https://novaescola.org.br/conteudo/13692/o-que-
esperar-do-ministro-da-educacao-de-jair-bolsonaro
Governo
O que esperar do
ministro da Educação de
Jair Bolsonaro
Especialistas em Educação dão suas primeiras impressões
sobre Ricardo Vélez Rodríguez, filósofo e professor
emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército
Paula Peres
A indicação do filósofo
colombiano Ricardo
Vélez Rodríguez para o
cargo de ministro da
Educação já havia sido
anunciada pelo próprio
em seu blog no dia 7 de
novembro. “Amigos,
escrevo como docente
que, através das vozes
de algumas pessoas
ligadas à educação e à
cultura (dentre as quais
se destaca o professor e
amigo Olavo de
Carvalho), fui indicado
para a possível escolha,
pelo Senhor Presidente
eleito Jair Bolsonaro,
como ministro da
Educação”. Sob o título
“Um roteiro para o
MEC”, ele antecipou
quais seriam os
caminhos a seguir no
comando do Ministério
da Educação. Em
resumo: tornar realidade a proposta de Bolsonaro que prega “Mais Brasil,
menos Brasília”.
Vídeo: https://www.youtube.com/embed/54-mdIQXdzE
Prioridades da gestão
A preocupação é que o novo ministro não sinaliza, em seus posts e vídeos nas
redes sociais, uma disposição para buscar a resolução dessas questões, e sim
atacar outros pontos, que não são unanimidade – e não têm evidências que
os sustentem.
“Em algumas questões, na Educação, é importante comprar algumas brigas:
aquelas que afetam a aprendizagem dos alunos. Existe, sim, muita coisa no
Brasil que merece aperfeiçoamento, e não haverá aperfeiçoamento sem
comprar algumas brigas”, aponta Cláudia Costin.
A questão, segundo ela, é a escolha das brigas que será feita a partir de
janeiro de 2019. “Comprar brigas só com a questão ideológica pode levar a
um desgaste, sem colocar nada no lugar”, resume Claudia. "Todas as
prioridades estabelecidas estão sendo substituidas pelo fantasma da
'doutrinação esquerdista e homossexual', coisas que não existem, mas que
acabaram se tornando importantes na politica atual", diz Janine.
Essas posições são, entre outras, a defesa da militarização das escolas, como
já mencionado por Cláudia Costin, o apoio ao Escola sem Partido e o
argumento de que o MEC deve interferir menos nos sistemas de ensino.
Mesmo na defesa do Escola Sem Partido, projeto de lei que está sendo
apreciado na Câmara dos Deputados, faltariam evidências no discurso que
deem sustentação à proposta. “Eles não estão trazendo dados relacionados a
essas questões, trazem posicionamentos”, afirma Ernesto. À frente do
Ministério da Educação, ele lembra que é responsabilidade da equipe de
Vélez Rodríguez checar se essas posições são corroboradas pelas evidências
existentes, mesmo que possam refutar “pontos que inicialmente tinham
como fortes para a gestão”. "Resta ver se esse ministro vai se cercar de gente
capacitada", reflete Renato Janine Ribeiro sobre o futuro do MEC.