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MILLER

GUIA PARA ,.",

A DISSECÇAO
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DOCAO
TERCEIRA EDiÇÃO

EVANS & de LAHUNTA


-
INfRODUÇAO

A anatomia é o estudo da estrutura e a fisiologia é o estudo da relação de termos, dos quais muitos estão em uso pelo mundo. Tal rela-
função. Estrutura e função são inseparáveis como a base da ciência e a ção, conhecida como Basle Nomina Anatomica (BNA), não foi aceita
arte da medicina. A anatomia deve conhecer primeiro determinadas internacionalmente, porém determinou a base para a presente Nomina
partes do corpo, para que a fisiologia possa apreciar como essas funcio- Anatomica (NA), que foi aprovada pelo Congresso Internacional de Ana-
nam. A anatomia macroscópica é o estudo das estruturas que podem tomistas em Paris, em 1955. Dos 5.640 termos padronizados, mais de 80%
ser dissecadas e observadas a olho nu, ou com o auxílio de lupas, e cons- foram mantidos da BNA. A revisão mais recente da Nomina Anatomica
titui o tema principal deste livro. é a quinta edição, publicada pela Editora Williams & Wilkins em 1983.
A anatomia de uma região com relação a outras regiões do corpo Os preceitos de nomenclatura a serem seguidos, expressos na
é designada como anatomia topográfica. A aplicação prática do co- Nomina Anatomica, são para não se fazerem alterações por motivos
nhecimento em anatomia no diagnóstico e no tratamento de condições puramente pedantes ou etimológicos; manter termos curtos e simples;
patológicas denomina-se anatomia aplicada. O estudo de estruturas dar nomes similares a estruturas intimamente relacionadas; evitar o uso
extremamente pequenas, que para serem vistas requerem o emprego de de epônimos; empregar termos com algum·valor informativo ou descri-
microscópio, refere-se à anatomia microscópica. A observação deta- tivo; utilizar adjetivos diferenciais e opostos (por exemplo: superficial
lhada de estruturas só é possível por meio do microscópio eletrônico e e profundo); adotar termos simples como regra geral e permitir alterna-
constitui a anatomia ultra-estruturaI. Quando um animal adoece ou tivas somente como exceções; resistir a nominar estruturas insignifican-
alguns de seus órgãos funcionam de modo impróprio, a alteração do tes, mesmo que descobertas ou descritas, e usar o latim para todos os
estado normal é estudada pela anatomia patológica. O estudo do de- termos. Os anatomistas, reunidos em comissões, têm dedicado tempo e
senvolvimento do indivíduo desde o oócito fertilizado até o nascimento reflexão consideráveis, objetivando o aperfeiçoamento da terminologia
é realizado pela embriologia, e aquele do zigoto até a fase adulta, pela anatômica. O Comitê Internacional sobre a Nomenclatura Anatômica
anatomia do desenvolvimento. A teratologia representa o estudo do Veterinária, indicado pela Associação Mundial de Anatomistas Veteri-
desenvolvimento anormal. nários, publicou a Nomina Anatomica Veterinaria dos animais domés-
ticos em 1968. Essa Nomina foi revisada em sua terceira edição, de 1983,
e serve como base para a nomenclatura utilizada neste livro.
ETIMOLOGIA MÉDICA E
NOMENCIATURAANATÔMICA
TERMOS DE DIREÇÃO
O estudante de anatomia confronta-se com uma variedade des-
A compreensão dos planos, posições e direções relativas ao cor-
conhecida de tern10S e nomes de estruturas anatômicas. Logo, uma in-
po do animal ou de suas regiões é necessária, a fim de atender aos pro-
terpretação melhor da linguagem empregada em anatomia faz com que
cedimentos das dissecções (Fig. I).
o estudo seja mais compreensível e interessante. Para a publicação de
PLANO:é uma superfície, real ou imaginária, ao longo da qual doi
trabalhos científicos e a comunicação entre profissionais, o conhecimento
pontos quaisquer podem ser conectados por uma linha reta.
da terminologia anatômica é uma necessidade. Com o intuito de asse-
Plano mediano: divide longitudinalmente a cabeça, o corpo ou
gurar o entendimento dos termos anatômicos básicos, um dicionário
os membros em metades iguais, direita e esquerda.
médico deve estar acessível e ser consultado freqÜentemente. É muito
Plano sagital: passa através da cabeça, do corpo ou dos membroJ.
importante aprender a grafia, a pronúncia e o significado de todos os
termos novos encontrados. As estruturas dos vertebrados são numero- paralelamente ao plano mediano.
Plano transversal: corta transversalmente a cabeça, o corpo ou o
sas e, muitas vezes, os nomes usuais não são viáveis, podem ser vagos ou
membros em um ângulo reto ao longo do seu eixo maior, ou transver-
sem sentido. Uma vez que se entenda o porquê, é aconselhável ter um
salmente, através do eixo maior de um órgão ou de uma região anatô-
glossário de termos internacionais que possa ser compreendido por cien- nuca.
tistas em todos os países. O aprendizado do vocabulário médico pode ser
Plano dorsal: passa em ângulos retos aos planos mediano e trans-
auxiliado pela habilidade no emprego das raízes e afixos gregos e latinos.
Nosso vocabulário médico atual tem uma história de mais de 2.000 versal e, conseqÜentemente, divide o corpo, ou a cabeça, em porçõe"
dorsal e ventral.
anos e reflete as influências de vários idiomas. Os primeiros escritos de
DORSAL:na direção ou relativamente próximo ao dorso e às
anatomia e medicina foram quase que totalmente redigidos em latim e,
perfícies correspondentes da cabeça, do pescoço e da cauda; quanto
como conseqÜência, a maioria das raízes dos termos anatômicos deriva
membros, esse termo está indicado para a face superior do carpo. mer ••
dessa língua clássica. Os termos latinos são comumente traduzidos para
carpo, tarso, metatarso e dedos (lado oposto ao dos coxins).
o vernáculo do profissional que os emprega. ConseqÜentemente, o la-
VENTRAL:na direção de ou relati vamente próximo ao ventre
tim hepar torna-se tiver em inglês,foie em francês, higado em espanhol
e leber em alemão." dome) e às superfícies correspondentes da cabeça, do pescoço. do tóra't
e da cauda. Esse termo nunca deve ser empregado para os membros_
Embora a terminologia anatômica procure ser o mais uniforme
MEDlAL:na direção do ou relativamente próximo ao plano m...."<';~.
possível, uma disparidade nos termos tem-se originado entre os di ver- no.
os campos da pesquisa e entre os diferentes países. Em 1895, um grupo LATERAL:estrutura distante ou relativamente afastada do ,ç
composto principalmente de anatomistas germânicos sugeriu uma nova mediano.
CRANIAL:na direção da ou relativamente próximo à cabe'-.
membros, usa-se esse termo como proximal para o cafTV' e
. do T.: Fígad(, em português. Quando se refere à cabeça. o termo é substituído Dor ro·
2 INTRODUÇÃO

Plano mediano

ca!Jdal -:>

Plano dorsal

Plano transversal ----.J

Fig. 1 Termos de direção.

ROSTRAL:na direção do ou relativamente próximo ao nariz; usa- PLANTAR: a face do pé em que os coxins estão localizados, ou seja,
do somente para a cabeça. face que entra em contato com o solo quando o animal encontra-se com
CAUDAL:na direção da ou relativamente próximo à cauda; nos os quatro membros em estação. A face oposta para mãos e pés é conhe-
membros, aplica-se distal para o carpo e o tarso. O mesmo termo tam- cida como. face dorsal.
bém é usado com relação à cabeça .. EDm: a linha central do corpo ou de qualquer de suas .regiões.
Os adjetivos para os termos de direção podem ser modificados e Ax!AL,ABAXIAL: do eixo, pertencente ou relativo ao eixo. Quando
utilizados como advérbios de modo, substituindo-se a terminação -al- se referir aos dedos, o eixo funcional dos membros deve passar entre o
pela terminação -mente-, como em dorsalmente .. terceiro e o quarto dedos. A face axial de cada dedo volta-se para o eixo,
Certos termos, cujos significados são mais restritos, são empre- enquanto a face abaxial afasta-se dele.
gados para a descrição de órgãos ou dos apêndices locomotores. Os termos a seguir são aplicados a vários movimentos básicos
INTERNo:intimamente relacionado com, ou na direção do centro executados por partes do corpo.
de um órgão, da cavidade corpórea ou de uma estrutura anatômica. FLEXÃo:o movimento,de tim osso com relação a outro, de tal modo
EXTERNO:afastado do centro de um órgão ou de uma estrutura. que o ângulo formado por sua articulação é reduzido. O membro está
SUPERHOAL:relativamente próximo à superfície do corpo ou à retraído ou dobrado, e o dorso e os dedos encontram-se curvados dor-
superfície de um órgão maciço (parenquirnatoso). salmente.
PROFUNDO: relativamente próximo ao centro do corpo ou ao cen- EXTENSÃO: o movimento de um osso sobre outro, de maneira que
tro de um órgão maciço. o ângulo formado por sua articulação aumenta. O membro se alonga ou
PROXIMAL: relativamente próximo à raiz ou origem principal; uti- estende, e os dedos e o dorso estão alongados. A extensão além de 1800
lizado para a extremidade fixa dos membros e cauda unidos ao corpo. é denominada hiperextensão.
DISTAL:afastado da raiz ou origem principal; nos membros e cau- ABDUÇÃO: o movimenfo de uma porção do corpo afastando-se do
da, usa-se para a extremidade livre. plano mediano.
RADIAL:sobre o lado do antebraço em que o rádio está localiza- ADuçÃo: o movimento em direção ao plano mediano.
do, logo medialmente nesta região. C1RcuNDuçÃo:o movimento de uma porção do corpo ao descre-
ULNAR:sobre o lado do antebraço em que a ulna está localizada, ver a superfície de um cone (por exemplo: o braço estendido desenhan-
logo lateralmente nesta região. do um círculo).
TIBIALE FIBULAR:correspondendo aos lados da perna, o lado tibial ROTAÇÃO:o movimento de uma porção ao redor do seu eixo lon-
sendo medial e o fibular, lateral. gitudinal (por exemplo: a ação do rádio no antebraço humano ao se usar
No cão e nas espécies similares, a pata é a região dos membros, uma chave de fenda). A direção de rotação de um membro ou do seg-
torácico ou pélvico, distal ao rádio e à ulna ou à tíbia e à fi.bula, respec- mento de um membro sobre seu eixo longitudinal é designada pela di-
tivamente. A mão e o pé no homem são homólogos às extremidades reção do movimento de sua face cranial ou dorsal (por exemplo: na ro-
distais dos membros torácico e pélvico do cão, respectivamente. tação medial do braço, a crista do tubérculo maior do úmero gira me-
PALMAR:face da mão em que os coxins estão localizados - a face dialmente).
que entra em contato com o solo quando o animal encontra-se com os SUPINAÇÃO: rotação lateral de um apêndice, de maneira que as
quatro membros em estação. faces palmar ou plantar das mãos e pés voltam-se em sentido medial ou
dorsal.
INTRODUÇÃO

Fig. 2 Esqueleto do cão adulto.

PRONAÇÃO: rotação medial de um apêndice da posição supina, de de bombeamento do coração, com a finalidade de esvaziamento dos
modo que as faces palmar ou plantar fiquem voltadas ventralmente. vasos sanguíneos, antes da injeção com o líquido conservador, consis-
Nas radiografias, a incidência é descrita com relação à direção tindo em 8% de formalina e 2% de fenol em solução aquosa. O líqui
de penetração pelos raios X: desde o ponto de entrada até o ponto de é então injetado sob cinco libras de pressão, por um período de aproxi-
saída de uma parte do corpo. Incidências oblíquas são descritas com uma madamente 30 minutos. Após esse procedimento, as artérias são injerz-
combinação de termos (exemplo: uma incidência do carpo com o tubo das utilizando-se uma seringa de 50 ml com látex vermelho, també~
de raios X perpendicular à face dorsal e o filme na face palmar será uma pela artéria carótida comum. O animal preparado representa um in\'e;;-
incidência dorsopalmar. Se o tubo de raios X for posicionado na dire- timento considerável de material e trabalho e, por isso, deve ser man::-
ção da face dorsomedial do carpo e o filme, na face palmolateral, a in- seado com cuidado, pois facilitará a dissecção e o estudo durante todo
cidência será oblíqua dorsomediopalmolateral). período letivo. Uma gaze com 2% de fenoxietanol, 1% de fenol ou
tro agente antifúngico e um envoltório plástico são indicados para ume-
decer e envolver as extremidades distais dos membros e a cabeça, e cob;:_
DISSECÇÃO todo o cadáver entre os períodos de dissecção. A refrigeração é de gra.;;.-
de auxílio para o armazenamento, porém não é essencial.
O cão, quando indicado como uma espécie para dissecção, deve Há certas condutas e procedimentos que geralmente são reconhe-
ser preparado de modo humanitário. É anestesiado com pentobarbital cidos como favoráveis ao aprendizado da anatomia. O propósito da cEs-
por punção da veia cefálica, seguindo-se a exsangüinação por meio de secção é o entendimento bem definido das estruturas normais do cof?C
cânula introduzida na artéria carótida comum. Tal método permite a ação e uma apreciação da variação individual.
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A DISSECÇAO
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TERCEIRA EDIÇAO

EVANS & de LAHUNTA


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PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO
TORÁCICO

Inicialmente, faça uma incisão da linha médio-ventral, no nível mente à interseção clavicular. Rebata-o em direção a suas inserções
do membro torácico, até o lado medial da articulação do cotovelo direi- cervical e mastóidea.
to. Faça uma incisão circular na pele na junta do cotovelo. Faça inci- Os linfonodos cervicais superficiais encontram-se em uma pe-
sões na pele das linhas médio-ventral a médio-dorsal, no nível do umbi- quena área de tecido, cranial ao ombro. Eles se localizam profundamente
go e na parte cranial do pescoço. Rebata a pele para o plano médio-dor- às partes cervicais dos músculos braquiocefálico e omotransverso, e
sal, deixando os músculos cutâneos e a fáscia superficial no cão. recebem drenagem linfática da área cutânea da cabeça, do pescoço e do
Na dissecção seguinte de nervos e vasos, as artérias podem ser membro torácico.
reconhecidas pelo látex vermelho que foi injetado no sistema arterial. As O nervo acessório ou 11." nervo craniano (Fig. 90) é um nervo
veias, às vezes, conterão coágulos sangüíneos, de coloração escura. grande, encontrado profundamente às partes craniais do músculo ester-
nocefálico. À medida que ele emerge do cleidomastóideo, cruza o se-
VASOS E NERVOS DO PESCOÇO gundo nervo cervical, corre ao longo da borda dorsal do orno transverso
e termina na parte torácica do trapézio. Disseque o espaço entre o trapé-
No cão, existem oito pares de nervos espinhais cervicais. O pri- zio e o cleidocervical e identifique esse nervo passando caudalmente ao
meiro nervo cervical passa pelo forame lateral do atlas. Os nervos res- trapézio. O nervo acessório é o único nervo motor do trapézio. Além
tantes passam através dos forames intervertebrais que se sucedem. O disso, ele inerva, em parte, o orno transverso e as porções mastóidea e
oitavo nervo cervical emerge do forame intervertebral que fica entre a cervical çlo braquiocefálico e do estemocefálico.
étima vértebra cervical e a primeira torácica. Imediatamente após dei- Libere a borda ventral do omotransverso e a levante. Procure pelos
xarem os forames, os nervos se dividem em ramos ventrais grandes e ramos ventrais dos terceiro, quarto e quinto nervos cervicais (Fig. 89),
ramos dorsais pequenos. Os ramos dorsais inervam estruturas dorsais que estão distribuídos de maneira segmentar para os músculos e a pele
às vértebras (ver Fig. 93) e não serão dissecados. Ao dissecar nervos, é do pescoço. O terceiro e o quarto nervos, após emergirem dos forames
útil separar, delicadamente, os tecidos mediante a inserção de uma te- intervertebrais, passam através da fáscia profunda e do omotransverso.
oura e sua abertura posterior, para afastar os tecidos. Faixas fasciais de Pode ser difícil identificar cada nervo cervical, e não é necessário fazê-lo.
tecido conjuntivo se romperão, mas os nervos em geral resistem. Outro Seccione o estemoióideo e esternotireóideo, que estão fundidos,
método para expor nervos consiste em raspar os tecidos moles, seguin- a uns 2 cm de sua origem, e rebata-os até as suas inserções. Partes da
do o caminho mais provável sobre a superfície de um músculo ou entre traquéia, da laringe, da glândula tireóide, do esôfago e da bainha da
músculos, com uma pinça de ponta fina. Logo que algum nervo seja carótida estão expostas. Identifique essas estruturas em seu espécime.
Note a artéria carótida comum dorsal ao estemotireóideo. Colado ao seu
visível, siga-o em ambas as direções.
Palpe a asa do atlas e disseque a fáscia próxima à sua borda cau- lado medial, está o tronco do nervo vagossimpático. O linfonodo re-
doventral, para descobrir o ramo ventral do segundo nervo cervical (Fig. trofaríngeo medial (ver Fig. 13) encontra-se no lado oposto à laringe,
ventrolateralmente à bainha da carótida.
9), que se encontra ao lado ou profundamente, com relação à borda
audoventral do platisma, que é dorsal à veiajugular externa. Separe a
fáscia que encobre o nervo até encontrá-lo. Ele emerge entre os múscu- TÓRAX
los cleidomastóideo e omotransverso. O ramo ventral do segundo ner-
\'0 cervical divide-se em dois ramos cutâneos: (1) O grande nervo au-
ricular estende-se em direção à orelha. Ele se ramifica e inerva a pele Vasos superficiais e nervos
do pescoço, da orelha e atrás da cabeça com ramos sensoriais. Rastreie da parede torácica
o nervo até o ponto permitido pelas reflexões musculares e cutâneas
presentes. (2) O nervo cervical transverso ramifica-se na pele da parte Antes de dissecar as veias e nervos torácicos, estude as Figs. 91
ranioventral do pescoço, e não precisa ser dissecado. e 94, que mostram o padrão de distribuição dessas estruturas. Note que
A veia jugular externa (Fig. 90), bilateralmente no pescoço, é a artéria e o nervo de cada espaço intercostal dividem-se em ramos dor-
formada pelas veias linguofacial e maxilar. O corpo ovóide que se en- sais e ventrais. Os ramos dorsais entram nos músculos epaxiais. Os ra-
contra na bifurcação formada por aquelas veias é a glândula salivar mos ventrais descem os espaços intercostais, junto à borda caudal de cada
mandibular (ver Fig. 13). Os linfonodos mandibulares (ver Fig. 13) costela. Os ramos arteriais dorsais e ventrais derivam das artérias inter-
encontram-se em ambos os lados da veia linguofacial, ventralmente à costais dorsais. As três primeiras artérias intercostais vêm de um ramo
glândula salivar mandibular. do tronco costocervical, e as nove restantes vêm da aorta. As attérias e
Aplique uma ligadura e seccione transversalmente a veia jugu- veias intercostais dorsais têm ramos cutâneos laterais que perfuram os
lar externa aproximadamente em sua metade, rebatendo cada extremi- músculos intercostais e adjacentes para irrigar estruturas cutâneas, in-
dade. Em algumas espécies, as veias omobraquial e cefálica (Fig. 90) cluindo as glândulas mamárias torácicas. As artérias e veias intercos-
podem ser observadas entrando na veia jugular, após cruzarem o om- tais dorsal passam ventralmente, onde se anastomosam com os ramos
bro. Elas podem ser seccionadas e rebatidas. Livre o músculo ester- e/ou tributárias intercostais ventrais da artéria e das veias torácicas in-
::locefálico e seccione-o a 3 cm de sua origem. Rebata o músculo cra- ternas, respectivamente. Na superfície ventral de cada espaço intercos-
niodorsalmente, até um ponto cranial ao local onde o segundo nervo cer- tal, ramos perfurantes dos vasos torácicos internos emergem e suprem
ical o cruza. Seccione o braquiocefálico transversalmente, 1 cm cranial- estruturas cutâneas e as glândulas mamárias torácicas.
68 PESCOÇO, TÓRAX E :MEMBRO TORÁCICO

(I

- - -Cleidomastóideo

- - Esternocefálico

I
I
Tronco
I vagossimpático
I
Omotransversal

Fig. 89 Ramos ventrais dos nervos espinhais cervicais que emergem da musculatura cervical.

Os ramos nervosos dorsais e ventrais derivam de cada nervo es- mente, estende-se abaixo dos músculos que vão do braço ao pescoço
pinhal, à medida que ele emerge do forame intervertebral. Os ramos Caudal mente, uma extensão semelhante é encontrada abaixo dos mú
ventrais dos primeiros 12 nervos torácicos são nervos intercostais e têm culos grande dorsal e cutâneo do tronco.
ramos cutâneos laterais e ventrais e ramos mediais. Estes é que vão A artéria, a veia e os nervos torácicos laterais emergem dE
majoritariamente para os músculos. axila, entre o grande dorsal e os músculos peitorais profundos. O nen',
Fileiras de ramos cutâneos laterais e dorsais dos nervos intercos- é motor para o cutâneo do tronco e pode ser encontrado em sua bordE
tais, das artérias e veias emergem a intervalos regulares entre as costelas ventral. Consiste em fibras dos ramos ventrais do oitavo nervo cerviez
e suprem o músculo cutâneo, o tecido subcutâneo e a pele. Os nervos do e do primeiro nervo torácico espinhal. Os vasos suprem o músculo. E
lado dorsal vêm dos ramos dorsais dos nervos torácicos. Uma fileira de pele e os tecidos subcutâneos, incluindo a mama torácica crania!. Even-
ramos cutâneos ventrais emerge pela origem do músculo peitoral profun- tualmente, se esses vasos e nervos não forem prontamente identific.a-
do, após penetrar as suas terminações ventrais nos espaços intercostais. dos em sua dissecção, você poderá encontrá-Ios mais tarde, quando 05'
Esses vasos são ramos perfurantes da artéria 'e da veia torácicas internas. vasos auxiliares e o plexo braquial estiverem dissecados.
Os nervos são ramos terminais dos nervos intercostais. Embora eles emer- Seccione os músculos peitorais próximos ao estemo. Rebata-05'
jam em intervalos regulares, nem todos serão vistos na dissecção. em direção ao membro torácico para expor a axila.
A mama torácica cranial é suprida pelos quarto, quinto e sexto O linfonodo axilar encontra-se dorsalmente ao músculo peitcr
vasos cutâneos ventrais e laterais respectivos e nervos, bem como por ral profundo e caudalmente à grande veia axilar, que vem do braço .. ~~
ramos dos vasos torácicos laterais. Os últimos são vasos suplementa- maioria dos vasos linfáticos da parede torácica e de estruturas pro
res, que serão dissecados mais tarde. das do membro drena para este nodo.
A mama torácica caudal é suprida de maneira semelhante à
anterior, pelos sétimo e sexto nervos e vasos cutâneos torácicos. Além Cão vivo
disso, ramos mamários dos vasos epigástricos superficiais craniais su-
prem essa mama. Palpe as estruturas no pescoço, ventrais às vértebras cervicais ....•
A axila é o espaço localizado entre o membro torácico e a parede laringe e a traquéia são prontamente palpáveis. O esôfago é geralmen~
torácica. Suas delimitações ventrais são os músculos peitorais, e dor- muito mole para ser sentido, mas deve estar à esquerda da traquéia, c::
salmente seu limite é a inserção do serrátil ventral na escápula. Cranial- região médio-caudal cervical. Tente palpar o pulso na artéria carótie
PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÃCICO 69

N. grande auricular (cervical li)


A. e v. cervicais superficiais N. acessório
I
N. cervical, ramo cutâneo medial I
I

A. e v. cervicais profundas, -
ramos cutâneos

N. torâcico li,
ramo cutâneo lateral

V. e a. subescapular,
ramos cutâneos

A. e v. circunflexas
umerais caudais N. cervical
I transverso
I
I
V. jugular externa

- - - - - V. omobraquial
N. intercostobraquial - ~ ..,
- - - - V. axilobraquial

- - - - - V. cefálica

M. tríceps
(cabeça lateral)
- -- M. cleidobraql.!ial

N. intercostal 111, -
ramo cutâneo - - -. N. cutâneo braquiallateral
ventral cranial (Axilar) - --

- - - V. cefálica
V. e a. torác;cas internas,
111ramo cutâneo ventral - - N. radial, ramo superficial

A. e v. antebraquiais craniais superfiçiais

V. mediana cubital

N. antebraquial cutâneo
caudal (Vlnar)

Fig. 90 Estruturas superficiais da escápula e do braço, face lateral.

Ela costuma seguir juntamente ao lado dorsolateral da traquéia, mas está mina!. Rebata a mama, se for necessário. Libere a fixação torácica do
muito profunda para permitir que se sinta um puIso regularmente. Cranial- reto abdominal, perto do esterno, e a primeira cartilagem costa!. Rebata
mente, sinta a glândula salivar mandibular firme e ovalada e os linfono- o reto abdominal caudalmente, notando e cortando quaisquer nervos ou
dos mandibulares menores e mais soltos. Os últimos podem ser sentidos vasos que entrem na face profunda do músculo, no nível de qualquer
subcutaneamente, no ângulo da mandíbula. Caudalmente, no pescoço, um dos espaços intercostais.
sinta os linfonodos cervicais superficiais, craniais ao ombro e profundos A artéria epigástrica cranial é um ramo terminal da artéria to-
aos músculos omotransverso e braquiocefálico. Estenda o pescoço e com- rácica interna, que emerge do tórax no ângulo entre o arco costal e o
prima os vasos que entram no tórax, pelo acesso torácico, tentando esterno. Ela passa caudal mente na face profunda do reto abdominal. A
distender a veiajugular externa, para deixá-Ia visível. Isso é mais difícil artéria epigástrica cranial dá origem à artéria epigástrica cranial su-
de se observar em raças com pêlos longos, sem remover antes os pêlos. perficial (ver Fig. 125), que perfura o músculo reto e corre caudalmen-
te sobre a sua superfície. Essa artéria supre a pele acima do reto abdo-
Vasos e nervos profundos da minal e da mama abdominal crania!. Os vasos epigástricos craniais con-
tinuam na superfície profunda do reto abdomina!. A maioria de seus ra-
parede torácica mos termina nesse músculo.
Exponha as origens lombares e costais do oblíquo abdominal Faça incisões sagitais completas pela parede torácica, a I cm do
externo e desprenda-as. Rebata o músculo ventralmente ao reto abdo- plano mediano ventral de cada lado. Essas incisões devem estender-se
70 PESCOÇO, TÓRAX E lVIEMBRO TORÃCICO

Ramo cutâneo lateral

- - - Aorta

Ramo cutâneo lateral - A.


intercostal
dorsal

Intercostal interno --

Fig. 91 Transecção esquemática da parede torácica para mostrar a distribuição de uma artéria intercostal.

Vértebra torácica VII

Ramos dorsais

Intercostal externa
Aorta
/
:r Ramo cutâneo lateral

~ / Intercostal interna

/ A. intercostal
/

/ Ramo cutâneo lateral


/
."

Ramos intercostais ventrais


Intercostal
interna

A. torácica interna
/
/
/

Fig. 92 Artérias intercostais vistas no interior da caixa torácica.


PESCOÇO, TÓRAX E :MEMBRO TORÂCICO 71

Ramodorsal

Ramo lateral ,

Ramo ventral - I;

I
Ramo cutâneo
lateral
I
Ramo comunicante
para o tronco
simpático
N. intercostal --

Ramo cutâneo lateral --

Intercostal interno

Ramo cutâneo ventral

Fig. 93 Esquema de um nervo espinhal torácico.

N. torácico, ramo cutâneo,


e ramos cutâneos laterais
das a. e v. intercostais Tronco cutâneo

- - A e v. subescapulares,
ramos cutâneos

N. intercostobraquial,
h_ 2' n. intercostal,
ramo cutâneo lateral

A e v. epigástricas craniais
superficiais I
I
N. intercostal, I
I
ramo cutâneo lateral
1

A, v. e n. torácicos laterais
Ramos perfurantes da artéria e da veia torácicas,
e n. intercostal, ramo cutâneo ventral

Fig. 94 Vasos e nervos superficiais do tórax, face lateral direita.


72 PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO

2' vértebra torácica

M. longo do pescoço

Es6fago
Traquéia
A. subclávia esquerda
Veia cava cranial

Tronco braquiocefálico

Pulmão direito, lobo cranial


Cavidade pleural

Pleura pulmonar
Timo

Pleura parietal costal

Pleura parielal mediastínica

Mediastino cranial

3' esternebra

Fig. 95 Secção transversal esquemática do tórax através do mediastino cranial, face caudal.

6' vértebra torácica

Aorta V. ázigos
Mediastino dorsal
Esôfago
Lobo caudal
Lobo caudal
Ligamento pulmonar esquerdo

Mediastino médio Lobo acessório

Lobo cranial do pulmão esquerdo, parte caudal Veia cava caudal

Prega da veia cava


Pleura pulmonar

Pleura pulmonar

Pericárdio seroso parietal


Pericárdio fibroso Pulmão direito, lobo médio

Pleura pericárdica mediastínica


Pleura parietal costal

Cavidade pericárdica
Pericárdio visceral seroso (epicárdio)

Esterno, 5" segmento

Fig. 96 Secção transversal esquemática do tórax através do coração, face caudal.


PESCOÇO, TÓRAX E JYIEMBRO TORÂCICO 73

Sulco aórtico - - l
I
I r- - Brônquios
I I
Ligamento pulmonar __ , I I r- A. pulmonar
, I I
R G E 'M ,
,o alR S A

Parte cranial do
lobo cranial

I
Superfície diafragmática
.
__ ~
1 I
Lobo caudal __ J I L __ Parte caudal do
I lobo cranial
1
L __ Vv. pulmonares

Fig. 97 Pulmão esquerdo, face media!.

- 6' costela Pulmão, lobo caudal

+.- - 13' costela


Tronco costocervical _

- - Diafragma

- Baço

Pulmão, parte cranial - - - - Estômago


do lobo cranial

, Lobo acessório do pulmão direito


Coração

Pulmão, parte caudal do lobo cranial

. Fig. 98 Vísceras torácicas no interior da caixa torácica, face lateral esquerda.

a partir do acesso torácico, através da oitava cartilagem costa!. O mús- verso abdominal e do diafragma com as costelas, junto ao arco costa!.
culo transverso torácico se encontra na superfície interna do esterno e Rebata a parede torácica esquerda de maneira semelhante.
das cartilagens costais. Conecte as terminações caudais das incisões to- Na superfície interna da parede torácica, note os vasos e ner-
rácicas sagitais direita e esquerda e libere o estemo, exceto na prega larga vos intercostais, correndo junto à borda caudal das coste!as. Ventral-
e fina do mediastino, que é agora a única junção. mente, os vasos se bifurcam e anastomosam com os ramos intercos-
Na metade direita do tórax, limpe e seccione a origem do grande tais da artéria torácica interna, o mesmo ocorrendo com a veia cor-
dorsal e rebata-a em direção ao membro torácico. Localize e seccione a respondente. Os nervos intercostais suprem a musculatura intercos-
porção caudal de origem do serrátil ventral, expondo as costelas. Co- tal. Seus ramos sensoriais foram considerados como ramos cutâneos
meçando no arco costal e utilizando cortadores de osso, corte as coste- lateral e ventral.
las próximo de suas articulações vertebrais com o tórax, sem danificar A pleura (Figs. 95, 96) é uma membrana serosa que cobre os
o tronco simpático. Rebata a parede torácica sem removê-Ia. À medida pulmões e delineia as paredes do tórax. As pleuras formam sacos direi-
que isso é feito, corte as junções do oblíquo abdominal interno do trans- to e esquerdo, que alojam as cavidades pleurais.
74 PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO

Pulmão, lobo caudal 6ª costela Impressão


I
I
I
cardíaca

--
~ ~ Pulmão, lobo craníal

_ A. vertebral

I
Estômago' I
I
I
I
Fígado' I I
Diafragma Pulmão, lobo médio

Fig. 99 Vísceras torácicas no interior da caixa torácica, face lateral direita.

A pleura pulmonar reveste as superfícies dos pulmões, seguin- lado medial da parede torácica, foram vistas. Próximo à inserção do arco
do todas as suas pequenas irregularidades, bem como as fissuras que costal com o estemo, a artéria torácica interna termina nas artérias mus-
dividem os dois lobos. culofrênica e epigástrica cranial maior. A última foi dissecada juntamente
A pleura parietal é ligada à parede torácica pela fáscia endoto- com o seu ramo epigástrico cranial superficial. A artéria musculofrê·
rácica e pode ser dividida em partes costal, diafragmática e mediastíni- nica corre dorsolateralmente, no ângulo formado entre o diafragma e
ca. Cada uma dessas partes é denominada de acordo com a região ou parede torácica lateral. Disseque a sua origem. Corte o mediastino
superfície que cobre. Todas são contínuas entre si. A pleura costal co- rebata o esterno cranialmente.
bre as superfícies internas das costelas e dos músculos intercostais. As
pleuras mediastínicas revestem os lados da divisão entre as duas cavi-
dades pleurais. O mediastino inclui as duas pleuras mediastínicas e o Os pulmões
espaço entre elas. Localizados no mediastino estão o timo, os linfono-
dos mediastínicos, o coração, a aorta, a traquéia, o esôfago, os nervos O pulmão esquerdo (Figs. 97-99) é dividido em lobos cranial
vagos e outros nervos e vasos. A pleura mediastínica pericárdica é a caudal, por fissuras profundas. O lobo cranial é ainda subdividido elL
porção que cobre o pericárdio e o coração. partes cranial e caudal. O pulmão direito (Figs. 98 e 99) é dividido elL
O mediastino pode ser dividido em uma parte cranial, encontra- lobos cranial, médio, caudal e acessório. Uma parte do lobo acessó-
da cranialmente ao coração; uma parte média, que contém o coração; e rio pode ser vista tanto através do medias tino caudal como junto à pre-
uma parte caudal, encontrada caudalmente ao coração. O mediastino ga da veia cava caudal, onde se encontra no espaço entre estas duas ec-
caudal é estreito. Ele se liga ao diafragma à esquerda do plano mediano. truturas.
Cranialmente, é contínuo com o mediastino médio. Examine a impressão cardíaca do pulmão direito, no quarto ~
Note a passagem do esôfago pelo mediastino e pelo hiato esofá- no quinto espaços intercostais. O ápice da impressão é contínuo com _
gico do diafragma. No hiato esofágico, uma camada delgada de pleura fissura entre os lobos pulmonares cranial e médio. Uma área maior
e de tecido conjuntivo prende o esôfago ao músculo do diafragma. convexidade ventral do coração é exposta no lado direito. O ventrícul
A prega de veia cava é uma dobra frouxa de pleura derivada da direito ocupa essa área do coração e é acessível à perfuração cardía
porção mediastínica direita do saco pleural que circunda a veia caudal. nesse lado.
A raiz do pulmão é composta pela pleural e pelos brônquios, vasos e ner- Remova os pulmões seccionando todas as estruturas que pene-
vos que entram ou saem do pulmão. Aqui, a pleura mediastínica parietal tram o hilo. No lado direito, isso envolverá o desligamento do lobo aces-
é contínua com a pleura pulmonar. Caudalmente ao hilo, essa conexão sível sobre a veia cava caudal. Faça a secção longe o suficiente do COr2.-
forma uma borda livre, conhecida como ligamento pulmonar (Figs. 96, ção, para que os nervos que cruzam o coração não sejam cortados, fi;
97), localizado entre o lobo caudal do pulmão e o mediastino, no nível faça-a também perto o suficiente para que os lobos pulmonares não <:.~-
do esôfago. Observe esse ligamento. Em cirurgia torácica, o ligamento jam removidos individualmente.
tem que ser seccionado, para rebater o lobo caudal do pulmão. Examine as estruturas que se inserem nos pulmões. A traqué:-
O timo (Figs. 98, 99, 105) é uma estrutura bilobar e compacta, bifurca-se em brônquios principais direito e esquerdo. A carina é :.
situada no mediastino cranial. É maior no cão jovem e, geralmente, se partição entre eles, na sua origem da traquéia. Cada brônquio princi
atrofia com a idade, até que restem apenas traços de sua estrutura. Quan- divide-se em brônquios lobares que suprem os lobos do pulmão. Enc'H'
do no pico máximo do seu desenvolvimento, a parte caudal do timo é tre-os nos pulmões que foram removidos. Eles podem ser identifical
moldada na superfície cranial do pericárdio. pelos anéis cartilaginosos em suas paredes. Observe que, geralmen;:o
A artéria torácica interna (Figs. 100-105) deixa a artéria sub- há uma única veia pulmonar de cada lobo, que drena diretamente no áIr..
clávia, corre ventrocaudalmente no mediastino cranial e perde indivi- esquerdo do coração. (As veias pulmonares contêm látex vermelho poc-
dualidade anatômica junto à borda crania! do músculo transverso torá- que a peça foi preparada injetando-se látex na artéria carótida. Mo";o-'
cico. Ela emite muitos ramos para estruturas adjacentes, tais como o do-se numa direção retrógrada, o látex numa volta completa preenc
nervo frênico, o timo, a pleura mediastínica e os espaços intercostais. a aorta, o ventrículo esquerdo, o átrio esquerdo e as veias pulmon=
Têm sido observados ramos perfurantes para as estruturas superficiais Normalmente, não há látex nas artérias pulmonares, porque o látex~-
do terço ventral do tórax. Anastomoses com as artérias intercostais, no cruza os leitos capilares. Ocasionalmente, a pressão da injeção po
75
PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO

Ramo broncoesofágico
J

I
I I A. escapular dorsal
I I
I
iI
A. vertebral torácica

Ramo dorsal I
r---,-
I I A. cetvical profunda
I I
I
Tronco costocetvical
{
I
A. vertebral

A. tireóidea caudal
direita

Esôfago "

Primeira a. intercostal

N. frênico

- A. subclávia direita

Tronco braquiocefáfico

torácica interna

'Diafragma

Fig. 100 Artérias do tórax, face lateral direita.


76 PESCOÇO, TóRAX E MEMBRO TORÃCICO

intercostal
Ramo espinhal,
,
I
Ramo dorsal

I Ramo broncoesofágico esquerd:J


I

Veia cava
caudal

Carótida comum
esquerda

A. tireóidea caudal "


esquerda

Primeira a. intercostal

I
I
I

I
A. frênica I
Diafragma

. Fig. 10 I Artérias do tórax, face lateral esquerda.


PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO 77

V. jugular externa direita Aa. carótidas comuns direita e esquerda


Tronco costocervlcal

A. subclávia direita
I D A. cervical superficial
V. cervical superficial A. axilar

A. vertebral
V. cefálica

A. torácica interna
V. jugular interna

Tronco braquiocefálico Ducto torácico


V. subclávia
V. subclávia
V. braquiocefálica esquerda
V. tireóidea caudal
A. subclávia esquerda
V. braquiocefálica direita
V. torácica interna
Tronco costocervicalvertebral esquerdo

Tronco costocervicalvertebral direito Arco aórtico

Veia cava cranial Ligamento arterioso

Tronco pulmonar

Vv. hepáticas

Veia cava caudal

Aorta torácica

Fig. 102 Coração e grandes vasos, face ventral.

romper o septo interatrial, ou interventricular, do coração, inundando A veia cava eranial (Figs. 100-102) drena para o átrio direito após
as câmaras direitas com o látex e, portanto, enchendo as artérias, bem sua formação pela união das veias braquiocefálicas direita e esquerda,
como as veias, pulmonares.) na entrada torácica. A veia braquioeefáliea é formada, de cada lado,
O tronco pulmonar emite uma artéria pulmonar para cada pul- pelas veias jugular externa e subclávia. Algumas vezes, o último ramo
mão. Na raiz do pulmão, a artéria pulmonar esquerda em geral se situa a entrar na veia cava cranial é a veia ázigos (Fig. 100), que pode pene-
cranialmente ao brônquio esquerdo. A artéria pulmonar direita é ventral trar diretamente no átrio direito. Ela é vista à direita, no espaço medias-
ao brônquio direito. A artéria e os brônquios estão, bilateralmente, num tínico, enrolando-se ventrocranialmente em volta da raiz do pulmão
nível mais dorsal que as veias pulmonares. Utilizando uma tesoura, ou direito. Origina-se dorsalmente no abdome e coleta todas as veias inter-
bisturi, abra alguns dos brônquios principais para observar o lúmen. costais dorsais, de cada lado, até o nível do terceiro ou quarto espaço
Observe os Iinfonodos traqueobrônquieos localizados na bifur- intercostal.
cação da traquéia e também externamente aos brônquios.
O dueto torácieo é o canal principal para o retorno de linfa e dos
Determine que estruturas formam os vários sulcos e impressões,
ductos e capilares linfáticos para o sistema venoso. Ele começa na re-
recolocando os pulmões no tórax. Observe a longa impressão aórtica
gião sublombar, entre os pilares do diafragma, como uma continuação
no pulmão esquerdo. As impressões mais acentuadas no pulmão direito
cranial da cisterna do quilo. A última é uma estrutura dilatada que re-
estão no lobo acessório. Este lobo está interposto entre a veia caudal, de
cebe a drenagem linfática das vísceras abdominais e dos membros pél-
um lado, e o esôfago, de outro, e ambos deixam impressões nele. Ob- vicos. O ducto torácico corre cranialmente à borda dorsal direita da aorta
serve as impressões vasculares nos lobos craniais dos pulmões, e as
torácica e à borda ventral da veia ázigos, no nível da sexta vértebra to-
impressões costais em cada pulmão.
rácica. (O ducto torácico pode não ser visível.) Ele cruza a superfície
ventral da quinta vértebra torácica e corre pelo lado esquerdo da pleura
Veias craniais ao coração mediastínica média. Ele se continua cranioventralmente, pelo medias-
Cuidadosamente, exponha as grandes veias craniais ao coração. tino cranial, em direção à veia braquiocefálica esquerda, onde costuma
Rebata o esterno para um dos lados para facilitar a exposição. terminar (Fig. 102). O ducto torácico também recebe drenagem linfáti-
78 PESCOÇO, TÓRAX E NIEMBRO TORÁCICO

Cervical superficial

Axilar

Subclávia direita Torácica interna

Subclávia
esquerda

Arco aórtico

Aorta ascendente
Aorta
descendente

Fig. 103 Ramos do arco aórtico, face ventral.

Escapular dorsal

Tronco costocervical
Intercostal Carólida comum direita
Subclávia

Cervical

~ superficial
Axilar

Tronco braquiocefálico

Fig. 104 Ramos do tronco braquiocefálico, face lateral direita.

ca do membro torácico esquerdo e do ducto traqueal esquerdo (no lado


esquerdo do pescoço e da cabeça). A drenagem linfática do membro
Artérias craniais ao coração
torácico direito se faz pelo ducto traqueal direito (no lado direito da A aorta (Figs. 100-105) é o grande vaso ímpar que emerge
cabeça e do pescoço). Ele penetra o sistema venoso nas proximidades ventrículo esquerdo, medialmente ao tronco pulmonar. Como ao
da veia braquiocefálica direita. Costuma haver múltiplas terminações ascendente, ela se estende cranialmente, coberta pelo pericárdio. ~-
linfáticas de natureza complicada, que podem incluir dilatações ou anas- tão, faz uma curva acentuada dorsalmente e para a esquerda como
tomoses. Todos os canais linfáticos são de difícil visualização, a não ser aórtico; depois, corre caudalmente como aorta descendente, localizz:.-
que estejam congestos com linfa rica em gordura, ou com refluxo de do-se ventralmente às vértebras. A parte cranial ao diafragma é a a~
sangue. Os canais linfáticos quase sempre são duplos. torácica e a parte caudal é a aorta abdominal. Craniais ao coração e~
Procure o dueto torácico. Ele nem sempre é visível, mas pode ser diversos ramos da aorta. Rebata as veias que estão dissecadas cr~
identificado pela cor marrom-avermelhada ou palha de seu conteúdo e ao coração e observe essas artérias.
pelas numerosas constrições, observadas ao acaso em sua parede. Os As artérias coronárias direita e esquerda são ramos da a
duetos traqueais podem ser encontrados em cada bainha carotídea, ou ascendente e irrigam o músculo cardíaco. Elas serão estudadas cor;::
paralelos à bainha e ao seu conteúdo. coração.
79
PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO

Fig. 105 Nervos torácicos autônomos, face lateral esquerda, após remoção do pulmão.

1. Artéria e nervo vertebrais 17. Nervo frênico para o diafragma


2. Ramos comunicantes do gânglio cervicotorácico para ramos ventrais de l7a. Sulco interventricular paraconal
nervos cervicais e torácicos 18. Tronco pulmonar
19. Artéria e veia torácicas internas
3. Gânglio cervicotorácico esquerdo
4. Alça subc1ávia 20. Tronco braquiocefálico
21. Nervos cardíacos autônomos
5. Artéria subc1ávia esquerda
22. Timo
6. Nervo vago esquerdo
7. Nervo recorrente laríngeo esquerdo 23 . Veia cava cranial
8. Linfonodo traqueobrônquico esquerdo 24. Gânglio cervical médio
9. Tronco ganglionar simpático 25. Veia subclávia esquerda
26. Tronco costocervical
10. Tronco simpático
I!. Ramo comunicante 27. Veia jugular externa
12. Aorta 28. Tronco vagos simpático
13. Ramo dorsal do nervo vago VD - Ventrículo direito
14. Esôfago VE - Ventrículo esquerdo
15. Tronco ventral do nervo vago
16. Lobo acessório do pulmão (pelo mediastino caudal)
80 PESCOÇO, TóRAX E MEMBRO TORÁCICO

o tronco braquiocefálico (Figs. 100-105), o primeiro ramo do que conectam a medula espinhal com estruturas do pescoço, do tronco.
arco aórtico, passa obliquamente à direita, pela superfície ventral da tra- da cauda e das extremidades livres (apêndices locomotores).
quéia. Ele origina a artéria carótida comum esquerda e termina como O sistema nervoso periférico pode ainda ser classificado com
artéria carótida comum direita e artéria subclávia direita. bases anatômica e funcional. Os nervos periféricos contêm axônios que
A artéria subclávia esquerda (Figs. 10 1-105) origina-se do arco conduzem impulsos para o sistema nervoso central - axônios senso-
aórtico, abaixo do nível de origem do tronco braquiocefálico, e passa riais, aferentes - e axônios que conduzem impulsos do sistema ner-
obliquamente, à esquerda, pela superfície ventral do esMago. voso central para músculos e glândulas - axônios motores, eferentes.
Os ramos das artérias subclávias direita e esquerda são semelhan- A maioria dos nervos periféricos tem ambos os axônios, sensoriais e
tes; será descrita apenas a artéria subclávia direita. Para cada artéria des- motores. Quando se fala de um nervo motor, isto é uma indicação da
crita há uma veia comparável, com uma área de drenagem venosa seme- função primária da maioria dos neurônios, mas se subentende que neu-
lhante à distribuição arterial. As terminações das veias,são variáveis e, rônios sensoriais também estão presentes. Da mesma forma, os chama-
portanto, não serão dissecadas. Remova-as quando necessário, para dos neurônios sensoriais também contêm motoneurônios. Tal dualida-
expor as artérias. A artéria subclávia direita tem quatro ramos que de é a base de regulação do tipo retroalimentação ou feedback. Todo
chegam medialmente à primeira costela ou primeiro espaço intercostal. os nervos espinhais que você dissecar são conjuntos de processos neu-
Eles são a artéria vertebral, o tronco costocervical, a artéria cervical su- ronais, pertencentes a ambos os neurônios, sensoriais e motores.
perficial e a artéria torácica interna. Não corte os nervos ou as artérias. A porção motora do sistema nervoso periférico é classificada
A artéria vertebral (Figs. 100-105) cruza a superfície medial da de acordo com o tipo de tecido que é inervado. Motoneurônios que su-
primeira costela e desaparece dorsalmente entre os músculos longo do prem músculos esqueléticos, estriados ou voluntários são os neurônio
pescoço e escaleno. Ela passa pelos forames transversos das primeiras somáticos eferentes. Somático refere-se ao corpo, parede corporal ou
seis vértebras cervicais. Ela emite ramos musculares para ambos os pescoço, tronco e membros, onde os músculos estriados esquelético
músculos cervicais e também dá ramos espinhais em cada forame inter- estão localizados. Aqueles neurônios que suprem músculos lisos, invo-
vertebral para a medula espinhal e suas imediações. No nível do atlas, luntários, de vísceras'e de vasos sangüíneos, o músculo cardíaco e as
ela termina, entrando no canal vertebral pelo forame vertebral lateral, e glândulas são neurônios viscerais eferentes.
contribui para a formação das artérias basilar e espinhal ventral. Estas Um neurônio é composto por um corpo celular e seus proces-
serão vistas posteriormente, na dissecção do sistema nervoso. sos. Comumente, um motoneurônio do sistema nervoso periférico tem
O tronco costocervical (Figs. 100-105) fica distalmente à arté- o seu corpo celular localizado na substância cinzenta da medula espi-
ria vertebral, cruza o seu lado lateral e se estende dorsalmente até a ter- nhal (ou pedúnculo cerebral), e seus processos longos, ou axônios, cor-
minação vertebral da primeira costela. Através de seus vários ramos, ele rem pelo nervo espinhal periférico (ou craniano), para terminar no mús-
supre as estruturas dos primeiro, segundo e terceiro espaços intercos- culo inervado. Portanto, há apenas um neurônio cruzando a distância
tais, os músculos da base do pescoço e os músculos dorsais às primeiras do sistema nervoso central à estrutura inervada.
vértebras torácicas. Esses ramos não precisam ser dissecados. O sistema visceral eferente é a parte motora periférica do siste-
A artéria cervical superficial (Figs. 100-104) procede da sub- ma nervoso autônomo. Ele difere anatomicamente dos outros sistemas
clávia, opostamente à origem de artéria torácica interna, medialmente à motores periféricos, por apresentar um segundo neurônio interposto entre
primeira costela. Ela emerge da entrada torácica, vascularizando a base o sistema nervoso central e as estruturas inervadas. Um neurônio tem o
do pescoço e a região escapular adjacente. seu corpo celular, geralmente, localizado na substância cinzenta do sis-
A artéria torácica interna já foi estudada. tema nervoso central. Seu axônio corre nos nervos periféricos apenas
uma parte do caminho a ser percorrido, em direção à estrutura a ser iner-
Ramos da aorta torácica vada. Ao longo do trajeto do nervo periférico, há uma grande dilataçã
chamada gânglio. Este é um conjunto de corpos celulares neuronais
localizados fora do sistema nervoso central. Alguns gânglios têm um=.
O número e a origem das artérias brônquicas e esofágicas va-
função motora, outros uma função sensorial. Grupos de corpos celula-
riam. Geralmente, a pequena artéria broncoesofágica deixa a quinta res neuronais dentro do sistema nervoso central são os chamados nú-
artéria intercostal direita, próximo à sua origem, e cruza a face esquer- cleos. Gânglios autônomos contêm os corpos celulares do segun
da do esMago, que ela irriga. Ela termina pouco depois nas artérias motoneurônio, no trajeto do sistema visceral eferente. Seus axôni~
brônquicas, qUI::vascularizam o pulmão.
completam o caminho para a estrutura a ser inervada. Graças à sua rela-
Há nove pares de artérias intercostais dorsais que saem da aor-
ção com os corpos celulares nos gânglios autônomos, o primeiro nemô-
ta (Figs. 91,94). Essas artérias começam como quarta ou quinta artéria nio com o seu corpo celular no sistema nervoso central é chamado de
intercostal e continuam caudalmente. Há uma artéria em cada um dos
neurônio pré-ganglionar. O corpo celular do segundo neurônio es;;:
espaços intercostais restantes. Cada artéria localiza-se próximo à borda no gânglio autônomo. Seu axônio é pós-ganglionar. OcoITe uma sinap~
caudal das costelas. O tronco costocervical vasculariza os primeiros três entre os dois neurônios, quando o axônio pré-ganglionar encontra o corpo
ou quatro espaços intercostais. A artéria costoabdominal dorsal corre
ventrocaudalmente à última costela. celular do axônio pós-ganglionar.
O sistema visceral eferente é dividido em duas subdivisões, corr:.
Os nervos frênicos (Figs. 100, 10 1, 105) inervam o diafragma.
base em características anatômicas, funcionais e farmacológicas. Ela;:
Encontra cada nervo à medida que ele passa pela entrada torácica. O
são as divisões simpática e parassimpática. (Deve-se ter em mente qllE
nervo frênico é formado por ramos ventrais do quinto, do sexto e, geral-
os nervos autônomos observados também possuam axônios visceraS
mente, do sétimo nervos cervicais. Siga os nervos frênicos até o diafrag- aferentes, ou sensoriais, dentro deles.)
ma. Cada nervo frênico é tanto motor quanto sensorial para a metade
Na divisão simpática, os corpos celulares pré-ganglionares li-
cOITespondente do diafragma, exceto na periferia diafragmática. Esta par-
te do músculo recebe fibras sensoriais dos nervos intercostais caudais. mitam-se aos segmentos da medula espinhal localizados aproximad2-
mente do primeiro segmento torácico (TI) ao quinto lombar (L5).
porção toracolombar. Os corpos celulares dos axônios pós-ganglion;
res estão localizados em gânglios, que geralmente ficam a pequena dis-
INTRODUÇÃO AO SISTEMA tância da medula espinhal. Na maioria das terminações nervosas pós-
NERVOSO AUTÔNOMO ganglionares dessa porção de sistema nervoso autônomo, uma substân-
cia neurotransmjssora humoral, a noradrenalina, é liberada, o que ca
O sistema nervoso é altamente organizado, tanto em termos ana- uma resposta nas estruturas inervadas. O efeito geral desse sistema e
tômicos quanto funcionais. É composto pelo sistema nervoso central auxiliar o organismo a resistir a condições ambientais desfavoráveis, oc
e pelo sistema nervoso periférico. O sistema nervoso central inclui o às condições de tensão ou estresse.
cérebro e a medula espinhal. O sistema nervoso periférico compreen- Na divisão parassimpática, os corpos celulares pré-gangliona-
de os nervos cranianos, que conectam a base do cérebro (pedúnculo res estão localizados em núcleos específicos do pedúnculo cerebral, as-
cerebral) com estruturas da cabeça e do corpo, e os nervos espinhais, sociando-se aos pares de nervos cranianos m, VII, IX, X e XI, e aos
PESCOÇO, TÓRAX E :ME1VffiROTORÂCICO 81

três segmentos sacrais da medula espinhal, caracterizando a porção em um gânglio do tronco simpático, porém, mais freqüentemente, con-
craniossacral. Os corpos celulares dos axônios pós-ganglionares estão tinua pelo gânglio sem fazer sinapse e penetra num nervo esplâncnico.
localizados geralmente em gânglios terminais, ou na parede da estrutu- O axônio pré-ganglionar (ou, ocasionalmente, pós-ganglionar) cursa pelo
ra que é inervada. Outros são encontrados nos gânglios próximos às es- nervo esplâncnico apropriado para os plexos abdominais e seus gângli-
truturas inervadas. Nas terminações nervosas pós-ganglionares, uma os. Axônios pré-ganglionares fazem sinapse em um desses gânglios com
substância neurotransmissora humoral, a acetilcolina, é liberada, o que o corpo celular de um axônio pós-ganglionar. Os axônios pós-gan-
causa uma resposta nas estruturas inervadas. Esse sistema está associa- glionares seguem os ramos terminais de vasos sangüíneos abdominais,
do com a atividade homeostática normal das funções viscerais, e com a para os órgãos inervados.
conservação e restauração das fontes e das reservas corporais.
A anatomia da divisão simpática do sistema nervoso autônomo Dissecção
requer maiores descrições, antes de ser dissecada. Os corpos celulares
pré-ganglionares estão localizados na substância cinzenta dos segmen- Porções selecionadas do sistema nervoso autônomo serão disse-
tos torácicos (TI a TI3) e cinco primeiros segmentos lombares (LI a cadas à medida que forem expostas nas regiões estudadas.
L5) da medula espinhal. Seus axônios deixam a medula espinhal junta- Examine o aspecto dorsal do interior das cavidades pleurais (Fig.
mente com os de outros neurônios-motores, nas raízes ventrais de cada 105). Observe o tronco simpático se estendendo longitudinalmente pela
um desses segmentos da medula espinhal. Cada raiz ventral une-se com superfície ventral do colo das costelas. As pequenas dilatações nesses
a raiz dorsal sensorial correspondente, no nível do forame interverte- troncos, em cada espaço intercostal, são gânglios do tronco simpático.
bral, para formar o nervo espinhal. O ramo dorsal do nervo espinhal Disseque uma porção do tronco e alguns gânglios em um dos dois la-
separa-se imediatamente. Logo após esse ponto, um ramo nervoso dei- dos. Note os finos filamentos que correm dorsalmente entre as vérte-
xa o ramo ventral do nervo espinhal, o ramo comunicante. Ele cursa bras para se unir ao nervo espinhal daquele espaço - são os ramos
uma pequena distância ventralmente, para se unir ao tronco simpático, comunicantes do tronco simpático.
que corre numa direção craniocaudal, bem lateral à coluna vertebral. Em Siga a porção torácica do tronco simpático cranialmente. Obser-
geral, um gânglio está localizado no tronco, no ponto onde um ramo se ve a dilatação irregular do tronco medialmente à terminação distal do
une a ele. É o gânglio do tronco simpático e contém os corpos celula- primeiro espaço intercostal, no lado lateral do músculo longo do pesco-
res dos axônios pós-ganglionares. ço. Ela corresponde ao gânglio cervicotorácico (gânglio estrelado),
Deixando as porções torácica e lombar do tronco simpático es- formado por um conjunto de corpos celulares decorrentes da fusão do
tão nervos que correm dentro da cavidade abdominal, os nervos esplânc- gânglio cervical caudal e dos primeiros dois ou três gânglios torácicos.
nicos, que formam p1exos em volta dos principais vasos sangüíneos dos Localize esse gânglio, em ambos os lados.
órgãos abdominais. Gânglios simpáticos adicionais estão localizados em Muitos ramos deixam o gânglio cervicotorácico. Ramos comu-
associação com esses plexos e vasos sangüíneos. Os corpos celulares nicantes conectam os ramos ventrais do primeiro e do segundo nervos
de axônios pós-ganglionares simpáticos estão localizados neles. Esses espinhais torácicos e os ramos ventrais do sétimo e do oitavo nervos
axônios seguem a ramificação terminal dos vasos sangüíneos dos ór- espinhais cervicais. Esses nervos espinhais contribuem para a forma-
gãos abdominais, para alcançar o órgão inervado. Esses plexos e gân- ção do plexo braquial, e fornecem um caminho para que os axônios
glios são denominados, geralmente, de acordo com a principal artéria à pós-ganglionares alcancem o membro torácico. Um ramo, ou plexo, do
qual eles se associam. Eles serão dissecados posteriormente. gânglio cervicotorácico segue a artéria vertebral pelo forame transver-
Cada axônio pré-ganglionar simpático tem que passar pelo ramo so: o nervo vertebral. Este é uma fonte de axônios pós-ganglionares
comunicante de seu nervo espinhal para alcançar o tronco simpático. Seu para os demais nervos espinhais cervicais emitidos como ramos, em cada
destino a partir do tronco é variável, e depende principalmente da estru- espaço intervertebral, desde o nervo vertebral até o nervo cervical cor-
tura a ser inervada. Alguns exemplos irão ilustrar isso. respondente. Axônios pós-ganglionares podem deixar o gânglio cervi-
Os músculos lisos de vasos, músculos piloeretores e glândulas cotorácico e seguir diretamente para o coração.
sudoríparas são inervados por axônios simpáticos pós-ganglionares de Cranialmente ao gânglio cervicotorácico, um ramo do tronco sim-
nervos espinhais. O axônio pré-ganglionar entra no tronco simpático, pático, a alça subclávia, passa ventralmente à artéria subclávia. O tron-
via o ramo comunicante. Ele pode fazer alguma sinapse no gânglio onde co simpático e a alça se reúnem e se juntam no gânglio cervical médio.
entrou, ou passar acima ou abaixo do tronco simpático em alguns seg- Este gânglio localiza-se na junção da alça e do tronco vagossimpático,
mentos e fazer sinapse no gânglio desse segmento. O axônio pós-gan- aparecendo como uma dilatação das estruturas combinadas. Localize
glionar retoma então para o nervo espinhal segmentar, através do ramo essas estruturas em ambos os lados. Numerosos ramos, os nervos car-
comunicante, procedendo geralmente do segmento onde ocorreu a si- díacos, deixam a alça e o gânglio cervical médio e prosseguem para o
napse. O axônio pós-ganglionar cursa depois com a distribuição do ner- coração.
vo espinhal para um músculo liso ou glândula sudorípara. POltanto, os O tronco vagossimpático no pescoço localiza-se na bainha ca-
ramos comunicantes dos segmentos da medula espinhal de TI a L5 rotídea. Sua porção simpática carrega axônios pré e pós-ganglionares
contêm ambos os axônios pré e pós-ganglionares. simpáticos, destinados cranialmente a estruturas da cabeça. O gânglio
Para os músculos lisos e glândulas da cabeça, os axônios pré- cervical cranial está localizado em sua terminação mais cranial. Ele fica
ganglionares entram no tronco simpático na região torácica cranial. no nível da base da orelha, caudo-medialmente à bula timpânica, e será
Alguns podem fazer sinapse em gânglios, assim que entram no tronco dissecado posteriormente. O 10.° nervo craniano, ou nervo vago, con-
simpático. Muitos outros continuam como axônios pré-ganglionares tém axônios pré-ganglionares paras simpáticos que seguem caudalmen-
subindo o tronco simpático no pescoço, onde ele con:e na mesma bai- te para o pescoço e para os órgãos torácicos e abdominais.
nha fascial que a artéria carótida comum e o nervo vago. Na terminação No nível do gânglio cervical médio, observe o nervo vago, à
cranial desse tronco, ventralmente à base do crânio, está localizado um medida que ele deixa o tronco parassimpático para continuar seu trajeto
gânglio nervoso: o gânglio cervical cranial. Todos os axônios pré-gan- caudalmente. Nervos cardíacos deixam o nervo vago para inervar o
glionares restantes para a cabeça farão sinapse nele. Os axônios pós- coração. Estude o trajeto caudal do nervo vago em cada um dos lados.
ganglionares são distribuídos com os vasos sangüíneos para as estrutu- No gânglio cervical médio, ou algo caudalmente a ele, o nervo
ras da cabeça, inervadas pelo sistema simpático. laríngeo recorrente direito sai do vago, curva-se dorsocranialmente
O tronco simpático está localizado junto ao eixo maior da coluna ao redor da artéria subclávia direita, chega à superfície dorsolateral da
vertebral bilateralmente. Nos níveis torácico, lombar e sacral, é acres- traquéia e segue cranialmente para a laringe. Ele pode ser encontrado
cido a cada nervo espinhal segmentar um ramo comunicante. Apenas no ângulo entre a traquéia e o músculo longo do pescoço. No lado es-
aqueles nervos dos segmentos da medula espinhal de TI a L5 contêm querdo, o nervo laríngeo recorrente esquerdo sai do vago caudalmente
axônios pré-ganglionares. ao gânglio cervical médio, curva-se medialmente ao redor do arco aór-
Para o músculo liso e glândulas nas cavidades abdominal e pé l- tico e se toma relacionado com a superfície ventrolateral da traquéia e a
vica, o axônio pré-ganglionar alcança o tronco simpático através do ramo borda ventromedial do esMago. Nessa posição, ele segue pelo pescoço
comunicante. Ele pode fazer sinapse com um neurônio pós-ganglionar para chegar à laringe. À medida que ascende, ele alcança a superfície
82 PESCOÇO, TÓRAX E lVffilVffiROTORÁCICO

dorsolateral da traquéia. Cada nervo recorrente manda ramos para o sal de tecido cardíaco, o tubérculo intervenoso. Ele desvia o sangue
coração, a traquéia e o esMago, antes de terminar nos músculos larínge- proveniente das veias cavas em direção ao orifício atrioventricular di-
os como nervo laríngeo caudal. Os nervos laríngeos serão dissecados reito. Caudalmente ao tubérculo intervenoso, há uma depressão seme-
posteriormente. lhante a uma fenda, a fossa oval. No feto, há uma abertura local da fos-
Siga cada nervo vago à medida que ele passa sobre a base do sa, o forame oval, que permite que o sangue passe do átrio direito para
coração e emite nervos cardíacos. Ramos são fornecidos aos brônquios, o esquerdo. ,
à medida que o nervo vago passa sobre as raízes dos pulmões. Entre a A aurícula direita é a bolsa cega, com formato de orelha, do átrio
veia ázigos e o brônquio direito, à direita, e na área caudal junto à base direito que está voltada cranialmente. A superfície interna da parede da
do coração, à esquerda, cada vago se divide em ramos dorsal e ventral. aurícula direita é reforçada por bandas musculares entrelaçadas, os
Os ramos ventrais direito e esquerdo logo se unem um ao outro para músculos pectiniformes, também encontrados na parede lateral do átrio.
formar o tronco vagar ventral, disposto junto ao esMago ventralmen- A superfície interna do coração é delineada em toda a sua extensão por
te. Os ramos dorsais de cada nervo vago não se unem até mais caudal- uma membrana fina e brilhante, o endocárdio, que se continua nos vasos
mente. Próximo ao diafragma, eles se unem e formam o tronco vagar sangüíneos como túnica íntima. A crista terminal é a porção grossa da
dorsal, que se localiza dorsalmente ao esMago. A terminação desses superfície lisa do músculo cardíaco, tendo a forma de uma crista semi-
troncos no abdome será estudada posteriormente. lunar localizada na entrada da aurícula direita. Bandas de músculos
pectíneos se irradiam dessa crista para dentro da aurícula.
Localize o tronco pulmonar que deixa o ventrículo direito, no
CORAÇÃO E PERICÁRDIO ângulo craniodorsal esquerdo do coração. Comece uma incisão na ter-
o pericárdio (Fig. 96) é a cobertura fibrosserosa do coração. É minação cortada da artéria pulmonar esquerda e a estenda pela parede
uma camada delgada, consistindo em três componentes inseparáveis, dessa artéria, até o tronco pulmonar e a parede do ventrículo direito, ao
localizada na parte média do mediastino, no nível da terceira à sexta longo do sulco interventricular paraconal. Continue esse corte ao redor
costelas. O pericárdio fibroso é o tecido conjuntivo entre o pericárdio do ventrículo direito, seguindo o septo interventricular até a origem do
parietal seroso e a pleura mediastínica pericárdica adjacente. A conti- sulco interventricular subsinuoso. Corte através do ângulo-caudal da
nuação do pericárdio fibroso para o esterno e o diafragma forma o liga- valva atrioventricular direita e rebata a parede ventricular.
mento frenopericárdico. O pericárdio seroso é um saco fechado que A maior parte da base do ventrículo direito se comunica com o
envolve a maior parte do coração. A camada parietal adere ao pericár- átrio direito pelo orifício atrioventricular. Essa abertura contém a valva
dio fibroso. Na base do coração, ela é contínua com a camada visceral, atrioventricular direita (Figs. 106, 108). Há duas partes principais para
ou epicárdio, que adere firmemente ao miocárdio do coração. Entre os a valva no cão: uma dobra larga mas curta que vem da margem parietal
pericárdios seroso parietal e visceral está a cavidade periférica, que con- do orifício, a cúspide parietal, e uma dobra da margem septal, a cúspi.
tém uma pequena quantidade de líquido pericárdico. lncise a pleura de septal, que é quase tão larga quando longa. Dobras subsidiárias são
mediastínica pericárdica, o pericárdio fibroso e o pericárdio seroso pa- encontradas em cada terminação da dobra septal. Os pontos das dobras
rietal, que estão combinados, para expor o coração. da valva são contínuos com a parede septal do ventrículo pelas cordoa-
O coração (Figs. 105-107) consiste em uma base dorsal, onde os lhas tendíneas. As cordoalhas tendíneas são presas à parede septal por
grandes vasos se encontram presos, e um ápice que fica ventralmente, meio de projeções musculares cônicas, os músculos papilares, que se
caudalmente e, em geral, voltado para a esquerda, dependendo do for- apresentam em número de três ou quatro. As trabéculas cárneas são
mato do tórax. O lado do coração voltado para a parede torácica esquer- as irregularidades musculares do interior das paredes ventriculares. A
da é chamado superfície auricular, porque as pontas das duas aurícu- trabécula septomarginal é uma faixa muscular que se estende através
Ias projetam-se nesse lado. O lado oposto, voltado para a parede toráci- do lúmen ventricular da parede septal à parede parietal. A fixação do
ca direita, é a superfície atriaI. O ventrículo direito, de parede delgada, septo é feita geralmente no músculo papilar. O ventrículo direito passa
se insinua pela superfície cranial da superfície atrial do coração. cruzando a superfície cranial do coração e termina com cone arterial
Rastreie o sulco coronário em volta do coração. Ele se localiza afunilado, que dá origem ao tronco pulmonar. O cone arterial está na·
entre os átrios e os ventrículos, e contém os vasos coronários e gordura. face craniodorsal esquerda do coração. O sulco interventricular paraco-
Os sulcos interventriculares são as separações superficiais dos ventrí- nal é adjacente à borda caudal do cone arterial, na superfície auriculaT
culos direito e esquerdo. O sulco interventricular subsinuoso é um do coração.
sulco curto que se localiza caudodorsalmente na superfície atrial e mar- Na junção entre o ventrículo direito e o tronco pulmonar está a
ca a posição aproximada do septo interventricular. Ele contém a parte valva pulmonar, consistindo em três cúspides semilunares. Um pequeno
terminal da artéria coronária esquerda, o ramo interventricular subsinuo- nódulo fibroso está localizado no meio da extremidade livre de cadz
so. Obliquamente transversal à superfície auricular do coração está o cúspide ou válvula. O tronco pulmonar bifurca-se em artérias pulmona-
sulco interventricular paraconal. Mais longo e distinto que o sulco res direita e esquerda, cada uma indo em direção ao pulmão respectim.
subsinuoso, ele se inicia na base do tronco pulmonar, onde é coberto Abra o lado esquerdo do coração com um corte longitudinal pel!.
pela aurícula esquerda. Ele contém o ramo interventricular paraconal da parede lateral do átrio esquerdo; a valva atrioventricular esquerda e
artéria coronária esquerda. ventrículo esquerdo estão a meio caminho entre os sulcos interventr:-
O átrio direito recebe o sangue das veias sistêmicas e a maior culares subsinuosos. Estenda a incisão à aurícula esquerda.
parte do sangue do próprio coração. Ele se situa dorsocranialmente ao O átrio esquerdo está situado na parede dorsocaudal esquerd:.
ventrículo direito; divide-se numa parte principal, o seio venoso, e numa da base do coração, dorsalmente ao ventrículo esquerdo. Cinco ou seis
parte cranial cega, a aurícula direita. aberturas marcam a entrada das veias pulmonares no átrio esquerdo .. -'>.

Abre o átrio direito por meio de uma incisão longitudinal, pela superfície interna desse átrio é lisa, exceto pelos músculos pectíneCJi
sua parede cranial, desde a veia cava cranial até a veia cava caudal. confinados à aurícula esquerda. Uma aba fina de tecido está presenr=
Estenda um corte da metade da primeira incisão à ponta da aurícula. na parte cranial da parede septal interatrial. Esta é a valva do foram
Há quatro aberturas dentro do seio venoso do átrio direito. A veia oval, um resquício da passagem de sangue entre o átrio direito e o átri
cava caudal entra no átrio caudalmente. Ventralmente a essa abertura, esquerdo, existente no feto.
está o seio coronário, o retorno venoso alargado para a maior parte do Observe a espessura da parede ventricular esquerda, quando com-
sangue drenado do próprio coração. O sulco interventricular subsinuo- parada à direita. A valva atrioventricular esquerda é composta de dU25
so é ventral a esse seio, na superfície atrial do coração. A veia cava cra- cúspides principais, a septal e a parietal, mas a divisão não é distiIl~
nial entra no átrio direito dorsal e cranialmente. Ventral e cranialmente (Fig. 108). Cúspides secundárias estão presentes nas terminações
ao seio coronário está uma grande abertura do átrio direito para o ven- duas cúspides principais. Note os dois grandes músculos papilares e s~
trículo direito, o orifício atrioventricular direito. A valva será descri- cordoalhas tendíneas, presas às cúspides. As trabéculas cárneas não -
ta com o ventrículó direjto. tão numerosas no ventrículo esquerdo, quando no ventrículo direito.
Examine a parede dorsomedial do seio venoso, o septo intera- Remova a gordura, a pleura e o pericárdio da aorta. Ao fazer i<
triaI. Entre as duas aberturas das veias cavas, está uma prega transver- isole o ligamento arterioso, uma conexão fibrosa existente entre o t
PESCOÇO, TÓRAX E :MEMBRO TORÁCICO 83

Arco aórtico
Tronco pulmonar

Veia cava cranial


Aurícula esquerda

Aurícula direita Válvula semilunar ventral


da valva pulmonar

Sulco coronário

Cúspides septais da valva Sulco interventricular


atrioventricular direita paraconal

Cúspides parietais da valva


atrioventricular direita

Músculos papilares

Fig. 106 Interior do ventrículo direito, face ventral.

co pulmonar e aorta. No feto, ele era útil, como dueto arterioso, e ser- coronário. Geralmente, uma ou duas válvulas francamente desenvolvi-
via para desviar o fluxo do sangue dos pulmões, não-funcionais, para a das estão presentes no seio coronário.
aorta. Observe o nervo recorrente laríngeo esquerdo, à medida que ele
se dobra ao redor da superfície caudal do ligamento arterioso. Isole as Cão vivo
origens do tronco pulmonar e da aorta.
Pelo ventrículo esquerdo, coloque uma tesoura dentro da válvula Observe o tórax e como ele se expande e contrai a cada inspira-
aórtica, localizada abaixo da cúspide septal da valva atrioventricular ção e expiração, respectivamente. Coloque o dedo médio de uma das
esquerda, e corte a valva aórtica e o primeiro centímetro da aorta des- mãos sobre a superfície dorsal do nono ou 10.0 espaço intercostal. Dê
cendente. A valva aórtica, como a valva pulmonar, consiste em três pancadinhas na terminação distal desse dedo, logo acima da unha, com
cúspides semilunares. Note os nódulos das cúspides semilunares, no meio o dedo médio da outra mão. Ouça o som produzido por esse método de
Qe suas bordas livres. Atrás de cada cúspide, a aorta está ligeiramente percussão. Compare esse som com o de uma área sobre os músculos
expandida, nos seios aórticos. epaxiais ou aquele sobre o abdome. Um som ressonante resultará, onde
A artéria coronária direita (Figs. 102, 108) sai do seio aórtico o pulmão normal está abaixo da região percutida. Esse método de exa-
direito. Ela circunda o lado direito do coração no sulco coronário e, me pode ser utilizado para definir a extensão do tecido pulmonar nor-
geralmente, se estende ao sulco subsinuoso. Ela manda muitos peque- mal no interior do tórax.
nos e um ou dois grandes ramos descendentes sobre a superfície do Coloque as suas mãos sobre o tórax ventralmente, e sinta o bati-
ventrículo direito. Remova o epicárdio e a gordura de sua superfície e mento cardíaco. Ele deve ser mais evidente à esquerda, para onde está
siga a artéria até sua terminação. direcionado o ápice do coracão.
A artéria coronária esquerda (Figs. 102, 108) é aproximada- É importante saber-s~ a relação entre as câmaras cardíacas e as
mente duas vezes mais larga do que a direita. É um tronco curto que sai áreas das valvas para a auscultação. Uma simples regra manual pode
do seio coronário direito e imediatamente termina em: (I) um ramo ser útil. Faça um punho fechado com a mão esquerda e estenda seu po-
circunflexo, que se estende caudalmente na parte esquerda do sulco legar na articulação interfalangiana proximal. Seu punho representa o
coronário, e (2) um ramo interventricular paraconal, que cruza ventrículo esquerdo e seu polegar é a aorta saindo dele. A articulação
obliquamente a superfície auricular do coração no sulco interventricu- metacarpofalangiana do seu polegar está na posição da valva atrioven-
lar paraconal. Ambos os ramos enviam grandes ramos sobre a superfí- tricular. Deixe a sua mão direita com os dedos estendidos. Coloque a
cie do ventrículo esquerdo. Exponha a artéria e seus grandes ramos re- palma de sua mão direita contra os dedos fechados do seu punho esquer-
movendo o epicárdio e a gordura. Um ramo septal corre dentro do sep- do. Sobreponha os dedos de sua mão direita em volta da frente do seu
to interventricular, o qual vasculariza. punho esquerdo, e curve o segundo dedo de sua mão direita em volta de
O seio coronário é a porção terminal dilatada de grande veia seu polegar esquerdo. Sua mão direita está na posição do ventrículo
cardíaca. A grande veia cardíaca, que se inicia no sulco interventricu- direito (lados direito e cranial do coração). Seu segundo dedo direito
lar paraconal, retoma o sangue distribuído ao coração pela artéria coro- representa a valva e o tronco pulmonares na face craniodorsal esquerdo
nária esquerda. Limpe a superfície da grande veia cardíaca e abra o seio do coração, à esquerda da valva aórtica. Seu polegar direito está na po-
84 PESCOÇO, TÓRAX E JYIEJYIBROTORÁCICO

Válvula semilunar septal Arco aórtico


da valva aórtica
Vv. pulmonares esquerdas

Tronco braquiocefálico\ ~, \. A. coronária esquerda


Nódulo da válvula
semilunar

Aurícula esquerda

Válvula semilunar esquerda


Tronco pulmonar da valva aórtica

Gúspide parietal da
Válvula semilunar valva atrioventricular
direita da valva esquerda
aórtica

Gúspide septal da
valva
atrioventricular
esquerda

Mm. papilares

Trabéculas cárneas

Fig. 107 Interior do ventrículo esquerdo, face lateral esquerda.

Valva pulmonar:
Válvula semilunar direita A. coronária direita
Válvula semilunar intermediária
Válvula semilunar septal
Válvula semilunar esquerda da valva aórtica

Ramo interventricular paraconal


Ventrículo direito
Ramo septal

Valva
A. coronária esquerda
Gúsplde panetal atrioventricular
direita
Ramo circunflexo
Gúsplde
Gúspldeseptal
angular ]
Trígono fibroso esquerdo
Trígono fibroso direito
Valva atrioventricular esquerda

Ventrículo esquerdo Ramo interventricular subsinuoso

Fig. 108 Valvas atrioventriculares, aórtica e pulmonar, face dorsoventral.


PESCOÇO, TÓRAX E 1\1EMBRO TORÁCICO 85

sição da valva atrioventricular direita. O sulco interventricular paraco- do maior e grande dorsal, o vaso é a artéria axilar. O vaso de lá até a
nal está entre as terminações de seus dedos direitos e as articulações me- attéria mediana terminal, distal ao cotovelo, denomina-se artéria bra-
tacarpofalangeanas de seu punho esquerdo. O sulco interventricular quial.
subsinuoso está entre a base das palmas de suas duas mãos. A artéria cervical superficial (Figs. 98-104, 109) é emitida pela
subclávia para dentro da entrada torácica. Ela corre dorsocranialmente
entre a escápula e o pescoço. Ela supre os músculos superficiais da base
VASOS E NERVOS DO MEMBRO do pescoço, os linfonodos cervicais superficiais e os músculos da escá-
TORÁCICO pula e do ombro.
Há geralmente dois linfonodos cervicais superficiais, que se
situam cranialmente ao músculo supra-espinhoso, cobertos pelos mús-
Vasos primários do membro torácico culos transverso e braquiocefálico. Esses nodos recebem os vasos lin-
fáticos aferentes da parte mais externa da superfície lateral do pescoço,
Subclávios Braquiais da superfície caudal da cabeça, incluindo a orelha e a faringe, e da su-
Vertebral Colateral ulnar perfície lateral do membro torácico.
Costocervical Braquial superficial
Torácico interno Interóssea comum
Cervical superficial Ulnar Plexo braquial
Axilares Interóssea cranial
Torácica externa Interóssea caudal O plexo braquial (Fig. 110) é formado pelos ramos ventrais dos
T orácica lateral Antebraquial profunda sexto, sétimo e oitavo nervos cervicais e primeiro e segundo nervos to-
Subescapular Mediana rácicos. Em alguns cães, há uma pequena contribuição do ramo ventral
Toracodorsal Radial do quinto nervo cervical. Esses ramos passam entre as vértebras, emer-
Circunflexa umeral caudal Arco palmar superficial gem junto à borda ventral do músculo escaleno e se estendem, através
Circunflexa umeral cranial do espaço axilar, para o membro torácico. Na axila, numerosos ramos
dos nervos comunicam-se entre si para formar o plexo braquial. Do plexo
A attéria principal para o membro torácico chega do tórax como saem nervos, de origens mistas, que inervam as estruturas do membro
um ramo terminal da artéria braquiocefálica no lado direito, e direta- torácico, os músculos adjacentes e a pele (Fig. 110).
mente da croça da aorta no lado esquerdo. Ela se divide em três partes. " O padrão de permuta de fibras nervosas no plexo braquial é variá-
A que se estende de sua origem à primeira costela é a artéria subclávia vel, mas a composição específica dos ramos espinhais dos nervos que
(Fig. 105). Da primeira costela aos tendões unidos dos músculos redon- se continuam no membro torácico e adjacências é consistente. Tais ner-

M. esternocefálico

Linfonodos cervicais superficiais

Ramos ascendentes

A. carótida comum
M. trapézio

Ramo pré-escapular
V. cervical superficial
M. supra-espinhoso
V. jugular externa
M. omotransverso
A. cervical superficial
Ramo acromial
M. peitoral profundo

A. supra-escapular Ramo deltóideo

M. deltóideo
M. peitoral superficial

Ramo proximal

Ramo dista I

V. cefálica

Membro anterior

Fig. 109 Ramos da artéria cervical superficial


86 PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO

vos incluem o supra-escapular, o subescapular, o axilar, o musculocu- 1. A artéria torácica externa (Figs. 111, 112) sai de artéria axi-
tâneo, o radial, o mediano, o ulnar toracodorsal, o torácico lateral e os lar proximal à sua origem. A artéria torácica externa curva-se em volta
peitorais. Exponha o plexo braquial na axila. da borda craniomedial do peitoral profundo com o nervo para os peito-
Rebata os músculos peitorais profundos e superficiais em dire- rais superficiais e se distribui quase que inteiramente para os peitorais
ção à sua inserção, para expor os vasos e nervos na superfície medial do superficiais. Ela pode surgir de um tronco 'comum com a artéria toráci-
braço. ca lateral, ou de um ramo deltóideo da artéria cervical superficial.
2. A artéria torácica lateral (Figs. 94, 111, 112) corre caudal-
mente sobre a superfície lateral do linfonodo axilar, junto à borda dor-
Artéria axilar sal do peitoral profundo, ventralmente ao grande dorsal. Em geral, sur-
ge da artéria axilar distalmente à artéria torácica externa. O vaso pode-
A artéria axilar (Figs. 110-112) é a continuação da subclávia e se dispor distalmente à artéria subescapular. Ela supre partes dos mús-
estende-se da primeira costela para os tendões combinados do redondo culos grande dorsal, peitoral profundo e cutâneo do tronco e as mamas
maior e grande dorsal. Ela tem quatro ramos: artéria torácica externa, torácicas.
artéria torácica lateral, artéria subescapular e a artéria circunflexa ume- 3. A artéria subescapular (Figs. 111, 112) é maior que a conti-
ral cranial.
nuação da artéria axilar no braço. Apenas uma pequena parte da artéria
Na dissecção seguinte, poderá ser encontrada alguma variabili- subescapular é visível agora. Ela passa caudodorsalmente, entre os
dade na origem de vasos sangüíneos e dos nervos específicos. Embora músculos subescapular e redondo maior, e se torna subcutânea próxi-
a origem possa variar, a área ou estrutura suprida é consistente. mo ao ângulo caudal de escápula. Cada osso é suprido pelo menos por

Para o mm. peitoral profundo


Para o nervo frênico
M. subescapular
N. axilar
N. subescapular
Para o m. pei/oral profundo
N. supra-escapular Para os mm. subescapular e redondo maior
Para o m. braquiocefálico

Para o m. peitoral superficial

M. supra-espinhoso toracodorsal

N. musculocutâneo
Nn. mediano e ulnar
Para o m. coracobraquial

A. axilar

M. coracobraquial

Para o m. tríceps, cabeça longa e


A. circunflexa umeral cranial
tensor da fáscia do antebraço

M. tensor da fáscia antebraquial


Para o m. bíceps braquial
N. ulnar
M. tríceps, cabeça acessória
N. mediano

M.. ifíceps, cabeçálonga

M. tríceps, cabeça medial


M. bíceps braquial
N. cutâneo antebraquial
caudal

A. colateral ulnar

Ramo anastomótico
A. braquial superficial

Ramo articular
N. radial superficial, ramo medial

M. extensor carporradial

N. cutâneo antebraquial medial

M. flexor carporradial M. flexor digital superficial

Fig. 110 P1exo braquial, membro torácico direito, face medial.


PESCOÇO, TÓRAX E MEJVIBRO TORÁCICO 87

A. e n. supra-escapulares

A. e n. axilares
A. tarácica externa
A. e v. subescapulares
Car'aco,--- A. e v. taracadarsais
braquial
A. circunflexa umeral caudal

A. e v. tarácicas laterais

A. e v. circunflexas umerais craniais

A. e v. braquiais profundas

A. e v. bicipitais

A. e v. calaterais ulnares

Fig. 111 Vasos da região axilar direita, face media!.



uma artéria principal, que penetra no forame nutriente no córtex do osso. ramo, a artéria antebraquial profunda. Torna-se depois a artéria
A artéria nutriente é um ramo de uma artéria adjacente, que para a escá- mediana, na metade proximal do antebraço. As artérias braquial e bici-
pula é a artéria subescapular. Disseque os seguintes ramos da artéria su- pital profunda são ramos musculares da artéria braquial no braço. Elas
bescapular: são variáveis e não precisam ser dissecadas. Disseque os seguintes ra-
A artéria toracodorsal (Figs. 111 e 112) deixa a superfície dor- mos da artéria braquial:
sal da artéria subescapular próximo de sua origem. Ela supre uma parte 1. A artéria colateral ulnar (Figs. 112-114) é um ramo caudal
dos músculos redondo maior e grande dorsal, e termina na pele. É total- da artéria braquial, no terço distal do braço. Ela supre o tríceps, o nervo
mente visível na superfície profunda do grande dorsal. Seccione o re- ulnar e o cotovelo.
dondo maior e rebata suas duas extremidades para expor a artéria su- 2. A artéria braquial superficial (Figs. 112, 113) faz uma volta
bescapular. em torno da superfície cranial da terminação distal do músculo bíceps
A artéria circunflexa umeral caudal (Figs. 111, 112) deixa a braquial, profundamente à veia cefálica. Ela continua no antebraço como
artéria subescapular oposta à artéria toracodorsal e corre lateralmente artéria antebraquial cranial superficial. Um ramo medial chega da
entre a cabeça do úmero e o músculo redondo maior. Puxe a artéria su- última, e ambos correm distalmente em um dos lados da veia cefálica,
bescapular medialmente para ver esse ramo cursando lateralmente. acompanhados pelos ramos medial e lateral do nervo radial superficial.
Exponha a artéria circunflexa umeral caudal, do lado lateral, onde os Esses vasos vascularizam o dorso da pata dianteira (ver Fig. 120).
ramos ficam superficiais na parte dorsal da cabeça lateral do tríceps. A artéria cubital transversa supre o cotovelo e os músculos adja-
Seccione a inserção do músculo deltóideo e rebata proximalmente. centes, e não precisa ser dissecada. A artéria braquial corre profunda ao
Observe o nervo axilar e, caudal mente, a artéria circunflexa umeral cau- flexor carporradial e ao pronador redondo. Seus ramos no antebraço serão
dal entrando na superfície profunda do deltóide. Note o grande ramo da dissecados posteriormente.
veia axilobraquial (Fig. 90) que transita com a artéria e o nervo axila-
res. O nervo circunflexo umeral caudal inerva os músculos tríceps, del-
tóide, coracobraquial e infra-espinhoso e a cápsula da articulação do Nervos da região escapular e do braço
ombro. Seccione a cabeça longa do tríceps em sua origem. Rebata-a e
siga a continuação da a11éria subescapular dorsalmente, junto à superfí- Todos os nove nervos descritos a seguir contêm neurônios efe-
cie caudal da escápula. Numerosos ramos suprem os ossos e muscula- rentes somáticos para os músculos estriados e neurônios aferentes dos
músculos. Neurônios aferentes somáticos cutâneos são encontrados
turas adjacentes.
4. A artéria circunflexa umeral cranial (Figs. 111, 112) chega da apenas nos nervos musculocutâneo, axilar, radial, mediano e ulnar.
artéria axilar proximal ou distalmente à artéria subescapular. Ela con-ecranial- 1. Nervos peitorais craniais (Fig. 110) são derivados de ramos
ventrais dos sexto, sétimo e oitavo nervos cervicais. Eles inervam o mús-
mente para suprir o bíceps braquial e a cápsula da articulação do ombro.
culo peitoral superficial. Esses nervos não precisam ser dissecados.
2. O nervo supra-escapular (Fig. 110) deixa os sétimo e oitavo
Artéria braquial nervos cervicais e corre entre os músculos supra-espinhoso e subesca-
pular próximo do colo da escápula. Ele passa junto à incisura escapular
A artéria braquial (Figs. 111-113) é a continuação da artéria axi- e inerva os músculos supra-espinhoso e infra-espinhoso. Seccione o
lar, junto aos tendões combinados dos músculos redondo maior e gran- supra-espinhoso em sua inserção e rebata a sua extremidade distal. Ras-
de dorsal. Ela cruza a metade distal do úmero, para alcançar a superfí- treie os ramos do nervo supra-escapular para esse músculo. Note a con-
cie craniomedial do cotovelo, passa embaixo do músculo pronador re- tinuação do nervo para a espinha escapular, onde ele entra no músculo
dondo, origina seu ramo maior, a artéria interóssea comum e seu menor infra-espinhoso.
88 PESCOÇO, TÓRAX E MEJVIBRO TORÁCICO

Cervical
superficial

Torácica externa

Toracodorsal
Subescapular
Circunflexa umeral caudal

Circunflexa umeral
cranial

Braquial profunda
Bicipital

Colateral ulnar

Braquial superficial
Cubital transversa

Antebraquial superficial cranial i Recorrente ulnar


Ramomedial
Ulnar
Interóssea comum
Interóssea cranial

Interóssea caudal
Mediana
Antebraquial profunda

Ulnar
Radial

Arco palmar profundo

Arco palmar superficial

Fig. 112 Artérias do membro torácico direito, face media!.


PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO 89

~
A e v. braquiais
N. ulnar

N. musculocutâneo
N. mediano

A braquial superficial v. e a. colaterais ulnares

V. e a. braquiais N. cutâneo caudal


antebraquial

A antebraquial cranial superficial


V. mediana cubital M. pronador redondo
N. radial, ramo superficial, ramo medial
M. flexor carporradial
A antebraquial cranial superficial,
ramo medial M. flexor digital profundo,
N. cutâneo medial antebraquial cabeça umeral
M. f1exor carpoulnar, cabeça ulnar
A e v. antebraquiais profundas

A interóssea caudal
V. e a. interósseas comuns

M. f1exor digital superficial

A e v. radiais M. f1exor digital profundo,


cabeça umeral

A, v. e n. medianos

Tendâo do f1exor carporradial

A radial, ramo carpiano dorsal

Fig. 113 Estruturas profundas do antebraço e do cotovelo direitos, face media!.


90 PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO

M. deltóideo
M. triceps, cabeça lateral

M.. ifíceps, cabeça longa tríceps, cabeça acessória

2º n. intercostal, _ 7 N. cutâneo lateral cranial do braço


ramo cutâneo lateral

A. colateral radial
iJf " IVI. b raqUlocela
. "1'ICO

M braquial

M. braquiorradial

M. ancôneo

Para o m. extensor carporradial


Ramo para o espaço interósseo
N. cutâneo lateral antebraquial
Para o m. extensor carpoulnar Para o m. supinador

A. colateral ulnar

A. interóssea cranial Para o m. extensor digital comum


N. cutâneo caudal ---
Para o m. extensor digital lateral (cortado)
antebraquial
M. f1exor carpoulnar, cabeça ulnar Para os mm. abdutor longo do polegar,
extensor longo do polegar e próprio do índice
M. extensor carpoulnar
N. ulnar M. abdutor longo do polegar

M. f1exor carpoulnar, cabeça umeral M extensor carporradial

M. extensor digital comum

M extensor longo do polegar e próprio do índice


Ramopalmar

Ramo dorsal

M. extensor digital lateral

M. flexor digital profundo

Ramo da a. interóssea palmar

Fig. 114 Estruturas profundas do antebraço e do cotovelo direitos, face lateral.

3. O nervo subescapular (Fig. 110) é um ramo dos sexto e séti- neamente na superfície lateral do braço. Ele supre a pele sob a 5 _
mo nervos cervicais para o músculo subescapular. Algumas vezes, dois cie lateral do braço e a região escapular caudal. Há ramos antebratr=
nervos entram no músculo. cutâneos craniais, que inervam a pele da superfície cranial do ar:.re
4. O nervo musculocutâneo (Figs. 110, 113, 115) procede dos ço. Os últimos sobrepõem-se com ramos antebraquiais cutâneos do
sexto, sétimo e oitavo nervos cervicais. Através do braço, o nervo mus- superficial do nervo radial, lateralmente, e com ramos do nervo
culocutâneo se situa entre o bíceps braquial cranialmente e os vasos locutâneo, medialmente.
braquiais caudalmente. Ele inerva os músculos coracobraquial, bíceps 6. O nervo toracodorsal (Fig. 110) procede primariame;:;;=
braquial e braquial. Um ramo comunica-se com o nervo mediano, pro- oitavo nervo cervical. Ele inerva o músculo grande dorsal e cor:<:'_
ximalmente à superfície flexora do cotovelo. O nervo musculocutâneo os vasos toracodorsais na superfície medial do músculo.
corre profundamente à inserção do bíceps. Ele inerva a extremidade distal 7. O nervo radial (Figs. 90, 110, 113, 114, 116) procede dos
do braquial e dá origem ao nervo antebraquial cutâneo medial (Figs. últimos nervos cervicais e dois primeiros nervos torácicos, caminh::
110, 113), que é geralmente removido com a pele. Esse nervo é senso- pequena distância, distalmente, com o tronco dos nervos medi
rial à pele da superfície medial do antebraço. nar, e entra distalmente no tríceps e no redondo maior. O nervo
5. O nervo axilar (Figs. 90, 110) surge como um ramo dos séti- motor para todos os músculos extensores das articulações do co:
mo e oitavo nervos cervicais, combinados entre si. Ele penetra no espa- cárpicas e falangianas. Os músculos do braço inervados pelo fi;
ço entre o subescapular e o redondo maior, nivelado com o colo da es- dial são o tríceps, o tensor da fáscia do antebraço e o ancôneo. 0:'--
cápula. Os seguintes músculos são supridos pelo nervo axilar: o redon- os ramos para o tríceps. O nervo radial faz uma espiral em \'
do maior, o redondo menor, o deltóide e parte do subescapular. O ner- úmero, na extremidade caudal e, depois, na superfície lateral do
vo braquial cutâneo lateral cranial (Figs. 90, 114) aparece subcuta- 10 braquial. Na face lateral do terço distal do braço, o nervo 1"'.=-'
PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO 91

N. musculocutâneo

Nervo musculocutâneo
I. Coracobraquial 1. Tríceps braquial
2. Bíceps braquial 2. Tensor da fáscia do antebraço
3. Braquial 3. Ancôneo
4. Pele medial do antebraço 4. Extensor carpolTadial
Nervo mediano 5. Supinador
5. Pronador redondo 6. Extensor digital comum
6. Flexor carpolTadial 7. Extensor digital lateral
7. Pronador quadrado 8. Ulnar lateral
8. Flexor digital superficial 4 10 9. Abdutor longo do polegar
9. Flexor digital profundo, 10. Pele cranial e lateral do antebraço
cabeças umeral, ulnar e radial e da pata dorsal
10. Pele caudal do antebraço e da
pata palmar

Fig. 115 Distribuição esquemática dos nervos musculocutâneo e mediano para Fig. 116 Distribuição esquemática do nervo radial para o membro torácico
o membro torácico direito, face medial. direito, face lateral.

mina como um ramo profundo e outro superficial. Seccione a cabeça 9. Nervos peitorais caudais são derivados dos ramos ventrais
lateral do tríceps em sua origem e a rebata para expor esses ramos ter- do oitavo nervo cervical e dos primeiro e segundo nervos torácicos. Eles
minais. A distribuição no antebraço será dissecada posteriormente. inervam o músculo peitoral profundo e estão freqüentemente combina-
8. Os nervos mediano e ulnar (Figs. 90, 110, 113-115, 117) dos com o nervo torácico lateral em sua origem. Eles não precisam ser
surgem de um tronco comum do sétimo nervo cervical e dos primeiro e dissecados. O nervo torácico lateral foi previamente dissecado, em sua
segundo nervos torácicos. O tronco comum localiza-se na cabeça me- terminação no músculo cutâneo do tronco.
dial do tríceps, entre a veia braquial, caudalmente, e a artéria braquial, Vasos e nervos do membro torácico estão listados no Quadro 1.
cranialmente. O nervo mediano, a divisão cranial do tronco comum, Incise a pele do olécrano até a superfície palmar do terceiro dedo.
corre para o antebraço em contato com a superfície caudal da artéria (Passe pelas almofadilhas carpiana, metacarpiana e digital terceira.)
braquial. Ele recebe um ramo do nervo musculocutâneo no nível do Remova a pele do antebraço e da pata, deixando os vasos e nervos na
cotovelo. Seus ramos para vários músculos do antebraço e para a pele peça sempre que possível.
do lado palmar da pata serão dissecados posteriormente. A veia cefálica (Figs. 90, 113, 118-121) começa na face palmar
O nervo ulnar, a divisão caudal do tronco comum, separa-se do da pata, a partir do arco palmar venoso superficial. Este não precisa ser
nervo mediano no braço distalmente e cruza o cotovelo caudal mente ao dissecado. A veia cefálica acessória junta-se à veia cefálica na superfí-
epicôndilo medial ao úmero. Rastreie-o juntamente com a artéria cola- cie cranial do terço distal do antebraço. Ela surge de pequenas veias
teral ulnar, até a borda seccionada da pele. O nervo cutâneo antebra- localizadas no dorso da pata. Na superfície flexora do cotovelo, a veia
quial caudal (Figs. 90, 110, 114) sai do nervo ulnar perto da metade do mediana cubital forma uma conexão entre as veias cefálica e braquial.
braço e corre caudodistalmente, cruzando a superfície medial do tríceps Dessa conexão, a veia cefálica continua proximalmente na superfície
ao olécrano. Ele inerva a pele da superfície medial-distal do braço e a craniolateral do braço, num sulco entre o braquiocefálico, cranialmen-
superfície caudal do antebraço. te, e a origem da cabeça lateral do tríceps, caudalmente. No meio do
92 PESCOÇO, TóRAX E MEMBRO TORÁCICO

braço, a veia cefálica con'e profundamente ao braquiocefálico e entra lizam cranialmente e lateralmente no antebraço. Essa artéria não será
na veia jugular externa, próximo à entrada do tórax. A veia axilobra- dissecada.
quial continua proximalmente e passa profundamente à borda caudal 2. A artériaantebraquial profunda (Figs. 112, 113), é um ramo
do deltóide, para se juntar à veia axilar. A veia omobraquial origina-se tennináícÍa artéria braquial. Siga-a profundamente ao flexor carporra-
da veia axilobraquial e continua, subcutaneamente, pela superfície cra- dial e\eccione a cabeça umeral do flexor digital profundo, que cobre o
nial do braço e do ombro, antes de entrar na veiajugular externa, cranial- vaso. A artéria antebraquial profunda vasculariza o flexor carpOlTadial,
mente à veia cefálica. o flexor digital profundo, o flexor carpoulnar e o flexor digital superfi-
cial.
A artéria mediana (Figs. 112, 113, 121) é a continuação da ar-
Artérias do antebraço e da pata anterior téria braquial, após a origem da antebraquial profunda. Ela origina a ar-
téria radial, no antebraço, e se continua na pata. É a principal fonte de
Faça uma incisão longitudinal através da porção medial da fás- sangue para a pata, e acompanhada pelo nervo mediano, junto à cabeça
cia do antebraço, a meio caminho entre as suas bordas cranial e caudal. umeral do flexor digital profundo. A artéria mediana passa pelo canal
Estenda essa incisão até o carpo. Remova a fáscia do antebraço. Seccio- carpiano, entre os tendões dos flexores digitais profundo e superficial.
ne o pronador redondo e o flexor carporradial, próximo às suas origens, Seccione o retináculo dos flexores e o tendão do flexor digital superfi-
e rebata-os para descobrir a artéria braquial. cial. Rebata-os e siga essa artéria pelo canal cárpico, até a extremidade
A artéria braquial (Figs. 112, 113), no antebraço, dá origem às proximal do metacarpo, onde ela forma o arco palmar superficial com
artérias interósseas comuns e antebraquial profunda, e depois se conti- um ramo da artéria interóssea caudal. Esse arco dá origem às artérias
nua como artéria mediana. A artéria mediana estende-se até o arco pal- digitais palmares comuns, que correm para a superfície palmar da pata
mar arterial superficial, na pata. dianteira, as quais não precisam ser dissecadas.
I. A artéria interóssea comum (Figs. 112 e 113) é curta e passa A artéria radial (Figs. 112, 113, 120, 121) provém da artéria
para a porção proximal do espaço interósseo, entre o rádio e a ulna. Puxe mediana, na parte média do antebraço. Ela segue a borda medial do rá-
a artéria braquial medialmente para ver os ramos da artéria interóssea dio. No carpa, se divide em ramos cárpicos dorsal e palmar, que forne-
comum. As artérias interósseas comum e ulnar podem chegar juntas da cem os vasos profundos da pata dianteira, os quais não precisam ser
artéria braquial. dissecados.
A artéria ulnar corre caudalmente. Separe os músculos na face
caudomedial do antebraço, para expor o seu trajeto. Um ramo recorren-
te estende-se proximalmente, entre as cabeças umeral e ulnar do flexor Nervos do antebraço e da pata dianteira
digital profundo. A artéria ulnar continua distalmente com o nervo ul-
nar, entre a cabeça umeral do flexor digital profundo e do flexor car- A pe8 do antebraço é inervada por quatro nervos. A superfície
poulnar. Ela supre as cabeças ulnar e umeral do flexor digital profundo cranial é inervada pelos nervos radial e axilar; a superfície lateral, pelo
e do flexor carpoulnar. nervo radial; a superfície caudal é inervada pelo nervo ulnar; e a super-
A artéria interóssea caudal situa-se entre as superfícies acola- fície medial recebe o nervo musculocutâneo. Há uma considerável su-
das do rádio e da ulna. Na face medial do antebraço, exponha o múscu- perposição nas áreas cutâneas de distribuição dos nervos.
lo pronador quadrado entre o rádio e a ulna. Corte as fixações desse mús- 1. O nervo radial (Fig. 116) inerva os extensores das articula-
culo, entre os dois ossos, e raspe-o com o cabo do bisturi para removê- ções do cotovelo, do carpo e dos dedos, e um flexor do carpo. Rebata
10 do espaço interósseo. A artéria interóssea caudal situa-se profunda- a cabeça lateral do tríceps. Observe o nervo radial próximo ao coto-
mente nesse espaço. Em seu trajeto, descendo o antebraço, a artéria for- velo, onde ele se divide em ramos superficial e profundo. Seccione o ex-
nece muitos ramos pequenos para estruturas adjacentes. Ela passa pela tensor carporradial e rebata a sua extremidade proximal. O ramo pro-
face lateral do canal cárpico e, na região carpometacárpica, se junta com fundo do nervo radial cruza a superfície medial do extensor carpor-
ramos das artérias radial e mediana, para formar arcos que vasculari- radial, no seu trajeto em direção ao antebraço com o músculo braquial.
zam a superfície palmar da pata dianteira (Figs. 112, 121), que não se- Seccione o supinador, que se localiza sobre o nervo radial. O nervo
rão dissecados. radial inerva o extensor carporradial, o extensor digital comum, o
A artéria interóssea cranial passa pela parte proximal do espa- supinador, o extensor digital lateral, o abdutor longo do polegar e o
ço interósseo, cranialmente, para vascularizar os músculos que se loca- ulnar lateral.

Quadro 1 VASOS E NERVOS DO MEMBRO TORÁCICO


Área Suprimento Arterial Suprimento Nervoso
Músculos Laterais da Escápula e do Ombro
Estabilizadores, flexores e extensores do ombro: Cervical superficial Supra-escapular
Supra-espinhoso, infra-espinhoso
Músculos Caudais da Escápula e do Ombro
Flexores do ombro: Subescapular Axilar
Deltóideo, Redondo maior, Redondo menor
Músculos Craniais do Braço
Flexores do cotovelo, extensores do ombro: Cervical superficial, Musculocutâneo
Bíceps braquial (Braquial) Axilar, Braquial
Músculos Caudais do Braço
Extensor do cotovelo: Axilar, Braquial Radial
Tríceps braquial
Músculos Craniais do Antebraço
Extensores carpianos Braquial: cranial Radial
Extensores digitais Interóssea
Músculos Caudais do Antebraço
Flexores carpianos Braquial: interóssea Mediano e Ulnar
Flexores digitais comum, Antebraquial profunda
Superfície Dorsal da Pata Braquial superficial, Radial
Rede dorsal carpiana
Superfície Palmar da PataMediana, Mediano e Ulnar
Interóssea caudal
PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO 93

I. Flexor carpoulnar, cabeças umeral e ulnar


2. Flexor digital profundo, cabeças ulnar e umeral
3. Interósseo
4. Pele caudal do antebraço
5. Pele da pata palmar
6. Pele do quinto metacarpiano, superfície lateral do dedo

Fig. 117 Distribuição esquemática do nervo ulnar para o membro torácico direito, face medial.

o ramo superficial divide-se em um nervo antebraquial cutâ- 3. O nervo ulnar (Fig. 117) diverge caudalmente do nervo me-
neo lateral e em ramos medial e lateral. O ramo medial é pequeno e diano no terço distal do braço. Nesse ponto, o nervo cutâneo antebra-
segue o ramo medial da artéria antebraquial cranial superficial, conti- quial caudal sai do ulnar. O nervo ulnar penetra nos músculos ante-
nuando-se distalmente no antebraço, junto à face medial da veia cefáli- braquiais caudalmente à extremidade distal do úmero e é distribuído
ca. O ramo lateral associa-se à face lateral da veia cefálica, e entra no para o flexor carpoulnar e partes das cabeças ulnar e umeral do flexor
antebraço com a artéria antebraquial cranial superficial. Esses ramos digital profundo. Na metade do antebraço, o ramo dorsal do nervo
continuam em direção à pata, de cada lado da veia cefálica acessória. ulnar aparece e torna-se subcutâneo na superfície lateral. É distribuí-
Estes ramos medial e lateral são sensoriais para a pele da superfície la- do para a superfície lateral do metacarpo e para o quinto dedo (Fig.
teral e cranial do antebraço e das superfícies dorsais do carpa, do meta- 120).
carpa e dos dedos (Fig. 122). Eles terminam nos nervos digitais comuns Seccione e rebata as cabeças ulnar e umeral do flexor carpoul-
dorsais da pata (Fig. 123). Não disseque esses nervos. nar. O nervo ulnar situa-se na superfície caudal do flexor digital pro-
2. O nervo mediano (Figs. 113,115, 121) corre distalmente em fundo, profundamente à cabeça umeral do flexor carpoulnar.
direção ao antebraço, junto com a artéria braquial. Ele inerva os múscu- Rastreie o ramo palmar do nervo ulnar no interior da pata dian-
los pronador redondo, pronador quadrado, flexor carporradial, flexor teira. O nervo situa-se na superfície profunda do flexor carpoulnar, logo
digital superficial e a cabeça radial e partes das cabeças umeral e ulnar acima do carpo. Ele penetra na face lateral do canal carpiano, onde se
do flexor digital profundo. divide em um ramo superficial e outro profundo (Fig. 121). Rebata o
Rebata o flexor carporradial e a cabeça umeral do flexor digital flexor carpoulnar e o retináculo flexor para expor o nervo no canal car-
profundo e observe o trajeto do nervo. O nervo mediano passa pelo canal piano. No metacarpo, os ramos superficial e profundo se dividem mais,
carpiano, com a artéria mediana, e dá ramos para a inervação sensorial da para suprir inervação sensorial à superfície palmar da pata dianteira e
superfície palmar da pata dianteira. Note o trajeto do nervo pelo canal inervação motora para os músculos intrínsecos da mesma (Fig. 122).
carpiano, mas não disseque seus ramos terminais no metacarpo (Fig. 121). Esses ramos não serão dissecados.
94 PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO

Jugular interna

Jugular externa

Omobraquial
Omobraquial

Cervicalsupenicial
Subescapular

Cefálica
Vv. tireóideas caudais

Subclávia Braquiocefálica esquerda


Axilar
Costocervical

Axilobraquial
Omobraquial
Veia cava cranial
Cefálica

Torácica interna Axilobraquial

Braquial

Mediana cubital

Mediana

Cefálica

Fig. 118 Veias do pescoço e dos ombros, face cranial.

Embora a distribuição cutânea dos nervos no membro torácico para os dedos. Esses ramos digitais são chamados vasos ou nervos axiais
seja difícil de dissecar, é importante conhecer tanto as áreas cutâneas ou abaxiais dorsais ou digitais próprios, dorsal ou palmar. Axial ou
quanto as zonas autônomas dos nervos, para procedimentos anestésicos abaxial refere-se à posição, se eles estão na superfície do dedo que se
locais e/ou para o diagnóstico de lesões nervosas. A área cutânea é toda direciona para o eixo (axial) ou opostamente ao eixo (abaxial) da pata.
a região da pele inervada por um nervo periférico. A zona autônoma é O eixo da pata passa entre os dedos 3 e 4. Geralmente, os maiores vasos
aquela área da pele inervada unicamente por um nervo periférico espe- digitais são os digitais próprios palmares. (Ver no Quadro 2 a disposi-
cífico, sem superposição de nervos adjacentes. A Fig. 122 mostra as ção desses vasos e nervos na pata dianteira.)
zonas autônomas para os nervos da pata dianteira e regiões adjacentes
do pescoço e do tronco. Cão vivo
A distribuição dos vasos e nervos para os dedos não será disse-
cada, mas deve-se entender a terminologia pertinente (Fig. 123). No Na face medial do braço, sinta os vasos e os nervos correndo dis-
metacarpo, há ramos superficiais e profundos em ambas as faces, pal- talmente, entre o bíceps braquial, cranialmente, e a cabeça medial do trí-
mar e dorsal, mas não há nervos profundos dorsalmente. Ramos super- ceps braquial, caudalmente. Palpe o pulso na artéria braquial. Injeções arte-
ficiais são chamados de nervos ou vasos digitais comuns palmares ou riais visando obter preparados anatômicos podem ser feitas nessa artéria.
dorsais e os ramos profundos são chamados de vasos e nervos meta- Palpe o epicôndilo medial do úmero. Os vasos braquiais e o ner-
cárpicos paI mares ou dorsais. Esses quatro ramos são orientados atra- vo mediano correm cranialmente àquele e passam embaixo do músculo
vés de um plano sagital, que passa entre os ossos metacarpianos. Na pronador redondo. Eles não podem ser sentidos aqui. O nervo ulnar corre
articulação metacarpofalangiana, os ramos digital comum e metacarpia- caudalmente ao epicôndilo medial e pode ser palpado acariciando a pele
no se unem para formar um tronco comum nas superfícies dorsal e pal- num sentido caudal para cranial, em direção ao epicôndilo media!. O
mar. Cada tronco comum depois se divide em ramos medial e lateral nervo ulnar será sentido quando ele escorregar sob seus dedos.
PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO 95

Axilar

Axilobraquial
v. omobraquial para a jugular externa

Subescapular
Circunflexa umeral caudal
Circunflexa umeral cranial
Braquial
V. cefálica para a
Braquial profunda
jugular externa

Bicipital

Colateral ulnar

Cefálica

Mediana cubital

Interóssea comum
Interóssea cranial
Mediana
Antebraquial profunda

Radial

Interóssea caudal

Cefálica

Cefálica acessória

Arco venoso palmar proximal

- Arco venoso palmar distal

Fig. 119 Veias do membro torácico direito, face media!.


96 PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO

v. celálica A. antebraquial cranial superficial, ramo medial

N. radial superficial, ramo medial


A. antebraquial cranial superficial

v. celálica acessória
A. radial, ramo carpiano dorsal

N. radial superficial, ramo lateral


v. celálica

N. ulnar, ramo dorsal N. digital dorsal comum, 1

A. digital dorsal comum, 1

N. digital dorsal comum, 4

A. e v. digitais dorsais comuns, 4

v., a. e n. digitais dorsais


próprias axiais, 5

A. digital palmar
própria axial, 3

Fig. 120 Artérias, nervos e veias superficiais da mão direita, face dorsal.
PESCOÇO, TóRAX E MEMBROTORÁCICO 97

~
A. mediana -----11 \\ \\\ I I N. mediano

v. cefálica
A. interóssea caudal

A. radial, ramo carpiano palmar

N. ulnar, ramo superficial

Arco palmar profundo

Arco palma r superficial

v., a. e n. digitais palmares axiais


N. digital palmar abaxial, 5

A. e v. digitais palmares comuns, 4


Arco venoso palma r superficial

v. digital palmar comum, 4


N. digital palmar próprio abaxial, 2

v., a. e n. para a almofadilha metacarpiana

N. digital palmar comum, 3

v., a. e n. palmares
próprios axiais, 4

Fig. 121 Artérias, veias e nervos superficiais da mão direita, face palmar
98 PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO

Ramos cutâneos dorsais

C5, ramo cutâneo T2, ramo cutâneo


ventral lateral

N, axilar

T3, ramo cutâneo


lateral
N. braquiocefálico

N, musculocutâneo
N, ulnar

N. radial

N, radial

Fig, 122 Regiões autônomas de inervação cutânea do membro torácico,

31111 4

A, v, e n. digitais
palmares comuns
A, v, e n, digitais dorsais comuns
A, v, e n. digitais dorsais comuns

A, v, e n. metacarpianos palmares A, v, e n. metacarpianos dorsais

A, v, e n, metacarpianos dorsais

A, v, e n. digitais dorsais
A, v, e n, digitais dorsais próprios axiais A, v, e n. digitais palmares próprios axiais próprios axiais

Fig, 123 Esquema da vascularização e da inervação dos dedos,


PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÃCICO 99

Quadro 2 SUPRIJ.VIENTO SANGUÍNEO E Il\TERVAÇÃO DOS DEDOS DO J\ffiMBRO TORÁCICO


Superocie Dorsal
Artérias
(Superficiais) A. braquiaJ superficial: A. digital
Antebraquial cranial superficial comum
Ramo medial da antebraquial cranial dorsal A. digital
superficial dorsal,
(Profundas) Rede carpiana dorsal: axialou
A. radial, ramo carpiano dorsal A. metacarpiana abaxial
A. interóssea caudal dorsal
Nervos
(Apenas supelficiais) R. superficial do n. radial, N. digital N. digital
ramos medial e lateral; comum dO.QaJ dorsal,
N. ulnar, ramo dorsal axialou
abaxial

Superocie Pahnar
Artérias
(Superficiais) Arco pai mar superficial, A. digital A. digital
A. mediana palmar palmar
Ramo da a.interóssea caudal comum própria,
axialou
(Profundas) Arco palmar profundo, A. metacarpiana abaxial
A. interóssea caudal; pai mar
A. radial, ramo carpiano palmar
Nervos
(Supelficiais) N. mediano; Nn. digitais N. digital
N. u]nar, ramo superficial palmares comuns palmar
próprio,
axialou
abaxial
(Profundos) N. ulnar, ramo profundo Nn. metacarpianos
palmares
I-IV

Na face lateral do braço distalmente, o nervo radial pode ser sen- que é comumente utilizada para punção venosa. Lembre-se de que uma
tido quando ele emerge de baixo da borda distal da cabeça lateral do pequena artéria e um nervo sensorial acompanham essa veia, em ambos
tríceps, junto ao músculo braquial, e divide-se em ramos superficial e os lados. Punções venosas repetidas podem injuriá-Ias e contribuir para
profundo. Pressione firmemente a pele sobre o músculo braquial aqui e hemorragias subcutâneas, o que pode ser uma experiência dolorosa para
palpe de proximal para dista!. O ramo superficial será sentido à medida o paciente. Em algumas raças de pêlos curtos, as veias cefálica, axilo-
que escorrega para fora, debaixo de seus dedos. braquial e omobraquial podem ser visíveis no braço e na região do ombro.
Coloque os seus dedos cruzando a superfície flexora do cotovelo Revise a localização das zonas autônomas dos nervos periféri-
e comprima essa área. Isso irá distender a veia cefálica no antebraço, cos no membro torácico do cão.
MILLER

GUIA PARA """

A DISSECÇAO
. """

DOCAO
TERCEIRA EDiÇÃO

EVANS & de LAHUNTA


ABDOME, PELVE E MEMBRO
PÉLVICO

A anatomia da superfície do abdome está dividida em regiões cra- Os nervos cutâneos do abdome diferem um pouco daqueles do
nial, média e caudal (Fig. 124). Rebata a pele da parede abdominal di- tórax. Os ramos cutâneos laterais dos últimos cinco nervos torácicos não
reita, deixando as papilas mamárias na fêmea, o prepúcio no macho e acompanham a convexidade do arco costal, mas seguem numa direção
os troncos cutâneos. Estenda uma incisão perpendicular da linha medi- caudoventral e inervam a maioria das partes ventral e ventrolaterais da
ana ventral até a metade da superfície medial da coxa direita e daí à sua parede abdominal (Fig. 126). Os ramos cutâneos dos três primeiros ner-
borda cranial. Continue essa incisão dorsalmente ao longo da borda cra- vos lombares pelfuram a parte lateral da parede abdominal e, como pe-
nial da coxa após a crista do ílio, até a linha média dorsa!. Começando quenos nervos, seguem caudoventralmente. Inervam a pele da parede
na superfície medial da coxa, rebata ou remova a pele do lado direito do abdominal lateral caudal e a coxa, na região do joelho. Não disseque es-
abdome. ses nervos cutâneos. Cranialmente à crista ilíaca cranioventral, o nervo
cutâneo lateral da coxa (Fig. 126) e a artéria e a veia circunflexas
profundas do i1íaco (ver Fig. 146) perfuram o músculo oblíquo interno
VASOS E NERVOS DAS REGIÕES do abdome e aparecem superlicialmente. O nervo origina-se do quarto nervo
VENTRAL E IA1ERAL DA PAREDE lombar e é cutâneo às superfícies cranial e lateral da coxa. A artéria origina-se
ABDOMINAL da aorta e irriga a parede abdominal caudodorsal. Disseque esses vasos e acom-
panhe o nervo, até onde permitir o rebatimento da pele aí presente.
Seccione a origem lombar do músculo oblíquo externo do abdo-
me e rebata-o ventralmente.
As artérias que irrigam a parte superficial da parede abdominal
ventral são ramos das artérias epigástricas superficiais (Fig. 125). A Seccione o músculo oblíquo interno do abdome na origem de SU2S
artéria epigástrica cranial superficial origina-se da artéria epigástrica fibras musculares na fáscia toracolombar. Prolongue a incisão caudal-
cranial (Fig. 146). mente até o nível dos vasos circunflexos profundos do ílio e do nervo
O tecido subcutâneo da parede abdominal ventral contém as cutâneo lateral da coxa. Isole o músculo oblíquo interno do abdome
mamas abdominais e inguinais, e os vasos e nervos que as suprem. Na músculo transverso subjacente, e rebata-o ventralmente para expor 05
fêmea, os vasos epigástricos craniais superficiais são vistos subcutane- ramos ventrais dos últimos nervos torácicos e os quatro primeiros ne;:-
amente, junto à papila mamária abdominal crania!. Através de dissec- vos lombares. Esses são paralelos entre si e inervam as partes ventrais e
ção, separe a fileira direita de mamas da fáscia e volte-as lateralmente. laterais das paredes torácica e abdominal. Os quatro primeiros nerv~
Disseque a artéria pudenda externa (Figs. 80, 125, 146), que lombares formam os nervos iIioipogástrico cranial, ilioipogástri
emerge do anel inguinal superficial. Sua origem do tronco caudal, iIioinguinal e cutâneo lateral da coxa, respectivamente. PüC=
pudendoepigástrico, um ramo da artéria profunda da coxa, será vista mais ser difícil diferenciar os ramos ventrais de Tl3 e LI sem acompanM-
tarde. A artéria pudenda externa segue caudoventralmente à borda cra- 10s até os forames intervertebrais, o que não é necessário. De modo ge1"22..
nial do grácil. A artéria epigástrica caudal superficial é grande e apa- o ramo ventral de T13 segue ao longo da face caudal da 13: costela.
rece como um prolongamento direto da artéria pudenda externa, dorsal- Os nervos ilioipogástricos cranial e caudal e o ilioinguinal (Fi~
mente ao linfonodo inguinal superficial. A artéria epigástrica caudal 126) passam através da aponeurose de origem do músculo transve:
superficial (Fig. 125) segue cranialmente à superfície profunda da mama do abdome. Cada um deles possui um ramo medial, que desce entre
inguinal e fornece os ramos mamários. A artéria prossegue, indo irrigar músculos transverso do abdome e oblíquo interno do abdome, até o reu:
a mama abdominal caudal, e faz anastomose com ramos da artéria epi- do abdome. Os ramos mediais inervam esses músculos, o peritônio sut-
gástrica cranial superficial. No macho, supre o prepúcio. Um pequeno jacente e a pele da parede abdominal ventral. Os ramos laterais desses;
ramo da artéria pudenda externa segue caudalmente para suprir os lábi- nervos perfuram o oblíquo interno do abdome, e descem entre os ml~"'"
os pudendos na fêmea e o escroto no macho. culos oblíquos. Podem ser vistos na superfície profunda do músc:
Exponha os linfonodos inguinais superficiais (ver Fig. 153), que oblíquo externo do abdome. Cada ramo lateral supre esses músculn-
ficam adjacentes aos vasos epigástricos caudais e craniais superficiais perfura o oblíquo externo do abdome e termina subcutaneamente co
ramo cutâneo lateral para a parede abdominallatera!.
junto à sua origem dos vasos pudendos externos. Os linfáticos aferentes
desses linfonodos drenam as mamas, o prepúcio, o escroto e a parede
abdominal ventral, cranialmente até o nível do umbigo. Estruturas inguinais
A parede abdominal recebe seu suprimento vascular principal-
mente de quatro vasos (ver Fig. 146); a artéria abdominal cranial (cra- No macho, disseque as estruturas que passam através do
niodorsal), a artéria epigástrica cranial (cranioventral), a artéria epigás- inguinal e do anel inguinal superficial (Fig. 80). Reveja as páginas 1:--
trica caudal (caudoventral) e a artéria circunflexa profunda do ilíaco 115, onde há referência a essa área.
(caudodorsal) .
Rebata a fáscia superficial da parede abdominal lateral. Emergin- Macho
do da parede abdominal dorsolateral, caudalmente à última costela,
encontram-se ramos superficiais da artéria abdominal cranial (ver Fig. A artéria e a veia pudendas externas deixam o anel ino
146). Esta nasce de uma origem comum com a artéria frênica caudal, a superficial caudalrnente às estruturas que suprem o testículo. Seus __
partir da aorta, e perfura a musculatura abdominal para chegar à pele. mos foram dissecados.
ABDOlVIE, PELVE E :MEMBRO PÉLVICO 101

Região
peitoral

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11 I
I- - - - _,
Reglao xtfolde
I~\l f - i -.!;~-]-
~~ 111
"" . Arco costa!

: "':;-;;1' Região hipocondríaca esq


v' ",,'
+- _:

: - ~'
i-- -
Região lateral esq.
Região umbilical
--j"':\\~
+- : /~ - - Região inguinal esq.
''G-- :(: -~ Umbigo

,Y - - - \"'"'" ""-
~'V \ '-
Fig. 124 Regiões topográficas do tórax e do abdome,

o nervo genitofemoral (Figs. 126, 166, 168, 172) origina-se dos O cordão espermático (Figs. 127, 128) é alTastado e desce atra-
ramos ventrais do terceiro e do quarto nervos lombares. É ligado por vés do canal inguinal pelo descenso dos testículos e é composto de duas
fáscia à veia pudenda externa, medialmente ao cordão espermático. 1- partes distintas: o ducto deferente e a artéria e a veia testiculares,
nerva a pele que reveste a região inguinal e a coxa proximal, medial- O dueto deferente transporta os espermatozóides do epidídimo
mente em ambos os sexos, e parte do prepúcio no macho, para a uretra. Origina-se da cauda do epidídimo, na extremidade caudal
A fáscia espermática, um prolongamento das fáscias abdomi- do testículo e une-se ao mesórquio pelo mesoducto deferente. As pe-
nal e transversal, envolve as estruturas emergentes do anel inguinal su- quenas artéria e veia deferenciais acompanham o ducto deferente.
perficiaL Isto inclui o cordão espermático e o músculo cremaster (Figs. A artéria e veia testiculares, assim como os vasos linfáticos
127 e 128), testiculares e o plexo testicular de nervos autônomos, são intimamente
O músculo cremaster é envolto por essa fáscia espermática, à associados entre si. Esses vasos e nervos são revestidos por uma prega
medida que segue ao longo da parte caudal da túnica vaginal. O múscu- da lâmina visceral da túnica vaginal, o mesórquio, que é contínua com
lo cremaster origina-se da borda livre caudal do oblíquo interno do ab- a lâmina parietal da túnica vaginaL A artéria é tortuosa e, entremeados
dome e liga-se à túnica vaginal próximo ao testículo (Fig, 80), Rebata a ao seu redor, ficam o plexo nervoso e o plexo venoso. O plexo venoso
fáscia espermática, para expor a túnica vaginal, que pode ser observada é o plexo pampiniforme. A artéria e a veia testiculares são ramos da
estendendo-se de sua emergência, através do anel inguinal superficial, aorta e da veia cava caudal, respectivamente. Entram no testículo em
até o testículo, sua extremidade craniaL O plexo nervoso é autônomo e contém axôni-
O processo vaginal (Figs, 127, 128) é um divertículo do peri- os simpáticos pós-ganglionares, que se originam do terceiro ao quinto
tônio presente em ambos os sexos, No macho, envolve o testículo e gânglios simpáticos lombares.
as estruturas do cordão espermático e é conhecido como túnica vagi- O testículo e o epidídimo (Figs, 80, 128) são intimamente re-
naL É composto pela túnica vaginal, com suas lâminas parietal e vis- vestidos pela lâmina visceral da túnica vaginaL Na extremidade caudal
ceraL do epidídimo, o peritônio visceral deixa a cauda do epidídimo, num
A lâmina parietal da túnica vaginal, a camada externa do pro- ângulo agudo, e torna-se a lâmina parietaL Portanto, há uma pequena
cesso vaginal, estende-se do anel inguinal profundo à base do escroto, área circunscrita no epidídimo não revesti da por peritônio. O tecido
Corte essa lâmina parietal ao longo da parte mais ventral do testículo e conjuntivo que liga o epidídimo à túnica vaginal e à fáscia espermática,
ao longo da borda cranial da túnica vaginal até o anel inguinal superfi- neste ponto, é o ligamento da cauda do epidídimo. Rahata a pele do
cial, para expor a lâmina visceraL A cavidade atingida é um prolonga- escroto caudalmente para observá-Io.
mento da cavidade peritoneal. O epidídimo (Figs. 80, 128) fica voltado mais para a face lateral
A lâmina visceral da túnica vaginal fica firmemente unida ao do testículo do que para a sua borda dorsaL Para fins descritivos, é divi-
testículo e ao epidídimo, e envolve o ducto deferente e os vasos e ner- dido numa extremidade cranial, ou cabeça, onde o epidídimo se comu-
vos que têm origem ou terminam no testículo e epidídimo. O mesór- nica com o testículo; uma parte intermediária, ou corpo; e uma extre-
quio é parte da lâmina visceral da túnica vaginal e contém os vasos e midade caudal, ou cauda, que é contínua com o ducto deferente. A cau-
nervos do testículo. O mesodueto deferente é a parte da lâmina visce- da epididimária é ligada ao testículo pelo ligamento próprio do testí-
ral que se liga ao ducto deferente. culo e à túnica vaginal e à fáscia espermática pelo ligamento da cauda
102 ABDOlVIE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

A. e v. epigástricas _
superficiais craniais
__ Papila abdominal
cranial

- - 13' costela

M. obliquo _
externo do abdome

A. e v. epigástncas __
superficiais caudais

Fig. 125 Veias e 311érias superficiais do abdome. Processo vaginal esquerdo exposto.

do epidídimo. O dueto deferente passa cranialmente sobre o testículo, inguinais profundo e superficial. É limitado lateralmente pela aponeu-
medialmente ao epidídimo. rose do oblíquo externo do abdome, cranialmente pela borda caudal do
Coloque novamente a pele, previamente rebatida, sobre a região oblíquo interno do abdome, caudalmente pela borda caudal da aponeu-
inguinal e examine o escroto. O escroto é uma bolsa dividida por uma rase do oblíquo externo do abdome (ligamento inguinal) e medialmen-
rafe externa e um septo mediano interno, em duas cavidades. Cada uma te, em parte, pela face superficial do reto do abdome. A túnica vaginal e
delas é ocupada por um testículo, um epidídimo e a paJ1e distal do cor- o cordão espermático no macho e o processo vaginal e o ligamento re-
dão espermático do mesmo lado. dondo da fêmea passam oblíqua e caudoventralmente através do canal
Em ambos os sexos, os vasos pudendos externos e o nervo genitofemo-
Fêmea ral atravessam o canal. Observe o máximo possível desses limites antes
de abrir o abdome.
Na fêmea, localize os vasos sanguíneos pudendos externos e o
nervo genitofemoral emergindo do anel inguinal superficial. O proces-
so vaginal (Fig. 125) é o divertículo peritoneal que acompanha o liga- Cavidades abdominal e peritoneal
mento redondo do útero. (A origem desse ligamento do mesométrio
no interior do abdome será vista mais tarde.) Essas duas estruturas, en- A cavidade abdominal é fonnada pelos músculos da parede ab-
voltas em fáscia e cercadas por tecido adiposo, podem estender-se até a dominal, pelas costelas e pelo diafragma. É revestida por peritônio, que
vulva. envolve a cavidade peritoneal.
A cavidade peritoneal, como as cavidades pleural e pericárdi
o canal inguinal é um espaço fechado. É revestida por uma membrana serosa. Membra-
nas serosas são finas camadas de tecido conjuntivo frouxo revestidas poc
O canal inguinal (Fig. 128) é uma pequena fissura cheia de teci- uma camada de mesotélio. O peritônio é derivado das camadas somáti
do conjuntivo entre os músculos abdominais. Estende-se entre os anéis e mesodénnica esplâncnica que revestem o celoma embrionário.
ABDmlE, PELVE E NlEMBRO PÉLVICO 103

o peritônio parietal é a camada que reveste a parede corpórea, mado pela reflexão da fáscia transversa para fora do anel vaginal. Em
sendo incisado para abrir a cavidade peritoneal. É contínuo dorsalmente geral, há um depósito de tecido adiposo na fáscia transversa ao redor do
com o peritônio visceral, que suspende e envolve os órgãos da cavidade anel vaginal.
abdominal (Fig. 129). Não existem quaisquer órgãos na cavidade pel1to- No macho, o ducto deferente é ligado às paredes abdominal e
neal, porque todos os órgãos são revestidos por peritônio visceral. pélvica por uma prega de peritônio, o mesoducto deferente. No anel
A fáscia transversa reforça o peritônio e fixa-o aos músculos vaginal, essa prega une-se ao mesórquio, que contém a artéria e a veia
abdominais e diafragma. Faça uma incisão sagital através da parede testiculares e os plexos nervosos testiculares. O ducto deferente segue
abdominal de cada lado dorsal ao reto do abdome, do arco costal até o caudalmente do anel vaginal para a uretra, além do colo da bexiga. Na
nível do canal inguinal. Una as extremidades craniais dessas incisões e fêmea, uma prega de peritônio do mesométrio, que suspende o útero,
rebata a parede abdominal ventral. Observe as seguintes estruturas: entra no anel vaginal. Essa prega contém o ligamento redondo do útero.
O ligamento falciforme é uma prega de peritônio que passa do A artéria e a veia epigástricas caudais seguem cranialmente na
umbigo ao diafragma. Une-se também ao fígado, entre os lobos medial face profunda da parte caudal do reto do abdome. A origem da artéria
esquerdo e quadrado. Em espécimes obesos, encontra-se um grande do tronco pudendoepigástrico da artéria profunda da coxa será disseca-
acúmulo de tecido adiposo nesse remanescente do mesentério ventral da mais tarde (ver Fig. 146).
embrionário. Em animais jovens, o ligamento redondo do fígado ain-
da pode ser visível na borda livre do ligamento falciforme. Caudal ao
umbigo, a prega do peritônio é o ligamento mediano da bexiga. No VÍSCERAS ABDOMINAIS
feto, a veia umbilical segue cranialmente na borda livre do ligamento
falciforme para entrar no fígado, enquanto o úraco e as artéIias umbili- O omento maior (Figs. 129-132) é a primeira estrutura observa-
cais ficam na borda livre do ligamento mediano da bexiga. da após rebater-se a parede abdominal. É um prolongamento caudo-
Examine a face caudoventral do interior da cavidade peritoneal ventral das duas camadas de peritônio visceral que passam da parede
no nível do canal inguinal e observe o anel vaginal. éorpórea dorsal para a curvatura maior do estômago, o mesogástrio
O anel vaginal (Fig. 128) é formado pelo peritônio parietal quan- dorsal. À medida que o estômago se forma e gira para sua posição defi-
do deixa o abdome e entra no canal inguinal para formar o processo ou hitiva no embrião, esse mesogástrio cresce de maneira extensiva e forma
túnica vaginal. Marca a posição do anel inguinal profundo, que é for- uma bolsa de dupla camada, que se estende caudoventralmente sob

13ª costela
Ramo dorsal de T 13
I
Ramo ventral de T 13 I
\ I
\
N. ilioipogástrico cranial (L 1) I
\ \

Ramo cutâneo dorsal


\
I
/ N. ilióipogástric; caudal (L2) \
\ I
\ \
\
\ I
"iocostallombar \ \ \
\ I
\ \ ,
N. ilioinguinal (L3)
\
\ I
\
L5 \
N. genitolemora.!.

~/'-
1/
V
,
I
Ramos para o reto do abdome

Fig. 126 Vista lateral dos quatro primeiros nervos lombares.


104 ABDOME, PELVE E l\1EMBRO PÉLVICO

;\ - - Anel inguinal superficial

\
Oblíquo ext. abd

Túnica vaginal - - -

Fêmea

Fig. 127 Diagrama da transecção do processo vaginal no macho e na fêmea. (As linhas pontilhadas indicam a fáscia espermática. No macho, não estão demonstrados
os conteúdos da túnica vaginal. Ver Fig. 128.)

Anel inguinal profundo


I
Fáscia abdominal superf.
I
e profunda - -

A. e v. testiculares
Túnica par/e tal

Túnica visceral - Corte transversal

Dueto deferente
A. e v. deferentes

Epidídimo
Lâmina parietal da túnica vaginal" "- I
"-
"-
"

Fig. 128 Esquema da túnica vaginal no macho.


ABDOlVIE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 105

muitos dos órgãos abdominais. O espaço contido no mesogástrio pre- costais; assim, o útero dobra-se sobre si próprio, pois as extremidades
gueado é a bolsa do omento. A prega adjacente à parede corpórea ven- ovárica e vaginal movem-se muito pouco durante a dilatação.
tral é a camada superficial. A camada profunda fica adjacente aos ór- O baço (Figs. 130, 134) fica na camada superficial do omento
gãos abdominais. O omento maior tem um aspecto rendilhado, com maior, ao longo da curvatura maior do estômago. Sua posição, formato
deposições de tecido adiposo ao longo dos vasos. O omento maior re- e grau de distensão são variáveis. Sua superfície lateral fica contra o
veste o jejuno e o íleo, deixando o cólon descendente exposto à direita. peritônio parietal da parede abdominal lateral esquerda e o fígado. Sua
Rebata o omento e, com os dedos em lados opostos, separe suas pare- parte caudal pode atingir um plano transversal através da região lombar
des superficial e profunda para expor sua cavidade, a bolsa do omento. central. Seu limite cranial geralmente é marcado por um plano que pas-
Acompanhe o omento maior de sua fixação ventral na curvatura maior sa entre a 12.' e a 13: vértebras torácicas. Pode atingir o assoalho do
do estômago até sua fixação dorsal à parede corpórea dorsal. O baço está abdome. A parte do omento maior que une o baço ao estômago é o liga-
incluso na porção superficial do omento maior no lado esquerdo, e o lobo mento gastroesplênico. Se seu espécime foi anestesiado com um bar-
esquerdo do pâncreas está incluso na camada profunda. bitúrico, o baço pode estar anormalmente dilatado.
Três órgãos no abdome capazes de considerável variação no ta- O diafragma (Fig. 135), divisão muscular entre as cavidades
manho são o estômago, a bexiga e o útero. Se um ou mais deles estive- torácica e abdominal, é músculo de inspiração. Possui uma extensa pe-
rem dilatados, as relações dos órgãos serão alteradas. riferia muscular e um pequeno centro tendíneo em forma de V. A par-
A bexiga (Figs. 130, 132, 133), quando vazia, contrai-se e fica te muscular do diafragma pode ser dividida em três partes, de acordo
no assoalho da entrada pélvica. Quando dilatada, fica no assoalho do com suas fixações: lombar, costal e esternal. A parte lombar forma os
abdome, e seu formato adapta-se à parte caudal da cavidade abdominal, ramos esquerdo e direito, que se unem aos corpos da terceira e da quar-
uma vez que desloca todas as vísceras livremente móveis. Com freqüên- ta vértebras lombares por fortes tendões. O ramo direito é maior do que
cia, atinge um plano transversal através do umbigo. o esquerdo. A parte costal do diafragma origina-se das superfícies
O útero não-grávido (Figs. 130, 133) é notavelmente pequeno, mediais da oitava à 13: costelas. Interdigita-se com o músculo trans-
mesmo numa cadela que tenha tido várias ninhadas. O útero é constitu- verso do abdome. A parte esternal origina-se da superfície dorsal do
ído por um colo (cérvix), um corpo e dois cornos. O útero grávido fica esterno cranial à cartilagem xifóide. Os prolongamentos do centro ten-
no assoalho do abdome durante o segundo mês ou a última metade da díneo em forma de V seguem dorsalmente entre as partes lombar e cos-
prenhez. À medida que o útero aumenta, as partes intermediárias dos tal de cada lado. O medias tino caudal pode ser rompido para expor a
cornos gravitam cranial e ventralmente e passam a ficar mediais aos arcos parte tendínea do músculo.

Lobo esquerdo
do pâncreas Mesocólon transverso
Omento
menor
Mesentério
Linfonodos I Cólon descendente
Ligamento I I
coronário I
I
I Útero
I r

I
Sínfise
r

r
I
I I Bexiga
I I
I Bolsa omental
Peritônio r

I
parietal Omento maior, camada profunda
I
e camada superlicial
Estômago Cólon transverso
Fígado

Fig. 129 Diagrama das reflexões peritoneais. secção sagitaJ.


1. Fossa pararretal
2. Escavação retogenital
3. Escavação vesicogenital
4. Escavação pubovesical
106 ABDOME, PErVE E l\ffi~ffiRO PÉLVICO

Fig. 130 Vísceras do cão.


A. Vísceras do macho, vista lateral esquerda B. Vísceras da fêmea, aspecto lateral direito
I. Pulmão esquerdo I. Pulmão direito
2. Coração 2. Coração
3. Fígado 3. Fígado
4. Estômago 4. Estômago
5. Rim esquerdo 5. Rim direito
6. Ureter 6. Ureter
7. Bexiga 7. Bexiga
8. Uretra 8. Uretra
9. Reto 9. Reto
10. Omento maior revestindo o intestino delgado 10. Omento maior revestindo o intestino delgado
11. Baço 11. Duodeno descendente
12. Cólon descendente 12. Corno uterino direito
13. Dueto deferente 13. Ovário direito
14. Testículo esquerdo 14. Vagina
15. Próstata
16. Timo
ABDOME, PELVE E :MEMBRO PÉLVICO
107

Esquerda

Peritônio parietal --

Baço
\
I Cólon descendente
Rim direito

Fig. 131 Mesentérios abdominais. Secção transversal esquemática no nível do baço.

Fígado --

- Estômago

Duodeno descendente - - - - Baço

- - Rim esquerdo
Localização do ceco - -

- - Omento maior revestindo


intestino delgado

~ Ureter

Reto -

A.

e v. epigástricas profundas caudais

Fig. 132 Vísceras abdominais, face ventral no macho.


108 ABDOME, PELVE E MEl\1BRO PÉLVICO

Veia cava caudal I I Aorta


I

Glândula adrenal - -

- Rim esquerdo

Ligamento suspensor
do ovário -- - V.ovárica

A. e v. ováricas -

Ligamento próprio - -
do ovário . - Ovário dentro da bolsa

Ligamento redondo do útero - - -

Como- -
- - - - - - A. uterina

Corpo --

---- Bexiga

Fig. 133 Relações topográficas do rim, da glândula adrenal, do ovário e do útero não grávido, face ventral.

O hiato aórtico é um corredor dorsal entre os ramos para a aor- tremidade cranial do rim direito e contém assim a profunda impressãl
ta, a veia ázigos e o ducto torácico. O hiato esofágico, localizado mais renal. O processo papilar pode ser observado através do omento me-
centralmente, fica na parte muscular do ramo direito e conduz o esôfa- nor, se o fígado for inclinado para a frente. Fica na curvatura menor
go, os troncos nervosos vagais e os vasos esofágicos. O forame da veia estômago.
cava localiza-se na junção das partes tendínea e muscular do lado direi-
to do diafragma. A veia cava caudal o atravessa.
O fígado (Figs. 130, 132, 136) tem seis lobos, e sua superfície Vias biliares
parietal adapta-se à superfície abdominal do diafragma. A superfície
visceral do fígado relaciona-se, à esquerda, com o estômago e, às ve- Grande parte do sistema de dueto biliar no fígado é microscóp,-
zes, com o baço; à direita, com o pâncreas, o rim direito e o duodeno; ca. A bile, que é secretada pelas células hepáticas, é coletada nos cana-
ventralmente com o omento maior e, por meio deste, com o intestino lículos, que drenam nos duetos interlobulares. Os duetos interlobula.re:s
delgado. Sua parte mais caudal cobre a extremidade cranial do rim di- de cada lobo se unem para formar duetos hepáticos (Fig. 137), que
reito e atinge um plano transversal através da 13.a vértebra torácica. O emergem de cada lobo. A disposição dos duetos hepáticos é variáveL
fígado raramente salienta-se caudal ao arco costa!. Sofre leve movimento A vesícula biliar (Fig. 137) localiza-se numa fossa entre os lo-
longitudinal a cada respiração. bos quadrado e medial direito do fígado. A vesícula biliar repleta este;:;-
O lobo medial direito do fígado contém uma fossa para a vesí- de-se através do fígado e fica em contato com o diafragma (que freqüen
cula biliar. O lobo lateral direito, que é menor, situa-se junto ao lobo temente está manchada de verde em espécimes preservados). O colo ê.:.
caudado, que envolve a extremidade cranial do rim direito. O lobo qua- vesícula biliar continua como o dueto cÍstico.
drado é estreito e localiza-se entre os lobos mediais direito e esquerdo. O principal ducto formado pela união dos ductos hepáticos e
Forma o limite esquerdo da fossa da vesícula biliar. O lobo medial es- ducto cístico da vesícula biliar é o dueto biliar (dueto colédoco). Se-
querdo é separado por uma fissura dos lobos medial direito e quadra- gue pela parede do duodeno descendente e termina na papila duodeC:::
do. A veia umbilical penetra no fígado através dessa fissura. O lobo maior, ao lado do ducto pancreático. Não existem quaisquer válvul2s
lateral esquerdo é separado do lobo medial esquerdo por uma fissura. nos ductos biliares, e a bile pode fluir em qualquer direção. Observe -
A borda livre do lobo lateral esquerdo é freqüentemente chanfrada. A sistema de ductos em seu espécime.
superfície visceral do lobo lateral esquerdo é côncava onde fica em con- O estômago (Figs. 130, 134, 138) é dividido em partes que se
tato com o estômago. O lobo caudado é indistintamente separado da misturam imperceptivelmente entre si. A parte cardíaca é a menor pa:--=
massa central do fígado, que é cranial a ele. Fica de modo tranverso, do estômago e localiza-se mais perto do esôfago. O fundo tem foru:::.
mas está principalmente à direita e dorsal à parte principal do órgão. É de cúpula e fica à esquerda do cárdia e dorsal a ele. O corpo do estô~
contraído em seu centro, onde a veia porta entra no fígado ventral a ele go é a grande porção central. Estende-se do fundo à esquerda até a pa=
e a veia caudal cruza-o dorsalmente. Suas extremidades estão na forma pilórica à direita. O corpo une-se à parte pilórica na incisura, que é -
de dois processos. O processo caudado cobre a parte mais alta da ex- ângulo relativamente agudo na pequena curvatura. A parte pilórica -
109
ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

Camada super!o Omento maior (cortado)


Camada profunda }

Papila duodenal maior

Estômago

Papila duodenal menor

Logo esquerdo do
Lobo dir. do pâncreas pâncreas
cobrindo o rim dir.

Cólon transverso

Cólon ascendente

Linfonodos -
mesentéricos

Cólon descendente

Duodeno

Fig. 134 Duodeno e cólon transverso com relação à raiz do mesentério. Pâncreas in s/tu e posição dos rins indicada por linha pontilhada.

Cartilagem xifóide

Parte esternal do diafragma

Cartilagens costais

Forame da v. cava

Hiato esofágico
(Esôfago e
troncos vagais)
Parte costa I

Hiato aórtico
(Aorta, v. ázigos e
dueto torácico)

1ª vértebra lombar

Ramo esquerdo

Ramo direito Psoas maior

4' vértebra lombar ·fHWL> +~


,.·y1l· .. ·:r···.:..} 713

Fig. 135 Diafragma, face abdominal.


110 ABDOlVIE, PELVE E lVIEMBRO PÉLVICO

terço distal do estômago, quando medido ao longo da curvatura me- O sistema ductal pancreático (Figs. 134, 137) é variável. A maio-
nor. A porção inicial de paredes finas é o antro pilórico, que se es- ria dos cães tem dois duetos, que se abrem separadamente no duodeno,
treita num canal pilórico, antes de se unir ao duodeno no esfíncter, o mas comunicam-se na glândula. O ducto pancreático é o menor dos
piloro. dois duetos e, às vezes, está ausente. Abre-se junto ao dueto biliar na
O estômago é inclinado de tal maneira que sua curvatura maior papila duodenal maior. Faça uma incisão através da borda livre da parte
apresenta-se principalmente à esquerda e sua curvatura menor, prin- descendente do duodeno. Raspe a mucosa com o cabo do bisturi e iden-
cipalmente à direita; sua superfície parietal está voltada ventralmente tifique a papila duodenal maior. Esta encontra-se do lado onde o meso-
para o fígado, e sua superfície visceral dorsalmente faz face à massa duodeno se fixa. O ducto pancreático acessório, maior, abre-se no duo-
intestinal. Sua posição muda, dependendo de sua repleção. deno na papila duodenal menor, cerca de dois ou três centímetros cau-
O estômago vazio é completamente inacessível à palpação e à dal à papila maior. Localize o dueto acessório por dissecção no meso-
observação, devido ao fígado e ao diafragma cranioventralmente e à duodeno, entre o lobo direito do pâncreas e o duodeno descendente.
massa intestinal caudal mente. Fica à esquerda do plano mediano. O As glândulas adrenais (Figs. 133,140, 143) são branco-amare-
estômago vazio é cranial ao arco distal e agudamente curvado, de tal ladas e localizam-se na face cranial de cada rim. Cada glândula é atra-
modo que tem mais o formato de V do que de C. A curvatura maior vessada pelo tronco comum das veias frênica caudal e abdominal crani-
apresenta-se ventralmente, caudalmente e à esquerda. Essa curvatura fica aI, que deixa um sulco profundo em sua superfície ventral.
acima e à esquerda da massa do intestino delgado. A curvatura menor é A glândula adrenal direita fica entre a veia cava caudal e o lobo
fortemente curvada ao redor do processo papilar do fígado e apresenta- caudado do fígado ventralmente e os músculos sublombares dorsalmente.
se craniodorsalmente e à direita. O lobo esquerdo do pâncreas e o cólon Exponha a glândula por dissecção entre a veia cava caudal e o rim cra-
transverso são dorsocaudais a ele. nial à veia renal. A glândula adrenal esquerda fica entre a aorta e o
O estômago cheio fica em contato com a parede abdominal ven- rim esquerdo. Corte cada adrenal e observe o córtex.
tral e projeta-se além dos arcos costais. Desloca a massa intestinal. Abra Os rins (Figs. 130-133, 140, 141) são castanho-escuros. Eles são
o estômago ao longo de sua superfície parietal, remova o conteúdo e parcialmente rodeados por tecido adiposo e cobertos por peritônio em
observe as pregas longitudinais da mucosa. sua superfície ventral. A borda lateral é fortemente convexa, e a medial.
O duodeno (Figs. 130, 132, 134, 138) é a parte mais fixa do in- quase reta. No meio da borda medial, encontra-se uma abertura, o hilo
testino delgado. É suspenso pelo mesoduodeno, que será estudado mais do rim, onde os vasos e nervos renais e o ureter comunicam-se com o
tarde. Rebata o omento maior cranialmente e o jejuno de cada lado para órgão.
expor o duodeno. O duodeno começa no piloro à direita do plano medi- O rim direito fica oposto às três primeiras vértebras lomba-
ano. Após um curto trajeto dorsocranial, volta-se como a flexura duo- res. É mais cranial do que o rim esquerdo pela extensão de metade de
denal cranial. Continua caudalmente à direita como a parte descen- um rim. O rim direito tem uma relação mais extensa com o fígado do
dente, onde fica em contato com o peritônio. Mais caudalmente, o du- que qualquer outro órgão. Seu terço cranial é coberto pelo processo
odeno volta-se, formando a flexura duodenal caudal, e prossegue cra- caudado do lobo caudado do fígado. A superfície ventral restante re-
nialmente como a parte ascendente. A parte ascendente fica à esquer- laciona-se com o duodeno descendente, o lobo direito do pâncreas. o
da da raiz do mesentério, onde forma a flexura duodenojejunal. ceco e o cólon ascendente. A veia cava caudal fica na borda medial do
O jejuno forma as espirais do intestino delgado (Figs. 130, 131, rim direito.
132, 134), que ocupam a parte ventrocaudal da cavidade abdominal. O rim esquerdo fica oposto à segunda, à terceira e à quarta vér-
Recebem sua nutrição da artéria mesentérica cranial, que fica na raiz do tebras lombares. Relaciona-se ventralmente com o cólon descendente e
mesentério. A raiz do mesentério fixa o jejuno e o íleo à parede corpó- o intestino delgado. O baço relaciona-se com a extremidade cranial do
rea dorsal. Os linfonodos mesentéricos ficam ao longo dos vasos no rim. A borda medial fica junto à aorta.
mesentério. O jejuno começa à esquerda da raiz do mesentério e é a A parte dilatada do ureter dentro do rim é a pelve renal. O ure-
porção mais longa do intestino delgado. Acompanha-o a flexura duo- ter segue caudalmente na região sublombar. Abre-se na parte dorsal do
denojejunal à esquerda até o seu final no íleo, no lado direito do abdo- colo da bexiga. Durante todo o trajeto, é envolto por uma prega de peri-
me. O íleo é a porção terminal do intestino delgado. É curto, passa cra- tônio da parede corpórea dorsal. Acompanhe o trajeto do ureter. O seio
nialmente ao lado direito da raiz do mesentério e une-se ao cólon ascen- renal é o espaço cheio de tecido adiposo que contém os vasos renais e
dente no orifício i1eocólico. Não existe qualquer demarcação nítida entre rodeia a pelve renal.
o jejuno e o íleo, desde o ceco até o jejuno. Este aproxima-se do com- Libere o rim esquerdo de seu peritônio e sua fáscia de revesti-
primento do íleo (10 cm). mento. Não corte sua ligação vascular. Faça um corte longitudinal do
O ceco (Figs. 132, 134, 139), uma parte do intestino grosso, é um rim esquerdo desde sua borda lateral até o hilo, dividindo-o em meta-
tubo cego em forma de S, localizado à direita do plano mediano, najun- des dorsal e ventral. Observe o aspecto granuloso da porção periféri
ção do íleo com o cólon. É ventral à extremidade caudal do rim direito, do parênquima renal. Este é o córtex renal, que contém principalmenü:
dorsal ao intestino delgado e medial à parte descendente do duodeno. O os corpúsculos renais e as porções convolutas dos túbulos. O parênqui-
ceco comunica-se com o cólon ascendente no orifício cecocólico. Abra ma situado mais centralmente é a medula. Possui um aspecto estriado.
o ceco, o íleo terminal e o cólon ascendente adjacente e observe os ori- devido aos numerosos duetos coletores. Os vasos aparentes na junçãl
fícios ileocólico e cecocólico. corticomedular são os ramos arqueados dos vasos renais. A saliênci~
O cólon (Figs. 134, 139) localiza-se dorsalmente no abdome, longitudinal que se projeta na pelve renal é a crista renal, através d.::
suspenso por um mesocólon. Divide-se num curto cólon ascendente, qual os túbulos coletores do rim excretam urina na pelve renal. Faça
que fica à direita da raiz do mesentério; um cólon transverso, cranial à segundo corte longitudinal paralelo ao primeiro e observe as pirâmi-
raiz do mesentério; e um longo cólon descendente, em seu início à es- des renais formadas pela medula. Os recessos pélvicos da pelve ren~
querda da raiz do mesentério. O ângulo entre os cólons ascendente e projetam-se para fora entre as pirâmides renais.
transverso é conhecido como a flexura cólica direita, e aquele entre os Libere o rim direito de seu peritônio e sua fáscia e faça um corre
cólons transverso e descendente é conhecido como a flexura cólica transversal através dele. Observe o córtex renal, a medula, a crista e =
esquerda. O cólon descendente termina num plano transversal através pelve.
da entrada pélvica. Continua-se como o reto. Os ovários localizam-se junto ao pólo caudal dos rins. O ovári
O pâncreas (Figs. 134,137) é lobulado e composto de um corpo direito fica cranial ao ovário esquerdo e ~ dorsal ao duodeno desce
e dois lobos. O corpo fica no pilora. O lobo direito fica dorsomedial à dente. O ovário esquerdo fica entre o cólon descendente e a parede ab-
parte descendente do duodeno, envolta pelo mesoduodeno. É ventral ao dominal. Cada ovário está contido numa bolsa peritoneal de parede5
rim direito. O lobo esquerdo do pâncreas fica entre as camadas perito .. finas, a bolsa ovárica (Fig. 142), formada pelo mesovário e mesossalpir
neais que formam o folheto profundo do omento maior. É caudal ao ge. A bolsa ovárica abre-se para a cavidade peritoneal via um orifí ..
estômago e ao fígado, e cranial ao cólon transverso. Rebata o omento semelhante a uma fenda na superfície mediana.
maior cranialmente e o intestino delgado caudalmente, para observar o A tuba uterina segue cranial e depois caudal mente pela paree=
pâncreas. lateral da bolsa em seu trajeto para o corno uterino. Examine a superã-
ABDOME, PELVE E lVIEMBRO PÉLVICO 111

Vesicufa biliar

V. hepática

Lig. falciforme

Processo caudado do
lobo caudado
Veia cava caudal Lig. triangular dir.
Lig. coronário Área nua do figado

Fig. 136a. Fígado, face diafragmática.

cie da bolsa e observe o pequeno espessamento semelhante a um cor- cilitar a remoção do ovário. O ligamento próprio do ovário é curto e
dão em sua parede. Isto é a tuba uterina. Abra a bolsa por uma incisão fixa o ovário à extremidade crania! do como uterino. A partir desse ponto
lateral dorsal à tuba uterina e examine o ovário e o infundíbulo. O in- caudolateralmente ao cana! inguinal, há uma prega da camada lateral
fundíbulo é a extremidade ovariana dilatada da tuba uterina. Tem uma do mesométrio, que contém o ligamento redondo do útero em sua borda
borda fimbriada e funciona para tragar os ovos após a ovulação. Obser- livre (ver Fig. 168). O ligamento redondo, um homólogo do gubemácu-
ve que várias das fímbrias projetam-se na cavidade perioneal a partir da 10 embrionário, não tem função no adulto. Passa pelo canal inguinal e é
abertura da bolsa ovárica. Durante a vida, essas fímbrias funcionam para encoberto pelo processo vaginal e pelo tecido adiposo (Fig. 127).
fechar a abertura para a cavidade peritoneal na época da ovulação e, dessa
maneira, evitam migração transperitoneal de ovos. A entrada do infun- Peritônio
díbulo na tuba uterina é conhecida como o óstio abdominal, e é nesta
região que ocorre a fertilização. A tuba uterina é curta e fina. Abre-se
no corno uterino muito mais largo na junção tubouterina. Esta região O peritônio reveste as cavidades abdominal, pélvica e escrotal, e
tem importância fisiológica, pois é aí que os espermatozóides e os ovos reflete-se ao redor de seus órgãos incluídos. O peritônio parietal cobre
ão regulados em seu trânsito. a superfície interna das paredes das cavidades abdominal, pélvica e es-
Os ligamentos largos do útero (Fig. 142) são as pregas peritone- crotal; o peritônio visceral cobre os órgãos dessas cavidades.
ais de cada lado, que se fixam à região sublombar lateral. Suspendem No embrião, o mesentério comum dorsal é uma camada dupla de
toda a genitália interna, exceto a parte caudal da vagina, que não é re- peritônio, que vai da parede abdominal dorsal ao tubo digestivo. Serve
vestida por peritônio. Cada ligamento divide-se em três partes: o como uma rota pela qual os vasos e nervos atingem os órgãos. No cão,
mesométrio origina-se da parede lateral da pelve e da parte lateral da o mesentério comum dorsal persiste como o omento maior,
região sublombar e fixa-se à parte lateral da extremidade cranial da va- mesoduodeno, mesentério e mesocólon.
gina, ao colo (cérvix) uterino e ao corpo uterino, bem como ao como Um omento (epíplon) fixa o estômago à parede corpórea ou a
uterino correspondente. O mesovário, um prolongamento do outros órgãos:
mesométrio, é a parte cranial do ligamento largo. Começa num plano O omento maior (ver Figs. 129, 131, 132) fixa a curvatura mai-
transversal através da extremidade cranial do como uterino e fixa o ovário or do estômago à parede dorsal do corpo. Da curvatura maior do estô-
e os ligamentos associados com o ovário à parte lateral da região sub- mago, estende-se caudalmente como a camada superficial sobre o asso-
lombar. O mesossalpinge é o peritônio que fixa a tuba uterina ao meso- alho do abdome. Volta-se dorsalmente sobre si próprio, próximo à en-
vário e forma com o mesovário a parede da bolsa ovárica. trada da pelve, e retoma como a camada profunda dorsal ao estômago,
O ligamento suspensor do ovário une-se à fáscia transversa onde contém o lobo esquerdo do pâncreas entre suas camadas peritone-
medial à extremidade dorsal da última costela (Fig. 142). Sua função é ais. Fixa-se à parede dorsal do abdome. Caudal e à esquerda do fundo
manter o ovário numa posição relativamente fixa. Na ovário-histerec- do estômago encontra-se o baço, que fica em grande parte numa evagi-
tomia, esse ligamento é solto de sua união à parede corpórea, para fa- nação da camada superficial do omento maior.
112 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

A. gástrica dir.
Veia cava caudal A. gastroduodenal

Fig. 136b. Fígado, face visceral.

O omento menor estende-se frouxamente sobre a distância en- Os mesocólons ascendente, transverso e descendente ligam os
tre a curvatura menor do estômago e a porta do fígado. Entre o fígado e cólons ascendente, transverso e descendente à parede corpórea dorsal.
o cárdia do estômago, fixa-se por uma curta distância ao diafragma. O São contínuos entre si da direita à esquerda.
I?rocesso papilar do fígado é frouxamente envolto pelo omento menor. Há algumas pequenas pregas peritoneais que servem mais para
A direita da borda livre do omento menor, encontra-se o ligamento manter órgãos em posição do que como canais para vasos sanguíneos.
hepatoduodenal, que une o fígado ao duodeno. Contém a veia porta, a Elas denominam-se ligamentos:
artéria hepática e o ducto biliar. O ligamento triangular direito estende-se do pilar direito do
A bolsa omental é formada pelos omentos e os órgãos adjacen- diafragma acima do centro tendíneo ao lobo lateral direito do fígado.
tes. Possui um forame omental (epiplóico) que se abre na principal O ligamento triangular esquerdo estende-se do pilar esquerdo
cavidade peritoneal. Essa abertura fica dorsalmente à direita do plano do diafragma ao lobo lateral esquerdo do fígado.
mediano, no nível da flexura cranial do duodeno, caudomedial ao lobo O ligamento coronário é uma lâmina de peritônio que passa en-
caudado do fígado. É limitada dorsalmente pela veia cava caudal, ven- tre o diafragma e o fígado, ao redor das veias cava caudal e hepáticas. À
tralmente pela veia porta, caudalmente pela artéria hepática no direita, é contínuo com o ligamento triangular direito, e à esquerda, com
mesoduodeno e cranialmente pelo fígado. Encontre esse foram e e insi- o ligamento triangular esquerdo. Ventralmente, partes direita e esquerda
ra um dedo através dele. do ligamento coronário convergem para formar o ligamento fa1ciforme.
O mesoduodeno origina-se na parede dorsal do abdome e na raiz O ligamento falciforme estende-se do fígado ao diafragma e da
do mesentério, estendendo-se até o duodeno. No lado direito, passa para parede ventral do abdome ao umbigo. O ligamento redondo do fígado.
o duodeno descendente e envolve o lobo direito do pâncreas entre suas que é o resquício da veia umbilical do feto, pode ser encontrado no
camadas. Cranialmente, é contínuo com o omento maior, através da animal jovem como um pequeno cordão fibroso que fica na borda livre
superfície ventral da veia porta. Caudalmente, o mesoduodeno passa da do ligamento fa1ciforme. Entra na fissura para o ligamento redondo do
raiz do mesentério para a flexura caudal do duodeno. À esquerda, fixa- fígado entre os lobos quadrado e medial esquerdo. Em cães adultos, o
se ao duodeno ascendente, e na flexura duodenojejunal é contínuo com ligamento fa1ciforme está cheio de tecido adiposo e persiste apenas do
o mesentério do jejuno. O duodeno ascendente liga-se ao mesocólon do diafragma ao umbigo.
cólon descendente pela prega duodenocólica.
O mesentério (mesojejunoíleo) fixa-se à parede abdominal oposta Vasos e nervos das vísceras abdominais
à segunda vértebra lombar por um pequeno ligamento peritoneal conhe-
cido como a raiz do mesentério. Vasos e nervos passam no mesentério Nervos vagais
para suprir os intestinos grosso e delgado. A borda periférica do mesen-
tério liga-se ao jejuno e ao íleo. Na junção ileocólica, o mesentério é Os nervos vagos (Figs. 105, 143) transportam fibras eferente:
contínuo com o mesocólon ascendente. paras simpáticas pré-ganglionares e aferentes viscerais para todos o
ABDOME, PELVE E MElVIBRO PÉLVICO 113

Vesícula biliar

Dueto cístico

\ -,\
I I
I
I Dueto colédoco
I
Dueto colédoco intramural
~
Papila duodenal maior

Dueto pancreático

Duodeno

Dueto pancreático acessório

Papila duodenal menor

- Esfíncter da papila duodenal maior

Orifício do dueto colédoco

orifício
esfíncter } Dueto pancreático

Fig. 137 Duetos biliares e pancreáticos. A, Relações topográficas, face ventral. B, Interior do duodeno com a túnica mucos a removida para mostrar o músculo
próprio com relação aos duetos e à papila duodenal maior (segundo Eichom e Boyden, [955).

Canal pilórico

Dueto colédoco

Duetos hepáticos

Porção intramural do dueto

Papila duodenal maior

Duetos pancreáticos

Papila duodenal menor

Fig. 138 Secção longitudinal do estômago e do duodeno proximal.


114 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

Cólon ascendente

Folículos linfáticos solitários

Orifício cecocólico

Orifício íleocólico e
m. esfíncter

Ceco

Fig. 139 Secção longitudinal através da junção ileocólica mostrando o orifício cecocólico.

órgãos torácicos e a maioria dos abdominais. Os nervos vagos direito e mificação terminal dos respectivos vasos sanguíneos para os intestino~
esquerdo dividem-se caudalmente às raízes dos pulmões em ramos no mínimo tão caudal mente quanto a flexura cólica esquerda. O tronco
dorsais e ventrais. Os ramos dorsais unem-se perto do diafragma para vagal dorsal continua ao longo da curvatura menor do estômago parz
formar o tronco vagal dorsal. Os ramos ventrais unem-se caudalmente suprir a superfície visceral do pilara. ~
às raízes dos pulmões para formar o tronco vagal ventral. Esses troncos
ficam nas superfícies dorsal e ventral da parte terminal do esôfago. Dos
troncos, bem como dos ramos dorsais e ventrais dos vagos, originam-se Tronco simpático
nervos para suprir o esôfago. Os troncos vagais passam pelo hiato esofá-
gico do diafragma e seguem ao longo da curvatura menor do estômago. Para expor as partes torácica caudal e lombar do tronco simpáti-
Seccione o pilar esquerdo do diafragma no hiato esofágico e re- co do lado esquerdo, rebata as paredes abdominal e torácica caudal. tk
bata-o para expor os troncos vagais. Observe o tronco vagal ventral. Este tal modo que o rim e os pilares do diafragma fiquem livremente acessi-
supre o fígado, a superfície parietal do estômago e o pilara. Os ramos veis. Rebata o rim em direção ao plano mediano. A artéria e a veia ilí~-
terminais não precisam ser dissecados. cas circunflexas profundas originam-se da aorta e da veia cava cauch.
O tronco vagal dorsal (Fig. 143) emite um ramo celíaco que passa na parte caudal da região lombar, e podem ser seccionadas e desviadas
dorsocaudalmente e contribui para a formação dos plexos celíaco e Esses vasos serão descritos posteriormente, com os ramos da aorta ar~
mesentérico cranial. Estes plexos são redes nervosas que ficam sobre, dominal e da veia cava caudal.
ao redor e passam ao longo dos três vasos abdominais, em razão dos O músculo psoas menor origina-se da fáscia do músculo dorsa:_
quais são denominados. Os componentes simpáticos dos plexos têm ele, o quadrado lombar, e dos últimos corpos vertebrais torácicos e cir;-
sinapses nos gânglios associados. Axônios parassimpáticos estão sim- co primeiros lombares. É ventral e medial ao músculo quadrado lom~
plesmente atravessando. Os ramos nesses plexos acompanham a ra- e ao músculo psoas maior (Figs. 143, 172). Insere-se no ílio, no tuk-

Veia cava caudal

Tronco comum
A. frênica caudal
A. abdominal cranial
Glândula adrenal

V. renal

A. renal

Ureter

Rim esquerdo
4" vértebra lombar

Fig. 140 Rins e glândulas adrenais, face ventral.


ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 115

Pirâmide renal

A. e v. interlobares V. renal

Cápsula renal

A. e v. arqueadas

Tecido adiposo no seio renal

Pelve renal

Recesso pé/vico
Medula

o
B

Medula

Pelve renal

--- Ureter
"].
N.

c E

Fig. 141 Detalhes da estrutura do rim.


A) Seccionado em plano dorsal, distante do centro.
B) Seccionado em plano dorsal médio.
C) Secção transversa!.
D) Disposição da pelve renal, face dorsal.
E) Disposição da pelve renal, face media!.
116 ABDUME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

Lig. suspensor do ovário

Abertura da bolsa ovárica


Mesovário

ástio abd. da tuba uterina

Lig. próprio do ovário

Ovário (rebatido medialmente)


Corno uterino esquerdo

Mesométrio

Fímbrias do
infundíbulo
Abertura da
bolsa ovárica Bolsa ovárica

Tuba uterina ascendo

,~ --
V Ovário

// ~ ~~ Tuba uterina
Mesossalpinge
descendo
O Ligamento largo
(mesovário)

c
Fig. 142 Relações do ovário e da bolsa ovárica esquerdos.
A) Face lateral.
B) Face lateral, bolsa aberta.
C) Face medial.
D) Secção através do ovário e da bolsa.

culo do psoas menor dorsal à eminência iliopúbica. Seccione o tendão lar do diafragma, entra na cavidade abdominal e segue para os gângli
do músculo psoas menor caudal aos vasos circunflexos profundos do e plexos adrenais e celiacomesentéricos.
íleo. Remova o músculo de suas origens vertebrais. Examine o psoas Os nervos esplâncnicos menores (Fig. 143), quase sempre do'
maior e sua união com o ilíaco para formar o músculo iliopsoas. em geral deixam os últimos gânglios simpáticos torácicos e primeir
lombares. Suprem nervos para a glândula, o gânglio e o plexo adren~-
e terminam nos gânglios e plexo celiacomesentéricos. Disseque a
Nervos esplâncnicos gem dos nervos e seu trajeto para a glândula adrenal.
Os nervos esplâncnicos lombares (Fig. 143) originam-se j
Identifique as partes torácica e lombar do tronco simpático ao segundo ao quinto gânglios simpáticos lombares. Em geral, distribue=-
passar ao longo dos corpos vertebrais. Como muitos dos axônios pré- se para os gânglios e plexos aorticorrenais, mesentéricos crania:, •
ganglionares no tronco simpático nos níveis TIO a TI3 seguem no ner- mesentéricos caudais. Observe a origem desses nervos.
vo esplâncnico maior, em vez de na região lombar do tronco, há um
estreitamento distinto do tronco caudal ao nervo esplâncnico maior. O
tronco dilata-se caudalmente, à medida que componentes esplâncnicos
Plexos e glânglios nervosos abdominais
lombares nele penetram. No abdome, ramos dos nervos vagos e esplâncnicos mistur=-
Os nervos esplâncnicos contêm neurônios simpáticos, que se- se ao redor das principais artérias abdominais, para formar plexos ~-
guem entre o tronco simpático e os gânglios autônomos abdominais. vosos, que são denominados de acordo com o vaso onde se encontr=
O nervo esplâncnico maior (Fig. 143) deixa o tronco simpático Os plexos inervam a musculatura da artéria e as vísceras irrigadas
no nível do 12.0 ou 13.0 gânglio simpático torácico. Passa dorsal ao pi- ramos dessa artéria.
ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 117

12

34 33 32 31

Fig. 143 Exposição do sistema nervoso autônomo abdominal, lado esquerdo.


1. Estômago 18. Psoas menor seccionado
2. Tronco ventral do n. vago 19. A. circunflexa profunda do ilíaco
3. Esôfago 20. A. mesentérica caudal
4. Tronco dorsal do n. vago 21. N. hipogástrico esquerdo
5. Aorta 22. Plexo mesentérico caudal
6. A. e n. intercostais 23. Gânglio mesentérico caudal
7. Ramo comunicante 24. A. e v. testiculares
8. Tronco simpático 25. Cólon descendente
9. A. celíaca 26. A. ureteral cranial
10. Quadrado lombar 27. Jejuno
lI. N. esplâncnico maior 28. Veia cava caudal
12. A. mesentérica cranial 29. Omento maior
13. Gânglio simpático lombar em L2 30. A. e plexo renais
14. N. esplâncnico menor 31. Glândula adrenal
15. Tendão do pilar esquerdo do diafragma 32. Tronco comum para v. frênica caudal e abdominal cranial
16. Psoas maior 33. Plexo adrenal
17. N. esplâncnico lombar 34. Gânglios e plexo celíacos e mesentéricos craniais
118 ABDOME, PELVE E MEJI.'IBRO PÉLVICO

Vários gânglios simpáticos localizam-se no abdome, em íntima 1. As artérias lombares pares (Figs. 144-146) deixam a superfí-
associação com os plexos. Tais gânglios são coleções de corpos celula- cie dorsal da aorta. Cada uma delas estende-se dorsalmente e termina
res de axônios pós-ganglionares. Os axônios pré-ganglionares devem em um ramo espinhal e um dorsal. Os ramos espinhais atravessam os
fazer sinapse em um desses gânglios. Os axônios vagais pré-gangliona- forames intervertebrais e anastomosam-se com a artéria espinhal ven-
res (parassimpáticos) não fazem sinapse aí, porém passam através dos tral, que se encontra no canal vertebral e irriga parte da medula espinal.
plexos para a parede do órgão inervado, onde fazem sinapse num corpo Os ramos dorsais irrigam os músculos e a pele acima das vértebras lom-
celular de um axônio pós-ganglionar. bares.
Os gânglios celíacos (Fig. 143) ficam nas superfícies direita e 2. A artéria celíaca (Figs. 143-145) é curta e origina-se da aor-
esquerda da artéria celíaca, perto de sua origem. Freqüentemente são ta, entre os pilares do diafragma. Possui três ramos: a artéria hepática, a
interligados, e inúmeros nervos dos gânglios acompanham os ramos artéria gástrica esquerda e a artéria esplênica (lienal). O plexo celíaco
terminais da artéria celíaca como um plexo. de nervos cobre a artéria em seu trajeto através do mesentério.
O gânglio mesentérico cranial (Fig. 143) situa-se caudal ao gân- A artéria hepática (Figs. 144, 145) é o primeiro ramo a deixar a
glio celíaco nos lados e na superfície caudal da artéria mesentérica cra- celíaca. Encontre sua origem da celíaca. Acompanhe este vaso dorsal
nial, a qual rodeia parcialmente. Muitos de seus nervos continuam dis- ao piloro, entre a curvatura menor do estômago e o fígado. Um a cinco
talmente na artéria mesentérica cranial, como o plexo mesentérico cra- ramos deixam a artéria hepática e entram no fígado. (Esses ramos são
nial. Devido à íntima relação dos plexos e gânglios celíacos e mesenté- cobertos com nervos.) A artéria cística deixa o último ramo hepático e
ricos craniais, são designados como gânglio e plexo celiacomesen- irriga a vesícula biliar. Não precisa ser dissecada. Após emitir ramos para
téricos. o fígado, a artéria hepática termina como as artérias gástrica direita e
O gânglio mesentérico caudal (Fig. 143) situa-se ventral à a- gastroduodenal. Isto ocorre no omento menor.
orta, ao redor da artéria mesentérica caudal, que é um ramo ímpar da A artéria gástrica direita é uma pequena artéria que se estende
aorta caudal dos rins, que supre o cólon. Nervos esplâncnicos lomba- do piloro em direção ao cárdia, para irrigar a curvatura menor no estô-
res entram no gânglio de cada lado. Os ramos também podem vir dos mago. Anastomosa-se com a artéria gástrica esquerda. Não precisa ser
plexos aórtico e celiacomesentérico. Alguns dos nervos que deixam dissecada.
o gânglio continuam ao longo da artéria como o plexo mesentérico A artéria gastroduodenal irriga o piloro e termina como as ar-
caudal. térias gastroepiplóica direita e pancreaticoduodenal cranial.
Os nervos hipogástricos direito e esquerdo deixam o gânglio e A artéria gastroepiplóica direita entra e segue no omento mai-
seguem caudalmente junto aos ureteres. Seguem no mesocólon, incli- or, ao longo da curvatura maior do estômago. Irriga o estômago e o
nam-se lateralmente e entram no canal pélvico. Suas ligações com os omento maior. A artéria gastroepiplóica direita anastomosa-se com a
plexos pélvicos serão descritas mais tarde. gastroepiplóica esquerda, um ramo da artéria esplênica (lineal).
A artéria pancreaticoduodenal cranial acompanha a bordz
mesentérica do duodeno descendente, onde irriga o duodeno e O lobo
Ramos da aorta abdominal direito adjacente do pâncreas. Anastomosa-se com a artéria
pancreaticoduodenal, que é um ramo da artéria mesentérica cranial.
Aorta abdominal A artéria gástrica esquerda (Figs. 144, 145) segue para a cur-
Tronco comum vatura menor do estômago, próximo ao cárdia, e irriga ambas as super-
A. frênica caudal fícies do estômago. Um ou mais ramos esofágicos passam cranialmen·
A. abdominal cranial te sobre o esôfago. Estende-se em direção ao piloro, onde se anastomo-
Aa. lombares sa com a artéria gástrica direita.
A. celíaca A artéria esplênica (lienal), um dos três principais ramos dz
A. hepática artéria celíaca, cruza a superfície dorsal do lobo esquerdo do pâncreas e
Ramos hepáticos aproxima-se do hilo do baço perto do seu meio. Emite ramos maiores
A. cística para cada extremidade do órgão e ramos menores para o pâncreas e as
A. gástrica direita porções centrais do baço. Ramos gástricos curtos vão do baço para :;:
A. gastroduodenal curvatura maior do estômago no ligamento gastroesplênico (gastrolie-
A. gastroepiplóica (gastroomental) direita nal). A artéria esplênica continua até a curvatura maior do estômago.
A. pancreaticoduodenal cranial como artéria gastroepiplóica esquerda. Esse vaso irriga o omen
A. gástrica esquerda maior e segue em direção à extremidade pilórica do estômago, onde
Ramos esofágicos anastomosa com a gastroepiplóica direita, um ramo da artéria hepáti
A. esplênica (lienal) 3. A artéria mesentérica cranial (Figs. 144, 145) deixa a ao
Aa. gástricas curtas caudal à artéria celíaca. É cercada proximalmente pelo plexo mesenté-
Ramos pancreáticos rico cranial de nervos e, em parte, pelo gânglio mesentérico crani
A. gastroepiplóica (gastroomental) esquerda Periféricos ao gânglio encontram-se os linfonodos mesentéricos e I~
A. mesentérica cranial mos da veia porta. Rebata-os do vaso. Observe os ramos da artéria fi::-
Tronco comum sentérica cranial.
A. cólica média As artérias média, direita e ileocólica originam-se de um tro
A. cólica direita comum da artéria mesentérica cranial. Rebata o intestino delgado
A. ileocólica dalmente e exponha o cólon cranial à raiz do grande mesentério. Disg-
Ramo cólico que sua irrigação sanguínea no mesocólon.
Ramo ileal mesentérico A artéria cólica média, o primeiro ramo de troncos com
A. cecal segue cranialmente no mesocólon até a borda mesentérica da fie
Ramo ileal antimesentérico cólica esquerda e parte descendente do cólon. Bifurca-se junto à fJ
A. pancreaticoduodenal caudal ra cólica esquerda. Um ramo segue distalmente no mesocólon d
Aa. jejunais dente, supre o cólon descendente e depois anastomosa-se com a ar:=
Aa. ileais cólica esquerda, um ramo da artéria mesentérica caudal. O outro IC.::::.
Aa. renais segue para a direita e forma uma arcada com a artéria cólica di:r=
Aa. testiculares e ováricas menor, irrigando o cólon transverso.
A. mesentérica caudal A artéria cólica direita segue no mesocólon direito em di:;:e -
A. cólica esquerda à flexura cólica direita, emitindo ramos para a parte distal do cól
A. retal cranial cendente e o cólon transverso adjacente. Forma arcadas com a
Aa. circunflexas profundas dos ilíacos cólica média e o ramo cólico da artéria ileocólica.
ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 119

A. hepática
esplênica

A. cellaca

1 ª vértebra lombar
Vv. hepáticas

A. mesentérica cran.

Tronco comum e v. abdominais craniais


V. abdominal cranial
V. frênica caudal

A. V. renal esq.

A. renal esq.

V. cava caudal

V. testicular
(V. ovárica) Aorta

A. testicular
(A. ovárica)
A. testicular
(A. ovárica)

A. mesentérica caudal

A. circunflexa profunda do ilíaco


V. circunflexa profunda do ilíaco ----

V. illaca comum
A. ilíaca interna
V. illaca interna
A. e v. sacrais medianas
V. illaca externa

Fig. 144 Ramos da aorta abdominal e tributárias da veia cava caudal, aspecto ventral.

A artéria ileocólica (Fig. 147) irriga o íleo, o ceco e o cólon as- 5. As artérias renais (Figs. 140, 144, 145) deixam a aorta em
cendente. O cólon ascendente é irrigado pelo ramo cólico. A artéria níveis diferentes. À direita, origina-se cranial à esquerda, de acordo com
cecal atravessa a superfície da junção ileocólica e irriga o ceco e a face a posição mais cranial do rim direito. É mais longa do que a esquerda e
antimesentérica do íleo. A artéria ileocólica continua como o ramo ileal fica dorsal à veia cava caudal.
mesentérico, para anastomosar-se com artérias ileais da artéria mesen- 6. A artéria ovárica (Figs. 133, 144, 146) da fêmea é homóloga
térica cranial. à artéria testicular do macho. Este vaso par origina-se da aorta aproxi-
A artéria pancreaticoduodenal caudal (Fig. 145) origina-se da madamente a meia distância entre as artérias renal e ilíaca externa. A
artéria mesentérica cranial, próximo ao tronco comum para o cólon. Se- artéria ovárica varia em tamanho, posição e tortuosidade, dependendo
gue para a direita no mesoduodeno até a porção descendente do duodeno, do grau de desenvolvimento do útero. Cada artéria ovárica divide-se em
perto da flexura caudal. Irriga o duodeno descendente e o lobo direito do dois ou mais ramos no mesovário medial aos ovários. Os ramos irrigam
pâncreas, e anastomosa-se com a artéria pancreaticoduodenal cranial. o ovário e sua bolsa, e a tuba e o como uterinos. O ramo para o corno
As artérias jejunais originam-se da face caudal da artéria me- uterino anastomosa-se com a artéria uterina, que segue cranialmente no
sentérica cranial. Formam arcadas no mesentério, junto ao jejuno. mesométrio.
A artéria mesentérica cranial termina pelas artérias ileais, a úl- A artéria testicular (Fig. 143) deixa a aorta na região lombar
tima das quais se anastomosa com um ramo da artéria ileocólica. média e atravessa a superfície ventral do ureter. A artéria testicular, a
4. O tronco comum das altérias frênicas caudal e abdominal cra- veia e o plexo nervoso ficam numa prega peritoneal, o mesórquio, que
nial (Fig. 146) é par e origina-se da aorta entre as artérias mesentérica pode ser acompanhado no nível do anel vaginal. Seu trajeto no cordão
cranial e renal. Este tronco comum atravessa a superfície ventral dos espermático foi dissecado.
músculos psoas, dorsal à glândula adrenal. A artéria frênica caudal se- As veias testicular e ovárica direitas entram na veia cava caudal
gue cranialmente para irrigar o diafragma. A artéria abdominal cranial próximo à origem da artéria oriunda da aorta. Entretanto, as veias testi-
continua na parede abdominal e ramifica-se entre o transverso do abdo- cular e ovárica esquerdas, geralmente, entram na veia renal esquerda.
me e o oblíquo interno do abdome, onde foi dissecada previamente. Isto é importante do ponto de vista cirúrgico.
A glândula adrenal pode receber ramos da aorta ou da artéria frê- 7. A artéria mesentérica caudal (Figs. 144-146) é ímpar e origina-se
nica caudal, renal ou lombar. próximo ao final da aorta. Entra no mesocólon descendente e segue
120 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

Gastroduodenal

Ramo ileal -,
antimesentérico

Fig. 145 Ramos das artérias celíaca e mesentérica cranial com suas principais anastomoses.

caudoventralmente para a borda mesentérica do cólon descendente, onde ter- da ventral do forame epiplóico (omental). Rebata o peritônio e o tecirl
mina em dois ramos de tamanho similar. A artéria cólica esquerda acompa- adiposo da superfície da veia tão caudalmente possível, como até a .
nha a borda mesentérica do cólon descendente cranialmente, para se anasto- do mesentério, e exponha os seus ramos.
mosar com a artéria cólica média. A artéria retal cranial desce ao longo do 1. A veia gastroduodenal é um pequeno ramo proximal da \'
reto e anastomosa-se com a artéria retal caudal oriunda da pudenda interna. porta. Entra na veia porta pelo lado direito, próximo ao corpo do pb-
8. A artéria circunflexa profunda do ilíaco (Fig. 146) é par e creas, e drena o pâncreas, o estômago, o duodeno e o omento maior.
origina-se da aorta, junto à origem da artéria ilíaca externa. Atravessa 2. A veia esplênica (lienal) entra na veia porta pelo lado esquero
os músculos sublombares lateralmente, e na borda lateral do psoas mai- exatamente caudal ao ramo gastroduodenal. É um ramo grande, que :;:-
or irriga a musculatura da porção caudodorsal da parede abdominal. A cebe sangue do baço, do estômago, do pâncreas e do omento maior. Rece-
artéria circunflexa profunda do ilíaco perfura a parede abdominal e tor- be a veia gástrica esquerda, que drena a curvatura menor do estômago.
na-se superficial ventral à tuberosidade coxal. Irriga a pele da área ab- 3. As veias mesentéricas cranial e caudal são os ramos tem:::,
dominal caudal, o flanco e a coxa cranial. Esse vaso foi seccionado nais distais da veia porta. A veia mesentérica cranial ramifica-se no ID:'-
quando o músculo psoas menor foi removido. sentério e coleta sangue do jejuno, do íleo, do duodeno caudal e do Iot--
direito do pâncreas. A veia mesentérica caudal drena o ceco e o cólolI..
Sistema venoso porta
A veia porta (Figs. 148, 149) conduz sangue venoso para o fíga- VÍSCERAS PÉLVICAS, VASOS E NERVO~
do, proveniente de vísceras abdominais: o estômago, o intestino delga-
do, o ceco, o cólon, o pâncreas e o baço. Isole o processo caudado do Para rebater o membro pélvico esquerdo, rebata primeirame~
fígado da parte descendente do duodeno e encontre a veia porta na bor- o pênis e o escroto para a direita. Seccione a sínfise pélvica com
ABDOME, PELVE E "MEMBRO PÉLVICO 121

lIíaca interna dir. Circunflexa profunda do ilíaco


Mesentérica caudal
Renal dir.
l'a. lombar
Femoral profunda

Tronco comum
Frênica caudal
Abdominal cranial

li' a. intercostal

Musculofrênica
Epigástrica caudal
Epigástrica superf. caud. Torácica interna

llíaca externa dir.


Pudenda externa

Fig. 146 Parte abdominal da aorta com relação às artérias epigástricas, face lateral.

Cólon ascendente

Ceco

A. ileocólica

Ramo ileal antimesentérico

Fig. 147 Ramos terminais da artéria ileocólica.


122 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

bisturi de cartilagem, serra ou cortadores de osso. Localize a asa do íleo As artérias ilíacas pares (Figs. 144, 146, 150) irrigam a pelve e
esquerdo e rompa todos os músculos que se fixam em suas superfícies o membro pélvico. A ilíaca externa segue ventrocaudalmente e torna-
medial e ventral. Aplique pressão suave, mas constante, ao osso coxal se a artéria femoral ao deixar o abdome através da lacuna vascular. A
esquerdo, abduzindo o membro, e ao mesmo tempo seccione a face cra- ilíaca interna origina-se caudal à ilíaca externa e segue
nioventral da articulação sacroilíaca. Corte o ligamento do pênis ao tú- cauda lateralmente na pelve.
ber isquiático. Deixe o membro imóvel. Todas as estruturas acompa- A artéria ilíaca interna e a artéria sacral mediana, menor e ím-
nhadas mais facilmente pela esquerda devem ser dissecadas por esse par, terminam a aorta. Encontre a origem desses vasos. A artéria ilíaca
lado. interna emite a artéria umbilical rudimentar e termina cranial à articula-
O músculo levantador do ânus (Figs. 150, 157, 159, 172) fica ção sacroilíaca, como as artérias gl útea caudal e pudenda interna. A glú-
medial ao músculo coccígeo. É um músculo delgado e amplo, que se tea caudal irriga principalmente músculos na parte externa da pelve e
origina na borda medial da haste de íleo e na superfície dorsal do púbis na coxa caudal. A pudenda interna distribui-se para as vísceras pélvicas
e na sínfise pélvica. Cobre a parte cranial do músculo obturador inter- e genitália externa no arco isquiático. Disseque os seguintes vasos do
no. O músculo apresenta-se caudal ao coccígeo, onde se insere na ter- lado esquerdo.
ceira à sétima vértebras caudais. Seccione esse músculo do lado esquer- No feto, a artéria umbilical é um grande vaso par, que conduz
do, próximo à sua origem, e rebata-o. sangue da aorta para a placenta através do umbigo. Encontre o resquí-
O músculo coccígeo (Figs. 150, 157, 159) fica lateral ao múscu- cio desse vaso. Origina-se próximo à origem da artéria ilíaca interna e
lo levantador do ânus. É mais curto e mais espesso, origina-se da espi- segue até o ápice da bexiga em seu ligamento lateral. Em alguns espé-
nha isquiática e insere-se nos processos transversos da segunda à quar- cimes, permanece patente até então e supre a bexiga com artérias vesi-
ta vértebras caudais. Seccione o músculo em sua origem e remova o ramo cais craniais. Distal à bexiga, o vaso está obliterado.
pélvico esquerdo. Os músculos levantador do ânus e coccígeo de cada Encontre a origem da artéria pudenda interna (Figs. 150-152),
lado formam um diafragma pélvico, através do qual os tratos genituri- a partir da ilíaca interna e disseque seus ramos. É o ramo menor, mais
nário e digestivo abrem-se para o exterior. ventral, que segue caudalmente no tendão terminal do psoas menor. No
O plexo pélvico (Fig. 150) fica caudal a um plano que passa pela nível da articulação sacroilíaca, a pudenda interna dá origem à artéria
entrada da pelve e dorsal à próstata. Encontra-se firmemente aderido à vaginal ou prostática.
superfície do reto e pode ser identificado acompanhando-se o nervo A artéria vaginal ou prostática forma um ângulo de aproxima-
hipogástrico esquerdo até ele. Às vezes, os gânglios são suficientemen- damente 45" com a pudenda interna. Passa ventralmente num arco e
te grandes para serem identificados no plexo. O plexo pélvico contém termina em ramos cranial e caudal. Na fêmea, o ramo cranial é a arté·
fibras simpáticas do nervo hipogástrico e fibras parassimpáticas do ner- ria uterina. A artéria uterina emite uma artéria vesical caudal para a
vo pélvico. bexiga; esta artéria tem ramos ureteral e uretral. A artéria uterina segue
O nervo pélvico (Fig. 150) é formado por axônios pré-ganglio- cranialmente ao longo do corpo e do corno do útero no ligamento largo
nares que deixam os nervos espinhais sacrais. Encontre o nervo pélvico e anastomosa-se com o ramo uterino da artéria ovárica no mesométrio.
esquerdo na parede lateral da porção distal do reto. Acompanhe-o pro- O ramo caudal da artéria vaginal é a artéria retal média, que emite
ximalmente até a sua origem. Ele emite ramos para os órgãos urogeni- ramos para o reto e a vagina. No macho, a artéria prostática passa
tais, o reto e o cólon descendente. caudoventralmente da pudenda interna para a glândula da próstata. Seu
A extensão da cavidade peritoneal dorsal ao reto de cada lado do ramo cranial é a artéria do dueto deferente, que emite uma artéria
mesorreto é a fossa pararretal (Figs. 129, 154). Caudalmente, esten- vesical caudal para a bexiga, com ramos ureteral e uretral. Continua,
de-se até cerca do plano da segunda vértebra caudal (ver Fig. 154). A em seguida, ao longo do ducto deferente, o qual irriga. O ramo caudal é
fossa pararretal é contínua ventralmente com o espaço peritoneal comum a artéria retal média, que irriga o reto, a próstata e a uretra.
entre o reto e o útero ou a próstata. Esta é a escavação retogenital. Na Rebata a pele e o tecido adiposo da fossa isquion'etal direita. A
fêmea, a escavação retogenital comunica-se ventralmente de cada lado artéria pudenda interna (Figs. 150, 153, 174) passa obliquamente atra-
do útero com a bolsa vesicogenital, entre o útero e a bexiga. A escava- vés da incisura isquiática maior. Continua ao longo da borda dorsal da
ção vesicogenital na fêmea e a retogenital no macho comunicam-se com espinha isquiática, lateral ao músculo coccígeo e medial aos músculos
a pequena escavação pubovesical entre a bexiga e a parede corpórea glúteos e ligamento sacrotuberal. Segue, então, medialmente para a fossa
ventral e o púbis. É dividida pelo ligamento mediano da bexiga. isquiorretal. Termina aí como uma artéria perineal ventral, uma artéria
uretral variável e uma artéria do pênis ou c1itóris. Estes vasos podem
ser dissecados de qualquer lado.
Artérias ilíacas A artéria perineal ventral pode ser vista passando caudalmen-
te. Emite uma artéria retal caudal para o reto e o ânus e termina na pele
do períneo e no escroto ou na vulva.
Artérias ilíacas
A artéria do pênis (Figs. 152, 153) segue caudoventralmente
Ilíaca interna
termina no nível do arco isquiático, como três ramos. A artéria do bulbo
A. umbilical
do pênis ramifica-se no bulbo e continua para irrigar o corpo esponjoso
A. pudenda interna e a uretra peniana. Observe essa artéria ao entrar no bulbo. A artéria
A. vaginal
profunda do pênis origina-se próximo à artéria do bulbo e entra no cOIJXI
A. uterina
cavernoso na raiz, isto é, no nível do arco isquiático lateral ao bulbo do
A. vesical caudal
pênis. A artéria dorsal do pênis segue sobre a superfície dorsal até c
A. retal média
nível do bulbo da glande, onde se divide e emite ramos para o prepúcio
A. prostática
Artéria do ducto deferente e a parte longa da glande. As artérias penianas são acompanhadas po:-
veias que têm um papel importante no mecanismo de ereção (Fig. 153
A. vesical caudal
Na fêmea, a artéria do clitóris segue caudoventralmente parz
A. retal média
ÍlTigar o clitóris e o bulbo vestibular.
A. uretral
A. perineal ventral
A. retal caudal Vísceras pélvicas
A. escrotal ou labial dorsal
Artéria do pênis ou artéria do clitóris A bexiga (Figs. 154-156) tem um ápice, um corpo e um colo. Trés
Artéria do bulbo do pênis pregas peritoneais, ligamentos, refletem-se da bexiga sobre as pared5
Artéria profunda do pênis pélvica e abdominal. O ligamento mediano da bexiga (Fig. 156) deix:.
Artéria dorsal do pênis a superfície ventral da bexiga e fixa-se à parede abdominal tão cr~
A. glútea caudal quanto o umbigo. No feto, contém o úraco e as artérias umbilicais.
ABD01Vrn, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 123

\
\
Gástrica esq.

Pancreaticoduodenal cran.

Cólon ascendente

o Retal cran.

Fig. 148 Tributárias da veia porta, face ventral.

ligamento lateral da bexiga segue para a parede pélvica e freqüente- Observe a entrada dos ureteres na bexiga. Ficam opostas uma a
mente contém um acúmulo de tecido adiposo, junto com o ureter e a outra próximo ao colo do órgão. O trígono da bexiga é a região trian-
artéria umbilical. gular dorsal situada dentro de linhas que ligam as aberturas uretrais na
Observe o tipo dos feixes de músculo liso na superfície da bexi- bexiga e a saída uretral dela.
ga. Passam obliquamente pelo colo da bexiga e pela origem da uretra. O reto (Figs. 154, 162) é a continuação do cólon descendente
O músculo é inervado pelo nervo pélvico (neurônios paras simpáticos através da pelve. Começa na entrada pélvica. O canal anal é um pro-
sacrais). Não existe qualquer esfíncter anatômico na bexiga. longamento do reto até o ânus. É constituído de três zonas e começa com
O músculo uretral é estriado e fica restrito à pelve, onde envol- a zona co1unar, onde a mucos a do reto forma pregas longitudinais. As
ve a uretra pélvica e serve como um esfíncter voluntá.1io para reter a urina. cristas longitudinais denominam-se colunas anais, que terminam na
É inervado pelo nervo pudendo (neurônios aferentes somáticos sacrais). zona intermediária, ou linha anocutânea, onde se formam pequenas
O músculo liso na uretra funciona como um esfíncter e é basicamente bolsas, os seios anais, entre as colunas. Distal a essa linha fica a zona
inervado por neurônios eferentes viscerais simpáticos. Faça uma inci- cutânea maior do canal anal, a qual possui delicados pêlos, glândulas
são ventral média através da parede da bexiga e da uretra. No macho, circum-anais microscópicas e, de cada lado, a proeminente abertura
ela deve incluir a próstata. ventrolatera1 do saco anal (seio parana1). O canal anal é rodeado por
Examine as mucosas da bexiga e da uretra. Se a bexiga estiver um músculo esfíncter interno liso e um externo estriado (Figs. 157,
contraída, sua mucosa irá projetar-se em inúmeras pregas, ou rugas, 158). A abertura externa do canal anal é o ânus. Seccione o esfíncter
como conseqüência de sua inelasticidade. externo à esquerda e rebata-o do saco anal. Esse músculo recebe seu
124 ABDOME, PELVE E JYIEMERO PÉLVICO

Fig. 149 Esquema do sistema venoso, face lateral direila.


1. Veia cava caudal 22. Renal
2. Veia cava cranial 22a. Testicular ou ovárica
3. Ázigos 23. Circunflexa profunda do ilíaco
4. Vertebral 24. Ilíaca comum
5. Jugular interna 25. Ilíaca interna direita
6. Jugular externa 26. Sacra! mediana
7. Linguofacial 27. Vaginal ou prostática
8. Facial 28. Caudal lateral
8a. Angular do olho 29. Glútea caudal
9. Maxilar 30. Pudenda interna
10. Temporal superficial 31. I1íaca externa direita
11. Seio sagital dorsal 32. Profunda da coxa
12. Axilar 33. Tronco pudendoepigástrico
12a. Axilobraquial 34. Femoral
12b.Omobraquial 35. Safena medial
13. Cefálica _~ 36. Tibial cranial
l3a. Cefálica acessória 37. Safena lateral
14. Braquial 38. Porta
15. Mediana 39. Gastroduodenal
16. Ulnar 40. Esplênica
17. Torácica interna 41. Mesentérica caudal
18. Plexo venoso vertebral interno direito 42. Mesentérica cranial
19. Intervertebra! 43. Jejuna!
20. Intercostal
21. Hepática
ABDOIVIE, PELVE E ~1EMBRO PÉLVICO 125

Fig. 150 Nervos autônomos e vasos (artérias) da região pélvica, face lateral esquerda.
1. Plexo mesentérico caudal 22. Nervo cutâneo caudal da coxa
2. Nervos hipogástricos direito e esquerdo 23. Nervo pudendo
3. Artéria mesentérica caudal 24. Coccígeo
4. Gânglio mesentérico caudal 25. Levantador do ânus
5. Aorta 26. Nervo e artéria perineais
6. Psoas menor 27. Plexo pélvico
7. Nervo cutâneo lateral da coxa 28. Artéria e nervo para o clitóris
8. Músculos oblíquos abdominais 29. Uretra
9. Artéria circunflexa profunda do ílio 30. Vagina
10. Artéria ilíaca externa 31. Ramo uretral da artéria vaginal
11. Artéria ilíaca interna 32. Artéria vesical caudal
12. Quadrado lombar 33. Bexiga
13. Iliopsoas 34. Artéria vaginal
14. Nervo femoral 35. Artéria vesical cranial
15. Articulação sacroilíaca 36. Artéria pudenda interna
16. Artéria glútea caudal 37. Ureter e ramo uretral da artéria vaginal
17. Nervos lombares 6 e 7 38. Artéria umbilical
18. Primeiro nervo sacral 39. Artéria uterina
19. Segundo nervo sacral 40. Corno uterino
20. Terceiro nervo sacral 41. Cólon descendente
21. Nervo pélvico

suprimento nervoso do nervo retal caudal (pudendo) e sua irrigação Macho


sanguínea da artéria perineal ventral.
Observe o saco anal (Figs. 157, 158), exponha o seu dueto e en- A próstata (Figs. 154, 155) circunda completamente o colo da
contre a abertura da zona cutânea do canal anal. Na parede desse saco bexiga e o início da uretra. Examine a superfície, a forma, o tamanho e
há glândulas microscópicas, cuja secreção acumula-se na luz do saco. a localização da próstata em vários espécimes. O tamanho e o peso nor-
A secreção é lançada através do dueto do saco anal. Abra o saco e exa- mais da próstata variam muito. O órgão geralmente fica na entrada pél-
mine seu interior. vica. É maior e estende-se mais além no abdome em cães mais velhos.
O músculo esfíncter interno do ânus é uma dilatação do reves- A próstata é achatada dorsalmente e arredondada ventralmente e dos
timento muscular circular liso do canal anal. Não é tão nítido quanto o lados. É fortemente encapsulada. Fibras musculares da bexiga seguem
esfíncter externo. caudalmente em sua superfície dorsal. Um septo longitudinal sai da parte
O músculo retococcígeú (Figs. 157, 159) continua o revestimento ventral da cápsula e atinge a uretra, dividindo, assim, parcialmente, a glân-
longitudinal do reto até a superfície ventral da cauda. Rebata os múscu- dula ventralmente em lobos direito e esquerdo. Isto é indicado na super-
los levantador do ânus e coccígeo do lado esquerdo do reto. Observe o fície ventral por um sulco raso, porém distinto. Observe que a uretra se-
músculo retococcígeo originando-se da superfície dorsal do reto, crani- gue através do centro da glândula. Abra a uretra e examine a sua luz.
ai aos músculos esfíncteres. Acompanhe-o caudalmente até sua inerva- A uretra masculina é composta de uma parte péIvica dentro da
ção nas vértebras caudais. pelve e uma parte esponjosa dentro do pênis. A crista uretraI projeta-
126 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

Glútea cran.
lIiolombar
Ramo espinhal sacra I

Caudal ventral
Sacral mediana

llíaca inl. dir.


Caudal mediana

lIíaca ext. dir.


Caudallal. ventral
Aa. lombares
Caudal Ia I. dorsal

Caudal Ia I. Circunflexa profunda do i/íaco

Aorta
Pudenda int.
Mesentérica caud.
Retal caudal

Perineal ventral r Umbilical

-- Ureter

Cólica esquerda
A. do bulbo do vestíbulo

Pudenda interna
A. do clitóris

Vesical cranial

Ramo uretral
Vesical caudal
Retal média
Cérvix

Fig. 151 Artérias das vísceras pélvicas da fêmea, face lateral direita.

se na luz a partir da parede dorsal da parte prostática da uretra pélvica. O músculo retrator do pênis (Figs. 159, 160) origina-se da s
Perto do seu meio, e projetando-se na luz da uretra, há uma pequena sali- perfície ventral do sacro, ou das primeiras duas vértebras caudais, une-
ência, o colículo seminal. De cada lado dessa saliência, abrem-se os due- se com o esfíncter anal externo e estende-se distalmente na superfíciE
tos deferentes. Há muitas aberturas prostáticas em ambos os lados da crista ventral do pênis até o nível da glande, onde se insere. Na região do (:5-
uretral e geralmente podem ser vistas, se a glândula for comprimida. fíncter anal, há uma troca de fibras musculares entre o músculo retraI
do pênis e o esfíncter anal externo. Observe o músculo retratar no ca:--
PÊNIS po do pênis.
O músculo bulboesponjoso (Figs. 159,160) salienta-se entre~
músculos isquiocavernosos, ventral ao esfíncter anal externo. As fib
O pênis é composto de uma raiz, um corpo e uma glande (Figs.
do bulboesponjoso são transversais proximalmente, onde cobrem (l!;
153, 154, 160). A superfície dorsal do pênis faz face à sínfise pélvica e
bulbos do pênis, e longitudinais distalmente, onde passam sobre o coc-
à parede abdominal. No estado não ereto, a glande fica inteiramente con-
po do pênis.
tida no prepúcio .. Entre os ramos, fica o bulbo do pênis, que é um prolongame.
O prepúcio é uma bainha tubular ou prega de tegumento, que é
do corpo esponjoso do pênis que envolve a uretra. Essa expansão cr-=
contínua com a pele da parede abdominal ventral e reflete-se sobre à forma o bulbo peniano localiza-se no arco isquiático. É irrigada pe.::
glande. Tem uma camada interna lisa e uma camada exte.rna peluda, que artéria do bulbo e coberta caudalmente pelo músculo bulboesponj
se encontram no orifício prepucial. Em seu recesso mais profundo, o
Observe o bulbo peniano e sua relação com a uretra na raiz do pênis..
fórnice do prepúcio, a camada interna reflete-se sobre a glande como
O corpo do pênis estende-se da raiz, onde os ramos fundem-=
a pele da glande. No estado ereto, o fórnice é eliminado, uma vez que a
um ao outro, até a glande, que cobre o osso peniano na porção caUl
camada interna do prepúcio fica firmemente aderida ao corpo do pênis. (Fig. 153). Observe que a região no começo do corpo do pênis é Cai::-
Abra o prepúcio por uma incisão ventral média, desde o orifício até o
primida de um lado ao outro e envolta por uma túnica espessa. É c~
fórnice. Continue a incisão cutânea ventral média até o ânus, para ex-
de ser inclinado sem torcer quando o macho desmonta durante o coiro =
por todo o comprimento do pênis.
permanece "travado" por um período variável.
A raiz do pênis é formada pelos ramos direito e esquerdo, que se
O corpo cavernoso do pênis de cada ramo converge para
originam no túber isquiático de cada lado. A raiz termina onde os ra-
equivalente na face dorsal do corpo do pênis, e os dois corpos es
mos fundem-se um ao outro na linha média, para formar o corpo. Cada
dem-se lado a lado por todo o corpo até o osso peniano. Um septo 0;'-
ramo é composto de tecido cavernoso, corpo cavernoso do pênis, irri-
diano separa completamente os dois corpos, e cada um deles é cobe.:=
gado pela artéria profunda do pênis e rodeado por uma espessa túnica
por uma cápsula branca (túnica albugínea) em toda a sua extensão. ~
fibrosa, túnica albugínea. Examine a raiz. O ramo esquerdo foi secci- dois corpos cavernosos formam um sulco ventralmente, que conté:;:. ~
onado quando o membro foi rebatido. As trabéculas e os espaços vas- uretra e o delicado corpo esponjoso circundando a uretra. Efetue y' -
culares podem ser vistos na superfície do corte. Observe a firme fixa- secções transversais pelo corpo do pênis, para estudar essas estru
ção do ramo direito ao túber isquiático. A glande do pênis é composta de duas partes, o bulbo da
O músculo isquiocavernoso (Figs. 159, 160) origina-se do tú- de proximal e a parte longa da glande mais alongada, distal (Figs. ~
ber isquiático, cobre a origem do ramo e insere-se distalmente a ele. 160). O bulbo da glande, rodeando a extremidade proximal do
ABDOME, PELVE E lVffiMBRO PÉLVICO 127

Glútea cran. lfiolombar

Ramo espinhal sacral

/líaca ext. dir.

Aa. lombares
Caudal Ia I. dorsal

Caudallat. Circunflexa profunda do ilíaco

Aorta
Pudendaint.

Mesentérica caudal
Retal caudal
Umbilical
A. do pênis
Ureter
Uretral

Cólica esquerda
Perineal ventral

A. do bulbo
Pudenda interna
A. profunda do pênis

A. dorsal dir. do pênis


Dueto deferente

Vesical caudal

Prostática A. do dueto deferente

Fig. 152 Artérias das vísceras pélvicas do macho, face lateral direita.

peniano, é uma estrutura vascular dilatável, que é responsável, em grande A vagina (Fig. 162) localiza-se entre o colo (cérvix) uterino e o
parte, pela retenção do pênis na vagina durante a cópula. A parte longa vestíbulo. A parte mais cranial da vagina é o fórnice (ou fórnix), que se
da glande é uma estrutura de tecido cavernoso que se sobrepõe à meta- estende cranial ao colo (cérvix), ao longo de sua borda ventral. O reves-
de distal do bulbo da glande e continua até a extremidade distal do pê- timento mucoso da parte restante da vagina projeta-se em pregas longi-
nis, circundando parcialmente o osso peniano e a uretra. A parte longa tudinais, que têm pequenas pregas transversais. São evidências de sua
da glande não tem nenhuma comunicação vascular com o corpo espon- capacidade para aumentar tanto no diâmetro, como no comprimento. As
joso do pênis e fica separada do bulbo da glande por uma camada de pregas longitudinais terminam dorsalmente, no nível do orifício uretral,
tecido conjuntivo. Canais venosos drenam a parte longa da glande para onde a vagina une-se ao vestíbulo. Uma prega longitudinal dorsal sali-
o bulbo da glande através dessa camada. Faça uma incisão longitudinal ente na vagina cranial obscurece o óstio uterino externo e torna difícil o
no dorso do pênis, através da glande, para observar essa estrutura. cateterismo.
O osso do pênis (Figs. 160,161) é um longo osso sulcado ven- O vestíbulo (Fig. 162) é a cavidade que vai da vagina à vulva.
tralmente, que fica quase que inteiramente dentro da glande peniana. A Abra o vestíbulo e a vagina por uma incisão através da parede dorsal. O
base dilatada, áspera e truncada do osso origina-se na túnica albugínea, tubérculo uretral projeta-se do assoalho da parte cranial do vestíbulo.
na extremidade distal dos corpos cavernosos. Desenvolve-se como uma A uretra abre-se nesse tubérculo, que fica no nível do arco isquiático.
ossificação das extremidades distais fundidas dos corpos cavernosos. O Observe sua relação com a vulva, situada mais ventralmente.
corpo do osso peniano estende-se através da glande do pênis. A base e No assoalho do vestíbulo, profundamente à mucosa, encontram-
o corpo são sulcados ventralmente pelo sulco uretral, que rodeia a ure- se duas massas alongadas de tecido erétil, os bulbos vestibulares. São
rra e o corpo esponjoso em três lados. O osso termina como uma fibro- homólogos aos bulbos do pênis do macho e ficam em íntima proximi-
::artilagem longa e pontiaguda na ponta da glande, dorsal à abertura dade com o corpo do clitóris. É difícil distingui-Ios.
uretral. O cIitóris é o homólogo feminino do pênis. É uma pequena es-
No nível do bulbo, em forma de colar da glande do pênis, há uma trutura localizada no assoalho do vestíbulo, perto da vulva. É composto
;::omunicação entre o corpo esponjoso do pênis e o bulbo da glande. de dois ramos, um corpo curto e uma glande clitoriana, difíceis de iden-
.\ artéria dorsal do pênis segue para a glande, onde irriga o prepúcio, o tificar. A glande do clitóris é uma estrutura erétil muito pequena que fica
:orpo esponjoso e a parte longa da glande. na fossa do cIitóris. A fossa é uma depressão no assoalho do vestíbulo
e não deve ser confundida com a abertura uretral. A parede dorsal da
fossa cobre parcialmente a glande do clitóris e corresponde ao prepúcio
Fêmea masculino. Identifique a fossa e a glande do clitóris. Apenas raramente
se encontra presente um osso clitoriano na glande.
O colo (ou cérvix) (Figs. IS I, 162) é a porção caudal comprimi- O músculo retratar do clitóris (Fig. 163), um homólogo do retratar
da do útero. O canal cervical fica numa posição quase vertical, com a do pênis no macho, origina-se nas duas primeiras vértebras caudais. une-
J.bertura uterina (óstio uterino interno) em posição dorsal e a abertura se ao esfíncter anal externo, funde-se com o constritar da vulva e conti-
"aginal (óstio uterino externo) em posição ventral. nua na superfície ventral do clitóris.
128 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

Glútea caudal
A. e v. femorais

A.

A. e v. retais caudais

V. dorsal com. do pênis

A. e v. perineais

Artéria do bulbo

Ramo direito do pênis

A.

Corpo do pênis
Ramo superficial da a.
Ramo profunda da a. dorsal
Ramo prepucial da a. dorsal

Região do bulbo da glande

Região da parte longa da glande


Veia superficial da glande

Prepúcio

Fig. 153 Vasos do pênis e do prepúcio (modificado de Christensen, 1954).


ABDOME, PELVE E ~IEMBRO PÉLVICO 129

Fossa pararretal

Sacro

Abertura do saco anal

Escavação retogenital

Uretra
Dueto deferente
Raiz do pênis

Bexiga

Fig. 154 Secção mediana através da região pélvica do macho

A vulva inclui os dois lábios e o orifício urogenital que eles li- mea, O útero não grávido às vezes pode ser sentido entre eles. À medida
mitam, a rima do pudendo. Os lábios fundem-se acima e abaixo da rima que o útero dilata-se com o avanço da gestação, será percebido no ab-
do pudendo, formando as comissuras dorsal e ventral. A comissura dome ventral. Dorsal ao cólon, podem ser sentidos linfonodos lomba-
dorsal é ventral a um plano dorsal através da sínfise pélvica. A comissura res e ilíacos dilatados por enfermidade.
ventral está direcionada caudoventralmente. Fique sobre ou ao lado do cão em estação e palpe os dois lados
Observe o trajeto da uretra feminina, introduzindo uma sonda simultaneamente, começando cranialmente no arco costal e progredin-
flexível através dela. Estende-se da bexiga caudodorsalmente sobre a do caudalmente. O fígado, em geral, não é sentido. Do lado esquerdo, o
borda cranial da sínfise pél vica, até o trato genital caudal à junção estômago vazio não é palpável, mas o estômago cheio será percebido.
vaginovestibular. Termina no orifício uretral externo, no tubérculo ure- O baço deve ser sentido à esquerda, atrás do arco costal. O rim esquer-
traI, que é dorsal à rima do pudendo. do é mais profundo, mas geralmente palpável. Cranialmente, à direita,
nenhum órgão específico é palpável. Se for provocada dor, os órgãos a
Cão vivo serem considerados como uma fonte de irritação incluem o fígado, o
pâncreas, o piloro e o rim direito. Às vezes, o duodeno descendente pode
A palpação abdominal é uma arte que requer considerável expe- ser sentido à direita. O rim direito, em geral, não é sentido. Lembrar-
riência para ser desenvolvida. Depende do seu conhecimento da anato- se de sua íntima relação com o processo caudado do lobo caudado do
mia topográfica dos órgãos abdominais. Nem todos os órgãos são pal- fígado. O cólon descendente pode ser sentido à esquerda. Na região
páveis, e alguns não podem ser sentidos em todos os cães. No cão em abdominal média ventral, é possível sentir as alças do intestino del-
estação, prenda delicadamente o abdome caudal com uma das mãos e gado deslizarem entre os dedos. O íleo e o ceco geralmente não são
palpe a bexiga ventralmente e o cólon descendente acima dela. Na fê- palpáveis. Profundamente na região abdominal média, é possível sen-

Ureter

Dueto deferente

duetos deferentes
{Orifícios dos

Colíeulo seminal

Uretra
B
Fig. 155 Bexiga, próstata e estruturas associadas.
130 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

1ª vértebra caudal

Fossa pararretal

Escavação retogenital
Ligamento largo do útero

Escavaçnao vesicogenital
Í1io

Ligamento lateral da bexiga

Bexiga
Escavação pubovesical
Peritônio visceral
Ligamento mediano da bexiga

Fig. 156 Transecção esquemática da cavidade pélvica da fêmea.

tir linfonodos mesentéricos, mas apenas se estiverem dilatados por en- Estenda delicadamente a cauda e observe a zona cutânea do ca-
fermidade. nal ana!. Encontre as aberturas dos sacos anais de cada lado da parte
No macho, palpe a raiz do pênis. Sinta os músculos isquiocaver- cranial dessa zona.
nosos revestindo os ramos de cada lado do músculo bulboesponjoso que
cobre o bulbo do pênis. Sinta o corpo do pênis, firme e levemente com-
primido, formado pelos dois corpos cavernosos e o sulco ventralmente, VASOS E NERVOS DO MEMBRO
que contém a uretra e o corpo esponjoso do pênis. Incline o corpo e ob- PÉLVICO (QUADRO 3)
serve sua flexibilidade. No cruzamento canino normal, o macho sobe na
fêmea com um membro pélvico e volta-se na direção oposta enquanto
ainda está cobrindo a fêmea. O pênis inclina-se sem torcer no nível do Artéria iliaca interna
corpo peniano. Palpe ajunção dos corpos cavernosos do pênis com o osso
peniano. Às vezes, esse é o local de obstrução da uretra com cálculos. Palpe Artéria ilíaca interna
o comprimento do osso peniano e as duas partes da glande do pênis que A. umbilical
o cobrem. Palpe os linfonodos inguinais superficiais na prega cutânea que A. pudenda interna
suspende o pênis no nível do bulbo da glande. Normalmente, são achata- A. glútea caudal
dos e difíceis de sentir. Palpe o cordão espermático a partir do anel ingui- A. iliolombar
nal superficial até os testículos. Palpe os testículos e o epidídirno no escroto. A. glútea cranial
Na fêmea, abra a vulva e observe a fossa do clitóris. A abertura uretral A. lateral caudal
em seu tubérculo fica dorsal a ela no nível do arco isquiático e não é visível. A. perineal dorsal

Esfíncter anal externo


Reto (rebatido)

Esfíncter anal interno

Saco anal (seio paranal)


Retratar do pênis, parte retal

Retratar do pênis

Bulboesponjoso

Fig. 157 Músculos da região anal, face lateral esquerda.


ABDONIE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 131

Quadro 3 VASOS E NERVOS DO MEMBRO PÉLVICO


Áreas Suprimento Arterial Suprimento Nervoso
Músculo Cranial da Coxa
Extensor do joelho:
Quadríceps da coxa Circunflexa lateral da coxa Femoral
Músculos Mediais da Coxa
Adutores do membro pélvico: Profunda da coxa Obturador
Grácil, Adutor, Pectíneo Caudais da coxa
Músculos Caudais da Coxa
Flexores e extensores do joelho: Profunda da coxa Ciático
Bíceps da coxa Glútea caudal
Semimembranáceo Caudais da coxa
Semitendíneo
Músculos Craniais da Perna
Flexores do tarso: Tibial cranial Fibular
Tibial cranial,
Fibular longo
Extensor dos dedos:
Extensor longo dos dedos
Músculos Caudais da Perna
Flexor do joelho: Poplítea Tibial
Poplíteo Caudal distal da coxa
Extensor do tarso:
Gastrocnêmio
Flexores dos dedos:
Flexor superficial dos dedos
Flexores profundos dos dedos
Superfície Dorsal do Pé
Superficial Safena Fibular
Profundo Dorsal do pé
Superfície Plamar do Pé
Superficial Safena Tibial
Profundo Dorsal do pé
(ramo perfurante)

A artéria glútea caudal (Figs. 148, 150-153, 164, 166, 174) é o Acompanhe a artéria glútea caudal ao passar sobre a espinha is-
maior dos dois ramos terminais da artéria ilíaca interna. Origina-se oposta quiática com o nervo ciática ventral ao ligamento sacrotuberal (Fig. 167).
à articulação sacroilíaca e segue caudalmente através da incisura isqui- Aí, a artéria irriga os glúteos superficial e médio, os rotadores do coxa1
ática maior e sobre a espinha isquiática lateral ao músculo coccígeo, e o músculo adutor. Divide-se em diversos ramos, que irrigam os mús-
paralela à artéria pudenda interna. Os ramos da glútea caudal são as ar- culos bíceps da coxa, semitendíneo e semimembranáceo. Volte o bíceps
térias iliolombar, glútea cranial, artérias caudal lateral e perineal dorsal da coxa caudalmente, para expor a artéria glútea caudal, que fica pro-
(Fig. 164). As veias (Fig. 165) não serão dissecadas. Observe a origem funda a ele, perto do ligamento sacrotuberal e do túber isquiático.
da artéria glútea caudal na face medial do ílio direito, na entrada pélvi-
ca. Afaste a artéria glútea caudal do ílio e observe o ramo iliolombar
seguindo cranial à asa do ílio e o ramo glúteo cranial, que segue caudal
Artéria iliaca extema e ramos principais
à asa do ílio, através da incisura isquiática maior (Fig. 164). A. Ilíaca externa
Faça uma incisão cutânea na superfície medial da coxa direita até
A. profunda da coxa
o joelho. Circunde o joelho e rebata a pele lateral da pelve, quadril e
coxa. Tronco pudendoepigástrico
A. epigástrica caudal
Exponha a inserção do glúteo superficial profundamente à borda
A. pudenda externa
proximal do bíceps da coxa. Seccione a inserção nesse nível. Rebata a A. circunflexa medial da coxa
porção proximal do glúteo superficial até sua origem. Seccione o mús- A. femoral
culo glúteo médio a 1 cm da crista do ílio. Comece na borda cranial do
A. circunflexa superficial do ílio
osso e desprenda o músculo da superfície glútea. A. circunflexa lateral da coxa
A artéria e o nervo glúteo craniais (Figs. 164, 166, 167) pas- A. caudal proximal da coxa
sam pela parte cranial da incisura isquiática maior do ílio e entre os A. safena
músculos glúteos médio e profundo, os quais suprem. O nervo glúteo A. genicular descendente
cranial também continua no tensor da fáscia lata e o inerva.
A. caudal média da coxa
A artéria iliolombar (Figs. 151, 166, 174) origina-se próximo à A. caudal distal da coxa
origem da artéria glútea caudal ou diretamente da ilíaca interna. Segue
A. poplítea
pela borda cranioventral do ílio e supre os músculos psoas menor, ili- A. tibial cranial
opsoas, sartório, tensor da fáscia lata e glúteo médio. Na face lateral,
A. dorsal do pé
observe sua distribuição terminal para a superfície profunda da extre-
A. arqueada
midade cranial do glúteo médio. Aa. metatársicas dorsais
Seccione o bíceps da coxa a meia distância entre sua origem e o
Ramo perfurante
joelho. Seccione o semitendíneo I cm dista1 à secção transversal atra- A. tibial caudal
vés do bíceps. Volte ambos os músculos em direcão às suas origens. A
artéria glútea caudal fica na face ventrocranial do ligamento sacrotube- A artéria ilíaca externa direita (Figs. 144, 146, 164, 166) ori-
ral e, nesse local, emite vários pequenos ramos para músculos adjacen- gina-se da aorta, em nível com a sexta e a sétima vértebras lombares.
tes: a artéria caudal lateral para a cauda e a artéria perineal dorsal para o Segue caudoventra1mente e relaciona-se lateralmente, próximo à sua
períneo, que não precisam ser dissecadas. origem, com a veia ilíaca comum e o músculo psoas menor. Bem mais
132 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

ílio

M. glúteo profundo

M. glúteo médio
Prostáticas cJ
Vaginais 9 A. e v.
N. isquiático

A. e v. glúteas caudais

Fáscia glútea

M. glúteo superficial

Tecido adiposo na
fossa isquiorretal
M. levantador do ânus

Esfíncter anal externo

Dueto do saco anal


Abertura do ducto do saco anal
Zona columir do ânus Zona cutânea do ânus

Fig. 158 Secção dorsal através do ânus. (Corte lateral direito em nível inferior através do dueto do saco anal.)

distalmente, fica sobre o músculo iliopsoas. A ilíaca externa" ao passar Exponha a artéria e a veia femorais e o nervo safeno no trígono
pela parede abdominal, torna-se a artéria femoral. A abertura por onde femoral. Este trígono é limitado cranialmente pelo sartório, lateralmente
passa a artéria ilíaca externa é a lacuna vascular, localizada entre o li- pelo vasto medial e pelo reto da coxa, e caudalmente pelo pectíneo e
gamento inguinal e a pelve. pelo adutor da coxa.
A artéria profunda da coxa é o único ramo da artéria ilíaca Após emitir o tronco pudendoepigástrico, a artéria profunda da
externa e origina-se no abdome, perto da lacuna vascular, seguindo cau- coxa continua como a artéria circunflexa medial da coxa (Figs. 166,
dalmente. Dois vasos deixam a superfície ventral da artéria profunda da 168), que deixa o abdome pela lacuna vascular. Prossegue caudalmen-
coxa dentro do abdome, por um pequeno tronco pudendoepigástrico. te entre os músculos quadríceps da coxa e pectíneo e entra no adutor.
São as artérias pudenda externa e epigástrica caudal. A artéria pudenda Seccione o pectíneo em sua origem e rebata-o. Seccione a origem do
externa atravessa o canal inguinal e já foi dissecada. grácil e rebata o músculo caudalmente. Seccione a origem do adutor.
A artéria epigástrica caudal (Fig. 168) origina-se do tronco Poupe os ramos da artéria circunflexa medial da coxa e o nervo obtu-
pudendoepigástrico e segue cranialmente na superfície dorsal do reto rador, que entram em sua face cranial. Remova porções do músculo
do abdome. Irriga a metade caudal do reto do abdome e as partes ven- adutor, para acompanhar a distribuição da artéria circunflexa medial
trais dos músculos oblíquo e transverso. da coxa.

M. coccígeo
M. levantador
do ânus

Túber isquiático

Fig.159 Períneo do macho. A, Músculos superficiais, face caudal. B, Corte dorsal através da cavidade pélvica. O bulbo bilobado do pênis está seccionado e a porção
proximaI, removida.
ABDOi.\'IE, PELVE E MENIBRO PÉLVICO 133

M. bulboesponjoso

Extremidade fibrocartilagmosa
do osso peniano

A
Uretra
Corpo esponjoso

Bulbo da pênis c~...• ~


~Uretra
Túnica albugínea
Corpo cavernoso

M. bulboesponjoso -.t,?,--
.'-...... Corpo esponjoso
M. retrator do pênis M. retratar do pênis

Bulbo do glande

Osso peniano
B Ramo do corpo cavernoso
e corpo doesponjoso
{ Anast. bulbo da glande
M. isquiocavernoso

Uretra

Corpo esponjoso E- E'pite'I'10 escamoso


.••
M. bulboesponjoso Parte longa da glande
M. retratar do pênis Osso peniano

Corpo esponjoso

Fig. 160 Secções mediana e transversal do pênis (de Christensen, 1954).

À medida que a artéria circunflexa medial da coxa aproxima-se A artéria circunflexa lateral da coxa (Figs. 164, 166) é um
do grande músculo adutor, emite um ramo profundo que desce distal- grande ramo, que passa entre o reto da coxa e o vasto media!. Embora a
mente entre os músculos adutor e vasto medial, irrigando ambos. Pe- maior parte do vaso ramifique-se no quadríceps, irriga também o tensor
quenos ramos da circunflexa medial da coxa suprem os músculos obtu- da fáscia lata, os glúteos superficial e médio e a cápsula da articulação
radores e a cápsula da articulação coxofemoral. O ramo transverso coxofemoral.
passa caudalmente pelo músculo adutor, o qual irriga, e termina no A artéria caudal proximal da coxa (Fig. 164) deixa a supetfície
músculo semimembranáceo. caudal da femoral, dista! à origem da circunflexa lateral da coxa na re-
A artéria femoral (Figs. 164, 166-171) é a continuação da arté- gião média da coxa. Estende-se distocauda!mente sobre os músculos pec-
ria ilíaca externa além do nível da lacuna vascular. Os ramos da artéria tíneos e adutor, os quais irriga, e entra na superfície profunda do gráci!.
femoral, na ordem de origem, são: circunflexa superficial do ílio, cir- Faça uma incisão cutânea do joelho até a unha do segundo dedo.
cunflexa lateral da coxa, caudal proximal da coxa, safena, genicular Remova a pele tão distalmente quanto o coxim metatársico. Tente dei-
descendente e caudal média e distal da coxa. xar os vasos subcutâneos no membro.
A artéria circunflexa superficial do ílio é um pequeno ramo que A artéria safena (Figs. 164, 170), a veia e o nervo continuam
se origina da face lateral da artéria femoral, perto ou com a artéria cir- distalmente entre as bordas convergentes da parte caudal do sartório e o
cunflexa lateral da coxa. A artéria circunflexa superficial do ílio segue gráci!. Observe que a artéria safena origina-se da femoral, proximal ao
cranialmente e irriga ambas as partes do sartório, o tensor da fáscia lata joelho. A artéria safena irriga a pele na face medial do joelho e termina
e o reto da coxa. Toma-se superficial na espinha ilíaca ventral cranial num ramo cranial e num caudal.
da tuberosidade coxa!. Seccione ambas as partes do sartório acima do O ramo cranial (Figs. 164, 170, 176) da artéria safena origina-
vaso e observe seus ramos. se oposto à extremidade proximal da tíbia, cuja superfície medial cruza
134 ABDONIE, PELVE E l\IEi\ffiRO PÉLVICO

Base

Ápice

'" ,

-tt"
/

 Sulco uretral i
", '+

Fig. 161 Osso peniano com secções transversais, face lateral esquerda,

obliquamente, e passa distalmente sobre o músculo tibial crania!. Atra- Após a artéria safena originar-se da femaral, a última desaparece
vessa a superfície flexora do tarso com esse músculo. Na parte proxi- lateral ao semimembranáceo. Seccione e vire a extremidade distal do
mal do metatarso, termina como as artérias digitais comuns. semimembranáceo craniomedialmente e acompanhe a artéria femara!
O ramo caudal (Figs. 164, 178) da artéria safena Oligina-se na até o músculo gastrocnêmio.
extremidade proximal da tíbia. Fica entre a cabeça medial do A artéria genicular descendente (Figs. 164, 170) origina-se da
gastrocnêmio e a tíbia. Distalmente, relaciona-se com os flexores dos femoral, distal à origem da safena, e irriga a superfície medial do joelho.
dedos e com o nervo tibial, cruza a superfície plantar medial do tarso A artéria caudal média da coxa (Figs. 164, 170) origina-se dis-
para entrar no metatarso. O vaso emite ramos para o tarso e as estrutu- tal às artérias genicular descendente e safena, ramificando-se nas partes
ras profundas da extremidade proximal do metatarso. No metatarso, ir- distais dos músculos adutor e semimembranáceo.
riga o pé por meio de ramos profundos, que contribuem para um arco A artéria caudal distal da coxa (Figs. 164, 169, 170) é um grande
plantar profundo, do qual se originam as artérias metatársicas planta- vaso que se origina da superfície caudal do último centímetro da femo-
res, e termina nas artérias digitais comuns plantares. Esses ramos não ra!. A femoral continua-se como artéria poplítea ao entrar no
precisam ser dissecados .. gastrocnêmio. Rebata as inserções dos músculos grácil,
Em alguns espécimes, as veias safenas (Fig. 165) podem estar semimembranáceo e semitendíneo, para descobrir a cabeça medial do
suficientemente congestionadas para serem identificadas. A veia safe- gastrocnêmio. Seccione a cabeça medial do gastrocnêmio e rebata-o. Isso
na medial é semelhante à artéria em sua Oligem no pé e terminação na irá expor a artéria caudal distal da coxa e os seus ramos, que irrigam o
veia femora!. A veia safena lateral não tem qualquer artéria correspon- bíceps da coxa, o semimembranáceo, o semitendíneo, o gastrocnêmio e
dente. É formada pelos ramos cranial e caudal na perna, que se origi- os flexores dos dedos.
nam de arcadas venosas na pata. Termina na veia femoral caudal dista!. A artéria poplítea (Figs. 164,169,170), um prolongamento da
O ramo cranial da veia safena lateral é utilizado com freqüência para femoral, passa entre as duas cabeças do músculo gastrocnêmio, cruza a
punção venosa. Origina-se de uma anastomose com o ramo cranial da superfície medial do músculo flexor superficial dos dedos e segue sobre
veia safena medial na face cranial do tarso e segue proximocaudalmente a superfície flexora do joelho e pela incisura poplítea da tíbia. Inclina-se
pela superfície lateral da perna. lateralmente sob o músculo poplíteo e perfura o flexor lateral dos dedos.
Cólon

Colo

Ostio uterino
( ~stio uterino interno
externo
Corpo do útero

Corno dir.
do útero

Uretra

Peritônio visceral
Clitóris

Fossa do clitóris

Fig. 162 Vísceras pélvicas da fêmea, secção mediana, face lateral esquerda.
ABDONlE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 135

M. sacrocaudal ventral/aI.

M. retrator do clitóris

M. esfíncter ana/ ext. M. levantador do ânus

M. constritor do vestíbulo

M. uretral cobrindo a uretra

Sínfise pélvica
M. constritor da vulva

I
Ramo dojtlitóris M. isquiocavernoso

Fig. 163 Músculos do períneo da fêmea, face lateral direita.

para atingir o espaço interósseo. A artéria poplítea irriga o joelho, os Na fossa isquiorretal direita, identifique o músculo coccígeo.
músculos gastrocnêmio e poplíteo, e termina como artérias tibiais crania! Seccione as origens dos músculos glúteos superficial e médio, e rebata-
e cauda!. A artéria tibial caudal é um pequeno vaso que deixa a superfície os para suas fixações, a fim de descobrir a incisura isquiática maior.
cauda! da poplítea no espaço interósseo. Não precisa ser dissecada. Seccione e rebata a fixação sacral do ligamento sacrotubera!. Isso ex-
Seccione o poplíteo onde cobre a artéria poplítea e acompanhe a põe a artéria glútea caudal e o nervo isquiático. Profundamente a eles,
artéria até o espaço interósseo. ficam a artéria pudenda interna e o nervo pudendo, bem como os ramos
A artéria tibial cranial (Figs. 164, 169, 170, 177) passa entre a ventrais dos nervos sacrais. Tais ramos emergem dos dois forames sa-
tíbia e a fíbula. Rebata a fáscia na face cranial do joelho e da perna, onde crais pélvicos e do forame intervertebral sacrocauda!.
serve para a inserção do bíceps da coxa. Separe os músculos tibia1 cra- 3. O nervo pudendo (Figs. 172, 174) origina-se de todos os três
nial e extensor longo dos dedos em toda a sua extensão. Observe a arté- nervos sacrais. Passa caudolateralmente, onde fica lateral aos músculos
ria tibial cranial entre esses dois músculos. Seccione o músculo fibular levantador do ânus e coccígeo, medial ao músculo glúteo superficial, e
longo em sua origem e rebata-o para expor a artéria tibial cranial emer- dorsal aos vasos pudendos internos. Aparece superficialmente na fossa
gindo do espaço interósseo entre a tíbia e a fíbula. Ela irriga os múscu- isquiorretal, após emergir da face medial do músculo glúteo superfici-
los fibular longo, extensor longo dos dedos e tibial crania!. O término al, e segue caudomedialmente para a sínfise pélvica, no arco isquiático.
da artéria será dissecado com os nervos fibulares. Os seguintes ramos originam-se do nervo pudendo:
O plexo lombossacral (Fig. 172) é composto pelos ramos ven- a. O nervo retal caudal pode originar-se de nervos sacrais,
trais dos nervos lombares e sacrais. Dos nervos que se originam desse ou deixar o nervo pudendo na bordacaudal do músculo le-
plexo, os ilioipogástricos cranial e caudal, o i1ioinguinal, o cutâneo la- vantador do ânus. Inerva o esfíncter anal externo. Não pre-
teral da coxa e o genitofemoral foram dissecados. O restante será disse- cisa ser dissecado.
cado segundo sua acessibilidade. b. Os nervos perineais originam-se da superfície dorsal do
1. O nervo obturador (Figs. 168, 172, 173) origina-se do quar- nervo pudendo. Suprem a pele do ânus e o períneo, conti-
o, quinto e sexto nervos lombares. É formado na porção caudomedial nuando até o escroto ou lábio. Pequenos nervos oriundos dos
do músculo iliopsoas. Deixa o músculo dorsomedia1mente, segue cau- nervos pudendo ou perineal suprem os músculos do pênis
doventralmente ao longo do corpo do ílio, penetra na face medial do mús- ou o vestíbulo e a vulva.
culo levantador do ânus e deixa a pelve, atravessando a parte cranial do c. O nervo dorsal do pênis no macho (ou do clitóris na fê-
forame obturador. Supre os músculos adutores do membro: o obturador mea) curva-se ao redor do arco isquiático e atinge a superfí-
externo, o pectíneo, o grácil e o adutor. Localize esse nervo na face me- cie dorsal do pênis, onde segue cranialmente. Prossegue atra-
dial do ílio direito. Observe-o quando emerge ventralmente do forame vés da glande do pênis e termina na pele que cobre o ápice
obturador e se ramifica nos músculos adutores com os ramos da artéria da glande. Emite nervos sensoriais para a pele da glande. Na
::ircunflexa media! da coxa. fêmea, o nervo dorsal menor do clitóris segue ventralmente
2. O nervo femoral (Figs. 172, 173) origina-se fundamentalmente até a comissura ventral da vulva, onde termina no clitóris.
~o quarto, quinto e sexto nervos lombares. Encontre o nervo femoral 4. O nervo cutâneo caudal da coxa (Figs. 172. 174) origina-se
;::om a artéria circunflexa lateral da coxa. Observe sua emergência do do plexo sacral e fica unido ao pudendo durante a maior parte de seu
;núsculo iliopsoas, dentro do qual o nervo safeno se origina da face cra- trajeto intrapélvico. O nervo cutâneo caudal da coxa acompanha a arté-
;:;ia!do nervo femora!. O safeno ou femoral inerva o músculo sartório. ria glútea caudal até o nível do túber isquiático, onde se torna superfici-
A porção cutânea do safeno supre a pele na face medial da coxa, o joe- al junto à fixação do ligamento sacrotuberal, e termina na pele, na me-
:io. a perna, o tarso e o pé. Acompanhe esse nervo tão distalmente quanto tade caudal proximal da coxa.
UU'so. Os ramos ventrais do sexto e do sétimo nervos lombares e os dois
O nervo femoral emite ramos para o músculo iliopsoas, penetra primeiros nervos sacrais unem-se para formar um tronco lombossacral
-- músculo quadríceps, entre o reto da coxa e o vasto media1, e supre adjacente à incisura isquiática maior. Os nervos que se originam desse
as as quatro cabeças do quadríceps da coxa. tronco são: o glúteo caudal, o glúteo cranial e o ciático.
136 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

llíaca int. esquerda e direita

Aorta

llíaca ext. esquerda e direita


ProstáticalVaginal
Profunda da coxa

Tronco pudendoepigástrico Circunflexa med.


da coxa
Circunflexa lat. da coxa

Femoral
Caudal proxima/ da coxa
Safena

Genicular descendente

Poplítea

Tibial cranial
Ramo caudal da safena

Dorsal do pé

Ramo
"""""
perfurante

Fig. 164 Artérias do membro pélvico direito, visão esquemática da face media!.
ABDOME, PELVE E MElVillRO PÉLVICO 137

Sacral mediana
lIíaca comum
esquerda e direita

Veia cava caudal


Glútea caud.

Pudenda int.

Tronco pudendoepigástrico

Circunflexa lal. da coxa

Femoral

Caudal proximal da coxa

Genicular descendente

Tibial caudal
Tibia! cranial

Fibular

Ramos craniais da
safena medo e lal.
Ramos caudais da
safena medo e lal.

Fig. 165 Veias do membro pélvico direito, visão esquemática da face media!.
138 ABDOME, PELVE E :MEMBRO PÉLVICO

Circunflexa profunda do ilíaco

N. genitofemoral

IIlaca externa

llíaca interna

Umbilical
N. femoral
Pudenda interna

Glútea caud.

Obturador lIeolombar

Circunf. superf. do illaco

Glútea cranial
Glúteo cranial

Pélvico Profunda da coxa


Glúteo caudal
Circo lat. da coxa

Circo medo da coxa

Femoral
Ciática

Glúteo
caud.
Obturador

Fig. 166 Nervos (à esquerda) e artérias (à direita) lombossacrais, face ventral.


ABDOME, PELVE E ]VIEMBRO PÉLV1CO 139

N. e a. glúteos caud. Glúteo superficial


Ramo de S2

N. para o obturador interno,


gêmeos e quad. da coxa

Glúteo médio

Biceps da coxa

Glúteo prot.

Tensor da
táscia lata

Sat1ório

Adutor A. cran. da coxa

Semitendíneo

Semimembranáceo

Abd. caudal da coxa

N. cutâneo lal. da sura

N. cutâneo caud. da sura


A. circunflexa lal. da coxa

N. fíbular comum

Glúteo superficial
Bíceps da coxa

Fig. 167 Nervos. artérias e músculos da região coxal direita, face lateral.
140 ABDOME, PELVE E MEl\1BRO PÉLVICO

21 ~
'li
20

19

"'..

Fig. 168 Artéria femoral profunda, face medial, após remoção do músculo pectíneo e secção do músculo adutor.
1. Ureter esquerdo 12. Ramos profundos da a. e v. circunflexas mediais da coxa
2. Artéria ilíaca externa 13. A. e v. pudendas externas
3. A. e v. profundas da coxa 14. Anel inguinal profundo
4. Tronco pudendoepigástrico 15. Artéria epigástrica caudal
5. Lacuna femoral 16. Ligamento redondo do útero
6. Ramo transverso da a. e da v. circunflexas mediais da coxa e n. obturador 17. Nervo genitofemoral
7. Adutor 18. Intestino delgado
8. Grácil 19. Bexiga
9. Parte caudal do sartório 20. Reto
10. Parte cranial do sartório 21. Corno uterino
lI. A. e v. femorais

5. O nervo glúteo caudal (Figs. 166, 167, 172) passa sobre a músculo gastrocnêmio e a fíbula, seguindo entre o músculo flexor late-
incisura isquiática, medial ao músculo glúteo médio, e entra na superfí- ral da coxa caudalmente e o músculo fibular longo cranialmente, para
cie medial do músculo glúteo supelficial. É a única inervação para o entrar nos músculos na face cranial da perna. Aí, o fibular comum divi-
glúteo superficial. Tem uma origem variável do sétimo nervo lombar e de-se em nervos fibulares superficial e profundo, que inervam os mús-
dos dois primeiros sacrais. culos flexores do tarso e extensores dos dedos, que incluem os múscu-
6. O nervo glúteo cranial (Figs. 166,172) passa sobre a incisu- los tibial cranial, fibular longo e extensor longo dos dedos.
ra isquiática maior, cruza a superfície lateral do ílio na origem do mús- O nervo fibular superficial (Figs. 175, 176) deixa a porção do
culo glúteo profundo e inerva os músculos glúteos médio e profundo e nervo original abaixo do joelho, onde fica entre o flexor lateral dos de-
o tensor da fáscia lata. Origina-se do sexto e sétimo nervos lombares e dos caudal mente e o fibular longo cranialmente. Exponha o nervo e
primeiro sacral. Foi dissecado com a artéria glútea cranial. acompanhe-o ao se curvar distalmente, profundo à parte distal do fibu-
7. O nervo ciático (Figs. 166, 167, 170, 172, 174, 175) origina- lar longo. No início do terço distal da perna, torna-se subcutâneo e acom-
se dos dois últimos nervos lombares e dois primeiros sacrais. Isole o panha o ramo cranial da artéria safena. Distal ao tarso, o nervo fibular
nervo ao passar sobre a incisura isquiática maior. Pequenos ramos saem supetficial forma nervos digitais comuns dorsais que inervam o pé (Fig.
de dentro da pelve, para suprir os músculos obturador interno, gêmeos 176) e não serão dissecados.
e quadrado da coxa. Não disseque esses ramos. O nervo ciático passa O nervo fibular profundo (Fig. 175) origina-se da supetfície
caudalmente sobre o coxal, medial ao trocânter maior, e depois distal- cranial do nervo primitivo. Entra nos músculos na parte cranial da per-
mente, caudal ao fêmur na face lateral do músculo adutor da coxa. Um na e segue distalmente, junto com a artéria tibial cranial. Na metade
ramo deixa o nervo no nível do coxal e inerva os músculos bíceps da proximal do tarso, ambos ficam num sulco formado pelos tendões do
coxa, semitendíneo e semimembranáceo. músculo extensor longo dos dedos, lateralmente, e pelo músculo tibial
Existem nervos cutâneos laterais e caudais da coxa (Fig. 167), cranial medialmente. Exponha-os, cortando o retináculo extensor. No
que se originam dos componentes fibular e tibial, respectivamente, do tarso, o nervo divide-se em nervos metatársicos dorsais, que prosseguem
nervo ciático da coxa e suprem a pele nas superfícies lateral e caudal da distalmente para inervar o pé (Fig. 176). Acompanhe o nervo fibular
perna. Não precisam ser dissecados. profundo à medida que o final da artéria tibial cranial é agora disseca-
O nervo ciático termina na coxa, como os nervos fibular comum do. Os nervos metatársicos dorsais terminais não serão dissecados.
e tibial. O nervo fibular comum origina-se basicamente de L6 e L7 A artéria tibial cranial continua oposta à articulação talocrural
(Figs. 169, 174, 175). É menor e passa lateralmente, profundo à parte como a artéria dorsal do pé (Figs. 176, 177). Ramos irrigam o tarso, e
terminal delgada do músculo bíceps da coxa. Cruza a cabeça lateral do a artéria dorsal do pé termina na artéria arqueada. A última segue trans-
ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 141

~- 23
--~\
3
4

21

20

19

18

Fig. 169 Artérias e nervos da coxa e da perna direitas, face lateral.


I. A. glútea caudal 13. Fibular longo
2. A. glútea superficial 14. Tibial cranial
3. Vasto lateral 15. A. tibial cranial
4. Adutar 16. Extensor longo dos dedos
5. Semimembranáceo 17. Fibular longo
6. Semitendíneo ] 8. Extensor lateral dos dedos
7. N. tibial 19. Flexor lateral dos dedos
8. N. fibular 20. Flexor superficial dos dedos
9. A. femoral 21. Gastrocnêmio, cabeça lateral
10. A. caudal distal da coxa 22. Bíceps da coxa (rebatido)
11. A. poplítea 23. Abdutor caudal da coxa
]2. Gastrocnêmio, cabeça medial
142 ABDO~IE, PELVE E ~IEMBRO PÉLVICO

A. e v. femorais
Pectíneo
N. safeno

Sartório Adutor

A. safena

Reto da coxa Grácil

Semimembranáceo
Vastomed. femoral caudal médio

N. isquiático
A. genicular desc.

A. caudal distal da coxa


Semimembranáceo
Bíceps da coxa
N. tibial
Gastrocnêmio medo N. cutâneo caudal da sura

Côndilo medo da tíbia


Flexor superf dos dedos

A. tibial caudal
A. tibial cranial
Flexor lateral dos dedos

Gastrocnêmico med.

N. e a. safenos

Fig. 170 Artérias da região poplítea direita, face media!.

versa e lateralmente através do tecido ligamentoso, na extremidade pro- tibial divide-se em nervos plantares medial e lateral. Cruzam o tarso
ximal do metatarso. Emite artérias metatársicas dorsais, que seguem medial à tuberosidade calcânea e terminam como os nervos digital co-
distalmente para irrigar o pé. Não precisam ser dissecadas. mum plantar e metatársico plantar, que são sensoriais para o pé.
Um ramo perfurante deixa a artéria metatársica dorsal lI, um A irrigação sanguínea e a inervação dos dedos do membro pélvi-
ramo da artéria arqueada, e segue distalmente no espaço entre o segun- co estão resumidas no Quadro 4.
do e o terceiro ossos metatársicos. Esse ramo perfurante vai da superfí-
cie dorsal à superfície plantar do metatarso na extremidade proximal Cão vivo
desse espaço. Anastomosa-se com os ramos do ramo caudal da artéria
safena, para contribuir para as artérias metatársicas que irrigam o pé. Coloque a palma da mão sobre a parte cranial da coxa, com os
Esta é a maior fonte de sangue para os dedos do pé. Exponha a artéria dedos na face medial, e palpe as bordas do trfgono femoral. Sinta o pulso
arqueada e o ramo perfurante. Remova a metade proximal do músculo na artéria femora!. Este é o local mais comum para determinar a freqüên-
interósseo que reveste a face plantar do segundo osso metatársico, para cia e a qualidade do pulso num exame físico. O pulso também pode ser
observar a artéria metatársica perfurante que emerge entre o segundo e sentido em dois outros pontos no membro pélvico. Um fica onde o ramo
o terceiro ossos metatársicos (Fig. 178). cranial da artéria safena cruza a face medial do terço médio da tíbia. Tanto
O nervo tibial origina-se principalmente de L 7 e S 1, e é a por- o osso como a artéria são subcutâneos nesse local. O outro é a artéria
ção caudal do nervo ciático (Figs. 169, 179, 174, 175). Separa-se do nervo dorsal do pé, onde cruza a superfície dorsal do tarso.
fibular comum da coxa. No joelho, passa entre as duas cabeças do mús- Acompanhe o trajeto do nervo isquiático e verifique onde o ner-
culo gastrocnêmio. O nervo tibial supre os músculos caudais à tfbia e à vo fica junto a ossos que podem fraturar e lesá-Ia. O nervo fibular co-
fíbula, que incluem os extensores do tarso e flexores dos dedos, e emite mum é palpável, onde cruza a extremidade proximal da fíbula. Sinta a
ramos para o joelho. Inerva ambas as cabeças do músculo gastrocnêmio cabeça da fíbula e passe a mão sobre a pele em sentido proximal a dis-
e os músculos flexor superficial dos dedos, poplíteo e ambos os flexo- tal, para deslizar o nervo sobre o osso nesse ponto. O nervo tibial pode
res dos dedos. O nervo tibial continua, além desses ramos, no músculo ser sentido proximal ao tarso, entre as camadas subcutâneas craniais ao
flexor lateral dos dedos. Emerge da superfície profunda da cabeça me- tendão calcâneo comum. É acompanhado aí por vasos safenos.
dial do gastrocnêmio e prossegue distalmente ao longo da face medial Estude a Fig. 179 e identifique as zonas autônomas dos nervos
da superfície caudal da tíbia. Proxima1 à articulação talocrural, o nervo no membro pélvico do cão vivo.
ABDO~IE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 143

M. pectíneo
Circunflexa medo
da coxa

Ramo muscular

Circunflexa lal.
da coxa

Ramo profundo, circunflexa


medial da coxa

A. e V. femorais
Ramo obturador

Caudal proximal
da coxa

M. pectíneo

Ramo para músculos e para


a. nutricia do fêmur

Caudal médio
da coxa

Genicular desc.

Fig. 171 Estruturas profundas da coxa direita, face media!.


144 ABDOME, PELVE E lVIElVIBROPÉLVICO

Quadro 4 IRRIGAÇÃO SANGUÍNEA E INERVAÇÃO DOS DEDOS DO MElVIBRO PÉL VICO


Superucie Dorsal
Vasos
(Superficiais) Ramo cranial da safena Digitais comuns A. e v. digitais dorsais
dorsais axiais ou abaxiais
(Profundos) Tibial cranial Metatársicos
Dorsal do pé - Arqueada dorsais
Nervos
(Superficiais) Fibular superficial Digitais comuns N. digital dorsal
dorsais axial ou abaxial
(Profundos) Fibular profunda Metatársicos
dorsais

Superfície Plantar
Vasos
(Superficiais) Ramo caudal da safena Digitais comuns A. e v. digitais plantares
Plantar media! plantares axiais ou
(Profundos) Arco plantar profundo Metatársicos abaxiais
Ramo perfurante dorsal do plantares
pé; plantar lateral do ramo
cauda] da safena
Nervos
(Superficiais) Tibial - Plantar media] Digitais comuns N. digital plantar
plantares axialou
(Profundos) Tibial - Plantar lateral Metatársicos abaxia]
plantares

N. para m. piriforme N. pélvico

N. glúteo cranial N. para levantador do ânus


Ramo vent., I'n. sacral caudal
Ramo vent., 7' n. lombar
N. obturador

Levantador do ânus

Ramos cutâneos

N. cutâneo caud. da coxa

Levantador do ânus

Ramo para o obturador ext.

Ramo para o quadríceps da coxa Ramo para adutor,


pectíneo, grácil
Grácil

Vasto medo Pectíneo

Fig. 172 Plexo lombossacro, face medial esquerda.


ABDOME, PELVE E JYIEMBRO PÉLVICO 145

N.

Ramo cutâneo

Fig. 173 Distribuição dos nervos safeno, femoral e obturador do membro pélvico direito, esquema da face media!.
Músculos inervados por nervos numerados
Nervo femoral Nervo obturador
1. Iliopsoas 5. Obturador externo
2. Quadríceps da coxa 6. Adutor longo
Nervo safeno 7. Pectíneo
3. Sartório, parte cranial 8. Adutor magno e curto
4. Sartório, parte caudal 9. Grácil
146 ABDOJVIE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

Ligamento, sacrotuberat M. glúteo superficial


A. e v. glúteas caudais
A.
A. e v. glúteas craniais

V. e a. caudais lat.

, M. glúteo medial

N. glúteo cranial
V. e a. retais caud.

A. e n. perineais A. e V. iliolombares

A. do bulbo do vestíbulo

A. e V. do c/itóris
A. e v. circunflexa
lateral da coxa

N. cutâneo caud. da coxa

N. isquiático

M. semimembranáceo

M. cutâneo lat. da sura

M. quadríceps da coxa

N. tibial

N. cutâneo caud. da sura


N. fibular comum

V. safena lat.
M. gastrocnêmio

Fig. 174 Vasos e nervos da coxa e do períneo direitos, face lateral.


ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 147

"

N. fibular comum

Músculos inervados por nervos niimerados


Nervo glúteo cranial
1. Glúteo médio
2. Glúteo profundo
3. Tensor dafáscia lata
N. fibular profundo Nervo glúteo caudal
4. Glúteo superficial
Nervo isquiático
5. Gêmeos, obturador im. e quadrado da coxa
6. Bíceps da coxa
7. Semimembranáceo
8. Semitendíneo
Nervo tibial
9. Gastrocnêmio
10. Flexor superficial dos dedos
lI. Poplíteo
12. Flexores profundos dos dedos
13. Músculos plantares
Nervo fibular superficial
14. Extensor lateral dos dedos
15. Fibular curto
Nervo fibular superficial
16. Fibular longo
Nervo fibular profundo
17. Tibial cranial e extenso r longo dos dedos
18. Extensor longo do dedo
19. Extensor curto dos dedos

Fig. 175 Distribuição dos nervos glúteos cranial e caudal e do nervo ciático do membro pélvico direito, visão esquemática da face lateral.
148 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

N. fibular superficial
N. fibular profundo

N. digital dorsal abaxial V -- N. digital dorsal abaxial /I


(Safeno)
Nn. digitais comuns dorsais

Nn. metatársicos dorsais

A. tibial cranial

A. safena, ramo cranial

N. digital dorsal
abaxiall/l

A. dorsal do pé

A. arqueada

Ramo perfurante da a. metatársica dorsal /I

Aa. metatársicas dorsais

Aa. digitais comuns dorsais

A. digital dorsal abaxiallll

A. digital plantar axial /lI

Fig. 176 Artérias e nervos do pé direito, face dorsal.


ABDOlVlE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 149

Tibia

Ext. longo dos dedos


Tibial cranial

Ext. longo dos dedos

A. tibiaf cran.

Ramo superf. da -
a. tibial cran.

Retinácufo proximaf
Tendão do fibufar longo - de extensores

Anastomose com a. safena,


ramo craniaf

Ext. curto dos dedos


A. dorsal do pé

A. arqueada

Ramo perfurante
Aa. metatársicas dorsais

Anast. com aa. digitais


comuns dorsais

Fig. 177 Artéria tibia! crania! do membro pélvico direito, face crania!.
150 ABDOME, PELVE E lVIEl\1BRO PÉLVICO

N. tibial

-- N. cutâneo caudal
da sura
N. plantar medial
N. plantar lateral

Nn. metatársicos plantares

N. digital plantar
abaxial"

N. digital plantar
abaxiallV

A. plantar lateral

Ramo profundo A. plantar medial

Ramo perfurante,
a. metatársica
dorsal"

Aa. metatársicas plantares

Aa. digitais comuns plantares

A. digital plantar axial "

Fig. 178 Artérias e nervos do pé direito, face plantar.


ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 151

Fig. 179 Zonas autônomas de inervação cutãnea do membro pélvico. Faces medial, lateral e caudal. Cutãneo caudal da coxa (CCC), genitofemoral (Gf), cutâneo
lateral da coxa (CLC), fibular (Fib), safeno (Sa), ciático (Ci), tibial (Tib). Os asteriscos indicam limites palpáveis dos ossos - côndilos tibiais medial e lateral,
trocânter maior e extremidade lateral do túber isquiático (de R. L. Kitchell). A zona autônoma do nervo ciático é para lesões proximais ao trocânter maior e inclui
as zonas para os nervos fibular e tibial. Para lesões do nervo ciático caudais ao fêmur, a zona autônoma varia, dependendo de quantos de seus ramos cutâneos
encontram-se acometidos.
MILLER

GUIA PARA ,.""

A DISSECÇAO
. ,.""

DOCAO
-
TERCEIRA EDIÇAO

EVANS & de LA.HUNTA


ACABECA

CRÂNIO tras. o formato do crânio do cão varia mais entre as diferentes raças d
que o crânio de outras espécies de animais domésticos.
o crânio é um complexo de ossos moldados em membrana e em
cartilagem ao redor do encéfalo, dos órgãos dos sentidos e entradas para Superucies dorsal e lateral do crânio
os sistemas digestivo e respiratório. A caixa encefálica é formada por
um teto ósseo dérmico, a calvária, unido a paredes e assoalho osteo- (Figs.180-182)
cartilagíneos. Articulados com a caixa encefálica encontram-se os os- Caixa encefálica (craniana). Os ossos pares frontal e pariera:
sos da face, da mandíbula e do palato, os ossículos da orelha e o apare- formam o dorso da caixa encefálica ou calvária. O osso parietal une-c~
lho hióide. ao osso frontal rostralmente e ao seu par, medialmente. Caudalmente.
Diversos elementos cranianos fundem-se durante o desenvolvi- osso parietal une-se ao osso occipital, que forma a superfície caudal d
mento ou perdem-se filogeneticamente, o que faz com que cada espécie crânio. O osso interparietal ímpar funde-se com o osso occipital no pe-
possua características distintas, que podem não estar presentes em ou- ríodo pré-natal e apresenta-se como um processo que se estende roc-

Incisivo

Fissura pala tina

Forame infra-orbitário

Canal lacrimal Lacrimal

Pala tino

Processo zigomático
do frontal

Processo frontal do
zigomático

Processo zigomático
do temporal
Temporal

Linha temporal

Occipital

Fig. 180 Ossos do crânio, face dorsal.


A CABEÇA 153

tralmente. A borda ventral do osso parietal une-se aos ossos temporal crimal e zigomático. A margem lateral da órbita é formada pelo li-
escamoso e basisfenóide. Rostral ao osso parietal fica o osso frontal, gamento orbitário, que vai do processo frontal do osso zigomático ao
que forma a parte dorsomedial da órbita. processo zigomático do osso frontal. A parede medial da órbita é for-
A crista sagital é uma crista mediana, formada pelos ossos parie- mada pelas superfícies orbitárias dos ossos frontal, lacrimal, pré-esfenóide
tais e interparietal. Varia em altura e pode estar ausente. e palatino.
Na maioria das raças braquicefálicas, a crista sagital é substituí- O arco zigomático é formado pelo processo zigomático da ma-
da por um par de linhas temporais. Cada uma delas vai da protube- xila, pelo osso zigomático e pelo processo zigomático do osso tempo-
rância occipital externa ao processo zigomático do osso frontal. A ral. O arco forma o osso malar e serve de origem para o músculo
crista nucal é uma crista transversal que marca a transição entre as su- masseter, que fecha a boca.
perfícies dorsal e caudal do crânio. A protuberância occipital externa A fossa pterigopalatina situa-se ventral à órbita. A maxila, o osso
fica em posição mediana na extremidade caudal da crista sagital. palatino e o osso zigomático limitam a parte rostral. A parte caudal é
De cada lado do dorso do crânio está a fossa temporal. A fossa limitada pelos ossos palatino e pterigóide e pelas asas dos ossos esfe-
é convexa. É limitada medialmente pela crista sagital ou pela linha tem- nóides. Os músculos pterigóides originam-se dessa fossa.
poral, caudalmente pela crista nucal e ventralmente pelo processo zigo- As três abelturas na parte caudal da órbita são, de rostral para
mático do osso temporal. A fossa temporal é contínua rostralmente com caudal, o canal óptico, a fissura orbitária e o forame alar rostral. O
a órbita. O músculo temporal origina-se dessa fossa temporal nos ossos canal óptico atravessa o pré-esfenóide e o forame alar rostral atravessa
irontal e parietal. o basisfenóide. A fissura orbitária é formada na articulação entre os ossos
Ossos da face. A parte facial da superfície dorsal do crânio é basisfenóide e pré-esfenóide. O nervo óptico passa pelo canal óptico.
formada por partes dos ossos frontal, nasal, maxilar e incisivo. Todos Atravessando a fissura orbitária, encontram-se os nervos oculomotor,
são pares. O osso nasal une-se ao seu par na linha média, ao osso fron- trodear, abducente e oftálmico, bem como alguns vasos. Emergindo do
::il caudalmente e à maxila e ao osso incisivo lateralmente. A maxila forame alar rostral, estão a artéria maxilar e o nervo maxilar.
::ontém os dentes molares superiores. O osso incisivo sustenta os três Na parte rostral da fossa pteligopalatina, existem diversos fora-
ntes incisivos e tem um longo processo nasal, que se articula com a mes. O forame palatino caudal e o forame esfenopalatino são aber-
ila e o osso nasal. A abertura nasal é limitada pelos ossos incisivo turas intimamente relacionadas, do mesmo tamarrho, localizadas na parte
:: nasal. É quase circular em raças braquicefálicas e é oval nas raças rostromedial da fossa. O forame esfenopalatino fica dorsal ao palatino
.:olicocefálicas. caudal. A artéria palatina maior, a veia e o nervo entram no canal pala-
tino através do forame pala tino caudal e, juntos, seguem para o palato
duro. A artéria e a veia esfenopalatinas e o nervo nasal caudal entram
uperficie lateral d? crânio na cavidade nasal via o forame esfenopalatino. Rostrolateral a esses,
encontra-se o forame maxilar, a abertura caudal do canal infra-orbitá-
Caixa encefálica (craniana). As porções laterais dos ossos frontal rio. A artéria, a veia e o nervo infra-orbitários seguem rostralmente por
_ ?arietal formam a superfície lateral (Figs. 181, 182) da caixa encefá- esse canal. Uma pequena parte da parede rostromedial da fossa pterigo-
A parte caudoventral da superfície lateral do crânio é composta em palatina, exatamente caudal ao forame maxilar, com freqüência apre-
_ ::.nde parte pelo osso temporal. Este osso composto é constituído de senta uma abertura que normalmente é ocupada por uma fina lâmina
LeS escamosa, timpânica e petrosa. óssea, a qual serve como a Oligem do músculo oblíquo ventral do olho.
A parte escamosa forma a porção ventral da fossa temporal e Caudal ao forame maxilar, há uma série de pequenas aberturas, a maio-
~~enta um processo zigomático, que forma a parte caudal do arco ria delas para os pequenos nervos e vasos que atravessam seus respec-
mático. Articula-se dorsalmente com o osso parietal, rostralmente tivos canais alveolares até as raízes dos dois últimos dentes molares e
asa do basisfenóide e caudalmente com o osso occipital. a raiz caudal do último pré-molar. Acima do foram e maxilar no osso
Rostral à parte escamosa do osso temporal, a superfície ventro- lacrimal, encontra-se a rasa fossa para o saco lacrimal. A fossa se con-
da caixa encefálica é formada pelas asas do basisfenóide e do tinua pelo canal nasolacrimal para o ducto nasolacrimal.
·enóide. A asa do basisfenóide se articula caudalmente com a parte A parte facial da superfície lateral do crânio rostral à orbita in-
osa do osso temporal, dorsalmente com os ossos frontal e parie- clui a superfície lateral da maxila e o osso incisivo. Dorsal ao terceiro
'= rostralmente com a asa do pré-esfenóide. dente pré-molar fica o foram e infra-orbitário, a abertma rostral do canal
Ossos daface. A órbita é a cavidade onde fica o olho. Uma par- infra-orbitário. As raízes dos dentes molares formam elevações laterais,
é óssea. A margem orbitária é formada pelos ossos frontal, la- os jugos alveolares.

Parietal

Lacrimal

Temporal

Maxila
Zigomático
(cortado)
Palatino
Pterigóide

Fig. 181 Ossos do crânio, face lateral, após remoção do arco zigomático.
154 A CABEÇA

Zigomático

Mandíbula

Ceratoiáide

Cartilagem
cricáidea

Fig. 182 Crânio, aparelho hióide e laringe, face lateral.

Superficie ventral do crânio (Figs. 183, 184) fálica.


nóide.
Os canais ópticos passam através da asa orbitária do pré-esfe-

O forame alar rostral, caudoventral à fissura orbitária, é a aber-


Caixa encefálica (craniana). O aspecto ventral da caixa encefá- tura rostral do canal alar. A abertura
caudal desse pequeno canal é o
lica consiste na parte basilar do osso occipital, nas partes timpânica e forame alar caudal. O forame redondo abre-se, a partir da cavidade
petrosa do osso temporal, no osso basisfenóide e no osso pré-esfenóide. craniana, no canal alar. O nervo maxilar, derivado do nervo trigêmeo,
A parte basilar do osso occipital forma o terço caudal da base do crânio. entra no canal alar da cavidade craniana por esse forame. O nervo se-
Articula-se lateralmente com as partes timpânicas e petrosa do osso tem- gue rostralmente e deixa o canal alar pelo forame alar rostral. Além dis-
poral e rostralmente com o corpo do basifenóide. Caudal mente, o côn- so, a artéria maxilar cruza toda a extensão do canal alar.
dilo occipital articula-se com o atlas. O processo jugular, uma proje- O foram e oval, uma abertura direta na cavidade craniana, fica
ção ventral do osso occipital, articula-se com a parte cauda lateral da caudolateral ao forame alar caudal. O nervo mandibular, derivado do
bolha timpânica. O músculo digástrico origina-se do processo jugular. nervo trigêmeo, deixa a cavidade craniana através dessa abertura.
A p~rte timpânica do osso temporal tem uma dilatação bulbo- O forame lacerado localiza-se na borda rostromedial da bolha
sa, a bolha timpânica, que circunda a cavidade da orelha média (Fig. timpânica. Uma alça da artéria carótida interna projeta-se através dessa
185). Na face lateral da bolha, fica o meato acústico externo. Em vida, abertura. Essa alça fica entre a parte da carótida interna que está seguin-
a membrana timpânica fecha essa abertura e a cartilagem anular da ore- do rostralmente no canal carotídeo e a parte que volta pelo forame lace-
lha externa fixa-se ao redor de sua periferia. rado e entra no seio cavernoso, no assoalho da cavidade craniana.
A parte petrosa do osso temporal contém os labirintos mem- O canal musculotubário situa-se lateral ao forame lacerado e
branáceos e ósseo da orelha interna (Fig. 185). A maior parte desse osso caudal ao forame oval. É o revestimento ósseo de uma conexão tubular.
é visível dentro da cavidade craniana. A bolha timpânica foi removida a tuba auditiva, que vai da orelha média até a faringe.
em um lado, expondo uma saliência cilíndrica, o promontório, na su- A fissura timpanoccipital é uma depressão oblonga entre a par-
perfície ventral da parte petrosa do osso temporal. O promontório con- te basilar do osso occipital e a parte timpânica do osso temporal. O ca-
tém a janela da cóclea, que em vida é fechada por uma membrana. A nal petroccipital e o canal carotídeo deixam as profundezas da fissura
janela do vestíbulo fica dorsal ao promontório e contém a base do es- aproximadamente no mesmo local. O canal carotídeo conduz a artéria
tribo. O estribo articula-se com a bigorna, que por sua vez articula-se carótida interna. O canal petroccipital conduz o seio venoso petroso
com o martelo. O martelo fixa-se à face medial da membrana timpâni- ventral. Nenhum canal pode ser adequadamente demonstrado num crâ-
ca. O processo mastóideo é a única porção da parte petrosa do osso nio articulado. Os nervos glossofaríngeo, vago e acessório seguem pe-
temporal a atingir o exterior. É pequeno e fica caudal ao meato acústico rifericamente do forame jugular pela fissura timpanoccipital. Passando
externo, lateral e dorsal à raiz do proeminente processo jugular. Os também através dessa fissura, encontram-se a artéria carótida interna.
músculos c\eidomastóideo e esternomastóideo terminam no processo radículas venosas das veias vertebral e jugular interna. bem como axé\-
mastóideo.
nios pós-ganglionares simpáticos do gânglio cervical cranial.
O basisfenóide articula-se caudal mente com a parte basilar do O canal do hipoglosso, para a passagem do nervo hipoglosso.
osso occipital e rostralmente com os ossos pré-esfenóide e pterigóide. fica caudal à fissura petroccipital no osso occipital.
O forame oval. o forame redondo e o canal alar atravessam o osso ba- A fossa mandibular do processo zigomático do osso temporal
sisfenóide. O pré-esfenóide articula-se caudalmente com o basisfenóide articula-se com o côndilo da mandíbula, para formar a articulação tem-
e o pterigóide. lateralmente com a parte perpendicular do palatino e poromandibular. O processo retroarticular forma a parede caudal da
'rostralmente com o vômer. Apenas uma pequena porção mediana do fossa mandibular. O foram e retroarticular caudal a esse processo con-
pré-esfenóide fica exposta na superfície ventral da caixa ence- duz a veia retroarticular do seio venoso temporal.
A CABEÇA 155

Fissura pala tina

Processo pala tino da maxila

Alvéolo do quarto dente pré-molar

Espinha nasal caudal do pala tino

Alvéolo do primeiro dente molar

Forame alar rostral Forame caud., canal pterigóideo


Forame alar caudal.
Forame espinhoso
Forame oval
Processo muscular

Fossa mandibular Canal musculotubal

Processo retroarticular Forame lacerado

Fissura petrotimpânica

Fossa para o tensor do tímpano Bolha timpânica

Forame estilomastóideo

Fissura timpanoccipital

Incisura intercondilar

Fig. 183 Crânio, vista ventral com remoção da ampola timpânica direita.

Entre a bolha timpânica e o processo mastóideo do osso tempo- Superficie caudal do crânio (Figs. 182, 183)
ral fica o forame estilomastóideo. Esta é a abertura do canal facial que
conduz o nervo facial perifericamente através da parte petrosa do osso Durante o desenvolvimento, o osso occipital é formado por par-
temporal. tes laterais (exoccipitais) pares (que apresentam os côndilos), uma par-
Ossos daface. A superfície ventral da parte facial do crânio carac- te escamosa (supra-occipital) e a parte basilar do occipital (basioccipital).
teriza-se pelos dentes e palato duro. Há uma arcada dentária superior As bordas laterais formam uma crista nucal, onde o occipital une-se ao
(maxilar) e uma inferior (mandibular). Cada dente fica num alvéolo ou osso parietal e à parte escamosa do temporal. Centrodorsalmente, for-
cavidade. Septos interalveolares separam os alvéolos de dentes adjacen- ma-se uma protuberância occipital externa, onde o osso interparietal
tes. Um alvéolo é subdividido por septos inter-radiculares para aqueles une-se ao occipital na extremidade caudal da crista sagital. O forame
dentes com mais de uma raiz. Na arcada dentária superior, existem alvéo- magno é a grande abertura na cavidade craniana, através da qual a
los individuais nos ossos incisivos para os dentes incisivos e na maxila medula espinhal continua como a'base do cérebro. O forame mastói-
para o canino e o primeiro dente pré-molar. Há dois alvéolos na maxila deo localiza-se na sutura occipitotemporal, dorsolateral ao côndilo oc-
para o segundo pré-molar e dois para o terceiro. O quarto pré-molar e cipital. Conduz a artéria e a veia meníngeas caudais. O resto da superfí-
os dois molares têm, cada um, três alvéolos na maxila. O palato duro é cie caudal do crânio é rugoso para fixação muscular.
composto pelas partes horizontais dos ossos palatinos, dos maxilares e Se houver um crânio desarticulado disponível para estudo, tente
dos incisivos. Uma abertura, a fissura palatina, localiza-se de cada lado localizar cada um dos ossos no crânio inteiro. A capacidade de visualizar
da linha média entre os dentes caninos. um osso em relação a outro ajuda a interpretação radiográfica de carac-
Os ossos palatinos formam o terço caudal do palato duro. O fo- terísticas normais. Vários dos ossos cranianos sobrepõem-se mutuamente
rame palatino maior é medial ao quarto dente molar. Caudal a este, numa considerável proporção, razão pela qual nem sempre é possível
fica o forame palatino menor. A artéria palatina maior, a veia e o ner- ver os limites de um determinado osso in situo O osso pré-esfenóide, cujas
vo e seus ramos emergem por esses forames. As coanas são as abertu- asas orbitárias dão passagem aos nervos ópticos, constitui um bom exem-
ras das' cavidades nasais direita e esquerda, na parte nasal da faringe plo. Identifique o canal óptico de um crânio intacto e observe o contor-
. (nasoÚlringe). Situam-se na extremidade caudal do palato duro, onde o no das suturas pré-esfenóides com ossos adjacentes. Oriente um osso
vômer articula-se com os ossos palatinos. esfenóide específico numa posição semelhante. Faça o mesmo com rela-
156 A CABEÇA

Zigomático Vômer

Pré-esfenóide Frontal

Pterigóide

Parietal

Basisfenóide

Tempora'/

Occipital

Fig. 184 Ossos do crânio, face ventral.

ção ao osso basisfenóide, mais caudalmente localizado, com suas asas O processo condilar entra na formação da articulação tempo-
temporais e a parte basilar do osso occipital, que faz parte do anel occi- romandibular. Entre o processo condilar e o processo coronóide, en-
pital. Esses três ossos formam o eixo da base do crânio, sobre o qual o contra-se uma depressão em forma de D, a incisura da mandíbula.
encéfalo repousa. A lâmina crivosa (cribriforme), com os etmoturbinados Ramos motores do nervo mandibular atravessam essa incisura para iner-
associados, localiza-se na extremidade rostral do eixo da base do crânio. var o músculo masseter.
Com o auxílio do diagrama do crânio desarticulado (Fig. 186), O processo angular é uma saliência curva ventral ao processo
localize os outros ossos no crânio intacto. condi lar. Serve para a fixação dos pterigóideos medialmente e do
masseter lateralmente.

Mand1õula
Ossos hióides
A mandíbula (Fig. 187), ou maxila inferior, contém os dentes
inferiores e articula-se com o osso temporal. As duas mandíbulas unem- O aparelho hióide (Figs. 188, 197) é composto pelos ossos hiói-
se rostralmente na sínfise. Cada mandíbula pode ser dividida num cor- des, que mantêm fixas a língua e a laringe. O aparelho vai do processo
po, ou parte horizontal, e um ramo, ou parte perpendicular. A borda mastóide do crânio à cartilagem tireóidea da laringe. É constituído pela
alveolar da mandíbula contém alvéolos para as raízes dos dentes. Os pequena cartilagem timpanoióidea e pelos seguintes ossos articulados:
incisivos, o canino, o primeiro pré-molar e o terceiro molar têm uma o estiloióide, o epiióide, o ceratoióide, o basióide e o tireoióide. Todos
raiz cada. Os últimos três pré-molares e os primeiros dois molares têm os ossos são pares, exceto o basióide, que une os elementos dos dois
duas raízes cada.
lados na raiz da língua. Examine-os nos espécimes conservados úmi-
Na superfície lateral do ramo da mandíbula, fica a fossa masse- dos fornecidos, como também em seu próprio espécime.
térica triangular para a inserção do músculo masseter. A metade dorsal
do ramo é o processo coronóide. Sua superfície medial possui uma
depressão rasa para inserção do músculo temporal. Ventral a essa, fica
Dentes
o forame da mandíbula. Este forame é a abertura caudal do canal da
mandíbula, que se localiza no ramo e no corpo da mandíbula, conduz Os dentes ficam dispostos em arcadas (superior e inferior) opos-
a artéria e a veia alveolares inferiores e o nervo alveolar inferior. Abre- tas uma à outra. A arcada inferior é mais estreita do que a superior (Figs.
se rostralmente nos três forames mentonianos, onde nervos mentonia- 181, 183, 187).
nos emitem inervação sensorial para o lábio inferior e o queixo adjacen- Os dentes superiores estão contidos nos ossos incisivos e maxi-
tes. Os músculos pterigóideos inserem-se na superfície medial da mandí- lares. Aqueles com as raízes encravadas nos ossos incisivos são conhe-
bula e no processo angular, ventrais à inserção do músculo temporal. cidos como dentes incisivos. Caudal a estes e separados deles por um
A CABEÇA 157

Duetos semicirculares
Parte petrosa do osso temporal

Espaço perilinfático do vestíbulo

Dueto endolinfático

Bolsa endolinfática

Rampa do vestíbulo

Membrana timpânica

Bolha timpânica

Fig. 185 Diagrama da orelha média e interna.

Parietal

Supra-occipital

f .
~:~'.
~~..
.
Exoccipitaf

Mandíbula

Fig. 186 Ossos desarticulados do crânio de um filhote, face lateral esquerda.


158 A CABEÇA

Processo
condi/ar I~

Forame mandibul'!rl Sínfise

Processo coronáide

Incisura mandibular

Processo condi/ar

.+ Fossa massetérica

Forame mentoniano rostral/ Processo angular

Forame mentoniano médio

Forame mentoniano caudal

Fig. 187 Mandíbula esquerda, faces medial e lateral.

espaço encontra-se o dente canino. Atrás dele ficam os dentes mola- maxila; o maior dente da mandíbula é o primeiro molar. Ambos são
res, divididos em pré-molares e molares. Os dentes inferiores, geral- conhecidos como dentes carniceiros ou cortantes.
mente, são semelhantes aos superiores. Existe um dente- molar a mais O primeiro pré-molar no cão não tem qualquer antecessor decí-
em cada mandíbula, com relação à maxila correspondente. Alguns dos duo. Os dentes do conjunto permanente são muito maiores do que os do
dentes - os incisivos, o quarto pré-molar e os molares - em geral conjunto decíduo. O último dente permanente irrompe aos seis ou sete
encontram os da arcada oposta, quando as mandíbulas estão cerradas. meses.
O quarto pré-molar superior e o primeiro molar superior cortam junta- Cada dente possui uma coroa e uma raiz (ou raízes), a(s) qual(is)
mente com o primeiro molar inferior. Os três primeiros pré-molares não fica(m) embutida(s) nos alvéolos das mandíbulas. Ajunção da raiz com
se tocam durante o fechamento normal e a abertura entre os dentes é a coroa é o colo do dente.
denominada espaço do transporte pré-molar. Em cães com focinhos As raízes dos dentes são bem constantes. Os incisivos e cani·
longos, pode haver um intervalo considerável entre os dentes, podem nos de ambas as arcadas dentárias têm uma cada. Na arcada dentária
estar presentes dentes extranumerários e não haver oclusão de alguns superior, o primeiro pré-molar tem uma raiz; o segundo e o terceiro
pré-molares. Em raças de focinho curto, os dentes costumam ficar com- têm duas cada; o quarto pré-molar e o primeiro e o segundo molares
primidos, têm raízes superficiais e estão todos em uso. Além disso, a têm três cada. Os dentes molares inferiores têm duas raízes cada, ex-
maioria dos dentes dispõe-se obliquamente. ceto o primeiro pré-molar e o terceiro molar, que têm uma. O dente
A fórmula da dentição para os dentes permanentes do cão é: cortante superior, que é o quarto pré-molar, possui duas raízes ros-

I C Pm M
trais num plano transversal e uma grande raiz caudal. Observe que as
raízes laterais do quarto pré-molar ficam ventrolaterais ao canal infra-
Superiores 3 142 orbitário e que o par rostral da raiz medial fica ventromedial ao fora-
Inferiores 3" I 4 3 = ~~, total (direito e esquerdo) = 42 me infra-orbitário.

A dentição temporária ou decídua ("dentes de leite") pode ser


expressa pela fórmula:
Ceratoiáide
I C Pm Basiáide

Superiores 3 I 3
Inferiores 3 I 3 ~ ' total (direito e esquerdo) = 28
Tíreoiáide
O primeiro dente incisivo (central) fica próximo ao plano media-
no e é seguido pelos segund0'(intermediário) e terceiro (de canto) inci-
sivos. Na dentição permanente, os dentes pré-molares e molares são y.•..
-..-- Tímpanoiáide

numerados de rostral para caudal; portanto, o dente mais próximo ao


canino é o número um. O quarto pré-molar é o maior dente molar da Fig. 188 Ossos hióides, face ventral.
A CABEÇA 159

A superfície externa dos dentes é a superfície vestibular e a su- através do forame magno. Em sua face rostral, tem muitas espirais
perfície interna é a superfície lingual. As faces de um dente que ficam etmoturbinadas, que se projetam na parte caudal da cavidade nasal, en-
em contato com um dente adjacente ou voltam-se para ele são as super- chendo-a. Em vida, essas finas espirais ossificadas são revestidas por
fícies de contato. A superfície do dente que faz face à arcada dentária mucosa olfatória. O canal óptico é uma pequena passagem em cada asa
oposta é conhecida como superfície oclusal ou mastigatória. orbitária do osso pré-esfenóide, por onde passa o nervo óptico.
A fossa média do crânio estende-se caudal mente dos canais
Cavidades do crânio ópticos até as cristas petrosas e o dorso da sela. Situa-se num nível mais
baixo do que a fossa rostral do crânio. Há vários forames pares no asso-
alho dessa fossa. Caudal ao canal óptico, fica a fissura orbitária. Os
Cavidade craniana nervos oculomotor, troclear e abducente, bem como o nervo oftálmico
originário do nervo trigêmeo, deixam a cavidade craniana por meio dessa
A cavidade craniana (Figs. 189, 190) contém o encéfalo e seus abertura. Caudal e lateral à fissura orbitária, encontra-se o forame re-
revestimentos e vasos. O teto da caixa encefálica, a cal vária, é formado dondo, que transmite o nervo maxilar, originário do nervo trigêmeo, para
pelos ossos parietais e frontais. Os dois terços rostrais da base do crânio o canal alar. Cauda lateral ao forame redondo está o forame oval, que
são formados pelos ossos esfenóides. O terço caudal é formado pelos conduz o nervo mandibular oriundo do nervo trigêmeo, e a artéria me-
ossos occipital e temporais. A parede caudal é o osso occipital, e a pare- níngea média, que entra na cavidade craniana, proveniente da artéria
de rostral é a lâmina crivosa (cribriforme) do osso etmóide. As paredes maxilar.
laterais são formadas pelos ossos temporais, parietais, frontais e esfe- A sela turca, na superfície dorsal do basisfenóide, contém a
nóides. O interior da cavidade craniana contém impressões formadas hipófise. É composta de uma fossa hipofisária rasa, que é limitada
pelos giros e sulcos do cérebro. Artérias saem de sulcos na superfície rostralmente pelo osso pré-esfenóide e limitada caudalmente por um
cerebral dos ossos, enquanto muitas das veias ficam na díploe, entre os processo quadrilateral elevado, o dorso da sela. A parte caudal da fos-
planos externo e interno dos ossos. A base da cavidade craniana divide- sa média é a parte mais larga da cavidade craniana. Os lobos parietais e
se em fossas rostral, medial e caudal. temporais do cérebro localizam-se aí.
A fossa rostrallocaliza-se na frente dos canais ópticos. O asso- A fossa caudal do crânio contém o cerebelo, a ponte, a medula
alho dessa fossa é formado pelo osso pré-esfenóide e pela lâmina crivo- oblonga e a parte dos lobos occipitais do cérebro. Vai das cristas petrosas
sa (cribriforme) do etmóide. É limitada lateralmente pelo osso frontal. e do dorso da sela até o forame magno. O assoalho dessa fossa é forma-
Os bulbos olfatórios e as partes rostrais dos lobos frontais do cérebro do pela parte basilar do occipital e pelas partes petrosas dos ossos tem-
ficam nessa fossa. Os inúmeros forames na lâmina crivosa (cribriforme) porais.
conduzem vasos sanguíneos e nervos olfatórios do epitélio olfatório da Estude os forames e canais no assoalho e nos lados da caixa ós-
cavidade nasal para os bulbos olfatórios do cérebro. A lâmina crivosa sea (Fig. 190). A abertura do canal carotídeo localiza-se sob a extremi-
muito perfurada do osso etmóide separa a caixa encefálica da cavidade dade rostral da parte petrosa do osso temporal.
nasal. (Pode ser a rota de microrganismos invasivos via a cavidade na- O canal para o nervo trigêmeo fica na extremidade rostral da
sal.) É côncava em sua superfície caudal e pode ser vista num crânio parte petrosa do osso temporal. O gânglio trigêmeo situa-se no canal.

Fissura pala tina

Forame infra-orbitário

Fossa para o saco lacrimal

Parte lal. do seio frontal

Forames alveolares

Sulco quiasmático
Canal óptico

Fissura orbitária
Processo clinóide rostral

Fossa hipofisária Forame redondo

Processo clinóide caudal


Forame oval

Dorso da sela

Canal para o n. trigêmeo

Canal para o seio transverso

Fossa cerebelar Forame jugular

Canal do hipoglosso

Fig. 189 Crânio após remoção da cal vária, face dorsal.


160 ACABECA

Tentório ósseo Sulco para a a. meníngea média


Sulco transverso

Parte medial do seio frontal

Fossa cerebelar

Forame mastóideo

Canal do hipoglosso
Meato acústico int.
Fissura petroccipital
Entrada para o recesso maxílar

Forame esfenopalatino
Canal para o n. trigêmeo

Canal óptico
Forameoval Fissura orbitária
Forame redondo

Fig. 190 Secção sagital do crânio, face media!. Os algarismos romanos indicam os endoturbinados; os algarismos arábicos, os ectoturbinados.

Caudal a ele, encontra-se o meato acústico interno, através do qual A concha nasal dorsal origina-se como a espiral mais dorsal na
passam os nervos facial e vestibulococlear. Dorsocaudal ao meato acús- lâmina crivosa e estende-se rostralmente como uma plataforma unida
tico interno, encontra-se a fossa cerebelar, que contém uma pequena ao longo da superfície medial do osso nasal.
porção lateral do cerebelo. A concha nasal ventral consiste em várias espirais alonga-
O forame jugular está localizado entre a parte petrosa do osso das, que se unem a uma crista na superfície medial da maxila. Fica no
temporal e o osso occipital. Abre-se no lado externo, através da fissura meio da cavidade nasal, mas não entra em contato com o septo nasal me-
diano.
timpanoccipital e conduz os nervos cranianos glossofaríngeo, vago e
acessório, bem como o seio venoso sigmóide. Caudomedial ao forame O labirinto etmoidal é constituído de muitas espirais delicadas,
jugular, encontra-se o canal do hipoglosso, para o nervo hipoglosso. que se unem à lâmina crivosa caudalmente e ocupam o fundo da cavi-
Dorsal a esse forame, fica o canal condilar, que conduz um seio venoso. dade nasal. Dorsalmente, as espirais estendem-se como ectoturbinados
Projetando-se rostroventralmente da parede caudal da cavidade na porção rostral do seio frontal. Ventralmente, como endoturbinados,
craniana, encontra-se o tentório ósseo, composto de processos dos os- as espirais unem-se ao vômer, que separa todo o labirinto etmoidal da
sos parietal e occipital. A membrana dural, o tentório do cerebelo, une- parte nasal da faringe (nasofaringe).
se às cristas petrosas e ao tentório ósseo, separando o cérebro do cere- O complexo do osso etmóide localiza-se entre a caixa encefálica
belo. Um forame para o seio sagital dorsal relativamente mediano lo- e a parte facial do crânio. É composto pelo labirinto etmóide, pela lâmi-
caliza-se na superfície rostral do osso occipital, dorsal ao tentório ós- na crivosa e pela lâmina perpendicular óssea mediana do septo nasal. O
seo. Abre-se nos canais transversos pares. Esse forame conduz o seio complexo do osso etmóide é cercado pelo osso frontal dorsalmente, pela
venoso sagital dorsal para o seio transverso, no canal transverso. O seio maxila lateralmente e pelo vômer e pelo palatino ventralmente. O labi-
transverso continua ventrolateralmente através do sulco transverso do rinto etmoidal, constituído de ecto e endoturbinados ligados à lâmina
osso occipital. Em seguida, como o seio temporal, cruza o osso tempo- crivosa, possui uma lâmina orbitária de cada lado, que forma a parede
medial do recesso maxilar.
rallateral à porção petrosa. No forame retroarticular, o seio temporal
comunica-se com a veia maxilar. O septo nasal separa as cavidades nasais direita e esquerda. É
composto de cartilagem e osso. A parte cartilagínea, a cartilagem sep-
tal, forma os dois terços rostrais dessa divisão mediana. Articula-se com
Cavidade nasal outras cartilagens nas narinas, o que impede o colabamento das nari-
nas. Ventralmente, a cartilagem septal encaixa-se num sulco formado
A cavidade nasal é a parte facial das vias respiratórias. Começa pelo vômer, e dorsalmente articula-se com os ossos nasais, onde se en-
na abertura nasal óssea e é constituída de duas metades simétricas, contram na linha média. A parte óssea do septo nasal é formada pela
separadas por um septo nasal mediano. As aberturas caudais das cavi- lâmina perpendicular do osso etmóide, pelos processos septais dos os-
dades nasais são as coanas. Num crânio seccionado ao meio, estude as sos frontais e nasais e pela porção sagital do vômer.
espirais ósseas, as conchas, que ficam na fossa nasal. Compare-as com Em cada cavidade nasal, a concha nasal dorsal semelhante a uma
as conchas revestidas de mucosa de uma cabeça embalsamada cortada plataforma e as espirais da concha nasal ventral dividem a cavidade em
ao meio. quatro passagens primárias, conhecidas como meatos (Fig. 191). O
As conchas (Figs. 190, 191) projetam-se em cada metade da ca- meato nasal dorsal fica entre o osso nasal e a concha nasal dorsal. O
vidade nasal e, com sua mucosa, funcionam como defletores para aque- pequeno meato nasal médio fica entre a concha nasal dorsal e a concha
cer e limpar o ar inspirado. Suas porções caudais também contêm neu- nasal ventral, enquanto o meato nasal ventral fica dorsal ao palato duro.
o rônios olfatórios, cujos axônios seguem para os bulbos olfatórios do Como as conchas não atingem o septo nasal, forma-se um espaço verti-
cérebro, através da lâmina crivosa. cal, o meato nasal comum, de cada lado do septo nasal. Esse espaço
A CABEÇA 161

Processo nasal do osso incisivo

Concha nasal ventral

Dueto nasolacrimal

Cartilagem do septo nasal


Vestíbulo

Meato nasal ventral


Lábio

Plexo vascular do palato duro

Processo pala tino do osso incisivo Cartilagem vomeronasal

Fig. 191 Secção transversal da cavidade nasal.

estende-se da abertura nasal até as coanas numa direção longitudinal, e Cão vivo
do osso nasal ao palato duro numa direção vertical.
Palpe as caracteósticas do crânio da cabeça do cão. A parte mais
larga da cabeça é o arco zigomático palpável. Palpe o processo zigo-
Seios paranasais mático do osso frontal (seu ponto mais largo) e o ligamento orbitário
entre ele e o processo frontal do osso zigomático. Esse ligamento forma
Há três seios frontais (Figs. 189, 190) localizados entre as faces a borda lateral da parte rostral da órbita. Acompanhe o osso frontal cau-
externa e interna do osso frontal. São designados lateral, rostral e medi- dalmente, até a linha temporal e a crista sagital. Sinta a protuberância
aI. O seio frontal lateral é muito maior do que os outros. Ocupa o pro- occipital externa e acompanhe a crista nucal ventralmente, de cada lado,
cesso zigomático e estende-se caudalmente, limitado lateralmente pela até o processo mastóide do osso temporal. Flexione e estenda a articu-
linha temporal e medialmente pelo septo mediano. Pode ser parcialmente lação atlantoccipital. Acompanhe os ossos frontais rostralmente até o
dividido por septos ósseos que se estendem nele. O seio frontal rostral nariz e os ossos maxilares. Sinta o forame infra-orbitário do lado da
é pequeno e fica entre o plano mediano e a órbita. O labirinto etmoidal maxila, no nível das raízes rostrais do quarto pré-molar. Rebata o lábio
salienta-se nesse seio. O seio frontal medial fica entre o septo mediano e estude as coroas e colos dos dentes de cada arcada dentária. Encontre
e as paredes dos outros dois seios. É muito pequeno e pode estar ausen- os dentes cortadores e observe como entram em contato entre si.
te. Todos os três seios comunicam-se com a cavidade nasal.
Palpe o processo coronóide da mandíbula, medial ao arco zigo-
O recesso maxilar (Fig. 190) comunica-se com a cavidade na- mático, e o processo angular ventralmente. Sinta o corpo da mandíbula
sal. Sua abertura fica num plano transversal, através das raízes rostrais e movimente a articulacão temporomandibular, abrindo a boca.
do quarto dente pré-molar superior. O recesso continua caudalmente até
um plano através do último dente molar. As paredes do recesso maxilar
são formadas, lateral e ventralmente, pela maxila e medialmente pela ESTRUTURAS DA CABEÇA
lâmina orbitária do osso etmóide. A glândula nasal lateral ocupa esse
recesso. Para facilitar a dissecção da cabeça, ela deve ser removida e di-
vidida no plano mediano. Com a utilização de uma serra, efetue um corte
transversal completo do pescoço, no nível da quarta vértebra cervical.
Cavidade timpânica Seccione a cabeça e a porção unida do pescoço no plano media-
no, usando uma serra de fita. Lave a superfície do corte, para remover
A cavidade timpânica é a cavidade da orelha média. Aloja os pó de osso e pêlos.
ossículos auditivos e comunica-se com a parte nasal da faringe (na- Tire a pele de ambas as metades, deixando os músculos no lugar.
sofaringe) via a tuba auditiva. É limitada ventralmente pela bolha tim- Deixe uma estreita margem de pele ao redor da borda das pálpebras e
pânica e dorsalmente pela parte petrosa do osso temporal. Lateralmen- na borda dos lábios. Preserve o nariz e o filtro, que é o sulco mediano,
te, o meato acústico externo é fechado pela membrana timpânica (Figs. separando as partes direita e esquerda do lábio superior. Retire a pele
183, 185). apenas da base da orelha.
O lado direito da cabeça será usado para a dissecção de vasos e
nervos, enquanto o lado esquerdo será usado para músculos. Ao final
Articulações da cabeça de cada peóodo de dissecção, enrole a cabeça numa gase grosseira de
algodão, umedecida com água fenólica a I %, ou fenoxietanol a 2%, antes
A articulação atlantoccipital foi descrita com as vértebras. A ar-
de cobrir seu espécime. Para evitar dessecamento, é útil um saco plás-
ticulação temporomandibular fica entre o processo condilar da man- tico.
díbula e a fossa mandibular do osso temporal. A articulação é alongada
transversalmente. Há um fino menisco cartilagíneo, o disco articular,
que separa as superfícies articulares de cada osso e divide a cápsula ar- Músculos da face
ticular em dois compartimentos. Ligamentos laterais e caudais reforçam
a cápsula articular. Os músculos da face funcionam para abrir, fechar ou movimen-
A sÍnfise da mandíbula é uma sincondrose com uma superfície tar os lábios, as pálpebras, o nariz e a orelha. São todos inervados pelo
interdigitada, que persiste por toda a vida no cão. nervo facial (sétimo craniano).
162 A CABEÇA

Bochechas, lábios e nariz. O platisma (Fig. 192) é um músculo. palpebral. Unem-se em cada extremidade da fissura, formando as co-
cutâneo que vai da rafe mediana dorsal do pescoço até o ângulo da boca,· missuras palpebrais medial e lateral. Cada comissura une-se por li-
onde se irradia no orbicular da boca. É o músculo mais superficial, re- gamentos ao osso adjacente. O ligamento palpebral medial é bem de-
vestindo a superfície ventrolateral da face. Seccione esse músculo e senvolvido e une a comissura medial ao osso frontal, próximo à sutura
rebata-o. nasomaxilar. O ligamento palpebrallateral é pouco desenvolvido e une-
O orbicular da boca fica próximo às bordas livres dos lábios e se ao osso zigomático no ligamento orbitário.
estende-se de um lábio ao outro ao redor do ângulo da boca. As fibras A pálpebra superior apresenta cílios em sua borda livre. A pálpe-
de cada lado terminam no plano mediano, nas regiões incisivas do inci- bra inferior não tem cílios. A superfície cutânea ou externa da pálpebra
sivo e da mandíbula. é coberta por pêlos. A superfície posterior ou interna é coberta por uma
O músculo bucinador é um músculo fino e largo que forma a membrana mucosa, a conjuntiva palpebral (ver Fig. 206). Acompa-
base da bochecha. Liga-se às bordas alveolares da mandíbula e à maxi- nhe a conjuntiva palpebral posteriormente até sua reflexão das pálpe-
la, bem como à mucos a bucal adjacente. Pode ser encontrado entre a bras sobre o bulbo do olho, que é a conjuntiva bulbar. O ângulo for-
borda rostral do músculo masseter e o orbicular da boca. Coloque o dedo mado por essa reflexão denomina-se fórnice. A cavidade potencial as-
no interior da bochecha e comprima para fora. Isso ajudará a definir o sim formada, o saco conjuntival, é limitada posteriormente pela
bucinador. Uma porção do bucinador fica profunda ao músculo orbicular conjuntiva bulbar e pela córnea, e anteriormente pela conjuntiva palpe-
da boca e é difícil separá-Ia dele. Funciona para retornar alimento do bral.
vestíbulo para a superfície oclusal dos dentes. Na comissura medial, observe a saliência triangular da pele com
O levantador nasolabial é um músculo achatado, que fica em- pêlos finos, a carúncula lacrimal. O ponto lacrimal (ver Fig. 203) de
baixo da pele, na superfície lateral do osso maxilar. Origina-se do osso cada pálpebra é o início dos ductos lacrimais dorsal e ventral. Cada um
maxilar, segue rostroventralmente e fixa-se à borda do lábio superior deles é uma pequena abertura na borda conjuntival da pálpebra, a pou-
na parte externa da narina, dilatando-a e erguendo o lábio superior. cos milímetros da comissura medial. Pode ser difícil ver os pontos sem
Pálpebras. Antes de dissecar as pálpebras, observe suas carac- o auxílio de ampliação. A glândula lacrimal, situada ventral ao pro-
terísticas externas. As pálpebras superior e inferior limitam a fissura cesso zigomático do osso frontal, secreta através de muitas aberturas

Espinha da hélice

Escutuloauricular superficial dorsal

Escutuloauricular superficial médio

Retratar do ângulo lateral do olho


Levantador do ângulo medial do olho
Orbicularis oculi
Levantador nasolabial

Esfíncter profundo do pescoço - parte palpebral


Platisma

Zigomático

Esfíncter profundo do pescoço - parte intermediária

Fig. 192 Músculos superficiais da cabeça, face lateral esquerda.


A CABEÇA 163

ductais na parte dorsolateral do saco conjuntival. Após esse líquido se-


roso ter passado pela córnea, é coletado pelos pontos e segue, em se-
qüência, através do ducto lacrimal de cada pálpebra, do saco lacrimal
e do ducto nasolacrimal, para o meato nasal ventral da cavidade nasal. Epiglote
Aí, ocorre a evaporação da secreção lacrimal. Uma contribuição signi- Prega
ficativa para a secreção de lágrimas vem da glândula da terceira pálpe- glossoepiglótica
bra, das células conjuntivais em cálice e das glândulas tarsais da pálpe- Papi/as cônicas
bra superior. A glândula lacrimal e a abertura rostral do ducto nasola- Arco
crimal serão 'vistas mais tarde. palotoglosso Papi/as vaIadas
A prega semilunar, ou terceira pálpebra (Fig. 203), é uma prega
côncava de conjuntiva palpebral e cartilagem, que se projeta do ângulo Área de papi/as
medial do olho. A cartilagem estende-se ventralmente na órbita e é cer- foliadas

cada por um corpo de tecido adiposo e tecido glandular, a glândula Sulco mediano
superficial da terceira pálpebra, que será dissecada logo. Sua secre-
ção serosa entra no saco conjuntival sob a terceira pálpebra, na comis-
sura medial. Afaste a terceira pálpebra da conjuntiva bulbar e examine
sua superfície medial. Observe o tecido linfóide levemente elevado.
Há diversos músculos associados às pálpebras. O orbicular do
olho (Fig. 1'92) fica parcialmente nas pálpebras e une-se medialmente Frênulo lingual
ao ligamento palpebral medial. Lateralmente, as fibras do músculo fun-
dem-se com as do retrator do ângulo do olho, que cobre o ligamento
palpebrallateraL A ação do músculo é fechar a fissura palpebral. O le-
vantador da pálpebra superior tem uma origem profunda no interior
da órbita e será dissecado com os músculos do bulbo do olho. Ele levan-
ta a pálpebra superior.
A orelha externa. Os músculos auriculares rostrais (Fig. 192)
Fig. 193 Língua, face dorsal.
incluem aqueles músculos que ficam na fronte caudal à órbita e conver-
gem para a cartilagem auricular. Seccione os músculos em suas origens
e volte-os para a cartilagem auricular. Observe que a parte dorsal média
origina-se de seu par do lado oposto. modificada, formando vários tipos de papilas. Um microscópio de dis-
A cartilagem escutiforme é uma pequena lâmina cartilagínea, secação facilitará o exame dessas éstruturas. São identificados cinco tipos
em forma de bota, localizada nos músculos rostrais e mediais à orelha de papilas, por seu fomato. As papilas filiformes são encontradas pre-
externa. É uma cartilagem isolada interposta nos músculos auriculares. dominantemente no corpo e no ápice da língua. Dispõem-se em fileiras
Os músculos auriculares caudais constituem o maior grupo. A como pedregulhos, com suas múltiplas extremidades pontiagudas
maioria desses músculos origina-se da rafe mediana do pescoço e une- dirigidas caudalmente. Na raiz da língua, as papiJas filiformes são subs-
e diretamente à cartilagem auricular. Seccione os músculos auriculares tituídas por papilas cônicas, que têm apenas uma extremidade pontia-
audais e volte a orelha externa ventralmente, para expor o músculo guda. As papilas fungiformes têm uma superfície redonda e lisa, sen-
temporal. do em menor quantidade. Localizam-se entre as papilas filiformes. Al-
Os outros músculos superficiais da face, todos inervados pelo gumas podem estar espalhadas, caudalmente, entre as papilas cônicas.
nervo facial, não serão dissecados. São todos designados coletivamente As papilas foliadas são encontradas nas margens laterais da raiz da lín-
orno músculos miméticos ou músculos de expressão facial. gua, rostrais ao arco palatoglosso. São foliformes, mas aparecem como
uma fileira de sulcos paralelos no espécime fixado. As papilas vaiadas
Cavidade oral localizam-se na junção do corpo com a raiz da língua. Há quatro a seis
no cão e dispõem-se na forma de um V com o ápice dirigido caudal-
A cavidade oral, ou boca, divide-se em vestíbulo e cavidade oral mente. São maiores do que as outras, possuem uma superfície circular e
são rodeadas por um sulco. Há botões gustatórios nas papilas vaiadas,
,'ropriamente dita. O vestíbulo é a cavidade que fica do lado de fora dos
foliadas e fungiformes.
entes e gengivas e dentro dos lábios e bochechas. Os ductos da parótida
A língua une-se rostralmente ao assoalho da cavidade oral por
e das glândulas salivares zigomáticas abrem-se na parte dorsocaudal do
uma prega mediana ventral de mucosa, o frênulo da língua (Fig. 194).
,-estíbulo. (; ducto parotídeo abre-se através da bochecha, numa pe-
Examine a superfície de corte medial do ápice da língua. Na linha mé-
,uena papila situada em oposição à extremidade caudal do quarto pré-
dia, exatamente sob a mucosa, fica a Iissa (Fig. 195), uma espícula fi-
molar superior, ou dente cortante. Os ductos da glândula zigomática
brosa fusiforme que vai do ápice até o nível da fixação do frênulo. Ex-
::brem-se no vestíbulo, laterais ao último dente molar superior.
ponha a lissa.
A cavidade oral propriamente dita é limitada dorsalmente pelo
•.~ato duro e por uma pequena parte do palato mole adjacente; lateral e
;-astralmente pelas arcadas dentárias; e ventralmente pela língua e pela Glândulas salivares
i::iucosa adjacente. Seu limite caudal, ventralmente, é o corpo da língua,
-o arco palatoglosso. Afaste a língua de uma das mandíbulas e observe
_ prega de tecido que se estende do corpo da língua ao início do palato Volte a língua medialmente e observe a elevação levemente sa-
ale; este é o arco palatoglosso (Fig. 193). Comunica-se livremente liente, que fica bem adjacente ao frênulo lateralmente e projeta-se do
:em o vestíbulo por numerosos espaços interdentais e continua-se cau- assoalho da cavidade oral, denominada carúncula sublinguaI. Esten-
dendo-se caudalmente da carúncula, encontra-se a prega sublinguaI.
,.:..:Jmentepela parte oval da faringe (orofaringe).
O ducto mandibular e o ducto sublingual maior (Fig. 194) encon-
tram-se nessa prega. Seguem rostralmente e abrem-se na carúncula
Língua sublingual, ou ao seu lado, separadamente ou através de uma abertura
comum. lncise cuidadosamente a mucos a acima desses ductos, da
Examine a língua (Fig. 193). É um órgão muscular composto de carúncula à raiz da língua, no arco palatoglosso. Rebata cegamente a
entrelaçados de músculos intrínsecos e extrínsecos, que serão mucosa para expor os ductos e o tecido salivar associado. O ducto su-
ados mais tarde. Divide-se numa raiz, que compõe o seu terço blingual maior está ligado caudalmente à glândula sublingual monos to-
; um corpo, que é a longa parte rostral fina da língua; e uma ex- mática, que fica intimamente associada à glândula salivar mandibular.
_;:;:lldade livre, o ápice. A mucosa que reveste o dorso da língua é Existem também lóbulos glandulares sublinguais (a glândula sublingual
164 A CABEÇA

Localização da tonsila palatin


Ducto parotideo
M. temporal

Arco zigomático

M. pterigóideo med.

Glândulas pala tinas


"""""', p"ri"" \

Glândula zigomática

Óstio do ducto zigomático maior

Óstio do ducto sublingual


M. genioglosso

M. esternotireói<... o
M. cricotireóideo M. miloióideo

M. esternoióideo M. digástrico

Glândula mandibular Glândula sublingual


M. tireoióideo M. estiloióideo

Fig. 194Glândulas salivares: parótida, mandibular, sublinguaJ e zigomática.

polistomática), profundos à mucosa da prega sublingual. Possuem duc- para a bochecha. Abre-se no vestíbulo, numa pequena papila, no nível
tos microscópicos independentes, que se abrem na cavidade oral. Acom- da borda caudal do quarto pré-molar superior. Revire o lábio superior
panhe os ductos mandibular e sublingual maior até a raiz da língua. Sua perto da comissura e encontre a pequena abertura no vestíbulo. Os duc-
origem será vista quando essas glândulas forem dissecadas da face late- tos da glândula salivar zigomática abrem-se no vestíbulo, junto ao últi-
ral da cabeça. mo molar, caudais ao ducto parotídeo. A glândula será dissecada mais
Exponha a glândqla salivar mandibular (Fig. 194) na face la- tarde (ver adiante).
teral da cabeça, exatamente caudal ao ângulo da mandíbula, onde fica
entre as veias maxilar e linguofacial. É revestida por uma espessa cápsula,
que também inclui a parte caudal da glândula sublingual monostomática Palato
(Figs. 194, 196). lncise a cápsula que envolve essas duas glândulas e
libere a porção caudal, elevando-a da cápsula. Localize a divisão entre Examine o teto da cavidade oral. O palato duro é atravessado
a glândula sublingual situada rostralmente, que é levemente triangular, por aproximadamente oito cristas transversais (Fig. 195). Uma peque-
e a glândula mandibular ovóide, maior. Os ductos de ambas as glându- na saliência, a papila incisiva, fica exatamente caudal aos dentes in-
las deixam a superfície rostromedial e entram no espaço entre os mús- cisivos centrais. A fissura de cada lado dessa papila é a abertura oral
culos masseter e digástrico. Lóbulos da glândula sublingual continu- do ducto incisivo. O dueto incisivo passa pela fissura palatina e abre-
am na cavidade oral, onde podem ser vistos embaixo da mucos a oral. se no meato nasal ventral. Estendendo-se caudalmente do ducto inci-
A glândula salivar parótida (Fig. 194) fica entre a glândula sivo, junto à sua entrada na cavidade nasal, está o órgão vomerona-
mandibular e a orelha. Está firmemente aderida à base da cartilagem sal (Fig. 191). Essa estrutura tubular, com cerca de 2 cm de compri-
auricular da orelha. O ducto parotídeo é formado por duas ou três mento, localiza-se na base do septo nasal, dorsal ao palato duro, e é
radículas convergentes, que se unem e deixam a borda rostral da glân- um receptor olfatório de estímulos sexuais. Pode ser visto, às vezes,
dula. Faz um sulco na superfície lateral do músculo masseter, ao seguir ao corte sagital da cabeça.
A CABEÇA 165

6 7
5

34

Fig. 195 Secção sagital da cabeça.

1. Áxis 20. Genioglosso


2. Dente 21. Gênioióideo
3. Atlas 22. Miloióideo
4. Longo da cabeça 23. Osso pterigóide
5. Parte basilar do occipital 24. Tensor do véu palatino
6. Basisfenóide 25. Óstio faríngeo da tuba auditiva
7. Pré-esfenóide 26. Pterigofaríngeo
8. Seio frontal 27. Levantador do véu palatino
9. Labirinto etmoidal 28. Palato mole
10. Concha nasal dorsal 29. Palatofaríngeo
lI. Concha nasal ventral 30. Basióide
12. Meato nasal médio 31. Epiglote
13. Meato nasal dorsal 32. Cartilagem tireóidea
14. Meato nasal ventral 33. Prega vocal
15. Cartilagem nasal lateral dorsal 34. Esternoióideo
16. Prega alar 35. Cartilagem cricóidea
17. Óstio do ducto nasolacrimal 36. Parte laríngea da faringe
18. Lissa 37. EsMago
19. Palato duro 38. Longo do pescoço
166 A CABEÇA

Faringe caudalmente de cada lado, da borda caudal do palato mole à parede


dorso lateral da parte nasal da faringe (nasofaringe). É uma prega de
A faringe (Figs. 195, 196) é uma passagem comum aos sistemas
mucosa que reveste o músculo palatofaríngeo. Na parede lateral da par-
respiratório e digestivo. Divide-se em partes oral, nasal e laríngea. A te nasal da faringe (nasofaringe), dorsal ao meio do palato mole, há uma
parte oral da faringe (orofaringe) vai do nível dos arcos palatoglossos
abertura em forma de fenda, oblíqua, o óstio faríngeo da tuba auditiva
até a borda caudal do palato mole e a base da epiglote, na extremidade (Fig. 195).
caudal da raiz da língua. Os limites dorsal e ventral da orofaringe são o A parte laríngea da faringe (Iaringofaringe) é dorsal à laringe.
palato mole e a raiz da língua. A parede lateral da parte oral da faringe Vai dos arcos palatofaríngeos até o início do esMago. O esMago come-
(orofaringe) contém a tonsila palatina na fossa tonsilar.
ça num estreitamento anular, no nível da cartilagem, o limite larin-
A tonsila palatina (Figs. 193, 194 e 196) é alongada e localiza- goesofágico.
se caudalmente ao arco palatoglosso. A parede medial da fossa, que cobre
parcialmente a tonsila, é a prega semilunar. A tonsila é fixa lateralmente
em toda a sua extensão. Rebata a tonsila da fossa. Laringe
A cavidade nasal estende-se das narinas às coanas. É dividida em
metades direita e esquerda pelo septo nasal. Cada metade divide-se em
quatro meatos, que foram descritos com os ossos da cavidade nasal e Cartilagens da laringe
devem ser revistos agora. No assoalho da extremidade rastro lateral do
meato ventral, encontre o óstio do dueto nasolacrimal. Pode ser ne- Estude as cartilagens da laringe (Fig. 197) em espécimes cujos
cessário remover a extremidade rostral do septo cartilagíneo, para ver a músculos foram removidos. Visualize sua topografia em seu espécime
abertura. Esse dueto vem do saco lacrimal, na comissura medial do olho. seccionado em duas partes e palpe-as através da mucosa laríngea. As
A parte nasal da farlnge (nasofaringe) estende-se das coanas à cartilagens laríngeas que serão dissecadas incluem as cartilagens arite-
junção dos arcos palatofaríngeos. Um arco palatofaríngeo estende-se nóideas pares e a epiglótica, a tireóidea e a cricóidea, ímpares.

Fig. 196 Transecção da cabeça através da tonsila palatina.

1. Díploe 17. M. genioióideo


2. M. temporal 18. A. e v. linguais
3. M. pterigóideo lateral 19. N. hipog!osso
4. Processo zigomático do osso temporal 20. Ducto mandibular
5. Processo condi lar 21. Ducto sublingual maior
6. Tensor do véu palatino 22. Glândula salivar sublingual
7. M. pterigóideo media! 23. Tonsila palatina na fossa tonsilar
8. M. pterigofaríngeo 24. A. e v. alveolares inferiores
9. M. palatino 25. Nn. miloióideo, alveolar inferior e lingual
10. Mandíbula 26. A., v. e n. maxilares no canal alar
11. M. masseter 27. A. carótida interna do seio cavernoso
12. Veia facia! 28. Nervos cranianos m, IV, e VI e divisão oftálmica de V
13. M. digástrico 29. Círculo arterial do cérebro - a. comunicante caudal
14. M. estiloglosso
15. M. hioglosso
16. M. miloióideo
A CABEÇA 167

Timpanoióide

Articulação tireoióidea Cartilagem sesamóide

Lâmina tireóidea Cartilagem interaritenóidea

Processo
comiculado
EPIGLOTE

APARELHO HIÓIDEO TlREÓIDE


CRICÓIDE
ARITENÓIDE

Fig. 197 Cartilagens da laringe desarticulada com o aparelho hióideo intacto, face lateral esquerda.

A cartilagem epiglótica (epiglote) fica na entrada da laringe. Sua faceta na borda rostral da lâmina cricóidea e possui um processo mus-
superfície lingual está unida ao osso basióide e opõe-se à parte oral da cular lateral e um processo vocal dirigido ventralmente. A prega vo-
faringe (orofaringe). O ápice fica exatamente dorsal à borda do palato cal fica presa entre o processo vocal da aritenóidea e a cartilagem tireói-
mole. A borda lateral une-se por mucosa ao processo cuneiforme da dea. A cartilagem aritenóidea apresenta um processo corniculado dor-
aritenóidea, formando a prega ariepiglótica. Caudalmente, a epiglote salmente. Rostral a esse processo, o processo cuneiforme une-se à ari-
une-se ao corpo da cartilagem tireóidea. tenóidea (Fig. 197). A prega vestibular fica ligada à porção ventral do
A cartilagem tireóidea forma uma vala profunda, que se abre processo cuneiforme e forma o limite rostral do ventrículo laríngeo. O
dorsalmente. O corno rostral articula-se com o osso tireoióide; o cor- ventrículo da laringe é um divertículo da mucosa laríngea, limitado
no caudal articula-se com a cartilagem cricóidea. Ventralmente, a bor- lateralmente pela cartilagem tireóidea e medialmente pela cartilagem
da caudal é marcada por uma incisura tireóidea caudal mediana. O aritenóidea. Abre-se na laringe, entre a prega vestibular rostralmente e
ligamento cricotireóideo une a borda caudal ao arco ventral da cartila- a prega vocal caudalmente. Observe essas pregas e o ventrículo da la-
gem cricóidea. ringe na face medial de seu espécime (Figs. 198-200).
A cartilagem cncóidea forma um anel completo, que fica parcial- A glote é constituída pelas pregas vocais, pelos processos vocais
mente na vala da cartilagem tireóidea. Possui uma larga placa dorsal, ou das cartilagens aritenóideas e pela rima da glote, que é a estreita passa-
lâmina, e um estreito arco ventral. Próximo à borda caudal najunção da gem através da glote.
lâmina e do arco, há uma faceta lateral para articulação com o corno cau-
dal da cartilagem tireóidea. Na borda cranial da lâmina, há um par salien- Músculos da laringe (Figs. 198-200)
te de facetas laterais para articulação com as cartilagens aritenóideas.
A cartilagem aritenóidea é par, tem um formato irregular e lo- O músculo cricotireóideo fica ventral à inserção do músculo
caliza-se num plano sagital. Cada uma articula-se medialmente com uma estemotireóideo e vai da cartilagem cricóidea à lâmina tireóidea. Estica

M. ventricular,
M. aritenóideo transverso

Iprocesso comiculado da cartilagem aritenóidea


.W=LM.
o.' •• ~
cricoaritenóideo dorsal
Cartilagem cricóidea
Epiglote
Articulação com a
cartilagem tireóidea
Ventrículo laríngeo
M. cricoaritenóideo lat.

Fig. 198 Músculos larfngeos, após reflexão da cartilagem tireóidea, face lateral esquerda.
168 A CABEÇA

Epiglote
Processo cuneiforme da
cartilagem aritenóidea

M.

M.

Fig. 199Músculos laríngeos, face lateral esquerda, após remoção da cartilagem tireóidea e dos músculos tireoaritenóideo, aritenóideo transverso e cricoaritenóideo
dorsal.

Prega ariepiglótica _
Ventrículo da laringe

Corno rostral da cartilagem tireóidea _t+ M. ventricular

Ventrículo da laringe -- M. tireoaritenóideo

M. aritenóideo transverso
Processo comiculado da
cartilagem aritenóidea M. cricoaritenóideo dorsal

~como caudal da cartilagem tireóidea

Fig. 200 Músculos laríngeos, face dorsal.

a prega vocal indiretamente, puxando as partes ventrais das cartilagens Os músculos cricoaritenóideos dorsal e lateral, bem como o ti-
cricóidea e tireóidea juntas, E inervado pelo nervo laríngeo cranial, um reoaritenóideo, são inervados pelo nervo laríngeo caudal oriundo do
ramo do vago. Observe isso na face lateral. nervo laríngeo recorrente.
Na face medial do espécime, rebata a mucos a da laringofaringe a O ventricular e o aritenóideo transverso não serão dissecados.
partir da face dorsal da laringe. Separe a lâmina tireóidea das cartila- Observe a relação do ventrículo da laringe com os músculos la-
gens cricóidea e aritenóidea, para expor os músculos. ríngeos. A partir de sua abertura laríngea, segue rostralmente entre a
O cricoaritenóideo dorsal origina-se da superfície dorsolateral lâmina tireóidea e o tireoaritenóideo lateralmente e a prega vestibular,
da cartilagem cricóidea e insere-se no processo muscular na superfície o processo cuneiforme e o ventrlcular medialmente.
lateral da carti lagem aritenóidea. Gira a aritenóidea para que o processo
vocal mova-se lateralmente, abrindo a glote. É o único músculo larín-
geo que funciona principalmente para abrir a glote. Seccione o músculo
A orelha extema
e examine a superfície articular da articulação cricoaritenóidea. No es-
pécime intacto de cartilagens laríngeas, prenda o processo muscular da A orelha externa (Fig. 201) é constituída pelo pavilhão (orelha) e
aritenóidea com pinça e tracione-o caudomedialmente, como seria pelo meato acústico externo. O meato acústico externo é principalmen-
tracionado pelo músculo cricoaritenóideo dorsal em atividade. Observe te cartilagíneo, mas possui uma pequena parte óssea. Faz uma volta em
a abdução do processo vocal e da prega, o que alarga a abertura da glote. ângulo reto na parte mais profunda de seu trajeto e estende-se até a
O cricoaritenóideo lateral origina-se da superfície lateral da membrana timpânica.
cartilagem cricóidea e insere-se na cartilagem aritenóidea, entre o cri- Exceto por uma pequena cartilagem anular adjacente ao crânio,
coaritenóideo dorsal e o vocal. Sua função é fechar a glote. Exponha a orelha externa é constituída de uma única cartilagem do pavilhão, que
esse músculo, rebatendo a cricóidea medialmente para longe da lâmina se enrola, formando um tubo ventromedialmente. A parte tubular tor-
tireóidea. na-se o meato acústico externo. Remova a pele da base da cartilagem
O tireoaritenóideo é o músculo primitivo que dá origem ao do pavilhão. A cartilagem do pavilhão é afunilada. Sua superfície con-
músculo vocal medialmente e ao músculo ventricular, rostralmente. vexa externa apresenta-se caudalmente; a superfície côncava interna,
Origina-se ao longo da linha média interna da cartilagem tireóidea e rostralmente. Possui uma borda medial e lateral levemente pregueada,
insere-se na cartilagem aritenóidea. Age relaxando a prega vocal e con- denominada hélice. A cartilagem do pavilhão é fina e flexível, exceto
traindo a glote. proximalmente, onde se espessa e enrola-se formando um tubo. Em sua
O vocal é uma divisão medial do músculo tireoaritenóideo. Ori- parede côncava interna, no nível do começo do meato acústico, há uma
gina-se na linha média interna da cartilagem tireóidea e insere-se no crista transversal, a anti-hélice. Oposto à anti-hélice, o limite rostral da
processo vocal da cartilagem aritenóidea. Corte a mucosa laríngea da parte inicial do meato acústico é formado por uma placa quadrangular
prega vocal e observe a face medial desse músculo. Fixado ao longo da espessa da cartilagem do pavilhão, o trago. Projetando-se caudalmente
sua borda rostral, encontra-se o ligamento vocal. do trago e completando o limite lateral do meato acústico externo, en-
A CABEÇA 169

Ápice

Borda lateral da hélice -.......... Escafa

Lateral_
/ Borda medial da hélice

-+Medial

Bolsa marginal cutânea Espinha da hélice

Anti-hélice

Processo lal. do antitrago Ramo lat. da hélice

Processo medo do antitrago

#/~ -Sulco pré-trágico


Ramo medo da hélice

Fig. 20 I Orelha externa direita.

contra-se uma fina peça alongada o antitrago. O sulco


de cartilagem, Ias fixados restantes. Observe a superfície dorsal dos músculos pteri-
intertrágico separa as duas partes da cartilagem do pavilhão. góideos, que agora se encontram expostos na órbita ventral.
A porção lateral da hélice é marcada proximalmente por uma Entre o bulbo do olho e os músculos pterigóideos, fica a glându-
incisura. Neste ponto, a pele forma uma saculação, a bolsa cutânea la salivar zigomática (Figs. 196,212). É coberta lateralmente pelo osso
marginal. zigomático. A glândula abre-se no vestíbulo, por um ducto principal e
A hélice medial é quase reta. Um ângulo abrupto nessa borda, em vários duetos menores laterais ao último dente molar superior.
sua extremidade proximal, forma a espinha da hélice. Entre a espinha Os músculos pterigóideos medial e lateral (Figs. 196,212)
da hélice e o trago, a borda medial do meato acústico é formada por duas originam-se da fossa pterigopalatina e inserem-se na superfície me-
porções curvas da cartilagem, as hastes medial e lateral da hélice. dial e na borda caudal do ramo da mandíbula e do processo angular,
Ambas terminam lateralmente numa borda livre separada do trago pelo ventrais à inserção do músculo temporal. Os músculos não precisam
sulco pré-trágico. ser diferenciados entre si. A maior parte da massa muscular é o pteri-
Seccione a parte lateral do meato acústico por meio de duas inci- góideo medial. Na face medial de seu espécime, corte a mucosa na
sões paralelas, começando nos sulcos intertrágico e pré-trágico. Rebata parte oral da faringe, desde a extremidade rostral da tonsila palatina
a parte isolada da parede lateral, para observar o trajeto do meato acús- até a linha média, na junção dos palatos mole e duro. Rebata as bor-
tico até a membrana timpânica. das cortadas, para expor a superfície ventral do músculo pterigóideo
Interposta entre a cartilagem do pavilhão e o meato acústico ex- media!.
terno do osso temporal, fica a cartilagem anular. Esta é uma tira de Os músculos temporais, masseteres e pterigóideos têm como fun-
cartilagem que se sobrepõe à projeção óssea do meato. ção cerrar as manillbulas. São inervados pelo nervo mandibular, um ramo
do nervo trigêmeo (V nervo craniano).
Músculos da mastigação e músculos Rebata as glândulas salivares mandibular
o músculo digástrico.
e parótida, para expor

relacionados O di gástrico (Figs. 194, 196) origina-se do processo jugular do


osso occipital e insere-se no corpo da mandíbula. Uma intersecção ten-
Na metade esquerda da cabeça, corte todas as fixações dos mús- dínea cruza seu ventre e o divide em partes rostral e caudal. Seccione-o
culos temporal e masseter ao arco zigomático e remova o arco. e exponha suas fixações. Sua ação é abrir as mandíbulas. A porção ros-
O músculo temporal (Figs. 194, 196) origina-se da fossa tem- traI é inervada pelo nervo mandibular (trigêmeo), enquanto a parte cau-
poral e insere-se no processo coronóide da mandíbula. Remova o mús- dal recebe inervação do nervo facial (VII nervo craniano).
culo de sua ampla origem, raspando-o do osso com um instrumento
rombo, como um cabo de bisturi, e rebata-o. Os músculos temporal e
masseter fundem-se entre o arco zigomático e o processo coronóide. Músculos linguais
O músculo masseter (Fig. 196) origina-se do arco zigomático,
onde sua porção profunda intercala-se com as fibras do músculo tem- Os músculos da língua (Figs. 195,202) podem ser divididos em
poral. Insere-se na fossa massetérica, na superfície ventrolateral do grupos extrínsecos e intrínsecos. Os músculos extrínsecos entram na
ramo da mandíbula e no processo angular. O músculo é revestido por língua. Os músculos estiloglosso e hioglosso são mais bem expostos na
uma forte aponeurose brilhante e contém muitas estrias intermuscu- face lateral; o genioglosso, na face media!.
lares tendíneas. O estiloglosso origina-se do osso estiloióide, segue rostroventral-
Seccione o músculo temporal o mais perto possível de sua inser- mente lateral à tonsila palatina e insere-se no meio da língua. Retrai e
ção. Com cortadores de osso, remova o processo coronóide e os múscu- eleva a língua.
170 A CABEÇA

o hioglosso origina-se do tireoióide e do basióide e vai para a gem cricóidea. Suas fibras inserem-se na rafe dorsal mediana da parte
raiz da língua. Fica medial ao estiloglosso, retrai e deprime a língua. laríngea da faringe (Iaringofaringe). Caudalmente, suas fibras fundem-
O genioglosso origina-se da sínfise e da superfície adjacente do se com o esôfago.
corpo da mandíbula. Junta-se ao seu par no plano mediano e é limitado O tireofaríngeo origina-se da face lateral da lâmina tireóidea e
lateralmente pelo genioióideo e pelo hioglosso. Suas fibras caudais pro- insere-se na rafe dorsal mediana da faringe. Esse músculo é rostral ao
jetam a língua e as rostrais retraem o ápice. Fica parcialmente no frênulo. Todos cricofaríngeo e caudal ao hiofaríngeo.
esses músculos são inervados pelo nervo hipoglosso (XII nervo craniano). O hiofaríngeo apresenta-se em duas partes ao originar-se da su-
perfície lateral do osso tireoióideo e do osso ceratoióideo. Essa origem
Músculos hióideos foi previamente seccionada. As fibras, de ambas as partes, formam uma
placa muscular, que segue para cima sobre a laringe e a faringe, indo
Os músculos hióideos (Fig. 202) estão associados ao aparelho inserir-se na rafe dorsal mediana da faringe, com o seu par do lado oposto.
hióideo, que suspende a laringe e fixa a língua. Funcionam na degluti- Todos esses músculos faríngeos são inervados por ramos faríngeos dos
ção, na colocação da língua para fora, no ato de lamber e nos esforços nervos glossofaríngeo e vago.
para vomitar. Todos os músculos desse grupo têm nomes com o sufixo- Os músculos faríngeos restantes e os músculos do palato aqui
hióideo. Os prefixos dos músculos hióideos designam o osso ou a parte citados não precisam ser dissecados (ver Figs. 195,202).
de onde se originam. Disseque os seguintes músculos hióideos da face O palatofaríngeo passa do palato mole para as paredes lateral e
lateral. dorsal da faringe. Sua borda está no arco palatofaríngeo. O pteri-
O esternoióideo, de sua origem no esterno e na primeira cartila- gofaríngeo origina-se do osso pterigóide, passa caudalmente e insere-
gem costal, funde-se ao esternotireóideo mais profundo pelo primeiro se na parede dorsal da faringe. Esses músculos contraem e encurtam a
terço çie seu comprimento. Em seguida, s~para-se desse músculo e se- faringe.
gue um trajeto independente, para inserir-se no osso basióide. Sua ori- O estilofaríngeo origina-se do osso estiloióideo e passa caudo-
gem foi dissecada previamente. lateralmente, profundo aos músculos hiofaríngeo e tireofaríngeo, para
O tireoióideo é um pequeno músculo que fica dorsal ao ester- inserir-se na parede dorsolateral da faringe. Age dilatando a faringe.
nóideo. Vai da cartilagem tireóidea da laringe ao osso tireoióideo. O levantador do véu palatino origina-se da parte timpânica do
Os músculos esternoióideo e tireoióideo são inervados por ramos osso temporal e segue ventralmente para entrar no palato mole, cau-
ventrais de nervos cervicais e do nervo acessório (XI nervo craniano). dal ao osso pterigóide. Dá origem à extremidade caudal do palato mole
O miloióideo ocupa o espaço intermandibular. Origina-se como_ (Fig. 195).
uma fina lâmina de fibras transversais oriundas da superfície medial do O tensor do véu palatino origina-se principalmente da parede
corpo da mandíbula. Insere-se em seu par na rafe ventral mediana. Cau- cartilagínea da tuba auditiva e insere-se no osso pterigóide e medialmente
dalmente, insere-se no basióide. Forma um laço que ajuda a sustentar a no palato mole.
língua. É inervado pelo nervo mandibular do trigêmeo.
O genioióideo tem uma localização profunda ao miloióideo. É
uma tira muscular que se origina na sínfise mandibular e adjacente a ela. o olho e estruturas associadas
Fica paralelo ao seu par ao longo do plano mediano e une-se ao basióideo.
A contração do genioióideo traciona o aparelho hióideo e a laringe A órbita é uma cavidade cônica, que contém o bulbo do olho e
rostralmente. É inervado pelo nervo hipoglosso. anexos oculares. A margem orbitária é formada pelos ossos frontal,
maxilar, lacrimal e zigomático, e pelo ligamento orbitário, lateralmen- -
te. A parede medial da órbita é formada por partes dos ossos frontal,
Músculos faringeos pré-esfenóide e lacrimal. A parede ventral inclui a glândula salivar
Os músculos faríngeos (Figs. 195, 202) atuam diretamente na zigomática e os músculos pterigóideos. As paredes dorsal e lateral são
deglutição. O cricofaríngeo origina-se da superfície lateral da cartila- formadas principalmente pelo músculo temporal. Para estudar a periór-

Tensor do véu palatino

Levantador do véu pala tino

sternotireóideo

Miloióideo

Cartilagem tireóidea
Estiloióideo Esternoióideo
(

Fig. 202 Músculos da faringe e da língua, após remoção da mandíbula esquerda, face lateral esquerda.
A CABEÇA 171

bita e os músculos extra-oculares, é necessário remover todo o arco zi- co na tróclea. A tróclea é uma placa cartilagínea unida, no nível do
gomático e o processo coronóide da mandíbula, com os músculos uni- ângulo medial do olho, à parede da órbita. O tendão do músculo oblí-
dos a ele, o que se consegue melhor com uma serra de Stryker ou torta- quo dorsal volta-se e segue lateralmente, após passar ao redor da tró-
dores de osso .. clea, unindo-se à esclera sob o tendão de insercão do músculo reto dor-
A periórbita é uma bainha cônica de tecido conjuntivo, que en- sal. É difícil distinguir essa inserção e não é preciso dissecá-Ia (Fig. 203a).
volve o bulbo do olho e seus músculos, vasos e nervos. Onde a periór- O oblíquo ventral origina-se da borda rostral do osso palatino,
bita fica em contato com o osso medialmente, é o periósteo da órbita. no nível do forame maxilar, segue ventral ao reto ventral e insere-se na
Seu ápice é caudal onde une-se à borda óssea do canal óptico e à fissura esclera, na inserção do reto lateral.
orbitária. Rostralmente, estende-se e funde-se ao periósteo da face. Pode- Para entender a ação desses músculos individuais, considerar o
se observar tecido adiposo orbitário em ambos os lados da periórbita. bulbo do olho como tendo três eixos imaginários que se cruzam no cen-
Rebata o ligamento orbitário e a periórbita da superfície dorso la- tro do bulbo (Fig. 204). Os músculos retos dorsal e ventral girariam o
teral do bulbo do olho. A glândula lacrimal (ver Figs. 194, 214) é uma bulbo do olho ao redor de um eixo horizontal através do equador, de
pequena estrutura lobular achatada que fica na fac.e medial do ligamen- medial para lateral. Os músculos retos medial e lateral o girariam ao redor
to orbitário dentro da periórbita. Pequenos duetos, que não podem ser de um eixo vertical através do equador, de dorsal para ventral. Os mús-
vistos sem um microscópio, lançam sua secreção na bolsa conjuntival culos oblíquos girariam o bulbo do olho ao redor de um eixo longitudi-
no fórnice dorsal. . nal, passando de rostral a caudal através do centro do bulbo do olho.
Seccione a periórbita longitudinalmente em sua face lateral e Amplie a abeltura da fissura palpebral por uma incisão através
rebata-a para expor os músculos do bulbo do olho e o levantador da da comissura lateral e da conjuntiva subjacente até o bulbo do olho. Isto
pálpebra superior (Fig. 203). facilitará a exposição da terceira pálpebra no ângulo medial. Eleve a
O levantado r da pálpebra superior (Fig. 203) é estreito e su- terceira pálpebra e observe os linfonodos em sua superfície conjuntival
perficial. Começa no ápice da órbita, estende-se sobre o reto dorsal e bulbar e a glândula superficial da terceira pálpebra (Fig. 205).
dilata-se, inserindo-se como um tendão achatado na pálpebra superior.
Há sete músculos extrínsecos do bulbo do oiho (Figs. 203, 204,
214): dois músculos oblíquos, quatro músculos retos e o retrator do
Bulbo do olho
bulbo. Todos esses músculos extrínsecos inserem-se na túnica fibrosa
do bulbo do olho, a esclera, junto ao equador do bulbo do olho. Os Na dissecção a seguir, deixe o bulbo do olho, ou globo ocular, na
músculos retos inserem-se mais perto da junção corneoescleral do que órbita. Muitas dessas estruturas são mais bem observadas num olho fres-
os músculos retratores. co sob um microscópio de dissecção. As preparações secadas por con-
Os quatro músculos retos são o reto dorsal, o reto medial, o refo gelação do bulbo do olho a:)erto também são instrutivas. Os termos di-
ventral e o reto lateral. À medida que seguem rostralmente a partir de recionais utilizados com relação ao bulbo do olho são anterior e poste-
sua pequena área de origem ao redor do canal óptico e da fissura orbitá- rior, e superior e inferior. A parede é composta de três camadas: uma
ria, divergem e fixam-se na esclera, numa linha imaginária que rodeia o túnica fibrosa, uma túnica vascular 'e uma túnica interna que inclui a
bulbo do olho em seu equador. Nos espaços entre os músculos retos, retina (Figs. 206, 207).
podem ser vistas partes do retrator do bulbo. O músculo retrator do \.1. A túnica fibrosa externa é constituída pela córnea, que for-
bulbo é constituído de quatro fascículos que circundam o nervo óptico, ma o quarto anterior, e a esclera, que forma os três quartos posteriores.
um par dorsal e um par ventral. A córnea é transparente e circular. Une-se à esclera opaca e densa peri-
O oblíquo dorsal sobe na face dorsomedial dos músculos extra- fericamente na junção corneoescleral, ou limbo, da córnea. A esclera é
oculares, dorsal ao reto medial. Gire a face dorsal do bulbo do olho la- branco-acinzentada opaca. Anteriormente, é revestida pela conjuntiva
teralmente para expor esses músculos. O oblíquo dorsal é um músculo bulbar. Posterior a esta, os músculos extrínsecos do olho inserem-se em
estreito que forma um longo tendão rostralmente, que atravessa um sul- sua parede, e é penetrada por vasos sanguíneos e nervos, incluindo o

Tróclea

M. oblíquo dorsal
M. levantador da pálpebra
M. retratar do
bulbo
M. reto dorsal .

-- M. reto dorsal

M. Oblíquo ventral

M. reto ventral

Fissura orbitária

Fig. 203 A. Músculos extrínsecos do globo ocular esquerdo, face dorsolateral. B. Exposição do músculo retrator do bulbo, face lateral.
172 A CABEÇA

DORSAL

(5) M. reto medial -

POSTERIOR

MEDIA L

-- M. reto dorsal (1)

LATERAL
ANTERIOR
M. oblíquo
ventral (4)

VENTRAL

Fig. 204 Esquema dos músculos oculares extrínsecos e de suas ações sobre o globo ocular.

3' pálpebra
Borda livre

Cartilagem

Fig. 205 Terceira pálpebra do olho esquerdo.

Fig. 206 Secção sagital do globo ocular.


15
1. Tapete lúcido I!. Conjuntiva bulbar
2. Não-tapetal negro 12. Fórnice
3. Lente 13. Esclera
4. Corpo ciliar 14. Coróide
5. Câmara posterior 15. Retina
/6 6. Câmara anterior 16. Veia retiniana superior
7. Íris
17. Disco do nervo óptico
8. Córnea 18. Nervo óptico
9. Pálpebra superior 19. Dura-aracnóide
17 10. Conjuntiva palpebral 20. Veia retiniana medial inferior
21. Terceira pálpebra
/8
A CABEÇA 173

grande nervo óptico posteriormente. Seccione e rebata as fixações dos


músculos reto lateral e retrator do bulbo no bulbo do olho e observe o
nervo óptico na superfície posterior do bulbo.
2. A túnica bascular média (a úvea) é profunda à esclera e é
constituída por três partes contínuas, de posterior para anterior: a coróide,
o corpo ciliar e a íris. A íris, que possui músculo liso circular e radial,
pode ser vista através da cómea como um diafragma pigmentado com
uma abertura lateral, a pupila. Enquanto o bulbo do olho estiver na ór-
bita, utilize um bisturi agudo ou uma lâmina de barbear para fazer um Borda
serreadã
corte sagital através do bulbo do olho, do pólo anterior ao posterior, e
remova a metade lateral do bulbo do olho. (ora serrata)
A coróide é a porção posterior da túnica vascular e encontra-se
fIrmemente unida à esclera. É pigmentada e reveste a superfície interna
da esclera tão anterior quanto o corpo ciliar posterior à lente. A junção
da coróide e do corpo ciliar é vista como uma linha ondulante na retina
sobrejacente, denominada borda serreada (ora serrata) (Fig. 207). O Fig. 207b Superfície interna de um segmento do corpo ciliar.
fundo é a porção posterior ou profunda do bulbo do olho. A área refle-
tiva levemente colorida na parte dorsal do fundo é o tapete lúcido (Fig.
Equador
206) da coróide. É uma camada especializada de células que reflete rai- da
os luminosos. lente
A túnica vascular forma uma espessa saliência circular no nível
do limbo, denominada corpo cHiar (Fig. 207). O corpo ciliar, locali-
zado entre a íris e a coróide, contém inúmeros feixes musculares que
atuam na regulação do formato da lente. A superfície interna do corpo Fibras
ciliar é marcada por pregas longitudinais, os processos cHiares. Obser- zonulares
ve-os na porção lateral do bulbo do olho que foi removida. Estes pro- anteriores
cessos rodeiam a lente em seu equador, mas não se unem a ela. Consis-
tem em várias centenas de pregas pigmentadas alternando-se em com-
primento, uma vez que são pequenas em sua borda posterior perto da
borda serreada, mas aumentam de tamanho à medida que se aproximam
da lente. Fibras
zonu/ares
A zônula é o aparelho suspensor da lente. É composta de inúme- posteriores
ras estrias fInas, as fibras zonulares, que passam da região da borda
serreada ao longo dos processos ciliares até o equador da lente. A lente
é suspensa dos processos ciliares pelas fIbras zonulares. A contração dos
músculos ciliares traciona o corpo ciliar e os processos ciliares em dire- Extremidades
ção à lente, relaxando assim a tensão nas fibras zonulares unidas à len- de processos
te, o que permite qúe a lente tome-se mais esférica e acomodada para a ciliares
maiores
visão de perto. (Em outras palavras, é necessário que haja contração da
musculatura ciliar para a visão de perto.)
A lente num espécime fixado é firme e opaca. Em vida, é trans-
parente e elástica. É limitada posteriormente pelo corpo vítreo gelati-
noso e transparente, que ocupa a câmara vítrea posterior à lente. Ante- Extremidade de processos ciliares menores
riormente, é limitada pela íris e pelo humor aquoso. O humor aquoso
ocupa o espaço entre a córnea e a lente, espaço dividido pela Ílis em Fig. 207c Fibras zonulares passando ao longo de processos ciliares antes de fi-
duas câmaras. A câmara anterior é o espaço entre a cómea e a íris. A xarem-se à lente, face anterior.
câmara posterior é uma estreita cavidade entre.a íris e a lente. O hu-
mor aquoso, produzido pelo epitélio ciliar que reveste os processos pela rede trabecular no ângulo iridocorneal, onde passa para o siste-
ciliares, circula através das fibras zonulares para a câmara posterior. ma venoso via o seio venoso da esclera. O ângulo iridocomeal (Fig.
Passa, em seguida, através da pupila para a câmara anterior e é drenado 207) é atravessado por uma rede de fibras com espaços interpostos. Esta
rede do ângulo é conhecida como ligamento pectíneo. A integridade
desse ângulo é crítica na drenagem de humor aquoso proveniente do
bulbo do olho. A falha da drenagem resulta num aumento da pressão
intra-ocular, o que é conhecido como glaucoma. Remova a lente. Ob-
serve as fibras zonulares à medida que se esticam e rompem-se.
Câmara
3. A túnica interna do olho é constituída pela retina e seus vasos
anterior
sanguíneos e nervos associados que circundam o corpo vítreo. Aquela
porção da retina contendo os bastonetes e cones fotossensíveis, as célu-
íris las bipolares e as células ganglionares, é a parte óptica da retina. Reves-
Seio
te a superfície interna da coróide, do ponto onde entra o nervo óptico
venoso
esc/era/ até o nível do corpo ciliar. A partir desse limite, denominado borda
serreada (ora serrata) (Fig. 207), há uma fina porção não-fotossensível
Câmara da retina que passa anteriormente acima do corpo ciliar como a parte
posterior ciliar da retina e continua na superfície posterior da íris como a parte
irídica da retina. A porção ciliar da retina tem duas camadas de espes-
sura e forma a barreira hemoaquosa, através da qual é secretado o líqui-
do aquoso para a câmara posterior. A porção irídica da retina também é
uma camada celular dupla constituída por células pigmentadas, que
Processo ciliar
conferem à íris a sua cor, e por células mioepiteliais, que formam o
dilatador da pupila. (As porções ciliar e irídica da retina são designadas
Fig. 207a Secção do globo ocular no nível do ângulo iridocorneal. coletivamente como a parte cega da retina.)
174 A CABEÇA

No espécime embalsamado, a camada nervosa da parte óptica da do olho. Identifique essas veias. Os ramos restantes não serão disseca-
retina tem um aspecto branco-acinzentado e solta-se facilmente da ca- dos, pois isso sacrificaria nervos e artérias. Tais ramos drenam a parte
mada única de células epiteliais pigmentadas em sua superfície poste- lateral do focinho eos lábios superior e inferior.
rior, que permanece aderida à coróide. Esta camada pigmentada da re- A veia maxilar drena a orelha, a órbita, o palato, a cavidade na-
tina e o pigmento da coróide dão ao interior do bulbo do olho um aspec- sal, a bochecha e a mandíbula, como também a cavidade craniana. Não
to castanho a preto, exceto onde localiza-se a camada especializada da será dissecada.
coróide, o tapete lúcido. Essa área apresenta uma série de cores brilhan-
tes, de prateada a azul, a verde ou laranja. Nessa área, não existe pig- Nervo facial
mento nas células epiteliais pigmentadas da retina que revestem o tape-
te lúcido. A porção castanho-escuro do interior do bulbo do olho é de- O nervo facial ou sétimo nervo craniano (Fig. 210) inerva to-
signada às vezes área não-tapetal ou não-tapetal negra. dos os músculos superficiais da cabeça e da face, bem como a parte
Observe a entrada do nervo óptico na face posterior do bulbo do caudal do digástrico e o platisma do pescoço. O nervo entra na par-
olho, que é o disco do nervo óptico. Com cuidadosa observação do te petrosa do osso temporal via o meato acústico interno, segue pelo ca-
disco, podem-se ver os vasos retinianos que entram com ele para irrigar nal facial daquele osso e deixa o crânio no forame estilomastóideo exa-
a superfície interna da retina. A porção posterior do bulbo do olho, que tamente caudal ao meato acústico externo, onde se divide em vários
inclui a área do disco do nervo óptico, o tapete lúcido e a área não-tapetal ramos.
negra adjacente, é conhecida como o fundo do bulbo do olho. O disco Rebata a glândula parótida. Disseque profundamente entre as
do nervo óptico pode ser encontrado na região inferior do tapete lúcido, glândulas parótida e sublingual, para expor o nervo facial originário do
ou em sua borda inferior ou abaixo dela. Isso varia com a raça canina. forame estilomastóideo, caudal à porção horizontal do meato acústico
externo. A veia maxilar pode ser seccionada ao cruzar a superfície late-
Veias superficiais da cabeça ral do nervo nesse ponto. Disseque os seguintes ramos do nervo facial.
O nervo auriculopalpebral orIgina-se quando o nervo facial
A veia jugular externa (Figs. 208, 209). é formada pela confluên- curva-se rostralmente ventral à base da orelha. Disseque profundamen-
cia das veias linguofacial e maxilar, caudal à glândula salivar mandibu- te a borda rostral da glândula parótida, para localizar o nervo. Ramos
lar, que fica entre as duas veias. auriculares rostrais seguem através da glândula parótida e distribuem-
A veia lingual (Fig. 209) é a primeira grande tributária que entra se para os músculos auriculares rostriÜs. O nervo auriculopalpebral cruza
na veia Iinguofacial ventralmente. Suas radículas drenam sangue da lín- o arco zigomático, emite ramos para o plexo auricular rostral e conti-
gua, da laringe e de parte da faringe. Essas radículas não serão dissecadas. nua até a órbita, para emitir ramos palpebrais para o orbicular do olho.
A veia facial é a outra tributária da linguofacial. As radículas que Além disso, um ramo passa medial à órbita e prossegue rostralmente no
formam a veia facial ficam na superfície dorsal do focinho. Uma delas, nariz, para inervar os músculos do nariz e do lábio superior.
a dorsal do nariz, segue caudal mente das narinas, enquanto uma outra, Dois ramos bucais seguem através do músculo masseter, para
a angular do olho, segue rostralmente a partir da face medial da órbita. inervar os músculos da bochecha, o lábio superior e o inferior e a super-
O sangue pode drenar da face em qualquer direção através da angular fície lateral do nariz. Um é dorsal ao dueto parotídeo. O outro, ventral

Ramo'auricular medial Ramo auricular intermediário

Ramo auricufar lateral

A. auricular profunda V. angular


do olho

A. auricular caudal

V. maxilar

A. occipital
N. hipoglosso
A. carótida int.

A. carótida ext. A. lingual

V. linguofacial

N. hipoglosso, ramo descendente

Fig. 208 Vasos e nervos da orelha externa.


A CABEÇA 175

Canal alar

Fissura orbitária

Auricular lat.
Facial transversa

/'
T/oral superf.
Retroarticular

Auricular profunda

Veia do plexo
pala tino

Plexo pala tino


Plexo pterigóideo
Faclal
Alveolar inferior

Laríngea cranial

Lingual

Fig. 209 Veias superficiais da cabeça, face lateral direita.

ao ducto parotídeo, fica perto da borda ventral do masseter. Identifique te, fica embutida no parênquima da tireóide, sendo difícil localizá-Ia. A
esses dois ramos e o ducto parotídeo. localização dessas glândulas está sujeita a variação.
Um ramo do nervo mandibular originário do trigêmeo ou quin- A porção cervical do esôfago estende-se da faringe à porção
to nervo craniano, conhecido como nervo auriculotemporal é evidente torácica do esôfago na entrada do tórax. Começa em oposição ao centro
no campo de dissecção do ramo auriculopalpebral do nervo facial. O do áxis dorsalmente e à borda caudal da cartilagem cricóidea ventral-
nervo auriculotemporal emerge entre a borda caudal do músculo mas- mente. Uma saliência pregueada de mucos a, o limite faringoesofági-
seter e a base da orelha externa abaixo do arco zigomático. Pode ser co, marca o limite entre a parte laríngea da faringe (laringofaringe) e o
encontrado profundamente à origem do nervo auriculopalpebral. O nervo esôfago. O esôfago inclina-se para a esquerda, de tal maneira que a en-
auriculotemporal emite ramos sensoriais para a pele da orelha externa e trada do tórax geralmente fica à esquerda da traquéia.
para as regiões temporal, zigomática e massetérica. A traquéia estende-se de um plano transversal através do centro
do áxis até um plano entre a quarta e a quinta vértebras torácicas. É com-
Estruturas cervicais posta de aproximadamente
São abertas dorsalmente
35 cartilagens traqueais em forma de C.
e o espaço é atravessado pelo músculo traqueal.

A glândula tireóide (Fig. 216) tem uma coloração escura e, em


geral, é constituída de dois lobos separados, que ficam laterais aos cin- Artéria carótida comum
co primeiros anéis traqueais. Ocasionalmente, está presente um istmo
de conexão. A. carótida comum
Há duas glândulas paratireóides associadas a cada lobo tireói- A. tireóidea caudal
deo. São corpos esféricos de coloração clara. A paratireóide externa A. tireóidea crania!
fica mais comumente na fáscia, no pólo cranial do lobo tireóideo. Pode A. carótida interna
estar totalmente separada do tecido tÍreóideo ou inclusa no pólo cranial A. carótida externa
da tireóide, externa à sua cápsula. A paratireóide interna situa-se pro- A. occipital
fundamente à cápsula tireóidea na face medial do lobo. Ocasionalmen- A. laríngea cranial
176 A CABEÇA

Para o m. escutuloauricular superl. dorso


Para o m. escutuloauricular prot. maior

N. auricular N. zigomaticotemporal
int. rostral

Auricular caudal
Ramo para o platisma

Caudal
Ramos
auriculares

V. jugular ext. /

Para o parotidoaurícular Ramo bucal dorsal


Para o m. estiloióideo
Nn. para pêlos tácteis + sinusais

Ramo cervical

N. auriculopalpebral

Fig. 210 Ramos superficiais dos nervos facial e trigêmeo.

A. lingual bosa na origem da artéria carótida interna é o seio carótico, um baror-


A. facial receptor. (O corpo carótico, um quimiorreceptor, fica na bifurcação das
A. sublingual artérias carótidas.) Depois disso, a artéria carótida interna sobe através
A. auricular caudal da superfície lateral da faringe, medial à artéria occipital. Nenhum ramo
A. temporal superficial deixa a carótida interna em seu trajeto extracraniano. Entra no canal
A. maxilar carótico profundamente na fissura timpanoccipital. Seu trajeto a partir
daí na cavidade craniana foi descrito. Seus ramos para o encéfalo serão
Do lado direito, exponha a artéria carótida comum na bainha dissecados mais tarde.
carotídea e observe os seguintes ramos. 4. A artéria carótida externa (Fig. 211) segue cranialmente
1. A artéria tireóidea caudal tem uma origem variável dos ra- medial ao digástrico. Na borda caudal da mandíbula, rostroventral à car-
mos arteriais maiores na entrada do tórax. Passa cranialmente sobre a tilagem anular da orelha, o vaso termina dividindo-se nas artérias tempo-
traquéia, irrigando-a, bem como o esôfago e a glândula tireóide. ral superficial e maxilar. A maxilar é o prolongamento direto da caró-
2. A artéria tireóidea cranial (Fig. 211) origina-se da superfí- tida externa. Disseque os seguintes ramos da carótida externa. Seccione
cie ventral da carótida comum, no nível da laringe. Irriga as glândulas o músculo digástrico e remova a porção caudal.
tireóide e paratireóides, os músculos faríngeos, os músculos laríngeos e a. A artéria occipital deixa a carótida externa adjacente à caróti-
a mucosa, as partes cervicais da traquéia e esôfago e as porções adja- da interna e segue dorsalmente, para irrigar os músculos na
centes do esternocefálico e cleidomastóideo. Limpe a origem desse vaso. face caudal do crânio e as meninges. Não acompanhe essa
O grande linfonodo retrofaríngeo medial (ver Fig. 13) fica artéria.
dorsal à artéria carótida comum na laringe e ventral à asa do atlas. Va- b. A artéria laríngea cranial é um ramo ventral que irriga
sos aferentes originam-se da língua, da cavidade nasal, da faringe, das os músculos adjacentes esternomastóideo e faríngeo. En-
glândulas salivares, da orelha externa, da laringe e do esôfago. O ducto tra na laringe entre o osso tireoióideo e a cartilagem tireói-
traqueal de cada lado origina-se desse linfonodo. dea, para irrigar a mucosa e os músculos laríngeos.
Identifique as artérias carótidas interna e externa, que são os ra- c. A artéria lingual deixa a superfície ventral da carótida ex-
mos terminais da artéria carótida comum. terna e segue rostralmente, para irrigar a tonsila e a língua.
3. A artéria carótida interna fica intimamente associada à arté- d. A artéria facial deixa a carótida externa além da lingual.
ria occipital, o primeiro ramo da carótida externa. Uma dilatação bul- Um ramo, a artéria sublingual, fica medial ao músculo di-
A CABEÇA 177

Anastomótico Oftálmica ext.


Canal alar

Meníngea média

Temporal superficial
I/nfra-orbitána
•....
Auricular caudal--
Esfenopalatina

- Palatina maior
Carótida externa Temporal profunda
caudal
,. Pala tina menor
Faríngea ascendente
I Alveolar inferior
Occipital
Carótida interna _
Maxilar

Carótida comum
Facial

Tireóidea cran. ~ Lingual

Laríngea cranial

Fig. 211 Ramos da artéria carótida comum direita.

gástrico e é acompanhado pelo nervo miloióideo. Segue ros- mandibular deixa a cavidade craniana via forame oval (Fig. 213). Os
trai mente para a língua. ramos originam-se na superfície dos músculos pterigóideos, ventrais e
A artéria facial segue rostralmente entre os múscu- laterais ao ápice da periórbita. Esses ramos incluem os nervos pterigói-
los digástrico e masseter, indo atingir a bochecha lateral à deos, temporal profundo e massetérico, que contêm neurônios motores
mandíbula, onde irriga os lábios e o nariz. somáticos que inervam os músculos da mastigação. Muitos desses ra-
e. A artéria auricular caudal geralmente origina-se da ca- mos foram rompidos pela dissecção. O nervo bucal cruza os músculos
rótida externa na base da orelha e sobe sob os músculos au- pterigóideos e entra na bochecha lateral à glândula salivar zigomática.
riculares caudais. Rebata a parte caudal da glândula caróti- Remova a glândula zigomática para obter uma exposição melhor. Esse
da para expor a artéria auricular caudal e seus ramos, que nervo é sensorial para a mucosa e a pele da bochecha.
não precisam ser dissecados. As artérias auriculares late- Gire o coto do processo coronóide lateralmente, para observar os
ral, intermediária e medial seguem distalmente na superfí- nervos lingual, alveolar inferior e miloióideo, que cruzam a superfície
cie convexa da orelha. Ocasionalmente, essa artéria origi- dorsal do músculo pterigóideo medial.
na-se mais perto do início da carótida externa. O nervo lingual (sensorial) é o maior e o mais rostral dos três.
f. A artéria temporal superficial origina-se rostral à base da car- Pode ser observado seguindo através dos músculos pterigóideos e pas-
tilagem auricular, na borda caudodorsal da mandíbula e segue sando entre o estiloglosso e o miloióideo. No lado medial do espécime,
dorsalmente. Irriga a glândula parótida, os músculos mas se- tracione a língua medialmente e observe o nervo entre estes músculos e
ter e temporal, os músculos auriculares rostrais e as pálpebras. o local onde cruza a face lateral dos duetos mandibular e sublingual e
g. A artéria maxilar é o maior ramo terminal da artéria ca- entra na língua. É sensorial para os dois terços rostrais da língua.
rótida externa. Tem uma localização profunda e está inti- O nervo alveolar inferior (sensorial) entra no forame mandibu-
mamente associada a uma série de nervos cranianos. De sua lar na face medial do ramo da mandíbula. Segue através do canal man-
origem com a temporal superficial, segue rostromedialmen- dibular, emitindo nervos sensoriais para os dentes. Os nervos mentoni-
te sob a articulação temporomandibular, medial ao proces- anos que emergem pelos forames mentonianos e suprem o lábio infe-
so retroarticular em seu trajeto para o canal alar. rior são ramos desse nervo.
Remova os músculos auriculares e rebata a orelha caudalmente. O nervo miloióideo (motor) é um ramo caudal do alveolar infe-
Seccione através da origem do músculo temporal ao longo de sua bor- rior. Atinge a borda ventral da mandíbula, emite um ramo para a parte
da. Com um instrumento rombo, remova-o da fossa temporal. Corte as rostral do músculo digástrico e continua no músculo miloióideo. Ob-
fixações dos músculos temporal e masseter em ambos os lados do arco serve-o emergindo na face medial do ângulo da mandíbula lateral ao
zigomático. Corte o ligamento orbitário no arco. Com cortadores de osso, miloióideo. É motor para o miloióideo e sensorial para a pele entre as
solte cada extremidade do arco zigomático e remova-o. Seccione o mandíbulas.
músculo temporal o mais perto possível de sua inserção no processo O nervo auriculotemporal (sensorial) deixa o nervo mandibu-
coronóide. Seccione o processo coronóide abaixo do nível da borda lar no forame oval, passa caudal ao processo retroarticular do osso tem-
ventral do arco zigomático com cortadores de osso. Remova todo o poral e emerge entre a base da cartilagem auricular e o músculo mas se-
músculo temporal, para expor os tecidos periorbitários e os músculos ter, onde foi visto previamente.
pterigóideos. Os vasos e nervos que entram no músculo temporal de-
vem ser rompidos. Afrouxe a articulação temporomandibular, forçan- Artéria maxilar
do a extremidade da sínfise da mandíbula medialmente. Gire a mandíbu-
la, a fim de que o coto do processo coronóide seja forçado lateralmente. Artéria maxilar
Na cavidade oral, rebata a mucosa desde o nível da rafe da lín- A. alveolar inferior
gua até o frênulo ao longo da prega sublingual. A. temporal profunda caudal
A. meníngea média
Nervo mandibular A. oftálmica externa
Ramos anastomóticos
Os ramos do nervo mandibular originários do trigêmeo ou quinto Ramos musculares
nervo craniano foram expostos por essa dissecção (Fig. 212). O nervo A. etmoidal externa
178 A CABEÇA

N. massetérieo

M. pterigóideo lal.
Corda do tímpano
Ramo mandibular do V
N. alveolar inferior

N. aurieulotemporal

M. estilofaríngeo
Osso estiloióideo

M. esternomastóideo

Ramo eomunieante para o


gânglio mandibular

N. e gânglio sublinguais

Gânglio mandibular-

Glândula mandibular

M. genioglosso
Dueto sublingual
Dueto mandibular
M. tireoióideo
N. laríngeo eran.
Glândula sublingual monostomátiea
Para os mm. estiloglosso e hioglosso
M. hiofaríngeo
Para o m. genioióideo
N. hipoglosso 1M. hioglosso

Fig. 212 Músculos, nervos e glândulas salivares medi ais à mandíbula direita, face lateral.

N. maxilar, V /lI

N. mandibular, V N. oftálmico, V

V/I

IX
X
XI

Canal do hipoglosso
XII~I'I
Fissura timpanoccipital
Fissura orbitária

Forame estilomastóideo Forame alar rostral

Bolha timpânica 'Forame oval

Fig. 213 Nervos cranianos emergindo do crânio, face ventrolateral.


A CABEÇA 179

Palatina descendente 5. Entre os ramos terminais da artéria maxilar, estão as artérias


A. palatina menor palatinas menor e maior e a esfenopalatina. Em geral, originam-se da ar-
A. palatina maior téria palatina descendente ao seguir rostroventralmente sobre o músculo
A. esfenopalatina pterigóideo medial. Apenas a origem desses vasos precisa ser observada.
A. infra-orbitária Sua origem pode ser vista na borda rostral do músculo pterigóideo medial,
profundqmente à glândula salivar zigomática, que deve ser removida.
Complete a desarticulação da articulação temporomandibular e A artéria palatina menor passa ventralmente, caudal ao palato
remova o músculo pterigóideo lateral. Rebata o ramo da mandíbula late- duro, e distribui-se para os palatos mole e duro adjacentes. Limpe a muco-
ralmente e identifique os seguintes ramos da artéria maxilar (Figs. 211, sa do palato exatamente medial ao último molar e veja os ramos desse vaso.
214). Os três primeiros Oliginam-se antes de a artéria maxilar entrar no A artéria pala tina maior entra no forame palatino caudal e atra-
canal alar. vessa o canal palatino maior para irrigar o palato duro.
1. A artéria alveolar inferior (Fig. 211) entra no forame man-
A artéria esfenopalatina passa pelo forame esfenopalatino para
dibular com o nervo alveolar inferior e segue pelo cana1 mandibular: o interior
" .~'\- da cavidade nasal.
Emite ramos para as raÍzes dos dentes na mandíbula.
6. A artéria maxilar termina como a artéria infra-orbitária, que
2. A artéria temporal profunda caudal origina-se perto da ar- emite ramos dentais para os dentes molares caudais através dos canais
téria alveolar inferior e entra no músculo temporal. Apenas a origem alveolares; entra no farame maxilar e atravessa o canal infra-orbitário.
desta artéria pode ser vista . . Dentro do canal, originam-se ramos dentais, que irrigam os pré-mola-
3. A artéria meníngea média passa pelo forame oval e segue
res, os dentes caninos e os dentes incisivos. A artéria infra-orbitária
dorsalmente num sulco na parte interna da calvária. Será acompanhada
emerge do forame infra-orbitário e termina como as artérias nasais late-
numa dissecção posterior até a dura-máter sobre os hemisférios cere-·
ral e dorsal rostral, que irrigam o nariz eo lábio superior.
brais. Não disseque sua origem.
4. A artéria oftálmica externa origina-se da maxilar em sua
emergência do canal alar e penetra no ápice da periórbita, adjacente à . Nervos cranianos'
fissura orbitária. A artéria oftálmica externa dá. origem aos vasos que
irrigam as estruturas dentro da periórbita.Faça uma incisão longitudi-' Há f2 pares de nervos cranianos (Figs. 213-216). Cada par é
nal na periórbita ao longo de sua borda dórsolateral e rebata-a. numerado e denominado. Os números indicam a ordem rostrocaudal em
Os ramos da artéria oftálmica externa não precisam ser disseca- que se originam do encéfalo; seus nomes são descritivos. Alguns des-
dos. Um ramo anastomótico passa caudal mente através da fissura orbi- ses nervos já foram dissecados, outros serão dissecados agora.
tária, indo unir-se às artérias carótida interna e menÍngea média no inte- 1. O nervo olfatório ou primeiro nervo craniano é constituído
rior da cavidade craniana. Outro ramo anastomótico une-se à artéria de numerosos axônios que se originam no epitélio olfatório da mucosa
oftálmica interna, emergindo do canal óptico no nervo óptico. A partir nasal caudal e atravessam os forames crivosos (cribriformes) para os
dessa anastomose, são emitidas artérias ciliares posteriores para o bul- bulbos olfatórios. Eles incluem axônios do órgão vomeronasal que seguem
bo do olho. Os ramos da artéria oftálmica externa inigam os músculos ao longo do septo nasal. Não há necessidade de qualquer dissecção.
extrínsecos do bulbo do olho e a glândula lacrimal. A artéria etmoidal 2. O nervo óptico ou segundo nervo craniano (Fig. 214) é ro-
externa passa dorsal aos músculos extra-oculares e entra num forame deado pelo músculo retratar do bulbo da periórbita. Observe o nervo na
etmoidal. Na cavidade craniana, une-se à artéria etmoidal interna e irri- periórbita e quando entra no canal óptico. É envolto por uma extensão
ga a lâmina crivosa, o labirinto etmoidal e o septo nasal. de meninges da cavidade craniana.

N. Giliar longo M. obliquo dorso


Para o m.
N. infratroclear
N. etmoidal e a.
~/M. reto dorso (cortado)
N. lacrimal (cortado)

N. troclear (cortado
M. retratar do bulbo
(dors. lat. e dorso med.)

Para o reto dorso

Glândula lacrimal

_ Para o m. obliquo vento


Para o m. reto vent.
-----

M. retratar do bulbo (vent. lat. e vento med.)

Para o m. M. reto ventral

N. oculomotor

Fig. 214 Nervos e músculos do globo ocular, face lateral.


180 A CABEÇA

A. etmoidal int.

cerebral rostral

A. oftálmica int

11

A. cerebral média

A. carótida interna

A. comunicante caudal

111

A. cerebral caud.

IV
A. cerebelar rostral

VI/. A. do labirinto

VIII

IX.
A. cerebelar caud.
X

XI A. basilar
XII

A. espinhal ventral
IIC.

Fig. 215 Vasos e nervos do encéfalo e os dois primeiros segmentos cervicais da medula espinhal, face ventraL
A CABEÇA 181

N. vago, X
N. hipoglosso, XII
Gânglio dista I de X carótida int.
A. occipital
N. acessório, XI.

Para os mm. esternomastóideo


e cleidomastóideo.
M. esternomastóideo

M. cleidomastóideo

Ramo do gânglio cervo cran.

Para o m. trapézio

Tronco vagossimpático

A. carótida interna

A. carótida comum

M. esternoióideo

M. cricofaríngeo

M. cricotireóideo M. tireofaríngeo

Fig. 216 Emergência dos nervos através da fissura timpanoccipital, após remoção do músculo digástrico, face lateral direita.

3. O nervo oculomotor ou terceiro nervo craniano (Fig. 214) cie interna da parte lateral da periórbita, para inervar a
passa pela fissura orbitária e entra na periórbita com o nervo óptico. Ex- glândula lacrimal e a porção lateral das pálpebras superior e
ponha a metade proximal do nervo óptico. Levante-o delicadamente e inferior.
observe o nervo oculomotor em sua face látero-ventral. Não disseque b. O gânglio pterigopalatino fica dorsal ao nervo maxilar,
seus ramos individuais. O nervo oculomotor inerva os músculos retos na superfície do músculo pterigóideo medial. Contém cor-
dorsal, medial e ventral, o oblíquo ventral e o levantador da pálpebra pos celulares de axônios parassimpáticos pós-gangliona-
superior. O gânglio cHiar é uma dilatação irregular no final do nervo res, que suprem as glândulas lacrimal, nasal e palatina. Os
oculomotor na superfície ventral do meio do nervo óptico. Esse gânglio axônios pós-ganglionares seguem os ramos do nervo ma-
contém corpos celulares paras simpáticos de axônios pós-ganglionares xilar até suas terminações. Rebata a periórbita dorsalmente
que inervam o esfíncter pupilar da íris. e o nervo maxilar ventralmente, para ver esse pequeno gân-
4. O nervo troclear ou quarto nervo craniano entra na periór- glio achatado no músculo pterigóideo.
bita pela fissura orbitária. Inerva o músculo oblíquo dorsal; não precisa c. O nervo pterigopalatino origina-se além do nível do gân-
ser dissecado. glio pterigopalatino, da superfície ventral do nervo axilar, e
5. O nervo trigêmeo ou quinto nervo craniano divide-se em três divide-se em três nervos: os nervos palatinos menor e maior
nervos ao emergir do canal do trigêmeo na parte petrosa do osso tempo- do palato e o nervo nasal caudal da mucosa nasal. Disse-
ral: o oftálmico, o maxilar e o mandibular. O nervo mandibular já foi que apenas sua origem.
dissecado. d. O nervo infra-orbitário (sensorial) é a continuação do nervo
O nervo oftálmico (sens0l1al) atravessa a fissura orbitária e emite maxilar na fossa pterigopalatina. Entra no canal infra-orbi-
nervos sensoriais que entram na periórbita, os quais não precisam ser tário via o forame maxilar. Ao longo do seu trajeto pelo canal
dissecados. Os nervos frontal e infratroclear passam rostralmente entre infra-orbitário, emite ramos alveolares superiores, qu,e
suprem as raízes dos dentes via os canais alveolares. A
os músculos oblíquo dorsal e reto dorsal, para inervar a face medial das
medida que o nervo infra-orbitário emerge do forame infra-
pálpebras superior e inferior. Longos nervos cHiares acompanham o orbitário, divide-se numa série de fascículos, que se distri-
nervo óptico e inervam o bulbo do olho. O nervo etmoidal atravessa buem para a pele e as estruturas adjacentes do lábio supe-
um forame etmoidal e a lâmina crivosa, para inervar a mucosa nasal e a rior e do nariz. Disseque esses ramos à medida que emer-
pele do nariz. gem do forame infra-orbitário.
O nervo maxilar (sensorial) (Fig. 214) entra no canal alar via o 6. O nervo abducente ou sexto nervo craniano (Fig. 214) atra-
forame redondo. Emerge do forame alar rostral e cruza a fossa pterigo- vessa a fissura orbitária e entra na periórbita. Inerva os músculos retrator
palatina dorsal aos músculos pterigóideos e ventral à periórbita, acom- do bulbo e o reto lateral. Observe esse pequeno nervo entrando na borda
panhado pela artéria maxilar. Disseque os seguintes ramos. dorsal do músculo reto lateral, perto da sua origem.
a. O nervo zigomático (sensorial) entra na periórbita e divi- 7. O nervo facial ou sétimo nervo craniano entra no meato acús-
de-se em dois ramos que passam rostralmente na superfí- tico interno da parte petrosa do osso temporal. Segue pelo canal facial e
182 A CABEÇA

emerge através do forame estilomastóideo, onde seus ramos motores para co vagos simpático e às a11érias carótidas. Fica medial à glândula sali-
os músculos faciais foram dissecados (ver antes). var mandibular, ao digástrico e à mandíbula. O nervo hipoglosso está
8. O nervo vestibulococlear ou oitavo nervo craniano entra no intimamente associado à artéria lingual. Profundamente ao miloióideo,
meato acústico interno e termina no labirinto membranáceo da orelha inerva os músculos extrínsecos e intrínsecos da língua.
interna. É o nervo envolvido no equilíbrio e na audição. Será dissecado
com o encéfalo. Cão vivo
A observação do nono, do 10.0 e do 11.0 nervos cranianos e do
gânglio do tronco simpático na base do crânio é facilitada pela remoção Examine os lábios e as bochechas e o vestíbulo que limitam.
da origem do músculo digástrico para uma visão lateral. Da mesma for- Everta a parte caudal do lábio superior e encontre a abertura do ducto
ma, a remoção da inserção do músculo longo da cabeça proporciona uma parotídeo no nível do quarto pré-molar superior. Tente sentir o ducto
visão medial. Essas estruturas neurais encontram-se bem mediais e ven- parotídeo através do p]atisma, quando o ducto cruza o centro do mús-
trais à bolha timpânica, perto da fissura timpanoccipital. culo masseter. Pa]pe a porção ventral do meato acústico externo. Este é
Localize o tronco simpático onde se une ao vago. Siga-o cranial- coberto pela glândula salivar parótida, mas é difícil sentir a glândula.
mente até um nível ventral e medial à bolha timpânica, onde os dois Palpe a firme glândula salivar mandibular ovóide ventral à parótida. A
nervos separam-se. O tronco simpático fica ventral ao vago. O gânglio glândula sublingual monostomática fica na extremidade rostra] da man-
distal do vago localiza-se dorsalmente a essa separação e caudalmente dibu]ar, mas não pode ser identificada por pa]pação. Abra a boca e exa-
ao gânglio cervical cranial. Acompanhe o tronco simpático cranialmente mine a cavidade oral. Observe o frênulo da língua e a carúncu]a sublin-
à separação e observe uma dilatação, o gânglio cervical cranial. Este é gual, onde se abrem os ductos salivares mandibular e sublingual. Exa-
o grupo mais crani'al de corpos celulares de axônios pós-ganglionares mine a superfície do corpo e o ápice da língua. Reconheça e sima as
simpáticos. Esses axônios distribuem-se para os músculos lisos e glân- papilas fi]iformes. Observe a saliente veia lingual na superfície ventral.
dulas da cabeça via vasos sanguíneos e outros nervos. Na face lateral, No cão anestesiado, essa veia pode ser utilizada para injeções intrave-
observe a artéria carótida interna seguindo dorsocranialmente acima da nosas. Puxe a língua para um lado, a fim de ver o arco palatoglosso, onde
superfície lateral do gânglio cervical cranial. Observe o denso plexo que a cavidade ora] continua pela parte oral da faringe (orofaringe). P\lxe a
esses nervos formam nas vizinhanças imediatas do gânglio. língua para a frente e veja a raiz da língua no assoalho da parte ora] da
9. O nervo glossofaríngeo ou nono nervo craniano (Fig. 216) faringe, a epiglote caudal a ela, as tonsilas palatinas parcialmente co-
passa pelo forame jugular e pela fissura timpanoccipital. Além da fissu- bertas pelas pregas semilunares de cada lado da parte ora] da faringe e o
ra, o glossofaríngeo cruza a superfície lateral do gânglio cervical cranial palato mole, dorsalmente.
e divide-se em ramos faríngeo e lingual, que são sensoriais para a mu- Observe o filtro no nariz. Sinta as partes cartilagíneas do nariz,
cosa faríngea e motora para o músculo estilofaríngeo e outros músculos rostrais aos ossos incisivos e nasais.
faríngeos. Além disso, alguns ramos seguem para o seio carótico e ou- Examine as pálpebras e observe a carúncula na comissura me-
tros contribuem para o plexo faríngeo, juntamente com ramos do nervo dial. Everta as pálpebras levemente e procure os pontos lacrimais ao lon-
vago. Observe o nervo onde ele cruza o gânglio. go de suas bordas, perto da comissura medial. Considere o fluxo lacri-
10. O nervo vago ou 10.0 nervo eraniano (Fig. 216) passa pelo mal desde sua origem na glândula lacrimal, sobre a córnea e ao longo
forame jugular e pela fissura timpanoccipital. Segue ao longo da artéria dos sacos conjuntivais, bem como através de seu sistema coletor para o
carótida comum no pescoço com o tronco simpático e através do tórax meato ventral, onde geralmente evapora. Observe a borda da terceira
sobre o esMago, até ramos terminais no tórax e no abdome (que já fo- pálpebra. Com delicadeza, comprima o bulbo do olho caudalmente den-
ram
.... dissecados). Os seguintes ramos distribuem-se para estruturas cer- tro da periórbita na órbita, empurrando-o através da pálpebra superior.
vlcals CraillaIS.
Observe a protrusão passiva da terceira pálpebra sobre a córnea. Identi-
Há dois gânglios associados a esse nervo. O gânglio proximal fique as conjuntivas palpebral e bulbar, a esclera, o limbo, a córnea, a
do vago fica no forame jugular e não pode ser visto. O gânglio distal íris, a pupila e a câmara anterior. Movimente a cabeça de um lado para
do vago fica do lado de fora da fissura timpanoccipital, ventral e medial o outro e observe os rápidos movimentos horizontais involuntários dos
à bolha timpânica. São gânglios sensoriais. Encontre o gânglio distal com bulbos dos olhos. A rápida adução, em direção ao nariz, é uma função
o nervo vago caudal ao gânglio cervical cranial no tronco simpático. O do reto medial e de sua inervação pelo nervo ocu]omotor (III). A rápida
gânglio distal contém os corpos celulares dos neurônios aferentes vis- abdução para longe do nariz é uma função do reto lateral e de sua iner-
cerais que se distribuem para a maioria das vísceras do corpo. Caudal vação pelo nervo abducente (VI). Pa]pe ao longo do arco zigomático e
ao gânglio distal, o vago une-se ao tronco simpático, com o qual perma- tente sentir o ramo palpebral do nervo auriculopa]pebra] (VII), onde cruza
nece associado durante todo o seu trajeto cervical até a entrada torácica. o arco para inervar o músculo orbicular do olho.
Ramos dos nervos vago e glossofaríngeo e o gânglio cervical cranial Palpe os músculos temporal e masseter acima e abaixo do arco
fonnam um plexo faríngeo, que inerva os músculos faríngeos caudais zigomático, respectivamente. Palpe caudal e ventralmente ao masseter,
e o esMago cranial. O nervo laríngeo cranial deixa o nervo vago no para sentir o digástrico.
gânglio distal e passa ventralmente para a laringe, onde inerva o mús- Pa]pe a cartilagem escutiforme nos músculos auricu]ares, media]-
culo cricotireóideo e a mucosa laríngea. Identifique esse nervo. A ori- mente à orelha externa. Examine a orelha externa. Acompanhe a hélice
gem do nervo laríngeo recorrente foi vista na entrada torácica. Inerva o e identifique a bolsa cutânea lateralmente. Na abertura para o meato acús-
esMago cervical em seu trajeto até o pescoço e termina como o nervo tico externo, identifique os ramos da hélice medialmente, a incisura pré-
laríngeo caudal, que entra na laringe sob a borda caudal do músculo trágica, o trago rostralmente à incisura intertrágica e o antitrago lateral-
cricofaríngeo. Inerva todos os músculos da laringe, exceto o cricoti- mente.
reóideo.
Identifique a anti-hélice na parede cauda] do meato acústico ex-
11. O nervo acessório ou décimo-primeiro nervo craniano (Fig. terno, em oposição ao trago.
216) atravessa o forame jugular e a fissura tímpano-occipital junto com Palpe a traquéia desde a entrada torácica até a laringe. Sinta as
o nono e o décimo nervos cranianos. Segue caudalmente e por um ramo cartilagens cricóidea e tireóidea da laringe. Pa]pe o osso basióide e ten-
ventral inerva os músculos esternomastóideo e cleidomastóideo. O ramo te sentir os outros ossos hióides. Norma]mente, a glândula tireóide e o
dorsal inerva o cleidocervical e o trapézio. linfonodo retrofaríngeo media] não podem ser pa]pados. Pa]pe os pe-
12. O nervo hipoglosso ou 12.0 nervo craniano (Fig. 216) atra- quenos linfonodos mandibulares subcutâneos achatados no ângulo da
vessa o canal do hipoglosso. Segue ventron'ostralmente, lateral ao tron- mandíbula.
MILLER

GUIA PARA ,.""

A DISSECÇAO ,.""

DOCAO
-
TERCEIRA EDIÇAO

EVANS & de LAHUNTA


SISTEMA NERVOSO

o sistema nervoso pode ser dividido em sistema nervoso cen- o encéfalo hemisseccionado do crânio dividido sagitalmente. Na meta-
tral, que consiste no encéfalo e na medula espinhal, e sistema nervoso de da cabeça, será encontrada uma prega da dura se estendendo ventral-
periférico, composto dos nervos periféricos cranianos e espinhais. mente, a partir da linha média, na fissura cerebral longitudinal, entre
os dois hemisférios cerebrais. Ela é a foice do cérebro, que deve ser
removida para permitir a reflexão do hemisfério cerebral. Remova a dura,
MENINGES ENCEFÁLICAS que adere os ossos frontal, parietal e temporal.
A pia-máter e a aracnóide (as leptomeninges) são os outros dois
o encéfalo e a medula espinhal são recobertos por três membra- tecidos conjuntivos que recobrem o sistema nervoso central. A pia-máter
nas de tecido conjuntivo, as meninges (Fig. 217). A dura-máter, ou pa- adere à superfície externa do tecido nervoso. A aracnóide, no animal vivo,
quimeninge, é a mais espessa e mais externa delas. Na maior parte do repousa adjacente à dura e envia delicadas trabéculas para a pia. Essas
canal vertebral, a dura é separada do periósteo do canal ósseo pelo tecido con- . trabéculas envolvem intimamente os vasos sanguíneos que percorrem a
juntivo frouxo do espaço epidural, o qual freqüentemente contém gordura. superfície da pia. O espaço entre a pia e a aracnóide é o espaço subarac-
À medida que a medula espinhal se aproxima do tronco encefá- nóideo, que é preenchido pelo líquido cerebroespinhal. Em vida, existe
lico, a dura-máter adere ao periósteo nas duas primeiras vértebras cer- um espaço fechado potencial entre a aracnóide e a dura. Em um espéci-
vicais e à membrana atlantoccipital. No interior da cavidade craniana, a me embalsamado, a aracnóide está colabada com a pia-máter do siste-
dura e o periósteo estão fundidos. Iniciando pela margem dorsal, libere ma nervoso central.

18

Fig. 217 Meninges e ventrículos encefálicos, plano mediano. (As setas indicam o fluxo do líquido cerebroespinhal.)

I. Extremidade cortada do septo pelúcido 13. Seio transversal


2. Corpo caloso 14. Cisterna cerebelomedular
3. Plexo coróideo, ventrículo lateral 15. Abertura lateral do quarto ventrículo
4. Fórnice do hipocampo 16. Canal central
5. Dura-máter 17. Plexo coróideo, quarto ventrículo
6. Membrana e trabéculas aracnóideas 18. Aqueduto mesencefálico
7. Espaço subaracnóideo 19. Cisterna intercrural
8. Pia-máter 20. Hipófise
9. Vilo aracnóideo 21. Aderência intertalâmica
10. Seio sagital dorsal 22. Nervo óptico
11. Grande veia cerebral 23. Ventrículo lateral
12. Seio reto
184 SISTEMA l\TERVOSO

As cisternas subaracnóideas ocorrem em áreas onde a aracnóide lateral ao quiasma óptico, e continua dorsalmente entre os dois lobos
e a pia estão separadas. A cisterna maior é a cisterna cerebelomedu- frontais, na fissura longitudinal. Ela corre sobre as fibras que conectam
lar, localizada no ângulo entre o cerebelo e a medula. O líquido cere- os dois hemisférios cerebrais (corpo caloso) e, caudalmente, se estende
broespinhal pode ser obtido dessa cisterna (Fig. 217), por meio de pun- ao longo da superfície dorsal do corpo caloso, adjacente aos giros cerebrais.
ção com agulha através do espaço atlantoccipital. As artérias etmoidal interna e oftálmica interna se ramificam a
partir da artéria cerebral rostral. A artéria etmoidal interna se anasto-
mosa com a artéria etmoidal externa e deixa a cavidade craniana atra-
ARTÉRIAS
vés do osso etmoidal, para irrigar estruturas da cavidade nasal. A arté-
ria oftálmica interna se anastomosa com um ramo da artéria oftálmica
Examine as artérias do encéfalo do espécime em que foi injetado
externa na estrutura do nervo óptico, sendo a fonte das longas artérias
látex (Fig. 215). As artérias do cérebro e do cerebelo são ramos dos vasos
ciliares que seguem o nervo óptico em direção aos olhos, os quais são
na superfície ventral do encéfalo. A artéria basilar é formada pelos ra-
irrigados por elas. Não disseque essas artérias.
mos terminais das artérias vertebrais, as quais entram no assoalho do
A artéria cerebral média se origina do círculo arterial, no nível
canal vertebral, através do farame vertebral lateral do atlas. Ela é contí-
do aspecto rostral da glândula hipófise. Ela corre lateralmente, rostral
nua caudalmente com a artéria espinhal ventral da medula espinhal. A
ao lobo piriforme, na superfície ventral do pedúnculo olfatório. Conti-
artéria basilar cursa ao longo da linha média da superfície ventral da
nua dorso lateralmente sobre o hemisfério cerebral, onde se ramifica para
medula oblonga e da ponte, e então se divide em dois ramos, que formam
irrigar a superfície lateral do cérebro.
a porção caudal do círculo arterial do encéfalo (Fig. 215).
A artéria cerebelar caudal origina-se da artéria comunicante
As artérias carótidas internas são as outras fontes principais de
caudal, no nível do aspecto caudal da glândula hipófise, rostralmente
sangue para o circuito arterial do encéfalo. Após passar pelo canal caro-
ao nervo oculomotor. A artéria corre em sentido caudodorsal, seguindo
tídeo na parte timpânica do osso temporal e formar uma alça no forame
o trato óptico sobre o aspecto lateral do tálamo em direção à fissura lon-
lácero, cada artéria carótida interna entra na fossa craniana média, sob a
gitudinal. Ela passa rostralmente no corpo caloso, para irrigar a superfí-
extremidade rostral da ponte petrosa do osso temporal. Ela cursa ros-
cie medial da porção caudal do hemisfério cerebral. Também irriga o
tralmente através do seio venoso cavernoso, ao lado da fossa hipofi- diencéfalo e o mesencéfalo rostral.
sária e da hipófise. Entre a hipófise e o quiasma óptico, ela emerge
A artéria cerebral rostral deixa o terço caudal do círculo arte-
através da dura sobre o seio e divide-se em artérias cerebral média,
rial do cérebro e segue um trajeto dorsocaudal ao longo da ponte do
cerebral rostral e comunicante caudal. A pequena artéria comunican-
te caudal corre caudalmente e une-se aos ramos terminais da artéria pedúnculo cerebelar médio, em direção ao hemisfério cerebelar lateral.
Irriga o mesencéfalo caudal e a metade rostral do cerebelo.
basilar. Rostralmente, as duas artérias cerebrais rostrais se anasto-
A artéria cerebelar caudal é um ramo da artéria basilar, próxi-
mosam, completando o círculo arterial, na superfície ventral do en-
céfalo. mo à metade da medula oblonga. Ela corre dorsalmente para irrigar a
porção caudal do cerebelo.
O círculo arterial do cérebro circunda a glândula hipófise, a qual
recebe pequenos ramos do círculo, bem como diretamente da artéria ca-
rótida interna. Coloque juntas as duas metades do encéfalo, injetado com VEIAS
látex, para observar esse círculo arterial. Utilizando o encéfalo hemis-
seccionado injetado com látex, identifique e desenhe os vasos descritos a Os seios venosos (Figs. 218, 219) da dura-máter craniana são
seguir. corredores venosos localizados no interior da dura ou dos canais ósseos
A artéria cerebral rostral é um ramo terminal da artéria caróti- do crânio. Tais seios recebem as veias que drenam o encéfalo e os ossos
da interna, no aspecto rostral do círculo. Ela corre dorsalmente, sendo do crânio. Eles carregam sangue venoso para os pares de veias maxila-

Seio sagital dorsal

Grande veia cerebral

V. meningea média

Fissura orbitária

Fig. 218 Seios venosos cranianos, face lateral direita (modificado de Reinhard, Miller e Evans, 1962).
SISTElVIA l\TERVOSO 185

Anast. com o seio sagital dorsal Anast. das vv. oftálmicas dir. e esq.

Anast. com o seio petroso dorsal dir.

Seio intracavernoso rostral


Seio cavernoso

Forame oval

Ramo anastomótico Seio intercavernoso caudal

Para o forame lácero


V. meníngea média

Seio petroso ventral no


V. cerebral ventral canal petroccipital

Seio temporal
Seio petroso dorsal
Forame jugular
Forame jugular Seio sigmóideo
Veia emissária occipital

Seio sagital dorsal (cortado)


Confluência dos seios

Fig. 219 Seios venosos cranianos, após remoção da calvária f~ce dorsal (modificado de Reinhard, MilIer e Evans, 1962).

res, jugulares internas e vertebrais, bem como para os plexos venosos veias lombares (veia cava caudal) no abdome. Este plexo será visto pos-
vertebrais internos ventrais. Os seios venosos descritos a seguir devem teliormente, quando a medula espinhal for removida do canal vertebral.
ser localizados. Existe uma via venosa contínua da veia angular do olho. através
O seio sagital dorsal está localizado na margem fixa da foice da veia oftálmica externa, do plexo oftálmico. do seio cavernoso, do seio
cerebral, a qual é uma prega da dura que se estende ventralmente na fis- petroso ventral, do seio sigmóideo e da veia emissária occipital para o
sura longitudinal, entre os dois hemisférios cerebrais. Caudalmente, o plexo venoso vertebral interno ventral. Essa via pode ser demonstrada
seio penetra o forame para o seio sagital dorsal, no osso occipital, onde radiograficamente, pela compressão das veias juguJares externas e pela
se prende ao tentório do cerebelo. Neste local, ele encontra os seios trans- injeção de uma solução radiopaca na veia angular do olho, na face pró-
versos direito e esquerdo. xima ao ângulo medial do olho. Tal procedimento pode ser utilizado
Cada seio transverso corre lateralmente através do sulco e do clinicamente para diagnosticar lesões compressivas que interferem com
canal transversos. Na extremidade distal do sulco, na borda dorsal do essa via. Ela também pode ser utilizada anatomicamente para injetar
osso petroso, o seio se divide em um seio temporal e outro sigmóide. vários materiais no sistema venoso.
Correndo em direção caudolateral ao osso petroso, o seio temporal se
estende para o forame retroarticular, de onde emerge como veia retro-
articular e encontra a veia maxilar.
ENCÉFALO
Cada seio sigmóideo forma uma curva em forma de 5, à medida
O encéfalo é composto do tronco encefálico, ou cerebral. embrio-
que corre sobre a face dorsomedial do osso petroso. Passa através do
forame jugular em direção à fissura timpanoccipital. No interior da fis- logicamente segmentado. e de duas porções supra-segmentares. o cére-
bro (telencéfaJo) e o cerebelo (metencéfalo dorsal). O tronco cerebral
sura, o seio petroso ventral penetra rostralmente do canal petroccipital
inclui o mielencéfalo (medula oblonga), o metencéfalo ventral (ponte),
e se anastomosa com o seio sigmóideo. A partir dessa anastomose, as
o mesencéfalo (encéfalo médio) e o diencéfalo (intercéfalo - epitála-
veias vertebral e juguJar interna se originam, deixam a fissura timpa-
mo, tálamo e hipotálamo).
noccipital e correm caudalmente. A veia vertebral desce no pescoço
Disseque e identifique as estruturas citadas, no encéfalo intacto
através do forame transverso das vértebras cervicais. A veia jugular
que foi fornecido ..
interna era vista previamente na bainha cm,ótica. Um ramo do seio sig-
móideo continua caudal mente através do canal condilóideo, em direção
ao plexo venoso vertebral interno no canal vertebral. Cérebro - estruturas de superucie
O seio cavernoso repousa em cada lado do soalho da fossa cra-
niana média, desde a fissura orbitária até o canal petroccipital. Veias O cérebro é dividido em dois hemisférios cerebrais pela fissura
emissárias conectam cada seio cavernoso com o plexo das veias oftál- longitudinal. Cada hemisfério cerebral possui pregas protuberantes
micas, rostralmente, e com a veia maxilar, lateralmente. Esses seios são (circunvoluções) denominadas giros e depressões conhecidas como sul-
ambos contíguos caudalmente com o seio petroso ventral, que repousa cos. Identifique os seguintes giros e sulcos (Figs. 220, 221): partes ros-
no canal petroccipital. Dois ou três seios intercavemosos conectam os seios trai e caudal do sulco rinallateral: fissura pseudo-silviana: giros silvia-
cavernosos direito e esquerdo, rostral e caudal, à glândula hipófise. A nos rostral e caudal: sulco e giro ectossilvianos: sulco e giro supra-sil-
artéria carótida interna foi vista cursando através do seio cavernoso. vianos; sulco cruciformes: giros pós-cruciformes e pré-cruciformes;
Os plexos venosos vertebrais internos ventrais são vasos pa- s'ulco corona!: giro e sulco marginais: e giro ectomarginal.
reados, que repousam no soalho do canal vertebral, no tecido conjunti- Cada hemisfério cerebral pode ser dividido em lobos denomina-
vo epidural. Eles se estendem, a partir dos seios venosos do crânio, por dos pela ponJIO correspondente da cal vária que os recobre. A relação
todo o canal vertebral. Em cada forame intervertebral. veias interver- não é precisa e varia entre as espécies.
tebrais conectam o plexo venoso vertebral com as veias vertebrais do O lobo fJ'(lIltal é aquela porção de cada hemisfério cerebral ros-
pescoço, as veias intercostais do tórax (veias ázigos e costocervical) e as trai ao sulco cruciforme. O giro pré-cruciforme é parte desse lobo e fun-
186 SISTEMA l\TERVOSO

Fig. 220 Sulcos do cérebro, face lateral direita.

PedúncUlo
Bulbo
olfatório ! .

olfatório --
--1
>-
.~

Fig. 221 Giros do cérebro, face lateral direita.

cio na como parte do córtex motor. O lobo parietal é caudal ao sulco sando caudalmente ao lobo piriforme,.o qual forma uma saliência ven-
cruciforme e dorsal aos giros silvianos. Ele se estende em sentido cau- tral, imediatamente lateral à glândula hipófise e medial ao lobo tem-
dal até aproximadamente o terço caudal do hemisfério cerebral. Os gi- poral do neopálio. O trato olfatório medial não pode ser observado diretamente.
ros pró-cruciforme e supra-silviano rostral são encontrados neste lobo e Cada giro contém substância cinzenta superficialmente e subs-
funcionam como parte do córtex cerebral motor e somestésico senso- tância branca em seu centro. A substância cinzenta, ou córtex cerebral
rial. O lobo occipital inclui o terço caudal do hemisfério cerebral. As do neopálio, é composta de seis camadas de corpos celulares neuronais.
porções caudais desse lobo, tanto na face lateral quanto na medial, fun- A substância branca, ou coroa radiada, contém os processos dos neu-
cionam como o córtex visual. O lobo temporal é composto dos giros e rônios dirigidos para o córtex superjacente e/ou desse para outras estru-
sulcos da superfície ventrolateral do hemisfério cerebral. Partes dos gi- turas do sistema nervoso central.
ros silvianos estão localizadas aí e funcionam como o córtex auditivo.
O sulco rinal separa o cérebro filogeneticamente novo, o neopálio Cerebe10
do cérebro olfatório mais antigo, ou paleopálio, localizado logo abaixo.
As porções do paleopálio que são diretamente visíveis são o bulbo 01- O cerebelo é derivado da porção dorsal do metencéfalo e repou-
fatório, que está apoiado na placa cribriforme, e o pedúnculo olfató- sa caudalmente ao cérebro e dorsalmente ao quarto ventrículo. A fissu-
rio, que se junta ao bulbo olfatório no hemisfério cerebral (Fig. 222). O ra cerebral transversa separa-o do cérebro. O tentório dural do cere-
pedúnculo olfatório corre caudalmente com uma faixa de fibras ner- belo está localizado nessa fissura. O cerebelo está conectado ao tronco
vosas na sua superfície ventral. Caudalmente, essa faixa divide-se em cerebral por três pedúnculos cerebelares em cada lado do quarto ventrí-
tratos olfatórios lateral e media!. Observe o trato olfatório lateral pas- culo e por porções do teto do quarto ventrículo.
SISTEMA l\TERVOSO 187

III 10

22
12
IV

V
14
VI
15
VII
VI rr
16
17

Fig. 222 Vista da face ventral do encéfalo e nervos cranianos.

I. Bulbo olfatório 14. Paraflóculo ventral lI. Nervo óptico


2. Pedúnculo olfatório 15. Flóculo III. Nervo oculomotor
3. Trato olfatório medial 16. Paraflóculo dorsal IV. Nervo trodear
4. Substância perfurada rostral 17. Lóbulo ansiforme V. Nervo trigêmeo
5. Trato olfatório lateral 18. Corpo trapezóide VI. Nervo abdllcente
6. Giro olfatório lateral 19. Pirâmides VII. Nervo facial
7. Sulco rinal rostral 20. Fissura mediana ventral VIII. Nervo vestibulococlear
8. Túber cinéreo 21. Decussação das pirâmides IX. Nervo glossofaJingeo
9. Lobo piriforme 22. Substância perfurada caudal na fossa interpeduncular X. Nervo vago
10. Corpos mamilares 23. Infundíblllo XI. Nervo acessório
11. Sulco rinal caudal 24. Trato óptico XII. Nervo hipoglosso
12. Pedúnculo cerebral 25. Quiasma óptico C I. Primeiro nervo cervical
13. Ponte, fibras transversais
188 SISTEMA "i\!ERVOSO

o plexo coróideo é uma massa compacta de pia-máter, vasos cerebelo, de frente para a placa tectal do quarto ventrículo. Cada hemis-
sanguíneos e epêndima. Um plexo coróideo desenvolve-se onde o neu- fério projeta-se sobre os pedúnculos cerebelares e tronco cerebral adja-
roepitélio do tubo neural não prolifera para formar parênquima, mas se cente. Um componente lateral repousa na fossa cerebelar da parte pe-
mantém como uma única camada de células neuroepiteliais, formando trosa do osso temporal.
uma placa tectal. Essas áreas são encontradas na medula oblonga (placa Faça uma incisão mediana através do verme, hemisseccionando
tectal do quarto ventrículo), no diencéfalo (placa tectal do terceiro ven- o cerebelo. Examine a superfície de corte. Note o padrão da substância
trículo) e no telencéfalo (placa tectal do ventrículo lateral). Nesses lo- branca, como se ramifica e arboriza, a partir da medula do cerebelo, em
cais, os vasos da pia, que recobrem a camada única de células neuroepi- folhas (ver Figs. 228, 230). A medula do cerebelo é a substância bran-
teliais, proliferam para formar um plexo denso de capilares intimamen- ca na sua porção central, que contém núcleos e se conecta com todas as
te relacionados com as células neuroepiteliais. Estas células e os vasos folhas do pedúnculo cerebelar. Observe as lâminas de substância bran-
sanguíneos estão envolvidos em uma secreção ativa e passiva de líqui- ca folheada e o córtex cerebelar. Faça uma secção transversa de uma
do cerebroespinhal, no interior do sistema ventricular. O plexo corói- metade do cérebro, através da sua medula, para observar a extensão la-
deo do quarto ventrículo se protrai no interior do lúmen do quarto ven- teral da substância branca medular (ver Fig. 228).
trículo e é visível caudolateralmente ao cerebelo, na superfície dorsal
da medula oblonga.
Identifique as fibras transversas da ponte na superfície ventral
Tronco encefálico - estruturas da
do tronco cerebral. Siga essas fibras lateralmente, à medida que elas superficie
correm dorsocaudalmente em direção a cada lado do cerebelo, como
pedúnculo cerebelar médio (Figs. 222, 223, 230). No ponto em que Para expor as estruturas da superfície dorsal do tronco encefálico,
elas penetram no cerebelo, corte esse pedúnculo com um bisturi. Conti- o cérebro esquerdo será removido pela seguinte dissecção.
nue o corte levemente rostral e caudal ao pedúnculo cerebelar médio e Separe os dois hemisférios cerebrais na fissura longitudinal. Ex-
destaque o cerebelo da ponte, naquele lado. Isto irá cortar o pedúnculo ponha a faixa de fibras que correm transversalmente de um hemisfério
cerebelar rostral, o qual se prende rostralmente, e o pedúnculo cere- para o outro, no fundo da fissura. Essa estrutura é o corpo caloso. Divi-
belar caudal, que se fixa caudalmente. Esses também podem ser da completamente o corpo caloso longitudinalmente, ao longo do plano
visualizados caudalmente, levantando-se o verme do cerebelo dorsal- mediano, no fundo da fissura longitudinal. Corte profundo o suficiente
mente à medula oblonga. Isto expõe a superfície caudal do pedúnculo para incluir a comissura do hipocampo e o corpo do fómice, mas não
cerebelar caudal. Corte esses pedúnculos no lado oposto e remova o corte o tálamo (Fi2:s. 224, 225, 230). Continue a cortar rostral e ventral-
cerebelo. O pedúnculo cerebelar rostral contém principalmente axô- niente através da ~omissura rostral, imediatamente dorsal ao quiasma
nios eferentes do cerebelo para o tronco cerebral. Os axônios aferentes óptico e rostral ao tálamo. Na superfície ventral, siga o trato óptico em
para o cerebelo a partir do tronco cerebral e da medula espinhal passam uma direção dorsocaudal ao quiasma óptico, e corte as fibras da cápsula
primariamente através dos pedúnculos cerebelares médio e caudal. interna, rostral e medialmente a esse trato. As fibras da cápsula interna
O cerebelo é composto dos hemisférios cerebelares laterais e fixam o hemisfério cerebral ao tronco cerebral. Cuidadosamente, libere
uma porção média, o verme. Os giros do cerebelo são conhecidos como do tálamo a face medial do cérebro e continue esta separação sobre o
folhas. Estas estão agrupadas em três lobos e em numerosos lóbulos aspecto dorsal do diencéfalo. Corte todas as fixações restantes e libere
cerebelares, que possuem nomes específicos. O verme é composto de do diencéfalo o hemisfério cerebral.
toda a porção média do cerebelo, diretamente acima do quarto ventrí- Examine a superfície do tronco cerebral e localize as estruturas
culo. Alguns de seus lóbulos são encontrados na superfície ventral do citadas (Figs. 222, 223).

II
16

Fig. 223 Vista da face dorsal do tronco encefálico.

1. Estria habenular talâmica 15. Núcleo cuneiforme lateral


2. Tálamo 16. Fascículo cuneiforme
3. Comissura habenular 17. Fascículo grácil
4. Núcleo geniculado lateral 18. Trato espinhal do nervo trigêmeo
5. Núcleo geniculado medial 19. Fibras arciformes superficiais
6. Colículo rostral 20. Núcleo coclear ventral esquerdo
7. Comissura do colículo caudal 21. Braço do colículo caudal
8. Colícul0 caudal 22. Trato áptico
9. Cruzamento das fibras do nervo troclear no véu 23. Braço do colículo rostral
medular rostral 24. Superfície cortada entre o cérebro e o tronco
10. Pedúnculo cerebelar médio cerebral
11. Pedúnculo cerebelar caudal 25. Corpo pineal
12. Pedúnculo cerebelar rostral 11.Nervos ápticos
13. Núcleo coclear dorsal na estria IV. Nervo troclear
acústica V. Nervo trigêmeo
14. Sulco mediano no quarto ventrícul0 VIII. Nervo vestibulococlear
SISTEMA NERVOSO 189

Diencéfalo dorsal do tálamo é o corpo geniculado lateral, o qual recebe fibras do


trato óptico e funciona no sistema visual. O corpo geniculado lateral está
O diencéfalo consiste no tálamo grande e localizado centralmente, conectado com o colículo rostral do mesencéfalo. Caudoventralmente ao
no hipotálamo menor e ventral e no epitálamo muito pequeno localiza- corpo geniculado lateral está o corpo geniculado medial do tálamo. Esse
do na linha mediodorsal. núcleo funciona no sistema auditivo e está conectado ao colículo caudal
Os segundos nervos cranianos, ou ópticos, formam o quiasma do mesencéfalo pelo braço do colículo caudal.
óptico do diencéfalo, rostral à hipófise (Figs. 222, 224). Os tratos óp- No terceiro ventrículo, entre as estrias habenulares de cada lado,
ticos correm lateral e dorso caudal mente ao quiasma, passam pela su- observe a aderência intertalâmica entre os lados direito e esquerdo
perfície lateral do diencéfalo e penetram no núcleo geniculado lateral do tálamo. Essa área mostra-se arredondada na secção mediana de
do tálamo. Nessa via, cada trato curva-se ao redor da extremidade cau- corte, porque o terceiro ventrículo a envolve. Na secção transversa, o
dal da cápsula interna. terceiro ventrículo, estreito e orientado verticalmente, mostra-se como
Caudalmente ao quiasma óptico, no plano mediano, está a hipó- uma fenda perpendicular, logo abaixo da aderência intertalâmica. Suas
fise, fixada ao túber cinéreo do hipotálamo pelo infundíbulo. Quando paredes lateral e ventral são formadas pelo hipotálamo. A porção
a glândula está ausente, o lúmen do infundíbulo estará bem evidente. dorsal do terceiro ventrículo é pequena e tubular. Ele passa sobre a
Este lúmen comunica-se com o terceiro ventrículo, suprajacente, do aderência intertalâmica, mas sua placa tectal delgada, que está fixada
diencéfalo. de cada lado pelas estrias habenulares, não pode ser observada ma-
Os corpos mamilares do hipotálamo se protraem ventralmente, croscopicamente.
caudalmente ao túber cinéreo. Eles demarcam a extensão mais caudal
do hipotálamo, na superfície ventral do diencéfalo. Mesencéfalo
A cápsula interna delimita o diencéfalo lateralmente e foi corta-
da quando o cérebro esquerdo foi removido. O tálamo e o epitálamo Entre os corpos mamilares do hipotálamo e as fibras transversais
podem ser vistos na face dorsal do diencéfalo (Figs. 223, 224). da ponte está a superfície ventral do mesencéfalo (encéfalo mediano).
Três estruturas compõem o epitálamo. Todas elas estão locali- As fibras transversais da ponte encobrem parte do mesencéfalo, ventral-
zadas adjacentes ao plano mediano. As estrias habenulares repousam mente. Os tratos descendentes, que conectam porções do córtex cere-
em ambos os lados da linha média, correndo dorsal e caudal mente à bral com os centros inferiores do tronco cerebral e a medula espinhal,
superfície rostroventral do hipotálamo, sobre o tálamo, até a superfície correm na superfície ventral do mesencéfalo. Esses tratos estão agrupa-
dorsocaudal do diencéfalo. Aí, a estria penetra no núcleo habenular. dos em conjunto, de cada lado, como pedúnculos cerebrais (Fig. 227).
Caudalmente ao núcleo habenular está o corpo pineal, pequeno e ím- O terceiro nervo craniano, ou oculomotor, deixa o mesencéfalo medi-
par. Esta projeção caudal do diencéfalo é pequena no cão, mas muito almente ao pedúnculo cerebral (Fig. 222).
proeminente nos grandes mamíferos domésticos. As estruturas mesencefálicas dorsais ao aqueduto mesencefálico
Entre as estrias habenulares, de cada lado, um espaço pode co- formam o teto mesencefálico (Fig. 224). O aqueduto mesencefálico é
mumente ser encontrado. Ele conesponde à parte dorsal do terceiro um tubo estreito e curto, derivado do canal neural do mesencéfalo, que
ventrículo (Fig. 226). O terceiro ventrículo é recoberto por um rema- conecta o terceiro ventrículo, rostralmente, com o quarto ventrículo, cau-
nescente delgado da placa tectal do tubo neural, uma camada de dalmente. Quatro protuberâncias dorsais, os tubérculos quadrigêmeos,
epêndima que se estende de uma estria habenular à outra. Ramos da são evidentes na face dorsal. O par rostral corresponde aos colículos ros-
artéria cerebral caudal correm sobre o diencéfalo e formam o plexo trais, que funcionam com o sistema auditivo (Fig. 223).
coróideo do terceiro ventrículo. Em geral, ele é arrancado quando o O quarto nervo craniano, ou troclear, emerge lateralmente ao teto
encéfalo é removido da cavidade craniana. Rostralmente, o plexo do quarto ventrículo, adjacente ao colículo caudal. Ele continua rostro-
coróideo do terceiro ventrículo é contíguo com o plexo coróideo do ventralmente na superfície lateral do mesencéfalo.
ventrículo lateral, no forame interventricular. Este forame situa-se cau- O lemnisco lateral (ver Figs. 230, 231) é uma faixa de axônios
dalmente à coluna do fórnice, no nível da comissura rostral. Tais estru- do sistema auditivo localizada na superfície lateral do mesencéfalo. Ele
turas serão vistas na dissecção do telencéfalo. corre em sentido rostrodorsal, do núcleo coclear até o colículo caudal, e
O tálamo repousa entre as estrias habenulares medialmente e a tem origem medial no pedúnculo cerebelar médio. Muitas dessas fibras
cápsula interna lateralmente. Uma eminência lateral na superfície caudo- originam-se do núcleo coclear. O braço do colículo caudal (Figs. 223,

Habênula

Estria habenular talâmica

Teto do mesencéfalo
Forame interventricular

",' ._~ . o mesencefá/ico


",.<\.
~'" ~Aquedut
Corpo mamilar

Ouiasma ópt~co---- ~
Tuber cinéreo/
Infundíbulo

Fenda hipofisária Adeno-hipófise


Neuro-hipófise
} H!pó'"
Fig. 224 Diencéfalo, secção mediana.
190 srSfEMA l\TERVOSO

Fig. 225 Diencéfalo e hemisférios cerebrais. (Nesta e nas próximas secções transversais, a substância branca está corada com hematoxilina férrica e aparece negra
nas fotografias.)

1. Coroa radiada 9. Aderência intertalâmica


2. Corpo caloso 10. Núcleo lentiforme
3. Ventrículo lateral 11. Sulco rinallateral
4. Pilar do fórnice 12. Trato óptico
S. Cápsula interna 13. Hipotálamo
6. Estria habenular 14. Amígdala
7. Terceiro ventrículo (com a placa tecta!) 15. Lobo piriforme
8. Tálamo 16. Giro do cíngulo

230, 231) corre rostroventralmente, do colículo caudal até o corpo ge- tinocerebelar. As sinapses ocorrem no núcleo pontino, que está coberto
niculado medial do tálamo. Na superfície dorsal, a comissura do colí- pelas fibras transversais, através das quais o cruzamento OCOlTe.Assim,
culo caudal (Fig. 223) pode ser vista cruzando por entre essas duas os impulsos que se originam no cerebelo esquerdo são projetados para
estruturas. O colículo rostral está conectado ao corpo geniculado lateral o hemisfério cerebelar direito.
do tálamo por um curto braço do colículo rostral (Fig. 223). O véu medular rostral forma o teto do quarto ventrículo, entre
o colículo caudal do mesencéfalo, rostralmente, e a superfície ventral
média do cerebelo, caudalmente. As fibras cruzadas do nervo troclear
Metencéfalo ventral correm através desse véu (Fig. 223). O véu, no espécime preservado,
repousa no soalho do quarto ventrículo e recobre a abertura caudal do
A porção metencefálica do rombencéfalo inclui um segmento
aqueduto mesencefálico. Insira uma cânula abaixo da borda caudal cor-
ventral do tronco cerebral, a ponte, e o desenvolvimento metencefálico
tada e levante o véu para demonstrar sua fixação e a continuação do
dorsal, o cerebelo. A supelfície ventral da ponte inclui as fibras trans- quarto ventrículo com o aqueduto.
versais da ponte, que correm lateralmente, em direção aos pedúnculos
cerebelares médios. Essa grande faixa de fibras margeia caudal mente o
corpo trapezóide da medula oblonga. Sua borda rostral cobre parte da Mielencéfalo (medula oblonga)
superfície ventral do mesencéfalo. O nervo trigêmeo está associado à
ponte e pode ser encontrado ·penetrando-a, ao longo do aspecto caudo- O mielencéfalo, ou medula oblonga, se estende das fibras trans-
lateral das fibras pontinas transversais (Figs. 222, 230). As fibras des- versais da ponte até o nível dos fascículos radiculares ventrais do pri-
cendentes do pedúnculo cerebral penetram na ponte dorsalmente às fi- meiro nervo cervical. O corpo trapezóide é uma faixa transversal de
bras transversais, onde são denominadas de fibras longitudinais da fibras rostrais, que corre paralela e caudal mente às fibras transversais
ponte. Estas fibras longitudinais são recobertas ventralmente pelas fi- da ponte (Figs. 222, 230, 231). É contínuo lateralmente com o nervo
bras transversais. As fibras longitudinais, que não terminam nos núcle- vestibulococlear e os núcleos cocleares na superfície lateral da medula
os pontinos, continuam caudalmente na superfície ventral do corpo tra- oblonga, e tem função no sistema auditivo. As pirâmides são um feixe
pezóide da medula oblonga como as pirâmides. Muitos dos axônios no de fibras que correm longitudinalmente, em ambos os lados do plano
pedúnculo cerebral, nas fibras longitudinais da ponte e a maioria daqueles mediano ventral. Elas emergem das fibras transversais, como continua-
nas fibras transversais da ponte compõem uma grande via cerebelopon- ções caudais dos axônios das fibras longitudinais da ponte, que não ter-
SISTEMA NERVOSO 191

Ventrículo lateral Aqueduto mesencefálico

Cavidade do bulbo olfatório

Forame interventricular

Recesso suprapineal, 111ventrículo

Corno rostral, ventrículo lateral

Corno caudal, ventrículo lateral

Cavidade do bulbo olfatório

Canal central

Recesso lateral
Recesso infundibular

Corno ventral (temporal), ventr. lal.

Fig. 226 VentrÍculos encefálicos. A direção das setas indica o fluxo de líquido cerebroespinhal (de de Lahunta, 1983).
192 srSfEJVIA l\.TERVOSO

Fig. 227 Mesencéfalo e hemisférios cerebrais. (A substância branca está corada com hematoxilina fénica e aparece negra na fot0grafia.)
I. Yentrículo lateral 5. Braço do colículo caudal
2. Hipocampo 6. Pedúnculo cerebral
3. Colículo rostral 7. Formação reticular
4. Aqueduto mesencefálico 8. Núcleo oculomotor

minam nos núcleos pontinos. Elas correm caudalmente através do cor- bras estão no mesmo plano sagital que o terceiro e o sexto nervos crania-
po trapezóide. para continuar na superfície ventral da medula oblonga. nos, rostralmente, e no dos fascículos radiculares da medula espinhal,
As pirâmides são separadas pela fissura mediana ventral. Esta fissura caudalmente. Todos esses nervos contêm neurônios eferentes somáti-
pode ser seguida caudal mente até que seja obliterada, por uma curta coso A junção do mielencéfalo com a medula espinhal está entre as fi-
distância. pela decussação das pirâmides localizada no nível da emer- bras do hipoglosso e os fascículos ventrais do primeiro nervo espinhal
gência das fibras do nervo hipoglosso. A decussação em si é difícil de cervical. O nervo hipoglosso, fora do crânio, é muito maior devido à
ser visualizada. pois ocorre à medida que as fibras piramidais penetram adição de componentes de tecido conjuntivo.
dorsalmente no parênquima da medula oblonga. Os axônios piramidais Dorsolateralmente à emergência das fibras do nervo hipoglosso
continuam na medula espinhal como tratos corticoespinhais. e das fibras da raiz ventral do primeiro nervo espinhal cervical, um ner-
O sexto nervo craniano, ou abducente, deixa a medula oblonga vo cor;'e de ponta a ponta, ao longo da superfície lateral da medula espi-
através do corpo trapezóide, localizado lateralmente na borda de cada nhal. E o 11. o nervo craniano, o nervo acessório (Figs. 216, 222, 232).
pirâmide. Seus fascículos radiculares espinhais emergem da superfície lateral da
Os nervos cranianos VII e VIII estão localizados na face lateral medula espinhal. tão caudal mente quanto o sétimo segmento cervical.
da medula oblónga. O nervo craniano VII, nervo facial (Fig. 222), é Eles emergem entre os níveis dos fascículos radiculares dorsal e ventral
menor e deixa a superfície lateral da medula oblonga através do corpo dos nervos espinhais cervicais e con'em cranialmente. através do canal
trapezóide, caudal mente ao nervo trigêmeo e rostroventralmente ao oi- vertebral e do forame magno. Alguns fascículos radiculares cranianos
tavo nervo craniano. emergem da face lateral da medula oblonga caudal mente ao 10.0 nervo
O nervo craniano VIII, nervo vestibulococlear (Figs. 222, 223, craniano e se juntam ao nervo acessório, à medida que este transita pela
228). está na face lateral da medula oblonga na extensão mais lateral do medula (Fig. 222). Esses são comumente arrancados da medula oblon-
corpo trapezóide. sendo lateral ao nervo facial. Parte do nervo vestibulo- ga, durante a remoção do encéfalo para dissecção. O nervo acessório
coclear contribui COI11 fibras para o corpo trapezóide. Parte dele penetra deixa a cavidade craniana através do forame jugular e a fissura timpa-
diretamente na medula oblonga e a outra paJ1e cotTe sobre a supetfície noccipital, juntamente com o nono e o 10. nervos cranianos.
o

dorsal oa medula oblonga e do pedúnculo cerebelar caudal, indo para o Os nervos cranianos IX e X, os nervos glossofaríngeo e vago,
núcleo acústico (Fig. 223). Isto ocorre logo caudal mente no local onde o deixam a face lateral do mielencéfalo. caudal mente ao oitavo nervo cra-
pedúnculn cerebelar caudal penetra dorsalmente no cerebelo. Os núcleos niano e rostralmente ao nervo acessório. Esses fascículos radiculares são
codeares são adicionados a esse nervo. à medida que ele corre sobre as pequenos e raramente estão preservados no encéfalo. quando este é re-
supcrl Ícies lateral e dorsal da medula oblonga (Figs. 223, 228, 230). movido.
O ncrvo craniano XII. nervo hipoglosso, emerge como um nú- Examine a superfície dorsal da ponte e ela meelula oblonga (Fig.
mero de fascículos radiculares finos, a partir da face ventrolateral do 223). Em ambos os lados do quarto ventrículo estão as extremidades
mielencéfalo. caudal mente ao corpo trapezóide. Observe que essas fi- cortadas dos três pedúnculos cerebelares. O pedúnculo cerebelar ros-
SISTEMA J'-.TERVOSO 193

Fig. 228 Cerebelo e mielencêfalo. (A substância branca está corada com hematoxilina fêrrica e aparece negra na fotografia.)

I. Lobo occipital 8. Trato piramidal


2. Verme cerebelar 9. Fibras do nervo abducente
3. Hemisfério cerebelar 10. Fibras descendentes do nervo facial
4. Núcleo cerebelar 11. Núcleo vestibular
5. Quarto ventrículo 12. Pedúnculos cerebelares caudais
6. Núcleo coclear e nervo vestibulococlear 13. Flóculo
7. Corpo trapezóideo 14. Trato espinhal do nervo trigêmeo

traI é medial e corre rostralmente pelo mesencéfalo; o pedúnculo ce- subaracnóideo, onde os nervos espinhais deixam o canal vertebral, atra-
rebelar médio é lateral e se origina das fibras transversais na face late- vés dos forames intervertebrais e ainda ao longo dos nervos olfatório e
ral da ponte; e o pedúnculo cerebelar caudal está no meio, proceden- óptico.
do do mielencéfalo, após passar abaixo do núcleo acústico. O plexo coróideo do quarto ventrículo protrai-se no lúmen ven-
O sulco no centro do soalho do quarto ventrículo é o sulco me- tricular, em cada lado da linha mediodorsal. Cada plexo se estende para
diano. Na parede lateral, o sulco longitudinal é o sulco Iimitante. Ime- o exterior através de abertura lateral, onde esta foi vista caudal mente ao
diatamente lateral a esse último sulco, no nível do núcleo acústico, existe cerebelo, antes que ele fosse removido.
uma leve proeminência dorsal na medula oblonga, que demarca a loca- Examine a superfície dorsal do mielencéfalo caudal ao quarto
lização dos núcleos vestibulares. A maioria dos neurônios vestibula- ventrículo. As estruturas a serem observadas podem ser mais facilmen-
res do nervo vestibulococlear termina nesse local. te reconhecidas se a pia-aracnóide for removida e a medula oblonga for
O teto do quarto ventrículo, caudalmente ao cerebelo, é o véu me- examinada sob um microscópio de dissecção. O sulco mediano é o sul-
dular caudal, que consiste em uma camada fina, composta de epêndi- co mediano dorsal. A estreita protuberância longitudinal que forma a
ma, que reveste o quarto ventrículo, e uma camada de suporte de pia- parede do sulco é o fascículo grácil (Fig. 223). Esse trato longitudinal
máter, vascularizada. O véu medular se fixa ao cerebelo rostralmente, ascende por todo o comprimento da medula espinhal, nessa posição. Na
ao pedúnculo cerebelar caudalmente e ao fascículo grácillateral e cau- extremidade caudal do mielencéfalo, ele termina no núcleo grácil. Este
dai mente. Sua fixação caudal mente no ápice é conhecida como óbex. núcleo está localizado na extremidade caudal do quarto ventrículo. onde
Neste nível. o quarto ventrículo é contínuo com o canal central da me- o fascículo grácil se alarga e termina. Esse fascículo e o núcleo funcio-
dula espinhal. nam primariamente na propriocepção dos membros pélvicos.
No nível do oitavo nervo craniano. existe uma abertura no véu O sulco lateral ao fascículo grácil é o sulco intermédio dorsal.
medular caudal. conhecida como abertura lateral do quarto ventrícu- A protuberância longitudinal lateral a ele é o fascículo cuneiforme. Este
10 (ver Fig. 217). O líquido cerebroespinhal. produzido no sistema ven- trato também ascende pela face dorsal da medula espinhal. começando
tricular. comunica-<;e com o espaço subaracnóideo das meninges. atra- na região mesotorácica. O fascículo cuneiforme diverge lateralmente na
vés dessa abertura. Ele então percorre. através do espaço subaracnói- extremidade caudal do quarto ventrículo e termina em uma leve protu-
de0. toda a superfície do encéfalo e da medula espinhal e é ahsorvido berância. que representa o núcleo cuneiforme lateral e é conhecida
pelo sistema venoso. A maior parte dessa absorção ocorre quando a arac- como tubérculo cuneiforme. Rostralmente, o núcleo cuneifonne late-
n(\idc cstá em íntima apusição com os seios venosos cerebrais e onde ral é contíguo com o pedúnculo cerebelar caudal. O fascículo e o nú-
S,lO formadas estruturas cspecializ.adas conhecidas como vilosidades cleo cuneiformes funcionam primariamente na propriocepção dos mem-
aracn6ideas. O líquido cerebroespinhal também é absorvido do espaço bros torácicos.
194 SISTEMA NERVOSO

O sulco na superfície caudodorsal do mielencéfalo, lateral ao fas- imediatamente caudal à junção da cruz de cada fórnice, e conecta os
cículo cuneiforme, é o sulco dorsolateral. A proeminência longitudinal componentes arquipálicos de cada hemisfério. A cápsula interna consis-
lateral ao sulco é o trato espinhal do nervo trigêmeo. Os axônios nesse te na projeção das fibras que correm entre o tronco cerebral e o hemis-
trato são provenientes dos corpos celulares sensoriais do gânglio fério cerebral. As fibras de associação permanecem nos hemisférios, cor-
trigeminal, que inervam a cabeça. O trato trigeminal se estende caudal- rendo entre giros adjacentes ou distantes.
mente no nível do primeiro segmento cervical da medula espinhal, devi- O corpo caloso (Figs. 224, 225, 229, 230) consiste em joelho ros-
do ao grande número de corpos celulares que servem à sua extensa distri- trai, corpo mediano e esplênio caudal. É a via comissural para os axô-
buição periférica na cabeça. Esse trato emerge na superfície lateral do nios que cruzam entre o neopálio de cada cérebro. A cápsula interna
mielencéfalo caudal, junto à faixa de fibras ascendentes oblíquas, as fi· (Fig. 231) contém fibras de projeção que correm entre o telencéfalo e o
bras arciformes superficiais. As fibras arciformes conectam estruturas diencéfalo e descem do telencéfalo para o tronco encefálico e a medula
da medula oblonga com o pedúnculo cerebelar caudal. espinhal. As fibras que foram previamente vistas no mesencéfalo como
Os fascículos radiculares dorsais dos nervos espinhais penetram o pedúnculo cerebral descem através da cápsula interna. A via de proje-
através do sulco dorso lateral da medula espinhal. ção da maioria das modalidades sensoriais para o cérebro, destinadas à
propriocepção consciente, envolve sinapses no tálamo. Os axônios des-
Telencéfalo (cérebro) ses corpos celulares talâmicos, então, penetram na cápsula interna, para
alcançar o cérebro.
O cérebro esquerdo foi previamente removido (ver Fig. 230), pelo Examine o hemisfério cerebral esquerdo isoladamente. Na sua
corte da comissura rostral, corpo caloso e comissura do hipocampo; se- superfície medial, localize as porções do corpo caloso e note a fina ca-
paração das duas metades do corpo do fómice no plano mediano e secção mada vertical de tecido nervoso ventral ao corpo caloso. Ela correspon-
da cápsula interna, que fixava o cérebro ao tálamo do tronco encefálico. de ao septo pelúcido, mais desenvolvido rostralmente, onde se estende
Existem três vias comissurais que se cruzam entre os hemisfé- do joelho para a comissura rostral. Um espessamento no septo dorsal e
rios, uma para cada divisão filo genética do cérebro. O corpo caloso co- rostral à comissura representa os núcleos septais. Caudalmente à co-
necta as porções neoplásicas de cada hemisfério e é a maior das três vias. missura rostral, o septo fixa o corpo caloso a uma coluna de fibras que
A comissura rostral conecta os componentes paleopálicos, ou olfatórios, correm rostralmente e, então, descem, fazendo uma curva rostroventral
de cada hemisfério. A comissura hipocampal é pequena, está localizada por trás da comissura rostral. Tais fibras são parte do fórnice, e conec-

Fig. 229 Telencéfalo. (A substância branca está corada com hematoxilina férrica e aparece negra na fotografia.)
I. Coroa radiada 8. Forame interventricular
2. Giro do cíngulo 9. Terceiro ventrículo
3. Corpo caloso 10. Núcleo lentifonne
4. Ventrículo lateral 11. Comissura rostral
5. Núcleo caudado 12. Nervo óptico
6. Cápsula interna 13. Trato olfatório lateral
7. Corpo do fórnice
SISTEMA NERVOSO 195

Fig. 230 Superfície medial do hemisfério cerebral direito e superfície lateral do tronco encefálico

1. Sulco ectogeniculado 13. Giro occipital 27. Núcleos cocleares


2. Sulco geniculado 14. Superfície cortada entre o cérebro e o tronco cerebral 28. Corpo trapezóide
2'. Giro geniculado 15. Trato óptico no corpo geniculado lateral 29. Lemnisco lateral
3. Joelho do corpo caloso 16. Colículo rostral 30. Fibras transversais da ponte
4. Giro do cíngulo 17. Corpo geniculado medial 31. Braço do colículo caudal
5. Sulco caloso 18. Colículo caudal 32. Trato crural transversal
6. Sulco cruciforme 19. Árvore da vida do cerebelo 33. Pedúnculo cerebral
7. Corpo do corpo caloso 20. Pedúnculo cerebelar rostral 34. Trato óptico esquerdo
8. Sulco cruciforme 21. Pedúnculo cerebelar caudal 35. Quiasma áptico
9. Esplênio do corpo caloso 22. Pedúnculo cerebelar médio 36. Comissura rostral
10. Sulco calcarino 23. Fascículo cuneiforme 37. Giro paraterminal
10'. Giro do esplênio (esplenial) do corpo caloso 24. Trato espinhal do nervo trigêmeo 38. Septo pelúcido
lI. Ramo horizontal caudal do sulco do esplênio 25. Núcleo cuneiforme lateral 39. Giro pró-reano
12. Sulco supra-esplenial 26. Fibras arciformes superficiais lI. Nervo óptico
IlI. Nervo oculomotor
IV. Nervo troclear

Fig. 231 Vista da face lateral do encéfalo, com exposição da cápsula interna.

I. Bulbos olfatórios 13. Localização dos núcleos olivares


2. Hemisfério cerebral esquerdo 14. Pirâmide
3. Cápsula interna (face lateral) 15. Corpo trapezóide
4. Pedúnculo cerebral 16. Fibras transversais da ponte
5. Radiação acústica 17. Tratos piramidais e corticopontinos (fibras longitudinais da ponte)
6. Núcleo geniculado medial 18. Trato crural transverso
7. Colículo rostral 19. Lobo piriforme
8. Braço do colículo caudal 20. Trato óptico
9. Colículo caudal 21. Quiasma áptico (cortado para mostrar a cápsula interna)
10. Lemnisco lateral lI. Nervo óptico
lI. Cerebelo IlI. Nervo oculomotor
12. Localização do núcleo dorsal do corpo trapezáide
196 SISTEMA NERVOSO

tam o hipocampo com o diencéfalo e o cérebro rostralmente. O hipo- cabeça. Caudalmente à cabeça, o corpo do núcleo caudado rapidamente
campo é uma região especializada do córtex cerebral, que será vista em se adelgaça em uma pequena cauda, que corre sobre as fibras da cápsu-
breve. Corte o septo pelúcido para separar o corpo calos o do fórnice. O la interna no soalho do ventrículo lateral. Com a ponta cega de uma lâmi-
fórnice começa caudalmente pelo acúmulo de fibras na face lateral do na de bisturi, libere o núcleo caudado da face medial da cápsula interna.
hipocampo, as quais formam, bilateralmente, o pilar do fórnice. Os pi- Dorsolateralmente ao núcleo caudado, a cápsula interna forma o
lares se unem rostralmente ao hipocampo e dorsalmente ao tálamo, para ângulo lateral do ventrículo lateral. No ângulo dorsolateral do ventrículo
formar o corpo do fórnice. lateral, as fibras da cápsula interna se encontram com as do corpo caloso.
O corpo do fórnice corre rostralmente e, então, desce rostroven- Esta interdigitação de fibras é conhecida como coroa radiada, que se
tralmente como coluna do fómice. Na comissura rostral, algumas fibras irradia em todas as direções para alcançar a substância cinzenta do córtex
cursam dorsal e rostralmente à comissura rostral, mas a maioria desce cerebral. Uma secção longitudinal do hemisfério cerebral no nível dessa
caudalmente à comissura e continua caudoventralmente, em situação interdigitação no plano dorsal revela uma massa de substância branca no
lateral ao terceiro ventrículo, para alcançar os corpos mamilares do hi- centro do hemisfério. Essa massa é denominada de centro semi-oval.
potálamo. Essa coluna descendente pode ser mais evidente no hemisfé- Remova a pia-máter e a aracnóide do hemisfério cerebral direi-
rio cerebral direito intacto. Perfure o septo pelúcido e separe o corpo to. Exponha a coroa radiada pela remoção da substância cinzenta, o
caloso da coluna e do corpo do fómice. córtex cerebral, com o cabo do bisturi. (Após a fixação, o encéfalo foi
A cavidade curva exposta lateralmente ao septo pelúcido e ven- congelado e, depois, descongelado. Tal procedimento dissocia os cor-
tralmente ao corpo caloso é o ventrículo lateral. Ele se comunica com pos celulares dos tratos de fibra e possibilita a remoção da substância
o terceiro ventrículo do diencéfalo, através do forame interventricu- cinzenta sem danificar a coroa radiada.)
lar (Fig. 224), o qual está localizado caudalmente à coluna do fórnice, Comece a remoção da substância cinzenta pela face medial do
no nível da comissura rostral. A parede caudodorsal desse forame é a hemisfério. O giro do cíngulo está localizado dorsalmente ao corpo ca-
placa tectal e o plexo coróideo do terceiro ventrículo, geralmente arran- loso. Remova a substância cinzenta do giro do cíngulo para expor as suas
cado e perdido quando o encéfalo é removido. fibras, que formam o cíngulo. Muitas das fibras no cíngulo são fibras
Localize a parte caudal do sulco rinallateral, no lobo temporal de associação longas que correm longitudinalmente de uma extremida-
esquerdo. Corte esse sulco até o ventrículo lateral. A protuberância lisa de do hemisfério à outra. Demonstre isso pela liberação de algumas fi-
e curva, exposta na parede do ventrículo, é a superfície caudal do bras rostrais ao joelho do corpo calos o e removendo-as caudalmente.
hipocampo, à medida que ele ascende em uma curva dorsorrostral. Para Remova o cíngulo e demonstre o curso transverso das fibras do corpo
remover o hipocampo intacto do ventrículo lateral, corte a coluna do caloso, pela remoção delas através de suas extremidades cortadas em
fórnice dorsalmente à comissura rostral. Segure o fómice com uma pin- direção ao hemisfério.
ça e, com a ponta cega da lâmina de bisturi, retire cuidadosamente o Remova a substância cinzenta dos giros na superfície lateral da me-
hipocampo do ventrículo lateral. Sua fixação ventral no corno temporal tade rostral do hemisfério. Examine a substância branca dos giros. Fibras
pode ser cortada para liberar o hipocampo completamente. de associação curtas, as fibras arciformes, correm entre giros adjacentes.
Filogeneticamente, o córtex cerebral pode ser dividido em três A cápsula interna está situada lateralmente ao núcleo caudado.
regiões: paleopálio, neopálio e arquipálio. O paleopálio consiste no Exponha a superfície lateral da cápsula interna (Fig. 231).
córtex do pedúnculo olfatório, separado do neopálio lateralmente pelo Quando você tiver completado a dissecção do hemisfério cere-
sulco rinal. O neopálio inclui todos os giros na superfície externa do bral direito, tudo o que restará será o corpo caloso, a cápsula interna e
cérebro. O hipocampo pertence ao arquipálio, e é um giro interno do parte da coroa radiada.
telencéfalo, que foi deslocado para o ventrículo lateral pela expansão Remova o corpo caloso do hemisfério cerebral direito para expor o
lateral do neopálio. Note que o hipocampo começa ventralmente no lobo ventrículo lateral, estando o núcleo caudado rostralmente e o hipocampo
temporal e se curva, primeiro caudodorsalmente e depois rostrodorsal- caudalmente no soalho. A cápsula interna forma a parede lateral (Fig. 231).
mente, sobre o diencéfalo, para alcançar sua face caudodorsal. Nesse Faça uma secção mediana no tronco cerebral, desde o quiasma
ponto, o hipocampo termina e uma comissura hipocampal o conecta óptico até a medula oblonga (Fig. 224). Observe a aderência intertalâ-
com cada hemisfério do cérebro. As fibras do hipocampo continuam mica e note a superfície suave do terceiro ventrículo que a envolve. O
rostralmente como o corpo e a coluna do fórnice. Note o pilar do fórni- ventrículo está limitado dorsalmente pela placa tectal, entre cada estria
ce na sua superfície lateral. Coloque o hipocampo, previamente remo- habenular. Ele se conecta rostralmente com cada ventrículo lateral atra-
vido, sobre o diencéfalo esquerdo exposto, para ver sua relação normal vés do forame interventricular, o qual está localizado caudalmente à
com esta estrutura. coluna do fórnice e dorsalmente à comissura rostral. Caudalmente, ele
Fixada às extremidades livres laterais do pilar do fórnice está uma é contínuo com o aqueduto mesencefálico. Rostroventralmente ao fora-
malha de vasos sanguíneos, cobertos pelas meninges e epêndirna. É o plexo me interventricular, o terceiro ventrículo está limitado pela lâmina termi-
coróideo do ventrículo lateral. Esta estrutura anatõmica tem a mesma nal. A lâmina terminal demarca a extensão mais rostral do tubo neural
natureza do plexo coróideo do terceiro e do quarto ventrículos. A super- embrionário, no plano mediano. (A partir desse ponto, cada hemisfério
fície do plexo coróideo que está direcionada para o lúmen do ventrículo é cerebral desenvolve-se lateralmente.) O terceiro ventrículo estende-se para
a camada ependimária, derivada do tubo neural embrionário. Essa cama- o infundJ.bulo da glândula hipófise, como recesso infundibular (Fig. 226).
da de epêndirna está fixada em um lado das extremidades livres do fórni- Siga o sistema ventricular caudalmente a partir do terceiro ven-
ce. Para completar a parede do lúmen do ventrículo lateral, ela deve estar trículo em direção ao aqueduto mesencefálico e ao quarto ventrículo.
fixada em seu lado oposto. Tal fixação se dá por um pequeno trato, a estria Note que o teto do quarto ventrículo consiste no véu medular rostral,
terminal, no sulco entre o tálamo e o núcleo caudado. Essa camada de cerebelo e véu medular caudal. O plexo coróideo do quarto ventrículo é
epêndima do sulco do fórnice forma parte da parede medial do ventrí- formado pelo véu medular caudal. O quarto ventrículo continua em di-
culo lateral. Ramos das artérias cerebrais média e caudal, cobertos pela reção ao canal central da medula oblonga no óbex.
pia, empurram essa camada de epêndima para o lúmen do ventrículo As correlações funcionais e estruturais do sistema nervoso estão
lateral. O resultado é a formação de um plexo coróideo contínuo com o relacionadas no Quadro 5.
do terceiro ventrículo, no nível do forame interventricular.
Examine a comissura rostral (Figs. 224,229,230). Em cada lado,
essa comissura se conecta rostralmente aos pedúnculos olfatórios e cau- MEDUIA ESPINHAL
dalmente aos lobos piriformes.
Em cada hemisfério cerebral, os corpos celulares neuronais es- Se uma dissecção preparada da medula espinhal não estiver dis-
tão localizados tanto na superfície do córtex cerebral, quanto profun- ponível, remova todos os arcos vertebrais e músculos relacionados a eles
damente em um dos núcleos basais. Examine o soalho do ventrículo de seu espécime, para expor a medula espinhal. Observe a medula espi-
lateral do hemisfério esquerdo removido. A protuberância que aumenta nhal com sua cobertura dural. Entre a dura da medula espinhal e o peri-
rostralmente é o núcleo caudado, um dos núcleos subcorticais do te- ósteo das vértebras está o espaço epidural, que contém tecido conjun-
lencéfalo, sendo parte do corpo estriado. Sua extremidade rostral é a tivo frouxo, gordura e vasos sanguíneos.
SISTEMA 1\TERVOSO 19/

Quadro 5 CORRELAÇÕES ESfRUI1JRAIS E FUNCIONAIS DO SISfEMA NERVOSO


Estmtura Neuroanatômica Função
Lobo frontal Comportamento
Lobo frontoparietal Neurônio motor superior (sistema motor central)
(Córtex sensorimotor) Percepção consciente de sensaçôes somáticas, viscerais e proprioceptivas
Lobo temporal Comportamento
Lobo occipital Visão
Bulbo, pedúnculo e trato olfatórios; lobo piriforme Olfação - Cheiros (odores)
Ponte - Fibras transversais Via do cerebelo para o tronco cerebral e o cérebro
Pedúnculo cerebelar médio
Pedúnculo cerebelar rostral Via do cerebelo para o tronco cerebral e o cérebro
Pedúnculo cerebelar caudal Via da medula espinhal e da medula oblonga com sistemas proprioceptivos
vestibulares para o cerebelo
Corpos mamilares Sistema límbico (comportamento)
Pedúnculo cerebral Via do cérebro para o tronco cerebral e a medula espinhal - Neurônio
motor superior
Cápsula interna Via entre o cérebro e o tronco cerebral- Neurônio motor superior
e projeçôes talamocorticais - Sensoriais e motoras
Hipotálamo Funçôes viscerais
Sistema nervoso autônomo
Sistema límbico
Controle hipofisário
Núcleo geniculado lateral Sistema visual (percepção consciente)
Colículo rostral Sistema visual (reflexos)
Núcleo geniculado medial Sistema auditivo (percepção consciente)
Colículo caudal
Braço do colículo caudal
Lemnisco lateral Sistema auditivo (reflexos)
Corpo trapezóide
Estria acústica
Núcleos cocleares
Pirâmide Neurônio motor superior
Tratos corticoespinhais
Fascículo grácil Membros pélvicos - Via consciente da propriocepção geral
Núcleo grácil
Fascículo cuneiforme Membros torácicos - Propriocepção geral
Núcleo cuneiforme media! Via da percepção consciente
Núcleo cuneiforme lateral Via cerebelar
Trato espinhal do nervo trigêmeo Via da projeção de sensação aferente somática da cabeça
Núcleos septais Sistema límbico
Fórnice - Hipocampo Sistema límbico
Cíngulo
Núcleo caudado Neurônio motor superior
Núcleo lentiforme
Estria habenular Sistema límbico
Núcleo habenular

A medula espinhal é dividida em segmentos (Fig. 232). Grupos de to torácico. Outro alargamento ocorre na região vertebral mesolombar,
fascículos radiculares dorsais e ventrais deixam cada segmento da medu- para a inervação dos membros pélvicos. A intumescência lombar come-
la espinhal, em ambos os lados, e se combinam entre si para formar o nervo ça por volta do quarto segmento lombar e se estreita gradualmente em
espinhal, no nível do forame intervertebral. Note os gânglios espinhais sentido caudal, à medida que a medula espinhal avança para uma extre-
no nível dos forames intervertebrais. midade próxima ao espaço intervertebral entre a sexta e a sétima vérte-
Existem oito segmentos da medula espinhal cervical, 13 torácicos, bras lombares. A extremidade terminal estreita do parênquima da medu-
sete lombares, três sacrais e aproximadamente cinco caudais. As raízes la espinhal é conhecida como cone medular. A medula espinhal termina
do primeiro nervo espinhal cervical deixam o canal vertebral através do no filamento terminal, que consiste em um cordão estreito de meninges
forame vertebral lateral, no arco do atlas. As segundas raízes cervicais que fixa o cone medular às vértebras caudais. A cauda eqüina inclui o
emergem caudal mente ao atlas. As raízes cervicais dos segmentos 3 até 7 cone medular juntamente com as raízes lombares e sacrais adjacentes, que
deixam o canal vertebral através dos farames intervertebrais craniais às se estendem caudalmente no canal vertebral.
véttebras de mesmo número. As raízes do oitavo segmento cervical pas- Observe a relação dos segmentos da medula espinhal com as
sam caudal mente à sétima (última) vértebra cervical. As raízes de todos vértebras cOtTespondentes. Os únicos segmentos da medula espinhal que
os outros segmentos da medula espinhal passam através do forame inter- são encontrados inteiramente no interior de suas vértebras correspon-
vertebral caudalmente à vértebra de mesmo número. dentes são os dois últimos torácicos e os primeiros dois (ou, ocasional-
Na região cervical caudal, por volta da quinta até a sétima vérte- mente, três) segmentos lombares. Todos os outros segmentos da medu-
bras cervicais, existe um alargamento da medula espinhal que quase la espinhal estão localizados no canal vertebral, cranialmente às vérte-
preenche todo o canal: a intumescência cervical. Sua presença é devi- bras de mesmo número (Fig. 232). Isto é mais evidente nos segmentos
da a um aumento de substância branca e corpos celulares, que estão lombares caudais e sacrocaudais da medula espinhal. Em geral, os três
associados à inervação dos membros torácicos. A intumescência ocorre segmentos sacrais estão no interior da quinta vértebra lombar e os cinco
do sexto segmento cervical da medula espinhal até o primeiro segmen- segmentos caudais, no interior da sexta vértebra lombar.
198 SISTEMA NERVOSO

N. IC Til
CI Raiz dorsal do 11."
nervo torácico

12

N. 2C ramo ventral---
[ramo dorsal
2
13
N. acessóri

Raiz dorsal do 4.• 3 LI


nervo craniano
(n. troclear)

4
2

5
3

6
4
7
Gânglio espinhal do
8.. nervocraniano
(n. vestibulococlear)

caudal
TI 5
I.• Segmento /-y"~tlt~lml~rt~'
\/.'\' )y Sllllf~'?·IH\
v. "\\
,"."{
caudal
N. IT Cauda eqüina

2 5.•ISSegmento
N.
N.7L
3

7
Cdl

8 2

3
9
4

5
10
Filamento espinhal __ 6
1i

Fig. 232 Raízes dorsais dos nervos espinhais e segmentos da medula espinhal. Face dorsal, com os arcos vertebrais removidos. (Os números à direita represen-
tam os níveis dos corpos vertebrais.)
SISTEMA l\TERVOSO 199

As raízes nervosas dos primeiros 10 segmentos torácicos e da- Secções transversais


quelas caudais ao terceiro segmento lombar são longas, devido à dis-
tância entre sua origem na medula espinhal e sua passagem através dos
forames intervertebrais. Estude as secções transversais da medula espinhal nos segmen-
tos C4, C8, T4, TI2, L2, L6 e SI com um microscópio de dissecção.
Compare a forma da substância cinzenta desses segmentos e relacione-
Meninges a às suas áreas de inervação (Fig. 233.)
A substância cinzenta da medula espinhal, na secção transversal,
A dura-máter é espessa e fibrosa, podendo ser cortada longitudi- possui a forma de uma borboleta, ou da letra H. Ela consiste primaria-
nalmente, ao longo de toda a extensão da superfície dorsal da medula mente em corpos celulares neuronais. A extremidade dorsal de cada lado
espinhal, revelando os fascículos radiculares dorsais e seus comprimen- é o corno dorsal, o qual recebe os fascículos radiculares dorsais (sen-
tos em diferentes níveis. soriais). A extremidade ventral é o corno ventral, que envia axônios
As finas aracnóides e a pia-máter estão aderi das uma à outra no através dos fascículos radiculares ventrais (motores). Na região toraco-
espécime embalsamado, e permanecem junto à medula espinhal. Na su- lombar, o corno lateral projeta-se lateralmente, a partir da substância
perfície lateral da medula espinhal, a pia torna-se mais espessa e forma cinzenta, na metade da distância entre os cornos cinzentos dorsal e ven-
um cordão longitudinal de tecido conjuntivo denominado ligamento tral. Esse corno lateral contém os corpos celulares dos neurônios sim-
denticulado. Este ligamento se fixa à aracnóide e à dura lateralmente, páticos pré-ganglionares. No centro da substância cinzenta da medula
na metade da distância entre as raízes dos segmentos adjacentes da espinhal está o canal central. Este remanescente do tubo neural embrio-
medula espinhal. Em cada forame intervertebral, a dura forma uma for- nário é contínuo, rostralmente, com o quarto ventrículo.
te fixação ao forame, e os espaços subdural e subaracnóideo terminam. A substância branca da medula espinhal pode ser di vidida em três
pares de funículos. Dorsalmente, um sulco longitudinal e superficial
Vasos percorre todo o comprimento da medula espinhal: é o sulco mediano
dorsal. O sulco longitudinal, ao longo do qual os fascículos radiculares
Existe uma artéria espinhal ventral longitudinal e uma ou duas dorsais penetram a medula, é o sulco dorso lateral. Entre esses dois
artérias espinhais dorsais na medula espinhal. Elas são formadas pelos sulcos está o funículo dorsal da medula espinhal.
ramos espinhais dos pares de artérias vertebrais na região cervical, arté- Entre o sulco dorsolateral e a linha de emergência dos fascículos
rias intercostais na região torácica e artérias lombares na região lombar. radiculares ventrais, o sulco ventrolateral, está localizado o funículo
A artéria espinhal ventral é contínua cranialmente com a artéria basilar. lateral. O funículo ventral é a substância branca entre a linha de emer-
Existem plexos venosos vertebrais internos ventrais no soalho do gência dos fascículos radiculares ventrais e o sulco longitudinal na face
canal vertebral, no nível do espaço epidural. Foram vistos previamente ventral da medula espinhal, denominado fissura mediana ventral. Em
na região atlantoccipital como sendo contíguos cranialmente com um algumas espécies, os funículos foram subdivididos topograficamente em
ramo do seio sigmóideo. Ocorrem anastomoses entre os plexos de cada tratos ascendentes e descendentes específicos. Tal informação anatômica
lado e os ramos das veias ázigos e vertebral e da veia cava caudal. nos animais domésticos ainda está incompleta.

C8

Fig. 233 Secção transversal da medula espinhal: segundo segmento cervical (C2), oitavo segmento cervical (C8), 12.0 segmento torácico (TI2) e sexto segmento
lombar (L6).

I. Septo mediano dorsal 7. Caluna cinzenta dorsal


2. Fissura mediana ventral 8. Coluna cinzenta ventral
3. Canal central 9. Coluna cinzenta intermediária
4. Funículo dorsal 10. Fascículos radiculares dorsais
5. Funículo lateral 11. Fascículos radiculares ventrais
6. Funículo ventral

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