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Propagação em redes WiFi
5.1.1
Dependência com a distância
para valores comumente situados entre 3 e 9 como pode ser visto (n2 = 4,29) na
Figura 5.2 [31], indicando espalhamento do sinal.
Portanto, a distância (dpq) em que ocorre o ponto de quebra em um modelo
de traçado de raios é a distância para a qual o primeiro elipsóide de Fresnel
(será discutido mais a frente neste capítulo) é obstruído, seja pelo solo ou por
uma parede, por exemplo. Desta maneira, a localização do ponto de quebra é
dependente, para um mesmo ambiente, das menores distâncias ao solo ou à
parede. Para o caso em que a dependência ocorrer com relação ao solo, deve-
se considerar as alturas das antenas transmissora e receptora, e, além disso, a
frequência de operação [32]:
4ht hr
d pq = (5.1)
λ
Onde:
ht = altura da antena transmissora (m)
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5.1.4
Espalhamento do retardo
também que para a faixa de 5,2GHz as perdas são mais acentuadas do que
para mais baixas frequências.
Multipercurso
Este é outro fator que causa perda no nível de potência do sinal e que foi
comentado a pouco neste texto. Pode-se dizer que o multipercurso é originado
pelo fenômeno da reflexão, da difração, da refração e do espalhamento do sinal
em propagação. Estes fenômenos, quando combinados, acabam por fazer com
que o sinal percorra diversos caminhos da origem até o destino, cada qual
levando um tempo diferente até atingir o receptor. No receptor, estes sinais são
combinados e podem interferir destrutivamente (degradando o nível de sinal no
receptor) ou construtivamente (melhorando o nível do sinal) pois, se trata de uma
soma vetorial. Os sinais que chegam ao receptor podem ainda estar contando,
quando existir, com o sinal de visada direta.
a) Reflexão – ocorre quando a onda rádio incide sobre um objeto de
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direções. É por este motivo que as comunicações satélite que utilizam faixas de
frequências bastante elevadas, como as bandas Ku e Ka, sofrem com as
atenuações provocadas por chuvas e por gases respectivamente, dentre outros
males por assim dizer. Em regiões do globo terrestre, como a América do Sul,
não é empregada a comunicação satélite para bandas Ka e superiores
principalmente devido a grande incidência de chuvas e umidade que
interrompem a comunicação. O mesmo motivo retardou a entrada de sistemas
em banda Ku, que somente se tornou realidade após anos de desenvolvimento
tecnológico. A Figura 5.6 procura exemplificar estes efeitos de forma bem direta.
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5.2
Modelos de Propagação
P
L(dB ) = −10 log R
PT
L(dB ) = 40 log d (m ) − 20 log hT (m ) − 20 log hR (m ) − GT (dBi ) − G R (dBi )
(5.6)
A eq. (5.6) fornece a atenuação de propagação de Terra Plana, que se
aproxima do valor exato quando as condições assumidas nas aproximações são
satisfeitas. Demonstra-se que a distância “d” a partir da qual é válida a aplicação
da eq. (5.6) é:
4hT hR
d= (5.7)
λ
O que é interessante de se observar na expressão de atenuação em Terra
Plana é a sua independência com a freqüência e a dependência com a distância
através de um fator 4, em contraste com a dependência através de um fator 2
encontrada na propagação em espaço livre (onde o único mecanismo é o de
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visibilidade).
A expressão obtida tem aplicação limitada a regiões de relevo
relativamente plano e com poucas construções (espaços amplos e abertos,
típicos de regiões rurais). A análise da reflexão em Terra Plana acima realizada
considera a superfície refletora como sendo lisa. A reflexão é dita especular, e a
direção da onda refletida é única e bem definida pelo ângulo entre a onda
incidente e a normal à superfície refletora, através da Lei de Snell da reflexão.
Se a superfície refletora não é lisa, a onda refletida não possuirá direção
única. O que ocorre é um espalhamento (difusão) da energia incidente, em
várias direções, causado pela irregularidade (rugosidade) da superfície refletora.
A Figura 5.8 ilustra o espalhamento de uma frente de onda plana (representada
pelos raios incidentes paralelos) refletida em uma superfície rugosa.
C2
4πσ h −
R = Ce R ; C ≅
'
ψ ; Ce = e 2
(5.8)
λ
b) Modelo de 6 raios
Este modelo [32, 36] é utilizado para os casos em que se consideram as
reflexões em paredes para os ambientes indoors ou em grandes obstáculos
como prédios para ambientes outdoors quando da propagação de uma onda
eletromagnética seguindo seu caminho até o receptor.
Desta forma, tem-se o raio direto entre origem e destino, o raio refletido no
solo (como o caso anterior), os raios refletidos nas paredas laterais esquerda e
direita, e os raios que refletem nas paredes e em seguida no solo.
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r1 = d 2 + (ht − hr ) + ( y t − y r )
2 2
r2 = d 2 + (ht + hr ) + ( y t − y r )
2 2
r3 = d 2 + (ht − hr ) + ( y t + y r )
2 2
(5.9)
r4 = d + (ht + hr ) + ( y t + y r )
2 2 2
r5 = d 2 + (ht − hr ) + (2W − y t − y r )
2 2
r6 = d 2 + (ht + hr ) + (2W − y t − y r )
2 2
2
e − jkr1 e − jkr2 e − jkr3 e − jkr4
2
+ σ S (α 2 ) + σ P (α 3 ) + σ P (α 4 ) +
2 λ r1 r2 r3 r4
E = (5.10)
4π e − jkr5 e − jkr6
+ σ S (α 5 )σ P (α 5 ) + σ S (α 6 )σ P (α 6 )
r5 r6
Onde:
S = coeficiente de reflexão no solo
P = coeficiente de reflexão nos obstáculos laterais
αi = ângulo de incidência do raio “i” no obstáculo
Os coeficientes de reflexão “ρ” dependem da polarização utilizada para
transmissão do sinal. Para a determinação dos coeficientes de reflexão
simplificados paralelo e perpendicular, assume-se que o meio 1 é o ar e que a
permeabilidade do meio 2 é a permeabilidade do vácuo.
1
cos(α ) − ε r − sen 2α
εr
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ρ par (α ) = (5.11)
1
cos(α ) + ε r − sen α2
εr
cos(α ) − ε r − sen 2α
ρ per (α ) = (5.12)
cos(α ) + ε r − sen 2α
Onde a constante dielétrica dos obstáculos é dada por:
ε r = 15 − j 60 ρλ (5.13)
Podem ser obtidas também as expressões dos ângulos de incidência dos
raios 2 a 6 no obstáculo em função dos parâmetros da Figura 5.9.
Outros modelos mais sofisticados e precisos como o modelo de 10 raios
[23] podem ser utilizados para incluir a reflexão no teto do ambiente, mas não
serão apresentados neste trabalho.
5.2.2
Modelos Semi-empíricos
a) Modelos Log-distance
Os modelos empíricos mais simples para a perda de propagação em
ambientes fechados ou micro-células em ambientes abertos podem ser
representados por uma fórmula geral [35]:
Ltotal = L0 + 10n log(d ) + X σ (5.14)
b) ITU-R P.1238-1
Este modelo [38, 39] foi desenvolvido para trabalhar com sinais na faixa
entre 900MHz e 100GHz em ambientes fechados e considera os efeitos de
propagação como a reflexão e a difração em objetos fixos; a refração em
paredes, pisos e outros obstáculos; o confinamento da energia em corredores e
objetos em movimento no ambiente.
Alguns casos particulares podem ser tratados por este modelo. São eles:
b.1) Tx e Rx no mesmo andar
b.1.a) sem obstrução
P1 = S + 10n1 log(d ) (5.15)
onde:
S = 10n log(4π * 1m / λ ) (5.16)
Para uma frequência de 2,4GHz, e considerando n = 2 (perda de espaço
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Onde:
f – freqüência de operação (MHz)
n – coeficiente de atenuação com a distância
d – distância percorrida (m)
kf – número de pisos (andares) atravessados
Lf – coeficiente de atenuação por piso atravessado (dB)
Onde:
d = distância em metros entre a base e a unidade móvel sem bloqueio;
d1 = distância até o teto;
F3 = a fator de atenuação do assoalho, que depende do tipo de material;
K3 = o número do andar entre o transmissor e o receptor;
n3 = expoente dependente do ambiente referente ao primeiro andar;
n’3 = expoente dependente do ambiente referente ao segundo andar.
Onde:
S = 37dB
N0 = expoente dependente do ambiente externo ao edifício;
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Onde:
L0 = perda de propagação a um metro da antena irradiante (dB)
d = distância percorrida pelo sinal (m)
n = coeficiente de propagação
Lf,i = perda de propagação do sinal através do piso i (dB)
kf,i = número de pisos com a mesma característica
Lw,i = perda de propagação do sinal através da parede j (dB)
kw,i = número de paredes com a mesma característica
I = número de pisos atravessados pelo sinal
J = número de paredes atravessadas pelo sinal
Onde:
L0 = perda de propagação a um metro da antena irradiante (dB)
d = distância percorrida pelo sinal (m)
n = coeficiente de propagação
Lf = perda de propagação do sinal através dos pisos (dB)
kf = número de pisos com a mesma característica
b = fator de correção da atenuação dos pisos
Lw,i = perda de propagação do sinal através da parede j (dB)
kw,i = número de paredes com a mesma característica
J = número de paredes atravessadas pelo sinal