CÁLCULO III: SÉRIES I

UNIVERSIDADE LUSÓFONA

PROF. LUCIAN RADU

3.3. Séries de Dirichlet.

3.3.1. Definição. Sejam α ∈ R e

1
, ∀ n ∈ N,
an =
P nα
então a série an designa-se por série de Dirichlet.
n

3.3.2. Propriedades.
(1) Temos que:
∞
1
P
(a) se α > 1 então a série nα é convergente;
n=1
∞
1
P
(b) se α ≤ 1 então a série nα é divergente.
n=1

3.4. Séries de termos não-negativos (STNN).

3.4.1. Definição. Seja (an )n∈N uma sucessão real tal que an ≥ 0 para todo o n ∈ N, então a série
P∞
an , designa-se por série de termos não-negativos (STNN).
n=1

3.4.2. Propriedades.
(1) A sucessão das somas parciais (sn )n∈N de uma STNN é crescente.
(2) Uma STNN é convergente se e só se a sucessão das somas parciais (sn )n∈N é limitada
superiormente.
(3) O Critério Geral de Comparação para STNN (CGC)

P P
Teorema 1. Sejam an e bn duas STNN tais que
n n

an ≤ bn , ∀n∈N.
Temos que:
P P
(a) se bn convergente então an convergente;
n
P Pn
(b) se an divergente então bn divergente.
n n

. Exemplos:

∞
P 2+(−1)n
1 Vamos estudar a natureza da série n .
n=1
∞
P 2+(−1)n
Observemos que a série n é uma STNN e
n=1

1 2 + (−1)n
≤ , ∀n≥1
n n
∞
1
P
e que a série de Dirichlet n é divergente (α = 1 ≤ 1). Concluímos, pelo CGC, que
n=1
∞
P 2+(−1)n
a série n é divergente.
n=1
1
2 PROF. LUCIAN RADU

∞
P 2+(−1)n
2 Vamos estudar a natureza da série n2 .
n=1
∞
P 2+(−1)n
Observemos que a série n2 é uma STNN e
n=1

2 + (−1)n 3
2
≤ 2, ∀ n ≥ 1.
n n
∞ ∞
3 1
P P
Além disso, a série n2 é convergente porque a série de Dirichlet n2 é conver-
n=1 n=1
∞
P 2+(−1)n
gente (α = 2 ≥ 1). Concluímos, pelo CGC, que a série n2 é convergente.
n=1
∞
1
P
3 Vamos estudar a natureza da série n2 .
n=1
∞
1
P
Observemos que a série n2 é uma STNN e
n=1

1 1
≤ , ∀ n ≥ 2.
n2 n(n − 1)
∞
1
P
Além disso, a série de Mengoli n(n−1) é convergente (un = 1/(n − 1) −→ 0).
n=2 n→∞
∞ ∞
1 1
P P
Concluímos, pelo CGC, que a série n2 é convergente e logo n2 é convergente .
n=2 n=1

(4) Corolário do Critério Geral de Comparação para STNN (CCGC)

P P
Corolário 1.1. Sejam an e bn duas STNN tais que
n n

an
lim = l ∈]0, +∞[ ,
n→+∞ bn
P P P P
então an e bn são da mesma natureza, i.e. an é convergente se e só se bn é
n n P P n n
convergente (Notação: an ∼ bn ).
n n

. Exemplos:

∞
1
P
1 Vamos estudar a natureza da série n2 +2n+1 .
n=1
∞
1
P
Observemos que a série n2 +2n+1 é uma STNN e
n=1
1
n2 +2n+1
lim 1 = 1 ∈]0, +∞[
n→+∞
n2
∞ ∞ ∞
1 1 1
P P P
logo, pelo CCGC, n2 +2n+1 ∼ n2 . Como a série de Dirichlet n2 é conver-
n=1 n=1 n=1
∞
1
P
gente (α = 2 ≥ 1). concluímos que n2 +2n+1 é convergente.
n=1
∞
1
P
2 Vamos estudar a natureza da série √
n2 +2n+1
.
n=1
∞
1
P
Observemos que a série √
n2 +2n+1
é uma STNN e
n=1

√ 1
n2 +2n+1
lim 1 = 1 ∈]0, +∞[
n→+∞
n
 CÁLCULO III: SÉRIES I UNIVERSIDADE LUSÓFONA 3

∞ ∞ ∞
1 1 1
P P P
logo, pelo CCGC, √
n2 +2n+1
∼ n . Como a série de Dirichlet n é divergente
n=1 n=1 n=1
∞
1
P
(α = 1 ≤ 1). concluímos que √
n2 +2n+1
é divergente.
n=1
∞
1
P
3 Vamos estudar a natureza da série 5n +(−3)n .
n=1
∞
1
P
Observemos que a série 5n +(−3)n é uma STNN e
n=1

1
5n +(−3)n
lim 1 = 1 ∈]0, +∞[
n→+∞
5n
∞ ∞ ∞
1 1 1
P P P
logo, pelo CCGC, 5n +(−3)n ∼ 5n . Como a série de geométrica 5n é con-
n=1 n=1 n=1
∞
1
P
vergente (|1/5| < 1). concluímos que 5n +(−3)n é convergente.
n=1

(5) Critério da Raiz para STNN

P
Teorema 2. Seja an uma STNN tal que
n

√
lim n
an = l ∈ R.
n→+∞

Temos que: P
(a) se l < 1 então a série an é convergente,
n
P
(b) se l > 1 então a série an é divergente,
n
(c) se l = 1 então o critério é inconclusivo.

. Exemplos:

∞  n
4n+2
P
1 Vamos estudar a natureza da série 3n+4 .
n=1
∞  n
4n+2
P
Observemos que a série 3n+4 é uma STNN e
n=1
s n
n 4n + 2 4
lim = > 1.
n→+∞ 3n + 4 3
∞  n
4n+2
P
Concluímos, pelo Critério da Raiz, que a série 3n+4 é divergente.
n=1
∞   n2
3n+2
P
2 Vamos estudar a natureza da série 4n+4 .
n=1
2
∞  n
3n+2
P
Observemos que a série 4n+4 é uma STNN e
n=1
s
  n2
n 3n + 2
lim = 0 < 1.
n→+∞ 4n + 4
∞   n2
3n+2
P
Concluímos, pelo Critério da Raiz, que a série 4n+4 é convergente.
n=1
∞   n2
3n+2
P
3 Vamos estudar a natureza da série 3n+4 .
n=1
4 PROF. LUCIAN RADU

∞   n2
3n+2
P
Observemos que a série 3n+4 é uma STNN e
n=1
s
  n2
n 3n + 2 2
lim = e− 3 < 1.
n→+∞ 3n + 4
∞   n2
3n+2
P
Concluímos, pelo Critério da Raiz, que a série 3n+4 é convergente.
n=1

(6) Critério da Razão para STNN

P
Teorema 3. Seja an uma STNN com an > 0 e tal que
n
an+1
lim = l ∈ R.
n→+∞ an
Temos que: P
(a) se l < 1 então a série an é convergente,
n
P
(b) se l > 1 então a série an é divergente,
n
(c) se l = 1 então o critério é inconclusivo.
. Exemplos:

∞
3n
P
1 Vamos estudar a natureza da série (n!)3 .
n=1
∞
3n
P
Observemos que a série (n!)3 é uma STNN e
n=1
3n+1
((n+1)!)3
lim 3n = 0 < 1.
n→+∞
(n!)3
∞
3n
P
Concluímos, pelo Critério da Razão, que a série (n!)3 é convergente.
n=1
∞
1
P
2 Vamos estudar a natureza da série n2 +2n+1 .
n=1
∞
1
P
Observemos que a série n2 +2n+1 é uma STNN e
n=1
1
(n+1)2 +2(n+1)+1
lim 1 = 1.
n→+∞
n2 +2n+1
Concluímos que o Critério da Razão é inconclusivo.