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O que o Ministério das Cidades tem a ver com a Mobilidade Ativa?

SAMPAPÉ
DE GABRIEL CALDEIRA 12 DE DEZEMBRO DE 2018

Conforme 2019 se aproxima, fica cada vez mais evidente que a próxima gestão
presidencial pretende dissolver o Ministério das Cidades. Grupos de prefeitos e
organizações que atuam com urbanismo e arquitetura lançaram petições, cartas e
fizeram anúncios contrários a esta decisão.
Mas qual a importância desse órgão sobre o desenvolvimento de municípios melhores
para quem se desloca a pé? Para entender o que está em jogo, propomos aqui uma
retrospectiva de como a mobilidade ativa ganhou força nos últimos anos com o apoio do
Ministério das Cidades.

O que é o Ministério das Cidades


Ele foi criado em 2003, como fruto da articulação do Movimento pela Reforma Urbana,
que desde o período de redemocratização reivindicava, por parte do governo federal,
uma plataforma para elaboração e implantação de políticas urbanas por meio da
participação popular.
Desde sua criação, estruturou-se em quatro secretarias: Desenvolvimento Urbano,
Habitação, Saneamento e Mobilidade Urbana. Além disso, recebeu o Departamento
Nacional de Trânsito, antes pertencente ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores.
Desde então, o Ministério das Cidades é o órgão que propõe novos marcos regulatórios
para as políticas urbanas nacionais e cria programas de financiamento para projetos de
infraestrutura urbana.

Iniciativas
Um dos grandes feitos do novo Ministério no campo da mobilidade ativa foi a
proposição do PL 1.687, que posteriormente veio a ser regulamentado pela Lei 12.587,
instituindo assim a Política Nacional de Mobilidade Urbana.

➤Leia também: Por que falar de cidades a partir da perspectiva da caminhada?


A política criou um novo paradigma para as cidades brasileiras, atribuindo aos
municípios com mais de 20 mil habitantes (e aos que tinham obrigação legal de ter
Plano Diretor) a responsabilidade de elaborar Planos Municipais de Mobilidade Urbana.
Estabeleceu ainda diretrizes que rompiam com o planejamento de transportes adotado
no País, que historicamente privilegiou os deslocamentos individuais motorizados.
A maior mudança se deu pelo estabelecimento da prioridade dos deslocamentos ativos
(a pé e bicicleta) em detrimento dos deslocamentos motorizados, ainda priorizando
primeiro o transporte coletivo sobre os motorizados privados e individuais. Este
princípio se traduz claramente na pirâmide de prioridade da mobilidade urbana.

O processo político que culminou na aprovação da PNMU se deu pela articulação de

diversos atores sociais.


Cabe destacar, no entanto, a importância do ministério na proposição e ampliação do
conceito de transporte urbano para o conceito de mobilidade urbana.
O que o Ministério das Cidades tem a ver com a Mobilidade Ativa?
SAMPAPÉ
DE GABRIEL CALDEIRA 12 DE DEZEMBRO DE 2018
➤Leia também: Andar de bicicleta é uma decisão política
Ao abarcar assim outras formas de deslocamento e as condições em que ocorrem para
além do planejamento de redes e ruas focadas em automóveis e transporte coletivo
sobre pneus, modelo predominante no campo do planejamento de transportes no Brasil.
Neste sentido, a nova legislação colaborou com o entendimento do caminhar como um
modo de transporte, que deve ser pensado em rede, valorizado, impulsionado e receber
investimentos.
Para colaborar com essa nova visão sobre os deslocamentos urbanos, o Ministério das
Cidades criou cartilhas e materiais técnicos sobre como é possível promover e planejar
para a mobilidade a pé e mobilidade por bicicleta, tornando-se referência para estados e
municípios.
Na coleção de cadernos técnicos para projetos de mobilidade urbana, elaborou um
volume específico sobre transporte ativo, com informações sobre as exigências
estabelecidas na legislação brasileira, recomendações e boas práticas na execução e
elaboração de projetos de calçadas, infraestrutura cicloviária e elementos como
segurança viária e acessibilidade universal.

Além disso, ainda sobre conhecimento e formação,


o Programa Nacional de Capacitação das Cidades, que tem como objetivo fortalecer
institucionalmente os municípios brasileiros na gestão urbana, desenvolveu cursos
focados em temas como acessibilidade universal e bicicletas elétricas. E também apoiou
projetos de extensão sobre mobilidade ativa em instituições de ensino superior.

➤Leia também: Como São Paulo está promovendo a mobilidade ativa


Em outra frente, de efetivação de projetos e financiamento, o ministério lançou o
programa Avançar Cidades – Mobilidade Urbana, em 2017, para financiamento de
projetos entre 5 milhões e 200 milhões de reais, voltados à infraestrutura para o
transporte coletivo e modos ativos em cidades de até 250 mil habitantes, desde que
compatíveis com seus planos diretores e de mobilidade.
O que o Ministério das Cidades tem a ver com a Mobilidade Ativa?
SAMPAPÉ
DE GABRIEL CALDEIRA 12 DE DEZEMBRO DE 2018
Na chamada, foram explicitados alguns elementos de mobilidade ativa passíveis de
receberem financiamento como “adequação e acessibilidade de calçadas, vias para
pedestres, requalificação de ciclovias, ciclofaixas, arborização e paisagismo”.
Segundo levantamento da Pini Engenharia para o Portal Mobilize, calçadas executadas
pelos governos custam menos de 100 reais por metro quadrado. Ou seja, com 5 milhões
de reais, por exemplo, seria possível executar 50 mil metros quadrados de calçada, o
que equivale a um pouco mais que toda a calçada da avenida Paulista. Uma vez que o
programa é voltado para cidades bem menores que São Paulo, os projetos apoiados têm
um impacto ainda maior na qualidade de vida.
Fica evidente que nestes 15 anos de existência do Ministério das Cidades, um dos seus
marcos foi a valorização dos modos ativos, com reflexo na formulação da política de
planejamento urbano atrelada à mobilidade. Seu trabalho também permitiu uma
consolidação formal e técnica da importância da infraestrutura para caminhar e pedalar
nas cidades e, com isso, o avanço do financiamento para projetos voltados à mobilidade
ativa nas cidades brasileiras.

O futuro
Apesar da miríade de iniciativas, a atuação do Ministério das Cidades com relação à
mobilidade ativa ainda é tímida comparada às necessidades das cidades e a importância
do tema. E ainda assim, estas iniciativas enfrentam barreiras.
Por um lado, o País ainda avança de forma lenta no enfrentamento aos problemas
causados pelo desenvolvimento rodoviarista adotado em muitas cidades brasileiras. Tal
modelo gera extensos congestionamentos e níveis insuportáveis de poluição sonora e do
ar, que degradam significativamente a qualidade de vida nas cidades.
Ainda mais grave são as milhares de lesões e mortes no trânsito, colocando o Brasil,
neste século, como um dos campeões em número de vítimas fatais em ocorrências de
segurança viária. Entre os anos 2000 e 2016, a média de óbitos no trânsito foi de
aproximadamente 37 mil cidadãos por ano, sendo que destes, a maioria pedestres e
ciclistas.
Por outro lado, as políticas do Ministério das Cidades também encontraram algumas
dificuldades para serem efetivadas. O que ficou evidente na prorrogação do prazo de
elaboração dos planos de mobilidade urbana municipais, inicialmente estabelecido para
2015, e que teve o último adiamento estabelecido para abril de 2019, quase sete anos
após a regulamentação da PNMU.
Entretanto, ainda que nossos municípios estejam distantes de serem considerados
caminháveis, no balanço final fica evidente que sem o Ministério das Cidades corre o
risco de desaparecer da agenda nacional.

A mobilidade urbana é uma pauta que foi iniciada e inserida nas políticas públicas

brasileiras recentemente – e ainda precisa avançar muito.


Com a dissolução do órgão, as mais prejudicadas serão as cidades médias, que contam
com menos capacidade técnica e financeira, ao mesmo tempo em que contam com
maiores proporções de pessoas se deslocando a pé e de bicicleta.
O que o Ministério das Cidades tem a ver com a Mobilidade Ativa?
SAMPAPÉ
DE GABRIEL CALDEIRA 12 DE DEZEMBRO DE 2018
E nós, cidadãos e cidadãs urbanos, que continuaremos vivendo em cidades hostis para
se estar no espaço público e se deslocar ativamente.
*Gabriel Caldeira é graduando em engenharia civil pela Universidade Federal do
Paraná. Faz parte do Grupo de Estudos em Transportes (GET – UFPR) na mesma
instituição. Também é bolsista do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV).
Com Ana Carolina Nunes e Leticia Sabino do SampaPé!

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