PREFÁCIO
“[...] as diferentes regiões do globo estão agora mais estritamente ligadas do que jamais
estiveram, não só nos campos da troca, do comércio e das comunicações, mas também quanto
a ideais interativos” (p.09)
(p.10)
“Considerar a liberdade individual como um comprometimento social.” (p.10)
-reconhecer o papel das diferentes formas de liberdade como forma de combater
desigualdades.
-centralidade da liberdade individual e a força das influências sociais sobre o grau e o alcance
da liberdade individual.
-Liberdade como principal fim e o principal meio do desenvolvimento.
-Desenvolvimento:
“O desenvolvimento consiste na eliminação de privações de liberdade que limitam as escolhas
e as oportunidades das pessoas de exercer ponderadamente sua condição de agente.”
-“A eliminação de privações de liberdade substanciais é constitutiva do desenvolvimento.”
“A importância intrínseca da liberdade humana em geral, como objetivo supremo do
desenvolvimento.”
“Se o ponto de partida da abordagem é identificar a liberdade como o principal objetivo do
desenvolvimento, o alcance da análise de políticas dependente de estabelecer os
encadeamentos empíricos que tornam coerente e convincente o ponto de vista da liberdade
como a perspectiva norteadora do processo de desenvolvimento.”
-Liberdades instrumentais: oportunidades econômicas, liberdades políticas, facilidades
sociais, garantias de transparência e segurança protetora.
- Liberdades substanciais dos indivíduos. (a liberdade de participação política, a oportunidade
de receber educação básica e/ou assistência médica).
(p.17)
“(...) o desenvolvimento pode ser visto como um processo de expansão das liberdades reais
que as pessoas desfrutam.”
“A ligação entre liberdade individual e realização de desenvolvimento social vai muito além
da relação constitutiva – por mais importante que seja. O que as pessoas conseguem
positivamente realizar é influenciado por oportunidades econômicas, liberdades políticas,
poderes sociais e por condições habilitadoras como boa saúde, educação básica e incentivo e
aperfeiçoamento de inciativas.” (p.19).
Levando em consideração tais perspectivas seria um jogo de mão dupla, pois o indivíduo não
conseguirá ser um livre agente se estiver sendo privado das suas necessidades e impedido de
devolver suas capacidades para alcançar sua liberdade. Senão poderia correr-se o risco de
se tornar, um tanto quanto meritocrático, pois o que se consegue realizar está ligado a
influências e oportunidades sociais, quando o individuo possui liberdades econômicas,
políticas, condições habilitadores (boa saúde, educação, aperfeiçoamento de iniciativas)
nesse sentido, quando essas privações são dizimadas, consequentemente chegará ao papel de
agente livre e poderá desenvolver suas capacidades para a liberdade e o desenvolvimento.
-Dissonância entre renda per capita e a liberdade dos indivíduos para ter uma vida longa e
viver bem. (p.20)
2º- Dissonância entre renda per capita e a liberdade dos indivíduos para ter uma vida longa e
viver bem. (p.20)
“(...) a privação de liberdade econômica, na forma de pobreza extrema, pode tornar a pessoa
uma presa indefesa na violação de outros tipos de liberdade. (...) A privação de liberdade
econômica pode gerar privação de liberdade social, assim como a privação de liberdade social
ou política pode, da mesma forma, gerar a privação de liberdade econômica.” (p.23). (cíclico)
“O exercício da liberdade é mediado por valores* que, porém, por sua vez, são influenciados
por discussões públicas e interações sociais, que são elas próprias, influenciadas pelas
liberdades de participação.” (p.24)
“As políticas públicas visando o aumento das capacidades humanas e das liberdades
substanciais em geral podem funcionar por meio da promoção dessas liberdades distintas e
inter-relacionadas.” (p.25)
“As liberdades não são apenas os fins primordiais do desenvolvimento, mas também os meios
principais. (...) Liberdades políticas (na forma de liberdade de expressão e eleições livres)
ajudam a promover a segurança econômica. Oportunidades sociais (na forma de serviços de
educação e saúde) facilitam a participação econômica. Facilidades econômicas (na forma de
oportunidades de participação no comércio e na produção) podem ajudar a gerar a abundância
individual, além de recursos públicos para os serviços sociais. Liberdades de diferentes tipos
podem fortalecer umas às outras.” (p. 25-26).
1. A PERSPECTIVA DA LIBERDADE
“Geralmente temos excelentes razões para desejar mais renda ou mais riqueza. Isso não
acontece porque elas sejam desejáveis por si mesmas, mas porque são meios admiráveis para
termos mais liberdade para levar o tipo de vida que temos razão para valorizar.” (p.28)
“A utilidade da riqueza está nas coisas que nos permite fazer – as liberdades substantivas que
ela nos ajuda a obter.” (p.28)
“O desenvolvimento tem que estar relacionado sobretudo com a melhoria de vida que
levamos e das liberdades que desfrutamos. Expandir as liberdades que temos razão para
valorizar não só torna a vida mais rica e mais desimpedida, mas também permite que sejamos
seres sociais mais completos, pondo em prática nossas volições, interagindo com o mundo em
que vivemos e influenciando esse mundo.” (p.29)
“Um número imenso de pessoas em todo o mundo é vítima de várias formas de privação de
liberdade. Fomes coletivas continuam a ocorrer em determinadas regiões, negando a milhões
a liberdade básica de sobreviver. (...) Além disso, muitas pessoas têm pouco acesso a serviços
de saúde, saneamento básico ou água tratada, e passam a vida lutando contra a morbidez
desnecessária, com frequência sucumbindo à morte prematura. Nos países mais ricos é
demasiado comum haver pessoas imensamente desfavorecidas, carentes das oportunidades
básicas de acesso a serviços de saúde, educação funcional, emprego remunerado ou segurança
econômica ou social ”(grifo meu. p.29).
“Como as liberdades políticas e civis são elementos constitutivos da liberdade humana, sua
negação é, em si, uma deficiência. Ao examinarmos o papel dos direitos humanos no
desenvolvimento, precisamos levar em conta tanto a importância constitutiva quanto a
importância instrumental dos direitos civis e liberdades.” (p.31).
PROCESSOS E OPORTUNIDADES
“Essas capacidades podem ser aumentadas pela política pública, mas também, por outro lado,
a direção da política pública pode ser influenciada pelo uso efetivo das capacidades
participativas do povo.” (p.32)
“Ter mais liberdade melhora o potencial das pessoas para cuidar de si mesmas e para
influenciar o mundo, questões centrais para o processo do desenvolvimento.” (p.33)
POBREZA E DESIGUALDADE
“Existem boas razões para que se veja a pobreza como uma privação de capacidades básicas,
e não apenas como baixa renda. A privação de capacidades elementares pode refletir-se em
morte prematura, subnutrição significativa (especialmente em crianças), morbidez persistente,
analfabetismo muito disseminado e outras deficiências.” (p.35)
Papel constitutivo
Relaciona-se a importância da liberdade
substantiva no enriquecimento da vida
humana. (grifo meu)
Liberdades substantivas
Incluem capacidades elementares como por
exemplo ter condições de evitar privações
como fome, a subnutrição, a morbidez O desenvolvimento envolve expansão dessas
evitável e a morte prematura, bem como as e de outras liberdades básicas.
liberdades associadas a saber ler e a fazer
cálculos aritméticos, ter participação política
e liberdade de expressão.
Liberdades Instrumentais
O papel instrumental da liberdade concerne Essas liberdades instrumentais tendem a
ao modo como diferentes tipos de direito, contribuir para a capacidade geral de a pessa
oportunidades e intitulamentos contribuem viver mais livremente, mas também têm
para a expansão da liberdade humana em efeito de complementar umas às outras.
geral e, assim, para a promoção do
desenvolvimento.
Referem-se ás oportuniades que as pessoas
tem para determinar quem deve governar e
com base em que princípios, além de
Liberdades políticas incluírem a possibilidade de fiscalizar e
criticar as autoridades, de ter liberdade de
expressão política e uma imprensa sem
censura, de ter liberdade de escolher entre
diferentes partidos políticos etc.
São oportunidades que os indivíduos têm
Facilidades econômicas para utilizar recursos econômicos com
propósitos de consumo, produção ou troca.
São as disposições que a sociedade
Oportunidades sociais estabelecenas áreas de educação, saúde etc.,
as quais influênciam a liberdade substantiva
de o indivíduo viver melhor.
Referem-se as necessidadesde sinceridade
As garantias de transparência que as pessoas podem esperar:a liberdadede
lidar uns com os outros sob garantias de
dessegredo e clareza.
É necessária para proporcionar uma rede de
A segurança protetora segurança social, impedindo que a população
afetadasseja reduzida à miséria objeta e, em
alguns casos, até mesmo à fome e a morte.
“Também sofrem influência, por outro lado, do apoio público substancial no fornecimento das
facilidades (como serviços básicos de saúde ou educação fundamental) que são cruciais para a
formação e aproveitamento das capacidades humanas. È necessário atentar ambos os tipos de
determinantes das liberdades individuais.” (p.59)
“(...) pois a renda – propriamente definida – tem enorme influência sobre o que podemos ou
não podemos fazer.” (p. 92)
“Os bens primários são meios de uso geral que ajudam qualquer pessoa a promover seus
próprios fins, como ‘direitos de liberdades e oportunidades, renda e riqueza e as bases sociais
do respeito próprio.’” (p.92)
“Analogicamente, nos Estados Unidos e na Europa ocidental hoje em dia, um família pode ter
dificuldades para participar da vida da comunidade se não possuir alguns bens específicos
(como telefone, televisão ou automóvel), que na vida comunitária em países pobres são
desnecessários. Nessa análise, o enfoque tem que incidir sobre liberdades geradas pelos bens,
e não sobre os bens em si mesmo.” (p.94)
“(...) a pobreza deve ser vista como privação das capacidades que uma pessoa possui, ou seja,
das liberdades substantivas para levar o tipo de vida que ela tem razão para valorizar. Nessa
perspectiva, a pobreza deve ser vista como privação das capacidades básicas em vez de
meramente como baixo nível de renda, que é o critério tradicional de identificação da
pobreza.” (p.109)
-a falta de renda pode ser a razão primordial da privação de capacidades de uma pessoa.
“(...) a privação relativa de rendas pode resultar em privação absoluta de capacidades. Ser
relativamente pobre em um país rico pode ser uma grande desvantagem em capacidade,
mesmo quando a renda absoluta da pessoa é elevada pelos padrões mundiais.” (p.111, grifo do
autor).
“Por exemplo as dificuldades que alguns grupos de pessoas enfrentam para ‘participar da vida
em comunidade’ podem ser cruciais para qualquer estudo de ‘exclusão social’. A necessidade
de participar da vida de uma comunidade pode induzir demandas por equipamentos
modernos.” (p.112)
“A liberdade tem mil encantos a mostrar, que os escravos, por mais satisfeitos, não hão de
provar.” (p.337)