Em 2017, o Cais do Valongo foi inscrito pela Unesco como Patrimônio Cultural
da Humanidade. Desenterrado pelas obras de reforma urbana do Rio de Janeiro para os
eventos Copa do Mundo e Olimpíadas, o Cais foi objeto de inúmeras discussões em torno
de resgate da memória cultural da escravidão e dos pós abolição. Mesmo com o Circuito
Histórico e Arqueológico da Memória Africana, o cenário que se descortinou na cidade
após a patrimonialização continua sendo de silenciamento do poder público sobre a
memória de origem africana, aliado à gentrificação produzida pelas obras do “Porto
Maravilha”, que visou muito mais uma perspectiva turística para visão externa do que
uma valorização dos elementos da história do Rio já existentes na região, por exemplo o
Instituto dos Pretos Novos. A apresentação pretende discutir questões levantadas pela
reforma da região portuária do Rio de Janeiro, no tocante ao tratamento da memória da
escravidão e dos elementos culturais e sociais de matriz africana.