2. Os grupos Balint – para que servem? Quais seus objetivos principais? O foco se dá
em que tipo de relação?
O grupo Ballint: servir como importante ferramenta para ação psicoterapêutica, além
da ferramenta medicamentosa ou farmacológica. Nos grupos de Ballint, a discursão
dos atendimentos é realizada buscando o entendimento da forma como a intervenção
se dá ou ocorreu. Frente a isso, a atitude do médico, segundo Ballint, poderá sofrer
uma modificação, transformação, porque também a atitude é discutida.
No atual cenário brasileiro ainda existe uma forte dicotomia entre o que é somático e
o que é psíquico, acabando por dividir o indivíduo em partes a serem estudadas por
diferentes profissionais, porém, aos poucos essa realidade vem se alterando, partindo
da importância de um atendimento interdisciplinar e enxergando como importante
essa visão do indivíduo como todo que se influência. Passando a ser observada
também na relação entre o médico e o paciente, visto que uma boa relação favorece o
manejo e o entendimento do fenômeno psicossomático, tirando o foco da doença e
passando para o indivíduo adoecido e as relações que estabelece com o mundo.
12. O sistema imune como mediador da vida. Relação entre estresse e sistema imune. As
fases do estresse. As principais doenças discutidas em psicossomática: urticária,
asma brônquica, doenças infecciosas e câncer.
Mais uma vez lembramos que o estresse desempenha sobre o sistema imune um
papel de inibiçãoou estimula parte importante de seus componentes, oque, em certos
casos, poderia levar a um aumento demorbidade e mortalidade, por dificuldade nos
mecanismos de coping.
Câncer –Kissen (1966) Esse autor postulou que estes pacientes apresentam uma típica
tendência a suprimir seus problemas emocionais e conflitos. Por tudo isso, eles teriam
uma “saída diminuída para a descarga emocional”.
13. O câncer como modelo de doença integral. Diferença entre ciência e dogma. O
câncer numa leitura de reconhecimento entre ego e não ego. A psicossomática e o
entendimento holístico de um paciente com câncer.
O câncer é uma doença vinculada à pessoa integral do paciente, ele deve ser o reflexo de
suas relações pessoais, de sua vida familiar e social. Leshan e Worthington (Leshan, 1956)
fizeram um importante trabalho de ordem estatística a esse respeito. Postularam que se
estes fatos são verdadeiros, a incidência do câncer nos diferentes grupos sociais deveria
variar em relação à frequência com que houvesse se produzido uma alteração em sua vida
de relação ou uma perda sentimental grave.
O não ego só pode ocorrer depois da estruturação do ego, pois o não ego só pode ser lido
em função do ego. Todo elemento alheio ao ego não pode ser considerado como não ego,
enquanto a estrutura mental, a evolução biológica (e a imunológica) não tiverem
reconhecido o ego. Por exemplo: usamos a palavra antígeno como uma marca
identificatória do não ego, que determina uma leitura especifica do ego necessária para o
reconhecimento do não ego.
A partir desse olhar ampliado, observamos que os sintomas descritos pelas equipes de
saúde podem indicar um sinal de desordem no cuidado das inter-relações grupais ou
familiares. Ou seja, uma criança que recorrentemente aparece no Posto de Saúde para
consultar por questões de cuidados à epiderme, ou mesmo por dificuldades
respiratórias, pode estar suscitando, além dos cuidados médicos, atenção à
psicodinâmica de sua família ou a dificuldades de socialização na creche. O “sintoma”
recorrente pode estar revelando, sobretudo, a incapacidade dos grupos ou atores
sociais em gerenciar seus recursos, tanto materiais como pessoais, para dar suporte ao
desenvolvimento das pessoas na vida em sociedade.
O fazer psicológico na perspectiva da saúde coletiva necessita considerar os princípios
do SUS (Sistema Único de Saúde), que são: universalidade, equidade e integralidade.
Nesse sentido, é fundamental a noção de rede de saúde que inclui a perspectiva do
diálogo entre a atenção básica (postos de saúde), a média complexidade (por exemplo,
os CaP´s: Centros de atenção Psicossocial) e a alta complexidade (hospitais). É
necessário incorporar, nas ações do psicólogo, aspectos como interdisciplinaridade,
capacidade de relacionar conhecimentos da psicologia social com a psicologia clínica,
bem como focar a promoção em saúde mental como eixo das intervenções
relacionadas ao campo.
PROVAS
8. O processo de adoecimento vem sendo cada vez mais reconhecido como determinado
por variáveis psicológicas, sociais e biológicas. Acerca desse tema, julgue os itens a
seguir.
a) (F) A organização psicossomática individual provavelmente resulta de uma
interação inadequada entre mãe e filho, independentemente das características
inatas da criança;
b) (V) Manifestações somáticas podem ocorrer em resposta a dor ou a conflitos
psíquicos originados em uma fonte de estresse superior à capacidade de tolerância
do indivíduo;
c) (F) As capacidades sensitivas e motoras funcionam dentro de certos limites, mas
não variam de indivíduo para indivíduo e ao longo do tempo para um mesmo
indivíduo;
d) (F) O entendimento de que doenças decorrem também de variáveis
comportamentais e emocionais, não apenas da ação de vírus e bactérias, é uma
das consequências da alta aceitação do modelo biomédico de saúde nos dias
atuais.
SLIDE
ANTECEDENTES:
NEUROSE DE DEFESA
ATUAL MEDIAÇÃO SIMBÓLICA
MECANISMO DE RECALCAMENTO
EXPRESSÃO DE FANTASIAS INCONSCIENTES
SENTIDO EM SUA ORIGEM
TIPOS: HISTERIA , NEUROSE OBSESSIVA , NEUROSE FÓBICA
NEUROSE ATUAL
AUSÊNCIA DE MEDIAÇÃO SIMBÓLICA
AUSÊNCIA DE MECANISMO DE RECALCAMENTO
EXPRESSÃO DE FANTASIAS INCONSCIENTES
NENHUM SENTIDO EM SUA ORIGEM
TIPOS: NEURASTENIA, NEUROSE DE ANGÚSTIA, HIPOCONDRIA
Escola psicossomática de Paris: Marty, Fain, Uzan e David – não se encaixavam nem na
conversão nem na neurose atual; insuficiência de mecanismos de defesa neurótica nos
pacientes e substituição por mecanismos somáticos desprovidos de dimensão
simbólica; interesse pelas relações de objeto pré-genitais;
Estrutura psicossomática inata: Monismo – continuidade entre psíquico e somático e
mecanismos psíquicos diferentes, que atestavam a insuficiência do funcionamento
psíquico na gênese das doenças somáticas;
O conceito de pensamento operatório: paradigma da psicossomática, atesta a pobreza
de vida onírica e de processo de simbolização e carência expressiva dos afetos;
Tem um princípio evolucionista no entendimento dos sintomas;
GRUPO BALLINT
MICHAEL BALINT: “atenção” voltada à “relação médico-paciente” e ao que se produz
nessa relação, ou seja, o fenômeno transferencial.
Primeiras empreitadas em direção ao que veio a se configurar como as Psicoterapias
Dinâmicas e Psicoterapias Breves.
Grupos Balint: servir como importante ferramenta para a ação psicoterapêutica, além
da ferramenta medicamentosa ou farmacológica. Nos Grupos Balint, a discussão dos
atendimentos é realizada buscando o entendimento da forma como a intervenção se
dá ou ocorreu. Frente a isso, a atitude do médico, segundo Balint, poderá sofrer uma
modificação, transformação, porque também a atitude é discutida.
CONCLUSÃO
Balint não pensou o grupo como um processo terapêutico e notamos em sua obra
que a possibilidade de um grupo com essa finalidade não recebeu a sua atenção,
porém reconheceu que os participantes obtêm uma limitada, embora considerável,
transformação da personalidade (BALINT, 2005, p 223). Verificamos esses mesmos
efeitos nos grupos que organizamos com profissionais de saúde. Além disso, ao
organizarmos grupos com outros profissionais, dos campos de gestão e educação,
encontramos resultados equivalentes.
Algumas REFLEXÕES:
Se nos debruçarmos sobre esse caso clínico, ainda que em seus aspectos
mais evidentes, dificilmente deixaríamos de notar algumas “coincidências”, por
exemplo, a piora dos sintomas digestivos e o aparecimento da dor na região lombo-
sacra com a vinda da paciente para São Paulo poderiam expressar que esse
acontecimento resultou em sofrimento para AML; afinal, o afastamento de seu meio
familiar e social poderia ser sentido como algo penoso, o que seria perfeitamente
compreensível. Se foi suficientemente intenso a ponto de provocar uma expressão
física, como as percebidas na história clínica, é difícil afirmar, pois essa paciente
não parece apresentar tal fragilidade egóica, há relato de ser uma pessoa que leva
a sério seus compromissos e exigente o bastante para não tolerar atrasos e vem
sustentando, ainda que com sofrimento, uma posição antagônica a de seus pais.