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Planejamento de Ensino

Módulo I

Parabéns por participar de um curso dos


Cursos 24 Horas.
Você está investindo no seu futuro!
Esperamos que este seja o começo de
um grande sucesso em sua carreira.

Desejamos boa sorte e bom estudo!

Em caso de dúvidas, contate-nos pelo


site
www.Cursos24Horas.com.br

Atenciosamente
Equipe Cursos 24 Horas
Sumário

Introdução..................................................................................................................... 3
Unidade 1 - Conceituação ............................................................................................. 4
1.1 - O que é planejamento educacional?....................................................................... 5
1.2 - Fases e etapas do planejamento............................................................................. 9
1.3 - Recursos Didáticos ............................................................................................. 22
1.4 - Implementação e controle do planejamento......................................................... 31
Unidade 2 - Alicerçando o planejamento..................................................................... 36
2.1 - Instrumentos úteis ao planejamento..................................................................... 37
2.2 - Currículo Escolar ................................................................................................ 42
2.3 - Estruturação Didática da Aula............................................................................. 47
2.4 - Projeto Escolar - Projeto Político Pedagógico (PPP)............................................ 57
Conclusão do módulo ................................................................................................. 69
Introdução

Prezado(a) Aluno(a),

O planejamento já faz parte do dia a dia do


professor, porém todo início de ano letivo o
educador se sente angustiado e pressionado por
essa etapa. Falar de planejamento nas escolas
tornou-se um tabu, por diversos fatores históricos
da educação brasileira.

Por isso, o que proporemos neste curso é oferecer os instrumentos, metodologias


e técnicas necessárias para a realização do planejamento de maneira prazerosa, eficaz
para você professor, ou profissional da educação e, por conseguinte significativo para os
alunos contribuindo para o aprendizado destes, permitindo assim o alcance de bons
resultados.

O curso aborda as questões docentes de maneira prática, didática, com uma


linguagem clara e foi produzido com base em teorias pedagógicas, fundamentais para o
exercício docente, permitindo um bom desenvolvimento do processo de ensino-
aprendizagem.

Esperamos que você aproveite ao máximo os ensinamentos deste curso, e que


faça a diferença na vida de seus alunos, cooperando na formação de uma sociedade
melhor, pois como disse o grande educador Paulo Freire “Se a educação sozinha não
transforma a sociedade, sem ela, tampouco a sociedade muda”.

Sucesso em sua carreira e bons estudos!

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Unidade 1 - Conceituação

Prezado(a) Aluno(a),

Seja bem-vindo(a) ao Curso de


Planejamento de Ensino, oferecido pelo
Cursos 24 Horas! Nesta unidade iremos
estudar os principais conceitos relacionados ao
planejamento de ensino. Pretende-se
desmistificar o planejamento, esclarecendo as
principais dúvidas, partindo do contexto
histórico que subsidia até os dias atuais o planejamento.

Essa primeira parte compreende um conjunto mais abrangente, portanto


fundamental para fortalecer, organizar e preparar esse início de planejamento. Isso
primordial para um excelente ano letivo.

Bons estudos!

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1.1 - O que é planejamento educacional?

O ato de planejar está no


inconsciente de muitas pessoas ao
planejarem suas atividades
pedagógicas diárias. Algumas pessoas
nem mesmo refletem ou tem intenção
de planejar, mas acabam fazendo isso
automaticamente, como uma forma de
organizar melhor o seu dia a dia, seus
gastos, seu tempo e sua rotina diária. Entretanto o ato de planejar não é um conceito
entendido por todos.

Os atos do ser humano sempre são em função de algo, podendo ser atos
aleatórios ou atos planejados. Agir aleatoriamente significa "ir fazendo as coisas", sem
ter clareza de onde se quer chegar, entretanto, agir de modo planejado significa definir
metas e construir conscientemente um planejamento.

Segundo a definição do dicionário Houaiss, planejar é elaborar um plano,


projetar. Organizar um plano ou roteiro. Ter a intenção ou pretender algo. O
planejamento nos ajuda a traçar metas de onde, como e o porquê de se alcançar
determinados objetivos. O planejamento funciona como um facilitador, pois ajuda a
alcançar metas preestabelecidas.

Planejamento não é uma tarefa fácil, corresponde à arte de elaborar planos e


saber como executá-los eficazmente. Trata-se de uma ferramenta necessária que requer
uma gama de atividades, como análise, reflexão e previsão, coerência, sequência e
flexibilidade, conhecimentos e competências etc. Essas atividades devem ser planejadas,
antes da execução de um plano. Pretende-se estudá-las ao longo deste curso.

Um planejamento pode ser necessário frente às novas situações ou como


instrumento de mudança e melhoria. Acreditar nas mudanças, ter vontade de
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crescimento e aceitar os erros. Quem não se planeja, não organiza suas ações e pode
cometer erros e, não raramente, trilhar os mesmos caminhos permanecendo na mesma
situação.

No ensino não é diferente, o planejamento assume posição de destaque na


atividade educacional. O planejamento é um transformador da realidade, é o grande
desafio de qualquer educador. Dessa forma, no ensino, o planejamento é necessário para
transformar a realidade que cerca o professor. O sistema educacional brasileiro pede por
mudanças e por uma tomada de sérias atitudes diante da realidade.

No ensino, planejar é prever os acontecimentos a serem trabalhados e organizar


atividades voltadas para o ensino-aprendizagem. É rever as estratégias, incorporar novas
metodologias e acompanhar as mudanças educacionais. Funciona também na superação
de rotina e como um motivador tanto para quem ensina, pois sabe o que vai alcançar,
qual direção tomar e também para quem aprende, pois consegue enxergar o propósito do
que está aprendendo. Assim, entende-se, portanto, o planejamento como um processo de
grande importância para alcançar um fim previsto.

O planejamento, visto por essa óptica, parece algo perfeito, fácil e linear.
Acontece que a teoria é fácil, mas a prática é muito difícil. Diante das vicissitudes
diárias na vida de um educador, mesmo com um ótimo planejamento tudo pode
desmoronar. O planejamento educacional exige diretrizes firmes, como se verá nesse
curso.

Existem alguns impedimentos que prejudicam a aplicação do planejamento de


forma adequada. Os impedimentos mais comuns ocorrem quando o planejamento é
desacreditado e quando é inadequado.

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Quando o planejamento é desacreditado.

Existe uma ambiguidade, uma ação


contraditória na fala dos professores. Eles afirmam a
importância do planejamento, mas não o executam. O
planejamento escolar está em um âmbito da
descrença. É preciso trabalhar com essa descrença,
criando métodos de avaliação contínua que
demonstrem os resultados alcançados com o
planejamento. Essa avaliação nos motiva a manter o
planejamento como um instrumento fundamental para nortear a prática pedagógica.

O planejamento do ensino deve ser feito com seriedade e não encarado como
uma burocracia documental, feito apenas por mera formalidade, uma obrigação
pedagógica, depois engavetada e esquecida. Por conseguinte, os planos não são postos
em ação e os objetivos não alcançados.

O planejamento não é o inimigo e sim um aliado, uma oportunidade de rever os


erros e de melhorá-los. Essa não é uma arte exata, precisa ser adequada ao longo do
processo educacional, requer prática e experiência.

Quando planejamento é inadequado

Por vezes, o planejamento é simplesmente inadequado, não por falta de esforço


ou de conhecimentos da disciplina por parte dos professores. O professor planejou
cuidadosamente suas aulas, os conteúdos mais relevantes da matéria que irá lecionar.
Esses conteúdos foram incluídos ao currículo escolar e aprovados pela coordenação.
Depois gastou-se bastante tempo, lendo vários livros e preparando cuidadosamente suas
aulas.

Parece que tudo vai funcionar perfeitamente, porém é comum, durante as aulas,
o professor se deparar com situações adversas, notando que os seus alunos parecem

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desmotivados, perdidos e, por consequência, desmotiva-se, desanima-se com o próprio
planejamento. Na hora da avaliação, o professor pode notar o despreparo dos alunos,
nesse momento corre-se o risco de desacreditar do planejamento.

Então, o educador se questiona sobre o que


houve de errado? Acredita ter feito tudo para dar
certo! O primeiro pensamento é atribuir seu
fracasso aos alunos. Neste caso, provavelmente o
que ocorreu foi uma inadequação por falta de
levantamento de informações e de pesquisas sobre
as exigências atuais da sociedade.

Pode ocorrer de o professor perceber ao longo do ano letivo que seu


planejamento não está funcionando, mesmo com todo o esforço que foi empenhado.
Nesse caso, o professor não conhecia algumas etapas importantes do planejamento.

Contexto histórico

A descrença, o desânimo e a inadequação têm uma base histórica. Essa situação


começou na década de 70, com a teoria comportamentalista de Burrhus Frederic
Skinner (Teórico comportamentalista). Essa teoria influenciou a educação da época. Era
dado um foco maior nos conteúdos e na definição de objetivos.

Por meio dessa tendência, o planejamento foi burocratizado, com uma papelada
infinita e formulários, um otimismo excessivo permeava a escola. Os resultados foram
decepcionantes para os educadores, pois havia muita documentação desnecessária. Os
resultados não foram exatamente os previstos. Acreditava-se muito no saber
enciclopédico e na memorização. O aluno, por sua vez, saía da escola despreparado para
os desafios do mundo.

Mudanças foram acontecendo ao longo dos anos. E na década de 80, essa visão
comportamentalista foi dando lugar a outras linhas de pensamento. Neste momento, está

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em voga a pedagogia Crítica dos Conteúdos, o planejamento foi abandonado em função
do processo educacional. A burocracia dá lugar ao pensamento crítico e o planejamento
é deixado de lado.

Essa linha de pensamento tem o cotidiano e as experiências pessoais do aluno


como base. Os saberes são construídos a partir da realidade do aluno. Valoriza-se a
socialização e o aspecto cultural do ambiente escolar bem como o desenvolvimento das
habilidades e competências do aluno. A educação passa a ser vista como um processo
político-social e não apenas um local onde se acumulam os conhecimentos.

Retomando: Skinner (1904-1990) afirmava que é possível modelar o indivíduo,


através de estímulos e reforços adequados. Segundo ele, todo comportamento é
determinado pelo ambiente. Ou seja, um professor pode definir os objetivos que
pretende alcançar com seus alunos e oferecer-lhes os estímulos e recompensas à medida
que os alunos avançam.

Após este período o planejamento se apresenta, tal como conhecemos hoje:


inadequado e desacreditado. Um assunto sobre o qual os professores não tratam nas
reuniões pedagógicas.

1.2 - Fases e etapas do planejamento

Como se vê, planejar é prever


antecipadamente algo futuro. Para tanto é
preciso conhecer o presente, a realidade
atual. Esta funciona como um ponto de
partida e vai revelar quais são nossas
deficiências, quais são os objetivos ainda
não alcançados e que almejamos alcançar.

A função principal do planejamento

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de ensino é realizar um trabalho transformador. O planejamento é o produto desse
processo de reflexão e decisão. Ao elaborar um planejamento de ensino, é necessário
decorrer de maneira organizada e antecipada, preparando as atividades que serão
desenvolvidas ao longo do ano letivo. Esse planejamento deve se basear em
fundamentos teóricos, métodos pedagógicos e, também, no sistema de organização e
administração da escola.

Existem algumas reflexões que devem preceder o planejamento. Essas reflexões


auxiliam em sua construção. É preciso pensar para quem se direciona, o que se está
planejando e para quê vão servir as suas ações. Seguem alguns exemplos para melhor
entendimento:

• O que se pretende fazer, o porquê e para quem?

• Que objetivos pretende-se alcançar?

• Que estratégias serão utilizadas para alcançar tais objetivos?

• Quanto tempo será necessário para alcançar os objetivos?

• Como avaliar se os resultados estão sendo alcançados?

É a partir dessas indagações que se começa a esboçar o planejamento escolar. Veja


um esquema da estrutura do processo de planejamento formulada por Vasconcellos.

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PLANO DE ENSINO-APRENDIZAGEM.

Análise da realidade Projeção da finalidade Formas de mediação

Conhecimento Objetivo (para quê) Conteúdo (o que)


da realidade Metodologia (como, onde)
Recursos (com o que)
Sujeitos (quem, para quem) Geral
Objeto(o que/ disciplina) Especifico
Contexto (onde, quando)

Necessidade (porquê)

Plano

Realização Ação Pedagógica


Interativa

Análise do Processo
Confronto Realização – Elaboração
+ Tomada de Decisão
(como está evoluindo)

Avaliação de Análise do Processo


Conjunto e do Produto

(Fonte: Vasconcellos, 1995)

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Fase Diagnóstica

Nessa fase inicial, o diagnóstico da turma com a qual irá se trabalhar deve ser
detalhado. É preciso conhecer os elementos pedagógicos (que já foram trabalhados),
compreender quais elementos psicológicos envolvidos (anseios e comportamentos
próprios de cada idade), além de uma análise econômica, social, política e cultural
(conhecer o contexto em que está inserido o aluno). É fundamental fazer um diagnóstico
inicial, buscando dados que nos permitam caracterizar a clientela.

Porém, o diagnóstico não é apenas um retrato da realidade ou um levantamento


de problemas, é um confronto entre o real e o desejável. Abaixo temos um esquema
claro e representativo do diagnóstico escolar.

Situação Comparação Objetivo

Necessidades

(Esquema de Diagnóstico, elaborado por Vasconcellos)

O conhecimento da realidade do aluno vai subsidiar as práticas de ensino.


Portanto, é necessário trabalhar em função da realidade do educando e não do professor.
Por exemplo, o professor pode dizer que os alunos de terceiro ano são obrigados a saber
produzir textos coerentes, quando a realidade não é essa, é errôneo partir do pressuposto
de que o aluno deveria saber, e sim do que ele realmente sabe. Enxergar a
individualidade de cada um é apenas o começo do caminho.

Mas fazer esse diagnóstico não é só criticar, ver os defeitos. É preciso identificar

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as dificuldades e os facilitadores. Para compreender a realidade deve-se, portanto, ir
além das aparências, da descrição da realidade. A descrição da realidade não é o
suficiente para o diagnóstico, embora seja necessária. Diagnosticar é identificar os
problemas mais relevantes, ou seja, aqueles que efetivamente precisam ser resolvidos
para a melhoria do ensino.

Depois de coletar os dados, deve-se chegar a uma conclusão de quais objetivos


são alcançáveis e viáveis e ainda, o que já foi alcançado. É preciso um esforço de
reflexão crítica para distinguir necessidades reais e necessidades alienadas (entende-se
por necessidades alienadas, aquelas que não correspondem ao interesse daquela
comunidade, e sim ao interesse de grupos que procuram algum tipo de vantagem). Essa
tarefa exige atenção, perspicácia e sistematização dos dados.

A Elaboração do planejamento

Depois de feito o diagnóstico, tem-se as condições necessárias para estabelecer


os objetivos possíveis e mais adequados de serem alcançados. Inicia-se aqui, a parte
ativa do planejamento que é elaboração do plano. Essa fase é um pouco mais longa. A
seguir vamos detalhar alguns passos que o professor deve seguir.

Definição dos objetivos

Definir os objetivos é o
primeiro passo na elaboração
do planejamento. Nessa fase, é
preciso determinar com
clareza aquilo que se pretende
atingir. Essa afirmação parece
óbvia, mas na prática o que
mais ocorre é a improvisação
na sala de aula, pois muitos
professores já dominam o

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conteúdo e lecionam há muito tempo.

É nessa hora que o professor se perde pela falta de organização e da definição


dos objetivos, pode chegar o fim o semestre observar que ainda falta muito conteúdo a
ser ensinado, mas não existe tempo hábil para tal.

Essa definição nos dá uma prévia de quanto tempo levaremos pra alcançar os
objetivos gerais impostos pelo sistema educacional. Nesse momento devem ser
consideradas as finalidades da educação escolar na sociedade e na nossa escola, bem
como o calendário e o horário escolar.

Por exemplo: o professor deseja fazer um projeto de leitura com os alunos, para
tanto deve levar em consideração quais são as habilidades a serem desenvolvidas nesse
projeto, como articular com as atividades já previstas no currículo escolar e qual é a
relevância para a formação do aluno.

Os objetivos não podem ser feitos apenas pela perspectiva do professor, mas
devem atender aos anseios daquela comunidade e as demandas atuais da sociedade.
Como nosso sistema educacional é tradicionalista, essa fase pode ser mais difícil. Nossa
sociedade também é tradicional, pode ser que as pessoas estranhem mudanças dentro da
escola. Sem contar que, existem as exigências curriculares que cada disciplina deve
compreender.

De modo geral, sempre há espaço para que o professor faça o seu planejamento a
partir das diretrizes escolares (que são feitas com base nos documentos oficiais) e
enfatizar como abordar os conteúdos. O professor não deve ficar engessado pela
filosofia institucional da escola.

Nessa etapa, o professor pode e deve contar com a participação dos estudantes,
envolvendo-os no processo. Faz-se um diagnóstico preliminar, compreendendo o aluno
em sua individualidade, nada mais justo do que a participação ativa do educando no
processo de aprendizagem. Na educação, tanto professor como o aluno são partes do

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processo de ensino-aprendizagem.

O professor deve escrever antes de cada aula, o roteiro, ou seja, o que será feito
no dia. Essa rotina ajuda o professor e o aluno a se organizarem. Essa prática deve ser
mantida como uma rotina para orientar o aluno sobre o processo de aprendizagem.

A definição de objetivos antecipa os resultados esperados do trabalho do


professor e do aluno. São os fins e os meios que orientam as tarefas para uma direção.
Não há práticas educativas sem objetivos.

Existem os objetivos que serão alcançados em longo prazo e em curto prazo. Os


objetivos de longo prazo são os gerais, como o que se espera com o curso, ou quais
competências os alunos terão adquirido ao final do semestre. Os objetivos de curto
prazo são aqueles específicos definidos para cada aula.

Os objetivos gerais definem as perspectivas da prática educativa da sociedade


brasileira, e os propósitos do papel da escola diante da realidade social que serão
convertidos em objetivos específicos de cada matéria de ensino, conforme os graus
escolares e idades dos alunos.

A definição clara dos objetivos determinará as exigências e resultados esperados,


referentes aos conhecimentos e habilidades. Por exemplo, o aluno de 11 anos ao iniciar
o 6º ano, deveria ser capaz de solucionar situações problemas x. Esse é um objetivo
específico que está dentro dos objetivos gerais de que com essa idade é desejável que o
aluno, tenha desenvolvido a capacidade de raciocínio lógico e seja capaz de interpretar
textos.

Sabe-se que, na maioria dos casos, o professor não participa diretamente dos
objetivos gerais do sistema escolar, porém no nível escolar participa diretamente, pois o
plano escolar é um trabalho coletivo, realizado nas reuniões pedagógicas. Participa mais
diretamente ainda no plano de ensino, mesmo que organizado junto com os colegas (o
que é sugerido), esse plano vai orientar sua rotina na sala de aula.

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Os objetivos são construídos a partir de três diretrizes:

• Valores e ideais políticos do sistema social.

• Conteúdos básicos científicos.

• As necessidades e expectativas da formação cultural.

Essas diretrizes são interligadas e contraditórias, são contraditórias na medida


em que os conteúdos estão em discordância com a realidade dos alunos. Também existe
um interesse do sistema social que os alunos assimilem esses conteúdos, já que estes
disseminam a ideologia de grupos dominantes.

De certa forma, o professor na definição dos objetivos, com base nos


documentos oficiais, deve se posicionar de forma crítica e identificar os objetivos de
acordo com sua relevância social. Essa afirmação pode parecer muito radical, mas as
ideologias e convicções do educador atingem diretamente os alunos, por isso a
importância dessa posição crítica, porque os conteúdos transmitidos para os alunos, não
podem ser os ideais particulares do professor, mas sim relevantes subsídios e condições
para que os próprios alunos se tornem indivíduos críticos e autônomos.

Objetivos gerais

O professor deve conhecer e estudar os


documentos oficiais (Parâmetros Curriculares Nacionais
– PCN’s ), pois os objetivos gerais estão vinculados às
diretrizes nacionais, estaduais e municipais de ensino.
Esses objetivos gerais auxiliam os professores na seleção
dos objetivos específicos de ensino. Devem garantir a
todas as crianças uma sólida preparação cultural e
científica. Os objetivos gerais funcionam como ponto de
partida para o planejamento de ensino e são definidos
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por:

• Documentos oficiais.

• Escola que estabelece seus princípios e diretrizes para orientação do trabalho


docente, determinados pelo consenso da coordenação e do corpo docente.

• E usados pelo professor na aplicação da sua disciplina, como base para elaborar
seu planejamento.

Objetivos Específicos

Tem caráter didático e pedagógico e expressam as expectativas do professor


sobre o que deseja que seus alunos aprendam no processo de ensino. Existe uma estreita
relação entre o objetivo, o conteúdo e a metodologia de ensino, pois os conteúdos são
preparados a partir dos objetivos específicos e aplicados de acordo com a metodologia
elegida pelo professor. Os objetivos específicos devem atender aos seguintes critérios:

• Especificar os conhecimentos, habilidades fundamentais para sem usadas no


futuro escolar e pessoal.

• Seguir uma sequência lógica, de forma que os conhecimentos e habilidades


estejam inter-relacionados.

• Devem ser claros e compreensíveis aos alunos.

• Estimulantes e com nível de dificuldade gradativo.

• Estimar os resultados da aprendizagem.

A seguir uma matéria que dá importantes dicas de como iniciar o planejamento,


definindo os objetivos e também fala sobre importância da fase diagnóstica, que
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falamos anteriormente.

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Ponto de chegada: a definição do currículo

Conhecer o que os alunos precisam saber (as chamadas expectativas de


aprendizagem) facilita o alinhamento das atividades para o ano.

Daniela Almeida

O bom planejamento envolve toda a rede municipal ou estadual (na definição de


objetivos comuns), a comunidade escolar (na definição das metas de cada instituição
específica) e, claro, os professores (na definição de como os conteúdos serão
trabalhados em sala de aula). Nesse momento, é fundamental ter em mente aonde se
quer chegar - ou seja, explicitar as chamadas expectativas de aprendizagem para poder
pensar nas melhores formas de trabalhar cada um dos conteúdos (leia nos quadros que
acompanham esta reportagem um resumo do que se espera que os alunos saibam ao fim
dos cinco primeiros anos, em Língua Portuguesa e Matemática, com base em
documentos das secretarias de Educação do estado e do município de São Paulo).

Infelizmente, ainda há poucas redes e escolas trabalhando com expectativas


bem definidas. Mas é importante saber que elas nada mais são que a descrição dos
conteúdos e das habilidades essenciais a desenvolver em cada disciplina. Além disso,
devem mostrar como o domínio de cada conteúdo avança ao longo da escolaridade. Se
no 1º ano o aluno precisa saber produzir um texto ditando-o ao professor, as metas para
o ano seguinte devem prever qual o próximo passo desse aprendizado (produzir, por
conta própria, reescritas de histórias conhecidas, por exemplo). Em Matemática, as
crianças começam a ter contato com tabelas simples no 1º ano - para poder chegar ao 5º
interpretando dados de representações com dupla entrada. E assim por diante, em cada
disciplina.

Na vida real, essa primeira etapa da definição de conteúdos se dá antes mesmo


do início das aulas, quando são identificados os grandes temas a ensinar. Se você vai
lecionar para a mesma série que no ano anterior, uma boa estratégia é olhar para trás e
observar o que funcionou - e quais objetivos não puderam ser alcançados. Com base

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nos registros (anotações no caderno, avaliações dos alunos etc.), é preciso avaliar: os
conteúdos foram absorvidos pela turma? Consegui cumprir as metas? O que vou fazer
diferente para que todas as crianças efetivamente aprendam o que é necessário?

Depois da fase inicial de avaliação diagnóstica, o próximo passo é colocar as


novas metas no papel. O que realmente importa é que esse material seja consultado e
reavaliado por várias vezes ao longo do ano. O modelo mais tradicional é montar uma
lista de conteúdos. Mas você pode construir uma tabela, com colunas dedicadas ao
conteúdo, às estratégias de ensino, às ferramentas utilizadas (tipo de material didático)
e aos objetivos a serem alcançados.

"Infelizmente, esse exercício é muito menos comum do que deveria em nossas


escolas", reforça Marta Nornberg, do curso de Pedagogia do Centro Universitário La
Salle, em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. "Ainda somos, enquanto
professores, profissionais que pouco registram o que projetam realizar. Daí a
necessidade de articular uma construção definindo o que se quer (aonde chegar), como
fazer isso, o conjunto de estratégias de ensino, por quanto tempo usar cada uma delas e
com que profundidade trabalhar os conteúdos" (leia aqui uma reportagem sobre as
formas de organizar as aulas).

Marta sugere destrinchar os conteúdos numa grade semanal, variando tanto as


atividades de sala de aula como os tipos de lição de casa. Outra sugestão da especialista
é fazer com que a tarefa puxe o assunto do dia seguinte de forma a amarrar a
continuidade do planejamento. "Cada professor deveria cultivar um diário", afirma
Marta. "Ao fim da aula, é enriquecedor o processo de registrar o que foi vivido em sala.
E o ideal é relatar em detalhes o desenvolvimento das tarefas, a participação dos
alunos, suas próprias reações etc. Só assim é possível refletir sobre o que foi feito."

À primeira vista, a tarefa pode parecer simples, mas definir os conteúdos


curriculares com base nas expectativas de aprendizagem para o ano letivo exige
respeitar a sequência dos objetos de ensino. Além disso, é fundamental dominar as
didáticas desses conteúdos para conhecer o percurso da turma e, sobretudo, conseguir

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avaliar os problemas pelos quais os alunos estão passando. Só assim é possível propor
exercícios e planos de aula que façam todos avançarem.

Tudo isso sem deixar de lado as características próprias das crianças. "Não
podemos esquecer que cada uma é um sujeito, com origem social, cultural e histórica
peculiar. Por isso, é bom levantar o máximo de informações sobre a turma antes de dar
início ao processo", afirma Marta Marandino, professora de Metodologia do Ensino da
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo.

Todo ano, a professora Andrea Maciel usa os primeiros dias de aula para fazer
um diagnóstico da turma de 4º ano na EMEF João Belchior Marques Goulart, em São
Leopoldo, na Grande Porto Alegre. "As atividades servem para descobrir a partir de
que ponto devo continuar desenvolvendo os conteúdos. Uso essa informação para
montar o planejamento, levando em consideração as metas preestabelecidas."
Conversar com os colegas para conhecer melhor os alunos é outra iniciativa positiva.
"Aqui, na escola, temos um combinado: se alguém percebe que algo não progride,
buscamos apoio nos outros professores e na coordenação. Às vezes, eu estou fazendo
coisas que são óbvias para mim, mas para os estudantes não. E só alguém de fora
consegue identificar essa falha no processo de ensino." Esse espaço para a realização
do planejamento coletivo, por disciplina ou por série, está se tornando cada vez mais
comum em escolas, pois proporciona a troca de experiências e aumenta o repertório de
boas práticas: quais estratégias de ensino funcionaram para tal conteúdo?

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/planejamento/definicao-
curriculo-427818.shtml

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1.3 - Recursos Didáticos

Vivemos em uma era de


transformações, o mundo tem mudado
constantemente e com uma incrível
velocidade, muitas vezes, educação permanece
inalterada, resistente às mudanças. A escola
continua a infundir conhecimentos aos
montes, o professor, por sua vez, ainda é tido
como o detentor do saber no processo de
ensino-aprendizagem, diferentemente da concepção atual, em que o aluno deve ser o
protagonista do processo. Os recursos didáticos aparecem como uma ferramenta
fundamental para auxiliar a escola e o professor a participarem dessas mudanças, pois
estimulam o estudante a construir seus conhecimentos a partir dos sentidos e da
experimentação. Encontram-nos em uma época em que, cada vez mais, os jovens usam
a tecnologias em seu dia a dia, várias escolas já dispõem desses recursos, é função do
professor selecionar e definir o mais apropriado para cada objetivo. O professor que não
possui muitos conhecimentos, precisa se atualizar, pois conhecer os recursos
tecnológicos é uma exigência de mercado, bem como de nossa sociedade.

Falar sobre recursos pode parecer óbvio, seus ganhos são inegáveis, mas a
realidade do nosso sistema é outra. Uma grande parcela das nossas escolas não tem
acesso a serviços básicos, quanto mais computadores e acesso a internet.

Entretanto, os recursos didáticos não se resumem às tecnologias presentes. Os


recursos são variados, porém pouco utilizados e conhecidos (como o retroprojetor), as
novidades e mudanças trazidas pelos recursos didáticos na sala de aula, podem ser
muito eficientes no processo de aprendizagem. Até uma simples mudança de ambiente
pode ser um recurso, pois um ambiente agradável favorece o aprendizado. Afinal quem
não gostaria de discutir o livro sob a sombra de uma árvore? Ou animar a turma com
uma aula no laboratório de informática.

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É preciso ter em mente qual é a clientela de educando e aonde se quer chegar,
para tanto, é necessário que se avalie os meios necessários para alcançar aquilo a que se
almeja. Dentre esses meios, estão os recursos didáticos que o professor utiliza em sala
de aula para ajudar a alcançar os objetivos que almeja no ensino de algum conteúdo. De
nada adianta querer apresentar aos alunos algumas obras de arte de um determinado
artista, se a escola não possuir um projetor ou livros com as imagens; ou planejar uma
aula com o uso de calculadoras e não ter uma quantidade suficiente para todos os alunos
da classe. Esses recursos didáticos servem de instrumentos complementares que
auxiliam na aprendizagem aula e contribuem para o desenvolvimento da criatividade do
aluno, deixando a aula dinâmica.

Objetivos dos recursos:

Quando os usamos de maneira adequada, os recursos de ensino colaboram para:

1- Motivar e despertar o interesse dos participantes;

2- Favorecer o desenvolvimento da capacidade de observação;

3- Aproximar o participante da realidade;

4- Visualizar ou concretizar os conteúdos da aprendizagem;

5- Oferecer informações e dados;

6- Permitir a fixação da aprendizagem;

7- Ilustrar noções mais abstratas;

8- Desenvolver a experimentação concreta.

Tipos de recursos

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Os recursos mais utilizados nas escolas são os recursos de áudio (rádio e verbal),
recursos visuais (retroprojetor, cartazes, lousas, figuras, slides), recursos audiovisuais:
(televisão), recursos multimídia (computadores), muito embora algumas delas não
possuam nem lousa.

Esses são apenas uns poucos exemplos, pois há uma variedade de recursos
pedagógicos que são igualmente funcionais, como jogos, flash-cards, mapas, gráficos,
brincadeiras, simulações (teatros), execução de uma receita culinária, passeios em grupo
etc. Enfim, há uma infinidade de recursos que podem ser utilizados pedagogicamente.

Na educação, considera-se os recursos audiovisuais essenciais, pois o acesso a


essa forma de linguagem é intensa, prende a atenção dos alunos e ajuda na formação do
educando. Esse tipo de recurso é muito utilizado, pois se trata de uma ferramenta
poderosa no ato educativo, permitindo a inserção do aluno em um mundo multifacetado
de cores, sons, gráficos, informações. Essa tecnologia permite uma experiência
multissensorial.

Contudo, o professor deve contextualizar a utilização de recursos em sala de aula


com a disciplina, para não tornar a atividade vazia e sem sentido (qual é função de
passar um filme que não tenha ligação alguma com a sala de aula?). Não utilizar essa
prática serve para reforçar um ensino descontextualizado e fragmentado, causando o
insucesso na prática educativa. É necessário além de tudo, metodologia de trabalho e
projeto pedagógico, nesse caso, o uso dos recursos se mostrará válido.

Existem algumas pesquisas desenvolvidas pelo professor Edgar Dale (1900-


1985), são internacionalmente conhecidas e tratam do impacto dos recursos didáticos na
aprendizagem. O mais famoso conceito desenvolvido por Dale nessas pesquisas foi o
Cone do aprendizado, é também chamado de cone da experiência, pois demonstra como
esses recursos se relacionam com a aprendizagem. Vejamos o cone:

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Fonte: http://www.forumconcurseiros.com/forum/showthread.php?t=309387

Essa pesquisa mostra o grau de abstração de cada atividade. Como trazer os


conhecimentos do abstrato ao concreto através dos recursos didáticos. É surpreendente o
quanto os recursos podem ajudar no processo de aprendizagem do aluno.

Atenção:

Antes de utilizar algum recurso didático, observe os seguintes quesitos:

• Saber se o local permite ou possibilita o uso do recurso escolhido;

• Só escolher a técnica ou recurso se tiver absoluto domínio dos mesmos;

• Sempre levar em conta o tempo que um determinado recurso vai exigir para ser
aplicado;

25
• Na confecção de cartazes, transparências, slides, não poluir com informações em
excesso, cores muito fortes ou imagens em demasia;

• Os escritos são apenas as principais ideias que devem ser memorizadas, nada de
textos longos e cansativos;

• Escolher as principais ideias, para que a elaboração do material esteja a serviço


dos seus objetivos.

Seleção das Estratégias de Ensino

As estratégias de ensino são


conjuntos de ações (sequências de
atividades) que o professor vai executar.
Estratégia é uma ação organizada e
coordenada para um fim bem definido.
Elaborá-la exige conhecimento do
terreno no qual a ação se desenvolverá.

Executar estratégias de ensino é o processo pelo qual o professor se mobilizará


para executar o planejamento, e sua principal característica é a flexibilidade, com o
intuito de fazer os ajustes necessários ao longo do planejamento. O professor deve se
preocupar em manter um diário para anotar quais estratégias foram melhores aceitas,
quais as reações e opiniões dos alunos, para que possa analisar e utilizar essas
informações em outras fases do processo de ensino-aprendizagem.

Nessa etapa, devemos apenas tentar levantar rotas possíveis, sem nos
preocuparmos muito em escolher uma ou outra. Com ajuda dos recursos, é possível
criar rotas alternativas e originais para alcançar os objetivos - aqui a palavra rota, quer
dizer, encontrar outras maneiras de fazer uma mesma coisa. Por exemplo, se o professor
não conseguir explicar um conceito para a classe pode usar um vídeo ou figuras.

26
As estratégias usadas para o ensino devem ser maleáveis e passíveis de
mudanças a qualquer instante, ou adaptadas para outro contexto distinto, porque o que
pode dar certo para uma sala, pode não dar certo com outra. Nesse ponto, deve-se
permitir alternativas, pois alguma das alternativas funcionará. Assim o educador não se
prende, caso ocorra algum imprevisto que não o permita prosseguir com a estratégia
escolhida.

Veja abaixo uma matéria da revista Nova Escola, que exemplifica, de maneira
clara, como traçar uma estratégia de ensino:

Estratégias eficientes para ensinar o conceito de ângulo

Usar a ideia de giro para entender o que significam medidas como 90º ou 180º ajuda a
compreender o conceito de ângulo e dar sentido a ele.

Ao examinar o currículo previsto para sua turma de 5º ano, a professora Andréia Betina
Legatsky Klitzke se surpreendeu com uma recomendação no bloco Espaço e Forma: o
documento indicava que os alunos deveriam aprender a usar o transferidor para medir
ângulos assim que o conteúdo fosse iniciado. "Isso me preocupou", conta ela. "Utilizar
o instrumento sem antes compreender o que é ângulo poderia tornar a atividade
mecânica e sem sentido." Começava ali uma investigação para tratar o assunto de uma
forma que fosse mais significativa e que gerasse, realmente, o aprendizado nessa área.

Um caminho surgiu no próprio pátio da EM Professora Karin Barkemeyer, em


Joinville, a 186 quilômetros de Florianópolis. Durante os intervalos, os meninos se
divertiam no skate fazendo uma manobra chamada "zerinho" - nada mais do que um
rodopio de 360º, executado em etapas ou de uma vez só pelos mais habilidosos. Como
ainda faltavam alguns meses para tratar do tema, Andréia teve tempo de fazer um
planejamento mais adequado. Agregando conhecimentos aprendidos num recém-
terminado curso de capacitação em geometria, ela concebeu uma sequência didática
completa (leia o quadro abaixo), que apresentava a garotada à noção de ângulo como
giro.

27
Os resultados foram tão bons que renderam à Andréia o troféu de Educadora Nota 10
do Prêmio Victor Civita de 2009. "Foi um projeto muito bem construído, da abordagem
inicial à avaliação", explica Priscila Monteiro, formadora do Instituto Avisa Lá e
selecionadora do Prêmio. "Um dos maiores méritos foi a variedade de atividades, algo
especialmente importante numa turma como a dela, em que havia dois alunos com
deficiência intelectual." Trata-se de uma providência essencial para contemplar a
heterogeneidade que toda classe possui e colaborar para que, de uma forma ou de outra,
todos aprendam. No grupo de Andréia, o avanço superou as expectativas para a faixa
etária. No fim da sequência, a garotada era capaz de estimar medidas tão sofisticadas
como 22,5º.

Objetivo

Andréia queria superar a abordagem clássica (e, por vezes, pouco produtiva) sobre
ângulos, centrada em definições e fórmulas. O ponto de partida foi levar a turma do 5º
ano a perceber como os diversos tipos de giro realizados pelo corpo estavam
relacionados aos ângulos e poderiam ser medidos em grau. Com base nisso, o projeto
previa ainda explorar a noção em polígonos, estimar aberturas e, no fim, discutir sobre
a importância do ângulo para diversas profissões, de engenheiro a mecânico, de
marceneiro a arquiteto.

Passo a passo.

A primeira etapa, essencial, foi sondar o que a classe sabia sobre ângulos. A palavra era
conhecida ("No futebol, quando o chute é no alto, no canto, é gol no ângulo", disse um
aluno), mas o conceito, não. A associação com os giros esclareceu dúvidas e abriu
caminhos para atividades de direcionamento por uso de coordenadas ("gire 180º", "vire
90º") e em malha quadriculada (em que era preciso seguir instruções escritas para
traçar o rumo certo). O passo seguinte foi a confecção do medidor de ângulos. E, com
ele, o aprofundamento: a turma passou a estimar medidas em objetos do cotidiano e em
polígonos, superando as expectativas de aprendizagem para o ano.

28
Avaliação

O instrumento privilegiado por Andréia foram os portfólios. Construídos em parceria


com os alunos, continham exercícios de sala, lições de casa, autoavaliações e provas.
Em diversas questões, além da resolução numérica, ela pedia a descrição do raciocínio
empregado. "Sempre digo: 'Quero saber como você pensou'. A argumentação ajuda a
organizar o pensamento, auxilia na defesa de opiniões e incentiva o trabalho de
autocorreção. Na Matemática, a linguagem também tem um papel fundamental",
defende ela.

No 5º e no 6º ano, o estudo do ângulo é a chave para que a turma possa trabalhar


diversos temas: semelhança de figuras, congruência de triângulos, construção de
polígonos regulares etc. Entre as ideias que podem ser associadas ao conceito estão as
de inclinação, abertura, direção e rotação - a escolhida por Andréia para começar o
trabalho. Quando se muda de direção ao andar, por exemplo, pode-se estabelecer uma
relação entre o giro e o ângulo e estabelecer a volta completa como ponto de partida, o
mesmo que 360º. Tendo esse número como base, é possível levar a turma a pensar em
outras equivalências simples: a meia volta, como 180º, e um quarto de volta, como 90º.
Para os alunos testarem a validade da nova noção, vale organizar uma atividade de
elaboração de comandos de deslocamento, em que um orienta o outro a chegar até
determinado ponto com ordens que envolvam ângulos, como: "gire 90º à direita", "dê
uma volta de 180º" e assim por diante. Não é uma missão trivial: o estudante relembra
a equivalência giro-ângulo e precisa considerar que o que é direita e esquerda para ele
não vale para o colega - conforme a posição que cada um ocupa. Como complemento,
que tal preparar uma tarefa semelhante em papel quadriculado? Além de reforçar o
conceito, lida-se com a passagem do espaço tridimensional (a sala ou o pátio) para a
representação bidimensional (o papel), algo fundamental em Matemática.

Cumprida essa etapa, já se pode tratar de ângulos menores que 90º, porta de entrada
para estimar medidas de amplitude em polígonos. Hora de usar transferidor e
esquadro? Não necessariamente. Ainda se apropriando da relação ângulo-rotação, peça
que os estudantes cortem um pequeno círculo de papel. Mostre que ele representa um

29
giro completo - 360º, portanto. Convide-os a dobrá-lo ao meio. Notaram a semelhança
com o meio giro, 180º? Mais uma dobra e chegamos aos 90º. Se seguirmos dobrando,
teremos 45º, 22,5º e assim por diante.

Se for usada na exploração de triângulos, trapézios e quadrados (sejam eles figuras


geométricas desenhadas em cadernos e livros ou objetos do cotidiano com tais formas),
essa espécie de medidor é suficiente para saber se os ângulos são retos, maiores ou
menores que 90º. Aí, sim, o transferidor pode ganhar espaço tanto na medida de
aberturas como na construção de polígonos. Os alunos vão entender que ele cumpre a
mesma função da peça simples que eles construíram. E que ângulo é muito mais do que
"uma reunião de dois segmentos de reta orientados com base em um ponto comum",
como reza a definição clássica.

Inclusão exemplar

A presença de um aluno com síndrome de Down e de outro com deficiência intelectual


leve fez com que a Educadora Nota 10 buscasse estratégias para fazer uma inclusão de
verdade. "Organizei a sequência com muitas atividades, prevendo que alguma ajudasse
mais", explica. Deu certo: ao trabalhar com um jogo digital em que era preciso
movimentar um personagem por um labirinto, Andréia sentiu que a dupla de fato
começou a entender a equivalência entre giro e ângulo. "Aquilo que para a turma foi só
reforço, para os dois foi o mais significativo", conta. A flexibilização teve seu ponto
alto nas avaliações. Ela preparou dois modelos distintos de prova, com adaptações. Por
exemplo: enquanto a turma descrevia um percurso com instruções que usassem ângulos
("gire 90º à direita, 45º à direita" etc.), a dupla traçava o trajeto com base no que dizia a
professora. "Ao conhecer as possibilidades de cada um, garantiu a aprendizagem de
todos", diz Daniela Alonso, psicopedagoga especialista em inclusão e selecionadora do
Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10.

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/matematica/pratica pedagogica/estrategias-eficientes-para-


ensinar-conceito-angulo-matematica-espaco-forma 545982.shtml?page=1

30
1.4 - Implementação e controle do planejamento

Com base nas informações


levantadas em outras fases, agora é
hora da parte ativa do planejamento,
que é implementação. Na execução
de qualquer projeto, sempre haverá
imprevistos. Às vezes, a reação dos
alunos ou as circunstâncias do
ambiente modificam as estratégias
que foram planejadas, pois, por mais bem feito que tenha sido o planejamento, na fase
de implementação, modificações podem ser necessárias.

A fase de ação é uma tarefa complexa, pois consiste em tirar do papel o que foi
planejado. Nem sempre é possível colocar em prática as estratégias elaboradas ou
assegurar que elas serão eficazes. Com o plano terminado, na hora de por em prática,
pode haver resistências por parte dos colegas, da coordenação e da escola, pois a
implementação pode implicar várias mudanças, o que gera incertezas e conflitos. Por
essas razões muitos planejamentos ficam apenas no papel.

Geralmente, nas etapas anteriores, de diagnóstico, definição de objetivos,


seleção de recursos e estratégias não existem muitos problemas, eles aparecem quando
estas devem ser executadas na prática. Os principais obstáculos são:

• Ausência de liderança e acompanhamento da coordenação escolar;

• Falta de cultura de planejamento seja por parte dos outros professores ou por
parte da instituição de ensino;

• Inexistência de sistemas de informação que possibilitem a coleta e


sistematização das informações;

31
• Incompreensão da importância do planejamento;

• Questões hierárquicas ou pessoais, como disputa pelo poder;

• Falta de comunicação entre as pessoas envolvidas no planejamento;

• Falta de acompanhamento e controle da execução das ações planejadas.

Controle do planejamento através de avaliações internas.

É a fase na qual se levanta todos os pontos positivos, negativos e o quanto dos


objetivos iniciais foi alcançado. Essa avaliação funciona como um tipo controle que vai
orientar o educador a respeito da maneira como deve prosseguir.

A avaliação é uma ferramenta crítica indissociável do planejamento, seja em sua


fase de elaboração, na fase de implementação ou na fase de conclusão (final do ano
letivo). Enquanto o planejamento define os objetivos que se pretende alcançar, a
avaliação subsidia o plano, porque evidencia novas decisões.

A avaliação e planejamento caminham no mesmo eixo. O professor avalia para


planejar (afinal a fase diagnóstica é uma avaliação da realidade dos alunos), faz o
planejamento e avalia a sua elaboração, executa o planejamento, avalia de novo. Enfim,
o planejamento é um ciclo constante.

A avaliação é uma crítica em relação ao planejamento, mas é mal interpretada e,


não raro, usada como um instrumento acusatório, apontando responsáveis pelos
fracassos. A real função da avaliação é motivar, mostrando onde o planejamento foi
eficaz, ou seja, como ferramenta de reflexão e identificação das falhas.

A avaliação só funciona se for encarada de maneira construtiva. Caso contrário,


funcionará apenas para desmotivar, trazendo novamente o planejamento no âmbito das
descrenças ou, se deixada de lado tornará todo o planejamento obsoleto.
32
Contribui também na própria produção do planejamento ou na sua readequação.
Às vezes, pode acontecer de o projeto sofrer uma defasagem por diversos motivos já
citados no início do curso, como inadequação de conteúdo, descontextualização – não
atendendo às necessidades dos alunos –, ou mesmo por estar fora da realidade de
determinada turma. Por isso a avaliação é necessária.

Como se pode observar, a avaliação acompanha todo o processo de ensino-


aprendizagem. Diferentemente do que se pensa em um primeiro instante, ao restringir a
avaliação somente ao fim do bimestre, ela deve ser contínua no processo educacional.

No início, a avaliação serve de base para o professor iniciar o planejamento, é


como se fosse um diagnóstico inicial. A sua execução oferece dados que orientam os
professores - questões como: Os objetivos estão sendo alcançados? Devem ser
readequados? É preciso mudar a abordagem? O professor deve sempre estar atento
durante o processo para perceber o que acontece com seus alunos.

O ideal é que avaliação seja feita coletivamente para que seja analisado,
juntamente com a coordenação e com os colegas do corpo docente, se os resultados
estão sendo positivos e, se não, quais atitudes tomar para mudar essa situação.

Como avaliar o planejamento.

O esquema a seguir apresenta as principais ações para a realização da avaliação


do planejamento.

Áreas a avaliar.

• Conteúdos adequados ao currículo escolar;

• Reação e aceitação dos alunos;

• Objetivos adequados à fase escolar;


33
• Resultados na aprendizagem.

Definição dos instrumentos utilizados para a avaliação do planejamento.

• Questionários de docentes;

• Questionários para pais;

• Questionários para alunos.

Talvez, a maior importância da avaliação, seja o retorno do trabalho. Esse


retorno é o que motiva os profissionais da educação. Não colher dados é um erro, os
resultados funcionam como motivadores para ambos os lados, tanto para o professor
que planejou quanto para o aluno, pois sentirão que seus esforços foram
recompensados.

Para ilustrar de maneira mais clara a relação do processo de avaliação com o


planejamento, utilizaremos o ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act). O ciclo PDCA é uma
sequência de ações que podem ser utilizadas para controlar algum processo. É uma
ferramenta muita utilizada atualmente em empresas, na organização de projetos, mas
também cabe no ambiente escolar para auxiliar a organização do planejamento e mostra
a avaliação como processo contínuo. Seu nome deve-se a abreviatura de verbos em
inglês:

• Plan (Planejar): consiste em estabelecer metas e objetivos, bem como os


métodos os quais serão utilizados para que sejam realizados;

• Do (Executar, fazer): é a etapa de implementação de acordo com o que foi


estabelecido anteriormente no planejamento;

• Check (Verificar, checar): avaliar os dados e medir se os objetivos e metas


foram alcançados da forma desejada;
34
• Act (Agir): definir quais as mudanças necessárias para garantir a melhoria
contínua do projeto.

Fonte: http://www.empresasedinheiro.com/wpcontent/uploads/2011/07/pdca_ferramenta-
administrativa.jpg

Como é possível observar, o ciclo PDCA não trata só da avaliação, mas mostra a
maneira como ela se relaciona com o planejamento. Embora esse conceito seja
difundido em empresas, o seu valor é explícito nos diversos tipos de planejamento.

35
Unidade 2 - Alicerçando o planejamento

Olá, seja bem-vindo(a) à Unidade 2 do nosso curso


de Planejamento de Ensino!

Nesta unidade, serão abordados os principais


instrumentos que auxiliam o professor na realização de
um planejamento eficaz. Também compreenderemos qual
é a importância do currículo escolar dentro do
planejamento de ensino e como adequá-lo a sua classe,
por meio da seleção de conteúdos relevantes para o seu
aluno.

Será aprendido como estruturar e organizar suas aulas, além de maneiras mais
eficientes para a aplicação das disciplinas escolares. Igualmente estudaremos
detalhadamente o Projeto Político Pedagógico, relacionando sua importância ao
planejamento de ensino.

Bom estudo!

36
2.1 - Instrumentos úteis ao planejamento

Agora serão expostas algumas ferramentas úteis na prática pedagógica, tanto


para o planejamento, como no processo de ensino-aprendizagem. Atualmente, um
instrumento bastante utilizado são os mapas conceituais, que são grandes aliados do
professor no processo de ensino, no planejamento e também do aluno no seu
aprendizado.

Os mapas conceituais são


ferramentas gráficas semelhantes a
diagramas, que indicam relações entre os
conceitos ligando-os por palavras. São
utilizados para auxiliar a ordenação e a
hierarquização dos conteúdos de ensino.

Os mapas conceituais foram


criados por Joseph Novak, embasados nas teorias de David Ausubel de aprendizagem
verbal significativa. Ausubel afirmava que a informação no cérebro humano se organiza
hierarquicamente, lá os conceitos específicos são ligados por conceitos gerais, e as
disciplinas aprendidas pelos alunos também se organizam da mesma forma: conceitos
gerais no topo da estrutura, os quais se ramificam por conceitos mais específicos.

Nessa teoria, Ausubel denominava de ancoragem a maneira de como o aluno


constrói novos conhecimentos, baseados nas suas ideias cognitivas prévias. A estrutura
cognitiva está sempre se reestruturando com a relação dos novos conhecimentos
interagindo com os anteriores. Essa interação é a chamada aprendizagem significativa,
porque a aprendizagem implica em modificações na estrutura cognitiva, ou seja, é um
processo de amadurecimento.

A ausência de significado nos conhecimentos gera apenas um aprendizado


mecânico, onde os conceitos são acrescidos e decorados pelo aprendiz. Com o tempo, os

37
conceitos memorizados serão esquecidos. Na aprendizagem significativa, os novos
conceitos se fixam através das estruturas cognitivas preexistentes.

Nesta perspectiva, o indivíduo constrói seu conhecimento partindo de sua


predisposição e individualidade, Novak criou os mapas conceituais. Estes mapas servem
para tornar significativa a aprendizagem do aluno, estabelecendo uma ligação entre o
conhecimento sistematizado do currículo escolar conteúdo com os conceitos relevantes
que ele já possui.

Exemplos de mapas conceituais:

Fonte: http://labspace.open.ac.uk/mod/resource/view.php?id=365568

38
Fonte: http://projetodeaprendizagem.pbworks.com/w/page/19250025/Mapas%20Conceituais%205

Observe, por meio dos esboços acima, como os mapas podem ser diferentes uns
dos outros, não existe um modelo certo, pois os mapas são representações pessoais. Só o
próprio autor consegue explicar o significado que atribui aos conceitos.

Eles devem partir de um ponto em comum, com o conceito principal no topo, os


conceitos específicos ligados por linhas e palavras nas linhas para indicar as relações.

Os mapas conceituais podem ser utilizados como:

• Estratégias de estudo;

• Estratégia para montar o currículo de uma disciplina;

• Instrumento de avaliação de aprendizagem escolar;

• Pesquisa e levantamentos educacionais;

• Planejamentos em geral.
39
Como uma ferramenta de aprendizagem, para o aluno:

• Fazer anotações;

• Resolver problemas;

• Planejar o estudo e/ou a redação de grandes relatórios;

• Preparar-se para avaliações;

• Identificar a integração dos tópicos.

Para os professores, em suas diversas atividades rotineiras, como:

• Tornar claros os conceitos difíceis, sistematizando-os;

• Destacar as ideias principais;

• Reforçar a compreensão e aprendizagem por parte dos alunos;

• Permitir ao aluno uma visualização resumida dos conceitos chave;

• Verificar a aprendizagem e identificar conceitos mal compreendidos pelos


alunos;

• Auxiliar os professores na avaliação do processo de ensino;

• Possibilitar a identificação do alcance dos objetivos que foram definidos no


planejamento.
É importante ressaltar que, no planejamento de ensino, os mapas conceituais são
muito vantajosos, pois toda disciplina possui um estrutura organizada e hierárquica, nas

40
quais os conceitos gerais e específicos se envolvem, e o mapa conceitual é uma
representação dessa estrutura.

Ao fazer o mapa conceitual de uma disciplina, ficará claro como abordar os


assuntos e em qual ordem. Dentro dessa perspectiva, o mapa conceitual deve ser
construído pelo professor antes de iniciar qualquer atividade de planejamento.

Sondagem

A sondagem é muito útil na fase de inicial do


planejamento, é um dos instrumentos que o professor
utiliza para avaliação dos conhecimentos dos alunos ao
iniciar um curso. Normalmente, quando se fala em
sondagem, imagina-se logo uma prova com conteúdos
escolares, mas a sondagem não se resume às provas.
Existem vários instrumentos de sondagem, como os mapas
conceituais - mencionado anteriormente-, entrevistas, testes
de associação, redações etc.

A sondagem deve ser encarada como um ponto de partida do ensino, mais


especificamente do planejamento, e não como um papel preenchido pelos alunos a ser
entregue para a coordenação, ou para rotular o aluno como aluno atrasado ou aluno
adiantado. A sondagem tem a função de ajudar o professor a fazer o planejamento do
ensino.

Como instrumento de verificação, a sondagem traz inúmeros elementos para o


professor, como: qual o estado dos alunos neste momento, que conceitos devem ser
trabalhados primeiro, qual a melhor forma de desenvolver esses conteúdos e quais
devem ser desenvolvidos ao longo dos anos. Não é raro o professor planejar e ensinar
uma matéria vendo que seu aluno não sabe os conceitos básicos, por exemplo, o
professor vai ensinar multiplicação e depois descobre que seu aluno ainda não conhece
a adição.

41
O Professor deve sempre se lembrar, que o aluno está na escola para ser
ensinado. A sondagem analisa as deficiências atuais e promove estratégias para a
superação dessas deficiências.

As informações institucionais e as fornecidas pelos alunos

Essas informações costumam


ser relegadas pelos professores ao
fazer o planejamento do ensino,
como se essas informações nada
tivessem a ver com o processo de
ensino-aprendizagem.

São informações fáceis de


serem coletadas, pois quando o aluno é matriculado em uma escola, são fornecidas
várias informações, como escolaridade dos pais, onde moram, por quais escolas os
alunos passaram, desempenho escolar do aluno em anos anteriores etc. Por exemplo, ao
se deparar com uma classe, onde a maioria tem um histórico de reprovações, o professor
deve preparar um planejamento diferente do que se fosse uma classe onde os alunos
nunca foram reprovados.

Os próprios alunos trazem informações, principalmente sobre os adultos, além


da visão que eles têm sobre a escola, bem como as suas aspirações profissionais, o que
esperam do curso, suas expectativas etc.

2.2 - Currículo Escolar

Em todo o processo educacional, as atividades são programadas e elaboradas em


função das atividades que serão realizadas em sala de aula. Ao conjunto dessas
atividades, damos o nome de currículo. O termo currículo se refere a um controle do

42
ensino e da aprendizagem, ou seja, à atividade prática da escola, o currículo promove a
organização dos conteúdos, facilitando a sua aplicação pedagógica.

O currículo não pode ser pensado apenas como um rol de conteúdos a serem
passados ao aluno, e sim como aquisição de habilidades. Instruir alguém não é ensiná-lo
a armazenar informações, mas sim ensiná-lo a participar do processo de obtenção de
conhecimento. Ensinar é fazer o aluno pensar por si mesmo, evoluindo cognitivamente
de modo progressivo.

Para organizar o currículo, é preciso fazer uma relação entre o conhecimento que
deve ser trabalhado em sala de aula e a realidade, embora no Brasil, o academicismo
seja a forma mais comum de organizar o currículo escolar. O academicismo se refere à
maneira de estruturar o currículo em prol de conteúdos programáticos que devem ser
cumpridos.

Dessa forma, o conteúdo passa a ser mais importante do que as competências a


serem desenvolvidas em sala de aula, assim, temos uma concepção de enciclopedismo,
como se o conhecimento bibliográfico, isto é, decorado, fosse o essencial, mesmo que
não se saiba como colocá-lo em prática.

Entretanto, há uma tendência que busca fazer essa relação entre o conhecimento
e a realidade. Essa tendência coloca a realidade como ponto de partida, ou seja, a partir
da reflexão da realidade, organizam-se os temas que necessitam ser discutidos.

Na hora de definir o currículo escolar e quais são os conteúdos mais relevantes,


deve-se pensar em três elementos - a matéria, o professor e o aluno. Esses três
elementos se interagem de maneira mútua, isto é, a matéria deve conter elementos da
vivência dos alunos, de modo que eles possam assimilá-los conscientemente. O
professor, por sua vez, é o mediador desse processo e o aluno, quem será beneficiado
com o aprendizado. O que se procura explicar nesse sentido é a importância da
participação ativa do aluno.

43
Evidentemente, ao se trabalhar a partir da realidade, o objeto de estudo se
contextualiza com o sujeito. Encontramos nessa atual tendência, uma forma mais
concreta para o aluno construir seus saberes, que rompe com o tradicionalismo escolar.

Afinal o que são os conteúdos?

Os conteúdos de ensino de
uma disciplina se referem ao
conjunto de conhecimentos e as
informações necessárias e
pertinentes à formação do aluno, de
acordo com o nível escolar em que
ele se encontra. Em geral os
conteúdos de uma disciplina são
selecionados com base em guia
curriculares oficiais.

Segundo José Carlos Libâneo, os conteúdos da cultura, da ciência, da técnica e


da arte expressam os resultados das atividades práticas do homem com o mundo, bem
como suas experiências com a natureza e também resultados de suas relações sociais,
formando o saber científico.

Com base nisso, podemos dizer que o conhecimento é fruto do trabalho humano.
Percebe-se assim a estreita relação entre o sujeito (aluno) e a sua vivência.

Como selecionar os conteúdos?

Existem algumas questões que devem ser levantadas na hora de selecionar os


conteúdos:

• Quais os objetivos educacionais que a escola procurar atingir?

44
• Como organizar eficientemente essas experiências educacionais?

• Que conteúdos os alunos deverão adquirir para ser tornarem aptos à vida social?

• Como podemos ter certeza de que esses objetivos estão sendo alcançados?

Para responder a essas questões, o professor deve tomar como diretriz os


currículos oficias e os livros didáticos, ou seja, as estratégias e a seleção dos conteúdos
são determinadas pelo professor. Visto que até chegar aqui o professor já percorreu
várias etapas de planejamento, logo já possui toda a informação necessária para fazer
essa seleção.

Como foi dito, a organização do currículo escolar é uma das tarefas mais
importantes no planejamento de ensino, pois ele é a base informativa e formativa
escolar.

Veja quais são as características que os conteúdos selecionados devem ter:

Correspondência entre o mundo e os conteúdos.

Os conteúdos devem expressar as funções


pedagógicas e sociais da escola, promovendo uma
formação cultural e científica para os seus alunos. A
educação deve contribuir para a transformação da
sociedade e os conteúdos devem preparar o aluno para
participar ativamente do mundo, exercendo sua cidadania.
Uma das principais funções da escola também é promover a interação social.

A aplicação dos conteúdos por meio de atividades que promovam essa interação
é bastante significativo. Basicamente, preparar o aluno para a vida é o principal critério
de seleção de conteúdos.

45
Caráter Científico.

Os conhecimentos que fazem parte do conteúdo devem refletir fatos, conceitos e


ideias da ciência contemporânea. Os livros didáticos de certa forma cumprem esse
papel, mas cabe a o professor destacar o essencial.

Uma boa maneira de fazer isso, é conhecer a estrutura da matéria, isto é, sua
base. Destacando o que é principal, o aluno tem condições de aprender sem ficar
sobrecarregado.

Sempre que possível, revise os conteúdos e avalie a aprendizagem dos seus


alunos. Talvez em alguns momentos possa ser preciso retomar alguns assuntos ou
aplicar uma maior quantidade de exercícios.

Caráter Sistemático.

Os conteúdos devem ter ligações entre si, e não serem genéricos e fragmentados.
O ideal é que até as matérias sejam trabalhadas de maneira interdisciplinar. Nesse caso,
um planejamento coletivo, elaborado de forma conjunta com todos os professores, é o
mais adequado.

Conhecimento Prático

Este aspecto corresponde à ligação entre os conteúdos e sua aplicação prática. É


apropriado incorporar situações concretas e práticas dos conhecimentos para que o
aluno compreenda a distância da teoria e da prática, e saiba quando e como vai utilizar o
que aprendeu na escola. Entretanto, é preciso não confundir os conhecimentos
relevantes para a prática social com o conhecimento prático.

46
Acessibilidade

Acessibilidade significa compatibilizar o conteúdo de acordo com o


desenvolvimento do aluno. Um conteúdo muito complexo e acima de sua compreensão,
leva o aluno a baixa autoestima e desânimo e um conteúdo muito simplificado, leva a
uma diminuição de interesse, alem de não desafia intelectualmente o aluno.

Com conteúdos acessíveis e didáticos, e com caráter científico, as garantias de


aprendizagem aumentam, assim como uma assimilação sólida e duradoura, tendo em
vista a aplicação dos novos conhecimentos.

Portanto, a organização e planejamento do currículo escolar servem para


transformar o processo de aprendizagem, em algo significativo para o aluno, mesmo
dentro da estrutura burocrática e alienada da maioria das escolas. O grande desafio na
organização do currículo escolar é mudar a mentalidade educacional atual e
comprometer-se com as novas concepções de ensino.

2.3 - Estruturação didática da aula

É na sala de aula que o professor vai aplicar seu


planejamento. A aula é onde o processo de ensino-
aprendizagem vai acontecer. Quando falamos em aula,
a primeira imagem que nos vem à mente é a de uma
classe silenciosa, todos os alunos sentados em fileiras e
o professor expondo um tema. Essa é a chamada aula
expositiva, e é a mais usada.

A aula é um conjunto de meios e condições pelo


qual o professor dirige o processo de ensino. O processo de ensino através das aulas
possibilita a aproximação do aluno com os conteúdos de ensino. A realização de uma

47
aula ou de um conjunto de aulas requer uma estruturação didática, isto é, uma sequência
de passos de ensino.

Geralmente, os professores fazem uma tabela para estruturar a aula ou um


conjunto de aulas como esta abaixo:

Nome da matéria

Nível de Assunto: Preparado


graduação: por:

Visão geral e objetivo Padrões educacionais abordados

O que será ensinado e a sua utilidade. Quais padrões educacionais


estaduais/nacionais esta lição
satisfaz.

Guia do Guia do
professor estudante

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Objetivos Materiais
(Especifique necessários
habilidade/informações • Papel
que serão passadas) • Lápis
• Outros
Informações
(Forneça e/ou
demonstre informações
necessárias)

Verificação Outros
(Etapas para verificar o recursos
grau de compreensão do • Internet
aluno) • Livros etc.

Atividade
(Descreva a atividade
independente para
reforçar esta lição)

Resumo Observações
adicionais

Mas que plano é esse?

Antes de iniciarmos propriamente o assunto, existem alguns pontos que


merecem esclarecimento. Quais são as diferenças entre planos de aula, plano de unidade
e plano de curso? Muitas vezes, esses conceitos não estão bem claros para o professor, e
existe uma incerteza de como cada um deve ser elaborado.

49
A finalidade desse tópico é auxiliá-lo com seu plano de aula, não se trata apenas
de um preenchimento de formulários. É necessário deixar bem claro que os formulários
são válidos e úteis, porém o seu preenchimento sem reflexão só torna o ensino
enfadonho e mecânico e isto não é planejamento e apenas preenchimento.

Existem três tipos de planejamentos indispensáveis quando se pensa no processo


de ensino-aprendizagem:

Planejamento de curso - É a proposta geral de trabalho do professor em uma


dada disciplina. Pode ser anual ou semestral, isso depende da instituição. Deve se ter um
detalhamento desse plano incluindo o objetivo geral e as formas de avaliação.

Dimensão Elementos

Análise da Realidade Identificação


Sujeitos
Objetos
Contexto

Objetivos Da Escola
Da Disciplina

Formas de Mediação Conteúdos


Metodologia
Atividades Avaliativas
Bibliografia

(Adaptação do modelo de Vasconcellos)

50
Planejamento de unidade didática

É uma especificação maior dos conteúdos gerais do curso. Normalmente, é


divididos em blocos para que facilite a compreensão e aprofundamento daquilo que se
quer ensinar. É um detalhamento periódico (bimestral ou semestral). Contém a
explicitação dos objetivos para aquele período de trabalho. Estes dois planejamentos
acima citados se diferem do planejamento de aula por serem mais gerais e abrangentes.

Planejamento aplicado à aula como espaço social

Se considerarmos a aula, o processo onde ocorre a interação do ensino com a


aprendizagem, do mestre com o aprendiz, onde o professor media as atividades em
função do aprendizado do aluno, pode-se afirmar que a aula é a forma didática básica do
planejamento.

Ao ministrar uma aula, o professor deve se esforçar para que ela seja mais do
que uma simples exposição de conteúdos, precisa desenvolver uma ação didática
organizada, dirigida para o processo de aprendizagem, com fins instrutivos. Esse
processo não se dá em apenas uma aula, pois os resultados do ensino não são
instantâneos.

O tempo de duração da aula deve ser muito valorizado, para ser produtivo, pois
na maioria das vezes é o único tempo que o aluno tem para estudar. Na sociedade atual,
os alunos ficam muito tempo sozinhos e sem auxílio para os estudos. Então cabe ao
professor aproveitar ao máximo esse tempo que o aluno dispõe.

A aula deve ser estruturada por etapas, mas também devem ser criativas e
flexíveis, considerando que não existe uma sequência necessariamente fixa. É na sala de
aula onde ocorre a interação social mais importante da escola, que é dos alunos entre si
e com o professor.

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Favorecendo o aprendizado

Antes de iniciar um novo conteúdo ou no


início do ano letivo, o professor precisa preparar o
conteúdo de acordo com a disciplina, além de
preparar os alunos e, posteriormente,explicitar dos
objetivos em sala de aula, e só então, a introdução da
nova matéria, ou seja, no início do ano, o professor
precisa fazer uma sondagem para saber quais são os
conteúdos os quais os alunos já dominam e quais
terão mais dificuldades. Essa etapa prepara o aluno e
o faz sentir como participante do processo de ensino-
aprendizagem.

A preparação do professor compreende alguns passos: o planejamento das aulas,


planejamento dos recursos que serão usados em sala, seleção do conteúdo e das
atividades que serão realizadas e, principalmente, uma previsão do tempo necessário
para a aplicação do tema.

A preparação dos alunos compreende criar condições favoráveis para o


aprendizado. Inicialmente, o professor pode começar chamando atenção para o assunto
que será abordado, podendo até promover um pequeno debate com os alunos pedindo
opiniões, trocando experiências e criar uma problematização.

Esse momento de diálogo ocorre para criar a introdução da matéria e


sistematizar ideias e conceitos para operar a matéria mentalmente na parte teórica,
criando assim a capacidade de abstração nos alunos.

Para motivar seus alunos, primeiramente realize perguntas para sondar os


conhecimentos prévios, isso pode ser feito por meio de uma breve revisão. Em seguida,
comece o novo conteúdo, apontando a importância da matéria. Todos esses cuidados
permitirão uma maior atenção por parte dos alunos.

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A organização do ambiente é importante (se for uma aula prática), isso desperta
o interesse deles, facilitando o aprendizado. Para tornar significativo o aprendizado,
deve-se fazer uma ligação da matéria nova com a anterior, isso faz parte dessa
preparação.

Aplicação e encerramento da matéria nova

Após a introdução da
matéria, o professor começa
relacionando os objetos e
fenômenos ligados ao tema, para
uma compreensão concreta por
parte do aluno, depois conceitua os
principais temas. A seguir, expõe o
tema verbalmente para os alunos e
propõe uma atividade relativamente independente, pois sempre que necessário, o
professor deverá auxiliar nas dúvidas e fazer intervenções pertinentes.

Nesse processo, os conhecimentos vão se consolidando, o que pode exigir


recapitulações, atividades ou exercícios para maior assimilação. Nessa aplicação, ocorre
um processo de transição do “não-saber” para o saber.

Para aulas mais dinâmicas e didáticas, deve-se empregar métodos diretos e


indiretos. Os métodos diretos ocorrem por meio de demonstrações, estudos do meio e
outras atividades práticas como a experimentação e excursões entre outras, já os
métodos indiretos ocorrem por meio da explicação verbal do professor, que deve ser
clara e objetiva.

Na parte de conclusão, se faz necessário uma conversação com a classe,


procurando avaliar quais são os objetivos que estão sendo alcançados e também para
permitir uma interação e reflexão do professor com os alunos, de maneira que seja
possível construir um pensamento autônomo nos educandos.

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Em etapas anteriores, o trabalho do professor consistiu em transmitir novos
conhecimentos e prover condições para a assimilação da matéria. No entanto, o
processo de ensino ainda não acabou, é preciso consolidar os novos conhecimentos.

Geralmente nas escolas, essa fixação tem sido reduzida à repetição mecânica. Os
exercícios e tarefas costumam ser voltados para a memorização de regras, sem
preocupação em desenvolver a autonomia e formação de pensamento do aluno.

A consolidação da matéria se dá, efetivamente, por meio de exercícios


significativos, recapitulação da matéria ou tarefas que levem o aluno a reproduzir o
conhecimento, aplicando-os a uma situação conhecida. Os exercícios levam à fixação
do conteúdo e à recapitulação, ligando novos conhecimentos aos antigos, dando mais
significado à aprendizagem.

Ao encerrar, um assunto é desejável que ocorra a aplicação da matéria. Trata-se


de prover oportunidades para que os alunos possam utilizar os conhecimentos de forma
criativa, ou seja, unir teoria e prática, estabelecendo vínculos com a escola e a vida e
ligando os conteúdos da matéria, aos fatos da vida, para que fique em evidência quanto
foi compreendido do assunto.

Ao finalizar o novo assunto, depois da fixação da matéria, normalmente ocorre a


avaliação do aprendizado. Essa avaliação precisa ocorrer ao longo do processo de
ensino, pois é uma ação contínua. Os resultados dessa avaliação indicarão o quanto dos
objetivos foram atingidos, tendo a função pedagógica, de controle e de diagnóstico.
Mas, devido a sua importância e o seu grau de complexidade, teremos uma unidade
dedicada à questão da avaliação do aprendizado.

Em princípio, a estruturação das aulas é uma espécie de passo a passo didático,


de uma ou mais aulas. No âmbito docente, essa estruturação visa uma sistematização da
matéria. Isso significa que as etapas poderão ser previstas. Podemos assim ter aulas de
preparação e aula de introdução da matéria, aulas de conceituação, aulas de
consolidação e aulas de verificação da aprendizagem (avaliação).

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Em qualquer tipo de aula, é essencial orientar os alunos quanto aos objetivos.
Em cada tipo de aula, existe uma metodologia específica a ser aplicada e os melhores
métodos a serem empregados. Portanto, vai depender das peculiaridades de cada
matéria, e caberá ao professor ter criatividade e flexibilidade para escolher e combinar
os melhores métodos.

Não há um processo de ensino único, por mais que se elabore e se estruture a


aula, existem fatores que não são tangíveis. O que existe são processos de ensino
concretos e significativos.

E o dever de casa?

O dever de casa é um forte aliado


para a consolidação dos conhecimentos, é
um complemento à aula. A tarefa da casa
consiste em atividades fora da escola, para
verificação parcial de aprendizado. O
dever de casa e as atividades em aula irão
indicar quais são as maiores dificuldades
do aluno e as deficiências da estruturação
das aulas. Exerce também uma função
importante de aproximar os pais da
escola, sendo um instrumento de interação dos pais com o trabalho que vem sendo
desenvolvido pela escola.

Em relação ao dever de casa, existem três fatores relevantes:

• As expectativas da família em relação ao dever de casa;

• As expectativas do professor em relação ao dever de casa;

• E a função fundamental do dever de casa.


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No âmbito familiar, os deveres de casa costumam ser avaliados pelos pais a
partir de dois critérios: Tempo despendido na tarefa e a quantidade de deveres. No que
se refere ao tempo, esse critério varia para cada família, sendo considerado excessivo ou
insuficiente. O professor não tem como atender às expectativas da família. Referente à
quantidade, na opinião do pais, quanto mais volume de lição de casa, mais forte é a
escola.

Por parte dos professores, os objetivos apontados para o dever de casa são:

• Reforço de aprendizagem;

• Fixação da matéria dada;

• Formar hábitos de estudo;

• Como um meio de integração família-escola;

• Introdução de um novo tema.

A finalidade do dever de casa é a de proporcionar uma aprendizagem


significativa, e estimular a autonomia e a autoria do aluno. Dessa forma, os deveres de
casa e os próprios exercícios em sala de aula encontram sentido e pertinência.

No entanto, podem ocorrer alguns equívocos ao passar um dever de casa para o


aluno:

• Dever de casa apenas como um ato mecânico de memorização;

• Deveres cuja matéria não foi devidamente trabalhada em sala de aula


(forçando os pais a serem professores);

• O fato de o aluno não receber uma devolutiva do seu esforço.


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O dever de casa deve ser planejado pelo professor. Em primeiro lugar, deve ser
explicitado para o aluno, quais são os objetivos a alcançar por meio da realização do
dever de casa. Em segundo lugar, a tarefa de casa e o conteúdo passado em classe
devem ser complementares. Não é indicado dever de casa, como uma maneira de
cumprir os conteúdos que não tiveram tempo de serem explicados em aula. Isso só
deixará a criança insegura e ansiosa, achando que não consegue aprender, e os pais
acabam por serem os professores.

Além de essa ser a função do professor, os pais podem não ter tempo ou preparo
para essa tarefa. Em terceiro lugar é importante dar o retorno dos esforços para o aluno,
corrigindo as tarefas para valorizar o trabalho desenvolvido por ele, discutindo e
trabalhando em classe os resultados desenvolvidos.

Com essas considerações, desejamos discutir sobre a função do dever de casa na


promoção aprendizagem de conteúdos. Cabe, portanto, ao professor o desafio de utilizar
o dever de casa como um aliado do desenvolvimento cognitivo e social do aluno.

2.4 - Projeto Escolar - Projeto Político Pedagógico (PPP)

O projeto escolar mais conhecido como PPP (Projeto Político Pedagógico), é o


plano geral da escola. O PPP não é apenas uma tarefa a mais na escola e sim o
instrumento que visa ajudar a manter a rotina e enfrentar os desafios de forma
sistematizada. Existe uma grande preocupação em torno do programa escolar, que pode
nos levar à alienação. Obviamente, o programa escolar é a finalidade da escola,
entretanto a realidade é complexa.

O planejamento de ensino deve ser participativo, na medida em que estamos


inseridos em um ambiente interferimos diretamente nele, ou seja, nossas ações devem
ser realizadas de forma consciente.

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Todavia, o projeto escolar não é milagroso, precisamos ser conscientes para não
cair em uma utopia e depois se frustrar, portanto, limites devem ser estabelecidos e
claros. A teoria por si só, não tem força, é apenas uma ideia, mas o empenho de um
grupo em sua realização, transforma-se em capacidade de ação. O que realmente
transforma a escola não são os planejamentos e projetos, mas sim as pessoas.

Na elaboração de um projeto, todas as pessoas têm a oportunidade de se


expressar. Esse processo de planejamento participativo abre espaço para todos aqueles
que acreditam na escola. O projeto escolar, quando elaborado com ética, expressa o
compromisso de um grupo com a escola e com a sociedade.

As finalidades do Projeto Político Pedagógico são:

• Reunir pessoas com o mesmo propósito;

• Ter a participação efetiva de todos;

• Dar referências para o grupo;

• Desenvolver a autonomia escolar;

• Ser um instrumento real de transformação;

• Colaborar com a formação docente.

O Projeto Político Pedagógico nunca é definitivo, ele vai ser aprimorando ao


longo do percurso. É um instrumento organizacional e teórico para a transformação da
realidade, articula a prática docente, e também uma construção coletiva de
conhecimento.

De acordo com Vasconcellos, o Projeto Político Pedagógico é composto de três


grandes partes:
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1º Parte: Marco Referencial (o que se pretende alcançar?).

É a busca de um posicionamento dos ideais da escola e um posicionamento


pedagógico também, definido quais são as ações educativas que serão realizadas.
Corresponde à finalidade.

2º Parte: Diagnóstico (o distanciamento daquilo que se busca).

Nesse caso, o diagnóstico é uma reflexão sobre a realidade da escola. Não é uma
descrição sobre a realidade e sim uma crítica reflexiva sobre a mesma. Corresponde ao
real.

3º Parte: Programação (o que faremos para diminuir tal distância?).

É o planejamento e suas ofertas de ação. É o que concretamente vai diminuir a


distância entre o ideal e o necessário. Corresponde à mediação.

Apresentamos a seguir, uma visão geral do processo do projeto escolar e na


sequência faremos as considerações:

- Decisão de se fazer
- Trabalho de Sensibilização e Preparação

Marco Referencial
- Elaboração Diagnóstico
Programação

- Realização Interativa.
- Avaliação de Conjunto.
- Reelaboração (parcial ou total).

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Sobre a Decisão

A decisão de fazer o projeto escolar nasce de um desejo, seja da direção, da


coordenação ou dos professores. Depois de tomada a decisão de realizar o projeto, deve
se criar uma equipe para a coordenação do projeto e fazer uma previsão dos primeiros
passos e do tempo de início e de término.

Trabalho de Sensibilização e Preparação

Esse trabalho de sensibilização exerce função de motivar e mobilizar as pessoas


envolvidas e comprometidas com a escola. Este momento é muito importante, caso
contrário, corre-se o risco de que ocorra o mesmo que, muitas vezes, acontece ao
planejamento de ensino: cair na descrença e na inadequação. O importante não é
participar e sim se envolver.

Esse passo também corresponde a uma autoavaliação coletiva, nessa etapa deve
haver uma análise sobre qual das ações desenvolvidas devem ser melhoradas.

Ponto de Partida

O ponto de partida do projeto é o desejo inicial de sua elaboração. A escola vai


aprender fazer o projeto, colocando-o em prática. Nem sempre há um momento ideal
para o início. Deve-se realmente despender dedicação ao projeto, ao invés de sempre
adiá-lo. A questão do tempo também deve ser administrada, nem muito, nem pouco,
pois isso depende dos objetivos, se são poucos ou muitos. Não se pode perder o foco do
projeto sendo muito técnico ou simplista demais.

Projeto como referência e alguns obstáculos.

Como professores, precisamos de um referencial para o nosso trabalho, mas


também não podemos esperar tudo do projeto. O projeto vai nortear o professor,

60
fazendo algumas especificações, por exemplo: quais os recursos didáticos e possíveis
livros devem ser usados.

O projeto transparece os desejos e compromissos da escola. Isso porque cada


disciplina tem sua metodologia específica e seus conteúdos próprios. O projeto escolar
deve se articular e auxiliar o planejamento de ensino, dando a sustentação para o
trabalho.

Mais importante do que um texto bem elaborado, é construir nos professores, a


mentalidade do quanto é importante o projeto, e suas mudanças, a importância da
participação de todos e de sua continuidade. O projeto não é feito para o grupo e sim
pelo grupo.

Porém, poderão existir alguns fatores de interferência, que possivelmente podem


comprometer o projeto.

Por exemplo:

• Acomodação: muitos não querem sair da sua zona de conforto;

• Pressa: achar que projeto é muito longo e que deveram ser feitas ações
imediatas;

• Perfeccionismo: projeto muito técnico e preciso.

• Descrença na profissão ou na escola.

• Simplismo: reduzir o projeto a algo pequeno e significação.

• Falta de espírito de equipe: não estar acostumando a trabalho com o


coletivo.

61
• Falta de tempo: para os encontros, para elaboração ou reflexão.

Marco referencial

O marco referencial é um texto também


conhecido como missão. Ele explicita a posição da
escola em relação a sua identidade, a seus ideais e à
formação do corpo docente, baseado em elementos
teóricos. Expressa a direção que a escola escolheu,
ou seja, sua fundamentação.

Ele provém do nosso desejo de mudança, do


desejo de dar sentido ao nosso trabalho. Provém
também dos questionamentos que a educação
provoca: Qual é a função da educação? Qual é o
impacto das nossas escolhas no sujeito? Qual tipo de
cidadão a escola está formando? O que a sociedade espera da escola? Importante porque
define a identidade da instituição e quais são suas diretrizes. Se um dos objetivos é
formar pessoas críticas e autônomas, deve-se investir na gestão participativa e em
projetos em que todos os segmentos tenham voz e assumam responsabilidades.

Boas referências na hora de elaborar o marco referencial são os planos municipal


e estadual de Educação. Contudo, eles devem ser apenas bases, a própria escola deve
formular e detalhar seus valores.

O Marco Referencial deve ser discutido coletivamente, pois é necessário que


haja democracia na escola. Normalmente a direção da escola é que vai redigir o texto e
depois compartilhar com toda a comunidade escolar e acolher sugestões e críticas. Deve
ser um texto claro e objetivo, para qualquer leitor, seja ele professor, funcionário, pai ou
aluno.

O Marco Referencial é composto de três partes:

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• Marco Situacional (onde estamos);

• Marco Doutrinal (para onde queremos ir);

• Marco Operativo (que horizonte queremos para a nossa ação).

Marco Situacional

É a análise geral da realidade da escola, como uma visão global. Esse ainda não
é o diagnóstico, ou seja, se trata de perceber quais são os aspectos positivos e negativos
da escola. Isso nos apontará os caminhos e serem seguidos.

Marco Doutrinal

O Marco Doutrinal refere-se ao ideais de Homem, de Sociedade e de Educação


que nós desejamos. Estes ideais são os fundamentos que orientarão a escola. Como se
sabe, a educação se baseia na visão do que é ideal, isto é, no tipo de cidadão que
desejamos formar.

Marco Operativo

É a proposta dos critérios de ação, expondo as opções dentro da realidade


desejada. Expressa os desejos utópicos do grupo, geralmente em forma de perguntas.
Como base nos critérios do Marco Operativo, posteriormente serão feitos o diagnóstico
e a programação. Alguns exemplos:

• Como se deseja o planejamento de ensino?

• Como são selecionados os conteúdos?

• Como será o relacionamento da escola com a família?

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Diagnóstico no Projeto Escolar

O diagnóstico, dentro do projeto escolar, consiste em realizar um breve histórico


da comunidade e da escola, e um levantamento detalhado sobre as condições sociais,
econômicas e culturais das famílias atendidas pela escola. Esse diagnóstico fornece
informação para a elaboração das diretrizes pedagógicas.

As informações podem ser colhidas através de questionários ou entrevistas com


os pais e também na hora da matrícula. Essas informações devem ser organizadas em
tabelas e gráficos por assunto (renda, escolaridade e profissão dos pais, cidade de
origem, hábitos, entre outros).

A seguir, os resultados parciais devem ser apresentados, mesmo antes da


conclusão do projeto escolar, de modo que toda a comunidade escolar possa conhecer
sua clientela. Essa parte do projeto deve ser revista de tempos em tempos, pois pode
haver mudanças no público atendido pela escola.

Programação

A programação é a proposta de ações concretas do projeto escolar. É um


momento bastante esperado por todos. Nessa etapa, precisa-se chegar a ações
significativas, ou seja, ações que atendam às necessidades da escola.

A programação deve ser feita em função do coletivo e não para atender as


necessidades individuais. Às vezes, essas necessidades são muito maiores do que a
capacidade da escola em satisfazê-las. Por isso, deve-se pensar no que é possível de ser
realizado. Se algo é necessário, porém não é viável, não pode ser proposto, deve ser
proposto o que é mais urgente, dentro do que é necessário.

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Como fazer a programação

Para realizar a elaboração das propostas, deve-se ter como base as necessidades
apontadas no diagnóstico, tendo em vista o Marco Operativo. Contudo, nem todas as
necessidades da escola serão atendidas com ações concretas.

As ações concretas são ações bem determinadas que se esgotam ao serem


executadas. Nas ações concretas, cabem as perguntas o que e para que, ou seja, que tipo
de ação e com qual finalidade. Por exemplo: realizar um curso para os professores sobre
estratégias de leitura que favoreçam o processo de ensino-aprendizagem.

Também são usadas linhas de ação que indicam os princípios e dão orientações
gerais. Diferem-se das ações concretas, pois são constantes. Por exemplo: oferecer
cursos extracurriculares para os alunos é uma linha de ação.

Existem também as atividades permanentes, que são propostas de ação que se


repetem e que ocorrem com frequência na escola. A atividade permanente também deve
atender alguma necessidade da instituição. Como toda instituição, a escola também tem
normas e estas são obrigatórias e restritivas, e devem ser elaboradas na programação.

Para sistematizar e elaborar a programação, todos os professores devem dar


sugestões. Cada qual pode escrever as sugestões em pedaços de papel. Estas sugestões
devem ser organizadas e posteriormente analisadas em grupo, quanto às necessidades e
à viabilidade dessas propostas. No processo de decisão, só devem ser adotadas as
propostas viáveis e relevantes, o texto deve prático e eficaz.

Para sistematizar a redação final da programação, pode-se usar como base a


seguinte estrutura:

• Linhas de Ação;

• Ações Concretas.

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• Atividades Permanentes.

• Normas.

Perguntas pertinentes para a elaboração da programação

• Quais devem ser a ações concretas e suas finalidades? (As respostas devem
ser detalhadas).

• Quais são as linhas de ação que devem ser seguidas? (A resposta se baseia
no diagnóstico)

• Quais são as atividades permanentes da instituição?

• Quais são as normas que são necessárias para melhorar e transformar a nossa
escola?

Dicas práticas para elaborar o projeto escolar.

Certas estratégias facilitam a preparação, a revisão e o acesso da equipe ao


projeto escolar:

• Não há necessidade de se refazer o marco referencial, geralmente este é


refeito de dois a cinco anos ou deve ser alterado quando a missão não
corresponder as suas aspirações, seja porque os objetivos iniciais foram
alcançados ou precisam ser reelaborados, ou o público que frequenta a escola
mudou.

• O diagnóstico e seus dados devem ser revistos e atualizados ao longo do ano,


isso pode ser feito nas assembleias, reuniões pedagógicas, no conselho escolar e
na semana de planejamento. Para isso, deve ser definida uma pessoa responsável
para organizar e alterar os dados.
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• A linguagem usada deve ser objetiva.

• O Projeto deve ser armazenado em um computador, depois impresso e


colocado em uma pasta para facilitar o acesso e as alterações durante o ano.

• Professores e funcionários podem receber cópias do documento, quando


possível, para que consultem sempre que surgirem dúvidas.

• É interessante elaborar uma versão resumida para entregar aos pais no ato da
matrícula.

Avaliação e reelaboração do projeto

A avaliação de conjunto do projeto é feita ao término de um período previsto e


pode começar pela análise da concretização do projeto.

• Das ações concretas: Quais já foram realizadas? Quais estão em andamento?


Quais foram os resultados obtidos até o momento?

• Das atividades permanentes: Foram realizadas? Atenderam às necessidades do


grupo?

• Das linhas de ação: Realmente ajudaram o processo educativo?

• Das normas: Estas foram cumpridas? Ajudaram na transformação da realidade


escolar?

Em seguida, com base nas repostas, o grupo de educadores deve iniciar uma
análise a partir do diagnóstico e suas necessidades levantadas na comunidade escolar.
Deve-se observar quais foram supridas, quais permanecem, se existem necessidades que
não foram levantadas, se é preciso melhorar ou reelaborar algumas das necessidades.

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Com base nas respostas, uma nova programação para o ano seguinte será feita,
tendo como referência as necessidades que foram revistas, incluídas e reelaboradas.
Note que o projeto, assim como o planejamento, é um processo contínuo.

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Conclusão do módulo I

Prezado(a) aluno(a)

Chegamos ao fim da nossa primeira etapa, dessa jornada composta por dois
módulos. Esperamos que você tenha absorvido os conteúdos expostos no módulo I e
que você consiga utilizá-los em sua prática educativa.

Nesse módulo, vimos quais são as etapas do planejamento de ensino, a


importância dos recursos didáticos e o quanto o planejamento de ensino é algo essencial
para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça.

Não se esqueça de que nosso curso é composto por dois módulos, para ter acesso
ao segundo módulo, feche essa tela e faça a sua avaliação. Ela está disposta em sua sala
de aula virtual.

Desejamos boa sorte e até mais!

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