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Redação Oficial

Prof.: Maria Tereza Faria


Redação Oficial MPE

Edital: Semântica (significado de palavras e expressões; relações de sinonímia e antonímia;


denotação e conotação), Intelecção de Textos (análise e interpretação de textos; tipos de texto;
estrutura textual; relação entre ideias – coesão e coerência; recursos coesivos; ponto de vista do
autor; ideia central e ideias convergentes; informações literais e pressupostas; inferências) e
Redação Oficial.

REDAÇÃO OFICIAL
Correspondência Oficial: maneira pela qual o Poder Público (artigo 37 da Constituição:
"administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios) redige atos normativos e comunicações.

Redação Oficial

Características (atributos decorrentes da Constituição)

 Impessoalidade: ausência de impressões individuais de quem comunica; tratamento


homogêneo e impessoal do destinatário.
 Uso do padrão culto de linguagem: observação das regras da gramática formal e emprego
de vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma (ausência de diferenças lexicais,
morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das idiossincrasias
linguísticas). O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre
sua compreensão limitada.
 Clareza: ausência de duplicidade de interpretações; ausência de vocábulos de circulação
restrita, como a gíria e o jargão.
 Concisão: transmissão de um máximo de informações com um mínimo de palavras.
 Formalidade: obediência a certas regras de forma; certa formalidade de tratamento;
polidez, civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação.
 Uniformidade: atenção a todas as características da redação oficial e cuidado com a
apresentação dos textos (clareza da digitação, uso de papéis uniformes para o texto
definitivo e correta diagramação do texto).
 Emissor: um único comunicador - o Serviço Público.
 Receptor: o próprio Serviço Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a
outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o
público).

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Pronomes de Tratamento

1. Concordância dos pronomes de tratamento


 concordância verbal, nominal e pronominal: embora se refiram à segunda pessoa
gramatical (à pessoa com quem se fala ou a quem se dirige a comunicação), levam a
concordância para a terceira pessoa.
Ex.: "Vossa Excelência conhece o assunto". / "Vossa Senhoria nomeará seu substituto.”
 adjetivos referidos a esses pronomes: gênero gramatical coincide com o sexo da pessoa a
que se refere.
Ex.: "Vossa Excelência está atarefado." / "Vossa Excelência está atarefada."

2. Emprego dos Pronomes de Tratamento (uso consagrado):


 Vossa Excelência
a) autoridades do Poder Executivo (Presidente da República; Vice-Presidente da República;
Ministros de Estado, Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal; Oficiais-
Generais das Forças Armadas; Embaixadores; Secretários-Executivos de Ministérios e demais
ocupantes de cargos de natureza especial; Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
Prefeitos Municipais).
b) autoridades do Poder Legislativo (Deputados Federais e Senadores; Ministro do Tribunal de
Contas da União; Deputados Estaduais e Distritais; Conselheiros dos Tribunais de Contas
Estaduais; Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais).
c) autoridades do Poder Judiciário (Ministros dos Tribunais Superiores; Membros de Tribunais;
Juízes; Auditores da Justiça Militar).

VOCATIVO CORRESPONDENTE
 Chefes de Poder - Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo.
Ex.: “Excelentíssimo Senhor Presidente da República” / “Excelentíssimo Senhor Presidente do
Congresso Nacional” / “Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal”
 Demais autoridades - Senhor, seguido do cargo respectivo.
Ex.: Senhor Senador / Senhor Juiz / Senhor Ministro / Senhor Governador.

ENVELOPE (endereçamento)
autoridades tratadas por Vossa Excelência:

A Sua Excelência o Senhor A Sua Excelência o Senhor A Sua Excelência o Senhor


Senador Fulano de Tal Fulano de Tal Fulano de Tal
Senado Federal Ministro de Estado da Justiça Juiz de Direito da 10a Vara
70.165-900 – Brasília. DF 70.064-900 – Brasília. DF Cível
Rua ABC, no 123
01.010-000 – São Paulo. SP

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OBS. 1: em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD) para as
autoridades da lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo
público, sendo desnecessária sua repetida evocação.

 Vossa Senhoria
a) empregado para as demais autoridades e para particulares.

VOCATIVO CORRESPONDENTE
Senhor

ENVELOPE
Ao Senhor
Fulano de Tal
Rua ABC, no 123
70.123 – Curitiba. PR

OBS. 2: fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem
o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de
tratamento Senhor.

OBS. 3: doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo
indiscriminadamente; empregue-o apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal
grau por terem concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por doutor os
bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em Medicina. Nos demais casos, o tratamento
Senhor confere a desejada formalidade às comunicações.

 Vossa Magnificência

a) empregado, por força da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidade.

VOCATIVO CORRESPONDENTE
Magnífico Reitor
 Pronomes de tratamento para religiosos (de acordo com a hierarquia eclesiástica)
 Vossa Santidade: Papa; vocativo Santíssimo Padre.
 Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima: Cardeais; vocativo Eminentíssimo
Senhor Cardeal ou Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal.
 Vossa Excelência Reverendíssima: Arcebispos e Bispos.
 Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssima: Monsenhores, Cônegos e
superiores religiosos.
 Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos e demais religiosos.

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Tabela de Abreviaturas
Pronome de Abreviatura Abreviatura Usado para se
tratamento singular plural dirigir a
Vossa Alteza V. A. VV. AA. Príncipes, duques
Vossa Eminência V. Em.a V. Em.as Cardeais
a as
Vossa Excelência V. Ex. V. Ex. Altas autoridades
a as
Vossa V. Mag. V. Mag. Reitores de
Magnificência universidades
Vossa Majestade V. M. VV. MM. Reis, imperadores
Vossa Santidade V. S. VV. SS. Papa
Vossa Senhoria V. S.a V. S.as Tratamento
cerimonioso

FECHOS PARA COMUNICAÇÕES


1. para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República:
Respeitosamente.
2. para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:
Atenciosamente.
CUIDADO!!!!! NÃO use Cordialmente, Graciosamente.
É ERRADO ABREVIAR QUALQUER UM DESSES FECHOS: Att., Atcs.
IDENTIFICAÇÃO DO SIGNATÁRIO
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, todas as demais
comunicações oficiais devem trazer o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do
local de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte:
Ex.: (espaço para assinatura)
Nome
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República

OBS. 3: para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada do
expediente. Transfira para essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.

OBS. 4:
 Não empregue PRECIOSISMOS: palavras raras, muitas vezes arcaicas, antigas, em desuso.
 Não empregue NEOLOGISMOS: criação de palavra (barrichelização do Felipe Massa).
 Não use BREGUICES:
 “Prezados”, “caros”, no vocativo;
 “Em resposta...”
 “Outrossim”, “Destarte”, ...
 “Sem mais, subscrevemo-nos.”;
 Traço para a assinatura.

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 “Vimos por meio desta...”


 “Temos a satisfação de comunicar...”
 “Nada mais havendo para o momento, ficamos à disposição para maiores informações
necessárias.”
 “Subscrevemos, mui atenciosamente.”
 “Aproveitamos o ensejo, para protestos da mais elevada estima e consideração.”

PADRÃO OFÍCIO

Ofício
Aviso FORMA SEMELHANTE / FINALIDADE DIFERENTE
Memorando

SEMELHANÇAS
1. Partes:
 tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o expede.
Exs.: Mem. 123/2002-MF Aviso 123/2002-SG Of. 123/2002-MME
 local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à direita.
Ex.: Brasília, 15 de março de 2012.
 destinatário (o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a comunicação; no ofício, deve
ser incluído também o endereço).
 assunto (resumo do teor do documento).
Ex.: Assunto: Produtividade do órgão em 2012.

 texto (padrão ofício)


introdução - apresentação do assunto que motiva a comunicação; evite o uso das
formas "Tenho a honra de", "Tenho o prazer de", "Cumpre-me informar que”;
desenvolvimento – detalhamento do assunto; se houver mais de uma ideia, deve
haver parágrafos distintos;
conclusão – reafirmação ou reapresentação do assunto.

OBS.: os parágrafos devem ser numerados, exceto nos casos em que estes estejam organizados
em itens ou títulos e subtítulos.

 texto (mero encaminhamento de documentos)

introdução - referência ao expediente que solicitou o encaminhamento; caso


contrário, informação do motivo da comunicação (encaminhar) indicando os dados
completos do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário e assunto de
que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado.

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Ex: "Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 2012, encaminho, anexa, cópia do Ofício
nº 34, de 3 de abril de 2011, do Departamento Geral de Administração, que trata da requisição do
servidor Fulano de Tal."
ou
"Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia do telegrama no 12, de 1o de fevereiro
de 2012, do Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de
modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste."

Desenvolvimento – normalmente, não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou


ofício de mero encaminhamento.

 fecho.
 assinatura do autor da comunicação.
 identificação do signatário.

2. Forma de diagramação:
 Times New Roman de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de
rodapé.
 símbolos não existentes na fonte Times New Roman - fontes Symbol e Wingdings.
 número da página - obrigatório a partir da segunda.
 impressão - possível em ambas as faces do papel; Nesse caso, as margens esquerda e
direta terão as distâncias invertidas nas páginas pares ("margem espelho"); cor preta em
papel branco.
 início de cada parágrafo - 2,5 cm de distância da margem esquerda.
 margem lateral esquerda – mínimo de 3,0 cm de largura.
 margem lateral direita - 1,5 cm.
 espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada parágrafo (uma linha em
branco).
 sobriedade do documento.
 papel de tamanho A-4.

DIFERENÇAS
Finalidade
Aviso e Ofício são modalidades de comunicação oficial praticamente idênticas.
1. Aviso: expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma
hierarquia; tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si.
Uso de vocativo seguido de vírgula.
2. Ofício: expedido para e pelas demais autoridades; tratamento de assuntos oficiais pelos
órgãos da Administração Pública entre si e também com particulares.
Uso de vocativo seguido de vírgula.
No cabeçalho ou no rodapé: nome do órgão ou setor; endereço postal; telefone e
endereço de correio eletrônico.

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Exemplo de Ofício
[Ministério]
[Secretaria / Departamento / Setor / Entidade]
(5cm) [Endereço para corespondência]
[Telefone e endereço de correio eletrônico]

Ofício nº xxxxxxx/SG-PR
Brasília, xx de maio de xxxx.
A Sua Excelência o Senhor
Deputado Fulano
Câmara dos Deputados
CEP – município – estado

Assunto: Blá-blá-blá

Senhor Deputado,
(2,5cm)

CORPO DO TEXTO: blá-blá-blá.

Atenciosamente,

[nome]
[cargo]

Exemplo de Aviso
(5cm)

Aviso nº xxx/SG-PR
Brasília, xx de maio de xxxx.

A Sua Excelência o Senhor


[nome e cargo]

Assunto: Blá-blá-blá

Senhor Ministro,

CORPO DO TEXTO: blá-blá-blá.

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Atenciosamente,

[nome]
[cargo]

3. Memorando: comunicação entre unidades administrativas de um mesmo órgão, que


podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível diferente. Trata-se, portanto,
de uma forma de comunicação eminentemente interna; caráter meramente administrativo
ou de exposição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por determinado
setor do serviço público.
Característica principal: agilidade. Os despachos ao memorando devem ser dados no
próprio documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação.
Forma: modelo do padrão ofício; o destinatário deve ser mencionado pelo cargo que
ocupa.
Ex.: Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Ao Sr. Subchefe para Assuntos
Jurídicos.

Exemplo de Memorando
(5cm)

Mem nº xxx/DJ
Brasília, xx de maio de xxxx.

Ao Senhor Chefe do Departamento de yyyy

Assunto: Blá-blá-blá

CORPO DO TEXTO: blá-blá-blá.

Atenciosamente,

[nome]
[cargo]

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OUTRAS CORRESPONDÊNCIAS
4. Exposição de Motivos: expediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-
Presidente (geralmente, por um Ministro de Estado) para informá-lo de determinado
assunto; propor alguma medida; ou submeter a sua consideração projeto de ato
normativo. Caso envolva mais de um Ministério, é assinada por todos os Ministros e
chamada de Exposição Interministerial.
Forma: modelo do padrão ofício, se o caráter for tão somente informativo – pode conter
comentários se a exposição submeter à consideração do Presidente da República a sugestão de
alguma medida a ser adotada.

5. Mensagem: instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos,


notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo
para informar sobre fato da Administração Pública.
Forma
 indicação do tipo de expediente e de seu número, horizontalmente, no início da
margem esquerda.
 vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do destinatário,
horizontalmente, no início da margem esquerda.
 texto, iniciando a 2 cm do vocativo.

6. Correio Eletrônico
Forma: um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim,
não interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de
linguagem incompatível com uma comunicação oficial. Nos termos da legislação em vigor,
para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor documental, isto é, para que possa
ser aceito como documento original, é necessário existir certificação digital que ateste a
identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.

7. Ofício Circular: segue os mesmos padrões de forma e estrutura do ofício. Entretanto, é


utilizado para tratar de um mesmo assunto com destinatários de diferentes
setores/unidades; multidirecional.

8. Ata: relatório escrito do que se fez ou disse em sessão de assembleia, sociedade, júri,
corporação. É o registro claro e resumido das ocorrências de uma reunião de pessoas, com
fim determinado.

Forma
 localizadores temporais: dia, mês, ano e hora da reunião (sempre por extenso);
 espaço da reunião: local (sede da instituição, rua, número, cidade);
 nome e sobrenome das pessoas presentes, com respectivas qualificações;
 declarações do presidente e secretário;
 assuntos tratados (ordem do dia);
 fecho;
 assinaturas, por extenso, do presidente, secretário e participantes da reunião.

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9. Declaração: utilizada para afirmar a existência de um fato; a existência ou não de um


direito.
Forma
Pode-se iniciar uma declaração assim: “Declaro para fins de prova junto ao órgão tal...”,
“Declaro, para os devidos fins, que...”, ...

10. Atestado: documento firmado por uma pessoa a favor de outra, asseverando a verdade
acerca de determinado fato. Difere da CERTIDÃO – que atesta fatos permanentes – visto
que afirma convicção sobre os transitórios.

11. Despacho: encaminhamento com decisão proferida por autoridade administrativa em


matéria que lhe é submetida à apreciação. É muito empregado na tramitação de processos.
Pode conter apenas: aprovo, defiro, em termos, de acordo ou ser redigido de forma mais
complexa.
Forma
Segue o padrão ofício, incluindo-se o nome do interessado e o número do processo e
suprimindo-se o vocativo e o fecho.

12. Edital: ato pelo qual se publica pela imprensa, ou em lugares públicos, certa notícia, fato
ou ordenança que deve ser divulgada para conhecimento das pessoas nele mencionadas e
de outras tantas que possam ter interesse pelo assunto.
Forma
 timbre do órgão que o expede;
 título: denominação do ato: Edital nº ... de ... de 20XX;
 ementa: facultativa;
 texto: desenvolvimento do assunto tratado. Havendo muitos parágrafos, recomenda-se
numerá-los com algarismos arábicos, exceto o primeiro que não se numera;
 local e data: se a data não for colocada junto ao título, deve aparecer após o texto;
 assinatura: nome da autoridade competente, com indicação do cargo que ocupa.

13. Ordem de Serviço: uma instrução (ato interno) dada a servidor ou órgão administrativo.
Encerra orientações a serem tomadas pela chefia para execução de serviços ou
desempenho de encargos. É o documento, o ato pelo qual se determinam providências a
serem cumpridas por órgãos subordinados.
Forma
 título: Ordem de Serviço nº …...., de …... de …...................... de 20XX (Em caixa-alta e
centralizado);
 texto;
 nome e cargo do chefe.

14. Parecer: opinião escrita ou verbal, emitida e fundamentada por autoridade competente,
acerca de determinado assunto.
Forma

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Segue o padrão ofício, suprimindo-se o destinatário, o vocativo e o fecho e incluindo-se o


nome do interessado e o número do processo.

15. Portaria: empregada para formalizar nomeações, demissões, suspensões e reintegrações


de funcionários.
Forma
 numeração: número e data de expedição: Portaria nº ..., de ... de ... de 20XX.
 título: denominação da autoridade que expede o ato, em geral já impresso no modelo
próprio.
 fundamentação: citação da legislação básica, seguida da palavra RESOLVE.
 texto.
 assinatura: nome da autoridade competente, com indicação do cargo que ocupa.

16. Resolução: ato emanado de autarquias ou de grupos representativos, por meio do qual a
autoridade determina, delibera, decide, ordena ou baixa uma medida. As resoluções, em
geral, dizem respeito a assuntos de ordem administrativa e estabelecem normas
regulamentares. Podem expedi-las os conselhos administrativos ou deliberativos, os
institutos de previdência e assistência social, as assembleias legislativas.
Forma
 título: Resolução nº ..., de ... de 20XX (centralizada, em caixa alta/maiúsculas e negrito);
 ementa (em negrito, alinhada a esquerda no documento);
 texto (alinhado à esquerda);
 assinatura e cargo de quem expede a resolução.

17. Apostila: averbação feita abaixo dos textos ou no verso de decretos e portarias pessoais
(nomeação, promoção, etc.), para que seja corrigida flagrante inexatidão material do texto
original (erro na grafia de nomes próprios, lapso na especificação de datas, etc.), desde
que essa correção não venha a alterar a substância do ato já publicado.
Forma
 título, em maiúsculas e centralizado sobre o texto: APOSTILA;
 texto, do qual deve constar a correção que está sendo feita, a ser iniciada com a remissão
ao decreto que autoriza esse procedimento;
 data por extenso;
 identificação do signatário, abaixo da assinatura, em maiúsculas.

NUMERAÇÃO DAS PARTES DE UMA CORRESPONDÊNCIA OFICIAL

Artigo: até o artigo nono (art. 9o), adota-se a numeração ordinal. A partir do de número 10,
emprega-se o algarismo arábico correspondente, seguido de ponto-final (art. 10). Os artigos serão
designados pela abreviatura "Art." sem traço antes do início do texto. Cada artigo deve tratar de
um único assunto.

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Parágrafos (§§): desdobramentos dos artigos; numeração ordinal até o nono (§ 9o) e cardinal a
partir do parágrafo dez (§ 10). No caso de haver apenas um parágrafo, adota-se a grafia
Parágrafo único (e não "§ único").

Incisos: elementos discriminativos de artigo se o assunto nele tratado não puder ser condensado
no próprio artigo ou não se mostrar adequado a constituir parágrafo. Os incisos são indicados por
algarismos romanos.

Alíneas: desdobramentos dos incisos e dos parágrafos; são representadas por letras. A alínea ou
letra será grafada em minúsculo e seguida de parêntese: a); b); c); etc. O desdobramento das
alíneas faz-se com números cardinais, seguidos do ponto: 1.; 2.; etc.

EXERCITANDO
1. Quanto à redação de correspondência, dados os itens seguintes que contemplam os princípios
daUedaçãoRficial,
I. adoção de formatos padronizados.
II. cortesia e parcialidade.
III. emprego da ortografia oficial.
IV. utilização de ambiguidade e redundância.
V. transcrição dos dispositivos da legislação citados.
verifica-se que estão corretos

a) I e III, apenas.
b) II, IV e V.
c) I, II, III e V.
d) I, III e V, apenas.
e) I, II, III e IV.

2. Assinale a opção incorreta a respeito de correspondência oficial.


a) O resumo do assunto, na correspondência oficial, é chamado de ementa.
b) Se a forma de tratamento do destinatário da correspondência for Vossa Excelência ou Vossa
Senhoria, por força da concordância exigida para os pronomes pessoais que a ele se referem, não
se Sode XsarYosso H Vuas Ilexões.
c) Introduzir um ofício usando frases como Viemos, por intermédio do presente, acusar
recebimento da petição e levar ao conhecimento de V. Sa. que ... é sinal de elegância, concisão,
correção linguística e respeito.
d) Denomina-se circular o instrumento de comunicação que se envia a vários destinatários
simultaneamente, com vistas à transmissão de instruções, ordens, esclarecimento de conteúdo de
leis, regulamentos etc.

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e) Os fechos Atenciosamente e Respeitosamente são adequados para um ofício.

3. Observe o texto a seguir.


Brasília, 1.º de junho de 2003.
Para a Coordenação de Concursos do CESPE/UnB,
Requerimento:

JOSÉ DA SILVA DOS SANTOS REIS, devidamente inscrito no concurso para TÉCNICO JUDICIÁRIO
do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, com a inscrição n.º 197.542/03, VENHO, POR DIREITO
E MUI RESPEITOSAMENTE, solicitar a Vocês a emissão de uma certidão de comparecimento nesta
prova realizada nesta data supracitada, uma vez que hoje estou trabalhando em turnos e preciso
comprovar meu afastamento do serviço no período da tarde, para realizar o referido exame.
Nesses termos, peço aceitação do meu pedido e AGUARDO DEFERIMENTO.
Atenciosamente,
José da Silva dos Santos Reis.

Com respeito ao texto acima, assinale a opção correta.


a) O lugar correto para a colocação da data é à esquerda, e não à direita, como se encontra
no documento.
b) O tipo de documento adequado para tal finalidade não é o requerimento e, sim, o ofício.
c) Em vez do pronome de tratamento “Vocês”, o redator deveria ter empregado Vossas
Excelências.
d) O candidato deveria ter solicitado uma declaração, e não uma certidão.
e) O fechamento “Atenciosamente” deveria constar antes do pedido de deferimento.

4. Assinale a opção incorreta a respeito do texto a seguir.


ATA DA SALA 25
Realizou-se, na sala vinte e cinco, do prédio das Relações Humanas, da Escola Martin Luther
King, em Brasília, Distrito Federal, dia primeiro de junho de dois mil e três, das quinze horas às
dezoito horas e trinta minutos, portanto, com três horas e meia de duração, esta prova (anexa)
de Conhecimentos Gerais e Específicos para o Cargo de Técnico Judiciário, do Tribunal de Justiça
do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), conforme diz o Edital um de 13 dois mil e três, tendo
comparecido todos os candidatos inscritos e, portanto, o índice de abstensão foi de zero
candidatos. Nada mais havendo a constar, eu, MARIA DAS GRAÇAS LUZ FLORES, chefe de sala,
lavrei esta ata que será assinada por mim, exprimindo a verdade dos fatos, sob o testemunho da
fiscal de sala. Brasília, 1.º/6/2003, Maria das Graças Luz Flores e Thomásia Aparecida Silva.
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
a) a redatora da ata respeitou os requisitos formais para a redação do documento, conforme os
preceitos dessa tipologia de correspondência oficial.

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b) a redatora, ao escrever por extenso os números da sala, das horas, da duração da prova e do
edital cometeu erros de grafia e de adequação ao tipo de documento.
c) a grafia do vocábulo “abstensão” está incorreta, pois deveria ter sido escrito abstenção.
d) a passagem “exprimindo a verdade dos fatos” pode ser suprimida do texto, uma vez que essa
informação deve estar pressuposta em toda correspondência oficial.
e) o preenchimento do restante da linha após a última assinatura visa evitar que outras pessoas
possam adulterar o final do texto.

5. Assinale a opção incorreta com relação ao uso das formas de tratamento na redação oficial.
a) Os pronomes ou expressões de tratamento podem ser grafados por extenso nas
correspondências oficiais.
b) Nas formas de tratamento, os pronomes Vossa e Sua devem ser empregados, respectivamente,
em relação à pessoa com quem se fala, isto é, a quem se dirige a correspondência, e à pessoa de
quem se fala.
c) É gramaticalmente correto e adequado ao padrão ofício o seguinte trecho de início de
correspondência oficial: “Encaminhamos a Vossa Senhoria as informações referentes a seu pedido
de 6 Ge Ievereiro Ge 006”.
d) A concordância de gênero com as formas de tratamento deve ser feita no masculino,
independentemente do sexo da pessoa a quem a forma de tratamento se refira, pois o gênero
deve ser mantido neutro nas correspondências oficiais.
e) Não se emprega a crase diante das formas de tratamento, ainda que estas sejam subordinadas
a termos que exijam preposição, com exceção dos tratamentos senhora e senhorita.

6. Assinale a opção correta acerca da redação oficial.


a) Requerimento é um documento específico por meio do qual se solicita algo a que se tem
direito ou se supõe ter.
b) Memorando é uma correspondência oficial externa entre autoridades de mesmo nível
hierárquico, assemelhado, em sua estrutura, ao requerimento.
c) O fecho de um memorando apresenta obrigatoriamente expressões canônicas, tais como
“Nestes termos, aguarda deferimento” e “Espera deferimento”.
d) Memorando, ofícios e requerimentos devem ser numerados na borda superior do papel,
junto à margem esquerda.
e) A redação de um ofício assemelha-se, conforme o assunto tratado, à produção literária, visto
que é comum e aceitável, na elaboração desse tipo de documento, o emprego de figuras de
linguagem H Ge Hstruturas Oinguísticas Foloquiais.

7. Com referência à redação oficial, assinale a opção correta.


a) Abaixo-assinado é um requerimento coletivo em que não se colocam no início os nomes dos
remetentes e, sim, do destinatário.

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b) Ata é o resumo escrito de fatos ou decisões de uma assembleia, sessão ou reunião para
determinado fim.
c) Atestado é o documento firmado por uma repartição pública em favor de outra, a respeito de
determinado fato.
d) O aviso é a correspondência padrão, caracterizada, no início, pelo papel timbrado e, no fim,
por fechos tradicionais de cortesia.

8. Desconsiderando a necessidade do espaçamento padrão, assinale a opção correta a respeito da


simulação de escrita de documentos oficiais.
a) Cabeçalho de ofício: Ofício no. 1234/DAJ/2006 (Timbre do MINISTÉRIO DA MÚSICA) Brasília,
29 de abril de 2006.
b) Texto de memorando: De acordo com entendimento telefônico já mantido, solicitamos
providências em relação às cercas invasoras.
c) Vocativo de ofício: Prezado Senhor Manuel de Manuel, Chefe de gabinete do deputado Carlos
de Carlos:
d) Fecho de memorando: Cordialmente, Maurício de Maurício Chefe de Serviços Gerais

9. Ao redigir um documento a ser enviado a uma autoridade, é necessário empregar o pronome


de tratamento adequado. Assinale a opção em que a relação estabelecida entre as colunas não
está de acordo com a normatização do emprego dos pronomes de tratamento.
a) Vossa Excelência / presidente da República.
b) Vossa Magnificência / reitor de universidade.
c) Vossa Senhoria / senhor José da Silva.
d) Vossa Excelência / desembargador.
e) Vossa Senhoria / presidente do Supremo Tribunal Federal.

Texto para as questões 10 e 12.


Ofício 13/13
Excelentíssimo Senhor Secretário,
1. Apraz-nos levar ao conhecimento de Sua Senhoria, para os fins pertinentes, que recebemos
solicitação do Ministério da Educação do Chile, relativa ao envio do material resultante do
seminário “Perspectivas de Educação a Distância na América Latina”, realizado em Brasília-DF, nos
dias 19 e 20 de novembro último.
2. Muito nos agradeceria a Vossa Senhoria, encaminhar-nos o referido material, com a maior
brevidade possível, para que o mesmo possa ser remetido aos interessados.
3. Aproveitamos o ensejo para reiterar a Sua Senhoria protestos de consideração e apreço.
Brasília, xx de xxxx de 2013.
_______________José da Silva_______________
Diretor

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10. Com relação ao vocativo e aos pronomes de tratamento utilizados no texto acima, é correto
afirmar que
a) todos (vocativo e pronomes de tratamento) estão empregados corretamente.
b) apenas os pronomes de tratamento utilizados no primeiro e no terceiro parágrafos estão
corretamente empregados.
c) apenas o pronome de tratamento utilizado no segundo parágrafo está corretamente
empregado.
d) apenas o vocativo e o pronome de tratamento utilizado no segundo parágrafo estão
corretamente empregados.
e) apenas o vocativo e os pronomes de tratamento utilizados no primeiro e no terceiro parágrafos
estão corretamente empregados.

11. Os itens abaixo são reescrituras de trechos do texto acima. Indique a opção que apresenta
inadequação em relação às normas estabelecidas para uma correta redação de correspondência
oficial.
a) Vocativo: Senhor Secretário,
b) Primeiro parágrafo: Recebemos solicitação do Ministério da Educação do Chile de envio de
material resultante do seminário “Perspectivas de Educação a Distância na América Latina”,
realizado em Brasília-DF, nos dias xx e xx de setembro último.
c) Segundo parágrafo: Reivindicamos, pois, com urgência urgentíssima, o envio do material
referido, para que possam-se remete-los com a maior brevidade.
d) Início do fecho: Atenciosamente.

12. Com relação às características do texto V, é correto afirmar que


a) todos os parágrafos do texto podem aparecer sem numeração sequencial.
b) a data deveria vir à direita do papel, antes do vocativo.
c) o vocativo também deveria ser numerado.
d) não se trata, na verdade, de um ofício, mas de um atestado.
e) a correspondência não deveria vir assinada, já que se trata de expediente interno.

GABARITO

1. D 2. C 3. D 4. B 5. D 6. A 7. B 8. B 9. E 10. C 11. C 12. B

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COMPREENSÃO DE TEXTOS

Anotações
PROCEDIMENTOS DE
APREENSÃO DO TEXTO
1. Leitura da fonte bibliográfica;
2. leitura do título;
3. leitura do enunciado;
4. leitura das afirmativas;
5. destaque das palavras-chave das afirmativas;
6. procura, no texto, das palavras-chave
destacadas nas alternativas.

EXEMPLIFICANDO

Será a felicidade necessária? (2)


Felicidade é uma palavra pesada. Alegria é leve, mas
Os pais de hoje costumam dizer que importante é que os
felicidade é pesada. Diante da pergunta "Você é feliz?", dois fardos filhos sejam felizes. É uma tendência que se impôs ao influxo
são lançados às costas do inquirido. O primeiro é procurar uma
das teses libertárias dos anos 1960. É irrelevante que entrem na
definição para felicidade, o que equivale a rastrear uma escala que
faculdade, que ganhem muito ou pouco dinheiro, que sejam bem-
pode ir da simples satisfação de gozar de boa saúde até a conquista sucedidos na profissão. O que espero, eis a resposta correta, é
da bem-aventurança. O segundo é examinar-se, em busca de uma
que sejam felizes. Ora, felicidade é coisa grandiosa. É esperar,
resposta.
no mínimo, que o filho sinta prazer nas pequenas coisas da vida.
Nesse processo, depara-se com armadilhas. Caso se tenha 6
6 Se não for suficiente, que consiga cumprir todos os desejos e
ganhado um aumento no emprego no dia anterior, o mundo parecerá
ambições que venha a abrigar. Se ainda for pouco, que atinja o
belo e justo; caso se esteja com dor de dente, parecerá feio e
enlevo místico dos santos. Não dá para preencher caderno de
perverso. Mas a dor de dente vai passar, assim como a euforia pelo encargos mais cruel para a pobre criança.
aumento de salário, e se há algo imprescindível, na difícil
conceituação de felicidade, é o caráter de permanência. Uma
(Trecho do artigo de Roberto Pompeu de Toledo. Veja. 24 de
resposta consequente exige colocar na balança a experiência março de 2010, p. 142) (1)
passada, o estado presente e a expectativa futura. Dá trabalho, e a
conclusão pode não ser clara.

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1. De acordo com o texto,


1. De acordo com o texto, (3) (A) a realização pessoal que geralmente faz parte da vida
3
humana, como o sucesso no trabalho, costuma ser percebida
 Devido à expressão “De acordo com”, podemos afirmar como sinal de plena felicidade.
que se trata, tão somente, de compreender o texto. (B) as atribuições sofridas podem comprometer o sentimento de 3
 Outras expressões possíveis: “Segundo o texto”, felicidade, pois superam os benefícios de conquistas eventuais.
“Conforme o texto”, “Encontra suporte no texto”, ... (C) o sentimento de felicidade é relativo, porque pode vir 4
4 atrelado a circunstâncias diversas da vida, ao mesmo tempo
Assim sendo, e
que deve apresentar constância.
5
Compreensão do texto: RESPOSTA CORRETA = paráfrase (D) as condições da vida moderna tornam quase impossível a 3
MAIS COMPLETA daquilo que foi afirmado no texto. alguma pessoa sentir-se feliz, devido às rotineiras situações da
vida.
(E) muitos pais se mostram despreparados para fazer com que
seus filhos planejem sua vida no sentido de que sejam, 4
Paráfrase: versão de um texto, geralmente mais extensa e
explicativa, cujo objetivo é torná-lo mais fácil ao entendimento. realmente, pessoas felizes.

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Às 3 da manhã, a única luz acesa da casa é a Pego em 1995, Kevin passou 8 meses na
do monitor. Os pais e a irmã de Rodrigo Rubira já solitária. Depois de cumprida a condicional, ele
dormem há algumas horas. O computador é só montou uma empresa de segurança, a Mitnick
dele agora. Na vida do rapaz, a máquina sempre Security. Sem medo de ser feliz, Kevin não
teve um papel fundamental: ele escolheu o colégio titubeou em pôr o próprio nome na empresa.
técnico porque lá havia conexão de internet e “Os clientes conhecem meu passado e eles me
começou a trabalhar cedo – dando aulas num curso procuram exatamente porque sabem que eu
de informática, claro, para ganhar dinheiro e sou capaz de pensar como um hacker, porque
investir em equipamento. Comprou seu primeiro já fui um.”
computador aos 16 anos. Seus antagonistas dizem que ele se
Como vários garotos, Rodrigo foi um hacker. promoveu em cima dos crimes que cometeu.
E, antes que você torça o nariz para o garoto, Para o advogado Renato Blum, um ex-cracker
vamos tentar desmistificar essa palavra. Hacker é pode até ser contratado para funções
aquele cara que manja muito de códigos de educativas, mas não para lidar justamente com
programação e sabe resolver qualquer problema um setor que costumava prejudicar. “Não
que aparecer no computador. Tal conhecimento podemos prestigiar um sujeito que praticou um
pode ser usado para o bem ou para o mal. O hacker crime. O conhecimento dele foi obtido de forma
que opta pelo lado negro da força tem nome ilícita”, afirma.
específico: cracker. Esse fulano invade sistemas,
sabota e rouba dados. Não é o caso de Rodrigo, Texto adaptado. Disponível em:
que se coloca no time dos hackers éticos: “É http://super.abril.com.br/tecnologia/hac
preciso seguir a lei, não importa o que você faça”. kers-s-447407.shtml. Acesso: 12 de
A maioria dos hackers, entretanto, não pensa tanto junho de 2012.
no futuro. Um dos mais famosos do mundo, o
americano Kevin Mitnick, começou do jeito mais
inconsequente possível. “Meu único objetivo era ser
o melhor que existia”, conta. “Se eu roubei
softwares, não foi porque eu queria vendê-los.”

2. Assinale a afirmação que está de acordo com o (C) Para Kevin Mitnick, um hacker que age de
texto. forma ilícita deve redimir seus erros através de
(A) Um ex-cracker jamais deveria ser contratado ações em prol da comunidade.
para prestar serviços de segurança para órgãos do (D) O fato de não ter comercializado os
governo. softwares que roubou descriminaliza a ação de
(B) A palavra hacker designa a pessoa que tem Mitnick.
profundos conhecimentos de informática. (E) Renato Blum acredita que um cracker não
deve ser punido, pois seu conhecimento é
valioso para a sociedade.

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3. Assinale a alternativa em que se sugerem sinônimos adequados para se


coloca, seguir e titubeou, respectivamente.
(A) se enquadra – aderir – vacilou
(B) se situa – não infringir – hesitou
(C) se enquadra – aderir – vacilou
(D) se situa – acompanhar – temeu
(E) se bota – não infringir – hesitou

Na prática, não é lei, e não há nenhuma obrigatoriedade. Mesmo assim,


PROCEDIMENTOS DE 140 países se comprometeram a aumentar o acesso à água potável,
ao tratamento de esgoto e a promover o uso inteligente da água, na
APREENSÃO DO TEXTO conclusão do último Fórum Mundial da Água.
Os acordos firmados no Fórum não têm caráter vinculante. Isso significa
que as promessas não serão cobradas de ninguém. A ideia, no entanto,
7. identificação do “tópico frasal”. é levar esse documento para a Rio+20, conferência da ONU para o
desenvolvimento sustentável, que acontecerá em junho no país.
Hoje, cerca de 28 agências ligadas à ONU lidam com a água sob várias
8. identificação de termos de abordagens, como produção de energia e agricultura. Mas a água, por
si só, não é o foco do trabalho de nenhuma delas. O Ministério do Meio
aparecimento frequente (campo Ambiente, o das Relações Internacionais e a ANA (Agência Nacional de
semântico/lexical). Águas) propuseram durante o encontro mundial a criação de um
Conselho de Desenvolvimento Sustentável na ONU para tratar desse
tema. O Brasil possui 12% da água doce do planeta, mas há problemas:
EXEMPLIFICANDO 70% dela estão na bacia amazônica, longe dos maiores centros
urbanos. E só 45% dos brasileiros têm água tratada.
(Sabine Righetti. Folha de S.Paulo, 19/03/12, com adaptações)
notícia

4. O texto se volta, principalmente, para (ideia central)


(A) a crítica ao descompromisso de vários países com as propostas
estabelecidas na conclusão do recente Fórum Mundial da Água.
(B) uma maior oferta de água potável no mundo todo, em especial no
Brasil, país que detém a maior porcentagem desse recurso.
(C) as dificuldades relativas ao consumo mundial de água em países
sem infraestrutura necessária para o acesso a esse recurso.
(D) a infraestrutura necessária para que as agências mundiais que
tratam da água exerçam a fiscalização do consumo responsável
desse recurso.
(E) a proposição, por diversos países, da utilização responsável da
água, voltada para um desenvolvimento sustentável.

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Um estudo feito pela Universidade de É verdade. Mas, com a chegada de
Michigan constatou que o que mais se faz no sítios como o Twitter, ficou diferente. Esse
Facebook, depois de interagir com amigos, é tipo de sítio é uma rede social
olhar os perfis de pessoas que acabamos de completamente assimétrica. E isso faz com
conhecer. Se você gostar do perfil, adicionará que as redes de "seguidores" e "seguidos"
aquela pessoa, e estará formado um vínculo. No de alguém possam se comunicar de maneira
final, todo mundo vira amigo de todo mundo. muito mais fluida. Ao estudar a sua própria
Mas, não é bem assim. As redes sociais têm o rede no Twitter, o sociólogo Nicholas
poder de transformar os chamados elos latentes Christakis, da Universidade de Harvard,
(pessoas que frequentam o mesmo ambiente percebeu que seus amigos tinham
social, mas não são suas amigas) em elos fracos começado a se comunicar entre si
– uma forma superficial de amizade. Pois é, por independentemente da mediação dele.
mais que existam exceções a qualquer regra, Pessoas cujo único ponto em comum era o
todos os estudos mostram que amizades próprio Christakis acabaram ficando amigas.
geradas com a ajuda da Internet são mais No Twitter, eu posso me interessar pelo que
fracas, sim, do que aquelas que nascem e se você tem a dizer e começar a te seguir. Nós
desenvolvem fora dela. não nos conhecemos. Mas você saberá
Isso não é inteiramente ruim. Os seus quando eu o retuitar ou mencionar seu
amigos do peito geralmente são parecidos com nome no sítio, e poderá falar comigo. Meus
você: pertencem ao mesmo mundo e gostam seguidores também podem se interessar
das mesmas coisas. Os elos fracos, não. Eles pelos seus tuítes e começar a seguir você.
transitam por grupos diferentes do seu e, por Em suma, nós continuaremos não nos
isso, podem lhe apresentar novas pessoas e conhecendo, mas as pessoas que estão a
ampliar seus horizontes – gerando uma nossa volta podem virar amigas entre si.
renovação de ideias que faz bem a todos os
relacionamentos, inclusive às amizades antigas. Adaptado de: COSTA, C. C.. Disponível
O problema é que a maioria das redes na em:-
Internet é simétrica: se você quiser ter acesso <http://super.abril.com.br/cotidiano/como-
às informações de uma pessoa ou mesmo falar internet-estamudando-amizade
reservadamente com ela, é obrigado a pedir a 619645.shtml>. Acesso em: 1º de outubro
amizade dela. Como é meio grosseiro dizer de 2012
"não" a alguém que você conhece, todo mundo
acaba adicionando todo mundo. E isso vai
levando à banalização do conceito de amizade.

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5. Considere as seguintes afirmações sobre o conteúdo do texto.

I. O primeiro parágrafo apresenta resultado de estudo realizado por uma universidade americana
acerca das atividades mais comuns dos usuários de certa rede social.
II. O segundo parágrafo informa que pessoas que frequentam as mesmas redes sociais
inevitavelmente serão amigas.
III. O terceiro parágrafo mostra como o Twitter vem contribuindo para o desenvolvimento de
amizades geradas com o auxílio da Internet.
Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e III.
(E) I, II e III.

advérbios

Os ecos da Revolução do Porto haviam chegado ao Brasil e bastaram


algumas semanas para inflamar os ânimos dos brasileiros e portugueses
que cercavam a corte. Na manhã de 26 de fevereiro, uma multidão exigia
8. Observação de palavras de cunho a presença do rei no centro do Rio de Janeiro e a assinatura da .
categórico: Constituição liberal. Ao ouvir as notícias, a alguns quilômetros dali, D
Advérbios João mandou fechar todas as janelas do palácio São Cristóvão,
como fazia em noites de trovoadas.
Artigos 6. Por meio da afirmativa destacada, o autor
Tempos verbais (A) exprime uma opinião pessoal taxativa a respeito da atitude do rei
diante da iminência da Revolução do Porto.
Expressões restritivas (B) critica de modo inflexível a atitude do rei, que, acuado, passa o poder
Expressões enfáticas para as mãos do filho.
(C) demonstra que o rei era dono de uma personalidade intempestiva,
que se assemelhava a uma chuva forte. a
EXEMPLIFICANDO (D) sugere, de modo indireto, que o rei havia se alarmado com
informação recebida.
(E) utiliza-se de ironia para induzir o leitor à conclusão de que seria mais
do que justo depor o rei.

artigos
Tempos verbais
Mas,
como toda novidade, a nanociência está assustando.
Afinal, um material com características incríveis poderia Os pais de hoje costumam dizer que importante é que os filhos sejam felizes. É
uma tendência que se impôs ao influxo das teses libertárias dos anos 1960. É
também causar danos incalculáveis ao homem ou ao meio irrelevante que entrem na faculdade, que ganhem muito ou pouco dinheiro, que
ambiente. No mês passado, um grupo de ativistas sejam bem-sucedidos na profissão. O que espero, eis a resposta correta, é que
sejam felizes. Ora, felicidade é coisa grandiosa. É esperar, no mínimo, que o
americanos tirou a roupa para protestar contra calças filho sinta prazer nas pequenas coisas da vida. Se não for suficiente, que
nanotecnológicas que seriam superpoluentes. consiga cumprir todos os desejos e ambições que venha a abrigar. Se ainda for
7. pouco, que atinja o enlevo místico dos santos. Não dá para preencher caderno
Assinale a opção correta.
(A) de encargos mais cruel para a pobre criança.
Coisas novas costumam provocar medo nas pessoas.
(B) 8. É irrelevante que entrem na faculdade, que ganhem muito ou pouco
Produtos criados pela nanotecnologia só apresentam
dinheiro, que sejam bem-sucedidos na profissão.
pontos positivos. O emprego das formas verbais grifadas acima denota
(C)Os
danos ao meio ambiente são provocados pela (A) hipótese passível de realização.
(B) fato real e definido no tempo.
nanotecnologia. (C) condição de realização de um fato.
(D)Os
ativistas mostraram que as calças nanotecnológicas (D) finalidade das ações apontadas no segmento.
provocam poluição. (E) temporalidade que situa as ações no passado.

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expressões restritivas Com tão poucas culturas importantes, todas elas domesticadas milhares de
anos atrás, é menos surpreendente que muitas áreas no mundo não tenham
Quando alguém ouve que existem tantas espécies de plantas no mundo, a
nenhuma planta selvagem de grande potencial. Nossa incapacidade de
primeira reação poderia ser: certamente, com todas essas espécies silvestres domesticar uma única planta nova que produza alimento nos tempos modernos
na Terra, qualquer área com um clima favorável deve ter tido espécies em sugere que os antigos podem ter explorado praticamente todas as plantas
número mais do que suficiente para fornecer muitos candidatos ao selvagens aproveitáveis e domesticado aquelas que valiam a pena.
desenvolvimento agrícola. (Jared Diamond. Armas, germes e aço)
Mas então verificamos que a grande maioria das plantas selvagens não é 9. A argumentação do texto desenvolve-se no sentido de se compreender a
adequada por motivos óbvios: elas servem apenas como madeira, não razão por que
produzem frutas comestíveis e suas folhas e raízes também não servem como (A) existiria uma dúzia de exceções dentre todas as espécies de plantas
alimento. Das 200.000 espécies de plantas selvagens, somente alguns selvagens que seriam monopólio das grandes civilizações.
milhares são comidos por humanos e apenas algumas centenas dessas são (B) tão poucas dentre as 200.000 espécies de plantas selvagens são utilizadas
mais ou menos domesticadas. Dessas várias centenas de culturas, a maioria como alimento pelos homens em todo o planeta.
fornece suplementos secundários para nossa dieta e não teriam sido (C) algumas áreas da Terra mostraram-se mais propícias ao desenvolvimento
suficientes para sustentar o surgimento de civilizações. Apenas uma dúzia de agrícola, que teria possibilitado o surgimento de civilizações.
espécies representa mais de 80% do total mundial anual de todas as culturas (D) a maior parte das plantas é utilizada apenas como madeira pelos homens e
no mundo moderno. Essas exceções são os cereais trigo, milho, arroz, cevada não lhes fornece alimento com suas frutas e raízes.
e sorgo; o legume soja; as raízes e os tubérculos batata, mandioca e batata- (E) tantas áreas no mundo não possuem nenhuma planta selvagem de grande
doce; fontes de açúcar como a cana-de-açúcar e a beterraba; e a fruta banana. potencial para permitir um maior desenvolvimento de sua população.
Somente os cultivos de cereais respondem atualmente por mais da metade das
calorias consumidas pelas populações humanas do mundo.

expressões enfáticas
Será a felicidade necessária?
Felicidade é uma palavra pesada. Alegria é leve, mas Os pais de hoje costumam dizer que importante é que os
felicidade é pesada. Diante da pergunta "Você é feliz?", dois fardos filhos sejam felizes. É uma tendência que se impôs ao influxo das
são lançados às costas do inquirido. O primeiro é procurar uma teses libertárias dos anos 1960. É irrelevante que entrem na
definição para felicidade, o que equivale a rastrear uma escala que faculdade, que ganhem muito ou pouco dinheiro, que sejam bem-
pode ir da simples satisfação de gozar de boa saúde até a conquista sucedidos na profissão. O que espero, eis a resposta correta, é
da bem-aventurança. O segundo é examinar-se, em busca de uma que sejam felizes. Ora, felicidade é coisa grandiosa. É esperar, no
resposta. mínimo, que o filho sinta prazer nas pequenas coisas da vida. Se
Nesse processo, depara-se com armadilhas. Caso se tenha não for suficiente, que consiga cumprir todos os desejos e
ganhado um aumento no emprego no dia anterior, o mundo parecerá ambições que venha a abrigar. Se ainda for pouco, que atinja o
belo e justo; caso se esteja com dor de dente, parecerá feio e enlevo místico dos santos. Não dá para preencher caderno de
perverso. Mas a dor de dente vai passar, assim como a euforia pelo encargos mais cruel para a pobre criança.
aumento de salário, e se há algo imprescindível, na difícil
conceituação de felicidade, é o caráter de permanência. Uma (Trecho do artigo de Roberto Pompeu de Toledo. Veja. 24 de
resposta consequente exige colocar na balança a experiência março de 2010, p. 142)
passada, o estado presente e a expectativa futura. Dá trabalho, e a
conclusão pode não ser clara.

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10. A afirmativa correta, em relação ao texto, é


(A) A expectativa de muitos, ao colocarem a felicidade acima de
quaisquer outras situações da vida diária, leva à frustração diante
dos pequenos sucessos que são regularmente obtidos, como, por
exemplo, no emprego.
(B) Sentir-se alegre por haver conquistado algo pode significar a mais
completa felicidade, se houver uma determinação, aprendida desde
a infância, de sentir-se feliz com as pequenas coisas da vida.
(C) As dificuldades que em geral são encontradas na rotina diária
levam à percepção de que a alegria é um sentimento muitas vezes
superior àquilo que se supõe, habitualmente, tratar-se de felicidade
absoluta.
(D) A possibilidade de que mais pessoas venham a sentir-se felizes
decorre de uma educação voltada para a simplicidade de vida, sem
esperar grandes realizações, que acabam levando apenas a
frustrações.
(E) Uma resposta provável à questão colocada como título do texto
remete à constatação de que felicidade é um estado difícil de ser
alcançado, a partir da própria complexidade de conceituação
daquilo que se acredita ser a felicidade.

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Nasceu livre aquele local. Livre e deserto zidos ou colados.
de saberes. Nem uma folha impressa por ali A biblioteca era agora um campo aberto,
subia ou descia ao sabor do vento, com ou sem a onde o horizonte não tinha limite, as personagens
leve brisa do tempo. não tinham estória fixa para contar, e as portas
Os primeiros anos foram passando à abertas eram sinônimo da presença humana,
medida que se aperfeiçoavam os sentidos, e, na convívio, partilha de saberes, experiências,
mesma dimensão, as aprendizagens surgiam, vivências e conhecimento. Essa essência da
aliando as imagens e os sons à memória que biblioteca que vive dentro de cada um de nós, que
começava a ser disciplinada. Aos três anos, já se cresce à proporção que avançamos no percurso de
identificavam letras e se soltavam palavras. Aos vida, reflete o saber, os mil e tantos mundos, as
sete, o nome se escrevia: biblioteca, entre únicas e singulares histórias de tantas personagens
algumas incertezas que se dissipavam. O espaço imaginadas, imaginárias, imaculadas no nosso
que outrora estava amplo passava a ter umas pensamento, retidas em nossa memória.
quantas estantes. As bibliotecas do nosso viver se situam em
Os anos foram reunindo experiências, diferentes espaços, catalogadas ou indiferenciadas,
saberes, áreas e métodos, e, na mesma com mesas e cadeiras, com computadores ou sem
proporção, o espaço foi ficando pleno de livros. eles, com livros empoeirados ou sem pó, e, mesmo
Nestes anos, a luz dos candeeiros, os recreios e que muitos desses títulos possam ser coincidentes,
espaços públicos, a sombra das árvores, o cheiro elas são únicas, sem exceção, pois construídas a
de terra molhada e as brincadeiras de criança partir do nosso sagrado ponto de vista acerca de
foram cúmplices dessa biblioteca que crescia cada experiência, de cada drama, de cada
acumulando as folhas impressas em livros cozi - comédia, de cada personagem. É assim: a biblio -

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teca de cada um de nós tem vida pelo raciocínio, pela partilha, pela exploração de cada canto, de
cada instrumento, de cada nova tecnologia complementar à história impressa, ao livro prensado e
colado.
Esta estória mais não é do que uma metáfora sobre o crescimento humano, alimentado pelo
saber que adquirimos nas tantas bibliotecas que conhecemos: nas nossas e em todas as outras que já
foram nossas.
Adaptado de: HEITOR, J. Disponível em:
<http://suplementodealma.blogspot.com.br/2012/05/biblioteca-do-nosso-ser.html>.
Acesso em: 30 de junho de 2012.
11. Considere as seguintes afirmações.
I. As bibliotecas físicas desempenham um papel fundamental na vida dos homens, pois são lugares
em que os indivíduos podem conhecer novas realidades, a despeito de suas experiências peculiares.
II. O crescimento humano, ao longo da vida dos indivíduos, assemelha-se à construção de um
recinto, onde, simbolicamente, ficam depositados, ordenados e catalogados os fatos experienciados.
III. As experiências que o indivíduo vivencia durante a sua existência formam sua própria identidade,
diferenciando-o dos demais indivíduos que convivem com ele na mesma comunidade.
Quais estão de acordo com o texto?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e III.
(E) I, II e III.

Inferência

Ainda que águas brasileiras não sejam diretamente


atingidas pelos efeitos do gigantesco vazamento de petróleo no 12. Em relação às ideias do texto, assinale a
Golfo do México, onde milhares de barris de óleo são despejados inferência incorreta.
por dia há mais de um mês, é sensato que o governo brasileiro e a
Petrobras tratem de aprender com as ações técnicas para conter a
 Devido à expressão “depreender”, podemos
tragédia ambiental provocada pelo acidente da British Petroleum. É afirmar que se trata de inferência.
recomendável também que as autoridades observem os  Outras expressões possíveis: “infere-se”, deduz-
procedimentos administrativos do governo americano para se”, “depreende-se”, ...
enquadrar os responsáveis pelo acidente, como a aplicação de uma 
multa de US$ 75 milhões à companhia, com base na Lei de Poluição Assim sendo,
Petrolífera.
Vale, no caso, um exercício de imaginação: transponha-se a
Inferência: RESPOSTA CORRETA = ideias implícitas,
tragédia no Golfo para águas brasileiras, onde há igualmente sugeridas pela leitura.
intensa atividade petrolífera. A realidade não recomenda otimismo,
a começar pelos dispositivos existentes de prevenção de acidentes.
(O Globo, Editorial)
EXEMPLIFICANDO

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12. Em relação às ideias do texto, assinale a inferência incorreta.


a) As águas brasileiras não serão diretamente prejudicadas pelos
efeitos do desastre ecológico de vazamento de petróleo no Golfo
do México.
b) As providências técnicas do governo americano para conter a
tragédia ambiental da British Petroleum servem de exemplo para
o governo brasileiro.
c) O Brasil deve observar que o governo americano aplicou uma
alta multa para os responsáveis pelo acidente no Golfo do
México.
d) O governo americano conta com uma lei acerca da poluição
causada pelos acidentes com a exploração do petróleo.
e) O Brasil conta com dispositivos de prevenção de acidentes
petrolíferos adequados e avançados para enfrentar um possível
desastre ecológico.

Extratextualidade = a questão 13. Em “... o vendedor lisonjeia o comprador, trata-o


bem, estende à sua frente o tapete vermelho.”
formulada por meio do texto encontra- estende o tapete vermelho seria uma comparação
se fora do universo textual, exigindo dos compradores a
(A) consumidores desatentos.
do aluno conhecimento mais amplo de (B) apologistas do consumo.
mundo. (C) produtores vulneráveis.
(D) visitantes ilustres.
(E) empresários eficientes.

EXEMPLIFICANDO

GABARITO:

1. C 2. B 3. B 4. E 5. D
6. D 7. A 8. A 9. C 10. E
11. B 12. E 13. D

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Denotação X Conotação 1. O único fragmento do texto que apresenta todas as palavras


empregadas em sentido denotativo é
Denotação é a significação objetiva da palavra - valor referencial; (A) O folhetim é frutinha de nosso tempo.
é a palavra em "estado de dicionário“ (B) ... procura esmiuçar a “organização do novo animal”.
(C) ... a que obrigava a forte censura napoleônica.
Conotação é a significação subjetiva da palavra; ocorre quando a (D) ... oferecido como chamariz aos leitores afugentados pela modorra
palavra evoca outras realidades devido às associações que ela cinza.
provoca. (E) Se eu soltasse as rédeas da imprensa...
DENOTAÇÃO CONOTAÇÃO
palavra com palavra com
significação restrita significação ampla Denotação: significado básico e objetivo de uma palavra, um signo, um
símbolo etc., sem derivações, sentidos figurados...
palavra cujos sentidos
palavra com sentido
extrapolam o sentido
comum do dicionário Conotação: ideia ou sentimento que uma palavra ou coisa pode sugerir;
comum significado suplementar que se atribui a uma palavra, expressão ou objeto, por
palavra usada de palavra usada de se estabelecer algum tipo de associação com outras palavras, objetos e seres,
modo automatizado modo criativo ou outros contextos e situações, além daqueles presentes ou referidos
linguagem rica e diretamente.
linguagem comum
expressiva

Sinônimos X Antônimos
Sinônimos: palavras que possuem significados Antônimos: palavras que possuem significados
iguais ou semelhantes. opostos, contrários. Pode originar-se do acréscimo
A bruxa prendeu os irmãos. de um prefixo de sentido oposto ou negativo.
Exemplos:
A feiticeira prendeu os irmãos. mal X bem
Porém os sinônimos podem ser ausência X presença
•perfeitos: significado absolutamente igual, o que fraco X forte
claro X escuro
não é muito frequente. subir X descer
Ex.: morte = falecimento / idoso = ancião cheio X vazio
possível X impossível
•imperfeitos: o significado das palavras é simpático X antipático
apenas semelhante.
Ex.: belo~formoso/ adorar~amar / fobia~receio

2. “As redes de publicidade atuam como intermediárias, ligando um


grande número de anunciantes com editores de mídia. Os casos
estão crescendo especialmente a partir da expansão da plataforma
Android, do Google, onde aplicativos como o Angry Birds são
distribuídos gratuitamente e financiados por meio de anúncios.”
O verbo atuar tem o mesmo sentido no texto e na frase
(A) Na simulação daquele crime hediondo, os investigadores atuaram
brilhantemente.
(B) O funcionário atuava como líder do grupo; por isso, descobriu a
falcatrua.
(C) A tendência à delinquência atuou para que ele tivesse sido preso.
(D) As mudanças atuaram positivamente sobre a fabricação de novos
aplicativos.
(E) O funcionário atuou sobre a chefia para obter uma promoção.

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3. “Bastou as autoridades anunciarem que a fiscalização da Lei Seca será mais rigorosa no Rio
Grande do Sul, com instituição obrigatória do teste do bafômetro, para começar a insurreição,
liderada principalmente por advogados.
[...]O advogado Jairo Adriano de Mello contesta com raciocínio claríssimo colegas que defendem
o boicote à fiscalização com base na presunção da inocência e no direito de não produzir prova
contra si. [...]O teste do bafômetro não é prova contra mim. É a possibilidade que me é dada
de provar que não estou alcoolizado.”
Assinale a alternativa que apresenta os sinônimos mais adequados para as palavras rigorosa ,
contesta e possibilidade.
(A) severa – refuta – chance
(B) austera – responde – oportunidade
(C) severa – responde – chance
(D) austera – replica – ocasião
(E) obstinada – replica – oportunidade

TIPOLOGIA TEXTUAL
Narração: modalidade na qual se contam um ou mais fatos – fictício ou não - Bastou as autoridades anunciarem que a fiscalização da Lei Seca será
que ocorreram em determinado tempo e lugar, envolvendo certos mais rigorosa no Rio Grande do Sul, com instituição obrigatória do teste
personagens. Há uma relação de anterioridade e posterioridade. O tempo do bafômetro, para começar a insurreição, liderada principalmente por
verbal predominante é o passado. advogados. A alegação para contestar a exigência – e a punição para
quem se recusar a fazê-lo – é de que ninguém pode ser obrigado a
Descrição: é a modalidade na qual se apontam as características que produzir provas contra si.
compõem determinado objeto, pessoa, ambiente ou paisagem. Presença da
De fato, nenhum cidadão pode ser obrigado a produzir provas contra si,
adjetivação.
e é por isso que acusados de diferentes crimes usam o direito de
Argumentação: modalidade na qual se expõem ideias gerais e opiniões, permanecer calados em um interrogatório. O fato de a lei dar ao
seguidas da apresentação de argumentos que as defendam e comprovem. cidadão o direito de não se
Visa à persuasão. submeter ao teste do bafômetro não tira do Estado o direito de reter a
carteira e de multar, administrativamente, quem se recusar a fazê-lo. É
Exposição: apresenta informações sobre assuntos. Não faz defesa de uma com base nessa interpretação que o Rio de Janeiro, um dos estados
ideia. Apenas revela ideias sobre um determinado assunto. Texto expositivo + que conseguiu os melhores resultados no combate à violência no
narrativo = relato. trânsito, aplica multa em quem se recusa a fazer o teste do bafômetro
nas blitze da Operação Lei Seca e retém a habilitação e o carro.
Injunção: indica como realizar uma ação; prediz acontecimentos e
comportamentos. Linguagem objetiva e simples. Predomínio do imperativo.

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4. Considere as seguintes afirmações sobre o conteúdo do texto.


O advogado Jairo Adriano de Mello contesta com I. Conforme opinião sobretudo dos advogados, a determinação de que os
raciocínio claríssimo colegas que defendem o boicote à condutores de veículo automotor realizem obrigatoriamente o teste do bafômetro
não tem amparo legal, pois fere o direito que todo cidadão tem de não produzir
fiscalização com base na presunção da inocência e no prova contra si.
direito de não produzir prova contra si: – Estão invertendo II. De acordo com Mello, as autoridades não dispõem de dispositivos legais que
certas lógicas, e muitos repetem os argumentos como coíbam o consumo de bebidas alcoólicas por condutores de veículo automotor no
Rio Grande do Sul.
papagaios. Todos são inocentes até que se prove o III. Segundo a autora do texto, diferentemente do que ocorreu no Rio de Janeiro,
contrário, mas, no momento em que eu dificulto a prova, os órgãos responsáveis pela fiscalização da Lei Seca no Rio Grande do Sul
sou contra ela, a lógica autoriza a inversão da presunção relativizaram a aplicação do teste do bafômetro em situações em que os
condutores de veículo automotor apresentavam visivelmente teor de álcool etílico
da inocência. O teste do bafômetro não é prova contra acima do permitido.
mim. É a possibilidade que me é dada de provar que não Quais afirmações estão de acordo com o texto?
estou alcoolizado. (A) Apenas I.
(B) Apenas I e III.
Adaptado de: OLIVEIRA, Rosane de. Multas pela vida . (C) Apenas II e III.
Zero Hora, 5 mar. 2011. p. 9. (D) Apenas II.
(E) I, II e III.

GÊNEROS TEXTUAIS
GÊNEROS TEXTUAIS
EDITORIAL: texto opinativo/argumentativo, não assinado, no
CRÔNICA: fotografia do cotidiano, realizada por olhos
qual o autor (ou autores) não expressa a sua opinião, mas
particulares. Geralmente, o cronista apropria-se de um fato atual
revela o ponto de vista da instituição. Geralmente, aborda
do cotidiano, para, posteriormente, tecer críticas ao status quo,
assuntos bastante atuais. Busca traduzir a opinião pública
baseadas quase exclusivamente em seu ponto de vista. A
acerca de determinado tema, dirigindo-se (explícita ou
linguagem desse tipo de texto é predominantemente coloquial.
implicitamente) às autoridades, a fim de cobrar-lhes
soluções.
BREVE ENSAIO: é autoral; trata-se de texto
ARTIGOS: São textos autorais – assinados –, cuja opinião é da
opinativo/argumentativo, assinado, no qual o autor expressa a
inteira responsabilidade de quem o escreveu. Seu objetivo é o sua opinião. Geralmente, aborda assuntos universais.
de persuadir o leitor.

NOTÍCIAS: são autorais, apesar de nem sempre serem


assinadas. Seu objetivo é tão somente o de informar, não o de
convencer.

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A primeira vez que vi o mar eu não estava sozinho. Estava no meio de um bando 5. O texto é construído por meio
enorme de meninos. Nós tínhamos viajado para ver o mar. No meio de nós havia (A) do perfeito encadeamento entre os dois parágrafos: as explicações sobre
apenas um menino que já o tinha visto. Ele nos contava que havia três espécies o mar, no primeiro, harmonizam-se com sua visão extasiada, no segundo.
de mar: o mar mesmo, a maré, que é menor que o mar, e a marola, que é menor (B) da violenta ruptura entre os dois parágrafos: o primeiro alonga-se em
que a maré. Logo a gente fazia ideia de um lago enorme e duas lagoas. Mas o explicações sobre o mar que não têm qualquer relação com o que é narrado
menino explicava que não. O mar entrava pela maré e a maré entrava pela no segundo.
marola. A marola vinha e voltava. A maré enchia e vazava. O mar às vezes tinha (C) de procedimentos narrativos diversos correspondentes aos dois
espuma e às vezes não tinha. Isso perturbava ainda mais a imagem. Três lagoas parágrafos: no primeiro, o narrador é o autor da crônica; no segundo, ele dá
mexendo, esvaziando e enchendo, com uns rios no meio, às vezes uma porção voz ao menino que já vira o mar.
de espumas, tudo isso muito salgado, azul, com ventos. (D) do contraste entre os dois parágrafos: as frustradas explicações sobre o
Fomos ver o mar. Era de manhã, fazia sol. De repente houve um grito: o mar! Era mar para quem nunca o vira, no primeiro, são seguidas pela arrebatada visão
qualquer coisa de largo, de inesperado. Estava bem verde perto da terra, e mais do mar, no segundo.
longe estava azul. Nós todos gritamos, numa gritaria infernal, e saímos correndo (E) da inversão entre a ordem dos acontecimentos em relação aos dois
para o lado do mar. As ondas batiam nas pedras e jogavam espuma que brilhava parágrafos: o que é narrado no primeiro só teria ocorrido depois do que se
ao sol. Ondas grandes, cheias, que explodiam com barulho. Ficamos ali parados, narra no segundo.
com a respiração apressada, vendo o mar...
(Fragmento de crônica de Rubem Braga, Mar, Santos, julho, 1938)

breve ensaio
O exercício da memória, seu exercício mais intenso e mais contundente, é GABARITO
indissociável da presença dos velhos entre nós. Quando ainda não contidos pelo
estigma de improdutivos, quando por isso ainda não constrangidos pela 1. C 2. B 3. A
impaciência, pelos sorrisos incolores, pela cortesia inautêntica, pelos cuidados 4. A 5. D 6. E
geriátricos impessoais, pelo isolamento, quando então ainda não-calados,
dedicam-se os velhos, cheios de espontaneidade, à cerimônia da evocação,
evocação solene do que mais impressionou suas retinas tão fatigadas, enquanto
seus interesses e suas mãos laborosas participavam da norma e também do
mistério de uma cultura.
(GONÇALVES FILHO, José Moura, “Olhar e memória”.)

6. No fragmento, o autor considera que


(A) a memória é exercício restrito aos velhos, cuja presença entre os mais jovens
é bastante intensa.
(B) improdutivos é termo que, denotando “o que já produziu”, expressa o
reconhecimento do valor dos que concluíram sua fecunda ação na sociedade.
(C) a impaciência e a descortesia são atributos legítimos dos mais velhos, que já
participaram da construção da cultura de seu país.
(D) o silêncio dos velhos é uma marca salutar dos que espontaneamente
resolveram dedicar-se ao culto do passado.
(E) o resgate a que se consagram os velhos das experiências que mais os
comoveram no passado é uma verdadeira celebração.

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5. Considere as seguintes afirmações sobre o conteúdo do texto.

I. O primeiro parágrafo apresenta resultado de estudo realizado por uma universidade americana
acerca das atividades mais comuns dos usuários de certa rede social.
II. O segundo parágrafo informa que pessoas que frequentam as mesmas redes sociais
inevitavelmente serão amigas.
III. O terceiro parágrafo mostra como o Twitter vem contribuindo para o desenvolvimento de
amizades geradas com o auxílio da Internet.
Quais estão corretas?

(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e III.
(E) I, II e III.

advérbios

Os ecos da Revolução do Porto haviam chegado ao Brasil e bastaram


algumas semanas para inflamar os ânimos dos brasileiros e portugueses
que cercavam a corte. Na manhã de 26 de fevereiro, uma multidão exigia
8. Observação de palavras de cunho a presença do rei no centro do Rio de Janeiro e a assinatura da .
categórico: Constituição liberal. Ao ouvir as notícias, a alguns quilômetros dali, D
Advérbios João mandou fechar todas as janelas do palácio São Cristóvão,
como fazia em noites de trovoadas.
Artigos 6. Por meio da afirmativa destacada, o autor
Tempos verbais (A) exprime uma opinião pessoal taxativa a respeito da atitude do rei
diante da iminência da Revolução do Porto.
Expressões restritivas (B) critica de modo inflexível a atitude do rei, que, acuado, passa o poder
Expressões enfáticas para as mãos do filho.
(C) demonstra que o rei era dono de uma personalidade intempestiva,
que se assemelhava a uma chuva forte. a
EXEMPLIFICANDO (D) sugere, de modo indireto, que o rei havia se alarmado com
informação recebida.
(E) utiliza-se de ironia para induzir o leitor à conclusão de que seria mais
do que justo depor o rei.

artigos
Tempos verbais
Mas,
como toda novidade, a nanociência está assustando.
Afinal, um material com características incríveis poderia Os pais de hoje costumam dizer que importante é que os filhos sejam felizes. É
uma tendência que se impôs ao influxo das teses libertárias dos anos 1960. É
também causar danos incalculáveis ao homem ou ao meio irrelevante que entrem na faculdade, que ganhem muito ou pouco dinheiro, que
ambiente. No mês passado, um grupo de ativistas sejam bem-sucedidos na profissão. O que espero, eis a resposta correta, é que
sejam felizes. Ora, felicidade é coisa grandiosa. É esperar, no mínimo, que o
americanos tirou a roupa para protestar contra calças filho sinta prazer nas pequenas coisas da vida. Se não for suficiente, que
nanotecnológicas que seriam superpoluentes. consiga cumprir todos os desejos e ambições que venha a abrigar. Se ainda for
7. pouco, que atinja o enlevo místico dos santos. Não dá para preencher caderno
Assinale a opção correta.
(A) de encargos mais cruel para a pobre criança.
Coisas novas costumam provocar medo nas pessoas.
(B) 8. É irrelevante que entrem na faculdade, que ganhem muito ou pouco
Produtos criados pela nanotecnologia só apresentam
dinheiro, que sejam bem-sucedidos na profissão.
pontos positivos. O emprego das formas verbais grifadas acima denota
(C)Os
danos ao meio ambiente são provocados pela (A) hipótese passível de realização.
(B) fato real e definido no tempo.
nanotecnologia. (C) condição de realização de um fato.
(D)Os
ativistas mostraram que as calças nanotecnológicas (D) finalidade das ações apontadas no segmento.
provocam poluição. (E) temporalidade que situa as ações no passado.

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A Morte do Livro
Diante desta profecia desanimadora, recorri aos clichês de praxe: como levaremos o livro
para a praia, para a cama, para a rede? Elementar, minha cara Neanderthal, respondeu o editor.
O computador não será o trambolho que conhecemos hoje. As telas serão menores do que uma
calculadora de bolso e poderão ser acoplados num óculos, por que não?
Seja feita a vontade de Bill Gates. Mas, no que me diz respeito, não vou deixar meus livros
virarem peça de museu. O livro não é um produto descartável: usou, jogou fora. Nunca fiz isso
nem com namorado, imagine com um livro, que é muito mais útil.
Zero Hora. Martha Medeiros.

2. Assinale a alternativa em que é feita uma afirmação correta acerca do texto.


(A) Os argumentos utilizados pela autora são inéditos.
(B) A linguagem utilizada no texto empobrece os argumentos nele apresentados.
(C) O tema de que trata o texto interessa tão-somente àqueles ligados à Literatura.
(D) A autora, abordando subjetivamente o assunto, faz uso da ironia em certas passagens do
texto.
(E) O assunto de que trata o texto constitui uma preocupação que persegue os editores e os
autores desde sempre.

EXERCITANDO
Que nem água...
Há alguns anos, costumava-se dizer "ele gasta dinheiro que nem água". Essa frase, além
de indicar alguém que esbanjava dinheiro, referia-se à água como coisa sem valor, abundante,
inesgotável... Bons tempos... Melhor dizendo: tempos ilusórios, pois não se tinha consciência do
valor desse elemento vital que a cada dia escasseia em nosso planeta, e que hoje já não serve
para indicar algo desprezível, muito pelo contrário: a água é cara, e tem de ser economizada
como um bem precioso.
Descobrimos há pouco, com um ingênuo pasmo, que nossas fontes de energia elétrica
podem secar junto com nossas represas. Além da sede que ela mata, da lavoura que irriga, dos
barcos que transporta e do peixe que oferece, a água se faz necessária para movimentar as
turbinas que passaram a movimentar o ritmo da vida moderna. Sem energia não há máquinas,
sem máquinas não há trabalho, sem trabalho não há produção, sem produção não há economia.
Isso é claro como água. O que não está muito claro são as saídas a curto prazo para a presente
crise energética. A água sempre demandou um tratamento respeitoso, mas só agora nos damos
conta disso.
Que fique a lição. Talvez chegue o tempo em que, se alguém disser "ele gasta dinheiro que
nem água", todo mundo saberá que se trata de uma pessoa muito econômica, que pensa bem
antes de desembolsar seu precioso dinheirinho.
(Humberto Chiaro)
3. De acordo com o texto, a importância da água
(A) já era reconhecida desde que se usava a frase "ele gasta dinheiro que nem água".
(B) foi reconhecida quando, apesar de abundante, passou a custar mais caro.
(C) ficou patente quando as pessoas se deram conta de que não se trata de um bem inesgotável.
(D) só será reconhecida quando "gastar dinheiro que nem água" significar "esbanjar".
(E) ficou mais clara quando outras fontes de energia se revelaram mais baratas.

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4. Considere as seguintes afirmações:


I. Os múltiplos usos da água, referidos no texto, atestam que ela foi e sempre será um bem
precioso.
II. A opção pela energia hidrelétrica faz da água um elemento essencial para a produção e para a
economia de um país industrializado.
III. Até pouco tempo atrás, tinha-se a ilusão de que, em nosso país, a água e a energia elétrica
mantinham entre si uma intensa relação.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma APENAS em
(A) I.
(B) II.
(C) III.
(D) I e II.
(E) II e III.

Verdes, bonitas e de aparência inofensiva, as plantas também podem ser ecologicamente


incorretas – as chamadas "invasoras", por exemplo, representam a segunda maior causa de
destruição da biodiversidade do planeta, perdendo apenas para o desmatamento. Só para se ter
parâmetro de sua agressividade, segundo os especialistas, elas são mais predadoras do que o
aquecimento global. Trata-se de espécies exóticas trazidas de outros países que, plantadas em
um novo habitat, passam a destruir a flora e a fauna nativas. Livres de "adversários", elas vão se
alastrando até virarem praga. Mas quem poderia desconfiar de uma jaqueira, de uma amendoeira
ou de um bambuzal? Plantas invasoras como essas estão agora chamando a atenção do governo
federal e de secretarias do meio ambiente de todo o país.

5. Só para se ter parâmetro de sua agressividade, segundo os especialistas, elas são mais
predadoras do que o aquecimento global. (1º parágrafo)
O sentido da expressão grifada acima está corretamente reproduzido, com outras palavras, em:
(A) controle das causas de destruição trazidas por essas plantas exóticas.
(B) condição de mapear a expansão descontrolada dessas plantas.
(C) medida do comprometimento ambiental causado por plantas invasoras.
(D) uma possível resistência ao ímpeto destruidor das espécies alienígenas.
(E) a exata importância da resistência dessas plantas exóticas no novo habitat.

A questão de número 6 baseia-se no texto abaixo.


Multidões de mascarados e maquiados com cores alegóricas das nacionalidades envolvidas nas
disputas da Copa do Mundo falam por esse meio uma linguagem que simbolicamente quer dizer
muito mais do que pode parecer. Trata-se de um ritual cíclico de renovação de identidades
nacionais expressas nos ornamentos e paramentos do que é funcionalmente uma nova religião no
vazio contemporâneo. Aqui no Brasil as manifestações simbólicas relacionadas com o futebol e
seus significados têm tudo a ver com o modo como entre nós se difundiu a modernidade, nas
peculiaridades de nossa história social.
Embora não fosse essa a intenção, rapidamente esse esporte assumiu entre nós funções
sociais extrafutebolísticas que se prolongam até nossos dias e respondem por sua imensa
popularidade. A República, em que todos se tornaram juridicamente brancos, sucedeu a
monarquia segmentada em senhores e escravos, brancos e negros, todos acomodados numa
dessas duas identidades. A República criou o brasileiro genérico e abstrato. O advento do futebol
entre nós coincidiu com a busca de identidades reais para preencher as incertezas dessa ficção

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jurídica. Clubes futebolísticos de nacionalidades, de empresas, de bairros, de opções subjetivas


disfarçaram as diferenças sociais reais e profundas, sobrepuseram-se a elas e tornaram funcionais
os conflitos próprios da nova realidade criada pela abolição da escravatura.
No futebol há espaço para acomodações e inclusões, mesmo porque, sem a diversidade de
clubes e sem a competição, o futebol não teria sentido. O receituário da modernidade inclui,
justamente, esses detalhes de convivência com a diversidade e com a rotatividade dos que
triunfam. Nela, a vida recomeça continuamente; depois da vitória é preciso lutar pela vitória
seguinte.
O futebol, essencialmente, massificou e institucionalizou a competição e a concorrência,
elevou-as à condição de valores sociais e demonstrou as oportunidades de vitória de cada um no
rodízio dos vitoriosos. Nele, a derrota nunca é definitiva nem permanente. Por esse meio, o que
era mero requisito do funcionamento do mercado e da multiplicação do capital tornou-se
expressamente um rito de difusão de seus princípios no modo de vida, na mentalidade e no
cotidiano das pessoas comuns.
É nesse sentido que o futebol só pode existir em sociedades competitivas e de antagonismos
sociais administráveis. Fora delas, não é compreendido. Há alguns anos, um antropólogo que
estava fazendo pesquisa com os índios xerentes, de Goiás, surpreendeu-se ao ver que eles
haviam adotado entusiasticamente o futebol. Com uma diferença: os 22 jogadores não atuavam
como dois times de 11, mas como um único time jogando contra a bola, perseguida em campo
todo o tempo. Interpretaram o futebol como ritual de caça. Algo próprio de uma sociedade tribal e
comunitária.

(Adaptado de José de Souza Martins. O Estado de S. Paulo, Aliás, J7, 4 de julho de 2010)
6. É correto perceber no texto que o autor
(A) contesta a noção de que o futebol, com seu ritual próprio, possa ser considerado símbolo de
uma única nação ou região geográfica.
(B) assinala a interferência dos rituais religiosos numa atividade esportiva, que deveria se
caracterizar por linguagem e normas específicas.
(C) critica a interferência de interesses financeiros e de mercado que cercam o futebol,
extrapolando seus objetivos originais, de esporte e lazer.
(D) defende a ideia de que o futebol é democrático, ao permitir a ascensão social,
independentemente de eventuais desigualdades.
(E) aponta a transformação de um esporte, de início democrático, em elemento primordial de
afirmação de valores pessoais e de nacionalidades distintas.

Palavra indígena

A história da tribo Sapucaí, que traduziu para o idioma guarani os artefatos da era da
computação que ganharam importância em sua vida, como mouse (que eles chamam de angojhá)
e windows (oventã).
Quando a internet chegou àquela comunidade, que abriga em torno de 400 guaranis, há
quatro anos, por meio de um projeto do Comitê para Democratização da Informática (CDI), em
parceria com a ONG Rede Povos da Floresta e com antena cedida pela Star One (da Embratel),
Potty e sua aldeia logo vislumbraram as possibilidades de comunicação que a web traz.

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Ele conta que usam a rede, por enquanto, somente para preparação e envio de
documentos, mas perceberam que ela pode ajudar na preservação da cultura indígena.
A apropriação da rede se deu de forma gradual, mas os guaranis já incorporaram a
novidade tecnológica ao seu estilo de vida. A importância da internet e da computação para eles
está expressa num caso de rara incorporação: a do vocabulário.
— Um dia, o cacique da aldeia Sapucaí me ligou. “A gente não está querendo chamar
computador de “computador”. Sugeri a eles que criassem uma palavra em guarani. E criaram aiú
irú rive, “caixa pra acumular a língua”. Nós, brancos, usamos mouse, windows e outros termos,
que eles começaram a adaptar para o idioma deles, como angojhá (rato) e oventã (janela) —
conta Rodrigo Baggio, diretor do CDI.

Disponível em: http://www.revistalingua.uol.com.br. Acesso em: 22 jul. 2010.

7. O uso das novas tecnologias de informação e comunicação fez surgir uma série de novos
termos que foram acolhidos na sociedade brasileira em sua forma original como mouse, windows,
download, site, homepage, entre outros. O texto trata da adaptação de termos da informática à
língua indígena como uma reação da tribo Sapucaí, o que revela

(A) a preservação da identidade, demonstrada pela conservação do idioma, mesmo com a


utilização de novas tecnologias características da cultura de outros grupos sociais.
(B) a possibilidade que o índio Potty vislumbrou em relação à comunicação que a web pode
trazer a seu povo e à facilidade no envio de documentos e na conversação em tempo real.
(C) o uso da internet para preparação e envio de documentos, bem como a contribuição para
as atividades relacionadas aos trabalhos da cultura índigena.
(D) adesão ao projeto do Comitê para Democratização da Informática (CDI), que, em parceria
com a ONG Rede Povos da Floresta, possibilitou o acesso à web, mesmo em ambiente
inóspito.
(E) a apropriação da nova tecnologia de forma gradual, evidente quando os guaranis
incorporaram a novidade tecnológica ao seu estilo de vida com a possibilidade de acesso à
internet.

Rio Grande do Norte: a esquina do continente


Os portugueses tentaram iniciar a colonização em 1535, mas os índios potiguares resistiram
e os franceses invadiram. A ocupação portuguesa só se efetivou no final do século, com a
fundação do Forte dos Reis Magos e da Vila de Natal. O clima pouco favorável ao cultivo da cana
levou a atividade econômica para a pecuária. O Estado tornou-se centro de criação de gado para
abastecer os Estados vizinhos e começou a ganhar importância a extração do sal – hoje, o Rio
Grande do Norte responde por 95% de todo o sal extraído no país. O petróleo é outra fonte de
recursos: é o maior produtor nacional de petróleo em terra e o segundo no mar. Os 410
quilômetros de praias garantem um lugar especial para o turismo na economia estadual.
O litoral oriental compõe o Polo Costa das Dunas − com belas praias, falésias, dunas e o
maior cajueiro do mundo –, do qual faz parte a capital, Natal. O Polo Costa Branca, no oeste do
Estado, é caracterizado pelo contraste: de um lado, a caatinga; do outro, o mar, com dunas,
falésias e quilômetros de praias praticamente desertas. A região é grande produtora de sal,
petróleo e frutas; abriga sítios arqueológicos e até um vulcão extinto, o Pico do Cabugi, em

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Angicos. Mossoró é a segunda cidade mais importante. Além da rica história, é conhecida por suas
águas termais, pelo artesanato reunido no mercado São João e pelas salinas.
Caicó, Currais Novos e Açari compõem o chamado Polo do Seridó, dominado pela caatinga
e com sítios arqueológicos importantes, serras majestosas e cavernas misteriosas. Em Caicó há
vários açudes e formações rochosas naturais que desafiam a imaginação do homem.
O turismo de aventura encontra seu espaço no Polo Serrano, cujo clima ameno e geografia
formada por montanhas e grutas atraem os adeptos do ecoturismo. Outro polo atraente é
Agreste/Trairi, com sua sucessão de serras, rochas e lajedos nos 13 municípios que compõem a
região. Em Santa Cruz, a subida ao Monte Carmelo desvenda toda a beleza do sertão potiguar –
em breve, o local vai abrigar um complexo voltado principalmente para o turismo religioso. A
vaquejada e o Arraiá do Lampião são as grandes atrações de Tangará, que oferece ainda um
belíssimo panorama no Açude do Trairi.
(Nordeste. 30/10/2010, Encarte no jornal O Estado de S. Paulo).

8. O texto se estrutura notadamente


(A) com o objetivo de esclarecer alguns aspectos cronológicos do processo histórico de formação
do Estado e de suas bases econômicas, desde a época da colonização.
(B) como uma crônica baseada em aspectos históricos, em que se apresentam tópicos que
salientam as formações geográficas do Estado.
(C) de maneira dissertativa, em que se discutem as várias divisões regionais do Estado com a
finalidade de comprovar qual delas se apresenta como a mais bela.
(D) sob forma narrativa, de início, e descritiva, a seguir, visando a despertar interesse turístico
para as atrações que o Estado oferece.
(E) de forma instrucional, como orientação a eventuais viajantes que se disponham a conhecer
a região, apresentando-lhes uma ordem preferencial de visitação.

Instrução: a questão 9 refere-se ao texto que segue.

A cidade moderna são os ecos [de um] labirinto – presídio complexo de ruas cruzadas e
rios aparentemente sem embocadura – onde a iniciação itinerante e o fio de Ariadne se mostram
tênues ou nulos. Invertendo-se uma das interpretações do mito, o labirinto aqui não é a trilha
para chegar-se ao centro; é, antes, marca da dispersão. Indica a vitória do material sobre o
espiritual, do perecível sobre o eterno. Ou mais, o lugar do descartável e do novo e sempre-igual.
O homem citadino é presa dessa cidade, está enredado em suas malhas. Não consegue sair
desse espaço denso, uma vez que a civilização urbana espraiou-se para além dos centros
metropolitanos e continua a preencher grandes áreas que gravitam em torno desses centros. A
partir da Revolução Industrial, o fenômeno urbano parece ter ultrapassado as fronteiras das
“cidades” e ter-se difundido pelo espaço físico.
O signo do progresso transforma a urbanização em movimento centrífugo, gerando a
metrópole que se dispersa. Assim, o citadino – homem à deriva – está na cidade como em
labirinto, não pode sair dela sem cair em outra, idêntica ainda que seja distinta.

GOMES, Renato Cordeiro. Todas as cidades, a cidade. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.

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9. Na visão do autor, a cidade é um espaço caracterizado por antíteses, por opostos que se
somam num todo quase sempre contraditório. Esse ponto de vista se faz presente de forma
particularmente significativa em
(A) “A cidade moderna são os ecos [de um] labirinto –” .
(B) “Ou mais, o lugar do descartável e do novo e sempre-igual.”
(C) “O homem citadino é presa dessa cidade,”
(D) “Não consegue sair desse espaço denso,”
(E) “O signo do progresso transforma a urbanização em movimento centrífugo,”

Instrução: aS questões 10 a 14 referem-se ao texto que segue.

O Senhor Computador
Acabo de perder a crônica que havia escrito. Sequer tenho onde reescrevê-la,
além desse caderninho onde inclino com mãos trêmulas uma esferográfica preta, desenhando
garranchos que não vou entender daqui a meia hora. Explico: tenho, para uso próprio, dois
computadores. E hoje os dois me deixaram órfão, fora do ar, batendo pino, encarando o
vazio de suas telas obscuras. A carroça de mesa pifou depois de um pico de energia. O portátil,
que muitas vezes levo para passear como um cachorrinho cheio de ideias, entrou em conflito com
a atualização do antivírus e não quer “iniciar”. O temperamental está fazendo beicinho, e não
estou a fim de discutir a relação homem-máquina com ele.
Farei isso, pois, com os leitores. Tenho consciência de que a crônica sobre as agruras do
escritor com computadores indolentes virou um clichê, um subgênero batido como são as crônicas
sobre falta de ideia. Mas não tenho opção que não seja registrar meu desalento com as
máquinas nos poucos minutos que me restam até que a redação do jornal me telefone cobrando
peremptoriamente esse texto.
E registrar a decepção comigo mesmo – com a minha dependência estúpida do
computador. Não somente deste escriba, aliás: somos todos cada vez mais subordinados ao
senhor computador. Vemos televisão no computador, vamos ao cinema no computador, fazemos
compras no computador, amigos no computador. Música no computador. Trabalho no
computador.
Escritores mais graduados me confessam escrever somente a lápis. Depois de vários
tratamentos, passam o texto para o computador, “quando já está pronto”. Faço parte de uma
geração que não apenas cria direto no computador, mas pensa na frente do computador.
Teclamos com olhos dilatados e dedos frementes sobre a cortina branca do processador de
texto, encarando uma tela que esconde, por trás de si, um trilhão de outras janelas, “o mundo ao
toque de um clique”. Nada mais ilusório.
O que assustou por aqui foi minha sincera reação de pânico à possibilidade de perder tudo
– como se a casa e a biblioteca pegassem fogo. Tenho pelo menos seis anos de textos, três mil
fotos e umas sete mil músicas em cada um dos computadores – a cópia de segurança dos
arquivos de um estava no outro. Claro, seria impossível que os dois quebrassem – “ainda mais no
mesmo dia!” Os técnicos e entendidos em informática dirão que sou um idiota descuidado. Eles
têm razão. Há outro lado. Se nada recuperar, vou me sentir infinitamente livre para
começar tudo de novo. Longe do computador, espero.

CUENCA, João Paulo. Megazine. Jornal O Globo. 20 mar. 2007.

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10. “Acabo de perder a crônica que havia escrito.”


A frase acima indica que o autor refere-se ao(à)
(A) extravio do original manuscrito da crônica.
(B) sumiço de seu texto que estava no computador.
(C) dificuldade de ler o próprio rascunho.
(D) sua momentânea falta de inspiração.
(E) sua incapacidade de pensar longe do computador.

11. Conforme o texto, pode-se afirmar que o autor


(A) questiona a própria atitude de excessiva confiança nos computadores.
(B) reprova o processo de trabalho dos escritores de gerações anteriores à sua.
(C) põe em dúvida a capacidade profissional de técnicos em informática.
(D) desiste de vez do computador, sem esperança de recuperar seus arquivos.
(E) sugere e propõe-se a divulgar algumas inovações tecnológicas.

12. Assinale a palavra que, no texto, se aplica à reação do cronista diante da possibilidade de
perda total de seu arquivo.
(A) Desalento.
(B) Decepção.
(C) Pânico.
(D) Conflito.
(E) Subordinação.

13. Assinale a passagem em que predomina o uso da linguagem informal.


(A) “Sequer tenho onde reescrevê-la,”
(B) “...os dois me deixaram órfão, fora do ar, batendo pino,”
(C) “Mas não tenho opção que não seja registrar meu desalento com as máquinas...”
(D) “Teclamos com olhos dilatados e dedos frementes...”
(E) “Se nada recuperar, vou me sentir infinitamente livre...”

14. Há ERRO no significado atribuído à palavra


(A) agruras = dificuldades, aborrecimentos.
(B) indolentes = inertes, preguiçosos.
(C) desalento = desânimo, abatimento.
(D) peremptoriamente = de forma hesitante, vacilante.
(E) frementes = trêmulos, agitados.

Instrução: as questões 15 a 20 referem-se ao texto que segue.

Abreviados
Nem faz tanto tempo assim, as pessoas diziam vosmecê. “Vosmecê concede a honra desta
dança?” Com o tempo, fomos deixando a formalidade de lado e adotamos uma forma sincopada,
o popular você. “Você quer ouvir uns discos lá em casa?” Parecia que as coisas ficariam por isso
mesmo, mas o mundo, definitivamente, não se acomoda. Nesta onda de tornar tudo mais prático
e funcional, as palavras começaram a perder algumas vogais pelo caminho e se transformaram
em abreviaturas esdrúxulas, e você virou vc. “Vc q tc cmg?”

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Nenhuma linguagem é estática, elas acompanham as exigências da época, ganham e


perdem significados, mudam de função. Gírias, palavrões, nada se mantém o mesmo. Qual é o
espanto?
Espanto, aliás, já é palavra em desuso: ninguém mais se espanta com coisa alguma. No
máximo, ficamos levemente surpreendidos, que é como fiquei quando soube que um dos canais
do Telecine iria abrir um horário às terças-feiras para exibir filmes com legendas abreviadas, tal
qual acontece nos chats. Uma estratégia mercadológica para conquistar a audiência mais
jovem, naturalmente, mas e se a moda pegar?
Hoje, são as legendas de um filme. Amanhã, poderá ser lançada uma revista toda escrita
neste código, e depois quem sabe um livro, e de repente estará todo mundo ganhando tempo e
escrevendo apenas com consoantes – adeus, vogais, fim de linha pra vocês.
O receio de todo cronista é ficar datado, mas, em contrapartida, dizem que é importante
este nosso registro do cotidiano, para que nossos descendentes saibam, um dia, o que se passava
nesta nossa cabecinha jurássica. Posso imaginar, daqui a 50 anos, meus netos gargalhando
diante deste meu texto: “ctd d w”.
Coitada da vovó mesmo. Às vezes me sinto uma anciã, lamentando o quanto a vida está
ficando miserável. Não se trata apenas dos miseráveis sem comida, sem teto e sem saúde, o que
já é um descalabro, mas da nossa miséria opcional. Abreviamos sentimentos, abreviamos
conversas, abreviamos convivência, abreviamos o ócio, fazemos tudo ligeiro, atropelando nosso
amor-próprio, nosso discernimento, vivendo resumidamente, com flashes do que outrora se
chamou arte, com uma ideia indistinta do que outrora se chamou liberdade. Todos espiam todos,
sabem da vida de todos, e não conhecem ninguém. Modernidade ou penúria?
As vogais são apenas cinco. Perdê-las é uma metáfora. Cada dia abandonamos as poucas
coisas em nós que são abertas e pronunciáveis.

MEDEIROS, Martha. Revista O Globo. 20 mar. 2005.

15. “Uma língua viva nunca está plenamente feita, mas se faz continuamente graças à atividade
linguística.”
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa.
Em qual parágrafo do texto o conteúdo coincide com o do trecho apresentado acima?
(A) 2º.
(B) 3º.
(C) 4º.
(D) 5º.
(E) 6º.
16. Assinale a expressão que, por se identificar com o conteúdo da crônica, poderia servir-lhe de
título.
(A) “...exigências da época,”
(B) “...estratégia mercadológica...”
(C) “...conquistar a audiência...”
(D) “...cabecinha jurássica.”)
(E) “vivendo resumidamente,”

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17. “Abreviamos sentimentos, abreviamos conversas, abreviamos convivência, abreviamos o ócio,


fazemos tudo ligeiro,”
Esta frase quer dizer realmente que

(A) já não temos disponibilidade interior para nós mesmos nem para os outros.
(B) o contato pessoal foi substituído pelo contato virtual.
(C) nossas necessidades materiais não nos deixam tempo para mais nada.
(D) as exigências da vida moderna estão sempre impossibilitando o convívio social.
(E) as transformações do mundo se processam mais rapidamente do que a nossa capacidade de
adaptação.

18. A cronista chama de “....miséria opcional.” a(s)

(A) privação voluntária de bens materiais.


(B) vida dos sem comida, sem casa, sem saúde.
(C) perda, devido ao abandono consciente, de nossos melhores sentimentos e atitudes.
(D) resignação diante das dificuldades da vida.
(E) legendas abreviadas dos chats.

19. Considere as afirmações a seguir.

I - Por tratarem geralmente de temas da atualidade do autor, as crônicas são um valioso registro
do cotidiano de uma época para conhecimento das futuras gerações.
II - Falta à crônica de Martha Medeiros atualidade temática e um pouco de humor.
III - Ao desenvolver a sua crônica, Martha Medeiros vai tocando em vários assuntos, sem,
todavia, desviar-se de seu foco: perdas que empobrecem.
É(São) verdadeira(s) APENAS a(s) afirmação(ões)

(A) I.
(B) II.
(C) III.
(D) I e II.
(E) I e III.

20. “...e se transformaram em abreviaturas esdrúxulas,”. Das palavras abaixo, a que NÃO pode
ser citada como sinônimo de esdrúxulas é

(A) esquisitas.
(B) extravagantes.
(C) excêntricas.
(D) astuciosas.
(E) invulgares.

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Instrução: as questões 21 a 24 referem-se ao texto que segue.

Sonhos, ousadia e ação


01. Albert Einstein (1879-1955), físico alemão famoso por desenvolver a Teoria da Relatividade,
mencionou, durante sua vida, várias frases famosas. Uma delas é: “Nunca penso no futuro. Ele
chega rápido demais”. Para um gênio como Einstein, que vivia muito à frente de sua época, tal
frase poderia ter certo 05.sentido. Mas também deixa claro que sua preocupação era agir no
presente, no hoje, e as consequências dessas ações seriam repercutidas no futuro.
Ainda utilizando frases do físico, mais uma vez ele quebra um paradigma quando cita: “A
imaginação é mais importante do que o conhecimento”. Os céticos podem insistir em afirmar que
o mais importante é adquirir 10.conhecimento. No entanto, sem a criatividade nascida de uma
boa imaginação, de nada adianta possuir conhecimento se você não tem curiosidade em ir além.
O conhecimento é muito importante para validar a criatividade e colocá-la em prática, mas, antes
de qualquer ação, existiu a imaginação, um sonho que, aliado ao conhecimento e às habilidades,
pode 15.transformar-se em algo concreto. Já a imaginação criativa, sem ações, permanece
apenas como um sonho.
Ainda à frente de sua época e indiretamente colaborando para os dias atuais, Einstein, mais
uma vez, apresenta uma citação interessante: “no meio de qualquer dificuldade encontra-se a
oportunidade”. Ou seja, mesmo em meio 20.a uma crise, podemos encontrar oportunidades.
Oportunidades aos empreendedores, aos inovadores; as pessoas e as empresas que tiverem
atitude e criatividade, que saiam da mesmice, que não se apeguem a fatos já conhecidos, mas
busquem o novo, o desconhecido.
Como profissionais, precisamos ser flexíveis e multifuncionais. Devemos 25.deixar de nos
conformar em saber executar apenas uma atividade e conhecer várias outras, nas quais, com
interesse e dedicação, podemos ser diferenciados. Já as organizações devem encontrar, em uma
nova realidade, novos usos de produtos e boas oportunidades para os mercados que passaram a
existir.
30. E para fechar este artigo com chave de ouro, cito outra sábia frase de Einstein: “Algo só é
impossível até que alguém duvide e acabe provando o contrário”. Acredite, tudo é possível desde
que seja dado o primeiro passo. Você pode realizar seus sonhos se tiver confiança e lutar por eles.
Poderá encontrar novas oportunidades desde que olhe “fora da caixa” e seja o 35.primeiro a
descobrir uma chance que ninguém está conseguindo ver. Para se chegar a uma longa distância é
preciso, antes de tudo, dar o primeiro passo. Parecia impossível o homem voar e ir à Lua. Quem
imaginou, 30 anos atrás, que poderíamos acessar milhares de informações em milésimos de
segundos por meio da Internet? Mas para estas perguntas, por mais óbvias que sejam as
40.soluções, faço das palavras de Einstein minha resposta: alguém que duvidou e provou o
contrário.
CAMPOS, Wagner. Disponível em: <http://tbc.rosier.com.br/oktiva. net/2163/nota/158049>.
Acesso em: 02 jul 2010. (adaptado)

21. A passagem destacada, no contexto em que se insere, NÃO corresponde, semanticamente, à


característica a ela atribuída em
(A) “...que tiverem atitude...” (ℓ. 21-22): ação.
(B) “...que saiam da mesmice,” (ℓ. 22): sonho.
(C) “...mas busquem o novo,” (ℓ. 23): ousadia.
(D) “...deixar de nos conformar em saber executar apenas uma atividade...” (ℓ. 24-25):
multifuncionalidade.

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(E) “...conhecer várias outras” (ℓ. 26): flexibilidade.

22. Em “nas quais com interesse e dedicação podemos ser diferenciados.” (ℓ. 26-27), o vocábulo
destacado pode ser substituído, sem alteração de sentido, por
(A) indiscriminados.
(B) inatingíveis.
(C) preteridos.
(D) disseminados.
(E) destacados.

23. NÃO há correspondência entre o parágrafo e a abordagem nele contida em


(A) 1º parágrafo: especificação quanto ao momento da ação.
(B) 2º parágrafo: o grau de importância do conhecimento numa escala de valores.
(C) 3º parágrafo: a possibilidade de êxito condicionada a experiências passadas.
(D) 4º parágrafo: a necessidade de constante atualização.
(E) 5º parágrafo: o valor da determinação e do arrojo para a consecução de um objetivo.

24. A expressão “...olhe ‘fora da caixa’...” (ℓ. 34), no contexto em que se insere, significa
(A) procure sonhar.
(B) tenha conhecimento.
(C) aja com parcimônia.
(D) amplie sua visão.
(E) meça as consequências.

Instrução: a questão 25 refere-se ao texto que segue.

MUNDO TEM MAIS OBESOS DO QUE DESNUTRIDOS


Segundo a OMS, 300 milhões são muito gordos e 170 milhões estão abaixo do peso
GENEBRA. Aproximadamente 170 milhões de crianças em todo o mundo têm peso abaixo
do normal, enquanto cerca de 300 milhões de adultos são obesos, informou ontem a Organização
Mundial da Saúde (OMS), na abertura da 33ª sessão anual do Comitê Permanente de Nutrição,
em Genebra.
Reunido até sexta-feira, o organismo formado por representantes de várias agências da
Organização das Nações Unidas (ONU) pretende elaborar um plano de ação que ajude as
autoridades nacionais a enfrentar os problemas.
– Para alcançar as Metas do Milênio estabelecidas pela ONU e controlar a epidemia
crescente das doenças crônicas, é necessário lutar com urgência contra a má nutrição no mundo,
tanto causada pelo excesso quanto pela falta – afirmou a presidente do comitê, Catherine Bertini.
Das 170 milhões de crianças desnutridas, cerca de três milhões morrem a cada ano, de
acordo com os dados fornecidos pela OMS. No extremo oposto, calcula-se que há no mundo cerca
de 1 bilhão de pessoas com excesso de peso, das quais 300 milhões são obesas. Todos eles estão
mais expostos que os demais a sofrer cardiopatias, acidentes cardiovasculares, cânceres e
diabetes, entre outras doenças ligadas ao excesso de peso.
A OMS adverte que esse problema duplo não é simplesmente de países ricos ou pobres,
mas está ligado ao grau de desenvolvimento de cada nação.

O Globo,14 mar. 2006.

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25. A ideia central do texto baseia-se na visão de que é preciso combater a má nutrição no
mundo. Qual dos trechos da matéria transcritos a seguir apresenta o argumento de consistência
compatível com essa tese?
(A) “Aproximadamente 170 milhões de crianças em todo o mundo têm peso abaixo do normal,
enquanto cerca de 300 milhões de adultos são obesos,”
(B) ...“é necessário lutar com urgência contra a má nutrição no mundo, tanto causada pelo
excesso quanto pela falta –”
(C) “calcula-se que há no mundo cerca de 1 bilhão de pessoas com excesso de peso, das quais
300 milhões são obesas.”
(D) “Todos eles estão mais expostos que os demais a sofrer cardiopatias, acidentes
cardiovasculares, cânceres e diabetes, entre outras doenças ligadas ao excesso de peso.”
(E) “A OMS adverte que esse problema duplo não é simplesmente de países ricos ou pobres, mas
está ligado ao grau de desenvolvimento de cada nação.”

GABARITO

1.A 2.D 3.C 4.D 5.C 6.D 7.A 8. D 9. B 10.B


11.A 12.C 13.B 14.D 15.A 16.E 17.A 18.C 19.E 20.D
21.b 22.E 23.C 24.D 25.D

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