FISSURA LABIOPALATINA
BAURU
2009
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FISSURA LABIOPALATINA
BAURU
2009
Universidade de São Paulo
Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais
__________________________________
Fabiana Carla Marcelino
Bauru, 06 de novembro de 2009.
______________________________________________________________
Prof.(a) Dr.(a):
Instituição:
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Prof.(a) Dr.(a):
Instituição:
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Prof.(a) Dr.(a):
Instituição:
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Prof.(a) Dr.(a):
Instituição:
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Prof.(a) Dr.(a):
Instituição:
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Profa. Dra. Inge Elly Kiemle Trindade
Presidente da Comissão de Pós-Graduação do HRAC-USP
Data de depósito da tese junto à CPG: / /
FABIANA CARLA MARCELINO
_________________________________________________________
05 de outubro de 1976 Nascimento.
Bauru – SP
disponibilidade e competência na
Em especial: Dra Jeniffer C. R. Dutka, Dra Mariza Ribeiro Feniman e Dra Dagma V. M.
À Dra Maria Inês Pegoraro-Krook por permitir a realização desta pesquisa; à Andréa
Evangelista S. Correia por sua ajuda incomensurável na seleção das crianças; às Fgas Camila
Zotelli Monteiro, Renata Camargo, Ariane Rissato pela realização das avaliações audiológicas
momentos.
Aos meus pais, familiares e amigos pelo amor e amizade. Por me apoiarem em cada momento.
RESUMO......................................................................................................................................................iii
ABSTRACT..................................................................................................................................................iv
1. INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA................................................................................................. 1
2. OBJETIVO. ............................................................................................................................................................ 11
3. MATERIAL E MÉTODOS. ................................................................................................................................... 12
3.1 Casuística.......................................................................................................................12
3.2 Procedimentos. ............................................................................................................... 13
3.2.1 ENTREVISTA. ............................................................................................................................................. 13
3.2.2 ANÁLISE DE PRONTUÁRIO. ........................................................................................................................ 14
3.2.3 AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA. .............................................................................................................. 14
3.2.4 AVALIAÇÃO COGNITIVA. ........................................................................................................................... 24
3.2.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS. ..................................................................................................................... 25
4. RESULTADOS. ...................................................................................................................................................... 26
4.1 Descrição da casuística.................................................................................................. 26
4.2 Achados da entrevista e observação clínica.................................................................. 26
4.3 Achados do prontuário .................................................................................................. 27
4.4 Avaliação Complementar. ............................................................................................. 29
a) Teste Illinois de Habilidades Psicolingüísticas - ITPA.................................................. 29
b) Teste de Vocabulário por Imagens – Peabody (TVIP) .................................................. 31
c) Teste Token ...................................................................................................................... 32
d) Perfil de Habilidades Fonológicas (PHF)...................................................................... 33
e) Teste do Desempenho Escolar (TDE) ............................................................................. 34
f) Processamento Auditivo e Atenção Auditiva .................................................................. 36
4.5 Avaliação Cognitiva ....................................................................................................... 38
5. DISCUSSÃO ........................................................................................................................................................... 42
6. CONCLUSÃO. ........................................................................................................................................................ 56
7. REFERÊNCIAS...................................................................................................................................................... 57
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ........................................................................................................................ 71
ANEXOS.......................................................................................................................................73
RESUMO
iii
ABSTRACT
Marcelino FC. Language abilities profile of individuals with cleft lip and palate
[thesis]. Bauru: Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais,
Universidade de São Paulo; 2009.
Objectives: To characterize the language abilities profile (oral and written) and auditory and
visual abilities of individuals with cleft lip and palate (CLP).
Model/ Participants: prospective study in 24 individuals with CLP, from 7 to 9 years old,
both mail and female, enrolled at Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais,
Universidade de São Paulo (HRAC-USP).
Execution Site: HRAC-USP Sector of Clinical Genetics.
Variables: Semantic abilities, syntax, phonological and pragmatic aspects of oral language,
by means of clinical observation; auditory and visual memory, auditory and visual
association, Grammar and visual closure, language reception, receptive vocabulary,
phonological processing, writing, Arithmetic, reading, auditory attention and processing, by
means of proofs and tests.
Results: In the clinical observation, tem individuals presented normality in the expression of
all the oral language aspects (components), both in the receptive and the expressive point of
view. It was observed a higher deficit in the auditory and visual association and visual closure
abilities; adequate receptive vocabulary in the majority of the sample (84%); lowered oral
comprehension in 54% of the individuals; 38% of the sample presented difficulties in
phonological abilities and 50% in school performance. In the auditory attention and
processing it was found difficulties in almost all the sample (96%). The cognitive capacity
was inside normality in all the analyzed individuals.
Conclusions: The language abilities’ performance was beneath the expected for the age in the
majority of the evaluated individuals with CLP. The most prejudiced abilities were: written,
auditory association, receptive language, visual association, reading and Arithmetic. The
evaluated auditory attention and processing abilities were lowered in almost all the assessed
individuals.
Key Words: Cleft Palate, Cleft Lip, Communication, Language Disorders, Auditory
Perception.
iv
1. INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA.
criança não desenvolve a linguagem isoladamente de outras dimensões pessoais e sociais, mas
conjuntamente com a compreensão do mundo que a rodeia. Durante a primeira infância o esforço
(Marcelino e Hamer 2009). Nesta fase surge a linguagem, habilidade pela qual o ser humano se
plenitude.
pensamento, suas relações, enfim, o universo. Os distúrbios da comunicação humana podem ter
como causa alterações de base congênita, dentre as quais as fissuras labiopalatinas (FLP).
quais são comuns nessa população em decorrência das alterações estruturais e funcionais
quanto a funcionalidade do sistema estomatognático para o desempenho das funções orais. Desta
comunicação, esta malformação traz conseqüências para a fala, visto que acomete estruturas
sugerem que a criança com FLP isolada (sem estar acompanhada de outras condições como
síndromes, por exemplo) tende a desenvolver linguagem apresentando alterações nas habilidades
lingüísticas em uma mesma proporção que as crianças sem FLP (ou sem outra condição aparente,
denominadas como crianças “normais”), com exceção de atraso de linguagem que tende a ser
superado ao redor dos 4 anos (Golding-Kushner 2001, Bzoch, 2004). Um olhar mais recente às
habilidades comunicativas das crianças com FLP, no entanto, tem apontado para diferenças
2006). Com um olhar particular às habilidades lingüísticas de crianças com FLP, foi delineado
este trabalho.
As FLP são as anomalias congênitas mais comuns que comprometem a face dos seres
fatores causais das FLP são amplamente estudados e descritos como tendo etiologia multifatorial
na qual o componente genético associado a fatores ambientais tem sido referido (Murray 1995).
As fissuras palatinas compreendem, em geral, uma malformação isolada, isto é, não sindrômica,
porém muitas vezes associada a outras malformações. Felix et al (2002) avaliaram, do ponto de
vista genético clínico, 282 pacientes com fissura, sendo 142 do sexo masculino e 140 do sexo
feminino, com idades de 1 mês a 52 anos. Concluíram com o estudo que a maioria (77,3%) eram
modificado por Silva Filho et al (1992). Esta classificação toma como ponto de referência
anatômica o forame incisivo, vestígio pós-natal da junção do palato primário com o palato
incisivo e fissuras raras da face, sendo ainda que a fissura pode ser completa ou incompleta.
Dentre os tipos de fissura encontrados, aqueles que envolvem o palato afetam mais a fala
devido ao acometimento da função velofaríngea, responsável por manter a pressão aérea intra-
oral e direcionar o fluxo aéreo para a cavidade oral durante a produção de fonemas orais, bem
como equilibrar a ressonância oronasal (Bzoch 2004, Nguyen e Sullivan 1993, Trindade e
Trindade Júnior 1996, Altmann et al 1997 e Igawa 1998). Na produção de fala normal, os
esfíncter velofaríngeo garante que esses processos sejam produzidos com eficiência. Se o
esfíncter velofaríngeo for disfuncional, podem existir conseqüências adversas para a fala
refluxo nasal, tornam o indivíduo propenso a desenvolver quadros de otite de repetição e perda
Moore et al (1986) afirmou que mesmo períodos curtos de perda condutiva, tanto em
podem coexistir com outros distúrbios, tais como os de linguagem e os de aprendizagem. Tallal e
Stark (1981), Benasich et al (2002), McArthur e Bishop (2004a, 2004b), Wible et al (2005),
auditivo em crianças sem FLP. Entretanto, Bishop et al (1999), Rosen (1999) não encontraram
específico de linguagem.
A freqüência de otite média com efusão em indivíduos com FLP é alta e pode levar a uma
perda auditiva periférica, podendo esta ser um indicador de risco para o desenvolvimento do
para otite média crônica, mas quando a otite permanece traz seqüelas para o desenvolvimento de
linguagem e o potencial cognitivo, devido à privação sensorial presente nestes casos. Tais
normal de linguagem (Feagans et al 1987, Friel-Patti e Finitzo 1990, Roberts et al 1995, Jocelyn
et al 1996, Shriberg et al 2000). Os pais, portanto, devem ser muito bem orientados de quanto
5
periodicamente e a otite média tratada de acordo com cada caso (Dixon-Wood 2004). O
fonoaudiólogo, como membro da equipe interdisciplinar, além de ter conhecimento das causas
entre os sons da fala, resultando em transtornos fonéticos e fonológicos. Isso por sua vez, leva a
reforço recíproco e ampliar as respostas do ouvinte. Para a criança nos estágios iniciais do
desenvolvimento da linguagem, esse ciclo de falhas pode ser bastante prejudicial, não somente
(Grunwell e Sell 2005). Konst et al (2003) não observaram alterações de linguagem em crianças
linguagem em crianças com fissura na faixa etária de até 3 anos de idade (Pamplona et al 2000a,
Richman e Eliason (1984) estudaram crianças com fissura de palato em idade escolar
6
auditiva de curto prazo e compreensão de leitura quando comparados à crianças com FLP.
Eliason e Richman (1990) constataram atraso de linguagem em crianças com FLP entre 5 e 6
anos, observando déficit na habilidade de mediação verbal quando comparadas a crianças sem
FLP. Neiman e Savage (1997) não verificaram risco ou atraso no desenvolvimento da linguagem
expressiva em crianças com fissura de palato até os 36 meses. Chapman et al (1998) não
encontraram diferença significativa de linguagem entre crianças sem e com FLP unilateral, mas
ao analisar individualmente cada caso verificaram que 50% das crianças com FLP exibiram
pouca participação conversacional. Broder et al (1998) ressaltaram que crianças com FLP em
sendo um com articulação compensatória e outro sem, para verificar a relação entre articulação
comparados com pacientes sem articulação compensatória. Todos os pacientes com articulação
que tais crianças têm maior predisposição de apresentar atraso na aquisição das primeiras
compreensão da linguagem e deficiência no raciocínio, quando comparadas com seus pares com
desenvolvimento normal.
Morris e Ozanne (2003) avaliaram vinte crianças com fissura de palato aos dois e três
7
anos de idade, para relacionar as habilidades fonológicas, fonéticas e de linguagem com a fissura
linguagem. Foram discutidas três etiologias propostas na literatura: deficiência anatômica, atraso
palato deva ser realizado cirurgicamente entre 9 e 12 meses de idade, entretanto, não existe um
reparo do palato (palatoplastia primária) é proposto entre 12 e 18 meses de idade. Hall e Golding-
Kushner (1989) afirmaram que cerca de 80% das crianças que nascem com FLP e são submetidas
Segundo Gomes e Mélega (1997) faz-se necessário intervir o mais precocemente possível,
a fim de eliminar ou amenizar as seqüelas negativas para a comunicação do indivíduo com FLP,
esta intervenção pode ser cirúrgica e/ou reabilitadora dos problemas de comunicação decorrentes
desta malformação. Após a reconstrução cirúrgica do palato a criança terá estrutura necessária
para iniciar a produção de sons orais. Muitos pais relatam aumento da emissão oral e das
habilidades de linguagem expressiva após a cirurgia de palato, o que pode ser devido à
estruturação do palato e/ou à melhora da audição pela equalização de pressão aérea na orelha
8
média. Embora a literatura refira que há melhora do funcionamento do músculo tensor do véu
após o fechamento do palato, os episódios de otites podem continuar constantes (Nunn et al 1995,
Pegoraro-Krook et al 2004).
domiciliar aos pais, cujo foco deve ser a aquisição e desenvolvimento normal da linguagem e
fala, onde entendam que as habilidades de linguagem receptiva e expressiva estão relacionadas à
função simbólica da comunicação e que a fala refere-se ao aspecto motor (articulação, fluência e
voz), ainda quais as habilidades devem ser estimuladas em cada faixa etária, além de atividades
para crianças com FLP e outras síndromes associadas a esta malformação. Para a faixa etária dos
3 aos 12 meses, os autores afirmaram que o enfoque principal deve estar voltado à orientação aos
realizando uma abordagem interdisciplinar, o que requer interação do grupo trazendo experiência
para pesquisas frutíferas. Sharp et al (2003) ressaltam o trabalho da equipe interdisciplinar como
Existem relatos na literatura de que crianças nascidas com fissura de palato apresentam
otite, hospitalizações e outros fatores comumente encontrados nesta população podem aumentar o
risco para que este atraso ocorra. Desta forma, recomenda-se que todas as crianças com FLP
sejam consideradas de risco para alterações de comunicação. Crianças com fissura somente de
palato deveriam ser consideradas de maior risco para alteração da linguagem, e a suspeita da
presença de síndromes, deveria ser muito bem investigada. Entretanto, para as crianças com FLP
linguagem que se tem para as demais crianças nascidas sem fissura (Golding-Kushner 2001,
Pegoraro-Krook et al 2004).
Segundo Golding-Kushner (2001) todas as crianças com fissura de palato deveriam ser
preferencialmente antes, quando o balbucio está surgindo, por ser mais fácil e eficaz prevenir do
que tratar as alterações de linguagem e fala. Bzoch (2004) afirmou, no entanto, que a fala e a
símbolos, sejam eles, verbais, mentais, gráficos, gestuais. Envolve habilidades fonológicas,
atenção, memória, associação, closura, na modalidade visual e auditiva também fazem parte de
são a leitura e a escrita. Neste estudo o enfoque foi nas habilidades de linguagem de indivíduos
com FLP e não nos aspectos de sua fala, os quais são amplamente estudados em todo o mundo.
indivíduos com fissura labiopalatina mostra a inexistência de estudos nesta área enfocando todos
os aspectos da linguagem, do ponto de vista receptivo e expressivo. Poucos estudos referem risco
para atraso na aquisição das primeiras palavras, dificuldades lexicais, gramaticais, fonológicas,
labiopalatina, os quais estão expostos a diversos fatores de risco para desenvolver alterações de
nesta população.
2. OBJETIVO.
(oral e escrita) e habilidades auditivas e visuais de indivíduos com FLP, entre 7 e 9 anos de idade.
Para isso foram avaliadas clinicamente as seguintes variáveis: semântica, sintaxe, fonologia,
3. MATERIAL E MÉTODOS.
Processo 475531/2007-8).
3. 1 Casuística.
Inicialmente foi realizado o levantamento dos pacientes com auxílio da assistente social
do HRAC, para verificar quais indivíduos tinham agendamento nos próximos 12 meses, prazo
determinado para a coleta de dados. Dos indivíduos selecionados foram elencados os que
apresentavam idade entre 7 e 9 anos, com possibilidade de horário extra para a realização da
pesquisa. Entretanto, muitos indivíduos não puderam fazer parte do estudo por apresentar, no
amostra, com idades entre 7 e 9 anos de idade, regularmente matriculados no HRAC com
diagnóstico prévio de FLP. A idade foi definida por não haver, nesta faixa etária, trabalhos na
literatura relacionados à linguagem em indivíduos com FLP, além de ser uma faixa etária em que
adquiridos, no entanto, continuam a ser aprimorados. Nesta faixa etária também já seria possível
13
esclarecidos quanto aos objetivos e todos os procedimentos clínicos aos quais as crianças seriam
submetidas. Foram cumpridos todos os critérios éticos para a execução deste projeto, incluindo a
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (anexo 2), por parte do familiar
• Quadro de otite;
• Deficiência intelectual.
Inicialmente foi realizado um estudo piloto com cinco indivíduos, submetidos às mesmas
Embora tenha-se buscado uma visão integral dos indivíduos, os resultados da pesquisa
3.2 Procedimentos.
3.2.1 Entrevista.
Cada criança passou por observação clínica e entrevista com os familiares responsáveis,
Para complementação dos dados da entrevista com os pais foi realizada análise nos
Optou-se por usar o termo observação clínica já que esta foi realizada em uma única
15
sessão, devido à pouca disponibilidade de horário dos indivíduos pelos agendamentos marcados.
e dirigida, discriminação auditiva. A amostra foi avaliada por meio da análise de processos
fonológicos (Lowe 1996). Quando o repertório fonológico estava completo foi considerado
frases e narrativas. Foi avaliada observando a produção de enunciados simples e complexos (duas
mais ações). Os critérios para a análise foram: presença da habilidade, considerada adequada; na
estava presente foi considerada adequada, quando ausente ou com déficit foi designada
dificuldade.
de forma coerente, iniciar, manter e participar da atividade, de forma verbal ou gestual. Situações
habilidade pragmática estava preservada foi considerada adequada, para ausência ou déficit
designou-se dificuldade.
Aguado 1989, Chiari et al 1991, Perissinoto 1992, Yavas et al 1992, Pérez 1995, Santana e
observação clínica.
Este teste foi utilizado para avaliar habilidades relacionadas ao processo de comunicação.
Engloba 12 subtestes que avaliaram a recepção auditiva e visual, a memória seqüencial visual e
ITPA à língua portuguesa foi realizado em duas teses de mestrado (Bogossian 1975, Santos
1977), utilizando a edição revisada, publicada em 1968 (Kirk et al 1968). Informações sobre a
adaptação brasileira do teste foram apresentadas em um manual para o examinador publicado por
subtestes, que avaliam as habilidades psicolingüísticas, com base nos processos de comunicação,
conforme descrito por Giacheti (1996). No trabalho em questão serão utilizados 6 subtestes, a
saber:
primeiro par de elementos está associado a uma relação que deverá ser apreendida para ser
Subteste 6 - Associação visual: objetiva avaliar a habilidade para lidar com analogias
visuais. Descreve a capacidade para relacionar estímulos visualmente recebidos, por meio da
como: funcionais associações da parte com o todo e vice-versa, similaridade, ações, entre outros.
comum, a partir de uma apresentação visual incompleta, reconhecendo o todo através das partes.
tempo.
aspectos morfológicos, tais como: flexões de gênero, número e grau; formas verbais de modo,
Após a aplicação, a contagem dos escores (respostas dos indivíduos) obtidos em cada
subteste foi realizada e posteriormente utilizamos as tabelas propostas pelo manual do teste que
- Escore escalar obtido: conseguido em tabelas específicas, por meio do valor do escore
- Idade psicolingüística: valor obtido a partir do escore bruto de cada subteste em tabela
específica do teste;
Em etapa posterior, realizando o raciocínio inverso nas tabelas, foi determinado o valor
Foram consideradas adequadas as habilidades cujo escore escalar foi acima de 36 pontos,
al (1986), teve por objetivo avaliar o desenvolvimento lexical no domínio receptivo. Ele fornece
de áreas. As áreas incluíram: pessoas, ações, qualidades, partes do corpo, tempo, natureza,
19
composta por quatro desenhos de linha preta em fundo branco. O teste é organizado de acordo
com um modelo de múltipla escolha. Não requer que o examinando leia, escreva ou verbalize. A
tarefa do examinado foi selecionar a figura que melhor representasse a palavra falada pelo
em pré-escolares e em crianças ou adultos que não lêem que não escrevam e que não falem.
Como propõe a análise estatística do manual do teste, o vocabulário receptivo foi classificado em
7 categorias: extremamente alta; moderadamente alta; média alta; média; média baixa;
que apresentaram classificação extremamente alta; moderadamente alta; média alta; média;
média baixa.
TESTE TOKEN
O Teste Token foi utilizado para avaliar a linguagem receptiva. Desde sua versão original
desenvolvida por De Renzi e Vignolo (1962), tem sido utilizado em estudos para avaliar as
outros. Originalmente era composto por 62 instruções com um aumento gradual de dificuldade
em cada item. Em 1978, De Renzi e Faglioni desenvolveram uma forma resumida de aplicação
com 36 itens, que é a versão que será utilizada neste estudo. O teste é composto por 20 peças que
variam em formatos geométricos (círculo e quadrado), dos tamanhos (grande e pequeno) e quatro
instruções que são divididas em seis partes (anexo 3): a parte A consta de 7 instruções, as partes
de B a E constam de quatro instruções cada uma e a parte F consta de 13 instruções. Nas partes
20
cada parte todas as instruções evidenciam o mesmo nível de dificuldade. Para cada instrução
teste é de 36 pontos. Os resultados são classificados em: dificuldade grave, dificuldade moderada,
dificuldade leve, média inferior, média, média superior. Foram considerados adequados os
língua.
análise, adição, segmentação, subtração, substituição, rimas, rima seqüencial, reversão silábica e
imagem articulatório; e pode ser aplicado em crianças de 5 a 10 anos de idade, sendo que os itens
primeiras citações são utilizadas para demonstrar a tarefa. Entendida a atividade, a criança deve
então responder os quatro itens selecionados. Caso a criança apresente dificuldade em trabalhar o
nível auditivo abstrato, deve-se auxiliá-la com pistas concretas (material utilizado como mediador
visual).
Nos itens análise inicial, segmentação vocabular, recepção de rimas, rima seqüencial e
imagem articulatória os acertos contam 2 pontos, enquanto nas provas de análise final e média,
reversão silábica, a contagem positiva será de um ponto. Em caso de erro é assinalado o valor 0.
Esses valores são somados no final de cada item e ao término da aplicação para a obtenção dos
sob atenção.
Este teste será realizado apenas nas crianças alfabetizadas. Os resultados foram anotados em
protocolo específico e constaram de tarefas como escrita sob ditado, contas de matemática e
analisados em tabelas específicas com tratamento estatístico, propostas pelo manual do teste
(Stein 1994).
critério de normalidade utilizado como referência para ATL foi classificado segundo Davis e
Silverman (1970).
audição periférica abaixo (pior) de 20dB, foram excluídas do estudo e as que apresentaram
uso funcional correto e eficiente da audição nos indivíduos de diferentes faixas etárias (Pereira
1997). Esta avaliação foi realizada por um fonoaudiólogo colaborador. Os testes utilizados foram:
Teste de detecção de intervalos aleatórios de silêncio (Randon Gap Detection Test - RGDT),
proposto por Keith (2000). Consiste na apresentação gravada de uma sequência de pares de tons
puros nas freqüências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz, com intervalos entre os dois tons que
variam de 0 a 40 ms (0, 2, 5, 10, 15, 20, 25, 30 e 40 ms), apresentados de forma aleatória. A
ms, deu-se continuidade para medir as freqüências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz. Uma vez, que
a criança não identificou nenhum dos intervalos como dois tons, deu-se continuidade utilizando o
resultado do RGDT foi medido por meio do menor intervalo a partir do qual o indivíduo passou a
identificar a presença de dois estímulos. Foi calculado individualmente para cada freqüência, de
500 a 4.000 Hz, bem como a média de resultados das quatro freqüências. Keith (2000) em seu
Teste Dicótico de Dígitos, proposto por Santos e Pereira (1997), constituído por 20 pares
de dígitos, sendo que estes representam dissílabos na língua portuguesa, apresentados 2 pares em
tarefa de separação binaural. Este teste avaliou a habilidade para agrupar componentes do sinal
tarefa de integração binaural. Neste estudo foi realizada apenas a etapa de integração binaural.
Considerou-se erro quando um dígito foi omitido ou substituído. Como valores de normalidade
foram considerados 95% de acertos ou mais em cada orelha para os de idade igual ou maiores de
9 anos e de 85% à direita e 82% à esquerda para os de idade de 7 e 8 anos (Boscariol et al 2009).
No Teste Dicótico Não Verbal, proposto por Ortiz e Pereira (1997), foram apresentados 6
sons não-verbais, combinados aos pares e apresentados 2 pares em cada orelha simultaneamente.
Foi apresentado em três etapas de atenção. Na etapa de atenção livre o indivíduo deveria prestar
atenção e apontar uma das figuras que representasse o som mais facilmente ouvido. Na etapa de
atenção à direita, o indivíduo deveria apontar a figura que correspondesse ao som ouvido na
orelha direita, ignorando o som apresentado na orelha oposta; na etapa de atenção à esquerda, o
indivíduo deveria apontar a figura que correspondesse ao som ouvido na orelha esquerda,
ignorando o som apresentado na orelha oposta. Este teste avaliou a habilidade de atenção
seletiva para sons não verbais. No Teste Dicótico Não Verbal considerou-se normalidade quando
constituído por 600 palavras monossilábicas (100 monossílabos apresentados seis vezes, sem
mão apenas para uma palavra alvo estipulada (palavra “não”). Avaliou a habilidade de atenção
24
sustentada e vigilância auditiva. Para verificar a habilidade de atenção auditiva sustentada por
A pontuação total é obtida pela soma entre os erros de desatenção (quando a criança não
levantou a mão em resposta à palavra alvo “não”) e de impulsividade (quando a criança levantou
a mão para outra palavra ao invés da palavra “não”). O decréscimo da vigilância, isto é, o
declínio na atenção no teste é obtido pela subtração entre o número de respostas corretas
O desempenho das crianças nos testes foi classificado em: dificuldade, quando as
crianças não atingiram os escores esperado para a idade em qualquer uma das orelhas e
possíveis alterações associadas quanto à inteligência geral. Foi utilizado o Teste Matrizes
composto por três séries (A, AB e B) cada uma contendo 12 itens, um em cada folha. Cada item
constitui-se de desenhos, com um pedaço faltante, possibilitando apenas uma resposta correta. O
indivíduo é solicitado completá-lo, escolhendo entre seis alternativas a que ele acredita ser
correta. A aplicação desse instrumento se deu conforme as instruções contidas em seu manual em
todas as crianças, sendo de aplicação coletiva quando indicado. Segundo os autores do manual, o
sendo evidenciado um aumento das médias com a idade, o que, conforme Anastasi (1967) pode
25
ser considerado como evidência. Na avaliação do teste atribui-se um ponto a cada resposta certa,
sendo a pontuação total dos indivíduos fornecida pelo número de acertos. Os itens A1 e A2, por
serem usados como exemplos, não são computados na análise. Na tabela 1 está apresentada a
Faixa de percentis
Grau Interpretação
para o grupo de idade
I “intelectualmente superior” 95 ou superior
“definidamente acima da média 75 – 94
II na capacidade intelectual”
II+ 90 - 94
“intelectualmente médio” 26 – 74
III III+ 50-74
III- 26 - 49
“definidamente abaixo da média 6 – 25
IV na capacidade intelectual”
IV- 6 - 10
V “intelectualmente deficiente” 5 ou inferior
(%)) e quantitativamente (média, desvio padrão, mediana, valor mínimo e valor máximo). Para a
estatística inferencial foi usado teste de qui-quadrado ou o teste exato de Fisher (Agresti, 1990) e
coeficiente de correlação de Pearson (Neter et al., 1996), com disposição dos resultados em
Entre os indivíduos que fizeram parte do estudo não houve nenhuma desistência, mesmo
Livre e Esclarecido. Além disso, uma cópia do relatório também foi anexada ao prontuário do
paciente no HRAC.
A amostra constituiu-se por crianças de 7 anos (38%), 8 anos (21%) e por crianças de 9
anos (42%) de idade, sendo 54% do gênero feminino e 46% do gênero masculino; 8 pacientes
(33%) eram provenientes do estado de São Paulo, 6 (25%) de Minas Gerais e os demais de outros
estados: Mato Grosso do Sul (2 pacientes), Rio de Janeiro (2 pacientes), Rio Grande do Sul (2
A maior parte dos pacientes (92%) pertencia ao nível socioeconômico baixo, sendo 38%
baixo inferior e 54% baixo superior, os demais 8% pertenciam ao nível socioeconômico médio
Segundo o relato obtido por meio da entrevista 84% dos indivíduos com FLP que
compuseram a amostra apresentaram episódios de otite, sendo 42% episódios recorrentes; 38%
27
das mães apresentaram queixas fonoaudiológicas atuais com relação a seus filhos. De forma geral
se participativas, disponíveis para a avaliação. Os dados de cada criança estão descritos em anexo
(Anexo 6). Na tabela 2 estão sintetizados os resultados obtidos por meio da observação clínica
pragmática).
Tabela 2. Desempenho nas habilidades de linguagem oral por meio da observação clínica.
da ininteligibilidade de fala, voz e fluência, obtidos com os dados constantes nos prontuários.
Gravidade da
Indivíduo Articulação Ressonância Voz Fluência
Ininteligibilidade
1 Hipernasal Moderada para Adequada Adequada
DDO
severa
2 DDO Adequada Leve Adequada Adequada
3 DDO Adequada Leve Adequada Adequada
4 Moderada para Adequada Adequada
DDO, DAC Hipernasal
severa
5 DDO Hipernasal Leve Adequada Adequada
6 Leve para Rouca Adequada
DDO, DAC Hipernasal
moderada
7 DDO Adequada Leve Adequada Adequada
8 Leve para Adequada Adequada
DDO Hipernasal
moderada
9 Leve para Adequada Adequada
DDO Adequada
Moderada
10 Leve para Adequada Adequada
DDO Adequada
moderada
11 DDO Adequada Leve Adequada Adequada
12 DDO Adequada Leve Adequada Adequada
13 Adequada Adequada Adequada Adequada Adequada
14 DDO Hipernasal Moderada Adequada Adequada
15 DDO Adequada Leve Adequada Adequada
16 Adequada Adequada Adequada Adequada Adequada
17 DDO Hipernasal Leve Adequada Adequada
18 Moderada Moderada Rouca Adequada
DAC
soprosa
19 Hipernasal Moderada para Adequada
Adequada
DAC
severa
20 Moderada para Rouca Adequada
DAC Hipernasal
severa
21 DDO, DAC Adequada Moderada Rouca Adequada
22 Adequada Leve para Rouca Adequada
DDO
moderada
23 DDO Hipernasal Leve Adequada Adequada
24 DDO Leve Leve Adequada Adequada
Legenda: DDO: distúrbio dento-oclusal (projeção de língua, sigmatismo, distorção oro-lateral,
alteração do ponto articulatório) DAC: distúrbio articulatório compensatório
4.4 Avaliação Complementar.
obtidas por meio do teste, verificou-se que a habilidade com maior número de dificuldades entre
os indivíduos avaliados foi a associação auditiva, seguida pela associação visual, closura visual e
memória auditiva. As crianças apresentaram maior número de acertos nas habilidade de memória
Legenda:
IC: Idade cronológica EB: Escore bruto EE: Escore escalar IPL: Idade psicolingüística
b) Teste de Vocabulário por Imagens – Peabody (TVIP)
Por meio dos resultados exibidos na tabela 5 observa-se que 2 crianças (8%) apresentaram
baixa e 1 criança (indivíduo 20) não obteve base para a realização do teste, mostrando um
desempenho muito aquém do esperado para sua idade, totalizando 16% da amostra com
entre média baixa e extremamente alta, perfazendo um total de 84% da amostra com resultados
c) Teste Token
Os resultados da tabela 6 permitem observar que 13 crianças (54%) apresentaram no
Teste Token resultados rebaixados na habilidade de compreensão oral, sendo 1 (4%) com
dificuldade muito grave, 3 (13%) com dificuldade moderada, 2 (8%) com dificuldade média e 7
(29%) com dificuldade leve. As demais (46%) apresentaram compreensão oral adequada.
escore inferior, 4% (1 indivíduo) tiveram escore médio inferior, 25% (6 indivíduos) escore
médio, 8% (2 indivíduos) escore médio superior e 12% (3 indivíduos) tiveram escore superior.
Pôde-se verificar ainda desempenho rebaixado em escrita em 58% dos indivíduos e em aritmética
melhor visualização.
35
ITPA - EE
Ind TVIP Token PHF TDE
AA AV CG CV MA MV
1 40 37 39 41 48 42 Média alta Média Médio
Esperado
superior superior
2 39 35 37 37 42 44 Média baixa Média
Esperado Médio
inferior
3 29 36 39 42 41 43 Média Dificuldade
Esperado Médio
leve
4 24 35 30 36 29 30 Dificuldade Sob
Média baixa Inferior
muito grave atenção
5 36 45 38 50 35 49 Média
Média Esperado Inferior
inferior
6 29 37 43 38 45 49 Dificuldade
Média baixa Esperado Inferior
leve
7 33 25 35 32 39 36 Extremamente Dificuldade
Esperado Inferior
baixa moderada
8 32 32 38 35 37 27 Dificuldade Sob Médio
Média
moderada atenção inferior
9 44 35 43 36 47 49Moderadamente Sob Médio
Média
alta atenção superior
10 24 24 36 37 31 40 Extremamente Dificuldade
Esperado Inferior
baixa leve
11 45 44 33 42 33 40 Dificuldade Sob
Média alta Inferior
leve atenção
12 40 39 44 50 47 55 Extremamente
Média Esperado Inferior
alta
13 30 37 33 37 25 36 Moderadamente Dificuldade Sob
Médio
baixa leve atenção
14 37 39 38 42 39 40 Média Sob
Média alta Inferior
inferior atenção
15 44 40 42 39 44 54 Extremamente Média
Esperado Médio
alta superior
16 42 44 43 34 44 36 Média
Média alta Esperado Médio
inferior
17 38 38 44 49 30 44 Dificuldade
Média alta Esperado Inferior
leve
18 33 32 38 35 48 47 Média alta Dificuldade
Esperado Superior
média
19 40 39 40 41 53 31 Média alta Média
Esperado Médio
inferior
20 22 27 35 24 37 37 Dificuldade Sob
- Inferior
moderada atenção
21 34 42 41 36 48 40 Média
Média alta Esperado Inferior
inferior
22 20 36 41 40 41 43 Média alta Média
Esperado Superior
inferior
23 34 37 40 44 32 42 Moderadamente Dificuldade
Esperado Inferior
alta leve
24 38 38 43 45 53 37 Média alta Dificuldade
Esperado Superior
média
Legenda: Ind: indivíduo EE: escore escalar AA: associação auditiva AV: associação visual
CG: closura gramatical CV: closura visual MA: memória auditiva MV: memória visual
36
auditiva, conforme pode ser observado na tabela 11, verificou-se que no dicótico não verbal 17
seletiva e figura-fundo auditiva, lembrando-se que foi considerado normalidade apenas quando os
resultados das 3 etapas estavam adequados (atenção livre, atenção à direita e atenção à esquerda).
detecção de intervalos aleatórios de silêncio (Random gap detection test) foram encontradas
apenas 4 crianças (17%) com normalidade e 20 (83%) com déficit na habilidade de resolução
temporal.
Dicótico Dicótico
Dicótico não
não verbal não verbal Dicótico THAAS Gap
Indivíduo verbal atenção
atenção à atenção à de dígitos detection
livre
direita esquerda
1 dificuldade dificuldade dificuldade normalidade dificuldade normalidade
2 normalidade dificuldade dificuldade normalidade dificuldade dificuldade
3 dificuldade normalidade normalidade normalidade normalidade dificuldade
4 dificuldade dificuldade dificuldade dificuldade dificuldade dificuldade
5 normalidade normalidade normalidade dificuldade dificuldade dificuldade
6 normalidade dificuldade normalidade dificuldade dificuldade dificuldade
7 normalidade dificuldade dificuldade dificuldade dificuldade dificuldade
8 dificuldade dificuldade dificuldade dificuldade normalidade dificuldade
9 normalidade normalidade normalidade normalidade dificuldade dificuldade
10 dificuldade normalidade normalidade normalidade dificuldade normalidade
11 dificuldade dificuldade dificuldade dificuldade dificuldade dificuldade
12 normalidade dificuldade dificuldade dificuldade dificuldade dificuldade
13 dificuldade dificuldade dificuldade dificuldade dificuldade dificuldade
14 dificuldade dificuldade normalidade normalidade dificuldade dificuldade
15 normalidade normalidade normalidade normalidade normalidade dificuldade
16 dificuldade normalidade normalidade normalidade normalidade dificuldade
17 dificuldade normalidade normalidade dificuldade dificuldade dificuldade
18 dificuldade dificuldade dificuldade normalidade dificuldade dificuldade
19 normalidade normalidade normalidade normalidade normalidade normalidade
20 dificuldade dificuldade dificuldade dificuldade dificuldade dificuldade
21 normalidade normalidade normalidade dificuldade normalidade dificuldade
22 dificuldade normalidade normalidade dificuldade dificuldade dificuldade
23 normalidade normalidade normalidade dificuldade normalidade normalidade
24 normalidade normalidade normalidade normalidade dificuldade dificuldade
38
Observou-se na avaliação dos dados da avaliação cognitiva (tabela 12) que 42% da
Pode-se perceber que em todos os resultados houve correlação, mas esta foi significativa
(p<0,05) somente entre o teste Dicótico de dígitos, o qual avalia integração binaural e figura-
Tabela 13. Valores de p dos testes de qui-quadrado ou do teste exato de Fisher (em itálico)
para estudar a associação entre as variáveis do processamento auditivo e as demais
variáveis.
Dicótico Dicótico
Dicótico não não verbal Dicótico
não verbal
Variável independente verbal atenção à atenção à de THAAS GAP
atenção livre direita dígitos
esquerda
TVIP 0,596 0,590 0,272 0,596 0,283 0,544
Teste Token 0,205 0,413 0,408 0,037* 1,000 1,000
PHF 0,423 0,089 0,092 0,423 0,191 0,259
ITPA - Associação auditiva 0,706 1,000 0,697 0,043* 1,000 1,000
ITPA - Associação visual 0,656 1,000 0,408 0,706 0,386 0,596
ITPA - Closura gramatical 0,166 0,155 0,050 0,166 0,130 1,000
ITPA - Closura visual 1,000 1,000 0,403 1,000 1,000 0,259
ITPA - Memória visual 0,649 0,640 0,192 0,649 0,307 1,000
ITPA - Memória auditiva 0,166 1,000 0,665 0,166 0,629 0,251
TDE 0,706 1,000 0,697 0,037* 0,386 1,000
TDE – Escrita 0,697 0,214 0,421 0,011* 0,085 1,000
TDE – Aritmética 0,697 0,679 1,000 0,240 1,000 0,615
TDE – Leitura 0,697 0,679 1,000 0,047* 1,000 0,615
RAVEN 1,000 1,000 0,417 1,000 1,000 1,000
* p<0,05 diferença estatisticamente significante
Verificou-se correlação significativa entre o TDE e: TVIP, Teste Token, PHF, ITPA nos
seguintes instrumentos de avaliação: TVIP, PHF, ITPA nos subtestes de associação auditiva,
closura gramatical, closura visual e memória auditiva, como pode ser visto na tabela 15.
41
fonologia na produção de fala destas crianças e não foram encontrados estudos sobre o
em crianças com fissura, tendo estas, maior predisposição para apresentar atraso na aquisição das
compreensão da linguagem e deficiência no raciocínio, quando comparadas com seus pares com
2000a, Speltz et al 2000, Golding-Kushner 2001, Melgaço et al 2002, Morris e Ozanne 2003,
que se espera aquisição completa das habilidades de linguagem oral. A partir dos 7 anos a criança
aprimora suas habilidades lingüísticas adquiridas nas fases iniciais de seu desenvolvimento
(Crystal 1981, Aguado 1989, Chiari et al 1991, Perissinoto 1992, Yavas et al 1992, Pérez 1995,
A linguagem oral dos indivíduos com FLP foi avaliada de acordo com suas habilidades:
fonologia, semântica, sintaxe e pragmática. De acordo com os resultados obtidos verificou-se que
componentes da linguagem oral, tanto do ponto de vista receptivo quanto expressivo. As demais
quatorze crianças mostraram dificuldade em uma ou mais habilidades da linguagem oral. Duas
abaixo da média. Nestes casos pode-se sugerir uma relação existente entre dificuldade cognitiva e
problemas de linguagem.
observação clínica (79%), entretanto, de acordo com a literatura esperava-se aquisição completa
dos sons da língua até no máximo aos 7 anos (Lamprecht 2004, Andrade et al 2001), ressaltando-
se, portanto, transtorno fonológico em cinco crianças com FLP avaliadas (indivíduos 6, 9, 13, 14,
20), concordando com os achados de Pamplona et al (2000b). Grunwell e Sell (2005) ressaltaram
mais esperados para a faixa etária em 5 indivíduos (6, 9, 13, 14, 20); os processos encontrados
diferenciada nos problemas de fala de crianças com fissura de palato unilateral e comprovaram
44
tempo reduzido de intervenção quando esta tinha uma abordagem fonológica e não puramente
fonética-articulatória.
mostraram dificuldade em sete crianças (indivíduos 4, 8, 9, 11, 13, 14, 20). A memória auditiva,
outra habilidade do processamento fonológico, foi avaliada objetivamente por meio do subteste
de memória auditiva do ITPA e observou-se dificuldade nos indivíduos 4, 5, 10, 11, 13, 17, 23.
Ressaltando-se, assim, que quatro das cinco crianças com dificuldade na habilidade fonológica
13, 14, 20; apenas uma criança (indivíduo 13) apresentou déficit fonológico na observação clínica
cuidados quanto à aprendizagem, conforme orienta a ASHA (2001). Richman e Eliason (1984)
compreensão de leitura em crianças com fissura de palato em idade escolar entre 8 e 13 anos,
A habilidade sintática foi avaliada segundo o uso das regras gramaticais, compreensão de
então, 67% de normalidade na observação clínica. As crianças com déficit nesta habilidade
questões da avaliadora por meio de monossílabos, apresentaram uma fala bastante simples,
quais referiram prejuízos para o desenvolvimento semântico em crianças com FLP. Por meio do
maior dificuldade para a emissão com relação ao aspecto semântico, quando comparada à
recepção. Os indivíduos 12 e 15 destacaram-se por seu excelente nível semântico, bem como nas
de forma coerente, iniciar, manter e participar da atividade, de forma verbal ou gestual, por meio
pela avaliadora. Observou-se que as crianças que apresentaram déficits na pragmática também
semântica). Eliason e Richman (1990) constataram atraso de linguagem em crianças com FLP
Grunwell e Sell (2005) relataram possíveis prejuízos lexicais e sintáticos em indivíduos com
transtornos anatômicos ou fisiológicos, como é o caso das crianças avaliadas neste estudo.
auditivo podem ter contribuído para a dificuldade observada no Teste Token. Sharp et al (2003)
concluíram que crianças com fissuras têm maior predisposição de apresentar dificuldade na
pesquisa.
atenção auditiva. Sugerindo que a capacidade cognitiva não determinou o baixo desempenho
lingüístico neste indivíduo. Dois casos em particular (15 e 19) apresentaram adequado
habilidades não foram decisivas para causar dificuldades na linguagem oral e escrita, sugerindo
47
cognitiva e dificuldade leve no Teste Token. Cabe ressaltar que tais testes priorizam um canal de
habilidade específico, a saber, visual e auditivo, respectivamente. Nos demais testes encontrou-se
Podendo-se sugerir desta forma, que a habilidade visual não foi determinante para a classificação
classificação definidamente abaixo da média na avaliação cognitiva, bem como déficit em todas
as demais habilidades avaliadas na pesquisa, exceto a memória auditiva e visual. Sugere-se, neste
caso, que a habilidade lingüística pode estar sendo prejudicada pela dificuldade cognitiva e vice-
versa.
15, discordando dos estudos de Neiman e Savage (1997) e Chapman et al (1998), os quais não
Quanto ao desempenho acadêmico 50% dos indivíduos estavam abaixo da média, sendo
que os piores resultados foram obtidos em escrita. Estudos nesta população (Richman e Eliason
1984, Broder et al 1998, ASHA 2005, Goldsberry et al 2006) verificaram aumento do risco de
relacionada a déficits na memória visual, o que pôde ser confirmado nesta pesquisa em três
visual rebaixada no subteste do ITPA. Também deve-se levar em conta o baixo nível
socioeconômico familiar dos indivíduos da amostra, o qual sugere baixo nível educacional.
48
75% de acertos foram obtidos no subteste de memória visual e 63% no subteste de closura visual.
Das crianças com escore rebaixado no TDE (indivíduos 4, 5, 6, 7, 10, 11, 12, 14, 17, 20, 21, 23),
quatro (indivíduos 4, 11, 14, 20) apresentaram dificuldades também nas habilidades fonológicas
avaliadas por meio do PHF, apresentando maior risco para problemas de aprendizagem,
fonológicas na fala.
instrumentos de avaliação: TVIP, Teste Token, PHF, ITPA nos subtestes de closura gramatical e
compreensão da linguagem oral, na sintaxe e memória auditiva. Assim, devem-se estimular tais
resultados na aprendizagem.
Uma porcentagem bastante alta (84%) das crianças apresentou otites recorrentes,
2004, Pegoraro-Krook et al 2004) que referem problemas otológicos e auditivos freqüentes nesta
49
constantes de otite, muitos com necessidade de tratamento cirúrgico. Sugere-se, portanto, que os
achados de prejuízo quanto ao uso funcional da audição nos indivíduos avaliados, devem-se à
habilidades mais prejudicadas foram resolução temporal, atenção sustentada e vigilância auditiva.
Lemos et al (2008) encontraram porcentagens de acerto inferiores no grupo com FLP quando
comparado ao grupo controle sem fissura, tanto para a orelha direita quanto para a orelha
esquerda. Boscariol et al (2009) verificaram que crianças com fissura isolada de palato
apresentaram importantes alterações nas habilidades auditivas (95% dos sujeitos), verificadas por
processamento auditivo (indivíduo 19), quinze apresentaram dificuldades em três ou mais testes e
adequação da linguagem oral pela observação clínica, nove apresentaram dificuldade em alguma
dicótico de dígitos e o Teste Token, associação auditiva do ITPA, leitura e escrita do TDE,
sugerindo que os indivíduos com dificuldades para agrupar componentes do sinal acústico em
50
(indivíduos 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 10, 11, 12, 13, 14, 16, 17, 18, 20, 22) também apresentaram
Ramus et al (2003) que concluíram que uma porcentagem de crianças com problemas de leitura
tinha dificuldades nas tarefas do processamento auditivo, concordando com os resultados desta
pesquisa.
linguagem e do processamento auditivo em crianças sem FLP. Esta coexistência também pôde
ser observada nas crianças com FLP avaliadas nesta pesquisa. Entretanto, as crianças com
processamento auditivo e atenção auditiva avaliadas. Bishop et al (1999), Rosen (1999) não
atencionais, na medida em que representam a base de todos os processos cognitivos (Lima 2005).
da fala, confirmando a estreita relação entre processamento auditivo e linguagem. Desta forma,
das habilidades auditivas, assim a fala será codificada, decodificada e integrada, permitindo o
Evidenciando, portanto, a importância da estimulação por parte dos pais principalmente nas fases
iniciais do desenvolvimento.
dos pais durante a avaliação, em alguns casos, sugerindo que a estimulação adequada do meio
deve ter tido importância fundamental nos indivíduos com normalidade na linguagem oral. Speltz
desenvolvimento mental em crianças com fissura de lábio e palato e somente palato avaliadas em
Bernaldo e Silva (1998) e Peres (2000) afirmaram que a baixa condição socioeconômica
pode sugerir elevado grau de morbidade, internações múltiplas, carência de estímulos positivos
presente estudo a maior parte das crianças perteciam ao nível socioeconômico baixo, apenas duas
pertencia aos níveis médio superior, médio ou alto, entretanto, verificou-se bom desempenho
nível socioeconômico, cujas mães tinham baixo nível de escolaridade. Nesta pesquisa a maioria
dos pais, mesmo pertencendo a níveis socioeconômicos mais baixos, mostrou-se interessada no
52
ambiente com uma variedade de estímulos auditivos, simples e complexos (Feniman e Rissato
filhos, pois das dez crianças cujos pais não referiram queixas de linguagem e aprendizagem,
apenas uma apresentou dificuldades nestas áreas (indivíduo 20); notou-se que esta mãe também
apresentava dificuldades de compreensão e expressão oral. Quanto aos pais que referiram
crianças, lembrando-se que todas tinham sido submetidas à reconstrução cirúrgica do palato. Tais
achados são divergentes dos de Hall e Golding-Kushner (1989), com dados de 80% de fala
normal após cirurgia corretora do palato antes de 18 meses de idade. Apenas duas crianças do
presente estudo não apresentaram dificuldades com relação à articulação. A maioria dos
indivíduos (66%) apresentou DDO, 13% apresentaram DACs e outros 13% apresentaram DACs e
DDOs.
Pamplona et al (2000a) afirmam que os DACs podem ocorrer inicialmente pela presença
de fissura palatina, produzindo um transtorno fonético e com o tempo estes erros podem ser
forma, chamam atenção para a relação existente entre a presença de articulação compensatória e
o nível de desenvolvimento lingüístico nestas crianças, o que não pôde ser confirmado neste
estudo, já que não houve maior freqüência de dificuldades na linguagem oral nas crianças com
53
resultados eram disponibilizados à avaliadora após a finalização da pesquisa, desta forma, não
desempenho cognitivo estudos sugerem déficit na capacidade intelectual em crianças com FLP
desta pesquisa, em que somente dois indivíduos (indivíduos 13 e 20) foram classificados como
definidamente abaixo da média na capacidade intelectual, sendo que nenhum indivíduo foi
linguagem oral, receptiva e expressiva, bem como do processamento auditivo e atenção auditiva,
closura gramatical e visual, memória auditiva do ITPA), sugerindo que indivíduos com déficit no
Schönweiler et al (1998, 1999), demonstraram que a função auditiva teve maior influência
acompanhamento periódico e que além do enfoque na fala, estas crianças devem ser
Entretanto, esta equipe necessita ter uma visão integral do ser, substituindo a visão em
partes para promover o que atualmente considera-se saúde, de acordo com a nova definição da
Organização Mundial de Saúde: “não somente a ausência de doença, mas principalmente, o bem-
estar físico, psíquico e social”; recentemente ampliada para incluir o bem estar espiritual, sendo
Desta forma, o profissional da área da saúde deve estar convenientemente preparado para
trabalhar todas as dimensões existenciais do ser humano e da vida humana. Assim, ampliando as
Rosenthal e Jacobson (1966) verificaram em seus estudos que as crianças tornavam-se a medida
da expectativa de seus professores, alertando sobre a importante influência que o educador exerce
prendê-lo.
tais como adequação do sistema nervoso central, estimulação recebida do meio, vínculo mãe-
filho, capacidade intelectual, nível socioeconômico, etc, devendo-se, portanto, considerar cada
criança de forma única, respeitando sua individualidade e o meio em que se insere. Os dados
deste estudo sugerem a importância da avaliação das habilidades de linguagem de forma que
possam ser desenvolvidas abordagens de orientação aos pais quanto ao desenvolvimento destas
em crianças com FLP da mesma faixa etária, além de importantes implicações para o tratamento
desta população.
56
6. CONCLUSÃO.
Com base nos achados das habilidades de linguagem de crianças com FLP, entre 7 e 9
anos de idade, analisadas neste estudo, pode-se concluir que o desempenho lingüístico estava
aquém do esperado para a idade na maioria dos indivíduos com FLP. As habilidades mais
prejudicadas foram a escrita, associação auditiva, linguagem receptiva, associação visual, leitura
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8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
___________________________ ________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa Assinatura do pesquisador responsável
ou responsável
PROTOCOLO DE ENTREVISTA
1) Queixa:
2) HPQ:
7) Desenvolvimento Global:
ALIMENTAÇÃO: Mamou peito até: Utilizou mamadeira até:
MOTOR: Firmou cabeça: Sentou com apoio: Sentou sem apoio:
Engatinhou: Andou: Controle esfíncter:
Caía muito:
9) Outros Atendimentos:
socioeconômico e escolaridade.
Legenda: MG: Minas Gerais SP: São Paulo RJ: Rio de Janeiro DF: Distrito Federal
SC: Santa Catarina GO: Goiás RS: Rio Grande do Sul MS: Mato Grosso do Sul
Anexo 5 - Dados sobre queixa fonoaudiológica atual dos pais, período de ocorrência de
otites e sua freqüência.
receptiva e expressiva e dificuldade nas demais habilidades da linguagem, apresentando uma fala
bastante simples e comunicando-se muito pouco, sua elaboração era pobre. A criança não tinha
os olhos vivos e brilhantes, apresentou dificuldades para compreensão verbal. Sua mãe não se
no entanto, foi difícil a avaliação, pois a criança cansou-se facilmente, chorou, fez manhas.
semântica, sintaxe e pragmática, a recepção da linguagem também necessita ser estimulada; sua
olhos brilhantes, comunicou-se muito bem, teve ótimo desempenho na linguagem expressiva em
avaliadora por meio de monossílabos, não iniciou ou manteve tópico conversacional, apresentou
vocabulário reduzido, não fez uso de frases para se comunicar. Apresentou processos de
simplificação na fala não mais esperados para sua idade: simplificação sistemática de consoante
final {R}, simplificação assistemática de encontro consonantal (/r/) e distorção dos encontros
pouco e muito baixo, houve dificuldade para interagir com a mesma. Apresentou normalidade na
questionou e solicitou informações detalhadas sobre como melhor estimular sua filha na
fricativa (/v/, /z/, /J/), sonorização de plosiva (/t/). A criança apresentou trocas do tipo surda x
sonora na escrita.
Indivíduo 10 – Durante a observação fonoaudiológica clínica a criança falou muito pouco, teve
olhos vivos, mostrou-se bastante comunicativa, expressiva, teve ótimo desempenho. Todas as
habilidades da linguagem oral, tanto expressiva quanto receptiva, estavam dentro da normalidade.
linguagem, tanto expressiva quanto receptiva. Apresentou simplificação fonológica não esperada
frasal, discurso pobre, compreensão verbal restrita. A criança apresentou trocas ortográficas e
relatou sua vida na fazenda com boa elaboração oral. A criança fez uso de simplificações
comunicação, interagiu facilmente com a avaliadora, é bastante expressiva, faz uso de discurso
bem elaborado, construções frasais adequadas, tem ótimo vocabulário, a criança referiu ler muito.
Disse gastar sua mesada comprando livros novos, leitura é seu hobby. A criança mostrou-se
comunicou-se muito bem, apresentou bom nível lingüístico, apresentando todas as habilidades de
lingüístico, contou histórias com detalhes, com vocabulário rico, organização frasal adequada,
habilidades de linguagem oral dentro do esperado para sua faixa etária, tanto do ponto de vista
teve ótimo desempenho auditivo e visual, sendo melhor nas habilidades auditivas.
comunicou-se muito mal, teve desempenho lingüístico inferior ao esperado para sua idade.
Evidenciaram-se simplificações fonológicas não esperadas para sua faixa etária (frontalização de
expressivas.
interação com a avaliadora. Não iniciou ou manteve diálogo. Mostrou vocabulário, construção
frasal e fonologia dentro do esperado na amostra obtida, mas a habilidade conversacional estava
interagiu com a avaliadora, comunicou-se muito bem, apresentou bom nível lingüístico,