Mercedes, de 67 anos, é filha do Sr. Ramon, de 88 anos e solicita sua consulta
domiciliar. Ao chegar ao domicilio, o Sr. Ramon é trazido à sua presença pelo cuidador da manhã, em uma cadeira de rodas e chega praguejando que não precisaria disto e que poderia vir andando sozinho. Confuso, chama a filha pelo nome da esposa e ao se lembrar dela começa a chorar, lamentando sua morte, ocorrida há mais de um ano e meio. A filha refere que ele tem quatro cuidadores que se revezam em turnos de seis horas. O Sr. Ramon não consegue andar mais, desde que caiu quando tentava ir rapidamente ao banheiro para não perder urina (e parecia não encontrá-lo). Caiu para trás, sentado e fraturou a coluna, comprometendo a medula espinhal. Ele, que já havia caído várias vezes antes, vinha se apresentando cada vez mais lento, com passos arrastados e desequilibrava-se facilmente. Além disso, há um perceptível tremor assimétrico de membros inferiores e seus movimentos estão lentificados. Pela fratura ele deveria fazer uma cirurgia para a estabilização da coluna, porém a filha e a equipe médica optaram por não fazê-lo e mandaram-no para casa com sonda vesical de demora e codeína para a dor moderada do paciente. Tal decisão deu-se pela avaliação médica de risco elevado de intercorrências intra e pós operatórias, considerando as comorbidades presentes: HAS, hipotireoidismo, DPOC (foi tabagista por 70 anos), hiperplasia prostática, catarata bilateral e hipoacusia. Nos 2 anos anteriores foi submetido à angioplastias percutâneas por 3 vezes devido infartos pequenos. Ecocardiograma mostrou miocardiopatia dilatada com Fração de Ejeção de 32% e ritmo de Fibrilação Atrial Crônica. Além disso, apresentava varizes e edema de MMII, dispneia aos pequenos esforços, pesava 57 kg e media 1,75m, hipotonia e hipotrofia muscular evidente. Fazia uso de Losartan, Bisoprolol, Amiodarona, Furosemida, Levotiroxina, Rivaroxabana, Tamsulosina, Tiotrópio, Levodopa/Carbidopa. Você foi então chamado, pois o paciente apresentava confusão mental desde que saiu do hospital, muita sonolência diurna e agitação noturna, parecia não prestar atenção quando outros se referiam verbalmente. Não evacuava desde alta hospitalar, náuseas e vômitos frequentes. O cuidador profissional disse que o paciente estava aceitando pouca alimentação e líquidos em pequena quantidade e que a urina estava fétida, escura e com pouco volume.
1) O que é Síndrome de Fragilidade do idoso?
2) O que define o Sr. Armando como um idoso frágil? 3) Como avaliar o estado funcional e nutricional do paciente? 4) Quais os antecedentes patológicos deste paciente? 5) As quedas poderiam ter sido evitadas? 6) Quais as hipóteses diagnósticas e o que fazer para confirmá-las?