HENRIQUE NAKAMASHI
RESUMO
Este artigo tem como objetivo a discussão a respeito dos principais modelos
encontrados nas cidades históricas, as igrejas mineiras falam pelo menos
dois diferentes idiomas: o barroco e o rococó. Este estudo esclarece as
principais questões a cerca dos estilos arquitetônicos, fazendo uma análise
de sua estrutura e apresentação e colocando o mesmo em contraponto com
um modelo atual, que utiliza o mesmo recurso da quebra de parâmetros.
Chegando a conclusão que assim como as igrejas de séculos atrás, a
Igrejinha de Oscar Niemeyer, além de ser um dos mais importantes
exemplares de nosso momento modernista, do ponto de vista didático é uma
obra que tão bem serve como demonstração do que se espera de uma boa
arquitetura: a necessária sensibilidade do autor do projeto em relação a
determinados aspectos, como a cultura local, a cidade, o sítio, e o tema.
Palavras-chave: Igrejas. Edifícios. Religiosos
1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
A Arte Barroca desenvolveu-se inicialmente na Europa, na virada do século
XVI para o XVII, em um contexto de reviravoltas políticas e religiosas. Era
a época das Guerras Civis Religiosas, provocadas pela tensão entre as
Reformas Protestantes e a Contrarreforma Católica. De forma semelhante à
arte do Renascimento, o Barroco também se dedicou a temas tanto da
cultura clássica (grega e romana) quanto da cultura cristã. Entretanto, os
temas sacros tiveram maior relevância dentro da arte barroca, em especial
no Brasil do século XVIII.
Os temas, tanto das pinturas como das esculturas, como dito, concentravam-
se em referências cristãs, da tradição da arte sacra. Um dos exemplos mais
espetaculares é o teto da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto,
pintado por Manuel da Costa Ataíde, que pode ser visto na imagem a seguir:
Além das pinturas que dominam todo o teto, a Igreja de São Francisco de
Assis ainda conta com adornos em ouro e prata e esculturas de Aleijadinho,
escultor e arquiteto responsável também pelo projeto dessa mesma igreja.
Aleijadinho (também conhecido como Antônio Francisco Lisboa), ao lado
de Manuel da Costa Ataíde e Mestre Valentim, Em se tratando de materiais
para a confecção das peças artísticas, os artistas mineiros tiveram que
improvisar, haja vista que nem sempre podiam desfrutar dos melhores
recursos vindos de Portugal, como registrou o historiador Arno Vehling:
“[...] Havia dificuldade para a importação de materiais da
Metrópole – a ausência de azulejos provocou prodígios de
improvisação nas decorações. Também a quantidade de
artífices locais – brancos, mulatos e negros alforriados –
favorecia as inovações e o uso de material da terra. A
escultura em pedra-sabão é o melhor exemplo disso.” [1]
Esses novos recursos, como a pedra-sabão, eram abundantes em Minas.
Esse fator acabou proporcionando a confecção de grandiosos ornamentos,
detalhes e esculturas de variadas formas, inspiradas nos modelos barrocos
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NOTAS [1] Wehling, Arno; Wehling, Maria José C. De M. A formação do Brasil Colonial. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1994. p. 285.
Nas cidades históricas, as igrejas mineiras falam pelo menos dois diferentes
idiomas: o barroco e o rococó. Não que sejam esnobes, nada disso. Ao
contrário, são humildes pregadoras da Palavra pacientemente instaladas em
praça pública há pelo menos dois séculos e meio, exibindo noite e dia seus
dons de oratória arquitetônica para atrair os transeuntes, na maioria das
vezes mais preocupados com suas próprias vidas, sem tempo para adentrar
as coisas do Além, muito menos para se dar conta de sutilezas dos discursos
destas damas majestosas, simplórias em seus traços externos, mas sublimes
em seus tesouros internos. Na Matriz do Pilar de Ouro Preto a voz de Deus
se apresenta tonitruante, grave, trágica e arrebatadora. É o barroco. Já na
Igreja de São Francisco de Assis, também em Ouro Preto, a voz celestial
assume um acento leve, adocicado e alegre. É o Rococó:
A associação do dourado com os espaços brancos produz um ambiente
claro, ofuscante, banhado por uma luz uniforme, que difere dos efeitos
teatrais do barroco, constituídos de áreas intensamente iluminadas e outras
imersas na escuridão. É, sem dúvida, o primeiro impacto causado no
observador que transpõe a portada e o tapa-vento para finalmente estancar
no começo da nave central e vislumbrar uma espécie de ambiente de festa,
algo palaciano, não propriamente religioso, no interior Igreja de São
Francisco. As paredes laterais são tomadas por retábulos muito maiores do
que se encontram nas igrejas barrocas, isto por que não são mais inseridos
em arcadas e alojadas nas paredes. Esta é a grande novidade introduzida em
Minas Gerais por Aleijadinho (1738 – 1814) a partir de modelos europeus
(estampas, gravuras) que provavelmente conheceu nas oficinas de
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filósofo Philippe Minguet (1932 – 2007), nas igrejas do rococó “foi abolida
a antiga contradição do cristianismo entre a felicidade terrena e o ideal
religioso, assim como a oposição entre Natureza e a Graça.
REFERÊNCIAS
LAUANDE, Francisco . A igrejinha de Oscar Niemeyer. Vitruvius. 2011.
Disponível em:
<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/11.125/3888>
Acesso em: 13 nov. 2018.
OLIVEIRA, Myriam A. R.; CAMPOS, Adalgisa Arantes . Barroco e
Rococó nas Igrejas de Ouro Preto e Mariana. Iphan. 2010.
Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/ColRotPat8_BarrocoRococoI
grejasOuroPretoMariana_vol1.pdf>
Acesso em: 13 nov. 2018.