CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA
RENDIMENTO DE FERMENTAÇÃO NA
INDÚSTRIA SUCROALCOOLEIRA
UMUARAMA
2009
MARCO AUR€LIO CANHA
BANCA EXAMINADORA:
________________________________________________
Profa. Dra. Eliane Dalva Godoy Danesi (UEM - Orientadora)
________________________________________
Profa Dra Camila da Silva (UEM)
________________________________________
Profa Msc Letícia Borges Gomes (UEM)
II
DEDICATÓRIA
III
AGRADECIMENTOS
IV
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
2. oBJETIVO ............................................................................................................ 5
3. revisão bibliográfica .............................................................................................. 6
3.1. Evolução da Produção..................................................................................... 6
3.2. Cana-de-açúcar ............................................................................................... 7
3.3. A Indústria sucro-alcooleira ............................................................................ 9
3.3.1. Recebimento de Cana ............................................................................ 10
3.3.2. Descarregamento de cana....................................................................... 11
3.3.3. Mesa alimentadora................................................................................. 12
3.3.4. Esteira de cana ....................................................................................... 12
3.3.5. Preparo de cana...................................................................................... 12
3.3.6. Extração do caldo .................................................................................. 13
3.3.7. Tratamento do caldo .............................................................................. 16
3.3.8. Evaporação ............................................................................................ 22
3.3.9. Cozimento, Cristalização e Centrifugação.............................................. 24
3.3.10. Secagem............................................................................................. 26
3.3.11. Produção de álcool. ............................................................................ 27
4. desenvolvimento ................................................................................................. 31
4.1. Fermentação ................................................................................................. 31
4.1.1. Processos fermentativos......................................................................... 34
4.2. Rendimento de Fermentação ......................................................................... 38
4.2.1. Relação Estequiométrica........................................................................ 39
4.2.2. Rendimento Estequiométrico da Fermentação........................................ 40
4.2.3. Rendimento fermentativo através de medidores de vazão....................... 41
4.2.4. Rendimento fermentativo por subprodutos............................................. 43
5. Conclusão. .......................................................................................................... 46
6. Referências ......................................................................................................... 47
V
ÍNDICE DE FIGURAS
VI
ÍNDICE DE TABELAS
VII
RESUMO
VIII
1. INTRODUۥO
1
efeito estufa (GEE) além da meta estabelecida pelo Protocolo, podem
comercializar esse excedente com outras partes do Anexo I.
Implementa…†o Conjunta (JI – Joint Implementation): permite que partes do
Anexo I participem em projetos de redução de emissões de GEE em outras
partes do Anexo I. As reduções resultantes desses projetos podem ser divididas
entre essas partes e utilizadas para atingir suas metas; e
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (CDM – Clean Development
Mechanism): permite que partes do Anexo I invistam em projetos de redução
de emissões ou comprem as reduções de emissões de projetos desenvolvidos em
partes não listadas no Anexo I. Essas partes do Anexo I podem utilizar essas
reduções de emissões para atingir suas metas. Portanto, esse é o único
mecanismo de flexibilização do Protocolo que se aplica ao Brasil, que não é uma
parte listada no Anexo I (PARIS, 2007).
2
Países Baixos 167.600 1,2
Polônia 414.930 3
Portugal 42.148 0,3
Reino Unido da Grã- 584.078 4,3
Bretanha e Irlanda do Norte
República Checa 169.514 1,2
Romênia 171.103 1,2
Suécia 61.256 0,4
Suíça 43.600 0,3
Total 13.728.306 100
Fonte: Minist…rio da Ci‡ncia e Tecnologia – Governo do Brasil
Apesar dos Estados Unidos nƒo terem ratificado o Protocolo de Quioto, at…
2005, o seu programa de uso de etanol como combust†vel vem-se expandindo, tendo as
seguintes motiva„‹es:
Adotar uma matriz energ…tica mais limpa, em termos de emissƒo de
poluentes;
Descoberta de MTBE (Metil-Tercio-Butil-€ter), considerado cancer†geno
e poluidor dos len„Œis fre•tico, na •gua de alguns estados americanos,
principalmente na CalifŒrnia, que for„ou a substitui„ƒo do MTBE pelo
etanol em alguns estados americanos;
O lobby dos produtores de milho americanos;
Estrat…gia para reduzir a depend‡ncia por importa„ƒo de petrŒleo.
3
O Brasil foi o pioneiro na utiliza„ƒo do •lcool como combust†vel,
garantido ao pa†s o conhecimento desta tecnologia de produ„ƒo e da
comercializa„ƒo do •lcool, permitindo redu„ƒo dos custos de produ„ƒo;
O setor sucroalcooleiro brasileiro apresenta grande competitividade
internacional, tanto na produ„ƒo de a„‰car como de •lcool;
O pa†s ainda apresenta •rea com potencial para ampliar a produ„ƒo de
cana de a„‰car (FIGUEIRA, 2005).
4
2. OBJETIVO
5
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
6
região Centro-Oeste do Brasil. A partir da safra 06/07, o aumento das exportações de
álcool incentivaram a produção do combustível, fato que se reflete até a última safra de
08/09.
3.2. Cana-de-açúcar
7
Figura 1: Regiões produtoras de cana-de-açúcar no Brasil (Unica - União da
Indústria de Cana de açúcar)
8
com o equivalente a 10 toneladas de petrŒleo (CASTA“EDA AYARZA, 2007 aput
TAUPIER, 1999).
A cana-de-a„‰car … de longe a mais adequada mat…ria-prima para a produ„ƒo de
etanol. Enquanto se produz de 3 a 4 mil litros por hectare de milho plantado, na cana-
de-a„‰car, a m…dia … de 6 mil litros de etanol por hectare. Sendo que as usinas mais
produtivas chegam a obter 8,1 mil litros de •lcool por hectare de cana (Fonte: Revista
Qu†mica e Derivados – site: www.quimicaederivados.com.br)
ApŒs, a cana … preparada para extra„ƒo, sendo picada e desfibrada para depois
passar por um eletro-†mƒ que retira poss†veis materiais met•licos que possam estar
misturados com a cana.
9
Na etapa de extração o caldo é separado do bagaço que segue para a caldeira
onde é queimado para geração de vapor e energia elétrica. O caldo extraído (caldo
misto) segue para o tratamento de caldo, onde é submetido a uma série de tratamentos
físicos e químicos para deixa-lo em condição de produzir açúcar e álcool.
Na evaporação o caldo é concentrado até aproximadamente 65 a 70 ºBrix em
evaporadores de múltiplo efeito tornando xarope. A partir do xarope é realizada a
cristalização do açúcar.
O açúcar cristalizado passa por centrífugas para separação dos méis (mel rico,
mel pobre e mel final). Depois de centrifugado a açúcar é seco e está pronto para
expedição.
O mel final segue para a fermentação onde, pela ação de leveduras é produzido
álcool. Para obter-se a graduação alcoólica exigida por lei o vinho resultante da
fermentação é destilado para separa a vinhaça do álcool.
Em destilarias autônomas (indústrias que não produzem açúcar) o caldo misto é
apenas decantado, às vezes passa por um único evaporador para obter um caldo mais
concentrado, e segue direto para a fermentação para, posteriormente, ser destilado.
10
O transporte de cana do campo até a usina, no Brasil, é predominantemente do
tipo rodoviário, com o emprego de caminhões, que carregam cana inteira (colheita
manual) ou cana picada em toletes de 20 a 25 cm (colheita mecânica).
Os caminhões que transportam a cana até a usina são pesados antes e após o
descarregamento, obtendo-se assim o peso real da cana pela diferença entre as duas
medidas. Algumas cargas são aleatoriamente selecionadas e amostradas, para posterior
determinação, em laboratório, do teor de sacarose na matéria-prima.
O objetivo da pesagem é possibilitar o controle do transporte, o controle de
moagem, o cálculo do rendimento industrial e, juntamente com o teor de sacarose na
cana, efetuar o pagamento da mesma (COPERSUCAR, 1988).
A amostra retirada através de um tubo sonda rotativo na carga de cana dos
caminhões previamente sorteados na balança é desintegrada numa forrageira e prensada
numa prensa hidráulica e o caldo resultante analisado para se determinar os parâmetros
técnicos que definem a qualidade da cana (brix e pol) (WANDERLEY, 2005). A
amostragem de cana pode ser realizada de duas maneiras: através de sonda horizontal
(Figura 3) ou sonda oblíqua (Figura 4).
11
3.3.3. Mesa alimentadora
12
93%, enquanto na moagem, uma abertura de 88% é considerada satisfatória. As etapas
do processo de preparo de cana estão esquematizados na Figura 6
A preparação utiliza um nivelador, um picador e um desfibrador pesado,
normalmente acionados por turbinas a vapor, são constituídos por um rotor giratório
com facas ou martelos oscilantes, que giram e cortam ou desfibram os colmos da cana
(WANDERLEY, 2005).
No Brasil a extração dos açúcares contidos na cana é feita usualmente por meio
de moendas (Figura 7). Nas moendas, a cana desfibrada passa entre os rolos e é
comprimida a pressões elevadas, o que promove a liberação do caldo de dentro das
células da cana.
Figura 7: Moenda
13
Figura 8: Embebição Composta
(Fonte: CTC, 1999)
14
A água utilizada na embebição é proveniente do condensado dos evaporadores, e
sua temperatura é da ordem de 50°C. No último terno de moendas são obtidos o caldo
cru e o bagaço da cana-de-açúcar, com teor de água de cerca de 50 % em massa.
Outra opção para a extração dos açúcares é o uso de difusores (Figura 10), que
promovem a extração dos açúcares por meio de um processo de lixiviação. A
desvantagem da utilização de difusores é o fato de que o preparo da cana precisa ser
mais rigoroso, com maior abertura das células para permitir maior extração dos
açúcares. No processo de difusão o caldo é retirado da cana em contracorrente com água
(70 a 80 °C), que é bombeada utilizando-se bombas centrífugas. O bagaço obtido ao
final do difusor possui umidade relativamente elevada, da ordem de 80 %, e deve passar
por um ou dois ternos de moenda para retirada da água e açúcares carregados. Como
vantagens do difusor em relação às moendas podem ser citados menores índices de
infecção, menor desgaste, menores quantidades de sólidos no caldo e nível de extração
igual ou superior àquele das moendas.
15
meio do processo de hidrólise, quando esta tecnologia se tornar viável, ou pode ser
vendido para outras fábricas, sendo utilizado como combustível em caldeiras, tais como
fábricas de sucos (DIAS, 2008).
Dentre os sólidos solúveis, a composição dos caldos varia dentro dos limites
indicados na Tabela 4:
16
Sais 3a5
Ácidos inorgânicos 1,5 a 4,5
Ácidos orgânicos 1a3
- Ácidos carboxílicos 1,1 a 3,0
- Aminoácidos 0,5 a 0,6
Proteínas 0,5 a 0,6
Amido 0,001 a 0,05
Gomas 0,03 a 0,15
Ceras e graxas 0,05 a 0,15
Corantes e outros 3a5
Fonte: DIAS (2008)
17
Inicialmente o caldo passa por um tratamento físico para remoção de partículas
em suspensão (indicado como tratamento preliminar no fluxograma da Figura 11),
principalmente bagacilho e areia, que correspondem a uma fração entre 0,1 e 1,0 % do
caldo misto. Para atingir este objetivo devem ser utilizados peneiras, que promovem a
eliminação de impurezas grosseiras do caldo (Figura 12). A instalação destes
equipamentos é essencial para evitar sobrecarga dos decantadores e filtros, além de
evitar desgaste excessivo de bombas e outros equipamentos e contribuir para a melhoria
da qualidade e rendimento do produto final (DIAS, 2008).
18
Para tanto, o fluxo de caldo pré-tratado destinado à obtenção de açúcar flui
através da coluna de sulfitação, em contra-corrente com a vazão de dióxido de enxofre
(SO2). O material indesejado será retirado na etapa de decantação, após a calagem
(NASCIMENTO, 2006).
19
A opera„ƒo de aquecimento consiste na eleva„ƒo da temperatura do caldo at…
valores entre 100oC e 105oC (NASCIMENTO, 2006). O aquecimento proporciona a
redu„ƒo da viscosidade e densidade do caldo e acelera a velocidade das rea„‹es
qu†micas, agrupando as impurezas na forma de pequenos “flocos“. Os sais formados sƒo
insol‰veis a altas temperaturas, possibilitando a sua decanta„ƒo. (SILVA et al, 2008)
O flasheamento tem como objetivo eliminar o ar dissolvido no caldo que
arrastaria para o caldo clarificado o bagacilho que … mais leve e de dif†cil decanta„ƒo. A
aplica„ƒo do floculante utilizado para a decanta„ƒo … um pol†mero de alto peso
molecular e polaridade negativa, isto …, ani•nico, pois os sais formados nas rea„‹es
qu†micas sƒo de polaridade positiva. Este tem tamb…m como objetivo promover o
agrupamento dos flocos j• formados, tornando-os maiores e mais pesados. Desse modo,
acelera a velocidade de precipita„ƒo dos flocos, reduzindo a necessidade de um tempo
de reten„ƒo muito alto nos decantadores (SILVA et al, 2008).
No processo de decanta„ƒo, o caldo aquecido … deixado em repouso para que
haja remo„ƒo das impurezas por sedimenta„ƒo. O principal objetivo dessa opera„ƒo …
permitir uma precipita„ƒo e coagula„ƒo dos colŒides tƒo completa quanto poss†vel,
promovendo a produ„ƒo de caldo mais clarificado. Fluem dessa opera„ƒo, duas
correntes: O caldo clarificado, produto de topo, e o lodo, que … o produto de fundo. A
vazƒo de caldo clarificado … continuamente transferida • etapa posterior, evapora„ƒo,
marcando o in†cio, propriamente dito, do processo de fabrica„ƒo do a„‰car. O lodo, por
sua vez, … transferido • se„ƒo de filtra„ƒo dando continuidade •s opera„‹es de
tratamento do caldo (NASCIMENTO, 2006).
20
Figura 14: Decantador
21
Figura 15: Esquema Filtro Rotativo à Vácuo
3.3.8. Evaporação
22
O processo de evapora„ƒo consiste na retirada de •gua do caldo, … a primeira
etapa de fabrica„ƒo de a„‰car. No processo de evapora„ƒo, o caldo passa por
evaporadores, esses evaporadores utilizam vapor de escape (vapor que sai das
caldeiras), no 1” efeito, o 2”, 3” e 4” efeitos utilizam vapor vegetal, proveniente do efeito
anterior, como energia t…rmica e sƒo constitu†dos de pr…-evaporadores, onde o caldo …
concentrado com a elimina„ƒo de •gua. A partir desse ponto o caldo … chamado de
“xarope” (SILVA, 2008).
23
cozedores e/ou dos aquecedores. No último efeito, portanto, é retirado o caldo já
concentrado, agora denominado de xarope.
O vapor que alimenta o pré-evaporador é o de escape das turbinas. Por sua vez o
condensado da unidade de evaporação, bem como o do primeiro efeito, geralmente
retornam às caldeiras (NASCIMENTO, 2006).
24
A concentração da massa cozida oscila entre 91° a 93° Brix (porcentagem por
peso dos sólidos solúveis, como determinado pelo refratômetro) e a temperatura, na
descarga, oscila entre 65° a 75° C (CASTAÑEDA AYARZA, 2007 aput MACEDO &
CORTEZ, 2005).
Do cozimento, seguido de centrifugação e secagem da massa de primeira,
obtém-se o açúcar de primeira, o qual se constitui no produto final. Durante a operação
de centrifugação, são obtidos dois sub-produtos: o mel rico e o mel pobre, que são assim
rotulados em função da concentração remanescente em sacarose. O mel rico retorna ao
cozimento de primeira a fim de fazer um novo esgotamento. Por sua vez, o mel pobre
irá constituir a massa do cozimento de segunda. Deste segundo e último cozimento, e
após a centrifugação, obtém-se duas outras correntes: mel de segunda (ou mel final),
que será destinado à fabricação de álcool, e o açúcar de segunda (ao qual, será
adicionado xarope para formar o magma) que irá compor a massa de primeira.
Tanto a massa de primeira quanto a massa de segunda, antes de serem
centrifugadas, repousam em equipamentos denominados de cristalizadores, cujo
objetivo é a complementação da cristalização ocorrida durante o cozimento
(NASCIMENTO, 2006).
25
3.3.10.Secagem
O açúcar que deixa a centrífuga apresenta um teor de umidade que varia entre
0,5% e 2,0% e está a uma temperatura relativamente elevada, entre 55oC e 60oC, o qual
não se apresenta em boas condições para ser armazenado, fazendo-se necessário, deste
modo, submetê-lo às operações de secagem seguida de resfriamento.
Vários são os tipos de secadores disponíveis, entretanto, no Brasil, o modelo
com tambor rotativo de disposição horizontal inclinada é o de uso mais freqüente.
O açúcar centrifugado alimenta o cone do secador que, em contra-corrente,
atravessa o fluxo de ar quente insuflado para o interior do tambor rotativo. O ar é
aquecido por trocadores de calor cujo fluido de aquecimento é o vapor de escape
(NASCIMENTO, 2006).
26
1 Ton Cana
140 Kg Pol
Lavagem
Perdas
1,4 Kg
Extração
138,6 Kg
Perdas
5,6 Kg
Tratamento de Caldo
133 Kg
Perdas
0,7 Kg
Produção de Açúcar
132,3
Perdas Melaço
1,5 Kg 16,45 Kg
Açúcar (Pol=96,05%)
114,35 Kg
Rend: 85,04%
Açúcar Produzido
119,05 Kg
3.3.11.Produção de álcool.
27
a) Preparo do mosto.
b) Fermentação.
c) Centrifugação.
O vinho bruto constitui-se em uma mistura de onde se pode extrair duas frações:
leite de leveduras e vinho delevedurado. O leite de leveduras, é a fase rica em células de
leveduras ativas, enquanto o vinho delevedurado, constitui-se em uma corrente rica em
etanol.
A separação destas duas fases é feita nas centrífugas, sendo que o leite de
leveduras é tratado, e posteriormente retorna às dornas na seção de fermentação, em um
processo cíclico, dando-se início a uma nova batelada. Por sua vez, o vinho
delevedurado, passa a ser bombeado para um tanque de contenção denominado de
dorna-volante, para em seguida ser continuamente transferido à seção de destilação.
(NASCIMENTO, 2006)
28
Figura 22: Fluxograma do processo de fermentação e centrifugação.
Fonte: NASCIMENTO, (2006)
d) Destilação.
29
fundo (seção B1), uma composição predominantemente aquosa, denominada de
flegmaça, que também irá misturar-se à vinhaça. Em sua seção intermediária retira-se
outra composição, menos densa que a flegmaça, denominada de óleo fúsel (rica em
álcoois amílico e iso-amílico).
Parte do álcool hidratado, é enviado para uma terceira coluna (C) também
conhecida como retificadora, onde ocorre a desidratação. A outra parte, é transferida
para os tanques de estocagem destinada ao mercado. A corrente enviada à retificação é
convertida em álcool anidro, sendo empregado o ciclo-hexano ou o glicerol como
agentes desidratantes. Da mesma forma que o álcool hidratado, o anidro é transferido
para os tanques de estocagem para posterior comercialização. A finalidade da destilação
é, portanto, purificar e concentrar o álcool contido na mistura. O calor usado nesse
processo (com o objetivo de separar o álcool contido no vinho) é fornecido pelo vapor
que pode ser injetado nas colunas de forma direta ou indireta, com o uso de refervedor
(NASCIMENTO, 2006).
30
4. DESENVOLVIMENTO
4.1. Fermentação
31
A primeira destilaria de álcool no Brasil foi montada em Piracicaba, onde o
processo de fermentação utilizado era batelada. O fermento utilizado era desenvolvido a
partir da multiplicação do mesmo para cada batelada. Nesta época havia dois tipos de
fermentação: a utilizada para produção de álcool nas usinas de açúcar e a desenvolvida
para produção de aguardente (LIMA, 1985 apud FERREIRA, 2005).
O processo de fermentação alcoólica consiste de uma série de reações químicas
catalisadas por um microorganismo, a levedura Saccharomyces cerevisiae, indicadas na
Figura 13:
32
A fermentação alcoólica se dá em condições de anaerobiose como meio de
provisão de energia para manutenção das atividades vitais e crescimento. A seqüência
de reações pode ser resumida como:
33
4.1.1. Processos fermentativos
34
explica„ƒo do atraso reside no fato de que, no auge do PROALCOOL, as primeiras
plantas cont†nuas foram fruto de adapta„‹es de baixo custo de plantas de batelada j•
existentes. Essas adapta„‹es foram feitas de forma emp†rica, o que resultou no geral em
processos problem•ticos, isto desencorajou e, desencoraja at… hoje o setor no que diz
respeito • implanta„ƒo de plantas que operem de forma cont†nua. O processo como
qualquer outro processo moderno exige um projeto de engenharia para sua concep„ƒo
(TOSETTO, 2008).
Processo Batelada
Este processo tamb…m conhecido por processo descont†nuo, vem sendo utilizado
pelo homem desde a Antiguidade e ainda hoje sƒo empregados para obten„ƒo de v•rios
produtos fermentados (FERREIRA, 2005).
No passado foi muito utilizado na produ„ƒo de etanol, mas segundo
MAIORELLA et al (1981) citado por TOSETTO, 2002, este processo … lento, pois se
gasta muito tempo para preparo do reator. O reator tem que ser, a cada batelada, limpo e
preparado, o mosto e o inoculo carregados ao sistema.
Para este processo, podem ser utilizados dois sistemas:
a) Sistema de cortes: consiste em realizar a primeira fermenta„ƒo, entƒo o volume
de mosto … dividido em dois reatores, completando ambos com mosto deixando
fermentar, e assim sucessivamente;
b) Sistema de cultura pura ou p…-de-cuba: para cada fermenta„ƒo utiliza-se de uma
cultura pura, adiciona-se o mosto at… completar o volume do reator. (TOSETTO,
2002)
35
certo produto. Uma vazão de alimentação é estabelecida de forma que no final do
processo, seja completado o volume útil do reator (ANDRADE, 2007).
No Brasil, houve um aumento significativo da capacidade da produção de etanol
nas indústrias, o que consequentemente forçou o aumento da capacidade volumétrica e
do número de fermentadores (CARVALHO et. al., 1975 aput FERREIRA, 2005).
Grande parte das instalações industriais trabalhavam cm processo batelada, não sendo
possível mantê-lo devido a formação de espuma e devido a inibição pelo substrato,
ocorrida quando atinge-se altas concentrações de substrato no meio de fermentação.
Assim, nos anos 60, o processo batelada alimentada, também conhecido por Melle-
Boinot, começa a se utilizado (FERREIRA, 2005).
Em certos casos, a operação em batelada alimentada pode resultar em grandes
ganhos na produção, possibilitando o uso de baixas concentrações de substrato e
evitando assim a repressão catabólica. Pode permitir o uso de indutores ou precursores
de um produto ao longo do processo fermentativo e, ainda, a adição de um componente
pode prolongar a fase estacionária, resultando em grandes ganhos, principalmente se o
produto de interesse for produzido durante esta fase (BAILEY, et. al., 1986 aput
ANDRADE, 2007).
Segundo ALMEIDA (1960) citado por TOSETTO (2002), entre as vantagens da
utilização do processo de Melle-Boinot, estão:
1. Menor consumo de substrato, pois a reprodução celular é menor, o que aumenta
o rendimento em etanol;
2. Separação da levedura por centrifugação, o que ajuda a reduzir as contaminações
no vinho;
3. Maior pureza na fermentação, sendo que as leveduras são submetidas a
tratamento ácido;
4. Redução de trabalhos excessivos em processos industriais devido a não
necessidade de utilização de cultura pura no pé-de-cuba.
Processo Contínuo
36
O processo contínuo caracteriza-se por ser um sistema que pode operar por
longos períodos de tempo em estado estacionário. A manutenção de volume constante
no reator significa a necessidade de se contar com vazões idênticas de alimentação e de
retirada do meio (FACCIOTTI, 2001 aput FERREIRA, 2005).
Segundo FACCIOTTI (2001) citado por ANDRADE (2007), entre as grandes
vantagens do modo contínuo de operação estão:
- redução de tempos mortos, levando a um aumento na produtividade;
- obtenção de um meio fermentado mais uniforme, o que facilita o projeto do
processo de recuperação do produto;
- grande facilidade de utilização de controladores;
- manutenção das células em um mesmo estado, permitindo o estudo de regulação
metabólica e otimização de composição de meios de cultivo;
- redução de mão-de-obra empregada no processo.
37
Como a dorna trabalha 100% cheia, n‚o h‰ assepsia
constante como realizado nas bateladas. O cuidado com
contamina•‚o deve ser, portanto, mais intenso.
Especialistas recomendam uso de sistemas de lavagem de
tetos nas dornas. “O cont€nuo „ mais din‹mico e exige
aten•‚o redobrada. “Se n‚o houver precis‚o, recomendo
que a usina opere com batelada”.(Fonte: Revista
Alcoolbras – Edi•‚o 101 – Abril de 2006)
38
setor industrial. No caso da destilaria ou da fermenta„ƒo, a efici‡ncia deve ser
expressa como a porcentagem de •lcool produzido em rela„ƒo ao rendimento
estequiom…trico. (FERNANDES, 2000)
4 * 46 4 * 46
342 4 * 46 gramas mililitros
sacarose etanol INPM P INPM P * ME p (Eq. 5)
•lcool •lcool
39
Para uma massa conhecida de sacarose (Qs), o volume de álcool a ser obtido
(Ves) será dado por:
4 * 46 *100
Ves Qs * *1000 (Eq. 6)
INPM P * ME P * 342
onde:
Ves = volume de álcool com graus INPMp correspondente à sacarose (litro)
Qs = massa conhecida de sacarose (kg)
MEp = massa específica do álcool (kg/m3 ), obtida em tabelas de correspondência com o
grau INPM
INPMp = grau INPM do álcool que se deseja obter (% peso/peso)
Exemplo:
A produção de 248.265 Kg de sacarose corresponde a:
4 * 46 *100
Ves 248.625 * 170.190,904 litros de etanol (Eq. 7)
99,3 * 0,7915 * 342
Assim, 180 gramas de ART produzem 92 gramas (2*46) de etanol, ou seja, cada 100 kg
100 * 2 * 46
de ART correspondem a 51,11 litros de etanol. Como ralizado para a
180
transformação da sacarose em álcool, dividindo-se essa massa pela graduação INPMp e
pela massa específica do álcool, MEp em kg/m3 , obtém-se o volume de álcool para 180
40
g de ART. O rendimento estequiométrico (RENDeq), ou seja, o vlome de álcool (litros)
que pode ser produzido por quilograma de ART com eficiência de 100% será dado por:
2 * 46 *1000
RENDeq 100 *
INPM p * ME p *180 (Eq. 9)
Exemplo:
Para o álcool anidro de graduação 99,3ºINPM, o rendimento estequimétrico da
fermentação será:
2 * 46 *1000
RENDeq 100 * 0,6503 litros/kg ART (Eq. 10)
99,3 * 791,5 *180
Assim, com 100 kg de ART obtêm-se no máximo (eficiência de 100%) 65,03 litros de
álcool anidro 99,3ºINPM. Para cada tipo de álcool (diferentes graduações peso/peso)
pode-se calcular um fator de transfomação estequimétrica dos ART, ou seja, quantos
litros de cada tipo de álcool são obtidos por quilograma de ART com eficiência de
fermentação de 100% (FERNANDES, 2000).
41
V produzido (V Dorna *º GLDorna ) (VCuba *º GLcuba ) ÁlcoolColunaCO2 (Eq. 11)
Onde:
Vproduzido : Volume de etanol produzido na fermentação;
VDorna: Volume de vinho bruto presente na dorna;
ºGLDorna: Porcentagem de etanol (v/v) do vinho bruto;
Vcuba : Volume de fermento alimentado;
ºGLcuba : Porcentagem de etanol (v/v) do fermento alimentado;
ÁlcoolcolunaCO2 : etanol recuperado na coluna de CO2 .
VPr oduzido
RENDF *100
VMosto * % ARTMosto * 0,6475 (Eq. 12)
Onde:
Vmosto: Volume de mosto alimentado;
%ART mosto: teor de açúcares redutores totais presente no mosto
Observações:
1. Para o cálculo do volume de vinho bruto computam-se todas as dornas já
turbinadas. Se uma dorna estiver sendo turbinada no fechamento do processo,
computam-se a parte que foi turbinada nesse dia e o restante deixa-se para o dia
seguinte.
2. Se houver dorna pulmão de vinho bruto antes das centrífugas, deve-se computar
todas as dornas já turbinadas mais o volume já turbinado da última dorna mais
volante não turbindo da última dorna do dia anterior mais volume da pulmão do
dia anterior menos volume da pulmão hoje.
3. Se a destilaria tiver recuperação de álcool do CO2 com retorno para a cuba de
tratamento ou para a volante, o volume desse álcool recuperado deve ser somado
ao álcool produzido na fermentação para cálculo de rendimento de fermentação
e destilação, como descrito na equação 11 (SILVA et. al., 2003).
42
4.2.4. Rendimento fermentativo por subprodutos
% FVOLANTE * 0,33
KI (Eq. 13)
º GLVT * 0,7893
Onde:
%Fvolante: Porcentagem de fermento no vinho da volante.
ºGLVT: Porcentagem de álcool (vol/vol) do vinho turbinado.
- Kg = Glicerol Produzido
Glicerol
Kg (Eq. 14)
º GLVT * 0,7893
Onde:
Glicerol: Teor de glicerol produzido em %m/v.
ARRT
Kart (Eq. 15)
º GLVT * 0,7893
Onde:
ARRT: teor de açúcares redutores residuais total.
43
Pode ser obtido por três métodos:
1) Balanço de Massa:
% FDorna % FDorna
[ Acidez Dorna (( ) * Acidez pé ) ((1 ) * Acidez mosto )]
% F pé % F pé
Kac *1,837 (Eq. 16)
º GLDorna % FDorna º GL pé
[ (( )* )] * 789,3
100 % F pé 100
Onde:
Acidezdorna: Quantidade de ácidos totais na dorna em gH2SO4/L.
Acidezpé : Quantidade de ácidos totais no pé-de-cuba em gH2SO4/L.
Acidezmosto: Quantidade de ácidos totais no mosto em gH2SO4/L.
%F Dorna : porcentagem de fermento na dorna.
%Fpé : porcentagem de fermento no pé-de-cuba.
ºGLdorna : Porcentagem de álcool (vol/vol) da dorna.
ºGLpé: Porcentagem de álcool (vol/vol) do pé-de-cuba.
2) Balanço Volumétrico:
Onde:
Vdorna : Volume da dorna.
Vpé: Volume do pé-de-cuba.
Vmosto: Volume de mosto utilizado.
3) Balanço Global:
Onde:
44
VVT: Volume de vinho turbinado.
Caso o volume de vinho turbinado e do mosto não possa ser obtido diretamente
(medidores de vazão), os mesmos podem ser estimados:
Pr oduçãoÁlcool100%( m 3 / dia )
VVT ( m 3 / h) (Eq. 19)
º GLVT * Re nd Dest (%) * 24
Onde:
VH2Odiluiçãoleite: Volume de água para diluição do leite de levedura que sai da centrífuga
%Fleite: porcentagem de levedura no leite de levedura na saída da centrífuga.
100
Re nd Fermentação (%) (Eq. 22)
(1 1,19 KI 0,50 Kg 0,51Kac 0,51Kart
45
5. CONCLUSÃO.
46
6. REFERÊNCIAS
47
Gradua„ƒo em Energia, EP/FEA/IEE/IF da Universidade de Sƒo Paulo, Sƒo Paulo,
2007.
PARIS, Alexandre Gellert. Redução das emissões de gases de efeito estufa listados
no protocolo de Quioto pelo aproveitamento do gás gerado em aterros sanitários
utilizando células a combustível de óxido sólido. Disserta„ƒo de Mestrado, IPEN –
Instituto de Pesquisas Energ…ticas e Nucleares (Autarquia associada • Universidade de
Sƒo Paulo), Sƒo Paulo, 2007.
Revista Alcoolbras. Busca pela vanguarda – Edi„ƒo 101 – Editora Valete – Abril de
2006.
SILVA, Luiz Francisco L. F.; BENARDINO, Claudemir D.; R€, Fernando E.;
FURTADO, Carlos Henrique F.; AMORIM, Henrique V. Métodos analíticos para o
controle da produção de açúcar e álcool, 3ˆ Edi„ƒo, Fermentec S/C Ltda,
Piracicaba,SP, 2003.
48
WANDERLEY, Maurício Tenório. A tecnologia da recepção e preparação da cana.
Revista Opiniões, out-dez 2005. Disponível em:
www.revistaopinioes.com.br/aa/materia.php?id=271
49