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esperar-do-ministro-da-educacao-de-jair-bolsonaro

Publicado em NOVA ESCOLA 23 de Novembro | 2018

Governo

O que esperar do
ministro da Educação de
Jair Bolsonaro
Especialistas em Educação dão suas primeiras impressões
sobre Ricardo Vélez Rodríguez, filósofo e professor
emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército
Paula Peres
A indicação do filósofo
colombiano Ricardo
Vélez Rodríguez para o
cargo de ministro da
Educação já havia sido
anunciada pelo próprio
em seu blog no dia 7 de
novembro. “Amigos,
escrevo como docente
que, através das vozes
de algumas pessoas
ligadas à educação e à
cultura (dentre as quais
se destaca o professor e
amigo Olavo de
Carvalho), fui indicado
para a possível escolha,
pelo Senhor Presidente
eleito Jair Bolsonaro,
como ministro da
Educação”. Sob o título
“Um roteiro para o
MEC”, ele antecipou
quais seriam os
caminhos a seguir no
comando do Ministério
da Educação. Em
resumo: tornar realidade a proposta de Bolsonaro que prega “Mais Brasil,
menos Brasília”.

“Enxergo, para o MEC, uma tarefa essencial: recolocar o sistema de ensino


básico e fundamental a serviço das pessoas e não como opção burocrática
sobranceira aos interesses dos cidadãos, para perpetuar uma casta que se
enquistou no poder e que pretendia fazer, das Instituições Republicanas,
instrumentos para a sua hegemonia política”, escreveu Ricardo Vélez
Rodríguez.

Professor emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército, o novo


ministro é autor de vários livros, entre eles “Da Guerra à Pacificação”, um
estudo sobre como a Colômbia usou a Educação como instrumento de
pacificação no país em meio às disputas do narcotráfico. Ricardo Vélez
Rodríguez é colombiano de nascimento, mas já teria se naturalizado
brasileiro.

A indicação do filósofo entra na conta do prestígio de Olavo de Carvalho junto


à gestão Bolsonaro. Olavo havia indicado Ernesto Araújo para o Ministério
das Relações Exteriores. E foi seu candidato quem “venceu a disputa” para o
MEC, que chegou a ter Mozart Neves Ramos e Guilherme Schelb como fortes
candidatos (chegando a ser noticiados como ministros por vários veículos)
não gerou grandes surpresas, mas deve encontrar resistência em vários
setores da Educação.

"Velez é professor de Filosofia, mestre em Pensamento Brasileiro


pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, doutor em
Pensamento Luso-Brasileiro pela Universidade Gama Filho e pós-
Doutor pelo Centro de Pesquisas Políticas Raymond Aron, de Paris,
com ampla experiência docente e gestora"
Jair Bolsonaro em post no Twitter ao anunciar a indicação de Vélez
Rodríguez

Vídeo: https://www.youtube.com/embed/54-mdIQXdzE

Diálogo com o setor

NOVA ESCOLA procurou ouvir educadores e especialistas sobre a indicação


de Ricardo Vélez Rodríguez para o Ministério da Educação. A preocupação
com o diálogo que o novo ministro precisará estabelecer com diversos
setores da Educação foi unânime. “Todos nós temos viés ideológicos e a gente
percebe que o futuro ministro tem uma posição muito forte”, afirma Ernesto
Faria, diretor-fundador do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate
Educacional (Iede). “Mas ele vai ter que dialogar com vários atores que terão
visões diferentes da dele. É importante conseguir fazer um discurso mais
moderado, ter empatia em relação à posição das pessoas, para conseguir
fazer um MEC que dê suporte aos professores, às secretarias de Educação e
trabalhar mirando a garantia da aprendizagem dos alunos”.

Cláudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas


Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), tem uma visão menos
otimista. Para ela, haverá um endurecimento no discurso. “Normalmente um
presidente que assume depois de uma eleição polarizada tenta ter um
discurso de construção de pontes, que vai governar para todos – e os
ministros tendem a refletir essa linha. Mas dois dias antes de ele [Ricardo
Vélez Rodríguez] ser indicado, entrou em uma polêmica com Mario Sergio
Cortella sobre escolas militares. Ele fez isso de uma forma mais veemente. É
muito cedo para se ter certezas, mas creio que a tendência seja um pouco
mais confrontacional”, diz.

"Nos últimos anos, se construiu no Brasil um acordo grande sobre as


prioridades da Educação, que passa por cima de questões partidárias. Não é
uma pauta corporativista, são pessoas ligadas a diferentes partidos e setores
da sociedade que concordam em grandes questões, principalmente na
Educação Básica. Mesmo os mais conservadores dentro da Educação apoiam
determinadas pautas", lembra Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da
Educação. "Já é muito difícil fazer tudo isso com uma agenda coestabelecida, e
ela está sendo destruída", lamenta.

LEIA MAIS Influência do Escola sem Partido cresceu após eleições?

Andressa Pellanda, coordenadora de Políticas Educacionais da Campanha


Nacional pelo Direito à Educação, concorda. “Não será um ministro permeável
à participação da sociedade civil e da comunidade educacional na formulação
e no monitoramento das políticas públicas, e dá sinais de trazer uma agenda
que alia privatizações, militarizações e conservadorismos, diametralmente
contrária aos parâmetros constitucionais e previstos na LDB e no Plano
Nacional de Educação”.

“Aposto, para o MEC, numa política que retome as sadias propostas


dos educadores da geração de Anísio Teixeira, que enxergavam o
sistema de ensino básico e fundamental como um serviço a ser
oferecido pelos municípios, que iriam, aos poucos, formulando as
leis que tornariam exequíveis as funções docentes.”
Ricardo Vélez Rodríguez em post de seu blog

Prioridades da gestão

Os especialistas concordam que a Educação tem questões urgentes a serem


endereçadas: formação dos professores, evasão no Ensino Médio,
alfabetização, baixos índices de aprendizagem, Plano Nacional de Educação
(PNE), Base Nacional Comum Curricular (BNCC), entre outros.

A preocupação é que o novo ministro não sinaliza, em seus posts e vídeos nas
redes sociais, uma disposição para buscar a resolução dessas questões, e sim
atacar outros pontos, que não são unanimidade – e não têm evidências que
os sustentem.
“Em algumas questões, na Educação, é importante comprar algumas brigas:
aquelas que afetam a aprendizagem dos alunos. Existe, sim, muita coisa no
Brasil que merece aperfeiçoamento, e não haverá aperfeiçoamento sem
comprar algumas brigas”, aponta Cláudia Costin.

A questão, segundo ela, é a escolha das brigas que será feita a partir de
janeiro de 2019. “Comprar brigas só com a questão ideológica pode levar a
um desgaste, sem colocar nada no lugar”, resume Claudia. "Todas as
prioridades estabelecidas estão sendo substituidas pelo fantasma da
'doutrinação esquerdista e homossexual', coisas que não existem, mas que
acabaram se tornando importantes na politica atual", diz Janine.

LEIA MAIS A complexa engrenagem por trás do Enem

“O que mais me preocupa”, diz Ernesto Faria, “é o quanto o Ministério da


Educação vai olhar para evidências e pensar suas ações dentro do sistema
norteadas por evidências e dados. Se a gente olha o artigo que o Vélez
Rodríguez fez no dia 7 de novembro, ele não cita nenhum dado, nenhuma
informação do cenário atual da Educação no Brasil, ele fala de algumas
posições que ele acredita”.

Essas posições são, entre outras, a defesa da militarização das escolas, como
já mencionado por Cláudia Costin, o apoio ao Escola sem Partido e o
argumento de que o MEC deve interferir menos nos sistemas de ensino.

Salomão Ximenes, membro da Ação Educativa e professor de Políticas


Públicas da Universidade Federal do ABC (UFABC), critica o alinhamento com
o Escola sem Partido. “É uma plataforma de política educacional que traz
gravíssimos riscos para a Educação pública, na medida em que a
disseminação dessas estratégias de censura e perseguição aos professores
pode, na prática, destruir o ambiente pedagógico nas escolas e nas
universidades brasileiras”.

Mesmo na defesa do Escola Sem Partido, projeto de lei que está sendo
apreciado na Câmara dos Deputados, faltariam evidências no discurso que
deem sustentação à proposta. “Eles não estão trazendo dados relacionados a
essas questões, trazem posicionamentos”, afirma Ernesto. À frente do
Ministério da Educação, ele lembra que é responsabilidade da equipe de
Vélez Rodríguez checar se essas posições são corroboradas pelas evidências
existentes, mesmo que possam refutar “pontos que inicialmente tinham
como fortes para a gestão”. "Resta ver se esse ministro vai se cercar de gente
capacitada", reflete Renato Janine Ribeiro sobre o futuro do MEC.

* Colaborou Soraia Yoshida

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