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A Base Histórica do Estilo de

Vida Adventista
Entender como nossos padrões se originaram e mudaram ao longo dos
anos pode nos ajudar a lidar com a necessidade de mudanças hoje.
Por Gerald Wheeler1

D
urante a temporada de férias no leste da Pensil- çam de ser absorvidos pela sociedade moderna.
vânia (EUA), encontramos as estradas entupidas Alguns dos princípios que observamos entre os
de ônibus de turismo e carros de outros estados. amish podem ajudar os adventistas em suas discussões
Pessoas de todas as partes dos Estados Unidos vão lá para atuais sobre estilo de vida e identidade.
ver as colônias dos agricultores amish.
Para quem observa de fora, todos os amish, com Contexto histórico do estilo de vida adventista
suas roupas fora de moda e carroças puxadas por cavalos, Ellen White e outros líderes trouxeram para dentro do
parecem iguais. Mas o observador mais atento logo desco- movimento adventista uma abordagem ao estilo de vida
bre que a comunidade amish tem muitos subgrupos, dife- baseado nos escritos de John Wesley e de outros grupos
renciados por características como estilo de roupa, design religiosos conservadores2. Wesley e os primeiros metodis-
e cor da carroça. Várias facções discordam em questões tas opuseram-se ao estilo de ostentação das classes ricas.
como a largura da borda do chapéu de um homem e se Homens e mulheres das classes mais altas deviam se vestir
ele deve usar um ou dois suspensórios. de determinada maneira que se encaixasse em sua posi-
Essas discussões pare- ção social.
cem triviais e sem sentido A maioria dos metodis-
para quem não é amish. Mas tas vinha das classes mais bai-
são importantes para eles, xas e via as roupas e joias ca-
porque esses assuntos defi- ras como uma indicação de
nem a natureza e os limites vaidade, autoindulgência e
de sua comunidade de fé. mundanismo. Wesley advertia
Definem quem é um seus seguidores a se vestirem
companheiro crente e quem com trajes mais simples e a
não é. Para que um grupo não “imitarem os homens
exista, é necessário ter uma ricos”. Visto que o estilo de
identidade consciente, uma cabelo era parte da moda das
autoconsciência de quem ele classes mais abastadas, os ho-
afirma ser. Essa identidade é mens metodistas penteavam o
definida não só pelo que a cabelo para baixo, sobre as
pessoa acredita e faz, mas Alguns dos princípios que observamos entre os amish suas testas, no que veio a ser
também pelo que rejeita. podem ajudar os adventistas em suas discussões atuais sobre conhecido como a “moda me-
A maioria dos observa- estilo de vida e identidade. todista”.
dores casuais imagina que os Simplicidade e modéstia pro-
amish pensam que a tecnologia moderna e a cultura são porcionaram aos metodistas uma identidade clara e defi-
inerentemente más. Porém, os líderes amish mais perspi- nida, entre eles mesmos e na sociedade em geral. Além
cazes reconhecem e admitem que a sua rejeição da cultura disso, o metodismo procurou encontrar apoio bíblico
contemporânea seja uma forma de se manter um grupo para a sua auto identidade. Eles citavam passagens como
distinto, auto identificável e coeso. 1 Pedro 3:3, 1 Timóteo 2:8-9, Tiago 4:4 e 1 João 2:15.
Os homens amish usam barba porque, quando Os fundadores da Igreja Adventista do Sétimo Dia
surgiu o costume de se barbear, era considerado símbolo ecoaram essa visão, reimprimindo os sermões de Wesley
de uma cultura militarista. Eles usam ganchos e furos na sobre o tema no periódico Review and Herald3. Os adven-
roupa porque querem ser distinguidos dos menonitas, que tistas poderiam se identificar com a compreensão meto-
utilizam botões. E recusam a tecnologia moderna porque dista, já que compartilhavam muitas das mesmas preocu-
veem uma necessidade de preservar barreiras que os impe- pações e também vinham em grande parte das classes
Matéria publicada na Ministry (Publicação Oficial da Associação Geral dos Adventistas do 7º dia) em Outubro de 1989. 1
socioeconômicas mais baixas. Como os metodistas, os atitude da Sra. White normalmente se posicionava ora
primeiros adventistas procuravam descobrir na Bíblia a na classe baixa ora na classe alta, ou quase sempre se po-
vontade de Deus para eles e para seu estilo de vida. Mas sicionava contra a atitude de classe média. Por quê? Tal-
deram seu toque pessoal para as descobertas. Eles consi- vez porque ela temesse que os adventistas, por entusias-
deravam a vida presente como uma série contínua e in- mo de subir a bordo do movimento da classe média, per-
terminável de testes pelos quais cada cristão deve passar. dessem sua identidade e eficácia especial.
Por exemplo, eles viam a parábola das dez virgens como Isso explica por que Ellen White foi contra as bici-
um exemplo de um desses testes, permitindo que as cin- cletas quando eram um símbolo caro de identificação
co virgens prudentes avançassem para o próximo teste. com a classe média, mas, quando se tornou um meio de
Era uma abordagem orientada ao indivíduo e considera- transporte pessoal, deixou de advertir contra elas. Apa-
va a vida como um constante processo de aperfeiçoamen- rentemente Ellen White estava preocupada em proteger
to. Apenas alguns poucos chegariam ao Céu. a identidade adventista, evitando a vaidade e o desperdí-
Em 30 de abril de 1866, a igreja de Battle Creek cio de dinheiro. Mas, como o papel da bicicleta na socie-
(Michigan) adotou uma série de resoluções sobre vestuá- dade mudou, a reação dela também mudou.
rio. Poucos dias depois, a Comissão da Associação Geral Da mesma forma, a Sra. White foi contra o espar-
expressou a opinião de que a obra de Adoniram Judson, tilho por razões de saúde e porque ele era visto como
missionário para a Birmânia, intitulado A Letter to the símbolo de riqueza e aristocracia. Qualquer mulher, ao
Women of America on Dress (Uma carta para as mulheres usar esse vestuário, limitava-se fisicamente. Além disso,
americanas, sobre o vestuário), era uma “admirável expo- tinha um marido com dinheiro suficiente para contratar
sição bíblica sobre o assunto”. Essa comissão pediu à funcionários para fazer o trabalho doméstico que ela não
editora adventista, a Review and podia fazer 5.
Em determinada época, Ellen
Herald, “para anexar estas [da igreja
de Battle Creek] resoluções ao estu-
Para esses pioneiros, as White propôs um estilo de vestuário
do de Judson sobre vestuário”4. Escrituras realmente fala- das mulheres como mais saudável e
Os adventistas do século 21 como forma de protesto contra o
podem achar difícil concluir que os vam de maneira clara so- poder do orgulho de classe e da vai-
textos citados por Judson e os ir-
mãos de Battle Creek abordam vá-
bre o erro quanto a usar dade pessoal. Mas sua reforma do
vestuário não é relevante hoje, por-
rios dos itens e práticas a que os joias feitas de borracha e que já não simboliza um protesto
primeiros adventistas se opunham. contra o estilo insalubre e social-
Os leitores modernos interpretariam de cabelo humano, certos mente arrogante. Posteriormente,
as passagens bíblicas de forma dife- penteados e redes de ca- Ellen White declarou que o vestuá-
rente. Todavia, para esses pioneiros, rio não devia ser um teste de comu-
as Escrituras realmente falavam de belo, bem como usar bi- nhão, ou seja, uma exigência para
maneira clara sobre o erro quanto a ser membro da igreja6. Ao tomar tal
usar joias feitas de borracha e de
gode ou cavanhaque. posição, ela contrariou o conceito
cabelo humano, certos penteados e adventista inicial de que tudo na
redes de cabelo, bem como usar bigode ou cavanhaque. vida era um teste.
Os adventistas, como outros grupos conservado-
Evitando a percepção de classe res, se opunham a tudo o que tivesse origem pagã. Por
Em um livro fascinante intitulado The Light of the Home: exemplo, evitavam chamar os dias da semana pelo nome
An Intimate View of the Lives of Women in Victorian Ameri- porque os nomes foram derivados de deuses pagãos. [Isso
ca (A luz do lar: uma visão íntima da vida das mulheres se aplica aos nomes em inglês. Por exemplo: segunda-
na América vitoriana), Harvey Green e E. Mary Perry feira é Monday, "dia da (deusa) Lua"; quinta-feira é Thur-
comparam o comportamento e os padrões das classes sday, "dia de Thor", um deus nórdico.] Por muitos anos
mais baixas, média e alta em uma série de tendências que o periódico oficial da igreja, Review and Her-ald, se referiu
estavam remodelando a sociedade norte-americana do aos dias da semana como “primeiro dia”, “segundo dia”
século 19. Muitas dessas tendências envolvem a urgência etc. Atualmente, a origem pagã dos nomes dos dias da
com que os norte-americanos queriam ser reconhecidos semana é apenas uma curiosidade cultural. Poucos veri-
como parte da classe média emergente. E, nessa luta por am isso como uma ameaça à identidade cristã ou adven-
reconhecimento, podemos ver a origem de certos pa- tista.
drões adventistas. Não usar aliança de casamento também já foi um
Os adventistas norte-americanos do século 19 símbolo de identificação com a Igreja Adventista nos
eram tentados a adotar cada nova moda e fazer tudo o Estados Unidos. Essa era uma etapa preparatória para o
que podiam para se identificar com a classe média. Nos batismo. No entanto, quer queiramos ou não, a revolu-
pontos em que Green e Perry discutem temas específicos ção sexual dos anos 70 e a tolerância da sociedade à pro-
sobre os quais Ellen White escreveu, é significativo que a miscuidade removeram essa proibição simbólica. Com

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isso, foi reafirmado o simbolismo muito mais antigo da bom pagamento de
aliança como indicação de compromisso conjugal. uma semana na épo-
O fato de que a proibição da aliança nunca foi ca. A primeira reação
uma norma adventista mundial também é significativo de Ellen White foi
para a nossa compreensão do estilo de vida adventista. A não aceitar os pre-
australiana May Lacey, quando se casou com William, sentes, mas, vendo
filho de Ellen White, usou aliança em seu casamento por que isso iria decepci-
causa do simbolismo que tinha em seu país. E Ellen apoi- onar a mulher, ela
ou a decisão da nora. Mas, quando foi viver nos Estados tomou e usou de-
Unidos, May White parou de usar aliança, pois tinha se pois. Repetindo a
mudado de uma cultura que a usava como símbolo de perspectiva de John
compromisso, para outra em que muitos não a usavam e Wesley, ela escreveu
nem identificavam isso com a fé adventista7. que era “muito sim-
Na América vitoriana, a “simples e pesada” aliança ples e útil” e “nem
de casamento era o símbolo de reconhecimento do casa- um pouco pompo-
mento na classe média. Os homens geralmente não usa- so”11. Para Ellen
vam aliança8. É provável que parte do motivo para a posi- White, simplicidade
ção de Ellen White era que os adventistas evitassem as e modéstia não ex- Sra. White utilizando uma corrente e
armadilhas de status da classe média. cluía adorno, se tal um broche, em foto com sua irmã
Em 1905, a Sra. White posou para um retrato de adorno não apelasse gêmea, Elizabeth.
família, que incluiu sua neta Ella White Robinson. Ella para a vaidade pessoal ou percepção de classe.
usava uma colar de metal pescoço, e seu marido ao lado Outro padrão que tem sido fortemente mantido
usava uma corrente de relógio pesada no colete9. Oito pelos adventistas, pelo menos até recentemente, tem a ver
anos mais tarde, a Sra. White novamente posou com sua com o teatro. Ellen White tem algumas declarações pesa-
neta. Desta vez, Ella estava usando várias vertentes de um das sobre teatros, e ela parece ser contrária ao drama sé-
colar de metal que, segundo Alta Robinson (cunhada de rio. Mas é preciso considerar o contexto histórico de sua
Ella e membro da equipe do Patrimônio Literário de El- oposição. O drama sério, como nós conhecemos hoje,
len G. White), a própria Ellen White tinha trazido para simplesmente não existia nos Estados Unidos do século
sua neta como presente das ilhas do Havaí. Contudo, 19. O teatro consistia de peças melodramáticas intercala-
ainda mais interessante é que, segundo uma testemunha das com “um primeiro ato, precedido e seguido de partes
ocular contemporânea da Sra. White, ao falar na assem- com animações, nas quais geralmente mulheres usavam
bleia de 1888, em Mineápolis ela usava “um vestido pre- calções curtos e mostravam licenciosidade e palhaçadas”.
to em linha reta, sem nada Sempre que possível, os
para quebrar a sobriedade, produtores das peças trazi-
salvo uma gola branca mi- am muitas mulheres que
núsculo em seu pescoço e vestiam calças apertadas ou
uma pesada corrente metá- outro tipo de roupa míni-
lica que pendia suspenso ma. Um ator britânico dis-
perto de sua cintura”10. se que, no teatro norte-
Essa corrente sem dúvida americano, “a modéstia
era um acessório, um ele- não parece ser uma qualida-
mento puramente decorati- de necessária em uma
vo de seu traje. Em outras atriz”.
palavras, um item de ador- Teatros eram geral-
no. mente agrupados entre sa-
Uma análise das fo- lões de bilhar, bares “e ou-
tografias de Ellen White tros refúgios para os liberti-
A Sra. White (centro) ao lado de sua neta, Ella Robinson (esq). Ella usa
revela que ela gostava de várias vertentes de um colar de metal. Segundo Alta Robinson, a nos e desocupados”. O pú-
usar pinos e broches. Veja, própria Ellen White tinha trazido como presente das ilhas do Havaí. blico muitas vezes consistia
por exemplo, o artigo de arruaceiros de rua e
“Heirloom: Leaves From Ellen White’s Family Al- prostitutas e outros clientes em potencial. Assim, o teatro
bum” (Heirloom: páginas do álbum da família de Ellen tinha uma merecida reputação ruim. Não foi até o fim do
White), na edição de primavera de 1982 da revis- século 19 que peças começaram a ser apresentadas sem as
ta Adventist Heritage. Ela usava pinos sobre seu vestido ou atrações musicais e outros atos12.
para fixar juntos o seu colar. Quando visitou o Havaí, Outra forma importante do teatro era o menestrel
uma mulher lhe deu material de seda, um lenço de seda e que mostrava atores brancos com rostos pintados de pre-
um pino de pedras brancas que custavam 10 dólares, um to apresentando estereótipos raciais cruéis. Eles eram tão

Matéria publicada na Ministry (Publicação Oficial da Associação Geral dos Adventistas do 7º dia) em Outubro de 1989. 3
populares que um drama sério não poderia competir com tas entendem que tenha sido alterado por mudanças na
eles13. sociedade envolve a preparação para o sábado. Ellen Whi-
Levando esses fatores em consideração, parece-me te recomendava que se tomasse banho na sexta-feira, mas,
que seria errado descartar categoricamente a leitura ou a nos lugares em que isso não envolve trabalhoso aqueci-
encenação do drama sério sem considerar o contexto his- mento de água em fogão a lenha, os adventistas não veem
tórico e entender por que os primeiros adventistas eram erro algum em tomar banho na manhã de sábado16. A
contra o teatro. ordem específica já não parece ser relevante no mundo
ocidental modernizado, embora o princípio absoluto da
Como definir nosso estilo de vida santidade do sábado e sua observância permaneçam eter-
O que vemos nesses exemplos é que a compreensão ad- nos.
ventista inicial do certo e do errado foi fortemente condi- A Associação Geral e outras instituições adventistas
cionada pelo aspecto cultural, bem como por fatores de agora possuem carros e motoristas para o transporte dos
tempo. Devemos sempre aprender, como Ellen White o visitantes. Mas, em 1902, quando o administrador de um
fez, como selecionar a partir da cultura o que é permanen- hospital adventista perguntou se a sua instituição deveria
te e útil e rejeitar o efêmero e perigoso. Considere, por obter um automóvel para levar e trazer os pacientes da
exemplo, o que nos referimos como as oito leis de saúde. estação de trem, Ellen White escreveu: “Meu irmão, não
Elas não foram criadas por Ellen White; estão presentes faça tal compra”. Ela viu isso como o estabelecimento de
numa grande variedade de publicações populares daquela um comportamento irresponsável. Contudo, três anos
época. Tais artigos salientam a necessidade de ar puro, depois, ela andava de carro da estação de trem para um
água, exercício, descanso, e assim por hospital e expressou seu prazer em
diante. Ellen White convocava os ad- viajar de automóvel. Em apenas três
ventistas a adotarem essas práticas sau- Nosso estilo de vida de- anos, a situação aparentemente havia
dáveis, mas rejeitou a motivação que mudado17. O que era um hábito ex-
muitas vezes estava por trás da publica- ve se basear em princí- travagante rapidamente se tornou
ção original deles. uma necessidade. Todos esses são
Durante a última parte do século pios bíblicos que aten- exemplos de mudanças do estilo de
19, a população branca de classe média vida adventista que acompanham as
sentiu-se ameaçada pelo declínio na dam a todos os tempos circunstâncias.
taxa de natalidade e uma crescente on- Como os amish, precisamos de
da de imigração vinda do sul e leste da e culturas, em vez de um estilo de vida que nos dê uma
Europa. Eles viram o controle político identidade, que nos una como povo.
sair de suas mãos. Os autores dos arti- simplesmente se opor Mas ele deve ser uma cerca que prote-
gos populares sobre saúde compreendi- ja o rebanho de Deus, e não uma bar-
am as oito leis de saúde como um meio a certas práticas norte- reira que exclui da sociedade ou nos
de manter as mulheres brancas da clas- separa em facções hostis. Nosso estilo
se média em boa saúde para que pudes- americanas vitorianas de vida deve se basear em princípios
sem ter mais filhos. Eles acreditavam bíblicos que atendam a todos os tem-
que o futuro da nação literalmente de- do século 19. pos e culturas, em vez de simplesmen-
pendia da saúde e da fertilidade das te se opor a certas práticas norte-
mulheres protestantes anglo-saxãs. Os artigos eram decla- americanas vitorianas do século 19. E devemos reconhe-
radamente racistas14. Ellen White era capaz de aceitar a cer que uma prática que é um perigo simbólico num con-
metodologia sem adotar suas pressuposições. texto cultural pode perder importância com o tempo, à
Ela também compartilhou muitas preocupações medida que o contexto cultural é transformado. Uma flor
com o que hoje chamamos de “movimento do Evangelho artificial que representa status de classe em um tempo e
Social”, como a importância de um movimento de tempe- lugar pode ser nada mais que uma decoração inofensiva
rança e as vantagens da vida no campo. Mas não aceitou a em outro18.
maioria das conclusões filosóficas desse movimento. Ela Se não estabelecermos um conjunto apropriado de
poderia responder aos aspectos positivos de sua cultura tais normais, que seja sensível às mudanças de acordo
sem adotar os elementos negativos. com as condições, poderemos nos tornar nada mais que
O fato é que o mundo mudou muito desde que uma curiosidade histórica, como os amish.
nossos primeiros padrões foram estabelecidos, e inconsci-
entemente reconhecemos esse fato pela nossa contínua Resoluções sobre vestuário (1866)
mudança de várias práticas. Os adventistas, por exemplo, Em 30 de abril de 1866, a igreja de Battle Creek adotou
não mais se preocupam com o “erro” de usar bigodes e um conjunto de resoluções sobre vestuário. Os participan-
barbichas, mesmo que a Associação Geral já tenha toma- tes da assembleia da Associação Geral daquele ano apreci-
do posição oficial contra eles15. aram tanto essas resoluções que votaram adotá-las, fazen-
Outro exemplo de um padrão que muitos adventis- do apenas uma pequena alteração no texto do ponto 7 e

Matéria publicada na Ministry (Publicação Oficial da Associação Geral dos Adventistas do 7º dia) em Outubro de 1989. 4
conselho do apóstolo para que “se
ataviem com modéstia e bom sen-
so, não com cabeleira frisada e
com ouro, ou pérolas, ou vestuá-
rio dispendioso” (1 Timóteo 2:9).

Ponto 6. Adornar o cabelo. Cre-


mos que a limpeza e a ornamenta-
ção extravagante do cabelo, tão
comum nesta época, são condena-
das pelo apóstolo (1 Timóteo 2:9).
E cremos que os vários frisados e
lantejoulas, tal como são usados
para conter as deformidades artifi-
Como os amish, precisamos de um estilo de vida que nos dê uma identidade, que nos una ciais chamadas “cachoeiras”,
como povo. Mas ele deve ser uma cerca que proteja o rebanho de Deus, e não uma barreira “rodas d’água” etc., são as
que exclui da sociedade ou nos separa em facções hostis. “testeiras” de Isaías 3:18
(margem), que Deus ameaçou
adicionando um 12º ponto. O texto é o seguinte: tirar no dia da Sua ira.

Tendo em vista o presente estado corrupto e corruptor do mun- Ponto 7. Defendemos que, em matéria de barbear e tin-
do, e os extremos vergonhosos ao que orgulho e moda estão le- gir a barba, alguns de nossos irmãos mostram uma espé-
vando seus adeptos, e o perigo de alguns entre nós, especialmente cie de vaidade igualmente censurável como o de algumas
os jovens, de serem contaminados pela influência e pelo exemplo irmãs em adornar o cabelo. Em todos os casos, eles de-
do mundo à sua volta, nos sentimos constrangidos como igreja a vem descartar todos os estilos que denotem ar de presun-
expressar nossos pontos de vista sobre o tema do vestuário nas ção. Mas, embora não tenhamos objeções ao crescimento
seguintes resoluções, as quais acreditamos serem verdadeiramen- da barba em todas as partes do rosto, como a natureza o
te bíblicas. Isso irá recomendar-se ao gosto cristão e julgamento projetou, cremos que, ao removerem parte da barba, os
de nossos irmãos e irmãs em qualquer lugar. irmãos erram grandemente na sobriedade cristã em man-
ter bigode ou cavanhaque.
Resoluções:
Ponto 8. Cremos que não devem ser toleradas as modas
Ponto 1. Cremos, como igreja, que é dever dos nossos exageradas dos dias de hoje, em gorros e chapéus de mu-
membros ser extremamente simples em todas a questões lheres; mas que o objetivo principal de se prover um ves-
relacionadas ao vestuário. tuário para a cabeça deve ser cobri-la e protegê-la.

Ponto 2. Consideramos plumas, penas, flores e todos os Ponto 9. Argolas. Cremos que alguns tipos de “argolas
enfeites supérfluos e somente uma demonstração exterior são uma vergonha” (Spiritual Gifts, v. 4, p. 68). Por
de um coração vaidoso, e, como tal, não devem ser tolera- “argolas”, entendemos qualquer coisa do tipo, pelo qual,
dos em qualquer um de nossos membros. por causa do seu próprio tamanho ou natureza do mate-
rial, a forma de se utilizar se encontra susceptível de ser
Ponto 3. Joias. Cremos que todas as espécies de ouro, exposta imodestamente (veja Êxodo 20:26).
prata, coral, pérola, borracha e joias de cabelo não são
apenas elementos totalmente supérfluos, mas estritamen- Ponto 10. Roupas caras. Cremos que Paulo usa a expres-
te proibidos pelos claros ensinamentos das Escrituras. são “se ataviem com modéstia” (1 Timóteo 2:9) para con-
denar a obtenção do material mais caro para o vestuário,
Ponto 4. Adornos de vestidos. Sustentamos que babados, seja de homens ou de mulheres, para embora esse vestuá-
laços e excessos de fitas, cordões, trança, bordados, bo- rio possa ser irrepreensível em outros aspectos.
tões etc., em aparamento do vestuário são vaidades con-
denadas pela Bíblia (Isaías 3), e, consequentemente, não Ponto 11. Novas modas. Cremos que o povo de Deus
devem ser tolerados por “mulheres que professam a pie- deve ser tardio para adotar novas modas, de qualquer
dade”. Por “laços”, entendemos o costume de usar vesti- tipo que possam ser. Se determinada moda não for útil,
dos longos e então ligá-los à saia em intervalos. não devemos adotá-la absolutamente. Se a moda for útil,
levemos tempo suficiente para adotá-las depois que fo-
Ponto 5. Vestidos decotados. Cremos que estes são uma rem testadas e o entusiasmo de sua inovação tiver passa-
vergonha para a comunidade e um pecado na igreja. E do. Depois de vermos que ela é pura, modesta e conveni-
todos os que as usam transgridem de forma vergonhosa o ente, devemos ser lentos para fazer mudanças (veja Tito

Matéria publicada na Ministry (Publicação Oficial da Associação Geral dos Adventistas do 7º dia) em Outubro de 1989. 5
2:14)19. 16. Veja, no entanto, o argumento de Thomas Blincoe, em
“The Preparation Principle”, Ministry, junho de 1988, p. 6-8.
Thomas argumenta que a questão envolvida não é a quantida-
Ponto 12. Embora condenemos o orgulho e a vaidade de de trabalho na limpeza, mas a importância da preparação
como estabelecidas nas resoluções anteriores, igualmente para o sábado antes de sua chegada;
abominamos tudo que é desleixado, negligente, desarru-
17. Ellen G. White, Carta 158, 1902; Carta 263, 1905. Ambas
mado e sem limpeza no vestuário ou nos bons modos20. aparecem em Manu-script Releases, v. 1, p. 394-395;
Referências: 18. Alguns adventistas talvez se lembrem da discussão sobre
flores artificiais que aconteceu durante a década de 1950. Mui-
1. Gerald Wheeler, na época em que escreveu este artigo, era tos argumentavam que as flores eram aceitáveis (ao contrário
editor associado de livros na Review and Herald Publishing Associ- da posição do século 19), mas não deveriam ser usadas em
ation. Atualmente é editor de livros na mesma editora. Ele pos- reunião campais;
sui graduação em inglês (Andrews University), mestrado em
biblioteconomia (Universidade de Michigan) e em Antigo Tes- 19. Review and Herald, 8 de maio de 1866;
tamento (Andrews University). Wheeler é autor de um livro
sobre a história da Igreja Adventista: James White: Innovator and 20. Item acrescentado pela assembleia da Associação Geral de
Overcomer (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2003); 1866; publicado em Review and Herald, 22 de maio de 1866.

2. Vários anos atrás, uma universidade adventista norte- Mais informações:


americana patrocinou uma série de palestras sobre a influência
metodista no adventismo. Cada palestra concentrou-se em algum Artigo retirado de Gerald Wheeler, “The historical basis of
tema, como saúde ou vestuário, e mostrou que o metodismo teve Adventist standards”, Ministry, outubro de 1989, p. 8-12. Dis-
influência sobre as crenças e o estilo de vida adventista. A pessoa ponível em: <https://www.ministrymagazine.org/
escolhida para falar sobre o vestuário se sentiu tão desconfortável archive/1989/10/the-historical-basis-of-adventist-standards >
ao encontrar tantos paralelos entre os escritos de Ellen White e
os de Wesley que nunca chegou a proferir a palestra. Para estudo mais aprofundado sobre o tema deste artigo, ve-
ja: Benjamim McArthur, “Amusing the masses”, em Gary
3. Veja, por exemplo a reedição do sermão de Wesley, “On Land, ed., The World of Ellen G. White (Hagerstown, MD: Revi-
dress”, em Review and Herald, 10 de julho de 1855; ew and Herald, 1987), p. 177-191; George R. Knight, Ellen
White’s World: A Fascinating Look at the Times in Which She Li-
4. Review and Herald, 22 de maio de 1866; ved (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1998), p. 130-140.
5. The Light of the Home, p. 3-4; A Ministry é uma revista internacional e mensal, publicada
desde 1928 e destinada à pastores e ministros Adventistas de
6. Ellen G. White, Testemunhos para a igreja, v. 4, p. 636-637; todo mundo. É publicado pela Ministerial Association
[Associação Ministerial], órgão oficial da Associação Geral dos
7. Veja Arthur White, Ellen G. White: The Aus-tralian Years, Adventistas do 7º dia.
1891-1900 (Washington, DC: Review and Herald, 1983), p.
196-197; Nota Final: em nossos dias, muito se fala sobre estilo de vida.
Com o intuito de esclarecer, educar e expandir o conhecimen-
8. J. C. Fumas, The Americans: A Social History of the United Sta- to sobre o assunto, o blog Confissões Pastorais[1] postou essa
tes, 1587-1914 (Nova York: G. P. Putnam’s Sons, 1969), p. 18- matéria publicada na Ministry (Publicação Oficial da Associa-
19; ção Geral dos Adventistas do 7º dia) em Outubro de 1989 com
um estudo sobre as bases históricas dos padrões de vida Adven-
9. A fotografia está impressa em Arthur White, Ellen G. White: tista. O texto é muito importante para nosso contexto. Os tra-
The Early Elmshaven Years, 1900-1905 (Washington, DC: Review dutores [2], editores [3] e responsáveis pelo blog pedem para
and Herald, 1981); que o texto seja lido e estudado em espírito de oração, humil-
dade e diálogo a fim de que se possa evidenciar nos cristãos a
10. “A Female Oracle”, Minneapolis Tribune, 21 de outubro de riqueza que está “no ser interior, que não perece, beleza de-
1888; monstrada num espírito dócil e tranquilo, o que é de grande
valor para Deus”(1 Pedro 3:4 NVI). Esse é o desejo sincero dos
11. Ellen G. White, Carta 32a, 1891; nossos corações. Orem por nós.

12. Fumas, The Americans, p. 564-569, 757-758; Robert R Ro- [1] Disponível em: <http://confissoespastorais.com.br/pastor-
berts, “Popular Culture and Public Taste”, em: The Gilded Age, amigo/a-base-historica-do-estilo-de-vida-adventista/>. Por ques-
ed. H. W. Morgan, edição revista e ampliada (Syracuse, New tão de tempo e praticidade, o texto se encontra em formato de
York: Syracuse University Press, 1970), p. 285-286; áudio: <http://confissoespastorais.com.br/wp-content/
uploads/2013/05/A-Base-Historica-do-Estilo-de-Vida-
13. Fumas, The Americans, p. 516-517; Roberts, “Popular Cultu- Adventista.mp3>
re and Public Taste”, p. 286;
[2] Texto gentilmente traduzido e adaptado por: Ruth Alencar,
14. Fumas, The Americans, p. 30, 115-117, 132-137, 183, 184. Marcos Ribeiro, Robson Teles e Matheus Cardoso (Grupo de
Veja também Janet Forsyth Fishburn, The Fatherhood of God and Tradutores Voluntários);
the Victorian Family (Filadélfia: Fortress Press, 1981);
[3] Diagramação e Revisão final: Bruno Ribeiro e André Reis;
15. Veja Review and Herald, 22 de maio de 1866; Furnas, The
Americans, p. 665. A combinação de bigode e cavanhaque foi
popularizada por um culto à personalidade centralizada em
Napoleão, imperador da França e um importante personagem
na política europeia. Os adventistas podem ter reagido à associ-
ação do estilo com ele;

Matéria publicada na Ministry (Publicação Oficial da Associação Geral dos Adventistas do 7º dia) em Outubro de 1989. 6

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