No século III se inicia o período denominado de Baixo Império Romano,
que posteriormente levará a queda deste, houve um acumulo de problemas que possibilitou a instauração de uma crise, sendo ela, política, militar, social, escravista e principalmente religiosa. Com o final das Guerras de conquista, Roma viu-se a frente de um problema de mão-de-obra, ocorreu uma diminuição significativa no número de escravos, portanto, não havia quem trabalhasse para garantir uma boa produção no sistema agrícola. Concomitantemente a escassez das Guerras, surge na Palestina, uma nova ideologia e religião denominada Cristianismo, fato que levaria uma mudança significativa no cenário Europeu e mundial. Essa nova forma de religião começa a se disseminar pela Europa, em Roma, as consequências já são visíveis. Alguns escravos começaram a fugir das propriedades por conta de ideologias cristãs, esta no caso, a liberdade, o que elevou ainda mais a diminuição da população escrava. Foi então que viu-se necessário, uma mudança na economia. Os proprietários rurais adotaram o sistema de arredamento, ou seja, os trabalhadores recebiam um pedaço de terra o qual poderiam produzir e viver, e trabalhariam alguns dias da semana para os proprietários dessa terra para lhes pagarem o favor.
O Império Romano assistia aos poucos sua queda, com o
enfraquecimento militar, possibilitou que as terras fossem sendo invadidas ao longo da história pelos então chamados bárbaros. Frente aos problemas militares, econômicos, sociais e políticos, o cristianismo tem sua ascensão em meio a toda fragmentação dessa sociedade. Em 311 d.C o Cristianismo é tornada religião oficial do Estado, adquirindo cada vez mais o controle ideológico da sociedade, sendo detentoras dos poderes políticos e culturais. Após enfrentar anos de perseguições, os templos que irão servir de altar para os cultos, estes foram inspirados nos vastos salões reais e deveriam expressar grandiosidade. A questão que foi colocada na época foi a de como decorar esses esbeltos salões, o objetivo era distanciar a antiga crença em vários deuses e fixar a ideia de um único Deus, por isso foi decidido que não deveriam ser usadas esculturas, pois os pobres pagãos poderiam fazer uma semelhança com a antiga religião politeísta que acreditava que a imagem representava literalmente o deus. Para a decoração e a fixação dos ideias propagados pela Igreja, foi escolhido que o salão seria repleto de pinturas cujo fim seria de aprazar os episódios sagrados e manter a populução mais próxima da religião. Tal fato foi adotado pelo Papa Gregório Magno que dizia “As pinturas podem fazer pelo analfabeto, o que a escrita faz pelos leitores” ou seja, explicar ou impor um ponto de vista, sem que haja constatações.
A arte é uma forma evidente de controle de ideais, sendo por essa
forma, possível transmitir dogmas e doutrinas para se manter o controle social. A partir do cristianismo, há o surgimento de uma nova arte e de uma nova cultura, uma arte ainda em transição, chamada de primitiva cristã. No século V, se inicia a Arte Medieval propriamente dita. A arte estava a serviço da religião cristã, o objetivo central desta, deixou de ser a expressão dramática ou a harmonia e passou a ser de lembrete das manifestações do poder divino. A clareza e a simplicidade se afastando do realismo fiel, eram marca registrada do período, uma vez que o intuito era de informar e lembrar os fieis de aspectos divinos, não precisava-se de uma arte tanto quanto elaborada já que a população era vastamente composta por analfabetos que não possuíam consciência, viviam sob normas impostas, viviam alienados.
Do século V ao século XV, no Império Romano do Oriente, surge uma
arte que é a exata expressão cultural e ideológica do período, onde toda construção social é nova, seja ela artística, política ou cultural. O Império é teocrático e cristão, que recebe o nome de Império Bizantino em homenagem a cidade cede, Bizâncio. A expressão artística, era simples e remetia a assuntos religiosos, como foi tratado acima. A obra expressa bem o havia sido dito. As pinturas foram realizadas no alto para que desse a impressão de grandiosas, majestosas e verdadeiramente sagradas para com os fiéis, juntamente com as grandes construções cujo residiam (essa no caso, se encontra em Montreale na Sicília). A magnitude das pinturas era de enorme proporção e seu alcance também, as pinturas eram formas de manter os fiéis cada vez mais arraigados na instituição sagrada e muitas vezes com medo da ira de Deus. “Cristo como soberano do universo, a Virgem com o Menino e os santos, c.1190”
A Europa vive convulsionada, tumultuada e caótica por conta das
invasões bárbaras (que foi ocorrendo ao longo de pouco mais de três séculos) que provocou toda a descentralização, fragmentação e estilhaçamento territorial, político, econômico e cultural. Tem-se a chamada “Idade das Trevas” que remete a um período de transtorno, caos e desordem que faz nascer uma nova Europa. Uma Europa que não tem conhecimento de nenhum tipo de arte uniforme e hegemônica mas sim um emaranhado de estilos divergentes, fato decorrente do contexto histórico envolvido em fragmentações e antagonismos entre as classes, só conhecerá uma arte mais uniforme a partir de meados do século VI ao XII, ao perpassar destes, a Europa vai recebendo influências de várias regiões externas devido as Guerras e as invasões de povos nórdicos, tais intervenções levaram a uma nova transformação estilística, formal e ideológica da arte cujo segmento não seguiu as tradições Bizantinas.
A partir da transformação da economia de escravocrata para feudal, o
âmbito social na Europa muda. Há um grande êxodo urbano cuja vasta maioria da população vai se encontrar no ambiente rural. Essa nova arte expressa esse novo espaço, de uma Europa essencialmente bucólica e feudal. O objetivo artístico nessa época tem uma mudança relevante, esse novo meio de expressão tinha finalidade de transmitir o conteúdo das histórias sagradas ou de histórias de honra e conquistas de guerra, sem se preocupar com o realismo ou a beleza da obra. Semelhante aos egípcios, nos primórdios de sua arte, que tinham como objetivo apenas retratar os ambientes com elementos que neles continham, sem se preocupar meramente com a estética, mas com a catalogação dos objetos. A arte que temos acesso atualmente, desse período, é quase que inteiramente religiosa, fato explicado pela força das Igrejas na época e por conta de que as artes que ficavam em castelos, eram destruídas com os mesmo, porém, o que estava as Igrejas era poupado (por ser um ambiente sagrado).
Não perdendo a essência da nova arte, a obra “A tapeçaria de Bayeux c.1080”
(era mantida numa Igreja mas inicialmente ficava em um castelo, por isso foi encontrada) foi encomendada por Odo, bispo de Bayeux com fim de ser uma comemoração pela tomada da normanda da Inglaterra em 1066. A obra consta com inúmeros elementos que contam a história dessa conquista, nela é possível perceber que o artista não tem finalidade meramente estética e sim informativa, a história foi contada de modo simples e com clareza. Os desenhos são grosseiros e seus traços parecem de uma criança, pois o artista medieval não os copiou de outra obra, foi uma criação original. Parte da obra “A tapeçaria de Bayeux, c.1080”
Concomitantemente a arte Românica, em meados do século XII ao XV,
no ocidente da Europa, tem-se o renascimento comercial que ocasionou em partes o êxodo rural e com ele uma série de atividades urbanas que demanda um novo tipo de arte para se adaptar a nova realidade, a qual será chamada de Gótica, esta é a expressão da passagem da militância para a Igreja triunfante, através da arquitetura que atendia ao novo contexto, que tinha a Igreja como o centro de concentração pública. Com o poder consolidado e centralizado, a Igreja obtêm o monopólio do saber e das estruturas mentais, através disso construirá o monopólio da salvação, constituindo uma nova ideologia baseada em seus dogmas e paradigmas.
Diferente das outras artes citadas, a gótica se desenvolve
primordialmente na arquitetura e nas esculturas. Evoluíram a partir da arquitetura românica, que tinha como objetivo os vastos salões com imagens simples e claras para contextualizar a população nas histórias sagradas. A ideia central das catedrais góticas, que se desenvolveram em suma maioria na França em meados do século XII, era obter construções em pedra e vidro, ou seja, majestosas igrejas compostas por pedras e vitrais. Sendo meticulosamente construídas para serem milimetricamente perfeitas do ponto de vista geométrico. Essas construções não eram somente advindas da engenharia, o artista as criou para que fossem desfrutadas. O conceito de arte para ser desfrutada volta nesse período, porém não deixando de lado o seu objetivo central que era de aproximar a população da fé para manter o controle ideológico destas. A grandiosidade das igrejas era extrema, passavam a sensação de superioridade, leveza e uma forma de abrigo contra todos os males. O objetivo maior dessas construções era emanar força e poder, algo que foi conquistado pela instituição cristã na época. Os fieis, sentiam-se cada vez mais próximos do sobrenatural e tinham a necessidade de saber mais sobre o vislumbrante “outro mundo” que era vendido como “o paraíso” pela Igreja. As esculturas compunham esse ambiente magistral criado pela arquitetura gótica, ficavam dispostas como verdadeiros guardiões celestiais. Vale ressaltar que tanto as esculturas, pinturas e arquitetura nesse período tinham um fim estético, porém, eram formas de manter o poder da Igreja na época.
Ao decorrer dos séculos, os artistas foram agregando cada vez mais
formas estilísticas diferentes, por exemplo no século XII, este não se contentava mais em apenas compor esculturas de formas simétricas e vibrantes, mas, queria desenvolver a habilidade –iniciada pelos gregos- de manter a obra viva através da expressão marcante que esta obtinha. É perceptível também que diferente da Românica que não se importava com a natureza realista, a gótica retoma esse aspecto. É através da observação da natureza -assim como os gregos- que os artistas góticos aprimoravam suas obras, tornando-as cada vez mais próximas da imagem humana. Toda essa busca por realismo tem uma finalidade explicita, que consta no lembrete de histórias sagradas, assim como nos períodos anteriores, só que de modo cada vez mais surpreendente, emocionante e convincente possível.
Na escultura “Morte de Nossa Senhora”, é encontrado todos os aspectos
acima. Há uma expressão de sentimento intensa, onde o artista trabalhou para dar vida a escultura de maneira que os fiéis não só admirassem mas sentissem o que a obra deveria transmitir, nesta cada personagem tem uma expressão facial diferente, passando sensações diferentes, todas remetidas ao Cada vez mais o artista gótico propõem-se a representar as formas de forma mais realista e passam a refletir o que lhes interessavam da forma que lhes interessava, porém sempre objetivando mostrar as histórias sagradas. Obra “Morte de Nossa Senhora”
As artes que compunham a Idade Média, possuíam em si, aspectos
semelhantes. Assim como nos períodos anteriores, no Egito e na Grécia por exemplo, a arte era amplamente religiosa e ideológica. Ressaltando que nesse período, o da Idade Média, a sociedade se modificou em todos os âmbitos, econômico, político, territorial e principalmente religioso, o que levo novas formas de disseminarem ideologias, que no nosso caso de estudo, foram nas artes. Forma de controle e espargimento de dogmas religiosos, para que a Igreja se tornasse não só detentora do saber mas também fazer com que a sociedade acreditasse, através das imagens, que precisava ser salva, logo, sendo detentora também da salvação. Referências
GOMBRICH, E.H. História da Arte. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
Livro Didático, objetivo. São Paulo: Editora CERED, 2014. Sua pesquisa, arte bizantina. Disponível em <http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/arte_bizantina.htm> acesso em 09/06 Brasil escola, arte gótica. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-gotica.htm> acesso em 09/06 Estética e História da arte, arte românica <http://esteticaehistoriadarte.blogspot.com.br/2009/05/arte- romanica.html> acesso em 09/06