Termodinâmica
Autores: Prof. Arduíno Francesco Lauricella
Prof. Francisco Xavier Sevegnani
Professores conteudistas: Arduíno Francesco Lauricella/
Francisco Xavier Sevegnani
Arduíno Francesco Lauricella é mestre em Engenharia Mecânica pela Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo e bacharel em Física pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo. Professor adjunto da Universidade
Paulista e do Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana.
Francisco Xavier Sevegnani é físico e concluiu sua graduação, mestrado e doutorado em Física pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo‑ PUCSP. Concluiu o mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade
Paulista‑UNIP (2003) e doutorado em Engenharia de Energia e Automação Elétrica pela Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo‑PEA/EPUSP (2009). Atualmente, é professor titular da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo, professor adjunto I do Centro Universitário de Educação Inaciana, professor titular da Universidade Paulista,
coordenador auxiliar do curso de Engenharia diurno da UNIP e líder de disciplinas de Física na UNIP.
CDU 536.7
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permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Milena Cassucci
Andreia Andrade
Sumário
Fundamentos da Termodinâmica
Apresentação.......................................................................................................................................................7
Introdução............................................................................................................................................................7
Unidade I
1 TEMPERATURA.....................................................................................................................................................9
1.1 A lei zero da termodinâmica............................................................................................................. 10
1.2 Célula do ponto tríplice...................................................................................................................... 11
1.3 Termômetros........................................................................................................................................... 12
1.4 Termômetro a gás................................................................................................................................. 13
1.5 Escalas Celsius e Fahrenheit.............................................................................................................. 15
1.6 Tipos de termômetros.......................................................................................................................... 16
1.7 Exemplos resolvidos............................................................................................................................. 17
2 CALORIMETRIA.................................................................................................................................................. 24
2.1 Equação fundamental da calorimetria......................................................................................... 25
2.2 Calor latente............................................................................................................................................ 26
2.3 Equação calorimétrica......................................................................................................................... 27
2.4 Exemplos resolvidos............................................................................................................................. 27
3 Gases Perfeitos............................................................................................................................................. 33
3.1 Equação de energia interna.............................................................................................................. 34
3.2 Equação de calor................................................................................................................................... 35
3.3 Equação de trabalho............................................................................................................................ 35
3.4 Exemplos resolvidos............................................................................................................................. 36
4 Primeira lei da termodinâmica........................................................................................................ 44
4.1 Transformações termodinâmicas.................................................................................................... 44
4.1.1 Transformação isométrica.................................................................................................................... 44
4.1.2 Transformação isobárica....................................................................................................................... 45
4.1.3 Transformação isotérmica.................................................................................................................... 46
4.1.4 Transformação adiabática.................................................................................................................... 48
4.2 Transformações cíclicas...................................................................................................................... 50
4.3 Exemplos resolvidos............................................................................................................................. 52
Unidade II
5 MÁQUINAS TÉRMICAS................................................................................................................................... 79
5.1 Motor diesel............................................................................................................................................. 81
5.2 Exemplos resolvidos............................................................................................................................. 83
6 CICLO DE CARNOT............................................................................................................................................ 89
6.1 Exemplos resolvidos............................................................................................................................. 93
7 SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA......................................................................................................104
7.1 Teorema de Carnot.............................................................................................................................105
7.2 Exemplos resolvidos...........................................................................................................................105
8 ENTROPIA..........................................................................................................................................................109
8.1 Entropia para um gás perfeito.......................................................................................................110
8.2 Entropia no ciclo de Carnot............................................................................................................111
8.3 Exemplos resolvidos...........................................................................................................................112
Apresentação
Prezado aluno,
Podemos começar este livro‑texto com algumas perguntas: o que é Termodinâmica? Qual é o nosso
objetivo ao estudarmos a termodinâmica?
Uma resposta simples para a primeira pergunta seria: a termodinâmica é a parte da Física que estuda
a energia que está armazenada no interior de um corpo e, também, como essa energia poderia passar
para “fora dele”, de maneira que pudesse ser convertida, por meio de um dispositivo já previamente
construído, em outro tipo de energia. Um exemplo prático disso são as usinas termoelétricas, que
utilizam a energia da queima de combustíveis fósseis para produzir energia elétrica, que é a energia que
é mais utilizada em nosso cotidiano.
Há milhares de anos, quando o fogo foi descoberto, essa ciência deu seu primeiro passo. Hoje, o
fogo é utilizado para muitas finalidades; por exemplo, para preparar alimentos, derreter substâncias e
fundi‑las de maneira a produzir materiais mais leves e resistentes, como os compósitos. Há bicicletas
e aviões que são projetados com compósitos ultraleves e resistentes que melhoram muito o seu
rendimento. A produção de medicamentos também necessita da intervenção do fogo. Os seres vivos
em geral são “máquinas” nas quais, a todo momento, ocorrem, de forma natural, reações químicas em
que há troca de energia, de forma a manter a “vida”. Uma resposta para a segunda pergunta é que uma
boa compreensão disso tudo dá um “salto” em nossa qualidade de vida. Há também a curiosidade de
entender como as coisas funcionam.
Olhando de maneira mais direta, a Termodinâmica utiliza alguns conceitos que são muito conhecidos
no cotidiano, como: calor, temperatura, volume, pressão, mas também se vale de outros menos
conhecidos, como energia interna, entropia e trabalho. A matéria é bem extensa e o nosso curso é uma
introdução em que vamos apresentar o conteúdo de maneira bem simples e com muitos exemplos,
como veremos adiante.
Introdução
válida em uma situação em que as moléculas do gás não interagem umas com as outras. Apresentamos o
conceito de trabalho trocado por um gás perfeito com o ambiente externo e relacionamos esse trabalho
com variáveis termodinâmicas. No final dessa unidade, com base no princípio de conservação de energia,
induzimos a primeira lei da termodinâmica, que relaciona calor, trabalho e variação de energia interna
para um sistema, e finalizamos com o estudo das principais transformações termodinâmicas de um gás
perfeito.
A unidade II inicia com o conceito de máquina térmica, que pode funcionar como motor térmico
ou refrigerador. As máquinas operam em processos cíclicos, trocando calor e trabalho mecânico com o
ambiente externo. Analisamos em detalhe a máquina de Carnot, cujo rendimento é sempre melhor se
comparado a outros tipos de máquinas térmicas. Chegamos, em seguida, à segunda lei da termodinâmica,
que estabelece os limites de convertibilidade nas trocas de calor e trabalho. Por último, é definido o
conceito de entropia, uma medida da desordem molecular de um sistema.
Para que haja um bom entendimento de como operar todos esses conceitos, este livro‑texto apresenta
um grande número de exemplos resolvidos, muitos exercícios de aplicação e testes com respostas. Há,
também, indicações de alguns endereços eletrônicos para o aprimoramento do estudo.
8
fundamentos da termodinâmica
Unidade I
1 TEMPERATURA
Para quantificar a medida de temperatura, foram definidas “escalas de temperatura”, que utilizam
como referência alguma propriedade física de uma substância padrão que se altera com a temperatura,
por exemplo, o ponto de fusão e ebulição da água na pressão normal.
Um resumo dos personagens envolvidos na construção desses primeiros termômetros está no quadro
1. As escalas de temperatura mais utilizadas no cotidiano são a Celsius e a Fahrenheit. A escala Celsius
utiliza como pontos de referência a fusão do gelo e a ebulição da água, que foram tomados como 0ºC
e 100ºC, respectivamente. A escala Fahrenheit utiliza os mesmos pontos de referência, porém adota os
valores de 32ºF e 212ºC.
A escala Celsius é adotada na maioria dos países e a Fahrenheit, principalmente, nos EUA e no
Reino Unido. Essas escalas não pertencem ao Sistema Internacional de Unidades (SI). A escala de
temperatura utilizada atualmente no SI é a Kelvin, proposta em 1854 pelo físico escocês William
Thomson, conhecido como Lord Kelvin. A escala Kelvin utiliza dois pontos de referência: um ponto
é conhecido como o “zero absoluto”, que é quando as moléculas de um corpo não possuem mais
movimento, o outro é o “ponto tríplice da água”, que ocorre quando a fase sólida, a fase líquida e o
vapor da água coexistem.
9
Unidade I
A área da Física que utiliza conceitos de temperatura e calor é a Termodinâmica. Essa área procura
quantificar a energia interna de um corpo, utilizando apenas três variáveis macroscópicas: a pressão (P),
o volume (V) e a temperatura (T). A alteração de uma ou mais dessas variáveis pode modificar a energia
interna de um sistema, seja ele um sólido, um líquido ou um gás.
Uma panela com água fria, quando em contato com uma chama, aquece a água. Esse é um exemplo
trivial de uma interação térmica, ou seja, uma ação mútua entre corpos em estados térmicos diferentes
quando postos na presença um do outro. A interação térmica é acompanhada de transformações nos
corpos interagentes e pode ocorrer com ou sem variação no estado térmico. Exemplo: se segurarmos
um pedaço de gelo fundente na mão, o estado térmico não varia, mas ele se funde. Imaginemos que, em
uma garrafa térmica perfeita (paredes adiabáticas), sejam introduzidos café quente e uma ampola de
vidro contendo leite frio. O café esfria, o leite esquenta: em poucos minutos, o café, o leite e a ampola
estarão em um mesmo estado térmico, todo o conjunto estará em equilíbrio térmico. Esse resultado
experimental é a lei zero da termodinâmica, enunciada a seguir:
“Dois corpos em equilíbrio térmico com um terceiro estão em equilíbrio térmico entre si.”
10
fundamentos da termodinâmica
Mediante certas convenções, estabelece‑se uma correspondência biunívoca entre estados térmicos
e números. Em graus de temperatura, cada número exprime a temperatura do correspondente estado
térmico. A correspondência biunívoca entre estado térmico (propriedade física) e temperatura (grandeza
física) pode ser estabelecida de diversas maneiras, conforme explicado a seguir. Cada modalidade de tal
correspondência origina uma escala de temperatura. Trataremos da escala absoluta Kelvin (temperatura
T) e das escalas relativas Celsius e Fahrenheit (temperatura). As correspondentes unidades são o Kelvin
(K), o grau Celsius (ºC) e o grau Fahrenheit (ºF). As escalas com essas denominações distinguem‑se umas
das outras pelos números convencionais que as caracterizam; elas se referem a um único ponto fixo
fundamental, o ponto tríplice da água, e a dois pontos fixos subsidiários, o ponto do gelo e o ponto do
vapor. O ponto tríplice da água se dá quando gelo, água e vapor de água coexistem em equilíbrio em um
estado físico caracterizado por determinada pressão (4,58 torr) e determinado estado térmico.
Por convenção internacional, atribui‑se ao ponto tríplice da água, conforme as escalas de temperatura,
os valores indicados na tabela 1.
Vapor d’água
Água e gelo
Figura 1
11
Unidade I
Na figura 1, é possível verificar uma célula do ponto tríplice, na qual gelo sólido, água líquida e
vapor d´água coexistem em equilíbrio térmico. Por acordo internacional, a temperatura dessa mistura
foi definida como 273,16 K.
Os pontos fixos tradicionais são o ponto do gelo e o ponto do vapor. A reprodução deles é menos
exata do que a do ponto tríplice. A correspondência entre esses pontos para as escalas de temperatura
Kelvin, Celsius e Fahrenheit estão indicadas na tabela 2.
Saiba mais
<http://www.inmetro.gov.br/noticias/conteudo/CPTA.pdf>.
Escala Kelvin
Ponto do vapor Ponto do gelo Amplitude
Tv = 373,15 K Tg = 273,15 K Tv – Tg = 100 K
Escala Celsius
Ponto do vapor Ponto do gelo Amplitude
θV = 100ºC θg = 0ºC θv – θg = 100ºC
Escala Fahrenheit
Ponto do vapor Ponto do gelo Amplitude
θV = 212ºF θg = 32ºF θV – θg = 180ºF
1.3 Termômetros
T = a + b . P (1)
12
fundamentos da termodinâmica
Esses termômetros fornecem temperaturas empíricas que podem diferir das temperaturas de um
termômetro a gás. A temperatura de um corpo material é a temperatura do termômetro em equilíbrio
térmico com o corpo.
Escala
Capilar
R
h
Sistema
Bulbo Tubo
com gás Flexível
Figura 2
Podemos observar na figura um termômetro a gás em volume constante com o seu bulbo imerso em
um líquido cuja temperatura T se deseja medir.
13
Unidade I
sempre constante. Isso é feito ajustando‑se a altura do ramo que vai até o reservatório R. Conhecido o
desnível do mercúrio h, a pressão do gás é dada por:
P = Patm + d .g . h (2)
Pv Tv
lim = = 1, 3661 (3)
m→0 Pg Tg
Tv – Tg = 100 K (4)
P
T = 273,15. lim (5)
m→0 Pg
A equação 5 considera como ponto fixo padrão o ponto do gelo que corresponde à temperatura
Tg = 273,15 K. Atualmente, é adotado como ponto fixo padrão o ponto triplo da água, que ocorre em
temperatura e pressão bem definidas. Nesse caso, as temperaturas passam a ser obtidas pela equação:
P
T = 273,16. lim (6)
m→0 Ptr
• encher o tubo do termômetro com uma massa m de gás e medir a pressão Ptr do gás, utilizando
uma célula do ponto tríplice;
14
fundamentos da termodinâmica
• medir a pressão P do gás à temperatura incógnita T, sempre mantendo o volume do gás constante;
P
• determinar a relação ;
Ptr
• medir novamente P e Ptr com uma massa menor de gás e determinar novamente a relação entre
as pressões;
• repetir esse procedimento para uma massa cada vez menor de gás, extrapolando‑se a relação entre
P
as pressões no limite para a massa do gás tendendo a zero, ou seja, determinando lim . Em
m→0 Ptr
seguida, insere‑se esse resultado na equação 6, determinando a temperatura T.
A pressão de um gás é resultado dos impactos de suas moléculas. Pode‑se imaginar a ausência
de impactos correspondendo à pressão nula, que corresponderia ao zero absoluto de temperatura.
A temperatura absoluta de um corpo é proporcional à energia cinética média de translação de suas
moléculas. Antes, adotavam‑se dois pontos fixos experimentais: o ponto do gelo e o ponto do vapor.
Atualmente, adota‑se um só ponto fixo experimental, o ponto tríplice da água. O outro ponto fixo é
ideal, o zero absoluto de temperatura.
As escalas Celsius e Fahrenheit são escalas relativas de temperatura, que resultam das escalas
absolutas por meio do deslocamento da origem. Representaremos escalas relativas por θ e escalas
absolutas por T.
θC = T – 273,15 (7)
Para transformar uma temperatura da escala absoluta Kelvin em outra temperatura equivalente da
escala Fahrenheit, utiliza‑se a equação:
9
θF = T − 459, 67 (8)
5
Para transformar uma temperatura da escala relativa Celsius em outra temperatura equivalente da
escala relativa Fahrenheit, utiliza‑se a equação:
15
Unidade I
9
θF = θc + 32 (9)
5
Na tabela 3, estão as temperaturas de alguns pontos notáveis. Na tabela 4, apresentamos pontos
fixos de algumas substâncias, obtidos de um termômetro a gás, nas escalas Kelvin e Celsius. Os pontos
fixos podem ser utilizados para calibração de termômetros.
K ºC ºF
Zero absoluto 0 – 273,15 – 459,67
Ponto do gelo 273,15 0 32,00
Ponto tríplice 273,16 – 0,01 32,02
Ponto do vapor 373,15 100,00 212,00
Observação
Termômetros de líquido
O mercúrio é o líquido preferido. Esse termômetro é baseado na expansão do fluido com a temperatura. O fluido está
no interior de um tudo de vidro fechado e a temperatura é obtida por uma escala gravada no tubo.
Termômetros de resistência elétrica
São termômetros que utilizam a variação da resistência elétrica com a temperatura de um fio de platina. Podem‑se
realizar medições da ordem de um milésimo de grau Celsius.
Termopares
Consistem de dois condutores metálicos diferentes ligados ao ponto de medida. Quando os condutores são aquecidos,
uma diferença de potencial elétrica é produzida. Essa tensão produz uma corrente elétrica cuja intensidade está
relacionada à temperatura.
Pirômetro
É um termômetro de radiação. Todos os corpos emitem radiação, cuja quantidade está relacionada à temperatura do
corpo. É possível medir a temperatura remotamente.
Saiba mais
<http://repositorios.inmetro.gov.br/bitstream/10926/1364/1/
banner_04_temperatura.pdf>.
Exemplo 1
Tabela 5
17
Unidade I
Solução:
9 9
θF = T − 459, 67 θF = , − 459, 67
20115 θF = 97,6ºF
5 5
9 9
θF = θc + 32 134 = .θc + 32 θC = 56,7ºC
5 5
9 9
θF = θc + 32 θF = .( −173,15) + 32 θF = – 279,67ºF
5 5
Tabela 6
Exemplo 2
Solução:
9 9
θF = θc + 32 θF= θc θc = θc + 32
5 5
9 9
θc = − θc + 32 1 − .θc = 32 θc= – 40ºC
5 5
θF= – 40ºC
18
fundamentos da termodinâmica
Exemplo 3
Supondo que, em uma escala linear de temperatura X, a água ferva a – 53,3ºX e se congele a – 170ºX,
qual é a temperatura equivalente a 340 K na escala X?
Tabela 7
Solução:
−53, 5 − ( −170, 5)
b= b = 1,165 (ºX/K) a = – 53,5 – (1,165) . 373,1
373,15 − 273,15
θx= – 92,12ºX
Exemplo 4
Tabela 8
Solução:
19
Unidade I
100
θ= b . (h – 0,5) 100 = b . (6,5 – 0,5) b=
6
50 o 50 50
b= C / cm θ= . (h − 0, 5)o C θ* = . (4, 7 − 0, 5)
3 3 3
θ* = 70ºC
Exemplo 5
Tabela 9
Temperatura Resistência
θ (ºC) R (Ω)
0 3,18
100 4,23
Solução:
θ=a+b.R 0 = a + b . 3,18
100 − 0
100 = a + b . 4,23 b=
4, 23 − 3,18
θamb = 23,8ºC
Exemplo 6
O resistor de um termômetro de platina apresenta resistência Rtr = 600 Ω no ponto tríplice da água
e resistência RV = 840 Ω no ponto do vapor. Admitindo que a variação da resistência da platina seja
sensivelmente linear entre os pontos do gelo e do vapor, determine, na escala Kelvin, a temperatura que
corresponde à resistência R = 700 Ω.
20
fundamentos da termodinâmica
Solução:
373,15 − 273,1
273,16 = a + b . 600 373,15 = a + b . 840 b=
840 − 600
Exemplo 7
Certo termômetro de par termoelétrico tem força eletromotriz que varia linearmente com a
temperatura. Observaram‑se os valores da tabela a seguir. Determinar a temperatura θ*.
Tabela 10
Solução:
Exemplo 8
Um gás no ponto de vapor da água apresenta temperatura igual a 373,15 K. Qual é o valor limite da
relação entre as pressões do gás no ponto de temperatura 200 K e a pressão do gás no ponto de vapor
(o volume do gás é o mesmo nessas temperaturas)?
21
Unidade I
Solução:
P
Pela equação (1.6), vem T = 273,16. lim . Adaptando‑a para o ponto de vapor, temos
m→0 Ptr
P P
T = 373,15. lim , para T = 200 K ⇒ P. Disso resulta 200 = 373,15. lim ; então,
m→0 Pv m→0 Pv
Exemplo 9
Em um experimento, um corpo sofre variação de temperatura de ∆θC = 36ºC. Expressar essa variação
de temperatura nas escalas Kelvin e Fahrenheit.
Solução:
9 9 9
θF = θC + 32 ∆θF = ∆θC ∆θF = .36 ∆θF = 64,8ºF
5 5 5
Exemplo 10
Certos termômetros para motor de automóvel operam com a pressão de vapor P, em atm,
de um líquido encerrado. Para temperaturas entre 60ºC e 120ºC, aplica‑se a esses termômetros,
com aproximação satisfatória, a equação: θ = 100 . P – 50 (ºC). Com base no exposto, complete
a tabela a seguir.
Tabela 11
Temperatura Pressão
θ (ºC) P (atm)
1,10
1,50
1,70
2,00
22
fundamentos da termodinâmica
Solução:
Tabela 12
Temperatura Pressão
θ (ºC) P (atm)
60 1,10
100 1,50
120 1,70
150 2,00
Exemplo 11
θ = a . I + b I2
Tabela 13
Solução:
θ = a . I + b I2 2000 = a . 4 + b . 42 800 = a . 1 + b . 12
23
Unidade I
(2000 − 3200)
b= b = – 100 a = 800 – (– 100)
12
a = 900 θ = 900 . I – 100 I2 θ = 900 . 2,5 – 100 . 2,52
θ = 1625ºC
Exemplo de aplicação
Pedem‑se:
Dados:
Tabela 14
2 CALORIMETRIA
O conceito calorimétrico para calor é: “calor é o agente físico que se transfere de um corpo para
outro mais frio, somente por causa do desnível térmico entre ambos”. O conceito termodinâmico para
calor é: “calor é energia que passa de um corpo para outro mais frio devido ao desnível térmico entre
eles”. O princípio da conservação de energia afirma que “energia pode ser transferida de um corpo para
outro, ou convertida de uma forma para outra, mas não pode ser criada ou destruída”.
24
fundamentos da termodinâmica
Resumidamente, afirmamos que: “calor é energia em trânsito”. Calor é uma forma de energia. A
energia pode mudar de forma, mas nunca é aniquilada. Um corpo em movimento apresenta energia
cinética que pode ser transformada em energia potencial. Uma força aplicada a um corpo transfere
energia a esse corpo, e essa energia é medida pelo trabalho da força. Por exemplo, o trabalho da força de
atrito pode ser convertido em calor. Disso se deduz que a energia cinética e a potencial são equivalentes
a calor. Um dos primeiros a discutir essa questão foi o médico alemão Julius Robert Mayer.
Qual é a quantidade de calor que corresponde a uma dada quantidade de energia cinética e potencial?
Essa relação é conhecida como o equivalente mecânico do calor. Os experimentos para a obtenção
desse equivalente foram realizados pelo cientista inglês James Prescott Joule. O calor, sendo uma forma
de energia, pode ser medido em unidades de energia como o joule, mas, historicamente, foi adotada
uma unidade independente de quantidade de calor, a caloria. A definição de caloria é a seguinte: “uma
caloria é a quantidade de calor necessária para elevar, com pressão normal, de 14,5ºC para 15,5ºC, a
temperatura de 1 g de água”. O valor do equivalente mecânico do calor é
Uma substância de massa m, ao receber quantidade de calor Q, sofre variação de temperatura ∆θ.
Vale a equação:
Q = m .c . ∆θ (11)
Na equação anterior, c éo calor específico da substância. Pela definição de caloria, o calor específico
1cal cal
médio da água entre 14,5ºC e 15,5ºC é ca = o
∴ ca = 1 o
1 g. (15, 5 − 14, 5) C gC
O calor específico da água também varia com a temperatura; porém, essa variação é muito pequena e pode
ser desprezada. Para que o calor específico esteja bem definido, é preciso mostrar em quais condições houve a
variação de temperatura. Se o processo de transferência de calor ocorrer em pressão constante, obtém‑se um calor
especifico cP que é diferente caso o processo ocorra com volume constante; nesse caso, o calor específico passa a
ser cV. Para líquidos e sólidos, a diferença entre esses calores específicos é muito pequena, mas para gases são bem
diferentes. A quantidade de calor Q necessária para elevar a temperatura de um corpo de ∆θ é dada pela equação:
Q = C . ∆θ (12)
C = m . c (13)
25
Unidade I
A tabela 15 apresenta os calores específicos de alguns materiais. Esses valores são válidos para
temperaturas próximas à temperatura ambiente.
cal
c= o
g. C
Água 1,00
Álcool etílico 0,58
Mercúrio 0,033
Gelo 0,53
Vidro 0,20
Latão 0,092
Alumínio 0,215
Cobre 0,0923
Prata 0,0534
Chumbo 0,0305
A troca de calor em uma mudança de fase sólido ↔ líquido ou líquido ↔ vapor ocorre sempre sem
variação de temperatura. O calor trocado nessa situação é expresso pela equação:
Q=m.L (14)
Na equação 14, L é uma constante denominada calor latente, que pode ser, conforme a situação,
cal
de fusão ou vaporização. Para a água, o calor latente de fusão é L f = 80 e o de vaporização vale
g
cal
L v = 540 . Na tabela 16, apresentaremos alguns valores para esses calores latentes.
g
26
fundamentos da termodinâmica
∑ m .c. ∆θ + ∑( ± m . L ) = 0 (15)
A soma dos calores trocados entre os corpos com variação de temperatura e com mudança de fase
é igual a zero, desde que não haja troca de calor com o ambiente externo.
Exemplo1
m
Um corpo de massa10 kg, com velocidade de 10 , choca‑se com uma parede, perdendo toda a sua
s
energia cinética (choque inelástico). Qual é a energia, em calorias, transferida para o ambiente?
Solução:
Nesse caso, toda a energia cinética é transformada em calor. A energia cinética de um corpo é dada
pela expressão:
1
Ec = mv2 (16)
2
1
Ec = 10102
2 Ec = 500 J 1 J = 0,239 cal
27
Unidade I
Exemplo 2
Uma resistência de R = 136 Ω é imersa em uma massa ma = 2000 g de água. Quando uma corrente
o
C
elétrica de I = 2A atravessa o resistor, a temperatura da água aumenta à taxa k = 4, 0 . O calor
min
cal
específico da água é ca = 1 o . Determine o equivalente mecânico do calor relativo a este experimento.
gC
Solução:
Q = ∆E ma . ca . ∆T = RI2∆t ma . ca . ∆T = RI2∆t
∆T 4, 0 2
ma .ca . = RI2 ma . ca . K = R . I2 200.1, 0. cal / s = (136. 2 ) J
∆t 60
32640
1 cal = J 1 cal = 4,08 J
8000
Exemplo 3
Uma amostra sólida de massa m e calor específico c é aquecida até uma temperatura T. Em seguida,
ela é imersa no interior de uma massa ma de água, de calor específico ca, contida em um recipiente
de paredes adiabáticas e capacidade térmica C. A água e o recipiente estão inicialmente em mesma
temperatura T0, sendo T0< T. Após estabelecer‑se o equilíbrio térmico, o sistema atinge a temperatura
de equilíbrio Te. A capacidade térmica do recipiente é C. As paredes adiabáticas não permitem troca de
calor com o ambiente externo. Determine o calor específico c da amostra. Faça uma aplicação numérica
para os valores indicados a seguir.
cal
Dados: m = 500 g T = 120ºC Ca = 1 ma = 250g T0 = 25ºC
go C
cal
Te = 40ºC C = 150
go C
Solução:
A quantidade de calor perdida pela amostra é transferida para a água e também para o recipiente.
Logo, vale o que segue.
28
fundamentos da termodinâmica
Solução:
Q = 200 .0,5 . (0 – (–50)) + 200 .1,0 . (100 – 0) + 200 . 540 + 200 .0,5 . (130 – 100)
Exemplo 6
Solução:
É preciso verificar inicialmente se essa quantidade de água pode transferir calor suficiente para o
gelo a ponto de levá‑lo até 0ºC no estado líquido.
Tabela 17
Calor para levar o gelo de – 40ºC até 0ºC 100 .0,5 . (0 – (– 40)) = 2000 cal
Calor para fundir o gelo 100 . 80 = 8000 cal
Calor para levar a água de 90ºC até 0ºC 50 .1,0 .(0 – 90) = – 4500 cal
Como 4500 cal > 2000 cal e 4500 cal < 2000 cal + 8000 cal, teremos, no final do processo, uma
mistura de gelo e água na temperatura de 0ºC, ou seja, somente uma parte do gelo será derretida. Para
obter a massa de gelo que passa para o estado líquido, aplica‑se a equação a seguir:
4500 − 2000
2000 + mgelo derretido . 80 – 4000 = 0 mgelo derretido = mgelo derretido= 31,25 g
80
Exemplo 7
Considerando o exemplo anterior, determine o valor que deveria ter a massa do gelo para que a
temperatura de equilíbrio do sistema fosse de +10ºC.
Solução:
Nessa situação, todo o gelo seria derretido, atingindo uma temperatura positiva. Logo, é necessário
acrescentar mais um termo na equação do exemplo 4, resultando em:
Mgelo .0,5 .(0 – (– 40)) + mgelo . 80 + mgelo .1,0 . (10 – 0) + 50 .1,0 . (10 – 90) = 0
mgelo = 36,36 g
30
fundamentos da termodinâmica
Tabela 18
Calor para levar o gelo de – 40ºC até 0ºC 36,36 .0,5 . (0 – (– 40)) = 727,2 cal
Calor para fundir o gelo 36,36 . 80 = 2908,8 cal
Calor para levar o gelo derretido de 0ºC até 10ºC 36,36 .1 . (10 – 0) = 363,6 cal
Calor para levar a água de 80ºC até 10ºC 50 .1,0 . (10 – 90) = – 4000 cal
(727,2) + (2908,8) + (363,6) + (– 4000) ≅ 0
Exemplo 8
Tabela 19
Calor para levar a água de 0ºC até 100ºC ma . 1,0 . (100 – 0) = 100 . ma
1080000
100 ma +(– 1080000) = 0 ma = = 10800 g ma = 10,8 kg
100
Exemplo 9
Misturam‑se 2 kg de vapor de água a 100ºC com certa quantidade de gelo a – 20ºC, resultando em
uma mistura de água e gelo em partes iguais de massa. Determine a massa inicial de gelo.
Solução:
Quando, numa mistura, restam água e gelo em equilíbrio térmico, a temperatura final é 0ºC.
Na tabela que segue, estão os calores trocados pelas partes entre a situação inicial até a situação
final.
31
Unidade I
Tabela 20
Calor para levar o gelo de –20ºC até 0ºC mgelo . 0,5 . (0 – (–20)) = 10 . mgelo
Exemplo 10
cal
Para o álcool etílico, temos o seguinte: calor latente de vaporização Lálcool = 202 ; calor específico
g
cal
no estado líquido Cálcool = 0,65 o ; ponto de ebulição 78ºC. Deseja‑se condensar 1000 g de álcool
gC
etílico em estado de vapor a 78ºC, convertendo‑o em líquido a 20ºC, extraindo calor mediante água que
se encontra inicialmente a 13ºC. Determine a massa de água estritamente necessária.
Solução:
ma = 34,24 kg
Exemplo de aplicação
Em um recipiente, com capacidade térmica desprezível, faz‑se a mistura de gelo e água. Determine:
32
fundamentos da termodinâmica
Tabela 21
3 Gases Perfeitos
Para qualquer sistema material composto de entidades elementares iguais entre si, vale a
definição:
”Mol é a quantidade de matéria contendo tantas entidades elementares quantos átomos existem em
12,000 g de carbono 12”. As medições conduzem à constante de Avogadro:
P . V = n .R . T (19)
33
Unidade I
A constante R pode ser calculada em qualquer estado de um corpo de gás perfeito, por exemplo,
aplicando os valores a seguir:
T = 273,15 K
Obtém‑se:
J
R = 8, 3143 (20)
mol . K
O número de moles n de uma quantidade de gás corresponde ao quociente entre o número de
moléculas N contidas no gás e o número de Avogadro NA.
N
n= (21)
NA
O número de moles n também pode ser calculado por meio do quociente entre a massa m do gás e
a massa molecular M do gás. A massa molecular M do gás é a massa de um conjunto de moléculas igual
ao número de Avogadro.
m
n= (22)
M
Observação
No gás perfeito, as moléculas são partículas de volume desprezível que interagem somente durante
eventual colisão, não havendo, portanto, coesão molecular e energia potencial interna. As colisões são
perfeitamente elásticas (a energia cinética antes da colisão é igual à energia cinética após a colisão), e
o movimento das partículas é caótico. A somatória da energia cinética das moléculas do gás perfeito
representa a sua energia interna U, que segue a lei de Joule, expressa pela equação:
U = n .CV . T (23)
34
fundamentos da termodinâmica
Na equação anterior, CV representa o calor específico molar do gás em volume constante. A energia
interna do gás perfeito só varia com a temperatura. Todos os gases que realmente existem são chamados
de gases reais. Quando bastante rarefeitos, eles comportam‑se muito aproximadamente como gás
perfeito.
Para um gás perfeito, a troca de calor com o ambiente externo é calculada utilizando a equação
fundamental da calorimetria, mas, ao invés de utilizar a massa m do gás, exprime‑se o calor utilizando
o número de moles n do gás, como mostrado a seguir.
m
Q = m . c . ∆T n= m – n . M Q = (n . M) . c . ∆T
M
Q = n . (M . c) . ∆T C = n . M
Q = n .C . ∆T (24)
A equação 24 expressa o calor trocado pelo gás em função do calor específico molar C do gás.
Esse calor específico depende do processo a que o gás é submetido. Quando o processo é isométrico, a
equação de calor é expressa por:
Q = n . CV . ∆T (25)
Q = n .CP . ∆T (26)
Na equação acima,CP é o calor específico molar do gás com a pressão mantida constante. Esses
calores específicos obedecem a uma relação conhecida como relação de Mayer, expressa por:
CP –CV = R (27)
Um corpo gasoso em equilíbrio ocupa volume V enquanto exerce e sofre pressão P. Em uma
transformação lenta, o volume sofre incremento diferencial dV (dV > 0 em expansão, dV < 0 em
compressão). O trabalho que o gás troca com o ambiente externo é:
dW = P . dV (28)
35
Unidade I
Em uma transformação finita entre os estados (1) e (2), o trabalho é expresso por:
V2
W12 = ∫ P. dV (29)
V1
Em um diagrama cartesiano de pressão versus volume, o trabalho W12 é representado pela área sob
a curva no intervalo de integração, conforme mostrado na figura a seguir.
x 105
3,5
3
(1)
2,5
2
P (N/m2)
1,5 (2)
1
W12 > 0
0,5
0
0 0,005 0,01 V1 0,015 0,02 V2 0,025 0,03 0,035 0,04
V (m3)
Figura 3
Na figura, a área sombreada é o trabalho realizado pelo gás em uma expansão, partindo do volume
V1 e chegando até o volume V2.
Lembrete
Exemplo 1
O ouro possui massa molar de M. Quantos átomos existem em uma amostra de m de ouro?
36
fundamentos da termodinâmica
Solução:
M 197
mátomo = mátomo = mátomo = 3,27 . 10–22g
NA 6, 02.1023
m 5, 00
Nátomos= Nátomos= Nátomos= 1,53 . 1022 átomo
matomo −22
á 3, 27.10
Exemplo 2
N
Uma quantidade de gás perfeito está à temperatura de 400 K, à pressão de 200000 2 , e ocupa um
volume de 5,00 m2. Qual é o número de moles n do gás? m
J
Dado: R = 8, 31
molk
.
Solução:
1 P. V 1 200000.5
P .V = n . R . T n= . n= . n = 300,84 mol
R T 8, 31 400
Exemplo 3
Um bom vácuo produzido em laboratório corresponde a uma pressão de 1 . 10–18 atm. Quantas
moléculas por centímetro cúbico existem nesse vácuo na temperatura de 300 K?
J N
Dados: R = 8, 31 NA = 6,02 . 1023 mol–1 1 atm = 105 2
mol .K m
Solução:
N N
1.10 −18 atm = 1.10 −18.105 2
= 1.10 −13
m m2
N 1 P. V
n= P . V = n .R . T n= .
NA R T
N 1 P. V
= . N NA P N 6, 02.1023 1.10 −1
= . = .
NA R T V R T V 8, 31 300
N
= 24,15.106 moléculas m2 1m = 100 cm 1m3 = 106 cm3
V
N
= 24,15 moléculas/cm3
V
37
Unidade I
Exemplo 4
Calcule a energia interna U de um gás perfeito, com número de moles n, na temperatura de 27ºC. O
3
calor específico molar do gás em volume constante é C V = R .
2
J
Dados: R = 8, 31 n = 1 mol
mol .K
Solução:
3 3 J
C V = R C V = 8, 31 = 12, 48
2 2 mol .K
27ºC = (27 + 273) K = 300 K U = n .CV . T U = 1 .12,48 . 300
U = 3744 J
Exemplo 5
Qual é a massa de 8 . 1024 átomos de oxigênio, cuja massa molar vale 0,032 kg/mol??
Solução:
Exemplo 6
Um gás perfeito está com volume V1, submetido à pressão P1 e à temperatura T1. Deseja‑se aumentar
sua pressão até P2 sem modificar o seu volume. O calor específico do gás em volume constante é
3
C V = R . Determine o calor trocado com o ambiente externo nesse processo.
2
Dados: V2 = V1 = 5 . 10–3 m3 P2 = 8 . 105 N P1 = 6 . 105 N
m2 m2
Solução:
P2 . V2 = n .R . T P1 . V1 = n .R . T1
38
fundamentos da termodinâmica
3
Q12 = n .CV . (T2 – T1) Q12 = n . R.( T2 − T1)
2
3 3
Q12 = (n .R . T2 − n .R . T1) Q12 = (P2 . V2 − P1. V1)
2 2
3
V2 = V1 Q12 = . V1.(P2 − P1)
2
3 3
Q12 = . 5.10 −3.(8.105 − 6.105 ) Q12 = . 5.10 −3.(8.105 − 6.105 )
2 2
Q12 = 1500 J
Exemplo 7
Um corpo de gás perfeito com massa m encontra‑se com volume V1 e está submetido à pressão
P1. O gás sofre uma compressão isobárica até a pressão V2. O calor específico molar do gás em pressão
5
constante é CP = R . Determine o calor trocado com o ambiente externo nesse processo.
2
N N
Dados: P1 = P2 = 12.10
5
2 V2 = 4.10 −3 2 V1 = 6 . 10–3 m3
m m
Solução:
P2 . V2 = n .R . T2 P1 . V1 = n .R . T1
P2 . V2 – P1 . V1 = n .R . T2 – n .R . T1 P2 . V2 – P1 . V1 = n .R . (T2 – T1)
5
Q12 = n .CP . (T2 – T1) Q12 = R.( T2 − T1)
2
5 5
Q12 = (n .R . T2 − n .R . T1) Q12 = (P2 . V2 − P1. V1)
2 2
5
P2 = P1 Q12 = .P1.( V2 − V1)
2
5
Q12 = .12.105.(4.10 −3 − 6.10 −3 ) Q12 = – 6000 J
2
39
Unidade I
Exemplo 8
O diagrama de pressão versus volume da figura a seguir representa as transformações sofridas por
um gás perfeito com um número de moles n = 1 mol. Determine o trabalho trocado com o ambiente
externo nos processos AB, ACB e ADB.
x 105
3,5
A C
3
2,5
2
P(N/m2)
1,5
0,5
D B
0
0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04
V (m3)
Figura 4
Solução:
Tabela 22
A B C D
Pressão (N/m ) 2
3 . 10 5
1 . 10 5
3 . 10 5
1 . 105
Volume (m3) 0,01 0,03 0,03 0,01
40
fundamentos da termodinâmica
Exemplo 9
O diagrama de pressão versus volume da figura a seguir representa as transformações sofridas por um
gás perfeito com um número de moles n = 1 mol. O calor específico molar do gás em volume constante é
3
C V = R . Determine a variação de energia interna ∆U do gás nas transformações AB, ACB e ADB.
2
x 105
3,5
A C
3
2,5
P(N/m2)
1,5
0,5
D B
0
0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04
V (m3)
Figura 5
Solução:
Tabela 23
A B C D
Pressão (N/m2) 3 . 105 1 . 105 3 . 105 1 . 105
Volume (m3) 0,01 0,03 0,03 0,01
3
∆U12 = n .CV . (T2 – T2) ∆U12 = n. R.( T2 − T2 )
2
3
∆U12 = (nR
. .T2 − nR
. .T1) P2 . V2 – P1 . V1 = (n . R . T2 – n . R . T1)
2
3 3
∆U12 = .(P2 . V2 − P1. V1) ∆U12 = .(P2 . V2 − P1. V1)
2 2
41
Unidade I
Logo,
3 3
∆UAB = .(PB . VB − PA . VA ) ∆UAB = .(1.105.0, 03 − 3.105.0, 01) = 0
2 2
3 3
∆UAC = .(PC . VC − PA . VA ) ∆UAC = .(3.105.0, 03 − 3.105.0, 01) = +9000
2 2
3 3
∆UCB = .(PB . VB − PC . VC ) ∆UCB = .(3.105.0, 03 − 3.105.0, 03) = −9000 J
2 2
3 3
∆UAD = .(PD . VD − PA . VA ) ∆UAD = .(1.105.0, 01 − 3.105.0, 01) = −3000 J
2 2
3 3
∆UDB = .(PB . VB − PD . VD ) ∆UDB = .(1.105.0, 03 − 1.105.0, 01) = +3000 J
2 2
Exemplo 10
N
30 atm = 30.105 P=?
m2
P. V
P . V = n .R . T n.R =
T
30.105.24.10 −3 P.17.10 −3 30.105.24 P.17
n.R = = =
313 343 313 343
42
fundamentos da termodinâmica
343 24 N
P= . .30.105 P = 46, 4.105
313 17 m2
P = 46,4 atm
Exemplo de aplicação
Um gás perfeito realiza uma transformação termodinâmica representada pelo diagrama de pressão
versus volume. Determine:
8
7
(1)
6
5
P (atm)
3
(2)
2
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
V (I)
Figura 6
Solução:
43
Unidade I
Entendendo o Universo como a união do sistema com o ambiente externo, sua energia é sempre a
mesma. Com base nesse princípio, exprime‑se a primeira lei da termodinâmica por:
∆U = Q – W (30)
O calor é considerado positivo quando entra no sistema e negativo quando sai. O trabalho
é considerado positivo quando sai do sistema (expansão) e negativo quando entra (compressão). A
primeira lei da termodinâmica é válida para sistemas sólidos, líquidos, gasosos ou para uma mistura
desses estados; porém, neste livro‑texto, a sua aplicação será feita somente para um sistema no estado
gasoso, considerado gás perfeito. Um gás perfeito possui três variáveis de estado: a pressão P, o volume
V e a temperatura T. Quando duas dessas variáveis são conhecidas, a terceira fica determinada pela
equação de Clapeyron. A energia interna U do gás perfeito depende somente de sua temperatura T.
Um gás perfeito pode ser submetido a uma infinidade de transformações termodinâmicas distintas,
classificadas segundo suas propriedades particulares. Seguindo esse critério, vamos estudar as
transformações isométrica, isobárica, isotérmica e adiabática. A seguir, iremos aplicar a primeira lei da
termodinâmica separadamente de cada uma dessas transformações, utilizando o gráfico cartesiano da
pressão versus o volume. Esse gráfico é denominado diagrama PV.
Nessa transformação, o gás mantém o seu volume constante; portanto, não há troca de trabalho
com o ambiente externo. Há alteração de temperatura do gás, implicando troca de calor com o ambiente
externo e também variação de energia interna. Na próxima figura está representado, em diagrama PV,
um processo isométrico realizado por um gás perfeito de calor específico molar em volume constante
3
C V = R . Aplicando a primeira lei:
2
44
fundamentos da termodinâmica
P2 . V2 = n .R . T2 P1 . V1 = n .R . T1 V2 = V1
4
P2
3,5 (2)
2,5
isométrica
P(atm)
1,5
P1
1
(1)
0,5 V1 = V2
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
V (I)
Figura 7
Nessa transformação, o gás mantém a sua pressão constante, havendo variação de volume e
temperatura. Há troca de trabalho com o ambiente externo. A alteração de temperatura do gás
implica variação de energia interna e troca de calor com o ambiente externo. Na próxima figura está
representado, em diagrama PV, um processo isobárico realizado por um gás perfeito de calor específico
3
molar em volume constante C V = R . Aplicando a primeira lei:
2
∆U12 = Q12 – W12 W12 = P2 . (V2– V1) Q12 = n .CP . (T2 – T1)
∆U12 = n .CV . (T2 – T1) n .CV . (T2 – T1) = n .CP . (T2 – T1) – P2 . (V2 – V1)
P2 . V2 = n .R . T2 P1 . V1 = n .R . T1 P2 = P1
45
Unidade I
3,5
2,5
P(atm)
1,5
P1 = P2
1
(1) isobárica (2)
0,5
W12
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
V (I)
Figura 8
No diagrama PV, está representada uma transformação isobárica. A área sob a transformação
representa o trabalho trocado com o ambiente externo. No sentido 1 → 2, aumenta a temperatura do
gás.
Nessa transformação, o gás mantém a sua temperatura constante, havendo variação de volume e
pressão. Há troca de trabalho com o ambiente externo. Não há variação de energia interna. Há troca
de calor com o ambiente externo. Na figura a seguir está representado, em diagrama PV, um processo
3
isotérmico realizado por um gás perfeito de calor específico molar em volume constante C V = R .
Aplicando a primeira lei: 2
P2 . V2 = n .R .T2 P1 . V1 = n .R . T1 T2 = T1
46
fundamentos da termodinâmica
V2
Q12 = W12 W12 = ∫ P.dV P . V = n .R .T
V1
V2
n .R . T n .R . T
T = cte P=
V
W12 = ∫ V
.dV
V1
V2
1 V
W12 = n .R . T . ∫ .dV W12 = n .R . T .In 2 n .R . T = P2 . V2 = P1 . V1
V1
V V1
V V
W12 = P2 . V2 .In 2 ou W12 = P1 . V1 .In 2
V1 V1
3,5
3
(1)
2,5
P (atm)
2 Isotérmica
1,5
(2)
1
W12 > 0
0,5
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
V (I)
Figura 9
47
Unidade I
No diagrama PV, está representada uma transformação isotérmica. A área sob a transformação
representa o trabalho trocado com o ambiente externo. Por inspeção na figura,temos: P1 = 2,5 atm,
V1 = 10 , P2 = 1 atm, V2 = 25 . Esses valores confirmam o produto P . V = cte em uma isotérmica.
Nessa transformação, o gás não troca calor com o ambiente externo, havendo variação de volume,
pressão e temperatura. Há troca de trabalho com o ambiente externo e ocorre variação de energia
interna. Na figura a seguir está representado, em diagrama PV, um processo adiabático realizado por um
3
gás perfeito de calor específico molar em volume constante C V = R . Aplicando a primeira lei:
2
∆U12 = Q12 – W12 W12 ≠ 0 ∆U12 = CV . (T2 – T1)
P2 . V2 = n . R . T2 P1 . V1 = n . R .T1
dU = dQ – dW dQ = 0 dW = P . dV
dU = n . CV .dT dU = – dW n .Cv .dT = – P . dV
P . dV + V .dP = n . R . dT – n .CV .dT + V . dP = n . R .dT
– n .CV .dT + V . dP = n . R . dT V .dP = n . R .dT + n . CV .dT
V . dP = n . (R + CV) . dT R + CV = CP
V . dP = n . CP . dT P . dV = – n .CV .dT
V . dP n . CP . dT V . dP CP
= =
P. dV n . C V . dT P. dV C V
CP V . dP
=γ = −γ
CV P. dV
dP dV dP dV
P
= –γ .
V ∫P = –γ .∫
V
In (P) = – γ . In(V) + cte In (P) + – γ . In(V) + cte
P . Vγ = cte (31)
48
fundamentos da termodinâmica
V2 V2 V2
cte dV
W12 = ∫ P. dV W12 = ∫ V γ . dV W12 = cte . ∫
Vγ
V1 V1 V1
V2 V2 V2
−γ V − γ +1 V − γ .V
W12 = cte . ∫ V . dV W12 = cte . W12 = cte.
−γ + 1 V1 1− γ V1
V1
P2 . V2
P. V
P = cte . V –γ W12 =
1− γ P1. V1
3,5
3
5
2,5
(1) γ=
3
P (atm)
2
Adiabática
1,5
Isotérmica
1
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
V (I)
Figura 10
No diagrama PV, está representada uma transformação adiabática. A área sob a transformação
representa o trabalho trocado com o ambiente externo. Por inspeção na figura, temos: P1 = 2,5 atm,
V1 = 10 e V2 = 25 . A pressão P2 é obtida aplicando a equação P . Vγ = cte.
49
Unidade I
P2 . V2 − P1. V1
W12 = P2 . V2γ = P1. V1γ P2 . V2γ = P1. V1γ
1− γ
CP 3
γ= CP = R + R
C V C = C + R 2
P V
5 (5 / 3)R 5
CP = R γ= γ=
2 (3 / 2)R 3
0, 543.25 − 2, 5.10
W12 =
P2 . 255/3 = 2,5 . 105/3 P2 = 0,543 atm 5
1−
3
3 3
∆U12 = (P2 . V2 − P1. V1) ∆U12 = (0, 543.25 − 2, 5.10)
2 2
Um gás perfeito executa uma transformação cíclica quando o estado final do gás coincide com seu
estado inicial. Nessa situação, necessariamente a temperatura final e a temperatura inicial do gás são
iguais; isso implica que, em uma transformação cíclica, a variação de energia interna do gás é nula, ou seja:
∆Uciclo= 0 (33)
Em diagrama PV, o trabalho no ciclo é igual a sua área interna. Quando é percorrido no sentido
horário, o trabalho no ciclo é positivo. Quando é percorrido no sentido anti‑horário, o trabalho no ciclo
é negativo. Na próxima figura está representado, em diagrama PV, um processo cíclico realizado por um
3
gás perfeito de calor específico molar em volume constante C V = R . Esse ciclo é constituído pelas
transformações: 2
50
fundamentos da termodinâmica
Adiabática (1 → 2), isométrica (2→3) e isotérmica (3→1). A seguir, estão os valores de pressão e
volume dos estados 1, 2 e 3 do gás.
Tabela 24
Os valores de calor, trabalho e variação de energia interna para cada transformação do ciclo são:
3,5
3
5
2,5 γ=
(1) 3
P (atm)
2
Isotérmica
1,5
Adiabática (3)
1
Wciclo < 0
0,5 Isotérmica
(2)
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
V (I)
Figura 11
51
Unidade I
No diagrama PV, está representada uma transformação cíclica. A área interna ao ciclo é o
trabalho trocado com o ambiente externo, que é igual também ao calor trocado com o ambiente
externo (Wciclo = Qciclo).
Lembrete
Exemplo 1
a)
5 /3
V1 5
P1. V1γ = P2 . V y 1. V15/3 = 5. V25/3 V = =5
2
2 1
V1 P1. V1 P2 . V2 1. V1 5. V2
= 53/5 = 2, 63 = =
V2 T1 T2 300 T2
V1 5. 300 5. 300
= 2, 63 =
V2 1. T2 1. T2
5. 300
T2 =
2, 63 T = 570 K
2
52
fundamentos da termodinâmica
b)
m 1000 3 3
n= = = 34, 6 mol C V = .R = . 8, 314
∆U12= n .CV . (T2 – T1) M 28, 9 2 2
J
C V = 12, 471
mol.K
W12 = – 116504 J
∆U12= 116504 J
Exemplo 2
Um corpo de ar que se comporta como gás perfeito é submetido, de modo reversível, a uma
transformação cíclica, representada no diagrama PV a seguir. Determinar o trabalho realizado pelo gás
no ciclo e o calor recebido pelo gás na transformação 2 → 3.
3
Dado: C V = R
2
8
7
(2)
6
5
P(atm)
3
(3)
2
(1)
1
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
V (I)
Figura 12
53
Unidade I
Solução:
Tabela 25
O trabalho no ciclo é igual à sua área interna. No caso, trata‑se de um triângulo. Então:
(P2 + P3 ) (6, 0 + 2, 0)
W23 = .( V3 − V2 ) = .(8, 0 − 3, 0) = 20 atm.
2 2
3
∆U23 = n. C V .( T3 − T2 ) = n. R.( T3 − T2 )
2
3
∆U23 = .(P3 . V3 − P2 . V2 )
2
3
∆U23 = .(8, 0. 2, 0 − 6, 0. 3, 0) = −3, 0 atm.
2
Exemplo 3
Um gás perfeito executa o ciclo representado na figura a seguir. Completar as tabelas (I) e (II).
3
Dados: C V = R ; T1 = 200 K
2
54
fundamentos da termodinâmica
8
(1) (2)
7
5
P(atm)
3
(4) (3)
2
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
V (I)
Figura 13
Tabela 26
Tabela 27
Solução:
P. V
n.R = = cons tan te
T
P1. V1 P2 . V2 P3 . V3 P4 . V4
= = =
T1 T2 T3 T4
55
Unidade I
Tabela 28
A variação de energia interna, para qualquer tipo de transformação, segue a equação, ∆U = n . CV . ∆T.
Para qualquer estado de um gás perfeito vale a equação de Clapeyron P . V = n . R . T.
3 3
∆U12 = n . C V .( T2 − T1) = n . R .( T2 − T1) = (P2 . V2 − P1. V1)
2 2
3
∆U12 = .(7, 0.8, 0 − 7, 0.2, 0) ∆U12 = +63 atm.
2
3 3
∆U23 = n . C V .( T3 − T2 ) = n . R .( T3 − T2 ) = (P3 . V3 − P2 . V2 )
2 2
3
∆U23 = .(3, 0.8, 0 − 7, 0.8, 0) ∆U23 = −48 atm.
2
3 3
∆U34 = n . C V .( T4 − T3 ) = n . R .( T4 − T3 ) = (P4 . V4 − P3 . V3 )
2 2
3
∆U34 = .(3, 0.2, 0 − 3, 0.8, 0) ∆U34 = −27 atm.
2
56
fundamentos da termodinâmica
3 3
∆U41 = n . C V .( T1 − T4 ) = n . R .( T1 − T4 ) = (P1. V1 − P4 . V4 )
2 2
3
∆U41 = .(7, 0.2, 0 − 3, 0.2, 0) ∆U41 = −12 atm.
2
O calor em cada transformação pode ser calculado diretamente utilizando a equação da primeira lei
da termodinâmica: Q = ∆U + W.
Tabela 29
W (atm . ) 42 0 – 18 0
∆U (atm . ) + 63 – 48 – 27 + 12
Exemplo 4
Um corpo de gás perfeito percorre o ciclo reversível esquematizado no sentido anti‑horário. O ciclo
é composto pelas seguintes transformações: adiabática 1 → 2, isobárica 2 → 3 e isotérmica 3 → 1.
Pedem‑se:
c) o trabalho, o calor e a variação de energia interna em cada uma das transformações que compõem
o ciclo;
57
Unidade I
14
13
(1)
12
11
10
9
Isotérmica
8
P (atm)
Adiabática
7
6
5
4
(2) Isobárica (3)
3
2
1
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
V (I)
Figura 14
Solução:
P. V
a) Para determinar o número de moles, é preciso utilizar a equação de Clapeyron: n = . Para o
R.T
P .V 12.6
estado vale: n = 1 1 ∴n = = n = 2, 2 mol
R.T1 8, 31.10 −2.400
b) Na tabela a seguir, estão os valores de pressão, volume e temperatura que já são conhecidos.
Tabela 30
Faltam as temperaturas T2 e T3 e o volume V2. Para obtermos esses valores, utilizaremos a equação de
Clapeyron e a equação da transformação adiabática.
58
fundamentos da termodinâmica
3/5
12.65/3 12.6 4.116, 4.18
V2 = = =
4 V2 = 11,6 400 T2 T3
4.116
, .400
T2 =
12.6 T = 257,8 K
2
4.18.257, 8
T3 =
4.11, 6 T = 400 K
3
Tabela 31
c) O trabalho para cada uma das transformações é calculado pelas equações a seguir:
• Adiabática
• Isobárica
• Isotérmica
V 6
W31 = P3(1) . V3(1) .In 1 = 4.18.In W31 = – 79,1 atm .
V3 18
O calor para cada uma das transformações é calculado pelas equações a seguir:
• Adiabática
Q12 = 0
59
Unidade I
• Isobárica
5 5
Q23 = n . CP .( T3 − T2 ) = n . R .( T3 − T2 ) = .(n .R . T3 − n .R . T2 )
2 2
5 5
Q23 = .(P3 . V3 − P2 . V2 ) = .(4.18 − 4.116 , )
2 2
Q23 = 64 atm .
• Isotérmica
• Adiabática
3 3
∆U12 = n . C V .( T2 − T1) = n . R .( T2 − T1) = .(P2 . V2 − P1. V1)
2 2
3 3
∆U12 = .(P2 . V2 − P1. V1) = .(4.11, 6 − 12.6)
2 2
• Isobárica
3 3
∆U23 = n.C V .( T3 − T2 ) = n. R.( T3 − T2 ) = .(P3 . V3 − P2 . V2 )
2 2
3 3
∆U23 = .(P3 . V3 − P2 . V2 ) = .(4.18 − 4.11.6)
2 2
∆U23 = 38,4 atm .
• Isotérmica
3 3
∆U31 = n . C V .( T1 − T3 ) = n . R .( T1 − T3 ) = .(P1. V1 − P3 . V3 )
2 2
3 3
∆U31 = .(P1. V1 − P3 . V3 ) = .(12.6 − 4.18)
2 2
∆U31 = 0
60
fundamentos da termodinâmica
d) Para verificarmos o balanço energético do ciclo, precisamos calcular o trabalho, o calor e a variação
da energia interna no ciclo e, em seguida, aplicar a primeira lei da termodinâmica.
Exemplo 5
61
Unidade I
3.5
(2)
3
2.5
2
P(atm)
(3)
1.5
(1)
1
0.5
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110
V(I)
Figura 15
Solução:
a)
• Adiabática
b)
• Isométrica
3
Q23 = n .CV . (T3 – T2) Q23 = n . R .( T3 − T2 )
2
62
fundamentos da termodinâmica
3 3
Q23 = (nRT3 − nRT2 ) = (P3 . V3 − P2 . V2 )
2 2
3
Q23 = (2.50 − 3,174.50) Q23 = – 88,05 atm .
2
Exemplo 6
b) o calor na transformação 3 → 1;
c) as temperaturas T2 e T3.
3 5
Dados: C V = R CP = R T1 = 500 K
2 2
12
11
(3)
10
9
8
Isométrica
7
P(atm)
6
5
4
(1) Isobárica (2)
3
2
1
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
V(I)
Figura 16
Solução:
O trabalho no ciclo é a soma dos trabalhos das transformações que compõem o ciclo, ou seja:
(P1 + P3 ) (4 + 10)
W31 = ⋅ ( V1 − V3 ) = ⋅ (2 − 13)
2 2
W31 = – 77 atm .
Wciclo = – 33 atm .
b)
3
∆U31 = n ⋅ C V ⋅ ( T1 − T3 ) = n ⋅ R ⋅ ( T1 − T3 )
2
3 3
∆U31 = (n ⋅ R ⋅ T1 − n ⋅ R ⋅ T3 ) = (P1 ⋅ V1 − P3 ⋅ V3 )
2 2
3
∆U31 = .(4.2 − 10.13)
2
∆U31 = – 183 atm .
c)
Equação de Clapeyron:
P. V
n.R = = constante
T
64
fundamentos da termodinâmica
T2 = 3250 K T3 = 8125 K
Exemplo 7
Um corpo de gás perfeito percorre o ciclo reversível esquematizado no sentido horário. O ciclo é
composto pelas seguintes transformações: isotérmica 1 → 2, isobárica 2 → 3 e isométrica 3 → 1.
Pedem‑se:
b) o trabalho no ciclo.
3 5
Dados: C V = R CP = R T1 = 250 K
2 2
20
19
18
17 (1)
16
15
14
13
12
11
P (atm)
10
9
8
7
6 (2)
5 (3)
4
3
2
1
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50
V (I)
Figura 17
Solução:
a)
Na isotérmica, vale:
P1 . V1 = P2 . V2 P1 . 12 = 5 . 40 P1 = 16,7 atm
65
Unidade I
P. V
n.R = = constante
T
T2 = 250 K T3 = 75 K
b)
V 40
Wíndice = W12 + W23 + W31 W12 = P1. V1.ln 2 W12 = 16, 7.12.ln
V1 12
Exemplo 8
a) isotérmica;
b) adiabática.
3 5 5 atm
Dados: C V = R CP = R γ = R = 8, 31.10 −2 n=1mol
2 2 3 mol .K
Solução:
a)
Isotérmica
T1 = T2 P1 . V1 = P2 .V2
66
fundamentos da termodinâmica
isotérmica V
W12 = P1. V1 .ln 2
V1 P .V = n . R . T
isotérmica V 20
W12 = n .R . T .ln 2 isotérmica
W12 = 1.0, 0831.1000.ln
V1 10
isotérmica
W12 = 57, 6 atm. isotérmica
∆U12 isotérmica
= Q12 isotérmica
− W12
isotérmica
∆U12 = 0 isotérmica
Q12 isotérmica
= W12
isotérmica 20
Q12 = 57, 6 atm ⋅ 57, 6 = P1 .10 .ln
10
P2 = 4,155 atm
b)
Adiabática
adiabática 3 adiabatica 3
∆U12 = n . .R .( T2 − T1) ∆U12 = 1. .0, 0831.(630 − 1000)
2 2
adiabática adiabática
∆U12 = −46,1 atm. W12 = −( −46,1)
adiabática
∆U12 = −46,1 atm. P1. V1γ = P2 . V2γ
5 5 P1. V1 P2 . V2
=
P1.10 3 = P2 .20 3 T1 T2
5 5
P1.10 P2 .20 P1.10 3 P2.20 3
= =
1000 T2 10.P1 / 1000 20.P2 / T2
67
Unidade I
5 5
1000.10 3 T2 .20 3 T2 = 630 K
=
10 20
P2 .20 − P1.10
46.1 =
adiabática P2 . V2 − P1. V1 5
W12 = 1−
1− γ 3
P2 = 2,616 atm P1 = 8,305 atm
Exemplo 9
Um gás perfeito percorre o ciclo reversível esquematizado. Determinar o trabalho, o calor e a variação
de energia interna no ciclo.
12
11
10
(2)
9
8
7
P(atm)
6
(3)
5
4
(1)
3
2
1
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
V(I)
Figura 18
Solução:
O trabalho no ciclo é igual à soma dos trabalhos de cada transformação que compõe o ciclo.
(P2 + P3 ) ( 9 + 5)
W23 = .( V3 − V2 ) = .(16 − 12) W23 = 28 atm .
2 2
(P3 + P1) (5 + 3)
W31 = .( V1 − V3 ) = .(4 − 16) W31 = – 48 atm .
2 2
Wciclo = (+ 48) + (+ 28) + (– 48)
Exemplo 10
Um gás perfeito estando no estado inicial (i ) pode evoluir para o estado final (f ) pela trajetória iaf ou pela
trajetória ibf. O trabalho trocado com o ambiente externo na trajetória de volta fi é Wfi = – 85 atm . . Pedem‑se:
3 5
Dado: C V = R; CP = R
2 2
12
11
(a) (f)
10
9
8
7
P(atm)
6
5
4
3 (b)
(i)
2
1
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
V(I)
Figura 19
69
Unidade I
Solução:
a)
3 3
Qia = n . C V .( Ta − Ti ) = n . R .( Ta − Ti ) = (Pa . Va − Pi . Vi )
2 2
3
Qia = .(10.4 − 3.4 ) Qia = 42 atm .
2
5 5
Q af = n . CP .( Tf − Ta ) = n . R .( Tf − Ta ) = (Pf . Vf − Pa . Va )
2 2
5
Q af = .(10.14 − 10.4 ) Qaf = 250 atm .
2
Qiaf = 42 + 250
b)
5 5
Qib = n.CP .( Tb − Ti ) = n. R.( Tb − Ti ) = (Pb . Vb − Pi . Vi )
2 2
5
Qib = .(3.14 − 3.4 ) Q = 75 atm .
2 ib
3 3
Qbf = n.C V .( Tf − Tb ) = n. R.( Tf − Tb ) = (Pf . Vf − Pb . Vb )
2 2
3
Qbf = .(10.14 − 3.14 ) Q = 147 atm .
2 bf
Qibf = 75 + 147
Qibf = 22 atm .
70
fundamentos da termodinâmica
c)
Qiafi = Wiafi
Qibfi = Wibfi
Wbf = 0
Exemplo de aplicação
Um gás perfeito, com número de moles igual a n, realiza o ciclo de transformações indicadas. A
transformação 1 → 2 é adiabática e a transformação 3 → 1 é isométrica. Pedem‑se:
71
Unidade I
3 5 5 atm.
Dados: C V = R; CP = R; γ = ; R = 0, 0831
2 2 3 molK
.
12
11
(2)
10
9
8
7
P (atm)
(3)
6
5
4
3
2
(1)
1
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54
V (I)
Figura 20
Tabela 33
Tabela 34
72
fundamentos da termodinâmica
Resposta:
a) n = 6 mol
b)
Tabela 33 (1) (2) (3)
P (atm) 1,6 10 6
V () 48 16 48
T (K) 154 321 577,6
c)
Tabela 34 ∆U (atm . ) Q (atm . ) W (atm . )
1→2 + 124,8 0 – 124, 8
2→3 + 192 + 448, 0 + 256, 0
3→1 – 316, 8 – 316, 8 0
Ciclo 0 131,2 131,2
Resumo
Equação do Clapeyron
P.V=n.R.T
Equação de Calor
Equação de Trabalho
V2
W12 = ∫ P ⋅ dV
V1
73
Unidade I
Equação de Mayer
CP – CV = R
Quociente entre CP e CV
CP
γ=
CV
Número de Moles
m
n=
M
Transformação Isométrica
P1 P2 P
V1 = V2 = V = cte = = = cte ∆U = Q e W = 0
T1 T2 T
Transformação Isobárica
V1 V2 V
P1 = P2 = P = cte = = = cte ∆U = Q – W ≠ 0
T1 T2 T
Transformação Isotérmica
T1 = T2 = T P1 . V1 = P2 . V2 = P . V = cte ∆U = Q – W = 0
Transformação Adiabática
Q=0 P1 ⋅ V1γ = P2 ⋅ V2γ = P ⋅ V γ = cte ∆U = – W
Transformações Termodinâmicas Principais
Variação de energia interna Calor Trabalho
∆U12 Q12 W12
Isométrica n . CV . (T2 – T1) n . CV . (T2 – T1) 0
P1 ⋅ ( V2 − V1)
Isobárica n . CV . (T2 – T1) n . CP . (T2 – T1) (2)
V V
Isotérmica 0 P1 ⋅ V1 ⋅ ln 2 P1 ⋅ V1 ⋅ ln 2
(2) (2) V1 (2) (2) V1
74
fundamentos da termodinâmica
Conversão de Unidades
1 = 10–3 m3
N
1 atm ≅ 105
m2
1N.m=1J
1 atm . = 100 J
Exercícios
Questão 1. Um gás perfeito, ao sofrer uma variação de temperatura de 100 K, troca com o ambiente
uma quantidade de calor de 120 J em um processo isométrico. Para essa mesma variação de temperatura,
o gás troca com ambiente 200 J em um processo isobárico. Qual é o trabalho trocado pelo gás com o
ambiente em pressão constante?
A) 320 J
B) – 80 J
C) 80 J
D) 40 J
E) 0
∆UV = QV – WV
∆UP = QP – WP
∆UV = ∆UP = n . CV . ∆T
QV = n . CV . ∆T WV = 0
QP = n . CP . ∆T WP = ?
QV – WV = QP – WP
75
Unidade I
QV = QP – WP
WP = 200 – 120
WP = 80 J
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: o trabalho na transformação isobárica não pode ser superior ao calor trocado com o ambiente.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa correta.
Justificativa: com base na primeira lei da termodinâmica, o trabalho realizado pelo gás é a diferença
entre o calor trocado e a sua variação de energia interna, conforme mostrado na resolução.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: o trabalho deve ser maior do que a diferença entre o calor trocado com o ambiente e a
variação de energia interna, conforme diz a primeira lei da termodinâmica.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: em uma transformação isobárica o gás sofre uma variação no seu volume, logo, o
trabalho não pode ser nulo.
A) 35,5 atm .
B) 0
C) 69,3 atm .
D) 104,8 atm .
E) – 35,50 atm .
76
fundamentos da termodinâmica
5
Dado: γ =
3
25
24
22
(1)
20
18
16
14
P(atm)
12
(2)
10
8
6
(3)
4
2
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
V(I)
Figura 21
P1 = 20 atm V1 = 5 P2 = 10 atm V2 = 10
V 10
W12 = P1. V1.ln 2 W12 = 20.5.ln
V1 5
P2 = 10 atm V2 = 10 P3 = ? V3 = 15
5 5
P3 . V3γ = P2 . V2γ
3
3
P3 ⋅15 = 10 ⋅10
P3 = 5,09 atm
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Unidade I
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: observa‑se pela figura que a área sob a curva das duas transformações é maior que
35,5 atm . .
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: a soma dos trabalhos em cada transformação é maior do que 69,3 atm . . Isso também
pode ser observado pela figura, contabilizando a área dos quadradinhos.
D) Alternativa correta.
Justificativa: um indicativo de que esse resultado está correto é que a soma das áreas dos
quadradinhos sob as curvas das transformações está próxima desse valor, o que foi confirmado pelos
cálculos das equações.
E) Alternativa incorreta.
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