Identificado com o marxismo, o crítico inglês começ ou sua carreira estudando a literatura do século 19 e do
século 20, até chegar teoria literária marxista. Apesar de permanecer identificado com o marxismo, o autor
mostra-se simpático à desconstrução e outras teorias contemporâneas.
Seu livro mais conhecido é Teoria da Literatura: Uma introdução: em que traça a história do estudo de texto
contemporâneo desde os românticos do século 19 até os pós -modernos das últimas décadas.
Este livro é uma tentativa de tornar a teoria literária moderna compreensível e atraente ao maior número possível de
leitores
vem sendo estudado por advogados, críticos literários, antropólogos e teóricos culturais.
Não existe nenhuma “teoria literária” no sentido de um corpo teórico
que se origine da literatura, ou seja, exclusivamente aplicável a ela.
“A revolução dos bichos” não seria para os formalistas uma alegoria do stalinismo, mas, ao contrário, o
stalinismo simplesmente ofereceria uma oportunidade propícia à criação de uma alegoria.
Eles consideravam a linguagem literária como um conjunto de desvios da norma, uma espécie de violência
linguística: a literatura é uma forma “especial” de linguagem, em contraste com a linguagem “comum”, que
usamos habitualmente.
• Pensar na literatura como os fox'rmalistas o fazem é considerar toda a literatura como poesia. Quando os
formalistas trataram da prosa, simplesmente estenderam a ela as técnicas que haviam utilizado para a poes ia.
• (...) “cultura” deixou de significar um espaço de valores no qual podíamos encontrar outro ser humano, um meio
para resolver rivalidades políticas, para se transformar no “próprio léxico do conflito político”.
• Eles se referem, não apenas ao gosto particular, mas aos pressupostos pelos quais certos grupos sociais
exercem e mantêm o poder sobre outros.
CAPÍTULO I - A ASCENSÃO DO INGLÊS
• Na Inglaterra do século XVIII, o conceito de literatura abrangia todo o conjunto de obras valorizadas pela
sociedade;
• Os critérios do que se considerava literatura eram ideológicos: os escritos que encerravam os val ores e “gostos”
de uma determinada classe social eram considerados literatura, ao passo que uma balada cantada nas ruas, um
romance popular, e talvez até mesmo o drama, não o eram;
• A partir do final do século XVIII desponta um conceito radicalmente contrário à ideologia anterior;
• A própria obra literária passa a ser vista como uma unidade orgânica espontânea e criativa
Romantismo – Teoria Estética
• A Teoria estética encerra toda uma série de conflitos que na vida comum parecem insolúveis, possíveis de
resolução através da poesia.
•A literatura, no sentido que herdamos da palavra, é uma ideologia: está relacionada com questões de poder
social e visão ideológica.
Segundo Eagleton, a literatura:
• Como atividade liberal, “humanizadora”, podia proporcionar um antídoto poderoso ao excesso religioso e ao
extremismo ideológico.
• Como a concepção atual
trata de valores humanos universais e não de trivialidades históricas, poderia servir para colocar numa
perspectiva cósmica as pequenas exigências dos trabalhadores por condições decentes de vida ou por um
maior controle de suas próprias vidas
• Como a religião
atua principalmente por meio da emoção e da experiência, razão pela qual se adapta admiravelmente à
realização da tarefa ideológica que a religião havia abandonado.
A maioria das teorias literárias coloca um determinado gênero literário em primeiro plano e, a partir dele, faz
os seus pronunciamentos de caráter geral.
• No caso da moderna teoria literária, a adoção da poesia tem significação particular
é o gênero mais desligado da história;
é um gênero em que a sensibilidade pode desenvolver a sua forma mais pura, menos impregnada pelo
aspecto material;
= Empson acredita que os significados de um texto literário de certa forma sempre são casuais, não podendo jamais
ser reduzidos a uma interpretação final.
Em síntese, Terry Eagleton evidencia neste capítulo a diferença que faz uma abordagem da literatura marcada por
uma visão histórica.
• Para ele, diferentes períodos históricos construíram interpretações e s ignificados diferentes de “[...] acordo com
seus interesses e preocupações próprios, encontrando em seus textos elementos a serem valorizados ou
desvalorizados, embora não necessariamente os mesmos.
• Todas as obras literárias são “reescritas”, mesmo que inconscientemente, pelas sociedades onde circulam.
Não há releitura de uma obra que não seja também uma “reescritura”.
FENOMENOLOGIA
• Husserl rejeita o que chamou de “atitude natural”
a crença de que os objetos existiam independentemente de nós mesmos no mundo exterior, e de que nossa
informação sobre eles era em geral digna de fé.
• Para ele, os objetos podem ser considerados não como coisas em si, mas como coisas postuladas, ou
“pretendidas”, pela consciência.
toda consciência é a consciência de que meu pensamento está “voltado para algum objeto”
• o ato de pensar e o objeto do pensamento estão internamente relacionados, são mutuamente dependentes.
Minha consciência não é apenas um registro passivo do mundo, mas constitui ativamente esse mundo, ou
“pretende” fazê-lo.
• Todas as realidades devem ser tratadas como puros “fenômenos”, em termos de como eles se apresentam em
nossa mente, sendo este o único dado absoluto do qual podemos partir.
A fenomenologia é a ciência dos fenômenos puros.
• Compreender qualquer fenômeno de maneira total e pura é apreender o que nele há de essencial e imutável.
O objetivo da fenomenologia era um retorno ao concreto, à terra firme, sugerido pela famosa frase “De volta às
coisas em si!”.
• A fenomenologia pretendia desvendar as estruturas da própria consciência e, ao mesmo tempo, desnudar
fenômenos em si.
Ela podia ser uma “ciência das ciências”, oferecendo um método para o estudo de qualquer coisa
Para Husserl, o conhecimento dos fenômenos é absolutamente certo, porque é intuitivo
o mundo é aquilo que postulo, ou que “pretendo” postular
deve ser apreendido em relação a mim, como uma correlação de minha consciência, e essa consciência não
é apenas empírica, mas também transcendental.
O mundo exterior fica assim reduzido àquilo que se forma na nossa consciência, às realidades que con stituem os
puros fenômenos, num processo a que Husserl chama a redução fenomenológica.
• Na crítica literária, a fenomenologia influenciou formalistas russos.
Para os formalistas, a poesia isolava o objeto real e em lugar dele focalizava a maneira pela qual era percebido.
A crítica fenomenológica é a tentativa de aplicar esse método às obras literárias
Visa a uma leitura absolutamente imune a qualquer coisa fora dele.
O próprio texto (aspectos estilísticos e semânticos) é reduzido a uma pura materialização da consciência do
autor.
São “estruturas profundas” de sua mente, que podem ser encontradas nas repetições de temas e padrões de
imagens.
Ao perceber essas estruturas, estamos apreendendo a maneira pela qual o autor “viveu” seu mundo, as
relações fenomenológicas entre ele, sujeito, e o mundo, objeto.
A crítica fenomenológica é um modo de análise totalmente acrítica, sem juízos de valor subjetivo.
A crítica não é considerada uma construção, uma interpretação ativa da obra: é uma simples recepção passiva do
texto, uma transcrição pura das suas essências mentais, uma reconstituição essencialista e não uma desconstrução.
• A linguagem de uma obra literária pouco mais é do que uma “expressão” de seus significados internos.
• Para Husserl, o que dá significação à minha experiência não é a linguagem, mas o ato de perceber os
fenômenos particulares como universais – um ato que deve ocorrer independentemente da própria
linguagem.
o significado é algo que antecede à linguagem: esta é apenas uma atividade secundária que dá nomes a
significados de que já disponho.
Jean-Paul Sartre
• A recepção de uma obra nunca é apenas um fato “exterior” a ela, mas uma dimensão construtiva da própria obra.
• Todo texto literário é construído a partir de um sentimento em relação ao seu público potencial, e inclui uma
imagem daqueles a quem se destina.
Assim, toda obra encerra em si mesma aquilo que Iser chama de um “leitor implícito”, o tipo de público que
prevê.
O escritor pode não pensar em um determinado tipo de leitor, pode ser indiferente a quem vai ler sua obra,
mas certo tipo de leitor já está implícito no próprio ato de es crever, funcionando como uma estrutura interna
do texto.
• A obra exerce certo grau de determinação sobre as reações do leitor, pois sem isso a crítica cairia numa anarquia
total.
• Nenhuma leitura é inocente, ou feita sem pressupostos.
Todas as reações estão profundamente arraigadas no indivíduo social e histórico que somos.
Saussure
a linguagem como sistema de signos, que devia ser estudado “sincronicamente”, como um sistema completo
num determinado momento do tempo, e não “diacronicamente”, isto é, considerando seu desenvolviment o
histórico.
Eagleton considera o estruturalismo como ciência literária e a semiótica como uma importante necessidade para
esse estudo, chegando muitas vezes a uma igualdade de conceitos.
– Para ele deve-se estudar literatura a partir do necessário ponto de equilíbrio entre o contexto social e a
significação da obra como um todo.
CAPÍTULO IV – O PÓS-ESTRUTURALISMO
• Para Eagleton o pós-estruturalismo instaura uma teoria da desconstrução na análise literária, liberando o texto
para a aceitacao de uma pluralidade de sentidos
– a realidade é considerada como uma construção social e subjetiva.
– Ao contrário do estruturalismo, que afirma a independência e superioridade do significante em relação ao
significado, os pós-estruturalistas concebem o significante e o significado como inseparáveis.
• O autor sintetiza o pós-estruturalismo como podendo ser, ou não, interligado ao pós-modernismo
– O modernismo retrata a ruptura com os grandes esquemas meta-narrativos que pretendem explicar ou
significar o mundo social, mas, em sua grande pretensão, não explicam nada
• A desconstrução do mundo social, com sua descrença em relação aos discursos racionais de valor ético e
político, produz uma atitude niilista que prepara o terreno para “o ressurgimento de uma política carismática e de
proposições ainda mais simplistas do que aquelas que tinham sido desconstruídas”