Biologia
Vice-Presidente da República
Michel Miguel Elias Temer Lulia
Ministro da Educação
Aloizio Mercadante Oliva
Vice-Reitora
Maria de Fátima Freire Melo Ximenes
FICHA TÉCNICA
Diagramação
REVISÃO DE MATERIAIS Ana Paula Resende
Revisão de Estrutura e Linguagem Carolina Aires Mayer
Eugenio Tavares Borges Davi Jose di Giacomo Koshiyama
Janio Gustavo Barbosa Elizabeth da Silva Ferreira
Jeremias Alves de Araújo Ivana Lima
José Correia Torres Neto José Antonio Bezerra Junior
Kaline Sampaio de Araújo Rafael Marques Garcia
Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade
Thalyta Mabel Nobre Barbosa Módulo matemático
Joacy Guilherme de A. F. Filho
Revisão de Língua Portuguesa
Camila Maria Gomes
IMAGENS UTILIZADAS
Cristinara Ferreira dos Santos
Acervo da UFRN
Emanuelle Pereira de Lima Diniz
www.depositphotos.com
Janaina Tomaz Capistrano
www.morguefile.com
Priscila Xavier de Macedo
www.sxc.hu
Rhena Raize Peixoto de Lima
Encyclopædia Britannica, Inc.
© Copyright 2005. Todos os direitos reservados a Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – EDUFRN.
Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa do Ministério da Educacão – MEC
Sumário
Apresentação Institucional 5
A
Secretaria de Educação a Distância – SEDIS da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte – UFRN, desde 2005, vem atuando como fomentadora, no âmbito local, das
Políticas Nacionais de Educação a Distância em parceira com a Secretaria de Educação
a Distância – SEED, o Ministério da Educação – MEC e a Universidade Aberta do Brasil –
UAB/CAPES. Duas linhas de atuação têm caracterizado o esforço em EaD desta instituição: a
primeira está voltada para a Formação Continuada de Professores do Ensino Básico, sendo
implementados cursos de licenciatura e pós-graduação lato e stricto sensu; a segunda volta-se
para a Formação de Gestores Públicos, através da oferta de bacharelados e especializações
em Administração Pública e Administração Pública Municipal.
Para dar suporte à oferta dos cursos de EaD, a Sedis tem disponibilizado um conjunto de
meios didáticos e pedagógicos, dentre os quais se destacam os materiais impressos que são
elaborados por disciplinas, utilizando linguagem e projeto gráfico para atender às necessidades
de um aluno que aprende a distância. O conteúdo é elaborado por profissionais qualificados e
que têm experiência relevante na área, com o apoio de uma equipe multidisciplinar. O material
impresso é a referência primária para o aluno, sendo indicadas outras mídias, como videoaulas,
livros, textos, filmes, videoconferências, materiais digitais e interativos e webconferências, que
possibilitam ampliar os conteúdos e a interação entre os sujeitos do processo de aprendizagem.
Assim, a UFRN através da SEDIS se integra o grupo de instituições que assumiram
o desafio de contribuir com a formação desse “capital” humano e incorporou a EaD como
modalidade capaz de superar as barreiras espaciais e políticas que tornaram cada vez mais
seleto o acesso à graduação e à pós-graduação no Brasil. No Rio Grande do Norte, a UFRN
está presente em polos presenciais de apoio localizados nas mais diferentes regiões, ofertando
cursos de graduação, aperfeiçoamento, especialização e mestrado, interiorizando e tornando
o Ensino Superior uma realidade que contribui para diminuir as diferenças regionais e o
conhecimento uma possibilidade concreta para o desenvolvimento local.
Nesse sentido, este material que você recebe é resultado de um investimento intelectual
e econômico assumido por diversas instituições que se comprometeram com a Educação e
com a reversão da seletividade do espaço quanto ao acesso e ao consumo do saber E REFLETE
O COMPROMISSO DA SEDIS/UFRN COM A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA como modalidade
estratégica para a melhoria dos indicadores educacionais no RN e no Brasil.
5
Comparando células
procarióticas e células eucarióticas
Aula
1
Apresentação
U
ma vez que você já aprendeu sobre a diversidade dos organismos vivos que habitam
a terra na disciplina de Biodiversidade (vegetais, animais, protozoários, algas, fungos
e bactérias), vamos então aprofundar nosso conhecimento a respeito de um desses
organismos, ou melhor, microrganismos que são as bactérias. O mundo microbiano é constituído
de bactérias, fungos, protozoários e algumas algas, mas as bactérias especificamente possuem
uma relação muito íntima conosco, pois elas estão dentro de nós, sobre nós e em toda parte
ao nosso redor. Você sabia que nosso corpo possui mais células bacterianas que as nossas
próprias células?
Objetivos
Identificar e comparar as células procarióticas e
1 eucarióticas.
G
raças ao microscópio eletrônico, foi possível classificar todas as células vivas em
dois grupos: procarioto e eucarioto. Essa ferramenta de estudo permitiu a observação
de diferenças marcantes nas estruturas internas das células. O termo procarioto é
proveniente das palavras gregas pro (antes) e karyon (núcleo), e o termo eucarioto das palavras
eu (verdadeiro) e karyon (núcleo), ou seja, as células eucarióticas possuem uma região interna
chamada de núcleo e as procarióticas não possuem esta estrutura. Assim, as bactérias e
as arquibactérias (bactérias primitivas) são seres unicelulares e procarióticos, e todos os
outros organismos vivos como vegetais, animais e ainda os protozoários, fungos e algas são
eucarióticos – revise as Aulas 7 (Protistas I: Microrganismos produtores), 9 (Fungos: seres
especiais), 10 (Biologia das plantas) e 13 (Diversidade animal I) da disciplina Biodiversidade.
Você percebe diferença entre as duas? Indique que tipo de diferenças você pode observar.
Membrana plasmática Lipídios e proteínas sem esteróis Lipídios e proteínas com esteróis
Esterol
...Por dentro
Membrana Celular: a membrana celular ou membrana plasmática das bactérias possui a
mesma estrutura geral da membrana das células eucarióticas. Essa estrutura separa o meio
interno (citoplasma) do meio externo. É constituída principalmente por fosfolipídios e proteínas
na seguinte proporção: duas camadas de fosfolipídios com as proteínas inseridas no centro
(proteínas transmembranas ou intrínsecas) ou mais frouxamente colocadas na superfície
interna e externa (proteínas periféricas) da camada de fosfolipídios. Como as proteínas estão
inseridas frouxamente e se movem dentro da camada de fosfolipídios, esse arranjo é chamado
de mosaico fluido. A principal função da membrana celular é selecionar o que entra e sai
da célula. Podemos dizer, então, que a membrana possui uma permeabilidade seletiva ou é
semipermeável. Também é importante na digestão de nutrientes e na produção de energia
(esse assunto será discutido na Aula 5).
Glicoproteína
Proteína
periférica
Grânulos de reserva: são locais onde as bactérias armazenam alguns nutrientes para serem
usados quando estiverem escassos no ambiente. Exemplos de nutrientes armazenados:
glicogênio, amido, lipídios, enxofre.
a b
Citoplasma Membrana
plasmática 1 3
Complexo 2
de Golgi Mitocôndria
Núcleo
Retículo
endoplasmático
rugoso
Nucléolo Retículo 4
endoplasmático
liso 5
Lisossomos
Baseado na leitura acima, indique o tipo de célula nas Figuras (a) e (b) e denomine as
estruturas numeradas na Figura (b).
Estrutura 1 ______________________________
Estrutura 2 ______________________________
Estrutura 3 ______________________________
Estrutura 4 ______________________________
Estrutura 5 ______________________________
N-Acetilglicosamina
L-alanina
D-ácido glutâmico
L-lisina
D-Alanina
Bactérias Gram positivas: nas bactérias chamadas Gram positivas, a parede é constituída
por muitas camadas de peptidoglicano, formando uma estrutura espessa e rígida. Dentro
dessa parede encontram-se inseridos dois compostos chamados ácido teicoico e lipoteicoico.
Essa estrutura está relacionada com a capacidade que algumas bactérias possuem de causar
doenças (veja na Figura 2 a parede celular de uma bactéria Gram positiva).
Bactérias Gram negativas: a parede das bactérias Gram negativas é um pouco diferente. É
constituída de poucas camadas de peptidoglicano, formando uma estrutura fina; externamente
ao peptidoglicano há uma membrana denominada como membrana externa (não confunda
essa estrutura com a membrana celular, vista anteriormente). Na membrana externa
encontram-se inseridos proteínas e um composto denominado de lipopolissacarídeo (lipídios
e polissacarídeos) ou LPS. Essa estrutura, assim como o ácido teicoico da parede das Gram
positivas, está relacionada com a capacidade de causar doença em humanos e animais. Entre
a membrana plasmática e a membrana externa existe um espaço denominado de espaço
periplasmático, local onde a bactéria armazena várias proteínas utilizadas para várias funções,
como obtenção de energia e transporte de substância para dentro da célula (veja na Figura 3
a parede celular de uma bactéria Gram negativa).
Lipoproteínas
Membrana externa
Peptidoglicano
Espaço periplasmático
Membrana
citoplasmática
Atividade 4
Observe novamente as diferenças existentes entre a parede celular de uma bactéria Gram
positiva e uma Gram negativa nas Figuras 2 e 3. Enumere as diferenças que você observou
entre as duas paredes.
Glicocálix: é um polissacarídeo que recobre a bactéria. Essa estrutura é utilizada para a bactéria
se fixar em uma superfície. Se o glicocálix estiver firmemente aderido à parede, ele é chamado
de cápsula, e quando está fracamente aderido é chamado de camada limosa.
Pili Fímbrias ou pili: São estruturas mais curtas e mais finas que os flagelos, também de natureza
é uma palavra oriunda do
proteica, utilizadas para a fixação da bactéria nas superfícies. Essa estrutura também pode ser
latim que significa pelo. utilizada para a bactéria fazer um contato físico com outra bactéria, à medida que os pili de
Pili é o plural de pilus. uma se ligam à superfície de outra (você verá mais detalhes sobre esse assunto na Aula 8).
Algumas bactérias não se separam depois que se dividem. As bactérias esféricas (cocos),
depois que se multiplicam, podem formar duplas (diplococos) ou cadeias (estreptococos).
Podem formar ainda tétrades (4 bactérias juntas), sarcinas (8 bactérias juntas) ou apresentam-
se em cachos, chamados estafilococos. Os bacilos também podem formar arranjos como
duplas (diplobacilos) ou cadeias (estreptobacilos), ou ainda podem ficar de forma isolada.
Coco
Cocobacilo
Vibrião
Bacilo
Espirilo
Espiroqueta
Diplococos
Bacilo único
Estreptococos
Tétrade Diplobacilos
Sarcinas
Estreptobacilos
Estafilococos
Figura 6 – (a) Os principais arranjos dos cocos; (b) os principais arranjos dos bacilos
Atividade 6
Observe as principais formas e arranjos das bactérias nas Figuras 5 e 6. Tente desenhar
as principais formas e arranjos dentro dos círculos abaixo.
Atividade 7
Faça uma pesquisa na internet sobre a espécie bacteriana produtora de endósporo
chamada Clostridium tetani e responda.
Autoavaliação
Quais são as principais diferenças entre as células procariótica e eucariótica?
1
Cite as principais diferenças na parede celular das bactérias Gram positivas e Gram
2 negativas.
Cite as estruturas externas à parede celular de uma bactéria com sua respectiva função.
3
Referências
BLACK, J. G. Microbiologia fundamentos e perspectivas. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora
Guanabara Koogan, 2002.
PELCZAR, M. J. et al. Microbiologia: conceitos e aplicações. São Paulo: Makon Books, 1996.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. I. Microbiologia. 8. ed. Porto Alegre: Editora
Artmed, 2005.
Aula
2
Apresentação
A
gora que você já tem conhecimento sobre a presença dos microrganismos em
praticamente todos os ambientes, vamos, então, aprender de que forma podemos
manipular e estudar melhor esses seres vivos. Você sabia que é possível cultivarmos
uma bactéria ou um fungo no laboratório? Sim, é possível. Porém, deve ser feito em um
ambiente adequado, com segurança e com equipamentos e técnicas específicas. Nesta aula,
você conhecerá o laboratório de Microbiologia, ou seja, o ambiente onde podemos cultivar
os microrganismos, as condutas de seguranças que devem ser tomadas para se trabalhar
em um laboratório e os materiais e equipamentos necessários para a manipulação dos
microrganismos com segurança.
Objetivos
Conhecer as normas de biossegurança para o laboratório
1 de Microbiologia.
Usar jaleco (bata) abotoado de mangas compridas. Protege as roupas do indivíduo, assim
como fornece uma proteção adicional ao corpo.
Usar protetor facial (máscaras). Protege a face contra o impacto de partículas sólidas,
líquidas, vapores etc.
Bata
Luvas
Sapato
Prender cabelos longos e retirar todos os acessórios pessoais como brincos, anéis,
relógios etc.
Todo material contaminado deve ser colocado em recipientes adequados. Nunca deve
ser deixado sobre a bancada.
Figura 2 – Becker: recipiente com ou sem graduação, Figura 3 – Balão de fundo chato: frasco destinado a
utilizado para o preparo de soluções, aquecimento de armazenar líquidos
líquidos etc
Figura 4 – Erlenmeyer: frasco utilizado para aquecer Figura 5 – Placas de Petri: recipiente redondo com
líquidos, para preparar soluções etc tampa rasa utilizado para distribuir meios de cultura
Figura 6 – Tubos de ensaio: utilizados para distribuir Figura 7 – Proveta graduada: frasco com graduações,
meios de cultura ou para efetuar reações químicas em destinado a medidas de volumes de líquidos
pequena escala
Figura 8 – Pipeta graduada: equipamento calibrado para medida precisa de volume de líquidos
Fonte: <www.casadolaboratorio.com.br/vidrar.html>.
Acesso em: 23 out. 2009.
Figura 9 – Meio de cultura em placas de Petri Figura 10 – Meio de cultura em tubo de ensaio
Fonte: <www.mbiolog.com.br/produto.php?id=43>.
Acesso em: 27 set. 2009.
Meios de cultura seletivos – São meios que possuem determinadas propriedades que
selecionam apenas o microrganismo desejado e impedem o crescimento de outros.
Por exemplo, na nossa pele habitam várias espécies de microrganismos. Se desejar isolar e
cultivar no laboratório somente uma espécie, posso passar uma haste flexível (mais conhecida
como “cotonete”) na pele e semeá-lo sobre um meio de cultura seletivo para a espécie que
desejo cultivar. Dessa forma, só vai crescer nesse meio aquela espécie que eu queria isolar.
Meios de cultura diferenciais – São meios que possuem propriedades na sua constituição
as quais permitem observarmos características diferencias de um microrganismo específico
quando esse cresce sobre o meio juntamente com outros. Se pensarmos no exemplo do item
Observação: será marcado um dia no seu polo para revermos esse assunto,
oportunidade em que você poderá conhecer diferentes tipos de meios de cultura.
Atividade experimental 1
Distribua dentro de recipientes rasos como uma tampa de pote de café ou tampa de
margarina, cobrindo o fundo do recipiente com uma camada rasa do meio.
Cubra as tampas contendo o meio de cultura com um pedaço de plástico e deixe descansar
por algumas horas.
Passe outro cotonete do lado de dentro da sua bochecha e contamine outra tampa
contendo meio de cultura.
Você pode improvisar uma estufa usando uma caixa de papelão e uma lâmpada
de 40 ou 60 Watts, como a da figura a seguir.
Fonte:<http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/pratica-pedagogica/
como-ensinar-microbiologia-426117.shtml>. Acesso em: 28 out. 2009.
Figura 16 – Bico de Bunsen: equipamento ligado a um botijão de gás que gera uma área de calor em volta da chama,
o que impede a entrada de microrganismos provenientes do ambiente
Fonte: <http://www.vetfacil.com/_/rsrc/1250170894255/Home/microbiologia-1/
Microbiologia-Veterinaria/laboratorio-de-microbiologia/equipamentos/bico-de-
bunsen/Bico%20de%20Bunsen.jpg>. Acesso em: 19 set. 2009.
Abra uma caixa de papelão e retire a tampa. Coloque a caixa deitada sobre uma
bancada e use uma lamparina ao invés do um bico de Bunsen (Figura 17). Se
você tiver como improvisar uma câmara asséptica como a da Figura 17, você
pode usá-la para distribuir nos recipientes o meio de cultura que você preparou na
Atividade experimental 1. O uso de um ambiente asséptico durante a manipulação
do seu meio de cultura evitará a contaminação com microrganismos do ambiente.
Figura 18 – Autoclave
Fonte: <www.ciencor.com.br/catalogo/paginas/autoclave.htm>.
Acesso em:7 out. 2009.
Fonte: <http://br.geocities.com/equipamentosodontolgicos/
estufa.htm>. Acesso em: 16 out. 2009 .
a b
c d
Autoavaliação
1 Cite as principais normas de segurança utilizadas no laboratório de Microbiologia.
3 Defina o termo “área de segurança” do bico de Bunsen e diga qual é a sua utilização.
Referências
OKURA, M. H.; RENDE, J. C. Microbiologia roteiros de aulas práticas. Riberão Preto: Editora
Tecmedd, 2008.
Aula
3
Apresentação
O
s microrganismos são chamados dessa forma porque são tão pequenos que não
podem ser visualizados ao olho humano. Uma bactéria, por exemplo, mede entre
0,5 e 2 micrômetros (µm
µm). Porém, existem várias estratégias para nos possibilitar 1 µm
a visualização dos microrganismos, como por exemplo, o uso de corantes para corar os Milionésima
parte do milímetro.
microrganismos e a utilização de lentes de aumento como as dos microscópios. Nesta aula,
você conhecerá várias dessas estratégias que possibilitam a visualização dos microrganismos.
Objetivos
1 Comparar as colorações simples e diferenciais.
Preparo das lâminas de vidro: as lâminas devem estar completamente livres de gordura, e para
isso devem ser lavadas com água e sabão, enxaguadas exaustivamente em água e deixadas
em um recipiente com etanol a 95%. Antes da utilização, as lâminas devem ser retiradas do
recipiente com uma pinça e secas com papel-toalha ou pano bem macio que não solte fiapos.
Exame a fresco
Cultura microbiana O exame a fresco consiste na deposição de uma gota de cultura microbiana entre uma
Crescimento de lâmina e uma lamínula de microscópio. A visualização microscópica a fresco é difícil devido ao
um microrganismo em tamanho reduzido dos microrganismos e ao fato de parecerem translúcidos, quando suspensos
um meio de cultura.
em um meio aquoso. Porém, é bastante útil para observar a viabilidade do microrganismo.
Alça
Bacteriológica
Lamínula
Lâmina
Cultura Microbiana
Cultura Microbiana
Atividade 1
Observando microrganismos vivos
Observação – Antes de iniciar essa atividade experimental, faça uma revisão a respeito das
normas de segurança e das manobras assépticas na Aula 2, “Trabalhando no Laboratório de
Microbiologia”. As Atividades 1, 5 e 6 desta aula são experimentais e devem ser realizadas no
seu polo de ensino.
Objetivo:
Materiais:
» Lâminas de microscópio;
» Lamínulas;
» Microscópios.
1) Flambe até ficar vermelha uma alça bacteriológica na chama de uma lamparina e deixe-a
esfriar próximo à chama.
2) Abra o tubo de ensaio contendo a cultura bacteriana próximo à chama, retire uma alçada
da cultura, deposite no centro da lâmina e então feche o tubo de ensaio; em seguida, flambe
a alça novamente antes de guardá-la.
5) Tente fazer um desenho dentro do círculo do que você observou na sua lâmina.
Colorindo os microrganismos
O uso de corantes para corar os microrganismos é uma estratégia bastante útil, pois faz
com que eles se destaquem contra seus planos de fundo, otimizando sua observação.
Tipos de corantes
Em Microbiologia, os corantes mais utilizados são os corantes catiônicos (positivamente
carregados) ou básicos e os aniônicos (negativamente carregados) ou acídicos. Os corantes
básicos, tais como o azul de metileno, o cristal violeta, a safranina e o verde de malaquita são
atraídos pelos componentes celulares que são negativamente carregados como, por exemplo,
a membrana plasmática. Já os corantes acídicos como a eosina e o ácido pícrico são repelidos
pela carga negativa da superfície dos microrganismos. Nesse caso, o microrganismo não é
corado e o corante fica depositado somente na lâmina.
Tipos de coloração
Em Microbiologia, são utilizados 2 tipos principais de coloração: a coloração simples
e a diferencial. Veja abaixo a definição de coloração simples e, mais à frente, a definição de
coloração diferenciada.
Coloração simples – utiliza apenas um único corante e revela os formatos básicos das células e
seus arranjos (revise sobre as formas e os arranjos bacterianos citados na Aula 1, comparando
células procarióticas e células eucarióticas). Alguns dos corantes mais utilizados nesse tipo
de coloração são azul de metileno, safranina e o cristal violeta. Esse tipo de coloração pode
ser positiva ou negativa.
Coloração simples positiva – Usa-se um corante básico (carregado positivamente), o qual vai
impregnar a superfície celular da célula (carregada negativamente). É útil para se constatar a
presença de microrganismos em alguma amostra ou substrato. Acompanhe os passos dessa
técnica na Figura 2.
Figura 2 – Coloração simples positiva. a) Adicionar o corante sobre a lâmina contendo uma alçada de cultura; b) lavar a
lâmina com água; c) secar a lâmina com papel toalha
c d
Figura 4 – Coloração simples negativa. a) Adicionar o corante sobre uma das extremidades da lâmina; b) adicionar
uma alçada da cultura microbiana sobre o corante; c) colocar uma outra lâmina sobre a cultura e o corante e deixar
que o material se espalhe na extremidade da lâmina inclinada; d) deslizar a lâmina inclinada sobre a outra lâmina,
espalhando a cultura e o corante de maneira uniforme
Fonte: Vermelho et al (2006)
Esfregaço a partir de uma cultura em meio líquido – com o auxílio de uma alça bacteriológica,
retira-se uma ou duas alçadas da cultura líquida e deposita-se sobre o centro de uma lâmina de
vidro. É necessário espalhar a cultura ao longo da extensão da lâmina com movimentos circulares.
Fixação do esfregaço pelo calor – Deixe que o material depositado na lâmina seque ao ar
totalmente antes de proceder com a fixação. A fixação pelo calor consiste em passar a lâmina
contendo o esfregaço 3 vezes sobre a chama do bico de Bunsen ou lamparina. A fixação do
esfregaço vai impedir que os microrganismos depositados sobre a lâmina sejam removidos,
quando submetidos ao processo de coloração. Veja na Figura 6 a preparação de um esfregaço
a partir de uma cultura líquida e de um meio sólido.
b e
c f
Fixação
Fixação
Figura 6 – Preparo do esfregaço para coloração. a e d) Adicionar as células bacterianas sobre o centro da lâmina
(quando as células forem provenientes de meio sólido, adicionar antes uma gota de solução fisiológica estéril);
b e e) espalhar o material depositado com a alça bacteriológica; c e f) fixação do esfregaço através da chama do
bico de Bunsen
Fonte: Vermelho et al (2006).
Atividade 3
Qual é a diferença na realização de um esfregaço a partir de uma cultura líquida
e de uma cultura sólida? Qual é a finalidade da fixação do esfregaço?
Atividade 4
Revise a Aula 1 a respeito da estrutura da parede celular das bactérias Gram
positivas e Gram negativas e, após a revisão, descreva as diferenças existentes
entre a parede celular desses dois tipos de bactérias.
Agora que você já relembrou a estrutura da parede celular das bactérias, podemos então
estudar a técnica de coloração de Gram e a de Ziehl-Neelsen.
Violeta
de genciana
Iodo
Álcool
Safranina
Atividade 5
Coloração de Gram
Objetivos:
» Lâminas de vidro;
» Alças bacteriológicas;
» Óleo de imersão;
» Microscópios ópticos.
Procedimentos:
1) Identifique o lado da lâmina em que você vai depositar a cultura fazendo uma marca com
lápis grafite sobre a extremidade fosca da lâmina;
3) Colete uma alçada ou mais da suspensão bacteriana e espalhe bem sobre a superfície da
lâmina com a própria alça bacteriológica;
4) Deixe o material secar sobre a lâmina, deixando-a próximo da chama do bico de Bunsen;
5) Passe a lâmina 2 a 3 vezes através da chama do bico de Bunsen para fixar o material
sobre a lâmina.
2) Despreze o excesso de corante no depósito apropriado e adicione lugol e deixe agir por
1 minuto;
9) Pingue uma gota de óleo de imersão sobre o esfregaço corado e observe ao microscópio
óptico utilizando a objetiva de 100×;
10) Faça um desenho dentro do círculo do que você observou na sua lâmina e depois
responda às perguntas a seguir.
A bactéria que você corou é Gram positiva ou Gram negativa? Justifique sua resposta.
1
Placa aquecedora
d e f
Figura 12 – Coloração de Ziehl-Neelsen. a) Adição da fucsina sobre o esfregaço e aquecimento em uma placa
aquecedora; b) lavagem do esfregaço com água; c) adição da solução de álcool-ácido; d) lavagem com água;
e) adição do azul de metileno; f) lavagem com água; g) secar com papel de filtro
Fonte: Adaptado de Vermelho et al (2006).
Objetivos:
Materiais:
» Microscópios ópticos;
» Óleo de imersão.
Procedimento:
3) Com o auxílio da chama do bico de Bunsen ou de uma placa aquecedora, aqueça a lâmina
pela sua parte inferior até que comece a desprender vapor, não deixando ferver nem secar.
Repetir essa operação até completar três emissões sucessivas. Porém, esse procedimento
deve demorar em torno de 5 minutos;
5) Lave a lâmina com a solução de álcool-ácido até não sair mais corante;
8) Despreze o corante;
11) Pingue uma gota de óleo de imersão sobre o esfregaço corado e observe ao microscópio
óptico utilizando a objetiva de 100×;
12) Faça um desenho dentro do círculo do que você observou na sua lâmina e responda às
perguntas a seguir.
Qual é a cor que a bactéria adquiriu após essa técnica de coloração? Justifique
1 sua resposta.
Autoavaliação
Diferencie a coloração simples da coloração diferenciada.
1
O que caracteriza um corante básico e um ácido?
2
Por que as bactérias Gram positivas ficam roxas e as Gram negativas ficam rosas
3 após a coloração de Gram?
OKURA, M. H.; RENDE, J. C. Microbiologia roteiros de aulas práticas. Riberão Preto: Editora
Tecmedd, 2008.
SILVA FILHO, G. N.; OLIVEIRA, V. L. Microbiologia manual de aulas práticas. 2. ed. Florianópolis:
Editora da UFSC, 2007.
Anotações
Aula
4
Apresentação
N
a Aula 1 (Comparando células procarióticas e células eucarióticas), você aprendeu a
caracterizar morfologicamente as células procarióticas. Agora, você irá aprender como
essas células crescem e quais os fatores nutricionais e físicos que determinam esse
evento. Quando falamos em crescimento microbiano, estamos nos referindo ao número e não
ao tamanho das células. Portanto, crescimento microbiano significa reprodução, ou seja, os
microrganismos se multiplicam e aumentam o número de suas células. Você perceberá que,
conhecendo as condições necessárias ao crescimento microbiano, podemos determinar como
controlar os microrganismos que causam doenças ou que degradam os alimentos, assunto
que você verá com mais detalhes na Aula 6 (Controlando os microrganismos). Podemos
também usar essa informação para estimular o crescimento de um microrganismo que estamos
particularmente interessados em cultivar. Você estudou o cultivo “in vitro” de microrganismos
na Aula 3 (“Vendo” o invisível). Enfim, nesta aula você conhecerá os fatores físicos e químicos
necessários para os microrganismos crescerem e se estabelecerem em um dado ambiente.
Objetivos
Conhecer as exigências nutricionais para o crescimento
1 microbiano.
D
e todos os organismos vivos, os microrganismos são os mais versáteis e diversificados
em suas exigências nutricionais, ou seja, podem utilizar desde compostos químicos
simples, como CO2, até compostos orgânicos mais complexos, como carboidratos
e proteínas. Para se multiplicarem em um ambiente, os microrganismos devem encontrar
nesse ambiente todas as substâncias requeridas para a geração de energia e para a síntese
dos seus componentes celulares (Na Aula 5, Obtenção de energia para a vida microbiana,
você aprenderá como os microrganismos produzem energia). Esses elementos requeridos
são chamados de nutrientes e existem na natureza em uma grande variedade de compostos
inorgânicos e orgânicos.
Basicamente, cada microrganismo utiliza os nutrientes presentes no seu habitat natural.
Porém, quando são removidos do seu meio para serem cultivados em laboratório, é necessário
que se forneça esses mesmos nutrientes encontrados no ambiente natural. Consegue-se isso
através da utilização dos meios de cultivo (reveja a definição de meio de cultivo na Aula 2,
Trabalhando no Laboratório de Microbiologia). Veja abaixo os principais elementos químicos
necessários para o crescimento microbiano.
Carbono – é um dos elementos químicos mais importantes para o crescimento microbiano.
É o principal constituinte das três maiores classes de nutrientes orgânicos: os carboidratos, os
lipídeos e as proteínas. Esses compostos são usados como fonte de energia e servem como
unidade básica dos componentes celulares como parede celular, membrana citoplasmática
etc. Os microrganismos que utilizam compostos orgânicos e CO2 como sua principal fonte de
carbono são chamados de Heterotróficos e Autotróficos, respectivamente (você conhecerá
mais sobre esses termos na Aula 10, Os microrganismos auxiliam a (re)circulação da matéria
no planeta).
Nitrogênio – esse elemento é parte essencial dos aminoácidos, os quais formam as proteínas.
Ao contrário das células eucarióticas, algumas bactérias podem utilizar nitrogênio gasoso ou
atmosférico para a síntese celular por meio de um processo chamado fixação de nitrogênio
(você aprenderá mais sobre esse fenômeno na Aula 10). Outras utilizam compostos
nitrogenados inorgânicos, tais como nitratos, nitritos ou sais de amônia, e ainda podem utilizar
compostos nitrogenados orgânicos, tais como aminoácidos ou peptídeos.
Hidrogênio, Oxigênio, Enxofre e Fósforo – o hidrogênio e o oxigênio fazem parte de
muitos compostos orgânicos como, por exemplo, a glicose. O enxofre é necessário para
a biossíntese dos aminoácidos, como a cisteína, cistina e metionina. Esses aminoácidos
formarão as proteínas. O fósforo é essencial para a síntese de ácidos nucleicos (DNA e RNA)
e para a molécula de ATP. Esse último composto é muito importante para o armazenamento
e transferência de energia para a célula (você verá como os microrganismos sintetizam essa
molécula na Aula 5).
Atividade 1
Baseado no que você aprendeu sobre os fatores químicos necessário para o
crescimento microbiano, preencha o quadro a seguir.
NITROGÊNIO
HIDROGÊNIO
OXIGÊNIO
FÓSFORO
OLIGOELEMENTOS
Divisão binária – processo em que uma célula parental se divide em duas outras células
idênticas. Anteriormente à divisão, o conteúdo celular se duplica, e o cromossoma é replicado
(você verá detalhes da replicação do cromossoma bacteriana na Aula 7, (A genética dos
microrganismos). Nesse momento a célula parental aumenta, a membrana citoplasmática
se estende e os cromossomas recém-duplicados se separam. Após esse evento, ocorre
uma invaginação, formando um septo na membrana e na parede celular, dividindo a célula
parental em duas novas células idênticas. Algumas células não se separam completamente e
permanecem acopladas, formando arranjos em forma de cadeia, tétrades, duplas etc. (reveja
os diferentes tipos de arranjos que as bactérias podem formar na Aula 1). Veja na Figura 1 as
diferentes etapas da divisão celular.
Alongamento da célula
DNA
e replicação do DNA
Início da divisão da
parede celular e da
membrana plasmática
Separação
das células
Atividade 2
Faça um desenho esquemático das etapas da divisão binária de uma célula
procariótica e descreva o que acontece em cada etapa.
Fase lag – Essa fase é uma fase de adaptação do microrganismo ao meio. Ele não se
multiplica, porém, está em intensa atividade metabólica, ou seja, produzindo energia na forma
de ATP, enzimas e várias outras moléculas. Essa fase é também denominada de latência e o
tempo de duração depende das condições do meio e da espécie microbiana.
Fase log – É nessa fase que ocorre a divisão celular de fato e a população dobra de tamanho.
Cada espécie leva um tempo geneticamente determinado para se dividir e esse intervalo é
denominado de tempo de geração. Nessa fase, as células crescem em velocidade exponencial
ou logarítmica (log), ou seja, a população dobra a cada tempo de geração. Por exemplo, uma
cultura contendo 1.000 organismos com um tempo de geração de 20 minutos conteria 2.000
organismos após 20 minutos, 4.000 após 40 minutos e 8.000 após 60 minutos (1 hora).
Fase estacionária – Fase em que as novas células são produzidas com a mesma velocidade
com que as células antigas morrem e assim o número de células vivas permanece constante.
Fase de declínio (morte) – Nessa fase ocorre uma redução do número de células vivas,
pois muitas perdem a capacidade de se multiplicar e morrem. Isso ocorre porque o meio de
cultivo vai ficando cada vez mais desfavorável à multiplicação, pois os nutrientes se tornam
escassos e também há um acúmulo de resíduos tóxicos, originados pelo próprio metabolismo
microbiano. Veja na Figura 3 um gráfico representando uma curva de crescimento típica.
tempo em horas
Atividade 3
1 ______________________
3
2 ______________________
Nº de 2
células 4 3 ______________________
1
4 ______________________
Tempo
Atividade 4
Acidófilo
Alcalófilo
Atividade 5
Psicrófilos
Termófilos
2H2O2 Catalase 2H2O + O2
Peróxido de Água Oxigênio
hidrogênio
Efeito do oxigênio sobre Somente crescimento Crescimento aeróbico e Somente crescimento Somente crescimento
o crescimento aeróbico; necessidade de anaeróbico; aumento do anaeróbico; não há aeróbico; necessidade
oxigênio. crescimento na presença crescimento na presença de oxigênio em baixas
de oxigênio. do oxigênio. concentrações.
Explicação para os padrões Crescimento somente após Melhor crescimento nas Crescimento nas regiões Crescimento ocorre onde
de crescimento a difusão de altas regiões de maior onde não há oxigênio. uma baixa concentração
concentrações de oxigênio concentração de oxigênio, de oxigênio está difusa
para o meio de cultura. mas ocorre em todo o meio. no meio.
Explicações para os efeitos Presença das enzimas Presença das enzimas Ausência das enzimas que Produção de quantidades
do oxigênio catalase e superóxido catalase e SOD permite a neutralizam as formas letais das formas tóxicas
dismutase (SOD) permite a neutralização das formas tóxicas do oxigênio; não de oxigênio quando
neutralização das formas tóxicas de oxigênio; pode tolera oxigênio. expostos à atmosfera
tóxicas de oxigênio; pode usar oxigênio. normal de oxigênio.
usar oxigênio.
Pressão osmótica – Esse termo é definido como a pressão necessária para impedir o
Solução isotônica fluxo de água de um meio de maior concentração para um de menor concentração através de
quando a concentração de uma membrana semipermeável.
solutos é igual dentro e
fora da célula.
Os microrganismos retiram da água, presente em seu meio ambiente, a maioria dos seus
nutrientes solúveis. Portanto, eles necessitam de água para seu crescimento e seu conteúdo
celular é composto de cerca de 80 a 90% de água. Dessa forma, quando uma célula microbiana
Solução hipertônica está num meio aquoso, não devem existir grandes diferenças na concentração de solutos
quando a concentração de dentro e fora, ou as células poderiam perder água ou romper-se.
solutos do meio é maior
do que a do interior Quando uma célula está em uma solução isotônica, o fluxo de água para dentro e para
da célula. fora da célula está em equilíbrio e a célula cresce normalmente. Porém, a água presente
dentro da célula pode ser removida por elevações na pressão osmótica. Por exemplo, quando
uma célula microbiana se encontrar em uma solução hipertônica, ou seja, contendo uma
Hipotônico
concentração de solutos superior àquela do interior da célula, ocorrerá a passagem de água
Solução hipotônico: de dentro da célula para o meio através da membrana plasmática e o crescimento microbiano
quando a concentração de
solutos do meio é menor
será inibido. Esse fenômeno de perda de água pela célula é chamado de plasmólise. Ao
do que a do interior contrário, quando o meio é hipotônico contendo uma concentração menor de solutos, a água
da célula. flui para dentro da célula rompendo-a. Veja na Figura 5 uma célula em uma solução isotônica,
hipotônica e hipertônica.
Atividade 7
Baseado no que aprendeu, responda: por que você acha que salgando a carne,
ela dura mais tempo, mesmo fora da geladeira?
Entenda que os mesmos fatores que afetam o crescimento microbiano podem ser utilizados
como estratégias para controlar os mesmos, desde que você altere as condições ótimas de
cada fator. Por exemplo, quando colocamos um alimento na geladeira estamos impedindo
que os microrganismos mesófilos cresçam nesse alimento, pois esses microrganismos não
crescem na temperatura da geladeira, que é em torno de 4˚C.
Autoavaliação
Explique o que é crescimento microbiano.
1
Qual o significado do crescimento exponencial de uma cultura microbiana?
2
Discuta a utilização nutricional do carbono e do nitrogênio pelos microrganismos.
3
Descreva como os microrganismos aeróbios, anaeróbios e facultativos crescem em
4 meio de cultivo com ágar de camada alta.
O que é pressão osmótica e como ela afeta o crescimento das células microbianas?
7
PELCZAR, M. J. et al. Microbiologia: conceitos e aplicações. São Paulo: Makon Books, 1996.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. I. Microbiologia. 8. ed. Porto Alegre: Editora
Artmed, 2005.
Anotações
Aula
5
Apresentação
V
ocê estudou na Aula 4, Crescendo na diversidade, que o crescimento dos
microrganismos depende das condições ambientais. Dentre essas condições está
o suprimento de energia que os seres necessitam para seu metabolismo. Agora, Metabolismo
você vai se surpreender com a variedade de substratos e modos de obtenção de energia conjunto de todas as
reações bioquímicas que
utilizados pelos microrganismos.
ocorrem em uma célula ou
organismo.
Nesta aula, vamos identificar alguns desses substratos. Vamos também descrever
e distinguir os processos de obtenção de energia pelos microrganismos, que incluem a
fermentação, a respiração aeróbica e a respiração anaeróbica. Outro processo, a fotossíntese,
Substrato
será estudado posteriormente em outra aula. Ao final, você entenderá que os microrganismos
apresentam uma diversidade metabólica muito superior à dos organismos macroscópicos, substância ou material que
serve de base ou suporte.
como plantas e animais. Essa diversidade é uma fonte riquíssima de produtos a serem utilizados
Nesse caso, substrato
pelos humanos. Vamos descobrir! é a substância doadora
de elétrons no processo
de oxidação que fornece
energia para a célula.
Objetivos
Listar os tipos de substratos que podem ser utilizados por
1 microrganismos como fonte de energia.
Sua lista provavelmente contém algumas das seguintes atividades: mobilidade através do
movimento de flagelos; transporte de substâncias do meio para o interior da célula (absorção
de nutrientes) e da célula para o meio (excreção de resíduos e secreção de substâncias ativas);
reprodução; reparo de danos e manutenção da integridade celular; manutenção da pressão
Bioluminescência osmótica constante na célula; bioluminescência. Além de todas essas atividades, as células
A emissão de luz da
precisam de energia para a biossíntese de novas macromoléculas, que é o trabalho de maior
cadeia de transporte demanda energética da célula.
de elétrons de certos
organismos vivos (a
cadeia de transporte de
elétrons será vista mais
adiante no texto
dessa aula). Na biossíntese, moléculas orgânicas complexas são sintetizadas a partir de
moléculas mais simples. Exemplos de processos biossintéticos são a formação
de proteínas a partir de aminoácidos, ácidos nucleicos a partir de nucleotídeos
e polissacarídeos a partir de monossacarídeos. A síntese de macromoléculas é
necessária para a formação de componentes celulares, tais como parede celular,
membrana citoplasmática, flagelos, citoplasma etc.
Essas moléculas são formadas por adenina (uma base nitrogenada), ribose (um açúcar
com cinco átomos de carbono) e três grupos fosfato. O símbolo “~” representa uma ligação
de “alta energia”, que pode ser prontamente quebrada para liberar energia utilizável pela célula.
Quando o ATP se degrada em ADP e fosfato inorgânico, grande quantidade de energia química
é liberada para uso em outras reações químicas.
NH2
Adenina
N C
C N
HC
C CH
O– O– O– N N
–
O P~ O P~ O P O CH2 O
O O O H H Ribose
H H
HO OH
AMP
ADP
ATP
Atividade 2
A energia química das ligações de alta energia do ATP é liberada quando o grupo
1 fosfato terminal é retirado da molécula, resultando na formação de outro composto
com menos energia. Analise a Figura 1 e descubra qual é esse composto. Depois,
escreva seu nome completando a reação abaixo.
ATP → _______ + fosfato + energia
Agora, descubra qual é a reação geral de formação de ATP. Basta escrever a reação
2 inversa da anterior:
Redução
e–
A B A oxidada B reduzida
Oxidação
Figura 2 – Oxidação-redução
E quais são os processos através dos quais as células oxidam os substratos, extraindo
deles a energia que é transferida para o ATP? Os microrganismos produzem ATP oxidando
diferentes substâncias através da respiração ou fermentação. Na respiração, que pode ser
aeróbica ou anaeróbica, substâncias orgânicas ou inorgânicas podem ser fonte de energia,
dependendo do microrganismo. Na fermentação, a energia é retirada apenas de substâncias
orgânicas, ao passo que na fotossíntese a fonte de energia é a luminosa.
Atividade 3
Resuma na tabela a seguir as informações que você acabou de estudar.
Processo de
Microrganismos Origem da energia
obtenção de energia
Respiração aeróbica
Composto orgânico ou
Respiração anaeróbica
inorgânico
Fermentação
Bactérias verdes
Bactérias púrpuras
Fotossíntese
Cianobactérias
Algas
Respiração aeróbica
Veremos agora uma série de reações necessárias à respiração celular aeróbica, ou seja,
que ocorre apenas em ambientes onde o oxigênio está presente. A respiração aeróbica se dá
em três etapas, de forma semelhante em eucariotos (incluindo animais e plantas superiores)
e procariotos aeróbicos. Algumas diferenças existem. Vamos descobrir.
H
H O C H
H
H C O H
C O H H C
H O C C O H
H O H
Hidrogênio
Carbono
Oxigênio
Atividade 4
Analise a Figura 3 e complete a fórmula da molécula de glicose, indicando o número de
átomos de cada elemento:
C__H__O__
Redução
+ e–
H H
(próton)
H+
Na glicólise, duas moléculas de NADH são formadas para cada molécula de glicose
oxidada. E qual é a função do NADH? É a de carreador de elétrons ricos em energia. Você verá
adiante que a energia desses elétrons transportados pelo NADH é usada para a produção de
ATP na última etapa da respiração, chamada de cadeia respiratória (ou cadeia de transporte
de elétrons) e quimiosmose.
Atividade 6
Faça aqui uma relação dos produtos resultantes da glicólise, a primeira etapa da
1 respiração. Considere o número de moléculas resultantes para cada molécula de
glicose que entra no processo.
1.
2.
3.
2 NADH 2 ATP
+2H + 2 Ácido
pirúvico
2 NADH 2 CO2
+2H +
2 Acetil CoA
Passo preparatório
6 NADH
CICLO DE
+6H + 4 CO2
KREBS
2 FADH2
6 CO2
(Total)
+10H +
10 NADH2
2 FADH2
(Total) 2 ATP
Elétrons
34 ATP
Cadeia de
transporte 6 O2 + 12H +
de Elétrons e
Quimiosmose 6 H2O 38 ATP
(Total)
Com a formação da molécula de acetil Co-A, tem início de fato o ciclo de Krebs.
As próximas etapas envolvem um ciclo de reações complexas, onde a molécula orgânica (agora
na forma de acetil Co-A) continua sendo degradada. Os dois átomos de carbono que restaram
da molécula de glicose são extraídos das moléculas de acetil Co-A e liberados da célula na
forma de CO 2 (Figura 5).
Atividade 7
Baseado no que você aprendeu, indique na tabela a seguir os números de átomos
1 de carbono em cada produto formado nas sucessivas etapas da respiração celular
tendo a glicose como substrato inicial.
Acetil coA
CO2
Igualmente ao que aconteceu na glicólise, elétrons ricos em energia são retirados do piruvato
e do acetil Co-A, e imediatamente transferidos para as moléculas transportadoras, NAD + e
FAD
FAD, que são então convertidas em NADH e FADH 2, respectivamente (veja a Figura 5).
Abreviação do
As moléculas de NADH e FADH2 produzidas na etapa preparatória e no ciclo de Krebs terão
nome da molécula
o mesmo destino daquelas produzidas na glicólise. Ou seja, os elétrons transportados por transportadora de
essas moléculas serão usados para a produção de ATP na última etapa da respiração, a cadeia elétrons chamada
flavina adenina
respiratória, que veremos adiante. As reações do ciclo de Krebs produzem ainda duas moléculas
dinucleotídeo (forma
de ATP para cada molécula de glicose que entra no processo de respiração (veja a Figura 5). oxidada).
1.
2.
3.
4.
Energia H2O
Oxidação
2 Alta concentração de H +
H+ H+
Cadeia de
transporte de Membrana
elétrons (inclui Citoplasmática
bomba de prótons)
ATP
1 sintase
ADP + P
Energia de
luz solar ATP
ou NADH
Baixa concentração de H +
Figura 6 – Cadeia de transporte de elétrons. O diagrama na lateral indica a relação da cadeia de transporte de elétrons com o processo
total da respiração
Atividade 9
Analise a Figura 7 a seguir e descubra que diferenças são essas. Depois, escreva suas
conclusões no espaço abaixo.
Procariotos
Eucariotos
Glicose
Glicose
Glicólise ATP
Glicólise ATP NADH
NADH
Piruvato
Piruvato Mitocôndria
CO2
CO2 Ciclo NADH
Ciclo de Krebs FADH2
NADH
de Krebs FADH2 ATP
ATP
Assim como a respiração aeróbica, o processo anaeróbico também conta com uma
cadeia de transporte de elétrons para gerar ATP. Para as bactérias anaeróbias, o aceptor
final de elétrons é geralmente inorgânico, embora compostos orgânicos (por exemplo, uma
substância orgânica chamada fumarato) também podem funcionar como aceptor de elétrons
na cadeia respiratória. Alguns exemplos podem ser vistos a seguir.
Tabela 1 – Exemplos de procariotos que usam compostos diferentes do O2 na respiração
Pseudomonas NO3–
Desulfovibrio SO42–
Methanococcus CO2
Atividade 12
Você recorda quais são os produtos formados durante a glicólise? Escreva-os aqui.
a Glicólise
Respiração Glicose
Glicólise NADH
NADH
ATP
2 NAD + 2 ADP
2 NADH 2 ATP
Ciclo de Krebs
2 Ácido pirúvico
Cadeia de Formação de
transporte de
elétrons e quimiosmose produtos finais
da fermentação
b
Ácido pirúvico
Ácido lático Etanol Ácido propiônico, Ácido butírico, Etanol, Etanol, ácido lático,
ácido acético, butanol, ácido lático, ácido fórmico,
Produtos Finais e CO2 acetona, ácido succínico, butanodiol,
da Fermentação CO2 e H2 álcool isopropílico ácido acético, acetoína,
e CO2 CO2 e H2 CO2 e H2
Figura 9 – Representação do processo de fermentação. O diagrama indica a relação da fermentação e da respiração. a) Visão geral da
fermentação. b) Produtos finais de várias fermentações microbianas
Leituras complementares
http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/bitstream/handle/mec/2701/cadeia%20
transportadora_ATPsintase.swf?sequence=1
http://cienciahoje.uol.com.br/105458
Os segredos da fermentação: este artigo da revista Ciência Hoje fala sobre a importância
do estudo da levedura Saccharomyces cerevisiae, envolvida no processo de fermentação da
cachaça de alambique no Brasil. Na parte de baixo da página, há um ícone que disponibiliza
o artigo completo.
http://cienciahoje.uol.com.br/147455
Álcool mais limpo: neste outro artigo da revista Ciência Hoje, você vai encontrar uma
matéria que retrata uma nova técnica de fermentação do álcool derivado da cana-de-açúcar,
que garante mais economia para as usinas e reduz o risco de danos ao meio ambiente.
Autoavaliação
Um dos objetivos desta aula foi fazer você identificar a diversidade de substratos
energéticos usados por microrganismos e descrever os respectivos processos de obtenção
de energia. Faça os exercícios abaixo para atestar se esses objetivos foram alcançados.
Respiração aeróbica
Respiração anaeróbica
Fermentação
Referências
BARBOSA, H. R.; TORRES, B. B. Microbiologia básica. São Paulo: Ed. Atheneu, 2005. 196p.
BRIGGS, B. et al. Teaching cellular respiration & alternate energy sources with a laboratory
exercise developed by a scientist-teacher partnership. The American biology teacher,
Washington, v. 71, n. 3, p. 164-167, 2009.
MADIGAN, M.T.; MARTINKO, J. M.; PARKER, J. Microbiologia de Brock. São Paulo: Prentice
Hall, 2004.
TORTORA, G.J.; FUNKE, B.R.; CASE, C.L. Microbiologia. 6. ed. Porto Alegre: Ed. Artmed,
2000, 827p.
Aula
6
Apresentação
O
s microrganismos estão relacionados à transmissão de doenças, decomposição de
alimentos e contaminação da água e do ambiente. Portanto, eles estão diretamente
relacionados às atividades humanas. Assim, o bem-estar da humanidade depende em
grande parte do controle que se possa ter sobre a população dos microrganismos com vistas
à prevenção desses problemas. Nesta aula, estudaremos como é possível prevenir e evitar a
proliferação exagerada dos microrganismos por meio de métodos físicos e químicos e como,
ainda assim, eles utilizam estratégias para resistir a esses modos de controle.
Objetivos
Descrever os principais métodos físicos usados para
1 controlar o crescimento de microrganismos.
T
odos nós e, em especial, muitos profissionais da área da saúde, estamos frequentemente
expostos a microrganismos potencialmente causadores de doenças. Como você já sabe,
de um modo geral, os microrganismos são capazes de sobreviver em ambientes com
diversas condições físicas. Entretanto, existe uma limitação dessa capacidade de sobrevivência
de um determinado microrganismo em um meio ambiente com condições desfavoráveis. É
com base nesse fato que o homem desenvolveu estratégias para o controle de microrganismos.
Atividade 1
Você conhece alguma forma que utilizamos no dia a dia para matar
microrganismos? Cite-as.
O trabalho de Pasteur influenciou o cirurgião inglês Joseph Lister, que aplicou a teoria
dos germes de Pasteur nos procedimentos cirúrgicos. Fundou, assim, a cirurgia moderna, com
antissepsia. Para desinfetar o ambiente cirúrgico, Lister passou a utilizar uma solução de ácido
fênico (fenol), a qual era pulverizada em torno da sala de operação com um pulverizador de mão.
Figura 2 – Cirurgia no século XIX utilizando o pulverizador de Lister com ácido carbólico.
Fonte: <http://www.textbookofbacteriology.net/earlysurgery.jpg>.
Acesso em: 28 out. 2009.
Atividade 2
O controle do crescimento microbiano pode ser feito por meio de técnicas que inibem
o crescimento, matando os microrganismos ou removendo-os de um ambiente. Assim, os
agentes antimicrobianos podem ser divididos em agentes que matam os microrganismos,
ou bactericidas, e agentes que inibem o seu crescimento, ou bacteriostáticos. Esse controle
geralmente envolve o uso de agentes físicos ou químicos. Um bactericida mata bactérias, um
fungicida mata fungos, e assim por diante.
A esterilização pode ser realizada por vários métodos, como veremos a seguir.
Incineração
Ebulição
Submissão do objeto contaminado a 100 °C por 30 minutos. Elimina tudo, exceto alguns
endósporos. Para matar endósporos e, portanto, esterilizar uma solução, um tempo muito
longo (> 6 horas) de ebulição é necessário.
Fonte: <http://www.autoclaves-india.com/autoclaves_india/images/autoclaves_high_
pressure_4b.gif>. Acesso em: 28 out. 2009.
A autoclave é uma panela de pressão grande, que opera por meio de vapor sob pressão
como agente esterilizante. A maior parte do poder de aquecimento do vapor vem de seu calor
latente de vaporização. Essa é a quantidade de calor necessária para converter o vapor de
água fervente. O calor úmido é utilizado para matar os microrganismos porque ele causa a
desnaturação de proteínas essenciais na célula microbiana.
Pasteurização
Durante a pasteurização do leite, por exemplo, para ter resultados satisfatórios, o líquido é
aquecido a 71°C durante 15 segundos, e logo depois é rapidamente resfriado. A pasteurização
prolonga a vida útil de um produto e reduz o nível de patógenos nele presente. O processo é
chamado de pasteurização rápida.
Radiação eletromagnética
É uma forma eficaz para esterilizar ou reduzir a carga microbiana de quase qualquer
substância. O forno de micro-ondas, a radiação ultravioleta (UV), os raios X, os raios gama e
elétrons são utilizados nesse processo, embora cada tipo de radiação tenha um mecanismo
específico de ação. A radiação ultravioleta (UV), que não penetra sólidos, é útil para a
desinfecção de superfícies, do ar e líquidos que não absorvem as ondas UV. Os raios gama e X,
que são mais penetrantes, são mais difíceis e caros, mas têm sido utilizados na conservação
de alimentos e outros processos industriais.
Atividade 3
Sabendo que a radiação gama inativa enzimas autocatalíticas, que participam do
processo de degradação natural, pesquise e descreva brevemente em que esse
tipo de radiação tem sido muito usado.
Controle de microrganismos
por agentes químicos
Antimicrobianos são substâncias químicas que matam ou inibem o crescimento de
microrganismos. Agentes antimicrobianos incluem conservantes químicos e antissépticos,
bem como drogas usadas no tratamento de doenças infecciosas de animais e plantas. Os
agentes antimicrobianos podem ser de origem natural ou sintética e podem ter um efeito
estático ou mortal sobre microrganismos.
Fonte: <http://mdemulher.abril.uol.com.br/imagem/saude/interna-
slideshow/gripe-suina-maos-alcool.jpg>. Acesso em: 28 out. 2009.
Fonte: <http://www.sanol.com.br/v4/media/imgs/marcas_proprias/familia_
comprebem.jpg>. Acesso em: 28 out. 2009.
Atividade 4
Atenção! Esta atividade deve ser feita em regime presencial. Dirija-se ao seu
polo de ensino para realizá-la.
A seguir, apresentamos alguns procedimentos práticos com objetivo de que você verifique
como essa ação ocorre. Lembre-se de observar as recomendações sobre o trabalho em
laboratório de Microbiologia que você viu na Aula 2 (Trabalhando no laboratório de Microbiologia).
Procedimentos
1) Pegue uma placa de Petri contendo ágar e divida em 4 partes iguais. Utilize, para isso,
uma caneta de retroprojetor, fazendo a divisão na parte de baixo da placa.
2) Identifique cada quadrante com os termos: Controle (C), Mão Suja (MS), Detergente (Det),
Álcool 70% (Al). Prepare a placa seguindo o esquema abaixo.
C MS
Det Al
3) No quadrante identificado como “Mão Suja”, você deve encostar o dedo (sem lavar) por
alguns segundos, fazendo leve pressão.
4) Em seguida, lave as mãos com detergente, seque-as ao ar livre e encoste o mesmo dedo
no quadrante do ágar identificado como “Detergente” por alguns segundos.
5) Agora, lave as mãos com álcool, seque-as e encoste o mesmo dedo no quadrante do ágar
identificado como “álcool” por alguns segundos.
Após, no mínimo, 24 horas, faça a leitura dos resultados encontrados na placa, de acordo
com o que se pede a seguir:
Crescimento Bacteriano
– + ++ +++ ++++
Controle
Mão Suja
Placa I
Detergente
Álcool 70%
– sem crescimento microbiano; + crescimento microbiano. Estabeleça um critério de quantidade de colônias para atribuir a simbologia +, ++, +++ ou ++++
ao crescimento.
a) Qual a diferença entre o controle e os outros campos da placa? Por que isso
ocorre?
Atenção! Quem trabalha com microrganismos tem que estar sempre atento:
deve-se evitar a contaminação do material com contaminantes, assim como
evitar espalhar microrganismos por todo o laboratório.
Desse período em diante, esses fungos passaram a ser cultivados em laboratórios para
a produção em escala industrial de antibióticos que atacavam microrganismos que o sistema
imunológico humano não conseguia eliminar sozinho. Graças a esses medicamentos, doenças
infecciosas como a pneumonia, a sífilis, a gonorreia e a tuberculose puderam ser tratadas,
deixando de ser fatais. Durante a Segunda Guerra Mundial, a penicilina salvou a vida de milhões
de soldados feridos nos campos de batalha, permitindo também que a expectativa de vida da
época aumentasse.
Fonte: <http://www.cienciapt.net/noticias/imagens/novas/
Fleming.jpg>. Acesso em: 28 out. 2009.
Síntese de RNA
ADN
ARNm
Ribosomas
50 50 50
30 30 30
H
R N S
O N
O
OH
O
O problema não consiste apenas em encontrar novos antibióticos para combater doenças
devido ao surgimento de bactérias resistentes. Há também uma necessidade paralela de
se encontrarem novos antibióticos para combater doenças novas, as chamadas doenças
emergentes. Nas últimas duas décadas, muitas “novas” doenças bacterianas foram descobertas.
Isso aumenta muito a nossa responsabilidade no uso adequado de antimicrobianos.
Autoavaliação
1 Qual a diferença entre um antisséptico, um desinfetante e um antibiótico?
Referências
CONTROL of microbial growth. Disponível em: <http://textbookofbacteriology.net/kt_toc.html>.
Acesso em: 28 out. 2009.
MADIGAN, M. T.; MARTINKO, J.; PARKER, J. Microbiologia de Brock. 10. ed. São Paulo:
Prentice-Hall, 2004.
MURRAY, Patrick R.; PFALLER, Michael A.; ROSENTHAL, Ken S. Microbiologia médica. 5. ed.
Rio de Janeiro: Ed. Elsevier, 2006.
TORTORA, G. J.; FUNK, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 8. ed. Porto Alegre: ArtMed, 2005.
Sanitização: processo que leva à redução dos microrganismos, em níveis seguros, de acordo
com os padrões de saúde pública (elimina 99,9% das formas vegetativas).
Bactericida: agente que mata as bactérias. Similarmente, temos fungicida (fungos), viricida
(vírus) e esporocida (esporos).
Aula
7
Apresentação
Você já aprendeu nas aulas anteriores que os microrganismos são muito versáteis
metabolicamente. Eles conseguem se adaptar a ambientes diversos devido a sua capacidade
de utilizar compostos muito variados como fonte de energia para o seu desenvolvimento.
Objetivos
Identificar as propriedades genéticas de organismos
1 procarióticos.
E
m algumas disciplinas já vistas, como Biodiversidade e História da Biologia, foram
introduzidos alguns aspectos da genética, notadamente no que se refere a organismos
eucarióticos. Esse tema será retomado em outros momentos, de forma mais
sistematizada, mas você deve se lembrar que os genomas desses organismos têm múltiplos
cromossomos e os descendentes formados possuem diferenças uns dos outros.
O que ocorre em procariotos é bem diferente disso, como veremos nesta aula. Bactérias
e vírus podem produzir uma geração de indivíduos em questão de minutos, e todos os
organismos de uma mesma geração são, em princípio, geneticamente idênticos, constituindo
populações de clones. Isso os torna muito interessantes para os pesquisadores que tentam
compreender processos genéticos, pois, por serem “mais simples”, eles crescem em grande
número e de maneira controlada em laboratório, facilitando o seu uso em estudos que podem
ter várias aplicações na compreensão do comportamento genético de outros organismos mais
difíceis de serem estudados, por exemplo.
Você deve ter observado que a célula procariótica não dispõe de uma membrana típica,
ao contrário de célula eucariótica. Nesta, o material nuclear encontra-se envolvido por uma
membrana que se conecta com o citoplasma.
Nos vírus, que não são células, mas são considerados entidades biológicas exatamente
por possuírem material genético, dentre outras características, o genoma está contido no
interior de uma capa de proteínas chamada capsídeo.
As bactérias também podem conter material genético em outras estruturas que não
o cromossomo. Algumas bactérias possuem moléculas de DNA de fita dupla menores
que o cromossomo e que podem se replicar independente dele. Essas moléculas são
chamadas plasmídeos.
Principais plasmídeos:
plasmídeos F (conjugação);
plasmídeos R (resistência);
plasmídeos de virulência;
plasmídeos colicinogênicos;
Atividade 2
Pesquise na internet ou em livros disponíveis nos polos (se for o caso) sobre a função
dos plasmídeos R e dos plasmídeos de virulência.
Função: Função:
Nos vírus, o genoma é muito diversificado e pode conter DNA ou RNA, como você pode
observar nas Figuras 6 e 7 a seguir.
Parvovirus Hepadnavirus
Papovavirus
Poxvirus
Adenovirus
Herpesvirus
Iridovirus 100 nm
Togavirus
Rhabdovirus
Picornavirus
Orthomyxovirus
Bunyavirus
Coronavirus
Reovirus
100 nm
Paramyxovirus
Retrovirus
Arenavirus
DNA
(c)
(d)
NH2
Ribossomo
Aminoácido (ativado)
as quatro bases que formam o DNA são adenina, timina, guanina e citosina;
as duas bandas de DNA são antiparalelas uma à outra, ou seja, uma banda “corre” na
direção 5´ - 3´ e a outra corre na direção 3´- 5´;
a síntese de DNA é semiconservativa, ou seja, cada nova molécula conserva uma das
cadeias antigas.
Figura 10 – Estrutura molecular do DNA (a cadeia dupla enrolada em si mesma formando uma hélice)
Fonte: <http://4.bp.blogspot.com/_R-rTvAicCNQ/SeLIakiR-DI/AAAAAAAABso/3ATUbN92iGs/s400/
como_funciona_o_dna_06.jpg>. Acesso em: 6 out. 2009.
Atividade 3
Analise a figura a seguir e explique por que as etapas do fluxo genético em uma célula
eucariótica (como no caso da figura) são diferentes em relação a uma célula procariótica, em
termos espaciais.
Origem da replicação
ACGTACGTACGT TGCATGCATGCA
TGCATGCATGCA ACGTACGTACGT
Inserção do transposon
(c)
ACGTACGTACGT TGCATGCATGCA CATGC
GTACG TGCATGCATGCA ACGTACGTACGT
Os microrganismos e genética
O uso cada vez mais intenso de microrganismos na genética deu um novo impulso à
ciência da hereditariedade. Isso foi um marco decisivo para o desenvolvimento dessa área,
porque os microrganismos possuem excelentes qualidades para os estudos genéticos.
Eles apresentam, em geral, um ciclo de desenvolvimento rápido, facilitando assim o estudo
da transmissão de características hereditárias em um curto período de tempo. Como são
microscópicos, podem ser cultivados em grandes densidades em um espaço pequeno. Sendo
organismos morfologicamente mais simples, é mais fácil, por meio deles, compreender os
mecanismos de herança das características genéticas.
Autoavaliação
Estabeleça as diferenças entre o cromossomo de uma célula eucariótica e procariótica,
1 descrevendo a organização do cromossomo bacteriano.
Referências
MADIGAN, M. T. Microbiologia de Brock. São Paulo: Pearson Ed. Do Brasil, 2004. 589 p.
PELCZAR, M. J. et al. Microbiologia: conceitos e aplicações. São Paulo: Makron Books, 1996.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. I. Microbiologia. 8. ed. Porto Alegre: Editora
Artmed, 2005.
TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia. 4. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2004.
Aula
8
Apresentação
A
s bactérias se reproduzem o tempo inteiro, o que faz com que variações genéticas se
espalhem rapidamente numa população. Existem dois processos gerais que originam
variações nos microrganismos: a mutação e a recombinação genética. Nesta aula,
você compreenderá como ocorrem esses processos e como, a partir deles, as modificações
acontecem, mais especificamente nas bactérias. Também estudaremos como os vírus podem
contribuir para as alterações genéticas nos genomas bacterianos.
Objetivos
Conhecer os processos de recombinação genética que
1 ocorrem nos microrganismos.
M
uitas bactérias trocam material genético entre si. Essa troca de DNA entre células
bacterianas permite o intercâmbio de genes e, consequentemente, de certas
características entre elas, o que leva ao aparecimento de cepas bacterianas antes
não existentes. Essa transferência de genes pode ser vantajosa para a bactéria receptora,
especialmente quando o DNA codifica mecanismos de resistência a antibióticos ou se o
gene novo permitir que a bactéria faça uso de um substrato antes não utilizado para sua
Inóspito
sobrevivência em um ambiente inóspito. O material genético transferido pode se integrar
Que não recebe com ao cromossomo da bactéria receptora ou manter-se de forma estável, como na forma de um
hospitalidade. Diz-se do
elemento extracromossômico, como um plasmídeo, que você já conheceu na aula anterior.
lugar onde não se pratica
a hospitalidade. Que não Pode ainda ser um material genético advindo de um vírus bacteriano (bacteriófago) e ser
agasalha, ou não protege; transmitido às células filhas, como veremos nesta aula.
que não serve para ser
habitado. Fonte: dicionário
Michaelis.
Atividade 1
Virulência
Capacidade de um
vírus ou bactéria de
se multiplicar dentro Relembre a Aula 7 (A genética dos microrganismos) e defina o que é um plasmídeo.
de um organismo,
provocando doença.
Fonte: dicionário
Houaiss da língua
portuguesa.
Atividade 2
Relembre a Aula 7, desenhe e descreva a estrutura do DNA.
1
Você acha que esses dois processos têm alguma importância para os seres vivos?
3 Por quê?
Fenotípicas: quando resultam das adaptações das bactérias ao ambiente. São reversíveis, não
se relacionando com alterações genéticas. Não são, portanto, transmissíveis.
1) Transformação
2) Conjugação
3) Transdução
Aquele estado em
que a bactéria deve
apresentar sítios de
superfície para a ligação
com o DNA da célula
doadora e apresentar
Moléculas de DNA livres a membrana em uma
Célula bacteriana condição que permita a
passagem desse DNA.
Cromossomo
+
Tratamento com
corrente elétrica
Atividade 4
Pesquise em livros ou em sites confiáveis (veja indicações de leitura
1 ao final da aula) e explique o processo de eletroporação.
De modo geral, consideramos que a conjugação pode ocorrer em bactérias Gram positivas
e Gram negativas (reveja a Aula 1, Comparando células procarióticas e células eucarióticas)
por diferentes mecanismos:
a b
Plasmídeo Pilus sexual
c d
Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/_iW5f4BaDqvw/SOpbR1v9yKI/AAAAAAAAAC8/iUj6iNPrtHk/s400/
conjuga%C3%A7%C3%A3o+bacteriana+08.jpg>. Acesso em: 14 out. 2009.
Atividade 5
No ciclo lítico, depois que um bacteriófago ou fago entra em uma bactéria, ele pode Lise
induzi-la a fazer cópias de si próprio. No fim desse processo, a bactéria infectada sofre lise
A lise é o processo de
e novos vírus são lançados no ambiente, como você pode ver na Figura 6 a seguir. Em A, o ruptura ou dissolução
vírus infecta uma célula bacteriana, injetando nela seu DNA. Em B, o DNA viral induz a célula da membrana
plasmática ou da
a replicar os genes virais. A etapa C mostra que partes dos vírus são formadas no interior da
parede bacteriana, que
célula bacteriana, para dar origem a novas partículas virais completas. Finalmente, em D, a leva à morte da célula
célula sofre lise e os vírus completos são liberados para o meio extracelular. e à liberação de seu
conteúdo.
Transdução generalizada: durante um ciclo lítico, pode haver a incorporação de DNA bacteriano
ao genoma viral durante a montagem dos vírus, ainda dentro da bactéria. Esse DNA poderá ser
transferido para outra bactéria, quando o vírus for liberado, após a lise bacteriana. Nesse tipo
de processo, o empacotamento de fragmentos de DNA da célula hospedeira pode ocorrer de
maneira acidental, gerando partículas denominadas partículas transdutoras, que correspondem
ao capsídeo viral contendo em seu interior DNA bacteriano. Embora não correspondam a novos
vírus, essas partículas transdutoras são capazes de se ligar por adsorção à superfície de outras
células bacterianas e levar a uma recombinação genética no DNA da célula hospedeira.
A+ B+
A+ B+
A+
B+
DNA do hospedeiro é quebrado em pedaços e
DNA e proteínas do fago são formados. Eventualmente, o DNA do profago, ao se deslocar do cromossomo
bacteriano, leva consigo parte do DNA da célula hospedeira.
A+
A+
A+ A+
- -
A B A- B-
Sem mutação
A B C
Ponto de mutação
Substituição de base Substituição de
uma base ou de muitas bases
A B C
Inserção
Deleção
perda de uma
ou de algumas bases.
A C
Autoavaliação
Em uma transformação, a célula receptora geralmente está morta. Explique essa
1 afirmativa.
Fonte: <http://web.educastur.princast.es/proyectos/biogeo_ov/2BCH/B5_MICRO_INM/T51_
MICROBIOLOGIA/ejercicios/Diapositiva5.GIF>. Acesso em: 7 out. 2009.
TORTORA, Gerard J.; FUNKE, Berdell R.; CASE, Christine L. Microbiologia. 8. ed. Porto Alegre:
ArtMed, 2005.
Anotações
Aula
9
Apresentação
V
ocê já deve ter compreendido que, de uma forma ou de outra, os microrganismos
influenciam as nossas vidas e, por isso, saber o que eles fazem no ambiente se torna
uma tarefa da maior importância. No entanto, por serem microscópicos e não poderem
ser visualizados a olho nu, a maioria das pessoas só consegue perceber a existência dos
microrganismos quando fica doente devido à ação de algum deles. Dessa forma, muitas
vezes só conhecemos seu lado negativo. Nesta aula, queremos demonstrar a diversidade
dos microrganismos, reforçando o fato de que somos afetados direta e diariamente, tanto de
forma positiva quanto negativa pelas atividades microbianas. Como você já viu, há milhares
de espécies de microrganismos que reciclam a matéria morta, fortalecendo as bases das
cadeias alimentares e contribuindo decisivamente para a composição e manutenção da vida
no planeta. Há também, uns poucos que causam doenças. Vamos conhecer agora quantos e
quais são os microrganismos.
Objetivos
Compreender a classificação dos microrganismos nos
1 Domínios da vida.
Figura 1 – Estromatólitos com 3,4 bilhões de anos descobertos por pesquisadores na Austrália
Foto: Abigail Allwood.
Atividade 1
Reveja as aulas iniciais da disciplina Biodiversidade e descreva como era a
atmosfera da Terra primitiva. Como os primeiros microrganismos obtinham
energia para sobreviver?
Avaliações comparativas entre grupos, com o uso de técnicas moleculares, têm revolucionado
os conceitos tradicionais de diversidade microbiana, e essas comparações permitem compreender
o papel das comunidades microbianas na manutenção da integridade dos ecossistemas.
Já percebeu como os
microrganismos são muito diversos em
todos os seus aspectos: aparência,
metabolismo, fisiologia e genética?
Você já sabe que podemos considerar a organização dos seres vivos de acordo com o
sistema de classificação dos três domínios. No Quadro 1 a seguir, estão estabelecidas, para
que você possa rememorar, as diferenças existentes entre esses três domínios.
DEFFERIBACTER
DOMINIO BACTERIA
FLAVOBACTERIAS CYTOPHAGA
ESPIROQUETAS
VERRUCOMICROBIOS
DEINOCOCCI BACTERIAS
BACTERIAS PLANTOMYCES/PIRELLA
VERDES
VERDES NO
DEL AZUFRE
DEL AZUFRE CHLAMYDIA
CYANOBACTERIA
THERMOTOGA
C
BACTERIAS
hG
Hig GC GRAM POSITIVAS
THERMODESULFOBACTERIUM Low
NITROSPIRA
AQUIFEX μ
δ
α
β PROTEOBACTERIAS
γ
Figura 5 – Cianobactérias
EURYARCHAEOTA MARINOS
CRENARCHAEOTA MARINOS
HALOBACTERIUM
Euryarchaeota
HALOCOCCUS ARCHAEOGLOBUS
NATRONOCOCCUS METHANOCAL
METHANOBACTERIUM DOCOCCUS
METANÔGENOS SULFOLOBUS
HALÓFILOS Crenarchaeota
METHANOTHERMUS
METHANOSACINA PYRODICTIUM
METHANOSPIRILLUM THERMOCOCCUS
THERMOPROTEUS
PYROCOCCUS
FERROPLASMA
METHANOPYRUS DESULFUROCOCCUS
PICROPHILUS
THERMOPLASMA
“Korarchaeota”
Com base em sua fisiologia, as Archaea podem ser organizadas em três tipos: metanogênicas
(produtoras de metano); halófilas extremas (que vivem em concentrações muito elevadas de sal)
e hipertermofílicas (que vivem em temperaturas muito elevadas). Além das características que
as distinguem das bactérias, como a ausência de peptidoglicano na parede celular, as Archaea
possuem outros atributos estruturais ou bioquímicos únicos que lhes permitem adaptar-se aos
seus habitats particularmente inóspitos.
Metanogênicas
São anaeróbios obrigatórios, não tolerando a exposição ao oxigênio. Ambientes
anaeróbicos incluem sedimentos marinhos e de água doce, pântanos e solos profundos,
o trato intestinal dos animais, e estações de tratamento de esgoto. São habitantes normais
do rúmen de vacas e outros animais ruminantes. O produto final de seu metabolismo, o gás
metano, acumula-se no seu ambiente, representando um dos gases do chamado efeito estufa.
Sabia que a vaca arrota cerca de 50 litros de gás metano por dia durante o
processo de ruminação?
Halofílicas
Vivem em ambientes naturais, como o Mar Morto, ou lagoas de evaporação da água
do mar, onde a concentração de sal é muito elevada. Esses organismos requerem sal para o
crescimento e não conseguem crescer a baixas concentrações de sal. Na verdade, as células
lisam a baixas concentrações de NaCl. Suas paredes celulares, ribossomos e enzimas são
estabilizados por Na+. São heterótrofos que respiram aerobicamente.
Hipertermófilas
Organismos que requerem uma temperatura muito alta (80 a 105 graus) para seu
crescimento. Suas membranas e enzimas são extraordinariamente estáveis em altas
temperaturas. A maioria destas Archaea exige enxofre elementar para o crescimento e algumas
são anaeróbias, utilizando o enxofre como um aceptor de elétrons para a respiração no lugar
de oxigênio. Hipertermófilas são habitantes de ambientes quentes, geralmente associados ao
vulcanismo, como fontes termais, gêiseres e fumarolas no Parque Nacional de Yellowstone e
outros lugares, fontes hidrotermais e rachaduras no fundo do oceano.
Parede celular: Ambos os tipos de bactérias normalmente têm paredes celulares que
cobrem a membrana plasmática, reforçando a célula. As paredes celulares das eubactérias
são formadas de um complexo estrutural chamado peptidoglicano, uma espécie de
malha que dá à parede celular das eubactérias grande força. As paredes das células das
arqueobactérias carecem de peptidoglicano.
Os protozoários
Protozoários são organismos eucariontes semelhantes a animais, não-fotossintetizantes
comuns em ambientes úmidos, incluindo o trato intestinal dos animais. A maioria dos
protozoários é móvel porque, uma vez que são predadores de outros microrganismos,
necessitam buscar e ingerir os alimentos. Alguns deles causam algumas doenças importantes,
como a malária e a doença de Chagas.
Fungos microscópicos
Os fungos são eucariontes não fotossintetizantes, geralmente móveis, que absorvem os
nutrientes diretamente do meio ambiente. O reino compreende também os cogumelos, bolores
e leveduras. As leveduras são unicelulares, e os bolores e cogumelos, apesar de terem uma
forma vegetativa multicelular, produzem esporos unicelulares.
Fonte: <http://textbookofbacteriology.net/themicrobialworld/Asp.nidulans.jpg>.
Acesso em: 17 dez. 2009.
Fonte: <http://wvlc.uwaterloo.ca/biology475/Emerging_Diseases/
Virus_hemorrhagic/ebola.jpg>. Acesso em: 16 dez. 2009.
Resumo
Nesta aula, pudemos conhecer a grande diversidade de microrganismos existente.
As diferenças entre os grupos procarióticos Archaea e Bacteria foram enfatizados.
Vimos que as Archaea compreendem grupos que vivem em ambientes extremos
e que as bactérias compõem a maior parte dos organismos, incluindo as
patogênicas. As características gerais dos grupos de protozoários, fungos e vírus
foram apresentadas.
Explique por que os vírus não são considerados microrganismos, embora sejam
3 estudados na área da Microbiologia.
Referências
CANHOS, V. P.; MANFIO, G. P. Recursos microbiológicos para biotecnologia. Disponível em:
<http://www.inpa.gov.br/~cpca/charles/pdf/Canhos-Manfio_Rec-biol_2001.pdf>. Acesso em:
16 dez. 2009.
MADIGAN, Michael T.; MARTINKO, John M.; PARKER, Jack. Microbiologia de Brock. 10. ed.
New Jersey: Prentice Hall, 2004.
SILVA, Alline Braga. A importância das bactérias para a vida. 2009. Disponível em: <http://
portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=1523>. Acesso em: 16 dez. 2009.
TORTORA, Gerard J.; FUNKE, Berdell R.; CASE, Christine L. Microbiologia. 8. ed. Porto Alegre:
ArtMed, 2005.
Aula
10
Apresentação
N
a Aula 5 (Obtenção de energia para a vida microbiana), estudamos alguns processos
através dos quais bactérias, arqueobactérias, fungos e protozoários obtêm a energia
necessária para suas atividades celulares. Nesses processos, os microrganismos
extraem a energia de substratos orgânicos ou inorgânicos, transferindo-a para o ATP. Agora,
veremos o processo que faltava para completarmos nossa compreensão sobre o metabolismo
microbiano: a fotossíntese.
Objetivos
Explicar o processo de fotossíntese realizado por
1 microrganismos procariotos, diferenciando-o daquele
que ocorre nas plantas e em algas.
V
ocê viu na Aula 6 (A diversidade (quase) invisível) e 7 (Protistas I – microrganismos
produtores) da disciplina “Biodiversidade” que os organismos autotróficos, como
plantas e microalgas, fabricam uma nova matéria orgânica que é posteriormente
consumida por seres heterotróficos. Através da fotossíntese, as algas produzem boa parte
do alimento que fornece suporte para o crescimento dos seres heterotróficos, incluindo animais
como peixes, crustáceos, dentre outros. A fotossíntese é o processo catabólico que sustenta
a síntese de grande parte da matéria orgânica do planeta e, além do seu papel de regulador da
concentração atmosférica de CO2 , é a fonte do O2 que respiramos.
Agora veremos que, além das algas, alguns procariotos também fazem fotossíntese,
usando esse processo para obterem energia (ATP), como você viu na Aula 5 dessa disciplina.
Atividade 1
Analise a Figura 1 a seguir e descreva resumidamente o processo de fotossíntese
1 em seres eucariotos.
Oxigênio Oxigênio
Glicose
Energia Solar
Esquema da Fotossíntese
Gás Carbônico
as cianobactérias
Analisando a Figura 1, você deve ter concluído que a fotossíntese consiste na fabricação
de glicose utilizando dióxido de carbono (CO2 ), água (H 2O) e minerais, sendo também
produzido oxigênio gasoso (O 2). Dizemos, então, que na fotossíntese ocorre a transformação
da energia luminosa em energia química, que é armazenada na glicose, o composto orgânico
produzido. Essa transformação entre formas de energia caracteriza a fotossíntese tanto em
eucariotos quanto em procariotos. Em ambos os grupos o processo fotossintético é dependente
de pigmentos fotossensíveis que absorvem a energia luminosa.
Figura 3 – Fotografias feitas através de microscopia eletrônica. a) Célula de uma cianobactéria evidenciando
tilacoides; b) Detalhe dos tilacoides na célula de cianobactéria
Algas
Cianobactérias
Bactérias verdes
Bactérias púrpuras
a
Fotofosforilação cíclica
Cadeia de ATP
transporte
de elétrons
Elétrons
excitados Energia para
(2 e–) produção
de ATP
Luz
Transportador de elétrons
Bacterioclorofila
b
Fotofosforilação acíclica Cadeia de ATP
transporte
de elétrons
Elétrons Energia para
excitados produção
(2 e–) de ATP
NADP+
Luz
NADPH
Clorofila
(2 e–)
H2O H+ + H+
1
—
2 O2
Atividade 5
Baseado no que você acabou de aprender, e com auxílio da Figura 4, complete o
quadro abaixo.
Oxigênica
Anoxigênica
A segunda etapa, caracterizada pelas reações escuras, pode ocorrer na ausência de luz, e
na maioria dos fototróficos elas são caracterizadas por uma série de reações em uma via cíclica
complexa chamada de ciclo de Calvin-Benson. Nesse ciclo, dizemos que o CO2 é “fixado”. Isso
porque este composto é incorporado nas moléculas de açúcares sintetizadas pela célula. Para
tanto, a célula necessita de energia do ATP e da energia redutora proveniente dos elétrons do
NADPH. Onde a célula obtém toda essa energia?
1) Fotossíntese oxigênica:
luz
6CO2 + 12H2O C6H12O6 + 6H 2O + 6O2 Eq. 1
2) Fotossíntese anoxigênica:
luz
6CO2 + 12H2S C6H2O + 6H2O + 12S 0 Eq. 2
Quanto à fonte de carbono, organismos que utilizam exclusivamente o CO2 para fabricar
suas moléculas orgânicas são chamados autotróficos. Aqueles que requerem um ou mais
compostos orgânicos como fonte de carbono são considerados HETEROTRÓFICOS. Esses
conceitos foram discutidos também na Aula 3 (Pequena história da diversidade dos seres
vivos) da disciplina “Biodiversidade”. Se combinarmos as fontes de energia com as fontes de
carbono, surgirão quatro grupos de organismos, descritos a seguir.
Fotoautotróficos: utilizam a luz como fonte de energia e CO2 como única fonte de carbono;
todos os compostos celulares orgânicos são sintetizados graças à fixação do CO2. Na ausência
de luz, esses organismos obtêm energia da respiração usando sua própria matéria-prima, ou
seja, açúcares formados no processo fotossintético. Esses seres podem ser aeróbicos (plantas,
algas, cianobactérias) ou anaeróbicos (muitas bactérias verdes e púrpuras).
Atividade 6
Resuma, no quadro abaixo, as principais características das categorias metabólicas dos
seres vivos, incluindo microrganismos.
Grupo:............................................................ Grupo:............................................................
Características:............................................... Características:...............................................
CO2
....................................................................... .......................................................................
....................................................................... .......................................................................
Grupo:............................................................ Grupo:............................................................
Atividade 7
O conceito de mineralização da matéria orgânica está implícito no texto da página
13 da Aula 6 da disciplina Biodiversidade.
Respiração aeróbica
Fotossíntese oxigênica
Metanotrofia
(CH2O)n CH4 CO2
Fermentação Metanogênese
Respiração anaeróbica
e fermentação
Fotossíntese anoxigênica
Anaerobiose
Atividade 8
O CO 2 é também usado como fonte de carbono pelas arqueobactérias
metanogênicas. Nesse caso, o CO2 não é fixado pelo ciclo de Calvin-Benson,
mas por outro processo chamado de via acetil-CoA. Em qual categoria nutricional
(definida na Atividade 6) as metanogênicas podem ser enquadradas?
Você sabia?
O ciclo do C tem recebido grande atenção por parte dos cientistas que
procuram compreender os processos envolvidos no aumento do efeito
estufa, que tem causado o fenômeno de aquecimento global. O aquecimento
global é causado, principalmente, pelo gás carbônico (CO 2), responsável
por 77% do efeito estufa hoje. Embora o metano seja um componente
de menor importância no ciclo global do carbono, ele é importante em
algumas situações particulares, pois as emissões de metano contribuem
para aumentar o efeito estufa na atmosfera. As emissões de metano são
da ordem de 1% da quantidade de CO2, porém o efeito de aquecimento da
molécula de CH4 é 25 vezes maior que a de CO2.
O ciclo do nitrogênio
O nitrogênio (N), assim como o carbono, é um importante macronutriente para os
seres vivos. O nitrogênio está presente nos aminoácidos, proteínas, DNA, RNA e em outros
componentes celulares. Desvendaremos agora a intensa participação dos microrganismos no
ciclo desse elemento. O ciclo do N tem sido bastante modificado pelas atividades humanas.
Isso ocorre basicamente porque o crescimento das plantas terrestres é, em geral, limitado pela
baixa disponibilidade de N nos solos. Por isso, precisamos fertilizar o solo com nitrogênio
para aumentar a produtividade agrícola. Se por um lado tal procedimento ajuda a garantir a
produção de alimentos, por outro lado o aumento da concentração de N no solo pode ter como
consequência o aumento de sua concentração em rios, lagos e outros ambientes aquáticos,
onde seu excesso provoca poluição.
Azotobacter
Proteínas Plantas Beijerinckla Fixação
de células leguminosas Cianobactérias industrial como
mortas Clostridium fertilizante
Não-simbióticos
Fixação
Organismos em
(N2O )
deterioração (bactérias
aeróbicas e bactérias
anaeróbicas e fungos) Procariotos
Denitrificadoras simbióticos
(pseudomonas, Bacilus Assimilação
Nitritos Amônia
licheniformis,Paracoccus (NH3 )
(NO2–) Amonificação
denitrificans e outras) Nitrosomonas
Denitrificação Nitratos
Nitritos Nitrificação Legenda
(NO3–)
(NO2–)
Amonificação
Nitrificação Fixação
Nitrificação
Denitrificação
Você sabia?
Ex: Nitrosomonas
Ex: Nitrobacter
2NO –2 + O2 2NO –3 + E
Atividade 11
a) Ex: Pseudomonas
(matéria orgânica)
Atividade 12
Observe que o processo que denominamos “ciclo do nitrogênio” constitui para
as bactérias formas de obtenção de recursos.
Nesse artigo são descritos resultados de uma pesquisa sobre a extraordinária eficiência
do processo de fotossíntese de um grupo de bactérias verdes que vivem em regiões profundas
do Mar Negro.
Resumo
Nesta aula, estudamos como ocorre o processo de obtenção de energia através
da captação da energia luminosa: a fotossíntese. Vimos que procariotos, com
exceção das cianobactérias, não produzem oxigênio durante a fotossíntese.
Outras diferenças, tais como pigmentos, localização do processo na célula, entre
fotossíntese eucariótica e procariótica foram apresentadas. Concluímos o estudo
sobre metabolismo microbiano classificando os seres vivos em diferentes tipos
nutricionais com base nas fontes de energia e carbono utilizadas. Microrganismos,
e especialmente bactérias, estão representadas em todos os tipos nutricionais!
Nesta aula, você também teve a oportunidade de reconhecer a intensa participação
dos microrganismos nos ciclos do carbono e do nitrogênio, e exemplos de como
os seres humanos estão interferindo nesses ciclos.
MADIGAN, M. T.; MARTINKO, J. M.; PARKER, J. Microbiologia de Brock. São Paulo: Prentice
Hall, 2004.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 6. ed. Porto Alegre: Ed. Artmed,
2000. 827p.
Anotações
Aula
11
Apresentação
N
a Aula 9 (A diversidade dos microrganismos), estudamos sobre a diversidade microbiana
que existe na natureza. Em condições naturais, um microrganismo raramente existe em
isolamento. Nos ambientes naturais, encontram-se coexistindo numerosas populações
com características diversas. As populações microbianas que vivem juntas em um local
particular, chamado habitat, interagem mutuamente formando uma comunidade microbiana.
Essas comunidades possibilitam a ocorrência da mineralização da matéria orgânica e os ciclos
dos nutrientes, exemplificados na Aula 10 (Os microrganismos auxiliam a (re)circulação da
matéria no planeta). Isso porque cada grupo de organismos é especializado numa parte de
cada processo e, juntos, fazem o trabalho que não poderiam fazer separadamente. Nesta aula,
vamos ver alguns exemplos de como a presença de um microrganismo influencia na vida de
outro ser microscópico. Isso faz parte do estudo da Ecologia Microbiana!
Objetivos
Aplicar os conceitos da Ecologia para definir as relações envolvendo
1 microrganismos.
21
6
15
1
10
5
1
3
Distância (mm)
6 3 0 3 6
Distância (mm)
É importante que você compreenda que interação positiva é aquela que favorece a
população envolvida; essa terá maior crescimento populacional na presença da outra população
do que na ausência dela. Por sua vez, uma interação negativa para uma população significa
que ela terá seu crescimento diminuído quando a outra população envolvida estiver presente.
Mutualismo + + Obrigatória
Atividade 4
Procure fotos de liquens na internet e analise seu aspecto. Depois, procure
observar a presença de liquens em árvores de jardins ou praças onde você mora.
Descreva no espaço abaixo o que você encontrou. Há liquens de cores e formas
diferentes? Sugerimos os sites abaixo, mas você pode buscar outros.
<http://www.microbiologia.vet.br/fungoscogumelos.htm>
<http://www.feiradeciencias.com.br/sala26/26_feira_01.asp>
Outro tipo de interação competitiva, considerada competição direta, tem como base
a produção e secreção por um microrganismo particular de substâncias inibidoras do
crescimento de outras populações potencialmente competidoras. Esse é o caso da produção
natural de antibióticos por bactérias e fungos. A observação de um evento de competição
entre microrganismos levou em 1928 o cientista escocês Alexander Fleming à descoberta da
penicilina, antibiótico que revolucionou a Medicina.
Durante sua rotina de trabalho, cultivando e estudando bactérias, Fleming observou uma
colônia diferente em algumas placas de Petri com cultivo bacteriano. Essa colônia diferente era
formada por um microrganismo contaminante. Ao invés de desprezar os cultivos contaminados,
chamou-lhe a atenção um espaço ao redor da colônia contaminante onde as bactérias cultivadas
não cresciam. Esse espaço ficou conhecido como halo de inibição. Ou seja, a área no meio
de cultivo que sofre alguma influência da colônia a ponto de inibir o crescimento de outros
microrganismos. O fungo contaminante na placa de Fleming foi identificado como do gênero
Penicillium e a substância inibidora do crescimento de bactérias foi posteriormente isolada e
nomeada penicilina.
Atividade 5
Bdellovibrio
Bactéria alvo
I. Localização da
bactéria alvo
IV. Estabelecimento
Figura 5 – Foto (em microscopia) de um ciliado dentro do qual se pode visualizar uma microalga que foi ingerida
Resumo
Nesta aula, vimos que populações microbianas dividem pequenos espaços
na natureza, e estão sempre interagindo entre si. Estudamos as interações
ecológicas chamadas neutralismo, comensalismo, mutualismo, protocooperação,
competição, predação, parasitismo e amensalismo, exemplificando tais interações
no mundo microbiano. Nesses exemplos, distinguimos como os organismos
envolvidos podem ser afetados positivamente ou negativamente. Compreendemos,
também, que o estudo das interações ecológicas envolvendo microrganismos
pode trazer benefícios para o ser humano através do desenvolvimento de
medicamentos, por exemplo.
Figura 1 Figura 2
A
Biomassa
Biomassa
B
A+B
FUHRAMN, J. A. Marine viruses and their biogeochemical and ecological effects. Nature, n.
399, p. 541-548, 1999.
HYVÄRINEN, M. Marko; HÄRDLING, R.; TUOMI, J. Cyanobacterial lichen symbiosis: the fungal
partner as an optimal harvester. OIKOS, n. 98, p. 498–504, 2002.
MADIGAN, M. T.; MARTINKO, J. M.; PARKER, J. Microbiologia de Brock. 10. ed. São Paulo:
Prentice Hall, 2004.
MILLIGAN, K. L. D.; COSPER, E. M. Isolation of Virus Capable of Lysing the Brown Tide
Microalga, Aureococcus anophagefferens. Science, v. 266, n. 5186, p. 805-807, 1994.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 6. ed. Porto Alegre: Ed. Artmed,
2000. 827p.
Anotações
Aula
12
Apresentação
O
s microrganismos são vistos pela maioria das pessoas como seres nocivos que
causam doenças em plantas e animais, incluindo humanos. Contrariando esse
conceito, estudamos na Aula 10 (Os microrganismos auxiliam a (re)circulação da
matéria no planeta) que microrganismos são fundamentais para o funcionamento da natureza
tal como conhecemos. Além disso, exemplificamos na Aula 5 (Obtenção de energia para a
vida microbiana) alguns casos em que microrganismos são usados pelos seres humanos
para a fabricação de alimentos e bebidas. Agora, reforçaremos os aspectos positivos da nossa
convivência com microrganismos no planeta. Estudaremos alguns exemplos de demonstram
que microrganismos são naturalmente importantes para a saúde humana. Veremos também
exemplos de produtos microbianos usados para a fabricação de medicamentos, bem como
em processos de biorremediação e outras aplicações.
Objetivos
Reconhecer situações em que microrganismos são
1 utilizados em favor da saúde humana.
A pele, assim como várias partes do nosso organismo, é colonizada por microrganismos
que chamamos de flora normal ou microbiota normal. São micróbios que naturalmente
colonizam nosso corpo, mas que não produzem doença em condições normais. A flora normal
muitas vezes beneficia o hospedeiro através do fenômeno conhecido como antagonismo
microbiano. Nesse fenômeno, microrganismos da flora normal competem com patógenos
que poderiam se instalar no organismo humano. A competição (veja a Aula 11, “Como os
microrganismos se relacionam”) por nutrientes leva os microrganismos da flora normal a
produzirem substâncias nocivas aos micróbios invasores. Como consequência, nossos “bons
micróbios” previnem o crescimento excessivo de microrganismos nocivos. No exemplo da
pele, fica óbvio que eliminar as bactérias da flora normal não é um bom negócio.
Fonte: A página da química, Universidade Federal de Santa Catarina. Disponível em: <http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/exemplar11.html>.
Acesso em: 18 jan. 2010.
Atividade 2
Leia o texto “Infecção vaginal pelo fungo Candida albicans” inserido no Moodle e descreva
o papel das bactérias da flora normal para a saúde da mulher, bem como os possíveis efeitos
adversos do uso desnecessário de antibióticos.
Antibióticos
Atividade 4
Faça uma pesquisa e descreva abaixo quais são as funções da vitamina
B12 no organismo humano. Reconheça, assim, a importância das bactérias no
processo de produção dessa substância.
Puxa, muitas bactérias são mesmo aliadas da nossa saúde! Mas é sempre bom lembrar:
consuma apenas medicamentos receitados pelo médico, principalmente aqueles com a
embalagem marcada “venda sob prescrição médica”. Somente o médico tem condições
de avaliar qual o tratamento que precisamos. Consumir medicamentos inapropriados
e na dose errada pode levar a uma piora no estado de saúde e ao surgimento de
bactérias super resistentes. E não se esqueça, futuro professor: você tem um papel
muito importante na transmissão desse conceito para seus futuros alunos!
Para tentar minimizar esses problemas, muitas pesquisas têm sido feitas para o
desenvolvimento de técnicas de despoluição do solo, de águas subterrâneas e superficiais,
além de efluentes e resíduos industriais. Aqui entram em cena os microrganismos
usados na biorremediação. Trata-se de um processo biotecnológico no qual organismos
vivos (microrganismos ou plantas) são utilizados para remover ou reduzir (remediar)
poluentes no ambiente.
Na lavoura, os micróbios
também podem ser nossos aliados
Você está lembrado que na Aula 10 estudamos a importância da fixação biológica do
nitrogênio para a vida na Terra? O nitrogênio é um componente essencial das proteínas, ácidos
nucleicos e outras moléculas orgânicas. Embora esse elemento seja abundante na atmosfera
(o nitrogênio molecular, N2, perfaz 80% da atmosfera da Terra), ele não pode ser assimilado
por plantas e pela maioria das bactérias quando na forma molecular. As formas preferenciais
de assimilação do nitrogênio são os íons amônio (NH 4+) e nitrato (NO3–). Esses, por outro
lado, não são tão abundantes no solo.
Esse processo é muito importante para a produção agrícola, uma vez que o crescimento
das plantas depende da oferta de nitrogênio. Nisso, microrganismos também podem ser nossos
aliados. Algumas bactérias fixadoras de nitrogênio têm sido inoculadas em plantas e no solo
para então enriquecê-lo com nitrogênio.
Quando isso é feito, uma menor quantidade de fertilizantes artificiais pode ser utilizada. A
redução do uso de fertilizantes artificiais na agricultura apresenta uma grande vantagem: menos
nitrato é carreado para os ecossistemas aquáticos, diminuindo o problema da poluição das águas.
Atividade 6
Leia o artigo Sequenciada bactéria que produz adubo natural, no link
<http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/genetica/sequenciada-bacteria-que-produz-adubo-
natural/?searchterm=embrapa>, e descreva no espaço a seguir qual é a bactéria de interesse
no caso relatado, onde ela pode ser naturalmente encontrada e como esse microrganismo
pode ser usado na agricultura.
O metano, um gás produzido por algumas bactérias (veja o ciclo do carbono também na
Aula 10), é uma conveniente fonte de energia que pode ser produzida, por exemplo, a partir de
resíduos em aterros sanitários (depósitos controlados de lixo). O metano começa a acumular
alguns meses depois que o aterro está completo e selado. Ele pode permanecer produzindo
metano por 5 a 10 anos, dependendo das dimensões do aterro. O metano pode ser usado para
a geração de energia elétrica.
Além de bactérias, hoje em dia tem sido pesquisada a produção de biodiesel por Biodiesel
microalgas isoladas de amostras de lagos, reservatórios e oceanos. Microalgas são uma
Combustível biodegradável
potencial fonte de biodiesel em substituição aos combustíveis de petróleo. Elas superam
derivado de fontes
culturas terrestres na produtividade de óleo e crescem mais rápido do que as plantas terrestres. renováveis, que pode
Uma outra vantagem é que microalgas dispensam terrenos férteis para seu cultivo. Um exemplo ser obtido por diferentes
processos a partir de
é a alga Botryococcus braunii, cujo conteúdo de óleo pode atingir 75% do peso da célula!
gorduras animais ou de
óleos vegetais. Existem
Atualmente já existem empresas que cultivam grandes volumes de microalgas produtoras dezenas de espécies
vegetais no Brasil que
de óleo, extraindo biodiesel a partir da biomassa produzida. Entretanto, a utilização de biodiesel
podem ser utilizadas, tais
de microalgas em larga escala é ainda muito cara, e pesquisas devem ser feitas para aprimorar como mamona, dendê
o processo. Veja uma foto da alga Botryococcus braunii no seguinte endereço da Internet: (palma), girassol, babaçu,
amendoim, pinhão manso
<http://www.algaevs.com/the-wonders-of-algae/what-are-algae>.
e soja, dentre outras.
Esse artigo descreve aspectos gerais sobre o emprego do herbicida atrazine na agricultura,
e relata uma experiência de seleção de bactérias degradadoras da atrazina e sua utilização para
a descontaminação de solos contaminados por esse herbicida.
<http://www.biodiesel.gov.br/>
<http://www.rudekinc.com/algae.html>
Nesse site, em inglês, você encontra informações sobre o cultivo de microalgas para a
produção de biocombustíveis. Veja as fotos das culturas da microalga Botryococcus braunii.
Resumo
Nessa aula vimos alguns casos em que as chamadas bactérias da flora normal
trazem benefícios para o organismo humano. Em outros exemplos, observamos
que microrganismos são usados para a produção de medicamentos, como
antibióticos e suplementos alimentares, também em prol da saúde humana.
Também estudamos a aplicação de microrganismos para o controle da poluição
gerada pelas atividades humanas, como as bactérias degradadoras de derivados
de petróleo. Compreendemos também que bactérias fixadoras de nitrogênio
podem ser usadas nas lavouras em substituição aos adubos químicos. E, por fim,
vimos que microrganismos podem produzir substâncias usadas para a geração
de energia. Concluímos, portanto, que microrganismos podem se nossos aliados.
Leia o texto abaixo e identifique qual é a relação estabelecida entre seres humanos e
2 a bactéria Escherichia coli no exemplo descrito. Se necessário, retome os conceitos
estudados na Aula 11.
Apresente uma argumentação contra a ideia de que microrganismos são seres nocivos.
6
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 6. ed. Porto Alegre: Ed. Artmed,
2000. 827p.
Anotações