Neste livro o autor analisa como se deu a construção da elite econômica brasileira
e do pacto antipopular que se inicia no Brasil logo depois da libertação dos escravos. O
livro tem a pretensão de realizar um diagnóstico aproximado dos dias atuais a partir da
crítica da interpretação que é feita pelo Brasil sobre si mesmo, contrapondo o que dizem
sobre a corrupção que ele chama de “corrupção dos tolos” e, jogando luz na que ele diz
ser a “corrupção real”.
Para defender sua tese, Jesse Souza parte para o enfrentamento de uma narrativa
que segundo ele foi propositalmente criada ao longo do tempo para servir de cortina de
fumaça frente as reais vestes da escravização moderna desenhada por uma elite
escravocrata dita de classe média que não é determinada pela renda, mas por privilégios
de conhecimento, influencia e de capital econômico.
Para o autor é uma bobagem dizer que a corrupção do estado teve início com
Portugal e que foi herdada por nós. Através de uma recuperação histórica Jesse Souza
desmonta crenças culturais sobre nosso povo a respeito da corrupção e sua origem,
afronta conceitos criados por essa elite para estigmatizar o Estado como vilão.
Percebe-se que toda discussão do autor, diz muito do Brasil atual, para além da
questão específica da corrupção ela revela que existe uma crença de que existe gente
criada para servir outra gente, e se um governo existir para redimi-los deve ser derrubado
sob qualquer pretexto de ocasião.
Esse livro surge como um refletor que joga luz nas verdadeiras razões de termos
uma sociedade inerte e empurrada cada vez mais contra a parede. Ele nos provoca a
refletir sobre a necessidade de que precisamos desenvolver uma política sólida que
combata cada vez mais a desigualdade e que promova a inclusão social de setores
estigmatizados e marginalizados.