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COLABORAGAO Hermenéutica constitucional José Aurmepo pe Otivema Baracio Professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, 1 — Introdusio A determinagao do sentido e alcance das expressées do Direito, processo que visa extrair da norma todo o seu contetido, realiza-se por meio da Interpretacao, que possui técnica e meios peculiares para atingir os objetivos da Hermenéutica. Carlos Maximiliano, a respeito dos ensinamentos da Hermenéutica, mostrava que sobre esta disciplina existiam capitulos breves em livros de Teoria Geral do Direito Civil. © jurista apontava, de ha muito, que os erros de interpretacdo cons- titucional, além de perturbar a vida politica do Estado brasileiro, provoca- vam dissidios entre os poderes piblicos, que comprometiam o prestigio das instituigdes. (+) Tal entendimento levou Carlos Maximiliano a realizar minucioso exame de Interpretacao do Texto Constitucional, em seus “Comentarios 4 Cons- tituigéo Brasileira”, ocasiao em que afirma: “Com as luzes da Hermenéutica, o jurista explica a matéria, afas- ta as contradicées aparentes, dissipa as obscuridades e faltas de precisdo, poe em relevo todo o contetido do preceito legal, deduz Gas disposigdes isoladas o prinefpio que Ihes forma a base e, desse principio, as conseqiiéncias que do mesmo decorrem. A interpretagio, no parecer de Vander Eycken, é a pesquisa do Direito, em um caso particular, com o auxflio de todos os dados de expressio juridica de que se dispoe. Se a respeito das leis ordinarias o trabalho do comentador é de grande valia, muito mais necessdrio se tornam as luzes de habil exegeta em face de um texto, por sua prépria natureza e pelo objeto colimado, essencialmente sintético e redigido em termos ainda mais amplos, CD Carlos Maximiliano, Hermenéutiea ¢ Aplicago do Dirtito, Livrarie Freitas Bastos, S/A, Rio de Janeiro, 1951, 5 ed., pags. VIZ, VIII, 13. R. Inf, legisl, Brasilio 0, 14 m. 53 jon./mor. 1977 13 A Constituigéo deve condensar principios e normas asseguradoras do progresso, da liberdade e da ordem e precisa evitar casuistica minuciosidade a fim de, se nao tornar-se demasiado rigida, § per: manecer diitil, flexivel, adaptavel a épocas e circunstAncias diver- sas, destinada, como é, a longevidade constitucional.” () Nao deixa este jurista de salientar as dificuldades que surgem, quando o hermeneuta passa a explicar e esclarecer o processo de elaboracao cien- tifiea do Direito Publico que, pela amplitude de seu conteddo, resiste a ser enfeixado em texto “A técnica de interpretagdo muda, desde que se passa das disposi- gées ordindrias para as constitucionais, de alcance mais amplo, Por sua propria natureza e em virtude do objetivo colimado, redi- gidas de modo sintético, em termos gerais.” (*) Ainda, entre os classicos do Direito Constitucional brasileiro, Aurelino Leal examinou dois temas fundamentais ligados ao assunto ora abordado: Interpretagéo e@ Construgao. Para este jurista, autor de “Teoria e Pratica da Constituigéo Federal Brasileira”, o tema € assim exposto: “Os constitucionalistas americanos servem-se indiferentemente, para explicar a lei suprema, das palavras in- terpretacéo e construgao, bem que haja uma distingdo entre elas. “Construgao e interpretagio, diz Bouvier, sdo geralmente usadas pelos escritores e pelas cortes como sinénimas, sendo ora empregada uma ora outra, Lieber, em sua “Hermenéutica Legal e Politica”, distingue entre as duas, considerando o circulo da interpretacdo limitado a0 texto escrito, en- quanto que a construcio vai além, e compreende casos em que os textos interpretados e a ser construfdos devem ser conciliados com regras de direito ou compactos ou constituicdes de superior autoridade. . .” (Bouvier's, Law Dictionary, verb. Construction). Black também acentua a diferenga: “Deve-se notar que este termo (construgao) é propriamente distin- to de interpretacio, embora ambos sejam muitas vezes empregados sinonimamente. Em sentido estrito, a interpretacio € limitada a exploragao do texto escrito, ao passo que a construgao vai além e pode recorrer a consideragoes extrinsecas” (Black, “A Dictionary of Law”, verb. Construction). “A interpretagéo 6 usada com o fim de descobrir o verdadeiro sentido de alguma forma de palavras, enquanto que a construgéo envolve a indugao de conclusdes relativas a assuntos que nao estao inclufdos na expressio clara” (‘Judicial and Statutory Definitions of Words and Phrases”, vol. IV, verb. Interpretation), ( Carlos Maximiliano, Comentérios 4 Constituicio Brasileira, Jacintho Ribelro dos Santos, Editor, Rio de Janeiro, 1923, 2° ed., pags. 89/90. (3) Carlos Maximillano, Hermenéatica © Aplicagio do Direlto, ob. cit, pég. 387. 1a R. Inf. degis!. Brasilia a. 14 u, 53 jan./mar. 1977 # notavel que varios tratadistas acentuem a distingéo e terminem adotando 0 emprego simulténeo dessas palavras de diferente significacio técnica. “Comumente, entretanto, diz Cooley, a palavra “construgao” é em- pregada em Direito em um sentido que compreende todo o circulo de ambas, quando cada uma é usada de modo estrito e tecnicamente correto” (Cooley, “Constitutional Limitations”, cap. IV, pag. 71). “Nao h4 divida que, por um lado, 0 processo 6 cdmodo por simplifi- cador. Entretanto, ndo é inutil ter em mente que a interpretacio prende o aplicador da Constituigao a disposicio controvertida e veda sair dela para ir buscar, em outras do mesmo estatuto ou de estatuto a ela ligado, a intengdo, o espirito que o interprete, defenda e sustente. A construgdo autoriza a sair do texto e a procurar, para os casos obscuros, uma soluc3o que os constituintes previram mas nao tornaram suficientemente clara, ou que nao previram (“in cases which not been fo- reseen by the framers...” Cooley, op. cit., loc. cit.), mas 6 preciso regular pela dutilidade de que 6 susceptivel o Direito. Esta fungio da construgio constitucional é importantissima: ela des- dobra a Constituicdo, age sobre a sua flexibilidade, construindo um direito logicamente contido nas disposig6es rigidas do instrumento”. () Esta preocupacio de autores classicos brasileiros pode ser percebida em livros que tratam de Direito Tributario, quando sio examinados temas de interpretagao e aplicagdo das leis tributarias: “Examinada a relevancia dos principios tributarios na interpreta 40, é oportuno salientar que jamais poderia qualquer hermeneuta chegar 4 legitima exegese, como qualquer érgao judicante, 4 exata interpretacéo e aplicagio da lei ou do regulamento tributario, sem obedecer aos principios constitucionals, pois como principios juri- dicos que so, e da mais alta categoria, subordinam tudo que se thes segue no campo do Direito Positivo.” (°) ‘A questao da interpretagao dos dispositivos constitucionais vem sendo destacada, ultimamente, na doutrina estrangeira, que procura salientar os métodos préprios ao exame da matéria, por meio de estudos sistematicos. Os estudos de Franco Pierandrei, Cappelletti, Crisafulli, Madugno, Pergolesi, Sandulli, Guarino e Pizzorusso, salientam a importancia da in- terpretagdo da norma constitucional na Itélia, a0 lado do exame da posicéo C4) Aurelino Leal, Teovia e Prétien da Consiitigto Federal Brasileire, Paria Primeire, (0 Federal. Do Poder Legislative (arts, 1 a 40), F. Brigulet © Cia,, Baltores, ‘Rio de Janeiro, 1925, pags. 7/8. ( 6) Ruy Barbosa, Nogueira, Ds Interpretagio o da Apllegho das Lela Teibutitisn, Jous Bushatsky, Editor, S60 Paulo, 1974, 2 ed, pig. 32, Miguel Lins © Céllo Loureiro, ‘Teoria © Rratica do Direiie Tributarie, Forenie, Rio, 1061, 1* e4, pag. 261; ‘José Naban- tino Ramos, Direlto Constitucional Tributario. Fatos Geradores Confrontantes, Edi- tore Resenhe Tributéria, S8o Paulo, 1975, pags. 39/40. R. Inf. legisl, Brasilia a, 14 n, 53 jan./mar, 1977 15

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