Rio de
Janeiro: 1973. 91 p.
Alta IM: literatura do tipo monástico (hagiografias, poemas litúrgicos/hinos).
Literatura majoritariamente oral devido às dificuldades técnicas da escrita.
[...] uma literatura especulativa, historiográfica (biografias e
anais), hagiográfica e predicatória formava o conjunto dos
gêneros históricos pelo seu caráter objetivo; as formas subjetivas
estavam representadas por uma literatura de semi-ficção, que
conseguiu chegar até o século XVI: as tragediae, as comediae
(sem o significado dramático-teatral, pois designavam obras
narrativas), as satirae e as elegiae. ” (p.14)
Além disso a epístola (em prosa ou verso), os relatos de viagem e
o panegírico (elogio solene).
A produção oral condenada pela Igreja inclui as fabulae (contos),
canções amorosas, cantos blasfematórios, de luto e histriônicos.
Entre o IX e o XI: poemas épicos nórdicos como as sagas, eddas,
e poemas escáldicos. Poesias latinas dos goliardos.
Fins do XI: aparecimento do drama litúrgico.
“Como se vê, estamos diante de uma literatura latina, monacal, de
intenções predominantemente didáticas e apologéticas, obra de
copistas. ” (p.15)
Substituição do metro clássico pelo ritmo românico.
“Por outro lado, naquele período de transição entre as duas Idades
Médias, não podemos subestimar a importância da poesia dos
chamados goliardos, uma classe de clérigos vagantes, padres
desclassificados, cujas noções em latim, de caráter tabernário (em
torno do amor, do vinho e do jogo), oferecem uma contribuição
preciosa para a formação da lírica occitânica do século XII. ”
(p.16)
Baixa IM: literatura profana se distancia da produção litúrgica e tem intenções
estéticas mais evidentes.
Divisão em três categorias dentro de um critério estético:
Literatura empenhada: intenção didática,
missionária, pedagógica. Exemplos são os
lapidários, bestiários, literatura moral-religiosa
(hinos, hagiografias, poemas sacros, drama
litúrgico).
Literatura semi-empenhada: de feição
intermediária, possui intenções satíricas, mas já
com propósitos artísticos. Exemplos são os
poemas líricos dos goliardos, a poesia alegórica,
os fabliaux e o teatro cômico. “A poesia
goliardesca é, em grande parte, sátira política e
anticlerical. ” (p.17) A sátira não é unicamente
dirigida por um fim moralizante, mas expõe as
atitudes dos indivíduos e das classes perante à
vida. (DIAZ-PLAJA, 1944. Apud SPINA, 1973.
p.17)
Literatura de ficção: produção de intuito estético,
exemplos são a poesia épica, a lírica trovadoresca,
pelas baladas (poesia narrativa romancística) e a
narrativa novelesca (romance cortês, cavaleiresco,
de aventura e erótico-sentimental).
(A maioria dos historiadores da literatura medieval
dividem em um critério sociológico: literatura
cortês, burguesa e religiosa).
O lirismo goliardesco se desenvolve nos séculos XI a XIII nas
regiões da França e da Alemanha.
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Poesia lírica: o foco teria sido Andaluzia do séc. XI com os cantos moçárabes
em forma de jézel, o esquema métrico foi assimilado pelos trovadores
inspirando as Cantigas de Santa Maria e o Libro de buen amor, por exemplo.
o O centro de produção da poesia lírica medieval foi o sul da França
(Languedoc-Provença).
Revolução poética no séc. XIV operada por Guillaume de Machaut: o ritmo
poético deve sobrepor-se ao ritmo melódico. “Proclamada a superioridade e a
anterioridade da letra em relação à melodia musical, surge então o POETA; e a
fase do TROVADOR e do TROVEIRO entra em declínio. Há agora uma
especialização de funções: o poeta compõe a letra, ficando a cargo do músico a
melodia. A poesia deixa de ser cantada para se tornar cantável. ” (p.24)
Sobre a questão da autoria Spina afirma que “Conquanto possamos falar, nesta
época, de individualidades literárias, o caráter internacional, coletivo,
institucional, é responsável pelo anonimato de grande parte da produção literária
medieval. ” (p.25)
A estrutura social reflete nas divisões da produção literária, assim como os
múltiplos fatores ocorridos influenciam nos modos de ser e nos ritmos das
formas literárias;
Nos séculos XII e XIII a Igreja é a principal responsável pelas modificações
temáticas na literatura medieval.
Na Baixa IM o autor destaca três grandes momentos literários: IX ao XI
momento de transição entre as duas Idades (produção épica); XIII
amadurecimento das formas literárias gestadas no XI ao XIII (foco de irradiação
na França); e o XIV com o Trecento (Itália).
O ensino universitário a partir do XIII acentuou o caráter laico da literatura
profana.
Estilo: devido à profusão de categorias literária, a mistura de gêneros, a
predominância de questões espirituais e a livre inspiração pode-se caracterizar
como de tendência barroca.
A IM teve apenas um movimento literário organizado: o trovadorismo (p.35)
A alegoria como característica da literatura medieval.
Sobre a criação literária da IM alemã: em meados do XIII diversas
transformações sociais (roture) leva a nova classe, a burguesia, a intervir nas
letras através dos poemas morais, da sátira mordaz contra as classes
privilegiadas, da paródia e da ironia.
Temáticas: amor, luta, inteligência, prática, astúcia, clérigo x cavaleiro, a
virgem, a morte, a fortuna.
Os temas estão ligados a concepções de mundo e de vida que tiveram as classes
dominantes medievais (p. 39).
Poesia lírica: o amor.
O amor erótico, não correspondido, o amor de Deus (aspiração
mística cisterciense-ascetismo), etc.
Poesia épica: a luta.
Literatura burguesa (da cidade): sátira – fabliaux.
A sátira na IM foi violenta e fora das formas burguesas ela servia como
instrumento de ataque ao clero, ataque político e expressão dos sentimentos do
homem, escárnio, maldizer, etc.
“Na poesia dos goliardos, que está um pouco fora do nosso campo porque
expressa em latim, o temário pode reduzir-se à trindade vinho, mulher e jogo; a
alegria de viver prepondera sobre os temas ligados ao sentimento de caducidade
da beleza e dos prazeres terrenos também vigentes na poesia desses clérigos
boêmios. ” (p. 43).
Arcipreste de Hita (Juan Ruiz) para o autor foi o verdadeiro poeta goliardo, que
expressou o espírito contraditório de sua época, retrato dos costumes de seu
tempo, mostrado com humor e alegre. Espírito burguês que mistura juglería e
clerecía.
Citação (p. 43)
Clérigo x cavaleiro: qual melhor amante? Exemplo no Dialogo de Elena y Maria
(Espanha – XIII).
A virgem: o bem, a esperança, a piedade. A partir de fins do XII o culto marial
atinge a poesia lírica trovadoresca, graças aos dominicanos e seu combate à
heresia cátara.
Morte: início em fins do XII, ápice no XV com a peste a fome (imagens e
escritas lúgubres).
Fortuna: Deusa pagã que governa o mundo de forma tirânica e caprichosa.
Fatalidade do destino.
Conclusão: acontecimentos literários mais importantes da Baixa IM.
Contaminação da épica géstica pela cortesia, resultando no
romance cortês.
Nova concepção de amor (erótico, ovidiano, dos goliardos, a
heresia cátara – difusão do culto mariano, etc.).
A novela cortesã em prosa.
Formas poéticas assimiladas pela literatura moderna (soneto,
conto).
A natureza como objeto de arte.
Autonomia do texto poético em relação à melodia musical.
Séc. XII: poesia lírica – lirismo goliardesco. Poesia tabernária, em latim, de
clérigos vagantes, na maioria anônima, cujos temas são o vinho, o jogo, a
mulher. Sátira política e anticlerical. Compilada no grande cancioneiro Carmina
Burana. (p.70)