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Agora é com elas | Valor Econômico

Agora é com elas


16/11/2018 às 05h00
Cultura & Estilo
Últimas Lidas Comentadas Compartilhadas
Por Helena Celestino | Para o Valor, do Rio
Um novo renascimento
05h00

"Falo eu, professora, 79 anos, mulher, Suspense literário


branca e cisgênero." Assim se apresenta 05h01


Heloisa Buarque de Hollanda em seu
livro-ocupação, "Explosão Feminista - 10 problemas de um escritor
05h00
Arte, Cultura, Política e Universidade", o
primeiro sobre o novo feminismo, uma
herança dos protestos de 2013 que
O crime organizado e as ciladas da transição
05h00

explodiram nas ruas em 2015. Ela, Heloisa Buarque de Hollanda, professora
especialista em detectar tendências, a emérita da Escola de Comunicação da Ver todas as notícias
primeira a perceber lá atrás o poder da UFRJ: "As meninas não discutem nada, elas
poesia marginal subvertendo o cala-boca são a política e todos os seus gestos são
imposto pelo AI-5, reconheceu
Videos
políticos"
rapidamente que a força da rua havia migrado para as mulheres e tinha saído
chacoalhando tudo: a política, as artes, a universidade e o próprio feminismo.

Foi uma surpresa. "Até há pouquíssimo tempo, achava que a luta das
mulheres ia morrer com a minha geração. Até que um vozerio, marchas,
protestos, campanhas na rede e meninas na rua se aglomeraram gritando
diante da ameaça de retrocesso representada por uma lei que dificultaria o
acesso de vítimas de estupro ao aborto legal", diz Heloisa. 
Era a quarta onda feminista chegando e invadindo tudo. Heloisa Buarque,
típica representante da terceira vaga, foi vendo, ouvindo e se encantando com
a nova geração e suas estratégias políticas. Constatou que ninguém com
CARREIRA EM DESTAQUE: O que significa ter
menos de 18 anos disfarçava o seu feminismo, como era a tônica das uma empresa ágil?
simpatizantes do movimento antes dessa explosão. Reconheceu, nas ruas e 05/11/2018
nas redes, uma cena nova e radical. Se nos já longínquos anos 70 e 80, as
mulheres diziam que o pessoal é político, no pós-2015 a política torna-se   
pessoal, baseada em narrativas de si, expostas nas redes e na vida cotidiana.
Experiências pessoais ecoam coletivas, o assédio é denunciado no Facebook,
os direitos estão incorporados e são exigidos aqui e agora. "As meninas não
discutem nada, elas são a política e todos os seus gestos são políticos", diz À mesa com o Valor
Heloisa. Entrevistas

E mais: na geração anterior, as mulheres brancas pretenderam falar em HAMILTON DE


nome de todas, agora os feminismos são múltiplos, para dar conta da HOLANDA
Choro sem
fronteiras 
diversidade inscrita nos matizes de pele, sexualidades e religiosidades. O
boom teórico da academia americana dos anos 80, durante o qual Heloisa se
descobriu feminista, já legitimara os movimentos de negras, indígenas, 16/11/2018 às 05h00
asiáticas, lésbicas, trans, cristãs, mas "o direito de ter direitos específicos" só
JOSÉ CARLOS DIAS
hoje entra com conforto no espaço público e no ativismo brasileiro.
"Sinto-me órfão
de pátria" 
09/11/2018 às 05h00

https://www.valor.com.br/cultura/5985219/agora-e-com-elas 1/3
16/11/2018 Agora é com elas | Valor Econômico
SOROCABA
Tubarão
sertanejo
01/11/2018 às 06h00

GUILHERME
BENCHIMO
Foco, o melhor
investimento 
26/10/2018 às 06h00

BRUNO SOARES
Jogada decisiva

11/10/2018 às 05h00

"É a chamada interseccionalidade. O feminismo negro é o mais forte, a


geração tombamento - as rappers, as vitoriosas - chega empoderada, linda. O
ativismo trans e lésbico é menor; o cristão é lindo. As evangélicas e Lançamentos
protestantes fazem uma leitura da Bíblia e vão discutir com o pastor a Livros, músicas e séries
interpretação dele", afirma Heloisa.
TV
A força renovada das mulheres transbordou para todas as formas de cultura.
"Jane Fonda em
Na mesma linha das artistas radicais dos anos 60/70, que já abordavam a Cinco Atos"
questão do corpo em vários suportes, as meninas radicalizam e agora é o AA+
próprio corpo, pintado, abusado, que é usado como plataforma e exposto em
performances. O mesmo rompimento com o pré-2015 ocorre com a poesia,
TV
transfigurada em "slams", gritada em batalhas poéticas e saraus. "É a poesia-
mensagem, é tudo muito radical, muito corpo, 'acting out'", diz Heloisa. House of Cards:
A vez de Claire
Com tudo isso, Heloisa decidiu fazer um livro-ocupação, aberto a muitas
Underwood
BB+
vozes que se cruzam, atropelam, contam e falam. "Não quis ficar repetindo o
meu feminismo antigo. Trouxe a potência coletiva e horizontal para dentro TV
do projeto", conta, referindo-se a capítulos escritos com convidadas - como "O Mundo
Cristiana Costa e Antonia Pellegrino - e outros encomendados a várias Sombrio de
representantes dos feminismos diversos. Sabrina" (1ª
temp.)
O livro "Explosão Feminista" (Companhia das Letras, 544 págs., R$ 69,90) BBB
mapeia esse universo novo e estará, em "avant-première", numa banquinha
no festival Mulheres do Mundo, onde as protagonistas dessa revolução TV
estarão, ao vivo e em cores, em megaencontro de hoje a domingo no Museu Nos passos da
de Arte do Rio (MAR), Museu do Amanhã, Armazém 01 - Pier Mauá e na família
praça Mauá. Como é coisa de mulher, o WoW (da sigla em inglês) tem um Romanov
AA+
tom diferente, não parece nem com reunião de militante político nem com
encontro acadêmico. É um momento para elas - vindas de todos os lugares da Livros
cidade e do mundo - trocarem experiências, contarem as suas histórias de
Coetze perde
vida, fazerem festa. brilho em nova
O festival foi idealizado em 2010 por Jude Kelly, diretora-artística do maior
obra
AA+
centro cultural de Londres, o Southbank Centre. Como Heloisa Buarque de
Hollanda, Jude sentia que o feminismo entrara numa espécie de pausa, dizia-
Legenda AAA Excepcional BBB Acima da média
se às mulheres que elas nunca tiveram tanto, insinuando que já estava bom CCC Baixa qualidade AA+ Alta Qualidade
BB+ Moderado C Alto Risco
para parar as reivindicações. Desde então, o WoW teve 49 edições em 23
países, mobilizando 2 milhões de pessoas com seus debates, rodas de
conversa, performances e militância. Pela primeira vez, chega ao Rio.

"É um festival local e global. É celebração e resistência", diz Eliana Silva,


professora, ativista, fundadora da Redes da Maré, escolhida para montar e
fazer a curadoria do WoW.

Foi inspirada na sua trajetória, que Eliana deu o tom brasileiro ao festival
internacional. Trazida pelos pais pernambucanos para morar na Maré aos 7
anos, ela ainda era a "Eliana do armarinho" quando criou uma chapa rosa, só
de mulheres, para disputar a associação dos moradores de sua comunidade.
https://www.valor.com.br/cultura/5985219/agora-e-com-elas
Ao perceber que só 0,5% dos habitantes da Maré tinham ido à universidade, 2/3
p q 5
16/11/2018 Agora é com elas | Valor Econômico
criou, em 1996, o pré-vestibular comunitário, o mesmo frequentado pela
vereadora Marielle Franco (1978-2018), a recém-eleita deputada estadual
Renata Souza (PSol-RJ) e alguns milhares de outros jovens. Foi impossível
escapar da questão da segurança pública - fez dela tema de seu doutorado -, e
agora, com a sua equipe, denuncia em vídeos a violência contínua contra os
moradores. "Na minha vida, é primeiro a Maré e depois, o mundo", diz.

Desta vez, a Eliana da Maré e a cidadã do mundo estarão representadas no


festival pela potência e criatividade das garotas das periferias e das mulheres
de classe média com seus recursos intelectuais mais sofisticados. "Todas têm
muito a contar umas às outras nesse encontro", aposta.

Serão 200 convidadas e um turbilhão de ideias. Exemplos de quem vai?


Moon Ribas, artista catalã de vanguarda, que faz performances de música
com as vibrações de terremoto recebidas por meio de um sensor implantado
no corpo. Kalpana Viswanath, indiana cofundadora da Safetipin, empresa
social que usa dados e tecnologia para ajudar cidades a serem mais seguras.
Juliana Luna, moradora de Nova Iguaçu, estrategista de comunicação e
embaixadora cultural. Tania de Montaigne, escritora francesa, radicalmente
contra o lugar de fala, reivindicado fortemente pelos feminismos diversos.

Vai ferver. O momento é especial, segue-se a enormes manifestações em que,


pela primeira vez, as mulheres brasileiras entraram na campanha política
para dizer não ao então candidato Jair Bolsonaro (PSL), eleito presidente da
República, e suas bandeiras contra o feminismo, os estudos de gênero, o
movimento LGBTX e as manifestações culturais. Deu ele sim, e agora?

"A produção cultural vai aumentar, a cultura responde sempre. Na ditadura,


mesmo depois do AI-5, surgiram a poesia marginal, o cinema e a arte
marginais. Sobre o ativismo, é cedo para prever, talvez chegue um
'backlash'", afirma Heloisa.

"É um momento crucial para as mulheres brasileiras exigirem que seu


progresso em direção à igualdade seja apoiado tanto pelo governo quanto no
âmbito doméstico", reivindica Jude. "Será um festival de resistência alegre e
esperançosa", opina Eliana.

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Globo Notícias

https://www.valor.com.br/cultura/5985219/agora-e-com-elas 3/3

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