idéia de que essa palavra seja diferente, em grau ou em categoria, do termo fileo\ porquanto,
no grego clássico, embora fileo ocorresse com maior frequência, não diferia em sentido da
outra palavra. Eram meros sinônimos.
2. Esse uso das duas palavras, como sinônimos, passou de modo completo para as
páginas do N.T., apesar de que, no grego helenistico, ou, pelo menos no grego feoiíié utilizado
no N.T., agapao fosse a palavra mais freqüentemente usada.
3. Ambos esses vocábulos podem expressar todas as formas de emoção, desde o «ter
simpatia» até ao amor mais intenso.
4. O autor do quarto evangelho tendia a usar livremente palavras sinônimas, até mesmo
numa única passagem, sem que com isso quisesse dar a entender qualquer diferença de
sentido.
7. Finalmente, devemos observar que Jesus e Pedro não conversavam em grego (idioma
em que na narrativa do episódio, foram usadas as palavras «agapao» e «fileo»), e, sim, em
aramaico, onde tal distinção não existia. Portanto, não foram usadas palavras diferentes por
Pedro e Jesus, no tocante ao «amor». Mas o autor sagrado, ao narrar o caso em grego, por
força de hábito estilistico, empregou duas palavras sinônimas, não tencionando dar a entender
que o Senhor Jesus exigia uma afeição mais elevada que o amor que Pedro lhe oferecia. (A I IB
NTl RO)
AGAPE
1. Usado para designar uma «festa de amor», uma refeição comum para promover a
fraternidade cristã, associada à antiga prática, à Ceia do Senhor do protestantismo e à
eucaristia do catolicismo romano. Comemora o sacrifício de amor realizado por Cristo e a
intensa expectação por Seu retomo.
Há decisivas indicações no Novo Testamento de que o «agape» consistia em uma refeição
completa, fornada antes do partir do pão e do beber do vinho. (Ver Atos 2:42-47; 20:6-12; I
Cor. 11:17-34). Paulo descreve abusos de glutonaria e excesso de vinho, ou
Matéria. Alguns procuram achar a origem dessa festa nas guildas pagãs, ou nas refeições
comuns dos judeus. Mas outros vêem nela um reflexo do incidente no lago de Tiberíades,
onde Jesus compartilhou de Seu quebra-jejum com sete de Seus disdpulos (João 21). Essa
interpretação é favorecida pelo fato de que algumas pinturas, encontradas nas catacumbas,
mostram gmpos de sete pessoas participando de uma refeição comum. Porém, parece melhor
supormos que a refeição estava ligada à páscoa, pois Jesus e Seus discípulos estavam
envolvidos, quando da primeira «Ceia do Senhor». Jesus ordenou que nos amássemos
mutuamente (agape) por ocasião da Ceia, pelo que é próprio que a idéia de comunhão e
companheirismo seja vinculada à Ceia do Senhor.
Inácio, ad Smymaeos viii.2, refere-se ao agape, como também o faz o Didache x. 1; xi.9, onde é
sugerido que a refeição antecedia à eucaristia. Nos dias de Tertuliano (Apol. xxxix; De Jejuniis
xvii; De Corona Militis iii), a festa era celebrada distintamente — da eucaristia —. Ê possível
que Plínio tenha aludido a esse arranjo, em Epp. x. 96. Clemente de Alexandria (Paedagogus ii.l
e Stromata iii. 2) e Crisóstomo (Hom. xxvii sobre I Cor. 11:17), mencionam os dois aspectos
como distintos. Crisóstomo descreve a festa de amor como «lindíssimo e benéfico hábito»,
porquanto favorecia o amor, era um alivio para os pobres e um disciplinamento de humildade.
Festas de amor eram efetuadas nas prisões, em tempos de perseguição, — nas festas de
casamento e em outros eventos significativos (Gregó-rio Nazianzeno, Epçp. i.l4).
Porém, a prática caiu sob abusos durante e após o século IV D.C. Agostinho menciona abusos
(Confissões vi.2). Os cânones 26 e 27 do concilio de Laodicéia (363) tentaram corrigir os
abusos. O terceiro concilio de Cartago (393) e o segundo concilio de Orleãs (541) proibiram
banquete na Igreja. Isso se radicalizou de tal modo que o concilio de Trullan, em 692, ameaçou
excomungar aqueles que efetuassem festas de amor. Depois disso, o rito desapareceu quase
inteiramente, a única exceção aparecendo na Igreja oriental. Ali, persiste laté os nossos dias.
Tem reaparecido em algumas denominações, aqui ou acolá, no mundo ocidental. Os «quebra-
jejuns paroquianos», após a
participação na eucaristia em algumas igrejas, têm restaurado os elementos essenciais do
agape.
2. A palavra Agape vem de agapao. No grego clássico significava acolher, entreter, gostar
de, amar, contentar-se com. «Agape» fala de «amor». O termo figura no Novo Testamento
grego por 116 vezes, com a idéia de «amor», «caridade», «querido» e «festa de amor». A
forma verbal aparece por 142 vezes no Novo Testamento, dando a entender «amar» ou «ser
amado».
Fileo é um sinônimo grego. A tentativa de aplicar o agape ao amor divino e o fileo ao amor
humano, fracassa totalmente, quando se acompanha esses vocábulos em uma boa
concordância. Por toda parte são usados como sinônimos. Em João 21, onde as duas palavras
são usadas, os pregadores têm procurado estabelecer distinção entre elas, por motivos
puramente homiléticos, mas a passagem de uma para outra é apenas uma variação estilística
da parte do autor sagrado. O amor divino também é descrito por fileo,
Eros também significa amor, desejo', e o amor religioso também pode ser indicado por essa
palavra. Contudo, com freqüência está associada ao amor apaixonado. Eros era o deus do
amor. Essa palavra nunca aparece no Novo Testamento.
No eros, o homem busca satisfação. No agape. Deus busca o homem, e vice-versa. O agape
ama aos que erram, aos que não merecem amor, aos inimigos. O eros busca a auto-satisfação.
O agape é a virtude suprema, pois o amor é a base de todas as virtudes (Gál. 5:22), a prova da
espiritualidade (I João 4:7). Essa é a única qualidade moral que é usada como titulo do próprio
Deus (I João 4:8). (A AM B C E FO K S Z) Ver os artigos eucaristia e amor.
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