉRCIO LTDA. contra o parcela de diferença salarial, sem que houvesse tal deferimento no
despacho exarado às fls. 1130/1132, proferida pelo MM. Juízo da 1ª julgado, devendo apenas ser observada a evolução salarial. Pugna
Vara do Trabalho de Jaboatão dos Guararapes - PE, que acolheu a pela retificação da conta liquidanda para que seja considerado na
impugnação aos cálculos e julgou procedentes em parte os base de cálculo das horas extras (parte fixa), apenas o salário-base
embargos à execução opostos nos autos do processo de execução que era pago no curso do contrato, sem a diferença salarial deferida
em que contendem entre si. na sentença. Pede provimento.
Agravo de Petição da Exequente Contraminuta apresentada pela exequente às fls. 1166/1169 e pela
executada às fls. 1173/1175.
Razões do agravo às fls. 1137/1152. Insurge-se contra a decisão
dos embargos à execução que determinou a retificação das contas Desnecessária a remessa dos presentes autos ao Ministério Público
quanto às horas extras após às 18h, relativamente à integração das do Trabalho, face ao Art. 50º do Regimento Interno deste Regional.
GUELTAS na base de cálculo das referidas horas extraordinárias, Ressalva-se, contudo, o direito de se pronunciar verbalmente ou
pugnando para que fosse apuradas mais o adicional respectivo, pedir vista regimental, se necessário, por ocasião da sessão de
sendo considerada toda a remuneração da reclamante, a teor do julgamento, nos termos do art. 83, incisos II, XIII e VII, da Lei
disposto no art. 457, §1º da CLT e Súmula 264 do TST. Defende a Complementar 75/93.
aplicação do IPCA-E como índice de correção monetária. Relata
que a Segunda Turma do STF julgou improcedente a reclamação É o relatório.
(RCL 22012) ajuizada pela FENABAN contra a decisão do TST que
determinou a adoção do IPCA-E em lugar da Taxa Referencial VOTO
Diária (TRD) para atualização de débitos trabalhistas. Afirma que
prevaleceu o entendimento de que a decisão não configura Preliminarmente, em atuação de ofício, deixo de conhecer do
desrespeito ao julgamento do STF nas Ações Diretas de tópico recursal do exequente - Da aplicação do Índice IPCA-E -
Inconstitucionalidade 4357 e 4425. Assevera que a decisão do TST por inovação
e a tabela única editada pelo Conselho Superior da Justiça do
Trabalho (CSJT) estavam suspensas desde outubro de 2015 por Examinando o agravo de petição, à luz dos pressupostos genéricos
liminar do Ministro Dias Toffoli. Com seu julgamento, prevaleceu a de admissibilidade recursal, denota-se que esse não logra
divergência no sentido da improcedência da reclamação, no sentido ultrapassar com êxito o Juízo admissional neste particular, eis que a
de que a utilização de índice diverso da TR para atualização matéria nele suscitada não guarda relação com aquelas que
monetária não possui aderência com o decidido pelo STF. Pontua constituíam a irresignação manifestada na impugnação aos cálculos
que a reforma trabalhista ao mencionar que a TR é o índice ofertada às fls. 1079/1080.

pressupostos processuais, deles conheço, bem como das
Naquela peça processual a rebeldia da ré cingiu-se às diferenças contraminutas.
salariais em face do enquadramento sindical e base de cálculo das
horas extras (diferenças salariais e gueltas). MÉRITO
Agora, em sede de agravo, também incluiu sua insatisfação quanto Da Base de Cálculo das Horas Extras (matéria comum)
à aplicação do índice IPCA-E.
Defende a exequente a retificação dos cálculos quanto às horas
Neste particular, trata-se de inovação recursal, já que não foi objeto extras após às 18h, relativamente à integração das "Gueltas" na
de decisão pelo juízo primário, o que impossibilita o conhecimento base de cálculo, pugnando para que sejam apuradas as horas
do recurso, sob pena de supressão da instância. extras mais o adicional respectivo, devendo ser considerada toda a
remuneração, a teor do disposto no art. 457, § 1º da CLT e Súmula
Nesse sentido, colho da jurisprudência: 264 do TST.
AGRAVO DE PETIÇÃO. INOVAÇÃO RECURSAL. Tratando-se de A reclamada, por sua vez, sustenta que as diferenças salariais
questão formulada apenas em sede de Agravo de Petição, deferidas no comando decisório não fazem parte da base de cálculo
caracterizada está a evidente inovação em sede recursal, o que das horas extras, devendo tão somente ser observada a evolução
ensejaria a supressão de instância, de maneira que se impõe o não salarial da reclamante.
conhecimento do recurso. Agravo de petição não conhecido. (TRT-1
- AP: 00451002119965010048 RJ, Relator: Roberto Norris, Quinta Vejamos o que constou do julgado a respeito da matéria, in verbis:
Turma, Data de Publicação: 18/09/2017).
Decisão de Primeiro Grau, mantida pela Segunda Instância (fls.
AGRAVO DE PETIÇÃO. INOVAÇÃO RECURSAL. NÃO 600):
CONHECIMENTO. A tentativa da agravante em discutir matéria não
suscitada em seus embargos à execução e não analisada em Portanto, faz jus a autora às diferenças salariais, derivadas da
primeiro grau, constitui flagrante inovação recursal, vedada pelo incidência do percentual de reajuste salarial, previsto nas normas
ordenamento jurídico processual pátrio. A matéria suscitada em coletivas, cuja aplicabilidade ora se declara, deduzidos, todavia, os
grau de recurso deve limitar-se àquela abordada em instância aumentos concedidos pelo empregador, com esteio na CCT do
originária, não cabendo a parte contrária ser surpreendida com SINPREVO-PE.
novas pretensões em sede recursal, por violação ao princípio do
contraditório e da ampla defesa. Inteligência dos artigos 141 e 492 Repercute a diferença salarial sobre: aviso prévio, férias + 1/3 e 13º
do CPC/2015. (TRT-6 - Processo: AP - 0010538-30.2013.5.06.0313, salário, FGTS + 40%. Não há que se falar em incidência sobre
Redator: Gisane Barbosa de Araujo, Data de julgamento: repouso semanal remunerado, porque a diferença já é calculada
13/12/2017, Quarta Turma, Data da assinatura: 14/12/2017) sobre o salário mensal. Portanto, já com inclusão da parcela do
repouso.
Logo, a matéria ora vertida, não logra ultrapassar o juízo de
admissibilidade por inovação recursal, sob pena de incorrer na Fls. 605:
malsinada supressão de instância.
Em assim sendo, dada a natureza salarial do título, atraída a
Friso, entretanto, que inobstante a configuração da inovação incidência da Súmula 354, do C. TST. Pelo que procede o pleito de
recursal, tal questão encontra-se albergada pelo manto da coisa repercussão das "gueltas" sobre: férias + 1/3, 13º salário e FGTS +
julgada, sendo sua irresignação totalmente extemporânea neste iter 40%. Afastada a repercussão sobre aviso prévio e repouso semanal
processual. remunerado, face ao entendimento cristalizado na Súmula.
No mais, os apelos são tempestivos; as representações estão Acórdão - fls. 727:
regulares, estando garantido o juízo. Satisfeitos, assim, os demais

Destarte, dou parcial provimento ao recurso da autora para acrescer nos embargos à execução, eis que sequer opôs embargos
a condenação o pagamento das horas extraordinárias laboradas declaratórios sobre o decisum.
acima da 8ª diária e da 44ª semanal, acrescidas dos adicionais
convencionais e dos respectivos reflexos sobre o aviso prévio, as Assim, nego provimento ao apelo.
férias + 1/3, os 13º salários, o FGTS + 40% e o repouso semanal
remunerado, incidindo sobre as comissões percebidas, tão Nesta toada, tenho que a Contadoria obedeceu o comando
somente, o adicional de horas extras, e as correspondentes decisórioe, como se sabe, os limites objetivos da coisa julgada
repercussões. Exceção feita, contudo, quanto ao período em que devem ser observados pelo contador do juízo. É em sede de
participava a trabalhadora de reuniões - sextas-feiras, a partir das execução, é vedado alterar os parâmetros da decisão cognitiva.
18h00. Trata-se de vedação imposta pelo art. 879, § 1º, da CLT, que tem
por escopo impedir a violação do princípio da coisa julgada.
Quando da liquidação, deve ser observada a evolução salarial e
excluídos os dias não trabalhados. Declaro, por fim, que tal entendimento não tem o condão de violar
A base de cálculo as horas extras deve observar o que dispõe o art. estaria obrigado a se manifestar sobre toda a legislação invocada,
457 da CLT e Súmula 264 do C. TST, in verbis: bastando que forme seu convencimento e fundamente sua decisão
(art. 93, inciso IX, da CF), o que ocorreu no caso concreto.
HORA SUPLEMENTAR. CÁLCULO (mantida) - Res. 121/2003, DJ
19, 20 e 21.11.2003. A remuneração do serviço suplementar é Acrescento, enfim, que os motivos expostos na fundamentação não
composta do valor da hora normal, integrado por parcelas de violam nenhum dos dispositivos da Constituição Federal, tampouco
natureza salarial e acrescido do adicional previsto em lei, contrato, preceitos legais invocados, sendo desnecessária a menção
acordo, convenção coletiva ou sentença normativa. expressa, a cada um deles, a teor do disposto na OJ nº. 118, da SDI
-1, do C. TST.
Neste contexto, o cálculo deve contemplar todas as verbas de
natureza salarial, pagas com habitualidade, estando aí incluídas as
parcelas deferidas no comando decisório (diferenças salariais com
os reflexos no aviso prévio, férias + 1/3; 13º salários, FGTS + 40%).
Como visto, restam sem respaldo as teses das agravantes, pelo que
nego provimento aos apelos.
Da Metodologia de Apuração das Diferenças Salariais e
Enquadramento Sindical (apelo da executada)
Argumenta a executada que a perita contábil deixou de proceder
com a dedução dos reajustes concedidos de acordo com os
instrumentos coletivos do SINPREVO-PE, conforme determinado no
comando decisório.
Sem razão.
Examinando os autos, verifica-se que foram apuradas corretamente
as diferenças salariais, em conformidade com o julgado.
Ademais, não há como se sustentar a insurgência da ré aduzindo
que o juízo a quo não proferiu entendimento a respeito da matéria

EMMT
Conclusão
DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO, com a presença do
Diante do exposto, preliminarmente, deixo de conhecer do tópico Exmo. Sr. Procurador Rogério Sitônio Wanderley e dos Exmos. Srs.
recursal do apelo do exequente - Da aplicação do índice IPCA-E - Desembargador Sergio Torres Teixeira (Relator) e Ibrahim Alves
por inovação, e, no mérito, nego provimento aos apelos interpostos. Filho (Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado
unanimidade, preliminarmente, deixar de conhecer do tópico
recursal do apelo do exequente - Da aplicação do índice IPCA-E -
por inovação, e, no mérito, por unanimidade, negar provimento aos
apelos interpostos.
Regional do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, Acórdão

Processo Nº AP-0000624-36.2014.5.06.0141
preliminarmente, deixar de conhecer do tópico recursal do apelo do Relator SERGIO TORRES TEIXEIRA
exequente - Da aplicação do índice IPCA-E - por inovação, e, no AGRAVANTE LUCIANA GONCALVES MENEZES
mérito, por unanimidade, negar provimento aos apelos interpostos. DA SILVA(OAB: 35295/PE)
Recife (PE), 19 de setembro de 2018. ADVOGADO ISADORA COELHO DE AMORIM


25923/PE) Agravados : OS MESMOS
26751-D/PE)
ADVOGADO CARLOS HENRIQUE VIEIRA DE Advogados : ISADORA COELHO DE A. OLIVEIRA; CARLOS
HENRIQUE VIEIRA DE ANDRADE
DA SILVA(OAB: 35295/PE) GUARARAPES - PE
25923/PE)
26751-D/PE)
AGRAVADO PLENO CONSULTORIA E SERVICOS EMENTA
LTDA - EPP
TERCEIRIZACAO LTDA
32174/PE)
16062-D/PE)

- EBD NORDESTE COMERCIO LTDA

PODER
JUDICIÁRIO
PROC. Nº. TRT - AP - 0000624-36.2014.5.06.0141 artigo 966 do CPC, onde estão elencadas as hipóteses de
cabimento da ação rescisória). IV - Nem por ser rescindível deixa de
Órgão Julgador: PRIMEIRA TURMA ser exequível a decisão que transitou em julgado. V - Agravos não
providos.
NORDESTE COMÉRCIO LTDA.

Razões do agravo às fls. 1137/1152. Irresigna-se contra a decisão
dos embargos à execução, aduzindo a existência de excesso de
Vistos etc. de deduzir os reajustes salariais concedidos dispostos na
Agravos de petição interpostos por LUCIANA GONÇALVES Afirma que fora incluída na base de cálculo das horas extras a
MENEZES e EBD NORDESTE COMÉRCIO LTDA. contra o parcela de diferença salarial, sem que houvesse tal deferimento no
despacho exarado às fls. 1130/1132, proferida pelo MM. Juízo da 1ª julgado, devendo apenas ser observada a evolução salarial. Pugna
Vara do Trabalho de Jaboatão dos Guararapes - PE, que acolheu a pela retificação da conta liquidanda para que seja considerado na
impugnação aos cálculos e julgou procedentes em parte os base de cálculo das horas extras (parte fixa), apenas o salário-base
aplicável acaba por incorrer em mais uma inconstitucionalidade
porque o tema já fora analisado pelo STF em sede de julgamento Naquela peça processual a rebeldia da ré cingiu-se às diferenças
de ação direta de inconstitucionalidade, não podendo a CLT salariais em face do enquadramento sindical e base de cálculo das
reformada incutir um índice em um dispositivo de lei, cuja horas extras (diferenças salariais e gueltas).
Pede provimento. Agora, em sede de agravo, também incluiu sua insatisfação quanto
Neste particular, trata-se de inovação recursal, já que não foi objeto

de decisão pelo juízo primário, o que impossibilita o conhecimento base de cálculo, pugnando para que sejam apuradas as horas
do recurso, sob pena de supressão da instância. extras mais o adicional respectivo, devendo ser considerada toda a
remuneração, a teor do disposto no art. 457, § 1º da CLT e Súmula
Nesse sentido, colho da jurisprudência: 264 do TST.
AGRAVO DE PETIÇÃO. INOVAÇÃO RECURSAL. Tratando-se de A reclamada, por sua vez, sustenta que as diferenças salariais
questão formulada apenas em sede de Agravo de Petição, deferidas no comando decisório não fazem parte da base de cálculo
caracterizada está a evidente inovação em sede recursal, o que das horas extras, devendo tão somente ser observada a evolução
ensejaria a supressão de instância, de maneira que se impõe o não salarial da reclamante.
conhecimento do recurso. Agravo de petição não conhecido. (TRT-1
repouso.
pressupostos processuais, deles conheço, bem como das Destarte, dou parcial provimento ao recurso da autora para acrescer
contraminutas. a condenação o pagamento das horas extraordinárias laboradas
MÉRITO convencionais e dos respectivos reflexos sobre o aviso prévio, as
Da Base de Cálculo das Horas Extras (matéria comum) remunerado, incidindo sobre as comissões percebidas, tão
somente, o adicional de horas extras, e as correspondentes
Defende a exequente a retificação dos cálculos quanto às horas repercussões. Exceção feita, contudo, quanto ao período em que
extras após às 18h, relativamente à integração das "Gueltas" na participava a trabalhadora de reuniões - sextas-feiras, a partir das

18h00. Trata-se de vedação imposta pelo art. 879, § 1º, da CLT, que tem
Quando da liquidação, deve ser observada a evolução salarial e
excluídos os dias não trabalhados. Declaro, por fim, que tal entendimento não tem o condão de violar
A base de cálculo as horas extras deve observar o que dispõe o art. estaria obrigado a se manifestar sobre toda a legislação invocada,
457 da CLT e Súmula 264 do C. TST, in verbis: bastando que forme seu convencimento e fundamente sua decisão
(art. 93, inciso IX, da CF), o que ocorreu no caso concreto.
HORA SUPLEMENTAR. CÁLCULO (mantida) - Res. 121/2003, DJ
19, 20 e 21.11.2003. A remuneração do serviço suplementar é Acrescento, enfim, que os motivos expostos na fundamentação não
-1, do C. TST.
comando decisório.
Sem razão.
nos embargos à execução, eis que sequer opôs embargos
declaratórios sobre o decisum.
Nesta toada, tenho que a Contadoria obedeceu o comando
decisórioe, como se sabe, os limites objetivos da coisa julgada Conclusão
devem ser observados pelo contador do juízo. É em sede de
execução, é vedado alterar os parâmetros da decisão cognitiva.

Diante do exposto, preliminarmente, deixo de conhecer do tópico Exmo. Sr. Procurador Rogério Sitônio Wanderley e dos Exmos. Srs.
recursal do apelo do exequente - Da aplicação do índice IPCA-E - Desembargador Sergio Torres Teixeira (Relator) e Ibrahim Alves
por inovação, e, no mérito, nego provimento aos apelos interpostos. Filho (Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado
apelos interpostos.

Processo Nº AP-0000624-36.2014.5.06.0141
26751-D/PE)
Desembargador Relator ADVOGADO CARLOS HENRIQUE VIEIRA DE
EMMT
CERTIDÃO DE JULGAMENTO OLIVEIRA(OAB: 16455-D/PE)


25923/PE)
26751-D/PE)
OLIVEIRA(OAB: 21241/PE) EMENTA
AGRAVADO PLENO CONSULTORIA E SERVICOS
LTDA - EPP
TERCEIRIZACAO LTDA
32174/PE)
16062-D/PE)
Intimado(s)/Citado(s): PETIÇÃO. EXECUÇÃO. DECISÃO DO PROCESSO DE
- PLENO CONSULTORIA E SERVICOS LTDA - EPP COGNIÇÃO. COISA JULGADA. IMUTABILIDADE E
PODER conteúdo da decisão. II - Isso quer dizer que as questões discutidas
JUDICIÁRIO no trâmite do processo e aquelas que poderiam ou deveriam ter
artigo 966 do CPC, onde estão elencadas as hipóteses de

PROC. Nº. TRT - AP - 0000624-36.2014.5.06.0141
ser exequível a decisão que transitou em julgado. V - Agravos não

providos.
Agravados : OS MESMOS
Advogados : ISADORA COELHO DE A. OLIVEIRA; CARLOS

Vistos etc.
HENRIQUE VIEIRA DE ANDRADE
Agravos de petição interpostos por LUCIANA GONÇALVES

MENEZES e EBD NORDESTE COMÉRCIO LTDA. contra o
GUARARAPES - PE
despacho exarado às fls. 1130/1132, proferida pelo MM. Juízo da 1ª
Vara do Trabalho de Jaboatão dos Guararapes - PE, que acolheu a
impugnação aos cálculos e julgou procedentes em parte os

Razões do agravo às fls. 1137/1152. Irresigna-se contra a decisão de decisão pelo juízo primário, o que impossibilita o conhecimento
dos embargos à execução, aduzindo a existência de excesso de do recurso, sob pena de supressão da instância.
de deduzir os reajustes salariais concedidos dispostos na Nesse sentido, colho da jurisprudência:
Afirma que fora incluída na base de cálculo das horas extras a AGRAVO DE PETIÇÃO. INOVAÇÃO RECURSAL. Tratando-se de
parcela de diferença salarial, sem que houvesse tal deferimento no questão formulada apenas em sede de Agravo de Petição,
julgado, devendo apenas ser observada a evolução salarial. Pugna caracterizada está a evidente inovação em sede recursal, o que
pela retificação da conta liquidanda para que seja considerado na ensejaria a supressão de instância, de maneira que se impõe o não
base de cálculo das horas extras (parte fixa), apenas o salário-base conhecimento do recurso. Agravo de petição não conhecido. (TRT-1

repouso.
base de cálculo, pugnando para que sejam apuradas as horas 18h00.
extras mais o adicional respectivo, devendo ser considerada toda a
remuneração, a teor do disposto no art. 457, § 1º da CLT e Súmula Quando da liquidação, deve ser observada a evolução salarial e
264 do TST. excluídos os dias não trabalhados.
A reclamada, por sua vez, sustenta que as diferenças salariais A base de cálculo as horas extras deve observar o que dispõe o art.
deferidas no comando decisório não fazem parte da base de cálculo 457 da CLT e Súmula 264 do C. TST, in verbis:
das horas extras, devendo tão somente ser observada a evolução
salarial da reclamante. HORA SUPLEMENTAR. CÁLCULO (mantida) - Res. 121/2003, DJ
19, 20 e 21.11.2003. A remuneração do serviço suplementar é

-1, do C. TST.
comando decisório.
Sem razão.
Trata-se de vedação imposta pelo art. 879, § 1º, da CLT, que tem
bastando que forme seu convencimento e fundamente sua decisão Diante do exposto, preliminarmente, deixo de conhecer do tópico
(art. 93, inciso IX, da CF), o que ocorreu no caso concreto. recursal do apelo do exequente - Da aplicação do índice IPCA-E -
por inovação, e, no mérito, nego provimento aos apelos interpostos.
Acrescento, enfim, que os motivos expostos na fundamentação não

apelos interpostos.

Processo Nº AP-0000624-36.2014.5.06.0141
26751-D/PE)
Desembargador Relator ADVOGADO CARLOS HENRIQUE VIEIRA DE
EMMT
CERTIDÃO DE JULGAMENTO OLIVEIRA(OAB: 16455-D/PE)
Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, cuja pauta foi AGRAVADO EBD NORDESTE COMERCIO LTDA
publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho - DEJT de ADVOGADO RODRIGO RIBEIRO FERRARI(OAB:
25923/PE)
12.09.2018, sob a presidência da Exma. Desembargadora MARIA ADVOGADO Dreicy Fraga de Souza Lima(OAB:
26751-D/PE)
Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pelo ANDRADA(OAB: 12135/PE)
Exmo. Sr. Procurador Rogério Sitônio Wanderley e dos Exmos. Srs. OLIVEIRA(OAB: 21241/PE)
Desembargador Sergio Torres Teixeira (Relator) e Ibrahim Alves AGRAVADO PLENO CONSULTORIA E SERVICOS
LTDA - EPP
Filho (Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho de Igarassu, convocado ADVOGADO FELIPE FERREIRA LIMA LINS


TERCEIRIZACAO LTDA
32174/PE)
16062-D/PE)

- DIFERENCIAL GESTAO EM TERCEIRIZACAO LTDA

PODER
JUDICIÁRIO
PROC. Nº. TRT - AP - 0000624-36.2014.5.06.0141 artigo 966 do CPC, onde estão elencadas as hipóteses de
Órgão Julgador: PRIMEIRA TURMA ser exequível a decisão que transitou em julgado. V - Agravos não
providos.
Agravados : OS MESMOS
Advogados : ISADORA COELHO DE A. OLIVEIRA; CARLOS
HENRIQUE VIEIRA DE ANDRADE Vistos etc.
Procedência : 1ª VARA DO TRABALHO DE JABOATÃO DOS Agravos de petição interpostos por LUCIANA GONÇALVES
GUARARAPES - PE MENEZES e EBD NORDESTE COMÉRCIO LTDA. contra o
despacho exarado às fls. 1130/1132, proferida pelo MM. Juízo da 1ª
Vara do Trabalho de Jaboatão dos Guararapes - PE, que acolheu a
impugnação aos cálculos e julgou procedentes em parte os
embargos à execução opostos nos autos do processo de execução
em que contendem entre si.
Agravo de Petição da Exequente
EMENTA dos embargos à execução que determinou a retificação das contas
quanto às horas extras após às 18h, relativamente à integração das
GUELTAS na base de cálculo das referidas horas extraordinárias,

Razões do agravo às fls. 1137/1152. Irresigna-se contra a decisão de decisão pelo juízo primário, o que impossibilita o conhecimento
dos embargos à execução, aduzindo a existência de excesso de do recurso, sob pena de supressão da instância.
de deduzir os reajustes salariais concedidos dispostos na Nesse sentido, colho da jurisprudência:
Afirma que fora incluída na base de cálculo das horas extras a AGRAVO DE PETIÇÃO. INOVAÇÃO RECURSAL. Tratando-se de
parcela de diferença salarial, sem que houvesse tal deferimento no questão formulada apenas em sede de Agravo de Petição,
julgado, devendo apenas ser observada a evolução salarial. Pugna caracterizada está a evidente inovação em sede recursal, o que
pela retificação da conta liquidanda para que seja considerado na ensejaria a supressão de instância, de maneira que se impõe o não
base de cálculo das horas extras (parte fixa), apenas o salário-base conhecimento do recurso. Agravo de petição não conhecido. (TRT-1
que era pago no curso do contrato, sem a diferença salarial deferida - AP: 00451002119965010048 RJ, Relator: Roberto Norris, Quinta
na sentença. Pede provimento. Turma, Data de Publicação: 18/09/2017).
Contraminuta apresentada pela exequente às fls. 1166/1169 e pela AGRAVO DE PETIÇÃO. INOVAÇÃO RECURSAL. NÃO
executada às fls. 1173/1175. CONHECIMENTO. A tentativa da agravante em discutir matéria não
suscitada em seus embargos à execução e não analisada em
Desnecessária a remessa dos presentes autos ao Ministério Público primeiro grau, constitui flagrante inovação recursal, vedada pelo
do Trabalho, face ao Art. 50º do Regimento Interno deste Regional. ordenamento jurídico processual pátrio. A matéria suscitada em
Ressalva-se, contudo, o direito de se pronunciar verbalmente ou grau de recurso deve limitar-se àquela abordada em instância

repouso.
base de cálculo, pugnando para que sejam apuradas as horas 18h00.
extras mais o adicional respectivo, devendo ser considerada toda a
remuneração, a teor do disposto no art. 457, § 1º da CLT e Súmula Quando da liquidação, deve ser observada a evolução salarial e
264 do TST. excluídos os dias não trabalhados.
A reclamada, por sua vez, sustenta que as diferenças salariais A base de cálculo as horas extras deve observar o que dispõe o art.
deferidas no comando decisório não fazem parte da base de cálculo 457 da CLT e Súmula 264 do C. TST, in verbis:
das horas extras, devendo tão somente ser observada a evolução
salarial da reclamante. HORA SUPLEMENTAR. CÁLCULO (mantida) - Res. 121/2003, DJ
19, 20 e 21.11.2003. A remuneração do serviço suplementar é
Vejamos o que constou do julgado a respeito da matéria, in verbis: composta do valor da hora normal, integrado por parcelas de
natureza salarial e acrescido do adicional previsto em lei, contrato,
Decisão de Primeiro Grau, mantida pela Segunda Instância (fls. acordo, convenção coletiva ou sentença normativa.
600):
Portanto, faz jus a autora às diferenças salariais, derivadas da natureza salarial, pagas com habitualidade, estando aí incluídas as
incidência do percentual de reajuste salarial, previsto nas normas parcelas deferidas no comando decisório (diferenças salariais com
coletivas, cuja aplicabilidade ora se declara, deduzidos, todavia, os os reflexos no aviso prévio, férias + 1/3; 13º salários, FGTS + 40%).
aumentos concedidos pelo empregador, com esteio na CCT do

comando decisório.
Sem razão.
Trata-se de vedação imposta pelo art. 879, § 1º, da CLT, que tem
bastando que forme seu convencimento e fundamente sua decisão Diante do exposto, preliminarmente, deixo de conhecer do tópico
(art. 93, inciso IX, da CF), o que ocorreu no caso concreto. recursal do apelo do exequente - Da aplicação do índice IPCA-E -
por inovação, e, no mérito, nego provimento aos apelos interpostos.
Acrescento, enfim, que os motivos expostos na fundamentação não
violam nenhum dos dispositivos da Constituição Federal, tampouco
-1, do C. TST.


Processo Nº AP-0000624-36.2014.5.06.0141
preliminarmente, deixar de conhecer do tópico recursal do apelo do

Diario 2589 25 10 2018

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Caderno Judiciário do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região

DIÁRIO ELETRÔNICO DA JUSTIÇA DO TRABALHO

Nº2589/2018 Data da disponibilização: Quinta-feira, 25 de Outubro de 2018. DEJT Nacional

Ivan de Souza Valença Alves

Valdir José Silva de Carvalho Relatora: Desembargadora Gisane Barbosa de Araújo

Desembargador Vice-presidente do TRT da 6ª Região

Cais do Apolo, 739

Telefone(s) : (81) 32253200

Embargos declaratórios opostos por JADEÍLDA MARIA ARRUDA

Código para aferir autenticidade deste caderno: 125770

trabalhista em epígrafe. possibilidade ou não de Lei municipal transmudar a natureza de

Regime Jurídico, situação expressamente consignada na CTPS da

merece reforma para sanar erro material, pois teria considerado

quanto à possíveis violações a precedentes do TST, TRT6, e STF.

Ora, se a embargante entende que houve erro de julgamento, por

que poderá obter a modificação do julgado nem, muito menos, a

alteração do convencimento do Juízo.

Nem mesmo a título de prequestionamento, nos termos da Súmula

297, do C. TST, há o que ser declarado, sobretudo porque constou

do acórdão embargado que, "pelos motivos expostos na

fundamentação desta decisão, não houve violação aos dispositivos

constitucionais e infraconstitucionais mencionados nas razões e nas

contrarrazões, sendo desnecessária a menção expressa a cada um

deles, a teor da Orientação Jurisprudencial 118, da SDI-I, do C.

TST", registrando-se, outrossim, que "foram enfrentadas todas as

teses trazidas pelas partes que, porventura, pudessem influenciar

na formação da convicção deste órgão julgador colegiado e/ou

alterar a conclusão adotada, não se amoldando o presente decisum

a qualquer das hipóteses previstas no art. 489, §1º, do NCPC,

considerados os termos do art. 15, da Instrução Normativa n.º

A simples leitura da peça dos embargos em apreço demonstra, por

si só, que os aclaratórios não foram opostos para sanar omissão,

No acórdão revisando constou expressamente as razões pelas

quais não foi reconhecido o pleito autoral, inclusive com exposição

de arestos jurisprudenciais lavrados pelo C.TST - dentre os quais

incluiu-se ementa referente ao julgamento da ArgInc - 105100-

93.1996.5.04.0018 - e pelas Turmas deste E.TRT.

Código para aferir autenticidade deste caderno: 125770

Paulo César Martins Rabêlo

Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, sob a presidência

da Exmª. Srª. Desembargadora GISANE BARBOSA DE ARAÚJO PODER

(Relatora), com a presença do Ministério Público do Trabalho da 6ª JUDICIÁRIO

Região, representado pela Exmª. Srª. Procuradora Elizabeth Veiga

Chaves, e dos Exmº(s). Sr(s). Desembargadores Nise Pedroso Lins

de Sousa e José Luciano Alexo da Silva, foi julgado o processo em

epígrafe nos termos do dispositivo supramencionado.

PROC. Nº TRT - 0000003-58.2018.5.06.0251 (ED ref. RO)

Certifico e dou fé.

Relatora: Desembargadora Gisane Barbosa de Araújo

Sala de Sessões, 23 de agosto de 2018.

Código para aferir autenticidade deste caderno: 125770

Embargado: MUNICÍPIO DE SURUBIM

Advogados: JOSIVAL RAMOS DA SILVA; OSMAR HENRIQUE

FERREIRA E SILVA DE AZEVEDO UMBELINO e RAFAEL GOMES

Procedência: Vara Única do Trabalho de Limoeiro - PE

EMENTA: EMBARGOS DECLARATÓRIOS. HIPÓTESES DE

CABIMENTO. O cabimento dos embargos declaratórios restringe-

se aos casos em que há omissão, contradição ou obscuridade do

julgado. Inviável seu manejo para reapreciação da matéria decidida. VOTO:

A simples leitura da peça dos embargos em apreço demonstra, por

si só, que os aclaratórios não foram opostos para sanar omissão,

No acórdão revisando constou expressamente as razões pelas