ISBN 978-85-8040-088-5
12-0042
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
As opiniões expressas neste livro, bem como seu conteúdo, são de responsabilidade de seus
autores, não necessariamente correspondendo ao ponto de vista da editora.
Parte I
O desenho da figura humana como forma de
expressão do mundo infantil................................................13
Parte II
O desenho na avaliação criativa e cognitiva ..........................65
Parte III
O desenho na expressão emocional .................................... 147
Para isso foi organizado em três partes: (1) O desenho da figura humana
como forma de expressão do mundo infantil, (2) O desenho na avaliação
criativa e cognitiva e (3) O desenho na expressão emocional.
A primeira parte é composta por dois capítulos. No primeiro, intitulado
“O desenho da figura humana: uma perspectiva histórica”, Maria Lucia
Tillet Nunes, Rita Petrarca Teixeira, Cristiane Feil e Rafaele Paniagua
apresentam uma revisão histórica sobre o desenho infantil e o desenho da
figura humana como método de avaliação do desenvolvimento de crian-
ças. As autoras trazem um panorama dos estudos que foram realizados
no país fazendo uso do teste Desenho da Figura Humana e os resultados
obtidos por esses, finalizando com uma retomada dos dois principais tipos
de avaliação que vêm sendo conduzidos com o instrumental (projetiva ou
emocional).
No segundo capítulo, “O desenho da figura humana: medida cognitiva,
emocional ou criativa?”, Solange Muglia Wechsler traz um panorama de
quatro grandes vertentes teóricas sobre a avaliação do desenho da figura
humana: como medida do desenvolvimento cognitivo infantil, como me-
dida emocional, como medida projetiva-emocional e como medida do po-
tencial criativo. Apresenta ainda as variáveis influenciadoras no desenho, as
vantagens na utilização dessa técnica, o sistema brasileiro de Wechsler para
correção do DFH e as pesquisas realizadas com esse sistema. Assim como
o capítulo anterior, questiona-se, ao final, o DFH como medida emocio-
nal ou criativa, apresentando resultados de pesquisa voltados à investigação
desses dois aspectos.
Na segunda parte do livro, composta por três capítulos, o desenho é
enfocado sob três diferentes aspectos: na avaliação da criatividade, na ava-
liação cognitiva e na avaliação da maturidade perceptomotora. O capítulo
“O desenho na expressão criativa: teste de criatividade figural infantil”, de
autoria de Tatiana de Cássia Nakano, apresenta inicialmente as vantagens
apontadas pela literatura na utilização de desenhos como forma de ava-
liação, seguido pela apresentação de fundamentos teóricos que embasam
os instrumentos de avaliação da criatividade figurativa, citando-se alguns
testes, nacionais e internacionais, de avaliação do construto. Por fim são
10 O D ES EN H O I N FA N T I L
Arte e desenho
O desenho sempre fez parte da civilização humana. Antes mesmo da
existência da escrita, elemento da comunicação que serve de marco para se-
parar a pré-história da história, os seres humanos que habitavam a Terra no
período Alto Paleolítico já usavam códigos de imagens de caráter figurativo
e simbólico como forma de se comunicar; tratava-se de uma linguagem
visual muito próxima do que hoje se considera arte. Não se conhece a cro-
nologia exata desses tempos remotos, mas há indícios de que isso ocorria no
período entre os anos 20.000 e 10.000 a.C. Estas imagens encontradas em
inúmeras grutas nas regiões da América, África, Europa e Ásia são exem-
plos daquilo que passou a ser classificado como Arte Rupestre. Estas linhas,
formas e cores são os primeiros registros da Idade da Pedra Lascada; são
traços que despertam identificação íntima, reconhecimento, produzindo a
sensação de se identificar o que há de humano, através desses desenhos –
isso decorre da permanência do desenho, através dos tempos, como recurso
de linguagem na comunicação das ideias e do que é sensível ao ser humano
(Adam, 1943).
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como sistema para avaliação emocional, proposto por Koppitz, bem como
por Naglieiri, McNeish e Bardos.
Considerações finais
Com base na revisão histórica exposta acima sobre o desenho da figura
humana e os estudos referentes ao mesmo, pode-se perceber confusão nas
datas de autores que já estudaram sobre o tema, sendo apontadas datas dife-
rentes para os mesmos estudos, o que dificulta o uso desses dados históricos.
Mesmo com a grande utilização do desenho da figura humana, prin-
cipalmente como medida para avaliação psicológica, é muito questionada
sua validade como instrumento para tal. Diversos estudos foram realizados,
porém poucos são atuais e poucos trazem análises capazes de demonstrar
a validade e fidedignidade do instrumento. Aponta-se com isso a neces-
sidade de pesquisas que busquem estudar as qualidades psicométricas dos
instrumentos que se utilizam do desenho da figura humana para avaliação
cognitiva ou projetiva; é necessário que as pesquisas atendam aos crité-
rios necessários para a aprovação do teste pelas instâncias competentes
do Conselho Federal de Psicologia, para que possa ser utilizado de forma
válida e fidedigna pelos psicólogos brasileiros para sujeitos brasileiros.
Outro ponto interessante encontrado nessa revisão é a dificuldade de
definição pelos autores do que o desenho da figura humana se propõe a
avaliar, especialmente em relação às nomenclaturas utilizadas: por vezes,
o desenho da figura humana é tido como um instrumento de avaliação
emocional, em outros textos é tido como apropriado para exame da per-
sonalidade, ou então é chamado de medida projetiva. Seja como for, são
precárias as definições para sustentar as nomenclaturas, não havendo es-
tudos suficientes para cada uma dessas possibilidades, de modo que fique
assegurado seu uso correto, do ponto de vista das qualidades psicométricas
de um instrumento psicológico, para serem considerados aceitos e liberados
para a utilização na população brasileira, com raras exceções.
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