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WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações.

São Paulo: Martin Claret,


2006

Max Weber (1864-1920) nasceu em Erfurt, Turíngia, Alemanha. Filósofo


nascido de pais intelectuais, teve nesse sentido, impulso na carreira,
começando em tenra idade, aos 13 anos, já escrevia ensaios. Formou-se em
Direito, e teve atuação bem-sucedida na advocacia, sua carreira acadêmica
foi até 1898. Professor de Sociologia na Universidade de Estocolmo, foi
autor de vários trabalhos na área de sociologia econômica onde construiu
uma sólida base teórica para o desenvolvimento de novos conceitos para
analisar a economia, integrada às esferas política, jurídica e religiosa da
sociedade, da época. Apresentou sintomas de esgotamento nervoso, aos 34
anos. Teve depressões intermitentes durante toda a sua vida, apesar da
intensa produção intelectual. Após uma temporada nos Estados Unidos, que
lhe causou grande impressão, retomou seus escritos, publicando "A Ética
Protestante e o Espírito do Capitalismo". Participou intensamente da vida
intelectual da sua época, sendo professor universitário nas áreas de história,
sociologia e economia, os ensaios sobre as vocações para a Ciência e a
Política, que compõem o livro resenhado não tem data precisa de criação,
mas presume-se que foram em anos subseqüentes 1918 e 1919. Suas
últimas aulas, realizadas a pedidos de alunos, foram publicadas sob o título
"História Econômica Geral". Em meados de 1920, adoeceu de pneumonia.
Morreu em junho deste mesmo ano, deixando inacabado um livro de
revisão e síntese de toda a sua obra, intitulado Wirtschaft und Gesellschaft
(Economia e Sociedade), que é de importância fundamental para a
compreensão de seu pensamento.

O livro Ciência e política: duas vocações, é baseado em conferências dadas


por Max Weber, onde mostra pontos de tangência e divergência entre o
cientista e o político. Para ele ambos os agentes procuram estas profissões
visando não trabalhar, vivendo assim às custas do contribuinte por
intermédio do Estado. A primeira diferença é que o cientista acha que seu
ócio produtivo pode, um dia, servir para algo. Já o político acha que nem
isso. Por fim ele aconselha ambos a não interferirem em suas esferas. O
cientista não deve interferir na esfera política, pois um dia seu partido pode
perder a eleição para um partido rival e com isso ele perder suas regalias
nas pesquisas, para o Estado. Já o político não deve perder seu tempo com
algo que dá muito pouco dinheiro como a pesquisa científica.

A ciência como vocação – Primeiro Ensaio ou Capítulo 1


O ator direciona o ensaio aos jovens supostamente com vocação à ciência,
que pretendem se devotar à pesquisa por amor. Percebe-se que há um
diálogo implícito, compondo o texto, numa tentativa de desmitificar uma
visão idealizada, como também da presunção destes jovens e da pose
irracional, então em voga na Alemanha.

Nesse movimento de "combate a ilusão", é possível identificar o propósito


de Weber em comprovar a eficácia da explicação sociológica nos vários
campos da vida social, em especial a que dá conta de fenômenos
subjetivos. A vocação para a ciência decorre de um processo de
racionalização, que na sociedade moderna, é caracterizada pelo pluralismo
de valores, opondo-se religião, ciência, arte, e ética como potências ou
"vocações" antagônicas.

A força explicativa e a originalidade desse modelo, exposto de maneira


didática nesse capítulo, mostra nas páginas iniciais do ensaio um exame
feito pelo autor de forma convencional, como pensa os fatos sociais e as
condições materiais que enquadram a vocação universitária.

Contrapondo as ilusões dos jovens à objetividade da prática social, Weber


destaca uma série de dilemas da ocupação científica universitária (que para
ele não se restringe às ciências naturais), numa descrição espantosamente
atual: a dificuldade de conciliar duas capacidades distintas, a de professor e
a de pesquisador; a necessidade de conjugar a inspiração e o anseio de criar
algo duradouro num terreno sujeito às leis do progresso, a distinção pelo
mérito numa atividade em que o ingresso e a ascensão profissional se
encontram a mercê do acaso.

Segundo Weber, o cientista especializado faz parte da "grande fábrica da


ciência", mas o faz, com dedicação apaixonada. Do contrário, deveria estar
fazendo outra coisa na vida. É fácil identificar no ensaio de Weber que um
elemento racional fundamental da ciência moderna – a especialização –
depende de um elemento irracional – a paixão. Ou seja, a paixão é
incontrolável e não-passiva de escolha. Um tema é sempre escolhido,
mesmo que indecisamente, a partir de alguns critérios que sempre
dependem de nosso grau de envolvimento com o assunto, seja ele de cunho
pessoal ou social, individual ou coletivo. Mas a paixão, por si só, é
insuficiente. Novamente Weber desilude o leitor, pois gostar de um tema
não basta. Para realmente ter uma vida científica, é necessário inspiração.
E, nesse caso, nem mesmo a especialização é garantia de coisa alguma -
Weber não dá garantias para a vocação da ciência - não há método para a
inspiração, não há caminho seguro que leve até ela.
O autor aos poucos vai desfazendo toda e qualquer ilusão quanto à
existência de uma tarefa nobre para a ciência, ele vai mostrando os limites
da racionalidade. (Ora, sem inspiração não há criação e sem criação não há
nada de novo, não há progresso científico).

O filósofo chama a atenção para as conseqüências do talento e da paixão,


bastante inflamáveis em uma Alemanha que saíra derrotada da guerra,
estando assim procurando uma orientação. Ele fala do risco que o cientista
talentoso corre, podendo se tornar uma "personalidade", um "líder", ou,
como diríamos hoje em dia, uma "celebridade". Na ciência ou em qualquer
área da vida, tem personalidade, aquele que cumpre sua tarefa.

O cientista não é sabe-tudo, a voz da verdade. Ou seja: sendo o cientista,


para Weber, aquele que ocasionalmente sabe aquilo que deseja conhecer,
ele também pode querer ser mais do que é – "a voz da verdade". Neste
ponto encontra-se referência a um elemento irracional, ao gerar um
fenômeno contemporâneo (necessidade de identificação de um líder, no
qual buscamos a experiência autêntica), não contribui para a ciência. A
pergunta é sintoma de um erro: não se deve querer mais do que ser um
especialista. Uma resposta difícil de suportar, uma vez que tira a ilusão do
saber absoluto da ciência.

A política como vocação – Segundo Ensaio ou Capítulo 2

Weber afirma que o Estado é uma relação de homens dominando homens,


relação esta mantida por meio da violência legítima. Há três legitimações
do domínio:

I.A autoridade dos "santificados" pelo reconhecimento antigo. É o domínio


tradicional exercido pelo patriarca e pelo príncipe patrimonial de outrora;

II.A autoridade do dom da graça (carisma) extraordinário e pessoal, do


heroísmo ou outras qualidades da liderança individual. É o domínio
carismático, exercido pelo profeta ou, no campo da política, pelo senhor de
guerra eleito, pelo governante eleito pelo povo, o grande demagogo ou o
líder do partido político;

III.O domínio em virtude da "legalidade", em virtude da fé na validade do


estatuto legal e da competência funcional, baseada em regras racionalmente
criadas. Nesse caso, espera-se obediência no cumprimento das obrigações
estatutárias. É o domínio exercido pelo moderno "servidor do Estado" e por
todos os portadores do poder que, sob esse aspecto, a ele se assemelham.
A obediência é determinada pelos motivos bastante fortes do medo e
esperança e pelos mais variados interesses. Mas em termos de legitimações
dessa obediência, há três tipos puros: tradicional, carismático e legal.

Segundo Weber, raramente encontra-se os tipos puros na realidade. Mas,


neste ensaio, se interessa principalmente pelos tipos de domínio em virtude
da dedicação, dos que obedecem, ao carisma exclusivamente pessoal do
líder, pois essa é a raiz de uma vocação em sua expressão mais elevada.

Na dedicação carismática, os homens obedecem ao líder porque acreditam


nele, a orientação de seus discípulos é direcionada para a sua pessoa e para
suas qualidades. "Esses políticos de vocação seriam em toda parte as únicas
figuras decisivas na luta política pelo poder".

O domínio organizado exige que a conduta humana seja condicionada à


obediência para com os senhores que pretendem ser os portadores do poder
legítimo tenham o controle dos bens materiais que são necessários para o
uso da violência física.

Segundo Weber, "a ordem estatal burocrática é (...) característica do Estado


moderno". No Estado contemporâneo a separação entre o quadro
administrativo, os funcionários administrativos e os trabalhadores, em
relação aos meios materiais de organização administrativa, é completa. O
Estado moderno é uma associação compulsória que organiza a dominação.
Teve êxito ao buscar monopolizar o uso legítimo da força física como meio
de dominação dentro de um território. A política pode ser uma ocupação
subsidiária (quando a pessoa pode dedicar-se à política, sem que a política
seja "sua vida") ou uma vocação.

Há dois modos pelos quais alguém pode fazer da política a sua vocação:
viverpara a política: faz dela a sua vida, num sentido interior, desfruta a
posse do poder que exerce pela consciência de que sua vida tem sentido a
serviço de uma "causa"; ou viver "da" política: quem luta para fazer dela
uma fonte de renda permanente. Weber salienta que um político
profissional não precisa buscar uma remuneração direta pelo trabalho
político.

Os principais tipos de políticos profissionais: clero, literatos de educação


humanista, nobreza cortesã, "gentis-homens" e o jurista de formação
universitária - peculiar ao Ocidente, especialmente à Europa, sendo de
significação decisiva para a estrutura política do continente europeu.
Tomar uma posição, ser apaixonado, é o elemento do líder político. Sua
conduta está sujeita a um princípio de responsabilidade muito diferente do
servidor público. A honra do líder está numa responsabilidade pessoal
exclusiva pelo que ele faz e que ele não pode e não deve rejeitar ou
transferir. Desde a época do Estado constitucional, desde que a democracia
se estabeleceu, o "demagogo" tem sido o líder político típico do Ocidente.
O publicista político, e acima de tudo do jornalista, é hoje o representante
mais importante da espécie demagógica.

Weber considera humana e comovente quando uma pessoa tem consciência


da responsabilidade pelas conseqüências de sua conduta e realmente sente
essa responsabilidade no coração e na alma, como dizia o grande sociólogo
alemão: "na medida em que isso é válido, uma ética de fins últimos e uma
ética de responsabilidade não são contrastes absolutos, mas antes
suplementos, sendo que só em uníssono um homem, genuíno – pode ter a
'vocação para a política".

Assim como as outras, esta obra de Max Weber é, ao lado das de Marx,
Comte e Durkheim, um dos fundamentos da Sociologia contemporânea.
Daí o especial interesse que este livro terá para os leitores desejosos de
informar-se acerca do pensamento sociológico moderno. Pela leitura dos
dois ensaios aqui reunidos, poderão iniciar-se no conhecimento da
contribuição metodológica weberiana ao mesmo tempo em que apreciar
brilhantes análises substantivas daquilo que, no entender dos seus críticos
mais autorizados, é o núcleo das preocupações de Weber: a racionalidade.
Nesses dois ensaios, o grande sociólogo alemão estuda a maneira pela qual
a prática científica contribui para o desenvolvimento da racionalidade
humana e analisa com percuciência as condições de funcionamento do
Estado moderno, focalizando assim a oposição básica entre a "ética de
condição" do cientista e a "ética de responsabilidade" do político, dois
pilares polarizadores das opções humanas, ainda conceituando poder,
política, Estado e o ser humano.

Ciência e Política: Duas Vocações é indicada para estudantes de ciência


política, sociologia e epistemologia, assim como o público geral
interessado.

Observações sobre a atualidade em relação à obra:


1. A entrega de cargos federais aos partidários do candidato vitorioso, para
as formações partidárias de hoje, significa que partidos sem princípios
opõem-se mutuamente; são organizações de caçadores de empregos; suas
plataformas variam segundo as possibilidades de conseguir votos.
2. A situação da universidade brasileira impõe acrescentar dois outros
obstáculos ao exercício da vocação científica. Primeiro, a remuneração de
um professor que também seja pesquisador, além de impossibilitar que ele
se mantenha atualizado em sua área de conhecimento, não corresponde ao
mínimo necessário para que sustente dignamente sua família. Ainda mais
angustiante é o fato de que o jovem que dedica anos de vida à preparação
exigida pela carreira universitária corre o risco de estar investindo numa
profissão que, no Brasil, como tudo indica, tende a desaparecer – As
Ciências Sociais.

3. Expressa-se empiricamente no código de ética do servidor público no


Brasil, um contraste — com sua prioridade à distinção entre procedimento
honesto e desonesto — e no regimento interno da Câmara dos Deputados,
que submete o juízo sobre o procedimento do parlamentar à figura do
decoro e à preservação da dignidade e honra do mandato.

4. O decoro parlamentar revelou-se um instituto original da política


brasileira ao colocar a honra como critério distintivo da política, pois
regimentalmente o parlamentar que "descumprir os deveres inerentes a seu
mandato, ou praticar ato que afete a sua dignidade" (Regimento Interno da
Câmara dos Deputado, 1994:155, Art. 244), está sujeito a um processo por
quebra de decoro parlamentar. Assim, a noção de decoro englobou, através
da idéia de dignidade, a vida pública e a vida privada sob o domínio da
existência política; regulamentou-as, ignorou a segmentação de papéis
sociais, integrando-os à política e, desse modo, o decoro afirmou a
autonomia da política em face do ambiente normativo abrangente, mas que
não se faz relevante para a grande maioria dos políticos de um modo geral,
no Brasil, nem se faz presente em suas condutas.

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