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RELATÓRIO FINAL DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA

NAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DA FAZENDA MINUANO I, II


E III, MUNICÍPIO DE PRESIDENTE OLEGÁRIO – MINAS
GERAIS

FRONTEIRAS ESTUDOS ARQUEOLÓGICOS


RELATÓRIO FINAL DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA NAS
ÁREAS DE INFLUÊNCIA DA FAZENDA MINUANO I, II E III,
MUNICÍPIO DE PRESIDENTE OLEGÁRIO – MINAS GERAIS

PROCESSO IPHAN Nº: 01514.002760/2014-38

Sergio Bruno dos Reis Almeida

Coordenador de Portaria

Janderson Rubens Tameirão

Gerente de projetos

Brasília /Julho de 2016


Sumário

APRESENTAÇÃO..................................................................................................................... 5
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 6
1.1. OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 7
1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................... 7
1.3. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREEDIMENTO ....................................................... 7
1.3.1. Áreas de Influência ............................................................................................... 9
1.3.2. Tipos De Impactos Provocados Por Empreendimentos Agrícolas ..................... 12
2. CONTEXTO DA ÁREA DE PESQUISA ....................................................................... 14
2.1. CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA ...................................................................... 14
2.2. CONTEXTO ETNOHISTÓRICO ............................................................................. 19
2.2.1. Síntese Histórica e Dinâmica Populacional do município de Presidente Olegário
22
2.2.2. Bens naturais e culturais ..................................................................................... 31
2.3. CONTEXTO ARQUEOLÓGICO ............................................................................. 42
2.3.1. Breve História da Arqueologia em Minas Gerais ............................................... 42
2.3.2. . As Pesquisas Científicas ................................................................................... 44
2.4. CADASTRO NACIONAL DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS ................................. 59
2.4.1. Sítios Arqueológicos do município .................................................................... 59
3. REFERÊCIAL TEÓRICO................................................................................................ 59
3.1. LEGISLAÇÃO E ARQUEOLOGIA ......................................................................... 60
3.1.1. Em Âmbito Federal ............................................................................................ 61
3.1.2. Em Âmbito Estadual........................................................................................... 62
3.2. BASES CONCEITUAIS ........................................................................................... 62
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 66
4.1. ATIVIDADES GABINETE E LABORATÓRIO ..................................................... 70
5. RESULTADOS ................................................................................................................ 71
6. CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................. 73
7. BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 74
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Mapa de localização do município de Presidente de Olegário, Minas Gerais. ........... 8


Figura 2 Mapa das áreas de influência ..................................................................................... 11
Figura 3 - Municípios da Região Noroeste de Minas Gerais (RELATÓRIO ANALITICO,
2011). ........................................................................................................................................ 14
Figura 4 - Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno. Disponível em:
< http://www.sudeco.gov.br/web/guest/municipios-ride>. ...................................................... 17
Figura 5 - As Primeiras Cidades do Norte de Minas Gerais: entre o século XVI e XVII.
Organização: Veloso, G. A e Silveira, Y. M. S. C. 2010. In: SILVEIRA e SILVEIRA (2010)
.................................................................................................................................................. 22
Figura 6 - Imagens Históricas de Presidente Olegário. 1 – Posto de Saúde Estadual; 2 – Fôro
Municipal; 3 – Vista Parcial da cidade; 4 – Último tombo da Cachoeira Manabrini; 5 – Vista
da parte esquerda da Praça Padre Porfírio e 6 – Praça Afonso de Sá. Fonte: (IBGE, 1959) ... 27
Figura 7 - Recenseamento de 1950 - Presidente Olegário........................................................ 28
Figura 8 - Imagens Históricas de Presidente Olegário. ............................................................ 28
Figura 9 - Melhoramentos urbanos e tábuas itinerárias em 1955 – Presidente Olegário ......... 30
Figura 10 - População total, por gênero, rural/urbana e taxa de urbanização – Presidente
Olegário. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013. PNUD, FJP e IPEA. . 31
Figura 11 - Folia de Reis em Presidente Olegário. ................................................................... 32
Figura 12 - Distribuição das Folias de Reis em Presidente Olegário ....................................... 33
Figura 13 - Romaria de Nossa Senhora da Abadia e dos carreiros (Povoado de Andrequicé). 34
Figura 14 - Artesanato de Presidente Olegário. ........................................................................ 35
Figura 15 - Literatura de Presidente Olegário .......................................................................... 36
Figura 16 - Circuitos Turísticos de Minas Gerais..................................................................... 37
Figura 17 - Cavidades cadastradas em Presidente Olegário. Fonte: Centro Nacional de Pesquisa
e Conservação de Cavernas (CECAV). Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/cecav/ .... 41
Figura 18 - Bens Culturais Naturais de Presidente Olegário. ................................................... 42
Figura 19:Pesquisa de sitio. Data 02/11/2015 .......................................................................... 59
Figura 20 mapa de UPs ............................................................................................................. 68
Figura 21 - Ficha de Campo. .................................................................................................... 69
Figura 22 Mapa de caminhamento ........................................................................................... 71
Figura 23 Mapa de poços testes escavados .............................................................................. 72
APRESENTAÇÃO

PROJETO: PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA NAS ÁREAS DA FAZENDA MINUANO I, II E III,


MUNICÍPIO DE PRESIDENTE OLEGÁRIO – MINAS GERAIS
EMPREEDIMENTO : FAZENDA MINUANO I, II E III
EMPREENDEDOR: LUIZ CARLOS FIGUEIREDO CPF: 142.335.179-72 – Endereço: Rua A, Quadra 48,
Lote 10, Sala 01, Setor Noroeste, Município de Cristalina – GO

RESPONSÁVEIS PELA PESQUISA ARQUEOLÓGICA:


FRONTEIRAS ESTUDOS ARQUEOLÓGICOS E AMBIENTAIS LTDA. CNPJ: 09399 110/0001-42. Endereço
QNL 08, conjunto E, casa 17. Taguatinga Norte-DF. CEP: 72.155-805 Representante Legal Sergio Bruno dos
Reis Almeida Tel.: 61 3263-7745 61 8114-6646. E-mail: contato@fronteirasestudos.com.br

ARQUEÓLOGO RESPONSÁVEL: Sergio Bruno dos Reis Almeida


APOIO INSTITUCIONAL : Laboratório de Arqueologia e Estudo da Paisagem da Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e do Mucuri. Endereço: Rodovia MGT 367, Km 583, nº 5000, Alto da Jacuba, CEP:
39.100-000, Diamantina – MG Prédio do Núcleo de Geociências (NUGEO/CITEC/UFVJM).

ENDOSSO FINANCEIRO: EMPRESA AGROPECUÁRIA FIGUEIREDO LTDA – CNPJ:


18.075.720/0001-81. Endereço: Rua A, Quadra 48, Lote 10, Sala 01, Setor Noroeste, Município de Cristalina
– GO
EQUIPE TÉCNICA
Carlos Fabiano Marques de Lima Mestre em arqueologia
Jéssica Rafaella Oliveira Mestranda em arqueologia
Janderson Rubens Tameirão Bacharel em Humanidades
Rúbia de Almeida Silva Cientista Social
Jaqueline Alvarenga Geógrafa
Fernanda Conceição de A. Tameirão Bacharel em Humanidades
Ademilton Feitosa da Silva Técnico em Arqueologia
Denison Raniere dos Santos Técnico em Arqueologia
1. INTRODUÇÃO

O presente documento vem apresentar à Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico


e Artístico Nacional (IPHAN), o relatório final da pesquisa de Prospecção Arqueológica nas
Área de Influência da Fazenda Minuano I, II e III, município de Presidente Olegário, Estado de
Minas Gerais coordenado pelo arqueólogo Sergio Bruno dos Reis Almeida.

Este relatório visa cumprir as diretrizes legais (sobretudo conforme a Resolução CONAMA n°
01/1986 e as Portarias SPHAN n° 07/1988 e IPHAN n° 230/2002) que indicam a necessidade
de se realizar estudos culturais aquisição de licenças Ambientais. Neste caso, os estudos em tela
buscam a adequação a fase de Licença de Operação Corretiva (LOC).

Os estudos aqui apresentados tiveram como objetivo prever e minimizar possíveis impactos
negativos ao patrimônio arqueológico e cultural, buscando desta forma adequações favoráveis
à gestão do patrimônio cultural arqueológico.

Entende-se por gestão cultural o gerenciamento do patrimônio de modo que se proponham


diretrizes para sua proteção, valoração e socialização, que segundo Delforge (2013, p. 20): “(...)
os objetivos do Gerenciamento do Patrimônio Arqueológico (GPA) podem ser resumidos em:
conhecer, preservar, conservar e divulgar o patrimônio. Todas as ações de GPA estão
relacionadas a uma destas quatro tipologias”.

Logo, no caso do patrimônio arqueológico diz respeito, principalmente, aos fatores que
permitirão seu conhecimento, seja por meio da proteção in situ ou ex situ, de modo a garantir
sua integridade por meio do planejamento, operacionalização e políticas culturais, conforme
estabelecido pela Lei Federal n° 3924/1961, bem como a Constituição Federal de 1988.

Práticas preventivas e de gerenciamento dos bens arqueológicos são essenciais (DELFORGE,


2013), uma vez que as elaborações de planos de Gestão Cultural são fundamentais para “(...)
diagnosticar e prognosticar os impactos e efeitos cumulativos sobre os bens arqueológicos”
(BASTOS, 2006, p. 49).

Como integrante desta Gestão Cultural, as atividades desenvolvidas também contemplaram


ações de Educação Patrimonial (doravante EP) que, segundo a Constituição Federal de 1988,

6
são importantes para a formação de cidadãos conscientes de suas heranças, diversidade cultural
e história, vislumbradas pelos bens culturais (BRASIL, 1988, artigo 216°).

1.1. OBJETIVO GERAL

 Prevenir os danos ao patrimônio cultural por meio da execução de prospecção sistemática e


ainda avaliar os possíveis impactos ao patrimônio arqueológico, bem como propor medidas a
serem adotadas para mitigação ou compensação.

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Realizar atividade de campo para conhecimento da realidade arqueológica local e suas


relações com o que foi descrito na literatura regional.
 Garantir a integridade do patrimônio arqueológico regional (por meio da preservação
e/ou conservação), de modo que se possam identificar os possíveis impactos frente ao
patrimônio cultural, material e imaterial da área a ser impactada pelo empreendimento.
 Identificar e indicar as áreas de maior potencial arqueológico.
 Desenvolver ações de educação patrimonial visando à divulgação e valorização do
patrimônio cultural brasileiro e a importância de sua proteção para o conhecimento das
gerações futuras.
 Contemplar, neste relatório final de atividades, proposta para minimizar os danos ao
patrimônio cultural.
 Divulgar científica e educacionalmente os resultados obtidos da pesquisa executada.

1.3. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREEDIMENTO

O empreendimento denominado Fazenda Minuano I, II e III localiza-se no território do


Município de Presidente Olegário no estado de Minas Gerais e possui uma área total de
2.379,4414 hectares.

7
Figura 1. Mapa de localização do município de Presidente de Olegário, Minas Gerais.

8
1.3.1. Áreas de Influência

Buscando atender o “Termo de Referência para o Licenciamento Ambiental – Meio


Ambiente Sócio Econômico em seus Aspectos Relacionados à Proteção dos Bens de
Interesse Cultural”, elaborado pela Superintendência do IPHAN de Minas Gerais (2012), bem
como a Resolução do CONAMA nº 001/1986, em seu artigo 50°, inciso III, que define a área
de influência de um empreendimento como o espaço a ser, direta ou indiretamente afetado pelos
impactos gerados pelos processos de planejamento, implantação e operação.

Segundo Bastos (2010), estas áreas correspondem como o espaço suscetível de sofrer alterações
como consequência da sua implantação, manutenção e operação ao longo de toda sua vida útil.

Em termos de definições, a ADA deverá ser considerada a área necessária para a implantação
do empreendimento, assim deverá levar-se em consideração, segundo a Resolução do
CONAMA nº 001/1986, suas estruturas de apoio, vias de acesso privativas que precisarão ser
construídas, ampliadas ou reformadas, bem como todas as demais operações associadas
exclusivamente à infraestrutura de uso privativo do empreendimento.

A Área de Influência Direta – AID – deve ser considerada como a área geográfica diretamente
afetada pelos impactos oriundos do empreendimento, em resumo, considera-se o espaço
territorial contínuo e ampliado da ADA. Tais impactos devem ser mitigados, compensados ou
potencializados (se positivos) pelo empreendedor.

Enfim, a Área de Influência Indireta – AII – abrange um território que é afetado pelo
empreendimento, mas no qual os impactos e efeitos decorrentes do empreendimento são
considerados menos significativos do que nos territórios das outras duas áreas de influência
(ADA e a AID).

Assim, para melhor avaliar o impacto de um empreendimento sobre o patrimônio cultural,


foram definidas três áreas de influência, sendo a Área Diretamente Afetada (ADA), a Área de
Influência Direta (AID) e a Área de Influência Indireta (AII).

 Área Diretamente Afetada: Nesta pesquisa foi considerado como ADA as áreas que
atualmente estão ocupadas pelo empreendimento, com uma superfície total de
2.379,4414 hectares.

9
 Área de Influência Direta (AID): em se tratando de um empreendimento já
implantado, considerará neste projeto como AID o entorno a ADA, ou seja, outras
propriedades.

 Área de Influência Indireta: No caso desta solicitação, corresponde ao território do


município de Presidente Olegário - Minas Gerais.

10
Figura 2 Mapa das áreas de influência

11
1.3.2. Tipos De Impactos Provocados Por Empreendimentos Agrícolas

Tratando-se de um empreendimento agrícola, o maior impacto que pode ter sido causado ao
patrimônio arqueológico é o uso do arado e grade mecânicos. Segundo Fagundes (2004, p. 117),
no caso específico do sítio Rezende, município de Centralina, MG; o arado mecânico impactou
parte do registro arqueológico, a saber:

Nestas trincheiras foram detectadas três manchas escuras, que foram submetidas à
raspagem, pois devido à ação do arado apenas restavam de cinco a sete centímetros
finais da ocupação lito-cerâmica (...). As raspagens, por sua vez, evidenciaram quatro
novas fogueiras, todas associadas ao material lítico lascado pertencente ao grupo de
caçadores-coletores, a saber: (01) Fogueira 01 (F1), com 0,85 cm de profundidade,
datada em 5.620 ± 70 A.P. (CENA/USP); (02) Fogueira 02 (F2), com 1,00-1,05m de
profundidade, datada em 6.950 ± 80 anos A.P. (CENA/USP); (03) Fogueira 03 (F3),
profundidade de 0,95-1,00 m, data em 6.110 ± 70 anos A.P. (CENA/USP), (04)
Fogueira 04 (F4), com 1,25-1,30 m de profundidade, datada em 7.300 ± 80 anos A.P.
(CENA/USP). (FAGUNDES, 2004, p. 117).

Em outra área do sítio Rezende, Fagundes (2004, p.123), afirma que as camadas superficiais
haviam sido perturbadas pela ação do arado e grade utilizados regularmente na fazenda.
Contudo, mesmo assim, parte do registro arqueológico manteve-se contextualizado, fato que
permitiu a construção do conhecimento acerca da realidade arqueológica local, grande
referência na literatura para arqueologia do Triângulo Mineiro.

A escavação na Z1 (1988 e 1989), detectou seis manchas escuras. No ano de 1988,


as decapagens, entretanto, foram executadas nos 12/10cm finais do solo arqueológico
das manchas 5 a 1. As camadas superficiais encontravam-se extremamente
perturbadas pela ação do arado e da grade utilizados na agricultura (Alves, 2002a).
Assim, vários vestígios foram coletados contextualizados, com destaque para cultura
material cerâmica, que contou com a presença de paredes, bordas, bojo e, inclusive,
bojos de vasos geminados (ou duplos) (FAGUNDES, 2004, p.123).

Logo, mesmo com a ação contínua do uso do arado e grade mecânicos na fazenda, conforme a
literatura regional (ALVES, 2013; FAGUNDES, 2004; MEDEIROS, 2007; FIGUEIREDO,
2008), os mesmos podem ter impactado os possíveis sítios arqueológicos em seus estratos
iniciais, mantendo a integridade espacial (uma vez que o arado e grade trazem o material para
cima, havendo pouca dispersão. Conforme ARAÚJO, 2001) e parte da integridade
estratigráfica1 e fator que justifica a pesquisa arqueológica.

1
Que pode ser reconstituída por outros métodos (ARAÚJO, 2001).
12
Portanto, é provável que mesmo nas áreas com intensa atividade de plantio ainda se possa
encontrar vestígios arqueológicos, tanto descontextualizados como contextualizados (ALVES,
2002). Contudo, deve-se lembrar das particularidades locais na execução da pesquisa, ou seja:

a) Tipo de sedimento e topografia local (vertente, inclinação, exposição aos fatores de


ordem cultural como exoradas, etc.).

b) Tipo de equipamento agrícola utilizado e sua ação no solo.

Um referencial metodológico para se entender a ação do arado sobre vestígios arqueológicos é


o trabalho de Araújo (2001). Com base em Arqueologia Experimental e intensa revisão
bibliográfica o autor “criou” um modelo do uso de equipamentos agrícolas em solo brasileiro.
O resultado posto pelo autor foi que um sítio arqueológico, mesmo com a movimentação
vertical das peças, mantém sua integridade espacial, não havendo grandes impactos à cultura
material, possibilitando em laboratório estabelecer a estratigrafia do sítio (ARAÚJO, 20012).

É interessante notar que mudaram os métodos, as teorias e os objetivos, mas o


raciocínio continuou bastante intocado. Apesar de ampla bibliografia demonstrando
que padrões espaciais são preservados mesmo após séculos de aradura, muitos
arqueólogos ainda elaboram relatórios com observações como “sítio destruído por
arado” (!). Além disso, com o advento da datação por termoluminescência, é possível
obter-se controle cronológico sem haver necessariamente estratigrafia (ARAÚJO,
2001).

Em terceiro lugar, ao contrário do que nossa impressão ou senso-comum transmite, o


princípio de funcionamento do arado e implementos agrícolas correlatos consiste
basicamente em revolver a terra, e não transportá-la (p. ex.: Studman & Field 1975).
Assim, existe uma movimentação vertical que pode atingir em média uma faixa de 40
cm de profundidade, aliada a uma movimentação horizontal de pouca expressão,
conforme será exposto adiante. Se quisermos usar nosso senso comum para incorporar
esta informação, é só notar que se a terra fosse de fato transportada pelo arado, toda
plantação teria a forma de uma bacia, dado o fato de que a terra arrastada seria
forçosamente acumulada nas laterais (ARAÚJO, 2001).

Diante disto, há consciência das formas dos impactos nos empreendimentos agrícolas, por meio
de modelos teóricos (ARAÚJO, 2001), como o que já fora relatado na literatura acerca da
Arqueologia do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (FAGUNDES, 2004, 2005, 2006a, 2006b;
MEDEIROS, 2007; FIGUEIREDO, 2008; ALVES, 1991, 1992, 2009, 2013).

2
Para maiores detalhes de referência na literatura internacional sobre a ação do arado em sítios arqueológicos vide
Araújo (2001), subcapítulo 7.2.
13
2. CONTEXTO DA ÁREA DE PESQUISA

2.1. CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA

A região Noroeste de Minas Gerais pode ser segmentada em duas, de acordo com as
características apresentadas pelos municípios. A primeira segmentação, chamada de Território
da Região Noroeste de Minas Gerais foi criada em 2003 e foi homologada no ano seguinte pelo
governo federal.

Esse território reúne 19 municípios, Arinos, Bonfinópolis de Minas, Brasilândia de Minas, Dom
Bosco, Formoso, Guarda Mor, João Pinheiro, Lagamar, Lagoa Grande, Natalândia, Paracatu,
Presidente Olegário, Riachinho, Santa Fé de Minas, São Gonçalo do Abaeté, Uruana de Minas,
Urucuia, Varjão de Minas e Vazante.

No ano de 2008, o referido território foi inserido no programa do Governo Federal, de acordo
com o decreto datado de 25 de fevereiro de 2008, publicado no Diário Oficial da União de
26/02/2008, transformando-o no Território da Cidadania Noroeste de Minas, o qual incorporou
mais três municípios: Chapada Gaúcha, Pintópolis e São Romão (BRASIL, 2008).

Figura 3 - Municípios da Região Noroeste de Minas Gerais (RELATÓRIO ANALITICO, 2011).

14
Atualmente há forte presença da agricultura empresarial, com destaque para a produção de grão
nas áreas de chapadas e presença de extensas áreas irrigadas, da pecuária e da agricultura
familiar nos 22 municípios que compõe o Território da Cidadania Noroeste de Minas.

Nesses municípios a exploração de areia por dragas e a pesca ocorrem no leito dos rios mais
caudalosos, os recursos minerais. Nos solos do território são encontrados diversos recursos
minerais, como ouro, zinco e gás natural. Há ainda, registros de parques de preservação
ambiental para a conservação do meio ambiente (RELATÓRIO ANALÍTICO, 2011).

A região possui características inerentes que a influenciam, sendo elas, a extensa dimensão
territorial e o grande vazio demográfico que chamam a atenção, pois ocupa uma área de
60.906,30 km², o que é equivalente a 10,38% de área total do estado de Minas Gerais mas abriga
apenas 1,60% da população do estado.

O que resulta em apenas 5,15 hab./km², enquanto o estado tem 33,41hab./km². A


extensão territorial de cada município leva a grandes distâncias a serem percorridas
entre sede municipal e a zona rural e entre as diferentes sedes municipais, além de ser
comum encontrar várias rodovias sem pavimentação, ou estradas em péssimo estado
de conservação, o que prejudica o deslocamento de pessoas e produção
(RELATÓRIO ANALÍTICO, 2011).

De acordo com o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil do PNUD, o IDH para todos os
municípios deste território é menor que a média do estado que é de 0,731, a renda média de
todos os municípios foi inferior à média mineira de R$ 773,00. Vários municípios estão
próximos ao piso de menor rendimento do Estado. Tais municípios apresentam os dados que
compõem a Tabela 1.

Lugar COD IDHM IDHM IDHM IDHM


IBGE (2010) Renda Longevidade Educação
(2010) (2010) (2010)
Brasil -- 0,727 0,739 0,816 0,637
Arinos (MG) 310450 0,656 0,607 0,815 0,570
Bonfinópolis de Minas (MG) 310820 0,678 0,655 0,796 0,598
Brasilândia de Minas (MG) 310855 0,674 0,646 0,848 0,559
Dom Bosco (MG) 312247 0,673 0,627 0,815 0,597
Formoso (MG) 312620 0,64 0,616 0,834 0,51
Guarda-Mor (MG) 312860 0,69 0,709 0,829 0,558
João Pinheiro (MG) 313630 0,697 0,683 0,788 0,630
Lagamar (MG) 313710 0,718 0,692 0,839 0,637

15
Natalândia (MG) 314437 0,671 0,641 0,846 0,557
Paracatu (MG) 314700 0,744 0,704 0,854 0,685
Presidente Olegário (MG) 315340 0,701 0,679 0,831 0,611
Riachinho (MG) 315445 0,632 0,577 0,795 0,551
Santa Fé de Minas (MG) 315760 0,615 0,589 0,804 0,492
São Gonçalo do Abaeté (MG) 316170 0,67 0,665 0,796 0,568
Uruana de Minas (MG) 317047 0,664 0,612 0,793 0,602
Urucuia (MG) 317052 0,619 0,559 0,781 0,543
Varjão de Minas (MG) 317075 0,711 0,673 0,847 0,631
Vazante (MG) 317100 0,742 0,707 0,866 0,666
Chapada Gaúcha (MG) 311615 0,635 0,573 0,82 0,546
Pintópolis (MG) 315057 0,594 0,56 0,799 0,469
São Romão (MG) 316420 0,64 0,586 0,787 0,568

Tabela 1 - IDH dos municípios do Noroeste de MG

A agricultura familiar possui forte influência neste território, dos 18.372 estabelecimentos,
13.965 (76.01%) pertencem à agricultura familiar. Além disso, uma característica notável na
região é apresentar diversos territórios utilizados para a reforma agrária, com mais de 6.000
famílias assentadas, centenas de famílias acampadas e a existência de 14 quilombos (BRASIL,
2013).

Desta forma, o Território Noroeste de Minas Gerais reúne uma gama complexa de
características, o que não favorece a consolidação de uma identidade cultural para a região.

A região noroeste de Minas além dos municípios que compõe o Território da Cidadania
Noroeste de Minas, ainda compreende os municípios de Unaí, Buritis e Cabeceira Grande, são
integrantes do RIDE-DF.

Os municípios supracitados possuem características distintas dos demais, no que se referem às


questões políticas e sociais. Os territórios dos três municípios somam 14.703,702 km² e, de
acordo com o Ministério da Integração Social fazem parte do RIDE - DF, Região Integrada de
Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno.

O RIDE-DF foi criado através da Lei Complementar nº 94 de 19 de fevereiro de 1998, que em


seu Art. 1º autoriza o Poder Executivo a criar a Região Integrada de Desenvolvimento do
Distrito Federal.
16
§ 1º A Região Administrativa de que trata este artigo é constituída pelo Distrito
Federal, pelos Municípios de Abadiânia, Água Fria de Goiás, Águas Lindas, Alexânia,
Cabeceiras, Cidade Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Corumbá de Goiás, Cristalina,
Formosa, Luziânia, Mimoso de Goiás, Novo Gama, Padre Bernardo, Pirenópolis,
Planaltina, Santo Antônio do Descoberto, Valparaíso e Vila Boa, no Estado de Goiás,
e de Unaí e Buritis, no Estado de Minas Gerais.

§ 2º Os Municípios que vierem a ser constituídos a partir de desmembramento de


território de Município citado no § 1º deste artigo passarão a compor,
automaticamente, a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e
Entorno.

Art. 2º É o Poder Executivo autorizado a criar um Conselho Administrativo para


coordenar as atividades a serem desenvolvidas na Região Integrada de
Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno.

Parágrafo único. As atribuições e a composição do Conselho de que trata este artigo


serão definidas em regulamento, dele participando representantes dos Estados e
Municípios abrangidos pela RIDE (BRASIL, 1998).

No mesmo ano, o Decreto nº 2.710 de 04 de agosto regulamenta que o RIDE – DF é composta


pelos municípios de Abadiânia, Água Fria de Goiás, Águas Lindas, Alexânia, Cabeceiras,
Cidade Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Corumbá de Goiás, Cristalina, Formosa, Luziânia,
Mimoso de Goiás, Novo Gama, Padre Bernardo, Pirenópolis, Planaltina, Santo Antônio do
Descoberto, Valparaíso e Vila Boa, no Estado de Goiás, e de Unaí e Buritis, no Estado de Minas
Gerais, como é possível observar na Figura 4 (BRASIL, 1998b):

Figura 4 - Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno. Disponível em: <
http://www.sudeco.gov.br/web/guest/municipios-ride>.

17
Além disso, o referido decreto determina a criação do Conselho Administrativo da Região
Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal – COARIDE. Este decreto foi revogado
através do Decreto nº 7.469 de 2011.

Em 2009 a Lei Complementar nº 129 de 08 de janeiro de 2009, institui a SUDECO –


Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste, que na época abrangia apenas Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e o Distrito Federal, apenas em 2013 com o PL 281/2013,
os municípios mineiros foram inseridos (SUDECO).

Os municípios mineiros que compõe o RIDE possuem as características apresentadas na tabela


municípios-ride. Com relação à população das municipalidades mineiras a SUDECO informa
os índices de IDHM, alfabetização e pobreza como demonstrado na Tabela 2 e Tabela 3.

Município Área (km²) População (2010) PIB per IDH/2000


capta/2009
Buritis 5.225,179 22.737 19.099,79 0,733
Cabeceira Grande 1.031313 6.453 19.761,29 0,730
Unaí 8.447,098 77.575 16.776,38 0,812

Tabela 2 - Dados socioeconômicos dos municípios mineiros que compõe a RIDE. Adaptado de
http://www.sudeco. gov.br /web/guest/municípios-ride.

Município Índice do Desenvolvimento População Índice de Incidência da


Humano Municipal – residente Gini Pobreza (%)
IDHM/2010 alfabetizada (%)
Buritis 0,672 77,93 0,38 33,97
Cabeceira Grande 0,648 78,60 0,39 50,27
Unaí 0,736 84,34 0,41 28,81

Tabela 3 – IDHM. Adaptado de http://www.sudeco.gov.br/web/guest/municipios-ride.

Desta forma, fica evidente a diferença entre os três municípios mineiros que fazem parte do
RIDE - DF e os demais municípios da região noroeste de Minas Gerais. Ainda com relação às
desigualdades entre os 22 municípios que fazem parte do Território da Cidadania Noroeste de
Minas e os 3 municípios do RIDE-DF, podemos citar as características do IDHM que no

18
primeiro é inferior à média estadual e no segundo, apresenta índice na média ou superior como
é o caso de Unaí.

Podemos apontar ainda que os municípios que compõe o RIDE possuem um PIB per capita
mais alto e baseado na agropecuária, enquanto os demais municípios do noroeste mineiro têm
como base da economia a agricultura familiar e a mineração.

2.2. CONTEXTO ETNOHISTÓRICO

Em 1554 Francisco Bruzza de Espinosa estava no comando da entrada que possuía como
objetivo percorrer os territórios do vale do Rio São Francisco, o padre jesuíta João Azpilcueta
Navarro foi escolhido como capelão e missionário. Em seu relato de viagem datado de 1555, o
padre jesuíta descreve o percurso e a resistência dos indígenas da região em realizar contato
com a comitiva (BAETA, 2000).

Embora genéricas as informações do relato de viagem, Azpilcueta faz referência a ocupação


indígena que de acordo com Baeta são “grupos atribuídos aos troncos linguísticos Macro-Jê (os
Tapuyos) e Tupi-Guarani (os Tamoyos) na região norte de Minas, às margens do rio São
Francisco” ainda no século XVI. Porém a colonização do norte e nordeste de Minas Gerais deu-
se a partir do século XVII, quando a metrópole doou grandes porções de terra das capitanias
para algumas famílias.

De acordo com Carrara (2007), Azpilcueta informa ter entrado,

por la tierra adentro trecientas y cincuenta leguas, siempre por caminos poco
descubiertos, por tierras mui fragosas, que tienen tanto número de ríos que en partes
en espacio de cuatro o cinco leguas, pasamos cincuenta veces contadas por agua, y
muchas veces, si no me socorrieran, me hubiera de ahogar. Más de tres meses fuimos
por tierras muy húmedas y frías, por causa de las muchas arboledas de árboles muy
gruesas y altas de hojas que siempre está[n] verde[s.] Llovía muchas veces y muchas
noches dormíamos mojados, especialmente en lugares despoblados (ÁLVARES,
1561 apud CARRARA, 2007).

Deste modo, a história da região entre os rios Paracatu e Urucuia está diretamente ligada à
colonização do Centro-Oeste do país e Norte de Minas, quando garimpeiros, tropeiros,
pecuaristas e aventureiros adentraram o Sertão de forma gradual, após a descoberta do ouro em
1694 em Minas Gerais e nas décadas de 1720/1730 em Goiás e Mato Grosso.
19
No século XVII, quando os Bandeirantes investiam pelo interior do Brasil, levou para a região
o Bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, em busca de ouro e pedras preciosas,
partindo da região de Sabará.

De acordo com Durães (1996), seguindo o roteiro demarcado por Anhanguera, Lourêncio
Castanho Táquis alcançou o sertão do Rio Urucuia, cruzando uma das chapadas na região de
Buritis no atual Estado de Minas Gerais, no ano de 1670 em busca de ouro e pedras preciosas.

O fluxo de pessoas e mercadorias tornou o Vale do Urucuia um trecho de contatos entre as


zonas mineradoras e as zonas de criação de gado, essas relações comerciais3, políticas, culturais
e familiares aumentaram com a oficialização da Estrada Real Picada da Bahia, em 1736 por D.
João V (MENDES, 2002).

Entre os anos de 1710 e 1725, após conflitos entre bandeirantes e indígenas, os primeiros
moradores brancos se fixaram no rancho de pau-a-pique denominado de Sítio Buriti próximo
às nascentes do Rio Urucum, que mais tarde foi denominado de Urucuia, palavra derivada do
termo Urucun que significa "Rio Vermelho" ou "Rio de Águas Vermelhas".

A Estrada Real Picada da Bahia possuía aproximadamente 2630 km, seguia até a Bolívia e
ligava Salvador a Cuiabá, a estrada margeava o Rio Paraguaçu, atravessava a Serra do Sincorá,
a Chapada Diamantina e chegava ao Rio das Contas, ali de acordo com o autor tomava o sentido
sudoeste “passando por Cartité, Palmas de Monte Alto até o porto de Malhada (hoje cidade) na
confluência do rio Verde Grande com o São Francisco divisa BA/MG” (MENDES, 2006).

Na foz do rio Carinhanha ocorria uma bifurcação na estrada, um traçado seguia sentido as
cidades mineiras até encontrar a “Picada de Goiás” passando pelo Rio Urucuia, Buritis até
chegar ao Registro Fiscal de Lagoa Feia em Formosa. O segundo traçado rumava sentido rio
Carinhanha o posto fiscal de Registro de Santa Maria, localizado na Trijunção dos atuais
estados da BA/MG/GO, onde atualmente está o Parque Nacional Grande Sertão Veredas, dali
os viajantes seguiam para a região do Vão Paranã até Planaltina (DF).

A picada da Bahia – a Estrada da Integração Nacional – continuou sendo usada até a


década de 1940/50 quando por ela passavam os caminhões paus-de-arara que
transportavam nordestinos para a Colônia Agrícola Nacional (hoje Ceres-GO), criada

3
“Logo se estabeleceu uma complexa conexão socioeconômica entre as regiões mineradoras (MG, GO e MT) e
os centros criadores de gado do São Francisco onde estavam os “donos do mundo”, proprietários de infinitos
latifúndios bovinocultores como a Casa da Torre (Garcia D’Ávila) e a Casa da Ponte (Gudes de Brito), além dos
Cardoso, donos do Norte-noroeste de Minas” (ARAUJO In MENDES, 2006).
20
por Vagas e depois para a construção de Brasília. Só foi desativada em definitivo em
1959 quando foi construída a BR-020 (Brasília – Fortaleza) (MENDES, 2006).

Concomitantemente à descoberta do ouro, ocorria a expansão da pecuária do nordeste através


do Rio São Francisco e seus afluentes, que se consolidou na década de 1690 quando chegou o
Norte-noroeste de Minas Gerais, oeste da Bahia até alcançar o Vão do Paranã, em Goiás4.

O Vale do Urucuia teve sua ocupação neste contexto, a partir do norte de Minas. O Tenente-
Coronel Matias Cardoso de Almeida e dois membros de sua parentela, contratado para auxiliar
o capitão do mato Domingos Jorge Velho no combate aos quilombolas de Palmares em Alagoas
e, os índios Cariris no Ceará. Eles desceram o rio São Francisco no início de 1690, quando
fundaram São Romão que alcança o título de cidade em 1714, além de Januária e Montes Claros
e outras.

Matias Cardoso e seus comandados dizimaram, capturaram e venderam milhares de indígenas


para a escravidão, de acordo com Vasconcelos (1918 apud SILVA, S/D),

Tratou de cercar os bandos desagregados e de reduzi-los à escravidão. Criaram-se, por


isso, as diversas fazendas de criar que datam desta época, nas quais se recolheram os
escravizados, que se estabeleceram com os vencedores na zona fértil. (...). Realizaram,
portanto, os paulistas os intentos com que subiram para o sertão e nunca mais voltaram
a São Paulo. (VASCONCELOS, 1948, P.30).

Para Braz (1977, apud SILVA, S/D), “Matias Cardoso desceu o São Francisco com um exército
de 600 homens, acampou em Morrinhos e aí esperou o cel. João Amaro que veio no ano seguinte
[1691] com igual número de combatentes (...). Terminada a campanha, o tenente general fixou-
se em Morrinhos”.

Em 1736, com o fim da Conjuração do São Francisco contra a derrama, territórios como Arinos,
Buritis, Chapada Gaúcha e Formoso entre outras localidades próximas foram efetivamente
colonizadas pelo filho de Matias Cardoso, Januário Cardoso. A partir dessa colonização e da
Estrada Real Picada da Bahia, surgiram outros colonizadores que se fixaram na segunda metade
do século XVIII, como fundadores (VASCONCELOS, 1974).

4
As famílias de pecuaristas Garcia d’Ávila (Casa da Torre) e Guedes Brito (Casa da Ponte) da Bahia, a família
Cerqueira Brandão (Casa de Grijó) de Goiás e a família Cardoso de Minas Gerais se tornaram agentes importantes
no comércio de ouro e gado (ARAUJO, 2007).
21
Alguns bandeirantes cruzaram a região como André Fernandes e Lourenço Castanho Tacques,
em 1613 e 1670 respectivamente, porém a efetiva fixação de moradores se deu a partir de 1730
com a descoberta do ouro em Paracatu, de acordo com Bertran (1994), a circulação de
aventureiros pela Estrada Real Picada da Bahia e outras estradas que ligavam o Centro-Oeste
ao litoral e isto auxiliou na expansão das fazendas e da população no local.

Figura 5 - As Primeiras Cidades do Norte de Minas Gerais: entre o século XVI e XVII. Organização: Veloso, G.
A e Silveira, Y. M. S. C. 2010. In: SILVEIRA e SILVEIRA (2010)

Após a fundação destas cidades, as famílias mais ricas criaram um grande círculo de parentela
que se estendeu por uma contínua uma extensa faixa de terra. Algumas dessas famílias se
uniram através do matrimônio, deste modo, criou-se uma constelação de controle político da
região. Durante a República Velha essas famílias regiam o PRM – Partido Republicano
Mineiro, mantendo essa dominação até o governo Vargas. (HORTA, 1956 apud MOURA S/D).

2.2.1. Síntese Histórica e Dinâmica Populacional do município de Presidente Olegário

22
O município localiza-se na mesorregião Noroeste do estado de Minas Gerais, mais
precisamente na microrregião de Paracatu. A sua unidade territorial tem uma extensão
de 3.503,797 km², uma população estimada em 2014 de 19.398 habitantes, portanto
uma densidade demográfica de 5,3 habitantes por Km², conforme informações do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Possui ainda quatro distritos,
sendo: Galena, Ponte Firme (ou São Pedro da Ponte Firme), Santiago de Minas e o
distrito sede (EIA – Fazenda Prata, 2015).

Presidente Olegário tem seus limites com os municípios de Lagoa Grande, João Pinheiro, São
Gonçalo do Abaeté, Varjão de Minas, Patos de Minas e Lagamar. Presidente Olegário (EIA –
Fazenda Prata, 2015).

O município tem sua história ligada a Paracatu, pois ainda no século XVII, o território atual de
Presidente Olegário era cortado por diversas picadas que seguiam em direção a Paracatu do
Príncipe.

Uma das picadas que cortavam a região era a Picada Solimões, que de acordo com Silva (2011),
“consistia em um dos caminhos por onde o ouro era encaminhado para a casa de fundição de
Araxá, em Minas Gerais”, além disso, a picada era utilizada para o escoamento do ouro de
Goiás e o gado destinado ao abate nas cidades de Barretos (São Paulo) e Três Corações (Minas
Gerais).

Além da picada de Solimões a Câmara Municipal de Presidente Olegário informa que, “A


Picada dos Aragões, sob a liderança do Conde de Valadares ia concedendo sesmarias a fim de
povoar e proteger os viajantes. No trajeto dessa Picada, se encontra a atual cidade de Presidente
Olegário”.

A dinâmica das expedições bandeirantes marcou profundamente as regiões do Estado


de Minas Gerais. As primeiras a adentrar os Chapadões do Paracatu e a região do Alto
Paranaíba não tiveram o objetivo específico de encontrar ouro e pedras preciosas, mas
sim capturar indígenas para vendê-los como escravos nos engenhos das fazendas
produtoras de cana-de-açúcar de São Paulo. Os bandeirantes partiam então rumo ao
interior do Brasil, onde encontravam tribos que foram das regiões litorâneas em
função da presença cada vez maior da colonização e de sua política da exploração das
terras (ESTILO NACIONAL).

As picadas e as expedições bandeirantes que passaram pela região, como a de Lourenço Taques
em 1670, que percorreu o território olegarense, em sua viagem de Araxá a Paracatu. A bandeira

23
tinha como finalidade a captura de indígenas, além disso, o historiador Antônio de Oliveira
Melo, afirma que a região dos Chapadões do Paracatu era habitada por tribos Caiapós,
Terminós, Amaipirás e Tupinaês (MELO apud ESTILO NACIONAL).

O historiador afirma ainda que a presença das tribos foi confirmada através de “vestígios
arqueológicos (panelas de barro, resíduos de urnas funerárias dos indígenas contendo ossos
fossilizados) encontrados enterrados próximos à sede municipal de Presidente Olegário”
(ESTILO NACIONAL).

Quando se trata de escravos Presidente Olegário apresenta um baixo número de escravos, apesar
de a região apresentar registros de quilombos, que no século XVIII eram formados por escravos
que fugiram das Minas de Goiás e Minas de Paracatu. Uma lenda denominada “Lenda do
Tesouro”, conta que,

os negros em fuga se organizavam em grupos para assaltar as caravanas de tropeiros


que seguiam rumo às Minas de Paracatu do Príncipe. As caravanas, por sua vez,
preveniam-se de assaltos com a formação das “tropas de linha”, homens armados que
faziam a segurança nas viagens. Ainda segundo essa tradição popular, os grupos de
assaltantes ocultavam as valiosas mercadorias roubadas em esconderijos secretos.
Conta-se que aqueles que sabiam o local desses esconderijos morreram em confrontos
ou torturados por milícias armadas antes de revelarem quaisquer pistas sobre esses
supostos mapas do tesouro (ESTILO NACIONAL).

No fim do século XVIII com a decadência do Ciclo do Ouro, os moradores da região mineradora
migraram para a área dos rios Grande e Paranaíba. Neste período, a ocupação do oeste de Minas
Gerais fez com que o Conde Valadares concedesse a Carta de Sesmaria a Afonso Manuel
Pereira, foi um dos responsáveis pelo povoamento do território da Onça.

Afonso Manuel Pereira teria se fixado no povoado do território da Onça até o seu
desaparecimento, vitimado por um bando de escravos refugiados num quilombo próximo e que
lhe teriam roubado um grande tesouro em ouro.

[...] estes escravos foragidos, responsáveis não só pela morte de Manoel Afonso
Pereira como por outros assaltos, teriam sido atacados pela “tropa de linha”, como se
denominava a polícia provincial, e trucidados, restando deles um único sobrevivente.
Este, forçado a mostrar o local onde os quilombos escondiam o produto de seus
assaltos, guiou seus vencedores até o local denominado Lagoa Seca, aí morrendo sem
revelar a ninguém os seus tesouros. Ainda segundo a mesma tradição, um indivíduo

24
não identificado teria encontrado um caldeirão contendo ouro em barras e em pó;
contudo, por desconhecidas razoes até então, tal individuo se teria suicidado sem
revelar a ninguém o paradeiro do dito tesouro. Há no município restos de construções
e grandes pilões de aroeira atribuídos aos quilombolas, o que de certa maneira tem
servido para nutrir as lendas acima narradas e profundamente enraizadas na tradição
local. (IBGE, 1959).

De acordo com a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, “[...]Em princípios do século XIX,
o lugar denominava-se Brejo [...] A amenidade do clima, a fartura de água potável e a boa
qualidade das terras foram, sem dúvida, o fator preponderante a influir no ânimo dos que ali
se fixaram pela primeira vez. Aos poucos, se foi formando uma povoação que recebeu o nome
de Santa Rita da Boa Sorte. [...]” (IBGE, 1959, p.444)5.

O mais antigo documento referente ao local é a escritura de doação de um terreno para


que se construísse, no sítio, uma igreja sob a evocação de Santa Rita, daí a origem do
topônimo. Foram doadores Joaquim Inácio de Sá com sua mulher, Inácia Maria Roiz
e o documento foi passado no dia 10 de outubro de 1851. No terreno doado pelos
fazendeiros, em torno da capela, começaram às edificações de forasteiros que se foram
fixando, surgindo assim o arraial que, em 1867, foi elevado a distrito do município de
Paracatu. Em 1880, esse distrito passou à jurisdição do município de Patos, mudando-
se também, em consequência, o nome para Santa Rita dos Patos. (IBGE, 1959, p. 444).

De acordo com a Diocese de Patos de Minas, “Joaquim Afonso de Sá e sua esposa Inácia Maria
Rodrigues, donos da fazenda Brejo Alegre, sentindo a importância do local para os viajantes,
resolve fazer uma doação de parte de suas terras para ali erigir uma capela”.
Com isso surge o primeiro documento que trata sobre Presidente Olegário, a Lei Provincial nº
1.444, datada de 2 de dezembro de 1867 e fazia parte da freguesia de Alegres. (DIOCESE DE
PATOS DE MINAS; EIA – Fazenda Prata).
A história do povoamento de Presidente Olegário surge, a partir de 10 de outubro de
1851, quando se faz a doação ao patrimônio da Igreja, a fim de se erigir uma capela
sob a invocação de Santa Rita de Cássia e para, nas terras, se arrancharem os que ali
forem.
Na ocasião, o território era subordinado à freguesia de Santana de Alegre (João
Pinheiro), o que muito dificultava a assistência religiosa aos habitantes, já em número
representativo, das fazendas Boa Sorte e Onça. E na escritura de doação encontramos
a nova denominação da localidade: Santa Rita da Boa Sorte (DIOCESE DE PATOS
DE MINAS).

5
Texto retirado integralmente do EIA – Fazenda Prata.
25
Através da Lei Provincial nº 1656, de 4 de novembro de 1880, o distrito foi desmembrado de
Paracatu e incorporado ao município de Santo Antônio dos Patos, adotando o nome de Santa
Rita de Patos.
De acordo com a Prefeitura Municipal de Presidente Olegário,

O nome Santa Rita da Boa Sorte permaneceu até 1867 quando se criou o Distrito de
Santa Rita e, em 1880, passou a chamar-se Santa Rita de Patos, nome que permaneceu
até 31 de dezembro de 1938, ano em que recebeu a denominação atual de Presidente
Olegário.Além de seu distrito-sede, contava com mais quatro distritos: Galena,
Lagamar, Ponte Firme e Lagoa Grande (PRESIDENTE OLEGÁRIO).

O município em 1938 recebeu sua autonomia de através do Decreto nº 148, com o nome de
Presidente Olegário, que deriva de uma homenagem ao Senhor Olegário Maciel, chefe político
no município de Patos e que faleceu na Presidência do Estado de Minas Gerais. A instalação
do município ocorreu em 1º de janeiro de 1939.

26
Figura 6 - Imagens Históricas de Presidente Olegário. 1 – Posto de Saúde Estadual; 2 – Fôro Municipal; 3 – Vista Parcial da
cidade; 4 – Último tombo da Cachoeira Manabrini; 5 – Vista da parte esquerda da Praça Padre Porfírio e 6 – Praça Afonso de
Sá. Fonte: (IBGE, 1959)

No ano de 1950, a principal atividade econômica olegarense era voltada a agricultura, pecuária
e silvicultura. Através da Figura 7, observa-se que das 19.343 pessoas com10 anos e mais, 7.535
(38,98%) exerciam tal atividade. Tal indicador torna-se mais expressivo se for observado o
contingente da população que não exercia atividade remunerada, 48,17%. Sobre a agricultura,
a cultura do feijão, arroz e milho constituíam os principais produtos agrícolas do município,
sendo 36,64%, 30,43% e 26,43% sobre o total da produção, respectivamente (EIA – Fazenda
Prata).

27
Figura 7 - Recenseamento de 1950 - Presidente Olegário

Figura 8 - Imagens Históricas de Presidente Olegário.

28
Sobre a situação urbana de Presidente Olegário, na década de 1950, observa-se a discriminação
destes na Figura 9. “O território municipal é cortado por 808 quilômetros de estradas de
rodagem, dos quais 293 se acham sob administração estadual, 233 sob a municipal e os
restantes, pertencem a particulares. Dispõe, além disso, de 1 campo de pouso.” (IBGE, 1959;
EIA – Fazenda Prata).

29
Figura 9 - Melhoramentos urbanos e tábuas itinerárias em 1955 – Presidente Olegário

Naquele momento, a síntese territorial de Presidente Olegário pode ser assim organizada:

A atividade econômica fundamental é a agropecuária. Na pecuária, tanto são importantes o


rebanho suíno como o bovino, pois o município exporta bovinos de corte para Cruzeiro (São
Paulo), Três Corações, Patrocínio e Patos, estes em Minas Gerais. Os suínos para abate são
também enviados aos mesmos municípios. Além da pecuária de corte, a leiteira é também de
grande importância econômica; em 1955, a produção de leite atingiu 2 700 000 litros. Outro
fator de importância na vida econômica municipal é a indústria extrativa, onde figura em
primeiro lugar, quanto ao valor, a extração de madeira de lei. Na indústria manufatureira e fabril
a produção de creme de leite, em 1955, atingiu 97335 quilogramas; neste setor, produz ainda,
em valores decrescentes: sola, tanino, calçados, arreios, manteiga, queijo, etc. possui riquezas
minerais inexploradas, tais como bauxita, xisto betuminoso, duas fontes de águas sulfurosas,
calcário, salitre, etc.
O município é banhado pelos rios Paranaíba, da Prata, Paracatu e Santa Catarina, os mais
importantes, além de outros menores, como o Manabuiú, o do Peixe, o Cricó, o Taboca, o
Salitre, o Pirepetinga, e ribeiros de menor importância, constituindo uma rede satisfatória. Duas
cachoeiras são aproveitadas, na zona municipal: a do Marimbondo, no córrego do Barreiro,
onde foi instalada a usina hidrelétrica que fornece luz e energia à sede municipal, e a de Ponte
Firme, no córrego São Gonçalo, onde uma pequena usina hidrelétrica fornece força e luz a vila
de Ponte Firme.
A sede municipal localiza-se sobre a serra das Vertentes, gozando dos melhoramentos urbanos
condizentes com as possibilidades econômicas; além dos transcritos, podem ainda ser citados,
na sede, um aparelho telefônico, 1 hotel, 3 pensões, 1 cinema e uma biblioteca.
30
Para o pleito de 3-X-1955, estavam inscritos 4797 eleitores, dos quais votaram 2207. O
Legislativo Municipal compõe-se de 13 vereadores. (IBGE, 1959, p. 447-448).

A partir de indicadores mais recentes, referentes às duas últimas décadas em Presidente


Olegário, a partir dos dados organizados para a confecção do Atlas do Desenvolvimento
Humano no Brasil (Figura 10), observa-se que entre os anos de 1991 a 2000, a taxa média de
crescimento populacional anual foi de 0,45%. Entre os anos de 2000 e 2010, a população de
Presidente Olegário apresentou crescimento médio de 0,44%. Deste modo o crescimento
populacional do município foi estável nos dois períodos.

Com relação à urbanização de Presidente Olegário, observa-se que nas últimas duas décadas o
indicador evoluiu 19,63%, totalizando no ano de 2010, 70,79% do total da população. Dos
18.577 habitantes do município, 13.150 reside na área urbana6.

Figura 10 - População total, por gênero, rural/urbana e taxa de urbanização – Presidente Olegário. Fonte: Atlas do
Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013. PNUD, FJP e IPEA.

2.2.2. Bens naturais e culturais7

O município de Presidente Olegário conta com inúmeros atributos históricos, culturais e


naturais. Do ponto de vista histórico-cultural, todos os anos no município, a partir do dia 24 de
dezembro, é tradição ocorrerem festividades dos “Santos Reis”, ou “Folia de Reis”. São
aproximadamente 30 folias espalhadas pela cidade, nos distritos, povoados e fazendas.
[...] patrimônio cultural do município de Presidente Olegário; as festividades de
Santos Reis acontecem todos os anos a partir do dia 24 de dezembro quando as folias
fazem a saída percorrendo as casas dos devotos dos 3 reis santos, deixando uma

6
Fragmento retirado do EIA – Fazenda Prata.
7
Texto retirado integralmente do EIA – Fazenda Prata.
31
mensagem que narram desde a anunciação de Nossa Senhora que iria dar a luz ao
Deus Menino até a visita dos reis magos ao menino Jesus [...] O encerramento das
festividades acontece no dia 05 de janeiro, com reza, cantigas, muita comida, doces e
bebidas. No final da festa é passada a coroa e anunciado o próximo festeiro, que é um
devoto dos Santos Reis [...]. (Fonte: http://po.mg.gov.br).

Figura 11 - Folia de Reis em Presidente Olegário.

32
Figura 12 - Distribuição das Folias de Reis em Presidente Olegário

Outra festividade de destaque em Presidente Olegário ocorre no povoado de Andrequicé,


distante da área urbana, aproximadamente 63 quilômetros. Trata-se da Festa de Nossa Senhora
da Abadia.

33
Figura 13 - Romaria de Nossa Senhora da Abadia e dos carreiros (Povoado de Andrequicé).

[...] O calendário de eventos da cidade de Presidente Olegário conta com algumas festas,
religiosas e profanas. O evento de maior tradição é a Festa de Nossa Senhora da Abadia de
Andrequicé, localidade situada cerca de 60 km da sede; esta festa acontece no mês de agosto, e
a comemoração propriamente dita tem lugar no dia 15 deste mês. É importante lembrar que a
Romaria de Andrequicé (festa irmã da Romaria de Água Suja), tem origens no final do século
XIX, quando da doação do terreno e início das celebrações e peregrinações em homenagem à
Nossa Senhora da Abadia. [...] Durante esse festejo religioso e até mesmo antes, os devotos vão
à pé para realizar pagamentos de promessas e levam ofertas como agradecimento à Nossa
Senhora da Abadia. Durante os dias de novena, chegam carros-de-boi e cavaleiros não só de
Presidente Olegário, mas também das cidades mais próximas do distrito. Ainda no âmbito das
festas religiosas, durante o mês de janeiro, o município conta com uma gama de Folias de Reis,
realizadas em diferentes localidades rurais e no distrito sede. Em janeiro acontece também a
Festa em Louvor a São Sebastião, que tem lugar na localidade de Pissarrão [...] Outra tradição
que malgradamente caiu no ocaso foi a bela Contradança dos Godinhos, folguedo iniciado em
princípios do século XX pela família que dá nome à dança e que transita entre o sagrado e o
profano, constituindo um joguete em que homens constituem pares nos quais a outra parte é um
homem vestido de mulher (talvez em protesto ao arraigado patriarcalismo católico cristão do
estado das Gerais), dançando ao som de uma sanfona 4 baixos e um violão e ciceroneados por
um palhaço [...] Outra interessante festa que vem perdendo suas forças ao longo dos anos é a
Festa da Produção, durante a qual o município, através da Prefeitura Municipal e do Sindicado
dos Produtores Rurais, expõe, discute e negocia os produtos agropecuários da cidade, além de
promover shows musicais no parque de exposições e atrações culturais em diferentes pontos da
cidade. No distrito da Galena, também existe uma festa tradicional, que é a Festa de Reis, em
devoção aos Três Reis que visitaram o menino Jesus após o seu nascimento. Ela acontece a
partir do dia 25 de dezembro, quando começa a visita da folia nas casas e nas fazendas. No dia
5 de janeiro (dia dos Santos Reis), o dia da festa, todos se reúnem para rezar e comemorar o dia
dos Santos Reis. (Fonte: http://www.ponoticias.com.br).

34
Do ponto de vista do artesanato, na Casa do Turismo de Presidente Olegário, o Grupo de Artesãs
de Presidente Olegário (GAPO) composto por 10 mulheres, desenvolvem e expõe os seus
trabalhos, bordados, de crochê, dentre outros. O comércio dos produtos se dá na própria Casa
do Turismo, nas feiras de artesanato, nas festas da região e na loja Trem de Ferro, em Belo
Horizonte.

Figura 14 - Artesanato de Presidente Olegário.

Existem vários outros profissionais que trabalham com produtos diversos na cidade,
organizados na Tabela 4.

Tabela 4 - Demais artesãos em Presidente Olegário

No âmbito da literatura, cabe destacar que existem vários escritores em Presidente Olegário,
distribuídos na Tabela 5. Alguns autores escreveram sobre o município, como Oliveira Mello
(Presidente Olegário – Terra da Esperança e Biografia do olegarense Hilton Mendes), José da
Silva Brandão (Festa do Andrequicé) e Artur Gonçalves da Silveira (Os Braga de Andrequicé).
35
Figura 15 - Literatura de Presidente Olegário

Com relação à exploração do turismo sustentável, no âmbito da política pública de


regionalização do turismo do estado (Decreto Lei n° 43.321), o município de Presidente
Olegário é contemplado na região de planejamento noroeste, destacada na Figura 16, na qual
constam 52 (cinquenta e dois) circuitos turísticos criados em Minas Gerais.

36
Tabela 5 - Autores e obras literárias de olegarieneses

Figura 16 - Circuitos Turísticos de Minas Gerais.

Atualmente existe um Projeto de grande relevância em Presidente Olegário, que objetiva


pesquisar e documentar o movimento da Folia de Reis. O Projeto partiu do Conselho Municipal
de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural.

[...] centenária na localidade, a festa se constrói a partir da narrativa do nascimento de


Jesus e da visita dos três reis magos. A Folia revela-se uma exuberante expressão de

37
hospitalidade ao criar uma rede de visitação que abrange todo o território olegariense.
A ideia de pesquisar e documentar o movimento da Folia de Reis em Presidente
Olegário surgiu do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico e
Cultural. Posteriormente, a Estilo Nacional, que já atuava no município desde 2007,
tomou a iniciativa de elaborar um projeto que foi enviado à Lei Rouanet do Ministério
da Cultura e, depois de aprovado, captou recursos através do patrocínio da Eletrobrás.
O projeto inclui a produção de um dossiê de registro, um vídeo, um catálogo e um
site. Para a elaboração dos produtos, organizamos uma equipe sob a coordenação dos
arquitetos e urbanistas Eduardo Alvim e Marílis Mendes, em que trabalharam os
historiadores Flávia Klausing e Bruno Rangel, a estudante de História Júlia Faria, o
antropólogo Marcos Martins, a arquiteta e urbanista Priscila Mourão e a equipe
audiovisual, formada por Eduardo Costa e Leonardo Horta. Após levantar a
bibliografia disponível, realizamos o registro em duas etapas complementares: a
primeira seria de reconhecimento de campo e mapeamento dos grupos existentes, e a
segunda, de acompanhamento de algumas das Folias em seu giro completo. A fase
seguinte, com os materiais coletados, se deu com a produção do dossiê de registro,
acompanhada pela elaboração de um catálogo, e deste site, que serviram de
norteadores da produção do vídeo. Nestas páginas almejamos trazer a festa ao
internauta, através de vídeos, fotos, gravações. Os detalhes, as cores, os saberes, as
tradições, enfim, transmitir um pouco da riqueza da Folia de Reis de Presidente
Olegário. Fonte: http://foliadereisempresidente.com.br/

No contexto das ações do referido Conselho, a partir de consultas as Atas das reuniões ocorridas
no ano de 2013 (disponíveis em http://po.mg.gov.br) atualmente alguns bens estão
contemplados no tombamento e proteção municipal, a saber:

- Núcleo Histórico de São Pedro da Ponte Firme;

- Capelinha Antiga de Nossa Senhora da Abadia em Andrequicé e;

- Carro de Boi Chapeado, atualmente localizado na Fazenda Serrinha.

Foram escolhidos para inventariação naquele ano os seguintes bens culturais: (1) Cachoeira do
Marimbondo, (2) Cachoeira São Joãozinho, (3) Cânion e Cachoeira do Vale dos Camilos, (4)
Encontro dos Córregos do Salitre e Bananeira, (5) Gruta da Galena, (6) Rio da Prata, (7)
Ribeirão Andrequicé, (8) Romaria de Andrequicé (Festa de Nossa Senhora da Abadia), (9)
Cachoeira da Taboca e (10) Poço e Cachoeira Grande de Taboca.

38
Com relação aos bens naturais destacam-se as Grutas, Cavidades, Rios, Cachoeiras, dentre
outros. Abaixo são apresentadas todas as cavidades cadastradas no Centro Nacional de Pesquisa
e Conservação de Cavernas (CECAV).

39
Cavidades Localidade Lat. Long. Litologia
1 Abismo da Treliça Andrequicé -18,1541 -46,1758 Calcário
2 Abismo Dedo do Dragão Andrequicé -18,1542 -46,1759 Calcário
3 Gruta Apêndice do Samé Andrequicé -18,1548 -46,1750 Calcário
4 Gruta da Argila Seca Andrequicé -18,1584 -46,1739 Calcário
5 Gruta da Liuba Andrequicé -18,1542 -46,1758 Calcário
6 Gruta da Rapunzel Andrequicé -18,1541 -46,1757 Calcário
7 Gruta do Conduto Paralelo Andrequicé -18,1586 -46,1743 Calcário
8 Gruta do Morcego Vigilante Andrequicé -18,1543 -46,1757 Calcário
9 Gruta do Osso do Boi Andrequicé -18,1589 -46,1737 Calcário
10 Gruta do Samé Andrequicé -18,1550 -46,1747 Calcário
11 Gruta Fenda do Urubu Andrequicé -18,1593 -46,1751 Calcário
12 Lapa da Caveira Andrequicé -18,1541 -46,1756 Calcário
13 Lapa dos Bombeiros Andrequicé -18,2094 -46,1484 Calcário
14 Lapa Ipê Amarelo I Andrequicé -18,2106 -46,1484 Calcário
15 Lapa Ipê Amarelo II Andrequicé -18,2103 -46,1484 Calcário
16 Lapa Ipê Amarelo III Andrequicé -18,2102 -46,1483 Calcário
17 Lapa Ipê Amarelo IV Andrequicé -18,2101 -46,1483 Calcário
18 Lapa Jardim do Pipe Andrequicé -18,1515 -46,1765 Calcário
19 Lapa Maminha de Porca Andrequicé -18,2108 -46,1487 Calcário
20 Sumidouro do Pipe Andrequicé -18,1514 -46,1761 Calcário
21 Lapa da Água Parada Barra do Rio Andrequicé -18,1494 -46,1788 Calcário
22 Lapa da Capivara Barra do Rio Andrequicé -18,1474 -46,1787 Calcário
23 Lapa Itaocaí Barra do Rio Andrequicé -18,1471 -46,1790 Calcário
24 Lapa Urubu Rei Barra do Rio Andrequicé -18,1469 -46,1779 Filito
25 Lapa Vereda da Palha Fazenda Andrequicé/Vereda da -18,2552 -46,1260 Calcário
Palha
26 Gruta Bocão da Saúva Fazenda Córrego Fundo Galena -18,2866 -46,1069 Calcário
27 Gruta da Saúva Fazenda Córrego Fundo Galena -18,2878 -46,1065 Calcário
28 Gruta do Cipozao Fazenda Córrego Fundo Galena -18,2853 -46,1075 Calcário
29 Gruta do Mourão de Fazenda Córrego Fundo Galena -18,2865 -46,1076 Calcário
Gameleira
30 Gruta Jardim das Orquídeas Fazenda Córrego Fundo Galena -18,2881 -46,1057 Calcário
31 Gruta Salão da Saúva Fazenda Córrego Fundo Galena -18,2875 -46,1068 Calcário
32 Ressurgência do Córrego Fazenda Córrego Fundo Galena -18,2893 -46,1054 Calcário
Fundo
33 Sumidouro do Córrego Fazenda Córrego Fundo Galena -18,2883 -46,1053 Calcário
Fundo
34 Toca da Saúva Fazenda Córrego Fundo Galena -18,2878 -46,1065 Calcário
35 Abismo 10 M Galena -18,3159 -46,0875 Calcário
36 Abismo da Alice Galena -18,3225 -46,0816 Calcário
37 Gruta Bigo do Tchá Galena -18,3223 -46,0811 Calcário
38 Gruta da Medusa Galena -18,3229 -46,0818 Calcário
39 Gruta do Tchá Galena -18,3224 -46,0812 Calcário
40 Gruta Kosta do Tchá Galena -18,3224 -46,0815 Calcário40
41 Gruta San Luiz Galena -18,3154 -46,0929 Calcário
42 Lapa Caieira Galena -18,3173 -46,0879 Calcário
43 Lapa da Gameleira Galena -18,3160 -46,0879 Calcário
Figura 17 - Cavidades cadastradas em Presidente Olegário. Fonte: Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas
(CECAV). Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/cecav/

Sobre os Sítios arqueológicos, segundo o Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA)


não consta sítio arqueológico existente no município de Presidente Olegário. (Fonte:
http://www.iphan.gov.br/).

Por fim, conforme destacado, Presidente Olegário possui diversos bens culturais naturais.
Algumas dessas referências são apresentadas abaixo.

1 – Cachoeira do Joãozinho;

2 – Cachoeira Vale dos Camilos;

3 – Cachoeira do Marimbondo;

4 – Gruta do Sr. Cid;

41
Figura 18 - Bens Culturais Naturais de Presidente Olegário.

2.3. CONTEXTO ARQUEOLÓGICO

2.3.1. Breve História da Arqueologia em Minas Gerais

Muitos arqueólogos apontam o surgimento das pesquisas em Minas Gerais ainda no século XIX
(PROUS, 2013; SENE, 2007, p.89; NEVES & PILÓ, 2008).

42
A arqueologia em Minas Gerais nasceu de forma acidental e poderíamos dizer,
prematura, em meados do século XIX. Após um eclipse de quase um século durante
o qual as pesquisas se limitaram à região de Lagoa Santa e foram realizadas
essencialmente por instituições estrangeiras ou do Museu Nacional do Rio de Janeiro,
a arqueologia firmou-se no estado com a criação do Setor de Arqueologia da UFMG.
Isto ocorreu no final do ano de 1975, por iniciativa conjunta do IEPHA e da Reitoria
da Universidade. Desde então, a arqueologia mineira passou a ter um papel relevante
no panorama brasileiro (PROUS, 2013, p. 52).

Durante um longo período a Arqueologia em território mineiro foi executada ora por amadores,
ora por intelectuais que, muitas vezes, nem sequer publicaram suas pesquisas8.

Desta forma, as pesquisas realizadas entre 1920 e 1955 mantiveram aberta a pergunta
sobre antiguidade do Homem em Lagoa Santa, mas sem trazer nenhuma resposta
definitiva. A partir dos anos de 1940, os achados de instrumentos líticos
inquestionavelmente associados à megafauna no sítio de Clovis (no oeste americano)
demonstraram que a ideia de um Homem pleistocênico no Brasil não era absurda. A
presença de esqueletos preservados em Lagoa Santa mantinha aceso o interesse pela
região, já que não havia sepultamentos conhecidos para os autores da cultura Clovis.
Esta foi logo datada em cerca de 11.000 anos a partir de 1950, quando a análise de
radiocarbono tornou-se operacional. Tornava-se imperativo esclarecer a antiguidade
dos achados em terra mineira (PROUS, 2013, p.58).

As pesquisas sistemáticas acerca da Arqueologia em Minas Gerais vão ocorrer a partir da


década de 1970, com a chegada das missões estrangeiras. A primeira investida ocorre no ano
de 1971, quando a francesa Annete Laming-Empereire, entusiasmada com as datações antigas
obtidas pelo norte-americano W. Hurt no carste de Lagoa Santa, resolve criar uma missão
franco-brasileira para a região (PROUS, 2013).

Encorajada pelas datações antigas obtidas pelo pesquisador norte-americano, a pré-


historiadora francesa A. Laming-Emperaire se interessou em montar uma Missão
franco-brasileira para estudar a região de Lagoa Santa e procurar dados mais
completos sobre o povoamento inicial, descrito de forma muito superficial pelas
pesquisas anteriores. Já era conhecida por seus trabalhos sobre arte rupestre no
Paleolítico europeu, suas pesquisas sobre o povoamento inicial da Terra do Fogo e
sobre sambaquis do litoral paranaense e paulista. Para o estudo da pré-história de
Lagoa Santa, propunha-se uma perspectiva ampla, analisando o contexto
geomorfológico dos sítios, as transformações da paisagem e as mudanças climáticas
desde o Pleistoceno final. Tinha tido um breve contato com sítios da região em 1961,
onde J. Penna a tinha convidado para conhecer os abrigos pintados. As primeiras
prospecções, para escolher um sítio base, foram realizadas no inverno de 1971 em
vários locais nas imediações dos atuais municípios de Lagoa Santa, Pedro Leopoldo,
Confins e Matozinhos, com a participação de arqueólogos do Museu Paulista. A
maioria dos sítios encontrados estando depredada, escolhemos o abrigo nº IV da Lapa
Vermelha (no atual município de Confins) apesar da pouca densidade de vestígios,
por ele apresentar uma espessa sedimentação com estratigrafia extraordinariamente
legível, sendo praticamente possível separar camadas de deposição anuais. Esperava-
se assim conseguir um quadro evolutivo fino das mudanças ambientais (PROUS,
2013).

8
Para síntese da Arqueologia em Minas Gerais ver Prous (2013).
43
As escavações sistemáticas ocorreram entre os anos de 1973 e 1976, com a participação de mais
de 25 pesquisadores. De acordo com Prous (2013), por exigência do IPHAN, estas escavações
tiveram a participação de jovens estudantes brasileiros, como meio de prepará-los para à
pesquisa científica.

As escavações na Lapa Vermelha, que foi sempre ocupada apenas periodicamente por
pessoas de passagem, proporcionaram as primeiras datações mínimas para pinturas
rupestres (enterradas) no Brasil e os restos do esqueleto da jovem que seria mais tarde
popularizada sob o nome de “Luzia”. Tratava-se também dos mais antigos restos
ósseos humanos datados nas Américas, embora a datação inicial de 11.680 anos BP
(não calibrada) aceita pela pesquisadora em sua publicação inicial (LAMING-
EMPERAIRE, 1979) seja antiga demais; ela provinha de um carvão encontrado junto
ao crânio, mas ambos se encontravam em um setor perturbado, tendo o crânio, junto
com vários blocos, afundado em uma pequena fossa de sucção. Analisando mais tarde
a localização estratigráfica do resto do esqueleto, mostramos que a idade correta era
de cerca de 11.000 anos (não calibrados) “apenas”. De qualquer forma, os elementos
esqueletais ainda in situ encontravam-se abaixo de um nível onde tinham sido
encontrados vários coprólitos de preguiça gigante, comprovando-se assim a
contemporaneidade entre o Homem e a megafauna extinta. O sítio proporcionou
também uma grande quantidade de instrumentos de conchas, o que me levou a estudar
sua fabricação, sua utilização e, mais tarde e com a ajuda de M. E. Solá, estudar o
valor nutritivo dos grandes gastrópodes terrestres (PROUS, 2013).

A guinada final seria a criação da cadeira de pré-história na UFMG e a contratação do Prof.


André Prous para o cargo, notoriamente, pessoa chave para a confirmação do conhecimento da
história pré-colonial mineira.

Com a criação do Setor de Arqueologia da UFMG, houve um avanço significativo no


conhecimento arqueológico em várias partes do estado.

2.3.2. . As Pesquisas Científicas

As pesquisas arqueológicas no Planalto Central do Brasil, o que inclui o centro oeste do estado
de Minas Gerais, foram desenvolvidas a partir da década de 1970, por meio do Programa de
Pesquisa do Vale do São Francisco (PROPEVALE), coordenado por Ondemar Dias Júnior, do
Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB).

44
Segundo Bueno (2013), desde meados da década de 1970 a região do centro-norte mineiro tem
sido alvo de pesquisas acadêmicas, executadas por diferentes pesquisadores. Para o autor, essa
“diversidade” de perspectivas auxiliou significativamente, uma vez que:

(...) para construção do conhecimento atualmente disponível a respeito de tecnologia


lítica em geral e do processo de ocupação do planalto central brasileiro. Essa região
na qual incluímos as áreas de Lagoa Santa, Serra do Cipó, Diamantina,
Buritizeiros/Pirapora, Jequitaí, Montes Claros, Varzelândia, Vale do Peruaçu e
Montalvânia (...) tem apresentado tanto contextos de ocupação mais prolongados e
permanentes, marcados por variações na continuidade e intensidade da ocupação,
quanto contextos marcados por hiatos de ocupação ao longo do Holoceno (...). No
vale do Peruaçu, por exemplo, diversos abrigos apresentam uma ocupação contínua
desde o final do Pleistoceno, por volta dos 11.500 anos AP, enquanto em Buritizeiros
a ocupação se concentra no Holoceno Médio, por volta dos 6.000 anos AP, em Montes
Claros em dois períodos muito curtos, mas de ocupação intensa entre 7 e 8.000 anos
AP e entre 1.200 e 500 AP e em Lagoa Santa também em dois períodos bem definidos,
entre final do Pleistoceno e Holoceno Inicial (10-8.000 AP) e no Holoceno recente (2-
1.000AP). (BUENO, 2013, p. 168).

Além disso, a literatura arqueológica aponta para o Planalto Central as primeiras ocupações
regionais representadas por grupos de caçadores coletores, associados à Tradição Itaparica
(SCHIMITZ, 1999; RODET et al, 2011; FOGAÇA, 1995; BUENO, 2013).

Segundo Rodet et al (2011, p.81), as pesquisas desenvolvidas no Brasil Central, desde a década
de 1960, têm identificado vestígios de ocupação humana no Brasil, “(...) com datas de passagem
do Pleistoceno para o Holoceno inicial, entre 12/11 e 10 mil anos BP e do Holoceno médio, por
volta de 8 mil anos A.P”. Segundo os autores (2011, p. 88) o Planalto Central é definido como:

Trata-se de uma macrorregião com uma área de aproximadamente 2 milhões de km²,


a qual pertence a um domínio morfoclimático específico, ocupando maciços
planálticos de estrutura complexa, cerrados nos interflúvios e florestas galerias (AB’
SABER, 1977). De forma geral, predominam as formações de Cerrado e de Caatinga,
as quais sustentam floras e faunas diversificadas, com grande riqueza de espécimes.
É nesse ambiente, principalmente dentro de numerosos abrigos, que os pesquisadores
encontraram vestígios dos grupos humanos antigos que estavam muito bem instalados
e adaptados – estabilidade cultural – e cujos vestígios líticos formam a denominada
Tradição Itaparica (RODET et al, 2011, p. 88).

Assim, ocupando uma vasta área do Planalto Central brasileiro, em terras dos atuais estados de
Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Pernambuco, Bahia e Piauí, a Tradição Itaparica está
representada pela presença marcante dos raspadores unifaciais plano-convexos (ou lesmas), que
funcionam como fóssil guia da tradição.

De acordo com as análises de Schmitz (1999), os grupos humanos filiados à produção dos
plano-convexos, ou seja, à Tradição Itaparica, teriam vivido nessa extensa área da América do
45
Sul, nos biomas de cerrado e caatinga, a partir do final do Pleistoceno, em ambientes com
infinitas possibilidades, no que tange à exploração de recursos energéticos (SCHIMTZ, 1999).

A extensão temporal da Tradição é bem vasta (aproximadamente 4 milênios), uma vez que
apresenta uma cronologia bem marcada, datada da passagem do Pleistoceno para o Holoceno,
cerca de 12 mil anos A.P., até aproximadamente 8 mil anos A.P.

Como dito, o maior marcador cultural são os artefatos plano-convexos, ferramentas muito bem
elaboradas, porém com quase ausência de ferramentas bifaciais, como pontas de projétil, por
exemplo.

Nas palavras de Fogaça, a caracterização geral dos grupos humanos detentores da tecnologia
filiada à Tradição Itaparica (1995, p.146):

Destacando a raridade das pontas de projétil líticas (que começam a surgir em torno
de 9 mil e 8500 anos A.P), levanta a hipótese de que existiria no Brasil um horizonte
Paleo-índio sem pontas (Centro-Nordeste) e um horizonte com pontas (Planalto
Meridional). No Centro-Nordeste tratar-se-iam de culturas – ligadas às áreas de
cerrado e caatinga – de caçadores coletores generalizados. Servem igualmente como
argumentos para essas hipóteses o desconhecimento de sítios de matança e, em Goiás,
a presença de vestígios alimentares indicadores da utilização dos abrigos como
habitações ocupadas durante todo o ciclo anual.

Muitos autores apontam que a Tradição Itaparica teve sua origem, ou seja, sua discussão
acadêmica, marcada pelas escavações da famosa Gruta do Padre, submédio vale do rio São
Francisco, em Pernambuco (MARTIN, 1998; FOGAÇA, 1995; LOUDEAU, 2006; MARQUES
& HILBERT, 2009; RODET et al, 2011), onde o arqueólogo Valentin Calderón, foi quem
primeiro estabeleceu um horizonte lítico de grupos de caçadores coletores que ocuparam a área
a partir de 11 mil anos A.P. (MARTIN, 1998).

Com a divulgação dos resultados da pesquisa de Valentin Calderón, a Gruta do Padre passou a
ser referência para identificação das indústrias líticas pré-históricas evidenciadas no vale médio
do São Francisco, de uma vasta região do Nordeste e do Planalto Central, incluindo territórios
dos atuais estados de Goiás, Tocantins, Bahia, Pernambuco, Piauí e Minas Gerais (PROUS,
1992; MARTIN, 1998).

Segundo essas pesquisas, os primeiros grupos humanos a ocupar a macrorregião


possuíam um modo de vida semelhante e uma tecnologia lítica muito homogênea. A
caracterização dessa indústria foi baseada em descrições tipológicas sobre conjuntos
líticos, guiados principalmente e pela presença de instrumentos unifaciais
denominados ‘lesmas’ e pela ausência ou raridade de peças bifaciais. Devido a essas
46
semelhanças, e dentro da perspectiva pronapista, os pesquisadores atribuíram os
vestígios líticos correspondentes a esse período a uma Tradição, denominada Itaparica
(RODET et al, 2011, p. 82).

Em Goiás, coube a Schmitz (1999), a classificação das indústrias líticas regionais, divididas em
três fases: Paranaíba e Serranópolis (associada às ocupações de caçadores-coletores) e, Jataí
(ceramistas).

Segundo Schmitz (1999, p.90), a indústria lítica da Fase Paranaíba é muito característica, sendo
utilizada como matéria-prima, preferencialmente, rochas da família dos quartzitos e das
calcedônias, onde:

As bases buscadas são grandes e grossas lascas produzidas por lascamento unipolar,
formadas por sucessivas reduções para fabricar longos raspadores terminais,
semelhantes a lesmas, ou então raspadores em pata de cavalo, raspadores laterais ou
raspadeiras; lascas de gume natural cortante e resistente podiam ser usadas
diretamente, às vezes com pequena acomodação para retirar arestas ou endireitar o
gume (SCHMITZ, 1999, p.90).

De acordo com Prous (1992), para o noroeste mineiro as escavações de P. I. Schmitz e equipe,
em Goiás; de Ondemar Dias, na região de Unaí, MG; e da UFMG, em Januária são os principais
referenciais teóricos.

Em Goiás, como já dito, a Fase Paranaíba (Tradição Itaparica), está caracterizada por lascas de
pequenas dimensões obtidas de seixos de quartzito (98%) e calcedônia, tendo como artefato
majoritário os raspadores unifaciais plano-convexos.

Esta indústria, de acordo com Prous (1992), apesar de ter como fósseis-guia as lesmas, também
apresenta:

(...) instrumentos menos característicos, como facas com retoque em ambos os bordos
(ou com dorso natural) que se unem na extremidade distal. Uma particularidade dessa
indústria é que os instrumentos sofreram de uma ablação, por retoque, do talão; foram
três peças com retoques bifaciais, um pequeno furador de calcedônia, uma ponta e
uma grande peça sub-retangular com grandes retoques periféricos (PROUS, 1992, p.
179).

O abrigo de referência foi o GOJA 01, onde, de acordo com Prous (1992, p.179), há ausência
de núcleos e lascas, fato que demostra que o local não fora utilizado para o lascamento, contudo
não foram evidenciados até então, sítios a céu aberto.

Em três sítios foram evidenciados sepultamentos primários, semelhante ao que ocorre em Minas
Gerais, na Lapa do Foice, em Januária, onde foi evidenciado um sepultamento secundário por

47
cremação, datado de 11 mil anos A.P., associado a uma indústria muito semelhante à
evidenciada na Fase Paranaíba, de Goiás.

O período seguinte é denominado na literatura como Fase Serranópolis em Goiás, e Fase


Paracatu em Unaí, datada entre 9 mil e 4 mil anos A.P.

Em Goiás comporta lascas de basalto de tamanho médio, obtidas por percussão dura ou
espatifamento, nunca retocadas. Em Unaí, fase Paracatu, os nódulos de calcedônia eram
retirados das paredes dos abrigos, nota-se a mesma ausência de trabalho secundário, sendo o
lascamento término, uma constante.

A Lapa do Gentio é a maior representante do Arcaico Recente (entre 4 mil e mil anos AP.),
onde a principal importância é a presença de vestígios vegetais, comprovando uma horticultura
pré-ceramista (PROUS, 1992, p. 182, COSTA, 2009).

No que tange às tradições ceramistas, as mais conhecidas para as áreas do empreendimento são
a Una e Aratu.

Os mais antigos indícios da Tradição Una em Minas Gerais, relacionada a grupos Proto-Jês,
foram escavados na Lapa do Gentio, perto de Unaí (PROUS, 1992). A cerâmica mais antiga
vem deste sítio, datada de 3490 anos A.P., tendo como característica principal o uso de
antiplástico vegetal. Ainda segundo Prous (1992, p. 334), no estado de Goiás, Schmitz
evidenciou cacos isolados com antiplástico de cariapé, datados de 3800 anos A.P. no município
de Carmo de Goiás.

De qualquer forma, é sabido que a cerâmica está totalmente incorporada ao repertório cultural
deste (destes) grupo em 2600 anos A.P.

De acordo com Prous et al (1994, pp.75-76), a cerâmica filiada à tradição Una e coletada nos
abrigos do noroeste mineiro, mais precisamente no Vale do Peruaçu, pode ser caracterizada por
fragmentos com ausência de decoração, com paredes finas (geralmente entre 4 e 22 mm, mas
com espessura média de 7 mm), a pasta geralmente dura, porém porosa e as vezes heterogênea.

No que tange a constituição da pasta, o antiplástico é muito variável, havendo fragmentos com
presença de argila, carvão vegetal (apenas em vasos de paredes mais finas), calcário moído,
areia rolada de rio. A superfície apresenta tonalidade marrom, algumas vezes alaranjada, mas

48
muito raro. Geralmente a superfície dos fragmentos apresentam alisamento e uma brunidura
(PROUS el al, 1994, p. 76).

A técnica de confecção, segundo os autores supracitados, parece ter sido a modelagem, em


contraste ao usual uso dos roletes, resultando em vasilhames exclusivamente fechados e
globulares, com lábios arredondados ou apontados e base curva (côncava).

Os vasilhames parecem ter sido feitos geralmente por modelagem e não por roletes.
As formas são quase exclusivamente fechadas e globulares; os lábios são
arredondados e apontados; os fundos, curvos. Excepcionalmente, a borda pode ser
levemente ondulada, ou acompanhada por uma incisão fina, mas nunca é reforçada ou
decorada. A abertura da boca varia entre 5 e 13 cm para os vasos globulares, e entre
13 e 30 cm para os raros recipientes abertos (embora não ultrapasse geralmente 18
cm). Quando a boca não é constrita, as paredes costumam ser sub-verticais ou apenas
levemente inclinadas (...). Em raros sítios (...) aparecem alguns cacos muito leves, por
apresentarem uma estrutura extremamente porosa: numerosos buracos de vários
milímetros de diâmetro foram deixados pela queima de materiais combustíveis (...)
propiciando uma oxidação completa e uma cor alaranjada (PROUS et al, 1994, p.76).

Sobre a implantação destes sítios com presença de cerâmica Una no município de Unaí, os sítios
estão localizados em abrigos que, conforme discutido por Prous (1992), foram habitados
normalmente. Além da cerâmica, uma indústria lítica não formal foi identificada, com presença
de pequenas lascas não retocadas, além de muitos vegetais, como dito.

Segundo Prous (1992, p. 336), a cerâmica Una se caracteriza, principalmente, em oposição à


Tupiguarani e Aratu, estando representada:

 Ausência de decoração.

 Dimensões pequenas (não ultrapassam de 22 cm de diâmetro).

 Formas globulares e cônicas (que lembras cabaças em alguns sítios).

 Textura da pasta compacta.

 Queima excelente, geralmente com núcleo reduzido.

 Cor de parede é muito variável, geralmente cinza ou marrom escuro.

 O antiplástico varia muito, mas na divisa de MG e GO, observou-se o uso de vegetal


(cariapé em GO e carvão em Januária).

49
A tradição Aratu-Sapucaí está presente em todo o Brasil central, em Minas Gerais em grande
parte de seu território, em especial Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (ALVES, 2009, 2013;
FAGUNDES, 2004; PROUS, 2000), Centro (RODRIGUES, 2011) e Noroeste do estado
(PROUS, 1992).

Segundo Rodrigues (2011, pp. 21-22), que trabalhou com sítios cerâmicos na região central do
estado, mais precisamente na área cárstica de Lagoa Santa:

Através do Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas (PRONAPA), criado com


a colaboração da Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, CNPq e a
Smithsonian Institution (Mendonça de Souza, 1991; Prous, 1992), durante o decênio
de 60, foi estabelecida a Tradição Aratu‐Sapucaí. A proposta do referido programa foi
obter amostras de vários sítios para compreender a localização e a história das diversas
culturas que habitaram o vasto território brasileiro (...) O objetivo deste programa
girou em torno da descrição e classificação de materiais coletados em levantamentos
arqueológicos, localizados nos vales dos grandes rios das bacias regionais. Inspirada
na proposta histórico-cultural de Willey e Phillips, junto à utilização do método Ford,
a finalidade destes procedimentos foi formular um panorama de difusão da cerâmica
do Brasil, centrando‐se basicamente, mas não exclusivamente, em sítios Tupiguarani.

De acordo com Prous (1992, p.350), os sítios arqueológicos que apresentam em seu conteúdo
vestígios associados à tradição Aratu-Sapucaí, estão instalados em regiões colinares, perto de
rios, grandes ou pequenos.

As aldeias foram implantadas em grandes superfícies, com diâmetro superior até 500 m, que,
nas palavras de Prous (1992, p. 350): “(...) ocupam meias encostas das elevações suaves ou os
baixos terraços; estes últimos, hoje frequentemente coberto pelas águas das represas...”

A grande revisão feita por Rodrigues (2011) acerca de vários sítios filiados à tradição Aratu-
Sapucaí e seus conteúdos, aponta que na maioria dos casos os sítios arqueológicos estão em
terrenos ondulados, a céu aberto, sobretudo constituído por aldeias circulares (ROGRIGUES,
2011, p. 62).

Assim, o mais comum é a localização dos sítios em terrenos ondulados, a céu aberto,
que na maioria dos casos são aldeias circulares, com vestígios de sepultamento,
fogueiras, artefatos líticos e cerâmicos. Dentre os líticos, com grande frequência
encontrou‐se: lâminas polidas de machado; blocos com depressões centrais
entendidos como quebra‐cocos ou bigorna para lascamento bipolar; material lascado,
com grande recorrência do quartzo. Em menor grau aparecem polidores fixos,
núcleos, mão de pilão, seixos (seja como alisadores ou como percutores) e grandes
blocos. Cabe destacar que os artefatos líticos nem sempre são apresentados em estudos
ligados à mencionada Tradição (ROGRIGUES, 2011, p.62).

Prous (1992, pp. 350-351) apresenta como características do repertório cultural da tradição
Aratu-Sapucaí a presença de conjuntos cerâmicos caracterizados por vasos grandes com cacos

50
muito espessos, quase sempre com ausência de decoração, fato descrito também por Tameirão,
F.C.A. (2014) na região de São Gonçalo do Abaeté, Minas Gerais. Ainda ocorrem vasos
pequenos, de paredes finas e bases perfuradas que, segundo o autor (1992), são os famosos
cuscuzeiros. Em algumas peças são evidenciados o engobo vermelho. Há também grandes urnas
globulares (inclusive utilizadas como urnas). Os vasos duplos também são muito comuns nesta
tradição, inclusive sendo marcadores culturais (ALVES, 2009).

O material lítico está constituído por ferramentas expeditas, não formais, sobretudo lascas,
algumas retocadas, em diferentes matérias-primas: quartzo, arenito e sílex, principalmente.

No Alto Paranaíba, região dos municípios de Ibiá, São Gotardo e Nova Ponte, Prous (2000),
realizou várias escavações em aldeias ceramistas filiadas à Tradição Aratu Sapucaí. A cerâmica
é, de longe, o vestígio cultural em maior evidência nestes sítios. Na letra do autor (PROUS,
2000, p.348):

A maioria dos vestígios representados por cacos de cerâmica está espalhada aos
milhares. Os Sapucaí utilizavam grandes vasilhas globulares (igaçabas) para guardar
líquidos e sepultar os mortos; em certas regiões (perto de Ibiá), cobriam-nas com
chapisco de quartzo moído, enquanto no resto do estado alisavam as paredes de barro.
Nota-se também uma diferença da parte ocidental do estado (sub-Tradição Sapucaí),
quase esféricas, e as do centro-sul (sub-Tradição Aratu), oblongas. Nas urnas
funerárias Sapucaí aparecem pequenos vasos simples ou duplos em firma de cascas
de vegetais cobertos por uma camada preta de fuligem fixada por polimento na parece
quente (brunhidura): 4 desses recipientes duplos encontram-se numa única urna de
São Gotardo. Os recipientes culinares são de tamanho médio, parecendo-se com
tigelas ou apresentando forma cônica. São por vezes cobertos por tinta vermelha
(engobo); quase nunca receberam decoração, a não ser eventuais impressões de pontos
ou de unhas formando uma linha ao redor da boca. Também de cerâmica são as rodelas
perfuradas cônicas ou bicônicas (destinadas a assegurar o movimento dos fusos com
os quais faziam-se os fios de fibras vegetais) e os cachimbos, tubulares ou com forilha
angular (...); em raros sítios apareceram também adornos (...), suporte de panelas
cônicos e colheres de barro queimado (PROUS, 2000, pp. 349-350).

Sobre a tecnologia lítica, Prous (2000, pp. 350-351) destaca que não eram bons lascadores,
limitando-se ao lascamento de cristais e nódulos de quartzo, utilizando os suportes mais
adequados para as atividades sociais.

Contudo, Fagundes (2004) apresenta outra visão em sua dissertação de mestrado sobre o sítio
Rezende, no Triângulo Mineiro.

Mesmo sendo ferramentas expeditas, há uma maior diversidade na tecnologia lítica destes
sítios, com presença de raspadores de diferentes tipologias e lascas retocadas, sobretudo em
arenito silicificado. O quartzo também é utilizado, sendo lascado pelas técnicas unipolar e

51
bipolar, além da presença marcante dos furadores (FAGUNDES, 2004), instrumento também
presente no conjunto artefatual de sítios na cidade de Cachoeira Dourada (DIMITRI, 2012).

Segundo Gomes (2012), observaram-se diferenças significativas nos conjuntos artefatuais


analisados dos onze sítios em Cachoeira Dourada. Para o conjunto associado aos grupos de
caçadores coletores, observou-se a preferência pelo silexito à produção artefatual, sendo que a
apropriação dessa matéria-prima (endógena) se deu por meio da redução de blocos por meio da
técnica de debitagem, seguida pelas técnicas de façonagem (que dá forma e volume à
ferramenta) e de retoque (que cria o gume ativo).

Já no conjunto artefatual associado aos ceramistas, há preferência pelo uso de arenito


silicificado e quartzo para a produção de ferramentas, além disso, os artefatos são mais
rudimentares, produzidos para uso imediato, sem muito investimento técnico. Este tipo de
ferramenta é caracterizado na literatura como expeditos (ou expedientes).

Acerca da Tradição Tupiguarani, Prous et al (1994, p.76), apresentam informações sobre essa
tecnologia regionalmente, sobretudo em sítios a céu aberto e fora do canyon do rio Peruaçu.
Contudo, alguns fragmentos foram observados em abrigos, sendo a única observada ou
misturada aos fragmentos da Tradição Una:

(...) neste caso, no entanto, e ao contrário dos cacos finos e escuros, não aparece
enterrada, a não ser superficialmente ou em depressões remexidas a partir da
superfície: trata-se da cerâmica dita Tupiguarani (PROUS et al, 1994, p. 76).

Ainda conforme os autores, quase todos os fragmentos são espessos (entre 17 e 26 mm); são
pouco oxidados; o antiplástico costuma ser menos abundante, dominando a areia, mas em
alguns se observa a presença de fragmentos grandes de hematita, calcário e feldspato; e, com
exceção da base que é modelada, são todos confeccionados por roletes.

Duas categorias de recipientes foram encontradas nos abrigos: a) pequenos vasos


abertos com até 35 ou 40 cm de diâmetro, bordas extrovertidas reforçadas externa e
internamente, espalhados nas áreas de ocupação. Alguns cacos apresentam vestígios
de traços vermelhos finos sobre engobo branco; b) vasos de formato oval em planta,
fortemente carenados e com a parte superior decorada por linhas de ungulações (as
unhadas têm cerda de 12 mm de comprimento) inclusive na borda, reforçada
externamente. O diâmetro maior gira ao redor de 30 cm e o menor, de 20 cm (PROUS
et al, 1994, p.76).

Regionalmente os sítios de arte rupestre se fazem presentes, sobretudo no Vale do Peruaçu e


em Montalvânia (PROUS, 1992). A história do estudo da arte rupestre em Minas Gerais tem

52
seu ápice na década de 1970, com a Missão Arqueológica Franco-Brasileira, dirigida pela
arqueóloga francesa Anette Laming-Emperaire (LEITE, 2012).

Para a região do Planalto Central brasileiro, em especial o estado de Minas Gerais, pode-se citar
a presença majoritária da Tradição Planalto, sobretudo na região central do estado, onde as
principais áreas arqueológicas são Carste de Lagoa Santa, região de Diamantina, Serra do Cipó,
Serra Negra, região de Jequitaí e Serra do Cabral (PROUS, 1992; BAETA, 2013; LINKE, 2013;
FAGUNDES. 2013; TOBIAS Jr., 2013; SEDA et al, 2004; SEDA, 1998, RIBEIRO, 2006,
2007; entre outros).

A proposta de ordenação dos grafismos brasileiros elaborados por Prous (1992), ressalta que ao
tentar delimitar grandes conjuntos (as Tradições), teve-se que incluir certa variabilidade intra
regional – que pode estar relacionada a evoluções culturais no tempo e no espaço, ou mesmo a
funções distintas de determinados espaços.

Neste sentido, ao se estabelecerem tradições regionais, as diferentes manifestações podem se


misturar ou se sobrepor, particularmente em áreas de fronteira (GASPAR, 2006).

Regionalmente destaca-se a presença da Tradição São Francisco, definida na década de 1980


a partir do estudo de sítios do canyon do rio Peruaçu (PROUS, 1989; PROUS et. al, 1980,
1984).

Suas manifestações ocorrem apenas em pintura e são caracterizadas pela predominância de


figuras geométricas (que podem chegar aos 80 cm de comprimento) com formas e composições
variadas e frequentemente policrômicas, em cores contrastantes (RIBEIRO, 2007).

Os cartuchos (figuras ovais alongadas) representam uma parcela significativa dos grafismos
representados, aparecendo em todos os sítios onde a Tradição São Francisco ocorre e, portanto,
é considerado pelos pesquisadores como um elemento emblemático no conjunto
cronoestilístico regional (RIBEIRO, 2007).

Os grafismos biomorfos e antropomorfos esquemáticos são muito recorrentes, geralmente


monocrômicos, havendo poucas representações de figurações zoomorfas e possíveis figuras
fitomorfas (lagartos, peixes, “espigas de milho” e “cactáceas”).

53
No que tange ao local de execução das pinturas, há preferência por suportes amplos, iluminados,
lisos e elevados é também característica desta manifestação. As cores mais comuns são o
vermelho e o amarelo (RIBEIRO, 2007).

Talvez com maior expressão no território mineiro, a Tradição Planalto é constantemente


discutida em trabalhos científicos (BAETA, 2013; LINKE, 2013; FAGUNDES, 2013; LEITE
& FAGUNDES, 2014; T0BIAS Jr., 2013).

De acordo com Baeta (2013), as pesquisas desenvolvidas por Baeta & Prous (1992/1993) no
Grande Abrigo Santana do Riacho, na face meridional da Serra do Espinhaço, mais
precisamente na Serra do Cipó, têm sido utilizadas como grande referencial comparativo e de
análises sobre a arte rupestre regional:

“(...) tendo em vista as informações detalhadas ali expostas, referentes especialmente


a aspectos cronoestilísticos, tipológicos, distribuição espacial intra-sítio e, sobretudo,
associação com dados cronológicos oriundos das escavações ali realizadas” (BAETA,
2013, p.1-2).

Para Baeta (2013), a Tradição Planalto (em especial na Serra do Cipó), tem como
predominância visual a presença de animais (zoomorfos).

Os cervídeos e quadrúpedes são as representações mais recorrentes, mas, segundo as


localidades e as épocas, há também figuras de outros animais. Os zoomorfos,
sobretudo cervídeos e peixes, apresentam-se, em regra, contornados ou parcialmente
preenchidos por traços ou linhas paralelas, às vezes em tramas ou ainda por pontos ou
pastilhas dispostos de forma sequencial ou aleatória. A factura das figurações na Serra
do Cipó, em regra, é tênue ou delicada, onde alguns zoomorfos apresentam ainda
detalhes anatômicos, como cascos, joelhos, dedos, ramificações de galhadas e outros
(BAETA, 2013).

Logo, pode-se dizer que a Tradição Planalto é caracterizada, predominantemente, por grafismos
zoomórficos, sobretudo a associação clássica de cervídeos e peixes, monocromáticos
(geralmente em vermelho, mas há representações em preto, amarelo e branco). Outros
quadrúpedes, répteis e aves também são bem representados. Os grafismos antropomorfos
ocorrem com certa frequência, sobretudo os filiformes. As cenas são raras, mas ocorrem
(BAETA, 2013).

Ainda de acordo com Isnardis (2009, p. 97), a prática da realização de muitas sobreposições
nos painéis é muito comum, inclusive em alguns deles predomina a aparência caótica, com
associações homotemáticas diacrônicas, especialmente entre os cervídeos.

Nas palavras de Prous (1980 apud TOBIAS Jr., 2010):

54
Essa tradição é caracterizada pela presença marcante de zoomorfos com destaque para
o veado associado a peixes, os quais possuiriam alguma importância para os pré-
históricos, em oposição a uma sugestiva ausência total de emas e cobras. Esse
conjunto rupestre havia sido observado particularmente nos relevos ligados a serra do
Espinhaço, apesar da posição dispersão ampla, o foco principal parecia estar no centro
mineiro, indicando vários sítios importantes desta tradição como na região da Serra
do Cabral, vizinha a Jequitaí e um estilo particular aquela região: o Estilo Cabral.

Seda (1981/82) aponta a região formada pela Serra do Cabral como de grande importância para
estudos arqueológicos. Esta serra, extensão oeste da Serra do Espinhaço, representa uma
chapada, que forma o divisor de águas entre as bacias dos rios das Velhas e Jequitaí. Estes rios
são importantes afluentes da margem direita do médio São Francisco. Seda (1981/82) registra
a ocorrência de 87 sítios arqueológicos conhecidos, todos com arte rupestre, exclusivamente na
forma de pinturas.

Nos anos de 1990 a pesquisa na Serra do Cabral, coordenada por Seda, desenvolveu pesquisas
sistemáticas naquela região. Segundo Seda et al (2004), de todos os sítios identificados, apenas
o sítio Lapa Pintada III apresentou material lítico, este sítio foi caracterizado dentro do projeto
como um sítio oficina dado o seu repertório cultural.

Aponta Seda et al (2004), que as plaquetas de quartzito originárias do próprio abrigo foram
utilizadas como suporte para a produção da maior parte dos artefatos evidenciados. A cultura
material recolhida por Seda, em sua grande maioria é representada por instrumentos unifaciais
plano convexos, raspadores terminais e raspadores laterais.

No município de Jequitaí, a pesquisa vem ocorrendo através da equipe de pesquisadores do


Setor de Arqueologia do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG (RODET,
2011; BASSI, 2012; TOBIAS Jr., 2013), onde Rodet vem estudando o sítio Bibocas I e II.

As Pesquisas desenvolvidas no sítio Bibocas II, já apresentam um quadro bem delineado para
a indústria lítica de quartzo (BASSI, 2012).

Ainda em Jequitaí, Tobias Jr. (2010, 2013) aponta para a grande diversidade de pinturas e
grafismos rupestres vinculados às tradições São Francisco e Planalto.

Ao sudeste da área do empreendimento, na região de Diamantina, o trabalho precursor foi de


Linke (2008, 2013) que, após intensa pesquisa cronoestilística, definiu momentos diferenciados
de grafar, estabelecendo uma estratigrafia cultural para os painéis rupestres, todos filiados à

55
Tradição Planalto. Cabe ressaltar, que a revisão realizada recentemente (LINKE, 2013), atribui
aos grafismos da tradição Nordeste e Agreste, ao segundo momento da tradição Planalto.

Na divisa da bacia do Jequitinhonha e do Doce, os trabalhos de Fagundes e equipe ganham


destaque (FAGUNDES, 2013; LEITE, 2012; LEITE & FAGUNDES, 2014; TAMEIRÃO,
2013; FAGUNDES & TAMEIRÃO, 2014; FERREIRA & FAGUNDES, 2014; FERREIRA,
2011; FERREIRA, 2014; OLIVEIRA, 2012, entre outros). Com sistema de implantação
diferente dos sítios em Diamantina, a grande maioria são abrigos sob rocha (quartzito), com
presença de painéis rupestres.

Estes painéis geralmente estão vinculados à tradição Planalto, contudo com grafismos mais
estilizados (LEITE & FAGUNDES, 2014; FERREIRA, 2011; FERREIRA, 2014), inclusive
com a presença de grafismos filiados às Tradições Nordeste e Agreste (FERREIRA, 2014;
LEITE & FAGUNDES, 2014).

Ainda para o Alto Jequitinhonha, no que se referem aos demais repertórios culturais, se
destacam as indústrias líticas, sobretudo para a produção de planos-convexos em quartzito.
Segundo Isnardis (2009), a produção se deu utilizando como suporte plaquetas, sendo as
modificações feitas por meio dos processos de façonagem e debitagem (ISNARDIS, 2009).

Mais recentemente, Fagundes e Tameirão (2013) apresentaram resultados das análises dos
conjuntos líticos do sítio Mendes 02, o sítio, escavado em 2011, apresentou mais de 30 mil
peças líticas, sendo que o diferencial foi a existência do processo completo de lascamento dos
planos convexos, com presença de material debitado (lascas).

Apesar da pesquisa no noroeste de Minas Gerais ter longa data, a partir da década de 1970 com
as investidas feitas pelo IAB/RJ, coordenado pelo Dr. Ondemar Dias Júnior, no âmbito do
PRONAPA, as informações foram pouco divulgadas (XAVIER, 2007; SENE, 2007).

Segundo Xavier (2007):

Ao longo das décadas de 1970 e 1680, o IAB-RJ, coordenado pelo Prof. Ondemar
Dias Júnior, desenvolveu junto aos demais integrantes do PRONAPA pesquisas ao
longo da área cárstica do estado de Minas Gerias. Julgando ter potencial arqueológico
para as sucessivas pesquisas, o IAB estendeu suas pesquisas ao longo do Vale do rio
São Francisco entre outros. O objetivo era “levantar a maior soma possível de
informações ao longo do vale sanfranciscano em território mineiro, através de
prospecções e escavações sistemática (apud SENE, 1998, p.103).

56
Ainda segundo Xavier (2007, p.18), dada a grande extensão geográfica, apenas na década 1980
os trabalhos contemplaram a face noroeste do estado, representados pelas escavações da Lapa
do Foice I e II e Lapa do Gentio I e II.

Segundo Costa (2009, p.4), a Gruta do Gentio II foi localizada pelas ações desenvolvidas pelo
Programa de Pesquisas Arqueológicas do Vale do São Francisco, no Estado de Minas Gerais
(PROPEVALE), coordenado por Ondemar Dias Junior a partir de 1970.

As escavações foram realizadas em quatro etapas, ao longo dos anos de 1976, 1977,
1984 e 1987, e envolveram grande número de profissionais do Instituto de
Arqueologia Brasileira, em diferentes equipes. Nesse período, o salão de cerca de
300m² teve aproximadamente 140m² de solo arqueológico escavado. A metodologia
de setorização adotada foi a de linhas que se cruzavam a cada dois metros. As paralelas
à boca da gruta foram numeradas e as perpendiculares alfabetadas. Para a escavação,
foram empregados níveis artificiais de 10 cm, tendo sido também respeitados e
registrados os limites das camadas naturais (COSTA, 2009, p.4).

Ainda de acordo com Costa (2009), o sítio apresentou um estratigrafia bem complexa,
representada em quatro camadas, com duas ocupações distintas: (a) caçadores coletores com
datações entre 10.040 e 6.300 anos A.P., com predominância de vestígios líticos, estruturas de
combustão, restos alimentares e vários enterramentos (BIRD et al 1991 apud COSTA, 2009,
p.6); (b) as de horticultores, com cultura material filiada à tradição Una e que ocuparam a
camada 1, com datações entre 3.500 e 400 anos A.P. Segundo Costa (2009, p.7), o pacote de
ocupação horticultora apresenta vários vestígios culturais, desde indicadores de fiação e
tecelagem, até utensílios de diferentes matérias-primas, como osso, cabaça, couro e madeira,
adornos de plumária, conchas, ossos, líticos, cerâmicas, artefatos de pedra, um grande número
de enterramentos, além de muitos cropólitos.

Portanto, a composição estratigráfica do sítio pode ser sintetizada da seguinte maneira:

Camada IV: Coloração marrom escura, bastante compacta, com espessura ao redor de
10cm, foi datada em 10.190 ±120 AP (SI 6837). Camada III: Coloração avermelhada
com intromissões de pequenas lentes esbranquiçadas e de carvão. Fortemente
compactada, está restrita à área mais interna do sítio, onde logrou atingir 40cm de
espessura. Em alguns trechos repousa diretamente sobre a base rochosa. Cinco
datações se inserem entre 9.040±70 AP (BETA 3520 e 8.595±215 AP (SI 5077),
sendo as demais intermediárias. Camada II: Predomina a coloração avermelhada, com
lentes espessas de coloração esbranquiçada nas extremidades superior e inferior.
Menos friável que a camada anterior, com áreas mais compactadas. As lentes mais
superficiais correspondem a níveis de abandono da gruta. Foram obtidas quatro
datações, que a situam entre 8.125 ±120 (SI 2373) e 7.295 ±150 (SI 2372), sendo que
as outras duas apresentaram mais de oito mil anos. Camada I: Coloração variando do
cinzento ao marrom avermelhado próximo à base, subdivida em superior e inferior.
Friável e homogênea. Presente em toda a área central, atingindo 140 cm junto à boca,
adelgaçando-se para o interior. É a mais abundante em vestígios culturais e para ela

57
foram obtidas oito datações, que a colocam entre 3.490 ±120 AP (SI 2327) e 410 ±60
AP (SI 2836), sendo seis delas com idade superior a mil anos (COSTA, 2009, p. 6).

Ainda de acordo com Costa (2009, p.7), a arte rupestre da Gruta do Gentio II foi estudada por
Paulo Seda, sendo que, segundo o referido autor (SEDA, 1981/1982 apud Costa, 2009, p.7), é
o único regionalmente que apresenta gravuras em seu repertório cultural.

Dos sítios de Unaí, a Gruta do Gentio II é o único que apresenta gravuras. Estas são
simples, esquemáticas e feitas por polimento, e têm como motivo traços finos
paralelos ou que se entrecruzam. Há pinturas nas cores vermelha, preta e amarela, com
tratamento tanto esquemático quanto realista, e com a presença de três técnicas; linear,
linear-cheia e silhueta, com predominância da última. Estão identificados cervídeos,
felinos, um lagarto, aves de asas abertas em posição de vôo e outros animais não
identificáveis. As figuras geométricas se constituem de círculos concêntricos havendo
também “figuras de forma triangular feitas em pontos, e outras representações de
difícil identificação” (SEDA, 1982, p. 400). Os antropomorfos são quase sempre
filiformes e “possuem o corpo alongado e os braços voltados para o teto” (SEDA, op.
cit.), na forma de um duplo Y (COSTA, 2009, p.8).

Entretanto com os avanços recentes das pesquisas no município de Unaí, mais um


sitio arqueológico foi identificado no âmbito do licenciamento do Mineração Unical,
a Fronteiras Arqueologia realizou peritagem arqueológica no sitio denominado Sítio
Arqueológico Columbia e constatou um vasto repertório cultural formado por uma
grande quantidade de material lítico lascado e dezenas de figurações rupestres.

O material arqueobotânico da Gruta do Gentio II, foi estudado por Robert Mcklevy Bird,
realizando seu estudo com 1269 amostras dos 14.048 exemplares coletados.

Entre elas figuravam: cabaças (Lagenaria siceraria); cuias (Crecentia cujete L.);
gavinhas de cucurbitaceae, possivelmente de melão de São Caetano (Nomordica
charantia) ou de abóbora (Cucurbita pepo); melancia (provavelmente uma intrusão
recente devido a sua superficialidade, no nível 10/20 cm); sementes, divididas entre
120 especimens; três tipos de amendoim (Arachis hypogea); inúmeras folhas
conservadas de leguminosas e palmáceas; 120 amostras de flores secas; 181 peças de
frutos inteiros, fragmentados e cascas, tendo sido identificados exemplares de tingui
(Magonia glabarata), pequi (Caryocar brasiliensis) e jatobá ou jataí (Hymeneae sp.),
guazuma (Sterculiaceae), localmente conhecido como mutamba ou xixá; cogumelos
secos não identificados especificamente; um tubérculo não identificado; restos de
taquara, inclusive sementes de bambu (Phalaris camariensis); algodão (possivelmente
Gossypium barbadense), em peças, fios trançados e tecidos; nozes de palmácea
(coquinhos), agrupados em quatro tipos, tendo sido dois deles identificados entre
buriti (Mauritia vinífera) e guariroba (Syagrus olerácea); e milho, agrupado em quatro
tipos diferentes, sendo o tipo 1 pertencente ao “Amazonian Interlocked Flour” e o tipo
2 ao sub-complexo “Moroti Camba”, do complexo “Tropical Lowland Flour”. Os
outros dois tipos não se enquadram em nenhuma categoria já definida, e, segundo Dias
Junior, são “muito provavelmente os mais antigos da coleção, de pequenas dimensões,
não são conhecidos nem para essa região, nem para qualquer outra da América”
(COSTA, 2009, 9).

Segundo especulações obtidas pelas análises do material e apresentadas por Dias Jr. (1991 apud
COSTA, 2009), há uma grande chance dos grupos que ocuparam a Gruta estarem em fase de
experimentação dos espécimes vegetais, fato que justificaria a grande quantidade e diversidade.

58
Finalmente o repertório da Gruta do Gentio II pode permitir exames paleoparasitológicos. Costa
(2009, p. 12), descreve os resultados:

Foram analisadas 66 amostras e “os coprólitos em que se verificou a presença de


parasitos ocorreram com maior frequência no fundo da caverna, na mesma área em
que foram assinalados inúmeros sepultamentos” (MACHADO et al. 1984, p. 21).
“Foram encontradas as larvas de nematódeos, interpretadas como três estágios
evolutivos de um mesmo parasito, e ovos de Ancilostomídeo e Trichuris trichiura.”
(Op. cit.) Devido à excepcionalidade da mumificação natural do enterramento n°10,
que preservava o fardo funerário de tecido vegetal trançado, e da necessidade de sua
conservação, foi utilizado um retosigmoidoscópio e uma pinça de biópsia para coleta
de material que se assemelhava a coprólitos. Este material foi reidratado e observado
ao microscópio. Nele foram encontrados ovos de nematódeos, (Trichuris trichiura -
os mesmos encontrados em diversos níveis da caverna), e ancilostomídeos, o que
confirmou a origem humana das amostras coletadas diretamente do solo (COSTA,
2009, p.12).

2.4. CADASTRO NACIONAL DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS

2.4.1. Sítios Arqueológicos do município

Em pesquisa ao CNSA – IPHAN constatou que não existem sítios arqueológicos cadastrados
no município.

Figura 19:Pesquisa de sitio. Data 02/11/2015

3. REFERÊCIAL TEÓRICO

59
3.1. LEGISLAÇÃO E ARQUEOLOGIA

Os estudos arqueológicos no Brasil são regidos por um corpo legislativo extremamente bem
fundamentado (MIRANDA, 2006), e fiscalizados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN/MinC).

A pesquisa deve ser devidamente autorizada pelo órgão, sendo que o arqueólogo coordenador
passa a ser responsável pela pesquisa, análise e guarda dos remanescentes culturais, até que seja
depositado na instituição de apoio para guarda definitiva.

A proteção do patrimônio cultural, em especial o arqueológico, constitui-se de uma condição


essencial para a conservação de dados fundamentais sobre os processos históricos e culturais
de uma nação garantindo, inclusive, a consolidação de sua memória, identidade e cidadania,
bem como suscitando processos de valoração e preservação desse patrimônio enquanto práticas
de educação (MIRANDA, 2006; CASCO, 2006).

De acordo com Delforge (2013, p.20):

O Patrimônio Arqueológico (PA) é uma especialidade do patrimônio cultural que se


constitui em um conjunto de locais e objetos arqueológicos definidos por lei. O
Registro Arqueológico pode ser definido como qualquer tipo de vestígio da atividade
humana do passado remoto até o presente (...) O PA considerado um bem de interesse
difuso, ou seja, de interesse de todos, incorporado e equiparado ao meio ambiente, por
isso, sua preservação requer metodologias especificas de gestão ou de gerenciamento.

Neste sentido, o patrimônio arqueológico pode ser entendido como a porção do patrimônio
material para o qual os métodos da arqueologia fornecem os conhecimentos primários. Engloba
todos os vestígios da existência humana e interessa todos os lugares onde há indícios de
atividades humanas não importando quais sejam elas, estruturais e vestígios abandonados de
todo tipo, na superfície, no subsolo ou sob as águas, assim como o material a eles associados
(ICOMOS, 1990).

Para Miranda (2006, p.73)

Em nosso país, a proteção específica para os bens de valor arqueológico surgiu com a
edição da Lei n. 3924, de 26 de julho de 1961, que dispõe sobre monumentos
arqueológicos e pré-históricos. Até então, a proteção de tais bens ficava na
dependência do tombamento (regido pelo Decreto Lei 25/37), instituto pouco
adequado à tutela do patrimônio arqueológico tendo em vista que em muitos casos a
pesquisa científica necessária para o estudo dos sítios acaba por desmontá-lo

60
integralmente, o que a rigor contraria a norma de proteção integral inserta no art.17
da Lei de Tombamento (MIRANDA, 2006, pp. 75-76).

Portanto, o patrimônio arqueológico brasileiro é regido por uma legislação que normatiza a
proteção, a pesquisa, o gerenciamento e a apropriação dos bens desta natureza. O Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN/MinC) é a instituição que tem como missão
precípua a proteção, a salvaguarda e a gestão dos sítios arqueológicos.

Esta instituição atua também como um órgão da União para expedição de portarias, que
autorizam a realização dos estudos arqueológicos em empreendimentos que poderiam ocasionar
possíveis impactos ao patrimônio cultural.

Esta solicitação de pesquisa foi planejada e será executada para dar pleno atendimento à
legislação referente ao patrimônio arqueológico pré-histórico e histórico, fundamentada nas
seguintes leis:

3.1.1. Em Âmbito Federal

 Constituição Federal de 1988 (artigo 225°, inciso IV), que considera os sítios
arqueológicos como patrimônio cultural brasileiro, garantindo sua guarda e proteção, de
acordo com o que estabelece o artigo 216°;

 Lei Federal nº 3.924, de 26/07/1961, que proíbe a destruição ou mutilação, para


qualquer fim, da totalidade ou parte das jazidas arqueológicas, o que é considerado
crime contra o patrimônio nacional;

 Resolução CONAMA nº 01/86, especificamente o artigo 6, inciso I, alínea c, onde são


destacados os sítios e monumentos arqueológicos como elementos a serem considerados
nas diferentes fases de planejamento e implantação de um empreendimento (LP, LI e
LO);

 Resolução CONAMA nº 07/97, que detalha as atividades e produtos esperados para


cada uma das fases do licenciamento ambiental e de sua obrigatoriedade para obras civis
rodoviárias e demais obras de arte a elas relacionadas;

 Portaria IPHAN / MinC nº 07, de 01.12.1988, que normatiza e legaliza as ações de


intervenção e resgate junto ao patrimônio arqueológico nacional, definindo a
documentação necessária para pedidos de autorização federal de pesquisa;
61
 Portaria IPHAN / MinC nº 230, de 17.12.2002, que especifica o escopo dos estudos
sobre patrimônio arqueológico a serem realizados nas diferentes etapas de
licenciamento ambiental.

 Lei Federal nº 10.257, de 2001 (Estatuto da Cidade), que também determina a


proteção do patrimônio cultural.

 Decreto nº 3551, de 04 de agosto de 2000, que institui o Registro de Bens Culturais


de Natureza Imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro, cria o Programa
Nacional do Patrimônio Imaterial e dá outras providências.

3.1.2. Em Âmbito Estadual

 Constituição do Estado de Minas Gerais, Seção II, artigo 11°, inciso III, compete ao
Estado, em comum com a União e os Municípios: “proteger os documentos, obras e
outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, paisagens naturais
notáveis e sítios arqueológicos”;

 Legislação do Estado de Minas Gerais, Lei nº 11.726, de 30 de dezembro de 1994, seção


II, artigo 13°: “Os bens e sítios arqueológicos, as cavidades naturais subterrâneas e os
depósitos fossilíferos sujeitam-se à guarda e proteção do Estado, que as exercerá em
colaboração com a comunidade”;

 Legislação do Estado de Minas Gerais, Lei nº 11.726, de 30 de dezembro de 1994, seção


II, artigo 14°, que considera: inciso I - “bens arqueológicos os testemunhos móveis e
imóveis da presença e da atividade humana, assim como os restos da flora e da fauna
com estes relacionados, por meio dos quais possam ser reconstituídos os modos de criar,
fazer e viver dos grupos humanos”; item II - “sítio arqueológico o local ou área em que
se encontrem bens arqueológicos”.

3.2. BASES CONCEITUAIS

62
A Arqueologia surge como ciência no século XIX e, desde então, procura compreender como
viviam e se organizavam grupos humanos passados. Para tanto, arqueólogos, sob a égide de
diferentes paradigmas, têm buscado realizar inferências sobre o comportamento, modo de vida
e cultura de diferentes grupos humanos por meio de remanescentes culturais, ou seja, qualquer
vestígio (ou marca) do comportamento humano no passado (TRIGGER, 1989).

A Arqueologia infere sobre o comportamento humano, e também ideias, a partir de


materiais remanescentes do que pessoas fizeram e usaram, e do impacto físico de sua
presença no meio ambiente. A interpretação dos dados arqueológicos depende da
compreensão de como os seres humanos se comportam no presente e, em particular
de como esse comportamento se reflete na cultura material (TRIGGER, 1989, p.19).

Segundo Funari (1988), a Arqueologia tem como preocupação o estudo dos sistemas
socioculturais, sua estrutura, funcionamento e transformações com o decorrer do tempo a partir
da totalidade material transformada e consumida pela sociedade. Assim, seu principal objeto de
estudo é a cultura material (ou repertório cultural), que carrega consigo todo um legado técnico,
social e cultural de um dado grupo (GAMBLE, 2002).

Este repertório cultural é a totalidade material apropriada pelas sociedades humanas, como parte
de uma cultura total, material e imaterial, sem limitações de caráter cronológico (FUNARI,
1988, p.11). Pode-se compreender o repertório cultural como vestígios materiais, a exemplo de
ferramentas confeccionadas por meio da apropriação e modificação de rochas e/ou minerais;
vasilhames cerâmicos produzidos ao longo do tempo por distintas sociedades; artefatos em
madeira, couro, vidro, metais, etc. Além disso, marcas físico-químicas no solo, sepultamentos,
vestígios zoobotânicos e diferentes estruturas (de combustão, lascamento, cerâmica, fornos,
locais de captação de matéria-prima) fazem parte do espectro de análise e interpretação do
arqueólogo.

Neste interim, a cultura material deve ser vista como registro arqueológico, pois além de serem
resistentes às ações temporais e antrópicas, são fontes de grandes informações para os
arqueólogos, pois guardam em si comportamentos técnicos e culturais, uma vez que foram
produzidos em contextos espaciais repletos de significados (GALHARDO, 2010).

Em nossas atividades tem-se, assim, considerado como cultura material: todo e qualquer
elemento que caracterize e/ou possa indicar a presença de atividades humanas pretéritas na
área de estudo, independente do período cronológico a que se relacionem e dos possíveis
critérios subjetivos de valoração científica e/ou econômica.

63
Para Schiffer (apud FAGUNDES, 2007), os vestígios encontrados não são fotografias do
passado, pois passaram por processos culturais e naturais (biopertubações), desde sua
confecção, utilização até a sua evidenciação em um sítio arqueológico.

Portanto, o registro arqueológico é para ele uma reflexão distorcida do passado (SCHIFFER,
2005 apud FAGUNDES, 2007).

Neste trabalho, a definição de registro arqueológico foi o mesmo adotado por Morais (2000
apud FAGUNDES, 2010), a saber:

(...) referência genérica aos objetos, artefatos, estruturas e construções produzidas


pelas sociedades do passado, inseridas em determinado contexto. Conceito amplo que
independe da posterior classificação do registro como sítio, ocorrência ou
geoindicador arqueológico. Refere-se aos objetos naturalmente inseridos no meio
ambiente físico ou às estruturas implantadas nas paisagens urbanas ou rurais. Abrange
as matrizes arqueológicas evidentes (um conjunto funerário, por exemplo) e as suas
expressões arqueológicas latentes (por exemplo, as assinaturas físico-químicas no
solo que corroboram estruturas funerárias praticamente invisíveis). Inclui certos
arranjos paisagísticos (...) bem como elementos do meio físico-biótico de interesse
para a Arqueologia.

Durante a execução desta pesquisa foi utilizado conceito de sítio arqueológico elaborado por
Fagundes (2011), em que um sítio arqueológico pode ser compreendido como espaços onde são
evidenciados diferentes tipos de repertório cultural relacionados com o cotidiano de grupos
humanos, demostrando seus comportamentos, atividades econômicas, políticas, religiosas, etc.

Há centenas de definições sobre o que seja um sítio arqueológico. Preferimos entendê-


lo como espaços onde são evidenciados remanescentes culturais (de qualquer ordem)
que nos indicam usos e comportamentos sociais em escala diacrônica, sendo espaços
destinados à moradia (na vida ou na morte), paradas para descanso, locais de
observações, estações de caça ou pesca, áreas de captação de recurso, enfim lugares
que trazem consigo informações temporais e espaciais acerca do modo de vida e
cultura de um determinado grupo (FAGUNDES, 2011).

Além disso, de acordo com o raciocínio do autor (FAGUNDES, 2011), um sítio arqueológico
tem seu tempo expandido, podendo conter diferentes pacotes de ocupação, tanto de populações
relacionadas ou não. Logo, em um mesmo espaço pode conter registro de ocupações
diferenciadas no tempo e no espaço.

Cabe ainda ressaltar que os sítios arqueológicos se formam como resultado de interações entre
ações humanas e processos naturais, responsáveis pelos processos formativos responsáveis
tanto pela sedimentação como pela perturbação de assentamentos humanos (SCHIFFER, 2005
apud FAGUNDES, 2007).
64
Portanto, compreender os processos formativos que criaram, e provavelmente modificaram, os
pacotes de ocupação, é um dos principais objetivos da pesquisa arqueológica.

Finalmente, é importante apresentar a definição de sítio arqueológica dada no artigo 1º da Carta


de Laussane de 1990 (recomendação internacional para proteção e gestão do patrimônio
arqueológico), o patrimônio arqueológico:

“(...) compreende a porção do patrimônio material para a qual os métodos da


Arqueologia fornecem os conhecimentos primários. Engloba todos os vestígios e os
lugares onde há indícios de atividades humanas, não importando quais sejam eles;
estruturas e vestígios abandonados de todo tipo, na superfície, no subsolo ou sob as
águas, assim como o material a eles associados”.

Para caracterização de possíveis sítios arqueológicos adotou-se os seguintes critérios:

 Sítio Arqueológico Pré-histórico: local de atividades humanas, aldeamentos,


acampamentos e oficinas referentes ao período pré-histórico, com tecnologias deste
período.
 Sítio Arqueológico Multicomponencial: local com vestígios de atividades humanas,
estruturas, etc., que remetem aos diferentes e sucessivos períodos de ocupação, por
exemplo: (a) sítios com registro associado aos grupos de caçadores coletores antigos e,
posteriormente, aos horticultores; (b) sítios com ocupações pré-históricas e históricas,
etc.
 Sítio Arqueológico Histórico: são espaços relacionados aos diferentes grupos que
compõem a sociedade nacional (inclusive relacionados aos contatos interétnico), após
o contato com os europeus no século XVI.

Como descrito no projeto de pesquisa, foi utilizada ainda a definição de Bastos et al (2005), que
considera como sítio histórico os bens relevantes para a reconstrução da memória, com técnicas
construtivas antigas e que remetem ao processo de ocupação regional.

Como Ocorrência Arqueológica foram considerados os vestígios arqueológicos que se


encontram inseridos na paisagem, mas encontram-se desassociados de outros registros
arqueológicos, podendo estar correlacionados ou não a um sítio arqueológico. Ocorrências
arqueológicas podem ser explicadas tanto pela presença de fatores de ordem natural quanto
antrópica.

65
O conjunto de sítios arqueológicos, ocorrências e a própria paisagem que estão inseridos fazem
parte do Patrimônio Arqueológico Regional.

Logo, o patrimônio arqueológico, por definição, envolve o conjunto material da cultura de uma
dada sociedade, tanto referente às ocupações indígenas antes do contato com os europeus, bem
como dos diversos segmentos da sociedade nacional (inclusive as situações de contato
interétnico).

Essas expressões materiais da cultura são, portanto, potencialmente incorporáveis à memória


local, regional e nacional, logo devem ser mapeadas e protegidas conforme corpo legislativo
nacional.

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

66
A metodologia empregada nesta pesquisa de prospecção, seguiu as orientações e diretrizes do
IPHAN/MinC, definidos pela Portaria nº 230/2002 que trata sobre os procedimentos
necessários à compatibilização de licenças ambientais com estudos preventivos de Arqueologia
(BASTOS & TEIXEIRA, 2005), bem como o memorando IPHAN 14/ 2012 que indica a
necessidade de pesquisas arqueológicas interventivas em subsuperfície.

Os procedimentos metodológicos ainda foram baseados em estudos amplamente discutidos e


aplicados em prospecções regionais, sobretudo aqueles com enfoque na paisagem, de forma
que na definição de métodos e técnicas para a elaboração da presente investigação também
foram levadas em conta não somente as especificidades técnicas do empreendimento, mas
também as características ambientais da área onde o mesmo está inserido (BOADO, 1991,
1995; BINFORD, 1982; SCHIFFER & GUMMERMAN, 1997; MORAIS, 2000; ARAÚJO,
2001; FAGUNDES, 2014).

A abordagem metodológica assumida, teve como princípio norteador estudos que focam nas
interações entre o ambiente e cultura e, desta forma, como estas interações deixam marcas na
paisagem, passíveis de reconhecimento e leitura arqueológica.

Para tanto a equipe lançou mão de técnica de localização e identificação de sítios arqueológico
em superfície e em subsuperfície indicado por diversos autores como Krakker et al (1983),
Lightfoot (1986), McManamon, (1984) e por Oliveira & Caldarelli , (2002).

A área da fazenda foi anteriormente estudada através de metodologia de diagnostico


arqueológico, os resultados não apresentaram áreas que indicassem maior potencial
arqueológico.

Com bases nos trabalhos de campo realizados anteriormente durante a fase de diagnóstico
arqueológico foram delimitadas as áreas onde foram executadas as intervenções sistemáticas,
estas áreas foram denominadas de Unidades de Prospecção (UP). Nestas UPs foram aplicadas
em gabinete malha virtual com pontos georreferenciados sistematicamente a 100 metros de
distância entre um ponto e outro.

67
Figura 20 mapa de UPs

Os procedimentos práticos para a execução dos poços testes em campo foram, portanto;

 Retirada da cobertura vegetal, com auxílio de enxada e / ou enxadão, visando à


exposição do solo superficial para a consequente deposição e análise do sedimento
retirado da escavação;

 Abertura de uma tradagem (poço-teste) de ao menos 30 cm de diâmetro, com auxílio de


enxadão, aprofundado com cavadeira manual (boca-de-lobo) até aproximadamente 100
cm de profundidade, ou mais, conforme a estratigrafia do terreno;

 Desagregação, peneiramento, triagem e exame do sedimento retirado da tradagem, com


auxílio de colher de pedreiro e / ou enxadão;

 Registro de cada poço-teste, os dados foram anotados na ficha de


Caminhamento/Sondagem

 Registro fotográfico e aterramento da sondagem.

68
Figura 21 - Ficha de Campo.

69
4.1. ATIVIDADES GABINETE E LABORATÓRIO

Os trabalhos de gabinete foram realizados no retorno de campo, e corresponderam à


sistematização de dados de campo, organização das informações primárias e secundárias,
produção de mapas e produtos gráficos e a confecção deste relatório final. Como não foi
identificado ou recolhido nenhum tipo de cultura material na ADA do empreendimento não
houve atividades relacionadas a laboratório conforme previsto no projeto.

70
5. RESULTADOS

A ADA do empreendimento passou por pesquisa de Prospecção em sub superfície como


solicitado no OFÍCIO /GAB/IPHAN /MG 2521/2015. Como indicado acima, duas áreas de
prospecção foram destinadas a execução dos poços testes para a realização das amostragens sub
superficiais.

Como indicado na metodologia, estavam previstos 903 pontos a serem escavados nas duas
Unidades de Prospecções denominadas MVA1 e MVA2 com expectativa de escavação de no
mínimo 632 deste total. Assim foram escavados:

 447 poços teste na zona de prospecção MVA1


 347 poços teste na zona de prospecção MVA2

Abaixo é possível visualizar a localização das duas unidades de prospecção, como os resultados
foram negativos para todos os poços testes as planilhas com as observações individuais de cada
um dos poços testes foram alocadas nos anexos deste relatório bem como o relatório
fotográfico.

Figura 22 Mapa de caminhamento

71
Figura 23 Mapa de poços testes escavados

72
6. CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

Os procedimentos aqui apresentados foram realizados de acordo com o recomendado pela


Portaria IPHAN nº 230/2002, bem como o OFÍCIO /GAB/IPHAN /MG 2521/2015 e como
proposto na metodologia, estava previsto a realização de 903 poços testes, com a expectativa
de se cumprir 70% no mínimo, ou seja, 632 poços teste, no entanto foram realizados 794 poços
teste totalizando 88% do total planejado.

Diante dos resultados alcançados nas atividades de Prospecção Arqueológica, e que vão de
encontro aos resultados do diagnóstico arqueológico, consideramos a área da Fazenda Minuano
I, II e III é de baixo potencial arqueológico, uma vez que nem no procedimento de diagnóstico
e nem nas amostras estratigráficas na fase de prospecção não foi observado a presença de
nenhum remanescente cultural ou arqueológico.

Sobre o programa de educação patrimonial proposto na fase de diagnóstico foram realizadas


atividades educacionais aos funcionários da fazenda e para esta fase a proposta era atingir o
público escolar do município.

Devido a data da realização da etapa de campo a equipe buscou realizar as atividades previstas,
mas não conseguiu público devido as escolas estarem em período de provas e entraram de férias.
Assim, não foi possível da continuidade ao programa.

Diante das tentativas e negativas solicitamos que seja considerado a primeira etapa do programa
de educação patrimonial.

Consideramos, portanto, que os estudos não apontaram impactos negativos ao patrimônio


arqueológico regional e, diante disto, não foi necessário à indicação de medidas mitigatórias ou
proposta de gestão.

Recomendamos a emissão de anuência definitiva a continuidade das atividades do


empreendimento da Fazenda Minuano I, II e III.

73
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86
ANEXO I

LISTA DE PRESENÇA NA PALESTRA

87
ANEXO II

MAPAS

88

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