O processo de diagnóstico:
os instrumentos de adivinhação
No contexto da prática médica tradicional, os
instrumentos de adivinhação são auxiliares
indispensáveis do processo de diagnóstico. Ajudam o
Ñanga na identificação do problema e das causas do
mesmo por via da sua interpretação.
O processo de diagnóstico: os instrumentos de adivinhação
Neste espólio, para além de vários Tinhlolos existem ainda outros instrumentos de adivinhação, nomeadamente o Macanga e o Hakata:
Macanga – instrumento de adivinhação feito de caniço, usado da Zambézia. Tem a forma de um tapete duplo e estreito, ligado numa das
extremidades. O Macangueiro (espécie de adivinho que trabalha com a macanga) manobra-o de forma quase imperceptível afastando-o
em V e fazendo-o dobrar-se para a esquerda e para a direita, interpretando as suas variações
Hakata, Cakhata, Chacata, Kagata ou Thiakata - instrumento de adivinhação composto por 6 meias cascas de canho que o
Nhacuambeza (espécie de adivinho que, em Tete, trabalha com as hakatas) lança como dados sobre a esteira, com particular utilização
no caso de diagnóstico de possessão. Frequentemente são furadas para poderem ser transportadas enfiadas num aro metálico. Um outro
instrumento de adivinhação semelhante a este é o Tinguenha, composto por um conjunto de 6 escamas dorsais de crocodilo (nhacoco)
em vez das meias cascas.
Tal como para outras designações, o nome destes instrumentos de adivinhação varia consoante a região sendo estas as designaçãoes
correntes no centro e sul de Moçambique.
A primeira referência escrita ao uso de instrumentos de adivinhação, nomeadamente os Cakhatas data da viragem do século XVI – “As
sortes de que...usão são uns pequenos pedaços de pau redondos, espalmados e furados pelo meio e mais pequenos que távolas de
jogar: a estes paus ou sortes chamam os cafres chacatas, e todo o cafre traz estas chacatas consigo, enfiadas em ua linha, pera usar
delas quando lhe sucede algua cousa duvidosa; nos quês casos lançam estas sortes…” Frei João dos Santos (1609) Etiópia Oriental ,
Livro 1º, Cap. XIV, ed. CNCDP, p. 117, 1999.