Prof. Aurimar
Integrais – introdução
1. Conceitos iniciais
Antes de introduzirmos o conceito de integral, vamos considerar o seguinte problema: achar uma
função cuja derivada é conhecida. Vamos chamar a derivada de f(x) e a função que deu origem a derivada
de F(x), de modo que, F’(x) = f(x). Conhecemos f(x), mas a função F(x), que também será chamada de
primitiva, não é conhecida. Por exemplo, qual a função cuja derivada é 3x2? Temos que,
f(x) = 3x2, F(x) = ?
Devemos achar F(x) de modo que a derivada F’(x) = f(x) = 3x2. Sabemos da regra de derivada de uma
potência que ao derivarmos xn o expoente n multiplica a base x e 1 é subtraído do expoente n, ficando
nxn-1. Podemos observar, de imediato, que a função cuja derivada é 3x2 é x3:
F(x) = x3 F’(x) = 3x2 = f(x).
Mas, também, se F(x) = x3 + 1 ou F(x) = x3 + c, c uma constante qualquer, a derivada é a mesma.
Portanto, a função mais geral que satisfaz o problema inicial é
F(x) = x3 + c F’(x) = 3x2 = f(x).
Agora, um outro exemplo é:
Integrais - introdução
Agora, um outro exemplo é:
f(x) = 4x2, F(x) = ?
Em relação a função anterior, a única diferença é a constante 4 no lugar de 3. Como a constante
multiplicada por uma função não é derivável, devemos apenas fazer aparecer o 4 no lugar do 3 quando
derivarmos a função. Como a derivada de F(x) = x3 é 3x2, basta dividirmos a função primitiva F(x) pelo
expoente 3 e multiplicá-la por 4, assim:
𝑥3 4 ∙ 3𝑥 2
𝐹 𝑥 =4 → 𝐹′ 𝑥 = = 4𝑥 2 = 𝑓 𝑥
3 3
4 3
Mais geral: 𝐹 𝑥 = 3 𝑥 + 𝑐, 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑐 𝑢𝑚𝑎 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒.
Note que, a constante 4 na função anterior é apenas uma constante que multiplica a função potência,
ela permanece na função primitiva e na sua derivada, e se f(x) = x2, a função primitiva seria F(x) = x3/3.
Observe que, ao contrário da derivação, aumentamos 1 ao expoente da função f(x) e dividimos pelo mesmo
valor. Enquanto que na derivação realizamos operações opostas: subtraímos 1 do expoente e multiplicamos
a função pelo expoente. Portanto, essa operação de achar uma função cuja derivada é conhecida é chamada
de integração.
Integrais – introdução
E a primeira regra da integração, como se pôde observar acima, para funções potências, é adicionar 1 ao
expoente da função e dividí-la pelo mesmo valor, ou seja,
𝑛
𝑥 𝑛+1
𝑆𝑒 𝑓 𝑥 = 𝑥 , 𝑒𝑛𝑡ã𝑜 𝐹 𝑥 = (1𝑎. 𝑟𝑒𝑔𝑟𝑎)
𝑛+1
e também,
𝑛+1
𝑥
𝑆𝑒 𝑔 𝑥 = 𝑐 ∙ 𝑓 𝑥 = 𝑐𝑥 𝑛 𝑚𝑢𝑙𝑡𝑖𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎çã𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 → 𝐺 𝑥 = 𝑐 +𝑘
𝑛+1
′ (𝑛+1)𝑥 𝑛+1−1 𝑛 =𝑔 𝑥
Prova: 𝐺 𝑥 = 𝑐 𝑛+1
= 𝑐𝑥
𝑓 𝑥 𝑑𝑥 = 𝐹 𝑥 + 𝑘 𝐹′(𝑥) = 𝑓(𝑥)
onde. o símbolo à esquerda é o símbolo de integral (parecido um s esticado; na realidade s é a inicial de soma.
Como veremos a seguir, a integral representa a soma das áreas de vários retângulos de altura f(x) e largura
dx, uma largura infinitesimal, ou seja, no limite em que Δx 0). A função f(x) é a derivada da função F(x), a
qual queremos saber, o dx faz parte da integral e k é apenas uma constante que deve ser sempre adicionada
na integração. Por exemplo, como vimos anteriormente,
3𝑥 2 𝑑𝑥 = 𝑥 3 + 𝑘
Em palavras, a integral de 3x2 é x3 mais uma constante k, pois a derivada de x3 + k é igual a 3x2. Do mesmo
modo,
Integrais
𝑥3
4𝑥 2 𝑑𝑥 = 4 + 𝑘, 𝑑𝑥 = 1𝑑𝑥 = 𝑥 + 𝑘
3
𝑥 𝑛+1
𝑐𝑥 𝑛 𝑑𝑥 =𝑐 + 𝑘.
𝑛+1
Para entender melhor a simbologia, consideremos, por exemplo, a derivada de uma função na notação de
Leibniz:
𝑑𝐹(𝑥)
𝐹 ′ 𝑥 = 𝑓 𝑥 → 𝑑𝑥 = 𝑓(𝑥),
dF(x)/dx representa a derivada, mas também representa uma razão entre os infinitésimos dF(x) e dx. Então
podemos passar o dx para o outro lado da igualdade multiplicando o f(x), dF(x) = f(x)dx, Agora, integrando toda a
expressão (um pouco semelhante ao procedimento de tirar a raiz, por exemplo, de ambos os lados da igualdade),
ou seja, usando o símbolo de integral em ambos os lados da igualdade, fica:
𝑑𝐹(𝑥) = 𝑓 𝑥 𝑑𝑥 → 𝐹 𝑥 +𝑘 = 𝑓 𝑥 𝑑𝑥 ,
Vamos calcular a área da figura abaixo: a área limitada pela curva f(x), pelo eixo x e pelas retas x = a e x = b.
Dividiremos a área em retângulos de largura x e altura y = f(x). A área total A entre x = a e x = b é igual a
soma das áreas de cada retângulo, ou seja,
𝑛 𝑛
𝐴 = 𝑦1 ∆𝑥 + 𝑦2 ∆𝑥 + 𝑦3 ∆𝑥 + ⋯ + 𝑦𝑛 ∆𝑥 = 𝑦𝑖 ∆𝑥 = 𝑓(𝑥𝑖 )∆𝑥
𝑖=1 𝑖=1
Integrais definidas – cálculo de áreas
Agora tomando o limite da somatória quando x 0, o que implica em uma quantidade infinita de
retângulos, n , a largura x de cada retângulo se torna muito mais estreita e tende para uma largura
infinitesimal dx, e o limite da somatória passa a ser a integral limitada entre os extremos a e b, chamada de
integral definida.
𝑛→∞ 𝑏
Portanto, a área sob a curva, entre os extremos a e b, é justamente a integral acima, cujo resultado é a
função primitiva aplicada nos limites de integração:
𝑏
𝐴= 𝑓 𝑥 𝑑𝑥 = 𝐹 𝑏 − 𝐹(𝑎)
𝑎
Exemplo: vamos calcular a área sob a reta y = x + 1 (da Fig. 1) entre os limites x = 1 e x = 2.
Integrais definidas – áreas
A área é a de um trapézio de altura menor igual a 2, altura maior 3
e largura 2 - 1 = 1, portanto, equivalente a um retângulo de altura
média 2,5 e largura 1, e assim com área igual a 2,5. Esse mesmo
valor é obtido usando a integral definida da função f(x) = x + 1
entre os limites a = 1 e b = 2, ou seja,
𝑏 2 2
𝑥2 22 12 3 5
𝐴= 𝑓 𝑥 𝑑𝑥 = 𝑥 + 1 𝑑𝑥 = +𝑥 = +2 − + 1 = 4 − = = 2,5
2 1
2 2 2 2
𝑎 1
Observe que a área acima é menor que a área de um triângulo retângulo de altura 4 e
base 2 (A = 42/2 = 4 > 8/3 = 2,67).
Exercícios
1) Calcule as áreas sob as curvas nos intervalos dados.
a) f(x) = senx, entre x = 0 e x = ; Resp.: A = 2.
b) f(x) = 3x-2, entre x = 1 e x = 2. Resp.: A = 3/2.
Integrais – exercícios
2) Calcule as integrais indefinidas abaixo. Para a verificação da resposta,
lembre-se de que: 𝑓 𝑥 𝑑𝑥 = 𝐹 𝑥 + 𝑘 𝐹′(𝑥) = 𝑓(𝑥)
Integrais – exercícios
Integrais – exercícios
3) Calcule as áreas sob as curvas nos intervalos dados.
a) f(x) = x, entre x = 0 e x = 2;
b) f(x) = x2, entre x = 0 e x = 1;
c) f(x) = x3 + x – 1, entre x = 0 e x = 2;
d) f(x) = ex, entre x = 1 e x = 2;
e) f(x) = 1/x, entre x = 2 e x = 5;
f) f(x) = cosx, entre x = 0 e x = /2;
g) f(x) = 𝑥, entre x = 0 e x = 2;
4) Calcule as áreas sombreadas sob as curvas dadas.
Integrais – exercícios
4) Calcule as áreas sombreadas sob as curvas dadas.
Integrais definidas – exercícios
4) Área de um quarto de círculo:
y r
2 2 2
𝑟 =𝑥 +𝑦 → 𝑦= 𝑟2 − 𝑥2
𝑟 x
𝐴= 𝑟 2 − 𝑥 2 𝑑𝑥
0
0 2 0
1 𝑐𝑜𝑠2𝜃 𝜃 𝑠𝑒𝑛2𝜃 𝜋 𝜋𝑟 2
𝐴 = −𝑟 2 𝑠𝑒𝑛2 𝜃𝑑𝜃 = −𝑟 2 − 𝑑𝜃 = −𝑟 2 − = −𝑟 2 − = .
𝜋 𝜋 2 2 2 2∙2 𝜋 4 4
2 2 2