João Monlevade, MG
2017
C287i Carmo, Flávio Henrique Pessoa do
Implementação de um sistema supervisório via MATLAB para planta
SMAR PD3-F [manuscrito] / Flávio Henrique Pessoa do Carmo - 2017.
CDU: 681.51
Catalogação: ficha@sisbin.ufop.br
À minha família, namorada, amigos e professores que,
com carinho e paciência contribuíram para que eu alcançasse esta vitória.
Agradecimentos
Primeiramente, quero agradecer a Deus, pela vida e por colocar tantas pessoas
maravilhosas próximas a mim. Esta vitória será compartilhada com minha família, minha
namorada Geovana e amigos, que me ajudaram e me incentivaram até o fim para que esta
glória acontecesse. Por isso, deixo nesta mensagem, os meus sinceros agradecimentos à
minha família, peça chave de tudo isso.
À todos os meus grandes amigos e vizinhos da república, batalhadores em busca
dos seus sonhos, muito obrigado por me ajudar a superar todos os desafios desta longa
caminhada. Lembrarei para sempre de todas a nossas histórias com muitas gargalhadas.
À todos os amigos e guerreiros da UFOP, por toda ajuda durante todos esses anos, nos
encontraremos em outros desafios que este mundo nos trará. Aos amigos de Barão, que
sempre me deram momentos de alegria e descontração.
Aos mestres e doutores, em especial ao meu primeiro orientador Afrânio Ornelas
Ruas Vilela e à minha atual orientadora Anny Verly, pelos ensinamentos técnicos que me
tornarão um profissional em prol da sociedade.
Enfim, lembrem se: Se Deus encheu sua vida de obstáculos, é porque ele acredita
na tua capacidade de passar por cada um.
"Quem acredita sempre alcança",
(Renato Russo)
Sumário
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.1 Contextualização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.3 Motivação e Justificativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.4 Estrutura do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
5 ENSAIOS E RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
5.1 Procedimentos realizados para Identificação de Sistemas . . . . . . 66
5.1.1 Identificação de sistemas utilizando métodos determinísticos . . . . . . . . 68
5.1.2 Identificação de sistemas utilizando método dos mínimos quadrados para
um modelo ARX e NARX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
5.2 Procedimentos realizados para sintonia do controle de Nível do
Tanque de Aquecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5.2.1 Método de Skogestad . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5.2.2 Sintonia PID utilizando SISOTOOL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
5.3 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
AR Auto Regressivo
NARMAX Modelo não linear auto-regressivo com média móvel com Entrada Exó-
gena (Nonlinear AutoRegressive Moving Average with eXogenous input)
Ni Niquel
Pt Platina
1 Introdução
1.1 Contextualização
Diversas universidades e centros de pesquisa, como a UFV1 , UnB2 e CEFET/MG3 ,
utilizam a planta SMAR PD3-F para realizar experimentos que simulam um ambiente
industrial reduzido visando encontrar soluções adequadas para os processos fabris. Alguns
dos trabalhos realizados são aqui abordados para que se possa ter em mente o grau de
complexidade envolvida desde a comunicação entre os equipamentos do chão de fábrica
até o monitoramento, identificação e controle dos sistemas de interesse.
Com relação a comunicação cliente/servidor, a escolha dos protocolos de comu-
nicação é um etapa importante na hora de se definir uma correta transmissão de dados.
Carvalho, Silva e Nascimento (2008) apresentaram duas formas de comunicação entre uma
coluna de destilação piloto e o software MATLAB
R
. A primeira delas, a integração entre
R
os sistemas MATLAB e o InTouch (um sistema supervisório do fabricante Schneider
Electric), foi realizada por meio do protocolo DDE do MATLAB
R
. Dessa maneira, o
R
MATLAB funcionou como software cliente da comunicação e o InTouch como servidor.
Já no segundo método implementado, os autores utilizaram o protocolo OPC para fazer a
comunicação entre os dois softwares supracitados.
Duarte, Figueiredo e Correa (2006) realizaram um trabalho no qual o software
MATLAB
R
foi utilizado no ensino da tecnologia OPC aplicada a controle de processos.
Por intermédio da arquitetura OPC, eles criaram os elementos básicos para a comunicação:
servidor, grupos e itens. A partir dessa programação foi possível que criassem uma interface
que realiza o controle de uma malha de vazão mostrando em tempo real os valores das
variáveis de interesse em um gráfico de tendências. A interface permite ligar e desligar a
bomba contida na malha, além de permitir a escolha do controle em malha aberta e em
malha fechada por meio dos controladores P(Proporcional), PI(Proporcional Integral) e
PID (Proporcional Integral Derivativo).
Estratégias de controle também foram desenvolvidas por Simeon et al. (2007) em
ambiente MATLAB
R
utilizando o protocolo OPC. Os autores criaram uma interface para
três diferentes estratégias de controle, são elas, redes neurais, lógica fuzzy e o controlador
PID sintonizado pelo método de Ziegler-Nichols.
No contexto de identificação de sistemas, Lopes et al. (2012) propuseram a utilização
de redes neurais artificiais para identificar sistemas de dinâmica assimétrica. Assim, a rede
é criada para modelar um sistema de controle de nível da planta SMAR PD3.
Cota (2010) identificou um modelo do sistema de temperatura da planta. De-
terminando parâmetros físicos do sistema, como a capacitância e a resistência térmica
1
Universidade Federal de Viçosa
2
Universidade de Brasília
3
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
Capítulo 1. Introdução 22
do sistema, ele utilizou tais parâmetros para obter a equação de diferenças do modelo.
Posteriormente, o autor aplicou métodos de identificação de sistemas para descrever o
modelo para o sistema em questão.
Como pode ser notado, os trabalhos supracitados utilizaram-se da planta com
características industriais da SMAR para aplicar ferramentas da teoria de: protocolos
de comunicações, identificação de sistemas e controle. Dessa forma, esses trabalhos são,
em alguma parte, referências para a construção do atual e os detalhes sobre os conceitos
utilizados assim como a metodologia proposta são discutidas nas próximas seções.
1.2 Objetivos
O presente trabalho objetiva a construção de um sistema de supervisão, identificação
e controle de sistemas desenvolvido através da ferramenta guide do MATLAB
R
. O sistema
se comunica, utilizando o protocolo OPC, com a planta SMAR PD3 a fim de obter dados
das variáveis manipuladas e de processos. Além da aquisição destes dados, é possível
acionar e modificar o status de atuadores existentes, como válvulas, bombas e resistência
elétrica.
Outra importante funcionalidade desenvolvida é a ferramenta para identificação do
processo de nível. Com ela o usuário pode coletar dados provenientes de ensaios e assim,
determinar um modelo empírico para o processo. Por fim, com os modelos encontrados,
pode-se aplicar técnicas de controle lineares no tempo contínuo e discreto em um ponto de
operação determinado do sistema.
De maneira específica para o desenvolvimento deste trabalho pode-se enumerar os
seguintes objetivos:
TM
2.2 FOUNDATION Fieldbus
Segundo a Fieldbus Foundation (2016), o protococolo FOUNDATION T M Fieldbus
é uma rede de comunicação em tempo real projetada especificamente para controle
de processos. Um dos principais avanços para o desenvolvimento dessa tecnologia é a
substituição do sistema analógico 4-20 mA na conexão de transmissores, analisadores,
posicionadores de válvula e PLCs por um sistema de transmissão totalmente digital
distribuindo as funções de controle pela rede e fornecendo informação a todas as camadas
do sistema.
As principais características da rede são:
TM
Figura 3 – Comparação entre DCS tradicionais e o FOUNDATION Fieldbus : Confia-
bilidade dos dados.
2.5 OPC
Em 1995, um grupo de algumas empresas se reuniu com o objetivo de desenvolver
um padrão para acesso a dados em tempo real de redes industriais no sistema operaci-
onal Microsoft Windows baseado na tecnologia OLE/DCOM. O grupo fundou a OPC
Foundation, uma entidade sem fins lucrativos para reger as regras do protocolo OPC,
tais como estabelecer os padrões a serem desenvolvidos em sistemas para comunicação
dos dispositivos de campo com sistemas de monitoração, supervisão e gerenciamento,
garantindo comunicação universal (FONSECA, 2002).
As vantagens oferecidas pelo padrão OPC DA (Data Acess) para comunicação com
equipamentos são:
• Integração com sistemas de gerenciamento tais como MES, ERP e também com
aplicações do Windows;
Fonte: Autor.
• Valor do dado;
• Time Stamp (Fornecido pelo servidor por intermédio da leitura do time stamp dos
dispositivos de campo). Time Stamp é um termo usado para descrever o tempo que é
impresso em um arquivo para controlar o momento em que os dados são adicionados,
removidos, enviados, recebidos etc.;
Com o OPC Toolbox, é permitido ler, escrever e registrar dados OPC de dispositivos,
tais como, sistemas de controle distribuídos, controle de supervisão, sistemas de aquisição
de dados e controladores lógicos programáveis, que estejam em conformidade com o padrão
OPC Foundation DA.
Segundo Duarte, Figueiredo e Correa (2006), para efetuar a comunicação por meio
de linhas de comando no MATLAB
R
, existem algumas funções disponibilizadas pelo
software para esse fim. Para realizar a comunicação, as funções devem seguir a ordem
mostrada pela Tabela 1:
Capítulo 2. Ferramentas de Comunicação com Processo de Controle 35
• Controle DDC (Digital Direct Control): Podem possuir linguagens que permi-
Capítulo 2. Ferramentas de Comunicação com Processo de Controle 36
Para que o controlador consiga ser efetivo ao enviar sinais para os atuadores e con-
sequentemente controlar a planta em um setpoint, modelos matemáticos são essenciais para
descrever a dinâmica dos componentes do sistema. Métodos de sintonia de controladores,
usualmente, utilizam os modelos encontrados para otimizar o controle. Logo, a supervisão,
previsão e controle tornam-se robustos, dando confiabilidade aos dados apresentados.
O presente capítulo apresenta teorias desenvolvidas de duas grandes áreas: A
identificação de sistemas, apresentada pela Seção 3.1 e o controle automático, visto pela
Capítulo 3. Sistemas de Controle Automáticos 39
Seção 3.2. As técnicas apresentadas aqui são apenas um caminho que pode ser utilizado
para modelar sistemas e sintonizar controladores. Diversas outras técnicas podem ser
utilizadas para aplicar ao sistema desenvolvido no presente trabalho.
Uma observação importante a ser feita é que não existe apenas um único modelo
para um determinado sistema, dado que o modelo é apenas uma representação aproximada
do sistema, existe uma família de modelos possíveis. A escolha de qual modelo utilizar
depende da finalidade do mesmo bem como da característica específica que se deseja
observar.
Degrau
O degrau é um sinal elementar que pode ser definido no tempo discreto por (3.1) e
no tempo contínuo por (3.2) (OPPENHEIM, 2010).
0
n<0
u[n] = , (3.1)
A n≥0
0
t<0
u(t) = . (3.2)
A t≥0
Onde A é uma constante, n são amostras discretas do tempo e t é o tempo no domínio
contínuo.
Sua forma gráfica é apresentada na Figura 10 para o domínio do tempo contínuo.
τmin τmin
≤ Tb ≤ , (3.3)
10 3
onde τmin é igual a menor constante de tempo de interesse.
Capítulo 3. Sistemas de Controle Automáticos 42
Fonte: Autor.
τm τm
≤ Ts ≤ , (3.6)
20 10
em que, τm é medido em números de atrasos com relação ao menor dos mínimos entre
τy0 e τy02 , τm = min{τy0 , τy02 } . Portanto, se o sinal amostrado de saída não estiver dentro
da faixa estabelecida por (3.6), faz-se necessário decimá-lo para que o mesmo atenda os
limites estabelecidos.
Z ∞
X(s) = L{x(t)} = x(t)e−st . (3.7)
0
k=0
x(k)z −k .
X
X(z) = Z{x(K) = (3.8)
k=−∞
K
H(s) = , (3.9)
τs + 1
em que K é o ganho do sistema e a constante de tempo τ está diretamente relacionada
com a velocidade em que o sistema responde quando esse é excitado com uma determinada
entrada. Aplicando degraus de amplitude unitária à entrada de um sistema de primeira
ordem, mantendo K constante e variando τ , pode-se visualizar a resposta do sistema como
mostado pela Figura 12.
Fonte: Autor.
O ganho K pode ser definido por (3.10) e a constante de tempo do sistema por
(3.11).
y(k) = a1 y(k − 1) + ... + any y(k − ny ) + b1 u(k − 1) + ... + anu u(k − nu ), (3.13)
onde nu representam os atrasos das entradas e b são coeficientes dos termos das entradas.
Modelo Não linear Auto-regressivo com entradas exógenas e média mó-
vel (NARMAX3 ): De forma sucinta, o modelo polinomial não linear auto-regressivo
com média móvel pode ser descrito da seguinte maneira por (3.14):
y(k) = F l [y(k − 1), ..., y(k − ny ), u(k − d), ..., u(k − d − nu + 1), e(k − 1), ..., e(k − ne )] + e(k),
(3.14)
em que, F l é uma função polinomial não linear qualquer, de grau de não linearidade l. y(k)
e u(k), são respectivamente, saída e entrada do sistema que tem seus atrasos representados
por ny e nu . O termo d representa o tempo de retardo do sistema. Já e(k) indica todos os
efeitos que não podem ser bem representados por F l e ne representa o máximo atraso em
1
Do inglês: AutoRegressive.
2
Do inglês: AutoRegressive with exogenous inputs.
3
Do inglês: Nonlinear AutoRegressive Moving Average with exogenous inputs.
Capítulo 3. Sistemas de Controle Automáticos 45
e. Como pode ser notado pela Equação 3.14 , a parte determinística representa os modelos
NARX (Modelos não lineares auto regressivos com entrada exógena).
Ainda, existem outros tipos de representações lineares e não lineares que podem
ser consultadas em (AGUIRRE, 2015).
y = Ψθ̂ + ξ, (3.16)
qP
No bs
k=1 (y(k) − ŷ(k))2
RM SE = qP , (3.18)
No bs
k=1 (y(k) − ȳ(k))2
em que, ŷ(k) é a simulação livre da saída do modelo e ȳ é o valor médio do sinal de saída
do sistema. Vale salientar que quanto menor for o valor do RMSE, maior será a eficiência
do modelo na recuperação das características dinâmicas do sistema.
segurador de ordem zero gera na sua saída um sinal u(t). O termo "ordem zero"decorre
do fato de a função u(t) ser aproximada em cada intervalo [kT,(k+1)T] por um valor
constante, ou seja, por um polinômio de ordem zero. Para mais detalhes sobre segurador
de ordem zero, veja (CASTRUCCI; BITTAR; SALES, 2011).
Kp Z t de(t)
u(t) = Kp e(t) + e(t)dt + Kp Td . (3.19)
Ti 0 dt
No domínio de Laplace, a função de transferência do controlador PID é dado por
(3.21):
U (S) 1
= Kp (1 + + Td s), (3.20)
E(S) Ti s
onde Kp representa o ganho proporcional, Td representa o tempo derivativo e Ti representa
o tempo integral.
Cada ação de controle trata o sinal de erro da sua forma e as suas combinações
produzem o controlador PID (OGATA, 2011).
Partindo da função de transferência do controlador PID apresentada em (3.20),
diversas aproximações podem ser empregadas para obter uma função de transferência
discreta representada ou pela transformada Z ou por equações a diferenças. Segundo
Capítulo 3. Sistemas de Controle Automáticos 48
Castrucci, Bittar e Sales (2011), a melhor aproximação para a parte integral é obtida
com o método de Tustin, e a melhor aproximação para a parte derivativa é obtida com o
método Retangular para Trás. Pode se descrever o controlador PID no tempo discreto
por meio de (3.21). Mais detalhes sobre as aproximações discretas podem ser vistas em
(CASTRUCCI; BITTAR; SALES, 2011).
u(kT ) = u[(k − 1)T + (k¯c + k̄i + k¯d )e(kT ) − (k¯c + 2k¯d )e[(k − 1)]T + (k¯d )e[(k − 2)]T ], (3.22)
onde u(kT ) é o sinal enviado para o atuador no instante k, e e(kT ) é o erro instantâneo
do sistema.
• Projetar controladores usando: diagrama de Bode e Nichols, lugar das raízes, por
adição, modificação ou remoção de polos, zeros e ganhos do controlador.
• Sintonia automática PID, LQG (Linear Quadratic Gaussian control) ou IMC (Inter-
nal Mode Control).
4.1 Introdução
O processo de aquisição de dados das variáveis controladas é feita por meio do
protocolo OPC (Seção 2.5), uma tecnologia para conectar aplicações do Windows a
equipamentos de campo. O sistema de Automação Industrial SYSTEM302
R
possui
ferramentas para executar esta comunicação que, portanto, se comporta como o servidor
da rede. Com o servidor criado e disponibilizando os dados, é necessário agora adicionar
clientes a rede para solicitar o acesso aos dados.
Neste trabalho, o sistema de supervisão será desenvolvido no software MATLAB
R
,
pois este possui a ferramenta de conexão com servidores OPC chamada OPC toolbox(Seção
2.5.2). Através dessa ferramenta, a conexão entre servidores e clientes OPC se torna possível
e, portanto, os dados dos equipamentos controlados da planta podem ser manipulados ou
visualizados. Como se mostrou na Seção 2.6, um sistema supervisório deve possuir uma
interface amigável que demonstre com clareza a situação da planta em tempo real. Para
isso, o MATLAB
R
também disponibiliza um editor de layout de interfaces GUIDE, ver
Seção 2.6.1, onde se pode construir uma interface mostrando gráficos, valores e outras
informações do status da planta instantaneamente.
O presente capítulo discute a metodologia utilizada para o desenvolvimento do
sistema supervisório. Na Seção 4.2 a definição de quais instrumentos são utilizados é
realizada. Na Seção 4.3 a metodologia para a comunicação do servidor OPC com a planta é
detalhada. Já as Seções 4.4 e 4.5 detalham os requisitos presentes no sistema e o projeto das
interfaces desenvolvidas respectivamente. Com a comunicação e as interfaces construídas
pode-se então desenvolver a comunicação do sistema supervisório com o servidor OPC
e demonstrar o funcionamento do sistema como especificados pelas Seções 4.6 e 4.7
respectivamente.
Inputs, que contém parâmetros como o valor lido da variável medida pelo transmissor e os
Analog Outputs, com blocos que permitem modificar a saída de um atuador. A Figura 15
ilustra os parâmetros do bloco Analog Output da válvula FY31. Modificando, por exemplo,
o parâmetro OUT.VALUE do bloco, a posição da abertura da válvula será mudada.
Todos os parâmetros podem ser referenciados por tags, o que facilita a manipulação
e leitura dos dados de interesse.
A fabricante SMAR disponibiliza um arquivo com as configurações mencionadas
já realizadas de todos os instrumentos da planta. O arquivo, Studio_original, também
contém lógicas Ladder para acionamento digital das bombas, resistências e geração de
alarmes que podem ser modificados pelo software LogicView da SMAR. A Figura 16 ilustra
a lógica ladder implementada para o acionamento da bomba 1.
Capítulo 4. Desenvolvimento de Ferramentas de Comunicação com o Processo para Supervisão,
Identificação e Controle 55
Por intermédio da Figura 16, verifica–se que algumas condições devem ser atendidas
para acionar a bomba 1. Os contatos com o símbolo da letra V são virtuais e os com a
letra H são físicos. As condições envolvem os itens descritos abaixo para que não ocorram
danos nos equipamentos da planta:
• Push button: São botões que são utilizados para acionar algum evento que compreen-
dem: conectar ao servidor OPC, ligar e desligar as bombas, modificar a porcentagem
de abertura das válvulas, acionar a resistência de imersão, iniciar o controle auto-
mático de nível do tanque de aquecimento e iniciar a aquisição de dados na tela de
identificação de sistemas.
• Edit text: Por meio destes objetos é possível visualizar o valor das variáveis em tempo
real da planta. Eles também são utilizados para inserir valores de porcentagem de
abertura das válvulas, potência transferida à resistência, parâmetros de sintonia do
controlador PID, parâmetros do projeto do sinal PRBS e degraus de entrada.
• Static Text: São utilizados para nomear partes da interface. Eles deixam de uma
forma evidente a função de um edit text e nomeiam figuras.
• Pop-up menu: Com este objeto, o usuário pode escolher uma determinada função a
ser executada. Nas telas criadas, terão função de modificar o controle manual para
o controle automático de nível, decidir qual gráfico de tendências será mostrado
e escolher qual entrada será gerada para excitar o sistema de nível do tanque de
aquecimento.
• Axes: Por meio dos axes, os gráficos de tendências podem ser plotados e as figuras
que desenham a planta podem ser exibidas.
• Panel: Estes objetos basicamente agrupam outros que tenham funções conjuntas
como, por exemplo, o edit text, o static text e o push button para acionamento da
porcentagem de abertura de uma válvula.
Capítulo 4. Desenvolvimento de Ferramentas de Comunicação com o Processo para Supervisão,
Identificação e Controle 58
Figura 17 – Objetos do editor de layouts GUIDE utilizados para a construção das interfa-
ces.
Cada objeto possui propriedades específicas que podem ser manipuladas para
determinada aplicação. Para acessá–las basta um duplo clique em cima de cada objeto e
elas são listadas. As propriedades utilizadas para manipulação dos objetos estão ilustradas
na Tabela 7.
Capítulo 4. Desenvolvimento de Ferramentas de Comunicação com o Processo para Supervisão,
Identificação e Controle 59
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
• Get: Através desse comando, os parâmetros pedidos pelo usuário são lidos na proprie-
dade desejada de tal objeto. No exemplo abaixo, a variável porcentagem_acionamento_
valvula32 recebe o valor requisitado pelo usuário no objeto edit_acionamento_valvula32
que está localizado na propriedade string deste objeto:
porcentagem_acionamento_valvula32=get(handles.edit_acionamento_valvula32,
’String’);
Portanto, com o sistema adequado para receber os pedidos dos usuários, basta
tratar as informações necessárias e enviar aos usuários as solicitações. A manipulação das
tags adicionadas para enviar, comandos para os atuadores ou leitura dos dados da planta,
pode ser feita com dois comandos:
Capítulo 4. Desenvolvimento de Ferramentas de Comunicação com o Processo para Supervisão,
Identificação e Controle 63
• Read: As leituras dos itens adicionados pela comunicação OPC é realizada por
este comando e então repassada aos objetos pelo comando set. No exemplo abaixo,
a variável aux_fy31 lê o valor contido no item_fy31. Como se trata do protocolo
FOUNDATION T M Fieldbus, além do valor esta estrutura também contém o status de
operação do equipamento (Seção 2.2). Para acessar o valor deve se, como executado
na segunda linha do exemplo, acessar o item value da estrutura.
aux_fy31=read(item_fy31);
valor_fy31=aux_fy31.Value;
• Write: Suponha que se deseja excitar o sistema de nível com um sinal PRBS.
A sequencia binária pseudoaleatória pode ser enviada para a válvula através do
comando write. O comando abaixo foi utilizado para esse fim ao executar o botão
coletar dados com a entrada PRBS marcada. O item de saída da válvula da malha
31 recebe o atual valor da variável contida no sinal PRBS gerado.
write(item_fy31,amplitude);
A Equação (3.22) calcula o valor do sinal u(kT) que é então enviado para o atuador FY31
através do comando write para corrigir sua abertura e então tentar zerar o erro do nível
do tanque de aquecimento. A malha de controle criada pode ser vista pela Figura 21.
Figura 21 – Malha fechada para controle de nível do tanque de aquecimento, onde k são
amostras discretas de tempo, T é o período de amostragem, t é o tempo no
domínio contínuo, y é a saída do sistema, r é a referência, e é o erro medido e
u é o sinal enviado ao atuador.
Fonte: Autor.
5 Ensaios e Resultados
A abordagem apresentada neste capítulo engloba alguns ensaios que puderam ser
realizados a fim de encontrar modelos que descrevem o comportamento do sistema de nível
do tanque de aquecimento da planta. Utilizando os modelos encontrados, controladores
puderam ser projetados com o propósito de controlar o sistema de nível do tanque de
aquecimento em questão.
Nas seções seguintes, serão detalhados os métodos implementados para a identi-
ficação de sistemas e controle da planta. Na Seção 5.1, a descrição da malha montada
para os ensaios é realizada. As aberturas das válvulas manifold utilizadas são mencionadas
para prover a reprodução dos ensaios posteriormente. Com a malha montada, um ensaio
para identificar um modelo de primeira ordem e outro para identificar modelos ARX e
NARX são apresentados na Seções 5.1.1 e 5.1.2. Outro ensaio para identificar a curva de
calibração da válvula FY-31 é realizado e mostrado na Seção ??. Ensaios para o controle
de nível também são feitos. Utilizando o modelo encontrado na seção 5.1.1, sintonias
de controladores pelo método de Skogestad, Seção 5.2.1, e com auxílio da ferramenta
SISOTOOL, Seção 5.2.2, são empregadas.
Fonte: Autor.
2. Em parâmetros para coleta de dados, foi selecionada a opção Degrau no pop up menu;
6. Para iniciar o ensaio, clicou-se no botão Coletar dados para que a coleta fosse iniciada.
Neste momento, a bomba foi ligada e foi aplicado um degrau à válvula de 55%. Os
dados começaram a ser coletados até que o regime permanente fosse tangido.
Figura 23 – Entrada dos parâmetros para coleta de dados do ensaio do sistema de nível
aplicando um degrau em FY-31.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
1, 435
H(s) = (5.1)
96s + 1
Os resultados de validação do modelo 5.1 simulado versus os dados coletados são
apresentados na Figura 25.
Fonte: Autor.
Capítulo 5. Ensaios e Resultados 70
2. Para o parâmetro Número de bits [n], o valor calculado igual a 4 foi inserido;
4. No parâmetro Amplitude do PRBS [V], escreveu–se 3%, o que significa que a válvula,
até então configurada para a abertura de 60%, iria para 57 e 63%, de acordo com o
sinal PRBS gerado;
6. Por fim, para o parâmetro Tempo de coleta, inseriu–se o total de 1080 pontos;
8. Atingido o tempo de coleta, o ensaio foi finalizado. Assim, neste instante um arquivo
chamado dados.mat foi criado. Esse arquivo contém os dados coletados no ensaio,
possibilitando agora continuar o processo de identificação de sistemas.
Figura 26 – Entrada dos parâmetros para coleta de dados do ensaio dinâmico do sistema
de nível do tanque de aquecimento.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
O conjunto de termos definido genericamente como Ωyp um−p , em que y(k − i)p u(k −
j)m−p ∈ Ωyp um−p , ∀ m = 0, . . . , l; p = 0, . . . , m; i = 1, . . . , ny , e j = d, . . . , nu é chamado de
agrupamento de termos. O somatório dos coeficientes de todos os termos que pertencem a
um dado agrupamento é denominado de coeficiente do agrupamento e é representado por
P
y p um−p (AGUIRRE, 2015).
Figura 29 – Simulação livre dos modelos encontrados. Em azul (–) tem-se os dados reais
do ensaio dinâmico, em verde (–) os dados gerados pelo modelo ARX, em
vermelho (–) os dados do modelo NARX.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Capítulo 5. Ensaios e Resultados 75
Fonte: Autor.
para o desenvolvimento do sistema supervisório foi satisfatório, pois além de tornar possível
uma interface amigável com um layout que descreva a planta, diversas técnicas, ferramentas
e métodos do MATLAB
R
podem ser associados ao sistema.
Para demonstrar a eficiência do sistema, diversos ensaios foram utilizados para
encontrar representações matemáticas mais adequadas ao sistema de controle de nível da
planta. Para atingir esse objetivo foram descritas as ferramentas oriundas da teoria de
identificação caixa preta para estimação de modelos ARX e NARX. Dos resultados obtidos
pôde-se observar que o sistema de nível em estudo possui dinâmica não linear, tendo em
vista que seu comportamento em estado estacionário para diferentes pontos de operação
não é regulado pela mesma dinâmica linear. Além do mais, observou-se que modelos não
lineares de primeira ordem são mais adequados para descrever o processo em questão.
Por fim, as técnicas de sintonia de controladores de Skogestad e SISOTOOL
utilizadas também tiveram desempenho satisfatório para o nível do tanque desejado, com a
sintonia por Skogestad não apresentando sobre sinal, porém com dinâmica lenta. A sintonia
por SISOTOOL, apesar de apresentar uma pequena oscilação, obteve uma dinâmica mais
rápida que o método de Skogestad.
Diversos trabalhos poderão ser continuados tomando esse como referência. Outras
malhas de controle da planta poderão ser inseridas no sistema desenvolvido para serem
controladas, assim como outras topologias de controladores poderão ser programadas para
que haja uma comparação com o PID aqui desenvolvido.
As bases de dados aqui coletadas também estarão disponíveis para que outros
modelos possam ser identificados. Outras técnicas de identificação de sistemas poderão ser
incorporadas ao sistema para que cada vez mais funcionalidades se tornem disponíveis e
gerem riquezas aos futuros trabalhos.
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Referências
SOUZA, L. C. A.; Seixas Filho, C.; PENA, R. T. Padrão de acesso a dados OPC e sua
implementação em um driver OPC-Modbus. In: II Congresso Mineiro de Automação,
V Simpósio Regional de Instrumentação da ISA-BH/GRINST-MG. [S.l.: s.n.], 1998. p.
157–164. Citado na página 32.
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A Norma ISA 5.1 estabelece os símbolos gráficos para identificação dos instrumentos
e dos sistemas de instrumentação usados para medição e controle, apresentando um sistema
de designação que inclui código de identificação. Cada instrumento é identificado por um
conjunto de letras (identificação funcional) e números (identificação da malha de controle),
onde:
• Conjunto de letras:
Primeira letra: identifica a variável medida pelo instrumento (variável de controle,
distúrbio).
Letras subsequentes: funções do instrumento.
Além dos instrumentos descritos na seção 2.4, outros elementos estão presentes na
planta e são, brevemente, apresentados aqui.
Módulo Função
DF63 •Controlador multifuncional;
•Gateway entre redes H1 independentes
e redes HSE;
• Comunicação Modbus;
• Capacidade de instanciação de blocos flexíveis
e configuração através da linguagem Ladder.
Equipamento Função
Inversor de Frequência •Transforma tensão e frequência CA fixa
em variável possibilitando controle da rotação
da bomba do tanque de mistura.
Sensor de temperatura
tipo Pt100-IEC •Mede a temperatura da água no tanque de aquecimento.
Sensor de temperatura
tipo Termopar • Mede a temperatura da água no tanque de mistura.
Chave Magnética
para ajuste local • Utilizada para fazer ajuste local através
do acionamento de um reed switch
Orifício integral
para medição de vazão • Elemento primário de medição que provoca
uma diferença de vazão. A partir dele,
o transmissor mede a vazão das tubulações.
Para executar o sistema, os passos descritos neste anexo devem ser seguidos. São
eles:
1. Energize a planta.
8. As configurações executadas nesse item são apresentadas pela Figura 37. Dê um duplo
clique em Conexão Local. Depois clique em Propriedades/Protocolo TCP/IP Versão
4 (TCP/IPv4). Marque a opção Usar o seguinte endereço IP. No campo Endereço
IP digite 85.16.177.54. No campo Máscara de sub-rede coloque 255.255.255.0. Clique
em OK para confirmar.
13. Na tela principal do System302, clique em Areas como mostrado pela Figura 42. Dê
um duplo clique em PD3_DF75-FFB1. Esse procedimento faz o software Syscon
abrir.
ANEXO C. Tutorial para execução do sistema 91
14. No Syscon, clique no botão On-line como mostrado pela Figura 43. Clique com botão
direito em HSE Network1 e clique em Expand.
15. Na janela HSE Network1, clique com botão direito em PD3_DF75, Comission...,
OK. Repita o procedimento para PD3_DF63. Na janela PD3_DF63_DF75, dê um
ANEXO C. Tutorial para execução do sistema 92
duplo clique em PD3_CH1, como apresentado pela Figura 44. Uma lista com todos
os instrumentos conectados irá abrir. Repita o procedimento de comissionamento
para todos eles.
16. Ao fim dos comissionamentos, faça o procedimento similar para download das configu-
rações. Clique com botão direito em PD3_DF75, Download. Repita o procedimento
para PD3_DF63. Na janela PD3_DF63_DF75, dê um duplo clique em PD3_CH1,
como apresentado pela Figura 45. Uma lista com todos os instrumentos conectados
irá abrir. Repita o procedimento de comissionamento para todos eles.
18. Clique na aba Communication. Logo após, clique no botão On-line, depois em
Download Configuration, como apresenta a Figura 47. Agora todos os módulos estão
prontos para comunicação com o MATLAB.
19. Abra o MATLAB. Para abrir os códigos fonte clique no botão Open File, como
mostra a Figura 48. Procure a pasta Versão Final TCC e abra todos os arquivos
com a extensão .m.
ANEXO C. Tutorial para execução do sistema 94
20. Para abrir as interfaces, vá para a janela Command Window do MATLAB e digite
guide. Clique na aba Open Existing GUI, pressione o botão Browse e procure a pasta
Versão Final TCC. Abra os arquivos tela_aquisicao_dados.fig e tela_principal.fig,
como ilustra a Figura 49.
21. Para executar o sistema basta clicar no botão Run Figure como ilustra a Figura 50.