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Ayres, J.R.C.M., Franca Junior, |., Calazans, G.J. e Saletti Filho, H.C. O conceito de vulnerabilidade e as praticas de satide: novas perspectivas e desafios. In: Czeresnia, D., Freitas, C. M. (orgs.) Promogao da saude: conceitos, reflexdes, tendéncias. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2003, p.117-139. 10 Soele O Conceito de Uulnerabilidade 6 eas Praticas de Satide: novas perspectivas e desafios José Ricardo de Carvalho Mesquita Ayres, loan Franca Jinior, Gabriela Junqueira Calazans & Haraldo César Saletti Filho Ontrodugiio Para alguns no é mais novidade. Para outros também no é exatamente novo, ‘embora ainda nao esteja totalmente compreendido. Para muitos, porém, é apenas ‘uma remota referdncia, quando no um total desconhecido. De fato, parcela expres- siva dos profissionais de satide no est familiarizada com 0 conceito de ‘vulnerabilidade’, apesar de ele jé estar em uso hi cerca de dez anos." Nao € de espantar. Um decénio ¢ tempo selativamente curto na vida de um conceito. No entanto, nesses breves dez anos, a vilaidade que demonstrou no campo das respostas & epidemia de HIV/Aids, de onde surgiu, sugere estarmos diante de ‘uma contribuiglo relevante para as propostas de renovacio das priticas de saiide, de um modo geral, e da prevengio e da promogio da sade, em particular, No campo da Aids, a emergéncia dessa referéncia conceitual tem representado tum importante passo no caminho da produgdo de um conhecimento efetivamente interdisciptinar e da construcio de intervengées dindmicas e produtivas. Nao ha raz6es para supormos que esse desemperho no possa repetir-se em outras frentes do trabalho em satide. Ao contrério, somos mesmo da opiniao que uma das razées do sucesso que o conceito de vulnerabilidade alcancou no campo da Aids devese justamente 20 fato de se ter percebido que a epidemia respondia a determinantes ‘cujos aleances iam bem além da agio patogénica de um agente viral especifico. O conceito de vulnerabilidade 6, simultaneamente, construto e construtor dessa percepslo ampliada e reflexiva, que identifica as razGes iltimas da epiclemia e seus impactos em totalidades dindmicas formadas por aspectos que vio de No confundir com 0 conclto de vulnerabildadedivalgado nos anos 60a partic da téenica de planejamento chamads Cendes/OPS, em que vulerabdade (da doenga 8 intervengio © #80 ‘Sas pesoas A doenge), magniade e trenecendénciaconfiguravan a trode bisica sobre a qual f= atentava o hoje chamado plansjamento normative, 7 nace de Sade suscetiilidades orginicas 2 forma de estruturacéo de programas de satide, pas- sando por aspecios comportamentals,culturas, econdmics ¢ politics. Por isso a proposta da vulnerabilidade é interesante; por isso ela & apicivel,rigorosamente, 4 qualquer dano ou condigzo de interesse para a saide piblica ~ claro que com gras de interesse diversos. © objetivo deste capitulo é, portanto, duplo. De um lado, buscaremos divulgar zmais amplamente para a comunidade ténica, académicae politica da saide cole- tiva as origens e os fundamentos,epistemol6gicos ¢ prices, da vulnerabilidade ‘como quadro conceitual. De outro, procuraremos sustentar a tese de que a vulnerabildade representa uma novidade importante no campo da sade pilblica ‘€ demonstrar para quais diregbes essa renovacto aponta Oqueapresentaremos aqui €a sintese de uma série de reflexes de um programa de investigagio que viemos desenvolvendo desde meados dos anos 90 Comegaremes por uma breve recuperagéo do desenvolvimento hist6rico do conceito de ‘ulnerabilidade, por julgarmos que 6 assim podemos compreender mais claramente © que o projeto de conhecimentoe intervengio representa; depois, trataremos de exa- minar que interesses e limitacbes este conceito apresenta, contastando-o a outros constnatos conceituas em operaglo no eampo da prevencio da Aids e da saide de modo geral, especialmente o conceito de rsco; por fim, busearemas apontar as pers- pectivas do uso do conceto, que desafios nos colocae como vislumbramas ~ desde ‘onde podemos enxergar a questio hoje ~ possibilidades de superagio desees limites. O Nascimento de um Conceito Origindrio da érea da advocacia internacional pelos Dircitos Universais do Homem, o termo vulnerabilidade designa, em sua origem, grupos ou individuos fragilizados,juridca ou politicamente, na promogio, protegio ou garantia de seus direitos de cidadania (Alves, 1994). A expressio penetra mais amplamente o campo da satide a partir da publicagéo nos Estados Unidos, em 1992, do livro Aids in the World, parcialmente reeditado no Brasil em 1993 (Mann; Tarantola & Netter, 1993). ‘Com efeito, o conceito de vulnerabilidade, especificamente aplicado sade, pode ser considerado o resultado do processo de progressivas intersgdes entre o ativismo iante da epidemia da Aids e 0 movimento dos Direitos Humanos, especialmente nos patses do norte Tal intersegfo leva a vulnerabilidade a destizar para o discurso da satide publica € a garhar ai as feigdes particulares que vamos discutr. "Identidade stciocalnral e sade na adolescncia: auto-repretentgso e vulnerabilidade 30 HIV/Aids eotremeninas e meninos da prleia de Sto Paul projetofinanelado pela MacArthur Foundation ~ Chicago, USA ~ de 1995 1998. ne O Conia de Vuncrebidade os Prin de Saside Bia partir da Escola de Satide Publica de Harvard que se difunde mais ampla- mente a discussto da vulnerabilidade, por meio da propasta de um dingnéstico das tendéncias mundiais da pandemia no inicio dos 90 com base no conceito , mais recentemente, aproximando-o da discussio dos Dieitos Huumanes (Mann etal, 1994; Mann & Tarantola, 1994). Contudo, hoje, em tomo da vulnerabilidade aglutina-se ‘uma gama jé bastante amplae diversifcada de proposiies,algumas até divergentes ‘em termos poltico-ideoligicos e tebrico-fils6ficos. O que todas tém em comum € 0 interesse pela ampliacto de horizontes que a vulnerabilidade imprime aos estos, 60s politcas na direglo do controle da epidemia. Como nos diz Parker (1996: 5} ‘Talvez a mais importante transformacio isolada em nossa maneira de pensar sobre HIV/Aids no inicio dos anos 90 tenha sido oesforgo de superar esa contra- digio (entre‘grupasdersco'e“populagto geal) pela passage da nogtodersco individual a uma nova compreensio de vulnerabilidade socal, passagem crucial ‘io 6 para nossa compreensKo da epidemia, mas para qualquer estratéia capa de conter seu avanco. A resposta que a vulnerabilidade vem tentando dar & necessidade de avangar para além da tradicional abordagem das estratégias de reducio de'risco poce ser entendida no dmbito das diferentes etapas histricas de experiacia com a epidemia € suas correspondentes formas de kesposta cienifica, técnica e politica. Sabemos coma 0 conceito epidemiolégico de risco vem ocupando uum papel nuclear nessas respostas e como as diversas categorias, que a partir dele foram plasmadas, como ‘grupo de riscoe comportamento de risco, omaramnse o centro deimportantes Contra- digdes e conflitos (Kalichman, 1993; Ayres, 1994; Camargo Jr, 1994; Castel, 1996). Fagamos, entéo, uma breve recuperacho, jf explorada mais detalhadamente em outro texto (Ayres etal, 1999), de como se eaminhou do risco A vulnerabilidade nessas duas écadas de epidemia, tomando come base uma peviodizasio elaborada por Mann & Tarantola (1936) Period da descoberta: 1981 - 1984 Este perfodo corresponde aos primeiros contatos com a nova entidade clinica ‘que veio chamar a atengio dos servigas de assisténcia e, especialmente, dos centros de investigacio epidemioldgica, com as primeiras notifiagdes nos EUA e na Franca. © uso do instrumental epidemiolégico mostrou ter uma importincia fundamental diante da epidemia emergente, dando-se logo inicio a uma série de estudos que passaram a buscar ativamente os fatores de risco associados & nova doengs. corre que os fatores de risco utilizados para os primeiros estudos epidemiologicos experimentaram um deslocamento discursivo de implicasdes pi ticas extremamente relevantes. De categorias analiticas instrutoras do raciocinio ‘causal (Ayres, 1997), 0 fator de risco transmutou-se no concelto operative de grupo “eo

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