*Movimentos fundamentais
Formam a seqüência típica das posições assumidas pelo feto durante o
trabalho de parto e o nascimento.
Descida
Refere-se ao movimento descendente do feto dentro do canal pélvico.
Na gestante primípara esse processo pode começar várias semanas antes do
trabalho de parto. Na multípara a descida em geral começa com o
encaixamento. Esse movimento descendente resulta de uma ou mais forças de
contração dos músculos abdominais, pressão do líquido amniótico, pressão
direta do fundo do útero contra o feto. A progressão desse movimento
descendente é descrita do seguinte modo:
Flexão
A resistência oferecida pela cérvice, pelas paredes pélvicas ou pelo
assoalho pélvico comumente flexiona a cabeça do feto. Quando a cabeça
estiver flexionada para baixo, de forma que o queixo repouse no tórax, o menor
diâmetro da cabeça passará pela pelve da gestante.
Rotação Interna
Ocorre durante o segundo estágio do trabalho de parto, às vezes
durante uma contração. Durante a rotação interna o diâmetro ântero-posterior
da cabeça alinha-se com o diâmetro ântero-posterior da saída pélvica. Quando
a cabeça encontra a resistência do assoalho pélvico, ela roda cerca de 45º à
esquerda da linha média da parede abdominal anterior. A rotação interna não
inclui qualquer movimento dos ombros. A impossibilidade do feto assumir uma
posição anterior, pode prolongar o trabalho de parto, devido à impossibilidade
do occipito fetal preencher adequadamente a cavidade pélvica ou exercer
pressão em torno do orifício cervical.
Extensão
A cabeça do feto permanece numa posição flexionada até passar sob a
sínfise púbica e chegar ao períneo. Em seguida é estendida à medida que o
nascimento prossegue, passando sobre o rebordo anterior do períneo.
Rotação externa
Quando a cabeça passa pelo períneo ela roda 45º e volta à posição
assumida originalmente durante o encaixamento. Esse movimento é conhecido
como restituição. Em seguida o feto roda mais 45º para assumir uma posição
transversal à medida que o nascimento progride. Esse movimento posiciona os
ombros alinhados com o diâmetro antero-posterior da pelve materna.
Expulsão
Quando os ombros tiverem saído, o restante do corpo é empurrado
facilmente para fora do períneo, seguindo o trajeto natural de passagem
pélvica.
Primeiro estágio
Fase de latência: precede o trabalho de parto ativo. Nas primíparas
essa fase dura em média 8,6 horas enquanto nas multíparas 5,8 horas.
Durante esse período há contrações irregulares, curtas e fracas e a cérvice
dilata 3 a 4 cm. A gestante pode referir cólicas abdominais e desconforto
lombar baixo. A gestante pode ficar em casa nessa fase.
Fase de transição: ocorre quando a cérvice está dilatada 8 a 10 cm.
Essa fase dura menos de 3 horas na primípara e menos de 1 hora na
multípara. Contrações que se estendem por 45 a 60 segundos ocorrem a cada
1 a 2 minutos. A gestante pode perder o controle das técnicas respiratórias e
sentir náuseas e vômitos.
Segundo estágio
Começa com a dilatação serviçal completa e termina com o
nascimento. Contrações intensas a cada 2 a 3 minutos com duração de 60 a 90
segundos. Para as primíparas esse estágio dura em média 1 hora enquanto
nas multíparas é de 24 minutos. Quando este estágio dura mais de 2 horas é
considerado anormal. É caracterizado pelo aumento do sinal de sangue pela
ruptura das membranas, pela pressão retal intensa e pelo reflexo materno de
fazer força para baixo a cada contração. À medida que os lábios vaginais se
separam a cabeça aparece no orifício vaginal. Nesse momento a gestante deve
assumir um papel ativo e fazer força a cada contração. À medida que o feto se
aproxima do assoalho o períneo se abaúla.
Cabeça: para evitar lacerações maternas e lesões das estruturas
intracranianas do feto, o profissional deve controlar a velocidade que a cabeça
passa pelo períneo, e quando necessário aplicar pressão no períneo para
manter a flexão da cabeça e diminuir lacerações do períneo. Quando a cabeça
emerge deve-se aspirar faringe com uma seringa para retirar secreções que
estejam bloqueando as vias respiratórias. Deve-se checar a presença do
cordão umbilical em torno do pescoço do bebê. Deve-se pedir a gestante para
respirar suavemente e não fazer força para baixo. Se frouxo ele deve ser
desenrolado e se muito apertado pode haver hipóxia fetal, por isso o assistente
deve pinçar e cortar o cordão, desenrolando-o do pescoço antes que os
ombros saiam.
Ombros: após a rotação externa da cabeça, os ombros passam pela
saída pélvica. Sustentando a cabeça aplica-se pressão para baixo a fim de
liberar o ombro anterior, e depois aplica-se tração suave para cima, permitindo
a saída do ombro posterior.
Terceiro Estágio
Começa logo após o nascimento e termina com a separação e
expulsão da placenta. Podem ocorrer contrações fortes, porém menos
dolorosas. Sua freqüência diminui para uma a cada 5 minutos. Geralmente a
placenta sai cerca de 5 minutos após o nascimento do bebê. Após o
nascimento do recém-nascido, o útero consiste em uma massa sólida de
músculo, diminuindo significativamente de volume. O fundo de útero está
pouco acima do umbigo. Os sinais de separação da placenta são alargamento
do cordão umbilical, eliminação de sangue escuro pela vagina e sensação de
plenitude vaginal referida pela mãe.
A placenta pode ser expelida por dois mecanismos: no primeiro a parte
central da placenta separa-se da parede uterina antes das porções laterais,
permitindo a visualização inicial do lado fetal brilhante; ou pode ocorrer ao
contrário, de modo que se visualiza os cotilédones do lado materno, turvo.
Quarto Estágio
Começa com a liberação da placenta e estende-se pelas primeiras
quatro horas após o parto. É o período em que o corpo da paciente adapta-se
ao período pós-parto. Deve-se avaliar hemorragia puerperal, alterações nos
SSVV e retenção urinária.