Coordenador de Portaria
Gerente de projetos
APRESENTAÇÃO..................................................................................................................... 5
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 6
1.1. OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 7
1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................... 7
1.3. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREEDIMENTO ....................................................... 7
1.3.1. Áreas de Influência ............................................................................................... 9
1.3.2. Tipos De Impactos Provocados Por Empreendimentos Agrícolas ..................... 12
2. CONTEXTO DA ÁREA DE PESQUISA ....................................................................... 14
2.1. CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA ...................................................................... 14
2.2. CONTEXTO ETNOHISTÓRICO ............................................................................. 19
2.2.1. Síntese Histórica e Dinâmica Populacional do município de Presidente Olegário
22
2.2.2. Bens naturais e culturais ..................................................................................... 31
2.3. CONTEXTO ARQUEOLÓGICO ............................................................................. 42
2.3.1. Breve História da Arqueologia em Minas Gerais ............................................... 42
2.3.2. . As Pesquisas Científicas ................................................................................... 44
2.4. CADASTRO NACIONAL DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS ................................. 59
2.4.1. Sítios Arqueológicos do município .................................................................... 59
3. REFERÊCIAL TEÓRICO................................................................................................ 59
3.1. LEGISLAÇÃO E ARQUEOLOGIA ......................................................................... 60
3.1.1. Em Âmbito Federal ............................................................................................ 61
3.1.2. Em Âmbito Estadual........................................................................................... 62
3.2. BASES CONCEITUAIS ........................................................................................... 62
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 66
4.1. ATIVIDADES GABINETE E LABORATÓRIO ..................................................... 70
5. RESULTADOS ................................................................................................................ 71
6. CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................. 73
7. BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 74
ÍNDICE DE FIGURAS
Este relatório visa cumprir as diretrizes legais (sobretudo conforme a Resolução CONAMA n°
01/1986 e as Portarias SPHAN n° 07/1988 e IPHAN n° 230/2002) que indicam a necessidade
de se realizar estudos culturais aquisição de licenças Ambientais. Neste caso, os estudos em tela
buscam a adequação a fase de Licença de Operação Corretiva (LOC).
Os estudos aqui apresentados tiveram como objetivo prever e minimizar possíveis impactos
negativos ao patrimônio arqueológico e cultural, buscando desta forma adequações favoráveis
à gestão do patrimônio cultural arqueológico.
Logo, no caso do patrimônio arqueológico diz respeito, principalmente, aos fatores que
permitirão seu conhecimento, seja por meio da proteção in situ ou ex situ, de modo a garantir
sua integridade por meio do planejamento, operacionalização e políticas culturais, conforme
estabelecido pela Lei Federal n° 3924/1961, bem como a Constituição Federal de 1988.
6
são importantes para a formação de cidadãos conscientes de suas heranças, diversidade cultural
e história, vislumbradas pelos bens culturais (BRASIL, 1988, artigo 216°).
7
Figura 1. Mapa de localização do município de Presidente de Olegário, Minas Gerais.
8
1.3.1. Áreas de Influência
Segundo Bastos (2010), estas áreas correspondem como o espaço suscetível de sofrer alterações
como consequência da sua implantação, manutenção e operação ao longo de toda sua vida útil.
Em termos de definições, a ADA deverá ser considerada a área necessária para a implantação
do empreendimento, assim deverá levar-se em consideração, segundo a Resolução do
CONAMA nº 001/1986, suas estruturas de apoio, vias de acesso privativas que precisarão ser
construídas, ampliadas ou reformadas, bem como todas as demais operações associadas
exclusivamente à infraestrutura de uso privativo do empreendimento.
A Área de Influência Direta – AID – deve ser considerada como a área geográfica diretamente
afetada pelos impactos oriundos do empreendimento, em resumo, considera-se o espaço
territorial contínuo e ampliado da ADA. Tais impactos devem ser mitigados, compensados ou
potencializados (se positivos) pelo empreendedor.
Enfim, a Área de Influência Indireta – AII – abrange um território que é afetado pelo
empreendimento, mas no qual os impactos e efeitos decorrentes do empreendimento são
considerados menos significativos do que nos territórios das outras duas áreas de influência
(ADA e a AID).
Área Diretamente Afetada: Nesta pesquisa foi considerado como ADA as áreas que
atualmente estão ocupadas pelo empreendimento, com uma superfície total de
2.379,4414 hectares.
9
Área de Influência Direta (AID): em se tratando de um empreendimento já
implantado, considerará neste projeto como AID o entorno a ADA, ou seja, outras
propriedades.
10
Figura 2 Mapa das áreas de influência
11
1.3.2. Tipos De Impactos Provocados Por Empreendimentos Agrícolas
Tratando-se de um empreendimento agrícola, o maior impacto que pode ter sido causado ao
patrimônio arqueológico é o uso do arado e grade mecânicos. Segundo Fagundes (2004, p. 117),
no caso específico do sítio Rezende, município de Centralina, MG; o arado mecânico impactou
parte do registro arqueológico, a saber:
Nestas trincheiras foram detectadas três manchas escuras, que foram submetidas à
raspagem, pois devido à ação do arado apenas restavam de cinco a sete centímetros
finais da ocupação lito-cerâmica (...). As raspagens, por sua vez, evidenciaram quatro
novas fogueiras, todas associadas ao material lítico lascado pertencente ao grupo de
caçadores-coletores, a saber: (01) Fogueira 01 (F1), com 0,85 cm de profundidade,
datada em 5.620 ± 70 A.P. (CENA/USP); (02) Fogueira 02 (F2), com 1,00-1,05m de
profundidade, datada em 6.950 ± 80 anos A.P. (CENA/USP); (03) Fogueira 03 (F3),
profundidade de 0,95-1,00 m, data em 6.110 ± 70 anos A.P. (CENA/USP), (04)
Fogueira 04 (F4), com 1,25-1,30 m de profundidade, datada em 7.300 ± 80 anos A.P.
(CENA/USP). (FAGUNDES, 2004, p. 117).
Em outra área do sítio Rezende, Fagundes (2004, p.123), afirma que as camadas superficiais
haviam sido perturbadas pela ação do arado e grade utilizados regularmente na fazenda.
Contudo, mesmo assim, parte do registro arqueológico manteve-se contextualizado, fato que
permitiu a construção do conhecimento acerca da realidade arqueológica local, grande
referência na literatura para arqueologia do Triângulo Mineiro.
Logo, mesmo com a ação contínua do uso do arado e grade mecânicos na fazenda, conforme a
literatura regional (ALVES, 2013; FAGUNDES, 2004; MEDEIROS, 2007; FIGUEIREDO,
2008), os mesmos podem ter impactado os possíveis sítios arqueológicos em seus estratos
iniciais, mantendo a integridade espacial (uma vez que o arado e grade trazem o material para
cima, havendo pouca dispersão. Conforme ARAÚJO, 2001) e parte da integridade
estratigráfica1 e fator que justifica a pesquisa arqueológica.
1
Que pode ser reconstituída por outros métodos (ARAÚJO, 2001).
12
Portanto, é provável que mesmo nas áreas com intensa atividade de plantio ainda se possa
encontrar vestígios arqueológicos, tanto descontextualizados como contextualizados (ALVES,
2002). Contudo, deve-se lembrar das particularidades locais na execução da pesquisa, ou seja:
Diante disto, há consciência das formas dos impactos nos empreendimentos agrícolas, por meio
de modelos teóricos (ARAÚJO, 2001), como o que já fora relatado na literatura acerca da
Arqueologia do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (FAGUNDES, 2004, 2005, 2006a, 2006b;
MEDEIROS, 2007; FIGUEIREDO, 2008; ALVES, 1991, 1992, 2009, 2013).
2
Para maiores detalhes de referência na literatura internacional sobre a ação do arado em sítios arqueológicos vide
Araújo (2001), subcapítulo 7.2.
13
2. CONTEXTO DA ÁREA DE PESQUISA
A região Noroeste de Minas Gerais pode ser segmentada em duas, de acordo com as
características apresentadas pelos municípios. A primeira segmentação, chamada de Território
da Região Noroeste de Minas Gerais foi criada em 2003 e foi homologada no ano seguinte pelo
governo federal.
Esse território reúne 19 municípios, Arinos, Bonfinópolis de Minas, Brasilândia de Minas, Dom
Bosco, Formoso, Guarda Mor, João Pinheiro, Lagamar, Lagoa Grande, Natalândia, Paracatu,
Presidente Olegário, Riachinho, Santa Fé de Minas, São Gonçalo do Abaeté, Uruana de Minas,
Urucuia, Varjão de Minas e Vazante.
No ano de 2008, o referido território foi inserido no programa do Governo Federal, de acordo
com o decreto datado de 25 de fevereiro de 2008, publicado no Diário Oficial da União de
26/02/2008, transformando-o no Território da Cidadania Noroeste de Minas, o qual incorporou
mais três municípios: Chapada Gaúcha, Pintópolis e São Romão (BRASIL, 2008).
14
Atualmente há forte presença da agricultura empresarial, com destaque para a produção de grão
nas áreas de chapadas e presença de extensas áreas irrigadas, da pecuária e da agricultura
familiar nos 22 municípios que compõe o Território da Cidadania Noroeste de Minas.
Nesses municípios a exploração de areia por dragas e a pesca ocorrem no leito dos rios mais
caudalosos, os recursos minerais. Nos solos do território são encontrados diversos recursos
minerais, como ouro, zinco e gás natural. Há ainda, registros de parques de preservação
ambiental para a conservação do meio ambiente (RELATÓRIO ANALÍTICO, 2011).
A região possui características inerentes que a influenciam, sendo elas, a extensa dimensão
territorial e o grande vazio demográfico que chamam a atenção, pois ocupa uma área de
60.906,30 km², o que é equivalente a 10,38% de área total do estado de Minas Gerais mas abriga
apenas 1,60% da população do estado.
De acordo com o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil do PNUD, o IDH para todos os
municípios deste território é menor que a média do estado que é de 0,731, a renda média de
todos os municípios foi inferior à média mineira de R$ 773,00. Vários municípios estão
próximos ao piso de menor rendimento do Estado. Tais municípios apresentam os dados que
compõem a Tabela 1.
15
Natalândia (MG) 314437 0,671 0,641 0,846 0,557
Paracatu (MG) 314700 0,744 0,704 0,854 0,685
Presidente Olegário (MG) 315340 0,701 0,679 0,831 0,611
Riachinho (MG) 315445 0,632 0,577 0,795 0,551
Santa Fé de Minas (MG) 315760 0,615 0,589 0,804 0,492
São Gonçalo do Abaeté (MG) 316170 0,67 0,665 0,796 0,568
Uruana de Minas (MG) 317047 0,664 0,612 0,793 0,602
Urucuia (MG) 317052 0,619 0,559 0,781 0,543
Varjão de Minas (MG) 317075 0,711 0,673 0,847 0,631
Vazante (MG) 317100 0,742 0,707 0,866 0,666
Chapada Gaúcha (MG) 311615 0,635 0,573 0,82 0,546
Pintópolis (MG) 315057 0,594 0,56 0,799 0,469
São Romão (MG) 316420 0,64 0,586 0,787 0,568
A agricultura familiar possui forte influência neste território, dos 18.372 estabelecimentos,
13.965 (76.01%) pertencem à agricultura familiar. Além disso, uma característica notável na
região é apresentar diversos territórios utilizados para a reforma agrária, com mais de 6.000
famílias assentadas, centenas de famílias acampadas e a existência de 14 quilombos (BRASIL,
2013).
Desta forma, o Território Noroeste de Minas Gerais reúne uma gama complexa de
características, o que não favorece a consolidação de uma identidade cultural para a região.
A região noroeste de Minas além dos municípios que compõe o Território da Cidadania
Noroeste de Minas, ainda compreende os municípios de Unaí, Buritis e Cabeceira Grande, são
integrantes do RIDE-DF.
Figura 4 - Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno. Disponível em: <
http://www.sudeco.gov.br/web/guest/municipios-ride>.
17
Além disso, o referido decreto determina a criação do Conselho Administrativo da Região
Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal – COARIDE. Este decreto foi revogado
através do Decreto nº 7.469 de 2011.
Tabela 2 - Dados socioeconômicos dos municípios mineiros que compõe a RIDE. Adaptado de
http://www.sudeco. gov.br /web/guest/municípios-ride.
Desta forma, fica evidente a diferença entre os três municípios mineiros que fazem parte do
RIDE - DF e os demais municípios da região noroeste de Minas Gerais. Ainda com relação às
desigualdades entre os 22 municípios que fazem parte do Território da Cidadania Noroeste de
Minas e os 3 municípios do RIDE-DF, podemos citar as características do IDHM que no
18
primeiro é inferior à média estadual e no segundo, apresenta índice na média ou superior como
é o caso de Unaí.
Podemos apontar ainda que os municípios que compõe o RIDE possuem um PIB per capita
mais alto e baseado na agropecuária, enquanto os demais municípios do noroeste mineiro têm
como base da economia a agricultura familiar e a mineração.
Em 1554 Francisco Bruzza de Espinosa estava no comando da entrada que possuía como
objetivo percorrer os territórios do vale do Rio São Francisco, o padre jesuíta João Azpilcueta
Navarro foi escolhido como capelão e missionário. Em seu relato de viagem datado de 1555, o
padre jesuíta descreve o percurso e a resistência dos indígenas da região em realizar contato
com a comitiva (BAETA, 2000).
por la tierra adentro trecientas y cincuenta leguas, siempre por caminos poco
descubiertos, por tierras mui fragosas, que tienen tanto número de ríos que en partes
en espacio de cuatro o cinco leguas, pasamos cincuenta veces contadas por agua, y
muchas veces, si no me socorrieran, me hubiera de ahogar. Más de tres meses fuimos
por tierras muy húmedas y frías, por causa de las muchas arboledas de árboles muy
gruesas y altas de hojas que siempre está[n] verde[s.] Llovía muchas veces y muchas
noches dormíamos mojados, especialmente en lugares despoblados (ÁLVARES,
1561 apud CARRARA, 2007).
Deste modo, a história da região entre os rios Paracatu e Urucuia está diretamente ligada à
colonização do Centro-Oeste do país e Norte de Minas, quando garimpeiros, tropeiros,
pecuaristas e aventureiros adentraram o Sertão de forma gradual, após a descoberta do ouro em
1694 em Minas Gerais e nas décadas de 1720/1730 em Goiás e Mato Grosso.
19
No século XVII, quando os Bandeirantes investiam pelo interior do Brasil, levou para a região
o Bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, em busca de ouro e pedras preciosas,
partindo da região de Sabará.
De acordo com Durães (1996), seguindo o roteiro demarcado por Anhanguera, Lourêncio
Castanho Táquis alcançou o sertão do Rio Urucuia, cruzando uma das chapadas na região de
Buritis no atual Estado de Minas Gerais, no ano de 1670 em busca de ouro e pedras preciosas.
Entre os anos de 1710 e 1725, após conflitos entre bandeirantes e indígenas, os primeiros
moradores brancos se fixaram no rancho de pau-a-pique denominado de Sítio Buriti próximo
às nascentes do Rio Urucum, que mais tarde foi denominado de Urucuia, palavra derivada do
termo Urucun que significa "Rio Vermelho" ou "Rio de Águas Vermelhas".
A Estrada Real Picada da Bahia possuía aproximadamente 2630 km, seguia até a Bolívia e
ligava Salvador a Cuiabá, a estrada margeava o Rio Paraguaçu, atravessava a Serra do Sincorá,
a Chapada Diamantina e chegava ao Rio das Contas, ali de acordo com o autor tomava o sentido
sudoeste “passando por Cartité, Palmas de Monte Alto até o porto de Malhada (hoje cidade) na
confluência do rio Verde Grande com o São Francisco divisa BA/MG” (MENDES, 2006).
Na foz do rio Carinhanha ocorria uma bifurcação na estrada, um traçado seguia sentido as
cidades mineiras até encontrar a “Picada de Goiás” passando pelo Rio Urucuia, Buritis até
chegar ao Registro Fiscal de Lagoa Feia em Formosa. O segundo traçado rumava sentido rio
Carinhanha o posto fiscal de Registro de Santa Maria, localizado na Trijunção dos atuais
estados da BA/MG/GO, onde atualmente está o Parque Nacional Grande Sertão Veredas, dali
os viajantes seguiam para a região do Vão Paranã até Planaltina (DF).
3
“Logo se estabeleceu uma complexa conexão socioeconômica entre as regiões mineradoras (MG, GO e MT) e
os centros criadores de gado do São Francisco onde estavam os “donos do mundo”, proprietários de infinitos
latifúndios bovinocultores como a Casa da Torre (Garcia D’Ávila) e a Casa da Ponte (Gudes de Brito), além dos
Cardoso, donos do Norte-noroeste de Minas” (ARAUJO In MENDES, 2006).
20
por Vagas e depois para a construção de Brasília. Só foi desativada em definitivo em
1959 quando foi construída a BR-020 (Brasília – Fortaleza) (MENDES, 2006).
O Vale do Urucuia teve sua ocupação neste contexto, a partir do norte de Minas. O Tenente-
Coronel Matias Cardoso de Almeida e dois membros de sua parentela, contratado para auxiliar
o capitão do mato Domingos Jorge Velho no combate aos quilombolas de Palmares em Alagoas
e, os índios Cariris no Ceará. Eles desceram o rio São Francisco no início de 1690, quando
fundaram São Romão que alcança o título de cidade em 1714, além de Januária e Montes Claros
e outras.
Para Braz (1977, apud SILVA, S/D), “Matias Cardoso desceu o São Francisco com um exército
de 600 homens, acampou em Morrinhos e aí esperou o cel. João Amaro que veio no ano seguinte
[1691] com igual número de combatentes (...). Terminada a campanha, o tenente general fixou-
se em Morrinhos”.
Em 1736, com o fim da Conjuração do São Francisco contra a derrama, territórios como Arinos,
Buritis, Chapada Gaúcha e Formoso entre outras localidades próximas foram efetivamente
colonizadas pelo filho de Matias Cardoso, Januário Cardoso. A partir dessa colonização e da
Estrada Real Picada da Bahia, surgiram outros colonizadores que se fixaram na segunda metade
do século XVIII, como fundadores (VASCONCELOS, 1974).
4
As famílias de pecuaristas Garcia d’Ávila (Casa da Torre) e Guedes Brito (Casa da Ponte) da Bahia, a família
Cerqueira Brandão (Casa de Grijó) de Goiás e a família Cardoso de Minas Gerais se tornaram agentes importantes
no comércio de ouro e gado (ARAUJO, 2007).
21
Alguns bandeirantes cruzaram a região como André Fernandes e Lourenço Castanho Tacques,
em 1613 e 1670 respectivamente, porém a efetiva fixação de moradores se deu a partir de 1730
com a descoberta do ouro em Paracatu, de acordo com Bertran (1994), a circulação de
aventureiros pela Estrada Real Picada da Bahia e outras estradas que ligavam o Centro-Oeste
ao litoral e isto auxiliou na expansão das fazendas e da população no local.
Figura 5 - As Primeiras Cidades do Norte de Minas Gerais: entre o século XVI e XVII. Organização: Veloso, G.
A e Silveira, Y. M. S. C. 2010. In: SILVEIRA e SILVEIRA (2010)
Após a fundação destas cidades, as famílias mais ricas criaram um grande círculo de parentela
que se estendeu por uma contínua uma extensa faixa de terra. Algumas dessas famílias se
uniram através do matrimônio, deste modo, criou-se uma constelação de controle político da
região. Durante a República Velha essas famílias regiam o PRM – Partido Republicano
Mineiro, mantendo essa dominação até o governo Vargas. (HORTA, 1956 apud MOURA S/D).
22
O município localiza-se na mesorregião Noroeste do estado de Minas Gerais, mais
precisamente na microrregião de Paracatu. A sua unidade territorial tem uma extensão
de 3.503,797 km², uma população estimada em 2014 de 19.398 habitantes, portanto
uma densidade demográfica de 5,3 habitantes por Km², conforme informações do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Possui ainda quatro distritos,
sendo: Galena, Ponte Firme (ou São Pedro da Ponte Firme), Santiago de Minas e o
distrito sede (EIA – Fazenda Prata, 2015).
Presidente Olegário tem seus limites com os municípios de Lagoa Grande, João Pinheiro, São
Gonçalo do Abaeté, Varjão de Minas, Patos de Minas e Lagamar. Presidente Olegário (EIA –
Fazenda Prata, 2015).
O município tem sua história ligada a Paracatu, pois ainda no século XVII, o território atual de
Presidente Olegário era cortado por diversas picadas que seguiam em direção a Paracatu do
Príncipe.
Uma das picadas que cortavam a região era a Picada Solimões, que de acordo com Silva (2011),
“consistia em um dos caminhos por onde o ouro era encaminhado para a casa de fundição de
Araxá, em Minas Gerais”, além disso, a picada era utilizada para o escoamento do ouro de
Goiás e o gado destinado ao abate nas cidades de Barretos (São Paulo) e Três Corações (Minas
Gerais).
As picadas e as expedições bandeirantes que passaram pela região, como a de Lourenço Taques
em 1670, que percorreu o território olegarense, em sua viagem de Araxá a Paracatu. A bandeira
23
tinha como finalidade a captura de indígenas, além disso, o historiador Antônio de Oliveira
Melo, afirma que a região dos Chapadões do Paracatu era habitada por tribos Caiapós,
Terminós, Amaipirás e Tupinaês (MELO apud ESTILO NACIONAL).
O historiador afirma ainda que a presença das tribos foi confirmada através de “vestígios
arqueológicos (panelas de barro, resíduos de urnas funerárias dos indígenas contendo ossos
fossilizados) encontrados enterrados próximos à sede municipal de Presidente Olegário”
(ESTILO NACIONAL).
Quando se trata de escravos Presidente Olegário apresenta um baixo número de escravos, apesar
de a região apresentar registros de quilombos, que no século XVIII eram formados por escravos
que fugiram das Minas de Goiás e Minas de Paracatu. Uma lenda denominada “Lenda do
Tesouro”, conta que,
No fim do século XVIII com a decadência do Ciclo do Ouro, os moradores da região mineradora
migraram para a área dos rios Grande e Paranaíba. Neste período, a ocupação do oeste de Minas
Gerais fez com que o Conde Valadares concedesse a Carta de Sesmaria a Afonso Manuel
Pereira, foi um dos responsáveis pelo povoamento do território da Onça.
Afonso Manuel Pereira teria se fixado no povoado do território da Onça até o seu
desaparecimento, vitimado por um bando de escravos refugiados num quilombo próximo e que
lhe teriam roubado um grande tesouro em ouro.
[...] estes escravos foragidos, responsáveis não só pela morte de Manoel Afonso
Pereira como por outros assaltos, teriam sido atacados pela “tropa de linha”, como se
denominava a polícia provincial, e trucidados, restando deles um único sobrevivente.
Este, forçado a mostrar o local onde os quilombos escondiam o produto de seus
assaltos, guiou seus vencedores até o local denominado Lagoa Seca, aí morrendo sem
revelar a ninguém os seus tesouros. Ainda segundo a mesma tradição, um indivíduo
24
não identificado teria encontrado um caldeirão contendo ouro em barras e em pó;
contudo, por desconhecidas razoes até então, tal individuo se teria suicidado sem
revelar a ninguém o paradeiro do dito tesouro. Há no município restos de construções
e grandes pilões de aroeira atribuídos aos quilombolas, o que de certa maneira tem
servido para nutrir as lendas acima narradas e profundamente enraizadas na tradição
local. (IBGE, 1959).
De acordo com a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, “[...]Em princípios do século XIX,
o lugar denominava-se Brejo [...] A amenidade do clima, a fartura de água potável e a boa
qualidade das terras foram, sem dúvida, o fator preponderante a influir no ânimo dos que ali
se fixaram pela primeira vez. Aos poucos, se foi formando uma povoação que recebeu o nome
de Santa Rita da Boa Sorte. [...]” (IBGE, 1959, p.444)5.
De acordo com a Diocese de Patos de Minas, “Joaquim Afonso de Sá e sua esposa Inácia Maria
Rodrigues, donos da fazenda Brejo Alegre, sentindo a importância do local para os viajantes,
resolve fazer uma doação de parte de suas terras para ali erigir uma capela”.
Com isso surge o primeiro documento que trata sobre Presidente Olegário, a Lei Provincial nº
1.444, datada de 2 de dezembro de 1867 e fazia parte da freguesia de Alegres. (DIOCESE DE
PATOS DE MINAS; EIA – Fazenda Prata).
A história do povoamento de Presidente Olegário surge, a partir de 10 de outubro de
1851, quando se faz a doação ao patrimônio da Igreja, a fim de se erigir uma capela
sob a invocação de Santa Rita de Cássia e para, nas terras, se arrancharem os que ali
forem.
Na ocasião, o território era subordinado à freguesia de Santana de Alegre (João
Pinheiro), o que muito dificultava a assistência religiosa aos habitantes, já em número
representativo, das fazendas Boa Sorte e Onça. E na escritura de doação encontramos
a nova denominação da localidade: Santa Rita da Boa Sorte (DIOCESE DE PATOS
DE MINAS).
5
Texto retirado integralmente do EIA – Fazenda Prata.
25
Através da Lei Provincial nº 1656, de 4 de novembro de 1880, o distrito foi desmembrado de
Paracatu e incorporado ao município de Santo Antônio dos Patos, adotando o nome de Santa
Rita de Patos.
De acordo com a Prefeitura Municipal de Presidente Olegário,
O nome Santa Rita da Boa Sorte permaneceu até 1867 quando se criou o Distrito de
Santa Rita e, em 1880, passou a chamar-se Santa Rita de Patos, nome que permaneceu
até 31 de dezembro de 1938, ano em que recebeu a denominação atual de Presidente
Olegário.Além de seu distrito-sede, contava com mais quatro distritos: Galena,
Lagamar, Ponte Firme e Lagoa Grande (PRESIDENTE OLEGÁRIO).
O município em 1938 recebeu sua autonomia de através do Decreto nº 148, com o nome de
Presidente Olegário, que deriva de uma homenagem ao Senhor Olegário Maciel, chefe político
no município de Patos e que faleceu na Presidência do Estado de Minas Gerais. A instalação
do município ocorreu em 1º de janeiro de 1939.
26
Figura 6 - Imagens Históricas de Presidente Olegário. 1 – Posto de Saúde Estadual; 2 – Fôro Municipal; 3 – Vista Parcial da
cidade; 4 – Último tombo da Cachoeira Manabrini; 5 – Vista da parte esquerda da Praça Padre Porfírio e 6 – Praça Afonso de
Sá. Fonte: (IBGE, 1959)
No ano de 1950, a principal atividade econômica olegarense era voltada a agricultura, pecuária
e silvicultura. Através da Figura 7, observa-se que das 19.343 pessoas com10 anos e mais, 7.535
(38,98%) exerciam tal atividade. Tal indicador torna-se mais expressivo se for observado o
contingente da população que não exercia atividade remunerada, 48,17%. Sobre a agricultura,
a cultura do feijão, arroz e milho constituíam os principais produtos agrícolas do município,
sendo 36,64%, 30,43% e 26,43% sobre o total da produção, respectivamente (EIA – Fazenda
Prata).
27
Figura 7 - Recenseamento de 1950 - Presidente Olegário
28
Sobre a situação urbana de Presidente Olegário, na década de 1950, observa-se a discriminação
destes na Figura 9. “O território municipal é cortado por 808 quilômetros de estradas de
rodagem, dos quais 293 se acham sob administração estadual, 233 sob a municipal e os
restantes, pertencem a particulares. Dispõe, além disso, de 1 campo de pouso.” (IBGE, 1959;
EIA – Fazenda Prata).
29
Figura 9 - Melhoramentos urbanos e tábuas itinerárias em 1955 – Presidente Olegário
Naquele momento, a síntese territorial de Presidente Olegário pode ser assim organizada:
Com relação à urbanização de Presidente Olegário, observa-se que nas últimas duas décadas o
indicador evoluiu 19,63%, totalizando no ano de 2010, 70,79% do total da população. Dos
18.577 habitantes do município, 13.150 reside na área urbana6.
Figura 10 - População total, por gênero, rural/urbana e taxa de urbanização – Presidente Olegário. Fonte: Atlas do
Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013. PNUD, FJP e IPEA.
6
Fragmento retirado do EIA – Fazenda Prata.
7
Texto retirado integralmente do EIA – Fazenda Prata.
31
mensagem que narram desde a anunciação de Nossa Senhora que iria dar a luz ao
Deus Menino até a visita dos reis magos ao menino Jesus [...] O encerramento das
festividades acontece no dia 05 de janeiro, com reza, cantigas, muita comida, doces e
bebidas. No final da festa é passada a coroa e anunciado o próximo festeiro, que é um
devoto dos Santos Reis [...]. (Fonte: http://po.mg.gov.br).
32
Figura 12 - Distribuição das Folias de Reis em Presidente Olegário
33
Figura 13 - Romaria de Nossa Senhora da Abadia e dos carreiros (Povoado de Andrequicé).
[...] O calendário de eventos da cidade de Presidente Olegário conta com algumas festas,
religiosas e profanas. O evento de maior tradição é a Festa de Nossa Senhora da Abadia de
Andrequicé, localidade situada cerca de 60 km da sede; esta festa acontece no mês de agosto, e
a comemoração propriamente dita tem lugar no dia 15 deste mês. É importante lembrar que a
Romaria de Andrequicé (festa irmã da Romaria de Água Suja), tem origens no final do século
XIX, quando da doação do terreno e início das celebrações e peregrinações em homenagem à
Nossa Senhora da Abadia. [...] Durante esse festejo religioso e até mesmo antes, os devotos vão
à pé para realizar pagamentos de promessas e levam ofertas como agradecimento à Nossa
Senhora da Abadia. Durante os dias de novena, chegam carros-de-boi e cavaleiros não só de
Presidente Olegário, mas também das cidades mais próximas do distrito. Ainda no âmbito das
festas religiosas, durante o mês de janeiro, o município conta com uma gama de Folias de Reis,
realizadas em diferentes localidades rurais e no distrito sede. Em janeiro acontece também a
Festa em Louvor a São Sebastião, que tem lugar na localidade de Pissarrão [...] Outra tradição
que malgradamente caiu no ocaso foi a bela Contradança dos Godinhos, folguedo iniciado em
princípios do século XX pela família que dá nome à dança e que transita entre o sagrado e o
profano, constituindo um joguete em que homens constituem pares nos quais a outra parte é um
homem vestido de mulher (talvez em protesto ao arraigado patriarcalismo católico cristão do
estado das Gerais), dançando ao som de uma sanfona 4 baixos e um violão e ciceroneados por
um palhaço [...] Outra interessante festa que vem perdendo suas forças ao longo dos anos é a
Festa da Produção, durante a qual o município, através da Prefeitura Municipal e do Sindicado
dos Produtores Rurais, expõe, discute e negocia os produtos agropecuários da cidade, além de
promover shows musicais no parque de exposições e atrações culturais em diferentes pontos da
cidade. No distrito da Galena, também existe uma festa tradicional, que é a Festa de Reis, em
devoção aos Três Reis que visitaram o menino Jesus após o seu nascimento. Ela acontece a
partir do dia 25 de dezembro, quando começa a visita da folia nas casas e nas fazendas. No dia
5 de janeiro (dia dos Santos Reis), o dia da festa, todos se reúnem para rezar e comemorar o dia
dos Santos Reis. (Fonte: http://www.ponoticias.com.br).
34
Do ponto de vista do artesanato, na Casa do Turismo de Presidente Olegário, o Grupo de Artesãs
de Presidente Olegário (GAPO) composto por 10 mulheres, desenvolvem e expõe os seus
trabalhos, bordados, de crochê, dentre outros. O comércio dos produtos se dá na própria Casa
do Turismo, nas feiras de artesanato, nas festas da região e na loja Trem de Ferro, em Belo
Horizonte.
Existem vários outros profissionais que trabalham com produtos diversos na cidade,
organizados na Tabela 4.
No âmbito da literatura, cabe destacar que existem vários escritores em Presidente Olegário,
distribuídos na Tabela 5. Alguns autores escreveram sobre o município, como Oliveira Mello
(Presidente Olegário – Terra da Esperança e Biografia do olegarense Hilton Mendes), José da
Silva Brandão (Festa do Andrequicé) e Artur Gonçalves da Silveira (Os Braga de Andrequicé).
35
Figura 15 - Literatura de Presidente Olegário
36
Tabela 5 - Autores e obras literárias de olegarieneses
37
hospitalidade ao criar uma rede de visitação que abrange todo o território olegariense.
A ideia de pesquisar e documentar o movimento da Folia de Reis em Presidente
Olegário surgiu do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico e
Cultural. Posteriormente, a Estilo Nacional, que já atuava no município desde 2007,
tomou a iniciativa de elaborar um projeto que foi enviado à Lei Rouanet do Ministério
da Cultura e, depois de aprovado, captou recursos através do patrocínio da Eletrobrás.
O projeto inclui a produção de um dossiê de registro, um vídeo, um catálogo e um
site. Para a elaboração dos produtos, organizamos uma equipe sob a coordenação dos
arquitetos e urbanistas Eduardo Alvim e Marílis Mendes, em que trabalharam os
historiadores Flávia Klausing e Bruno Rangel, a estudante de História Júlia Faria, o
antropólogo Marcos Martins, a arquiteta e urbanista Priscila Mourão e a equipe
audiovisual, formada por Eduardo Costa e Leonardo Horta. Após levantar a
bibliografia disponível, realizamos o registro em duas etapas complementares: a
primeira seria de reconhecimento de campo e mapeamento dos grupos existentes, e a
segunda, de acompanhamento de algumas das Folias em seu giro completo. A fase
seguinte, com os materiais coletados, se deu com a produção do dossiê de registro,
acompanhada pela elaboração de um catálogo, e deste site, que serviram de
norteadores da produção do vídeo. Nestas páginas almejamos trazer a festa ao
internauta, através de vídeos, fotos, gravações. Os detalhes, as cores, os saberes, as
tradições, enfim, transmitir um pouco da riqueza da Folia de Reis de Presidente
Olegário. Fonte: http://foliadereisempresidente.com.br/
No contexto das ações do referido Conselho, a partir de consultas as Atas das reuniões ocorridas
no ano de 2013 (disponíveis em http://po.mg.gov.br) atualmente alguns bens estão
contemplados no tombamento e proteção municipal, a saber:
Foram escolhidos para inventariação naquele ano os seguintes bens culturais: (1) Cachoeira do
Marimbondo, (2) Cachoeira São Joãozinho, (3) Cânion e Cachoeira do Vale dos Camilos, (4)
Encontro dos Córregos do Salitre e Bananeira, (5) Gruta da Galena, (6) Rio da Prata, (7)
Ribeirão Andrequicé, (8) Romaria de Andrequicé (Festa de Nossa Senhora da Abadia), (9)
Cachoeira da Taboca e (10) Poço e Cachoeira Grande de Taboca.
38
Com relação aos bens naturais destacam-se as Grutas, Cavidades, Rios, Cachoeiras, dentre
outros. Abaixo são apresentadas todas as cavidades cadastradas no Centro Nacional de Pesquisa
e Conservação de Cavernas (CECAV).
39
Cavidades Localidade Lat. Long. Litologia
1 Abismo da Treliça Andrequicé -18,1541 -46,1758 Calcário
2 Abismo Dedo do Dragão Andrequicé -18,1542 -46,1759 Calcário
3 Gruta Apêndice do Samé Andrequicé -18,1548 -46,1750 Calcário
4 Gruta da Argila Seca Andrequicé -18,1584 -46,1739 Calcário
5 Gruta da Liuba Andrequicé -18,1542 -46,1758 Calcário
6 Gruta da Rapunzel Andrequicé -18,1541 -46,1757 Calcário
7 Gruta do Conduto Paralelo Andrequicé -18,1586 -46,1743 Calcário
8 Gruta do Morcego Vigilante Andrequicé -18,1543 -46,1757 Calcário
9 Gruta do Osso do Boi Andrequicé -18,1589 -46,1737 Calcário
10 Gruta do Samé Andrequicé -18,1550 -46,1747 Calcário
11 Gruta Fenda do Urubu Andrequicé -18,1593 -46,1751 Calcário
12 Lapa da Caveira Andrequicé -18,1541 -46,1756 Calcário
13 Lapa dos Bombeiros Andrequicé -18,2094 -46,1484 Calcário
14 Lapa Ipê Amarelo I Andrequicé -18,2106 -46,1484 Calcário
15 Lapa Ipê Amarelo II Andrequicé -18,2103 -46,1484 Calcário
16 Lapa Ipê Amarelo III Andrequicé -18,2102 -46,1483 Calcário
17 Lapa Ipê Amarelo IV Andrequicé -18,2101 -46,1483 Calcário
18 Lapa Jardim do Pipe Andrequicé -18,1515 -46,1765 Calcário
19 Lapa Maminha de Porca Andrequicé -18,2108 -46,1487 Calcário
20 Sumidouro do Pipe Andrequicé -18,1514 -46,1761 Calcário
21 Lapa da Água Parada Barra do Rio Andrequicé -18,1494 -46,1788 Calcário
22 Lapa da Capivara Barra do Rio Andrequicé -18,1474 -46,1787 Calcário
23 Lapa Itaocaí Barra do Rio Andrequicé -18,1471 -46,1790 Calcário
24 Lapa Urubu Rei Barra do Rio Andrequicé -18,1469 -46,1779 Filito
25 Lapa Vereda da Palha Fazenda Andrequicé/Vereda da -18,2552 -46,1260 Calcário
Palha
26 Gruta Bocão da Saúva Fazenda Córrego Fundo Galena -18,2866 -46,1069 Calcário
27 Gruta da Saúva Fazenda Córrego Fundo Galena -18,2878 -46,1065 Calcário
28 Gruta do Cipozao Fazenda Córrego Fundo Galena -18,2853 -46,1075 Calcário
29 Gruta do Mourão de Fazenda Córrego Fundo Galena -18,2865 -46,1076 Calcário
Gameleira
30 Gruta Jardim das Orquídeas Fazenda Córrego Fundo Galena -18,2881 -46,1057 Calcário
31 Gruta Salão da Saúva Fazenda Córrego Fundo Galena -18,2875 -46,1068 Calcário
32 Ressurgência do Córrego Fazenda Córrego Fundo Galena -18,2893 -46,1054 Calcário
Fundo
33 Sumidouro do Córrego Fazenda Córrego Fundo Galena -18,2883 -46,1053 Calcário
Fundo
34 Toca da Saúva Fazenda Córrego Fundo Galena -18,2878 -46,1065 Calcário
35 Abismo 10 M Galena -18,3159 -46,0875 Calcário
36 Abismo da Alice Galena -18,3225 -46,0816 Calcário
37 Gruta Bigo do Tchá Galena -18,3223 -46,0811 Calcário
38 Gruta da Medusa Galena -18,3229 -46,0818 Calcário
39 Gruta do Tchá Galena -18,3224 -46,0812 Calcário
40 Gruta Kosta do Tchá Galena -18,3224 -46,0815 Calcário40
41 Gruta San Luiz Galena -18,3154 -46,0929 Calcário
42 Lapa Caieira Galena -18,3173 -46,0879 Calcário
43 Lapa da Gameleira Galena -18,3160 -46,0879 Calcário
Figura 17 - Cavidades cadastradas em Presidente Olegário. Fonte: Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas
(CECAV). Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/cecav/
Por fim, conforme destacado, Presidente Olegário possui diversos bens culturais naturais.
Algumas dessas referências são apresentadas abaixo.
1 – Cachoeira do Joãozinho;
3 – Cachoeira do Marimbondo;
41
Figura 18 - Bens Culturais Naturais de Presidente Olegário.
Muitos arqueólogos apontam o surgimento das pesquisas em Minas Gerais ainda no século XIX
(PROUS, 2013; SENE, 2007, p.89; NEVES & PILÓ, 2008).
42
A arqueologia em Minas Gerais nasceu de forma acidental e poderíamos dizer,
prematura, em meados do século XIX. Após um eclipse de quase um século durante
o qual as pesquisas se limitaram à região de Lagoa Santa e foram realizadas
essencialmente por instituições estrangeiras ou do Museu Nacional do Rio de Janeiro,
a arqueologia firmou-se no estado com a criação do Setor de Arqueologia da UFMG.
Isto ocorreu no final do ano de 1975, por iniciativa conjunta do IEPHA e da Reitoria
da Universidade. Desde então, a arqueologia mineira passou a ter um papel relevante
no panorama brasileiro (PROUS, 2013, p. 52).
Durante um longo período a Arqueologia em território mineiro foi executada ora por amadores,
ora por intelectuais que, muitas vezes, nem sequer publicaram suas pesquisas8.
Desta forma, as pesquisas realizadas entre 1920 e 1955 mantiveram aberta a pergunta
sobre antiguidade do Homem em Lagoa Santa, mas sem trazer nenhuma resposta
definitiva. A partir dos anos de 1940, os achados de instrumentos líticos
inquestionavelmente associados à megafauna no sítio de Clovis (no oeste americano)
demonstraram que a ideia de um Homem pleistocênico no Brasil não era absurda. A
presença de esqueletos preservados em Lagoa Santa mantinha aceso o interesse pela
região, já que não havia sepultamentos conhecidos para os autores da cultura Clovis.
Esta foi logo datada em cerca de 11.000 anos a partir de 1950, quando a análise de
radiocarbono tornou-se operacional. Tornava-se imperativo esclarecer a antiguidade
dos achados em terra mineira (PROUS, 2013, p.58).
8
Para síntese da Arqueologia em Minas Gerais ver Prous (2013).
43
As escavações sistemáticas ocorreram entre os anos de 1973 e 1976, com a participação de mais
de 25 pesquisadores. De acordo com Prous (2013), por exigência do IPHAN, estas escavações
tiveram a participação de jovens estudantes brasileiros, como meio de prepará-los para à
pesquisa científica.
As escavações na Lapa Vermelha, que foi sempre ocupada apenas periodicamente por
pessoas de passagem, proporcionaram as primeiras datações mínimas para pinturas
rupestres (enterradas) no Brasil e os restos do esqueleto da jovem que seria mais tarde
popularizada sob o nome de “Luzia”. Tratava-se também dos mais antigos restos
ósseos humanos datados nas Américas, embora a datação inicial de 11.680 anos BP
(não calibrada) aceita pela pesquisadora em sua publicação inicial (LAMING-
EMPERAIRE, 1979) seja antiga demais; ela provinha de um carvão encontrado junto
ao crânio, mas ambos se encontravam em um setor perturbado, tendo o crânio, junto
com vários blocos, afundado em uma pequena fossa de sucção. Analisando mais tarde
a localização estratigráfica do resto do esqueleto, mostramos que a idade correta era
de cerca de 11.000 anos (não calibrados) “apenas”. De qualquer forma, os elementos
esqueletais ainda in situ encontravam-se abaixo de um nível onde tinham sido
encontrados vários coprólitos de preguiça gigante, comprovando-se assim a
contemporaneidade entre o Homem e a megafauna extinta. O sítio proporcionou
também uma grande quantidade de instrumentos de conchas, o que me levou a estudar
sua fabricação, sua utilização e, mais tarde e com a ajuda de M. E. Solá, estudar o
valor nutritivo dos grandes gastrópodes terrestres (PROUS, 2013).
As pesquisas arqueológicas no Planalto Central do Brasil, o que inclui o centro oeste do estado
de Minas Gerais, foram desenvolvidas a partir da década de 1970, por meio do Programa de
Pesquisa do Vale do São Francisco (PROPEVALE), coordenado por Ondemar Dias Júnior, do
Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB).
44
Segundo Bueno (2013), desde meados da década de 1970 a região do centro-norte mineiro tem
sido alvo de pesquisas acadêmicas, executadas por diferentes pesquisadores. Para o autor, essa
“diversidade” de perspectivas auxiliou significativamente, uma vez que:
Além disso, a literatura arqueológica aponta para o Planalto Central as primeiras ocupações
regionais representadas por grupos de caçadores coletores, associados à Tradição Itaparica
(SCHIMITZ, 1999; RODET et al, 2011; FOGAÇA, 1995; BUENO, 2013).
Segundo Rodet et al (2011, p.81), as pesquisas desenvolvidas no Brasil Central, desde a década
de 1960, têm identificado vestígios de ocupação humana no Brasil, “(...) com datas de passagem
do Pleistoceno para o Holoceno inicial, entre 12/11 e 10 mil anos BP e do Holoceno médio, por
volta de 8 mil anos A.P”. Segundo os autores (2011, p. 88) o Planalto Central é definido como:
Assim, ocupando uma vasta área do Planalto Central brasileiro, em terras dos atuais estados de
Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Pernambuco, Bahia e Piauí, a Tradição Itaparica está
representada pela presença marcante dos raspadores unifaciais plano-convexos (ou lesmas), que
funcionam como fóssil guia da tradição.
De acordo com as análises de Schmitz (1999), os grupos humanos filiados à produção dos
plano-convexos, ou seja, à Tradição Itaparica, teriam vivido nessa extensa área da América do
45
Sul, nos biomas de cerrado e caatinga, a partir do final do Pleistoceno, em ambientes com
infinitas possibilidades, no que tange à exploração de recursos energéticos (SCHIMTZ, 1999).
A extensão temporal da Tradição é bem vasta (aproximadamente 4 milênios), uma vez que
apresenta uma cronologia bem marcada, datada da passagem do Pleistoceno para o Holoceno,
cerca de 12 mil anos A.P., até aproximadamente 8 mil anos A.P.
Como dito, o maior marcador cultural são os artefatos plano-convexos, ferramentas muito bem
elaboradas, porém com quase ausência de ferramentas bifaciais, como pontas de projétil, por
exemplo.
Nas palavras de Fogaça, a caracterização geral dos grupos humanos detentores da tecnologia
filiada à Tradição Itaparica (1995, p.146):
Destacando a raridade das pontas de projétil líticas (que começam a surgir em torno
de 9 mil e 8500 anos A.P), levanta a hipótese de que existiria no Brasil um horizonte
Paleo-índio sem pontas (Centro-Nordeste) e um horizonte com pontas (Planalto
Meridional). No Centro-Nordeste tratar-se-iam de culturas – ligadas às áreas de
cerrado e caatinga – de caçadores coletores generalizados. Servem igualmente como
argumentos para essas hipóteses o desconhecimento de sítios de matança e, em Goiás,
a presença de vestígios alimentares indicadores da utilização dos abrigos como
habitações ocupadas durante todo o ciclo anual.
Muitos autores apontam que a Tradição Itaparica teve sua origem, ou seja, sua discussão
acadêmica, marcada pelas escavações da famosa Gruta do Padre, submédio vale do rio São
Francisco, em Pernambuco (MARTIN, 1998; FOGAÇA, 1995; LOUDEAU, 2006; MARQUES
& HILBERT, 2009; RODET et al, 2011), onde o arqueólogo Valentin Calderón, foi quem
primeiro estabeleceu um horizonte lítico de grupos de caçadores coletores que ocuparam a área
a partir de 11 mil anos A.P. (MARTIN, 1998).
Com a divulgação dos resultados da pesquisa de Valentin Calderón, a Gruta do Padre passou a
ser referência para identificação das indústrias líticas pré-históricas evidenciadas no vale médio
do São Francisco, de uma vasta região do Nordeste e do Planalto Central, incluindo territórios
dos atuais estados de Goiás, Tocantins, Bahia, Pernambuco, Piauí e Minas Gerais (PROUS,
1992; MARTIN, 1998).
Em Goiás, coube a Schmitz (1999), a classificação das indústrias líticas regionais, divididas em
três fases: Paranaíba e Serranópolis (associada às ocupações de caçadores-coletores) e, Jataí
(ceramistas).
Segundo Schmitz (1999, p.90), a indústria lítica da Fase Paranaíba é muito característica, sendo
utilizada como matéria-prima, preferencialmente, rochas da família dos quartzitos e das
calcedônias, onde:
As bases buscadas são grandes e grossas lascas produzidas por lascamento unipolar,
formadas por sucessivas reduções para fabricar longos raspadores terminais,
semelhantes a lesmas, ou então raspadores em pata de cavalo, raspadores laterais ou
raspadeiras; lascas de gume natural cortante e resistente podiam ser usadas
diretamente, às vezes com pequena acomodação para retirar arestas ou endireitar o
gume (SCHMITZ, 1999, p.90).
De acordo com Prous (1992), para o noroeste mineiro as escavações de P. I. Schmitz e equipe,
em Goiás; de Ondemar Dias, na região de Unaí, MG; e da UFMG, em Januária são os principais
referenciais teóricos.
Em Goiás, como já dito, a Fase Paranaíba (Tradição Itaparica), está caracterizada por lascas de
pequenas dimensões obtidas de seixos de quartzito (98%) e calcedônia, tendo como artefato
majoritário os raspadores unifaciais plano-convexos.
Esta indústria, de acordo com Prous (1992), apesar de ter como fósseis-guia as lesmas, também
apresenta:
(...) instrumentos menos característicos, como facas com retoque em ambos os bordos
(ou com dorso natural) que se unem na extremidade distal. Uma particularidade dessa
indústria é que os instrumentos sofreram de uma ablação, por retoque, do talão; foram
três peças com retoques bifaciais, um pequeno furador de calcedônia, uma ponta e
uma grande peça sub-retangular com grandes retoques periféricos (PROUS, 1992, p.
179).
O abrigo de referência foi o GOJA 01, onde, de acordo com Prous (1992, p.179), há ausência
de núcleos e lascas, fato que demostra que o local não fora utilizado para o lascamento, contudo
não foram evidenciados até então, sítios a céu aberto.
Em três sítios foram evidenciados sepultamentos primários, semelhante ao que ocorre em Minas
Gerais, na Lapa do Foice, em Januária, onde foi evidenciado um sepultamento secundário por
47
cremação, datado de 11 mil anos A.P., associado a uma indústria muito semelhante à
evidenciada na Fase Paranaíba, de Goiás.
Em Goiás comporta lascas de basalto de tamanho médio, obtidas por percussão dura ou
espatifamento, nunca retocadas. Em Unaí, fase Paracatu, os nódulos de calcedônia eram
retirados das paredes dos abrigos, nota-se a mesma ausência de trabalho secundário, sendo o
lascamento término, uma constante.
A Lapa do Gentio é a maior representante do Arcaico Recente (entre 4 mil e mil anos AP.),
onde a principal importância é a presença de vestígios vegetais, comprovando uma horticultura
pré-ceramista (PROUS, 1992, p. 182, COSTA, 2009).
No que tange às tradições ceramistas, as mais conhecidas para as áreas do empreendimento são
a Una e Aratu.
Os mais antigos indícios da Tradição Una em Minas Gerais, relacionada a grupos Proto-Jês,
foram escavados na Lapa do Gentio, perto de Unaí (PROUS, 1992). A cerâmica mais antiga
vem deste sítio, datada de 3490 anos A.P., tendo como característica principal o uso de
antiplástico vegetal. Ainda segundo Prous (1992, p. 334), no estado de Goiás, Schmitz
evidenciou cacos isolados com antiplástico de cariapé, datados de 3800 anos A.P. no município
de Carmo de Goiás.
De qualquer forma, é sabido que a cerâmica está totalmente incorporada ao repertório cultural
deste (destes) grupo em 2600 anos A.P.
De acordo com Prous et al (1994, pp.75-76), a cerâmica filiada à tradição Una e coletada nos
abrigos do noroeste mineiro, mais precisamente no Vale do Peruaçu, pode ser caracterizada por
fragmentos com ausência de decoração, com paredes finas (geralmente entre 4 e 22 mm, mas
com espessura média de 7 mm), a pasta geralmente dura, porém porosa e as vezes heterogênea.
No que tange a constituição da pasta, o antiplástico é muito variável, havendo fragmentos com
presença de argila, carvão vegetal (apenas em vasos de paredes mais finas), calcário moído,
areia rolada de rio. A superfície apresenta tonalidade marrom, algumas vezes alaranjada, mas
48
muito raro. Geralmente a superfície dos fragmentos apresentam alisamento e uma brunidura
(PROUS el al, 1994, p. 76).
Os vasilhames parecem ter sido feitos geralmente por modelagem e não por roletes.
As formas são quase exclusivamente fechadas e globulares; os lábios são
arredondados e apontados; os fundos, curvos. Excepcionalmente, a borda pode ser
levemente ondulada, ou acompanhada por uma incisão fina, mas nunca é reforçada ou
decorada. A abertura da boca varia entre 5 e 13 cm para os vasos globulares, e entre
13 e 30 cm para os raros recipientes abertos (embora não ultrapasse geralmente 18
cm). Quando a boca não é constrita, as paredes costumam ser sub-verticais ou apenas
levemente inclinadas (...). Em raros sítios (...) aparecem alguns cacos muito leves, por
apresentarem uma estrutura extremamente porosa: numerosos buracos de vários
milímetros de diâmetro foram deixados pela queima de materiais combustíveis (...)
propiciando uma oxidação completa e uma cor alaranjada (PROUS et al, 1994, p.76).
Sobre a implantação destes sítios com presença de cerâmica Una no município de Unaí, os sítios
estão localizados em abrigos que, conforme discutido por Prous (1992), foram habitados
normalmente. Além da cerâmica, uma indústria lítica não formal foi identificada, com presença
de pequenas lascas não retocadas, além de muitos vegetais, como dito.
Ausência de decoração.
49
A tradição Aratu-Sapucaí está presente em todo o Brasil central, em Minas Gerais em grande
parte de seu território, em especial Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (ALVES, 2009, 2013;
FAGUNDES, 2004; PROUS, 2000), Centro (RODRIGUES, 2011) e Noroeste do estado
(PROUS, 1992).
Segundo Rodrigues (2011, pp. 21-22), que trabalhou com sítios cerâmicos na região central do
estado, mais precisamente na área cárstica de Lagoa Santa:
De acordo com Prous (1992, p.350), os sítios arqueológicos que apresentam em seu conteúdo
vestígios associados à tradição Aratu-Sapucaí, estão instalados em regiões colinares, perto de
rios, grandes ou pequenos.
As aldeias foram implantadas em grandes superfícies, com diâmetro superior até 500 m, que,
nas palavras de Prous (1992, p. 350): “(...) ocupam meias encostas das elevações suaves ou os
baixos terraços; estes últimos, hoje frequentemente coberto pelas águas das represas...”
A grande revisão feita por Rodrigues (2011) acerca de vários sítios filiados à tradição Aratu-
Sapucaí e seus conteúdos, aponta que na maioria dos casos os sítios arqueológicos estão em
terrenos ondulados, a céu aberto, sobretudo constituído por aldeias circulares (ROGRIGUES,
2011, p. 62).
Assim, o mais comum é a localização dos sítios em terrenos ondulados, a céu aberto,
que na maioria dos casos são aldeias circulares, com vestígios de sepultamento,
fogueiras, artefatos líticos e cerâmicos. Dentre os líticos, com grande frequência
encontrou‐se: lâminas polidas de machado; blocos com depressões centrais
entendidos como quebra‐cocos ou bigorna para lascamento bipolar; material lascado,
com grande recorrência do quartzo. Em menor grau aparecem polidores fixos,
núcleos, mão de pilão, seixos (seja como alisadores ou como percutores) e grandes
blocos. Cabe destacar que os artefatos líticos nem sempre são apresentados em estudos
ligados à mencionada Tradição (ROGRIGUES, 2011, p.62).
Prous (1992, pp. 350-351) apresenta como características do repertório cultural da tradição
Aratu-Sapucaí a presença de conjuntos cerâmicos caracterizados por vasos grandes com cacos
50
muito espessos, quase sempre com ausência de decoração, fato descrito também por Tameirão,
F.C.A. (2014) na região de São Gonçalo do Abaeté, Minas Gerais. Ainda ocorrem vasos
pequenos, de paredes finas e bases perfuradas que, segundo o autor (1992), são os famosos
cuscuzeiros. Em algumas peças são evidenciados o engobo vermelho. Há também grandes urnas
globulares (inclusive utilizadas como urnas). Os vasos duplos também são muito comuns nesta
tradição, inclusive sendo marcadores culturais (ALVES, 2009).
O material lítico está constituído por ferramentas expeditas, não formais, sobretudo lascas,
algumas retocadas, em diferentes matérias-primas: quartzo, arenito e sílex, principalmente.
No Alto Paranaíba, região dos municípios de Ibiá, São Gotardo e Nova Ponte, Prous (2000),
realizou várias escavações em aldeias ceramistas filiadas à Tradição Aratu Sapucaí. A cerâmica
é, de longe, o vestígio cultural em maior evidência nestes sítios. Na letra do autor (PROUS,
2000, p.348):
A maioria dos vestígios representados por cacos de cerâmica está espalhada aos
milhares. Os Sapucaí utilizavam grandes vasilhas globulares (igaçabas) para guardar
líquidos e sepultar os mortos; em certas regiões (perto de Ibiá), cobriam-nas com
chapisco de quartzo moído, enquanto no resto do estado alisavam as paredes de barro.
Nota-se também uma diferença da parte ocidental do estado (sub-Tradição Sapucaí),
quase esféricas, e as do centro-sul (sub-Tradição Aratu), oblongas. Nas urnas
funerárias Sapucaí aparecem pequenos vasos simples ou duplos em firma de cascas
de vegetais cobertos por uma camada preta de fuligem fixada por polimento na parece
quente (brunhidura): 4 desses recipientes duplos encontram-se numa única urna de
São Gotardo. Os recipientes culinares são de tamanho médio, parecendo-se com
tigelas ou apresentando forma cônica. São por vezes cobertos por tinta vermelha
(engobo); quase nunca receberam decoração, a não ser eventuais impressões de pontos
ou de unhas formando uma linha ao redor da boca. Também de cerâmica são as rodelas
perfuradas cônicas ou bicônicas (destinadas a assegurar o movimento dos fusos com
os quais faziam-se os fios de fibras vegetais) e os cachimbos, tubulares ou com forilha
angular (...); em raros sítios apareceram também adornos (...), suporte de panelas
cônicos e colheres de barro queimado (PROUS, 2000, pp. 349-350).
Sobre a tecnologia lítica, Prous (2000, pp. 350-351) destaca que não eram bons lascadores,
limitando-se ao lascamento de cristais e nódulos de quartzo, utilizando os suportes mais
adequados para as atividades sociais.
Contudo, Fagundes (2004) apresenta outra visão em sua dissertação de mestrado sobre o sítio
Rezende, no Triângulo Mineiro.
Mesmo sendo ferramentas expeditas, há uma maior diversidade na tecnologia lítica destes
sítios, com presença de raspadores de diferentes tipologias e lascas retocadas, sobretudo em
arenito silicificado. O quartzo também é utilizado, sendo lascado pelas técnicas unipolar e
51
bipolar, além da presença marcante dos furadores (FAGUNDES, 2004), instrumento também
presente no conjunto artefatual de sítios na cidade de Cachoeira Dourada (DIMITRI, 2012).
Acerca da Tradição Tupiguarani, Prous et al (1994, p.76), apresentam informações sobre essa
tecnologia regionalmente, sobretudo em sítios a céu aberto e fora do canyon do rio Peruaçu.
Contudo, alguns fragmentos foram observados em abrigos, sendo a única observada ou
misturada aos fragmentos da Tradição Una:
(...) neste caso, no entanto, e ao contrário dos cacos finos e escuros, não aparece
enterrada, a não ser superficialmente ou em depressões remexidas a partir da
superfície: trata-se da cerâmica dita Tupiguarani (PROUS et al, 1994, p. 76).
Ainda conforme os autores, quase todos os fragmentos são espessos (entre 17 e 26 mm); são
pouco oxidados; o antiplástico costuma ser menos abundante, dominando a areia, mas em
alguns se observa a presença de fragmentos grandes de hematita, calcário e feldspato; e, com
exceção da base que é modelada, são todos confeccionados por roletes.
52
seu ápice na década de 1970, com a Missão Arqueológica Franco-Brasileira, dirigida pela
arqueóloga francesa Anette Laming-Emperaire (LEITE, 2012).
Para a região do Planalto Central brasileiro, em especial o estado de Minas Gerais, pode-se citar
a presença majoritária da Tradição Planalto, sobretudo na região central do estado, onde as
principais áreas arqueológicas são Carste de Lagoa Santa, região de Diamantina, Serra do Cipó,
Serra Negra, região de Jequitaí e Serra do Cabral (PROUS, 1992; BAETA, 2013; LINKE, 2013;
FAGUNDES. 2013; TOBIAS Jr., 2013; SEDA et al, 2004; SEDA, 1998, RIBEIRO, 2006,
2007; entre outros).
A proposta de ordenação dos grafismos brasileiros elaborados por Prous (1992), ressalta que ao
tentar delimitar grandes conjuntos (as Tradições), teve-se que incluir certa variabilidade intra
regional – que pode estar relacionada a evoluções culturais no tempo e no espaço, ou mesmo a
funções distintas de determinados espaços.
Os cartuchos (figuras ovais alongadas) representam uma parcela significativa dos grafismos
representados, aparecendo em todos os sítios onde a Tradição São Francisco ocorre e, portanto,
é considerado pelos pesquisadores como um elemento emblemático no conjunto
cronoestilístico regional (RIBEIRO, 2007).
53
No que tange ao local de execução das pinturas, há preferência por suportes amplos, iluminados,
lisos e elevados é também característica desta manifestação. As cores mais comuns são o
vermelho e o amarelo (RIBEIRO, 2007).
De acordo com Baeta (2013), as pesquisas desenvolvidas por Baeta & Prous (1992/1993) no
Grande Abrigo Santana do Riacho, na face meridional da Serra do Espinhaço, mais
precisamente na Serra do Cipó, têm sido utilizadas como grande referencial comparativo e de
análises sobre a arte rupestre regional:
Para Baeta (2013), a Tradição Planalto (em especial na Serra do Cipó), tem como
predominância visual a presença de animais (zoomorfos).
Logo, pode-se dizer que a Tradição Planalto é caracterizada, predominantemente, por grafismos
zoomórficos, sobretudo a associação clássica de cervídeos e peixes, monocromáticos
(geralmente em vermelho, mas há representações em preto, amarelo e branco). Outros
quadrúpedes, répteis e aves também são bem representados. Os grafismos antropomorfos
ocorrem com certa frequência, sobretudo os filiformes. As cenas são raras, mas ocorrem
(BAETA, 2013).
Ainda de acordo com Isnardis (2009, p. 97), a prática da realização de muitas sobreposições
nos painéis é muito comum, inclusive em alguns deles predomina a aparência caótica, com
associações homotemáticas diacrônicas, especialmente entre os cervídeos.
54
Essa tradição é caracterizada pela presença marcante de zoomorfos com destaque para
o veado associado a peixes, os quais possuiriam alguma importância para os pré-
históricos, em oposição a uma sugestiva ausência total de emas e cobras. Esse
conjunto rupestre havia sido observado particularmente nos relevos ligados a serra do
Espinhaço, apesar da posição dispersão ampla, o foco principal parecia estar no centro
mineiro, indicando vários sítios importantes desta tradição como na região da Serra
do Cabral, vizinha a Jequitaí e um estilo particular aquela região: o Estilo Cabral.
Seda (1981/82) aponta a região formada pela Serra do Cabral como de grande importância para
estudos arqueológicos. Esta serra, extensão oeste da Serra do Espinhaço, representa uma
chapada, que forma o divisor de águas entre as bacias dos rios das Velhas e Jequitaí. Estes rios
são importantes afluentes da margem direita do médio São Francisco. Seda (1981/82) registra
a ocorrência de 87 sítios arqueológicos conhecidos, todos com arte rupestre, exclusivamente na
forma de pinturas.
Nos anos de 1990 a pesquisa na Serra do Cabral, coordenada por Seda, desenvolveu pesquisas
sistemáticas naquela região. Segundo Seda et al (2004), de todos os sítios identificados, apenas
o sítio Lapa Pintada III apresentou material lítico, este sítio foi caracterizado dentro do projeto
como um sítio oficina dado o seu repertório cultural.
Aponta Seda et al (2004), que as plaquetas de quartzito originárias do próprio abrigo foram
utilizadas como suporte para a produção da maior parte dos artefatos evidenciados. A cultura
material recolhida por Seda, em sua grande maioria é representada por instrumentos unifaciais
plano convexos, raspadores terminais e raspadores laterais.
As Pesquisas desenvolvidas no sítio Bibocas II, já apresentam um quadro bem delineado para
a indústria lítica de quartzo (BASSI, 2012).
Ainda em Jequitaí, Tobias Jr. (2010, 2013) aponta para a grande diversidade de pinturas e
grafismos rupestres vinculados às tradições São Francisco e Planalto.
55
Tradição Planalto. Cabe ressaltar, que a revisão realizada recentemente (LINKE, 2013), atribui
aos grafismos da tradição Nordeste e Agreste, ao segundo momento da tradição Planalto.
Estes painéis geralmente estão vinculados à tradição Planalto, contudo com grafismos mais
estilizados (LEITE & FAGUNDES, 2014; FERREIRA, 2011; FERREIRA, 2014), inclusive
com a presença de grafismos filiados às Tradições Nordeste e Agreste (FERREIRA, 2014;
LEITE & FAGUNDES, 2014).
Ainda para o Alto Jequitinhonha, no que se referem aos demais repertórios culturais, se
destacam as indústrias líticas, sobretudo para a produção de planos-convexos em quartzito.
Segundo Isnardis (2009), a produção se deu utilizando como suporte plaquetas, sendo as
modificações feitas por meio dos processos de façonagem e debitagem (ISNARDIS, 2009).
Mais recentemente, Fagundes e Tameirão (2013) apresentaram resultados das análises dos
conjuntos líticos do sítio Mendes 02, o sítio, escavado em 2011, apresentou mais de 30 mil
peças líticas, sendo que o diferencial foi a existência do processo completo de lascamento dos
planos convexos, com presença de material debitado (lascas).
Apesar da pesquisa no noroeste de Minas Gerais ter longa data, a partir da década de 1970 com
as investidas feitas pelo IAB/RJ, coordenado pelo Dr. Ondemar Dias Júnior, no âmbito do
PRONAPA, as informações foram pouco divulgadas (XAVIER, 2007; SENE, 2007).
Ao longo das décadas de 1970 e 1680, o IAB-RJ, coordenado pelo Prof. Ondemar
Dias Júnior, desenvolveu junto aos demais integrantes do PRONAPA pesquisas ao
longo da área cárstica do estado de Minas Gerias. Julgando ter potencial arqueológico
para as sucessivas pesquisas, o IAB estendeu suas pesquisas ao longo do Vale do rio
São Francisco entre outros. O objetivo era “levantar a maior soma possível de
informações ao longo do vale sanfranciscano em território mineiro, através de
prospecções e escavações sistemática (apud SENE, 1998, p.103).
56
Ainda segundo Xavier (2007, p.18), dada a grande extensão geográfica, apenas na década 1980
os trabalhos contemplaram a face noroeste do estado, representados pelas escavações da Lapa
do Foice I e II e Lapa do Gentio I e II.
Segundo Costa (2009, p.4), a Gruta do Gentio II foi localizada pelas ações desenvolvidas pelo
Programa de Pesquisas Arqueológicas do Vale do São Francisco, no Estado de Minas Gerais
(PROPEVALE), coordenado por Ondemar Dias Junior a partir de 1970.
As escavações foram realizadas em quatro etapas, ao longo dos anos de 1976, 1977,
1984 e 1987, e envolveram grande número de profissionais do Instituto de
Arqueologia Brasileira, em diferentes equipes. Nesse período, o salão de cerca de
300m² teve aproximadamente 140m² de solo arqueológico escavado. A metodologia
de setorização adotada foi a de linhas que se cruzavam a cada dois metros. As paralelas
à boca da gruta foram numeradas e as perpendiculares alfabetadas. Para a escavação,
foram empregados níveis artificiais de 10 cm, tendo sido também respeitados e
registrados os limites das camadas naturais (COSTA, 2009, p.4).
Ainda de acordo com Costa (2009), o sítio apresentou um estratigrafia bem complexa,
representada em quatro camadas, com duas ocupações distintas: (a) caçadores coletores com
datações entre 10.040 e 6.300 anos A.P., com predominância de vestígios líticos, estruturas de
combustão, restos alimentares e vários enterramentos (BIRD et al 1991 apud COSTA, 2009,
p.6); (b) as de horticultores, com cultura material filiada à tradição Una e que ocuparam a
camada 1, com datações entre 3.500 e 400 anos A.P. Segundo Costa (2009, p.7), o pacote de
ocupação horticultora apresenta vários vestígios culturais, desde indicadores de fiação e
tecelagem, até utensílios de diferentes matérias-primas, como osso, cabaça, couro e madeira,
adornos de plumária, conchas, ossos, líticos, cerâmicas, artefatos de pedra, um grande número
de enterramentos, além de muitos cropólitos.
Camada IV: Coloração marrom escura, bastante compacta, com espessura ao redor de
10cm, foi datada em 10.190 ±120 AP (SI 6837). Camada III: Coloração avermelhada
com intromissões de pequenas lentes esbranquiçadas e de carvão. Fortemente
compactada, está restrita à área mais interna do sítio, onde logrou atingir 40cm de
espessura. Em alguns trechos repousa diretamente sobre a base rochosa. Cinco
datações se inserem entre 9.040±70 AP (BETA 3520 e 8.595±215 AP (SI 5077),
sendo as demais intermediárias. Camada II: Predomina a coloração avermelhada, com
lentes espessas de coloração esbranquiçada nas extremidades superior e inferior.
Menos friável que a camada anterior, com áreas mais compactadas. As lentes mais
superficiais correspondem a níveis de abandono da gruta. Foram obtidas quatro
datações, que a situam entre 8.125 ±120 (SI 2373) e 7.295 ±150 (SI 2372), sendo que
as outras duas apresentaram mais de oito mil anos. Camada I: Coloração variando do
cinzento ao marrom avermelhado próximo à base, subdivida em superior e inferior.
Friável e homogênea. Presente em toda a área central, atingindo 140 cm junto à boca,
adelgaçando-se para o interior. É a mais abundante em vestígios culturais e para ela
57
foram obtidas oito datações, que a colocam entre 3.490 ±120 AP (SI 2327) e 410 ±60
AP (SI 2836), sendo seis delas com idade superior a mil anos (COSTA, 2009, p. 6).
Ainda de acordo com Costa (2009, p.7), a arte rupestre da Gruta do Gentio II foi estudada por
Paulo Seda, sendo que, segundo o referido autor (SEDA, 1981/1982 apud Costa, 2009, p.7), é
o único regionalmente que apresenta gravuras em seu repertório cultural.
Dos sítios de Unaí, a Gruta do Gentio II é o único que apresenta gravuras. Estas são
simples, esquemáticas e feitas por polimento, e têm como motivo traços finos
paralelos ou que se entrecruzam. Há pinturas nas cores vermelha, preta e amarela, com
tratamento tanto esquemático quanto realista, e com a presença de três técnicas; linear,
linear-cheia e silhueta, com predominância da última. Estão identificados cervídeos,
felinos, um lagarto, aves de asas abertas em posição de vôo e outros animais não
identificáveis. As figuras geométricas se constituem de círculos concêntricos havendo
também “figuras de forma triangular feitas em pontos, e outras representações de
difícil identificação” (SEDA, 1982, p. 400). Os antropomorfos são quase sempre
filiformes e “possuem o corpo alongado e os braços voltados para o teto” (SEDA, op.
cit.), na forma de um duplo Y (COSTA, 2009, p.8).
O material arqueobotânico da Gruta do Gentio II, foi estudado por Robert Mcklevy Bird,
realizando seu estudo com 1269 amostras dos 14.048 exemplares coletados.
Entre elas figuravam: cabaças (Lagenaria siceraria); cuias (Crecentia cujete L.);
gavinhas de cucurbitaceae, possivelmente de melão de São Caetano (Nomordica
charantia) ou de abóbora (Cucurbita pepo); melancia (provavelmente uma intrusão
recente devido a sua superficialidade, no nível 10/20 cm); sementes, divididas entre
120 especimens; três tipos de amendoim (Arachis hypogea); inúmeras folhas
conservadas de leguminosas e palmáceas; 120 amostras de flores secas; 181 peças de
frutos inteiros, fragmentados e cascas, tendo sido identificados exemplares de tingui
(Magonia glabarata), pequi (Caryocar brasiliensis) e jatobá ou jataí (Hymeneae sp.),
guazuma (Sterculiaceae), localmente conhecido como mutamba ou xixá; cogumelos
secos não identificados especificamente; um tubérculo não identificado; restos de
taquara, inclusive sementes de bambu (Phalaris camariensis); algodão (possivelmente
Gossypium barbadense), em peças, fios trançados e tecidos; nozes de palmácea
(coquinhos), agrupados em quatro tipos, tendo sido dois deles identificados entre
buriti (Mauritia vinífera) e guariroba (Syagrus olerácea); e milho, agrupado em quatro
tipos diferentes, sendo o tipo 1 pertencente ao “Amazonian Interlocked Flour” e o tipo
2 ao sub-complexo “Moroti Camba”, do complexo “Tropical Lowland Flour”. Os
outros dois tipos não se enquadram em nenhuma categoria já definida, e, segundo Dias
Junior, são “muito provavelmente os mais antigos da coleção, de pequenas dimensões,
não são conhecidos nem para essa região, nem para qualquer outra da América”
(COSTA, 2009, 9).
Segundo especulações obtidas pelas análises do material e apresentadas por Dias Jr. (1991 apud
COSTA, 2009), há uma grande chance dos grupos que ocuparam a Gruta estarem em fase de
experimentação dos espécimes vegetais, fato que justificaria a grande quantidade e diversidade.
58
Finalmente o repertório da Gruta do Gentio II pode permitir exames paleoparasitológicos. Costa
(2009, p. 12), descreve os resultados:
Em pesquisa ao CNSA – IPHAN constatou que não existem sítios arqueológicos cadastrados
no município.
3. REFERÊCIAL TEÓRICO
59
3.1. LEGISLAÇÃO E ARQUEOLOGIA
Os estudos arqueológicos no Brasil são regidos por um corpo legislativo extremamente bem
fundamentado (MIRANDA, 2006), e fiscalizados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN/MinC).
A pesquisa deve ser devidamente autorizada pelo órgão, sendo que o arqueólogo coordenador
passa a ser responsável pela pesquisa, análise e guarda dos remanescentes culturais, até que seja
depositado na instituição de apoio para guarda definitiva.
Neste sentido, o patrimônio arqueológico pode ser entendido como a porção do patrimônio
material para o qual os métodos da arqueologia fornecem os conhecimentos primários. Engloba
todos os vestígios da existência humana e interessa todos os lugares onde há indícios de
atividades humanas não importando quais sejam elas, estruturais e vestígios abandonados de
todo tipo, na superfície, no subsolo ou sob as águas, assim como o material a eles associados
(ICOMOS, 1990).
Em nosso país, a proteção específica para os bens de valor arqueológico surgiu com a
edição da Lei n. 3924, de 26 de julho de 1961, que dispõe sobre monumentos
arqueológicos e pré-históricos. Até então, a proteção de tais bens ficava na
dependência do tombamento (regido pelo Decreto Lei 25/37), instituto pouco
adequado à tutela do patrimônio arqueológico tendo em vista que em muitos casos a
pesquisa científica necessária para o estudo dos sítios acaba por desmontá-lo
60
integralmente, o que a rigor contraria a norma de proteção integral inserta no art.17
da Lei de Tombamento (MIRANDA, 2006, pp. 75-76).
Portanto, o patrimônio arqueológico brasileiro é regido por uma legislação que normatiza a
proteção, a pesquisa, o gerenciamento e a apropriação dos bens desta natureza. O Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN/MinC) é a instituição que tem como missão
precípua a proteção, a salvaguarda e a gestão dos sítios arqueológicos.
Esta instituição atua também como um órgão da União para expedição de portarias, que
autorizam a realização dos estudos arqueológicos em empreendimentos que poderiam ocasionar
possíveis impactos ao patrimônio cultural.
Esta solicitação de pesquisa foi planejada e será executada para dar pleno atendimento à
legislação referente ao patrimônio arqueológico pré-histórico e histórico, fundamentada nas
seguintes leis:
Constituição Federal de 1988 (artigo 225°, inciso IV), que considera os sítios
arqueológicos como patrimônio cultural brasileiro, garantindo sua guarda e proteção, de
acordo com o que estabelece o artigo 216°;
Constituição do Estado de Minas Gerais, Seção II, artigo 11°, inciso III, compete ao
Estado, em comum com a União e os Municípios: “proteger os documentos, obras e
outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, paisagens naturais
notáveis e sítios arqueológicos”;
62
A Arqueologia surge como ciência no século XIX e, desde então, procura compreender como
viviam e se organizavam grupos humanos passados. Para tanto, arqueólogos, sob a égide de
diferentes paradigmas, têm buscado realizar inferências sobre o comportamento, modo de vida
e cultura de diferentes grupos humanos por meio de remanescentes culturais, ou seja, qualquer
vestígio (ou marca) do comportamento humano no passado (TRIGGER, 1989).
Segundo Funari (1988), a Arqueologia tem como preocupação o estudo dos sistemas
socioculturais, sua estrutura, funcionamento e transformações com o decorrer do tempo a partir
da totalidade material transformada e consumida pela sociedade. Assim, seu principal objeto de
estudo é a cultura material (ou repertório cultural), que carrega consigo todo um legado técnico,
social e cultural de um dado grupo (GAMBLE, 2002).
Este repertório cultural é a totalidade material apropriada pelas sociedades humanas, como parte
de uma cultura total, material e imaterial, sem limitações de caráter cronológico (FUNARI,
1988, p.11). Pode-se compreender o repertório cultural como vestígios materiais, a exemplo de
ferramentas confeccionadas por meio da apropriação e modificação de rochas e/ou minerais;
vasilhames cerâmicos produzidos ao longo do tempo por distintas sociedades; artefatos em
madeira, couro, vidro, metais, etc. Além disso, marcas físico-químicas no solo, sepultamentos,
vestígios zoobotânicos e diferentes estruturas (de combustão, lascamento, cerâmica, fornos,
locais de captação de matéria-prima) fazem parte do espectro de análise e interpretação do
arqueólogo.
Neste interim, a cultura material deve ser vista como registro arqueológico, pois além de serem
resistentes às ações temporais e antrópicas, são fontes de grandes informações para os
arqueólogos, pois guardam em si comportamentos técnicos e culturais, uma vez que foram
produzidos em contextos espaciais repletos de significados (GALHARDO, 2010).
Em nossas atividades tem-se, assim, considerado como cultura material: todo e qualquer
elemento que caracterize e/ou possa indicar a presença de atividades humanas pretéritas na
área de estudo, independente do período cronológico a que se relacionem e dos possíveis
critérios subjetivos de valoração científica e/ou econômica.
63
Para Schiffer (apud FAGUNDES, 2007), os vestígios encontrados não são fotografias do
passado, pois passaram por processos culturais e naturais (biopertubações), desde sua
confecção, utilização até a sua evidenciação em um sítio arqueológico.
Portanto, o registro arqueológico é para ele uma reflexão distorcida do passado (SCHIFFER,
2005 apud FAGUNDES, 2007).
Neste trabalho, a definição de registro arqueológico foi o mesmo adotado por Morais (2000
apud FAGUNDES, 2010), a saber:
Durante a execução desta pesquisa foi utilizado conceito de sítio arqueológico elaborado por
Fagundes (2011), em que um sítio arqueológico pode ser compreendido como espaços onde são
evidenciados diferentes tipos de repertório cultural relacionados com o cotidiano de grupos
humanos, demostrando seus comportamentos, atividades econômicas, políticas, religiosas, etc.
Além disso, de acordo com o raciocínio do autor (FAGUNDES, 2011), um sítio arqueológico
tem seu tempo expandido, podendo conter diferentes pacotes de ocupação, tanto de populações
relacionadas ou não. Logo, em um mesmo espaço pode conter registro de ocupações
diferenciadas no tempo e no espaço.
Cabe ainda ressaltar que os sítios arqueológicos se formam como resultado de interações entre
ações humanas e processos naturais, responsáveis pelos processos formativos responsáveis
tanto pela sedimentação como pela perturbação de assentamentos humanos (SCHIFFER, 2005
apud FAGUNDES, 2007).
64
Portanto, compreender os processos formativos que criaram, e provavelmente modificaram, os
pacotes de ocupação, é um dos principais objetivos da pesquisa arqueológica.
Como descrito no projeto de pesquisa, foi utilizada ainda a definição de Bastos et al (2005), que
considera como sítio histórico os bens relevantes para a reconstrução da memória, com técnicas
construtivas antigas e que remetem ao processo de ocupação regional.
65
O conjunto de sítios arqueológicos, ocorrências e a própria paisagem que estão inseridos fazem
parte do Patrimônio Arqueológico Regional.
Logo, o patrimônio arqueológico, por definição, envolve o conjunto material da cultura de uma
dada sociedade, tanto referente às ocupações indígenas antes do contato com os europeus, bem
como dos diversos segmentos da sociedade nacional (inclusive as situações de contato
interétnico).
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
66
A metodologia empregada nesta pesquisa de prospecção, seguiu as orientações e diretrizes do
IPHAN/MinC, definidos pela Portaria nº 230/2002 que trata sobre os procedimentos
necessários à compatibilização de licenças ambientais com estudos preventivos de Arqueologia
(BASTOS & TEIXEIRA, 2005), bem como o memorando IPHAN 14/ 2012 que indica a
necessidade de pesquisas arqueológicas interventivas em subsuperfície.
A abordagem metodológica assumida, teve como princípio norteador estudos que focam nas
interações entre o ambiente e cultura e, desta forma, como estas interações deixam marcas na
paisagem, passíveis de reconhecimento e leitura arqueológica.
Para tanto a equipe lançou mão de técnica de localização e identificação de sítios arqueológico
em superfície e em subsuperfície indicado por diversos autores como Krakker et al (1983),
Lightfoot (1986), McManamon, (1984) e por Oliveira & Caldarelli , (2002).
Com bases nos trabalhos de campo realizados anteriormente durante a fase de diagnóstico
arqueológico foram delimitadas as áreas onde foram executadas as intervenções sistemáticas,
estas áreas foram denominadas de Unidades de Prospecção (UP). Nestas UPs foram aplicadas
em gabinete malha virtual com pontos georreferenciados sistematicamente a 100 metros de
distância entre um ponto e outro.
67
Figura 20 mapa de UPs
Os procedimentos práticos para a execução dos poços testes em campo foram, portanto;
68
Figura 21 - Ficha de Campo.
69
4.1. ATIVIDADES GABINETE E LABORATÓRIO
70
5. RESULTADOS
Como indicado na metodologia, estavam previstos 903 pontos a serem escavados nas duas
Unidades de Prospecções denominadas MVA1 e MVA2 com expectativa de escavação de no
mínimo 632 deste total. Assim foram escavados:
Abaixo é possível visualizar a localização das duas unidades de prospecção, como os resultados
foram negativos para todos os poços testes as planilhas com as observações individuais de cada
um dos poços testes foram alocadas nos anexos deste relatório bem como o relatório
fotográfico.
71
Figura 23 Mapa de poços testes escavados
72
6. CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
Diante dos resultados alcançados nas atividades de Prospecção Arqueológica, e que vão de
encontro aos resultados do diagnóstico arqueológico, consideramos a área da Fazenda Minuano
I, II e III é de baixo potencial arqueológico, uma vez que nem no procedimento de diagnóstico
e nem nas amostras estratigráficas na fase de prospecção não foi observado a presença de
nenhum remanescente cultural ou arqueológico.
Devido a data da realização da etapa de campo a equipe buscou realizar as atividades previstas,
mas não conseguiu público devido as escolas estarem em período de provas e entraram de férias.
Assim, não foi possível da continuidade ao programa.
Diante das tentativas e negativas solicitamos que seja considerado a primeira etapa do programa
de educação patrimonial.
73
7. BIBLIOGRAFIA
ÁLVARES, Francisco. Historia de las cosas de Etiopia. Saragossa: Agostin Millán, 1561,
fols.79-80. In: CARRARA, Angelo Alves. Antes das Minas Gerais: conquista e
ocupação dos sertões mineiros. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-7752007000200019&script=sci_arttext#0>.
Acesso em: 11/03/2015.
BAETA, Alenice. Lugares, Estilos e Produção dos Grafismos Rupestres na Serra do Cipó.
Revista Espinhaço, v.2, n.2, pp. 187-199, 2013.
BASSI, L. F. Análise diacrônica dos níveis mais antigos do sítio arqueológico Bibocas II,
Jequitaí, MG. Belo Horizonte: UYFMG, Programa de Pós Graduação em Antropologia,
Dissertação de Mestrado, 2012.
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ANEXO I
87
ANEXO II
MAPAS
88