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A PARÁBOLA DOS DOIS DEVEDORES


Lucas 7.36-50

Introdução
Se alguém nos perguntar "qual é o fim supremo e principal do homem", poderemos
dar uma resposta convicta: "o fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e
gozá-lo para sempre".1

Mas existe o perigo de essa resposta ser apenas parte da nossa teoria religiosa e não
uma expressão da vida prática. Aquilo em que afirmamos crer pode não ser o que
vivemos.

Acreditamos na salvação em Cristo, todavia, isso parece não estar sempre


influenciando o nosso dia a dia. Não adotamos atitudes capazes de manifestar nossa
gratidão a Deus.

E, quando alguns manifestam sua gratidão a Deus, por seu infinito amor, muitos são
aqueles que os recriminam. Essas pessoas são chamadas de fanáticas ou de outros
nomes pejorativos.

Em meio a uma situação parecida, Jesus contou uma parábola muito significativa para
os nossos dias.

1 - ENTENDENDO A PARÁBOLA
Essa história foi contada por Jesus durante um jantar, para o qual o Mestre fora
convidado por um fariseu chamado Simão (Lc 7.36,40). Provavelmente, aquele dia
tenha sido um sábado e Jesus havia pregado numa sinagoga.

Naqueles dias, era uma honra ter o pregador como convidado para o jantar, mas
Simão bem pode ter convidado Jesus para sondá-lo e achar nele algo para criticar,
como pensou depois ter achado.

O texto nos informa que Jesus tomou lugar à mesa com os demais convidados (v.36).
Era costume, naqueles dias, os convidados tirarem suas sandálias e se reclinarem em
divãs, apoiando seu corpo sobre o braço esquerdo, ficando o braço direito livre, para
servir-se de comida e bebida.

Enquanto comiam, uma mulher entrou na sala de jantar e, aproximando-se de Jesus,


lavava-lhe os pés, enxugava-os com os cabelos e ungia-os com perfumes que havia
trazido num vaso de alabastro. Algo muito extravagante.

Isso chamou a atenção do dono da casa, pois aquela mulher era de moral duvidosa,
sendo, por isso, chamada de pecadora. A afirmação de Simão é interessante. Ele
disse: "Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou,
porque é pecadora" (v.39).

Simon Kistemaker2 informa-nos da existência de manuscritos que trazem o artigo


definido "o", antes de profeta.

1
Breve Catecismo de Westminster, pergunta 1.
2
Kistemaker, Simon. As Parábolas de Jesus. São Paulo. Editora Cultura Cristã. 1992, pp. 183,
184.

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Sendo assim, ao se referir a Jesus como "o profeta", segundo esses manuscritos,
Simão estaria fazendo uma alusão ao (e duvidando do) seu caráter messiânico, como
o profeta prometido por Deus, por boca de Moisés (Dt 18.15).

Considerando nossa versão (Almeida Revista e Atualizada) sem o artigo definido, a


frase parece sugerir certo desdém com a pessoa de Jesus. E como se Simão
pensasse: Se este fosse um profeta de respeito, não aceitaria ser tocado e beijado por
uma pessoa tão baixa.

Se aquela mulher era de fato uma prostituta, aquele perfume teria sido comprado com
dinheiro de prostituição. O perfume tomava- se um presente impuro e inaceitável para
uma pessoa respeitável. Havia uma proibição na lei, relacionada ao dinheiro adquirido
por meio de prostituição, que era considerado abominável por Deus, devido a sua
origem pecaminosa (Dt 23.18).

De fato, ela tomou algumas atitudes impróprias para uma mulher decente. Ela beijou
os pés de um homem que não era seu marido (v.3 8). Estando na presença de
homens, soltou seus cabelos, com os quais enxugou os pés de Cristo (v.3 8).

Desatar os cabelos em público era uma atitude indecente para aqueles dias. Essas
atitudes demonstram que essa mulher pouco se importava com as regras sociais,
típico de uma pessoa de moral duvidosa.

Porém, a visão de Jesus acerca de todo aquele acontecimento era totalmente outra.
Seu olhar ia além do olhar de Simão e dos presentes. Ia além dos padrões dos
fariseus acerca do que é ou deixa de ser indecente. Jesus via simplesmente um
coração grato que expressa da maneira mais explícita possível a sua gratidão. Isso ele
deixou claro ao contar a parábola.

A parábola
Na parábola contada, havia dois homens que deviam dinheiro a um terceiro. Um devia
quinhentos denários, enquanto o outro devia apenas cinquenta (v.41). Jesus enfatiza a
diferença entre as dívidas. Um devia dez vezes mais do que o outro. Mas ambos
foram perdoados por seu credor, uma vez que nenhum dos dois tinha com o que
pagar (v.42).

Há pessoas que, estando endividadas, reconhecem sua situação e se entristecem


com ela, enquanto outras, mesmo estando na mesma situação, são incapazes de
reconhecer a dívida. Assim, Jesus queria mostrar que a gratidão é proporcional ao
perdão, como reconhecimento da dívida existente.

A conversa de Jesus com Simão reflete esse conceito. Simão, como anfitrião, não
cumpriu as regras da etiqueta social. Não recebeu seu convidado com um beijo (v.45).
Não deu água a Jesus para que ele lavasse os pés (v.44).

Também, não o ungiu como era o costume (v.46). Já aquela mulher, beijava os pés do
Mestre sem parar (v.45), enquanto os lavava com suas lágrimas e os enxugava com
seus cabelos (v.44), além de ungir o Senhor com bálsamo (v.46).

Nas palavras de Jesus, Simão não passava de alguém que possuía uma dívida, mas,
por menor que ela fosse, não tinha condições para pagá-la. Ele, porém, não
demonstrava consciência de sua dívida ou não fazia caso dela.

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Essa era uma atitude tipicamente farisaica Já a mulher, reconhecia sua dívida e sua
incapacidade de saldá-la Ser perdoada gerou uma alegria tal que não podia ser
contida.

Provavelmente, ela tenha ouvido a mensagem do evangelho e se arrependido de seus


pecados. A motivação para o que fez estava no fato de ter encontrado a salvação.

Segue-se a isso, uma declaração: "Perdoados são os teus pecados... a tua fé te


salvou; vai-te em paz" (vs.48,50). Tal declaração provocou controvérsia (v.49). Mas
Jesus demonstrava sua autoridade como Messias de Deus ao libertar os cativos dos
grilhões do pecado (Lc 4.18,19 cf. Is 61.1-3; Mt 9.1-8).

Duas lições podem ser tiradas dessa parábola.

2 - TODO CRISTÃO DEVE RECONHECER SUA DÍVIDA COM


DEUS
A primeira lição que podemos tirar da parábola dos dois devedores, é acerca do
reconhecimento da dívida de cada um de nós com Deus. Somos herdeiros de uma
dívida contraída por nossos primeiros pais (Rm 5.12; ICo 15.21,22,45,49).

Essa dívida foi adquirida por nossos primeiros pais porque eles não cumpriram a
determinação pactuai, comendo da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn
3.6,7 cf. Gn 2.16,17).

A Confissão de Fé de Westminster3 afirma que "sendo eles o tronco de toda a


humanidade, o delito de seus pecados foi imputado a seus filhos; e a mesma morte
em pecado, bem como a sua natureza corrompida, foram transmitidas a toda a sua
posteridade, que deles procede por geração ordinária".

Portanto, todo o cristão reconhece o seu pecado (SI 51.5; Rm 3.9-18,23). Reconhece
que, como filho da ira, estava morto em seus delitos e pecados (Ef 2.1-4). A nossa
dívida era impagável.

Por isso mesmo, Deus decidiu assumi-la e, para isso, ele entregou o seu Filho como
pagamento (ICo 6.20; Rm 5.6-11; Hb 9.13-15; IPe 1.17-21). Louis Berkhof argumenta
que Deus agiu assim tendo como motivação básica o seu "bom prazer [...] em salvar
os pecadores".4

Isso está em conformidade com a Escritura, quando ela nos ensina que, pelo seu
beneplácito5, o Senhor arquitetou todo o plano de salvação em Cristo Jesus (Ef 1.3-
14).

Sendo assim, cada cristão é alvo da graça de Deus, que assumiu nossa dívida, dando-
nos o pleno perdão em Cristo. Portanto, reconhecer a nossa dívida com Deus, implica
em sermos humildes.

Quando reconhecemos que éramos devedores de Deus, que não tínhamos como
pagá-lo e ele mesmo assumiu o ônus em nos perdoar, percebemos que nada há em
nós que pudesse garantir a nossa salvação.

3
Confissão de Fé de Westminster. VI. III
4
Berkhof, Louis. Manual da Doutrina Cristã. 2ª Ed. Patrocínio. CEIBEL. 1992. p. 210.
5
Beneplácito (grego = eudokia) significa boa vontade, propósito e favor.

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Ser humilde é reconhecer o nosso devido lugar. No caso da salvação, nosso lugar é
como alvo da graça de Deus.

Simão, como muitos fariseus, era soberbo. Considerava-se um homem perfeito e


merecedor da salvação (Lc 18.11,12 cf. Lc 7.39; Mt 23.23). Simão não considerava a
atitude daquela mulher um ato de arrependimento, mas sim, um ato extravagante e
indecente.

Os olhos soberbos não são capazes de contemplar a graça de Deus. O sábio Salomão
disse no passado: "A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda (Pv
16.18)” e a "humildade precede a honra" (Pv 15.33).

O verdadeiro cristão é aquele que se reconhece devedor a Deus, tanto como pecador
quanto como redimido.

3 - TODO CRISTÃO DEVE DEMONSTRAR SUA GRATIDÃO A


DEUS
Jesus ensinou a seguinte máxima com a parábola: "aquele a quem muito se perdoa,
muito ama, mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama" (cf. v.47). Já que
reconhecemos ser devedores a Deus e que fomos perdoados, devemos demonstrar a
nossa gratidão a ele.

Gratidão é o reconhecimento de um benefício recebido. João Calvino disse que a


nossa eleição é a primeira bênção que recebemos como cristãos, da qual todas as
demais se originam.6

O salmista Davi exorta a si mesmo dizendo: "Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e


tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao
SENHOR, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios" (SI 103.1,2).

A mulher demonstrou sua gratidão pelo perdão. Ela extravasou seus sentimentos,
rendendo-se aos pés de Cristo. Suas lágrimas eram sinal de seu arrependimento e de
alegria. Sua atitude em lavar os pés de Jesus demonstrou um desejo de servi-lo (v.3
8).

A melhor maneira de demonstrarmos nossa gratidão é respondendo o amor que nos


foi dado por Deus, em Cristo. Essa deve ser a resposta qualitativa, ou seja, assim
como Deus nos amou incondicional e sacrificialmente, nós também devemos amá-lo
da mesma forma. A mulher não poupou absolutamente nada em sua manifestação de
gratidão. E dessa forma que também devemos agir.

Todavia, o que percebemos em nós mesmos repetidamente é uma atitude cada vez
mais descomprometida com Deus. Nossa vida cristã se limita a reuniões dominicais,
em que somos meros coadjuvantes em meio à plateia que assiste mais um espetáculo
cúltico cristão.

O culto fica limitado a um lugar, a um horário e a um programa específico. Acabado


esse tempo, a vida volta ao normal. Há uma frase que expressa essa dicotomia:
"Entrando para adorar e saindo para servir".

6
Calvino, João. Efésios. São Paulo. Edições Paracletos. 1998, p. 24.

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É como se adorar e servir fossem coisas diferentes. Esquecemos que a finalidade de


nossa existência é glorificar a Deus. No sentido comunitário o culto é um momento
específico, mas num sentido amplo, o culto é a vida toda, e a vida é o culto. Cada
gesto, ato, palavra, pensamento deve ser para glorificar e adorar a Deus (ICo 10.31).

Glorificar a Deus é falar e viver para a sua glória. E a glória de Deus nada mais é que
o conjunto de seus atributos divinos. Por isso, glorificar a Deus é falar daquilo que ele
é e viver de modo que ele seja honrado (Dt 4.24; 6.4; SI 7.10,11; 29.1-11; 96.1-13; Rm
11.33- 36). Não há melhor maneira de agradecer a Deus do que adorá-lo, com tudo
aquilo que somos e com tudo o que temos e fazemos.

CONCLUSÃO
Quer tenhamos uma prática litúrgica mais conservadora, quer tenhamos uma liturgia
mais aos moldes contemporâneos, o fato é que ambas não terão valor algum sem o
reconhecimento da dívida que tínhamos para com Deus e sem uma gratidão sincera
pela salvação concedida por ele. Tudo se tornará mero ritual religioso, vazio e inútil.

Enquanto não vasculharmos nosso coração em busca dos motivos que nos levam a
cultuar a Deus, não seremos capazes prestar-lhe a devida adoração e serviço como
cristãos. A forma e ritual se tornam nulos quando a soberba, a arrogância e outros
sentimentos obscuros tomam lugar no culto cristão. A incoerência tem impedido
muitas pessoas a agradar a Deus.

Jamais seremos capazes de retribuir a Deus uma só que seja das bênçãos que ele
tem derramado sobre nós. Contudo, somos responsáveis por demonstrar, por meio de
nossas atitudes e obras, o que sentimos por ele. E justamente essa a diferença entre
um redimido e alguém que apenas afirma ser (Tg 2.18-26).

Aplicação
• Quão profunda é a sua capacidade de reconhecer os seu pecados?
• De que maneiras você tem expressado diante de Deus o seu reconhecimento
pelo perdão e pela reconciliação?

AUTOR: REV. GLADSTON PEREIRA DA CUNHA

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