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Estudos no Livro de Salmos (1)

A MISERICÓRDIA QUE NOS ASSISTE (Sl 32.1-11)[10]


Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

INTRODUÇÃO:

O nosso Deus é “O Deus de toda graça” (1Pe 5.10). Bem-aventurados são todos
aqueles que vivem como súditos do Reino da Graça de Deus.
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“A doçura da graça” de Deus é a tônica da Sua relação com o Seu povo.
Tudo que temos, somos e seremos, é pela graça (1Co 15.10). A riqueza da graça de
Deus se manifesta de modo superabundante em nós (2Co 9.14; Ef 1.7; 2.7); todavia,
ela não foi revelada em toda a sua plenitude; por isso, aguardamos o regresso
triunfante de Jesus Cristo, quando Ele mesmo revelará a graça de forma mais
completa (1Pe 1.13), concluindo a nossa salvação (Fp 1.6/1Pe 1.3-5).

A misericórdia de Deus é um de Seus atributos mais evidentes em Sua relação


conosco. “Os homens se acham num deplorável estado a menos que Deus os
3
trate misericordiosamente, não debitando seus pecados em sua conta”.

O Antigo Testamento emprega duas palavras que mais especificamente se


adequam ao conceito de “graça” expresso no Novo Testamento. As palavras são:
desex (iheisedh) e }"x (ihên).

Neste estudo queremos nos deter em uma delas, conforme é usada por Davi no
Salmo 32. iHeisedh, cuja etimologia é obscura, pode ser traduzida por “bondade”,
4

“graça”, “benevolência”, “benignidade”, “clemência”, “beneficência”, “humanidade”


(ARA. 2Sm 2.5), “fidelidade” (ARA. 2Sm 16.17) e “misericórdia”. Ocorre cerca de
247 vezes no Antigo Testamento, principalmente nos Salmos (127 vezes).

1
Cf. João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, Vol. 1, (Sl 6.1), p. 125.
2
Packer diz que “graça” é “a palavra-chave do cristianismo” (J.I. Packer, Vocábulos de Deus,
São José dos Campos, SP.: Fiel, 1994, p. 85).
3
João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, Vol. 2, (Sl 32.1), p. 39. “A
benevolência divina se estende a todos os homens. E se não há um sequer sem a
experiência de participar da benevolência divina, quanto mais aquela benevolência que os
piedosos experimentarão e que esperam nela!” [João Calvino, As Pastorais, São Paulo:
Paracletos, 1998, (1Tm 4.10), p. 120-121].
H.J. Stoebe, desex: In: Ernst Jenni & Claus Westermann, eds. Diccionario Teologico Manual del
4

Antiguo Testamento, Madrid: Ediciones Cristiandad, 1978, Vol. I, p. 832.


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Figuradamente, Deus é chamado de “Misericórdia” por Davi: “Minha misericórdia


(ʣʱʧ) (hesed) e fortaleza minha, meu alto refúgio e meu libertador, meu escudo,
aquele em quem confio e quem me submete o meu povo” (Sl 144.2).

iHeisedh pode ser empregada acerca de Deus e acerca do homem. Quando a


palavra se refere ao homem, reflete o seu amor para com o seu próximo e para com
Deus; quando a palavra é aplicada a Deus, denota a Sua graça, envolvendo dois
elementos importantes:

5
(1) A Auto-Entrega de Deus a Israel na Relação de um Pacto:

A idéia principal é a de que Deus manifesta o Seu amor ativamente na


forma de uma relação de um pacto; iHeisedh é um “amor de Pacto” (Dt 7.9,12; Jr
6 7
31.3); “iHesedh da aliança”. O Pacto de Deus é unilateral no que concerne às suas
demandas e provisões; compete ao homem aceitá-lo ou não, porém, não pode
modificar os seus termos. O iHeisedh é a causa e o efeito do Pacto; Deus fez o Pacto
por misericórdia; Ele revela a Sua misericórdia de acordo com o Pacto (1Rs 8.23
[2Cr 6.14]; Ne 1.5; 9.32; Is 55.3; Dn 9.4).

Devido ao Seu iHeisedh, Deus voluntariamente elege o Seu povo, mantendo-Se


fiel nesta relação independentemente da fidelidade circunstancial dos Seus eleitos
(Dt 7.6-11; 2Sm 2.6; Sl 36.5; 57.3; 89.49; Is 54.10; 55.3).

(2) Está ligada com a Idéia de Justiça de Deus:

O iHeisedh de Deus não é barato; Deus não age movido por um


sentimento incontrolável e incoerente; antes, Deus encontra um justo caminho para
estabelecer uma relação sólida com o homem pecador. O fundamento desta nova
relação é o próprio Cristo.

****

As Escrituras evidenciam que os servos de Deus sempre tiveram um conceito


claro e abrangente da misericórdia de Deus. Esta compreensão, longe de ser
apenas uma premissa teológica, envolvia a sua vida nos mais diferentes desafios de
sua existência Vejamos alguns exemplos ilustrativos:

5
Vd. W. Zimmerli, et. al. X/arij: In: G. Friedrich & G. Kittel, eds. Theological Dictionary of the New
Testament, Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1982, Vol. IX, p. 383ss.; Walther Eichrodt, Teologia
del Antiguo Testamento, Madrid: Ediciones Cristiandad, 1975, Vol. I, p. 213ss.
6
Van Groningen, comentando o Salmo 111.1, chama a expressão de “fidelidade pactual”; no
Salmo 118.1, designa de “amor pactual” (Gerard Van Groningen, Revelação Messiânica no Velho
Testamento, Campinas, SP.: Luz para o Caminho, 1995, p. 351, 363). Packer, a traduz por “Amor
constante”. (J.I. Packer, Vocábulos de Deus, p. 88); Eichrodt, chama de “amor solícito” (Walther
Eichrodt, Teologia del Antiguo Testamento, Vol. I, p. 213). Harris seguindo a versão King James, crê
que uma boa tradução é “bondade amorosa” (R. Laird Harris, hsd: In: R. Laird Harris, et. al., eds.
Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 503).
R. Laird Harris, ihsd: In: R. Laird Harris, et. al., eds. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo
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Testamento, p. 501.
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a) A Bondade do Senhor está espalhada por toda Terra: “Ele ama a justiça e o
direito; a terra está cheia da bondade (ʣʱʧ) do SENHOR” (Sl 33.5). (Do mesmo
modo: Sl 119.64).

b) A Misericórdia de Deus é eterna. O salmista pede a Deus que em sua


lembrança olhe para Ele com misericórdia: “Lembra-te, SENHOR, das tuas
misericórdias e das tuas bondades (ʣʱʧ) (hesed), que são desde a eternidade. Não
te lembres dos meus pecados da mocidade, nem das minhas transgressões.
Lembra-te de mim, segundo a tua misericórdia (ʣʱʧ) (hesed), por causa da tua
bondade, ó SENHOR” (Sl 25.6-7).

c) Davi pede a Deus que o livre, o salve pela sua misericórdia: “.... salva-me
por tua graça (ʣʱʧ) (hesed)” (Sl 6.4). (Do mesmo modo: Sl 31.16).

d) O salmista reconhece como a misericórdia de Deus nos acompanha e,


por isso, expressa o desejo de que assim seja: “Eis que os olhos do SENHOR
estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua misericórdia (ʣʱʧ)
(hesed), para livrar-lhes a alma da morte, e, no tempo da fome, conservar-lhes a
vida. Nossa alma espera no SENHOR, nosso auxílio e escudo. Nele, o nosso
coração se alegra, pois confiamos no seu santo nome. Seja sobre nós, SENHOR, a
tua misericórdia (ʣʱʧ) (hesed), como de ti esperamos” (Sl 33.18,22). “Bondade e
misericórdia (ʣʱʧ) (hesed) certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e
habitarei na Casa do SENHOR para todo o sempre” (Sl 23.6).

e) A Misericórdia de Deus é preciosa e, aqueles que a reconhecem,


refugiam-se em Deus: “Como é preciosa, ó Deus, a tua benignidade! (ʣʱʧ) (hesed)
Por isso, os filhos dos homens se acolhem à sombra das tuas asas” (Sl 36.7).

f) Davi sabe que o seu culto a Deus é resultante da riqueza da misericórdia


de Deus: “.... eu, pela riqueza da tua misericórdia (ʣʱʧ) (hesed), entrarei na tua casa
e me prostrarei diante do teu santo templo, no teu temor” (Sl 5.7).

g) Deus responde as nossas orações devido à Sua misericórdia: “Quanto a


mim, porém, SENHOR, faço a ti, em tempo favorável, a minha oração. Responde-
me, ó Deus, pela riqueza da tua graça (ʣʱʧ) (hesed); pela tua fidelidade em socorrer
(...). Responde-me, SENHOR, pois compassiva é a tua graça (ʣʱʧ) (hesed); volta-te
para mim segundo a riqueza das tuas misericórdias” (Sl 69.13,16).

***

O Salmo 32 é um dos sete salmos penitenciais (6, 32, 38, 51, 102, 130 e 143).
Neles encontramos forte alento para o pecador perdoado. Além de gratidão (3-8),
neste salmo temos também instrução (8), contrastando o comportamento do íntegro
e com o do ímpio (10).

A sua estrutura do salmo é bem clara:

1) A bênção do Senhor (1-2).


2) A pressuposição da triste experiência do pecado, arrependimento, confissão e
perdão (3-5).
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3) A experiência do perdão encoraja-nos a buscar refúgio em Deus (6-7) e a Sua


instrução (8-10).
5) Convite a todos os “justificados” a se alegrarem em Deus (11).

Neste salmo Davi narra a sua experiência tendo como ingrediente fundamental a
misericórdia perdoadora de Deus. Aqui ele compartilha com o seu povo a bênção do
perdão, demonstrando a intensidade e gravidade do seu pecado e a bem-
aventurança de ser fiel a Deus.

Analisemos o provável contexto da redação do salmo. Davi reinava sobre Israel;


o seu reinado era tranqüilo. Em certa ocasião, quando o seu exército estava em
guerra contra os amonitas, Davi não foi guerrear: ficou no palácio. Numa tarde, viu
Bate-Seba, uma linda mulher a quem desejou. Davi adulterou com ela. Bate-Seba
ficou grávida.

Sendo ela casada, estando o seu marido, Urias – arrolado como um dos valentes
de Davi (2Sm 23.39; 1Cr 11.41) – com o exército de Israel na batalha, Davi
arquitetou um plano: mandou chamá-lo, induziu-o a ir para sua casa deitar-se com
sua mulher, enviando-lhe, inclusive presente. No entanto Urias não quis fazê-lo
porque achava injusto que a arca de Israel e Judá estivessem em tendas; seus
companheiros de batalha ficassem ao relento enquanto que ele estivesse em sua
casa comendo e bebendo; assim, dormiu à porta da casa do rei. Davi usa então de
uma outra estratégia; faz com que Urias coma e beba bastante e se embriague a fim
de que fosse para sua mulher... Nada disso adiantou... Não satisfeito, Davi com uma
estratégia cada vez mais pecaminosa, envia pelo próprio Urias uma carta ao
comandante do exército de Israel, Joabe, na qual dizia: “Ponde a Urias na frente da
maior força da peleja; e deixai-o sozinho, para que seja ferido e morra” (2Sm 11.15).

Assim se fez; Urias foi morto e Davi tomou Bate-Seba para si. O texto relata: “Isto
que Davi fizera, foi mal aos olhos do Senhor” (2Sm 11.27).

Ao que parece, Davi se esqueceu do seu pecado e continuou a viver


tranqüilamente, entregando-se, como diz Calvino (1509-1564), a uma profunda
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letargia espiritual; até que, cerca de um ano depois o profeta Natã foi enviado por
Deus a Davi, contando-lhe uma parábola que dizia haver dois homens numa cidade:
um rico e o outro pobre; o rico tinha um grande gado e muitas ovelhas; o pobre tinha
apenas uma cordeirinha que tratava como uma filha. O homem rico, quando recebeu
um viajante, querendo oferecer-lhe um banquete, sem nenhum constrangimento
tomou a cordeirinha do pobre e a preparou para o homem que havia chegado.

Esta história – que falava tão de perto a Davi, que fora um dedicado pastor de
ovelha – foi suficiente para deixá-lo irritadíssimo, declarando ao profeta: “Tão certo
como vive o Senhor, o homem que fez isso deve ser morto. E pela cordeirinha
restituirá quatro vezes, porque fez tal cousa e não se compadeceu” (2Sm 12. 5-6).

A surpresa maior estava por vir; Natã numa declaração corajosa e dramática diz a
Davi: “Tu és o homem. Assim diz o Senhor Deus de Israel” (2Sm 12.7). Deus o
acusa de além de ter adulterado, ter matado a Urias pelas mãos dos Amonitas (2Sm
12.9). Davi cai em si, arrependido, e diz: “Pequei contra o Senhor” (2Sm 12.13).

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João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, Vol. 2, p. 421.
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Deus o perdoa: “Disse Natã a Davi: Também o Senhor te perdoou o teu pecado; não
morrerás” (2Sm 12.13).

Foi nesse contexto de angústia que Davi escreveu o Salmo 51. O salmo 32
parece ter sido composto depois, quando o salmista recuperou a sua paz com Deus.
Este salmo retrata de forma didática, sensível e intensa a bem-aventurança do
perdão de Deus resultante de Sua misericórdia que nos assiste. Aliás, “Só serão
bem-aventurados aqueles que põem sua confiança na misericórdia de
9
Deus”.

Davi, então, escreve: “Muito sofrimento terá de curtir o ímpio, mas o que confia no
SENHOR, a misericórdia (ʣʱʧ) (hesed) o assistirá (ʡʡʱ) (sabab)” (Sl 32.10).

A Palavra “assistir”, que tem um amplo sentido literal e figurado, significa


envolver, cercar, contornar. Apenas para ilustrar, mencionamos que esta é a palavra
usada para descrever as voltas que o exército de Israel deu sobre Jericó durante
sete dias (Js 6.3,4,7,11,14,15). A idéia expressa é a de que Deus nos cerca, nos
envolve por todos os lados com a Sua misericórdia. A misericórdia de Deus é uma
realidade contínua em nossa existência. Contudo, ela se torna mais eloqüente para
nós quando tomamos consciência do nosso pecado e do perdão de Deus.

São Paulo, 13 de março de 2008.


Rev. Hermisten M.P. Costa

9
João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, Vol. 2, (Sl 32.1), p. 40.

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