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Direito Administrativo

PODERES DO CONTRAENTE PÚBLICO DE


CONFORMAÇÃO DA RELAÇÃO CONTRATUAL

Carolina Ribeiro Gonçalves Tique Rosa

Turma: B

Subturma:14

Nº28239
Índice

Introdução.................................................................................................................................... 1
O que é a conformação da relação contratual? ........................................................................ 2
Poderes de conformação da relação contratual (geral)……………………………….………3

Poder de Direção………..……………………………………………………………………….5

Poder de Fiscalização………………………………………………………………………….. 7

Poder de modificação unilateral………………………………………………………………..9

Limites á modificação………………………………………………………………….11

Consequências da modificação…………………………………..……………………..12

Poder sancionatório……………………….…………………………………..……………….13

Resolução unilateral……………………….…….…………………………………………….14

Conclusão………………………..……………………………………………………………..18

Bibliografia………………………………..……………………………………………………19
Introdução

O presente trabalho pertente incidir sobre a matéria relativa aos poderes do contraente
público de conformação da relação contratual.

Pretendo percorrer os diferentes poderes e o respetivo regime legal, de forma a explicar


os artigos e as diversas possibilidades que o contraente tem ao seu dispor, tais como dirigir
o modo de execução das prestações, fiscalizar o modo de execução do contrato, modificar
unilateralmente as cláusulas respeitantes ao conteúdo e modo de execução das prestações
previstas no contrato por razões de interesse público, aplicar as sanções previstas para a
inexecução do contrato e de resolver unilateralmente o contrato, quer esteja em causa uma
resolução-sanção, quer uma resolução de interesse público.

Estes poderes são poderes funcionais ou poderes deveres dos quais a administração
pública não pode abdicar, visto que estes poderes são instrumentais à prossecução do
interesse público.

1
O que é a conformação da relação contratual?

A conformação da relação jurídica contratual começa com a abertura do concurso para a


celebração do contrato, ou no caso de não existir concurso, com a sua assinatura.

As determinações prévias à seleção do contraente privado têm origem na avaliação que o


contraente público faz das circunstâncias de interesse público que motivam a celebração
do contrato, estas, no entanto, podem também provir da necessidade de adaptação aos
objetivos de preservação e promoção de bens de fruição coletiva, como a saúde pública
ou o ambiente.

As possibilidades de conformação da relação contratual não se esgotam nas


determinações emanadas do contraente público, visto que temos previsto no artigo 40º/2
do CPTA e no artigo 285º/3 outras causas em que se se assiste a uma alteração do contrato,
com intensidade variável.

No que diz respeito ao limite último dos poderes de conformação exercidos pela
administração no seio da relação contratual pública, o objeto do contrato. Ainda que a
administração possua um poder tão forte como o da modificação unilateral, esta não pode
impor a aceitação, pelo contraente, de cláusulas que transformem o contrato num vínculo
de natureza diversa.

2
Poderes de conformação da relação contratual

A teoria dos “poderes exorbitantes” tem a sua origem no Arrêt Societé des granits
porphyroides des Vosges, prolatado pelo conselho de estado Francês no ano de 1912. O
conselho de estado declara-se incompetente no caso do contrato de fornecimento de
pavimento á cidade de Lile, na medida em que o contrato não conteria qualquer indício
de administratividade. É nas conclusões do comissário de Governo que desponta a teoria
dos poderes exorbitantes, ora se ao contrário do que concretamente se verificava, o
contrato contivesse cláusulas atributivas de prerrogativas especiais à administração, que
esta não pudesse exercer senão enquanto investida no seu estatuto de poder público, então
neste caso a competência do conselho de estado revelar-se-ia inequívoca porque seria a
natureza administrativa do contrato.

Tal como no sistema Francês, também em Portugal se entendia tradicionalmente que


apesar de celebrar um contrato, a administração podia, em certas matérias, tomar decisões
unilaterais e obrigatórias para o seu contraente particular.

Marcello Caetano, no entanto, entendia como não admissíveis tais atos de administração
em matéria de interpretação do contrato, admitindo, pelo contrário, que já pudessem
existir em relação á sua modificação, execução e extinção.1

A questão da natureza jurídica das decisões proferidas pela administração em sede de


execução dos contratos em que é parte, tem sido discutida sobretudo a propósito dos atos
de aplicação de multas e dos atos de rescisão do contrato.2 A professora Maria João
Estorninho acredita que isto se compreende, visto que a par do exercício dos poderes de
direção e de modificação unilateral das prestações, a aplicação de sanções e a rescisão do
contrato consubstanciam as decisões passiveis de serem qualificadas como atos
administrativos.

O co-contraente público é então dotado de determinados poderes de conformação da


relação contratual, previstos no artigo 302º.

1
Marcello Caetano, Direito Administrativo I
2
Pedro Gonçalves refere 3 posições na jurisprudência: “uma corrente tradicional”, para a qual se trata de
atos administrativos, uma “corrente revolucionária”, para qual se trata de meras declarações negociais,
emitidas no exercício de direitos protestativos e uma “corrente indecisa”, para a qual podem ser atos
administrativos, mas também podem ser meras declarações negociais.
3
“Artigo 302.º
Poderes do contraente público
Salvo quando outra coisa resultar da natureza do contrato ou da lei, o contraente público
pode, nos termos do disposto no contrato e no presente Código:
a) Dirigir o modo de execução das prestações;
b) Fiscalizar o modo de execução do contrato;
c) Modificar unilateralmente as cláusulas respeitantes ao conteúdo e ao modo de
execução das prestações previstas no contrato por razões de interesse público, com os
limites previstos no presente Código;
d) Aplicar as sanções previstas para a inexecução do contrato;
e) Resolver unilateralmente o contrato;
f) Ordenar a cessão da posição contratual do cocontratante para terceiro.”

Estes são poderes-deveres dos quais a Administração não pode abrir mão, uma vez que
estão funcionalizados á prossecução do interesse publico. Estes poderes existem apesar
da ausência de previsão contratual e impõem-se contra a eventual exclusão de previsão
no contrato. A administração detém estes poderes em razão do fim de interesse público
que o contrato visa realizar, como forma de assegurar que no cumprimento do contrato o
co-contraente particular executa as prestações da forma mais adequada à realização desse
fim.

4
Poder de Direção

O poder de direção surge como forma de colmatar eventuais lacunas ou densificação do


modo de execução das prestações, evitando assim que o escopo do contrato
administrativo seja diminuído ou mesmo desviado do seu objetivo de prossecução do
interesse público (artigo 304º/1). Este poder traduz-se na faculdade de dar ordens e
instruções ao co-contraente sobre o próprio modo de cumprir as obrigações assumidas.

O contraente público detém durante a execução do contrato, um poder de direção da


execução. Este poder só se mostra possível porque as próprias prestações previstas no
contrato estão definidas apenas genericamente ou recorre a outras fórmulas variáveis,
tudo o que permite, depois em concreto, que o contraente público possa dirigir a execução
concretizando as obrigações previstas no contrato. O poder de direção tem a finalidade
de assegurar que o contrato seja executado de forma a prosseguir o interesse público
visado na decisão de contratar, segundo o artigo 303º/1, tem ainda a finalidade negativa
de impedir que o contrato seja executado de modo inconveniente ou importuno para o
interesse público de acordo com o previsto no artigo 304º\1. O exercício deste poder “não
deve minar a autonomia técnica, a gestão ou a responsabilidade e grau de risco assumidos
pelo co-contraente”. 3

Por mais pormenorizadas que sejam as previsões contratuais, ao co-contraente coloca-se


sempre a opção entre vários caminhos possíveis para executar determinada cláusula.
Tem-se entendido que é precisamente à entidade pública contraente que cabe a orientação
do seu co-contraente, realizando as escolhas necessárias. O poder de direção traduz-se
assim num poder de integração dispositiva do contrato, o fundamento do poder de direção
reside também no papel de “guardiã do interesse publico”4, que a administração assume,
é um poder inerente á administração quando celebra contratos. No entanto a doutrina
acabou sempre por reconhecer que o poder de direção existe sobretudo em certas
categorias especiais de contratos. Sendo variável em função da própria natureza do
contrato, o poder de orientar e dirigir a atuação do contraente privado tem sido previsto,
essencialmente, no caso dos contratos de prestação de serviços e de realização de certas
obras públicas. Trata-se ainda de impor ao co-contraente o cumprimento de obrigações
anteriormente assumidas. Trata-se de impor ao seu co-contraente o cumprimento das
obrigações que a Administração lhe tenha supervenientemente imposto por via do
exercício do poder de modificação unilateral.

3
De acordo com a professora Carla Amado Gomes.

4
De acordo com a professora Maria João Estorninho, Curso de Direito dos Contratos Públicos. 5
O exercício deste poder encontra-se limitado por 3 princípios:

 O de otimização do fim de interesse público que o contrato prossegue (artigos


303º/1 e 304º/1);
 De respeito pela autonomia da contraparte, limitando-se, no entanto, ao
estritamente necessário (artigo 303º/ e 304º/1);
 De não diminuição da responsabilidade da contraparte (artigo 303º/3).

Quanto aos dois primeiros princípios, no âmbito do controlo da validade dos atos em que
se consubstanciam, na medida em que, porque apelam a concretizações de princípio da
proporcionalidade, a adequação e a proibição de excesso, fornecem ao julgador critérios
de aferição da conformidade das ordens, diretivas ou instruções, com o bloco de
legalidade aplicável. Quanto ao terceiro princípio este traduz uma regra de
responsabilidade e uma regra de repartição da responsabilidade.

6
Poder de Fiscalização

O poder de fiscalização encontra-se previsto no artigo 305º CCP, este atribui ao


contraente público poderes de fiscalização técnica, financeira e jurídica do modo de
execução do contrato. A administração tem o poder de vigiar de perto a execução do
contrato, nestes 3 níveis, técnico, financeiro e jurídico, de modo a que possam introduzir
correções a essa execução se efetuada defeituosamente, através do poder de direção ou
de modificação unilateral do contrato.

Constitui uma prerrogativa instrumental, pois depende do seu exercício a constatação dos
factos que originam a aplicação de sanções ou a decisão de rescindir unilateralmente o
contrato. Este poder desdobra-se em fiscalização dos aspetos técnicos financeiros e
jurídicos do modo de execução das prestações, como já referi, de acordo com o artigo
305º/1 investe ainda o co-contraente num dever de sujeição de inspeções e a obrigação de
fornecer informação de acordo com o disposto no artigo 305º/2.

Portanto o poder de fiscalização funda-se no interesse público cuja prossecução, estando


a cargo da administração, é realizada através da celebração do contrato.

Para Augusto de Athayde, trata-se do poder de que a administração é dotada para “se
manter a par da atividade do seu contraente, tomando conhecimento da forma como ele
trabalha para executar o contrato, a fim de evitar desvios do seu pontual cumprimento”.

O poder de fiscalização é um poder de natureza passiva, através do qual se permite o


acompanhamento do modo de execução do contrato, a título preventivo. A justificação
dos poderes de fiscalização da administração reside na necessidade de controlar a
execução do contrato, evitando situações prejudiciais para o interesse público, de que a
entidade pública contraente não viesse nunca a tomar conhecimento ou só o fizesse mais
tarde.

Nesta medida este poder de fiscalização encontra-se limitado pela ideia de que não se
pode através da fiscalização prejudicar o próprio fim que com ela se pretende atingir que
é o de acautelar a defesa do respeito pelo fim de interesse público.

7
O código refere a possibilidade de realizar inspeções e solicitar pedidos de informação de
acordo com o artigo 305º/2. Esta tarefa fiscalizadora da administração facilita o exercício
do poder de direção e permite fundamentar a aplicação de sanções, como se configura
como um dever contratual da Administração, pois o interesse público que através do
contrato se prossegue e que permanece ao longo de toda a execução do contrato,
revelando-se até mutável, exige da administração uma atenção ao modo como está a ser
executado.

8
Poder de modificação unilateral

O poder de modificação unilateral está intimamente ligado ao princípio da prossecução


do interesse público. Conforme dispõe o artigo 311º, a modificação do contrato pode
ocorrer por via negocial, por decisão judicial ou arbitral ou por atuação do poder de
modificação unilateral da administração.

O reconhecimento de um direito à estabilidade do contrato justifica que a lei obrigue a


entidade pública contraente a repor o equilíbrio financeiro do contrato, protegendo não
apenas os interesses económicos do contraente público, mas também o seu interesse à
estabilidade do contrato, o que se traduz na imposição de limites e condições ao exercício
de tais poderes.

Uma das questões que mais tem sido discutida, a propósito do poder de modificação
unilateral, é a de saber que tipo de alterações pode ao certo a administração exigir do seu
co-contraente. Na doutrina confrontam-se dois métodos possíveis para limitar o poder da
administração, o de distinguir cláusulas modificáveis de cláusulas imodificáveis. A
própria noção de objeto do contrato tem sido, para este efeito, fonte de acesa controvérsia,
sendo a tendência para distinguir o objeto em se mesmo e as prestações contratuais. A
posição dominante entende que o objeto designa os tipos de prestações contratuais
concretamente acordadas entre as partes, ao passo que o conteúdo das prestações
corresponde aos modos, técnicos e jurídicos, de execução dessas prestações.

Entende-se que a administração não possa impor prestações estranhas ao objeto do


contrato ou alterações que provoquem mudanças na sua economia, mesmo quando tais
modificações fossem compatíveis com o modo de gestão ou o tipo de convenção
inicialmente adotados. Não é possível através do poder de modificação unilateral impor
ao co-contraente uma alteração que desvirtue o tipo de contrato celebrado, convertendo-
o num contrato de natureza diferente.

Nas situações em que, por alterações introduzidas pela administração, por motivos de
interesse público, o contraente particular venha a suportar encargos superiores aos que
ele tenha previsto, a administração é obrigada a rever a própria cláusula de remuneração
ou a pagar a justa indemnização. Nestes casos a administração não se responsabiliza com
fundamento na culpa, mas sim no facto de sobre ela recaírem, em primeira linha, os
encargos da satisfação das necessidades coletivas. Existe nestes casos um dever de repor
o equilíbrio financeiro do contrato.

9
Ao rever um pouco a história deste poder, podemos ver que este foi revestido de vários
cambiantes:

 Poder de modificação stricto sensu

O poder de modificação exprime-se através de um ato administrativo praticado no âmbito


do contrato o qual, por força da reconsideração das razões de interesse público que lhe
foram subjacentes, implica uma alteração das suas cláusulas e do conteúdo das prestações
do co-contraente, sem por no entanto, em risco a essência do contrato, a integridade do
seu objeto.

 Factum principis

De acordo com Marcello Caetano, a modificação unilateral e o factum principis eram


noções equivalentes, em ambos os casos estaríamos perante alterações introduzidas no
contrato por ato do poder público. Já na doutrina francesa, Laubadère e Moderne,
começam por identificar o fait du prince num sentido amplo, de qualquer intervenção que
recaia sobre o contrato, qualquer que seja a sua fonte, e num sentido estrito, de uma
alteração provocada pela entidade administrativa contraente. Os próprios autores
admitem, no entanto, tratar-se de uma distinção artificial e sem consequências.

Quando a alteração é imposta, por medidas emanadas de uma entidade estranha ao


contrato, e sendo certo que essas medidas deverão provocar uma alteração significativa,
é teoricamente também essa entidade, e não somente ao adjudicante que poderão ser
imputados eventuais danos sofridos pelo co-contratante. No plano teórico diferenciam-se
então 4 tipos de situações:

1. A modificação unilateral strictum sensu, em que o adjudicante, por força de uma


redefinição estratégica do modo de operar, tendo em conta novas circunstâncias
de interesse público ou reponderação das existentes, determina a alteração da
forma de execução do contrato.
2. A modificação unilateral lato sensu, na qual a entidade adjudicante se limita a
fazer refletir no contrato determinações genéricas, mas emitidas á margem do seu
poder de conformação da relação contratual.
3. A modificação unilateral introduzida ou reflexa, com origem numa alteração
desencadeada por uma decisão emanada de uma entidade administrativa externa
ao contrato. Neste caso, as alterações que o adjudicante promove são
determinadas por valorações específicas da função administrativa, mas alheias à
sua esfera de intervenção.

10
4. O que se reconduz ao factum principis, a alteração dos termos do contrato por
superveniência de uma alteração legislativa que imediatamente se reflita no seu
conteúdo.

 Alteração das circunstâncias

A alteração das circunstâncias requer uma imprevisão, ou seja, pressupõe a ocorrência de


um facto imprevisível, externo á vontade das partes, acartando uma excessiva
onerosidade para o devedor, a qual ultrapassa o risco normal do contrato.

Para Marcello Caetano, a preocupação do legislador de encontrar formas de restabelecer


o equilíbrio comutativo dos contratos, radicava num imperativo de equidade, ou seja, de
assegurar a justiça comutativa nos contratos a longo prazo.

Limites à modificação
A modificação tem como limite ás prestações principais do contrato, ao núcleo essencial
do contrato, que não podem ser alteradas de acordo com o artigo 313º/1/1º parte. Existe
ainda um limite imanente, o contrato pode ser modificado, mas não pode ser mudado, ou
seja, a alteração operada não pode ser de tal modo que se altere o tipo do contrato
inicialmente celebrado.

Os limites á alteração do contrato passaram a corresponder ao vetor da preservação dos


interesses de transparência e objetividade que se acautelam através da adoção dos
procedimentos de contratação pública e, com isso, da concorrência.

O exercício do poder de modificação do contrato terá de respeitar limites advenientes dos


princípios da contratação pública, de tal modo que a modificação ao contrato não
signifique, por força da sua amplitude, uma frustração dos princípios da concorrência,
igualdade e transparência acautelados pré contratualmente através dos procedimentos da
contratação pública.

O exercício deste poder também não pode configurar uma forma de impedir, restringir ou
falsear a concorrência garantida pela fase de pré- contratação de acordo com o artigo
313º/1/2º parte, de tal modo que a modificação só é possível se for objetivamente
demonstrável (artigo 313º/2).

11
A modificação com invocações da alteração das circunstâncias prevista no artigo 312º
alínea a), quando estejam em causa contratos com objetos passiveis de ato administrativo
ou sobre o exercício de poderes públicos, a reserva de não poder ser operada através de
decisão judicial ou arbitral, quando interfira com juízos e valorações próprias da função
administrativa ou interfira com a margem de livre apreciação administrativa de acordo
com o disposto no artigo 313º\3.

Consequências do exercício do poder de modificação


Alterar unilateralmente as condições de cumprimento de um contrato no decurso da sua
execução constituirá, sempre, uma perturbação das expectativas da contraparte e, a
maioria das vezes, uma violação do equilíbrio contratual.

• Se a alteração for imputável ao contraente público, quer por razões de interesse


publico, quer por alteração das circunstâncias, haverá lugar á reposição do equilíbrio
financeiro segundo os critérios do artigo 282º e artigo 314º\1.

• Nos casos de alteração anormal e imprevisível haverá lugar a uma compensação


financeira segundo critérios de equidade, artigo 314º\2.

Em ambos os casos se trata de proceder ao reequilíbrio financeiro entre as partes, com


fundamento constitucional no artigo 62º\1\2 CRP, por força dos interesses públicos
protegidos o contraente pode modificar unilateralmente o contrato e assim onerar o seu
co-contraente, este deve ser devidamente compensado.
12

Poder sancionatório

O poder de aplicar sanções, encontra-se previsto no artigo 302º/d) e traduz-se na prática


de atos administrativos que visam compelir o co-contraente à boa execução das
obrigações contratuais ou, no limite a resolver o contrato, mas esta ultima possibilidade
irá ser tratada num ponto mais á frente no trabalho. As sanções podem ser impostas devido
a faltas cometidas pelo co-contraente na execução do contrato, sejam elas a própria
inexecução do contrato, ou por exemplo o trespasse do contrato sem a necessária
autorização da administração.

A função principal não é tanto a de reprimir as violações contratuais, nem a de compensar


a Administração pelos prejuízos sofridos, mas sim a de obrigar o co-contraente a cumprir
a prestação a que está obrigado e, dessa forma, assegurar a prossecução do interesse
publico subjacente ao contrato.

A intensidade do poder de ingerência que os atos sancionatórios implicam levou o


legislador, desde logo também por influencia constitucional (artigo 32º CRP), a exigir a
audiência previa do co-contraente nos termos do artigo 308º/2.

A redação do artigo 302º/d), provoca uma certa hesitação quanto á abrangência deste
poder, visto que se refere as sanções “previstas para a inexecução do contrato”. A
pergunta que se coloca é se isto quererá dizer que o exercício do poder de aplicar sanções
não se basta com a habilitação deste dispositivo, necessitando de uma concretização
suplementar, em lei avulsa ou no contrato?

De acordo com a professora Carla Amado Gomes, o CCP vai de acordo com a corrente
maioritária, que não aceita a existência do poder de aplicar sanções como inerente ao
estatuto da administração no contrato administrativo, ou seja, no que diz respeito à
aplicação de sanções, a previsão deste poder e a configuração concreta daquelas deverão
constar de lei aplicável à categoria de contratos em causa, ou do próprio contrato, em
homenagem a um principio de tipicidade inarredável neste domínio. O exercício deste
poder sancionatório pode redundar na resolução do contrato ou na aplicação de sanções
de natureza pecuniária, neste caso o artigo 329º/2 diz-nos que o “respetivo valor
acumulado não pode exceder 20% do preço contratual, sem prejuízo da possibilidade de
resolução unilateral do contrato”, no entanto, se a ponderação do interesse publico for no
sentido da não resolução do contrato, este limite eleva-se para 30% (artigo 329º/3).
13

Poder de resolução unilateral

Existem 2 hipóteses que podem redundar na resolução do contrato administrativo, a


inexecução do contrato ou a violação grave de deveres contratuais e a superveniência de
um motivo de interesse publico que obriga à cessação do vínculo contratual. Temos então:

 Resolução-sanção

No caso de o co-contraente incorrer nalguma das situações previstas no artigo 333º/1, a


entidade adjudicante pode optar pela aplicação da sanção da resolução (artigo 329º/1 e
2). O fundamental neste caso é sancionar o co-contraente pelo não cumprimento do
contrato com vistas à realização do interesse público que lhe está subjacente, ou pela não
observância de deveres contratuais acessórios, mas cujo desrespeito põe em causa a
relação de confiança essencial à manutenção da relação contratual. 5

É ainda de notar que o facto de este poder não ter que estar previsto no instrumento
contratual não desobriga a administração de respeitar o princípio da legalidade e da
proporcionalidade, como tal os fundamentos de exercício do poder de resolução-sanção
são vinculados, e encontram-se previstos no artigo 333º/1:

a) “incumprimento definitivo do contrato por força imputável ao co-contratante”,


este fundamento articula-se com a 2º parte do artigo 325º/2, onde é dado ao
contraente publico a possibilidade de, perante o incumprimento que se mantenha
após notificação para cumprir, escolher entre a efetivação das prestações
diretamente ou por intermédio de terceiro (avulta aqui também o poder de direção)
e a resolução do contrato com fundamento em incumprimento definitivo.

b) “incumprimento, por parte do co-contraente, de orens, diretivas ou instruções


transmitidas no exercício do poder de direção sobre matérias relativa à execução
das prestações contratuais”, o exercício do poder de direção encontra-se
fortalecido pela sanção que opera nos casos em que o exercício de tal poder se
relacione com a execução das prestações contratuais.

5
Não excluindo a possibilidade de responsabilização do co-contraente por danos resultantes da
necessidade de promover novo procedimento concursal, artigo 333º/2

14
c) “oposição reiterada do co-contraente ao exercício dos poderes de fiscalização
do contraente público”, também o exercício dos poderes de fiscalização pelo
contraente público se encontra assegurado contra a oposição do co-contraente
através da possibilidade de resolução sancionatória restando verificar o que será
uma oposição reiterada e o que será uma oposição não reiterada.

d) “cessão da posição contratual ou subcontratação realizadas com inobservância


dos termos e limite previstos na lei ou no contrato, desde que a exigência pelo co-
contraente da manutenção das obrigações assumidas pelo contraente público
contrario ao principio da boa fé”, para que haja resolução sancionatória em caso
e cessão da posição contratual ou subcontratação é necessário, para além da
inobservância do prescrito na lei, ou estabelecido no contrato, que a manutenção
das obrigações do contraente público contrarie o principio da boa fé.

e) “ o valor acumulado das sanções contratuais com natureza pecuniária exceder o


limite previsto no artigo 329º/2”.

f) “incumprimento pelo co-contraente de decisões judiciais ou arbitrais


respeitantes ao contrato”, esta possibilidade investe o contraente publico numa
função quase-judicial, de tal forma que, incumprida uma decisão judicial ou
arbitral, o contraente publico pode decidir executar aquela decisão ao resolver o
contrato com fundamento naquele incumprimento.

g) “não renovação do valor de caução pelo co-contraente”, pois nos termos do


artigo 296º/2, “a execução parcial ou total de caução prestado pelo co-contraente
implica a renovação do respetivo valor no prazo e 15 dias após a notificação do
contraente público para o efeito”.

h) “o co-contraente se apresente à insolvência ou esta seja declarada pelo


tribunal”.

A resolução deve ser precedida de uma notificação do contraente público ao co-contraente


no sentido de este cumprir as obrigações em falta, em prazo razoável (artigo 325º/1). Não
surtindo efeitos esta notificação, o contraente público pode optar pela efetivação das
prestações fungíveis em falta, por si ou por terceiro, o que não exime o co-contraente da
responsabilidade pelo atraso no cumprimento (artigo 325º/4), ou por resolver o contrato
(artigo 325º/2).

15
 Resolução por razões de interesse público

Resolver um contrato com base neste fundamento, pode revelar-se um atentado ao


princípio de que os “contratos devem ser cumpridos”. 6

A administração goza então do poder de pôr fim ao contrato, independentemente do seu


fiel cumprimento, por “razões de interesse público”, devidamente fundamentado e
mediante o pagamento ao co-contraente de justa indemnização (artigo 334º/1). Esta
compensação cobre, nos termos do artigo 334º/2, danos emergentes e lucros cessantes,
deduzindo-se destes o benefício que resulte da antecipação de ganhos previstos.

A resolução por imperativo de interesse público tem que ter um mínimo assento nas
circunstâncias de facto com que a administração se confronta. A resolução por motivo de
interesse público não deve ser utilizada como forma de mascarar o incumprimento da
entidade adjudicantes. O exercício do poder de resolução unilateral encontra-se
subordinado ao princípio da proporcionalidade, na vertente do equilíbrio, se a
administração puder modificar, não deve resolver o contrato. A fundamentação garante a
imparcialidade da opção além de constituir uma arma decisiva no âmbito da impugnação
do ato que decreta a resolução.

É por fim importante referir que o CCP associa na sequência da opção a que procede no
artigo 314º/1, a resolução por motivos de interesse público relacionados com intervenções
especificas no contrato, e resolução por superveniência de alterações motivadas por toda
uma categoria de contratos. Trata-se de alterações promovidas por razões subjetivas, o
que justifica a identidade de consequências, como tal, o artigo 335º confere ao ente
público a faculdade de resolver o contrato caso este sofra uma alteração reflexa motivada
por decisão sua, tomada fora do âmbito do exercício de poderes de conformação da
relação contratual.

6
No entanto, Pedro Gonçalves afirma que a cega exigência de cumprimento pontual do contrato, traduzir-
se-ia, no fim de contas, na inversão de toda a lógica do direito público, dando prevalência ao contrato sobre
o interesse público.

16
Resolução por outros fundamentos

O artigo 335º elenca outros fundamentos de resolução pelo contraente público.

Um destes fundamentos é a alteração anormal e imprevisível das circunstâncias que há-


de ser exercida nos termos do disposto no artigo 312º/a). A alteração das circunstâncias
como analisámos anteriormente é um fundamento para a modificação do contrato, mas
serve igualmente como fundamento para a sua resolução, de forma que fica na
disponibilidade do contraente público modificar o contrato nos termos já analisados ou
resolve-lo ao abrigo do artigo 335º/1.

O outro fundamento é a falta de alteração das circunstâncias, quando se trate de uma


alteração que é imutável a decisão do contraente público adotada fora do exercício dos
seus poderes de conformação da resolução contratual. O contraente público tem à sua
disposição o poder de modificar o contrato ou alternativamente, resolvê-lo. Em caso de
resolução a justa indemnização é calculada e vence juros de mora nos termos previstos
para a indemnização por razões de interesse público de acordo com o artigo 334º/2 e 3.

17
Conclusão

Em forma de conclusão, o contraente público pode exercer os poderes descritos no artigo


302º CCP. Estes poderes são inerentes à função do contrato, exceto o poder sancionatório,
são poderes que a administração não pode abrir mão visto estarem direcionados á
prossecução do interesse público.

Existe então o poder de direção que surge para colmatar lacunas de regulação do modo
de execução da relação, este poder encontra-se regulado no artigo 304º. No entanto, como
referido anteriormente este poder está limitado por três princípios, de otimização do fim
de interesse público que o contrato prossegue, o princípio de respeito pela autonomia da
contraparte e de não diminuição da responsabilidade da contraparte. Em seguida temos o
poder de fiscalização, este princípio desdobra-se em fiscalização dos aspetos técnicos,
financeiros e jurídicos do modo de execução das prestações que se encontra regulado no
artigo 305º.

O poder de modificação unilateral, previsto no artigo 311º, existem várias vertentes deste
poder, como referido anteriormente, o poder de modificação stricto sensu, (este poder
exprime-se através de um ato administrativo praticado no âmbito do contrato o qual, por
força da reconsideração das razões de interesse público que lhe foram subjacentes,
implica uma alteração do seu clausulado e do conteúdo das prestações do co-contratante,
sem, no entanto, pôr em causa a essência do contrato), o factum principis (conceito que
designa uma atuação exterior ao contrato da Administração concedente, de outra entidade
administrativa ou até do legislador, a qual determina uma perturbação significativa na
equação económico-financeira do contrato.) e a alteração das circunstâncias (requer uma
imprevisão, ou seja, pressupõe a ocorrência de um facto imprevisível, externo á vontade
das partes, acarretando uma excessiva onerosidade para o devedor, a qual ultrapassa o
risco normal do contrato). Este poder tem algumas limitações referidas anteriormente.

O poder sancionatório, encontra-se previsto no artigo 302º/d) e traduz-se na prática de


atos administrativos que visam compelir o co-contraente à boa execução das obrigações
contratuais ou, no limite a resolver o contrato.

Por fim o poder de resolução do contrato, 2 hipóteses que podem redundar na resolução
do contrato administrativo, a resolução sanção, e a resolução por razões de interesse
público.

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Referências Bibliográficas

Maria JOÃO ESTORNINHO, Curso de Direto dos Contratos Públicos, 2014, Almedina;

Diogo FREITAS DO AMARAL, Curso de Direito Administrativo, 2016, Almedina;

Marcelo REBELO DE SOUSA e André SALGADO DE MATOS, Direito Administrativo


Geral tomo III, 2010, Don Quixote;

Marcello CAETANO, Tratado elementar de Direito Administrativo, Coimbra, 1944;

Pedro MIGUEL MATIAS PEREIRA, os poderes do contraente público no código dos


contratos públicos, Coimbra Editora;

A conformação da relação contratual no Código dos Contratos Públicos -


http://www.icjp.pt/sites/default/files/media/287-131.pdf;

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