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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE SÃO PAULO
FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES
4ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA
VIADUTO DONA PAULINA, 80, São Paulo - SP - CEP 01501-020

CONCLUSÃO

Em 08 de janeiro de 2013, faço estes autos conclusos ao MM Juiz de Direito, Dr.


Marcos Pimentel Tamassia. Eu, Marcia Laiz , escrevente, subscrevi.

SENTENÇA

Se impresso, para conferência acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 0017940-96.2012.8.26.0053 e o código 1H0000002DYEW.
Processo nº: 0017940-96.2012.8.26.0053 - Procedimento Ordinário
Requerente: Luiz Henrique Dias Sandon
Requerido: sFazenda do Estado de São Paulo

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Marcos Pimentel Tamassia

Controle 942/12
Vistos.

LUIS HENRIQUE DIAS SANDON ajuizou a presente


AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS em face da
FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO alegando que, na data de 28
de agosto de 2010, dirigia-se para sua residência quando foi abordado por um
policial militar, o qual o conduziu para o 78º Distrito Policial, por suspeita de
embriaguez ao volante. Lá foi determinado pela autoridade competente que o
requerente fosse submetido a exame clínico de embriaguez realizado pelo Instituto
Médico Legal – IML. Afirma que, apesar de se recusar a realizar o exame do

Este documento foi assinado digitalmente por MARCOS PIMENTEL TAMASSIA.


etilômetro, foi submetido ao exame clínico de embriaguez, no qual se constatou que
o requerente não se encontrava embriagado. Ocorre, contudo, que o requerente foi
surpreendido pelo recebimento de uma multa por dirigir sobre influência de álcool,
no valor de R$ 957,69. Para licenciar o veículo, foi obrigado a quitar essa multa, de
modo que ora requer a sua devolução em dobro e a condenação da ré no pagamento
de indenização por danos morais.

A contestação veio às folhas 40/45 em que se


defendeu, preliminarmente, a extinção do feito sem julgamento de mérito; ademais,
a ré afirmou ser regular a cobrança de multa por aferição de embriaguez mesmo
diante da recusa do condutor em realizar os exames necessários. Impugnou o pedido
de indenização por danos morais.

A réplica veio às fls. 51/66, em que foram reiterados os


argumentos elencados na inicial.

É o relatório.
DECIDO.

0017940-96.2012.8.26.0053 - lauda 1
fls. 2

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Trata-se de ação de indenização por danos materiais e


morais relativa à aplicação de multa por suposta recusa na realização de exame de
embriaguez.
Como consta na inicial, o requerente retornava a seu
domícílio quando foi abordado por um policial militar e, por aparentemente
apresentar sinais de embriaguez, foi convidado a realizar o exame do etilômetro.

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O requerente recusou-se a se submeter ao supracitado
exame, sendo portanto conduzido ao 78º Distrito Policial.

Foi, entretanto, analisado através de exame clínico de


embriaguez-dosagem alcoólica junto ao IML, o qual conclui não apresentar, o autor,
sinais de embriaguez (fls. 17).

Afirma o artigo 277 do Código de Trânsito Brasileiro


(CTB) que "todo condutor de veículo automotor, envolvido em acidente de trânsito
ou que for alvo de fiscalização de trânsito, sob suspeita de haver excedido os limites
previstos no artigo anterior, será submetido a testes de alcoolemia, exames clínicos,
perícia, ou outro exame que por meios técnicos ou científicos, em aparelhos
homologados pelo CONTRAN, permitam certificar seu Estado".

O autor recusou-se na presente situação a submeter-se


aos exames de sangue e ao bafômetro ou etilômetro, tendo sido analisado
exclusivamente pelo exame clínico. O laudo de verificação de embriaguez resultante
do supracitado exame indicou que, no momento de sua realização, não estava o
autor embriagado.

Este documento foi assinado digitalmente por MARCOS PIMENTEL TAMASSIA.


Como é sabido, o princípio nemo tenetur se detegere é
considerado como direito fundamental do ser humano, estando entre os classificados
como direitos de 1ª geração, visto objetivar a proteção do indivíduo contra os
excessos cometidos pelo Estado, defendendo-o também contra violências físicas e
morais empregadas para forçá-lo a colaborar com a apuração da materialidade e
autoria de determinados ilícitos de que possa estar sendo acusado.
Em relação à questão do bafômetro, o condutor não
pode ser obrigado a colaborar com a autoridade competente no que diz respeito à
utilização do etilômetro, pois isso violaria o seu direito de não produzir prova contra
si mesmo e qualquer prova produzida nessas circunstâncias é ilícita. Dessa forma,
não houve qualquer irregularidade de parte do autor nesse sentido.
Vale ressaltar ainda que, anteriormente a edição da Lei
nº 11.705/08 bastava, para a configuração do delito de embriaguez ao volante, que o
agente, sob influência do álcool, expusesse a dano potencial a incolumidade de
outrem.
Entretanto, com o advento da referida lei, inseriu-se a

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quantidade mínima exigível e excluiu-se a necessidade de exposição de dano


potencial, delimitando-se o meio de prova admissível, ou seja, a figura típica só se
perfaz com a quantificação objetiva da concentração de álcool no sangue, o que não
se pode presumir.

Como consta às fls. 18, o fundamento legal para o auto de


infração e imposição de multa foi o artigo 165 do Código de Trânsito Brasileiro, que

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diz ser infração gravíssima "dirigir sobre a influência de álcool, em nível superior a
seis decigramas por litro de sangue, ou de qualquer substância entorpecente ou que
determine dependência física ou psíquica".

Contudo, como restou demonstrado, não houve


qualquer prova nos autos apta a comprovar a quantidade de álcool presente no corpo
do autor, não podendo haver suposição de sua embriaguez. Ademais, os exames
clínicos não acusaram quaisquer sinais de embriaguez do requerente.

Dessarte, se faz mister a anulação da multa tal como a


restituição de seu valor com as devidas correções monetárias ao requerente.

A restituição não se dará em dobro, como pede o


requerente. Isso porque não há a configuração de relação de consumo e, dessarte,
aplicação do artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor. Tampouco se aplica o
artigo 940 do CC, que trata da exigência de dívida já paga, o que não é o caso.

No que tange à indenização por danos morais, também


não é cabível. Tal como já foi decidido anteriormente pelo Tribunal de Justiça,
decisão esta que transcrevo aqui:

Este documento foi assinado digitalmente por MARCOS PIMENTEL TAMASSIA.


"Da indevida cobrança não resulta como
consequência automática o dano moral, se na exigência do crédito não se comporta
o credor de modo a causar constrangimento ou embaraço ao devedor. O dano
moral tem conteúdo próprio e no caso não demonstrou o Autor sua ocorrência,
antes descreveu apenas o constrangimento de ter sido cobrado indevidamente.

De fato, não é o pequeno percalço fato do qual se


possa extrair uma ofensa aos sentimentos ou ao espírito da vítima. É sabido que
todos,considerados a organização da sociedade em que vivem, a experiência de
vida segundo o seu padrão econômico ou o ambiente a que estão expostos,
desenvolvem com maior ou menor eficácia uma estrutura psicológica que permite
lidar com contrariedades a que certamente estamos sujeitos. Neste quadro, o
cancelamento da linha telefônica, ainda que arbitrário, não ultrapassa esse
patamar da contrariedade.

O dano moral que se quer ver indenizado é aquele que


ultrapassa, pela sua intensidade ou duração, aquilo que uma pessoa com estrutura

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psicológica normalmente desenvolvida estaria obrigada a suportar nas sociedades


complexas" (Apelação nº 0024794- 57.2010.8.26.0577, Relator Des Pedro
Baccarat,12 de julho de 2012).

Atualmente, em razão das inúmeras atividades


realizadas na sociedade, os cidadãos estão sujeitos a toda sorte de acontecimentos
que poderiam enfadá-los; todavia, essas situações, em regra, não geram qualquer

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expectativa de uma indenização, ou seja, não se configura o dano moral.
Considera-se dano moral a dor subjetiva, dor interior
que, fugindo à normalidade do dia-a-dia do homem médio, venha a lhe causar
ruptura em seu equilíbrio emocional, interferindo intensamente em seu bem estar, o
que, como se percebe, não pode ter ocorrido na presente situação, até porque prova
alguma ocorreu nesse sentido.

Pelo exposto e e pelo mais que dos autos consta,


JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a ação ajuizada por LUIZ HENRIQUE
DIAS SANDON em face da FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO
PAULO, condenando a ré no pagamento de R$ 957,69 ao autor, com correção
monetária desde a data do pagamento da multa e juros a contar da citação. Para a
atualização monetária e incidência dos juros moratórios, aplica-se, a partir da
vigência da Lei Federal nº 11.960, de 29 de junho de 2009, o disposto na atual
redação do artigo 1º - F da Lei nº 9.494/1997. Arcará a ré com honorários
advocatícios que fixo em R$700,00 e custas, na forma da lei.

P.R.I.

Este documento foi assinado digitalmente por MARCOS PIMENTEL TAMASSIA.


São Paulo, 11 de janeiro de 2013

Juiz de Direito

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